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RADIAÇÃO SOLAR
LEIS DA RADIAÇÃO
1 LEI DE PLANCK
A luz viaja no universo por pequenas partículas chamadas de fótons. Quantum (plural é
quanta) é a energia de um fóton. Viaja no espaço formando ondas eletromagnéticas. O
comprimento de cada onda é a distância entre uma crista e outra de uma mesma onda.
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Comprimentos de ondas emitidas pelo sol: ultravioleta até 200-400 nm; visível 400 nm a 700 nm;
infravermelho acima de 700 nm (infravermelho próximo: 770 nm – 2500 nm; infravermelho
distante: 2500nm – 10.000 nm).
2 LEI DE KIRCHHOFF
“Para um dado comprimento de onda e uma dada temperatura, a absortividade de um
corpo é igual a sua emissividade”, ou seja, para um determinado comprimento de onda o poder
emissivo de uma superfície é igual ao poder de absorção.
Todo bom absorvedor é um bom emissor aλ = eλ
Propriedades de uma superfície:
a) toda superfície tem um poder emissivo (eλ);
b) toda superfície tem um poder de reflexão (rλ);
c) toda superfície tem um poder de absorção (aλ);
d) toda superfície tem um poder de transmissão (tλ).
A refletividade de uma cultura depende da sua cor, das condições de umidade, densidade de
copa, da disposição das folhas e do ângulo do sol.
Os valores da absortividade, da refletividade e da transmitividade para um dado material
variam de 0 a 1, sendo que a soma destes terá que ser 1. Pela conservação de energia:
aλ + rλ + tλ = 1
3 LEI DE WIEN
Essa lei estabelece que o comprimento de onda de máxima emissão (λ max) é inversamente
proporcional a temperatura da superfície (T, em K).
λ max = 2897/T
λ T = 2897 µm K ou 2,897 106 nm K (o produto entre λ e T é constante)
Exemplo:
Terra: temperatura ~ 300 K λ max = 9,66 µm (radiação infravermelha 9660 nm)
Sol: temperatura ~ 6000 K λ max = 0,482 µm (radiação visível (verde) 482 nm)
4 LEI DE STEFAN-BOLTZMAN
Essa lei diz que a densidade de fluxo de energia (unidade de energia por unidade de área e
tempo) emitida, em w/m2, é proporcional a quarta potência da sua temperatura absoluta, em K.
E = eλ σ T4
E = densidade de fluxo de energia
eλ = poder emissivo do corpo (emissividade)
σ = constante de Stefan-Boltzman 5,67 10-8 W/m2 K4 ou 0,827 10-10 cal/cm2 K4
Para a maioria dos objetos o poder emissivo varia entre 0,95 e 1,0. Para fins agrometeorógicos
adota-se eλ = 1.
Dessa forma, um corpo se aquece e se resfria numa razão proporcional a quarta potência da
sua própria temperatura e a quarta potência da temperatura do ambiente que o rodeia.
5 LEI DE LAMBERT
A quantidade de energia recebida por uma superfície é função do ângulo de incidência da
radiação. Quando um fluxo de energia radiante incide sobre uma superfície formando um
ângulo z com a normal a esta superfície, a irradiância sobre a superfície considerada será o
produto da irradiância na superfície normal aos raios pelo co-seno do ângulo de incidência.
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I = Io cos z
I é a irradiância incidente sobre uma superfície;
Io é a irradiância normal incidente sobre essa superfície;
z é o ângulo de incidência
(Ver desenho ilustrativo no livro de Vianello e Alves Figura 60, pg. 162).
6 LEI DE BEER
“Um feixe monocromático de radiação ao atravessar um meio homogêneo, sofrerá uma
atenuação exponencial”.
Indica como obter a radiação solar instantânea incidente em uma superfície horizontal
considerando a atmosfera presente. Por essa lei verifica-se que a radiação ao atravessar um meio
isotrópico e homogêneo ela sofrerá uma atenuação exponencial a qual é função da espessura e do
coeficiente de extinção desse meio.
I= Io e-kx
I é a irradiância considerada;
Io é a irradiância normal
k é o coeficiente de extinção que para uma comunidade vegetal com folhas eretas o seu
valor varia de 0,3 a 0,5 e para folhas horizontais varia entre 0,7 a 1,0.
x = distância na qual o feixe atravessa esse meio ou, no caso de comunidade de plantas,
deve ser utilizado índice de área foliar.
No entanto, a constante solar é influenciada pela variação na atividade solar, pela variação na
distância Terra-Sol, pelo ângulo zenital, pela declinação solar (δ), pela latitude (φ) e pelo ângulo
horário (h) por isso faz-se algumas correções. Assim, na passagem do sol sobre o meridiano do
local, ao meio dia h=0o.
2 Declinação solar
É o ângulo formado entre o plano do equador e o vetor posição de um astro que é uma linha
imaginária que vai do centro da Terra ao Sol.
A Terra sempre gira inclinada com ângulo máximo de 23º 27´ entre o plano do equador e o
plano da elipse. As posições do sol nas quais a sua declinação é igual aos valores extremos (23º
27´) são denominadas de solstícios. As posições de declinação nula são denominadas de
equinócio, ou seja, quando o sol, em seu movimento aparente, posiciona-se sobre o plano do
equador terrestre (δ = 0º). Isto ocorre duas vezes durante o ano (21/03 e 23/09). Cada solstício ou
equinócio define o início de uma estação do ano.
A posição dos trópicos de Câncer e de Capricórnio foi definida em função da declinação solar de
valores extremos (23º 27´N e 23º 27´S), respectivamente. Em nenhum dia do ano, nas latitudes
Equinócio (21/03)
Solstício (21/6)
Equinócio (23/09)
Figura 1. Início das estações do ano e plano da eclíptica ilustrando a excentricidade do Sol.
Raio vetor = d/D onde: D é a distância instantânea Terra-Sol e d é a distância média Terra sol.
Os movimentos aparentes do sol em torno da Terra originam uma variação espacial (no sentido
latitudinal) e temporal (durante o ano) da duração do período em que o Sol permanece acima do
plano do horizonte em um ponto sobre a superfície da Terra (fotoperíodo).
Durante os equinócios, quando o sol está sobre o plano do equador, em todos os locais da Terra a
área iluminada terá a mesma duração, ou seja, cerca de 12 horas de fotoperíodo. No solstício de
verão para o hemisfério sul (22/12) este hemisfério fica iluminado por mais tempo do que o
hemisfério norte. Percebe-se que nessa data a região do círculo polar sul fica iluminada
continuamente (o sol não se põe abaixo do horizonte). Por outro lado, no círculo polar norte o sol
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não aparece acima da linha do horizonte por seis meses. Seis meses depois, em 23/06, a situação
é invertida com sol brilhando no círculo polar norte e sempre abaixo do horizonte no pólo sul.
A declinação solar (δ) pode ser estimada por
δ = 23,45 sen { (360/365) (284+J) } onde J é o dia juliano
LATITUDE (φ) é um valor constante para um local, pois é o ângulo formado pela vertical do
local com o plano do equador, podendo variar de 0º a 90º
(Ver desenho ilustrativo no livro de Vianello & Alves Figura 49, pg. 141).
ÂNGULO ZENITAL (z): É o ângulo formado pela linha vertical do local e a linha que une o
centro da Terra ao centro do Sol. Assim, ao nascer e ao pôr do sol z = 90º. Esse ângulo é
importante, por exemplo, para alinhar placas solares para captação de energia, para calcular
a irradiação solar incidente sobre uma superfície, entre outras.
Relação entre o ângulo zenital (z) e os ângulos horários, declinação solar e latitude.
Cos z = (sen φ sen δ + cos φ cos δ cos h)
O ângulo zenital varia durante o dia. No início e no fim do dia z = 90o.
O ângulo horário varia durante o dia. Ao meio-dia solar h = 0o, logo: z=|φ-δ|
A declinação solar varia a cada dia, considera-se constante durante o período de um dia.
A latitude é constante para um local determinado. Equador φ = 0o , Pólo Sul φ = -90o.
ÂNGULO DE ELEVAÇÃO DO SOL (A): É o ângulo formado pela linha que une o centro da
Terra ao sol e o plano do horizonte do observador. A = 90 – z
ÂNGULO HORÁRIO (h): É o ângulo formado pelo plano do meridiano local (do observador)
com o plano do meridiano do sol. Meio dia solar é quando o sol culmina sobre a cabeça do
observador (quando passa pelo meridiano do lugar).
Por convenção, ao meio dia h = 0 o, h é negativo no período da manhã e positivo no período da
tarde. Esse ângulo horário diminui 15 o por hora (360o/24h = 15o/h) antes do meio dia e aumenta
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15o por hora após o meio dia solar. Deve-se considerar que o ângulo horário descreve, entre o
nascer e o pôr do sol, dois semi-arcos (H) idênticos.
H H
Assim, h pode ser calculado por h= (TS –12) 15 onde TS é o tempo solar.
ex. 10h h = (10-12) 15 h = 2. 15 h =- 30o.·.
FOTOPERÍODO (N) é o intervalo de tempo decorrido entre o nascer e o ocaso do sol. Depende
apenas da latitude do local e do ângulo de declinação solar na data da observação.
H = arc cos – (tg δ tg φ)
N= H + H N= 2 H 1hora = 15o.
Assim o fotoperíodo (N, em horas) pode ser determinado através de:
N = 2H/15
N =(2/15) arc cos – (tg δ tg φ)
Ex. φ = 22º 42´ S no dia 03/03 N = (2/15) arc cos – (tg –22,7 tg – 6,85) = 12, 38 h
BALANÇO DE RADIAÇÃO
Quando o céu está sem nuvens à proporção de radiação difusa que atinge a superfície é muito
pequena. Quando o céu está totalmente incoberto, toda a radiação que chega à superfície é
difusa.
Entre as diversas equações empíricas para estimar a irradiância solar global ao nível do solo a
equação de Angstron é uma das mais utilizadas:
Rg = Ra* (a + b n/N)
Onde: a e b são coeficientes obtidos por análise de regressão linear para uma determinada
localidade e época do ano e indicam a transmissividade da atmosfera; n é número de horas de
brilho solar; N é o fotoperíodo, ou seja, n/N é um índice de claridade (razão de insolação).
O espalhamento proporcionado pela atmosfera terrestre é maior quanto menor for o
comprimento de onda de radiação. Na faixa do visível do espectro, a radiação violeta é que sofre
maior espalhamento, seguindo-se do azul. O céu apresenta coloração azulada (ao invés de
violeta) porque a transmissividade da atmosfera para o azul é maior do que para o violeta, além
do fato do olho humano ser mais sensível a cor azul.
48%
Figura2. Representação esquemática do balanço de radiação de ondas curtas na superfície
terrestre.
Enquanto o espalhamento atmosférico da radiação solar é uma função contínua do
comprimento de onda, a absorção é, em geral, seletiva, sendo o vapor d’água, o ozônio e o gás
carbônico os principais absorvedores. O ozônio atua na região do ultravioleta e os outros dois na
faixa infravermelha do espectro. Além desses gases, outros elementos atuam na absorção da
energia solar, como: CH4, N2O, O2, poeiras, gotículas de nuvens, fuligem, etc.
Espalhamento = f (1/λ4)
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Ra ou Qo*
BOC BOL
Rd Rc Qs
rRs Qa
Qg ou Rs
r = rRs/Rs
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O valor de r varia entre as diferentes superfícies e espécies vegetais, umidade da superfície, etc.
Alguns valores de r: soja 14 a 18%; milho 16 a 23%; gramado 23%; água 5%; areia seca 35 a 45%;
areia úmida 20 a 30%, animal de pêlo branco 50%; animal de pêlo preto 10%.
BOL
Qa =fluxo de energia radiante emitido pela atmosfera em direção a superfície (contra radiação
atmosférica), que depende da quantidade de nuvens e de vapor de água presente na atmosfera e
da temperatura do ar.
Qs = fluxo de energia emitido pela superfície em direção a atmosfera, que depende da
temperatura e da emissividade da superfície (lei de Stefan-Boltzman).
Adotando-se como positivo o sentido dos fluxos que entram no sistema e negativo o dos que
saem, verifica-se que:
BOC = Rs – rRs BOC = Rs (1-r)
BOL = Qa-Qs
BOL = - σ T4 (0,56 – 0,092 √e) (0,1 + 0,9 n/N)
Rn = BOC – BOL
Rn = Rs (1-r) + Qa – Qs ou
Rn = Rs (1-r) + [- σ T4 (0,56 – 0,092 √e) (0,1 + 0,9 n/N)]
Dessa maneira, Rn poderá ser positivo ou negativo, dependendo dos valores dos fluxos
envolvidos. O BOC é positivo durante o período diurno e nulo no período noturno (ausência da
fonte - sol). O valor diário do BOL, normalmente, é negativo. Isso faz com que nas superfícies
naturais, o valor diurno do BOC torne Rn positivo (ganho líquido de energia sobre a superfície),
enquanto que a noite BOC = 0 tendo-se, então, Rn negativo. Essa é a maneira da superfície liberar
parte da energia absorvida em calor sensível.