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aR ESCOLA SECUNDARIA DE MONSERRATE - VIANA DO CASTELO ‘ gee CURSOS PROFISSIONAIS - 2010 / 2011 Curso Profissional de -10°__ AREA DE INTEGRACAO MODULO 1.1 PESSOA E CULTURA potju Areal A Pessoa 1.2. Pessoa e cultura |. Ser pessoa perante varios papéis resulta de factores genéticos e factores culturais . O Homem enquanto ser biocultural - Acultura como resposta aday produtor da cultura A socializacao e os seus agentes conformador da opinio publica 3 culturas e o relativismo cultural 11. Oetnocentrismo, posicao contraria & diversidade cultural 12. Oexacerbar das diferencas culturals: racismo e xenofobia 8 Médulo 1 1. Ser pessoa perante varios papéis EBB Ferwanvo pessoa ‘Quem &a pessoa que se esconde por ders de Fermando? 0 caso de Ferando Pessoa 6 igmtic, A contig dos seus heteéni- ‘mos evela um eu que se multipicae onde 05 heterdnimos (Alberto Caeizo, Ricardo Reis, ‘Alvaro de Campos, s6 para seerr os mais ) Cones) 4, Explica de que modo os acontecimentos descritos no texto &J ilustram o etnocentrismo. 28 Médulo 1 11. O etnocentrismo, posigao contraria a diversidade cultural (O etnocentrismo dos missionaries Cotmocentrisme dos missiondrios ora, ¢ ainds ccontinua a ser, muito mais explicito, Ha um pequeno nitmero de missées cristis, geralmente de f@ catélica romana que, em certos 3805, 90 dispse @ recomhecer que a cultura indigona das populagtes centre as quais desenvolve a sua obra tem um certo valor moral e estético que merece ser respeitado, mas a maior parte dos rsissionivice protestames, especialmente os da ala ‘evangilica, tem defendido rigidamente a posigdo de se cencarar a cultura indigena em todas as euas manifestagiies como uma invengéo do deménio. A tarefa do missionivio, como salvador das almas, néo 656 ade converter os pagios a0 cristianismo, mas também a de adestrulr as obras do daménios, um processo que implica a imposigao total dos valores europeus & americanos aos seus, cctistdos converses. ‘Bdrmund Leach, eEinocentrice=s, Sn Enciclopéia EINAUDI, Aco "705 Home, vo. 5, 1985 (EB ome bunxneim (858-1917) Quando os navegantes portugueses, no periodo dos Descobrimentos, chega- 2 ram 3 costa africana, & Asia e ao Brasil, depararam com a cultura dos habirantes ¢ locais. Essa experiéncia também a tiveram navegadores e aventureiros espanhdis e 3 holandeses e de outros paises da Europa. Ora, muitos deles consideraram que os | povos indigenas eram atrasados, incultos, desprovidos de alma, seres inferiores aos humanos. Esta visSo depreciativa da cultura dos povos nativos, semelhante & que alguns aventureiros do Oeste americano revelaram no contacto com 0 Indios, cor- respondia a uma afirmacac da superioridade da cultura ocidental, que era apresen- tada como a auténtica cultura, aquela que os outros deveriam seguir porque era a cultura exemplar e modelo. Esta atitude de afirmacao da superioridade de unta cul tura face as demais é denominada etnocentrismo. Actualmente, certos povos e grupos, baseados em dogmas e preconceitos reli- giosos e culturais, afirmam a sua superioridade cultural e véern-se como povo e grupo eleitos e predestinados para misses superiores, alimentando um combate do ‘nds’ contra’‘os outros’, estes vistos como barbatos ou infiis. Cetnocentrismo cultural opde-se ao reconhecimento da diversidade cultural, ja que afirma que existe uma cultura de referéncia que os outros povos e comunida- des devem seguir e mesmo copiar. © desenvolvimento dos povos nao é unilinear Nada autoriza a crer que os diferentes tipos de povos se encami- mhem todos no mesmo sentido; hi-os que seguem as vias mais diversas. © desenvolvimento humano deve ser figurado ndo sob a forma de uma linha ao longo da qual as sociedades viriam dispor-se umas atras das outras, como se as mais avancadas fossem apenas a sucesso e a conti nuacao das raais Tadimentares, mas come uma ésvore com ramos mt plose divergentes. Emile Durktteim, Lange sociologique,t. XI, 1913, pp. 60-81 Durante este tempo baptizamos todos os indigenas de Zubu e das ilhas proximas, Houve, no entanto, uma aldeia numa ilha em que os ‘habitantes recusaram obedever ao rei e a nbs. Langamosthe fogo © ex- gimos uma cruz, porque eram idélatras. Se fossem mouros, isto é, mao- metanos, teriamos colocade uma cruz de pedra para represéntar a dureza dos seus coragées. IA Primeira Viagem 3 Volta do Mundo de Férnio de Magaindes, ccontada por Antonio Pigafetta, p. 68 30 Médulo1 12. O exacerbar das diferengas culturais: racismo e xenofobia Facilmente constatamos que, apesar das semelhancas entre os homens e da § existéncia de muitas caracteristicas comuns, encontramos também diferencas fisicas = (cor da pele, estatura, nomeadamente) e diferencas culturais (habitos diferentes, bem como diferentes formas de organizaco familar, por exemplo). Contudo, est diversidade no pode ser hierarquizada, isto é, colocando grupos hurnanos acim ns dos outros. € que, desse modo, desenvolvern-se posiqbes racistas. Um racista apoia-se numa ideia concebida sem suporte cientifico ou mesmo experimental, acerca da superioridade e da inferioridade de certos individuos, por estes pertencerem a determinadas racas e, em funcao desta ideia preconceituosa, discrimina esses individuos ou 0 grupo a que eles pertencem, considerando-os inferiores. ‘A xenofobia é uma posico préxima do racismo, s6 que orientada contra os estrangeitos, dirigindo-Ihes antipatia ou mesmo édio pelo facto de serem origind- rios doutro pais, podendo ser identificaveis a partir de certos sinais biol6gicos ou culturais: cor da pele, forma do rosto, lingua, vestudrio, habitos quotidianos. EB Asracas numanas sio um miro Todos os ees bunanos tem en conum 89% bo cg get,Genetezmente, 4 bite 1% de derencas ene os ers ‘numanos da planeta. Mt is UMA HISTORIA GONCISA DAS RELACOES ENTRE PRETOS - BRANCOS 8 © que é a xenofobia? Antipatia ou até mesmo édio pelos estrangeiros. Este sentimento de forte inimizade para com o8 estra- nhos acentua-se quando as culturas sfio muito fechadas e sempre que os estrangeiros possam ser facil- mente identificados por todos através de sinais biolégico-culturais, como, por exemplo, a cor, o desenho da cara, a lingua falada, vestuério, as crengas e as praxes do dia-a-dia. Anténio Marques Bessa, «Xenofobia», in Enciclopédia Verbo Polis, 1987 1.2, Pessoa e cultura 1. Observa as imagens do documento 1.1, Regista o que ha de comum entre elas. 1.3. Completa a frase seguinte de forma a obteres uma conclusdo verdadelra. Estas diferengas so de natureza__ as semelhangas sao de origem ____ (biolégica / cultural) enquanto _ (biol6gica / cultural). 2. Apartir do texto EJ completa as seguintes afirmacées. a. Axenofobia é definida como: 3. Analisa e discute, em pequenos grupos e depois com a turma, @ histéria apresentada no docu- mento EJ, tendo em conta, nomeadamente, as seguintes questées: 3.1. Serdo auténticos a justificagao inicial e o pedido de desculpas posterior do menino branco? Serd que ele percebe bem o que é ser racista? 3.2. Consideras igualmente que se trata de “racismo ao contrario” ajudar 0 menino preto? 3.3. O que é que se pode considerar comportamento racista nesta historia? 3.4, £ possivel retirar alguma licdo moral? 31 92 Médulo 1 Sintese A cultura é aprendida e nao herdada geneticamente, Ao contré- rio dos outros animais que procuram no seu codigo genético todas as informagées de que necessitam, © Homem tem de aprender a viver em sociedade, apreendendo valores e regras, habitos formas de estar. A cultura representa esses modos de pensar e agir que so apreendidos e partilhados por grupos de pessoas. A cultura é um conceito que se aplica & Sociedade, como também a grupos mais pequenos € nos quais 0 Homem, desde que nasce, vai vivendo e mol- dando 0 seu caracter. A cultura vai enfor- mando o individuo e oxganizando a interac- ‘¢40 entre os individuos e entre estes e 0 meio que os rodeia. Por isso, pode dizer-se que a cultura se revela como um modo de vida, produzindo o Homem na mesma medida em que este produz a cultura, No contexto das sociedades ¢ grupos huma nos, constata-se urna ampla diversidade de culturas. Entre elas nao é possivel estabe- lecer uma hierarquia. Donde resulta o rela- tivismo cultural ¢ a tolerancia perante os outros @ a diferenca que protagonizam; contra 0 racismo e a xenofobia que afir- mam precisamente a superioridade de determinadas culturas sobre outtas. A cub tura é um elemento fundamental do pro. cesso de socializacéo do Homem, como também de afirmacao da sua sociabili- dade. Esta ¢ inseparsvel duma perspectiva de solidariedade entre os homens. No final deste tema deverds ser capaz de: + compreender a estruturacdo biocultural da pessoa e da personalidade; + reconhecer 0s varios modos de articulagao entre o Individuo, o meio ea sociedade na produgao da cul- ture; + identificar padrées de cultura e problematizar o fené- meno da aculturagéo; + compieender que o Homem é produto e produtor de cultura; + compreender o proceso de socializacdor + relacionar diversidade cultural e relativismo cultural; + discutir os fenémenos do etnocentrismo, racismo e xenofobia no contexto da diversidade das culturas.

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