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onuigi yy umn ap acsqusg | |. eysdoungl eoyprmnl emapym5 |: Fyuedespy anu opugmmy, / i +o 0 ce ‘la ri so ape Sprotpdadn ees rfl hel deseo ere poles gu as eso np ci "i jit eteder mtr oe ctneeceda cit, ANTOWIO MANUEL HESPANI Do ns Unvesidade Nova de Limon, foi Preerte ds Como fn» Comemract dos Desc ets Portage, dct em fae aoe frag foo ha Ant6nio Manuel Hespanha CULTURA JURIDICA EUROPEIA: \& Sintese de um milénio javowry Ue Aro Mam Hag Scape ect Pano Ahab) ut Ara Mane pn pa. aa ea in rugpba "Range unico Bae 38 1 ioe cou-suoom ‘ia ep Ona Cas CRT EDTTORAFUNDAGAO BOKTEDX Ft fe aero Lt ees Fe Mtge Tigo (ents gp SC— a ‘onan 6 135) Fa pac Stinhotinacnatcer den C=C a “Creo que verdadero trabalo pic, numa Sociedade como 4 nossa, 0 de crticar 0 funcionamento de Snstiaigdes que parent neutraise independents eis de modo qu violencia policn qu sempre se terce, obscuramente por meio delas sea desmascarada poss ser combat” Michel Foucault “Human nature: justice versus power (debate with Noam Chomsky) Nora p41 g01cKo Brasiina ‘Surg finalmente a oportunidade -esperada e algo bus cada de editar est ivione Brasil, Devoissoa um honroso con- viteda Fundacao Boiteux igada a Universidade Federal de Sane ta Catarina convite que foi resultado do empenhiamento con junto des Profs. Ato Dal Ri Junior e rides Mezzarobs, “Aproveite a oeasito pare inovar um poco, acrescentan- do uma referéncia mais extensa ao common law e refazendo al- {guma cosa da historia juricica do primero sée_ XIX, que pade- fla de algunas hipotecns hoje para mim problematcas as ver- es historiogrficas mais correnes. Aa cantario do que acantece com as verses italiana @cas- ‘ethana, mantive aqui as nétulasfinais de cada capitulo sobre al- gumas especialidades da historia do dirito portapues. Ea dso fit os colegas brasiezos a nua préxima edi, colaborarem ‘com nétulasidéntias sobre ahistéra do direito brasileiro. ‘into que a publicacia deste livo ~ sobretudo por estar cenquadraca num peojacto mais vasto de colaboragio enteehis- tortadores do dreto dos dois pases - pode serum sinal de re- pronimagio académica que ultapasse a usual retrica Lisboa, Janeito de 2008, force 1. A historia do direito na formagio dos juristas/21 1.1. A historia do dreito como discuro legitimmador/22 1.2. historia etica do dteto/33 121. A percepgio dos poderes“perficos 1.22, Oditeto como um produto socal/38 1.23, Contra ateleoloyia/ 41 2. Aimportincia da historia juridico-nsttucional como discurso histérico/45 3. Linhas deforga de uma nova historia politica einsitucional/49 34. Oobjecto da historia politico institucional, [A précompreensio do "polio" /49 3.11. Acrse politica docstadualismo/ 49 3.12. A préscomprensio pés-moderna do poder/52 3.13, Contra uma historia politico institucional actualizante/ 54 3.13.1.A politica implica da ideia ‘de"coatinwidade”(Kontinttsdenken)/54 3.132. A critica do atemporalismo /56 3.14, A descoberta do pluralismo politico / 62 32. Uma leiura densa das fotes/ 69 321, Respeitar a logica das fontes/70 5.22. A hteratua ico juridica, como fonte ‘de uma antropologia poiticn {da Epoca pre-Contemporines /75 35 323. ‘Caleulos pragmaticos” confltuais ‘apropragses socials dos discursos /82 3.24, Texto contexto. Modelos politicos ‘econdicionalismes praticos. ‘A sacologiahistérica das formas polticas/85 325. Intorprtacio densa dos dscursos, histvia dos dogmas ehistria das ideas / 88 43, Uma nota sobre "relativism metodolopico”| fe “relativismo moral” e sobre o papel dos jristas neste contexto/ 89 4.0 imaginstio da sociedade e do poder/99 41 Imaginsrios poitios /99 442. Aconcepso corporativa da sociedade /101 421, Ordemecracio /101 4.22. Ondem ocult,ordem aparente/104 423. Ordem e vontade 105 4.24 Ordemedesigualdade /108 425. Ordeme "estados" /111 4.26, Ordem e pluralism politco/114 43. dissolugio do corporativismo ‘eoaadvento do paradigms inaividualista/116 5.A formagio do “direito comum” /121 51. Factores de unificagzo dos direitos europeus/123 5111. Ateadigio comanistica/123, 5.111. Diteito romano clissco, diteitabizantino e direito romano valgar/123, 5:11.11. Smal das 6pocas Instrieas do direitoromano/ 127 511.12 Sistomatizacao e método de ita do Corpus urs Cis 129 5:11.13 Sistematieagso.e método {de citago do Corpus furs Cononicis/131 5.1.1.1. Osestudos romanisticos no ‘quad da formagso dos jurists /152 51.1.5. Stimalacronologica da “evolugao do diteto romano /139 51:12. 0 diteito romano na historia ‘do direito portugués/ 140, 5.113. A recepeia do dirito romano/ 141 51.14. A inflnca doieito romano ‘na propria legislagio local/147 52. Atradigio canonistica/148 5.21, O lugar do direitocandnico ‘no sei da direito comurn/ 152 5.22.0 diteito canénico como limite “ovale dos direitos temporais/153 5.23.0 direitocandnico ma historia do direto portugues / 155 5.24, Ditetorecebidoe diceito tradicional 158 533, Resultado; uima order juridica pluralist /160 53:1. Uma constelacto de ordens normativas/163, 5.32 Direitocandnicoedicitocivil/166 533. Diretocomume direitos dos reinos 166 534, Diteitos dos rinos ‘ditetos dos corposinfviores/ 168, 535. Direto comum e prvilégios /17E 536, Direito anterior e direto posterior/ 172 1337. Normas de confito de“ geometria varavel”/173 538, Uma ordem judica flexvel /174 538.1, Flexibiidade por meio da graga/175, 5382 Flexilidade por meio da equidade/179 54 Direita do reino em Portugal ‘Epocas medieval e moderna/ 185, 5.41. Dineitovisgotico/ 183, 54.2. Feudalism e diretofeudal/ 183 54.21, Bibliografia/189 543, Ocostume/ 189 5.44, A legislagto/190 5.44.1. Bibliogratia/196 55.A unificacso pea “cientfcizagio" ‘Asescolas da tradi jridica medieval 197 55.1. A Escola dos Glosadores/197 552. A Escola dos Comentadores/209 56, O modelo discursive do dreito comm europe /220 5.61. Ginese do modelo do ‘diseurso juriico medieval / 220 5.61.1. Factores filosstics /222 5.61.2. Factores lgados 8 natureza ‘do sstema medieval das Fontes de direito/226 5.613. Factores institucionais/228 5.52, Acstrutura diseursva/229 5621. A oposigto do “esplrto” a “letra” da lei/230 5.522, A interpretagio logics / 251 5.623. A utiizagéo da diolécticaaistotélico- escoisticae, especialmente, da topica/ 233, 5624, Conclusio/ 202 6.A-crise do séeulo XVI eas ‘otientagdes metodoldgicas subsequentes/245 6.1, Uma nova ealidade normativa/ 245, {62.0 desenvolvimento interno do sistema do saber juriico/ 251 663. Asescolasjurdicastardo-medievais e modemas/ 255 63:1, Escola cuts, humanista ou “mos galicus tra docend” /255, 632. Escola do “usus modernus Pandectarum’” /259 64, ls commune e comment iw 262 65. Acultua juriica popular/270 66, A doutrina em Portugal {(epocas medieval e moderna) /279 6.61. Bibiografia/286 7. As escola juridicasscicentistas esetecentistas: jusnaturatismo, jusracionaismo, {ndividualisme e contatualismo/289 7A. Osjusnaturalismos/ 289 7.1.0 jusnaturaismo da escostcatomista/ 289 ‘TAL. A Escola Trica de Dreto Natural/291 7212. Ojusnatualismo racionalista(jusracionalismo)/293 7:13. Ojustacionalisme moderno/296 72. Algumas escolasjusnaturlista/297 721, Osjusnaturalismosindividulistas/301 721.1. A tworia dos direitos subjectivos/ 306 72.12 Voluntariemo/ 310 72.13, Cientificizagio/ 38 7.22. Atradigho do jusnaturalismo cbjectivista /320 723. Acéncin de polcia/325, 7.24, Aide decodifcasa0/ 329 173. praticajuridia /382 74.0 dieito racionalista eas suas repercussdes/336 75.0 dieito racionalista em Portugal/338 ‘751. Bibliografig/339 8.0 direto na Epoca Contemporinea/341 8.1. Ocontexto politico/341 82 Entre vontade erazso/ 345 {821. Democracia representativa lepalismo / 385 8.21.2, "Razko jridica” vs. “roadie popular” /351 8212 Tradigio/353 8.213, Direitosindividuais /356 82.14, Eltismo social/362 8215. Estaduaismo e“ieita igual” /368 8.2.16,0"método jaridico” /366 8.217. "Positvism'conceitual” Estado constitucional” 369 18.22, Pesitivismo ecientismo/373 83. Asescolasclssicas do steulo XIX/376 83. A Escolar Exegese. A origem dolegalismo/376 832. A Esco Mitra Alena ‘A vertente organics e tradicionalista/383 8321. A cultura jurdica portaguess «da primeira metade dose, XIX/ 388 833.A Escola Histvice Alma. A vertente formalista ou conceitualista, A jurisprudéncia dos concetos(Berifsjunaprudens) ‘ou Pandectistica (Pandelienwissenscluf) [381 83.3.1, Os dogmas do conceitualismo/399 8332, Oconcetualismo em Portugal /00 184, Asescolas ant-conceitualstas eant-formalistas Naturalism, vitaismo e organicismo /402 84.1. Ajurisprudéncia teleologica /408 B42. A Escola do Direto Livre/ 06 8.43. Ajurispradéncia dos interesses/408 8431. Ajurisprudéncia dos interesses em Portugal/ 410 844.0 positivismo sociologico ‘eo institucionalismo/411 1844.1, Positivism sociolgico ‘insiticionalisma em Porkagal/ 427 845, Areacedo anti-natualista Valores ealidade/ 482 £8.46. Oapoges do forralismo. ‘A Teoria ra cdo dito (435, 8461, A reaccto ‘anti-sociologista em Portugal /437 85. Asescolasertcas /442 85,1. O socilogisme marssta ‘clisicn no dominio do dieito/ 443 £852, O mara ocidental das anos sessonta/ 449 853. A“cttca do direito" /451 854, O“uso alternative do dieito”/453 854.1, Ascorrentes critica em Portugal /462 156, Asescolas anté-logalistas /466 86.1 Sentidos geais do ‘ant-legalismo contemporaneo / 467, '86.2 Em busca de wma “ustica material” /469 {863, Osjusnaturalismos cista0s/ 479 ‘862.1. jusnaturalismo em Portugal/484 864.0 pés-modernismojuridico/486 86441. Direto do quotidiano/492 8.64.2. 0 diteto como universo simbslico/496 364.3, Um ditito flextvl /499 8.64.4, 0 pluralismo juridico/302 864.5. Construtivismo auto-referercial/507 9, Bibliografia/513, Prericio © texto que agora thes apresento tem sido wtilizado, em sucessivas verses provisbras, nos meus cursos cle Historia do Direito e, nssas mesmas versbes, tem crculado entre pessoas proximas, Depois deste virios anos de curso provisrio,em que Toi crescendo e sendlo posto a prova, parece que paso os f= tes minimos eque pade ser editado, Decidireditar mais um manual de historia do direitocare- cede uma boa #2230. Creia que poss apresentaralgumas para justiicara ediao dest. 1, em primeiro ugar, um texto que me parece inverter a teniléncia comum de privilegiar, na histéria do dirito, as epo- cas mais recuadas, com sacrificio das mais recentes. Neste tex to, pelo contrrio,osséculos XDXeXX acupam quase motade do texto. Podendo, por eutro lado, dizer-se que os tltimos capt Tos ratam exclusivamente do presente, para no dizer que ta tam do futuro Isto porque, tendo eu muito gosto e muito respeito pela historia ~ minha prfissio e minha devogao~ neste veo estou ‘menos inteessado em invocar antigualhas de que em despes= tars leitores para uma refleio sobre o diteto de hoje w sobre 0s seus problemas. Neste sentido, como explico na intioduezo, este livro sua manera, mais uma obra de propedéuticajurk dica do que um simples manual de historia. E, endo me enga- no, esta uma segunda boa razio para oeditar. Finalmente, o texto esta concebido como uma introducao historia ao direito da Europa. Na verdade, de umaccrrta Europa Por um lado, esta dele excluidaa Europa de Leste, subdir «de uma comm matriz romanista, mas marcada por uma cso, ‘a0 mesmo tempo linguistia, politica e eligiosa, que Ihe confe- Flu um perfil ustorico absolutamentedistinto do Osidente, De- pols, 0 mundo anglo-saxsnico ainda mal étocado, embora, na Oe lesrigo dos fundamentes politics do dieitocontemporaneo, ‘lego ingles (enorte-americano) soja necessariamenterefer- do Porfim,omndo doSul da Europa (inluindo a Teva Iti- line, parcialmente, a Franca) gan, na economia desta expos- ‘so, um relevo muito pronanciado: no se esquecendo todavia © peso importantissimo que tem tido, nas suas configurasees jufidicas mais recentes, ocontribto da doutina alema do di- reitoe do Estado ‘\opet por uma descricio “eutopela" ~ endo “nacional” = da histérin do direito nso se deveu, por certo, a preocupacces| teditorinis de rentabilizar 0 iavestimento, nem, 1 pouco, 20 ‘modismo europelsa, Plo contéri, tem a ver mesmo com 0 ‘object de extud Como se vera, em quase toda a sua histor ‘diteto desta Europa fo um diet com, emaque alguns et lose especficidades locals apenas 2 destacavam sobre um es ‘magador fundo de caracerstica partihadas, Ecerrara hist tia do dteto da Europa nas fronteiras dos Estados & por isso, “umartifiilistno © uma fone de apreciagbeserradas. ‘Algunscolegese ang eram ete roe trabalharamcom cle, Asia actual versio pode benefciar muito das suas suges- toes, Ente eles esto, naturalmente, os colegas que, ha varios ‘anos colaboram nos meus cusos-a Ana Cristina Nogueira da Silva, o Luis Nuno Rodrigues, a Maria Carla Aratjo, a Ma (Catarina Madeira Santos, a Joana Estornnna, Mais recentemen te, 0 Zhang Yong Chin, que também ajuou na preparagio da versio chinesa deste texto. Em Espana, os Professores Carlos Petit Huelva) AnténioSerrano Gensler (Barcelona) tstaran- rnocom os seus alunos e deram-me sugestBes importants, tn {ct aque cara "cps ecom sata cons eee eager de [rotnaiogus we dncnleem eocndn cme plied Bout {Es it) Leper st on pouvoir queen mesure se ‘ereconmave df obtanarconnra ca sean pouvr eon ‘x polige etre ou au guia eponvie doar emanate dare rede powow devises Sd arbi efieac roped ce pou ‘ur near on dans ore del fore psi mas dane Ferre Cts urien Europa » vos, pata utilizar ade M. Foucault), explcando a partir das ‘os efltos Guridicos) produzides Its un homme ‘eonme“reonnu Devoe es eso du pou [ehininimnine = Soe socet action pltique gone, 203 ppt re) Bans un chang, les gorse entation ten suivant es [ulmi ens conte de cet exp dou dan crabs ‘Sgjonctore propos de ce oes nts) ec den depres vrs de fore ct pr es ponies dveree de aces poor Sappeopis les profs sptcifius sont en dans ej Ce ul domient dans un Ev donnie pston dene eco ati ale lator petenions"poiigues™ gman des mines (Réponse, Sr 1992p fa) sConte Fass dente sr aac es gl een quelque sorte idclogle pofesomele es inelues, Fenppete{ gue Tappartenance aucun tte impligue des Tots Mpeatgues mon seulemene Paris comme 8 Moscow, des posts {Ettabemicon ou de conse don dos comptes ends ou des pos {Sr uniersines; mais sus tes sgn de ocomaisnc tds rai ‘Ste sean encase pyrene dene cogs om done pe tues rvs de contrainte de chs Fa (Gwestne denne Minit 198, 70), (Sobre our com dos tie blogic textos em gos smantar hips homme tmodemesrg/soce/ seco /taurea/ [2002-05 Em test ondrn M.Fowaulcongiere que oda discus tem osu ropa defornsa atu “orsen) est do depend oa {ovine ppen process dear, sande ur ostests elacionad0com ‘ins mnie onan ae) “Sie: moll de divine do trabatho inset domains ese m= trent: er abctoe gue srgem come mater de observa et. A ae ‘Sia de Gcurge como confess de deteinacoes exerws 40 aoe ‘Shans Fovcnll-arqueloga (dso de stu qu le poe nto 30 smal bgiice Stade no autor ea0 estado genealogies. entndo ‘inucriat les fundemental ge Foucule sobre ese toma, € cht sr, 1. adc poaven ge min pr tants de Fowcalt (somendamete, paso fetiosprsetes A ore odiseurse "Ones et singulatn = pruum een no polls Emp wiw fouenulthpegcom we emt [2020815 © Anvini Manel espana Por isso, a historia do direito sexs a historia do “campo juridico”, das “praticas discursivas dos juristas, dos “dispo- bitivos do direito”, pois todas estas expressdes so algo equi- Yalentes, A primeira, sublinhando as lutas entre os agentes pars hegemonizar um campo particular a sogunda e tercei Fa dando énfase 8 forca estruturante de entidades objectivas, Como. praprio processo deeserita (“texto”) owa organiza ‘sho das praticas. Seja como for a dela comum a qualquer ‘elas €a a ttonomn do direst em relagao aos momentos nao juridicos das relagoes seciais. A que acrescentariamos mes- ro pars realgar 0 aspeeto confermador que 0 discursojuri= ico fem sobre outros discursos (mais numas épocas do que rnoutras) ~ a ideia ainda mais forte de que o imaginro jur- ico - produride pelas condigaes especficas dos discursos © rituais do dieito - pode mesmo modelar imaginérios socais| mais abrongentes, bem como as praticas sociais que deles| ddecorram, Esta ultima deta € ainda mais decisiva se considerarmos que os valores ridicos perduram no tempo. Sao produzidos luma ver, mas si0 continuamente (relidos (ou recebidos). De facordo cama “teoria da recepeio" (Holub, 1988), receber um texto (fomada a palavra no seu sentido mais vasto) & (fejproduzilo, dando-the um nove significado, de acordo ‘com a nova maneira como ele € intogrado no universo inte- Iectual (e emocional) do leitor. Come os textos juridicos par- ticipam desta abertura a novos contextos,a historia do direl- to tem que evitar a reificagdo do significado dos valores, ca- fegories ou conceites jf que estes = por dependerem menos fdas intencoes dos seus autores do que das expectativas dos seus leltores ~sofrem permanentes modificagdes do seu sen- tido (contextual) -Mas~nesteprocesto de continuas e-leituras-algumacoist de permanente reiste a estas sucessivas re-apropriagées; dai 0 [peso da tradigio juridiea, com a forca das palavras ¢ dos cor {eitos do passade sobre os seus sos no presente. Data impor- tncia que, em contrapartida, deve tambem ser atsibuida a0 - Citra uric ropa a bitus *inculcado pela tradisolitersrn em que letorsformnou (eem que o proprio texto est integrado} (va segule, "Con tra teleologin). por isso que hi uma certa circularidade na hermenéuti- «a histoeica dos textos. Eles 880 apropriados por um leitor for ‘mado por uma tradiao textual de que os mesos textos fazem parte (context inter textual). Porém existe tame um momen {odinamico neste crculo, poisa nova leitura também ¢ confor smada por outros factorescontextuais que esto fora desta tra- dligao textual (momentos extra-textuas), empurrande o leitor [paraoitras patsagens intelectuns (outros discursos ou tadigoes Iiterarias, outros imaginasios culturais, outras expectaivas so- €iais, outros interesses) 1.23. Contra a tleologia A terceira estratégia de uma histéra erica do dieito € a de insistirno facto de que a historia juridics (como. historia em sera) nao constitu um desenvolvimento linear necessario, PrO- [ressivo,excatologico Isto significa, em primeiro lugar, que na historia hé des- continuidade e ruptura ideia bastante consensual entre os bis- 0 coneaito& de novo, dP. Sourdieu:“Esrturesturnte qe organisa ‘epraacagea porcepiodaspetaro halts min ume esr ce furans pins de divans cn lope onan perp ‘hs do mundo soc ele propo opratad icorporaie da dive ‘Steclaer soca (sutton Kane 1309 p91)“ Oxcondconn {onasocnder ma clnse particular decondiees deen producers ‘bos temas dr dsposts divest bansmissvels trtuas tw {tradaepredisposiara funciona como seria satura 8 ‘Soma prnploegeedorercorfanisadores de prascaz de presente cde er hectare npn or fig em ora ‘hs para os angi objctnmente ep ergs em orem. ‘Stora sigma oproduts de obra repre end ado coe ‘Seamentorguctonde semacro produto deur eas organiza Seth ‘muerte Les pti Mina 980, p8). toriadores. Mas osjurisas (eos histrisdores do diteit) tendem acter que odirevo consi uma antiga radio agregativa, em {que as novas solugdes se somam 3s mais antigas, aperfeicean- {dows on actuaizando-as. ‘e's destacar a ideia cle descontinuidade, o papel da tra- Aigao ~ que sempre fo tido como tao importante em direito — precisa de ser clarficado. Na verdade, na ideia de ruptura ja {stava implicit aquilo que acabsimos de dizer acerce da nat- reza contextual da sentido. Se os sentidos (ou os valores) so ‘elacionais,estando sempre ligados comos seus contexos,qual- {quer mudanga na contexte do direita corta-o da tradi previa, ‘A histiria do dircito sera assim contituida por uma sucessio dle sistemas juridicos sincronicos,fechados uns em relacao 30s ‘atros, Osentda de cada institute ou de cada principio deve set svalindo pela sua integracio no contexto dos outros insti © principios que com ele convivem contemporancamente; e N20 fos intitutos ou principios que oantecederam (na sua "genes logia” historia). Ou sj, dreitorecompoer-secontinuamente «20 recompor-se, recompoe a leitura da sua propria histeia, dda sua propria tadicao,actualizando-as. ‘Mas, por sua vez, a tradicao¢ também um factor de cons- trucao do diteito actual. Porque, se direto actual recompoe (tel) atradigao,o certo 6 que é comes instrumentos inteoctoais, ‘hormativos, tua, valorativos) que uma cert tradigiointelec- tual lega a0 presente, que o dizeto do presente é pensado. Nes- te sentido, a tadicao parece estar muito presente no ditlto,¢ sob diversas formas - uadigdes iterdras, casos decididos, leis |que se mantem no tempo, costumes que continuam vigentes, Ceriménins e rituaisherdados do passado, Eo trabalho de pro- ldugio de novos efeitos juridicos (navas normas, novos valores, roves dogmas) ¢ levado a abo com ferramentas recebidas da tradigso: ferramentas institucionais insituigoes, pape soca), ferramentasdiscursivas (linguager tenia, topicos, modelos de argumentacioe de prova,conceitese dogma), ferramentasco- Imunicacionais (biblioteca, redes aadémicas ow intelectis) E dlesta forma que 9 passado modela o presente, Nao pela impo- Cur Joie Europa ° sigfo directa de valores ede norias, mas pela disponbilizasio ‘Teta grande parte da utenlinger soca intelectual come Sr produce novos valores e nevas normas (ou ej ae Four El come fornecedor de componentes dos "ispostivos” da fag actual do saber jrico) aa cnidtecmacia quel acinptsies sdeia de progress lines, de geealoga ede inuecia 0 pe wen dake descreapogead pesado lio edo deur ‘oto que podia sr de ht muito previa, Peo conto, resent io Eveno mais tan aleatns des tos ques rate dos lementos heads poi er preduzido. "Conta, ideia de descontinaidade se nos a uma pers- pectiva sobre o presente também inflventia © nosso modo de Efscrvoro passade Este dena de ser im precursor do presen te umenslador de solucOes que vierama ter um completo de- “Savelimento no presente Eom sto, deve de ter que seo tu perspeciva dorque veto depois © passado€ libertado do prebnte. Asn Jgien eos sunectegorias gana espera Gtonemin, A sun ferngs ener mapesosament Esta ee {toca dn dferenca, dese estranka experiencia que nos vem do etuado,reforgadecisvamenteoclhardistaiado cio so- Treen nosis das fou, no nono cas, sole oditcto postive), {nado-now lem disc, pra we cosn iorntes na parent ‘monotonia do nosso tempo 2. A MPoRTANcIA DA HsTORIA sunfoico-tNsTITUCIONAL COMO BISCURSO HISTO;CO (Come disciplina historca histriauridica e institucional esta hojea recuperar do ostracismo aque tina sido condenada pela primeira geracao da Fea des Annales ™. A evolucao da teo- Fia e metodologia da historia institucional - que implicow um redesenho do seu objecto (antes, “A percepcio dos poseres “ perfericos” "-desempenhou aqui um papel muito importan- te. Contudo, também os historiadores gerais esto hoje, passa- daa vaga de economicismo que dominou até aos anos’ 70, cada vez mais constientes da centraidade e omnipresenga do poder eda politica, Se isto € verdade na sociedade dos nossos dias, 0 mais ‘evidentemente ainda nasociedade de Antigo Regime que, como Aires (infra, “A concep corporativa da sociedade.”) se via e descrevia asi mosma de acordo com imagens e evocacties Importadas do mundo do dirito e onde a estrtura social se lexpressavanas dstingdese hierarquias do dieito "Na sua obra lissca Das deutsche Gonossenshafsrecht (0 diritaalemao das corporasdes, 1868-1913) ®, Otto Gierke (1841-1921) mostrou ‘omoa tora polita medievale modema ébasicamente expres ‘8.com recurso aos termos da teria juridica. Mais recentemen- te omedievistarusco Abraham Gurevich destacou que este tom jutldico da imaginacso social ("uma sociedade conatuida sobee © dizeito”)estava difunidco por todos os grupos socials, Por meio de topics e clichés, aideia de que a saciedade ea propria vida eram construgOes juridicastinka embebido até a cultura BC Hepenta 19862 Gt como sinise do eta das quests quant & Nstoniograia sobre © “Aigo gine, Hepa, 96 Bene, 1990 Sch, 18S. "reduc fre ingls, aia 188 «6 Antini Manvel Hespata popular. Se, entre 0 letrados, @teoria sociale politica estava Conta na teoria da risa e da justia ", para os leigos,@ mais visive expressio da ordem socal edo poder era a adie nistagao dajustica nos tribunais. Por sso 0 processo judicial ¢ paraferalia dos wibunas(rituais,ceriménias,fSrmulas) eram tidos como constitwindo o modelo mais fel do exercicio do po- der politico. A propria vida era também expressa na metafora do process judicial culminando num acto tipicamente foren- 6,0 Juizo Final "As situacbes soiais-patvimoniais, mas am- them pessoais ox mesmo simbdlicas, tal como a hierarquia, 0 t- tuo, precedéncia~eram reguladasjuridicamente (com iurt ‘quaesita ox ura radiata, dieitos adquiridos ou enraizados) © Posdiam ser objeto de eclamacao judicial. Por isso, formalis- ‘odocumentalea ltigiosidade constituem um fenémen muito visivel, a ponte de j ter sido descito como um trago cultural Sistintvo desta sociedade que ja fot descrita como “a civiliza- ‘elo do papel selado” [cul dela cara bolt] (F. Chabod). sta centralidade do diteito pode sr explicada pela estrei- ta relagio que existia entre aordem juridica eas outras ordens rormativas, matto diferentemente do que se p3ssa hoje (O primeizo ests sistemas normativos quasejurkdicos era ‘2 religito.O lreito divino (ius demu) - que decorsia directa- mente da Revelacio- estava t30 intimamente embebido no di- ‘ito secular (us cle) que o altimo nao podia contrariar no es- sencinloscomanclosdo primeizo. Dagui decoreiam aslimitagées etco-religiosss do direito secular (v-1nf,5.22., "0 dieitoca- inomico como limite de validade des direitos emporais.”)a fun- ‘damental indistingdo entre crime e pecado ®, acompeténciain- ‘istinta de aminas as ordens para lidar com ccrtas sitsagoes, bers ‘como o seu apoio mituo (ef, inf 5.3.2. "Direitocandnico edi = oa mais do qu not sro polos, como a Pelt de Ariel esonta she "Sapte leptin odie secular 0 alimo protgendo a peieis © {nipond dere gos Bianchi, 1988 mare on 322 Ctr rin Europe @ © direto mantinha uma rela também muito estreita com ‘amoral, Nio apenas a moral religiosa, mas também com. ética Secularizada que regulava as virtudes, nomeadamente as vrtu= ‘des soca, como abeneficinciaaiberlidadeou a gratido. Dar pouia, nesta perspactva, ser uma quase-cbrigajuriica (quasi Feit), em termos decrinr um quase-direitafavor dos bene ficirios da oferta, Talera a caso da esmola,quenascia da virtu= eda caridade e que era frequentementeconsiderada como de- ‘vida 20 pobre #, O mesmo ocorria com o dever de compensar Servigos, provinda da gratidio (gratituds), ou com 0 dever de {generosidade ou de magnificencia, provenientes da liberala- {le lieralitas, ou da magnificent, que imperiam sabres ricos fe poderosos ‘Mas ~acima de tudo ~ 0 dseito incorporava ainda ideias muito mais profundamenteervaizadas quanto 20 modo de og izaee controlar as relages socais. Isto aconteca, por exemplo, ‘Como chamada direito natura (us natura) un direto que de Cortera da propria "natureza das coisas”, de imagens ento tvidentes acerca da sociedade eda humanidade,Todasestas ima- {gens, profundamente presents na consciencia social ram evo- ‘Gadas quando os jarstas se referiam 4s caracteristicas naturais| (jaturaia) de diferentes papeissociais ( rei, 0 pai, a mulher) ow Instituigdes (Como os diversos contratos ou a propriedade). Ou ‘quando elegiam a “boa e recta ra250" (Bonn we! recta rai) como Citerio supremo para avaliar a justia de uma situacto. Recta fo, tanto como aruitas (nf, 538 2Flexbiidad por meio da ‘uidade")eram um equivalente do que hoe chamnamos senso ‘comum, do sentido comum sobrea bea ordem ea justia Contudo, dieito ea doutrina juridica no se limitavam.a receber o senso comuth ¢ideias difusss. Uma vez recebidos, Assenvolviameelaboravan estesmaterias "brutes (ud aeqa= fas,equidade race) numa tori harmonica eargumentada *. De EL Paine 188 Herp, 1588; Claver,1981;Cadi, 200 Vargo 1992. a Aino Manel Hepa Serco ree eee Sater a ane ae ion nn he Ce re cee sia de eat ea lca Ce ne ee sands CT nama Figen import hatr do deo pra compreensio da secede ‘Sento gine, Schaub 1351956 {3 LInuas DE FoReA DE UMA Nova, HISTOR POLITICA INSTTTUCIONAL 434 O objeto da histéria politic institucional ‘Apné-compreensio do ptca” [Nunes for ficil nem undnime definir 0 que fosse 0 poder ‘ou mesma as instituigdes. No entanto, passando por cima das inquietagoesedavidas semprelatentes em correntes menos con ormistas, a teovia politi liberal nha, de mos dadas com 9 ppostivismo juridico, estbelecido um conceto segundo qual © poder politico tinha a ver com 0 “Estado”, sendo relevantes {6 ponto de vista da historia da cienca politica apenas ins. ‘tudes, os mecanismos e organizagses instituidos por ele® “Tudo isso parece estar, hoje, de novo emcausa Eas conse 4quéncias no plano da definigie do objeto da historia politica © Institucional no podem debsar de se fazer sentir. Festeo tema {os proximos numeres, ‘14 Acts pttea do estadualiemo Haalgursanes, omalogrado historiadortaliano . Ruff? relacionava as tematic ( tarabém as perplexdades) da histeia politic (no sentido de histra do poder) dos nosso dias comaquilo ‘queelechamavaa erse dasinstituigdesdo Estado iberl represen tative, nomeadamente em eis, Para os queassistem dissolusio das formas estabelecidas «do exericio do poder dito oficial soja na ordem interna, seja na fordem internacional, falar de crise ¢ seguraments um eum Scr Cheater 97, Rut 197. Rul - quam de prestgiae istorindr, se empenhou nem coencomtt fel rine igen dl alas 0. Debaixo dos nossosolhos, a instituigao Estado, tal como ti nha sido construida pela teria politica liberal, dissolve-see de saparece.E, com ela, uma série de modelos exemplares de vie ‘vera politica ou deter contacto como poder (osufragio os par- tidos, a lei a justca oficial) *. Mesmo o imaginsrio igado 80 pparadigma Estado esta em crise: igualdade, como abjectivo politico, vé-seconfrontada com as pretensses de garantia dadi- ferenga;o intoresse geral tende a ceder perante as pretenses corporativas ou particuaristaso centraismo debate com to- das as espécies de regionalism; oimperio da lei €atacad, tan- to1em nome da iredutiblidade de cada caso e da iberdade de preciso do juiza isso ligada, como em nome das iden de ‘oncertagdoe de negociagao, que fazem coma let sea, cada ver ‘mais, um contato pactado entre o Estados e grupos particula- tesa intencao “racionalizadora”capitula diante das pretenses liberais mais radicais.O proprio Estado, a bragos com crises ddeefcienca ede legitimidade, parece que nao pode, no care- cede, endo quer, mantera sua missdo ordenadora ®. Em sma, © Estado abanlona progressivamenteo imaginsrio politico. Este modelo Estado tina sido desenhado de acordo com ‘uma arquitectara precisa", que previa (i)a separacto rigorosa entre a “sociedade politics” (a po lis,1e,0 Estado eas suas instituigbes munidas de ine rum) €a "sociedade civil” (o quotidiano eos seus ara jos "privados’, contatuais, de poder); CL agra, 198%, 2.8 cee scarcer fundamen do Et ‘do dediveto tral 48 3849 (om geal soe dase de eben, emo acters do Esta eral dou dre Toss eu thant suse sae tema no amt de om la Su ero cst {orsce as taefrnaoet feces dmc vel acal Vora dct stad, Cheval 1978 Zagreb, 1992, ‘indo aie aca Cult uridien uropa * (3) disting’o da natureza dos poderes,consonntese trata de poderes de que o Estado é titular (poderes publicos) ou poderes na titularidade dos particslares (poderes priva- es); (i) ainstituigso de uma serie de mecanismos cle mediag0, fundados no conceito de “representacso” (concebido como um produto da vontade, institwido por contrato [mandato), por meio dos quais os cidadios, vivendo na sociedade civil, particpavam na sociedade politica; (is)a identificagio do direto com a lei, concebida como ‘exprimindo a vontade geral dos cidadaos, cuja corpori- zacaoera o Estado (©) alnsttuigso da justica oficial,comoa tna instancia de resolusao de conlitos. Do ponto de vista da politica, este modelo, com as conse- quéncins poiticas que ele comporta, suscita cada vez menos Critca-s o gigantismo ¢impessoalidade da politica 20 ni- vvel do Estado; considera-se que ela torna impessivel a parti- cipacio dos cidndios, Rjeitaseaideia de representagao,reco- inhecendo-se os cdadaos cada vez menos nos seus representan- teseleitos A abstencio eletoral cesce manifestando a falta de adesio ans modelos representatives. Desconbece-seale. defrau- dda-se a sua letra, contestam-se a suas imposigdes em nome de interesses particulars e procura-sesubshitutla por pactos (con certagio) entre o Estado eos grupos socais (mais fortes). Sus- peita-se da justeza da justica ficial, propondo-sea sua subst- tuicio por owtras formas de composicao. Por outro lado, am nivel superior ao do Estado, criamse instance supra-estaduais de regulaga0-ONU, Uniso Europeia, ‘Mercosul »organismos oficiais que condicionam decisivamen- teas politics estaduais - MI, entre outros ~ ow até formas su- SS optaens enon dx ioscomnines $n brite ais dod sommtsdclopic eats opie a Antini Manel Hespanba pranacionais dle punigi0 como o Tribunal Penal internacional. ‘Aos condicionamentos oficias das politicas estaduas aerescem ‘scondionamentos pelts grandes empresas ou grupos eno ‘Mas, a0 mesmo tempo que o imaginérioestatalista do li- beralisma recua, descobre-se que, finalmente, nose tratava, na verdade, de muito mais do que de um imaginario, por det do {ual fervihavam mecinismos maltiplos de organizagio e de Aisciplina sociais~ a educagio des sentimentos (a moral), 0 sen- ‘0 comum, a rotinas, a organizagio do trabalho, «familia, o> irculos de amigos, enfim, a comnidade”, Pela intindade dos amores, pelos mecanismos viscosas da rotina, pela ac¢ao do dis. ‘curso, pelos jogos da evidencia eda verdade, pelos constrangi- -mentos da domestcidade e da amizade, »sociedade continaa {Bo firme eespontaneamente organirada como antes. E, por lon ge que estjam dos cumes da politica, os homens a as mulheres tem, todos os dia, os seus momentos de poder, Eni, afinal fa ‘se politica como se respira 13:12. A pré-comprensio pés-moderna do poder sta nova descoberta de uma “politica ao nivel do solo” (. Revel, 1989) -ou, se se preferie Lenine, de uma politica ao aleance dla porteira- pode ser relacionaca com ma temtia tedrica ti picamente pas-moderna: horror a0 gigantismo e attacgso pe pequena eseala, descontianca dos mostelos globais, das teeno- logias posadas e das grandes organizagies, revalorizagto das ‘comporentes pessoaise da vida quotidiana,preferéncia por uma tia do prazer em vez de uma ética da responsabilidade, Esta ntipatia em relagao a formas “macro” do modelo politico le beral tem uma genealogia bastante longa, na qual se podem en contra, quer Karl Marx, quer Carl Schmitt, antes de chegar as *Sohre seu pact sve as poitcas eta co testemu dev ‘ier mses 20,200 Fete, 3,208 Cuba Jee Europea 8 analises micro-fiscas de Michel Foucault ou 20s diagnsticos sobre a madlanga das fontes, dos niveise das teenologias do po der eda organizagao nas sociedades omniccomunicativas, des- ‘rtas por Alvin Toffler ‘Quaisquer que seam as genealogias, 0 que interessa ¢que. © diagnestico ou o andncio do fim do Estado como modelo de conganizagio politica se lomaram usuas na teoria politica mais Eporiso que. evolucao mais recenteda historiografia do sireitoe das insttuigoes no pode ser separada, quer da evol ‘io dos movimento: da sensbildade politics antes deserits, {quer das tltimas novidades da teoria politica, Urs eoutras iam interessesexistenciais que dirigem oconhecimento (Erkowntns- letende Ineressen ou, para escolher uma outraformulaczo, que ‘modelam uma pré-compreensio (Voreerstindnis) do politico, 2 ‘qual antecipa os resultados da atividade historiagrica, Noentanto, nio se pode dizer que, nosfinais os anos ses. senta, quando o movimento de contestacso dahistoriografa j= ridico-politica tradicional comogou a tomar forma, estes sinais de dissolucio das formas contemporineas de normagio « de tlisciplina fa fossem sbertamente visiveis, E,sobretudo, nfo se pode de forma alguma dizer que fos ‘sem eles queestavam na origem domal-estar da entio mais ino. vadora hstoriografia ridin, * Limitandosme sexes ds akios aos, vndo canis ope ‘efeate see a pli: P.Lngndre, no ate de wn long eats {pbreaform sual eae tnsu cea, 97 eka enon ene, Ed rotor ure Est 988 wo Frage ‘et reeds cs 19), pogo adsl do eer ded ape) ele da Inagonent= cao papel Sop, lepiader da laces pas ‘Suto cacao per? tapered do dete des Boader Stemporiesn mam carlo Ge After 95) qc ‘sari cslcacbs dope esos doadvnts drums nove focaccia domi por formas mols ev deerguiznte Uferorgenston) © que entio desempentou um papel v \ou um papel determinante fia erica da “Tainidade” com a quae hstonografin sabe ida lidava com o pasado. * ee £8.13. Conte uma histvapoitio institucional aetuaizante, 3.13.1 A politica implicita da idela de “contin (Continuttitsdenken) dade” Farag gut io conto com astro oo Eda Juin conan de mm reo cess Dono nada sun cnc no fan ples saber (juridico). 7 : pete ended dogmas (os ones dns csi ces don pict js coat ae ios tstenpr ee perso dagedopiceta todo rowed nina es fel stcimente sgn Comores tpn rin fro per sconces pata poe odanp cpa eo ee fate Nee dg, flere enna masa Tretia puss oon pede so hoe pean ‘Spc ane dn aegis oan rar tone prove mucin do crcet meg e poe tnt cor dosasmesen tops ad pee tio pit’ “penapus, pte pe” Pes Stic" oun iendo statute mein” rcs Cotas jaro Europese = spor todo o lado na historia, NSo podiam, por isso, debxar de Ser formas continuasenecessias da razSofurisiae politica. Que ‘sta continuidade fosse © proprio produto do proprio olhar do Iistoriador era questo cle que nose pareci estar consciente ‘Mas, além de poder ser lida neste registo da “permanén- ‘ia, continuidade tambsim pode ser lida no registo da “evo- Tugio”. Neste caso, trata-se de assistir 0 nascimento e secular aperfeigoamento de urn conceito ou de am institute. A “cont iisidade” €concebida como a continuidade dos seresvivos, que ‘crescem e desabrocham, em flores ¢, fnalmente, em frutos. A ‘sabedoria politico juridico da Humanidade,justamente porque Ccontinuaria 9 passado nao perderia os seus ensinamentos, ‘perfeigoar-se-ia-te.,progredirialinearmente por acumulacao. [A partir desta ideia institu-se uma visio progresista da histé- rin lo poder edo dieeito, que transforma a organizagio institu- ional actual num omega da clvilizagao politica e juridica. O Estndo liberal-representativo e o diseito legislado (ou, melhor ainda, codificado) consituiriam o fim da historia, 0 termo alt ‘mo de todos os provessos de "modernizasio". {visio historca, ainda aqui, servia para documentar essa saga, esta conta lata pelo ditito (Kamp um Recht), Os dog- asdo dieitohistorico nao sao ja, como no caso anterior, teste smunhos da jasteza dos do presente. Mas testemanhos da acti Widade de libertagto da Razdo juridicn em relacao a forca, 205 preconceits ets doengas infantis Pressuposto deste uso legtimacor dahistria era, numcaso fu noutro, a ideia de contineidade-Ox sea, idea de que os ber do presente se enraizava no saber do passado e que recebia deste as eategorins fundamentais sobre as quaistrabalhava, De facto, a chave do sucesso da tradigao romanistica, desde os glo- sadores ate a pandectisticaalemd, foi sempre o mascarar do ea ricterinovador da “rocepcio” 0 facto de esta repousar sempre sobre uma duplex interpret ‘Com efeita, iccionava-se que o sentido pelo qualsetomavam Aborto eminem Hespr, 198, sconces ous normas herds do pasta era o sentido cu- ‘hao pees seus sutores ou o ligadoace seus contetos gins ‘imoxpnistxon man condcsda produto eto cupola de expen sic pa provocar elrcrbe Fonsi, Plo conto a lnpier crane plena dsr ponte dos textos deariam ena, soberan,ounicocon- {orto queseria pecs rem conta o conto tempera =e, por tanto, comum ao passado eso presente = da Rao urdica. Esta {fence naintemporalidade do sentido ena possblidade de uma ‘Rementutica sem mies conduziaa um athatamento ou 8 una ‘geo da profundidade hist eau sentido de omar decom o pasado que por sua ver levavama uma tivalasS0 da “hfeenga deponta nos tos jricos Rts gaget Acritica do atemporalisme [Nao se pode dizer que a questso das rupturas, nomeada- mente das rupturas dogmticas,fosse desconhecida dos histo: Findores do dieit. Nos anos 20 ¢ 30, alguns romanistas, rea~ tindo justamente contra a apropriaga0 actuaizante do direito Fomano, operada pela pandecistica,inham denunciado o erro {que seria ¢ ignorar do trabalho cristivo,potético, das diversas ecepgoes dos textos romanisticos (duplex interpret), 0 9 progressivo distaneiamento em relagdo aos sentidos originals. DDesta denuncia, do carscterlusdeio das aparentes continuida- des terminologicas decorria a legitimidade de aplicar, no tra- balho histoico, a categorias uridicas actuals.» ‘Masa eric da ideia da "continuidade” (a “familias le") mais decisiva para os desenvolvimentos recentes da histe- O prevo pgo por esta orienta fo uma inevitivel “istoriizagho” das cor- [ents onions tum perda de ps ns Foulds de Dio. ors, Noweomtoes romania propiserer ast "jr" ruins) do formant mates op pnd Moovhunice deCrar, 60 113.4 Pa aeien, nf SNL Clr Juridia Europeia 2 ogafiajuridico- institucional vei ai tarde, no decurso dos anos’ 70. Apesar da diversnima ientidade dcoogica dos a tore, no parece muito araca dere que se ttou de am ‘movimento de crca do titnfalmo da poles esabeecda~ © Bxado iberab representative eo seu dirltolegislado » que {inariaraahistrininttucional ejuridca ao seucareo de tiunfo "0 que, de varios Iadon, se tents faze, fo desamarar dao passado, mostando come ele, seo defassem falar asa pro pris ingungem, se desslarzaia das formas extabelecidae do presente e exprimira a inenardvel mobiidade dat clea hi. ‘No dominio da histria politico institucional, esta missto {oipreparada pelos trabalos plonero de Onto Brunner -que, tal como Ota. Gerke, Emule Lousse o Jl Evol,perten: da aoe grupos tadicionalistas encod “stagto polis” So destaca aleridade das represents de Antigo Regime sobre o poder ea sociedade A inluencia de Brann, comb ‘hada com sugestes anteriores edisseminada por esta nova his toriografaprovocou um movimento histriogrifio hojenuito ample de problomatzagio dajustrs de apletcalegorage pe Comprenstes confemporiness 8 histra do poder das paces Medhevale Modema "No dominio da histra dodo tia da contnuidade promstia maior: dificuldader deal mod esta ers eel 0 Epenasa manutengie dade de uma mito rs ntemporal nat Vo mene seni, mora com deren argument, Lev 198 “dager blogic selgt bale ots os pecuones Hes pas st ss »»Rrortoa quest stor vis er na ishriograia da pc madera X-Xv dove sana an cope pelaitotogiha plicit: ‘Sealers nan Sata ver “dn quota" talana do anos a0 Se {Gquegure dado sun dba ne preficoe de dune antologeuensoe Sestneincnon neces Me Wieck 958 ainda a defesa da razoabilidae de dispositivestéenicas coma a “ogra do precedente” ou a “intexpretagio historic’ Fol justamente o culto da “continuidade” que explica as tensdes que acompanharam o aparecimento, em 1977, de um numero da revista Jus commune, publicacao institucional de am dos templos da historiografia juridicaaler,o Max-Planck-Ins- laut fir euros Recitsgeschtlite, de Franklust/ Main, coorde- nado por um investigador do Istituto, Johannes-Michael Scho esubordinado ao toma Verstutien zur Rechishistrk ©, a ‘titulo ea tudo menos inocente ao jogar no contraste provoca- dor entre a designagao classica da diseiplina-Rechtsgeschichte- teoneologisme francisante-Rectshistonk A intengso eonoclasta cestava abertamente explicada no estudo de abertura de J-M. Scholi ("Historische Rechishistorie Reflexionen anhan franz’ sischen Histonik” (Uma histiahistoriea do dreito. Reflexses 8 proposito da historiograia fhistoriizante) francesa, 1-175), Tratar-s-ia justamente de “historiczar a historia do dirito” Importando para a disciplina as sugesties metodologicas da Escola dos Anmales, nomeadamente a de promaver a observe ‘0 do direito no seu contexto sociale a de introduair a, com todaa sua imponente majestade,aconsciénciada dimensio te poral, de urn tempo marcado pela ruptura. (© pasado juridice devia sex, portanto, ldo deforma ares. peitar sua alteridade, dando conta da caracter local” do sen tido dos problemas, da justeza das solugoes, da racionalidade dos instrumentos técnico-dogmaticos utilizados, Ou sj, do ‘modo como todos estes elementos dependiam de condigSes his ‘orieasconeretas de produgao de sentido, quer estas condlicbes ‘Que myuevmn que a passage do tempo oa wold cone no ‘rsjuigueasnlitade "etnadade) dae stung tcl on ‘este mats rotund ¢ aa de cotinine das cle es fs. ‘sau supra ose Go, por tases aspari 9iee Som "sas ossas cols desvanecer sem onan efron esa toe sone presse aries por fora =U kisternann, Franky in 97 Cola Jr Europea » setigusem ot conto sca da prt dtcnia quer se “aaSoastem comos particulars universoscultuais dos act- ‘hice Tats wm cont manne cm histri ar) sa ae ne stein gua viva sobre eae y" (Trennungsdenken, O. Brunner) entre © di- tia de "eps Crem “ sa ere Man poreama dite, coco aso a soja sel cia tamiariade” de aaa arrest dor dora ute eee atlconer onze de nose sr Senha ms ceca pear oe eyo como mum espeo ao carter amin histor Menards epor sc eave dopreaeie. Teo ance pene, o presets pret xtrinoses Meany tinct sped score nie isms meopenio donee“ rock Betis de prs oer fc de evar {eet ee te o problenss metsolgion sels d domes pest jos Ste ce mtn aesespue geome de re urs de presen aoterioste ie Page: portant, se evade por uma espcie de redugao volun Fae rte saksas Racebes trates Pr dn pongo quads despecrs0 "80380 tlelberados,maso proluto de prt juzos imanentes 20 proprio ‘Mr wre Gf 848 Oapogen do formalamo. Tz pur sie), vere et esti wna descends ree = rece na isan epmrgte ein etude dose” (San oie SgDe any an oan) os 2 eeepeernsedapea dl M Sess dgamse anes did, {og Ne eo Oo sere pu ENCE oanpromaid, pont Senna em nome ds valores do pre SENE'S Stucco psmdo sobrtedoaqucas qu prolong ‘oprcemte ude que se posi fazer um uso deta o8 meal, Mo ils pin. shar do historador. Scholz estavaconscante dst. Nem as ‘elormasgesepistemologices dos historiadorestadiconais ‘arm intencionats, ema historia podria ana abla com Categorias neuras de apreera gu decasem vive, mn oda {son iberdade eato-determinayt,o jet sobre que nc dissent, ele tentava ecapar 0 impasse ecreendo 30 once, enti desenvolvido pela tora aema da hist, de shundros de conceptualzaco sogerdos polo préprictectode Geta (GrgestandstsngoeKatgonen aur ae posb- foram ama adeno dstaniada eno pitts em ela@ s8 330- representngdes don agentes histrcos Uma quest gual femon que volar mas sbi © programm que [eM Schol raara neste seu “manfes to" © ema ase levado a cabo, no domino da histria do iret prvado, pelo jus hinoriadrlorentine Paolo Grows dlosexempios mais intressates de uma istoriograi jeri aye mann cutdadosimente todas ss dntincins em relg30 Dagnengschiheadcional levavna ero ovtextor" Once, ‘Grote eeusavasae aver nos feats histrics do diet nas suns figuras dscursivas os antecedents de uma tia ut fa Nie sobrestimava av oparente contnuidades formas ( Inve elementos normative clas do contest) ne \inzavaceclementes stants einesperaoe.Otntresrante “lo project jontamenteo fata de stapender a comtinvidace ‘qe asava com alguns artigos de js Nstoradores “de rptra Ets Crees c out topresnnee desta stonogaa fren de rup- tur (erp, Pete Clave, Vala 195. Osseo sobre ios aes ass asin no ein eh Stone nena ges meas 1 continue sn {ne vate dle mae ti me 199 ura edo ‘So um for rove de tar dapat utc tral ede Pa {no doen a dogmas medieval wee ase ene cr homers Sunrereiacorandos cm arse aes na elo Pros hn ee ‘rum sstane cere do contemporine depen ets lds Un ‘coun eect hemeyascin se teeminsanare kp {ox mao mais comple duces xe trun amass rope ‘duardouma psa una pss proper de une on) domed ie {aldoun ropa cotta ons um poser nese dese Cota Jers Baropeis « aparente dos conceitos familiares (como o de dominiua), subi- ‘thando, de um so golpe a natureza cultural dos conceitos em- pregues, tanto pelo sistema dogmatico do dirito medieval, Como pelo da dieito liberal. Ao fazer sto, P. Grossi no fica p= Soneio, nem das quadros dogmatices actuais (que ele recusa como grelha de reconstrucao historca), nem dos da epoca. Li- rmitase a observar estes titimes, buscando as suas origens no seio do discurso teologicojuridico eevidenciando as suns con Sequenciasno plano da percepsio dasrelagsessocais. Em suma, joe em pritica essa leitura dos textos “por de cima do ombro Gaqueles que os escreveram’ de que falam os antropélogos. Le fo que eles liar, com um olhar paralelo; mas le tambemy 0 pro pro acto de eitura (ou de eserita) original Para dar um outro exemplo deste genero de “Leitura par sociedade deixasse de contar na re- [gulagao social (tiamotsocitem now ss) tudo ficando entrega 8 Juma andequica,fugaz, superabundantee irreflectda profusto dle valores (Bauman, 001,130 $8). ‘Cabe, ent, aos jurstas re-envaizat as pessoas em valores comuns ereconstrue assim. a ordem socal (eo sentido de co smunidade ede seguranca} ‘A especial letimidade dos juristas para levara cabo este iagnéstico decore, da sua especalizagso técnica mas, sobre- tudo (ou exclusivamente) se estaincidir sobre 0 "direito.em s0- edade”, pois s6 a consideracao da técnica juridica e do.conhe- ‘cimento da sociedade podem abalizar a uma avaliaco correcta los valores a eleger como valores constitucionais. A referencia 20 “direito em sociedado” envolve tambem a conscigncia do ‘proprio reconhocimento da insee¢a0 social dos proprios jurists ‘da natureza polticamente determinada (em varies planos) do seu diseurso Por outro lado, cabo a juristas procurarestabelecer ot is para aplicagio destes prineipios. Ou sea i testando seq fencias de processos e de raciocinos (regula ats) que garantam ‘maior probablidade na bos aplicacio desses prinipios juridi- os. Distinguindo situacbes interpretando cases, testando.a api ‘ago de regras, formuland conceto que sintotizem resultados adguiridos. Sempre tendo presente a ideia de que todos estes processos econceitos sio provisoris, no tendo, $90 poco, um ‘sucesso garantdo no enésimocaso (oo Futuro, nao experimen- tad), 4.0 1xcINAMO DA SOCIEDADE E 00 FODER 4 Imagindrios politicos ‘Uma concepeao ingénua do dieito tende a vé-o apenas ‘como um sistema de normas destinadas a regular as relagoes sociais, assegurando aqueles padres minimos de comporta- ‘mento para que a convivencia Socal sea possivel. Nest sent {do odireitolmitar-seia a receber valores socias,crindos por ulzasesfeas da actividade cultural ea conferi-hes uma for vinculativa garantida pela coercio, "Na verdade, a eficdcia crindora poitic) do direitoermuito maior, Ele nfo cria apenas a paz e 2 seguranca. Cra, também, fem boa medida os praprios valores sobre os quis essa pa © seguranca seestabelacem. Nest sentido, odireitoconsttui uma fctvidade cultural socialmente to critiva como aate,aide- blogia ou a organizacia da produgio economic. De facto, antes de a organizar,odireito imagina a socie dade. Cria modelos mentais do homem ¢ das coisas, dos vis ‘culos sociais, das relagoes politicas ejuridicas. E, depois, pau Tatinamente, da corpo institucional a este imaginsrio, crian- do também, para isso, os instrumentos conceituais adequa dos. Entidades como “pessoas” e "coisas", "homem” e "mu Ther”, “contrato", “Estado”, “soberania" et, nao existicam antes de os juristas os terem imaginado, definia conceitual- mentee tragado as suas consequencias dogmaticas, Neste sen- tido, o direitocriaa propria realidade com que opera. O."fac- to” nio existe antes e independentemente do "ireito”. Os 108 juriicos” tem realmente muito pouco a ver com os ‘908 da vida”, como aliés se torna evidente logo que Se transpoem as portas de um tribunal ow do escritorto de um advogado, (grande poeta inglés P B Shelley (1792-1822) nfo deixou de intur este aepecto essencialmentecriativo do diet 20 de Py Aino Manvel Hosp fini as grandes construgdes politica e juridicas ramanas como ‘bras prima da tradi poetiea do Ocidente.E,nesnossos dias, teste aspecto criador do direito edo saber jutdico tem sido des- facado, ques por antropélogos como Clifford Geert quer por soiélogos como Niklas Lukmann!” por isto que, ao longo deste curso, a descrigo das gran des etapas da evolucao do Saber juridico no Ocidente& antece- ‘ida por um panorama do imaginario mais profando que da Sentido a criagao jurdica, Imaginério que, durante quase toda & historia do pensamento sociale politico europeu, foi, em gran- de parte, da responsabilidade dos proprios jurstas, como "po- ‘tase pensadores da sociedade edo poder, podendo ser colhi- opor uma”interpretagio densa” (ick: iterpotation,C. Geert) ddag suas obras {A tomada de conscineia de que os facts jriicos sto fbricados eo ‘tacem asim sto sovialnene contd, como dium antropolo- [por loo um conju gue cl tga de prove igus dot Ben tre decorum diets se nk lee ‘Bechet 110 netocone ames forma de maginar eam me floem ucts detryies ideas tm uonsened (Geert 186,214) a5, » Soe ents porantisimo soilog dont dos nosso dia ea on Cepode drs como unsstenaast-posta”v Araud 19. Ri por dh es mpc Fai ‘ape lomo Albuguergee aA divergent que A. nola com post {eens Cp ss) quan esata amenstonstacmnal onto de ter que, pra a,c quests Wis podem pede @ ‘oSretevincin nis wosignfcatea como so, Apenas quis eno duet {gorse ns pris ntann (Estado moder) cers pros Evans mo por enempla ods ums nid sepremaca do poder eal) ‘ao obtem dust princes ss inte puro bade dodo [Reason (oto mda) Enter sun peat a nitel dow ‘Sil se psa sompre virncnazarominatagioreome, deat, Yow ont ete ca). (Claris Europea m1 4.2 Aconeepeio corporativa da sociedade (© pensamento social e politico medioval "6 dominado pelaideia da exsténcia de uma ordem universal sms), abrar~ endo os homens eas cosas, que orientava todas es craturas para um objective ttimo que o pensamento crstio identifica ‘va com o proprio Criador. Assim, tanto o mundo fisico como ‘omundo humano, nao eram explicéveis sema referencia esse fimque os transcendia, a ese tlos, esa casa final (para utl- zar uma impressiva formulacdo da fosofa aristotlica; 0 que transformava 0 mundo na mera face visivel de uma realidade mais global, natural e sobrenatural,cuo (re)conhecimento era indispensével como fundamento de qualquer proposta poli, 421. Ordem ecrngio [Numa sociedade profundamentecrist, proprio relato da CCriagio (Genesis, 1 na0 pode ter deixado de desempenar um papel estruturante. Al, Deus aparece, fundamentalmente, da * Aescio dos gras paradigms do pesameta police com ‘ennanadena prs Madam es mgsesnent fap Vii 8 18a Como que se pode em pande port Sper aera de esos ‘ome a Gro aul aus) Ha no tant ote tas as ‘Usias (Kantor. 1957 brunner 196 ert 88), ade ep {otitis 141 Burs 187, outas ec ascom e ‘einen nal Sb er Yn Dok 1968 Winscher 1380 (0 mas etetec expecta dea Tei 198 trata dex pened pico cnt europea da Epa Me fan Pagal aor de ne pura itr d ponsamen plese ‘al modero st at spines Fara on anes Whe XV Asus, $107 Tra 6 gran pace dee ‘ores Paro seal Vil Nonadn YE Langhans 15 Da 198 Pe ee 1960196 V nds, Heron 192.70 ‘Sabre vars mansiages eta nem no pesamento polio os ena preconemporin« Donel Pa ‘oordem as coisas: seperandoastreva da uz, distinguind oda ddamote eas Sguas das tras crando as plantas eos amas *seguncdoas suas espéies" edando-thes nomes dstntos ore. nando as coisas uae paras otras (asrva para os aia es feseos atop para oshomens,ohomeme amulher, im para 0 outro eames para Devs). Esta nara da Crago ela mesmo resltante de uma antiguisina imagem do cardcteresponttaneamente organiza io da natureza-nsprou seguremente o pensaments socal medieval e modern, sendo expressomenteevocada por textos dle entio pare fundamentar as hierargulas soit. Nas Ordena {es afonsines portuguesas (1446), esta memdria da Criag8o / Orcdenagao aparece justia que ott a0 dispense gras © cenealiagie, + generatidade, + codieagio Cader ‘Theodosms, 88AC) ‘A rlficagto imperial Imperion) da autordade (Gace) dos its: os esyondendi oxalate pric (august, © 250); 3 ‘quiparago da dovtrina 3 et (Aariano,c.1204C);a Le das Gagtes 2640) Clara Juin Europea @ 5.141.1.2-Sistematizagio emétodo decitagdo do Corpus luris Civil Tsagbes BUCY Aivzos personae, 3, iigeone atone) 1 divididos em tale ets, por vezes em parsgrator, 4 Guagos tie ef) 10s fparagl preemie) +t ang: st Mes pr, Demuptie® Lo Cidiga GLC alvtess + vidios tos estes ex consign, por verey om pargraloe, + Gino: Coder aston, tiv}, 7, eonstigso) SIpargl 14 + ct antige: (ad fst), Tex} 1 Siqusimperio teri (cont) “Oram rips deco print args. © paige | portant, osopundo oem doen " mpi dt dots nian °Naled ad, retstes ros do CSdigeramqueneentagre: teen aman ono ase trates, eta nota para) “Camomnmsedbsea pangs delat omgunon crane 10 Aina Manu epi (cont) Digesto eu Fandecasd (dC)-SOlivror® 1 vidos em tos alvoce lvees 30432 Delt et {ilescomssi), stes en ag, ‘mento ou "is" ests, or vezes, em prdgrafor; + Guacio: 9D, 213: light} 2 Ie tag 13,fparag) (rag nao dividoean peter hac eniga Cimperun® FP Detureitones + Dy hdaO igh ivi ag, Iparag 1 Gag ido em patdge), Odom [Desai de ure + D316 igh fie, hag 6 pang] = ero ‘lo vidoe os)? aga ante greg ovelas BESS ATT ‘dvididas em constitugbes ou ees 1 Suis mportante das foleeges medievais denovelar 60 ihr ‘Asdhetcm, compost Ni "a ade Mi, Digetoapaecin dviida em Diet Vet hes. 23 Dist ie. Se Dain nin ve 23839, Ome pepe do Digest comecna plata Pp) ve, manus sa «ulation Elan gus oncopitar tite cop "Ehren ddim pags, cota open 5.413, Sistematizacio emétodo ecitasao do Corpus turis Canonicis Dacre 1, Deets (20 -Fsrae 2 Gat 2 Gide em titlos "pane cepts 10! distinctions: + elagte ‘do capital, X (ou it Sosnedost ou suse Primeisspalawrs. fare DRT eink, Deka) 2 pare 36cns0e divides em pstions: pane (Decorsecration)- Saitinctiones “Wipate-e.{a¢docinonel,_| Setum (= Lie set 2 Ireda dat] Dacre) (1298) 0s. dvi em tos e capil. ‘ual ao anterior, endo high Vow VP eee 13,4 OIL 2 pare“ e [st do cinonel Cledaceael, ls da gael eee 8. xLg? 3 pare (De eortcaton) oe paste, Tatas De pect. et do ‘none, (nda dst econ. (ou De pn ex 46,41, Depa + Guach antiga’ a indicacto ‘dos ndeeros doe cinoner, Uetincines ou guesione CCementnas (Clements V otto) 1318-8 ios 2 vidas om lor ecapitlos 4+ Stag: igual 20 anterior, Sendo sig Clem ou Clem. Extavagantes de Jofo X11 ‘Seubebiuida pla dos suas | (238 Drimetras paltras,oque | + civididas em titlos sgt Sorigastecoeers indices | Extra fone 23 ‘gue acompanham as edges. atravagantes comune (ote 30) 1 viiaem als; sigha Esta Comm m Antini Manvel espana 5:1-14.4. Os estudos romanisticos ho quatro da formagao dos juristas accomomia desta expos, odio romano interss-n0s pena ome uma expeienela Nstrica,clturalmentsocalizat EEE ttenadosne medida er que conta uma ference ‘Snpe relia enterprtada,daseror rad juridica No entant, ha outas porapectivas sobre ost ineresse, equ interessaavalar. eG ctu do dato romano, como discplina “ogmatica” ie, dotala de um interes formative de natareza "prin" ~ yo iio das lcenclaturas de diet tem sido jostifeadofun- {Tamentalente com base em ds arguments da perfeiio {to diveto romano eo da importancia do seu legado anda no dirt actual Com 0 topico da “pereigt do dreito romano” querse dizer que os romanos veram uma especial seratblidade para Ss cosas do det, tendo criado conceltosesoluctes cua jase feza (ro sentido de adequago, ajustamento, natura das cor Sou das relagoeshumanas) ou justi (0 sentido de confor {rided com wm padrdo eal do just) seria impesto 8 usura dotempo?™ ‘amo topico da importanciadoireto romano na confor smagio do drt uroped (ou, rats em geal olden} de hoje pretends sublinharointerosse do drt romano para a iN. Cipretagao do direto actual (no mbito da chamada “interpre theo historic” owelement istrico” dn interpretagio) "Aide de uma eopeia perfeigio do dreito romano oude qualquer outro dreit histoico ou actual) repousa nadia de Ge enstem padres universas de jutiga na regularso da = Togbes humana, dos quai ae varia Epocas ou caluras se apro- “inaviam mais ou menos Trtarsesin nto, dea pevieso Tomas, esa deter pons de visa, Cruz 98, "rons © ‘sacs jsnvas a wdade Serine do deo romans ta a ‘Se Fecuades de Besta Clara Juriien Europeia 0 “material”. Ou, vendo as coisas de um ponto de vista “formal”, «que exstiriam técnicas também intemporais de tratar as ques” {es juridicas,tais como maneiras de organizarajustica (0g. 8 valorizagao da decisao do juz sobre wm caso concrete), mode los de raciocinio (0.0 racocinio a parts de casos), formas de repartiasFuncbes entre os varios operadores do direito juris: tas, magistrados, egsladores; vg 2 autonomizacio da aulon= dade raciona dos juristas em relagao a vontede politica do lepisla- dor). ideia da existencia de padres universas eeternos de justica basela-se, por sua vez, na de que existe uma natureza humana transtempora etanscultura Da perspectiva das correntes de pensamento que desta- cam o cardcterconstruide, cultural, lod das representagies © dos valores que dominam cada época (ewito comune entre bs historiadores, os antropélogos e os sociGlogos) tem sido Sestacada a dificuldade de valores, de principios ot de tée- nicasjuridicos que tenham vencido o tempo ow a diversida- de cultural O principio da reciprocidade nas prestagies (do ut des (dow para que dés)), que ¢a chave da actual idein de justiga Gustiga “comutativa"), no valeu em sociedades em ‘que se entendia que bom e justo era dar sem pedir nada em troca,distribuirlioe ou arbitrariamente (prineipio da "ibera= lidade”, da “graca” ou do “dom”; justica "distributiva”). O principio do earacter sagrado e indisponivel da vida uma. na também nao vigorou nem vigora nas culturas que sobre poem 20 respeito pela vida humana outros valores, como a Sseguranga social, a reribuicao do mal praticado, Conceitos fundamentais do direito actual, como os de direito subjecti- vo,de pessoa juridica, de relagaojuridica, de generalidade da norma, de nfo retroactividade das lis, de igualdade juridica « politica, de primado da le, de Estado, sao relativamente rmodernos na cultura juridica curopeia, ndo existindo de todo poutrasculturas juridicas. Frequentemente, esta descontinuidade einovago na histo- ajuda ¢encobera pela propria maneira de fazer historia ‘Oshistoriadores do direito fazem, frequentemente, uma letura do dreito passadona perspectiva do actual, procuran- ™ Ania espana do los “prentincios", as “ralzes” dos conceitos, dos princ- pios das instituigdes actuais. Por exemplo, se estudam o Ee fado, procuram nos dieeitos da tradigio earopeis, nomenda- _mente no dieito zomano, entidades que dispusessem de cer- tos atributos (mas nao de outros, como o monapélio de cria sao do direito, ou um poder de plena disporigao em relagio 8 orem juridica) do Estado actual (por exemplo,o conceito Xe populus romans, o conceito de imperstar; ou, se estudam 1 propriedade, pegam na historia do dominium sobre as col- 525, conceito que, em algumas definigSes romanas (jus wend ac abulend), parece corresponder a actual propriedade indi- vvidualista, Num caso ou noutro, ur estudo da logica origi- indeia do conceito, hem como da sun integragio no seu con texto conceitual ou institcional de entso, mostraria que, == se respeitar a autonomia do conceito historic, este n3o cor- espande, de forma alguma, 30 actual ‘Outras vezes os historiadores ocupamse do estudo das concetos ou insituigdes com um nome igual (“obrigacao-abl {tio", "tepresentacio-repraesentato”, “matriménie-natino nium). Tambér agui, um estudo mais preocupaco com os conteadios do que com os nomes chegard facimente a concl- 0 de que, por detras da continuidade das palavras, se veri: ‘aram rupturas decisivas de conteudo. As propria palevras fevocavam,entio, ideias e imagens diferentes, que nem sequet ‘os ocorrem hoje “Também a utiidade do estudo do direito romano para a Interpretacao do direito actual ¢ problematic. certo que o direito actual é herdeiro, nas suas palavras, nos seus conceitos, nas sua institigbes, de uma longa tradigho ra qual os textos de diteto romano tiveratn um lugar cental ‘Mas a primeira coisa que ¢ preciso dizer € que, a0 longo dessa Inga tadicso os textos romans sofreram reintrpretacties con ‘unas, a0 mesmo tempo que, da imensa mole de textos dispo- niveis, os que protagonizavam 6 discureojaridico iam sucess- ‘vamente mudando. Pode mesmo dizerse que, se no fosse es continua alteracao slenciosa do dieito romano invoceda pela ols anion Europa 1% raiglo romantica, steno tera podido sobrevive senor fas waneformagoes cultura esc da sciedade europea Turon mais dois mienoe O ero" do dirt, forma ihe romano nto foo mesmo do dre, linhngsa feudal e ‘ioriat ou do det guar, da Epo Contempo Fcquidade” romana cssea,npirada ma flosofia ator otstotn, ao fora mesma dos direitos critimnleados, pos Shadico: medieval ou moderna, nem a misma do deta, in- Stalin Inazado, dos nossos ia sto apessr dea pale as herdersiens”e"equidadesps” =o textos fora ‘esque se nes ceriam = trem estado contnuamentepresen- Mmonusefioxn joridica de dotmilnos- ‘No emant, 0 que ¢ importante cealgar € que coda inst sutojuridice ou cada concede dria faz parte de um ssc Sinn content. de qua acebe ose sentido. Medado o con towoos sentido das pesos oladas recompoer-se nada eh Goavercomoquedhis unham nocontexto ante, Isto mos Seiilate que ponte sto fages os argument histrcos a ‘Repeetadte das ormasjurdics Pose mesmo dizer-seque “Sperqueequccemos as sontidosoiginsrios dos concetos ou ae indtustes equ cas poder continuar fencionay nesta ‘SntiunFendaptaso que ea sua histrin 56 porque esquece iors gin lan ona rom geet” (beige volt de) ou "pagamento" (= ht Sicnta) ee elguns textos decir romana que setbes ‘eferem: podem contun a ser invocados(depuredos, como Eistteal don seus sonido, explctos ou impiitos, org San) S porque eoquecemos 3 conte origina de conee TDuvomatos como efi ou mesmo fit) ouch oe (io) eque podemoscontinusra rar partido de alguns pin {fost acto romano que ether referer. A propia eae [fg que por veces, por exemple da naurezaciatvs FRtorbrd ca jurprodenca (no sentido, origins de dou Srna) oudaactvide do pretor se sind hoje trace pe Sjucseeagueestedoe seucentexto politic esc Seuramen- {Eine poderamos hoje aster quem grupo de juestas 16 Aino Manel espana dispusesse de uma quase total discrcionariedade de conforma Gaodo dieito, nem que um magistrado wilizasse a sua auto- Fidade buarocsatica para decidir em que easos garantia protec ‘i uridica (como o fazia pretor através da concessio oune- facto de actonespractoria)>™ o4 para nos forgar a pratica tos que alterassem 0 nosso estatutojuridico ou oestatuto just ico das nossas coisas (como nos expedientes do pretor basea- dos no se imperian). ‘Como se pode, entao,justificar o lugar queainda vem sen- loatrbuid ao dteito romanomas Faculdades de Direito de um igreule numero de paises, nomeadamentena Alemanha, em I= lin, em Espana e em certos paises da América Latina? Desde logo, pelo peso da tradi e das proprias estruturas univers tarias pois propria existéncia de esters, com o seu pessoal, um factor decontinuidade. Depois, pelo impacto dasantriresideas: Nomeadamente no imedinto pos guerra, a crise provocada pela constatacao da iimpotencia da direito, mesmo no pals classio dos estudes juri- dls (a Alemanha), para impedir aimplantagao deregimes que negavam alguns dos principios bisicos da cultura juridica oci= dental, fez surgi projectos dereforma profunda do direto, No ‘quadiro destes projectos, 0s fomanistas apresentaram ents0 0 ‘dreito romano, com a sua estrutura antlegalista e com o seu ‘embebimentoétco(?),como um possivel modelo capaz de evi+ tar aquele "totalitarismo da le” (“absolutismo da li”, chama- Pola Grossi), com qual etinha relacionadoos males ocor- sido, Tratava-se de uma epoca em que se reagia fortemente ci tra. reducio do dirt ale, contra a inexstencia de criterios supra-postivos para afert da legitimidade das leis, contra a dis- solugio da especficidade do.caso conereto numa abstracta nor ima ger, O diveito romano como seu cardcter doutsina ej rispradencial; com as suas referéneiasdaegutes, 8 natura rena {natureza das coisas) ea0 us naturale dirito natural); como seu ular Jura Europes w No rt nia quid ad) do pov comm masa eld ex ted ds fonts etoradae dota oop ena egdoe ee oma " Sobeasunivesdades base recep Pex Man, 1980, 4 atau Earp « 51.4. Ainflvdnetado dirsito romano wha propria legslagio local Mas mesmo nos dominios regulads pelo diteito loca nformizagiocstavaem march, provocada por uma iutcia {recente doe principio romania sobre o propio lelador. Tnicilmentetalinvuencla procesava-searovéslsclec- tinea lepslaives da Alta dade Mein g, 0 Breton de Ala- Fon umatolectnea de dreito romano orgavizada, 0 cio do Seealo Vi por ordetn de um rel visigod, para a popula ro- trenizada do seu fino. alguns notsros lizavam tambem Cnectmentos rite de ie obtidow em ets de divetoomano vulgar para edigtem formulas negocias. Reu- ‘hla en colectanes, nae formula clam por toda a Eu ops cedental. Nas mos de notiroseecivdes,consttiram, Ene os steulos Ve Xn nios documentos de uma cultura Jira vert, altamenteprestiginda num mundo em que do Ininava oaalfabetsmo'® Mais farde recep ao do diteto ro mano val ter como agentes os etrados presets nas chneela- Fn eats que utlizam as ormulas deste det para zee ar {eras pretenses poltcas de reise imperadores. Asim, se nos aparece fontes de defo regio forternente buldas de pin- tpi romanisassobretude a partir do seeulo XI” surgem tembem enfatics afrmagbosdtnaedejurtsformades no divetoomano, de que est deve ser ocanone interpretative da propia lepsiacso dos renos.™ ‘SEF, sobre ons Padon Shop, 1985, 161 Vigo er August (231d Freer ilvon Hohenstufo: oi {fo ingos de Endo nsdn do aselo Nh at dnanarquesn de ie Pennoni Res (25018 eae Se Par (135), EN Portugal & mao note tll de Afonso Mas ovens dee ons do sec Xl, ‘spor exemple propor uma cts sls pare una questo em maria i eprops eam bor apent leona om goa Kt (Gaiherme eo sufi ing, dtendam Que" romero o Se {ear lombardan part gerl para oder fped Calas). 52.A tradigdo canonstca O direit candnico& 0 direito da Igreja cists Como instiuicao, Igreja sempre teve ur dieito qu cialmente, decorzew quase interamente da vontade de Dews, revelada nos livros sagrados (Antigoe Nove Testaments). Nos tempos apostoicos, os erstiosalimentaram a esperanca de po dler resolver, quer os problemas de diseiplina interna da Teej, {quer as relagdes ene 08 crentes, apenas com base na palavra {de Deus, nos ensinamentos de Cristo e nas exigencias do amor Fraternal, O cardcterclandestino do cristanismo nos seus ts primeizos séculos tornavam, de resto, praticamenteimpossivel BS exiaténcia de aparelhos juridicos e judiesrios. A Igeja cara ‘va enta0, mais da difusao da palavra (dos dons ”proftics”) do que das matérias organizativase dsciplinares."* “Tudo se modifcou, porém, coma outorga da iberdade de culto pelo imperador Constantino, em313 dC. A jursdigso do Papa e dos bispos sobre os fis pode, agora, sr abertamente cexercida,sende mesmo fomentada pelo poder imperial, que at ‘bu forca de jalgamento as decisoesepiscopais sobre itigios que hes tvessom sido voluntariamentesujitose reserva para aj Fisdigdo eclesasticao julgamento das infraccdes puramente re ligiosas. A partir do scculo V,o Império-, depois, os restates ppaderes temporais-reconhoce a Igrejao prvilego de foro, at Duindo-the uma jurisdiio privativa sobre os clrigos. No sicu- oX,a lgreja arroga-seajurisdicao sobre todas as materias ela- tivas acs stcramentos, nomeadamente, sobre o casamente, [Est progressiva extensio do dominio jurdico-juriedicio- nal da igreja fo ainda faclitada pela derrocada das estraturas polities, uridicas ejrisdicionais no Ocidente europeu conse- "= Subreo dato canon, vem sane Gilson, 198615160 "Sobre a hisina da igre eakando estas oposkbes ene proftismno edi “ipa, onde wre de ane Kang © Cena Earache ‘ait ta, por Liston, Clo de tres, 20 nomeadament Cota ort Eaopta w quente a queda do Império Romano do Oxidente (8754.C) es lnvasbes germanicas. Cada vez mais prestigiada culturalmente ~ pelo seu dominio quase exelusivo da cultura escrita-e cada vez mais forte e organizada no plano institucional, a grea ten de‘ hegemonizar os mecanisms politicos e juridicos, impon- {dose aos reise tutelanlo as organizagdes poitcas perifricas (cidades e comunidades locas) Esta expancsio institucional da lgrejaobriga-a a constitair "um corpo narmativo muito mais complexo do queo dos primei- 10s tempos, pois 0 conteado dos Livros Sagratios ja nao pode ‘regular uma sociedade com problemas e cultura diferentes dos sa sociedad hebraica dos tempos biblicos ou mesmo da comit= ridade judaico-romana dos tempos de Crist, ‘Uma das fontes desta nova regulacdo sto os decretos dos concios, ecuménices, regionals, provincais ou diocesanos, a8: Ssembleias dos bispos de toda acistandade ou de uma repiso, provincia ou diocese particulars, respectivamente. Em cada ‘iocese, podem ainda Ser promulgados constitugaes ow estas: tos diocesanos, aprovados pelos sinodos (assembleias de ecle- slasticos) locas (utra fonte do direto eansnico ¢ constituda polas deter sminagbes papas, De facto, emborainicialmente poder norma- tivo da Igreja eativess atribuido aos Grgaos colectivos que eran osconcilios eo Papa apenas interviesse para eslarecer om apli= car concretamente as normas conaiiares, 0 papada = socorren- ddo-se frequentemente da imagem, paralela, do imperadore das prerrogativas deste segundo 0 dieito romano - fo, progressi- ‘vamente, aurnentando a sua capacidade de edigao do direito, cemitindodecretns ou constiuigespontifias. Deacordo com wana tipologia, que tem tantoa vercom as temalicas comocomas sas finalidades, as constituigdes podem designar-se por enciias, Iles ou breves. Este crescente poder legislative dos Papas «8 inerentecapacidade para derrogar dirito tradicional -consti= tu porsua vez, um modelo para os monarcas medievais eum fonte de legtimacio da sua reivindicacio de inovar, por via le- fisltiva, os ordenamentos juridicos dos reinos. ) Anode Man Hare A pantr de ceta altura, este novo direit esrito da Ire passa a constitute uma male normative apreciavel. a neces de compilacio ede concatenacao Isso Feit, por initia pri vada, curanteos séculos VIa VII, destacando-sedelas wine co- lecsao feita no reino visigotico da Hispania No sécale XI, uns ‘monge professor de teologiaem Bolona,Graciano, elabora un ‘compilagso que se iia impor a todas as anteriores © perma ‘ercomo um grande repositério dedieito candnico praticamen teateaactualdade a Concordantia dscondantum canon [cor cordia dos cinones discordantes,c. 140), mais conhecida por Decretun Gratan’ [Decreto de Graciano Ai rete ceren de 4000 textos de relevancia juridica, desde passos de Padres da lgreja ate cinones concilares, organizados por matérias ¢ brevemen- te comentados ou apenas sintetizados (num dictum). Como cantinuo desenvolvimenta da diteto da Igreja, © Decreto foie desactualizando, tornanda necessirias compila- ‘0es complementares. Em 1234, Gregorio IX encarrega 0 domi ‘nicanoespanhol Raimundo de Penhaforte também profesor ems Botonha, de completar a compilagio de Graciano. O resultado foramas Decretalesextra Decretuny Graton canes (Decreais que extravasam o Deereto de Graciano,divididas em cinco livros!" Em 1298, Bonfécio VII completa. com mais um liv, 0 cha- mado Liter extum (ou simplesmente Serum), Clemente V ecres- ‘entarlhes as Clementinas (1314). Joso XX as Extravagant de Jo XXII (1324), F, nos fina do século XV, aparecem ainda usna ura colecgdo oficial, as Exémengantes conus. Ao conjunta des- tas coleegdes passou a chamar-se Corpus iris canon, 4 seme Thana do nome dado compilasao justinianeia dedirito civil ‘Gracan cntemporinee ds primaire lsadores (if, 145) 085008 “a lettecrespondt sous a arses ie Esa sistutizact torouse rm modelo prs compare s- foie Eporcannns noua hrs © Gaps uns canta manteve se vigor at 17 data pulenodo (ic conn eg de ato cand Desrtam 11 sui ropa \ Sistematizagao e método de eitagio doCorpustuns Canonich DeRERTESN- si] 1 ivididasem tuloe | parte 101 dsinctons; |" ecapiaos. Deparie-36 couse, + elagze divin em questions: ‘In do capital X 5 parte De conserton) louie, ado tow distinctions sss primeira plas. See XV Flee hinX, Deters | Int do canon parte. [do ctnone, alee da dit) eee 13,4. 000 Sextum (Lik eta Spates (ne doctnone), | Devetlim) (1298) -Stivros, Clee dacnsa, + divi am tus le da quasi. apis | eee8 emg? + tase: gu a0 anterog senda Spe Decne @ pa asigla VI ou in VI 2 parte, Tacitus De ooteti-e.9"do Enovel, (dais Decans (ou Depoen) CCementnas (Cements V attutne) (318) 5 U0 exe 46d.1,Depam |» dvididasem Stlos tase antga-aindicagio |” ecapiuos, dloamnimeros doscinones, | © lagi gual 9 anterior, endo sgh Clem ou Clr, “isinctones 08 gunner ‘substitu pa denne Preis pawras,o gue Shiga arecoreraindies | (124. : jue companham asedigbes. | » didi em stot sig ee ‘Sim oa XX [Extravagant de Joo XL Extavagantes comune (eae XV). vise sels sgha~ stan Cone = Anns Manel Hesponka 524 Olugardo dicta canénico no seo do dieito comom O cireto comum foi basicamente um dreito romano-cand- nico, apesar de nele estarem também inseridos institatos dos direitos tradicionais cos povos europeus (f-inf,532,). Nosea svio,0 direitocanénico desempenhiou um papel menos impor- tante do queo drsito amano," Em tod o caso, sua infer cia fi determinante em alguns pontos, que nem sempre se re- Iacionavam com a religiso ou com af. Na verdade, 0 dizeto canonico representava, nao apenas odieeito da Tgejae das coi sas sagradas, mas ainda um dieito mais recente do que die foromano, ema especie de dieito romano reformado. ‘Assim, ¢not6raa influéneiacanonistica:() em materia de relagdes pessoais entre os cOnjuges i) na valorzagao da von- tade em Ver da forma) no dreto dos contatos (ii) na desfor- smalizagao do diteito sobre as coisas (valorizacao da posse em relacaoa propriedade); (i) na valorzagaoda sucesso testamen- tania ena destormalizagaodo testament; (v)naexigencia de boa {fe para a presrigao" (vi) na valorizagzo das solugdes de eq- late (aequts) contra as decisdes de diteitoestrito (strict ius, rigor ur apes tris) (ina 5.3.8.2 (vi) em materia proces. ‘sun, ma promocto da composigso amigavel e da arbitragem: {wit em materia processual penal, no estabelecimento do pro- ‘cesso ingaisitoro, com urna maior preocupagao da averiguagso dda verdade material" "Sotreudacanicometiva vporutie, Berman, 196, aie 59 ' Rlootesto dass decreas uma de Alexa outa de Ioeent ‘sRindnose ania neta no era dala. parti dane ogo exgecn da calgon dors wong de bn Eee da {enc spas no dive nego a admit do carter verdad ‘ste jidane conve dot adapae Ce, Soscontatos norma Cobre frie Coop 1s 22. Odireitocandnico como limite Aevalidade dos direitos temporais, A teoria candnica das fontes de direto proclamavaasubor- inagio dos direitos lumanos (secular eecesistico) 20 dizeito ‘ivino,ovelado pelas Fseritaras ou pela Tradicho Estes divei- ‘os humanos eram considerados come dois modos complemen ‘ares de realizar uma ordem querida por Deus. TTodavia, este precirio equilbrio entre os dois direitos tr renos rompeu-se com as gyandes lutas que opuseramo lmpera- dor e 0 Papa (séculos Xa Xi) o primeizo tentanda estabole- ‘cer uma tutela sobre a Igeja (reclamando, nomeadamente, a tnvestidura e a deposicdo dos bispos), © segundo precurando sslvaguardar oautogoverno eclesistico, Na teria candnica das fontes de direito, esta ruptura ndo podia debar de ser no sent ddodeestabelscerasupremacia dodiritocanonico que, pela sua propria origem e destino estaria mais proximo do direltodivi- fo. E, assim, o Papa Gregério VIL estabelece, num conjanto de proposigses normativas (Dictalus Papae, 1075), 0 primado do Papa (da grea de Roma) sobre os bispos a autonamia da igre je dos clerigos face aos poderes temporais; bam come, por ul- Fimo, a sujeigao deste tutela de Roma, Estes dois ultimes pon- tos eram, do ponto de vista das relagdes entre os direitos cans nico eciil,os mais importantes. Aautonomia da lgrjaedoclero Padres da Iga ue vs terpreande 3 veda edt ns Spas ge desta ute conto pola conta ent olmperador Hes FV desol08 ee Papa Cro Vl 00-1085), propos darn ‘ras que tein pe us, embora spenss tempera dnp ‘ae i pS ees op i ud we (2 "bel poe depor upon cradling So Pap pre des oda os pos ne colton “As cosa ae tmportantes Seu: ‘oer deve ert Sode Apoten (©2158 lr oma. ‘nana ro 2)" ¢ aia aque gue no eater de scrdo Sone igrje Romans 23. 154 ‘Anni Manel Herp tem face dos poderes temporais, se excluia anomeagio-e deposi ‘co dos bispos padres pelos leigos (eis, senores ou simples Particulares), fundava a sencio dos clérigos em relagi0 a0 foro temporal ea consequente reclamacio de um “foro especial” ot! “ privilgio de foro” para os eclesiatcos. A sujeigso dos pode es temporas ao poder eclesiasticoatribra na Papa a poder de dlepor og reisou de iberlar os subsites do dever de hes obede [Em todo caso, esta supremacia do dieitacansnico- tpi ‘ca da doutrina jueidia de Santo Agostinho (sscula VI) e eto- ‘mada, agera, pelos papas Nicolae Il, Gregorio Vite Urbano Ite pelos prmeizos canonistas, nos séculos XIeXIl-¢ posta em cau ‘no século Xl, quando a teologea comesa a insstir na ie dee, naesfera temporal, se prossegem fins proprio, quenso tema vera salvagao post-mortem, mas apenas com a boa order terrena, Comoga entio a sor claro que a intervengo corrective do direito canenico apenas deveria verficar-se quando regu nentagdo temparal pusesse em causa aspectos decisivos da ‘ordem sobrenatural, tal como aintervengao de Deus (pelo mi lagre) apenas inka lagar quando, de todo em todo, o funcions- _mento da ordem da natureza comprometiao plano da slva~ oo" Na sequéncia disto,canonistas e civilitas™ procedem uma elaboracso mais cuidada da questioe-emboraafirmando aindependencia matua dos ordenamentoscivilecanonico ("ce pei temporalibus,necimperator spituaibusse deen inns "Dit Pape “Os pings devem iro po Papa (9: eto to Papa depo or tmpradors cap -0 Pape pce era or bs Sosinsts debs ebedceren 2 Sobre to Vly 188 1094, -AS ns groin de clit ( gis) mostra un rai de revo elation deo candice que ares eum contin er eotdreto romano legum slags narra deen sin ‘sem lai nr madeste orate anak gue Cotta lt Stata come ert porbur mvs Vt 3 delog eset gd ses, 18705) Claudia Earopia * cer [nemoPapa se deve imiseuir nas materias temporas, nem ‘lmperador nas esprtuais,alrma jurist Acdrsio, cra, S51) creconhecem que, nds casos em que ene eles SurISse “im conlito grave» ultima pala pertencia ao ordenaento {Eelgeea Asim, o dist cangnico apenas vigorasa como pa drao superior nos casos em que da aplicacao das fortes jure as erraasteatlasse pocalo eters do pasado" sicakmente formulad por Biol," um destacado junta do seeul XV fh ing 532 ch em Portugal, Ord fl I, 63) “Tuo ito, ainda a idea mutta veoesafrmada de que enti dreto dos reise dst da grea deve exist ura "se Ts conmmeto” (especial parentest) = pos os olhoe ds 9. Ipgos dos juntas rstos do dade Media o lmpério ea Tgreja “unter ftentar”(da-se que so irmtos, Baro) - const tutam faciores muito poderoso no sentido da urformizagio des theo eas sombva de un melo ie gue so et to ullimamente focado, ea mais odzeito canonico do que 0 Romano (ou dado que direito romano fornecia a ossatura d® Canonico, continuava aser oil romano através do modelo docanénic} '52.9:0 dirt canna na histéra do dirt portaguts A evolugto do direto candnico em Portugal corresponde, ‘nos sous tragos gerais, europea. Ha algumas notas a destacar. ‘arate "st oquinurinspinuabas et patina ad de ett ‘non ut eum a emporio te in trast Els tetas dees atin tra saber tie Sitges logement inducer pecs tune stamos canons. a sonic pct instar ee (cing os ‘ose lane esas abearvamoe sal] (pe Cl, 3 de {or eae pe) Stet fom como sobre a restart staal Cals 9S 1779038090. 1% Ain Manuel Herpane (© beneplicito régio foi introduzido em Portugal pouco antes de 1361, data em que os prelados js se queixam dale ex Cortes (Elva, 1361, doc. em }.Gilissen, Introdupio doc. 8, pg, 150), embora D. Pedroo mantenha, tal como fars ose filho, nas cortes de Santarém de 1427 (v. doc. em. Gilissen,Introduga.., doc 9, pg 156), D. Afonso V. (Ord af, I, 12: onde se especii- ‘amos cases normais de denegagio = falsidade, sub repea0, fer ‘sda juriscighoe direitos do rei). Abolido em 1487, ona pr tic, restabelecico em 1455 e sucessivamente estendido no Smbito (¢f On fly I, 14 @ 15; Const 1822, at. 123, XI Carta ‘ons at 75,§ 1a)entre os muitos documentos pontificios aque {oi negado (lista em Bemardino Jonquim da Silva Carneiro, Ele mentos de diet eclesiastico portugues, Coimbra 1896, 25), conta sea célebre “Bula da ceia” (hn cma Domi, na ceia do Senior) Bibliogratia: Gabel Pereira de Castro, Tractatus de manu regia, J, Lugdurs, 1673, 363; Manel Chaves ¢ Castro, O beneplito r&- sie em Portugal, Coimbra 1885; Marqucs de S. Vicente, Consie- Ings relations ao beneplicito, Rio de Janizo 1873; at. Benepe «ito regio” ne Dicondrio de hstria de Portugal (dr. Joet Serio), Port, 1963, ‘Quanto aos privilégios do foro. Embora em Portugal te snham sido recabidos os respetivos prineipios do direto cans nico, desde cede o poder temporal reelamou para sia compe tencia jurisdiciona sobre eclesistios, em certasctcunstncl- ‘as. Uma lei dos meados do séc. XIV, tranacrita no Lior de leise posturs (pg 380), bem comaos artigos das concordatas dos its 117 do LW. If das Ord af. so significatvos da politica real de restr da jurisdigio de Igeeja. As Ord fil 1 fazer uma lise tagem extensa destes cases (et doc. em). GilsserIntraduca. loc. 10, pg, 157). Os principios geras na materia so 08 seguin- {es: quanto a sujeigo (ou nao) a0 direito temporal: completa {senso nas matérias puramente espriaaisweclesisstica, sub _missao nas temporai, quanto 20 foro competent: isengao com pleta nas materiastemporas, mesmo nas patrimoniaisepenais. [As excepcoes, neste ultimo plano, so as constantes da citado texto das Ord fil (I, 1)-E 6 m0 século XIX que aIgreja perde 0 ular Jorden Beropea w principal da sua jurisdic os privilégios de foro so abolidos pela Const 1822, art. $e pela Cera Const, art. 145, §15¢ 16; 08, 250s mint fori sto abolidos pelo art 177 do dec. 4, de 16/3/ 1852. depois, pela Reforma judicéna, parte I, art 70 Bibliogra- fia: Baptista Fragoso, Regimen reipublichnstianae, Colonia Allo- brogum, 1737, pl, 1, 1; Gabriel Pereira de Castro, Trae ‘nts... it; Pascoal de Melo Freire, bstituionsturis iss. ‘au, Conimbrice,1818,1, bt V (rtxing, § Ide 15); Alves des, Ccatholcismoe as mages cthaicas~ des iberdades da grea porta guesa, Coimbra, 1881; Bernardino Joaquim da Silva Carneieo, Elementoededireitsecesiastco it ‘Quanto as relagdes entre o ditito civil eo dreto canoni- co, matéria abundantemente tratada pela historografia,v, por ‘ultimo, Guilherme Braga da Cruz,"O direto subsiciarionahis- teria do direito portugues’, Reo. por. hist 14 (1973); Anténio Manuel espana, Historia des institutes. Epoces medal emo derma, Lisboa, 1982; Portgal modern. Politics imstituciona, Lise boa, Universidade Aberta, 1994; Nuno Espinosa Gomes da Sil- va, Histria do dirito portugués, cit; Martim de Albuquerque e Ruy de Albuquerque, Hist do diretoportugu’s, Lisboa, 1981/ 5. Sobre as relagdes entre dieeito temporal e direto canonico “depois do conetio de Trento, ¥. Manel de Almeida eSousa (Lo. ‘b30), Notas [Ja Melo, ed wl Lisboa, 18651, 192:Marcelo Cae- tano,"Recepsio e execusio dos decretos do Coneilio de Trento fem Portugal”, Reo, Fa. Dir Lisbon, 19 (1965) As principais fon- tes do direto eclsisstico estio reunidas nas citadas Obras de Pereira cle Castro e de Silva Carneiro e ainda em Joaquim dos Santos Abranches, Bulle ef brevie pro Lustamae.., Usipone, 1856, 2 tom. Fontes do dieitoecclesastico portugues, Summe do bullane prtuguez Coimbra, 1895; Anténio Garcia Ribeiro de Vas- concelos, "Nova cheonologia das constitsigoes diocesanas por- taguesasate hoje mpressas, O Instituto 58 (1911) 491, 505; Ave lino de Jesus Costa e Maria Alegria Feenandes, Buldrioportugu- {&:Inocéncio Ill; 1198-1216, Coimbra, INIC, 1989, Sobre »cano- istic portuguesa medieval, Antonio Garcia y Garcia, Estudios sobre la canontsitiaportuguest mediceal, Madrid, Fundacion Uni 186 ‘Anni Manuel Hespune versitaria Espanola, 1976 (maxime, “Canonistas portugueses smedievales”, 95-13) 15.24 Diteit reebidoedrst tradicional A recepsao do direito romano no foi um facto trivial Pelo contritio. Por muito forte que tvesse sido a romanizagio dos direitos dos poves europeus durantea Altaldade Médin,o¥co®- tumes gerais ou locnis dos wétios povos europeus (i propria) contrastavam fortemente, em muitos dominios, com o diteito "Nam breve conspecto, demos identifica algumas Sreas ‘ormativas em que este contrasts se verificava.”™ ‘No dominio de diteito das pessoas, diceto europeu alto- medieval caracterizava-se pela diferenlacio dos estattos jt quero pode- ‘am ser revogadas tactamente (i) norms de dct do taal da corte: mas vezes trata se de procetor doutrinais ou costumeios ("costs sme he emicasa del rey, “cute he per Magitu joc Iianam e per magistrum pet) mas, outs vezes, parece ter havo uma detsio real (‘estabelaciment J posture”) embora nem sempre eslte clara intends de gir ale da erticago de um esto intern, adop- tango uma norms drigida 20" pablics”exteno. A dstribuigae das espe conheidas por estas catgor- 4 no €equibrada, A esmagadora maioriapertence a8 duas “ikimascategorias; mas, sobretad, 8 lima, Na les contisas tos PCH, 2/3 si norma de jlgamento do tribunal da cote Spenas em cereade 1/7 sedge claramentesintengto real deesubelecer dieto novo, Masso um estado detathado da o- digo textual, da cronologia eds fontesinepiradoras, tudo em ligagio com a conjuntura politica permis svangar nurs ds aio clare da fangdoleglltva dos els portagueses na Ti eMedia ‘Quanto épaca moderna, tab so insuficintes sco hecimentoe acerca da fangs legislative Aguas abla: Jong Lito, Card eine Port List, 190 ‘ASH Otter Marque oor) Cres argues rate DA (435.1367, Caso INC, 1982 1 nr) Cas porters reas de [aire (135-1367 Lisbon INI. 38 1d, Cote pra Fern s6? 135) 2, 1990 - Artie Manse Hepa [No que respeita as stuas formas, aos seus cominios emti- 0s, 208 seus rittos. ‘A doutrina juridica moderna distingue (a partir de quan: do?) uma série de tipos bem identifcadas de actos legislatvox” ~cartas de ei, regimentos, alvars, provistes, cartas regis por= tarias,decretos, avisos, assentos (v, sobre eles, mina Hitt as institutes, cit, 423). Mas no esta estudado oso de cada uma destas formas ao longo dos secs. XV a XVIII ou a sua arte como qe por bre como dns Otedor igo rss Ceyowcouicldor [ur natistmde cara come eacev nan ‘mde ae Oats patti St por Penman, 138,39). Collar Jia Boop Ea E acabavatn, portanto, por inl fortemente na vida jue ica e politica do seu tempo, isto deve-se nao ao seu empenha- mento pritico, mas eficacia da autoridade intelectual do saber tue cultivavat,2 De fata, justamente porque falavam com a Sutoridade de um direito imperial ecreditado,alem disso, com tum prestigio quae sagrado, a sua palavea acabou por ser dec va, mesmo ao nivel alt politica da epoca, ‘Olimperador Frederico Il enti lutando por submeterasci- dadestallanasentendeu isso pefetament. Primeiro, em 122, ppassou por Bolonhae dscutn ai dtetolangamentecomos"qua- {eo doutores”,discipalos de Ivo, aos quais deixou surpreen dios coma sta pericia no novo direito imperial. Na verdade, 0 tensino destes, marcado pel regalismo do direito romano tanio, feconhecia ao imperadar um amplo poder legislative ("Tua 20- luntas est iui, secundum dcitur: Quod princi placa, legis habe gore” disse um lerado ao imperador, nadieta de Rocagha, em. 1158), Nessa mesma altura, obtem uma ratfeago cient parte da maior paste dos jaristas mais eminentes no sentido da de politica em materia temporaFe concede 205 "SDauthadamnte otra rele ene Frere te Stud boas repent cs in urd pencil eit impala Costa, 199 (agar, nara estan com nesses ci ‘de O Capitan Chver 20) Wyck 179.3540; Berman 183, ‘35:9 Dor lam, bela oese em Desimon 202.2731. =n tri chegon at na a aria erst: rerio passa a ‘velo acompuniado por hain e Bulgar, dls dos quatro ds [ule dent a guem perguntou sede acro com otto eles toward tds ale tendnlins nny ‘rio, nts ca, Martinho, plo consti, rerpondew the (ove ‘Inorcoments Acs maldosaente) gue sim O smperado, ss iSia cere cavalo gu monava a Marino, pera o que Ba ‘naga tym maa “ecu, quod non fut sequun [Ped um ava eps), pois ‘nse qu cajun acum) eque ns isto jum) uma das ‘ersesem Franny 199, 1), Eta pegunta sobre seroro do Thomas cinda a se danas sobre or los sobre seta es cstudantes de dreito de Bolonha, “particularmente as estudio: 508 das leis divinase sagradas”,garantns de protecgaoeimn- ade (Autentca habit, 158) Todavia, em 1224, o imperador, Pra maior seguranca, resolveu estabelecer uma universiade imperial em Napoles, sobre a qual podia exercer um controlo mais efecuvo™O papa Onorio If 121641227) reconheceu que "do Ex ‘ober ivoendos plo re de apna ede orga com fundamento _B onto pal Man defo «opin de Dalgao fr onda pose fos es soba serra dors raasingufgciteniota ge ' tnd savetude depts de una daceea deg de Ballade Ug se unis ain ete tn in bredor (otro rea) eo ds paconeprvades be as ues popial S65, fmm ng 8rd ang SR "noire sma tings “E ma weenie dec que esos \mporaor tds coun que eno mas spose, lomo a as Patrmonins(] De onde second ques meu vrondos dee sua ts Inime ndoacle ques cnceidaa ronan de fcpers mscoon rsp stl dcr, Acai, Gla a 197, Be Doo oa niin ambtn Nain 1952 9130) “stabocemos portant com ets unversal que deverd vale pen to eae, que dau uno ftro ning sop ae ‘ealguina dvaemrelaSaasigutm da mesma proviets Se oe ‘mot acontecer em vitae de um costume prvero. J Estas oe ‘arom iar etapa lea quem or diegents dour deren sun, aur qu e dover exit veut em api dt soem ndedaenn cpio copa pa ence ar dees pap nop doses ae ‘Unibet Eo, em Sain, di uma impressive verso des rele on te oimperndor cos dour tlonens Fol anrcamoimpessort tee ion, anda para tas earns renio no seus aponenen eo ‘ano Rene deDasselepera ur ese malmwsse Pedonconcecn thar po, x04 Bautng or those “acount lage de ei, mes de todas aves ens Se econ de eee po. Sederadia inh la? Guemine dinquee mnt jn 4 ais acts, anal oimperador este mes foresee ee Imperadoe porte vse seis uses asa dla que jonas utara Barapa ey tudo Delonte salam os chefs que dirigem 0 povo do Sexo (Grandi 1962, 5), A propria Comua de Bolostha =a que 05 rvivem dee ¢tasa”Trederco fou, «depois disse a Reinaldo: "Ese prs cosas tr a too nc fl sen poss ‘ah bom lat seam adrnien! Gua pra hat sinter, 3 de de Deel “Sn ‘ueayindaseprnape tem ign del dose Ral Sealine defn, Nansen pre qs estes i te Bee settee gorse em Rowe" de Feder," sear Pf pect as os trom um ogo se Baucoets tle sue essen "Onde dao ara sien que pos ‘tomar som pene a de it Nab a {Eo mundo" Talves ness um poder sor dso ono Bau {ho Ns ease assber"O qu gueree dizer” “Quando spe Ov Ine conto o que tum suum seme que esas comuniades de me {ese snes unconam por sua propa cot Ox sanos verde todo 9 ‘ono impor quem caste sekeran«paparcaseus mest que {nim dependarnsoae slayer Asis pacimscolascomas meses saint Ssmm cence praia deenon dab ecdspos um tle da omens pars Montana de soni Genove ee solos orden segue areninve.” Masmesma ques {lsge? Sern eis scr uma ers econecetes ur os meses dD ln decedent: eng cus aod ade TE Uma segue sto nvenis eta gia nana mundo, ces rm qu de neodo coma ea sua «az trates adie ice fre astmann cone Ques repreeeia 0 Sacto Romano Imperar © enemies como ten dae sahara got pine Mig hn gran” porque devram des cieo? "Porque sem ‘oes Ies ds lato de poder das, oo poco. Asim xs Ss yc sate sey come dita ote pa Gapinudo, itp men be Hrs ci arumacoan ge Trcderc digotsen queers Salve que antes am dae ages ‘Scioto. edepatsdowiheseustndependenc senso nos esa = ‘Stamps opr ena doi mnie parr iowa pag, ae siguem quit der que combate, legistas prestaram sorvigosjuridics valiosos-, quer defendendo- a do Imperio, como do Papado, ea quem o Estudo Geral dava Fenome ¢ proventos economicos, procura cabivarestadantes © Boa mesa omer on ets Bln “en sempre sonra sane sgt tie ele eas Sik Science apap ese please ni Seachem eben Ema “Sreuaonoemn ane reap ode eo mgd er ‘imps a Bien so pms Suto'Enotatenine Been © yonguesepaeege os Ye gh stds eases Pe ean SEINE nl mgd Foam pc apa tae, wa ater ncan ane ac pouaneasanipe Noes Bicsnprensens tends ccs mien often SISGD eens Mtv: Doe ees {tino eap do China sop te Bong Dal ae Pee Esra Shape, eum nse Betas nto eas ‘Sesieapn opin einmounay ski Tatra Pan gs Ne Soleo ars tot Mai ta aeriica apr einen une ‘co eu ss dct Em eu he Boos oro iS Mn pon dal ere ‘Ermer vim sido coneodados plo imperaor a expimi un ay ‘tchrlpvan dou orate ced Sra oe eeepc pals we rio rs ‘inno pena nm eras “Agee set oa ESN Geta “Snare sehr Sao tapuniesite ave omens evar Sie Cafe pes onic sanete meee’ espe {SS Lngeesepr res promote taaegoe ‘rma tasonimin de eed coer ‘ia in gu qusene ene ager oped ed Tithe plo Geese thes tide ele tre lose “hatommes ase aac ss wa as Fel scvoars par aro Ga porto Cota are ropa = professors. proibinde a exportacio de livrosjuriicoscomose ‘xpionagem se tratasse™ Os seus colegas das outras faculdades, nomeadamente 05 filosofos, invejam-nes, a constatarem que "a citnca [os Sceonoa anedos de Martino Bulge iho, Sonate Calin a C3 19 (Os arte mam Sin) anedPeningon 8 as Antinio Mane! espa _mulavama questo) Intimamenteconexacom esta estavaa ques tio de saber seo poder do principe (do Papa) era plen, puro ou albsoluto. Lourengo Hispano (1215) aborda a questo, a propési- todo poder do Papa, dizendo. “Por isso se diz que Papal goza oasbtnodivino|C.1,1,1]¢; mascomo.egrandeo poder do prin ‘pe pois pode messno madara natureza das coisas, aplcandoa substincia de uma coisa a outras [C, 6482], podendo torar in fasta a mosma justica, como quando corrge algum canone ou le, [pois quando exprime a sua vontade, esta faz as vezes da 2230 (L, 1126].-] Em todo caso eledeveconformaro seu poder aquilo que exigico pela utidace publica" (Ad Compultion’ I 15.3, pur hors, aul Perigon 1983, 46 (ad minha). Post em rlags0 0 Paps 8 questi parecia mais clara (sobre aos cura), dada a origem divina do seu poder; embora a concessio de um poster absoluto prejadicasse as prerrogativasepiscopais (também {Ge institugso divinae, para muitos, anterior a0 primado do bispo {de Roma) ¢, por isso, io fesse aceite por tvs os canonisas, no rmeaclamente pelosconcarisas Posta a questo em eaca0 a0steis 4 questio era menos clara, embora a assimilagio entre papa” ¢ principe” comeyassea ser frequent, Assim HlenniquedeSusan0 stu comentario a Nowilar de Inovéncio TV, formula uma série de Jager que fcardo na tradicio jurica realist até ao fim do Ane tigo Regime e que unificarso © poder dos seis para se aastarem das es, no tanto revogando-as (pois legitimidade para evogar assuas proprias es correspondiaa uma potest legislate dos es, {esde cedo geralmente reconheida), mas, sobretudo,cispensa. las, ie na9 as aplicando emcasosconeretos™ Er isto ue pr ‘ita aos principes realizar aulenticos mulagres, como leitinae bastards, emancipar menores, prdoarcrimunosos, embora tudo aa see fs prs pe cn ‘era [-] cos daerae que pipe, ma ven qc viva poe Transform oe quadradosem clos dap de ado enquata str, shee ip Rego mao me Calaraurton ropa » ito devesse ter em vists, no uma modifcagioarbitraria do dire to, masoaperfeigoamento da justia nos casos concrets (cf, sobne ‘ta flenbizacio do dizeito por met da graca regia, 5.38.1, 155.2. ABseoladosComentadores ‘Osurtourbanista e mercantil dos séculos Xllle XIV come- (por se taduzir, no plano jurkico, por uma valorizaci dos Aieits locas (especialmente dos "estatutor” das cidade ita anas) frente ao diteito comum cultivado pelos letrados e domi- rante, por sew intermedi, nas chancoarias reais. Se os ristas “universitariosestavam dispostosa acetara (elatwva)fxidez do diteto comum, baseado em fontes imutavels ("alm...engo ho 4ie),j8 08 estatutos das cidade afirmavam, enfaticamente, 0 ddevir da vida edo direito”" ‘Coma progressiva extensio deste novo tipo de vida eco nomicae social a regices cada vez mais vastasecomoestabele- ‘iment de lagos comercaisinter-citadines e inter-staduais, tomnourse necessirio que estes prineipios de dreito novo intro: |uzidos pelos ira propria nas cidades italianasfossem integra {das no ius commune (romano-justinianeu) e que este, de um amontoado de normas (agora) de proveniéncla diversa (coma rovjustinianeias, romano-vulgares, canénicas e estates), se transformasse num corpo orginico deminado por principios sistematizadores, que crrespendesse a0 dea intelectual de wm discurso orginico, embora, como dissemos,respeitader dos ppontos de vista dissonantes.® Esti, portanto, em pleno desen- volvimento um processo de integrapao de principios novos = oriundos de necessidades de novos estimulos socials agi in- ‘laos os culturas) e inicialmente incorporados nos direitos roprios, mais sensiveisa vida -no us anomune. 0 ideal decom cosa ttn nia ii niger Ini) porque admiror-se a os eatatutos de vez em quando Fequerern mod ‘ecaode lguas dopo particles”. Cane, SL, 82 ‘Soret ey 1h 540 Woah 187. 20 Artis Mana espa corn legislativa perseguido palosjuristas no sme limite do direitoromano-justinaneu (objectivo que, como vimes, no a dle todo estranho aos plosadores), mas relativamente a todo lordenamento juridico positive. A continua referencia, a paste do séclo XIV, a0 direto antigo e a0 direito novo e, sobretdo, 420 problema das suas relagbes mutuas reflecte plenamente 0 [processo historic de actualizagioealargamento do sistema do dlreito comm. sta foatarefa de uma nova geragio de uristaseruditos- ‘ques histoviogratia tem designado por pstlosadres, pris, ‘onsiliadores ou comentadores;juristas a que, pelo eu papel ei fuénia (até 0 século XVID na histéiajaridica europeda, Fane Wieacker ndo hesita em chamar “arguitectos da modernidade Soe ol dos comentadores po des, Whence, 1980, 7828: Issa 1961 40953 Par Portogsl Sve 1, tl x Por Sonupereents fide paice, lam deslgumas das ova relerdos, Wool 1S {Sora ttigraia chan por Widucel 199) 89s» Dolo 158 da é (do teinido durante todos os stculos Xe XII peas corren- tesinteristas) dein de ser possivel pots ox campos de exec trode wna e de outa aparerem delinilados:Embors, no came pod teologia a inttomiseo dos procesosraionae aprendl- Ebsidoshideofospagonyegoneromanos aja suse nas dlcipinas mandanss, desde o to e moral sta Hosta © Sita natura ve vestgagi tnteleral le repr ifetnunse portant ua attadefoasien que poseremos clasifar de ets ede rca, Deealista pg = pro poe investiga no od o testo sagrados om da atridade $item da coves ss propia natreza da cols. De rch- paisa porgue procuralevara cabo etainvertigaggo com a “io de proestos racionais, process estes cuidadosamente “iscipiados por gras de“ pensar correctamente™ gies) Spredids ds soles cisco (bread, de Arittles) Todavia,a ela de que odio reportrioda experi. cia, letra ds natura (avin) da cosa consist ma con- junto de norma qu ointrpeteposco poder alter fazia com Sue, pare cs Comnntadores como para oe Glosadores, a ordem Jina teprsentase urn dado basiamente nist sin UUs quande case mostasse contradtriaedesactuaizada Por tanta laefadeatonlizagaoe deaiteratizaciodo direitos {Tose fandamentlment elzada no interior de uma ordem ppfhds sutontaramente apaecendofrmalmente como theta de mera interprets ‘Ao servigo da interpretacio fo agora colacedos meio I= co-dogmaticos imponentes a maior parte dels provenientes Eirenovagto login (gir No) subsequent aredescoberta de importantes textos artstotlcos (Tipzos eElenos Soft) Tolesta upturn no plano dv ratromerosintelectantgue ‘permit aoscomentadores cha inves dope que, por Corresponderem tam a asptagdesnormativas dose ene tram tomate dados permanents da utrina poser Poe simpliliando um pouco, se pode dizer que acti de dos glosdores era sbretudo aaemica, a dos coment Glores-tabem simplificadamente pos quase dos foram po {essoresurversanoeflmaisfroquentementeorintadapan. 3 ular ria Earp = a rica como consultores ce magistrados ede particulates. De fatto a parr dos mesdos dosse XL, tinh srgidea dosti ~naturalmendefavorecida pelos propos rises de que 0° Inagistados fequentementeponcosabedore de dre (o. {humm e sem dinheiro pager # um bom assessor permanente “eva por dts e bone costes” soscarsecon ut espocalista, de tal modo que, comoescreve o portage Joo de Deus (om 1253), "stanterncootmeaprovado ques seta. ‘a nto se tome definitive senio com depos de conseno dos pests” [st eto approbata consutuda ut non erat dition [entntin are consti spinon] Esta erature con sxsera de resto mais ica Jo queameramene eosin, Poi, to passo que esa lina pod reproduc apenas opnizosin gular do profesor, a opinin do consulente iia que da coma Abestado da questo, segundo asopiider mats eebidas [aja ‘que for que digam ao da alas, ao julgar, quand ha varias ‘pinides dos doutores, ¢ de seguir aque for comprovada por tlgelemanoy fan de Mana ci por W718 Este novo modelo de pensar sobre o diritoesteve na or gem de teria figuras dopmatias nove. Ente clay retramse a segunts, (0) Aten plural das tes ei, das laces nite oshomens eas coisas re). Aconsério do que hoje acontece, em que a zelagso ene ohomnem eos bens Ape Lombard, 197,127, onde se poe ver un completa export tora dos arpuntion no ci comune font Pe Sex, ‘Becontree abn Vents 150 Tsenas De sn Alp pra gt pos en mre is td, disse tabi gues presume ea bra doe pro Sasso cat oo at una depo comum doe dow, ns 3622), "Enconrapr tne derail de ‘ntependencie es parcalidase do contents ae dependence ‘rer Lombard 75 1), ‘on configura como uma rela exclusiva e abso em tresujtoea cosa "odireito medieval conten, anni (0 drt sobre ua coisa) como poder se ‘io exclusiv, podendo coeistir com outer donde tos titles ncn sobre a mesma coon, Naver dade, as coisas, e tem una substan nce tech ‘ontrapartia, diversnsuthdads. Sap susespves ie ‘os plans dewtlizasao, entre i compatoes Seb cada um destesplanos po exist um dirt absolut {ernbora linitado «ene plano) a favor de uma peson Emborso dominio sobre te abides da les roprcda) aja stuacao real mais completa ede ho Tanjuia superior faculdae de autre agua ste lida particular, desde que sufcientemente Sarai ‘cosa, ro dtia de se una forma de domi costa mesma dignidade que apropriedade Istoapiavase nomeadaments,astuages muito comins 1a consituito fundisria medieval como a eniteuse, © fonda, atrendamento per longo prazo, ocenso, a stugio dos istadr do morgado;ou sj astuagdesem que sobre sees ‘a coisa coenstam dritosiuads em diversas pests ge Peta acada uma dels sure de uma uildade™ SBaseada na eferdaTeturs”da naturera das corse aoe trina juridica dos comentadores pode consruateorl do nn dove, seg aqqual ers possvelconcetur como vets dete dno mt ares damn ose inves. Uns eramene por terem um drei sobre n propos rete tna da cos, embora este cielo pass se sper fora > A propria defini como um poder deusarede abst (i, de sar “shimano an sss * Ocatvo.comena posi dren ov dveneul percep deca resin pric relat oo tren, coma nas poner des de Senhora tttes ences a cobra onus fariaon cosa reticd ts ers sie = isch ‘Caledon buoy ~ (gua simples nsscto cadastal. ramos isles dodo- \eiumdrer ttares de uma ct dics acto Funda no {Ire formal) para protec dav eu heon Otros ear. foporemfacednsiunctocm que aver de sufi perma: etn e ua uti da cis, seem come ge Sei ado pla propria coisa (nso pel dito formal como seus ont te ttulares eum don ie da respective tls (aco baseada nam ico que bola da propria rela- Gio de llizacio).Apear da substan da cosa srs, 0 fnctodeodinits tor da realidad david soperethe que umm {lisa psa ter varios donee, ji que o demi visa tos Pe ftisdascotmsendo a sun esenca== i Aplcgi cpacel dos rte arcs ora “ste tetra) O meso po de reino caracterin a sol {fo gue € dada aos onftos espace norma uric Eis. O iri atomedievaldentiicavso problems da Splcacio especial do drei comodapertnéncia sma eco un grupo amano (Pesonetertand). Assi cite deaplario den diet comciia como am Bidet de conn iad or fos desanguee de atin, Ou sj, odie iba ua Splint pessoal, Coma constiigto dos nos esro- ows durante ce sul Dea XI tendeu-e para consi [star dreito como wma emanagio do poder politico tuna ue otvesse eit, devendo a hisrorgoin {Stenormastorvesponderahirarquia dos poderes pl {con Assim, endeven enti por uma concep er torial do poder segundo a qual as lis cevinm sgorat terntoralments, ndependentemente da naveradade Aloesuto nque se cevessem aplica, a stag dos tenon que eferiny dotugar de celebrags0 dos nego Cosjrticos ou do dtltodoforequeconbeca cv Qualquer destay dun concepgbes quanto a ambito de splicngto dos dietosevavann adopt de eto rigs, Sate ema Gros 198 Hosp, 1985, 4p.23. 26 Ain Manvel Hespana snferetesvaredade das stuns propostasdesolugso GQ eas mesmas coninham. Or comentlors- que vivem Shuma epoca em que estes problemas se maliicam, 9 ace {hare mobidaedaspesons- do precsnmente coca eta ‘rede das stuasbes a vida formbland ertrios canst SSseiemumavtandoa questo dosconitesd is dos cits “nics da pertengn“haconal” ou da uo potion, Embors prim da rep de qe le 9 se plea em principio {toe intrdacem todavia intagosineptedas por oles ‘estes contdas nes estos romanos bem emo Por rads sequade. Asim, oscontratoe estmentosegerse-am pla Iesdo local da mua celebraca lo acts)o proceso pela et do foro (efor ostatut pessoal pea edo interns a sta ‘Saojordica deimein ela da sua lonlzgso (ert) ‘Seaton exprimind oped polio (og panic, isaligade Sministaco, et) extavam sjtos igi teeta Es tn solugoes podem ser compendiadssnafrmla de que 0 ance de aptessio das norms eat igadoaoalcance do poder Srquemabedloeamim nce debe imbvencobelioea o terntro.no cas de peso, concie com o univers dos Salaiton”® Nowamente ma enorme ten 0 plane dono toe qe se commana adopo de soles cantina fe esd eaquemas igido, abstraction e mobi 55) loc trl do peste inti), Outro ‘campo ues arfestzesta sedate dos comerr {adores eeagio oder implica na propa reat {iced varbiitade questa comporta@ofina dascor Sas") Goda tora da niger letimoyto do poder ol ‘eo nomeadaments, da faculdae de eit normasart. "0 wo drramuce C1, Canes popubs* Quremon que ten ‘pvor eile sl impet ds posta emanc[TEae pric pre indo da encase cfs del cit de pee polo, “mora defied fora undo crass pene no eons) htt Se ee Cony Cobra rie Earp » dicase de declarar dieito ("iuslicere") Anterormen- te, como vimos, dlominava umaconcepyao autortaia do poder normative eurisdicional, segundo a qual este era “Umatributo do principe, como scessor do Imperador ou ‘como vigario de Cristo (ull ptestas nisi a Deo [no hs poder senso o que vem de Deus), formulacao tipica do ugustinianisma juridico-politico). Todas es poderes exer ‘idos na sociedade triam esta font, sendo produtos de tema permissso ou de uma delegacao da jurisdic (dle- gato turisdictionis A Glosa ainda insste reste carter Pblicistico do poder ao defini aiursitio como “pote tas de public introducta cum necessitate iurisdicend et aequitatis statuendae” (poder intoduzido pela autorida- de publica coma faculdade de dizer o diveto eestatuir a tequidade) * Na sociedade medieval, noentante,istonao ‘corespondia realidade. Fxistiam poderes diversos e de ferent hierarquia e ambito, sem que se pudesse dizer (que sua exstenca decoria de uma permissiodo Impe- tador. A novidade introduzida pelos comentadores(s0- ‘retdo, Baldo) fo.a de afirmar que os poderes existentes ‘rasociedadetinham urna orgemn natura independent de “qualquer concesss0 superior, poisa propria exstenca de Corpos sociais implicaia naturalmente a sua ordenscio intima e esta a faculcade de auto-egulagio. Das que se tenha comosado a tender para uma concepeso do poder police como algo pertencente propria order das co as, que, ao insttuir eorpos humanas organizados, Ines ‘nha, mplicitament, outorgadoafaculdadedeautopro- Tambo corr pace (acon com ese ‘Stes do ode plo scoeriandos deniers estan {carp amps eed [evade ego poe do pa sob ean do seer sobre es ev) € ‘eargoe sora dings ome uncanny prea Stor rcs oes or epunder reese piv sob “nso rasan om Gres 192 3 32 Sle ara eer [mar es espn, 1984, 8,108. 28 Asin Mana espana ‘ogo ("es povos [as comunidades] existem em virtue slo direito das gentes [do direto natural; mas o governo io pode exist sem lise estatutos; por iso, pelo mes. ‘mo facto de os poves exstrem, tm umn govern implies tomo seu proprio se, al coma todos os anima se rejem pelo seu espinitoealma", Baldo, comentando lei Ones opul,D1,22)-Mas, assim pulverizadoe diviido no seis ‘tamesmo sociedad 0 poder nao pode ter semprea mes ‘moconteudo, pelo que teoratrdo medieval da tarsi tio € Ievadaadistinguir varios nives e Ambitos de poder, ‘Assim, no seo daiwisditn genericamente conceblda os jurisasdistinguem enizeaorinaria (estabelecido pela lt ‘ou pelo costume, abarcando auniversalidade das eausas) ‘eadlegita(concedida, por rescrito ou piv, para ut ‘spoespecial de causas ou para ceta causa individualizay da). Mas distinguem ainda, segundo ombito de poderes ‘que enceram,sucessivos sublipos de unsditio* © primeiro 0 imperium, conjunto de poderes que ojuiz (0 titular do poder politico) exerce por sua iniciativa, O imperium lencontra-se, por sua vez, subdividico em merun imperium ("3 jurisdigio que se exerce porinicativa propria ou mediante acu. sasto, visando a utilidade publica)” englobando as facule ee att cn nn ne ee Sie sem erat isc te annem nt omega me ers oe ela cies cena Pre een mentee ett (ef ais es tipincpe a oS pamper ‘Sper Sr ean Sie sate Gavia pee canto eee ome emer spt tor Sagas taconite scence ae lc acres ‘Cura juriicnEropa 28 dades poitcas superiores que visam a utlidade da comunida eno zea dove mtiinpei ques ject va propria visando alguma atlidade privada”),abarcando as Taculdades de actuagtauténoma do jie tendo em vista rea Tizagdo de um interesee, no ja coma, mas particular ‘Quanto a lurisdicto - que consstia na faculdade de dizer 0 ito uma comer que dsinereesprteuates¢conty ppostos entravam em confit - ela ineluia também as mesmos Seis graus, definidos agora a partir da importincia da cawsa ou {uestio.* Em suma, esta concepgSo naturalista¢ hierarquiza- dodo poder politica permite dar conta da pluralidade e coexis- tenia de poderes numa sociedad corporativa, como a medic- val permitinda que eles coexistam harmonicamente dentro das Tespectivas esferas de vigencia ‘Tape nist ingerome encore macs spe deacerdo “oma injuries dow eeosprodusidos eo grow do conbeciments ds et cape pets evrei O mst pron negra gees ‘pei que mpm ops dun sore gel ‘Ev ereasegarteuay ow ate, can em ques pence once lr ‘isa focldade) epenenve de wre nova urn cents caso prt (Como no case de nancy da leita, de concede bene See res Oma ll pe der om ea ‘SSndos tlinde portealor como. temiosposeserios tdi ‘asin psseno, et) © ru decree son mesma al ‘The mae desprovaon de wao coercion og dno iors rome ‘Godeum save) sent or dos lames gous. ages ordene que ‘Sperm mobilestam msor de poder miro Cmo sfecaldode ce ot orcrtn actor process (nso posse ex primo feo uo aren. Pal ratte maxing enewam sass queen 80 ‘Suut cs pessoa erie cdr) uate, No seg ga (Gnade ma) a crsa us poses iver pata de pena copo- (tocase de ncumpmente Se deco do tuna fap prs pot ‘egy No rc funticemap) nce dar noes devon ve Uo oto Nos stants ios outorcausne denne patinon ‘Mas o impacto mais decsivo da atividade e do saber dos ‘comentadores sobrea vida urcics, politica e social europeta fo! «onstituido, mais do que pelas suas inovagdes dogmsticss, pelo seu contribito paraaconstituicdo de uma categoria socal ual assou a car cometida a resolucao dos diferendos sociais com Fecurso. uma técnica racional, emborasuficentemente her tica para estar fora do alcance do homem comm. A categoria dlosjuristas~ pois a ela nos referimos- passa, entio, a desempe- thar um papel central no equilibrio politico e social europeu Incialmente, na administragao centrale na diplomacta, iat do, portanto, com as grandes questoes polticas da sociedade; mais tarde, na administracao local ena aplicagio da justia, a sumindo entio um papel arbitral ne quotdiano da vida social, 5.6.0 modelo discursivo do dita comum europe ‘56. Ginese do modelo do dscusojuriden medieval A origem do direito, a natureza dojusto, sempre constitu ‘ram, em todas as épocas eem todas as sociedades, quests ef aberto; paa lhes dar resposta se tem elaborado mitos e dout- ras filosoticas de musitas matizes, Fundamentalmente, as pos 52s tim osclado ente volutes eo macionalisn, Parao voluntarismo,o dieito€ 0 produto de uma vonta- dea vontade divina, a vontade do legisladar ou do principe, a vontade geral-cujoconteudoe, em principio, arbitéri. Dale 6 jerista apenas tenha uma forma de descabrir 0 que & justo interpreta da forma mais humilde possivel, a vonfade da ent dade que quis o dircto. Este toma-Se, assim, num dado indis- ponivela que o interprete apenas tem que obedecer. Para oracionalismo, pelo contiaio,o dieto constitul uma frdem pré-estabelecida - inscrta na natureza humana ou na natureza das coisas -& qual se pode aceder mediante um uso adequado da raz5o ‘Os efeitos de uma ou de outa atitude s80 opostos. [Nas épocas em que predominam concepgoes do primero tipo, parece haver uma poquena margem para se exeretar uma Cota Janda Eeropeia a sino ‘anreeetiamemane louie cima ates abe Fel etait bein stamesckdane elai Sh Somnammemanigeenaecr a eens aaipeeae neal anitbicitanie tena Ginna ovemmrttertata Seer he become sana Snipers tnenecbieg ina Taantceaiicanatemte Ee Tactician Sioetimateanetstemelnte ighccme wan ieeetemnnas 5 heumaonc poesia do leet romano em gi ots se ‘mam une spanner even doles edo ep da ara pena Fate don oentndorer os ron no pois cncrnn Intelectuas © que se esta ¢ a alterar a norma indessjada, simu Tanelo que apenas se esta a levar a cabo a sua interpreta. CConeiinelo. O nascimento da dogmsticajuriica ligase tanto a uma erenga teerica no poder da raza0 como a uma ne cessidade pratica de usararazio, para actwalizar,sub-repticin- mente, normas consideradas inderrogveis.E isto mesmo que poslemos verifiar na formagao do saber juridico medieval: =, por um lado, podemos ligara ubertagso da rao” consequen- tea revolupio escolistica,"' no parece menos correct relacio~ navla coma atitude respeitosa dos jurist perante os textos da {radia juridica, o que os obrigava a uma acividade que, son- dloprofundamenteinovadors se desenrolavasobacapa de uma ‘mera interpretacio,s6 possivel, no entanto, com @ desenvolvi- ‘mento de um imponente instrumental ogico-dogmstico Sintetizando as duas pasigoes, podemos dizer quecone _gem na producio do ambiente favoravel& constituigso dn con tna jaridiea medieval coi ipos de factors: i factores "filo- sofios", que contribuem paraacrenca do poder da T8280, i) factoresligados ao modo ee sr do sistema das fontes de direi= to, que ria aos jurists a necessdade de se serviem da azo, Para além destes, sto ainda relevantes (i) factores “institucio- nas", os quais vem constitur 0 ambiente institucional favors vvela0 exetccioea0 desenvolvimente da “18230 juridica” 5.6.11 Faetores Hiloséficos ‘Toda Alta Klade Média até ao advento da escolisticaacei- tou, sem grandes desacordos, a sintese teologica e ilosofica de Santo Agostinho (951-430d.C),O augustinianismo juridico tr sluz-se precisamente num voluntarismo. Na verdade, parao bis- [pode Hipona,a nieafonte dedieita a vontade de Deus; om tade em geralinsondive, mas revelada parcalmente pelas Bs crituras ¢ manifestada em cada momento pela ordenacio pro- videncal da historia. Dagui decorrem varias consequencias ponds ta Vile, 19504 Cats uri Europe wm Primeltoainexisenca de urna ordem juridca object natura qual certs alos cativessem inevtavelmenteconde- Too otros ecesaianente permits. asin Santo Ago hose por ata lgitnade de certs actos (pines ‘ts njstos) por se inserter um plano divino da Slvass0 inocesvelayacto humana, Nesta perspective, se cotss io 0 turds por Deus porque sj juts asso ute pore ue spor Bows eos com eg consoutnei aptni d so part ating ocrterida justiga.Eectvament, este critio Cenaiste na, digamos,vonade aritriia ce Deus ecta=]s0 di femor-nlo pode sr atingida por meios humanos,restanco apenas come aime recites submsto aos Livros Sagrados hos poderes constitution terra por graa la Providéncin For alto, ests acelagto dos poderes constinidos (pos too gue tram asa atordade de om especie de manato tivo (E por Mim que os tranos rena") implica» aceta Cfo dos dielos positives terrenos (por inusts e morals que Sohn), pol eles feria urna azao de ser escondida unset do octte, na historia da Salvagio altri e-racontinne postin tis 0 ogre dlentes que augustinianismo tz so entencimento do dito ‘da primeira dade Media * Qual dleso mas contrsio 8 cons. fuga de uma “cénca do ust edo injusto”-De fact, a eta Iara nica actividad legtima do jurist ea lira Bune ta submiseio passva em relagio a0 dito revelado ou posit. ‘ro Aderindo'a Ee viveremos com stig’ esomos tanto mais ‘4 tanto menos justos, quanto mais ou menos a Ele adevimos", Fp. 204) Es eng ern Agni vpor td ily 6, on ‘idee anchcano Dune Sertoe Gules d cam, os ua emo {hao fem nota vil eto na org do pormenta unico moder, ‘setament, da inte postive es dos ns sco ‘Soret deg, lent rend forma (eter alsin) Sore indore ores Vi. 18 Todo este panorama se modifica, n0s fais do século XI com o renascimento do ensino laico, com a revalorizacao dos saberes mundanos e, no domino filesico, com o advento da ‘escolisiea (ou "saber das escolas”) No entanto, a filosofia medieval mantinha da época ante- Hora ideia de quea razso era limitada, de que em muitos do- rindos ~ no podia haver uma posse definition da verdade das coisas. Mas que apenas se podiaperegrinar para a verdade. Por isso, ndo se podia exclu, de antema, qualquer ponto de ists {eorico sobre um certo problema. ‘A snvestigacao intelectual adquite, assim, um tom dialo- ante, am queas Varia opinides sto confrontadas eem que, mais do que uma solucdo defiitiva,interessa o por da questa0 =O alcance da verdade ¢ encarado, nao como tarefa que possa set Tevada a cabo isoladamente por meio da razao individual, mas ‘como uma obra colctiva em que todos colaboram, na discus ‘ioe no confronte de opinides. esta humildade perantea "ver dlade” das coisas que tora simpatico o pensamento medieval, fembora nao sea deste genero a ideia que dee se faz, comum- mente 5 Aitido eu ND, um ds araue do pensamento “eesti” nasa ‘dle be Sen, nce um dos etmpes rn WreeSo qu cber ‘or de ler A purtnds do princi se ue primer have i ep ‘rcs € uma anda om funds rrogat [-]pls pls vide Ch amor itrrogors pn nterogan aprenden ere” etc copper ttre Tren qual comtadici, eta compa de proposes Se came “Sim isan deeeretar os sus tore musa da verdad Ege ‘evsnon itl em que, depois de saunas gusto oligem Foe estos contaitrton sem aera quale conluao (ec: XX, Quod Se Oa ORV i a oa er at inka contua esa dbase de snr do sabe A mesma ‘rgnisasa por quests quasi) ov protean surge a Suma Te ‘Sipon de Fonte Aina embora a0 urn permanant Cra urea Europea a Assim, © pensamento medieval dos séculos XII e XIII-e, concretamente, 0 seu pensamento juridico ~ ¢ um pensamento ‘de ipo problemi, e nao sistem Isto & no se preocspacom, {que as Solusees dada aos problemas surgidos nurs dos ramos {do saber constituam um todo lgico isento de contradigio (ot Seja, que constituam um sistema). Mais da que a perfeita inte 7apio das solucées numa unidade logicaesistematica, interes Sselhe a adequacio destas aos dados concretos do problema a {que visam responder. Dai que oensino a propria literatura te- Grica ndo se apresentassem com a forma -hojecorrente de ex- osigdessistematicamente ordenadas, dotadas duma anquitec- tra Jogica bem visivel, mas como colectineas de solucoes de problemas controversos (cass, quaestionsdispuatac, et.) ‘Tudo isto se refleete no pensamento juriico ‘Agora que a razso tema sua “carta de alors", teoria sugustiniana das Fontes do dreito deixa de ser aceitavl. Parag pensamento escostco, cuja figura maior €S. Tomas de Aqui no,o direitocontido nas Excrituras (eto dvino) ow aquee ei- {ado pelos rei (dieto psitto) nao eram os elementos decsivos para encontrar o ustumt a solucdo justa, que constitua 0 corpo Ao dieito (iusest quad ustumest, 0 dieito 60 que é justo). Esse stun, esse dieitodecisivo, era anterior atode oditito positi- vo, estavainscrto numa oniem natura, estabeleida por Deus, mas 8 qual Ele proprio obedecia** Eesta ordem era desvenda- vel por um use correct darazio (cla rato) Le, por um.uso da tazdo diseiplinado por certas regres de discorrer. O direito, portanto, deixa de estar too feito nas fontes de ‘A evolucio da vida europela nao iria permitir, por muito mais tempo, um respeito t39 absoluto « exclusiva pelos textos omanisticos. Todavia, e apesar dns tendéncias reformistas a referidas, mantém-se hem viva atéaa fim da dade Misi, a5 de que o direito consiste num conjunto de normaslegadas por Juma tradigdo dotada de grande autoridade que o interpret 36 dlifcilmente pode alterar, a0 sabor da sus inventiva, Taminem ‘gui o ideal de “vee exame” ainda extars para ehegar. Para os Comentadores, como paras Glosadores, a ordem legal justiniancia representava um dado quate indiscutivel cj valor autertirio era o relexo da autoridade juridica a meta Fidica que os uristas medievais atribulam ao Corpus tris cialis na sua fotaldade. Portanto, toda a tarefe de actualizacaoe sis- tematizagio do direito tera de ser realizada no interior de urna cordem prefixada autortariamente, aparocendo formalmente como wma tarefa de mera iferpetago. ie quer der queoslosdres mas so dst. pris ‘ico romanoe Ale arid cls propre sds emplaoe ine» desma de “Coys, pee que he comps see eso ‘lo com anno, sebragan-s snes tacts gus prone ‘Cora Npus ri Nn su fe nein tana areca aah ccd doin nee flows canextade tigen dos exepeass racer surgim i esa ele os brocade num prod deans pura os owes ‘Smpon at summa Sobre exes aps Sl ise Pha 185878 2 Aso Manel Heypana E ao servigo desta interpretagio que serécolocada @ nova logica da escolistica. A argumentasio dos jurstas,o modo de estes organizarem o seu discuse, adquire agora um tom muito particular. urgem concetos, modelos de rciocinio, temas in- felectuais, que s6 por ele so usados. Em suma, ¢umnovo do- ininio da saber que se constitui -a doutrina ou dogmatic ur dicacujoe cabousueitos sao estes jurstas dos secu Xl e XIV, 45.6.1. Factores instituefonai Agora que, come acabamos de ver, falar sobre o ditito se toma uma taefa dif dtada de regraslogico-dilécticas que ccumpre observar, implicando 0 uso de conceitos especiasos, € Impossivel a qualquer um encetar,semmaisnem menos, 0 exc cicio da funcio juridica. Esta exige uma aprendizagem teorica ‘muito complexa que deixa de estar aoalcance do pratico. O dr reito vas preisar da escola. Ao espanttaneismo ou a prudentia fturida da pratica val suceder-e naprendizagem toorica nas Colas universtitias que entio se multiplicavam por toda a Eu- ropa. Em todas elas, ensino do direito ocupou tm lugar mui to velevante; mas temos que convir que elas ocuparann um lie {got ainda mais relevante(imprescindivel mesmo) na evolucae odiretoe, através disso, na cevolugso da propria sociedad. Em ‘boa parte, a Europa Moderna ¢ 0 produto de uma imaginacae social cultivada nas Faculdade de Direto Por outro lado, a caracteristicas do ensino universittio de enti potenciaram ainda certs orientagoes metodologicas tras referidos, ‘Assim, se coma ft vimos -o modo de ser da tarefa “inter pretativa” dos Comentadores exgia a ublizagao de uma uter Slagem logico-disléctica muito sofisticada a vizinhanga inter Gisciplinarcultivada nas universidades medievais failitava, conwvidawa ate a que os juritas importassem para os seus do- ‘minis os metodo utilizados pelos seus colegas fil6sof0s og cos etelogos, das Faculdades de Artes ede Teologia. ‘Do mesmo modo, o caracter argumentativ etopico que justamente resonhecide ao saber juidico medieval no pode deixar de ter sido infiuenciadlo pela propria pritica da discus- Slo, da discussao livre e generalizada ~ uodbic das instituigdes universitarias Ba partir dagui que podemos considera a funidagio das tuniversidades como um factor institucional do aparecimento do Saber juridico na Baixa Idade Media. 56. Aestratur discusiva Come dissemos anteriorment, toda obra deactualizacio « sistematizarao do dieito exigida pelas novascondiqSes da vida social europein e levada a cabo, sobzetudo, pelos Comentado- res tinha que o ser soba forma de uma interpretagso do direto romano-justinianeu em vigor. Efectivamente, exceptuando 0 [parénteseconstituido pelo sentido gerl da obra de Sto Toms, © pensamentojuridico medieval era -como a vimos -favorével | identificagao do dzeto com a vontade do legislador. A eae ‘dos textos romanisticos e, bem assim o curso da vida poit- «xa época dominada peas tentativas de centralizagSo do po- {er dos principe), sugeriam uma concepea0 mondrquica do sireito, em que ada edigao do direitotendiaa ser considerada como exclusiva do ret (quod principi placa legs abet vigorem [squilo que agrada ao rei tem a forca deel) ecujos reflexos t= ‘rics ¢filosoticos aparecem em Duns Scoto e Guilherme de Ocearn >” Posto assim, diante da realidade conereta de wm sistema, juridico baseade sobre normas com origem numa tradiga0 do tada de enormeautoridade,o jurista devia inevitavelmente pa lirdo texto normative na Sua taefa de conseguir uma regul smentacio juridica aderente a nova tealidade social. As dscns quai (da expresso quali «fe uo ite aera Aloguese quer) eam decuster patie persicae em ad st “riveree medivns em un epi den debut arene, tre guntaquer quests evant po audi, roles va a Spero or n Sloman, 58 5257 ~ Antini Manvel Hepa Deste modo, os objectives do saber juridica coincidiam, ormalmente,com 0s dainterpretacio, embora, no funde, 05) tists tivessem em vista muito mais do que a interpretagio dos textos. Na verdadeo fim principal da exeyese no consistia em averiquaro significado historico do preceito lepislabivo, mas 0 Seu sgniondo jaro e racional. Isto, iteepretaggo tendia & descoberts (a colocagio..),nas palavras da lt, de prieipos ju ions dominantes na patie na cultura do emp A realizagio de uma tarefa deste tipo que, no fund, con sista em fazer dizer a0 legisladar aquilo que ele no tina, de ‘modo alg, queria dizer exipia, coma se disse, mets og covdlalécticos adequados. A eles dedicaremos agora alguna tenga 5.6.2.1. oposigio do “espirito”& “letra” dale ‘Uma primeira forma de proceder a uma interpretagio ino- ‘vadora era a oposigio entre o texto da ei tera) eo se esprit linens) ea aribuicio de um valor decsivo a este tltimo. Tal distingso baseava-se nos prineipios Fundamentals da flosofia da linguagem medieval para a ual as palavras foram ‘ladas pelo homem para levar aos outros coniccmento ds seus pensamentos ("na veedade, a palavras |] s200s snais daqullo ‘gueesté na alma” esereve Giason cet Maino, sé. XV). Aatibui- ‘Ho de um valor decisive aoespirito dali procurava apoio, quer sha maxima de, Paulo "ltler oc, spats won” a lta ‘mala, o esprit ds vida) quer no preceito do Digesto "sie e- ‘ge non est verb earum tere se om ac potestat” aber as lis ‘ho ¢ dominar a sua letra, mas o seu sentido e intengao), Cele sus, D, 13,17 ‘Mas, para alm destasaz0es de ordem teérica,justifca ete procedimento interpretative o facto de ee sero Unico processo "Suir dius rico medieval pana de Vile, 1961, e Mora 1958, at iin Baropeia m de tornear as dficuldades posta por alguns testo, liteaimen- te opostos, aoe interesses normativos que os interpretes quer am prosseguir. Assim, quando formulava uma repra que, nos novos tempos, no podia ser aceite em toda a sua extensio, © {nterpreteafirmava que tal regraexcedia a vontade racional do legisladoreinterpretava-arestrlamente no. aplicando a cer tos casos: noutrassitagdes, pelo contrsro,estendia o preceito| Tegala casos que ele, maniestamente, nfo vsava, 5.6.2.2. A interpretagio logiea ‘Mas, para alem desta tarefa de actualizacionormativa, r- alizada atraves da oposigao entrea letra eo espirito da le, eali- 2za-se também em sede interpretativa, um importante trabalho de sistematizacao, posto em pratieaa partir da interpret ‘gicr dos precetos. ‘Ainterpretagio logica fi um procedimenta hermenutico aplicado incialmente a Sagrada Eseritura e que constituia ure ‘meio termo entre a interpreta literal (agartada a0 elemento {iologicoe gramatial dos textos) ea spiritual (que quase des- prezava o texto, envolvendo-se em divagacses simbolicas). A {nterpretacao logica, pelo contaio, parta do Texto, mas consi- dderava-o camo expressio de uma ideia geral (rtio) da seu at- torque, por certo, nao dedaria de estar presente noutres pas- 08 da sua obra, Deste modo, o texto nfo pode ser entendido endo pela sua integracio no contexto. 50 esta integracso per rite a extraceo das ideias informadoras(dogmata) decada con texto normative (“instituto” coma hoje dizemos),ideiasessas {que conetituem o apoio indispensivel para a interpretagso de lum preceito isolado. Dat aafirmado de Baldo (século XIV) de {que "scintia Qegum) consist in medula rations et noni cortce Serpturanum” (a ciencia das leis consiste na medula da aza0 ¢ ‘nao nacasca das palavras escrtas}>™ Si por Mon 1958.67 A investigagio da ratio eis era conseguida através dos pro- cedimentos ds dialéetica aristoelico-escoatica, nomeocamen- te dos expedientes,adiante mais detidamente analisados, da efnigio, dvs w da Anaogia ("0 processo tedrico correct de procederétriplo, isto ¢ define divide e progride porexemploe liz Baldo). Através deleseram isoladas a essenca (substantia) dlosinstitutos;asinstituicoes ow figuras juridicas mais vastasem ‘gue cles se enquadravam (genera) os carateres expacificos que ‘ontinham em relagaoa outs institutos enquadrados nos mes- ‘mos géner0s(diferentne)as analogs formats ov materias que mantinham entre si(simlitudines) Tudo ito efectuado, come i se disse, nos limites da interpretacao logica ¢ com o recurso 3s regras logico-dalécticas de Arstotles, que passa a ser ofil6so- fomais ctado entre os jaristas Em face do queacabumos de dizer, logosereconhece que, sob acapade uma interpretagaolgica,a doutnaestavaatlevar cabo lum trabalho altamente eiador. "Foreando” os textos com aio de instrumentaslogico-dalecticosfinamente elaborados, ela ia ‘consiruincoumsistema de conccitonjurdicasadquadosa respon ‘der as necessidades da vida sua contemporinea, No tabulho dos (Comentaclores, éessencal rear nio tantoa dependéncia em Iago ao text por eles sempre eafirmada, mas, pncipalmente, rogressvadistanciaio em rela ao conteido origindrio das regtastextuais.Paralelamente com esta dstancacio (ow talver ‘melhor, em virtde de ela exis, vatse desenvolvendo uma ces centeconfianca nas possibidacls da razdoe, consequentement tua progressva valorzagso da atividade doutrnal dos juntas (odieito.na verdade, nao pose prosperar se nao hover algum jrisconsulto que o tore melhor pela sua interpreta”, Luca de Penna, século XIV, "Sem Bartolo ecetos outros interpretes seus 0 nosso direito nao exist", Alito, século XVI)" Mais tarde, nos fins do stculo XVI havers js quem escreva, anunclando tems tro Sper tlde dna ene Cuba rte Europe = 5.6.2.3. Autilizacio da dialéetica Ivistotélico-eseoléstiea e, especialmente, da topica Nonimero anterior falamos de dois expedientesutiizados pelos jristas medievais sobnetudo pelos omentadores, par, {0b capa da interpretagSolevarem a cabo uma obra pro dlamenteinovadoradeactusllzago normative de sistema So do cizeito do seu tempo. Um desss expedientes= inter Pretag login mplicava, como diosemos, a atllzagio de umn -nstrumental logicodalectico muito complon, através do qual {oss possivelaelaboraco sistemaca de um diet por nat reaaabsistematico eatecontradtrio™ Talinstrument for ‘eco pela dileticaaistottico-xclitca, ‘Adialéctia para a tadigs ariatotlco-ciceronian, sare dedicat. discussie caracterzase, que formalmente Quer ‘ot na sua forma, se distinguide outros tpos de discus)" quer materialmente i, quer pore ince sde assuntos di ‘ues, use, assuntos sobre os quaisnSo-hsafirmnage e- ‘ssaramente cera) Ene segundo sspecoe fundamental para ‘Scaracterzagso da dalétca, Uma vez que nih no assure tos dialecticos, afirmagoes indiscutivelmente verdadeias, ue corte definitivaments as questoes (pois entio a propria discus. So seria impensivel¢ sempre possvelencaat om problemas em aberto a parte de varios pontos de vit, ou sj, progredir. Na verdad, ocomplenonormato cooked parte da silo Xl por “ret coma ea corto por normusdeVaasoigens anima, for eses por pncponcontadnon, ™ For exemplo dh rao oa) - que vlgarmentechamamos “discuss au reulaenigio ve dias retro de dma cr {asst estudacns pia palin Enguane seraaosecaracera por tr {vata a obteaio de fetios ets a dacuno ca demons Simo atcaamo do saben drtnginds snes pongo prime = ae do ques parts so mater sre provives ne recni ama plave,nceptvas do cuss gee homes tem ue Inara odieito tare doen edo.sqstue) enquana gus. Eoecmilodavavess pn detomaia noose > =m Anni Manuel Heparin paraasua solucio com baseem argumentosdstntse, por ve- 225 aléopostos A dicutsio& portato un andar 2 vole da questo, perspectivand-n de diverse pontos de vist, atacan doa por de diferentes consderagoes (ow arguments). Sendo asi a farefa mais importante da feora da scar so (ou daletica}¢ encontrar os pontos de vst o argue tos. partidos quis as quetSes podem ser considerada Tal tacla designada,nalinguagem asoticoceronann Ports incenendi™ ou tpca send estes pontos devs, drectoeeda argumentacd,designados por lugares (ou pcos (opa). Opensamentofuritco da Baa ldade Medi recorreccon- Linsamente aos proceso dialiticosc,nomeadament, 20s tmétodospropstes pla tpica para cncontar co atgumentu Eno por aco. Ia mes, de fat, que a grande tarefa do pnsamentoju- ridico desta epoca oa itegragao do dreito romano, caneniea, feudal urbane numsistema dno domanado poe anes prin cipiosjuriicsactualiados nto, tradurisom ade smente as exgencas da vida ecndinico-socal de enta6 Toda: i, cada um destesordenamentoejuridiostnhe os seus pro pros pontos de vst rai do queso, a sua propria font de lesiinidade- Fram. por outaspalavra,ondendmentos event aliments contraditrtos ene sh mas undamentalmente stone tnos Tal como on diversos ports e vista no Ato de na Aiscussfo. Dal ques sua compatbiizato num unico ondena. ‘mento constitulseuina das fi tatefas peas da arte da csc sto que, partindo de perspectives diferentes, tent organizar © concenso ene elas. Um conseno, em todo o cap, duende re ‘daca eopectcdade ¢aatonomin de cao um do divers opostos ponte de vista, Dealguma forma, pratca da dats sto va organzando, em etpasmicsnvas, principe conse suai de Ambit sucessivsmente male gendsco. No enfant medida que eval subindo ex geeraizagao,oconsento ase tomando mats superiialO acordo nods sepeto tan Are de encontrar (os argumentoe qu svi de bee argunentaco) cata rin Earopeia 1s pes carregadas de contetxiosconcretos-astuacbes“espessas {dhck, M. Walzer) -, mas a formas gerais e muito esvaviadas de tefertncias concreta thi, i). ‘A tooria do discurso ea metodologia juriicas de entot- ‘nham conscieneia desta debilidade das formulagSes muito ge- htiea,insstndo em que “da regra [genética] nao se pode ex- trairasolucio urica[conereta, send antes desta que se deve inert a era” (nomex mogul us sua, sed ex re quod est re= {ule fat, D 50,16, ow etn que “toda a definicao [re formulae ‘ho genética] é perigasa” (omnis defnitiopericlesa es!) E, por {iso estavam bem longe de propor uma axiomatizagio do sa- berjuridico, ow sea tama equiparacio do processode achamento {Ga solugio juridica a wma deducae axiomatica do ipo das que se utlizam na geometia. ‘No entanto se virmos a coisas de uma perspectiva histori avo que as escolastrdo-medievats vio levar acabo éa consttus (ho daqueles pinspios mais gers dedieito que, mais tare, nos ‘Suloe XV e XVII iro ser tomaclos, plas escolasjusraciona- Tistas, como axtomas juridicos partir dos quai se possa proceder “dedutivamente, Assign historicamente, periodocompreendido ‘enteeosséculos XIV e XVIlcorresponde aformnpio “indutiva” do “Gstemajuriico” exgido por uma cera mundividencia, "A partir do sécilo XVII, 0 sistema esta perfeito, 08 seus axioms elaborados, 0 pensamento juridicolimita-s a expli- Clos dedutivamente - 4 a pondectsten(t, infra, 83.3, . Tanto ‘ais que, por via da laicizagio do direitoe da sua separagio-em relagio a religiioe A moral o dieito se torna numa ordem juri- SRT acum te eat ocx it eta re Made fom bn et Ii tie ec writin hiegnooaelecesreumconcncone SEE ioe tn ee be no peers sl Sinha Sune qc eve eres Fors a eral niet eve eed anton weaeuteemyec ace poate gan samtdeen goes Seventies pros det Bs Ani Manel Heep dca “fechada” No trnsito do século XIX para o século XX inicia-se uma nova tarefa de recomposigio do sistema, pois a introducao de instiuigoes juriicas exigidas por necessidades hnovas origina uma crise intema no sistema jaridicoconceitual, ainda hoje em abort (fifa, 84.) Uma tal tare de uificacio de institutosjuidicos por vezes {Wo dspares exgia um esforgopenaso, tendentea encontrar porto derista a partied qual se pudesse achar alguma unidade ou lign- ‘80 logic entre os nstitutosconsiderados Ora kena de encom traros pontos de vstaa partir des quais qualquer questo pode ser encarada era» como j se disse -a topica. Observando as suas te 1735 os jurists sero capazes do encontrar as vias perspectives Segundo as quais um institut juridico pode ser enfocadoe, dente todas elas, eacolher aguela que melhor permita prem destaquea sua ligacto a um outro institute ou grupo de instittos. ‘Una primeira perspectiva de um institut juridio pode ser obtida através da sua defini, realizada nos moldes aistotei- covescolstico. A definigdo "ort qua i quod deinturexpliot {quid sit”, proposicao que explica o que ¢ aquilo que se define, Cicero, Topict, 26) era.a expressa0 da essencia de uma coisa ¢ slovia ser formada ex genereet diferent: ou sja, devia consistir na indicagio da categoria gral aque perteneia odefinido (ge nero) acrescida da caracterstica que o distinguia de outras ret Iidades pertencentes a mesma categoria (especie) * (Ors bem, encarar um instintojuridic através da sua det Vs sobre echamento (ast eferecia) doe juridica moder 2» ED ci) um ono (ger) plo gua ma peso ran {ie aio tat ate ate renga Por suns, ‘tide ue ea genre net defined Conta) pd ser tem ok eso dedefiuco. “ona (tts) ame au geera) em oe ‘dr ate arsine i de re oe ee roc irene)" Nemes exemple sev chrmente ues goes vee {ova orl de que o denis ec a rome scarce gu i Lng defn dos uta eepeces ue com le integra nga no ‘Ecempl, compra oven, ach, mato os Felcher fenguesbha detrerou dite pars ma das pe} Clr uri Earp w nigéo contibui para oenguadrar num principio de sistematiza- 80, numa sisiematizacuo por assim dizer “regional”. Efectva mente, a definicio ex gener et diferentia implica a formagao de concelios generics (como relaciojuridic, negocio juridico, et), {esconheeldos da dogmtica romanistics,em Fangio dos quai Se relacionam certas figuras jardicas ate af aoladas™ Estate Incionasao, por outo lado, poe a nu as semethancas eas die: sengas exstentes entre elas e permite a individualizagio de sabgéneros (ou generos menos geras) "A perspectiva da definigio (ou “lugar da defincao")"era, portanto, utlissima para levara cabo uaa primeira tarefa desis. tematizagso, pois considerava os varios institutos juridics i togrados em generos mais vastos, os quais por sua Vez, se orde- znavam nowtzos ainda mais compreensives. Definir consists, ‘um instifuto nam sistema de conceitos > Aad carriers ace pin emi pei mena ‘Frenne lcagt,o mates Trac coat i dene praetor ennng a cero Tins do chmado net afro Os ange diam qc ets pore pec deenfoque dar questo hpare ox tape’) a ea nmencruntEefavamene asia espa hagu) donde a Eft una quest forcce nee aputentes prs secre = 8, fora uet" dopant" de argument sguns Sor as poe see Parson dalectosemvisa No meso as, ofimem ithaca Stemateaci do deta pode sere come sabes deverno ‘= Umoum ro daletcosdena ste ealogi t8vir- ccs fonts arena ee ‘Saou ner ein nara gor ocompcs. ‘ttn dene singe cme ara adrian = am am cneearanet oho Ss nos aio ve timenorme prot no prsmentafurice dss joa pont dese vs ‘imoequ! gush edge eee” (qm ben tings bem ea) iSietrecrd vise oper ma poem oneness dace Jitsu» panes Segue anon oe me at ‘Ecma (ones Ian dang umbem ra ro evens gas \Vimos a grande importincia que a detnigso podia ter na sistematizacto do sistema jurdico; mas nem sempre este pro ‘cesso era suicinte para uma tareta Uo drlua. Muilas vores er preciso procuraroutzas perspectivas dos institutos sob as quals Se pudese levar a cabo ligacoes que o pont de vista da defini- {40 no perma. Assim, por exemplo,a perspective das uss fo instituto. Sabe-se como Aristoteles distingua entre causa material (ou substanca) causa formal (ow exstencia) causa efit ‘nt (ou elemento enéico) crus final (ou finalidae). Uma ver ‘quea causa material era equipacada ao genus ea causa formal dliferentia, as Unicas perspectivas novas exam as das causa ef lente fina. Electivamente, ainda que nto fosse possivel rela ‘ona os institutes do ponte de vista da sua esséncia (manifes tada através da definicd),talverofose atvavés dos actores que thes deram origem (causa eficente) ou das suas inalidades (aw ‘safinal), Assim surgia, por exemplo, a nogso de "declaragao de vontade”, causa eficiente de todos os negocios juridicos: ou de interesse", como causa final da regulagiojuriica ‘Ainda uma outra perspeciva que contribul para o surgir leconcatenacoes logicasentreos institutes € sua simples com pac Claro que nuts ligacies entre as figuras jaricas o&- fidas por via ds comparagio seriam possiveis por qualquer dos dois processos dialeticos anteriores.” Mas, muttas vezes, ‘comparacao encontrava elas que no eram patenteadas pelo Incusa definition ow pe locus a cxusis. Alem disso a comparae ‘co permitia a utlizayao des argumentos “por paridade de a- 150! (aper),?""por maiorinda taza" (afortior) edo racioc 5 te, mute snucthangat ene onto proviam de els pote ‘em manne genre rem nila fra ae bs ete Gemma a 1 Sikioa crnlerstnn 5 nat nents A do que Be docoraconsajoeno ridin venndeen geal cx fla dovowetiarsecm A portaoria recto cara tea Boropein =» rio por analog, ulilizagde essa que € um importante factor de ‘nificag da segulamentacaojuridicaede sineamento das con tradigbos normativas dentro de uma mesma orem jutdica™ ‘inalmente, uma outra perspectiva ti para 08 fin tidos| cemvista pelo saber juriicoera aquela que consist em encarae fs inatitutos figuras jurdicas através daguilo que os autores tina dito deles a perepectiva das autoridades(oeusab auc toritate) Num saberem que a verdade era apenas provavel” a pinigo do maior numero ou dos melhores era a que, pelo mex ‘nos esatstcamente tinha mais probabilidades de sera certs. Eni, os juristas,na sua tarefa de actualizagioe de sistemati ago do dieito, deixam de partir dos proprios textos juris ‘ basclam-re nos comentarios destes textos feitos pelos juestas| lanteriores mais comumamenteaceies ou de maior autoridade, uta fra pina ce poceer&uifrmizaio norma ila Cao dawpunextmabernpis tn-sdeaplonaoinetat coneserado ‘etme wove iim) quem lemon ‘upedints de comparsan om qu aman ete casts ra S- ‘Gn s"e eemplo [| toma em conaderagio nent coacariscn iemelatorede eu ds cos consierac | [n assogues argue to poranaogi sim ober prfendamen a aracerisics eco 122 Gomaain sale XV). A ubeag do leper de een ‘asimenugnte de cso pari nomdamente depen [ELA pono com otompo ti precedantescomerarmeseacstten ot Se.Cfalsvamens snd recairio regi conta wine do sar Filo xomplso ego jadeandun (oso eve lar pr de ‘apogee da) = Roto de potable” sabacete ede uma prota ct (ledpuaplmonuc neato queecontce os tos vee) Ox ‘shtto tanto mate dgon de cao quanto aves te mos ade: ‘nde ov € defini pls porn. Et fone ¢ de ongem arittcicn {ktstties, Tc 3) No fol ania conept de proba em ‘gore isd eda, Aeccea e 120 vigorous hele dues prob Tbe ae coro de ura opno ean atmentav pele ac dew er sues seuss Par tna ones tina and send 8 ‘Bec de ua apn commun pao gus etamenteasnracgie deta ‘Sibir lugar poi do scala Ml Sobre st Cran 198,18 er © recurso ao argumento da autoridade ¢ muito caracteris- tico do pensamento juridico medieval, Teoricamente, 0 valor este argumento baseava-se na presuncso de que 0 autor invo~ ado cra um profunda conhecedor daquela matéria (doctor est peritus [o doutor ¢ om perito), Todavia,o seu parecer no era orcoso, 36 valendo at ser infirmado por umoutto de valor s+ perio Assim, enquanto no intervierem factores de decadén- fia, invoeacao doargumento de autoridade eda opin comm nis doctorun [opiniao comum dos doutores] no sigrifien, como ‘muitos pensam, um dogmatismo estolante para a eignela fart dca, Antes sugeria uma aitude mental aberta em que, por nao Sse econhoccrem Verdacdesdefinitwvas,importava a todo omo- ‘mento, confront os pontos de vista dos Varios autores, Torna: 2, portanto, claro como ainvocaga0 do argumento ab ctor te se lige a narurezadialéctica, nfo defintiva, das solugBes juni dicas. Uma ver que estas admitiam sempre discussa0 e eram apenas proaives, importava reforgar essa probabilidade mos- tuando quea solucso proposta eraadimitida pela maior parte dos autores. Todavia essa probabilidade nunca se tornava numa certeza ainda que seinvocassemilhares dle opinibes a corrobo- la ("disseramno os Doutores da Gloss, eo mesmo Rado dls, e por muitos que fossem, ainda que milo disessem, todos ferrariam”, Cino de Pista, século XIV), ‘Desettoofundamento teorico do locusabauctoritt, impor ‘aaveriguar qual a fungao que ele desempenliava na ciénca ja ricica medieval. A principal fungao da invocacao da commis opini © do argumento de autoidade era a de introducir alguma ‘isciplina na interpretagto do direito. Defacto, a vimosa amplitude dos processos logico-dialée- ticos postos 20 dispor dos jurstas para a sua tarefa de actuall- zaqa0esistematizacio do dieito. Oa, um uso desordenado de Depoisdelembrarozcscrtsde multe esi ina dot” Cio ‘de'Pst seule XV. "da aoidade dos cours dais una pes ‘ode verdad pong se presume gue edautr¢ proba e prt” Cars Cttarajuia Europela a talinstrumental podia ser catastrofico, Dada a liberdadeinter- Pretativa quase total de que os juristas dispunham, se nao se Impusesse alguma disciplina ao seu esforcoteorico, em ver de uma obra desistematizagaodo dieit a doutrna levaria ncabo sua pulverizagdo ainda maior Pois eada autor pefilharia uma interpretacso pessoal dos textos. A invocasto das autoridades tinha, precisamente, por Fungao canalizar a actividad terica os urisconsultos naqueles sents socinlmente mais conveni fntes © que, por oserem, tinham sido os tomados pelos jurists ‘mais inluentes (1, aqueles que mellortinharn sentido a8 he- cessidades da epoca). Ataves desta invocasio os jurist eam ‘convidados ano s afastarem faclmente das sluyoes sada fdas provadas,* embora.as devessem aceitarcriticamente "Agu que a laa determina dee sr manips as ecises da go> segura ou (ald, seals XIE), Cl Ermine 186 Tse Mortar 19H 463 face Fugu rio do sala IV) exrevia “Cine ds ‘Glos rad emer pla condensed scat ue nee tae {eos advopados, ifn qu, at como rates aderavam lcm rd Detain veges ramen goes cnet lon evangsins Ora ants quer por i snore que ote te equerse aloe est deo or avopaton date yrtes esis alu Jlgas tg los nao vis ens oan co cnondca an teboncima Gade ‘sim, found dams autoridade linia, & quo egumnto da ‘erdade desemperava sz ur, Delo Seno tegen da si nur tm apg ue bade as (es ormattas dose tempo. Se ua contnunrenvncodasposiee ‘mins garantin una deco da dutina omens com we Commo ‘eee mast, um dos mas regents mato de en dom lies tarde fox precanments ts clio pase do pane "tas de quarocents (ameadaments de Baro) quc tend rlto ‘is Interpreacoes qe propannarto net normative sus ep, ‘Seva tet penn om rt cui noe {vas dow sclos Te VT epi pr sre ern dona logo pera o contacts coma via 5.6.2.4. Conelusio ‘Vimos, nos nimeros anteriores, uais os expestientes til _zados pelos jurstas da Baia Idade Média para levar a cabo 3 actualizaco esistematizacao do diteto entzo em vigor. Por a ppodemosavalia como, sob a capa de uma area interpretativa, trade facto realizada uma obra de ibertagéo em relagso ao tex: to. Primero, opondo umalegado “espisto” da les (que, mais do ‘quena mente do legislador estavanna dos intérpretes) sua “e- tra", Depois,dissolvendo cada preceito num contexto normati- vvo,eprecurando os prinipiosinformadores desse content (dy mata). Depois ainda, referindo os vsrios institutos entre sie pro- ‘curando concatens-ios logicamente, através das nocses de gé- nero, especie ediferenga, ce causa eficiente e causa fina, recor rend - sempre que no fosse possivel encontrar semelhancas fessenciais- as nagbes menos igorosas de analogia, lugar pr Telo, exemple. E, quando o texto, de todo em todo, nto conven tisse qualquer manipulacso, alicergando a taefa de renovagso, rio jf sobre ele, mas sobre a anterior actividade doutrinal (opr io commons) de que tivesse sda objeto e que, compreensivel ‘mente, ra mais facil de orienta mum sentido “modern0”, Este metodo de discorrer sobre o direita vem descrto por Gribaldo de Mopha (1541) na seguinte mnemniea: 1) Pram 10,2) seindo,3) stoma, 4) easumgue Figaro, 8) pele, 6} do cmuss, 7) connoto, 8) et ebicio. Nela se contem todas as operates ante ‘lormente descrita: 1) Inroducio 4 andlise do texto cansidera- lo, primeira interpretagao literal: 2) divisso do texto nas suas partes logias, com a definicao de cada uma das figuras af refe- rida e sua concatenagao logica, através das noes dalécticas de genero, espécie, etc; 3) com base nesta ordenagao logica, t= elaboragio sistematica do texto; 4 enunciagao de casos paale- los, de exemplos, de precedentes judiciais 5) letura “comple: 1a” do texto, 12, leitura do texto & luz do contexto lgicoe inat> tucional constrjido nos estidios anteriores; 6 indicagao da na- tureza do instituto (eausa materi), das suas caracteristicas dis tntivas (causa formal) da sua razso deer (causaeficiente)edas uta juren Europea 20 sas finalidades (causa final); 7) ulterives observasées, indica ‘io de regras gerais brecardos) e de opinices de juristas esle- ‘res (deta); 8) ebjeccdes& interpretagae proposta, denotando © ‘arécter dialectic das opinioes sobre problemas juidicos,er&- ‘licas, com larga wiizagso do instrumental da dialectics aris fotsico-escolastica™" “Atraves destes processos- que constituer ainda hoje uma componente importante do estofa dodiseursojuridico™ ~ 0s Co- rmentadores levam a cabo sma obra de construgso dogenatica ‘que permanece de pe, sem grandesalteragdes, le a0 nosso ten po. Ainda hoje apesar de um crescente movimento de reacga0 Eontra dogmatic "escolistico-pandectista" se pode dizer que ta é ublizada pela esmagadora maori dos cviistase, mesmo, ddoscultores de outros ramos do diteto 5 Cals, 1954, 584 Viehwe, 1959 (wad ean, 1). Conotescom 0 ode desta pos deed cup, ad. aunt de op ind tlm ~ ins aquialneiee por ves, sem ‘oneanis dean Nitrate apa gis conceal erp pelos Comentdores oer argon, querer const © printies ere (dogmas). ques mo dex car apreenan ne ne, st Epresstonate cntinidade 6. Acuise no sécuto XVLe as onsenacbes METODOLOGICAS SURSEQUESTES No século XVI, advento de nina nova reatidade normativa, bem como 0 desensoloinento tema da sistema do ster jurd , vem provocar uma grande crise na doutrina europeia do direst 64 Uma nove realidade normativa ‘Come antes dissemos, 0 século XIV, a que corresponde a actividad tebrica dos Comentadores, 6a altura em que os ura propria so plenamente integrados nous commune romano jus. tinlaneu e em que o saber jurdico procura reducir este cimulo ‘uma unidade. Todavia, a evolugdo social e 0 progresso do ‘movimento de centralizacso do poder politice acaba por modi fica oequilbrio do sistema das fontes de diteito, abrindo para uma aberta supremacia do direito reinicola ou citadino (que Passa a ser 0 verdadeiro direto comm) sobre o ts commtne laborado pelos jurists do século XIV" Recaption, lembrmoe que podem inividuazr ts fases node nvolviente do regime da foie de drome Eunopa medica ‘ema. pines coresponde ao sealer lel eraser is rsomniodo dino rorano{ccmcrio soe thease farereon ‘Srrnts cap vaade toe sda dade que doesn en const ema norma de drat comm A sgune fe cxenoe docu IV SttaofindesteloXVU ea noon rma dos papnscone fone prinaria dos ordenamentor particulates cup valor eguisrcom ies comum. A exci, porn march independent completa do ‘iret dos reins ques om» nar do ote ogre io sum pra apo de dw subi Cf Mori 158 903 ‘a, 8e nase Isto acontoce, antes de mais, naqueles ramos em que 0 izeto romano igo podia trazer grande contribute (dada & ‘maior evolucae do estilo de vida) - como a direito pablico,0 direito criminal eo dreito comercial Se, no primeizo, ainds foi possivel encontrar algum paralelo entre a organizagio do ppoder do Baixo Império romano (séculos lV-V} ~contida nos tres tltimos livros do Codigo de Justiniano (desde muito cedo estudados pela ciéncia juridica medieval, soba designacao de ‘Tres libri ea dos estadositalianos, nomesdarnente & do re: no normando-siiiano de Frederico Il, mesmo nao acont= ‘eu no direito criminal, matéria em que a compilacio justini- ancia nao podia oferecer grande coisa™e, principalmente, no Aireito comercial, filho de exigéncias sociais novissimas a propésito do qual jé Bartolo dizia: “sabe-se como nos tribu- ais dos mercadores se deve julgar segundo a equidade, ‘omitidas as solenidades do direito [romano-justinianew, em tenela- se)” ‘Mas abandono dos prineipios da dautrina roman-civie Iistica nestes dominios particulareséo reflexo de wama submis: so mais vasta do diresto comum de base comano-candnica (corrigido,écerto pela actividade modernieadora das Comer ladores) a0s novos direitos nacionais, cja codifiacio came: «2, a partir do séc. XV, a estar em marcha, e que traduzis, no campo juridico- como ja se disse -o fermen da centliza- ‘i do poder rel. Em Franca, a redacgio clos costumes ¢ ordenada sucess vamente por Carlos VIt (1454), Luis XI (1481) e Henrique Ill (2587) em Espanha, uma codificasao dos costumes, odenads| por Isabel a Catsica (as Ordenaan Rees de Castel), apareceem > Caan 19,45 vino (ups 5382 coma on nga prc Inert aCoutt Rm gh oequdoe macs om nse ctr iin Earopela 2 1484 enquanto a coast da lesa ra & resin em ir ‘Nop Fats Banos a esta esta do it cl poeta sob Carlos VSB} ta Bg, como Et Ppl rn (ra Alomasha,o duque Guilherme 1 a Bavies leva a cabo cacao da pips ones norms do sro 6 Stro(Iefmacon ISI) nemo tempo quesiens proces Scbnsirennng 18 eeane septate dual xt ate aScmnittva seconde (D0 gemma Lapa ‘ont, 1520) En Rortap prin comping da east xa za em lid (Oris Arts) ronada en 1512 {Bu (Outs Mein) ee 1 (Ono les) ossoqueo ori eto de una rman par Ga 97 = ert que anova de mulls estas compllagoes & mito problems, Por um lad, os rats do se. XVI elas no represene tam ua intent de cence do pode: mont no. tenor por meio da ei, nas antes desjo de Conesponfer aos pedo dos pve de pla edna ei sctorar mas erie covsuetadntrio edna Ne {Eset ete movimento de promoyto da eit etn Sinfca caso do plurals medieval, ue songs cones Sobre o movimento daca dos dos consuctinrin el son os ero Vanderlinden 187, 225 onebe pose consliat ‘Sm ctrada dngena do moviments da cedifienci na Euope: As Orde ‘mer portgucas pore onpiavemets partum dae Primetas manfestagSs da coco dodo) sence, = Ei Mespanha 209 "*V pam Porta mew cit aio sabre reform dos or (espana, ia em eyes or dn ep fle tas Ximowstudo de conju do Edo frp de V1 que ness pmcion san anda gut bomen ester Marn 20, mito mais tarde, quando a lei reclamar 0 monopotio, ow uma feminsncin absolta Para além disso, muitas destas compilagoes estavam for temnente repassadas de principios e institugoes de direito co- Em todoocaso. Import salientar que daqui em diane, elas ‘vio relegando (pelo menos na teria) 0 direito comum para 0 plano de direito subsidisio. ‘Sn quo - gue uma questi central na compreensio da “onsiio ike das mona naderas lange maa comptntrment i Rouse Cesonde, 205 mare, S2-80°A conclu de que die or ‘Icam convol cal singlet, quate sun conforma on conmigo da monangoa (ahr 0 cae de consti nas Manarquas moder vps lo ever store, Hest 2010) po resend incorrect, apes do sates spas araorzanes| ‘Senco igret) arguments deesiver“A que ge sorenta ts ‘Sovesinerpvelnte eee sense de acon de Antigo Regime] conte de consataconaiann, ho even na rete Its dhe: “Ain S ampere do an rma {BS Altra do contol nomeatament no enn ds oporanidde podcicvorojleaseupar tim pane put does detiona™ Eisu oko hem coco dosconttasnalstaseontemporinecs cp thc dessntor numasconepoto do drt natural como io po SES(CaENiy anon 75) Eeencuem om pour supericalmente—“E “alpen at Ano Regine onsrguco esas rar do pense fare dchoj lea massa divi contiara pero que abs ‘Sime e monarguia casita tina ser dss nabs wag ibvinconiiaei (o) Onaverdadee gues como al dag Iho gue doc nan Ange Repee, pra i espe org {fcr tals atmnaeusiamente pronation ‘atau pa prnads do pasamants ou pl parca monargule «| ‘Somes dpi de Gyeret Mandal scopto era oos EU, onde ciara gue pot oieac des dros loa lod conto “re fam annn gue snes caver wn lg se Ona uma cud ako te = qu consti a ttl bla prin destin vara ier dete, ‘igus ineages pear ethers cm St, 1780, Cobar rica Europa Ey Esta mudanea da realidade normativa nfo pode deixar de influir no mada de ser do saber juridico, Pode-se mesmo dizer que a substituicho do tradicional objecto da scntia tris pelo ‘modemo a langou numa grave crise de que ss ira recompor po século XVIIL (© que se compreende. Tendo ordenado toda a sua tarefa ‘nos quatiros de uma interpretagio dos textos romanistics, con Siderados insubstitlvei,oediiio do saber juridico doscomen- {adores no podia deixar de ruir no momento em que os alicer- ‘es romanoustinianeus sobre que fore construldo fossem aba- lados. Todo aquele esforco de subilinterpretacao dos textos, necessério 8 modernizagao do diteito romano, deixava de ter sentido em relacio.as disposizoes, clas mesmas | moderns, dos novos dieitasproprios. odo o airmado (se bem que, na prat- «a interpretativa,ndo actuado)respeito peo direito romano se tomava absurdo quando o diretoefectivamentevigente se dis- tanciava, progressivamente, ds textos do Carus Irs. Perante sto, tiple fois orientagto da doutrina”” Segundo uma crrenteaquela que vema ser conhecida sob adesignacio de mos gulicus ou Escala cult, manista ou clegan tes ch, inf 83.1.) passa-se a encarar odieite romano justin ‘neu com um interesse apenas historco-filologico, negando, i- pilcita ou explictamente, 0 seu caricter de direito vigente, 20 {neamo tempo que se intenta libero de toda a gang de su- cessvas interpretagBes actualizantes, eduzindo- a sua pure ‘en clsica, ‘Outra corrente,vivaz naqueles dominios enaqueles pases cemque asealidades normativas nacionaiseram excessivamente ‘vas para serem escamoteadas pelo saber juridico Wadicional fo pensamentojuridico dedicou-se a uma insercdo dessas real ddaes nos quadros conceituais dos Comentadores utlzadosaté ‘onde eles fossem adequados & nova mattriaesupridos, no res- tante, com figuras tedrieas novas. uses moderns Pandectern ‘Sematgioemethate, em Siva, 1964 55658. {uso modero das Pandecas [= Digest), Corrente qu ref liu pondove deacon comes nove dds norman) em Pleo (desenvelvend os principioe que ele evava implies) O sistema de drt constuido ples Comentaores. ‘Seo humanismojurlicovgorou, especaimentem Fran- aera Hola, ons mens Pecan comesponde & {ima orientagso predominantemente alma Hatem ongem na hitida desvalorzngso do cco romano consequent ucts da iia cdo Imp ea desngrogacto do proprio impero Al ioapsa Guera do rinta Anos (1618461), Eats actos no Foden. na fealidade, dear deter nlnenla bre opretig do ditto, cua vigencatorctmente se fandnva a cont dade eitente ene olmpeio Romano eo Alemao. Fol Her ‘mann Conn (160631) quem, pela primeira vee (rn T61), row as conseqtncas dest facts e fez acics da ela der Eepgao automaton loka do crc emano na Aleman inf632), Por fim, nos dominios da iviistica eprineipalmente na grandes Frinton ea erature domain ds varios sectores do dt TDestrvemencontados,ofnesino se yodendo dae dos pine pos (acorns) informadoresdecada stitute, do sigrfcado {Reni jurdicodaspalavia fen verbru), ete Come una mots mas modem, eersvinent da i ct ‘Re orienansporuma inengas ow eats) ges = agus gue sche ‘Ramos eos uctemad” = gue tmp ancl ti de rags {Tose near (sore et cent Foucal, 183, 8535) 0 seme (estate) do ssber io dal de Matis, ovine 023 ‘Sreutede tras ts ov stent” do dra nso sr do Agent Bros, Oc sonst De gms eon Deis (e168) eceSnsoVa ars, Asomats ct acon eon 168. pride porno primis disondnejuiinssobo model daguch ‘eqn na Digest (0.5010, w= Astin Manvel Hepa ‘27a, portanto,a ser possvel passar aoimediato degra da tare fad unficagio clentifica do dirito = constragio de “sistemas” juiicos gras, estruturados a partir dos priciposobtidos. Se 08 ‘Comentatlores os dinham obtide através de uma paciente obra dle anlise de textos sola.” toma-se agora vivelo movimen: todesintess, pelo qual todo o direito Fosse reunido num siste ima teorico orginico submetido a axiomas e regras. Ao modelo slo Digesto(compilagao enciclopédica, mas exotica, de resolu {g6es decasos isolados)substitu-se o modelo das nstitutas (a> lado de caractersistemstico). = ‘Assim, nio € de admirar que tenham comegado a aparecer| autores reciamando, ow realizando mesmo, obras deste tpo.™" Derrerescrovia(urspradentiae Lier, 1540) "[..]odireto ainda nto foi descrito de ma forma devida. Isto € de tal modo que tudo seja posto no lugar proprio e natural, disposto sob a sua ‘ordem, Dai que nao possa Ser reproduzid por quem apenas sja mediocremente versado nesta arte” [Estabelecidos, assim, 05 axomas fundamentas e arrama- loslogicamente no seio de um sistema coerentee sintctice, tudo festa pronto para fazer o sistema caminhar pelos seus proprios reios, sem necesstar de apoio permanente dos textos da tradi- ‘Go romanistica. For outtas palavras: neste estadio de elabora- (Go do “sistema juridico” je posse utilizar os mecansmos do ‘ciocinio deutey, achando a solucio juridica conveniente, nio través de uma rebuscada “interpretagao” dos textos omnis {icos, mas através cle uma especficagio dos axiomas juridicos recérn-formulados “pengando strats doe process apcodaletcos ate refer. | ‘ino a opto parol conesnani» erent mut, ee Ergin ou igure Ould pends cin de Ciro quel ve esr) ra quale tein feta a reac orden arom) does le >» Giansonnte (Cantu) no selo XV Hogenor, Deer, Ugp Done "elo Fg pineipalent,Olsondorp hee Element ual Benepe Clara Juridica ropa = Abre-sea época do dist natural racionalit,em que se acre dita que os prineipios superiores do dieito sso um produto da razio que, 20 elaborates, revela uma ordem universal. Nos ji sabemos, porém, que tas principios no sso wniversais, nem nnecessrios, nem anteriores a actividade intelectual que os der cobre. Pelo contrario, eles correspondem a designios normati- vos exgidos pelascondicbes soca einsttacionsss de uma certs epoca. O pensamentojurtdico no se hmitou a dscobrios mas bos, Iaboriosamente, através de uma drdua tarefade "inter pretacio” das fontes romanisticas comandada por intenoes hormativas proprias da época. Se eles, agora, parecem "nat ‘ais iso 86 mostra até que ponto ataefa da sta constracioar- fife fol consegzida eadequada & mundividencia da ¢poca ‘Atingida, portanto, esta fase de construcio sstemtica do slireito impunhacse wma remodelagio dos instrumentos logico- conceituais disponiveis na sentido da sua simplificagto, pois subtilezas da ciéniajuridica dos Comentadores, alm de des- necessarias, tomavamse opresivaseincémodas Por exemplo, A sofistcacio da argumentacio que tina sco necessria para ‘compatbilizar, sem destruir mutuamente, textos jurdicos com traditéros, mas de idéntca herarquia (textos romanos, canon 08 0 estattrios) fazia agora com quo drei se tivessetor= nado numa selva de opinides e de distincoes especiosss, em que toda a certezae eficicia se diluiam. Nesta altura, comeca a de- senhar-se uma reacza0 muito fortecontzao especiosismo do dis- ‘curso juridico ("ubr lex non distingult nec nos distinguere de- demas” fonde a lei nao distingue, nés também nio devernos listing). ‘Agora que o trabalho para que tal instrumental tina sido smobilizado estava terminado e que o arsenal argumentativo se tinha tomado incémodo, era possivel desmabilias-loe volar aos rocessos de discorrersimplificados enaturais Isto fazcomaue, ‘um segundo aspect, o discurs juridice do século XVI tena Soleea pact do “jsraconalao" ports, Whack, 198027, proposto rps da complind dit rissa © [Radopeiodeuma dtc jue sip fd, naturel, pring do sens cont, Assim um jurist alee dos meados de Qu nhentosconvidava osseuscolegas aabanconarascomplicadas argumeniagesdlalcicas dos artolstas ea tataro problemas dleuma forms popular” pula, an aleance do povo ‘abe. {enamo-nos,navesdade daquelas dienstes que doctors tteosecotumes da vida e doe povos, porque Aristteles ed. ‘eri seriamentequea estes no agaan tanto as sentences © interpretactes questo ubts aargulas quantoassimples pet Prins equals podem ser usadas a vida comum com malo fe Seincin Elen scclo XVI) eteo sigficado do now tersse dos jarstas do seul XVI peas quests da logis eda dialectic, potando-se, exspecalmentenas obras da Now ge, de Peed Ramee Petron Rome) = ‘Do mesmo mado, 8 mestida que a estaiizacto do sistema conceltual ia progreindo equ as xpecioss arguments dot CComentadores tm sendo substides por outras qu tll ‘malsalberdade do interpret era postel prscnair do papel Clscpinador que” opini communis ta desempenbara Tagora, a tare da Recisndung [achamento Ga sluglo ud died. combastniegany lo onjioge $slomas logicamentconcatenadoe,dositems Juric. A poo. Slidade de hestagio entre principio contraitrio, 10 ¢o- ‘amo siema ainda incompletamente constuldo dos Comen- {adore coma consequentefaia de seguranya no achamentode ‘eludes judas fires, nde vere agora pols asregras de zeit esto unfcadas num sistema logic concetual eno de contradict, este modo possive ir pondo de pate ainvocacio da ‘opinocommuni’sbsatindo-s man angandisepnadoe raypelocritios da "boa rao”, dalogicaimerna do sete mafic, ora Dita) 310, "Sobre ese pot, Mortar 1958, 304, altar Jia Europea a 463, As escolar juridioas tardo-medieuais e modernas J se esbosou o leque de orientagbes tadricas e metodol6- picasa que dew origem a crise do saber juridico dos Coments flores bem como o panorama das escolas dat decorrentes. Da- mos agora uma destrigao mais detalhada de cada ura dela. ‘69.1, Escol cit hamansta “mos gallos ira doce ‘Sobeesta designacio™ sso agrupados os juristas que, no sé- culo XV esobretudlo em Franca - dat “mos gallicus (unt docen 14) [manera francesa deensinar direito), por opascso a “mos ttlicus (ira dosent)”, esi de scurso eensino jueiicos ra- Aicionais, dominantes er Italia se propoem seformara meto- ‘dologiajuridica dos Comentadores no sentido de restaurar @ pureza dos textos juridicos da Antiguidade “Este movimento de renovagaoestligado ao ambiente cul- tural flosoico,juridico e scial dos primordios da Europa mo- dderna. No plano cultural, ele ¢ tributirio da paixso pela Anti- {uidade Classica tipien do Renaseimento (séeulas XV-XVI); 0 "ue Ievava a uma critica contundente da literatura juricatra- {iciona, estilisticamente impura e grosseira, filelogicamente ingenua egnorante do enguadzamento histericodostextoscom aque lida, [No plano filsofico,o humanism jurtico aranca da opo~ sigio entre a escolastica medieval, submissa 20 valor das auto- ridades mas igualmente atenta 2 fealidade (neste sentido, re0- lista) e-0 neoplatonismo renascentista,crente no poder livre © ilimitado da razdo ¢atraido pelas formas ideais puras. Dai os seus tragosprineipeis:ant-tradicionalismo, critica as autora- des, racionalsmo, academicisme. ‘Wieser mann §7ar¢ an ebisngrafia a ctads Ce, 198, SavsesCvanna, 9872190 ve, A, S00 Pra Popa S196 % Anno Manel espana [No plano juridico, a orientacdo humanist 6 facltada pela progressiva pujanga dos direitos nacionas, que libertava 0 es ido do direito amano dos objectives praticos eo transforma ‘va numa actividade de recorte cada vez mais antquarista, his: Yoricoriterdio e teorico Finalmente, no plano social a citica humanista ao diseur- sojuridica anterior e aos seus portadores,esjurista tradicionas, ‘omstituia o eco enudito de uma generalizada antipatia social pela figura do jurista letrado, pedante e hermético, cultivando um estilo formalist earrevesado, bem longe das possiilidades de ‘compreensio-e de controle do homem comurn, "S partir dagui, 0 hursaaismo juridico vai propor vaeias ovientagces. 12) Uma depunigiohistnco loligicn ds textos jridicos roma- nos, que os libertasse por um lado, da ganga das glosas fecomentsrios medievas,e, oF outro, das proprias co eccbes introduzidas nos textosclassicos dos compilado- res justinianeus (interpolagoes, "tibonianismos" [de Tr ‘oniano, oresponsivel pela organizacao do Digest jus- tinianeul). Este programa pressupunhaacombinaciodo ‘estudojuridico com oextudo histoicoefillogico),como forma de reencontrar oenguadramento original ds tex: tos jaridicos romanes e, logo, 0 seu primitive sentido, ‘Teve como resultado uma série de edigbes criticas dos textos urkicos, ainda hoje merecedoras de atencao (eg. 1 edigd0 do Cadigo Teodosiao, por Jacob Godofredo;€a ‘do Corpus luis, por Dionisio Godofredo). 'b) Uma tentativa de constrcio sistema do drei, inspi- rca ilosoficamente no seaismo platonicoe procuran- {U9 refazer uma lendria obra de Cicero, De iure cc in Artem redigendo, na qual ele teria exposto 0 dreitoroma- no sob forma sistematica. Esta orientacio tanto desem~- bocou numa erica a0 carscter atomista, nso metodo e analitico da saber juridico dos Comentaclores, como deu brigem a exposigoes metodicas do direito, quer romano, {quer mesmo nacional - como, vg. as de Fiugo Donen Clara jritin Barone = ou de Jean Domat (Les lix evils dans leur ondre nature, 168921705)" .) Uma reforma do ensinojuriic, que atendesse, antes de tudo, ao texto dae (endo aos comentirios que, sobre el, ‘a doutrina tvesse bordado) e que procurasse formar & spirit sntticoesistematizador (os compendirio) dos jurists; © que envolvia uma critica ao pendor dowtrini= to (nto textual’) e analitice do ensino das unsversida des tradcionais 18) Uma atengo nova a um divi natura de cunho racona lista esstomatice. Também os humanista foram conta ados pela tradicao jusnaturalista romana. Tambem eles proclamaram que jurists cult eformado muna filoso- fia “solida” compreende que a “natureza da justia no ‘émudarsegundoa vontade dos homens mas conforma ‘se coma lei natural” Jean Bodin, li essa que se encon- teanos ditames da raz3o, No que les apresentaram mai- oF originaidade fo: enquantocritcos do direito romano justiniancu, em nome de um pretendido direito romano (lassi. Eslareca-se, no entanto, que no fundo, no era ‘diteito romano clissico que os trae. Er, iss0 sim. umn dlireito romano que respondesse As suas preoeupagaes de filosofos ede jrisas do seu tempo. Isto & tm direito 70- ‘mano que fosse sstematiavel ui a dois ou tris po ios racionais adapts a mundividnci da pce Ese kgundo eles cram, um direto deste ipo teria sido 0 Feito zomano classico detarpado e tornado cabtico por Justiniano e Triboniano, Sem esta corrup¢io, 0 direito ‘romano tenia conservado 0 seu cardcter axiomstico. {quanto ao contedo, seria ainda redutivel a meia din de principios racionais, dos quais os humanistas desta cavam os de eminem laedere (nao prejudicar ninguem) © Denotr om do caso que elaborate dest ors ters impose! sm oahu de sistematinso as eneroesncis medias > Come ter doe par Cer mp) de pact sunt servo (os pactos devem ser respeitados, E foi assim que, no século XVI, se comogou ma seen dla reeriagsodl diteito romano (a primera fora a dosco- ‘mentadores) agora em moldesracionalistas. Apesar de contarem com percursoresitalianos-sobretud entre of cultores das discilinasliterdrias (Poiciano e Louren- 0 Vall), mas também enti os jurist (Aleiato, 1492-1550, que ensinow em Bruges, mais tarde tornada no centro da escola) 1s prineipais nomes da Escola culta sto franceses, Desde logo, Jacques Cujas (Cujacius, 1532-1590), peofessor em Toulouse, Parise Bruges, autor de uma monumental obra de estado his toricofilologico e dogmstico dos textos romans; depois, Fran seis Hotman (1524-1590) autor do conhecida trabalho sobre as Interpolagoesjustnianeiss (Antfribonianus, 1574) e tedrico do Anti-absolussmo (monaredmaco); Hugo Doneau (Dolls, 157- 1559), juristasistematico e dogmatic; Duarenus; Beissonis © utr” ‘Como desfecho das guerrasreligiosase a perseguicto dos protestantes huguenotes(confissio a que a maior destesuris- lasaueriu)™em Franca, os humanists francesesrefgiam-se nae universes holandesas ealemas, dando origem ata uma ot ta geracso humanista,cuja acca0 se prolonga até 20 século XVIIL. Dela fazem parte nomes come os de Vins, Voet, Noo A als do célebre Huigh van Groot (1583-1645), fsmoso pelo seu tratado sobre a guerra ea paz (De jure blac pais brits, 11625) considerado percursor da cgneia do diteito internacional ‘public e, em Portugal e Espana, pela sua defesa do principio 4a Tiberclade dos mares na sua oboe Mare liberu (1609), con batida pelo portugues Seraim de Freitas, De ust perio asia olusitanorim, 1635, ‘Ene les portputs Anni Gauvea [Coven 1586) ‘pea religions dos humarstr a dou de urn cidade do ‘Seimpact nos pte da corr form como Por Conard ropa » 63.2. Escola do“wsus moderns Pandectarun"? (Ohumanismojurio, condiconada como estar por um stoma de fonts cde iret em qu ato oman esse radon sua vigencia pritiea, nao se pode implantar duradou- mente sendo naquela repiesda Europaem que odiretona- ‘Sonal ea sufcentemente coe viva para regula a peneal- dace das questoes. lato acontceu na parte norte da Franca (pays droit coutumier’) e= por razdes e em ercunstincins tipo dierentes-na Holanda Noresto da Europ, pores 1m fr todicho romantica coniaa a dreito romano «a0 saber Finaio radicionaa regulamentag deextensas onas da vida Soci sobretude no dominio do cieitoprivade. ‘Adu, portato, o impacto da mensagem humanista io pode ser tae radical, Portela contribu mesmo asim, para Tala vigéneia indicate do dreto romano e para" conju- {eda com o novo pathos das monarguias modetnas = fortalecer Sigencla dos direitos nacionas Na Aleman, que costs ser considera como 0 cen- soda, uni mannan cana en {i glabale preferencal do diet romano, ao contestr 0 Se fundamento terico=a ianslatio pert [ranamisso do podet imperial ows dela segundos qual o det romane Vi fonria ra Alemanha em vitude dos imperadores sleds sc- femos sucessores dos imperadores romanos,Substtuindo esta ‘ia de uma "ocepgto treo rita aleraes (antes de tedos 1 Coneing, 1606-1618 em De origins german 683) cre Sram conecto de “reepeao pratca segundo o qual arecep- {GHosedera pontualmente, a medida que os principes eos iba fais lam fazendo seus uns ou outtosprincipionenormas do di- feito romano, Assim como refere. Wieacker-odieto rom- roster ganoviganla “norma por norma, por fora de wma Splcac pric”, peo que se deveria"promover, para cada 20 Antine Manel Hepat principio, a comprovacdo historica da sua recepcao" ese “de- ‘is também advair como possivel a marginalizagao de princi pos recebidos por costumes que os derzogassem” ‘As convequéncias do usus moderns foram diversas [Em primero lugar, um interesse novo pela istriajurdi- “canaciona, dirigida pelo objective pratico de determina® quais ‘os principios romanisticos receidos, mas que teve resultados sleamiito muito mais vasto Em segundo lager, uma grande atengio, no plano pritico eno plano daconstrucao terie, pelo direito nacional, que agora passa a ser obecto al como 0 divelo romano, de tatamento| ogmético, Da que a legisacdo nacional, os esilos e pranes de julgar (donde a designacao de praisticn, que se aplicaaestaes- ‘olay e mesmo os costumes e estatutos foals, passema ser con- Siderados pelos jurstas nos momentos de construcao teorica, Em terceiro lugar, uma maior adequacao do ensinojuridi- 0 ts ralidades do diteito nacional Sea tradigio universitiia| Sificultou que estas realidadesfossem objeto de ensino nas ca- deiras “ordinaras” ela ja nao conseguiu impedir que, sobretu- ‘do.em muitas das universidades da Europa central, fossem mi ristrados“lcbes privadas” e “catedrilhas” de direito nacional Dentre os juristas do nsus modernus € costume slientar 0 ‘nome dos aleres B. Carpzov (1595-1666), G. A. Strave (1619. 1692), 5. Steyk (1610-1710), G-W. Heineccius (1618-1741), J-H. Bohmer (1647-1749), A. Leyser (1683-1752). Esta orientacao segundoa qual o drcito romano deve ser compatibilizasocom os novos direitos comuns dos reinos ni ‘exclusiva da Alemanha. Tambémnas grandes monarguias do sul eocidente europeu, bem como nos Estados italianos, éago- rabem vivaa ideia de que odireito da coro, seja ele alegisla- ‘ho ral, seja ocanjunto de decsdes dos altos trbunais pal ‘os, €0 novo “direito comum” e que o direlto romano 86 te vigéncia como direito recebido pelo principe.” As propeias eis ‘omuns dos omanos” ~esereve, no séeulo XVI 1m famoso js ristataliano,o cardeal Glambattista de Luca ~"que dizemos ‘comuns, ele facto deviags chamar-se leis particulars de qual Col JriaBarope a quer principado independente, atendendo a que a sua neces- ‘siria abservancia nao nasce apenas do poder de wm legislador «que sea comum a todos, como acontecia no tempo do antigo Jmpério romano, mas antes do poder distinto de cada princi peso qual o quis eceber e permite que se observe no seu pie ‘pada, com as limitapses que lhe paregam (Il datfore mulgare, procmio, IV). Também em Portugal, como nos restantesreinos da Espa- nha, se sublinhava que as disposigoes do direito romano aq ‘vigoravam “soment [.] pela boa ra2d0 em que sio fundadas” (One fi, 11,63), Este diteto reinicola- como entio se dizi - manifestava- se docerto em leis; mas manifestava-se cada vez mais ras det ses dos grandes trbunais (nos seus “estilo, ou costumes de julgar, ena sua “praxis”, ou forma de aplicarodireito aos casos concretos). Aojurista “ciao da Europa”, que equaciona ques t0es abstractas em face dos dados do direito comum europe, ssubsitu-se o juiz dos trbunais da corte que passa pelo ctivo dlajurisprudéncia do reno (praxistiza} a doutrina do dreito co ‘mur opino communis dotoru), “Assim, por toda a Europa, as decises dos grandes tibu- nals passam a ter, a partir da segunda metade do ssculo XVI, ‘uma enorme audiénca na doutrina, que se dedica 8 sia comp Jago e comentario. Por varias razes, Por um lado, os trbunas sio agora constitaidos exclusivamente por letrados. Por outro Indo, porque os tribunais, como teibunais da corte ou “colate- nis” estao revestidos da dignidade do rei. Finalmente, porque “aregrado precedenteconduza uma maior certeza do que our ‘ionamento do critério da opinio communis. prticaforense tot- ‘arse, assim, na intellect legum (na interpectadora das leis) © csenterios de decisso contidos nas abundantesrecolhas de de cisbesjurisprudencisis(decisiones aesta, pct) passam acons- titur © “diveito usado” ("ius quasi monibus constituta” [o di reito como que instituido pelo costume] coma diz. jurista por- fugues Anténio da Gama) 6.4 luscommune ecommon aw Apesar da Ieitura modernizadora que mais tarde ser fara dlelas a consttwigso do periodo da dinasta dos Lancaster (1395- 1461) era daminada pels ideas tradicionats de propriedade e de feo, como centrais na limitacso a0 poder real ("ad ropes enim potestas omnium pertinent ad singulos, propretas” a0 el pertencea auotridade sobre tudo, aos particuares, a proprieda- e",aforismo originalmente de Sénoca, De benefcs). ‘A recepeao do dieito romano, que seiniciara, como no re toda Europa ocidental ~ no sé Xl, gana um nove impeto no periodo renascentista dos Tudor (1485-1603), tanto mais que a Walorizato dos textos de diteito romano ia em paralelo com 3 Feaproximacao aos textos rligiosos origina do cristianismo, proposta pela Reforma. Assim, o.ensino do direito romano €2- troduzida por Henrique Vill em Oxford e em Cambridge, tendo (os seus pressores, coma righ professes e meminros dos teu fis ems que o ei gazava de supremacia (prermaive cours) uma enorine infludncia, O mesmo nsoacontecia nos tbunais da common la, que se encarregavam de formar 0 seu proprio pes- Soal em estabeiscimentos propos, diigidos por jes, a hms lof the Courts, Nesta, dominava~ por teaceHo corporabva, mas também coma defesa do "dieito do reino” contra 0 dizeto“pa- pista” de Roma - 0 velho dieito feudal de origem normanda, ‘eresce que o common Iconstituao fundamento ettulodetoda ! propriedade, comum ou feudal, pelo que a sua modificasio se tomava um factor de perturbasio social politica muito grande [Neste sentido, o common iw tansformou-se numa especie de die reitocorstitucional, garanta dos direitos (nomeadamente da pro- priedade) dos siitos, tal como ficou expresso por Si Edward (Coke (1552-1634) no celebre Bobban’s Gse (1610) ‘Nemeadarent tba ical tibunais da Ciara Rest. Th Plc fee Anchor of common ct Benton Lite Brown an Ten trem, nga et evolu, ¥ Th Pct Acc nyc tne iia Bupa By {8 polica entre common ln ¢ iil le ~ que ja era wma questo com conotacdes eligiosas, depois da Reforma anglica- fa, dadas as alegadas viculagoes clos romanistas aos canonistas fea0 Papado -, toma-se também, nas lutas cvis do sé. XVI, yhuma questzo politica, eendo.a defesa do cmon la tomada peito pels patlamentarstase defendendow partido realist (no- freademente durante adinastia dos Stuart, 1603-1714) umacerta enovagio do direitoinpiradaa no ius conmmuere europe, ou defacto ~ aconteceu no reinado de Carlos I, por vezes tam- ‘bem comcarscter garantists como 60 caso do Habeas corpus Act (1675), No-entanto, a8 suas medidas de maior alcance politico telacionavamse com sa pretens30 de, a0 abrige da royal prev rogtive, dispensar 2 aplicagio de les a casos particulates. Dat {que alguns dos textos fundamentais do Bill of rights (1689) se felacionassem justamente com esta relagdo entre o rei ea Teh (That the pretended power of suspending of laws of executi- ‘nf laws, by regall authority, without theconsentof Parliament ‘sillogal, sss, 3.2). Este tom polemico das relacbes entrcommon lit us com= mune exprime-se nua abundante literatura contea 0s juristas Chilstas (que os anglicanos consideravam quer como agentes {do Papa, quer coma inimigos das iberdades tradiionaisingle- ‘ss. Ainda nos meados do sé. XVIII esta lenda negra da recep- ‘0 do direto romano (ct! law) e, a0 mesimo tempo, a glo acd do common law é mito evidente no epicoexeritobo modo ‘coma'Sir Willnm Blackstone (17251780), o maior jurista da épo- >, autor de wns Commentaries on the lees of England (1765: 1768), descreve a lta dos eis euizes ingleses para contrari- ara difusso da ao mesmo tempo ludica e subversva dedicasa0 dos “clerigos” e estudantes ociosos a0 “direito municipal de Roma”, com prejuiza do “admiravel sistema juriico igh". Swim acetone Kn Comentario th i of Ergin four Icke Note Sted fom teens of Arco Cristo, Colecdge Fat a ates gc Ca lg ae Anno Manel Hespans Valea pena citar “As inavagdes normandas, continuaram ligadas a0 uso do irit coum Ore: Stephen publicosimedintamente uma pro- lamagio, prosbindo 0 estado to dieito,entso importado pri ‘Sipalmente de la, qual foi atado pelos monges com uma peya ‘decoisa mpia.e,emboratenha podido impedir a introducao do process da clo nos noses tribunais de justia, conto no [mpealu o clea de ler e ensinar nos seus proprios mostoios ¢ cescolas “(1 19). "[..] mas como o grande peso do ensino estava ainda largamente do lade do cero, e como 0 common law ji 230 fra ensinado, como anteriormente,em qualquer parte do Feino, sieve ter sido sujeitoa muitosultraes,ealvez se tvesse perdido, ‘senda gradualmente suplantado pelo ct la (ama sespeita jus: blieada se se tender as frequentestranscigoes de Justinian que seencontram em Bractone Flea), se nfo tvesse ocorrido um ine cidente peculiar, quale deu nam momento muito ertico,conte- ‘buindo fortemente para a manateneso o common ln. Oinciden- teaqueme ef folareforma do Courtof Common Pas, 0 grar- de tnbunal para questoes sobre a propricdade, no sentido de sor ‘mantido num ceterminado lugar cert, de modo aque asede da jsticaordindria pudesse ser permanente e notora para toda a ‘aco [com 0 que [os tribunals reais] tim sido mantidos des- ‘deentio exceptuadas algumas auséncias necesirias nas épocas {de praga) no apenas no palscio de Westminster. Isto juntou os professores de dreito municipal (ie, common law) que antes a slavam dispersos pelo reno, dando-thes a forma de ur corpo agregido,estabelecendo uma comunidad entre cls. Quem [-] “scentregasse completamente ao estudo das eis da terra, en8088 Considerando mais como uma mera egnela subordinada para divertimento de horas do laze, logo pode aleandoraraquelss eis ‘esse nivel de perfecto, que eno alcangou de repente 0b oS Suspicios de nossa Justiniano inglés, o rei Eduardo I Na seque- ‘a desta afortunada junio, osjuristas do dreto comm formar naturalmente um tipo da colegio: e, sendo excluclo de Oxford e ‘de Cambridge, tiveram que estabelocer uma nova .Fizeramn0 comprando a pouco e pouco warias casa (agora chamadasas ts ofthe courts eof the Cncery)enteea city de Westminster garde Clara Jura Europea = reunido dostribunais rai, = acity de Londres pela vantagem do fi acesso a umnae pela abuodncia de provistes na outa. Era ‘agi que os exerccios se faziam, que as aulas eram dads e que, Fralmente,osgrausem common lav eramconferids,talcomo na ‘utrasuniversidades oeram ox deci! ecmon ln Os gras era fs de haristes[.. erespondentes aos de bacharéis a pesic30 @ {tau de sero (reenen i eg) comrespondiam a0 de dottor ‘A coroa parece que cedo tomo sob asa protaso estes novels ‘seminirios de common law... 23) Contado,aslesimperins 0 foramtotalmente neg mesmo nagio ingles, Urco- "Nhecimento geal com suas dexsies fi sempre considerad como tim aprecisveltranfo de um cavalheiro; mantendo-se a moda, em ‘special ulmamente em transportarasexperancascrescents sta ‘tha para as universidades estrangeiras, na Sug, na Alemanha.¢ ‘na Holanda: as quai emborainfirlamentcinferioesasnossas pro pris, tim so olhadas como melhores bergrios do dieito i, ‘4 (@ que €quaseo mesmo) das suas propras leis municipais 0 _mesmo tempo, peculiar conjuntodomosso admirdvel sistema de dliritocomeqouaser descuidado e mesmo desconhecido,como se oss uma mera profissopritica embora cnstrudo em cima so- bre as fundagses as mais sdias, e aprovado pela experiéncia das ‘dades, Bem longe de mim est afastaro ests doc nw consi dlerado(aparte de alguma sutoridad obrigatea) como uma re- colha da azo escrita Ninguém est mais completamente persua- ‘lio da excencia goral das suas regras, eda equidade usual de ‘sas decsois, nem mais convencida do seu uso, assim como do ‘omamento que constitu parao académico,osacerdote, 0 estadis- tayemesmo oadvogado comum. Mas nds nao devemassobrecar- regar a nossa venerarso a ponto de sarfcar os noss0s Alfred & Eduardo aos manes de Teodéso ede Justiniano; née io devernas preferiro edicto do proto, ou o rescripto do imperador romano, ‘os nosios proprios costumes memorials ouas dcsoes dew pe lament inglés; menos que tambem prefriamosa desptice mo nargula de Roma ede Bizancio, para cujs meridianos os anterio= 125 (edito erescipto)foramcalculados,constituiciolivre de Gra Bretana, a qualas fontesjurdica ultimamentereferidas so ade- aquadasa perpetuar”(.p-4. 85), Como caracerstico do diteito ings fica, doravante: + uma pronunciada supremacia da le qe explicaré muito, ro Futuro, quanto a resistencia da constitucao ingles em colocar limites Tei + uma conscincia aguda de que existe um dreito nfo e- nto" + um rigor muito estrito des meiosdisponives para obter ‘reconhecimento judicial dos seus direitos - paradoxal- ‘mente, muito semelhante, em certs aspects, 20 forma lismo das lis actions romanas~aideia de que, embora fo direitoconsita nos sos estabelacidas historicament= fe diuturnamente recehidos,cabe aes tribunais a autor- dlade de os explicitar, por meio decorrentesjursidruder- ‘ais consequentes econstantes(precedentes)"> Legit, was befor observed, the greatest atof superior Hat ‘canbe cereised by one bengover another Wherefore isexiusve othe ‘Sey cee fat be ma by he supreme per, Soe eat} 8) hese gover ans ices imred mt raking of laws, fr wherever but power resides ll ecere must conform {Bana cid ty wher apna Batwa frm and {ome the egsltur to er et frm and adainstraton bya ew eee ‘rule, aa opt the excetin a he laws into whatever hands pln Ss: by constituting ane, o fet, oF many executive magistates a all the other powers ef te state must obey the legslative power tn the di ‘darge of lw several functions or else he consitaton satan on (. Baton Conan 80) ely genet rth Commer fw propery so calle: but also the prticulr customs of ‘tan parts I the hing, and ikewise those putas that are ty custom observed ony i certain courts and rsdn” (W. Blacks tone, Comments. set Inca) “For the authority 3 thee maxims rate entely upon general ception and usage andthe only method of proving that tor hat maxim ale fn common uy showing th een nas ecto lve these customs or mani to be known and by whom hee vality teleermined? The answers by the judges inthe several courts of stir chris Eope w + um papel residual eestitanente mito a ens att Wiad ea cere tburas dae (aan) “Thay ac he depose ofthe laws the iving omc, wha mast Joie yc aaoe and whe ae tmund by noth to dee according then ofthe lands nwo a dete rom expec tsudy OF Baste Commeraenl LL6D{. ]isanesatish Tagseo nw tpt eal ocr even an stn ad ot seer etver wat every fam dg sopnion or (a becrane oe aw inst MewiSingslemaly dirs ont detmined, what etre was uncer ripest nn tna ear eh inesLbrest any secu ode ater ovary rom recording COS pvt selina] Yet leaden of eacpton where the one Fetefnon mest evenly tentan oven mack more Fie cla ‘ESSmy tone cvielaw.Ourevenineuehener thes ntfs [Bsnceprtend tomate nc lov ut singentethe ol oe rom mise Jrocrltert QW Blcktone,Commentane[.)162, se FES ter fove oy a tot Oster he Hr of semiment wth shthourcmmon rtf. SHENNGincen ow as orepot st sponte in) there are ao plisr eur of cy sed hee he ec er fPaudsandconcenmnt whi ie procear of he couts of est ds ted enh enforce the exeuton for uch air af us a con ‘Ee, asenctindng ncorince though otcopnsabein curt aw ‘ESsincr om sc argeseearomngs motor or oversight nd {S ges mor specie el and oe adapted to same ceumstnces {bens tan com svays he taney the generality the aes of Ue ost orconmn bw rath i afr om of gy we ‘thoneresend rane oper oer TEigaTinany jog to const te lw othriae tan acorn tthe eve i) so ots method of terpenes by he eng of thom, wht ‘wccall ey, nhc thes lined by Grows the correction of tat Ahern he bw oy senso fe unvesli) fdtiiet" Fr se in ier cases cane be fonsean or expe ences) ta hen ELM Ghce athe come ote appli pata caes, sre wodiicromenteret ower eed ode threccumstncs whch {Radney bern orsen tnelopator mes wouldve cxpressed. And thescer’ tr css whch acedlngt rote sanon eat det ed et bon vie pre (W Blackstone, Conner [ 1) Py Anta Manuel Hespanta + um papel estrtamenteIimitado owtorgado a0 civil li." Felaivamente a situagio dos direitos continentaiasituacio do dirt inglés tem algo de paradoxal. Por um lado, prevalan- {a do dieito proprio (ou municipal émaisenfatcamenteafrma- face, sobretado, muito maissistematicamentepratcnds, dado que ‘0s juizes 0 formacog, nao-em institigoesunuverstias de po ‘seademico, permesveis ae modas académicas do continents, mas Sobretudo em escola judicialsaferradas ao sistema de dreto pro thao nos tnbunais, que era norman, Do ponto de vista est tural atenaaestreta margem de discrcionaredade atribuida aos julzes peranteo sistema de wis ou agoes, a influéncia do dizelta régio era maior, No entanto, esse dreto no era o dieto actual, ‘mas odiretoconsuetudinano,enraizado nurs tadigso de julgat consubstanciada naa regra do precedente ecodifiad nos repistos (records) dos telbunais. Deste meoclo,o dito ingles acabava por se ‘assemelhar bastante, ra sua gramatia formal, so sistema de dite to pretoriano dos romanes, constitu por gras de jugar, final mente codificadas nos edites dos pretores sta dstingtes acabam por se atenuar coma tendencia para a recepeao das concepgoessistemaricas do direto do periodo jus: ‘acionalista, quando 0s juristasingleses - como o proprio W. Bl Portugal medicol. News interpre cies, Lisboa 1984, 295 239); "Santo (875 1100)", Rev. pot hist, $B(1981) (= Portugal medictl., ct, sid, 396-440); Antonio Gare ia y Garcia, Estudios sobre la camonistin portuguese mele, ‘Madrid 1976; Jost Antunes, A cultura erudia portugues 10s cs. Xe XIV (uristas etaloges), diss. de doutoramento dact., Co- mbm, Faculdade de Letras, 198. Para o periodo posterior a Recepgio v., por todas, A. M. espana, Histia das institugses ct, 499 833 Nuno Espino sa Gomes da Silva, Himanisina edieto en Portgel no sc: XVI, Lisboa 1962; Histra do direito portugut, Lisboa 1985, loc. var Martim de Albuquerque & Ruy de Albuquerque Histirin do ic reita portugués | Lisboa 1984/1985, 273 295, 7-8 HSCOLAS JURIDICAS SEISCENTISTASE SETECENISTAS SUSNATURA-LISMO, JUSRACIONALISNO, 74. Os usnaturalismas 714.0 jusnatraismo da escoliticatomista ‘antes se falou por viras vezes de diveito natra ede ma tures des oisas. 520 ideias que, nascidas entre 08 gre, atra- vessaram toda a [dade Média com fortuna e sentdos diferen- tes, ese reinstalaram na Epoce Modesna Encontamo-nos como dieito natural, por exemplo, quan do nos referimos a Sto Tomas de Aquino. (ef. supra, 53.).Na esteira de Aristotces, Soo Tomas acetava a existencia de uma from natural das coisas, tanto fsicas ent physica) como hue ‘anas (enfir moalia,ordem js constatada pelos clisscos e que era confirmada pola cronca cists num Deus inteligente e bom, triadore ordenador do mundo. Felo menos, a toriaescolstica das “causas segundas” era nest sentido.* A cada especie teria tiribuide Deus (coma Catsa Primera”) umalei natural ("casa Segunda”) -0fogo sobe, por natureza, os corpos pesados caem, fe,» salvo caso de milage (Le, salvo intervenso extrardi ‘a de Deus. Estas naturezas das vias especies harmonizar-se- {am todas em funcio do Bem Supremo, de tal modo que mun- do estariacheio de ordem eos movimentos dos seres ou das e5- pécies de seres obedecesiama uma regulagto coamica, ‘Eo mesmo se diga do homem, Também a espécie humana. "No rat interpreta cit dels ee Des 0 mre ‘or Santo Agostino tinh persado a cas data any dado mas ingaran ao de Dsus do gues oom do unde; or ana ciplor =~ atin Manuel Hep teria uma crta naturers, ou sj, etara integrada decertomada na ordeme no destino cosmicos. A idea de dreito natural par te precisamente dagui. partir de uma pesquisa dos fine do hhomeme do seu contibuto pasa o plano da raga elaborae a5 regras que deviam prsidirapratica humana, demodoa qucesta resultasse adequada aos designios de Deus quanto & ica em seciedade e quanto a0 lugar do homem na totalidade dos seres cridos. Tas rgras, umasformuladas nas Escritura (eto d= ‘no, outras dai ausentes mas manifestadas pela propria ordem {do mundo eatingiveis pelo intoleto, se bem ordenado (recta tio, boa ra2io), constitaem o dieto natura Simplesmente, Sio Tomés combinava a sua confianca na ‘apacidade do homem para conhecer a ordem do mundo cart ‘sentimento de que este conhecimento nao podia ser obtido por processosestlamente racionai (¢,supr,5.3815382), Porm Tado,a descoberta da ordem natural das coisas nao podin pro- vir de um acesso directo as ideiasdivinas, vedado a0 homem, fem virtude do pecado. Por outro lado, ni seria atingila por ‘uma especulaczo meramente abstracta, Comeyava por prest- por um trabalho de observacao dos factos, dos resultados es trios eimperfeitos da nossa experiéncia. Eta observagio devin serorientada ecomplementada pela elaboracointelectaal. Mas © intelecto nao se compunha apenas de facldades de racioct io (razio), mas tambem de faculdades moras (virtues), No- _meadamente,0 raciocinar sobrea ordem das coisas depenstia da virtue da bondade, ou soja da capacidade moral de perceber 0 Sentido global da ordem e, por iss, de distinguir o justo do in. justo. Datquea razso tenia que ter um qulifieativo moral pa Ser ficaz ~ tem que ser uma "boa raz30" (rete ratio), Por oute lado, a molbilidade essencil das coisas humana, provocada pela existencia deiberdadenohomem,levava aque nso fesse possivel encontrar principiosinvariaveis de astiga. dda, que Fosse impossivelestabelecer uma cgncia do dieito na. tural que desembocasse na formulacao de ur aidigy de eras Permanentes. Tudo 0 que se podia afirmar, neste dominio, ea a fexistincia de um vagoe formal principio de que "se deve fazer ‘oem e evitar o mal. Se, pelo contrat, se passasee para a = ula orden Egle ™ tamentago concrel, tudo sera mative etiam con- ‘Ghusoxame de porderacto. A pretensio de un ciao n- {url stot, portant Sto Tomas a propost dua arte de, “veada momatt, por cal cso encontrar outs (us ‘niche Eistotarbem aenconesvacomoersitamen- toe Aiton Aas A Escola thériea de Direito Natural ‘A Escola rica de Dieito Natural consti um desenvol- vvimento peninsular da escolastica aquiniana, provacado pelo fdvento da Contra-Reforma:* Apesar de uma fidelidace Fan lamental (pelo menos nas afiemacbes) a Sio Tomés,** esta es ola integra uma boa parte da contribuigao cultural efilosotica {lo Iumarsmo(enta0 no seu aug) endo €estana a rit te mas da filosofiafranciscana. Assim, uma anslise mais prof dda da sua obra ests longe de assegurar a tal alegadafidelidade fundamental a Sao Toms; em muitos pontos, a um nit re- visionismo das poses tomistas. E é isto que acontece com 2 Soutrina do direito natural [Si Sobe o"jusnaturalsma” deSto Toms por tos, dentro desta nter= prtsioasea ponent Vile, 961 e968, 201 ~ tins ere ar dene abe td Vande Coonrac Ever, Cras represents 50, que toes ‘isis tno emer nernonsppats Ov th {Be espns em quests colonia Alonso de Casta (19-1588), ruts ramen Ven (16 1540, dominican, um das ms ae [erections de sn snr doconentrio Gr ati: Lae Mo a eee douams te Poe aaa ior ns fe Func Portus) fntete, om anos, Prana Sees {58167 proven om Ala lad Ror Sls «Ca ae pubis sua ors me famosa un teat soe» ond STpedbleme fortron dato dst, Taste de i Bet taglc: (Ltaye prove sume renlerpreac, ebora moder, ts poses us Tom se oe, ioprai Mel, 177 Coste, $928,968 alguien designs de Sgund scl, Aqui 0 contribute espectico da escolistica espanhola ci- fravse no sepuinte (0) Laiisacio do dinito, Levando 8s stimas consequéncins 2 teoria das “causas segundas”, a natureza éde tal modo concebida como autorregulads, que se adnute que tal _gulagio teria lugar mesmo se Deus no exists (etiam d- ‘ems Dew ese), Tal como Deus nada pode contra 22 Seren: 4, nada poderia mudar as verdades da ciencia do clit. Esteaspecto nao esti, porém, presentenem€igual- ‘mente acentuado em todos os representantes da escola js ‘que em alguns prevalece uma orientago mals "volunts- "sta! naestetra de Scotto e Occam (og. Suarez) (@ Rang do rita na rai india. Retomando a for ‘mas dojusraturalismoest6ico(veiculado pelohuranism), cos peninsularesdefendema idea dequeas eis natuais 0 ‘sufiientemente explictas para serem conhecidas pela r2- zohumana, A razio individual (desde qu sj "“ecta’) 6, assim, promovida afente de dieito, a “primeio codigo” ‘nde esto anscrios os principiosjuridios elernos (i) Togiczago do diveito-A crenga na ra2a0 e nos mecanis: ‘mos logicos, postes em honsa pelo nominalismo, va a- 2ercom que sejulgue possvel encontrar odieito por via edutiva. Suarez langa, defacto, as bases do dedutivis- ‘mo queiria reinar na metodologia do dieito ao afirmar, pela primeira vez nos tempos modemos, que épossivel fkeductra partir ds principios racionais do dirit,regras juriicas precsas, com contetdo, etemas eimutaveis>® ‘Como que, est ber de ver, muito se afastou de Sao To- ‘mis, mas mito se aproximou dos sistemas juriicos lo- {lctzantes do século XVI ‘A Escola herca de Direito Natural teve enorme importineia Sle panned conned voids "ai de Deas ‘iploe moras prs mess vienes quando muse ¢exenida Sut Sect fits dae sms (te (Cattra Juriin Europeia = ppara.o devir do pensamento juriico europeu, O racionalisme, © Contratualismo e outros ingreentes do dieito modenno encon- fram ai os seus principios. Daa sua enorme ifluéncia em zonas to distantes, geograicae expisitualmente,comoasreasculturais donorte da Europe, especialmente Holanda eonorte da lems. nha onde vio desenvolver-easorlentaciesseguintes. 71.2.0 jusnaturalismo racinalsta Gusracionaliso) ‘Mas os uristaseuropeus, quetinham comecadoa lero Cor- us ius, e0 fildsofes, ue desde ha muito conviviamn com 0s textos dos estbicos ede Cicero, encontravamse com uma Out tradicio usnaturalista-aderaiz estéica. A qual, por melhor r05- ponder as aspiracdes dos jristas ansiosos de certeza, por es- {ar muito explicita em textos fandamentais do Corpus hei jus- tinianeu, veioa triunfar sobre a radii aristotélice-tomista nos alvores dos tempos mademos. Para 0s esticos, 0 direito natural era outra coisa, porque também a “sua” nahurezn era diferente daquela de Anstotekes. Este lio fazia da natureza ndo 0 0 germe (presente em 908 desde o momento do nascimento) a partic do qual se deseavol- vvern as coisas e os seres vivos; mas também 0 fim para o qual estes naturalmente tendem, aguilo que stom pottucia. Nocaso dos homens, a sua natureza é a asseciag com outros. Os ho- ‘mens sio “naturalmente politics", pois endem 2 constituir dades, grupos, comunidades, como aqueles existentesefectv mente. Sendo da observacao destes que se poderia averiguar alguma coisa sobre o direito natural PPelo contriro, para os est6icos, a natureza 6 caus, 0 08 piritacriador e ordenador (netoma logos) que dé movimento 20 Inundo eque o transforma num mundo ordenado (cosmos). Em todos os seres e, nomeadamente, nos seres vivos, hd uma par cola de logs, que constitu o seu principio de vida ("azo semi- ral logos spermatlas). No estado puro, o legos (tio, "72280" 5 apear das deren lips, os juris pense vo ines ‘mess holndere roman Hage crac hana hare = mio Mane espa encontra-se nos deuses¢ também na alin dos homens ta ‘modo que azo consti a natura” expecfice de mem. Foran quando osetscosainnam ea natreza fon te deceit (nun tr, fons ss, ex nt orta et rs, Ce ro}, oquequerem der € uma dss das coisas, Ou qu od reo deve segues aes natura, dbase ao desi srt tuigces extents, sincnagoes” ques nature cocoa een hs {mo ft), Ou ama vez ques wma centela de ngs an) na ls dos nn deve bse se noc aac. primeira propeniSoc relatvamentcteiemconsequ: éncas normativas Pode conduzirs una seca das nso ‘testo institutds (a um quiets juridic) ees er to, favorecer ums ate postivita, A segura propose, orem fol maiiea em consequéncias fla encores presen, {em toda a obra de Cicero Foi Cleo, efectivments uh Aiud a morate a doutrinajurdica estos no ambiente ca tural romano emai tarde= quando a cultura eurapela anion porumregreso aos modelos eassico quem a inicou nado fina moral ejurdica da Stors™ sta doutrina~ que se pode encontrar resumida no text> indoor pode netctearae nis pute i) Exist uma natural term, mute, promalgnda peo ‘Ordenador do mundo. ae De menos, 12,65 Dens LS: 1 Bsa tn, modo sain pte da cal carpe em ge hie o dito ataral ou mor, rpreand strmlog es ‘ana, qual nas devemos trhabioand ar otras “Ease na eral que ea ec an que conoda coma natures dir ts Iotve tema sue on reclama iperoatewcanpimetses epics enen eeu edo re ‘ths te do Guise acne scm ‘Sts nam plo Sena nom plo ovens nes ose Sats Aas pre itpean ecko ¢ ums em Aen ou ee Roms; masew ania mesma ute seme que sangeet y ‘stempostnda as act Ue Den eh perder dt Si porsssmaginore deere pomulgoue utr Juin Baropia eo (i) Ta et ests presente em todos, podendo ser encontrada ‘portodos, desde quesigamasevidencias dab razio (rec terra] ou seja da ra2a0 do homem que respeita as suas inclinagies natura (lon honestus, qui honest iit [que vive honestamente) (ii) Este direito €corstituido por normas preci, por leis ge this certas e clvas, de tal modo que nao énecesstrio um tenico de diteto para as intorpretar.& dlelarag30 do i= reito no 6 portant, uma tarefa arcua, precedia de uma cidaciosa abservacio e ponderacao de cada caso concre- {formas uma simples extrcgso das rograsdeviverquea bos azo sugere a cada um (eden ratio cumest in honas mente onfirnatnet conftest lex ales a propria razao, tal como reside e opera na mente do homer}, Cicero, De lags, 1) E também no ¢ ums tarefa mar nos sous result dos, pois nem a lei natural eta sujeita a contingéncia dos tempos e dos lugares, nem a razao humana (gue é2 soa propria sed) tem dfcuidades ema conhecer Por otto Indo, nao hs para Cicero uma verdadeiza oposi- sto entre direito natural 9 dreito positivo. Pela contatio, © {Quistismo juridico a que jf nes seferimos levava a ideia de que (diteita natural tenderia a conceetizar-se nas normas positives fede que estas constituiria, portanto, a consumagio definitiva ferespeitavel do dreito natural ("Os costumes eas instituioes| ‘So, por s proprios, obrigat6rios. Sob o protexto de que um 50- ‘rates ou um Aristipo violaram uma ou oulza vez os costumes dda cidade, nto se deveriacometer o erro de pensar que poder amos agir da mesmo modo..", De fics, 41, 148)” Tamim as Arik eS Ton nd havia uma comple opsco ence taciofatnlco to postive nas nucopupocnsrunaarotg. 0 ics pv ges arora et ‘alee ses ene ds ear ae ‘Dons ute nCpsreado a act dor m cpr onus [Freugngopniotalcomocseumacspertncng foto acer saas Shutters route do ode peters mesa ‘Xetmconanosthamenb dase isa pcan peas a partir destes ingredientes de origem estoica™quesevai constituir a doutrina moderna do direito natural. Evidéncia, ‘generale, racionalidade,cardctersubjectivo,tendéncia para 2 positividade, tas so as notas distintvas do jusnaturalismo moderne, as quais encontzamosn avo na filosoia moral dos es- 7.9. Ojusracionalismo moderne ‘Mas, para além destas vores que Ihe vinham do passado, © século XVI encontrou no ambiente flasafico do seu tempo “lementos que contribuiram para formar a sua concepeao de um ‘igeto natura, estavel como a propria razto, Referimo-nos a0 Idealismo carlesiano, embora tal concep flosofica tenha I jgacoes muito profundas com uma anterior escola filosotica da Barna Idace Media ~o nominalismo de Duns Seoto e Guilhe sme de Oecarn™ ‘Descartes (1596-1650) fot um esprito profandamenteatra- {do pela ideia de um saber certo, Ele proprio confess, referin- slo-se aos tempos de estudante: “Je me plaisais surtout aux ma- thematiques, cause den certitude et de Tevidence de leurs ai sons [] leurs fondaments étant si fermes et si Solides” (Descartes, Discours dela Methods. Pour bien cones Ison etchercher ls ort dans les sciences. Premiere Pati, 1687 vera esta frmeza e solder 0 que ele nao encontrava nas disc pina filosoficas, polities juridica,eias, tc, tradicionais. Ai, tudocra mobilidacte, incereza,contradigoes e disputes. Toda primeira e segunda partes do Discous de a Méthode exprimem ‘seu estado de espirto sobre este ponte. E dai que Ihe vem a Ideia de, apoindo ia sun "hue natural” e no “grande livro do ‘mundo, etabelecer para estas disciplinas um metodo que les Fomoceste bases tao sodas como as das matematicas. “Solos a doutsina moral, police iden dos estos v.Vlley. 1968 42 Sobre omnis dor i rican. sua ua ya loa me “ema sonnet pao poreamentojric 6 Vile, 19% 1-28, Cobar Fria Earp = A primeira rgra deste metodo ¢ regra da evidéncia rac nal: nada admits camo verdadeiro que nao sea evidente para o cspirte. As outras és das quatro regras catesianas 80 cot plementares desta edestinamse a tomar evidente aquilo que 3 primeira vista ondo 62 Quer dizer, para Descartes (Como para fs estbicos) a chave da compreensio estava mum interogar de simesmo, num excogitar alive e isolado, pouco atento a reai- aces exteriors, Embora Descartes nao se tena ocupado do direto, 0 et smétodo influenciou, sem duvida, os juristas que buscavam 9 seguransa® “Tambm estes izeram fénasidelasclarase distntas,naevie um des Ses impulace, Pel contrrirperane sua necessidade “al ‘aI’ de agi acionaimente ou de agit istintvarente, soci {dade chegava a aparecer como um cstculo, pois ela nfo era possivel dar live curso estes impulsos ser chocar com o> de- $gnios de acco dos tron, Por iso € que a maior parte des Prrsadoresosacionalistasdefendem quea inettugao da soc ‘Edndeongetnda oiedade pts} representa iitagsodos ‘eter natura ‘De fact, leva pea considera dos interesses da vida em coma, paras qual te sentam incr (Hugo Grito John Locke bu pelo medo de um estado de natures em ques {atisfagto dos impuisosnatuais gerava continuas Tuts (Th. HHotbes) os homens celebrass entre som pact, pelo qual imi- tama sua iberdade natural entegondo na mao dos governan- tes poder de eitarregas de comvivio Obigatrias-£ 0 "con: trata Sota” cojos germs jase encontram em Sater, mas ja teora€ agora amplamentedesenvoluda, “S Nem todos Grécio, ainda muito ligado as autoridades adicionas, cont Ininaseontwcers apse ste om un doeinpaloreatreds omen Este apon mpl pela sioe poo natin grpsria. Ean Site pe eccfen eiosias Indvuns mus tubers oem gue preside cede mua ‘ho rts oth) v Sar 199,15 Tbe Samo Patent (Gen 1058)~umpenendr hoje tenor conecid, rs de enor ut (Gh eps oreadamente ene os ural rconhese ur ents Secblrsties do hove prove i npc mara de ‘Vrorsem mio dso congenres donde a corset sid Snes tambn daconseragdacomenidode Bums 1997 508533). ey Aino Mel espana A teoria do “contrato socal” no deu lugar, somente, as teorias democréticas que tiveram o sea epilogo na Revolacso Francesa. Ela pide também fundamentar 0" despotism imi- nado", tipico das menarquiase prineipados europeus do sécu- To XVI. Tudo dependia, defacto, do contesdo do contrato, pols osjusnaturalstas acabavam, como see, por depor a faculdade {de moldar a constituigto politica nas mos dos membros daco- Teotividade. ‘Para uns ~ os mais pessimistas quanto a natureza huma- sna, como Thomas Habtes (1588-1679)*-, os perigos do “es tado de natureza” levavam a que os homens decidam depor todos os seus direitos na mao do principe, a fim de que este zelasse, com o pulso livre, pelo bem comum e pela Felicidade Individual. 8 tunica limitagso do principe seria a necessida- ede governarracionalmente, ou se) deforma adequada aos bobjectivos que tinham estado na origem da instituigao da so- ciedade politica ("assegurara paz.ea defesa comurn’, Th. Ho- bes, Leviathan [..J, 1651, cap. 17). Por oposigao, 0 governo lespotico e arbitesrio seria pico "do Turco”, imagem muito ‘comam nesta literatura para designar uma forma lirdnica de governo. Assim, 0 soberano poderia legisla ¢ governar sem Timites, as suas razies ou os seus actos nao podiam ser julga- das pelos subditos, nao estava sujet a nenhuma "razio do ‘inelt” (nrispradentia, ators) snventada pelos jarstas, era ‘otinicointerprete autortzado das leis (ibid, caps. 18, 26). Nes tecaso, 0 proprio direito natural desaparece com 8 instit- ‘io da sociedade politica, justamente porque, uma vez insti- tuido o soberano como nico legislador, nao ha lugar para ‘qualquer direito que nao tenha origem nele. Leis naturals ¢ costumes valem apenas enquanto néo forem contrariados Pelas suas leis positivas e, neste sentido, se no provem da Soe Hobie, fms, 197; Zara, 1995. Sobre o persamento pois i- esnsun pn, urs, 197; Harr, 198 Burgess 182 Care, 184 vane Aone, 955 8. Ctra juin Europea Ea vontade positiva de soberano, provém, pelo menos, da sua paciéncia (bi. cap. 26). {Uma outra versio do contrato social é a de John Locke (2682-1704), segundo o qual a constituiczo do estado politico ‘ancela os direitos ce que os individuos dispuntamn no estado de natureza. Na verdade, o estado politice apenas go ‘anfcia uma melhor administragao dos direitos naturas, subs- tituindo a auto-defesa ea vinganca privada pela tutela de uma autoridade pablica. Por isso mesmo, 0 soberano, que nio era {Fonte nem do dieito de natureza nem dos direitos individ ais dai decorrentes, estava obrigado a respeitarodireto nat ral eos dos direitos politicos dos cdadaos:"...]sendo olegi=~ lative apenas um poder fiduciario para agir no sentido decor tos fins, continua a permanecer no pove um poder supremo para remover ou alterar 0 legislative, quando achar que o e- {islative age contrariamente 4 confianga que se Ihe de [.. E, assim, a comunidale rotém permanentemente o poder su= remo deselibertar dos atentados e designios de qualquer um, ‘mesmo dos seus legisladores,cesde que eles sejam tho estul- tos ou danados para formar ou levar a cabo designios contra as iberdades e propriedades dos sibditos” (Two treatises of government, 1690, I-13, p. 192) ‘Assim, do ponto de vista das formas polticas, vamos vero jusracionalismo desdobrar-se em duas grandes ovientagoes: 3 dlemoliberal,inaugurada por John Locke e desenvolvida pelos justacionalistas ranceses,¢aabsolutista, com origem em Thomas Hobbes ecomum representante de nota em Samu! Pufendor!* ara além do seu significado na histria das ideia polit- «as, o jusmaturalismo individualista intesessa-nos como um Samet Peo 1682-165) ¢ massa do que soo, por is. de pet um papel de entrordinato dtlgur dar nova Corrs de ‘Fontamenta polls ete ors sun cra (Elmont pn ‘rover, 1; De jue matron 17 De fs hm ‘agony 16th aceseieadaranteo sce NV ‘tere debe to dspotametamieada curpes desea Pansat uw {saat Portia Ck Banger 1972 Soa, 199 oon urn, 997, SOD 35 Ba Ato Manvel expan "movimento especifcamentejuridico. E lesteponto de Vista ele presenta certs elementos bastante signfieatives para a tara levolugio do pensamento jaridico, Percorramos os peineipas ‘7.2.1.2. teoria dos direitos subjectivos Estamos hoje to haituados, pelo menos na tora do die reito privado a ouvir falar de direlioe subject equiperat © dirito(ra sua acepeosubjectva) a wm poder de vortade saranda certo sujetto, que os custaa cre qu tal nolo te na fido um comego, Esta ua das tai figuras que os ps em indispensivets na dogmaticajurdica Porem a nogto de ait einem ere pare do aa ar des jurists Ea fo sendoconsruidapotcos pouco aang asa fase de perfisio comes jusacomaistans a Osteo subjects st, na coneepetojusaconalisa, os direitos, atabuids pela natueza a cada homer, de dar livre cursos seus impaor instintves ou racionns Esto porte lids penal 0 een sua conserva so seu desenvotvtento Os jusracionalstas pensavam, anda, que estes direitos (tarabem denominadonse- ata oa inns” ou numa te ‘minologa mais moderna, “da persoalidade”) aso podiam de- Senvolverse plenamente no estado de naturezs poise lvrede Senvolvimento dos direitos de chocariacom ionic desen. ‘lvimento dos direitos do outro Por eso, stad da ate: 23" comespondente ve agregacto dos homena rau es tado de gusta (Th. Hobbes), po menos densicente ge ‘antiadasfculdades individuals). Locke) Constidan so ‘sade civil através do contrato sol, faculddes fcr Tesrngidas - em grausdiversoe,sepundo os autores anos Ssjetosgahariar uma eso patie parse ditton Qu hes viessema serconfirmadea, 7 a ‘De facto akance do contato soil a retuco dos setos inaos a fim de tomar possvel a convivencla Em certos stores, partiarios do absolutism g, Hobbes ial redugso ultra Jin Europea w vai ter uma amplitade enorme Embors noutos~nos epee Sentantes da ortentagio iberal™*-os diretossubjectivos cont ‘vena impor se mermo perante o sta. tatoos tio et) gece a porter aplagees importantes nox domios do drto p+ Eber, am sun atorets tra, uma fora de eto priv do pots cnn respi ongiarinment, ao modo de se ls fe ings enteon nds ford ato, nes dominos dodietoprivado que a teve consequéncins mais uraouray,fenecendo a bse Para acors- frag doutinal efectunds pela “pander alert do see Tod (cin, 833, ra Hes os cidadonconservariam dito deve consiénci 0 “llega defn [logo apenas etre priors o dnc caso dele sn defer conts per falc sande odo conderado a mori conta ‘resell, ey por sua ver Patent mut pre ‘Stn ds tencas sth defend qu ores auras no [So peer’ sd strand elaine depos de pstados po Fat ae Rotts eon dna dere en coresronden ‘Seo stagos sts (unin pone) = dasparece cm none 3d po vaca queapeneatbu aosisndsoe dirs atonal com awed cms vont gen! coma) Rowse De conta Bib aecomque pater ssberana,que se espe pore dae no sei deo oa ns nis ae {ipont de vst do communi (cena) e0 de a0 poe spor ‘crBoe evn gents generslade) Gi fo pot devise de Late o toca ng do iberasmo, © opts Sve flosthitedeLacke fo pant que tends Ramen ender Fars Melcndo pores tia, poste instore ua orden sui i {linace ins hein dor bomens Tal sera "eo dentures [foe ange dese uma iptse, ur ea actual fave eer {nthe crespedina sae da send burg da ingltera eu tenpe, So asi craton subjects antinbans sceda {Tcl deveram er spetndor et un orarzaco, sob pon “fvtducs parm ports a Eo iano qc asim se sfostve dos fine guetor conde (Be mpren pr to nee ara lichen yin eee cera tht epee om” Ee x al Comment i. x -Anonio Manuel Hespanka ‘Todo odireito privado vai, entao, ser visto como uma for ‘ma de combinar e harmonizaro poder que cada wm tem de de- senwolver a sia personalidade [Recordeme-nos, de facto, que # premissa bisica do jusna- turalismo individualista era aexiséncia de um dizeto inato de cada homem oa desenvolvimento da sia personalidade (raci ‘onal oi instntva, go interessa agora).© contrat socal visa- 1a, mesmo, garantir esse direito na vida socal, criando uma en- tidade (0 Estado) que assegurasse a cada um a satisfac dos seus direitos em toda a medida em que tal satisacio no pre- jusicasse os direitos dos outros. Assim, se pelocontrato social be criava o direito objective, no se criavam diseitos subject- ‘Vos: estes existiam antes da propria ordem fardica abjectiva, sendoo seu fundamento ea Sua razi0 de ser A origem da sua Tgitimidade esta no caracter naturalmente justo do pader de roomtade(Wilensmacht), através do qual o homem desdobra a sua personalidad, 'No entant, tendo em vista a sua prépria garantia, o Esta: doe odireito podem comprimir um tantoos direitos de cada um, ‘na medida em que isso soja exgido pela salvaguarda dos dire- tos dos otros. O dieito objective aparece, entzo, como um se ‘matoro, dando luz verde ou vermelha aos "poderes da vonta- de” (que se movem por si), conforme as necessidades do trafe- go juridico. ortanto, na base de todo direito civil vima estar os d- teitos subjectivos,definidos como “poderes de vontade garan- tidos pelo dizeito” “S30 de tal natureza odireito do credor de cexigit a prestagso do devedor ¢ de executar 0 seu patriménio [no caso de incumprimento;odireito do proprietsrio de usar e abusar da sua propriedade com total exclusao de terceiros; © dirito de exigir do outro cOnjuge, quer abstengbes (0.0 di- "Un podrportncet pea un domi onde ina su voted, suipcmnacom orn ode Gav. Sm asinine Cotraurses ropia = reito a fidelidade conjugal, quer acgBes (og.,ochamado “dé bito conjugal” e 0 amparo econémico) 0 direito dos filhos a "alimentos" ete. Todos ests (eoutros) direitos subjectivescor- responderiam a expressso de wma wontade. Ngo haveria, mes- mo, efeitos de diresto sen3o os provocados pela manifestagto ddeuma vontade, Foi esta concepsao individualist evaluntriste™® (que tam: bbém tem repercussdes na teoria das fontes de dirito) que se substitu a construcio arstotelico-tomista do dirito privado © ue, jd nonosso século, sofreu o embate das concepyoes insti cionalstas>™ e foi também com base nela que se fizeram os c&- ie tn don it eater sa ttn nino centn essa as “Gente maga cts a de ‘amie prea dosent este Wipe eager oa tira creer ii ‘Sond env uns ee sonora Rash ecay nat eetedocns anne {Sentero artes aun Sita nf tno te — pos pe ec a es ‘Spe garrison ine Stu te Cosu amia ep Sion ee dean sou rave cn ws atin) rao So oanen pss Papen erg mas cry Atco a ~ Siete ne cane one em cae ERG Om ae aries oon Aligos cis do seul passe que enh eset ua boa pate ‘dos nossos manuais de direito privado.™"" m Quando nos eferimos a woluntarismo,quremos signif caradoutinasepundo aslo drat tem ata ented Sara ordem objctiva a natrer, de soceda), nao em cies turin renuneivers do Romer nso mua lpia uraia lieve pose ds vontade Taantes(€ pm, 561) falimos de “voluntarismo" apr posto da losfiado dre deSante Agostnho justamerie nes {sstermen Vimoscome pao augustninnsnal von, Prmrarenteavonade divina embor de fora ders 9 Propria vontade humana (doe governantes viese a ser revest™ tide gual dignidad, que ester oeram por vontade de Deus ip de 867 unre ine Logs ot pale amhomemerscapvel de dirs cobrpsene ena ne insti” oon no peed Neca tin sees” oer vende temo se ‘Tocca act eigrenca is nce eR Sng ts) pl rata ps ener onan ‘edna aerate shar tates thar atCrenendettmete ices eanse parece sui dnstsngenivemencoururnue rts ee epee eset) orate pr ‘nll diaspora) rsd see sean eee ‘esshine eden pes ger rea Sana date ato cue troncetgec cent, tin indndeano sagen prs qulcowtn oon dor haan ave hea taobedvececnrgrcare ap tine psoas onpomside tbe as nce nee ie mei 26246, cata rtia Eropea et “Tamnbim entio se disse que as posighes de Santo Agostinho no ficaram sem continuac0 na histéria do persamentojurdico eu ropes, apontanco-se he como sobrevivencias a teorias francis ‘anas que, gross mode, idensiicamas com o nominalismo, ‘So, de facto, Duns Scotto eGuilherme d'Occam, quem vem retomar a radigio voluntarista, durante alguns sé submer- ipida pelos pontos de vista jurldicos de Sio Toms ‘Kinda agua restauragdo da tradicao augustiniana est ada ao colapso das teorias de Anstételes ele, Toms. Se, para ites 0 fundamento do diceto consistia numa ordem do justo {nerentea comunidade humana, agora tesfeta aiden de orem natural o direito no pode bascarse senao na vontade dos ho- mens ou de Deus, Ee assim queScotofundaalei postiva nacon- ‘tengo dos membros da colecividade ("ex communi consenst tt electone” [por consenso comum e escolhal, Opus Ovaniensts, 1.15.2, cond. 5), E Occam da uma volta completa a pr6pria no (fo de “dirito natural", equiparando-o, num sentido, a dieito ‘Stabelecido (poste) por Deus has Escrituras (in Scrptutis..con~ finetue” fest, continetur”, est contda nas Eserituras) Diloges); ‘Choutro, as consequéneias que decortem racionalmente de ures ‘onvengio (1, de um acoedo de vontades) entre os homens, 8 ‘Ge uma regrajuridica positiva ("ilud quod ex iure gentium vel Sliquo pacto humane evident ratione colligitr, nisi de consen- Suillorum qeod interest, statuatur contro faquilo que se che pela evidensia racional do direto das gente ou de algom pacto [Rumano,a menos e estipule o contari pelo consenso daqueles |quem interesa]”-A vontade no esta sequer prisioneira da lo pen poisa consequdncia racional podera ser ainda afastada polo Etordo dos interesses (v, ctsma parte clo texto citado) “Tomado noseu conjunto,jusracinalismo modero€, este propésito, um tanto paradoxal. Na verdade, a insistencia na ro Zaove a aproximacao do dizeito em relagio a saberes como a Taaterntica ou a logics levarin a valorzaz uma justica objective {cho arbitrria, corTespondente ao cardcter nio voluntario das proposigées das ctneins formais, na determinagso das quais a Vontade nio tem qualquer imperio. E, como veremos, ha per Ssdores que apontam, mais ou menos radicalmente, neste sen- 2 Asin Mane! Hepat tido, No entanto, o racionalismo destas correntes é, antes de tudo, um racionnlismo metodelgic, ou seja, um metodo racional de atingira natureza da sociedade e do homem ede concluir da ‘tipo de ordem que preside as coisas humans, ‘No entanto, coneluida esta anise racional, muitos dos au- toresidemtficam a lerdal esto-determinagio (0 =a, 0 po ler de vontade) como os tragos mas caractersticos da natureza {lohomemeocontrato como fendamentoda socedade, Ouse, fem método racionslsta de averiguagso, desemboca num mode. To voluntarista da ordem social i, mum voluntarsme axon. E aeeste ultimo aspecto que dedicaremos os pardgrafos e- sguintes (Com o usracionalismo da Epoca Moderna, voluntarismo nfo pode ser senso reorgado. ‘De facto, ainda no “estado de natueza”, os direitos de cada ‘umno se fundavam senso na dizeto essencial de homem ima- nifestgdo da sua personalidad atraves de “acyoes livres, sen- doa liberdade o poder de “querer sem limtagies. Dai que os Sireitos naturaisandassem intimamente conexos coma manifer ‘agi desta vontade, por ora meramente aenta ao bem estat par- ‘cular. Para alguns autores mais radicalmente individualist, nic havia riscos de contradicao entre esta vontade ea 270, pois, por um lado, os homens posiam conhecer sem esforgo a fei da hatureza.e, por outro, eram capazes de dominar os us istintos tequererapenasaquilo que estiveste conforme coma a2d0."" Para 6 Porm ented se um stad de iberdade, oo den ‘cmtors homes nee sada un iberdade ones pare tculesimcanta ouqurloer cin ves pore endo serge tpn to iio que as mare conservogo gen Ost eaten tin par gna goin ean ee ‘Scigunitindpondoney nem deer ser masout ease, Sete iterdodecs posse Gain Lace Tis tratsfsseroment 263 ‘tserdade deo ox homens ere de pe cdo com no Prin vont, asi no acd er oa capes da eu igus plo ua ele tom gu se goverar si mesmo ede he nr ‘iirecgutolonpe salieri dacs propenvontadel-} Gd Cobar rice Eeropea o ‘outros, mais pessimistas quanto & bondade natural do homer, ‘nfo exista qualquer razao superior a vontade. Fsta era desenca- ‘deada mecanicisticamente por estimules externos,sendoa rai0 apenas acapacidade de orentar a acplo para oe fine apetecidos (Gu sea. a 12220 nso era of, mas meioe, por isso, toda a vom tade era racional” “Mas, se passarmos a considera oestad politico a sua radi- cagio na vontade é ainda mais clara, pois o estabelecimenta da propria ondem juridica objctiva se fer através de um acto 2o- luntéria dos homens (0"contrato social), cwjoconteido € aqucle de que eles the querem dar para a salvaguarda da vida em co- E estabelecidoo governo civil. o poderde rar dito atra- vvés de actos de vontade nao tem limites, Pelo mencs nao los econhece a maior parte dos autores, quer est se situem nas hosts absolutistas, quer pertencam as dos iberais. ‘Toda diferenca entre eles esti no mode como concebem esta vontade que da origem ao dizeito, bam como as suas rla- ‘6e5 com a ra70 (inf, 8.2). Osliberas (antes de tudo, Locke) procuram combinar von tade eraz50, com base no caricter racional da vontade indivi- dual no estado de natureea, a que ines referimos. sto porque, por um lado, oadvento do estado politico nso cancelarin essa Tela natureza que iluminava a vontade no estado de natureza por isso, continua a constituir um padrao para jlgar as leis politicas For outro lado, a vantade at est na origem das leis politica ¢esse mesma vontade dos indiwiduos, de que © Esta- do nto é senso um representante "Na verdade, Locke manteve-se numa concepeS0 tadicio- nal do pact politico, concebendo-o a manelra de um pacto pri- 50 do mia auto autores gerne cama mie 6 ier ‘de que cada homer post de anos propra pe da mane ae ‘gtr pra preserago da sua pra tte Sed sn Sronguontemtni de ane fas ago ss pps gon’ > itn como me dune sie (Th bo, Leth cap ou “Aro Manuel esas uo (gud onnes tit, a omnibus appar debe, sito gue {cea a fodas deve se provado porta) A vontade gee rsutava eno produto da tote ds Yonades inva oie ums vontade nov. Dat queaguelassdona maa do los se mantvesse no Estado qual pod concer stp "scons de idem comum equre ipso daca som elas Claro que sempre se poe dizer que ela coma pos, ‘tna da te tntral come oentadors d wontnde pale ‘ort uaimingo do vent dol ses se fs consequens conta omeadaments ean a0 data de resisténcia ou de revolta.”* * “ 0 poser dea mira impor sua vont minosa er expend porum ‘exine mera por da di, une {st quandomeforman von docorpo Late erpin Wo scosepees ‘eras “6 (}] Guandoqualuer namere de Fanon: por mio dace ‘setinein de cada avid, onetare una comunidad cer een ‘tara ors mesmo comunide a o ‘sano po. como poder de agi capo ue aint pens plone ccna dt. ‘en cic non meen cmt ‘te meen nade Cmeaso ges ops foe ee ‘rego msiofos gc aga cesganCo comme anon Be to modo sarin inostvel que ela ages ou parmancie esta tanoe ‘expe Com una comunidad como cian indie qua cone oe ‘ordou que fs porous um sm ioporoquleconurninnts ‘ase concuito pa mana” ace Two trate 9 omen Te Foran ate de cere tacos radconi (onde cola emns soma dis vontadstalividuate 0 saber ome npeeane os se) bie ane. = “Lele subordindas mesmo ae, snd oleltiv apenas fide pr opin sertdo de ets conemans sooner Povo poder sem para emorrou ser 9 ele Mloachaequsleplaive ng cones sgusae he deo daca gu legit ge contrat coated {Ean comunidad tm pertanntemce Poder saprans de setter tenes esp de unger ok meting doce ‘egos aed gu sop er ou drop at ar cao dsgsscontnelitednss¢ propane ese Ctra juriin Europea os COsnaoliberais (absolutistas, acobinos), pelo contro. bordinam totalmente a razd0 a vontade, no Sento de que no reconhecem quaisquer limites paraa vontade do soberano. Para tes, a vontade soberans (legislativa, geal) é diferente da soma ‘da vontade das partes. Na verdade, o pact socal daria origem ‘uma entidade nova, o corpo politico, que era o detentor do [poder de exprimir ox comandos sobreacomunidade, Pertencen- tera uma pessoa diferente (pessoa moral, ens moras, na termi nologia ce Pafendorf), esta vontade legislativa tem caractristi- ‘as diferentes das vontades particulars: desea sempre o bem [eral e logo, ¢ sempre racional. Embora tenha sido Pufendort {quem primeico construts uma teoriaacabada da personalidade publica, "a construgio do carter soberano.eabsoluto da von- {ade legislative foi levada a cabo, de forma exemplar, por Hob- bese por Rowssea Para ambos, a vontade legislativa era soberana ¢ absoluta, Primeiro, no sentido de que se impunha absolutamente a todos ‘sbitos, 6 estancoaestes a ptesede,originalmente, no tssinarem o pacto social ou de, subsequentemente, se expatia- tem. Esla € a opiniao de Hobbes, que no reconhece 0s sibdi- fos quaisquer dieitas em relagao a0 soberano. Rousseau, pelo seulado, define o poder do corpo politico sobreos sbditos como bsoluto: "Como a natureza da acada homem um poder abso- Tuto sobre todos os seus membros, o pacto social dt 0 corpo politico um poder absoluto sobre todos os seus; e esse mesmo poder que, irigido pela vontade geral leva, como disse, o nome Sesoberania [.-]" (Docontrato socal 4p. 74) Depois, a vontade legilativa era absoluta no sentida de que io conhecia limites materinis ou sj, nfo estava subordinada a Gk aa 907, SU Segundo Palendor casa remota dss pesos © Sestade pias € Deve tendo pacts oc evra hun) apes 8 ‘Sao eens prime) dso iain Dalquee gover pico {Ties letra corer som agras, nd pedro se esate ‘esdas fe oncaco Sunes tna tncortndo sa ormulague prox ‘isan ongem dvion mesain co pada polio (Dn perppaton de ‘Drs, pormelo do pov enhuin peceita exterior si mesma, Parasecompreender bem Glcance dest alrmayioe no entantonecessaioeslrocer que ‘Sta vontade publica continha em si mesma a sew objetivo, ot Sj. estavaintimamente drigida para aconsecagso do interesse eel plo que er, por dfirto, sempre asta eracional ‘Quanto ist, Hobbes sstentadoatese do primadoda von- tad legislativa sobre ocontume sabre opolerjdicini, sobre raziojridica (Leta, ap. 26). A nia resto ao poder s0- terano ainda asim. ser avaiada porele proprio ertadeque estavaracionamentevinclado a govemar de acordo com paldade pra que o poder civil ina sido institu ‘tema da coertncafrgosa entre a vontade do corp po Iiico ea razio ¢ desenvolvido por ear Jacques Rousseau (1712 1778 no Ambito da su tora da vontade geal. Ea que exp caesseacto quasemistico decriago, pelo contrat social de uma ‘ova peston, 0 soberano, ede uma nova entidade, a vontade eral exprena na lee por defniao sempre conforme 8 raze “sta pansagem do estada de natureza 90 estado civil produz no homem urna manga musto notave,subsutundo, na sua Conta, asic a iri e dando as Stas ace moral clade que les fltava antes. Bao entao que, sacedendo vor do dever ao mpulso isco eo direto ao ape, o homem, que te tentionio tina alado senso paras mesma, seve foradoa agit om base nouttos principos, ea consular sua azto antes de fscutaras suas imclinagbes "(Do contrat soa 18, p65 88) Fs pork = como nota Cataneo, 1966 uma grande deren nite 9 Hates oraat um depute al em que» vontade do pre €o es nt cna uni agra oho sno do ‘mova eg sna poe sige” sto pore armen bas (sins free don noe Leta p27) Aco peta pala de Habe vem, ain, prs bass teas do despot ‘potlntinao: por um ad, coma fra de a fore poser central So tal eran ase po oto pla stra do pile da gal ie da cenena da aphengo der mesma ee Catone, 1,1) CaturaJria Europein w E, poriso, a vontade geral, senso diferente da soma ds vonta- des, corrompiveis, dos particulares, no pode deinar de ser jus. teracional:“Segue-se quea vontade geraé sempre recta een dde sempre a utlidade publica: mas nio se segue dace que as \eliberasees do povo tenham sempre a mesma rectidao [.-] Hi muitas vezes uma grande diferenga entre a vontade de todos & a vontade geral: esta ndo di respeito send ao interesse coma: 8 outra refere-se a0 interesse privado, no sendo senso una soma dosintoresses paticuares; mas reir desta mesmas von tades os mais e os menos que se destruem entre si estando soma dasdiferencas como vontade geral (Docontato sca 3). Pera além do mais, a decisio politica tomar-se-ia transparent 3 justca evidente™ Rousseau proclama, assim, a soberania da vontade geal ‘embora esta pouco tenha em comum coma vontade psicalogi- ‘cade cada um (a que chama vontade party), antes consti indo uma vontade racional,dirigda para a prossecugio do in- teresse gerale apresentando, por isso, uma forte componente ‘acional: Rousseau representa, de facto, © wiunfo da tendéncia emocraticajacobina,""em quea proteccio das Vontades part ‘> "ngaque virioshomens reunion seconde con um Gn coxp kt ‘oti sno una vntads gus ge hcaucrvero cman eo fem ‘Str geal Ent don onan ds xa so igre apa os un unas soda hruorr nto inte evoledon cont ‘tonne o hn comim mostese por todo lado com tkdentn spews ‘ign bm acan pray reid” (Do ons 1p. 188) > Repti ence bers e dante conta ee ete tne {unos prince coneciam ar aramid comourn ese ‘Sete doc ndivuos iter da ervngto eda co ise pst ‘tio do Endo or demacaas (le uric sales a ate bin ne ‘Tees com dirs de partipr gest do fatada simtornaoum {overdo ovo (Jemacac) Don det loa pret ne: [oso pos inidaos aco ata prdem ods osipucad, pose ‘Eto enunso30 150 0 produ da wend dos propos cea lero Eaadosera ons, ont tampon ese modo ae {tacis pra poom tem 4 opus nine nde ad, dando ‘so adeia de" Gnapin demain” Voie no Daveger ke culares~provenietes do mpulso para a satistago de interes Sesmeramenteindviguais-vera atenuntseperateodogina sbwoluto a et como “volonte générale” estamos na fase do *despsino demccitic” "rt questce qu tne lo? Cet une declaration publique et scene el volo ponlesorunchjacteinerttcommr™ {[Oqueeum uma tei? uma declaragio publica solee da Von- tade gerlsobreum objeto de ineresse comm expica Rows sea Ltrs ented te Montigne LV). Este o posto onde se Consuma a oientardo democriica que tiunfa ho continente Coma Revolurao Francesa li odifelto,deque ate deve str 2 nia fote) ema sont, ros uma stad eo sen do de que (deriva de todos, i) se ers proleas det os i enabler gualdadecberdnde ent tode () prm Segundo interested todon ts concep dali come norma absolut extabelacién soberanamente pela Etadolegisadorvrhasetdecsivaat208 dias de je 7.2.1 Clentifielzagio Por timo, realcemes ainda um dos motives condutores dloppenssmentojusracionalista, aque nos referimos,eque com siderimos justamente como contario 4 anterior ideia de urn voluntarismo absolute: © de que o direto constitu: uma disc. pina submetida aregras de valor meresirio e objection. Na qual 1, portanto, verdadeefasidade endo apenas opiides ou ales Esta ideia de que diteito ¢ uma disciplinarigorosa, cien- tifica, no tem as suas raizes nem no pensamento da generali= dlade dos juristas romans cassicos (que desconfiavam por sis tema, das formulagses genérica “nomex regula ius sumnatur” [9 ‘onnde do sabran. Aare ns to modo de oneave soba Hobbes identicao ome umhomem oer Rousseaucom spore com ‘omunade noses toe = Cat iia Europea eo Pinas comsequéncias destas reformas foram muito profundas ce uradouray marcando deisivamenteos jurists po ela for tnados [sto explca que, plano da pratcae da poltca do Airetto, depois da decade de'70, nada fque como estava. fentae que, verdadeiramente se iaugura uma nova epoca cla {Tia cento dle post onormade ton Soe e- "nda igunou sapere snes ; «0X press de am ncn toalita rmontm a Esa Humanist 9 hn 1, 365 8 Hepa 172 % Ain Manel Hepa historia do dieeito em Portugal, tanto no plano do imagginasio polio uridico, coma no das suas manifsiagbesnstiuconais papier |, por sua vez, ataca directamente 0 problema da organizasiojudissexingund em 1790-175, asjarisdgbes clos donatarios* Mas nem com iso ficou “pert” a justicn Portuguesa, pelo que tema dos seus “defetor’ contin pre Eentenns primeira sécadas do sfculo sepintes” So a8 reo Imasfuicerios do iberalismo Reforma fui, de 16 de Maio Ge 1832) ro aterarextas quedxas™ 74 O divi ravionalista eas suas repereusses ‘Ao fechar estes capitals deicads ao dirito racionalis ta, justfcany-se algumasconsideragies sobre o sentido dos seus temas maiores na histria da pensamento juridico e, mesmo, na historia da sociedade europea, bem como se justifica um relan- ce sobre a sua sorte Futura, Como racionalismo, abrimos uma nova fase nahist6ria do liceto eoropeu, Todavia,¢ incoreecto menesprezar alguns ele ‘mentos de continuidade, Se pensarmos que uma das caracteris tens mais destacadas da fase anterior a fase do dirt comum- CL Hespanin, 195,44 “Spa gueeruta 4 ionomi, parece que a parte da juspradec que temo tome desta does rte erepreseind oa gem ena ‘ules cee mara ols vesges nas apudae,erodenda de mone {Sede pes uae woos ela Woca exes pape por mente de ro {ras devs choupans elie ortantaroa-s em etoelangeas com {huss vider’ press om diecadn em serpin se por Gebsisa ‘fem: em dn heum montroa quem fe Rei munca posed cortat ‘Sertnonate pou ser safcado [|e tambem que be pes va ‘Som odov eases ses de diets, porquntoa Europa esta hua devas ‘Enchen de homens dole (Depuads Margie tn Daa dat Cote petreee Soca lara adie do sto DK. Gases, 1585, 04. (A.M ‘espana Not dotatar, altar Juri Europe w a da consituigfo de um direito de tendéncia universalist, di {cil se tora deixar de encararojusracionalismo como uma Ul Sra fase gu prolong anda “pane” dope ‘Com 0 jusracionalismo release, defacto, o cardctr uni- versal do dizeto, Ligada 3 "natareza humana” eterna e its Vel, regulamentacao juridica nso depende dos climas ou das titudes. Os “codigos” so, tendencialment, universas, pelo ‘quetanto podem ser fetos por um nacional como por um estran- feiroe podem ser aplicados,ivremente, como direito subsidis- ‘Hg ou mesmo principal outros paises Eisto que explicaa ten- libertando a inicativa privada de todas as limitagdes antes impos- tas ou pelo corporativisme medieval ou pelo mercantiismo, No ret das coisas constitu a base da construc jurcica da pro- priedade como diretoimitad einviolavel Nodirito dos con- trates, promovia ovoluntarismo e puna termo as liitagaes t= ‘asecomunitiria 3 poder de conformacto da vontade sobre os ‘ontesidas contratuas ("teoria da vontade” Wallewstieoni, kn {fra, 8.33.1), permitindo a usura, a desproporcio das prestagoes ‘contratuais a livre fixagao dos pregosesalrios ‘A garantia da propriedade que, como acaba de se ver, & ‘uma extensao da garantia da liberdade - era entendida com 0 5 Sebo ondom rca ier «em geal Abate 198, Ar 1973, {Con 174 1986 Caver, 1991. Pare Portal pete pca eo (peo Vira 1952 (epctncnstcronaits ties) Canoe, "Rconatuer« Maro Reis Margy “Eattres farts” em Tor LI ecm 168 037A, Hesper 1990 (pees 2G. Comat e485. ‘Sf Co catia a 185, 8923 62, “Ans ends pel neta dae enorme tara rin Buropeia ireitosagrado e inviolsve [de dispor sua vontade de to dososseus bens, segundo as es” A sua constitucionaizacso ‘orresponia Aguile a que CB. Macpherson chamou o "indiv Gualismo possessiva’ a propriedade como um direito natural e absoluto, livemente usufruivel (berdade de indistria)e lie ‘vremente disponivel,limitavel por direitos dos senfioes(direi- tos de fora), da comunidad (direitos de pastagem, de rotacto dle culturs, ete) ou dos parentes(reservas hereitérias, vincw lacho) ’A garantia da igualdade™ punha fim, por sua vez, a certos status disriminatorios em materia politica (0g. exigencia {de nobreza ou de “limpeza de sangue” para acess0 a cargos ‘piblicos); devia garantie, em principio, oacesso de todos a par- Fcipacio politica (mediante o sufragio universal) efixava a igualdade na aplicacao da lei, nomeadamente no dominio pro- ‘essa (abolig fendencial dos foros privlegiados)e,sobretu do, penal, insituindo o principio da igualdade das pens, inde= pendentemente do estatuto do criminoso ‘Como se hive ver, aqui eal ao longo da exposicio subse- quente, qualquer destes principios deparou com limitages, por ‘eves totalmente descaracterizadoras, no momento da sua con- ‘retizagio constitucional ou legislativa-Sebretucloo principioda ‘gualdade, [Nao me refiro apenas & questio da no correspondéncia entre liberdades formas (ie, garantidas pela ls) e liberdades| materials (c.,concretizaveis no plano das relagoes sociniscon- Cretamente vigentes) © Trats-se de muito mats do que iso: 04 fssja da instituigao, pela ei, de estatutos discriminatérios, res: teingindo drastcamente os diseits politicos e civis das muthe- res, das nao proprietéios, dos natives coloniais, dos ingressos fem ordens religiosss, para nao falar js de outras classes de it ‘Sco 182 a Crt comacoa a 145 $20. ‘Contin de 1882 ae 9 Cai svt a 15,6812 1S ‘Gusto quer ser conta na cien masta ep marino dieto ‘eral np 83.1). on Antini Manuel Hespana terdigdes também elas social ou culturalmente marcadas (low 05, aldo, jogadores,prodigos, menores) Por detris desta imitagies ~ que, em termos politica, reduziam dramaticamen- te,a percentagem de cidadiosactivor" ~¥estioalgumas ide as fortes, quer sobre a menor eapacidade de engenho civil epo- Iitico do género feminino.™ dos camponeses(risticas) ou indi _genas dascoldnias, quer sobre o modo como aqualidade de pro- [Pretirio condicionava a seriedade eo empenhamento das ati feades polities. final, o modelo socitaria paltco subjacente estava ainda muito dependente dos modelos tadicionais deuma sociedad patriarcal em que ao homem (e, por extensi0, a0 ho- ‘mem branco “civilizado") competia um poder de direcc#0 30- bea as’ como conantodefamiares de dependents (le snimaise de cosas). ‘Tao importante como oestabelecimento destes principios a sua estabilizacto legislativa (em codiges) ou doutrinal sto {de uma forma ou de outa em complexos normativos orgie nlcos que escapam a arbitvaria Volupislegislativa dos governs feque, com iso, garantam a firmeza ea continuidade das rans formagées poltico-sociais, “Propriedade! Propriedade! Centro da tuniso social, quantas vezes nao oscila incerta equase torna- {da nome pelo vio vicio de leis multiplicadas e obscuras”, cla :macse, em Portugal, no Manifesto do Governo Supremo do Ret ‘no, de 31.10.1820: Enquanto que, a nos finais do secu, o juris- ‘a portugues shia Vilhens estabelece um vinculo muito esteito centre acerteza do diretoea iberdade politica: “a iberdade ci- ‘SAlgupscatinatvasdo peso percent! das ciaior cover eatin sence atau ast rsa Ca ‘uposcolosal oor pasar amereanos sobre oe quas of Clave: 10,5585, 20) “Cr ste n ager da mer no dincto adiiona europe, de gue Fore resduca 0 prado lia Hespanh, 13 ‘obs omalouadonal dane pans anti) Beane 198 fr. paca contemperines, eum sas cloa, i suey ve de ‘tenia sea omponcracaropes ryt 35) Cultura Jin Europa 36 vil irma gémea da liberdade politica, nto encontrava na redac- ‘io obscura da lei nem na variedade das interpretagoes, garan- tis para o seu exerccio®®! Ejustamente asta tensto entre principii democriticodo primado da vontade consttuinte ea aspracio pela etabiida- dle socal euridica, em torno de principos estaveis eindisponi- ves de ordenacao social que dedicazemos o proximo nimero, ‘8.2. Bnirevontade e raza 8.21, Democracia representatvae egalismo © principio demacritico de que o poder tem origem no ppovoe deve se porele exerci, uma coneequéncia muito clara da ideia de conteato social, tal como ela fo descita antes (c supra, 7.2.1.) De forma mais ou menos pura, ele ver enforrat as evolugbes politicas que ocorreram, primeizo, na América do [Norte (1776) eem Franga (1783) e, depois, na gencralidade dos paises europeus (em Portugal, 160)" (O principio democratico vem estabelecer qu ania egi- timidade politica ¢alegtimidade provenente da vontade po- pular,manifestada pelos seus representantes eleitos através das otagbe nor gos represents (por excell ar ‘A hhogemonia politica absoluta do parlamento coma con sssquente concentrasao nele de toda acapacidade de crit dite to~ decoria do principio da soberania do povo. Mas, para alemn esta justifcagao terica,tinha ainda a vantagem "praticn” de sera unica forma de evitara“ degenerescéncia da democracs” Por um lado, impedia 9 tendéncia de todas as elites politicas ‘Seto Wiens, Prosar memo, Coimbra 1873, it. or Sha tire. 25, “Sobre do quanto se soe mo coisa exemplar, oraant 1999 ‘ou Alares Alon 1958, ¥. ind, pr poms deve fore Cree Shrcexponte de conunt, Ron 10), a Amino Mane Hespanbe (mesmo as democraticamenteeletas) para, paulatinamente, se _apropriarem do poder politica que thes ests delegado, facto & {que foram sensiveis, ao longo dos allimos dis séculos, pense dlotes politics que vo de Rousseau Trotski®*ou a Maoze- slong Por out lado, constitu a forma mais segura de go "anti que o interesse prossemuido (a elicidade buscada) era 0 "interese ger” ow a“felicidade para 0 maioe ndmero", util zando das formulagoes~ uma de Rousseatseoutra de Bentham *ublizadas para justficar a supremaciaabsoluta do parlamen- ‘a (jacobinisma”).* ‘Perante a legitimidade democratica deviam curvar-se to- dias as antigas formas de legitimiclade, desde logitimidade do Aizeitodivino oriunda da traicio. 'No plano das fontes de dieito, este principio elevava ale parlamentar - expresso da "vontade geral” = dignidade de {onte primeira, se nfo tinia, de direit. Ela era o produto da () vontade populare, para mais, de uma () vontade geral ce todo ‘© pove.liberta de despotismo e de esprit de facsa0, que, por ‘tanto (i) exprimia o interes geral ev) exphiitava as ambi- oes mais generalizadas de felicidad, Mais tarde ~_mas num ‘utr contexto politico a que nos referzemos, outros dirs, set favor, que a lei €a formula que raionalizainteresses privados divergentes, que consubstancia 6 interesse publica, que expr ‘ene oins os socnddes placa voto perl qin ke ‘ide ctuleespulavnodespotsme, eas em pormonente raced dege ‘err denon e"vontade fru lag, tac erin cet ovwersulre dmscaieaotacotst, Sesptia) se no exes ut Fermentors do excep eons nacional (Far. Coma sun ea do "eolug a evolu” (ou revel permane We ponds er eaur a eee revuconsnas rable ‘Aa ira yevslgi cal” (primavera de 985 ents 9 apart do ‘Scie rstncia de entham no pio do contole democratic comme Toya de rns busca da eta perl Cae cotaton 10 (el Rosen 183. Cara uicnEropa " te norms sociamente consensuais, Mas isto ja so ulteriores desenvolvimentos do legalismo, muitos deles em reaccio. esta justiticagao demoeratico¥jacobina do absolutisme da lel (Paolo Grossi) Perante a Is, 0 costume (antes legitimado pela teadio) devia ceder. De aiguma forma, ele manifestava ~ como de hi ‘muito se dizia- um “consentimentotacito lo povo"e, por iso, podiaserentendida coma um” plebiscite tados os cine”. Por {Exo, os castumes no foram liminar e automaticamente abr igados; s0 que nao podiam valer contra a let parlamenta, e383 forma express eregulada de o pove manifesta sua vontade Derest, na constituiczo do costume interviera uma Nagsocon- cebida trans-historicamente,feita de passado e presente, de ‘mortosede vivos. F, agora, a NagSotendiaa ser Wlentiicadacom ‘0 povo actualmente existent, capaz de volar e eleger. Como ‘veremos, outros dirdo que, justamente, esta € uma ideia muito redutora de Nagao, cujos valores e eyo espisito no S20 propri- fedade da geragso presente (fifa, 83.2.) mas ito constitu sum pnto de vista eitico sobre o democeaticisnojacobino. “Também a jurisprudéncia (legitimada pela competéncia seni dos uizes) devia ceder Pos, de acordo como principio demnocestico, a legitimidade dos juizes¢ somente indirecta,de- cortendo apenas do facto de se tatar de um poder previsto na Constituigia, Para além deconter este vicio de origem a jurisprudéncia era ainda passivel de uma enitca politica. Realmente, pelo mo ‘os na Europa, a Revolucio tinha sido fita também contra at ‘ania dos juizes que, apoiados no caréctercasuistaeflexivel do Sireito tradicional (supra, 5..,73.),tomavamo dieito num ber ermétco, ews resultados eram imprevisiveseinconteo- veis pelos cidadios.E, assim, 0s movimantos reormistas da Segunda metade do século XVI (og. Luigt Muratorio Marques de Boccariae Gactano Flangieri,em téia, ou Luis Antonio Ver~ rey ePascoal de Melo, em Portugal, dirgiamse, antes de tudo, contra 0 "govemo arbitrria" endo que nesta ideia de gover no arbitrtio se compreendiam tanto a autocracia dos soberanios ey Aino Manvel espana como a arbitrariedade dos trbunais, No Sul da Europa (lia, Franca e Peninsula Tberca), esta itima componente tina sido ainda mais forte, uscitando um movimento de eitica& incer- teza ehermetismo do dire doutrinal ejurisprudencial erecla- ‘mando leis classe reformas judicirias que amarrassem os jar 2s a0 cumprimentoestrito da lei. Dai que o legalismo ea des- Confianca noditetojursprudencial-queja vinham de was et stham marcado a politica do direito do Estado absoluto ~ se t= ‘sham transformado em componentes essenciais das propostas revolucionsrias* Pois, se havia hegar a falar nos perigos do “esprito de facgao", era decerto legitimo fazlo em tl jristaseaosjuizes,tanto.como em rlacio aos fancionarios ou fselitespoliucas = Principio democraticoesensibilidade anti"etrada” expli- «cam que = no contexto europeu (as no no contexto ameri fo} as decisbes dos jurstase os veredictos dos julzes seam tidos em suspeicio eas suas decades ndo possam sendo visa a aplicacao estrita da lei; agora os julzes ndo sto mais do que a “Tonga mio da lei", 8"bosa que pronuncia as palavras do legis lado "Acresce que, de acordo com o principio da separacio dos poderes, formulado por Montesquieu e geralmente (embora também variamente) adoptado pelos novos Estados constituci- ‘ona, os poderes se deviam respeitar mutuamente, nao interfe- indo nas competencias uns dos outros. Por isto, 3 edigs0 do Aizeto, entendido como manifestacso da "vontade geral”, de- Via ser exercitada em exclusivo pelo poder legislative, ogn in terferéncia dos eutos, nomeadamentedo poder judicial E pre- “Rafer bibogrica bio Lato, 97,159.15, Wiech, 1958, 54. Sa7aobreo mort jc Al 197, mene, 25960. “wt rca ona ender epic imp deen pone tora ra Europe, mpm tadashi progres Seaman meso els fora ua “populare” de no Clave poner) Ctr Juries copia iso cruzar Atlantco ou, na Europa, chegar quase os nossos dias, para encontrar concepgoes de Estado ede dreito que at ‘buam aos uizes um papel activo nacriagio do direita inclu sivamente, no control da legitimidade das lis, este modelo de uma constituicse criada (os, melhor, revelada, declarad, posta em pratica) pelos juzes chamou-se "Estado judicial” (Rie ‘hlerstaat); mas nao éa esta constelagso de eins democrtico- jacobina que ele pertence, mas antes a tuma outa, em que od Feito € anterior s (eievogavel plas assembleas represen ‘Também a doutrina deixa deter legitimidade pata fazer ‘construgbes auténomas, fundadas na “natureza das coisas", ou nos prineipios da razao, como aguelas que tinham consttuido ‘o.cerne do direito desde as escolas medievais, E que tai cons- trucbes eram direito porque seaceitava que uma das fontes de legitimidade deste era a autoridade técnica ou doutrinal doses pecialistss,capazes cle revelar um direito que residia nas pro pias coisas ou nos principios abstracts da razso. Agora, no ‘contexto do novo Estado democratic, a Unica funcao legitima dda doutrina é~ em contrapartida-a de descrever all, de ain- terpretar (se possivel de acordo com a vontade do legisador historico-interpretago subjection) ede integra as sus lacuna, propande aquela norma que olegislador historico, se tivesse previsto o caso, teria formualado, Em alguns casos extremos, Interpretacae doutrnal chegoua ser probida,determinando se recurso & interpretagio autentica, Ov ej, interpretactole- vada acabo pelo proprio Grgao legislative (rd égslati). Para esta perspectiva, todo 0 dreito se reduz Te, deixan- do de ser reconhecidas nio s6 quaisquer outas fontes de dirt to,como quaisquer principiossupra-lgislativosa ques lei devs ‘obedecer. Como se vera em breve este fdo lealistaemaocrs- tico, que éo sintoma juridico da voluntarismo no plane da filo- sofia politica, tem que conviver durante estes doi sculos, com “Sobre a opmiso ene oe modeled costing “esadanita” eu eons ‘ode drcos”, Carer 199 lum flo de sentido oposto- que se pode dizer ser osintoma de vérias formas de anti-voluntariema no plane da ilosofia polit ‘a+, sublinhando os limites postos lieu pelos “direitos origi nities”, ou pelo “governe sabia", ou pola “senstilidade co- num", ou pela “natureza das casas”, ou pela forgados valores ‘ou das ideas, ou pela “vida quotdiana’ "Neste contexto legalista, a ideia de “cédigo" ¢ambivalen- te. Por um lado, 0 "codigo", como conjunto cempactado, sit ples, hménicoesistematico de precetos normativos, favore- eo conhecimento da lei pelos cidadaes e, por isso, potencia © controlodestes sobre ditt, inserindo-se assim numa proble- ‘mticaantsjudicialistaclaramentejacobina. Mas, porutolado, 0 "ebdigo” consttui um “monumento juridicor que aspira & permanténcia, a incarnaczo da estabilidade da ra230 juridica, & Corporizacio dos consensos profundos. E, nesse sentido, preter- de Feist a0 stmo frenetico das decsoes parlamentars. E,na verdade,os grandes codigos do sec. XIX~ com destaque para 0 Code Napoiéon, de 1804, e'9 Codigo Civil Alemao [Burgertches Gesetobuch, B.G.B.), de 1900 ~ tem resistido (pelo menos fermal- ments) 20 tempo e as mudancas de regime. Mas, a0 pretender este cardctor nao efémero, a actividade codificadora esti a pre- tenler colocar-se num plano superior a0 da legislagio ordins- ris continuamentereaprecisvel pelos representantes do ovo." ‘Alguns dirt, mastarde que ocOdigo ¢, assim, um produto do trabalho de racionalizasio das paixées ou dos actos de acbi- ‘rari voluntarismo dos legisladores, levado acabo ou pelosen- ‘bdo pic do Estado ou pela ponderaco lena edecantada dos jurista, proporcionando um patriménio de solugées juridicas Fandadas em valores estaveis «consensus (nam tem tie) ‘Mas este entendimento pertencej, também ele, um filo do pensamento politico que nlo ¢ o do democratisme jacobino (etna, 82.15), Sobre problemi da cela ete cod, ios ind ‘ado thorarn poplars ean gu, Clavero 19 mare "Ct remstanda pts Oba lcs Sa Cal Sc, Ara 188 cid otra aria Barapa on Baa Ra juridiea” vs.“razio popular” ‘Sea algo que caracteriza o pensamentojuricico dos alt mos dois sco ¢ a ia multiforme reacsao contra o dominio do exclusive da cragio do dreito pela vontade popular, imedi- tae continuamente expressa nas assemibeins constituidas pe- los representantes directos do povo. ‘Se lermos a hstéria do direito como a historia de-um dis ‘curso que exprimeo pacer socal de um grupo ou de especial tas~ como o fez P. Bourdieu" ~ este facto nao ¢ estranho. No fando trata-seia, para os jursta, de salvaguardar um mono: polio de dizer o direito, que sempre Ihes pertencera e de que & {ase mais radical da Revolucao francesa (que, em torres cons. titucionas, se exprime no projeto de Consttuigao de 1791) os tentara expropriar. ‘No entanto,a explicacio parece ter que ser mais vasa, pois esse esforgo de "des-democratizagso” (hoc sensu) do direito colaboraram tambem politicos eintelectuais. Neste sentido, a texplicagio podia provir antes de uma tendéncia de mais longo ‘uso no sentido ce salvaguardar para uma elite cultural (gro 0 modo, os intelectuais, os politicos) aquele poder constitainte quea filosoia politica vinha, desde ose. XVII, entregando nas rnios do povo. Estariamos, entao, perante um dos paradoxos tipicos do pensamento politico democratica europe, Por um lado, afilosofia politica atribui a vontade das membros da soc cedade o poder de estabelecer as regras da convivencia social Mas, por outro lado, essa mesmo filosofia estabelece tas requi= sitos paraa validade politica dessa mesma vontade - i, ava (gue a vontade seja “acional” e nfo "arbitria”, para que ej “vontade” eno “paixio” -que apenas muito poucos a podem legitimamente exprimir SOF, maine, Bourdie, 1986, “Ete procera de expropinto do per const por um peguen gi de ans ngatnnete sa por yun Baran ae sone 19). Fei, porventara, Benjamin Constant (17571890) quem pri inca eas claramente defi esta angst bea perante {Temecacn,noexplcn que ibe dos moderne no Smo a dos fgot,erdade de prttpar (Srestaments) ‘naconsiteito dose jure, mas ade manter ma ese {ode itrcace postal em relagio a qualquer orden orion {uslquer gue ela se "Perguntav antes demas, meus Senhores “Tpropuris ern 1899, Constant aos membros do Athne Royal Baer que wm nglsunfranceou am amerianoentendem i pelo tern lberdade” Pare qualquer dels € deta de ‘ao ctr ujetos endo i, cde mo por ser preo nem do fio, nemcondenadoa mete nemmafatade de gual fr- mu pela vonindeabitraria de um ou maisintviduoe fpr “fualguer dees, ocieto de dara saaeopiiso. deescolhera sua idustae dea wxercer: de dispor da sua propiedade ov de Shusat dela dese desioee som necesitardeatorzato,e sem torque dr conta dos sews novos ow actividades E para gual Ser doen orto dese reunt aos tos indian que para {Tccubros sew intersses quer para profesar cut que eee “news asccados prefers, quer smplesmente pars pasar {Sous dave as uas horas dena mana mats confor ts Sas inclingoes eas sus fantasia Pr fiw €0 diet, para “qualquer dele, deexecer infgnea sobre sdministrag20 do eterno, quer no plan da nomeacio de todos ou de alguns fancionéigs, quer por mio de represetagdes, peticdes, pedi Alocaquea autordade mais ou menos hignda presi sten- ‘o. Agora somparem eta brad com a dos antigos sta SShsinta em ovecercolacvae dretamente vio sppecos da Serna dsiberando, na praca pale sobre pac geet ta ca constitici dealiangas com governs estrangero Yor thn es promuncandjlgamentosinspeconando os ts ‘om préstinos dos magtiadoe« convocandocs para Compa ‘ecefem peranteasserbleia do pov, acusando-o,condena- Govorou absolvendovos.Noentato te ere aintoqueon a0 “hamavernitrdade eles itm comocompatvel com esta Uberdade clectva «completa sues do nd 8 ator due dacomuniade Nioencontrarnoen sea mundo enna Cultura Juries Europa ss dos gozos que acabamos de enumerar como fazenclo parte dt liberdade dos modernes”(B.Constant, Te litertyof the ancients ‘compared with that ofthe moderns, 1819). Mas, para Constant, a liberdade dos antigos er, além do mais, um fardo insuportivel para @ homem modemo, dado 90 comérco e& indstria, cupato nos afazeres sua vida privada, sem tempo nem disposicio para uma devocao as coisas pablicas Uo intensa que o privasse da satsfado das seus gozos privados. Datas vantagens de um sistema de representagao politica que slelegasse, quase definitivamente, em poucos aquilo de que « ‘mulidio nao queria mais ocupar-se. Este era sistema represent tio em que uns poucos poliicos profissionais,escolhidos pelo ovo, desobrigavam o comum dos cidadaos de se ocupar do i feressecolectvo, Sendo fora tendéncia das representantes para sedesviarem da ura do interese pablico, bem como operigode ‘um prejudicial desinteressede todos pelo governo da epublica «a delegacao de poderes ber posderia ser defintva, Neste discurso, Benjanun Constant apresenta 0 sistema re- ppresentativo sobretido como uma forma de desonerar a rtssa dos cidadios de um encango que a complesficacio das socied: des tomaraincomodo, Enso como o restltadonecessrio de ina Incapacidade do cidadso comm para decidir sobre o intecesse sera. No entanto tanto ele ~ noutras obras como outresaute- Fes, eram mens optmstas quanto as capaciades legierantes © Ae governe das massas populares Daique divers fildes do pen- samento politico contemporineo se tesham dedicado a explicar Porquee queo povo nao podia consttuirlivremente dicit (atra- \ésdo voto dos seus representantes clits) ea imaginar sistemas que prevenissem que isto, defacto, pudesse acontecer. Baa. Teadigio. Um desses fides 6 0 da valorzacso da constituigio e do sireito como legados da tradicao, apenas madificaveis ou acti sch a ey Amnio Manuel espa alizaveis pelos procestos de evolu “natural” das sociedades Tratava-se na Verdade, de reeditar 0 pensamento social, polt- ‘ovejuridico mais tradicional da Europa (cf supra,42 ),quetam- them js fora oposto pelas correntes conservadoras a0 reformis ro slaministae pos-ikuministae, pos estas, ao pensamento I Deral* No plano da Bilosofia politica, o mais earacterstico de- fensor deste ponto de vista @ 9 ilandes Edmund Burke (1729- A097; Relexions onthe Revoluion in France, 1790), para queen a Revolugio, fandada nama fala idea de que a constitsiczo(e, por extensio,o dieito) pode ser 0 produto de um contrat, t ‘ha destruido a constituigao histrica da Franca, subvertendo {oda a verdadeira ordem social polities "aquela antiga cone titucao"™ que representa a nossa unica garantia, a ceteza das nossasleise das nossa iberdaces’) Esta deine Burkeacerca da ilegitimidade de uma alteragso decisionista, momentines, revolucionsria, da consttuigao radicavs, de acto, numa Cul ‘dei sobre a soberania esta nao era propriedade de uma gera- 10, mas antes detida apenas por uma tradigdo de muitas gera- Hes; neste sentido, o principio de que “a soberania reside ra Nagio” 6 ¢verdadeiro se se entender a Nagdo como uma eali- dade tans-historica feta de passado, presente e provi, deque geracto presente nio senso uma concretizacio fees, Pot Isso, desprovida de poderesconsttuintes “EnPoral poresempln esta linha de alague de Patou de Malo Fee ‘cad st oa ors or nin ire os (Gg de Dre Pac (79 (tor ina Hepa, 20. “=hrtemta refers cosh icon gla, para al ro ‘peasant paraoualmenr ua tor se senor ‘ran snhe acon wana ingessea hts drones ‘edimsndsia de gover “oglibnaa expresno a conte do pric emis ans Ema dy accom | [Rios Char) pars mode pretense eapegameta do Fuerst die ansawran do pnp da eaporabiidecs. ‘Stenammnte prsnentar do gover. ranean 798, 195, 00. ‘tangord 68) va © Sabre ark, roan, 199,116 Cutan Barapa Py [No continent, © ramantismo slemo gerava ideias seme: thantes Friedrich Carl von Savigny (1779-1861) tina uma ideia fdentica acerea da origem do diteto, que provitia,nio de pac tos constitucionais ou de vontades de legisiae, mas do "espinito| {do povo" (Vollsgeet) expresso nas suas instituigbese maniles- tagbescullurais historicas ecaptavel por meio de uma auscul tagi0 das tradiqoesjuridicas,a cargo das elites cultas(romea- sdamente, dos academicos)(-nfa,8 32.).Como adiante se dia, testes pontos de vista vio promover uma preferencia polo dire to tradicional em detrimenta do direitolegisatvo, Masnem por {sso vio optar pelo dieito popular (Volkreht}), acon era sen- lado nes vivncias jurcicas espontanens: Mas antes pelo dizeto corporizado na tradigio do dteto letra, judicial ou acacémi- ‘co (Professorenreht),recolhendo assim, na Alemanha, a antiga trndigio pandectistia ef, supra, 63.2.) que os juristas da Esco I Histériea Alem agora lam no contexto da raunelividéncia social e polities do sec XIX. stn ieia de que a8 instituigoes, os factos earranjos eon: ‘pum ncn i to un apres epntc agente. Drannor ar) 30 Artin Manvel Hespanda _queo liberaismo do governodo Fstado tivesse que ser compen ‘ido por um governo moral da sociedacle muito rigoroso. 'Nocaso de insensbilidade da sociedade civil paraa assur. «0 e adopcaa de modelos racionais de condita ("debiidade” fu “anemia [anomia] da sociedad civil anestest desta provo- tala por um previo contoloestadal excessivo, culo dev lores “nao economicos” em certas areas do trato social), 0 E5- tado deveria estimular a sociedade, no sentido da adopcio de padres racionais de conduta~o mais evidente dos quats seria © padrdo do calculo econémico empresaial mesmo naqueles “dominios da vida que nada tém a ver com o campo tradicional {da economia, com a educagso, a sade, a seguranca social. E ‘este aspecto “construtivista”, em que é0 Estado que empreen- ‘de um esforco de construcaa (ou re-construcio) da sociedade ‘iv, que caracterizao neo-liberalismo, proposto, depois da I ‘Guerra Mundial, na Alemanha, pelos Ordoliberaen, ena Amé= ica, pla “escola de Chicago" ** 8.21.4 Bitismo social 0 primsiro iberalismo mio esconde, de facto, os pressupes- tosaniopoldgicos de que pare quanto a0 modelo dos equilvios soci scievlade no era um haga deigualdade, nem deve tor rare nso, Hi dferenas, de inteligenca, de virtude, de iiciat- ‘vad iqueza; nem todos tim o mesmo para dar ees tos tm ‘omesmaa perder. Ou soja a sociedad politica nso deveriacor- ‘mas antes raticar, as desigualdades da sociedade civil or isso, como Stuart Mill drs mais tarde, "ao ti, mas antes preuiial que aconstituigdo de um pats reconhera 8 ig- norincia 9 mesmo poder politic e socal que ao canhecimen- to” (On roresentatice goverment, 1861). Nill extai dagui um “Niles que penser in vero como a soliaredade,onepotin, © onsnadovamo soi tiara fuaarame seltamocaa de ncn tia aah Cuba rie Europein ” regime eleitoral digno de nota: as elites disporiam de um "voto tmultiplo” ou “plural”, oque hes permiiria compensa a esmae fgadora maioria dos cidados “sem qualidade’ Esta ~ hoje desconcertante = proposta de Stuart Mill, ra, no entanto, bastante moderada em face de outras que, pura © Simplesmente, liminavam da sociedade politica todos esses "cidadaos sem qualidade” "Era o que acontecia com todos os que propugnavam ares trigio dos dieitos de partcipacto poitca as varbes proprie- trios, ico, educados e, embora apenas implicitamente, bran- os, solugio que vis a ser adoptada pela maioria das constitu ‘Bes europeias do sé. XIX. Enguanto ques requisitos de ser homem ede se europe tinkam que ver com alegadas inferioridades naturais de intel {géncia e de cultara politicas das mulheres e dos povos coloni- iso ser proprietsrine rio inham sobretudo que ver com ques thes de iberdade e cle responsabilidade civica. De fact, a pro- priedade era vista como uma condicao de liberdade: nao ape has no se estava dependente (ado se era crindo, arrendataio, frabalhador) de ninguem, como se dispura dos meios de or tuna que permitiam acquire iberdade de esprito, pela instra- ‘Gloe informagio, pelo cullivo das dsciplnasintelectuaise pela {eflexdo sobre os temas pablices*© Masa propriedade ea rique- 2a (maxime a riguezaimobilsria) eram ainda lactores de respon Sbildade. De facto, numa 6ptica wiitarista, quem mais tem, imais ariscae, ogo, pondera melhor as suas decides politicas. Para além de que, numa perspectiva de pura justia comutati- ‘va, quem produ mais rqueza (e quem paga Mais impostos, 0 “sindroma do contribuinte”) deve ter mais direitos de partici pacto politica, Estes pontos de vista - que foram teorizados, ‘Sai m funtopatien de propradade no modeo literal extonsamente, hover. 3. : ‘sees ue est rina do aguivalnca ete 0 compromiso sci &| “euros pltcor Pode er una leurs notes ma socal [Povo quem masta; pave e quem masordena) Adan, com, Tu gitmadade, una iad pes Ano Manuel espana de forma acabada embora ndo monot6nica,porSieyes, Bentham ‘© Constant, aia eobretuda por Kant® = deram origem aos si- temas canstitucionais de democracia restita, baseadasna exci 50 do voto das mulheres, dos crados dos Funlonsrios infe- Pores do Estado e dos membros ordens religiosas** dos nati- Gi ev ce, Barbera, 197, 15 tata andamentae Kan Sob “lit poplar 10, 13 cons. p95; Mis dv umes Rik ‘erpatschen Vern Grange Meth der Stn) 1978, oh tespassando a constituiczo plralista eatomista do Império ale- mao no sentido de um Estado unificaclo, Este dingnstico sobee ‘politica alemsé revelao fio condutor do pensamento de Hegel sobre a constituigio ea direito. Uma e otto nao podiam ser 0 [rodutode contratosentre particulate, tendentes a urna melhor [Barantia dos seus privados intereses. Mas, polo contario, de ‘iam ser os portadores da ideia global de Estado, como perso- nificacio de toda a Nacio, eos defensores dos correspondentes interesses pablicos,O Eslaio, coma sua burocracin, sun adi pistagio, a sua estrutara fnancera,o seu extreit, era corpo Fangio desea Nagiotrans-individuala consttuiio era 0 conjun- to de principios politicos que exprimiam as condigoes da ‘sua texistencin desea mesma Nagao e que, por ss0 mesmo, deviam estar acima dos interesses individuass (mas, nas situagoes lim te) abaixo do inteesse do Estado; odio era a concretizae%0, ‘nos varios dominios sciais, dos direitos do Estado-Nacio e dos Shcrlicios e condicionamentes que ele podia exigit aos szres ses dos partculaes No plano do regime politico, esta concepsao total do Es do destaca a importancia dos 6rgaas que encarnam a ideia de ‘unidade do Estado (0 monarca, monarkisches Prinzip) ou que ‘prosseguem o interesse pablico(burocracia, exérito, adminis- {racio)-]408 Orgs representativos (dos inteesses partculares) teriam uma funsae apenas pedagogica,na media em que Pro _moveriam no scio do povo o sentido nacional eforgaiam os re- ppresentantes a consicerar os seus interesses na perspectiva dos Interessos gers. [No plano do direito, Hegel rompe definitivamente com 2 legitimacao contratualista do direito, estabelecendo a idela de “que ales hile valer, nto por ser 0 produto da vontade geval, ‘as portradusir a "wontade” do Estado, como portador dato taicace co interesse pablico [Nesta perspectva,odiretofendleriaatransformar-se numa assunto de monarcas e buroeratas, ocupados com a salvaguar- dae promocaio do interesse piblico. Mas, como o Estado, para falém de uma organizacao de poder, também € uma idea, um principio de roctonalizagao do inteesse clective, uma norms forrecta de age em fungao deste interest o direto deve se an- tes concebicio como tm mtd rama ce constrair normas 0 ‘ais que institucionalizem a prossecicio deste interesse publ 9, de desenvolver no detalhe 0 direto do Estado (sober) & frientar a sociedade para o sou fim racional, ointeresse publ- co, Ou sejay0 Estado ¢, antes de mais, uma idea existente na onscitncia moral dos individuos ("Estado ica") eo direto¢, antes de tudo, a emanagao de uma tworia-a "teoria do Estado” (Sitatsich), ‘De novo, 0s juristasestao a comandar o direito, por cima doe assembleiasrepresentativas © a0 Indo das elites burocrat- ‘as, como acontece na Prssia, Ou mesmo de monarca que, como ‘nae monarquiss medievais, est limitado por uma regra de agit: femora, no desenvolvimento desta dein da supremacia do Es- ‘ado, sempre pucdesse aparecer, como apareces, quem pensas- se que o monarca (ou 0 "chefs", Fuhrer), como supremo por lor do interessecolestvo,tinha que constitir a ultima instin- cia de decaracao do direito,o supremo guardiao da constitui- ‘ho (iter der Verfessng, Car Schmni). Clr Jordin Europa 8.2.17. “Positiviamo conceitual”¢“Estado constitutional” ‘Uma geragio mais tarde as ideias de Hegel sobre ocarsc- ter originatio da poder do Estado tnhanvse vulgarizado nos ‘lrculosjuridicos alemaies e dado origem a sma completa ein- terpretacio do direito piblice (Gerber, Laband, Jelinek w it- fra, 833.) Este passa a parecer, entdo, no como o desenvol- ‘vimento do contrato socal, mas como emanacdo da soberania do Estado e do correspondente direito deste de regular 4 vida social em {unio do inteesse public, impondo deveres ec ando direitos. Correspondentemente, a constituigso nao & ja femanacao de qualquer soberania popular constituinte, mas ape nas oestattojuridico do Estado, compreendendo oelenco dos seus Orgios supremos, a constituigao destes, as suas relacies muita es direitos egarantias ue o Estado concede. Mas, pot outro lado, agora que todos os detentores de poder (mesmo 0 ‘monarca) 30 Srgios do Estado, limitados e guiados dana sua acgao pelo interesse publico,o Estado carece da constituigso ‘como formalizacao das atribuicdes dos seus Varios Orgios na prossecugio desse intresse. Neste sentido, se nao ha consti ‘0 sem Estado, tambem nao pode haver Estado sem constitu {¥0.% S6 que, nests termes, a inconstitucionalidade dos actos {do Estado (nomeadamente, das leis) deina de poder dizer e=- peito ao seu contetdo (inconstitucionalidade material), mas pe- has ao orgie queo praticou (inconstitacionalidade orginica) ou ‘forma adoptada (inconstituconalidade formal. Ber Roraant 1958.29, "Dado qa or actos logis do Eta dsm em vrtde do rin ‘pod eal ser ats de exaust dso prota Gs ae Iloalidadesose pana em rears asl Guan sors ats Ge gover oar decisesmrnmere pas do Etdo, ar aus erin ‘ower csespeenceti 4 pun pati, damien I ‘redo Ena, sno praca nde Et principe que 0 erate erates de um Era storia = ctu tegen [pase ndacutdo nos is dc hoje Avontade ordenadora (a vontadejuridics) do Estado expri- -me-se na Ji ~a cargo dos detentores da poder legislative » por tadora dos prncipios mais estaveise permanentes da orgariza- politica cla Sociedade eestabelecenda, por isso, os lites da _actuacae do Estado e dos particulars (direitos subjectivos publi ‘os 0 privados). Abaixo da Jet ea ela subordinada, esta adic nistrasao,actuando também ela no limites da lel (principio de glade) coxpressando a sua intensio reguladora numa infinida- dle de regulamentos e medidas administativasconcreas, ‘Neste context, a lei gana uma centralidade nova, Por «ima dela ja nao pairar, nem os poderesconstituintes do povo, rem os dzetosindividuas orginssios,Paira apenas a vontage do Fstado; masa propria vontade do Estado se tem que exp mirde acordo coma lei, O circulo legalistafecha-se. Oseu i- «co limite é puramente formal a obediéncia a distribuigso de ‘competénelasestabelecida na consttuigdo (consttucionatidade Formal ‘Ao mesmo tempo que (porque) se autonomiza da politica, ‘lei ganha a natureza de intromento de estabilizagao do dise to. Nela se depositam as (Ormlas normativas maisdecantadas, ‘mais estveis, mais wabalhadas pela elaboragao doutrinal. ‘A doutrina, por sua vez, pode agora serestritamente "uti- lca” (para), ou seja,basear as suas construgbes apenas nos Laos legislatvos,embora também soja verdade que, como emt ‘qualquer céncia,o momento construivo, de elaboragie de con- ‘nas se manifestou de forma mais intense, curiando muito fore rent todas as reas da cultura, como reagi contra idea de que ‘0 Fstado e seu dieito (logisiado) pudessem ser atnica forma ‘de manifestar a identidade politica ¢jridica de uma naga. ‘A recusa ao Estado deste papel de demiurgo politico e ju rico da sociedade leva a valorizar as formas tadicionais es pontineas de organizacao politica, omeadamenteaquelas mais Desentes na tradigao nacional, como as antigas formas com pitdrias de vida ou as comunas e concelhes medivais. Julius “Moser, na Alemana, tal como Joaquin Costa, em Espana, ou ‘Alexandre Herculana, em Portugal, so tr exempios dare lorizacao, empolada, iilica e romantica, clas formas politicas nacionas anteriores 20 Estado, A obra historica de cada um de- Tes foiines dedicada. Mas, ¢ caro, a historia serviu apenas de panto de apoio de projectos de organizacio politica «juridica ‘oltados parao presente e para o futuro.™ ‘Mas, para esta sensbilidade, as formas "Estado" (e "Cli Fsculane, em una naa polite dea na ropes deepen ‘oda soredae prtuess cm sen esata de utara [lia dscentaieads(Aleandre esuano Fel Hewique ogee x Anno Manel Hespan g0”)ainda inham para além do inconveniente deniostarem Usponiveis em todo o lado... uma outa face negative: 0 seu tuniversalisma eartificialisma, (O Estado, tal como surgira dos movimentos politicos can- tratuaistas ora defacto, uma abstraccao.Produto de umcontra- to iealizao, realizado entre sujeitos puramente raionais, Parsas concer, eo pate indsunmets em prt PS Snjninneensitmos de wr mei Toi, frma, ie # tarts lego conetmen deo cmt deat. Tees ‘Sens frmal ov deve dsenolver defn dae normas arse [Sins chamase por vena oder tinge ov organ ‘are relsomao que devas nonmen usr do seucojun E80 {Goevechuma sen em Sendo propee” Petar)" (Ou seja,o trabalho intelectual dos juristas devia consistir sobretudo na construcio de um sistema de conceitos juridicos. Mas nose tratava de conceit obtidos pela refleso puremente abstracts, come no jusracionalismo, Tratava-se antes de concei- {os obtds por inducto a partir dar maximas do direito pesitivo. ‘Rudolf v.hering distingue claramente estas duasfases do traba- Jhodo jurist. A primeira fase, aque chama “jurispradéncia inle- or” consistiria pela “ligagao imediata& forma com que odiei- to aparece nal, gracas a uma rlacio puramente receptiva em relagdo as fonts" (Unsere Ana, 1857, em Rudolf von Ihering,

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