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INTRODUCAO A ANALISE MATEMATICA GERALDO AVILA INTRODUGAO A ANALISE MATEMATICA 22 edicao revista EDITORA BLUCHER 950 anos www.blucher.com.br Prefacio (0 presente livro, langado em fevereiro de 1993, teve uma reimpresséo en 1995 © agora aparece em sua segunda edicao, que incorpora as correcdes dos erros encontrados, alguns exercicios a mais ¢ uma parte final sobre o teorema de Ascoli Um curso de Anélise, Céleulo, ou qualquer outra diseiplina mateméti. ca, deve, antes de tudo, transmitir idéias, B isto, muitas vezes, € prejudi- cado om exposicdes carregadas de formalismo ¢ rigor. Até mesmo em cur sos mais avancados, a insisténcie excessiva nesses elementos da apresentacio freqiientemente dificulta a transmissao das idéias e o proprio aprendizado. © testemunho histérieo nos ensina que 150 anos decorreram desde o surgimento do CAlculo, com Newton e Leibniz, no século XVII, até o inicio de sua formulacao rigorosa por volta de 1820, E nao foi por falta de eérebros capazes que nesse interregno nada se fez de satisfatério sobre os fundamentos. Esse longo perfodo de tempo viu. passar génios de primeira grandeza, como os Bernoulli, Euler, @Alombert e Lagrange, E varios deles tentaram, sem sucesso, prover 0 Célculo de uma fundamentagéo rigorosa, Como bem observa Dieudonné (na p. 22 da roferéncia [D2)), “a falta de rigor imputade aos matematicos do século XVITT provém sobretudo das dificuldades por eles enfrentadas em definir de maneira precisa as nogbes bésicas do Célculo, das quais, todavia, tinham muitas vezes ‘uma boa concepgao intuitiva”. Fat precisamente essa concepedo intuitiva que os iow com muito sucesso durante todo o século, Por isso mesmo, embora rigor ¢ formalisme sejam ingredientes essenciais de uin curso de Anélise, procuramos {208-los presentes, enti nossa apresentagao, de maneita equilibrada, sem descurar as virtudes do pensainento intuitivo. O presente livro cobre o material que costume ser apresentado num primeiro ‘curso de Anilise de final de graduagao on inicio da pés-graduagio. Ele pressupde que © aluno jé tenha feito um curso de Caleulo de uma varidvel, incluindo derivadas e integrais, o estudo do comportamento das fungoes, esbocos de curvas e séries de Taylor e MacLaurin. Basta isso como pré-requisito: por isso mestno, cremos ser bastante aconzelhivel que um curso de Anzlise nos moldes do presente livro seja ministrado logo apés um primeiro curso de Calculo © capitulo 1 introdirz © aluno a0 conjunto dos mimeros reais como corpo ordenado completo, poréim de um ponto de vista pritico, enfatizando a pro- cpriedade do supremo € 8 desigualdade do triangulo. Os capitulos 2 ¢ 3, sobre seqiiéncias ¢ séries numéricas, cobrem, em grande parte, material que faz parte de um segundo curso de Célculo. Por isso mesmo, dependendo do preparo prévio dos alunos, talvez possam ser dispensados; mas apenas em parte, pois ai aparecem resultados importantes, como o teorema de Bolzano- Weierstrass, 05 conceitos de “limite superioe” ¢ “limite inferior” de uma seqiiéncia, o teorema dos intervalos encaixados, a forma mais geral do teste da raiz sobre convergéncia de séries etc., t6picos esses que sao imprescindiveis para 0 que viré depois. Tudo Inrodugdo @ andlise matemética © 1999 Ceraido Severo de Souza Avila 2 edigdo - 1999 6 relmptessio » 2011 Eitora Edgard lucter Leda, ara Neuza, de coragto Blucher CHA CATALOGRARCA ua Pedroso Alvarenga, 1245, 4° andar Ta, Geri Severo ve Souza (04531-012 - Séo Paulo - SP Brasil nero 4 arlise matemates / Geraldo Te!55 11 3078-5366 Severo Sours Avia ~ S20 Paul: Bucher, 1999, editora@blucher.com.br www. blucher.com.br beara. isan 978.8521201687 { pings a reproduc tral ou para | ansise matemaia Tale saraasquer meses, sem autoraaeio skerta da Eto, 06.0499 consis odes anos reservados pla ara indies para atloge siatemanico ‘dir Bucher 1. Anise matemavca: $15 limites no infinito, 92. As descontinuidades de uma fungao, 95. O conjunto © a fungao de Cantor, 98. Exercfcios, 101. Sugestdes e solugies, 102. Notas historicas e complementares, 103. O Inicio do rigor na Andlise Matemética, 103. Carl Friedrich Gauss (1777-1855), 107. CapiruLo §: Fungdes GLOBALMENTE Conrinuas 108 Conjuntos compactos. 108. Fungdes continuas em dominios compactos ¢ Intervalos, 109. Exerefcios, 113. Sugesties, 114. Teorema de Borel-Lebeseue, 115. Continuidade uniforme, 116. Exercicios, 118. Sugesties e solucies, 119 Notas histéricas e complementares, 120. O ‘Teorema do valor intermedi 120. Weierstrass e os fundamentos da Andlise, 121. O teorema de Borel- Lebesgue, 121, Capiruro 6: O CéLovLo DIFERENCIAL 123 Derivada e diferencial, 123. Derivada da fungéo inversa, 127, Exercicios, 128. Sugestes, 129. Méximos ¢ minimos locais, 129. Teorema do valor médio, 130. Exercicios, 134. Sugestdes, 136. Notas histéricas e complementares, 137. As origens do Célculo, 137. O eélculo fluxional de Newton, 138. 0 cAleulo formal de Leibniz, 139. Newton e Leibniz, 140. O problema dos fundamentos, 140. CapiruLo 7: A INTEGRAL DE RIEMANN 142 Introdugdo, 142. Somas inferiores e superiores, fungées integréveis, 142 Exercicios, 148. Critérios de integrabilidade, 48. Exercicios, 151. Sugestdes, 151. Propriedades da integral, 151. Exercicios, 155. Sugesties, 155. Somas de Riemann, 156. Exercicios, 158. Conjuntos de medida zero e integrabilida- de, 159. Notas histéricas e complementares, 163. Cauchy e a integral, 163. Dirichiet e a série de Fourier, 163. Riemann e a integral, 164. CapiruLo 8: O TEOREMA PUNDAMENTAL B APLICAGOES DO CALCULO 167 Primitivas de fungdes eontinuas, 169, Integracdo por partes e substituigao, 171, Bxerefcios, 172, Sugestdes, 173. A fungio logaritmica, 173. A fungao exponencial e 0 miimero e, 175. A exponencial a, 176, Exercicios, 177. Ordem de grandeza, 178. Exercicios, 81. Sugestdes, 181. Regra de I'Hopital, 181, Exercicios, 183. Sugesties, 184. Integrais impréprias, 184, Exercicios, 188, Sugestées, 190. Pérmula de Taylor, 190, Exercicios, 195. Respostas sugesties, 196. Férmula de Taylor com resto integral, 196. Notas histéricas e compiementares, 197. O inicio do Célculo, 197. © teorema fundamental segundo Newton, 198, O teorema fundamental segundo Leibniz, 199. O logaritmo como Area, 199. Leibniz, os irmios Bernoulli e Hopital, 200. A interpolagio ¢ o polinomio de Taylor, 200, Leonhard Buler (1707-1783), 201. Capiruto 9: SEqiiavcias © SERIES DE FUNGOES 202 Introdugao, 202. Convergéncia simples e convergéncia uniforme, 202. Exer- icios, 206. Sugestdes e solugdes, 207, Conseqiiéncias da convergéncia unifor- me, 208. Séries de fungdes, 213, Exercicios, 215. Sugestées e solucées, 216. Séries de poténcias, 217. Raio de convergéncia, 219. Propriedades das séries de poténcias, 220. Fungées C™ e fungées analiticas, 222. Exercicios, 223, ‘Sugestes, 224. As fungées trigonométricas, 224. Exercicios, 226. Sugesties, 226. Multiplicagdo de séries, 226. Divisio de séries de poténcias, 228. Exer- cicios, 229. Teoremas de Abel e Tauber, 230. Séries trigonométricas, 232 Exercicios, 235. Equicontinuidade, 235. Notas histéricas e complementares, 240, As séries de poténcias, 240. Lagrange e as funcdes analiticas, 241, A convergéncia uniforme, 241. A aritinetizagio de Andlise, 243, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 245 BIBLIOGRAFIA ADICIONAL 248 inpice ALrABérico 249 inpice pe Nomes 253 (© mais, a partir do capitulo 4, é material consagrado de um curso de Anélise. O livro traz, evidentemente, a marca do autor; primeiro, € claro, no es- tilo da exposigao, Mas sua principal caracteristica, que 0 distingue dos textos congéneres, sao as "Notas hist6ricas e complementares” no final de cada capftulo. Aqa 0 propdsito nao é apenas o de registrar dados biogrdficos ¢ fatos pitorescos, ‘mas sobretudo, o de otientar 0 leitor no entendimento da evolugao das idéias. Muias teorias matemdticas so de dificil compreensio, no seu porqué, quando vistas isoladamente ou separadas do contexto histérico em que se desenvolveram. Crenos que 0 estudo de Matemética, auxiliado pelo acompanhamento de sua evolagéo histérica, de seu papel num contexto cientifico mais amplo, ¢ do Fasc nante jogo das idéias no cenério de invengdo e descoberta, € estimulante ¢ en- Fiqueedor na formagao do alumo, sobretudo de sua capacidade de apreciagéo critica da disciplina, Essa mesma linha de idéias nos guia na escolha das demonstragées, quando pod:mos optar entre duas ou mais disponiveis na literatura, Nem sempre prefe- Fimis a demonstrago mais “elegantemente” formalizads, porém aquela que sei mais natural, mais didética ou mais criativa: e como esses elementos esto muito presntes ns evolugio histérica das idéias, varias vezes nossas apresentagdes sio as mesmas originais ou delas muito se aproximam. Exemplo disso € @ demons- tracio de Oresme sobre a divergéncia da série harménica (p. 48), a de Riemann pare o Teorema 3.29 (p. 67) sobre séries condicionalmente convergentes, ou a aptesentacio da formula de Taylor (p. 190 e seguintes) Na organizagio do texto, adotamas o costume de alguns autores, com nu- merigio unica para ax definigdos, teoremas, exemplos e formulas, fazendo refe- réndas diretamente as paginas. Isto muito faclita e torna mais amena a leitura. Os exereicios propostos sio sempre seguidos de sugestées em muitos casos € soluzdes completas para os mais dificeis. Evidentemente, o leitor deve primeiro tentar resolvé-los sozinho, s6 recorrendo as sugestoes e solucoes apds um razodvel esforge proprio. Agradecimentos aos colegas © estudantes, de perto ¢ de longe, que nos procuraramn, pessoalmente e por carta, com sugestées de mudangas, criticas cons- trutivas, correges de etros, tudo contribuindo pare melhorar nosso trabalho. Agnidecemos também a Josenildo Ramiro e Silva e Mauro Timbé pela ajuda comos desenhos no computador Esperamos que o livro continue servindo « jovens estudantes e profes: sores universitarios, de quem esperamos continuar recebendo criticas € suges- toes que possam contribuir para aprimoré-lo ainda mais. Aqueles que assim se dspuserem a colaborar conosco, pedimos que nos escrevam, utilizando-se do enderego da Editora. Geraido Avila Brasilia, agosto de 2000 Contetido Capiruto 1: Os NUMEROs Reals, 1 Generalidades, 1. Supremo ¢ infimo de um conjunto, 2. Exercicios, 5. Su- gestdes e solugies, 6. Desigualdade do triangulo, 7. O prinefpio de indugao, © a desigualdade de Bernoulli, 8. Exercicios, 9. Sugestdes solugies, 9. Notas histdricas ¢ complementares, 10, Q é um conjunto enumeravel, 10. O conjunto R nao ¢ enumeravel, 11. Os nimeros reais, de Budoxo a Dedekind, LL. Definigao de corpo, 15. Capiruvo 2: SeQiEncias INFintras 16 Primeiras nogées, 16. Conceito de limite ¢ primeiras propriedades, 17. Ope- rages com limites, 22. Exercieios, 24. Sugesties e solugdes, 25. Seqiiéncias monétonas, 26, O nimero , 27. Subsegiiéncias, 28, Limites infinitos, 28. Seqiiéncias recorrentes, 31. Exercicios. 32. Sugestdes e solugdes, 34. Pontos aderentes ¢ teorema de Bolzano-Weierstrass, 35. Limite superior e limite infe- ior, 37, O etitério de convergéncia de Cauchy, 39. Intervaios encaixados, 40 Ainda o teorema de Bolzano-Weierstrass, 41. Exercicios, 41. Sugestoes, 42. Notas historicas e complementares, 43. A ndo enumerabilidade dos mimeros reais, 43, Cantor e os niimeros reais, 43. Bolzano, o critério de Cauchy ¢ o teorema de Bolzano-Weierstrass, 45. Capiruto 3: Séries INFiNiTAS ar Primeiras definigées e propriedades, 47. Séries de termos positivos, 50. Exer~ cicios, 51. Sugesties, 51. Teste de comparagio, 52. Irracionalidade do mimero ¢, 53. Exercicios, 56, Sugestoes, 57. Testes da raiz e da razdo, 57. Exercicios, 61. Sugestées, 62. O teste da integral, 62. Fxercicios, 63. Sugestdes, 64. Convergéncis absoluta e condicional, 64. Séries alternadas e convergéncia condicional, 65. Exercicios, 68. Notas histéricas e comple- mentares, 68. A origem das séries infinitas, 68. Nicole Oreste ¢ a série de Swineshead, 69, Cauchy e as séries infinitas, 70 Capiruto 4: Fungss, Litre CONTINUIDADE 72 Preliminares, 72. Nogdes sobre conjuntos, 72. Nogdes topologicas na reta, 74. Exercicios, 77. Fungdes, 78. Exercicios, 81. Sugestées e solucies, 82, Limite ¢ continuidade, 82. Propriedades do limite, 84, Exereicios, 89. Sugesties solugdes, 90. Limites laterais ¢ fungdes mondtonas, 91, Limites infinitos e 2 Cap. I: Os Nimeros Reais Sempre que nos referirmos aos intervalos (a, 6), [a, Bh, (a, 8] ou (a, 6), 0 & serio nimeros finitos, com a 0, existe um elemento c€ C tal que S—2 (loys 2. Seja A um conjunta limitada infesiormente e soja B 0 canjunto de todas as eotas fnferioves de A. E claro que B nio ¢ vazio¢ é limitado superiormente por qualquer elemento de A. de forma que B tem supremo: alean disso, sendo S este supremo, todo nimero menor do ue S pertence a B. Vamos provar que § € 0 infimo de A. Observamos que a) $< a para tode a € A, pois qualquer nlimero menor do que S est em B. Ademais, b) dado < > 0. existe 2 € A tal gue a < S +6, senso todo mimero menor do que $+ estaria em Be S ro seria © supremo de B. Suponhamos por um momento que existisse um numero racional m/n tal que (mn)? = 2 Entao m? = 2n?. Ora, ofator prime 2 aparece um mtimero impar de vezes em 2n* © um niimero par de vezes em m? Como @ decomposicgo de ur) minnera em fatores primos ¢ tiniea, a qualdade m? = 2n? & absurda, logo a hipétese incialé alsa 5. procedimento é anilogo se que usamas no Bxemplo 1-4 pare provar que o conjunto no tem maximo: sendo © qualquer elemento de E, eat mee et > Pa Oee ‘Como ¢ > 2, basta fazer ¢ < (e® ~2)’2e para termes (¢ ~ ej? > 2, portanto, e~ © © E. Andiogo 20 Bxere, 2 a> 1 a? > logo e? > @ > 1, foo, por sun vez, implica «? > rosseguimos até chegsimos aa" > a '> >a >a. Assim Observe que b= Le > 1 ‘Supomes, evidentemente, que m > 1. Devemos provar que existe um mimero b > 0 cal que bY =a. Para isso consideramos ¢ conjunto C dos mimeros ¢ 0 rais que c” < a. ‘Trata-se de umm conjunte nie wari, pois eontém o mimero 1 se a > 1 de acordo com o exercicio anterior, contém © mimero a sea < 1. Vamos também que C é limitado superiormente pelo nimero 1 se a < Le pelo proprio @ se a > 1, Designando por b seu supremo, vamos rovar que 6” = a, Para isso, tnostremos primeiro que ¢ absurd ser b* a. Isso implica (1'0)" < 1/a, Entio, com 2acioeinio andloge ao que acabamos de fazer, existe «> 0 tal gue («Gey o by" > (ai) concluir que 6” = a, como desejévamos. onde obtemes Desigualdade do triangulo © leitor certamente conhece a definigho de valor absoluto de um nimero r, indicado pelo simbolo jr,, ¢ que € igual ar ser > Oe@a—rser <0, Muito importante para nosso estudo é a chamada desigualdade do tridngulo, segundo a qual, a+ | < |al-+ foi, (14) quaisquer que sejam os mimeros a e 6. Para demonstré-la observarmos que Jota? (a+b)? = a? +6? + 2ab = a(* + |b)? + 20d S laf? + BP + 2a)l6] = (lat + 0). Agora é s6 extrair a raiz quadrada para obtermos o resultado desejado. A desigualdade (1.4) pode também ser estabelecida por verificacio direta, considerando as varias hipéteses: 1) @ > 0b > 0;2)a<0eb<0;3)a>0>b ea [bl ete. Deixamos ao leitor a tarefa de verificar que em (1.4) vale o sinal de igualdade se e somente se a € 6 tiverem o mesmo sinal Observagao. A desigualdade (1.4) ¢ chamada “desigualdade do triéngulo” porque ela ¢ valida também quando a e b so vetores, digamos ae b. Neste caso, a, be a+b sao 05 trés lados de um triégulo ¢ a desigualdade tradivz a propriedade geométrica bem conhecidia: em um tridngulo qualquer lado é menor do que a some dos outros dots, isto é, sc ae b nao sao colineares e nienhum deles 6 vetor nulo, entio la +i < jal + [bi Deixamos ao leitor a tarefa de demonstrar, como exercicios, as outras de- sigualdades seguintes: a= 5) < Jal +105 Jal — [oj < job) (15) 4. Capitulo I: Os Nimeros Reais A nogio de infimo é introduzida de maneira andloga & de supremo. 1.3. Definigéo. Chama-se tnfimo de um conjunto C & maior de suas cotas infrriores; ou ainda Chama-se infimo de um conjunto C ao mimero s que satisjaz as duas cordigdes seguintes; a) s 0, exite wm elemento c€ C tal quee 0, 67> 2} (3) Com um raciocinio inteiramente anélogo ao que desenvolvemos aciina, demonstra-se que 0 conjunto E ngo tem minimo (Exerc. 5 adiante). Ora, se F no tem maximo e B nio tem minimo, entio, no conjunte dos riimeros racionais F no tem supremo. Com efeito, tal supremo, se existisse, teria de ser um elemento de E, 0 que nio é possivel, pois & nao tem um ‘menor elemento. Analogamente, prove-se que E nao tem infimo no conjunto dos mimeros racionais Commo F 6 limitado superiormente, pela Proposigao 1.2 ele tem supremo, 56 ‘que esse supremo nio é racional, mas o niimero irracional v%, que é também 0 infimo do conjunto B Bxercicios 1. Prove que o numero 1 6 fetivamente o supremo do conjunto definide em (1.1), mostrando que, dado © > 0, existe tal que nezNai-eca Prove que todo conjunto imitade inferiormente tetn infin. Prove que no existe nimero racional y tal que +? = 2. Prove que nfo existe nero racionalr tal que 7? = p, onde p & um msimero primo qualquer Prove que o conjunto £ definido em (1.3) no tem minimo, Do mesmo modo que postulamos a existéncia do supremo © provamos existencia do imo, podiamos ter postulaco & existencia do infime de qualquer conjunto Iimitad infe- lurmente e provado que tode conjunto limitedo superiormente possv' supreme. Face iso 7. Prove que a> 1-4" > @ para todo inteiro n > 1 Prove que 0 1 ‘Use a propriedade do supremo para provar a existéncia da ais n-ésima positiva de qualquer rnimero «> Qa #1 10, Sojam 4 w B conjuntos numéricas nio vazios. Prove que ACB infA> infB © supAcmuph 11 Sejam A e B dois conjuntos numéricor nio vasios, tals que e O,existem ae debe Bair qued- ace 10 Capitulo 1: Os Niimeros Reais 4. Observe que ler ton tes tag| = fan + (a2 b+ O4)) 2 lanl laa +s. + an) 2 Loa) ~ Jaa] +. foal) = Jan] ~ foal ~~ lal 9. Fstue a Fangio (2) = o(2)—A (2) considerando o comportamento de suas das primenas derivadas, f° [" Gonclua entao que » griSco de f passe por um msinimo rlativo em = Ge tem a concovidade sempre voltada para cima se for pts e, no caso ” > Dimper, f tem a coneavidade yoltada para cima ein 2 > 1 e pare bao em 3 < ~1,tendendo & —ce com 2 + oo, de sorte que el passa por um minim celativo em algui valor s =a< 2 fe deve se anlar em algum valor zo r. Como interessante aplicagao desse principio, vamos estabelecer @ seguinte dcsigualdade: quaisquer que sejam o niimero = > —1 ¢ 9 mimero inteiro n > 1, vale a seguintc desigualdade [devida a Jacques Bernoulli (1654-1705)}; (+2) > 1+nz Se x > 0, essa desigualdade segue facilmente da formula binomial, pois nln) 2, nla=Vin=2) » (i+ a)" = 1+ ne + Sa! oe +e «© todas 0s termos que aj aparecem so ndo negativos: Para provar a desigualdade no caso mais geral x > ~1 (x podendo ser negativo), observamos que ela € uma proposicao P(n). B facil verificar que P(1) 6 verdadeira. Vamos provar que P(x) implica P(k + 1): para isso partimos de Pik), isto 6 (ta) Le ke, Maltiplicando esse desigualdade pelo mimero nao negativo 1 + 2, obteros: (4a) > (1+ ke) +2) 14 (b+ Ve + ke?. Como kz? > 0, podemos desprezar este termo, obtendo P(k + 1) Gta 214+ De Isso completa a demonstragio de que P() > P(k +1). Como ja sabemos que P'1) 6 verdadeira, concluimos, pelo prinefpio de inducio, que Pin} é verdadeira pera todo mimero natural n. Cap. 1: Os Niimeros Reais 9 Exercicios 1. Prove as quatro desigualdades em (1.5) ¢ (1.6). 2, Prove que se & desigualdade jo|~ [bj < jab] ¢ valida quaisquer que sejam 4 €8.0 mesmo é verdade de \a +8) < lal + [bh 8: Prove por indo ae jan + 2 «+ |< fn) + jal + + ox unisuer ave sjam Prove que a; +03 +... Gq > im— [az ~... lta, Quaitpurr que sejam os mimeros: ‘Sabemos, das progresses aritméticas, que ales) 1-2 Prove ease resultado por indus, ©. Prove, por indusao, a expansio binomial tev" =D (Sarr, onde () Ba Din 2) FFD 66 chamado onfciente binomial 1 Prove, por indugo, ate, pata todo into. 2 0, [tetas =n 8, Prove que © principio de induce como enunciado no texto € equivalente a seguinte for mulagio: Seja Pn} wma propriedade referente ao mimero natural n ¢ suponhames que 2) P(r) € verdadesra, onde F & um miimero natural 8) P(n) ser verdadeire pare torn € Nyt r 8, Dé uma interpretacdo geométrina 4 desigualdade de Bernoulli, construindo os gréficos das fangdes g(e) = (1+ 2)" © A(z) = 1 nz. Mostre que a desigualdade vale estritamente se 2% De n> 1. Mostre também que se n for par a desigualdade ¢ vilida para todo 2 © s© n for impar > 3 ela 6 valida para todo 2 > ~2. (Veja [AB], p. 52 © seguintes,) Sugestdes e solucées 1. A primeira desigualdade em (1.5) ¢ consegiéncia de (1.4) com —b em lugar de 5. Quanto 2 seganda com sinal negative, observe, por (1:8), que (2-0) +0) < lab) +h ‘Trocando 6 por ~b abtemos a desigualdade com sinal positive. A primeira desigualdade em (16) segue du segunda de (1.5) com a troca dea com b. Finalmente, a segunda desigualdade fem (1.6) segue das duas tltimas mencionades; basta observar que bere -rcrebler 2. Foca a b= ce observe que se a 6 sio arbitririos, o mesmo é verdade de be 6 1d Cap. 1: Os Mimeros Reais conjunto de todas as classes ¢ um corpo ordenade (Veja a definicao de corpo no final desta [Nota], como o corpo Q dos nimeros racionals Seja 6 # apliragdo que leve cada r € Q na classe (B, D) eujo elemento de separacio € r Podenios verifier facmente que dlrs) = dlr) + alah Ars) = Hr} ALS): resem dr) ©» é indicada por zy. Os faxiomas de corpo so: 1. (Associtividade) Dados quaisquer £,y.2€C, (ena e=2~ (94 2) 6 (aye ated, 2, (Comutatividede) Quaisquer que sajam 2,9 € C, yore xyaus 3, (Distributividade da muliplicagio em relagio & adigSo) Qualequer que sejam £, y. = € Crys s)a utes 4. (Bxisteneia do zero! Exists um closest em ©, chamado “vero” ou *alemento neutra,” indicado pelo simbolo °0", tal que x +0 = para todo 2 € C 5, (Existéneia do elemento oposto) A todo elemento 7 € C carresponde um elementa HEC tal que z +2" = 0) (Esse elemento 2", que Se demonstra ser unico para cada z, € Indicado por -2-) 4, (Faistencia do elemento unidade) Existe um elemento em C, designado “elemento sunidade” e indicado com o simbolo “I”. tal que Lz = = para todo x € C 7. (Eaxistencia de elemento inverso) A tado elemento z © C, x = 0, corresponde um elemento 2" © C tal que 22” +1. Esse elemento 2". que se demonstra st nico para cada 1, 4 indicado com 2°! ov 1/x (© corpo 2¢ diz ordenado se nele existe um subconjunta P, chamado 0 conyunto das ele- rmentos positios, tal que: a) a soma € 0 produta de elementos positives resulta em elementos positivos; b) dado x © C, ou 2 P.ov2~ 0, ou “2 P. 12 Cap. 1: Os Niimeros Reais A sada. dessa crise se reaizou através da eriagin da “teoria das proporcies,” que est desrita no Livro V dos “Elementos" de Euchides, e que acredita-se ser devida a Eudoxo matemstico e astronomo da escola de Patio, que vivew na primeira metade do século 1V a.C. Ne base dessa teoria esta a definigdo que Eudaxo dew de “igualdade de duas razbes" valendo ‘mesmo para o caso de grandezasincomensuravels. Para far as idéias, imaginemos que nossas srundezas sejam segments de relas. Antes da dessoberta dee incomensuréveis, pensava-se ‘que dados dois segmentos quaisquer, 4 e B, fosse sempre verdade que existisse um segmento o coatido um niimero inteiro de vezes em A e outro nimoro inteito de vezes em 2, digamos, m 7, respectivamente. Entio, a razao de A para B & , por definigio, mj. Iso é equivalente dizer que existem niimeros m e n tals que © segmento nA ¢ congruente ao segmento mB, ou, nd= mB, Com essa definigio, dizer que “o segmento A ests pare 0 segmento B assim como fo segmento C esta para o sesmento significa simplesmente que nA = mB 2 nC = mD. ‘Acontece que se A eH forem incomensuréveis, igualdades do tipe nA = mB munca ocor- rerio. Entretanto, dados dois nimeros m « n, podemos testar ren imB, nA > mB ou nA < mB: nC =mD, n> mD ou nC < mD. Eudoxo imaginow esse teste pare definir igualdade de razaes mesmo no caso incomensuravel, de scordo com a seguinte defnigto 1.6. Definigio. Dados quatro segmentos A,B,C « D, dio-se que A estd pare B ossim como C esté pars D (em notagio de hoje, AJR — CD) se, quaisquer que sajam os miimeros A= mB @ nC —mby nA > mB = AC > mDs mA mB ou mA < mB. Os nimeros Frcionais (positives) Ream entao separados em dias clases,» clase E (esquerda) daqueles ‘nin que attsfarem na > mB es clase D (Citeta) dos que satisfaem nA < mB. O leitor Pade verifarfaclmente que todo nimero ds classe E ¢ menor que todo numero da clase. D (Verifigue io. Mas atengio: nio pode escrever A/B > m/n ou A/B < min, pois Ae B sio sejinentos, nao nimeros! A rasio A/B wo € um niimers) Asim, a defnigio da azo A) B como nimro¢impossvel apenas porque iio existe nimere (acional) que esti entre as duae lasses Ee D, iso & que stja maior que todo elemento de £ « menor que todo elemento de 1D. Seria preciso inventar novos nimeros, os srracionais, oan que Eudoxo nao fet, bora Cap, L: Os Niimeros Reais 13 ‘ele tenha desenvolvido uma interessante teoria des proporsies, que permitia um tratamento Figoroso das relacdes geométricas sem precisar dos nimerot srracionsls Dedekind decerto observou, na definicio de Eudoxo, s separagio dos uiimeros racionais ‘em dnas classes, sem que entre uma claste © outra houvesse um elemento separador. A situacio faqui descrita é a mesma no caso dos conjuntos Fe £ definidos em (J.2)¢ (1.3), onde também falta um elemento separador, no caso 0 vrracional V/2. Dedekind teve a idéia de earacterizar ‘os itracionais através dessas classes “exquerda” © "dire E-claro que antes mesmo de Dedekind ji se trabsliavam com os iracionais, manipulando- segundo as leis formsis do cdlenlo com o8 racionais. Assim, embora V3 e VT2 nio tivessem, significade preciso, eles eram multiplicados entze s, preduzindo um resultado claro ¢ inequt voce: VE.V12 = V36 = 6. O que faltava ers uma tearia que justifiasse operagées como Partimos do pressuposto de que jé temos uma tooria deg niimeros racionais, que justiica todas a+ operagies conhecidas com esses niimeros. Definimos corte de Dedekind como urn par de classes E e D de mimeras racionais, tals que: a) F 6 D so canjuntos ni vazioscuja unio é ‘© conjunto @ dos nimeros racionais;b) todo niimero menor que algum nimero de E pertence ' B,,¢ todo nimero maior que algum mimero de D pertence a D. (Esta iltima afirmagio pode ser demonstrada, ¢ letor deve fazer essa demonstragao, que € fil) Qualquer imero racional r determina um corte em que £ 6 o conjunto de todos os rimeros raciontis . 4), reumido com os mimeros racionais < 0, e D © complementar de E. Observe que ‘os cortes do primeito tipo, determinadcs por um mimere racional r, possuem como elemento de separagio entre as asses Ee D. Dedekind portulos, de wm modo geral, que todo corte ossut wn elemento dc separagdo (supremo da classe E ¢ infimo da classe D): sso, como se ve, fequivale a postular que E tem supremo ou que D tem infimo. Bo efeito dasce postulado © a criegdo dos mimeras iracionais © postulado de Dedekind & apenas o comeco da construgao dos mimeros veais (incor: poracio dos irracionais ao conjunto dos mimeros racionais). Para completar o trabalho & preciso deiinir adigSo e multiplicagio de cortes, € preciso demonstrat as propriedades associs tiva, dsteibutiva comutativa pata essas operagies, com base nas propriedades ja estabelecis para os racionais; ¢ preciso defnit ordem, isto ¢, 0 que significa um corte ser menor do que outro, ete. A igualdade de dois cortes (B,D) e (E", D'), por exemple, significa que F = 5” fe D=D’. Exatamente isso é 0 que acontece ne defisigio de Eudoxo sobre igualdade de das andes: 64 que ele ndo definiu nimera irracional, portanto nio atribuin significado numérica & xazio de duas grandezas, Examines por um momento a definigdo de adigdo de dats cortes, a = (E, D) ¢ 8 = (F'.D'), que Co cores = (E", D"), onde 2” 6 0 conjunto de todas as somas de um elemento de E com um elemento de E",¢ analogamente com D”. Provs-te entio que ~ é ur corte. Nao 6 exatamente isso © que jé se fazia ao somar, par exemplo, v'2 com v3? Sim, do mesmo modo ‘que sé conhecenios esses wimeros pelas suas aproximagies racionais, por falta ou por excemo, € claro que sus soma sé ¢ conhecida pelas somae de suas aproximagies por falta ou excesso, espectivamente . Outra coisa que o leitor deve observar & que nem precisamos considerar as duas classes de cada corte, podemos trabalhar somente com as classes da esquerda ou somente com as da Sizeita, pois umas ov outras bastam para caracterizar as nimeros que elas definew. Se usamos as classes da esquerds, postulamos a existéncis de supremo em cada classe; se usamos as d0 diteta, postulamas que cada classe poss ffi. ‘ma vez demonstradas todas as propriedades das operagGes definides, verificamos que © 18 Cap. 2 Seqiiéncias Infinitas certo V’ tal que n 2 N' jan — Li < ¢, entio, € claro que (2.1} vale com N = N'=1, Ese possivel fazer jay — L! <¢ com qualquer ¢ > 0, certamente 6 possivel fazer Jan — L) $¢/2, portanto, jan — Lj < Observe também que tanto faz fazer lan — Lj < ¢ 0U lam ~ Lj < ke, onde & € uma constante positiva, pois se é possivel fazer Jan — L| < ke com qualquer € > 0, certamente é possivel fazer Jag — Lj < K(e/k) Se suprimirmos de uma seqiiéncia (an) um niimero finito de seus termos, em particular, s¢ eliminarmos seus + peimeiros termos, isso em nada altera © cardter da seqiiéncia com n + oo, Assim, se a seqiiéncia original converge para L, ou diverge, a nova seqiiéncia convergita para L ou divergira, respectivamente. Observe ainda que lan = L| N jag ~ £1 < ¢ equivale a escrever n>N a b-e 0, L nat L en? 0, existe (= 1/e ~ 1) tal que n> N= len I< ey que é precisamente & condigdo (2.1) exigida na deSinigao de limite Esse exemplo mostra claramente que quanto menor 0 tanto mais exigentes e&taremos sendo quanto a proximidade entre an € © limite 1, exigéncia essa que se traduz em termos de fazer o indice n cada vez maior, De fato, quanto menot Cap. 2: Seqiténcias Infinitas 19 © € tanto maior © mimero N = Ife ~1. Assim, se ¢ = 1/10, = 9 se € = 1/100, = 99; em geral, se = = 10", V = 10-1. Isso ilastra 0 que dissemos antes: a determinagéo do mimero N depende do niimero ¢ particular que se considere. Ao contrério, se dermos um ¢ muito grande, pode até acontecer que nio haja qualquer condigéo no indive n; € 0 que acontece com = = 1 ng exemplo que estamos considerando, que resulta em N 9 raciocinio usado em (2.2) permite escrever: 1 lon A) 2-7 No entanto, poderiamos também ter racionado assim: 12 1 Wm —H= a hes lance, que é também sufciente para a comprovacio de que 1 0 limite, Perdemos a im- plicasao contréria por causa da primeira desigualdade em (2.3), em consequéncia do que 1/(n +1) < ¢ néo implica n > 1/¢; pode agora ovorter 1/(n +1) < ¢ com n < L/e, desde que seja n> je = 1 2.8, Exemplo. Consideremos a seqiiéneia Bn ue senda E fcil ver que seu limite deve ser 3, bastando para isso dividir numerador ¢ denominador por n e notar que (sen 2n),/n = 0: 3 On T¥ (sen Bay ya Para a demonstragao, observamos que 3'sen 2n (24) Capitulo 2 SEQUENCIAS INFINITAS Primeiras nogdes Uma segiténcia numérica 1, a, 03)... amy é uma fungdo , definida no conjunto dos nimeros naturais, ou inteiros positives: J:0 f(r) = an. O miimero n que af aparece & chamado 0 indice ¢ an on-ésimo elemento da seqiiéncia, ou termo geral. Um exemplo de seqiiéncia é dado pela seviiéncia dos mimeras pares positivos, ay = 2n, m= 1, 2, 9,... A seqiiéncia ddcs niimeros impares positivos também tem uma férmula simples para o termo geral, que € ay = 2n~ 1, comn=l, 2, 3 Mas nem sempre o termo geral de uma segiéncia é dado por uma formule, embora. evidentemente, sempre haja uma lei de formacio hem definida que permite determinar o termo geral da seqiiéncia. E esse o caso das aproximacies devimais por falta de V2, que formam a seqiiéncia infinita oy S14. a2 = 1,41, as = 1,414, ag = 1,4142, 41421, ag = 1.414213, Outro exemplo é a segiiéncia dos mimeros primos, 2, 8,5, 7, 11, 13, 17, 19, 28, 29, 31, 37, 41... Como € bem sabido, néo existe formula para seu termo geral, mas todos os temnos esto determinados. A notagéo (ay) muito usada para designar uma seqiiéneie. Também se es- cereve (@n)nen, (@2- 02, a3...) ou Simplesmente an. Alguns autores costumam escrever {on} em ver de (am), mas preferimos reservar essa notagio para 0 con- Juato de valores da seqiiéncia. Essa distingao é importante, pois uma-seqiiéncia possi infinitos elementos, mesmo que seu conjunto de valores seja finito. Por exemplo, a seqiencia, 1-41 -1L = 6 infinita, com elemento genérico ay = —(—1)" = (—1)"?; mas seu conjunto de valores possui apenas dois elementos. +1 e —1, de forma que, segundo conven- cicnamos, {on} 1, +1} Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 17 Pela definigdo, uma seqiiéncia (an) é indexada a partir den = 1, de forma que a; 6 sou primeiro termo, Mas, as vezes, € conveniente considerar seqiiéncias indexadas a partir de um certo m # 1; € esse 0 caso da seqiiéncia ay = vn — 6, que 86 faz sentido paran = 6, 7, 8,..., de forma que ag 60 primeiro termo dessa seqiiéncia. Mas, mesmo nesses casos, com uma translagdo de tndices, pode-se fazer com que a seqiiéncia tenha. primeiro indice n = 1. Assim, no exemplo que demos, & $6 definit by = @n45 = vn I para que a seqiténcia fique definida a partir den Conceito de limite ¢ primeiras propriedades De interesse especial so as chamadas segiiéncias convergentes. Em termos su- gestivos, uma seqiiéncia (an) & convergente se, & medida que o indice n cresce, ‘© elemento ay vai-se tornando arbitrariamente préximo de um certo niimero L, chamade o limite da segiiéncia. A proximidade entre ay ¢ L é medida pelo valor absoluto da diference entre esses dois mimeros, isto 6, por jay ~ L;. Portanto, dizer que a,, vai-se tornando arbitrariamente proximo de L significa dizer que lan ~ £| torna-se inferior a qualquer niimero positivo ¢, por pequeno que seja, desde que fagamos o indice n suficientemente grande. Dai a definigao precisa de convergéncia que damos u seguir. 2.1. Definigao. Dis-se que uma segiiéncia (ax) converge para o ntimero L, ou tem limite L se, dado qualquer miimero ¢ > 0, € sempre posstvel encontrar ‘um miimera N tal que n>N > aq-L 0° esta implicito que © pode ser arbitrariamente pequeno, ou seja, t2o pequeno quanto quisermos. Es condicao (2.1), ume vez satisfeita para um certo ¢ = 9, estard tatisleita com qualquer > <9; portento, baste prové-la para todo ¢ positivo, menor do que um certo eq, como muitas vezes se faz, para que ela fique provada para qualquer ¢ > 0. Quanto ao mimero VY, podemos supé-lo inteiro positivo, portanto, um indice da seaiiéncia; pois se nao for assim, é claro que ele pode ser substituido por qualquer inteiro maior. primeiro sina de desigualdade em (2.1) tanto pode ser > como >, do mesmo modo que 0 segindo tanto pode ser < como <. De fato, se existe um 22 Cap, 2: Seqiiéncias Infinitas Demonstracdo. Dado qualquer ¢ > 0, existe N tal que, @ partir desse indice, L—¢ < aq < L +e. Portanto, é apenas uma questéo de prescrever, de inicio, ¢ menor que o menor dos niimeros LA ¢ B ~ L, pata termos L-€>L-(L-A)=A e Ltr N= A< ay < B, como queriamos demonstrar, Corolério 2.7. Se uma sepifncia (on) converge para um limite L # 0, entio, « partir de certo éadice N, len| > |L{/2. Para a demonstragio, se L$ 0, tome A= L/2. Se L <0, tome B = © teorema anterior ¢ seu coroldrio sao muito titeis nas aplicagies e sera0 usados repetidamente em nosso estudo, como o leitor devers notar. Observe que, sempre que tivermos uma seqiéncia com limite diferente de zero, podere- mos encontrar mimeros Ae B de mesmo sinal nas condigies do teoreza, Em geral, nas aplicagées, utilizamos apenas uma das desigualdades, ou A < a, ou an < B. Operagées com limites 2.8, Teorema. Sejam (an) € (bn) duas segiiéncias convergentes, com tte mites a ¢ b respectivamente. Entio, (an +), (Gnbn) € (Kan), onde k wna constante qualquer, sdo segiéneias convergentes, além do que, 4a) lim(an + by) = lim an + limby = a+ 8; 1) lim( kan) = (lim Gn) = ke; em porticular, k = —1 nos dé on + a > ¢)lim( nbn) ~ (lim a) lim by) = ab; 4) se, além das hipdteses acima, b #0, entdo existe o limite de an!bn, igual eal Demonstrasae. Demonstraremos os dois iltimos tens, deixando os dois primeicos, que S80 mais faceis, para os exercicios. Para demonstrar a terceira propriedade, utilizamos a desigualdade do triangulo e o fato de que a seqiiéncia by € limitads por uma constante p tiva M, de sorte que podemos eserever: Man —a)bn + a(bn ~ 6)! S lan allbn + jailbn — 6] Man al + |allbn — 8 Janda ~ abj 1” Ora, tanto i@q—a' como [bb podem ser fotos arbitrariamente pequenos, desde que n seja suficientemente grande, Assim, dado qualquer ¢ > 0, podemos fazer jan —a) menor do que N satisfard n> Men > Np simultaneamente; logo, n> NS anda ~ abl < como queriamos demonstrar Observe, nesse raciocinio, que se nos contentissemos em fazer Jan — al € Jbn — 6| menores do que 2, em vez de lay — al < £/2Mf @ Ibn ~ 6) < ¢/2lal, o resultado final seria > N > janby ~ 0b) < (M+ ial)e = ke Esse procedimento é tio satisfatério quanto @ anterior, como jé tivemos opor- tunidade de observar; se quiséssemos terminar com , bastaria comecar com 0 riimero ¢ k em ve2 de ¢ Para a demonstragio da quarta propriedade, observamos que © quociente an/bn pode ser interpretado como 0 produto aq(1/bn), de forma que, em vista da propriedade js demonstrada, basta provar que I/be ~ i/6. Temos: 12 bn [Pn = 6) Tend Como 6 # 0, a partir de um certo Ny, [bn| > (bl/2; e, dado © > 0, a partir de tum certo No, Ibn — bi pode ser feito menor do que [b!%e/2, de sorte que, vendo N = max{i, Na}, teremos: 1a), lwPe/2 ied a < (pe? = ¢ isso completa a demanstrarao, Em vista desse teorema, fica fieil lidar com certos limites, como vemas pelo exemplo seguinte Tim An gy 9A ti im) i Tn? lim(5 - 7/n?) lim 3 + lim(4/1 3 iim = ima?) ~ 5 ‘Terminamos esta seco com dois exemplos importantes de limites. 20 Cap. 2: Seqiténcias Infinitas fas duas iiltimas desigualdades havendo sido obtidas gracas as desigualdades in -+sen2n| > n—|sen2n] > n— 1. Fazendo agora intervir o niimero ¢, obtemos uma desigualdade ficil de resolver em n’ lon 3) < Sceensin’ (25) wa z de sorte que n>143/e 5 fan Ice, (26) que estabelece o limite desejado. © leitor deve notar, as passayens ofetuades em (2.4), que procuramos chegar a uma expresséo simples, como I/(n ~ 1), para depois fazer intervic » ¢, obtendo entéo uma desigualdade ficil de resolver, como em (2.4). Nao fizéssemos tais simplificagdes e teriamos de enfrentar a intratdvel inequacio 3] sen 2n| jn + sen Qn 2 claro que as transformagies feitas 86 permitem, em (2.6). a inplicagéo no sentido ai indicado, que € suficiente para nossos propésitos. 2.4. Exemplo. E fécil descobrir o limite do quociente de dois polinémios ‘de mesmo grau. dividindo numerador e denominador pela maior potfncia de x Assim, _Snttdn _ 844/n = Pon -4 Ia 1n- apt 0) n=12 n+12 wads Jon 8 nad € a partir dea = 12,n-712 < 2n 4 < n2/2, de sorte que n?—4 > n? 22/2, Assim, Qn 4 man <® jan - 8 < desde que n soja maior que o maior dos niimeros, 4/¢ € 12, isto é, n> N =max(4/e, 12} Isso concluj a demonstragao. Cap. 2: Seqliéncias Infinitas 21 Esse exemplo mostra, em particular, que, com n tendendo a infinito, os termos com maior expoente no numerador ¢ no denominador sio dominantes sobre os demais. 0 céiculo de limites pode tornat-se mais e mais complicado, se insistirmos ‘em fazé-lo diretamente da definigao de limite, Feliamente, com essa definicio podemos estabelecer as propriedades tratadas logo adiante, no Teorema 2.8, as quais permite simplificar bastante o célculo de limites. Demonstraremos primeizo dois teoremas de importancia fundamental, 0 primeiro dos quais en- volvendo @ nogio de “segiiéncia limitada”. Diz-se que uma seqiiéncia (0) ¢ limitada @ esquerda, ou limitada inferiormente, se existe um niimero A tal que ‘A < ay para todo n: ¢ limitada a direita, on hmitada superiormente, se existe um nimero B tal que an < B para todo n. Quando # seqiiéncia ¢ limitada. A esquerda ¢ & direita. ao mesmo tempo, dizemos simplesmente que ela € lémi- tada. Como ¢ ficil ver, isso equivale a afirmar que existe um mimero M tal que len| 0, existe um indice N tal que n>NSL-s 0, escotha + sufisentemente grande para que ja, ~ L, < ¢'2 desde que 3 > r Fixer eseja W=lay— 2,4. ar Li entio le? M 2M f= fon. 8. Anéloge ao exeteiio anterior. lide, o exercicio anterior é um caso particular deste, com =P Seqiiéncias monétonas Hé pouco vimos que toda seqiiéncia convergente € limitada. Mas nem toda seqiléncia Jimitacla € convergente, como podemos ver através de exemplos sim- ples como os seguintes: 1) an = (-1)* assume alternadamente os valores +1 € ~1, portanto, nao converge para nenhum desses valores: 2) an = (-1)*(1+1/n) € um exemplo parecide com o anterior, mas agora a seqiiéncia assume uma infinidade de valores, formando um conjunto de pontos que se acumulam em tomo de ~1e +1. Mas a seaiiéncia nao converge para nenhum desses valores. Se ela fosse simplesmente 1 + 1/n, entdo converairia para o mimero 1 ‘Veremos, entretanto, que hii uma.classe importante de seqiiéncias limitadas fs chamadas segiiéncias “monstonas” ~ que so convergentes AL. Definigdes. Dis-se que uma seqiéneia (aq) € crescente se ar < 02 a2 >... > am > +. Diese que @ seqiéncia ¢ no decrescemte se a) < a7 < +.dq S «.. € ndo crescente se a1 2 a2 2... > ng 2... Diese que a seqiéncia € mondtona s+ ela satisf qualquer ume dessas condicées AAs seqiiéncias monétonas limitadas sio convergentes, como veremos logo 2 seguir. Esse 6 0 primeira resultado que vamos estabelecer, em cuja demonstra- ‘0 utilizames a propriedade do supremo. Aliés, como jé observamos na p. 12, foi a necessidade de fazer tal demonstracio pare “fungBes monétonas” (Veja 0 ‘Teorema 4.19, p. 92) a principal motivagio que teve Dedekind em sua construe 0 dos mitneros reais. 2.12, Teorema. Todr seqiiéncia mondtona ¢ limitada & convergente. Demonstragdo. Consideremos, para fixar as idéias, uma seqiiéncia no de- crescente (an) (portanto, limitada inferiotmente pelo elemento a1). A hipétese de ser limitads: significa que ela € limttada. superiormente; Jogo, seu conjunto de valores possui supremo . Vamos provar que esse mimero $ € 0 limite de an Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 27 Dado ¢ > 0, existe um elemento da seqiiéncia. com ui certo indice N, tal que S—e < ay WN, de sorte que n> N= SnecancSre, que 6 0 que desejavamos demonstrar. A demonstrac#o do teorema no caso de uma seqiiéncla nao erescente & analoga e fica para os exercicios © nimero ¢ (0 mimero «, base dos logatitmos naturais, aparentemente surgiu ta Matematica pela consideracao de umn problema de jutros compostos instantaneamente (Veja {Al}, Sec. 5.6). Nesse contexto ele & definido mediante o limite c=im() ‘Trata-se, evidentemente. de uma forme indeterminada do tipo 1°, pois enquanto © expoente tende a infinito, a base 1+ 1/n tende decrescentemente a 1 ‘Vamos provar que a seqiiéncia que define « 6 crescente ¢ limitada, portant, tem limite. Pela formula do binémio de Newton, an (4) Lyne 1p aire dein (noth 7 hI DOCS) em Uma expresso para an: 1, como essa ditima, conterd um termo a mais no final, além dos que af aparecem, com n+ 1 em lugar de n, exceto em n! Mesmo sor levar em conta 0 termo a mais, pode-se ver que cada um dos termos de (2.7) € inferior a cada um dos correspondentes com n + 1 em lugar de n. Isso prova que dy < anor, isto &, a seqiiéncia (a,) é crescente. Para provarmos que ela € limitada, basta observar que cada parénteses que aparece em (2.7) € menor do que 1, de sorte que 1a <242e5 45+ 1 an<2the. +t es) 2 a 24. Cap. 2: Seqiiéncias tnfinitas 2.9. Exemplo. Dado um mimero a > 0, {/@ — 1. Isso € evidente se @ = 1, quando a segiiéncia é constantemente igual a 1. Suponhamos a > 1, bgo, Ya = 1+ hy, onde hn é um mimero positivo conveniente. Utilizando a cesigualdade de Bernoulli, teremos 0 = (1 thy)" 21+ aha > nly Assim, hn = | Ya 1, < a/n ¢ isso serd menor do que qualquer = > 0 fixado de antemao, desde que n > ale. No caso 0 < a < 1, temos que 1/a > 1, donde 1/ fa — 1. Entao, pelo item 4d) do Teorema 2.8, concluimos que Y@— 1 2.10. Exemplo. yi — 1, Ainda aqui temos que YF = 1 + hn, onde ‘hy novamente é um niimero positive conveniente, Mas agora a desigualdade de Bernoulli é insuficiente para nossos propésitos, pois, com cla, n= (1+ hg)" 1+ nhy > tha, donde hy <1 essa desigualdade nao basta para provar que fn tende 2 zero, Apelamnos para a formula do bindmio, que permite escrever, jd que hn > 0 n= (14 hy)” = 14 nha tags MODe, dende hj < 2/(n ~ 1). Agora sim, dado © > 0, 2/(n ~ 1) seré menor do que <# desde que n seja maior do que 2, =? + 1 =, Conseqtientemente, n> Nw ive hace, provando 0 resultado desejado. Exercicios 1 (Unieidade do limite) Prove que ume seqién 2 Prove, diretamente da definigio de limite, que cada ume das seqiéncias 1/(n? =1) © y(n) = 7) tende & 2010 6 pode convergir para um tnieo limite, VaTR- Ve o*, onde Oca <1 53 Faga 0 mesmo para a seqiéncis a 41 Paca 6 mesmo para a vinci a {5 Prove, igualmente. aue griamte1 5 By In=3 2 6 Prove of fens a) «b) do Teorema 2.8, Generalize propriedade da some, provando que a Jimite de uma soina qualquer de seqiéncias convergentes é a soma dos limites. Generalize também @ propriedade do produto para 0 caso de varios fatores. Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 25 1 Prove que se és — L, entéo o mesmo ¢ verdade da seqiéncia das médias aritméticar Sn (0402-4 -.. 8 Gg). 18 Prove que se an — L € (pn) € uma sesiéncia de milmeros positives, tal que (ps ~-..-rPe) = ‘oo, entin também tende 2 L a sequiéncia pia tt Pate pt Pe o, Prove qs ne nit enti em init. Msi gna eos va repletacres 10 esas) ¢ wan gna qu coeg para (hy) un enc Tina eee eee er io ont) emvage pasa ree cance wnt, cg bento inn Cae ee naan wo cae > eee emus somerpttn com er < ty. Brow gv Hinae < ibs aoe eer cous vara ei pode corer alae dsmites ee ee eo tan am cso pre Ste eee 1a ene Ge contonts on toon ds seein nterealada) Seam (a), bl ie ne ecg an) emerge pan asm ie ee arene mer 14. Prove que YU 1 Sugestdes © solugdes 1. Suponie exitirem di limites ditnion Le Le tome e< [é— 1/2, Raaense reece partie de um coro Ny jen 17 | N caret smaltaneamonte n> ce > Np Ken tes tot! etd nog) slaneL)etennk waged <2 < EL! Se abearde ; Muiplgnsmumeroredenominadr pela soma at eies qu aparecem na dein da 4.Gomob= 1051, 824 6 com e> 0. Bain : we caters ienes ne ge a! <2 Cute ode, tzandoo logit, ase ne segue . dope oP cee nage clogs n> Me ess kia pasegem, 20 divide desiguldade por logs, levamos em costa que ose pura €ogatve a! a madanga de snl da deniguldade 6. (aq + bn) — (4 +8)! S [an — @) + lb — Of 7 Observe que Mor = b) + (az - L) +. + (an ~ LI Jar Etre, larg) — bet * fan en 8, 30 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas €) Se (bn) & uma segiiéncia limitada ¢ an + +0¢ ova 00, entio segiiéncia (dn ba) tende a +00 ou. a —00 respectivamente. 9) Se aq + +0 € by > ¢, onde c é um mtimero positive, entdo dnb, > ~co (Bm particular, a, + +90 € by + +00 = Gaby > +00.) Formule © de- monstre as outras possibilidades: a, —+ +00 € by SC <0, aq + 00 € by 2 0>0, ay + 00 € by S 0 <0. 9) S€ Gx ~* +00 € dy by, Entdo by > 700. 2.17. Exemplo. A seqiiéncia a”, com a > 1, tende a infinito. De fato, 0 < 1/a <1, de forma que, pelo Exerc. 4 da p. 24, (I/a)" = 1/a” tende a zero: logo, pelo item d) do teorema anterior, a” — co, Podemos também raciocinar assim: @ = 1+ h, onde h > 0, Entao at = (14h) > Linh > nh> keen kih. Outro mado de tratar esse limite faz, uso do logaritio, assim: » log k a" > ke nloga > logk @ n> ee Outre maneira ainda apoia-se na igualdade a* = e(*8*!", pressupondo o ‘conhecimento da fungao exponencial e de suas propriedades; em particular, propriedade segundo a qual (> tende a infinito com x — co. Como a seqiiéncia. em pauta é uma restrigéo dessa fungé0 ao dominio dos niimeros na- turais, 6 claro que ela também tende a infinito. 2.18. Exemplo. A seqiiéncia ay =n, onde k € umn inteiro positivo, tende a infinito por ser 0 produto de k fatores que tendem a infinito. No entanto. ela tende a infinito “mais devagar” do que a (a > 1, evidendentemento). Podemos ver isso considerando a razao r = ni*/a" como restrigéo da fungac kok 7 aoe 5 (a) a qual, como sabemos do Cileulo, tende a zero com x — 00. Concluimos assim que rh tende a zero, ¢ & isso 0 significado preciso de dizer que o numerador n* tende a infinito “mais devagar” do que a”. Outro modo de tratar a mesma questo baseia-se na propriedade do Exere. 8 adiante, Para isso basta observar que ‘ =(1+2) ated tm an) a Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas 31 2.19. Exemplo. Mostraremos agora que a seqiléncia a", com a > 1, tende ‘2 infinito mais devagar que n! Para isso, notamos que, senda n > Fixando N tal que a/N < 1/2, cada um dos n—V fatores do segundo parénteses serd inferior @ 1/2, logo. ah 2 (2.8 8 Yvan an, we (P gg)? onde c = (2a) /N! é uma constante que sé depende de NV’, que ja esta fixado. Essa desigualdade prova entio que a razo de a” para n! tende a 2er0, signi- ficando que a primeira dessas seqiiéncias tende a infinito mais devagar que a segunda. 2.20. Exemplo. Provemos finalmente que @ seqiiéncia n! é ainda mais vagarosa que n". De fato, basta notar que o (2.10) Na linguagem sugestiva que vimos usando, isso significa que, embora as quatro segiiéncias n*, a”, n! en” tendam todas a infinito, cada uma tende a infinite mais devagar do que a seguinte. Segiiéncias recorrentes Fregiientemente o termo geral de uma seqiiéncia é definido por uma fungéo de ‘um ou mais de seus termos precedentes. A seqiiéneia se chama, entao, apropri- adamente, indutiva ou recorrente. Verernos a seguir um exemplo interessante de seaiiéncia recorrente. Outros exemplos sio dados nos exercicios. Exemplo 2.21. Consideramos agui uma seqiiéncia que tem origem num método de extragio da raiz quadrada, aparentemente 4 conhecido na Mesopotamia de 18 séculos antes de Cristo! Dado um aiimero positive qual- quer N', deseja-se achar um mimezo ¢ tal que aa = N. Acontece que, em geral, ndo dispomes do valor exato da raiz, e 0 niimero a apenas um valor 28 Cap. 2: Segiiéncias Infinitas Sendo cresconte ¢ limitada, (an) tem limite, que é 0 mimero e. Fica claro tembém que esse mimero esta compreendido entre 2 ¢ 3. Da expressio (2.7) para am decorre que, sendo m > nm, ay ay aya) wed or eeg(ig) re ral-al-a) 24+1/2!+...+ Ayn!. Daqui e de (2.8) obtemos, finalmente, com n — 00, +3) (2.9) 1 ina be Mostzemos também que lim (1= 7)" =e. Para iss, notamos que, sendo -1, (=a) Gra) En vista disso podemos escrever: co tea(en) Subseqiiéncias Quando eliminamos um ou varios termos de uma dada seqiiéncia, obtemos o que se chama uma “subsegiiéncia” da primeira. Assim, a seqiéncia dos niimeros pares positives € uma subseaiiéncia da seniiéncia dos mimcros naturais. O mesmo € verdade da seqtiencie dos ntimeros impares positives; da seqiiéncia dos mimeros primos; ou da seqiiéneie 1, 3, 20, 37, 42, 47,..., ito é a) =1, ap = 13, ay = 20, a, =5n417 para n>4 Uma definicdo precisa desse conceito é dada a seguir 2.18, Definigao. Uma subsegiéncia de uma dada segiiéncia (aq) ¢ uma restrigéo dessa seqiiéncia a um subconjunto infinito N’ do conjunto N dos nimeros naturais, Dito de outra maneira, uma subsegiléncia de (en) € ume segiiéncia do tipo (bj) = (an,), onde (nj) ¢ uma seviéncia crescente de inteiros positivos, isto é ni 0 existe N tal que n > N= [aq —L| j, de forma que j > N= (nj > N+ jan, — L <6), 0 que completa a demonstracao. Limites infinitos Cortas seqiiéncias, embora nfo convergentes, apresentam regwiaridade de com- portamento, 0 termo geral tornando-se ou arbitrariamente grande ou arbitrari- amente pequeno com 0 crescer do indice Diz-se entao que a seaiiéncia diverge para +oc ou para —oo respectivamente. Damos a seguir as definigées precisas esses conceitos. 2.15. Definigdes. Diz-se gue a segiiéncia (ay) diverge (ou tende) para +90 e escreve-se lita = +00 ou lima, = oc se, dado qualquer niimero positive k, existe N tal que n > N = aq > k. Analogamente, (an) diverge (ou tende) para 00 se, dado qualquer niimero negativo k, existe N tal quen > N = aq < ky neste caso, escreve-se lim ay = 00. Por exemplo, & facil verificar, & nz dessas definigdes, que as seaiiéncias en nf 1€ aq = y/n tendem, todas elas, a ~00, enquanto que 3—n? € an = 6 vm tendem a —o0. As propriedades relacionadas no teorema seguinte sio de facil demoustragio ¢ ficam para os exercicios, 2.16, Teorema, 4) an + +00 4 Gn > 00. 8) Seja (an) uma seqiiéncia néo limitada. Sendo néo decrescente, ela tende @ +00; € sendo ndo erescente, ela tende a —co. ©) Se liman = 00, entéo 1/an tende a zero. d) Se limay = 0, entio I/an tende a +20 $€ dn > 0, € tende s —o0 se ty <0. 34 Cap. 2: Seqiiéncias Infinitas Sugestées e solugées 3. Basta fazer aan = -3 6 aan = 8. 5.1.1, 2, 1.2, 3, 1. 23, 4... Outro mode: decomponts 0 conjunto dos nimeros naturais 1 nume unio de conjuntos infinitose disjuntos N;, N2,... Porexemplo, IN, pode ser & Conjunto des nimeros impares, 2 = 281, Ny = 222)... em goral, Vm = 2" 2N. Agora ($6 definir a segiiencia assim aq =1n sen € Nm Outro modo: considere wma. seqiéncia ‘hu ra. ra... ebtide por enumeragia de todos os mimeros racionais. Este exemplo também responde hs exigencias dos Exercs. 3 a8 5.A seqliéncia (ra) do exercteio anterior resolve. Outta soluyio, ainda com a notagio do fexercicio anterior: defina an = rm 58.0 © Xm auiba, onde by € a expresso entre parénteses, que s(t 12, Observe que pin) tende a1 16. Supondo por um momento que (Gx) convitia para um certo L, pessamos 20 limite em eee ree i renolvemas a equacso resutantee achamos L = 2. (Mas € preciso prova Srrsténcis do limite! Vela ste exemple: a sequéneis 1,3, 7,18, 31.3 em gerl, 0, = saat vevidentemente no converte, logo, nao podemossimplesnente passa ao limite eles ulna igualdade pare obser L= 2L-+ 1.00 L=—1) Prove que a seqncis dads € Crecente ¢limitade superiormente por 2. 11 Seja 8 = max{e, y@, 2). Claramente, or < be, supondo a < 6, teremos aria S eee VES s Bo teva prove ques seqiencia € hnitads superiormente. Prove-se Mithun que ela € erecente,notande que a2 > a € que, supordo ay > orci, entho sve JEFas > Vimar wen, Agore¢ 0 passr a0 limite na rma de deni thar a Tae postive de L? 2a, to 6, b= (1-4 VI a),2 18, Por um céleulo simples, a a v¥= eo 7 rovando gut e1 > VF (mesmo que < VW), Alem disso, ea > VX, oy - VN = oa? YR og vm) < MoV 2) < 72> Ty <5 0 que faz suspeitar que x2, seja crescente © ra, decrrscente, De fata, zo < x2 € x1 > 13 por outro lado, + —1 __;_ 1 Teed Teiisma) 1 Pea Como a fungie 1 —1/(2 +2) é crescente, vemos que donde 72n é mesmo crescente € zn =1 deerescente. Sendo limitadas, io convergentes. Sue limites sio iguais, por serem ambos a solugéo positiva da equagao #” + 9 ~1=0, obtida fazenda n+ 3 em a 28, Observe que an = (Gn-1 ~ 2)/(an-1 +1) € que se an converge, seu limite é VB. Prove sucessivamente. que €, > V2 e ay 1 © V2, que ainsi € crescente © aay decrescente portanto, convergentes para v2 Pontos aderentes e teorema de Bolzano-Weierstrass Ja vimos que se uma seqiiéncia converge para um certo limite, qualquer sua subseqiiéncia. converge para esse mesmo limite. Quando a seqiiéncia néo con- verge, nem tende para +oo ou 20, diz-se que ela € oscilante. De fato, como veremos, ness? caso ela sempre teré varias subseqtiénciss, cada uma tendendo para um limite diferente, Por exemplo, as seqiiéncias (-1)", (-1)"(1+1/n), € (-1)"(1 — In) possuem, todas elas, subseqtiéncias convergindo ou para] ou para —1. Esses miimeros so chamados “valores de aderéncia” da seqiiéncia sob consideracao. Mais precisamente, diz-se que L € um valor de aderéncia ou ponto de aderéncia de uma dada seqiiéncia (aq) se (ax) possui uma subseqiiéncia con- vergindo para L Quando a seqiiéncia nao é limitada, seus elementos podem se espalher por toda a reta, distanciando-se uns dos outres, como acontece com aq = 1, Gn = 1 =n ou eq = (—1)"(2n + 1), Em casos como esses nao hé, ¢ clero, pontos aderentes Se a seqiiéncia for limitada, estando seus elementos confinsdos a um inter- valo (4, B}, eles so forcados a se acumularem em um ou mais “lugares” desse intervalo, 0 que resulta em um ou mais pontos aderentes da seqiiencia, Esse € 0 contetido do “teorema de Bolzano-Weierstrass", considerado a seguir, cuja demonstragio esta baseara na propriedade do supremo. Aconselhamos o leitor ‘2 acompanhar a demonstrago tendo sempre em mente exemplos concretos de 32 Cap. 2: Segiiéncias Infinitas ‘proximado, Sendo assim, 0 fator que deve multiplicar a para produzir N néo é necessariamente a, mas sim 0 niimero N/a, Entao, em ver de a-a=.¥, temos ‘Vemos, nese produto, que se o fator u aumenta, o fator Na diminui; e se o diminui, N/a aumenta. O valor desejado de a € aquele que faz com que ele seja igual a W/o, quando seré a raiz quadrads exata de N. Em geral, sendo a uma raiz aproximada por falta, N/a seré raiz aproximada por excesso e vice-versa, de sorte que a raiz exata esté compreendida entre un e outro desses fatores Dai a idéia de tomar 8 média aritmética deles. isto 6, — cn alr ue eer pons de Vd qe stron o"Soqund ego Sesr speat ge 1 N eee ar seja melhor aproximagéo sinda. Prosseguindo dessa maneita, construimos a seqiiéncia recorrente a= 5(« E notavel que essa seqiiéncia, cujas origens datam de to alte antiguidade, seje talvez o mais eficiente método de extragao da raiz quadrada, como se prova com relativa facilidade. (Veja o Exerc. 18 adiante.) Exereicios 1. Seja (ay) ma seqiancia monétona que possul uma subseqiléncia convegindo para um limite L. Prove que [an) também converge pare L. 2 Sejam N, © Nz subconjuntos infinitos © disjuntos do conjunto dos mimeros naturais ¥, ‘cuja unido € 0 préprio MN Seje (on) uma seqliéncia cujas restrigges 8 Ne Np convergent ‘ara o mesmo limite L. Prove que (ex) converge para L. 5. Construa uma seqiéneia que tenha uma subseqiéncls convergindo para ~3 e outra com vvergindo para 8 4 Construs uma senténcia que tenha t1és subseqiéncias convergindo, cada ums para cada tum dos mimeror 3, 4, 3. Geuerabae” dados os nimeros L,, L2,....L;, distintos entre ‘construs uns sequéneia que tenha k subseqiiencias eonverginds, cada uma para cade um sdesses mimeros Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 33 Construa uma seqiéncla que tenha subseqiiéncias convergindo, cada uma para cads ur os mimeros inteitos positives. Construa uma segiéncia que tenhe subseqiiéncias convergind, cada uma para cada um sos nimeras reais, 7. Prove que 3¢ a > Oe axyi/an <0, onde c < 1, entdo a, — 0. 5. Prove que s@ ay > 06 dnat/ty —€, onde ¢ <1, endo ay — 0 9, Demonstre o teorems 2.16. 10. n 2, 8 14 6. 16 18. 18. a1 2. Prove que se ay — +00 € by = [> 0, entdn aqh — +0. Examine também as demats condinagbes de aq — cto com positive 08 negative. Prove que 5n® ~ én? + 7 tende a infinite, Prove que um polinémio p(n} = ayn* + a,—an*—! ‘aint og tende a 2c conforme sea Gx postive ov ongativo respectivamente Seja p(n) como no exerci anterior, com ay > 0. Mostre que 4/200) ~> 1 Mostee que v= 1 ~ Va= R= Mostre que V7 — Considere & seaiiéncia assim definida: a1 = V,aq = VTP acy para n > 1. Bscrova ‘expleitamente os primeiros quatro ou cinco terme desea seqiineia, Prove que ela é uma seqiiéncia convergente ¢ calcue sex limite Generalize o exercicio anterior consideranda a seqiéneia a ~ y@, a = Yaa, a, onde a>u Dado umm nimero ’ > Oe fixado um niimero qualquer ap = 0, 52 On = (ay 1-7 Njan-1) 2 para n > 1. Prove que, a excessio, eventualmente, de as, essa seqiéneia ¢ decrescente, Prove que ela aproxitia VN ¢ dé uma estimativa do erxo que Se comete ao se tomar ay como aproximagio de VN. Prove que a seqiincia anterior 6 exatamente a mesma que se obtém com a aplicagao do rmétodo de Newton pare achar a raiz eproximade de 2° — N= 0, (Divisio aurea). Diz-se que um ponto Ay de um segmento OA efetua a divisdo durea desse eagmento se ¢ = OAy/OA = AA/OAr. O nimero 6, raiz positiva de 0? = @ 1 O [= (VS~1)/2~ 0,61], échamade » rardo durea, Considere um eixo de coordenadas com origem O, a9 = 1a abscissa de A{~ 4g) e or =o a abscissa de jy, Construa a seqiiéncia Ge pontos Ay com abscissa a, = an-2~ dy-1. Prove que Ay efetua a divieso durea do segmento OAy-1 © ave dn — 0. Define f, indutivamente assim: fo= fi = 1 fa = fan + Prove que essa seqiéncia esté Tolacionada com a do exercicio anterior mediante ‘rma HI)" 'Ueaefet), n2 8. Jn fos & convergente ¢ seu limite € 0 niimero ¢ Prove que a seqiéncia 2 Com a mesma notagio do exerccio anterior, prove que ty = 1/(L-+-tq-4) € use essa relagdo para provar que Za converge para raiz positiva de o? + 0 — Prove que a sealiéncia a se Pr 'tavornde m= a = LP = Pat 2on-i €4 comerge para 2 Poot tonnts 88 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas ‘casos excepcionais, & fécil ver que (ly) € seqiiéncia numérica (quer dizer, sem elementos infinitos) ndo decrescente e (In) & seqiténcie numérica no crescente WSS .Sh So 0 22. 2ly2os Além disso, In © Ln. Concluimos entao que esses das seqiiéncias tém limites Le £ respectivamente, sendo ( < L. Isso continua sendo verdade, mesmo nos casos excepcionais mencionados acimna, desde que aceitemos a possibilidade de valores infinitos para {¢ L. Em vista se (2.11), podemos, entao, escrever: C= Jim. inf a; = supla = sup inf aj: (2.12) nite Jan SS pat 2m ZL inf supa, (2.13) wie fim, sup a; = jaf Ln ite Senna Mostraromos a seguir que Le aqul definidos, quando finitos, tam as mesmes caracterizacdes dos pontos a e A dadas no Teorema 2.23. Por isso mesmo eles sio chamados, respectivamente, 0 limite superior eo limite snferior da seqiténcia (an), Sea essa seqiiéncia limitada ou Para nrovarmos que 6 L de (2.13) coincide com 0 niimero A do Teorema 2.23, seja © um niimero positivo arbitrétio. Como L, suposto finito, € 0 fnfimo do conjunto {L1,L2,.--}; a partir de um certo indier N, Ly < L +=; mas am < In para m > m, logo, am < L+e param > N, 0 que prova que sé pode haver um miimero finito de elementos ap & dircita de [+ ¢. Por outra lado. seja m; um indice qualquer; por ser Lm, tun supremo, existe my > my tal gue en, > Lm, ~€ € portanto, da, > Le. Com 0 mesmo raciocinio, tomando mz > ny, determinamos a, > L~ ¢, com mz > nm. Continuando indefinidamente com esse procedimento, determinamos toda uma subseqtiéncia de (an), cujos elementos tn, esto todos & direita.de Le, Tss0 prova que existe ‘uma infinidade de elementos da seqiiéncia dada & dizita de L — ee completa a demonstracao de que L= A. “A demonstragao de que o definido em (2.12), quando finito, coincide com 0 miimero a do Teorema 2.23, € andloga- fica a cargo do leitor. (Exerc. 2 adiante,) 2.24. Exemplos. A seqiiéncia (—1)" tem lim inf=~1 e lim sup=f; 0 mesmo € verdade das seqiiéncias (~1)"(1+1/n} e (~1}"(1-1/n). Jé.a seqiiéncia (-1)"/n tem lim inf=limr sup=0. A seqiiéncia definida por aan = 12/(n +1) ¢ Ginny = 2+ (-1)"/n tem lim sup=oo e lim inf=2. Ja vimos que toda seqliéncis convergente é limitada; e, pelo que acabamos de ver, possui pontns de aderéncis maximo ¢ minima. Mas, sendo convergente, esses pontos tém de ser iguais. Mais precisamente, temos 0 teorema seguinte, Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 39 cia demonstragéo deve ficar como exercicio, (Exerc. 8 adiante.) 2.25. Teorema. Uma condigdo necessiria ¢ suficiente para que uma seqiléncia timitada (an) convirja para um niimero L é gue seus liminf € lim- sup sejamn Yquais a esse nsimero L, isto é, lim inf a,=limsupan= L. 0 critério de convergéncia de Cauchy Ja vimos (Teorema 2.22, p. 26) um “eritério de convergéncia.” ou seja, um teorema que permite saber se uma dada seaiiéncia € convergente, sem conhecer seu limite de antemao. Mas « Teorema 2.12 refere-se a um tipo particular de seqiiéncias, as seqiiéncias mondtonas. Em contraste, 0 teorema seguinte, de carter geral, € um critério de convergéncia que se aplico quaiquer seqiiéncia, ‘Trata-se de um teorema de impartancia fundamental, como teremos oportt- nidade de ver 2a fongo do nosso estudo. 2.26. Teorema (critério de convergéncia de Cauchy), Uma con- igo necessdric ¢ suficiente para que uma segiiéncia (aq) seia convergente € que, qualquer que sejae > 0, exista N tal que nm > Nig an) Se (2a) Observagéo. A condigao do teorema costuma ser escrita da seguinte maneira equivalente: dado €>0, existe um indice N tal que, para todo inteiro positive p, > N= jog ~antp! 0, existe N tal que n>Nem>N = ian Li <2 © lam LE] 0, existem infinitos indices tals que A~e < ay @ somente um mimero finito satisfazendo Are < ay. De fito, sendo A o supremo de X, existe x € X & direita de A ~ ¢ infinitos ay a Greita desse «, portanto, & direita de A —£; ao mesmo tempo, sé pode existir um niimero finito de elementos a, > A +6; do contrério, qualquer miimero entre Ae Ate estaria em X. 0 leitor ndo deve pensat que sempre existem infinitos ay & direita de A. Tis0 é falso! Veja o exemplo a), onde A = 0, como tacit ver, e nao ha elementos ca seqiiéncia & direita de A, Jé no exemplo b), A é sinda zero (Vexifquc isso), nas agora hd infinitos elementos da seqiiéncia & direita de A (embora somente um niimero finito de an > A-+<). No exemplo c), 4 = 1 (como o leitor deve serificar), © ocorre © mesmo gue em b). No exemplo d), A = 5 e voltamos a ter ume situaciio como enti). Continuando « demonstragéo, seja c = 1 € an, umn elemento da seqiiéncia ro intervalo (A= 1, A+1). Em seguida, seja an,, com nz > mi, um elemento da eqiencia no intervalo (A — 1/2, Ar 1/2). Em soguida, soja an. com na > n2, im elemento da seqiiéncia no intervalo (A — 13, A+1/3). Continuando dessa rancira, construimos uma subseqiéncia (x3) = (an,), que certamente converge yara A, pois z,— A <1.7. Isso completa a demonstracdo do teorema. Na demonstragao que acabamas de dar, A resulta ser o maior valor possivel co limite de uma subseqiiencia de (an), pois, como vimos, essa seqiiéncia 36 rode ter um mimero finito de elementos 4 direita de A + =, qualquer que seja > 0, Tivéssemos definide X como sendo o conjunto dos niimeros = tais que ‘existe uma infinidade de elementos da seqiiencia esquerda de 2, esse conjunto Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 37 X teria infimo, digamos, a. Podemos fazer uma demonstragao andloga & ante- rior, provando que existe uma subseqiiéncia de (an) convergindo para a, Para isso, com raciocinio inteiramente andlogo ao da demonstragao anterior, prova-se primeiro que, dado qualquer > 0, existe uma infinidade de indices n tais que ‘aq, < a+€ e somente um ntimero finito Com dq < a—E. Feito isso, fica facil con- struir, como antes, no caso de A, uma subseaiiéncia convergindo para a. Esse a € agora o menor niimero para o qual uma subsegiléncia de (an) pode convergir. E claro que a < A Limite superior e limite inferior ‘Tendo em vista a demonstracdo que demos do teorema de Bolzano-Weierstxass, pademos reformulé-lo como segue. 2.28. Teorema. Tuda segiiéncia linitade (an) possui um ponte aderen- te marimo Ae um ponto aderente minimo a, caructerizados pelas sequintes condisées: a) qualquer gue seja © > 0, existem infinitos indices n tais que Ae 0, eristem infintos indices n tais que ay 0, existem infinitos elementos a, > ke Ly = La =... = toc. Analogamente, se algum [; for -o0, entao hh = ly =... = ~c0. Afora esses 42 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 5. Sabemor que o coujunto @ dos nimeros racionais ¢ enumerdvel. Seja (re) uma seaiiéneia esses mlimeros numa certa enumerarao, isto &, uma seqivncia com elementos distintes, culo conjunto de valores € Q. Prove que todo nimero real ¢ panto de aderéncis dessa seqioneia. 6. Prove que se um dos elementos introduzides em (2.12) ¢ (2.18) for 00, enti a saqiéucia (aq) €ilimitade, Construa uma seqiéncia que nio tenda a +00, mas euje lim sup sa +00 00 lim sup = Te que tenha uma infnkiade de Construa gma seqiiéncia com lim inf elementos maiores do que 7. 9. Prove que se uma seqiitncia néo ¢ limitada & direita, entdo certamente L ~ +20; 0 9¢ no limitada & esquerda, entio = ~oo. 10, Dé exemplo de uma seqilincia com I= L = +00 ¢ de outra com I= 11. Seja (on) una seqiénela qualquer. Prove que, se x > 0, entéo lim supray = 28 supés € liminf 209 = 2liminfans lim nt, 2 passo que, se ¢ <0, imsup 20, 12, Observe, pelo Teorema 2.27, que a proptiedade do supremo tem como conseqiéneia. & propriedade dos intervalos encaixados, que diz: se Iq = lan, by] € uma famdia de ntervales fechasdos-tats que Ty 2 Iz >... 2 In D --- € 0 comprimento |Iyl = by =a tende & 2e1, entdo existe um ¢ um 36 nooner © pertencende a todas 03 rolervalos In. Prove qur essa tltima propriedade implica a propriedads do supremo, Rando assim provado que a propriedade do supremo equivale & propriedade dos intervalos encaixados. 15, Prove que se postularmos que “toda seqiéncia nic decrescente elimitads & convergente” Cconseguiremes prorar 8 propriedede dos intervalas encaixades, portanto, camabém a pro- priedade do supremo, estabelecendo assim que essa propriedade ¢ equivalente & afirmar ‘que “toda seatiéncia nio deerescente ¢ limitada converge.” 14, Chama-se seyiéncta de Cauchy 9 toda seqléncia (a,) que satisfaz a propriedade emyneiada rio Teorema 2.2, isto & qualquer que sejn © > 0, ezuste N tal quen, m> N= \dn~ dm < ‘= Observe, pele Teorema 2.26, que @ propriedade da supremo tem como conseqiencia que toda seqiiencia de Cauchy converge. Prove a reciprova dessa proposigio, isto é, prove que se toda seqiiéncia de Cauchy converge, entdo vale a propriedade do supremo, lcande assim provado que esta propriedade é equivalente 2 tods seqivnea de Couch ser convergente, Sugestées 4, Qualquer into positive m 2 se escreve n = hy rq, onde ge 2 1 €0< rm < k. Pena Oy = Lost + My 12, Saja C um conjunto nio vazi ¢ limitado superiormente. Querens provar que C’ possvi supremo. Seja a, < algum elemento de Ce 6, > a) wma cota superior de C.”Seje 2 (a1 + i)/2 © ein (on, by aele dos imervalor ‘a, oe (a, by] tal ue a2 < slgum tlemento de C'e by & cota superior de C. Assim prosteguindo, indefnidamente, constraimos ‘uma familia de intervalos encsiados fx = [an ol, caja intesegio determina wm mimeo real e. Prove que ef supremo de C 13. Prove primeiro que toda seqiéncia nio crescentee limitads converge. 14, Basta provar que vale a propriedade dos intervalos encaixados. Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 43 Notas histéricas e complementares A nfo enumerabilidade dos nuimeros reais 0 Teoreme 2.27 permite dar outra demonstragio de que o conjunto dos wimeros reais nio ¢ enurmeravel, alids, mais proxima da demonsteagio original de Cantor, reproduzisa na p. 185 de (Gal. Raciocinando por absurdo, suponhamos que todos 0s nismerae reais estivessem contides numa seqiéncia (zq). Seja fi = (ay, by) um intervalo que néo contenha 21, Em seguida tomames um intervalo Iz = fax. bl C Jy, que no contenhs zs; depois um intervala Ty = [as, bs. c Ja, que mio contenha 2s; e assim par disnte. Dessa mancira obtemes uma seqienela (Iq) de intervalaefechados © encaisados, tal que Mn conters ao menos ts nimero real c. Isso contradiz a hipstese inicial de que todos of aimeros reais estio na segiéacia (9), visto que sq @Oln. Somos, pois, forcadcs » abandonar a hipétese iniial ¢ conciuir que & conjunto dce nimeros reais nio é enumerdvel Cantor ¢ os miimeros reais {14 vimes [p, 11 ¢ seguintes) como Dedekind constr 0s miimeros reais a partir dos racionais Varies outros matemsticas do século XIX também apresentaram construgbes dos mimeros reais, dentre eles Kat] Weierstrass, Charles Mézay © Georg Cantor. Wieerstracs divulgou sua teoria em sis aulas nas décadas de sessenta e setenta. Mas as construgées dos numeros reais ‘que permaneoeram pela seu valor, evidentemente — foram a de Dedekind © a de Cantor Essa ltima seré exposta logo adiante. ‘Georg Cantor (1845 1918) nasceu em Sao Petersburgo, onde viveu até 1856, quando sua familie traneferiu-se para o sul da Alemanha. Doutorot.se pela Universidade de Herlim, onde fol aluno de Weierstrass, de quem teve grande infiuéncia em sus formacdo matematica. ‘Toda sua carreira profisional desenvolveu-se em Halle, para onde transferiuse logo que terminou seu doutorado em Berlimn, Como no método de Dedekind, também no de Castor partimos do pressuposto de que jé estamos de posse dos avmeros racionais, com todas as suas propriedades. Comecames com fa seguinte defnigdo: die-se que une sepdéncia (aq) de mimeros racionais é uma sepiéncia de Cauchy se, qualquer gue sej0 0 rsimero (Purional) € > 0, este N tal gue nm > N => Jou ~ nl < 6. Uma tal saqiiéncla costuma também ser chamada “seqliéncie fondamental” O'préptio Cantor usou essa designacio. Observe que existem pelo menos tantas seqincias de Cavehy quantos sio os mimeros racionais, pois, qualquer que sels 0 mimero racional r, seqiencia constante (ra) = (r, 7, %---]€de Cauchy. Dentro as seqligncias de Cauchy, algumias sho convergentes, como estas SeqUénciss constantes, uma seqiéncia como (1/2, 2/3, 8/4,...) € uma infinidade de outras mais. Mas hé também tode ume infnidade de seqiencias de Cauchy ‘que néo convergem, como a seqiléncia das aproximagées decimais por falta de V2, (ra) = (1, 14, 3,47, 1,414, 1.4142...) (215) ‘ou a seqiéncia ay = (2+ 1/n)" que define 0 mimero e, Como se ve , essas seqiénetas 86 nio ‘onvergem por ndo exstirem ainda os nimeros chamados Nrracionais " Para eriélos, podemos smplesmente pastular que “toda seqiiéncia de Cauchy (de niimeres racionss) converge.” Feito {sso trees de mnostrar como esses novos nimeros se juntam aos antigos (os racionais) de forms ‘ produsir um corpo ordenado completo. E nesse trabalho teriames de prover que diferentes seqifneias definem o mesma niimero irracional; par exemplo, a seqiéncia (2.15) € a sequencia dan aproximacies decimass por excesso de V2 dever definir o mesmo atirero irracional y/2 40 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas Fazendo m = N-+-1em (2.14), teremos: n> N = anyi—e < ap < anes donde se vé que a seqiiéncia, a partir do indice N +1, é limitada. Ora, os termos correspondentes aos primeiros IV indices so em mimero finito, portante, Jimitados, ou seja, a seqiiéncia toda ¢ limitade pelo maior dos mimeros lai},---sJan|, Jawsa ~el, lanes + el. Pelo teorema de Bolzano-Weierstrass, (an) possui uma subseqiiéncis (4a,) que converge para um certo L. Fixemos j suficientemente grande pare. termos, simultaneamente, lon, ~ L| <€ € nj >. Entio, como lax, ~ L! = lan ~n,) + (Ong = £)! < Jn ~ Gy! + [ty ~ Diy teremos, finalmente: R> N= ld — Lj Slay — 0p) + Hq, — | ee = 2a € isso estabelece o resultado desejado. Intervalos encaixados Uma importante conseqiiéncia da proptiedade do supremo (1, € 0 teorema, que consideramos a seguir. Como veremos, no Exerc. 12 adiante, 0 contetido esse teorema é equivalente & propriedade do supremo. 2.27, Teorema. Seja In = [am Salam = 1. 2,..., uma familia de inter- alos fechados ¢ encaizados, isto é I, 3 Iz >... > In D -».. Entéo existe pelo menos um tiimero pertencendo a todos os intervalos In (ou, 0 que ¢ 0 mesmo, ¢€ Ina. --MUn!...). Se, além das hipsteses feitas, 0 comprimento ifn’ = bn — aq do n-ésimo intervalo tender a zero, entido o niimero c seré tinico, to 6 TL, Ta® «= {0} Demonstracdo. E claro que as seqiiéncias (an) ¢ (bn) so, respectivamente, no decrescente ¢ nao crescente, Além disso, como 01 Say < by Sb, vemos que (dn) 6 limitada & direita por by ¢ (bn) é limitada a esquerda por ay; logo, essas duas seqiiéneias possuem limites, digamos, A e B respectivamente Gomo dm < bp, 6 claro que a SAS BS Oy Asso significa que (A, B’ C I, para todo n. Entio, se A < B, a intersecao diag intervalos I, é 6 proprio intervalo [4, BY; ¢ se A = B, como é o caso se Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas 41 by — an tende a zero, essa intersesao € 0 nsimero c= A= B. Isso completa a demnonstracao, ‘A condiggo de que os intervalos Ip sejam fechados é essencial no teorema, anterior. Por exemplo, os intervalos In = (0, 1/) sio encaixadas e limitados, mas néo séo fechados. E fécil ver que sua intersegio é varia, no havendo um 6 miimero que pertenga a todas esses intervalos. E também essencial que 08 in- tervalos sejem limitados. Por exemplo, In = [n, 00) ¢ uma familia de intervalos fechados ¢ encaixados, mas sua interseg3o 6 vazia; eles no sao limitados, Ainda o teorema de Bolzano-Weierstrass © teorema anterior permite fazer ontra demonstracio de Teorema 2.22 pelo ‘chamado método de bisseco, como explicaremos agora. Seja (aq) uma seqiiéncia limitada, portanto, toda contida num intervalo fechado , de comprimento c. Dividindo esse intervalo 20 meio, obtemos dois novos intervalos (fechados) de ‘mesmo comprimento c/2, um dos quais necessariamente conterd infinitos ele- mentos da seqiiéncia; seja I, esse intervalo. (Se 08 dois intervalos contiverem infinitos elementos da seqiiéncia, escolhe-se um deles para ser Jy.) O mesmo pro- cedimento aplicado a J; nos conduz a um intervalo fechado Ja, de comprimento /22, contendo infinitos elementos da seqiiéncia, Continuando indefinidamente ‘com esse procedimento, obtemos tuma seqiiéncia de intervalos fechados e encai- xados In, de comprimento ¢/2", que tende a zero, cada um contexvio infinitos elementos da seaiiéncia ay. Seja Eo elemento que, pelo Teorema 2.27, esté con- tido em todos os intervalos Jn. Agora é s6 tomar um elemento Gn, da seqiiéncia (aq) no intervalo Jy, an NO intervalo Ip etc., tomando-os um apés outro de forma que m; < np <... Assim obtemos uma subseqiténcia (dm,) convergindo para L. De fato, dado qualquer = > 0, seja N tal que o/2% < e, de sorte que Im C (Le, L-+e) para m > N. Portanto, para j > N, , seré maior do que N (pois nj = J), 10g0, da, estaré no intervalo (L~¢, L~e), 0 que prova que Gn, Exercicios 1, Sejam (an) uma seqiiéncia limitads e X 0 conjunto dos mimeros > tais que existe uma infinidade de elementos da seqincia A exquerda de 2. Prove que X possu! infimo le que ‘existe nma subseqiléncia de (ay) converginde para l 2, Prove que o niimero l definido em (2.12) € 0 ponto aderente minimo carscterizadio na parte 'b} do Teorema 2.28. 43, Prove o Teorema 2.25. Observe, em particular, que uma seqiiéncia converge para Le» L é seu nico ponto de aderénci, 4. Construa uma seqiiéncia com elementos todes distintos entre si, tendo como pontos de aderéncip nimeros distintos dados, L, <...< Ly ¢ somente esses. 46 Capitulo 2 Seqiiéncias Infinitas na p. 71), que teve grande divulgagio e infiuéncia no moio matemético. Bernhard Bolzano (1781-1848) nasceu, viven e morreu em Praga. Era sacerdote catdlico ‘que, além de se dedicar a estudos de Filosofia, Teolosia © Matemética, tinha grander pre ‘ccupagées com os problemas socias de sua épeca. Seu ativisma em fesor de seformas edica- ionais, sua condenagSe do militarisme e da guerra, 2:0 defeta da liberdade de consciéncia © fom favor da diminuigho das desigualdades sociais custaram-Ihe sérios embaragas com @ goves- no. As iis de Bolesno em Matemética néo foram menos avancadas. E até sdmirdvel que, -vivezdo em relativo Isolamento em Praga, afastado do principal centro cientifica da époce, que ‘ra Paris, € com outras ocupagées, ele tena tido sensiblidade para problemas de vanguarda no desenvolvimento ds Matematica. Infelizmente, seus tabalhos permaneceram praticamente ‘deseonhecidos até por volta de 1870. Sou trabalho de 1817 [B2 (com o longe titulo de Prova puramente anattiea da afrmagéo de que enire dois valores que gerantem sinais oposter (de tama funglo) ja: ao menes uma rais da equacdo [fungSo}) representa wat dos primeltos es- forgos na eliminacio da intuigso geométsica das demonstracéee, Seu objetivo era provar © teorema do valor intermedisrio (p. 129) por meios purameate analitios, sem recorrer & in ‘wigs geométrica, E ¥ ai que aparece, pela primeira vee, a proposigéo que fiaria conhecida, eomo “eritério de Cauchy” (Veja 0 coméntarie sobre Cauchy no final do préximo eapituo), formulado para © caco de uma seqliéncia de Fangbes, nos seguintes termes “Se wma seaiéncia de grandezas F@) le eos, Paley Parole estd seta & condieao de que 0 diferenca entre seu n-ésime membra Fa(2) ¢ cada membro sepuinte Fer(2), néo tmporta quéo distante do n-ésimo termo este vltsmo posse ester, seja menor do que qualruer guontiiade dado, desde que n seja tomado bastante grande; entao, existe luma ¢ seeende ume determinads grandeza, da qual se aprazima mais « mais os membros da sequencia, € da gual eles podem se lornar tde présimos quanto se desege, desde que a sient, eye levada bastante lange", Como s2 ve, essa proposigi ¢ 0 enunciado de uma consign sufciente de convergéncia 48 seqilencia. (A necessidade da condicéo fora notada por varios matematicos antes de Bolzano & Cauchy.) A demonstragio tentada por Bolzano é incomplets;¢ nio podia ser de outro modo, j3 que ela depende de uma teoria dos nimeros reais, que ainda nao estava go alcance de Bolzanc. Be usa essa condicdo para demonstrar outza proposicio (enunciada nap, 120) sobre existencia de supremo dle um certo conjunto, a qual, por sua vez, é usada na demonstragéo do tecrema, ddo valor intermedidrio, O metodo (de bissegSo, veja p. 41) que Bolesno utiliza na demons tragio desta proposican é também usado por Weierstrass nos anos sessenta para demonstrar 0 teorems que Ficsria conhecido pelos nomes desses dois matemsticos. E interesante notar qe praticamente o mesmo enunciado de Weierstrass aparece num trabalho de Boleano de 1830, ‘Théorse des fonctions, 6 publicado cemn anos mais tarde ([D2}, p- 362), muito depois de se hhaver consagrado © nome “teoreme de Bolzanc- Weierstrass” Capitulo 3 SERIES INFINITAS Primeiras definigdes e propriedades AS séries infinitas surgem quando procurams somar todos os termos de uma cia infinita (an) ai tag tagt... tant (3.1) Como ¢ impossivel somar infinitos mimeros, um apés outzo, contentamo-nos em considerar as somas parciais Sc= 0 Spar tar, Ss 1 antag, ete, Em getal, designamos por $, 2 soma dos primeiros n elementos da seqiiencia (an), que é chamada a soma parcial ou reduzida de ordem n associada a essa ceqiléncia: Sa = 0,409 +09 +. Oy = Soy (8.2) ; Desse modo formamos uma nova seqiiéncia infinita (Sq), que é, por definigao, 8 série de termos ay - Se ela converge para um miimero S. definimes a some infinita indicada em (3.1) como sendo esse limite: im Yo = De Como se v2, esse iiltimo simboio indica a soma da série, ou limite $ de Sp. Mas 6 costume indicar a série (S,.) com esse simbolo mesmo que ela nao seja convergente, Freqiientemente usamos também o simbolo simplifieado 3“ 2, com (9 mesmo significado. A diferenca $ — $, = Ry é apropriadamente chamada © resto de ordem n da séric. As vezes, quando consideramos certas séries particu- lares, a reduzida. de ordem n pode nao conter exatamente n termos, porém mais ‘ou menos termos, dependendo do indice n onde comecamos a somar, como n = (série geométrica abaixo) ou outre valor, podendo também ocorrer discrepancia no iiltimo indice da reduzida; mas isso nao tem maior importancia, A nogio de série infinita generaliza 0 conceito de soma finita, pois a série se redux @ uma soma finita quando todos os seus termos, a partir de um eerto indice, so nulos. Mas é bom enfatizar que ha uma real diferenca entre a. soma de um mimero finito de termos ¢ a soma de uma série infinita, Esta iltima nao ay +02 403+... = 8 =lims, 44 Capitulo 2: Seqiiéncias Infinitas Do mesmo modo, as seqiléncas oom (142) m= (at) fever Sefir © mesmo mimeo Por causa de torn mh convenes primero Jnr emma mex le oda at segincinn que teri um remo lite, para depos cota a rtare ce corpo, Fuseos fm deinindo, no conjunt ds soqincns de Cah, vo “relgt dc equals, ari fas eeqenclr de Cauchy le) (lm) a60 eget (an be) € mn squenci nla Sho én ~ by 0. Bsn reo dni an ecisde Cauchy em cans de soins suitletes, deal manera go dt seis pertoncen oma mesna cata, ¢ tment fe elas so enelents ade nimere recon rt naturalentesocindo clase demesne 9 ave pertence + sinc constante ty == Moitas dae clase todavia eucspam s ese socio Por sxemplo, considere @ classe & qual pertence a seqiiéncia (2.15). E fécil ver que nenbuma selena ra =, com 1 Tacenal, pode ertencer a esa case eo r= ty ttn Je tend ero, 0 gue € impose sma cases que no conte sqienlas do tipo ty = 7 580 preisimonte equelas qu contopnderaa ace mimros rains erm vader Par rar eases mimers defines, o canjunte dar lanes de equine, a operasies te digo e mulipiengh, eens vera, urago ea vo, Aas, a Ae B cass de equlalinl,tramos elementos representation encanta delat gan, (ay) el 2 (bn) em B e definimos A ~ B como sendo a classe qual pertence a seqiiéncia (ax + ba}. fsa denice exge que povemen que se (a) (by) sh sees de Cauchy, v mes & verdade de an" bre que soma A+ B indepen das segs partir (0) ©) gue toma om Ae B rexprctiamene Dermareir andogadenimon ane nla I” 6a clase dence mls clement posto B drums clsveH ea clase da seguenciasequiaentes (by) ference AB ESimplemente A+ (~B)so prodsto AB éa carr Gas seqencias (0nd) 0 elemento inverse 2 de ua case no nla B & a case das weaencts equiaete (bye 0 auocente A(B, onde B #0, 6 0 produto AB™', Se A 0, provarse que se (an) A, entéo existe um amo racional m > Ol ge dq > 7.08 dy <—m part de cet nee Ni «seo “so verdade ara uma snl, prove gt vedade para toda soquenia Se 4,0 Sue oe lean defnir "A> 0” ou "A c O° ropectivamente.Defnimes "A> B como sende AE > 0 Ciao Ave AZO¢|a|——Ave AD Com toa nt defnig«propeedades corsa etabelcdas, eu eo conjunts das clases de rule da seni de Casey de nneros acon € um corpo ordenade Nese corpo defnimes “sania de Caely” de manera Govia powmon qe tala seytnci de Covey te elemento de Re conergnt, at fe Aa ume septs de Cahy Seementon eR. entio ens rh elements & de Ral gat qv ose Ay And © eorpo asim contra cont um sb-eorpo @ sono cp as sin Tae suvcorpo J ¢precnmente 0 conjmto das ase cor emento a “aincaseouvaletes seria constants numero racionat (rr) Nad nn nator pots. do qe enifear corpo signal dos murero aconats@ Ca 0 Corpo Q” wh trocadimento alog a0 da denteagSo decade mero racial" como cote ce Deletrk (isl ques deve 'A propria de que on ft “wos vega de Cauchy cumverge signin ove A & completo, mesmo pave se tetas repent orp a meta const de cnn de quivlenci de seins de Cauchy, chegaremos = ur rove coro Fomor 2, portato, Fnads serena a RE co f vinos artes (pd), moe de homer exe tim cote ordenedo complet, Potato Ro mesmo corpo der miners rns consrido Capitulo 2; Seqiiéncias Infinitas 45 pelo processo de Dedekind. Aliss, como vimos no Exere. 14 atrés, a propriedade de que toda eailéncia de Cauchy converge ¢ equivalente & propriedade do supremo, ‘Nesta construgaa doe mumeros reat por sequencias ¢e Cauchy, cada mimmero racional r & identifieado com a classe que contém a seqiéncia constante rn =r. As classes que esespam © ‘cia identificagao correspondemn aos elementos novos introdusides, os mtmeros vrracionais. E ‘esse 0 caso da classe que contém « seqiéncia (2.15), ¢ que define V2. © leitor que esteja se expondo a exeas idéias pela primeira vee talves sinta um certo esconforto quando dizemos que um nimero real, corpo V2, é toda ums clase de seqiéncias de ‘Cauchy (de nimerosrecionais) equivalentes entre si. Na vardade, basta uma s6 seqiéncia dessa classe para identiicar 0 mimero em questéo. Assim, a classe que define V2 est perfeitamente ‘aracterizada pela seqiéncia (2.15). Buma breve reexo hi de convencer oleitor de que, pelo menos tacitamente, ele sabe disso hé muito tempo, desde que se familiarizou com a idéia de faproximagoes de urn mimero como V2. Esse simbolo nade mais é do que um modo convenient Ge designar o conjunto dessas apronimagoes; ¢ claro que é muito mais fil eserevé-lo do que fescrever uma seqiéneia que caracterize. Mas por que preferir a seqisncia (2.15) € nao fdas aproximagbes decimais por excesso? Ou alguma subseqiéncia dessas? Ou qualquer utra seqliéncia a elas equivalente? Como se vé, um pouguinho de reflexdo é 0 bastante para, Aissipar qualquer desconforto iniciale revelar que V2 é mesmo toda uma clasce de seqiancias ‘equivalentes ‘Se essas abservagées ajudam a dissipar o desconforo inicial do Jeltor, pode ser que ele ainda nao se conforme com essa construcia de Cantor dos mimeras reais. Nada mais natural do {que perguntar se nao bastaria a construcSo de Dedekind, por mais engenhosa que seia essa de Cantor. De fato, miitas teoriae matemstieas As vezes bem engenhosas —so abandonadas & até esquecidas, por serem suplantadas por outras. Mas nao ¢ esse o caso da construgdo de Can- tor. Pelo contrério, ese método das *seqiéncias de Cauchy” & de grande efescia em dominios onde @ solugia de algum problema € obtida por algum tipo de aproximacac. Essa soluss0 Centao earacterizade por rma seqlincia de Cauchy, uma seaiéncis dos valores aproximados ‘a solugao. O Exemplo 2.21 (p. 31) descreve uma situasan dessas, relativamente elementar, fonde estamos ainda lidando com “nimeros®. Mas ¢ freqiente acontecer que a solucio de uss terto problema seja um objeto mais complicado que um amero, por exemplo, um elemento, ‘de om conjunto dé fungées, no qual conjunto exista um modo de medir o distanciamento en- tre 06 varios elementos desse conjunto, Isso da origem, de mancira bastante natural, ao que se chamna “espago métsico", Nesse contexto a nocio de seqiizncia de Cauchy ocorre também naturalmente e € 0 instrumento adequado para fazer o 3ue se chama “completar o espace" tum provesso anlage & construgi dos nimeros reais peo método de Cantor. (Veja LS, cap 7.) Voltaremos a esse assunto mais tarde ‘Come ja dissemos, of métodos de Dedekind © Cantor sio os dois mais usados na cons- truco dos mimeror reais, Mas, como vimos nos Exercs. 12, 18 e 14 acima, a propriedade ‘dos intervalos eneaixados e » propriedade das seqiéncias monétonas “toda seqiéncia nao de- ‘rescente © limitada converge") s30 equivalentes 3 propriedade do supremo © & propriedade das seqiéncias de Cauchy (“toda seqiéncia de Cauchy converge”) Isso garante que, além dot inétodos de Dedekind e Cantor, poderiamos chegar aos nimeros reais postulando, no canjunto. doe nimeroe racionaie, jaa propriedade dow interval encaivades ov a propriedade das Seqiiencias mondtonas. Mas, como ¢ facil ve, ses0 redundaria numa construgao dos nimeros reais praticamente déntica a de Dedekind Bolzano, 0 critério de Cauchy e o teorema de Bolzano-Weierstrass critério de converginria de Cauchy aparece pela primira vex num trabalho de Bolzano de 1817, pouco divalgedo; » posteriortaente num lio de Ceuchy de 182% (de que falaremos mais 50 Cap. 3: Séries Infinitas que decorre da seguinte observagao: Soong = timSy = lim(Sy = aya 4.4 ann) = limSy + lim(ay y+... + onan) = Sy + Sranen. Séries de termos positivos Suponhamos que Sop, seja uma série de termos positives (ou ndo negativos). Entao, a seqiiéncia de somas parciais Sa = pit pate. Pn € nao decrescente, Em conseaiincia, @ série converse ou diverge para +, conforme essa seqiiéncia soja limitads ox néo. Suponhamos que of termos da série sejam reindexados numa outra ordem qualquer, Pht ph tot pt Assim, pi pode ser, digamos, o elemento ps , pb pode ser po, ph pode ser pi ete Entéo, como os termos sé0 todos no negatives, a nova soma parcial, Sha Pht Rete + Pe seré dominada por alguma soma parcial Sq com m > n, Se a sie original converge para S, teremos S!, < Sj, < $, isto é, 8s somas parciais Sf, formam uma seqiiéncia nao decrescente ¢ limitada, portanto, convergente. Seu limite S’ é seu supremo, de sorte que S’ < 5. Mas a série original também pode ser in- terpretada como obtide de 5 pf, por reindexaglo, portante, 9 mesmo raciocinio nos leva a $ < $'. Provamos assim o teorema que enunciamos a seguir. 3.6. Teorema. Uma série convergente de termos ndo negativos possut ¢ mesma some, independentemente da ordem de seus termos, E técil ver também que se a série diverge, ela serd sempre divergente para +00, independentemente da ordem de seus termos ‘A nogio de “série convergente, independentemente da ordem de seus ter mos” pode ser formalizada facilmente, Basta notar que mudar @ ordem dos termos corresponcle a fazer uma “permutagio infinita” desses termos, através dde uma bijepo ou correspondéncie duunivoca de N sobre N. (Veja a definicio Cap. 3: Séries Infinitas St desses conceitos nap. 80.) Seja f uma. ta! bijecdo © ponhamos Pi, = Ps(n) Diz-se entdo que a série Spe é comutativamente convergente se for convergente a série Dp = Dpyiny € OP = Lp, qualquer que seja a bijeso f. Exercicios 1, Dada a soqiiéneia Sy, de reduzidas de unna sétie, construa a sequéncia original de termos on da sé 2, Dada uma série convergente Jen, com soma $e reduzida Sx, prove que seu resto Ry € 8 soma da série & partir do indice n+ 1 3. Chams-se série harménico, em gers, (oda série cujos inversos de seus termos formam uma progressio aritmeétics, isto é, tode série da forma Daw °F Daonte gu un tl ie dvergnte aie So tee : {Ober dna aie Ses em a ite Go) 8 5-0 tenmo geral da série S>log(1-+2/n} tende a zero. Mostre, todavia, que ela € divergente, jobtendo uma forms simples para Sua redutida Sy 6 Daca uma série convergente Ta, € Uma sequéncia crescente de mimeros naturals m1 < na <5 defina be fe tes be tangy tos Heng ete anette Hay Prove que a série Db, converge © tem a mesma soma que a sie original Use oeitrio de Cauchy para provar que o temo geal de unin sie converente fend & 8. Use 0 exttio de Cavehy para provar que Svan converge se Jan converge L fe mostre que seu limite €1, 4. Catele« redunida S, da série S72 ro Mosse que SNE+B) Tia eT} =} Silog2), sabendo que log 2 ale a soma SNM 5) 1 Cole ase 12. Mone que sre So! se nm gal 2 Sugestées 11a 4 Observe awe Say aT “8 Cap. 3: Séries Infinitas resulta de somar uma infinidade de termes - - operagio impossivel; ela €. isto sim, © limite da soma finita Sq. 3.1. Teorema. Se ume séric converge, seu termo geral tende a zero. Demonstracéo, Seja Tan uma série de reduzida S, e soma S. Entao, ox = Sn Snot > SS = 0, como queriamos demonstrar 3.2. Exemplo (série geométrica). De importancia fundamental ¢ a cérie geométrica de razao legate c= Se" Sua reduzida S, & a soma dos termos de uma progressio geométrica: Supondo |g| < 1, y® tende a zero, de forma que essa expresso converge para (149), que é @ limite de S, ou soma da série geométrica: Notemos que a série é divergente se q! > 1, pois neste caso seu vermo geral rio tende a zero © teorema acima nos dé uma condicdo necessaria para a convergéncia Ge uma série. Essa condigio, todavia, nao é suficiente, E facil exibir séries vergentes cujos termos gerais tendem a zero. Por exemplo, Yn—1~ Vi +0 (Exere. 3 da p. 24); no entanto, a série Swart - va édivergente, pois sua reduzida de erdem n € vin¥1— 1, que tende a toc O exemplo mais notavel de série divergente, cujo termo geral tende a zero, 60 da chamada série harménica, que discutimos logo « seguir: 3.3, Exemplo (série harménica)- Para vermos que @ série harméniea Cap. 3: Séries Infinitas 49 diverge para +>0, observamos que seus termos sio todos positivos, de forma que suas reduzides formam uma seqiencia crescente, Basta, pois, exibit uma subseqiiéncia de reduzidas tendendo a infinito. E esse 0 caso da subseqiiéncia, reds (Let)+(Etgegr a) at(gtaltetetits 1 1 1 > Geta x) 1 2 1 L 1 1}4+0(gaytagat ta) Xl Soe Substituindo os denominadores de cada um dos termos deste tiltimo parénteses por 2, obtemos que prova o resultado anunciado. 3.4, Teorema (critério de Cauchy para séries). Uma condicao necessdria « suficiente para que uma séric Tay seja convergentr é que dado qualquer ¢ > 0, exista N tal que, para todo inteiro positive p, WEN S [an tan et. tony <& Este ceoremna 6 uma simples adaptacao do Teorems 2.26 (p. 39) & seqiiéncia de somas parciais S,. Basta notar que \Smap— Sn = nat ana +--+ Onepl 3.5. Teorema. Se as séries Dan € bn convergem k € um niimero qualquer, entdo kay {ay + bn) converge € Skew =k Dan © lon + ba) = Den + She iste teorema é uma conseqléncia imediada de propriedades andlogas jé estabelecidas para seqiiéncias (Teorems 2.8, p. 22). Dele segue, em particular, que se verificarmos a convergéncia de uma série, considerada somente a partir de um certo indice NW, entao a série toda é convergente e vale @ igualdade Sian = sn Savin 54 Cap. 3: Séries Infinitas decimais, obtendo e = 2,71828182845904523536028. 3.9. Exemplo. Mostraremos agora que a série J>1)n¥ € convergente se 2 > Le divergente se x < 1. Este tltimo caso é 0 mais fiil, pois entio a série Gada majora a série harmOniea, visto que x <1= n® I/h. Suponhamos agora que x > 1. Usaremos um raciocinio parecide eom 0 que uusamos no caso da série harménica, Temos Vemos assim que a seqiiéncia de reduzidas da série dada, que ¢ uma seqiéncia crescente, possui uma subseqiiencie limitada, portanto convergente. Concluimos que a segiiéncia de reduzidas converge para 0 mesmo limite (Exerc. 1 da p. 32). Isso prova que a série original € convergente, como queriamos demonstrar © exemplo que acabamos de discutir n0s mostra que @ série harménica esta compreendida entre as séries eonvergentes S/n® com © > 1 e as séries divergentes S>1/n? com x <1, situando-se, ela mesma, entre estas dimes E claro que a série 5>1/n? define uma fungo de z, a qual é chamada fancdo zeta de Riemann: 1 (3.3) tia S@l=le ge tg t= Embora conhecida por Buler (1707-1783) desde 1737, suas propriedades mais notivels 86 vieramt a ser deseobertas por Riemann (1826- 1866) em 1839, num memordvel trabalho sobre teoria dos niimeros. Ao lado da série geométrica, a série (3.3) € muito usada como referéncia para testar se uma dada série converge ou diverge. Isso & passive! quando 0 termo getal da série dada comporta-se como 1/n® para n tendendo a infinito, 3.10. Exemplo. A série be Cap. 3: Séries Infinitas 55 6 evidentemente convergente ¢ representa o valor ¢(2). Euler mostrow que soma dessa série é 2/6, (Veja [A6].) No momento podemos provar que | < Siln? < 2, Para isso obsersamos que es Sain Bec hea ey que é 0 resultado desejado. O teste de comparacio é muito usado para verificar a convergéncia de séries cujos termos gerais an S80 complicados, mas para Os Guais ¢ relativamente fécil verificar que ay < bn, Sendo bn o termo geral de uma série convergente. Essa situacdo é ilustrade no exemplo seguinte. & lin + Vn? =1 vermos isso notamos que seu termo geral a, é tal que 6 convergente. Para tod+n2Vat—T 16 Sind #2aVne 1-17 de sorte que (Teorema 2.6, p. 21), a partir de um certo indice N, teremos 2 < nan < 4: logo, a partir desse indice N’, a série é positiva e dominada pela série de termo geral 4/n2. Como este série & convergent, cambém 0 € a série original 8.12. Exemplo. Usaremos o teste de comparagio na ordem inversa para provar que # série é divergente. Para isso basta notar que, sendo a, o termo geral da série, entao Vitan ~ 1, de sorte que, a partir de um certo V, an > 1/2vi e este niimero 6 © termo geral de uma série divergente. 3.18, Exemples, Mostraremos que, sendo & inteiro positivo e a > 1, as Ee fe Se wa nat mo ont 52 Cap. 3: Séries Infinitas Puc a mses tre que ay = (-1)"( Ly 1 Teste de comparagao SD by diverge. Demonstragdo. As redueidas das séries dades, Spear terte.ten © Tobi thet. thn sio seqiiéncias nio decrescentes, satisfazendo Sq < Ty. No caso a), Ty converge para um certo limite T, de sorte que Sy < T para todo n, Assim, como S;, é uma seqiiéncia nao decrescente e limitada, ela converge para um certo S < T. A demonstragao de b) exige muito pouco: se Sb, convergisse, entio, por a), De, também teria de convergir, contrariande a hipstese, Outra demonstragao (pelo critério de Cauchy). Observe que dnt F duia et agp S byt + bnsa to. + bat Se Dn converge, dado qualquer ¢ > 0, existe N tal que o membro da direita dessa desigualdade pode ser feito menor do ques para n > . Entdo 0 mesmo 6 verdade do primeiro membro, provando que Ya, converge. A demonstracao da parte b) é a mesma anterior. 3.8. Exemplo. Jé vimos, em (2.9) (p. 28). que o mimero ¢ € dado por e=tin(2-> Cap, 3: Séries Infinitas 53 Um modo de provar a convergéneia dessa série, independentemente do que vimos antes, consiste em observar que 23 ~ donde segue que, & excegdo do primeiro termo. a série dade ¢ dominada pela série geométrica de razéo 1,'2, que é convergente; logo, a série original ¢ conver- gente. Irracionalidade do mimero ¢ Para provarmos que o mimero e ¢ irracional, vamos primeito obter uma estima- tiva do erra R, que cometemos no célculo dese nsimero quando 0 aproximamos pela soma parcial 5, da série anterior (que vai até o termo 1/n!). Temnos Goat mea osartt ) Ln? 4 Geil asi Sak Podemos entao escrever: Sy, < ¢ < Sq + ]intn. Se « fosse racional, isto &, se e = mn, com m en inteiros positives, m > 2 (pois, como jé sabemos, ¢ nao 6 inteiro), entao Sy B= Spry < Soo 1 6 donde segue-se que n!Sy < m(n— 1)! < nlSq-r = < mlSq-r 1. Ora, 0 niimero lS € inteiro, pois é igual @ Entao a desigualdade anterior esta afirmando que o nimero inteiro min ~ 1)! esté compreendido entre os inteiros consecutivos nlS, ¢ n!Sy + 1, um absurdo. Conchufimos que 0 miimero ¢ ¢ irracional Pelo que vimos acima, 5, é uma aproximagio do nimero ¢ com erro inferior a (1)n)(1;nl). Como n! cresce muito rapidamente com n, S, é realmente uma boa aproximagao de ¢, mesmo para n nao muito grande. Por exemplo,n = 10 34 nos dé um erro inferior a 10°7. Euler ealeulou 9 mimero © com 23 casas 98 Cap. 3: Séries Infinitas ‘para uma infinidade de indices (0 que é verdade, em particular, se lim {aq exis tee é maior do que 1 3.16. Teorema (teste da razio). Seja Say uma série de termos posi- tivos tal que existe o limite L do guociente any1/an- Entdo, a série é conuernente se L <1 divergente se L > 1, sendo inconclusivo 0 caso ero que £ = 1 Demonstragio. Soja ¢ um mimero compreendido entre L ¢ 1. Supondo £ <1, esse ntimero ¢ também seré menor que 1. A partir de um certo indice NV teremos ani1/an < ¢, OW S@)a, dni < ane. Daqui obtemos as desigualdades N48 1, & mais simples ainda, pois entéo, 2 partir de uum certo N, aws1 > ey, axa2 > ans > ays em geral, ay, > ay, provands ‘que o termo geral aia, néo tende a ze70, logo a sirie diverge. ‘A demonstragao do coorema deixa claro que nem precisa existir o limite nele referido; basta que, a partic de um certo indice V, tenhemos sempre dntiidn SC < 1 OU Sempre ayei/@q > 1, Ora, a primeica dessas condicoes se verifica se lim Sup ansi/an < 1, mas a segunda pode ndo se verificar mesmo que lim sup oy1/am > 1. Bsta tltima observagao é particularmente importante para bem entender a diferenca entre 0 teste da razio ¢ 0 da raiz. O Teorema 3.20 adiante trax mais esclarecimentas sobre essa diferenca, S17, Corolério. 4 série de termos positives Den é convergente se @ partir de um certo indice vale sempre Gnyi/aq < ¢ <1 (o que se veri- fica, em particular, s¢ limsupansi/an < 1); € divergente se a partir de um certo tndice vale sempre onsi/an 2 1 (0 que vode néo se verificur meemo que lim sup anai/en 2 1) $3.18. Exemplos. A convergéncia de cada uma das trés séries dadas em (8.4) (p. 55) pode ser estabelecida facilmente pelo teste da razio, sem pre- cisar descobrir de antemao como os termos dessas séries tendem a zero. Alids, provando-se, pelo teste da razio, que essas séries convergem, teremos provado o- resultado (2.10) (p. 31). Consideremos, como ilustracao, a terceira das séries Capitulo 3: Séries Infinitas 59 em (8.4), para a qual oy = nl/n™, logo, aegy (mt yt at 1 Ley am (welt at stay donde segue convergéncia da série. O céleulo desse limite no caso das outras uas séries resulta em 1/e e zero, respectivamente; é um eéleulo facil, como o leitor pode verifica. E também facil verificar a convergéncia das duas primeiras séries em (3-4) pelo teste da raiz. De fato, como Yn! — oc (Exerc. 15, p. 33), byte Cymye yin ("= aton Ga aa-o ao a nt ‘ni ¢ iss0 prova a convergéncia das referidas séries. No entanto, se tentarmos aplicar o teste da raiz & terceira das séries em (3.4), confrontamo-nos com a expressio ¥nl/n, cujo limite desconhecemos. Ora, ao aplicarmos o teste da razéo a essa. série. Vimos que lim an+i/aq = 1/e. Iss0 significa, pelo Teorema 3.20 adiante, que todos os limites em (3.5) so iguais a 1/e; em particular, existe e é igual 6 2/e 0 limite de tm = V7a/n, isto 6, fal 1 lim 2 = = ne uum resultado importante por si mesmo, como verewios nos exercicios 3.19. Exemplos. Os dois testes, da raiz e da razdo, nada nos dizem ‘quando 0s limites superiores de g/m € On-1/dy existem ¢ sio iguais a 1. B ‘© que acontece no caso das séries 1/n © So1/n?, a primeira divergente e a segunda convergente, Ein ambos os caso temos anit lim «Yam = tim 23 — 4 Gn On como € fécil verificar 8.20. Teorema. Se (an) € uma seqiéncia de termos positives, entéo lim inf 2% < timiné Yan < limsup (Ye, < limsup “+ 5] mini TS Vim S limsup Yen Pe 35) Demonstragao. Vamos demonstrar a iitima desigualdade. Ponhamas L = limsupan+i/¢y. Dado qualquer ¢ > 0, seja ¢ um nimero compreendido entre L e Ee, Sabemos que a partir de um corto indice NV todos os elementos ns /an jazem a esquerda de c, portanto ONS ce, HH ee. ce, an aay at 56 Cap. 3: Séries Infinitas so convergentes. De fato, pelo que vimos no Exemplo 2.18 (p. 30),n*2/a" — 6, de sorte que nt/a" < 4m? a partir de um certo 1. Isso prova que a primeira das séries em (3.4) 6 convergente por ser dominada, a partir de N. pela série convergente > 1/n? Xo Exempla 219 (p31) provamon ques” /n!< /2%,oque mantra que ase- sunda das séries em (3.4) é convergente por ser dominada pela série conv: guna Pe ergente Finalmente observe que, sendo n > 2 nt ( 2 ) 34 n 2 ee(b 2226 © aqui também podemos concluir que a terceira das séries em (3.4) € conver- gente Exercicios Prove que se Sa, é uma sic convergent de termes postivos, erto Ff, é sonvergete ‘Seja Say uma série convorgente de termos positives (bn) feos positives (by) uma seqiénes limitada de elemenis positivos. Prove que 5> anby converse 3. Sendo ay 2 0 by 2 0, prove que, se as sities ST ak ¢ S748 sto convergentes, entio a sécie Tents também & convergence Eees “ Frove que se an > 0€ Sa5 converge, entio Sia. /n converge Verifque.dentns as sues Seguintes, qual delas converge, qual delas diverge 8 9D DT oe yy ay Sejamn pe(n) e Bl) polindmios em n de graus er respectivamente, Prove que ser--k > 2 a strie Sopululsbein) € convergent, ener —Ké Lela€ divergent. Sendo a > 6 > 0, mostre que a série de terme eral ay = (a ~88) * &convergente x€0 > 1 -e divergente se @ <1. i '& Suponda aq 2 0¢ an —* 0, prove que Soe converge ou diverge se, ¢ somente se, S>en/(I-~ fa) converge ou diverge, respectivamiente 8 Prove que, 8 on > 0 © oem converse, entio S>el)(1~ 8) converge. Construe um ceemplo em que a primeira desas series diverge ex segunda converge; © outro exemplo em {que amas divergem 10 Prove que, sendo © > 0, série S> sen{c’n) € divergente Capitulo 3: Séries Infinitas 87 11, Prove que s¢ (an) é uma seaiiéncls nia crescente e Trax converge, enti nay —* 0. Tsso pode nio ser verdade se (aq) ossilar, como ilustra o”exercicio seguints, Observe que & Pondigio nay —+ 0 néo € sufciente para a convergéncia da série; um contraresemplo € & Serie So /(rlog n), que & divergente. (Veja o Exemplo 3.24, p. 63). 12. Construa tuma série convergente de termos positives de tal que nan nao tends a zero Sugesties 2. (a OP 20 Dab Soh HH 4, Consegjténcia de wm dos dois execicios anteriores 5.2) €b) dominam a série harmonics. Em c) € e), nan ~+ € > 0. Algo parecido em 4). Bm fy Oc Dean <2 sen’ Sn <3 logo, an < 3/2". €) Diverge. Observe que se &> 0 Jog n'a partir de um certo Nh) Converge, pols log n > 2a parti de certo. 9) Converse (er =8# = (fa) — 0" 11 Sendo $ 0 somo da série, San — Sn = angi +... +020 2 naan. Isso permite provar © Feultado desejado pare n par, Para n impae observe que (2n~ 1)oanss $ (2+ Han 12, Tome une série convergente (por exemplo, J>q com O 1, sendo mcon- clustvo 0 caso ea que esse limsup for 1 Demonstragao. Na primeita hipétese, seja g < 1 um mimero maior que fo referido limite superior. Entao, a partit de um certo N, teremos Yan < 9, donde a, 1, existe uma infinidade de indices » tais que Y@q > 1, donde existem infinitos elementos a, > 1 ¢ a série dada diverge ‘A demonstragao do teorema deixa claro que vale 0 corolério seguinte 3.15. Corolario. A série de termos positivas Tay é convergente se existe wm twimero q <1 tal que, a partir de certo indice N, yan <9 (0 gue é verdude, fem particular, se lim ga existe e é menor do que 1); ¢ divergente se YOn 2 1 62 Capitulo 3: Séries Infinitas 2 Tota PER. [in 3) OSIM, y ROEM ase, gy SMa eet 387 fa-) Ga 9) HEMeemow 4 Savarese Dada uma série convergent de termes positivas Joy — S, prove que, se a pact de umn cert indie N, gy q< Iventovalea sequints citimativa deerto: SS, gh" /(1) para n> N 4. Com a mesma notagio de exercicio anterior, prove que 8 Gnas lu W, entdo SS, N 4. Domonstre a primeira desigualdade em (3.5) 5. Seat an © Sty séres de eros Hasitive, esta dima convergent. Suponhanies que cine Wil gw’ Wage beie Pre Serge 6. Obtenha a primeira parte do Teorema 3.16 (p. 58) como conseiéncis do exerci antevin 7. Supondo ax > 0, determine Rta que a séie > on2” sea convergente para <2 < R f.cieente para 2 > Re Prow que w exit ohmiteZideane'en, emo R= W/L = i n/n Sugestées 2. Observe que (On 9) 2 i) yay = GAO) 2 ven We 3 5. Eecreva.adesigualdade do enuniado pars indices N, Nv, ne muliplique, membre a membro, a desigualdades obtdas O.Sendo L 0 por pequeno que seja, 2 ty eTiog 3" Lett fy zllog zp ~ eflogz)° 2 — 1 _ 6 convergente, lloginyire © convergent donde concluimos que a série $= Bxercicios 1, Use o teste ds integral para mostrar que a série harménica & divergente 2. Faga o mesmo para mostrar que a sirie S71/n® 6 convergente se x > 1 ¢ divergente se rel 3. Bstabelega 4s saguintes desigualdades 4, Mostre, pelo teste da integral, que as ities seguintes sho convergentes: [este iltima exemple k é um niimeto real qualque: 60 Capitulo 3: Séries Infinitas Multiplicando membro a membro essas desigualdades, obtemos dn < ke", onde k= awe". Entéo, yea N, yay b > 0): 1+ ag + bg? + ag* + bg’... = Dan. ‘ade a, = ag" se n for fmpar & a, = bg" se n for par. Entao, Van =qV5, npar © Yoa=qi/a, 1 imper’ cen consegiiéncia, lim ¢aq = ¢ <1, donde convergéncia de séric. Ao mesino tmpo, fast Doni St = Fan par) ou 1. Veja bem: nste caso, embora seibamos que existem infinitos an. /t > 1, iss0 nao ajuda, io € como no teste da raiz, onde infinitos (faq > 1 ja decidem pela divergéucia du série © teste da razio & adequado ¢ suficiente para lidar com a majoria dos exem- pos que ocorrem freqientemente nas aplicagdes (Veja o Fxerc. M4 da p. 223), Capitulo 3: Séries Infinitas 61 0 pasco que o teste da raiz é decisivo na determinagio do chamado “raio de convergéncia” das séries de poténcias (Veja 0 Exerc, 7 adiante e as formulas (09) ¢ (0-10) nas pp. 219 ¢ 220). Fases exempios das aplicagdes e muitas das séties freqiientemente propostas como exercicios nos cursos de Anélise, cujs con vergéncia é decidida de maneira natutal com o teste da razo, acabam deixando a impressio de que este teste & de aplicagio mais fécil que o teste da rais. Mas isso depende, evidentemente, da forma em que se apresentam a vaziio an1/an € araiz iq. O exemplo seguinte ilustra uma situagio em que é mais fécil aplicex o teste da raiz que o de razao. 3.22, Exemplo. Consideremos a série Sy an, onde am = [n/(n + ai. Sua convergéncia é prontamente estabelecida pelo teste da raiz, pois ve (553) = ase um caleulo relativamente facil ‘Vejainos agora a aplicagao do teste da razo: (yy lies Ga) anti On onde Aq © By sao os dois fatores que aparecem nesta titima linha. na ordem fem que aparecem, respectivamente. © célculo do limite de By nao oferece dificuldade, veja pon \t tin Pos (SF 7) * G+inpP 2 Jé 0 cAloulo do limite de An ¢ mais trabalhoso; nele usaremos o fato de que a fungao a~} log(1 +z) tem limite 1 com x — 0. Assim, mez 2 tL)” ot acy 1 y= (Fa) soe s(t aeea)] -* Comhecidos esses limites de A, € By, vemos que 0 lim an.41/aq existe e ¢ igual 2a L/e, © mesmo que o limite da raiz. An Exercicios 1 Tete coda uma dass suntes,vercando te convene ob aSreocach oH OTM, a PS aro, 66 Cap. 3: Séries Infinitas desde que 0 valor absoluto do termo geral tenda a zero decrescentemente. Eo. que veremos a seguir. 3.27. Teorema (teste de Leibniz). Seja (an) uma segiiéncia que tende a zero decresrentemente, isto ¢, a, 2 a2 > ..., dy — 0. Entdo, a série al: ternada D{-1)""an converge, Além disgo, 9 erro que se comete tomando-se ume reduzida qualguer da série como valor aprozimado de sua soma é, em nelor absoluto, menor ou igual ao primeiro termo despresads Demonstracéo. Consideremos separadamente as reduzidas de ordem par e de ordem impar da série dada, as quais podem ser escritas assim: Sap = (ay ~ 02) + (09 ~ 04) +... + (2-1 ~ an) Sansa = 01 — (a2 ~ 03) ~~ (@2n ~ @2n~2), por onde vemos claramente que (Son) nao decrescente © (Syeii} € no de- crescente. Além disso, Sq = Sit ~ @ant S Sant $ a1, isto 6, (San) 6 nao decresconte ¢ limitada, portanto, convergente para um certo mimero S. Este é também o limite da seqiiéncia de reduzidas de ordem smpar, como se v* pas- sando 4o limite em S241 = Sin + aansi- Concluimos que a seqiiéncia (Sq) converge para o mesmo mimero $ (Exerc. 2 da p, #2) Quanto ao erro, observe que a¢ desigualdades Sin SSS Sasi © Sai2 SS < Sant nos dio OS $ ~ Sm € Sings ~ Son = amt 0S Sanna — $$ Sapat — Sane2 = arms. Isso prova que |Sn—S Sani para todo ne conclu} @ demonstragao. 9.28. Exemplo. A série harménica alternads, 1 ee (-1yeet ba ppg ES 6 convengente, pelo teorema anterior; portanto, condicionalmente convergente, pois a série de médulos, 5 1/n, é a série harménica que, como sabemes, diverge Cap. 3: Séries Infinitas 67 [As séries condicionalmente convergentes sio, por natureza, vagarosas no convergir, A mudanca da ordem de seus termos muda a soma da série e pode mudar tanto que ¢ possivel reordenar convenjentemente os vermos da série para ‘que sua soma seja qualquer mimero dado de anteman. Esse surpreendente re- sultado, que discutiremos a seguir, € descrito e demonstrado por Riemann [R1), e1n stus comentarios sobre o trabalho de Dirichlet. 3.29. Teorema, Se wma dada série Dan € condicionalmente connergente, seus termos podem ser reordenados de maneire gue a série convirja para qual- quer mimero S que se presereva. Demonstracdo. Com a mesma notagio do Teorema 3.25, como Ta —* a, vemos, por (3.7), que o mestno ocorre com pn Ou ge. Mas Sx converse, logo, por (3.8), ambos pn € gq tendem a infinite. Agora é facil ver como reordenar os termos da série para que sua soma seja $: da seqiiéncia ay, a2,... vamos tirando elementos positivos, na ordem em que aparecem, e somando-os até obtermos um nimeto maior do que $; em seguida vamos adicionando a esse resultado elementos negatives até obtermos uma soma menor do que J, e voltamos a adicionar elementos positivos. depois negatives, € assim por diente. Como a série original converge, an — 0. de sorte que, dado qualquer « > 0, existe N tal que n > N= lap] J, $! incorpara todos 0% elementos da série original com indices que vao de 1 até N-+1 4e forma que 6 sitimo elemento da série original que aparece em Si tem indice n; > 1; logo, tem valor absolute menor do que =. E foi esse elemento que fez a soma $! ultrapassar o mimero $, seja pars 2 ditvita ou para a esquerda, de sorte que |S ~ S| < jan,|. Assim, podemos coneluir que p> JAS -Sice, © isso completa a demonstragio do teorema, Deste siltimo teorema e do Teorema 8.25 segue faciaente 0 corokirio que enunciamos a sexuir. 3.80. Corolirio. Uma condigio necessiria e swficiente para que uma série seja comutativamente conuergents € gue ela seja absolutamente convergente, Os resultados sobre séries aqui discutidos sdo os mais freqiientemente u- sados, Porém, muitos outros existe, principalmente testes de convergéncia 64 Capitulo 3: Séries Infinitas 5. Estabelega a convergincia da série >\¢/n)* e prove a convergéncis da integral [re 6: ac coms tn 3 rs 1. Sendo f(2) ume fngiaerscnte em 22 1, prove que yay spon ys [sents 1/e, um resultado j6 obtide anteriormente 9. Verifique que os testes da rai ¢ da razio no permitem saber sea sie J" e"n!/n® converge ou nao. Prowe que esta série ¢ divergente, usando o resultado do exersiio anterior. Sugesties 3. Integre, em cada cso, uma fungio f(=) apropriada 5. A convergéncia da série pode ser cbtide. como consegitncia da convergéncia das dae kas ries enn (34) (p- 55), pols (/n)* = e"/n(n'/0") 6, Basta provar que é convergent a integral, de 2 oo, da Fungo fl) = (logz) "MEE = elesiients = goat) conde o(2) vr significado Sbvio. (E fic verifear que f(z) & decresente a partir de um certo 20, pois o(z) = = ‘(loglog +1) > O a partir de um certo ze.) Para isso fazemos & substituigio y (iu), integral esta que sabomos ser convergente pelo exercicio anterior Convergéncia absoluta e condicional Dizse que uma série ay converge absolutament., ou 6 absolutamente conver- ante, se a série Y-lan. 6 convergente. Pode acontecer, como veremos adiante, que ay seja convergente € 5. jaa) divergente, etn cujo caso dizemos que a série ¥ ay € condictonalmente convergente. 3.25, Teorema. Toda série absolutamente convergente € convergente. Mais do que isso, ¢ comutativamente convergente, isto &, a soma da série dada independe da ordem de seus termos. Cap. 3: Séries Infinitas 65 Demonstracao. Sejam p, 2 soma dos termos a > 0 € gr @ soma dos valores absolutos dos termos ar negatives, onde, em ambos os casos, r 0, existe um indice V tal que n > N acarreta esta iiltima soma ser menor do que ¢, logo, © mesino acontece com a primeira, 3.26, Exemplo. Vanios provar que a série s one Fe TT genta var 6 absolutamente convergente, Para isso observamos que a partir den = 20 denorinador é positive e 2 n?jsen 3n2) BEG Payne de sorte que, @ partir de um certo N, n%jaq\ < 2 e isso prova que Elan’ € convergente. Séries alternadas e convergéncia condicional Diz-se que uma série é alternada quando seus termos tém sinais alternadamente positives negativos. Para essas séries vale a reciproca do Teorema 3.1 (p. 48), 70 Capitulo 3: Séries Infinitas Fig 31 intervalo de tempo [D, 1] da seguinte maneira: a volocidade permanece constante e igual & 1 durante a primeira metade do interval, de zero a 1/2: dobra de valor no segunda sub-inter~alo (de durago 1/4), triplica no terceito sub-intervalo (de duragéo 1/8), quadruplica no quarto sub-intervalo (de duragio 1/16) etc. Como se ve, a soma da série assim construida € a soma os produtas da velocidade pelo tempo em cada ium dos sucessivos sub-intervaios de tempo © representa 0 espaco total percorrido pelo mével (Fig. 8.1a) ‘Swineshead achou o valor 2 para a soma através de um longo e complicado argumento verbal, Mais tarde, Oresme, dew uma explicagéo geomeétrice bastante interessante para a some a série. Observe que essa soma é igual & area da figura formads com uma infinidade de retAngulos verticas, coma ilustra 4 Fig. 51a, O raciocinio de Swineshead, combinado com & Interpretacio geométrica de Oresme, se tradue simplesmente no sqpuinte: soma das éreas dos retangulos verticais da Fig. 9.18 ¢ igual a soma das dreas dos retangules horizontais da Fig. 3.1b. Ora, is60 € o mesmo que substitair 0 movimento original por uma sucessza infinite de movimentos, todos com velocidade igual & velocidade original” o primeira no intervalo de tempo [0,1 0 segundo no intervalo de tempo 1/2, 1}: 0 tercsiro no intervalo 8/4, 1; e assim por diante. Vé-se assim que o espaco percorrida (soma das reas dos relangulos da Fig. $.1b) agora dado pela soma da série geométrica aytua es sershately od Isso permite obter a soma da série original, pos sabemos somar uma série geométriea: no caso ‘desta tltima o valor €2. Hoje em dia & maneire natural de somar a série de Swineshead & esta: eanat isn s HDR donde $ = 2, Dexamos ao er {docini Ge Seinesead ¢ Orem ‘ire inGniae, com diseiosacima,tivram um papel importante no deseo tmento do Cie, deade ¢ inicio des Gesemolvmento no seco RVI. Ms fo seule SIX que tiie do comvergtocae sora nites atingram plena matusidde. ese devo, princalmnte ao tabalo de Cancy de ve fltomes sepuir tarefa de interpretar esse procedimento em termos do Cauchy e as séries infinitas Augustin-Louls Cauchy (1789-1857) é 2 figura mais infuente da Matemética na Franca de sa época. Come professor da Escola Politéonica ele escreveu vérios livres didéticos, bastante Inovadores, por isso mesmo tiveram grande infuéncia por varias décadas. 0 primeien dessee Capitulo 3: Séries Infinites 71 livros & 0 Cours d’Analyse de 1821 ICI, cujo capitulo VI & dedicado as series, e contém quase todos os resultados que discutimes no presente capitulo, E também ai que aparece o ertério de convergéncia que viria ser chamado “de Cauchy", formulado nos seguintes termes: *... para que a série uo, us, Unssstns tna, Kors. sen convergente, & necessdrio fe suficiente que valores crescentes dem facam convergir indefinudamente a some Sq = uy Huy $2 + kee... tina para um valor fizo s: em owtras polewras, € necessdrio ¢ ru fciente que, para valores anfinitamente grandes do ruimero m, a8 somes &ny Snax, Sno KE. ‘fram da soma s, pur conseqiineio entre elas, por quontidades infitamente peuenas.” © pouco mais que Cauchy escreve em seguida sobre ese critério nada acrescente de subs- tncia, apenas esclarece ser {..necessrio e suficente] "gue, para valores crescentes de n, as somas das quantidades tn, tn, tna, Ke... tomadas, a partir da primeira, tontas quantas se queiram, resultem semipre cm valores numércae anferires a tode limite proserito." ‘ho contrivio de Bolzano (p. 45), Cauchy sequer acena com uma demonstragio parece Julgtindesnecessria—,limitando-se aur ete erro para provar que asiie harmnic € ivergente e que» ste alternada S-(_1)"/n cconvergente, Ne primeio cago ole obsorva que Laat Seo ST ad m2 donde conclui que a série ¢ divergente, No segundo caso 0 raclocinio é © seguinte, supondo mon ember pee -(¢a-ca)- = a ora Em qualquer desses casos, |S ~ Sy < 1/, 0 que prova a comvergéncia desejata. 6 féct vericar que ese ultimo raciocinio se opicatambem & serie alterada S-(—1)"sn, onde (on) uma seqieneia nula no crescent. Alls, a convergéncia dessa sri & ee sabia de Leibniz (a6i6 1716) que he faz referencia numa carta de 2713, 0 que expicaatsibuirse a leo tee dado no Teorema 3.27 (p. 66) acas sip a0 Gnicas aplicagtes em que Cauchy utiliza seu critsio de comvergéncin, podendo-se entio dizer que tl ertrio nfo teria feito falta alguna a Cauchy. Sua importancia 5 se fara ventir mais tarde, no final do séeulo, no teato de importantes problemas Ge aprox imagio, em equagds diferencias eeilulo de variage. Enibora, como dssenos,o trabalho de Cauchy tenba tido infuncia decisva no desen- volvimento e consolidacio do estudo da convergéncia das série no século XIX, esse desen- ‘olvimento vinha desabrochando desde o nal do seca anterior. Ea ease respite devernor rnencionar aqui importante trabalho de um ilusre autor portugwis, José Anastco da Cunla ‘Assis infisitas so dscutidas no capitulo IX (“wro" IX) de sua obra “Principios Mathe- ratiese (C3), onde se pode identificar uma verdadoira antecipario de muitas das idéias de Cauchy e seu: contempordnecs, incisive 0 "Crterio de Conversénesa de Cauchy". (Vein [Q) as referncias al contidas 68 Capitulo 3: Séries Infinitas Indicamos ao leitor interessado os livros de Knopp (Kj ¢ [K2]), como fonte onde ele pode encontrar uma profusao de outras propriedades de séries ¢ testes de convergéncia. Mais tarde, no capitulo 9, sobre séries de fungbes. acrescentaremos, alguns resultados mais, pertinentes & matéria 1é tratada. Exercicios Verifique, em cads um dos exercicios seguintes, se a série dada & convergente;¢ em sendo, se absoluta on condicionalmente. Notas histéricas ¢ complementares A origem das séries infinitas A possibilidade de representar foncoes por meio de séries infinitas, particularmente séries de soténcias, foi percebida desde o inicio do desenvolvimento do Caleulo no sécuo XVI, tendo-xe ‘enstituido num dos mais poderoses estimnulos a esse desenvolvimento, e sobre isso falarernes 10 final do capitulo 8. ‘Mas as séries infinitas s8o conhecidas desde a antiguidade. A primeira 8 ocorrer na Historia da Matematica é uma série geométvica de razio 1/4, que intervém no cileulo da fea da paréhola, feito por Arquimedes. Seguindo a tradicio grega de evitar 0 infinito, pelas lificuldades Ligicas que esse conceito pode trazer em seu hoje, Arquimedes nio soma todos os termos da refeida série; ele observa que a soma de uma certa quantidade & reduzida de orden ‘ produz uma quantidade independente de n, que &a soma da série. (Vela (AZ) p41.) Depois dessa ocorréncia de uma série geomeétrice num trabalho de Arquimeds, ax sésiee infinitas 56 volteriam a aparccer na Matemética circa de 1500 anos mais tarde, no século XIN. Nessa época havia um grupo de mateméticos na Universidade de Oxford que estudava a ‘onematica, ow fenémeno do movimento; e, ao que parece, Inj ese astudo que levou & reconside rugio das séries infinitas. (Veja [E, p. 86 e seguintes.) E fol nessa época que se descobriu que Capitulo 3: Séries Infinitas 69 ‘0 termo geral de uma série pode tender 2 vero sem que série seja convergente. Isto corren ‘em conexo com a série harmanica e a descoberta fol eita por Oresme, B a ele que devemos ‘a demanstracio dada na p. 49 de que essa série diverge ‘A divergincia da sévie harméniea é um fato notavel, que jamais seria descoberto exper ‘mentalmente, De fato, se fossemos capazes de somar cada vermo da série em um segundo de ‘tompo, como um ano tem aproximadamenre 365,25 x 24 x 60 x 60 ~ 31.557.600 segundos, esse periodo de tempo seriamos eapazes de somar a série até n = $1.557:600, obtendo para ‘2 soma um valor pouco superior a 17; em 10 anos a soma chegaria a pouco mais de 20: em 100 anos, & pouco mais de 22 Como se vé, asses mimeros so muito pequenos para indicar divergéncia da série; nio somente isso, mar depois de 100 anos jé estariamos somando algo muita pequeno, de ordem de 3x 10~*. B claro também que é impossivel efetuar essar somas para valores to grandes de ‘Vamos fazer mais um exercicio de imaginagio. Hoje em dia temos computadores muito épidos, ¢ 8 tecnologia esta produsindo miquinas cads vee mais répides. Mas isso tem um Timite, pois, como sabemos, nenhum sina fisco pode ser transmitido com velocidade superior ‘da luz. Portanto, nenhum computador poders efrtuar uma soma em tempo inferior @ 10? segundos, que 6 0 tempo gasto pela luz para percorrer distancia igual ao diametro de um elétron PPois bem, com tal computador, ens um ano, mil anos ¢ um bilo de anos, respoctivamente, poderiamos somar termos em mimeros iguals © 315.576 x 10%, 315.576 x 10% © 315.576 x 10% vojo os resultados aproximados que obteriames para a soma da série harménica, em cada tum desses cases, respectivamente: 70,804, 77,718 © 91,5273 Imagine, fnalmente, que esse computador estivesse ligado desde a origem do universe, ha 16 Dilhoes de anos. Ele etaria hoje obtendo o valor aproximado de 94,2009 para soma da série Dharmnica, um niimero ainda muito pequeno para fazer suspeitar que a série diverge. ‘Mas como se chega ao mimero 04,208, se o (idealizado) computador mais répido que se possa construir deveria fear ligado durante 16 bows de ance? ‘Sim, nfo ha como fazer essa soma, mas existem métodos que permiten substicuir a soma Sp dos m primsiros termos da série por tums expresso matemética que aproximia Sq © que pode ser calculada numericamente; e ot msteméticos saber disso hé mais de 300 anos! Jeitor curiso pode ver a explicagi desses meétodos ex: [AQ], pp. 55-00. Nicole Oresme e a série de Swineshead Nicole Oresme (1525 1882) foi um destacado intelectual em wérios ramos do conhecimento, ‘como Filosofia, Matemitics, Astronomia, Cincias Pisicas © Naturais. Além de professor uni versitévio, Oreime era consélheiro do ri, principalmente na érea de finangas piblieas; e nessa Fungo revelow-se um homem de larga Visis, recomendanda medidas monetérise que tiveram _grande sucesso na pritica. Ao lado de tudo isso, Oresme foi também bispo de Lisieux. Oresine mantinh contato com o grapo de pesquisadores de Oxford e contribuiu no estudo de varias das séries estudadas nessa época, Uma decsas séries ¢ a seguinte: “ES Essa sétie foi considerada, por volta de 1350, por Richard Swineshead, sm dos matematicos de Oxford. Ela surge « propésito de um movimento que se desenvolve durante 0 74 Capitulo 4: Fungdes, Limite e Continuidade € uma familia indexada pelos inteiros positivos; esse é exemplo de uma familia, enumerdvel. A restrigdo do indice a um subconjunto do conjunto de indices nos leva a. uma subjamitia da familia original; assim, (Aj, 2, ..., Ar) € uma familia, finita, que é, ao mesmo tempo, uma subfamilia da femilia dada. Outro exemplo é dado pela familia de intervalos fz = (2/2, 5x), 2 varian- do, digamos, no intervalo (0, 1). ‘Temos aqui uma familia ndo enumerdvel de conjuntos A uniao ea intersecan de conjuntos se estencle, de maneira Sbvis, a mais de dois conjuntos e, em geral, @ uma familia qualquer. Assim, dade uma f (Aijicr, sua unido e sua interseceao so definidas como UAs ie TD jn: © © A para algum ¢ € 1); MAG bE T} = (2: we A, para todoé € I} Por exemplo, seja A; 0 intervalo aberto (i/3, i), onde i percorre o intervalo 1 =(0, 1). E fécil verificar que UA: #€ 1} =(0,1) e fA ded} As leis de De Morgan séo vélidas no caso de uma familia qualquer de conjuntos indexados por uma famflia J : (C,)ser Tetos entao: (UG: FEN =aNCH FET} (MG: TEN =ulCf: iN, ou seja, 0 complementar da unido € a intersego dos eomplementares « 0 com plementar da intersecéo € a uniéo dos complementares Deixamos ao leitor a tarefa de verificar, como exereieio, todas as pro- priedades mencionadas atrés. (Exerc. 1 adiante.) Nogées topolégicas na retia Apresentaremos nesta secio algumas nocdes topologicas na reta, apenas os pre- requisites necessérios ao estudo das fungdes. © leitor interessado em maiores detalhes deve procurar um texto sobre o assunto, como (L3} ‘Sempre que falarmos em “niimero” sem quaiquer qualificagdo, entendere- mos tratar-se de um niimero real. Como os nimeros reais sio representados por pontos de uma reta, através de suas abscissas, é costume usar a palavra “ponto” em lugar de “niimero”; assim, “ponto 2” significa “niimero 2” Diz-se que um mimero real x & ponto interior de um dado conjunto C, ou ponto interno a C, se esse conjunto contém um intervaio (a, 6), que por sua vez contém . isto é, x € (a, 6) CC. Segundo essa definigaio, todos os elementos de um intervalo aberto so pontos interiores desse intervalo. O interior de um. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 75 conjunto C € © conjunto de todos os seus pontos interiores. Assim, o intervalo {a, 8) é seu proprio interior; é também o interior do intervalo fechado a, 8 Diz-se que um conjunto C é aberto se todo ponto de C ¢ interior a C, isto 6, se 0 conjunto coincide com seu interior. E esse o caso de um intervalo (a, 5), do tipo que ja vinha sendo chamado “aberto”. O conjunto vazio é aberto, pois caincice com seu interior, que & também vazio. O conjunto de todos os mimeros reais também ¢ aberto Chama-se wzinkanca de um ponto a qualquer conjunto que contenha a inte- riormente. Mas, a menos que o contrario seja dito explicitamente, “vizinhanca” para nds significard sempre um intervalo aberto, Em particular, dado ¢ > 0, 0 intervalo V.(a) = (a —¢,a +) € uma vizinhanca de a, chamada naturalmente visinhanga simétrica de a, ou vizinhanga ¢ de ¢. As vezes interessa considerar uma vizinhanga ¢ de a, excluido o proprio ponto a, em cujo caso escreveremos, V;(a), a chamada vizinhanga perfurada: Vila) = Vela) = {a) = {2 0 < fe ~ a] 0,V!(a) contém aloum elemento de C. O conjunto dos pontos de acumulagao de C seré aqui denotado com o sfmbolo C" ‘Um ponto de acumulagéo de um conjunto pode ou néo pertencer ao con- Junto; por exemplo, os extremos @ eb de um intervalo aberto (0, 6) so pontos de acumulacao desse intervalo, mas nao pertencem a ele. Todos 08 pontos do intervalo também so seus pontos de acumulagao e pertencem a ele Um ponto « de um conjunto C diz-se isolado se nao for ponto de acumulacio de C. Isso € equivalente a dizer que existe « > 0 tal que V(x) nao contém qualquer elemento de C. Chama-se discreto todo conjunto cujos elementos so todos isolados. Diz-se que um mimero x 6 ponto de aderéucia de um conjunto C, ou ponto aderente & C, se qualquer vizinhanga de « contém algum elemento de C. Isso significa que x pode ser um elemento de C ou nao, mas se ndo for certamente serd ponto de acumulacdo de C. O conjunto dos pontas aderentes aC é chamado © fecho ou aderéncia de C, denotado com 0 simbolo ©. Como se vé, C é a unio de C com 0 conjunto C! de seus pontos de acumulacio, Diz-se que um conjunto € fechado quando ele coincide com sua aderéncia (C=C = CUC), ou seja, quando ele contém todos os seus pontos de acu- mulagdo: C’ CC. B esse 0 caso de um intervalo |e, 8), do tipo que jé vinha sendo charnado “fechado” © conjunto Capitulo 4 FUNCOES, LIMITE E CONTINUIDADE Preliminares ‘niciamos neste capitulo 0 estudo das fungies. Nosso objetivo é dar um trata- mento logicamente bem fundamentado das fungdes reais de uma variavel real. esse trabalho, ao contrério do que acontece nos cursos de Céleulo, ndo nos spoiaremos na intuigo geométrica, pois a Andlise Matematica fundamenta-se 105 mtimeros reais, néo na Geometria, Mas isso nfo quer dizer que as id geométricas sejam abandonadas; elas continuarao sendo, como no Céleulo, um guia importante da intuigao, um auxiliar indispensavel na busca dos caminhos ca construcéo légics, mas apenas como instrumento didatico. ‘Muitas das fungdes elementares so introduzidas no Caleulo com base na Geometria. B assim com as fungées trigonométricas, a comegar com 0 seno ecosseno, Emi contraste, aqui ne Anilise definiremos essas fungdes de mancira puramente analitica, como séries de poténcias (p. 221), sem apelo a nodes mométricas anteriores, O logaritmo seré introduzido em termos da integral (p. 173); ea fungio exponencial e*, como sua inversa; em terinos da exponenciel Cefiniremos a exponencial geral o®, com a > 0, mediante @ expresso elloaa}e, Esses procedimentos dispensam os processos puramente intuitives do Célwlo, taseados na Geomettia, Mas, embora um dos nossos objetivas seja o de mostrar como as fungies Gementares podem ser introduaidas e suas propriedades estudadas, sem apelo A imtuigdo geométrica, estaremos sempre nos valendo das fungées elementares ‘camo ilustragies da teoria, antes mesmo que elas sejam introduzidas na devida, ‘oportunidade em nosso estudo. Portanto, como recursos ilustrativas da teoria. pe estaremos desenvolvendo, vamos nos valer sempre das fungies elementares {jt aprendidas no Calculo, com todas as suas propriedades. Nogées sobre conjuntos Coletamos aqui as nogdes bisicas de conjuntos que serdo utilizadas em nosso estudo e que, varias delas, certamente, j4 so do conhecimento do leitor. Todos Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 73 0s conjuntos sob consideragio serio conjuntos de niimeros reais, isto é, subcon: juntos de R. As notagoes “r © A” e “A CB” significam, 2 primeira delas, que “r pertence a A” ou “x é elemento de A”; ¢ a segunda, que “A é um sub- conjunto de B” on “todo elemento de 4 esta em B°. "A = B” é 0 mesmo que ‘AC Be BCA simultaneamente. Dados dois conjuntos A e B, define-se @ nido AUB como 0 conjunto de todos os elementos que esto em pelo menos uum dos conjuntos A e B; a intersegdo ANB € definida coro © conjunto de todos os clementos que estio em A e em B simultaneamente. Pode acontecer que © B nao tenham elementos comuns, em cujo caso 4B nao teria significado. Excecies como essa séo evitadas cot & initoducio do conjunto vazio, indicado com 0 simbolo 4: ele é 0 conjunto que néo tem elemento algum, - Daremos @ seguir uma série de igualdades entre conjuntos, as quais sito demonstradas facilmente provando, em cada caso, que 0 primeizo membro esta contido no segundo e que o segundo esta contido no primeiro: AUB=BUA; AIB= BNA; AD(BUC)=(AUB)UC) AP(BNC)=(ANB)NC; AU{BAC) ={AUB)NALC). AD (BUC) =(A> B)L(ANC). © complementar de um conjunte A, indicado pelo simbolo A® , é definido como 0 conjunto dos elementos que ndo estéo em A, isto €, Ao=R-A R: 2g A} E claro que Ré = o e 6 = R. O complementar relativo de um conjunto A em relagdo 4 outro conjunto B ¢ definide por B-A={2eB: «¢ A) B facil ver que B- A= BM ASequeBCC+A-CCA-B ‘As chamadas leis de De Morgan, no caso de dois conjuntos A ¢ B, afirmam . (ALB) = Aon BE e (ANB) = AUB, ou seja, 0 complementar da uniiio € a yntersepdo dos complemtentares « 0 com- plementar da interseedo ¢ @ unido dos complementares. ; ‘As vezes temos de considerar um conjunto de conjuntes, isto é, um con- junto eujos elementos sto conjuntos, em cujo caso falamos de uma “classe” ou “familia” de canjuntos. As palavras “classe”, “familia” e “colegio” so usadas como sinénimas de “conjunto” , uso de cada uma sendo ditasto apenas pela con- veniéncia da situagéo. Muitas vezes uma familie de conjuntos é indexada por elementos de outro conjunto; por exemplo, (Aninens onde An = (1, 2,..., m) 78 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade 2) qualquer vizinhanga de a contém infinitos elementos de C: ») qualquer visinhanga ae a contém um elemento de C diferente de ] qualquer que seja 6 > 0, Via) contém algum elemento de C. 3. Prove que um ponto aderente a um conjunte C, que nio pertence aC, é ponto de acu rmulacao de C- Prove, igualmente, que um ponto adevente a uma seqiéncia (um), que nfo coineida com nenhur) elemento aq, & panto de acumulagio do eonjunta de valores da sequencia, fas, 44,-- Demanstre a seguinte versio do Teorema 4.1: dado um eonjunto qualquer C, todo panto de acumulacdo de C « ponte de acumulago de C. 8. Mostre que a unio dos intervalos Ay = (e/2, 25), com > percorrendo o intervalo (0. 1) & © intervato (Q, 2) © que a intersesio da familia Jn = (~1'n, 141m): m= 1, 2-60 Intervalo fechado [0,1 7. Demonstre @ parte b) do Teorema 42 8. Termine » demonstracio do Teorema 4.3, provande que se A é um conjunte aberto, entdo AP 6 fechado. 9, Demonstre que se A ¢ F sho conjuntos aberto e fechado,sespectivamente, emia A — F & berto © F — A é feehado. 10, Demonstre @ parte b) da Teorema 4.4 11, Construs uma familia de conjuntos fechados cus unio seja um conjunto aberto. 12, Demonstre o Teorema 4.4 com base nas leis de De Morgan nos Teoremas 4.2 € 4.3 18, Prove que se um conjunto A é denso na reta (A ~ R), entéo todo numero real ponto de ‘scumulacao de Fungées 4.5. Definigao. Uma fungdo “f: D+ ¥” é uma lei que associa elemen- tos de wm conjunto D, chamado o dominio da fungao, o elementos de um outro conjunto Y, chamado 0 contradominio da funcéo. Em geral, 0 contradominio ¢ um conjunto fixo, 0 mesmo para toda uma classe de fungdes sob consideragio, ndo acontecendo necessariamente que todo elemento de Y corresponda a algum elemento do dominio pela acdo da funcao ‘que esteja sendo considerada, 58 com o dominio a situagio é diferente, pois cada fungao tem seu dominio prdprio, e todos as elementos do dominio so objeto de aco da funcéo, Em nosso estudo estaremos interessados tao somente em fungbes cujos dominios sejam subconjuntos dos mimeros reais, prineipalmente intervalos dos -vérios tipos considerados logo no inicio do capitulo 1. © contradominio sera sempre 0 mesmo, conjunto dos miimeros reais Para indicar que uma fungao f associa o elemento y ao elemento z escreve-se y= f(z). Bsse simbolo é também usado para indicar a prépria funcao f. embora Cap. 4: Funcoes, Limite e Continuidade 73 com certa impropriedade, pois f(z) 0 valor da funcéo num valor particular de D. Portanto, quando a notagao y = f(x) 6 usedo para indicar a fungio, deve-se entender que x denota qualquer valor no dominio D, por ‘sso mesmo chama-se varidvel de dominio D, a chamada varidvel independente. y € a imsgem de x pela fungdo f, a chamada varidvel dependente. O conjunte de todos os valores da fungao, Ty = {y= fe): © DY, é chamado a imagem de D pela f, freqitentemente indicavio por f(D) De um modo geral, sendo A um subconjunto de D, define-se a imagem de A mediante a expresso F(A) = {f(@): © © A} (fl): rE AND} no caso de qualquer subconjunto de mimeros reais A. Um modo bastante usado para denotar uma fungao / consiste em escrever 8g: 2€ Dy = 5(2)", significando com isso que “y é a imagem de x pela f” Outro modo consiste em identificar a fungBo com seu grafico, que ¢ 0 conjunto f={(, f(@)): 2€ D} Para caracterizar uma fungdo nao basta prescrever « lei de correspondéncia fi € necessério também especificar seu dominio D. Fregiientemente as funcoes ‘so dadas por férmulas algébricas ou analiticas, como fe 2 y fay=zten fay= fe fey=X 3 Mas net sempre ¢ assim; teremos oportunidade de lidar com funcdes dadas por Jeis bem gerais. que nao se enquadram nessas catexorias, Muitas vezes o dominio de uma fungao nao é mencionado, ficando suben- tendido tretar-se do maior conjunto para o qual a expressio que define a fungio faz sentido, Assim, nos dois primeiros exemplos acima, o dominio é o eonjunto, de todos os niimeros reais, enquanto no tltimo € o semi-eixo x > 1 Uma fangio f com dominio D € dita limiteda a esquerda ou limitada inje- riormente se existe um niimero A tal que A < f(x) para todo x € D;e limitada 4 direita ow limitada superiormente se existe um mimero B tal que f(x) < B para todo x € D. Umea fungdo que ¢ limitada & direita e & esquerda 80 mesmo tempo é dita, simplesmente, limitada: 6 claro que isso equivale a dizer que existe um miimero M tal que |f(2)\ < Mf para todo = € D. 76 Capitulo 4: Fungées, Limite ¢ Continuidade Ediscreto, pois seus pontos sao todos isolados, ¢ seu tinico ponto de acumulagéo €o miimero 1, que nao pertence 20 conjunto, Naturalmente, se o incluirmos no conjunto A, obteremos a aderéncia de A, que € 0 conjunto 128 1 Baaut= {lb 5 po ae } Observe que esse conjunto B é fechado. E isso acontece sempre, ou sea, sempre que juntarmos a um conjunto Co conjunto C’ de seus pontos de acu- mulagdo, a aderéncia C = CU C' nao teré outros pontos de acumulagio além dos que ja estavam em ©’. B o que veremos a seguir. 4.1. Teorema. 4 aderéncia T de qualguer conjunto C é wm conjunto jechado. Demonstragéo. Seja x ura ponto aderente a C. Devemos provar que z é aderente 2 C. Qualquer vizinhanga V de z conterd algum ponto y de C (que pode ou nao ser o prdprio z). Mas V é também vizinhanga de y; logo, conterd slgum ponto = de C. Isso prova que « é aderente a Ce conelui a demonstracio. 4.2, Teorema. a) A intersecdo de wm niimero finito de conjuntos aber- fos & um conjunto aberto, isto €, $€ Ai, ..., An so conjuntos aberios, entio é também aberto 0 conjunto AiN.+.[An; 5) 0 unido de uma familia qualquer de conjuntos abertos é um conjunto aberto Demonstragao. Para provar a parte a), seja r € A= AiO... Ap. Entdo LEA), J =1,....M, € como A; 4 aberto, existe 6, > 0 tal que Vs,(2) C Ay Seja 6 = min(6,,...,5n}. B claro entao que Vs(x) C A, 0 que prove que A é aberto, A demonstragio da parte b) é mais fécil e fica a cargo do leitor. (Exerc. 7 adiante,) Observe que 0 item b) do teorema se refere @ ume familia qualquer, que pode ser infinita, até mesmo nio enumeravel. Por exemplo, para cade nimero eal x do intervalo (0, 1), considere o intervalo As = (x/2, 22), que é um con- junto aberto. # facil verificar que a unio de todos esses conjuntos Ay , com 7 percorrendo o intervalo (0, 1), € 0 intervalo (0, 2) FB interessante observar que a intersegio dessa mesma familia de conjuntos é 6 conjunto vazio, que é também aberto. Mas nfo é verdade, em geral, ‘que toda intersegdo de abertos é um aberto; por exemplo, é facil verifiear que a familia de abertos (—1/n, 1+ 1/n),n = 1,2,... tem por intersegio o intervalo [0, 1} Capitulo 4: Funcdes, Limite ¢ Continuidade 77 que é fechado, © nao aberto, 4.3, Teorema. Um conjunto F é fechado se, ¢ somente se, seu comple mentar A= F°= R—F é aberto, Demonstrasio. Supondo F fechado. para provar que A é aberto, devemos provar que qualquer x € A é ponto interior de A. Como 2 ¢ Fe F é fechado, x nio € pomo de acumulagio de F, logo existe 6 > 0 tal que Vs(z) VF =. Isso. significa que Vs(xv) C A, portanto é interior a A. Deixamos ao leitor a tarefa de demonstrar a reciproca: se A é aberto, F=A®= RA é fechado. (Exerc. 8 adiante.) 4.4. Teorema. a) A unido de um mimero finito de conjuntos fechados € um conjunto fechado, isto é, se Fi, ..., Fy so conjuntos fechados, entéo é também fechado 0 conjunto F = F,U...UFq; b) a intersecdo de uma famitia ‘qualquer de conjuntos fechados é um conjunte fechado. Demonstragdo. Para demonstrar 2 primeira parte, seja a um ponto de acummlagao de F; devemos provar que a € F. Raciocinando por absurdo. suponhamos que a ¢ F. Entao, a ¢ Fj, i= 1,....n. Bm conseqiiéncia, existe, para cada i, uma vizinhanca Vs,(a) tal que V5,(a) Fi = @. E claro, entio, que V = Vi,(a) 9... Vs,(a) & uma vizinhanga de @ sem pontos em comum com F. Isso contradiz 0 fato de a ser ponto de acumulagéo de F e completa a demonstragio. A segunda parte do teorema & de demonstracéc mais facil e fica a cargo do Ieitor. (Exerc. 10 adiante.) © teorema anterior pode tainbéan ser provado como conseqiiéncia dos dois precedentes, utilizando as leis de De Morgan. (Exerc. 12 adiante.) Diz-se que um conjunto A 6 denso em outro conjunto B se BC A, isto é, se todo ponto de B é aderente @ A. Dito de outra maneira, A ser denso em B significa que 0s pontos de B que ndo pertencem 0 A certamente siio pontos de acumnulacdo de A. Em particular, um conjunto A é denso na reta toda se A= Rj isso significa que todo mimero real € ponto de acumulacio de A. (Exerc. 13 adiante.) Exercicios 1. Prove todas as propriedades sobre conjuntos referidas nas paiginas 78-74, inclusive as Tabs de De Morgen, que bo de importéncia fundamental, 2, Prove a equivaléncia das seguintes proposigies referents a um conjunto C: 82 Capitulo 4: Fungdes, Limite ¢ Continuidade ‘LL Seja f uma fungéo com dominio D. Por supp f, sup f(z), ou simplesmente sup f, designa- suena conto (0) = {fe ¢ Bh algae pf 1), Sut, Sno fey ae a mie Dr poe sup(f +g) inf f + infg. De exes meant qe se ulin podn st ot 12. Seja f uma funsdo limitada num dominio D. A oseilagdo de f em D, denotada por w ou, mais precisamente, w(f, D), é definida por w = Mm, onde M = supf em = inf. Prove que w = supA onde A — (f(r) ~ fly): #€ D, ve D). Sugestdes solugdes Sla)+ fl-2) , fle) 2 5. fe) = 2 6. Com referéncia & incluso, sey € (ANB), y = f(z), com z € ANB, logo y€ f(A) NFB) Pode acontecer que um certo y esteja em f(A) 9 f(B) sem estar em f(A B). Para iso basta que p ja igual a f(a) ¢ igual a {10}, com ae Aeb€ B, sem que haja um ce ANB tal que y= f(c). Dé um exempla concrete desea situngio. 10. max{f, 9) FASE 6 expressio ‘anéloga para min{f, 9). ‘LL. Observe que (f + 9)(D) = (f(a) + 9{z): © =D} ¢ f(D) + 9(D) € aplique o resultado dos: Exercs. Ie 13 dae pp, 5.¢6. Ou, entio, observe que, qualquer que seja = € D, inf f +intg 0, existem ze y em D tais que f(z) > Mele fly) © 6; € sso prov quew < sup A Limite e continuidade Historicamente, o conceito de limite & posterior ao de derivada. Ele surge da necessidade de calcular limites de razdes incrementais, que definem derivadas, E esses limites sio sempre do tipo 0/0. Por aj ja se vé que os exemplos interessantes de limites devem envolver situacdes que s8 comecam a parecer num curso de Caleulo depois que o aluno adquire familiaridade com uina classe raaodvel de fungoes. Alkés, os primeiros limites interessantes a ocorrer nos cursos de Clculo silo os das fungies senz , Locos = = com x tendendo a zero. Isso acontece no célculo da derivada da'fungdo y = sen ¢. Mais tarde, no estudo das integrais impréprias, surge a necessidade de considerar limites de fungées como * sont [oS (42) (41) Cap. 4: Funcdes, Limite e Continuidade 83 com x tendendo a 1 Observe que, em todos esses casos ¢ outros parecidos, a varidvel x deve aproximar um certo valor, sem nunca coincidir com esse valor, € que o valor do qual 2 se aproxima deve ser ponto de acumulagéo do dominio da fungao. Bssas observagdes ajudam a bem compreender a definicao que damos a seguir. 4.6. Definigées. Dada ume fungio f com dominio D, seja a um ponto de acumularao de D (que pode ou nao pertencer a D). Dis-se que um nimero L €0 limite de f(z) com tendendo aa se, dado qualquer e > 0, existe § > 0 tal ame TED, 0<|e~e]< 55 [f(2)—LL-e< f(a) 0,0 mesmo da fungio A(z) = vz. Sejam f e g dues fungées, com dominios Dy € Dy, respectivamente. Supon- hhamos que g(Dq) © Dy: assim, qualquer que seja 2 € Dy, oz) € Dy e podemos considerar f(g(2)). A fungio h : 2 + f(g[x)), com dominio Dy. & chamada 2 composta das fungoes f ¢ g, ireqiientemente indicada com 0 simbolo “fo Por exemplo, h(a) = Vz—T € fungdo composta das fungdes f(r) = yz e ale) = z7— 1, Como 0 dominio de f o semi-eixo 2 > 0, 0 dominio de h é 0 eonjunto dos mimeros x tais que 2| > 1. Diz-se que uma fungdo f com dominio D & injetiva ou invertivel se 242s fe) 4s) sso € 0 mesmo que afirmar: f(x) = f(x!) + 2 = 2's ¢ significa que cada eemento y da imagem de f provém de um tinico elemento 2 no dominio de fy = f(c). Iss0 nos permite defiair a chamada funcdo inverse da fungio f freqiientemente indicada com o simbolo f~ , que leva y € f(D) no elemento © D tal que f(z) = y. E claro, entao, que f(f(z)) > # para toda x De SUF Uy)) = v para todo y € f(D) Diz-se que ume fungéo f definida num intervalo 6 crescente se 2 < 2! > Fle) < f(a"); decrescente se x < x’ = f(x) > f(2"); ndo decrescente se 2 < 2° = f(z) < f{z!) © nao crescente se x < 2! = f(z) 2 f(e!), Em todos esses casos f € chamade funcéo mondtona, Diz-se que f € uma fungdo par se seu dominio D ¢ simétrico em relagao 4 origem (isto 6 2 € D @ -2 € D) © f(z) = f(z): J € fungdo impar se 0 dominio € do mesmo tipo e f(-2) = — F(z). Chama-se sobrejetiva toda funcéo f com dominio D tal que f(D) coincide com seu contradominio Y. Uma furigéo que ¢ ao mesmo tempo injetiva e so- brejetiva tem inversa definida em todo 0 conjunto Y.. Bla estabelece assim uma correspondéncia entre os elementos € D ¢ os elementos v = f(x) € ¥, que é cianada correspondéncia biunivoca, justamente por ser univoca nos dois senti- os: cada elemento em D tem um e um sé correspondente em ¥ pela J; « cada cemento de ¥ tem um e um s6 correspondente em D pela inversa f—!. Uma fungdo nessas condigdes € chamada uma birevdo ou fungdo bijetiva. E claro que toda funcao injetiva ¢ uma hijeydo de D sobre (Di Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 81 Dada uma fungio f: D — ¥ e 8 um subconjunto de ¥, define-se f 1(B) (mesmo que f nao seja invertivel) mediante PMB) ={zeD: f(x) eB} B facil ver, segundo essa definicéo, que f-(Y) = De f-(B) = 9 se Br f(D) Bxercicios 1. Consider a seguint fungi, conhecida como fungi de Dirichlet f(z) =} ge x & rcional © f(a) =0 se 2 ¢ irracional. Descreva a funcso g(2) = f(v2) 2.Se J ¢ a funsio de Dirichlet, descreva conjunto {z+ flz) a é que, para toda seqiéncia tm € D~(a} tal que t, +a, se tenha f(t) — L. Fin particular, f é continua mum ponto a se, © somente se, para toda seqiiéncia t, € D—{a),tq — @, s€ tenha f(tn) > Fla) Comentério. O teorema afirma a equivaléncia de duas proposigies A e B, ue sao: Proposigdo A: dado qualquer ¢ > 0, existe 6 > 0 tal que x € Vj(a) OD = Slee) € Ve(E). Proposi¢ao B: tq € D— {a}, m%-+a= f(tn) — L. Demonstragéo. Vamos provar primeiro a parte mais facil: a condigéo necessaria, ou seja, A + B. Supomos, entio, que f(x) + L com x + a. Seja am € D~ {a}, 3_ —+ a; devemos provar que f(izq) — L. Ora, dado qualquer € > 0, existe 6 > 0 tal que z € Via) D = f(z) € V_(L). Com esse 6 > 0 determinamos N tal que n > N = xq € V(a)i logo, n > N= frm) € Ve(L), ¢ isso prova B. Provaremos em seguida que a condicdo ¢ suficiente, ou seja, que B => A Raciocinaremos por absurdo, provando que a negacéo de A acarreta a negacao de B. Vamos escrever essas negagdes em detalhe, j4 que clas so freqiientemente uum tropego para o aluno menos experiente. Negacéo de A: existe um ¢ > 0 tal que, qualquer que seja 6 > 0, sempre existe 2 € Vj(a) 0 D com f(z) ¢ Ve(L). Negagao de B: existe uma seqiiéncia tn € D- {a}, tm —a, tal que flan) nao converge para L. Como estamos negando A, sxiste um ¢ > 0 com 0 qual podemos tomar qualquer 6; tomemos entia toda uma seqiiéncia 6, = 1/n. Em correspon déncia a cada um desses én, escolhemos ¢ fixamos um ty € V{j_(a) %D com f(n) € V-(L). Besse, maneira produzimos a negagao de B, como desejvamos, pois exibimos uma seqiiéncia ty € D,tq # @, Zn — 0, tal que f(z) ndo converge para Z. Isso completa a demonstragao do teorema. Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade 87 Como dissemos, esse teorema permite deduzir 0 Teorema 4.11 do Teo- rema 28 (p. 22). Por exemplo, supondo que f(x) e g(z) tenham limites F © G, respectivamente, com — a, vamos provar que o limite do produto é 0 produto dos limites. Seja tn € D— {a} uma seqiiéncia convergindo para a. Entéo, pela hipétese do Teorema 4.11 f(t») —+ F € g(tn) > G; ¢, pelo Teo- rema 28, {(¢n)9(tm) + FG, donde o Teorema 4.12 nos leva a concluir que S(x)g(2) > FG, que € 0 item c) do Teorema 4.11 4.18. Corolirio. Uma condigéo necesséria ¢ suficiente para que uma fungéo f com dominio D tenha limite com x + a € que f(x) tenha limite, qualguer que seja a segiiéncia zy € D ~ {a},2n +a. Demonstragéo. Tendo em conta 0 Teorema 4.12, a tinica coisa que deve mos provar é que o limite de f(z) ¢ 0 mesmo, qualquer que seja seatiéncia tm € D~{a},x_ — @. Em outras palavras, basta provar que se tivermos duas seqiiéncias, tn € D — {a},an ae ta € D~ {a}, Ye — a, entao f(atm) € £(%n) tém 0 mesmo limite. Sejam L’ e 1" esses limites, respectivamente, Devemos mostrar que L’ = L", Formemos a seqiiéncia (2,), onde 224 = 2k © 294—1 = Ye B claro que 2 — a (Exerc. 2 dap. 32), logo, f(a) converge para um certo nuimero L. Mas f(x) € f (yn) s80 subseqiiéncias de f(z_), logo convergem para © mesmo limite L, donde Z’ = L" = L, como queriamos demonstrar. 4.14. Teorema. Se f ¢ 9 sao funcdes continuas em 2 = a, entao sdo também continuas em x =a as funcées f +9,f9 kf, onde k é uma constante qualquer; ¢ € também continua em x =a a funcao f/9, desde que g(a) 4 0. Esse teorema é conseqiitncia imediata do Teorema 4.11 4.15. Teorema (critério de convergéneia de Cauchy). Uma condigao necessdiria ¢ sufictente para que uma fungao f(x) com domirio D tenha limite com xa £ que, dado qualguer ¢ > 0, exista é > 0 tal que ye Vela) OD = |F(e)~ Fy) <=. (46) Demonstracdo. Para provar que a condigdo € suficiente, seja zy < D — {a} uma seaiiéncia qualquer, convergindo para a, Entio, em virtude de (4.6), dado ‘qualquer ¢ > 0, existe N tal que nym > N= |f(tn) — flem)) << Pelo critério de convergéncia de Cauchy para seqiiéncias (Teorema 2.26, p. 39) segue-se que (zn) converge; © pelo Coroléio 4.1% concluimos que f(2) tem SM Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade seja dito explicitamente. F entendemos também que a seja ponto de acumulagio do dominio D da funcio J, a0 investigarmos se f é continua nesse ponto. Um procedimento mais geral consiste em adotar a seguinte definicao: f é continua no pontoa se, dado qualquer > 0, eriste 6 > 0 tal quex € Vs(aJND > F(2) ~ f(e)| < ©. Mas assim a fungo sera continua em todo ponto isolado de seu dominio, pois, neste caso, basta tomar 6 suficientemente pequeno para que Ysa) > D 86 contenha o ponto a e, consegiientemente, para que a condigéo de continuidade esteja satisfeita. Para evitar essa situagao, que nao tem utilidade em nosso estudo, a sera sempre ponto de acumulagao de D, ao considerarmos ‘mite ou investigarmos a continuidade de f nesse ponto, Propriedades do Ii © Paya os limites de fungdes valem propriedades andiogas as de limites de segiténcias, com demonstragées também anéloges. 4.7. Teorema. Se uma juncio f tem limite com 2 + a, entdo |f(e) tem limite € litnsa [f(2)] = |limsg f(x) . Em particular, se f @ continua em x = 6, entao |f(2)| também € continua nesse ponto, isto é limzo, (2), = [f(@) Para a demonstragdo observe que, sendo Lo limite, ' \f(x)|- |< f(z) = L]. Como no Exerc. 9 da p. 25, a reciptoca 36 ¢ verdadeira, em geral, quando £ = 0. 4.8. Teorema. Se uma funedo f com dominio D tem limite L com x — a, se A 0 tal quer E Vila) D> Ax f(z) 0 tal que f(z) ¢ lemitada em Vila) D A demonstraéo imediata, considerando, por exemplo, A = L- 1 e B = L +1 no teorema anterior. 4.10. Corolirio (permanéneia do sinal). Se ume funcae f com dominio D tem limite L 2 0 com 2 — a. entao existe § > 0 tal gue, em Vie) D, f(z) > Lise b> Oe f(t) 0 faga A = L/2 no teorema; ¢ se L < 0 faga B = L/2. Esse resultado 6 comhecido como 0 teorema da permanéncia do ‘inal, justamente porque, numa vizinhanga do ponto a, a fungio permanece com fo mesmo sinal de L. Porém, mais do que permanéncia do sinal, ¢ importante cobservar que a fungao permancee afastada de zero, ou seja, [f(x)] > |Z|/2 em Vila) M.D. Observe a utilizagéo deste resultado na demoustragi do item d) do ceorema seguinte. 4.11. Teorema. Se duas fungées f € g com o mesmo dominio D tém limites com x a, entéo (Nos limites indicados a seguir, é claro, 1 + a.) 4a) f(x) ~ ofc) tem limite e lim [f (x) + g(@)] = lim f(c) ~ lim g(a) ) sendo k constante, kf(z) tem limite e lim[kf(z)} = K-lim f(x), ¢) fla)alz) tem limite ¢ lim [f(x)g(2)] = lim f(z). lim g(2)s d se, além das hipsteses feitas, lim g(x) #0, entéo f(z)/g(x) tem kmite lim f(z) lim gt) Demonstragdo. Vamos demonstrar apenas o item 4), deixando os demais a cago do leitor, jé que as demonstragSes de todos eles sio inteiramente andlogas as do Teorema 2.8 da p. 22. Sendo L #0 0 limite de g, vamos provar que 1/g(z) — 1/L com = ~ a © procedimento é o mesmo da demonstragao dada na p. 22 para o item d) do ‘Toorema 2.8 Dado qualquer ¢ > 0, sabemos que existe é > 0 tal que tim ate el? - 44) Les (44) Se necessério, diminuimos o § de maneira a termos também, de acordo com 0 Corolétio 4.10, Ee Yla\eD = io 2 Vila) D = ig(z)' > IL|/2. (45) Entéio, com 2 € Va) > D, teremos 2 UW _ dole) ett ek? 2 ae Ti" Wg@y * Flay 2 ¢ isso completa a demonstragao. Se g(z) tende a zero f(x) tem limite diferente de zero, entao o quociente flx)/glx) pode tender a 20 (limites infinitos serdo tratados mais adiante), tudo dependendo do comportamento particular de fe g. Quando f(x) ¢ g(x) tendem ambas a zero, o quociente f(z)/g(2) pode ter limites os mais variados, dependendo novamente do comportamento particular de f ¢ g. Trata-se aqui 90 Cap. 4: Fungées, Limite ¢ Continuidede 13, Prove que se fiz) ¢ continua em x = a € f(2) > 0, entdo g(x) = V/FB) € continua em 14, Demonstze o Teorema 4.11 (p. 85) diretamente, de manera andloga so procedimento usado para demonstzar @ Teorems 28, p. 22 15. Demonstre © Teovema 4.11 reduaindo-o 20 Teorema 2.8 com auxitia do Teorema 4.12 16. Se fg sto funges continues num conjunto D, prove que so também cortinuse ern J) as fungies maxi, 9) min( J, 9) 17. Seam 9 fongbee cominuas no meno d (ED: fle) < o(2)) € abort, 18. Sejam J € 9 fungSescoutinuas no mesmno dominio fechado D. Prove que o conjuntos = (2€D: fla) < a}} ¢fechado 18, Nas mesmas hipéteses do exercicio anterior, prove que o emjunio = {2 € Ds f(a) = o{a)}€ fecha nio aberto D. Prove que 0 coujunto A = Sugesties e solugdes 2 Como contra-exemplo considere a fungio f(r) = sen (1/2), que no tem limite com = +o (Essa fungSo est detalhadamente descrita no Exemplo 2 a Seq. 4.4 de [Al!.) Tome, por exemplo, D’ = {I/nmn=1, 2, 3} 6, Suponhamos f restrita ao conjunte Q dos racionais¢ a um mimeo real qualquer. Observe que, numa dada vizinhanga V de 2, sé existe um nilmera finito de mimeras racionais da forma p/2. um mimero fasta da forma p'3, um mimera finite da forma p)4; ¢ assim por iante. Dade qualquer « > D,seja qo > 0 um ntimero inteira tal que 1/ar < e. Como sto finitos os mimeros da forma pig, com 9 < 4p . que jazem na vizinhanca V, seja D2 a aguele dentre eles que esta mais proxiine de a. Tomandn § < ya ~ pq’! €, se necessério, menor ainda para que Vj(e) C V. certamente as mimeros racionais p/q em V;(a) sexo tais que I/g.ce. 10. Sendo 2 #0, If(2) ~ fla) Com j2| > ja/2, ste) = Hla) < (2/eP)hz— a Dado qualquer ¢ > 0, basta tomar é igual ao menor dos mimeros 2/2 €\a\/2 (esse altima condigao & necesséria para garantir|z\ > /a|/2) para termos 2—a| < 8 = /f{z)~f{(e)| <= 11. f(a) = x 6 continua, pois, dado qualquer ¢ > 0. basta tomar § = ¢ para que |2 ~ al < 4 = If(2)- fla)l < & Repetidas aplicanées do Teorema 4.1 permitem verficar que sso cantinuas as anges 24 " 23,...,2", a2”, enfim, um polinomi, que é a soma de monomios, «etambém quociente de polinomios em todo ponto que no sja raiz do denominado: 12 Sea dado qualquer ¢> 0, tome 6 =e? para que O<2cbe vice Se @ > 0, obeerve que eave a Dado qualquer ¢ > 0, omamos = evi para termos 2> 0, 2€ Vala) = WWE val < 13, Aplique o Teorema 416 Iv - vat Capitulo 4: Fungies, Limite e Continuidade 91 17. Observe que fe: (f—si(2) <0} Limites laterais e fungdes monstonas ‘As Definigdes 4.6 (p. 83), de limite e continuidade, sio gerais e abrangem também 03 casos chamados limites @ diretia e & esquerda, bem como con- tinuidade & direita e continuidade & esquerda. Hssas nogdes surgem quando lidamos com uma fungZo f cujo dominio s6 tenha pontos & direita ou & es querda, respectivamente, do ponto x = a, onde desejamos considerar o limite. Por exemplo, a fungSo y = Vz tem dominio x > 0; podemes considerar seu limite com 2 — 0 segundo a definig&o data, porém isso resultaré numa aproxi- magao de x ~ 0 somente por valores positivos. Dai escrevermos, para enfatizar esse fato, “r+ 0+". Igualmente, o limite de Vz com 2 — 0, seré um limite com “x 0" De um modo geral, sendo f uma fungae cujo dominio D sé contenha pontos A diteita de um ponto « = a, que seja ponto de acumulagio de D, entdo 6 limite de f(x) com x — a, se existir, ser um limite & direita, Ao contrério, se D s6 contiver pontos & esquerda de x = a, o limite de f(x) com 2 — a, se existir, seri ur limite é esquerda. Esses limites sao indicados com os simbotos slim, f(2) ou flat) © tim fla) on fle) respectivamente. Diz-se que f # continua d direita (resp, & esquerda) em x =a se f estd definida nesse ponto, onde seu limite & direita (resp. © a esquerda”) & F(a). ‘Se o dorninio de f contiver pontos a diveita & esquerda de x restringir esse dominio aos pontes z > @ ou © < a para considerarmos seus limites * & direita” ¢ * a esquerda” respectivamente, Evidentemente, para que isso seja possivel € preciso que 2 = a seja ponto de acumulagao dos domfnios restritos. Diremos que z = a ¢ ponto de acumulagdo a direita do dominio D se ele € ponto de acumulagio do dominio restrito a valores x > a: e ponto de acumulagéo 4 esquerda se € ponto de acumulagéo do dominio restrito a valores 2 0ea—1 se 2 <0 tem limites Iterais em 2 = 0 , devernos aim Ga AOL elim £(0-) = 1 Bla seré continue d direita em x = 0 se definirmos f(0) = 1; ¢ sera continua & esquerda nesse mesmo ponto se pusermos f(0) = =1 0 teorema que consideramos a seguir é um resultado fundamental nz teoria das fungdes monétonas, 6 anélogo do Teorema 2.12 (p. 26} para seqiiéncias 88 Capitulo 4: Fungées, Limite « Continuidade mite. como querfamos provar. Deixamos ao leitor a tarefa de provar que a condigdo é necesséria, que é a parte mais f 4.16. Teorema (continuidade da fungio composta). Sejam f eg Jfungdes com dominios Dy ¢ Dy respectivamente, com o(Dy) C Dy. Seg é continua em xo € f € continua em yo = g(x), entdo h(x) = f(g(x)) € continua em 2. Demonstragao. Pela continuidade da fungo f, dado qualquer ¢ > 0, existe # > O tal que v€ Very) 0 Dy = |F(u) — Fluo) <= Analogamente, pela continuidade da fungdo 9, existe J > 0 em correspondéncia, 6’ tal que © € Vo(arg) 7 Dy = Ig(x) ~ glo)! < 8 E claro entao que FE V(E)OD, = [F(9(2)) ~ Flol20)) c} e Ba{reD: f(x) c. Pelo Corolério 4.10 (p. 84) existe um 6 > 0 tal que x € Vs(a)N.D = f(z) > c, isto é W(a) 1D c A. Como esse conjunto Vs(a) 1D € aberto, por ser a intersegao de dois conjuntos abertos, fica assim provado que a é ponto interior de A, provando que A € aberto, j& que a ¢ arbitrario. A demonstragao de que B é aberto pode ser feita de maneira anéloga; ou entio, basta observar que B= {x ; — f(z) > —c} um eonjunto do tipo A para a fungio —f, que também é continva 4.18, Teorema, Se f é uma fungdo continua com dominio fechado D ec £m mimere real qualquer, entéo também séo fechados os conjuntos Po{reD: f(x) >ch. G={eeD: f(a) 0. Prove que, qualquer gue sea, lits—e (2 por valores racionais ¢ também, separadamente, por valores irracionals. Conelia, entio, ‘que / € contfaua em todo panto irracional descontfnua nos racionais. Sejam J ¢ 9 fancSes com o mesmo dominio D, ambs possuindo limites Le £’. respecti- vamente, com x. Prove que se f(z) < g(x) para todo z € D, entéo L <1’. Dé um ‘exemplo concroto mastrando que a igualdade L = L’ pode acorrer mesmo que se tenhs fia) < ale) Sejam f e g fungdes com o mesmo dominio D, ambas possnindo limites L e L', respective mente, com x — a. Prove quese £< L’,entio existe 6> 0 tal quer € Vi(a)D = f(z) < a{z). Em particular, se fe 9 sie continuas, fza) = L g(20) = L',entso f(z) < g(a) em Vela) D, (Critério de confronto ou da fungio interealada). Sejat f, gh tres fungies com ‘0 mesmo dominio D, sendo flz) < g(x) < hlz). Prow gue se f(z) @ A(z) tem o mesmo limite L com x — a, entie gz) também tems limite L com x — a. 1, Prove, diretamente da definigio de liste, que a fungiw fz) < Iya ¢ continua em todo © seu dominio 2 #9. 11. Prove que um polinémio é uma fungio continua em todo pento + = 2, © mesmo sendo verdade de quotiente de dots polinimivs, nos pontos que nbn anulam o denominador. 12, Prove que a funcio v3 € continua para todo x > 0. 94 Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade de sua varidve] independente. Isso pode ser ilustrado em exemplos simples como estes: lim, = = Ox: lim (2-2)? =0F; lim ee ee Deum modo geral, f(z) —+ a+ com x — a significa: dado qualguer © > 0, existe 6 > 0 tai que, sendo D o dominio de J, FEVi(@) ID SLX flz}< hte Para @ definigdo de f(x) — L— basta trocar as dltimas desigualdades por boe< f(z) Sb 4.23. Teorema. Seja f uma fungéo com dominio D, f(z) # 0. Se G(2) = OF com x + a, entio 1/f(x) + +00 com x + a; € se f(z) + O- com 2 — a, entéo 1) f(z) ~ -o0 com x — a, Demonstracio. Pela hipétese, dado qualquer # > 0, existe ¢ > 0 tal que 2 € Vila) VD = 0< f(z) < 1/k, portanto 1/ f(z) > k. Isso prova a primeira parte, A segunda parte é andloge e fica a cargo do leitor. 4.24, Teorema. Suponhamos que f(z) ~ A e g(x) ~ B com x tendendo @ infinsto. Entéo, com z + +00, a) f(x) +9(2) + A+B; 6) sendo k constante, kef(w) = kA; 6) f(x)g(a) > ABs d) F(@)/ala) + A/B, desde que B #0. Este teorema 6 andlogo ac Teorema 4.11 (p. 85); a demonstragio também 6 andloga e fica a cargo do leitor 4.25. Teorema. a) Se fx) — +o com x = @ ¢ s¢ az) > k, entio Slz)+ gl2) + +00 com x —+ a. Além disso, se k > 0, f(r)glz) + 00 com A demonstragio fica a cargo do leitor. Os teoremas acitna sdo ilustragées de varios resultados envolvendo limites no infinito ou limites infinitos. leitor nao teré dificuldade em verificar @ vali- dade de resultados anslogos, seje com a varidvel independente ou com os valores das fungées tendendo a —oo. Convém observar que muitos resultados vilidos para limites finitos nao sito validos no caso de limites infinitos. Por exemplo, se duas fungées tendem a --oc, sua diferenca pode ter limite +00, —o0 ou qualquer valor finito. Esse é um dos casos de forma indeterminada, do tipo 20 ~ co, estudada nos cursos de Caleuio. Capitulo 4: Fungées, Limite e Continuidade 95 Outros tipos de formas indeterminadas so o0/o0, 0°, 1% e oo", Nao vamos nos deter na consideragio dessas formas, por serem elas bastante estudadas nos cursos de Céleulo, (Veja [A1,, Secs. 4.7 € 5.4.) As descontinuidades de uma fungao Do mesmo modo que s6 consideramos contimuidade de uma fungao em pontos de acumulagaa de seu dominio (p. 83), a nogao de descontinuidade seré igualmente considerada nesses pontos. Sendo a um ponto de acumulagao do dominio D de uma fungéo f, dizemos que f é descontinus em 2 = ase, ou f nao tem limite com x a, ou esse limite existe © € diferente de f(a), ou f néo esté definida em x =a. Analogamente Gefinimos descontinuidade d direita e descontinuidade & esquerda. De acordo com essa definicao, estamos admitindo que umn ponto possa ser descontinuidade de uins funcao, mesmo que ele nfo pertenga a0 dominio de f. A rigor, no deveria ser assim, s6 deveriamos admitir descontinuidades em pontos pertencentes ao dominio da fungéo. Mas 6 natural considerar 0 que se passa nas, proximidades de pontos de acumulagdo do dominio de uma funcéo, mesmo que tais pontos nao pertencam ao dominio. Assim, as funges a see © sen=, (47) ‘Go todas continuas em seus dominios (iguais a R ~ {0}); e, embora z= 0 no pertenga a esse dominio, € natural considerar 0 que acontece com essas funcdes quando x tende a zero De acordo com nossa definigio, a primeira das fungdes em (4.7) seria clas- sificada como descontinua em x = 0 simplesmente por néo estar ai definida, pois tem limite 1 quando x — 0, Atribuindo-the o valor em x = 0, ela ficard definida e seré continua em toda a reta, por isso mesmo dizemos que esse tipo de descontinuidade & removivel. A segunda tom limites laterais diferentes com 2 +0; ela seré continua & direita se pusermos f(0) = 1 € contivua & esquerda se definirmos f(0) = —1. A terceira fungao tende a too com x — 0 pela direita ou pela esquerda, respectivamente. Finalmente, 2 quarta funcio no ter limite com 1 —+ 0. Nao hi, pois, como remover a descontinuidade, mesmo lateral- mente, no caso das duas tltimas fungées. ‘As descontinuidades de uma fungéo costumam ser classificadas em trés tipos: removivel, de primeira espécie ¢ de segunda espécie. A descontinuidade removivel € aquela que pode ser eliminada por uma conveniente definigdo de faneao no ponto considerado, como no primeiro exemplo de (4.7). Como se vé , ela nem é bem uma descontinuidade, pois a fungio tem limite no ponto conside- rado, apenas nao esté adequadamente definida nesse ponto. A descontimuidade 92. Cap. 4: Puncies, Limite e Continuidade mondtonas. Foi para. demonstrar esse teorema que Dedekind sentiu necessidade de uma fundamentagéo adequada dos miimeros reais. 4.19. Teorema. Seja f uma junoéo mondtona ¢ limitada, definida num in'ervalo 1, do qual x = 0 ¢ ponto de acumulagéo a direite ow é esquerda. Bntio Fc) tem Smite com s+ 0+ our + a~, respectivamente Demonstracéo. Suponhamos, para fixar as idéias, que / seja fungao nao decrescente € x = a Seja ponto de acumulagéo a esquerda. Nesse caso, basta supor que f seja limitada & direita, Seja L 0 supremo dos valores de f(z), para todo € I, x < a. Provaremos que f(a-) = L. De fato, dado qualquer ¢ > 0, exste 6 > 0 tal que L—e < f(a—6) < L. Mas f é nao decrescente, de sorte que f(a 6) < f(z) para a8 < ez € I; logo, r€la-b 0. Uma semi-reta do tipo x > k é, por assim dizer, uma “vizinhanca de or", Analogamente, x < k. qualquer que seja k, em particular k < 0, € uma ~visinhanca de ~ac” As definigées seguintes sfo bastante naturais © dispensam miaiores co- mertérios, 4.21. Definigdes. Seja f uma fungdo com doménio D e seja a um ponto de scumulagao de D. Dis-se que f(x) tende a+oo com x ~ a se, dado qualquer miinero k > 0, existe 6 > 0 tal quez € Vila)ND = f(z) > k, De mado anaiogo, dizse que f(x) tende a~oc com x +a se, dado guaiguer k > 0, existe 6 > 0 Cap. 4: Pangses, Limite e Continuidade 93 tal gue 2 € Vfla) 9D = J(z) < —k, Indicam-se esses limites, respectivamente, com 08 simtolos Jim f(r) = +90 e Jim f(e) = -00 Suporhamos agore que D seja ilimitado superiormente. Diz-se que f(z) tem limite L com x —» +00 se, dado quaiguer € > 0, existe um ntimero k > 0 tal ques €D, 2 > k= (f(z)-L' < e. Analogamente, sendo D ilimitado inferiormente, dis-se que f(z) tem limite L com x + ow se, dado qualquer > 0, existe um niimero k > 0 tal quer €D, 2<-k=> f(z)—Li 0, existe k > 0 tal que A < f(k) < A+e. Como f ¢ nao crescente, s > & + f(t) = f(k), logo 2 > k= AS f(z) < A +e; isso canefui a demonstragio no caso considerado Deixamos ao Jeitor a tarefa de terminar a demonstragao nos demais casos. Para 0 préximo teorema notemos que aproximagies laterais, consideradas na segio anterior, ocorrem também com og valores de uma fungao, nao apenas 98 Cap. 4: Fungées, Limite e Continuidade ‘a a8 se Fig. 4 Como se v8, estamos somando sahre todas os indices n para os quais r» é menor do que x, Como a série S)1/n? € convergente, é claro que a soma em (4.9) € convergente, E claro também que a fungao aqui definida é erescente, pois a rey fo)-fe)= > orney 0. Deixamos para os exercicios a tarefa de verificar que Joe) = lim f(e)=0, F400) = tim ga) = 33. (40) bem como a de provar que a fungéo aqui definida ¢ continua em todo 2 # ras é continua pela esquerda e descontinua pela direita em todo + = rm, onde seu salto é 1/n® O leitor deve deter-se num exame atento dessa funcio, textar ¢ verificar a impossibidade de construir seu gréfico, para ber entender que esta diante de um exemplo de funcao que ¢ interessante e bastante geral. Finalmente, cabe observar que esse ¢ um exemplo extremo de funcao monétona descontinua, pois as descontinuidades da fungéo ja formam um conjunto enumerdvel e denso na Feta, no sendo possivel, pelo teorema anterior, amplié-lo ainda mais. © conjunto ¢ a fungao de Cantor Descreveremos agora um outro exemplo interessante de fungio nao decrescente, desta vez definida no intervalo (0, 1]. Para isso devemos primeiro introduair 0 chamado conjunto de Cantor, um conjunto que é muito usado para construir ‘exemplos ilustrativos de varias situagies que ocorrem em Anélise Capitulo 4: FungSes, Limite e Continuidade 99 Fig. 4.2 © conjunto de Cantor € construido assim: dividimos o intervalo [0, 1} em trés partes iguais e removeros o intervalo aberto do meio, J, = (1/3, 2/3). Isso nos deixa com dois intervalos fechados, Ii: e ig; em cada um deles repetimos ‘@ mesina operagio, removendo 0s intervalos (abertos) do meio, Jo) € Jaa. Iss0 nos deixa com quatro intervalos fechados. Io1, [22, fas ¢ Izy (Fig, 4.2). Assim prosseguimos indefinidamente. O conjunto C de Cantor é 0 conjunto dos pontos no removidos. E claro entao que C é 0 conjunto que obtemos ao removermos do intervalo [0, 1] conjunto J, unio dos intervalos Jry P= ee $= 1.2 ra 12.) Come J & aberto, segue-se que C é fechado, A primeira vista pode parecer que as pontos de C sejam apenas os extremos dos intervalos Ir. Se fosse assim, C’ seria enumerdvel. Na verdade, como vero- mos, C' no é enumerdvel, portanto possui muito mais pontos. Mostraremos primeito que todos os pontos de C’ sao de acumulagio. Para isso comegamos observando que C'€ a intersego dos conjuntos fechados CG Tn Us. Uleor, que sio também encaixados, isto é, Ci > Cz > Cy... Entlo, qualquer ponto a deC pertence & uma infinidade de intervalos J,,; e cada um destes intervalos tem comprimento 1/3", que tende a zero com r — oo, Em consegiiéncia, qualquer vizinhanga de @ contém uma infinidade de extremos de intervalos J, a partir de uum certo valor de r. Isso prova que a € ponto de acumulagéo do conjunto das extremiades do intervals J fortion, ¢ ponte de aeumnlasso do conjunto Provemos, finaimente, que C nao ¢ enumeravel. Se fosse, seus pontos seriam os elementos de uma seqiiéncia (cn). Seja 1, um intervalo fechado, de compri- mento menor do que 1, contendo uma infinidade de pontos de’, mas nio ¢, ; seja 9 Cap. 4: Funcées, Limite e Continuidade é de primeira espécie ou do tipo salto quando a hing possui, no ponte con- siderado, limites a direita e & esquerda, mas esses limites sio distintos. E esse o caso da segunda fungéo em (4.7). Finalmente, @ descontinuidade ¢ de segunda espécie quando a funcio tende a 00 no ponto considerado (terceito exemplo em (4.7), ou no tem limite nesse ponto (quarto exemplo em (4.7)). © teorema seguinte é um resultado interessante sobre as fungées mondtonas limitadas. 4.26. Teorema. Os pontos de descontinuidade de uma fungiéo monétona Ff num intervalo I (limitado ow ndo) s6 podem ser do tipo salto; formam um Conjunto no mézimo enumerdvel. Demonstracdo. Que as descontinuidades s6 podem ser do tipo salto é ime- diato, pois a funcao possui limites laterais em cada ponto, ‘Vamos provar que 0 conjunte de pontos de descontinuidade é no méximo enamerdvel. Suponhamos, para fixar as idéias, que a fungao seja nao decrescente. Sea 0 s6 pode fhaver um mimero finito de pontos de descontinuidade onde [f(z1)] > 1/m, isto 6, 0 conjunto m= (2: [F(2)) > 1m) € finito. Ora, qualquer ponto de descontinuidade da fungdo esté num desses conjuntos Dm. cuja unio é © conjunte D de todos os pontos de descontinuidade Cap. 4: Fungées, Limite ¢ Continuidade 97 Portanto, esse conjunto D é no méximo enumeravel, pelo mesmo argumento i= sado na p. 10 para provar a enumerabilidade do conjunto dos niimeros racionais. Isso completa a demonstraco. caso de uma fungi nao crescente é andlogo ¢ fica por conta do leitor. Nos dois exemplos seguintes exibimos funses néo decrescentes, com infinitos pontos de descontinuidade. 4.27. Exemplo. Consideremos a seqiléncia ry, = —1/n e seja f a funcio 1 i@)= D> todos os indices n tais query < 2. onde a somatéria, como se indica, estende- Assim, f(a) =0 para 2 < f(e)=1 para -1<2<-1'2 S(e)=141/4 para -1/2< 2S 13 fle) =1+1/4+1/9 para -1/8< 2-114 e assim por diante. Como se vé , f ¢ continua em todos os pontos r # Tr, € continua & esquerda em todes os pontos s = rn, Seu grafico tem o aspecto indicado na Fig. 4.1. Deixamos ao leitor a tarefa de verificar, como exeracio, ave 1 lip f(z) = x leitor deve notar que fungdes coma essa podem ser construidas com qual- quer seqiiéncia crescente 7, que tenha litte 2er0 ou outro qualquer valor, & qualquer série convergente de termos positivos Bay, pondo, simplesmente, fl) = Fan A= fy) pare y 20 (48) Bssas fungGes so importantes em aplicagdes; elas ocorrem em teoria espectral de certos operadores auto-adjuntos, particularmente o “operador de Schrédinger associado ao dtomo de hidrogénio, onde os varios saltos da funcdo correspondem 405 niveis energéticos do stomo, 4.28. Exemplo. Seje (ra) ume seaiéncia dense na reta, por exemplo, uma seqiiéneia obtida pela enumeragio dos nimeros racionais, Vamos construir uma funcao crescente e limitada, definida em toda a reta, e que tenha saltos em todos esses mimeros rp. Para isso escrevercos 1 f= a (49) 102 Capitulo 4: Fungées, Limite e Continuidade 6c? 5241 =241 12. Prove que Un pete ie 8 WR, es 13, Dados os polinémios p(2) = an2"+...tai tap eal conde anbn #0, estude os limites de p(2)j9(2) com x —+ a0 ez + —oo, Prove que eases limites 0 iguais a an /bm se n= rm; 0 ambos niles ce m < m; ambos jguais a +00 se n> m,n—mé par ewabm > 0. Bxamine estas © todas as demas possibilidades. 14, Prove que a fungio f(z) = 2 9e 2 6 racional ¢ f(2} = i ~ x sex € irracional & continua em = 1/2e somente nesse ponte, 15. Saja. f uma fungi crescents ¢ mitada num intervalo (a, 8). Prove que fla+) < fl) < Hb) 16. Seja / uma funglo jocalmente monétona num intervalo J =a, Yj sto é, cada ponto de I ‘possi uma vizinhanga onde f € mondtona. Prove que J ¢ monétona er: todo o intervalo 1 17. (Critério de Convergéncia de Cauchy) Prove que uma condigio necessria esufciente para que uma fungie f tenha limite nito com +90 € que, dado qualquer ¢ > 0, exista > 0 tal que 2 u> k= fle) ~ $0) (2/2 |< 1on, 0S 4S n- Ide Capitulo 4: Fungdes, Limite e Continuidade 103 16, A fungdo € mondtona mum intervalo [a, a +.) para algum ¢ > 0, Suponliemos, para Bxar as idéins, que ela seja no decrescente nesse intervalo. Sela X= {2 0. existe X tal que com a transformacio ¢ = 1x Da convergéncia da série J>1/n? segue-se que existe N tal que essa soma, a partir de n= W-41,6 X, i” ‘ segunda Soma na diferenga acima inclui todos os termos eorrespondentes @ x logo 1 1 ale Me 20. Observe que, senda h > 0, ferm-fa= YS Se pe-fe-y~ DS 21. Com h>0, fiew+h)— form = SD Ae sem)—siw-m= Notas histéricas e complementares inicio do rigor na Andlise Matematica (0 desenvolvimento da teoria das fungSes que comecamos a apresentar neste capitulo & obra do steulo XIX. E #6 foi possivel depois de um longo periodo, de ceren de século e meio, de desenvolvimento dos métodes € técnicas do Céleula, desde 0 inicio dessa discipline no séeulo XVI. ‘As idins fundamentais do Céleulo, sobretudo 0 conceito de derivada, eareciam, desde 0 Inicio, de uma fundamentacio légicn acequada. Os motematicos sabiam disso e até foram muito criticados em seu trabalho. A mois contundonte e bem fundamentade dessas erticas partin do conkecida bispo e flésofo inglés George Berkeley (1685-1753), numa publicagao de 1734 ([E, ‘pp. 298-95). Houve também respostas a essascrticas, bem como, durante todo o século XVII, ‘emtativas de encontrar uma fundamentagio adequada para © Cilculo, embore sem maiores conseqléncias. A mais importante dessas centativas foi a que empreendeu Lagrange, e que esté ssociada ae séries de Fungdes, por sso deixaremos para falar dela no capitulo 9. ‘Nessa época ainda nao havia muita motivacio para o trato de quest2es de fundamentos. (Os matemétions deste século tinbam muito mais do que se acupar em termos de explorar at ‘die do Céleulo, desenvolver novas técnicas e usi-las na formulagio e solugéo de problemas plicados, em Mecinica, Hidrodinimica, Blaticidade, Acistica, Balistica, Otiea, Transmissio fio Calor © Mecinica Celeste. Em conseqiiencia disto, nio havia uma Separagao nitida en- tre 0 Céleulo ¢ suas aplicagées, entre a Andlise Matematica ¢ a Pisica Matematica: e ficava 190. Cap. 4: Fungdes, Limite ¢ Continuidade 1: C 1, outro intervalo fechado, de comprimento menor éo que 1/2, contendo um Iifinidade de pontos de C, mas nao ep . (Isso & possivel porque, como provamos, tado ponto de C ¢ de acumulagio). Prosseguindo assim, indefinidamente, obte- mos uma seqiiéncia de intervalos fechados ¢ eneaixados fy D Ja 3 .-. 3 In... 0 emnprimento de I, tendendo a zero com n ~ 20. Seja p a intersecgao desses intervalos. E claro que p é ponto de acumulagéo 4eC, pois qualquer vizinhanca V(p) certamente conters Iya partir de um certo Innice » = NV, logo conteré infinitos elementos de C. Mas C ¢ fechado, portanto pC. Por outro lado, p # en para todo n, pois ey ¢ Iq. [580 contradia a hipétese inicial de que todos os elementos de C estejam numa seaiiéncia (cn). ‘Nao sendo enumerével, o conjunto C'certamente contém mauitos outros pon- tos além dos extremos dos intervalos J», pols a unido desses extremos é umn con- Juato enumerdvel. E, em conseajiéncia dessa enumerabilidade, vemos também ‘aw 86 os pontos de C que nao sao extremos de algum intervalo T,, jd formam ‘up conjunto por si néo enumersvel! B interessante notar que as somas dos comprimentos dos intervalos remor dos é 1, que é 0 mesmo comprimento do intervalo original. De fato, na primeira opzracio removemos a intervalo J, de comprimente 1/3; na segunda remove- mes os intervalos Jai € Jap, de comprimeuto total 23% no terceiro passo re- ‘movemos os quatro intervalos Js1, J32, Jag € Jas, de compritnenta total 2/3 em geral, a soma dos comprimentos dos intervalos removidos no n-ésimo passo é '3". Esses comprimentos foram uma série infinita de soma 1, como € fécil vetiicar. A soma dos comprimentos dos intervalos Jre chama-se a medida do coxjante J. Como J e C séo conjuntos disjuntos e complementares, cua unio [0.1] também tem medida 1,0 conjunto C resulta ser de medida zero (Ves esse coxecito na p. 160.). No entanto, ¢ um conjunto infnito; mais do que isso, nao € cmmerivel, Desereveremios a seguir a fungdo de Cantor, definida no interval [0,1;. Po- mo: f(0) = 0 € j(1) = 1. No primeiro passo de remogao de intervalos, isto & paraz € Jay, pomos f(z) = 1/2, No segundo passo de remogao de intervalos, pomos f(z) = 1/4 para z € Jz) © f(z) = 3/4 para 2 © Jog, Em geral. 0 valor atrbuido ® f(2) para 2 num dos intervalos Jrs, com s = 4,l,2"°!, 6a média aritmética dos valores jé atribuidos @ f(z) nos dominios adjacentes a Jrs, nos pasos anteriores ao r-ésimo (Fig. 4.3). (Veja [Gi], p. 97.) Assim definida, a fungio & no decrescente, com dominio J, e seus valores (0, 1, 1/2, 1/4, 8/4, 1/8, 3/8, 5/8, 7/8,.-.) formam um conjunto de mimeros raconais denso em (0, 1). Por causa desse propriedade, seus limites laterais em qualquer ponto r € (0, 1’ so iguais. Vemos assim que uma er definids Cap. 4: Fungdes, Limite ¢ Continuidade 101 Fig. 43 a fungio em J, 0s pontos de C sio descontinuidades removiveis dela, portanto definimo-la pelo valor do limite em cade um desses pontos. A fungio resultante 6 ent nito decrescente e continua em todo o intervalo [0, 1) Exercicios {Termine @ demonstragio do Teorems 119 2. Seja J uma fungio com dominio De seia x um ponto de acomulagio de D. Mostre que 2 vxclagda ui Vole) MD) € fungio ni Seeuescente de 6, 0 que dé sentido & nosio de tscilagéo de f no ponto z,indicada com w(f. 2) ¢ definida por wh J, z) = limeooi(S, 2848/0), Supondo> € D, prove ave f € continua em 2.6112 3. Prove que, se J ets limites laterais mum ponto x = «) entéo sus oscilago ¢ igual ao valor absolute de seu saito nesse ponto, 810 ¢.(f, a) = [if(a)l = [flat)— fla), desde que $0) ¢ (fla), fla+)) ow f no esteja defnide em = Demonstre 0 Fea 4.20 Defina cada uma das quatro expresses contdas em ‘Termine a demonstragio do Teorema 4.22 ‘Termine » demonstrasio do Teorema 4.23 Demonstre os Teoremas 4.24 4:25, Prove que f(z) =a" = 72? 422-9 ix com 2 r00. Prove aut todo polinémio p(2) = 2" -Fana12°~!-r...7 012+ ao tende +120 com 2 — 50 sen f0r par; e sen for impos, pic) tende a cx com z= ~o0 € a oc com 7+ 00 11. Bstude 08 limites de wim polinmio Ha) = On2" Fayre" hs eet an £0. com z+ 0c. Mostre, em particular, no caso n impar, que se ay > 0, limps com {P s200 (havendo coreespondénci de sinais); © 8 a, < 0, Tm p(2) = ee com x — shoe, 106 Capitulo 4: Funcées, Limite e Continuidade ‘qualquer maneiva, © cada wma é dada como se fosse wma grancdeza nica Isso equivele praticamente a definigio que adotames hoje em dia, segundo 2 qual ume fungdo f € wna correspondéncia que airbus, sequndo uma let qualquer, wm valor y a cada balor 2 da varidvel sndependente Situagées novas como as apresentadas por Fourier evidenciavam @ necessidade de uma adequada fundamentagio dos métedos usaios no trato dos problemas. Bra preciso agora fclarar de vee 0 significado de “derivar” ov “integras” uma fungio, fosse ela dad por uma “Yérmala” ou nio. “Derivar" nio podia sigificar apenas aplicar uma “lel algéoriea” @ uma “férmula, assim como "integeat™ ao podia mais ser apenas “achar uma primitive”. Fssas maneiras de encarar as operagées do Caéleulo eram, a partir de entio, insuficientes ‘Como }é dissemos, no final do capitulo 3 (p. 71), Cauchy foi o protagonista principal do novo programa de rigorizagio da Andlise. Ple certamente estava a par do trabalho de Fourier dos novos problemas que tinham de ser atacados. No preficio de seu Cours d’Analyse (Cl ‘Cauehy entnciaclaramente seus altos padroes de rigor Quanto axs métodos, procure dav-Ihes todo 0 rigor que se exige em Geometria, de mancira a jamais recorrer a razées tiradas do gencratdade da digebra. Tats ruzdes, embora muito fregientement= admitidas, sobretudo na passagem das sérict converyentes as séries diver dentes ¢ de grandezes reais @ expressdes wnagindrias, a meu ver s6 podem ser consideradas como sndusdes proprias a sugertr @ verdade, mas que pouco tm a ver com a tio festejada eratidio das ciéncias materndtieas. Deve-se mesmo observar que elas tendem a airhar as {formulas alptoricas vaitdade universal, quando « maior parte dessas formulas 56 valem sob ‘certas condigdes ¢ pare certos valores das grandezas envolwidas. Determinondo essas condizées fe esses valores, ¢ izando de mancira precisa o sentido da notagao de que me sirvo, face desa porecer toda incerteza, © ponto de partida de Cauchy em sua fundamentagio da Andlise fol a definicho de con tinuidade: “0 fungao f(z) seré continua em x mum interwala (estamos usando a palsvra. “intervalo" para simplificar o enunciade de Cauchy) de valores dessa woriavel se, para cada walor de x nesse intervalo, © valor numérico da diferenca f(2-~a) ~ f(z) decresce indefnida- mente com a. Em outras polavras, f(z} € continua se wm acréscimo infrstamente pequene de £ produs um acréscino anfinstamente pagueno de f(z)” Essa definigio est4 muito préxima da que usitoos hoje em die, em termas de eo 6. Aliés, es simbologia também devida a Cauchy, que a usa em vérias demonstracées, embora ela 6 te universalize a partir da década de sessenta, com ar preleoes de Weierstrass em Berlin, (0 leitor curioso encontraré interessantes ohservagies sobre o estilo dos livros de Cauchy no trabalho de Freudenthal (F2), ‘Temos de mencionar ainda o trabalho de Bolzan» |B) ja citado no capitulo 2 (p. 48) Publicado om 1817, ele traz praticamente a mesma defnigio de continuidade de Catchy, num ‘enunciado até mais préximo de nossa defini atual. Kila: “ume funpéo f(x) vara seyundo (let da continuidade para todos os valores de situados num infervalo (novammente usemos pelavra “intervalo” para simplifcar) se a difence f(r-+ 2) ~ f(=) pode tornar-se menor que ‘rualquer valor dado, se se pode sempre tomar w {0 pequeno quanto se queira.” ‘0 abjetivo de Bolzano era provar o Teorema do Valor Intermediivio, e Sahye iso flare rcs no préximo capitulo, De momento eabe observar o mérito desse seu trabalho, onde ele revela as mesmas preocupagbes com o rigor que vimos em Cauchy, © que estavam na ordem {do dis. Abs, na introdugio ele menciona que no ano anterior (1816) Gauss publicara duas fdemonsiragSes do Tworema Fundamental da Algebra, quando sua demonstragio do mesmo teorema, dada em 1799, costinha uma falha de rigor, como ele mesmo (Gauss) reconhecia, Cap. 4: Fungdes, Limite e Continuidade 107 por fundamentar uma verdade puramente analitica mum fato geométrico, falha essa que este fusente nas duss novae demonstraxées mencionadas. Dewemos observar que Cauchy. néo ohstante seus inegavels méritos e influéncia que tew no desenvolvimente da Andlise Matematica, miss foi muito beneficiado pelas posgdes que ocu- java, pela prolixidade com que publicavae, particularmente. por trabalhar no mais importante Eentro europen da époce, que era Paris. Outros matemiticos seus contemporineos havi, de tnaior visio que ele, ¢ Gauss cervamente era um desses,indubitavelmente o maior mavernitico tio século. Mas tinhs um estilo todo diferente, antes recolhido em si, publieava pouco (“paves sed mature’); © Gottingen, 0 centro a que pertencia, ainda no rivalizava com Paris, "Ao concluir esta Nota devemos ouservar que o trabalho de rigorizando da Anise, que se {nica com Cauchy outros, no est, come pode parecer, divoreiado do desenvolvimento ocor- rido no século anterior. Ae contra, ale Ihe dé eontinuldade, ao invés de ser uma tendéncia howe independents, Sobre esse interessante tema recomendames ao leitor curioso 0 primoroso trabalho de Judith Grabiner [G2|, Para maiores detalhes, veja também seu bvro [G3) Carl Friedrich Gauss (1777-1855) Gauss nascen em Brunswick, de pais pabres:¢ hove suas qualidades de génio reconhecidas bem feodo. Gragas A protesio do duque de Brunswick pode estudar e cursar a Universidade de Gottingen, onde, a parti de 1807 « pelo esto de sua vide, seria Professor de Astronomia Diretor do Observatorio. "Aa lado de Arguimedes ¢ Newton, Gauss é considerado um dos trés malores matemiticos ce todas os tempos. Sua producao cientifia se espalha por todos os lominios da Matemstica es Ciencia Aplicada, como Astronomia, Geoddsia, ¢ mesino Bletricidade e Magnetismo, ‘As procupagées de Gauss com os fundamentos de Andlise. ¢ com o rigor na Matematica de um modo geral, sho anteriores as de Cauchy, ¢ vevelam mesmo ume sensibilidade mais fspurada Sus primeira demonstrario do Teorema Fundamental ds Algcbra, de 1799, no Gauisfer @ si proprio, por apoiar-se na intuigao geométrica, por isso mesmo ele daria varias foutras demonstracbes do mesina teorema, E nessa mesma época, vinte ans antes de Cauchy, Gauss if define corretainente © limite superior de uma soqléncin e demoustrs que a série ‘Sen cosna converge se a, vende a zero ([D2], pp. 937-88). Em 1813 ele publics um alentado {rabalho sobre a série hipergeométrica, Fresbse) = 55 ales, valle conde o sitbolo (rn significa r(r-+ 1)(r-42)...(r + n= 1). dumzamente com Legendre, Abel = ‘Jacobi, deixou mareantes contribuigbes & teoria das funes elipticas Por vitias reades Gauss nao teve em sia époce tanta influéncia como Cauchy. Como |i dissemes, 56 publicava trabalhos muito bem acabades, que nada detxasser por fazer, © ‘encontrave-ce afastado de Paris, que ers a meca cientifica da época. A isso deve-se acrescentar ‘que nao tinha pendores pera o ensine. Confessava mesmo que no gostave de ensinar, ¢ teve pocos alunos. 104 Capitula 4: Fungdes, Limite e Continuidade 0, cuja imagem € 0 semi-eixo (0, 90). A fungao nao tem méximo nem minimo. Se definida em uum semi-eixo do tipo |@, 00), onde a > 0, passa e ter maximo igual a 1/a, mas continua sem minimo; e continua nao tendo minimo, mesmo que o dominio seja uum intervalo limitado, aberto a direita, do tipo [a, 6). Porém, em intervaios fechados do tipo [a, 6), seu méximo é 1a.¢ seu minimo é 1/b. (Faga um grafico ara analisar todas essas situacdes.) Entretanto, uma fungéo f com dominio D pode ter maximo ¢ tninimo em D, ou f(D) pode ser compacto, sem que D seja compacto, Exemplos: f(z) = sen x, com D = (0, 2x), € tal que f(D) = [-1, +1, que € compacto, +1 60 maximo de fe —1 seu minimo; f(z) = 1/(2? + 1) para todo (faga 0 gréfico) tem maximo 1 e infimo zero, mas nao tem minimo. No teorema seguinte intervém a chamada propriedade do valor inter medidrio. Diz-ve que ums fungéo satisfaz essa propriedade se ela assuine todos os valores compreendidos entre dois outros quaisquer valores assuinidos pela. fungdo. Mais precisamente, ume funcdo f, definida num intervalo I, satisfaz 0 prvpriedade do valor intermedidrio se, quaisquer que sejamacIebel, ed um nimero qualquer compreendido entre f(a) e f(b), entéo existe c € I tal que F(o) = d. Intuitivamente, € de se esperar que toda fungio continua satisfaca essa propriedade. E 0 que provaremos a seguir. 5.5. Teorema (do valor intermediario). Seja f uma fungéo continua num intervalo I = {a, 8), com f(a) # F(8)- Entio, dado qualower niimero d compreendido entre f(a) e f(b), existe ¢ € (a, b) tal que fle) = d. Em outras palavras, f(x) assume todos os valores compreendidas entre f(a) « f(b), com x variando em (a, B) Cap. 5: Pungdes Globalmente Continues 111 Demonstracdo. Suponhamos, para fixar as idéies, que f(a) < d < f(b) Considere 0 conjunto X={ce1: fit) 0 tal que a < © < a6 f(z) < di logo,0 conjunto X nao é vazio; e como é limitado superiormente, possui supremo, que denotaremos por . F claro que a < ¢. & claro também que ¢ < 6, pois, numa vizinhanca de 6, f(z) > d ‘Vainos provar que f(c) = @. Se fc) < d, existiria e > 0 tal que x € Vole) + f(z) < d: entao, o supremo de X seria maior do que c, um absurdo Do mesmo modo, se f(c) > dy existiria = > O tal que 2 € Ve{e) = f(z) > dj e 0 supremo de X teria de ser menor do que ¢, ou¢ro absurdo. Coneluimos, pois. que f(c} = dy como queriamos provar. ‘A demonstracdo é andloga no caso f(a) > d > f(b). Guiaios pela intuigéo, podemos ser levados a pensar que toda funcao que soe da propriedade do valor intermedirio seja continua. No séeulo XIX chegou se mesiio a acreditar, erroneamente. nesse fato, como nos conta Lebesgue ((L1] p. 96)). Um contra-exemplo ¢ dado pela fungdo f(x}=sen(1/z) se x #0, ¢ (0) igual a qualquer valor do intervalo '-1, +1,. Assim definida, 7 satisfaz fa propriedade do valor intermediario em qualquer intervalo |=a, aj, mas nao é continua em z = 0. Neste exempio 2 funcdo s6 € descontinua num tinico ponto: entretanto, existem fungdes descontinuas em todos os pontos ¢ gue, mic obstante, gozam da propriedade do valor intermedidrio em qualquer intervalo ((L1}, p. 97; [B3}, p. 79). 5.6. Exemplo. 0 teorema do valor intermediério tem importantes aplicagées, tanto de naturrza tesrics como pratica. Por exemplo, ele permite provar que todo polinémio p(t} = 2” —anyz"— ry... 7 aie + ag, de grau fmpar, tem pelo menos uma raiz real. Para isso lembramos o Exerc. 10 da p 101, segundo o quai p(x) muda de sinal com passando de uma certa vizinhanca de ~oc a uma vizinhanga de +oc. Mais precisamente, existem vizinhangas ¥ de ~00 e Vs de +00, tais que p(x) é negativo em V_ ¢ positivo em Vy. Em con- seqiiéncia, existem mimeros a € V., bE Vi, a <6, tais que pla) < 0 < pl). Daqui e do teorema do valor intermediario segue-se que existe c, a 1 Ou tm < —n; e tal seqiiéncia ndo teria, sutseqiténcia coavergente. Para provar que C’ € fechado, seja L um seu ponto de scumtlagio, de sorte que Vi,n(Z) contém utn elemento tq € C. Esta seqiiéncia Tn id € convergente para L, 0 que prova que L € C; donde C € fechado. Cap. 5: Fungdes Globalmente Continues 109 Devemos observar que os intervalos fechados e limitados sio 03 conjuntos compactos mais simples. Bles so também os mais importantes nas aplicagdes, Ge forma que é natural pensar em tal tipo de conjunto toda ver que dizemos “seja Cum conjunto compacto” ou “seja f uma fungao definida num dominio compacto”. Aliés, para. os objetivos do nosso curso, em particular, a teorin ds integral que desenvolveremos no capitulo 7, basta a considerago de intervalos fechados e limitados, No entanto, as demonstragées que faremos de propriedades de fungdes continuas em conjuntos compactor nio ficam mais complicadas pela consideracao de conjuntos compactos gerais. Além disso, hi conjuntos com- pactos niais gerais que intervalos —- como 0 conjunto de Cantor (p. 98) — que sio importantes na construc de exemplos coneretos de fungdes, que muito aju- dam ns compreensio da teoria, como ja tivemos oportunidade de ver no capftulo 4 5.2. Teorema. Todo conjunto compacto C possut mécimo ¢ minimo. Demonstracao. Como © é limitado, ele possut supremo $. Vamos provar gue S 60 maximo de C. Jé sabemos que $ = ¢ para todo © € C: ¢ que, dado qualquer © > 0, existe c em C tal que c > $—¢. Se existir uma infinidade de elementos c € C nessas condigdes, qualquer que seja © > 0, entao S ser ponto de acumvlagéo de C, € como C ¢ fechado, 5 € C. Se em correspondéicia a tum dado > > 0, s6 existe um mimero finito de tais ¢, € porque § é um deles, ‘Como se vé, em qualquer das duss hipdteses. $ € C, sendo entao o maximo de , como queriamos provar. Prova-se, par um raciocinio anélogo, que C possui ininimo. © teorema dos intervalos encaixados (p. 40) pode ser enunciado e demon- strado no pressuposto de que @ familia (Jn) que Id aparece Seja urna familia de conjuntos compactos On, ndo necessariamente intervalos. A demonstragio € a ‘mesma, como 0 leitor deve verificar, tomando ax, = min Cn @ by = maxC, Fungées continuas em dominios compactos ¢ intervalos 5.3. Teorema. Se f ¢ ume fungdo continua num dosninio compacto D. entao J(D) € um conjunto compacto Demonstragéo. De acordo com a segunda definicdo em 5.1, basta provar que toda seqiiéncia yx € f(D) possui uma subseqiiéncia convergindo para um ponto de f(D). Cada yn ¢ imagem de algum rq € D; e como D € compacto, esta segiiéncia possui uma subsegtiéncia zn, que converge para alguin ponto a € D. Como f € continua, vm, = f(x.) converge para f(a) € f(D). Is80 completa a demonstrago do teorems. 114 Cap. 5: Fungées Globalmente Continuas resultantes, tome aquele, chamado 1) = lat, tn), tal que flas) < € < J{bi)h: divida Jy a0 meio € tome fa = |na, bs tal que f(aa) m © Prove que se um polindmio de grau n tive rraizes eetis, contando as mutipicidades, enti nor épar 8. Prove que todo niimero @ > 0 possi raizes quedradas, uma positiva ¢ outra negative. 8. Prove que todo niimero a > 0 possul uma raiz sia positive; e se n for par, possuirs também uma raiz nésima negativa, 1G. Seja f ume Fungo continua num intervalo, onde ela é sempre diferente de 2ero, Prove que (7 # sesvgre positive ou sempre negativa 11. Sejam f © g fungies continuas num intervalo [a bl tais que f(a) < g(a) © FP) > 916) Prove que existe um miimera centre a b tal que fle) = ofc) 12. Seja J uma fungdo continua no intervala (0, 3], com valores nesse mesmo intervalo. Prove que existe ec [0, 1. tal que fle) =, Interprete este resultado geometricamente 18, Nas mesmas hipsteses do exerccio anterior, prove que existe c € (0,1! tal que f(c) = L=e Interprete este resultado geometricanente 14, Complete a demonstragio do Teorema 5.8, provando que 9 é continua em na vipdlese de aque D seja uma das extremidades do intervalo J. Paca também a demonstzagio completa do teorema na casa em que f (e, consequentemente, também g) ¢ uma fungio decrescente 35. Sejam fe g fangbescrescenes mum intervlo J, onde f(x} $ glx). Prove que f(y) > 9 Uy) para todo ye fi) Vol} 16, Prove que a imagem de um interval aberto por uma Fangio continua injesiva é um intervalo faberto. Dé exemplos em que o intervale-deminio ¢ limitade. mas sua imagem ¢ilimitada Prove que f(z) = 2 se x for racional e f(s) = 1x se x for irracional ¢ continua em 1'2e somente nesse ponte. 18. Considere a fungao f assim definida: f(x) = ~z se x for racional ¢ f(x) ~ l= se x for inracional. Faca o grifico dessa fungio € mostre que ea é uma bijesdo deseontinua em todos (5 pontes Sugestées 1 Sejo 0 € J, o # supl. E claro, tao, que I contém toda uma vizinhanga dieita de a, digamos, a’ 2 1, flz) =a" é tal que fll) = 1 fe fla) > 2; logo, pelo teorema do valor intermedidrio, existe um mimero entre 1 a Gesiqnado por va, tal que f(va] =a. Sea <, f(1) > a> fla) novamente existe wm hnsmero Ve entre oe Ltal que f(a) =a. Bo caso de raiz negetiva? 12, Considere a fungéo g(a) = f() ~ 2, $¢ indo for s(0) = 0 ou f() 1 Teorema de Borel-Lebesgue 0 préximo teorema seré utilizado no final do capitulo 7, na demonstracdo do importante critério de integrabilidade dado no Teorema 7.19, p. 180 (e no Exerc 11 adiante). Ele é inclufdo aqui por ser este seu contexto proprio. Tratu-se de tum resultado fundamental de Topologia, de enunciado e demonstracio faceis de compreender Necessitamos da nogéo de “cobertura” de um conjunto, que introdueimos agora. Dado um conjunto C;, diz-se que uma familia de conjuntos (Aj);<3 6 uma cobertura de C se a unido dessa familia contiver C, isto é CC U{A;: j € J}. Usaremos a expressio cabertura aberta quando todos os elementos da cobertura so conjuntos abertos. Por sub-cabertura entendemos uma sub-familia que seja uma cobertura 5.10. Teorema (de Borel-Lebesgue). Toda cobertura aberta de um con- junto compacto admite uma sub-cobertura finite, Demonsteagao. Seja C 0 conjunto compacto em questo, 0 qual, por ser limitado, esté contido num intervalo Himitado I = fo, 8). Seja (Ay)j-y ume femilia de conjuntos abertos cuja unio contenha C. Raciocinando por absurdo, suponhamas que C nao soja caberto por qualquer sub-famstia fnita da familia original. Entao, dividindo J ao meio, ao menos uma das metades resultantes conteré uma parte de C que nao pode set coberta por qualquer sub-familia finita da familia original. Chamands = ja, bi! uma tal metade, dividimo- la também 20 meio, obtendo um novo intervilo Ja = lag, ba, contendo uma parte de C que no pode ser coberta por qualquer sub-familia finita da familia original. Prosseguindo indefinidamente dessa maneira, obtemos uma seqiéncia de intervalos fechados encaixados fi > Ip Ds. D In D vy tas gue o comprimento de cada um é metade do comprimento do anterior, de sorte que MI’ = bn ~ aq = (6 a)/2" = [T|/2". Polo teorema dos intervalos encsixa- dos, existe um tinico elemento c pertencente a todos 08 Jn. Esse elemento c é aderente a C, pois qualquer vizinhanca de c contém Jy com n suficientemente grande, logo, contém pontos de C: e Sendo aderente a C, pertence a C, que € fechado. Entio c pertence a algum Aj. Mas A; é aberto, portanto, existe & > 0 tal que Vs(c) C Aj. Tomando n euficientemente grande, conseguimos satistazer fa desigualdade |1|/2" < 5, portanto, @ inclusdo fy, < Vs(e) C Aj. Assim che- 22 Cap. 5; Fungdes Globalmente Continuas eade m © M sao 05 valores minimo © mézimo, respectivamente, da fungéo f Demonstragio. Como f é continua, ele aseume valores minimo e méximo ex: I, isto é, existem pontos ee d em I, tais que f(c) = me f(d) = 4. (Observe que nao sabemos se ¢ < d ou d < c). Pelo teorema do valor intermedirio, f(z) assume todos 0s valores entre m eM, cam # variando no intervalo de extremos €¢. Portanto, a imagem desse intervalo de extremes c ¢ d ja 60 intervalo [m. Mjs logo, F(Z) = fm, Mj, pois m < f(x) (A, B), pois (A, B) = Ulan, bqiy onde (am) € (bn) Sko seqiiéncias desrescente e crescente, respectivamente, an — 4 ¢ by —* B- 1880 prove que J & um dos quatro intervalos de extremas A'e B, isto é,{A, B). (A, B), [4, B) ou (AB). Seja 1 um intervalo qualquer, contide no dominio da fungio f; ¢ seja = F(). Supomos que J néo se reduza a um rinico ponto, quando nada temos a demonstrar. Entéo, dados quaisquer dois pontos distintos ye yz em ?. eles sero imagens de pontos em I, digamos, 2; ¢ x2, com 21 #22: yi = f(x1) © 22 = f(a). Para fixar as idéias, suponhamos 2, < 22. (O leitor deve veri- fic que a hipstese 22 < 2} leva. ao mesmo raciocinio). Pelo teorema do valor intermedidrio, todos os valores entre yi e yn sdo assumidos pela fungio f em valores compreendidos entre x; © 22, de sorte que J > j(l21, 22]) > ivi. v2) Finalmente, dado qualquer intervalo fechado la, b] com A f((21, 22)) 3 lyn, uo; > la, b;, como querfamos provar. Como exemplos da situagio descrita no teorema, y = sen z leva (0, 2) em (1, 1 e (0, 3n/2) em (-1, I: y = te(nz ~ 2) leva (0 1) em ($2, $20); y= 1/(@? #1) leva (0, oc) em (0, 1, Veremos, a seguir, outro resultado importante, demonstrado como con- seqiiéncia do teorema do valor intermedisrio. Cap. 5: Pungées Globaimente Continuas 113 5.9. Teorema. Toda fungda f, continua e injetwa num intervalo I, € cres. cente ou decrescentc. Sua inversa g, definida em J = f(), também é continua, umente crescente ou decrescente, exis- Demonstragio. Se f niio fosse es tiriam nimeros 21,29 € 23 em J tais que 2 < a2 < m3 ¢ f(v1) < f(t2 > f(s), ou (zi) > fle2) < flea). Na hipdtese de ser f(a) < flz2) > flas), se Flas) > f(r) (faga umn gréfico para acompanhar o raciocinio}, pelo teoremna Go valor intermedisrio, deveria existir um mimero 2” entre x, € zz tal que F(a") = fxs), contradizendo a injetividade de f; ¢ se fosse F(z3) < f(xi), pelo mesmo teorema, deveria existir entre x2 e x9 tal que f(2r:) = f(x"), novarnente contradizendo a injetividade de f. O raciocinio, no caso f(x1) > f(x) < f(x), 6 andlogo. Concluimnos, entio, que f é estritamente cresvente ou decrescente, como queriamos provar. Quanto & fungao inversa, jé sabemos que ela tem 0 mestno carster de mono- tonicidade que a fungio f (Exerc. 3 dap. 81). Suiponhamos, para fixar as idéias, que f seja estritamnente erescente, de forma que 9 também ¢. Vamos provar que 9 € continua em qualquer valor b € J) = f(I). Seja.o = 9(b), de sorte que f(a) = 6. Se a for interior 0 intervalo J (faca urn grafico para acompanhar © raciocinio), dado qualquer © > 0, seja Oe" <4, tal que Vea) CF Ora, (Ve(a)) = (b 61, 6+ 2) CI, Seja agora 6 0 menor dentre 6} &2 , de sorte que g(Vs(b)) C Vole) < Vela), € isso prova a continuidade da fungdo ¢ no ponto b. Um riciocinio andlogo se aplica no easo em que b é um dos extremos do intervalo J. A demonstragdo no caso de funcio estritamente decrescente 9 6 também andloga e fica a cargo do leitor. © teorema que acabainos de demonstrar é muito interessante, pois nos diz que as fungées crescentes ¢ as decrescentes sio as tinicas fungdes continues definidas em intervalos que sio invertiveis. Iso nos leva, naturalmente, a per- guntar: seré que slo essas as tinicas fungdes (definidas em intervalos) invertiveis? A resposta negativa, como vemos pelo seguinte contra-exemplo: scja f assim definida no intervalo 1 = (0, 1]: f(x) = 2 se x for racional © f(z) = 1-2 se x for irracional, Faga o grafico dessa fungio ¢ verifique que ela é invertivel, mas nao ¢ mondtona cm qualquer sub-intervalo de 1; em conseqiiéncia, no é continua em seu dominio, apenas no ponto x = 1,2 (Bxere. 17 adiante) Exercicios 1. Seja J ama fungio localmente constante num intervalo J, ito é, qualquer que stja a € 1, ‘existe ma vizinhangs de a onde J € constante. Prove que J & constante em todo ese? invervalo. 2. Faca a demonstragio do Teorema 5.8 no caso fa) > Jb) 8. Demonstre o Teorema 5.5 pelo método de bissecéa: divide J a0 meio e, dos dois intervalos 118 Cap. 5: Fungées Globalmente Contfouas Assim, em qualquer caso, jz ~ al < 6 > if(z) ~ f(a)| < 3v8, de forma que basta tomar 6 < 7/9 para que fiquem satisfeitas as condigies da Definigio 5.11 Vamos provar agora um resultado de importéncia fundamental sobre con- tinuidade uniforme. 5.14. Teorema (de Heine). Toda funcio continua num dominio com: pacto D € uniformemente continua, Demonstracdo. Se o teorema néo fosse verdadeiro, existiria um certo © > 0 tal que, em correspondéncia a qualquer 6 > 0 ~ em particular, = 1/n ~, seria possivel encontrar mimeros rq € De yn € D, tais que len-mnl< + © [flen)- Son) 2e Como D € compacto, (zn) possui uma subseqiiéncia convergindo para um certo 2 € D. Sem perda de generalidade, continuames @ designar ese subseqiiéncia, com 6 mesmo simbolo (zn). Tendo etn conta que zn — Yn = 0€ zm —+ a, vornos, também que yn — a. Mas f 6 continua: logo, f(tn) — f(a) € f(yn) + f(a). de sorte que f (zn) —S(u_) — J, 0 que contradiz a desigualdade |j(2n)— f(a) 2 « Concluimes, pois, que o teorema é verdadeiro, como querfamos provar. Evidentemente, existem fungSes uniformemente continuas em dominios nao compactos. Para ver isso basta restringir uma fungao continua num intervalo fechado a qualquer sub-intervalo aberto do intervalo original. Mas também nao € dificil exibir fungSes uniformemente continuas em dominios ilimitados. B este 0 caso da fungéo f(z) = (1+.22)") (Exere. 1 dap. 234). B fail ver também, que uma fungdo continus num intervalo (a, 6), que tenha limites laterais em ae 6, 6 uniformemente continua, pols entdo a funsao poder ser estendida de ‘maneira continua a todo o intervalo. A reciproca desta proposigao também & verdadeira. (Veja o Exerc. 2 adiante.) Exercicios 1. Prove que a fungio y = 2" no € uniformemente continua em 2 > 0. Determine 6, em cor respondncia 2 wm dado ¢, para 4 continuidade uniforme dessa fungéo, rest a qualquer interval 0 < 3 < ¢ 2. Prove que se f € uniformemente continua em (2, 6), entio f(a+) e f(b) existem e so finitos Cap. 5: Fungoes Globalmente Continuas 119 3. Generalize o exercicio anterior, provando que se f & uniformemente contiaus num dominio De a € panto de acumulagéo de D,entio existe o limite de f(x) com 2+ Prove que toda fungio uniformemente continue num dominio limitado é limitada 5, Prove que uma condigio necesséria e suficiente pata que uma funcke J com dominio D seja vuniformemente continua é que, pare todo par de sequéncias 24, Yn € D, com zm ~ Yo — 0, se tenha f(za) = fn) =0. 6. Mostre que 2 fungio J(2) = sen(2/'z) nde ¢ uniformemente continua em qualquer intervalo 0 tipo (0, 7. Mestre que f[z) = cos ¢ uniformemente continua em tods a reta Faga 0 grafico de y= cos2! © mostre que essa fungéo, definida pars todo 2 real, ou todo z > 0, néo é ‘uniformements continua. 8, Prove que ee f € una fungéo continua mum semi-eixo x > 0, com limite L fnito para $00, entdo J ¢ uniformemente continua. Propriedade andloga vale também para © aso z oe. formemente continue em qusiquer dominio x > a > 0, 9, Mose que fla) = sen(tiz) € 0 sas nao em 2 > 0 10. Diese que ume funcio f satisfaz s condisio de Lipsehits num intervalo I se existe uma constante K tal qve (tz) ~ fly)| < Kz para todo x,y € I. Mostre que toda fungio ‘Que satisfaz a condigio de Lipschite é uniformemente continue, mas nao reciprocemente 1H. Diz-se que uma fungio ¢ semi-conténua superiormente num ponto zo (de acurmulagio de seu dominio D) ve, dado qualquer e > O existe 6 > Otal quex € DOVs(ze) > f(z) < Sze) +e: fe semi-contiaua inferiormente sez © D/WWs(za) = f(z)> Flzo)—e. Prove que uina funseo Semi-continua superiormente (inferiormente) num intervale fechaco assume valor maximo (minimo} 12, Considere a fungio f(x) = sen(1/2) para x # 0¢ f(0) = a. Mostre que ela semi-continna superiarmente (inclusive em 2 = 0) somente se @ > 1; ¢ sem-continua inferiormente (in Slusive em x = 0) somente se a <1 18. Mostre que a fungéo f(2) = ~1/'z| paras 4 0 F(0) fem rada a rete, qualquer que seja 2, mas nio inferiormente em z= 0: e f(z) € semi- continue inferiormente 4 € semi-continua superiormente Sugestdes ¢ soluges 4, Se J nio fesse limitada existiria zy € D tal que |f(2n)l > mi Coma D ¢ timitado, (25) possui uma sub-scqjiéncia convergindo para algum elemento x € D. Por simplicidade e notacio, continuemos designando essa sub-seqiéncia por (rm). Dado qualquer € > 0, digamos, ¢ = 1, existe 8 > O tal que x, y €D, ry) 6 > (2) ~ fly] <1. Ora, En € Va(z) a partir de-um certo indice NV, de sorte que n > N = )f(2n)~ f(zw)| <1, logo lea) < Ufleg) — flaw) + iFlzw)l < 1 if ew)h absurdo, 8 Dado qualquer e > 9, seja X tal que 2, 2" > X = [f(x) - fl2")| < © Fixado X"> Xf ¢ unilormememe continua no interval [a, X", de sorte que existe 6 > 0 tal que, nese intervalo, 12 = 2"/ < 6 = [f(2) ~ f(a')1 < 2. Se neceséri, diminua 6 de forma que tenbamos 6 < X"—X, Nessas condigées, sempre que tivermes 2,2' > oe |r ~2' <4, certamente 2 € = eairho ambos no intervalo fa, X"] ou em [X, co), implicanda entao £2) ~ fle] 0, mas nio satisfaz @ condigéa ‘de Lipechits, como o letor deve verifear 116 Cap. 5: Fungdes Globalmente Continuas gamos a um absurdo, pois nenhum Jn pode ser coberto por um tinico Ay, que seria uma sub-cobertura finita da parte de C contida em I,. Isso completa a demonstragao. Observe que a hipstese de que o eonjunta C seja compacto ¢ essencial. Por exemplo, a familia de intervalos (1/n, 1—1/n) € uma cobertura aberta do, -ntervalo (0, 1), mas nao possui sub-cobertura finita desse intervalo, que ndo é ‘compacto. Continuidade uniforme © conceito de “continuidade uniforme” que vamos introduzir agora aplica-se a uma fungio f que seja continua em todo o seu dominio D. Relembremos 0 que isso significa: quaisquer que sejam« >0 e a€ D, existe 6 > 0 tal que re De lr—a'<6=|y(2)-slali 0, quanto mais proximo estiver o ponto a de zero, tanto menor devemos, tomar o 4, como é visivel numn simples exame do gréfico da funcao (que o leitor deve esbogar), néo sendo possivel determinar um mesmo 6 vélide para todos os pontos « #0. De fato, so tal 6 existisse, deveriamos ter, com a = 1/n, Ly, (2 8 bQG-a)| Mas isso 6 impossivel, pols © primeiro uiembro desse. desiguoldade & igual 6 $n2/(2 +8). que tende a infinite com n — 70. No entanto, se restrngitios o dominio da fungdo uum semi-ixo x > c, com > 0, af sim, podereinos determiner, eit correspondéncia @ win dado un rresmo 6 park tod os valores e. Para vermoe isto, basta notar que ‘se) ~ Fa) isso serd menor do que ¢ se é < ec?. Como se vé, agora o 6 pode ser deter- minado apenas em termas de e, independentemente do ponto a que se queira considerar, Na verdade, estamos determinando 0 é referente a0 ponto a = c, onde é maior a exigéncie sobre ele, ¢ 0 6 assim. determinado satisfard a exigéncia sobre esse parimetro em todos os demais pontos a > ¢, como pode-se ver no grafico da. fungao, Capitulo 5: Funedes Globaimente Continuas 117 A continuidade uniforme significe precisamente isso, que, em correspondén- cia a qualquer ¢ > 0, possivel determinar um 6 > 0, vilido pare todo ponto t =a onde se considere a continuidade. E esse o conteido da definigao seguinte (onde, por assim dizer, y toma o lugar do valor a acim). 5.11. Definic&o. Diz-se que ume fungdo continua f num dominio D é uniformemente continua se, dado qualquer ¢ > 0, € possivel determinar 6 > 0 tal que TED, yED, |x yi < f= |fle)— fw) 0 se deve ao fato de que sua derivada tende @ infinito com « — 0, € 0 exemple anterior até parece reforcar essa impressio. Entretanto, como veremos no exemplo seguinte, nao é sempre verdade que uma fungio deixe de ser uniformemente continua se sua derivada, no for limitada. 5.13, Exemplo. Vamos mostrar que a fungio f(z) = V% é uniformemente continua em 2 > 0, no obstante sua derivada tender a infinito com + — 0. ‘Vimos, no Exerc. 12 da p. 89, que essa fungio @ continua. Alids, a prove disso, feita na p. 90, envolve um 5 que depende, nao s6 de c, mas também de a; isso faz. parecer que a fungao nao seja uniforimemente continua, Bntretanto, aanilise seguinte, mais precisa, revele 0 contrario. Dado qualquer © > 0, procuremos determinar & > 0 satisfazendo (5.1) para todo a > Oe todo x > 0 tal que jr —a, < 6. Observe que se a < 6, entao reaticdBe [f(e) — fla)| = VE Va < vE+ Ya < V25+ V5 < 5vi: ese a> 6, entao « @_lie-a 6 M(2)~ fla) = Wa Va = aS eS vo. 122 Capitulo 5: Rungdes Globalmente Continuas Jimitado, coberto por uma familia enumerével de intervalos abertos, Numa nota publicada no Comptes Rendus em 1905 ((B4}, vol. 8, pp. 1249 $0), © préprio Borel conta que seu teorema fora generalizado por Henri Lebesgue (1875-1041) [Vea [Lt . 112) e tece comentérios sobre uma outra demonstracio de René Baire (1874-1982), cujas semelhangas com a que Heine (1821-1881) dap teorema da continuldade uniforme (Teorema 5.14, p. 118; originalmente em (HQ), . 188) expicaria, segundo Borel, por que cetos aurores dio a seu teorema o nome de "Teorers de Heine-Borel’. © Teorema de Borel-Lebesgue, para quem o vé pela primeira ver num primero curso de Anilise como o presente, pode parecer mal situado no eantexto de umm estudo de FangSes. Mas ‘ssa impressio € apenas aparente, pois trata-se, na verdade, de uma propasigéo de importancia fundamental nesse estudo, principalmente nas partes mais avangadas da disciplina. Capitulo 6 O CALCULO DIFERENCIAL Derivada e diferencial leitor ja se familiarizou, em seu primeiro curso de Calculo, com a nogio de derivada, cuja definigao recordamos agora. Diz-se que uma fungao f, definida num intervalo aberto I, é derivavel em xq € I se existe e é finito o limite da razio incremental Sle) = feo) oa) com z — zo. Para indicar esse limite usam-se as notagées {"(z0), (Df)(z0) & 9), esta tltima sendo 0 quociente de diferenciais, como explicaremos Jogo Sante, Em Mecénica, onde freqientemente se consideram fungées do tempo t, como «(t), z(t) ete. 6 comum a notagio da derivada com a letra encimada por ‘um ponto. como s(t), , a(t), ¢ ete Pondo © = 29 +h, podemos escrever derivada das sequintes maneiras: (aq) = jim £@)= Flo) F(zo +h) = f(x0) Meo) Heap AS h Bssa é a derivada no sentido ordindrio, 0 ponto 29 sendo interior ao domsnio da fungao, As nagies de derivadas laterais, 4 direita e a eequerda, so intro- duzidas de maneira andloga: Yenot) =< tiny LEEOD B= S80) pie) = tm {zat 8) = Fle0) S(z0+) = Lip . + fe0~) = lim 2 Bssas definigées se aplicam mesmo que zo seja extremo esquerdo ou direito, respectivamente, de am intervalo onde f seja definida. Como exemplo considere a fungdo f(x) = (V2 )*, que esté definida somente para x > 0, portanto nao é derivével no sentido ordinério em 2 = 0. No entanto, existe e é zero sua derivada & direita nesse ponto, pois f(h} — f(0) = kWh. ‘A derivada de uma fungio f é, por sua vez, uma funcio do ponto onde & calculada, Podemos, pois, considerar sua derivada, que é chamada 9 deriwada segunda de j ¢ indicade com as notagées f", D?f, d*f/de®, 8(t), X(t). De um modo geral, podemos considerar a derivada de ordem n ou derivado n-ésima, definida recursivamente como a derivada da derivada de ordem n — 1 ¢ indicada com as notagies /™!, Df, af dz". Uma fungao com derivadss continuas 720 Capitulo 5: Fungdes Globalmente Continues 1. Suponde f seri-continus superiormente, cada ponto = € J possui wine viinhenga na qual o surem def € menor do que f(2) + 2. Peo tearema de Bore-Lebesne, basta un mer fio des vnnhoneas pre cob 1. 0 gu prov que sp; ¢ ito, dames, Slt © conju dos pots € as que ft) 0, one f(s) <. oke toms propio de Boenegarate qu ese X" postl um supremo 0 que ¢ da non demonstracio. ‘Cay, apis ehuncaro terns do valor interme wo vest “ cin do valor intermeditio 1 ws dese Cours #’Analyse ((clcp ai close come “deootagio™o que nbo puma de ame singles osentia” baceada na-visualizagio geométrica”. De fato, supondo que 6 seja um valor compreendido entre f(za) ef) para mostrar que existe x entre to e X tal que f(x) = b, ele simsplesmente argumenta que “a curva que fem por equagdo y= f(x) deve encontrar ume ou varias vezes @ ‘het or euoy “born compress neon fe ronda Te nceas 30 eX" apelande stmpoomente para o lao de que o wraieo de € oie ou continua. » Heaweo Bisco Se 6 ~ "Todavia, a verdadero “demonsrasio anntica™ ¢ dada no “Nota I no fim dive (p- 460 segunts) Com algamas Simplicares dbvins, ene demonsragu se redu2 so tevin: pretendeseprovar gue seaman ents sopondo aus f(a) ef) letham sine ‘Serica, digames (2) <'< [0 Disdese a0 mets v ncaa fo} obtendove die intervals face [oh mom des dus &fansge novamene mua Ge tl de wre eresn 8 tite. (Se (c) =O a demonstasso tein.) Divides novarnents 20 meio tal intela, ea infor a nen roc, ea ae 10) =e sa a) nom oc, ts fl) <9 © fa ro cs ely tendem pore un evnao limite. ass arguments Cauchy ej 8 contin ento. “se =o me f ‘vm Tear pode ceconhece faclinente as faite desa demonsu a demonscai, na pecs am que fi cnt ort en sono ser as od ne be a Como jf obervames,o torema do velo intermedivo & eden, quando nterpretado Fungdes Globalmente Continuas 121 Capitulo eometricamente. E por isso mesmo era aceto € usato wo século XVIM, sem uestionamento Re duas angumentagine de Cauchy, mencionadas acima a ‘Justifiativa” e # “demonstracao tnaltica’ = refetem muito bem 2 uliaagao do teorema no eéleulo aproximade de raizes de Polinowios. (Veja [G3}, p69 « seguintes) E revelam também « famibiarigade que Cauchy: Certamente possuia com os trabslhos desses mateméticos do século anterior. ‘Weierstrass ¢ 0s fundamentos da Andlise Karl Weierstrass (1815-1807) estudou dirito por quatro anos ne Universidade de Bonny pas sando em seguida para a Matemstica. Abandonou os estudes antes de se doutoras,rornando-#¢ Profesor dp ensine secundério (Gyranasiom) em Brounsbers, de 1841 a 1864. Durante todo arse tempo, iolado do mundo cientfico, trabslhon intensamente e produait importantes tra" DDalhes de pesquisa que o tornarain coneeséo de alguns dos mais eminentes ratemtices da Gpoen Use deses trabalhos, publcado em 1854, tanto impressionou Ricislot, professor es onigeberg, que este consegu persuadir ua Universidade a conferir » Weierstrass um t{eillo hhonorarie de Goutor. O proprio Richeot foi pessoalmente a pequene cidade de Braunsberg para ciihrescntagio do ttule « Weierstrass, saudando-o como "@ mestre de todos nds". Weierstrass dante Drounsberg © passou por varios postos do ensino superior, terminando professor titvlar da Universidade de Berlin, de ande soa fara. se espalnou por toda a Europa, Tomow-se etm profesor mite procurado. que mais trarsmitia suas idéiae através dos cuttos que ministre Jo gue por trabalhos publicados, dessa maneira exercey grande infiuéncia sobre dezenas de Imatematioos que freqitensavam suas prelegoes "A patie de 1856 Weierstrass ministrou diverss cursos sobre teoria des Cunges, As vests © mesmo case Fepetidas vezes, varios de seus alunos, que mais tarde se tornariam materséticos amocee, Beeram notas desses curses, come A. Hurwitz, M. Pasch e H. A: Schwars, E muits das idsins © reaultados.obtidos por Weierstrass est3o contides nessas notas ou simplemente orain divulgados por esses seus alunos, por cartas ou em seus proprios trabalhos clentifieos. [Nas Notas dee cursos de Weierstrass apasécem as primeiras goes topoléicas, em partici & Gefinigae de “vizinhanga” de um ponte, #definigio de continuidade em tetmos de desigualdade Ghvulsendo« © 6 «on resultados sabre fungBes continuas em intervslosfechados que discutimes Gate capitulo. Em particular, o chamasio “Teocema de Bolzano-Weierstrass” estd entre esses roultados, 0 qua) Weierstrass formulou originalmente pass conjuntosinfnitoseTinitades, © x pave seqiencias, como vimos no capitulo 2 (p. 36). O teorema di que todo conjunto numérico Tafnato'e fmatado possus ao menos um ponto de acumulagdo. 0 leitor ndo terd difculdades em Jrovar © teorema neste versao com os fesmos argumentos usados na demonstracao da outra verso dada na p. 41 ‘Weierstrass, através de seus carscs, exeroen decisiva influénci “Analise, Ao leitor interestado recomendamos os excelentes trabalhos de P. Dugac (Cap {D2}, e (D4). is na modernizagéo da Vide © teorema de Borel-Lebesgue Bio sus tese de doutorade (1894), Eile Borel (1871 1956) faz um estado de cortas funges Ehulress onde utiliza o seguinte lema: dade wma fami infinta de mkeraios ea oor dav saarpmimentos é menor ao comprimento de umm dado snteroao 1, ext ao menos um panto {ede fato, urea nfiidade de pontor) de que néo pertener a qualgverimterato da ford dada, ((B4), vol. 1, p-281). ‘Borel Observe que “pode se contiderar esse lenis como pratcamente evidente; todavia, dade nn importanct, dave Gle saa demonstragio bateada mum teorems interessant por 8 sheamo: exintem demonstragees mais simples’. Bim seguida, enunci ¢ detaenstsa e tancema jue demos &'p. 119 como Teoreme 5.10, porém, apenas no caso de um intervao fechado 126 Cap. 6: O Ciileulo Diferencial Fig. 6.3 Fig. 6.4 Pondo Ay = f(s) ~ f(xo); € fei) ver que Ay ~ dy = ¥ — f(c), de sorte que essa diferenga Ay ~ dy € de ordem superior & primeira com 2 — 9 (Fig. 6.4), significando isso que Ay aproxima dy, tanto melhor guanto mais proximo estiver x de zo. E imediato provar que se f @ g so derivaveis num ponto 2, 0 mesmo € verdade de frg ¢€ [f(e)+9(e)l! = s'(c) va'(e). E igualmente imediato verificar que (af)' = af’, onde a é uma constante. As derivadas do produto ¢ do quociente exigem atais trabalho ¢ sio consideradas a seguir 6.2, Teorema. Se f «9 sio deriniveis num ponto x, entdo 0 mesmo é verdade de fg e (f(x)o(x})' = f(x)o'(r)+F"(x)g(x). Se, ainda, g(x) # 0, entdo (diny = sented = sero az) way? Demonstracéo. No caso do produto, a redo incremental se escreve: J(z+Ajg(e +h) — f(x)g{z) eR = fle + A)olz +h) ~ fle + h)ole) . f(r + rs = free @et Nase) , Me +h)- fe Agora € s6 fazer h ~ 0 para obtermos o resultado desejado. Quanto ao quociente, 0 caso 1/¢ nos leva & considerar a razo incremental -z5) (tN aole} 1 i) a ale ale)’ (2). Cap. 6: © Ciilewlo Diferencial 127 cule limite, com k 0, produe o resultado desejado. 6.3, Teorema (regra da cadeia). Consideremos uma fungdo composta foo (p. 80), definida num intervalo I, de sorte que g(I) C Ds. Suponhamos que g Seja derivduel num ponto x € I e f derivdvel em o(z). Entdo a funcéo composta {(9(2)) € derinével no ponto « « ‘f(a(2)))" = f'(a(2))a'(z) Demonstracéo. Como f é derivavel no ponto y, fay +k) =f) _ e fly) = alk), onde {k) —+ 0 com k — 0, Pondo n{0) = 0, podemos escrever essa equarao na forma. Fly +k) ~ Fly) = LP (y) + afb) que é agora verdadeira mesmo para k = 0. Seja k= a(x +h) — fz). Entao, flole +h) = Foley) _ +8 Fy) _ [tv =n h hb = if (ola) + ole yale +A ale) h Da continuidade de g no ponto z, ¢ claro que & + 0 com h +0. Assim, basta, fazer h tender a zero para obtermos 0 resultado desejado, Dos resultados até aqui obtidos seguem facilmente as regras de devagio que 6 leitor j4 conhece dos cursos de Célculo: a derivada de uma constante € zero, («") = nz"! para n inteizo qualquer, € também as conhecidas regvas de derivacdo de polinomios ¢ fungées racionais. (Veja, p. ex., (81), cap. 4.) Derivada da fungao inversa ‘Vimos, no Teorema 6.9 (p. 113), que as tinieas fungbes continuas em intervalos que também sao invertiveis sdo ns fungdes cresventes e as decresventes. Bstamos interessados em fungies derivaveis e invertiveis, portanto, continuas, crescentes fou decrescentes, © teorema seguinte € um resultado de grande importancia pratica no ediculo de derivadas de certas fungoes em termos das derivadas de suas inversas, como 0 Jet ja deve saber de seu curso de Cileul. 6.4. Teorema (derivada da fungao inversa). Seja y = f() wma funcio derivivel num interualo aberto I = (a, 6), com f(z) sempre positiva ou sempre Lt Cap. 6: O Géleulo Diferencial atéa ordem n é chamada funcdo de classe C™ © leitor deve notar que muitos dos resultados envolvendo desivadas or dixdrias permanecem validos pare as derivadas laterais, com pequenas e dbvias medificagdes. B facil ver também que uma fungio f é derindvel em x, no sen- tidy ordindrio, s¢ © samente se suas derivadas laterais nesse ponto existem € sae iguais. (Exerc. 1 adiante,) No pressuposto de que a funcio f seja derivavel, a diference (2) Hae) — A L69) _ (a9) = tende a zero com 2 — 2g, de sorte que fle = (0) + [f"(e0) + nlle ~ 20) tende a /(ep) com = — 20. Isso prova o teorema que enunciamas a seguir 6.1, Toorema. Toda fungéo derivével num ponto 29 ¢ continua nesse orto. Voltemos & raziio incremental (6.1), que representa o declive da reta secante PQ, onde P = (x9, f(z0)) © Q = (x, f(z), como ilustra a Fig. 6.1. Quando © — xp, © ponto@ se aproxima do ponto P ¢ {”(z9) € 0 valor limite do declive da ets secante, Isso sugere a definicio de rete tangente & curva y = f(z) no ponto P como aquela que passe por esse ponto e tem dective /"(z9). Sua equagao, em cooidenadas (x, Y), 6 entdo dada por ¥ ~ f(eo) = f'(eo)(X — 20), ou ¥ = f(z0) + f"(z0)(x — x0). (6.2) Cap. 6: O Céculo Diferencial 125 E interessante examinar a natureza do contato dessa reta com a curva y = F(2). Para isso, observamos que a diferenga de ordenadas da curva e da reta, ‘correspondentes & mesma abscissa , isto 6, (2) —Y, tende a zero com 3 ~+ 29 Mas nao é 56 iss0; também tende a 2er0 0 quociente dessa diferenga por x — 10, isto 6, fle) -¥ | 2-7 que tends a zero com z — x. Vemios assim que a diferenca de ordenadas f(z)-Y¥, ou disténcia entre a curva e a reta tangente ao longo de ume paralela a0 eixo Oy (Fig. 62), tonde a zero “mais depressa’ que 2 ~ 20. Em vista disso dizemos que o contato da curva com a reta tangente no ponto P considerado ¢ de ordem superior d primeira. (Veja a nogdo de “ordem de grandeza” no capitulo 8. pp. 178 80.) (2) = 120) _ piggy 9 = Outro modo de introduzit a reta tangente consiste em definir essa reta como sendo, dentre as retas do feixe pelo ponto P, aquela que term com a curva um contato de ordem superior & primeira. Sendo funcio derivavel, é fécil ver ‘que essa condico de fato determina a reta tangente univocamente como sendo aquela de equacao (6.2). De fato, o referido feixe de retas é dado por Y = f(z0) + m(z ~ 20), (6.3) onde m € um parametro varidvel (Fig. 6.3). A condigéo de que essa reta tenha com a curva contato de ordem superior & primeira, Hle)= Flea) _ 0 S(e)-¥ Zo -4 (a) implica m = f"(z0). Diz-se que a funcao f € diferencidvcl em x = ao se existe uma reta do feixe (6.3) que tenha com a curva y = f(z) contato de ordem superior & primeira no ponto P = (zo, f(20)). B imediato, por (6.4), que isso implica f derivavel em 2 = 29. Portanto, derivabilidade e diferenciabilidade sio aqui conceitos equiva- lentes (0 que, todavia, nfo é verdade em vétias dimensées) A diferencia! da funcao f no ponto xo é definida coma sendo 0 produto dy = f'(z9)Az, onde Ar = x - 29. De acordo com essa definicao, a diferen- cial da funcdo identidade, x + 2, 6 Az, isto é dz = Az, de sorte que, em geral, dy = f"(zo)dz. Daqui segue também que a derivada é o quociente das diferenciais: /'(o) = dy/dz. Mais precisamente, /’(z0) = (df /dz)(20), onde af = dy = f'izodz 180 Cap. 6: O Ciiloulo Diferencial E Oe > 0 seh <0. Em conseqiiéncia, o limite dessa razdo com h = 096 pode ser zero, donde f"(c) = 0. O racioeinio & andlogo no caso em que © ponto de minimo. A reciproca desse teorema ndo é verdadeira: pode muito bem acontecer que $'(a) seja vero sem que = = ¢ veja ponto de maximo ou de mfnimo; é esse 0 caso da fungdo y = 23, @ qual tom derivada nula em x= 0, sem que esse ponto seja, de maximo ou de minimo. Outro ponto que se deve notar, no caso em que a fungao tenha por dominio um intervalo, é que a derivada nao é necessariamente zer0 em pontos de méximo ou de minimo que sejam extremos do intervalo, As- sim, f(z) = rc087, 20 intervalo (0, x/4}, tem minimo em » = @e maximo em 7 = 1/4, mas sua derivada nao se anula nesses pontos, sendo positiva em todo © intervalo. (Faga o grafico dessa funcio.) Pelo teorema anterior, vemos que os pontos de méximo e de mfnimo de uma funcae definida num intervalo fechado e derivavel nos pontos internos, devem ser procurados entre os pontos onde sua derivada se anula os chamacios pontos critiens da fumgao — ¢ nos extremos do intervalo, Teorema do valor médio © teorema que trataremos a seguir 6 uma conseaiiéncia simples do anterior. Tem evidente contetido geométrico ¢ demonstracso facile com ele demonstraremos © chamado teorema do valor médio, que, pelas suas varias conseqiéncias. é 0 resultado central do Célculo Diferencial 6.6. ‘Teorema (de Rolle). Se f ¢ uma funcao continua num antervalo la, 8), derivvel nos pontos internos, com f(a) = f(t), entéo sua derivada se ‘anula em algum ponto interno, isto é, f'(e) =0 para aloum c € (2, >) Demonstracdo. Pode ser que f seja constante, em cujo caso f" se anula em todos os pontos internos. Se no for constante, terd que assumir valores maiores ‘ou menores do que f(a) = f(6). Por outro lado, sendo continua num intervalo fechado, f assume um valor maximo ¢ um valor minima, Entao, se f assumir valores maiores do que f(a), ela assumird seu maximo num ponto interno ; e se assumir valores menores do que f(a), assumiré seu minimo num ponto interno ¢, Em qualquer caso, "(c) = 0 pelo teorema anterice. 6.7. Teorema do valor médio (de Lagrange). Se f é ume funcdo continua num interval a. 6] ¢ derindvel nos portos internos, entdo existe wm porto interno © (a, b) tal que (8) ~ fa) = Fel ~ a) (65) Cap. 6: O Céiculo Diferencial 131 Demonstragao. Basta aplicar 0 Teorema de Rolle & fungio Fie) = sla) - fla) I=L 0) que se anula em E claro que a formula (6.5) pode ser escrita F0)= 1) _ jx, JEL = se) Goometticamente, isso significa que eriste um imero ¢ entre a ¢ 5, fal que rete tangente & curva y = f(2) no ponts (c, f(@)) é paralela & reta que possa pelos pontos (a, f(a)) e (b, f(6)). Observe que a formula (6.5) € valida com a e b substituides por dois mimeros quaisquer +) € x do intervalo (2, 6], nao importa qual desses dois nimeros menor, isto &, #(e1) ~ flx2) = F'(e\(e1 — #2), (6.6) ‘onde © é um mimero conveniente entre 21 € x9. 0 teorena do valor médio tem importantes conseqiiéncias. Ele nos permite saber, por exemplo, se uma fungao é crescente ou decrescente, conforme sua derivada seja positiva ou negativa, respectivamente. Assim, se uma funcdo tem detivada positiva em todo um intervalo (a, 6), de (6.6) obtemos a1 < 225 §(s1) < fle2), donde / € fungao crescente; e se a derivada for negativa em (a, 5), si < 22 flax) > Fler) ef 6 dectescente, © conhecimento do sinal da derivada num tinico ponto no permite con- clusées tao fortes como as anteriores (Veja o Exemplo 6.10 adiante); mas alguma coisa podemos deduzir sobre o comportamento da funcio numa vizinhanga desse ponta, como veremos no teorema e corulirio seguintes. 6.8. Teorema. Seja f uma fungdo definida num intervalo |a, 6] e derivdvel em =a, com f'(a+) > 0. Bntdo existe 5 > 0 tal quea f(z) se f'(a+) < 0; ¢ resultados ané- logos séo vdlidos numa vizinhanca de b se soubermos que f'(b—} € positiva ou negativa 128 Cap. 6: O Céleuio Diferencial negativa nesse intervale. Entdo sua inversa x = g(y) & derindvel no intervalo i inv (y) € derindvel no interval Jase d Piz) Fav) Demonstragdo. Sejam yo € J, y € J, 70 = o(ya} © t= gy). Entao glu) = ovo) _ ED Ha) = feo) vow Fel=Teo = 3-20 | Observe que J é um intervalo aberto (Exerc. 16 da p. 114), de forma que pode- mos fazer y variar em toda uma vizinhanga de yo, com o que x estaré variando em toda ums vizinhanga de xo; e fazendo y — yo, * tenderé a 29, pois 9 é continua, como vimos no Teorema 5.9 (p. 113). Assiin obtemos o resultado desejado. Exercicios 1, Prove que una Fangio J ¢ dervivel no sentido ordindvio num ponto 2 = zo s¢ ¢ somente se enstom « s20iguais suns derivadaslaterais neste ponto 2. Batabelga,dretamente da defnigho de derivada, as sguintesrogras de derivagic:(2"Y na"; (IfaY = =a, (v3)! = 1/2V2 8, Prove que f ¢ derivavel em ep Helse) 4 Prove que se f 6 uma Fungo mondtona num interval, as derivada® laterals num ponto 2 unndo existe, endo negative f fr nba decrees eno poss we f for no 4 se, esomente se, qualquer que seja a seqiéncia (24), 2+ — $. Mestre que a fungio f(z) =x sen(2,z) se = #0 © f(01=0 nio é derivivel em x age nti entree renin geometric, (Wj [AI Ex. 4. Se, 6 Deexemple de ume ange {qv no ea deriva mim ponto x = 6 de uma sein Lea) fie) " “ qa tal ave converge 7, Mostre quea funcao Jiz}= sen (t,} 5:2 4 f(D) = 0,6 dervivel em todos 05 pontos, inclusive em x = 0, mae {"(z) € descontinus nesse ponto. Fase um grafico e interpree esse resultado seometricemente, (Veja [Alj, Exere. 44 da Sey 40.) Observe, en particular, uv om clue vrnhanga da orig, tangent 3 curva nave ponte rave 8 ce 5. Seam fun fungi dee om 2 yon yu waa que ener ve wc qe comergen pa < 2c. Pre que Fe) =m 22) = 118 6m conrampl estan oe oe limite pode existir sem que J seja derivavel em x = a. Dé exemplo de uma furcio derivivel num ponte r= © e de duas sealiéncias 25 € yux Com 2.< 2y < Yn, de forme que nio exiseao lane do quociente [fizn) ~ flvn)]/{zs~ 4m) Cap. 6: O Cileulo Diferencial 129 10. Supondo que f eg sejam Fangées de elasse C™ num mesma dominio, prove que 9 tambien Ede classe C” ¢ que vale a seguinte Férmula de Leibniz: wa EC)C o Sugestoes 6. "Tome a fungi do exercicio anterior €a = 0. 8. Observe que flan) ~ Fyn) _ fl2n)= fa), _ lo} = flon) Tere aa ae onde inne ary a ee ee ‘Alera disso, Head=L10) _ 7) 05 Lora fe) = Fea) se, onde s, 0 © €, =0. 9. fle) = 3% cos(er) a = 2m, we = Wt =) Maximes ¢ minimos locais Seja f uma fungao com dominio D. Diz-se que um ponto a € D é de misime local de f se existe & > 0 tal que x € Vela) D = f(z) < fla); @ é ponto de minimo local se existe é > 0 tal que x € Vela) OD = f(z) 2 f{e). Maximo € minimo locais 880 dites estritos quando ocorrem as desigualdades estritas Siz) < f(a) © f(@) > F(a), Fespectivamente. ‘Coma se ve, méximo ¢ minimo locals so maximo ¢ minimo da fungio restri- ta uma vizinbanca. conveniente de wm ponto. Quando usamos esse gualificative “jocal”, usames taxnbém 0 qualificativo “absoluto” para desighar o maximo € 0 rminimo da funcao em todo 0 seu dominio D, dai designarmos mdrimo ¢ mfrimo absolutes 20 méximo € minimo da funcko em D. B claro que quando fazemos considerages de natureze local, envolvendo méximo ou rnjnlio, como no te0- rema, eeguinte. 0 cardter Jocal desses conceitos € suficiente , onde ela 6.5. Teorema. Se f ¢ uma funcdo derivével num ponto x assume valor mézime ou minimo, entio {"(c} Demonstragdo. No caso de maxitno, notemes que, pare |h suficientemente pequeno, f(e+h) ~ fle) £0, de sorte que a razio incremental fet hi a S(c) 134 Capitulo 6: O Caleulo Diferencial 6.12, Teorema do valor médio generalizado (de Cauchy). Sejam fe 9 fungées continuas num incervalo (a, b! e derivdveis nos pontas internos. Aiém disso, suponhamos que g(x) #0 € (0) — g(a) #0. Entao, existe c € (a, b) tal ee f(b) - fla) Fe) 9(8)~ ala) * ie)" e Demonstragéo. Consideremos a fungao auxiliar, F(a) = F(z) = f(a) ~ Qla(z) ~ g(a), onde Q € 0 primeiro membro de (6.7). Como é facil verificar, F(a) = F(b) = 0; portanto, pelo Teorema de Rolle, existe c € (a, 8) tal que F(e) = 0, isto é Fe) — Qa'(e) = 0, donde a relagao (6.7). Exercicios 1 Prove que se J & uma fungéo continua num intervalo ‘a, b), com derivads limitada em {2 8), entao F satisfas a condigdo de Lipschitz (p- 119). (Observe que essa conclusion ¢ ‘em particular, se f° for continua em la, 5) Seja f uma funcio com derivada crescente (decrescente) em todo wn intervalo. Prove que ‘qualquer tangente no grifco de f sé toca ese gréfico no ponta de tangéncia. Sei J oma Sg con f0) = Def nae ea (0,0), Prove ue fungi ge) = 2) 2 também € crescente em (0,00) e faga uma interpretacdo geométrica, * » 4. Fron ogfco da funcio f(a) =|? sea/=) sex 0 0) = 0. Vii que 0) = eave f& continua em toda a eta. (Ene exemple moira que una fang pase et pons Ge minima "no caso 2 = = sen at draco loge eaten eeescete ee a Givcta dene ponte) SeiaF uma fung contin mm ponto a derive mma vicnhansa Ve) tl que fe) tena limite fnitocom= 9. Prow ue f edervave om eave Fa) e hans nf) (Olnerve que a devas / pode existe oda uma viinbana des = avse sees nese pont, Bice oc da inane) =v" m/s) se # eo) = Ow Pota 6. Sea fama fanco tal gue f=) «(2 tena limits fnitas com x os, Prove que 6 lmute def @ aero. Mostre, por um contrvexemplo, que f pode tet ine sega fs tenha, Inerpree fas getseamente, 7. Complete a demonstragao do Teorema 8.8, enunciando e provando inclusive a parte refe rente ao extremo direito do invervalo ja, 8) 8. Prove que um ponto critico 2 = a de ume Fangio f é de minimo se a detivada f' é egativa logo a eaquerda © positiva logo & direita de 1 = a, isto, se existe 6 > 0 tal que gabe zcacysax6e f(e) <0. fy). Enincie « prove propriate andes pare 8. Prove que se f'(a) = 0 © f"(a) < 0, emo z =< ponto de méximo; ¢ & de minimo se £"(a) > 0. Prove também que oum pesto critica de anaximo, f"(o) < 0; € mim ponte titien de minimo, #"(a) > Capitulo 6: O Céleulo Diferencial 135 10S fue feo dea mum mara Poe gu w= «fer ted mide, tia ex) f'(b-), 18. Prove que se g = f' em todo um intervalo [a, bj, entdo g nao pode tet descontinuidade de presse one dane mario DA As expresses flat h)= flan) | fla+h) +f We a fla) paca valores pequenos deh, so freqdentemente usadas, em Culo Numérco, como apee- ximagies de f'(a) ¢ /"(a) respectivamente. Prove que, se f é derivavel em 2 = a, a primeira dessas expresses eletivamente tende 9 f'(a) com h ~»G; € a segunda tende a f(a), desde {que esa dervada exista. nerve que oliite da primeira expresso pode exstir sem que Fo) exist; e a funcéo f{2) = + en 1/2) ee £4 Oe f(0) ~ 0 iustta casa stuaggo com 220. Anslogamente, /"(a) pode ado existir, mesmo ave © Hinite da segunda expresso teist; fle) 2" se 22 06 fla) = —2" ser <0 ttre ease atuagio coma =O 15, Diese que uma fungio f num intenalo 1 6 conveza se, quasquer que sejam a, 5 1, com cb, agraica de f entre 0s pontor A= (e, fla) © B= (0, f10) ets abaixo do sermento ‘AB, nog eee chr ste) $a) s =H ws ace cpa ste) i) LD =H» 60) ‘Mostre que essas condigies equivalem $lta+ (1196) < thle) + (1-916) (6.10) para todo t € (0, 1). Faga um grifco © interprete as condigées (68) a (6.10) geome. tricamente, Quando a desigualdade 6 estrita nessas condigées, dizemos que a fungéo & estrtamente convera 1}, Prove que toda fungi convexa (ou estrtamente convexa) num intervalo aberto Fé contioua. esse mtervalo. Dé exemplo de uma fungdo comesa num intervalo fechado, que sija des continua noe extremos desse interval 17. Mestre que toda fungio convexa num intervalo I satisfas a condigso a+b 244) < Bipta) +7001, (on) quaisquer que sejam a, 6 € I. Prove que se f é continua no intervalo I e satisfaz a condicto (6.11), f 6 convexa. Enuncie e demonstre propriedade andloga para fungdo estrtamente 18, Prove que se f & convexa (estritamente convexa) e derivével num intevalo I, entao f° 6 no ‘decrescente (eresvente), Em conseqiéncia, se J possui derivada seguada nesse intervalo, 0. Da exemplo de uma fungio estritamente convaxa num Intervalo aherto F, sem que (2) seja positive para todo 2 € I 1:2 Cap. 6: 0 Céleulo Diferencial Demonstracio. Basta notar que dtp 20-29) ys Eitao, pelo Teorema 4.8 (p. 84), existe & > 0 tal que $(2)- 10) . 9 acrcats= donde segue o resultado desejado, pois z — a > 0. (Os demais casos contemplados no teorema so aniilogos e ficam @ cargo do lekor. 6.9. Corolirio. Seje {uma funcéo derivével ems = a, com "(a) #0. Evtao eriste 8 > 0 tal que F(a) > 0 f(x) < fla) < fly) para af <2 cacycath $'(@) < 0 f(z) > Fla) > fly) para a—6 <2 0 tal que wher <0 0. Entao c é ponto interno, logo f(c) = 0. como queriamos provar. caso mais geral, /"(a-r) < m < f/(b—) reduz-se ao anterior com a conside- ragdo da fungao g(z) = f(x) — mz, que agora satistas. g'(a+) <0 < g'(b—), por tanto o'(x) se amula em algum ponto.e, donde j"(c) = m. O caso /"(at) > f(b) 6 andlogo e fica a cargo do leitor Observe, pelo teorema que acabamos de demonstrar, que a derivade de uma fungéo pode néo ser continua, no entanto possui a propriedade do valor intermedisrio, Por exemplo, como vimos no Exere 7 da p. 128, a functo Sa) =2sm se 2 #0 © F(0)=0 tem derivada #0) =0 € f(z) =208en2 cost se 240, ‘que € descontinus em 2 = 0, pois enquanto o primeiro termo desse ultimo segundo membro tende a zero com x — 0, cos(1/2) oscila infinitas vezes entre +1e —1em qualquer viainhanga dex = © teorema assegura, em particular, que toda funcio J, que seja a derivada de outra fungao em todo um intervalo, néo pode ter descontinuidades de primeira espécie em nenhum ponto desse intervalo (Exerc, 13 adiante). (Observe que nio é esse 0 caso da fungéo (2) = |r|, cuja derivada, f(x) = 1 sez > 08€ Ji(2) = —1 se 2 < 0, tem descontinuidade de primeira especie em x = 0, mas néo esta definida nesse ponto, isto é, f nao é derivavel em todo um intervalo contendo 2 = 0.) 0 teorema do valor médio tem uma generalizagio simples e mos a seguir. que dare- 188 Capitulo 6: O Caleulo Diferencial Gottfried Wilhelm Leibniz (1645-1716) nasceu e criou-se aum ambiente académico; seu pal € seu avé matermo eram professores universitésios, Desde cedo manifestou grande inte esse pelo estudo. Passava longas horas na biblioteca do pai e aas 12 anos de dade fia ‘cortentemente © latim ¢ impressionava por sua vasta erudiio Lelbniz era dotado de extraordinéria versatilidede. Inicialmente estudou direto © hu- ‘manidades, doutorando-se em Filosofia acs 21 anes. Logo em seguida entrou pars o servica 0 (> 0) num intervalo J. F € convexa (esteitamente convexs} em J 22, Substituinds as desigualdades em (6.8) 9 (6.10) por > ¢ >, definimos fungio cénenva © funcdo estritementr céncove, respectivamente. Enuncie © demonstre, para fungoes ‘concavas, resultados andiogos aos anteriores, jéestabelecides para funcbes convex Sugestdes 4 Supondo que a tangente no pomto (z, fia) passe pelo ponto (b, f(é)), come 0 2s'(e) ~ fle) > 0 = gla) < (2) 6 flo 41-2) =O, # 0, existe a tal que e < o> LG —"L. , de sorte que j= 2" +i, onde i= A = 2°, Entio, fash Leth) (1, fame ow (S82) (es) -G +8) «tio +h (23 4 yey + LL ALOD ted 0) Complete & demonstragio. i e & $0) ~ 50) Capitulo 6: O Céloulo Diferencial 137 18. Dados ze y, com 2 < wy eiam ze tals que z <2 << y. Entio, (6.8) e (0.9) permitem cexcrever (faga am grafico) ie) Faas reway, 20, Sejam a, € J, a Dara todo x < (a, 6), Isso mostra que g é ndo decrescente fem (a, c]. Analogamente prove-se que q é néo decrescente em (, Notas histéricas e complementares As origens do Céleulo [As idéias do Céleulo surgirem aoe poucos, nas obras de varios matemétices do séeulo XVIL Foram amadurecendo gradualmente, adquirindo forma mais acsbada nee trabalhor de Newton Lelbnie. Eseae dois sibior vieram mais tarde, na segunda metade do século, e realizaram, lndependentemente um do outro, o trabalho de sistematizagio das idéias e métodos, centradna no chamado “Teorema Fundamental”, de que falaremos mais tarde, ao final do capitulo 8 Isaac Newton (1642-1727) nasceu na aldela de Woolsthorpe, ma Inglaterra, Enquanto menino e jovem Newton nio manifestou nada de excepcional em seus estudos. Seu exame de ingresso na. Universidade de Cambridge até revelou defciéncia em seus conhecimentos de Geometria. Ao terminar os estudos de graduacio, a Universidade fechou-se devido @ vme ‘pidemia de peste que grassava por toda parte. Assim, Newton passou 0s anos de 1665 © 1656, fecollido em sua aldeia natal, Mais tarde ele contaria que foram nesses dois anos (“biennium mirabilissimam”) que se sentiu no auge de sua criatividade, tendovse dedicado & Matemétics 4 Filosofia (“Natural Philosophy", ou seja, “Ciéncias Nacurais") mais do que em qualquer butra dpoca desde entio, Poi nesse periodo que Newton teve as grandes idéias que o cele- brisaram, em teoria da Gravitacéo, em Otiea e no Catcula ‘Dotado de ums personalidad complexa, Newton sempre relutou em publicer, ou mesmo vulgar entre seus pares suas descobertas cieatificas. sparentemente por receio de critica, Segundo De Morgan, “durante toda a sua vida ele foi dominado por um temor mérbido de ‘oposigao”, Em. 1660 Newton foi deignado professor em Cambridge, na citedra até entao ocu- pada por seu mesic, Isaac Barrow. Seu livro Principios Matematicos de Filosofia Natural [conbecido como Principia, do titulo em Iatim), eeztamente a maior obra cienifica de todos fs tempos, 6 fok publicada erm 1687, por insistancio de alguns amigos e colegas, dentte eles © astrénomo Edmond Halley, que pazou os custos de publicagto ‘0 primeito documenta de Newton sabre 0 Calculo é um manuserito de 1666, que teve circolagao muito limitada, tanta na epoca es que foi composto, como apés sua morte. $0 Imuito recentemente é que fo: publicada, coano parte da edigio das mais de 5.000 paginas de msnuscritos deixados por Newton. (Veja [F}, P. 191) Capitulo 7 A INTEGRAL DE RIEMANN Introdugao © conceite de integral é mais antigo que o de derivada. Enguanto este surgiu no século XVI, a idéia do integral, como érea de uma figura plana ou volume de tum sélido, surge e aleanga um razodvel desenvolvimento com Arquimedes (285- 212 a.C.) na antiguidade. Naquela época, entretanto, a Matemética era muito geométrica, nao havia simbologia desenvolvida, portanto, faltavam recursos para © natural desabrochar de um “céleulo integral” sistematizado. ‘A situagéo, no século XVII, era bem diferente Jé no século anterior simbologia se desenvolvera bastante, sobretudo com Frangois Vite (1540 1603) Depois, com os trabalhas de René Descartes (1596-1650), Pierre de Fermat (1601-1665) ¢ outros seus contemporineas, # moderna notacéo da Geometria Analitica se difundia e tornava possivel o surgimento de métodos sisteméticos € unificados de tratamento do edieulo de areas e volumes. Foi por iss0 que 0 Célculo Integral, como ele € hoje conhecido, pode se desabrochar e desenvolver. Esse desenvolvimento teve, no inicio, forte motivagdo geométrica. Os pro- bblemas que se punham eram os de calcular dreas, volumes € comprimentos de arcos. Depois de todo o desenvolvimento das técnicas do Cileulo, ocarrido até 6 inicio do século XIX, e com a procura de uma rigorosa fundamentagio da Anélise. € que os mateméticos acabaram descobrindo a possibilidade de definie ‘a integral em termos puramente numéricos. Assim, 0 problema original se verteu: enquanto, de inicio, o céleulo de éreas levava & integral, agora definimos primeiro a integral, em termos numéricos, para depois definir rea em termos da integral Somas inferiores ¢ superiores. Fungdes integraveis Em todas as consideragoes que faremos a seguir, « menos que o contrario seja dito explicitamente, as funcdes consideradas serdo sempre definidas ¢ limitadas num intervalo J = (a, b. Uma particas P desse intervalo é um conjunto finito de pontos, dado par P= (00, 21,..02n}; COM a= 29 < 21 <...< aq =b, (a) Sempre que escrevermos P = (zo, z1,.--1za) pata indicar uma partigao de um intervalo [a, 6], entenderemos que a= x9 < 21 <... fre] (78) Diz-se que a fungéo f € integrdvel quando essas dues integrais sao iguais. Neste caso, 0 valor comurn das integrais inferior e superior ¢ chaspado a integral ‘da fungSo f, a qual 6 entéo indicada com o simbolo f° f ou fe f(esds. sta iiltima notagio seré justificnda mais tarde, com « introducdo das “somas de Riemann’, introduzidas na p. 156. A varidvel x que af aparece é a varidvel de integragdo; ¢ 08 niimeros a ¢ b so as Fimites de integracdo, inferior e superior respectivamente, Sendo f > 0 uma funco integravel fem [@, bj, definimos a érea da figura geo- ‘étrica identificada com o conjunto A={[e yi OS¥s f(@)asesd) como sendo a integral de f no intervalo et ie 2 \o Sle » Fig. 7.2 7.8. Lema. Qualguer que seja.¢ € (a, 8), valem as relagdes ~ 7 =fae[s 7s) Demonstragéo. Sejam I = ja, bj, J =a, ce K =(¢, bj. Observe que, no célculo da integral inferior de f no intervalo I, podemos nos restringir as partigdes de Z que incluem 0 ponto ¢, pois se uma dada partigdo de J nae contém ce nela incluimos esse ponto, a soma inferior 96 pode aumentar, de sorte que as partigdes que no contém 0 ponto c so mesino supérfiuas no edlculo do supremo das somas inferiores referentes a partigdes de I, ou seja, no célculo da integral 146 Cap. 7: A Integral de Riemann inferior. Ora, cada uma dessas partigoes P de I é a unido de uma partigdo P! de J com uma particao P" de Ke vice-versa, toda unio de uma partigao P’ ie J com uma partigio P" de K resulta numa partigéo P de I que inclui o ponto c, Assim, se designarmos com Ao conjunto das somas inferiores de f referentes a essas partigies P, com A’ € AY os conjuntos das somas inferiores de f referentes as partigies de J e K, respectivamente, teremos: A = A’ A" ‘Tomando o supremo dese conjunto, obtemos (Veja o Exere. 13 dap. 6) a primeira igualdade em (7.6). A segunda igualdade segue por um raciocinio in- teiramente andlogo. 7.4, Teorema. A fungao f é integrdvel no intervale (a, 6] se, ¢ somente se, f € integrdvel em (a, ¢) ¢ [e, b), onde a f. Prove entéo que |, sup 6 © Jif =int J, onde percore o conunto das fangiesecada tas que 6 < f ore 3 conuits das fugeseseads tas que f St + Motte que uma fangio / 6 constante se ue de suas somasinfeiores for igual a uma de bac sues superiors £8 Movie que, em qualquer itera, 6, a8 sma infrores da fang J introdurida no rere: 6: du. 69 eo nlas Prove qu cons fun invegrvel «que sun inepa € rere Sugesio. Plo Teena 73 poderios nodifcr fe un stmero fo de ponton er que inc ude sun integral superior. Orem f, #48 bd um numero fate de ponaw endef Cigual a 1/21/31, Fuga f(a) 0 wees ponon, com gue osupemo def it qualquer subintenaio dee, '¢ 21 {Consider a mesma funo referids no exertio anterior, pom dtnida como sendo igual 2 Tow valores racionis de Most que sinda aqui as some Inrioveso todas mula, taabora ounce se ane. Moeire qu eta Tung no ilo 1€ Sela J ume fang contin num ineva fo, clas somes nferores (on superiors) ao Codes igual. Mosse gue J sonstante Critérios de integrabilidade 7.6, Lema. Umo condipao necessdria e suficiente para que uma fungio f soja inteprdvel no intervala[a, t] € que, dado qualquer ¢ > 0, existam partigaes Cap. 7: A Integral de Riemann 149 € PY de [a, 6) tais que S(f PSF, PY 0, existem particdes P’e P”, tais que si py< [reg © ou p> ['r-$ Agora € s6 subtrair a segunda desigualdade de primeira para obtermos a de- sigualdade (7.9). A prova de que e condigao 6 sufcionte 6 mais féeil ¢ fica por conta do leitor. (Exerc. 1 adiaute.) 1.7. Teorema. Uma condicio necessdria e sufictente para que uma funcao J seja integravel no sntervalo je, 6, € gue, dado quaiguer ¢ > 0, exista wna. partiedo P de |a. b! tal gue SU, P) =f, P) = Dla — moler~ a.) 0, existe 5 > 0 tal que a2 €L, |e’ —2"| <6 |r!) - f(a") 0, seie P= {2o, ti... Zn) uma partigao de fa, 6] cujos sub-intervalos [t-1, 0, existem fungies escada @ © 7. Prove que se J é ums fungio inwegrével num intervalo (a, bento J € continus em algum ponta de (a, 8). 8, Prove que se f' € uma fungio integrével mim intervalo[a, Bento 0 conjunto dos pontos conde f € continua é donso em (a, Sugestdes 7, Bxiste uma partigho P de [a, bj satisfarendo a condigio de integrabilidade (7-10) com = (6-a)/2 Isso implica ques < 1/2 em algum sub-intervalo'=,~1, 21] de P. Chamemos ‘este subsintervalo de J; = as, bi} Se necessrio redusimos seu tamanho para que ele tena comprimento < (b—a)/26 esteja contido em (a, 8). O mesmo raciocinio aplicado a [as, by, (agora com ¢ = (by ~ a,)/2") produz um seu sub-intervalo Jz = az, ba] onde a oscilacao fie f seja < 1/2%, Podemos supor fz de eomprimento < (b—a)/2°. Continvando assim, Indefinidsmente, construimos uma seqléneia de ineervalos encaixarlos fy > Iz... 2 In > "tal que fy, tenhs comprimento < (}—a)/2" e em I, a osclagio de f seja < 1/2 ‘Agora € 56 provar que f é continua em c= Nn € (3, B). 8. Basta mostrar que em qualquer sub-intervalo lc, di de [a, 8] existe um ponto onde J é Propriedades da integral 7.10. Teorema. Se f ¢ g sao funcdes integrdveis em a, 8, 0 mesmo é verdade de f +g. Além disso, furo-fe-fo jay 152 Cap. 7: A Integral de Riemann Demonstraggo. Dada qualquer pattigio P do intervalo |a, ti, é facil ver, tendo em conta o Exere. 11 da p. 82, que So [istasses, P< sis P)4sle P) (7.12) ‘ fir) 2 9s +9, P)2 oUF, P) vHla, PY (7.13) Vemos supor que P seja 2 unido de quaisquer duas outras particées P’ e P" isto €, P = P/U P". Entdo S(f, P) < S(f, P') € S(g P) < S(g, PY); daguie de (7.12) obtemos ~ [irra esis P+ sto, P) Como P’ ¢ P" sao pattigdes arbitrarias, temos que (Veja o Exerc. 12 da p. 6) [unos fof. for fo (714) cesta iiltima igualdade sendo devida ao fato de que f € 9 sao integraveis ‘Um raciocinio anélogo com (7.13) nos conduz a fu-oe f° +f. fife (ns) Dessas duas iiltimas desigualdades segue que o primeiro membro de (7.14) & menor ov igual ao primeiro membro de (7-15); mas este vltimo é menor ou igual a0 primeiro membro de (7.14), um resultado geral para qualquer fungio Ii tada, como f 4-9. Entio esses dois membros so iguais e f +9 € integravel, além do que vale tarabém a igualdade (7.11), como queriamos demonstrar TAL. Teorema, Se f € ume fangio wntegrnel em fa, 6] ec & wma con- stante qualyoer, ef ¢ integrével no mesmo intereas ¢ foef =e fof Demonsiracéo, Vamos suport © 7 0, j4 que 0 caso ¢ = 0 6 trivial. Dado aualquer ¢ > 0, seja P uma partigio do intervalo [a, 5) tal que SUF, P) —a(f, P) < €/'¢ ‘Tendo em conta o Exerc. 14 da p. 6, € fécil ver que S(cf, P) é igual a cS(f, P) on a cs(f. P), conforme seja e > 0 ou c < 0 respectivamente; e analogaanente para s(ef. P). Entéo, Slef, P)~s(ef, P) =iellS(f, P)~ sf. PY. 0 para todo z € I. Dado qualquer ¢ > 0, existe uma partigao P = (x9, 21,..., n} do intervalo 7, tal que SCF, P) a5, P= Sol mia, <= Seja M 0 supremo de f no intervalo I, de forma que M, +m, < 24. Entio. SUP, P)— s(f?, Pha Sue = m3) Ar a Sim + mi) (Oy modes < 2M SUM, ~ mda, < 2M Vemos assim que J? satisfaz condigio de integrabilidade (7:10), logo € in Ne hipotese de f nao ser sempre > 0, m = inff <0 e (f—m)?é integravel, pois f(x) ~ m € integravel e 2 0. Como f? = (f — mJ? + 2mf —m*, vemos que ? é integrdvel, como queriamos provar. TAB. Teorema. Se f 9 so funpdss iutegréveis em ja, 5), entéo Fo também é integrével no mesmo intervato Demonstracdo, Isso € consegiiéncia imediata de fi glu +9? - P= 0) 71d. Teorema. Sef ¢ ¢ sao funcdes integrdveis num intervalo ja, 6, entio, a} $20 [97 >0; & feos [EF > fog 154 Capitulo 7: A Integral de Riemann Demonstragae. Sendo f > 0, claro que s(f, P) > 0 para toda partigio P, © que é suficiente para estabelecer a parte a). Desta segue a parte b), bastando observar que f — 9 = 0. 7.15. Teorema. Se { > 0 € uma fungéo continua num intervalo (a, 5, com fc) > 0 em algum ponto c€ |a, bj, entao f° f > 0, Demonstracdo. Suponhamos que ¢ seja ponto interno. Sabemos, da con- tinuidade, que f(x) permanece maior do que f(c)/2 em toda uma vizinhanga Vale) de c, que podemos supor toda contida no intervalo (a, bj. Em conseqiiéncia, [oe [2 [OB a8 (c) _ ae = flo) > 0. Os casos em que c= a ou c= b ndo oferecem maior dificuldade e ficam a cargo do leitor. (Exere. 5 adiante.) 7.16. Teorema. Se f é integrdvel em (a, bj, 0 mesmo € verdade de |f| € [

0. Prove que 1/f 6 integrsve 4. Prove que se f €g sio inegriveis nur interval fa, 6, @ mesmo € verdade das Tungies max{f. 9} ¢ mn(, 9} A.A parte positive” ea parte negatioa f~ de wma fungio J sto assim definidas: (2) = fle) sevfiz) 20 J5l2) =0 se f(z) <0; f(a) = ~(2) a8 fla) <0 0 f(z) = Ose fiz) > 0 {oa figures interpretaivas de fe J~.) Mostre que f* = (f+ [fD/2es~ = Uf 1:2 gue, portanto, esse fungbes edo intgravels, se J Tor integrsvel. 5. Prove o Teorema 7.15 nos casos em que ¢= a 6 6 = b 6 Sen fuma Fnso integrvel em fo, H. Prove ane f2 $ C(O —), onde ©& ume cota supetior de if), Observe que, quaisauer que aejam ce dem ie. [2p S Cle~ el eiae slor ou menor do que d 7. Soja € uma fungéo continua, tal que [Lf] = 0. Prov que J = 0 8. J4 vimos (Exerc. § da p. 148) que ume fungSo néo negativa pode ter integral milo num inuervalo[o, 8, embora sea postive nim conjunto denso. Prove, todavia, que uma fro ‘pique sje integravel © positiva em todo umn interval a, tem, necssariament, integral postiva 9, Seia J 0 ume fungdo continua em [a, 6] © M = max. Prove que ma( 0) 10. (lems fundamental do Cateulo dae Variagdes) Seja f uma funcdo continua em ja, #), tal (0 para toda funcie continua g que se anule nos extremos do intervalo. Prove Sugestdes 1. Observe que iS(elalz) ~ Fludalw)| = HC) ~ Fv)o2) + Iale) ~ ovis) < CUifle) ~ F(9)| + lal=) ~ atv) ‘onde C ¢ uma cota superior para fe 9. Dado qualquer ¢ > 0, prove que existe uma partigio P de [o, 6), para 8 qual vale a desigualdade (7.10) para a fungéo fa 2. Observe que je - |< Fel” Fy) ~ 156. Cap. 7: A Integral de Riemann Veja o Exerc. 7 da p. 151 4.Se.0 maximo de f ocorre num ponto c € (a, 6), dado qualquer, existe é > 0 tat que BE Vyle) = M—e < fl) 0 para alguin © € (a, 8), existe ume vizinhanga Vi(e) onde fle) > 0, Seja 9 uma funcéo continus que se anule fora de Vs(¢) © que sia positive nesss vieinhanca: por exemple, g(z) =2—(c~S)eme~S 0, existe 6 > 0 tal que [P| <é>T-ecslf, P)SI 0, existe uma partigao Pp = (xy, 21... tn}, tal que (7.20) S(f, Po) < J+ 3/ Seja 5 > 0 um nimero a ser determinado ¢ seja P uma partigio qualquer com |P' <6. A pattigéo P’ = Pou P € abtida de P pelo acréscimo de no maximo Em conseqiiéncia, vale (7.19) com n—1 2—1 pontos, ou seja, 21, 22, em higar de n, donde S(f. P)~ SUF, PY) S An -1)08, Portanto, tomando 6 < ¢/4(n ~ 1)C, teremos Sf, P) < Sf, P') we /2 5 SUL, Po) +/2 Dagqui ¢ de (7.20) obtemos 4 desiguaidade da direita em (7.17). ‘A demonstragio de que I —¢ < a(f, P) € inteiramente andloga e fica a cargo do leitor. (Exerc. 1 adiante.) 158 Cap. 7: A Integral de Riemann 7.18. Teorema. Se f € uma funséo integravel no intervalo |a, 8}, sua integral nesse intervelo é 0 limite das somas de Riemann o(f, P) com |P| iendendo a zero, isto €, [sleyee = Jim e164, (7m) independentemente da escotha dos £; nos sub-intervalos [z,1, zi}. Demonstracéo. Qualquer que seja & € [z;-1, t:}, valem as desigualdades mi S J(6.) S My, de sorte que s(f, P) S olf, P) < SUF, P): Pelo lema anterior, combinado com o fato de que € integedvel, s(f, P) e S(f, P) tem o mesmo limite 1 = J = J f com |P| — 0; entao, pelo teorema da funcao intercalatia (Exerc. 9 da p. 89), o(f, P) também tem 0 mesmo limite, ou seja, vale a igualdade (7.21), como queriamos provar. J? #(e)ds para aintegral de uma fungao, con- cehida come a some das éreas de uma “ine finidede de retangulos infnitesimais” de al- tura f(z) ¢ base “infinitamente pequena” dr 7 (Fig. 73), Este ultimo teorema justifica a notacao | a, Exercicios Fig. 73 1. Termine a demonstragio do Lema 7.1, provando a desigualdade referente& soma inferior em(rin 2. Betabeleg oprimelro eritérlo de integrabllidade de Riemann, que diz: wma condicdo necesoriae sufciente pare que ume fungdo limiteda f num tntereal (a, seo ttegrée! Eq limp, 0 Sota, wnt =O, ato dado qulguere > 0, exsta8> 0 fal gue, endo P tema partgoo defer, [P< oe SUL, P)=olf, P)= Swit 0 €0 > 0, exista 5 > 0 tal que, para toda partigdéo P de I com \P\ <6, @ some dos comprimentos dos Cap. 7: A Integral cde Riemann 159 subsintervalos de P onde a oseilagdo de J supera o seja menor do que, isto 6,8 <=. Solueao: Com a mesma notagdo anterior, € claro que Portanto, supondo vilida a condigio do 12 critério, dados < @ 0, existe 6 > 0 tal que {P! < 6 implica a somatéria anterior ser menor do que cs, portanto 6 < & Para provar « reeiproca, dado * > 0, tomamos o =« e determinamos & satisfazenda & condigio do 2® criteri. Sendo w a oscilagio de f er I, vemos que Isto estabelece a condisdo do 12 eritério, 4. Seja f uma fungéo integeavel num intervalo [a, #1. Mostre que [povae= = 25 fla-rie—o}-n) 5, Caleule as sequintes integeais como limites de somas de Riemann 0) fi ste 6. Considerando as integrais de zero a 1 de (J—22)"* © (1-2) come limites de somas de Riemann, mostre que tw aiaad © tn Slgh ake 7. Com procediments andlogo ao do exercicio anterior, mostre que os aa 2 mY awoke 0) ta BS ae 4. Seja Juma fongio integravel em [= a]. Prove que [%, flelds =2 J f(z) se f for par isto’, fl) = sl@)} © 5, Fa)de = O30 f for tipar (isto s(n) = =) Conjuntos de medida zero e integrabilidade 0 objetivo desta seco ¢ 0 de caracterizar as fungdes integraveis em termos de uma nogao nova ¢ simples de compreender, a de “conjunto de medida zero" ‘Mas, antes de introduzi-la, devernos fazer uma pequena digressio, apenas para mostrar que a unido de uma farcilia enumerdvel de conjuntos enumerdveis é enumerdivel 60 Cap. 7: A Integral de Riemann Para isso, seja (41, A2,...) a referida familia, Vamos fazer a demonstragio zo caso em que essa familia seja efetivamente infinita, © mesmo acontecendo com cada Ay , esses conjuntos sendo dois a dois disjuntos. Assim, Ax = fan, a1, a48)--- Aimy} Az = {a21. @22, 093;--..@2ny..-} An Lani, @nas @ns-+-+nny of onde a4 # ay, desde que (1, 3) # (#4 5). Consideremos, em seguida, 0 conjunto, A= fan. ar, a21, ars, az2, 31, 414, 023, 032, O41,.--}, ajo critério de formacao é ébvio: colocamos, em ordem erescente dos fadices n, a5 diagonals ain, @2;n-1 ++ dnt- Isso torna evidente que A é 8 unio dos A, ¢ aque essa unio'é enumerdvel, como queriamos provar Dia-se que um conjunto C é de medide zero se, dado qualquer © > 0, C pode ser coberto por uma familie enumerdvel de intervalos abertos, cuja soma ‘dos comprimentos seja < c. Por exemplo, todo conjunto enumerdvel é de medida zero. De fato, sendo faz, 42, Om, } ese conjunto, dado qualquer © > 0, cobrimos o elemento genérico a; com 0 imervalo J, = (a; —¢/'24*1, a, +2 /2'*}) de comprimento ©/'2', E claro que essa familia de intervalos J € uma cobertura de A: ¢ a soma dos comprimentos dos Je € DE, €/2! =e; logo, A € de medida zero. Notemos ainda que toda unido enumerdvel de conjuntos de medida zero € de medida zero. De fato, seja A = US Ai essa unido, onde cada A, é de medida za. Dado qualquer © > 0, A; pode ser coberto por uma familia. enumerdvel de intervalos abertos (Jig), euja soma dos comprimentos seja menor do que €f2. Entio 0 conjunto A pode ser coberto pela familia de intervalos Ji: i 1.2,.105 J = 1,2...-, cuja soma dos comprimentos € menor do que 3% ¢/2 e, donde 0 resultado desejado, Estamos agora em condigbes de provar o resultado central desta seqio. 7.19. Teorema. Uma condigéo necessérie ¢ suficiente para que uma furcdo f, definida ¢ lemitada um sntervalo I = ja, 8), seja integrdvel. € que sexs pontos de descontinuidade formem wn conjunto de medida zero Cap. 7: A Integral de Riemann 161 Demonstragdo, Vamos primeiro provar que @ condigio @ necesséria, supondo, pois, que f seja integravel. Seja Do conjunto dos pontos de des- continuidade de f em J, ¢ seja Dy 0 conjunto dos pontos de I onde a oscilagao de f 6 > 1/k (Veja a definigdo de “oseilagso num ponto” no Exere. 2 da P. 101), isto é, Dpa{reT: olf, 2)> Wk} R= 2 E claro que Dy C D para todo k; ese € D, w(f, 2) seré maior do que algum I/k, de sorte que 2 € De. Iss0 prova que D = Uf,Dp. Racionando por absurdo, suponhamos que D nao seja de medida zero Entéo, algum Ds também nao seré de medida zero. Em conseaiiéncia, existe um niimero é > 0 tal que qualquer cobertura enumerivel de Dj por intervalos abertos J; é tal que S%; [dil > 6; e, @ fortiori, a soma dos comprimentos Ay dos sub-intervalos [z,-1, i), de qualquer partigéo P = (to, t1,.+.4 tn) de I, que contenham algum panto de Dy. ser > 6. Portanto, a somatsrie que aparece em (7.10) (p. 149) ¢ tal que (onde 5 € a somatéria estendida somente aos Az, ‘que contént pontos de D.) Doda, 2 Pan 2 Pelo Teorema 7.7, isto contradie a integrabilidade de J, Para provar que a condigiio é suficiente, seja D 0 conjunto dos pontos de descontinuidade da fungéo f no intervalo J. Como esse conjunto é de medida zero, dado qualquer = > 0, existe uma familia enumerdvel de intervalos abertas Ji, Caja soma dos comprimentos € menor do que ¢ ¢ cuja unio contém D. Os pontos x € J que esta fora desscs intervalos J; so pontos onde f é continua; logo, cada um deles pode ser coberto por um intervalo aberto Kz tal que a oscilagao de f mo fecho de Ky € < . A totalidade dos intervalos J; e Ks é ‘uma familia de intervalos abertos cuja uniéo contém I; portanto, pelo Teorema de Borel-Lebesgue (p. 115), essa familia possui uma sub-familia finita F cuja unio contém J. Por exemplo, F pode ser Jay Jey Sits dary Kay Ky, Ke como ilustra @ Fig. 7.4. Em seguide formamos uma particdo de P de 1, P= {x0 t1.-.., ta), com © procedimento descrito a seguir. Tomamos r9 = a ¢ observamos que F possui um ou mais intervals contendo zo. ‘Tomamos = igual ao extremo direito de um desses intervalos, caso tul extremo seja interior a I, sendo pomos 162 Capitulo 7: A Integral de Riemann Fig. 7.4 a = be encerramos a construgéo de P. Em seguida observamos que F possui jum ou mais intervalos contendo z:. Tomamos 32 igual ao extremo direito de lum desses intervalos, caso tal extremo seja interior a I, sendo pomos 2 = 6 e encerramos a construgio de P. E assim prosseguitnas até terminar com 2» = 6. Com esse procedimento, cada sub-intervalo da partigao P, (21, 24), esté contido no fecho de algum dos intervalos de F, 0 que nos permitira estabelecer a integrabilidade de f com a condigao (7-10) do Teorema 7.7 (p. 149). Para Jsso separamos as parcelas da somatoria S77, wrAsre aue aparece em (7.10) em duas partes: uma referente aos intervalos do tipo J:, que ser pequena por ser pequena a soma dos comprimentos desses intervalos; a outra referente 20 Intervalos do tipo Fz, que ser pequena por ser pequena a oscilagao de f nesse Intervalo. Mais precisamente, como f é limitada por uma constante M, a soma das parcelas correspondentes aos intervalos do tipo J, designada por >y, € Weide; = TM ~ mjAx; < 2M D> Ax, < Mey T 7 J ea soma das parcelas correspondentes aos intervalos do tipo K., designada por Eee ude <2 Ax < e(b—a) ® F Entéo, 37, wi Ae, = TywAn +D_wiAey < (2M+b—a)e, 0 que nos permite concluir, pelo Teorema 7.7, que f é integravel. Isso completa a demonstracao do teorema. O teorema que acabamos de provar mostra que uma fungéo integrével & continua em “quase” todos os pontos de seu dominio, o significado preciso desse “quase” sendo este: a fungi continua. em todos os pontos de seu dominio, exceto num conjunto de medida zero. 7.20. Exemplo. A funcio considerada no Exerc. 6 da p. 105 integrével, como i tivemos oportunidade de verificar diretamente no Exere, 8 da p. 148. elo toorema anterior, a verificacao é imediata, pois f satisfac a condigio desse teorema. Observe que toda soma inferior dessa funcio, referente 8 qualquer in- tervalo [a, 8, € zero, donde segue que sua integral é zero. J 8 fungio do Exere. Capitulo 7: A Integral de Riemann 163 9 da p. 148 mao 6 integravel, pois é descontinua em todo 0 intervalo [, 8 Notas histéricas ¢ complementares Cauchy e a integral {6 tivemos oportuidade de observar (p. 104), que no século X'VIH a derivads ers iterpretada, ‘anis como tim operador algbrico que transformava umas em outras as expresses aaliticas ‘que epresentavarn as fungbes. De maneire andloga, » ntepral definida, embora sabidameate frea sob 0 gréfico de ums Fangio, era interprotada como a diferenca de valores de uma mesma primitive da fangao. Assim, caleular uma integral definida significava essencialmente achar tama primitiva, ou seja, transfomar algebricamente a expressio analitica de wma fungdo em ‘outta. Como se va, a énfase era posta na idéia de funcio dada por uma expressio analitica Mas esses conceitos do século XVIII no 86 0 de derivada ¢ integral, como os de funcio © ‘continsidade — eram insufcientes para lidar com os novos problemas que surgiam jé no final do secu © como dissemos nas pp. 105 ¢ 106, iso ficou bem evidenciado na obra de Fourier, ‘que teve forte influéncia nas mudancas que ocorreriam no inicio do século XIX. ‘Cauchy foi o primeiro a introduzir a integral analiticamente. Em sea “Résumée” de 1823, [C2] ele define a integral como limite de somas do tipo Yi fetes ~ 2-1). 1B com exsa definigio demonstra que toda fungi continua num interval limitedo ¢ integrével (embora em sua demonstragdo proceda desapercebidamente como co a funcdo forse uniforme- mente continua). E demonstra também, como veremos no capitulo seguinte, que toda fango continua f possul primitiva (Como se vé, a integral assim definida dispensa com a restrta eoncepgio de que f tenha ume expressio analitica, Basta que a funcdo f seja continua para que exista F tal que Pie) = f(zh F én intesral defnida de f num intervalo [a, 2], como veremos no capitulo sequinte. Mas, a0 que tudo indica, essa concepcdo geral de fungSo nfo estava nas consideracées ‘de Cauchy. (Veja {LI}. p. 4), Dirichlet e a série de Fourier Varios matematicos, a comecar pelo préprio Fourier, tentaram, sem sucesto, demonstrar Possiblidade de desenvolver uma fungio arbiteéria f em série de Fourier, isto é, dade uma fungéo com dominio |-m, =], provar que Jia) = B+ Daneosne sen ne), Jf sercenis =? [jonas Ma is eo em trago satisfatétla, no espirito dos novos sndtodes de Anslise, foi Dirichlet. Peter Gustav Lejeune-Dirichiet (1805-1858) passou os anos de 1822 a 1825 em Paris, onde relacionou-se intimamente com Fourier. Dessa época resultou seu memorével trabalho de 1829 {D3} sobre as séries de Fourier. Voltando para a Alemania, Dirichle: foi professor em Breslow, fra 1827; depois em Berlim, de 1828 » 1895, terminando came suceesor de Gauss em Gottingen, ‘8 partir da morte deste em 1855, 1 1 164 Cap. 7: A Integral de Riemann ( rfeid tebalho de Dirichlet € um marco signifcativo na eolgdo da Andie i te se xX" A led primeitademorstec rigoros de aut sre Maer ne so converge tm cada pono, pure adi atin dole ae Fare a ee eta sendo cota ths aconegarela spare vl Fa). Nessa demonstragio ele faz @ hipdiese de que J seja seccionalmente continua, apsrente Fe) Nese eee Ean ss lnerabliddeSegun w defnio de Cauchy bem coma mente pene: Pacts de Fourencsupseainde que / son seconaimente enonn ts enn homeo bo demas e ne, Pae us do ado a a ee emeternosoekor p26 de [Ay cll obecrande go ton deacntagho pede er ete «fangs mnie ut tinsndo © propiotue sounds gual qseget uv slam ae bo erie Ce srs ca compreenis entree ts gus a neko mj contin et eee moderna, le equines dvr que otro de echo Go conta dex ponet {Bam Inger se vaso, wn ng tals conjntoechanamte “nowhere dens”, Woe [3 Ce i Drchlt, oan snagie€necrsneparesvegurar» muerbidode def 230) Seta, cocci de une olneeando gue exter anges guts ste «4 crete come exemple «Teneo qu ¢ gue um mere quando vate! € sl cond. rut mimerod quando weal wraional, fare ¢ argon én coh aco ie que rodeos no Baer dap i, Por fen ct mage a denon: “sete rnc da sri de Fuse ean caso tl eal, wt fda Ctra gue sae serene lgun dele lind tos price fdas da nde nama pe soni uta nt, ce vocab Geos propia nti ee Rone a tne, Dict ao picu ee “ovta not”. B vrdade que em 1887 ar rea abo wbre © mee tant, Pow Wm server augur cose a reoclal. (Veja (BS), p. 196.) Mas é nesse trabalhe que aparece # definiio de funsao Sere ap OT de [B) que oe conngru ado noon Cas a Ponaceme tig de gerne da Iter! que Dhl inka em mente svn Se5°9 aba de Dat wn competed por Riemann wm at de sul sais tarde. Riemann e a integral these Frick Bernard Riemann (16 188) eetadou em Gtingen, ond obive se Sa ee teste fangs de vals comploca (Ven [BI p10]. apie 0 aut doutarae er era para» “Haas” (qu tc data drow ar auls ta uhersionde come sent), pre tnhs de aprentr une tee, Bi stoma ts aon came Pi aos es ees igonomacsiea auto sobre fundamentoe dn Geometie¢ut re en Matemdticn "A como be trae, presdica por Cause, eetheu owl ear da ede do novo talento, )é que Case no eel dado login, Ease aman Qiemann, deve de passage, ¢aqvle qu langara os fndmentes Jee nove a Geometia Riemannian, ole in shno de Dire, nu cs sobre tora dos nimerosem Beri «por te earch Bo 1852 Disciet steve vistands Gottingen juss neste nari Eee a apronmou. esto vr, egajde qu esto nu prepare desea wabahe Reman de on igonomderi, tee, Heae aunt, induce deta so stim de Bl sre parte, fo exe meme ano que Riemann concu eedo wal cal Dut per Dedelind, dai, 3 oeres e107, ape at as oe parda de Reman que nko rouleda por iret em 129; o que Cap. 7: A Integral de Riemann 165 Fig 75 signfce dizer que uma fangéo & intépravel? Ao contrvio de Cauchy, que se restringiv, em suas considerasoes, a fungées que aio continuss, ou, no maximo, sxcionalmente continuas, Riemann nio fa outrahipétese sobre a fungo s ser integrada al da exigencia de que suas “somas de Riemann” vonviiam. E estabelece, « partir da. eréri de itegrabilidade que caracterizam completamente a classe das fancies imegravels (Exeres. 2¢ 3, p. 158). Notivel, fm particular, €0 exemplo que ele di de ura func integravel, nao obstante ser deseontins hum conjunto denso de pontos' Isso sequer tithe sido imaginado antes Desereveremos a seguir a faneioexibida por Riemann. Sejm p(2) 0 inteiro mais préximo de ze (2) » funcio que ¢ aero se = € metad- de um inteieo © (2) = 7 ~ plz) em caso contro (ig 75). 8 fang de Riemann € dada pela série 00, Gs Sloe ra fe Observe que os grficos de (22), (32)... sto andlogos ao grafico de (2), porém com inchinagdex 2,3... de forma que seus pontos de descontinuidade sio cada ver menos espacades. Como 2 vé, os termee da série (7.23) vio Contribuindo mais ¢ mais descontinuidades, de forma que 1 soma resulta numa fungéo evjos pontos de descontinuidade formam um conjunto denso na eta. O fator 1jm* ¢ introdurido para assequrar & convergéncia da série Vejamos isso em decelhes, restringindo nosses considerages a valores positives de Obeervemos iniialmente que os pontos de descontiuidade de (n) $30 08 pontos zu tai que rans, = (2k ~ 1)/2, it0 6, Sgn = (2h-r 1)/2n. Como € Feil ver, variando no &, abtemes lads as descontinuidades de todos of termos de (7.22). E para evitar repetkoes, deveros fexeluir 06 elementos qx quando 26 1 en néo forem primos entre si. Logo, 08 pontos de escontinuidade dos dilerentes termes de (7.22) sio dados pelo conjunto dos zy», com 2 +1 fen primos entre si, Observe que a condicdo para que rq seja descontinuidade de (mz) ¢ que rege ~ (2k 1)/2]m/n seja metade de um nimeto impar. Como 2k = 1 € prime Com m isso eoutecerd se. € somente se, m/ for um inteiraimpst, ou sea, m= (2) + 2) Estamos agora em condigdes de caleular 0 Tite de (mz) com 2 ~ 44 pela dirita e pela esquerda. Quando m nao for da forma (23 2 Jn, (nz) 4 continua em Zqsy partanto o limite 6 (rps), pela diteita ou pela esquerda; © quando 1 = (2) +n. (24t) ~ 0, de forma que 1 _ (mane) 1 _ emtnn) vat Fmt eB? ame FT Em conseqiiéncia,trocando a operagio de tomar o limite com a operagio de soma (justificivel pela "eonvergéncia uniforme”, como veremos na espitulo 9), ) rey 5 Tas. wine) Hee 5 a * Now) pg 166 Cap. 7: A Integral de Riemann (Veja a soma dessa thtima série em [AG], p. 52) Isso prova que a oxcilagio de J em rar € W(f tua) = 1/7?n® (como segue do Exerc. 3 da p. 101). Portanto, dado o > 0, em qualquer intervalo limitado s6 existe um mtimero Rnito de ponios zn onde W(f, Zax) > e. Riemann serviu-se deste fato e cle seu 2° critrio de integrabilidade (enuneiada no Exerc. 3 da p. 158) pata concluir que f é integravel As demonstragGes dadas por Riemann em seu trabalho contém varias lacunas; muitas Passagens 86 podem ser justiicadas & luz de resultados sobre eontinuidade e conversencia uniformes, © na époce de Riemann esses conceites ainda nao tinzars sido cefnitivamente ‘dentificados ¢ incorporados & Matematica. Ali, isto ¢ motivo pars admirarmos ainde mais as realieagdes de Riemann. Essas lacunas foram logo preenchidss por outros matemsticos, entre eles Gaston Darboux (1842 1917), a quem devemos a apresentario rigarosa da integral ‘que izemos no presente capitulo. (Veja (Hl), p27) Finalmente, devemos observar que, como outros tzabalhos de Riemann, 0 gue ora nos ‘cups teve grande influéncia no desenvolvimento posterior da Maiemstica, neste caso a Andlise, Picave agora mais claro do que em 1829, com Dirichlet, a importincie do conceito geral de fungi como lei arbtrdria de corzespondéncia. O 2 citério de inegrablidade e @ fungi integravel que Riemann constraiy, estimularam o desenvolvimento dos conceitos teorias sobre ‘contetido” e “mensurabilidade” de conjuntos. O Teorema 7.19 (p. 160), por exemplo, nada mais € do que a formulagio do 22 criteria de integrabilidade de Riemann em linguagem moderna, No final do capitulo 9 voltaremos a falar da infuicla de Riemann na teorie da convergéncia das séries de fungies Capitulo 8 O TEOREMA FUNDAMENTAL E APLICAGOES DO CALCULO A ligagao entre derivada e integral é objeto do chamado teorema fundamental do Célculo, que estudaremos neste capitulo, juntemente com suas conseqtiéncias ¢ varias aplicagées do calculo. Para isso a integral {® f(x)dx seré considerada como funcao de seu limite superior de integracao. Observe que a variével « que figura nessa integral desaparece com a integracio, por isso é completamente neutra, isto 6, tanto pode ser x, como ¢ ou outro simbolo qualquer; o valor da integral € 0 mesmo, nao importa que simbolo usemos como varidvel de inte- gracio, Nas consideragies que faremos a seguir, 2 designard o limite superior do intervalo de integracao, razdo pela qual usaremos a letra t como variével de integragio, escrevendo f[ J(Odt om vex de [ Sleds. Isso evita confusao entre os dois simbolos 2, que tém, na segunda integral, significados diferentes. E bom que se diga, entretanto, que @ segunda notagio 6 também usada me literatura, devendo-se entao distinguir um do outro os dois simbolos 2 que af aparecem. © primeiro teorema que provaremos neste capitulo, © chamado “Teorema da Média”, seré logo usado na demonstragio dos teoremas seguintes. 8.1, Teorema da média. Sejom f uma junpao integrvel num intervalo fa, 0], em eM 0 infimo eo supremo de f, respectivamente. Entdo, ma) s [fee smo), (a) de sorte que existe um mimero L € fm, Ml, tal que [teu = 10-6) (62) E se f for continua, existe c € a, 6] tal que f(c) = L, de sorte que . [evi = 101-0) (83) 188 Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagses Pig 61 Demonstragia. As desigualdades (8.1) so conseqiiéncia imediata das de- sigualdades (7.4) da p. 143. (8,2) é evidente. E se f for continua, me M serio © minimo € 0 méximo, respsctivamente, de f em [a, 6]; logo, pelo teorema do valor intermediério, L seré igual a um certo f(c), © que prova (8.3). Observe que as igualdades (8,2) e (8.3) permanecem vilidas mesmo que b se menor do que a, pois isso implica mudanca de sinais nos dois membros das igvaldades Bm se tratando de uma fungao f > 0, (8.1) 2 (8.3) tém interpretagdes geométricas simples ¢ interessantes: como a integral representa a érea sob 0 srifico de f, (8.1) significa que essa rea esté compreendida entre as areas de dos retingulos ABCD ¢ ABEF, de mesma base ba ¢ alturas m e M, res- pestivamente (Fig. 8.12); € (8.2) e (8.3) expressam o fato de que a area sob o srcfico de f ¢ igual & érea de um retangulo ABGH, de base b~ ae altura I. ou F(0) (Fig 8.10), 8.2. Teorema. Seja f uma funcio integrével num intervalo [a, 6}. Entéo, @ fingdo F, definida por Fa =f" pede (84) S emtinua nesse intervalo, Demonstrapio. Supondo primeiro que x seja ponto interno ao intervalo [a, 4}, comecemos com a identidade Fetn—Fe)= [oat ~ [soa = [rox Seje © uma cota superior de |f\. Entio, aplicando o Teorema da Média © desgualdade (7.16), p. 154, obtemos . We + h) - F(a) [f° toa) cow Cap. 8: O Teorema Fundamental ¢ Aplicagdes 169 Ora, isto pode ser feito menor do que qualquer ¢ > 0, desde que |h| < €/C, 0 que prova a continuidade de F em Se = a, devemos tomar h > 0. 0 raciocinio é o mesmo; obtemos, evidente- mente, continuidade & direita em z= a. Se x = b, continuamos tomando h > 0, porém agora consideramos a diferenca F(b) — F(b~ ), com a qual seguimos 0 mesmo raciocinio, obtendo continuidade & esquerda teorema que acabamos de estabelecer mostra que a operagio de inte- ‘gragdo tende a regularizar a fungao sobre a qual el opera. Uma fungio apenas integravel pode nao ser continua, pode até ser descontinua zum conjunto denso ‘em [a, 5] como ja vimos no capitulo 7; no entanto, sua integral (8.1) é continua, 8.5, Teorema fundamental do Céleulo. Sendo f inteordvel ere fa, b], @ fungéo definida em (8.4; € derivdvel em todo ponto z € |a, b] onde f seja continua; nesses pontos, F(z) = f(z) Demonstracdo. Suponhamos primeiro que x seja ponto interno uo intervalo ‘a, 8). ‘Tomando |. suficientemente pequeno para que +h ainda esteja no intervalo fa, 6], pelo teorema da média podemas escrever ah F(e+h)~ F(z) =f flejdt = Lh, (8.5) conde 1: é um miimero compreendido entre o infimo ¢ o supremo de f no intervalo ddeextremos 2 ¢ 2 +h. Dividindo essa expressio por h e fazencio h 0 obtemos © resultado desejado, pois f € contimua no ponto =, logo L — f(2) com h—~ 0 Os casos em que 2 coincide com « ou com 6 nio oferecem maior difculdade « ficam a cargo do leitor; € claro que F(a) e F'(b) serio devivadas a direita © & esquerda, respectivamente Observe tambéin que o resultado do teorema, F'(z) = f(x), permanece viliéo mesmo que z < oem (84), desde que f seja integrivel em |e. a, © continua no ponto 2. De fato, a férmula (8.8) contimia valida; con segiientemente, também o raciocinic que dela decorre. Assim, vemos também que ap ap gf roan) © Z [ noa=-10), desde que f seja integrével no intervaly indicado e continua no ponte 2 Primitivas de fungdes continuas Diz-se que uma fungdo F 6 primitiva de outra fungio j se F/ = f em seu dominio comum, que supomos seja umn intervalo. O teorema fundamental nos 170 Cap. 8: O Teorema Fundamental ¢ Aplicagdes assegura que toda fungdo continua num intervalo [a, 8] possui primitiva, dada por (8.4). Por outro lado, do teorema do valor médio segue que se « derivada de uma fungao € zero em todo um intervato, entdo essa fungéo ¢ uma constante. Em conseqiiéncia, se duas fungées F eG tém a mesma derivada em todo um intervalo, entao elas diferem por uma constante C nesse interval, isto 6, (2) = F(z) > Ge) = Fle)—¢, Vernos assim que basta conhecer ume primitiva F de J para que todas as primitivas sejam conhecidas, jé que a primitiva mais geral ¢ da forma G(x) = F(z) +C. Sendo f continua, uma primitiva particular é dada por (8.4), e sua primitiva geral é ate)= [rode re (86) Desta expressao obtemos a importante formula, 60) a0) = [0a (87) segundo a qual, para calcularmos a integral de uma fungéo continua f no in- tervalo (a, 6) basta achar uma sua primitiva qualquer @ e caleular a diferenca Gib) ~ Gla) ‘A Integral que aparece em (8.7) 6 chamade integral defintda de f no intervalo (a, 6]. A designacio é apropriads, pois o resultado da integracio ¢ efetivamente um nimero bem definido, ‘Jia expressio integral indefinida € reservads pera a integral em (8.4), devi- do ao fato de que ela é considerada como quantidade varisvel, fungio da varidvel 2, Mais do que isso, quando f é continua, (6.4) fornece todas as primitivas de f como vemos por (8.6). Em vista disso, o limite inferior de integragao em (8.4) tanto pode ser ¢ ou outra constante qualquer, que sua derivada sera sempre f Ora, a arbitrariedade desse limite inferior de integragéo costuma ser interpre- tada como a arbitrariedade da constante C em (8.6). Tanto assim que (8.6) costuma também ser escrita ne forma eee [rit ‘sem indicagao do limite inferior de integracao, cuja arbitrariedade significa, como jd dissemos, a presenga da constante arbitréria C em (8.6). A notagio mais sim- plificada ainda, G(x) = f f(r}d2, também é freqitentemente usada para indicar a primitiva genérica de f. E interessante notar que (8.7) ndo é apenas conseqiiéncia do teorema fun- damental, mas equivatente a ele, desde que f seja continua. De fato, basta Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagdes 171 substituir b por em (8.7) ¢ derivar. para ebtermos o teorema fundamental na forma F'(z) = f(c), F dada por (8.4). Portanto, na hipdtese de que f seja continua em todo seu dominio de definigao, que supomos seja um intervalo, 0 teorema fundamental na forma (8.7)é muito itil, pois permite calcular a integral conhecendo uma primitiva G de f, sem necessidade de construir essa integral como limite de somas inferiores, superiores. ou somas de Riemann. ‘No entanto, é preciso ter em conta que nem sempre temos a nossa disposigéo uma primitive G de ums dada fungio f. Neste caso a tinica saida é a funcio (84), construida com auxilio da integral, definida esta em termos de limite de somas, como jé vimos. Exemplo tipico disto é a fungio logaritmica: a pergunta “qual é uina primitiva de f(z] = 1/22", a resposta natural é PG)= [2a om x0. Neste caso, esta integral € a mancira meis adequade de definirmos 0 loga- ritmo de 2. Exemplos como esse existem quase tantos quantas as fungées continuas que possamos exibir, pois so pouquissimas as funcdes integraveis em termos de “fungées elementares”, como polinémios, fungdes racionais, algébrieas, trigonométricas, exponenciais e logaritmicas. Integragao por partes ¢ substituicao Os chamados métodos de integragio por partes ¢ por substituigio, muito dieis no céleulo de primitivas de fungoes dadas, como se aprendem nos cursos de Galculo, tom tambem grande importancia como instrumentos tauitas vezes de- cisivos na abtengao de novos resultados da teoria. Os préximos dois teoremas tratam desse assunto. 8.4 Teorema. Se f' ¢ 9' sdo funcdes integrdveis num intervalo, entéo, esse intervalo, [sae ide = sedate) ~ fs" )o(a\ae. |A demonstragio € imediata, notando que fo! = (/0)'— f'a. 8.5. Teorema. Seg < wma funcio definida num intervalo [a, 6], com derivada integrével ¢ f € uma fungdo continwa num dominio D, que contenha o intervalo de extremos g(a) € 9(b), € se F é uma primitiva de f, entéo F(g(t)) ume primitive de f(o(t))a'(t) & ett (x )dx = (t) et [yt f noworotnee 172 Cap. 8: 0 Teorema Fundamental e Aplcagces Demonstrucio. Pela regra de derivagio em cadein, HFC) = Poo") = Holoyato, © que verifica @ primeira afirmacao. Como a integral definida é a diferenga de valores de qualquer primitiva calculada nos extremos de integracéo, podemos entao escrever: 6 Jf, fits = F090) ~ Fala) = F(o(t))o'(t)at, © que completa a demonstragdo, Exercicios 1. Prove o seguinte “teorema generalizado da médias Sejam f « g funcdes integri na et 9 fancées integrveis num intervalo (a,b, a fungio g mantende-se > 0 on < 0 em todo o rntervaia, ¢ tal que SPolwlde 40. Entio, fi torstaite = [were onde L & win mi as ‘mero conveniente, compreendido entre 0 fimo eo supreme da fungi f; € 86 f for continua, L = fc) para alqum © conveniente em (e. b 2. Prove a seguinte proposiglo, conhecida como “segundo teorema da média”: See f ume funsio monétona com derivada integravel num sntervalo|a. 5); ¢ seja g uma fngio i tegrével nesse mesmo sntervala. Entao existe c€ [o. 6) tal que [rece 10 f notes fst & Mostre que se ¢inegrvel num intrvlo (a, te [2/0 watio existe © € (a, 8) tal “ f Heyes [ Sicax 4 Seja f uma fungdo com derivadas continuas até wma certa ordem NV’ num intervalo |e, 6 € sea ” tnaye [Sy BHO oye nate Lene MEd, OS ne N, Mestre que Ine) 5. Uma fungéo f, definida em toda a eta dare pesca de periodo p se fle +p) = (2) Para todo =. Mote que se J € uma tl fungio,integrdveem [0, pi entéo J? seat = Se Heide e FF #(0dt = JF5? fled, quaisquer que seiam a e = ©.Supondo f periddica de pesiodo p « integrével em (0, v): mosice que g(x) = [*s(0)dt pode io ser peviulca, mas existe ¢ tal que a(z) ~ et & periddiea de period p. “Betermaine ce inverprete esse resultado geometricamente, Capitulo 8: O Teorema Fundamental ¢ Aplicagdes 173 7. Sein gina fncio derivve mum intervalo J eseja f continua nos intervalos de extreme. o € 9(2), 2€ I. Moste que A(z) = J f(thdt € derivavel em x € Fe h'tz) = faa)}a' (2). CCaleule a derivada de A(z) = [f° cos Vat 8 Sejam g e A fungio derivaveir num intervalo T; ¢ J continaa no intervalo de extremos als) © Ms) 2 € 1. Most que Fle) = [M0 #(but € dervével em Ie F() = s(al2))¥/(2) ~ flolz)! (2). Caleule a derivada de Fiz) = [oe P dt Sugestdes 1. Supondo g 20, sejam me Mo infimo €.6 supreme de J. Ent, gle) < fle)ala) < Mala) 2. Com Ge) = fa) [reosee= f toetoae= noo - [' cee Agora 6 pla 0 eoems gnerazad da médias stima integral og, ff teeta = 16.60 - Cte) - Fo] = 8. Apllgueo tors do vr intermedia hfe) = J flake flee A funcio logaritmica Como dissemos, hé pouco, um modo natural de definir a fungdo logaritmica, como faremos aqui, cousiste em por 1 loge = ff Fat, 2>0. (88) © logaritmo assim definido ¢ chamado lagaritmo natural, indicado com o simbolo “og” ou “in”. E claro. dessa definigdo, que log] =0; loge >0 se r>1; © loge <0 se r<1. Como as fungées logar ¢ logar tém a mesma derivada, concluimos que elas Giferem por uma constante, isto é, logax = logx +C, onde C é uma constante. Fazendo « = 1, vemos que C = log a; portanto, pondo , obtemos @ conhecide propriedade sobre o logaritmo do produto: log ab = loga + loge. 174° Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagéas Fig. 8.2 Fig. 83 De 0 = log {= log(a.2, a) = loga + log(1/a), obtemos 1 log = = = loge. Gombinando este propriedade com # anterior, abtemas a propriedade sobre 0 logaritmo do quociente: Joga + log + = loge ~ jog6. A propriedade jogo” = n loge, vélids para n = das propriedades do produto e do quociente Log « é ume fungéo crescente em todo o seu dominio, pois sua derivada sempre positiva; « é facil ver que 21,22, segue facilmente lim loge = 400 € lim logz = ~c0 (8.3) A primeira dessas relagoes traduz @ divergéncia da integral em (8.8), con- seqiléncia da divergéncia da série harmanice Jo1/n e do critério da integral para séries. Pode tazaisém ser deduzida da propriedade logo" = nloga; com a > 1 isto tende a infinito com n — 20, ¢ log > loge” se x > a”. Quanto ao segundo limite em (8.9), basta observar que 1 loge = —lop= = oc com 2 0 ‘Vemos que log leva 0 semi-eixo (0, o0) em todo o eixo real. Seu grafico, ilustrado na Fig. 8.2, segue dessas suas diversas propriedades descritas Cap. 8: 0 Teorema Fundamental e Aplicagdes 175 A fungao exponencial © o mimero « Definimos agora a fungéo caponencial como sendo a inversa da funcio logaritmica. Designemo-la inicialmente com o simbolo B(«). Trata-se de uma fungdo definida em todo 0 eixo real, com imager 0 semi-eixo (8, co). Bla é dada por = B(x) & x = logy. Definimos 0 niimero ¢ como sendo aquele cujo logaritmo € 1, ou, o que © mesmo, e = F(1). Veremos, oportunamente (Exere. 4 da p. 183), que esse iiimero é 0 mesmo mimero ¢ considerado no capitulo 2 (p. 27) e que tem valor aproximado ¢ © 2,718 por falta, correto nas trés casas decimais (p. 195). Por ora nos limitamos a verificar que esse mimero esté compreendido entre 2 e 4, Para isso notamos primeiro que log? é inferior & area do yuadrado ABCD (Fig. 8.3), que igual a1: log2< 1 = loge. Analiticamente, Ler? Ur 1. Isto prova que log4 > 1 ~ loge. portanto, 4 > «. Vamos introduzir agora a naga de “exponenciagio servanrta que loge” = n log e = n, logo, Comecamos ob- Bina on 22, E por causa desta propriedade que indicamos 6 (2) com o simbolo €” para todo x real. Desta maneira estamos definindo e* para todo z real, como sendo a inversa da fungio logaritmica: Ele) @ x= loge’ (8.10) Em palavras, isto significa que, dado 0 mimero real 2. e* é 0 niimero N, in. dicado com 0 simtolo e*, cujo logaritmo é x. Reescrevendo (8.10) com V em lugar de (x), obtemos a forma mais familiar da relacio entre log r € e* aN a2 = log, ow seja, 0 logaritmo de um msimero N > 0 € 0 expoente a gue se deve elevar a base © para se obter 0 mimero N. 176 Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagées ‘Como o iogaritme e a exponencial sio fungées inversas uma da outra, temos que loge* = 2 para todo z real; el8* =x para todo x > 0. A derivada de y = e* segue prontamente da de log, pela regra da derivada ds fungio inverse eo Dilosw) ~ V5 0 gréfico da fungio e* é obtido facilmente do grafico de log por simples reflexdo na Teta y = 2 (Fig. 8.4) ‘Vamos estabelecer a propriedade y ea oe, (san) onde 2 © y Sie minneros reais quaisquer. Pondo a= eb=er, teremos x = loga cy = log, de f sorte que 24 y= loga + logd = logab, donde <7*¥ = ab = eet, que € 0 resultado dese- joto Fig. 84 Fazendo y = ~2 em (8.11) obtemos 1, donde & A exponencial a* Sempre que nos referimos a fungio expenencial, entendemos tratar-se de e*, No entanto, num sentido mais amplo, a exptessio “fungSes exponencial” se aplica a funcdes tais como 2*,3°, x*; em geral, & funcao a*, com “base” a > 0 qualquer, (que definimos mediante a equagio ot = etne, (es9) que equivale a dizer que log a* = zloga Vimos antes que esta relagéo era valida pace. x =n inteiro: agora ela fica estendida @ todo z real. Note o leitor que a definigdo (8.12) se redu2 uma ideatidade quando a ~ ¢, visto que loge = 1 Da definigéo (8.12) € das propriedades ja estabelecidas para a exponencial © seguem as propriedades da expanencial geral a, vélidas para uma base a > 0 Cap. 8: O Teorema Fundamental ¢ Aplicagées 177 ‘qualquer, em particulet, ¢ = e. Relacionamos aqui essas propriedades, deixando suas demanstragées @ cargo do leitor, Da? = a7 loge; (8.13) oe, (ab) 07%, oer =A, (14) a> 19 a® é cresconte; O< a <1 a7 édecrescente; (8.18) abo 0aot> lh se r> death se 2<0 (8.16) a>1 lim at = 400 ¢ lim a = 05 (17) Oe lim 0? = +00 (s.18) O1 = sowcto ® com ‘Com a introdugio da exponencial geral, definimos @ furgio 2° , com # positive qualquer ec real. Sua derivada é dada prontamente, mediante derivasio em cadeia: logs ® zt = Dee feet Bxercicios 1. Batuhelage todas as propriedades relacionadas em (8.18) 4 (8.18) 2, Prove que 4 definicéa (8.12) de expenncal, no caso em ques 6 um uimero racional 7/4 se red. # 0! = ar 4, Mostre que Dz” — 2"(1 log Saye (sfe)ton sta) + “H8*) 4, Moatee que Df(a)*" © logaritma de um numero W numa vase ¢'> O{e FU} iidicade com 0 simbolo log. N.& efmdo como send 0 expoente r 2 quc se deve clevar a base e para se doter 0 nimero N isto é N =e" - Demonstre que ton. (ab) = loge loge, We = Wea 06s loge ot = oa Demonstre que s: 0 € bso mimeres positives diferentes de 1, ento 1 he. toga = Joes + lott loss 0 = apg set = Heat 8 ye efeivamente Esta ltima identidade ¢ chamada a fnmala da dance de bast, pora , cla permite passat do logariito de um purero na base ® pare » logacitmo ne base Sleade que se conheca o logartieo deb na bate 178 Cap. 8 O Teorema Fundamental e Aplicagées 7. Mostre que, se 2 <0, entéo [®et(r— aya < 227 Ordem de grandeza Fregiientemente, quando lidamos com diferentes fungSes que tendem a zero com x tendendo a um certo valor x9, temos necessidade de comparat as maneiras relativas como elas tendem a zero, Por exemplo, as fungoes y = x, y = sen, 30, y = 2 sen x tendem todas a zero com z — 0, mas seus quocientes tém limites diferentes, Assim, Tiry P82 = 3, tim SB# Ph Es <0, significando que =sen 3z tende a zero com a mesma “rapidez” que y = x, a0 asso que y =< sen x tende & zero “mais rapidamente” que y ~ x Podemos dar significado preciso a esse icéia intuitiva de “rapidex” com que luna fungio vende @ zero, com a nocio de “ordem de grandeza”. Se f e ¢ 830 duas fungdes ¢ais que 0 quociente f(2)/9(2) tenha limite finito com ¢ ~ zo, ou permanece limitado numa vizinhanca de 20, dizemos que f € de ordem grande deg e estrevemos F(z) = O(a(z)) com x ~ zo. (8.19) Assim, sen 3r = O(), sen®z = O(c) ¢ x sen(1'z) = O(senz), com x ~ 0, pois, dentre os quocientes e esen(l’2) 0s dois primeiros tém limites 3 e zero, respectivamente, enquanto o terceito, embora nao tenha limite, permanece limitado numa visinhanca de x = 0. Se sabemos ainda que f(x)/9(2), além de ter limite finito, tende a zero com 5 2p , dizemos que f é de ordem pequena de g e escrevemos S(@) = ol9(2)) com «+ 20, (8.20) E claro que F(x) = ofg(z)) com z+ 29 > f(x) = O(a(z)) com x + xo, mas néo reciptocamente. Assit, com x — 0, sen®z = o(z) € também sen? = O(@); a0 passo que, ainda com z — 0, y= senx 6 de ordem grande de y = 2, mas nao de ordem pequena As definigdes (8.19) e (8.20) so adotadas, ¢ bom quese enfatize, mesmo que as fungies f € g nao tendam ¢ zero, sequer tenham limites, ov tenham limites Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagdes 179 Infinitos com @ — to; € so as mesmas, quer x9 seja um valor finito, seja +00 ou ~oe. Assim, 1 O(2x" + senz) oom + too; sen = olcotg:r) com x +0; com @ +7. = o(.+2) com 2 ~» £00; 22 = O01 As vezes se omitem as especificagies 2+ xo, ¢~* +0¢ au x —+ ~0c, desde que 6 significado seja claro, tornando-as dispensavets. Essas mesmas idiae se aplicam as seqiiéncias numéricas. Assim, no capitulo 2 consideramos as seqiiéncias n*, a”, n! © n°, onde & 6 um inteiro positive e @ > 1. Todas elas tendem a infinito, mas de maneiras diferentes. O que vimos em (2.10) p. 31, pode agora ser assim expresso nk = ofa"); a = ofnl); nl = o(n"), entendendo-se, evidentemente, que n — oo. ‘Uma fungio que tende s zero num ponto xo chamada um infinitésimo nesse ponto, As vezes podemos atribuir ordem numérica infinitesimal ou ordem de pequenez & um infinitésimo, comparando-o com a fungio y = 2 ~ zo, a qual 6, entdo, tomada como referéncia fundamental e é considerada possuir ordem infinitesimal igual a 1. A um infinitésimo f com x — zo atribuimos a ordem 1 > Ose f(x)}/(x ~ a9)" tem limite fnito e diferente de zero com x —+ ap , ou [f(e)/(— 20)" | permanece, numa vizinhanca de zo, entre dois valores positives, Por exemplo, 1 — cosz 6 de ordem 2 com x — 0, pois im — Oe _ 550 24(1 + 0082) © [2 + sen (1/x)|2* ¢ de ordem 3 com 2 —+ 0, como ¢ facil ver. No caso em que 9 = +00, a definigao € andloga, com o infinitésimo funda- mental x ~ a9 substituido por 1/2. Assim, se f(2) 0 com 2 — boo, dizemos que f(z) € de ordem r > 0 com 2 —+ toc se 2" f(z) tem limite fnito e diferen- te de zero com s + 50, ou [z"f(2)| permanece entre dois mimeros positivos numa vizinhangs de +00 ou de 00. Por exemplo, sen(1/2) tem ordem 1 com w+ 00. Definigdes andlogas podem ser dadas no caso de fungdes que tendem a infinito com x ~+ zp, Neste caso definimos ordem de infnito, tomando y= 1/(2— 20) como referencia bisica, de ordem unitaria, caso 2p seja finito; © y= 2 cas0 29 seje 00. E importante observar que nem sempre podemos atribuir ordens numéricas de grandeza a funcdes que tendem a zero ou a infinito. Assim, camo veremos no ‘80 Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagées axemplo 8.7 adiante, sendoa > 1, a*/2” tende a infinito com z — 00, qualquer que seja rs dat dizermos que a® é de ordem superior a qualquer niimero r > 0 com x ~ oc, Analogemente, quando x — 0, logs = o(27*), qualquer que seja +> 0. (Bxere, 7 adiante.) 8.6. Bxemplo. Vamos mositar que, se. > 1, a € e ordem superior a1 com 2 ~ ois di = Para iso consideremos a fungio J (x) = log < = zloga - loge. Sus derivada, f(z) = loga ~ 1, € positiva a partir de um certo x. Mais do ane isso, J"(x) > (loga)/2 para z > c= 2/(loga). Entdo, pelo teorema do valor nédio, loge. > 69 S(2)> so) +E (e- 0) eisto prova o resultado desejado, © mesmo resultado pode ser estabelecido de maneira mais elementar, ob- servande que @ = 1h, com h > O@n 1, é de ordem superior a qualquer mimero r > 0 com x — 00, isto é, dg, 2 Para isso notamos que, com y = 2/'r, at\lr gt () “ey teide a infinito com y — oo. Em consegiiéncia, a?,'z" tende a infinito com © — oc. Isto significa, em linguagem sugestiva, que a” tende a infinito mais deoressa que qualquer poténcia positiva de x Cap. & O Teorema Fundamental e Aplicagdes 181 Bxercicios 1. Prove que se f{z) tem ordem infinitesimal r com =~ 29,7 € nic. 2, Dé exemplos ue funcoes f e.g tals que f = O(a), mas f ¢ ol9) 4, Prove que se f = ol9) ¢h = olg), entéo J + = olg). Enuncie e demonstee propriedade andlogs para ordem grande 4 Demonstre as seguintes propriedades, considerando sempre 2 ~ 0: a) f(a) = O(2"*") > 42) = of") b) Se) = of2"*¥) = fle) = of2") 6) $2) = 02"), gfe) = (2) = Fl2}a(2) = ole 4) fle) = 02"), 92) =O") = fiziale) = OF 2) Sa) = O[2"), gf) = of2") = slrjalz) = ol) 5. Prove que fa = of9) ¢ f2= off) = fafo = olgh). Enuncie e demonstre propriedade andloge para ordem grande, 6. Prove que, quando 2 — oo, (log) = o(+) qualquer que seja r, em pattiewlar, + acbi- trariamente grande; ou ainda, log = o(z"), qualquer que seja r > 0, em particular, + arbitrariamente pequenc, isto significa, em linguagem sugestiva, que logs tende a infinite mais devagar que qualquer poténcia postive de x, Prove que loge: = o(2"") com 2 — 0, qualquer qur seja r > 0. Em linguagem sugestiva, ‘quando r — 0, log! tende a infinito mais devagar que qualquer poténcia negative de 7 Sugestdes 6.47 lope = =e, ogo, (log2)"/2 = je 7. Mesma sugestio anterior: mas observe que agore y — Regra de "Hopital Como o leitor deve saber de seu curso de Célculo (Veja [A1, Sec. 5.4), a conho- ida regra de UHépital é muito til na determinagio de limites de certas funcdes — as chamadas formas indeterminadas. Hé varias verses dessa regra, mas daremos a demonstragio de apenas duas, deixando as demais para os exercicios, aos quais relegamos também varias aplicagées importantes da regra, geralmente tratadas nos cursos de Caleulo. 8.8. Teorema. Sejam f eg funcdes definidas num intervalo contendo o internamente ou como um de seus extremos. Suponhamos que o Jim f(2) = sa) = 0, Lim gfe) = g(a) € também que exista ¢ seja finito o limite de f'(x)/9'(x) com x — a. Entéo existe 0 limite de f(x)/9(z) com x a € dm He) jim te) Poe) = Fe) 182 Cap. 8: © Teorema Fundamental ¢ Aplicagses Demonstrazdo, Da hipstese de existéncia do limite de f*(x)/q'(r) come — 4@ segue-se que g'(z) # 0 mama vizinhanga V de a (exceto, eventualmente, ein # =a onde g! nem precisa estar definida). Pelo teorema do valor médio aplicado @ g vemos que g(z) é diferente de zero na mesma vizinhanga, Podemos, pois, aplicar 0 teorema do valor médio generalizado: existe « entre a e z tal que He) _ He) = $00) _ Le) atz) ~ afz)~ ofa) ~ ee) Seja Lo limite de f"(x)/o'(z) com x — a. Dado qualquer ¢ > 0, existe uma visinhaitga V’ CV tal que teremos também eVe ae ~ 1) 0, existe a suficientemente grande tal aque [f'(#)/9/(2) ~ U| < ¢ para x > ajo existe 6 > a tal que f(z) — fla) > 0 e g{z} — g(a) > 0 para > b, Nessas condicdes, pelo teorema do valor médio generalieado, He) _ f@)= Fe) f(x)_ ale) = fe) gts) ~ o(e)= ala) Fl) Fla) gla) _ fy) FG) ale) = sla) © oy) Fle) Fo (a) = (L+ar)(L +e) rea), onde y é um mimero conveniente do intervalo (a, 2), ler! < ¢, ¢ e2€ &3 ten- dem a zero com «+ oc. Portanto, facendo & suficientemente grande, teremos if(2)/9(2) ~ £1 < 2e, que prova o resultado desejado Exercicios 1. Bnuncle v demonstre a versio do Teorama 58 no caso em que fe 2 vm limes infnitos 2, Bnuncie ¢ demonstre 2 versio do Teorem §.11 no caso em que J € 9 tendem a 2610 com 3. Bstabelegs os resultados dos Exemplos 8.6 © 8.7 com o uso da regra de Hopital 4. Use a regra de Popital para provar que lig (1 +2)!" =e, Como eonseaiénea, deduza «, Este resultado, particularizad ao ess0 em que teiro, Ji fol obtido no capitulo 2(p. 28), Isso mostra que o mmer e, introduside na p. 175, é0 ‘mesmo mimero ja considerado no capitulo 2. 5. Use e regra de "Hopital pars provar que, endo r > 0, que lim (13/2) lim #82 9 e Dediuza dat que Hie (2"logz) = 0 Jime/"/2" 184 Cap. 8 O Teorema Fundamental e Aplicagies 5, Considere a fango f(x) = eM se x > Oe fle) = 00x <0. Prove que f'"(0) = 0 pare todo n, Faca 0 mesmo paca a funcio f(x) =e" se x #0€ f(0) =0. CCaleule os mites indicados nos Bxercs. 7 4 9. © lims* = 1 8. tim (02) ‘ wa(22)" Sugestdes 1. Prooeda como na demonstragio do Teorema 8.11 2. Use a translormario y = 1/2 ¢ raciocine caro na demonsiracéo do Teorema 88. 8. Aplique a regra de I'Hépital m vezes no caco em que + =n € um inter positivo. O caso geral segue den , de 2 cost re cost fe cost — 0st oe ats fat. Cts laa Leah Isto mostra também que o referido limite independe do valor particular de a ‘em (8.23). A existéncia de duas integrais impréprias nesse exemplo permite jas conjuatamente, escrevendo teat 1 cost = cost at = im, Latent 8. aA Eis agui dois outros exemplos contendo duas ou mais integrais improprias que podem ser tratadas conjuntamente: oe 2 VE cost 1? SSF at = tim ee" dts bv eB Ve Pot en Lol 186 Cap. 8: O Teorema Fusdamental © Aplicagdes Observe, entretanto, que um limite nico como esses pode existir, sem que existam integrais impréprias. E 0 que acontece no caso das integrais 1B [dae fre que nao existem como integrais imprdprias; mas existe o limite de aa a1 [dae [bes com ea © qual ¢ chamado “valor principal de Cauchy”. Mais geralmente, se J ¢ limitada € integravel em intervaios a, ¢—¢] e [e +, b],e se existe o limite da soma das integrais de F nesses intervalos quando ¢ + 0, entao esse limite é ckamado 0 valor principal de Cauchy da integral de f em la, b], qual € indicado com o simbolo “v.p.” assim: vp [eons = Jin, [[ srawe + f° ster] E claro que o conceito de integral imprépria é util nao somente nos casos em que podemos calcular explicitamente as integrais, como nos exemplos sim- ples que demos acima, mas em todos os casos em que exista o limite que define ‘a integral em questao, Dai a importancia de sabermos como verificar se uma integral imprépria converge ou nao, Trataremos disso 2 seguir. 8.12. Critérios de convergéncia. a) [ma condigao necessdria ¢ sufi- ciente para que [§° f(a)dz seja convergente ¢ que, dado qualquer © > 0, exista X tal que 2, y > X= (fPs(Oaey < 6) Sejam f eg fungoes integraveis em (a, 2] para todox >a, OS f [alate diverge c) Seja f uma funcdo integrdnel em [e, 2] para todo x > a. Entéo, a inte- gral imprépria [2° f(x\de converge se [2° |f(z}|dx converge Valendo esta tltima hipitese, dizemos que JS* f(x}dr € absolutamente con- vergente, Ao contrério, se esta integcal converge e j* |/(2)ld= diverge, dizemos que {2° f(z)dz € condicionelmente convergente. Cap. 8: 0 Teorema Fundamental ¢ Aplicagdes 187 Proposigdes semelhantes a essas si vilidas nos demais casos de integrais improprias, seja com intervals de integragio limitados ou nio, Os respectivos enunciados, bem como as demonstragoes de todas essas proposigées ficam a ‘cargo do leitor. Observe que o critério a) nada mais ¢ do que uma das formas do critério de convergéncia de Cauchy (Bxere. 17 da p. 102). Quand f é uma funcio nao negativa, é costume escrever ff sever < ee [lctleide soo [> Halts <0 para indicar a convergéncia dessas integrais S&B _ ge 6 absolutamente conver- 8.13. Exemplos. A integral [/ fo avite gente, Para verificar isso basta considera? a integral @ partic de 1, if que de zero @ 1 ela. é uma integral ordindria- Ora, em |1, 00), © médulo do integrando @ dominado por 1/277, e esta é uma fungio integravel Muitas vezes a convergéncia de uma integral imprépria pode ser facilmente vorificada por integragdo por partes, como no caso da chamada integra! de Dirichlet: ~ [ sent he Observe que sen ¢/¢ 6 continua em toda a reta, desde que definida como sendo Lem z ~ 0, de sorte que basta analisar sua integral de 1 a 00, 0 que fazemos integrando por partes: sen t = [Feast [% at = coe - 2 fs aw oe z Ae (© segundo termo do segundo membro tende a zero com 2 ~* 00 ¢ a slime integral é absolutamente convergente. Bsse é um exemplo tipico das integrais caleulades em varidveis complexas pelo chamado “método dos residuos". (Veja {Ad}, cap. 5.) 8.14, Fungo gama. A integral imprépria (8.24) define uma “fungdo especial” muito importante nas aplicagies, @ chamada fancie gama, com dominio x > 0. Dividindo o intervalo de integracio em duas partes, de zero a 1 e de 1 a 00, é facil ver que 2 primeira integral (de zero a 1) converge, pois a possivel descontinuidade do integrando ocorrerd em 388 Cap. & © Teorema Fundamental e Aplicagdes t =0, devide ao fator e*1, se x 1; mas ete! < 1/424, que integravel por ser z—1> —1, Quanto & integral de 1 a 00, basta notar que e~! decai mais rapidamente do que qualquer poténcia negativa de t, de sorte que, para cada +, existe uma constante k tal que <~* < ki, donde «#7 < kt", e esta ‘sltima fuungio € iategrével no referida intervalo Observe que a restrigao » > 0 86 € necesséria para garantir a convergéncia, da primeira integral em sare fe A re)= fie" A segunda destas integrsis converge qualdjuer que seha2, pois sempre existe uma constante k (dependendo de x) tal que «~ < kt~'-#, de sorte que e“tt#~! < ae? 1 facil verificar (Exere. 17 adtante), por integracio por partes, que a fungio gama satisfaz » seguinte importante equacio funcional Nats Cle+ l= 20) (5.25) Alias, o leitor j4 deve ter verificado essa relagio no caso em que x é um inteiro positiv n (Exerc, 7 da p. 9), em cujo caso P(n +1) = n! Isto mostra que a fungao gama é uma extensio da seqiiéncia a,, = nl a todos os ntimeros reais aoe ‘A equagio funcional (8.25) permite estender a fungd0 gama @ todos os va- lores negativos de =, exceto os inteiros negativos e o zero. De fato, sendo m um inteiro positive qualquer, n aplicagées de (8.25) nos dao De tn) =(24+n-etn—2)...sPlz), donde tiramos: Tie tn) H@+DEF]..@Fn- © membro direito dessa equacio faz sentido, nao somente com 2 > 0, mas também para z > 'Y, a segunda diverge se ¢ < Le converge se « > 1, Faa gricos interprete esses resultados geometricamente. (Veja Al, Seq. 66) 2, Dernonstre os crtérios de comvergéncia 8.12. Enuncie e demonstre proposigies andlogas en ads og outros casos possveis de integraisimprOprias. Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagdes 189 5 (Valeo Teorema 8:23, p. 63.) Seja J uma fungio no negativa ¢ nio crescente em # 2 1 Sntegravel emo (1, aj para todo a > 1. Prove que [tote seo © $s) oe 4, Demonstze o crtério 6:12 6) docomporde f em suas artes positive e negative, e aplicando b) 5: Mosire que fi"[e'"!/(1 + 2)]de converge 0 < + < 1 diverge se s eativer fora desse interval. 6. Mostre que a chamada integral de Poisson, [-° {Veja AB), See. 55.) 17. Mostre que sis convergentes of integrals ~ te, [ete o erté * tz, 6 convergente. Seu valor & V/2 aa c [eras + wutcinne +0 >. Determine v¢ s para que {2 2"(1 — 2)"ér seja convergente. 2. Mostre que [2° dz/le(log2)"] converge se r > 1 ¢ diverge sr $2 ~ 2 Jéri¢ slternada, soma das integrais nos intervalcs 10. Express a integral (sen 2/2)de como sri sltemads, ie (ace 1) € prove coe ese ere € onadicionsinente convergente, 11, Prove que [> (sen 2/2"), comm 4 > 1, €absolutamente convergent; € cndiconalmente comvergente'ee 0 < 6 Iye divergent se 8 <0 12. Bnunciee prove rexuhave enlogos aos do exec feenz/(t+ "id 13. Prove a convergéncia das itegais de Frese! [aves [mee 1 complexas pelo método dos residuos, s8o ambas aeteror para integral imprépria fo" stag integra, calculades em vas iguais a Vin/4. (Veja :A4), p. 138) . wove que {% #"sen%de converge se + < Le diverge 9¢ * > 2. Bim particular isto mostra ee eo ee ce Gn el tse pte coer eas he seu integrand no sea imitada vo infinite, 15. A fangdo de Airy & deBnida, para todo z real, pele integral 190 Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagies ') Seia f uma fungdo continua no intervalo [=a, Prove que ig, [ME conan ©) Saja J uma fungao continua numa visinhanga de x=. Prove que im Agta) wi [tae = 10 17. Rstabeloga & equagdo funcional (8.25). 18. Mostre que P(1/2) = 18, Mostre que fo" 2"«" de AS), a> —t:em particular, n inteico. Sugesties 20. A funcao senz ¢ alternadamente positiva © negativa nos intervalos fne, (n= 1)x]. Alem rn 2 de> ants © o> 2, ¢ > ain 1, Se s <0, a integral em (nx, (n+ 1)r] nda tende a zero, contrariando o critétio de Cauchy 18, Pago 0 grifico de y = 2? para bem entender por que esas integrais conversem Prove a convergencia com essa mudanga de variével e integrasao por partes 16. Bm) fag a mudanze z= hye observe que” 51 dy = x. Em), pono pimeizo 1 € depois A = 1/X*, teremos: = FO) ay =f Slut X4) Bae [Beta [ee pede nfo) [Lt hay 2 J 100, onde o(f) tende a zero com A, Prove iso 18, Faga, /2e t = ut em (8.24). Formula de ‘Taylor Os polindmios so certamente as fungdes mais simples e elementares, por isso mesmo era natural, desde o inicio do Célculo, que os mateméticos procurassern epresentar com polinémios as fungdes mais eomplexas. Comecemos observando {ue os coeficientes de um polinémio qualquer, 2) = ay + ar tage? +... Lane*, (8.26) Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagdes 191 io dados em termos de suas derivadas na origem, pois a, ~ p(")(0)/r!, como & fécil ver. Portanto, ” 9 Oa MO) a ple) = vl) + P'(O)2 + 7 (8.27) Fixado um valor a, a substituigio 2 = a + em plz) nos conduz a um novo polindmio na variével k, g(t) = pla + A), de mesmo grau que p; portanto, maneira de (8.27), LO. Op alr) = 9(0) + 4'OA (8.28) a), OST Sa, la-+h), obtemos Pela regra de derivaggo om cade, 6 fil ver que q(0) Fazendo esta substiuigio em (8.28) e lembrando que q(t (8.29) plo h) = pla) +p'(oyn > Esta é a formula de Taylor no caso de um polinémio qualquer p(z). & interessante ubservar que varios mateméticos do século XVII, Newton dentre cles, usaram essa férmula para qualquer fung0, no se restringindo a polinémios. Assim, por exemplo, no caso da fungao f(x) = Jog(2-+ x), « formula (8.29), com a =0, nos da: log( 2) == Fs? 4 a= (1) E claro que esses matemsticos do século XVI sabiam muito bem que iss0 ndo estava certo; € para remediar tomavamn n eada vez maior A formula (8.29) 6 valida no caso de ume fungio f qualquer, possuindo Gerivadas até 2 ordem n no ponto a, desde que completada com um termo adicional Rq, chamado 0 resto de ordem n: | #oMa) fe 2 Sloth) = fle) + fa)h + AP Ry (8.30) Esse resto Ry = Ru(h) 6 definido pela propria formula: ele é a diferenca entre Ja +h) 60 polindmio de grau nem h que precede Ry no segundo membro, 0 chamado polindmio de Taylor du fungao f referente ao ponto ¢. Explicitamente, esse polinomio € pot) =e) ann La a LOM 192 Cap, 8: O Teorema Fundamental e Aplicacdes A justificativa da formula teside em que, como provaremos a seguir, o polindmio de Taylor € o polinémio de grau n que melhor aproxima fla ~ h) para valores pequenos de jh; 8.15. Teorema. Seja f uma funcao definda em tode uma visinhanca de wm ponto a, digamos, Vs{a), possuindo derivadas até 0 ordem n nesse ponte Entdo vale a férmula (8.50) com jh| < 5, 0 resto Rr, sendo tal gue Ry(h) = oh”) com k 0. Além disso, pa(h) € 0 tinico polindmio de grou n que satisfae essa condigizo, isto €; se p(h) um polindmio de graun tal que f(a+h)=p(h) = o(h”) com k—0, entéo p(h) & 0 polinémio de Taylor py (i). Observacdo. Note que a existéncia de f{™(a) exige que s(°—1) seja definida am toda uma vizinhanga de a; © isto, por sue ve, scarreta que j ¢ todas as suas derivadas até a de ordem n — 2 sejam definidas ¢ continuas em toda uma vizinhanca de a Demonstragdo. Como jé dissemos, a identidade (8.30) define o resto como a liferenga entre f(a +h) © 0 polinémio que o precede no segundo membro, Para mrovat que Rn{h) = o(k"), pomos 1 pte) Fi =sasny-Y Pr ¢ Guy = onde decorre, em vista de (830), qur A) _ FOR) _ Fa) RGA) nd Queremos provar que esta expressio tende © zero com h. Portanto, devemos Frovar que lisnyo F(h]/G(a) = f'™(a)/n! Para isso notamos que Fe C se ‘nulam em f = 0, juntamente com suas derivadas até @ de ordem n—2. de firma que, pela regra de I'HOpital, aplicada repetidas vezes, ten FC) gg POM) main) ~ RB GwTy Lig FO Me m= 1-046) _ fe) ne eisso completa a primeira parte da demonstracdo. Para provar que pn (h) é tinico, seia p(2) como em (8.26). Em vista de (6.30) eda fate de que Ry (4) = ofA}, fla+ A) — p(k) = o(h®) nos conduz a Fle) — eo) Ue) — ante + EO) ant gg (OO) In Cap. 8: O Teorema Fundamental ¢ Aplicagées 193 = off") — Ralh) = ofh"), k= 0. Isto $6 € possivel com os colchetes do primeiro membro todos nulos, ou seja, p(h) = pa(h}, come queriamos provar: © teorema anterior, conquanto nos diga que o resto tende a zero mais de- pressa que h™ , nao fornece um meio de fazer uma estimativa desse resto, Ve emos como isso € possivel no teorema seguinte, que exige um pouco mais da fungao f, raas fornece o resto em termos da derivada f(""? 8.16. ‘Ceorema. Se f é ume funcio derivavel até a ordem n+ 1 numa wisinhanga de um ponte a, digamas, Ve(a), entido vale a formula (8.90) em || <6, 0 resto Ry sendo dado por Ra(h) = LOMA) goon Gan (8.21) onde © é um miimero conveniente entre a ea +h A expresso (8.31) € conhecida como o resto na forma de Lagrange, Demonstragao. Como Rn(h) = f(a-+h)—palh), pondo G(h) = b"*,é facil ver que 0 teorema do valor médio generalizado ip, 134) € aplicavel as fungdes Ra ¢G no intervalo de extremos 0 € h: existe x entre 0 ¢ h tal que Roltt) _ Ralh) ~ Ra(0) RPT “G(hy— GO) Ril) _ f(a—=) vile) Gia) Gee Nova aplicaco do teorema citado. com ay fungdes F(x) = f"(a + 2) —ph(z) e Ge) = (n+ 1)” no intervalo de extremos 0 ¢ 2, nos dé: Ralh) _ "(e+ y) ~ pnly) et ne Lynyh onde y esti compreendida entre 0 € x, portanto entre 0 ¢ A. Continuando 2 aplicar 0 teorema citado, depois de n ~ 1 aplicagies obtemos (observe que a(n) = 0) Rah) _ F9G CesT onde © é um mimero conveniente entre ae a +h, donde segue 0 resultado dese- jade. 194 Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagées Se fizermos a hipétese adicional de que fi") seja limitada numa vizinhange de a, digamos, por uma constante K. ento, de (8.31) abtemos a estimativa Ket Beall S Coe valida na referida vizinbanca. ‘A formula, (8,30), no caso em que a = 0, € conhesida como férmula de MacLourin. Se pusermos b = @ + h, ela se escreve fa) 2 $0) = F(o)-+ s(0)(b (0)? FO a) + Ry (8.32) fot (o) (n+)! Neste caso, (8.31) passa a ser Ry (6-0), onde ¢ € um mimere compreendido entre a eb Convém observar que os Teoremas 8.15 ¢ 8.16 sio validos nos casos em que { seja definida somente em @ ¢ sua direita ou em @ e & sua esquerda; nestes, casos, as derivadas de J que neles aparecem sao, evidentemente, derivadas late- rais, a direita e & esquerda, respectivamente. 8.17. Exemplo. Vamos ilustrar, com @ funcio exponencial, o uso da formula de Taylor no caso «= 0. Como é ficil verificar, +5 + Rate), onde Rela) = Fy que ¢ estando compreendido entre 0 € 2. E claro, entéo, est ca r>O0se>ltrtoe a Além disso, 0 polinémio de Taylor que ai aparece é uma aproximagio por falta de e com erro igual a Ra(z). Podemos fazer uma estimativa desse erro com & substituigia de ce x por algum limite superior de =; por exemplo, no easo ema que = 1 14d +145 valor aproximado por falta com erro inferior a ¢/(n + 1}! Como jé sabemos, 2 < © <4 (p. 175), de sorte que o erro ¢ inferior a 4/(n + 1}! Essa é uma estimativa muito boa, pois n! resce muito depressa. Assim, com apenas n = 7 pudemos calcular 0 niimero ¢ com erto inferior a 4/8! < 9,92 10-8 < 10-4. Boom n no é dificil fazer os célculos, até mesmo sem ajuda de caleuladora, obtendo Capitulo 8: O Teoremta Fundamental ¢ Aplicegdes 195 e © 2 + 3620/5040 ~ 2,7182539. Isto significa que 2,718 é uma aproximacéo por falta. do ndmero e, correta nas trés casas decimais. Como j dissemos antes (p. 53}, Euler calculou o mimero ¢ com 23 casas decimais. Eeevidente que Ry(z) + 0 com n + 00, qualquer que seja x, de sorte que faites Em particular, rity Melty gy como jé vimos na p. 28. Exercicios 1. Mastre que, sendo n impar, qualquer que sea x real. Em particular, e* > 1 +2, Interprete este resultado geometri- 2, Mestre que, se 2 <0, . ect e Gay 4, Obtens os desenvolvimento de MacLaurin de senz,cos:, log(t +2) © (1 +2)", onde r € tum nimero real qualquer. Mostre que © polinomio de MacLaurin de uma fungéo par (Jmpar) s6 contém potencias pares (impares) 5, Obtenha os desenvolvimentos de MacLaurin das fungoes arctg.r © arcsen =. Estas fungoes rmastram que nein sempre € prético obter © polinomio de MacLaurin por repetidas Alervagies da fungéo, No entanto, obtido o referido desenvelvimente, veremos todas as Gerilas da fungio no origem. Assim, com f(z) = arctg2, teremos f©9(0) = 0 © f° (0) = (—1)°/(2n)! Mestre que sio identicamente nulos os polindmios de Maclsurin das fungtes J(0) = 0, fz) = eh se2 20,0 9(0) =0, ofz) =e sez 40 7. Seja { uma fungéo de classe C* numa vieinhanga de um ponto z= a, com f(a) = Perla) Oe Fla) #0. Prove, no caso n Smpar, que 2 =a é um ponto de rnflezde do irifico de J, ato 6, um ponto onde a tangente “atravessa” 0 grifica, B prove, no caso n par, que © —aé ponte de maximo se f(a) <0 e poato de minimo se f(a) > 0 196 Cap. 8: O Teorema Fundamental e Aplicagées Respostas e sugestées 3. No que segue, © € um nimero conveniente entre 0.ez. (Veja (A2), Sep. 37.) eh ayrsene a ¥ Ga-T * Gay* Be | ateene anes ao pa Ge S. EN (2 y a nt att ine, tratmtrree (eo (Qe (0) Observe que os polindmios de MacLautin de seno « cosseno 56 contém potencies impares «ares respectivamente; que os dois primeiros desenvolvimentos aio validos pata todo ‘eal, enganto que os outros dois 55 para | < 1; e que tltimo, chasnady desenvetvimente 7 binomial, edus-se a0 binémio de Newton quando r€ inteiro, em eujo caso, evidentemente, valido para todo x ral Ponda f(=) = arctgs ¢ integrande obtemos ) aictg Fb + Se tale, ) onde Ravex(x) = (-1)"** f{/"77/(1 = A). E presto provar que esta expresso é ele Sivamente fz!) com 0 para fcr claro que ela ¢ mesmo 0 resto Ros s(2) Use procedimento anlogo com arc sen 2 Férmula de Taylor com resto integral 8.18. Teorema. Além das hipdteses do Teorema 8.15, suponhamos que FE) seja integravel no intervalo a, 8}. Entéo vale a formula (8.92), com b—a| <6, 0 resto sendo dado por 1 By 5 [lo-arse eee (6.33) Demonstragao. A expressio (8.33) é conhecida como o resto na forma inte- gral. Para obté-la integramos sucessivamente por partes, assin: + Jo) = ra)+ [ Mode = fo} ~ fe-ereye al 4" * f(a) + (6-4) "(0) + f (eyed 0 Ha) +0-a)7(o)~3 [0 eP¥ prose fa) = Fla) =0-a)7'(@) x ea)? £ [o-n%@ (mae Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagdes 197 Prosseguindo com essas sucessivas integragdes por partes, obtemos a {Srmula (8.82), com o resto R, dado por (8.33). O leitor nao teré dificuldade em com- pletar a demonstragdo por indugso, supondo (8.33) verdadeira para n = r provandc-a verdadeira para n = r+ 1. A formula (833) pode ser utilizada para se obter a chamada forma de Cauchy do resto. Encarande Ra como fungao de a, (8.93) nos da: Rola) = - Libor foM(a) (631) Polo teorema do valor medio, Rolb) — Rala) = (b= a)Fa(e)s (8.35) onde ¢ é um niimero conveniente entre a ¢ 6. Substituindo (8.35) em (8.35) € levando em conta que Rn(b) = 0, obtemos Rola) = 4 (6—a)(o-o° FMC, que é a forma de Cauchy do resto, A propria forma de Lagrange do resto, jé obtida anteriormente, segue de (8.33) por aplicagao do teorema generalizado da média, supondo que f"*) seja continua. EntZo, sendo ¢ um niimero conveniente entre a e b, obtemos fO*N(0) Ga ean Baad sminye fo anat que é © mesmo que (9.6), com h = Notas histéricas e complementares 0 inicio do Caleulo Como dissemos, no final do capitulo 6, ¢ Céleulo surgiu no século XVIL, por um desemvolvi= mento gradual, que se processou em dus fases distintas. Na primeira fase situam-se os tra- bathos de Kepler (1871-1630), com seus céleulos de volumes de tonéis; bem como o altima livro de Galileu (1564-1642), Didlogos sobre Duas Novas Ciénctas, que contém varias idéias da nova Matemstica. Além destes, or prineipais outros nomes dessa primeira fase sio Bonaven- ‘tura Cavalieri (1598 1687), Pierre de Fermat (1601-1683), René Descartes (1566-1650), Blase Pascal (1623 1662), Christiaan Huygent (1629-1696), John Wallis (1616-1703), Isaac Barrow (1630. 1677) e James Gregory (1638 1675). A segunda Tase, de sistematizacio e unificagao dos rétodas pelo feorema fundamental, tem em Newton o Leibniz seus protagonistas principais, 0 desenvolvimento dos novos métodas do assim chamado “Céleulo Infnitesimal” se dew como resultado da stividade dos mateméticus no tratamento de problemas envelvendo cflculos de areas, volumes, comprimentes de arcos e tragado de tangentes. Ja na antiguidede, varios desses problemas haviam ozupado intensamente os matemétieos gregos, sobretude Arguimedes 198 Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicacdes (287-212 aC). E Arquimedes fora tradusido ¢ passava a ter infivéncia erescente no ocidente ‘europe desde meados do século XVI. (Sobre o trabalho de Arquimedes, veja o capitulo 2 de {E). Isto, sem duvida, foi um estimulo ax pesquisas que entao se desenvolveram, A obra de Arquimedes exibe uma extraordinaria perfeigio lgica, sem qualquer compro- ‘mesimento com o rigor. Embora pertencenda ao periodo helenstico, ele dava continuldae natural as tendéncias anteriores da Matematica. grega, que culminam com o trabalho de Eu- doxo (p. 12) e que praticamente transformayam a Matemética em Geometria. propria Aritmética ficou excessivamente “geometrizada”, como se vé nos “Elementos’ de Euclidas [Nos livros de Arquimedes nio hé formulas; os resultados sia obtidce geometricamente eP! sentados discursivamente. Esse “excess0” de rigor fi, sem divida, responsivel pela estasnacio do progresso. Mas agora, no séeulo XVII, apcs todo o desenvolvimento da "Matematica rhumérica” (Aritmética e Algebra), que viera por intermédio dos arabes, desde o século XIII, ‘0s matemsticas europeus, embore concentrados nos mesos problemas geométricas da anti Bilidade, valorizavam o raciocinio heuristco, fazendo concessies no rigor E foi essa atitude ‘que tornou possiveis as novas descobertas. ‘Um outro aspecto 8 observar é que, agora no séeulo XVII, os matermsticos contavem, ne tratamento dos problemas geométricos, com instrumentos novos e poderosos. Eram estes os rmétodos numéricos', advindos do desenvolvimento da simbologia algébrica; ¢ os métodos da Geometria Analities, advindos da aplicagao da Algebra 4 Geometria. De posse desse nove Instrumental, 0s matematicos contavam com mais recursos que seus colegas gregos da antigit fade. E nem sempre sabiam utilizar esses noves recursos dentro dos mesinos paces gregos de rigor. Portanto, nio € que eles nio prezsssem o rigor, mas sim que nem sempre tinham como praticélo. Havia até, durante todo a século XVII, muita admiragéo pelo rigor arquimediano. ‘Um exemplo disso ¢ a obra de Newton, © Principia. Eibora publicd no final do século, ‘em 1687, e no qual Newton utiliza as novas idéias do Céleulo infinitesimal, o livro é todo ele ‘escrito ns estilo grego antigo, com a mesma roupagem geometrice dos tratados clsicos. Alls, notagdo moderna da Geometria Analitica e do Caleulo s6 seria desenvelvida a partir dessa época, por Leibniz e 03 Bernoulli, mas sobretudo por Euler em meados do século soguinte © 0 elemento central da sistematinacio ¢ unifcacio dos métodes infnitesimais numa dis- ciplina auténoma é o teorema fundamental, Wentifcado por Newton ¢ Leibniz, trabalhando independentemente um do outro, Veremos, a Segui, um pico do trabalho desses s&bjos sabre fesse assunto, O teorema fundamental segundo Newton Reproduzimes aqui @ racincinio de Newton em sua dascoberta do teorema fundamental, como escrito em |G5), pp, $6-57. Consideremos uma curva no primelro quadrante, representada por una fungo y de x. Imaginamos, como sempre faria Newton, que curva passe pela origem ¢ indiquemos com 2 2 érea ABC 2ob a curva (Fig. 8.5), « qual supomos, concretamente (como fazia Newton) dada por 2 = 22°//3. Na referida figura, AB = 2, BC = ye BE = ¢ tal ‘que a tea da figura BCDG ¢ igual & area do reténgulo BEFG. Dando & um acréscimo Snfinitesimal 0 = BG, = sofreré o neréscimo infinitesimal vo (igual &érea do retangule BEPC). ‘Assim, voremos: 4p 2 = fee (4 v0) feo! detoy Expandindo esta tims expressio, tendo em conta a primeira e dividindo os termos restantes por 0, obtemos: Capitulo 8: O Teorema Fundamental e Aplicagses 199 4 aevtvo= S(a2? 4820+ 04) 3 Agora desprezamos 0s termes contendo 0 fa- tor infinitesimal o e igualamos v & y, 4 que & diferenga v ~ y também é infinitesimal. Como f= 2057/3, 0 resultado & aay = $27, donde y= =", Fig 85 Ein inguagem moderna, Newton mostra asim que ¢ derwada da dren = €0 dena y integral de'y € 2. O mesmo angumento aplica-se, evidentemente & situagso geral em que Fee ajtme mec, Nowon ene ese relay a fonies mal Bas esenvalvendo-as em série de poténciais e sobre iso falaremas no final do capitulo 9 O teorema fundamental segundo Leibniz ‘Bm Leibniz, o teorema fundemental aparece mais claramente gragas @ sua notagdo, como esti them explicedo em {B], pp. 257-258, A drea 2 da Fig. 8.5 € ineerpretada como a.some das éreas Intaizenmais de yz de un infiidade de etinguls de pase dr lure y (Come use Fig. 73, p. 158). Como notacdo para indicar essa soma, Leibniz adotou (em 1875) o simbolo JJcave € Uma das formas da letra "5" usada em seu tempo. Portanto, com esa notagso, [utc [asm Se ea ae a tn tandem sm fn se no Dem fa [foe © logaritma como area evita denign do logrtme de um mimero, dda por John Napier (1880 1617) om 16 Aer a oda defngo que demos em tertos da ntgral(p. 174), como da (Exe 0 er mete ensnadn ne eine ts, coro Pespoente a gue se deve sew See a ama Hota Stig so seria laament expla por Eulet em aaa NG SV, Mass defini engl go Napier fog smplcada © melorada es (1961-160) ea aeio do nga na base TO” que nos € far oar Lupe que rman sbi 0 io et ina om 9 aa Atak ys" Em 1007 Jost Yelgn Gregorus Sain Vincent ee ee tebe Gpus Geometroun qe wee Aly 6) compreendids ent a ipézbole se ear mses verticals 2 sae r= (eet ponies) tom 0 prpiedade de que BaF te, oonlguc que sj > 6 Be fen demonstasSo dese fo exelando = cee ei do nuesmon de Caves ou com faemcs hoje di, manera ee ea” (Ep 15), Mas fe seu daipuo, Alfonse de Sera (1618-2067), oe ate eagdo de 160, cue » Propiade Gecaberta pe este caress Se aa Eahee do logins: AC, 09) = ACL, 8) AC), 8) Bata propria eens acigoe newton, por wt Ge 1605, om tas cleios de "reas hiperbaes Fb) - Fle 200 Capitulo 8: O Teorema Fundamental Aplicagoes Mas 0 completo reconhecimento do logaritmo nataral iss complete sot logavitmo natural como sea sob a bipérbole y = 1/z 56 Leibniz, os irmaos Bernoulli ¢ PHopital fs te sean fa ya ee 20, oe pea ea gue disciplina auténoma, independente da Gecaretria e de Algebra. Tanta Leibniz come os Scar ert i te fe So eer eae ae ee aes cake cnet sl ft la te Sn ae teat eaten mn nent ie cas ade eli i i oer ee ea Sub Seer ss tn at it a hes at G livros que se escreveram depois, até, pelo menos, os textos de Cz 2 cnr mae oa A interpolacao e © potinémio de Taylor enn cs sins, ince om Arnona cia de es tttlo XVI, eecertendanasan de duo murco, B prs. oe Decette constr ‘eos prem logan eee fungi tsmomrce”Tomemon cr exe Calelo dos logaritnos-Conhecdos ox logics de dais mimes, es precio saber orm ca Sar sine sn ates comps Be a ee ace scp les eu gio seo mes nbc. © on ma spe lee rics aii lo at ae to pelo argments de sea qo ue ees ponton Eat € a shaman interpola iter ge om notagao de hoje, assim se escreve: see f uma fangio com valores m © yi eM Zo € x, Fes prone: Pde 3-2 ym tne a) yy. A eos i nats) da fngio J no nieve, sik eu tran ins sprximasto que le om conta valores fg om tks - ta valor da fungo em ts Pontos din fl com- ssa pe ri eran eas dition Neon fh inodsindo tna Trmala de aprniasio ue mem conta ot var da fungio em + 1 onto galiente epcadon Para daerevela om notago de bo am fe, von : fr Ha Oed Are ey any sane a WSs Oy AM y= A(t) © Mtv ~ Oty. Com essa notacio, a frmula de interpolagio de Newton ¢ (Vela [Ey Ps 284) Jaw 402) 9 (‘)o'w on a Cap. 8 O Teorema Fundamental e Aplicagies 201 SEED tay to BEDARD Date aj grfco puta pelos pontos 3) 4® fo encode James Gregory, 230 yor sdue~ Como se vé, ess fSrmiula é um polindmio ems, srafco def Ela foi também obtida, independenterente, pel Baja qual & conhecits catia Férmula de Interpolagio de Gregory Newton, P Psnmula de Tasler guarda esse nome por ter sido publicada por Brook Taylor (1688- 17si)-em 1715, Ble vbteve por uh processe que podemos descrever hoje como de Passages) Trai ite ne Formula de Interpolagio de Gregory-Newton, com Az —~ Oe n — 2 (Vel8 08 aoe Pe Es pp. 267-8) Gone natar que outros matemndticos, como James Gregory ¢ sea Srrverento mesnio resultado antes de “Taylor, embofe no Tes wna deco ape Jivulgaste, Colin MacLaurin (2698 1746), que foi professor em Edimburgo,obteve « mesa ormla de Tovlor cenfrada no origem nume publicagio de 1742 Leonhard Buler (1707-1783) ‘Esler nazceu ta Basléa e iniciow seus estudos com 4 intengio de se tornar ministro religiceo Tey carpal Adguiiv gosto pela Matemitia como etudante de Jean Bernoulli a univer) sore ea? Togo decdin que faria da Matematica sue prineypal ocupasio. Euler passou aus aoe ean vide ras Acadauas de Cician de Séo Petersburgo (de 1727 a 1741 e de 1766 ati ha niorte em 1785) # de Bertin (de 174) 9 1766) "t produgdo ciate de Euler € de Uma extensio assombems, saperac # de qualauer cutee ettematice que tere vivo antes ou depois dele. Extensa evarinda, distribuindl se yo vogss os amoa du Matemitica, da Flic, da Astronomia e até da Bneenhesin, como ey TOhetrugae naval Fda menor quaisade, tanto gue ganhove tantes prémios abe estes Pas Gram a se constitu numa complementagao regular de seu salt, Tal ganas ao trabalho de Bier que © Célculo se foruut uma disciphna werdadeinanee homens ¢ nenssivel a todos os estaciotos da Matematica, Em 1848 ele publicow o In- seein an Asaiyoon fnfnitorum, em dois volumes. Waka abca foi @ primeira apresentac soeae re diyente bem organizada © coerente dos métodos do Ciculo. Vieram depois o Insti aacnae acute Diferentialis (1755) ¢ 0 nstttsiones Calcul Integrates (1768). Todos esses livros eaeee are nticeacin marcante no ensino « na formazéo dos matemticos por seguramente (hero my noles que se encontram, pela primeira ver, apresettaze~ das funges elementarcs vcticularmente as fupgaes trigonométricas, 0 logaritmo © a EXPO sr conheclas formulas de seno e cosseno em ‘como as conhecemes hoje p hencial, com seus desenvolvimentos em séries © termos da exponencisl. (Veja © eapituio U0 de (El) ad bene os Ivees dealer io muito edmirados. Tanto assim que a eaitora seit Springer-Verlag publcou tradurdes dos dois volumes da primeira obra citada acimay 0 “Intra deanery iutar explica, no preficio, que fo; Ievado a essa tarefa depois de ouvir de André Wal numa palestra sobre Buler,em 1979, que o estudantes da hoje aproveitaiam muito mals ares ocIntroductic” de Buler de que wirios dos lias textos de hoje. No preficio desse caeaetler observe que as difiuldades que bloquelam o progresso dos etudantes que estudam Cae ae de umve boa base em Algebra Elementar. Como s¢ vé, nos tempos de Bier fs problemas do ensino de Calculo ni eran mito diferentes dos d bo}e, Capitulo 9 SEQUENCIAS E SERIES DE FUNCOES Introdugaa Vimos, no capitulo 8, que a integral indefinida é um dos processas do Céleulo que permite introducit novas fungdes & partir de funcdes dadas, particularmente fungées continuas em intervalos, Neremos, no presente capttulo, que outro processo importante, que cumpre identica finalidade, é 0 de tomar limites de seqiiéncias de fungdes, bem come o de somar séries de fungdes Consideremos umo seqiincia de fungdes fn, todas com 0 mesmo dominio . Assim, para cada valor de z em D, temos uma seqiiéncia numérica fy(2). ual se aplicam todos os conceitos ¢ resultados desenvnlvidos ao capitulo 2, em Particular o conceito de limite. Aqui, entretanto, esse limite, em geral, depende do valor x considerado — é funcdo de e; dat designarmos o limite de uma, seqiiencia de fungdes fn(r) por ff), justamente para evidenciar que esse limite é fungao de =. Convergéncia simples e convergéncia uniforme Quando lidamos com seqiiéncias de funedes, ka que se distinguir dois conceitos de convergéncia, um dos quais € 0 de convergéncia simples wu convergcnern pontual, Diz-se que uma seqiiéncia de fungbes Jn, com o mesmo dominio D, converge simplesmente ou pontuahnente para uaa fungio j se, dade qualquer £ > 0, para cade x € D existe N tal que n> N= fnlt) — f(z)! 0, | N= El ‘Vemos assim que, para cada x fixado, encontramos um Nv: mas esse N’ varia ‘com 0 variar de 2; © quanto maior far {z|, tanto maior seré o A, 9 qual tende | | * | Cap. 9: Seqiiéncias e Séries de Fengdes 208 Fig. 9.2 infinito com jz| ~ 00. Em conseqiiéncia disso, a vonvengincia de ein para, ilustra muito bem o que se passai 0 grfico das fungdes y = /n séo Fetas, que se tornam tanto mais proximas do eixo dos x quanto maior far o indice n. Mas, no importa quo grande seja osse indice, ha sempre valores de = para os quais iSnl2) supera qualquer nimere positive, digamos, fa(2)| > 1. Dito de outra maneira, 0s grdficos nao eproximam o eixo dos 2 de maneira *uaiforme em 2 Porém, como & propria figura sugere,restringinds 0 dominio des fungdes fx ‘8 um intervalo do tipo !2| < ¢, onde ¢ € qualquer niimero positive, conseguimos determinar um indice N, vélido para todos os valores 2 dese intervaio. Com feito, neste caso, fz/n| < ¢/n, de forma que basta fazer c/n < = para termos também [x/n} < £5 ora, fazer e/n < ¢ € 0 mesmo que fazer n> ele. Assim. a ‘ , visto que conseguimes Dizemos entao que a convergéncia € “uniforme em 2”, visto que conseg encontrar um NV (= e/e) valido para todo x € [-e, cj. B interessante observar também que, se aumentarmos 0 ¢, teremos de eumentar oN. embora a con- vveryéncia continue uniforme em qualquer intervalo iz! < c. Mas observe: ele nao é uniforme na unio desses intervalas, que € todo 0 eixo real! a uma segiléncia de fungdes fy converge uni- 9.1. Definigéo. Dis-se que umo seqi formemente para uma funcdo f num dominio 2 se, dado qualquer e > 0, existe W tal que. para todo x € D. n> N= \fa(r)— fla) 0, existe um indice ” @ pas. tir do gual os grificos de todas as fungdes fy ficam na faixa delimitada pelos sréficos das funcies f(z) +6 e f(z)—c (Fig. 9.2). Ao contrétio, a convergenete io sendo uniforme, existe um «> 0 tal que, pata uma infinidade de valores n- © grafico de f acaba saindo da faixa (e, c), centrada no gréfico de f. Besse o caso da seqiténcia fa(x) = 2/n, que converge para f(z) = 0 (2 seal), mas née uniformemente. Entio, qualquer que seja © > 0, o grafico de qualguer J, acate saindo da faixa (—2, c), centrada no eixo dos 2, como se v8 na Fig. 8.1 Para negar a convergéncia uniforme, nio é preciso que a desiqualdade Jn(2)— f lz) < € seja violada qualquer que seju.é ¢ para todo n, como acontooen zo exemplo anterior. Basta que essa violagio ocorra para algum ¢ > 0 ¢ pare ma infinidade de indices n, como ilustra o exemplo a seguir, $8.2. Exemplo. Consideremos a fungéo f(c) = e~*", eujo grafico 6 Simétrico em relagio ao eixo Oy e que tende a zero com z -» wae. Sea fy £ seqiiencia dada por fn(e) = f(x - n). Como se vé, 0 gréfico de f, é0 c f tansladado unidades para a direita (Fig. 9.3) & fécil vor, entéo, ‘cue fo(z) — 0 pontualmente. Mas essa consergéncia néo ¢ uniforme, pois Jnl) = 1, de sorte que « condigio Ifm(z) - f(z)! < € estaré violada em 2 = 7 com qualquer « < J. Bntretanto, se nos restringirmos a qualquer simi-chso = < 6 teremos uniformidade de convergéucia. visio que, a partir Gem 2 6 fnle) < falc) S exp[~(c~ n)%}; ora, esta tltima expresso pode ser fata menor do que qualquer e > 0 a partir de um certo indice 1, independen. temente de x, desde quer <« 8.3. Exemplo. Consideremos a seqiiéncia f(z) = ne(1 - 2)", que, cano é ficil ver, tende a zero pontualmente no intervalo (0, 1], No entanto, & convergéncia néo é uniforme; como € fécil ver, fu(z) assume, no ponto fr = Ln + 1), seu valor maximo, fen) = |n/(n +1), 6 qual vende » 1s com m — oo, Vernos assiza que os graficos das vétias fungdes J. pessuern ces" due se vio afastando para a esquerda com o erescer de-n (Fig. 84). (O lefor deve estudar as duas primeiras derivadas de fn, fe 7!” que ce anulam Ox &y @ 22 respectivamente. Do comportamento dessas derivadas se infere ono sio os gréficos das fancies ,, esbogados na Fig. 94.) A convergéncia Cap. 9: Seqiiéncias € Séries de Fungdes 205, Fig 9.3 Fig. 94 nao pode. pois, ser uniforme: a seqiiéncia sen) Tea (TaTa) S eetcente« tende 1e (Vale 0 Ere, ?adiante), de forma ques fomarmos £ < Ive nio conseguiremos faser a(t) < e para todo z € (0, Ik 2 = an vio x conic pra todo pats de crt adie No extant, convergéncis € uniforme em qualquer intervalo ic, 1|, com 0 < ¢ < 15 de fato, 1 tal intervalo, i 7 fal) N, teremos fy(z) < ¢, qualquer que sejs = € fe, 1), 0 que estabelece a uniformidade da convergéncia. 9.4, Teorema (critério de convergéncia de Cauchy). Uma condigio necesdria esuficiente para que uma segiéncic de fungdes fn convirje sore: mente para uma funcdo f num dominio D € quc, dado qualquer © > 0, exis NV tal que, qualguer que seja x € D, se tenha: (ice (9.1) n>Nem>N= fale) Demonstragéo. Para provar que 2 condicéo ¢ suficiente, observamos ae (9.1) ¢ ocritério de Cauchy para seqiiéncias numéricas garantem que, pam se & fixado, a seqiiéncia numérica f(x) converge para um certo niimero 2): de sorte que fn(t) ~ faz) tende a fn(e) ~ (2) com m — oo; portanto, pass ao limite em (9.1) com m — 90, obtemos n> N= |falz)-J@N Se, 206 Cap. 9: Seqiéncias e Séries de Fungdes qualquer que seja 2 € D, e isso prova a convergéncia uniforme de fy para (0 fato de havermos perdido a desigualdade estrita ndo importa; se quisésserios terminar com |fn(2) ~ f(z)| < ¢, bastaria comegar com «,'2 em (9.1), 0 que nos levaria a |fa(z) — f(z)| $€/2< =) Deixamos ao leitor a tarefa de provar que & condigio é necessétia. Exercicios 1. Prove que, qualquer que seja x, cos nx nio tende a 20r0 Prove que a fungio [r/(z + 1))* & erescente par Dis-se que uma seqiéncia (Jn) de fangbes & Hinsteda (ou que a8 Fungdes fx so uniforme: ‘mente limitadas) se existe ums constante M tal que ifa(2) < Mf para tode indive me todo = no dominio dessas fungbes. Prove que se cada fn for limitada por uma constante My € ‘2 seqidéncia convergir uniformemente, entdo a seqitncia € mitada 4. Mostre que Jn(x) = 1/nz ~ 0 pontualmente em 2 4 0, mas nio wniformemente. Prove ‘que a convergencia € wniforme em qualquer dominio do tipo yr| > ¢ > © Faga um gréfico para interpretar o que acontece, 4 5, Prow: que fa(z) = 1/(1 + na) tende a zero em x #0, mas no uniformemente 6. Mostre que as seatiéncias Sole tendem a zero uniformemente em =, para tode z real Mostze que a seqiiéncia fq(z) = 2° tende a zero pontuslmente no intervalo j0, 1), mas no uniformemente. Prove quc = convergéncia é uniforme em qualquer intervalo 10, ¢) com ¢ < 1. Faga 0 mesmo no caso dos intervalee (1, 1) © c, €. Interprete sua endlise ‘geometricamente nos eraficas das Fungbes Jn os das fungées da seqiléncia, 8. Faga os gr _[ Gaaeri se 0seeiin wine {Vane ' s 2555 ‘Mostre que esta seqiéncia tende a zero pontualmente em 2 > 0, mas néo uniformemente rove que a convergéncia éunforme em qualquer semi-eixo 2 2¢ > 0. 9. Prove que fale) = 27/(L-+ne*) tende a zero uniformemente em toda 10, Prove que a seqigncia fa(2) ~ 2 (I +na) tende a zero uniformemente em 2 2 0. Analise © comportamento dessa sequéncia em 1 < 0. 11, Batude a seqiiéncia fa(2) 12, Determine o limite da seqiéncta fa(z) = na*/(I-tn) ¢ prove ques convergéncia 6 uniforme em 2 > 0. Analise a situagio em 2 < 0 ing/(1 + nz] quanto & convergéncia simples e unifori, 13, Mostre que # seqiiéncia fa(s) =e" tende a 1 pontualmente para todo 2 real, mas no tuniformemente. Prove que a comvergéncin € uniforme em qualquer intervalo [-c,« 14. Moatre que a seqiéncia fa(z) = nze™**, considerada em x > 0, tendea zero pontualmente, ‘mas no uniformemente. Prove que & convergéncia é uniforme em qualquer semi-cixo zbe>. Cap. 9: Seqiincias e Séries de Fungdes 207 15. Faga © mesmo que no exerecio anterios para a seqiiéneia fa(z) = n"2¢ 16, Fatude a seqiéncia fa(x) = ¢!(U-rn2*) quanto & convergéneia simples uniforme em toda 2 aencis fle) = 2°(1 ~ 2°) no intersle [o, 1 Fs rr it mimo co ponte re ene de 4nd, None dare i Mpontments as no unfowsetete, Prove que «converges € ‘htaae em gular interval [8 ee 1 nj{et2") pra todo x > Ue moire qu eva eben conerge @ w asrel no=[ta oS) Vo se z>l 18, Face o grafico de fala) para a funcso ras nio vniformemente, Prove que a convergéncia ¢ uniforme em qualquer dominio do ipo R, ~ Va(1), com 6 > 0. (Agus, como de costume, R. denote 0 conjunto des niimeros reais positivos 19, Mostre que fo(z) = ne/(L 4 nx") 0 qualquer que seja x real, mas ni uniformemente Prove que a convergeneia ¢ uniforme em qualquer dominio |z| 2 ¢ > 0 29. Prove que seqiéncia ne Terran tende a 2er0 uniformemente, para todo x real fol) = 21, Seja fy uma seqiéncia de fungées continuas no fecho D de um conjunte ab converge uniforiemente em D. Prove que fu converge uniformeanente em D. Sugestées e solucdes 1. Se copn — 0, o mesmo sevia verdade de cos nz. Como cos 2n = cos? nx sen?nz, sen também tenderia a 2er0, 0 que é absurdo, pois sentnz + cos! nz = 1 2. Basta provar que a derivadn de f(z) = (2 © 1)logiz/(z ~ 1); & positiva para x positiv, Lenbrande que, para 0<¢< 1, log(a — 6) 42 1/8 GF +O a(t 1 1 Fali-ats (+h 5, Observe que fa(1/m) = 1/2, > 208 Cap. 9: Seqiiéncias © Séries de Funcdes 7. Observe que 2 econ og s N= REE u fogs ‘conan ave pt ca «nad ectamon un Ns mate 1 i Ai fe, tendendo a infinite om x ~ 1 (estamos suponto O'< ¢< 1,9, + converge € pont mas mio unionme Cama resngan 0 see kT ewmneenca lone . loge Togs § loge jue basta tomar N= loge/toge, para que tenbamoe no Nast 0,com > 2/ce r= ~e teenoe Btns|=n2,—1> ne ni/2 = W2/2> v0, onde sep «converge nore 11 A converséncia é uniforme em qualquer dominio wet dominio do tips in! > ¢ > 0. como se vé analisanda 8 diferenge 1~ fa(z). Odserve que {n(1'u) = 1,2, donde a aierense 1= f(a). Observe ) = 1,2, donde se vé que a convergéncia nio +) Vfata)—r, Lore Jout)—2, < bse 2 0, oque prove ques convergéncia 2 fla) = € uniforme nesse dominio. Sez < 0, come 2 nh ‘pode se < 0, camo + nia pode ser igual ~ 1, pelo menos a partir de um certom, podemos nos resringlt as ec 0, onde novamenie, a convergencia informe, como ciehor deve prone 1 fu, que go impasse vale mixin 1/2 am ty = para diferentes valores de n. iad cele hiinahhaaiiales 17. fy, assume seu valor misiximo 1/4 em tq = 1/ V2, que tende a 1 crescentement & gras as dierent lunes fu para valores fescentes dem. «Gomes 18. Calele a desvadas pe o ir eaogunde de fal; veifque qe « deiada primeira € sempre positive © a detivada segunda se anula em sy = (r= 1)/(n=1))"", ‘que tonde al cresceniernate Compare as graficor das diferentes fungdes f,, para valores crescentes de 10, Observe aue J(/n) = £1/2. Se ei ©> 0, [fla < Bini < Wine 20, Doeeve Ue fa fans pare ache seu valor mimo Conseqiiéncias da convergéncia uniforme A convergéncia uniforme, como se v8, ¢ mais restritiva que a convergéncia sim- ples, por isso mesmo tom vérias conseqiiencias importantes, como veremos a seguir. on Teorema. Se fy € uma segiiéncia de fungdes continuas num mesmo lominio D, que converge uniformemente pare uma funcéo f, entao f é continua Cap, 9: Seqiiéncias ¢ Séries de Funcdes 209 enD. Demonstragdo, Sejam 2, 2’ € D. A desigualdade do tridngulo permite escrever: Lr) - £1 Ute) ~ salad) + fale) = fala") + Fale’) — f(a’) Lee) ~ Fale) + ale) ~ fala") + UFale’) - FY, ” nme permite determinar V tal que, Dado quaiquer ¢ > 0, a convergéncia unifo% essa tiltima expressdo sejam cada para n > 1, 9s primeito e siltimo termos Tim menor do que <3, quaisquer que sejam 2, 2” € D. Feito isto, fxamos 0 indige m © usamos & continuidade de f, para determinar 6 > 0 tal que x, 2” & D, i —2!| <6 + 'falz) ~ fale") <€/3. Assim, obternos a ED, 2-2! <8 fl)— F@") 0, para cada x € D existe um inteiro positive .V, tal que ufwale) - H(z) <«. Pela continuidade, fw,(t) — f(t) permaneceré menor do que ¢ em toda uma vizinhanga de ¢ = 2; 0 mesmo acontecerd com a seqiiéncia \fn(t) — f(t)| para todo n > Nz, pois esta segiiéncia € nao crescente. Podemos, pois, dizer que existem Nz como acima v 6 > 0 tais que RE Ny, t© DVV4,(2) = [falt) ~ F(t) < © Como D ¢ compacto, pelo Teorema de Borel-Lebesgue, basta um mimero finito das viginhangas Vs, (2) para cobrir D, digamos, Vsq, (21), Viz (22). --4 Vis, (2) Bntio, sendo 0 0 maior dos mimeros Nzy, Nays + Nap, 6 claro que n> N > 'frlt) = fl), 0, existe N tal que n > N = fiz) ~ fal)] <¢; logo, n > V implica [ff stone - | fle) = Fa)iae F(a)dz| = * fale) = selide < e(6~ a) a Isso prova o resultado desejado, © teorema que acabamos de provar nos diz que podemos trocar a ordem das operagies de integragdo e de tomar o limite com n — 00, desde que a con- vergéncia seja uniforme. Ele foi demonstrado no pressuposto de que as fungies fn fossem todas continuas no intervalo jz, 6). Mas tal hipétese nem é necesséria; basta, além da convergéncie uniforme, que as fungées fy, sejam integriveis em fo, #), como veremos a seguir. Cap. 9: Segiiéncias Séries de Fungdes 211 9.8. Teorema. Se uma seqiéncia fy, de funcdes integravers num intervalo ia, 6] converge uniformemente para uma funcdo f, entio f é integrdvel em [a, b] tim f° sotente = [tim faeyies = f° ste\te (92) Demonstraydo. Para mostrar que f¢ integravel, comecernos coma desigual- dade do tridngule 1F(2) - $) = I[F(@) = Fal) + nl) = Folv)] + Uinly) - FOI = I(z) — fale) + faz) - falvi + falv) = Fv) Dado qualquer ¢ > 0, a convergéncia uniforme permite determinar NV tal que, para n > N', 05 primeiro e wltimo termos dese tiltima expresso sejam menores do que ¢, quaisquer que sejam 2, y€[e, 6]. Assim, if (z) ~ F(u)| S 2e + |fal) ~ Fal) (9.3) Feito isso fixamos n e usamos a integrabilidade de fy para determinar uma. partigio P tal que SUm P)~slfm P)=SoabAa 0, existe N tal que, para todo ¢ € fa, 2) n> N= lial -f(l N = (fa(z)—f(2)] < el1+(b—8)}. Iss0 completa, 1 demonstracéo do teorema. © Ieitor deve notar que a hipétese de convergéncia uniforme, nao da seqiiéncia original fy, mas da seqiiéncia de derivadas fj, foi decisiva na demons- tragio deste tiitimo teorema; e sem ela nao podemos chegar & mesma conclusio. Por exemplo, a seqincia fa(x) = senriz/n converge uniformemente para zero, ‘mas fi(x) = eosne nem sequer converge (Exerc. 1, p. 206) Séries de fungdes Os conceitos de convergéncia simples ¢ uriforme de seqiiéncies transferem-se naturalmente para séries, interpretadas estas como seqiiencias de reduzides ou somas parciais. Assim, a convergéncia uniforme de uma série de fungdes, SS fale) = (2) + fala) +o i significa 9 convergencia. wniforme da segiiéncia de somas parciais ou reduzidas de ordem n, Sa(2) = file) +-.-+ Sal Portanto, diz-se que uma série de fungdes, 3 fu(#). converge uniformemente num dominio D para uma soma f(z) sv, dado qualquer © > 0, existe N tal que, qualquer que seja a € D. ne Nsise-A@I=1 Fe) faz), onde os termas fr, Sao funcées com 0 mesmo 214 Cap. 9: Soqiiéncias e Séries de Fungées dominio D, convirja uniform que vente € que, dado qualquer = > 0, existe ¥ tal > N > |fnsale) + frsale) +... + fosple)] 0, existe N tal que wows Smpes oon Cap. 9: Seqiiéncias ¢ Séries de Fungdes 215 Entio, para todo x em D, 1S pers 3 pce n> N= \fle)- hile) © que prova @ uniformidade da. convergéncie e conclui a demonstragio do teo- rema, Outra demonstragao pode ser feita com base no eritério de Cauchy: dado qualquer > 0, existe N tal que, para todo 2 € D, > N= [fyetle) + + Paap (2) S Maa tot Mate < Na aplicacio do teste de Weierstrass, basta, evidentemente, que a série dada seja dominada pela série numérica a partir de um certo indice 4’, nao necessa- camente N= 928, Beemplo, A sve SA! converge unormemente em toda # reta, pois € dominada pela série numérica convergente 1/n! Portanto, ela define uma funcao continua f. Além disso, a série de derivadas também converge uniformemente, como é facil ver, donde conciuimos que f ¢ derivavel e f)= 2 ey Como se vé, temos aqui um exemplo de funcio definida por uma série. Muitas fungdes importantes nas aplicagdes sio assim definidas, por meio de séries de fungdes. Is acontece tipicamente na solusio de equasdes diferencias por meio de série. Bxercicios 1, Prove que a seqiencia fa(z) = nze™ que fo converge uniformemente em [0,1], vesificando tin f° Solz)ée 4 J imtoo 2. Seja Jn uma seqiiéncia de fungees continuas num intervalo a, #]. que converge uniforme ‘mente para uma fungio f em todo intervalo[e, t], com ¢ € (0, 8). Suponkamos ainda que {€8 seqilencia fa Sejam limitadas em la, 4, sto é, seus médulos sio imitados por uma ‘mesma constante C. Prove que umf soterde» fete Nos Exercs. 3.26, prove que a série dada converge absoluta € uniformemente no dominio indicado. NG Cap. 9 Segiiencias e ies de Pungies 5 senna, ees "Brn se 2/092) cme aia wire naan a false hy mat nia em (ci, 1). Prove que ela deine uta fgao enim em 40 © intervalo (-1, 1). " &: Drove a gio 2) = S22" 2%) fide winter (“1 de a com Poitesoom et Prove qa 5>1/(1 7) de ua fang continua em, exctundon x = 0 ot pone dn forma “Tin com nat. Prove tabi que ena ugha € deriv, com dtiade ha pla btn por dria Vern «tne Gs tiga 10. Func mesmo at ee attr no ese de Se?) 8 ponte mis este caso sendo os inteiros. uu yen " 11. Bstude a fungio definids pela série ‘quanto & continuidsde e derivabilidade termo a termo 12, Faga 0 mesmo que no exereicio anterior no caso da série 28. Sein 5 f(a) uma sécie de fungbes potas © nfo decrescentes num imeralo Bt gue Sin) converge. Prove qura see daa converge uifornementse ue us sot ¢ a . “ [Spee = & [niu 1M. Prove que Se" /n converge uniformemence em qualquer semi-eixo do tipo x > ¢ > 0, Jogo, € uma fangia continua em x > 0, Prove que ess funedo tende a infinite com 2 — 0, Sugestées e solucbes 2. £6 continua limitada em (a, pois f€ continu em le, Le (@ B= Ufle, B* a < e <4). Dado quaiquers > 0, eae cE (6, bal ave [fos S Cle~ a) < fd © iff Se! Cle=0)< 6/4, Po outro no co J! fu converge pare fens tl que nova fh fr ve efi < f= il 6-Aplqu teste M de Wetestras, mot que 2% aug: sen min em 7 fo film [4 +[fieyfn- Lace PME <8, yoiea lope Cap. 9: Seqiiéncias @ Séries de Fungdes 217 1, Observe que «*/(14#"}] $ e'/(1-e) eaplique o teste Mf de Weierstrass, Sea convergéncis force unionme em © <1. pelo eritétio de Cauchy, dado qualquer ¢ > 0, existtia N al que n > WY inspliearia . Te para todo 2 € (1, 1): Or, com n par, suficlentemente grande, existe » neste interval Fraito prdxiimo de I ov de —1 (2 = 2 = 1/ V2), fazendo o primeiro membro da expresso aa gual 2 13. Qua série define ume fungdo continua em jz| < 1 € evidente, pois Gualguer elemento desse intervalo estd em algam (-c. ¢;, com e <2. 8. Finado 2 € (0, 1), fale) = 2°/(L+ 2°) & uma seqiencia wumeérica decrescente; 1060. [Se Sealer syle) = Soe (ir2") > Nal be!) as permite monte que exe uma wast dex = 1 onde Sw(s) > N/2. Para provar ave lim, f(z) = —e, eonsidere ~Say(x}, em com y = win (at i Isto pode ser feito maior do ve N/2 com y numa viainhanca de & Cousidere, primeiro, + postive. Lim qualquer semicino # > ¢ > 0, a ee Tf Toe Pe donde se prove, com 0 teste M de Weiersiras. a convergencia uniforme da série original Ge série de derivadas. Qualquer 2 > 0 esté em algum semiveixo 2 2 ¢ > 0, 0 que prova sc continuidace da soma da tere © sua derivabilidade termo a termo. Sez < —¢ < Dy Tomamos n grande © sufcente para que 1 < n°c/2, donde 1 b Send SW Teme a 10, Considere + restrite a um intervalo je, 8] que no contenha mimero inteiro e prove au af tc convergoncie € uniforms, tanto da sésie original como da série de derivada~ 11, Observe que a+ cosa) Entio, sendo lz] 2M 'n# com 20. 12. Como no exerecio anterior estude Time—o “S79. Séries de poténcias Dentre as séties de fungies desempenhamn papel especial as chamadas séries de poténcias, que sho séries do tipo Daq(x ~ 29)", onde zo ¢ 08 coeficientes ay so DIS Cap. 9: Seqiiéneias e Séries de Funcdes constantes. Como se vé, elas sio séries de poténcias de 2 ~ 20. Dizemos que elas s80 centradas em 2p , t2m centro em 9, ou que sho séries de poténcias com referncia a 0, Sem nenhuma perda de generalidade, no estudo dessas séries podemos fazer 20 = 0, considerando entao séries do tipo a,x". Evidentemente, todos 08 resultados estabelecidos para estas séries podem ser facilmente traduzidos para aguelas com a substituigao de x por z ~ 29. 9.19, Lema. $¢ a série de poténcias Fonz" converge num certo valor = 29 40, ela converge absolutamente em todo ponto x do intervalo jx| < |rol © se a série diverge em x = zp, ela diverge em todo x fora desse intervalo, isto é, em |x| > [ol Demonstragdo. Se a série converge em x9, seu termo geral, ani}, vende & zero, portanto, ¢ limitedo por uma constante M. Em conseqiiéncia, lone |= ne Bl Isso mostra que & série (1/M)¥>|anz"| é dominads pela série geométrica de termo geral [2/20!", que € convergente se |x| < (roi; logo, janx") converge no intervalo jz| < |20| Se a série Dans” diverge em z = o, ela n&o pode convergit quando |r! > jao|, sendo, pelo que acabamos de provar, teria de convergir em x = xo. Isso completa a demonstragao, Uma série de poténcias e,2” pode convergir somente em = 0, como € 0 caso da sétie nlx"; ou pode convergir em. qualquer valor z, como se dé. com a série S>2"/nl Excluidos esses dois casos extremes, é cil provar, como faremos no teorema seguinte, que existe um mimero positive r tal que a série converge se jal < 7 @ diverge se |e’ > r. 9.20. Teorema. A toda séric de poténcias Tanz", que converge em algum valor 2! #0 ¢ diverge em algurt outro valor 2", corresponde um niimero positive tal que a série converge absolutamente se l2| <1 ¢ diverge se iz! > Demoustraedo. Seja r 0 supremo dos mimeros ||, x variando entre 0s va- lores onde a série converge. E claro que r é um mimero positivo, corn 2") < r: er < [2”| (pois, se |="| < r, haveria x entre |2”\ € r, onde a série convergiria; ¢, pelo lemna anterior, ela teria de convergir também em x", 0 que é absurdo) Se x é tal que |z| r, sendo, pelo mesmo lema. teria de convergir em todo y com iz| > |y| > rer ndo seria o supremo amunciado. Raio de convergéncia 0 mimero + introduzido no teorema anterior é chamado 0 raio de convergéncia da série, Besa denominagi se justifica porque o dominio natural de estudo das séries de poténcias € o plano complexo, ¢ quando z vatia no plano complexo, 0 conjunto |z| 1. A primeira converge em ~1 e +l, & segunda converge em —1 ¢ diverge em +1, © fa terceira diverge nos dois extremos x = +1. 'A definicao de “raio de convergéncia” como supremo dos ntimeros jz\, © vatiando entre os valores onde a série converge, se estende a todas as séries, podendo ser zero ou infinito, como € 0 caso das séries SD n!2" e Yo 2"/n! respec- tivamente, B fécil ver, nestes dois casos, que as afirmacées do Teorema 9.20 permanecem vélidas, com as devidas adaptacées: se r = 0, @ série diverge para todo x #0; € ser = 00, a série converge para todo «. Ha outro modo de introduzir 0 conceito de raio de convergéncia da série Sagz", que permite calovlé-lo em termos dos coeficientes an. Para isso comegamos aplicando o critério da razdo & sétie de médulos. Assim, a série Sant” € absolutamente convergente se existe ¢ € menor do que 1 o limite de Jens/an) izk; © divergente se esse limite for maior do que 1. Em conseqiiéncia raio de convergéncia da série Yana” € (9.9) finito), pois a série converge se [z| 7 Pode scr que o limite acima ndo exista, em cujo caso apelamos para o critétio da saiz, que € sempre aplicavel & situagdo que estasnos considerando, Ele nos 220 Cap. 9 Seqiiéncias e Séries de Fungdes Jbva a examinar se lim sup ‘/7aqz%] = [e\limsup (/ligl é maior ou menor do que 1. 0 raio de convergéncia da série Sanz" ¢ agora dado por 1 Ji que a sétie converge se 12] r, mesmo nos casos em que Olimite superior que af aparece & zero ow infinito. A expressio (9:10) 6 conhecida como Férmula de Hadamard ou Férmula de Cauchy-Hadamard. Como jd observamos, ela é sempre aplicével, enquanto que (2.9) pode nio ser, pois o limite que nela aparece nem sempre existe (9.10) Propriedades das séries de poténcias 9.21. Teorema. Toda série de poténcias Dane”, com raio de convergéncia Le fC godendo ser sfnstoy, eorverge eniformemente em todo interval 6 el, onde 0 < er. Demonstracéo. Fixado c ]an2"} converge uniforme. mente em [2! < ¢, como queriamos provar Observe que o teorema anterior garante a convergéncia uniforme em qual- quer intervalo jz| < ¢ contido no intervalo |x| 0, ndo existe N’ tal que para n > N esta tiltima expressio seja menor que ¢ para todo em (—1, 1); basta pensar numa seqiiéncia 2, tendendo a 1, com |zq|"*¥ mantendo-se maior ou igual a um niimero ¢ tal que 0 2"/n®, para a qual r = 1 .22. Teorema. Se a série Sanz” tem raio de convergéncia r > 0, entdéo obtida da série dada por derivagao termo a termo, tem 0 mesmo raio de con vergéncia r (9.11) 4, tim sup ‘/rlaq) = lim sup ‘Yami, donde Demonstragéo. Como lim Ya segue © resultado desejado. 9.28, Teorema. Se a série Ya,2" tem raio de convergéncia r > 0, entéo obtida da série dada por integracdo termo @ termo, tem o mesmo Taio de con- ergéneia r (9.12) Demonstragao. Q raciocinio aqui ¢ anélogo ao da demonstracao anterior. 9.24. Teorema da unicidade de séries de poténcias. Se ume funeao f admite desenvolvimento em série de poténcias num ponto 20, esse desenvalvi- mento € tinico. Demonstracdo. Suponhamas que f tenha dois desenvolvimentos num vizi- nbanga da origem, |2" 0 € uma funcéo de classe C™ no intervalo jz ~ z9| < r. AAs fungdes que admitem representagao om séries de poténcias sn chamadas analiticas. Mais precisamente, diz-se que uma fungio é analitica num ponto xp se ela admite representagao em série de poténcias de z— x9 com raio de convergéncia positivo (ou infinito). Com essa definigdo podemos dizer que toda Fungio analitice num ponto x9 € de classe C num intervalo |x — zo| < r. A reciproca desta iltima proposigio, todavia, néo é verdadeira: existem fungdes de classe C% em todo um intervalo (ou mesmo em toda a reta, camo veremos no exemplo seguinte), que ndo sio an: de seu dominio. iticas em pelo menos um ponto 9.26. Exemplos, Jé vimos (Exerc. 6 da p. 184) que a fancio f(r) = 0 se @ <0e f(z) =e" se x > 0, possui derivadas de todas as ordens, ‘qualquer que seja z. Mas f néo é analitica na otigem, pois /')(0) = 0 para todo n, Capitulo 9: Seqiiéncias e Séries de Fungées 223, de sorte que, pelo Teorema 9.24, se existisce 0 referido desenvolvimento, f seria, nula em toda uma vizinhanga da origem. A outra fungio dada no mesmo Exerc. 6 dap. 183, isto é, f(0) =e f(x) = e-¥*" se x #0, também exemplifica uma fungio de classe C*° em tod a zeta, sem ser analitice na origem. Este iltimo exemple € devide a Cauchy’ ((C2), legon 28). Exercicios CCaleule o ralo de convergéncia de cada uma das séries dadse nos Exeres. 1 2 12 1 Soon +e" a Soames = Seiten So nls #1)" 1 Dae 5 Loerie © Urs = 34507 2) log( 3 45)" 1. Sona", onde aay Lal 12, Doane", onde ap = psp for prime en =0 20-0 pre 18, Prove que se uma sri SS ay2* tem rai de convergénciar > O(padéndo ser co) o mesmo & verdade da sve Sonex" qualquer que wja + Prov, rns geralmente, ue as taba Erverdade para qualquer séste Seq(nlanz™, onde gin) # qualuer havo raconal Je n {quocieate Ge doe polio} da que qi) > 0 pasa » aver ave mn cae R (Observe gue ease ¢o-ewe de virar das sein dos exerccon anerores) So lalnldin 14, A chamada série hipergeométrica, dada por F(a, 6, ¢; x) = x “Mee? (r}n signifies r(r~ 1)(r + 2)...{r 4 @~ 1), engloba varias fangdes importantes da Fisica Matematica, Supondo que nenhum dos nbimeroe a. yc ajo tm itere negative, prow Que o ao de convetginen dena sre} Obtenha as desonvolvimentog dados nos Exeres, 18 2) indicando, em cada cas, © dominio de covergencia dase ee ayn es epee Tay! ‘onde simbolo 15, senz 16. cose 224 Capitulo 9: Seqiiéncias e Séries de Fungdes sms-2+ ose Bcohe = 1+ Bh arcsens ory 13s (2m =1) Sugestdes 1 timsup yar = 11 (ane omar 12 Se pé primp, a5 = (yp)? = 1. As fungGes trigonométricas Nos Exeres. 15 € 16 atrés obtivemos as fungées seno e cosseno em séries de poténcias de x, Observe que para se obter tais séries basta supor que existam dias fungdes s{2) e (x), de classe C} em toda a retia, e tais que s(z)= (2), e(@) s(2), (0) =0, (0) = (9.13) De fato, se existirem duas tais fungées, é claro que elas serdo ce classe C>° em tcda a reta; © que s%(z) + %(t) = 1 (Exerc. 1 adiante), donde ja(z)) < 1¢ |ciz)| < 1, Em conseqtiéncia, essas fangées tém desenvolvimentos de Taylor réativamente & origem. com restos que tendem a zero comm — 00, qualquer ae seja z. Fazendo n — 20 nesses desenvolvimentes, obtemos as séries i ta:ncionadas e aqui repetidas. ayes = ( 2) otf ee (yea “Sr at (@.14) Capitulo 9 Seqiiéncias ¢ Séries de Fungdes 225 & facil verificar que essas séries convergem qualquer que seja 2, portanto, real- mente definem fungdes de classe C* em toda a reta, podem ser derivadas termo 2 vermo € satisfazem as propriedades (9.18). Flas sfo agora usadas como nosso ponto de partida para definir as fungées seno e cosseno. E interessante notar que as fungoes dadas em (9.14) so 0 Ginico par de fungées satisfazendo (9.13) (Exerc. 2 adiante). Portanto, a partir de agora escreveremos sen x em lugar de s(z) e cos em lugar de c(s). Das formulas (9.24) segue imediatamente aue cos é uma fungao par e sen -r é impar. Provam-se também as seguintes “formulas de adigio de arcos” sen(a +b) = senacosb+ cosa senb, (9.18) casla + 3} = cosacosb — sena senb Todos as férmulas ¢ resultados da trigonometria seguem das identidades fundamentais obtidas acima ((A1), Seg. 4.5) ‘Vamos provar que existe um miimero c > 0 tal que, & medida que x cresce de zero ac, sen x cresce de zero a 1 e cos:r decresce de 1 zero. Definiremos 0 niimero x como sendo igual a 2c, donde ¢ = x/2. Comeramos observando que cos. > 0-em toda tuna vizinhanga da origem, pois 6 funcZo continua e positiva em « = 0; € como (sen) = cost, vemos que sen x 6 crescente logo & direita da origem, portanto, positiva, jé que sen 0 = 0. E como (cos:)' = ~sen=, cosx é decrescente logo a direita da origem. ‘Vamos provar que cos se anula em algum ponto a direita da origem. Supondo 0 contrario, pelo teorema do valor intermediério, cos > 0 para x > 8: portanto, sen ¢ estritamente crescenic ¢ cost estritamente decrescente em 2 > 0. Pixado qualquer a > 0, teriamos 01< cos2a = cos" a ~ sen?a < cos* a; ©, por indugdo, cos 2"a < (cosa)”” para todo n inteiro positivo. Concluimos que cos2"a —> 0, jd que cosa < 1. Em conseqiiéncia, existe 6 > 0 tal que cos? b < 1/2€ sent > 1/2; logo, 0s 2b = cas* b ~ sen® <0, que contradiz.a suposigdo inicial de que cos. nao se anula em x > 0. ___Existem, pois, rafes de cost = 0 em x > 0. Seja ¢ o infimo dessas raizes. B claro que ¢ > 0; € cose = 0 pela continuidade de cos. Como esta funciia € positiva em 0 < x < ¢, sens € crescente nesse intervalo, portanto, senc = 1. 280 Cap. 9: Seqiiéncias ¢ Séries de Fungdes 2, Obeenia as primeiros quatco termos do desenvolvimento de +/(e* ~1) em povéncias Corea to de 2/(e" ~ 1) em povencias de x fey Fe ¢ fungSo par, significando que a fungio dada pode ser escrita na forma, fonde Bo = 1, Bt = 1/2, B= 1/6, By =0, By = -1/30¢ Bins = paran > 1, Bases Bn 80 08 charnados nimeros de Bernoulls (Jacques Betnoulli (1054-1705)}, 8. Mostre que Substituindo Ecoth = o conciva que ootnE = > B22 05 pooth 5 © eomelua que 5 coth 5 x an) = por 2r, obtémse zeothe = 72 Bam ae Sa eats + 2) = 2? aay gh, exhene (6 +2y4 9 + Teoremas de Abel ¢ Tauber Seja F ana” uma série com raio de convergencia r > 0. Jé observamos (p. 221) que se & convergéncia dessa série em (~r, r) for uniforme, entao ela convergiré uuniformemente em [-r, +]. © Teorema de Abel, que discutiremos a seguir, + permite chegar a essa mesma conclusio, sabendo apenas que a série converge emr=rer=—r 9.31, Lema de Abel. Suponhamos que as redusides Sp =a: +-.+ ay de uma série Fan sejam limitadas por uma constante M, ¢ seja (ba) uma segiéncia do crescente com by 2G para todo n; au seqiéncia néo decrescente com bn <0 para todo n. Bntéo as redusidas da série Danby sao limetadas por Mlb, Demonstricdo, Faremos a demonstragéo supondio by > 0. O outro caso se reduz a este considerando ~5,, em lugar de ba. Temos: Loabil = [Sib + (82 ~ S2)b2 +... + (Sq — Sy2}ba = [Sa (by = ba) + Sa(b2 ~ bs) +... 4 Syaa(baat ~ bu) + Saba S MU(bs — be) + (bz — 3) +--+ (baat — by) + bn como queriamos prover. 9.32. Teorema de Abel. Se 0 série Yo ans” tem raio de convergéncia 1 > De converge em x =r, entéa ela converge uniformemente no intervalo Capitulo 9: Seqiiéncias e Séries de Fungdes 231 [0, rl. Erm consegiiéncia, ela define uma fungéo continua em todo esse inter. tale, de sorde que lita ar > Ont” = Jat” Demonstragiio. Podemos supor r = 1 sem perda de generalidade, pois 0 caso geral se reduuz a esse trocando por rx. Entao, dado qualquer ¢ > 0, existe N tal que, para todo inteito positivo p, n> Nat logins Onggl 0, tenha limite finito S com x — r—, € que May +0. Entéc, a série Sagr” converge e tem soma S. 232 Cap. 9: Segiiéncias e Séries de Funcées Demonstracéo, Como no caso do Teorema de Abel, podemos na de Abel, supor r = 1 sem perda de generalidade. Sejam z € (0, 1) e N o mimeto inteie tal que N(l-2) <1 <(N +1)()—2). Entao, = ob i 5 a S19) ana") +( Pr an(1—2")| = 514 So, cost c=) Dado qualquer ¢ > 0, escolhemos WV suficientemente grande (ao mesmo fempo estamos fazendo x mais préximo de 1) para que n > V = nlaq| < e S15 Vala 2 Sogn Quanto a $2, observe que tos" La)(lted..¢2") 0, existe N tal que x e/M. Entao, pelo Lema de Abel, / an NS Ios Pnsidesr +--+ Pripdntel pndn ¢ uniformemente conver- gente, como queriamos provar | 9.86. Exemplos. 0 teorema que acabamos de provar é exatamente 9 que secessitamos para verificar a convergéncia uniforme das séries x enn . s ene Pondo gq = 1/n em ambas as séries, py =sen nx na primeira delas € py i cosna na segunda, pare aplicar 0 teorema anterior devemos verificar que as reduzidas Sao limitadas por uma constante M. De corde com a fétmula de De Moivre, = ne see sinsayae ee Seosne ye 3? senne = a z eR gee —cos(W + Aye 5: L (= etna — Bal Tamara lon 0 donde trance a core = — leony dye] Lor = Feaacayy te + pe oe 235 Capitulo 9: Seqiiéncias e Séries de Runs & 1 fot 1 Xs geeaiaTy Oa om + >| Essas férmulas nos mostram que as somas de senos e cossenas que ai apare- cem séo |imitadas por uma constante (independente de N, nao apenas de +) se restringirmos £ a qualquer intervale Je = (6, 2n ~ 6). 8 sendo wm mimero positivo menor do que =. Portanto, em taisintervalos a convergéncia das séries € uniforme. Em conseqiiéncia, as séries Frocene , denne a definem fungdes derivaveis no intervaly (0, 2) e suas detivadas podem ser obti- das por derivag3o termo a termo. (Observe que @ convergéncia provada é em intervalos do tipo Iz, mas qualquer x em (0, 27) est contido no interior de um certo Is.) Exercicios 1. Prove que se (an) € ume seqiiéncia numérica, que tende a zer0 monotonamente, enta ae séries Soa, cosnr € J” a, sennz sie unilgemements convergentes em intervales do tipo Beate 5, 0< 557. 2. Prove que as sven > ST do tipo Te do exercicio anterior. 8 Prove 0 Sequinte resultado, conhocido como Teste de Abel: Se ST py é uma sére conver gente ¢ (Gx) € wna seqiéncia mondtona, limstade por uma constante M, (portanto conser: ‘ente para um certo limite c), entdo a sér So pedm € convergense. (Observe a dierenca entre este teste eo de Dirichlet: agu’ s série Jap & convergente; em compensagio.o limite {ede qr Pode nda ser tero.) Sugestao para s demonstracio: ponha ra ~ gu ~c m0 teste de Dirichlet. Use o teste de Abel para obter o de Leibnie pars séries alternadaw: se (aq) 2 mondtona e tende a 2am, entéo a sésie S{—2)"ay € convergent Prove que f(e (cosnz + sennz) € uma fungia de classe C™ © que a série, bem ‘como as dela obtidas por derivagio termo 8 termo, inéefinidamente, sio todas uniforme: ‘mente convergentes. SEE so uniformemente convergent em inervalos Equicontinuidade objetivo desta seco é apresentar um teorema conbecido na literatura como teorema (ou lema) de Ascoli, &s vezes como de Arzela e outras vezes ainda como de Arzela-Ascoli. Ble é parecido com o teorema de Bolzano: Weierstrass (p. 36) que, como vimos, afrma gue todas seqiiéncia numérica limitada possui uma surdseqiiéncia convergente. O teorema de Ascoli leva a uma conclusio parecica, porétn tratando de seqiiéncias de fungoes, nao de seqiiéncias numérica. 236 Capitulo 9: Seqiténcias e Sévies de Fungées Muitas vezes a solugdo de um certo problema. ~ particularmente em edleulo des varagSes, equagdesdiferenciais ou equagtes integrals — ¢ obtida por aprow, aches. Constré-se uma seqiiéncia infinita de solugbes aproximadas e prove-se, Cam 2 ajude do teorema de Ascoli, que cla possui uma subseqiincia que converge para a desejada solugio do problema 7 wimos (Exere. 3 da p. 206, onde definimos “seqiiéce tnmitada”), que uma seqliéncia de funcées limitadas, que converge uniformemente, é limitata, A seguir damos um resultado parecido. Teorema 9.37. Seja fy uma seqiiéncia de funcées continuas num dominio compacto D, que converge uniformemente. Entéo f, ¢ limitada. Pemonstrapao. De fato, sendo continuas ¢ definidas num dominio eompacto, os fungoes fr 880 limitadas, cada uma por uma constante My = max f(a); Dortanto, esto satisfeitas us hipdteses do Exerc, 3 da p. 206 Podemos também dar uma demonstracio direta. A fungéo f, limite da ‘ealéncia fn, € continua no dominio compacto D; portanto, |f' possui valor ndxime M. Dado ¢ = 1, existe N tal que, para todo t © D, TPN = \falz) ~ f(a) 0, de farma que se pesuisse uma subseqiiéncia uniformemente convergente, ta! subseqiiencie teria + convergir para zero, Mas isso ¢ impossivel, pois fa(1/n) = 1 para todo A condigéo adicional que a seqiigmeia deve possuir, além da de limitacao, e ie vamos introduzir agora, ¢ chamada equicontinuidade, Para chegarmos a ela, cemegamos lembrando o teorema de Heine (p. 118). Sendo as funcdes de wine dida seqiiéncia f, continuas no mesmo demfaio compacta D, a continuidade tsiforme de cada uma delas permite afirmar: dado e > 0, existe &, > 0 tal que tT YED, |e y) < bn > ifalz) ~ fal) 0 para todas a fnues fy eno a contnutade estaré sendo igual para todas as fungbes da seqiiéncia, isto ¢, estaremos “equicontinuidade” (equi=igual). Dai a definicio que damos a seguir Pde fungées (em particular, finigiio 9.88. Dis-se que uma familia F de fungéee (en ue gens Jo defn nom mess dom Dé eucntin oad qualquer ¢ > 0, existe § > 0 tal gue 2, vED, jr—yl f(x) —s)l 0, existe 6, > O tal aue inl) — fal)’ < (9.18) 2,9 ED, [ew < bu > © como a segiiéncia J, converge uniformemente, existe N tal que n>N = ifale)—fxle) ce, Vee D Este resultado ¢ (9.18) com n= N’ permitem concluir, em face da desigualdade + lfmle) — flu). + lfwly) ~ faly), Sale) — flu) < fale) — fv(a) WM Wea ve, fev < by lla) ~ fla), <3 (9.19) ‘il res = 1, 2, Falta incluir, neste tiltimo resultado, os valores tomamos 6 = min(éy, 6,..., 6y} € utilizamos (9.18) comm = 1, (9.19) com n >”. Obtemos, entao, N. Para isso swe 2, VED, ip— yl < 6 [folz)— faly)| < 3e, Yn Isso prove que a stajiéncn (fn) &equicontinua, que €0 resultado desejado, Os Teoremas 9.37 € 9.89 mostram que limitagio © cavicontinidae sia condigdes necessarias para que uma seqiiéncia de funcdes continuas jure dominio compacto seja uniformemente convergente. Veremos, a seaulr, que ess condigées garantem que a seqiéncia possui uma subseqiéncis unifo convergente, que € 0 resultado central desta segio. 238 Capitulo %: Segiiéncias e Séries de Pungdes Teorema 9.40 (de Ascoli). Toda segiiéncia limitada ¢ equicontinua de fungdes definidas num dominio compacto D possui uma subseqiigncin que con- verge uniformemente. Demonstragéo. Sejam (fn) a teferida seqiiéncie e (rq) uma seqiiéncia con- tendo todos os ntimeros racionais r, € D. (Esta seqiiéncia existe, pois 0 conjunto dos racionais € enumersvel,) Pelo teorema de Bolzano-Weierstraes (p. 36), a seqiiéncia numérica (f(r), sendo limitada, possui uma subseqiiéncia convergente. Dito de outro modo, (f,) possui uma subseqiiéneia, que denotaremos por (fin), tal que Airitt)s fistey)s-- fina), é convergente. Pelo mesmo raciocinio, como (fin(72)) é limitada, (fin) possui ‘uma subseqiiéncia (fon) tal que a seqiiéncia numérica Faria), faalra).--+1 San(ta), 6 convergente. Prosseguindo dessa maneira, indefinidamente, construfmos as seqiiemcias (fn), 7 = 1, 2,--+, tais que (fin) € subseqiiéncia de (fn), (fin) & subseqiiéncia de (f-1.n) para j > i, € 98 28 seqiéncias numéricas fila), fiztrs)e+++ init) Sara), fralra)ses fanlta)r5 Sarltn)s fnaltals os fanltadervs sao convergentes. Além disso, a seqtiéncia (fjn(z)), sendo una subseqilencia de todas as anteriores, (fin(©)), (fan(@)),-..+ (fs-1n(#)), € convergente em BST Paps Fy Considere agora a seqiiéncia diagonal (gx) = (Jun) © observe que, para 1B J, Gn € suubsoqiiéncia de (fyn), portanto, converge em 2 = ry Fay... 7) Isso implica que (9_(2)) converge em todos os elementos da seqiiéncia. numérica, (re): Queremos provar que (gq) converge uniformemente em B. Camecamos ob servando que, como a seqiiéncia original é equicontinua, o mesmo é verdade de (ge); loge, dado qualquer © > 0, existe & > 0 tal que 2 ye D, |r~y) <8 = |on(z) ~ alu) sao conwergentes, existe Nj tal que ny m > Ny lgnlrs) — Gmina] < £f8) CHL Bes Entdo, tomando V = max{Nz, No... Na}, teremos: mem > N jgalrd) —9mirdl Ni = gles] + larn(ee) — aml) \ant2) ~ om(z)| < lanl) — gnlrd)| + lanl isto é, provamos que. dado qualquer = > 0, existe N tal que n,m > N= |galz)~om(2 a) pat contradicio. Se F nie forse limitads, pare cada n poderiamos encontrar uma fungio em F — que denotamos por fa — tal que sup, |fa(#)| > n. Em vista do Teorema 9.37, a seqiiéncia (f,) nio teris. subseaiiéncia uniformemtente convergente, uma contradigio com a hipdtese 6). Se F nao fosse equicontinua, haveria um ¢ > 0 tal que, para todo n seria possivel encontras uma fungao em F — que denotamos por fy --- tal que para algum par de miimeros sin, Yn € D, teriamos jm ~ yal < 1/n e Ufaltn) — fal)! 2 €. Entéo, se fy tivesse uma subseqiiéncia uniformemente comvergente, essa subsegiiéncia nao poderia ser equicontinua, uma contradicao cam 0 Teorema 9.39. Isso conclui a demonstragao, Observamos que, a0 contrério do Teorema 9.40, onde, como dissemos na Obs. 1 acima, basta a limitagio simples, no Teoresma 9.41, ndo baste a famitia F ser simplesmente limitada, ela precisa ser limitada, isto €, todos os seus ele- mentos limitados por uma mesma constante. Notas histéricas ¢ complementares As séries de poténcias Js sivemos oportunidad de observar (p. 68) que as séries de poténcias comesaram 8 sureit Jago no inicio do Clete, no séeulo XVI, Assim, Newton obteve a série goamétrica 1 pigriertettete por divisio direta do numerader 1 pelo denominador 1 ~ 2. B obteve a série do logaritino, integrando termo A termo 2 série anterior. Isso acanteng par volta de 1685, n contaxto de calcular Areas sob a hipérbole, mas tais resultadas sé foram publieados postesiormente Nicolaus Mercator (1620 1687), apoiando-se nos resultados de Gregorius Saint Vincent (p. Tog(t +2) Cap. 9: Seatiéncins ¢ Séries de Fungdes 241 7 fs vezes chamads “série 100}, obteve a mesmis série do logaritmo em 1658, da ese sie ser on “ we fobteve mauitas outras séries de poténcias por esse mesmo met do de expé nei $88 ‘unenes ‘simples € integrar termo a termo. Por ‘exemplo, aplicando esse procedimento, obtemos 2s fe de aretig: ance! 5 sewn obtev tants sre de irae fangs por um proceso de invero. combine Fe re ass, ese xprinagien 36 we reseed “ com ton etn pare deena de rlns de equacdes, (Vee [Ey P20) Seguinvs) Asim, por inverso de ale obteve = = y+ 97/2 +99/0- ..« comu, sem besian, SO oe emcee atti em ie pmene co Sealtados ‘eram comunicados por cartas ou através de publicaghes de pequena circu, 98 res omar Fv on er cla on mean a egal sone ‘chamadas funcées analiticas. Por causa disso el jem ser deri von shag iis ee an outa ‘séries de fungies, como j& tivemos oportunidade de observar (p. 233), a P won hoe “gonométricas. B interessante notar taibém que © sungimento: ‘dessa outres: Lagrange ¢ as fungdes analiticas / sofessor de Materitice Josep Louis Lagrange (1796 1818) nasco e Tenino, ene voc separ de Mater TORRE Reatde arcana aos 19 anes. E 228 anos ee esonbesido como im don airs Pe tematicos do séculc. Em 1776 Lagrange acritou 0 convite para su ser em Beri, TAU ate teanafea-se de vita para Sho Peuersturgo, le satisfain vim o expres Aesit ieee era, segundo o qual “era preciso qué 0 maior geémetre da Europa vivesse 242 Cap. 9: Seqiiéncias # Suries de Fungées tai dos res”, Com morte de Frederico em 1787, Lagrange transferiu-se pars Paris, onde permaneceu pelo resto de sua vida Lagrange produziu uma série de trabalhos da maior importancia, nos mais variados Gominios da Matematica © da estncia aplicads. Sus obra mais famosa ¢ a Mecuniges ae lgtique, concebida em sua juventude, mas 35 publieada em 1788, ¢ com a gual a Mecanice cava definitivamente estabelecida como um ramo da Andlise Mateméticn Em 1797 Lagrange publicon um liso initulado Théorie des fonctions analytiques, uo qual ele procura resolver o probiema da fundamentacéo do Calculo em bases puramente algbrice, sem a necossidade de considerar grandezas infinivesimais. Para igo ele serve-se de sine a ‘Taylor, sum processo inverso: partindo da sire de Taylor de uma dada fungao, ele intecdus as sucesivas devivadas da fungio em termos dos coeficientes de sa serie. Easa constrvsao oe assentava na premissa de que toda fungio possui desenvolvimento em sivic de Taylor. (Neu (Ep, 296 ¢ seguinies,)Isso¢ falso, com jé vimoe noe Exemplos 9.28 (p. 222) onde exibines tuma funcio sem desenvolvimento de Taylor, © despeita de eet muito hem eomaportade. Bese ‘exemplo, dige-se de passagem, ¢ dado por Cauchy, em seu Résum¢ ([C2. Legon 28), Pinions falho em seu intento principal, o tivo de Lagrange trae importantes coniribuses a0 Clete, além de representar ¢esforgo mais signifcativo do séeulo XVIII pata os fundamentos dewss ds, cfplina, be como 6 prenincio do rigor definitive que ia logo so desemvolver no siclo seguinte A convergéncia uniforme As questées de convergéncia, derivablidade » integrabilidade de sities de fungies éé puderam ‘ser equacionadas ¢ resolvidas depois que o trabalho de Fourier, devidamente apreciade, detwou bem evidentes as peculiaridades das sires trigoncméécicas Bm seu Cours d'Auaipse de 1822 ‘Cl, Cauchy dé um tratamento bastante completo © Satisfatelo & convergéneis das séries. Mas nfo esté totalmente livre das lias antigas de infinitésines e do habito de conceber varisveis como absciseas de ponten méveis m0 longo de ‘eixos. Sua prépria definigéo de continuidade (p, 106) revela esse aspecto dindmico cm seu ‘modo de conceber limites. Por causa disso por nio perceber que a contvergéncia das series de Fangdes tem espectos que no esto presentes na coavergéncia das svies numéricas, cometes ertos em aftmagies que exigiam o concvito de “convergéacia uniforme” ou Je ‘continuldade Uniforme”. Assim € que ele prova o (false) teorema, segundo 0 qua" soma de uma airie de fungdes continuas ¢ uma funsio continua”, B tamséa ao provar a invegrahitigade de qualquer funcdo continua, interveniencia da continudade aniforme passa despercebide « Cauchy, ‘Um outro matemsticy brilhante dessa época foi © noruegués Niels Henrik Abel (1802- 1820). Ble era filho de win pastor pobre e teve tim professor a alturs Ge seu genio, Bernt Holmboe, Quando Abe! tinha 17 anos, Holmboe predisse que ele seria © maict matentice o mundo, e procurou encaminki-lo adequadamente. Com uma bois de estudor, Abel viajou para Paris, onde encontrou os maiores mateméticos da epoca, inclusive Cavchy. Mas nde fot ‘acon da Matemdtice, Mi cca de 25 sculos,suriy renga, ariuid 2 Pitgors, de que o mimeo ¢»chave da exiar do ene as "o lrdaria mato pare qu cas crngafosseserimente ala compte ce ce & fandamenios da Materia, Ess cs fo coutorada pr Bulow Iau © els ae Flat, com sun “eri de propor", dst no Lote ¥ dos Elmore Bua lcg deslcou exe dos fundamecto, da Acemetic para a Geamie, EPs enn mati bem en nov cong quando ensza que “Devs geomatinn sempre" mae een, t@ pértco da Acadaia, “quem no for grometa nin ense™> Desde tise pos eos souls « Matomtinintifcase com a Grometia, tno asin que al un cna nea ‘09 matematicos eram conhecidos como "geémetras”. “ Por ito mesmo, os maemiticos do século XVI, que tant inwaram ¢ dram orien 3 nova discipinn do Cel, fram, todwi, bute inspira em uch « Arguence cul obras eram ent etudadas cadmas como roa ma acai do He Ene cree numa posiade de fandamentgio geometric do Clue pero nts iodo sculo XIX. Os coitn de deriva «inter, gue vera erigem nos conan Toes tangents « en, presercam por roo tempo une fie fometricsPor un ean anemia, fone moments meste em qve a Geomtia coment Tvl su lie ae fundaments, nas rics dicaas do sel, fl tiae gue tandem term tions bam sues pra ftdamontaro Cel or dn Geometin, Toes 0 conta dose ung ime den, taprale convergineia stam agora dea em trmon to seg ercebewe eto gon proprio ners rei arc dma adeguode uote f sua, enectanto, nko tardy om ser encontrade Ate auc defnigt delta et Saul eta sel defini de limite de Cavey Sagat, pirém, ands vada da osio pura de moninene tao ubseige eae nie purarete manic de Weierstas f(s) tem fie L com 3 fenainde sas agape tate guauer > eats 920 al ut O [fle) Lice. Completava-se assim um movimento que veio ser chamado de Avitmetizanée da Anaiise. Agora s propria Geometria teria de buscar na Aritmética clementos muis seguros bare seq fandamentagio, Era, de certo modo, uma volta a Pitagoras Referéncias Bibliogréficas (com indicagao das paginas onde ocorrem as citagées) [AL NH. Apex, Recherche sur la série (binomielle), in Oeuvres Complétes, t. I, pp. 219-50, (Christiania, Imprimerie de Grondahl & Son), Johnson Reprint Corporation, 1972. Pag. 242. [Al] G. Aviva, Célewo 1 — Fungées de wna Varidvel, LPC Rditora, altima edigio impressa em 1992. Pags, 11, 27, 86, 99, $5, 127, 128, 141, 181, 185, 225. [A2) G. Avita, Céilewlo 2 — Fungées de uma Varidvel, LTC Editora, dtima, edigo impressa em 1989. Pag. 196. [A3)G. Avita, Caleulo 3 - Fungées de Varias Variéveis, LTC Editora, iltima edigdo improssa em 1990. Pas. 189. [Ad] G. AviLa, Varidueis Complezas ¢ Aplicagées, LTC Editora, 1990. Pégs. 187, 189, 210. {A5] G. Avita, Bvolugdo dos Conceitos de Funeao ¢ de Integral, Matemética Universitéria N° 1 (Junho de 1985) 14 46. 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Boas, A Primer of Rea! Functions, publicado pela Mathematical Association of America, 3° edigdo, 1979. Pags. 111, 164. [B4) B. Bonet, Ocwores, Editions CNRS, 1972. Pags. 121, 122 (B5) U. Borracznt, The Higher Calculus: A History of Real and Complex Analysis from Euler to Weierstrass, Springer-Verlag, 1986. Pag. 164 [Cl] A-L. Cavony, Cours d’Analyse de V'Ecole Royale Polytechnique. ire partie: Analyse Algébrique. 1821. Além de se encontrar nas obras com- pletas de Cauchy, este livro é reimpresso pela Librairie Jacques Gabay de 246 Referéncias Bibliogréticas Paris. A biblioteca do IME-USP possui um exemplar da edigéo original “de l'mprimerie Royale” em sua colecdo de obras raras, Esta ¢ a fonte de nossas referencias. Pégs. 71, 106, 120, 242, [C2] A-L. Caucny, Réswné des lecons données 4 l'école royale polytechnique sur le caloul anfinitésimal, 1823. Oeuvres, séries 2, vol. 4, pp. 5-261 Pgs. 168, 228, 242. [C3] J. A. DA CUNHA, Principios Mathematicos, Departamento de Matematica, Universidade de Coimbra, 1987. Pég. 71 [Di] R. DEDEKIND, Essays on the Theory of Numbers, Dover, 1963, Pag. 12. [D2] J. Dizuvonné, Abréyé d'histoire des mathématigues, Hermann. Pégs. 46, 107, 121 [D3] P. L.-DiticnLer, Sur le convergence des séries trigonométriques qui servent a représenter une fonction arbitraire entre des limites données, Journal de Crelle, 4 (1829) 157-169; Werke, Chelsea Publ. Co. (1969) 117-32. Pag. 163, (D4 P. Ducac. Eléments de l’Analyse de Karl Weierstrass, Archive for His. tory of Exact Sciences, 10 (1973) 41-176. Pégs. 121, 243. (B] E. H. Edwards, Jr, The Historical Development of the Coleus, Springer-Verlag, 1979. Este é um excelente livro, que reune vatias vir- ttides ao mesmo tempo: nao é muito longo, faz uma criteriosa selegéo dos episSdios que apresenta, é fiel ans fatos, usa a linguagem moderna para explicar e tornar inteligiveis os rariocinios antigos, sem contude deformar esses raciocinios, 0 que nio é facil, mas torna a apresentacio bastante didatica, Pags. 68, 103, 141, 198-201, 241-243. [Fl] J. Fourten, Tie Analytical Theory of Heat, Dover. Pégs. 105, 243. [F2) H, FREUDENTHAL, Did Cauchy Plagiarize Bolzano?, Archive for History of Exact Sciences, 7 (1971) 375-92. Este artigo é aqui citado, nao pela Polémica de que trata, mas pelos valiosos comentarios que contém sobre @ obra de Cauchy. Pag. 106, [G1] B. R. Geupaum 5 J. M. H. OtMstean, Countereramples in Analy- sis, Holden-Day, Inc., 1964. Existe edicao mais recente, incorporando modificagdes. Pag. 100. [G2] J. V. Grapiner, Is Mathematical Truth Time-Dependent?, American Mathematical Monthly, 81 (1974) 354-65. Pag. 107. [G3] J. V. GRaBINER, The Origins of Cauchy's Rigorous Calculus, The MIT Press, 1981. Pags. 107, 121 [G4] I. Grarran-Gumvness, The Development of the Foundations of Mathe- matical Analysis from Euler to Riernarin, The MIT Press, 1970. Devernos

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