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UNIVERSIDADE CEUMA

CURSO DE DIREITO

AS MISERIAS DO PROCESSO PENAL

São Luís
2019
JANILSON CARVALHO SILVA

AS MISERIAS DO PROCESSO PENAL

Trabalho apresentado à disciplina Direito


Processual Penal, do Curso de Direito da
Universidade Ceuma, como requisito
para obtenção de nota.

Prof. Thiago Allisson

São Luís
2019
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios constitucionais penais e
processuais penais / Guilherme de Souza Nucci. – 4. ed. rev., atual. e ampl. –
Rio de Janeiro: Forense, 2015.
Princípio da presunção de inocência
"[...] a restrição a direitos individuais somente pode dar-se, contra o inocente, em
situações excepcionais; nenhuma anotação criminal comprometedora, feita por
órgão estatal, pode prejudicar o inocente; a intervenção penal estatal deve ser
mínima, pois a inocência é o estado natural das pessoas." (294).
Isso tem relação com o bom selvagem do filosofo Jean Jacques Rousseau, pois
segundo ele, o estado natural do homem é de inocência, o homem seria bom por
natureza, sendo que é corrompido na sociedade.
Sobre o ônus da prova
"No processo criminal, o órgão acusatório deve demonstrar ao magistrado a
verdade do alegado na inicial, o que servirá de lastro para alterar o status
constitucional de inocência do acusado. Este, por sua vez, detendo em seu favor
a presunção de não culpabilidade, precisa apenas refutar o alegado e produzir
contraprova para facilitar a improcedência da ação [...]" (p. 296).
Se o Estado natural é de inocência, torna-se imperioso que o acusador fique
encarregado da prova.
Excepcionalidade das medidas restritivas à liberdade e à intimidade
“[...] A presunção de inocência é a regra, mas não se trata de preceito absoluto.
A prisão cautelar e as medidas invasoras à intimidade, como a quebra do sigilo
(fiscal, bancário, telefônico) ou o ingresso em domicílio, podem ser decretadas,
desde que sejam visualizadas como autênticas exceções [...] (p. 297).
A denúncia anônima
“[...] A partir de certos dados, dentro da normalidade e do respeito às liberdades
individuais, os órgãos estatais têm ampla possibilidade de colher provas, desde
que não iniciem justamente pelas exceções. Ilustrando, ouve-se dizer que
Fulano é traficante de drogas; logo, a primeira providência será promover a
interceptação telefônica em sua residência. Eis o erro flagrante. A comunicação
anônima, que não se transforma em prova testemunhal, não tem força alguma
para determinar a quebra do sigilo, aviltando a intimidade. Afinal, trata-se de
pessoa presumidamente inocente.” (p. 298).
A prisão preventiva como fundamento cautelar único
"A prisão preventiva é uma necessidade; a liberdade provisória, quando ocorrer
prisão em flagrante, uma regra. Compondo-se ambos os institutos, chega-se à
conclusão de que, havendo flagrante, deve-se colocar o indiciado em liberdade
provisória, salvo se estiverem presentes os requisitos da necessária prisão
preventiva." (p. 299).
O habeas corpus e a dúvida quanto à necessidade da prisão cautelar
"A violência representada por medidas restritivas à liberdade individual deve
conter-se nos limites do indispensável, situação que não comporta dúvida. Ou
há elementos suficientes para a decretação da prisão cautelar (bem como de
quebras de sigilo ou invasões à privacidade) ou não existem. O meio-termo é,
justamente, a dúvida. Neste caso, não se restringe a liberdade." (p. 300).
Princípios consequenciais da prevalência do interesse do réu e da
imunidade à autoacusação
"A presunção de não culpabilidade faz emergir a prevalência do interesse do réu,
assim como o seu direito de não promover a autoacusação." (p. 300).
Prevalência do interesse do réu
"A dúvida é um estado comum no espírito humano; a hesitação pode ser fruto
da ponderação e da prudência. De toda forma, o estado natural do indivíduo,
constitucionalmente de inocência, pode ser alterado em virtude da certeza da
culpa, advinda das provas colhidas no processo. Inexistindo persuasão íntima
razoável, por simples lógica, mantém o status vigente: inocência." (p. 301).
Imunidade à autoacusação e direito ao silêncio
"Além do silêncio não constituir instrumento contrário ao interesse do réu,
inexiste supedâneo constitucional para consignar as perguntas que ele deixar de
responder, pois inerente à sua imunidade. Muito menos se deve colher os
motivos que o levam a exercitar um direito. Cada um age como quiser, quando
no contexto da legalidade [...]" (p. 302).
Presunção de culpa no Direito Penal
"Em suma, de maneira sutil ou ostensiva, visualiza-se a presunção de culpa no
Direito Penal, devendo o Judiciário desbastar esse uso, quando da aplicação da
lei ao caso concreto, impedindo-se a lesão ao princípio constitucional da
presunção de inocência" (p. 305).
Inaplicabilidade após o trânsito em julgado
"Em execução penal, o propósito não é a busca da comprovação da culpa, pois
esta já está estabelecida, em definitivo, por conta da condenação. O objetivo
passa a ser a ressocialização e a reeducação do sentenciado, sob o prisma
preventivo individual. Logo, a passagem de um regime a outro (fechado ao
semiaberto e semiaberto ao aberto), bem como a concessão de benefícios em
geral (saída temporária, trabalho externo, livramento condicional etc.),
dependem de avaliação criteriosa do magistrado [...] (p. 305).
Prescrição antecipada ou virtual
"Em relação à falta de interesse de agir, deixando de propor ação penal, com
base na prescrição virtual, deve-se salientar ser a palavra final do Ministério
Público, nos casos de ação pública. O pedido de arquivamento do inquérito, no
máximo, pode sustentar a remessa, com base no art. 28 do CPP, ao Chefe da
Instituição [...]" (p. 307).
Direito ao silêncio
"Não há como valorar em desfavor do acusado, a título de má personalidade, o
fato de, quando interrogado, ter negado a verdade acerca dos fatos criminosos,
pois, diante do sistema de garantias constitucionais e processuais penais
vigentes, e constatando-se ainda que não está obrigado legalmente a dizer a
verdade, nada mais fez do que exercitar seu direito à não autoincriminação” (HC
103746-MS, 5.ª T., rel. Jorge Mussi, 26.05.2009, v.u.)." (p. 317).
Revisão criminal: Não prevalência do estado de inocência
"TRF-2.ª R.: “A sentença condenatória contrária à evidência dos autos é aquela
que se encontra divorciada de todo o conjunto probatório, não se apoiando em
nenhuma prova produzida no processo.[...]" (p. 321).
Uso de algemas
"TJRJ: “Excepcionalidade do uso de algemas, que interfere não só na convicção
íntima dos jurados, com a criação de uma imagem de culpa e periculosidade,
mas ainda no juízo que o próprio réu faz a seu respeito, pois o coloca
corporalmente em posição de inferioridade."(p. 322).
Ônus da prova e redutor da Lei de Drogas
"STF: “O princípio da presunção de inocência veda a possibilidade de alguém
ser considerado culpado com respaldo em simples presunção ou em meras
suspeitas, sendo ônus da acusação a comprovação de fatos utilizados para a
exacerbação da reprimenda penal, no caso concreto, para se afastar a aplicação
de causa especial de diminuição de pena constante do § 4.º do art. 33 da Lei de
Drogas” (RHC 07.759 – RJ, 1.ª T., rel. Luiz Fux, 18.10.2011, v.u.)." (p. 323).
Princípio da ampla defesa
"A ampla possibilidade de se defender representa a mais copiosa, extensa e rica
chance de preservar o estado de inocência, outro atributo natural do ser
humano." (p. 323).
Autodefesa e defesa técnica
"A autodefesa é promovida pelo próprio acusado, valendo-se de seus
argumentos e raciocínio lógico, ainda que despidos de juridicidade. Infere-se o
seu uso no primeiro e mais precoce momento em que se pode acusar alguém
do cometimento da infração penal, vale dizer, quando preso em flagrante ou
indiciado em investigação policial. [...] (p. 324).
Correlação com o estado de inocência
"O rompimento do natural estado de não culpabilidade depende da eficiente
atividade probatória do acusador, diante de juiz imparcial, permitindo-se,
invariavelmente, o contraditório e o duplo grau de jurisdição." (p. 325).
Correlação com a duração razoável do processo e impunidade
"A duração razoável do processo configura interesse geral a ser perseguido, mas
sem tolher a ampla defesa, pois há necessidade de perfeito equilíbrio entre os
direitos e garantias humanas fundamentais" (p. 326).
Provas colhidas no inquérito não servem para condenação
"TRF-3.ª R.: “É nula a condenação proferida exclusivamente com base nas
provas colhidas no inquérito policial, sem o crivo do contraditório e da ampla
defesa, constitucionalmente assegurados, conforme Jurisprudência dos
Tribunais, consolidada no artigo 155, do Código de Processo Penal, com a
redação dada pela Lei 11.690/2008. 4. Rejeitada por maioria a preliminar de
nulidade da sentença condenatória, apresentada de ofício pelo relator. Apelação
provida para absolver o acusado por insuficiência de provas, nos termos do
artigo 386, VII, do Código de Processo Penal” (ACR 33065-SP, 2.ª T., rel.
Henrique Herkenhoff, 02.12.2008, m.v.)." (p. 340).
Princípio da plenitude de defesa
"No júri, os jurados são leigos e dificilmente poderão suprir eventuais deficiências
da atuação defensiva." (344).
Princípio do contraditório
"O contraditório significa a oportunidade concedida a uma das partes para
contestar, impugnar, contrariar ou fornecer uma versão própria acerca de alguma
alegação ou atividade contrária ao seu interesse. Inexiste incentivo para
contradizer um fato, com o qual se concorda, ou uma prova, com a qual se está
de acordo." (p. 350).
Contraditório de fatos
"Em suma, os fatos imputados ao réu pela peça acusatória hão de ser provados,
pois o ônus concentra-se no polo ativo. Cabe, entretanto, acolher a impugnação
do réu, contradizendo os fatos que lhe interessar." (p. 352).
Contraditório de direito
"Contradizer o direito, como regra, não é a meta do princípio do contraditório.
Pode-se contrariar fatos, reputando-os não existentes ou realizados de maneira
diversa. Porém, contestar ou impugnar o direito posto é atitude excepcional,
ingressando-se no campo da inconstitucionalidade ou da aplicação de princípios
gerais penais ou processuais penais." (p. 352).
Contraditório de provas
"Algumas provas, consideradas sigilosas, por sua própria natureza, admitem
apenas o contraditório diferido. Não teria sentido promover a interceptação
telefônica, mediante autorização judicial, ao mesmo tempo em que se avisa o
advogado do suspeito. Por óbvio, nada seria coletado. Nessas hipóteses, colhida
a prova, a parte terá como contrariá-la em estágio posterior à sua produção." (p.
353).
Contraditório de alegações e requerimentos
"O contraditório em relação a alegações e requerimento deve ser controlado,
pois pode significar procrastinação indevida do andamento processual. Há
requerimentos espelhando o simples cumprimento da lei, como, por exemplo,
solicitando a realização de audiência ou vista dos autos fora de cartório. Não
cabe o contraditório, pois inútil." (p. 353).
A não prevalência do contraditório
"Sob outro aspecto, há fases da persecução penal em que não prevalece o
contraditório, como ocorre com a investigação policial. Dela, extrai-se apenas o
quadro de elementos suficientes para formar a convicção do órgão acusatório,
acerca da ocorrência de infração penal e de quem seja o seu autor. Por isso,
ausente o princípio do contraditório, não se deve levar em consideração as
provas produzidas nesse período, sem que exista a possibilidade de refazimento
em juízo, agora sim, no cenário da possibilidade de contradição." (p. 354).
Princípio do juiz natural e imparcial e princípio consequencial da iniciativa
das partes
"A abrangência do juiz natural envolve, inequivocamente, o juiz imparcial, aquele
que tem condições, objetivas e subjetivas, de proferir veredicto sem a menor
inclinação por qualquer das partes envolvidas, fazendo-o com discernimento,
lucidez e razão, com o fito de aplicar a lei ao caso concreto, fornecendo a mais
clara evidência de se tratar de um Judiciário integrante do Estado Democrático
de Direito." (p. 370).
Juiz natural e juízo ou tribunal de exceção
"Quando se menciona o termo exceção, quer-se evidenciar o nascimento de um
juízo especificamente voltado ao julgamento de determinada infração penal, cuja
autoria é imputada a pessoa certa, atuando enquanto for necessário àquela
causa e desfazendo-se ao seu término." (p. 371).
Juiz imparcial
"Por isso, apesar de existir o juiz natural, previamente indicado para a
composição de conflitos, demanda-se o juiz imparcial, tendo em vista que,
conforme a situação, pode-se encontrar um magistrado natural, mas parcial. Por
critérios aleatórios, é viável deparar-se com o inimigo capital ou o amigo íntimo
na condução do processo, oportunizando a lei o instrumento adequado para a
substituição do magistrado; no caso, a exceção de suspeição." (p. 371).
Iniciativa do juiz
"O processo penal brasileiro ainda possui um juiz atuante, durante a instrução, a
ponto de lhe ser possível a decretação da prisão cautelar de ofício. Essas
distorções presentes no sistema legislativo ordinário precisam ser superadas
pela própria consciência do magistrado, encarando sua função com o máximo
de rigor no tocante à imparcialidade. Por isso, sem provocação, deve abster-se
de tomar qualquer medida coercitiva contra o acusado." (p. 372).
Imparcialidade e motivação das decisões
"[...] A imparcialidade pode ser analisada sob os aspectos objetivo e subjetivo.
Quanto ao primeiro, torna-se visível em virtude dos comandos e decisões
proferidos ao longo da instrução, mostrando-se juiz equilibrado e equidistante
das partes; se uma medida prejudica o autor, outra o beneficia. Há um sistema
lógico de ações e reações do magistrado, de modo a lhe garantir confiabilidade.
O aspecto subjetivo da imparcialidade é mais complexo de se evidenciar, pois
faz parte do âmago do ser humano, ora juiz, condutor do feito. Há de se buscar
um julgador sereno e comedido, pronto a ouvir todos os argumentos, sem má
vontade ou predisposição. [...]" (p. 373-374).
Princípio da publicidade
"Convém diferençar a publicidade geral (ou externa) e a publicidade específica
(ou interna). A primeira relaciona-se ao conhecimento público e genérico dos
atos processuais, audiências e sessões de julgamento. A segunda firma-se no
contexto das partes envoltas no processo. A publicidade geral pode ser
restringida em nome de outros interesses, tais como a intimidade, a vida privada,
o interesse social etc., mas a publicidade específica jamais será retirada, pois as
partes técnicas37 precisam figurar nos atos processuais em geral, sob pena de
infirmar outros relevantes princípios constitucionais (ampla defesa, contraditório
etc.)." (p. 385).
Intimidade e informação
"O direito à informação, com seus limites constitucionalmente impostos, deve
respeitar a intimidade e a vida privada. Por isso, o processo também conta com
o segredo de justiça, devendo o magistrado zelar pela observância da perfeita
harmonia entre informação e intimidade, ora decretando o sigilo, ora
assegurando a publicidade dos atos processuais." (p. 386).
Segredo de justiça e suas implicações
"De toda forma, sempre que houver a direta ligação entre intimidade da pessoa
humana e sua vida privada com o delito cometido, deve-se enaltecer o segredo
de justiça em lugar da publicidade. Quando o crime abranger interesse público,
direto ou indireto, precisa-se cumprir a regra, garantindo-se a publicidade e a
liberdade de informação." (p. 388).
Princípio da vedação das provas ilícitas
"A idoneidade dos elementos fornecidos ao magistrado para a demonstração da
autenticidade ou inverossimilhança das alegações produzidas pelas partes deve
ser mantida, acima de qualquer outro interesse. O julgamento justo se perfaz na
exata medida em que o juiz se vale de provas sérias e escorreitas, sem vícios,
mormente os de natureza criminosa. Cultuar o ilícito para apurar e punir o ilícito
é um fomento ao contrassenso, logo, inadmissível no Estado Democrático de
Direito." (p. 392).
Provas obtidas ilicitamente e a prevalência do interesse do réu
"[...] não se alcança a prova por mecanismo ilícito em hipótese alguma, seja para
condenar, seja para absolver. Excepcionalmente, se a prova for obtida por meio
ilícito, logicamente, sem autorização prévia do Estado, pode-se utilizá-la, para
que o fim do processo constitua valor útil à sociedade, mantendo-se o estado de
inocência de quem realmente o é." (p. 394).
A teoria da proporcionalidade na aceitação da prova ilícita
"Exceção se faz, permitindo-se o uso da proporcionalidade, como já mencionado
em item anterior, no tocante à prevalência do interesse do réu. Afinal, os vários
incisos do art. 5.º estão a evidenciar a intensa preocupação com as garantias
individuais, prometendo-se, inclusive, indenização em caso de erro judiciário (art.
5.º, LXXV, CF) [...] (p. 397).
A prova ilícita por derivação
"São igualmente inadmissíveis – logo, ilícitas – as provas resultantes das
originalmente ilícitas, formando uma corrente, cujos elos são interligados de
modo invariável. A ideia é correta e resulta de lógica na avaliação das provas
obtidas por meios ilícitos, afinal, de nada resolveria extirpar determinada prova
se os seus frutos continuassem a produzir efeitos." (p. 397).
Incidente de ilicitude da prova
"Questionada a ilicitude da prova, em face dos meios pelos quais foi obtida, não
havendo consenso entre as partes e sendo o caso de produzir prova para essa
avaliação, deve o magistrado instaurar um incidente específico, nos mesmos
moldes do incidente de falsidade documental (art. 145 a 148, CPP). Não se
conturba a instrução e pode-se apresentar argumentos e outros dados para a
demonstração da inidoneidade da prova controversa." (p. 398).
Princípio da economia processual e princípios correlatos e consequenciais
da duração razoável do processo e da duração razoável da prisão cautelar
"Em tempos atuais, sabe-se do alto custo da Justiça, no tocante ao desperdício
de atos e no elevado índice de impunidade, gerado por variados fatores, dentre
os quais a prescrição. É fundamental, para o Estado Democrático de Direito, a
existência de um processamento célere, porém garantista, que louve os direitos
e garantais individuais, sem abrir mão da eficácia das decisões, em especial, as
condenatórias." (p. 405).
Princípio da duração razoável do processo
"No contexto da avaliação da razoável duração do processo, deve-se analisar a
conduta da defesa, que, por vezes, insiste em conturbar o feito, com pedidos
procrastinatórios e inúteis, não com o objetivo de garantir a ampla oportunidade
de defesa, mas de arrastar o feito até que consiga algum ganho, como, por
exemplo, a ocorrência da prescrição." (p. 407).
Princípio da duração razoável da prisão cautelar
"[...] Cuidando-se da regra (liberdade) e da exceção (prisão cautelar), torna-se
fundamental exigir que a celeridade no andamento do processo seja firmemente
observada, quando se tratar de réu preso. Afinal, se para os soltos, impõe a
Constituição deva existir um processo com razoável duração, garantindo-se
celeridade na sua tramitação, com maior razão, deve-se exigir a razoabilíssima
duração do feito, cuidando-se de acusado preso cautelarmente." (p. 407).
O critério da proporcionalidade
"[...] Naturalmente, o réu, processado pela prática de latrocínio, cuja pena
mínima é de reclusão de 20 anos, estando preso há seis meses, por medida
cautelar, envolvido em processo complexo, não sofre constrangimento ilegal. Há
razoável proporção entre o tempo previsto para a pena mínima, analisados os
possíveis benefícios (2/5 para a progressão, cuidando-se de delito hediondo; 2/3
para livramento condicional), e o tempo de duração da prisão cautelar." (p. 408).
Princípios regentes do Tribunal do Júri: Tribunal do Júri como direito e
garantia humana fundamental
"Há o reconhecimento do júri como forma de aprovação constitucional à sua
existência, afirmando-o como essencial à estrutura do Judiciário no Brasil. Sua
disciplina depende de lei, atualmente nos termos dos artigos 406 a 497 do
Código de Processo Penal. A par disso, são assegurados princípios regentes da
instituição, não passíveis de superação pela lei ordinária." (p. 433).
Princípio do sigilo das votações
"O resguardo da votação permite maior desenvoltura do jurado para solicitar
esclarecimentos ao magistrado togado, consultar os autos e acompanhar o
desenvolvimento das decisões, na solução de cada quesito, com tranquilidade,
sem a pressão do público presente, nem tampouco do réu [...]" (p. 434).
Princípio da soberania dos veredictos
"A soberania dos veredictos é a alma do Tribunal Popular, assegurando-lhe
efetivo poder jurisdicional e não somente a prolação de um parecer, passível de
rejeição por qualquer magistrado togado. Ser soberano significa atingir a
supremacia, o mais alto grau de uma escala, o poder absoluto, acima do qual
inexiste outro [...]" (p. 435).
Princípio da preservação da competência para julgamento dos crimes
dolosos contra a vida
"Não se trata de opção calcada em elementos técnicos, vale dizer, o Tribunal
Popular seria o natural juízo para crimes dolosos contra a vida, por qualquer
razão. Cuida-se de eleição política, cuja escolha concentrou-se em infrações
penais graves e presentes no cenário nacional, permitindo a visibilidade da
instituição em todas as Comarcas brasileiras." (p. 437).
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS: Concernentes à relação processual
Princípio do duplo grau de jurisdição
"Ao menos a dupla análise da imputação criminal deve ser realizada,
consagrando-se o duplo grau de jurisdição como um princípio constitucional
implícito, mas, sem dúvida, importante." (p. 445).
Exceções ao duplo grau de jurisdição
"O principal obstáculo à utilização do duplo grau concentra-se na existência do
foro privilegiado (ou foro por prerrogativa de função). Em nosso entendimento,
cuida-se de um inadmissível privilégio no Estado Democrático de Direito;
qualquer pessoa deveria ser julgada, como seus pares, por juiz singular, quando
em primeira instância. Assim ocorrendo, estaria garantida a utilização do duplo
grau e, conforme o caso, dos recursos excepcionais (especial e extraordinário)."
(p. 446).
Supressão de instância
"O objetivo deste princípio é assegurar à parte – especialmente ao acusado – a
oportunidade de ter os pontos controversos analisados por mais de um órgão
jurisdicional. Como regra, dá-se o julgamento pelo magistrado de primeiro grau,
seguindo-se ao tribunal, que atua em segundo grau." (p. 448).
Concernentes à atuação do Estado:
Princípio do promotor natural e imparcial
"[...] Não há que se buscar um acusador destemido e cego, voltado a dissecar a
vida de todos e a esmiuçar a intimidade alheia, com o fito de produzir números,
pretensamente demonstrativos da atuação firme do Estado-repressor no
combate à criminalidade." (p. 455).
Princípio da vedação do duplo processo pelo mesmo fato
"O mérito do princípio não se volta, apenas, a impedir a dupla punição pelo
mesmo crime, mas tem por objetivo obstar o duplo processo pelo mesmo fato.
Quer-se garantir a força da decisão judicial exclusiva para determinada infração
penal, em particular, a sentença absolutória." (p. 461).

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