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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)

Módulo 9 - Documentação do SGSO

Documentação do SGSO

1 Objetivos
Ao final deste Módulo, você será capaz de:

 Compreender a finalidade do MGSO;

 Identificar as características esperadas da documentação do SGSO;

 Descrever o conteúdo do MGSO conforme estabelecido pela ANAC.

Conforme foi visto no módulo 3 – Estruturação do SGSO, a documentação do


SGSO é um dos elementos do componente “Políticas e objetivos da segurança
operacional”. Conforme orienta o Safety Management Manual da OACI, a
documentação do SGSO compreende um manual que descreve o sistema e seus
processos, bem como o conjunto de registros gerados pelo sistema em funcionamento.

O provedor de serviços de aviação civil (PSAC) deve desenvolver e manter a


documentação do SGSO, em papel ou meio eletrônico relativo à política e aos objetivos
de segurança operacional; aos requisitos do SGSO; aos procedimentos e processos do
SGSO; as responsabilidades e as pessoas que respondem pelos (obrigação de
prestação de contas – accountability) procedimentos e processos do SGSO; e aos
resultados do SGSO.

O manual que descreve o SGSO é chamado de Manual de Gerenciamento da


Segurança Operacional (MGSO). O uso da estrutura e conteúdo descritos neste módulo
constitui um método aceitável de desenvolvimento do MGSO. O conteúdo real de cada
um dos itens, no entanto, dependerá da estrutura e dos elementos específicos de cada
PSAC, conforme exigido pelos regulamentos vigentes.

A principal referência utilizada nesse módulo é o Safety Management Manual


(Doc. 9859) da ICAO, quarta edição (ICAO, 2018). Também foram utilizadas as
Instruções Suplementares nº 145.214-001 Revisão B e 119-002 D.

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 9 - Documentação do SGSO

2 Introdução
O Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO) é um dos
manuais que a organização deve apresentar à ANAC para obter o seu certificado ou
autorização para operar. O manual precisa descrever a política e objetivos da segurança
operacional da organização certificada, bem como os processos adotados para o
gerenciamento dos riscos e para a garantia dessa segurança durante a realização das
atividades diárias, ou seja, o MGSO não descreve o que será implementado no futuro,
mas a situação atual da organização em termos de gerenciamento da segurança
operacional. Deve apreentar ainda os processos ligados às iniciativas de promoção da
segurança operacional.

O princípio da escalabilidade é válido também para a documentação do SGSO.


Ou seja, a descrição de cada um dos elementos do SGSO no manual e a documentação
dos processos do sistema deverão ser proporcionais ao tamanho da organização e à
complexidade de suas operações.

Além disso, o manual serve como meio de divulgação das medidas de segurança
operacional que a organização adotou com o intuito de atender sua política, e de
sedimentar o envolvimento de seus funcionários e parceiros/terceirizados em temas de
segurança operacional. Por isso é muito importante que todos os colaboradores de um
PSAC, que participam de qualquer atividade que tenha relação com segurança
operacional, tenham acesso e leiam esse manual.

Sempre que houver descrição de processos, é preciso


indicar o que o processo executará:

Algumas perguntas devem ser feitas:

Por que o processo precisa ser feito? Quando ele será executado?
Quem é o responsável e quem irá executá-lo? Como ele será feito?

Todas as informações necessárias para que ele seja executado de


maneira clara e eficaz. É recomendável inserir fluxogramas e
formulários para registro dos processos.

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Módulo 9 - Documentação do SGSO
No manual de gerenciamento da segurança operacional não devem
Atenção! constar conceitos e teorias sobre o SGSO, mas sim a descrição dos
procedimentos e das atividades relacionadas ao sistema.

A organização pode ainda complementar o volume principal do MGSO com


outros documentos, manuais ou programas. Veja abaixo alguns exemplos:

 Plano de Reposta à Emergência (PRE);

 Programa de Treinamento de Segurança Operacional (PTSO);

 Programa de relatos de segurança operacional;

 Programa de auditorias internas de segurança operacional;

 Programa de investigação interna de ocorrências aeronáuticas;

 Outros programas específicos de cada tipo de PSAC (ex. Programa


de acompanhamento e análise de dados de voo para operadores do
RBAC 121).

As seções a seguir irão explorar o conteúdo do MGSO dos provedores


de serviços de aviação civil (PSAC) .Vale ressaltar que estão disponíveis
na seção de materiais complementares outros documentos que visam
ao aprimoramento do tema, são eles: Documentação de SGSO para operadores
aéreos; MGSO de aeroportos; e MGSO de OM (Organização de Manutenção).

3 Conteúdo do MGSO
Então, vamos lá, nos aprofundar no conteúdo do MGSO.

A organização deve garantir que o conteúdo do MGSO esteja disponível por


completo ao pessoal que utilize tais informações (incluindo funcionários de empresas

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 9 - Documentação do SGSO
contratadas/terceirizadas, quando aplicável), independentemente se elas estão no
volume principal do manual ou nos documentos complementares.

Quando detalhes de processos ou procedimentos do SGSO do PSAC forem


tratados em outros documentos, manuais ou programas controlados, o volume principal
do MGSO deve indicar, por referência, o local específico onde tal informação pode ser
encontrada. No entanto, nesses casos, os documentos complementares também devem
ser colocados à disposição da ANAC para avaliação.

A Tabela 1 apresenta os processos e procedimentos relacionados a cada um


dos componentes da estrutura do SGSO que devem estar documentados no MGSO.

Tabela 1 - Conteúdo do MGSO

Conteúdo do MGSO Componente do SGSO


1. Administração e controle do manual
2. Escopo do SGSO
3. Política e objetivos da segurança I. Política e objetivos da segurança
operacional operacional
4. Responsabilidade primária acerca da I. Política e objetivos da segurança
segurança operacional operacional
5. Designação do pessoal-chave de segurança I. Política e objetivos da segurança
operacional operacional
6. Coordenação do Plano de Resposta à I. Política e objetivos da segurança
Emergência operacional
7. Documentação do SGSO I. Política e objetivos da segurança
operacional
8. Processo de identificação de perigos II. Gerenciamento do risco à segurança
operacional
9. Processo de avaliação e controle de riscos II. Gerenciamento do risco à segurança
operacional
10. Processo de monitoramento e medição do III. Garantia da segurança operacional
desempenho da segurança operacional
11. Avaliação do SGSO III. Garantia da segurança operacional
12. Processo de gerenciamento de mudanças III. Garantia da segurança operacional
13. Processo de melhoria contínua do SGSO III. Garantia da segurança operacional
14. Promoção da segurança operacional IV. Promoção da segurança
operacional

3.1 Administração e controle do manual

Este capítulo aborda alguns aspectos básicos que todo MGSO deve contemplar.
Porém, independentemente do conteúdo deste capítulo, a organização tem a liberdade
de internalizar os assuntos abaixo da maneira que entender mais apropriada.

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Em termos de administração e controle do manual, o volume principal do MGSO
deve conter:

 Capa: contém o nome do PSAC, o número e a data da


revisão do manual;
 Página de aprovação: página com assinatura dos
responsáveis pela elaboração, revisão e aprovação do
manual;
 Sumário: lista dos títulos das seções e dos tópicos em que
se estrutura o manual. O PSAC pode, a seu critério,
utilizar um sumário resumido no início, complementado
por sumários mais detalhados no início de cada capítulo;
 Sistema de distribuição: contém a lista de detentores, os
responsáveis pela distribuição e o método de distribuição.
Caso o sistema de distribuição de manuais do PSAC para
todos os manuais esteja definido em outro documento é
suficiente fazer referência à seção apropriada desse outro
documento;
 Listagem das publicações: contém a lista de documentos,
manuais ou programas controlados que compõem o
manual.
 Registro de revisões: lista com todas as revisões do
manual (incluindo a atual) e respectivas datas de
elaboração, contendo ainda campos para se identificar o
nome e a assinatura de quem atualizou o manual e a data
de atualização;
 Lista de páginas efetivas: lista com todas as páginas do
manual, associadas à revisão em que se encontram,
permitindo o controle da revisão atual de cada página.

Os PSAC que já possuem uma sistemática para controle e revisão de


documentação e manuais devem utilizá-la também para o MGSO.

Convém que o volume principal do MGSO tenha uma composição e um sistema


de numeração de páginas que facilite revisões. Além disso, é necessário que o PSAC
estruture seu sistema de numeração de páginas de forma que a inclusão ou alteração
de um determinado conteúdo afete o menor número possível de páginas.

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Módulo 9 - Documentação do SGSO
Todas as páginas do volume principal do MGSO devem ser unicamente
identificadas (por números, letras ou combinações desses) e conter o nome da
organização, o número e a data da revisão referente à última alteração da própria
página.

3.2 Escopo do SGSO

Este capítulo do MGSO apresenta o escopo do SGSO, isto é, o escopo da


segurança operacional abrangido pelo sistema. Espera-se que a organização descreva
o âmbito de sua certificação e declare que todas as suas atividades certificadas são
cobertas pelo seu SGSO. Assim, podemos dizer que o detalhamento aqui descrito visa
esclarecer com quais processos da organização o SGSO fará interface, sejam com
áreas internas ou com outras organizações e/ou serviços contratados.

Vale ainda lembrar que o detentor de múltiplas certificações (por exemplo, uma
organização certificada segundo o RBAC 121 e segundo o RBAC 145) que gerencia sua
segurança operacional de uma maneira integrada deve descrever no manual processos
e procedimentos que englobem todos os aspectos de suas certificações. Do ponto de
vista da segurança operacional, é esperado que exista apenas um manual para o
detentor de múltiplas certificações.

Bem, segundo o Safety Management Manual - Doc 9859 4ª edição (OACI,


2018), o detalhamento do escopo do SGSO deve usar o método e o formato que mais
se adequem à organização.

Para algumas organizações, pode ser feito por meio de uma


lista com marcadores com referências a políticas e procedimentos.

Para outras, uma representação gráfica, como um


fluxograma de processo ou um organograma
anotado, pode ser suficiente.

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3.3 Política e objetivos da segurança operacional

Como já vimos, a política da segurança operacional é o documento por meio do


qual a organização apresenta seus compromissos e as suas diretrizes gerais relativas
à segurança operacional associadas à prestação de seus serviços. Este capítulo do
MGSO deve conter:

• Descrição da política e dos objetivos de segurança operacional, assinados pelo


Política e objetivos da
segurança operacional

Gestor Responsável;
• Descrição dos procedimentos para promoção e divulgação da política e dos
objetivos de segurança operacional, com visível endosso da alta direção, para
todo o pessoal;
• Descrição dos procedimentos para revisão periódica e, quando necessário,
atualização da política e dos objetivos de segurança operacional;
• Identificação das áreas, departamentos, instalações, processos,
equipamentos etc. da organização para as quais o SGSO é aplicável;
• Nos casos em que existem outros sistemas de gerenciamento dentro da
organização, tais como sistema de gerenciamento da qualidade, sistema de
saúde ocupacional e segurança do trabalho etc., identificação das integrações
relevantes com o SGSO.

3.4 Responsabilidade primária acerca da segurança operacional

Embora já tenhamos estudado os itens que se seguem em módulos anteriores,


aqui estamos no referindo a descrição no MGSO das responsabilidades e atribuições
do Gestor Responsável em termos de gerenciamento da segurança operacional, bem
como dos demais gestores do PSAC, relacionadas à construção de um SGSO que
corresponda à dimensão e complexidade das operações e aos perigos e riscos
associados as atividades da organização. Em resumo este capítulo do MGSO deve
conter:

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segurança operacional
Responsabilidade primária acerca da

• Descrição das atribuições e responsabilidades do Gestor Responsável


no âmbito da implementação, manutenção e desempenho do SGSO;
• Descrição das obrigações e responsabilidades sobre segurança
operacional do gestor de segurança operacional e dos membros de sua
equipe;
• Descrição das obrigações e responsabilidades sobre segurança
operacional dos demais gestores da organização;
• Descrição das obrigações e responsabilidades sobre segurança
operacional do pessoal operacional;
• Descrição das obrigações e responsabilidades sobre segurança
operacional de empresas subcontratadas/terceirizadas e respectivos
funcionários, se aplicável;
• Descrição dos procedimentos para comunicação das obrigações e
responsabilidades sobre segurança operacional em todos os níveis da
organização e, se aplicável, entre as empresas
contratadas/terceirizadas;
• Apresentação de um organograma com as linhas de prestação de
contas sobre segurança operacional em toda a organização e, se
aplicável, entre a organização e as empresas contratadas/terceirizadas

3.5 Designação do pessoal-chave de segurança operacional

Esta seção do MGSO tem por finalidade apresentar a identificação de todas as


pessoas que desempenham funções de planejamento e de coordenação das atividades
necessárias para a implementação, desempenho e manutenção do SGSO. Em
particular, este capítulo irá apresentar a designação da pessoa que o Gestor
Responsável ou a alta direção indicou para gerenciar o SGSO, e também a designação
dos membros do GASO e do CSO. Adicionalmente, a organização irá elencar as
atribuições e responsabilidades dos designados. Em resumo, este capítulo do MGSO
deve conter:

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Módulo 9 - Documentação do SGSO

• Descrição das qualificações e experiências mínimas necessárias para a


pessoal-chave
Designação do

função de gerente de segurança operacional e demais membros de sua


equipe.
• Descrição da composição, atribuições e respectivas regras de
funcionamento do Comitê de Segurança Operacional (CSO), se aplicável.
• Descrição da composição, atribuições e respectivas regras de
funcionamento do Grupo de Ação de Segurança Operacional (GASO).

3.6 Coordenação do Plano de Resposta à Emergência

Também vimos no Módulo 3 – Estruturação do SGSO, os requisitos de


coordenação com o Plano de Resposta à Emergência dependem dos requisitos
aplicáveis a cada operador. Assim, para saber o que deve constar no MGSO referente
a este item, consulte o material complementar ou a legislação aplicável ao segmento de
sua organização.

3.7 Documentação do SGSO

Neste capítulo do MGSO, a organização deve descrever como ocorre o controle


dos documentos, manuais e registros que compõem o SGSO.

O manual deve facilitar a comunicação, a manutenção e o gerenciamento interno


do sistema. Simultaneamente, deve servir como a comunicação ou declaração do
SGSO da organização à ANAC, para os propósitos de avaliação e subsequente
supervisão do sistema. O MGSO deve ser mantido atualizado e, nos casos de
alterações ou emendas, a nova versão deve ser encaminhada à ANAC.

Outro aspecto da documentação do SGSO é a compilação e manutenção de


registros que comprovam a existência e o funcionamento contínuo do sistema. Tais
registros devem ser organizados de acordo com os elementos do SGSO e respectivos
processos. Para determinados processos, pode ser suficiente para o sistema de
documentação do SGSO a inclusão de cópias ou amostras de registros mantidos dentro

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Módulo 9 - Documentação do SGSO
de outros sistemas da organização (como um departamento de registros técnicos ou
uma biblioteca central). Em resumo, este capítulo deve conter:

• Descrição da correlação entre o MGSO e os demais manuais ou


SGSO
Documentação do

programas da organização;
• Descrição dos procedimentos para revisão periódica e, quando
necessário, atualização e aprovação do MGSO e dos demais
documentos e formulários complementares a ele relacionados;
• Descrição dos procedimentos para divulgação do MGSO e dos
demais documentos e formulários a ele relacionados em toda
a organização e, se aplicável, entre as empresas
contratadas/terceirizadas;
• Descrição dos procedimentos para identificação,
armazenamento, proteção, retenção e descarte dos registros
do SGSO.

A documentação deve ainda definir os critérios de identificação,


armazenamento, proteção, retenção e descarte de cada um desses registros.

Os registros do SGSO devem incluir, mas não necessariamente se limitar a:

 Relatos de perigos e ocorrências;

 Avaliações de risco concluídas ou em andamento;

 Relatórios das auditorias e investigações internas;

 Evidências da promoção da segurança operacional;

 Certificados dos treinamentos de segurança


operacional;

 Atas ou memórias das reuniões do CSO e GASO;

 Indicadores de desempenho de segurança operacional


e gráficos associados.

Caso a organização já possua um sistema de controle de qualidade e deseje


tratar do controle de documentação do SGSO dentro daquele sistema, este capítulo do

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MGSO pode, desta maneira, se constituir em uma declaração dizendo que o sistema de
controle de qualidade da organização também traz a documentação do SGSO. Uma
referência ao respectivo manual do sistema de controle de qualidade da organização
deve ser inserida no MGSO.

3.8 Processo de identificação de perigos


Esse processo foi estudado em detalhes no Módulo 5 – Conceitos de
Gerenciamento de Riscos, e também deve constar no MGSO. Em resumo, este capítulo
deve conter:

• Descrição dos procedimentos para coleta de informações relacionadas aos


de perigos
Processo de identificação

relatos mandatórios, incluindo os tipos de ocorrências que devem ser


comunicadas e os critérios de notificação ao Estado (ANAC, CENIPA etc.);
• Descrição dos procedimentos sobre coleta de informações por meio de
relatos voluntários;
• Descrição dos procedimentos sobre investigações internas de ocorrências
aeronáuticas;
•Nota: Como método aceitável, o PSAC pode desenvolver seus
procedimentos usando como referência o Manual de Investigação do SIPAER
– MCA 3-6, disponível no site do CENIPA.
• Descrição dos procedimentos sobre identificação de perigos detectados por
meio da avaliação do SGSO (auditorias, inspeções ou vistorias internas de
segurança operacional), ver seção 3.11;
•Nota: Como método aceitável, o PSAC pode implementar um programa
interno de auditorias de segurança operacional baseado na norma NBR ISO
19011.
• Para operadores do RBAC 121, a descrição dos procedimentos sobre operação
do programa de acompanhamento e análise de dados de voo, de acordo com
IAC 119-1005;
• Descrição dos procedimentos sobre coleta de informações por meio de fontes
externas à organização (exemplos: relatórios de acidentes e incidentes dos
órgãos investigadores; auditorias, inspeções e vistorias da ANAC ou de outras
entidades externas; boletins, alertas e informativos dos fabricantes de
aeronaves etc.);
• A descrição dos procedimentos sobre identificação de perigos a partir das
diversas fontes de coleta de informações sobre segurança operacional.

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A compilação contínua desse conhecimento derivado dos perigos deve ser a
base da biblioteca de segurança operacional do PSAC, cuja construção deve facilitar o
rastreamento, análise e padronização das informações armazenadas.

O produto da biblioteca deve ser não apenas a


preservação da memória de segurança operacional da
organização, mas também uma fonte de conhecimentos que
deve ser usada pelos gestores em suas decisões. O
conhecimento sobre segurança operacional incorporado na
biblioteca deve ainda permitir avaliar a eficiência dos métodos
de coleta de informações, bem como fornecer material para
análise de tendências e elaboração de materiais educativos
sobre segurança operacional (boletins, relatórios etc.).

3.9 Processo de avaliação e controle de riscos

Este capítulo do MGSO apresenta os processos de avaliação e controle de


riscos, conforme explorado no Módulo 5 – Conceitos de Gerenciamento de Riscos. Em
resumo, este capítulo deve conter:
avaliação e
controle de riscos
Processo de

• Descrição dos procedimentos sobre avaliação dos riscos à


segurança operacional, incluindo as análises de
probabilidade, severidade e tolerabilidade;

• Decrição dos procedimentos sobre definição e


implementação das ações mitigadoras, incluindo instruções
sobre a aprovação das medidas pelos níveis apropriados de
gestão.

As definições de severidade e de probabilidade utilizadas pela organização


aparecem aqui. E é também neste capítulo que descrevemos a matriz de avaliação do
nível de risco (tolerabilidade), e as ações recomendadas para cada nível de risco. As

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Módulo 9 - Documentação do SGSO
estratégias de mitigação são apresentadas aqui. Elas dizem respeito às medidas que
devem ser colocadas em prática pelo PSAC para tratamento dos perigos e manutenção
dos riscos em níveis tão baixos quanto razoavelmente praticáveis.

Geralmente as alternativas envolvem uma combinação das


três defesas tradicionais da aviação: tecnologia, regulação
(procedimentos) e capacitação. Exemplos: aquisição ou
atualização de equipamentos ou sistemas; elaboração ou
modificação de procedimentos operacionais; elaboração ou
modificação de programas de treinamento.

Cada análise de controle de risco deve ser documentada de forma progressiva.


Informações sobre ações mitigadoras, responsáveis, prazos para soluções etc. devem
ser acrescidas à biblioteca de segurança operacional, de modo a formar um quadro
completo desde a identificação do perigo até o término da implementação dos controles.
Isso pode ser feito usando uma variedade de aplicações que vão desde planilhas ou
tabelas básicas até softwares especializados. Os documentos de controle de risco
completos devem ser aprovados pelo nível adequado de gestão.

No caso de aeroportos, o resultado do processo de gerenciamento de risco deve


ser consolidado em um formulário padronizado de Análise de Impacto sobre a
Segurança Operacional (AISO) e as defesas existentes e medidas adicionais para
eliminação ou mitigação dos riscos devem ser detalhadas e descritas em um documento
denominado Procedimentos Específicos de Segurança Operacional (PESO). Exemplo
de ambos os formulários podem ser encontrados na seção de materiais
complementares do curso.

3.10 Processo de monitoramento e medição do desempenho da segurança


operacional

Você saberia qual é o objetivo desse processo?

Bem, o objetivo do processo de monitoramento e medição do desempenho da


segurança operacional é verificar o desempenho de segurança operacional do
PSAC em função da política e objetivos de segurança operacional e dos controles
de risco implementados.

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Para tanto, o PSAC deve ser capaz de monitorar os processos operacionais do
dia a dia de todas as suas diferentes áreas ou departamentos e avaliar se esses são
executados conforme requerido. Em adição, o PSAC deve possuir ferramentas para
coletar a percepção e o feedback dos funcionários e contratados com relação a
potenciais problemas que podem impactar a segurança operacional. O PSAC deve
ainda possuir ferramentas para investigar as causas de desempenhos aquém do
esperado, como não-conformidades em auditorias ou inspeções, incidentes ou
acidentes aeronáuticos, problemas com empresas contratadas que afetem a segurança
operacional etc.

Em resumo, este capítulo do MGSO deve conter:


monitoramento e medição
Processo de

do desempenho

• Descrição de procedimentos para monitorar a aplicação e


efetividade de políticas, procedimentos e controles de risco (ações
mitigadoras) desenvolvidos pelo PSAC;
• Descrição de procedimentos para desenvolvimento, manutenção e
revisão de um conjunto de indicadores de desempenho de
segurança operacional;
• Descrição da correlação entre os indicadores de desempenho de
segurança operacional e os objetivos de segurança operacional do
PSAC.

O MGSO deve trazer a descrição das fontes utilizadas para o monitoramento e


medição de desempenho, e ainda quais são os indicadores e metas
estabelecidos.

3.11 Avaliação do SGSO

O PSAC deve descrever neste capítulo quais métodos irá implementar para
avaliar o SGSO. A avaliação deve contemplar tanto o cumprimento com os
regulamentos aplicáveis, quanto a efetividade dos controles de risco implementados.

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Em resumo, este capítulo do MGSO deve conter:

• Descrição dos procedimentos de auditoria interna, tanto nos


Avaliação do
SGSO

aspectos de cumprimento com os regulamento como na avaliação da


efetividade dos controles de riscos.

• Descrição dos procedimentos para monitorar o cumprimento dos


regulamentos de segurança operacional nacionais e internacionais
(se aplicável).

A auditoria interna tem como objetivo fornecer elementos à organização para a


avaliação do grau de conformidade do SGSO com os requisitos em vigor, avaliar a
eficácia do SGSO e planejar e acompanhar a implementação e a verificação da eficácia
de ações corretivas e preventivas requeridas para a melhoria do SGSO.

3.12 Gerenciamento de mudanças

Os PSAC podem experimentar uma série de mudanças devido a: expansão;


contração; alterações em sistemas, equipamentos, programas, produtos ou serviços
existentes; introdução de novos equipamentos ou procedimentos etc. Por sua vez,
perigos podem ser inadvertidamente introduzidos nas operações sempre que mudanças
ocorrem.

As práticas de gerenciamento da segurança operacional exigem que os perigos


que são efeitos colaterais das mudanças sejam sistemática e proativamente
identificados e que as estratégias para controlar os respectivos riscos sejam
desenvolvidas, implementadas e posteriormente avaliadas. Em resumo, este capítulo
do MGSO deve conter:

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• Descrição dos cenários em que será aplicado um processo formal


de gerenciamento de mudanças;
mudanças
Gerenciamento de

• Descrição dos procedimentos para execução de um processo de


gerenciamento de riscos antes de a mudança ser implementada
na organização;
• Descrição dos procedimentos para avaliação dos impactos da
mudança nos controles de risco já implementados na organização
em decorrência de outros processos;
• Descrição dos procedimentos para revisão do processo de
gerenciamento de riscos relacionado à mudança quando houver
alterações no cenário inicialmente planejado.

3.13 Processo de melhoria contínua do SGSO

Como consequência do processo de monitoramento e medição do desempenho


de segurança operacional e da avaliação do SGSO, os dados e indicadores
consolidados devem ser analisados criticamente, e os resultados devem ser usados
para a tomada de decisões buscando a melhoria do SGSO. Em resumo, este capítulo
do MGSO deve conter:

• Descrição dos procedimentos para análise crítica dos dados e


indicadores obtidos a partir dos processos de monitoramento e
contínua do SGSO
Processo de melhoria

medição do desempenho de segurança operacional, incluindo


as pessoas ou fóruns responsáveis por essa avaliação;
• Descrição dos procedimentos para desenvolvimento de ações
corretivas e/ou preventivas quando a análise crítica do SGSO
indicar desempenho de segurança operacional não satisfatório,
incluindo os casos de:
• a) Não aplicação de regulamentos, políticas, procedimentos,
treinamentos ou controles de risco;
• b) Falta de efetividade de políticas, procedimentos,
treinamentos ou controles de risco;
• c) Surgimento de novos perigos.

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O processo de melhoria contínua deve considerar quem são as pessoas ou
fóruns que tomam as decisões sobre o nível do desempenho e o cumprimento dos
objetivos e expectativas do PSAC. As conclusões da análise crítica devem ser
reportadas ao Gestor Responsável, que possui a autoridade final para agir sobre tais
conclusões, se necessário.

3.14 Promoção da segurança operacional

Você deve se lembrar que a promoção da Segurança operacional engloba dois


elementos da estrutura do SGSO: i) Treinamento e qualificação e ii) Divulgação do
SGSO e da comunicação acerca da segurança operacional. O MGSO deve contemplar
esses dois tópicos.

3.14.1 Treinamento e qualificação


O PSAC deve garantir o treinamento e a divulgação de informações atualizadas
sobre questões de segurança operacional relevantes para suas áreas operacionais. A
oferta de treinamento adequado ao pessoal, independentemente do seu nível na
organização, é uma indicação do comprometimento da alta direção com um SGSO
eficaz. Em resumo, esta seção do MGSO deve conter:

• Descrição do currículo de treinamento sobre segurança operacional


(conteúdo, carga horária e periodicidade) do Gestor Responsável.
qualificação
Treinamento e

• Descrição do currículo de treinamento sobre segurança operacional


(conteúdo, carga horária e periodicidade) do gestor de segurança
operacional e dos membros de sua equipe.
• Descrição do currículo de treinamento sobre segurança operacional
(conteúdo, carga horária e periodicidade) dos demais gestores da
organização e do pessoal operacional.
• Descrição do currículo de treinamento sobre segurança operacional
(conteúdo, carga horária e periodicidade) dos funcionários de empresas
contratadas/terceirizadas, se aplicável.
• Descrição dos procedimentos para avaliação da efetividade dos
treinamentos e para revisão periódica das necessidades de treinamento e,
quando necessário, atualização dos currículos de treinamento e
respectivos materiais de instrução.

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
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Requisitos de treinamento compatíveis com as necessidades e a complexidade
da organização devem ser documentados para cada área de atuação. Registros com a
comprovação de realização do treinamento devem ser mantidos para cada funcionário,
incluindo os gestores.

O treinamento de segurança operacional do PSAC deve


assegurar que todo o pessoal seja competente para exercer
as funções relacionadas à segurança operacional. A
documentação deve especificar os padrões de treinamento
inicial e periódico para o pessoal operacional, gestores,
supervisores, membros da alta direção e o Gestor
Responsável. A carga horária deve ser apropriada às responsabilidades de cada
indivíduo e ao seu envolvimento com o SGSO. A documentação deve especificar
também as responsabilidades pelo desenvolvimento do conteúdo dos treinamentos,
bem como pelo gerenciamento dos respectivos registros.

3.14.2 Divulgação do SGSO e da comunicação acerca da segurança operacional

O PSAC deve comunicar os objetivos e os procedimentos do SGSO a todo o seu


pessoal operacional. O gestor de segurança operacional deve regularmente comunicar
informações sobre as tendências de desempenho de segurança operacional da
organização e sobre questões de segurança específicas por meio de boletins e alertas.
O gestor de segurança operacional deve também garantir que as lições aprendidas a
partir de investigações e estudos de caso ou experiências, tanto internos quanto de
outras organizações, sejam amplamente divulgadas. Em resumo, esta seção do MGSO
deve conter:
e comunicação
Divulgação do SGSO

• Descrição dos canais de comunicação usados para divulgação do


SGSO e demais informações relevantes à segurança operacional.
• Descrição da finalidade de cada um dos canais de comunicação ou
dos tipos de informação que devem ser divulgadas em cada um
deles, incluindo um ou mais meios para transmissão de informações
críticas sobre segurança operacional.
• Descrição dos procedimentos para garantir que as informações sobre
segurança operacional chegaram a seu público alvo.

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Módulo 9 - Documentação do SGSO

4 Resumo
Lembre-se que é muito importante documentar as rotinas do SGSO e
compartilhar com todos os envolvidos os processos e procedimentos que tornam o seu
sistema efetivo. Todos os componentes e elementos que estudados até aqui devem
fazer parte do dia a dia da organização e as atividades que os colocam em prática
devem ser descritas no Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional (MGSO).

Após ter uma familiarização com o conteúdo de um MGSO, é o momento de


conhecer o MGSO da organização em que você trabalha. Leia o manual, procurando
identificar nele os componentes do SGSO e os processos em que a sua atuação é
requerida.

No próximo e último Módulo do curso, vamos estudar sobre a Regulação do


SGSO.

Atividade

Chegamos ao fim deste Módulo. Vamos agora fixar o que aprendemos


sobre a documentação do SGSO. Para isso, retorne à página inicial do curso
e realize o exercício respondendo corretamente as questões.

Até o próximo Módulo...

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SGSO para Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC)
Módulo 9 - Documentação do SGSO

5 Referências
BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 145.214-
001, Revisão B. Brasília: ANAC, 2018. Disponível online em:
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-145-214-001b.

BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Instrução Suplementar nº 119-002,


Revisão D. Brasília: ANAC, 2012. Disponível online em:
https://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/iac-e-is/is/is-119-002d.

ORGANIZAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL INTERNACIONAL. Safety Management Manual –


DOC 9859, 4ª edição. OACI, 2018. Disponível em:
https://www.unitingaviation.com/publications/9859/#page=1.

Safety Management International Colaboration Group (SM-ICG). SM ICG SMS


Evaluation Tool. SM-ICG, 2013. Disponível online em:
https://www.skybrary.aero/index.php/SM_ICG_SMS_Evaluation_Tool.

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