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GUILHERME BOULOS Por que o Brasil nao cresce? > Bolsonaro e Paulo Guedes dilapidam direitos, asfixiam os investimentos ptiblicos eaprofundam o abismo da desigualdade. Ea receita certa para o desastre -onomia do Brasil continua patinando, 0 orgamento de 2019 previa um erescimento de 2,5% do PIB, Hoje, o proprio gover no admite que o Pais cresceré no ma- ximo 0,85% e consultorias avaliam um niimero ainda menor. Estamosna recu- peragio econdimica maislentada hist6- ria de nossas crises, Pior que ade 1929, ior até mesmo que ados anos 1980. Acrisetemseusretratos sociais.O Pai segue com13 milhdesdedesempregados, umacada quatro deles buscando traba- Iho pelomenos dois anos. informa- lidade batew o recorde de 38,6 milhies de pessoas, 41% da populagdo ocupada, Adiseretaquedanosnimerosdodesem- pregodoiiltimo trimestre deu-seacusta doaumento exponencial deambulantes nostrens, Qnibusenasruas das cidades, A parcela da populacio em que o de- semprego é mais persistente tem sido entre os mais pobres, que estudaram s6 até o Ensino Fundamental. Dai vem, por exemplo, 0 aumento em 66% do niime- ro depessoas em sittagio deruade Sao Paulo abordadaspelasequipesda prefei- tura nos iltimos dois anos, Apromessaerahem outra, Em 2016,0 impeachment de Dilma Rousseff toi tra- 2 tadocomoasolugao para tiraro Brasil da * crise. O ajuste fiscal, as reformas traba- IhistaedaPrevidénciaeo tetode gastos — mudanga constitucional sem prece- dentes que congelouocrescimentodein- vvestimentos piblicospor duasdécadas~ ceram tratados como etapasdo tinica ca- minho capaz de trazer de volta a “con- fianga” dos investidores privados e por fim Arecessio do Pais, Acantilena dos cortes comegou com Joaquin Levy, aindano governoDilma, foi aprofundada a niveis doentios por Henrique Meirellese, agora, por Paulo Guedes. O“remédio” do ajuste fiscal en- vvonenot.a economia brasileira e produ Ziuefeitos opostosaoprometido.Omand de investimentos no veio. O saldo foi a devastagioecondmica,odesempregoea procarizagiio davidados trabalhadores. Adesigualdadeaumenton como mun- ca. Os dados publicados pelo IBGE na tltima semana sio devastadores.O 1% maisticodo Pats recebe hoje,emmédia, 88 yezes mais que os 50% mais pobres, Bo maior nivel de desigualdade de ren- da da nossa historia, desde que o indice ‘comecoua ser medido, Para se ter uma ideia, entre 2017 ¢ 2018, arenda dos 10% mais pobres caiu 3,280 ,enquantoa do 1% mais ricocresceu8.4% (27774reais). Akémdos danossociaisirrepariveis.adiminnigio da renda dos mais pobres tem impacto diretosobreo potencial de crescimento, Aocontrériodoomaisrico,as familias ‘quevivem comaté doissalériosminimos ‘astampraticamentetodaasuarendano consumo, ativandoaeconomia, Porisso, politicas de transferéncia direta e valo- rizagfo do salirio minimo tém um for- te impacto na reeuperagso econdmica, além daredistribuigio de rend, Oniveldeinvestimentospblicos pre- visto para 2020 pelogoverno Bolsonaro serd'o menor da histéria, com a parali- sagdo de obrasde infraestruturaeredu- ‘lo geral de gastos puiblicos, Dobram a apostanocaminhoquenoslevousoabis- mo. Vendida como sol ‘braras contas, essa politica nem sequer ‘cumpre esse papel. Mesmo com cortes ada vez mais perversos, adivida pabli- cas6 creseet nos tiltimoscineo anos. Em2014, antes deapoliticadatesou- racomegaraser aplicada,adividabrast- leira representava 58% do PIB, Hojeca- minhaparaos80%. Ouseja,a economia foi esganada easituagao das contas pa- blicas agravou-se. A razio nio é dificil de compreender. Se o governo investe, isso vai gerar obras piblicas, por exem- plo, em infraestrutura ou habi ‘ial, Essas obras geram emprego. Com trabalho erenda, aspessoasconsomem mais eogovernotambémarrecadamais, ‘que boaparte dos impostos do injusto sistema tributério brasileiro incide so- breo consumo, Quandoogovernocorta, acontece justamente ocontririo. Menos emprego, menos consumo ¢ menos ar~ recadagao no ano seguinte, Por isso 0 Brasil s6 corta hd cinco anos ecolecio- na déficts fiscais sem parar. EstherDweek, Pedro Rossi Guilher- me Mello trataram em recente artigo deste ciclo vicioso, de reducio das des- pesas, limitagdo do crescimento do PIB, mais déficitfiseal ea necessidade do mais cortes. Produz-se, assim, um fendmeno de encolhimento erénico do potencial do Pais, Para piorar,jéhd pre- visdesdopior desempenhoda economia slobal desc a crise de 2008. (© que Bolsonaro e Paulo Guedes pro- poem parao Pais éseguirmos esperando afada” daconfiangatrazerinvestimentos estrangeiros, Paraissodilapidam direitos, asfixiam osinvestimentos pablicoseapro- fundam o abismo da desigualdadebrasi- leira. Ea receitacerta paraodesastre. « redacao@cartacapitel combr

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