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Embora os principais conceitos que tornaram Foucault célebre ainda não tivessem sido
produzidos à época deste livro, nele já se esboçam as principais linhas de força que
guiariam futuramente as análises arquegenealógicas de Foucault. Como pano de fundo
temos as relações de força entre saber e poder produzindo subjetividade. Neste caso
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22/10/2019 Doença mental e Psicologia ou a Psicologia por Foucault
Nesse livro Foucault trava uma batalha contra qualquer forma de metapsicologia. À
metapsicologia Foucault opõe relações historicamente situadas entre os homens e os
homens loucos, entre o próprio surgimento destas categorias. Para tanto Foucault parte
de duas perguntas fundantes: A) É legítimo falar em patologia no domínio mental? B)
Quais as relações entre as possíveis psicopatologias e as doenças orgânicas? A
conclusão de Foucault é a de que nem a fisiologia nem a terapêutica podem ser os
parâmetros absolutos da doença mental.
Toda uma parte da obra de Freud é comentário das formas evolutivas da neurose. A
história da libido, de seu desenvolvimento, de suas fixações sucessivas é como a
compilação das virtualidades patológicas do indivíduo: cada tipo de neurose é um
retorno a um estágio de evolução libidinal. E a psicanálise acreditou poder escrever
uma psicologia da criança, fazendo uma patologia do adulto. (p.19).
Até o século XVII o ocidente não entendia a loucura como doença mental, embora
houvesse (excepcionalmente) aprisionamento de alguns loucos. Após o século XVII a
loucura vira o espaço de exclusão por excelência. Originalmente o internamento não
tem objetivo terapêutico, mas assistencial, não se almeja curar, mas punir e expurgar o
mal dessa emergente classe burguesa, esse mal era a ociosidade que estava relacionada
à loucura. Loucos ficavam juntos com bêbados, vândalos, prostitutas, enfim, com os
moralmente condenados.
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22/10/2019 Doença mental e Psicologia ou a Psicologia por Foucault
O que acaba de ser dito não vale como crítica a priori de qualquer tentativa para cercar
os fenômenos da loucura ou para definir uma tática de cura. Tratava-se somente de
mostrar entre a psicologia e a loucura uma relação tal e um desequilíbrio tão
fundamental que tornam vão cada esforço para tratar o todo da loucura, sua essência e
natureza em termos de psicologia. A própria noção de “doença mental” é a expressão
deste esforço condenado de início. O que se chama “doença mental” é apenas loucura
alienada, alienada nesta psicologia que ela própria tornou possível. (p.61).
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22/10/2019 Doença mental e Psicologia ou a Psicologia por Foucault
possível na medida em que esse louco já foi por meio de moralismos ou exclusões,
sejam essas institucionais por meio da docilização dos corpos (conceito que Foucault só
criará anos depois) ou pelo cuidado de si (conceito desenvolvido nos últimos anos de
trabalho na chamada fase ética do filósofo). A Psicologia é assim uma “fina película” da
ética moderna, são a exclusão e o moralismo que legitimam o saber psicológico
administrador da loucura alienada, que por sua vez produz o “homem psicológico”.
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