You are on page 1of 223
: 4* EDICAO FILOSOFIAVE ARTE DO GRANDE MESTRE —— CONRAD EDITORA DO BRASIL LTDA. CONSELHO EDITORIAL Cristiane Monti Rogério de C GERENTE. DE MARKETING Silvio Alexandre GERENTE DE PRODUTO Claudia Maria do Nascimento mpos CONRAD LIVROS. DIRETOR EDITORIAL Rogério de Campos COORDENADOR EDITORIAL F DE COMUNICAGAO Alexandre Linares COORDENADORA EDITORIAL F DE DIREITOS INTERNACIONATS Luciana Vo COORDENADORA DE PRODUCAO Rita de Cassia Sum ASSISTENTES EDITORAIS ‘Alexandre Boide, Jac HW e Mateus Potumati IEVISORES DE TEXTO Lucas Carrasco e Marcelo Yamashita Salles EDITOR DE ARTE Marcelo Ramos Rodrigues ASSISTENTES DE ARTE ‘Ana Solt, Jonathan Yamakami Marcos R. Sacchi, Nei Oliveira e Vitor Novais Copyright © 1975 by Linda Lee Este livro foi traduzido com autorizacao da Black Belt Communications, Inc. Copyright desta edigao © 2005 by Conrad Editora do Brasil Ltda. 4 edigio novembro/2005 3* edigio novembro/2004 2 edi¢ao marco/2004 lt edigio novembre/2003 Titulo do original: Tao of Jeet Kune Do Capa: JR Ferraz, (com base na capa da edigio americana) ‘Traducao: Tatiana Ori-Kovacs Preparacio de texto: Alexandre Boide Revisio técnica: Daniel Yamauchi Revisio de texto: Luiz Ribeiro e Renato Potenza Rodrigues, Diagramagao: Helen Nakao Produgiio grifica: Alexandre Monti (gerente), Alberto Goncalves Veiga, André Braga ¢ Ricardo A. Nascimento ADVERTENCIA Est iva € apresentado apenas como um meio de preervar um aspect singular da eranga das artes marcas. A ‘Ohara Pubiiations, a Conrad Eaitora do Brasil Lida €@ autor ndo fazem nenfum tipo de declaragZo ou gata uras ou eficazes em uma stuagao de defesa pes nica de defesa pessoa ihstradas neste ivr, 2 ‘Ohara Publications, a Consad Editora do Brasil Lida e © autor néo ce responsablizam pelos fertentosresul- ‘antes, E fundamental consultar um médico antes de tentar aplicar qualquer uma das téenicas aqui desritas. As reagies de dfesa pesoal lustradas nest lvro podem nio scr justfcadas em certassittagdes, em vista das ei eunstincias ou de acordo com 2s leis federals,estaduis ou locals. A Ohara Publications, 8 Conrad Editora do Brasil Ltda. €o autor nfo garantem a legalidade ou a adequacto de nenhuma das ténias aqui menci tia de que as venicas descltas ou iustradas neste lito sejam sc soal ou outras. Voot pode se fer ao aplicar ou ao trina as Dados Intrnaconsis de Catalagaso na Puig (cP) (Camara Taster do Li, st, ra). Lee, Bruce, 1940-1975 Kure Do / Broce Le [eadugt Tatiana Pile = Conad Bara do Brasil, 2003, ISBN 85.76160269 1. Artes marccs 2. Flosfi oriental 3. Jeet Kune Do ee, Bruce, 1940-1973 | Tue w.6424 cop796s152 Ine pur etsogo seem Jeee Kane Do Arts marcas 7960158 ‘CONRAD LIVROS Rua Simio Dias da Fonseca, 93 ~ Aclimagio Sto Paulo ~ SP 01539020 Tels 11 3346.6088 / Fax: 11 3946.6078 stendimento@conradeditors.com.br wove conradeditora.com.br Em uma alma absolutamente livre De todos as pensamentas e emogdes, Nem mesmo o tigre encontra espago Para cravar suas garras afiadas A mesma brisa passa Pelos pinkeiros da montanla E pelos carvathos do vale; Entiio, por que produzem notas diferentes? Nessus pensamento, nenhuma refleia, Vazio perfeito, Porém, algo se move ali, Seguindo seu préprio curso. Os olhos a vier, Mas nenhuma mao pode aleanga-la — A lua no riacho, Nuvem e névou Séio transformagies entre 0 céu ¢ a terra. Acima delas, britham eternamente 0 Sol e « Lua. A vitéria € para aquele Que, mesma antes do combate, Nato pensa em si mesmo, Obedecendo a niio-mente da Grande Origen. Um monge taoista Este livro é dedicado ao artista marcial livre criativo. Aproveite 0 que the for itil e se desenvolva a partir disso AS ARTES MARCIAIS, INCLUINDO © BOXE AETERNA BUSCA POR AUTOCONHECIMENTO COMO ESTE LIVRO FOL ORGANIZADO. INTRODUCAO AO JEET KUNE DO. Zen A Arte da Alma Jeet Kune Do .. Desespero Organizado Principios do Jeet Kune Do A Forma Disforme PRELIMINARES .. Treino Aquecimento Posigio de Guarda . Quadros das Armas . Oito Posigdes Basicas de Defesa. Alguns Alvos. ‘QUALIDADES... Coordenagio. Precisio Forga. . Resisténcia Equilibrio Sensibilidade do Corpo .... Boa Forma Consciéncia Visual... Velocidade Timing Atitude. . FERRAMENTAS Algumas Armas do JKD Chutes . Golpes Agarramento. . Estudos sobre Judé e fiuejitsu PREPARACAO Fintas Defesa Manipulacio, MOBILIDADE Distancia ‘Trabalho de Pés Atitude Evasiva ATAQUE Ataquel Preparagao do Ataque. Ataque Simples. Ataque Composto. Contra-ataque Contragolpe Ataque Renovado Tatica Cinco Formas de Ataque CIRCULO SEM CIRCUNFERENCIA. ‘APENAS UM NOME AS ARTES MARCIAIS, INCLUINDO O BOXE fo fn 1 Ff ASEM wetees LPG NRA LOK AEH LHLE Whew REAM REPEL cy pb if a BEE LHe z te op se $0 MIE baseiam-se no entendimento, no trabalho arduo ¢ na total compreensio das técnicas. O condicionamento fisico e 0 uso da forca sio ficeis de conquistar, mas a total compreensio de todas as técnicas das artes marciais é muito dificil de ser alcangada. Para entender, devemos estudar todos os movimentos na- turais de todos os seres-vivos. Naturalmente, podemos entender como os outros utilizam as artes marciais. Podemos estudar seu tinting e suas fraquezas. Conhecen- do esses dois elementos, vocé poder dexrotar © oponente com facilidade. A BASE DAS ARTES MARCIAIS E O ENTENDIMENTO DAS TECNICAS Para entender as técnicas, vocé deve saber que elas contém muitos movimentos condensados. Isso pode parecer muito estranho, Ao iniciar 9 aprendizado, desco- brird que € estranho para voce. Isso ocorre porque uma boa técnica inclui mudan- cas rapidas, grande variedade e velocidade, Pode ser um sistema de opostos muito parecido com 0 conceito de Deus € 0 Diabo, No decorrer dos eventos, qual deles 13 realmente esti no poder? Eles mudam de posigao com a velocidade da luz? Os che neses acreditam que sim, Ter a base das artes marciais em seu préprio coracio © torné-la parte de vocé significa possuir total compreensio e usar um estilo live Quando tiver tudo isso, saber que nao existem limites CUIDADOS COM AS TECNICAS FISICAS Algumas artes marciais séo muito populares ¢ agradam multidées porque pare- cem boas ¢ possuem técnicas faceis. Mas tenha cuidado. Flas so como 0 vinho aguado. Um vinho diluido nao é 0 verdadeiro, nfo é bom, néo € 0 artigo genuine. Algumas artes marciais néo parecem ser tio boas, mas vocé sabe que elas tém um efeito estimulante, um sabor picante, um gosto genuino, Sao como azeitonas. © gosto pode ser forte ¢ agridoce. O sabor dura. Vocé cultiva 0 gosto por elas. Ninguém jamais desenvolveu gosto por vinho diluido. TALENTO ADQUIRIDO E TALENTO NATURAL Algumas pessoas nascem com um bom fisico, senso de velocidade © muita resistncia, Isso € bom. Nas artes marciais, no entanto, tudo 0 que aprendemos sie técnicas adquiridas. Absorver uma arte marcial € como a experiéncia do budismo. O sentimento vem do coragao. Vocé possui a determinagio para obter o que sabe que precisa. Quando: se toma parte de vocé, sabe que o possui. Voce obtém sucesso. Talvez nunca entenda completamente, mas continua 0 seguindo. E, ao progredit, conhece a ver- dadeira natureza do caminho simples. Pode ir a um templo ou a um favoor. Vocé observa o caminho simples da natureza. Experimenta a vida que nunca teve antes A ETERNA BUSCA POR AUTOCONHECIMENTO Meu marido, Bruce, sempre se considerou primeiro um artista marcial ¢ depo’ um ator. Aos 13 anos de idade, comecou a ter aulas do estilo wing chun de gung fu, como forma de defesa pessoal. Nos dezenove anos seguintes, transformou seu conhecimento em ciéncia, arte, filosofia e forma de vida. Ele treinava seu corpo com exercicios. Treinava sua mente por meio da leitura ¢ da reflexao, e registrou seus pensamentos e idéias constantemente nesses dezenove anos. As paginas des- tc livro representam o orgulho do trabalho de uma vida, Em sua eterna busca por autoconhecimento ¢ expressao pessoal, Bruce cons- tantemente estudava, analisava e modificava todas as informacées dispontveis sobre o que The interessava, Sua principal fonte era a biblioteca pessoal, que pos- suia mais de 2 mil livros que lidavam com todas as formas de condicionamento fisi- co, artes marciais, téenicas de luta, defesa e assuntos relacionados. Em 1970, Bruce feriu gravemente as costas. Os médicos ordenaram que pa- rasse de praticar artes marciais € permanecesse de cama para que pudesse se recu- perar. Esse provavelmente foi 0 periodo mais dificil e desanimador de sua vida. Ele ficou de cama por seis meses, mas ndo conseguia manter sia mente longe do trabalho. Este livro é o resultado dessa atividade. A maioria dos eseritos foi redi- gida nese perfodo, mas muitas anotacdes foram registradas antes © depois. As anotagées pessoais de Bruce revelam que ele admirava particularmente os escri- tos de Edwin L, Haislet, Julio Martinez Castello, Hugo e James Castello, ¢ Roger Grosnier. Muitas das teorias de Bruce estao diretamente relacionadas as teorias desses escritores Bruce havia decidido terminar 0 livro em 1971, mas seu trabalho no cinema 0 impediu de completé-lo. Ele também no estava certo sobre a publicagio de seu trabalho porque achava que poderia ser usado de forma errada. Nao queria que sea livro fosse do tipo “Aprenda kung fu em dez liges”. Desejava que fosse um guia e um registro da forma de pensar de um homem, € ndo um manual de instrugdes. Se ‘vocé puder ler este livro com isso em mente, hé muito o que aprender nestas pagi- nas. Provavelmente ter muitas perguntas e deverd procurar as respostas dentro de si mesmo. Ao terminar de ler este livro, conhecer4 melhor o Bruce, mas, espera-se, também se conheceré melhor. Agora, abra sua mente, leia, entenda e experimente. Depois, desfaga-se deste livro. As paginas s4o mais titeis para limpar a bagunga — como voce ver’. Linda Lee 1S COMO ESTE LIVRO FOI ORGANIZADO Nas mos de um homem singular, coisas simples cuidadosamente posicionadas soamn inegavelmente harmoniosas. A orquestragao das artes marciais conduzida por Bruce tinha essa qualidade, mais aparente em seus movimentos de combate, Imo- bilizado por vérios meses em virtude de um ferimento nas costas, ele apanhou uma sancta. E escreveu como falava e como se movia: de forma direta e honesta, Quando ouvimos uma meisica, o entendimento dos elementos que fazem parte Sela acrescenta uma qualidade especial ao som. Por esse motivo, Linda Lee ¢ eu sscrevemos a introducio do livro do Bruce para explicar como ele surgi O Tuo do Jeet Kune Do toi iniciado, na verdade, antes de Brace ter nascido. O esti- te cléssico do wing chun que o iniciou em seu caminho foi desenvolvide quatro- sentos anos antes de seu tempo. Os 2 mil livros que ele possufa ¢ os incontiveis Svros que lia descteviam as “descobertas” individuais de milhares de homens antes Sele. Nao hi nada de novo neste livro, no hé segredos. “Nao é nada especial”, Bruce costumava dizer. E nao era mesmo, © que Bruce tinha de especial era conhecer a si mesmo ¢ sua propria capacidade se escolher corretamente © que funcionava para ele, ¢ transformar isso em mov mento ¢ linguagem. Encontrou nas filosofias de Confiicio, Espinosa, Krishnamurti S outros uma organizacdo para seus conceitos. Com essa organizacao, comegou a escrever 0 livro do seu tao. Quando faleceu, 0 livro néo estava totalmente completo. Embora houvesse sete Rolumes, tudo poderia ser condensado em apenas um. Entre os principais blocos ‘Geescritos havia paginas nfio numeradas, cada uma apenas com um titulo, As vezes Ste redigia de forma introspectiva, fazendo perguntas a si mesmo. Freqiientemente sevia para scu aluno invistvel, 0 leitor. Quando escrevia rapidamente, sactificn- %= 2 gramética. Quando tinha tempo, era elogiiente. Parte do material dos volumes foi criada de um f6lego e tem a progressio nate Sel de uma conversa, Outras partes refletiam inspiracdes sibitas e idéias incomple- Ss que cram rapidamente escritas conforme vinham a mente. Essas partes estavam Spalhadas pelo livro. Além dos sete volumes com capa dura, Bruce fez anotagées Sezante o desenvolvimento do Jeet Kime Do ¢ as deixou empilhadas ou em gavetas [Sour seus pertences. Algumas eram antigas ¢ outras eram mais recentes ¢ valiosas Pas 0 Livro, ‘Com a ajuda de sua esposa, Linda, eu coletei, examinei e organizei todo 0 ma- Seal. EntZo, tentei juntar as idéias dispersas em blocos coesos. A maior parte do ee nao foi alterada, ¢ os desenhos e rascunhos foram feitos por ele. A organizacao do livro, no entanto, nao poderia ter sido bem feita se nao fos- ®atengao de Danny Inosanto, seus assistentes e seus alunos mais avangados. I7 Foram eles que pegaram meus oito anos de ueinamento em artes marciais, es- palharam tudo no cho ¢ transformaram as teorias em ago com o conhecimen- to deles, Eles t¢m minha gratiddo como editor deste livro ¢ como artista marcial. Deve-se mencionar que O Tito do Jeet Kune Do nao € uma obra completa. A arte de Bruce mudava a cada dia, Dentro das Cinco Formas de Ataque, por exemplo, ele originalmente iniciava com uma categoria chamada intabilizagao da mde. Mais tarde, achou que aquilo era muito limitado, j4 que as imobilizagées também pode- riam ser aplicadas as pernas, bracos e cabeca. Era uma simples observagao que de rotular um conceito. mostrava as limitagées O Tao do Jeet Kune Do nao possui um final de verdade, Em vez disso, cle funciona como um inicio, Nao possui estilo nem nivel, apesar de ser mais facilmente com- preendido por aqueles que entendem suas armas. Provavelmente, para todas as afirmagées deste livro hd uma excegao, afinal nenhum livro poderia oferecer uma visio completa das artes de combate. Este 6, simplesmente, um trabalho que des- creve a diregio dos estudos do Bruce. As pesquisas nfo sio feitas; as perguntas, algumas clementares ¢ outras complexas, no sé respondidas para que o proprio aluno se questione. Da mesma forma, os desenhos freqitentemente nao séo expli- cados e podem oferecer apenas impressdes vagas. Mas, se cles fizerem surgir uma pergunta ou uma idéia, serviram ao seu propésito. Fsperamos que este livro seja usado como uma fonte de idéias para os artistas marciais, idéias que deverdo ser desenvolvidas. Infelizmente ~ ¢ isso no poderd ser evitado -, 0 livro também pode provocar uma explosio de escolas de Jeet Kune Do conduzidas por pessoas que conhecem a reputagio do nome mas que mal conhe- escolas! Se seus instrutores nao leram a tl cem 0 movimento. Cuidado com es: ma e mais importante linha, talvez nao tenham entendido esta obra. Nem mesmo a organizacdo do livro possui um significado. Nao ha limites reais entre velocidade e forga, entre preciso ¢ chute ou entre golpes de mio e alcance. Cada elemento dos movimentos de combate afeta os outros ao redor. As divisoes que fiz servem apenas para tornar a leitura mais conveniente, entio nao as leve tio a sério. Use um lapis enquanto Ié para anotar as referéncias cruzadas entre as areas que se telacionam. O Jeet Kune Do, como voce vera, nao possui linhas ou fronteiras definidas. As tmicas si (as feitas por voce mesmo, Gilbert L. Johnson 18 INTRODUGAO AO JEET KUNE DO A arte do Jeet Kune Do é simplificar. E ser vocé mesmo. Ea realidade em sua “esséncia”. Obter um esclarecimento das artes marciais significa a extingao de tudo o que obs- surece 0 “conhecimento verdadeiro”, a “vida real”. Ao mesmo tempo, isso implica uma eipansto sem fronteiras ¢, na verdade, néo se deve enfatizar o cultivo da parte sspecilica que se une a totalidade, ¢ sim a totalidade que entra naquela parte espe- Sifica ¢ se une a ela. A forma de transcender 0 carma esté no uso correto da mente e da vontade. A uni- dade de toda vida ¢ uma verdade que 56 pode ser totalmente percebida quando as falsas nogées de uma persona separada, cujo destino pode ser considerado & parte do todo, forem aniquiladas para sempre © vazio € aquilo que fica bem no meio disso ¢ daquilo. O vazio inclui tudo e nao Possui um oposto, ou seja, ndo hé nada que ele exclua ou a que se oponha. E um vazio vivo, porque todas as formas saem dele ¢ qualquer um pode perceber que 0 vazio est cheio de vida, energia e amor de todos os setes. Transforme-se em um boneco de madeira: ele no possui ego, nao pensa em nada, do € ganancioso nem se apega a nada ou a ninguém. Deixe 0 corpo trabalhar sozi- ho de acordo com a disciplina a qual foi submetido. Se nada dentro de vocé for rigido, as coisas exteriores se revelarfio. Ao se mo- ver, seja como a Agua, Quando ficar parado, seja como um espelho. Responda como um eco O nada nao pode ser definido. A coisa mais flexivel nao pode ser quebrada. Estou me movendo, mas no me movo. Sou como a lua sob as ondas, sempre indo ¢ voltando. Nao “estou fazendo isso”, mas percebo que “isso est acon- “isso esté fazendo aquilo por mim”. A cons- siéncia de si é 0 maior obstaculo para a execugéo adequada de todas as acées fisicas tecendo através de mim” ou A localizacio da mente significa seu congelamento. Quando ela deixa de fluir livremente, como é necessério, nado € mais a mente. “Estitico” é a concentragao de energia em um certo foco, como no eixo de uma toda, ¢ néo a dispersao em diversas atividades. importante € 0 ato de realizar, € néo as realizacbes, Ni existe um ator, mas sim . Nao existe um experimentador, mas sim o experimento. ‘Ver algo sem 0 colorido dos seus préprios desejos e preferéncias pessoais € sua propria simplicidade primitiva. Aarte alcanga seu auge quando € desprovida de autoconseiéncia, A liberdade des- cobre o homem no momento em que ele deixa de se preocupar com a impressio que causa. © caminho perfeito é dificil somente para aqueles que escolhem. Nao goste, nao desgoste, ¢ tudo ficard claro, Faga uma pequenina diferenca, ¢ os c6us © a terra serdo anulados: se quiser que a verdade Ihe seja revelada, nunca seja contra ou 4 favor. A luta entre “contra” e “a favor” € 0 pior distiirbio da mente. ‘A sabedoria nao consiste em tentar arrancar 0 bem do mal, mas em aprender a “cavalgé-tos” como uma béia que se adapta ao sobe € desce das ondas Deixe-se levar pela doenca, esteja com ela, faga-lhe companhia. Essa é a forma de se livrar dela, Uma afirmacdo € Zen somente quando € um ato ¢ nfo se refere a nada que seja afirmado nela mesma No budismo nao hé lugar para esforcos. Apenas seja comum, nao seja especial. Coma a sua comida, faca a digestéo, va ao banheiro e, quando estiver cansado, deite-se. Os ignorantes ririo de mim, mas os sabios entenderfo. Nio estabeleca nada em relagao a si mesmo, Passe rapidamente, como algo que N40 existe, € seja quicto como a pureza, Aqueles que ganham perdem, Nao se antecipe aos outros, sempre 0s siga. Nao fuja, deine acontecer. Nao procure, acontecera quando menos se espera Pare de pensar como se néo parasse. Observe as técnicas como se nao as obser- vasse. Nao ha uma forma fixa de ensino, Tudo o que posso ofrecer € um remédio apro- priado para uma certa doenga. OS OITO MANDAMENTOS DO BUDISMO Os oito requisitos que eliminam o sofrimento corrigindo os falsos valores ¢ ofere- cendo um verdadeiro conhecimento do significado da vida foram resumidos da se- guinte forma: 1. Compreensio correta (entendimento): Voce deve ver claramente 0 que esté errado. 2. Pensamento correto (aspiragao): Decida-se pela cura. 3. Palarra correta: Fale de forma que seu objetivo seja @ cura. 4, Agi correta: Voce deve agit. 5. Vida correta: Sua profissio nao deve entrar em conflito com sua terapia 6. Eyforco correto: A terapia deve avangar na “velocidade da permanéncia”, a velocidade critica que pode ser mantida. 7. Consciéncia correta (controle da mente): Voc’ deve sentir € pensar incessan- temente. 8, Concentragio correta (meditagaa): Aprenda a meditar com a mente vazia. A ARTE DA ALMA © objetivo da arte & projetar uma visao interior para o mundo; declarar, em uma criacdo estética, o espfrito mais intimo e as experiéncias pessoais de um ser huma- no. E permitir que essas experiéncias sejam inteligiveis e geralmente reconhecidas dentro da estrutura total de um mundo ideal. Aarte se revela no entendimento psiquico da esséncia interior das coisas ¢ dé for- ma 4 relacdo do homem com 0 nada, com a natureza do absoluto. A arte é uma expressiio da vida e transcende 0 tempo ¢ 0 espago. Devemos empre- gar nossa propria alma através da arte para oferecer uma nova forma ¢ um novo significado para a natureza ou para o mundo. A expresso de um artista é a exibigio de sua alma, educagio € compostura, Por trds de todos os movimentos, a misica de sua alma se torna visivel. Caso contririo, seus movimentos s40 vazios, ¢ movimentos vazios s40 como pala as: ndo tém sentido. Elimine o pensamento confuso ¢ trabalhe a partir de sua raiz ‘Aarte munca é decorativa, ornamental. Fla é um trabalho de esclarecimento. 4 ar- te, em outras palavras, € uma técnica para adquirir liberdade. Aarte demanda 0 dominio completo das técnicas desenvolvidas pela reflexéo dentro da alma. “Arte natural” é 0 processo artistico dentro do artista, Seu signifi ‘arte da "Todos os varios movimentos de todas no caminho para 0 mundo estético absoluto da alma. cal ferramentas significam um passo Criacio, na arte, 6 a revelacdo psiquica da personalidade que est enraizada no nada, Seu efeito € um aprofundamento da dimensio pessoal da alma. ‘A arte natural é a arte da alma em paz, como o Tuar refletido em um lago. © ob- jetivo final do artista é usar sua atividade diérin para se (omar um mestre da vida ¢, enti, tirar proveito da arte da vida. Os mestres de todas as ramificagbes das ar- tes devem, primeiro, ser mestres da vida, jé que a alma cria tudo. ‘Todas as nogdes vagas devem sucumbir antes que um aprendiz possa se autode- nominar mestre. ‘A.arte 6 0 caminho para o absolut e para a esséncia da vida humana. O objetivo da arte néio é a promogao unilateral do espirito, da alma ¢ dos sentidos, mas sim a “ahertura de todas as capacidades humanas (pensamento, sentimento, vontade) para o ritmo da vida no mundo da natureza. Assim, a voz silenciosa sera ouvida e 0 ego .r harmonizado com ela. Habilidade artistica, portanto, nfo significa perfeigio artistica, Ela representa um meio continuo ou um reflexo de algum paso no desenvolvimento psiquico, cuja perfeigdo nie deve ser encontrada no aspecto e no formato, mas deve irradiar da alma humana. [A atividade artfstica no se encontea na propria arte. Ela penetra em um mundo tnais profundo no qual todas as formas de arte (de coisas vividas internaments) fluem juntas, ¢ onde a harmonia da alma ¢ do cosmos no nada possui seu resulta do na realidade. ea realidade é a verdade. processo artistico, portanto, € a realidade, O CAMINHO DA VERDADE 1. Busca da verdade Consciéncia da verdade (e sua existéncia) Percepcio da verdade (seu contetido e direcdo - como a percepgao do movimento) 4, Entendimento da verdade (Um fil6sofo de primeira linha pratica para entender — TAO. Nao para ser fragmentado, mas para ver a totalidade ~ Krishnamurti.) Vivéncia da verdade Dominio da verdade Esquecimento da verdade Esquecimento do portador da verdade Retorno a fonte original — onde a verdade tem suas raizes. 10. Descanso no nada PrN AW © A Ate do Jet Krowe Do € simplesmente simplifcar 0 Jeet Kune Do evita 0 superficial, penetra 0 complexo, val até 0 centro do problema e aponta os fatores principals. (© Jeet Kime Do nae faz rodelos nem desvios tortuosos. Ele segue uma linha reta até 0 objetivo. A simplicidade Ea distancia mais curta entre dois pontos, © Jeet Kinne Do favorece a falta de forma para que ppossa assumir todas as formas. E, {8 que no possu estilo, pode comibinar com todos os estilas. Como resultado, 0 Jeet Kune De utiliza todos os caminhos «© ndo € limitado por nenhum deles, Da mesma forma, utiliza qualsquer técnicas ou meios que sirvam 2 sua finalidac, JEET KUNE DO Por seguranga, a vida ilimitada é transformada em algo morto, um padrio escolhi: do que é limitador. Para entender o Jeet Kune Do, vocé deve se livrar de todos os idea padrées ¢ estilos. De fato, deve se livrar até mesmo dos conceitos acerca do que € ou néo é ideal no Jeet Kune Do. Vocé pode analisar uma situagio sem nomeé: Ja? Nomeé- a, tansformé-la em uma palavra, causa medo. 25 & realmente dificil ver a situacio de forma simples (nossa mente € muito com= plexa) e € fécil ensinar alguém a ser habilideso, mas € diffcil ensinar a cle sua propria atitude. Jeet Kune Do favorece a falta de forma para que possa assumir todas as formas. F, j4 que nfo possui estilo, pode combinar com todos os estilos. Como resultado, 0 Jeet Kune Do utiliza todos os caminhos e nao € limitado por nenhum deles. Da mesma forma, utiliza quaisquer técnicas ou meios que sirvam a sua finalidade. ‘Aborde o Jeet Kune Do com a idéia de dominar a vontade. Nao pense em ganhar ou perder, nfo pense em oxgulho e dor. Deixe seu adversirio arranhar sta pele e acerte 0s miisculos dele, Deixe-o acertar seus misculos ¢ frature os ossos dele. Deixe-o fraturar seus ossos ¢ tire a vida dele! Nao se preocupe em escapar de forma segu: ra, Exponha sua vida a ele! O maior erro é antecipar o resultado da luta. Vocé no deve pensar se cla termina em vitéria ou em derrota. Deixe a natureza seguir seu curso, € suas armas serio usadas no momento certo. 0 Jeet Kune Do nos ensina a néo olhar para trés depois que 0 percurso foi decidi- do. Ele trata a vida e a morte indistintamente. © Jeet Kune Do evita o superficial, penetra 0 complexo, vai até 0 centro do problema ¢ aponta os fatores principais, 0 Jeet Kune Do nao faz rodeios nem desvios tortuosos. Ele segue uma linha reta até 6 objetivo. A simplicidade ¢ a distancia mais curta entre dois pontos. ‘Aaarte do Ject Kune Do 6 simplesmente simplificar. E: ser voc® mesmo. Ba realidade ‘em sua “esséncia”. Assim, a esséncia é 0 significado, com a liberdade em seu sentido primario, nfo limitada por ligagoes, confinamentos, segmentacoes, complenidades (O Jeet Kune Do € 0 esclarecimento. E um modo de vida, um movimento em direséo a forga de vontade ¢ ao controle, embora devesse ser esclarecido pela intuigao. ‘Ao ser treinado, o aluno deve ser ativo ¢ dinamico de todas as formas. Mas no com- bate real sua mente deve estar calma ¢ tranqiila. Ele deve se sentir como se nada importante estivesse acontecendo. Ao avangar, seus passos devem ser leves e se- gros, seus olhos nao devem estar fixos, observando furiosamente o inimigo. Seu comportamento nao deve ser diferente do comportamento normal, sua expressdo no deve mudar, nada deve denunciar o fato de que cle est engajado em um com- bate mortal. As ferramentas, suas armas naturais, tém um duplo propésito: 1. Destruir seu adversério (aniquilacao das coisas que estao barrando 0 ca- minho da paz, da justica e da humanidade). Destruir seus préprios impulsos causados pelos instintos de autopre- servagio, Destruir qualquer coisa que esteja perturbando sua mente. Nao machucar uma pessoa, mas superar sua propria ganancia, raiva € insensatez. O Jeet Kune Do € direcionado para voce mesmo, ‘Socos e chutes sao ferramentas para matar o ego. As ferramentas representam a forca da integridade intuitiva ou instintiva que, a0 contririo do intelecto ou do ‘<=, nio se divide, bloqueando sua propria liberdade. As ferramentas se movem pa- sa frente, sem olhar para trs ou para os lados. Por causa da pureza de coragio ¢ da mentalidade estreita inerentes ao homem, suas ‘Sxxamentas participam dessas qualidades e desempenham seus papéis com o maior ‘28 de liberdade, As ferramentas funcionam como o espitito invisivel, mantendo = mente, 0 corpo c os membros em total atividade. sexsincia da ténica estercotipada como substancia significa ser completo € livre. Todas linhas e movimentos so a funcio. -xte-ligastio como base & a natureza original do homem. Em seu processo natural, 0 nto se move para a frente sem hesitar Os pensamentos passados, pre- ¢ futuros prosseguem em um curso continuo. de pensamento como doutrina significa ndo ser levado pelo pensamento no do pensamento, ndo ser corrompido por influéncias externas; ter pensa- mas estar desprovido deles. icira realidade € a esséncia do pensamento, ¢ 0 pensamento 6 a fungio da realidade. Pensar na realidade, defini-la em pensamento, é corrompé-la 2 mente agucada e mantenha-a alerta para que possa imediatamente intuir . que esti em todo lugar. A mente deve estar emancipada dos velhos hé- pecconccitos, processos limitados de pensamento ¢ até mesmo do préprio ato rotineiro. toda a sujeira que tenha acumulado e revele a realidade em sua esséncia, qiididade ou em sua nudez, que corresponde a0 conceito budista de vazio. seu copo para que possa tornarse cheio, Torne-se vazio para ganhar a DESESPERO ORGANIZADO Na longa histéria das artes marciais, 0 instinto de seguir e imitar parece ser inerente a maioria dos artistas marciais, instrutores ¢ alunds, Isso se deve em parte a tendén- exageradas tradigées por trés dos varios padrées de estilos A cia humana e em parte a Conseqiientemente, encontrar um mestre original e interessante € uma raridade: necessidade de um “indicador do caminho” ressurge. Cada homem pertence a um estilo que se pretende dono da verdade e que exclu cages do “Cami- todos os outros. Esses estilos se tornam institutos com suas expl nho", dissecando e isolando a harmonia da firmeza e da delicadeza, estabelecendo formas ritmicas como 0 estado especifico das suas técnicas, Em vez de enfrentar 0 combate em sua qiiididade, a maioria dos sistemas de artes mar- Giais acumula uma “confusio sofisticada” que altera € limita seus praticantes e 05 dis- trai da verdadeira realidade do combate, que € simples ¢ diteta. Em vez de ir imediata- mente ao que interessa, utiliza-se de rituais floreados (desespero organizado) e técnicas artificiais para simular um combate real. Assim, em vez de “estar” em combate, esses praticantes estio “Fazendo” algo “em relagio ao” combate. ‘Ainda pior, o superpoder mental e os assuntos espirituais so desesperadamente incorpo- rados até que esses praticantes sejam atraidos cada vez mais pelo mistério e pela abstra- 10, Todas essas coisas so tentativas fiiteis de restringir ¢ determinar os movimentos do combate, que mudam constantemente, de dissecé-los e analisé-los como um cadaver. Na verdade, o combate real nao € estatico, é muito “vivo”. A confusao sofistica- da (uma forma de paralisia) solidifica ¢ condiciona o que deveria ser fluido. Quando a ofhamos de forma realista, ndo vemos nada além da cega devocio a inutilidade sistematica da prética de séries fixas ¢ acrobacias que nao levam a lugar nenhum. Quando um sentimento real como a raiva ou 6 medo aparece, aquele que pratica um 1 com 0 método clissico ou esté meramente ouvindo seus pro- estilo pode se expre: prios gritos? Ele é um ser humano vivo, expressivo, ou somente um rob programado? std resistindo paz de interagir com as circunstancias externas ou e: drdes escolhidos? Seu padrao escolhido impée uma barreira e “interessante”? E uma entidade «: com seu conjunto de pa entre ele e o adversério ¢ impede um relacionamento “completo” Os que praticam um estilo, em vez de olharem diretamente para 0 fato, se apegam 28 a formas (teorias) ¢ continuam se enredando cada vez mais, até se colocarem numa armadilha inextricavel. Eles no o véem em sua qiiididade porque sua doutrinacao é distorcida ¢ deturpada. A disciplina deve estar em harmonia com a natureza das coisas em sua qiididade. A maturidade nao significa tornar prisioneiro da conceitualizagio. Ela € a per= cepgio do que esta dentro de nés. Se no ha submissio ao condicionamento mecanico, ha simplicidade. A vida é um relacionamento completo. O homem que é simples e transparente ndo escolhe, O que é, 6. A agio baseada em uma idéia é obviamente a agao da escolha, e tal agao no é libertadora. Ao con- trario, ela cria ainda mais resistencia e conflito. Assuma uma consciéncia flexivel Um relacionamento é um entendimento. E um processo de auto-revelagao. Um rela- cionamento é 0 espelho no qual vocé se descobre ~ ser é estar relacionado. is nem flexive Estabelecer padrdes que nio sejam adaprav s apenas oferece uma prisdo mais tolerdvel. A verdade est fora de todos os padrées. As formas sto repetigdes vas que oferecem uma fuga ordenada e bonita do auto- conhecimento com um adversatio vivo. O acimulo é uma resisténcia contida em si mesma, e as técnicas floreadas fortale- cem a resistencia, O homem classico é apenas um produto do actimulo de seqiiéncias fixas, idéias & tradig6es. Quando age, esta traduzindo todos os momentos em termos antigos. O conhecimento & um ponto fixa no tempo, enquanto o conhecer € continuo. O co- nhecimento vem de uma fonte, de um acimulo, de uma conclusio, enquanto 0 conhecer € um movimento. O processo aditivo é meramente um cultivo de memoria que se torna mecfinico. O aprendizado nunca é cumulativo, cle é um movimento do ato de conhecer que nio possui comego ou fim ni Deve haver uma sensagio de liberdade no aperfeicoamento das artes matciais, Uma mente condicionada nunca sera uma mente livre, O condicionamento limita uma pessoa dentro da estrutura de um certo sistema, 29 Para se expressar com liberdade, voce deve esquecer 0 ontem. Do “velo”, root obtém seguranca, Do “novo”, voct ganha a fluidez. Para compreender a liberdade, a mente deve aprender a observar a vida, que é um amplo movimento sem a limitagéo do tempo, jd que a liberdade esta além do campo da consciéncia. Observe, mas néo pare ¢ interprete: “Eu sou livre”. Dessa forma, vocé estar vivendo a meméria do que ja passou. Para entender ¢ viver 0 agora, tudo © que ocorreu ontem deve morrer. A privacio do saber é a morte. Ento vocé vivera, Mate interiormente os “prés” € 08 “contras”. Nao existe certo ¢ etrado quando hé liberdade. Quando alguém nao se expressa, nao é livre. Assim, comega a lutar, ¢ a Tuta gera uma rotina metédica. Logo, cle estar desempenhando sua rotina metédica como reagao, em vez de reagir ao que acontece O lutador deve ser sempre um obstinado, com propésito tnico: lutar, sem olhar para tris ou para os lados. Ele deve se livrar das restrigbes dos seus movimentos, sejam elas emocionais, fisicas ou intelectuais, Uma pessoa s6 pode agir de maneira livre plena se estiver “além do sistema”. O homem que realmente € sério, que possui o desejo de descobrir o que é a verdade, nao possiti nenhum estilo, Ele vive apenas no mundo real Se quiser entender a verdade nas artes marciais, se quiser ver seu adversdrio com clareza, voce deve se livtar da nogio de estilos ou escolas, preconceitos, gostos ¢ assim por diante. Entao sua mente deixaré para tras todos os conflites e ficaré em paz. Nese siléncio, vocé verd de forma plena e renovada. Se aprender um método de luta através de algum estilo, vocé ser capaz de hutar de acordo com as limitagoes desse método. E isso nao é Intar de verdade. Se receber um ataque néo-convencional, como aquele feito com um ritmo irregular, por causa de seus modelos escolhidos de bloqueios classicos ritmicos, sua defesa ¢ seu contra-ataque sempre carecerio de flexibilidade e energia. Se seguir 0 modelo clissico®, voce entenderd a rotina, a tradieao ¢ a sombra, ¢ ndo ‘voce mesmo. © O autor chama de clissicos 0s modelos milenares de artes marcas, com ilsota e movimentagio de combate a consodadas e que resister 2 inovacdes.(N.E.) 30 Como alguém pode reagir a totalidade com um modelo parcial, fragmentado? A mera repeticao de movimentos ritmicos calculados priva 0 movimento de com- bate de sua “energia” e de sua “esséncia”, ou seja, de sua realidade, O actimulo de formas, que € apenas mais uma modificagao do condicionamento, torna-se uma Ancora que segura e amarra. Ela nos leva por um caminho somente: para baixo, A forma (katis, katas etc.) & 0 aperfeigoamento da resisténcia, a pratica exclusiva de um padrao de movimentos escolhidos. Em vez de criar resisténcia, vi direto a0 mo- vimento assim que ele surgi. Néo condene nem perdoe. A consciéncia sem escolha leva a reconciliagao com © adversdrio num total entendimento da realidade. Depois de condicionado em um método fragmentado, depois de isolado em um modelo fechado, o praticante enfrenta seu adversirio através de uma grade de con- tengo, ou seja, ele est “utilizando” os bloqueios de seu estilo e ouvindo seus Préprios gritos, em vez de ver 0 que 0 adversitio est realmente fazendo. N6s somos esses katas, esses bloqueios e golpes, de tao condicionados que estamos. Para se harmonizar com 0 adversirio, voct precisa de uma percepgio direta. Nao ha petoepgio direta quando ha resistencia, quando hé uma atitude de “este € 0 tinico caminho”. Ter a plenitude significa ser capaz, de seguir a “realidade”, porque a “realidade” est em constante movimento e mudanga. Se uma pessoa se limitar a uma certa opinigo, nao podera seguir o rapido movimento da “realidade’ Independentemente de nossa opinido a respeito dos ganchos e gingados como parte do estilo de uma pessoa, nfo pode haver 0 menor argumento contra a aquisi¢ao de defesas perfeitas contra eles. Na verdade, quase todos os lutadores naturais os usam, Para o artista marcial, eles acrescentam versatilidade ao ataque. Ele deve ser capaz de aplicar 0 golpe de onde quer que sua mao esteja Mas, nos estilos clissicos, o sistema se toma mais importante do que o homem! O homem classico nfo exerce sua funcio sem 0 modelo de um estilo! Como pode haver métodos ¢ sistemas para chegar a algo vivo? Para coisas es- Uéticas, fixas, mortas, pode haver uma forma, um caminho definido, mas nao para coisas vivas. Nao reduza a realidade a algo estético, nem invente métodos para alcancé-la. 31 ‘A verdade € 0 relacionamento com 0 adversario, constantemente em movi vivo, nunca estitico, ‘A verdade nao possui caminho. A verdade é viver e, portanto, mudat, Nao post uma morada, uma forma, uma instituicéo organizada, uma filosofia. Quando ver . Vocé nao pode se expres- sar ¢ se sentir vivo por meio de formas estiticas € movimentos estilizados. isso, entender que essa coisa viva é também 0 que voce [As formas classicas restringem sua criatividade, condicionam ¢ tolhem seu senso de liberdade. Vooé deixa de “ser” para simplesmente “fazer”, sem sensibilidade. “Assim como folhas amatelas podem ser moedas de ouro para acalmar a crianga que chora, os chamados movimentos secretos e as posturas retorcidas confortam os artistas marciais pouco instruidos. Isso nao significa nao fazer absolutamente nada, mas apenas ndo ter uma opiniao deliberada do que se faz, Néo tenha uma mente que seleciona ou rejeita, Nao ter uma opiniao deliberada é no ter pensamentos fixos Aceitacio, negagio e conviegio impedem o entendimento, Deixe sua mente se mover junto a outra para entender com sensibilidade. Assim, ha possibilidade de uma comunicagao real. Para entendermos uns aos outros, deve haver um estado de consciéncia que nao seja seletivo, no qual nao ha uma sensacao de comparagio ou condenagao, nao hé espera pelo desenvolvimento da discussio para se poder con- cordar ou discordat. Acima de tudo, niio comece « partir de um preccito. Entenda a liberdade da conformidade de estilos. Liberte-se observando bem 0 que vocé normalmente pratica, Nao condene ou aprove, apenas observe Quando voce nao for influenciével, quando morter para o condicionamento das reacdes classicas, teré consciéncia e vera as coisas de forma totalmente nova. A consciéncia nao, sscolhe, nao exige, nao se inquieta. Nesse estado, existe a per~ cepedio. Somente a percepgao resolver todos os nossos problemas. O entendimento requer nao apenas um tinico momento de percepcaio, mas uma consciéncia cont uo de busca sem conchusdes. nua, um estado cont Para entender 0 combate, vocé deve aborda-lo de forma simples e direta. O entendimento ocorre por meio do sentimento, de maneira ininterrupta, no espelho dos relacionamentos. 32 ‘Oentendimento de si mesmo ocorre por meio de um processo de relacionamentos, © niio do isolamento, Conhecer-se é estudar a si mesmo em agao com outra pessoa. Entender o real requer consciéncia, uma mente alerta ¢ totalmente livre Qesforco da mente a limita ainda mais porque implica uma luta para aleangar um objetivo. E, quando tem um objetivo, um propésito, uma finalidade, 6 porque voc’ colocou um limite em sua mente. Hoje vejo algo totalmente novo, ¢ essa novidade € vivenciada pela mente. Mas amanha essa experiéncia se tornara mecanica, se cu tentar repetir a sensagao, o pra- zer proporcionado por ela. A descricdo nunca é real. O que é real é ver a verdade instantaneamente, porque a verdade ndo possui amanha. Encontraremos a verdade quando examinarmos 0 problema. O problema nun- I GYALy | Gage tc tp | CY Bay sttiey ate ak | SEE | | Crt fly font ond Gamage. te slots thek « for Bo fr ce, et an pl ns Loree a. Desenvolva o chute rastetro b.equilforio «¢ bloqueio duplo 4.0 chute deve ser répido no impacto € no retomo, deve ser tranqillo e relaxado ~ a posico de auarda a que contiola Q jab velez Pergunta: a) Que tal chutes eficientes sem muita preparacic? Ou fiear parado no inicio © abter vantagem? bb) Quais combinacées naturals S50 possivels? ©) Combinagdo de mios © pés? 4) Chutes duplos como no jab dupio. €} Passos laterais com chutes e socos ou com 0 joelho, pisko com gancho e cotovelos ou interceptacao. |) Domine os chutes répidos e potentes na postara batxa ou de base. 2) Desenvolva a sensibilidade do corpo e uma forma eficiente de passar repentinamente para ‘chutes répicios € potentes enquanto avanca, recua,circula para a esquerda ou eircula para a direlta, 3) Desenvolva o chute rasteiro; equilbrio; bloquelo duplo. Pratique a rasteira e derrube: (a) em uma iniciagao répida, (b) como parte de uma combinagio e (c) como um contra-ataque o Oh OE Ay oe it FM a(t) Autne das Aectle pe . aniter Lorn % p22 energy for Ae et fm rnd, acpuattone pots , a. Estude a sensibilidade do corpo para adquirir velocidade, fluider ¢ forga. ».(b) [chines € (6) Foice de pema reversa usando o calcanhar, 4, Observagdo. aprenda a usar o “fluxo de energia” para se erguer das pasigdes ndo-habituais de agachamento, 108 Pratique o chute com o adversivio no chi: ~ Nhe ar Tee h ae 1 ce (A hah) ore OT dee Cree yx (ta dove) wack fates 1. abaixo da orelha b, na témpora «. dedo na base do pescogo (ou da cabega) 4, dede no céceix {0550 dorsal) e. pisdo no joelho £. calcanhar no plexo solar ¢, piso no tomozelo bk calcanhar ‘no rosto 1. joelho na virilha |. calcanhar nas costas k.calcanhar na costela 1. joelho na cabega 1m, joetho no plexo solar GOLPES SOCO DIRETO FRONTAL O soco direto frontal é a base de todos os socos no Jeet Kune Do. Ele € usado como uma arma tanto ofensiva quanto defensiva para “parar” e “interceptar” 0 ataque com- plexo do adversério assim que for notado. Quando vocé mantém o pé direito a fren- te, seu soco de direita e sua perna direita se transformam nas principais armas dire ta fica muito mais préxima do adversirio do que a esquerda. O inverso acontece com ofensivas em raziio de sua posigio & frente, Com o pé dircito a frente, a @ postura esquerda. Durante a luta, mantenha seu lado mais forte na frente. O soco direto frontal é 0 mais répido de todos. Com 0 minimo de movimentos en- volvidos no ataque, 0 equilfbrio nado é perturbado thor chance de atingi-lo (o adversério tem menos tempo para bloques 80, 0 soco direto € mais preciso do que os demais. por ir direto ao alvo, tem me- Além di 109 45) ; A ry Nenhum soco, nem mesmo 0 eficiente golpe direto, pode ter um fim nele mesmo apesar de haver estilos que nfo usam nada além do soco direto, O golpe direto & usado como meio para um fim e definitivamente deve ser reforcado e apoiado por socos (¢ chutes) de outros Angulos, tornando suas armas mais flexiveis, sem se prender a nenhuma linha. Afinal, um bom lutador deve ser capaz de golpear de to- dos os angulos ¢ com qualquer mao (ou perna), para aproveitar 0 momento. O impacto do soco direto é diferente do tradicional gung fc. Em primeiro lugar, 0 soco nunca é posicionado no quadril, nem tem infcip 14. Essa forma 6 irreal e expoe uma grande rea a ser protegida. Certamente, também acrescenta uma distfincia desnecessiria a ser atravessada em direcio ao adversitio. No Jeet Kune Do, vocé nunca ataca seu adversario apenas com o punho, mas 0 ataca com todo 0 seu corpo. Em outras palavras, no deve atingi-lo apenas com a forca do brago. Os bragos funcionam como ferramentas para transmitir uma grande for- (ca com 0 timing correto dos pés, da cintura, do ombro e da movimentaco do pulso em grande velocidade. Em vez de vir do ombro, 0 soco € aplicado a partir do centro do corpo, com o pu- nho na posi¢ao vertical, polegar para cima e reto em relacao A ponta do seu préprio nariz. O nariz, aqui, € a linha de orientagao. © pulso é levemente voltado para baixo antes do ataque ¢ é imediatamente reguiado logo apés o impacto, para acrescentar um efeito invertido no adversario, O importante € nao ter nenhuma postura classica de preparacdo ou movimen- tos preparatérios antes da aplicacao do soco direto, ou de qualquer outro soco. O soco direto frontal é realizado a partir da postura de guarda, sem nenhum mo- vimento extra, como colocar a mao no quadril ou no ombro, colocar 0 ombro para trés etc, Pratique seu soco frontal a partir da posicio de guarda e termine nela (e nao de volta no quadril!), Posteriormente, vocé seré capaz de golpear de qualquer lugar que sua mao estiver. Lembre-se, golpear dessa maneira the daré maior velocidade (sem movimentos desperdigados) e dissimulagao (sem movi- mentos reveladores antes do soco}. [Use os exemplos da filosofia Zen: Ele come, mas esta pensando. Ele golpeia, mas est4 assustado ou apressado, Assim, um so- co nao é um soco.] 10 A maioria das defesas € feita com a mao traseira ~ dai o termo “mio de defe- sa”. Quando atacar com a mao dianteira, nao cometa o erro comum do estilo classico, colocando sua mao traseira no quadril. A mao traseita esta ali para complementar a dianteira ¢ fazer do ataque uma ofensa defensiva. Por exem- plo, ao aplicar um soco no corpo com a mao principal, a mio de defesa (tra- seita) deve ser mantida no alto para equilibrar qualquer contragolpe do adver- sario na parte superior do seu corpo. Em resumo, quando uma mo estiver exposta, a outra deve imobilizar um dos bracos do adversario ou ser afastada (nfo até o quadril!) para se proteger de contragolpes ¢ assegurar uma posi¢io estratégica para um acompanhamento. O relaxamento é essencial pata socos mais répidos e potentes, Deixe seu soco prin cipal projetar-se livre e tranqdilamente. Nao aperte seu punho até o momento do impacto. ‘Todos os socos devem terminar com um movimento rapido nrios centimes iros atrés do alvo. Assim, voce no golpeia o adversario, mas através dele Depois de projetar a mao dianteira, no a solte quando retroceder & posigio de guar. da, Apesar de provavelmente jé ter visto isso sendo feito por um bom lutador, por ser potencialmente rapido € bom no timing € na distancia, vocé deve desenvolver el © habito de retornar pelo mesmo caminho € manter a mao alta para um pos contragolpe. Ao atacar com a mao dianteira, é aconselhavel variar sempre a posicio da cabega Para obter maior protegio contra 0 contragolpe do adversario. Durante os prime ros centimetros do avango, a cabeca permanece alinhada. Depois disso, a cabeca deve se adaptar. Além disso, para minimizar os contragolpes do adversario, voce de- ve simular um ataque antes de realizar um. Porém, nfo abuse das fintas ou do trax e da simplicidade; use apenas o suficiente balho de cabega, Lembre-s Algumas vezes € vantajoso usar golpes duplos porque sao inesperados, ¢ 0 segun- do soco tende a interromper 0 ritmo do adversério, preparando assim o caminho para um acompanhamento. uando avangar para o ataque, o pé dianteiro ndo deve tocar o chao antes que 0 c p punho entre em contato, au 0 peso do corpo acabaré no cl oem ver de permane- cer no soco, Lembre-se de pegar impulso com o pé traseiro, Sua m&o principal deve ser répida como um raio ¢ nunca deve permanecer rigida ou imével. Mantenha-a com movimentos leves (sem exagero) de maneira ames dora para manter seu adversario nervoso © para poder golpear mais rapidamente em movimento do que quando imével. Como uma cobra, seu golpe deve ser senti- do antes de ser visto, Isso é uma verdade para o jab frontal com os dedos. di a Dh nye? ow plee a enh. 7 oO ee t + —h ea) cases pon et 5 i Leet Esquiva para dentro de um golpe de direita — conforme o adversério aplica um soco de direita, desloque seu peso para a perna direita, movendo seu corpo levemente para 177 a direita e para a frente. Teaga seu ombro esquerdo rapidamente para a frente. Ao fazer isso, 0 soco passara por cima do seu ombro esquerdo. Certifique-se de girar 0 Jado esquerdo do seu quad:il para dentro ¢ flexione levemente seu joelho esquer- do. A postura interna é a posigao de ataque preferida, Mova a cabeca separada- mente somente se a esquiva for muito curta. Esquiva para fora de um golpe de dircita — conforme o adversério aplica um soco de di- reita, desloque seu peso para sua perna esquerda e rapidamente gire seu ombro direi- to ¢ seu corpo para a diteita. Seu pé direito permanece parado e seus dedos do pé esquerdo giram para dentro. © soco passaré por vocé sem atingir 0 alvo. Solte sua mao levemente, mas a mantenha pronta para aplicar um uppercut no corpo do ad- versario, Sua mao esquerda deve permanecer para cima, perto do ombro direito, pronta para contragolpear 0 queixo do adversario. Outro método é deslocar seu peso para a perna esquerda e girar seu calcanhar di- reito para fora, para que seu ombro direito ¢ seu corpo virem para a esquerda. Abaixe levemente sua mao direita ¢ mantenha sua méo esquerda no alto, perto do ombro direito. ‘Ao se esquivar, 0 giro do ombro deslocard sua cabega. Nao a incline de forma anti natural. Tente sempre golpear durante a esquiva, particularmente quando estiver se mo- vendo para a frente. Voce pode golpear com mais forga quando est se moven- do em direcao ao soco do que quando bloqueia e contra-ataca, ou se defende ¢ contra-ataca O segredo de uma esquiva bem-sucedida geralmente esta em um pequeno movi- mento do calcanhar. Por exemplo, se desejar se esquivar para evitar um golpe & di- reita, para que ele passe sobre seu ombro esquerdo, seu calcanhar esquerdo deve estar levantado e virado para fora. A transferéncia do seu peso para 0 pé direito © 0 giro dos ombros 0 prepararéo para contragolpear. Para se esquivar de um golpe sobre seu ombro direito com um movimento de- fensivo para a esquerda, seu calcanhar direito deve ser girado de forma similar. Seu peso é deslocado para 0 pé esquerdo ¢ seu ombro esquerdo vai para tris, permitindo que voce se posicione favoravelmente para contragolpear com um gancho de direita. Se conseguir lembrar que 0 ombro sobre o qual 0 soco deve passar eo calcanhar a ser girado estao do mesmo lado, dificilmente errara. As excegdes 840 0s movi- mentos similares & descrig&o da “esquiva para fora de um golpe de direita”. 178 AGACHAMENTO agachamento consiste em abaixar 9 corpo para a frente, por baixo de golpes la~ tera € ganchos (de maos ou pés) direcionados & cabeca. Esse movimento é exect tado principalmente a partir da cintura. O agachamento € usado como um meio de escapar de socos e de permitir que o lutador permaneca dentro do alcance para um contra-ataque. Aprender a se agachar para evitar golpes latcrais ¢ ganchos € tao ne- cessdrio quanto aprender a se esquivar para evitar sacos diretos. Ambos séo impor- tantes nos contra-ataques. RECUO REPENTINO O recuo repentino significa apenas mover o corpo, para longe de um golpe direto, 0 suficiente para fazer 0 adversario errar. Conforme o adversirio relaxa 0 corpo, é pos- sivel se aproximar com um contragolpe. Esta é uma técnica muito eficaz contra um jab com a mo principal e também pode ser usada como a base para 0 soco com- binado no ritmo um-dois. ACOMPANHAMENTO. O acompanhamento anula a forga de wm soco ao mover 0 corpo com ele. # Contra um soco direto, o movimento é pant tris. # Contra ganchos, 0 movimento é para um dos lades. # Contra uppercuts, 6 para tras e para longe. # Contra marteladas (socos de cima para baixo), é um movimento circular para baivo feito para qualquer wm dos lados. 179 ACOMPANHAMENTO COM AGACHAMENTO © tunfo do lutador inteligente é 0 acompanhamento com agachamento. Ele per- cebe 0 soco ou um chute alto vindo, talvez instintivamente, ¢ dé um passo para tds, movimentando a cabeca para tras e por baixo, Entéo estaré em uma posigéo adequada para aplicar varios socos ou chutes em boas aberturas. OSCILAGAO DO CORPO (INCLINACAO E MOVIMENTOS SERPEANTES) A arte da oscilacio torna o lutador mais dificil de ser atingido e Ihe da mais potén- cia, especialmente com o gancho. Isso € titil porque detxa as méos livres para ata- melhorando a defesa ¢ oferecendo oportunidades para golpear com forca quan- do houver aberturas. O segredo da oscilagao € 0 relaxamento. E mais facil lidar com um boxcador rigido do que com aquele que est sempre oscilando. Mecéinica da inclinagio: 1. Abaixe-se sob 0 golpe lateral ou gancho com um Gnico movimento per feitamente controlado. 2. Coloque seus punhos em ditecdo ao adversario para se proteger ou atacar. 3. Mantenha uma posicio de ataque quase normal com suas pernas ¢ pés, mesmo quando estiver abaixado. Use os joelhos para esse movimento. 4, Mantenha, em todos os momentos, a posi¢éo normal de deslocamento da cabega e dos ombros para se defender contra socos diretos. E extre: mamente importante que vocé esteja pronto para se esquivar em qual- quer estagio da inclinacao. 5. Nao contra-ataque em uma inclinagao direta para baixo, exceto, tal- vez, com um golpe direto na virilha. Faga movimentos serpeantes pa- xa aplicar contragolpes retardados com ganchos ou socos diretos, com avanco do corpo. 180 Finalidade dos movimentos serpeantes: 1. tomar sua cabeca um alvo em movimento (de um lado para 0 outzo); 2. deixar seu adversario em diivida sobre para qual lado vocé vai se deslo- car se ele tentar aplicar um soco; 3. deixar seu adversério em dtivida sobre qual mio vocé usar no soco. Fazer movimentos serpeantes significa mover 0 corpo para dentro, para fora ¢ a0 redor de um golpe diteto na cabega. Esses movimentos sio usados para fazer 0 ad- s. Eles tem. como base 0 deslocamento ¢ sao movimentos circulares da parte de cima do tron- co e da cabeca, para a direita ou para a esquerda versério errar ¢ para sustentar um contra-ataque com ambas as BRS Py Movimento serpeante para dentro — em um golpe de direita, desloque-se para a postu- ra externa (figura a). Abaixe a cabeca e a parte de cima do corpo, posicione-se abai- xo do golpe de dircita ¢ depois volte para a postura basica. O golpe de direita do adversério agora se aproxima do seu ombro esquerdo (figura b). Coloque as maos no alto, perto do seu corpo. Conforme seu corpo se move para a postura interna, coloque sua mao direita aberta no lado esquerdo do adversério, Contra-ataque com um soco de ditei a durante 0 deslocamento, depois com um soco de esquerda ¢ novamente de direita durante a inclinagio. Movimento serpeante para fora — conforme o adversario aplica um soco de direita, des- loque-se para a postura interna (figura b) e coloque sua mao direita no lado esquer- do do adversério. Mova sua cabeca e seu corpo para a esquerda e para cima em um movimento circular, para que 0 golpe de direita do adversério se aproxime do seu ombro direito. Seu corpo entio estard fora do golpe do adversirio e na postura ba- sica (figura a). Mantenha ambas as mos no alto e perto do corpo. Lembre-se, 05 movimentos serpeantes basciam-se no deslocamento e, portanto, © dominio do deslocamento ajuda a obter a habilidade necessaria para esses mo mentos. Eles sio mais dificeis do que 0 deslocamento, mas sio muito eficazes de- pois de aperfeicoados. O movimento serpeante raramente € usado sozinho. Quase sempre esta associado i8t A inclinago. O propésito da inclinagio e dos movimentos serpeantes & se deslocar sob 0 ataque do adversdrio e chegar perto dele. O lutador que usa a inclinagao € 0s movi- mentos serpeantes é um especialista em ganchos. Esse € 0 ataque perfeito para ser usado contra adversarios mais altos. Sempre use um ritmo irregular. Nao seja um lu- tador ritmico. As vezes, quando vocé se desloca para dentro de um soco, pode con- tragolpear de forma excelente enquanto se desloca. A atitude evasiva nfo deve ser pra- ticada sem um soco ou um chute a ser contra-atacado, Além disso, enquanto os socos sao apli dos, sempre mantenha seus olhos abertos. Os socos nao esperardo por vocé. Eles serao dados de forma inesperada e, a menos que vocé esteja bem treinado para percebé-los, sera dificil se esquivar deles. Os cotovelos e antebragos sio usados para se proteger contra socos no corpo. Os socos que tém como alvo a cabeca sio desviados pela mao quando vocé nao esti- ver se deslocando contra-atacando. Quase todos os lutadores, as vezes, se encontram em uma situagao perigosa, na qual perdem parte do contole e devem se proteger. Quando isso acontecer, € bom ter aprendido a se defender bem. 182 ATAQUE Nao ha nada demais nesta arte. Aceite as coisas como elas séo. Soque quando precisar socar, chute quando precisar chutar. ATAQUE! Hi poucos ataques diretos no Jeet Kune Do, Praticamente todas as ages ofensivas sdo indiretas, vindas aps uma finta ou tomando a forma de um contra-ataque de- pois que 0 ataque do adversario for frustrado, Isso requer manobras figeis, fintas ¢ indugao, ou scja, um plano preciso, Hé dois momentos basicos para o ataque: 1, Quando nossa prépria vontade decide o momento do ataque 2, Quando o momento do ataque depende do movimento do adversério, ou do fracasso da aco dele. Se o lutador se concentrar suficientemente, perceber 0 momento de atacar e agir de for- ma rapida e decidida, as chances de sucesso serio maiores. Haverd uma chance ainda maior de sucesso se o ataque direto for executado quan- do 0 adversério estiver movendo o braco para longe da linha na qual vocé deseja atacar. Isso € importante. O PROCESSO PSICOFISICO DO ATAQUE 1. Estudo: O estudo & totalmente intelectual ¢ pode ser subdividido em duas partes. a. Definivel: Por exemplo, a estimativa da distincia correta en- te os lutadores ou da aparéncia da abertura. b. Instintiva: Se o adversario ira atacar ou recuar, 2. Decisdo: Esta também ¢ uma funcao intelectual, mas os nervos ¢ 0s mis culos ficam em alerta, preparados para a execucio, Durante essa fase, 0 lutador decide como atacar. Por exemplo, deve atacar de uma distancia curta com um ataque direto ou deve, de uma longa distancia, usar um ataque composto? Como alternativa, poderia atacar com uma segunda intengao ou de qualquer outra forma que possa ser bem-sucedida. 3. Agdo: O cérebro deu aos miisculos a ordem que esté sendo executada, ‘mas até mesmo na execugio o lutador deve estar preparado pa- 1a.a possibilidade de uma interceptagio, contragolpe etc. Assim, € essencial que a vigilancia intelectual e fisica seja mantida por toda a luta, 185 Conserve sua energia, mas ataque de forma decidida, confiante e com um s6 propésito Ataques Primarios e Secundarios PRIMARIOS Estes silo ataques iniciados pelo préprio lutador, com a intengao de alcangar 0 su- cesso por meto do ritmo, do logro ow da forga Ritmo: Um ataque direto é feito durante a investida para golpear o adver- sitio com mais simplicidade ¢ rapidez, antes que ele possa se de- fender, sem nenhuma tentativa de disfarcar a direcao do ataque. Logro: Um ataque indireto pode ser usado para enganar ou para se esqui- var com a primeira metade do golpe. Uma finta pode preceder 0 ataque para induzir 0 adversério, por meio de algum movimento preliminar, a p Quando ele iniciar uma defesa para proteger aquela linha, voce po- de engani-lo e ficar livre para completar 0 ataque com uma in- sar que voce vai golped-lo em uma certa linha, vestida em outra linha, Forca: Se seu adversétio estiver protegido, ataque a mao dele com forca sufi- Giente para desvié-la e faca uma abertura para sua mAo na investida, SECUNDARIOS Estes so ataques para superar 0 adversdrio em estratégia ou retaliar ataques inicia- dos por ele em um dos diferentes estagios. Os ataques na preparagdo sho usados para impedir seus movimentos antes que ele amadureca © plano de acao. Os ataques no desenvolvimento sao, em sua esséncia, ataques de “tempo”. Tendo ante- cipado em qual linha o ataque do seu adversiirio seré feito, voc’ intercepta o bra- ¢0 conforme ele comeca o ataque, ¢ 0 recebe se estabilizando no contragolpe. Os ataques na finalizagio sio feitos depois que o adversario se posicionou dentro do al- cance dos golpes em sua investida. Esses contragolpes sao feitos a partic da posigdo de de- fesa, independentemente de qual seja ela, depois que 0 ataque principal do adversério for desviado. Podem ser realizados enquanto 0 adversario faz a investida ou durante sua recuperacio, mas ndo sio, quase sem excecdes, acompanhados por movimentos dos pés. 186 Imobilizagées ou ataques falsos podem ser usados em qualquer um dos trés esté- gios como preparaco para os ataques secundérios. Eles ndo sao feitos com a inten- sao de atingir o adversario, mas apenas de induzi-lo a, por exemplo, atacé-lo em alguma linha para que vocé possa confundi-lo com uma defesa vigorosa e passar para um retorno eficaz, Esses ataques, portanto, no so feitos durante a investi- da, ja que um pequeno movimento do pé (se houver) € tudo o que se precisa, Uma batida (mao ou pé) pode ser dada usando o golpe correspondente ao do ad- versirio, aproveitando a oportunidade para desferi-la no momento adequado. Contra um adversitio que revela seu alvo ou que realiza acdes desordenadas, con- tra-atacar em sua aco ou interromper com um chute nas éreas expostas conforme ele se move para a frente sio técnica is particularmente eficazes Um lutador observador nao continuara desferindo golpes que no funcionam mais, Muitos lutadores atribuem o fracasso de um golpe ofensivo a falta de velocidade, em vez de atribuf-lo a escolha incorreta do golpe. O lutador profissional sabe que isso ndo é verdade. Cada lutador, portanto, deve ser estudado do ponto de vista do estilo, tatica e cadén- cia antes que um plano de acio envolvendo uma escolha do golpe possa ser feito Os lutadores podem ser colocados em duas categorias principais: o “mecfnico” e 0 “intelectual”. £ fé« técnicas de luta I, para o lutador mecanico, dar conselhos, porque suas titicas € 0 0 resultado da repetigo mecinica de golpes, que é fruto de ligdes puramente autométicas e sem uma explicacio inteligente do pongué, do como € do quando, Sua luta segue sempre um padrio similar, O lutador inteligente munca hesitara em mudar a tatica para usar os golpes corretos ao lidar com 0 adversirio. A esta altura, deve estar claro que a de certo golpe deve ser influenciada pela técnii Jo de usar um a ¢ pelo método do adversario. A posigao de guarda, a defesa controlada, o ataque simples no momento adequado, © avanco € o recuo sensiveis e bem regulados, a investida ofuscante e a recuperagao répida © equilibrada devem ser aprendidos. Adquira a percepcio neuromuscular apropriada de todos eles, para que precisem somente de uma atengdo momentanea © para que voce fique livre para se concentrar no adversario, na tatica dele € nas so- lugGes para o ataque ea defesa usadas por ele, Liberdade de movimentos, equil realizados sem hesitagao. brio e confianga acompanham movimentos fundamentai Para atacar, vocé deve estudar os pontos fracos e fortes do adversétio, tirar vanta- gem dos pontos fracos ¢ evitar os pontos fortes. 187 Por exemplo, se sew adversario possuir uma boa defesa, os ataques devem ser pre- cedidos por uma batida, pressio ou finta que possa desorganizar a defesa Todo 0 movimento de ataque deve ser o menor possivel, ou seja, com o minimo desvio da mao necessério para induzir o adversdrio a reagir. Por precaugio, 0 ata- que deve ser totalmente protegido ou combinado com qualquer tética de defesa ne- cessaria, sempre que possfvel. A forma do ataque geralmente é ditada pela forma da defesa usada pelo adversario. Em outras palavras, entre adversarios do mesmo nivel, um ataque raramente sera bem- sucedido a menos que engane ou supere a defesa. Por exemplo, um ataque feito com um movimento circular nao pode ser bem-sucedido se o defensor usar um movimen- to simples ou Iateral em sua defesa. Portanto, é essencial antecipar corretamente a reagio do adversdrio para que o ataque seja bem-sucedido. Sua escolha final do golpe deve ser baseada na observagio das reagées, habitos ¢ preferéncias do adversitio, E perigoso para um lutador realizar ataques compostos complicados que propor- cionem varios periodos nos quais 0 adversério possa fazer uma interceptagao. Quanto mais complicado for o ataque, maior sera a chance de haver um movi- mento contra-ofensivo sendo executado. Nesse caso, o ataque deve ser simples, seja qual for a preparagio. PREPARAGCAO DO ATAQUE Devido a grande distancia que o adversdrio mantém, o ganho da proximidade deve ser “coberto” por uma aco que o distraia momentaneamente. Essa acéo pode ser: 1. uma variagio de distancia; 2, ataques nos alvos mais préximos (geralmente na perna principal, mao, virilha); . uma combinacdo dos dois acima; 4. uma combinacdo de ataques para perturbar. e ‘A preparacao € a acao realizada pelo atacante para criar uma abertura para o ata- que. Ele geralmente consiste em alguns movimentos que desviardo a arma estendida do adversério ou obterdo a reagto desejada (para uma abertura) e a mudanga da distancia 188 Um adversario agressivo pode freqiientemente ser induzido a se aproximar, por meio de varios passos pata tés encurtados progressivamente. Um adversirio cauteloso pode, as vezes, ser induzido a se aproximar por meio de varios passos para a frente e para trds, de extensoes diferentes. Os lutadores recorrem as preparacoes como uma tentativa de obter alguma forma de reagio dos adversérios quando as fintas fracassam. As fintas precedidas por batidas ou imobi fianga do adversario e forgé-lo a passar para uma agio defensiva, contra a sua von- tade. A acdo defensiva pode ser enganada no ataque. ‘ages com as maos podem abalar a con- Batidas, alteracées de batidas, engajamentos c alteracies de engajamento fixardo a mao do adversério em uma certa linha, fazendo-o contrair-sc ¢ diminuir suas reagGes, ou se defender mais cedo ou com menos controle do que o pretendido. Qualquer que seja a teagiio, esses recursos podem trilhar o caminho para um ataque simples bem-sucedido, Desviar ou segurar a mao ao andar para a frente limita a possibilidade de o adver- sdrio aplicar uma interceptacdo bem-sucedida. Da mesma forma, obstruir a perna como um passo preliminar € muito eficaz Ao preparar imobilizagées, certifique-se de que as linhas estejam protegidas ou acres- cidas de uma guarda suplementar, ou com inclinagées do tronco. Os movimentos devem ser firmes. Além disso, aproveite qualquer oportunidade para interceptar ou fazer uma defesa com um contragolpe no meio da imobilizacéo. Imobilizagées, batidas ou oposic3o na mao podem fazer com que seja dificil para © adversatio se defender. Observe o desengajamento. Se ele habitual mente se de- sengajar, intercepte-o, primeiramente simulando a preparacao e depois atacando com a imobilizagao. Quando um passo para a frente € uma ago na mao do adversério forem realizados si- multaneamente, temos uma preparucio composta. Seu sucesso depende da perfeita coor denagao das maos ¢ dos pés. Deve-se dedicar muito tempo a pritica desse tipo de agao. Experimente a técnica acima, tendo em mente usar téenicas econdmicas, para imobi- lizar ou induzir uma reagio e desfira um soco ou um chute em uma parte extre- mamente delicada. Ao avancar para a preparacdo do ataque, preste muita atenco ao seu equilibrio ¢ a0 controle dos pés para que possa parar seu movimento para a frente com 0 menor esforco possivel. Passos curtos ¢ répidos garantirao que isso ocorra, ja que seu cen- 189 tro de gravidade tem menor probabilidade de ser deslocado do que se desse passos longos e répidos. Nao se atire em direcdo ao adversirio, Ganhe ¢ mantenha distn- cia de forma calma e precisa Se © ataque por preparagio for repetido com muita freqiiéncia, ele atrairé uma in- terceptacio, em vez de uma defesa. Entéio, quando usar 0 ataque por preparacio, inicie-o com muita economia € nunca abra as linhas mais do que o necessario para a imobilizacao. ‘Tente diminuir seu periodo de vulnerabilidade. Lembrando que, embora a preparacdo ¢ 0 ataque formem um fluxo regular, eles sto, na verdade, dois movimentos separados, o lutador ser capaz de tomar precau- Ges contra possiveis contra-ataques. Ao praticar as preparagées, o aluno deve executé-las durante 0 engajamento, a alte- racao de engajamento ¢ as fintas do parceiro. ATAQUE SIMPLES ‘Todos os ataques, diretos ¢ indiretos, compostos por um Gnico movimento sio cha- mados ataques simples porque © objetivo é alcancar o alvo pelo caminho mais curto. Um ataque simples direto & aquele feito na linha de engajamento ou na linha opos- ta, apenas surpreendendo 0 adversério com o soco ou pegando-o em um momen- to de vulnerabilidade. Um ataque simples indireto € um nico movimento cuja primeira metade causa uma reagio do adversdrio para que a segunda metade possa ser completada no lado oposto da linha original de engajamento Qualquer golpe tem uma chance maior de ser bem-sucedido se for desferido conforme 4 linha se abre, € nao conforme se fecha, Um ataque feito na linha de abertura gera ga- rho de tempo porque a acao do adversatio est concentrada no movimento em dite- ‘glo oposta, ¢ ele deve reverter sua agao ou alteré-la substancialmente para se defender, Ao iludir a mao do adversirio, as agbes ofensivas das maos sao geralmente feitas com movimentos circulares ou semicirculares. 190 © ataque indireto freqdentemente faz uso do desengajamento ou do desengaja- mento em contra-ataque para alcancar a linha de abertura. O desengajamento € um tinico movimento que passa a mio da linha de engajamen- to para a linha oposta, atacando de uma linha fechada para uma aberta. Cronome- trar esse movimento para a execugio do ataque significa que, por um momento, a defesa est se movendo na direcio contréria do ataque. Portanto, o lutador deve iniciar sua acio ofensiva enquanto o brago do adversatio estiver se movendo, Um timing similar pode ser obtido com um lutador que faz a auséncia de contato retorna ao engajamento continuamente, Observacio: complemente o desengajamento com uma defesa, um golpe diteto, mo- vimento da cabeca, alteragio de nivel, movimento do tronco ete. Ao passar de uma linha alta para uma baixa ou vice-versa, um desengajamento apoiado é favorecido. Da dircita para a esquerda ou vice-versa, os ataques sio feitos com um movimento diagonal através da linha de engajamento do adversétio. Os ataques simples e os movimentos da parte do adversétio, com os quais eles devem ser cronometrados, esto expostos a seguir. £ também um exercicio que de- ve ser feito sempre. 1. Ataque direto: a. na auséncia de contato; b. no engajamento; ¢. na alteracio de engajamento; d. no passo para a frente com e sem o que est descrito acima . Ataque indireto com desengajamento: a. no golpe; b. no engajamento; c. na alteragio de engajamento; 4d. nos trés primeiros executados com um passo para a frente, O desengajamento em contra-ataque € 0 movimento ofensive que corresponde & alteracao de engajamento ou a defesa. Seu objetivo é burlar um movimento circu- lar, € ndo um movimento lateral, que € 0 objeto do desengajamento. Ao contrério do desengajamento, o desengajamento em contra-ataque nao termina na linha oposta & do adverséiio. Exemplo: o atacante engaja seu adversério em sexta (linha alta de fora). O defensor 191 se desengaja com um movimento circular para a linha oposta. O atacante segue de forma circular, traz a mo do defensor de volta a nha original e ataca Lembre-se, a maioria das pessoas é frigil na linha baixa. Direcione seu ataque sim- ples, desengajamento e desengajamento em contra-ataque & linha baixa. Lembre- se, também, de se defender enquanto atacal Se desejar fazer uso de qualqner forma de ataque, os hdbitos e as preferincias do ad- versdrio devem ser observados. O sucesso do ataque simples, direto ou indireto de- pende da escolha correta. O ataque deve corresponder « qualquer movimento que esteja sendo realizado ou que possa ser realizado pelo adversdrio. Portanto, € perigoso atacar de qualquer forma que Ihe vier & mente. O sucesso do ataque simples também depende do timing correto do movimento, que deve naturalmente estar relacionado @ cadéncia dos movimentos do adversdrio, se nao de- sejar ser desviado. Os ataques simples iniciados dentro do aleance do adversério geralmente atingem @ alvo se forem realizados da forma correta, a ndo ser que o adversirio suplemente a defesa com um recuo. Portanto, induza o adversdrio a avancar até a “area de a cance” e acerte-o enquanto ele estiver avancando, deslocando seu peso para a fren- te, ou quando mostrar qualquer sinal de desgaste mental ou fisico. Use um “ritmo inocentemente livre” com 0 adversério. Quando estiver atacan- do, concentre-se na determinacao de atingir 0 alvo com eficiéncia mecdnica timing correto. Para garantir 0 sucesso de um ataque simples, coordene todos os movimentos em unt movimento vigoroso, Mantenha um relaxamento continuo e desenvolva uma veloci- dade explosiva homogénea, Relaxe! Qualquer tensZo enquanto espera a oportunidade para iniciar o ataque (com uma distancia correta) resultard em um movimento curto € abrupto, faré com que vocé se mova cedo demais ou daré ao adversério uma indi- cago das suas intengdes. Esse fato nao pode ser enfatizado com muita freqiiéncia, O relazamento resultard em homogencidade, precisao ¢ velocidade, Nao se esqueca disso, Antes do inicio - Mantenha-se relaxado, porém equilibrado. Infcio ~ Seja econdmico. Use um movimento continuo a partir do estado de neutralidade. Na trajetéria ~ Faca 0 uso mais econdmico do movimento e da forza com a linha de ataque mais direta, apoiado por uma boa protecao. Apés 0 inicio — Use um fluxo rapido e natural para recuperar a postura fasica com os joelhos levemente flexionados. 192 Enfatize a pritica repetitiva da forma econémica para adquirir um instinto apura- do para o inicio, a velocidade e 0 alcance da forga ¢ da penetragao. Lembre-se que a aceleracio pode ser aumentada por meio da pritica ¢ da forca de vontade. A base para isso € a repeticao mecanica, Faga investidas duzentas ou trezentas vezes por dia, cada vez mais répido. E importante reconhecer que 0 conhecimento nao pode compensar a falta de forca € que a forca dos golpes diminui terrivelmente a menos que eles sejam répidos, pre- cisos € desferidos no momento correto. Assim, 0 primeiro passo para qualquer pessoa ¢ aprender a socar e chutar apropti damente ¢ com qualquer um dos membros. Socos ¢ chutes também devem ser en- sinados junto com o trabalho de pés. Nada perturba mais 0 adversério do que a variedade no ataque e na defesa, ¢ isso atenua o esforco fisico por meio do constante deslocamento do Onus do exercicio de um grupo de miisculos para outro. Da mesma forma, nada é mais perigoso que um ataque hesitante. Deixe seu ata- que fluir e preocupe-se somente com a execucio correta ¢ determinada, Enquanto ataca, voeé deve parecer agressive como um predador ~ sem se tornar imprudente — para debilitar 0 moral do adversario. Procure ter olhos de Aguia, asta- cia de raposa, agilidade e vivacidade de gato, coragem, agressividade e impetuosi- dade de pantera, poder de ataque de cobra ¢ resisténcia de touro O ataque simples nem sempre sera bem-sucedido contra todos os adversdrios, Ou- tros meios também deverao ser planejados. Aprenda o maior mimero de movimen- tos defensivos e golpes titeis ¢ variados que for possivel. Assi lidar com varios estilos. , voce ser’ capaz de ATAQUE COMPOSTO Entre lutadores que possuem igual velocidade e técnica, ambos com percepgio de distancia correta, um ataque simples € extremamente dificil de ser realizado. O lu- 193 tador deve compensar sua desvantagem em distancia e, simultaneamente, ganhar tempo. Com 0 uso do ataque composto, ele pode fazer isso. Os ataques compostos consistem em mais de uma acio e podem ser iniciados com ‘uma finta, uma preparacio com a mao ou um ataque a um alvo mais préximo se- guido imediatamente pelo ataque real. O primeiro movimento de uma combinagio deve comesar a partir da postura fasi- ‘ca com 0s joelhos levemente flexionados. Deve ser iniciado com um fluxo econémi- co, sem deixar transparecer as intencdes — uma extensio uniforme e surpreendente. Basicamente, os ataques compostos so uma combinacdo das quatro formas de ata- que simples: golpes, desengajamentos simples, desengajamentos em contra-ataque ¢ interceptagées. A complexidade do ataque composto utilizado esta diretamente relacionada & ha- bilidade do adversirio em se defender dos movimentos ofensivos. Ao escolher os golpes a serem usados em um ataque composto, 0 sucesso dependeré da antecipa- cao correta da forma da defesa (mao dianteira ou traseira, lateral ow circular) que 0 adversario usara em reagao A finta ou ao primeiro ataque. Antes de usar um ata- que composto, portanto, é essencial observar e ter alguma idéia a respeito da pro- vavel reacio do adversirio. ‘As fintas devem ser apenas suficientes para impressionar o adversério. Além disso, utilize o menor nimero de simulacées necessirio para realizar seu objetive. Quan- to mais complicada for a forma do ataque composto, menor seré a chance de ser bem-sucedido. E perigoso tentar ataques composts com mais de duas fintas. Os ataquies compostos simples, com apenas uma finta ou ado ofensiva prévia (um- dois, baixo-alto etc, preparagio do adversario, especialmente no avango. terdo mais chances de sucesso se forem realizados durante a Os ataques compostos serao intiteis se nao forem executados com o timing correto for aproveitada. ‘ou se uma oportunidade favordvel Muitos ataques compostos fracassam porque 0 atacante esquece de regular a veloci- dade das firtas, de tal forma que 2 movimentagao ocorre antes do movimento afensivo Assim, é essencial descobrir a cadéncia e as preferéncias de defesa do adversétio. Os ataques compostos podem ser: 1. combinagées rapidas e curtas - répido; 2. combinagdes penetrantes, perspicazes (e ripidas) ~ trabathado, 194 Todos os golpes tentam exercer a mixima forca, sem qualquer garantia. E por isso que alguns precisam de um reforgo, Dai vem a idéia das combinacées. Exponha-se 10s varios caminhos das combinagées € seja capaz de alterar os camic nhos durante a execugio, Durante os intervalos das combinagées, intercale: 1. movimentos sem engajamento, para distrair 0 adversério ou para melhorar 0 posicionamento ou o fluxo; 2. sutileea, para golpear sem abalar o equilibrio geral ¢ 0 fluxo da combinacao (iab com os dedos, jab com a mao aberta, golpe rapido com os dedos, golpe com a parte posterior da mao, golpe com a palma da mio). Use golpes duplos contra um Iutador que tenha trabalho de pés lentos ou que es- teja cansado. Algumas combinagdes do boxe (neste por fintas) 1. Jab de direita / cruzado de esquerda (um-dois). 2. Jab de direita / uppercut de dieita, 3. Jah de direita / cruzado de esquerda / gancho de direita. 4. Jab de diveita / uppercut de direita / gancho de direita. 5. Jab de diteita / gancho de direita 6. Jab de direita / gancho no corpo. 7. Golpe de esquerda no corpo / gancho de direita. 8. Golpe de esquerda no corpo / gancho de direita no corpo. Combinagées com Chutes Descubra quais sao os chutes mais econdmicos para vocé ¢ os mais diretos para 0 adversario, Use a posicao de guarda como guia, Os chutes nos ataques compostos podem ter varios propésitos. Desorganizar 1. Chute lateral com 0 peito do pé no joelho, chute lateral baixo, jab de de- 195 dos com a mao principal, cruzado com a mao traseira ou preparacao na mio do adversrio (imobilizagio). 2, Chute lateral com o peito do pé, rapido e direto na virilha. # Nao tire os olhos do adversitio. # Nao se entregue ao sinal de dificuldade na recuperagao. # Lembre-se da posi¢ao de guardal 3. Chute de interceptagao no joelho ou na perna, # no inicio do movimento do adversario; # durante o desenvolvimento; # no término (no contragolpe). 4. Golpe de mao baixo no chute lateral com o peito do pé alto, com a per- na principal (contra um lutador que usa a postura direita). Golpe de mao baixo no chute gancho alto (com a perna traseira). Finta alta, chute lateral com 0 peito do pé baixo. Simulagio de chute lateral com o peito do pé baixo, golpe alto. inta lateral, chute giratério com a perna trascira. Simulagio de chute lateral, chute lateral com o peito do pé (pé principal). . Simulagdo de chute direto com a perna principal, chute lateral com 0 peito do pé (pé principal). 11. Simulagao de rasteira com o pé traseiro, chute lateral com o peito do é principal. Cansar 1. Chute lateral com o peito do pé, ripido e direto na vitilha ¢. 2. Chute lateral, rapido e direto no joelho ou na perna e... © acompanhamento sera afetado se 0 adversirio for surpreendido ou se for pego fo contrapé. Forgar 1, Chute lateral na perna ou no joelho, com passo duplo, 2. Chute lateral precedido por um gancho reverso com a mio. 3. Chute lateral com o peito do pé precedido por um gancho reverso com amio. 4. Chutes laterais com o peito do pé ¢ chutes laterais continuos. Ao estudar combinagées de chutes ¢ mos, reexamine a idéia dos movimentos mais econdmicos para voce e os movimentos mais diretos para o adversario, levando em conta 0 movimento da combinacio Alterne de tras para a frente, de perna para mio, de mdo para perna e varie as 196 alturas. Use alto/baixo, baixo/alto ou uma tfade segura (baixo/alto/baixo, al- to/baixo/alto). ‘Use acompanhamentos maturais entre a mao dianteira (jab, gancho, golpe com a parte posterior do punho, gancho para cima) ¢ a mao traseira (direto, cruzado, cru- zado descendente, martelada). Da mesma forma, encontre os acompanhamentos naturais entre a perna dianteira (chute lateral, gancho, direto, para cima, reverso, vertical, horizontal) e a perna traseira (golpes diretos em varias alturas, chutes gi- rat6rios, ganchos em vétias alturas). Quais so os acompanhamentos naturais entre indo € perna ou perna e mao? Analise as possibilidades em todos os tipos de trabalho de pés: avancar, recuar, fa zer circulos para a direita, fazer circulos para a esquerda e movimentos adicionais, como o deslocamento paralelo. Analise 0s acompanhamentos naturais para socos que erram 0 alvo ¢ estude seus acompanhamentos defensivos, Explore os tipos de reagao do adversério quando um golpe erra 0 alvo, Zele pela posigéo de guarda, Analise todos os movimentos fisicos para facilitar © retomo répido & posigao de guarda ¢ para poder atacar ¢ defender de onde quer que vocé esteja. CONTRA-ATAQUE eo 4. Uso da mio esquerda a0 contra-atacar a direita 197 O contra-ataque & uma arte sutil, mais segura para o lutador que a usa € mais noci- va para seu adversério, O ataque pela forca, &s vezes, causa poucos danos porque 0 adversério esti se movendo na mesma dirego que a forga. O fato de ele se mover na direcio dos socos altera a forga sentida. Entre dois competidores com habilidades similares, a vantagem sera do lutador que contra-atacar. Isso ocorre porque, quando um homem ataca, sempre se expoe mais do que aquele que mantém a posicao de guarda. Qualquer engajamento automati- camente abre um convite ou um alvo. 198 Em vez de fazer um ataque falso, alteragéo de engajamento, imobilizacao ou golpe na mio, o convite pode ser usado para provecar o adversério a atacar. Quem provocou pode se defender, bloquear ou se esquivar do ataque do adversério € passar pata 0 contra-ataque. Um golpe duplo pode ser usado quando o ad- versario usar a mesma tatica ~ faz um convite com o primeiro golpe e golpeia enquanto vocé tenta contragolpear. Um convite também pode ser realizado de xando-se intencionalmente um alvo aberto enquanto se mantém a posigao de- fensiva. Para contra-atacar, vocé deve evitar ser atingido e conseguir golpear seu adver- sdrio enquanto ele ainda estiver fora da postura, em virtude do golpe errado. Voce deve agir de forma instintiva e instantanea. Isso é possivel por meio de muita prati- ca. Depois que aprender a contra-atacar de forma instintiva, podera dedicar sua consciéncia ao plano de batalha. No boxe, a esquiva do golpe do adversério, que € a primeira parte do contra-ataque, pode ser feita de trés formas: 1. Faga-o errar deslocando-se, abaixando-se ou recuando. 2. Vocé pode se proteger de um soco direto desviando-o de voce ¢ fazen- do-0 nao atingir 0 alvo, 3. Vocé pode bloquear 0 soco com uma parte do seu corpo que 0 assimile bem. Recomenda-se utilizar poucos bloqueios. E muito melhor para vocé ¢ mais cansativo para 0 adversario sc cle errar. Qualquer homem ativo pode aprender a golpear e se recuperar com forga e rapi- dez, ja que os movimento sio mai momento de iniciar as “maquinas”. O contra-ataque € muito diferente. O “Lider” escolhe 0 momento ¢ também a parte do alvo a ser exposta, O lutador que contra-ataca esta em uma posigao similar a alguém que inicia uma corrida quando o adversério grita: “J4!” ou menos mecanicos e ele pode escolher 0 Aantecipagio € 0 segredo do contra-ataque e, portant, é preferivel induzir 0 outro lutador a desferir um golpe a esperar que ele o faca. ‘Um contra-ataque é uma ago ofensiva realizada durante o ataque do adversario, de forma a que se ganhe 0 “tempo de um movimento” com isso. Os contragolpes so meras combinagdes dos mais clementares movimentos de defe- sae ataque. # Evitar o golpe do adversario por meio da defesa. # Desferir 0s contra-ataques correspondentes. 199 Exemplos Ataque Contra-ataque 1. Jab 1. Recuo repentino, jab 2. Jab 2. Deslocamento para fora, jab 3. Gancho ou golpe lateral frontal 3. Guarda com o antebraco trascito ¢ um jab 4 Jab 4. Investida com a mao traseira, gancho no corpo com a mao dianteira 5. Gancho ou golpe lateral traseiro 5. Golpear o adversario para aplicar um soco com um rapido jab 6. Jab 6. Esquiva para dentro, golpe no corpo com a mao traseira 7. Jab 7. Esquiva para dentro, cruzado de es- querda 8, Gancho ou golpe lateral frontal 8. Golpear o adversério para aplicar um cruzado de esquerda 9. Cruzado traseiro 9. Abaixar-se, golpear a virilha ou fazer um movimento serpeante para dar ‘um golpe de esquerda 10. Golpe lateral ou cruzado traseiro ‘10. Guarda com o antebraco dianteiro, retornar com um jab de esquerda Ao praticar os contra-ataques, trabalhe primeiro a boa forma e depois a velocidade. Sempre realize acompanhamentos ¢ faga valer sua vantagem depois de contra- atacar, até que o adversério contra-ataque ou desista, contra-ataque nao é uma aco defensiva, mas um método para usar a ofensiva do adversério como um meio para realizar 0 seu proprio ataque. O contra-ataque € uma fase avangada do ataque e requer uma previsio das aberturas que resultario do ataque do adversirio. contra-ataque requer o mais alto nivel de habilidade, o mais perfeito planejamen- toe a mais delicada execugao de todas as técnicas de lutas. Usa todas as principais técnicas como ferramentas: bloqueio, guarda, defesa, deslizamento, inclinagao, mo- vimentos serpeantes, esquiva, passo para os lados, finta, indugao ¢ deslocamento. ‘Usa todas as fases do agarramento, dos chutes ¢ dos socos, Além do dominio das tée- nicas, © contra-ataque requer timing exato, céleulos corretos e excelente equilibrio. Significa planejamento cuidadoso, realizagéo audaciosa e controle inabalivel. 6a grande arte da luta, a arte do campeao, 200 Ha varios contra-ataques que podem ser usados para todos os ataques, mas, para cada ocasiao, hd uma reacdo mais eficaz. A acdo deve ser instantanea. Se ha muitas opsdes de ages, agir instantaneamente € dificil, se no impossivel, a menos que a aco correta tenha sido previamente condicionada. O condicionamento (guiado pela consciéncia global), entao, se torna a base do contra-ataque condicionamento é um processo por meio do qual certo estimulo causaré uma reagfo espectfica. Um estimulo repetido eventualmente criaré um padrio de agi no sistema nervoso, Depois que esse padrio for estabelecido, a simples presenga do estimulo causaré a ago especifica. Essa ago € instantinea e quase inconsciente, aspecto necessario para 0 contra-ataque eficaz, Uma agéo condicionada deve ser 0 resultado da pratica intensa e concentrada dos padrdes de ago planejados como reagdo a cada golpe. Essa aco deve ser praticada lentamente por horas, dias, semanas, sempre como reagdo a certos ataques. Enfim, o proprio ataque automaticamente causaré 0 con tra-ataque adequado. A luta deve ser realizada com a cabega, € nao com as maos ou os pés. E verdade que, durante a luta real, 0 lutador nao pensa em como lutar, € sim nos pontos fortes ¢ fracos do adversdrio, nas possiveis aberturas ¢ oportunidades. A luta nunca alcan- card o estagio de arte verdadeira a menos que a execugio fisica das habilidades seja automitica e o cértex seja liberado para pensar, fazer associacées, planejar e julgar. Os centros nervosos mais altos sempre manterio 0 controle e agirdo quando ne- cessario. £ como apertar um botdo para ligar ou desligar uma maquina. ‘Ao considerar um contra-ataque, existem trés fatores que devem ser entendidos: 1. 0 golpe do adversario; 2. 0 método para se esquivar do golpe; 3. 0 proprio contra-ataque. 1. O golpe do adversirio € importante porque determina o lado do corpo aberto para 0 ataque. Um golpe de diteita expie 0 lado direito do corpo, en- quanto um golpe com a mao traseira expe quase toda a parte superior do tronco. 2. Para evitar os galpes, deve-se decidir se 0 contra-ataque ser feito com uma ou com as duas mios. Bloqueio, guarda, interceptagio e defesa deixam uma mio livre para contragolpear. Outras manobras, como deslizamen- to, passo para o lado, esquiva, inclinacdo e movimentos serpeantes, fin- ta, inducao € deslocamento, permitem um ataque com as duas maos. 3. O contra-ataque depende do método usado tanto para se esquivar do adversério quanto para aplicar 0 préprio ataque. 201 Primeiro: faca o adversrio se engajar ¢ sair da posigéo. Segundo: prepare-se para agir em harmonia como uma tinica peca funcional. Terceiro: coordene toda a forga para atacar o ponto fraco do adversitio, CONTRA-ATAQUES COM A MAO DIREITA FRONTAL PARA UM GOLPE DIRETO DE DIREITA Com bloqueto ot interceptagto 1, Segure a mio principal do adversétio com sua mao esquerda enquanto dé ‘um passo para a direita, depois aplique um golpe diteto de direita no queixo. Com defesa 1. Desvie o golpe por fora da guarda ¢ aplique um gancho de direita no ple- xo solar, 2. Desvie o golpe por fora da guarda e entre com a direita em gancho no queixo. 3. Desvie o golpe por fora da guarda e desfira um gancho de direita no queixo. 4, Desvie o golpe por dentro da guarda e desfira um golpe direto de direi- ta no queixo. 5. Desvie 0 golpe por dentro da guarda e entre com a direita em gancho no plexo solar: 6. Desvie o golpe por dentro da guarda e dé um gancho em diagonal de di- reita no plexo solar Com esquiva 1. Esquive-se por fora da guarda e aplique um gancho de direita no queixo. 2. Esquive-se por fora da guarda ¢ aplique um gancho de direita no plexo solar. 3. Esquive-se por fora da guarda e desfira um uppercut de direita no plexo solar. 4, Esquive-se por fora da guarda e desfira um direto de direita no queixo. Com passo para o lado 1. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e aplique um gancho de direita no queixo. 2. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e aplique um gancho de direita no plexo solar. 3. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e desfira um uppercut de direita no queixo. 4. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e desfira um golpe direto de direita no queixo, CONTRA-ATAQUES COM A MAO ESQUERDA TRASEIRA PARA UM GOLPE DIRETO DE DIREITA Com defesa 1. Desvie 0 golpe por dentro da guarda com a mao esquerda e aplique um golpe de esquerda no queixo do adversirio, 2. Desvie 0 golpe por dentro da guarda com a mao direita ¢ aplique um golpe direto de esquerda na lateral Com esquiva 1. Esquive-se por dentro da guarda e aplique um gancho de esquerda no corpo. 2. Esquive-se por dentro da guarda e aplique um golpe dircto de esquerda no corpo. 3. Esquive-se por dentro da guarda e desfira um direto de esquerda no queixo, 4, Esquive-se por dentro da guarda ¢ desfira um gancho cruzado de esquer- da no queixo, 5. Esquive-se por dentro da guarda ¢ desfira um diteto de esquerda no plexo solar, Com passo para o lado 1. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, € aplique um cruzado de esquerda no queixo. 2, Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e aplique um golpe de esquerda no corpo. 3. Dé um passo para o lado, por dentro da guarda, desfira um uppercut de esquerda no queixo. 4, Dé um passo para o lado, por dentro da guarda, ¢ desfira um gancho de esquerda no queixo, 5. Dé um passo para o lado, por dentro da guarda, ¢ dé um uppercut de es- querda no plexo solar. CONTRA-ATAQUES COM A MAO DIREITA FRONTAL PARA UM GOLPE DIRETO COM A MAO ESQUERDA TRASEIRA Com defesa 1, Desvie o golpe por dentro da guarda com a mo esquerda e dé um gan- cho de direita no queixo. 2. Desvic o golpe por dentro da guarda com a mao esquerda e dé um gan- cho de direita no abdomen. 203 Com esquiva 1. Esquive-se por dentro da guarda e dé um gancho de direita no plexo solar. 2, Esquive-se por dentro da guarda e dé um gancho de direita no queixo, 3. Esquive-se por fora da guarda e desfira um cruzado de direita no queixo ou no corpo, Com passo para o lado 1. Dé um passo para o lado, por dentro da guarda, ¢ aplique um direto de direita no queixo. CONTRA-ATAQUES COM A MAO ESQUERDA TRASEIRA PARA UM GOLPE DIRETO DE ESQUERDA Com defisa 1. Desvie © golpe por dentro da guarda com a mao direita e aplique um direto de esquerda no queixo ou no corpo. 2. Desvie o golpe por dentro da guarda com a mao direita e aplique um gancho de esquerda no queixo ou no corpo, 3. Desvie 0 golpe por dentro da guarda com a mio direita e dé um upper- aut de esquerda no queixo ou no plexo solar. 4, Desvie o golpe por fora da guarda com a mao dircita e dé um gancho de esquerda no queixo ou no plexo solar. 5. Desvie o golpe por fora da guarda com a méo direita e desfira um upper- aut de esquerda no queixo ou no plexo solar. Com esquiva 1. Esquive-se por fora da guarda e dé um gancho de esquerda no queixo ou no corpo 2. Esquive-se por fora da guarda aplique um uppercut de esquerda no queixo ou no corpo. 3, Esquive-se por fora da guarda e aplique um direto de esquerda no rosto ou no corpo. 4. Esquive-se por dentro da guarda e aplique um gancho de esquerda no plexo solar. Com passo para 0 lado 1. Dé um passo para o lado, por fora da guarda, e aplique um gancho de esquerda no queixo ou no corpo. 2. DE um passo para o lado, por fora da guarda, e aplique um uppercut de esquerda no plexo solar. ( 204 ‘A DEFESA POR DENTRO com o jah de direita é um golpe direto de direita aplicado com o intuito de aproveitar a abertura deixada pelo jab do adversitio, & um contragolpe fun- damental usado, consciente ou inconscientemente, por quase todos os Iutadores, E usado para se esquivar do jab do adversério e, ao mesmo tempo, feri-lo. £ também usa- do para criar aberturas para outros contra-ataques. E mais adequado contra um jab lento. A DEFESA POR FORA com o jab de diteita € um jab aplicado depois que © golpe do adversario passa por cima do ombro direito. E uma forma segura de se esquivar de ‘um golpe de direita durante a execucéo do contra-ataque. £ mais adequado contra ‘um adversério que possua bragos longos, jé que aumenta 0 aleance do braco dire- ito. O jab de direita é defendido e preso momentancamente com o ombro diteito, Quanto mais o adversario avangar com 0 jab, maior sera a forga do contra-ataque. Deve ser usado em comibinagdo com 0 jab a partir da posicio interna. ‘A DEFESA POR DENTRO COM 0 GANCHO DE DIREITA no corpo é um golpe usado para fazer 0 adversario perder a velocidade. Sua execuctio 6 muito perigosa, ja que coloca © corpo dentro do alcance da mao esquerda do adversirio. Conforme a mao direita € 0 ombro se abaixam, o lado direito do seu compo se torna um alvo para o adversi- io. Portanto, deve ser usado de surpresa ¢ seu sucesso depende inteiramente da velocidade ¢ da capacidade de dissimulagio. ‘A DEFESA POR FORA COM © GANCHO DE DIREITA 6 usada para baixar a guarda do adversario, a fim de criar aberturas para a mio esquerda e fazé-lo perder a velocida- de. E facil, segura e eficaz. Freqiientemente, 0 golpe acaba sendo um uppercut, em vez de um gancho, © BLOQUEIO POR DENTRO COM © GANCHO DE ESQUERDA é uum blogucio seguido por um soco. Ele deve ser usado contra um jab lento ou contra um iutador que mantenha a ‘mio direita frontal longe do ombro. E.am soco potente, mas requer mais pratica e timing mais preciso do que a maioria dos contra-ataques. Requer o bloqueio de um golpe de dircita a partir do lado de dentro, o deslocamento de peso para a frente ¢ a apli« cacao de um gancho de esquerda no queixo. Nao é aconselhavel usé-lo, a menos que a abertura seja muito evidente. O CRUZADO DE ESQUERDA é um dos socos mais famosos do boxe ocidental e é 0 contra- ataque usado com mais freqiiéncia por todos os boxeadores, Se for desferido de modo mais adequado, exerce uma forca incrivel. E simplesmente um gancho de esquerda no maxilar, cruzado sobre 0 golpe direto de direita do adversirio. O jab do adversério passa acima do ombro esquerdo € a mio esquerda entao aplica o gancho, de fora para dentro, no queixo. E facil de ser executado e é realmente um soco de finalizacio, (© GOLTE DIRETO DE ESQUERDA para dentro é um direto de esquerda feito de forma a cre 205 zar embaio ¢ para dentro do golpe de direita do adversitio. & mais apropriado contra um adversirio que avanga bastante com o golpe de direita e, particularmente, para ser apli- cado com a defesa externa ¢ 0 jab de direita ou 0 cruzado de direita. Além de ser um gok pe inicial ou de finalizagio muito potente, é facil escolher o momento certo para aplicé+ lo, A méo direita deve ser mantida no alto, em posigdo para interromper ou se proteger. O GOLPE DE ESQUERDA PARA DENTRO NAS COSTELAS é um soco que aproveita a aber- tura natural criada por qualquer golpe de direita. E dificil se proteger dele. E um. golpe direto de esquerda desferido de modo a passar por baixo do brago direito do adversario conforme ele aplica o jab. £ utilizado para fazer 0 adversario perder a velocidade ou para “encurtar seu brago”. Para minimizar o perigo de um contra-ataque: 1. Faca uma finta para abalar o ritmo do seu adversério, fazendo-o se “des- compor” ¢ perder o tempo de um movimento. 2, Altere a posicio do seu corpo durante o ataque, deslocando-se para a esquerda ¢ a direita, mudando subitamente os niveis (abaixando-se), oscilando (inclinando-se e fazendo movimentos serpeantes).. 3. Use grande variedade de ataques e defesas CONTRAGOLPE Um contragolpe € um ataque (ou, mais precisamente, um contra-ataque) feito ap6s uma defesa Acscolha do contragolpe, assim como a escolha do ataque, determinada pelo tipo de movimento de defesa que se acredita que 0 adversétio provavelmente adotard, As reagtes do adversdrio sio avaliadas com a observagito de seus movimentos habituais com as mitos, ao se recuperar de unt ataque matsucedid Un contragoipe direto € feito na mesma linha da defesa, Ele é composto apenas de um movimento direto (cobertura em linha, defesa suplementar, movimento do tronco etc.). Aescolha de um contragolpe direto depende da reagio € dos habitos do adver- sério — observe, deduza e aplique o golpe correto. O contragolpe indireto (por desengajamento, desengajamento em contra-ataque, 206 interceptagao) € feito na linha oposta da defesa, passando a mao abaixo, acima ou ao redor da mao do adversario. E usado contra um lutador que faz a cobertura depois de ter seu golpe defendido. Deve ser regular, econdmico ¢ protegido. TIPOS DE CONTRAGOLPES 1, Contragolpe simples a. direto, b. indieto. 2. Contragolpe composto a, composto de uma ou mais fintas. 3. Contragolpes simples ou compostos terminando na linha baixa Qualquer um desses contragolpes pode ser executado imediatamente depois de uma defesa ou pode ser retardado, Além disso, 0 contragolpe pode ser executado com ou sem a ajuda de uma investida, A escolha da investida depende somente da veloci- dade de recuperacao do adversério apés 0 ataque. Geralmente, 0 contragolpe imediato € 0 mais eficaz porque forga 0 adversério a ficar na defensiva. Para garantir sua eficécia, a defesa ¢ 0 contragolpe devem ser feitos quando o ataque estiver terminando e antes que o adversario tenha a oportunidade de mudar a postura de ataque para defesa. Isso conhecido como “defesa e contra- golpe no final do ataque”, e sugere que 0 defensor esteja certo da linha na qual 0 ataque vai termina, O contragolpe imediato no final do ataque pode ser intenso, em uma combinagio direta, ou pode ser leve para aderir e ferie. O contragolpe retardado ocorre quando o lutador hesita durante a escolha do con- tragolpe depois da defesa, buscando a reacio do adversério. Este, acostumado a contragolpes diretos, pode se defender automaticamente ¢, ao nao ter do que se defender, pode se atrapalhar devido a e: do controle na defesa. O contragolpe retardado pode ser um ataque combinado ou pode ser feito com uma finta mudanga de cadéncia e perder parte Aplicacées clo contragolpe simples: 1. O contragolpe direto & executado contra um lutador que, durante a inves- tida, comete o erro de flexionar o braco ao se preparar para a recupera- lo, o que 0 deixa exposto na linha de defesa. 2. O contragolpe indireto (por desengajamento ou interceptacio) € usado con- 207 tra um adversirio que, esperando um contragolpe direto, faz a cober- tura na linha da defesa. As vezes, ele faz isso intencionalmente. Mas, com freqiiéncia, € um movimento meramente instintivo. Seja qual for a razio, se essa protecio for bem-sucedida, o lutador que vai aplicar 0 contragolpe deve se antecipar a isso ¢ usar um desengajamento simples. 3. O ctragalpe por desengajamento em contra-ataque € feito contra um adver- sdrio que, durante a investida ou recuperagio, nfo permanece na linha da defesa, mas muda o engajamento, Em outras palavras, usa um con- tragolpe. Essa forma de contragolpe € particularmente atil a partir da postura direita, ao lidar com um lutador que utiliza a postura esquerda, 4. O contragolpe na linha baixa & a opcao contra um adversério que termina seu ataque coberto de forma correta e que se recupera com 0 brago es- tendido, deixando apenas seu alvo mais baixo aberto. O contragolpe composto & um movimento ofensivo feito depois da defesa e cons do de uma ou mais fintas. Exemplo: Contragolpe composto no ritmo um-dois, seguindo a defesa do contragolpe em sexta - 0 atacante, tendo sido levado de volta 4 linha de sexta pelo con- tragolpe ¢ antecipando o contragolpe direto, faz a cobertura em sexta. O luta- dor que vai aplicar 0 contragolpe, mantendo seu braco flexionado, simula um desengajamento, induz a defesa em quarta do atacante e, ainda com 0 brago flexionado, o ilude e desfere o contragolpe em sexta, Novamente, o timing é de frondamental importncia. A defesa ¢ 0 contragolpe sao mais eficazes se forem feitos privime @ conclusio do ataque. Nesse ponto, 0 tempo dispo- nivel para que 0 adversério passe do ataque para a defesa é reduzido ao minimo. Conseqiientemente, 0 contragolpe possi uma chance melhor de ser bem-sucedido antes que 0 atacante possa se defender, Reagindo de forma proposital aos movintentos exploratories do adversario de uma for- ma definida, muitas vezes € possivel induzi-lo a utilizar um golpe especifico. Quan- do se conhece a natureza do golpe do adversério, nao é dificil calcular sua duragio ¢ tirar proveito dele. O contragolpe do contragolpe € um movimento ofensivo posterior a uma defesa bem- sucedida do contragolpe. Ele pode ser feito pelo atacante ou pelo defensor, e pode ser simples ou composto, Pode ser executado durante a investida, durante a recu- peragio, depois da recuperacio ou sem uma investida, de acordo com a distancia O contragolpe do contragolpe pode ser o resultado de segundas intengies. Por segun- das intencdes, queremos dizer que o ataque original foi feito nio com o objetivo 208 de acertar 0 alvo, mas de apenas induzir uma defesa e um contragolpe do defen- sor, para desferir outro contragolpe. Essa sucessiio de agdes ofensivas ¢ defensivas executadas pelo atacante € geralmente usada contra um adversério cuja defesa ori- ginal seja muito forte ¢ quando se espera que uma segunda aco ofensiva o pegue despreparado, O atacante pode fazer uma recuperacio parcial apés 0 ataque falso inicial ou deslocar 0 peso do seu corpo de volta para a perna traseira ao se defen- der. Assim, coloca-se fora do aleance do contragolpe. Pode desferir 0 contragolpe do contragolpe com uma investida parcial ou inclinando seu corpo para a frente. ATAQUE RENOVADO Quando o adversirio recua sem se defender, o redobramento (no boxe) ou remise (na esgrima) pode ser Gtil. E um ataque renovado ou a substituigao da arma no alvo, na mesma linha da agao ofensiva ou contra-ofensiva original. E um golpe que também pode ter um alvo na frente, como a perna ou 0 joelho, e seu propésito é penalizar um adversério que, a0 contragolpear de forma indireta ou composta, se descobre devido aos movimentos muito amplos. O ataque renovado € muito eficaz contra lutadores que, apesar de terem forte de- fesa, hesitam ou so Ientos no momento do contragolpe. Isso geralmente ocorre porque eles tentam se defender enquanto esto desequilibrados. Muitos lutadores cometem o erro de se apoiar na perna traseira durante a defesa, em vez de dar um passo curto para tris. Nesses casos, ataque 0 pé traseiro, no qual © peso esté apoiado. O sucesso de um ataque renovado depende, em grande parte, da rapidez da recuperagio para a frente (novamente o trabalho de pés!). Nao se deve permitir que 0 adversitio re- cupere 0 equilibrio (fisico ou psicol6gico) ou o controle perdido durante o ataque inicial 209 Geralmente, a recupera As vantagens sao: 1, Preencher 0 vacuo causado pela recuperacdo para a frente. 2. Ocupar a mente do adversirio durante esse perfodo e minimizar 0 risco de o adversfrio usar uma interceptagio ou contragolpe muito atrasado. 3. Conseguir algum apoio ao segurar o braco do adversario durante a recu- peragio. (0 para a frente € acompanhada por um ataque nos bracos. Embora um atague renovado impulsivo seja possivel, fazé-lo nao garante que haja ganho no tempo do movimento. Na maioria dos casos, seu uso é premeditado, como resultado da observacéo dos habitos ¢ titicas do adversirio, Depois da recuperacio para a frente, 0 ataque renovado pode incluir: Lon. us & Be “Pl @ “nd ra 1. Golpe direto. 2, Simulagdo de um golpe direto, seguida por um ataque simples indizeto ou por um ataque composto. 3. Uma preparagao da mao (batida, imobilizacao), seguida por um ataque re ns TATICA A tatica € o trabalho intelectual da Juta. Ela se baseia na observacio ¢ na anilise do adversario, e em escolhas inteligentes de ages contra ele. A abordagem titica consiste em trés partes: andlise preliminar, preparacio e exeewao. 210 Anilise preliminar: 0 propésito da anélise preliminar € preparar a base examinando minuciosamente os habitos, virtudes ¢ falhas do adversario, © lutador deve saber se seu adversirio é agressivo ou defensivo, se cle gosta de realizar a ago na hora e quais so seus ataques ¢ defesas favoritos, Observe-o cuidadosamente, mesmo que © conhega, porque a condiclo fisica e mental de um Iutador varia de um dia para © outro, O lutador titico deve diminuir e aumentar a distancia, e fazer uso de ata- ques falsos que sejam persuasivos o suficiente para forgar 0 adversario a revelar a qualidade e a velocidades das suas reagoes. ta batxo alto ‘ncombinaco do golpe de direita Sant A egabelecendo o timing com © ‘estocament — une tenes Piven eaumentar# Pe como melo de aumentar & viet no qweRRO rinta de coro patencia do golpe de 2iL Preparagio: € durante a preparagao da ago que cada lutador procura pistas e tenta superar 0 adversério. As variacées sio infinitas, mas algumas situagdes podem ser destacadas. Por exemplo, o lutador que planeja atacar deve tomar a iniciativa e manter controle da situagao. Ele tenta enganar o adversirio fazendo um ataque falso, seguido por um ataque verdadeiro em uma area diferente ou na mesma area do alvo. As linhas e posigées devem ser variadas para nao dar ao adversario um mo- mento livre em que possa aproveitar a iniciativa, A preparagio do ataque deve ser cautelosa eo lutador deve estar sempre pronto pa- ra se defender, se o adversério tentar fazer uma interceptagéo ou um contra-ataque repentinos. Execugao: a execucao do ataque real deve ser feita com um timing apropriado, rapi- damente, sem interrupgao ou hesitagao. Deve ser um movimento consciente, acele- rado, determinado e decisivo. O fator-surpresa é vital e 0 Iutador deve acreditar no sucesso de sua ago, Se 0 adversdrio tomar a iniciativa, 0 lutador deve desencorajéclo com. constantes ameagas de contra-ataque, golpes curtos, golpeando sua guarda ou por outros meios que abalem sua concentragio, Se as qualidades fisicas dos dois lutadores forem equivalentes, a superioridade inte- Tectual ajudars a alcancar a vitéria. Entre dois lutadores igualmente inteligentes, 0 conhecimento da mecanica e da técnica pode ser decisivo. ‘Um lutador deve alcancar padrio de habilidade técnica satisfatério, antes de ser ca- paz de aplicar as taticas com éxito. Quando a me automitica, a mente poderd se concentrar em descobrir as reagées do adversario, antecipar suas intengoes ¢ plancjar a estratégia € a tatica necessarias para derroté-lo. ica for executada de forma O uso de téticas requer bom julgamento, antecipagio, senso de oportunidade, blefe € a habilidade de pensar pelo menos um movimento a frente. Isso € aliado A co- ragem € a reaco controlada dos masculos e membros, permitindo que o luta- dor realize movimentos simples ou complexos a qualquer momento, de acordo com a situacéo. Jé foi dito anteriormente que os pensamentos ¢ as acées do lutador devem ser co- mo um relmpago. A coordenagio da mente ¢ do corpo certamente € 0 segredo do sucesso na luta. A perfeigio meciinica é inttil, se nfo houver a habilidade de pen- sar, ¢, da mesma forma, a mais inteligente andlise do adversério néio garantiré 0 su- cesso, a menos que 0 golpe exigido pela situago possa ser planejado e aplicado da forma apropriada. O principio basico das téticas de luta é aproveitar 0 ponte fraco do adversério. 212 ‘Vocé atacaria um adversirio, se ele estivesse preparado, bem equilibrado ¢ com um mo ousado ¢ vibrante on com um ritmo bem controlado? Vocé enfrentaria um. adversério enraivecido e impetuoso? Claro que nao! Um bom lutador primeiro con- trolaria a distincia por meio do trabalho de pés e, depois, passaria a guiar o ritmo do adversirio com fintas, ataques falsos e golpes leves ¢ répidos, E importante sempre contrapor suas taticas as preferidas do adversario (boxear com ‘um Iutador, lutar com um boxeador). Obviamente, nio € aconselhavel atacar con- tinuamente um lutador que confia em sua defesa. Por outro lado, é bom atacar sem trégua o adversario que prefere usar ataques fortes ¢ rapidos. O contra-ataque do contra-ataque ¢ a saida, quando se enfrenta um lutador viciado em interceptacdes, € a interceptagio 6 um contragolpe para o lutador que usa muitas fintas. Um lutador que possui grande alcance, que continuamente faz ataques renovados ou ataca com um passo para a frente em geral requer uma medida ampla. £ erra- do dar sempre um passo para tris durante o ataque ou durante a preparacdo, j4 que isso ajudara o adversario a obter o espago necessario para se movimentat. Esse tipo de adversirio provavelmente ficaré desconcertado ¢ perder sua precisao se a medi- da for diminufda com um passo para a frente, durante o ataque. ‘Um homem mais baixo tenta compensar seu menor alcance usando ataques na mao como preparagio, ataques nos alvos avangados (mais proximos), ou passando para a luta A curta distancia, se for mais forte, Jogue com sua prépria cadéncia para confundir o adversario e, depois, subitamen- te, aumente a velocidade. A principal tatica é induzir 0 adversario a dar um passo para a frente, e atacar conforme ele avanca. Um lutador nao pode usar a mesma Uitica contra todos os adversérios. Um bom lutador varia seu jogo com ataques simples € complexos, contra-ataques com alte- rages de distancia ete, Contra um lutador calmo e tranqiiilo, as fintas devem ser mais longas. Contra um lutador ag se manter calmo, Com o lutador agitado, vocé deve ficar agitado também (tentan- do manter a calma). Os lutadores mais altos geralmente sio mais lentos, mas seu ‘ado, as fintas devem ser mais curtas. Com 0 lutador calmo, vocé deve Tongo alcance € perigoso. Portanto, € essencial manter uma distancia segura (até que a posigao interna possa ser assumida). Os lutadores nfo convencionais usam movimentos amplos ¢, As vezes, inespera- dos. Ao enfrentar esses lutadores, voce deve manter distancia, e as defesas de- ‘vem ser feitas no Gtimo momento. Os lutadores.nfio ortodoxos geralmente usam. 213 acées simples ¢ quase sempre as executam no mesmo ritmo, Os ataques sao fei- tos com movimentos amplos, que oferecem uma chance para 0 uso de intercep- tagGes. A perda de uma Iuta contra um adversfrio assim geralmente se deve A flexibilidade do lutador e A sua inabilidade em adaptar sen estilo As neces- sidades do momento. Ao se deparar com um lutador que habitualmente ataca com uma preparagio na mao, cujo momento de aplicagao € escolhido com perfeicdo, lutar com au- séncia de toque € variando a medida, em vez de oferecer a mao ou usar uma po- sigdo de guarda estendida, na maioria das vezes desconcerta o adversixio ¢ Kimi ta seriamente seu jogo. Contra um lutador paciente, que permanece bem protegido na posicio de guarda, se mantém fora do alcance se esquiva de qualquer tentativa de fazer uma pre- Paracdo, ndo é seguro atacar diretamente. Esses lutadores geralmente desferem chutes ou socos de interceptacao precisos. A saida mais ébvia € induzir sua inter- ceptacao com fintas ameacadoras e completar um ataque com segundas intengées, segurando a mao dele, talvez com agarramento, Antes de atacar um adversério que luta com auséneia de toque, pode-se usar ata- ques falsos ou fintas bem marcadas para induzir uma reagio, Se a reagio for uma interceptacao, vocé pode contra-atacar, preferivelmente com a mio, Se cle reagir com uma defesa, vocé pode executar um ataque composto ou pode usar um con- tragolpe do contragolpe. Por outro lado, pode ser que cle retorne a0 engajamento, quando um ataque apropriado pode ser feito. O ritmo de um novato, provavelmente irregular, é dificil de ser avaliado, tor- nando longas seqiiéncias perigosas, j4 que ele provavelmente nao serd capaz de seguir a indicagao dada. Entrar em panico com facilidade ¢ se defender, a sinal da menor provocacdo. Essas defesas, precoces ¢ mal controladas, normal- mente tém a forma de chicotadas sem direcao especifica. Elas podem acertar 0 brago do ata inte. Existem, portanto, muitas razdes para ser cauteloso ¢ nao Atacar um novato com movimentos compostos, ¢ sim esperar a oportuntdade de usar uma técnica simples, répida ¢ econémica. ‘Mesmo sem querer, 0 novato realizar ataques com ritmo irregular, que enganardo até mesmo 0s lutadores mais experientes, que nao esperam por esse ritmo. Portanto, € essencial manter uma distancia cuidadosamente calculada que forcaré 0 novato, finalmente, a se estender para poder atacar. Uma regra de ouro é nunca utilizar mais movimentos complexos do que 0 neces- sdrio para alcangar o resultado desejado, Comece com movimentos simples e somen- 214 te introduza os compostos quando nao puder vencer de outra forma, Acertar um bom adversério com um movimento complexo é recompensador € mostra 0 seu do- mfnio da técnica, Acertar 0 mesmo adversério com um movimento simples 6 um sinal de grandiosidade. Metade da batalha estard ganha se vocé souber 0 que o adversario esta fazendo. Se, apesar de ter escolhido corretamente os movimentos corespondentes, a ago fa- Ihar, isso se deverd a falha na aplicagao das técnicas. Repita! Um bom lutador conhece todas os golpes. Sabendo que os adversérios tentam constantemente observar seus habitos e seus pontos fracos, € ébvio que um esforgo consciente para variar a luta deve ser feito (incluindo a dissimulagao de certos habitos € fraquezas). Destro contra canhoo: O gancho de direita € muito eficaz como soco ofensivo € como contragolpe des- ferido imediatamente aps um pequeno salto para tras. Lembre-se: um canho- to que usa a méo direita de forma eficiente junto com sua ser vencido. mio boa é dificil de O destro deve manter sua mao direita um pouco mais alta e golpear 0 canhoto com tum soco de esquerda ou fazer uma finta simulando um soco de esquerda, saltar para tris e contragolpear com um golpe de esquerda, seguido por um gancho de direita. Uma alternativa é manter-se em movimento para a direita, usando bastante a mio direita para defesa e a esquerda para ataques na cabega e, mais especifica- mente, no corpo. Esquivar-se para o lado externo do braco esquerdo alongado do lutador que utiliza a postura esquerda, ou para o lado externo do seu golpe de direita, e contragolpear com um gancho de esquerda longo no corpo é uma boa jogada. Um deslizamento para imobilizar no engajamento da linha externa é aconselhvel antes de aplicar um chute lateral baixo em um alvo estendido. Incline-se para bem Jonge da mao principal do adversario enquanto da seu chute lateral. Um inicio eco- némico deve climinar 0 chute de contra-ataque do adversario, especialmente se 0 tempo do fluxo for determinado com 0 deslocamento do peso dele para a frente. Verifique se seu deslocamento nao 6 uma preparacio para dar um chute frontal com a perna de trds. Nesse caso, vocé deve fazer um cfrculo para a direita conforme desliza. Vocé pode, entao, prosseguir com outro golpe com a parte posterior do pu- nho ou outro em um periodo de movimento diferente. 215 Uma batida no engajamento da linha externa pode ser usada como preparacao para um falso chute na perna ou no joelho, imediatamente usando o ritmo um e meio para finalizar o golpe no rosto do adversério, por cima da mao dele. Use uma guar- da suplementar correspondente para o desengajamento dele de um gancho de es- querda ou de um cruzado de direita. Durante os deslizamentos ¢ as batidas no engajamento das linhas internas do ca- nhoto antes de qualquer ataque, cuidado com sua perna direita e com os cruzados. ‘Vocé pode minimizar os golpes traseiros dele usando uma iniciagdo econémica nos primeiros sete centimetros do seu movimento. Faca um circulo para a direita enquanto usa a preparacio do seu ataque. Defenda-se na linha interna alta. Estude como se esquivar do jab de esquerda de um lutador canhoto enquanto gol peia com o punho diteito a axila exposta. Engaje-o na linha interna alta para desengajar ¢ retornar a linha externa alta ou baixa do adversério. Isso 0 forcard a usar suas defesas fracas, ou seja, a defesa ex- terna alta ou a interna circular alta, uma defesa mais lenta. Se o ataque for feito na linha externa baixa, ele usard uma defesa baixa, deixando-o aberto na linha alta. Isso pode ser muito eficaz, se seu ataque na linha baixa for uma finta. A luta € um jogo de timing, tatica e blefe. Dois dos meios mais eficazes para isso sio: 1, Ataque simples a partir da imobilidade. Isso freqiientemente surpreenderd © adversario, especialmente depois de uma série de ataques falsos ¢ fin- tas. O defensor esté subconscientemente esperando uma preparagio ou. 216 uum movimento mais complexo e ndo consegue reagir a tempo a0 répi- do movimento simples, 2. Variagao da ricmo ou da cadéncia antes do ataque ou durante ele, 880 pode ter ‘0 mesmo elemento-surpresa. Por exemplo, uma série de fintas com a ve- locidade criteriosamente reduzida € avangos € recuos mais Ientos po- dem ser usados para “por 0 adversario para dormir”. Um movimento final desferido subitamente, na maior velocidade possivel, geralmente o pega desprevenido. Da mesma forma, algumas fintas répidas, seguidas por um movimento final deliberadamente lento ou com ritmo irregular, muita vezes desconcertam um adversario atento. Alguns Iutadores adquirem hdbito de retirar a mao ou o pé quando um golpe é direcionado a eles. Esses lutadores sfio vulnerfiveis a uma renovagio imediata do ataque por meio de uma investida répida, As vezes, algumas fintas na linha alta podem abrir caminho para um stibito desen- gajamento no joclho. A preparacio no joclho e a imobilizacio da mao ou do pé enquanto a perna do ad- versério € obstruida sfio muito usadas para teduzir 0 fator movimento-tempo. In- versamente, 0s ataques durante a preparagao sfo particularmente eficazes. ‘Um ataque com ritmo irregular, com uma pausa antes do movimento final, po- de ser muito eficaz para deixar o adversirio em dtivida sobre as intengées do atacante. Uma forma de descobrir a reacio do adversirio € fazer um ataque simples, leve- mente fora da distancia correta, para que ele tenha que se defender. Espere o contragolpe, desvie-o e selecione cuidadosamente 0 alvo para 0 contra-ataque. Observe seu adversério! Nunca tire os olhos dele durante a luta, Para boxear bem, vocé deve ver tudo © que acontece durante a luta. O que deve ser observado na luta a longa distancia sio os olhos do adversério. Observe para onde os animais olham quando Iutam, Na Tuta a curta distincia, olhe para os pés ou para a cine tura do adversario. Tome a lideranca do seu adversario e tente colocé-lo na defensiva. Deixe-o sem saber 0 que vocé vai fazer em seguida. Se puder, nao Ihe dé descanso. Atinja-o de todos os Angulos. Ao aplicar um jab de direita, faca deste um golpe duplo, Descubra 08 pontos fracos do adversirio, Descubra 0 que © incomoda mais. Coneentre seu ataque no ponto em que a defesa é falha e nunca diminua o ritmo. Faca-o lutar na forma de combate em que ele se sai pior 217 Mantenha-se em movimento, evitando que ele se prepare para golpear e fazen- do-o errar. Quando ele se desequilibrar, acerte-o, Essa € a vantagem do acompa- nhamento. Nao desperdice movimentos. Tenha um propésito para cada dissimulagio, defesa ou ataque. Nao revele suas intengées. # Ataque com confianca. # Ataque com precisio. # Ataque com grande velocidade. Recordando, todas as agdes agressivas com os bracos, independentemente de sua simplicidade ou complexidade, tém origem em um ou mais dos trés prin- cipios: batida ou preparacao na mao ou pé frontal do adversario, desengaja- mento, ataque simples. Qualquer ataque ou defesa elementar, por meio de uma estratégia apropriada € habilidade no ringue, pode ser usado no mais avancado tipo de luta. AUX{LIO AO TREINAMENTO Durante as aulas, 0 mestre deve explicar convincentemente a aplicagio tética de cada golpe, seja ele usado no ataque, defesa ou contra-ataque. Em cada caso, cle deve enfatizar: COMO - feito PORQUE - é feito. QUANDO - é feito Se as aulas incluirem a variedade de circunstincias em que um golpe pode ser usado, o aluno teré uma chance menor de ser surpreendido por uma acio nao familiar. Varie sempre os parceitos para nao se fixar em uma tatica ou cadéncia espectfica. Mais uma vez, lembre-se: um lutador bem-sucedido € aquele que aprendeu a esco- Iher corretamente os golpes. Uma das ligoes mais importantes é dominar as combinagoes (maos, pés, ambos ete). Depois, voce deve estudar 0 estilo do seu adversario, antes de decidir quais combinagées podem derroté-lo. 218 CINCO FORMAS DE ATAQUE Nota do editor: as cinco formas de ataque foram as iltimas descrides de Bruce para explicar seus movimentos, antes de falecer. A incompletude das anotagées ¢ mais aparente aqui quan- do comparadas as explicagdes abrangentes que ele dew aos alunos. 219 ATAQUE SIMPLES EM. ANGULO (SSA - SIMPLE ANGLE ATTACK) SAA ~ © ATAQUE SIMPLES EM ANGULO € qualquer ataque simples desferido em um. Angulo inesperado, as vezes precedido por uma finta. Geralmente, é preparado rea- justando a distancia com o trabalho de pés. Estude o golpe evusivo © o ataque simples. ATAQUE COM IMOBILIZACAO (HIA - HAND IMMOBILIZING ATTACK) HIA - 0 AtaQue COM IMOBILIZAGAO é¢ realizado aplicando uma preparacio de imobili- zacio (agarramento) na cabeca (cabelo), mo ou pena do adversario conforme voce se move para a linha de engajamento. A imobilizagio impede que 0 adversério mova aquela parte do corpo, oferecendo-Ihe uma zona de seguranga para comecar a gol- pear. Os ataques com imobilizacio podem ser preparados usando qualquer das outras quatro formas de ataque, e as imobilizagées podem ser realizadas combi- nadas ou sozinhas. Estude também a interceptagi. (1) Obstrugso um 2) Obstrugso dois A imobilizacao pode ser usada como medida preventiva ao atacar com uma mio ¢ imobilizar com a outra. Também pode ser usada como medida preventiva no des- lizamento ou contra-ataque. Usar a imobilizagao quando um adversirio realmente pretende aplicar um soco requer uma nocao de quando o adversario vai golpear e depende da velocidade e da habilidade da execucio. ‘Treine a sensibilidade corporal no antebrago para usé-lo como arma destrutiva. Use um movimento repentino de agarramento, combinado com a cotovelada. 220 ATAQUE INDIRETO PROGRESSIVO (PIA - PROGRESSIVE INDIRECT ATTACK) PIA —O ataque indireto progressivo é precedido por uma finta ou um ataque nao engajado, planejado para orientar de forma equivocada as agbes ou reacGes do ad- versdrio, para golpear a linha de abertura ou ganhar o tempo de um movimento. O ataque indireto progressive € realizado em um tinico movimento para a frente, sem. recuo, ao contrario do ataque em Angulo tinico precedide por uma finta, que sio, na verdade, dois movimentos. Estude as fittas ¢ os desengajamentos. A principal atribuicdo do ataque indireto progressivo é superar um adversario cuja defesa soja forte e répida o suficiente para lidar com um ataque direto simples. ‘Também € usado para oferecer uma variagio do padrio de ataque. Lemibre-se de que, apesar de © PIA usar fintas e desengajamentos, cada ataque indi- reto progressive é executado em um tnico movimento para a frente. E progressive para ganhar distancia, Para diminuir a distancia, a medida deve ser reduzida pelo menos pela metade com sua primeira finta, Prolongue sua finta o suficiente para que seu adversério tenha tempo para reagir. Deixe para o segundo movimento apenas a segunda metade da distancia. Nao espere o bloqueio antes de completar seu ataque. Mantenha-se a frente. Enquanto o braco do adversario estiver se movendo diagonalmente, para baixo, pa- ra cima etc., € que vocé deve iniciar sua aco ofensiva. Isso significa que, por um momento, a defesa do seu adversério esta se movendo na direg4o oposta ao seu ata- que. O ataque, portanto, é feito com um desengajamento, Exceto em casos raros, todos os movimentos devem ser curtos, ou seja, com o me- nor desvio possivel da mao necessério para induzir o adversério a reagit. Os desen- gajamentos, da mesma forma, devem passar bem perto da mao do adversario. Para fazer 0 PIA com a perna mais eficaz, tente usar 0 tempo um e meio. UM: 0 primeiro ataque € profundo, sibito, econdmico, bem prote- gido e, acima de tudo, bem equilibrado. Faga uma distingao entre o infcio com forga (como 0 gancho reverso) € 0 inicio direto. E MEIO: a segunda metade deve ser um chute rapido ¢ potente que nao o desvie muito da posigao de guarda, ja que uma luta a curta distancia pode ser iniciada. Para alcancar 0 alvo, 0 atacante deve ludibriar,o equilibrio do movimento para a 221 frente do adversdrio, seu equilibrio quando parado, sua guarda e suas defesas, Deve pegi-lo em um momento de despreparo fisico ou mental. ‘Durante as combinagoes com fintas na progresszo inicial, passe calmamente para as segundas intengdes. Preste muita atengio A eficiente diminuigéo de distancia dos dois movimentos para obter velocidade e forca. ea 3 ites a Lutador na postura esquerda 'b. Observagio: use todos os tens abaixo ao atacar a) adversério fugaz: b) contra-atacante agressivo, Lutador na postura direita 4) gancho balxo/alto (golpe com gancho balxo) ') gancho baixo e gancho reverso alto ATAQUE POR COMBINAGAO (ABC - ATTACK BY COMBINATION) ABC - O ATAQUE POR COMBINAGAO € uma seqiiéncia de ataques que se seguem naturalmente e em geral sao aplicados em mais de uma linha. Estude © ataque composto € 0s socos combinados. Os ataques por combinagéo geralmente so compostos de socos seqiienciais. O 222 termo “socos seqiienciais” denota uma série de sovos e/ou chutes aplicados em uma sequiéncia natural. O objetivo € fazer o adversario assumir uma posigao ou criat uma abertura para que o golpe final da seqiiéncia encontre um ponto vulneravel. As combinagées preparam o adversério para um chute ou soco final com nocaute. A diferenca entre um lutador experiente e um novato é que o primeiro aproveita cada oportunidade e faz um acompanhamento para cada abertura, Ele usa sua aura sensfvel e dominadora e seu ritmo imponente. Aplica os socos e chutes em uma se- quéncia bem planejada, com cada abertura criando outra, até que finalmente pos- sa dar um golpe livre de qualquer defesa. Alguns socos parecem ser “socos de acompanhamento” porque vém depois de certos golpes. Por exemplo, o direto de esquerda é um soco de acompanhamento para o jah de direita, e um gancho de direita, para o direto de esquerda, Parece natural desferir um soco direto e depois aplicar um gancho e, do mesmo mo- do, dar primeiro um soco na cabeca € depois um no corpo. RPV in ate CR ) A PS Ry fs, bo L DW BW Os socos de acompanhamento tém como base o ritmo e a sensbilidade. Aplicar socos com um determinado ritmo € um fator importante no boxe ocidental. Os s0cos triplos so comuns no ABC. Eles podem ser aplicados deslocando-se para fora ou para dentro e desferindo dois socos no corpo, seguidos por um soco na cabeca, Os dois primeiros socos baixario a guarda do adversério, deixando-o pron- to para o golpe final. Outra versio dos socos triplos € conhecida como “triplo seguro”. O triplo seguro € uma seqiiéncia de socos que tém como base o ritmo, ao golpear primeiro © corpo © depois a cabeca ou vice-versa. O ponto principal a ser lembrado é que o tltimo soco deve ser dado no mesmo local do primeiro. Se 0 primeiro soco for dado no ‘maxilar, o dltimo também tem de ser. 223 Estude também as variagdes um-dois. ‘a. Queho recolhido: b. soco direto; c. guarda traseiray d. bloqueio da visso Exponha-se aos caminhos das combinagdes mude de caminho durante a execucao. . am fella, Crobran Lon rth fot waif ph ‘a. Exponha-se aos varios caminhos das combinagies € mude de caminho durante um deles. ATAQUE POR INDUCAO (ABD - ATTACK BY DRAWING) ABD - O ataque por inducdo € um ataque ou contra-ataque iniciado depois de induzir 0 adversirio a se engajar, deixando para ele uma abertura aparente ou executando movimentos que ele possa tentar contra-atacar, O ataque por indugao pode fazer uso das quatro formas de ataque anteriores. Estude o timing e as oito pasigtes basicas de defesa. Geralmente, é melhor, quando possivel, induzir seu adversario a golpear antes que voce o faga. Ao forcar 0 adversario a se engajar com um passo decidido, vocé poderd ter alguma certeza do que ele esta prestes a fazer. O engajamento dele o desproverd da habilidade de alterar a posicao e de se proteger com rapidez suficiente para li- dar com sucesso com uma aco ofensiva que vocé poderd u Pelo fato de o adversirio errar 0 alvo, voc’ deverd conseguir uma abertura nao mui- to vélida, Voce deve fazé-lo apresentarthe um bom alvo. Mais importante do que tudo, vocé tera tomado dele uma forca consideravel para aumentar a poténcia do seu contragolpe. Lembre-se de que 0 segredo de golpear com forca esta no timing preciso, no posicionamento correto e na aplicagio mental. Mantenha sua consciéncia ¢ equilibrio para atacar depois de ter induzido o engaja- mento do adversério, expondo um alvo a ele, forcando-o (avangando com ou sem ago, devagar ou rapido) e simulando um ataque que ele tentara revidar. imol 224 CiRCULO SEM CIRCUNFERENCIA Jeet Kune Do, em sua esstncia, nfo é uma questio de pouca técnica, mas sim de espiritualidade ¢ fisico altamente desenvolvidos. Nao € uma questao de desen- volver 0 que jé foi desenvolvido, mas de recuperar 0 que foi deixado para trés. Essas coisas tém estado conosco, dentro de nés, 0 tempo todo e nunca foram perdidas ou alteradas, exceto pelo nosso uso mal orientado. O Jeet Kune Do no é uma ques- tao de estudo das técnicas, mas sim de percepgio espiritual e treino. As ferramentas estio em um centro indiferenciado de um circulo que nao pos- sui circunferéncia, que se move sem movimento, tenso, mas relaxado, vendo tu- do acontecer, porém de modo algum ansioso em relagdo a seu resultado, sem nada planejado intencionalmente, nada calculado conscientemente, sem ante- cipacio, sem expectativa — em resumo, permanecendo inocentemente como um bebé, mas com toda a perspicicia, tética e inteligéncia agucada de uma mente completamente madura. Deixe a esséncia da sabedoria para trés e mergulhe outra vez na humanidade co- mum. Depois de entender 0 outro lado, volte e viva neste lado. Apés cultivar 0 que nao € cultivado, o pensamento do lutador continua a parte das coisas extraordind- sias. Q lutador ainda permanece no meio do extraordindrio, porém isolado dele. Tanto 0 lutador quanto seu ambiente sao eliminados. Assim, nem 0 homem, nem © seu ambiente so eliminados. Continue! Vocé nunca poderd ser o mestre do seu conhecimento técnico, a menos que todos ‘9s seus obstaculos mentais sejam removidos e vocé possa manter sua mente em um estado de vazio (fluidez), desprovida até mesmo de todas as técnicas aprendidas. Com todo 0 treino jogado ao vento, com uma mente perfeitamente inconsciente do seu proprio trabalho, com o proprio ser vagando pelo nada, a arte do Jeet Kune ‘De atinge sua perfeicao. ‘Quanto mais ciente vocé se torna, mais se desprende, dia apés dia, do que apren- ‘deu, mantendo sua mente sempre renovada nfo contaminada por um condicio- mamento anterior. ‘© aprendizado das técnicas corresponde a uma compreensio intelectual das fi- Jesofias Zen ¢, tanto no Zen quanto no Jeet Kune Do, uma boa capacidade inte- 227 Iectual nao cobre toda a base da disciplina. Ambos exigem a obtengio da rea- lidade definitiva, que € 0 vazio ou o absoluto. Este tiltimo transcende todas as. formas da relatividade No Jeet Kune Do, todas as técnicas devem ser esquecidas € 0 inconsciente deve ser encarregado de lidar com a situagao. A técnica se mostrara de forma automatica ou espontinea, Moverse com totalidade, nao ter técnica, é ter todas as técnicas. A habilidade e © conhecimento alcangados devem ser “esquecidos” para que voce possa flutuar confortavelmente no vazio, sem bloqueios. O aprendizado é impor- tante, mas nfo se deixe escravizar. Acima de tudo, nao se prenda a nada externo supérfluo — a mente € 0 principal. Qualquer técnica, por mais valiosa e desejavel que seja, se torna uma doenga quando a mente fica obcecada por ela. As seis doencas: 1. O desejo pela vit6ria. O desejo de recorrer a técnicas ardilosas. O desejo de exibir tudo o que foi aprendido. desejo de apavorar o inimigo. O desejo de ser passive. O desejo de se livrar de qualquer mal que possa afeté-lo. aAusEN “Desejar” € um vinculo. “Desejar no desejar” também € um vinculo. Ser desvin- culado, entio, significa ser livre, ao mesmo tempo, de ambas as afirmacées, positi- va e negativa Isso é ser simultaneamente “sim” e “niio”, 0 que é intelectualmente absurdo, Mas nfo no Zen. Nirvana € estar conscientemente inconsciente ou estar inconscientemente cons- iente. Esse € 0 segredo. A agao € tao direta ¢ imediata que a intelectualizacao nao acha espaco para si ¢ corta a a¢ao em partes. O espfrito 6, sem dtivida, 0 agente controlador da nossa existéncia. Esse centro in- visivel controla todos os movimentos em qualquer situagdo externa que aparecer, Isso significa ser extremamente mével, nunca “parando” em nenhum lugar, em ne- nhum instante, Preserve esse estado de liberdade espiritual ¢ desvinculagao assim que assumir a postura de luta. Seja 0 “dono da casa”, E 0 ego que se mantém rigido contra as influéncias de fora, e é essa “rigidez de ego” que tora impossivel para nés aceitar tudo © que nos confronta. A arte vive onde hd liberdade al soluta, porque onde nao existe liberdade abso- luta, nao pode haver criatividade. 228 Nao busque a inocéncia forgada de uma mente perspicaz que quer ser inocente, Prefira o estado de inocéncia no qual nao hi recusa ou aceitacao, e a mente ape- nas ré 0 que é ‘Todos 0s objetivos separados dos meios sio ilusées. A evolugéo é uma negacao do ser: Por um erro repetido através dos tempos, a verdade, que se torna uma regra ou uma crenga, estabelece obstaculos no caminho do conhecimento. O método, que é, ignorancia, envolve a verdade em um efrculo vicioso. Nés deve- viamos quebrar esse circulo, no buscando 0 conhecimento, mas sim descobrindo a causa da ignorancia. em sua esséncia, ‘A meméria e a antecipagio sto qualidades magnificas da consciéncia que distin- guem a mente humana da mente dos animais inferiores. Mas, quando as aces ¢s- tio relacionadas diretamente ao problema de vida e morte, essas propriedades de- vem ser abandonadas em beneficio da fluidez de pensamento e da rapidez de aca. A agao € nossa relacao com tudo, Nao & uma questio de certo ¢ errado, O certo ¢ © errado existem somente quando a ago é parcial Nioo deixe sua atencao ser desviada! Transcenda a compreensao dualista da situagao, Desista de pensar como se no desistisse. Observe as técnicas como se nfo as obser- vasse. Utilize a arte como um meio de avangar no estudo do Caminho, © prajna® imével nao significa imobilidade ou insensibilidade, Significa que a men- te € dotada da capacidade de movimentos instantancos infinitos que nao conhe- cem obstaculos. Dé olhhos & sua mente. Todos os movimentos vém do vazio, e a mente é 0 nome da- do para esse aspecto dindmico do vazio, Ele € direto, sem motivacées centralizadas no ego. O vazio é sinceridade, originalidade e franqueza, nao permitindo nada en- tre ele ¢ seus movimentos. 0 Jeet Kune Do existe quando voce nao me vé ¢ eu nao te vejo, quando yin ¢ yang ainda nao se diferenciaram, O Jeet Kune Do nao vé com bons olhos a segmentagdo ou a localizagao. A totalidade pode se adequar a todas as situagoes. * Sabedoria ou conseiéneia transcendental. (N. E.) 229 Quando a mente é flexivel, a lua fica no rio, onde ela €, a0 mesmo tempo, mével e imével. As éguas se movimentam 0 tempo todo, mas a lua mantém sua serenidade, A mente reage a 10 mil situacdes, mas permanece sempre a mesma. A imobilidade na imobilidade nao € real, © ritmo universal se manifesta apenas quan- do ha imobilidade em movimento, Mudar com as mudangas é um estado imutivel O nada nao pode ser limitado. A mais flexivel das coisas nao pode ser quebrada. Assuma a purcza primitiva, Para mostrar suas atividades inatas no limite maximo, Temova todas as barreiras psfquicas Se ao menos pudéssemos golpear com os olhos! No longo caminho que comeca nos olhos, passa pelo brago, até chegar ao punho, quanto é perdido! Aguce o poder psiquico da visio para agir imediatamente de acordo com 0 que vocé vé. A viséo ocorre no intimo da mente. Como a autoconsciéncia ou ego-consciéncia do lutador esta visivelmente presente em todo 0 seu campo de atencao, ela interfere com a exibigio livre da proficiéncia que ele adquiriu até entdo ou que vai adqui consciéncia ou ego-consciéncia imposta e se aplicar ao trabalho a ser feito como se O Iutador deve remover essa auto- nada em especial estivesse ocorrendo naquele momento. ‘Ter a mente livre de pensamentos significa assumir a mente cotidiana, A mente deve estar bem aberta para agir livremente no pensar. Uma mente restri- ta nao pode pensar livremente. Uma mente concentrada nao é atenta, mas uma mente que esta no estado de cons- ciéncia pode se concentrar. A consciéncia nunca € restrita, ela inclui tudo. Nio ser tenso, mas estar preparado, néo pensar ¢ no sonhar, nao ficar imével, mas sim flexivel, é estar vivo de forma completa ¢ serena, consciente e alerta, prepara- do para qualquer coisa que possa acontecer. O lutador de Jeet Kune Do deve estar sempre alerta para encontrar 0 intercambia- mento dos opostos. Assim que sua mente “suspende” um deles, perde sua fluidez. Um lutador de JKD deve manter sua mente sempre no estado de vazio, para que sua liberdade de agéo nunca seja obstruida. O estdgio permanente & 0 ponto no qual a mente hesita em permanecer. Ela se prende a.um objeto e para o fluxo, 230 A mente iludida é aquela emocionalmente sobrecarregada pelo intelecto, Ela no po- de funcionar sem parar para refletir sobre si mesma, Isso obstrui sua fluidez natural. A roda gira quando nfo esté excessivamente presa ao eixo. Quando a mente esta obstruida, ela se sente inibida a cada movimento, e nada sera realizado com espon- taneidade. Seu trabalho sera de baixa qualidade ou poder nunca ser terminado, Quando a mente esta presa a um centro, nao esti livre naturalmente. Ela pode se mover apenas dentro desse centro. Se 0 lutador ficar isolado, morre. Fica paral dentro da fortaleza de suas proprias idéias, Quando voce esta completamente consciente, nao ha espaco para uma concepcao, um esquema, “o adversirio e eu”. H4 um abandono completo. Juando nao hé obstrugdes, os movimentos do lutador de JID sio como relimpa- rut pa gos ou como um espetho refletindo imagens. Quando a insubstancialidade e a substancialidade nao forem estabelecidas e defi- nidas, quando nao houver caminho para mudar o que é, 0 lutador tera dominado a forma sem forma, Quando hé apego & forma, quando hé prisao da mente, 0 cami- nho no € 0 verdadeiro. Quando a técnica se revela por si s6, esse € 0 caminho. Jeet Kune Do nao € uma arte baseada em técnicas ou doutrinas. Ele é apenas como voce 6. Quando nao h4 centro nem circunferéncia, entao ha a verdade. Quando vocé se ex- pressar livremente, teré o estilo. 231 APENAS UM NOME HA um forte desejo, na maioria de nés, de nos vermos como instrumentos nas mos dos outros e, assim, livearmo-nos da responsabilidade de atos que sao estimu- Iados por nossas proprias inclinagées € impulsos questionaveis. Tanto o forte quan- to © fraco agarram essa desculpa. O fraco esconde sua maldade sob a virtude da obediéncia. O forte reivindica absolvicao proclamando-se o instrumento escolhido por um poder superior ~ Deus, a histéria, o destino, a nago ou a humanidade. Similarmente, temos mais confianga no que copiamos do que naquilo que criamos. Nao podemos produzir uma sensagio de absoluta seguranca de nada que tenha a raiz em nds mesmos. A mais profunda sensacio de inseguranga vem do estar sozi- nho, nao estamos sozinhos quando imitamos. E assim com a maioria de nés. So- ‘mos 0 que as outras pessoas dizem que somos. Nés nos conhecemos principalmen- te pelo que ouvimos. Para nos tornarmos diferentes do que somos, devemos ter certa consciéncia do que somos. Néo podemos perceber, sem a autoconsciéncia, se essa diferenga resultard em dissimulaco ou em uma mudanga de sentimento real, No entanto, € notével que as pessoas que esto mais insatisfeitas consigo mesmas, que mais desejam uma nova identidade, possuem a menor autoconsciéncia. Flas se afastaram de uma per- sonalidade rejeitada ¢, portanto, nunca tiveram uma boa visio a respeito dela. O resultado é que a maioria das pessoas insatisfeitas nfio pode nem disfarcar nem chegar a uma mudanga de sentimento real. Séo transparentes, suas qualidades rejeitadas persistem por meio de todas as tentativas de dramatizacio e trans- formagio de si mesmas. E a falta de autoconsciéncia que nos torna transparentes. Aalma que conhece a si mesma € obscura. O medo vem da incerteza. Quando estamos absolutamente certos, seja do nosso valor ou falta de valor, ficamos quase impenetraveis ao medo. Assim, um sentimen- to de total indignidade pode ser uma fonte de coragem. Tudo parece possfvel quan- do somos absolutamente incapazes ou absolutamente poderosos ~ e ambos os es- tados estimulam nossa credulidade. O orgulho é um sentimento de valor originado de algo que nao é organicamente parte de né: ‘ces. Nés nos orgulhamos quando nos identificamos com um eu imaginério, um If- deer, uma causa sagrada, uma comunidade ou posses. Ha medo e intolerdincia no or- gulho. Ele € sensivel ¢ intransigente, Quanto menos expectativas ¢ potencialidades 235 | enquanto a auto-estima surge das nossas potencialidades e realiza- houver no eu, mais imperativa é a necessidade de orgulho. © micleo do orgulho é a tejeicao a si mesmo. E verdade, no entanto, que, quando o orgulho libera energia € serve como um incentivo, pode levar a uma reconciliagdo com 0 eu e a obtencio de uma auto-estima genuina. A dissimulagio pode ser uma fonte de orgulho. E um patadoxo que a dissimulagao Teptesente a mesma fungéo da ostentacao — ambas se ocupam da criagéo de um dis- farce. A ostentagao tenta criar um eu imaginério, enquanto a dissimulagéo, disfat- sada de humildade, nos dé o sentimento estimulante de sermos principes. Das duas, a dissimulagao € a mais dificil ¢ eficaz, Para aqueles que se observam, a osten- tagio gera desprezo por si mesmos. Mas é como disse Spinoza: “Os homens néio governam nada com mais dificuldade do que suas linguas, ¢ eles podem moderar seus desejos mais do que suas palavras’. A humildade, entretanto, nio € a rentin- cia verbal do orgulho, mas sim a substituicao dele pela autoconsciéncia e a obje- tividade. A humildade forgada é um falso orgulho. ‘Um processo inevitavel € colocado em andamento quando 0 individuo é entregue “a liberdade de sua propria impoténcia’ e fica livre para justificar sua existéncia por seus préprios esforcos. O individuo, empenhando-se para se compreender e provar seu valor, criou as obras mais grandiosas da literatura, arte, mtsica, ciéncia e tecno- logia. Esse individuo auténomo, quando nfo consegue se compreender nem justifi- car sua existéncia por meio de seus préprios esforgos, € a horta da frustracio ¢ a semente da perturbagio que abala a base do nosso mundo, O individuo independente € estavel, desde que possua auto-estima. A manutencao da auto-estima é uma tarefa continua que exige todas as forgas ¢ recursos secretos da pessoa. Temos de provar nosso valor ¢ justificar nossa existéncia diatiamente. Quando, por qualquer razio, a auto-estima for inatingivel, o individuo independen- te se torna altamente explosivo, Ele se afasta de uma personalidade nao promisso- ra e mergulha na busca pelo orgulho, o substituto explosivo da auto-estima. Todos os distarbios sociais e reviravoltas tém suas raizes em crises individuais de auto- estima, ¢ 0 grande esforgo no qual as massas se unem com maior rapidez € basica- mente uma busca pelo orgulho. Assim, adquirimos um senso de valor percebendo nossos talentos, mantendo-nos ocu- pados ou identificando-nos com algo distante de n6s ~ seja uma causa, um lider, um grupo, posses ou outros. O caminho da percepgio de nds mesmos é o mais dificil, Ele € escolhido apenas quando outros caminhos para um sentido de valor esto mais ou menos bloqueados. Lutadores talentosos devem ser encorajados e estimulados a se en- gajarem em um trabalho criativo, Seus gemidos € lamentos ecoam através dos tempos. A acéo é a estrada principal para a autoconfianga ¢ para a auto-estima. Onde ela 236 esta aberta, todas as energias fluem em sua direcdo. Ela vem prontamente para a maioria das pessoas, e sua recompensa é tangivel. O desenvolvimento do espirito € indefinivel e dificil, ¢ a tendéncia a isso raramente € espontanea, enquanto as opor- tunidades de agao sao muitas. ‘A propensio & aco é caracteristica de um desequilibrio interno, Estar equilibrado € estar mais ou menos em descanso, A acio esta por trés disso — um balango dos Dragos para ganhar novamente o equilibrio e manter-se a salvo. E, se for verdade, como Napoledo escreveu a Carnot, que “a arte de governar é ni deixar os home- ns envelhecerem”, entéio é uma arte de desequilibrio, A diferenga crucial entre um regime totalitério e uma ordem social livre talvez esteja nos métodos de desequi- Iibrio pelos quais sua popula io € mantida ativa e empenhada. Costuma-se dizer que o talento cria suas proprias oportunidades, No entanto, algu- mas vezes parece que © desejo profundo nao cria apenas suas préprias oportuni- dades, mas também seus préprios talentos. Os tempos de mudangas drésticas so tempos de paixdes. Nunca poderemos estar preparados para o que € completamente novo. Precisamos nos adaptar, e toda adap- tagio radical é uma crise de auto-estima: passamos por um teste, precisamos nos revelar. Uma populagio sujeita a mudangas drésticas, portanto, € uma populagio de desajustados, € os desajustados vivem em um ambiente de paixdo, Aspirar a alguma coisa apaixonadamente nem sempre significa que realmente a que- temos ou que possufmos uma aptiddo especial para ela, Freqientemente, aquilo a que aspiramos com mais paixio nao € nada além de um substituto para algo que real mente queremos € nao podemos ter. Geralmente, € seguro prever que a realizado de um desejo muito amado provavelmente nao acalmara nossa perturbadora ansiedade, Em todas as buscas apaixonadas, a busca de si conta mais do que 0 objeto desejado. Nosso senso de poder é mais vivido quando destruimos o espirito de uma pessoa do que quando conquistamos seu coragio, jf que podemos conquistar 0 coracio de alguém em um dia e perdé-lo no outro. Mas quando destruimos um espirito orgu- Ihoso, conquistamos algo que € definitivo ¢ absolute. E a compaixao, ¢ nao o principio da justica, 0 que pode nos proteger contra sermos injustos em relacio a nossos semelhantes. Nao se sabe ao certo se existe algo como impulso ou tolerfincia natural. A tolerin- cia requer esforgo da mente ¢ autocontrole. As gentilezas, também, raramente exis- tem sem deliberacdo ¢ “consideracdo”. Assim, parece que certo grau de artificiali- dade, afetagdo e pretensio sao inseparaveis de qualquer ato ou atitude que envolva 237 uma limitagao de nossos desejas ¢ egoismos. Precisamos ter cuidado com as pes- soas que nao acham necessario fingir que s4o boas e decentes. A falta de hipocrisia nessas questdes sugere uma capacidade de ser cruel mais depravada. A pretensao 6 freqiientemente um passo indispensavel para alcangar a sinceridade. E uma forma 1na qual as inclinagées sinceras fluem e se solidificam, © controle do nosso ser nao € diferente da combinagao de um cofre. Um giro do boto raramente faz 0 cofre abrir, Cada avango e recuo é um passo em direcdo ao objetivo final, Jeet Kune Do no deve ser usado para causar dor. Ele € um dos caminhos através dos quais a vida abre seus segredos para nés. Poderemos ver através dos outros so- ‘mente quando formos capazes de ver através de nés mesmos, eo Jeet Kune Do €um passo em direcio ao autoconhecimento. O autoconhecimento é a base do Jeet Kune Do, por ser eficaz nao apenas para a arte marcial do individuo, mas também para sua vida. Aprender Jeet Kune Do no é uma questéio de buscar o conhecimento ou de acumu- lar padrdes estilizados, mas sim de descobrir a causa da ignorancia. Se as pessoas disserem que 0 Jeet Kune Do é diferente “disso” ou “daquilo”, entao deixe o nome do Jeet Kune Do ser apagado, pois é isso o que ele é, apenas um nome. Nao se preocupe com ele. ws, 238 AGRADECIMENTOS Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a Gil Johnson, que fez um trabalho exce- lente ao organizar uma montana de materiais; a Geri Simon, pelo design grifico; a Dan Inosanto, assistente de Bruce e amigo intimo; a outros alunos de JKD que se dedicam a pre- servar ¢ a expandir as idéias do Bruce; ¢ Ohara Publications, especialmente M. Uyehara « Dick Hennessy, que reproduziram fielmente os desenls e as anotagies originais, por respeito a Bruce ¢ por sua longa amizade, Linda Lee Agradecemos aos detentores dos direitos autorais a permissio recebida para reproduzir ou adaptar as seguintes obras: Boving, de Edwin L. Haislet, 1940, The Ronald Press, p. 33-34, 47, 72, 97-99, 106, 128, 149-150, 154-155, 158-159, 173, 178-180. Fencing, de Hugo ¢ James Castello, 1962, The Ronald Press, p. 139-140, 144. Fencing with the Foil, de Roger Crosnier, 1951, A.S, Bares and Co., p. 132-135, 137-139, 168, 170-171, 182184. The Theory and Practice of Fencing, de Julio Martinez Castello, 1933, Charles Scribner's Sons, p- 43, 44, 62, 63, 125, 127, 133-136, 139, 145, 168, 191. O wexto das p.iginas 1 € 12 foi traduzido com base na traducao feita para 0 inglés por David Koong Pak Sen. 239 Depois de intensos estudos sobre os diferentes estilos € teorias das artes marciais, Bruce Lee ee eee © Jeet Kune Do, que significa “modo de interceptar um Ce ee ees Fee er Soe ee ee ee com as polavras e os desenhos originais do mais eee eee Ue Re ood Oo Ce Re Cnet sry um problema grave nas costas. Foi durante esse perfodo que fez as anotacdes que Z resularam neste ivro, © Tao do Jeet Kune Do. Suen tem mend COR icc ome cated Ts Mai Cea ieee SOc ua eee! eee Sune ae um guia e um registro do modo de pensar de um homem que buscou constantemente o autoconhecimento @ a expresso pessoal LC Cee ete ee ieee filosofia e forma de vide XX GC leo ee eR a EOP Mg Run eee com eee eer See eS a Te eee ey COs eet eet eae nunca 6 entenda completamente, mes continua seguindo.” BRUCE LEE a

You might also like