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SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA OR... E.. A». A-. ONSISTC rl ANO VII SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA O RITO. ESCOCES ANTIGO E ACEITO AD UNIVERSI TERRARUM ORBIS SUMMI ARCHITECTI GLORIAM DEUS MEUMQUE JUS ORDO AB CHAO MUI PODEROSO CONSISTORIO DE PRINCIPES DO REAL SEGREDO N° 1 ADMINISTRACAO Soberano dos Soberanos - Cid Ney Filardi Ramos Primeiro Tenente Comendador - Joao Pereira Leite Segundo Tenente Comendador - Wanderson Tibiriga Franco Grande Ministro de Estado - Arakén Faissol Pinto Grande Secretario - Benito Juarez Teixeira Lopes Grande Tesoureiro - Ivo Carneiro Grande Mestre de Ceriménias - Milton Antonio Graga do Sacramento Grande Chanceler - Henrique Miranda Santos Moura Grande Capitaéo das Guardas - Roberto Geraldo Ferreira Grande Experto - Fernando Marques Rodrigues Grande Arquiteto - Anténio Batista de Lima Grande Mestre de Harmonia - Sidney Jaccoud Grande Hospitaleiro - Arnaldo da Penha Rosa Grande Porta-Estandarte - José Lopes Pereita Grande Porta-Bandeira - Fernando Conde Sangenis Grande Ministro de Estado Adjunto - Manoel Rodrigues de Castro COMISSOKS PERMANENTES ELEVAGAO DE GRAUS Luiz Nery Perdomo Francisco Chagas Cavalcante Fernando Marques Rodrigues JUSTICA E LITURGIA Wanderson Tibirigé franco Stenélio Rodrigues de Freitas Josue Moraes de Oliveira FINANGAS E BENEFICENCIA Helmut Wimmer José Miicio Ribeiro PROPAGANDA E CULTURA Milton Varela Vilas? Sebastido Paes Leme Alfredo Daher Merchak Desde a Publicagao do primeiro numero da revista “O CONSISTORIO” — janeiro/fevereiro de 1996, ano 1, n° 1 - es- peravamos que os lei- tores, na medida do possivel, contribuissem com artigos para este 6rgao de divulgacao da Maconaria Filoséfica Escocesa que ora esta- va abrindo-se para os valores magénicos e culturais de nossa su- blime ordem e que tanbém os antincios de produtos e servigos fos- sem ajudar a custear a Obra. Editorial Ao longo do tempo, constatamos que os objetivos a que se pro- punhaa publicacao da revista nao foram total- mente alcangados. A titulo informativo, so- mente a Aug... Resp. Gr.. Ben.. e Benf.. Loj.. Simb.. Cayri N° 762 e a Grafica P. L. Ltda., do Pod.. Ir. Se- bastiao Paes Leme, Membro Efetivo do Consistério N° 1 e da Comissao Permanente de Propaganda e Cultu- ra tém ajudado, com seus antincios, a custe- ar a nossa revista. Coma falta de mate- rial de divulgagao, ape- sar da constante contri- buicao de alguns abne- gados irmaos que nos brindaram com seus artigos, temos recorri- do a intmeros traba- Ihos de PPod... Ilr. que ja transferiram-se para 0 oriente eterno. Somado as conside- ragées anteriormente mencionadas e pelas dificuldades porque passam alguns leitores para adquirirem a revis- ta, fruto, talvez, das condigées internacio- nais que atravessam as Sumario Pag.10 - Descaso Pag.12 - O Capitulo no R.: Pag.20 - A Taca Sagrada Pag. 3 - Quadro de Membros Efetivos Pag. 4 - Cores em Maconaria Pag. 7 - Sao Jodo - Patrono da Maconaria Pag.21 - Um Manual de Sobrevivéncia Pag.23 - A Trolha e a Espada Pag.28 - “Como nasceu © conto-do-vigdrio” Pag.29 - Coincidéncias acontecem, mas assim... Pag.30 - A Bandeira tA. Pag.31 - Unindo a Matéria e o Espirito Pag.32 - O Segredo da Montanha Pag.34 - “Fiat Lux” Pag.36 - Calendario 2003 O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 1 economias globalizadas, nao estamos obtendo su- cesso nas vendas, ape- sar do prego tao baixo oferecido por exemplar. Por outro lado, 0 cus- to para imprimir a revis- ta, a venda e a quanti- dade ainda em estoque de nimeros atrasados nao nos permite obter uma saudavel ponte- de-equilibrio para con- tinuar a editar a revis- ta, sem causar danos para o Supremo Con- selho que na verdade é quem esta absorven- do o prejuizo. Assim sendo, tendo em vista que o Supre- mo Conselho ja edita, desde 1998, uma revis- ta de cunho cultural e doutrinario e, em parti- cular sobre ° filosofismo do R..E.A..A.. estamos dentro dos tramites normais, transferindo as nossas atividades editoriais para o “GRAAL”. Como nao obtive- mos respostas as nos- sas stiplicas lancadas no Editorial do n° 13 anteriormente publica- do pela revista “O CONSISTORIO” —e como também nao de- vemos continuar one- rando o Supremo Con- selho com atividades deficitarias a adminis- tragao do Consistério n° | aproveita a opor- tunidade para informar que a presente edicao sera a Ultima a ser publicada. Outrossim, comuni- camos aos PPod... IIr.. que a Comissao Per- manente de Propagan- da e Cultura do Consistério n° 1 estara recebendo os artigos preparados pelos Ir- maos para serem ana- lisados e selecionados, e depois enviados ao Conselho Editorial do “GRAAL” para a devida publicagao. Desde ja agradece- mos a todos os PPod.’. Ilr. que ajudaram a langar a revista “O CONSISTORIO”, nos idos de 1996. Lamentamos a vida efémera da nossa revis- ta, apesar de todos os esforcos desenvolvidos junto aos nossos PPod... Ilr... para escre- verem artigos, anunci- arem seus produtos ou servicos e ajudarem na manutencao deste 6r- gao de divulgagao, e nos penitenciamos por nao termos sido capa- zes de continuarmos a produzir uma revista que ja estava servindo de modélo para outros altos corpos filoséficos subordinados ao Su- premo Conselho do Brasil para ° R..E.AsA.. “she elegio que me covompe; Srefire aw ertlica gue me perfoigon » (Maxima de Santo Agostinho) O CONSISTORIO - Ano VIIIN® 14 - Agosto/2002 — 2 SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA O RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO MUI PODEROSO CONSISTORIO MACONICO DE PR{NCIPES DO REAL SEGREDO N21 QUADRO DE MEMBROS EFETIVOS 01 - Agaliodoro Frauches de Moraes 02 - Alfredo Daher Merchak 03 - Antonio Batista de Lima 04 - Arakén Faissol Pinto 05 - Arnaldo da Penha Rosa 06 - Aylton de Oliveira 07 - Benito Juarez Teixeira Lopes 08 - Carlos Augusto Samico Freire 09 - Carmelino Souza Vieira 10 - Cid Ney Filardi Ramos 11 - Emilio Gentilli ¢ 12 - Enyr de Jesus da Costa e Silva 13 - Evanyr Seabra Nogueira 14 - Fabio Paoliello Tancredi 15 - Fernando Conde Sangenis 1G - Fernando Marques Rodrigues 17 - Francisco Chagas Cavalcante 18 - Galba Loureiro 19 - Gercy Gongalves da Silva 20 - Gerson Ferreira Pires 21 - Henrique Miranda Santos Moura 22 - Ivo Carneiro 23 - Janes Scazuza 24 - Jorge Antonio de Faria 25 - José Antonio dos Santos 26 - José da Gama e Castro 27 - José Lopes Pereira 28 - losé Muicio Ribeiro 29 - Josué Moraes de Oliveira 30 - Luiz Nery Perdomo 31 - Luiz Viana 32 - Manoel dos Santos Guerra Junior 33 - Manoel Rodrigues de Castro 34 - Milton Antonio G. do Sacramento 35 - Milton Varela Vilas 36 - Noé de Freitas 37 - Olney Lugon 38 - Paulo Roberto Fernandes de Souza 39 - Pedro Romenil da Silva Neves 40 - Renato Rodrigues Nunes 41 - Roberto Geraldo Ferreira 42 - Sebastiao Paes Leme 43 - Sebastiao Panisset 44 - Sérgio Tavares Romay 45 - Sidney Jaccoud 46 - Stenélio Rodrigues de Freitas 47 - Vicente de Paulo Ribeiro Coimbra 48 - Wanderson Tibiricd Franco 49 - Wilson Fortunato Dantas 50 - Ziéde Coelho Moreira O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 3 Cores em Maconaria A s cores em Magonaria fa- zem parte do seu simbolismo e por isso figu- ram na decoragao com os mesmos significados que tinham na antigiiidade. Nos dois primeiros graus, s6 se conhecem as cores branca e azul. Ja no terceiro grau aparece o preto. Segundo 0 Rito e o grau a combinagéo das cores tem sentidos diferentes. De um modo geral, a cor vermelha é a cor dos graus de Santo André; 0 azul é do Rito Schrnaider ou Rito Simbélico Inglés dos Anti- gos Macons Livres e Acei- tos e também do Rito Mo- derno ou Francés. Esta cor ainda é distintiva do Rito Adonhiramita e o amarelo éacor do Rito de Menphis. Obranco que é simbolo da pureza é 0 produto de todas as cores do espectro solar. Sem nenhuma excecio, a cor azul é a caracteristi- Dr. Moacyr Arbex Dinamarco # ca de todas as Lojas Sim- bélicas ou de Sao Jodo, seja de que Rito for, pois | sendo a cor do céu deve ser também a do Templo Simbdlico. O Escocismo que é 0 Rito que de perto mais nos interessa, se divide nos se- guintes grupos. 1° - Maconaria Azul = Lojas Simbolicas. 2° - Maconaria Verme- Iha Capitulos Rosa+Cruz. 3° - Maconaria Negra = Areépago de Kadosch. 4° - Maconaria Branca = Sup... Conselho Graus Administrati- vos. A €sses grupos se po- dem juntar um 5° ou Ma- conaria Verde, consagrado ao Mestre Perfeito e atribuido as Lojas de Per- feicao. O Verde sendo uma cor de transigao, simbolisa precisamente o Mestre Perfeito e a propria Loja de Perfeigao. Acorazul significa a per- feicdo infinita de Deus. Sen- doa do céu também 0 é da tolerancia que deve carac- terizar a atitude dos magons dos 1° graus. A cor branca significa candura, pureza, inocéncia, paz, serenidade e conjunto de virtudes. Entre os romanos quem aspirava um cargo ou dig- nidade usava uma vestimenta branca - candi- da, donde derivou candida- to. Overmelho é 0 simbolo do sacrificio e do ardor que caracteriza e anima o magom, principalmente o Cavaleiro Rosa+Cruz, E também o emblema da Gloria e do Esplendor, O amarelo nos lembra que o saber vale mais do que 0 ouro. Onegro, é dore tristeza, significando pena, morte, CErO UNS p € AG ¢ solidariedade. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 4 O ouro, 0 azul e o bran- co sao emblemas das soci- edades secretas. As cores encerram ain- da outros significados mo- rais e virtudes. Assim, 0 Azul nos lembra amizade e fidelidade; o Encarnado zélo e fervor; o Amarelo Sabedoria e magnificéncia; o Verde esperanga; 0 Pur- pura, dignidade, majesta- de, simbolo da alianga de Salomao com Hiram; 0 Pe- dra firmeza, constancia; 0 Roxo ou Fogo, afeigdo, ca- ridade; 0 Amarelo Doura- do, penetragao e grandeza de alma; o Amarelo Forte, mal sujeito; o Amarelo Palido, desconfianga; o Rosa inconstancia, desdem; o Lilds, ignoran- cia, avaresa; o Violeta, ma- lignidade; 0 Azeitona, ter- nura; 0 Alaranjado, incapa- cidade; o Marron, ignoran- cia, brutalidade, orgulho; 0 Cinzento, desdém, impaci- éncia; 0 Verde Mar, ativida- de, fraqueza; o Azul Pirpu- ra, liberalidade; 0 Encarna- do Purpura, crueldade. De outro modo repre- sentam: O Azul, o reino mineral; O Verde, o reino vegetal; O Vermelho,o reino animal; O Negro, o reino humano; OBranco, o reino divino. Na igreja romana, o papa é vestido de branco; os cardiais de vermelho; os bispos de roxo e os padres de preto, No Delta Luminoso o vermelho corresponde ao Vértice; 0 azul eo verde aos Angulos da base; o negro, a base; e 0 branco ao seu centro. Distingue-se trés tonali- dades de azul; uma que emana do vermelho; a ou- tra do branco e a terceira que se une ao negro. A primeira representa a regeneragdo ou a forma- ¢Ao espiritual do homem Aultima encarnaa satis- fagao do homem. A adogao dessas cores nao é feita ao acaso. Como todo simbolismo magéni- co, foram criados intencio- nalmente. Pode-se admitir certa equivaléncia entre o azul e o vermelho, pois 0 primeiro representa 0 céu ea Via Lactea dos Templos Mac6nicos e a segunda a transcendéncia e@ a excelsitude do macom. Para 0 macom a cor ne- gra, significa inteligéncia; a branca, retidao; a verme- tha, valor; a azul, prudén- cia e a verde filantropia. Os elementos da nature- za sao representados: A terra pela cor negra; 0 ar pela cor azul; a agua pela cor verde; 0 Fogo pela cor vermelha. Se dispensarmos as co- res sobre a cruz, encontra- remos uma concordancia com os pontos cardiais. Desta forma, o azul corresponde ao Ocidente; o vermelho ao Oriente; o verde ao Sul; e o negro ao Norte. As cinco cores que sao vistas nos degraus de uma escada em caracol encer- ram um simbolismo moral, profundo e uma filosofia social pura, que é a pratica das virtudes magénicas: to- lerancia, unido e fraternidade, que simboli- zam 0 referido grau. O Arco-lris é composto das sete cores fundamen- tais da natureza. A elas, a Magonaria junta mais duas, a cor de pedra € 0 roxo ou fogo. Ha uma correspondén- cia evidente entre essas sete cores e as setes notas musicais. Assim, 0 roxo O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 5 corresponde ao dé; o alaranjado ao ré; o amare- lo ao mf; 0 verde ao fa; 0 azul ao Sol; 0 anil ao l4; eo verde ao si. Obranco ainda significa a candura da alma de Jackes de Molay; 0 verme- tho, o sangue por ele der- ramado; 0 azul, os golpes que recebeu; 0 amarelo, a sua perseveranca; 0 verde, a esperanca da Maconaria. Todos os aventais do M-.M.. devem ser confec- cionados em azul. A combinagao do bran- co cok 0 preto, representa a igualdade das racas. Se a coluna “B” corresponde ao Sole sea coluna “J” corresponde a Lua, por analogia a coluna “B” & vermelha, assim comoa “J” é branca ou ne- gra. Estas cores equivalem ao ativo e ao passivo; a noi- te e o dia e serviram para diferencia-las. Esta hipéte- se 6 seguida por numero- sos macgoms de repulada idoneidade. Nas pinturas simbélicas se designam ordinaria- mente o Aprendiz por meio da cor azul; o Companhei- ro pela cor amarela e o Mestre pela cor preta. (Ragon 17) (Curso Filos6fico). Acornegra foi consagra- da como simbolo do duelo porque a morte da luz pro- duz as trevas - cor negat va-resultante da absorgéo dos raios solares. O tinico Pafs que nao deve sua ori- entagdo aos mistérios - a China - representa por meio da cor branca as idéi- as ligubres e o luto (Ragon, 54). A diferenca primitiva de cores existentes entre o grau de Mestre Escocés eo | de Francés, provém, se- gundo alguns autores, de que 0 vermelho era a cor da Inglaterra e 0 azul o da Franga, na €poca da reor- ganizacao da nossa Maco- naria (1738) - (Ragon 95). Até 1740 a cor da Mago- naria era uma sé, isto é, 0 azul, pois s6 haviam os graus simbélicos. Desde 1737 Ramsy e outros se ba- tiam para a introdugdo de novos graus afim de possi- bilitar 0 estudo dos Mes- tres. Surgindo em 1740 0 4° grau € posteriormente ou- tros, a cor vermelha pas- sou a ser dos graus superiores ao 3°. Acor verde, colocada no centro do espectro, no arco-iris, entre o azul e 0 amarelo, é 0 resultado da combinacéo entre ambos, O verde teve sempre a mesma significagdo, a de marcar 0 termo médio en- tre a terra (0 azul) e 0 céu (o vermelho), de emblematizar Deus nas cousas criadas na nature- za. Os bem aventurados sao representados no para- iso vestindo essa cor. Ea cor de Sao Jodo (Naidon 89). A cor vermelha, sendo muito excitante, simboliza oespirito de sacrificio. (Arte e seus mistérios 107). A cor roxa ainda signifi- ca, dor; Acorazul escuro signifi- ca, 0 céu; A cor azul claro, signifi- ca, as estrelas; A cor Verde, significa, a terra, 0 mar; Acoramarelo claro, sig- nifica, a lua; A cor amarelo encarna- do, significa, 0 sol; A cor vermelha, signifi- ca, a resisténcia as intemperies. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 6 Sao Joao - Patrono da Maconaria RAE SAS. tem o seu sim- bolismo funda- mentado na arvore-mitica- Judaico-Crista que, por sua vez, herdou de outras cul- turas, tais como a grega e aegipcia, o material neces- sario para a composicao da sua simbologia e alegorias, de forma sistematica para sua estrutura ritualistica- simbolica, O conjunto das lendas adotadas, simbolos e ale- gorias, de forma sistemati- ca, conduz, desde os pri- meiros graus, pelo rito ao caminho da realizagéo do HOMEM-TEMPLO, objetivo primordial da Ordem: “Destrui vos este tem- plo, e eureerguereiem trés dias” Joao 2,19. Naturalmente, a LENDA baseia-se numa VERDADE passando a FICCAO, para depois voltar 4 VERDADE, valendo-se de simbolos e alegorias. Isto é, tem por base o histérico, embora deformado. Dentre as lendas, a Ma- cgonaria adotou, desde a Alfredo Daher Merchak MM .. ». | Idade Média, como padro- | eiros SAO JOAO o Batistae SAO JOAO o Evangelista, quando celebrava duas grandes festas anuais, cha- madas de festas da Ordem, por ocasiao da 1°, ainda ha o costume tradicional de empossar as administra- goes de Lojas e de Potén- clas, costume esse origina- rio da Grande Loja da In- glaterra que o adotou na data de sua fundacao no dia 24 de junho de 1717, precisamente. Essas festas denomina- das SOLSTICIAIS sao reali- zadas no hemisfério Norte ou boreal, no dia 24 de ju- nho, solsticio de verdo e é dedicada a Sao Joao Batis- ta; a outra, no hemisfério sul ou austral, no dia 27 de dezembro, no solsticio de inverno, dedicada a Sao Joao Evangelista. No en- tanto, para os habitantes do hemisfério Sul, o nosso caso, da-se o contrario, o solsticio de inverno ocorre aproximadamente no dia 21 de junho e 0 de verao, cerca de 21 de dezembro (Aslan). O QUE VEM A SER UM SOLSTICIO: palavra origi- nada do latim “solstitium”, de “sol” e “stare”, parar. Tempo em que o sol entra nos pontos solsticiais do Cancer e do Capricérnio e chega aos dois pontos da ecliptica mais distantes do Equador, quer no hemisfé- tio Sul ou austral (solsticio de verao), quer no hemis- fério do Norte ou boreal (solsticio de inverno), pa- recendo estacionar por al- gum tempo, antes de se aproximar novamente do Equador. O SIMBOLISMO dos solsticios chama atencdo pelo fato de que nao coin- cide com o cardter geral das estages correspon- dentes. Com efeito, 6 0 solsticio de inverno que abre a fase ascendente do ciclo anual e o de verao, que abre a fase descenden- te, donde o simbolismo greco-latino das PORTAS SOLSTICIAIS, representa- das pelas duas faces de JANO, Ainda a esse respei- to, o nascimento de Cristo O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 — Agosto/2002 - 7 situa-se no solsticio de in- verno, o de Joao Batista, no solsticio de verdo, corres- pondente a notavel formu- la evangélica: “E necessa- rio que ele cresca e eu diminua” (Joao, 3,30). AS FONTES das festas solsticiais sao encontradas nos antigos mistérios, des- tacando-se as iniciagées do Rio Nilo com a Lenda de ISIS e OSIRIS, ainda as ini- ciagées do llisso na Grécia, do Tibre na Italia, do Ganges na India, do Eufrates e do Jordao, entre outros porque quase todos os povos da Antigiiidade praticavam os rituais no seu RIO-COSMICO, O simbolismo do RIO envolve a imagem da puri- ficagdo, da fertilidade, da geracao, da vida e da mor- te para nova vida; sao as fases ciclicas da época das cheias e das vazantes, para amorte e vida da Natureza. Diz-se que simboliza “nova vida” porque nunca se podera passar pela mes- ma agua duas vezes. E a constante renovacao. Aqui estaéo representa- dos os ASPECTOS SOLSTICIAIS quando a Na- tureza se nos oferece seus admiraveis fenémenos das transformagées, os con- trastes mais notaveis e opostos, fenédmenos sur- preendentes que todas as religides e todos os cultos comemoram sob varias formas e alegorias. Registra-se outro moti- vo: JANO, deus romano de dois rostos, regia as festas solsticiais. Tinha um rosto voltado para o Oriente, de onde vem a luz, e 0 outro, para o Ocidente, onde sur- gem as trevas, presidindo o ingresso do Sol nos dois hemisférios; exercendo o seu poder tanto no céu, no mar, como na terra, e é tao antigo como o mundo. Pre- side as portas do céu e as guardas de acordo com as HORAS. Sozinho governaa vasta extensao do Universo. E representado com uma CHAVE em uma das m4os, e na outra uma VARA, para mostrar que € o GUARDIAO DAS PORTAS (JANUAE) e que preside os | CAMINHOS; 0 més de JA- NEIRO (Januaris) era con- sagrado a JANO, como sig- nificado de “ENTRADA®.e- “PORTA” do ano. Assim, foi colocado Jodo Evangelista na “porta de entrada’e o Joao o Batista no dia 24 de junho “na porta de saida”. Aslan (GDEMS v. IV- p.999) mostra outro angu- lo desse simbolismo quan- do considera os solsticios representados também pelas duas colunas que fi- guram no Ocidente, nos dois lados da porta de en- trada das Lojas Magénicas e marcam o “nec plus ultra” da marcha aparente do Sol durante os doze meses do ano, simboliza- dos pelos doze trabalhos de Hércules, cujas viagens tém também por limites duas colunas semelhantes. Segundo Van Der Born (Dic. Enc. da Biblia) o nome JOAO foi atribufdo a diver- sos personagens biblicos: Joao o Apéstolo; Jodo o Batista; Joao Hircano; Mar- cos entre outros. O Ritual nao diz qual dos dois € aquele invocado na abertura dos trabalhos, no entanto, devemos levar em consideragaéo o fato de que, dependendo do solsticio no qual os traba- lhos se realizem, terao a -“assisténcia energética” do Sao Joao regente do solsticio determinado, como o JANO de dois rostos. O CONSISTORIO - Ano Vil/N° 14 - Agosto/2002 - 8 Ahomenagem do dia é dedicada ao SAO JOAO BA- TISTA sem entrarmos na discussao se é um simples personagem mitico, um santo na acepcao da reali- | dade crista, ou ainda somente uma “INVOCA- CAO”, Segundo Lucas 1,5, Jodo é filho do sacerdote Zacarias e de Izabel; seu | nascimento e misséo sao importantes pois foram anunciados pelo anjo Gabriel (Arcanjo) -Lc], 13- 18. A narrativa supde que Joao nasceu cerca de seis meses antes de Jesus (Lc1, 36). Um dado curioso (DEB p.819):... “alguns autores por motivos literarios, pen- sam que Jodo recebeu educacao instruindo-se na comunidade essénica de Qumran (onde Jesus, su- pode-se, também foi inicia- do) pois sua mensagem era veemente também so- bre os deveres de Estado, embora 0 seu grande argu- mento era a vinda préxima do Messias. Nao é de se desprezar a idéia, porquan- to é sabido, que naquela €poca, poucos tinham ins- trugdo das letras e das artes. A etimologia do nome indica o “homem ilumina- do = a Graga de Deus”, pois que sua vinda anunci- ada pelo Arcanjo, de raras aparic6es na historia bibli- ca. Iniciado que era nos Sa- grados Mistérios, conhecia o efeito da purificagao pela AGUA e foi o primeiro a batizar com esse elemen- to os seus discfpulos. Apli- cava assim os herméticos conhecimentos das inicia- ges do Nilo, adquiridos dos Mestres Essénios. A Historia nao nos con- ta dois fatos que reputa- mos importantes: se 0 “ba- tismo dos discipulos ob decia aos tempos dos ini- cios dos solsticios; se seus discipulos também eram instruidos nos Templos Essénios e. depois lhes eram entregues para o “ba- tismo”, tal como aconte- ceu com Jesus, para o enquadramento perfeito do personagem na Lenda. Joao batizava também os seguidores dos princfpi- os contidos nos seus dis- cursos, preparando assim o caminho para o advento do Messias, mediante uma “consciéncia-coletiva”. Alnstituigao nao sé ado- tou Joao Batista pelo sim- bolismo da “ESCOLHA DO ELEITO” para o ingresso na Fraternidade, seguida do RITUAL DA INICIACAO para uma nova vida através do cerimonial da AGUA, mas, também,porque consubstancia os prinefpi- os da moral, da virtude, da justica, da pacificacdo, e da fraternidade praticados pela Augusta Ordem, e, pela Graga do GADU, pro- cedeu ao batismo com o FOGO-SOLAR do ESPIRI- TO-SANTO, naquele que veio ao nosso mundo para revelar a VERDADE. Bibliogratia consultada: ° A Van Der Born - Dicio- nario Enciclopédico da Bi- blia. ° Jorge Adoum - Grau do Aprendiz e Seus Mistérios. * Junito S. Brandao - Mi- tologia Grega. * Nicolas Aslan - Gr. Dic. Enc. de Maconaria e Simbologia. ° P Commelin - Mitolo- gia Grega e Romana. ° Rizzardo da Camino - Lendas Macé6nicas. ° RitualdoR.E.As.A:. - 1° Grau Aprendiz. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 9 Descaso José Lopes Pereira, 33 Grande Porta-Estandarte do Consistério N° 1 “Contra o livro nao adiantam perseguicées. Nem os exércitos, nem o ouro, nem as chamas podem contra eles; porque podeis fazer desaparecer uma obra, mas nado podeis cortar as cabegas que aprenderam com ela, porque sao milhares, e, se sGo poucas, ignorais onde estado”. inquisigdéo, nos A séculos XVI a XVIII, levou nao $6 0s livros para o fogo. A cena. do filme “Farenheit 451”, de Francois Truffaut, quando o poder autoritario determina a queima dos li- vros, 6 apenas uma repeti- cao de uma atitude com mais de dois mil anos, bem anterior ao fogo inquisitorial. Em 213 aC, na China, T’sin Che Huang-Ti, fundador do império chi- nés, um “augusto sobera- no”, determinou a queima das bibliotecas e ainda 460 letrados foram enterrados vivos. E 0 primeiro registro de livros queimados pelo poder. Um passeio pelo fogo histérico que tem ameaga- do o livro em todos estes Federico Garcia Lorca, na inauguracdo da biblio- feca da sua cidade natal, Fuente Vaqueiros. séculos desde que as obras ainda eram gravadas em barro mostra que 0 ho- mem tem destruido muita biblioteca. Poder politico, poder religioso ou simples- mente ignorancia violen- tam todos os dias um livro ainda hoje, quando até cri- ticos rasgam livros diante de cameras de televisao. NEM TODA CIVILIZA- CAO surgia com a escrita que acabou com os aces- Sos selvagens contra 0 qua- se indefeso livro-quase, porque o que se faz contra uma obra é certo que sera revelado por uma outra, no futuro. A selvageria vem de Jonge. Ainda 0 livro vivia do barro. Na Mesopotamia, lajotas com textos grava- dos acabaram como entu- lho para pavimentagaéo de estradas ou serviram de piso para as casas. Outras paravam no lixo. Nas guer- ras, os vencedores logo destrufam os livros dos ini- migos. Livro sempre foi uma arca de conhecimentoe consequentemente, guar- da o poder. A mesma China ainda protagonizaria outros dois incéndios culturais na era moderna. Em 1281, 0 im- perador Qubilai, amigo do viajante Marco Polo, orde- nou a queima de textos taofstas. No século XVIII, foram proscritas 10.231 obras, e delas 2.320 vira- ram cinzas. “Geralmente, para formé-las (as bibliotecas), foram necessarios muitos anos e tenacidade, mas O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 10 para desmanché-las basta um comerciante inescrupuloso ou um her- deiro desavisado”. Nem sempre 0 carrasco da inteligéncia foi o fogo. No século Il aC, Pérgamo reduziu a exportagao de pergaminho. Com a ame- aca de desemprego, os copistas tiveram a idéia de raspar os documentos an- tigos considerados de pou- co valor para eles. A barbarie sequer poupou classicos ou mesmos tex- tos religiosos. Na Idade Média, mosteiros e con- vertus afastadus dos cen- tros comerciais tiveram a idéia de reaproveitar os pergami- nhos. Sagradas Escrituras, classicos gregos e latinos foram apagados. A raspa- gem se tornou tao comum que a Igreja teve que reite- radas vezes proibir essa pratica desde o Sinodo de 691 até o século XV quan- do surge o livro impresso em papel. Quando o livro enfim pa- recia ver-se livre do vanda- mesma lismo, retornaram as fo- gueiras de papel. Se o fogo €o meio mais usado pelos poderes, o livro nao esta li- vre de outros processos destrutivos e utilizados por qualquer motivo. Em um mosteiro, na Idade Média, uma criada do cénego re- cortava as letras capitula- res de uma Biblia manus- crita com iluminuras para divertir as criancas. Nem sempre foram os nao ins- truidos que acabaram com as obras. O critico e histo- riador de arte John Ruskin (1819-1900) admitiu em carta a violéncia contra os livros: “Passei o dia cortan- do um missal. Cortei as paginas de um grande mis- sal”. Ruskin queria apenas imagens para emoldurar. O fogo pode estar longe do livro, mas a destruicéo dos volumes pode estar bem préxima. Nao sera 0 mesmo que colocar numa fogueira os livros, quando se entrega uma obra sé para a crianga desenhar e se divertir rasgando pagi- nas? E nao é uma forma inquisitorial, depois da morte do dono da bibliote- ca, deixar os livros na cal- cada para 0 lixeiro carre- gar, como ja foi registrado por um livreiro? E os maus tratos, a falta de cuidado mesmo quando se tem uma pequena biblioteca? Esses acessos sao mais comuns do que se imagi- na. Sequer escapou o “papa” da literatura alema, Marcel Reich-Ranicki, que em seu “talk-show” literd- rio na televisdo, rasgou o romance “Um carmpo vas- to, de Giinter Grass, Nobel de 1999. Foi um gesto de show, mas ainda assim ex- cessivo para quem vive do livro e que nunca deveria rasgar uma obra ainda que a escondida. O livro mere- ce mais respeito do que a Humanidade até hoje de- dicou a ele até mesmo na tao civilizada Europa. Fonte: Jornal Leitores & Livros; Rio de Janeiro, ano 1, ntimero 10. O CONSISTORIO - Ano VIIIN® 14 - Agosto/2002 - 11 O Capitulo no R..E..A..A.. Bruno De Bonis, 33 «. Soberano Grande Inspetor Geral Membro Efetivo do Sup :. Cons .. do Brasil Conceito, Cronologia e Importancia istas notas servem apenas para conceituar e rela- cionar fatos para um estu- do mais aprofundado no futuro, assim, apesar do titulo, ndo devemos criar expectativas que nao pos- sam ser atendidas por este ligeiro e superficial esbogo. A sistematizagao do R-.E..A..A.., conforme compreendemos, foi feita no amago dos Capitulos, ¢ portanto pretendemos destacar esta influéncia, para colocar os Capitulos no devido lugar na histéria da formacao do Rito. 1- CONCEITO A origem do emprego do termo “Capitulo” é sem divida, litargica e eclesids- tica. O termo é antigo, foi empregado pelas ordens teligiosas desde 0 Século XII. Provavelmente tem como etimologia “Capitularium”, diminutivo de “Caput”. Antigamente, quando os cénegos se reuniam, co- mecavam com a leitura solene de um capitulo das Escrituras Sagradas. De outra forma, os mon- ges, nos mosteiros, come- cavam suas reunides pela leitura de um capitulo da Regra Monastica. Por isso, a comunidade formada pelos cénegos, como tam- bém a assembléia dos su- periores monasticos, pas- saram a ser denominadas de “Capitulo”. Algumas ordens da Igre- ja Romana dividiam sua area de influéncia em Provincias, Prioratos, Capi- tulos, e outros, cada corpo com seus limites territoriais sobre os quais exerciam jurisdigao. Estas fragdes juridicionais eram chamadas “vales” na linguagem capitular. As- sim, a “vale”, mais que de- signar a localidade em que se sediavam os Capitulos, indicava 0 territério sobre o qual mantinha jurisdicao. Eassim, veio para a Ma- conaria, sendo portanto errado designar-se, nas ca- maras superiores, os locais em que se sentam os ir- maos de “vales do Sul ou do Norte”, como encontra- mos em algumas publica- goes. Mais tarde, generalizou- se o termo Capitulo para designar qualquer assem- bléia de dignatarios. Da época da maconaria operativa, cita-se um édito do rei da Inglaterra, Henrique VI, proibindo os pedreiros de reunirem-se em “Capftulos Gerais e Congregacées”. Na maconaria especulativa, o termo ja aparece nas Constituig6es de Anderson de 1723. Como veremos a seguir, na Franga, com 0 apareci- mento dos “Altos Graus”, as assembléias de seus dignatarios, por influéncia do uso do termo na Igreja Romana, toma o nome de Capitulo. Na atualidade, em nos- sa Obediéncia, o Capitulo tem o titulo distintivo de O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 12 “Sublime Capitulo Rosa- Cruz” e é um Corpo subordinado ao Supremo Conselho. E uma oficina litargica, cuja jurisdigao abrange do grau 15 ao 18. Um Capitulo Regular se constitui de 7 (sete) e um Perfeito de 12 (doze) mem- bros. Nao se admite o estabelecimento de mais de um Capitulo em cada Vale, retomando-se a tradi- cdo jurisdicional. 2 - CRONOLOGIA E. IMPORTANCIA Para bem compreender a importancia do Capitulo no R-.E..A..A-. ha de se estudar a cronologia dos acontecimentos que resultaram na criagdo do Rito. Em 1688, Jaime Il, cat6- lico da Casa dos Stuarts, foi deposto do trono inglés, foi | expulso pelo povo, sendo seu sucessor, seu genro Guilherme III, neto de Carlos I. Luiz XIV da Franca deu abrigo ao fugitivo e ao seu séquito, e reconheceu Jai- me II como 0 detentor do trono inglés. No exilio, Jaime II per- corre a Franga, a Escéciae Roma, onde nasceu 0 seu filho Carlos Eduardo, em 1720. Geral da Maconaria, admi- te que surgiu entre os partidarios dos Stuarts, a idéia de utilizarem- se das trono escocés, onde primitivamente tinha reina- do os Stuarts, e posterior- mente o trono inglés do qual tinham sido banidos. Como sabemos, 0 pri- meiro rei da Inglaterra da Casa dos Stuarts, foi Jaime I, que ascendeu ao trono inglés em 1603, por morte de Isabel Tudor, que nao deixou descendéncia. Jaime | era rei da Esc6- cia Gaime VI) ¢ filho da desditosa Maria Stuart. 1725 - O lorde Derwentwaters, seguidor de Jaime I, fundou em Pa- ris, em 1725, a primeira Loja sob os auspicios da | Grande Loja de Londres. 1735 - Em 1735 ja havia em Paris seis Lojas e Derwentwaters exercia uma lideranga como se fos- se Grao-Mestre, quando foi fundada a Grande Loja, se- gundo Nicola Aslan, sob 0 titulo de “Ordem dos Fran- co-Macons do Reino de Franga”. Ora, a magonaria ingle- sa, pela Constituigao de Anderson de 1723 declarou- Findel, em sua Histdria | se deista, abolia os dogmas impostos pelo catolicismo romano, limitando a cren- caaum ser superior, oG.. A-. doU-.,e que pretendia estabelecer a harmonia entre os homens de todas as religides e crencas, e mais, proibia a discussao sobre os dois motivos que sempre afastaram os ho- mens: a politica partidaria ea religido sectaria. O dogmatismo catdlico romano da epéca jamais poderia admitir tais concei- tos. O reptidio oficial nao tardou, e em 1738, o Papa Clemente XII, publicou a famosa Bula “In Eminenti”, que dizia nao poder a Igre- Ja tolerar “que homens de todas as religides e seitas, procurando afetar aparén- cia de honestidade natural, se ligassem entre si por um pacto estreito ie impenetravel...”. Os fidalgos ingleses que introduziram a maconaria em Paris, eram catdélicos e Stuartistas, logo nao podi- am comungar com os prin- cipios da Constituigao de Anderson de 1723. Assim, em 1735, ao redigirem a primeira constituigéo da magonaria francesa, trata- ram de alterar a parte re- lativa aos Deveres quanto 4 Religido, exigindo sutil- O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 13 mente a crenga na Religiao Catélica Romana. 1736 - Em 1736 foi eleito Grao-Mestre das Lojas de Paris, o lorde Harmouster e em Ediburgo, na Escécia, reuniram-se 33 Lojas na Capela Maria, para a funda- cdo da Grande Loja da Es- cécia. A Loja de Kilwinning nado conseguiu provar sua antigiiidade, que dizia ser de 1128 ficando com o n° 2. Nao aceitou tal situacao, e ficou isolada até 1807, quando a Grande Loja, contornando a situagdo, Ihe atribuiu o n° 0 (zero), com antigiiidade de “antes de 1598”, sendo a tinica Loja conhecida com este numero. Sao lendérias todas as referéncias sobre antigiti- dade e ritos da Loja de Kilwinning. 1738 - Em 1738 foi publi- cado pela primeira vez o célebre “Discurso ao Ne6fito, de André Miguel Ramsay, que acredita-se ter sido pronunciado em 1728, Ramsay destacou em tal discurso, a vinculagaéo da maconaria a cavalaria e as cruzadas, esforgando-se para propagar a Maconaria Jacobita, a qual era profun- damenite ligado, inclusive havia sido preceptor em Roma, do principe Carlos Eduardo, que veio também tornar-se lendério na hist- ria do R-.E.A..As.; foi também preceptor em Bouillon, na Escécia, dos filhos do duque de Bouillon. Ha de explicitar 0 fato de que Ramsey, em seu dis- curso, nao fez qualquer re- ferénciaa Altos Graus, nem t4éo pouco, em qualquer documento a ele relacio- nado. E lendaria a tese de que Ramsey teria sido 0 inicia- dor ou criador dos Altos Graus. 1740 - Na Franca, os Al- tos Graus comecaram a aparecer timidamente por volta de 1740, sob o termo de “Escocés” ou “Mestre Escocés”. Ha muitas hipdteses so- bre a criacao do grau de Mestre Escocés, que pare- ce foi o primeiro dos Altos Graus. Uma das mais provaveis hipoteses é a que atribui a seus criadores, a intengao de dominar a magonaria francesa, com fins politicos Stuartistas. A maconaria especulativa da Escécia manteve-se catélica como toda a maconaria da Ida- de Média, em oposicao a magonaria liberizante re- cém instituida com a fun- dacéo da Grande Loja de Londres. Ora, para atingir seus fins, os Stuartistas, prova- velmente, inspirados nas citagdes de Ramsay quan- toa tradicgao da maconaria escocesa, que é lendaria, e coma sua influéncia sobre ela, criaram o grau denominado de “Escocés” ou “Mestre Escocés”, man- tendo os principios e dogmas catélicos. De fato, os Mestres Esco- ceses tentaram apoderar- se da direcgdo das Lojas Simbélicas. Além de se declararem superiores em grau aos proprios Venera- veis, usavam insignias dife- rentes e pretenderam ter o direito de conferir grau “a vista”, assim como, quiseram escolher os Ve- neraveis, gerir as finangas e decidir sobre quest6es de Rituais e Doutrinas. Como vemos, em seu inicio, o grau de Mestre Es- cocés era puramente administrativo, nao era iniciatico. Os excessos foram tan- tos que a Grande Loja, ao redigir sua primeira Cons- tituigdo (27/12/1743) em seu artigo 20, dizia: “Os Mestres Escoceses O CONSISTORIO - Ano VII/N® 14 — Agosto/2002 ~ 14 que nado forem Oficiais da Grande Loja ou de Loja Simbélica, devem ser con- siderados iguais aos Aprendizes ou Companhei- ros, dos quais devem usar os trajes, sem qualquer si- nal distintivo”. Este item, mostra ainda que nessa época, o Grau de Mestre Macon nao tinha ainda sido introduzido na magonaria francesa. Os ditos “Altos Graus” se propagaram rapidamente. 1743 - Em 1743, em Lion, foi criado o grau de “Elei- to”, sendo, juntamente com o de “Mestre Esco- cés”, os “Altos Graus” mais antigos. O grau de Eleito, poste- riormente deu origem a série: Eleito dos Nove, Elei- to dos Quinze, Kadosch, e outros. Foi também, em 1743 que por morte do duque D’Antin, foi eleito Grao- Mestre, Luiz de Bourbon Condé, conde de Clermont, abade de Saint- Germain-des-Prés, conhecedor refinado da via iniciatica. O duque D’Antin havia sucedido ao lorde Harmouster em 1738. A direcdo de Clermont foi cadtica. Designou Depu- tados, primeiro 0 banquei- ro Baure, mediocre, e de- pois a Lacorne, mestre de dangas, grosseiro, que nao conseguiu reunir a Grande Loja, composta de Veneraveis, em sua maio- ria nobres. O padrao dos macgons decaiu. Nas tavernas ven- diam-se Rituais e Estatutos. Multiplicaram-se os graus exdticos. Clermont retornou o projeto de seu antecessor no graéo-mestrado, o duque D’Antin, de descartar dos Corpos Magénicos toda classe de irmaos indignos, interessados apenas nas benesses da Ordem. A forma para a execu- cao da reforma deveria ser fraternal e nao brutal. A selecdo indispensavel ao bom renome da Ordem e a qualidade dos trabalhos foi feita nao por depuracgéo, mas sim por cooptacao, por promocao ao grau de Mestre Escocés. A Grande Loja Francesa, que havia descartado os pri- vilégios por eles pleiteados, os reconheceram em 04/ 07/1755, com direito a vigi- lancia sobre as Lojas Sim- Délicas. 1751 - Em 1751 se cons- titui em Marsséille a Loja Sao Joao da Escécia, que sistematizou um rito de sete graus, que é um dos mais antigos sistema esco- cés. Esse rito veio a se constituir na base sobre a qual o Grande Oriente da Franga, compés seu rito conhecido como Rito Fran- cés Moderno. Esta Loja, em 1762, adotou o titulo de Loja Mae Escocesa de Marsséille. 1752 - Em Paris, em 1752, apareceu uma nova organizagao sob 0 titulo de “Soberano Conselho, Subli- me Loja Mae Escocesa do Grande Globo Francés”, certo, que o movimen- to dos altos graus escoce- ses teve uma aceleragao consideravel, ao ponto de ficar dificil, dentro desse labirinto, tornar a achar a fonte e o alvo da prolifera- cao de tais graus superio- res. Segundo Naudon, o de- senvolvimento se deucom dois objetivos: No inicio, para a regeneragao da Or- dem e depois pelo interes- se crescente pelas doutri- nas misticas e ocultistas, em contrapartida natural ao excesso de racionalismo do “Século das Luzes”. O sistema dos “Altos Graus”, pela sua afirmagao aristocratica, seus pompo- sos titulos, sua autoridade O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 15 real ou usurpada, no tar- dou a interessar aos “ven- dilhdes do templo”. A criagéo de miltiplos graus, denominados de Cavaleiros, Principes, Imperadores, Sublimes e Soberanos, serviu de pre- texto para um comércio florescente. As colacées de tais graus s6 se faziam me- diante o pagamento de al- tas somas. 1754 - Finalmente, em 24/11/1754, foi fundado e instalado por Christophe de Boneville, ardente par- tidario dos Stuarts, o famo- so “Capitulo de Clermont”, em um magnifico edificio construido expressamente para este objeto, situado na localidade de Nova Franca, em Paris. Este foi o Capitulo que realmente serviu de berco a organizac4o do Rito que veio a se constituir no RAEBSASAS. N&o ha certeza sobre os graus que praticava. Sobre o titulo de “Clermont” dado Capitulo, ha diversas opini- 6es, mas parece sera mais légica a que atribui o titulo a uma homenagem ao Grao-Mestre da época, sob cujos auspicios se fundou. O Capitulo de Clermont, segundo Lalande, teve ao | uma vida efémera, extin- guindo-se em 1760, 1758 - Em 1758, alguns magons, de distincdo, re- vestidos de altos graus escoceses, provavelmente amaioria colados no Capi- tulo de Clermont, funda- yam um novo capitulo, 0 “Capitulo dos Soberanos Principes Macons”, sob o titulo distintivo de “Conse- Iho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, Grande e Soberana Loja Escocesa de Sao Jodo de Jerusalém”, Os membros desse Ca- Pitulo se intitularam “Pode- rosos Grandes Mestres do Grande Conselho das Lojas Regulares”. Aobra capital deste Cor- po foi elaborar, sob um es- pirito de sintese, a unifica- ¢ao dos altos graus escoce- ses pralicados sob os diver- sos regimes, em um rito de 25 graus, o “Rito de Heredon” ou 0 “Rito de Perfeicdo”. Quanto a denominagao “Heredon’”, ha varias hip6- teses, entre as quais desta- camos dois grupos: - Primeiro, hipdteses li- gadas aos interesses Stuartistas: - ORito seria derivado da Loja de Kilwinning, tentan- do dar uma tradicgdo escocesa ao Rito. Hoje esta provada a incoeréncia de tal tese. - Ragon, cré ser o termo derivado de Heredum, cas- telo situado em Saint German-em-Layle, onde Carlos Eduardo teria fundado 0 Rito, o que nao € realidade. - Outros dizem derivar tal nome do latim Hoeres, isto é, herdeiro, cujo plural no genitivo é Hoeredum. Tal hipétese tenta ligar o nome ao pretenso herdei- ro Carlos Eduardo. - Segundo, hipéteses li- gadas a origem etimolégica: - Preston disse que deri- va de Harod ou Herodo, nome do presidente do Capitulo em semelhanca com Herodes, o construtor do terceiro templo de Je- rusalém. - Outros admitem que deriva do hebraico Herodim, que significa che- fe ou condutor dos traba- Thos. Admitimos ser esta Ulti- ma a hipétese mais coe- rente, Conta em seu favor, ainda, a citacdo de Anderson nas Constituigdes de 1723, que ao relatar o namero de obreiros que O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 -— 16 tomaram parte na constru- cao do Templo de Saloméo, se referiu a Herodins, como Principes e Mestres Magons, dizendo que em | Reis 5,16, sao chamados de Governantes ou Prebostes Assistentes do rei Salomao. 1761/1762 - Paul Naudon acredita poder fixar em 1761 a introdugao do grau de “Grande Eleito” ou “Ca- valeiro Kadosch’ nos altos graus escoceses. O grau de Kadosch foi introduzido no “Conselho dos Imperadores” em 1762. Pirlet, membro do Conse- Iho e adversdrio da proliferagdo dos altos graus, criou uma dissid€ncia sob os auspicios da Grande Loja, com o nome de “Conselho dos Cavaleiros do Oriente”. Verifica-se também, que em 1761, j4eracomumem Lyon os graus da “Ordem dos Escoceses Trinitarios”, sem reconhecimento da Grande Loja ou do recém criado Conselho dos Cava- leiros do Oriente. O orga- nismo criador de tal Ordem foi, sem davida, o “Capitulo do Globo da Santa Trinda- | de de Lyon”, este fundado pela “Sublime Loja Mae Es- cocesa do Grande Globo Francés”, j4 citada, que se manteve em uma via pré- pria. 1765 - Em 1765, fundou- se em Lyon 0 “Capitulo dos Cavaleiros da Aguia Negra, Rosa Cruz”. Neste Capitulo foi constitufdo, adotado e posto em pratica o ritual definitivo do grau de “Rosa Cruz”. O grau de Rosa Cruz se desenvolveu lentamente na Alemanha, depois em Metz, mas sua eclosao final se efetuou em Lyon, sob a influéncia de Willermoz. S6 dez anos depois, em 08/04/1771, foi fundado o primeiro Capitulo Rosa Cruz em Paris. Alguns autores acredi- tam que o principe Carlos Eduardo Stuart, havia cria- do em 1747 um Capitulo em Arras, sob o tftulo distintivo de “Capitulo Pri- mordial Rosa Cruz Jacobita de Arras”, em agradecimento aos macons de Artois, pelo tratamento que lhe teria sido dispensado durante os seis meses que ali teria pas- sado. Ora, segundo Naudon, 0 tinico documen- to que se refere a tal capi- tulo é apédcrito e Carlos Eduardo jamais esteve em Arras. O Capitulo que de fato existiu em Arras foi posterior a 1765. 1766 - Em 10/03/1766 foi fundado em Paris a “Loja de Sao Lazaro”. Foi ainda em 21/09/1766 que Clermont, Grao-Mestre da Grande Loja e Protetor de Ordem, declarou que o Grau de Kadosch era “fa- natico, detestavel, contra- tio aos principios da mago- naria, como contrario aos principes e aos deveres do Estado e da Religiao”. Finalmente ele decreta que a magonaria fica limi- tada a 15 graus, tendo em seu t6po 0 Grau de Rosa Cruz. Desde 1762, Clermont havia destituido Lacome e nomeado em seu lugar Chaillon de Joinville, mas a acdo do novo deputado foi infrutifera para evitar a ci- sdo na maconaria francesa. 1767 - A disputa pelos graus superiores provocou conflitos, a policia foi cha- mada a intervir e diante | deste caos, o rei da Fran- ¢a, Luiz XV, decreta en 21/ 02/1767 a suspencdo dos trabalhos da maconaria na Franca. 1770 - Embora os traba- lhos estivessem suspensos oficialmente, em 1770, a Loja de Sao Lazaro obteve nova Carta Constitutiva da Loja Mae Escocesa de Marsséille, sob o titulo “Sao Joao da Escécia do Contra- to Social”. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 17 1771 - S6 apés a morte de Clermont em 16/07/1771 foi que a Grande Loja da Franca retomou seus tra- balhos em 21/6, sendo nomeado Graéo-Mestre o duque de Chartes, Felipe de Orleans e.seu substitu- to o duque de Montmoreney- Luxemburgo. 1776 - Em 05/05/1776 a Loja do “Contrato Social” constituiu uma assembléia geral e adotou o nome | “Loja Mae Escocesa da Franga”, e seus estatutos receberam o titulo de | “Regulamentos Gerais da Maconaria Escocesa’. Ora, tal procedimento foi uma usurpagao dos di- reitos de outros Corpos antes constituidos com os quais entrou em conflito. 1780 - Em 1780 foram unificados o “Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente”, o “Conselho dos Cavaleiros do Oriente” ea “Sublime Loja Mae Es- cocesa do Grande Globo Francés”, porém o organis- mo resultante abateu colu- nas em 1782. Subsistiu a Loja do “Contrato Social”, no seio da qual, comega um novo trabalho de harmonizagéo dos graus escocesses mais praticados, fundindo-se com 0 “Rito de Heredon” os graus praticados pelos “Cavaleiros do Oriente”, pela “Ordem dos Escoceses Trinitarios” e pela “Ordem da Estrela Fla- mejante”, que tinha sido criada pelo baraéo de Tschoudy em 1766, e con- tinha apenas 5 graus. Segundo Naudon, os graus do R..E..A..A..: 23, 24, 25, 26 e parte do 27 de- rivam dos “Trinitarios”; o 29, do mais alto grau da “Estrela Flamejante”; 0 31 € 32 do “Contrato Social” e os demais do “Rito de Per- feigado”. 1789 - Quando em 1789, ocomandante Grasse-Tilly chegou na América, en- controu 0 Rito de Perfei- cao, levado por Morin (Etiene ou Stephen) firme- mente estabelecido e em. pleno funcionamento, mas encontrou também as no- vas idéias, levadas por eminentes membros da Loja do Contrato Social, entre os quais La Fayette e Paul Jones, que tinham ido a América em missao mili- tar e 1A divulgado a nova hierarquia, 0 que veio a se constituir na base para a fundagao do “Supremo Conselho de Charleston” eno estabelecimento defi- nitivodoR..E.A.A.. - Para terminar, s6 resta comentar 0 célebre docu- mento conhecido como as “Constituic6es de Bordeaux”, que teria sido elaborado em 1762 por um “Soberano Consist6rio dos Sublimes Cavaleiros do Real Segredo e Principes da Maconaria”. Na verdade, o grau de “Subli- me Principe do Real Segre- do”, topo da hierarquia do Rito de Perfeicao, s6 apa- receu depois de 1768, sob o titulo de “Cavaleiro Subli- me do Real Segredo” ou “Principe Sublime”. De qualquer forma, tais “Grandes Constituigdes”, embora lendarias, e¢ apécritas, vieram a se constituir na Carta Primitiva Fundamental do Ry ESASAS« Pelo apresentado até aqui, concluimos, sem res- tar ditvidas, ser o R-.E.A.A-. uma obra eminentemente francesa. Cremos ter podido por no merecido destaque a importancia inquestionavel que tiveram os CAPITULOS E LOJAS CAPITULARES nos trabalhos de formagao e sistematizacao dos graus daquele que se constitui no mais harmonioso edificio filos6fico - mag6nico, o Rito Escocés Antigo e Aceito. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 18 - Devemos destacar: 1 - O Capitulo de Clermont, cujos membros fundaram o Capitulo dos Soberanos _ Principes Magons. 2-O Capitulo dos Sobe- ranos Principes Magons ou como é mais conhecido, o Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que sistematizou o Rito de Heredon. 3 - O Capitulo do Globo da Santa Trindade de Lyon, que criou a Ordem dos Es- coceses Trinitarios. 4-0 Capitulo dos Cava- leiros da Aguia Negra, Rosa Cruz, que sistematizou o definitivo ritual de Rosa Cruz. 5-ALoja de Sao Lazaro, que usou depois 0 titulo dis- tintivo de “Sao Joao da Es- cécia do Contrato Social”, onde acreditamos, finalmente se procedeu a sintese definitiva do Rito Escocés Antigo e Aceito. - Foram principalmente estes Capitulos e a Loja de Sao Jodo da Escécia do Contrato Social os verda- deiros responsaveis pelo estabelecimento da organi- zacao, tao bem expressa no lema que adotamos: “Ordo Ab Chao (A ordem safda do caos) De outra forma, nao po- demos omitir as raz6es po- litico-religiosas que anima- ram os mentores dos pri- meiros Altos Graus. Destaco ainda que a estru- tura administrativa imperial e as bases filosé6- ficas cat6lico-cristas, estao presentes no Rito até hoje. Acreditamos que, como no passado, ainda hoje é fundamental para o enri- quecimento politico-filos6- fico do Rito, os trabalhos, evidentemente em bases modernas, que devem se desenvolver nos atuais Ca- pitulos do R..E.As.As., como desejamos, e acreditamos vém realizan- do os membros deste “Su- blime e Emérito Capitulo Cruzeiro do Sul”. Agradeco a oportunida- de e a honra de novamente ter podido apresentar algumas de nos- sas modestas notas a tao poderoso Corpo Filoséfico. 3 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ° Lello Universal Diregao de Joao Grave e Coelho Netto Lello e Irmao Editores - Porto - s.d. * Histoire et Rituels des Hauts Grads Maconniques Paul Naudon Dervy Livres - Paris - 1972 ¢ Historia da Maconaria: Cronologia - Documentos Nicola Aslan Ed. Espitualista Ltda- Rio de Janeiro - 1959 ° Landmarques e outros problemas magénicos Nicola Aslan Grafica Editora Aurora Lida - Rio de Janeiro - s.d. ° Grande Dicionario En- ciclopédico de Maconaria e Simbologia Nicola Aslan Ed. Artenova S.A. - Rio de Janeiro - 1974 * Dicionario Enciclopé- dico de La Masoneria Lorenzo Frau Abrines e Rosendo Anis Arderiu Ed. Keir - Buenos Aires - 1947. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 19 parte mais linda, composta da completa prova de comprometimento e coragem do ritual de inici- acao magénica é o teor simbélico que preenche o ato de beber da Taca Sagra- da. Nela encontra-se, nao somente o juramento extasiado pelo siléncio das provas a que o candidato haverd de passar, como as préprias provas serao rece- bidas sem averséo ou medo. Veja-se que a im- pressao que o canditado absorve deste momento é, muito mais que a simples observancia do beber em sido contetido da taga, vai mais longe. Circunda 0 sa- borear de duas espécies de bebidas. A doce e a amar- ga. O que traz ao candida- to a apresentacao destes sabores aos seus sentidos? Oque levaa magonaria ao candidato quando do ofe- recimento da taga tao fatal aos perjuros? O juramento: “Juro guardar o siléncio mais profundo, sobre todas as provas a que for expos- taa minha coragem (...)” O siléncio é a frase precipua destinada ser A Taga sagrada Wanderley Clério de Queiroz chave e guarda do coragaéo do iniciado. Neste inicio do juramento diante da taca, o fuluro irmao ouve e con- cebe 0 valor do siléncio macénico. Percebe que as provas pelas quais devera percorrer, apesar de sim- bélicas, transmitem algum conhecimento o qual nao | devera mais passar da sua pessoa. Conhecimentos secretos que apesar de ex- postos constantemente no mundo profano, a verdade sobre eles so é apreciada desveladamente pelo aprendiz macon. Sua men- te comeca a tremer diante de tal responsabilidade, e quem sabe nao é este o instante de decisao para aceitar ou nao o fardo de tal promessa? O juramento: “Se eu for perjuro e trair os meus deveres, se 0 es- pirito de curiosidade aqui me conduz, consinto que a dogura desta bebida...” Ser traidor...perjurador. Tais qualidades sao anti- macgénicas e o aspirante a aprendiz toma consciéncia disto. Quando da atitude em beber da taca sente 0 paladar adocicado, lembra do valor de ser macon e das qualidades que 0 acompa- nham. Nas trevas nada vé, porém ouve cada palavra ditada do oriente capazes de estabelecer um vinculo de tudo aquilo que um ini- ciado recebera da Ordem: os deveres. Quais e que espécies de deveres? Serao correspondentes as capaci- dades e recursos possui- dos? E se nao 0 forem, o que fazer? Desistir? E a co- ragem, onde fica? E entao que prossegue com 0 ato de assumir aquilo que o espera. Ojuramento: “..Se converta em amargura, e seu efeito salutar em sutil veneno”. O sabor amargo percor- te seus labios. Tudo é trans- parente... a responsabilida- de esta em suas maos tan- to quanto os resultados do compromisso de todos os deveres os quais ira assu: mir diante da egrégora. E entéo o momento de saber que tudo depende dele mesmo. De sua propria for- ca € que sera sustentada a coluna de suas promessas. Pois a taga era a mesma, 0 sabor modificou consoan- te a sua consciéncia. Eis a beleza deste momento da iniciagdo. O CONSISTORIO - Ano ViI/N° 14 - Agosto/2002 - 20 Um Manual de Sobrevivéncia 6 Depois de algum tempo vocé aprende a dife- renca, a sutil diferenga entre dar a mao e acorrentar uma alma. E vocé aprende que amar nao significa apoi- ar-se, e que companhia nem sempre significa seguranca. E comegca a aprender que beijos nao sao con- tratos e nem promessas. E comega a aceitar suas derrotas com a Ca- beca erguida e olhos adi- ante, coma graca de um adulto e nao com a tris- teza de uma crianga. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanha € incerto de- mais para os planos, e 0 futuro tem o costume de cair em meio ao vao. Depois de um tempo vocé aprende que o sol queima se ficar exposto (W. Shakespeare) por muito tempo. Eaprende que nao im- porta quéo boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e vocé precisa perdoa-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emo- cionais. Descobre que leva-se um certo tempo para construir confianga e ape- nas segundos para des- truf-la, e que vocé pode fa- zer coisas em um instan- te, das quais se arrepen- derd pelo resto da vida. Aprende que verdadei- ras amizades continuam a crescer mesmo a lon- gas distancias. Eo que importa nao é 0 que vocé tem na vida, mas quem vocé tem da vida. Eque bons amigos sao a familia que nos permiti- ram escolher. Aprende que nao te- mos que mudar de ami- gos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e vocé podem fa- zer qualquer coisa, ou nada, e terem bons mo- mentos juntos. Descobre que as pes- soas com quem vocé mais se imprta na vida sao tomadas de vocé muito depressa... Porisso, sempre deve- mos deixar as pessoas que amamos com pala- vras amorosas, pode ser a tiltima vez que as veja- mos. Aprende que as cir- cunstancias e os ambien- tes tém influéncia sobre nés, mas nds somos res- ponsaveis por nés mes- mos. Comeca a aprender que nao se deve compa- rar com os outros, mas com o melhor que pode ser, O CONSISTORIO - Ano VI/N° 14 - Agosto/2002 - 21 Descobre que se leva muito tempo para se tor- nara pessoa que quer ser, e que o tempo € curto. Aprende que nao im- porta onde ja chegou, mas onde esta indo, mas se vocé nao sabe para onde esta indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou vocé controla seus atos ou eles 0 controlarao, e que ser flexivel nao significa ser fraco ou nao ter persona- lidade, pois nao importa quao delicada e fragil seja uma situagao, sempre existem dois lados. Aprende que herdis $40 pessoas que fizeram oO que era necessario fa- zer, enfrentando as con- seqiiéncias. Aprende que paciéncia requer muita pratica. Descobre que algumas vezes, a pessoa que vocé espera que o chute quan- do vocé cai, 6 uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturida- de tem mais a ver com os tipos de experiéncias que se teve e o que vocé aprendeu com elas, do que com quantos aniver- sarios vocé celebrou. Aprende que ha mais dos seus pais em vocé do que vocé supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma crianga que sonhos sao boba- gens, poucas coisas sao tao humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasee nisso. Aprende que quando esta com raiva tem 0 di- reito de estar com raiva, mas isso néo te da o di- reito de ser cruel. Descobre que s6 por- que alguém nao o ama do jeito que vocé quer que ame, nao significa que esse alguém nado o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simples- mente nao sabem como demonstrar ou viverisso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado poralguém, al- gumas vezes vocé tem que aprender a perdoar- seasimesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, vocé serd em al- gum momento condena- do. Aprende que nao im- porta em quantos peda- Gos seu coracao foi parti- do, o mundo nao para para que vocé o conserte. Aprende que o tempo nao € algo que possa vol- tar para tras. Portanto, plante seu jardim e deco- re sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. Evocé aprende que re- almente pode suportar... Que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe... Depois de pensar que nao se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que vocé tem. valor diante da vida!” O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosio/2002 - 22 A Trolha e a Espada Bruno De Bonis, 33». Soberano Grande Inspetor Geral Membro Efetivo do Sup... Cons :. do Brasil 1 - PRELIMINARES décimo quinto grau da hierar- quia do R..E..A..A-. denomina-se “Cavaleiro do Oriente.” Nos primérdios da orga- nizagdo dos Altos Graus, teve outras denominacées, inclusive a de “Cavaleiro do Oriente e da Espada.” Na colegéo de manus- critos de M. Jean Baylot, co- mentada por Paul Naudon, encontra-se um Ritual de Cavaleiro do Oriente e da Espada, tirado de um original datado de Paris em 02/04/1749. Esta parece ser a mais antiga data de refe- réncia da existéncia de tal grau. O grau de Cavaleiro do Oriente foi o mais antigo dos Graus Cavaleirescos, ele fez a ligagéo entre a Macgonaria Operativa, sim- bolizada pela Trolha, e a Cavalaria, simbolizada pela Espada. No Ritual encontra-se que este grau é dedicado a construcdo do segundo templo ou seja é consagra- do a independéncia politi- ca dos povos e a indepen- déncia_ religiosa do individuo. Na abertura do Livro da Lei deve-se ler Neemias 417. Na Nova Versao da Im- prensa Biblica Brasileira, temos: “Os que estavam edificando 0 muro, e os carregadores que levavam as cargas, cada um com uma das méos fazia a obra e com a outra segurava a sua arma.” Na verso do Pe. Matos Soares, encontramos: “Os que edificavam os muros, € OS que acarreta- vam, € OS que Carregavam, com uma das mos faziam a obra, e com a outra pe- gavam na espada”. Na “Biblia de Jerusa- lém” lemos: “Também os carregado- res estavam armados: com uma das maos cada qual fazia seu trabalho, e coma outra segurava uma arma.” Na edigdo revista e corrigida da Sociedade Bi- blica do Brasil, encontra- mos: “Os que edificavam o muro, € Os que traziam as cargas, € oS que carrega- vam, cada um com uma mao fazia a obra e na ou- tra tinha as armas.” Em qualquer que seja a Versao consultada apren- demos que para dedicar-se a construcao do Templo com a seguranga necessa- ria, emprega-se uma das mos com a Trolha e a ou- tra com a Espada. 2-ATROLHA Grande confusdo fazem alguns autores sobre o sig- nificado da palavra “trolha” quando empregada em maconaria, e nesta oportu- nidade pretendemos escla- recer 0 emprego do termo nesse contexto e suas in- terpretagdes simbélica e filos6fica. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 23 3 - DEFINICAO Fazendo uma breve pes- quisa nos dicionarios de portugués, vamos encontrar diversas acepcées para o termo trolha”, sdo acordes em di- zer que “trolha” deriva da variante “trullia”, do latim “trulla” (pequena escumadeira ou colher com buracos). As publicagées que mais influenciam a maco- naria de lingua portuguesa sao produzidas original- mente em francés e inglés. Do latim encontramos as seguintes traducées de “trulla”: - Para o francés: -Michel Bréal et Anatole Bally (2) * Truelle - Feliz Gaffiot (3) ¢ Truelle de macon. - Para o inglés: - Chalton T. Lewis et Charles Short (4) « Amasonic trowel Francisco da Silveira Bueno (5) nos diz que de- vemos ter recebido a pala- vra “trolha” através do es- panhol “trulla”. David Ortega (6) traduz do espanhol para o portu- gués: - Trulla: trolha, colher de pedreiro. Lewis L. Sell (7), traduz do inglés para o portugués: - Trowel: Colher de pedreiro, trolha; - Masons’ (or Stonemasons’) trowel: Co- lher (ou trolha) de pedreiro. Roberto A. Corréa (8) traduz do francés para o portugués: - Truelle: Colher para peixe. Colher de pedreiro. Na Encyclopedia of Architectural Technology (9), encontramos no final do verbete “Masonry”, sob 0 titulo “tools”, o seguinte, referindo-se a aplicacao da argamassa: “This was applied, at least from Roman times, with a diamond-shaped trowel identical with those used by modern bricklayers”. Ou seja: “Esta foi aplicada, pelo menos desde o Perfodo Romano, com uma trolha losangular, identica a usa- da pelos modernos pedreiros”. Alvaro Magalhaes (10), adota duas acepc¢ées para trolha: - Colher de pedreiro; - Espécie de pa em que o pedreiro mexe a ar- gamassa. Aurélio (11), apresenta também duas acepcées para trolha: 1) Espécie de pa na qual o pedreiro tem a ar- gamassa que vai usando; 2) Desempoladeira. Temos assim trés acepcgées para o termo trolha. A primeira 6 “colher de pedreiro”. Sobre a segunda acepgao, Joao Emilio Se- gurado (12), nos diz 0 se- guinte: “A trolha, € uma pa de madeira onde se ultima a mistura da argamassa. O pedreiro tira com a colher uma porcdo de argamassa da estancia e deita-a na trolha, cortando-a com a colher e misturando-a bem, aplicando-a depois na construcao da parede, etc, em que trabalha”. Esta trolha de origem portuguesa s6 tem esse uso aqui descrito, nao ser- O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 24 ve para alisar nenhuma ir- regularidade. Para a terceira acepcao, desempoladeira, preferi- mos seu sinénimo, desempenadeira, que é 0 termo de uso corrente no Brasil. Corresponde a “taloche” francesa e a “smoothing trowel” dos pafses da lingua inglesa. “E uma peca de madeira ou metal, retangular, provida de alga numa face e bem aplainada na outra que os pedreiros empregam para distribuir 0 embogo sobre a parede ou 0 teto € 0 re- boco sobre 0 emboco, e para regularizar, desempe- nando, deixando sem em- peno, a superficie final’. Vemos assim que a trolha dos portugueses e a desempenadeira sao ferra- mentas para usos diferentes. No Brasil, ndo se usa a trolha dos portugueses. Ela € substitufda, em alguns casos, pela desempenadeira. A desempenadeira, ao subs- tituir a trolha portuguesa é segura pela alga com a face plana voltada para cima, onde o pedreiro co- loca a argamassa que vai aplicando com a colher. Assim, no Brasil, a desempenadeira tem ain- da, em alguns casos, mais esta funcao. A trolha portuguesa nao tem similar na Inglaterra, naAlemanha, na Franga ou no Brasil. Pesquisando as ferra- mentas de uso na primiti- va maconaria operativa, nao encontramos entre os ingleses, e nem entre os franceses e alemaes, a trolha portuguesa e a desempenadeira, concluindo assim, néo po- derem ser estas ferramen- tas, simbolos macénicos, pois ndo foram ferramen- tas de uso na antiga maco- naria operaliva Resumindo, temos: 1) Atrolha portuguesa é uma pa, nao é ferramenta para aplicar ou alisar argamassa; 2) Adesempenadeira s6 serve par aplicar ou alisar as argamassas_ de revestimentos; no Brasil ainda substitue a trolha portuguesa. Nao serve para aplicar a argamassa de li- gacgao das pedras da construgao; 3) Portanto, nao sao sim- bolos magénicos a trolha portuguesa e a desempenadeira. 4) Acolher de pedreiro, e nao uma espécie de co- lher de pedreiro, como escrevem alguns autores, que é usada desde a anti- gilidade, pelo menos des- de a Era Romana, é que é simbolo magénico; 5) Quando traduzimos para o portugés os termos macénicos “trowel” e “truelle”, podemos fazé-lo corretamente por trolha, com a acepcao de colher de pedreiro; 6) O termo “trolha” quando empregado magénicamente é sinéni- mo de colher de pedreiro, como esclarecemos a saciedade. 4 - INTERPRETACAO SIMBOLICA Como simbolo a Trolha derivou de seu emprego pelos pedreiros da macgo- naria operativa. A expressao corrente “passar a trolha” emprega- da por alguns autores para simbolizar apenas a acao de “aparar arestas” entre llr. desavindos 6 insuficiente e muito super- ficial. O simbolismo da trolha é mais amplo e profundo, como bem exprime o conceito que se depreende da “Lecture on the tracing O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 25 board of the Degree of M.M.M.” (13), alias, alto grau filosdfico muito apreciado pelos ingleses, que entendemos assim: “A trolha € um implemento usado na ma- conaria operativa para es- palhar o cimento, o qual liga todas as partes da cons- trucdo numa tinica massa. Simbolicamente, ela en- sina a espalhar o cimento da afeicao e bondade, o qual une todos os mem- bros da familia magénica, em quaisquer parte da face da terra em que este- jam dispersados, num grande companheirismo de amor fraternal, socorro e sinceridade”. Assim, a trolha é entao o simbolo da fraternidade, pois é com ela que se apli- ca a argamassa da solida- riedade, que verdadeiramente une uni- versalmente os magons. Esperamos ter com esta breve exegese, contribuin- do para o esclarecimento definitivo das origens, do emprego e da interpretacao de tao impor- tante simbolo da macgonaria. 5 - INTERPRETACAO FILOSOFICA Conforme nos ensina o Ritual (1), para o Cavaleiro do Oriente a Trolha é 0 simbolo da construgao do segundo templo, o Templo da Independéncia e da To- lerancia, independéncia politica de cada povo e in- dependéncia filoséfica de cada individuo. A Trolha simboliza entao todas as agées construtivas adotadas praa consecugéo de tais ideais. Quando a Trolha for de- positada o Templo estara construido, a Obra estaré | completa, porém restara ao Cavaleiro do Oriente o uso da Espada. 6 -A ESPADA Aorigem da Espada nos rituais da magonaria é in- certa, Na Inglaterra, seu uso se consolidou, provavelmen- te, quando a Grande Loja de Londres, berco da Ma- | conaria Especulativa, rece- beu do Duque de Norfolk em 1731 uma espada his- torica, que pertenceu ao Rei Gustavo Adolfo, da Su- écia; que é considerada como a “Espada de Estado da Maconaria”. Foi tal a importancia dada a espada que a partir | de 24/06/1741, nas sessoes da Grande Loja de Lon- dres, o “Porta Espada” ti- nha direito a voto, mesmo nao sendo Grande Oficial (Kurt Prober, in Espada Flamigera). A origem do uso da Es- pada nas lojas francesas 6 também incerta, mas provavelmente se consoli- dou coma criagao do grau de Cavaleiro do Oriente e da Espada (1749), vindo com ele para ° RAB AAS. E tal a importancia do emprego da Espada no R..E..A..A.. que nenhum irmao é considerado de- tentor de seus diferentes graus se nao tiver sido submetido a investidura através do uso da Espada. 7 - INTERPRETACAO SIMBOLICA Ouso da Espada nas lo- jas operativas inglesas era proibido. De outra forma, na Fran- ca, o uso da Espada era vedada aos vassalos, as- sim, na antiga magonaria simbélica francesa, foi con- siderada como simbolo da igualdade, pois seu porte em loja fazia o plebeu igual ao nobre. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 26 A atual Faixa, parte dos paramentos do Mestre Magone de algumas Digni- dades, é sucessora do Boldrié Porta-Espada, com o significado da igualdade entre seus portadores. AEspada suplantou seu simbolismo original, pas- sando a simbolizar o Poder e segundo alguns autores, a Honra ea Dignidade. 8 - INTERPRETACAO FILOSOFICA AEspada para 0 Cavalei- ro do Oriente simboliza o emprego de todos os esfor- Gos para impedir qualquer medida que seja um ato de intolerancia ou tirania, ou de quaisquer ac6es adver- sas A Construcdo do Segun- do Templo, que consiste no estabelecimento e na ma- nutengao das liberdades politicas dos povos e das liberdades filoséficas e re- ligiosas dos individuos. 9 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1 - Ritual do Grau 15° - Cavaleiro do Oriente - R.EAA. - S.C. do B. - 1972. 2 - Dictionnaire Etymologique Latin - Michel Bréal et Anatole Bally - Librairie Hachette - Paris - 1902. 3 - Dictionnaire Ilustré Latin Frangais - Feliz Gaffiot - Librairie Hachette - Paris - 1934 4 - A Latin Dictionary - Chalton T. Lewis and Charles Short - Oxford University Press - London - 1955. 5 - Grande Dicionario Etimolégico-Prosédico da Lingua Portuguesa - 8v. 2# tiragem - Francisco da Silveira Bueno - Ed. Sarai- va - S. Paulo - 1968, 6 - Dicionario Espafiol- Portugués - David Ortega Cavero - Editorial Ramos Sapena - Barcelona - 1975. 7 - English-Portuguese Comprehensive Techinical Dictionary Lewis Lazarus Sell- MacGraw-Hill do Bra- sil - S. Paulo - S.d. 8 - Diciondrio Escolar Francés-Portugués Roberto Alvim Corréa - FENAME - 1975. 9 - Encyclopedia of Architectural Technology - Editor Pedro Guedes - MacGraw - Hill Book Company - London - 1979. 10 - Dicionario Enciclo- pédico Brasileiro - Alvaro Magalhaes - Livraria Globo - Porto Alegre - 1943. 11 - Novo Dicionario da Lingua Portuguesa - Auré- lio Buarque de Holanda Ferreira - Ed. Nova Frontei- ra - 1° Edigdo - 158 Impres- sao. 12 - Alvenaria, Cantaria e Betao - Jodo Emilio dos Santos Segurado - Livraria Bertrand - Lisboa - S.d. 13 - N°] Ritual - Mark Master Masons - Matthews Drew & Shelbourne Ltd - London - 1963. O CONSISTORIO - Ano VI/N° 14 - Agosto/2002 - 27 “Como nasceu o conto-do-vigario” erto dia, estava eu conversando com um amigo, quando casualmente co- megamos a falar sobre contos-do-vigario. Cada um contou os “contos” cé- lebres que conhecia e, ao final, chegamos a conclu- sdo de que 0 mais notavel de todos foi o daquele fal- so Conde russo, que ven- deu a Torre Eiffel a um gru- po de sucateiros franceses. Avenda nao foi concretiza- da, mas 0 falso Conde re- cebeu um substancial si- nal, além de propinas para facilitar as coisas junto as autoridades municipais de Paris. Pensando nessa historia, cheguei em casa e come- ceiapesquisar a origem da expressdo conto-do-viga- rio. A enciclopédia consul- tada nada dizia. No Aurélio, encontrei 0 verbete “Con- to-do-vigario — S.m. Bras. Embuste para apanhar di- nheiro, em que o embustei- ro, 0 vigarista, procura aproveitar-se da boa-fé da vitima, contando uma his- toria meio complicada, mas com certa verossimi- Romeu Cherques * Ihanga. “Qualquer embus- te para tirar dinheiro ou bens materiais alheios”. Bem, de pouco isso me adiantou e continuei as mi- nhas pesquisas, até que encontrei a seguinte expli- cacao: O conto-do-vigario nas- ceu no Rio de Janeiro, em 1814, e o Delegado Fernando Bastos Ribeiro assim conta, no livro Cré- nicas da Policia e da Vida do Rio de Janeiro, como o fato aconteceu. Naquele ano de 1814, chegou ao Brasil o portugu- és Antonio Teodoro, bem- apessoado, de fala macia e gestos de grande cava- Iheiro. Fez-se amigo das familias tradicionais cario- cas e dos comerciantes mais prosperos. Aos pou- cos, entre uma mesura @ uma contradanga nos sa- lé6es elegantes, foi confidenciado a um ou a outro que tinha vindo para o Brasil, porque era o co herdeiro de um tiom to rico, falecido em Portu- gal, havia pouco tempo. O tal tio era o vigario de uma remota aldeia transmontana. A fortuna imensa obriga- ra-o a abandonar: Lisboa, por causa da ganancia de alguns parentes e amigos. Tinha deixado 14 um procurador e, brevemente, chegariam seus bats e ar- cas carregados de moedas de ouro. A historia do tio vigario super-rico fez sucesso. Meses depois de sua che- gada, Teodoro segredou a amigos que a demora do procurador estava deixan- do-o em dificuldades, Cho- veram oferecimentos, ¢ 0 mogo de fala macia foi aceitando e vivendo muito bem, durante um ano intei- ro, na promessa das moe- das do tio vigario. Tudo ia muito bem até que um desconfiado major da po- licia resolveu escrever para. Portugal, pedindo informa- Ges sobre o moco Anténio Teodoro. A resposta foi curta e clara: “Antigo malandro, muito conhecido na Rua do Ouro, aqui em Lisboa”. Teodoro foi preso e de- pois sumiu. Mas 0 conto- do-vigdrio tinha sido batizado. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 — Agosto/2002 — 28 Coincidéncias acontecem, mas assim... (Transcrito de Jornal de Copacabana) Abraham Lincoln foi eleito para o congresso em 1846. John F. Kennedy foi elei- to para 0 congresso em 1946. Abraham Lincoln foi eleito presidente em 1860. John F. Kennedy foi elei- to presidente em 1960. Os nomes de Lincoln e Kennedy tém sete letras. Ambos estavam com- prometidos na defesa dos direitos civis. Aesposa de ambos, per- deram filhos enquanto vi- viam na Casa Branca. Ambos presidentes fo- ram baleados numa sexta- feira. A secretaria de Lincoln chamava-se Kennedy. Asecretaria de Kennedy chamava-se Lincoln. Ambos os presidentes foram assassinados por sulistas. Ambos os presidentes foram sucedidos por sulis- tas. Ambos os sucessores chamavam-se Johnson. Andrew Johnson, que sucedeu a Lincoln, nasceu em 1908. John Wilkes Booth, que assassinou Lincoln, nasceu em 1839. Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy nas- ceu em 1939. Ambos os assassinos eram conhecidos por seus trés nomes. O nome de ambos as- sassinos tém 15 letras. John Wilkes Booth saiu correndo de um teatro e foi apanhado em depésito. um Lee Harvey Oswald saiu correndo de um depésito e foi encontrado num teatro. Os dois assassinos fo- ram mortos antes de seus julgamentos. Uma semana antes de Lincoln ser assassinado ele esteve Maryland. em Monroe, Uma semana antes de Kennedy ser assassinado, ele estava em Monroe. Lincoln foi assassinado na rua Ford, do teatro Kennedy. Kennedy foi assassinado em um automével Ford, modelo Lincoln. Agora, durma com uma coincidéncia dessa...! O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 — 29 Coincidéncias acontecem, mas assim... (Transcrito de Jornal de Copacabana) Abraham Lincoln foi eleito para o congresso em 1846. John F. Kennedy foi elei- to Para Oo congresso em 1946. Abraham Lincoln foi eleito presidente em 1860. John F. Kennedy foi elei- to presidente em 1960. Os nomes de Lincoln e Kennedy tém sete letras. Ambos estavam com- prometidos na defesa dos direitos civis. Aesposa de ambos, per- deram filhos enquanto vi- viam na Casa Branca. Ambos presidentes fo- ram baleados numa sexta- feira. A secretaria de Lincoln chamava-se Kennedy. Asecretaria de Kennedy chamava-se Lincoln. Ambos os presidentes foram assassinados por sulistas. Ambos os presidentes foram sucedidos por sulis- tas. Ambos os sucessores chamavam-se Johnson. Andrew Johnson, que sucedeu a Lincoln, nasceu em 1908. John Wilkes Booth, que assassinou Lincoln, nasceu em 1839. Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy nas- ceu em 1939. Ambos 0s assassinos eram conhecidos por seus trés nomes. O nome de ambos as- sassinos tém 15 letras. John Wilkes Booth saiu correndo de um teatro e foi apanhado em um depésito. Lee Harvey Oswald saiu correndo de um depésito e foi encontrado num teatro. Os dois assassinos fo- ram mortos antes de seus julgamentos. Uma semana antes de Lincoln ser assassinado ele esteve em Monroe, Maryland. Uma semana antes de Kennedy ser assassinado, ele estava em Monroe. Lincoln foi assassinado na rua Ford, do teatro Kennedy. Kennedy foi assassinado em um automével Ford, modelo Lincoln. Agora, durma com uma coincidéncia dessa...! O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 29 A Bandeira José Benedicto Cohen G .. 33 1876/1933 Salve! Penddo ouro e esmeralda Que se desfralda, sempre altaneiro De Norte ao Sul, de Leste a Oeste. Sob o celeste estelar Cruzeiro! Salve! Estandarte aurifulgente. Que altivarnente guiou a vitoria De quantos feitos extraordinarios Hd nos cendrios de nossa historia! Ldbaro santo do amor fecundo. Que assombra o mundo e o mundo atrai Pelos seus feitos arquipotentes E quase ingente do Paraguai! A tua sombra foi que se ouviu Quando estrugiu na praga publica Esse imortal brado potente Estridente: VIVA A REPUBLICA! Quer sobre a terra, quer Id nos ares. Ou quer dos mares, sobre o marulho, Has sido sempre o escapuldrio, Almo sacrdrio do nosso orgulho! Salve! Penddo ouro e esmeralda Que se desfralda, sermpre altaneiro De Norte ao Sul, de Leste a Oeste Sob o celeste estelar Cruzeirol... O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 — 30 Unindo a Matéria e o Espirito Malba Tahan (do livro “O Homem que Calculava”) mM poderoso rei, que dominava a Pérsiae as vastas planicies do Ira, ouviu certo dervixe dizer que 0 verdadeiro sa- bio devia conhecer, com absoluta perfeicdo, a parte espiritual e a parte materi- al da vida. Chamava-se Astor este monarca, que era apelidade “O Sereno”. Que fez Astor, o Rei? Man- dou chamar os trés maio- res sdbios da Pérsia, entre- gou a um deles dois dinares de prata e disse- Ihes: — Ha neste paldcio trés salas iguais completamen- te vazias. Ficaré cada um de vés, encarregado de encher uma das salas, nao podendo _ entretanto, despender nessa tarefa quantia superior 4 que aca- bo de confiar a cada um. O problema era real- mente dificil. Cada sébio devia encher uma sala va- zia, gastando apenas a in- significante quantia de dois dinares. Partiram os sabios a fim de cumprirem a mis- sao. Horas depois regressa- ram a sala do trono. Inte- ressado 0 monarca interro- gou-os. O primeiro assim falou: - Senhor! Gastei dois dinares, mas a sala que me coube ficou completamen- te cheia. A minha solugao foi muito pratica. Comprei varios sacos de fenoe com eles enchi 0 aposento do chao ao teto. — Muito bem. Exclamou Astor, 0 rei. Sua solucao foi muito bem imaginada. Conheceis ao meu ver, a “parte material da vida” e sob esse aspecto haveis de encarar todos os proble- mas que o homem deve enfrentar na face da terra. O segundo apés saudar o rei disse: Gastei apenas um dinar. Comprei uma vela e acendi-a no meio da sala vazia. Agora, 6 rei, podeis observa-la. Esta cheia inteiramente cheia de luz. — Bravo! - concordou o monarca. - Descobriste uma solugéo brilahnte para 0 caso! A luz simboliza a parte espiritual da vida. O vosso espirito acha-se, pelo que me é dado concluir, propenso a encarar todos os problemas da existéncia do ponto de vista espiritual. Chegou, afinal, ao ter- ceiro sabio, a vez de falar. Eis como foi resolvida por ele a singular questao: ~ Pensei a princfpio, 6 Rei dos Quatro Cantos do Mundo, em deixar a sala entregue aos meus cuida- dos exatamente como se achava. Era facil ver a alu- dida sala, embora fechada, nao se encontrava vazia. Apresentava-se (é eviden- te) cheia de ar e de trevas. Nao quis, porém, ficar na cémoda indoléncia en- quanto os meus dois cole- gas agiam com tanta inte- ligéncia e habilidade. Re- solvi agir também. Tomei, pois, de um punhado de feno da primeira sala, quei- mei esse feno na vela que se achava na outra, e com a fumaga que se despren- dia enchi inteiramente a terceira sala. Sera inttil acrescentar que nao gastei a menor parcela da quan- tia que me foi entregue. Como podeis verificar, a sala que me coube esta cheia de fumaga. ~Admiravell -exclamou 0 rei Astor. - Sois o maior sabio da Persia e tallvez do mundo. Sabeis unir, com judiciosa habilidade, o ma- terial ao espiritual para alingir a perfeicao. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 — Agosto/2002 - 31 O Segredo da Montanha fio condutor de hoje € uma para- bola rosacruciana, revelada pelas aventuras de um profano que quer vir a serum adepto dos “mis- térios” e nao sabe merecer esta gloria diante da rigida obediéncia necessaria a toda iniciagéo. Um curioso que quer conhecer as coi- sas ocultas do hermetismo. Neste aspecto nao ira fazer progressos. As provas sim- bélicas “terrificantes” nada lhe dizem. Aceito, quer for- car as portas dos “augustos mistérivs” - porlas que 11a0 se abrem a curiosos mér- bidos. O homem deve ad- quirir por mérito prdprio, uma forca sobre-humana, para o dominio de si mes- mo; esta é uma necessida- de primordial no estado iniciatico. Na iniciagao existe uma montanha que se eleva no centro do mundo, Vou partir do 6nfalo - universalmente o centro do mundo - no cimo de uma montanha. Este cen- tro, antes de mais nada, é o Principio - 0 Real Absolu- to. O centro dos centros que nao pode ser outro se- Valfredo Melo e Souza nao Deus. E Deus - diz Hermes Trismegisto - é uma esfera cujo centro esta em parte alguma. O que significa ser Sua pre- senca ilimitada e esta no centro invisivel do Ser, independemente do tem- po e do espago. Diz a len- da que existe uma monta- nha no meio da terra e no centro do mundo. Ela é ao mesmo tempo grande e pequena. Grande porque seu limite apresenta difi- | culdades quase intransponiveis. Mas nada € impossivel diante da fée a monianha se afigura pe- quena, acessivel aqueles que a sobem com um tni- co desejo de encontrar a verdade. E doce acima de qualquer expressao, mas dura e resistente. Precisa ser dura para conduzir 0 peso dos séculos e nao ce- der, senao depois das “ex- periéncias” necessarias, mas vem a ser doce para aqueles que a tem galgado quando atingem a Con- templagdo Suprema dos bens eternos que ele pro- curou e mereceu. Esta montanha esta muito lon- ge e entretanto ao alcance das maos. Nossa ignoran- cia é que nos separa dela. A Inteligéncia Celestial a torna invisivel porque nela estao ocultos grandes e in- calculaveis tesouros. Por malicia demoniaca ela esta rodeada de animais cruéis e aves de rapina que tornam o caminho dificil e perigoso. S6 aqueles que trabalham por si mesmo podem enconitra-la. Em sa consciéncia parece que nao podemos encontrar jamais esta montanha ma- ravilhosa. Estamos prestes a negar sua exisléncia, 110 entanto, quando a hora é chegada, quando nossos olhos se fixam nela, a ver- dade esta aqui bem perto. A montanha nao espera sendo 0 nosso esforgo para entregar-se. A Providéncia Divina a mantém invisivel a olhos nao preparados. Ninguém pode conhecé-la sem antes embrenhar-se na senda iniciatica. Have- remos de alcanga-la. Entao aalegria de uma exaltac4o divina, retirando-vos de to- das as vas ambicg6es, arre- bata-vos mais alto, muito além de qualquer alegria humana. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 — 32 Vencemos as paixées, aqui figuradas pelos ani- mais cruéis e aves de rapi- na, que rodeiam a monta- nha. Esta para nés, agora, conhecido o “segredo da montanha”, que também esta muito préximo da mao mas é preciso ir 4 sua procura com humildade e mérito préprio. “Ide a esta montanha em certa noite muito negra e obscura. Preparar-vos-ei para esta viagem por lon- gas preces, mas nao pedireis conselho a ne- nhum homem. Segui so- mente o guia que se vos oferecera. Este guia condu- zir-vos-4, 4 meia noite, quando tudo for silencioso e sombrio, Armai-vos, en- tao, de uma coragem he- réica é resoluta e dirigi-vos a Deus, do mais profundo do coragdo. Quando tiverdes percebido a mon- tanha, o primeiro milagre que se produzira sera um grande vento que tornara as rochas em pedacos, Os leGes e os dragées amea- Gar-vos-ao, mas ficareis fir- mee nao recuareis. Depois da tempestade vird um tre- mor, depois um grande fogo que pord o tesouro a descoberto, mas ainda nao podereis percebé-lo. Em seguida, ao aproximar-se da aurora, far-se-4 uma grande calma. Vereis ele- var-se a estrela da manha e a noite desaparecera, pouco a pouco. Entao concebereis um grande Tesouro, cuja esséncia é Siléncio | préximo como a vés me: uma tintura exaltada, com a qual o mundo inteiro - se servisse a Deus - poderia ser convertido em ouro”. oO tesouro que procurastes, subitamente, encontrareis 4 vossa fren- te! Tereis encontrado em v6s mesmo um reflexo do poder do Grande Arquite- to do Universo, um tesou- ro de forcas e possibilida- des que vos elevara acima de nossa mais augusta es- peranga! Sede tolerante, porque ninguém pode definir o Grande Arquiteto do Uni- verso. Procurai a verdade, praticai a justica e amai ao mo; tal é o caminho secre- to da montanha. Osiléncio e o mutismo tém uma significagdo muito diferente. O siléncio é um preliidio de abertura a revelagao, o mutismo, o impedimento a revela- ao, seja pela recusa de recebé-la ou de transmiti-la, seja por castigo de té-la misturado a confusao dos gestos e das paixées. O siléncio abre uma passa- gem, 0 mutismo a obstrui. Segundo as tradicées, houve um siléncio antes da criagao; havera um siléncio no final dos tempos. O siléncio envolve os gran- des acontecimentos, 0 mutismo os oculta. Um da as coisas grandeza e ma- jestade; 0 outro as deprecia e degrada. Um marca um progresso; 0 outro, uma regressao. O siléncio, dizem as regras mondsticas, é uma grande ceri- ménia. Deus chega a alma, que faz reinar em sio siléncio, torna mudo aquele que se dissipa em tagarelice e nao penetra naquele que se fecha e se blo- queia no mutismo. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 33 A CHAVE - O homem, porserum animal racional e também politico, cria seus mecanismos para guardar seus pertences, segredos, fortunas, etc. O homem da idade da pedra, quando tinha de guardar alimentos ou algo que lhe interessava, fazia- o atras de pedras, buracos e para nao esquecer mar- cava com galhos ou pe- dras. Eram suas chaves para reconhecer 0 local do que guardara. Ohomem evoluiu. Atra- vés dos tempos passou a aprimorar a maneira de guardar seus segredos e as coisas, que a seu juizo pa- reciam de valor. Cavando fossos, cavernas com en- tradas escondidas que eram reconhecidas com sinais gravados nas rochas, ou mesmo na terra perto do local. A evolucao nao para. O homem entao fabrica uma caixa, usando tronco de arvore e para feché-la faz uma tampa. Poderia ser “Fiat Lux” José Aristides Fermino uma pedra ou amarras com cipés e escondia em lugar devidamente marca- do. Mesmo os piratas, quando escodiam seus te- souros, frutos de saques, demarcavam 0 local to- mando como referéncia Arvores, pedras e a conta- gem de passos a partir de uma marca chave para nao esquecer 0 local. Fazi- am grotescos mapas, estes eram as chaves para que pudessem, novamente, encontrar seus tesouros. O grande Imperador mongél Ghem Gis Khan, quando invadiu a China, deparou-se com 0 rei, que junto a seus pés € abaixo da cadeira do trono, tinha uma caixa que despertou a atencdo de Ghem Gis Khan, este, tentando abri- lando conseguiu, mandou entao que seus soldados a abrissem e também nao conseguiram. Intimou ao rei que mostrasse 0 que continha no interior da cai- | um pequeno objeto com uma ponta e introduziuem um lugar pré-determinado da caixa e a mesma abriu- se, mostrando a Ghem Gis Khan 0 contetido da mes- ma. Verdade ou nao, a his- toria registra a primeira chave de metal usada pelo homem. De la até nossos dias, a historia registra os mais di- versos tipos de chaves que se possa imaginar. Sabe- mos que, locais de suma importancia tais como co- fres, museus e ainda segre- dos militares e fatores de altissima seguranca, as chaves que os guardam vao desde a eletro-mecani- ca, eletro-eletronica, raio laser, computadores, etc. Sao estas as chaves para que se chegue até aos lo- cais mais reservados de seus segredos. Porém, a evolugéo do homem até nossos dias nao mudou a guarda de seus segredos interiores. Nao mudoul... e a chave xa. O rei, com toda a cal- | do templo interior, ainda ma, tirou de seu pescogo | éamesma. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 — 34 Mas o que guardaria o homem de tao valioso e secreto em seu interior? Com qual chave abrir-se-a o templo interior deste ho- mem? Embora maiterialmente o homem tenha evoluido, usando como chave os mais sofisticados metais, a mais moderna tecnologia e os mais inteligentes segre- dos onde guarda seus pertences e idéias, nao con- seguiu evoluir em nada a chave que abre seu templo interior. Chave esta que tem como chaveiro 0 co- racdo e a humildade como segredo. A Chave do Templo In- terior do Homem é o AMOR. A mesma chave que foi soprada nas narinas de barro e enlagada na consciéncia una do SER. Chegaré o homem a li- mites de evolugao além de sua imaginacdo, porém a chave que abre os portais de seu Templo Interior, ainda sera a mesma. Foi no inicio dos tempos, também éno presente e sera a mes- ma no fim dos tempos. Anote, a CHAVE é 0 AMOR o SEGREDO é a HU- MILDADE e 0 CHAVEIRO é 0 CORACAO. Vida — dom de Deus Maria Sardenberg Ela soube agora, no dia em que fazia um trabalho sobre um tema que a apaixonava. Estudara muito, chegara A certeza de que ha problemas que exigern solugées drasti cas. Identificou-se com uma terrivel opc4o, a seu ver tao valida, que deveria ser lega- lizada. Assim, iria defender seu ponto de vista num debate na Universidade, entre colegas. Resolveu ler a tia 0 seu trabalho ~ gostava de ouvir sua apreciacao, sempre tao cari- nhosa. Mas, desta vez, ela se pés a chorar. — Que é isso, tia? Meu trabalho a emocionou? A tia respondeu: — E que vocé se parece demais com sua mae - sua conviccao é tao forte quanto a dela — mas as raz6es dela eram bem diferentes! Dizia: “A vida 6 maravilhosa - 6 um dom de Deus. Eu nasci, tive infancia, juventude, conheco uma flor, um sorriso, um pAssaro voando. Sei o que é querer bem, o que é sofrer, € sei o que é uma alegria, Como posso impedir de viver uma criatura, filha do meu amor?” E a tia continuou, baixinho como se falasse consigo mesmo. “Foi por isso que ela nao seguiu 0 conselho dos médicos que a alertara para 0 risco que iria correr”, A mocinha emudeceu. Depois, fez mil perguntas - jamais percebera, pela delicadeza do pai, da tia, dos parentes, que seu nascimento custara a satide da mae. Releu 0 que escrevera e 0 rasgou. Tudo agora Ihe parecia frio, falso e calculista. Mais tarde, depois de muito pedir perd4o ao G..A..D-.U-. recomecou a escrever com estas palavras: “O aborto que maméae nao quis fazer”. O CONSISTORIO - Ano VII/N° 14 - Agosto/2002 - 35 SUPREMO CONSELHO DO BRASIL DO GRAU 33 PARA O RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO AD UNIVERSI'TERRARUM ORBIS SUMMI ¢ ARCHITECT! GLORIAM ORDO AB CHAO + DEUS MEUMQUE JUS MUI PODEROSO CONSISTORIO DE PRINCIPES DO REAL SEGREDO N° 1 Acampamento de Sao Crist6vao, Campo de Sao Cristévao 114 Rio de Janeiro - RJ CALENDARIO PARA O ANO 2003 MES DIA | SEMANA | GRAU ATIVIDADE Fevereiro 7 6 feira 31 Instrugao Margo WT 2 feira 32 Instrugao Abril 15 3? feira 34 Iniciagao Maio 6 S*feira 32 Iniciagéo Junho 16 2 feira 31 Plenaria Julho 15 3? feira 31 Instrugao Agosto 15 6 feira 32. Instrugao Setembro 15 2 feira 31 Iniciagdo Outubro 15 4 feira 32 Iniciagao Novembro_| 17 2? feira 31 Plenaria Dezembro__| 15 2 feira 31 Confraternizagao ATENCAO: 1° - As Sessdes terao inicio as 18:00 horas. 2° - Os candidatos aos graus 32 e 33 estarao sujeitos a freqiiéncia minima de 2/3 das Sess6es com que estiverem comprometidos, assim comoa apresentar OS trabalhos exigidos, e respectiva documentagao, em até 45 dias de antecedéncia. 3°-Cadastroe comprovacées de regularidade, referentes a cada candidato, 56 serao aceitos até 0 prazo minimo de 30 dias antes da iniciagao. 4° - O Irmao, que nao estiver relacionado para colagao do grau, devera comunicar-se coma Secretaria para verificar 0 motivo. 0 CONSISTORIO - Ano VIIIN° 14 - Agosto/2002 - 36 AGl.. do Gr.. Arg... do Univ... AUG.. RESP... GR-. BEN.. E BENF... LOJ.. SIMB.. “CAYRU” N° 762 FEDERADA AO GR.. OR. DO BRASIL Jurisdicionada ao Gr.. Or.. Est.. R-. Janeiro REUNIAO AS 3° FEIRAS °R.. E-. A-. A-. © 20:00 horas. Cay C Cy ang fum® ag, ume a0, ‘em aan 1901 = Rua Ana Barbosa, 16 - Sobrado - Méier- Rio de Janeiro - RJ - CEP 20735-120 Tels.: (21) 2597-7644 - 2269-1895 - Telefax: (21) 2594-0224 Home Page: http:/www.cayru.com.br_— E-mail: lojacayru@cayru.com.br O CONSISTORIO Sob os auspicios do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocés Antigo e Aceito (Fundado em 12 de novembro de 1832) PUBLICACAO DO MUI PODEROSO CONSISTORIO DE PRINCIPES DO REAL SEGREDO N° 1 (Fundado em 1° de setembro de 1837) Campo de Sao Crist6vao n° 114 - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20922-970 (Caixa Postal 23.099) - Telefone: (21) 2580-4647 e Fax: (21) 2589-4022 Livros - Revistas Editoragdo Folhinhas Impressos Fiscais Folders e Comerciais Grafica P. L. Ltda. Telefax: (21) 2241-0296 / 2281-3608 Rua Clara de Barros, 76 - Riachuelo - Rio de Janeiro - RJ E-mail: graficp|@domain.com.br SUPREMO CONSELHO DO BRASIL PARA O RITO ESCOCES ANTIGO E ACEITO Fundado por Francisco Gé Acaiaba Montezuma - Visconde de Jequitinhonha ‘Sede Prépria: Paco de Sao Crist6vao Enderego: Campo de Sao Cristovao 114 - So Cristovao - Rio de Janeiro - Rd CEP 20921-440 - Caixa Postal 23,099 (CEP 20922-970) Fones: Geral: (0x21) 2580-4647 - Secretaria: 2589-8971 - Tesouraria: 2589-8773 e Fax: 2589-4022 Reconhecido como instituigdo de Utilidade Pablica (Decreto 1.589, de 16-11-1977) No Pago de Séo Cristovao, além da alta gestéo do Supremo Conselho, constituida pelo Santo Império, ainda funcionam o Sacro Colégio, 0 Colégio dos Grandes Inspetores. Gerais, © Consistério n® 1, 0 Conselho de Kadosch n® 1, o Sublime Capitulo Cruzeiro do Sul e a Loja de Perfeigéo Cruzeiro do Sul, assim como os seguintes segmentos: Convento n° 1 (Ordem De Molay, rapazes), Bethel n° 7 (Ordem das Filhas de J6, mogas), Bliblioteca e Museu Ha também, preciosa Pinacoteca, E permitida a visitagéo de Irmaos e de comitivas culturais agendadas. © atual Soberano Grande Comendador, NEY COELHO SOARES, atende aos procedimentos de tao elevada investidura, diariamente, das 10:00 &s 17:00 horas.

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