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QUESTÃO-AULA
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Fascinados Pela Novidade
Em 1900, estimava-se que Paris teria quase 350 mil lâmpadas elétricas, um número
razoável mas não exorbitante numa cidade com mais de dois milhões de habitantes.
Poucas se encontravam em residências: a maioria estava instalada em teatros, hotéis,
estações de comboio, grandes armazéns, escritórios e lojas de moda. O uso da eletricidade
no lar era sinal de ostentação.
Quando Madame Verdurin de Marcel Proust - uma das múltiplas personagens do
seu ciclo narrativo Em Busca do Tempo Perdido - adquire uma casa na cidade, equipada
com luz elétrica “inclusivamente nos quartos, que têm candeeiros com abat-jours”, a
sociedade vê as novas valências como “um luxo encantador”. Esta aura de prestígio
associada à eletricidade facilitou a sua aceitação e influenciou igualmente a perceção de
que tudo nela era vantajoso.
Mesmo quando os habitantes das cidades começavam a preocupar-se com a
poluição atmosférica, a eletricidade prometia uma fonte de energia pura e quase limpa, ao
contrário do gás e do carvão, associados ao fogo, à sujidade e ao perigo. Esta inovadora
fonte de energia parecia concentrar tantas virtudes que não é de estranhar que um guia da
exposição universal celebrada em Paris em 1900 afirmasse que era um fluido mágico, mas
que a sua magia era branca e não negra.
A dimensão benévola e segura da eletricidade terá sido perturbada em 1889, ano
em que o estado de Nova Iorque introduziu a cadeira elétrica para executar os condenados
à morte: as empresa elétricas protestaram, alegando que semelhante medida associaria a
eletricidade a um ritual macabro e assumiria uma faceta demasiado perigosa para uso
público. Hoje, a eletricidade perdeu a sua aura mágica, mas isso não nos deve fazer
esquecer o arrepio de emoção que os seres humanos sentiam quando, em 1900, ligavam
os seus candeeiros. A mesma emoção partilhada quando contemplavam pela primeira vez
um automóvel, viam um avião voar, eram fotografados ou assistiam a projeções do
cinematógrafo. Essa é a magia do progresso. A magia da invenção.
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PORTUGUÊS | 8º ano
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