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Língua Portuguesa para AFT

Teoria e questões comentadas


Prof. Fabiano Sales – Aula 02

Aula 02

Olá, estimados alunos e futuros servidores do Ministério do


Trabalho e Emprego (M.T.E.) !

Hoje, na aula 02, do curso de teoria e de questões comentadas


para o cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, apresentarei dois temas
recorrentes nas provas da ESAF: VERBOS e PRONOMES.

Para refletir: "Se você quer ser bem-sucedido,


precisa ter dedicação total, buscar seu último limite
e dar o melhor de si mesmo."
(Ayrton Senna)

Venham comigo!

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ESTRUTURA VERBAL

Inicialmente, apresento a vocês a estrutura que compõe os verbos, uma vez


que será por meio dela que identificaremos a conjugação e o sentido no texto.

Em regra, o verbo é formado por três elementos: radical, vogal temática e


desinências.

 RADICAL

Por radical devemos entender o elemento que apresenta o significado da


palavra. Em se tratando de formas verbais, o radical é obtido a partir de sua forma
infinitiva (o “nome” do verbo), suprimindo as terminações -AR, -ER ou -IR:

Cantar  Cant- (radical)


Vender  Vend- (radical)
Partir  Part- (radical)

 VOGAL TEMÁTICA

É o elemento que prepara o radical para o recebimento das desinências. É


por meio da vogal temática que se identifica a conjugação a que o verbo pertence.

Cantar  -a- (1ª conjugação)


Vender  -e- (2ª conjugação)
Partir  -i- (3ª conjugação)

E a que conjugação pertence o verbo pôr ? Meus amigos, esse verbo (e os


derivados compor, decompor, supor etc.) pertence à 2ª conjugação, uma vez que
apresenta -e- como vogal temática, devido à sua origem da forma latina ponere.
Notem que, em algumas pessoas verbais, a vogal temática -e- aparece ao longo da
conjugação.

Exemplo:

Presente do indicativo

Eu ponho / Tu pões / Ele põe / Nós pomos / Vós pondes / Eles põem

 TEMA

Por meio da união entre radical e vogal temática temos o que se chama
tema.

Fala (tema)  fal- (radical) + -a (vogal temática)


Vende (tema)  vend- (radical) + -e (vogal temática)
Parti (tema)  part- (radical) + -i (vogal temática)

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Aqui chamo a atenção de vocês para as desinências, pois é a partir delas


que perceberemos as flexões verbais. As desinências subdividem-se em:

 modo-temporais – indicam o modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) e


o tempo verbal (presente, passado e futuro); e

 número-pessoais – indicam o número (singular e plural) e a pessoa do


discurso (1ª, 2ª e 3ª).

Exemplos:

Cant a va s

radical vogal DMT DNP


temática

CANT- : radical – apresenta o significado da palavra.


-A- : vogal temática – indica que o verbo pertence à 1ª conjugação.
-VA- : desinência modo-temporal – indica que o verbo está flexionado no pretérito
imperfeito do indicativo.
-S : desinência número-pessoal – indica que o verbo está flexionado na 2ª pessoa
do singular.

Vend e re mos

radical vogal DMT DNP


temática

VEND- : radical – apresenta o significado da palavra.

-E- : vogal temática – indica que o verbo pertence à 2ª conjugação.

-RE- : desinência modo-temporal – indica que o verbo está flexionado no futuro do


presente do indicativo.

-MOS : desinência número-pessoal – indica que o verbo está flexionado na 1ª


pessoa do plural.

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Part i ra s

radical vogal DMT DNP


temática

PART- : radical – apresenta o significado da palavra.

-I- : vogal temática – indica que o verbo pertence à 3ª conjugação.

-RA- : desinência modo-temporal – indica que o verbo está flexionado no pretérito


mais-que-perfeito do indicativo.

-S : desinência número-pessoal – indica que o verbo está flexionado na 2ª pessoa


do singular.

A seguir, apresentarei a vocês o paradigma das desinências modo-


-temporais e número-pessoais.

DESINÊNCIAS MODO-TEMPORAIS
1ª 2ª e 3ª
Modo Tempo Exemplo Exemplo
Conjugação Conjugações
Presente ø (zero) falo ø (zero) vendo, parto
Pretérito
perfeito
ø (zero) falei ø (zero) vendi, parti

vendia,
Pretérito falava, vendíeis;
-va (-ve) -ia (-íe)
imperfeito faláveis partia,
partíeis
Pretérito vendera,
-ra (-re) falara, -ra (-re) vendêreis;
Indicativo mais-que- partira,
átono faláreis átono
-perfeito partíreis
venderá,
Futuro do -ra (-re) falará, -ra (-re) vendereis;
presente tônico falareis tônico partirá,
partireis
venderia,
Futuro do falaria, venderíeis;
-ria (-ríe) -ria (-ríe) partiria,
pretérito falaríeis
partiríeis
venda,
Presente -e fale, faleis -a
parta
Subjuntivo Pretérito falasse, vendesse,
-sse -sse
imperfeito falasses partisse
falar, vender,
Futuro -r -r
falares partir

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DESINÊNCIAS MODO-TEMPORAIS
1ª 2ª e 3ª
Modo Tempo Exemplo Exemplo
Conjugação Conjugações
fale, vendam,
Afirmativo -e -a
falemos partam
Imperativo não fale,
não vendam,
Negativo -e não -a não partam
falemos
falar, vendermos,
Infinitivo Pessoal -r -r
falares partirmos

DESINÊNCIAS NÚMERO-PESSOAIS

 1ª pessoa do singular

-o (no Presente do indicativo): falo, vendo, parto.


-i (no Pretérito perfeito e no Futuro do presente do indicativo): falei, vendi, parti; falarei.
Ø (nos demais tempos e modos): falava, falaria, falara, falasse.

 2ª pessoa do singular

-s (em todos os tempos, exceto no Imperativo afirmativo): falas, vendes, partes; falarás.
-ste (no Pretérito perfeito do indicativo): falaste, vendeste, partiste.
Ø (no Imperativo afirmativo): fala (tu), vende (tu), parte (tu).

 3ª pessoa do singular

-u (Pretérito perfeito do indicativo): falou, vendeu, partiu.


Ø (nos demais tempos e modos): falava, falaria, falara, falasse.

 1ª pessoa do plural

-mos: falamos, vendemos, partimos.

 2ª pessoa do plural

-stes (no Pretérito perfeito do indicativo): falastes, vendestes, partistes.


-des (no Futuro do subjuntivo e no Infinitivo pessoal): falardes, venderdes, partirdes.
-i (no Imperativo afirmativo): falai (vós), vendei (vós), parti (vós).
-is (nos demais tempos e modos): falais, vendeis, partis.
-des(no Presente do indicativo dos verbos irregulares ter, vir, pôr, ver, rir, ir): vindes, ides.

 3ª pessoa do plural

-ram (Pretérito perfeito do indicativo): cantaram, venderam, partiram.


-o (no Futuro do presente do indicativo): cantarão, venderão, partirão.
-em (no Futuro do subjuntivo e no Infinitivo pessoal): cantarem, venderem, partirem.
-m (nos demais tempos e modos): cantam, vendem, partem; cantavam, vendiam, partiam.

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MODOS E TEMPOS VERBAIS

Modo verbal apresenta a relação existente entre o falante e o fato expresso


pela ação verbal. Os modos verbais são indicativo, subjuntivo e imperativo.

Modo indicativo – transmite a ideia de fatos certos, reais.

Exemplo: Nós estudamos para o concurso.

Modo subjuntivo – transmite a ideia de fatos duvidosos, possíveis,


hipotéticos.

Exemplo: É provável que estudemos para o concurso.

Modo imperativo – transmite a ideia de ordem, pedido, desejo.

Exemplo: Estudem para o concurso.

EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS

 INDICATIVO

O presente é empregado para:

- denotar um fato atual, ou seja, que acontece no momento em que se fala. É


denominado presente atual.

Exemplo: Enquanto falo, você estuda.

- denotar verdades permanentes. É denominado presente universal.

Exemplos: O homem é mortal.

- denotar uma ação habitual, frequente. É denominado presente frequentativo.

Exemplo: Estudamos muito.

- proporcionar vivacidade a fatos ocorridos no passado. Denomina-se presente


histórico.
Exemplo: 1994: Romário dribla a pobreza, o preconceito e as regras e se torna o rei da
Copa.

- denotar uma ação futura, contudo próxima.

Exemplo: Amanhã vou ao jogo do Vasco.

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O pretérito perfeito apresenta a ação totalmente concluída.

Exemplo: Estudei para passar nesta prova.

O pretérito imperfeito é empregado para:

- indicar uma ação que, no passado, ocorria com habitualidade. É denominado


imperfeito frequentativo.

Exemplo: Acordava, tomava banho e ia estudar.

- indicar uma ação passada, porém não totalmente concluída em relação à outra.

Exemplo: Quando o professor entrou, o aluno fazia a prova.

- substituir o presente, com o matiz semântico de cortesia, atenuando um pedido.

Exemplo: Eu queria saber se você estudou para a prova.

O pretérito mais-que-perfeito indica uma ação passada anterior à outra,


também passada.

Exemplo: A sessão de cinema já começara quando entramos.

Dica estratégica!

O pretérito mais-que-perfeito pode substituir o futuro do pretérito do


indicativo ou o pretérito imperfeito do subjuntivo.

Exemplos: Quem me dera ficar em primeiro lugar!


Não fora o fiscal de sala, teríamos passado na prova. (Não fosse o fiscal de sala...)

O futuro do presente indica uma ação que ainda será realizada.

Exemplo: Neste concurso, seremos aprovados.

Dica estratégica!

O futuro do presente do indicativo pode indicar uma verdade universal,


surgindo com valor semântico de imperativo.

Exemplo: Não matarás!

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O futuro do pretérito é empregado para:

- indicar um futuro dependente de alguma condição, ou seja, pode denotar situações


tomadas como hipotéticas.

Exemplo: Se tivesse estudado, passaria no concurso.

Atenção!

Segundo as lições de Evanildo Bechara, em Moderna Gramática Portuguesa, o


pretérito imperfeito do indicativo “aparece em lugar do futuro do pretérito para denotar um
fato certo como consequência de outro que não ocorreu.

Exemplo: Eu, se tivesse crédito na praça, pedia outro empréstimo.”

Entretanto, no padrão culto escrito, emprega-se a forma pediria, conjugada no


futuro do pretérito do indicativo.

Exemplo: Eu, se tivesse crédito na praça, pediria outro empréstimo.”

Na música “Me deixa em paz”, de Airton Amorim e Monsueto, o verso

“Se você não me queria, não devia me procurar “ ,

o pretérito imperfeito foi empregado incorretamente. Esse tempo verbal deve ser
utilizado para denotar uma ação ocorrida no passado. Não se trata do caso em análise.
Como há uma condição, demonstrada pelo excerto “Se você não me queria”, o correto é
empregar a forma deveria, no futuro do pretérito do indicativo.

Na linguagem oral, é muito comum o emprego do pretérito imperfeito do indicativo


sem a indicação do passado.

Exemplo: O evento “Rio + 20” está complicando o trânsito hoje. Se eu viesse a pé, eu já
estava lá.

No exemplo acima, foi indicada uma condição – Se eu viesse a pé. Logo, deveria ser
empregada a forma verbal estaria, conjugada no futuro do pretérito do indicativo.

Continuando...

- indicar um fato (futuro) posterior em relação a outro passado.

Exemplo: Elas disseram que estudariam para o concurso.

- expressar polidez.

Exemplo: Você poderia abrir a janela?

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 SUBJUNTIVO

O presente é empregado indica um fato duvidoso ou provável. Para facilitar a


conjugação, insiram o advérbio talvez.

Exemplo: (Talvez) Tenha sucesso no concurso.

O pretérito imperfeito indica uma concessão, por meio de um fato


hipotético. Para facilitar a conjugação, insiram a conjunção se.

Exemplos: Se você estudasse mais, ficaria em primeiro lugar no concurso.


“Era provável que a ocasião aparecesse.” (Machado de Assis)

O futuro indica uma ação eventual. Para facilitar a conjugação, insiram a


conjunção quando.

Exemplo: Quando eu passar no concurso, ficarei tranquilo.

 IMPERATIVO

O modo imperativo exprime ordem, pedido, desejo. O imperativo subdivide-


-se em:

- afirmativo.

Exemplo: Estudem!

- negativo.

Exemplo: Não estudem a poucos instantes da prova!

O modo imperativo é formado a partir dos presentes do indicativo e do


subjuntivo.

Presente do Imperativo Presente do Imperativo


indicativo afirmativo subjuntivo negativo

Eu falo - Eu fale -
Tu falas Fala tu Tu fales Não fales tu
Ele fala Fale você Ele fale Não fale você
Nós falamos Falemos nós Nós falemos Não falemos nós
Vós falais Falai vós Vós faleis Não faleis vós
Eles falam Falem vocês Eles falem Não falem vocês

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FORMAÇÃO DO IMPERATIVO

 Afirmativo

O imperativo afirmativo não apresenta a 1ª pessoa do singular.

Por sua vez, a 2ª pessoa do singular (tu) e a 2ª pessoa do plural (vós) do


imperativo afirmativo são formadas a partir do presente do indicativo, suprimindo-se
a desinência número-pessoal “-s”:

Tu falas (presente do indicativo) :: fala tu (imperativo afirmativo)

Vós falais (presente do indicativo) :: falai vós (imperativo afirmativo)

As demais pessoas do imperativo afirmativo são oriundas do presente do


subjuntivo:

Que ele fale (presente do subjuntivo) :: fale você (imperativo afirmativo)

Que nós falemos (presente do subjuntivo) :: falemos nós (imperativo afirmativo)

Que eles falem (presente do subjuntivo) :: falem vocês (imperativo afirmativo)

 Negativo

Assim como o afirmativo, o imperativo negativo não apresenta a 1ª pessoa


do singular.
As demais pessoas são integralmente formadas a partir do presente do
subjuntivo, com o acréscimo do advérbio “não”:

Que tu fales (presente do subjuntivo) :: Não fales tu (imperativo negativo)

Que ele fale (presente do subjuntivo) :: Não fale você (imperativo negativo)

Que nós falemos (presente do subjuntivo) :: Não falemos nós (imperativo negativo)

Que vós faleis (presente do subjuntivo) :: Não faleis vós (imperativo negativo)

Que eles falem (presente do subjuntivo) :: Não falem vocês (imperativo negativo)

FORMAS NOMINAIS

Além dos modos indicativo, subjuntivo e imperativo, há, ainda, as formas


nominais.
Neste momento, alguém sempre me pergunta: “Fabiano, por que a
nomenclatura formas nominais se são verbos”? Respondo a vocês que essa
nomenclatura surgiu devido ao comportamento dessas estruturas como nomes
(substantivo, adjetivo e advérbio).

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As formas nominais são:

Infinitivo – é a forma como se designam os verbos, ou seja, é o próprio “nome” do


verbo. Termina em “-r” (falar, vender, partir).

E quando o infinitivo se comporta como nome? Nos seguintes exemplos:

Recordar é viver. (= A recordação é vida.)


Sorrir é alegria. (= Sorriso é alegria.)

Gerúndio – indica um processo prolongado ou incompleto. Termina em “-ndo”.


Aparece em locuções verbais e em orações reduzidas.

Exemplo: Estamos estudando. (locução verbal  equivale a “Estudamos”.)


Estudando, passaremos no concurso. (oração subordinada adverbial condicional
reduzida de gerúndio  equivale a “Se estudarmos, passaremos no concurso”.)

Dica estratégica!

O gerúndio:

- equivale a um advérbio.

Exemplo: O homem caminhava cantando. (o modo como caminhava)

- pode ter valor adjetivo.

Exemplo: Crianças sorrindo. (= Crianças sorridentes.)

Particípio – termina em “-do”. Pode ser empregado em tempos compostos, na


voz passiva, em orações reduzidas e sob a forma de adjetivos.

Exemplos:
Ele tem passado em muitos concursos. (pretérito perfeito composto do subjuntivo)
Até a prova, terei estudado muito. (futuro do presente composto do indicativo)
O aluno foi aprovado pela banca examinadora. (locução verbal de voz passiva)
Aprovado o aluno, tomou posse no cargo. (oração subordinada adverbial temporal
reduzida de particípio)
Este aluno está aprovado. (adjetivo)

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Dica estratégica!

O particípio pode referir-se a fatos presentes, passados ou futuros.

Exemplos:
Terminada a prova, vamos para casa. (presente)
Terminada a prova, fomos para casa. (passado)
Terminada a prova, iremos para casa. (futuro)

Uma curiosidade: no gerúndio e no particípio, o verbo “vir” apresenta a


mesma forma: “vindo”. Para fazer a diferenciação, substituam o verbo “vir” pelo
verbo “ir”: se, como resultado, aparecer “-ido”, a forma verbal estará no particípio;
por outro lado, se aparecer “-indo”, o verbo estará no gerúndio.
Exemplos:
Assim que o professor chegou, a diretora já tinha vindo.

No exemplo acima, notem que cabe apenas a substituição da forma “vindo”


por “ido”: Assim que o professor chegou, a diretora já tinha ido. Logo, “vindo” está
no particípio.

A diretora já está vindo.


Em “A diretora já está vindo.”, a forma verbal em destaque pode ser
substituída apenas por “indo”: A diretora já está indo. Logo, “vindo” está no
gerúndio.

1. (ESAF-2002/BACEN-Adaptada) Analise a opção a seguir a respeito das formas


verbais no texto.

Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. Suas consequências são
imprevisíveis sobre a economia das famílias e das empresas. Os agentes econômicos
relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de
modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de
consumo, corresponde, ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a
um intermediário financeiro, em regra um banco comercial, que recebe um depósito, paga
um cheque, desconta um título ou antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilidade
do sistema que intermedeia as operações monetárias, portanto, é fundamental para a
própria segurança e estabilidade das relações entre os agentes econômicos.
(www.bcb.gov.br)

I. O emprego do modo indicativo em “corresponde” (linha 5) deve ser substituído


pelo subjuntivo “corresponda” para que o texto respeite a norma culta.

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Comentário: Inicialmente, percebemos que, no texto, há uma relação entre o autor do texto
e o que é enunciado. Ao longo da superfície textual, notamos que foram empregadas
diversas formas verbais flexionadas no presente do indicativo (modo que indica um fato,
uma certeza), quais sejam, “são” (linha 1), “relacionam-se” (linha 2), entre outros,
caracterizando um texto enunciativo. No contexto, é possível notar que o verbo
“corresponder” está conjugado no presente do indicativo. Portanto, está em conformidade
com a norma culta. Ademais, não seria correta a substituição pela forma verbal
“corresponda”, pois esta, por estar flexionada no presente do subjuntivo, transmite a ideia
de hipótese, possibilidade.

Gabarito: Errado.

2. (ESAF-2001/BACEN-Adaptada) Analise o item a respeito do emprego das formas


verbais no texto.

Uma profunda transformação tecnológica será promovida nos bancos brasileiros neste
primeiro semestre para que eles se adaptem às normas determinadas pelo Banco Central
(BC), que prevêem a reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). O novo
modelo entra em vigor no dia 1o de outubro, quando já deve estar em funcionamento a
transferência de grandes valores com liquidação bruta em tempo real e o monitoramento on
line da conta reservas bancárias mantida no BC, que se livrará da obrigação de cobrir os
saldos negativos deixados pelos bancos nas operações do dia-a-dia. Se, de um lado, as
cerca de 170 instituições financeiras movimentam-se para modernizar seu aparato
tecnológico, de outro as indústrias de software travam uma batalha para conquistar uma
fatia dos investimentos que serão feitos.

(Gazeta Mercantil, 20/2/2001, com adaptações)

I. O emprego do tempo presente em “entra em vigor” (linha 4) desrespeita as regras


da conjugação verbal e da coerência textual porque o texto pede que aí se empregue
o futuro entrará.

Comentário: O presente do indicativo pode ser empregado para denotar uma ação futura,
tornando-a atual, no momento em que se fala. Trata-se apenas de um recurso utilizado pelo
autor, sem desrespeitar as regras de conjugação verbal ou causar incoerência textual.

Gabarito: Errado.

3. (ESAF-2005/MPOG-Adaptada) Analise a opção a seguir em relação às estruturas do


texto.

É natural que cada grupo procure fazer valer os seus interesses. O problema do
desmatamento é que ele é a expressão de uma visão predatória e de curto prazo que vai de
encontro à lei e ao interesse geral da nação. É fundamental, portanto, encontrar fórmulas
sustentáveis que aliem desenvolvimento e preservação dos recursos naturais do país.
(EDITORIAL, Folha de S. Paulo,21/6/2005)

I. O emprego do subjuntivo em “procure” (linha 1) justifica-se por expressar uma


possibilidade de ação.

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Comentário: Conforme estudamos nas lições, o subjuntivo é situado no plano da hipótese,


possibilidade, incerteza. No texto, a forma verbal “procure” está flexionada no presente do
subjuntivo – que eu procure, que tu procures, que ele procure ... – , transmitindo uma
possibilidade de “fazer valer os direitos”, segundo mencionou o examinador da banca.
Portanto, o emprego do subjuntivo está correto.

Gabarito: Certo.

4. (ESAF-2008/CGU-Adaptada) Em relação às ideias e estruturas do texto, analise a


assertiva a seguir.

No embalo da dinâmica mundial, talvez se justifique rever a ironia que tem revestido a
referência ao Brasil como o “país do futuro”. Com presença internacional crescente, um
quadro geral propício na economia, iniciativas relevantes, dinamismo real em vários setores
e sendo objeto de apostas favoráveis para um futuro visível por parte de analistas
presumidamente competentes e distantes da briga política doméstica e da correspondente
atribuição de culpas e méritos, dir-se-ia que a promessa do país começa a cumprir-se. Com
todos os muitos problemas e as reservas que a ideia envolve...
(Fábio Wanderley Reis, Valor Econômico, 14/01/2008.)

I. Estaria gramaticalmente correta a substituição de “justifique” (linha 1) por justifica.

Comentário: Novamente, temos uma questão que versa sobre o emprego dos tempos e
modos verbais. No contexto, a forma verbal “justifique” está conjugada no presente do
subjuntivo. Conforme já estudamos, esse modo (subjuntivo) transmite a ideia de hipótese,
possibilidade, dúvida, incerteza. Percebam que essa noção é ratificada pelo vocábulo
“talvez” (linha 1). Por sua vez, a forma “justifica” está flexionada no presente do indicativo,
denotando certeza, realidade. Logo, estaria gramaticalmente incorreta a substituição
daquela (justifique) por esta (justifica).

Gabarito: Errado.

5. (ESAF-2006/CGU-Adaptada) Analise a proposição a seguir em relação ao texto


abaixo.

O final do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do


pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias da
comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no
modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam
para as raízes da maioria dos atuais conceitos sobre o homem e seus aspectos,
constituídos no momento histórico iniciado no século XV e consolidado no século XVIII. A
modernidade que surgira nesse período é agora criticada em seus pilares fundamentais,
como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao
progresso. Para substituir esses dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e
categorizantes.
(http://pt.wikipdia.org (acessado em 14 de dezembro de 2005, com adaptações))

I. O desenvolvimento das ideias do texto permitiria mudar o tempo verbal de “surgira”


(linha 7) para surgiu, alterando as relações temporais do texto, mas preservando sua
coerência.

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Comentário: A forma verbal “surgira” está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do


indicativo. Esse tempo verbal é empregado para denotar uma ação passada, anterior à
outra, também passada. A substituição pela forma “surgiu”, a qual está flexionada no
pretérito perfeito do indicativo, alteraria as relações temporais do texto, pois, conforme
estudamos nas lições, esse tempo verbal denota uma ação completamente concluída,
encerrada. Entretanto, não causaria incoerência, pois ambos os tempos remetem a fatos
passados, pretéritos:

“A modernidade que surgira nesse período...”

“A modernidade que surgiu nesse período...”

Gabarito: Certo.

6. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Em relação ao texto analise a opção a


seguir.

A OAB nacional está pedindo ao Supremo Tribunal Federal uma súmula vinculante que
discipline o uso do segredo de Justiça, prerrogativa que tem sido utilizada por juízes nem
sempre em defesa do interesse público, mas, em alguns casos, na proteção a suspeitos de
só pode ser decretado em dois casos excepcionais previstos: um, quando há risco de
exposição pública de questões privadas do investigado ou réu, como relacionamentos
amorosos e doenças; e, outro, quando o processo contém documentos sigilosos, como
extratos bancários ou escutas telefônicas. Mas, na prática, tem sido diferente: por motivos
nem sempre claros, especialmente em processos que envolvem autoridades, alguns juízes
privam a sociedade de saber a verdade. Os atos públicos, em especial os que envolvem
procedimentos judiciais, têm como regra básica a transparência, a publicidade sem
restrições e o acesso dos cidadãos. O contrário – ou seja, o sigilo – é sempre a exceção.
(Zero Hora, 27/2/2009)

I. O emprego do subjuntivo em “discipline” (linha 2) justifica-se por se tratar de uma


informação categórica, de uma afirmação indiscutível.

Comentário: No contexto, a forma verbal “discipline” está flexionada no presente do


subjuntivo. O emprego desse modo no texto justifica-se por se tratar de um fato hipotético,
provável, ou seja, uma possibilidade. Logo, a afirmação do examinador está incorreta.

Gabarito: Errado.

7. (ESAF-2003/Receita Federal-Adaptada) Acerca das estruturas linguísticas do texto,


analise a afirmativa abaixo.

Um dos motivos principais pelos quais a temática das identidades é tão freqüentemente
focalizada tanto na mídia assim como na universidade são as mudanças culturais, sociais,
econômicas, políticas e tecnológicas que estão atravessando o mundo e que são
experienciadas, em maior ou menor escala, em comunidades locais específicas. Como
indica Fridman (2000, p. 11), “se a modernidade alterou a face do mundo com suas
conquistas materiais, tecnológicas, científicas e culturais, algo de abrangência semelhante
ocorreu nas últimas décadas, fazendo surgir novos estilos, costumes de vida e formas de
organização social”. Há nas práticas sociais cotidianas que vivemos um questionamento
constante de modos de viver a vida social que têm afetado a compreensão da classe

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social, do gênero, da sexualidade, da idade, da raça, da nacionalidade etc., em resumo, de


quem somos na vida social contemporânea. É inegável que a possibilidade de vermos a
multiplicidade da vida humana em um mundo globalizado, que as telas do computador e de
outros meios de comunicação possibilitam, tem colaborado em tal questionamento
ao vermos de perto como vivemos em um mundo multicultural e que essa
multiculturalidade, para qual muitas vezes torcíamos/torcemos os narizes, está em nossa
própria vida local, atravessando os limites nacionais: os grupos gays, feministas, de
rastafaris, de hip-hop, de trabalhadores rurais sem-terra etc.

I. A dupla possibilidade verbal que o texto oferece, “torcíamos/torcemos” envolve


variação no tempo e modo verbais, mas preserva a pessoa gramatical.

Comentário: Para resolver esta questão é necessário fazer a distinção entre as formas
“torcíamos” e “torcemos”.

“torcíamos” – está flexionado na 1ª pessoa do plural (desinência número-pessoal “-mos”) do


pretérito imperfeito do indicativo. Percebemos o tempo verbal por meio da desinência modo-
-temporal “-ia”, característica de verbos de 2ª e 3ª conjugações:

torc- radical
ia – desinência modo-temporal de pretérito imperfeito do indicativo
mos – desinência número-pessoal (1ª pessoa do plural)

“torcemos” – está flexionado na 1ª pessoa do plural (desinência número-pessoal “-mos”) do


presente do indicativo.

torc- radical
e – vogal temática
torce – tema
mos – desinência número-pessoal (1ª pessoa do plural)

Portanto, a pessoa gramatical “nós” (1ª pessoa do plural) foi mantida. Entretanto,
houve variação verbal tão somente no tempo, mas não no modo verbal (indicativo).

Gabarito: Errado.

8. (ESAF-2008/CGU) Abaixo estão recomendações para evitar o estresse. Assinale a


opção na qual os verbos estão conjugados, corretamente, na terceira pessoa do
singular.

a) Saboreie a vida, dai mais valor a suas experiências.


b) Aprende a dizer não. Peça ajuda sempre que necessário.
c) Para e medite. Põe uma uva passa na boca. Note textura, cheiro e sabor.
d) Fique atenta à respiração. Inspira e expira lentamente.
e) Invista em prazeres: ouça música, leia, dê-se o direito de não fazer nada.

(Cristina Nabuco, “Para desacelerar” Cláudia, junho 2007, p. 227.)

Comentário: Em regra, a questão versa sobre a flexão do verbo no imperativo. Vamos


analisar cada assertiva.
A) Errada. A forma verbal “saboreie” está conjugada na 3ª pessoa do singular do presente
do subjuntivo. Por sua vez, “dai”, proveniente do verbo “dar”, está conjugada na 2ª pessoa
do plural (vós) do imperativo afirmativo.

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B) Errada. A forma verbal “aprende” está conjugada na 2ª pessoa do singular do presente


do indicativo. Já a estrutura “peça” está na 3ª pessoa do singular do imperativo afirmativo.
C) Errada. No contexto, “para” é proveniente do verbo “parar” e está conjugada na 2ª
pessoa do singular do imperativo afirmativo. Por sua vez, a forma verbal “medite” está
flexionada na 3ª pessoa do singular do mesmo tempo e modo que o verbo “parar”. Por fim,
“põe” denota flexão na 2ª pessoa do singular.
D) Errada. A forma “fique” está flexionada na 3ª pessoa do singular do imperativo
afirmativo. Entretanto, isso não ocorre com as estruturas verbais “inspira” e “expira”, pois
ambas conjugadas na 2ª pessoa do singular.
E) Esta é a resposta da questão. No período, todas as formas verbais – “invista”, “ouça”,
“leia” e “dê” – estão conjugadas na 3ª pessoa do singular do imperativo afirmativo.
Percebam que todas são formadas a partir do presente do subjuntivo:

Que ele invista (presente do subjuntivo) :: Invista você (imperativo afirmativo) – 3ª pessoa

Que ele ouça (presente do subjuntivo) :: Ouça você (imperativo afirmativo) – 3ª pessoa

Que ele leia (presente do subjuntivo) :: Leia você (imperativo afirmativo) – 3ª pessoa

Que ele dê (presente do subjuntivo) :: Dê você (imperativo afirmativo) – 3ª pessoa

Gabarito: E.

9. (ESAF-2006/SUSEP-Adaptada) Analise as opções a respeito do emprego dos


verbos no texto.

O homem mais humilde, desprovido de ambição do acúmulo de riqueza, vivendo numa


sociedade razoavelmente organizada, já não mais consegue cumprir apenas a sua
atividade laborativa. As leis e diretrizes sociais obrigam-no a compromissos que o
excedente da sua atividade laborativa não atenderá.
A sua alimentação, que ele mesmo produz por meio de uma agricultura primitiva, talvez não
consiga atingir um valor no mercado, de tal forma que o excedente, sendo vendido, não
será suficiente para que ele pague as taxas e impostos da “sua propriedade”. Até mesmo a
água que ele bebe, seja de um poço ou de um sistema de captação e distribuição, sofre um
controle tecnológico. Ele pode até ser obrigado a se mudar do lugar que escolhera para
viver, se os controladores do meio ambiente concluírem que o ar por ele respirado tem uma
concentração muito alta de dióxido de carbono. No seu isolamento, sequer uma atitude
estóica, de convívio com a dor lhe é permitida. A dor, reflexo de uma enfermidade de causa
desconhecida, implicará uma investigação profunda, para que se afaste o perigo de eclosão
de uma epidemia.
(Adaptado de José Liberato Ferreira Caboclo, Ética e tecnologia)

I. O emprego do modo subjuntivo em “consiga” confere ao texto uma ideia de


hipótese ou probabilidade; sua substituição pelo indicativo, consegue, preserva a
correção gramatical, mas tira do texto tal ideia.

Comentário: No texto, foi empregada a forma verbal “consegue”, a qual está conjugada no
presente do indicativo. Esse modo verbal transmite ideia de certeza, realidade. Ao fazer a
substituição pela forma “consiga”, flexionada no presente do subjuntivo, transmitir-se-á ideia
de hipótese, possibilidade, dúvida. Além disso, acarretará erro gramatical. Vejam como o
período fica incorreto:
“O homem mais humilde (...) já não mais consiga cumprir ...”

Gabarito: Errado.

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II. A forma nominal de gerúndio em “vivendo” corresponde, numa forma flexionada, a


vivia.

Comentário: Como o verbo da oração “conseguir”, situado na oração principal, está


conjugado no presente do indicativo, será necessário que o verbo da oração reduzida de
gerúndio “vivendo numa sociedade razoavelmente organizada” também seja flexionado no
mesmo tempo e modo verbal. Sendo assim, a forma “vivia”, conjugada no pretérito
imperfeito do indicativo, não equivale ao gerúndio “vivendo”.

Gabarito: Errado.

TEMPOS COMPOSTOS

As formas verbais compostas são formadas por meio da seguinte estrutura:

Ter ou Haver + Particípio


(verbo auxiliar) (verbo principal)

Na Língua Portuguesa, os tempos compostos são:

 MODO INDICATIVO

a) Pretérito perfeito  (presente do indicativo + particípio) - traduz um fato cujo


início se deu no passado, mas que se repete até o momento presente.

Exemplos: Cidadezinha que não tem cabido no mapa. (= Cidadezinha que não coube
no mapa.)
O papel da polícia tem sido o de impor o medo.

b) Pretérito mais-que-perfeito  (pretérito imperfeito do indicativo + particípio) –


traduz um evento passado anterior a outro, também passado.

Exemplos: Apesar do vultoso investimento feito pelo governo, eu nunca tinha visto
uma seca tão severa no Nordeste.
“A essa altura eu já tinha pegado a segunda de uma figueira ...”
Quando cheguei, ele já tinha saído.

Atenção!

O pretérito mais-que-perfeito composto é o único que apresenta o mesmo


valor semântico de sua forma simples. Portanto, ambas as estruturas se equivalem.

Exemplos: Apesar do vultoso investimento feito pelo governo, eu nunca vira uma seca
tão severa no Nordeste.
“A essa altura eu já pegara a segunda de uma figueira ...”
Quando cheguei, ele já saíra.

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c) Futuro do presente  (futuro do presente do indicativo + particípio) - traduz um fato


futuro em relação ao momento do texto, porém anterior a outro evento.

Exemplo: Quando você chegar, eu já terei concluído o relatório.

d) Futuro do pretérito  (futuro do pretérito do indicativo + particípio) - traduz um fato


que poderia ter ocorrido posteriormente a determinado fato passado.

Exemplo: Se dependesse de mim, teria vetado o repasse das verbas.

 MODO SUBJUNTIVO

a) Pretérito perfeito  (presente do subjuntivo + particípio) - traduz um fato totalmente


terminado num momento passado.

Exemplo: Basta que ele tenha existido.


Nunca ouvi dizer que uma dessas trocas tenham obtido resultados aproveitáveis.

b) Pretérito mais-que-perfeito  (imperfeito do subjuntivo + particípio) - traduz um


evento passado anterior a outro, também passado.

Exemplos: Esperávamos que ela já tivesse chegado.


Desejaria que ela já tivesse chegado.

c) Futuro  (futuro do subjuntivo + particípio) - traduz um fato posterior ao momento


atual, mas já terminado antes de outro fato futuro.

Exemplo: Comemoraremos quando tiveres passado.

 FORMAS NOMINAIS COMPOSTAS

a) Infinitivo (infinitivo + particípio).

Exemplo: Ter feito os exercícios foi o diferencial.

b) Gerúndio (gerúndio + particípio).

Exemplo: Tendo estudado as disciplinas, passei no concurso.

10. (ESAF-2006/SUSEP-Adaptada) Analise a opção a respeito do emprego dos verbos


no texto.

O homem mais humilde, desprovido de ambição do acúmulo de riqueza, vivendo numa


sociedade razoavelmente organizada, já não mais consegue cumprir apenas a sua
atividade laborativa. As leis e diretrizes sociais obrigam-no a compromissos que o
excedente da sua atividade laborativa não atenderá.

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A sua alimentação, que ele mesmo produz por meio de uma agricultura primitiva, talvez não
consiga atingir um valor no mercado, de tal forma que o excedente, sendo vendido, não
será suficiente para que ele pague as taxas e impostos da “sua propriedade”. Até mesmo a
água que ele bebe, seja de um poço ou de um sistema de captação e distribuição, sofre um
controle tecnológico. Ele pode até ser obrigado a se mudar do lugar que escolhera para
viver, se os controladores do meio ambiente concluírem que o ar por ele respirado tem uma
concentração muito alta de dióxido de carbono. No seu isolamento, sequer uma atitude
estóica, de convívio com a dor lhe é permitida. A dor, reflexo de uma enfermidade de causa
desconhecida, implicará uma investigação profunda, para que se afaste o perigo de eclosão
de uma epidemia.
(Adaptado de José Liberato Ferreira Caboclo, Ética e tecnologia)

I. O tempo em que está flexionado “escolhera” (linha 9) indica que a ação de escolher
acontece antes de outra também mencionada no período; corresponde, por isso, a tivera
escolhido.

Comentário: O pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo é usado para denotar uma


ação passada anterior à outra, também passada, como bem menciona o examinador. Essa
mesma noção semântica é apresentada pela forma composta. Entretanto, o pretérito mais-
-que-perfeito composto é formado pela seguinte estrutura:

(pretérito imperfeito do indicativo + particípio)

Portanto, na terceira pessoa do singular, a forma correta não é “tivera escolhido”, e


sim “tinha escolhido” (o verbo auxiliar deve estar flexionado no pretérito imperfeito do
indicativo).

Gabarito: Errado.

11. (ESAF-2010/MPOG-Adaptada) Com base no texto abaixo, analise a afirmação a


seguir.

O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os


quais se realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se. É obra construída pela
contribuição sistemática de vários governos. Depende da produtividade, que se nutre da
ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia. Na verdade, a humanidade
somente começou seu desenvolvimento depois da Revolução Industrial, iniciada no século
XVIII, na Inglaterra. A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história.
A Revolução desarmou a Armadilha Malthusiana e deu início à Grande Divergência. A
Armadilha deve seu nome ao demógrafo Thomas Malthus, para quem o potencial de
crescimento era limitado pela oferta de alimentos. A evolução da renda per capita dependia
das taxas de natalidade e mortalidade. A renda per capita da Inglaterra começou a crescer
descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da
exploração do potencial agrícola da América.

(Adaptado de Maílson da Nóbrega, Lula e o mistério do desenvolvimento . VEJA, 26 de agosto, 2009, p.74)

I. Provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do texto ao substituir


“havia sido” (linha 6) por “fora”.

Comentário: Novamente, a ESAF insistiu em trabalhar a correlação entre os tempos


compostos e as formas simples. Na expressão “havia sido”, o verbo auxiliar “haver” está
flexionado no pretérito imperfeito do indicativo, seguido do particípio. Temos, então, o
pretérito mais-que-perfeito composto, o qual corresponde à forma verbal simples “fora”:

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A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história.

A estagnação da renda per capita fora a característica da história.

Uma vez que ambas as estruturas se correspondem, não há erro gramatical ou


incoerência textual ao substituir uma por outra.

Gabarito: Errado.

12. (ESAF-2010/SUSEP-Adaptada) Com base no texto abaixo, analise a afirmação a


seguir.

Nos países em geral, economistas, políticos e o noticiário gostam é de índices sobre


macroeconomia, números abstratos que indicam a situação geral da economia, mas não
revelam o que se passa em seu interior. A internet, por exemplo, apareceu em grande
escala em 1992, e o mundo se deu conta da revolução que ela fizera nos negócios, na
cultura e na vida das pessoas 10 anos depois.

(Antônio Machado, Mundo invisível. Correio Braziliense, 14 de fevereiro de 2010, com adaptações)

I. No texto acima, provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do


texto ao substituir “fizera” por havia feito.

Comentário: No texto, a forma verbal “fizera” está flexionada no pretérito mais-que-perfeito


simples do indicativo. Percebemos essa flexão por meio da desinência modo-temporal “ra”
(átona). No trecho “...o mundo se deu conta da revolução que ela (a internet) fizera nos
negócios...”, o verbo está conjugado na terceira pessoa do singular. Conforme já sabemos,
a forma composta do pretérito mais-que-perfeito do indicativo apresenta a mesma noção
semântica que a simples, referindo-se a uma ação pretérita anterior à outra, também
passada. Agora, reparem que a estrutura “havia feito” é composta pelo verbo auxiliar
“haver”, flexionado no pretérito imperfeito do indicativo, seguido do particípio. Isso
caracteriza o pretérito mais-que-perfeito composto. Portanto, não há erro gramatical ou
incoerência textual ao substituir uma forma por outra.

Gabarito: Errado.

CORRELAÇÃO VERBAL

Quando falamos de correlação verbal, fazemos alusão à correspondência


harmônica entre formas verbais (tempo e modo) em uma frase ou período. Em
outras palavras, é preciso que haja articulação temporal entre os verbos, que
eles se correspondam, de maneira a expressar as ideias com lógica, coerência.
Tempos e modos verbais devem, portanto, combinar entre si.

Exemplo: Se você estudasse antes da prova, passará no concurso.

No período acima, temos o verbo estudar flexionado no pretérito imperfeito


do subjuntivo. Como já sabemos, o subjuntivo expressa dúvida, incerteza,
possibilidade. Porém, o verbo passar está conjugado no futuro do presente do
indicativo, modo que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou reais.

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Nesse caso, não podemos dizer “você passará no concurso”, pois o ato de
passar está condicionado não a uma certeza, mas apenas a uma hipótese,
transmitida pelo pretérito imperfeito do subjuntivo de estudar. Logo, percebemos
que o período está incoerente, ou seja, não há uma correlação verbal.

Corrigindo o exemplo acima, teremos:

Se você estudasse antes da prova, passaria no concurso.

O verbo estudar está flexionado no pretérito imperfeito do subjuntivo.


Assim, em que tempo o verbo passar deve estar conjugado, de modo a garantir que
o período tenha coerência? Na frase, o verbo passar é usado no futuro do
pretérito – passaria –, um tempo que expressa, dentre outras ideias, uma
afirmação condicionada – que depende de algo –, quando esta se refere a fatos
que não se realizaram e que, provavelmente, não se realizarão.
Podemos dizer, portanto, que o período está coerente, já que a ideia
transmitida por estudasse é exatamente a de uma dúvida, a de uma
possibilidade, de uma hipótese que não temos certeza se ocorrerá.

Em virtude da presença deste tema nas provas da banca ESAF, elencarei


para vocês uma lista exemplificativa com os casos de correlação verbal mais
recorrentes:

1) Presente do indicativo + Presente do subjuntivo

Ex.: Quero que você gabarite a prova.

2) Presente do indicativo + Futuro do presente do indicativo

Ex.: Sabemos que você gabaritará a prova.

3) Presente do indicativo + Pretérito perfeito composto do subjuntivo

Ex.: Desejo que você tenha gabaritado a prova.

4) Pretérito perfeito do indicativo + Pretérito imperfeito do indicativo

Ex.: Notou que seu desempenho nas provas melhorava à medida que resolvia
questões anteriores.

5) Pretérito perfeito do indicativo + Pretérito imperfeito do subjuntivo

Ex.: Desejei que você gabaritasse a prova.

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6) Pretérito perfeito do indicativo + Pretérito mais-que-perfeito composto do


subjuntivo

Ex.: Quis que eles tivessem gabaritado a prova.

7) Pretérito imperfeito do indicativo + Pretérito imperfeito do subjuntivo

Ex.: Pedia que gabaritasse a prova.

8) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo + Pretérito imperfeito do subjuntivo

Ex.: Solicitara que gabaritasse a prova.

9) Futuro do pretérito do indicativo + Pretérito imperfeito do subjuntivo

Ex.: Eu ficaria feliz se você gabaritasse a prova.

10) Futuro do pretérito do indicativo + Pretérito mais-que-perfeito composto


do subjuntivo

Ex.: Desejaria que você tivesse gabaritado a prova.

11) Futuro do pretérito composto do indicativo + Pretérito mais-que-perfeito


composto do subjuntivo

Ex.: Eu teria gabaritado as questões se o fiscal de sala não me tivesse


atrapalhado.

12) Futuro do subjuntivo + Futuro do presente do indicativo

Ex.: Se vocês refizerem os exercícios, acertarão as questões da prova.

13) Futuro do subjuntivo + Futuro do presente composto do indicativo

Ex.: Quando ele terminar a prova, já terei comentado as questões.

Atenção!

Notem que, na 3ª hipótese de correlação verbal, o Pretérito Perfeito


Composto do Subjuntivo é formado com o verbo auxiliar conjugado no Presente
do Subjuntivo.

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Assim, podemos sintetizar a correlação verbal no seguinte quadro


esquemático:

Correlação Verbal
(Quadro Esquemático)

Presente Presente

Presente Futuro do
Presente

Passado Passado

Futuro do Passado
Pretérito

Futuro do
Presente
Futuro do
Subjuntivo ou

Futuro do Presente
Composto do indicativo

13. (ESAF-2012/CGU) Assinale a opção em que o preenchimento das lacunas do


fragmento abaixo preserva a correção gramatical e a coerência entre os argumentos
do texto.

O principal componente dos juros é a taxa Selic. É referência de custo de captação:


______(1)_______ em títulos públicos, o depositante não aceitará do banco
remuneração muito inferior à Selic. Para o banco, a Selic sinaliza o custo de
oportunidade: ________(2)_______ ao Tesouro à taxa Selic, só emprestará a terceiros
a juros maior, pois maior é o risco.

(Adaptado de Joca Levy, Juros, demagogia e bravatas. O Estado de São Paulo, 21 de abril de 2012)

(1) (2)
a) enquanto possa aplicar / se pudesse emprestar
b) se pudesse aplicar / quando pudesse emprestar
c) caso aplicasse / caso emprestasse
d) se pode aplicar / se pode emprestar
e) quando pudesse aplicar / enquanto possa emprestar

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Comentário: A correção gramatical e a coerência são preservadas na opção D. Vejamos as


lacunas.

Lacuna (1): “Se pode aplicar” – o verbo em destaque está flexionado no presente do
indicativo, mantendo uma correta correlação com verbo “aceitar”, constante do trecho “...o
depositante não aceitará...”.

Lacuna (2): “Se pode emprestar” – a forma verbal destacada está flexionada no presente do
indicativo, mantendo uma adequada correlação verbal com a forma “emprestará”, constante
do trecho “...só emprestará a terceiros...”.

Vejamos os erros das demais opções.

A) Errada.

Lacuna (1): “Enquanto possa aplicar” – a forma em destaque deve ser conjugada no futuro
do subjuntivo – “enquanto puder aplicar” – para correlacionar-se de maneira correta com o
futuro do presente em “aceitará”.

Lacuna (2): “Se pudesse aplicar” – a forma em destaque deveria flexionar-se no futuro do
subjuntivo – se puder aplicar –, a fim de manter a correta correlação com o verbo
“emprestar”.

B) Errada.

Lacuna (1): “Se pudesse aplicar” – a forma destacada deve flexionar-se no futuro do
subjuntivo (se puder aplicar) para correlacionar-se de modo adequado ao verbo “aceitar”, o
qual está no futuro do presente.
Outra possibilidade seria manter a forma verbal “pudesse” – “se pudesse aplicar – e
conjugar o verbo “aceitar” no futuro do pretérito (aceitaria), indicando uma ideia hipotética.

Lacuna (2): “Quando pudesse emprestar – a forma destacada deve flexionar-se no futuro do
subjuntivo (se puder aplicar) para correlacionar-se de modo adequado ao verbo
“emprestar”, que está no futuro do presente (emprestará).

C) Errada.

Lacuna (1): “Caso aplicasse” – o verbo “aplicar” está conjugado no pretérito imperfeito do
subjuntivo, tempo e modo verbais que exprimem ideia hipotética. Por essa razão, o verbo
“aceitar”, constante do trecho “... o depositante não aceitará...”, deveria ser conjugado no
futuro do pretérito (aceitaria).

Lacuna (2): “Caso emprestasse” – o verbo “emprestar” está conjugado no pretérito


imperfeito do subjuntivo, tempo e modo verbais que exprimem ideia hipotética. Por essa
razão, o verbo “emprestar”, constante do trecho “... só emprestará a terceiros...”, deveria ser
conjugado no futuro do pretérito (emprestaria).

E) Errada.

Lacuna (1): “Quando pudesse aplicar” – o verbo “poder” está conjugado no pretérito
imperfeito do subjuntivo. Porém, para manter a correlação adequada com o verbo “aceitar”,
constante do trecho “... o depositante não aceitará ...”, deve ser flexionado no futuro do
subjuntivo: “quando puder aplicar”.

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Lacuna (2): “Enquanto possa emprestar” – o verbo “poder” está conjugado no presente do
subjuntivo. Entretanto, para manter a correlação adequada com o verbo “emprestar”,
constante do trecho “... só emprestará a terceiros...”, deve flexionar-se no futuro do
subjuntivo: “enquanto puder emprestar”

Gabarito: D.

14. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Analise a proposição a seguir


quanto aos elementos linguísticos e semânticos do texto.

Feliz aniversário, Darwin!

Charles Darwin completaria hoje 200 anos, não fosse pela seleção natural. Ela, afinal, é a
maior responsável pelo barroco processo de desenvolvimento que leva os organismos
complexos inexoravelmente à morte – conceito que não se aplica muito a bactérias e
Arqueobactérias, seres que se reproduzem gerando clones de si próprios, partilham
identidades com a transferência horizontal de genes e podem ficar milênios em vida
suspensa (no gelo, por exemplo). A contribuição de Darwin para a ciência e para a história,
porém, continua viva, e muito viva, exatamente com a ideia de seleção natural. Só por isso
ele já merece os parabéns. Feliz aniversário, Darwin.

(Marcelo Leite, em: http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-02-08)

I. A forma verbal “completaria” (linha 1) se refere a uma ação que vai ocorrer no
futuro, a menos que acontecimentos no tempo presente o impeçam.

Comentário: A forma verbal “completaria” está flexionada no futuro do pretérito do


indicativo. Esse tempo verbal transmite, entre outras noções, a ideia de hipótese, e não a de
que uma ação vai ocorrer no futuro. No texto, a noção hipotética é ratificada pela presença
da forma verbal “fosse”, flexionada no pretérito imperfeito do subjuntivo, no trecho “não
fosse pela seleção natural”. No momento da confecção do texto, Charles Darwin já havia
falecido, não podendo, portanto, completar 200 anos. Reparem, ainda, na harmônica
correlação entre as formas verbais “completaria” e “fosse”. A primeira está flexionada no
futuro do pretérito do indicativo, ao passo que a segunda foi conjugada no pretérito
imperfeito do subjuntivo. A correspondência entre esses tempos verbais denota a ideia
hipotética trazida pelo texto.

Gabarito: Errado.

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CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS

Os verbos classificam-se em regulares, irregulares, anômalos, defectivos


e abundantes.

a) Regulares – mantêm o paradigma (modelo) do radical e das desinências no


decorrer da conjugação.

Exemplos:

Falar: eu falo, tu falas, ele fala, nós falamos, vós falais, eles falam.

Correr: eu corro, tu corres, ele corre, nós corremos, vós correis, eles correm.

Partir: eu parto, tu partes, ele parte, nós partimos, vós partis, eles partem.

Dica estratégica!

Como saber se um verbo é regular? É simples! Há dois tempos verbais que


nos mostram se o verbo é regular ou não: presente do indicativo e pretérito
perfeito do indicativo. Se, nessas conjugações, a forma verbal mantiver o
paradigma (modelo) de conjugação, será regular.

Exemplo:
COMER (verbo de 2ª conjugação)

Presente do indicativo Pretérito perfeito do indicativo

eu como eu comi
tu comes tu comeste
ele come ele comeu
nós comemos nós comemos
vós comeis vós comestes
eles comem eles comeram

Em regra, as formas verbais terminadas em -iar são regulares.

Exemplo: ARRIAR (abaixar-se) - eu arrio, tu arrias, ele arria, nós arriamos,


vós arriais, eles arriam.

Por que eu disse “em regra”, acima? Porque algumas formas verbais
terminadas em -iar são irregulares. São elas: mediar (além do derivado
intermediar), ansiar, remediar, incendiar e odiar.
E o que isso significa? Meus amigos, por serem irregulares, os verbos acima
receberão a vogal E nas formas rizotônicas (rizo = raiz + tônica = sílaba forte), ou
seja, rizotônica é a forma cuja sílaba tônica recai no radical do verbo.

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As formas rizotônicas ocorrem na 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular (“eu”, “tu”,


“ele”) e na 3ª pessoa do plural (“eles”): eu medeio, tu medeias, ele medeia, eles
medeiam.
E existe possibilidade de a sílaba tônica recair fora do radical do verbo? Sim,
claro! São as chamadas formas arrizotônicas, aquelas cuja sílaba tônica recai
fora do radical. Ocorrem na 1ª e 2ª pessoas do plural: “nós” e “vós”.
E isso traz alguma implicação? Perfeitamente! Vimos que as formas
rizotônicas dos verbos acima assinalados (mediar – e derivados –, ansiar,
remediar, incendiar e odiar) receberão a vogal E, o que NÃO ocorre nas formas
arrizotônicas. Desse modo, é errado fazer a flexão “nós medeiamos”, “vós
medeiais”, por exemplo. Por serem formas arrizotônicas, o correto é “nós
mediamos”, “vós mediais”.

15. (ESAF-2002/BACEN-Adaptada) Analise as opções a seguir a respeito das formas


verbais no texto.

Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. Suas consequências são
imprevisíveis sobre a economia das famílias e das empresas. Os agentes econômicos
relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de
modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de
consumo, corresponde, ao menos,
uma operação de natureza monetária realizada junto a um intermediário financeiro, em
regra um banco comercial, que recebe um depósito, paga um cheque, desconta um título ou
antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilidade do sistema que intermedeia as
operações monetárias, portanto, é fundamental para a própria segurança e estabilidade das
relações entre os agentes econômicos.
(www.bcb.gov.br)

I. A forma verbal “intermedeia” (linha 9) pode ser substituída por “intermedia” sem que haja
transgressão à norma culta formal.

Comentário: Em regra, os verbos terminados em “-iar” são regulares, ou seja, obedecem a


um paradigma (modelo) de conjugação. Entretanto, há um grupo de verbos que é irregular.
São eles: “mediar” (e seu derivado “intermediar”), “ansiar”, “remediar”, “incendiar” e “odiar”.
Esse conjunto de verbos recebe a vogal “E” nas formas rizotônicas (aquelas em que
a sílaba tônica recai no radical).

Exemplos:

Eu medeio, tu medeias, ele medeia...


Eu intermedeio, tu intermedeias, ele intermedeia...

Sendo assim, percebemos que é incorreta a forma “intermedia”.

Gabarito: Errado.

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b) Irregulares – apresentam variação no paradigma (modelo) do radical e/ou


das desinências.

Exemplos:

Fazer: eu faço, tu fazes, ele faz, nós fazemos, vós fazeis, eles fazem.

Ouvir: eu ouço, tu ouves, ele ouve, nós ouvimos, vós ouvis, eles ouvem.

Dica estratégica!

Como saber se um verbo é irregular? É simples! Há dois tempos verbais que


nos mostram a regularidade ou não de um verbo: presente do indicativo e
pretérito perfeito do indicativo. Se, nessas conjugações, a forma verbal
apresentar variações no paradigma (modelo), será irregular.

Exemplo:
CABER (verbo de 2ª conjugação)

Presente do indicativo Pretérito perfeito do indicativo

eu caibo eu coube
tu cabes tu coubeste
ele cabe ele coube
nós cabemos nós coubemos
vós cabeis vós coubestes
eles cabem eles couberam

Os verbos terminados em -ear são irregulares. E o que isso significa?


Significa que essas formas verbais receberão a vogal i nas formas rizotônicas
(“eu”, “tu”, “ele” e “eles”), mas não nas arrizotônicas (“nós” e “vós”).

Exemplo: ARREAR (pôr arreio) - eu arreio, tu arreias, ele arreia, nós arreamos,
vós arreais, eles arreiam.

Viram que os verbos arriar e arrear são diferentes? Geralmente, aparecem


em provas. Portanto, muita atenção!

Segundo as lições de Evanildo Bechara, em Moderna Gramática Portuguesa,


37ª edição, pág. 226, “não entram no rol dos verbos irregulares aqueles que, para
conservar a pronúncia, têm de sofrer variação de grafia”. Em outras palavras, como
não há alteração fonética, o verbo não é irregular.

Exemplos: carrega – carregue – carreguei – carregues; ficar – fico – fiquei – fique.

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16. (ESAF-2010/SUSEP) Os trechos a seguir constituem um texto adaptado do Correio


Braziliense, Editorial, 18/02/2010. Assinale a opção transcrita com erro gramatical.

a) Operação destinada a facilitar a vida do contribuinte coloca a Receita Federal na


vanguarda das iniciativas que, ao longo dos últimos anos, objetivam reduzir a ineficiência
operacional de agências públicas. É o que se materializa agora com as medidas que
desobrigam cerca de 10 milhões de brasileiros de prestar declaração de renda.
b) A inovação é aplicável aos rendimentos auferidos em 2010 (ano-base 2009) e aos que
serão obtidos em 2011 (ano-base 2010). Os principais beneficiários das novas regras são
sócios de empresas ou pessoas que tenham patrimônio inferior a R$ 300 mil. Basta que os
ganhos estejam dentro do limite de isenção (R$ 17.215,08, em 2009, e de R$ 22.487,25,
em 2010).
c) Há outras condicionantes que, previstas nas mudanças, não chegam a alterar os efeitos
práticos. Foram obrigadas a explicar-se ao fisco, por serem qualificadas como integrantes
de sociedades comerciais, em 2009, nada menos de 5 milhões de pessoas. Agora, estão
livres da obrigação, segundo o supervisor nacional do Programa do IR.
d) Os trabalhadores com remuneração anual abaixo do teto de isenção previsto para 2010
desde logo estão dispensados de entregar a declaração. Apenas deverão fazê-lo os que
tivessem IR retido na fonte e pleiteam restituição.
e) Outra mudança importante: este ano será o último em que a Receita aceitará formulários
de papel. Também é decisão compatível com a necessidade de elevar os padrões
operacionais do órgão. Hoje, apenas 127 mil pessoas físicas optam por semelhante forma
de declarar a renda.

Comentário: Há erro gramatical na opção (D). O verbo “frear” termina em “-ear”, sendo,
portanto, irregular. Como consequência, receberá a vogal “i” nas formas rizotônicas
(aquelas em que a sílaba tônica recai no radical).

Eu freio, tu freias, ele freia... eles freiam ;

Eu pleteio, tu pleiteias, ele pleteia...eles pleiteiam.

Assim, no trecho “... tivessem Ir retido na fonte e pleiteam restituição”, a forma verbal
destacada está incorreta. O certo é “pleiteiam”.

Gabarito: D.

17. (ESAF-2005/MPOG) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de


grafia.

Diante da atual mediocridade da representação política, é necessária(1) a participação e a


organização da sociedade, operando uma profunda mudança em nossa cultura política.
Quanto maior(2) o individualismo, mais frágeis são os governos. As regras formais
constitucionais não são suficientes para freiar(3) os vícios exacerbados(4) pelo poder. As
organizações da sociedade devem ter o poder de vigiar e cobrar prestação de contas. Por
isso, em vez de desacreditar da política, devemos agir em co-responsabilidade, com
coragem, lucidez e discernimento(5) num grande mutirão para abrir caminho para um país
democrático, justo, desenvolvido e pacífico.

(Adaptado de Dom Geraldo Majella, cardeal Agnelo, Folha de S. Paulo, 21/6/2005)

a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

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Comentário: Há gramatical/ortográfico na assertiva (C). Os verbos terminados em “-ear”


são irregulares, recebendo a vogal “i” nas formas rizotônicas.

Eu freio, tu freias, ele freia... eles freiam ;


Eu pleteio, tu pleiteias, ele pleteia...eles pleiteiam.

Na forma infinita (o “nome” do verbo, grosso modo), o correto é “frear”, e não


“freiar”, como aparece em “... não são suficientes para freiar ...”.

Gabarito: C.

c) Anômalos – para facilitar a vida de vocês (rs...), são apenas dois: ser e ir.

 SER

Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do indicativo

eu fui eu era
tu foste tu eras
ele foi ele era
nós fomos nós éramos
vós fostes vós éreis
eles foram eles eram

 IR

Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do indicativo

eu fui eu ia
tu foste tu ias
ele foi ele ia
nós fomos nós íamos
vós fostes vós íeis
eles foram eles iam

Perceberam que os verbos ser e ir apresentam a mesma conjugação no


pretérito perfeito do indicativo? Sendo assim, somente poderemos identificar o
verbo que está sendo empregado ao visualizar o contexto. A semelhança de formas
ocorre, também, nos seguintes tempos verbais: pretérito mais-que-perfeito do
indicativo, pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do subjuntivo.

d) Defectivos – são verbos que, em sua conjugação, não apresentam todas as


formas (tempos, modos e pessoas). É na 3ª conjugação que se encontra a maioria
dos verbos defectivos.
De onde provém o defeito verbal? Futuros servidores públicos, o defeito
verbal sempre se refere ao tempo presente, ou seja, nunca ao passado ou ao
futuro. Em outras palavras, quando nos referirmos a defeito verbal, deveremos
fazer essa relação com o presente do indicativo, presente do subjuntivo e
imperativo, sendo estes dois últimos derivados do primeiro (presente do indicativo).

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O defeito verbal deve-se:

- à ausência da 1ª pessoa do singular no presente do indicativo.

E qual a consequência desse defeito? Consequentemente, o verbo não é


conjugado no presente do subjuntivo e no imperativo negativo. No imperativo
afirmativo, só apresentam as segundas pessoas do singular e plural, pois estas
provêm das respectivas pessoas do presente do indicativo.

Exemplos: abolir, banir, colorir, delinquir, demolir, exaurir, explodir, feder,


fremer (ou fremir), explodir, haurir, viger etc.

- à conjugação apenas na 1ª e 2ª pessoas do plural (formas arrizotônicas – “nós”


e “vós”) no presente do indicativo.

E qual a consequência desse outro defeito? Os verbos não apresentam o


presente do subjuntivo e, por consequência, o imperativo negativo. Além disso,
o imperativo afirmativo só terá a 2ª pessoa do plural (lembrem-se da formação
do imperativo!).

Exemplos:
PRECAVER

Presente do indicativo Imperativo afirmativo

nós precavemos –
vós precaveis precavei vós

REAVER

Presente do indicativo Imperativo afirmativo

nós reavemos –
vós reaveis reavei vós

Nos demais tempos e modos, os verbos são conjugados normalmente.

REAVER

Pretérito perfeito do indicativo Futuro do subjuntivo

eu reouve (quando) eu reouver


tu reouveste (quando) tu reouveres
ele reouve (quando) ele reouver
nós reouvemos (quando) nós reouvermos
vós reouvestes (quando) vós reouverdes
eles reouveram (quando) eles reouverem

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e) Abundantes – são verbos que apresentam mais de uma forma de igual valor e
função.
Exemplo:
Presente do indicativo

nós havemos (ou hemos)


vós haveis (ou heis)

Imperativo afirmativo

faz (ou faze) tu

Normalmente, esta abundância de forma ocorre no particípio.

Infinitivo impessoal Particípio regular Particípio irregular

aceitar aceitado aceito


acender acendido aceso
assentar assentado assento
benzer benzido bento
desenvolver desenvolvido desenvolto
eleger elegido eleito
emergir emergido emerso
entregar entregado entregue
enxugar enxugado enxuto
expressar expressado expresso
exprimir exprimido expresso
extinguir extinguido extinto
expulsar expulsado expulso
frigir frigido frito
ganhar ganhado ganho
gastar gastado gasto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
inserir inserido inserto
isentar isentado isento
matar matado morto
omitir omitido omisso
pagar pagado pago
pegar pegado pego
prender prendido preso
revolver revolvido revolto
salvar salvado salvo
soltar soltado solto
submergir submergido submerso
suspender suspendido suspenso
tingir tingido tinto

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Em geral, empregamos o particípio regular, que fica invariável, com os


verbos auxiliares ter e haver, formando os tempos compostos.

Exemplo: Eles têm aceitado os documentos. (têm aceitado = pretérito perfeito


composto do indicativo)

Na voz passiva, empregamos, em geral, o particípio irregular, que se


flexiona em gênero e número, com os verbos auxiliares ser, estar e ficar, formando
a locução verbal de voz passiva.

Exemplo: Os documentos têm sido aceitos por eles. (têm sido aceitos = locução
verbal de voz passiva)

18. (ESAF-2002/Ministério das Relações Exteriores) Assinale a opção incorreta a


respeito do emprego das formas verbais no texto.

Segundo o noticiário, o Pentágono passou a propugnar o uso de minibombas atômicas. Ou


seja, armas nucleares para estourar depósitos subterrâneos onde estariam escondidas
armas (nucleares, químicas, bacteriológicas) de destruição maciça. A hipótese de
banalização das armas atômicas, inscrita na proposta do Pentágono, liquidaria os tratados
internacionais de não-proliferação nuclear e jogaria o Brasil no meio da tormenta,
relançando a corrida nuclear.
(Luiz Felipe de Alencastro, Veja, 10/04/2002, com adaptações)

a) O emprego da perífrase verbal “passou a propugnar” constitui um recurso para evitar o


uso do presente do indicativo de um verbo defectivo: propugnar.
b) A opção pelo emprego do futuro do pretérito em “estariam”, indica uma certa resistência
do autor para acreditar na veracidade da informação a respeito das armas escondidas.
c) A forma de particípio “inscrita” confunde-se com o adjetivo porque exprime mais um
estado do que uma relação temporal.
d) O emprego do futuro do pretérito em “liquidaria” e “jogaria” reforça a ideia de “hipótese”.
e) Para manter a coerência no emprego dos tempos verbais, a substituição do gerúndio
“relançando” por uma forma não-nominal deve ser: e relançaria.

Comentário: A opção incorreta encontra-se na letra (A). Antes de tudo, alguns de vocês
podem desconhecer o que significa “perífrase”. Por perífrase compreende-se um recurso
estilístico que qualifica pessoa ou coisa.

Exemplo: Edson Arantes do Nascimento fez gols memoráveis. O atleta do século,


atualmente, é embaixador oficial da Copa do Mundo de 2014.

A expressão “O atleta do século” retoma o nome “Édson Arantes do Nascimento”,


tornando o texto mais coeso.
Em vez de utilizar a perífrase “o atleta do século”, poderíamos ter empregado a
forma simples “Pelé”.

Em se tratando de verbos, a forma perifrástica (relativo a perífrase) é aquela que


contém mais de um verbo, ou seja, uma locução verbal. É o que ocorre em “passou a
propugnar”.

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Contudo, o erro do examinador está em afirmar que verbo “propugnar” é defectivo.


Porém, “propugnar” é um verbo regular, sendo conjugado em todos os tempos e modos,
seguindo o paradigma (modelo) de “impugnar”. Vejam:

Presente do indicativo

Eu impugno, tu impugnas, ele impugna, nós impugnamos, vós impugnais, eles impugnam.

Eu propugno, tu propugnas, ele propugna, nós propugnamos, vós propugnais, eles


propugnam.

Pretérito Perfeito do indicativo

Eu impugnei, tu impugnaste, ele impugnou, nós impugnamos, vós impugnastes, eles


impugnaram.

Eu propugnei, tu propugnaste, ele propugnou, nós propugnamos, vós propugnastes, eles


propugnaram.

Gabarito: A.

19. (ESAF-2008/STN-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise a proposição a


seguir.

Derrotada sistematicamente nos tribunais superiores, a Advocacia-Geral da União (AGU)


resolveu editar um pacote com oito súmulas, reconhecendo direitos dos servidores públicos
federais. O gesto põe fim a pendências jurídicas que se arrastavam havia décadas e serve
de alento para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais. Com as súmulas,
os advogados públicos ficam automaticamente desobrigados a contestar decisões
desfavoráveis. (...) Esclarece a AGU: “O servidor sabia que se entrasse na Justiça ganharia,
mas a União, por dever, mesmo sabendo que perderia, tinha de recorrer. As oito medidas
acabam com isso.” Entre as súmulas está a que reconhece o direito de pagamento do
auxílio-alimentação retroativo ao servidor em férias ou licença entre outubro de 1996 e
dezembro de 2001.

(Luciano Pires, Correio Braziliense, 20/09/2008, p. 23, com adaptações)

I. Reescreve-se, mantendo-se a correção gramatical e a coerência textual, o período


“para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais.” do seguinte modo:
para que se reavenham ou mantenham benefícios funcionais.

Comentário: Conforme estudamos nas lições, o verbo “reaver”, que significa “recuperar”, é
defectivo, haja vista o fato de não ser conjugado em todas as pessoas do presente do
indicativo. Esse verbo só se apresenta na primeira e segunda pessoas do plural:
nós reavemos, vós reaveis. Como não há a primeira pessoa desse tempo verbal, o verbo
“reaver” não é conjugado no presente do subjuntivo (tempo derivado do presente do
indicativo). Portanto, é errada a forma “reavenham”. Nesses casos, substituam-na por um
verbo de significado semelhante: “para que se recuperem ou mantenham benefícios
funcionais”.

Gabarito: Errado.

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ALGUMAS PARTICULARIDADES

Alguns aspectos costumam figurar nas questões da ESAF, quais sejam:

 Acento diferencial de número

Presente do Indicativo

Ter Conter Reter Entreter-se

singular ele tem ele contém ele retém ele se entretém


plural eles têm eles contêm eles retêm eles se entretêm

Vir Convir Provir Intervir

singular ele vem ele convém ele provém ele intervém


plural eles vêm eles convêm eles provêm eles intervêm

 Verbo primitivo e flexão de seus derivados

Notem que os verbos derivados seguirão o paradigma dos respectivos verbos


primitivos.

TER: eu tive, ele teve, eles tiveram, quando eu tiver, se ele tivesse ...

Abster-se  eu me abstive, ele se absteve, eles se abstiveram, quando eu me abstiver, se ele


se abstivesse ...
Conter  eu contive, ele conteve, eles contiveram, quando eu contiver, se ele contivesse ...
Deter  eu detive, ele deteve, eles detiveram, quando eu detiver, se ele detivesse ...
Entreter-se  eu me entretive, ele se entreteve, eles se entretiveram, quando eu me
entretiver, se ele se entretivesse ...
Manter  eu mantive, ele manteve, eles mantiveram, quando eu mantiver, se ele mantivesse..
Obter  eu obtive, ele obteve, eles obtiveram, quando eu obtiver, se ele obtivesse ...
Reter  eu retive, ele reteve, eles retiveram, quando eu retiver, se ele retivesse ...

VIR: eu vim, ele veio, eles vieram, quando eu vier, se ele viesse ...

Advir  eu advim, ele adveio, eles advieram, quando eu advier, se ele adviesse ...
Convir  eu convim, ele conveio, eles convieram, quando eu convier, se ele conviesse ...
Desavir-se  eu me desavim, ele se desaveio, eles se desavieram, quando eu me desavier,
se ele se desaviesse ...
Intervir  eu intervim, ele interveio, eles intervieram, quando eu intervier, se ele interviesse ...
Provir  eu provim, ele proveio, eles provieram, quando eu provier, se ele proviesse ...
Sobrevir  eu sobrevim, ele sobreveio, eles sobrevieram, quando eu sobrevier, se ele
sobreviesse ...

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VER: eu vi, ele viu, eles viram, quando eu vir, se ele visse ...

Antever  eu antevi, ele anteviu, eles anteviram, quando eu antevir, se ele antevisse ...
Entrever  eu entrevi, ele entreviu, eles entreviram, quando eu entrevir, se ele entrevisse ...
Prever  eu previ, ele previu, eles previram, quando eu previr, se ele previsse ...
Rever  eu revi, ele reviu, eles reviram, quando eu revir, se ele revisse ...

É muito parecida a conjugação dos verbos vir e ver no futuro do


subjuntivo. Notem, porém, que as formas verbais não se confundem:

Futuro do subjuntivo
(utilizem a conjunção “quando” para facilitar a conjugação)

VER ≠ VIR
(Quando) eu vir vier
(Quando) tu vires vieres
(Quando) ele vir vier
(Quando) nós virmos viermos
(Quando) vós virdes vierdes
(Quando) eles virem vierem

 Verbos terminados em -UIR, -AIR e -OER


Os verbos terminados em -UIR, -AIR e -OER têm, na 3ª pessoa do singular
do presente do indicativo, a desinência “i”:

Presente do Indicativo
-UIR  ele constitui (de constituir) / atribui (de atribuir) / conclui (de concluir)
-AIR  ele extrai (de extrair) / retrai (de retrair) / distrai (de distrair)
-OER  ele rói (de roer) / mói (de moer) / remói (de remoer)

20. (ESAF-2002-Receita Federal-Adaptada) Analise se o trecho a seguir se apresenta


de forma coesa, coerente e gramaticalmente correta.

I. Pelo princípio da igualdade material o Estado tem obrigação de intervim e retificar a


ordem social, a fim de remover as mais profundas e perturbadoras injustiças sociais.

Comentário: O verbo “intervir” é derivado de “vir”. Por essa razão, segue o paradigma
(modelo) de conjugação deste último:

Eu vim, tu vieste, ele veio...

Eu intervim, tu intervieste, ele interveio...

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Entretanto, no contexto, o verbo “intervir” é uma forma nominal, sendo representado


no infinitivo (o “nome” do verbo). Sendo assim, deve ser grafado com “r” final: “... o Estado
tem obrigação de intervir e retificar...”;

Gabarito: Errado.

21. (ESAF-2010/MTE-Adaptada) Verifique se o trecho a seguir está de acordo com as


prescrições gramaticais.

I. Constroe-se o espaço social de tal modo que os agentes ou grupos são aí


distribuídos em razão de sua posição nas distribuições estatísticas de acordo com os
dois princípios de diferenciação que, em sociedades mais desenvolvidas, são sem
dúvida, os mais eficientes: o capital econômico e o capital cultural.

Comentário: O verbo “construir”, conforme podemos perceber, é finalizado em “-uir”.


Quando estiver flexionado na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, receberá a
vogal “i”:

-UIR  ele constitui (de constituir) / atribui (de atribuir) / conclui (de concluir)

Portanto, o correto é “Contrói-se” o espaço social...”

Atentem para o acento agudo no ditongo aberto “ói”. Por ser um vocábulo oxítono,
deve ser acentuado. Entretanto, conforme vimos nas aulas anteriores, foi abolido o acento
agudo nos ditongos abertos “eu” e “oi” das palavras paroxítonas: ideia, jiboia.

Gabarito: Errado.

 Falsos Derivados

Existem dois verbos bastante perigosos: requerer e prover.

a) Os verbos querer e requerer apresentam muitas diferenças em suas


conjugações.

Presente do indicativo Pretérito mais-que-perfeito

Querer Requerer Querer Requerer

quero requeiro quisera requerera


queres requeres quiseras requereras
quer requer quisera requerera
queremos requeremos quiséramos requerêramos
quereis requereis quiséreis requerêreis
querem requerem quiseram requereram

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Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do subjuntivo

Querer Requerer Querer Requerer

quis requeri quisesse requeresse


quiseste requereste quisesses requeresses
quis requereu quisesse requeresse
quisemos requeremos quiséssemos requerêssemos
quisestes requerestes quisésseis requerêsseis
quiseram requereram quisessem requeressem

b) Os verbos ver e prover também apresentam muitas diferenças em suas


conjugações.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo

Ver Prover Ver Prover

vejo provejo veja proveja


vês provês vejas provejas
vê provê veja proveja
vemos provemos vejamos provejamos
vedes provedes vejais provejais
veem proveem vejam provejam

Pretérito perfeito do indicativo Pretérito imperfeito do subjuntivo

Ver Prover Ver Prover

vi provi visse provesse


viste proveste visses provesses
viu proveu visse provesse
vimos provemos víssemos provêssemos
vistes provestes vísseis provêsseis
viram proveram vissem provessem

Locução verbal – podemos defini-la como o conjunto de dois ou mais verbos


que formam uma unidade. A estrutura da perífrase (ou locução) verbal é formada
por um verbo principal (sempre o último, o qual determina a transitividade) e por
verbo(s) auxiliar(es), em que poderá ocorrer ou não flexão.

Exemplos:
O candidato só poderá sair sessenta minutos após o início da prova.
Infelizmente, costuma haver confrontos entre torcidas nos clássicos de futebol.

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22. (ESAF-2012/CGU-Adaptada) Analise as opções a respeito do uso das estruturas


linguísticas no texto.

CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economia brasileira? Roberto Frenkel: A queda
do crescimento da economia teve a ver com três acontecimentos. A situação nos EUA está
mais positiva, há otimismo no mercado norte-americano, as ações subiram e estão no pico
pós-crise, mas ainda é uma recuperação modesta. Na zona do euro, serão dois trimestres
consecutivos em queda, o que, de acordo com a definição convencional, caracteriza
recessão. E a China está claramente em desaceleração. Essas realidades tiveram um efeito
negativo sobre o crescimento brasileiro ao longo do segundo semestre de 2011. Outro fator
foi a valorização cambial. No fim do ano passado, o real chegou a acumular a maior
valorização cambial desde o início da globalização financeira, ou seja, desde o fim dos anos
1960; e isso tem um efeito muito negativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.

(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra, Intervir para ganhar. Carta Capital, 18
de abril de 2012, p.78)

I. Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto, conferindo-lhe mais


formalidade, ao substituir a expressão “teve a ver”(linha 2) por viu.

Comentário: A locução verbal “teve a ver” apresenta, no contexto, o sentido de “relacionar-


-se”. Vejam como é possível fazer a substituição: “A queda do crescimento da economia
dos EUA relacionou-se a três fatores...”. Portanto, a substituição pela forma simples “viu”
(verbo “ver”) acarreta incorreção gramatical e incoerência no texto.

Gabarito: Errado.

II. O uso do tempo e modo verbais em “serão” (linha 4) sugere hipótese, possibilidade
na declaração, incerteza de que isso venha a acontecer.

Comentário: A forma verbal “serão” está conjugada no futuro do presente do indicativo,


modo que indica realidade, certeza. Haveria a indicação de hipótese, possibilidade, se fosse
empregado o subjuntivo.

Gabarito: Errado.

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VOZES VERBAIS

Outro assunto que sempre se faz presente nas provas da ESAF são as vozes
verbais. De acordo com o sujeito, as vozes verbais tripartem-se em ativa, passiva e
reflexiva.

a) Ativa – ocorre quando a ação verbal for praticada pelo sujeito do verbo.

Exemplo: O funcionário vendeu o carro.

No exemplo acima, o sujeito o funcionário praticou a ação de vender. Logo, é


agente.

b) Passiva – ocorre quando a ação verbal for sofrida pelo sujeito do verbo.

Exemplos: O carro foi vendido pelo funcionário.

No exemplo acima, o sujeito o carro não exerce a ação de vender, é o


elemento paciente.

A voz passiva subdivide-se em:

a) Analítica – formada pela estrutura:

verbo(s) auxiliar(es) + verbo principal no PARTICÍPIO

locução verbal de voz passiva.

Exemplo: O carro foi vendido pelo funcionário.


loc. verbal
de voz
passiva

No exemplo acima, o carro sofre a ação de ser vendido. Temos, então, a voz
passiva analítica, obtida com a locução verbal de voz passiva foi vendido.

b) Sintética – sempre ocorrerá com a estrutura a seguir:

VERBO TRANSITIVO DIRETO + SE (partícula apassivadora)

Exemplos:

Vendeu-se o carro.
VTD pron.
apassivador

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No exemplo acima, o sujeito o carro sofre a ação de ser vendido. Logo, é


sujeito paciente.
Na voz passiva sintética, a intenção é omitir o agente da passiva, o
componente que exerce a ação.

Venderam-se os carros.
VTD pron.
apassivador

Notem que, no exemplo acima, a forma verbal venderam concorda,


obrigatoriamente, em número plural com o sujeito paciente os carros. Equivale dizer
que os carros foram vendidos.

Exemplo:

Venderam os carros.
objeto direto

(sujeito indeterminado)

No exemplo acima, o sujeito é indeterminado. A forma verbal venderam é


transitiva direta, razão pela qual o elemento os carros é objeto direto.

Exemplo:

Venderam-se os carros.
sujeito

Com o acréscimo da partícula apassivadora SE, o termo que antes


desempenhava a função de objeto direto passará a desempenhar a função de
sujeito. Sendo, assim, a concordância do verbo com este elemento é obrigatória.
Como o núcleo do sujeito os carros está no plural, o verbo vender também foi
flexionado nesse número (plural).

A TRANSPOSIÇÃO DE VOZ VERBAL

 DA ATIVA PARA PASSIVA:

1º) o objeto direto da ativa torna-se sujeito da passiva;


2º) o tempo verbal da voz ativa permanece inalterado na voz passiva;
3º) o sujeito da ativa torna-se agente da passiva.

Vejam a transposição:

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O funcionário vendeu o carro.


sujeito VTD OD

O carro foi vendido pelo funcionário.


sujeito loc. verbal de agente da passiva
voz passiva

Uma dica que ajuda a eliminar muitas opções é a seguinte: a voz ativa
sempre terá um verbo a menos do que a voz passiva analítica.

Exemplo:

Voz ativa: O funcionário vendeu o carro. (um verbo)

Voz passiva: O carro foi vendido pelo funcionário. (dois verbos)

Dica estratégica!

 A transposição de voz verbal (da ativa para a passiva) somente será


possível quando o verbo da ativa assumir transitividade direta (VTD) ou
transitividade direta e indireta (VTDI).

Exemplo:

Voz ativa: O funcionário vendeu o carro.


sujeito VTD objeto direto

Voz passiva: O carro foi vendido pelo funcionário.


sujeito loc. verbal de agente da passiva
voz passiva

Voz ativa: O rapaz deu flores à esposa.


sujeito VTDI OD OI

Voz passiva: As flores foram dadas pelo rapaz à esposa.


sujeito loc. verbal de agente da passiva OI
voz passiva

Entretanto, se, na voz ativa, houver objeto direto preposicionado, não


haverá a transposição de voz verbal. Nessa hipótese, a partícula SE será
denominada índice de indeterminação do sujeito, levando o verbo à terceira
pessoa do singular.

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Exemplo: Louva-se a Deus.  sujeito indeterminado


VTD objeto direto
preposicionado

Índice de indeterminação
do sujeito

Igualmente será vedada a transposição de voz verbal com verbos cuja


transitividade seja indireta (VTI), intransitiva (VI) ou de ligação (VL). Nesses
casos, a partícula SE também será denominada índice de indeterminação do
sujeito, levando o verbo à terceira pessoa do singular.

Exemplos:

Precisa-se de empregados.  sujeito indeterminado


VTI objeto indireto

Índice de indeterminação
do sujeito

Morre-se de tédio nos Alpes.  sujeito indeterminado


VI adj. adv. adj. adv.
de causa de lugar

Índice de indeterminação
do sujeito

No Rio de Janeiro, é-se feliz.  sujeito indeterminado


adjunto adverbial predicativo
de lugar do sujeito

VL

Índice de indeterminação
do sujeito

A partícula SE (índice de indeterminação do sujeito) aparecerá com verbos


transitivos indiretos, intransitivos, de ligação ou transitivos diretos cujos objetos diretos
sejam preposicionados. Nestes casos, os verbos permanecerão sempre na terceira pessoa
do singular.

a) verbo transitivo indireto (verbo que exige, obrigatoriamente, o emprego de preposição


antes de seu complemento, chamado objeto indireto):

Precisa-se de empacotadores.
VTI I.I.S. OI

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Os verbos transitivos indiretos mais recorrentes em provas são: precisar, necessitar,


obedecer, desobedecer, aludir, anuir, referir-se, tratar-se.

Trata-se de problemas particulares.


VTI I.I.S. OI

Aludiu-se a diversas questões.


VTI I.I.S. OI

b) verbo intransitivo (verbo de sentido completo):

Vive-se bem no Rio de Janeiro.


VI I.I.S. adj. adv. adjunto adverbial

c) verbo de ligação:

É-se feliz no Rio de Janeiro.


VL I.I.S. pred. suj. adjunto adverbial

d) verbo transitivo direto em que haja objeto direto preposicionado, ou seja, quando a
preposição não é regida pela forma verbal:

Comeu-se do bolo.
VTD I.I.S. ODP

Dica estratégica!

Na frase “Comeu-se do bolo.”, a preposição “de” não é exigida pelo verbo “comer”,
sendo empregada tão somente para a contribuição do sentido: alguém (que não é possível
identificar) comeu parte do bolo.
Conforme estudamos acima, não será admitida a transposição de voz verbal quando
houver objeto direto preposicionado.

Notem, ainda, que a retirada da preposição “de” alteraria sintática e semanticamente


a estrutura da frase:

Comeu-se do bolo. (sujeito indeterminado: Comeu parte do bolo.)

índice de indeterminação do sujeito

Comeu-se o bolo. (sujeito: “o bolo” - voz passiva sintética – O bolo foi comido.)

pronome apassivador

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Importante!

A partícula “SE” também pode ser classificada como:

- Conjunção Condicional – Se você estudar, logrará êxito no concurso.

- Conjunção integrante – Não sei se você virá. (= Não sei isso.)

SE - Pronome reflexivo - Roberto feriu-se com a faca.


(O sujeito “Roberto”, concomitantemente, pratica e sofre a ação de “ferir-se”)

- Partícula de realce – Manuela brigou com o marido e foi-se embora de casa.


(O “se” pode ser retirado sem prejuízo para a frase: Manuela brigou com o marido e
foi embora de casa.)

A partícula SE pode ser classificada, ainda, como parte integrante do verbo (PIV).

Exemplo: Queixou-se da prova.


VTI PIV OI

Alguns alunos sempre me perguntam: “Professor, como saberei se a partícula SE é


parte integrante do verbo ou índice de indeterminação do sujeito?”.
Amigos e amigas, há um método prático: para diferençar as formas, tentem encaixar
o substantivo “João” antes do verbo. Se a frase não fizer sentido ou se este for alterado, a
partícula SE será índice de indeterminação do sujeito. Por outro lado, se a frase fizer
sentido, a partícula será parte integrante do verbo. Vamos visualizar na prática.

Exemplos:
Precisa-se de cozinheiro.

Queixou-se da prova.

Nos exemplos acima, ambos os verbos são transitivos indiretos, ou seja, exigem
objeto indireto como complemento. Tendo essa noção, tentaremos encaixar o substantivo
“João” nas frases.

(João) Precisa-se de cozinheiro.

Percebemos que, ao inserir o substantivo “João” no período acima, a frase não faz
sentido. Logo, a partícula SE é índice de indeterminação do sujeito.

Precisa-se de cozinheiro.
VTI I.I.S. OI

(João) Queixou-se da prova.

No período acima, a inserção do substantivo “João” não alterou o sentido da frase.


Logo, a partícula SE é parte integrante do verbo.

Queixou-se da prova.
VTI PIV OI

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Outros exemplos:
Necessita-se de dinheiro.

Desculpou-se do ocorrido.

Novamente, nos exemplos acima, ambos os verbos são transitivos indiretos, ou


seja, exigem objeto indireto como complemento. Assim, tentaremos encaixar o substantivo
“João” nas frases.

(João) Necessita-se de dinheiro.

Percebemos que, ao inserir o substantivo “João” no período acima, a frase não faz
sentido. Logo, a partícula SE é índice de indeterminação do sujeito.

Necessita-se de dinheiro.
VTI I.I.S. OI

(João) Desculpou-se do ocorrido.

No período acima, a inserção do substantivo “João” não alterou o sentido da frase.


Logo, a partícula SE é parte integrante do verbo.

Desculpou-se do ocorrido.
VTI PIV OI

Outros exemplos:
Vive-se bem aqui.

Sentou-se na cadeira rapidamente.

Nos exemplos acima, ambos os verbos são intransitivos. Tendo essa noção,
tentaremos encaixar o substantivo “João” nas frases.

(João) Vive-se bem aqui.

Percebemos que, ao inserir o substantivo “João” no período acima, a frase não faz
sentido. Logo, a partícula SE é índice de indeterminação do sujeito.

Vive-se bem aqui.


VI I.I.S. adjuntos adverbiais

(João) Sentou-se na cadeira rapidamente.

No período acima, a inserção do substantivo “João” não alterou o sentido da frase.


Logo, a partícula SE é parte integrante do verbo.

Sentou-se na cadeira rapidamente.


VI PIV adj. adv. adj. adv.

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 DA PASSIVA PARA A ATIVA:

1º) o agente da passiva torna-se sujeito da ativa;


2º) o tempo verbal da voz passiva permanece inalterado na voz ativa;
3º) o sujeito da passiva torna-se objeto direto da ativa.

Vejam a transposição:

O carro foi vendido pelo funcionário.


sujeito loc. verbal de agente da passiva
voz passiva

O funcionário vendeu o carro.


sujeito VTD OD

Uma dica que ajuda a eliminar muitas opções é a seguinte: a voz passiva
analítica sempre terá um verbo a mais do que a voz ativa.

Exemplo:

Voz passiva: O carro foi vendido pelo funcionário. (dois verbos)

Voz ativa: O funcionário vendeu o carro (um verbo)

c) Reflexiva – ocorre quando a ação verbal é, ao mesmo tempo, pratica e sofrida


pelo sujeito do verbo.

Exemplo: Roberto feriu-se com a faca. (O sujeito “Roberto”, concomitantemente,


pratica e sofre a ação de “ferir-se”)

Na voz reflexiva, a forma verbal vem acompanhada do pronome reflexivo


SE (equivalente à expressão a si mesmo), o qual será objeto do verbo:

É o que ocorre em “Roberto feriu-se (= a si mesmo) com a faca”.

pronome reflexivo

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23. (ESAF-2006/MTE-Adaptada) Analise a proposição de acordo com as estruturas do


texto.

A relação conflituosa entre fazendeiros e colonos, aliada à crescente dificuldade de


importação de escravos negros da África a partir da década de 60, exige que se use a mão
de obra nativa, forçando-a ao trabalho na lavoura. Os fazendeiros também reclamavam uma
legislação que permitisse garantias dos investimentos na mão-de-obra, do cumprimento dos
contratos, da repressão às greves e, ainda, que lhes propiciasse adequada produtividade. A
promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, sinalizando a abolição da escravidão, criou
as condições para uma legislação que, ao mesmo tempo em que fazia a regulação
minuciosa da contratação do trabalho livre, previa a obrigação de o homem livre contratar,
como mecanismo de combate à vadiagem.
(Sidnei Machado-http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/article/viewPDFInterstitial/1766/1463)

I. A substituição de “se use” (linha 2) por seja usada mantém a correção gramatical
do período.

Comentário: No trecho “exige que se use mão de obra nativa”, há uma estrutura de voz
passiva sintética, formada pela partícula “se” e pelo verbo transitivo direto “usar”. Por sua
vez, o substantivo composto “mão de obra” (grafado sem hífen após o Novo Acordo
Ortográfico) exerce a função de sujeito paciente (aquele que sofre a ação verbal). No
contexto, a partícula “se” ficou antes do verbo por uma exigência gramatical, qual seja, a
presença da conjunção integrante “que”. Veremos isso mais detidamente nos estudos da
colocação pronominal.
Conforme orientação do examinador, ao substituir a expressão “se use” por “seja
usada”, migraremos da voz passiva sintética para a passiva analítica, aquela formada pelo
verbo “ser”, seguido do particípio. Portanto, é correto fazer a substituição: “exige que seja
usada a mão de obra”. Reparem, ainda, que houve a manutenção do tempo verbal:

“use” (que se use) :: presente do subjuntivo


“seja” (que seja usada) :: presente do subjuntivo

Gabarito: Certo.

24. (ESAF-2006/ENAP-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise opção a seguir.

Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência da democracia quando escreveu:
“Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu
direito de dizê-las”. Ter ideias e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros
indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Afinal, o
que se combate são as ideias do outro e não sua pessoa.

(Adaptado de Alfredo Ruy Barbosa, Jornal do Brasil, 11/03/2006)

I. A substituição de “se combate” (linha 5) por era combatido mantém a correção


gramatical e as informações originais do período.

Comentário: Na transposição de vozes verbais, devemos ter a máxima atenção para que
seja mantido o tempo verbal. Em “o que se combate são as ideias do outro...”, a forma
verbal destacada está flexionada no presente do indicativo. Entretanto, na locução verbal de
voz passiva (analítica) “era combatido”, o verbo em destaque foi conjugado no pretérito
imperfeito do indicativo. Esse é o erro do item.

Gabarito: Errado.

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25. (ESAF-2006/ANEEL-Adaptada) Em relação ao texto, analise o item a seguir.

Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados manifestam-
se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo JK, que soube mobilizar
com maestria a herança de Vargas e elevar a auto-estima do povo brasileiro, realizou-se em
condições democráticas, com liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação,
que em 1956 foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A
Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao ano. Apesar das
pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já advogava o “equilíbrio fiscal” e o
Estado mínimo para o Brasil, e de setores conservadores da vida brasileira, JK conseguiu
elevar o PIB nacional em cerca de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por
um déficit de transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em
1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de solvência da
economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos
criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.
(Rodrigo L. Medeiros, com adaptações)
I. Em “manifestam-se” (linhas 1 e 2) o “se” é índice de indeterminação do sujeito.

Comentário: Analisando o contexto do trecho “seus resultados manifestam-se”,


percebemos que o sujeito do verbo “manifestar” é a expressão “seus resultados”. Sendo
assim, o sujeito é simples, e não indeterminado. Logo, a partícula “se” não pode ser índice
de indeterminação do sujeito. Então, qual a classificação correta? Amigos, o verbo
“manifestar” assume transitividade direta e traz uma ideia de passividade (os resultados são
manifestados). Logo, temos uma voz passiva sintética, e o “se” é pronome apassivador.

Gabarito: Errado.

26. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise


o item a seguir.
Os mercados financeiros entrara m em março assombrados pelo maior prejuízo trimestral
da história corporativa dos Estados Unidos – a perda de US$ 61,7 bilhões contabilizada
pela seguradora American International Group (AIG) no quarto trimestre de 2008. No ano, o
prejuízo chegou a US$ 99,3 bilhões. O Tesouro americano anunciou a disposição de injetar
mais US$ 30 bilhões na seguradora, já socorrida em setembro com dinheiro do contribuinte.
Na Europa, a notícia ruim para as bolsas foi a redução de 70% do lucro anual do Banco
HSBC, de US$ 19,1 bilhões para US$ 5,7 bilhões. Enquanto suas ações caíam 15%, o
banco informava o fechamento das operações de financiamento ao consumidor nos
Estados Unidos, com dispensa de 6.100 funcionários. Com demissões de milhares e perdas
de bilhões dominando o noticiário de negócios no dia a dia, os sinais de reativação da
economia mundial continuam fora do radar. E isso não é o pior. No fim do ano passado,
havia a esperança de se iniciar 2009 com a crise financeira contida. Se isso tivesse
acontecido, os governos poderiam concentrar-se no combate à retração econômica e ao
desemprego. Aquela esperança foi logo desfeita.
(O Estado de S. Paulo, 3/3/2009)

I. Em “concentrar-se” (linha 13), o “-se” indica sujeito indeterminado.

Comentário: Segundo o contexto, o sujeito do verbo “concentrar” está expresso: “os


governos”. Portanto, não há que se falar em índice de indeterminação do sujeito. No trecho
“os governos poderiam concentrar-se”, a forma em destaque é um pronome reflexivo, pois o
o sujeito pratica e sofre a ação verbal.

Gabarito: Errado.

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PRONOMES

Entramos na segunda parte de nossa aula. A partir de agora, estudaremos os


pronomes.
Amigos, pronome é a classe de palavras que serve para representar
(pronome substantivo) ou acompanhar (pronome adjetivo) um substantivo,
determinando-lhe a extensão do significado.

Dica para memorização:

Pronome Adjetivo  Acompanha o substantivo


Pronome Substantivo  Substitui o substantivo

Exemplos:

Essa porta está trancada. (“Essa” é pronome adjetivo, pois acompanha o


substantivo “porta”)

Aquela porta, João tentou abri-la, mas não conseguiu. (“Aquela” é pronome adjetivo,
pois acompanha o substantivo “porta”; “la” é pronome substantivo, pois substitui o
substantivo “porta”: João tentou abrir a porta, mas não conseguiu.)

CLASSIFICAÇÃO

Segundo a tradição gramatical, os pronomes são classificados em pessoais


(em que se incluem os pronomes de tratamento), possessivos, demonstrativos,
indefinidos, interrogativos e relativos.
Para efeito de prova da ESAF, interessam-nos os pronomes pessoais, de
tratamento, possessivos, demonstrativos e relativos.

PRONOMES PESSOAIS

Indicam as pessoas do discurso. Dividem-se em retos e oblíquos.

 Retos - são as pessoas do discurso.

1ª: eu (singular) / nós (plural)


2ª: tu (singular) / vós (plural)
3ª: ele (singular) / eles (plural)

Os pronomes pessoais retos funcionam, geralmente, como sujeito da oração.

Exemplos: Ontem eu estudei muito. (sujeito)


Tu serás aprovado no concurso. (sujeito)
Nós seremos aprovados. (sujeito)

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Dica estratégica!

Memorizem o seguinte: os pronomes EU e TU sempre exercerão a função de


sujeito.

Exemplos: Eu fui ao curso ontem.


Tu serás aprovado no concurso.

E por que eu disse que os pronomes pessoais geralmente desempenham a


função de sujeito? Porque os pronomes ELE(S)/ELA(S), NÓS, VÓS, além da
função de sujeito, podem desempenhar outras funções sintáticas.

Exemplos: Eles terminaram a prova há pouco. (sujeito)


É necessário entregar a prova a eles. (objeto indireto)

 Oblíquos – são pronomes que sempre desempenham o papel de


complemento (objeto direto, objeto indireto, complemento nominal etc).

Exemplos: Não o conheço. (objeto direto)


Aquela moça era essencial a ti. (complemento nominal)

Por sua vez, os pronomes oblíquos subdividem-se em:

Átonos – não possuem acento tônico e não são antecedidos por preposição:
me, te, se, o(s), a(s), lhe(s), nos, vos.

Exemplos: Entregue-me o documento.


Ao guarda, os cidadãos devem obedecer-lhe.

Importante para a ESAF!

Os pronomes oblíquos desempenham importante papel de coesão textual.

Exemplo: “Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhinho. Peguei-lhe dos


cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente (...)”

(Machado de Assis. In: Dom Casmurro)


No excerto acima, verificamos que:

- o pronome oblíquo “lhe” (“Peguei-lhe”) refere-se a “Capitu”, indicado uma ideia de


posse (Peguei os cabelos de Capitu = Peguei os cabelos dela.)
- o pronome oblíquo “os” (“colhi-os”) refere-se a cabelos;
- a forma pronominal “los” (“alisá-los”) também se refere a cabelos.

Nas duas últimas análises, as formas pronominais “os” e “los” remetem


semanticamente ao mesmo referente no texto: “cabelos”. A ESAF chama esse
processo de “cadeia de coesão textual”.

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Fiquem atentos ao seguinte à morfossintaxe:

- as formas pronominais o(s), a(s) somente desempenham a função de objeto


direto.

Exemplos: Não a conheço. (a = objeto direto)


Vi-os ontem. (os = objeto direto)

- as formas pronominais me, te, se, nos, vos podem ser usadas como objeto
direto ou objeto indireto.

Exemplos: O dono da festa convidou-me. (“convidar” = verbo transitivo direto; “me”


= objeto direto)
O professor deu-me uma explicação. (“dar” = verbo transitivo direto e indireto; “uma
explicação = objeto direto; “me” = objeto indireto)

- as formas me, te, lhe, nos, vos podem ser usadas em lugar dos pronomes
possessivos (ideia de posse), desempenhando a função de adjunto adnominal.

Exemplos: Acariciava-lhe as mãos. (Acariciava suas mãos.)


Observou-nos a fisionomia. (Observou nossa fisionomia.)

- a forma pronominal lhe(s) representa substantivos regidos das preposições a ou


para.

Exemplos:
Emprestei o livro ao aluno. (= Emprestei-lhe o livro. “lhe”  objeto indireto)
Emprestei o livro para o aluno. (= Emprestei-lhe o livro. “lhe”  objeto indireto)
Manuela foi fiel a ele durante o namoro. (= Foi-lhe fiel durante o namoro 
complemento nominal)

Tônicos - possuem acento tônico e são precedidos por preposição.


Sempre funcionam como complementos, sendo representados por mim, comigo, ti,
contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas.

Exemplos: Entregue o documento a mim.


Ao guarda, os cidadãos devem obedecer a ele.

As formas pronominais se, si e consigo são exclusivamente reflexivas, ou


seja, só podem ser usadas em relação ao próprio sujeito da oração.

Exemplos: João feriu-se.


Ele só pensa em si.
O advogado trouxe consigo um livro.

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Recapitulando...
Pronomes oblíquos
(sempre complementos)

Pessoas Pronomes retos Átonos Tônicos


sem preposição com
preposição

1ª Eu (sempre sujeito) me mim, comigo


singular

2ª Tu (sempre sujeito) te ti, contigo


3ª Ele/Ela o, a, lhe, se ele, ela
1ª Nós nos nós, conosco
plural

2ª Vós vos vós, convosco


3ª Eles/Elas os, as, lhes, se eles, elas

EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS

Um assunto que é de extrema relevância nas provas é o emprego dos


pronomes pessoais.

 Eu e Tu X Mim e Ti

Os pronomes eu e tu, normalmente, não aparecem antecedidos por


preposição. Neste caso, em regra, deveremos empregar os pronomes oblíquos mim
e ti.

Exemplos: Deram o doce para mim.


Nada mais há entre mim e ti.
Todos ficaram contra o juiz e mim. (Todos ficarão contra o juiz e (contra) mim.)

Dica estratégica!

Normalmente, a frase se apresenta na seguinte progressão:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO

Entretanto, a banca organizadora pode tentar confundi-los (isso não ocorrerá


com vocês!) .

Exemplos: Para eu, estudar isso é fácil. (errado)


Para mim, estudar isso é fácil. (correto)

Na ordem direta, teríamos “Estudar isso é fácil para mim”.

É impossível para eu ir à sua festa. (errado)


É impossível para mim ir à sua festa. (correto)

Na ordem direta, teríamos “Ir à sua festa é impossível para mim”.

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Entretanto, existem casos em que será admitido o emprego dos pronomes


EU e TU após preposições. Ainda assim, desempenharão a função de sujeito.

Exemplos: Deram o doce para eu comer. (eu = sujeito do verbo “comer”)


Entre eu pedir e você entender há uma grande diferença. (eu = sujeito do verbo
“pedir”)
Chegou uma ordem para tu viajares. (tu = sujeito do verbo “viajar”)
Trouxe um livro para tu leres. (tu = sujeito do verbo “ler”)

Com a preposição ATÉ, indicando direção, deveremos empregar as formas


oblíquas MIM e TI.

Exemplos: A moça veio até mim. (em direção a mim)


A moça veio até ti. (em direção a ti)

Se o vocábulo ATÉ denotar inclusão (palavra denotativa de inclusão),


deveremos empregar as formas EU e TU.

Exemplos: Todos passarão no concurso, até eu. (até = inclusive)


Todos passarão no concurso, até tu. (até = inclusive)

Notem que, nos exemplos acima, os pronomes eu e tu continuam


desempenhando a função de sujeito. Nesses casos, entretanto, a forma verbal está
implícita.

Exemplos: Todos passarão no concurso, até eu (passarei).


Todos passarão no concurso, até tu (passarás).

Aprendemos que os pronomes do caso reto “ele(s)/ela(s)”, em regra, não


funcionam como objeto.

Exemplos: Não vi ela. (errado)  é marca da linguagem coloquial, falada.


Não a vi. (correto)  em conformidade com o padrão culto escrito. O “a” é objeto
direto.

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Entretanto, se esses pronomes (“ele” e “ela”) estiverem precedidos de TODO


e SÓ (= apenas), desempenharão a função de complemento.

Exemplos: Recomendei só (= apenas) ele.


Convocaram todas elas.

É preciso chamar a atenção de vocês para o seguinte: quando o pronome


ele(s)/ela(s) exercer a função de sujeito, não haverá a contração com a preposição
de. Isso aparece frequentemente em provas.

Exemplos: Chegou a hora dos senadores falarem a verdade. (errado)


Chegou a hora de os senadores falarem a verdade. (correto)

27. (ESAF-2002/TCU-Adaptada) Analise o segmento abaixo quanto à ortografia


e morfologia.

I. O fato do patrimônio gerar empregos e receitas por meio do turismo não


abule o paradoxo de que nativos e visitantes se distanciam do fenômeno
cultural tanto quanto pessoas que, longe daquelas paragens, pouco valor
atribuem a heranças destituídas de familiaridade.

Comentário: O segmento acima apresenta alguns erros, a saber:

- “O fato do patrimônio gerar empregos”: “o patrimônio” exerce a função de sujeito


do verbo “gerar”. Uma das regras básicas de sintaxe (estudaremos em aulas
futuras) é que o sujeito não pode ser preposicionado. Nesse caso, está incorreta a
contração entre a preposição “de” e o artigo definido “o”. O certo é “O fato de o
patrimônio gerar empregos”.

- “não abule o paradoxo”: a forma em destaque nos remete ao verbo “abolir”.


Lembram-se das lições sobre verbos defectivos? Lá estava o verbo “abolir”.
Ah! Fabiano, não queremos decorar listas. Então, meus amigos, sempre que
houver dúvidas quanto à conjugação de uma forma verbal, recorram a um outro
verbo, tentando empregar o paradigma deste último. Por exemplo, o verbo “demolir”,
flexionado na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, apresenta-se sob a
forma “demole”. Aplicando a dica do paradigma, percebemos que a flexão correta
do verbo “abolir” na 3ª pessoa do singular é “abole”.

Corrigindo o período:

O fato de o patrimônio gerar empregos e receitas por meio do turismo não


abole o paradoxo de que nativos e visitantes se distanciam do fenômeno
cultural tanto quanto pessoas que, longe daquelas paragens, pouco valor
atribuem a heranças destituídas de familiaridade.

Gabarito: Errado.

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VERBOS, PRONOMES E ADAPTAÇÕES

a) Se o verbo for finalizado em som nasal (-M, -ÃO ou –ÕE), os pronomes o(s), a(s)
serão transformados em no(s), na(s), respectivamente.

Exemplos:
Quando encontrarem o material, tragam-no até mim. (tragam + o = tragam-no)
Sempre que meus pais têm roupas velhas, dão-nas as pobres. (dão + as = dão-nas)
Aquele rapaz põe-nos em situações embaraçosas. (põe + os = põe-nos)

b) Se a forma verbal terminar em R, S ou Z, essas terminações deverão ser


retiradas, mudando os pronomes o(s), a(s) para -lo(s), -la(s), respectivamente.

Exemplos:
Quando encontrarem as apostilas, deverão trazê-las até mim. (trazer + as = trazê-las)
As garotas ingênuas, o conquistador sedu-las com facilidade. (seduz + as = sedu-las)
Os estudantes temiam o novo diretor e resolveram desafiá-lo. (desafiar + o = desafiá-lo)

c) Se a forma verbal terminar em –MOS (1ª pessoa do plural), a terminação –s deve


ser retirada quando, na colocação enclítica (pronome átono após o verbo),
receberem pronomes átonos de mesma pessoa (nós).

Exemplos:
Encontramo-nos ontem à noite. (encontramos + nos = encontramo-nos)
Recolhemo-nos cedo todos os dias. (recolhemos + nos = recolhemo-nos)

Observação: Com o pronome lhe(s), o verbo não sofre alteração.

Exemplos:
“concedem às crônicas” – concedem-lhes
“faltar às crônicas” – faltar-lhes

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PRONOMES DE TRATAMENTO

São formas empregadas no trato com as pessoas, familiar ou


respeitosamente. Representam a 2ª pessoa do discurso (com quem se fala),
porém toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa (singular ou plural).
Exemplos:

Vossa Excelência saiu com vossos assessores. (errado)

Vossa Excelência saiu com seus assessores. (correto)

Vossa Majestade e vossos súditos venceram a guerra. (errado)

Vossa Majestade e seus súditos venceram a guerra. (correto)

Tratamento Abreviatura Para

Vossa Excelência V. Exa. altas autoridades e oficiais-generais

Vossa reitores de universidades


V. Maga.
Magnificência

Vossa Alteza V. A. príncipes e duques

Vossa Majestade V. M. reis e imperadores

Vossa monsenhores, cônegos, superiores


V. Revma.
Reverendíssima religiosos e sacerdotes

Vossa Eminência V. Emª. cardeais

Vossa Santidade V. S. papa

Vossa Senhoria V. Sª. demais autoridades e particulares

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Dica estratégica!

Os pronomes de tratamento devem ser precedidos de VOSSA (com quem


se fala), quando nos dirigimos diretamente à pessoa, e de SUA (de quem se fala),
quando falamos sobre a pessoa.

Exemplos:
Vossa Excelência discursou bem. (com quem se fala)
Vossa Excelência, Senhor deputado, pode ajudar-me? (com quem se fala)
Sua Excelência, a presidente Dilma, discursou bem. (de quem se fala)
Sua Excelência, o deputado, viajou. (de quem se fala)

UNIFORMIDADE DE TRATAMENTO

O pronome você é de tratamento informal e designa a 2ª pessoa do


discurso (com quem se fala), ainda que o verbo com ele concorde na forma de 3ª
pessoa. A falta de correlação dos respectivos pronomes possessivos e verbos é
considerada erro.
Quem não conhece a famosa propaganda da Caixa Econômica Federal ?

Vem para a Caixa você também.

Segundo o padrão culto escrito da língua, a propaganda acima está errada,


porque o verbo “vir” foi empregado na 2ª pessoa do singular. Porém, o correto seria
empregá-lo na 3ª pessoa:

Venha para a Caixa você também. (correto)

Por sua vez, o pronome tu designa a 2ª pessoa (com quem se fala),


devendo seus verbos e pronomes possessivos ser empregados em 2ª pessoa.
Considera-se erro a falta de correlação entre os pronomes possessivos e os
pessoais e os respectivos verbos.

Exemplo: Venha para a Caixa tu também.

Segundo o padrão culto escrito da língua, a propaganda acima está errada,


porque o verbo “vir” foi empregado na 3ª pessoa do singular. Porém, o correto seria
empregá-lo na 2ª pessoa para concordar com a forma pronominal “tu”:

Vem para a Caixa tu também. (correto)

Dica estratégica!

Tenham cuidado com o sujeito elíptico ou desinencial.

Exemplo: Se vieres à festa, traz teu irmão. (sujeito elíptico = tu  Se tu vieres à


festa, traz(e) teu irmão.)

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28. (ESAF-2006/ENAP) Em relação ao texto abaixo, analise a afirmação a seguir.

Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência da democracia quando escreveu:
“Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu
direito de dizê-las”. Ter ideias e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros
indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Afinal, o
que se combate são as ideias do outro e não sua pessoa.

(Adaptado de Alfredo Ruy Barbosa, Jornal do Brasil, 11/03/2006)

I. O emprego de segunda pessoa em “teu” concorda com o emprego de “dizes”.

Comentário: No discurso, é importante manter a uniformidade de tratamento. Segundo o


contexto, a forma verbal “dizes” está flexionada na 2ª pessoa do singular do presente do
indicativo. E como percebemos essa flexão? Por meio da desinência número-pessoal “-s”.
Portanto, o pronome possessivo “teu” foi corretamente empregado.

Gabarito: Certo.

PRONOMES POSSESSIVOS

Estritamente relacionados com os pronomes pessoais estão os pronomes


possessivos, pois estes indicam posse em relação às pessoas do discurso.

1ª pessoa: meu(s), minha(s), nosso(s), nossa(s)


2ª pessoa: teu(s), tua(s), vosso(s), vossa(s)
3ª pessoa: seu(s), sua(s)

Exemplos: Aqueles óculos são meus.


Os livros são seus?

Em termos de prova, é importante que vocês saibam que o emprego dos


possessivos de terceira pessoa seu(s), sua(s) pode gerar ambiguidade na frase.

Exemplos: José, Pedro levou o seu chapéu. (frase ambígua)


João ficou com Maria em sua casa. (frase ambígua)

Nos exemplos acima, temos duas frases ambíguas, isto é, em “José, Pedro
levou o seu chapéu.”, não é possível identificar a quem pertence o “chapéu“, ao
passo que em “João ficou com Maria em sua casa”., a posse da “casa” pode ser
atribuída tanto a “João” quanto a “Maria”.

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Para evitar esse vício de linguagem (a ambiguidade), apresento a vocês duas


alternativas:

1ª) acrescentar os termos reforçativos dele(s), dela(s).

Exemplos: José, Pedro levou o seu chapéu dele. (o chapéu é de Pedro)

Com o acréscimo do termo reforçativo dele (contração da preposição “de” + o


pronome “ele”), eliminou-se a ambiguidade. Logo, o chapéu pertence a “Pedro”.

João ficou com Maria em sua casa dela. (A casa pertence a Maria)

Com o acréscimo do termo reforçativo dela (contração da preposição “de” + o


pronome “ela), eliminou-se a ambiguidade. Logo, a casa pertence a “Maria”.

Estranharam as construções acima? Pois é, mas ambas estão corretíssimas.

Há, ainda, uma outra opção (mais usual):

2ª) trocar o pronome possessivo seu(s), sua(s) pelos elementos dele(s), dela(s).

Exemplos: José, Pedro levou o chapéu dele. (o chapéu é de Pedro)


João ficou com Maria na casa dela. (A casa pertence a Maria)
Nos exemplos acima, foram retirados os pronomes possessivos “seu” e “sua”,
e foram acrescidos os elementos “dele” e “dela”, respectivamente. Assim, eliminou-
-se a ambiguidade das construções.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Os pronomes demonstrativos situam os seres no tempo e no espaço, em


relação às pessoas do discurso. São os pronomes isto, isso, aquilo, este(s),
esse(s), aquele(s), esta(s), essa(s), aquela(s).

Exemplos:
Esta caneta é do curso. (A caneta está próxima ao falante - quem fala)
Essa caneta é sua. (A caneta está próxima ao ouvinte – com quem se fala)
Aquela caneta é da Samara. (A caneta está distante do falante e do ouvinte - de
quem se fala)

EMPREGO DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

É importante que vocês saibam empregar corretamente os pronomes


demonstrativos, pois eles desempenham papel importante de coesão textual.

- Esse, essa, isso (referência anafórica) - para situar o que já foi expresso.

Exemplos: Azul e verde, essas são as cores de que mais gosto.

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Na frase acima, o pronome demonstrativo “essas” retoma as cores “azul” e


“verde”. Por isso, dizemos que é um pronome anafórico, ou seja, resgata um
elemento que já havia sido mencionado na superfície textual.

Para memorizar: Referência Anafórica  retoma o que foi dito Antes.

- Este, esta, isto (referência catafórica) - para situar o que ainda será expresso.

Exemplos: As cores de que mais gosto são estas: azul e verde.

Na frase acima, o pronome demonstrativo “estas” introduz as cores “azul” e


“verde”, que ainda serão citadas. Por isso, dizemos que é um pronome catafórico,
ou seja, refere-se a elemento(s) que ainda não foi/foram mencionado(s) na
superfície textual.

- Este, esta, isto - em referência a um termo imediatamente anterior.

Exemplos: O fumo é prejudicial à saúde, e esta deve ser preservada.

No período acima, o pronome demonstrativo “esta” retoma o substantivo


“saúde”, evitando sua repetição desnecessária no contexto.

- Este(s), esta(s) e isto – em relação ao que foi mencionado por último, e


aquele(s), aquela(s), aquilo, em relação ao que foi nomeado em primeiro lugar,
diferenciando os elementos anteriormente citados na superfície textual.

Exemplo: José de Alencar e Machado de Assis são importantes escritores


brasileiros; este (Machado de Assis) escreveu Dom Casmurro; aquele (José de
Alencar), Iracema.

Os pronomes demonstrativos podem, ainda, indicar marcação temporal.

- Tempo presente em relação ao falante: empregam-se este, esta e isto.

Exemplo: Este ano pretendo passar no concurso.

- Tempo passado ou futuro próximos em relação ao falante: empregam-se esse,


essa e isso.

Exemplo: Esses anos vindouros serão excepcionais em termos de concursos


públicos.

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- Tempos muito distantes em relação ao falante: empregam-se aquele(s), aquela(s)


e aquilo.

Exemplo: Naquela época eu estudava muito.

Os pronomes oblíquos o, a, os, as equivalerão a aquele(s), aquela(s),


aquilo quando estiverem apostos ao pronome relativo que e à preposição de.

Exemplos: Não concordo com o que ele falou. (= Não concordo com aquilo que ele
falou.)
Sua camisa é igual à da vitrine. (= Sua camisa é igual àquela da vitrine.)

No último exemplo acima, houve a fusão entre a preposição “a” e o “a” inicial
do pronome demonstrativo “aquela”. Graficamente, esse fenômeno, conhecido
como crase, é representado por meio do emprego do acento grave. Veremos isso
mais detidamente na aula oportuna.

É importante chamar a atenção de vocês para a existência de dois tipos de


coesão referencial: a exofórica e a endofórica.

- Exofórica (ou dêitica) – ocorre quando o referente está fora da superfície textual,
ou seja, faz parte da situação comunicativa (extratextual).

Exemplos: Porque será que ele não chegou ainda?

O termo “ele”, sem uma referência específica, não possibilita que o leitor
faça a inferência sobre a pessoa de quem se fala. Por isso, o pronome ele, no
contexto em que se encontra, é dêitico.

Lá é muito quente.

O advérbio “Lá”, sem demonstrar o lugar no texto, não situa o leitor acerca do
espaço a que se refere. Sendo assim, o advérbio lá, no contexto em que está
inserido, exerce função dêitica (ou díctica).

- Endofórica: ocorre quando o referente se encontra expresso no texto


(intratextual).

Exemplos:

João disse que estava a caminho. Por que será que ele não chegou ainda?
(ele refere-se a João)

Nas férias, viajei para Mato Grosso do Sul. Lá é muito quente.


(Lá refere-se a Mato Grosso do Sul)

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29. (ESAF-2009/SEFAZ-SP-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise a


proposição.

É importante notar que a taxa de juros anual média de 141,12% é escandalosa para o
Brasil, cuja inflação anual é estimada em torno de 6,5%. A redução dos juros que se
verificou em dezembro certamente não reflete as mudanças que beneficiaram os bancos
(redução do compulsório e ligeira melhora na captação de recursos), mas apenas a menor
procura por crédito. A discreta queda dos juros não deve aumentar a procura por crédito
pelas pessoas físicas que estão conscientes de que não é o momento de se endividar, nem
favorecerá uma redução da inadimplência. No máximo, interessará às pessoas jurídicas que
buscam crédito de curtíssimo prazo ou financiamentos para exportação, embora as
facilidades oferecidas pelo Banco Central tenham um custo muito elevado. Sabe-se que
uma redução da taxa Selic nunca repercute plenamente nas taxas de juros dos bancos,
que, sob o pretexto da elevação da inadimplência, aumentaram os seus spreads (diferença
entre a taxa de captação e de aplicação). O governo está tentando obter uma redução
desse spread, até agora sem grande sucesso. Para uma redução sensível das taxas de
juros, duas medidas seriam necessárias: reduzi-las nos bancos públicos (Caixa Econômica
e Banco do Brasil) e, especialmente, em função de uma taxa Selic menor, reduzir o
interesse dos bancos em aplicar seus excedentes de caixa em títulos da dívida mobiliária
federal, que oferecem juros elevados e total garantia.

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 16/1/2009)

I. Em “reduzi-las” (linha 14), o pronome “-las” retoma o antecedente “medidas”


(linha 14).

Comentário: Esse tipo de questão é muito recorrente nas provas da ESAF. Então, é
preciso ter bastante atenção.
Os pronomes oblíquos desempenham um importante papel na coesão textual. Isso
ocorre com forma pronominal “las”. Ela evita a repetição da expressão “taxas de juros”,
retomando-a por meio do processo anafórico:

“Para uma redução sensível das taxas de juros, duas medidas seriam necessárias: reduzir
as taxas de juros nos bancos públicos...”

“Para uma redução sensível das taxas de juros, duas medidas seriam necessárias: reduzi-
-las nos bancos públicos...”

E por que o pronome oblíquo “a” se transformou em “las”? Devido à terminação “R”
do verbo “reproduzir”: reproduzir + as = reproduzi-las.

Gabarito: Errado.

30. (ESAF-2010/MTE-Adaptada) Em relação ao texto, analise a proposição a seguir.

Tão logo a catástrofe do terremoto no Haiti requisitou uma ação coletiva mundial, com
inúmeros atores envolvidos na ajuda humanitária – países, organizações não
governamentais, empresas e os milhares de anônimos e famosos –, a situação caótica do
país devastado impôs um desafio: a quem caberá a organização das próximas etapas de
reconstrução do país mais pobre do Ocidente? Como coordenar a ajuda que vem de todos
os cantos do planeta? Como estabelecer um plano viável de recuperação da infraestrutura e
das instituições haitianas? O Haiti, que já vivia uma situação fragilíssima, de extrema
miséria – 80% da sua população está abaixo da linha da pobreza e sobrevive com menos

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de US$ 2 diários (por volta de R$ 108 ao mês) – entrou em colapso. Como era de se
esperar, com porto, aeroporto e estradas arruinados ou semidestruídos, com a escassez de
água, alimentos e remédios, iniciaram-se ondas de saques, e o próprio governo local
transferiu a administração da crise para outros países e instituições.

(Jornal do Brasil, Editorial, 18/01/2010)

I. A expressão “país mais pobre do Ocidente” (linha 5) é elemento de uma cadeia de


coesão textual, pois retoma os antecedentes “país devastado” (linha 4) e “Haiti”
(linha 1).

Comentário: A cadeia de coesão textual nada mais é do que um recurso utilizado no texto
para que elementos remetam semanticamente a outros componentes textuais. Analisando o
contexto, percebemos que a expressão “país mais pobre do Ocidente” faz referência
anafórica (ao que já foi citado) aos antecedentes “país devastado” e “Haiti”. Dessa forma,
fazemos referência a esses elementos, evitamos a repetição desnecessária de palavras na
superfície textual.

Gabarito: Certo.

31. (ESAF-2010/CVM) Em relação aos elementos coesivos do texto, assinale a opção


correta.

Hoje não há mais dúvida a respeito do aquecimento global e de outros problemas gerados
pelo consumo de energia e pela industrialização. Não se pode deter o desenvolvimento e
não se pode mantê-lo sem aumento do consumo global de energia. A principal fonte de
energia hoje são os combustíveis fósseis e o maior vilão dessa história é a emissão de CO2
na atmosfera (embora não seja o único). Parece irreversível a tendência à sua redução pela
adoção de novas e mais eficientes tecnologias e fontes de energia. Acabar drasticamente e
de imediato com as emissões de CO2 e com a utilização de combustíveis fósseis não é
possível. Por outro lado, adotar novas tecnologias que aumentem ou estimulem ainda mais
o seu consumo, nem pensar. O século XX viu a consolidação da Era do Petróleo, motor do
desenvolvimento mundial desde o final do século XIX até hoje, no começo do século XXI.
Esse ciclo de predominância do petróleo deve ser aos poucos substituído por um
predomínio do gás natural, junto com, ou antecedendo, um período de aumento de
variedade das fontes de energias e ganho das energias naturais e renováveis (sempre
como complementares), do hidrogênio e finalmente da energia atômica.

(Pergentino Mendes de Almeida http://www.correiocidadania.com. br/content/view/4881/9/,


acesso em 29/10/2010)

a) Em “mantê-lo” (linha 3), o pronome “-lo” retoma o antecedente “consumo” (linha 2).
b) A expressão “dessa história” (linha 4) retoma o antecedente “consumo global de energia”
(linha 3).
c) Em “seu consumo” (linha 9) “seu” refere-se a “combustíveis fósseis” (linha 7).
d) Em “sua redução” (linha 5) “sua” refere-se a “industrialização ” (linha 2).
e) A expressão “Esse ciclo” (linha 11) retoma o antecedente “começo do século XXI”
(linha 10).

Comentário: A referência correta encontra-se na opção (C). A expressão “seu consumo”


retoma o elemento textual “combustíveis fósseis”. Notem que o pronome possessivo “seu”

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não gera ambiguidade no período, auxiliando no processo de referência anafórica


(referindo-se ao que já foi citado no texto).
Vejamos os erros das demais opções:

A) Errada. Segundo o contexto, percebemos que a forma pronominal “lo” refere-se ao


“desenvolvimento” (linha 2).
B) Errada. Nesta opção, a expressão “essa história” retoma o excerto “A principal fonte de
energia hoje são os combustíveis fósseis” (linhas 3 e 4).
D) Errada. O vocábulo “redução” refere-se à “emissão de CO2” (linha 4).
E) Errada. A expressão “Esse ciclo” retoma o segmento “Era do Petróleo” (linha 9).

Gabarito: C.

32. (ESAF-2012/CGU-Adaptada)

O Brasil vive uma situação intrigante: enquanto a economia alterna altos e baixos, a taxa de
desemprego cai de forma consistente. Uma das possíveis causas é a redução do
crescimento demográfico, que desacelera a expansão da população apta a trabalhar. Com
menos pessoas buscando uma ocupação, a taxa de desemprego pode cair mesmo com o
baixo crescimento. Isso é bom? Depende. Por um lado, a escassez de mão de obra reduz o
número de desempregados e aumenta a renda. Por outro, eleva os custos e reduz a
competitividade das empresas, o que pode levá-las a demitir para reequilibrar as contas. É
uma bomba-relógio que só pode ser desarmada com o aumento da produtividade – para
manter o emprego, os trabalhadores precisarão ser treinados para produzir mais.

(Adaptado de Ernesto Yoshida, Outro ângulo. Exame, ano 46, n. 7,18/4/2012)

I. Provoca-se erro gramatical, com consequente incoerência textual, ao alterar as


relações de coesão no texto, inserindo o termo desse desemprego depois de
“causas” (linha 2).

Comentário: A inserção do termo “desse desemprego” depois de “causas” (linha 2)


acarreta incoerência textual. Inicialmente, o autor transmitiu a informação de que “a taxa de
desemprego cai de forma consistente”. Por isso, incluir a expressão “desse desemprego”
seria contraditório, prejudicando as ideias do texto. Sendo assim, essa locução poderia ser
substituída, por exemplo, pelo termo “dessa queda”, referindo-se ao excerto “a taxa de
desemprego cai de forma consistente”, desempenhando, inclusive, um importante papel
coesivo na superfície textual.

Gabarito: Certo.

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PRONOMES RELATIVOS

Os pronomes relativos referem-se a um termo anterior, chamado


antecedente, estabelecendo uma relação de subordinação entre as orações
(sempre iniciam orações subordinadas adjetivas).
Os pronomes relativos são:
Pronome Exemplos

QUE - empregado com o intuito de substituir Roubaram a peça que era rara no
um substantivo (pessoa ou coisa), evitando Brasil. (= a peça)
sua repetição na frase.
Observação: pode sempre ser substituído Roubaram a peça a qual era rara no
por o qual (e flexões). Brasil.

QUAL (e variações) - refere-se a coisas ou Os assuntos sobre os quais


pessoas, sendo sempre antecedido de conversamos estão resolvidos. (= os
artigo, que concorda em gênero e número assuntos)
com o elemento antecedente. Meu irmão comprou a lancha sobre a
qual eu falei a você. (= a lancha)

QUEM - refere-se a pessoas (ou coisas As pessoas, de quem falamos ontem,


personificadas) e geralmente aparece não vieram. (= as pessoas)
precedido de preposição, inclusive
quando funcionar como objeto direto. Nesse A garota, a quem conheci há duas
último caso, passará à condição de objeto semanas, está em minha sala. (= a
direto preposicionado. garota)

Observação: Quando o pronome QUEM Foi ele quem me disse a verdade.


exercer a função de sujeito, não virá (= Foi ele o que me disse a verdade.)
precedido de preposição. Isso só ocorrerá
quando o pronome “quem” puder ser Quem com ferro fere com ferro será
substituído por pronome demonstrativo (o, a, ferido.
os, as, aquele, aquela, aqueles, aquelas), (= Aquele que com ferro fere com ferro
acrescido do pronome relativo que. Nesses será ferido.)
casos, o pronome “quem” será denominado de
pronome relativo indefinido.

ONDE - este pronome tem o mesmo valor Eu conheço a cidade em que sua
de em que ou no qual (e flexões). Se a sobrinha mora.
preposição “em” for substituída pela Eu conheço a cidade na qual sua
preposição “a” ou pela preposição “de”, sobrinha mora.
Eu conheço a cidade onde
substituiremos, respectivamente, por aonde sua
e de onde (ou donde). sobrinha mora.
Eu conheço a cidade aonde sua
O pronome onde só deve ser usado quando sobrinha foi.
houver referência a lugar. Eu conheço a cidade de onde (ou
donde) sua sobrinha veio.

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Pronome Exemplos

QUANTO - sempre antecedido de tanto, Fale tudo quanto quiser falar.


tudo, todos (e variações), concordando Traga todos quantos quiser trazer.
com esses elementos. Beba todas quantas quiser beber.

COMO - antecede as palavras maneira, Este é o modo como se deve estudar


modo e forma. para o concurso.
Aquela é a forma como se praticam
os exercícios.

CUJO - tal como os pronomes relativos, Antipatizei com o rapaz cuja


refere-se a um antecedente, mas concorda namorada você conhece.
(em gênero e número) com o consequente.
Esse pronome indica valor de posse (algo A árvore cujos frutos são venenosos
de alguém) e não aceita artigo anteposto ou foi derrubada.
posposto.

Importante!

Quando um elemento da oração (nome ou verbo) reger preposição, esta


antecederá os pronomes relativos.

Exemplos:
As condições básicas de saúde, de que a população se mostra carente, deveriam
ser oferecidas pelo governo.
Eu conheço a cidade em que sua sobrinha mora.
Eu conheço a cidade aonde sua sobrinha foi.
O artista de cuja obra eu falara morreu ontem.
As pessoas em cujas palavras acreditei estão presas.

33. (ESAF-2005/STN-Adaptada) A respeito de aspectos linguísticos do trecho abaixo,


analise a proposição a seguir.

Só mais tarde alcancei compreender que a inteligência pode trabalhar até ao fim
inteiramente alheia aos graves problemas religiosos que confundem o pensador que os
quer resolver segundo a razão, se nenhum choque exterior veio perturbar para ela solução
recebida na infância. A dúvida não é sinal de que o espírito adquiriu maior perspicuidade, é
às vezes um simples mal-estar da vida.
(Joaquim Nabuco, Minha formação)

I. Os dois primeiros quês do texto, em “que a inteligência” (linha 1) e em “que


confundem” (linha 2) são ambos pronomes relativos.

Comentário: A questão exigiu a diferenciação dos “quês”. Na segunda ocorrência, há a


retomada da expressão “graves problemas religiosos”, evitando sua repetição no texto.

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Portanto, temos um pronome relativo. Conforme estudamos nas lições, toda oração iniciada
por um relativo é classificada como oração subordinada adjetiva (o assunto classificação
das orações será estudado em aula futura).
Na primeira ocorrência, porém, não há referência ao elemento anterior. O excerto
“que a inteligência pode trabalhar ...” é complemento do verbo “compreender”, sendo
classificado como uma oração subordinada substantiva objetiva direta, iniciada pela
conjunção integrante “que”. Para facilitar a visualização, o trecho iniciado por esse conectivo
pode ser substituído pelo pronome demonstrativo “isso”: “Só mais tarde alcancei
compreender que a inteligência pode trabalhar...” :: “Só mais tarde alcancei compreender
isso...”

Gabarito: Errado.

34. (ESAF-2006/TCU) Assinale a substituição necessária para que o texto fique


gramaticalmente correto.

A situação social, política e econômica em que se encontra a população negra é


conseqüência de um longo processo estrutural-histórico do qual mudanças dependem de
políticas públicas amplas e pautas muito além das formulações dos preconceitos ou das
discriminações do racismo como têm sido dadas. Aprofundar a base teórica significa
aprofundar o campo das ações nas áreas do trabalho, da habitação, do urbanismo, da
economia, da saúde, da cultura e da educação.

(Henrique Cunha Jr. “Novos caminhos para os movimentos negros” in Política Democrática
- Revista de Política e Cultura, Brasília: Fundação Astrogildo Pereira, Ano V, n. 12, agosto
de 2005.)

a) em que (linha 1) > na qual


b) do qual (linha 2) > cujas
c) de um (linha 2) > do
d) têm sido (linha 4) > são
e) nas ( linha 5) > em

Comentário: A substituição necessária é encontrada na assertiva (B). Por meio do


contexto, percebe-se que há uma relação de posse entre o substantivo “mudanças” e a
expressão “um longo processo estrutural-histórico”. Sendo assim, devemos empregar o
pronome relativo “cujas”, o qual remeterá ao termo antecedente (um longo processo
estrutural-histórico), mas concordará em gênero (feminino) e número (plural) com o
consequente (mudanças).

Gabarito: B.

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COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Pessoal, há três casos para a colocação do pronome átono na oração, a


saber:

Próclise Exemplos

• Pronome antes do verbo. Ocorre:

a) com palavras de sentido negativo; Ninguém me emprestou a matéria.

b) com advérbios sem pausa; Ontem se fez de morto.

Observação!

Se houver pausa após os advérbios, a Ontem, fez-se de morto. (ênclise)


colocação deverá ser enclítica (após o verbo).

c) com pronomes indefinidos; Tudo me alegrava.

d) com pronomes interrogativos; Quem lhe disse isso?

e) com pronomes demonstrativos “isto”, “isso” e Isso se faz assim.


“aquilo”;
Quando me viu, o menino sorriu.
f) com conjunções subordinativas e pronomes A aula que me recomendou é ótima.
relativos ;
Em se tratando do concurso,
estudarei muito.
g) quando houver a preposição “em” + gerúndio;
Que Deus o proteja!
h) em orações exclamativas e optativas. Vou me vingar!

Mesóclise Exemplos

• Pronome no meio do verbo. Ocorre com


verbo no:
Entregar-lhe-ei o documento.
a) futuro do presente;
Entregar-lhe-ia o documento.
b) futuro do pretérito.
Nunca te entregarei o documento.
Observações: Se ocorrer qualquer dos casos de (próclise)
próclise, ainda que o verbo esteja no futuro do presente Nunca te entregaria o documento.
ou no futuro do pretérito, a colocação deverá ser (próclise)
proclítica (antes do verbo).
Ambos se mudarão na semana que vem.
Com o numeral “ambos”, ainda que o verbo esteja no Ambos se mudariam na semana que
futuro do presente ou no futuro do pretérito, a colocação vem.
deverá ser proclítica (antes do verbo).

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Ênclise Exemplos

• Pronome após o verbo. A ênclise é a regra Deu-me boas dicas. (início de oração)
geral de colocação pronominal. Sendo assim, o
pronome deverá ficar posposto ao verbo quando Traga-me o café. (verbo no imperativo
não ocorrer qualquer dos casos de próclise ou afirmativo)
mesóclise.

Cuidado!

1ª) O particípio não admite ênclise.

Exemplos:
Fornecido-me o material, comecei a estudar. (errado)
Fornecido a mim o material, comecei a estudar. (correto)

2ª) Não devemos usar a colocação pronominal enclítica (após o verbo) quando
houver forma verbal no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Nestes
casos, a colocação deve ser mesoclítica (no meio do verbo).

Exemplo: Entregar-te-ei o documento. (correto)


Entregar-te-ia o documento. (correto)

Mas:

Nunca te entregarei o documento. (correto)


Nunca te entregaria o documento. (correto)

3ª) Nas formas infinitivas antecedidas pela preposição “a”, a colocação deverá ser
enclítica (após o verbo) se o pronome oblíquo for “o” ou “a”.

Exemplos:
Professor, estamos a admirá-lo.
Se soubermos que haverá muito mais faxina, não continuaremos a fazê-la.

Dica estratégica!

Se a forma verbal infinitiva for antecedida pela preposição “a” e o pronome


oblíquo for o “lhe”, admite-se tanto a próclise quanto a ênclise.

Exemplos:
Continuou a lhe fazer carinho. (correto)
Continuou a fazer-lhe carinho. (correto)

4ª) Quando houver duas palavras que exigem a próclise, é permitido intercalar o
pronome oblíquo átono entre elas. A esse caso dá-se o nome de apossínclise.

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Exemplo: Se não me falha a memória, já vi aquela moça em algum lugar. (a forma


pronominal “me” ficou antes do verbo “falhar” devido à presença da palavra negativa
“não”)

Se me não falha a memória, já vi aquela moça em algum lugar. (a forma pronominal


“me” ficou ente o conectivo “se” e a palavra negativa “não”, caracterizando um caso
de apossínclise)

COLOCAÇÃO EM LOCUÇÕES VERBAIS


(Formas possíveis e corretas)

• Auxiliar + Infinitivo

Próclise ao verbo auxiliar: Jamais lhe pretendo ensinar isso.

Ênclise ao verbo auxiliar: Eu pretendo-lhe ensinar isso.

Ênclise ao verbo principal: Eu pretendo ensinar-lhe isso.

Ênclise ao verbo principal: Jamais devo ensinar-lhe isso.

• Auxiliar + Gerúndio

Próclise ao verbo auxiliar: Não lhe começo ensinando.

Ênclise ao verbo auxiliar: Começo-lhe ensinando.

Ênclise ao verbo principal: Começo ensinando-lhe.

Ênclise ao verbo principal: Não começo ensinando-lhe.

• Auxiliar + Particípio

Próclise ao verbo auxiliar: Eu lhe tinha ensinado a matéria.

Ênclise ao verbo auxiliar: Eu tinha-lhe ensinado a matéria.

Próclise ao verbo auxiliar: Não lhe tinha ensinado a matéria.

Dica estratégica!

Na estrutura “verbo auxiliar + particípio”, não se admite a colocação do


pronome oblíquo após o verbo principal.

Exemplos:
Tinha ensinado-lhe a matéria. (errado)
Não tinha ensinado-lhe a matéria. (errado)

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35. (ESAF-2008/CGU-Adaptada)

O governo não se preparou para fazer frente ao corte de receitas de R$ 40 bilhões. Em vez
de buscar alternativas para compensar a morte anunciada, o Executivo contou com os
recursos como se fossem permanentes. ________________ a proposta orçamentária de
2008, em que consta a previsão de arrecadação do tributo que, segundo a lei, estaria
extinto.
(“Enterrar cadáveres”, Correio Braziliense, 15/1/2008, p. 16)

I. É correto afirmar que a forma “Prova-o” completa com correção gramatical e


propriedade vocabular a lacuna do trecho acima.

Comentário: Conforme estudamos nas lições, o período não deve ser iniciado por pronome
oblíquo átono. Sendo assim, a banca nos induz a aplicar a regra geral de colocação
pronominal: a ênclise. A colocação enclítica (após o verbo) sempre ocorrerá quando não
houver exigência de próclise ou mesóclise (vide tabela das páginas 70 e 71).

Gabarito: Certo.

Amigos e amigas, nosso encontro de hoje se encerra aqui.

Bons estudos, até a próxima aula e rumo à CLASSIFICAÇÃO!

Grande abraço!

Prof. Fabiano Sales


fabianosales@estrategiaconcursos.com.br

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (ESAF-2002/BACEN-Adaptada) Analise a opção a seguir a respeito das formas


verbais no texto.

Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. Suas consequências são
imprevisíveis sobre a economia das famílias e das empresas. Os agentes econômicos
relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de
modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de
consumo, corresponde, ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a
um intermediário financeiro, em regra um banco comercial, que recebe um depósito, paga
um cheque, desconta um título ou antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilidade
do sistema que intermedeia as operações monetárias, portanto, é fundamental para a
própria segurança e estabilidade das relações entre os agentes econômicos.
(www.bcb.gov.br)

I. O emprego do modo indicativo em “corresponde” (linha 5) deve ser substituído


pelo subjuntivo “corresponda” para que o texto respeite a norma culta.

2. (ESAF-2001/BACEN-Adaptada) Analise o item a respeito do emprego das formas


verbais no texto.

Uma profunda transformação tecnológica será promovida nos bancos brasileiros neste
primeiro semestre para que eles se adaptem às normas determinadas pelo Banco Central
(BC), que prevêem a reestruturação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). O novo
modelo entra em vigor no dia 1o de outubro, quando já deve estar em funcionamento a
transferência de grandes valores com liquidação bruta em tempo real e o monitoramento on
line da conta reservas bancárias mantida no BC, que se livrará da obrigação de cobrir os
saldos negativos deixados pelos bancos nas operações do dia-a-dia. Se, de um lado, as
cerca de 170 instituições financeiras movimentam-se para modernizar seu aparato
tecnológico, de outro as indústrias de software travam uma batalha para conquistar uma
fatia dos investimentos que serão feitos.

(Gazeta Mercantil, 20/2/2001, com adaptações)

I. O emprego do tempo presente em “entra em vigor” (linha 4) desrespeita as regras


da conjugação verbal e da coerência textual porque o texto pede que aí se empregue
o futuro entrará.

3. (ESAF-2005/MPOG-Adaptada) Analise a opção a seguir em relação às estruturas do


texto.

É natural que cada grupo procure fazer valer os seus interesses. O problema do
desmatamento é que ele é a expressão de uma visão predatória e de curto prazo que vai de
encontro à lei e ao interesse geral da nação. É fundamental, portanto, encontrar fórmulas
sustentáveis que aliem desenvolvimento e preservação dos recursos naturais do país.
(EDITORIAL, Folha de S. Paulo,21/6/2005)

I. O emprego do subjuntivo em “procure” (linha 1) justifica-se por expressar uma


possibilidade de ação.

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4. (ESAF-2008/CGU-Adaptada) Em relação às ideias e estruturas do texto, analise a


assertiva a seguir.

No embalo da dinâmica mundial, talvez se justifique rever a ironia que tem revestido a
referência ao Brasil como o “país do futuro”. Com presença internacional crescente, um
quadro geral propício na economia, iniciativas relevantes, dinamismo real em vários setores
e sendo objeto de apostas favoráveis para um futuro visível por parte de analistas
presumidamente competentes e distantes da briga política doméstica e da correspondente
atribuição de culpas e méritos, dir-se-ia que a promessa do país começa a cumprir-se. Com
todos os muitos problemas e as reservas que a ideia envolve...
(Fábio Wanderley Reis, Valor Econômico, 14/01/2008.)

I. Estaria gramaticalmente correta a substituição de “justifique” (linha 1) por justifica.

5. (ESAF-2006/CGU-Adaptada) Analise a proposição a seguir em relação ao texto


abaixo.

O final do século XX assistiu a um processo sem precedentes de mudanças na história do


pensamento e da técnica. Ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias da
comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no
modo de se pensar a sociedade e suas instituições. De modo geral, as críticas apontam
para as raízes da maioria dos atuais conceitos sobre o homem e seus aspectos,
constituídos no momento histórico iniciado no século XV e consolidado no século XVIII. A
modernidade que surgira nesse período é agora criticada em seus pilares fundamentais,
como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na linearidade histórica rumo ao
progresso. Para substituir esses dogmas, são propostos novos valores, menos fechados e
categorizantes.
(http://pt.wikipdia.org (acessado em 14 de dezembro de 2005, com adaptações))

I. O desenvolvimento das ideias do texto permitiria mudar o tempo verbal de “surgira”


(linha 7) para surgiu, alterando as relações temporais do texto, mas preservando sua
coerência.

6. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Em relação ao texto analise a opção a


seguir.

A OAB nacional está pedindo ao Supremo Tribunal Federal uma súmula vinculante que
discipline o uso do segredo de Justiça, prerrogativa que tem sido utilizada por juízes nem
sempre em defesa do interesse público, mas, em alguns casos, na proteção a suspeitos de
só pode ser decretado em dois casos excepcionais previstos: um, quando há risco de
exposição pública de questões privadas do investigado ou réu, como relacionamentos
amorosos e doenças; e, outro, quando o processo contém documentos sigilosos, como
extratos bancários ou escutas telefônicas. Mas, na prática, tem sido diferente: por motivos
nem sempre claros, especialmente em processos que envolvem autoridades, alguns juízes
privam a sociedade de saber a verdade. Os atos públicos, em especial os que envolvem
procedimentos judiciais, têm como regra básica a transparência, a publicidade sem
restrições e o acesso dos cidadãos. O contrário – ou seja, o sigilo – é sempre a exceção.
(Zero Hora, 27/2/2009)

I. O emprego do subjuntivo em “discipline” (linha 2) justifica-se por se tratar de uma


informação categórica, de uma afirmação indiscutível.

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7. (ESAF-2003/Receita Federal-Adaptada) Acerca das estruturas linguísticas do texto,


analise a afirmativa abaixo.

Um dos motivos principais pelos quais a temática das identidades é tão freqüentemente
focalizada tanto na mídia assim como na universidade são as mudanças culturais, sociais,
econômicas, políticas e tecnológicas que estão atravessando o mundo e que são
experienciadas, em maior ou menor escala, em comunidades locais específicas. Como
indica Fridman (2000, p. 11), “se a modernidade alterou a face do mundo com suas
conquistas materiais, tecnológicas, científicas e culturais, algo de abrangência semelhante
ocorreu nas últimas décadas, fazendo surgir novos estilos, costumes de vida e formas de
organização social”. Há nas práticas sociais cotidianas que vivemos um questionamento
constante de modos de viver a vida social que têm afetado a compreensão da classe social,
do gênero, da sexualidade, da idade, da raça, da nacionalidade etc., em resumo, de quem
somos na vida social contemporânea. É inegável que a possibilidade de vermos a
multiplicidade da vida humana em um mundo globalizado, que as telas do computador e de
outros meios de comunicação possibilitam, tem colaborado em tal questionamento
ao vermos de perto como vivemos em um mundo multicultural e que essa
multiculturalidade, para qual muitas vezes torcíamos/torcemos os narizes, está em nossa
própria vida local, atravessando os limites nacionais: os grupos gays, feministas, de
rastafaris, de hip-hop, de trabalhadores rurais sem-terra etc.
(Cristina Nabuco, “Para desacelerar” Cláudia, junho 2007, p. 227.)

I. A dupla possibilidade verbal que o texto oferece, “torcíamos/torcemos” envolve


variação no tempo e modo verbais, mas preserva a pessoa gramatical.

8. (ESAF-2008/CGU) Abaixo estão recomendações para evitar o estresse. Assinale a


opção na qual os verbos estão conjugados, corretamente, na terceira pessoa do
singular.

a) Saboreie a vida, dai mais valor a suas experiências.


b) Aprende a dizer não. Peça ajuda sempre que necessário.
c) Para e medite. Põe uma uva passa na boca. Note textura, cheiro e sabor.
d) Fique atenta à respiração. Inspira e expira lentamente.
e) Invista em prazeres: ouça música, leia, dê-se o direito de não fazer nada.

9. (ESAF-2006/SUSEP-Adaptada) Analise as opções a respeito do emprego dos


verbos no texto.

O homem mais humilde, desprovido de ambição do acúmulo de riqueza, vivendo numa


sociedade razoavelmente organizada, já não mais consegue cumprir apenas a sua
atividade laborativa. As leis e diretrizes sociais obrigam-no a compromissos que o
excedente da sua atividade laborativa não atenderá. A sua alimentação, que ele mesmo
produz por meio de uma agricultura primitiva, talvez não consiga atingir um valor no
mercado, de tal forma que o excedente, sendo vendido, não será suficiente para que ele
pague as taxas e impostos da “sua propriedade”. Até mesmo a água que ele bebe, seja de
um poço ou de um sistema de captação e distribuição, sofre um controle tecnológico. Ele
pode até ser obrigado a se mudar do lugar que escolhera para viver, se os controladores do
meio ambiente concluírem que o ar por ele respirado tem uma concentração muito alta de
dióxido de carbono. No seu isolamento, sequer uma atitude estóica, de convívio com a dor
lhe é permitida. A dor, reflexo de uma enfermidade de causa desconhecida, implicará uma
investigação profunda, para que se afaste o perigo de eclosão de uma epidemia.

(Adaptado de José Liberato Ferreira Caboclo, Ética e tecnologia)

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I. O emprego do modo subjuntivo em “consiga” confere ao texto uma ideia de


hipótese ou probabilidade; sua substituição pelo indicativo, consegue, preserva a
correção gramatical, mas tira do texto tal ideia.

II. A forma nominal de gerúndio em “vivendo” corresponde, numa forma flexionada, a


vivia.

10. (ESAF-2006/SUSEP-Adaptada) Analise a opção a respeito do emprego dos verbos


no texto.

O homem mais humilde, desprovido de ambição do acúmulo de riqueza, vivendo numa


sociedade razoavelmente organizada, já não mais consegue cumprir apenas a sua
atividade laborativa. As leis e diretrizes sociais obrigam-no a compromissos que o
excedente da sua atividade laborativa não atenderá. A sua alimentação, que ele mesmo
produz por meio de uma agricultura primitiva, talvez não consiga atingir um valor no
mercado, de tal forma que o excedente, sendo vendido, não será suficiente para que ele
pague as taxas e impostos da “sua propriedade”. Até mesmo a água que ele bebe, seja de
um poço ou de um sistema de captação e distribuição, sofre um controle tecnológico. Ele
pode até ser obrigado a se mudar do lugar que escolhera para viver, se os controladores do
meio ambiente concluírem que o ar por ele respirado tem uma concentração muito alta de
dióxido de carbono. No seu isolamento, sequer uma atitude estóica, de convívio com a dor
lhe é permitida. A dor, reflexo de uma enfermidade de causa desconhecida, implicará uma
investigação profunda, para que se afaste o perigo de eclosão de uma epidemia.
(Adaptado de José Liberato Ferreira Caboclo, Ética e tecnologia)

I. O tempo em que está flexionado “escolhera” (linha 9) indica que a ação de escolher
acontece antes de outra também mencionada no período; corresponde, por isso, a tivera
escolhido.

11. (ESAF-2010/MPOG-Adaptada) Com base no texto abaixo, analise a afirmação a


seguir.

O desenvolvimento é um processo complexo, que deriva de uma gama de fatores – entre os


quais se realça a educação – e precisa de tempo para enraizar-se. É obra construída pela
contribuição sistemática de vários governos. Depende da produtividade, que se nutre da
ciência, das inovações e, assim, dos avanços da tecnologia. Na verdade, a humanidade
somente começou seu desenvolvimento depois da Revolução Industrial, iniciada no século
XVIII, na Inglaterra. A estagnação da renda per capita havia sido a característica da história.
A Revolução desarmou a Armadilha Malthusiana e deu início à Grande Divergência. A
Armadilha deve seu nome ao demógrafo Thomas Malthus, para quem o potencial de
crescimento era limitado pela oferta de alimentos. A evolução da renda per capita dependia
das taxas de natalidade e mortalidade. A renda per capita da Inglaterra começou a crescer
descolada da demografia, graças ao aumento da produtividade na agricultura e da
exploração do potencial agrícola da América.

(Adaptado de Maílson da Nóbrega, Lula e o mistério do desenvolvimento . VEJA, 26 de agosto, 2009, p.74)

I. Provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do texto ao substituir


“havia sido” (linha 6) por “fora”.

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12. (ESAF-2010/SUSEP-Adaptada) Com base no texto abaixo, analise a afirmação a


seguir.

Nos países em geral, economistas, políticos e o noticiário gostam é de índices sobre


macroeconomia, números abstratos que indicam a situação geral da economia, mas não
revelam o que se passa em seu interior. A internet, por exemplo, apareceu em grande
escala em 1992, e o mundo se deu conta da revolução que ela fizera nos negócios, na
cultura e na vida das pessoas 10 anos depois.

(Antônio Machado, Mundo invisível. Correio Braziliense, 14 de fevereiro de 2010, com adaptações)

I. No texto acima, provoca-se erro gramatical ou incoerência na argumentação do


texto ao substituir “fizera” por havia feito.

13. (ESAF-2012/CGU) Assinale a opção em que o preenchimento das lacunas do


fragmento abaixo preserva a correção gramatical e a coerência entre os argumentos
do texto.

O principal componente dos juros é a taxa Selic. É referência de custo de captação:


______(1)_______ em títulos públicos, o depositante não aceitará do banco
remuneração muito inferior à Selic. Para o banco, a Selic sinaliza o custo de
oportunidade: ________(2)_______ ao Tesouro à taxa Selic, só emprestará a terceiros
a juros maior, pois maior é o risco.

(Adaptado de Joca Levy, Juros, demagogia e bravatas. O Estado de São Paulo, 21 de abril de 2012)

(1) (2)
a) enquanto possa aplicar / se pudesse emprestar
b) se pudesse aplicar / quando pudesse emprestar
c) caso aplicasse / caso emprestasse
d) se pode aplicar / se pode emprestar
e) quando pudesse aplicar / enquanto possa emprestar

14. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Analise a proposição a seguir


quanto aos elementos linguísticos e semânticos do texto.

Feliz aniversário, Darwin!

Charles Darwin completaria hoje 200 anos, não fosse pela seleção natural. Ela, afinal, é a
maior responsável pelo barroco processo de desenvolvimento que leva os organismos
complexos inexoravelmente à morte – conceito que não se aplica muito a bactérias e
Arqueobactérias, seres que se reproduzem gerando clones de si próprios, partilham
identidades com a transferência horizontal de genes e podem ficar milênios em vida
suspensa (no gelo, por exemplo). A contribuição de Darwin para a ciência e para a história,
porém, continua viva, e muito viva, exatamente com a ideia de seleção natural. Só por isso
ele já merece os parabéns. Feliz aniversário, Darwin.

(Marcelo Leite, em: http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-02-08)

I. A forma verbal “completaria” (linha 1) se refere a uma ação que vai ocorrer no
futuro, a menos que acontecimentos no tempo presente o impeçam.

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15. (ESAF-2002/BACEN-Adaptada) Analise as opções a seguir a respeito das formas


verbais no texto.
Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. Suas consequências são
imprevisíveis sobre a economia das famílias e das empresas. Os agentes econômicos
relacionam-se em suas operações de compra, venda e troca de mercadorias e serviços, de
modo que, a cada fato econômico, seja ele de simples circulação, de transformação ou de
consumo, corresponde, ao menos, uma operação de natureza monetária realizada junto a
um intermediário financeiro, em regra um banco comercial, que recebe um depósito, paga
um cheque, desconta um título ou antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilidade
do sistema que intermedeia as operações monetárias, portanto, é fundamental para a
própria segurança e estabilidade das relações entre os agentes econômicos.
(www.bcb.gov.br)

I. A forma verbal “intermedeia” (linha 9) pode ser substituída por “intermedia” sem que haja
transgressão à norma culta formal.

16. (ESAF-2010/SUSEP) Os trechos a seguir constituem um texto adaptado do Correio


Braziliense, Editorial, 18/02/2010. Assinale a opção transcrita com erro gramatical.

a) Operação destinada a facilitar a vida do contribuinte coloca a Receita Federal na


vanguarda das iniciativas que, ao longo dos últimos anos, objetivam reduzir a ineficiência
operacional de agências públicas. É o que se materializa agora com as medidas que
desobrigam cerca de 10 milhões de brasileiros de prestar declaração de renda.
b) A inovação é aplicável aos rendimentos auferidos em 2010 (ano-base 2009) e aos que
serão obtidos em 2011 (ano-base 2010). Os principais beneficiários das novas regras são
sócios de empresas ou pessoas que tenham patrimônio inferior a R$ 300 mil. Basta que os
ganhos estejam dentro do limite de isenção (R$ 17.215,08, em 2009, e de R$ 22.487,25,
em 2010).
c) Há outras condicionantes que, previstas nas mudanças, não chegam a alterar os efeitos
práticos. Foram obrigadas a explicar-se ao fisco, por serem qualificadas como integrantes
de sociedades comerciais, em 2009, nada menos de 5 milhões de pessoas. Agora, estão
livres da obrigação, segundo o supervisor nacional do Programa do IR.
d) Os trabalhadores com remuneração anual abaixo do teto de isenção previsto para 2010
desde logo estão dispensados de entregar a declaração. Apenas deverão fazê-lo os que
tivessem IR retido na fonte e pleiteam restituição.
e) Outra mudança importante: este ano será o último em que a Receita aceitará formulários
de papel. Também é decisão compatível com a necessidade de elevar os padrões
operacionais do órgão. Hoje, apenas 127 mil pessoas físicas optam por semelhante forma
de declarar a renda.

17. (ESAF-2005/MPOG) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de


grafia.

Diante da atual mediocridade da representação política, é necessária(1) a participação e a


organização da sociedade, operando uma profunda mudança em nossa cultura política.
Quanto maior(2) o individualismo, mais frágeis são os governos. As regras formais
constitucionais não são suficientes para freiar(3) os vícios exacerbados(4) pelo poder. As
organizações da sociedade devem ter o poder de vigiar e cobrar prestação de contas. Por
isso, em vez de desacreditar da política, devemos agir em co-responsabilidade, com
coragem, lucidez e discernimento(5) num grande mutirão para abrir caminho para um país
democrático, justo, desenvolvido e pacífico.
(Adaptado de Dom Geraldo Majella, cardeal Agnelo, Folha de S. Paulo, 21/6/2005)

a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

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18. (ESAF-2002/Ministério das Relações Exteriores) Assinale a opção incorreta a


respeito do emprego das formas verbais no texto.

Segundo o noticiário, o Pentágono passou a propugnar o uso de minibombas atômicas. Ou


seja, armas nucleares para estourar depósitos subterrâneos onde estariam escondidas
armas (nucleares, químicas, bacteriológicas) de destruição maciça. A hipótese de
banalização das armas atômicas, inscrita na proposta do Pentágono, liquidaria os tratados
internacionais de não-proliferação nuclear e jogaria o Brasil no meio da tormenta,
relançando a corrida nuclear.
(Luiz Felipe de Alencastro, Veja, 10/04/2002, com adaptações)

a) O emprego da perífrase verbal “passou a propugnar” constitui um recurso para evitar o


uso do presente do indicativo de um verbo defectivo: propugnar.
b) A opção pelo emprego do futuro do pretérito em “estariam”, indica uma certa resistência
do autor para acreditar na veracidade da informação a respeito das armas escondidas.
c) A forma de particípio “inscrita” confunde-se com o adjetivo porque exprime mais um
estado do que uma relação temporal.
d) O emprego do futuro do pretérito em “liquidaria” e “jogaria” reforça a ideia de “hipótese”.
e) Para manter a coerência no emprego dos tempos verbais, a substituição do gerúndio
“relançando” por uma forma não-nominal deve ser: e relançaria.

19. (ESAF-2008/STN-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise a proposição a


seguir.

Derrotada sistematicamente nos tribunais superiores, a Advocacia-Geral da União (AGU)


resolveu editar um pacote com oito súmulas, reconhecendo direitos dos servidores públicos
federais. O gesto põe fim a pendências jurídicas que se arrastavam havia décadas e serve
de alento para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais. Com as súmulas,
os advogados públicos ficam automaticamente desobrigados a contestar decisões
desfavoráveis. (...) Esclarece a AGU: “O servidor sabia que se entrasse na Justiça ganharia,
mas a União, por dever, mesmo sabendo que perderia, tinha de recorrer. As oito medidas
acabam com isso.” Entre as súmulas está a que reconhece o direito de pagamento do
auxílio-alimentação retroativo ao servidor em férias ou licença entre outubro de 1996 e
dezembro de 2001.

(Luciano Pires, Correio Braziliense, 20/09/2008, p. 23, com adaptações)

I. Reescreve-se, mantendo-se a correção gramatical e a coerência textual, o período


“para quem ainda busca reaver ou manter benefícios funcionais.” do seguinte modo:
para que se reavenham ou mantenham benefícios funcionais.

20. (ESAF-2002-Receita Federal-Adaptada) Analise se o trecho a seguir se apresenta


de forma coesa, coerente e gramaticalmente correta.

I. Pelo princípio da igualdade material o Estado tem obrigação de intervim e retificar a


ordem social, a fim de remover as mais profundas e perturbadoras injustiças sociais.

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21. (ESAF-2010/MTE-Adaptada) Verifique se o trecho a seguir está de acordo com as


prescrições gramaticais.

I. Constroe-se o espaço social de tal modo que os agentes ou grupos são aí


distribuídos em razão de sua posição nas distribuições estatísticas de acordo com os
dois princípios de diferenciação que, em sociedades mais desenvolvidas, são sem
dúvida, os mais eficientes: o capital econômico e o capital cultural.

22. (ESAF-2012/CGU-Adaptada) Analise as opções a respeito do uso das estruturas


linguísticas no texto.

CARTA CAPITAL: Como o senhor avalia a economia brasileira? Roberto Frenkel: A queda
do crescimento da economia teve a ver com três acontecimentos. A situação nos EUA está
mais positiva, há otimismo no mercado norte-americano, as ações subiram e estão no pico
pós-crise, mas ainda é uma recuperação modesta. Na zona do euro, serão dois trimestres
consecutivos em queda, o que, de acordo com a definição convencional, caracteriza
recessão. E a China está claramente em desaceleração. Essas realidades tiveram um efeito
negativo sobre o crescimento brasileiro ao longo do segundo semestre de 2011. Outro fator
foi a valorização cambial. No fim do ano passado, o real chegou a acumular a maior
valorização cambial desde o início da globalização financeira, ou seja, desde o fim dos anos
1960; e isso tem um efeito muito negativo sobre a indústria e a atividade de modo geral.

(Trecho adaptado da entrevista de Roberto Frenkel a Luiz Antonio Cintra, Intervir para ganhar. Carta Capital, 18
de abril de 2012, p.78)

I. Preservam-se a coerência e a correção gramatical do texto, conferindo-lhe mais


formalidade, ao substituir a expressão “teve a ver”(linha 2) por viu.

II. O uso do tempo e modo verbais em “serão” (linha 4) sugere hipótese, possibilidade
na declaração, incerteza de que isso venha a acontecer.

23. (ESAF-2006/MTE-Adaptada) Analise a proposição de acordo com as estruturas do


texto.

A relação conflituosa entre fazendeiros e colonos, aliada à crescente dificuldade de


importação de escravos negros da África a partir da década de 60, exige que se use a mão
de obra nativa, forçando-a ao trabalho na lavoura. Os fazendeiros também reclamavam uma
legislação que permitisse garantias dos investimentos na mão-de-obra, do cumprimento dos
contratos, da repressão às greves e, ainda, que lhes propiciasse adequada produtividade. A
promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, sinalizando a abolição da escravidão, criou
as condições para uma legislação que, ao mesmo tempo em que fazia a regulação
minuciosa da contratação do trabalho livre, previa a obrigação de o homem livre contratar,
como mecanismo de combate à vadiagem.
(Sidnei Machado-http://calvados.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/direito/article/viewPDFInterstitial/1766/1463)

I. A substituição de “se use” (linha 2) por seja usada mantém a correção gramatical
do período.

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24. (ESAF-2006/ENAP-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise opção a seguir.

Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência da democracia quando escreveu:
“Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu
direito de dizê-las”. Ter ideias e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros
indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Afinal, o
que se combate são as ideias do outro e não sua pessoa.

(Adaptado de Alfredo Ruy Barbosa, Jornal do Brasil, 11/03/2006)

I. A substituição de “se combate” (linha 5) por era combatido mantém a correção


gramatical e as informações originais do período.

25. (ESAF-2006/ANEEL-Adaptada) Em relação ao texto, analise o item a seguir.

Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados manifestam-
se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo JK, que soube mobilizar
com maestria a herança de Vargas e elevar a auto-estima do povo brasileiro, realizou-se em
condições democráticas, com liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação,
que em 1956 foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A
Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao ano. Apesar das
pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já advogava o “equilíbrio fiscal” e o
Estado mínimo para o Brasil, e de setores conservadores da vida brasileira, JK conseguiu
elevar o PIB nacional em cerca de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por
um déficit de transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em
1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de solvência da
economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos
criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.
(Rodrigo L. Medeiros, com adaptações)
I. Em “manifestam-se” (linhas 1 e 2) o “se” é índice de indeterminação do sujeito.

26. (ESAF-2009/Ministério da Fazenda-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise


o item a seguir.
Os mercados financeiros entrara m em março assombrados pelo maior prejuízo trimestral
da história corporativa dos Estados Unidos – a perda de US$ 61,7 bilhões contabilizada
pela seguradora American International Group (AIG) no quarto trimestre de 2008. No ano, o
prejuízo chegou a US$ 99,3 bilhões. O Tesouro americano anunciou a disposição de injetar
mais US$ 30 bilhões na seguradora, já socorrida em setembro com dinheiro do contribuinte.
Na Europa, a notícia ruim para as bolsas foi a redução de 70% do lucro anual do Banco
HSBC, de US$ 19,1 bilhões para US$ 5,7 bilhões. Enquanto suas ações caíam 15%, o
banco informava o fechamento das operações de financiamento ao consumidor nos
Estados Unidos, com dispensa de 6.100 funcionários. Com demissões de milhares e perdas
de bilhões dominando o noticiário de negócios no dia a dia, os sinais de reativação da
economia mundial continuam fora do radar. E isso não é o pior. No fim do ano passado,
havia a esperança de se iniciar 2009 com a crise financeira contida. Se isso tivesse
acontecido, os governos poderiam concentrar-se no combate à retração econômica e ao
desemprego. Aquela esperança foi logo desfeita.
(O Estado de S. Paulo, 3/3/2009)

I. Em “concentrar-se” (linha 13), o “-se” indica sujeito indeterminado.

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27. (ESAF-2002/TCU-Adaptada) Analise o segmento abaixo quanto à ortografia


e morfologia.

I. O fato do patrimônio gerar empregos e receitas por meio do turismo não


abule o paradoxo de que nativos e visitantes se distanciam do fenômeno
cultural tanto quanto pessoas que, longe daquelas paragens, pouco valor
atribuem a heranças destituídas de familiaridade.

28. (ESAF-2006/ENAP) Em relação ao texto abaixo, analise a afirmação a seguir.

Ninguém melhor do que Voltaire definiu a real essência da democracia quando escreveu:
“Posso não concordar com uma só palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu
direito de dizê-las”. Ter ideias e comportamentos políticos ou sociais diversos de outros
indivíduos não significa, necessariamente, transformá-los em inimigos ferrenhos. Afinal, o
que se combate são as ideias do outro e não sua pessoa.

(Adaptado de Alfredo Ruy Barbosa, Jornal do Brasil, 11/03/2006)

I. O emprego de segunda pessoa em “teu” concorda com o emprego de “dizes”.

29. (ESAF-2009/SEFAZ-SP-Adaptada) Em relação ao texto abaixo, analise a


proposição.

É importante notar que a taxa de juros anual média de 141,12% é escandalosa para o
Brasil, cuja inflação anual é estimada em torno de 6,5%. A redução dos juros que se
verificou em dezembro certamente não reflete as mudanças que beneficiaram os bancos
(redução do compulsório e ligeira melhora na captação de recursos), mas apenas a menor
procura por crédito. A discreta queda dos juros não deve aumentar a procura por crédito
pelas pessoas físicas que estão conscientes de que não é o momento de se endividar, nem
favorecerá uma redução da inadimplência. No máximo, interessará às pessoas jurídicas que
buscam crédito de curtíssimo prazo ou financiamentos para exportação, embora as
facilidades oferecidas pelo Banco Central tenham um custo muito elevado. Sabe-se que
uma redução da taxa Selic nunca repercute plenamente nas taxas de juros dos bancos,
que, sob o pretexto da elevação da inadimplência, aumentaram os seus spreads (diferença
entre a taxa de captação e de aplicação). O governo está tentando obter uma redução
desse spread, até agora sem grande sucesso. Para uma redução sensível das taxas de
juros, duas medidas seriam necessárias: reduzi-las nos bancos públicos (Caixa Econômica
e Banco do Brasil) e, especialmente, em função de uma taxa Selic menor, reduzir o
interesse dos bancos em aplicar seus excedentes de caixa em títulos da dívida mobiliária
federal, que oferecem juros elevados e total garantia.

(O Estado de S. Paulo, Editorial, 16/1/2009)

I. Em “reduzi-las” (linha 14), o pronome “-las” retoma o antecedente “medidas”


(linha 14).

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30. (ESAF-2010/MTE-Adaptada) Em relação ao texto, analise a proposição a seguir.

Tão logo a catástrofe do terremoto no Haiti requisitou uma ação coletiva mundial, com
inúmeros atores envolvidos na ajuda humanitária – países, organizações não
governamentais, empresas e os milhares de anônimos e famosos –, a situação caótica do
país devastado impôs um desafio: a quem caberá a organização das próximas etapas de
reconstrução do país mais pobre do Ocidente? Como coordenar a ajuda que vem de todos
os cantos do planeta? Como estabelecer um plano viável de recuperação da infraestrutura e
das instituições haitianas? O Haiti, que já vivia uma situação fragilíssima, de extrema
miséria – 80% da sua população está abaixo da linha da pobreza e sobrevive com menos
de US$ 2 diários (por volta de R$ 108 ao mês) – entrou em colapso. Como era de se
esperar, com porto, aeroporto e estradas arruinados ou semidestruídos, com a escassez de
água, alimentos e remédios, iniciaram-se ondas de saques, e o próprio governo local
transferiu a administração da crise para outros países e instituições.

(Jornal do Brasil, Editorial, 18/01/2010)

I. A expressão “país mais pobre do Ocidente” (linha 5) é elemento de uma cadeia de


coesão textual, pois retoma os antecedentes “país devastado” (linha 4) e “Haiti”
(linha 1).

31. (ESAF-2010/CVM) Em relação aos elementos coesivos do texto, assinale a opção


correta.

Hoje não há mais dúvida a respeito do aquecimento global e de outros problemas gerados
pelo consumo de energia e pela industrialização. Não se pode deter o desenvolvimento e
não se pode mantê-lo sem aumento do consumo global de energia. A principal fonte de
energia hoje são os combustíveis fósseis e o maior vilão dessa história é a emissão de CO2
na atmosfera (embora não seja o único). Parece irreversível a tendência à sua redução pela
adoção de novas e mais eficientes tecnologias e fontes de energia. Acabar drasticamente e
de imediato com as emissões de CO2 e com a utilização de combustíveis fósseis não é
possível. Por outro lado, adotar novas tecnologias que aumentem ou estimulem ainda mais
o seu consumo, nem pensar. O século XX viu a consolidação da Era do Petróleo, motor do
desenvolvimento mundial desde o final do século XIX até hoje, no começo do século XXI.
Esse ciclo de predominância do petróleo deve ser aos poucos substituído por um
predomínio do gás natural, junto com, ou antecedendo, um período de aumento de
variedade das fontes de energias e ganho das energias naturais e renováveis (sempre
como complementares), do hidrogênio e finalmente da energia atômica.

(Pergentino Mendes de Almeida http://www.correiocidadania.com. br/content/view/4881/9/,


acesso em 29/10/2010)

a) Em “mantê-lo” (linha 3), o pronome “-lo” retoma o antecedente “consumo” (linha 2).
b) A expressão “dessa história” (linha 4) retoma o antecedente “consumo global de energia”
(linha 3).
c) Em “seu consumo” (linha 9) “seu” refere-se a “combustíveis fósseis” (linha 7).
d) Em “sua redução” (linha 5) “sua” refere-se a “industrialização ” (linha 2).
e) A expressão “Esse ciclo” (linha 11) retoma o antecedente “começo do século XXI”
(linha 10).

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32. (ESAF-2012/CGU-Adaptada)

O Brasil vive uma situação intrigante: enquanto a economia alterna altos e baixos, a taxa de
desemprego cai de forma consistente. Uma das possíveis causas é a redução do
crescimento demográfico, que desacelera a expansão da população apta a trabalhar. Com
menos pessoas buscando uma ocupação, a taxa de desemprego pode cair mesmo com o
baixo crescimento. Isso é bom? Depende. Por um lado, a escassez de mão de obra reduz o
número de desempregados e aumenta a renda. Por outro, eleva os custos e reduz a
competitividade das empresas, o que pode levá-las a demitir para reequilibrar as contas. É
uma bomba-relógio que só pode ser desarmada com o aumento da produtividade – para
manter o emprego, os trabalhadores precisarão ser treinados para produzir mais.

(Adaptado de Ernesto Yoshida, Outro ângulo. Exame, ano 46, n. 7,18/4/2012)

I. Provoca-se erro gramatical, com consequente incoerência textual, ao alterar as


relações de coesão no texto, inserindo o termo desse desemprego depois de
“causas” (linha 2).

33. (ESAF-2005/STN-Adaptada) A respeito de aspectos linguísticos do trecho abaixo,


analise a proposição a seguir.

Só mais tarde alcancei compreender que a inteligência pode trabalhar até ao fim
inteiramente alheia aos graves problemas religiosos que confundem o pensador que os
quer resolver segundo a razão, se nenhum choque exterior veio perturbar para ela solução
recebida na infância. A dúvida não é sinal de que o espírito adquiriu maior perspicuidade, é
às vezes um simples mal-estar da vida.
(Joaquim Nabuco, Minha formação)

I. Os dois primeiros quês do texto, em “que a inteligência” (linha 1) e em “que


confundem” (linha 2) são ambos pronomes relativos.

34. (ESAF-2006/TCU) Assinale a substituição necessária para que o texto fique


gramaticalmente correto.

A situação social, política e econômica em que se encontra a população negra é


conseqüência de um longo processo estrutural-histórico do qual mudanças dependem de
políticas públicas amplas e pautas muito além das formulações dos preconceitos ou das
discriminações do racismo como têm sido dadas. Aprofundar a base teórica significa
aprofundar o campo das ações nas áreas do trabalho, da habitação, do urbanismo, da
economia, da saúde, da cultura e da educação.

(Henrique Cunha Jr. “Novos caminhos para os movimentos negros” in Política Democrática
- Revista de Política e Cultura, Brasília: Fundação Astrogildo Pereira, Ano V, n. 12, agosto
de 2005.)

a) em que (linha 1) > na qual


b) do qual (linha 2) > cujas
c) de um (linha 2) > do
d) têm sido (linha 4) > são
e) nas ( linha 5) > em

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35. (ESAF-2008/CGU-Adaptada)

O governo não se preparou para fazer frente ao corte de receitas de R$ 40 bilhões. Em vez
de buscar alternativas para compensar a morte anunciada, o Executivo contou com os
recursos como se fossem permanentes. ________________ a proposta orçamentária de
2008, em que consta a previsão de arrecadação do tributo que, segundo a lei, estaria
extinto.
(“Enterrar cadáveres”, Correio Braziliense, 15/1/2008, p. 16)

I. É correto afirmar que a forma “Prova-o” completa com correção gramatical e


propriedade vocabular a lacuna do trecho acima.

------------------------------------------------------------------
Gabarito

01. ERRADO 19. ERRADO


02. ERRADO 20. ERRADO
03. CERTO 21. ERRADO
04. ERRADO 22. ERRADOS
05. CERTO 23. CERTO
06. ERRADO 24. ERRADO
07. ERRADO 25. ERRADO
08. E 26. ERRADO
09. ERRADOS 27. ERRADO
10. ERRADO 28. CERTO
11. ERRADO 29. ERRADO
12. ERRADO 30. CERTO
13. D 31. C
14. ERRADO 32. CERTO
15. ERRADO 33. ERRADO
16. D 34. B
17. C 35. CERTO
18. A -

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