As Grandes Religides Monoteistas ‘As Scitas surgiram das chamadas “Grandes Religides", por isso a necessidade de se estudar essas religides em algumas de suas mais vari- adas divisdes. Neste capitulo, trataremos das “Grandes Religides Monotefstas” (cristianismo, judaismo e islamismo), assim chamadas por prestarem culto a uma s6 divindade, e dos diversos assuntos relaci- onados a elas, tais como histérico geral, teologia e princi tos, livros sagrados, dentre outros assuntos, 2.1- Cristianismo O Cristianismo - visto como religiao superior porque expressa a verdade de Deus para o Homem e permite a condugao do crente para a Salvagio~ surgiu baseado nos ensinamentos de Jesus Cristo, 0 Filho de Deus (Mt 16.16; 27.43; Me 3.11) , 0 Deus encarnado (Mt. 1.23; Jo 1.1, 14) que veio a0 mundo para dar A humanidade a possibilidade de salvagio. Cristo nasceu em Belém (Mt 2.1,5,6,8,16; Le 23.4) e viveu grande parte de sua vida na cidade de Nazaré (Mt 2.23; Le 2.39; Mt 4.13), por isso ficou conhecido como Jesus de Nazaré ou Nazareno (Mt 26.71; Me 1.24; Me 14.67). Sua vida, no periodo que antecedeu Seu ministério, foi pouco relatada, mas, entre esses relatos, trés fatos chamam a atengio, O_ 2.1.2- O Livro Sagrado Livro adotado pelos cristaos € a Biblia Sagrada, escrita em hebraico, aramaico e grego, por cerca de 40 autores inspirados pelo Espirito San- to (2 Pe 1.21). Produzida por um periodo de aproximadamente 1500 anos, foi dividida em duas partes: 0 Antigo Testamento, formado por 39 livros, no qual sfo narradas as revelagdes de Deus a0 homem antes da encarnacao de Jesus, e o Novo Testamento, com 27 livros, que narra as revelagdes a partir da encarnagio de Jesus. Todo verdadeiro cristo acredita ser a Biblia a Palavra de Deus, Sua revelagdo a humanidade. O proprio Senhor Jesus Cristo denominou as Escrituras Sagradas de Palavra de Deus (Mc 7.13); € a propria Biblia testifica de si propria como sendo inspirada (2 Tm. 3.16) e fonte de autoridade para todo 0 cristio fiel (Is 34.16). Muitos, durante a hist6- ria, tentaram destruir, difamar, esconder e zombar das Escrituras Sa- gradas, mas nao conseguiram éxito, pois a Biblia continua a ser 0 gran- de best-seller de todas as épocas. A partir do século XIX, algumas pessoas, que se diziam “cristas", tentaram fazer crer que a Biblia era meramente um livro de lendas € mitos. Isso trouxe um esfriamento no Cristianismo, principalmente no Continente Europeu, que se esqueceu de seus grandes avivamentos iniciados por homens como 0 reformador Martinho Lutero, 0 pregador Jorge Whitefield, Christmas Evans, Jonh Wesley e Charles Spurgeon, que amavam a Biblia Sagrada. Contudo, esses acontecimentos nao fo- ram capazes de impedir que o Evangelho fosse propagado ¢ que trans- formasse a vida de homens pecadores, uma prova incontestivel €2.1,3- Os Principais Grupos Cristaos © Gristianismo, com 0 decorrer dos séculos, dividiu-se em varias ramificagées, das quais_as mais conhecidas so: Catolicismo Romano, Igreja Ortodoxa e Protestantismo. 2.1.3.1- Catolicismo Romano © Catolicismo Romano foi instituido como do pelo imperador Constantino (313 d.C.), qual também possufa o titulo de “Pontifex Maximus’, o soberano da religiéo do estado. Esse periodo foi chamado de “romanizagao da igreja’. Nao podemos esque- cer que nesse periodo houve alguns cristaos piedosos, mas no decorrer dos anos, devigo a interesses politicos, muitas doutrinas antibiblicas se infiltraram na Igreja, tais como: as oragdes pelos mortos (400 4.C.); a declaragao de Maria como “Mie de Deus” (431 d.C.); 0 dogma do Purgatorio (593 d.C.); a instituigio de Maria como eternamente vir- ‘gem (649 d.C,); 0 Culto as imagens e reliquias (789 d.C.); a canonizacao dos santos (880 d.C.); a proibigo do casamento para os sacerdotes (Concilio de Elvira 300 d.C; Coneilio de Nicéia 325 d.C; Concilio de Trento 1545 d.C); 0 pagamento de missas ¢ culto aos anjos (1100 4.C,); 0 estabelecimento da santa inquisigdo (1186 d.C.); a venda de indulgéncias (1190 d.C.); a proibigao da leitura da Biblia por leigos (1229 d.C.); a valorizacio da tradicio em detrimento da Biblia (1546); (@ dogma da imaculada conceigéo de Maria (1854 d.C.); o dogma da infabilidade papal (1870), desde entio 0 papa é considerado infalivel. O lider maximo da igreja Cat6lica Romana € o papa, sendo conside- rado pelos catélicos como sendo um sucessor direto dos apéstolos. 2.1,3.2- A Igreja Ortodoxa A Igreja Ortodoxa surgiu em 1054 d.C., decorrente de divergencias com a igreja do Ocidente, chefiada por Roma, Ap6s essas divergéncias, as duas igrejas se excomungaram mutuamente, ficando nessa situagio até 0 ano de 1965 quando o papa Paulo VI e o patriarca ortodoxo Athendgoras I revogaram a excomunhao. A Igreja Ortodoxa divide-se em varios ramos tendo como principais expoentes as Igrejas Ortodoxas Grega e Russa. Apesar de serem igrejas independentes, esto debaixo da autoridade do patriarca de Constantinopla.2.1.3.3- A Igreja Protestante A Igreja Protestante, instituida apés o segundo grande cisma no cristianismo, teve infcio com Martinho Lutero, um monge catdlico que, revoltado com o desrespeito da Igreja aos preceitos biblicos, escreveu 95 teses, dando inicio assim a0 que conhecemos como “Reforma Pro- testante”. Depois dele, muitos nomes surgiram, entre eles, Zuinglio e Calvino, homens fundamentais para 0 processo de resgate dos valores biblicos que haviam se perdido. Atualmente o protestantismo divide-se em Hist6rico, Pentecostal e Neo-Pentecostal. 2.1.4- A Teologia Crist e Seus Principais Ensinamentos A teologia cristd est baseada nos ensinamentos da Biblia Sagrada, porém é necessério ressaltar que diversas ramificagbes do cristianismo se afastaram desses ensinamentos € tém-se voltado aos dogmas ¢ as doutrinas humanas. Fazem parte das principais doutrinas cristis as seguintes crencas: 2.1.4.1- Deus ‘A visio sobre Deus na religiio cristé € essencialmente monotefsta, pois se cré na existéncia de um ‘inico e verdadeiro Deus que € Todo- Poderoso, Santo, Eterno, Amoroso, Transcendente e Imanente © que revelou Sua Palavra por meio da Biblia Sagrada. Créem ainda os cris- t€os que, apesar da grandiosidade de Deus, Ele se importa com Suas criaturas e interage com elas, conforme pode ser verificado no livro do profeta Isafas: “Porque assim diz 0 Alto e 0 Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como tam- ‘bém com o contrito ¢ abatido de espirito, para vivificar o espirito dos abatidos, ¢ para vivifcar o coragdo dos contritas”. (Is. 57.15) 2.1.4.2- Um Deus Trino A Santissima Trindade & uma das mais importantes doutrinas do cristianismo ¢, por isso, no decorrer da hist6ria, as seitas ¢ as falsas religides tém centralizado seu ataque contra essa verdade crista, ale- gando que, ao crer na Santissima Trindade, o cristao adora trés deuses. Esses adversérios, por mera oposiclo, ignoram que o cristo adora um 86 de Deus que coexiste em trés Pessoas distintas. Outros, por no terem muito conhecimento sobre as Escrituras, afirmam que 0 Novo‘Testamento contradiz 0 Antigo Testamento. Para contestar essa afir- macio, Soares (2003) explica: “O Novo Testamento nao contradic 0 Velho, mas torna explicito 0 que dantes estava implicito. A unidade de Deus nao é absoluta, ‘mas composta, de modo que o Velho Testamento revela a unidade na Trindade, ao passo que o Novo revela a Trindade na Unidade, A doutrina da Trindade néo neutraliza, nem contradiz a doutrina da Unicidade ¢ nem a doutrina da Unicidade anula a Trindade.” Ha também, entre os que contestam a crenga na Santissima Trinda- de, a alegagdo de que a palavra Trindade nao aparece na Biblia Sagra- da, mas essa alegacdo pode ser facilmente refutada, uma vez que essa doutrina pode ser encontrada desde 0 livro de Genesis até o de Apocalipse. Outro argumento que pode ser refutado € 0 de que hi contradicdo entre os termos Unidade e Trindade dentro da teologia. Os textos originais permitem melhor compreensio sobre a Unidade Com- posta de Deus e esclarecem esse ponto. Duas palavras hebraicas Yachid ¢ Echad elucidam essa questao: + Yachid - palavra usada para designar unidade absoluta no Antigo ‘Testamento. Essa palavra aparece 12 vezes nessa parte das Escritu- ras, mas nunca para descrever a unidade de Deus (Gn 22.2,12), * Echad - palavra que se refere a uma unidade composta, ou coleti- va (Gn. 2.24; Dt. 6.4), um plural composto sempre usado para men- cionar Deus como “«inico Senhor” (Pratney, 2004). Esse conceito de Unidade Absoluta e de Unidade composta pode set mais bem compreendido com exemplos comuns: uma bola de fute- bol pode ser vista como unidade absoluta; um cacho de uvas, por sua vez, unidade composta. Com essa explicagao, torna-se perfeitamente Possivel perceber que a Doutrina da Trindade nao € um né teolégico intransponivel para o entendimento humano, principalmente, quando se tem a Biblia como dinica regra de conduta ¢ fé. (2.1.4,3- Jesus Jesus — tema central do cristianismo ~ 0 Salvador, responsavel pelos fundamentos da Igreja Crista, € 0 Senhor de todos os verdadeiros cris- ‘ios. Sua vida, obra ¢ ensinamentos sio narrados nos Evangelhos, cada uum deles focando diferentes angulos. Mateus apresenta Cristo como 0Rei do povo judeu. Marcos, como servo sofredor, Lucas, como Filho do homem. E Joao, como divindade. dis nenhum lider religioso marcou tanto a humanidade como ‘Cristo, e isso se deve ao fato de que nao era apenas mais um ‘ou lider revolucionario, mas era o proprio Deus encarnado (Jo ‘Muitos acontecimentos de Sua vida jé haviam sido profetizados ‘com muita exatidio. Isafas profetizou sobre a divindade de ‘e mencionou alguns de Seus atributos (Is 9.6). Miquéias previu ‘de Seu nascimento (Mq. 5.2). Além dessas, muitas outras pro- ‘apontaram a pessoa de Jesus como sendo o Messias esperado, 0 da humanidade. Jhistéria da humanidade, nenhuma pessoa causou tanta admira- ‘0u rejcicio como Jesus Cristo, Muitos tentaram reduzi-lo a um Jhomem ou a um agitador; encontrar erro ou dolo em Sua pessoa; ‘mentiras contra Ele, contudo, nada foi capaz de encobrir a vyerdade sobre Sua divindade. Muitas heresias surgiram ¢ con- vigentes, tentando de todas as formas depreciar a figura do ‘mas a Biblia Sagrada demonstra com clareza que 0 Mestre {foi apenas um homem, mas era um s6 com o Pai. Observemos a a seguir: ATRIBUTO JEOVA JESUS SALVADOR | 43.13 713.20; 432 REDENTOR Rm 324; 74.7 PERDOADOR | 1799; 1033 | Mt92;Lc 7.48; Mo 27 De PECADOS Bt OPRMERO | aie io 18, 17:28 Evo 2.1.4.4- O Espirito Santo © Espirito Santo, a terceira pessoa da Trindade, nio por hierarquia, ‘mas por ordem de revelacio ~ Deus Pai, segundo Deus Filho ¢ por tiltimo ‘0 Deus Espirito Santo — age desde a criaco do mundo: “pairava sobre a face das éguas” (Gn 1.2). Ele € Deus, possui todos os atributos de Deus, sendo Eterno (Hb 9.14), Onipresente (SI 139.7), Onisciente (Jo 16.13; ‘At 1.16;Ef 1.17), Onipotente (Rm 15.19), portanto deve ser honrado e ‘dorado. Inspirador dos Profetas (2 Pe 1.21), habita nos crentes ¢ os vivifica (Ez 36.27; Jo 14.17; Rm 8.9; Rm 8.11), testifica que o homem é filho de Deus (Rm 8.16), consola-o eo guia em todaa verdade (Jo 14.16,26;2.3- Islamismo Islamismo, religido fundada, em 622 d.C., por Maomé (570- 632), € considerado a mais jovem dentre todas as Grandes Religides € a segunda maior religido monoteista do mundo. Sua historia € marcada por um perfodo que antecede sua fundagéo, pois, como em outras religides, esté intimamente ligada a figura de seu fundador, que, 6rfo de pai e mae, teve uma infincia dificil. Esse personagem hist6rico — {que se casou aos 25 anos com Khadija, uma vitiva, e que teve a partir disso uma condigao financeira privilegiada — ausentava-se com frequéncia para meditar em uma caverna localizada no monte Hira. Foi em um desses momentos, com aproximadamente 40 anos de ida- de, que foi visitado pelo anjo Gabriel e recebeu a incumbéncia de ser © profeta do “deus Ginico e verdadeiro” chamado “Ala” (610 d.C.). As revelagdes que Maomé continuaria a receber através de um anjo for- mariam, posteriormente, 0 alcorao, o livro sagrado dos muculmanos. Incentivado por sua esposa e amigos, Maomé inicia suas pregacées que tinham por tema principal 0 monoteismo. No ano de 619 d.C. ‘sua esposa morre e a partir desse momento Maomé adota a poligamia (casamento com varias mulheres). As pregagdes de Maomé comeca- ram a ficar conhecidas em muitos lugares além de Meca, tanto que em 620 d.C. ja contavam com muitos seguidores na cidade de Medina. Devido as constantes perseguigoes, dois anos mais tarde, em 622 d.C., Maomé foge de Meca para Medina, na chamada “Fuga de Hégira”. Esse evento foi tio marcante para a historia do Isl que passou a ser considerado oficialmente a data da fundagio do Islamismo, e, além disso, os muculmanos passaram a datar sua historia a partir de 622«.C. Em Medina, Maomé comega a planejar e a executar ataques- surpresa contra todas as caravanas que se direcionavam para Meca, acabando por conquisté-la em 630 d.C., tornando-se um grande dita- dor, controlando questées politicas, proibindo e destruindo 0 que considerava ser idolatria, inclusive 0 cristianismo ¢ 0 judaismo que se opunham a scus ensinamentos. Essas empreitadas militares nos dio a ideia de como essa religido via essas batalhas como sagradas ¢ as considerava como sendo “Guerra Santa”. Champlin nos narra como se deu esse momento na histéria. “Maomé reduziu todos os centros cristaos a praticamente nada. Enviou embaixadores aos quatro grandes impérios da Abissinia, do Fito, da Grévia e da Pérsia, exigindo lealdade é fé da parte dos mesmos. Quando eles se recusaram, Maomé reuniu os drabes ¢ invadin esses impérios. Embpra o préprio Maomé tenha falecido somente dois anos mais tarde (632 d..C.), seus exércitos marcha- ram com um zelo fandtico, tendo sido capazes de conquistar mui- tas terras de trés continentes: Asia, Africa e Europa (...) Verda- deiramente, as guerras santas fazem parte vital da fé ilamica” (Champlin, 2004). As “Jihad”ow. “guerras santas” se constitufram na principal estraté- gia expansionista dessa religido, sendo que os povos conquistados eram obrigados a abracar o islamismo como religio oficial. A palavra “Islamismo” vem de “Isla” e significa “submissio”. O seguidor dessa religiao € chamado de Mugulmano que significa “submisso”. 2.3.2- Os Principais Grupos do Islamismo " O sucessor de Maomé foi Abu Bakr, um de seus sogros, o qual inaugurou a linhagem dos Califas. Abu faleceu depois de dois anos de lideranga ¢ deixou, em seu lugar, Omar, que permaneceu dez anos. Em seguida, veio Otman, que ficou doze anos no poder e que foi substitufdo por Ali Ibn Abi Talib, genro de Maomé e primo da pré- pria esposa. Foi nesse periodo também que ocorreu, no Islamismo, a grande controvérsia: um grupo se levantou para afirmar que os pri- meiros califas tinham sido usurpadores da posicio e que, somente naquele periodo, havia assumido o verdadeiro Ima (Ifder). Essa con- ‘trovérsia dé origem a duas principais divisées dentro do Isla: os Sunitas ¢ os Xiitas.'SUNITAS (00% dos mucuimanos) YaNTAS LO% Gos muguimanos) ‘Seguidores da primeira sucessao de ‘Seguidores do primo e genro ‘quatro calfas. st ‘de Maomé, All u ‘Defendiam que os sucessores deveriam | Defendiam que os sucessores ou ims ‘ser constituidos por pessoas chegadas | (lideres) deveriam ser consanguineos ‘aMaomé ou clita. {de Maomé, da linhagem de Al ‘Séo considerados os mais radcionais | Interretam o Alcoréo iteralmente. ‘dentro do Ist. % ‘Séo mais cipiomaticos 6 als tolerantes | Defender as agbes extremas tals como: ‘com outras cuturas. atentados e sequestos dentre outros. Alm dessas das facg6es Islamicas, ainda existem outras, tis como: "98 sufistas, que constituem a escola mistica do islamismo; os Amdians, " seita fundada no século XIX, que atua em universidades e produz ma- terial apologético contra o cristianismo e o judaismo; os mutazilitas, os cadaritas e os cabagitas. 2.3.3- Livro Sagrado O livro sagrado dos muculmanos, o “Alcorio”, também denomina- do de Cordo, compilado somente apés a morte de Maomé, norteia no 86 a vida religiosa, mas também a vida social do adepto. Esse livro, escrito no idioma drabe classico, dividido em 114 capitulos denomina- dos suratas, tem sido incorporado 4 constituigao de muitos paises onde amaioria é islamica. Além desse livro, os muculmanos recorrem a Sunna_ (uso ou tradicdo), que relata os atos e palavras de Maomé, os quais nao foram mencionados no primeiro livro. Outra fonte de autoridade sobre ‘05 muculmanos € a Xéria (caminho para o ofsis), um c6digo de ética ‘que rege a vida do fiel em todos os aspectos. Gaarder (2000) assevera: “Trata-se de um livro de leis que contém instrugées fixas e rigidas sobre o governo da sociedade, a economia, 0 casamento, a moral, o status da mulher, ete”. 2.3.4- A Teologia Islamica e seus Principais Ensinamentos A teologia apresentada no Alcordo é totalmente oposta a fé judaica ~ crista. Soares (2003) explica que Maomé teve pouca familiaridade com ‘a Biblia e entendia que os ensinos do Novo Testamento acerca de Jesus, ‘como 0 Filho de Deus, e Sua morte substitutiva na cruz, era uma blasfé- mia total. Para ele, havia um profeta para cada época, comecando por ‘Adio e terminando nele. Daf a tradigéo acreditar que existiram 120,000 profetas. De acordo com a crenga, para cada profeta foi dado um livro sagrado, mas desses restaram apenas trés: a Lei, Taurat, dado a Moisés;08 Salmos, Zabur, dado a Davi; e os Evangelhos, Injil, dado a Jesus. Essa mesma crenga considera Maomé como 0 “selo” dos profetas, 0 tiltimo © maior deles, ¢ utiliza palavras como Filho de Deus, oracio, pecado, salvagio com significados diferentes dos apresentados no Cristianismo. 2.3.4.1- Deus ‘Os muculmanos acreditam em um nico deus denominado Alf, um nome que em drabe significa deus. Por serem monoteistas absolutistas, jamais aceitariam a hipétese de um Deus trino como os cristaos, Esse deus a quem servem, de acordo com a crenga, é to sublime e santo que nao € capaz de se relacionar com 0 pecador, cabendo aos anjos ¢ aos profetas a recepcdio das revelagdes que devem ser passadas aos homens, 2.3.4.2. Jesus O Islamismo declara, baseado nos ensinamentos de Maomé, que Jesus foi apenas um dos 120,000 profetas que trouxe mensagem de Ala, ou seja, um simples profeta como tantos outros. Assim, para eles, todos os que prestam adoragio a Cristo esto blasfemando contra Alé ¢ serio duramente punidos sem perdio ou misericérdia. 2.3.4.3- A Trindade Aconcepcio da trindade adotada pela fé crista nao € aceita no meio islamico, pois para um muculmano ¢ inconcebivel a ideia de Deus ser ‘inico e ao mesmo tempo Trino. A doutrina da trindade tornow-se grande ponto de discordancia entre 0 islamismo ¢ o cristianismo. O alcorio é enfitico quando trata sobre a questio. 2.3.4.4- Os Cinco Pilares do Islamismo Todo muculmano, para nao ser considerado infiel e softer consequéncias, dever obedecer a cinco preceitos biisicos: * Testemunho ou confisséo diéria (Shahadah) ~ Deve crer ¢ confessar que nao ha deus além de Alé e que Maomé é 0 mensageiro de deus. + Oragio orar cinco vezes por dia (Salat) ~ Deve fazer suas ora- Ges voltado em direcdo a Meca, de joelhos ¢ com a testa tocando ‘no chao em sinal de total submissio e reveréncia, Essas devem ser distribuidas em cinco periodos: manha, almoco, no meio da tarde, ap6s 0 por do sol e antes de dormir., Abu-Bakr (primeiro sucessor de Maomé) ¢ Omar I (segundo sucessor de Maomé). + Accidade de Jerusalém ~ Essa cidade € considerada sagrada por- que, segundo a tradigao, foi local onde ocorreu a ascenstio de Maomé ao paraiso para encontrar-se com Moisés ¢ Jesus. 2.3.6- Salvacio e Condenacdo no Islamismo A Salvacio, no islamismo, est4 diretamente ligada a dois fatores: & obediéncia estrita ao alcorao (Surata 7. 40-42) e a pratica dos chama- dos cinco pilares. Segundo o alcorio, terdo salvacdo: “Aqueles cujas agdes pesarem mais na balanca se salvardo. E aqueles cujos pratos forem leves, prder- se-do a si mesmos na Geena para sempre” (Surata 23.102,103). 2.3.6.1 A Concepgio de Parafso no Islamismo O parafso, apresentado pelo Islamismo, é um lugar repleto de praze- res ¢ delicias onde ficarao somente os mugulmanos figis e os mértires, esses tiltimos tém a garantia de que iro direto ao paraiso como recom- pensa pela fidelidade a Ala. Nesse paraiso, haverd virgens, chamadas de amantissimas” (Surata 56.35-37), para proporcionar deleite aos salvos. 2.3.6.2- A Concepgio de Inferno e Condenagao no Islamismo inferno para o Islamismo é um lugar de tormento e com chamas escaldantes ¢ esta reservado a todos os muculmanos infigis ¢ aos inte- grantes de outras religiées. Dentre os destinados ao inferno, esto os incrédulos, os hipécritas, os idélatras e, entre esses, os cristdos. E importante ressaltar que essa religido € a que mais cresce no mundo e que boa parte desse crescimento se deve 4 politica de re- Presso, por meio da forca, a outras religiées. Ha regies, domina- das por mucgulmanos extremistas € radicais, onde ser cristao repre- senta risco de morte. Assim, cabe aos cristéos mostrarem a esses 0 verdadeiro amor que Cristo ensinou a todos seus seguidores: Mas a vds, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; (Lucas 6:27). Questo para Reflexio As religiGes monotefstas so aquelas que prestam culto, adoram ape- nas um s6 Deus. Sendo o Cristianismo uma religiio monoteista, que diferenca apresenta em relacdo as outras religiGes aqui apresentadas?_ A Grande Religido Politeista © hinduismo, embora se apresente como religiio que acredita so- ‘mente em uma divindade, Brahmah, é considerado politeista, uma vez que essa divindade, de acordo com sua crenga, manifesta-se em tudo, inclusive em seus 33 milhdes de deuses. Neste capitulo, verificaremos ‘as principais caracteristicas dessa grande religiso politefsta de modo a ‘entender melhor as causas dessa crenca. 3.1- Hinduismo O Hinduismo ~ religiéo que cultua o deus Brahmah, 0 qual se ‘manifesta em tudo, inclusive em seus milhdes de deuses ~ é uma das mais antigas e complexas dentre as grandes religides ¢ distingue-se das demais por nao possuir um fundador ou precursor conhecido. Apesar de ter suas raizes firmadas na India, tornou-se uma religiio sincrética e até multicultural, pois acabou incorporando costumes € ‘os deuses de outras religides em seu culto. Outra caracteristica que diferencia essa religiao das demais é 0 fato de nao possuir um credo fixo, uma liturgia caracteristica ou uma organizacéo que venha a reger ou normatizar essa religiio. E por ndo apresentar essas carac- teristicas, tornou-se uma das religiées da qual mais se originaram seitas. Essa religiao passou por diversas fases, mas as mais comumenteaceitas pelos estudiosos so: 0 pré-védico, 0 védico, 0 bramane € 0 filoséfico, 3.1.2- O Hinduismo Pré Védico O Hindufsmo Pré-védico (3.000 ~ 1500 a.C.), periodo correspon- dente aos primérdios dessa religiéo, tem como caracteristica principal © animismo praticado pelos nativos do vale Indus. Nessa cultura, de- nominada harappa, foi desenvolvido 0 culto das deusas ¢ do touro (Mather / Nichols, 2000). 3.1.3- O Hinduismo Védico O perfodo Védico (1500a.C.) teve inicio com a invasio e conquista ddos vales dos rios Indo e Ganges pelos arianos (povos das estepes da Asia central), a qual regultou na assimilagdo de culturas ¢ formacao de uma nova fé, Nessa nova fase, houve uma fusio do animismo com 0 Politefsmo, o inicio da escrita do Rigveda (1.028 hinos), da obra literé- tia dos Vedas e do Atharva-Veda e 0 estabelecimento do Sistema de Castas. Essa classificagao se deu primeiramente através da cor da pele, indicando um pensamento de superioridade racial por parte dos aria. os que eram de pele mais clara. Segundo o Rigveda, a classificagao por casta se dava da seguinte ‘maneira: Bramanes—composta pelos sacerdotes ¢ os eruditos; Kshatriyas = composta pelos soldados guerreiros; Vaishyas ~ composta pelos agri- cultores e mercadores; Sudras ~ composta pelos camponeses ¢ servi- sais; Hariyan — composta pelos marginalizados e intocaveis, Essa clas- sificagao j4 foi mudada no decorrer da histéria a ponto de, no inicio do século XX, haver mais de 3.000 castas. Esse sistema ainda é adotado nos dias atuais em pequenas cidades da India, principalmente na re- gio sul. De acordo com Champlin (2004), a religio védica era caracteriza- da pelo otimismo, pelo amor a vida e por uma espécie de fé nesse mundo, mas com alguma crenga acerca da vida vindoura. 3.1.4- O Hinduismo Bramane O hinduismo bramane (700 a.C.) comecou a tomar o formato atual a partir da literatura Brémanas. Nessa literatura, os deuses foram des- Pidos 0 maximo possivel dos atributos materiais e passaram a ser indi- cagbes das coisas espirituais ¢ transcendentes. A crenga no ascetismo