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Lexikon | obrasce referencia CELSO CUNHA & LINDLEY CINTRA nova gramatica do portugués contemporaneo Introdugao Conceitos gerais LINGUAGEM, LINGUA, DISCURSO, ESTILO sctaceMé“um conjunto compleso de processos — resultado de uma certa termo para designar todo si consunicagio entre os individuos. Desde que s 1 determinado sinal, existe uma LiNGuaGEM. A linguisticainteresss parti- ccularmente uma espécie de LINGUAGEM, ou Seja, a LINGUAGEK( FALADA ot ARTICULADA. 2. Lincva & um sistema gramatical pertencente a um grupo de individuos, Expressio da consciéncia de uma coetividade,a uncua é0 meio porque ela concebe 0 mundo quea cerca e sobre ele ag. Utlizaga0 social da faculdade a linguagem, eiagao da sociedade, nfo pode se itive; 20 contri tem de viver em perpétua evalugio,paralela 8 do organismo social que a 3. Discurso éa lingua no ato,na execug como cada individ tem em si um ideal linguistico, procura ele extrair do sistema idiomat co de que se serve as formas de enunciado que melhor Ihe exprimam 0 gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expressio Tatiana Slama-Carae, Langage et contexte, Hala, Mouton, 1961p. 20 NOVA GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANED due Ihe ofereceo rico repertério de possibilidades, que € lingua, den na-se ESTILO! ispensivel do ponta de cial. Em verdade, as trés ‘mas ndo opastas, do fend- 0 instrumento idade de comunicagio. lado, a unvcuacist nfo nifestar-se e desenvolver-se a nfo ser pelo aprendizado e pela wun qualquer. A mais frequente forma de manifestagao da lida de uma complexidade de procestos, de mecanismos, de meios expressivos — é2 uncuacen tana, conctetizada no DISCURSO, ou seja, a realizacda verbal do processo de comunicagso, O piscurso é um dos aspectos dda urvcunces — o mais it te — e, 0 mesmo tempo (..), a forma con- auincua. 0 piscunso define-se, pois, como o ato de ‘0 do processo complexo da iscunso— designam \dos, do mesmo pr "unitirio ecomplexo. LINGUA E SOCIEDADE: VARIAGAO E CONSERVACAO LINGUISTICA Embora desde 3s deste século linguistas como Antoine M tenhiam chegado a configurar a ‘enquadrado na definigio dada por isos para formar o enunciado” eo 1sru0"oaspectoe: de expresso" (Pris de er-rlagbessio muito Ssumir diferentes formas, Na raiovia das vezes, compeova-se um wo do fendmeno lingutstio social. Em alguns casos, no entanto, fz umarelag dzecionalainfluénca da sociedad na lings, jedade. pols, secente a concepgo de lingua como insrumento de comunicagso socitt maleivelediversifcado em todos 0s seus apectos, melo de expresso ambém diversificadas social, cultural e _geograficamente, Nesse sentido, uma io, mas um conjunto de sistemas linguistics, isto lacionam diversos sistemas e subsistemas. Dal o estudo de wna revestir-s de extrema complexidade, nto podendo prescindir de wna ‘do precisa dos fatos analisados para controle das variéveis que atuamm, \ciagio, A variagao sistemstica no qual se rporada 8 teoria € descrigio da ki Em principio, uma lingua apresenta, pelo menc internas, que podem ser mais ou menos profundas: 12) diferencas no espaco geogréfico, ou vartacots DisrORICAS (Falares locals, va- al, intercontinentas)s as camadas sociocu =< sua padrio, nivel popula, et. +36) diferengas entre 0s tipos de modalidade expressiva, ou vaninga ingua escrta lingua litera, Iinguagens speci jguagem das mulheres, etc) ‘A partir da nova concepgio da lingua como 0 cornou-se possivel o esclarecimento de numerosos casos de| idade de normas edetodas io dos fatores geogrificos hist 5 psicoldgicos aque atuam no complexo operat de w fente dentro de cada grupo soci nacignement du voc “Appliguts, Nancy, Université de Nancy, NOVA GRAMATICA D0 PORTUGUES CONTEMPORANEO Todas as variedades linguisticas sao estruturadas,e correspondem a sis- mas adequados as necessidades de seus usuitios, Mas o fato de estar a lingua fortemente ligada &estrutura socal eaos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliagio di diversas modalidades diastrticas ¢ diafisicas. A lingua padtao, ‘como norma, como ico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua fun- ‘lo coercitiva sobreas outras variedades, com o que se torna uma ponderdivel fora contrivia 8 variagao. a0 lado da forga centrifuga da inovacio, a forca contrarregrando a primeira, garante a superior ioma como 0 portugues, falado por povos que se distribuem DIVERSIDADE GEOGRAFICA DA LINGUA: DIALETO E FALAR As formas caracterstcas que uma lingua assume regionalmente denon ams DIALETOS. guns inguistes, porém,distinguem, entre as variedades po pints, Diao seri oudesaparecid pica ALAR "um sistema de sinais desgarrado de uma lingua comum, viva ssnormalmente, com uma concreta de oria de ina peculiaridade exprssiva propria de uma regio eque nfo apre- de coerénci alcancado pelo dialeto, Caract Manuel Alvar, por ser um -daleto empobrecido, do abandonado a lingua escrita convive apenas com as manifesagbes ores, Poder-se-iam ainda Loca que, para o mesmo linguist, correspanderiam a subsstemas idiométicos “de tragos pouco diferenciados, mas com matizes proprios dentro da estratura regional que pertencem e cujos sos esto limitedosa pequenes cir seogréficas, notmalmente com caréter administrative” © Manuel Alvar Haca los conceptos de lengua, Hgpanica, 1557, 1961 1p. lect yhablas, News Revista de Flog seguinte — o termo pixeTo no sentido de variedade regional da lingu, importando o seu maior ou menor distenciamento com referéncia & lingua ado, ANOCAO DE CORRETO vam a corregao idio- diante da reacto considerar elemento pertarbador ou estri a interferéncia da forga conservadora ‘ou repressiva dos setores cultos, o gramatical pacientemente construfdo desde a época alexandrina com base na analogia, levantam-se al- istas modernos, procurando fundamentara correcio, NOVA GRaMATICA 00 PORTUGUES CONTEMPORANEO em geralescolhida arbitrariamente. Eo crtéro tradicional de correglo, fundado no exemplo dos clssicos. >, 0 histérico-natural de Noreen e que Jespersen prefere chamar andnguico, baseia-sena doutrina, a que nos referimos, de que inguagem €um organismo que se desenvolve muito melhor em estado de completa liber- dade, sem entraves, Dentro desse ponto de vista nio pode haver, em pr nada correto ou incorreto na lingua. Depois de deixar patente o carter arbitrio do primeirocritério eo absurdo do segundo, se levado a suas naturais consequencias, Noreen tifcar 0 tinico que resta,o dele Noreen, expresso na férmula: “o melhor & 0 que pode ser apreendido mais exatae rapidamente pela audiéncia presente e pode ser roduzido mais facilmente por aquele que fala"; ou no enuinciado mais é que retine a maior simpli ato- inguistica em individuos ‘de uma pessoa? Por que is pais que no deve dizer sube por soube, fazer por nua ater oseu comportamento ‘ora corrigido por outros, ora por esforso proprio? enum dos crtérios anteriormente lembrados —e enumera ico, 0 democritico, que existe algo Justifica a corregao, “algo comum para o que fala e para o que ouve”e que lhes facilita a compreensii. Este elemento comum é"a norma li aceitaram de fora, da comunidade, da sociedade, da naga ‘Todo o nosso comporta complexas ¢ Tespersen define olingui éexigido pela comunidade rence. O que difere& ‘com suas palavras: “falar correto si erro em linguagem equivale a desv icamente incorreto” iados por Oto esprsen, Hund, mac rad. por Fernando Vela, Buenos ites Obra cit p. 120, np. 120ess, Tetra um ce ings os tica de que o mais facilmente enunciado é 0 que se recebe ‘normas gramaticals — hé sempre lugar para urna posigao moderads, termo ue represente 0 aproveitamento harmonico da energia dessas forges Dates gue-a nosso wey melhor consubstancl os Weis de uma he fies al dos pafses de lingua portuguesa, importante o polo a variedade, que corresponded expres também o éo da unidade, que corresponde & comunicagio de intrcompreensto A linguagemn expresso ‘outro, cultura oj ' ’ yuma realidade, ea ‘A bipétese da “linguagem monolitica” nao se assenta numa real sua corporideasio nas pramatics nfo tem sido bengfca a ensno dos divesos ‘diomas."“Sem nenbumia divide’, escreve Roman Jakobson, "para qualquer co- se caracteriza por uma funglo diferente ingua pode abarcar vi realizagao, a sua dinamicidade, o seu modo de 1m modelos, escolhas que se NOVA GRAMATICA Da PORTUGUES CONTENPORANED Coser, ido mestre de Tubingen —se“éum sistema de ale culturalmente’, a norma no co «como pensam certos gramiticos, 20 que se pode ou se deve di jd se disse tradicionalmente se diz na comunidade considera A norma pode variat no seio de uma mesma comunidade linguistic, scja deum ponto de portugues do Brasil pportugués de Angola), seja de um ponto de vs (linguagem culta almente, de um pont de vista diafésico (Linguagem pottica /linguagem da prosa) iguistico de norma, que implica um maior liberalism gra- nosso entender, convém adotarmos para a comunidade , formada hoje por sete nacbes saberanas, todas movidas "Ao de entiquecer o patriménio comum com formas ¢ construgdes novas, a patentearem o dinamismo do nosso idioma, o meio de comunicagio e expressio, nos dias que correm, de mais de cento € milhdes de individuos. a acetabilidade social, a consuetudo de Vatt30, 0 tnico ¥ circunstincia mente para chegarem a um conceito mais preciso de “corregio” em, joma que 0s linguistas atuas vém tentando estabelecer métodos que ade suas variedades cultas, sja na forma Sem investigagées pacientes, sem métodos descrtivos sperfeigoados nunca slcangaremos determina que, no dominio da nossa lingua ou de uma érea dela, & de emprego obrigatério, 0 que & feu {que étoleravel, 0 que grosseiro, que éinadmissve; ou, em termos o-que ée0 que nao écorreto, storia: problema dl cambio ing Vase Celso Cunta, Ling, naa alent, Rio de Janeiro, Nova Frontera p.73-74., Capftulo 1 Do latim ao portugués atual O LATIM E A EXPANSAO ROMANA. ‘A lingua portuguesa provém do la que se entronca, por sua vez, na representada hoje em todos os grande familia das linguas indo-eutope continentes. simples falar de um povo de cultura nistica, que vivia na centro de organizagio de seushomens de governo que estenderam e, em parte, consolidaram o enorme impé de sua expansio, ia da Lusitinia & Mesopotamia, e do No ios do Império Romano. -Atémeados do IV séeo ants de Cristo, omanos poco haviam ampliado as fronteiras do antigo Laci Foi com a guerra contra os samnitas,iniciada em fa Peninsula Itlica, penetracio romana na parte mer 172 a.C., com a anexagio de Tarento. s externas, Sucessivamente, ), da Sardenha ¢ da 10 NOVA GRAMATICA 90 PORTUGUES CONTEMPORANEO Com a anexagio da regides da Asia Menor, de sua expansio geogritic ‘Ao mesmo tempo que estend 5, osromanos evavam para as regides conquistadas os seus habitos de vida, as suas intituigbes, os padroes com outras teas, outras gentes e outta ém aprendiam. Aprenderam, por exempl 0s gregas,e isso desde épocas antiga, através dos etruscos e, principalmente, as colénias helenica do Sul da Tilia, que formavam a Magna Grecia. Li Andr8nico, o primeiro que tentou elevar&alturs de {idioma de agricultores epastores, que era entio olatim, procurou dit. ¢m Homero e nos trigicos gregos os modelos para suas experiéncias dugio e adaptagio iteries, Ble proprio era umn grego de Tarento, E,na sua »,Enio, Nevio e todos os que, pioneiramente, se impuseram a irdua as de arte na lingua nacional ndo deixaram de inspirar-se nos estimulantes exemplos da Hélade, cuja influéncia vat ampliar-se mais a partirde 146a,C., quando, vencida pelas armas, acabou dominando pelo es © cruel vencedo. “Graecia capta ferwm victorem cept et artes Intuit agresti Lat’? cia (Roménia) e, sem cariter permanente, dessas spério ating, sob o governo de Trajano, o maximo ensinavam, mas LATIM LITERARIO E LATIM VULGAR. Desde 0 século Itt aC, pois, sob a benéficainfluéncia grege, 0 latim es- crito com intengdes artistas foi sendo progrssivamente apurado até atin no século 1 a.C, a alta perfeiggo da prosa de Cicero e César, ou da poesi Vergilioe Horicio. Em consequéncia, a entre ess ingu le {uou-se com 0 tempo a separacio ravi, praticada por uma pequena elite, e olatim corrente, 7 Banda se"A Ga stgeacubugouocruvacelorelnrodsi earenoagrte ra «lingua usada no coldquio digrio pelos mais vasiedos grupos socais da Italia conservadoratin elsromancs qu opurham ao. Ferarius) o inovador lati valga (seme vulgar ), aoa ntmeras varied a ling laa, guogenspofisionas eis gas erm ns pbs russ rural pest, ates) ques sldados clone fenionvios oma juxo de miiltiplos fatores, Giversificou-se com o tempo nas chamadas linguas romanicas. AS LINGUAS ROMANICAS Se dos gegos os omanos foram di cidossouberam ser les os meses Gilia, na Hispania, na Récia e na Dacia, as tribos mais diversas cedo Jaram os seus costumes nanizaranse icdes, adotaram como propria a lingua latina, 1 que, falado em tamanha area geogrifica, por povos de ragas tho diversi, ltim vulgar no poderia conserva aus clave unidade, precéria como a de toda lingua que serve de meio de comunicagio a variadas comunidades de analfabetos. ino do latim difundis o padrio as Forgas de difer . sem nenhum controle dotmpéiontomslsexsti embora cont comunidadede stvedveras pres inteigadasporuna ce 8 re Stende or Romania em conta com Barbara, srepes habia Fer outospovon é event ‘Sma pulagic idade’. (Mave ama a todos os prods daa hea ine dalfolandese di G. Fra cato, Firenze: Olsch ics ‘ sets a chonlogie tes dts de gulqs mod Vegas st neon tea tangas petra ere des Largs Roma 1" n NOVA GRAMATICA DO PORTUGUES CONTEMPORANEO Alguns fatos histéricos vieram contribuir para ativar o processo de dalets- Tiaagdo, Enumeremos os principais. Desde 212, 0 edito de Carscala estendera o dieito de cidadania a todos os individuos lives do Império, com o que Roma e a Itilia perderam a situagio privilegiada que desfratavam, Diocleciano, que governou de 284 a 305, instituiu a obrigatoriedade do latim ‘como lingua da administragdo. Mas, contraditoriamente, anulou os efeitos dessa ‘medida unificadora ao descentralizar politica e administrativamente 0 Império ‘emdoze dioceses, caminho aberto para o agugamento de nacionalismosregionais € locais? Nao sendo mais capital, Rome deixou, consequentemente, de exercer a fungi reitora da norma lingustica. Em 330, Constantino, que se tornara defensor do Cristanismo, transferiu a sede do Império para Bizincio, a nova Constantinopla. Com a morte de Teodésio em 395, 0 vasto dominio foi dividido entre os seus dois filhos, cabendo a Honério o Ocidente, e a Arcidio o Oriente. O Império do Oriente teve vida longa. Conservou-se até 1453, O do Ocidente, porém, depois de sucessivas invasdes de hunos, visigodos, ostrogodos, bur- sguinhdes, suevos, alanos e vandalos, sucumbe em 476, quando Odoacro des- trona o imperador fantoche Romulus Augustus, apelidado com o diminutivo Augustulus, “Augustinho", As for ias desagregadoras puderam entio agir livremente, e de tal forma que, em fins do século V, os flares regionaisjestariam mais préxi- ‘mos dos idiomas romanicos do que do prépri lati. Comece entio o periodo do romance ou romango, denominaco que se dé lingua vulgar nessa fase de transigdo que termina com o aparecimento de textos redigidas em cada uma das vas roménicas: francés (sé IX), espanol (sEc.X), italiano (sée. X), sardo (sé. XI), provengal (séc. XID, rético (séc. XID, catalo (séc. XI, on principios “0 Império foi ento dvidido em doze dioeses,e& uma coisa surpreendente ver nascer esse momento asnacionalidades modernas: howve ura Afica, uma Espana, uma Gi Bretanha, doas Frans ade Teves ea de Viena), das fas (de Mio ea de Roma)> (André Piganal. Histoire de Rome. Pars, 1939, p 446.) © Oprimeitotexto em queo vulgarit Sanson, 1960, p 9 ‘aa popula fo chanado“Indovingio Veronese), de fine do sks. IIT ‘dose IX. ae pode ser consideradoo mais antigo montmento redigi Fominico, Sobre os auraerosos problemas que encerrao precios codic Capitolare di Verona, lease 0 fformativo estado de Mat “Indovinello Veronese’ Estos e [ed].p 147-188 do sée, XIN, portugues (sé XII), franco-provencal (sé. XII, délmata (sé. XIV) eromeno (sée. XVD, A ROMANIZACAO DA PENINSULA Os romanos chegaram Peninsula Ibérica no século Ill 3.C, por ocasiio dda 2» Guerra Plinica, mas s6 conseguiram dominé-la por completo, ao fim de longas e cruentas [utas, em 19 eC, quando Augusto venceu a resisténcia das ros povos das Astirias e da Cant Muito pouco se sabe das antigas populagdesibéricas. No inicio da romani- ‘2agio habitavaa Peninsula uma complexa mistura racial: celts, iberos, pinico- idiomas hispinicos, ppenas a uns quantos sufixos — como -arra(bacarra),-orro (beatorro), -asco(perhasco)e ego (Borre= _g0) —ealgumas palavras de sigificagdo concreta: arroio, balsa, barr, braga(s, carvasco, gordo, ama, lang, lousa, manteiga,tamuge, to, viga, etc. ‘A romanizacio da Peninsula nao se processou uniformemente, Das trés provincias em que Agripa (27 a.C.) dividiu a Hispania — a Tarraconense,cor- respondente ant terior — foi a Bética a que mais cedo assim 2. No alvorecer da nossa era, o gedgrafo grego Estrabio testemunhava 3s turdetanos, especialmente os que habitavam as margens do Bétis, adotado os costumes romanos, e até j& nem se lembravam da propria ingua’. Eacrescentava: "Néo falta muito para que todos se convertam em Por esse tempo, nas outras provincias a romanizagio estava atrasada. Nas regides do Norte em terras da Galiza, das Astiras e da Cantabria, ainda iio se fazia sentir a presenca de Roma: os seus habitantes conservavam intactos os, nudes costumes transmitidos através de geracdes que se perdiam na noite dos séculos. Em 216, Gallaecia et Asturia, que desde a época de A subdivisio militar financeira da antiga Hispania Citer vinciaa parte, com o nome de Nova Hispania Citerior A entéo o Noroeste peninsular até a Cantabria. Coma reforma de Diocleciano, todas essa provincias —e maisa Baleica, a ‘Tingitana ea Cartaginense, destacada da Tarraconense — passaram a constituir a diocese da Hispinia, que depencia da prefeitura das Gallas, nino Pio era uma, tornou-se uma pro- miniana, Compreendia 7” GE Rafael Lapesa Historia dela lengua expan, 5 ed, Madr: Escelice, 1982p. $1 3 LINGUAS ROMANICAS. NOVA cRawAricA D0 PaRtucuts conTeMPoRINES 0 DOMINIO VISIGOTICO joadministrativa da Peninsula, quando, em 409, fo invadida por um grupo heterogénea de povos germinicas — vindalos, suevose alanos. Os alanos esapareceram rapidamente; 0s vandalos, depois de se haverem fixado na ransportaram-se, em 428, para a Africa, onde fundaram um reino, que durou cem anos; os suevos estabeleceram-se na Galécia ena Lusitini Pirineus e se estenderam por toda a Peninsula, que iam dominar durante dois séculos e meio. (0s visigodes cedo se fundiram com a populagio roménica. Tr8s fatos con- que proibiao casamento ‘em 586, de Recaredo correram poderosamente para iso: a) abolicio dal de godos com hispanos, alo de Leovegildo; b) a convers 3s direitos das comunidades goda e hispana. Assim, quando Rodrigo, imo rei godo, nao pode deter, em 711, a invasdo érabe, com ele rufa ndo co portugués nio ascende a mais de quarenta termos.’ dos quais cerca de trinta se encontram em outraslinguas romanicas. Seguindo oexemplo ce Gamillscheg,o professor Joseph M. Pel distribu por quatro grupos as palavras godas que se conservaram em portugues: ) palavras de origem gotica que jé pertenciam ao latim vulgar ou medieval: albergue, arear, bramar, bando, elma, espora, guarda, guerra, rapa, tréguas ras comuns a todas as regides primitivamente ocupadas pelos godos: para a formagio do 4°) palavras privativas do escancdo, ganso,guarecer, ingreme, Editors, © Ch joseph Mt Piel O patrindnio visgd ca nua portuguesa. Coimbra, Cok 1982, p18 9 Tbider,p. 13-17 bo Lain 40 poRrucues aruaL © DOMINIO ARABE ‘Movidas pela guerra santa, as tribos arabes conquistam o Norte da Africa «em 711, desembarcam na Peninsula, Sete anos depois, com exclusio do pe- queno reino do Duque Teodomiro, que por meio século ainda conservou sua © de alguns focos de resistencia nas montanhas das Astras, de ia movimento de Reconquista, o dominio mugulmano cobria toda “Os iabes, irios eberberes que invadem a Peninsula nfo trazem mulheres: casam com hispano-godss, tem escravas galegesebascas, Ente os mugulmanos permanecem muitos hispano-godos, os mocarabes, onservadores do saber isi-

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