You are on page 1of 24
PROJETO DE ENSINO DE FISICA IFUSP - Instituto de Fisica da Universidade de Séo Paulo MEC/FAE/PREMEN Segunda wna lei de Newton MEC/FAE/PREMEN PEF — PROJETO DE ENSINO DE FISICA, onstituido de quatro conjuntos destinados ao Ensino de 2° Grau, fol planejado e elaborado pela equipe técnica do Instituto de Fisica da Universidade de Sao Paulo (\FUSP) mediante convénios com a FAE @ o PREMEN. Coordenario Ernst Wolfgang Hamburger Giorgio Moscati Mecfinica ‘Antonia Rodrigues ‘Antonio Geraldo Violin Diomar da Rocha Santos Bittencourt Hideya Nakano Luiz Muryllo Mantovani Paulo Alves de Lima Plinio Ugo Meneghini dos Santos Eletricidade Eliseu Gabriel de Pieri 4J0s6 do Pinto Alves Filho Judite Fernandes de Almeidé Fletromagnetismo Jesuina Lopes de Almeida Pacca ‘Jodo Evangelista Steiner O Discébolo: a escultura CAPA snuipinessie momento em que os ar- tistas da Grécia antiga consideram que nenhuma beleza formal justifica qualquer desrespeito pelas leis das experiéncias dos sentidos. A representacdo tem de ser cor- reta; se a correcdo 6 contrdria & tradigéo, tanto pior para esta, que tem de ceder. ‘Miron procura a representacao perfeita da vivacidade € espontaneidade, do ‘movimento, do esforco répido e da atitude cheia de energia; no seu Diseébole representa intencionalmente © momento mais rdpido, tenso € concentrado da agao — aquele que precede imediatamente 0 langamento do disco —, fixando 0 que hé de transitério no movimento, a impressdo produzida pelo instante fugaz. O Discébolo de Miron néo existe mais. A escultura em bronze apresentada na capa é uma das réplicas feitas pelos romanos. Programagéo Visual Carlos Egidio Alonso sem Garlos Roberto Monteiro de Andrade 5. ed. Ettore Michele di San Fili Bottini Jodo Baptista Novelli Janlor Fotografia e Reproducses José Augusto Machado Calil Washington Mazzola Racy ‘Secretaria e Datilografia Carlos Eduardo Franco de Siquotra Janete Vieira Garcia Novo Linguagem Claudio Renato Weber Abramo Marla Nalr Moreira Rebello Construgio de Protétipos José Ferreira Universidade de Sao Paulo, Instituto de Fisica Mecanica 2 / IFUSP. ~ 5. ed. ~ Rio de Janeiro : FAE, 1984. 6 folhetos 127 em, ~ (Projeto de ensino de fisica). Os folhetos so numerados de 7 @ 12 ISBN 85-222-0161-7 1. Mecénica, |. Fundago de Assisténcia ao Estudan- te, Rio de Janeiro, od. II, Titulo, Voanerges do Espirito Santo Brites eo eo ae et Desenho Industrial ‘Alessandro Ventura Colaboraram 0 pessoal da Secretaria, Oficina Grati Administragao, Oficina Mecinica e Oficina Eletrénica do IFUSP. IFUSP: Caixa Postal 8219, So Paulo — SP ‘SUMARIO 1 73 1 2 3: Massa e inércia oe — 4. Massa © paso... CMI a 5, Exereicios de. aplicagio mo “740 6. Aplicagfo da 2° Tel de Newion ao movimento circular =. 7-14 7 Soran 8 8 Peto nia TEA © M8 LUA veers Massa inercial © massa gravilacional ‘itura Suplementar Newton @ 0 Principia CE meio ayy Fotografia ampliada de tecidos humanoe. Segunda lei de Newton H& muitos séculos 0 homem tem procura- do compreender as propriedades da matéria. Ainda hoje, esse é um dos grandes problemas da ciéncia. Sabemos que todas as coisas sao cons- fituidas de matéria: as rochas, a agua, o ar, as plantas, os animais, os planetas do nosso sistema solar, as estrelas, as bacté- rias etc. Para René Descartes, filésofo e matemé- tico francés do século XVII, a matéria se ca- racterizava pela extensdo, ou seja, por pos- suir comprimento, largura e profundidade. Jé& Isaac Newton considerava a matéria como algo mais complexo; além da extensdo, Newton julgava que outras propriedades, como a massa, a mobilidade, a inércia, a dureza, a impenetrabilidade etc.-seriam ne- cessérias para caracterizar a matéria. Dentre todas essas propriedades, Newton julgava mais importante a massa. De fato, ele dizia que a massa de um corpo é a medida da quantidade de matéria desse corpo. Contudo, seré realmente necessdrio usar a massa para medir a quantidade de matéria? Nao poderiamos utilizar outra grandeza, como por exemplo o volume, para essa me- dida? Sabemos, inclusive, que a maior parte dos liquidos & vendida por volume; ou seja, mede-se a quantidade de um liquide através de seu volume. Em muitos casos, porém, 0 volume ndo & uma boa medida da quantidade de matéria. Tomemos, por exemplo, o caso de um con- junto de moedas de niquel iguais. 7H Podemos dizer que cada moeda contém a mesma quantidade de matéria que as outras. Mas, se aquecermos uma delas, ela sofreré uma certa dilatagéo, e assim seu volume aumentaré. Ora, se a quantidade de matéria & medida pelo volume, deveriamos dizer que @ quantidade de matéria aumentou. Entre- tanto, a quantidade de niquel néo variou com o aquecimento. E um caso em que o volume variou sem que a quantidade de matéria tenha variado. Por outro lado, podemes variar a quan- tidade de matéria mantendo 0 volume cons- tante: quando enchemos uma bola de fute- bol introduzindo mais e mais ar no seu inte- 0 volume da bola quase nao se altera. Somos levados, assim, a abandonar a idéia de usar sempre 9, volume como medi- da de quantidade de matéria. Que grandeza utilizaremos para esse fim? Poderiamos utilizar 0 peso? O peso de um corpo é a forga com que ele é atraido pela Terra ov por outro astro onde se encontra; esta forga depende de onde ele esta. Por exemplo, o peso de um homem na Terra é quase seis vezes maior do que o seu peso na Lua, apesar de a quantidade de matéria que ele possui ser a mesma, quer ele esteja na Terra ou na Lua. Portanto, também o peso 72 nao é uma boa medida da quantidade de matéria. ‘A melhor medida da quantidade de ma- téria de um corpo é a massa, pois ndo depende do local onde ele esté, nem da temperatura, nem da presséo. Para compa- rar e medir as massas dos corpos podemos utilizar uma balanga, que é um instrumento conhecido pelo homem hé tempos imemo- riais, 1. Unidades de massa Suponhamos que um joalheiro receba um pedido de cinco anéis iguais ao modelo ex- posto em sua vitrina. Para medir a quan- tidade de ouro necesséria para fabricar cada anel, ele pode simplesmente colocar o anel- -modelo num dos pratos de uma balanga de bracos iguais, e depois completar 0 outro prato com ouro em pé até que a balanga se equilibre. Quando a balanca estiver equili- brada, as quantidades de ouro em cada prato serdo iguais. Q1 — A quantidade de ouro utilizada para fazer 5 anéis é igual a 5 vezes a quantidade de ouro necesséria para fazer um anel? A balanga mais antiga que se ‘conhece, descoberia em uma tumba pré-histérica fol construlda 7000 anos atrés no antigo Egito. A foto a0 lado, detalhe do papiro egipcio do século tt descoberto em Saqgarah © Livro dos Mortos de Dj eprosenta a pesagem da alma, © ritual de julgamento dos mortos pelos deuses. Q2 — Se 0 joalheiro equilibrasse a balanca com 0 anel-modelo em um prato e pequenos cilindros de lato no outro, cilindros onel de latéo balanga equilibrada e, em seguida, equilibrasse outra vez @ balanga com os mesmes cilindros de:latéo num prato e ouro em pé no ouro cilindros em po de latéo balanga equilibrada outro, estaria medinde a quantidade de ouro necessdria para fazer um anel? Dois corpos que se equilibram em uma balanca de bracos iguais tém a mesma massa, ou seja, a mesma quantidade de matéria. Para que se possa medir as massas dos corpos, & necessério adotar um padrao de RESPOSTAS massa; com esse padréo comparamos os corpos cujas massas queremos determinar. © padrao internacional de massa é 0 cilindro feito de uma liga de platina e iridio, que est& guardado no Instituto de Pesos e Medidas, na Franga; a massa desse cilindro foi arbitraria- mente chamada 1 quilograma (1 kg), e cons- titui a unidade de medida de massas. A massa de um quilograma é igual 4 massa de 1,000027 litro de égua pura (des- tilada) & temperatura de 4°C e pressdo de 760mm de mercério (veja a leitura suplemen- tar do capitulo 3 — “Padrées de medida”). 2. A 2.2 leide Newton Vejamos agora como se relacionam os conceitos de massa e de forga. Suponhamos que um mesmo corpo seja submetido & agGo de forcas diferentes, Entéo, existe uma rela- go de proporcionalidade entre as forcas aplicadas e as aceleragdes adquiridas pelo corpo em cada caso, como vimos no capitulo 6. Portanto, a equacae que relaciona a forca F aplicada ao corpo e a aceleracéo a que ele adquire é F = k.a, onde k 6 uma constante de proporcionalidade. Essa constante néio de- 73 pende da forca aplicada, pois, para um mesmo corpo, a razGo F/a permanece cons- tante, qualquer que seja a forca F aplicada cele, Entretanto, essa constante depende do corpo. Vejamos como é essa dependéncia, Experiéncias como as ilustradas na figura 14 do capitulo 6, em que um carrinho é puxado por forcas de intensidades diferentes, mos- tram que a constante k néo depende da forma, da cor, ou de outra propriedade do corpo, mas somente de sua massa. Vamos verificar como a constante k se relaciona com a massa do corpo aplicando forgas de mesma intensidade a um carrinho que rola sem atrito sobre uma superficie horizontal. Carregando-se 0 carrinho com massas convenientes podemos fazer com que a massa total seja duplicada, triplicada ete. Na figura 1 temos trés fotografias estro- boscépicas do movimento desse carro. Em A a massa 6 280g, em B é 560g e em C 6 840g. Nos trés casos a forca aplicada ao carro tem ‘@ mesma intensidade. @3 — Quanto valem as acelerages adquiri- das pelo carro nos irés casos? Utilize a escala da figura, Q4 — Qual é a razéo entre as aceleragées nos casos A e B? Enos casos A e C? Essa experiéncia mostra que as acelera- Ges adquiridas pelo carro sdo inversamente proporcionais as suas massas, pois duplican- do-se a massa do carrinho, sua aceleracéo se reduz & metade; triplicando-se a massa, a aceleragdo se reduz a 1/3 e assim por diante. Embora as aceleragées adquiridas pelo carro sejam diferentes, 0 produto k.a perma- nece constante, pois a forga aplicada, nos frés casos, foi de mesma intensidade. Cha- mando de a, a, @ a, as aceleracées nos casos A, Be C, temos que: kia, = kya, — Kya. Lembrando que a, — a,/2 e a; ~ a,/3, podemos substituir na relagéo acima e obte- mos ka, k,a,/2 = k,@,/3, portanto, k, — 2k, e ks = 3k. Verificamos, portanto, que a razéo entre as constantes do carro nos trés casos é igual 4 Acima, 0 carrinho utlzado nas experéncies mos: tradas na figura 1. ° ines ‘A massa’ do conjunto cartinho +} bloco de madeira (ito sbaixa) 9 dobro a do earinio; & mnsen Wo eae Junto earrinho -P 2 blocoe de madelra ‘ipo Nas ts experidnelas, as forgas. aplieadas foram Iguels porque ao sistons6es da, mola: colocada no we de vidro — indieadas pole referdncia do forma, tlangui Sobre a ocala millmetrada “foram igual, Podemos entao dizer que a razao k entre @ forga ea aceleracéo de um corpo é pro- porcional & massa desse corpo. Se escolher- mos convenientemente a unidade de forca, podemos fazer k = m. Assim: F/a = m, ou Esta Ultima expresséo é conhecida como a segunda lei de Newton. Como ela permite prever 0 movimento que um corpo vai des- crever, é conhecida também como lei fun damental da dinémica. De fato, se conhecer- mos a posigdo inicial e a velocidade inicial de um corpo, podemos prever a trajetéria que ele descreverd, assim como sua veloci- Cee ee CER Ro a ee unr Ptr dade em cada instante, desde que conheca- mos as forgas que atuam sobre ele. Foi fazendo uso dessa lei que pudemos programar um computador eletrénico para obter, ponto por ponto, a trajetéria do saté- lite Kosmos 159 que vocé desenhou no capi- tulo 1. A segunda lei de Newton nos permite definir a unidade de forca: escolhemos como unidade de forca aquela que, aplicada a um corpo de massa igual a Tkg, faz com que esse corpo adquira uma aceleracéo de Im/s’ Essa unidade é chamada newton (abrevia- da por N). Q5 — Quantos newtons vale a forca que, aplicada a um corpo de 5kg, Ihe im- prime uma aceleracéo de 3m/s"? Q6 — Qual 6 a massa de um corpo que adquire uma aceleragéa de 4m/s* quando submetide & agéo de uma forca de 8N? RESPOSTAS 75 Uma balanca de bracos iguais fica equilibrada quando as forcas-peso que agem ‘em seus pratos sao iguais. Portanto, a balanca compara os pesos dos corpos colocados em seus pratos. Mas o peso de um corpo.é, em um dade local, propor- cional & sua massa. Por exemplo, di ig tém o dobro da quantida- de de matéria, ¢ portanto da massa, ‘Ao mesmo tempo, dois ganchos pesam 0 dobro de um $6, como vocé viu no capitulo 6, quando pendurou ganchos no dinamémetro, Trés ganchos tém trés yezes a massa e pesam tras veres mais que um $6, ¢ a! De modo geral, se 0 peso de um corpo é Pe sua massa é m, vale a expresso lade, que depende do local onde se faz da Terra, 0 valor de g é aproximadamente onde g é a constante de proporcional a experiéncia. Préximo da superfici 9,8m/s*. 3. Massa e inércia Segundo a lei da inércic, que vimos no capitulo anterior, a velocidade de um corpo & constante se ele nao sofrer agéo de nenhu- ma forga. Entéo, se sobre o corpo agir uma forca néo equilibrada, sua velocidade va- riaré. Ele adquiriré uma certa aceleragéo que seré tanto menor quanto maior for a sua inércia. Suponhamos que um corpo de massa m adquira uma aceleragéo a quande submetido @ agdo de uma orca F. Q7 — Qual seria a aceleracéo adquirida por um corpo de massa 2m, quando sub- metido & agéo da mesma forca F? sim. on Q8 — Qual dos corpos possui maior inércia? Valem,respectivamente. 70, 35 © 28 om/st JA acoleragho adquiida polo carro. Como a aceleragéo do segundo corpo foi 6 a motade da accloragio adqulrlda metade da aceleragéo adquirida pelo pri- Ceeseken Soe meiro, concluimos que sua inércia é 0 dobro triplo do caso C: a,/a, — 3. da do primeiro. ma = 8kg x Sm/st — 15N. Existe, portanto, um critério de compara- a G0 de inércias, pois, se um corpo tem massa Fla = 2g. duas vezes maior que outro, sua inércia amis? também sera duas vezes maior. Exemplifi cando, vimos na experiéncia da secao ante- rior que 0 carro em C, de massa 3 vezes VARIAGAO DE g COM A ALTITUDE altitude (m) g(m/s*) 0 9,806 1.000 9,803 4.000 9,794 8.000 9,782 16 000 9,757 32.000 9,708 100 000 9,598 mesma intensidade, adquiriu uma acelera- Go 3 vezes menor que em A. Podemos entéo concluir que a inércia do carro em C foi 3 vezes maior que em A. Dessa forma, a massa de um corpo, além de ser uma medida de sua quantidade de matéria, 6 também me- dida de sua inércia. 4, Massa e peso Newton descobriu que todo corpo exerce uma forca de atracéo, chamade atragéie gra- vitacional, sobre 0s corpos que o rodeiam. Essa forca tem, em geral, intensidade m pequena, e passa despercebida: ndo conse- guimos detectar nenhuma forga de atragéo entre, por exemplo, uma cadeira e uma ca- neta. Entretanto, nas vizinhangas de corpos de massa muito grande, como a Terra, 0 Sol € 08 astros em geral, a forca se manifesta de maneira muito sensivel. Uma caracteristica importante desse tipo de forga @ que sua intensidade dimin com a disténcia; assim, ela se torna pratica- mente nula, quando a distancia entre os dois corpos em questao se torna muito grande. RESPOSTAS Essa fora € responsdvel pelo fato de os planetas girarem em torno do Sol, e de a Lua e 0s satélites artificiais girarem em torno da Terra; é ela também a responsdvel pela tendéncia que os corpos apresentam de cair na superficie do astro do qual estéo mais préximos, Um corpo na superficie de um astro esté sujeito a uma forca de atracée gravitacional, que podemos medir suspendendo-o em uma mola calibrada (isto ¢, um dinamémetro). Essa forca é chamada forga-peso, ou simples- mente peso do corpo, Q9 — O que é peso de um corpo? A forga-peso depende da massa do corpo que 6 atraido, da massa do astro que o atrai, e da distancia do corpo ao centro desse astro. Mesmo na superficie da Terra o peso de um corpo varia ligeiramente de lugar para lugar. Por exemplo, um relégio que pesa 1,000N em Sao Poulo pesaré 1,003N em Paris e 1,005N nos pélos. Estas variagdes so devi- das principalmente ao movimento de rotacéio do Terra e, em menor grav, & ndo-homoge- neidade da distribuigéo da matéria na Terra. Para verificar como a forca-peso depende do astro onde o corpo se encontra, devemos me- v7 Na linguagem didria, freqiientemente dizemos coisas como “o peso de José & 70 kg”. No entanto, do ponto de vista da Fisica, essa frase é errada, pois o qui- lograma & unidade de massa, néo de peso. Deve-se dizer “a massa de José & 70kg". Existe uma unidade de forea que & igual ao peso de uma massa de Tkg em Paris choma-se quilograma-forca, e se representa por kgf ou kg*. Um quilograma- -forca vale 9,81N. Contudo, em outros lugares, 0 peso de uma massa de Ikg néo seré exatamente Tkgf. Em Sao Paulo, por exemplo, 0 peso da massa de Tkg vale 0,997kgf ou 9,78N. Quando néo se exige grande ‘Tkg na superficie da Terra & do uma massa de Tkg no Lua? iso, pode-se dizer que o peso de um roximadamente Tkgf. De quantos kgf serd 0 peso de dir © peso do mesmo corpo na superficie de varios astros. Hoje é possivel medir o peso de um mesmo corpo na superficie da Terra @ na superficie da Lua. Verifica-se assim que 0 peso de um corpo na Lua é 5,8 vezes menor do que na Terra. Q10 — Um astronauta leva para a Lua um carrinho que pesa 2N na Terra. Quanto pesa esse carrinho quando 0 astronavta esta na Lua? Como po- deria ele medir © peso do carrinho na Lua? © peso de um corpo ¢ portanto uma forge que depende do local onde estamos. E me- dido em unidades de forga: newtons ou qui- lograma-forga (a relacéo entre essas unida- des esté no quadro acima). Seré que a massa de um corpo também varia quando passamos de um astro para outro? Isso também pode ser verificado me- dindo-se a massa do corpo nas superficies da Terra e da Lua. Entretanto, para isso precisamos de um método de medida de massa que néo de- penda do peso, pois jé sabemos que o peso de um corpo varia conforme o lugar em que & medido. 7-8 Podemos medir a massa de um corpo apli- cando a ele uma forga conhecida e medindo sua aceleragéo: a massa fica determinada pelo quociente m — F/a, Essa experiéncia pode ser feita em qual- quer lugar do espaco, na Terra ov na Lua. Por exemplo, o astronauta pode, na Lua, puxor 0 carrinho horizontalmente com um dinamémetro, aplicando uma forca constante F, e medir a sua aceleragéo. Ele verificaré, assim, que a razdo F/a, isto 6, a massa do carrinho, é exatamente a mesma na Lua ena Terra, A massa de um corpo 6 a medida da quantidade de matéria desse corpo; ela néo depende do lugar onde a medida é feita, A massa é uma propriedade que depende so- menie do corpo. Dizemos que a massa é uma propriedade invariante dos corpos, pois 6 a mesma na superficie da Terra, da Lua ou em qualquer outro lugar do espago. Q11 — O peso de um corpo também 6 inva- riante, como a massa? Q12 — Um astronauta possui um relégio que, na superficie da Terra, tem massa 50g (0,05kg) © peso 0,5N. Quais seréo o peso e a massa do relégio quando 0 astronauta estiver na Lua? Vendedor de Cestos — gravura de Dobret (século XIX). Jean Debret procurou retralar 0 modo de vida de sua época. © transporte de mercadorias em um travessio em equilibrio, ‘como em uma balan« ‘6 comum ainda no Nordeste. @Q13/— Responda se cada uma das frases abaixo se refere ao peso ou & massa. a) E a forga com que a Terra airai um corpo. b) Para um certo corpo, é a mesma na Terra, em Marte ov em qual- quer lugar do espago. ©) Para um certo corpo, varia ligei ramente de lugar para lugar na Terra, e é muito menor na Lua. d) Ea melhor medida da quai dade de matéria de que dispo- mos. e) E medida em quilogramas (kg). f) E medida em newtons (N). 9) E devida & forca de atragéo gra- vitacional. h) E medida aplicando-se uma forga conhecida ao corpo, medindo a aceleracéo resultante e fazendo © quociente da forga pela acele- ragao. i) E medida pendurando o corpo em uma mola calibrada (dinaméme- metro). i) E medida em uma balanga. Além das propriedades diferentes da mas- sae do peso discutidas acima, veremos no capitulo seguinte que o peso é uma grandeza vetorial, ao passo que a massa é uma gran- deza escalar. Ri Ri - 79 El E2 4 ES ‘A acoloragao seria a/2. © corpo de maior massa (2m), E a forga com que o corpo @ atraido pola Terra, ou por outro astro em cuja Superticie ele se encontre. © cartinho pesa aproximadamente 0,94N na Lua, peso este que pode ser medido pendurando-o em um dinamdmetro, RIT — Nao, © peso de um corpo depende do lugar onde ele esta. R12 — A massa sort a mesma, 509. O peso ‘seri cerca de 6 vezes menor, ou 0,08N. Ris — PESO: a, c, f, gb MASSA: b, ‘d, 0, hy | Exercicios de aplicagao — Um disco de massa 0,5kg desliza sem atrito sobre uma superficie lisa, com aceleragéo de 4m/s*. Que forga atua sobre ele? — Diante de um imprevisto, um outo- mével de massa 2000kg é freado, passando sua velocidade de 72km/h para 36km/h em 5s. Qual o valor da forga que foi aplicada pelos freios? — Um carro, cuja massa é de 600kg, quebrou sua barra de direcdo e pre- cisa ser guinchado. Qual a acelera- G0 que © carro adquire, quando o guincho comeca a puxé-lo com uma forca de 300N? — Um foguete que leva em sua ogiva um satélite meteorolégico & acelera- do durante 10s; os gases expelidos pelo seu reator exercem sobre ele uma forca inicial de 2x10°N, Sendo a massa do foguete 10'kg, qual é a aceleragéo inicial produzida? — Uma locomotiva acelera um vagéo de massa 24000kg, imprimindo a ele uma aceleragéo de 0,5m/s*. Qual © valor da forga que a locomotiva aplica ao vagéo? Qual a intensidade da forga necessdria para imprimir a mesma aceleracéo a um conjunto de dez vagées iguais ao primeiro? 7-10 E6 7 EB Uma forca constante é aplicada du- rante 1,0s num disco A, que desliza sem atrito sobre uma mesa. A velo- cidade do disco varia de 2,0m/s nes- se intervalo de tempo. A mesma for- sa aplicada em outro disco B, duran- te 3,0s, acarreta uma variagéo de ve- locidade de 5,0m/s. @) Qual dos discos massa? possui_ mi b) Quais as massas dos discos A e B, sabendo que a forca é de 10,0N? Em um tubo de TV, um elétron é ace- lerado,por uma forga constante de 25x10 N. Sendo a massa do elétron 9,1x10"'kg, caleule: a) A aceleragao do elétron. b) A velocidade final do elétron, so- bendo que ele parte do repouso e que o tubo o acelera durante 2,6x10"s. Um carrinho & puxado sobre uma su- perficie horizontal lisa, por uma mola mantida em distensdo constante. Ve~ rifica-se que o carrinho é acelerado com a aceleragéo igual a 12cm/: Qual sera a aceleragéo desse carri- nho, se ele for puxado por duas mo- las, cada uma exatamente igual & primeira, lado a lado, e distendidas igualmente & primeira? E9 — Vocé tem trés carrinhos A, B e C. Os carrinhos A e B, quando colocades em pratos opostos de uma balanga de bracos iguais, se equilibram. Co- locando-os agora em um mesmo pra- to da mesma balango eles equilibram © carrinho € que esté no outro prato. Aplicando certa forga F ao carrinho A, ele & acelerado a 2,5m/s*. Supon- do agora que vocé aplica a mesma forga F ao carrinho B, e depois a mes- ma forga F ao carrinho C, responda: 9) Qual a aceleracéo adquirida pelo carrinho B? b) Qual a aceleragéio adquirida pelo carrinho C? E10 — Uma forca de 5,0N é aplicada a um corpo, acelerando-o a 2,0m/s*, a) Caleule sua massa, admitindo que essa seja a Unica forga exercida sobre 0 corpo. b) Que outro processo vocé poderia vtilizar para medir @ sua massa? ©) Sea medida feita com o primeiro método resultasse maior que a obtida pelo segundo método, que conclusées vocé poderia tirar? E11 — Um bloco de massa 4,0kg 6 puxado sobre uma mesa horizontal sem atri- to pela forca constante de 12,0N, a partir do repouso, a) Qual a aceleragéio do bloco? b) Que distancia percorre 0 bloco em 2,08? ©) Se, ao fim de 3,0s, 0 bloco se di- vide em duas partes iguais, uma ainda puxada pela forca de 12,0N e a outra livre, qual a dis- tancia entre elas 2,08 apés se te- rem separado? E12 — Aristételes ensinou que era necessd- ria uma forga constante para produ- zir uma velocidade constante e dai concluiu que, na auséncia de forgas, 05 corpos parariam. a) Indique uma situagéo em que uma forca constante parece pro- duzir uma velocidade constante. b) Como vocé explica essa situagao, segundo as leis do movimento de Newton? RESPOSTAS DE EXERCICIOS -a) Rio-a) b) Rii-a) b) Rip-a) b) 74 Nee yer Cee uo figura 2 E13 — A figura 2 mostra o movimento de EIS — A forca gravitacional sobre um cor- dois corpos. O primeiro corpo é com- po na superficie da Lua é aproxima- posto de dois discos, cada um deles damente um sexto da forca gravita- igual ao disco que constitui o segun- cional na superficie da Terra. do corpo, Os dois discos juntos pos- suem o dobro da massa de um sé. O disco composto e 0 disco simples es- @) Quanto pesaria, na Lua, um ho- mem de massa igual a 70 kg? E = tat * na Terra? 480 sujeitos & mesma forga, como se pode notar pela deformagéio das mo- b) Qual seria sua massa na Terra & las. A massa de um disco é 0,5kg. no Lua? Usando as informagées da figura: E16 — a) Qual é aproximadamente « fora gravitacional que atua sobre uma massa de 100g na superficie da b) Calcule a forga que esté sendo Terra? exercida pela mola sobre o disco b) composto, @) Determine as aceleragées para os dois discos. Qual 6 aproximadamente a mas- sa‘de um objeto que pesa 49,0N ©) Calcule a forga que age sobre o na superficie da Terra? disco simples. © trecho abaixo foi transcrito do livro 2001: Uma Odisséia no Espaco, de Arthur Clarke, baseado no roteiro do filme de mes- mo nome. d) Qual a relagéo entre a aceleracéo do disco composto e do simples? E14 — Se no Instituto de Pesos e Medidas fosse mantida uma mola-padrao ao invés de uma massa-padrao, como na Lua em geral era, sem duvida alguma, vocé definiria uma vunidade de ‘a baixa gravidade, produzindo uma sensa- massa? go de bem-estar generalizado. Contudo, “Um dos atrativos da vida na Base e 712 E17 E18 E19 E20 E21 isso apresentava os seus perigos ¢ era pre- ciso que decorressem algumas semanas até que um emigrante procedente da Terra con- seguisse adoptar-se. Uma vez na Lua, 0 cor- po humano via-se impelido a adquirir toda uma nova série de reflexos. E pela primeira vez era obrigado a distinguir massa de peso. Um homem que pesasse na Terra no- venta quilogramas-forca poderia descobrir, para grande satisfacéo sua, que na Lua o seu peso era de apenas quinze quilogramas- -forga. Enquanto se deslocasse em linha reta e em velocidade uniforme, sentiria uma sen- sagGo maravilhosa, como se flutuasse. Mas assim que resolvesse alterar 0 seu curso, rar esquinas ou deter-se subitamente, entéo perceberia que sua massa de noventa qui- logramas, ou inércia, continuava presente, pois isso & fixo e inalterdvel, tanto na Terra como na Lua, rio Sol ou no espago. Portanto, antes que uma pessoa conseguisse adaptar- ‘se a0 regime selenita, era necessario apren- der que todos os objetos séo pelo menos seis vezes mais inertes do que o seu peso levaria a crer & primeira vista. Tal fato de um modo geral somente era compreendido apés al- gumas colisdes e apertos de mao demasiado violentos. Os antigos habitantes da Lua pro- curavam manter distancia dos recém-che gados até que esses estivessem aclima- tados.” — Por que um astronauta caminha em linha reta, com relativa facilidade, sobre 0 solo lunar? — Existe diferenca entre peso e massa? — A inércia de um corpo depende de sua massa ou de seu peso? — A inércia de um homem é diferente na Lua e na Terra? — Um homem de massa noventa qui gramas, aqui na Terra, vai 4 Lua. Lé: a) seu peso sera 90 quilogramas-for- ga e sua massa 90 quilogramas. b) seu peso seré 15 quilogramas-for- ae sua massa 90 quilogramas. €) sev peso sera 90 quilogramas-for- ga e sua massa 15 quilogramas. d) seu peso seré 15 quilogramas-for- ga.e sua maséa 15 quilogramas. RESPOSTAS DE EXERCICIOS 7-13 Respostas dos Exerci: de aplicagado Ra — 20m/s®, RS — 1,2 x 10N; 12 x 10IN, RE — a) O disco B. b) m, = 50kg © m, = 6,0kg. RT — a) 27x 10%m/s2. b) 7,0x10"%m/st. RB — 24 om/s?, 9 — a) 2,5m/s2. b) Aproximadamente 4,3m/8, RIO — a) 2,5kg. b) Utlizando uma balanga, ©) Nesse caso, so podoria supor a exis- tancla de atrito entre 0 corpo © a superficie, diminuindo, assim, a ace- leragao do corpo. RIT — a) 8,0m/s2. b) Cerca de 6.0m, ¢) 12m. R12 — a) Um corpo leve em queda no ar; por exomplo, uma folha. ) Para que a velocidade seja constante 6 necessario que as forgas que agem sobre 0 corpo sejam contrabalanga- ddas, No caso da folha om queda, a resistncla do ar contrabalanga’ a forga de atrago da Terra a) Para 0 corpo duplo, 40cm/s"; para 0 corpo simplos, 80cm/s?, "ct b) 0,40N. ) O40N. 4) — = — "2 R14 — Diriamos que um corpo possui_uma uunidade de massa se, ao ‘ser puxado pela mola-padréo com’ uma unidade do orga, adquirisse uma unidade de ace- leraga R15 — a) Na Lua 0 peso do homem seria um ‘sexto de sou peso na Terra, aproxi- madamente 114N; na Terra, seu peso 6 do 686N. b) Tanto na Terra como na Lua sua massa seria a mesma, de 70k. RIG — a) P = 0,98N. b) m — Skg. RI7 — Sendo seu peso pequeno, 0 esforco exigide também 6 pequeno. R18 — Sim. O peso 6 a forca com que a Terra atral os corpos. Para um mesmo corpo, ele 6 maior na Terra do que na Lua. ‘A massa 6 uma propriedade caracte- tistica do corpo. R19 — De sua massa. R20 — Nao. R21 — b) Sou peso sort 15 quilogramas-torca © sua massa 90 quilogramas. 714 figura 3 6. Aplicacgdo da 22 lei de Newton ao movimento circular Até agora, aplicamos a segunda lei de Newton apenas aos movimentos retilineos. Vejamos agora como ela pode ser empregada em um movimento circular. A figura 3 mostra um disco que desliza sem atrito sobre uma mesa; a seu lado hé um anel de borracha que pode ser preso ao disco. Quando 0 anel 6 puxado por um fio (figura 4), ele sofre uma deformacéo, que é tanto maior quanto maior for @ forca aplica- da, Se a deformacao 6 mantida constante du- rante 0 movirhento, isso indica que a intensi- dade da forga aplicada ao disco também & constante durante esse movimento, A figura 5 & uma fotografia estrobos- cépica do disco em movimento circular. O disco esté preso a uma das exiremidades de um fio, que esté por sua vez fixo, pela outra extremidade, a um ponto da mesa. O movi- mento do disco foi circular desde a posigéo A até a posicéo J; logo depois de o disco pas- sar pela posicdo J, 0 fio foi cortado. Q14 — Existe alguma forga atuando sobre 0 disco durante o trajeto desde a po- sigdo A até a posigéo J? Justifique sua resposta. figura 4 Para girar uma pedra amarrada na pon- ta de um barbante, é necessdrio exercer con- tinuamente uma forca sobre a pedra, forca esta que se transmite através do barbante. Assim, néo é surpreendente que, para manter © disco em uma trajetéria circular, seja neces- sdrio exercer sobre ele uma forca. O fato de © anel de borracha permanecer deformado durante o movimento circular demonstra que essa forca existe. Q15 — Qual a forma da trajetéria do disco apés o fio ter sido cortado? Q16 — Apés o fio ter sido cortado, existe ainda alguma forca néo equilibra- da agindo sobre o disco? Justifique sua resposta. ‘Mega, na foto estroboscépica, as distan- cias percorridas pelo disco entre as posicées sucessivas A-B e D- Q17 — © valor da velocidade do disco é constante durante 0 movimento ci cular? Q18 — Qual é a variagéo do valor da velo- cidade do disco durante o movimen- to circular? Verificamos que, embora 0 disco esteja sob a acéio de uma forca durante o movimen- to circular, néo hé variagéo do valor de sua velocidade. Nao havendo variagéo do valor Ru- RESPOSTAS figura 5 7A da velocidade, poderiamos concluir que a aceleragéo do disco é nula. No entanto, isso implicaria que o produto m Xa, da massa do disco pela sua aceleracéo, seria igual a zero, ou seja, a forga F ~ ma que atua sobre o disco seria nula. Ora, isso nao é verdade, como vimos acima: a deformagéo do anel de borracha mostra claramente que o disco esté sob a agdo de uma forga enquanto dura o movimento circular. © raciocinio desenvolvido acima pa- rece indicar que a segunda lei de Newton, F=ma, néo se aplica aos movimentos cir- culares. Mas isso é falso: a segunda lei é uma lei universal, que deve valer para todos os movimentos. O que entao esté errado? Para responder a essa pergunta, ata- quemos o problema de outro ponto de vista: sabemos que 0 disco esta sujeito & agdo de uma forca F, como atesta a deformagao do anel de borracha. Conhecemos o valor m da massa do disco. Apliquemos a segunda lei de Newton a essa situagéo; claramente, o disco esta sujeito a uma aceleragao a = F/m. No entanto, sabemos que a aceleracéo mede a variagéo de velocidade, e assim po- 7-16 figura 6 Representacdo ‘das diregdes das velocidades de um corpo em movimento circular, em algumas posicdes de sua trajetoria demos garantir que a velocidade do disco esté variando, Mas vimos anteriormente que © valor numérico da velocidade permanece constante durante o movimento circular. Es- tamos, entao, perante uma situacéo em que a velocidade do corpo varia, mas seu valor numérico permanece constante. Isso indi que a velocidade 6 uma grandeza que pos- sui outras propriedades, além de seu valor, que néo foram consideradas até agora; ve- remos, no préximo capitulo, que a velocida- de uma grandeza caracterizada também por direcdo e sentido. Assim, durante a experiéncia, apesar de © valor numérico da velocidade néo ter mu- dado, sua diregée variou continuamente. Em outros termos, a velocidade do corpo néo apontou sempre na mesma direcdo, pois o corpo descreveu uma circunferéncia, E é essa variagéo da direcéo da velocidade que cor- responde & aceleragdo do movimento cit- cular (fig. 6). No capitulo 8 0 movimento circular vol- tara a ser estudedo, considerando-se a dire- go e 0 sentido da velocidade. ts _] =) Sol 1.900 6.95x10" Mercirio | seas | aaron irs cao waren Terra Toro Bani Marte Sano Tipiter 19080 Saturno semi | Ureno | __avono Netuno .o3s10% Pluto A 2 Lua a0 17400 tabola 2 7. Peso na Terra e na Lua Entendemos por pese de um corpo a forga de ‘atrago gravitacional que_esse corpo sofre por parte de um astro, como a Terra, Marte ou a Lua Sabemos que 0 peso de um corpo depende de sua massa e da massa do astro que 0 atrai; além disso, a intensidade da forca-peso diminui_ com, @ distancia do corpo ao astro em questao. Assim, & medida que nos afastamos da Terra, vamos nos, tomando cada vez mais leves. Q19 — Uma nave espacial parte da Terra para uma estacéo a 150000km do cen- tro da Terra e vai até outra estacéio, 150 000km do centro de Jiipiter (tabe- lq 2). Em qual das duas estacdes o peso do piloto & maior? Por qué? E a sua massa? A partir do que jé sabemos sobre a atracéo gravitacional, podemos dizer que a diferenca en- tre © peso de um corpo na Terra e 0 peso desse mesmo corpo na Lua depende das diferencas en- tre as massas e os raios desses astros. Vamos tentar descobrir exatamente qual é essa depen: déncia; comecemos com as massos. ‘Medidas indiretas nos mostram que a mas- sa M, da Terra é M, — 6,0 X 10#kg, a0 passo que a massa M, da Lua é M, = 7,3 X 10*kg. Catculando a razdo entre essas duas massas, ob- temos: M 6,0 x 10% ae) ou M, = 82 M,, Ou seja, a massa da Terra é 82 vezes maior que a massa da Lua. RESPOSTAS Rig - Se © peso de um corpo dependesse apenas da massa do astro que o atrai, seria de esperar que, na superficie da Terra, ele fosse 82 vezes maior que na superficie da Lua; no entanto, isso ndo é verdade, como a experiéncia mostra. De fato, 0 peso do corpo depende ainda da distancia a que ele se encontra do centro do astro em questao, Quanto mais afastado do centro da Terra — ou da Lua — menor é 0 peso do corpo. ‘Métodos indiretos de medida permitem deter- minar os raios da Terra e da Lua: mente R, = 6,4 X 10'me R, razao entre os raios dos dois astros é entao 64 x 108 17 x 108 Dessa forma, o raio da Terra é 3,8 vezes maior que 0 raio da Lua. Se 0 peso do corpo em determinado astro fos- se diretamente proporcional & massa desse astro € inversamente proporcional a seu raio, teriamos (P, e P,, sdo respectivamente os pesos do corpo na superficie da Terra e na superficie da Lua): R/R, = P, M, R, 1 x— a2 x —-2 M,, Re ; P, — 22P, E assim o peso de um corpo na Terra seria cer- ca de 22 vezes maior que 0 peso desse corpo na Lua. No entanto, sabemos que o peso de um cor- po na Terra é apenas cerca de 6 vezes maior que 0 peso desse corpo na Lua. Logo, nessa supo- sicdo de que 0 peso é diretamente proporcional 4 massa do astro e inversamente proporcional a seu raio n&o pode ser correta. Vejamos 0 que acon- tece se considerarinos que o peso & inversamente proporcional ao quadrado do raio do astro: y= 58 rT R14 — Sim, pois a diregdo do movimento do isco mudou durante esse trajeto; além isso, 0 anel de borracha permanecou detormado. RIS — £ uma rota. R16 — Nao. © anel de borracha voltow & sua forma normal, a diregéio do movimento do disco néo mals se alterou © sua Velocidade permaneceu constante. sim, ‘A varlagio & nula, Como as distanclas das estagées aos centros dos planetas so, em ambos 6s. casos, Iguals, © peso do plioio & maior na estagto de Jupiter, pols a massa dese planeta é muito malor que a massa da Terra; a massa do piloto 6 a mosma nas duas estagdes 6, alids, em qualquer lugar. Vemos entdo que, neste caso, 0 peso do corpo na Terra resulta 5,8 vezes maior que 0 peso do corpo na Lua, 0 que esta de acordo com a ex periéncia, ‘Assim, podemos concluir que @ peso de um corpo na superficie de um astro é proporcional @ sua massa, & massa do astro, © inversamente proporcional ao quadrado da dis- tancia do corpo ao centro do astro. ‘Quando estamos na superficie ou proximos da superficie de um astro, a atracéo gravitacional devida a este astro é muito maior do que as for- Gas gravitacionais devidas aos outros astros; des- 5a forma, pademos com boa aproximacao despre- zar os efeitos dos outros astros. Entretanto, isto néo 6 verdade quando néo estamos proximos de um determinado astro. Por exemplo, considere uma nave que vai da Terra é Lua, Quando ela esté & distancia de 3,0 x 10%km da Terra e 8,0 X 10'km da Lua (a disténcia da Lua a Ter- ra 63,8 X 10%km), as forcas de atragée gravita- cional’devidas & Lua e 6 Terra sGo aproximada- mente iguais. Podemos dizer que a nave tem dois pesos, um devido Terra, outro devido @ Lua. E os astros tém peso? Pode-se dizer que um astro tem peso em relagéo a um outro astro. O peso da Terra em relagdo ao Sol, por exemplo, seria a forca de atracdo gravitacional solar. En- tretanto, nao é costume empregar a palavra peso para se referir & forca gravitacional entre astros. 8. Massa inercial e massa gravitacional Neste capitulo, medimos massa de duas ma- neiras diferentes De inicio, usamos uma balanga e afirmamos que as massas de dois corpos sao iguais quando «@ balanca esté equilibrada, Nesse caso, as mas sas séo chamadas de massas gravitacionais por- 7-18 que comparamos a atracéo gravitacional sobre os dois corpos. Em seguida, aplicamos uma forga a um corpo, medimos a aceleragao adquirida e, por meio da segunda lei de Newton, determinamos a massa do corpo pela relagdo'm = F/a, Nesse caso, como a relagdo F/a é uma medida da inércia, & massa é chamada de massa inercial. Ficamos assim com duas medidos de massa feitas de forma totalmente diferente. Na primeira, usamos uma balanca e equilibramos — sem mo- vimento — forcas gravitacionais. Na segunda, a gravidade nao importa, aplicamos uma forga ao corpo, 0 colocamos em movimento e medimos a aceleragéo Serdo equivalentes essas duas medidas da massa de um corpo? Se considerarmos 0 quilogra- ma-padrdo guardado no Instituto de Pesos e Medi- das da Franca tanto para massas inerciais quanto gravitacionais, observa-se experimentalmente que ‘a massa inercial de um corpo € igual 4 sua mas- sa gravitacional. Se determinarmos, por meio de uma balanga, que a massa gravitacional de dois corpos é igual e aplicarmos a mesma forca a ambos, notaremos que adquirem a mesma acele- ragdo;, reciprocamente, se concluirmos que dois, corpos tém massas inerciais iguais porque adqui- rem a mesma aceleragao quando sujeitos a mes- ma forgo, notaremos que eles se equilibram quan: do colocados em uma balanga. ‘Assim, podemos medir massa de duas formas diferentes, por meio de uma balanca ou da se- gunda lei de Newton. Como fregiientemente é muito dificil aplicar uma forca a um corpo e estar seguro de que forcas desconhecidas no estejam influenciando 0 movimento, € mais comum de- terminarmos somente a massa gravitacional de um corpo por meio de uma balanga e a conside- rarmos igual @ massa inercial. NGo sendo neces- sdrio distinguir massa inercial e massa gravitacio- nal, usamos a palavra massa para nos referirmos tanto a uma quanto a outra, aT wwesee as ef ” St wf n, Jovem ex Saturnum Orbibus fuis So Mercurium & Venerem circa Solem naribus demonftratur, Plend facie | midiara é regione Solis, falcata cis Sol um maculay™, nogouequam tranfe ena facie p “4tve4z75 inctionem, PRINCIPIA . rtum eft qtMATHEMATICA ibit. De _ Seorum phi ssasco'ntvrone, lenis demar AUCTORE Hypoth. _.cnrefome quingue pr Terram vel 3 olem tempor. “altera medi » uma Sole. Hae a K emsrenosw, ato I con. SUMPTIBUS SOCIETATIS -m urique fini witipura petiodica, Cx ve Planetx circa Terram,five idem ci : menflura quidem temporum periodi omos univerfos. Magnitudines aure ldus omnium diligenaffime ex Obfer et . - “f Isaac Newton (1642-1727) nasceu num vilare- jo inglés. Sua infancia transcorreu calmamente no fazenda de seus pais, entre brinquedos mecé- nicos que ele mesmo construta. Em 1661 entrou para o Trinity College da Universidade de Cambridge, ajudado financeira- mente por um tio. Quando a peste negra ameagou a Inglaterra, em 1665, voltou d fazenda natal e durante dois ‘anos fez extraordindrias descobertas em matemé- tica, éptica e mecénica Sdo desse periodo as idéias principais de seu trabalho sobre a gravitacéo dos corpos, que sé seria publicado 21 anos mais tarde, no famoso livro Philosophia Naturalis Principia Mathema- incipios Mateméticos da Filosofia Na- ia) —, ‘em que sGo sistematizados os fundamentos e as leis da mecénica classica © atraso de 21 anos na publicago do livro foi devido ao seu cardter introvertido ¢ receio de Provocar polémicas como as que ocorreram apés a publicacdo de sua Teoria da Luz e das Cores, em 1672 Até 0 comeco deste século, toda a Fisica se baseou e se inspirou no trabalho’ de Newton. Esta- belecendo definitivamente a transicéo — inicia- da por Galileu e Kepler — entre a ciéncia medie~ yal e a ciéncia moderna, Newton é considerado um dos maiores pensadores que a humanidade jé teve. As concepgées de Newton, se bem que ain- da aplicdveis'a uma grande parte da Fisica, fo- ram reformuladas em 1905 por Albert Einstein, em sua Teoria da Relatividade. 7-20 0 Principia apresenta a filosofia natural — como era entdo chamada a Fisica — de man axiomética. Inicialmente so dadas as definicées dos termos utilizados no texto; em seguida, sdo expostas as leis ou axiomas; e por fim, baseada exclusivamente nesses axiomas, a construcéo 15- gica da teoria. Seguindo 0 costume da época, Newton escre- veu_o Principia em latim, a lingua cientifica de entai Na época ainda no havia uma linguagem cientifica padronizada, e assim palavras como forga, massa, movimento etc. eram utilizadas por diferentes autores com significados diversos. So- mente a partir da edigdo do Principia ¢ que tal linguagem passou a ser estabelecido. O texto que segue, extraido do Ps uma traducdo da edigéo inglesa publicada ém 1946 por Florian Cajori. Os numeros entre pa- rénteses referem-se a comentarios sobre o texto. Definigées Definigéo 1 A quantidade de matéria é a medida da mes- ma provinda conjuntamente de sua densidade e de seu volumet. ‘Assim, ar de densidade dupla, em espago du- plo, tem quantidade quédrupla. A mesma coisa deve ser compreendida sobre neve ou poeira ou és finos, que se condensam por compressdo ou Tiquefacdo, e sobre todos os corpos que se conden- sam por qualquer causa. Nao considero aqui um meio que livremente permeia os intersticios entre as partes dos corpos, se é que tal meio existe’. € esta quantidade que chamo daqui por diante de corpo ou massa*. E esta quantidade ¢ conhecida através do peso de cada corpo, pois ¢ proporcio- nal ao peso, conforme eu verifiquei em experién- cias com péndulos, feitas com muita preciso, ¢ que serdo descritas adiante* Definigéo II A quantidade de movimento é a medida do mesmo, provinda conjuntamente da velocidade ¢ da quantidade de matéria®. O movimento do todo é a soma dos movimen- tos das partes; e portanto em um corpo duplo em quantidade, com velocidade igual, o movimento é duplo; com velocidade dupla, 6 quédruplo, Definicéo II Uma forga aplicada & « acéo exercida sobre um corpo para mudar seu estado, seja de repouso ou de movimento uniforme em linha reta’, Axiomas ou leis do movimento Lei Todo corpo continua em seu estado de re- pouso, ou de movimento uniforme em linha reta, @ nao ser que seja obrigado a mudar esse estado por forcas a cle aplicadas. Projéteis continuam em seus movimentos, na medida em que nao sdo retardados pela resistén- cia do ar, ou impelidos para baixo pela forca da gravidade. Um pido, cujas partes sdo continua- mente desviadas de movimentos retilincos pela sua coesio, ndo cessa a sua rotacdo, a ndo ser por seu retardamento pelo ar. Os corpos? maiores dos planetas e cometas, encontrando menor resis- ‘téncia em espacos mais livres, mantém seus mo- vimentos tanto progressivos como circulares por tempo muito mais longo. Lei 1 A variacéo de movimento é proporcional & forca aplicado; ¢ se fax na direcéo da reta em que esta forca é aplicada. Se uma, forca qualquer gera um movimen- to, uma forca dupla geraré 0 dobro do movi- mento, uma forca tripla, o triplo do movimento, seja a forga aplicada toda de uma vez ou aos poucos e sucessivamente. E este movimento (sen- do sempre dirigido na mesma diregao da forca geradora), se 0 corpo ja estava em movimento, @ somado ou subtraido do movimento anterior, conforme eles conspirem diretamente ou sao con: trérios um ao outro; ou é juntado obliquamente, quando sao obliquos, de tal modo a produzir um novo movimento composto da determinagéo de ambos’. Lei tt A cada agéo esta sempre oposta uma reacéo igual: ou, as agées mituas de dois corpos um so- bre 0 outro so sempre igua partes contrarias*, Algo que ‘puxa ou empurra outra coisa é igualmente puxado ou empurrado por esta outra coisa, Se vocé aperta uma pedra com o seu dedo, 0 dedo é também apertado pela pedra. Se um cavalo puxa uma pedra amarrada a uma corda, o cavalo (se eu posso falar assim) seré igualmente puxado Para trés pela pedra; porque a corda esticada, pela mesma tendéncia de se relaxar ou desenro: lar, puxaré o cavalo tanto em diregao @ pedro, como puxa a pedra em direcdo co cavalo, e obs- tard 0 progresso de um tanto quanto avanca a outra. Se um corpo agir sobre outro e pela’ sua forga mudar o movimento do outro, este corpo (por causa da igualdade da pressdo miitua) sofre- F4 uma mudanga igual em seu proprio movimen- to, em sentido contrério. As variagées” causadas por estas acdes so iguais, ndo nas velocidades, mas nos movimentos dos corpos; isto é, se os cor- os nao forem tolhidos por outros impedimentos. Pois, visto que os movimentos variam igualmente, as variagées das velocidades, em senticos opos- tos, sdo inversamente proporcionais aos corpos. Esta lei também valeré em atracées. 1. A detinicho que Newton dé de massa no 6 satlsfato- ria; com efelto, ele diz que massa 6 0 produto de densi- dade e volume, mas nfo explica o que é densidade C‘provinda conjuntamente de” significa "produto de) 2. © “molo que permela os intersticlos dos corpos” 6 0 ter, que so supunha oxistir no espaco: ele seria o melo ‘que permite a propagagio da luz. A hipétese da existéncla do éter fol abandonada apés a’ acellagéo da Teoria da Relatividade, em 1905, 3. Newton usa pouco a pala “quantidade de matérla” © “corpo” 4. A distingfio que se faz entra peso @ massa 6 multo Importante. Poucos autores antes de Newton se preocupa- ram em estabelect-la ‘massa", preferindo 5. A expresso “quantidade de movimento” aparece nes- 3a definigfio; no que se segue, Newion emprega a palavra “movimento”. 6. A definicfo de forca faz mengfo Impltelta a0 principio da inércia, que somente sera enunclada mals tarde, como a primeira lel do movimento, 7. Aqul Newton leva em conta o caréter vetorlal da forga da quantidade de movimento. Na época, alnda nao exio- tia 0 concelto de grandeza vetorlal, portanto também ‘no se sabia executar operacdes vetorlals. Mesmo assim, ‘em um escélio que segue o enunclada das trés lols, New: ton dé @ regra do paralelogramo, para efetuar a compo- sigao de duas forgas que agem segundo diregdes obliquas, 8, Essa lei 6 conhecida como Lel da Agto e da Reagao, 7-24 ISBN 85-222-0161-7 ‘ata obra fo improasa pola EDITORA DO BRASIL 6/4. Av. Mal. Humberto do Alencar Castelo Branco, $68 Fone: 9134841 — Gusrulho — SP FAE — Fundagio de Assisténcla oo fstuda Fu Miguel Angelo, 9 — Mura da Grace ‘io de Janeiro — Rd ~ Republica Federative do Brat em 1004

You might also like