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MENLO Nee UM GUIA DE MODELAGEM DA INFORMACAO DA CONSTRUCAO, PARA ARQUITETOS, ENGENHEIROS, GERENTES, CONSTRUTORES [oa] Tats); 1-f0) <7 Ne ]e) 13) AW Wa We Ye * We a auld KATHLEEN gael allay MANUAL de BIM Os Autores Chuck Eastman é professor nas faculdades de arquitetura e computagao no Georgia Institute of Technology, Atlanta, e diretor do PhD Program da Faculdade de Arquitetura. Paul Teicholz, professor emérito da Universidade de Stanford, fundou o Center for Integrated Facility Engineering (CIFE) na Universidade de Stanford, em 1988, e dirigiu o programa por 10 anos. Rafael Sacks, professor associado em engenharia estrutural e gestdo da construgéo do Technion- Israel Institute of Technology, fundou e dirige o Laborat6rio de BIM no Israel National Building Research Institute. Kathleen Liston é consultora de tecnologia e cofundadora de uma empresa de software de simulago de construgiio, Common Point Technologies. Equipe de tradugao: Cervantes Gongallves Ayres Filho Kléos Magalhies Lenz César Jinior Rita Cristina Ferreira Sérgio Leal Ferreira ote, sy = s 0 pao M294 Manual de BIM [recurso eletrénico] : um guia de modelagem da informagao da construcdo para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores € incorporadores / Chuck Eastman ... [et al.] ; [tradugéo: Cervantes Gongalves Ayres Filho ... et al.] ; reviséio técnica: Eduardo Toledo Santos. — Dados eletrdnicos. — Porto Alegre : Bookman, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8260-118-1 1, Arquitetura — Representago gréfica. 2. Modelagem da informagao da construgdo. I. Eastman, Chuck. II. Titulo. CDU 72.012(035) Catalogagdo na publicago: Ana Paula M. Magnus ~ CRB 10/2052 CHUCK PAUL RAFAEL KATHLEEN EASTMAN TELCHOLZ SACKS LISTON MANUAL de BIM UM GUIA DE MODELAGEM DA INFORMACAO DA CONSTRUCAO PARA ARQUITETOS, ENGENHEIROS, GERENTES, CONSTRUTORES E INCORPORADORES Revisio técnica Eduardo Toledo Santos Professor Doutor da Escola Politécnica da Universidade de Sao Paulo Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Sao Paulo Coordenador do GT Componentes BIM da Comisséo Especial de Estudos sobre BIM (CEE-134) da ABNT Verso impressa desta obra: 2014 2014 Obra originalmente publicada sob o titulo BIM Handbook: A Guide to Building Information Modeling for Owners, Managers, Designers, Engineers and Contractors ISBN 9780470185285 Copyright © 2008 by John Wiley & Sons, Inc. All Rights Reserved. This translation published under license. Gerente editorial: Arysinha Jacques Affonso Colaboraram nesta edigdo: Coordenadora editorial: Denise Weber Nowaczyk Capa: Marcio Monticelli (arte sobre capa original) Preparagio de originais: Aline Grodt Leitura final: Renata Ramisch Editoragéo: Techbooks Reservados todos os direitos de publicagdo, em lingua portuguesa, 2 BOOKMAN EDITORA LTDA., uma empresa do GRUPO A EDUCAGAO S.A. Ay. JerOnimo de Ornelas, 670 — Santana 90040-340 — Porto Alegre — RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 E proibida a duplicagao ou reprodugao deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrénico, mecAnico, gravacdo, fotocépia, distribuigéo na Web e outros), sem permissao expressa da Editora. Unidade Sao Paulo Ay. Embaixador Macedo Soares, 10.735 — Pavilhio 5 — Cond. Espace Center Vila Anastécio — 05095-035 — Sao Paulo — SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 3667-1333, SAC 0800 703-3444 — www. grupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Apresentagdo Nos iiltimos anos, tanto 0 conceito quanto a nomenclatura que hoje conhecemos como BIM — ou Building Information Models e Building Information Modeling — envolveram- -se consideravelmente com o conhecimento profissional e a inddstria para justificar um manual. O resultado é este livro, que atende totalmente aos requisitos esperados de um ‘manual, tanto em relacio A amplitude da cobertura como & profundidade da exposicao. No entanto, nem o conceito nem a nomenclatura do BIM s4o novos — no datam de 2007, de 2002 ou de 1997. Os conceitos, as abordagens e as metodologias que hoje se identificam como BIM tém cerca de trinta anos, e a terminologia do Building Information Model esté em circulagio hé pelo menos quinze anos. A seguir, fago um breve apanhado da histéria do BIM; pego desculpas aqueles cujas contribuigées eu possa involuntariamente ter menosprezado. O exemplo mais antigo documentado que encontrei sobre o conceito que conhece- ‘mos como BIM foi um protétipo de trabalho, o “Building Description System”, publicado no extinto Jornal AIA por Charles M. “Chuck” Eastman, nessa época, na Universidade de Carnegie-Mellon, 1975. O trabalho de Chuck incluiu nogées BIM, agora comuns, como: [Projetodo por] "...definir elementos de forma interativo... derivaindo] segées, planos isométricos ou perspectivas de uma mesma descrigdo de elementos... Qualquer mudanga no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposicao de elementos seriam ‘automaticamente consistentes... qualquer tipo de andlise quantitativa poderia ser ligada diretamente & descrigéo... estimativas de custos ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um tinico banco de dados integrado para andlises visuais e quantitativas... verificagéo de cédigo de edificagdes ‘automatizado na prefeitura ou no escritério do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos podem achar esta representagdo vantajosa para a programacdo e para os pedidos de materiais.” (Eastman, 1975) Pesquisa e desenvolvimento comparéveis foram realizados ao longo dos anos 1970 ¢ inicio de 1980 na Europa, especialmente no Reino Unido, em conjunto com os primeiros esforgos de comercializacdo dessa tecnologia (veja a seguir). Durante 0 inicio da década de 1980, este método ou abordagem foi mais comumente descrito nos Estados Unidos vi Apresentacéo como “Building Product Models” (Modelos de Produtos da Construgio) e na Europa, es- peciaimente na Finlandia; como “Product Information Models” (Modelos de Informagdes do Produto) (foi usado o termo “produto” para distinguir essa abordagem dos modelos de “processo”). O préximo passo l6gico na evolugao da nomenclatura foi decompor o termo duplicado para “produto”: “Building Product Model” + “Product Information Model” se fundem em “Building Information Model” (Modelo da Informagio da Construgio). Em- bora o alemio Baulnformatik possa ser traduzido dessa forma, seu significado mais usual esté relacionado a aplicagio geral de tecnologia da computagéo e informagao (information anid computer technology — ICT) para a construgdo. Entretanto, o holandés Gebouwmodel foi usado ocasionalmente dos meados ao final de 1980, em um contexto que, sem divide, poderia ser traduzido para o inglés como Building Information Model no lugar da tradugao literal “Modelo da Construgio. primeiro uso documentado do termo Building Modeling, em inglés, ~ no sentido em que é usado hoje — foi no titulo de um artigo de 1986 de Robert Aish, entao com a GMW Computers Ltd., fabricante do lendério sistema de software RUCAPS. Aish, que est hoje com Bentley Systems, estabelece nesse artigo todos os argumentos para 0 que hoje conhecemos como BIM e a tecnologia para implementé-lo, incluindo modelagem 3D, extragéo de desenho automético, componentes inteligentes paramétricos, bancos de dados relacionais, faseamento temporal dos processos de construgéo e assim por diante (Aish 1986). Aish ilustrou esses conceitos com um estudo de caso aplicando o sistema de modelagem de edificio RUCAPS para a renovago gradual do Terminal 3 do Acroporto de Heathrow, em Londres (hé, na minha opinido, um pouco de ironia histérica no fato de que, aproximadamente vinte anos depois, a construgéo do Terminal 5 em Heathrow frequentemente seja citada como um dos exemplos de casos “pionefros” dessa tecnologia). De “Modelo da Construgdo” tornou-se Building Information Model, para 0 qual 0 primeiro uso documentado em inglés apareceu em um artigo de G.A. van Nederveen & F. Tolman em dezembro 1992: Automation in Construction. (van Nederveen & ‘Tolman, 1992). Assim como a nomenclatura ¢ os esforgos de P&D centrados no meio académico, 0s produtos comerciais que implementavam a abordagem BIM (sob qualquer dos apelidos comerciais na época) também tém uma longa histGria. Muitas das fungOes do software e dos comportamentos atribufdos & geragio atual das ferramentas de modelo padrdo, como Allplan, ArchiCAD, Autodesk Revit, Bentley Building, DigitalProject ou VectorWorks, tam- bém foram os objetivos de projeto de esforcos iniciais de software comercial, como: a verséo briténica do RUCAPS (citado acima) para Sonata ¢ Reflex; outra verséo britanica do Oxsys para BDS e GDS (este dltimo ainda esta disponivel como MicroGDS); uma versio francesa, que incluiu Cheops ¢ Architrion (0 espirito que vive em BOA); Brics (um sistema Belga que forneceu a principal tecnologia para Bentley's TriForma), o sistema de modelagem da companhia americana Bausch & Lomb (1984); os esforgos de Intergraph com Master Architect, além de muitos outros. ‘Assim, considerando minha primeira tentativa de popularizar o termo (Laiserin, 2002) e tornd-lo consensual entre os fornecedores (Laiserin, 2003), a nomenclatura-base de Building Information Modeling jé havia sido criada ha pelo menos dez anos, ¢ seu con- ceito estabelecido mais de quinze anos antes (com indmeras demonstragées ao longo do caminho, principalmente nos esforgos finlandeses que culminaram no Projeto Vera por ‘Tekes, a Agéncia Nacional de Tecnologia da Finlandia). Este livro, como seria de esperar de qualquer obra escrita por varios autores, contém ‘mais de uma definigdo de BIM — de orientado a processo a orientado a produto e da prética do construtor a uma definigdo de BIM pelo que nfo é BIM. Permitam-me acrescentar ainda mais duas definig6es minhas: uma, mais ampla e analitica do que o assunto abordado neste manual, ¢ outra, mais simples e funcional do que o método do manual. Apresentacéo A definigo mais ampla de BIM como processo é totalmente independente de soft- ‘ware para a implementagio e, portanto, fora do escopo deste livro. Dessa forma, apresen- to apenas citagées (Laiserin, 2005, 2007). No entanto, o campo do software comercial “BIM-ready” ou “BIM worthy” para projeto e andlise tem ampliado e amadurecido tanto desde a década passada, que acredito que agora & possivel e vale a pena propor alguns princfpios répidos e préticos para a qualificacdo de aplicagdes de BIM. Para isso, sugiro 0 seguinte: que a certificagdo IFC (pela International Alliance for Interoperability, IAI e/ ou a iniciativa buildingSMART) seja considerada uma condigéo relevante, mas ndo necess4- ria, do “BIM-ness” para qualquer projeto, anélise ou software colaborativo. A certificagao IFC pode ser complementada, conforme necessério, por requisitos locais, como suporte para o objeto espacial GSA ou em conformidade com a Norma Nacional de BIM nos Esta- dos Unidos, ou com o Code Checking View (Cédigo de Verificagao) IFC em Cingapura. O ponto & que, embora possa haver varios caminhos para o BIM-ness, muitos dos quais nfo precisam ser conduzidos por meio da certificagéo IFC, com certeza o importante 6 que todo 0 aplicativo de projeto ou de anélise certificado por IFC tenha alcangado o requisito BIM-ness para ser considerado BIM-ready, BIM-worthy ou ainda apenas o simples BIM. ‘Apesar das distingSes semfnticas entre as varias definigdes de BIM, algumas pessoas trabalham sob a influéncia de que cu — ou outro fornecedor de software de projeto — “cunhei” o termo e/ou “originei”, “desenvolvi” ou “introduzi” o conceito ou a abordagem por volta do ano 2002. Nunca reivindiquei tal distingdo, ¢ acredito que o registro hist6rico recém-descrito mostra que a Modelagem da Informacao da Construgao no foi uma ino- vagao atribuida exclusivamente a algum individuo ou entidade. Em vez de “pai do BIM”, como alguns companheiros bem-intencionados, mas en- tusiasmados em excesso, costumam rotular-me, prefiro o epfteto “padrinho do BIM”, no sentido de que um padrinho é um responsével adulto por uma crianga que ndo é sua. Se alguém merece o titulo de “pai do BIM”, certamente é Chuck Eastman. De seu pioneiro sistema prot6tipo de 1975 a seu texto de 1999, Building Product Models (Eastman, 1999 — que melhor abordou o assunto até a escrita deste manual), Chuck dedicou um quarto de século para definir os problemas ¢ avangar nas solugées, além de mais uma década conti- nuando a avangar as fronteiras da Construgéo, da Informagao e da Modelagem. Em 2005, tive a honra e o privilégio de ser coprodutor e coanfitrido junto a Chuck (e do programa de doutoramento na Faculdade de Arquitetura, Georgia Institute of Tech- nology) da primeira conferéncia académica sobre BIM (Laiserin, 2005). Essa conferéncia contou com fornecedores de software de projeto e de analise, bem como com os principais profissionais da 4rea, como Vladimir Bazjanac, do Lawrence Berkeley National Labora- tories, ¢ Godfried Augenbroe, da Georgia Tech. Para complementar nossas palestras de abertura, Chuck ¢ eu tivemos a sorte de participar da conferéncia de encerramento do palestrante Paul Teicholz, agora emérito da Stanford University e fundador do Center for Integrated Facility Engineering (CIFE —o qual se tornou o principal defensor da Virtual Design and Construction, uma abordagem que considero de ponta na automagao BIM). A correspondéncia, apés a conferéncia, entre Paul, Chuck ¢ eu proporcionou o impulso necessério para este manual. ‘No decorrer da produgao deste manual, Chuck e Paul envolveram mais dois colabo- radores formidéveis, Rafael Sacks e Kathleen Liston. O trabalho de doutorado de Rafacl, na Technion de Israel, tratou de Construgdo Integrada por Computador e Modelos de Dados de Projetos, areas em que posteriormente colaborou com Chuck Eastman (es- pecialmente em relagao & engenharia estrutural dos sistemas de concreto armado e pré- -moldado). Enquanto buscava seu doutorado na Stanford/CIFE, Kathleen foi coautora de artigos fundamentais sobre simulago de cronograma de obras, ou CAD-4D, ¢ pas- sou a comercializar essa tecnologia BIM na bem-sucedida startup de software, Common Point, Inc. Apresentagéo ‘Tudo isso nos traz de volta a esta obra. Seria dificil imaginar um quarteto mais bri- Thante de autores neste campo, ou alguma equipe mais adequada para realizar uma tarefa como 0 Manual de BIM, Seu trabalho seré reconhecido como definitivo e o mais compe- tente sobre o assunto durante muitos anos. Agora, coloco o leitor nas mos competentes de meus amigos e colegas, Chuck, Paul, Rafael e Kathleen —e seu chef d’ouvre —-0 Manual de BIM. JERRY LAISERIN WOODBURY, NEW YORK NOVEMBRO DE 2007 Qs AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer As seguintes pessoas pela generosa assisténcia em documentar o ini- cio da hist6ria do conceito de BIM e de sua terminologia: Bo-Christer Bjdrk, Hanken Uni- versity, Finland; Arto Kiviniemi, VTT, Finland; Heikki Kulusjarvi, Solibri, Inc., Finland; Ghang Lee, Yonsei University, Korea; Robert Lipman, National Institute of Standards and ‘Technology, USA; Hannu Penttila, Mittaviiva Oy, Finland. Ms REFERENCIAS Aish, R., 1986, “Building Modelling: The Key to Integrated Construction CAD,” CIB 5" International Symposium on the Use of Computers for Environmental Engineering Re- lated to Buildings, 7-9 July. Eastman, C., 1975, "The Use of Computers Instead of Drawings,” AIA Journal, March, ‘Volume 63, Number 3, pp 46-50. Eastman, C., 1999, Building Product Models: Computer Environments, Supporting Design and Construction, CRC Laiserin, J, 2002, “Comparing Pommes and Naranjas,” The LaiserinLetter™, December 16, Issue 16, http://www.laiserin.com/features issue15/feature0 php Laiserin, J, 2003, “The BIM Page,” The LaiserinLetter™, http://www.laiserin.com/ features/bim/index.php Laiserin, J, 2005, “Conference on Building Information Modeling: Opportunities, Challenges, Processes, Deployment,” April 19-20, http://www.laiserin.com/ laiserinlive/index.php Laiserin, J., 2007, “To BIMfinity and Beyond!” Cadalyst, November, Volume 24, Number 11, pp 46-48. van Nederveen, G.A. & Tolman, F,, 1992, “Modelling Multiple Views on Buildings,” Auto- ‘mation in Construction, December, Volume 1, Number 3, pp 215-224. Prefdcio Este livro trata de uma nova abordagem para o projeto, a construg&o e o geren- ciamento de instalagdes chamada de Modelagem da Informagao da Construgiio — BIM (Building Information Modeling). Ele fornece um conhecimento profundo das tecnologias BIM, das questdes comerciais e organizacionais associadas & sua implementaco e dos impactos profundos que o uso efetivo do BIM pode propor- cionar a todos os membros da equipe de projeto. O livro explica como o projeto, a construgao e o funcionamento dos edificios com 0 uso do BIM diferem da execugio das mesmas atividades da forma tradicional, seja em papel ou de forma eletr6nica. O BIM est comegando a mudar a maneira como vemos 0s edificios, como eles funcionam e as formas de construi-los. Ao longo do livro, usamos de forma intencional e consistente o termo “BIM” para descrever uma atividade (identifi- cado como building information modeling) em vez de um objeto (building infor- mation model). Isso reflete nossa crenga de que o BIM nao 6 uma coisa ou um tipo de software, mas uma atividade humana que envolve mudangas amplas no processo de construgdo. ME POR QUE UM MANUAL DE BIM Nossa motivagéo para escrever este livro foi fornecer uma refer€ncia completa e consolidada a fim de ajudar estudantes e profissionais da indGstria da construgao a aprender sobre esta nova € interessante abordagem, sem interesses comerciais como alguns outros guias tém. Hé muitas verdades e mitos nas percepgoes geral- mente aceitas a respeito do estado da arte da tecnologia BIM. Esperamos que o Manual de BIM ajude a reforgar as verdades, a acabar com os mitos e a orientar nossos leitores para implementagdes bem-sucedidas. Alguns bem intencionados tomadotes de decisées e profissionais do setor da construgéo tiveram experién- cias de adogao do BIM decepcionantes, pois seus esforgos e suas expectativas estavam baseados em equivocos e planejamento inadequado. Se este livro puder ajudar os leitores a evitar essas frustragdes ¢ custos, j4 teremos sucesso. x Prefaicio Os autores so experts em BIM. Acreditamos que o BIM representa uma mudanga de paradigma que trar4 beneficios de longo alcance, nfo apenas para a indistria da construgio, mas também para a sociedade em geral, uma vez que edificagdes melhores consomem menos energia ¢ exigem menos trabalho e re- cursos financeiros. Nao fazemos afirmagGes de que 0 livro é 0 objetivo, em nossa opinifio, da necessidade de BIM. Ao mesmo tempo, é claro, nos esforgamos para garantir a precisio e a integridade dos fatos e ntimeros apresentados. MI: PARA QUEM E O MANUAL DE BIM E O QUE HA NELE O Manual de BIM é destinado a desenvolvedores de construgao, investidores, ge- rentes ¢ fiscais, arquitetos, engenheiros de todas as dreas, empreiteiros ¢ constru- tores, estudantes de arquitetura, engenharia civil e construgdo civil. Ele analisa a Modelagem da Informagao da Construgdo e suas tecnologias, seus beneficios po- tenciais, custos e infraestrutura necesséria. Também sao discutidas as influéncias atuais e futuras do BIM em érgaos reguladores, as préticas juridicas associada & indéstria da construgao e os fabricantes de produtos de construgao. E apresentado um rico conjunto de estudos de caso e varias ferramentas ¢ tecnologias BIM sio descritas, assim como sao explorados os impactos na indiistria e na sociedade. O livro tem quatro segées: I. Os Capitulos 1, 2 ¢ 3 fornecem uma introdugéio ao BIM e as tecno- logias que o suportam. Esses capitulos descrevem o estado atual da inddstria da construgao, os potenciais beneficios do BIM, modelagem paramétrica de edificios e questées de interoperabilidade. Il, Os Capitulos 4, 5, 6 e 7 fornecem perspectivas de areas especificas de BIM. Elas sao destinadas a proprietdrios (Capitulo 4), projetistas de todos os tipos (Capitulo 5), construtores em geral (Capitulo 6) e su- bempreiteiros e fabricantes (Capftulo 7). IIL. O Capitulo 8 discute impactos potenciais e tendéncias futuras associ dos ao advento de projeto, consirugdo e operagio de edificios possi litados pelo BIM. Sao descritas as tendéncias atuais, extrapolando até 2012, as previsdes de poienciais desenvolvimentos a longo prazo e as pesquisas necessérias para sustentd-los até 2020. IV. O Capitulo 9 apresenta dez estudos de casos detalhados de BIM na indéistria de projeto € construgdo que demonstram o seu uso para es- tudos de viabilidade, projeto conceitual, detalhamento do projeto, es- timativa, detalhamento, coordenagdo, planejamento de construgao, lo- gistica, operagdes e muitas outras atividades de construgao comuns. Os estudos de caso incluem edificios com a assinatura de projetos arqui- tetdnicos e estruturais (como 0 Centro Aquatico Nacional de Pequim, um projeto de fachada de um edificio em Nova York, na 11th Avenue, € 0 edificio de escritrios do Governo Federal, em San Francisco), bem como uma vasta gama de edificios bastante comuns (a planta de produ- ao da GM, um tribunal federal, um centro médico, a estrutura de um Prefécio xd estacionamento, um desenvolvimento misto comercial e de varejo e um centro de treinamento da guarda costeira). [EI «COMO USAR O MANUAL DE BIM Os leitores poderdo recorrer a este manual sempre que se depararem com novos termos e ideias relacionadas ao BIM no decorrer de seu trabalho ou estudo, A primeira leitura completa, embora nfo seja a mais importante, evidentemente 6 a melhor maneira de compreender com mais profundidade as mudangas significa- tivas que o BIM esté trazendo para a inddstria da construgao. ‘A primeira se¢do (Capitulos 1 a 3) & recomendada para todos os leitores. Proporciona uma base para o contexto comercial e as tecnologias para BIM. O Capitulo 1 apresenta muitos dos beneficios potenciais que podem ser esperados. Primeiro, descreve as atuais dificuldades inerentes & prética no setor da constru- 40 nos Estados Unidos, sua associada baixa produtividade e seus custos altos. Trata de varias abordagens para a construcao de aquisicao, como o tradicional design-bid-build (projeto-concorréncia-contrugio), design-build (projeto e cons- trugdo), entre outros, descrevendo os prés e contras de cada um em termos dos beneficios decorrentes da utilizago do BIM. O Capitulo 2 detalha as fundagSes tecnolégicas do BIM, em particular modelagem paramétrica e orientada a obje- tos. A historia dessas tecnologias e scu atual estado da arte sao especificadas. Em seguida, analisa as principais plataformas de aplicagdes comerciais para a geracio de modelos da informagées da construgéo. O Capitulo 3 trata das complexidades da interoperabilidade, discutindo como as informagdes da construgio podem ser transmitidas e compartilhadas de profissao para profissdo e de aplicagao para aplicagao. As normas pertinentes, como IFC (Industry Foundation Classes) ¢ BIM Padrées Nacionais dos EUA sfo tratadas, em detalhes. Os Capitulos 2 e 3 também podem ser utilizados como uma referéncia aos aspectos técnicos de mo- delagem paramétrica e interoperabilidade. Os leitores que desejem obter informagies especificas sobre como eles po- dem adotar ¢ implementar BIM em suas empresas podem encontrar os detalhes necessfrios no capitulo relevante para a sua profissao nos Capitulos 4 a 7. Vocé pode querer ler o capitulo mais préximo da sua drea de interesse e, em seguida, apenas os resumos de cada um dos outros Capitulos. Hé alguns itens em co- mum nesses capitulos, onde as questdes so relevantes para varias profissdes (por exemplo, subcontratantes encontrarao informagées relevantes nos capitulos 6 ¢ 7). Esses capitulos fazem referéncias frequentes para o conjunto de estudos de caso detalhados disponiveis no Capitulo 9. Aqueles que desejarem aprender a respeito das implicagées tecnol6gicas de longo prazo, econdmicas, organizacionais, sociais e profissionais do BIM e de que maneira elas podem afetar a sua vida educacional ou profissional, ird encon- trar uma ampla discussio dessas questdes no Capitulo 8. Cada estudo de caso do Capitulo 9 conta uma hist6ria sobre as experiéncias dos diferentes profissionais que utilizam o BIM em seus projetos. Nenhum estudo de caso representa uma implementag&o completa ou abrange todo o ciclo de vida do edificio. Na maioria dos casos, a construgao nao ficou completa quando o es- xii__Prefécio tudo foi escrito. Mas, em conjunto, eles pintam um retrato da diversidade de usos € 0s beneficios e os problemas que essas empresas pioneiras j4 experimentaram. Eles ilustram o que pode ser obtido com a tecnologia BIM que existia no inicio do século XXI, Hé muitas ligSes aprendidas que podem dar assisténcia aos nossos Ieitores e préticas para se guiarem em esforgos futuros. Incentivamos os alunos e professores a fazer uso das questdes para discus- so e dos exercfcios fornecidos no final de cada capitulo. MM) AGRADECIMENTOS Certamente, estamos em divida em primeiro lugar com as nossas familias, que tém suportado todo o peso do longo tempo investido neste livro. Nossos agradecimentos e reconhecimentos pelo trabalho altamente profis- sional so a Lauren Poplawski e Kathryn Bourgoine, nossas representantes edito- riais na John Wiley and Sons. Nossa pesquisa para o livro foi muito facilitada por indmeros construto- res, projetistas e proprietarios, representantes de empresas de software e agéncias governamentais; agradecemos a todos eles com sinceridade. Cinco dos estudos de caso foram originalmente elaborados por estudantes de pés-graduagao na Fa- culdade de Arquitetura da Georgia Tech. Agradecemos a eles e aos seus esforgos no final de cada estudo de caso relevante. Os estudos de casos foram possfveis por causa das contribuigGes muito generosas dos participantes do projeto que se correspondiam conosco extensivamente ¢ compartilhavam seus conhecimentos ¢ percepgSes. Por fim, somos gratos a Lachmi Khemlani pelo seu preféicio esclarecedor nesta edicdo e por suas contribuig6es significativas para BIM, refletida em sua publicacéo de AECbytes. Finalmente, estamos agradecidos a Jerry Laiserin pelo seu prefacio esclarecedor na primeira edigdo e por ajudar a iniciar a ideia original para o Manual de BIM. Capitulo 1 Capitulo 2 Sumario Introdugao ao manual de BIM 1.0 Sumério executivo 1.1 Introdugéo 1.2. Oatual modelo de negécios da industria da construgéo 1,3 _ Ineficiéncias documentadas das abordagens tradicionais 1.4. BIM: novas ferramentas e novos processos 1.5 O que néo é tecnologia BIM 1.6 Quais sao os beneficios do BIM? Quais problemas surgem com ele? 1.7. Quais desafios podem ser esperados? 1.8 Futuro do projeto e construgéo com o BIM (capitulo 8) 1.9. Estudos de caso (capitulo 9) Ferramentas BIM e modelagem paramétrica 2.0 Sumédrio executivo 2.1 Histéria da tecnologia de modelagem da construgéo 2.2 As variadas capacidades dos modeladores paramétricos 2.3. Visdo geral dos principais sistemas de geragao de modelos BIM 2.4 Concluséo 12 1S 16 23 23 25 25 26 44 54 63 xiy Sumério Capitulo 3 Capitulo 4 Capitulo 5 Interoperabilidade 3.0 Sumario executivo 3.1 Introdugéo 3.2 Diferentes tipos de formatos de intercambio 3.3 Informagdo basica sobre modelos de dados de produtos 3.4 Esquemas XML 3.5 Formatos portdveis baseados na web: DWF e PDF 3.6 Intercdmbio de dados versus repositérios de modelos da construgéo 3.7 Sumério BIM para proprietdrios e gerentes de instalacées 4.0 Sumério executive 4.1 Introdugdo: por que proprietdrios devem se interessar pelo BIM 4.2 Areas de aplicagéo do BIM para proprietérios 4.3. Tipos de proprietdrios: por que, com que frequéncia e onde eles constroem 4.4 Como proprietdrios constroem 4.5 Guia de ferramentas BIM para proprietérios 4.6 Um modelo de edificio para proprietarios e gerentes de facilidades 4.7 Conduzindo a implementagao do BIM em um projeto 4.8 Barreiras 4 implementagao do BIM: riscos e mitos comuns 4.9 Orientagées e questdes a serem consideradas por proprietdrios ao adotarem BIM BIM para arquitetos e engenheiros 5.0 Sumario executivo 5.1 Introdugéo 5.2 Escopo dos servigos de projeto 5.3. Uso do BIM no processo de elaboragéo de projetos 5.4 Modelos de elementos do edificio e bibliotecas 5.5 Consideragées na adogdo para a pritica de projeto 65 65 67 70 85 87 88 93 93 94 96 12 116 121 131 133 141 145 148 148 149 152 155, 189 195 Sumério__xy 5.6 Contratagéo e alteragdo de pessoal nas firmas de projeto 200 5,7 Novas oportunidades contratuais em projeto 202 Capitulo6 —_BIM para a indiistria da construgéo 205 6.0 Sumério executive 205 6.1 Introdugao 206 6.2. Tipos de firmas de construgdo 207 6.3 Quais informagées os construtores querem do BIM 210 6.4 Processos para desenvolver um modelo da informagdo da construgéo para um construtor 211 6.5 ReducGo de erros de projeto usando detecgdo de interferéncias 214 6.6 Levantamento de quantitativos e estimativa de custos 216 6.7. Andlise e planejamento da construgéo 222 6.8 Integragéo com controle de custos e programagdo, e outras fungées gerenciais 233 6.9 Uso para a fabricagdo fora do canteiro 234 6.10 O uso do BIM no canteiro: verificagao, diretrizes e acompanhamento de atividades da construgéo 235 6.11 Implicagées para contratos e mudangas organizacionais 237 6.12 Implementagao do BIM 238 Capitulo 7 _BIM para subempreiteiros e fabricantes 241 7.0 Sumério executivo 241 7.1 Introdugéo 242 7.2. Tipos de subempreiteiros e fabricantes 243 7.3 Os beneficios de um processo BJM para fabricantes subempreiteiros i 246 7.4 Processo de mudanga para 0 BIM 258 7.5 Requisitos genéricos do sistema BIM para fabricantes 261 7.6 Principais classes de fabricantes e suas necessidades especificas 265 7.7 Adogao do BIM em operacao de fabricagéo 274 7.8 Concluséo 279 xvi Sumério Capitulo 8 Capitulo 9 Glossério Bibliografia indice O futuro: construindo com BIM 8.0 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 Sumério executivo Introdugéo O desenvolvimento do BIM até 2007 Tendéncias atuais Viséo 2012 Impulsionadores de mudancas e impactos do BIM até 2020 Estudos de caso BIM 9.0 9.1 9.2 Introdugdo aos estudos de caso BIM Expansdo da fabrica em Flint do motor V6 global A implementagéo do BIM pela guarda costeira dos Estados Unidos Centro médico Camino em Mountain View Centro aquético nacional de Pequim Edificio federal de San Francisco 11% ayenida, 100, Nova York Empreendimento One Island East Estacionamento Penn National Empreendimento comercial Hillwood 9.10 Tribunal federal de Jackson, Mississippi 281 282 283 284 288 303 313 313 319 333 352 382 399 412 434 443 461 463 477 CAPITULO 1 Introdugdo ao Manual de BIM (Os sumArio ExecuTivo Modelagem da Informagao da Construgao (em inglés, Building Information Mo- deling — BIM) é um dos mais promissores desenvolvimentos na industria relacio- nada a arquitetura, engenharia e construgdo (AEC). Com a tecnologia BIM, um modelo virtual preciso de uma edificagéo € construfdo de forma digital. Quando completo, o modelo gerado computacionalmente contém a geometria exata e os dados relevantes, necessérios para dar suporte & construgao, A fabricagao ¢ ao fornecimento de insumos necessérios para a realizaco da construgao. O BIM também incorpora muitas das fungdes necessérias para modelar o ciclo de vida de uma edificagao, proporcionando a base para novas capacidades da construgao e modificagdes nos papéis ¢ relacionamentos da equiipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de maneira apropriada, o BIM faci- lita um processo de projeto e construgdo mais integrado que resulta em constru- g6es de melhor qualidade com custo e prazo de execugdo reduzidos. Este capitulo comega com uma descrigéo das préticas de construgéo exis- tentes ¢ documenta as ineficiéncias inerentes a esses métodos. A seguir, explica- -se a tecnologia por trés do BIM e recomendam-se caminhos para tirar a maior vantagem do novo processo de negécio que ele possibilita para todo o ciclo de vida de uma construgdo. Conclui-se com uma avaliagdo de varios problemas que podem surgir apés a migracdo para a tecnologia BIM. ER INTRODUGAO Para entender melhor as mudangas significativas que o BIM introduz, este capf- tulo descreve os atuais métodos de construgo e projeto baseados em papel, ¢ os modelos de negécio predominantes atualmente na indéstria da construgao. Em seguida, so descritos diversos problemas associados a essas praticas, esboga- ~se o que € 0 BIM e explica-se como ele se distingue de projetos auxiliados por 2 Manual de BIM computador (em inglés, Computer Aided Design - CAD) em 2D ¢ em 3D. Des- crevemos brevemente os tipos de problemas que o BIM pode resolver e os novos modelos de negécio que ele permite. O capitulo encerra com uma apresentagio dos problemas mais significativos que podem surgir quando se usa a tecnologia, que agora est apenas no inicio do seu desenvolvimento ¢ uso. © ATUAL MODELO DE NEGOCIOS DA INDUSTRIA DA CONSTRUGAO Atualmente, 0 processo de implementagdo de uma edificagdo é fragmentado e depende de formas de comunicagao baseadas em papel. Erros e omissdes nos documentos em papel frequentemente resultam em custos imprevistos, atrasos e eventuais litigios judiciais entre os varios participantes de um empreendimento. Esses problemas causam atritos, gastos financeiros e atrasos. Esforgos recentes para tratar esses problemas incluiram estruturas organizacionais alternativas, como 0 contrato para projeto & construgio (design-build); 0 uso de tecnologias de “tempo real”, como sites de empreendimentos para compartilhar plantas e do- cumentos; ¢ a implementagao de ferramentas de CAD 3D. Embora esses métodos tenham aumentado o intercimbio oportuno de informagées, eles fizeram pouco para reduzir a gravidade e a frequéncia dos conflitos causados pelos documentos em papel. Um dos problemas mais comuns associados & comunicagao baseada em pa- pel durante a fase de projeto é o tempo considerdvel e 0 gasto requerido para gerar informag6es criticas para a avaliagdo de uma proposta de projeto, incluindo estimativas de custo, andlise de uso de energia, detalhes estruturais, etc. Essas anélises normalmente sao feitas por diltimo, quando j4 muito tarde para fazer modificagées significativas. Uma vez que essas melhorias iterativas néo aconte- cem durante a fase de projeto, a engenharia de valor deve entéio assumir o trata- mento de inconsisténcias, o que geralmente resulta em compromissos ao projeto original. Qualquer que seja a forma de contratagao, certas estatfsticas so comuns a quase todos os projetos de grande escala (US$ 10M ou mais), incluindo o néime- ro de pessoas envolvidas ¢ a quantidade de informagao gerada. Os dados a seguir foram compilados por Maged Abdelsayed da Tardif, Murray & Associates, uma empresa de construgio localizada em Quebeo, Canadé (Hendrickson 2003): # Néimero de participantes (empresas): 420 (incluindo todos os fornecedo- res e subempreiteiros) # Némero de participantes (individuos): 850 * Néimero de tipos diferentes de documentos gerados: 50 © Némero de paginas dos documentos: 56.000 # Néimero de caixas grandes de arquivo para guardar os documentos: 25 * Néimero de armérios de pastas suspensas de 4 gavetas: 6 # Niimero de Arvores de 50 cm de didmetro, 20 anos de vida, 15 m de altu- ra, usadas para gerar esse volume de papel: 6 Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 3 ‘* Niimero equivalente de Mega Bytes de dados eletrénicos para guardar esse volume de papel (escaneado): 3.000 MB ‘* Neimero equivalente de CDs: 6 Nao € facil gerenciar um esforgo envolvendo esse grande ntimero de pessoas ¢ documentos, qualquer que seja a abordagem contratual adotada. A Figura 1-1 ilustra os membros tfpicos de uma equipe de empreendimento e suas varias fron- teiras organizacionais. HG duas formas contratuais dominantes nos Estados Unidos 0 Projeto- -Concorréncia-Construgio (Design-Bid-Build ~ DBB) e o Projeto & Construgao (Design-Build — DB), e muitas variagdes deles (Sanvido and Konchar 1999; War- ne and Beard 2005). 1.2.1 Projeto-Concorréncia-Construgdo (Design-Bid-Build - DBB) FIGURA 1. ‘Uma percentagem significativa das construgGes é erguida usando a abordagem DBB (quase 90% dos edificios pablicos e cerca de 40% das edificages pri- vadas em 2002, nos Estados Unidos) (DBIA 2007). As principais vantagens dessa abordagem sao licitagdes mais competitivas para alcangar o menor pre- 0 possivel para o proprietério e menor presso politica para selecionar dado empreiteiro (esta tiltima é particularmente importante para empreendimentos piiblicos). A Figura 1-2 ilustra o processo tfpico de aquisigo DBB comparado a0 processo tipico Projeto & Construgio (Design-Build — DB). (Veja a seo 1.2.2.) No modelo DBB, o cliente (proprietério) contrata um arquiteto, que entio desenvolve uma lista de requisitos da construgao (um programa) ¢ estabelece os objetivos de projeto do empreendimento. O arquiteto percorre uma série de fases: Peja > ae | Sensi ss » troowotseora pare. Praplto Geant do Unto do ( Cer oN ruta foenre ete Edema) | veeepotcrone dr rinoe) Se |i : i i a Seow Fandar ) ~. Lae me Subempreto at Pe pete eereasee ee Soles Fareed) \ "008 a de Consragse al wa Diagrama conceitual representando uma equipe de empreendimento AEC e as fronteiras organizacionais tipicas. 4 Manual de BIM soto taatncee ame peemucoeuc naan = sana es aaao ieee doce. |_| eae eres titi, Lf “Seam ae eee aa ie ‘Aiqutet selena cengenhoosbasoodo ror rnenores cotogies “eaatto ou popretno seleciona Taseado no enoecotagto FIGURA 1-2 Diagrama esquematico dos processos Projeto-Concorréncia-Construgao e Projeto & Construcéo. projeto preliminar, desenvolvimento do projeto e documentagéo contratual. Os documentos finais devem cumprir o programa e satisfazer aos cédigos de obras e de zoneamento. O arquiteto contrata empregados ou consultores para dar as- sisténcia no projeto de componentes estruturais, de ar condicionado, de hidréu- lica de esgoto. Esses projetos so registrados em desenhos (plantas, elevagdes, perspectivas), que devem ser coordenados para refletir todas as modificagdes na medida em que elas ocorrem. O conjunto final de desenhos e especificagdes deve conter detalhes suficientes para facilitar as licitagdes da construgio. Devido & potencial responsabilidade por erros, um arquiteto pode decidir por incluir pou- cos detalhes nos desenhos ou inserir uma nota indicando que as dimensdes nos desenhos nao sao precisas. Essas praticas com frequéncia levam a disputas com a construtora, A medida que erros e omissdes so detectados e responsabilidades e custos extras sio realocados. ‘A segunda etapa envolve a obtengao de orgamentos das construtoras. O proprictatio e o arquiteto podem participar na determinago de quais construto- ras podem concorrer. Cada construtora deve receber um conjunto de desenhos ¢ especificagdes que sao entdo usados para compilar um levantamento de quan- tidades independent. Esse quantitativo, juntamente com os orgamentos dos su- bempreiteitos, € usado para determinar sua estimativa de custo. Subempreiteiros selecionados pela construtora devem seguir 0 mesmo processo para a parte do projeto na qual eles esto envolvidos. Em fungao do esforgo envolvido, as cons- Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 5 trutoras e os subempreiteiros tipicamente gastam aproximadamente 1% dos seus custos estimados na preparagao de orgamentos'. Se um empreiteiro vence apro- ximadamente um de cada 6 a 10 trabalhos a que concotre, 0 custo por licitagéio vencida é, em média, entre 6 € 10% de todo o custo do projeto. Esse gasto entra nos custos indiretos das construtoras e subempreiteiros. ‘A construtora vencedora geralmente é aquela que apresenta o menor prego responsdvel, incluindo o trabalho a ser feito pela construtora e pelos subemprei- teiros selecionados. Antes que o trabalho possa comegar, normalmente 0 em- preiteiro precisa redesenhar alguns dos desenhos para refletir melhor 0 processo construtivo ¢ as fases do trabalho. Esses desenhos sao chamados de planos de arranjo geral. Os subempreiteiros ¢ os fabricantes de componentes sob medi- da também devem produzir seus proprios desenhos detalhados para refletir com precisio o detalhamento de certos itens, como pegas de concreto pré-moldado, conexées em ago, detalhes das paredes, caminhos das tubulagées, etc. Anecessidade de desenhos precisos ¢ completos também se faz presente nos desenhos detalhados uma vez que eles so representagdes mais minuciosas ¢ so usados para a fabricagio em si. Se esses desenhos forem imprecisos ou incomple- tos, ou se forem baseados em desenhos que j4 contém erros, inconsisténcias ou omiss6es, entao surgirao na obra conflitos caros que consomem tempo. Os custos associados a esses conflitos podem ser significativos. Inconsisténcia, imprecisao ¢ incertezas no projeto tornam dificil a fabric: do de materiais fora do canteiro. Como resultado, a maior parte da fabricacéio ¢ da construgao deve ser feita no canteiro ¢ somente quando as condigdes exatas so conhecidas. Isso é mais caro, mais demorado e propenso a erros que nfo ocorreriam se o trabalho fosse feito num ambiente de fabrica, onde os custos sao mais baixos ¢ o controle de qualidade é melhor. Frequentemente, durante a fase de construgao, diversas modificagdes so feitas no projeto como resultado de erros ¢ omissGes nao previamente conheci- dos, condig6es no canteiro nao previstas, mudangas na disponibilidade de mate- riais, questdes sobre 0 projet, novos requisitos do cliente e novas tecnologias. Elas precisam ser resolvidas pela equipe de projeto. Para cada modificagao, requerido um procedimento para determinar a causa, apontar responsabilidades, avaliar implicagGes de tempo e custos e indicar como o assunto ser resolvido. Esse procedimento, seja feito por escrito ou por meio de ferramentas bascadas na web, envolvem uma Solicitagdo de Informacdo (em inglés, Request for Infor- mation — RFI), que deve entao ser respondida pelo arquiteto ou por outro parti- cipante relevante. Depois, uma Ordem de Modificagdo (em inglés, Change Order —CO) é emitida, ¢ todas as partes implicadas sao notificadas sobre a modificagao, que é comunicada juntamente com as modificages necessérias nos desenhos. Essas modificagées ¢ resolug6es frequentemente levam a disputas judiciais, acres- centam custos e atrasos. Produtos baseados em sites para o gerenciamento dessas * Baseado na experiéncia pessoal do segundo autor em seu trabalho com indistria da construgéo. Esses dados incluem o custo de duplicagio de desenhos e especificagdes relevantes, o transporte des- tes para cada um dos subempreiteiros ¢ os processos de extraco de quantitativos ¢ de estimativas de Custos. Espagos eletrOnicos algumas vezes sio utilizados para reduzir a necessidade de duplicagéo € ‘transporte das plantas e especificagdes para cada licitante. 6 Manual de BIM 1.22 transagées realmente auxiliam a equipe do empreendimento a ficar a par de cada modificagao, mas como eles nao enfrentam a origem do problema, produzem um beneficio apenas marginal. Problemas surgem tipicamente quando uma construtora propde um orga- mento abaixo do custo estimado, para ganhar o servigo. Assim, ela abusa dos processos de modificagSes para recuperar as perdas ocorridas no orgamento ori- ginal, Isso, é claro, conduz a mais disputas entre o proprietdrio e a equipe do empreendimento. Adicionalmente, processo DBB requer que a compra de todos os materiais seja retida até que o proprictario aprove o orgamento, o que significa que itens que exigem um prazo maior para obtengo néo podem ser pedidos suficiente- mente cedo, a fim de manter o empreendimento dentro do prazo. Por essa outras razées (descritas abaixo), a abordagem DBB com frequéncia é mais demo- rada que a abordagem DB. A fase final 0 comissionamento da construgéio, que se dé depois que a construgao é finalizada. Isso envolve o teste dos sistemas prediais (de aquecimen- to, de refrigeragao, elétricos, hidréulicos, de sprinklers, etc.) para se ter certeza de que eles estiio funcionando adequadamente. Contratos finais e desenhos sio entao produzidos, a fim de refletir todas as modificagd¢s conforme foram cons- trufdas (as-built), e estes sdo entregues ao proprietério junto com todos os ma- nuais dos equipamentos instalados. Nesse ponto, o proceso DBB est4 completo. Uma vez que toda a informagio fornecida ao proprietério é em 2D (no papel), ele deve empreender uma quantidade de trabalho considerével para transmitir todas as informagées relevantes para a equipe de gerenciamento de facilidades encarregada da manutengao e da operagao da edificagao. O processo consome muito tempo, é propenso a erros, custoso € continua a ser uma barreira significativa. Como resultado desses problemas, a abordagem DBB provavelmente no é a abordagem mais expedita e eficiente do ponto de vista dos custos para proje- to € construgao. Outras abordagens tém sido desenvolvidas para enfrentar esses problemas. Projeto & Construgdo (Design-Build — DB) O processo Projeto & Construgao foi desenvolvido para consolidar a responsa- bilidade pelo projeto e pela construgéo em uma Gnica entidade contratada ¢ para simplificar a administragao de tarefas para o proprietério (Beard et al. 2005). A Figura 1-2 ilustra esse proceso. Nesse modelo, o proprietario contrata diretamente a equipe de Projeto & Construgo para desenvolver um programa bem definido da edificagao e um pro- jeto preliminar. A seguir, o empreiteiro DB estima 0 custo total e o tempo neces- srio para construir a edificagao. Depois que todas as modificagoes pedidas pelo proprietdrio forem implementadas, as plantas so aprovadas e o custo estimado final para o empreendimento 6 estabelecido. £ importante notar que, uma vez que 0 modelo DB permite modificagdes no projeto da construgao nas fases iniciais, a quantidade de dinheiro e tempo necessérios para incorporar esas modificagdes também € reduzida. O empreiteiro DB estabelece relacionamentos contratuais Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 7 1.2.3 com projetistas especializados e subempreiteiros conforme necessério. Depois disso, a construgao comega, ¢ qualquer modificagao posterior no projeto (dentro de limites predefinidos) torna-se responsabilidade do empreiteiro DB. O mesmo é verdade para erros ¢ omissdes. Nao é necessério que os desenhos detalhados estejam completos para todas as partes da edificagao antes do comego da cons- trugdo das fundagées, etc. Como resultado dessas simplificagées, a edificagao ti- picamente é terminada antes, com muito menos complicagées legais e a um custo total consideravelmente reduzido. Por outro lado, ha ior flexibilidade para o proprietério fazer modificagSes depois que o projeto inicial é aprovado e que o montante do contrato € estabelecido. O modelo DB esté se tornando mais comum nos Estados Unidos e é usado amplamente em outros paises. Dados de fontes do governo norte-americano ain- da nao estao disponiveis, mas o Design Build Institute of America (DBIA) estima que, em 2006, aproximadamente 40% dos empreendimentos de construcio nos Estados Unidos usaram uma das variantes da abordagem Projeto & Construgao. Percentagens mais altas (50% — 70%) foram medidas para algumas organizagoes governamentais (Marinha, Exército, Aeronautica e GSA*). A tendéncia de incre- mento do uso do DB é muito forte (Evey 2006). Que tipo de contratagGo de construgéo é melhor quando. 0 BIM é utilizado Hi diversas variagdes do proceso do projeto a construgdo, incluindo a organi- zago da equipe do empreendimento, a forma de pagamento dos membros da equipe e quem absorve os varios riscos. H4 contratos a prego global, contratos de custo mais uma taxa fixa ou percentual, varias formas de contratos negociados, etc, Esté fora do escopo deste livro descrever cada um desses contratos e seus beneficios e problemas associados (veja Sanvido & Konchar 1999 e Warne & Beard 2005). Considerando o uso do BIM, as questdes gerais que melhoram ou pioram as mudangas positivas que essa tecnologia oferece dependem de quao bem e em que estégio a equipe do empreendimento trabalha colaborativamente sobre o mo- delo digital. Quanto mais cedo o modelo puder ser desenvolvido e compartilhado, mais Gtil ele serd. A abordagem DB proporciona uma oportunidade excelente para explorar a tecnologia BIM, porque uma tnica entidade é responsavel pelo projeto e pela construgio, e ambas as éreas participam da fase de projeto. Outras formas de contratagéo também podem se beneficiar do uso do BIM, porém, al- cangardo beneficios somente parciais, particularmente se a tecnologia BIM nao for usada de forma colaborativa durante a fase de projeto. * N. de T: U.S. General Services Administration (GSA) ~ agéncia norte-americana encarregada, entre outras coisas, de contratar 0 projeto, a construgo e a refotma de todas as propriedades do govemo federal (exceto as militares). 8 Manual de BIM ME INEFICIENCIAS DOCUMENTADAS DAS ABORDAGENS TRADICIONAIS Esta segfio documenta como as préticas tradicionais produzem desperdicio e er- ros desnecessdrios. Evidéncias de baixa produtividade na obra estdo ilustradas em um grAfico desenvolvido pelo Center for Integrated Facility Engineering (CIFE) na Universidade de Stanford (CIFE, 2007). © impacto de um fluxo pobre de informagées e da redundancia esti ilustrado usando os resultados de um estudo executado pelo National Institute of Standards and Technology (NIST) (Gallaher et al. 2004). 1.3.1 Estudo do CIFE sobre a produtividade do trabalho da industria da construgdo. Custos extras associados as praticas tradicionais de projeto ¢ construgao tém sido documentados por diversas pesquisas. A Figura 1-3, desenvolvida pelo se- gundo autor no CIFE, ilustra a produtividade dentro da inddstria de construgao dos Estados Unidos ao longo de 40 anos, de 1964 até 2004 (o0 diltimo ano para os qual os dados esto disponiveis) em relagao a todos os outros setores no agricolas. Os dados foram calculados dividindo os valores em délares reajus- tados apresentados nos contratos (do Departamento de Comércio Norte-Ame- ricano) pelo ntimero de homens-hora trabalhados em campo desses mesmos contratos (do Bureau Norte-Americano de Estatfsticas de Trabalho). Esses con- 7 Sar : Ze 3 & an & 2 e FIGURA 1-3 {indices de produtividade laboral para as industrias de construcdo e as néo agricolas, 1964-2004, ‘Adaptado da pesquisa de Paul Teicholz no CIFE. Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 9 tratos incluem custos de arquitetura e engenharia, assim como custos de ma- teriais e da entrega de componentes feitos fora do canteiro. Custos associados a instalagdes de méquinas pesadas, como imprensas, prensas de estampagem, etc., nao estiio inclufdos. O montante de horas-homem requeridas para.o traba- Tho exclui o trabalho fora do canteiro, como a fabricagao do ago, concreto pré- -moldado, etc. Durante esse perfodo de 40 anos, a produtividade das indiistrias nao agricolas (incluindo a construgio) mais do que dobrou. Enquanto isso, a produtividade laboral dentro da inddstria da construgao separadamente é esti- mada em 10% menos daquela de 1964. A mao de obra representa 40 a 60% dos custos estimados da construgao. Os proprietérios estéo efetivamente pagando cerca de 5% mais em 2004 do que pagariam pela mesma edificagao em 1964. claro que muitas melhorias na tecnologia e nos materiais foram feitos nas edifi- cages nas tiltimas quatro décadas. Talvez os resultados sejam melhores do que parecem, porque a qualidade aumentou substancialmente, Por outro lado, os produtos fabricados também sao mais complexos do que costumavam ser, mas podem ser produzidos hoje a um custo significativamente menor. A substituigéio do trabalho manual por equipamentos autométicos resultou em menores custos de mio de obra e maior qualidade. Mas o mesmo nao pode ser dito das praticas de construgéio. ‘As construtoras tém feito um grande uso dos componentes produzidos fora do canteiro, usufruindo da vantagem das condigdes das fabricas e dos equipa- mentos especializados. Isso claramente permitiu maior qualidade ¢ menor custo de produgaio dos componentes, se comparados ao trabalho no canteiro. Embora 0 custo desses componentes seja include em nossos custos de construgao, o trabalho nao €. Isso tende a fazer com que a produtividade da construgéo no canteiro parega melhor do que realmente é. O tamanho desse erro, no entanto, é dificil de avaliar, porque 0 custo total da produgao fora do canteiro nao est bem documentado. Enquanto as razGes para o aparente decréscimo na produtividade da cons- trugéo nao estéo completamente entendidas, as estatfsticas so dramdticas e apontam para impedimentos organizacionais dentro da indtistria da construgo. Est claro que as eficiéncias atingidas na indistria seriada por meio da automa- 40, do uso de sistemas de informagio, de um melhor gerenciamento da cadeia de suprimentos e de ferramentas de colaboragao aperfeigoadas ainda nao foram aleangadas na construgéio. As possiveis raz6es para isso incluem: ‘* Sessenta e cinco por cento das empresas de construgéo consistem em menos de cinco pessoas, tornando dificil para elas investirem em novas tecnologias; mesmo as maiores empresas representam menos de 0,3% do volume total de construg&o e nao so capazes de estabelecer uma lideran- gana inddstria (veja a Figura 6-1 no Capitulo 6). * Os salétios reais ajustados pela inflagao e o pacote de beneficios dos tra- balhadores da construgo estagnaram durante esse perfodo. A participa- do dos trabalhadores sindicalizados diminuiu, e 0 uso de trabalhadores imigrantes cresceu, desencorajando a necessidade de inovagdes que re- duzem o trabalho manual. Foram introduzidas inovagdes, como pistolas de pregos, equipamentos maiores e mais eficientes para movimentagao de 10 Manual de BIM terra ¢ gruas melhores, mas as melhorias em produtividade associadas a elas nao foram suficientes para modificar a produtividade laboral como um todo. A adogao de novas ¢ melhores préticas comerciais tanto dentro do projeto quanto da construg4o tem sido notadamente lenta e limitada principalmente as empresas de grande porte. Além disso, a introdugo de novas tecnologias tem sido fragmentada. Muitas vezes é necessério voltar ao papel ou aos desenhos fei- tos em CAD 2D para que todos os membros de uma equipe de empreendimento sejam capazes de se comunicar e para manter o ntimero de potenciais construto- ras ¢ subempreiteiros participantes de uma licitagao suficientemente grande. Enquanto os fabricantes costumam ter acordos de longo prazo e colaboram de forma combinada com os mesmos parceiros, os empreendimentos de cons- trugdo tipicamente envolvem parceiros diferentes trabalhando juntos durante ‘um periodo e que depois se dispersam. Como resultado, hé pouca ou nenhuma oportunidade de produzir melhorias, ao longo do tempo, devido ao aprendizado prético. Pelo contrério, cada parceiro atua de modo a se proteger de potenciais disputas que podem levar a dificuldades legais baseando-se em processos anti- quados e demorados, que tornam dificil ou impossfvel implementar resolugSes de maneira rapida e eficiente. E claro que isso se traduz em custos mais altos ¢ gasto de tempo. Outra possfvel causa para a estagnagao da produtividade da indéstria de construgao é que a construgdo no canteiro nao se beneficiou substancialmente da automagao. Desse modo, a produtividade em campo baseia-se no treinamento qualificado dos trabalhadores. A Figura 1-4 mostra que, desde 1974, a remune- ago de trabalhadores horistas diminuiu regularmente com o crescimento no uso de trabalhadores imigrantes nao sindicalizados, com pouco treinamento anterior. 25 “tal da nda de manana = Consratoree st Senger expciaiados de constugio | ‘Taxa de solério base por hora . LLPLELESELEELELELELELEL "Ano FIGURA 1-4 Tendéncias em salérios reais (em US$ de 1990) para trabalhadores horistas das industrias de manufatura e de construgdo, 1974 ~ 1996. BLS, Series ID; EES00500006, Capitulo 1_Introdugéo ao Manual de BIM 11 1.3.2 (© custo mais baixo associado a esses trabalhadores desencorajou os esforgos para substituir os trabalhos manuais por solugGes automatizadas (ou de fora do can- teiro). Os problemas existentes dentro da indistria da construgao também en- volvem temas nao relacionados ao uso de tecnologias avangadas. Estas préticas comerciais descritas limitam a rapidez com que as ferramentas modernas e ino- vadoras podem ser adotadas. Por outro lado, ha a presso competitiva crescente da globalizagao, que permite a empresas estrangeiras fornecer servigos ¢/ou ma- teriais usados em empreendimentos locais. Para enfrentar essa pressao adicional, ‘empresas lideres nos Estados Unidos precisardo implementar mudangas que per- mitam a clas trabalhar de mancira mais répida ¢ eficiente do que seria possivel de outra forma. Estudo do NIST sobre o custo da ineficiéncia da industria da construgéo O National Institute of Standards and Technology (NIST) realizou um estudo sobre os custos adicionais para os proprietarios de edificagoes resultantes da interoperabilidade inadequada (Gallaher et al. 2004). O estudo envolveu tanto © intereambio quanto o gerenciamento das informagées, nos quais sistemas in- dividuais foram incapazes de acessar ¢ usar informagées importadas de outros sistemas. Na indstria da construgao, a incompatibilidade entre sistemas frequen- temente impede que membros de equipes do empreendimento compartilharem informagées com rapidez e precisio; essa é a causa de numerosos problemas, in- cluindo custos adicionais, etc. O estudo do NIST incluiu edificagdes comerciais, industriais ¢ institucionais e focou em construgées novas e assentadas ao longo de 2002. Os resultados mostraram que a interoperabilidade ineficiente contribuiu ‘com um acréscimo nos custos de construgdo de US$ 63,50 por metro quadrado Para novas construgées e um aumento de US$ 2,53 por metro quadrado para ‘operagdo e manutengao (O & M), resultando em um acréscimo total de custo de USS 15,8 bilhdes. A Tabela 1-1 mostra a andlise detalhada desses custos e a qual participante eles foram aplicados. No estudo do NIST, o custo da interoperabilidade inadequada foi calculado comparando-se as atuais atividades do negécio e custos com cenérios hipotéticos nos quais havia um fluxo de informagdes desobstruido e sem redundancia na entrada de dados. O NIST concluiu que os seguintes custos resultaram da inte- roperabilidade inadequada: « Evitagao (sistemas computacionais redundantes, gerenciamento ineficien- te de processos do negécio, pessoal de suporte de TI redundante) ‘* Mitigago (reentrada manual de dados, gerenciamento de solicitagdes de informagao) * Retardo (custos com empregados desocupados e outros recursos inativos) Desses custos, cerca de 68% (US$ 10,6 bilhdes) foram assumidos por pro- prietérios e usuarios, Essas estimativas so especulativas devido A impossibilidade de fornecimento de dados precisos. No entanto, esses custos sao significativos ¢ 12 Manual de BIM Tabela 1-1 Custos adicionais pela interoperabilidade inadequada na industria da construgéo, 2002 (em US$ milhées) Fase de planejamento, Fase de Fase de operagéo Custo total Grupo de participantes engenhariae projeto _construcéo___emanutengto _adicionado ‘Arquitetos e engenheiros $1.007,2 $1470 $157 $1.169.8 Construtoras $4859 $1.265,3 $50,4 $1.801,6 Empreiteiros ¢ fornecedores $442.4 $1.762,2 $2.204,6 especializados Propritétios e usuerios $7228 $898.0 $9.027,2 $1.0648,0 Total $2.658,3 $4.072,4 $9.093,3 $15.824,0 Metros quadrados em 2002 106 milhées 106 mies 3,6 bilhdes la Custo adicionel por metro US$ 25,08/m? US$ 38,42/m?_—_ US$ 2,53/m? we quadrado Fonte: Tabela 6-1 do estudo do NIST (Gallaher et al. 2004). dignos de sérias consideragdes ¢ esforgos para reduzi-los ou evité-los o maximo possivel. ‘A adogao generalizada do BIM ¢ 0 uso de um modelo digital abrangente a0 longo do ciclo de vida de uma edificagao seriam um passo na diregao certa para eliminar tais custos resultantes de interoperabilidade de dados inadequada. BIM: NOVAS FERRAMENTAS E NOVOS PROCESSOS 1.4.1 Nesta seco, 6 apresentada uma descrigéo geral da terminologia relacionada ao BIM, seus conceitos e capacidades funcionais, e aborda-se como essas ferramen- tas podem melhorar os processos de negécio. TOpicos especificos sfo discutidos com mais detalhes nos capitulos indicados entre parénteses. Ferramentas de criagéo de modelos BIM (Capitulo 2) Todos os sistemas CAD geram arquivos digitais. Os sistemas CAD mais antigos produzem desenhos plotados. Eles geram arquivos que consistem principalmen- te em vetores, tipos de linha associados ¢ identificagéio de camadas (layers). A medida que esses sistemas foram se desenvolvendo, informagées adicionais fo- ram sendo acrescentadas a esses arquivos para permitir blocos de dados e textos associados. Com a introdugao da modelagem 3D, foram adicionadas definigdes avangadas e ferramentas complexas de geracdo de superficies. Ao passo que os sistemas CAD se tornaram mais inteligentes e mais usuarios desejaram compartilhar dados associados com dado projeto, o foco transferiu-se dos desenhos e das imagens 3D para os proprios dados. Um modelo de cons- trugéo produzido por uma ferramenta BIM pode dar suporte a miltiplas vistas diferentes dos dados contidos dentro de um conjunto de desenhos, incluindo 2D 3D. Um modelo pode ser descrito por seu contetido (quais objetos ele descreve) ou por suas capacidades (a que tipos de requisitos de informagao ele pode dar Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 13 suporte). A Giltima abordagem 6 preferivel, porque ela define o que se pode fazer com o modelo em vez de como a base de dados construida (que varia com cada implementagio). Para © propésito deste livro, definimos BIM como uma tecnologia de modelagem e um conjunto associado de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construgéo. Modelos de construgao so caracterizados por: * Componentes de construgée, que sdo representados com representacées digitais Inteligentes (objetos) que "sabem” o que eles so, e que podem ser associados com atributos (grdficos e de dados) computveis e regras paramétricas. + Componentes que incluem dades que descrevem como eles se comportam, conforme sGo necessérios para anélises e processos de trabalho, por exempio, quontificacao, especificacdo e andlise energética. * Dados consistentes e ndo redundantes de forma que as modificacées nos dados dos componentes sejam representadas em todas as visualizagSes dos compo- entes. © Dados coordenades de forma que todas as visualizagdes de um modelo sejam representadas de maneira coordenada. ‘A seguir, uma definigdo da tecnologia BIM fornecida pela M.A. Mortenson Company, uma construtora que tem usado extensamente ferramentas BIM nas suas praticas (Campbell 2006). Definicdo de tecnologia BIM da Mortenson O BIM tem suas rafzes nas pesquisas sobre projeto auxiliado pelo computador de décadas atrés, mas ainda ndo possui uma definigéo énica e amplamente aceita. Nés, na M.A. Mortenson Company, pensamos nele como “uma simulagao inte- ligente da arquitetura”. Para nos permitir atingir uma implementagao integrada, essa simulagao deve exibir seis caracteristicas principais. Ela deve ser: « Digital * Espacial (3D) ‘© Mensuravel (quantificavel, dimensionavel consultével) « Abrangente (incorporando e comunicando a inteng4o de projeto, o de- sempenho da construgao, a construtibilidade, e incluir aspectos sequen- ciais e financeiros de meios ¢ métodos) * Acessivel (a toda a equipe do empreendimento e ao proprietério por meio de uma interface interoperdvel e intuitiva) * Durdvel (utilizvel ao longo de todas as fases da vida de uma edificagao) Aluz dessas definiges, pode-se argumentar que poucas equipes de projeto ou construgao esto realmente usando 0 BIM hoje. De fato, podemos nao atingir 14 Manual de BIM 1.4.2 esse alto padrao por varios anos. Mas acreditamos que essas caracteristicas sejam todas essenciais para alcangar a meta da pratica integrada. Além disso, atualmente nao ha implementagGes de software BIM que abar- quem todos os critérios da tecnologia BIM. Ao longo do tempo, as capacidades irfio crescendo, assim como a habilidade para suportar préticas melhores e mais amplas. A lista na préxima segao tem a intengao de proporcionar um ponto de partida para a avaliagao de ferramentas de software BIM especfficas. Veja 0 Ca- pitulo 2 para informagdes mais detalhadas sobre a tecnologia BIM ¢ uma anélise das atuais ferramentas BIM. Definigdo de objetos paramétricos (Capitulo 2) O conceito de objetos paramétricos é central para o entendimento do BIM e sua diferenciagao dos objetos 2D tradicionais. Objetos BIM paramétricos sfio defini- dos da seguinte maneira: * Consistem em definigdes geométricas e dados e regras associadas. * A geometria é integrada de maneira no redundante e nao permite incon- sisténcias. Quando um objeto 6 mostrado em 3D, a forma nao pode ser representada internamente de maneira redundante, por exemplo, como méltiplas vistas 2D. Uma planta e uma elevagdo de dado objeto devem sempre ser consistentes. As dimensdes nao podem ser “falsas”. © As regras paramétricas para os objetos modificam automaticamente as geometrias associadas quando inseridas em um modelo de construgao ou quando modificagSes sio feitas em objetos associados. Por exemplo, uma porta se ajusta imediatamente a uma parede, um interruptor se localizara automaticamente préximo ao lado certo da porta, uma parede automati- camente se redimensionaré para se juntar a um teto ou telhado, etc. # Os objetos podem ser definidos em diferentes nfveis de agregacio, entao podemos definir uma parede, assim como seus respectivos componentes. Os objetos podem ser definidos e gerenciados em qualquer niimero de niveis hierdrquicos. Por exemplo, se o peso de um subcomponente de uma parede muda, o peso de toda a parede também deve mudar. # As regras dos objetos podem identificar quando determinada modificagao viola a viabilidade do objeto no que diz respeito a tamanho, construtibi- lidade, etc. * Os objetos tém a habilidade de vincular-se a ou receber, divulgar ou ex- portar conjuntos de atributos, por exemplo, materiais estruturais, dados actisticos, dados de energia, etc. para outras aplicagdes e modelos. ‘As tecnologias que permitem aos usuérios produzirem modelos de constru- gdo que consistem em objetos paramétricos so consideradas ferramentas BIM de autoria. No Capitulo 2, elaboramos a discussdo das tecnologias paramétricas ¢ discutimos as capacidades comuns das ferramentas BIM, incluindo recursos para extragdo automdtica de desenhos consistentes e de extrag4o de relatérios de parametros geométricos. Nos Capitulos 4-7, discutimos estas e outras capa- Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 15 cidades e seus beneficios potenciais para os varios profissionais de AEC e para os proprietarios de construgées. 1.4.3 Suporte a colaboracdo da equipe do empreendimento (Capitulo 3) Interfaces abertas devem permitir a importagao de dados relevantes (para criagdo © edigdo de um projeto) ¢ exportacio de dados em varios formatos (para dar su- porte & integrago com outras aplicagdes e fluxos de trabalho). H4 duas aborda- gens principais para essa integragdo: (1) usar somente produtos de determinado fornecedor de software ou (2) usar software de varios fornecedores que podem intercambiar dados usando padronizacées amparadas pela indGstria. A primeira abordagem permite uma integragao mais intensa entre os produtos, etn miiltiplas diregGes. Por exemplo, modificagdes no modelo de arquitetura iro gerar mu- dangas no modelo estrutural e vice-versa. Isso requer, no entanto, que todos os membros de uma equipe de projeto usem aplicativos do mesmo fornecedor. ‘A segunda abordagem utiliza tanto padronizagées proprietarias quanto de cédigo aberto, publicamente dispontveis e suportadas, criadas para definir obj tos de construgao (Industry Foundation Classes, ou IFCs). Essas padronizagoes podem proporcionar um mecanismo para a interoperabilidade entre aplicagdes com diferentes formatos internos. Essa abordagem oferece mais flexibilidade em troca de uma reducao na interoperabilidade, especialmente se os varios progra- mas utilizados em dado empreendimento nao suportam os mesmos padrdes de intercdmbio. Isso permite que objetos de uma aplicagao BIM sejam exportados ou importados para/de outro software (veja o Capitulo 3 para uma discussdo extensa sobre a tecnologia de colaboragao). (RS s«O: QUE NAO E TECNOLOGIA BIM (© termo BIM é uma palavra em yoga sada pelos desenvolvedores de software para descrever as capacidades que seus produtos oferecem. Dessa forma, a de- finigao de o que constitui tecnologia BIM est4 sujeita a variagdes e confusdes. Para lidar com essa confusao, é titil descrever solugdes de modelagem que NAO utilizam a tecnologia BIM. Isso inclui ferramentas que criam os seguintes tipos de modelos: Modelos que s6 contém dados 3D, sem atributos de objetes. Estes mode- os podem ser utilizados somente para visualizagdes gréficas endo possuem inteligéncia ao nivel do objeto. Eles so bons para a visualizagio, mas nfio fornecerem suporte para integragio de dados e andlise de projeto. Modelos sem suporte para comportamento. Estes modelos definem ob- jetos, mas nao podem ajustar seu posicionamento ou suas proporgées, por- que nao utilizam inteligéncia paramétrica. Isso torna as modificagées muito trabalhosas e nao oferece protegao contra a criagio de vistas do modelo inconsistentes ou imprecisas. 16 Manual de BIM Modelos que séo compostos de multiplas referéncias a arquives CAD 2D que devem ser combinados para definir a construgao. FE impossivel asse- gurar que o modelo 3D resultante serd factivel, consistente, contabilizdvel, e que mostraré inteligéncia com respeito aos objetos contidos nele. Modelos que permitem modificacées de dimensées em uma vista que nGo séo automaticamente refletidas em outras vistas. Isso permite erros no modelo que sao muito dificeis de detectar (6 similar a substituir uma f6r- mula por uma entrada manual em uma planilha eletrénica). MERE QUAIs SAo OS BENEFICIOS DO BIM? QUAIS PROBLEMAS 1.6.1 SURGEM COM ELE? A tecnologia BIM pode dar suporte e incrementar muitas préticas do setor. Ape- sar de a indiistria de AEC/FM (Gerenciamento de Facilities — em inglés, Facilities Management) encontrar-se nos primérdios do uso do BIM, ganhos significativos j4 foram alcangados (comparados as préticas tradicionais em CAD 2D ou basea- das em papel). Embora seja improvavel que todas as vantagens discutidas a seguir estejam em uso atualmente, nés as listamos a fim de mostrar 0 escopo completo de mudangas que podem ser esperadas com o desenvolvimento da tecnologia BIM. Beneficios na pré-construgdo para o proprietdrio (Capitulos 4 e 5) Conceito, viabilidade e beneficios no projeto Antes que os proprietérios envolvam um arquiteto, é necessario determinar se uma construgio de determinado tamanho, nivel de qualidade e programa de necessidades pode ser construfda dentro de um dado orgamento e cronograma, ou seja, se determinada construgao pode satisfazer aos requisitos financeiros do proprictério. Se essas questdes podem ser respondidas com relativa certeza, os proprietérios podem prosseguir com esperanga de que suas metas sejam alcan- gaveis. Dar-se conta de que um projeto em particular est4 significativamente acima do orgamento depois que uma considerdvel quantidade de tempo e de esforcos tenham sido gastos é um desperdicio. Um modelo de construgéo apro- ximado (ou macro) construfdo e vinculado a uma base de dados de custos pode ser de imenso valor e ajuda ao proprietério. Isso é descrito com mais detalhes no Capitulo 4 ¢ ilustrado no estudo de caso do Hillwood Commercial Project, no Capitulo 9. Aumento da qualidade e do desempenho da construgéo Desenvolver um modelo esquemdtico antes de gerar 0 modelo detalhado da cons- trugdo permite uma avaliago mais cuidadosa do esquema proposto para deter- minar se ele cumpre os requisitos funcionais e de sustentabilidade da construgao. Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 17 1.6.2 ‘Avaliagdes de alternativas de projeto feitas mais cedo usando ferramentas de ané- lise/simulago incrementam a qualidade da construgéo como um todo. Beneficios no projeto (Capitulo 5) Visualizagdo antecipada e mais precisa de um projeto O modelo 3D gerado pelo software BIM € projetado diretamente em vez de ser gerado a partir de maltiplas vistas 2D. Ele pode ser usado para visualizar 0 pro- jeto em qualquer etapa do processo com a expectativa de que tera dimensdes consistentes em todas as vistas. Correcées autométicas de baixo nivel quando mudancas so feitas no projeto Se os objetos usados no projeto sao controlados por regras paramétricas que ga- rantem alinhamento apropriado, entdo o modelo 3D ser4 contrutivel. Isso reduz a necessidade de o usuério gerenciar as mudangas no projeto (veja o Capitulo 2 para maiores discuss6es sobre regras paramétricas). Geragdo desenhos 2D precisos e consistentes em qualquer etapa do projeto Desenhos precisos ¢ consistentes podem ser extraidos para qualquer conjunto de objetos ou vistas especificas do empreendimento. Isso reduz significativamente a quantidade de tempo eo ntimero de erros associados com a geragao de desenhos de construgao para todas as disciplinas de projeto. Quando modificagées no pro- jeto sdo requeridas, desenhos completamente consistentes podem ser getados tio logo as modificagdes sejam feitas. Colaboragao antecipada entre miiltiplas disciplinas de projeto A tecnologia BIM facilita o trabalho simultaneo de miltiplas disciplinas de proje- to. Apesar de a colaborago usando desenhos também ser possivel, ela é ineren- temente mais dificil e mais demorada do que trabalhar com um ou mais modelos 3D coordenados’ nos quais 0 controle de modificagdes possa ser bem gerenciado. Isso abrevia o tempo de projeto e reduz significativamente os erros de projeto ¢ as omissdes. Também permite que os problemas de projeto e apresenta oportuni- dades de continua melhoria. Isso € muito mais eficaz em termos de custo do que esperar até que um projeto esteja pr6ximo de se completar e aplicar a engenharia de valor somente depois que as principais decisdes de projeto j4 tenham sido tomadas. ? Se um sistema BIM no usa uma tinica base de dados, o que pode criar problemas para projetos ‘muito grandes e/ou muito detalhados, abordagens alternativas envolvendo coordenagio automatica de miltiplos arquivos também podem se usadas. Isso € uma questéo de implementagéo importante para fabricantes de software. (Veja 0 Capitulo 2 para uma discusso mais profunda sobre o tamanho do modelo.) 18 Manual de BIM 1.6.3 Verificagao facilitada das intengées de projeto O BIM proporciona visualizagdes 3D antecipadamente e quantifica as Areas dos espagos € outras quantidades de materiais, permitindo estimativas de custos mais cedo e mais precisas. Para construgGes técnicas (laborat6rios, hospitais, etc.), a intengdo do projeto em geral é definida quantitativamente, ¢ isso permite que um modelo de construgo seja usado para verificar esses requisitos. Para requisitos qualitativos (esse espago deve ficar préximo de outro, etc.), o modelo 3D pode dar suporte a avaliagSes automaticas. Extragéo de estimativas de custo durante a etapa de projeto Em qualquer etapa do projeto, a tecnologia BIM pode extrair uma lista precisa de quantitativos e de espagos que pode ser utilizada para estimar o custo. Nas fases ais iniciais de um projeto, as estimativas de custos so baseadas principalmente no custo unitario por metro quadrado. A medida que o projeto avanga, quanti- tativos mais detalhados esto disponiveis e podem ser utilizados para estimativas de custos mais precisas e detalhadas. E possivel manter todos os participantes conscientes das implicagées dos custos associadas com dado projeto antes que ele progrida para o nivel de detalhamento requerido para a licitagao. Na etapa final do projeto, uma estimativa baseada nos quantitativos para todos os objetos con- tidos dentro do modelo permite a preparagéo de uma estimativa de custos final mais precisa. Como resultado, € possivel tomar decisdes de projeto envolvendo custos mais bem informadas usando o BIM do que um sistema baseado em papel. Incrementagéo da eficiéncia energética e a sustentabilidade Vincular 0 modelo da construgdo a ferramentas de anflise energética permite a avaliagdo do uso de energia durante fases mais preliminares do projeto. Isso néo 6 possivel usando as ferramentas 2D tradicionais que requerem que uma anilise de energia separada seja realizada ao final do processo de projeto, reduzindo as oportunidades de modificagdes que poderiam incrementar o desempenho ener- .gético da construgao. A capacidade de vincular 0 modelo da construgio a varios tipos de ferramentas de andlise proporciona diversas oportunidades para melho- rar a qualidade da construgao. Beneficios 4 construgao e 4 fabricagdo (Capitulos 6 e 7) Sincronizagdo de projeto e planejamento da construgéo O planejamento da construgao usando CAD 4D requer uma vinculagéo do pla- nejamento de construgo aos objetos 3D em um projeto, de forma que seja pos- sivel simular 0 proceso de construgéo e mostrar a aparéncia da construgao e do canteiro em qualquer ponto no tempo. Essa simulagao gréfica proporciona uma compreensao considerdvel sobre como a construgao serd realizada dia a dia e revela fontes de potenciais problemas ¢ oportunidades para melhorias (canteiro, pessoal e equipamentos, conflitos espaciais, problemas de seguranga, etc.). Esse tipo de andlise nao est disponfvel a partir de documentos em papel; proporciona, no entanto, beneficios adicionais se o modelo incluir objetos de construgo tem- Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 19 pordrios como escoramento, andaimes, gruas e outros grandes equipamentos, de modo que esses objetos possam ser vinculados a atividades do cronograma refletidos no planejamento de construgao desejado. Descoberta de erros de projeto e omissées antes da construgéo (detecgdo de interferéncias) Uma vez que 0 modelo virtual 3D da construgdo é a fonte para todos os desenhos 2D ¢ 3D, os erros de projeto causados por desenhos 2D inconsistentes sao eli- minados. Além disso, uma vez que os sistemas de todas as disciplinas podem ser colocados juntos e comparados, interfaces com miiltiplos sistemas sao facilmente verificadas sistematica (para interferéncias fortes e fracas) e visualmente (para outros tipos de erros). Os conflitos sao identificados antes que sejam detectados na obra. A coordenagao entre os projetistas e empreiteiros participantes é aper- feigoada, ¢ os erros de omissao sao significativamente reduzidos. Isso torna mais rapido 0 processo de construgio, reduz os custos, minimiza a probabilidade de disputas jurfdicas e proporciona um proceso mais suave para toda a equipe do empreendimento. Reagéo répida a problemas de projeto ou do canteiro O impacto de uma mudanga sugerida no projeto pode ser introduzido no modelo da construgao e as modificagdes em outros objetos no projeto serao atualizadas automaticamente. Algumas atualizages serao feitas com base nas regras para- métricas estabelecidas. Atualizagdes adicionais em outros sistemas podem ser ve- rificadas e feitas visualmente. As consequéncias de uma modificagéo podem ser tefletidas com preciséo no modelo e em todas as suas vistas subsequentes. Além disso, modificagdes de projeto podem ser resolvidas com mais rapidez em um sistema BIM, porque podem ser compartilhadas, visualizadas, estimadas e resol- vidas sem o uso de transagGes demoradas feitas em papel. Atualizar dessa forma é extremamente propenso a erros em sistemas baseados em papel. Uso do modelo de projeto como base para componentes fabricados Se o modelo de projeto é transferido para uma ferramenta BIM de fabricagio e detalhado ao nivel da fabricagao de objetos (modelo detalhado), ele contera uma representacdo precisa dos objetos da construgdo para a fabricagdo e cons- trugdo. Uma vez que os componentes jé esto definidos em 3D, sua fabricacéio automdatica usando méquinas de controle numérico é facilitada. Tal automagao é uma prética corrente hoje na fabricagao de pegas em ago ¢ para alguns trabalhos em chapas metélicas. Essa automagao também tem sido usada com sucesso em componentes pré-moldados, fechamentos e fabricagao de vidros. Isso permite que fornecedores espalhados pelo mundo elaborem 0 modelo para desenvolver detalhes necessarios para a fabricagéo e mantenham vinculos que reflitam a inten- gao de projeto. Isso facilita a fabricagéo fora do canteiro e reduz custos € tempo de construgdo. A precisio do BIM também permite que componentes do projet> sejam fabricados fora do canteiro, sendo maiores do que aqueles components que normalmente se tentaria usando desenhos 2D, devido a provavel necessidade 20 Manual de BIM 1.6.4 de modificagSes no canteiro (retrabalho) e 4 incapacidade de prever as dimensdes exatas até que outros itens sejam construidos na obra. ‘Melhor implementagGo e técnicas de construgdo enxuta Técnicas de construgio enxuta exigem uma coordenagao cuidadosa entre a construtora ¢ os subempreiteiros para garantir que o trabalho possa ser realizado quando os recursos apropriados esto disponiveis no canteiro. Isso minimiza 0 desperdicio de esforgos e reduz a necessidade de estoques de materiais. Uma vez que 0 BIM fornece um modelo preciso do projeto e dos recursos materiais requeridos para cada segmento de trabalho, ele proporciona a base para uma melhoria no planejamento e no cronograma dos subempreiteiros e ajuda a ga- rantir a chegada de pessoal, equipamentos e materiais no momento exato da sua necessidade. Isso reduz custos e permite uma melhor colaboragao no trabalho do canteiro. Sincronizagdo da aquisigao de materiais com o projeto e a construgéo O modelo completo da construgéo proporciona quantidades precisas para todos (ou a maioria, dependendo do nivel da modelagem 3D) dos materiais e objetos contidos em um projeto. Essas quantidades, especificagSes e propriedades podem ser usadas para adquirir materiais de fornecedores de produtos e subempreiteiros (como subempreiteiros que executam concreto pré-moldado). Até o momento (2007), as definigdes dos objetos para muitos produtos manufaturados ainda nao se desenvolveram de modo a tornar essa capacidade uma realidade completa. Onde os modelos esto disponiveis (pegas de ago, pegas de conereto pré-molda- do), no entanto, os resultados tém sido muito benéficos. Beneficios pés-construgéo (Capitulo 4) ‘Melhor gerenciamento e operagéo das edificagées © modelo da construgao proporciona uma fonte de informagées (gréficas e de es- pecificages) para todos os sistemas usados em uma construgio. Andlises prévias usadas para determinar equipamentos mecénicos, sistemas de controle e outras aquisigdes podem ser fornecidas ao proprietério, como um meio de verificacao de decisdes de projeto quando a construgio estiver em uso. Essa informagao pode ser usada para verificar se todos os sistemas funcionam apropriadamente depois que a construgio est completa. Integragdo com sistemas de operacdo e gerenciamento de facilidades Um modelo de construgao que foi atualizado com todas as modificagées feitas durante a construgdo é uma fonte precisa de informagées sobre como os espagos ¢ sistemas foram construidos e fornecem um ponto de partida muito Util para o gerenciamento e a operagio da construgéio. Um modelo de informagées da cons- trugao suporta o monitoramento de sistemas de controle em tempo real e propor- ciona uma interface natural para sensores e operagéo remota de gerenciamento de facilidades. Muitas dessas capacidades ainda nao foram desenvolvidas, mas 0 Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 21 BIM fornece uma plataforma ideal para o seu desenvolvimento. Um exemplo de como um modelo de construgio pode servir como uma base de dados para faci- lidades é discutido no estudo de caso do Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira, no Capitulo 9. QUAIS DESAFIOS PODEM SER ESPERADOS? 17.1 1.7.2 Processos aprimorados em cada fase do projeto e da construgdo reduzirdo o né- mero e a severidade dos problemas associados com as praticas tradicionais. O uso inteligente do BIM, no entanto, também causard mudangas significativas nos relacionamentos dos participantes do empreendimento e nos termos contratuais entre eles (contratos tradicionais so adequados as préticas baseadas em papel). Além disso, colaboragées mais cedo entre 0 arquiteto, o empreiteiro e outras dis- ciplinas de projeto serao necessérrias, j4 que o conhecimento fornecido pelos es- pecialistas € de uso mais intenso durante a fase de projeto (isso nao é consistente com 0 atual modelo de negécios projeto-concorréncia-construgao). Desatios de colaboragdo e equipes Enquanto o BIM oferece métodos para colaboragao, ele introduz outras questées com respeito ao desenvolvimento de equipes efetivas. Determinar os métodos que sero usados para permitir um compartilhamento adequado do modelo de infor- mages pelos membros de uma equipe do empreendimento é uma questo im- portante. Se o arquiteto usa desenhos tradiciomais baseados em papel, entdo ser& necessério para o empreiteiro (ou um terceiro) construir 0 modelo de forma que ele possa ser usado para o planejamento da construcdo, estimativas, coordenagao, etc. Criar o modelo depois que o projeto est4 completo acrescenta custos e tempo ao empreendimento, mas pode ser justificado pelas vantagens de utilizagdo dele para o planejamento da construgao e projetos detalhados para equipamentos me- cnicos, instalagées hidrdulicas, outros subempreiteiros ¢ fabricantes, resolugéio de mudangas no projeto, aquisigéo de materiais e servigos, etc. Se os membros de uma equipe do empreendimento usam diferentes ferramentas de modelagem, entio ferramentas para movimentagdo dos modelos de um ambiente para outro ou a combinagao desses modelos so necessérias. Isso pode acrescentar comple- xidade e introduzir erros potenciais ao empreendimento. Tais problemas podem ser reduzidos usando padrées IFC para intercdmbio de dados. Outra abordagem 6 usar um servidor de modelos que se comunica com todas as aplicagGes através do IFC ou de padrées proprietdrios. Diversos estudos de casos apresentados no Capitulo 9 fornecem elementos para essa questo. Mudangas legais na propriedade e produgéo da documentagéo Questées legais esto apresentando desafios ligados a questao de a quem perten- cem os miltiplos conjuntos de dados de projeto, fabricagao, anélise e construgao, quem paga por eles e quem € o responsdvel pela sua acurdcia, Esses temas esto sendo enfrentados pelos profissionais por meio do uso do BIM nos empreendi- 22 Manual de BIM 1.7.3 174 mentos. A medida que os proprietérios aprendem mais sobre as vantagens do BIM, eles provavelmente iro querer um modelo para dar suporte operagao, manutengao e reformas futuras. Entidades profissionais, como a AIA e a AGC, esto desenvolvendo diretrizes para a linguagem contratual para cobrir essas questdes levantadas pelo uso da tecnologia BIM. Mudangas na pratica e no uso da informagaéo O uso do BIM também incentiva a integragéo do conhecimento de construgéo mais cedo no processo de projeto. Empresas que integram projeto ¢ construgaio, capazes de coordenar todas as fases do projeto e incorporar o conhecimento de construgao desde 0 inicio, serao as mais beneficiadas. Cldusulas contratuais que requerem e facilitam uma boa colaboragao fornecerfo grandes vantagens aos proprietérios quando o BIM é usado. A mudanga mais significativa que as companhias enfrentam quando implementam a tecnologia BIM é 0 uso de um modelo de construgéo compartilhado como base para todo o processo de tra- balho e para colaborago. Essa transformagao exigiré tempo e educagao, como acontece para todas as mudangas significativas na tecnologia ¢ nos processos de trabalho. Questées ligadas 4 implantagdo Substituir um ambiente de CAD 2D ou 3D por um sistema BIM envolve mais do que aquisig&o de software, treinamento e atualizagdo de hardware. O uso efetivo do BIM requer que as mudangas sejam feitas em quase todos os aspectos do ne- gécio das empresas (ndo somente fazer as mesmas coisas de uma nova maneira). Requer tum entendimento profundo e um plano para implantagio antes que a conversio possa comegar. Enquanto as mudangas especificas para cada empresa dependem de seus setores de atividade em AEC, os passos gerais que precisam ser considerados sao similares ¢ incluem o seguinte: © Designar responsabilidade a alta geréncia pelo desenvolvimento de um plano de adogéio do BIM que cubra todos os aspectos do negécio da em- presa € como as mudangas propostas impactarao tanto nos departamentos internos quanto nos parceiros externos ¢ clientes. © Criar uma equipe interna de gerentes principais responsdvel pela imple- mentagio do plano, com orgamentos de custo, tempo e rendimento para guiar seu desempenho. * Comegar usando o sistema BIM em um ou dois empreendimentos me- nores (talvez até j4 terminados) em paralelo com a tecnologia existente ¢ produzir documentos tradicionais a partir do modelo de construgdo. Isso ajudaré a revelar onde hé deficiéncias nos objetos da construgao, em capacidades de produgo, em vinculos com programas de andlise, etc. ‘Também fornecerd oportunidades educacionais para os lideres. Capitulo 1_Introdugéo co Manual de BIM 23 ‘ Usar os resultados iniciais para educar ¢ guiar a adogao continua de soft- ware BIM ¢ 0 treinamento adicional de pessoal, Manter os gerentes senio- res informados do progresso, dos problemas, das pereepgées, etc. * Ampliar 0 uso do BIM para novos empreendimentos ¢ comegar a traba- Ihar com membros de fora da empresa em novas abordagens de colabora- gio que permitam fazer mais cedo a integragdo e 0 compartilhamento do conhecimento usando 0 modelo de construgao. * Continuar a integrar as capacidades do BIM em todos os aspectos das fangdes da empresa e refletir esses novos processos de negécio em docu- mentos contratuais com clientes e parceiros de negécio. « Replanejar periodicamente o processo de implementagéo do BIM para refletir os beneficios ¢ problemas observados até entio ¢ estabelecer no- vas metas para desempenho, tempo e custo. Continuar a estender as mudangas facilitadas pelo BIM para novos locais e fungdes dentro da empresa. Nos Capftulos 4 a 7, sio discutidas aplicagées especificas do BIM no ciclo de vida da construgdo e novas diretrizes de adogdo especificas para cada partici- pante envolvido no processo de construgao sAo revistas. MRE: FUTURO DO PROJETO E CONSTRUCAO COM O BIM (CAPITULO 8) © Capitulo 8 descreve as visdes dos autores sobre como a tecnologia BIM ird evoluir ¢ quais s4o os provaveis impactos no futuro da inddstria de AEC ¢ na sociedade como um todo. Hé comentarios sobre o futuro de curto (até 2012) e longo (até 2020) prazos. Nés também discutimos os tipos de pesquisa que serao relevantes para dar suporte a essas tendéncias. E bastante simples antecipar os impactos no futuro préximo. Em sua maioria, eles sio extrapolagées das tendéncias atuais. Projegdes para um pe- riodo mais longo so aquelas que nos parecem provaveis, dado nosso conhe- cimento da indtistria de AEC e da tecnologia BIM. Além disso, é dificil fazer projegdes titeis. (EE ESTUDOs DE CASO (CAPITULO 9) O Capitulo 9 apresenta dez.estudos de caso que ilustram como a tecnologia BIM € seus processos de trabalho associados estiio sendo usados hoje. Esses estu- dos abrangem a extensdo completa do ciclo de vida da construgdo, apesar de a maioria focar nas fases de projeto ¢ construgéo (com uma extensa ilustragao dos modelos de construgo para fabricagéo fora do canteiro). Para o leitor que est4 ansioso por “mergulhar* diretamente no tema e ter uma visio de primeira mao do BIM, esses estudos de caso sao um bom comeso. 24 Manual de BIM |. O que BIM e como ele difere da modelagem 3D? 2. Quais sdo alguns dos problemas significativos associados com ‘0. uso do CAD 2D e como eles desperdicam recursos e tempo ‘tanto na fase de projeto quanto na fase de construgdo, se comparados com um processo utilizando 0 BIM? Por que a industria de construcéo ndo tem sido capaz de ven- cer 0 impacto desses problemas na produtividade do trabalho no canteiro, apesar de tantos avanos na tecnologia de cons- ‘trugdo? Quais mudancas nos processos de projeto e construgdo sao ‘necessérias para permit o uso produtivo da tecnologia BIM? 9. Como as regras paramétricas assocladas com os objetos no BIM melhoram 0 processo de projeto e construcéo? 5. Quais sao as limitagdes que podem ser antevistas com relagao 4s bibliotecas genéricas de objetos que vém com os sistemas BIM? . Por que no processo projeto-concorréncia-construgdo é muito dificil clcangor todos os beneficios que o BIM proporciona du- rante o projeto ou a construgéo? Que tipos de problemas legais podem ser antevistos como re- sultado do uso do BIM com uma equipe de empreendimento integrada? . Quais técnicas estéo disponiveis para integrar aplicagoes de construgao desenvolvido ‘anélise de projeto com 0 modelo de pelo arquiteto? CAPITULO 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica (MEO sumArio executivo Este capitulo fornece uma visio da principal tecnologia que distingue aplicativos para projetos em BIM de outros sistemas CAD. A modelagem paramétrica ba- seada em objetos foi desenvolvida originalmente nos anos 1980. Ela nao repre- senta objetos com geometrias e propriedades fixas. Ao contrério, cla representa objetos por pardmetros e regras que determinam a geometria, assim como algu- mas propriedades e caracteristicas nao geométricas. Os pardmetros ¢ as regras permitem que os objetos se atualizem automaticamente de acordo com o controle do usuario ou mudangas de contexto. Em outras indiistrias, as empresas usam a modelagem paramétrica para desenvolver suas préprias representagdes de objetos ¢ para refletir o conhecimento corporativo e as melhores préticas. Em arquitetura, as empresas de software BIM predefiniram um conjunto base de familias de ob- jetos de construgdo para os usuérios, que podem ser estendidas, modificadas ou acrescidas. Uma familia de objetos permite a criagao de qualquer niimero de ins- tincias de objetos, com formas que so dependentes de pardmetros e relaciona- mentos com outros objetos. As empresas devem ter a capacidade de desenvolver objetos paramétricos definidos pelo usudrio e bibliotecas corporativas de objetos para controle de qualidade personalizado ¢ para estabelecer suas proprias me- Ihores préticas. Objetos paramétricos personalizados permitem a modelagem de geometrias complexas que antes eram impossiveis ou simplesmente impraticdveis. Os atributos dos objetos sao necessdrios para fazer a interface com anilises, esti- mativas de custos e outras aplicagdes, mas esses atributos devem primeiramente ser definidos pela empresa ou pelo usuério. As ferramentas BIM atuais variam de muitas maneiras: na sofisticagao de seus objetos base predefinidos; na facilidade com que usudrios podem definir novas familias de objetos; nos métodos para atualizar os objetos; na facilidade de ‘uso; nos tipos de superficies que podem ser utilizados; nas capacidades de gera- 26 Manual de BIM go de desenhos; na habilidade de manipular um grande nimero de objetos ¢ em suas interfaces com outros softwares. ‘A maioria das ferramentas BIM de projeto de arquitetura permitem que o usuério mescle objetos modelados em 3D com os segdes desenhadas em 2D, possibilitando aos usudrios determinar o nivel de detalhamento em 3D, mas ainda produzir desenhos completos. Objetos desenhados em 2D nao sao automatica- mente inclufdos em listas de materiais, em andlises e outras aplicagdes possiveis ao BIM. Ferramentas BIM em nivel de fabricagao, por outro lado, representam tipicamente cada objeto completamente em 3D. O nivel da modelagem 3D é uma varidvel importante entre as diferentes préticas BIM. Este capitulo oferece uma revisao global das ferramentas para geragio de modelos BIM e algumas distingdes funcionais que podem ser usadas para avalié- -las e seleciona-las. MEAD HISTORIA DA TECNOLOGIA DE MODELAGEM DA CONSTRUGAO 2.1.1 Primeiras modelagens 3D de edificios A modelagem de geometria 3D foi um amplo objetivo de pesquisas que teve mui- tos usos potenciais, incluindo filmes, projetos e, eventualmente, jogos. A habilida- de de representar um conjunto fixo de formas poliédricas — formas definidas por um volume delimitado por um conjunto de faces — com o propésito de visualiza- go foi desenvolvido no final dos anos 1960, e mais tarde conduziu ao primeiro filme usando computagao grafica, Tron (em 1987). Essas primeiras formas poli- édricas podiam ser usadas para compor uma imagem, mas nfo para o projeto de formas mais complexas. Em 1973, a facil criagdo e edigéo de formas 3D sélidas foram separadamente desenvolvidas por trés grupos: Ian Braid, na Universidade de Cambridge; Bruce Baumgart, em Stanford; e Ari Requicha e Herb Voelcker, na Universidade de Rochester (Eastman 1999; Capitulo 2). Conhecidos como modelagem de sélidos, esses esforgos produziram a primeira geragao de ferra- mentas priticas de projeto com modelagem 3D. Duas formas de modelagem de sélidos foram desenvolvidas e competiram pela supremacia. A abordagem de representacdo por fronteira (boundary repre- sentation — B-rep) definia formas utilizando operagdes de unio, intersegio e subtragao — chamadas de operagdes booleanas — em miiltiplas formas poliédricas, e também utilizava operagdes de refinamento como chanttos, cortes ou movimen- tagio de um furo dentro de uma face. Um pequeno conjunto dessas operagSes é mostrado na Figura 2-1. Os sofisticados sistemas de edigdo desenvolvidos pela combinagao dessas formas primitivas e das operagdes booleanas permitiam a ge- ago de um conjunto de superficies que, juntas, fechavam um volume. Em contraste, a Geometria Sélida Construtiva (Constructive Solid Geometry — CSG) representava uma forma como uma frvore de operagées ¢ inicialmente contava com diversos métodos para avaliar a forma final. Um exemplo € mos- trado na Figura 2-2. Mais tarde, esses dois métodos se fundiram, permitindo a edigdo dentro da frvore CSG (algumas vezes chamada de forma ndo avaliada) Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 27 UM MODELO CSG : ‘Um conjunto de primitivas na forma de: Um conjunto de operadores: UNIAO (S,_ Sp, Sy) INTERSECAO (S;, S,) DIFERENCA (S,,'5.)° - pt, pt.) CHANFRO (oresto, profundidade) ESFERA (roi, transformagéo) BLOCO (x,y,z, transformacéo) CILINDRO (raio, comprimento, transformacéo) FIGURA 2-1 Um conjunte de formas primitivas ¢ operadores de geometria sélida construtiva. ¢ também a modificagéo da forma pelo uso de B-rep de uso geral (chamada de forma avaliada). Os objetos podiam ser editados ¢ regenerados sob demanda. A Figura 2-2 mostra uma drvore CSG, as formas néo avaliadas que ela referencia a forma avaliada resultante. O resultado é a mais simples das formas de um edificio: uma forma simples cavada formando 0 espago de um tinico andar com um telhado de duas 4guas c uma abertura de porta. Note que todas as posigdes e formas podem ser editadas por meio dos pardmetros de forma na érvore CSG; no entanto, edigdes de formas so limitadas a operagées booleanas ou outras operagées de edigéio mostradas na Figura 2-1. As ferramentas da primeira gera- do suportavam modelagem de objetos 3D facetados e cilindricos com atributos associados, o que permitia que os objetos fossem compostos em conjuntos de engenharia, como motores, plantas de industriais ou edificios (Eastman 1975; Requicha 1980). Essa abordagem de modelagem hibrida foi um importante pre- cursor da modelagem paramétrica moderna. A modelagem de edificios baseada em modelagem de sélidos 3D foi de- senvolvida no final dos anos 1970 e inicio dos anos 1980. Os sistemas de CAD, como o RUCAPS (que evoluiram para o Sonata), TriCad, Calma, GDS (Day, 2002), e sistemas baseados em pesquisas da Universidade Carnegie-Mellon e da Universidade de Michigan, desenvolveram suas capacidades basicas. (Para uma histéria detalhada do desenvolvimento da tecnologia CAD, veja http://mbinfo. mbdesign.net/CAD -History-htm). Esse trabalho foi conduzido em paralelo com esforgos em projetos de produtos mec4nicos, aeroespaciais, de construgo e elé- tricos, nos quais os primeiros conceitos de modelagem de produtos e andlise e simulagdo integradas foram desenvolvidos. As primeiras conferéncias em projeto auxiliado pelo computador eram integradas entre todas as dreas de engenharia e projeto, resultando em altos nfveis de sinergia, por exemplo, Anais das 7* a 18* Conferéncias Anuais sobre Automagao de Projetos (ACM 1969 — 1982); Confe- réncias sobre Gerenciamento de Dados Cientificos ¢ de Engenharia (NASA 1978 — 1980); Anais das conferéncias CAD76, CAD78, CAD80 (CAD 1976, 1978, 1980). Sistemas CAD de modelagem de sélidos eram funcionalmente poderosos, mas em geral ultrapassavam o poder computacional disponivel. Alguns aspectos de produgio, como a geragio de desenhos ¢ relat6rios, no eram bem desenvol- vidos. O projeto de objetos 3D também era muito estranho conceitualmente para a maior parte dos projetistas, que ficavam mais confortaveis projetando em 2D. 28 Manual de BIM MODELO AVALIADO. MODELO NAO AVALIADO. {primitives mostrados) PLANO (#1) 9p 4N04(00,0.0.180)(250.00,180),(050,100.250)) (OO) 1 *pLano(6.0,10.0,25 0), (950200,180)(00200, +80) sustraaor $1) s ri -MODELO NAO AVALIADO. i$ (come armazenado) pee ao ai oe BLOCO (35.0,20.0.25.0(0,00,0.0.0)) : BL0CO(94.0,19.08.0,05050.1.0.0.0) FIGURA 2-2 Exemplo de um modelo CSG. Embaixo: a érvore CSG néo avaliada e a forma primitive nao avaliada que a érvore compée. Acima & direita: © conjunto de primitivos néo avaliado na forma e posigdo parametrizadas. Acima é esquerda: 0 modelo B-rep avaliado resultante. Os sistemas custavam muito caro acima de US$35.000 por licenga. As indéis- trias de manufatura e aeroespaciais viram os beneficios potenciais em termos de capacidade integrada de anilise, redugio de erros e o movimento em diregdo a automagao da fabrica. Eles trabalhavam com as empresas de CAD para resolver as primeiras deficiéncias da tecnologia. A maior parte da indistria de construgéo nao reconheceu esses beneficios. Em vez disso, adotaram editores de desenhos de arquitetura como o AutoCAD® ¢ o Microstation®, que incrementavam os mé- Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 29 2.1.2 todos correntes de trabalho e suportavam a geragio digital de documentos de construgio tradicionais em 2D. Modelagem paramétrica baseada em objetos Aatual geragdo de ferramentas BIM de projeto de arquitetura, incluindo os Au- todesk Revit® Architecture e Structure, o Bentley Architecture e seu conjunto de produtos associados, a familia Graphisoft ArchiCAD® e o Digital Project™ da Gehry Technology, assim como ferramentas em nivel de fabricagéo, como o Tekla Structures, o SDS/2 e o Structureworks, desenvolveram-se a partir das capacidades da modelagem paramétrica baseada em objetos desenvolvidas para 0 projeto de sistemas mecfnicos. Esses conceitos emergiram como uma extensio das tecnologias CSG e B-rep, uma mistura de pesquisa universitéria ¢ intenso desenvolvimento industrial, particularmente pela Parametric Technologies Cor- poration® (PTC) nos anos 1980. A ideia bésica é que instancias de forma ¢ outras propriedades podem ser definidas e controladas de acordo com uma hierarquia de parametros nos niveis de conjunto ¢ subconjunto, assim como no nivel de um objeto individual. Alguns dos parametros dependem de valores definidos pelo usuario; outros dependem de valores fixos, e outros sao obtidos de outras formas ou sao relativos a elas. As formas podem ser 2D ou 3D. ‘No projeto paramétrico, em vez de projetar uma instancia de um elemento de construgéo como uma parede ou uma porta, um projetista define uma familia de modelos ou uma classe de elementos, que um conjunto de relagées ¢ regras para controlar os pardmetros pelos quais as instncias dos elementos podem ser geradas, mas cada uma iré variar conforme seu contexto. Objetos so definidos usando pardmetros envolvendo distancias, Angulos e regras como vinculado a, paralelo a e distante de. Essas relagées permitem que cada instfncia de um ele- mento varie de acordo com os valores de seus parametros e suas relagdes con- textuais. As regras ainda podem ser definidas como requisitos que 0 projeto deve satisfazer, permitindo ao projetista fazer modificagdes, enquanto as regras verifi- cam ¢ atualizam detalhes para manter o elemento de projeto dentro das regras ¢ ayisar ao usudrio se essas definigdes nao sdo alcangadas. A modelagem paramé- trica baseada em objetos admite ambas as interpretagdes. No CAD 3D tradicional, cada aspecto da geometria de um elemento deve ser editado manualmente pelos usuarios; em um modelador paramétrico, as geo- metrias da forma e do conjunto ajustam-se automaticamente as modificagdes do contexto e aos controles de alto nivel do usuario. Uma forma de entender como a modelagem paramétrica trabalha 6 exami- nar a estrutura de uma familia de paredes, incluindo seus atributos de forma e suas relagdes, como mostrado na Figura 2-3. Usa-se a denominagéo familia de parede porque ela é capaz de gerar muitas instancias de seu tipo em diferentes localizagées e com parfmetros variados. Uma familia de parede pode se concen- trar em paredes retas e verticais, mas a capacidade de variar a geometria, inclusive aquelas com superficies curvadas e nao yerticais, as vezes podem ser desejadas. ‘Um formato de parede é um volume delimitado por miiltiplas faces conectadas, algumas definidas pelo contexto e outras definidas por valores explicitos. Para a maioria das paredes, a espessura ¢ definida explicitamente como dois afasta~ 30 Manual de BIM FIGURA 2-3 Estrutura conceitual de uma familia de objeto parede, com varias arestas associadas com superficies delimitadoras. mentos (offsets) a partir de sua linha de controle, baseada em uma espessura nominal ou no tipo de construgao. Paredes com espessuras variando na altura ou no comprimento tém miiltiplos afastamentos ou, possivelmente, um perfil verti- cal. O formato da elevagao da parede é definido por um ou mais planos de base de piso; sua face superior pode ser uma altura explicita ou ser definida por um conjunto de planos adjacentes (como mostrado aqui). As extremidades da parede séo definidas por suas interseg6es, tendo um ponto final fixo (independente) ou associagdes com outras paredes. A linha de controle da parede (aqui mostrada ao Jongo de sua parte inferior) tem um ponto inicial e um ponto final, entao a parede também tem. Uma parede esté associada com todas as instéincias de objetos que a delimitam ¢ com os miiltiplos espagos que ela separa. Aberturas de porta ou janela tém pontos de insergao definidos por um com- primento ao longo da parede a partir de um dos seus pontos extremos até um lado ou o centro da abertura com seus parametros requeridos. Essas aberturas esto localizadas no sistema de coordenadas da parede, entio se movem como uma unidade. Uma parede ajustaré seus limites movendo-se, crescendo ou enco- Ihendo a medida que o leiaute da planta do pavimento muda, com janelas e portas também se movendo ¢ se atualizando. Sempre que uma ou mais superficies deli- mitadoras da parede mudam, a parede atualiza-se automaticamente para manter a intengdo de seu leiaute original. Uma definigao bem-elaborada de uma parede paramétrica deve considerar ‘uma gama de condigées especiais. Estas incliem os seguintes aspectos: # Deve-se verificar se a localizagio da porta e da janela caem completa- mente dentro da parede e nao se sobrepdem ou nao se estendem além dos limites desta, Normalmente aparece um alerta se essas condigdes nao sao cumpridas. © Uma linha de controle de parede pode ser reta ou curva, permitindo a parede formas variadas. Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 31 ‘* Uma parede pode interceptar um piso, um teto ou paredes laterais, que sao feitos de miltiplas superficies, resultando em uma forma de parede mais complexa. * As paredes podem ter segdes trapezoidais, se elas forem feitas de concreto ou outro material maledvel. « Paredes feitas de tipos construtivos e acabamentos mistos podem modifi- car-se entre os segmentos da parede, Com essas condigdes sugerem, deve-se ter um grande cuidado até mesmo para definir uma parede genérica. E comum uma classe paramétrica de cons- trugdo ter acima de uma centena de regras de baixo nivel para suas definigdes. Essas regras também explicam por que usudrios podem encontrar problemas com leiautes de parede pouco usuais — porque eles nao so abrangidos pelas regras internas — e por que é facil determinar definigdes de parede que podem ser inad- vertidamente limitadas. Por exemplo, tome a parede de um clerestério e 0 conjunto de janelas mon- tadas nele mostrados na Figura 2-4, Nesse caso, a parede deve ser colocada em um plano de piso nao horizontal. Além disso, as paredes que delimitam as extre- midades da parede do clerestério nao estiio no mesmo plano-base que a parede que esté sendo delimitada. As primeiras ferramentas de modelagem BIM nfo conseguiam lidar com essa combinagao de condig6es. Na Figura 2-5, apresenta-se uma sequéncia simples de operagdes de edigéo Para o projeto esquemético de um pequeno teatro. A vista superior esquerda na Figura 2-5 mostra o teatro com duas paredes laterais em Angulo para dentro, em diregao ao palco, ¢ uma parede separando o fundo do teatro do lobby. Em termos de associagGes de fronteira, as paredes laterais do teatro estio inicialmente vincu- ladas ao teto ¢ ao piso, ¢ suas extremidades esto vinculadas ao fundo do lobby e parede da frente do palco. O piso inclinado do teatro est vinculado as paredes laterais do prédio. Na Figura 2-5, acima e direita, as paredes laterais do lobby sfio desvincula- das da parede do fundo e movidas, ficando parcialmente abertas e permitindo ao lobby fluir ao redor de suas extremidades. FIGURA 2-4 Uma parede de clerestério em um teto que possui requisitos de modelagem paramétrica diferentes da meioria das paredes. 32 Manual de BIM 2123 Porades ltrs ences or cumentarolebby Porade ane 0 obby 90 oat FIGURA 2-5 0 leicute conceitual de um pequeno teatro com lobby na parte de tris e dois corredores laterais. A plateia inclinada esté no meio. A parte de trés das paredes lateras é editada e o éngulo das paredes laterais é ajustado. Por iltimo, a parede de trés do teatro é movida para frente. Perceba que o arco do teto é automaticamente recortado, Na figura inferior esquerda, as paredes laterais do teatro estdo reanguladas, com a parede de tras do teatro automaticamente recortada para ficar contigua as paredes do teatro. Na figura inferior direita, a parede de tras é movida para frente, fazendo o teatro ficar ‘menos profundo. A parede do fundo se reduz automaticamente para manter-se contigua as paredes laterais, e 0s pisos do teatro e do vestibulo se ajustam auto- maticamente para se manterem contfguos a parede de trés. O ponto importante € que os ajustes das paredes laterais com 0 teto € 0 piso inclinado do teatro sdo completamente autométicos, Uma vez que a configuragao espacial inicial é defi- nida, € possivel fazer edigGes e atualizagGes répidas, Perceba que essas capacida- des de modelagem paramétrica vio muito além daquelas oferecidas pelos siste- mas CAD baseados em CSG anteriores. Elas suportam atualizagdes automaticas de um leiaute e a preservagéo das relagdes estabelecidas pelo projetista. Essas ferramentas podem ser extremamente produtivas. Modelagem paramétrica de edificios Na manufatura, a modelagem paramétrica tem sido utilizada pelas empresas para embutir regras de projeto, de engenharia ¢ de fabricagao nos modelos paramé- tricos de seus produtos. Por exemplo, quando a Boeing empreendeu o projeto do Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 33 777, eles determinaram as regras pelas quais os interiores de seu aviéio deveriam ser definidos, para fins de aparéncia, fabricagdo e montagem. Eles refinaram a forma externa para obter desempenho aerodinamico por meio de centenas de simulagGes de fluxo de ar — chamada de Dindmica de Fluidos Computacional (Computational Fluid Dynamics — CFD) - vinculadas para permitir muitas f mas alternativas ¢ ajustes paramétricos. Eles pré-montaram virtualmente o a) a fim de eliminar mais de 6.000 requisigdes de modificagio e atingir 90% de redugao de retrabalho em espaco. Estima-se que a Boeing investiu mais de US$1 bilho de délares para adquirir e configurar seu sistema de modelagem paramé- trica para a familia de avides 777. Esté disponivel uma boa viséo geral do esforgo da Boeing, seus pontos fortes e fracos (CalTech 1997). De forma semelhante, a empresa John Deere, trabalhando com a LMS da Bél- gica, definiu como eles queriam que seus tratores fossem construidos. Varios mo- delos foram desenvolvidos baseados nas regras de projeto para manufatura (design- -for-manufacturing — DfM) da John Deere. (www.lmsintl.com/virtuallab). Usando modelagem paramétrica, as empresas normalmente definem como suas familias de objetos devem ser projetadas e estruturadas, com elas podem ser variadas parame- tricamente e relacionadas em montagens baseadas na fungao e outros critérios de produgao. Nesses casos, as empresas esto embutindo conhecimento corporativo baseado em esforgos anteriores no projeto, na produgdo, na montagem e na manu- tengo acerca do que funciona e do que ndo funciona. Isso vale a pena especialmente quando a empresa produz muitas variagdes de um produto. Essa é a prética padrdo ‘em empresas grandes de produtos aeroespaciais, de manufatura ¢ de eletrénicos. Conceitualmente, ferramentas de Modelagem da Informagdo da Construgdo (BIM) sao modelos paramétricos baseados em objetos com um conjunto predefi- nido de familias de objetos; cada uma tem comportamentos programados dentro deles, conforme se delineou acima. Uma lista razoavelmente completa de familias de objetos predefinidas oferecidas pelas principais ferramentas BIM de projeto de arquitetura é dada na Tabela 2-1 (até o inicio de 2007). Esses sdo os conjuntos de familias de objetos predefinidas que podem ser prontamente aplicadas aos proje- tos de edificagées em cada sistema. Um edificio € um objeto montado, definido dentro de um sistema BIM. Uma configuragao de modelo de construgao & definida pelo usuério como uma estrutura paramétrica dimensionalmente controlada, usando grades, niveis de pa~ vimentos e outros planos de referéncia globais, Alternativamente, estes podem ser simples planos de pavimento, linhas de centro das paredes ou uma combinagéo deles. Em conjunto com suas instncias de objetos embutidas e informagées pa- ramétricas, a configuragéo do modelo define uma instancia do edificio. ‘Além das familias de objetos oferecidas pelos vendedores, uma grande quan- tidade de sites diponibiliza familias de objetos adicionais para baixar e usar. Estes so os equivalentes modernos das biblioteca de blocos de desenho que estavam disponiveis para os primeiros sistemas de desenho 2D — mas, é claro, eles so muito mais titeis e poderosos. A maior parte so objetos genéricos, mas hé um fornecimento crescente de modelos de produtos especificos. Estes sao discutidos na Segao 5.4.2, e sdo listados alguns dos sites. Ha muitas diferengas nos detalhes entre as ferramentas de modelagem paramétrica especialmente desenvolvidas para o BIM e aquelas usadas em ou- 34 Manual de BIM Tabela 2-1 As familias de objetos base incorporadas nas principais ferramentos BIM FerramentaBIM ArchiCAD Bentley Architecture Revit Architecture Digital Project Objetos Base v0 B.1 9.1 R53 Modelo sblido com « . . . features Modelo de terreno . . (Modelo de (Superticie contorno) topogrética) Definigéo do espago Manual Manual Sala (automético) Sala (automético) Porede . . . . Coluna . . . . Porta . . . . Jonela . . . . Telhado . . . Objeto personolizado Escada . . . Objeto personalizado Laje . . Piso . Finoldeporede « . Zona . Forro Forro Viga . . Objetos unicos para Claraboia, Shaft Piso, cortina de vidro, Abertura, abertura cada sistema janela de grade, montante, por contorno canto bragadeira, fundacéo tras indistrias. Edificios so compostos por um néimero muito grande de partes simples. Suas dependéncias para regeneragdo séo mais previsiveis do que as de sistemas mecdnicos em geral; no entanto, a quantidade de informagao mesmo em uma construgao de porte médio, no nivel do detalhe de construgao, pode causar problemas de desempenho até mesmo no computador pessoal mais bem aparelhado. Outra diferenga € que existe um amplo conjunto de préticas padrao e cédigos que podem ser prontamente adaptados e embutidos para definir os comportamentos dos objetos. Essas diferengas tém resultado somente em algu- mas ferramentas de modelagem paramétrica de propésito geral e so adaptadas e usadas para Modelagem da Informagdo da Construgo. Um aspecto funcional das ferramentas de projeto BIM diferente das de ou- tras inddstrias é a necessidade de representar explicitamente 0 espago fechado por elementos de construgdo. Espago ambientalmente condicionado é uma fun- Gao priméria de um edificio. A forma, o volume, as superficies e propriedades de um espago interno sao aspectos criticos de uma construgao. Os sistemas de CAD anteriores no eram bons para representar o espago explicitamente. Em geral, ele era definido implicitamente, como aquilo que restava entre as paredes, 0 piso ¢ 0 teto, Deve-se agradecer 4 General Services Administration (GSA) por exigir que ferramentas BIM de projeto sejam capazes de extrair volumes de espagos no pa- Copitulo 2 Ferramentas BIM © Modelagem Paramétrica 35 drao ANSI/BOMA, a partir de 2007. Essa capacidade foi convenientemente dei- xada de lado na maioria dos sistemas BIM até que a GSA demandou-a no Guia BIM GSA, declarando que a quantidade de espaco dos edificios governamentais deveria ser precisamente avaliada. Hoje todas as ferramentas BIM de projeto ofe- recem essa capacidade. O Guia BIM GSA est4 disponfvel online em www.gsa. gov/bim. A GSA amplia seus requisitos de informagao anualmente. ‘A modelagem paramétrica 6 uma capacidade critica para a produtividade, permitindo que modificagées de baixo nivel se atualizem automaticamente. E jus- to dizer que a modelagem 3D nio seria produtiva no projeto e na produgao de edificios sem as caracteristicas de atualizagao automatica possibilitadas pelas ca- pacidades paramétricas. Cada ferramenta BIM varia em relacio as familias de ob- jetos paramétricos que oferece, as regras embutidas nelas e o comportamento do projeto resultante. Essas diferengas importantes sero retomadas na Segao 2.2. Objetos paramétricos definidos pelo usuario Cada ferramenta BIM de projeto tem um conjunto crescente familias de objetos paramétricos predefinidos (veja a Tabela 2-1), mas estas so completas somente para construgées de tipologia mais padronizada. Blas so incompletas de duas formas: ‘ Seus pressupostos internos sobre o comportamento do projeto para famé- lias de objetos predefinidos so normativas e no incluem casos especiais encontrados em contextos reais. ‘* As familias de objetos base incluem os mais comumente encontrados, mas omitem aqueles necessdrios em muitos tipos especiais de construgéo e de edificios. Outra perspectiva 6 que as familias de objetos base em uma ferramenta BIM de projeto representam a pratica padrao, como o faz.o livro Architectural Graphic Standards de Ramsey ¢ Sleeper (Ramsey et al. 2000). Enquanto a prética padrdo reflete as convengSes da indtistria, as melhores prdticas refletem o ajuste dos deta- hes, a experiéncia que o projetista ou a empresa adquiriram com respeito a como 05 elementos devem ser detalhados. As melhores praticas distinguem a qualidade do projeto oferecido pelas praticas de projeto de maior sucesso. Isso significa que 08 objetos predefinidos que vém com uma ferramenta BIM de projeto capturam mais as convengées de projeto do que a competéncia. Qualquer empresa que se considere habilitada em BIM deve ter a capacidade de definir suas préprias bi- bliotecas de familias de objetos paramétricos personalizados. Todas as ferramentas de geragao de modelo BIM suportam a definigéo de familias de objetos personalizados. Se uma familia de objetos paramétricos ne- cesséria nao existe na ferramenta BIM, a equipe de projeto ¢ de engenharia tem a opcio de criar a instdncia do objeto usando geometria CSG ou B-rep fixa e lembrar-se de atualizar esses detalhes manualmente, ou entao definir uma nova familia de objetos paramétricos que incorpora as regras de projeto ¢ compor- tamento de atualizagéo automético apropriados. Esse conhecimento embutido captura, por exemplo, como estruturar um estilo especffico de escada, como 36 Manual de BIM detalhar a jungdo de diferentes materiais, como ago conereto ou estuque sin- tético e perfis de aluminio. Uma vez criados, estes objetos podem ser usados em qualquer projeto no qual estejam inseridos. Claramente, a definigéo dos de- talhes é uma tarefa da inddistria em geral, que define praticas padronizadas de construgo, e uma atividade no nivel da empresa, que captura a melhor prética. Detalhamento é 0 que académicos como Kenneth Frampton designaram como a tecténica da construgéo (Frampton et al. 1996). E um aspecto essencial da arte c oficio da arquitetura. Se uma empresa trabalha com frequéncia com algum tipo de construgéo envolvendo familias de objetos especiais, o trabalho adicional para defini-las para- metricamente é facilmente justificado. Elas proporcionam a insergo automética das melhores praticas da empresa nos varios contextos encontrados em diferentes projetos. Estes podem estar em um alto nivel para leiautes ou para detalhamento, podem ter varios niveis de sofisticagao. Arquibancadas de estddios sio um exemplo que justifica leiautes paramétri- cos. Elas envolvem restriges que lidam com a capacidade de piiblico ¢ as linhas de visdo. Um exemplo é mostrado na Figura 2-6. As duas configuragées de arqui- bancada ligeiramente diferentes na parte de cima da figura sao geradas a partir do mesmo modelo de objeto, que define um perfil de segio em termos da largura da linha de assentos, do alvo da linha de visada e do visual livre acima da linha de assentos mais abaixo. A segao extrudada é entao varrida ao longo de um caminho em trés partes. Os assentos a direita permitem linhas de visada para pontos mais préximos ao campo. A caixa de diélogo para o ajuste da linha de visada € mostra- da na parte inferior da figura. Esse tipo de leiaute é simples e direto, e baseia-se nas capacidades de modelagem de s6lidos mais antigas. Esse exemplo foi imple- mentado no Architectural Desktop. Um modelo paramétrico personalizado e mais elaborado para a cobertura de um estédio é mostrado na Figura 2-7 e na Figura 2-8, O projeto é para um estAdio de futebol com 50.000 lugares em Dublin, Irlanda, e foi elaborado pela FIGURA 2-6 Modelo paramétrico personalizado de arquibancada de estadio. Cortesia do HOK Sports. Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 37 HOK Sports. A geometria e forma iniciais do estadio foram desenvolvidas por meio de uma série de modelos no Rhino. Definido por um conjunto de restrigdes do terreno e regulamentos sobre linhas de visada, um modelo paramétrico foi construido no Generative Components da Bentley, usando um arquivo baseado em Excel para guardar a informagéo geométrica. Esses dados foram usados como uma via entre a Buro Happold e a HOK Sports, permitindo 4 Buro Happold de- senvolver a estrutura do telhado e 4 HOK desenvolver a fachada e o sistema de cobertura, ambos no Generative Components. Tendo estabelecido um série de regras para o modelo paramétrico, ambos os escritérios trabalharam para desen- volver a informagao da construgao usando o Generative Components ¢ o Excel (como uma ferramenta de coordenacio), que mostrado no alto da Figura 2-8. AHOK Sports desenvolveu posteriormente o modelo no Generative Components da Bentley para a produgdo de um sistema de fachada tipo persiana, que permitia ventilacao através da cobertura do estédio, como mostrado. Uma renderizagao do projeto final do estddio também é mostrada na parte inferior da Figura 2-8. Escrit6rios de arquitetura mais usados esto usando esses modelos paramétri- cos personalizados para projetar e gerenciar geometrias complexas para projetos individuais, resultando em uma nova categoria de formas para edificios que difi- cilmente eram possiveis antes. ‘ método padrdo para a definigdo da maioria das familias de objetos para- métricos personalizadas é usar um médulo de esbogo (sketch), que faz parte de ‘erect vere component ofsurae edge ave rac vere component of pn care oper vaso exe ees Entrada de Dados Existentes no Modelo Paramétrico cn FIGURA 2-7 As curvas de controle geradas no Generative Components. Imagem disponivel por cortesia da HOK Sports. 38 Manual de BIM © arranjo do painel de revestimento permitindo o fluxo de ar entre as places. Renderizagao do projeto final em Dublin, Ironda. FIGURA 2-8 © leiaute detalhado da cobertura do estddio e sua renderizagéo. Cortesia de HOK Sports. todas as ferramentas de modelagem paramétrica. Ele € principalmente usado para definir formas por varredura. Formas por varredura incluem perfis extrudados, como pegas de ago; formas com segoes transversais varidveis, como conexées de dutos; formas resultantes de rotagdo, como a revolugao de um perfil de segao de domo ao redor de uma circunferéncia, e outras formas. Combinada com relagdes com outros objetos ¢ operagdes booleanas, uma ferramenta de esbogo permite construir quase qualquer familia de forma. A ferramenta de esbogo permite ao usuario a composigao do desenho de uma segdo fechada 2D feita de linhas, arcos ou curvas de maior grau entre pon- tos, nao necessariamente em escala, ¢ entao dimensionar o esbogo e aplicar ou- Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramética 39. tras regras para refletir a intengdo do projeto em termos de regras paramétricas. Uma superficie de varredura pode ser definida com diversos perfis, tanto com interpolagao entre eles quanto, em alguns casos, com transi exemplos de ferramentas BIM de projeto so mostrados na Figura 2-9. Cada ferramenta tem um vocabulrio diferente de regras e restrigdes que podem ser aplicadas ao esbogo e as operagdes que podem ser associadas com seus compor- tamentos paramétricos. Quando se esto desenvolvendo familias de objetos personalizados usando B-rep ou parametros, é importante que os objetos carreguem os atributos neces- sdrios aos diversos célculos a que a familia de objetos deve dar suporte, como estimativas de custos e andlises estruturais ou de energia. Esses atributos também sio derivados parametricamente. Esses temas serdo tratados na Segao 2.2.2. 2.1.5 Projeto para construgdo Enquanto todas as ferramentas BIM permitem aos usudrios especificar as ca- madas numa segao de parede em termos de uma segao 2D, algumas ferramen- tas BIM de projeto arquitet6nico incluem leiaute paramétrico de montagens de ‘objetos, como uma estrutura com montantes, dentro de paredes genéricas. Isso permite o detalhamento da estrutura e a produgdo de uma tabela de corte das pegas, reduzindo as perdas e permitindo erguer mais rapidamente as estruturas Editor de células £4. -paramétricos da Bentiey Editor de fomiias do Revit aide Peomancoce Sigal Prec, if = Se tiee acer eseosatene negro, FIGURA 2-9 Um esboco em forma de oito, varride ac longo de um caminho composto por um arco e um ssegmento reto para criar uma forma complexa. Os exemplos foram gerades usando as quatro principais ferramentos BIM de projeto. 40 Manual de BIM de montantes de metal ou madeira. Em estruturas de grande escala, opgdes se- melhantes de leiaute de montantes e estruturas so extensdes necessarias para a fabricagéio. Nesses casos, os objetos e regras lidam com objetos como pegas e sta composigéo em um sistema — estrutural, elétrico, hidrdulido, etc. Nos casos mais complexos, cada uma das pegas do sistema é internamente composta de suas pe- as constituintes, como a estrutura de madeira ou a armadura no conereto, ‘As ferramentas BIM para projeto de edificios focam em objetos no nivel da arquitetura, mas um conjunto diferente de ferramentas para criagdo e edig&o tem sido desenvolvido para modelar no nivel de fabricagao. Essas ferramentas ofere- cem diferentes familias de objetos agregando diferentes tipos de conhecimento especifico. Os primeiros exemplos desse tipo de pacote foram desenvolvidos para a fabricagio em ago, como o SDS/2” da Design Data, o X-steel ® da Tekla ¢ 0 StruCad ° da AceCad. Inicialmente estes eram simples sistemas de leiaute 3D. com familias de objetos paramétricos predefinidos para conexées, capas que re- cortavam componentes em torno das juntas das segdes de ago € outras operagdes de edigdo. Essas capacidades foram aumentadas para dar suporte ao projeto au- tomético baseado em cargas, conexdes e componentes. Com a associago com méquinas CNC de corte ¢ perfuragdo, esses sistemas se tornaram parte integrante da fabricagdo automatizada em ago. De mancira semelhante, sistemas foram de- senvolvidos para concreto pré-moldado, concreto armado, dutos metélicos, tubu- lagdo e outros sistemas prediai ‘Avangos recentes foram feitos na engenharia do concreto com os concre- tos moldado in loco ¢ o pré-moldado. A Figura 2-10 mostra armaduras em pré- -moldados para alcangar os pré-requisitos estruturais. O leiaute se ajusta auto- maticamente ao tamanho da segao ¢ ao leiaute das colunas e vigas. Ele se ajusta para reforgar as conexdes, segdes irregulares e aberturas. OperagGes de modela- gem paramétrica podem incluir operagdes de subtragéo e adigao de formas que criam intradorsos, fendas, bordas arredondadas e recortes definidos pelo posi- cionamento-de outras pegas. Um exemplo de fachada pré-moldada é mostrado na Figura 2-11, em termos do modelo 3D e do desenho da pega (o desenho que a descreve). Cada subsistema do edificio requer seu proprio conjunto de familias de cbjetos-paramétricos regras para gerenciar o leiaute do sistema; as regras definem: 0 comportamento padrao de cada objeto dentro do sistema. Regras paramétricas estéo comegando a codificar grandes quantidades de conhecimento especialista dentro de cada domfnio de sistema de construg4o a respeito de como as partes devem ser dispostas e detalhadas. As familias atuais de objetos paramétricos fornecidas como objetos base nas ferramentas BIM pro- porcionam informag6es semelhantes aquelas fornecidas pela publicagéo Archi- tectural Graphic Standards (Ramsey et al. 2000), porém num formato que auto- maticamente suporta a definig&o, leiaute, conexao e detalhamento das pegas no computador. Esforgos mais ambiciosos estio em andamento entre diversas as- sociagdes de materiais de construgdo, como o Gtiia de Projeto em Ago, do Ame- rican Institute of Steel Construction (AISC 2007), que conta com 21 volumes, ¢ o Manual de Projeto do Precast/Pre-stressed Concrete Institute (PCI 2004). Consércios de membros dessas organizagées tém trabalhado em conjunto para Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica__ 41 mei yon Capen 1 a eau a - idl Se Were N ‘ - a FIGURA 2-10 Leiaute automético da armadura e conexées para concreto pré-moldado no Tekla Structures. esbogar especificagGes para definigo de leiautes e comportamentos dos objetos em projetos de pré-moldados e de ago. O uso dessas ferramentas por fabricantes € discutido em mais detalhes no Capitulo 7. Deve-se notar que, apesar do fato de 8 fabricantes terem atuado diretamente na definigdo dessas familias de objetos base ¢ comportamentos padrao, cles frequentemente precisam ser mais perso- nalizados, de forma que 0 detalhamento embutido no software reflita as préticas de engenharia da empresa. Também € preciso notar que os arquitetos ainda nao tomaram esse caminho, e confiam nos desenvolvedores das ferramentas BIM de projeto para definirem suas familias de objetos base. Eventualmente os manuais de projeto serdo fornecidos dessa forma, como um conjunto de modelos e regras paramétricos. Na modelagem para fabricago, detalhadores refinam seus objetos paramé- tricos por razdes bem compreendidas: minimizar trabalho, alcangar uma aparén- cia visual especifica, reduzir o conjunto de tipos diferentes de equipes de trabalho ‘ou minimizar os tipos ou tamanhos dos materiais. Implementagdes padronizadas em manuais tratam tipicamente de uma entre miltiplas abordagens accitveis para o detalhamento. Em alguns casos, varios objetivos podem ser alcangados usando as préticas de detalhamento padrao. Em outras circunstancias, essas pré- ticas de detalhamento podem ser suplantadas. As melhores priticas de uma em- presa ou uma interface padrfo para um equipamento de fabricagdo particular podem demandar maior personalizagao. 42 Manual de BIM FIGURA 2-11 Um modelo paramétrico de painel arquiteténico pré-moldado e o desenho detalhado dele. Imagem fornecida por cortesia de High Concrete Structures. Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 43 2.1.6 Sistemas CAD baseados em objetos Muitos sistemas CAD em uso nGo sao ferramentas BIM baseadas em modelagem paramétrica de propésito geral como aquelas que foram discutidas até aqui. Ao contrario, eles sao modeladores B-rep tradicionais possivelmente com uma 4rvo- re de construgdo baseada em CSG e uma biblioteca de classes de objetos. Ferra- mentas de modelagem ao nivel de construgiio baseadas no AutoCAD ®, como o CADPipe, o CADDUCT, € 0 Architectural Desktop (ADT) sao exemplos de tec nologias de software mais antigas. Alguns produtos da Bentley com vocabulérios fixos para classes de objetos também sao desse tipo. Dentro do ambiente desses sistemas CAD, os usudrios podem selecionar, dimensionar parametricamente e dispor objetos 3D com atributos associados. Essas instancias ¢ atributos dos ob- jetos podem ser exportados ¢ usados em outras aplicagdes, como para listas de material, fabricagao, etc. Esses sistemas funcionam bem quando h4 um conjunto fixo de classes de objetos para serem compostos usando regras fixas. Aplicagdes apropriadas in- cluem: tubulagdo, dutos e sistemas de canaletas de cabeamento para leiaute elé- trico. O ADT foi desenvolvido dessa forma pela Autodesk, ampliando incremen- talmente as classes de objetos que ele poderia modelar para englobar aquelas mais comumente encontradas na construgéo. O ADT também suporta definiges personalizadas de extrusdes e formas B-rep, mas nao suporta interagGes entre as insténcias de objetos definidas pelo usudrio. Novas classes de objetos so acres- centadas a esses sistemas por meio de interfaces de programagao das linguagens ARX ou MDL. Uma diferenga importante do BIM é a possibilidade de os usuérios defini- rem estruturas muito mais complexas de familias de objetos e relagdes entre eles do que é possfvel com o CAD 3D, sem recorrer a desenvolvimento em nfvel de programagio de software. Com o BIM, um sistema de parede-cortina ligada a co- Tunas ¢ lajes pode ser definido a partir do esbogo por alguém experiente, mas que nao é programador. Tal tarefa exigiria o desenvolvimento de uma grande extensiio do aplicativo no CAD 3D. Outra diferenga fundamental é que, em um modelador paramétrico, os usuérios podem definir familias de objetos personalizadas e relaciond-las a obje- tos existentes ou grades de controle, também sem recorrer 4 programagao com- putacional. Essas novas capacidades permitem que organizagSes definam familias de objetos do seu préprio modo e suportem seus préprios métodos de detalha- mento e leiaute. Tais capacidades foram criticas para as aplicagdes de manufatu- ra, como aquelas que lidam com processos de fabricagao e projetos de produtos divergentes. Na construgo, essas capacidades so aproveitadas de forma seme- Ihante por ferramentas em nivel de fabricagdo, como aquelas que permitem que 08 fabricantes em ago definam detalhes de conexo e os projetistas de concreto pré-moldado e moldado in loco definam conexGes ¢ leiautes de armaduras. A modelagem paramétrica transforma a modelagem de uma ferramenta de projeto geométrico em uma ferramenta de insergaio de conhecimento. As implicagdes dessa capacidade no projeto de edificagdes e na construgdo estiio apenas come- gando a ser exploradas. 44 Manual de BIM (MED AS VARIADAS CAPACIDADES DOS MODELADORES PARAMETRICOS Em geral, a estrutura interna de uma instancia de um objeto, como definida dentro de um sistema de modelagem paramétrica, é um grafo orientado, onde os nés sio familias de objetos com par&metros ou operagdes que constroem ou modificam ‘um objeto, ¢ os arcos no grafo, relagées de referencia entre os nés. Nesse nivel, os sistemas variam em como os detalhes (features) sao predefinidos e embutidos em um objeto (como uma conexio de ago) e se objetos paramétricos podem ser embutidos em um conjunto paramétrico maior e posteriormente em conjuntos maiores ainda, conforme necessério. Alguns sistemas oferecem a opgdo de deixar © grafo paramétrico visfvel para edigdo. Os primeiros sistemas paramétricos pre- cisavam de uma reconstrucéo completa de um modelo com conjunto montado de pecas, percorrendo o grafo completo para responder a edigdes do modelo. Siste- mas paramétricos modernos marcam internamente onde as edigdes foram feitas e somente regeneram as partes afetadas do grafo do modelo, minimizando a se- quéncia de atualizagéo. Alguns sistemas permitem a otimizagiio do grafo de atua- lizagdo da estrutura baseados nas mudangas feitas, e podem variar a sequéncia de regeneragao, Outros sistemas, chamados de sistemas variacionais, usam sistemas de equagées simultéineas para resolver equagdes (Ander! et al. 1996). Essas capa- cidades resultam em desempenho e escalabilidade variados para lidar com projetos envolvendo um grande némero de instiincias de objetos e regras. A gama de regras que podem ser embutidas em um grafo paramétrico de- termina a generalidade do sistema. Familias de objetos paramétricos sao definidas usando pardmetros que envolvem distancias, Angulos e regras como: ligado a, paralelo a e distancia de. A maioria permite condig6es “se-ento”. Sua definigdo € uma tarefa complexa, embutindo conhecimento sobre como eles devem com- portar-se em diferentes contextos. Condigdes “se-ent&o” substituem uma familia de objetos ou um detalhe de projeto por outro, com base no resultado do teste de alguma condigdo. Elas so usadas em detalhamento estrutural, por exemplo, para selecionar o tipo desejado de conexiio, dependendo das cargas e os elementos que esto sendo conectados. Essas regras também sao necessérias para definir efeti- vamente caminhos de dutos e tubulagées, inserindo automaticamente cotovelos e tés corretamente especificados. ‘Algumas ferramentas de projeto BIM suportam relagdes paramétricas para curvas e superficies complexas, como splines e B-splines nao uniformes (NUR- BS). Essas ferramentas permitem que formas curvas complexas sejam definidas e controladas de maneira semelhante a outros tipos de geometria. Varias das prin- cipais ferramentas BIM no mercado ndo incluem essas capacidades, possivelmen- te por razGes de desempenho e confiabilidade. A definigéo dos objetos paramétricos também proporciona diretrizes para sua posterior cotagem em desenhos. Se janelas sao posicionadas em uma parede de acordo com um deslocamento de uma extremidade da parede até o centro da jancla, a cotagem padrdo seré feita dessa forma em desenhos posteriores. A linha de controle da parede e as intersecdes das extremidades definem o posicionamento da cota da parede. (Em alguns sistemas, esses padrées podem ser suplantados.) Copitulo 2 Ferramentas BIM © Modelagem Paramétrica 45 22.1 Uma capacidade basica dos sistemas de modelagem 3D paramétrica é a detecgao de interferéncia entre objetos. Estes podem ser interferéncias estritas (hard), como um tubo que encontra uma viga, ou interferéncias brandas (soft) de objetos que esto muito perto um do outro, como vergalhdes numa arma- dura com espagamento muito estreito para o agregado passar ou uma viga de ago ou tubo que possui espaco insuficiente para a isolagdo ou uma cobertura de concreto. Os objetos que sao automaticamente posicionados por regras pa- ramétricas podem levar as interferéncias em conta e atualizar automaticamente © leiaute para evit4-las. Outros nao o fazem. Essa questo varia de acordo com 08 objetos especificos que estdo sendo posicionados e as regras embutidas ne- les. Espagos fechados sao as unidades funcionais primédrias produzidas na maio- ria das construgées de edificagdes. Sua érea, volume, composiggo da drea super- ficial ¢ frequentemente sua forma ¢ distribuigéo interna esto entre os aspectos mais criticos para cumprir os objetivos do empreendimento de construgdo. Os es- pagos so os vazios dentro dos objetos sdlidos da construgo e em geral derivam dos sdlidos do entorno. Eles s4o derivados nas ferramentas atuais de diferentes maneiras: definidos automaticamente e atualizados sem a intervengao do usud- rio; atualizados sob demanda; gerados em planta, definidos por uma poligonal ¢ entao extrudados até altura do teto, Esses métodos proporcionam varios niveis de consisténcia, gerenciamento pelo usuario e precisio. Ao mesmo tempo, as defini- ges de espago contém as localizagées da maior parte das fungées do edificio, ¢ muitas anélises sao aplicadas a clas, como para simulages de energia, actistica ¢ fluxo de ar. O US General Services Administration realizou um primeiro nivel de capacidades nessa area, mas essa habilidade se tornaré cada vez mais importante para alguns usos discutidos no Capitulo 5. As capacidades das ferramentas de projeto BIM para definigdo de espago (até o inicio de 2007) esto mostradas na Tabela 2-1. ‘A modelagem de objetos paramétricos fornece uma maneira poderosa para criar e editar geometria. Sem ela, a gerago ¢ o projeto de modelos seriam extre- mamente incémodos e sujeitos a erros, como constatou com grande desaponta- mento a comunidade da engenharia mecénica depois do desenvolvimento inicial da modelagem de sélidos. Projetar uma construgéo que contém um milhao ou mais de objetos pode ser impraticdvel sem uma plataforma que permita uma efe- tiva edigdo de projetos automética de baixo nivel. Estruturas topolégicas Quando colocamos uma parede em um modelo paramétrico de um edificio, as- sociamos automaticamente a parede As superficies que a delimitam, seus planos de piso base, as paredes que suas extremidades encontram, qualquer parede que a encontre e as superficies do teto recortando sua altura. Ela também limita os espagos em seus dois lados. Quando se coloca uma janela ou uma porta em uma parede, define-se uma relagdo de conexao entre a janela e a parede. Da mesma forma, em tubulagées é importante definir se as conexdes so rosqueadas, sol- dadas ou tém flanges e parafusos. As conexGes em matematica so chamadas de 46 Manual de BIM 2:2;2. topologia e — diferentemente da geometria — so essenciais para a representagao de um modelo de construgdo e so um dos aspectos fundamentais da modelagem paramétrica. ‘As conexdes carregam trés importantes tipos de informagdo: o que pode ser conectado; em que consiste a conexo; ¢ como ela é compdsta em resposta a varios contextos. Alguns sistemas restringem os tipos de\objeta a que um objeto pode ser conectado, Por exemplo, em alguns sistemas, as paredes podem conec- tar-se a paredes, tetos ¢ pisos, mas uma aresta de parede ndo pode se conectar a uma escada, a uma janela (perpendicularmente) ou a um armério. Alguns siste- ‘mas incluem boas préticas para excluir relagdes como essas. Por outro lado, proi- bi-las pode forgar os usudrios a recorrer a alternativas em certas circunsténcias especiais. As conexdes entre objetos podem ser manipuladas de diferentes formas em modelos de construgéio. Os pregos de uma placa de gesso acartonado ou de montantes de madeira na guia do piso raramente so detalhados, mas so cober- tos por uma especificagio escrita. Em outros casos, a conexio deve ser definida explicitamente com um detalhe, como os detalhes para embutir janelas em painéis arquitetGnicos pré-moldados. (Aqui se usa a palavra conexio genericamente para incluir jungées ¢ outras ligagdes entre elementos.) A topologia e as conexdes sao aspectos criticos de uma ferramenta BIM que especifica quais tipos de relagdes podem ser definidas nas regras. Elas também so importantes como objetos de projeto, e geralmente requerem especificag&o ou detalhamento. Em ferramentas BIM de arquitetura, as conexGes raramente sao definidas como elementos explici- tos. Em ferramentas BIM em nfvel de fabricagao, elas sempre s4o definidas como elementos explicitos. Manipulagao de propriedades e atributos A modelagem paramétrica baseada em objetos trata geometria ¢ topologia, mas 0s objetos precisam carregar uma variedade de propriedades se eles forem inter- pretados, analisados, precificados e adquiridos por outras aplicagées. As propriedades incluem especificagdes de material necessérias para a fa- bricagdo, como resisténcia do ago ou do concreto e especificagdes de parafusos e soldas; propriedades de materiais relacionadas a itens de desempenho, como actistica, refletancia de luz e fluxo térmico; propriedades para montagens, como sistemas de parede e piso a teto ou montagens de ago e concreto pré-moldado baseados em peso, comportamento estrutural, etc.; ¢ propriedades de espagos, como ocupacao, atividades e equipamentos necessdrios para andlises energéticas. ‘As propriedades raramente so usadas de maneira separada. Uma aplicagao de iluminago requer cores de materiais, coeficiente de reflexao, expoente de re- flexio especular e possivelmente um mapa de textura ¢ relevo. Para anélise precisa de energia, uma parede requer um conjunto diferente. Entao, as propriedades sio organizadas de forma apropriada em conjuntos e associadas com certas funges. As bibliotecas de conjuntos de propriedades para diferentes objetos ¢ materiais séo parte integral de uma ferramenta de geragao de modelos BIM bem desenvol- vida e do ambiente no qual a ferramenta reside. Os conjuntos de propriedades Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 47 nem sempre sio disponibilizados pelo fornecedor do produto, e frequentemente tém de ser aproximados pelo usuario, pela empresa do usuario ou a partir de dados da American Society of Testing and Materials (ASTM). Ainda que as orga- nizagdes como o Construction Specifications Institute estejam examinando esses temas, o desenvolvimento de conjuntos de propriedades para dar suporte a uma grande gama de ferramentas de simulacdo e andlise ainda nao foi adequadamente tratado, e é deixado a cargo dos usudrios. A geragao atual de ferramentas BIM tem como padrao um conjunto mfnimo de propriedades para a maioria dos objetos e oferece a capacidade de acrescentar um conjunto extensfvel. Diversas ferramentas BIM existentes oferecem classes Uniformat™ para associar elementos para estimativa de custos. Os usu4rios ou ‘uma aplicagéo devem acrescentar propriedades para cada objeto relevante para produzir certo tipo de simulagdo, estimativa de custo ou andlise, e também devem gerenciar sta adequagao para varias tarefas. O gerenciamento dos conjuntos de propriedades se torna problemético porque diferentes aplicages para a mesma fungéo podem demandar propriedades ¢ unidades um tanto diversas, como para energia ¢ iluminagao. Hé pelo menos trés caminhos para o gerenciamento das propriedades para um conjunto de aplicagoes: * Pela predefinigio delas em bibliotecas de objetos de forma que elas sfio acrescentadas a0 modelo de projeto quando uma instancia do objeto é criada, ** Pelo usuério, acrescentando-as conforme necessdrias para'uma aplicagao a partir de uma biblioteca de conjuntos de propriedades armazenada. ‘ Pelas propriedades sendo automaticamente atribuidas, quando elas so cexportadas para aplicag6es de anélise ou simulagao. A primeira alternativa € boa para o trabalho de produgao envolvendo um conjunto padrao de tipos de construgao, mas requer uma cuidadosa definigao do usuério para objetos personalizados. Cada objeto carrega uma quantidade extensa de dados de propriedades para todas as aplicagGes relevantes, mas so- mente algumas podem ser efetivamente usadas. Definigdes extras podem di- minuir o desempenho de uma aplicagdo ¢ aumentar o tamanho de seus obje~ tos. A segunda alternativa permite que os usudrios selecionem um conjunto de objetos semelhantes ou conjuntos de propriedades para exportar para uma aplicacdo. Isso resulta num processo de exportagao mais demorado. O uso rei- terado de ferramentas de simulacdo pode requerer a adi¢ao das propriedades toda vez que a aplicagao for executada. Isso pode ser necessério, por exemplo, para examinar sistemas alternativos de janelas e paredes para eficiéncia ener- gética. A terceira abordagem mantém a aplicacao de projeto leve, mas requer © desenvolvimento de uma rotulagem de materiais compreensiva, que possa ser usada por todos os tradutores na exportagao para associar um conjunto de propriedades para cada objeto, Os autores acreditam que a terceira abordagem 6 desejdvel em longo prazo para manipulagio de atributos. As classificagoes de objetos e rotulagem de nomes necessatias para essa abordagem ainda precisam 48 Manual de BIM 2.2.3 ser desenvolvidas. Atualmente, miltiplas rotulagens devem ser desenvolvidas, uma para cada aplicagao. O desenvolvimento de conjuntos de propriedades e bibliotecas de class cago de objetos apropriadas ao suporte de tipos diferentes de aplicagdes é um tema amplo, que est sendo considerado pelo Construction Specification Insti- tute of North America e por outras organizagdes nacionais de especificagao. Isso é considerado com maior detalhe na Segao 5.3.3. Uma solugao completa ainda ndo existe, mas precisa ser desenvolvida para a utilizagao integral das tecnologias BIM. Bibliotecas de objetos, representando as melhores préticas das empresas ¢ produtos de construgdo comerciais especificos, s4o importantes componentes de um ambiente BIM. Essa importante facilidade 6 revista na Sego 5.4. Geragao de desenhos Mesmo que um modelo de construgao possua um leiaute geométrico completo de uma construgo e seus sistemas — ¢ os objetos possuam propriedades e espe- cificagdes — os desenhos continuardo a ser necessdrios, como relatérios extrafdos do modelo, ainda durante algum tempo. Os processos contratuais existentes e a cultura do trabalho, apesar de estar mudando, ainda sao centrados em desenhos, seja em papel ou eletrnicos. Se uma ferramenta BIM nfo dA suporte efetivo & extragdo de desenhos e um usuério tem de fazer muitas edigdes manuais para gerar cada conjunto de desenhos a partir de cortes, os beneficios do BIM séo significativamente reduzidos. Com a modelagem da informagao da construgao, cada instdncia de objeto da construgao — sua forma, propriedades e posicionamento no modelo — é defini- da somente uma vez. A partir do arranjo geral das instancias de objetos da cons- trugdo, desenhos, relatérios e conjuntos de dados podem ser extraidos. Devido a essa representacdo nfo redundante da construgao, todos os desenhos, relatérios € conjuntos de dados para andlises sao consistentes se retirados da mesma versio do modelo da construgio. Essa capacidade por si 86 j4 resolve uma fonte signifi- cante de erros e garante a consisténcia interna de um conjunto de desenhos. Com desenhos de arquitetura 2D normais, qualquer modificagdo ou edig&o deve ser transferida manualmente a miltiplos desenhos pelo projetista, resultando em er- tos humanos potenciais pela ndo atualizagao de todos os desenhos corretamente. Em construgSes pré-moldadas de conereto, essa pritica 2D tém se mostrado cau- sadora de erros que custam aproximadamente 1% do que & gasto na construgéo (Sacks et al. 2003). Desenhos de arquitetura nao se baseiam em projegées ortograficas, como se aprende nas classes de desenho da escola. Ao contrario, desenhos como as plantas, cortes ¢ elevagées incorporam conjuntos complexos de convengdes para registrar graficamente as informagées de projeto nas folhas de papel. Isso inclui a representagao simbélica de alguns objetos fisicos, a representagao tracejada de geometrias que ficam atrés do plano de corte em plantas, e uma representagdo muito seletiva com linhas tracejadas de objetos & frente do plano de corte, além das espessuras de linha e anotagSes. Sistemas mecdnicos, elétricos e hidrduli- cos em geral so representados esquematicamente (topologicamente), deixando Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 49 © leiaute final para o empreiteiro, depois que os equipamentos jé tenham sido escolhidos. Essas convengGes exigem que as ferramentas BIM de projeto incluam ‘um forte conjunto de regras de representagéo em suas capacidades de extragao de desenhos. Além disso, as convengées individuais das empresas devem ser acres- centadas a estas convengdes embutidas nas ferramentas. Essas quest6es afetam nao s6 como o modelo é definido dentro da ferramenta, mas também como a ferramenta é ajustada para a extragdo de desenhos. Parte de uma definigao de desenhos é derivada de como um objeto é defi- nido, como descrito anteriormente. O objeto tem um nome associado, anotagdes e, em alguns casos, formatos de espessura de linha para a apresentagao em di- ferentes vistas que sio carregados na biblioteca de objetos. O posicionamento do objeto também tem implicagdes. Se 0 objeto é posicionado em relagdo a uma intersegao da grade ou a uma extremidade de parede, é dessa forma que a posigiio do objeto ser cotada no desenho. Se o objeto é parametricamente definido em relago a outros objetos, como o comprimento de uma viga que seré posicionada de forma a cobrir a distncia entre suportes com espagamentos variados, entio o gerador de desenho nao cotaré automaticamente o comprimento, a menos que se diga ao sistema para derivar 0 comprimento da viga no momento da geragaio do desenho. A maioria dos modelos BIM de edificagSes nao incluem informagées 3D e atributos para todos os componentes de uma construg&o. Muitos séo mostrados somente em detalhes em corte. A maioria das ferramentas BIM de projeto forne- cem meios para extrair um desenho em corte no nivel de detalhe no qual ele foi definido no modelo 3D. A posigdo da segdo é registrada automaticamente com um simbolo de corte em uma vista em planta ou em elevagdo como uma referén- cia cruzada, e sua localizago pode ser movida, se necessdrio. O corte é detalhado manualmente mostrando os blocos de madeira, perfis, selantes e vedagGes neces- sdrios; ¢ as anotagées associadas siio colocadas no corte detalhado desenhado. Um exemplo é mostrado na Figura 2-12, com a figura a esquerda mostrando o corte extraido ¢ a da direita mostrando o corte detalhado com anotagGes dese- nhadas. Na maioria dos sistemas, esse detalhamento é associado ao corte no qual ele foi baseado. Quando elementos 3D no corte se modificam, eles se atualizam automaticamente no corte, mas os detalhes desenhados 4 mo devem ser atuali- zados manualmente. Para produzir desenhos, cada planta, corte e elevagdo € composta separa- damente com base nas regras acima de uma combinagao de cortes 3D e segdes 2D alinhadas. Eles so agrupados em folhas com margens ¢ legendas. Os leiautes das folhas so mantidos entre as sessGes e sao parte dos dados gerais do empre- endimento. ‘A produggo de desenhos a partir de um modelo 3D detalhado passou por uma série de refinamentos para tornd-la eficiente e facil. Abaixo se encontra uma lista ordenada de niveis de qualidade que agora podem ser suportados tecnica- mente, apesar de a maioria dos sistemas ndo ter atingido o nivel maximo na gera- gao de desenhos. A lista inicia com o nivel mais fraco. 1. Um nivel fraco de produgao de desenhos oferece a geragio de vistas ortogréficas em corte a partir de um modelo 3D, e 0 usudrio edita ma- 50 Manual de BIM FIGURA 2-12 0 corte inicial extraido do modelo da construgdo (esquerda) e o desenho detalhado manualmente, elaborado a partir do corte (direita). Imagem fornecida por cortesia da Autodesk. nualmente os formatos de linha e acrescenta cotas, detalhes e anota- des. Esses detalhes sao associativos, isto 6, enquanto o corte existir no modelo, as anotagdes so mantidas ao longo das versdes do desenho. Essas capacidades de associagéo so essenciais para a efetiva regene- ragao de desenhos para miltiplas verses. Nesse caso, o desenho é um relatério elaborado gerado a partir do modelo. 2. Uma melhoria sobre o nivel 1 (acima) é a definigao ¢ 0 uso de gabaritos de desenho associados aos elementos para um tipo de projegao (planta, corte, elevagao) que gera automaticamente cotas do elemento, atribui espessuras de linha e gera anotagées a partir de atributos definidos. Isso acelera bastante a configuragao inicial do desenho e melhora a produtividade, apesar de a configuragdo para cada familia de objetos ser tediosa, Somente modificagdes na apresentagao dos dados podem ser feitas nos desenhos; edigGes no desenho nao modificam o modelo. Nesses dois primeiros casos, o gerenciamento de relatérios deve ser fornecido para informar ao usuério que foram feitas mudangas no mo- delo, mas os desenhos nao podem se atualizar automaticamente para refletir essas mudangas até que eles sejam regenerados. 3. Atuais funcionalidades de desenho de alto nivel dao suporte & edigao bidirecional entre modelos e desenhos. Se os desenhos sao uma visio especializada dos dados do modelo, ent&éo mudangas de forma feitas nos desenhos devem ser permitidas e propagadas para o modelo. Nesse caso, os desenhos sao atualizados. Se mostradas em janelas ao lado de vistas do modelo 3D, atualizages em qualquer vista podem ser refe- renciadas imediatamente nas outras vistas. Vistas bidirecionais e forte capacidade de geragao de gabaritos reduzem ainda mais o tempo ¢ 0 esforgo necessérios para a geragio de desenhos. Tabelas de portas, janelas e ferragens so definidas de maneira similar As trés alternativas descritas. Isso significa que tabelas também so vistas do modelo © podem ser atualizadas diretamente. Um método gerador de relatérios estético Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica__ 51 € o mais fraco, e uma potente abordagem bidirecional é o mais forte. Tal bidire- cionalidade oferece beneficios importantes, incluindo a habilidade de trocar as ferragens usadas em um conjunto de portas por aquelas recomendadas na tabela, em vez trocé-las através do modelo. Em sistemas de modelagem BIM em nfvel de fabricaciio, esse sistema mis- turando leiaute 3D esquematico e detalhamento 2D nfo é usado, e assume-se que o projeto seja gerado principalmente a partir do modelo 3D do objeto. Nes- ses casos, vigotas, montantes, bases, soleiras e outras pegas mostradas na Figura 2-12 devem ser colocadas em 3D. Espessuras de linha ¢ hachuras sao definidas para o tipo de pega e aplicadas automaticamente. Alguns sistemas armazenam e colocam anotagdes associadas aos cortes dos objetos, ainda que essas anotagdes geralmente precisem de um reposicionamento para a obtengao de um leiaute bem composto. Outras anotagdes referem-se aos detalhes como um todo, como nome, escala ¢ outras notas gerais, ¢ estas devem ser associadas ao desenho como um todo. Tais capacidades chegam perto de uma extragdo atitomética, mas é impro- vayel que a automagio seja completa. Folhas de desenho tipicamente carregam mais informagao do que plantas, cortes e elevacées de um edificio. Elas incluem uma planta de situago, que mos- tra 0 posicionamento da construgao no terreno relativo a um dado geoespacial registrado. Algumas ferramentas de projeto BIM possuem capacidades de pla- nejamento de terreno bem desenvolvidas, outras nao. A Tabela 2-1 mostra quais ferramentas de projeto BIM incluem objetos de terreno. ‘Um objetivo atual Sbvio é automatizar 0 processo de produgio de desenhos © maximo possivel, uma vez que a maior parte dos beneficios iniciais de pro- dutividade de projeto (e custos) dependerd da extensdo da geragao automitica. Em algum ponto, a maioria dos participantes envolvidos no empreendimento da construgio adaptaré suas priticas a tecnologia BIM, como os fiscais de constru- G6es e instituigGes financeiras; estamos nos dirigindo lentamente em diregao a um mundo sem papel. Os desenhos continuardo a ser usados, mas como folhas de reviséo descartaveis para as equipes de construgao e outros usos. A medida que esas mudangas se tornam realidade, as convengées para desenhos de arquitetura provavelmente evoluirdo, permitindo que sejam personalizados para tarefas espe- cificas nas quais eles séo usados. Essa tendéncia esta descrita com maior detalhe na Segdo 2.3.3. Deve estar claro nesse ponto que a tecnologia BIM geralmente permite aos projetistas usarem a modelagem 3D em graus variados, com desenhos de cortes 2D preenchendo os detalhes que faltam. Os beneficios do BIM em intercambio de dados, lista de materiais, estimativa de custos detalhada ¢ outras ages sfio perdidos nesses elementos definidos somente em segdes 2D. Assim, a tecnologia BIM permite aos usudrios determinarem o nivel de detalhamento de modelagem 3D que eles desejam usar. Pode-se argumentar que uma modelagem completa de objetos 3D nao 6 razofivel. Poucos defenderiam a incluso de pregos, rufos e algumas formas de barreira de vapor como objetos 3D em um modelo de cons- trugéio. Por outro lado, a maioria dos projetos hoje s6 esté suportando o BIM parcialmente. Modelos ao nivel de fabricagio provavelmente so (ou deveriam ser) totalmente BIM. Essa tecnologia mista também € boa para empresas que 52 Manual de BIM 2.2.4 2.2.5 estéio comegando com o BIM, uma vez que elas podem utilizar a tecnologia de modo incremental. Escalabilidade Um problema que muitos usuérios encontram é a escalabilidade. Os problemas de escalabilidade sao encontrados quando um modelo se torna muito grande para ‘uso pratico, devido ao seu grande tamanho em meméria. As operagées se tornam muito lentas, de forma que até mesmo operagées simples se tornam impraticé- veis. Modelos de edificios séo grandes; mesmo formas 3D simples usam muito espago de memGria. Grandes edificagdes podem conter milhes de objetos, cada um com uma forma diferente. A escalabilidade € afetada tanto pelo tamanho do edificio, por exemplo, em Area, como pelo nivel de detalhe do modelo. Mesmo uma construgio simples pode encontrar problemas de escalabilidade se cada pre- go ¢ parafuso for modelado. ‘A modelagem paramétrica incorpora regras de projeto que relacionam a gcometria ou outros parametros de um objeto com aqueles de outros objetos. ‘A mudanca de uma grade de controle pode propagar atualizagées para toda a construgdo. Assim, é dificil dividir um projeto em partes para o desenvolvimento. As ferramentas BIM desenvolvidas para arquitetura geralmente nao possuem os meios para gerenciar um projeto espalhado em miiltiplos arquivos de objetos. Al- guns sistemas precisam carregar todos 0s objetos atualizados na meméria simul- taneamente € sao considerados baseados em meméria. Quando o modelo se torna grande demais para ser mantido na memGria, ocorre o uso da meméria virtual, 0 que pode resultar em um tempo de espera significativo. Alguns sistemas possuem métodos para propagar relacdes e atualizagGes entre os arquivos e podem abrir, atualizar e fechar miltiplos arquivos em uma tinica operagao. Eles so chamados de sistemas baseados em arquivos. Sistemas baseados em arquivos geralmente sdo mais lentos para projetos pequenos, mas sua velocidade diminui aos poucos medida que o tamanho do projeto cresce. De acordo com essas definigGes, o Revit e o ArchiCAD sao baseados em meméria; Bentley, Digital Project ¢ Tekla Structures sdo baseados em arquivos. Os processos de trabalho para ferramentas especfficas podem mitigar alguns dos problemas associados com a escalabilidade. Estes devem ser discutidos com os vendedores dos produtos. Questées relativas 4 memé6ria ¢ ao processamento naturalmente diminuirao A medida que os computadores se tornarem mais répidos. Processadores e siste- mas operacionais de 64 bits também proporcionarao uma ajuda significativa. Em paralelo, no entanto, haverd o desejo por modelos de construgo mais detalhados. Problemas de escalabilidade estarao entre nés por algum tempo. Questées abertas Pontos fortes e limitacées da modelagem paramétrica baseada em objetos Um dos principais beneficios da modelagem paramétrica é o comportamento de projeto inteligente dos objetos. Essa inteligéncia, no entanto, tem um custo. Cada Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 53 tipo de objeto do sistema tem seu proprio comportamento ¢ associagdes. Como resultado, as ferramentas BIM de projeto so inerentemente complexas. Cada tipo de sistema da edificagao é composto de objetos que sao criados e editados de maneiras diferente. O uso efetivo de uma ferramenta de projeto BIM em geral leva meses para ser proficiente. ‘Alguns projetistas preferem software de modelagem, como Scketch Up, Rhi- no e FormZ, que nao sao ferramentas baseadas em modelagem paramétrica. Ao contrério, elas tém um modo fixo de editar geometricamente os objetos, variando apenas de acordo com os tipos de superficie usadas; e essa mesma funcionalidade & aplicada a todos os tipos de objetos. Assim, uma operagio de edigdo aplicada a paredes tera o mesmo comportamento quando aplicada a tubulagdes. Nesses sistemas, os atributos que definem o tipo do objeto e sua intengdo funcional, se chegarem a ser definidos, podem ser acrescentados quando o usuario quiser, no quando ele € criado. Pode-se argumentar que, para uso em projeto, a tecnologia BIM com seu comportamento especffico para cada objeto no é sempre a melhor. Esse t6pico é mais explorado no Capitulo 5. Por que modeladores paramétricos diferentes néo podem intercambiar seus modelos? Com frequéncia pergunta-se por que as empresas no podem intercambiar um modelo do Revit com o Bentley Architecture, ou intercambiar ArchiCAD com Digital Project. A partir da visdo geral discutida anteriormente, pode-se perceber que a razio para esta falta de interoperabilidade é que ferramentas BIM diferentes se baseiam em definigdes diferentes para seus objetos base. Esses so os resulta- dos de diferentes capacidades envolvendo tipos de regras na ferramenta BIM e as regras aplicadas nas definigoes de familias de objetos. Esse problema aplica- -se somente a objetos paramétricos, ndo aqueles com propriedades fixas. Esses problemas podem desaparecer se e quando as organizacées entrarem em acordo sobre uma padronizagao para as definigdes dos objetos. Até Ié, intercmbios para alguns objetos estardo limitados ou falhardo. Melhoras virdo incrementalmente, a medida que a demanda para resolver esses problemas faga as implementagdes valerem a pena, ¢ as miiltiplas questées relacionadas sejam resolvidas. O mesmo problema existe na manufatura e ainda nfo foi resolvido. Existem diferengas inerentes nas ferramentas BIM de construgao, fabricagGo e projeto? A mesma plataforma BIM pode dar suporte tanto ao projeto quanto ao detalha- mento para fabricagéo? Uma vez que a base tecnoldgica para todos esses sis- temas tem muito em comum, nao hé razio tecnolégica para que ferramentas BIM de projeto de construgdo e de fabricacdo néo possam oferecer produtos em cada uma das outras areas. Isso esté acontecendo até certo ponto com o Revit Structures e o Bentley Structures. Eles esto desenvolvendo algumas das capaci- dades oferecidas pelas ferramentas BIM em nivel de fabricagéo. Ambos os lados tratam do mercado dos escritérios engenharia e, em menor grat, o mercado das construtoras; mas o conhecimento especifico necessdrio para dar suporte ao uso 54 Manual de BIM produtivo completo nessas éreas ricas em informagao iré depender da grande incluso dos comportamentos necessdrios nos objetos, que séo muito diferentes para cada sistema do edificio. O conhecimento especializado dos comportamen- tos especificos dos objetos de sistemas do edificio é mais prontamente inclufdo quando ele esté regrado, como no projeto de sistemas estruturais. As interfaces, relat6rios e outras questées do sistema podem variar, mas é provavel que vejamos ‘uma luta no meio de campo por algum tempo enquanto cada produto tenta am- pliar seus domfnios no mercado. Existem diferencas substanciais entre ferramentas de modelagem paramétrica orientada @ manufatura e ferramentas BIM? Um sistema de modelagem paramétrica para projeto mecdnico pode ser adaptado para o BIM? Algumas diferengas na arquitetura do sistema so destacadas na Se go 2.3.1. E claro que ferramentas de modelagem paramétrica para mec&nica j foram adaptadas para 0 mercado de AEC. O Digital Project, baseado no CATIA, € um exemplo ébvio. O Structureworks também é um produto para detalhamento e fabricago de concreto pré-moldado baseado no Solidworks. Em outras reas, como tubulagées, fabricagdo de paredes-cortina e projeto de dutos, pode-se es- perar ver tanto ferramentas de modelagem paramétrica mecdnica quanto ferra- mentas BIM de arquitetura e em nivel de fabricagdo brigando por esses mercados. A faixa de funcionalidades oferecidas em cada mercado segue sendo definida. O mercado € 0 campo de batalha. Este capitulo forneceu uma viséo geral das capacidades bésicas das ferra- mentas BIM de projeto resultando de seu desenvolvimento como ferramentas de projeto paramétrico baseadas em objetos. Agora serao examinadas as principais ferramentas BIM de projeto e suas diferengas funcionais. VISAO GERAL DOS PRINCIPAIS SISTEMAS DE GERACAO DE MODELOS BIM A seguir esto resumidas as principais capacidades que distinguem os diferentes sistemas BIM de projeto, como apresentado nas segdes anteriores deste capitulo. As capacidades se aplicam tanto aos sistemas orientados ao projeto quanto as ferramentas BIM de fabricagdo. Essas capacidades distintas so propostas para aqueles que desejam empreender um primeiro nivel de revisdo e avaliagdo de sis- temas alternativos, de forma a tomar uma deciso bem informada quanto a uma plataforma para um empreendimento, um escritério ou toda a empresa. A escolha afeta as préticas de produgdo, a interoperabilidade e, de certa forma, as capacida- des funcionais de uma organizacao de projeto para fazer tipos especificos de pro- jetos. Os produtos atuais também possuem diferentes capacidades considerando a interoperabilidade, o que afeta sua habilidade de colaborar e pode levar a fluxos de trabalho intrincados e replicagao de dados. E preciso enfatizar que nenhuma plataforma seré ideal para todos os tipos de empreendimentos, Idealmente, uma organizac&o deve suportar varias plata- formas e usar uma ou outra dependendo do empreendimento especifico. Nesse Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 55 2.3.1 estégio inicial, um esforgo para adotar qualquer uma das ferramentas BIM dis- poniveis € uma empreitada significativa, que € discutida nos capitulos seguintes. Isso envolve 0 conhecimento da nova tecnologia, das novas habilidades organiza- cionais que ela pressupée, e 0 aprendizado e gerenciamento dessas habilidades. Esses desafios vao diminuir com o tempo, & medida que a curva de aprendizado para um sistema for vencida. Porque as funcionalidades das ferramentas de pro- jeto BIM estfio mudando rapidamente, é importante acompanhar as anélises das verses atuais na AECBytes, Cadalyst e outras revistas de CAD AEC. Distinguindo capacidades Dentro de um contexto comum de proporcionar modelagem paramétrica baseada em objetos, as ferramentas BIM de criagao e edigao incorporam diferentes tipos de capacidades. Elas so descritas abaixo em uma ordem aproximada segundo nosso senso de seu nivel de importéncia. Interface do Usuério: As ferramentas BIM sao bastante complexas ¢ pos- suem muito mais funcionalidades que as ferramentas CAD anteriores. Algu- mas ferramentas BIM de projeto tém uma interface relativamente intuitiva fécil de aprender, com uma estrutura modular para suas funcionalidades, enquanto outras colocam maior énfase em funcionalidades que nem sempre esto bem integradas no sistema como um todo. Os critérios considerados aqui devem incluir: consisténcia dos menus entre as funcionalidades do sis- tema, seguindo convengées padrao; esconder menus eliminando ages irre- Ievantes, sem significado no contexto das agées atuais; organizagao modular de diferentes tipos de funcionalidade e ajuda online fornecendo mensagens ‘em tempo real e explicagdes em linhas de comando sobre operagées ¢ en- tradas. Apesar de questées de interface do usuério parecerem menores, uma interface de usudrio ruim resulta em longos perfodos de aprendizado, mais erros ¢ com frequéncia, nao se consegue aproveitar totalmente as funciona- lidades disponfveis no aplicativo. Geragao de Desenhos: Quio facil é gerar desenhos ou conjuntos de de- senhos e manté-los ao longo de miltiplas atualizag6es e séries de versdes? A avaliagao deve incluir a répida visualizagao dos efeitos de mudangas do modelo em desenhos, fortes associagdes, de modo que as mudangas no mo- delo se propaguem diretamente aos desenhos e vice-versa, € geragao efetiva de gabaritos que permitam aos tipos de desenho gerar tanta formatagéio automética quanto possivel. Uma reviséo mais completa da funcionalidade é apresentada na Segao 2. Facilidade de Desenvolver Objetos Paramétricos Personalizados: Isso é avaliado considerando a existéncia e facilidade de uso de uma ferramenta de esbogo para a definigao de objetos paramétricos; determinando a exten- s&0 do conjunto de regras ou vinculos do sistema (um conjunto de vincu- los geral deve incluir distdncia, Angulo, inclusive ortogonalidade, regras de tangenciamento de faces adjacentes e de linhas, e condigSes “se-entao”), sua habilidade de ligar os objetos com interface do usudrio para que sejam 56 Manual de BIM facilmente embutidos num projeto, e sua habilidade de suportar a monta- gem paramétrica de objetos. Esses t6picos sao explicados em detalhes na Segdo 2.1.4. Escalabilidade: A habilidade de lidar com combinagdes de projetos de grande escala e modelagem em alto nivel de detalhes. Isso envolve a habi dade do sistema de permanecer interativo e de responder independentemen- te do numero de objetos 3D paramétricos no projeto, Um tema fundamental 60 grau em que o sistema é baseado em disco em termos de gerenciamento de dados, em vez de ser baseado em meméria. Sistemas baseados em disco sio mais lentos para projetos pequenos, mas o tempo de atraso aumenta pouco a medida que o projeto cresce. O desempenho dos sistemas baseados em meméria diminui rapidamente uma vez que o espago em meméria seja exaurido. Essas questdes so parcialmente limitadas pelo sistema operacio- nal; o Windows XP suporta no maximo 2GB de meméria de trabalho para cada processo. Arquiteturas de 64 bits climinam a restrig&o de uso de me- méria, O desempenho da placa gréfica é importante para alguns sistemas. O t6pico é discutido na Segao 2.2.4. Interoperabilidade: Os dado do modelo so gerados, em parte, para se- rem compartilhados com outras aplicagdes com vistas a estudos iniciais de viabilidade do empreendimento, para colaboragio com engenheiros e outros consultores e depois para construgao. Isso é suportado pelo grau com que a ferramenta BIM proporciona interfaces diretas com outros produtos es- peofficos ¢, mais genericamente, seu suporte a importagdo e exportaco por meio de padrées abertos de intercdmbio de dados, que sdo vistos em detalhe no Capitulo 3. Extensibilidade: Uma ferramenta BIM de criagao e edigdo serve tanto para 0 uso final quanto como uma plataforma para personalizagao e€ extensao. As capacidades para extenso sio avaliadas baseadas em se elas fornecem © suporte para scripts — uma linguagem interativa que acrescenta funcio- nalidades ou automatiza tarefas de baixo nivel, semelhante ao AutoLISP® no AutoCAD -, uma interface bidirecional no formato Excel e uma am- pla e bem documentada interface de programago de aplicagées (applica- tion programming interface — API). Linguagens de script ¢ interfaces Excel geralmente so para usudrios finais, enquanto uma API é para desenvol- vedores de software. Essas capacidades sao necessérias, dependendo da extensfio que a empresa espera personalizar, particularmente na drea de interoperabilidade. Modelagem de Superticies Curvas Complexas: Suporte para a criagdo e edicdo de modelos de superficies complexas baseadas em quédricas, splines e B-splines no uniformes é importante para firmas que fazem esse tipo de trabalho ou estio planejando fazer. Essas capacidades de modelagem geométrica em uma ferramenta BIM sao parte da sua prépria base; elas no podem ser acrescentadas posteriormente. Ambiente Multiusuério: Alguns sistemas suportam colaboragdo entre in- tegrantes de uma equipe de projeto. Eles permitem que miltiplos usuérios Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 57 2.3.2 criem ¢ editem partes do mesmo projeto diretamente de um nico arquivo de projeto, e gerenciam o acesso dos usuarios a essas diversas partes de informagées. A seguir oferecida uma visio geral das atuais capacidades das principais plataformas de geragdo de modelos de construgao. Alguns dos sistemas listados somente dao suporte a fungdes de projeto de arquitetura, outros somente a varios tipos de sistemas da construgao em nivel de fabricagao e outros suportam ambos. Cada avaliagéo € para a versio do sistema de software indicada; versdes posterio- res podem ter melhores ou piores capacidades. A revisio foi feita de acordo com 08 critérios apresentados. Ferramentas BIM para projeto de arquitetura Cada plataforma BIM de projeto é apresentada em termos de sua heranga, or- ganizagio corporativa, familia de produtos da qual faz parte, se usa um tinico arquivo ou varios arquivos por projeto, suporte para uso simulténeo, interfaces suportadas, tamanho da biblioteca de objetos, classe geral de prego, sistema de classificagdo da construgéio suportado, escalabilidade, facilidade de geracao de desenhos, suporte a cortes 2D, tipos de objetos e atributos derivados, e facilidade de uso. Como é amplamente entendido, a aquisigéo de um pacote de software € muito diferente da maioria das outras aquisigdes. Enquanto a aquisigéo de um carro é baseada em um produto e um conjunto de caracteristicas bem especificos, um pacote de software envolve tanto suas capacidades atuais quanto o cami- nho de desenvolvimento de melhorias que sao langadas regularmente, pelo me- nos anualmente. Um cliente est4 comprando tanto o produto atual quanto suas evolugées, de acordo com o que foi projetado pela companhia. Também se esté adquitindo um sistema de suporte com 0 qual pelo menos uma pessoa na firma estaré lindando. O sistema de suporte é uma adig&o 4 documentagao fornecida ao usudrio e ao suporte online dentro da ferramenta BIM. Além da rede de suporte do fabricante, um proprietério do sistema de soft- ware também é parte de uma comunidade de usudrios mais ampla. A maioria proporciona comunicagdo por blog para uma ajuda entre participantes ¢ portais abertos para intercdmbio de familias de objetos. Isso pode ser livre ou disponivel a custos baixos. Revit: O Revit Architecture é 0 mais conhecido e atual Ider de mercado para 0 uso do BIM em projetos de arquitetura. Ele foi introduzido pela Autodesk em 2002, depois da aquisigao do programa de uma empresa iniciante. O Revit é uma plataforma completamente separada do AutoCAD, com cédigo base e estrutura de arquivo diferentes. A versdo revisada aqui é a 9.1. O Revit é uma familia de produtos integrados que atualmente inclui o Revit Architecture, o Revit Structure o Revit MEP. Ela inclui interfaces gbXML para simulagao de energia e andlise de cargas; interfaces diretas com o ROBOT e o RISA para anilises estruturais ea habilidade de importar modelos do SketchUp, uma ferramenta de projeto concei- tual, e outros sistemas que exportam arquivos DXF. Interfaces de visualizagao in- cluem DGN, DWG, DWF™, DXF™, IFC, SAT, SKP, AVI, ODBC, gbXML, BMP, 58 Manual de BIM JPG, TGA e TIF. O Revit baseia-se nos cortes 2D como uma forma de detalhar a maior parte dos conjuntos. Pontos fortes do Revit: £ facil de aprender e sua funcionalidade 6 organi- zada em uma interface bem projetada e amigavel, Ele possui um amplo conjunto de bibliotecas de objetos desenvolvidas por terceiros. Fs interface preferida para interfaces de ligagao direta, devido a sua posigao no mercado. Seu suporte bi recional a desenhos permite'd ‘geragdo ¢ 0 gerenciamento de informagées com base em atualizag6es tanto do desenho quanto de vistas do modelo; ele da suporte ‘a operagées simultdneas no mesmo projeto; e inclui uma excelente biblioteca de objetos que suporta uma interface, multiusudrio. Pontos fracos do Revit: © Revit é um sistema baseado em meméria, o que o faz ficar significativamente mais lento para projetos maiores que cerca de 220 megabytes. Ele possui limitagGes nas regras paramétricas que lidam com angulos. Ele também nao suporta superficies curvas complexas, o que limita sua habilidade de dar suporte a projetos com elas ou referéncias a esse tipo de superficies. Bentley Systems: A Bentley Systems oferece uma ampla gama de produtos relacionados para arquitetura, engenharia ¢ construgdo. Sua ferramenta BIM de arquitetura, o Bentley Architecture, introduzido em 2004, é um descendente evo- luido do Triforma. Integrados ao Bentley Architecture esto 0 Bentley Structural, © Bentley Building Mechanical Systems, o Bentley Building Electrical Systems, o Bentley Facilities, 0 Bentley PowerCivil (para planejamento de terrenos) ¢ 0 Bentley Generative Components. Esses sistemas so baseados em arquivos, que significam que todas as ages sao imediatamente escritas para um arquivo resul- tando em menor carga na meméria. Terceiros desenvolveram muitas aplicagdes diferentes no sistema de arquivos, alguns incompatfveis com outros dentro da mesma plataforma. Portanto, o usuario pode precisar converter formatos de mo- delo de uma aplicagéo Bentley para a outra. Atualmente o Bentley Architecture estd na versao V8.9.2.42. As interfaces com aplicagGes externas incluem Prima- vera e outros sistemas de planejamento e STAAD e RAM para andlise estrutural. Suas interfaces incluem DGN, DWG, DXF™, PDE, STEP, IGES, STL e IFC. A Bentley também fornece um reposit6rio de modelo multiprojeto ¢ multiusudrio chamado de Bentley ProjectWise. Pontos fortes da Bentley Systems: A Bentley oferece uma ampla faixa de ferramentas de modelagem da construgio, lidando com quase todos os aspectos da inddstria de AEC. Ela também suporta a modelagem de superficies curvas complexas, incluindo Bezier e NURBS. Ela inclui miltiplos niveis de suporte para desenvolvimento de objetos paramétricos personalizados, inclusive o Parametric Cell Studio e o Generative Components. Seu plug-in de modelagem paramétri- ca, 0 Generative Components, permite a definigao de montagens de geometrias paramétricas complexas, ¢ tem sido usado em muitos projetos de construgdes vencedores de prémios. A Bentley fornece suporte escaldvel para grandes empre- endimentos com muitos objetos. Pontos fracos da Bentley Systems: Tem uma interface de usuério grande e no integrada, que é dificil de aprender e navegar; seus médulos funcionais he- terogéneos incluem diferentes comportamentos de objetos, tornando-o dificil de aprender. Ele possui bibliotecas de objetos menos amplas que produtos similares. Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 59 A deficiéncia na integragao de suas varias aplicagdes reduz o valor e a amplitude do suporte que esses sistemas proporcionam individualmente. ArchiCAD: O ArchiCAD é a mais antiga ferramenta BIM de projeto de arquitetura continuamente no mercado e disponivel hoje. A Graphisoft comegou a comercializar 0 ArchiCAD no infcio dos anos 1980. Ele é o Gnico sistema de CAD para arquitetura orientado a modelos e objetos que roda no Apple Macin- tosh. Com a matriz em Budapeste, a Graphisoft foi recentemente adquirida pela Nemetschek, uma companhia de CAD alema popular na Europa, com aplicagdes fortes em engenharia civil. A versio atual do ArchiCAD é 0 release 11.0. Hoje 0 ArchiCAD continua a servir a plataforma Mac, além do Windows, ¢ recentemente langou uma versio Mac OS X (UNIX). A Graphisoft introduziu recentemente varias aplicagées orientadas a construgao na plataforma ArchiCAD. No inicio de 2007, depois que a Graphisoft foi adquirida pela Nemetschek, as aplicagGes para construgo foram repassadas para a Vico Software, uma nova companhia que as est comercializando ativamente. Essas aplicagdes so discutidas no Capitulo 6. O ArchiCAD suporta uma gama de interfaces diretas, com Maxon para mo- delagem ¢ animagao de superficies curvas, ArchiFM para gerenciamento de facili- ties e o Sketchup. Ele possui interfaces com um conjunto de interfaces para ener- gia e sustentabilidade (gbXML, Ecotect, Energy+, ARCHiPHISIK e RIUSKA). Objetos paramétricos personalizados so definidos usando principalmente a lin- guagem script GDL (Geometric Description Language), que se baseia em cons- trugoes do tipo CSG e sintaxe semelhante ao Basic (Basic é uma linguagem de programacao simples, frequentemente ensinada a iniciantes). Ele contém amplas bibliotecas de objetos para usuarios e também tem uma interface ODBC. Pontos fortes do ArchiCAD: Possui uma interface intuitiva e relativamente simples de usar. Tem uma grande biblioteca de objetos € um rico conjunto de aplicagdes de suporte em construgao e gerenciamento de facilities. £ 0 tinico produto BIM forte disponivel atualmente para Macs. Pontos fracos do ArchiCAD: Tem certas limitagGes em suas capacidades de modelagem paramétrica, néo suportando regras de atualizagao entre objetos em uma montagem ou aplicacao de operagdes booleanas entre objetos (Khemlani 2006). Apesar de o ArchiCAD ser um sistema baseado na meméria, podendo en- contrar problemas com projetos grandes, ele possui modos efetivos de gerenciar tais projetos; cle pode repartir os projetos grandes em médulos, para que se possa gerencié-los, Digital Project: Desenvolvido pela Gehry ‘Technologies, o Digital Project (DP) é uma adaptagao para arquitetura e construgao do CATIA da Dassault, que é a plataforma de modelagem paramétrica mais usada para grandes sis- temas na indistria aeroespacial ¢ automobilfstica. O DP requer uma estado de trabalho poderosa para rodar bem, mas é capaz de lidar até mesmo com os maiores projetos. O estudo de caso do One Island East, no Capitulo 9, fornece um exemplo da habilidade do DP em modelar cada parte da torre de escrité- rios de 70 andares. Ele é capaz de modelar qualquer tipo de superficie e pode suportar a elaboragao de objetos paramétricos personalizados, que é para o que ele foi projetado. A estrutura Idgica do CATIA envolve médulos chamados Workbenches. Até o terceiro release da Versio 5, ele nao inclufa objetos base 60 Manual de BIM para edificagdes incorporados. Os usuétios podiam reutilizar objetos desen- yolvidos por outros, mas estes nado eram suportados pelo proprio DP. Com a introdug&o de Workbenches de Arquitetura e Estrutura, a Gehry Technologies adicionou um valor significativo ao produto base. Ainda que nao anunciado, 0 DP vem com muitos outros workbenches: o Knowledge Expert, que suporta a verificagio do projeto baseada em regras; o Project Engineering Optimizer, que permite a facil otimizagio de projetos paramétricos baseada em qualquer fungdo objetivo bem definida; e o Project Manager, para rastrear partes de um modelo ¢ gerenciar suas versdes. Ele possui interfaces com o Ecotect para es- tudos de energia. O DP suporta scripts VBA e possui uma forte API para desenvolvimento de add-ons. Ele possui as classificagdes Uniformat® e Masterformat® embutidas, 0 que facilita a integrago de especificages para estimativas de custos. Ele suporta os seguintes formatos de intercimbio: CIS/2, SDNF, STEP AP203 e AP214, DWG, DXF™, VRML, STL, HOOPS, SAT, 3DXML, IGES e HCG. No release 3, ele possui o suporte a IFC. Pontos fortes do Digital Project: Ele oferece capacidades de modelagem paramétrica poderosas ¢ completas, e € capaz de modelar diretamente conjuntos grandes e complexos controlando tanto superficies quanto conjuntos. O Digital Project se baseia em modelagem paramétrica 3D para a maior parte dos tipos de detalhamento. Pontos fracos do Digital Project: Ele tem uma curva de aprendizado mui- to ingreme, possui uma interface de usudrio complexa € um alto custo inicial. Suas bibliotecas de objetos predefinidos para a construgao ainda sao limitadas. Bibliotecas externas de objetos de terceiros so limitadas. Capacidades de dese- nho para o uso em arquitetura nao sao bem desenvolvidas; a maioria dos usuarios envia os cortes para sistemas de desenho para completé-los. Aplicag6es baseadas no AutoCAD: A principal aplicagio de construgéio da Autodesk sobre a plataforma AutoCAD € o Architectural Desktop (ADT). O ADT foi a ferramenta de modelagem 3D original da Autodesk antes da aquisigo do Revit. Ele é baseado em extensdes de sdlidos e superficies para o AutoCAD e proporciona uma transigéo do desenho 2D para o BIM. Ele tem um conjunto pre- definido de objetos arquitet6nicos e, ainda que nao seja totalmente paramétrico, ele proporciona muitas das funcionalidade oferecida por ferramentas paramét cas, incluindo a habilidade de criar objetos personalizados com comportamentos adaptativos. Arquivos externos de refer€ncia (- XREF) sao titeis para o geren- ciamento de grandes projetos. Os arquivos de desenhos permanecem separados do modelo 3D e devem ser gerenciados pelo usuario, ainda que com um grau de controle de versdes. Ele se baseia nas capacidades bem conhecidas do AutoCAD para produgao de desenhos. As interfaces incluem DGN, DWG, DWF™, DXF™ e IFC. Suas extensdes de programacio incluem interfaces AutoLISP, Visual Ba- sic, VB Script e ARX (C++). Aplicagdes 3D adicionais desenvolvidas sobre o AutoCAD vém de uma grande comunidade de desenvolvedores espalhada pelo mundo. Estas incluem 0 Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica_ 61 Computer Services Consultants (CSC), que oferece varios pacotes de projeto e andlise de estruturas, o AEC Design Group, que oferece o CADPIPE, o COADE Engineering Software, que oferece software de projeto de tubulagdes e plantas industriais, o SCADA Software AG, que desenvolve software de sistemas de con- trole, e outros grupos que produzem aplicagdes 3D para tubulagées, sistemas elétricos, ago estrutural, sistemas de combate a incéndio, sistemas de dutos, es- truturas de madeira e outros. Pontos fortes das aplicagées baseadas no AutoCAD: Ficil adogao pelos usuarios do AutoCAD em fungao da consisténcia da interface do usuario; facil uso devido a sua construgao em cima das funcionalidades de desenho 2D bem conhecidas do AutoCAD ¢ sua interface. Pontos fracos das aplicagées baseadas no AutoCAD: Suas limitagGes fundamentais so que eles nao sfio modeladores paramétricos que permitem a nao programadores definirem regras e vinculos de objetos; interfaces limitadas com outras aplicagées; uso deXREFs (com suas limitagoes de integragdo ineren- tes) para gerenciamento de projetos; um sistema baseado em meméria com pro- blemas de escalamento se as XREFs nfo so utilizadas; necessidade de propagar as modificagdes manualmente pelo conjunto de desenhos. Tekla Structures: O Tekla Structures é oferecido pela Tekla Corp., uma companhia finlandesa fundada em 1966, com escritérios espalhados pelo mun- do, A Tekla possui miiltiplas divisées: Edificagdes e Construgio, Infracstrutura ¢ Energia. Seu produto de construcdo inicial foi o Xsteel, que foi introduzido em meados dos anos 1990 ¢ cresceu a ponto de se tornar a aplicagéo de detalhamen- to de ago mais amplamente usada no mundo. Em resposta 4 demanda dos fabricantes de concreto pré-moldado na Euro- pa e na América do Norte (representada pelo consércio ad hoc Precast Concrete Software Consortium), as funcionalidades do software foram significativamente ampliadas para dar suporte ao detalhamento em nivel de fabricagdo de estrutu- ras e fachadas de concreto pré-moldado. Ao mesmo tempo, foram acrescenta- dos suporte para andlise de estruturas, ligagao direta com pacotes de andlise de elementos finitos (STAAD — Pro e ETABS) ¢ uma interface de programagao de aplicagoes (API) aberta. Em 2004, o software ampliado foi renomeado para Tekla Structures, para refletir seu suporte genérico para ago, concreto pré-moldado, madeira, concreto armado e para engenharia estrutural. O Tekla Structures suporta interfaces com os formatos de arquivo IFC, DWG™, CIS/2, DTSV, SDNF, DGN e DXF™. Ele também tem capacidades de exportagao para fabricago em equipamentos CNC e para software de automagio de plantas de fabricagéio, como o Fabtrol (ago) e o Eliplan (pré-moldados). Pontos fortes do Tekla Structures: Sua habilidade versatil de modelar es- truturas que incorporam todos os tipos de materiais estruturais e detalhamento; sua habilidade em dar suporte a modelos muito grandes e operagSes simultdneas no mesmo projeto com miitiplos usudrios ao mesmo tempo. Ele suporta a compi- lagdo de bibliotecas de componentes personalizados paramétricos complexos com pouca ou nenhuma programagao. 62 Manual de BIM Pontos fracos do Tekla Structures: Por set uma ferramenta poderosa, suas funcionalidades sao bastante complexas para aprender e utilizar plenamen- te. O poder de suas facilidades de componentes paramétricos, apesar de ser um ponto forte, requer operadores sofisticados que devem desenvolver alto nivel de habilidade. Ele nao é capaz de importar superficies multicurvadas complexas de aplicagées externas, algumas vezes levando a subterfigios. E relativamente caro. DProfiler: O DProfiler é um produto da Beck Technologies, localizada em Dallas, Texas. £ baseado em uma plataforma de modelagem paramétrica adqui- rida da Parametric Technologies Corporation (PTC) em meados dos anos 1990, depois que a PTC decidiu nao entrar mais no mercado de AEC. O DProfiler é uma aplicagio baseada em uma plataforma chamada de DESTINI, que evoluiu do software adquirido da PTC. O DProfiler suporta definigdes muito répidas do projeto conceitual de certos tipos de edificios e oferece um retorno relativo a custos e tempo de construgao. Para edificagdes que geram renda, como hotéis, apartamentos e edificios de escritérios, ele proporciona uma projegao completa do fluxo de caixa econémico. Ele suporta o planejamento para: edificios de es- critérios até 20 andares; edificios médicos de um ou dois andares; edificio de apartamentos e hotéis de até 24 andares; escolas do ensino fundamental ao mé- dio; prefeituras, igrejas, cinemas, etc. Com os relatérios financeiros e de plane- jamento, o usudrio ganha um conjunto de desenhos de projetos conceituais. Os usuarios podem entrar com os seus prdprios dados de custo ou usar dados do RSMeans. Sua propaganda indica 5% de preciso em seus c4lculos, mas estas so avaliagdes informais. Atualmente ele suporta exportagao para o formato do Sketchup e DWG para maiores desenvolvimentos. O estudo de caso do Hillwood (Segio 9.9) descreve seu uso. Suas interfaces incluem o Excel e o DWG. Outras aplicagdes que estiio sendo desenvolvidas na plataforma DESTINI incluem ané- lises de energia. Pontos fortes do DProfiler: O DProfiler esté sendo comercializado como um sistema fechado, principalmente para estudos de viabilidade antes que o pro- jeto real se inicie. Sua habilidade de criar avaliagdes econémicas de um empreen- dimento rapidamente é finica. Pontos fracos do DProfiler: O DProfiler nao é uma ferramenta BIM de propésito geral. Seu tinico propésito (atualmente) é avaliagao econ6mica de um empreendimento de construgao (estimativa de custos e, onde apropriado, previ- séo de faturamento). Uma vez que o modelo est completo, sua interface para dar suporte ao desenvolvimento total em outras ferramentas BIM de projeto 6 limitada a arquivos DWG 2D. Copitulo 2 Ferramentas BIM e Modelagem Paramétrica 63 (ME2ZB conciusAo ‘A modelagem paramétrica baseada em objetos é uma grande mudanga para a inddstria da construgio e estd facilitando bastante a mudanga de uma tecnologia artesanal baseada em desenhos para uma baseada em modelos digitalmente legi- veis, que podem ser intercambiados com outras aplicagées. A modelagem para- métrica facilita o projeto de modelos grandes e complexos em 3D, mas impée um estilo de modelagem e planejamento que é estranho para muitos usuérios. Como o CADD, ela é mais diretamente usada como uma ferramenta de documentagaio separada do projeto. Um ntimero crescente de firmas, no entanto, usam-na dire- tamente para projeto e para a geragao de resultados formidaveis. Alguns desses 1usos esto mencionados no Capitulo 5, e os estudos de caso no Capitulo 9 forne- cem mais exemplos. ‘A habilidade de extrair informagdes geométricas e de propriedades de um modelo de construgdo para uso em projeto, andlise, planejamento da construgio e fabricagdo, ou na operagdo terd grandes impactos em todos os aspectos das inddstrias de AEC. Muitas dessas oportunidades sao levantadas e discutidas nos capitulos seguintes. O potencial completo dessas capacidades nao seré completa- mente conhecido por pelo menos uma década, porque suas implicagées e novos sos so descobertos gradualmente. O que se sabe é que a modelagem paramé- trica baseada em objetos resolve muitas das questdes fundamentais de represen- taco em arquitetura e construgdo e permite retornos rdpidos para aqueles que esto migrando para cla, mesmo com uma implementacdo somente parcial. Esses retornos incluem uma redugo nos erros dos desenhos devido a consisténcia in- corporada em um modelo central da edificago e a eliminagao de erros de projeto baseada nas interferéncias espaciais. ‘Apesar de modelagem paramétrica baseada em objetos ter tido uma influén- cia catalisadora no surgimento e na aceitagao do BIM, ela nao é sinGnimo de ferramentas BIM ou da geragao de modelos de edificagGes. H4 muitas outras fer- ramentas de projeto, andlise, verificagdo, exibigdo ¢ relatérios que podem exercer um papel importante nos procedimentos do BIM. Muitos componentes ¢ tipos sao necessérios para projetar ¢ construir uma edificagéo completamente. Os au- tores acreditam que muitos tipos de software podem facilitar o desenvolvimento e a maturagao da Modclagem da Informagao da Construgao. As ferramentas BIM consideradas aqui so somente as mais novas em varias gerag6es de ferramentas, mas elas estiio de fato provando ser revolucionérias em seu impacto. 64 Manual de BIM Questées para discussao do Capitulo 2 ue Resuma as principais funcionalidades que distinguem as ca- pacidades de uma ferramenta BIM de projeto das ferramentas de modelagem CAD 3D. ‘A maioria das ferramentas BIM de projeto suportam tanto mo- delos de objetos 3D quanto cortes desenhados em 2D. Quais consideracdes poderiam ser feitas para determinar a mudanga no nivel de detalhes, como quando parar a modelagem em: 3D e completar os desenhos em 2D? Por que é pouco provével que um sistema tinico integrado incorpore um modelo paramétrico unificado de todos os siste- mas de uma edificagio? Por outro lado, quais poderiam ser as vantagens se Isso pudesse ser atingido? De quais modos algumas das atuais ferramentas populares de projeto ndo sGo ferramentas BIM? Sketchup? 3D Max Viz? FormZ? Rhino? Quais sao as diferencas essenciais entre uma ferramenta de modelagem paramétrica para manufatura, como o Autodesk Inventor, e uma ferramenta BIM de projeto, como Revit? Vocé acha que pode haver outras ferramentas de modela- gem paramétrica orientada a manufatura usadas como uma plataforma para desenvolver aplicagées BIM? Quais séo os custos de propaganda e os beneficios? Quals sGo as questées técnicas? Suponha que vocé 6 o diretor de informatica de uma firma de ‘arquitetura de porte médio (com menos de 25 empregados). A firma se especializa em construgdo de escolas. Proponha 0 esboco de uma estrutura para a biblioteca de objetos persona- lizada da empresa. Relacione com a lista de objetos incorpo- rados da Tabela 2-1 quando considerar sua resposta. Vocé faz parte de uma pequena equipe de amigos que decidiu Iniciar uma firma integrada de projeto-construcdo compreen- dendo um pequeno empreitetro comercial e dois arquitetos. Trace um plano para selecionar uma ou mais ferramentas BIM de criagéio de modelos. Defina os critérios gerais para todo o ambiente do sistema, CAPITULO 3 Interoperabilidade (ED sumArio executivo Nenhuma aplicagdo pode suportar sozinha todas as tarefas associadas ao projeto & produgdo de uma construgdo. A interoperabilidade representa a necessidade de passar dados entre aplicagdes, permitindo que miiltiplos tipos de especialis- tas ¢ aplicagdes contribuam para o trabalho em questo. A interoperabilidade baseia-se tradicionalmente em intercdmbio de formatos de arquivos, como 0 DXF (Drawing eXchange Format) ¢ 0 IGES, que intercambiam somente a geometria. Comegando no final dos anos 1980, os modelos de dados foram desenvol- vidos para dar suporte a intercdmbios de modelos de produtos e de objetos dentro de diferentes indéstrias, conduzidos pelo esforgo internacional de padronizagéo ISO-STEP. Os padrées de modelos de dados foram desenvolvidos tanto pela orga- nizagio ISO quanto por esforgos da indtistria, usando a mesma tecnologia, espe- cificamente a linguagem de modelagem de dados EXPRESS. A EXPRESS é legivel por maquina ¢ possui miltiplas implementagoes, incluindo um formato compacto de arquivo de texto, implementagdes de bancos de dados de objetos ¢ SQL ¢ imple- mentag6es em XML. Todas esto em uso. ‘Os dois principais modelos de dados de produtos de construgdo séo o Indus- try Foundation Classes (IFC) — para planejamento, projeto, construgdo e geren- ciamento de edificagSes — e 0 CIMsteel Integration Standard Version 2 (CIS/2) — para engenharia e fabricagdo de ago estrutural. Ambos representam geometria, relagdes, processos e materiais, desempenho, fabricagao e outras propriedades necessérias para o projeto ¢ a produgao, usando a linguagem EXPRESS. Ambos so frequentemente estendidos, com base nas necessidades dos usuarios. Uma vez que a EXPRESS suporta aplicagdes com méltiplos e redundan- tes tipos de atributos e geometrias, duas aplicagdes podem exportar ou importar informagées diferentes para descrever o mesmo objeto. Existe hoje uma busca 66 Manual de BIM pela padronizagio dos dados requeridos para intercdmbios de dados de fluxos de trabalho especfficos. Nos Estados Unidos, o principal esforgo nesse sentido 6 chamado de projeto National BIM Standards (NBIMS). A interoperabilidade impée um novo nivel de rigor de modelagem que as firmas ainda esto apren- dendo a gerenciar. Outros formatos para visualizagio de modelos - PDF 3D e DWF — proporcionam capacidades que resolvem alguns tipos de problemas de interoperabilidade. Os arquivos suportam o interc4mbio entre duas aplicag6es, mas h4 uma ne- cessidade crescente de coordenar dados em miiltiplas aplicagSes por meio de um repositério de modelos de construgdo. Somente dessa forma é possfvel alcangar 0 gerenciamento da consisténcia, dados e modificagdes para projetos grandes. No entanto, ainda hé algumas questées no resolvidas no uso geral de repositérios de modelos de construgao. ME IntropucAo O projeto ¢ a construgiio de uma edificagdo é uma atividade de equipe e, cada vez mais, cada atividade e cada tipo de especialidade é suportada e melhorada por suas proprias aplicagSes computacionais. Além da capacidade de suportar leiaute de geometria ¢ de material, ha andlises estruturais e de energia, estimativa de cus- tos ¢ planejamento da construgéo, questées de fabricagdo para cada subsistema € muito mais. A interoperabilidade identifica a necessidade de passar dados entre aplicagées, e para méiltiplas aplicagSes contribufrem em conjunto com o trabalho a fazer. A interoperabilidade climina a necessidade de replicar a entrada de dados que jé foram gerados e facilita fluxos de trabalho suaves ¢ automagao. Da mesma forma que arquitetura e construgao séo atividades colaborativas, as ferramentas que as apoiam também o sao. Mesmo no inicio do CAD 2D, no final dos anos 1970 e inicio dos anos 1980, a necessidade de intercambiar dados entre diferentes aplicagSes foi visivel. O sistema de CAD para AEC mais usado naquele tempo era o Intergraph. Um conjunto de empresas surgiu para escrever software para traduzir arquivos de projeto do Intergraph para outros sistemas, especialmente para projeto de plantas industriais, por exemplo, para intercambiar dados entre o software de projeto de tubulag6es e os aplicativos de lista de materiais ou de andlises. Mais tarde, na era pés-Sputnik, a NASA achou que estava gastando muito dinheiro com tradutores entre todos os seus desenvolvedores de CAD. O repre- sentante da NASA, Robert Fulton, juntou todas as companhias de software de CAD e solicitou que elas entrassem em acordo sobre um formato de dominio pé- blico para intercdmbio. Duas empresas financiadas pela NASA, Boeing e General Electric, ofereceram-se para adaptar alguns esforgos iniciais que elas estavam realizando separadamente. O padrao de intercimbio resultante foi batizado de IGES (Initial Graphics Exchange Specification). Usando 0 IGES, cada compa- nhia de software s6 precisa desenvolver dois tradutores (assim se pensava), para exportar de e importar para suas aplicagdes, em vez de desenvolver um tradutor Capitulo 3 Interoperabilidade 67 para cada um dos pares de intercdmbio. O IGES foi um primeiro sucesso que ainda é usado amplamente pelas comunidades de projeto e de engenharia. ‘Um dos impulsos para o desenvolvimento de ferramentas BIM de projeto foi o desenvolvimento jé existente de projeto paramétrico baseado em objetos usado em muitas atividades de suporte a construgio. Qualquer um que visite o departamento de cozinhas de uma Home Depot ou Lowes € capaz de selecionar, configurar e revisar um projeto de cozinha enquanto faz a compra. O que pode- ria ndo ter sido visto, no entanto, é como essas ferramentas planejam o corte da madeira maciga, das chapas de compensado ou outros materiais de construgao, como o software define automaticamente as jungdes ¢ mesmo o planejamento da produgao. Ferramentas similares existem desde meados dos anos 1990 para projeto em 3D, anilise e fabricagao de estruturas em ago. A fabricagéo em chapas de aco e dutos também esté dispontvel desde aquela época (essas tecnologias so examinadas no Capitulo 7). De fato, a maior parte da fabricagdo de sistemas de construgéio esté migran- do para a modelagem paramétrica e a fabricagéo auxiliada por computador. O vazio estava na parte inicial, envolvendo 0 projeto da edificagiio em si (Eastman et al. 2002). Além disso, é claro, ha os varios aplicativos para anélise de estruturas, de uso de energia, de iluminagao, acéistica, ventilagdo, etc. que tém potencial para fornecer informagées para 0 projeto (assim como revisé-lo ao final, que é onde essas ferramentas so mais usadas hoje). Uma vez que as ferramentas BIM de projeto foram desenvolvidas em uma inddstria em que essas diversas aplicagdes ja existem, a necessidade de fazer a interface ou interagir mais intimamente com essas ferramentas € um requisito basico. (ED «DIFERENTES TIPOS DE FORMATOS DE INTERCAMBIO. Intercdmbios de dados entre duas aplicagdes sfo tipicamente feitos em uma das quatro maneiras listadas abaixo: 1, Ligagoes diretas e proprietérias entre ferramentas BIM espectficas 2. Formatos de arquivos de intercdmbio proprietérios, principalmente li- dando com geometria 3. Formatos piblicos de intercmbio de modelos de dados de produtos 4, Formatos de intercdmbio baseados em XML LigagGes diretas proporcionam uma conexdo integrada entre duas aplica- Ges, geralmente chamadas a partir de uma ou ambas as interfaces de'usudtios. Elas se baseiam nas capacidades de interfaceamento de softwares mitidleware, como 0 ODBC ou 0 COM, ou em interfaces proprietétias, como a GDL do Ar- chiCad ou a MDL da Bentley. Todas sao interfaces em nivel de programagio, baseadas nas linguagens C, C++ ou C#. As interfaces tornam partes de modelo da construgio do aplicativo acessiveis para criaglo, exportagio, modifitago ou delecdo. 68 Manual de BIM Um formato de arquivo de intercmbio proprietitio € aquele que foi desen- volvido por uma empresa para interfacear com o aplicativo daquela companhia. Enquanto uma ligaco direta entre aplicagdes é uma interface binéria em tempo de execugio, um formato de intercdmbio é implementado como um arquivo em um formato de texto legivel por humanos. Um formato proprietirio de intercm- bio bem conhecido na érea de AEC é 0 DXF (Data eXchange Format) definido pela Autodesk. Outros formatos de intercmbio proprietirios incluem o SAT (de- finido pela Spatial Technology, que implementou o kernel ACIS para softwares de modelagem geométrica), STL para estereolitografia e o 3DS para o 3D-Studio. Uma vez que cada formato tem seu proprio objetivo, eles focam em capacidades funcionais especificas. Os formatos de intercmbio piblicos envolvem o uso de um padrao aberto para o modelo de construgao, dos quais o IFC (Industry Foundation Classes) (IAI 2007) ou 0 CIS/2 (CIS/2 2007) para aco so as principais opcdes. Note que 0s formatos de modelo de produto carregam propriedades de objetos e de ma- teriais e também relages entre objetos, além da geometria. Estas so essenciais para a interface com aplicagdes de andlise e gerenciamento de construgGes. As companhias de software, de forma razodvel, preferem fornecer inter- cambio para empresas especificas usando ligagGes diretas, porque elas podem suport4-las melhor e evitam que os clientes utilizem aplicagdes dos concorren- tes. As funcionalidades suportadas sao determinadas pelas duas companhias (ou divisdes dentro da mesma companhia). Uma vez que elas foram desenvol- vidas, depuradas e mantidas pelas duas companhias envolvidas, so tipicamente robustas para as verses do software para o qual foram projetadas, e para a funcionalidade pretendida. A interface resultante geralmente reflete um contra~ to de parceria em negécios para marketing e vendas. As interfaces so mantidas enquanto houver relago comercial entre as empresas. Por outro lado, hd um desejo natural de misturar e combinar aplicagdes para proporcionar funcionalidades além daquelas que podem ser oferecidas por qual- quer companhia de software sozinha. O método de integracao se torna crucial para empreendimentos envolvendo equipes grandes, porque conseguir a interoperabili- dade entre os diferentes sistemas usados pela equipe € mais facil do que mover as empresas de todas as equipes para uma tinica plataforma. O setor piblico também deseja evitar uma solugao proprietéria que daria a uma tnica plataforma um mo- nopélio, Somente o IFC e o CIS/2(para ago) so padr6es puiblicos e internacional- mente reconhecidos atualmente. Assim, o modelo de dados IFC provavelmente se tornard o padro internacional para intercdmbio de dados e integrago dentro das inddstrias de construgao de edificagoes. XML significa eXtensible Markup Language (Linguagem de Marcagao Ex- tensfvel), uma extensfo para o HTML, a linguagem base da web. O XML permite a definigao da estrutura e do significado de algum dado de interesse; essa estrutu- ra € chamada de schema (esquema). Os diferentes schemas XML suportam o in- tercAmbio de muitos tipos de dados entre as aplicagdes. O XML é especialmente bom para o intercémbio de pequenas quantidades de dados comerciais entre duas aplicagdes preparadas para esse intercdmbio. Capitulo 3_Interoperabilidade 69 Um resumo dos formatos de intercfimbio mais comuns na érea de AEC é lis- tado na Tabela 3-1. A Tabela 3-1 agrupa formatos de intercambio de acordo com seu uso principal. Estes incluem formatos de imagens para figuras baseadas em mapas de pixel, formatos 2D vetoriais para desenhos de linhas, formatos de su- perficies e sélidos 3D para formas 3D. Formatos 3D baseados em objetos sfo es- pecialmente importantes para os usos do BIM e foram agrupados de acordo com seu campo de aplicagao. Estes incluem os formatos baseados no ISO-STEP, que incluem informages de formas 3D juntamente com relagoes de conectividade Formatos de intercdmbio comuns em aplicagées de AEC JPG, GIF, TIF, BMP PIC, PNG, RAW, TGA, RLE Formatos matriciais variam em termos de compacidade, nimero de cores possiveis por pixel; ‘alguns comprimem com alguma perda de dados. Formatos vetoriais 2D DXF DWG, Al, CGM, EMF IGS, WME, DGN. Formatos vetoriais variam em compacidade, controle de espessura e podrées de linha, cor, camadas e tipos de curvas suportadas. Formatos de superficies e formas 3D 30S, WRL, STL, IGS, SAT, DXF, DWG, OBJ, DGN, PDF(3D), XGL, DWF, U3D, IPT, PTS. Formatos de superficie e formas 3D variam conforme os tipos de superficie e arestos representadas, se eles representam superficies e/ ‘ou sélidos, quaisquer propriedades da forma (cor, imagem bitmap, mapa de texturo) ou informagéo do panto do observador Formatos de intercémbio de objetos 3D STR EXP CIS/2 Formatos de modelo de dados de produtos representam a geometric de acordo com os tipos 20 ou 3D representados. Eles também carregam propriedades de objetos e relades entre objetos. Formatos de jogos RWO, X, GOF, FACT Os formatos de arquivos de jogos variam de acordo com os tipos de superficies, se eles possuem uma cestrutura hierérquica, tipos de propriedades de materiais, parémetros de mapas de textura e de relevo, animagao e skinning. Formatos de GIS SHP SHX, DBF DEM, NED Formatos de Sistemas de Informacao Geogrdifica Formatos XML AecXML, Obix, AEX, beXML, AGCxm! Esquemas XML desenvolvidos para intercémbio de dados da construgio. Eles variam conforme a informagdo intercambiada e os fluxos de trabalho suportados. 70 Manual de BIM atributos, dos quais 0 modelo de dados da construgio IFC o de maior impor- tancia. Também estio listados varios formatos de jogos, que suportam geometria fixa, iluminago e texturas juntamente com atores e geometria dinfmica que se movimenta, ¢ formatos pablicos de intercimbio dos sistemas de informagGes geo- gréficas (GIS) para terrenos 3D, usos da terra e infraestrutura. ‘Todos os métodos de interoperabilidade devem lidar com a questo de ver- sdes. Quando uma aplicagao é atualizada com novas capacidades, isso pode cau- sar falhas no mecanismo de intercdmbio, se ele nfo é mantido e as versdes do padrdo no sfo bem gerenciadas. (EE INFORMAGAO BASICA SOBRE MODELOS DE DADOS DE PRODUTOS Até meados dos anos 1980, quase todo intercmbio de dados em todos os cam- pos de projeto e engenharia era baseado em varios formatos de arquivos. O DXF ¢ 0 IGES sao exemplos bem conhecidos. Estes representavam formatos de intercdmbio efetivos para formas e outras geometrias, que era para o que eles foram projetados. No entanto, modelos de objetos de tubulagdes, mecAnicos, elétricos e de outros sistemas estavam em desenvolvimento, Se o intercAmbio de dados lidava com modelos de objetos complexos com geometria, atributos e relagdes, qualquer formato fixo de intercimbio de arquivo rapidamente se tornava grande e complexo a ponto de ser intitil. Essas questdes surgiram tanto na Europa quanto nos Estados Unidos mais ou menos no mesmo momento. Depois de algumas idas e vindas, a International Organization for Standardi- zation (ISO), em Genebra, Suiga, iniciou um Comité Técnico, TC184, para comegar um subcomité, SC4, de desenvolvimento de um padrao chamado de STEP (STandard for the Exchange of Product Model Data), ISO-10303, para tratar desses temas. A organizagio ISO-STEP desenvolveu um novo conjunto de tecnologias baseadas nos seguintes aspectos: © £ usada uma linguagem de modelagem legfvel por maquina, em vez de um formato de arquivo. © A linguagem enfatiza as declaragdes de dados, mas inclui capacidades procedimentais para regras e restrigdes. © A linguagem tem mapeamentos para diferentes implementag6es, incluin- do um formato de arquivo de texto, definicdes de esquemas de bancos de dados e, recentemente, esquemas XML. * Submodelos de referéncia sfio compartilhados e subconjuntos, reutiliza- dos de modelos padrao maiores para geometria, medigdes, classificagao de representagGes e outros usos genéricos. Um dos principais produtos do ISO-STEP foi a linguagem EXPRESS, desenvolvida por Douglas Schenck com contribuigo posterior de Peter Wilson Capitulo 3 Interoperabilidade 71 3.3.1 (Schenck and Wilson 1994). A EXPRESS adota muitos conceitos de orientagao a objetos, incluindo a heranga miltipla. Aqui, objeto se refere a um conceito de linguagem computacional que é muito mais do que representar objetos fisicos. Dessa forma, os objetos podem ser usados para representar objetos conccituais ou abstratos, materiais, geometria, conjuntos, processos e relacées, entre outras coisas. AEXPRESS tornou-se a ferramenta central para dar suporte a modelagem de produtos de uma larga gama de indéstrias: sistemas mecdnicos ¢ elétricos, plantas de processos, construgao de embarcagées, processos, mobiliério, modelos de elementos finitos, bem como a AEC. Também inclui uma grande quantidade de bibliotecas de caracteristicas, geometria, classificages, medigdes € outros para ser usadas como fundamentos comuns para modelos de dados de produtos. Tanto medidas métricas quando imperiais s4o suportadas. Como uma linguagem legivel por maquina é excelente para o uso computacional, mas dificil para hu- manos, uma verso gréfica da linguagem foi desenvolvida e é comumente usada, chamada de EXPRESS-G. O dominio do modelo de dados de produto para uma aplicag&io é chamado de Application Protocol (Protocolo de Aplicagao) ou AP. Todas as informagGes do ISO-STEP estéo em dominio pablico. Em fungio de sua legibilidade por m&quina, o EXPRESS pode ter miiltiplas implementagées. Estas incluem um formato compacto de arquivo de texto (cha- mado de arquivo Parte-21 ou P-21), implementagdes SQL e baseadas em objetos ¢ implementagdes em XML (formato Parte 28). Em torno do padréo STEP hé um grupo de empresas de software forne- cendo kits de ferramentas para implementagao e teste de software baseados no EXPRESS. Eles facilitam as varias implementagées, teste e implantagdo de capacidades de intercmbio baseadas no STEP, e incluem visualizadores gré- ficos e navegadores de modelo, software de testes e outras ferramentas de im- plementagao. Relagdo do IFC com o STEP ‘As organizagdes de AEC podem participar dos encontros do TC-184 ¢ iniciar projetos de desenvolvimento de AP do STEP. As organizagGes que nao esto no TC-184 também podem usar as tecnologias STEP para desenvolver modelos de dados de produtos com base na indiistria. Hé exemplos de ambas as abordagens em AEC, todas baseadas na tecnologia [SO-STEP: * AP 225 — Elementos de Construgdo Usando Representagio Explicita de Formas — 0 tinico modelo de dados de produto orientado a objetos da construg&o desenvolvido e aprovado pelo TC-184, Ele lida com o inter- cambio da geometria da consirugéo. « IFC ~ Industry Foundation Classes ~ um modelo de dados de produto desenvolvido pela inddstria, para projeto e para o ciclo de vida completo de construgdes, suportado pela IAL. 72___ Manual de BIM 3.3.2 © CIS/2 — CimSteel Integration Standard, Versio 2 — 6 um padrio desen- volvido pela indistria, para projeto, andlise e fabricagéo de estruturas de ago, suportado pelo American Institute of Steel Construction e pelo Construction Steel Institute do Reino Unido. © CIS/2 é amplamente uti- lizado e implementado. * AP 241 — Modelo Genérico para o Suporte do Ciclo de Vida Instalagdes AEC ~ trata de instalagdes industriais e se sobrepe as funcionalidades do IFC ~ proposto em 2006 pelo German National Committee (Comité Nacional Alemio); esté sob revisfio como um novo AP. O AP 225 é usado na Europa, principalmente na Alemanha, como uma al- ternativa ao DXF. Poucas aplicagSes de CAD tém suporte para ele. Até agora, o IFC esta limitado, mas crescendo em uso pelo mundo afora. A maioria das ferramentas BIM de projeto tem suporte a cle, em varios graus. Ele é descrito com mais detalhes na Segdo 3.3.3. O CIS/2 é amplamente usado na indastria de fabricagdo de ago estrutural norte-americana. O AP 241 6 uma proposta recente feita pelo Comité STEP alemao para desenvolver um modelo de dados de produ- tos para fabricas e seus componentes em um formato totalmente compativel com o ISO-STEP, Esta ocorrendo um debate sobre se tal esforgo, paralelo com o IFC, deve avangar. Vé-se que hd miiltiplos modelos de dados de produtos de construgéo com funcionalidades coincidentes. Todos esses modelos de dados so definidos na linguagem EXPRESS. Eles variam na informagéo AEC que representam, e como eles a apresentam. O IFC pode representar a geometria da constru- 40, assim com o AP 225. Ha uma sobreposig&o entre o CIS/2 ¢ o IFC no projeto esquemitico de estruturas de ago. Devido a essas sobreposiges, mas com capacidades IfeObjectDefinition — IfeProduct ~> IfeElement IfeBuildingElement — IfeWall Cada nivel da arvore introduz diferentes atributos ¢ relagdes 4 entidade pa- rede. O /fcRoot atribui um identificador global (Global ID) e outras informagdes de identificagao. O IfeObjectDefinition posiciona a parede como parte de uma montagem mais agregada, e também identifica os componentes da parede, se cles forem definidos. O IfcProduct define a localizagao da parede ¢ sua forma. O IfcElement carrega os relacionamentos desse elemento com outros, como rela- cionamentos entre paredes fronteirigas e espagos (incluindo espagos exteriores) que a parede separa. Ele também carrega qualquer abertura dentro da parede e seus preenchimentos por portas ou janelas. Muitos desses atributos e relagdes so opcionais, permitindo que os implementadores excluam algumas informagées de suas rotinas de exportagio. Produtos, incluindo paredes, podem ter miiltiplas representagdes de forma, dependendo do uso desejado. No IFC, quase todos os objetos esto dentro de uma hierarquia de composigao definida pelo IfeObjectDefinition; ou seja, eles tanto so parte de uma composi¢éio quanto tém seus pr6prios componentes. O TFC também tem uma IfeRelation (rclagao) de propésito geral, que tem diferentes tipos de relagSes como subtipos, um dos quais é 0 IfcRelConnects, que, por sua vez, tem a subclasse feRelConneciswithRealizing, usada para referenciar cone- * Subtipos fornecem a definigéo de novas classes de objetos de construgéo, que herdam as proprie- dades de suas classes pais ¢ acescentam novas propriedades, o que as tornam distintas de seus pais € de qualquer possfvel classe irma. As superclasses, subclasses ¢ heranca de comportamento do IFC esto em conformidade com os prine(pios aceitos de andlise orientada a objetos. Para mais detalhes, veja (Booch 1995), Capitulo 3 Interoperabilidade 77 3.3.4 xes entre paredes. Esse exemplo indica a extensividade do modelo IFC. Esse tipo de abordagem ¢ seguido por todos os objetos modelados no IFC. Cobertura do IFC Ainda que o IFC seja capaz de representar uma ampla gama de projetos de cons- trugao, informagées de engenharia e de produgo, a gama de possiveis informa- 6es a serem intercambiadas na inddstria AEC é enorme. A cobertura do IFC cresce a cada versio, e trata as limitagGes em resposta as necessidades do usuario e dos desenvolvedores. Resumem-se aqui as principais coberturas ¢ limitages no inicio de 2007. Todos os objetos definidos pela aplicagao, quando traduzidos para o modelo IFC, so compostos pelo tipo de objeto relevante e geometria, relagGes e proprie- dades associadas. E na érea da geometria, relagdes e propriedades que a maior parte das limitagGes € encontrada. Além dos objetos que fazem parte de uma edificagao, o IFC inclui objetos de processos para a representagdo de atividades usadas para construir um edificio e propriedades de andlise, que so a entrada 05 resultados da execugao de varias andlises, Geometria: © IFC possui meios de representar uma gama bastante ampla de geometrias, incluindo extrusées, sélidos definidos por um conjunto fechados de faces conectadas (B-reps), e formas definidas por uma drvore de formas ¢ operagées de uniio/intersegio (Constructive Solid Geometry). As superficies po- dem ser aquelas definidas por formas extrudadas (incluindo aquelas extrudadas ao longo de uma curva) e superficies Bezier. Isso abrange a maior parte das ne- cessidades da construgao. O IFC omite formas construidas de superficies mul- ticurvadas, como B-splines ¢ B-splines nao uniformes (NURBS), que podem ser definidas em aplicagdes de projeto como o Rhino®, Form-Z®, Maya”, Digital Project e algumas aplicagdes da Bentley. Nesses casos, uma forma com essas superficies ser traduzida com superficies faltando e possivelmente outros erros. Esses erros devem ser reconhecidos e a geometria, gerenciada de alguma outra forma — modificando a representagaéo da geometria na aplicagao de exportagao, por exemplo. Na maioria das aplicacées, a conversao de superficies NURBS para malhas é automética, mas apenas em uma diregao. A geometria do IFC foi projetada para dar suporte ao intercdimbio de modelos paramétricos simples en- tre sistemas, como sistemas de parede e formas extrudadas. No entanto, poucos tradutores usam essas capacidades, ¢ seu poder somente esté comegando a ser explorado. Relagées: Foi tomado cuidado no modelo de dados do IFC para representar um rico conjunto de relagdes entre objetos, em alguma ferramenta BIM de proj to, quando traduzidas em IFC. Elas so definidas de acordo com uma classifica- cdo abstrata, da seguinte forma: « Atribui (Assigns) — lida com relagées entre objetos heterogéneos e um grupo ou selegao de partes de montagens para usos especificos; por 78 Manual de BIM exemplo, todas as instincias das entidades instaladas por uma disciplina em particular podem ser referenciadas pela relacdo de atribuigao. * Decompoe (Decomposes) — & a relagao geral que lida com composigio € decomposigéo de montagens e suas partes. «# Associa (Associates) — relaciona informacdes compartilhadas do empreen- dimento, como especificagdes de equipamentos externos, com instncias do modelo; um exemplo pode ser uma pega modelada de equipamento mecdnico que se “associa” a sua especificagao no catélogo do fornecedor © Define (Defines) — lida com a relago entre uma descrigao compartilhada de um objeto e suas varias instdncias; por exemplo, uma descrigao de um tipo de janela e suas vérias insténcias. © Conecta (Connects) — define um relacionamento topolégico geral entre dois objetos, que é definido funcionalmente por subclasses. Por exemplo, paredes possuem “conexdes” com suas paredes, seus pisos ou tetos adja- centes. Ha muitas subclasses de IfcRelations cobrindo praticamente qualquer rela- ao desejada. Nenhuma omisso é conhecida. Propriedades: O IFC enfatiza os conjuntos de propriedades (property sets), ou P-sets. Estes so conjuntos de propriedades usadas em conjunto para definir material, desempenho e propriedades contextuais, por exemplo, dados de vento, geol6gicos ou de clima. Existem colegées de P-sets para muitos tipos de objetos da construgéo, como coberturas, paredes, janelas, vidros de janclas, vigas e reforgos comuns. Além disso, muitas propriedades so associadas a diferentes comporta- mentos de materiais, como para materiais térmicos, produtos de combustio, pro- priedades mec4nicas, combustiveis, concreto ¢ outros. O IFC inclui propriedades para custos, tempo, extragao de quantitativos, espagos, seguranga contra incéndio, uso da construgao, uso do terreno e outros. Muitas omissGes podem ser identificadas. H4 propriedades muito limitadas para fungées de espago especializadas, como as requeridas para seguranga patri- monial em construgées pablicas ou zoneamento funcional, como em um teatro. Nas medigées, faltam propriedades de tolerdncia; no hé um modo explicit de representar incertezas. Nesses casos, estao disponiveis opgoes para definir ¢ re- presentar conjuntos de propriedades definidas pelo usuério. Estes podem ser ge- renciados por um acordo de usuérios, uma vez que eles ainda nao estao inclufdos tha especificagao. Metapropriedades: Os projetistas do IFC pensaram sobre o uso da infor- magio ao longo do tempo e a necessidade de metadados para lidar com gerencia- mento de informagées. O IFC é forte na representagdo de propriedade da infor- magio, identificagdo, gerenciamento ¢ rastreamento de modificagdes, controles e aprovagées. O IFC também possui capacidades de definir restrigdes e objetivos para descrever intengéo. No entanto, ndo sabemos se estas capacidades estio sendo utilizadas. Capitulo 3 Interoperabilidade 79 O IFC tem classes de objetos bem desenvolvidas para construgGes no nivel de detalhamento de contrato. Em geral, atualmente ele é fraco na representacéio de detalhes necessdrios para a fabricagdo e manufatura. Ele trata parcialmen- te de armaduras no concreto, soldas metilicas ¢ suas especificagoes, definigéo de mistura e acabamento de concreto ou detalhes de fabricagao para janelas e sistemas de paredes, por exemplo. Esse nivel de detalhe pode tanto ser definido em modelos de dados de produtos mais detalhados, como o CIS/2, quanto ser acrescentado mais tarde ao IFC. Essas diferentes descrigdes so reunidas para descrever a informago repre- sentada em algum aplicativo de projeto ou para ser recebida por um aplicativo de construgao de algum outro aplicativo ou reposit6rio. As limitagdes atuais no so, de forma alguma, intrinsecas, mas refletem as necessidades prioritérias dos usuarios até agora. Se sao necessdrias extensGes para lidar com as limitagdes ob- servadas, estas podem ser acrescentadas, por meio de um processo de extensfio agendado regularmente. 3.3.5 O IFC em uso Um cenfrio tipico de intercdmbio de dados 6 mostrado na Figura 3-3. Uma Aplica~ ao Fonte modelou informagées para serem usadas por uma Aplicagao Receptora. Aaplicacao fonte possui um tradutor desenvolvido para ela, que extrai instncias de informagio de sua estrutura de dados nativa e as atribui a classes de entidades [FC apropriadas. Os dados da instdncia da entidade so ento mapeados dos objetos [FC Intercaémbio de dados Parte 21 FIGURA 3-3 O cenério mais comum de intercambio IFC entre duas aplicacées. 80 Manual de BIM em (nesse caso) um arquivo de texto definido pela ISO-STEP Part-21. Esse arquivo é ento recebido pela outra aplicagio e interpretado pelo tradutor da Aplicagao Re- ceptora em termos de instncias de objetos IFC que eles representam. O tradutor na Aplicagéo Receptora escreve os objetos IFC relevantes no formato de sua estrutura de dados nativa para utiliz4-los. Diferentes ferramentas BIM tém sua prépria estrutura de dados proprie- téria para a representagdo de uma construgao ¢ outras informagées de proje- to. Algumas guardam explicitamente propriedades e relagdes, enquanto outras as computam sob demanda. Elas usam internamente diferentes representagdes geométricas. Logo, duas ferramentas de modelagem de construgao podem ter tradutores IFC perfeitamente bons para exportar e importar dados, mas ainda assim ser capazes de intercambiar pouquissimos dados titeis. Supde-se que as capacidades do tradutor ¢ sua cobertura de objetos sao definidas na documen- tagao do tradutor. Por essas razGes, o intercimbio de modelos IFC atualmente precisa de testes iniciais cuidadosos para determinar qual informagao est sendo transportada para as aplicagées do intercdmbio. Visualizadores IFC Um bom néimero de empresas desenvolveu visualizadores de geometria e de geo- metria e propriedades para modelos IFC. A maioria destes est disponivel gratui- tamente para download. Visualizadores IFC de Geometria e Propriedades disponiveis: DDS IfcViewer, em: http://www.dds.no (gritis) MfcStoreyView, em: http://www iai.fzk.de/ife (gratis) IFC Engine Viewer, em: http://www.ifcviewer.com (gratis) ISPRAS IFC/VRML Converter, em: http://www ispras.ru/~ step (gratis) Octaga Modeler, em: hitp://www.octaga.com (comercial) Solibri Model Viewer™, em: http://www.solibri.com/ (gratis) Alguns visualizadores mostram os atributos de objetos selecionados e pro- porcionam meios de ligar e desligar conjuntos de entidades. Os visualizadores IFC so titeis para depurar os tradutores IFC e para verificar quais dados foram traduzidos. Visdes IFC (IFC Views) Em fungdo da representagdo variével dos objetos no IFC, dois esforgos paralelos relacionados esto sendo conduzidos para definir subconjuntos do IFC de forma mais precisa. Em ambos os casos, os intercmbios de dados esto prescritos em termos de tarefas ¢ fluxos de trabalho particulares. O esforgo norte-americano é o National BIM Standard (NBIMS), iniciado pelo Facilities Information Council, uma organizagao de grupos de aprovisionamento e gerenciamento de instalagdes do governo dos Estados Unidos — dentro do Departamento de Defesa — e admi- Capitulo 3_Interoperabilidade 81 nistrado por meio do National Institute of Building Sciences (NIBS). O esforgo europeu esté sendo liderado pela Noruega, desenvolvendo um Manual de Distri- buicao de Informagdes (Information Delivery Manual — IDM). Ambos os esforgos sao direcionados a especificar VisGes IFC — subconjuntos especificos do IFC — para serem usadas para intercmbios em fluxos de trabalho especificos. Ambos os grupos baseiam-se no nome buildingSMART™, recentemente adotado pela IA para promover o IFC (IAI 2007). ‘Nos Estados Unidos, o plano para desenvolvimento ¢ implementagao de VisGes IFC € incentivar diferentes dominios de negécios dentro da indéstria de construgo a identificar intercmbios de dados que, se automatizados, promove- riam retornos de alto valor. Estes seriam especificados em um nivel funcional pe- los dominios de negécios de AEC. A suposigao é que as associagées da constru- do, como o American Institute of Architects, a Associated General Contractors, Precast Concrete Institute, a Portland Cement Association, o American Institute of Steel Construction e outras instituigdes representem os dominios de negécios. Uma vez especificado, 0 dominio de negécios, trabalhando com a organizagio NIBS-buildingSMART*, financiariam especialistas em tecnologia de informagaio para especificar as Vises do IFC a serem intercambiadas e para desenvolver as especificagGes funcionais. Por fim, o NIBS-buildingSMART ° e o dominio AEC trabalharéo com os desenvolvedores de ferramentas BIM para implementar os tradutores de Vistas. Existe também um debate sobre certificagao. Quando esses tradutores baseados em fluxos de trabalho especfficos forem implementados, eles sero explicitamente incorporados a tradutores baseados tanto nos arquivos P-21 quanto em consultas de banco de dados. Algumas visées estdo sendo definidas para uma tinica passagem de conjuntos de dados, enquan- to outras estdo antecipando miltiplos intercdmbios iterativos, como poderia ser desejavel entre uma ferramenta de projeto e uma de andlise para permitir uma melhoria interativa de desempenho do projeto. Estas Vises, quando certifica- das, aumentarao significativamente a robustez dos intercémbios IFC ¢ elimina- rao a necessidade de um pré-teste e intercdmbios, como & requerido hoje. Um possivel exemplo de intercémbio em fluxo de trabalho mais fino é mos- trado na Figura 3-4, mostrando intereémbios entre projetistas de construgéio ¢ engenheiros estruturais. Seis intercAmbios de informagao sao detalhados, deno- tados na figura como (ST-1) a (ST-6). Estes incluem trés intercdmbios iterati- vos: (1) primeiro para esquematizar o sistema estrutural conceitualmente (ST-1 e ST-2); (2) 0 engenheiro estrutural desenvolvendo andlises iterativas para criar um bom projeto baseado no conhecimento do empreendimento pelo engenheiro, (ST-3 ¢ ST-4) ¢ (3) intercdmbios entre o projetista e o engenheiro estrutural, coordenando detalhes com o restante dos sistemas prediais e refletindo a in- tengo do projeto (ST-5 ¢ ST-6). O engenheiro estrutural tem duas aplicagées como opgao, uma aplicag’o de projeto estrutural, como o Revit “Structures, Bentley Structures ou o Tekla Structures, e uma aplicagao de andlise estrutural. Em muitos casos, (ST-3) ¢ (ST-4) serao integrados diretamente por meio das 82 Manual de BIM Projeto do edificio ee Projeto estrutural candidato(ST-6)— Roquisiodo de informacdo de projeto(ST-1) [— Projeto candidato do edificio(ST:2) (Transferéncia de tarefa no mesmo software) DeteEdte projets estate Envia para andlise estrutural(ST-3) Retorna resultados de andlise(ST-4) ‘pealva cesar do role esr FIGURA 3-4 Exemplo de Fluxo de trabalho entre projetistas de construgdo ¢ engenheiros estruturais. APIs das aplicagées. A cobertura de todos os intercdmbios de dominios AEC, é claro, demandard a defini diferentes intengdes e dados. io de centenas de fluxos de trabalho, cada um com Iniciativas IFC Até este momento (2007), hé esforgos significativos para aplicar o IFC em varias partes do mundo: * CORENET é conduzido pela Singaporean Building and Construction Authority em colaboragio com outras organizagbes piiblicas e privadas. £ uma grande iniciativa para reengenharia de processos de negécios da inddstria de construgao para integrar os principais processos do ciclo de vida de um empreendimento de construgdo: suportado por infraestruturas chave, suporte para submissao e registro eletrénico, processos de verifi- cago e aprovagio, métodos de comunicago para lidar com submissao, trdmites e registros de revises, assim como documentacio e treinamento (CORENET 2007). * A Austrélia est4 desenvolvendo um esforgo semelhante ao de Cingapura, sob o nome comercial de DesignCheck ™ (Ding et al. 2006). * O International Code Council, nos Estado Unidos, tem desenvolvido um plano que trilha um caminho diferente dos esforgos do CORENET, cha- mado de SMARTeodes (ICC 2007). * O governo e a indistria de construgao noruegueses esto trabalhando juntos para iniciar mudangas em suas inddstrias de construgio, incluindo controle de construgao (verificagao automatica de cédigo de obras), pla- nejamento (e-submissio de plantas) e integragao no projeto, na licitacao, na construgaio ¢ no gerenciamento de instalagGes. Sua iniciativa também é chamada de BuildingSmart® e hé esforgos de coordenar os dois esforgos 3.3.6 Capitulo 3_Interoperabilidade 83 de nomes semelhantes, mas distintos, que correm em paralelo. O norue- gués espera produzir um impacto significativo na eficiéncia, produtivida- de e qualidade da inddstria da construgao. Veja “Industry Initiatives and Norwegian Solution” (“Iniciativas da Inddstria e a Solugao Norueguesa”) em http://www iai-international.org/. + A General Services Administration, do governo dos Estado Unidos, tem conduzido uma série de projetos de demonstracao BIM, envolvendo va- rias aplicagdes; muitas delas confiam em intercmbios bascados em IFC. Estas so descritas no mesmo site da IAI acima, sob o titulo “Industry Solutions, GSA Pilots” (Solugdes da Industria, Pilotos GSA). ‘* Com base nessas demonstragGes, todos os empreendimentos de cons- truggo da GSA com inicio em 2007 devem utilizar ferramentas BIM de projeto e usar um modelo exportado no formato IFC para dar suporte a verificagdo do projeto conceitual preliminar tendo em conta os requi- sitos espaciais programéticos especfficos do empreendimento. Essa € a aplicagao funciotal inicial do BIM que se tornou obrigatéria nos Estados Unidos. Qutras aplicagSes obrigatérias esto em desenvolvimento. Mais requisitos sero introduzidos nos anos seguintes. Essas atividades levaram a0 desenvolvimentei do rascunho das diretrizes BIM da GSA para serem seguidas por todos os novos empreendimentos da GSA (GSA 2007). Outras iniciativas esto sendo empreendidas na Finlandia, Dinamarca, Ale- manha, Coreia, no Japdo, na China e em outros paises. Implicagées do uso do IFC A medida que 0 modelo de dados do IFC vai sendo adotado por varias organi- zagdes governamentais para verificagdo de cddigos de obras e conferéncia de projetos (como est sendo feito pela GSA e em Cingapura), haverd um forte ¢ crescente impacto em aspectos da pratica de arquitetura e dos empreiteiros. Esse impacto afeta simultaneamente usuérios e desenvolvedores de ferramentas BIM de projeto. A finalizagao de um conjunto de desenhos contratuais na prética tradicional impde um nivel de rigor e disciplina na geragao final desses desenhos. Essa disci- plina e rigor aumentardo ainda mais significativamente na criagdo e definigao de modelos de construgao usados para verificagao de cédigos de obras e conferéncia de projetos. Um primeiro exemplo desse rigor requerido so os requisitos de submissiio da GSA para verificagao de célculos de drea de construgao versus 0 programa da construgao (GSA 2006), calculados de acordo com os métodos de céleulo de es- pagos ANSI-BOMA (ANSI 1996). A fim de conduzir esse tipo de verificagao, modelo da construgao deve ter as seguintes informagoes disponivei + Todas as salas e os espagos devem ser rotulados de forma consistente com © programa de espacos. 84 Manual de BIM 3.3.7 © Os limites 3D de todos os espacos devem ser definidos por suas superficies delimitantes e fechados de maneira a permitir cdlculo de rea e volume. * Sea ferramenta BIM de projeto nao calcula automaticamente e mantém a consisténcia do volume e 4rea dos espagos, estes devem ser criados e mantidos pelo usuario, de modo consistente com o método de céil- culo ANSI-BOMA. O célculo final de areas feito por uma aplicagao de conferéncia, de forma a garantir que isso seja feito de uma maneira consistente. Esses requisitos indicam que, no futuro, firmas terao de preparar cuidado- samente ¢ talvez pré-verificar sua estrutura de modelo para ter certeza de que € modelado de maneira apropriada para a conferéncia automética. J4 existem programas para fazer essa verificagéo para usos de BIM da GSA. Por exemplo, ‘uma verificagéo pode ser feita de forma a conferir se todos os espagos sao rotu- lados como espagos fechados com cédigos apropriados definindo suas fungdes pretendidas. Atualmente as conferéncias de projetos estiio sendo realizadas nos modelos da fase do projeto conceitual que nao inclui materiais, equipamentos ou detalha- mentos, ou a conferéncia ignora tais informagées do modelo da construgao. Mais tarde, tipos mais elaborados de teste para outros t6picos programéticos se aplica- ro a projetos mais detalhados ¢, finalmente, no nivel de modelos de construgéo completos. A maioria dos modelos de construgio atual nao carrega 0 projeto em 3D no nivel dos acabamentos interiores ¢ usa os cortes em 2D para representar tais detalhes (veja a Figura 2-13). Essa prética deverd ser coordenada com as conferéncias esperadas e outros usos dos modelos e a preciséo de resultados es- perados. Esse rigor também se aplica as interfaces com aplicagées de anéllise ¢ para a passagem de controle de uma ferramenta BIM de projeto para aquelas no nfvel de fabricagdo. A implicago mais ampla é que uma atengo especial serd neces- sdrio na definigéo de um modelo de informagées da construgéo, uma vez que a informagdo seré usada por outras aplicagSes. Haverd uma grande diferenga entre os modelos rascunhados, geralmente desenvolvidos para a conferéncia do pro- jeto ou para rendering, e os modelos de construgao rigorosamente elaborados, usados para andlise e conferéncia do projeto no futuro. O futuro do IFC O IFC £0 Gnico modelo existente de dados piblico, nao proprietadrio e bem de- senvolvido para construgdes ¢ arquitetura, Ele é um padrao “de fato” em todo © mundo e est sendo formalmente adotado por varios governos ¢ agéncias em diversas partes do mundo. Ele est sendo eleito e utilizado para um ntimero cres- conte de usos, tanto no setor péblico quanto privado. No programa de Premiag&o AIA BIM de 2007, administrado pela Technology in Architectural Practice Kno- wledge Community (Comunidade de Conhecimento em Tecnologia na Pratica de Capitulo 3_Interoperabilidade 85 Arquitetura), seis das 32 submissdes de projetos inclufam o uso do IFC. Uma vez que a ideia é que elas proporcionem exemplos de melhores usos, isso indica uma ampla aceitagao do uso do IFC. O padrao do modelo de dados IFC est4 continuamente evoluindo. Uma nova versao com extensGes é langada a cada dois anos. As extensGes sao desenvolvidas em duas fases. Primeiro, varias equipes de domfnios especificos se rejnem em torno de temas especificos ou usos alvo — como anilise estrutural ou construgao em concreto armado. Um grupo cuidadosamente gera um conjunto de requisitos. Entéo uma extenséo candidata para o IFC é gerada e proposta por especialistas em modelagem. A extensdo 6 votada e aprovada pelos participantes. Depois, as diferentes extensdes que foram feitas ao longo do ciclo de dois anos siio compos- tas ¢ entdo integradas de uma forma légica pelo Model Support Group (MSG), a fim de proporcionar extensdes consistentes para a préxima versio. A nova versio do IFC é documentada, distribufda ¢ revisada com as firmas de software de AEC, que desenvolvem implementagées de tradutores das extensGes do modelo IFC; estas sfio testadas para certificagao. Até recentemente a certificagio estava sendo no nfvel do Release do IFC, em que alguns subconjuntos de entidades IFC sao lidas e/ou escritas corretamente e as capacidades sio documentadas. Uma vez que as Visdes IFC que suportam varios intercdmbios especi- ficos estéo sendo desenvolvidas no National BIM Standard e, na Europa, pelo buildingSMART®, os tradutores IFC atuais estao falhando na confiabilidade ne- cesséria sem amplos pré-testes. Espera-se que essas limitagdes desaparegam & medida que as Vises IFC sejam definidas e implementadas. Os esforgos do IFC e do NBIMS esto sendo conduzidos com fundos minimos e muito esforgo volun- tério. O nivel de suporte pode se tornar um calcanhar de Aquiles do uso dissemi- nado dessa importante tecnologia. (EE ESQUEMAS XML Um caminho alternativo para intercambiar dados & por meio do XML. O XML 6 uma extensdo para o HTML, a linguagem usada para enviar informagées pela web. O HTML possui um conjunto fixo de etiquetas (uma etiqueta indica qual tipo de dados vem a seguir) ¢ tem o foco em apresentagao, diferentes tipos de midia e outros formatos fixos de dados da web. O XML expande em relagao ao HTML ao proporcionar etiquetas definidas pelo usuério para especificar um significado pretendido para o dado transmitido, permitindo esquemas definidos pelo usuario. O XML tornou-se muito popular para intercémbio de informagdes entre aplicagdes web, por exemplo, para dar suporte a transagées de e-commerce ou coletar dados. HA miiltiplos métodos para definir etiquetas personalizadas, incluindo as Document Type Declarations (DTDs). DTDs tém sido desenvolvidas para formulas matematicas, graficos vetoriais e processos de negécios, entre tantos outros. Hé outros modos de definir esquemas XML, incluindo o XML Sche- 86 Manual de BIM ma (hitp://www.w3.org/XML/Schema), 0 RDF (Resource Description Frame- work) (http://www.w3.org/RDE/) e 0 OWL Web Ontology Language (hitp:// www.w5.org/TR/2004/REC-owl-features-20040210/). Esto sendo feitas pes- quisas para desenvolver ferramentas ainda mais potentes em torno do XML e es- quemas mais poderosos, baseados em definigdes seménticas precisas chamadas de ontologias, mas resultados prdticos para essas abordagens mais avangadas ainda tém sido limitados. Usando linguagens de definigao de esquemas jé disponfveis, alguns esque- mas XML efetivos e métodos de processamento tém sido desenvolvidos em dreas da AEC. Cinco deles sao descritos na caixa a seguir: Esquemas XML em dreas da AEC OGC (Open Geospatial Consortium) desenvolveu a OpenGIS® Geographic Objects (GO) Implementation Specification. Ela define um conjunto aberto de abstragées comuns, independentes de linguagens, para descrever, gerencior, renderizar e manipular objetos geométricos e geogrdficos dentro de um am- biente de programagao de aplicacées (OGC 2007). gbXML (Green Building XML) é um esquema desenvolvido para transferir informagées necessérias para anélise preliminar de energia de envelopes de construgées, zonas e simulagéo de equipamentos de condicionamento de ar (gbXML 2007). ‘aecXML é administrado pela FIATECH, um importante cons6rcio de empresas de construcdo que dé suporte a pesquisas em AEC, e a IAI. Ele pode represen- tor recursos como documentos de contrato e do empreendimento (Request for Proposal (RFP), Request for Quotation (RFQ), Request for Information (RFI), especificagées, adendos, pedidos de modificag&o, contratos, pedidos de com- pra), atributos, materiais e pecas, produtos, equipamentos; metadados como ‘organizagées, profissi participantes; ou atividades como propostas, em- preendimentos, projeto, estimacGo, planejamento e construcdo. Ele carrega descrigGes e especificagdes das construgdes e seus componentes, mas néo as modela geométrica ou analiticamente (FIATECH 2007). IFCXML é um subconjunto do esquema IFC mapeado para o XML, suporta- do pela IAI. Ele também se apoia no XML Schema para seus mapeamentos. Atualmente ele dé suporte aos seguintes casos de uso: Catélogos de Materiais, Lista de Quantitativos e Adicionar Propriedades Definidas pelo Usuério. O su- porte para novos casos de uso esté planejado (IAI 20070). BLIS-XML é um subconjunto do IFC verséio 2.0, desenvolvido para dar suporte a.um ntimero pequeno de casos de uso. Ele foi desenvolvido em 2001-2002 em um esforgo para colocar em uso uma verso prética e produtiva do IFC. O BLIS-XML usa o esquema BLIS com um conversor de esquemas desenvolvido pela Secom Co. Ltd. (BLIS 2002). Capitulo 3_Interoperabilidade 87 A Associated General Contractors (AGC) anunciou que vai desenvolver 0 agcXML, um esquema para seus processos de negécio de construgao. Ele estava em desenvolvimento no momento em que este livro foi escrito. ‘Cada um desses diferentes esquemas XML define suas préprias entidades, atributos e relagGes. Eles funcionam bem para dar suporte ao trabalho de grupo de firmas em colaboragao que implementam um esquema e desenvolvem aplicages sobre ele. No entanto, cada um dos esquemas XML é diferente e incompativel. O IFCXML proporciona um mapeamento global ao modelo de dados de construgo IFC, para referéncia cruzada. O esquema OGC GIS est sendo harmonizado com 08 esforgos do IFC. A formatago XML usa mais espaco do que, digamos, um ar- quivo de texto IFC (entre duas e seis vezes mais espago). A questo de longo prazo é harmonizar os outros esquemas XML com mapeamentos equivalentes entre eles com as representagdes de modelos de dados. A analogia é com as ferrovias nos Estados Unidos, que rapidamente construfram trilhos por todo o pais, cada uma com sua prépria bitola; elas funcionaram bem dentro de sua propria comunidade, mas nao podiam ser interligadas. (EG FoRMATOS PORTAVEIS BASEADOS NA WEB: DWF E PDF Dois formatos amplamente disponiveis sio do PDF 3D (Portable Document Format), desenvolvido pela Adobe®, « o DWF (Design Web Format), desenvol- vido pela Autodesk®. Esses dois formatos suportam um fluxo de trabalho de “publicagao”de informagées ¢ no tratam das questées de interoperabilidade su- portadas pelo IFC e os esquemas XML discutidos na segao anterior. Isso significa que esses formatos da web fornecem aos profissionais de projeto e engenharia um modo de publicar 0 modelo da informagao da construgao para revisdo e vi- sualizagéo, com capacidades de marcagao e de consultas, mas nao permitem mo- dificagdes na informagao do modelo. A ampla disponibilidade desses formatos provavelmente os levaré a desempenhar um papel significativo no intercimbio e na visualizagao das informagGes dos empreendimentos. Aqui esta uma breve visio geral de algumas das caracteristicas destes formatos (veja o Capitulo 4 para uma discusso mais comparativa e detalhada de seu papel na implementaco do BIM): * Esquema genérico, sem dominio espectfico ¢ extensfvel: Estes formatos ndo possuem esquemas de um domfnio especffico; pelo contrério, eles tém esquemas com classes gerais de entidades, de entidades poligonais geométricas e entidades sélidas a objetos de marcagao e folha de desenho. Eles so projetados para dar respostas as amplas necessidades das dis- ciplinas de engenharia ¢ projeto incluindo a manufatura ¢ a inddstria de AEC. O PDF foi projetado originalmente para intercmbio de documen- tos baseados em texto e foi ampliado para incluir 0 suporte para elemen- tos U3D (Universal 3D). O esquema DWF foi projetado especificamente para intercmbio de dados de projeto inteligentes ¢ é fundamentado no formato e extensdes do XPS (XML paper specification) da Microsoft, que Manual de BIM 6 baseado no XML, permitindo a qualquer um adicionar objetos, classes, visdes e comportamentos. Ainda que o PDF seja um padrao ISO, as ex- tenses DWF e PDF 3D nao o sao. « Vistas embutidas das informagdes do empreendimento: Ambos os for- matos representam os dados do modelo e vistas daquele modelo. Vistas de dados incluem vistas plotadas 2D, vistas do modelo 3D ou vistas de imagens matriciais. As representag6es 3D e 2D do modelo so completa mente navegaveis, seleciondveis e suportam consultas. Elas incluem meta- dados, mas os parametros de objetos nao so editavei © Ferramentas de visualizagéo amplamente disponfveis: Ambos os forma- tos so distribufdos com visualizadores gratis, dispontveis publicamente. * Alta fidelidade, exatido e preciso: Ambos os formatos foram projeta- dos para serem capazes de fornecer impresso com alto grau de exatidaio ¢ precisio. Altamente compactaveis: Ambos os formatos so otimizados para a por- tabilidade e s4o altamente compactéveis. O IFC ¢ muitos dos outros for- matos XML e 3D nfo o so. INTERCAMBIO DE DADOS VERSUS REPOSITORIOS DE MODELOS DA CONSTRUGAO © uso na produgao do intercambio de dados baseado em IFC ¢ 0 intercambio em e-business baseado em XML comegaram com o interedmbio de arquivos. Rapida- mente, no entanto, as pessoas esto aprendendo que o gerenciamento de versdes, atualizagdes e o gerenciamento de modificagSes dos dados, associados com um niimero cada vez maior de aplicagGes heterogéneas, levam a grandes desafios no gerenciamento de dados. Questées que surgem ¢ que sao mais bem resolvidas por repositorios: * Suporte a intercambios entre miltiplas aplicagGes simultdneas que tanto Jeem quanto escrevem dados do empreendimento; ou seja, os fluxos de trabalho no sdo lineares © Propagacio e gerenciamento de modificacGes que impactam conjuntos de informag6es de miltiplas aplicagdes * Quando existem miiltiplas aplicages de criagdo e edigo que devem ser mescladas para uso futuro * Suporte a coordenago muito frequente ou em tempo real entre usuarios de miltiplas aplicagdes. A tecnologia associada com a resolugdo desses tipos de questdes e com a facilitagao do intercdmbio de dados entre combinagées de aplicacées € 0 repo- sitério de modelos da construgao. Um repositério de modelos da construgao 6 um sistema de banco de dados cujo esquema é baseado em um formato publi- cado, baseado em objeto. E diferente dos sistemas de gerenciamento de dados de empreendimento (project data management — PDM) existentes e de sistemas de gerenciamento de projetos baseados na web nos quais os sistemas PDM sao Capitulo 3_Interoperabilidade 89 baseados em arquivos e hospedam arquivos CAD e de pacotes de andlise do pro- jeto. Repositérios de modelos da construgao s4o baseados em objetos, permitindo consultas, transferéncia, atualizagao e gerenciamento de objetos individuais do empreendimento procedentes de um conjunto potencialmente heterogéneo de aplicagées. O tinico esquema de objetos no nivel amplo da construgéo é o IFC (mas também o CIS/2 ¢ o AP225 poderiam ser usados para aplicagées limitadas —veja a Segao 3.3.1). Varias empresas tém desenvolvido reposit6rios de modelos da construgdo usando os IFCs. Um repositério IFC pode dar suporte integragdo de dados gerados por miiltiplas aplicagGes para uso em outras aplicagSes, suportar iteragGes em partes do projeto ¢ rastrear modificagées ao nivel do objeto. Eles proporcionam controle de acesso, gerenciamento de versées e varios niveis de histérico de projeto, rela- cionando os varios dados geométricos, de material e desempenho que tepresen- tam uma construgio (Eurostep 2007; Jotne 2007). j Repositérios de modelos da construcéo atualmente disponiyeis: '* Jotne EDM Model Server ‘© LKSoft IDA STEP Database + EuroSTEP Model Server ‘* EuroSTEP SABLE Server * Oracle Collaborative Building Information Management ‘As capacidades bsicas jé existem, mas estdo sendo feitos desenvolvimentos. para proporcionar uma gama de servigos efetivos para os reposit6rios de modelos da construgdo. Alguns dos primeiros softwares de suporte incluem: « visualizadores para inspegao dos dados geométricos ¢ de propriedades em reposit6rios de modelos da construgao (veja a Segao 3.3.5); * verificacao de repositérios de modelos de dados de produto, para corre- do légica (“corregio ortografica e gramatical da construgao”), para a verificagao do programa da construgao ou verificagao de cédigo de obras (CORENET 2007; Jotne 2007; Solibri 2007). Areas futuras em que se espera que os reposit6rios proporcionem servigos importantes incluem preparagao de conjuntos de dados para andlises méltiplas, como anélise de energia de envoltérios de construgées, distribuigao da energia nos interiores e simulagéo de equipamentos de ar condicionado; listas de mate- riais e rastreamento de aprovisionamento; gerenciamento da construgdo; comis- sionamento da construg&o; gerenciamento e operacio de instalagdes. Algumas dessas questdes séio exploradas na Seco 4.5.5. Na pratica, cada participante do projeto ¢ cada aplicagao nao estéo envol- vidos na representago completa do projeto da edificagao e de sua construgao. Cada participante est4 interessado somente em um subconjunto do modelo da 90 Manual de BIM informagao da construgo, definido como visbes particulares de seu modelo. De maneira semelhante, a coordenagao nao se aplica universalmente; apenas alguns usudrios precisam conhecer leiautes da armadura dentro do concreto ou especi- ficagées de solda. Entao a seguinte questo ainda esta em aberto: hd necessidade de uma nica base de dados integrada ou méltiplas bases de dados federadas, que podem proporcionar a verificagao de consisténcia especifica limitada entre modelos dispersos? Essa questo mais complicada ainda pelos desafios de armazenar os dados no formato apropriado para arquivar e recriar os arquivos de projeto nativos re- queridos pelas varias ferramentas BIM de criagdo ¢ edigdo. O formato neutro no qual os reposit6rios carregam os dados é inadequado para recriar os formatos de dados nativos usados pelas aplicagdes, exceto em poucos ¢ limitados casos. Hoje, eles somente podem ser recriados a partir dos préprios conjuntos de dados de aplicacdes nativas. Isso se deve A heterogeneidade basica do comportamento em- butido nas ferramentas de projeto de modelagem paramétrica (descritas na Segéo 2.2.7). Assim, qualquer informagao de intercdmbio em formato neutro, como os dados de modelo do IFC, devem ser adicionadas ou associadas com os arquivos de projeto nativos produzidos por ferramentas BIM de criagao e edigdio. Enquan- to o futuro para o gerenciamento de dados do empreendimento, especialmente para projetos grandes, parece pertencer a repositérios de modelos da construgio, muitas questdes ainda precisam ser resolvidas para alcangar seu uso efetivo. Outras inddistrias tém reconhecido a necessidade de servidores de modelos de produtos. Sua implementagao nas maiores indtistrias — eletrdnica, de manu- fatura e aeroespacial — levaram a uma inddstria importante envolvendo o Geren- ciamento de Ciclo de Vida do Produto (Product Lifecycle Management — PLM). Esses sistemas so personalizados para uma Gnica companhia e tipicamente envolvem integragdo de sistemas de um conjunto de ferramentas incluindo ge- renciamento de modelo de produto, gerenciamento de inventédrio, rastreamento e planejamento de materiais ¢ recursos, entre outros. Eles se baseiam em dar suporte ao modelo de dados em um dos poucos formatos nativos proprietérios, possivelmente adicionados de intercimbios baseados em ISO-STTEP. Estes tém penetrado somente nos maiores negécios, porque o modelo de negécios atual do PLM 6 baseado em servigos de integragdo de sistemas. O que ndo est disponivel & um produto pronto para o uso que pode suportar organizagdes de pequeno ou médio porte, que dominam a composicao das firmas da inddstria da construgo. ‘Assim, as médias e pequenas inddstrias — tanto na construg&o quanto na manu- fatura — esto esperando por sistemas PLM que podem ser facilmente ajustados para varios tipos de uso. SUMARIO Alguns formatos populares de intercdmbio ¢ suas capacidades em termos de geo- metria, em um eixo, e poder de modelagem em outro, estao diagramados na Fi- gura 3-5. Ela indica tanto nosso atual estado quanto as frustragdes. Questdes de interoperabilidade como um todo ainda no foram resolvidas. Algumas pessoas apregoam que o IFC e padrées péblicos sao a tinica solugao, enquanto outras Copitulo 3 Interoperabilidade 91 Regros Cam Pre Relacées entre objetos Objetos Atributos: Estrutura e inteligéncia Texturos Familias Panels Linhas 2D Poligonos 2D Molhos 3D Sélidos or as Geometria FIGURA 3-5 Comparagéo entre diferentes formatos de intercémbio de dados de empreendimento de corde com a geometria supertada e seus atributos e associatividade. dizem que a mudanga para os padrées ptiblicos a fim de resolver questdes pen- dentes é muito lenta, e solugdes proprietérias so preferiveis. Nos tiltimos trés anos, movimentos significativos tém sido feitos em ambas as diregdes. Por um lado, todas as ferramentas BIM de projeto agora suportam o IFC bastante bem, permitindo que intercdmbios basicos sejam feitos com a completude ¢ preciséo adequadas. Poucos intercémbios permitem a edigao; a maioria permite somente a visdo estética. Hé um movimento pequeno em di- rego ao uso do IFC para interfaces de anélise, mas estas também esto se tor- nando disponiveis. Varios esquemas XML esto sendo usados para diferentes intercAmbios de negécios. Por outro lado, formatos como o DWF ¢ o PDF tém © potencial de se tornar mais ricos e suportar intercémbios, bem como a vi- sualizagéo (ambos tém capacidades XML). Espera-se ver ambas as abordagens coexistindo, lado a lado. Mas nés todos somos agentes nessa decisao, tanto por meio de decisées de compra quanto de apoio. Os desejos dos usudrios ¢ dos proprietérios prevalecerao. 92 Manual de BIM 3. Quais sdo as capacidades funcionais |. Quois sdo as principais diferencos entre o DXF como um for. mato de intercémbio e um formato baseado em objetos como olFC? ene Cerca ec mene ‘tenha uma interface efetiva com uma ferramenta BIM de projeto que vocé usa. Identifique os tipos de informacto que a ferramenta BIM de projeto precisa enviar para essa aplicacao. Extenda isso pensando no que pode ser retornado para a ferramenta BIM de projeto, como um resultado a0 rodar essa aplicagao. Pegue um projeto simples de um objeto simples, como uma. escultura de Lego. Usando o IFC, defina os entidades IFC rnecessérios para representar 0 projeto. Verifique a descricdo usando um verificador EXPRESS, como 0 verificador livre EX- PRESS-O disponivel no site de softwares abertos Sourceforge. Para uma ou mais atividades de coordenagao abaixo, identifi- ue a informagio que precisa ser intercambiada em ambas os diregées: {. projeto da construcdo que é informado pela andlise de energia da envoltéria da construgdo. . projeto da construgdo que ¢ informado por uma anélise -estrutural: ¢. modelo de nivel de fabricagio de ago que coordena com uma aplicagdo de planejamento de fabricacdo e rastrea- mento de materiais d._ projeto de concreto moldado in loco que ¢ informado um sisteria de formas modulares proporcionadas por Tafochs ds Nadh de Conse bare a saae ae se distinguem a0 se comparar com um sistema baseado ert arquivos? |. Explique por que o intercémbio de arquivos entre sistemas de Projeto usando o IFC pode resultar em erros. Como esses er- ros podem ser detectados? CAPITULO 4 BIM para Proprietdrios e Gerentes de Instalagées (ED sumArio eExecuTivo Proprietirios podem obter beneficios significativos em projetos utilizando proces- sos e ferramentas BIM para agilizar a entrega de edificios de maior qualidade e melhor desempenho. O BIM facilita a colaboragdo entre os participantes do pro- jeto, reduzindo erros e modificagdes em obra, levando a um processo de entrega mais eficiente e confidvel, que reduz o tempo e 0 custo do empreendimento. Exis- tem muitas 4reas potenciais para as quais o BIM pode contribuir. Proprietérios podem utilizar um modelo de edificio para: aumentar o valor do edificio por meio do projeto ¢ andlise de consumo de energia baseados em BIM para melhorar o desempenho geral do edificio; reduzir a duragdo do cronograma da aprovagio ao término utilizando modelos do edificio para coordenar e pré-fabricar o projeto, reduzindo o tempo da mao de obra no canteiro; obter estimativas de custo confidveis e precisas por meio de quantita- tivos automaticos diretamente do modelo do edificio, fornecendo rea- limentagio mais cedo no projeto, quando as decisées tero os maiores impactos; garantir a conformidade do programa por meio de anidlises continuas do modelo do edificio em relagao aos requisitos do proprietério e aos cédigos de construgio locais; produzir instalagées exigidas pelo mercado, reduzindo o tempo entre decisdes de contratagio ¢ a construgdo em sie permitindo a selegdo das tecnologias mais recentes ou tendéncias de acabamentos; otimizar o gerenciamento e a manutengdo das instalagées utilizando o modelo as-built do edificio como uma base de dados para salas, espagos e equipamento. 94 Marual de BIM Esses beneficios estdo disponiveis para todos os tipos de proprietarios: pequenos e grandes, construtores de varios edificios ou de edificios tinicos, privados ou institucionais. Os proprietarios ainda esto por perceber todos os beneficios associados com o BIM ou com o emprego de todas as tecnologias € processos discutidos neste livro. Mudangas significativas nos processos de en- trega, escolha de prestadores de servigos ¢ abordagem em relagdo aos projetos sdo necessérios para que se obtenham os beneficios do BIM. Atualmente, os proprietatios esto reescrevendo a linguagem contratual, as especificagoes ¢ 0 requisitos do projeto, para que incorporem o uso de processos e tecnologias BIM em seus projetos o maximo possivel. Os proprietarios que esto investindo em iniciativas BIM estao alcangando vantagens no mercado por meio da entre- ga de instalagées de maior valor ¢ custo operacional reduzido. Atentos a essas mudangas, alguns deles esto liderando ativamente iniciativas para implementar ferramentas BIM em seus projetos, auxiliando e dando suporte ao treinamento e A pesquisa sobre BIM. INTRODUGAO: POR QUE PROPRIETARIOS DEVEM SE INTERESSAR PELO BIM Os processos de produgdo enxutos e a modelagem digital revolucionaram as in- distrias aeroespacial ¢ de manufatura. Pioneiros na adogo desses processos, como a Toyota ¢ a Boeing, alcangaram grande eficiéncia ¢ sucesso comercial (Laurenzo, 2005). Para competir, os usuérios mais recentes foram obrigados a empenhar-se e, apesar de as barreiras técnicas jd no serem as mesmas encontra- das pelos primeiros usuérios, cles ainda enfrentaram modificagées significativas em seus processos de trabalho. A inddstria AEC est enfrentando uma revolugo semelhante, que demanda tanto transformagées dos processos como uma mudanga de paradigma — da documentagao baseada em 2D ¢ entregas periodizadas para o protétipo digital € 0 fluxo de trabalho colaborativo. O fundamento do BIM é um modelo coor- denado e rico em informagées, que permite a prototipagem virtual, andlises e a construgao virtual de um projeto. Essas ferramentas ampliam largamente as capacidades do CAD atual por meio da habilidade de associar informagées do projeto a processos de negécio, como orgamentagao, previsio de vendas e ope- ragdo do edificio. Em processos baseados em desenhos, as andlises precisam ser feitas de modo independente da informagao do projeto do edificio, muitas vezes exigindo entradas de dados repetidas, tediosas e propensas a erros. O resultado é a perda de valor dos ativos informacionais ao longo das fases e um maior es- forgo para produzir informagao de projeto, como mostra o diagrama conceitual na Figura 4-1. Consequentemente, tais anélises podem ocorrer fora de sincronia com a informagao do projeto, levando a erros. Em processos baseados em BIM, © proprietério pode obter um retorno maior de seu investimento em decorréncia da melhoria do proceso de projeto, no qual o valor da informago é aumentado em cada fase, e 0 esforgo necessario para produzi-la 6 reduzido. Além disso, Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagses 95 ‘ ‘VABONDE ‘cONCEPCAO. consTmucio frremaaacio] —_OFERAGAO “MODERN: Es ae exc | s : iia ose $ ol tivo. , & "Sans © g cman % 4 £ Perda de valor S decorere da 8 | Sregecomy §| “veomste $3 lscinornocao 3 ® 3 \ cons = i ‘tradicional de 3 Projeto-concor. rece soe, bead — em papel. + 5 2 - Projeto e Construgéo Operagéo Ciclo de vida da edificacdo *Alocnogto donk inca oer ) Congwagte de bonco de dado de gerectameno de fcdades rece pr podinre morterainermasto _€) inagagss do Grencmento de Facies com strat de gestdo empresorol F) Utiizagda da docurentagéo “as-built” para mademizagées| G) Atualzagao do banco de dados de gerencimento de facades FIGURA 4-1 A) Processo tradicional, com documentagéo baseada em desenhos e estagio tinico. B) Sistema de banco de dados tradicional para gerenciamento de facilidades. C) Entragas de documentacéo baseadas ‘em BIM através de todo o processo de projeto © operacio. proprietérios podem colher dividendos na qualidade do projeto, custo e futuras modificagSes na edificagio. Este capitulo discute como proprietérios podem usar o BIM para gerenciar riscos do empreendimento, aumentar a qualidade dos projetos e agregar valor aos seus negécios. Ele também mostra como gerentes de facilidades podem empregar BIM para melhorar seu trabalho. Proprietérios so entendidos aqui como as or- ganizagées que iniciam e financiam projetos de construgo. Eles tomam decisoes estratégicas no processo de implementagao da edificagao por meio da selegao dos fornecedores de servigos ¢ da forma de implementagao do empreendimento que cles adotam, Essas decises acabam por controlar o escopo ¢ a efetividade do BIM em um projeto. Este capitulo comega com uma discussao sobre aplicagdes BIM para diver- 808 tipos de proprietérios de edificagdes e gerentes de facilidades. Em seguida, mostra como essas diferentes aplicagGes atendem a requisitos de diferentes tipos de proprietérios: operadores vs. desenvolvedores; construtores em série vs. cons- trutores de um tnico edificio; privados vs. governamentais; locais vs. globais. A 96 Manual de BIM Sego 4.4 discute como diferentes formas de implementagio de empreendimen- tos imobilidrios afetam a implantagdo de varias aplicagGes BIM. £ mostrado por que a forma colaborativa de implementagao é a melhor abordagem para uma aplicagdo bem-sucedida do BIM em um projeto. ‘A Seco 4.5 traz um guia de ferramentas BIM que sao mais adequadas ou melhor orientadas aos proprietérios. A maioria das ferramentas BIM disponiveis atualmente sao dirigidas para prestadores de servigos, como arquitetos, engenhei- ros, empreiteiros e fabricantes, nao sendo especificamente voltadas para os pro- prietérios, Outras ferramentas so discutidas nos Capitulos 5, 6 e 7, e referéncias so fornecidas para aquelas segGes. A Segao 4.6 discute o modelo de informagao da construgao do proprietério e como a perspectiva do proprietério sobre ele, seu escopo € nivel de detalhe podem variar daqueles discutidos nos capitulos subse- quentes. Os proprietérios desempenham um papel significative na educagao e na li- deranga na indtistria da construgao. A Segdo 4.7 diseute diferentes maneiras de proprietérios implementarem aplicagdes BIM em seus empreendimentos, incluin- do pré-qualificagdo dos prestadores de servigos, semindrios de educagio e treina- mento, requisitos contratuais ¢ modificagao de seus préprios processos internos. A Segio 4.8 segue com uma discussdo dos riscos ¢ das barreiras tecnolgicas associadas implementagao do BIM. O capitulo finaliza com diretrizes para uma implementagdo bem-sucedida. AREAS DE APLICACAO DO BIM PARA PROPRIETARIOS Tradicionalmente, os proprictérios ndo tém sido agentes transformadores na in- déistria da construgéo. Hé tempos eles se resignaram com os problemas tipicos dos empreendimentos imobiliérios, como extrapolamento de custos, atrasos nos cronogramas e questdes relativas a qualidade (Jackson 2002). Muitos proprieté- rios consideram a construgéo como uma despesa relativamente pequena, quando comparada aos custos do ciclo de vida ou a outros custos operacionais que se acumulam com o tempo. Porém, mudangas nas condigdes de mercado esto for- cando proprietérios a repensar suas visGes e a colocar mais énfase no processo de implementagdo de empreendimentos e seu impacto nos seus negécios (Geertse- ma et al. 2003; Gaddie 2003). ‘As empresas (profissionais de AEC) que prestam servigos para proprietérios frequentemente apontam a miopia dos clientes ¢ suas constantes solicitages de modificag6es, que impactam na qualidade do projeto e nos custos e prazos da construgao. Devido ao consideravel impacto potencial que o BIM pode ter sobre esses problemas, o proprietdrio pode ser o maior beneficidrio de seu uso. Assim, é fun- damental que todos os tipos de proprietérios compreendam como as aplicagées BIM podem possibilitar vantagens competitivas e permitir que suas organizagbes respondam melhor as demandas do mercado, gerando maior retorno do capital inyestido. Nos casos em que os prestadores de servigos estao liderando a imple- mentagao do BIM — buscando sua prépria vantagem competitiva — proprietérios Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagses 97. 4.2.1 informados podem alavancar mais facilmente as especialidades ¢ o know-how de suas equipes de projeto e construgao. Nas préximas seg6es, apresentamos uma visio geral dos impulsionadores que estiio motivando 0s varios tipos de proprietérios a adotar tecnologias BIM e descrevemos as diferentes aplicagdes BIM dispontveis. Esses impulsionadores slo: * Confiabilidade de custos e gestio ‘ Tempo de langamento (time to market) ‘* Complexidade crescente na infraestrutura e no mercado * Sustentabilidade ‘* Escassez de mao de obra « Barreiras de linguagem * Gestio de ativos A Tabela 4-1 traz um resumo das aplicagdes BIM revistas neste capitulo, a partir da perspectiva do proprietério, assim como os respectivos beneficios asso- ciados a elas. Muitas das aplicagdes referenciadas neste capitulo so descritas em mais detalhes nos Capftulos 5, 6 ¢ 7, ¢ nos estudos de caso do Capitulo 9. Confiabilidade de custos e gestéo Proprietérios frequentemente encaram situag6es de custos que ficam acima do esperado ou custos nao previstos, que os forgam a realizar “engenharia de va- lor”, a ampliar o orgamento ou a cancelar o projeto. Pesquisas com proprietérios indicam que até dois tergos dos clientes da construgao reportam custos acima do previsto (Construction Clients Forum, 1997; FMI/CMAA, 2005, 2006). Para mitigar o risco de extrapolamento de custos e estimativas nao confiveis, pro- prietdrios e prestadores de servigos adicionam contingéncias as estimativas ou um “valor reservado para lidar com as incertezas que surgem durante a constru- dio” (Touran 2003). A Figura 4-2 mostra uma tfpica faixa de contingéncias que proprietérios e seus prestadores de servigos aplicam as estimativas, variando de 50% a 5%, dependendo da fase do projeto. Estimativas no confiéveis expoem proprietérios a um risco significativo ¢ aumentam artificialmente todos os custos do projeto. A cconfiabilidade das estimativas de custo é influenciada por varios fatores, incluindo condigdes de mercado que variam ao longo do tempo, tempo decorrido entre a estimativa e a execugdo, modificagées nos projetos e questdes relativas qualidade (Jackson 2002). A natureza precisa e computivel dos modelos BIM proporciona uma fonte mais confiével para proprietérios realizarem quantitativos ¢ estimativas, além de realimentagées de custo mais répidas para modificagdes Nos projetos. Isso € importante porque, mais cedo no processo, nas fases de es- tudo de viabilidade e concepgao, a habilidade de influenciar os custos é a maior, como mostrado na Figura 4-3. Orgamentistas citam falta de tempo, documen- tagao pobre e falhas na comunicago entre os participantes do projeto, especial- 98 Manual de BIM Tabela 4-1 Resumo das éreas de aplicagdo do BIM e beneficios potenciais para todos 1s proprietérios, proprietérios operadores e proprietirios desenvolvedores, ¢ referéncias cruzadas para os estudos de caso apresentados no Capftulo 9 Areas de aplicagao do BIM especificas para proprietdrios Beneficios Estudo de caso Capitulo(s) (referenciadasno —-—-Impulsionador do_para todos os relevante ou dolivro presente capitulo) mercado proprietarios referéncia Capitulo 5: Planejamento de Gestéo de custos/ Garantie que os Planejamento de arquitetos e espagos econformidade complexidade do requisites do projetoFaclidades da engenheiros como programade mercado sejam aleancades Guarda Costeka / necessidades Tibunal Federal Energia (andlse Sustentablidade Melhorara Edifclo de Excitérios cmbienta) sustentabidede e do Governo Federal cfciinca energética Configuracéo de Gerenciomento de Qualidade Planejomento de projetos planejamento custos/complexidade dos projetos / Faciidades da de cenérios ‘comunicagéo Guarda Coster Anélse e simulagéo do Sustentablidade -—-—Desempenho Centro Aquético sistema constutvo qualidade da Nacional cedieagto Comunicagao e revisdo Complexidede do Comuricagao Todos os estudos de dos projtos mercado e barreiros caso de tnguagem Copitulos _Quontitatvos e Gestéo de custos. Estimates mais —_-Empreendimento Seé: estimativas de custo confidveiseprecisas Comercial Hillwood / projetists, Estacionamento Penn engenheios, National /Efeio empreiteros Residencial na 11° ‘Avenida, Nova York Coordenagéo de Gestao de custose Redugdo de eros no Centro Médico projtos (detecgdo de complexdade da_——cante'roe redugio dos Camino interfeéncias) infroestrutura custos de consirugdo Copitulos _Simulogio de Tempo de ‘Comunicagéo visual Torte Comercial One 6e7: cronogramas /4D langamento, do.ronogroma ‘sland East empteiteros excasser de méo de fe fobricantes obra e borreltas de linguagem Controle de projeos Tempo de Registro dos avidades Planta da GM em tangamento do projeto Frnt Préfabricagto Tempo de Redugdo do tempo de Centro Médico langamento trabalho no cantero.e Comino / Edificio ‘oumento de qualidade Residencial na 11° os projets ‘Avenide, Nove York Capitulo 4: Andie preliminar de Gesido de custos—Aumento da Empreendimento propretérios —viabildade conffabiidade dos Comercial Hillwood custos Simulagéo do operagdo Sustentabilidade/ _Desempenho e gestéo decustes _monutengBo da edicagéo Gestéo de ativos Gestéo de ativos Gestdo de facilidades eativos Planejarento de Facilidades da Guarda Costeira Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagses 99) Contingéncia/Contiabilidade em fungéo da fase do projeto > Limite superior = Limite inferior — es BIM 3 § 04 x Sone ® o_o Estimativa Estima de Estimativa ao final Verifcado preliminer ergamento dos projets Estdgio de desenvolvimento da estimativa FIGURA 4-2 Gréfico mostrando os limites superior e inferior de contingéncias adicionadas pelos proprietérios as estimativas de custos durante diferentes fases do projeto (dados adaptados de Estados Unidos, 1997; Munroe, 2007; Oberlander e Trost, 2001) eo potencial aumento de confiabilidade associado as estimativas de custo baseadas em BIM. Copacidade de influenciar © custo rae Custoda const oy telly Planejamento a \rceeos | Nevabtvade K B) | \eesesctieae)/ : i i Pe eis z 3 Inauguregéo i Y = ee 1 o ve Tene de poe sos paca can em: [] es nagea on ma perpen art novels dese do Cope? FIGURA 4-3 Influéncia do custo total do empreendimento sobre o ciclo de vida do edificio. O uso atual do BIM normalmente & limitado ds citimas fases da concepcao e do detalhamento e ds {ases inicicis da construgéo. O uso do BIM mais cedo no process de projeto terd maior influéncia sobre os custos. Melhorar a confiabilidade dos custos é um fator chave na adogio de métodos de ‘estimativa de custos baseados em BIM. 100 Manual de BIM 4.2.2 ‘mente entre orgamentistas e proprietérios, como principais causas de estimativas deficientes (Akintoye e Fitzgerald 2000). Proprietérios podem gerenciar custos por meio de aplicagdes BIM para obter: Estimativas de custo mais confiaveis nas fases iniciais do processo de projeto com estimagiio conceitual usando BIM. Estimativas que utilizam mo- delos conceituais de informagao do edificio, consistindo em componentes com informagées sobre hist6rico de custos, produtividade ¢ outras informagées para estimativas, podem fornecer aos proprietarios respostas rapidas em varios cend- ios de projeto. Estimativas precisas podem ser altamente valiosas nas fases i ciais do projeto, particularmente na avaliago do fluxo de caixa previsto e na bus- ca de financiamento. O estudo de caso do empreendimento Comercial Hillwood demonstra como proprietérios trabalhando com um prestador de servigos que utiliza uma ferramenta de estimativa conceitual baseada em BIM, chamada de DProfiler, sio capazes de reduzir o percentual de contingéncias e economizar dinheiro tomando empréstimos menores. Estimativas mais répidas, mais detalhadas e mais precisas com ferramen- tas de quantificagéo BIM. Tanto proprietérios quanto orgamentistas batalham para responder s modificagSes nos projetos e nos requisitos, e compreendem 0 impacto dessas mudangas no orgamento geral ¢ estimativas do empreendimento. ‘Ao associat 0 modelo projetado aos processos de estimativa, a equipe de projeto pode acelerar os quantitativos de orgamentagao geral e obter realimentagéo mais répida sobre modificages propostas (ver Capitulos 5 e 6). Por exemplo, proprie- térios podem extrair quantidades automaticamente ¢ assim agilizar ¢ verificar estimativas dos projetistas e subcontratados (Rundell, 2006). O estudo de caso do empreendimento Comercial Hillwood cita eyidéncias de que estimativas de custo baseadas em BIM realizadas no inticier do’ projeto podem reduzir em 92% 0 tempo necessério para produzir a informaao, com uma variagéo de apenas 1% em relago ao processo manual. No estuda de caso da torre comercial One Island East, 0 proprietrio foi capaz de estabelecer um percentual de contingéncia mais baixo em seu orgamento como resultado da confiabilidade ¢ precisao das estima- tivas baseadas em BIM. Entretanto, proprietarios devem perceber que quantificagio ¢ estimagao baseadas em BIM sao apenas o primeiro passo no processo de estimativa como um todo. Elas nao resolvem completamente o problema das omissGes. Além dis- so, a maior preciso no levantamento de componentes oferecida pelo BIM nao lida com condigdes especificas do canteiro ou com a complexidade da edificago que dependem da experiéncia de um orgamentista para a realizagao dos quanti- tativos. Tempo de langamento (time to market): gestao de cronograma O tempo de lancamento afeta todas as indiistrias e frequentemente a construgao das instalacées fabris € um gargalo. Indistrias de manufatura tém requisitos de tempo de langamento bem definidos, e companhias como a General Motors, como exposto no estudo de caso GM em Flint, devem explorar métodos e tec- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagées 101 nologias que as permitam construir instalagdes industriais mais rapidamente, com melhor qualidade e menor custo. A equipe da GM Flint completou o em- preendimento cinco semanas antes do previsto no cronograma gragas ao uso de processos BIM inovadores, que forneceram aos proprietarios e suas equipes de projeto ferramentas para automatizar o projeto, simular operagées ¢ usar pré- -fabricagao. Essas inovages ialmente dirigidas a instalages de manufatura © processamento — agora esto disponiveis para instalages comerciais genéricas e seus prestadores de servicos. As inovagées oferecem aos proprietérios uma variedade de aplicagdes BIM que respondem as seguintes necessidades ligadas ao tempo de langamento: Redugiio do tempo de langamento por meio do uso de modelos paramé- trios. Longos ciclos de construgéo aumentam o risco de mercado. Projetos que so financiados em condigdes econdmicas favordveis podem chegar ao merca- do em um perfodo de recessiio, impactando muito o retorno do investimento (RON) do projeto. Processos BIM, como projeto e pré-fabricagéio baseados em BIM, podem reduzir consideravelmente a duragéo do empreendimento, da apro- vagdo até a finalizagio da obra. A natureza paramétrica e de componentes do modelo BIM tornam mais féceis as modificagdes no projeto e as consequentes atualizagdes automaticas da documentagao. O estudo de caso de Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira é um excelente exemplo de projeto baseado em parametrizacéo para auxiliar no planejamento répido de cenérios, nas fases iniciais do projeto. Esse tipo de aplicacao BIM permite que proprietérios respon- dam melhor a tendéncias de mercado ou a requisitos do negécio relacionados & construgdo e ajustem os requisitos do projeto, em colaboragdo com a equipe de projeto. Redugiio da duragio do cronograma com a coordenagao 3D e pré-fa- bricag&io. Todos os proprietérios pagam o prego de atrasos da construgo ou da Ientidio dos empreendimentos, seja em pagamentos de juros de empréstimos, da postergagao dos rendimentos de locagéo ou de outros rendimentos de vendas de bens e produtos. Nos estudos de caso GM em Flint e Centro Médico Cami- no, no Capitulo 9, a aplicagéo do BIM para dar suporte 4 coordenagio e a pré- -fabricagdo levaram ao aumento da produtividade no canteiro, 4 diminuigao do esforgo em campo e a redugées na duragéio do cronograma geral, que resultaram na entrega das facilidades dentro do prazo estabelecido. Redugio dos riscos relacionados ao cronograma com o planejamento ba- seado em BIM. Cronogramas frequentemente sao impactados por atividades que envolvem altos riscos, dependéncias, méltiplas organizagdes ou sequéncias com- plexas de atividades. Nao é raro que isso ocorra em projetos como renovag6es de instalagées existentes, onde a construgio precisa ser coordenada com a operagéio normal do edificio. Por exemplo, uma gerenciadora de obra representando o pro- prietério usou modelos 4D (ver Capitulo 6 e Figura 4-4) para comunicar um cro- nograma de reforma para a equipe de um hospital ¢ mitigou o impacto das obras sobre suas atividades (Roe 2002). Respostas rpidas a condigdes de campo imprevistas com modelos BIM coordenados em 4D. Proprietdrios e seus prestadores de servigos costumam 102 Manual de BIM (tert onpogtn (Vite deol rE cag (va recone [edema wesc mime Nase Teeimate, ICU [Zewrowownrioono ———ahaabe lea TenpSpande, Lora. (aim emstrscron von Gaae fom comer Lato (Zerreacars iva lnm Feowy | fanceaa” tea areca (eos Giese fom erence Ierearsrcrs ‘eae er ndarert UW ea do dl de ecaeo FIGURA 4-4 Vizualizacées de um modelo 4D para um edificio hospitalar de nove pavimentos, mostrando atividades de reformas concomitantes em diferentes payimentos e departamentos: a) visualizagio 4D de tum departamento; b) visualizacéo 4D de um pavimento; c) visualizagéo 4D de todos os povimentos; ¢) legenda mostrando os tipes de atividades comunicadas pelo construtor e pelo proprietério; e) as atividades em andamento; ef) a hierarquia 4D mostrando a orgenizacao por pavimento e departamento. Cortesa do imogem: URS. encontrar condigdes que mesmo os melhores modelos digitais ndio conseguem prever. Equipes utilizando modelos digitais muitas vezes esto em melhor posi- cdo para responder a essas condigdes imprevistas e retornar ao cronograma. Por exemplo, no projeto de uma loja, foi definido que ela deveria abrir antes do Dia de Aco de Gragas, para 0 perfodo de compras dos feriados de fim de ano. Tres meses depois de iniciar, condigdes imprevistas forgaram o projeto a ser paralisado por noventa dias. O empreiteiro utilizou um modelo 4D (ver Capftulo 6) para ajudar no planejamento da recuperagao, para que as facilidades fossem abertas em tempo (Roe 2002). 4.2.3 A complexidade da infraestrutura e do ambiente da construgéo Edificios e instalagdes modernos so complexos em termos de sua infraestrutura fisica e das estruturas organizacional, financeira ¢ legal usadas para implanté-los. Cédigos de construgdo complicados, questées de regulamentagao ¢ responsabi- lidades legais séo comuns em todos os mercados imobiliérios e frequentemen- te so gargalos ou barreiras significativas para equipes de projetos. Nao raro, proprietérios precisam coordenar os trabalhos de desenvolvimento e aprovagéo do projeto. Ao mesmo tempo, a complexidade da infraestrutura das instalagdes cresceu consideravelmente. Sistemas tradicionais da edificago, como ventilacao, rede elétrica e hidrdulica, estao sendo integrados com redes de dados e teleco- municagées, sensores ¢ medidores, ¢ em alguns casos, sofisticados equipamentos elétricos ou de fabricagao. Capitulo 4 BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 103 ‘As ferramentas ¢ os processos BIM podem auxiliar os esforgos dos propric- térios na coordenagao da crescente complexidade da infraestrutura dos edificios e dos processos regulatérios, por meio da: Coordenagio da infraestrutura com modelos 3D totalmente integrados dos sistemas prediais, da arquitetura e dos sistemas estruturais. Um modelo de edificio permite a coordenagao virtual de sua infraestrutura, para todas as dis- ciplinas, O proprietério de uma instalagio pode incluir os representantes de suas equipes de manutengao e operagées para fornecer informagées ¢ para revisar 0 modelo. O retrabalho causado por falhas de projeto pode potencialmente ser evi- tado. Os estudos de caso GM em Flint ¢ Centro Médico Camino demonstraram como um proprietério pode trabalhar com uma equipe de construgio para coor- denar os sistemas prediais usando modelos 3D digitais. Produgao de infraestruturas de maior qualidade e de manutengdo mais fécil por meio da revisio interativa dos modelos coordenados. Muitos proprie- térios precisam ir além da coordenacdo tipica de instalagGes prediais para garantir que suas instalagdes, dados/telecomunicagées ¢ equipamentos sejam facilmente acessfveis durante a manutengao, Isso é crucial para companhias que dependem muito desses sistemas, como empresas de cardter tecnolégico e de biotecnologia, que demandam servigos confidveis 24 horas por dia, 7 dias por semana. A revisio interativa do modelo permite que os proprietérios simulem 0 acesso e os procedi- mentos de manutengdo virtualmente. Conformidade com cédigos e requisitos pela verificagao automitica ba- scada cm BIM. Frequentemente, proprietarios ¢ suas equipes de projeto pre- cisam trabalhar com uma variedade de jurisdigdes para garantir que suas ins- talagdes atendam a cédigos de desenho, desempenho e seguranga do trabalho. Profissionais atuando na drea de regulamentacao também enfrentam desafios para garantir a conformidade do edificio durante 0 projeto e a construgéo. Um beneficio potencial do modelo de informagio do edificio é a habilidade de anali- sar e verificar automaticamente a conformidade do modelo com o programa de necessidades e com os cédigos de obras. Em Singapura, o governo a indtistria da construgéo implementaram um proceso eletrénico de aprovagio, chamado de CORENET (CORENET, 2007). O uso dos modelos de edificios pode eliminar o gargalo da revisao de projetos ao fornecer as agéncias regulat6rias melhores fer- ramentas de andlise. Entretanto, as funcionalidades BIM para além da verificagéo de conformidade basica ainda requerem pesquisa antes de serem adotadas por agéncias reguladoras. Prevengio de litigios por meio da criagdo e aprovagio colaborativas de modelos de informagao de edificios. Atualmente, muitos empreendimentos re- correm a processos judiciais para resolver quem deve pagar pelos custos resul- tantes de mudangas. Esse tipo de questo inclui: projetistas questionando modi- ficag6es solicitadas pelo proprietério; proprietérios afirmando que os projetistas nao atenderam aos requisitos contratuais; e empreiteiros questionando a respeito do escopo do trabalho, falta de informagao ou documentagdo projetual impreci- sa. Projetos baseados em modelos de edificios podem mitigar essas ocorréncias devido ao nivel de preciso e resolugao necessdrio para sua criagdo. O esforgo colaborativo de criagao do modelo também leva a uma melhor atribuigdo de res- ponsabilidades entre os participantes do projeto. 104 Manual de BIM 424 425 Sustentabilidade A tendéncia aos edificios “verdes” est levando muitos proprietérios a considerar a eficiéncia energética de suas instalagdes ¢ 0 impacto ambiental geral de seus projetos. A construgdo sustentavel € uma boa pratica de negécio e pode gerar edificagdes mais facilmente comercializ4veis. Modelos de edificios fornecem va- rias vantagens sobre desenhos 2D, dada a riqueza da informagio sobre os objetos necessdria para executar andlises energéticas e outras andlises ambientais. Ferra- mentas especificas BIM para andlises sao discutidas em detalhes no Capitulo 5. Da perspectiva do proprietério, processos BIM podem ajudar a: Reduzir 0 consumo de energia por meio da anéliise energética. Em média, nos custos operacionais, a energia responde por US$1,50 a USS2,00 por pé qua- drado (US$16,14 a US$21,53 por metro quadrado) (Hodges ¢ Elvey, 2005). Em uma instalagdo de 50.000 pés quadrados (4.645 m2), esse valor fica entre 75 100 mil délares anuais. O investimento em sistemas prediais que poupam energia, como um isolamento térmico aprimorado, reduz 0 consumo de energia em 10%, © que se traduz em economia de 8 a 10 mil délares anuais. O ponto de equilfbrio para um investimento de 50 mil délares ocorreria no sexto ano de operagio. O desafio ao se fazer tais avaliagGes é calcular a verdadeira redugdo de consumo de energia que pode ser obtida por um projeto especifico. Hé muitas ferramentas para proprietdrios avaliarem o retorno de investimentos em economia de energia, inclusive andlise de ciclo de vida, e estas so discutidas no Capitulo 5. Apesar de essas ferramentas de anflise no necessitarem obrigatoriamente de um modelo de edificio como entrada, este facilita muito o seu uso. O estudo de caso do edificio de escritérios do Governo Federal demonstra os tipos de andlises para conserva- cio de energia que podem ser integradas usando ferramentas BIM. Aumentar a produtividade operacional com ferramentas de criagio e si- mulagio de modelos. Projetos sustentaveis podem influenciar consideravelmente na produtividade dos ambientes de trabalho. Dos custos operacionais, 92% sao gastos com as pessoas que trabalham nas instalagdes (Romm, 1994). Estudos sugerem que a iluminago natural em lojas e escrit6rios aumenta a produtividade e reduz o absentefsmo (Roodman e Lenssen, 1995). As tecnologias BIM forne- cem aos proprietirios ferramentas necess4rias para avaliar os compromissos a fazer quando se considera o uso de luz natural e a redugao do ofuscamento e do aquecimento pelo sol, comparando os custos ¢ requisitos globais do projeto. O estudo de caso do edificio de escrit6rios do Governo Federal comparou diferentes cenfrios para maximizar beneficios potenciais da luz natural. Superando as barreiras de escassez de méo de obra, educacéo e linguagem Proprietérios enfrentam questdes de mercado globais e locais. Todos os projetos precisam obter aprovagao local ¢ tipicamente dependem de recursos locais para a execugGo das atividades no canteiro. Mesmo em projetos locais, € comum que se- jam faladas varias Iinguas. Muitos projetos integram recursos globais, particular- mente trabalhos internacionais; e muitos paises industrializados esto vivencian- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 105 do uma crescente escassez de trabalhadores qualificados e um envelhecimento da forga de trabalho na inddstria da construgéo (McNair e Flynn, 2006). Empreen- dimentos baseados em BIM podem mitigar o impacto dessas tendéncias ao: Maximizar a eficiéncia da mao de obra pela conexio do BIM com a pré- -fabricagdo e o planejamento do trabalho em campo. Combinado com aborda- gens gerenciais como a construgdo enxuta, o BIM pode ajudar equipes de pro- jetos a aumentar a produtividade do trabalho e a reduzir a necessidade de mao de obra no canteiro. O estudo de caso do Centro Médico Camino é um excelente exemplo do uso de um modelo de informagao 3D para apoiar tanto a pré-fabri- cago quanto a otimizagao das atividades de canteiro por meio da coordenagao ¢ do planejamento virtuais, reduzindo a demanda de trabalho em campo. De fato, como a construgao enxuta requer mudangas de processos que transcendem as fronteiras das empresas individuais durante os empreendimentos imobiliarios, as aplicagées de maior sucesso tém sido aquelas promovidas pelos proprietérios, como o Sutter Health, a seguradora de satide por trés do Centro Médico Camino. © BIM tem um papel central na facilitagdo da aplicagdo das técnicas enxutas, como 0 controle do trabalho por fluxo puxado e os fluxos de materiais. Superar barreiras de linguagem por meio da simulagéo BIM e comuni- cagiio. A maioria dos projetos envolve pessoas que falam miltiplas linguas ou dialetos no escritério e no canteiro. Esforgos que tentam incorporar ferramentas de tradugo dentro de CADs ou mesmo aplicages BIM falham devido ao jargio es informagées especificas que sao anotadas nas proprias pranchas do projeto. BIM pode ser usado para comunicar as atividades didrias do canteiro para trabalhadores estrangeiros (Sawyer, 2006). Essa visalizagao interativa, no estilo videogame, fornece aos trabalhadores uma forma altamente interativa de navegar e consultar informagées do projeto. Instruir a equipe do projeto por meio de revisdes interativas com BIM. Projetos geralmente duram longos perfodos e envolvem numerosos fornecedo- res de servigo. As equipes do projeto precisam instruir constantemente novos participantes no empreendimento, durante cada uma das suas fases. A natureza computavel dos modelos de edificios faz com que sejam excelentes ferramentas para acelerar novos membros da equipe, de modo que eles possam entender o escopo, os requisites c a situagdo atual do projeto. Essa comunicagao é vital, particularmente quando um projeto decola ou novos participantes se juntam & equipe. O quarto autor deste livro participou em um projeto no qual o proprieté- rio (Disney) utilizou modelos 3D, 4D e de simulagéo de operagées para instruir mais de 400 partes interessadas, variando de agéncias locais e executivos até po- tenciais fornecedores e novos empregados (Schwegler et al. 2000). A natureza rica e interativa da informagao melhorou consideravelmente o entendimento do projeto. Diferentemente da documentagao 2D desencontrada utilizada, ou mes- mo dos modelos 3D, as ferramentas BIM de projeto e revisdo fornecem recursos altamente interativos, que permitem ndo apenas a visualizagao do projeto, mas também a consulta do modelo ¢ o exame de uma variedade de informag6es sobre ‘0s componentes do projeto. 106 Manual de BIM 4.2.6 Avaliagao de projeto Proprietarios precisam ter capacidade para gerenciar ¢ avaliar o escopo do pro- jeto em relagio aos seus pr6prios requisitos em cada fase do empreendimento. Durante o estudo preliminar, isso frequentemente inclui a anélise dos espacos. Mais adiante, isso envolve andlises que avaliam se o projeto proposto atendera aos requisitos funcionais. Atualmente, esse processo é manual, e os proprieté- rios confiam nos projetistas para percorrer o projeto, visualizando-o através de desenhos, imagens e animagées renderizadas. Os requisitos, entretanto, mudam frequentemente, e mesmo quando sao claros, pode ser dificil para o proprietério garantir que todos eles foram atendidos. Além disso, uma parcela crescente dos projetos envolve a modernizagiio de instalagdes existentes ou a construgéio em espagos urbanos. Esses projetos nor- malmente geram impactos nas comunidades vizinhas ou nos usudrios das instala- GOes existentes. Buscar opiniGes de todos os interessados é dificil quando eles nao conseguem interpretar adequadamente os desenhos ¢ as tabelas. Proprictérios podem trabalhar em conjunto com suas equipes de projeto para utilizar 0 modelo do edificio para: ‘Aumentar a conformidade ao programa por meio de ferramentas BIM de andlise de espagos. Proprietarios como a Guarda Costeira dos Estados Unidos so capazes de analisar rapidamente os espagos do projeto com ferramentas de projeto BIM (ver o estudo de caso do Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira). A Figura 4-5 mostra como um modelo de edificio pode comunicar em FIGURA 4-5 Tela mostrando informacées da anélise des espacos em uma tabela e em uma. planta preenchida. imagem cortesic do Autodesk. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 107 tempo real tanto a espacialidade quanto os dados numéricos, permitindo a verifi- cagio da conformidade com os requisitos. Diferentes cores sao definidas automa- ticamente para os cémodos, com base nas suas dimensées e fungdo. Em alguns casos, a codificagdo por cores pode alertar os projetistas ou proprietarios sobre espagos que excedem ou no atendem aos requisitos estabelecidos. Essa resposta visual € importantissima durante o estudo preliminar e projetos esquemiticos. Assim, 0 proprietério pode garantir que os requisitos de sua organizagao sejam cumpridos e que a eficiéncia operacional do programa seja atingida. Receber informagées de maior qualidade das partes interessadas no pro- jeto por meio da simulag&o visual. Proprictarios frequentemente precisam de retorno adequado de partes interessadas no projeto que, ou tém pouco tempo, ou Iutam para entender a informagao fornecida sobre projeto. A Figura 4-6 6 uma foto mostrando juizes revisando o projeto de seu tribunal. A Figura 4-4 mostra uma visualizagéo 4D de todos os pisos de um hospital, para comunicar aos di- ferentes departamentos a sequéncia da construgéo, permitindo que se obtenha informagées sobre como as obras afetarao as operagées do hospital. Em ambos 08 projetos, 0 modelo do edificio ¢ a répida comparagao de cendrios melhoraram consideravelmente 0 processo de revisao. O uso tradicional de tecnologias de pas- seios virtuais em tempo real ou renderizados em alta qualidade é um evento que ‘ocorre apenas uma vez, enquanto as ferramentas BIM e 4D tornam exploragées de diferentes cendrios muito mais faceis e economicamente vidveis. Reconfigurar e explorar rapidamente novos cendrios de projeto. E poss{- vel fazer configurago em tempo real em ferramentas de geragao de modelos ou em ferramentas de configuragdo especializadas. A Figura 4-7 mostra um exemplo FIGURA 4-6 Foto mostrando o proprietério (GSA) ¢ juizes em um ambiente de caverna digital (realidade virtual) revisando interativamente o projeto. Imagem cortesia da Walt Disney Imagineering 108 Manual de BIM de projeto da Jacobs Facilities, onde foi utilizado BIM para avaliar rapidamente diferentes cendrios e analisar requisitos, necessidades, orgamento e a opinidio do proprietério (McDuffie, 2007). A Figura 4-8 mostra uma ferramenta de configu- ragio de lojas que permite que um dono de loja rapidamente configure, visualize e faca 0 orgamento para diferentes leiautes para o espago de vendas. Esses objetos tém regras e comportamentos que restringem sua insergéo com base nas distan- cias livres ¢ adjacéncias, e permitem que equipes de projetos definam rapidamen- te 0 leiaute do espago ¢ caminhem virtualmente por ele. Simular a operagdo das instalagdes. Além de passeios virtuais e simu- lagées visuais, proprietérios podem precisar de outros tipos de simulagao para BSSees FIGURA 4.7 Exemplo de modelagem de espacos com BIM feito pela Jacobs Facilites, onde foram utilizadas informagées espaciais para verficar projeto em relagao aos requis do programa de necessidades e para avaliar aspectos como iluminacée natural e eficiéncia ‘energética durante 0 anteprojeto. Imagem fornecida pela Jacobs. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalages 109 4.2.7 FIGURA 4-8 (A) Umo ferramenta para explorar rapidamente o projeto do espago para lojas e seu custo a partir de (B) uma série de médulos comerciois. (C) Umo renderizogao de uma loje a partir de um cenério de projeto especifico. Imagens cortesia da Screampoint. avaliar a qualidade do projeto. Essas simulagées podem incluir comportamento de multidGes ou cendrios de evacuagdo em caso de emergéncia. A Figura 4-9 mostra um exemplo de simulagao de comportamento de multidées para um dia tipico em uma estag&o de metré e a respectiva andlise. As simulagées utilizaram © modelo do edificio como um ponto de partida para a geragdo dos diferentes cendrios. Essas simulagées sio trabalhosas ¢ envolvem o uso de ferramentas ¢ servigos especializados. Para instalagdes nas quais esses requisitos de desem- penho sao criticos, entretanto, 0 investimento inicial em um modelo de edificio pode se pagar em decorréncia da entrada 3D mais precisa que as ferramentas especializadas exigem. Gerenciamento de informagées de ativos e facilidades ‘Todas as inddstrias estéo enfrentando o desafio de entender como trabalhar a informagao como um ativo, e proprietérios de instalagSes nao sfo excegdo. Atual- mente, a informago é gerada durante cada fase do projeto e é frequentemente 10 Manual de BIM “ ®) FIGURA 4-9 Exemplos de resultados visuais ¢ analiticos do Legion Studio, com base em informagées 2D e 3D do edificio. Arenderizacéo 3D principal mostra a simulagéo de uma estacdo de metré durante o hordrio de pico ‘de ura manhd num dia de semana, (A) Um mapa de um aeroporto usa cores para mostrar a velocidade médio, com o vermelho indicando movimento lento € o azul mostrando movimento de fluxo livre; (8) um mapa de um estddio, com rotas de acesso e lojas adjacentes, mostrando densidade média, com vermelho e amarelo indicando os locais de densidade mais alta; (C) um gréfico comparando tempo de baldeagdo de passageiros entre wirios pares origem-destino (ver encarte colorido). Imagens fomecidas pela Legion Limited. reintroduzida ou produzida durante as entregas entre fases e organizagdes, como mostrado na Figura 4-1. Ao final da maioria dos projetos, o valor dessa informa- gio cai abruptamente, porque ela nfo é atualizada para refletir © que foi de fato executado (as-built), ou entao est4 em um formato que no é facilmente acessivel ou gerencifvel. A Figura 4-1 mostra que um projeto envolvendo a criagdo e atua~ lizagio colaborativa de um modelo de edificio teré menos perfodos de entradas duplicadas ou perdas de informagao. Proprietérios que visualizam todo o ciclo de vida dos seus empreendimentos podem usar modelos de edificios de forma estratégica e efetiva para: Popular rapidamente a base de dados de gerenciamento de facilidades. No estudo de caso do Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira, a equipe obteve uma economia de tempo de 98% pelo uso de modelos de edificios para popular e editar a base de dados de gerenciamento de facilidades. Essa economia é atribufda & reducao do trabalho necessério para inserir a informagao espacial Capitulo 4 BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacées 111 Gerenciar ativos de facilidades com ferramentas BIM de gerenciamento de ativos. A Guarda Costeira dos Estados Unidos esta integrando BIM no seu processo de gestiio de portfélio e ativos, como discutido no estudo de caso do Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira. A Figura 4-10 mostra varias te- las do seu sistema web de gerenciamento de ativos, que integra dados SIG e mo- delos de edificios de varias instalagGes. Componentes construtivos e montagens so associados com informagées das instalagées ¢ utilizados para embasar anéli- ses criticas, como estado de prontidao para misses. Outro exemplo € um modelo financeiro 4D mostrado na Figura 4-11 que associa cada objeto ou objetos do edificio com a avaliagao de suas condigGes ao longo do tempo. O proprietério pode visualizar a(s) instalac&o(Ges) periodicamente para obter um panorama ge- ral da avaliagdo de suas condigdes. ‘Avaliar rapidamente o impacto de trabalhos de modernizagao ou de ma- nutengao nas instalagdes. Outro exemplo é 0 uso de modelos visuais e inteli- gentes para auxiliar gerentes de facilidades a avaliar o impacto de trabalhos de modernizagao ou manutengdo. Por exemplo, um sistema de gerenciamento de facilidades baseado em BIM foi usado durante os trabalhos de manutengao da Sydney Opera House (Mitchell e Schevers, 2005). A equipe de manutengéo usou ‘0 modelo para avaliar visualmente quais dreas seriam afetadas quando a energia elétrica de um espago especifico fosse cortada. eile d FIGURA 4-10 O sistema web de ativos e portfélio da Guarda Costeira dos Estados Unidos. Imagem fornecido pela Onuma and Associates, Inc. 12 Manual de BIM ST FIGURA 4.11 Modelo financeiro 4D mostrando come as condigées “avaliadas” das instalagées, variando de boos (verde) a razodveis a ruins (vermelho) como indicadas em diferentes cores, variam ao longo do tempo. (Ver encarte colorido) Imagem fornecida por PBSBJ, Common Point Inc., AEC Infosystems Inc. e MACTEC Ine TIPOS DE PROPRIETARIOS: POR QUE, COM QUE 4.3.1 4.3.2 FREQUENCIA E ONDE ELES CONSTROEM As vérias aplicagdes BIM discutidas nas segSes anteriores ressaltam 0 amplo con- junto de usos e beneficios que 0 BIM oferece. Para muitos proprietédrios, esses beneficios devem amarrar-se diretamente aos seus modelos de neg6cios. As se- Ges seguintes discutem as principais diferengas entre tipos de usuérios e como as diferentes aplicagdes BIM atendem as suas necessidades especificas. A justificativa de negécios do BIM Quando inicia um projeto, todo proprietério considera a vantagem econémica de construir uma instalagéo. Desse modo, a decisao de aplicar a tecnologia BIM é frequentemente embasada por uma justificativa econémica, seja em termos de re- dugao dos custos iniciais ou recorrentes ou entao de aumentos potenciais no fatu- ramento. A Tabela 4-2 relaciona os custos tipicos ¢ o faturamento prospectivo de ‘uma instalagao por categoria. Para justificar uma aplicagio BIM, ela deve reduzir os custos iniciais ou recorrentes ou aumentar o faturamento. Custos recorrentes podem superar os custos iniciais na proporgéo de até 2 para 1 (Dolan, 2006). Assim, ao considerar uma aplicagao BIM, proprietérios nao devem simplesmente considerar seu impacto nos custos iniciais, mas também nos custos recorrentes. Nas segées seguintes, é avaliado como diferentes proprictétios ¢ formas de con- trataco influenciam essa andlise. Proprietdrios operadores versus incorporadores Os proprietérios que constroem para operar tém um forte incentivo para consi- derar os custos de longo prazo relativos a propriedade e operacao de uma ins- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacées 113 talagdo. Exemplos de proprietdrios que constroem para posteriormente ocupar incluem corporagées, varejo, instalagdes hospitalares, escolas e universidades, instalagdes esportivas e de lazer e o governo federal. Nos Estados Unidos, esse tipo de construgéo abrange cerca de 50% do total de construgées ¢ totalizou 350 bilhdes de délares em 2006, com espagos comerciais e escolas representando a maior parte desse mercado (Tulacz, 2006). Os estudos de caso ao final deste livro demonstram vérias aplicagdes do BIM ¢ seus beneficios para os seguintes tipos de proprietérios operadores: Tabela 4-2 Resumo de custos ¢ receitas tipicas para uma instalago, fatores que aumentam ou reduzem os custos/receitas e os tipos de oplicagdo BIM que podem influenciar positivamente os custos/receitas Categoria de despesa Fatores que aumentam / oureceita Descricgo reduzem custos (relatives) Aplicagéo BIM Custos iniciois Compra do Custo de compra do terreno Economia edemanda do Nenhuma (todosos terreno. ou instalagdo existente mercado tipos de proprietérios) Projeto _-Servigas relacionedas.aa _—_—Escopo (extenséo dos Verificagao de desenvolvimento do projeto requisites) conformidade do para atenter aos requisitos programa e producto do proprietirio ‘automatizada de desenhos Nivel de desemohimento da Coordenagéo Informagdo e complexidade Conformidade com Verificacao de requlomentacses conformidade Construgé Servigos relacionados Mercado de méo de obra Pré-fabricagée e 4D @ construgéo fisica da instalagao, baseada na documentacdo projetual Custo dos materia © Pré-fabricagio e projeto quantificagdes pracisos coordenado Retrabalho devide a erros e Deteccio de interferéncias qualidade da construgdo_-e coordenagéo Restigdes do canteiro 4D Complexidade Coordenagée e 4D Gestdo de Custos relacionados & gestdo Custos de coordenagdo projeto do projeto ‘ndmero de organizagbes envolvidas Equipagdo —Mobiliéio, acessérios e Contfiguragéo, Configuragéo do equipamentos disponiolidade e projeto coardenagdo (continua) 114 Manual de BIM Tabela 4-2 Resumo de custos e receitas tipicas para uma instalagao, fatores que aumentam ‘ou reduzem os custos/receitas e 0s tipos de aplicagtio BIM que podem influenciar positivamente os custos/receitas. (Continuacéo) Categoria de despesa Fatores que aumentam / eureccita Desericéo reduzem custos (eltivos) _Aplicagio BIM Custos Custosde —Juros sobre inanciamento _Duregdo do projeto 4D e préfobricacéo recortentes carrego- (principal. mento mente proprietdios operadores) Superestimagéo do projeto Quantitative ¢ orgamentagéo praliminar Seguros Custos assoclados ao seguro Riscos eperactonais Simulagdo da do instalagdo operacda Substitui- Custos relacionados & Selegéo de motes esto e andlise de 60 substuigoo de mobiirio, de boixa qualidade e atvos ‘ecabamertos curpetese performance pinturs),equipamentos, ineluindo coberturs ou outros ‘componentes do edtiia Manuten- Custos relacionodos @ Projeto econstrugso Simulogao da fo manutengéo dos instalagies, de baixa qualidade ea operago, ineluindo palsogismoe | manutenablidade do terrenos projeto Operagées Energia, vor e dados Efcléncla energéticae _—_Andiise energética e eutlidades desempenho de ediieagso monitoramento do desempenho Pessoal Saldrios ebeneficios do ———Espago comm Andlise energética e pessoal néo ligado & funcionamente defciente desenvolvimento de ‘operago do edifclo ‘ouambiente detrabalho cenérios ‘do ideal Receites Vendas/—-Recetaproveniente da—‘Tempo de venda/ 4D, pré-fabvicacéo e locagéo —_venda ou lecagdo de langomento coordenago propriedades| Foaciidade de verda da Configuragée do Instologdo rojeto Simulagao da operagdo (visuaizagao pré-vendo) Andlise energética Demonda de mercado ea Nenhuma economia Produgée Bens produzidos ou vendidos Tempo de langamento 4D, pxé-fabrcagdo ‘em uma insalago (vrejo) coordenagio Semvigos _Reeaita proveniente de Produtividode de servigos Andlises energética Servigos executados na ——snosambiente de trabalho luminica, simulagéo instolagéo da operacio Indicetos _ Redugéo nos custos Sustentobiidade Andlise energética e ‘operacionais ‘opgées de projeto Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 115 ‘* Satide (Centro Médico Camino) « Edificios pablicos (Tribunal Federal, Edificio de Escrit6rios do Governo Federal, Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira) ‘ Espacos comerciais (Torre Comercial One Island East e Empreendimento Comercial Hillwood) « Inddstrias (Fabrica da General Motors) Esses tipos de proprietdrios — os que operam — beneficiam-se de qualquer aplicagao BIM listada na Figura 4-2 associada aos custos iniciais e recorrentes. Incorporadores, por outro lado, constroem para vender e sao motivados pelo aumento das taxas de retorno de seus investimentos em terrenos e edifica- g6es. Incorporadores sao proprietérios por um perfodo mais curto do ciclo de vida das instalages do que os proprietérios que também as operam. Eles sio tipicamente empreendedores imobilidrios e construtores de habitag6es uni e mul- tifamiliares.* Seus modelos financeiros so motivados principalmente pelo custo dos terrenos, permissdes ¢ riscos associados a condigées desfavoraveis ¢ tendén- cias mutdveis do mercado. As mudangas nos custos de construgdo tém impacto menor sobre seu modelo de negécios do que esses fatores. Os custos indiretos que advém do projeto e dos servigos de construgao podem afetar seus modelos de negécio das seguintes maneiras: 1. Estimativas pobres ou nao confidveis resultam em custos de carrega- mento maiores do que 0 necessério. 2. Fases de obtengdo de aprovagées extensas resultam no aumento dos custos de carregamento e na perda de oportunidades de mercado. 3. Retrabalho e planejamento inadequado ampliam a duragao do crono- grama e aumentam os custos de carregamento e o tempo de langamen- to/venda. 4. Compromissos no projeto ocorrendo muito cedo em um processo de projeto longo reduzem a oportunidade de resposta a mudangas de mer- cado e a maximizagao do prego de venda. Incorporadores podem evitar esses custos ocultos e aumentar a taxa de re- torno do investimento (ROI) aplicando BIM em seus empreendimentos para au- mentar a confiabilidade das estimativas (por exemplo, durante o pré-projeto), comunicando melhor o empreendimento para a comunidade, reduzindo o tempo de langamento e tornando o projeto mais vendavel. * O escopo desta discussio nao foca as demandas especiticas do mercado de construgio de casas € sua rede de prestadores de servigos. Muitos dos beneficios citados certamente se aplicam a constru- tores de casas, porém, as tecnologias e ferramentas discutidas neste liv so focadas em construges comerciais, (N. de RT: Casas no mercado americano sfo tipicamente construfdas de madeira e gesso acartonado, utilizando tecnologias ¢ fornecedores de servigos muito diferentes daqueles empregados em edificagdes comerciais.) 16 Manual de BIM 4.3.3 Quanto os proprietérios constroem: uma vez ou frequentemente Outro fator relacionado ao modelo de negécio dos proprietérios é a frequéncia com a qual eles constroem. Proprietérios que constroem uma tinica vez so me- nos afeitos a investir em mudangas no proceso, seja devido a falta de tempo para pesquisa e treinamento ou pelo valor percebido para investir numa mudanga. J4 proprietérios que constroem frequentemente, como universidades, incorporado- res ou donos de redes de varejo, reconhecem as ineficiéncias nos métodos atuais de implementagao de empreendimentos e 0 seu impacto no custo geral do proje- to. Esses construtores frequentes saéio mais propensos a considerar processos de desenvolvimento de edificios que nao sejam baseados em minimizar o custo ini- cial, porém que otimizam a implementagao como um todo e geram modelos que aumentam a qualidade das edificagdes, com estimativas de custo ¢ cronogramas mais confidveis. Consequentemente, proprietérios que constroem com frequéncia tendem a representar uma proporgio maior dos adotantes pioneiros do BIM. Proprictérios que constroem apenas uma vez, entretanto, podem se bene- ficiar tanto quanto os que constroem frequentemente, e podem fazer isso com facilidade ao colaborar com prestadores de servigo de projeto e construgao que tenham familiaridade com processos BIM. Muitos dos estudos de caso discutem projetos em que um fornecedor de servigos foi o responsével pelo inicio do uso do BIM. (EZ COMO PROPRIETARIOS CONSTROEM 44.1 HA varios métodos de aquisigao disponiveis aos proprietérios, ¢ o tipo de método escolhido impactaré a capacidade do proprietrio de gerenciar o processo BIM e obter seus beneficios. A diferenciacéo mais importante entre os proprietarios € seu grau de participago no projeto e na construgo ou desenvolvimento da instalagao. Por exemplo, proprietérios que empregam equipes de gestao de projetos, incluin- do arquitetos e planejadores, utilizarao BIM dentro das suas proprias organiza- goes. Proprictérios que empregam prestadores de servigos itdo ou instruir outros a utilizar BIM por meio de cléusulas contratuais ou depender de prestadores que escolheram utilizar BIM. Esses métodos dependem de como o proprietério imple- menta o empreendimento. Apesar de haver numerosas maneiras de implementar um empreendimento, os trés principais métodos sao: etapa simples ou tradicional (projeto-concorréncia-construgio), projeto & construgao e colaborativo. As se- g6es seguintes discutem esses trés diferentes métodos de implementagao de em- preendimentos e como eles afetam 0 uso potencial do BIM em um projeto. Projeto-concorréncia-construgdo (Design-Bid-Build) Nos Estados Unidos, 60% dos projetos ¢ construgées de facilidades continuam sendo executados sob o método projeto-concorréncia-construgao (American Ins- titute of Architects, 2006). Como discutido no Capitulo 1, 0 método de etapa simples ou tradicional envolve um proprietario mantendo relagdes contratuais com o projetista e o construtor e gerenciando o relacionamento e o fluxo de in- formagGes entre esses dois grupos, como mostrado nas Figuras 4-12 ¢ 4-13. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacbes 117 Organizacéo tipica da equipe de projeto (etapa simples ou tradicional) | Proprietério/Cliente bes itlceiaealeell a ae Arquiteto [Empreiteiro principal consecua ‘construir um c— modelo de edificio. integrado ou usar lEngenheiros e outros um processo BIM projetistos. Forecedores de produtos FIGURA 4-12 A organizacéo tradicional de uma equipe de projeto envolve contratos entre o proprietério e o arquiteto e construtorprincipas, que, por sua vez, mantém contratos entre suas organizagées e os subcontratados. Esse tipo de contratagdo frequentemente impede o fluxo de informagdo, responsabilidades e, em ultimo caso, a habilidade de utilizar ferromentas e processos BIM de modo efetvo, LINHA DE TEMPO DO PROJETO —————————» ede Constructo B # [vende =e a a 28 [vestiee aH 25 z as fe 8 g Economia de tempo decorente ‘da consrugso paralela ao projeto FIGURA 4-13 Diagrama comparativo dos trés diferentes métodos de implementacdo. 'A) A tradicional etapa simples envolve a conclusdo de cada fase antes do inicio da fase seguinte, com organizagbes diferentes conduzindo cada fase em um processo néo integrativo; B) 0 processo projeto & construgéo requer integragdo entre projetistes e construtores e envoive a concomiténcia das fases de desenvolvimento, resultando em um cronagrama redurido; C) um processo colaborativo envolve todos os participantes-chave o mais cedo possvel e colaboragto continua. 8 Manual de BIM 4.4.2 arquiteto e 0 construtor gerenciam os relacionamentos ¢ fluxos de informagao entre seus consultores e subcontratados. Essa divisdo contratual resulta em um processo sequencial com entregas em periodos de tempo especificos, criando bar- reiras para a informagéo entre as organizages ¢ inviabilizando a troca eletrénica de informagao do projeto rapidamente. Em alguns casos, o proprietério contrata ‘um gestor, seja externo ou interno, para supervisionar e gerenciar a comunicagao dentro das organizagées de projeto e de construgao. Esse proceso nao suporta bem a adogao de tecnologias ou processos transversais & equipe de projeto, devi- do as muitas separagGes contratuais. Tipicamente, esse processo é definido pelo “muro” de entregas, no qual, ao final de cada fase, as entregas so “passadas sobre 0 muro” com pouca ou nenhuma integragao ou colaboragao entre os par- ticipantes de cada fase. Em geral, as entregas sfio baseadas em papel. Frequente- mente, no inicio de cada fase, a informagio é recriada ou duplicada, reduzindo 0 valor da documentagao projetual e resultando na perda de conhecimento do projeto (ver Figura 4-1). Empreiteiros ¢ seus subcontratados e fabricantes re- desenham a documentagéo do projeto arquiteténico na forma de desenhos de configurago, porque os desenhos arquitetonicos e de engenharia ndo mensuram, delineiam espagos ou detalham as conexdes necessérias para a coordenagao dos subcontratados. Essa abordagem baseada em entregas torna dificil a implementagao bem- -sucedida de ferramentas ¢ processos BIM que necessitam da transmissao do modelo de edificio entre as organizacées. Nesses cendrios, as organizagdes con- cordam com o formato ¢ contetido do modelo a priori. Por essa razao, o uso do BIM em processos projeto-concorréncia-construcao é limitado a aplicagées em fases tinicas, como modelagem 4D e andlises de desempenho energético. Entre- tanto, um proprietdrio pode expandir a aplicagio potencial de BIM em processos projeto-concorréncia-construgéo ao demandar: 1, Requisitos contratuais especificando o formato e 0 escopo do modelo do edificio e outras informagées em cada fase de entrega. 2. A cooperacao de organizacées individuais para suportar ou promover 0 processo BIM dentro das fases nas quais atuam. Projeto & construgao Como discutido no Capitulo 1, um modo de contratagdo de edificagdes que esté ganhando espago € 0 projeto & construgdo, em que uma relagdo contratual é estabelecida entre o proprietério e uma tinica organizagao, que normalmente re- presenta tanto 0 arquiteto como o construtor, seja em uma Gnica empresa ou atuando como parceiros. No projeto-construgdio, o tempo das fases individuais no 6 necessariamente reduzido, porém a sobreposigao entre algumas delas reduz 0 tempo total do projeto, como mostrado na Figura 4-13(B). Em alguns casos, a integragdo dos detalhes construtivos mais cedo no processo pode informar 0 projeto e conduzir a uma melhor coordenagéo e construtibilidade, reduzindo o tempo de construgao. Estudos comparando essas abordagens concluem que o processo projeto- -construgdo possusi beneficios em termos de pontualidade do projeto e confiabili- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios ¢ Gerentes de Instalagbes 119 44.3 dade do cronograma (Dabella e Ries, 2006; Konchar e Sanvido, 1998; USDOT — Federal Highway Administration, 2006; Ibs et al., 2003). O estudo de Konchar e Sanvido encontrou beneficios do proceso projeto-construgéo em termos de custos e qualidade, mas outros estudos nao mostraram diferengas significativas de custo ou qualidade entre as duas abordagens. O projeto-construgao cria um fluxo de informagao mais fluido entre o projeto e as organizagdes envolvidas na construgo. Porém, ele ainda requer que essas organizagées (ou grupos) dedi- quem tempo no comego do projeto para definir o processo de trabalho, criar € manter 0 modelo do edificio, delinear seus usos especificos incluindo escopo e responsabilidades de cada organizagao participante, e para testar o processo. ‘Ao contrério do método projeto-concorréncia-construgdo, em que essa colabo- ragéo normalmente esté limitada a perfodos especificos de passagens ¢ entregas, a equipe de projeto-construcao pode identificar de forma colaborativa aplicagdes do BIM ao longo das fases do empreendimento e focar menos em entregas espe- cfficas entre as organizagSes e mais nas entregas principais para o proprietério. A Segio 4.9 fornece algumas diretrizes e dicas para proprietérios que queiram promover um processo BIM bem-sucedido. Processo colaborativo ‘Uma terceira ¢ nova abordagem para contratar projetos € uma variante do projeto & construgéio, que ainda precisa ser batizada, e enfatiza um relacionamento co- laborativo, baseado em aliangas entre o proprietério e os prestadores de servigos da inddstria AEC. Um estudo realizado pela Universidade do Texas (Geertsema et al., 2003) documenta uma significativa mudanga nos relacionamentos colabo- rativos e nao colaborativos entre proprietério e empreiteiros, de “vence o menor prego” para “fornecedor preferencial”. Isso significa que proprietarios estao se afastando da forma tradicional de selegdo dos prestadores de servigo, baseada em menor prego, que € comum em processos projeto-concorréncia-construgao, para prestadores de servigo preferenciais. © mesmo estudo aponta que os projetos ‘com relacionamentos colaborativos sfio mais bem-sucedidos, tanto na perspectiva dos proprictérios quanto na dos empreiteiros. ‘A abordagem colaborativa envolve a selegao e a participagdo de todos os participantes principais o mais cedo possivel no processo, seja por meio de re- lacionamentos contratuais Gnicos ou miltiplos. A Figura 4-13(C) mostra como esse processo pode ocorrer durante a fase de andlise de viabilidade, quando a par- ticipago dos prestadores de servigo tem o maior impacto e pode ajudar a definir requisitos de projeto. Enquanto o processo projeto & construgio envolve uma sobreposigdo parcial de projetistas ¢ construtores, o proceso colaborativo requer que o paralelismo comece na fase inicial do projeto e inclua mais participantes, exigindo um envolvimento mais préximo do proprietdrio ou de seu representante, processo colaborativo pode nio gerar uma redugdo da duragio do projeto ou um inicio mais cedo das obras, como mostrado na Figura 4-13, mas ele garante uma participagdo da equipe de construgao, incluindo fabricantes ¢ fornecedores, que so envolvidos cedo e com frequéncia. Essa abordagem normalmente é com- binada com incentivos para toda a equipe do empreendimento atingir certos obje- 120 Manual de BIM 44.4 tivos e metas, e também envolve o compartilhamento de riscos. A diferenga basica entre esse processo € 0 projeto & construgao € o compartilhamento coletivo de rriscos, incentivos e 0 método de criagdo da documentagdo do empreendimento. ‘A abordagem colaborativa & um processo de contratagao ¢ implementagio ideal para obter os beneficios dos aplicativos BIM em um projeto. A participagao de todos os integrantes do projeto na criagdo, revisdo e atualizago do modelo do edificio forga-os a trabalharem juntos ¢ construfrem o projeto virtualmente. Os desafios técnicos discutidos nas segdes anteriores persistirdo, e proprie- tdrios, juntamente com toda a equipe do empreendimento, devem seguir as dire- trizes da Sego 4.9 para maximizar os esforgos do grupo. Modelagem interna ou externa a organizagéo Esses diferentes métodos de contratagao nao respondem a situagSes em que pro- prietdrios produzem alguns ou todos os projetos ou servigos de engenharia ¢ construgo. A terceirizacdo é uma tendéncia comum para muitos proprietérios (Geertsema et al., 2003). Hé algumas incorporadoras ou proprietérios que pos- suem gerentes ¢ superintendentes de construgao em suas equipes. Nesses casos, como discutido na Segéo 4.9, o proprietério deve primeiramente avaliar sua ca- pacidade interna e seus processos de trabalho. O “muro de entregas” pode existir internamente, ¢ definir requisitos de troca do modelo entre grupos internos & igualmente critico. O proprietério precisa garantir que todos os participantes, internos ou externos, possam contribuir para a ctiagdio, modificagao e revisio do modelo do edificio. Para isso, pode ser necessdrio ao proprietario exigir o uso de softwares ou formatos de dados especificos para a troca de dados. A terceirizagao, no entanto, tem um impacto sobre 0 proceso BIM como um todo, ¢ proprietarios que escolhem contratar um parceiro terceirizado para produzir modelos de edificios independentemente da equipe de prestadores de servigos internos e externos devem considerar cuidadosamente a terceirizagdo completa da modelagem. Em geral, o trabalho terceirizado leva a modelos de edificios subutilizados, desatualizados e de baixa qualidade. Isso ocorre por va- rias razdes. Primeiramente, a equipe interna ou externa precisa atingir um ponto especifico no projeto para entregar as documentagées tradicionais. Segundo, a equipe terceirizada precisa gastar um tempo considerdvel para entender e mode- lar o projeto, geralmente com pouco contato com a primeira equipe, j4 que esta esté ocupada produzindo a proxima entrega. Finalmente, a equipe terceirizada nao tem individuos altamente qualificados ou experientes com conhecimento de construgo, Assim, a terceirizagdo deve ser feita com consideravel atengao e su- pervisdio da geréncia ou usada como um apoio para suportar o esforgo BIM, no substituf-lo. O estudo de caso da Torre Comercial One Island East é um excelente exemplo de trabalho com recursos externos para desenvolver o modelo do edifi- cio, integrando-os & equipe do empreendimento, tanto fisica quanto virtualmente. Outro exemplo € 0 projeto da Letterman Digital Arts em San Francisco, em que 0 ptoprietério contratou uma empresa externa para construir e manter 0 modelo do edificio (Sullivan, 2007). Em ambos os casos, 0 fator critico de sucesso foi atribufdo vinda dos recursos para o mesmo local, com a colaborago obrigatéria entre todos os participantes do projeto. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacées 121 (REG «Gui DE FERRAMENTAS BIM PARA PROPRIETARIOS Nas seg6es anteriores, fizemos referéncia a varias teenologias BIM que proprie- térios ¢ seus prestadores de servico estao empregando. Nesta segdo, mostramos uma visio geral das ferramentas BIM ou recursos dessas ferramentas destinados a atender as necessidades dos proprietirios, além de ferramentas BIM especifica~ mente voltadas para proprietérios. Nos Capitulos 5 e 7, sfio discutidas tecnologias BIM especificas para projeto e construgo, como ferramentas de gerago de mo- delos, andlise energética, 4D e coordenagao de projetos. 4.5.1 Ferramentas BIM para estimativas Proprietérios utilizam estimativas para estabelecer uma base inicial para os custos do projeto e produzir previsdes financeiras ou andlises pro forma. Frequentemen- te, essas estimativas so criadas utilizando métodos de custo unitério ou por uni- dade de 4rea, por um representante do proprietério ou um consultor de orgamen- taco. Alguns softwares de estimativas, como o US Cost Success Estimator (U.S. Cost, 2007), so desenvolvidos especificamente para proprietdrios. O Microsoft Excel, entretanto, é 0 software mais utilizado para estimativas. Em 2007, a U.S. Cost forneceu aos seus consumidores a funcionalidade de extrair informagao de quantitativos a partir de um modelo de edificio criado no Autodesk Revit. Ou- tro produto dirigido a proprietdrios é o CostX* da Exactal (Exactal, 2007), que importa modelos de edificios e permite que os usudtios realizem quantificagdes autométicas e manuais. O Capitulo 6 traz uma visio mais detalhada sobre esti- mativas baseadas em BIM. Proprietérios devem avaliar e considerar as seguintes caracteristicas dessas aplicagdes: © Nivel de detalhe da estimativa. A maioria dos proprietérios confia em métodos de custos unitérios ou metragem quadrada, utilizando valores para tipos especificos de instalagdes, Algumas ferramentas de estimativa sao desenvolvidas para essa proposta. Outras utilizam “montagens” ou itens para estimago que incluem os custos detalhados de cada subitem. Proprietarios precisam se assegurar de que a ferramenta de estimativa ex- traia dos componentes BIM a informagao no nfvel de detalhe requerido: quantidades, por componente ou metragem quadrada. ‘* Formatos de organizagio. A maior parte dos proprietérios iré organizer sua estimativa em uma estrutura analitica do projeto (WBS). Nos Esta- dos Unidos, a maior parte dos proprietérios utiliza a WBS do Master- Format ou a do Uniformat. Por exemplo, a GSA esté trabalhando com 0 Construction Specification Institute (CSI) para ampliar esse formato ¢ requer ferramentas de estimativa que suportem extens6es a eles * Integragio com bases de dados de custos/componentes customizadas. Estimativas baseadas em BIM normalmente exigem que se estabelega uma conex4o entre os componentes BIM e itens da estimativa e composigées via atributos especificos do componente ou por meio de uma interface visual. Isso pode demandar configuragao e padronizagao significativas. 122 Manual de BIM * Intervengao manual. A habilidade de modificar, ajustar ou inserir infor- mag6es de quantitativos manualmente € critica. Suporte para agregagées ao modelo. A habilidade de importar mélti- plos modelos ¢ combinar informagées de quantitativos e estimativas de diferentes modelos. Ferramentas como a U.S. Cost permitem que os pro- prietdrios agreguem e reutilizem itens de estimativa através dos projetos. Com as estimativas baseadas em BIM, um proprietério pode precisar rea- lizar quantitativos a partir de méltiplos modelos, miltiplas instalagoes ou miltiplos domfnios de modelagem, por exemplo, arquitetOnico, estrutu- ral, etc. © Controle de versées ¢ comparagio. Um dos recursos potenciais mais im- portantes das ferramentas BIM para geracio de quantitativos e estima- tivas 6 a habilidade para comparar versdes ¢ rastrear as diferengas entre dois ou mais cendrios ou versées de projeto. Por exemplo, o Exactal Cos- tX” fornece uma comparagao visual entre duas vers6es de um projeto para mostrar onde as modificagées foram feitas ¢ seu impacto na informagao de quantitativos. Esse recurso é valiosfssimo para proprietérios que bus- cam entender o impacto das modificagées de projeto nos custos. * Recursos para relatérios. A maioria das ferramentas de estimativa oferece recursos para gerar relatorios impressos dos quantitativos ¢ das estimativas. Alguns softwares de estimativas fornecem um visualizador, como mostrado na Figura 4-14, para permitir que ao proprietério visualizar interativamente as informagées de custo e fazer revisdes em 2D, 3D ou em tabelas. () FIGURA 4-14 Tela do Exactal CostX” Viewer que permite que os proprietérios visualizem (a) 0 projeto em 2D ou 3D juntamente com os itens de custo referentes e (b) a informacdo detalhada da estimativa de custo. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 123 4.5.2 Validagaéo do modelo, conformidade do programa e com cédigos de construgdo Um grupo emergente de aplicativos BIM é chamado de verificadores de modelos. Essas ferramentas sao discutidas em mais detalhes no Capitulo 5, j4 que muitos de seus recursos esto relacionados a servigos prestados pelo projetista. Da pers- pectiva dos proprietérios ou gerentes de construgo, essas ferramentas desempe- nham uma variedade de fungoes importantes: Verificagio em relagao aos requisitos do programa. Essa funcionalidade compara os requisitos do proprietério com projeto corrente (ver o Capitulo 5 para mais discussGes sobre essas ferramentas). Essa comparagao pode incluir requi- sitos espaciais, energéticos, ¢ requisitos de distancia e altura para espagos espe- cificos ou entre eles, assim como requisitos de adjacéncia. Proprietdrios podem manter sua propria equipe para realizar essas verificagdes, ou podem requisitar que a equipe de projeto ou um terceiro as realize. Validagao da informagao do modelo do edificio. Atualmente, proprieta- ios so capazes de avaliar rigorosa e rapidamente a qualidade da informagéio do modelo ou, se um proprietério necessita de tipos especificos de entrada de informagao, determinar se essa informagao existe ¢ se esta no formato especifica- do. Ferramentas como 0 Solibri Model Checker™ (Solibri, 2007) (Figura 4-15) fornecem ambos os tipos de validagéo. Em um nivel genérico de validagao, o proprietério pode verificar a existéncia de componentes duplicados, componentes dentro de outros componentes, componentes nos quais faltam atributos criticos, ou 08 que no atendem as normas estabelecidas pela equipe. O Solibri Model FIGURA 4-15 Telas do Solibri Mode! Checker™ mostrando: A) a verificagée das rotas de fuga em um projeto e B) a validacéo a jegridade do modelo. Imagem disponibilizada pela Solib. 124 Manual de BIM 45.3 Checker também permite que os usufrios fornegam consultas ¢ testes mais so- fisticados, por exemplo, se o modelo contém tipos de informagao especificados. Esses recursos so relevantes para proprietarios que esto considerando utilizar © modelo durante fases de p6s-construgdo ou que precisem de informagdes espe- cificas para a operagio. Ferramentas de comunicagao do empreendimento e de revisao do modelo A comunicagao no empreendimento ocorre formal e informalmente em varios niveis. Por meio de requisitos contratuais, proprietérios ditam o formato, prazos e métodos de comunicagéo relacionados as entregas do projeto. Desse modo, eles estabelecem o formato base para os documentos, modos de troca de informagdes e fluxos de trabalho esperados. Inserida nessa comunicago formal esté a troca diéria de informagées entre os participantes do empreendimento, ¢ isso 6 afetado pelas relagdes contratuais entre os participantes e 0 método de contratagao. O processo tradicional de contratagao baseada em etapa simples tende a limitar a troca de informag6es entre as disciplinas, ¢ cada uma delas desenvolve seus pré- prios métodos internos de comunicagéo no empreendimento. Desse modo, a comunicagéo do empreendimento baseada em BIM, no que se refere a troca de dados do modelo do edificio, é bastante diferente dos métodos tradicionais baseados em trocas de informagao por papel ou “publicagao”. Con- sequentemente, a equipe (inclusive o proprietario) precisa estabelecer protocolos ¢ ferramentas que deem suporte ao processo de troca, modificagdo ¢ revisio do modelo do edificio. Em alguns casos, o proprietério poderao optar por controlar essa comunicagio, como foi feito pela Swire Properties no estudo de caso da Torre Comercial One Island East. Em outros, como no estudo de caso da fabrica da General Motors, a equipe do empreendimento desenvolve e mantém as ferra- mentas de gestiio comunicagéo do modelo em conjunto. Dentro dessas diferentes estruturas de comunicagao, hé questdes técnicas detalhadas e protocolos para gerenciar essa comunicagio. Nossa discussdo destas questées € limitada a troca de informagées do modelo do edificio ¢ nao abran- ge os desafios de gerenciar a comunicagdo e o armazenamento de uma ampla variedade de informagées do empreendimento, como contratos, especificagées, solicitagdes de informagao, ordens de modificagio, etc. ‘Ha quatro tipos de troca de informagio relacionados ao modelo do edificio (cles sao diferentes em natureza e forma em relagao ao contetido da troca discu- tida no Capitulo 3): 1. Publicagdo de instantaneos, isto 6, visdes estéticas e unidirecionais do modelo do edificio, que fornecem ao receptor apenas 0 acesso aos meta- dados visuais ou filtrados, como imagens bitmap. 2. Publicagio de visualizagées e metadados do modelo do edificio, que fornece ao receptor a possibilidade de visualizar 0 modelo e os dados relacionados, com capacidades limitadas de edigdo ou modificagao de dados. PDF ou DWF sao exemplos desse tipo de comunicagao, que per- mite que 0s usudtios visualizem o modelo em 2D ou 3D, além de fazer Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 125 anotagées, comentérios e modificar certos parametros de visualizagaio ou realizar consultas no modelo. 3. Publicagio de arquivos do modelo do edificio, em formatos propricté- rios e padronizados (.dwg,.rvt,.ifc), em que é possivel acessar os dados nativos. 4. Acesso direto & base de dados, permitindo acesso dos usuérios & base de dados do empreendimento através de um servidor de projeto dedicado ou de servidores distribufdos. Os dados do modelo sao controlados por meio de privilégios de acesso, e pode-se permitir que apenas os usufrios que criam o conteddo possam edité-lo, ou a base de dados pode fornecer capacidades mais sofisticadas de edigao e modificacao. Os métodos de “publicagao” para a troca de informagdes BIM so comuns na prética atual. O uso de bases de dados de projeto acessiveis aos participantes do empreendimento menos comum, mas 0 estudo de caso da fabrica da General Motors descreve tal cenério, A Figura 4-16 mostra um exemplo de fluxo de infor- mago para um projeto baseado em BIM, que inclui todos esses quatro tipos de troca de informagao. A maioria dos empreendimentos continuaré a utilizar uma variedade de métodos de trocas de informagéo para viabilizar as varias fungdes desempenhadas pelos membros da equipe de projeto. Engenheito Ko iretortineo comadelo Empreiteiro Parte ae interessada omodsla {components do meda, Proprietdrio }+—1 Fabricante FIGURA 4-16 Diagrama conceitual dos diferentes tipes de comunicagéo que podem ocorrer num tipico projeto baseado em BIM. Este cenério mostra um empreendimento utiizando um repositério central para 0 projeto, com arquiteto, proprietirio e empreitero tendo acesso ao modelo. cerquiteto publica (A) instanténeos e (B) modelos para a reviséo pelo proprietério e demais partes interessadas. O engenheiro troca arquivos do modelo (C) com o projetsta em formatos como.dw3, vt oudgn. O empreiteirotroca visuaizagées publicadas do modelo (D) com seus subempreteiros, ‘em formato POF ou DWE 126 Manual de BIM 45.4 45.5 Apesar de prestadores de servigos poderem selecionar ferramentas ¢ desempe- nhar muitas das funges relacionadas & comunicagdo ao gerenciamento do modelo do edificio, eles precisam fazé-lo em concordancia com as necessidades e requisitos do proprietario do projeto. Como regra geral, para cada projetista ou engenheiro que utiliza uma ferramenta BIM, haveré outros dez individuos que precisam visuali- zar € revisar 0 modelo do edificio. Os métodos de comunicagao (c) e (d), que neces- sitam de ferramentas proprietérias com curvas de aprendizado muito acentuadas, podem ser impraticaveis. Do mesmo modo, limitar a comunicagao aos métodos (a) e (b) dificultard a criagéo e modificag4o colaborativa do modelo do edificio. Nas segdes seguintes, uma revisdo das ferramentas que dao suporte a esses métodos de comunicagao é organizada em duas categorias: ferramentas de visua- lizagGo e revistio do modelo e ferramentas de gerenciamento do modelo. io do modelo Dois tipos de tecnologias para visualizago de modelos digitais tm uso crescente. O primeiro compreende ferramentas especializadas de visualizagao que rodam no pr6prio desktop e podem importar e integrar uma variedade de formatos de modelos. Essas ferramentas permite que os usuarios naveguem pelo modelo e fagam consultas de forma interativa, assim como visualizem cortes e partes do modelo. Essas ferramentas suportam os métodos de troca de informagées B, C e D. O segundo tipo inclui ferramentas de visualizagio baseadas na web, que importam formatos padronizados, como Adobe” PDF ou DWF", e suportam os métodos A e B. Elas também oferecem navegagio interativa, mas exigem que 0 criador do modelo publique nesses formatos. Proprictdrios provavelmente encon- trardo os dois tipos de ferramentas em seus empreendimentos e devem considerar quais tipos de recursos a equipe do projeto utilizar, incluindo: comentérios ¢ anotagées, medigGes (consultas dimensionais), visualizagio, apresentaco, ano- tages com ida e volta e quem terd de acessar o modelo. Exemplos de visualizado- res de modelo so o Adobe® Acrobat® Professional, o Autodesk® Design Review eo NavisWorks™ Roamer. Exemplos de visualizadores baseados na web so NavisWorks™ Freedom e o Actify Spinfire™ Reader. Ao avaliar essas ferramentas, um proprietério deve considerar os recursos listados na Tabela 4-3 Visualizacéo e revi Servidores de modelos Servidores de modelos so desenvolvidos para armazenar ¢ gerenciar 0 acesso aos modelos e seus dados, seja hospedado externamente ou numa rede e servidor internos. Atualmente, a maior parte das organizagées utiliza servidores baseados em arquivos que trabalham com protocolos padrao para transferéncia de arquivos para trocar informagées entre servidor e cliente. Da perspectiva BIM, servido- res baseados em arquivos ainda nfo se vinculam diretamente ou trabalham com modelos de edificios ou componentes dentro desses modelos, jé que armazenam dados e fornecem acesso apenas em nivel de arquivo. ‘A maioria da gestao de colaboraco para projetos BIM envolve um gerente de modelo integrando os modelos manualmente e criando arquivos do modelo do Capitulo 4 BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 127 Tabela 4-3 Recursos para revisdo de modelos a serem consideradas Recursos de importagé Quais formatos a ferramenta importa? de arquives (er Copitule 2 para ume lista de formatos de arquivos) Integrar modelos ‘A erromento pode combinar e integrar diferentes formatos de arquivo em uma inica visualizacao e um modelo Unico? Tipos de importagio de Que tipos de dados néo geométricos a ferramenta importa, e coma 0 usuério pode dados visualizar ot metadados ou as propriedades do modelo? Suporte a miitiplos ‘Aferramente suporta acesso multiusuérios @ um arquivo ou 00 modelo ou a usudrios visualizacéo “compartihoda" de um modelo através da rede? Ferramentos de (Os usuérios podem fazer comentérios e anotagdes com as ferramentas? Estas tonotagée comentérios _anotagées tém indicagéo de hordrio e podem ser rastreadas durante a revisdo? Suporte @ visualizagéo —_O usuério pode visualizar miiltiplas vistas simuitaneamente, por exemplo, planta, corte e do modelo visualizaao 3D? Visualizngio de [A ferramente suporta a visualizagéo de documentos relacionados, como erquivos de documentos textos, imagens ou planilhas? CConsultas dimensionais © usurio pode fazer medica facilmente em 2D e 3D? Consulta propriedades _O usuério pode selacionar um elemento do edificio e viualizar suas propriedades ou realizar uma consulta para localizar todos os objetos com uma propriedade ou valor espectficos? Detecgto de ‘A ferramenta de revisio do modelo suporte detecgéo de interferéncios? Se sim, pode-se interferéncios rastreor o status dos interferéncias ou clossificélos? 4D ‘A ferramenta de revisio do modelo incorpora funcionalidades para associar os abjetos do modelo a etividades do cronograma ou suporta autros tipos de simulagdo baseadas no tempo? Reorganizagéo do (Ousudrio pode reorganizar 0 modelo em grupos funcionais ou definidos por ele © modelo controlar a visualizagéo e outras fungées a partir desses grupos customizados? projeto. Os estudos de caso no Capitulo 9 ilustram os desafios que muitas com- panhias enfrentam ao configurar processos de trabalho para gerenciar modelos. ‘Na maioria dos casos, as organizagées trabalham com suas prdprias equipes de TI para configurar e manter um servidor para hospedar os arquivos do modelo. No estudo de caso da fabrica da General Motors, a companhia utilizou o Bentley ProjectWise®; no estudo de caso da Torre Comercial One Island East, foram uti- lizadas as funcionalidades internas do Digital Project™ para suportar o gerencia- mento do modelo. Solugdes comerciais prontas para servidores de modelos ainda ndo séo lar- gamente implementadas ¢ necessitam de instalagdes customizadas ¢ uma equipe de TI treinada para operat e manter o sistema. Alguns exemplos de servidores de modelos sao: © Bentley ProjectWise® (www.bentley.com) + Enterprixe Model Server (www.enterprixe.com) * EPM Technology EDMserver (www.epmtech.jotne.com) * Eurostep modelserver for IFC (www.eurostep.com) * SABLE developed by EuroSTEP (Hobaux 2005) 128 Manual de BIM 4.5.6 Ferramentas de gestdo de facilidades e ativos A maior parte das ferramentas de gerenciamento de facilidades existentes de- pendem de informagées 2D poligonais para representar os espagos ou dados nu- méricos inseridos em uma planilha. Na perspectiva da maioria dos gerentes de facilidades, gerenciar espagos e os equipamentos e ativos a eles relacionados néo requer informagao 3D. Porém, modelos 3D baseados em componentes podem agregar valor as fungGes da gestio de facilidades. Modelos de edificios oferecem beneficios significativos na fase inicial de en- trada das informagées da instalagio e na interagdio com essas informag6es. Com © BIM, proprietérios podem utilizar componentes do tipo “espago” que definem fronteiras espaciais em 3D, reduzindo significativamente o tempo necessario para criar a base de dados da instalagfo, jé que o método tradicional envolve criagéo manual desses espacos apés a conclusao do projeto. O estudo de caso do Plane- jamento de Facilidades para a Guarda Costeira registrou uma redugéo de 98% do tempo ¢ esforgo necessarios para produzir ¢ atualizar a base de dados de geren- ciamento de facilidades com 0 uso de um modelo de edificio. Atualmente, ha poucas ferramentas que aceitam a entrada de componentes BIM de espagos ou outros componentes das facilidades representando ativos fi- xos. Algumas das ferramentas disponfveis sao: * ActiveFacility (www.activefacility.com) © ArchiFM (www.graphisoft.co.uk/products/archifm) © Autodesk ® FM Desktop ™ (www.autodesk.com) (ver Figura 4-17A) * ONUMA Planning System ™ (www.onuma.com/products/OnumaPlan- ningSystem.php) * Vizelia suite of FACILITY management products (www.vizelia.com) (ver Figura 4-17B) FIGURA 4-174 Autodesk” FM Desktop™ mostrando a interface visual com os espacos de uma instalagaoe a visualizagao de dados. Imagem fornecida pela Autodesk, Inc. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 129 FIGURA 4-178 Tela do Vizelia FACILITY Space mostrando a visualizacéo 3D com codificagéo por cores dos diferentes tipos de espacos. Imagem fornecida pela Vili, nc Em complementago aos recursos gerais que qualquer sistema de geren- ciamento de facilidades (FM) deve suportar, proprietarios devem considerar as seguintes questdes com relagio ao uso dessas ferramentas em conjunto com mo- delos de edificios: « Suporte a objetos do tipo “espago”. A ferramenta importa componentes representando espagos das ferramentas de projeto BIM, seja em formato nativo ou em IFC? Se sim, que propriedades a ferramenta importa? © Capacidade de combinagao. Os dados podem ser atualizados ou combi- nados a partit de miltiplas fontes? Por exemplo, sistemas prediais (MEP) de um sistema espagos de outro? * Atualizagdo. Se ocorrer uma requalificagdo ou reconfiguragdo da faci- lidade, o sistema pode facilmente atualizar 0 modelo da instalacao? Ele pode rastrear as modificagSes? Aproveitar um modelo de edificio para gerenciamento de facilidades pode exigir a mudanga para ferramentas de facilidades que j4 tenham sido concebidas com a proposta BIM, como o Autodesk FM Desktop, ou para plugins BIM de terceiros. O.uso do BIM para apoiar o gerenciamento de facilidades ainda est no int- cio, ¢ apenas recentemente as ferramentas tornaram-se disponiveis no mercado. Proprietérios devem trabalhar com suas organizagoes de gerenciamento de faci- lidades para identificar se suas atuais ferramentas podem suportar componentes BIM de espagos ou se um plano de transigéo para uma ferramenta de gerencia~ mento de facilidades que suporta BIM é necessério. 130 Manual de BIM 4.5.7 Ferramentas de simulagao da operagéo Ferramentas de simulacao da operacao so outra categoria de software emergente para proprietirios que utilizam dados de um modelo de edificio. Elas incluem comportamento de multidées (Still, 2000), fabricacao, simulagdo de procedimen- tos hospitalares e simulagdo de evacuagao ou resposta em caso de emergéncias. Muitas delas so fornecidas por empresas que também prestam servigos para executar a simulacao e adicionar informagGes necessdrias. Em todos os casos, as ferramentas necessitam de entradas de informagao adicionais para realizar as simulagGes e, em alguns casos, elas extraem apenas as propriedades geométricas dos modelos de edificios. A Tabela 4-4 relaciona algumas das ferramentas de si- mulagao disponiveis comercialmente. Exemplos mais comuns de simulag&io de operagdes nao envolvem simula- gGes especializadas, mas sim 0 uso de visualizagao em tempo real ou ferramentas de renderizago que usam 0 modelo do edificio como entrada. Por exemplo, 0 quarto autor deste livro participou do desenvolvimento de um modelo 3D/4D para a Disney California Adventure. Com ferramentas e servicos especializados, 0 ‘mesmo modelo foi utilizado para simular cenérios de emergéncia e a montanha- -russa (Schwegler et al., 2000). Da mesma maneira, a equipe do Letterman Lu- cas Digital Arts Center utilizou seu modelo para avaliar cendrios de evacuagao e resposta a emergéncias (Boryslawski, 2006; Sullivan, 2007). Tabela 4-4 Relacdo de ferramentas de simulacdo de operacéo dispontveis comercialmente Tipo de simulagéo Fabricante e nome do software Entrada em BIM? Comportamento de multidées Legion Studio (ww. legion.com) Nao eRENA VICROWD Nao (wwu.erenc. kth selcrovids hte) Crowd Dynamics Nao (wwou.erowddynamics.com) Evecuagée IES Sirmulex Sim (através do ambiente (wwwiesve.com) bXML ModelBuilder ou arquivo DXF) buildingExodus Nao (arquivo DXF) (nttp:/4seg.gre.ac.uklexodus) Operacéo ‘Common Point OpSim Sim (geometia) (wwew.commonpointine.com) buildingExodus (fseg.gre.oc.uk/exodus/) Nao (arquivo DXF) SIMSuite (www.medsimulation.com) Flex-Sim: (wwrw.hospital-simulation.com) Capitulo 4_BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacées 131 META «UM MODELO DE EDIFICIO PARA PROPRIETARIOS E GERENTES DE FACILIDADES ‘Além dos tipos de ferramentas BIM, os proprietérios também precisam se fami- liarizar com o escopo ¢ o nivel de detalhe que desejam para 0 modelo do edificio em seus projetos. Nos Capftulos 5, 6 e 7, discutiremos os tipos de informagao que projetistas, engenheiros, empreiteiros e fabricantes criam e adicionam ao mode- lo do edificio para apoiar as varias aplicagoes do BIM. Para tirar vantagem das aplicagdes BIM pés-construgao, como discutido na Segao 4.2 ¢ listado na Figura 4-18, os proprietérios precisam trabalhar préximos aos seus prestadores de ser- vico para garantir que o modelo do edificio tenha escopo, nivel de detalhe e con- tetido de informagaio adequados aos objetivos pretendidos. A Figura 4-18 mostra um esquema para que proprietérios possam compreender 0 relacionamento entre nivel de detalhe em um modelo ~ massas, espagos e nivel de detalhe num mo- ‘Modelo de Informagéo da ‘Construgio da Edficagdo ‘Nivel de detshe crescents no models Example de cssocagso de popésto do BM {oplcago0} com rive de ‘othe FIGURA 4-18 Diagrama conceitual mostrando 0 relacionamento entre vérias aplicagées do BIM durante © proceso de desenvolvimento da edificagdo até a pés-construcdo e seu relacionamento com o nivel de detalhe e escope no modelo. 132 Manual de BIM delo (ver diregio vertical) ~ e seu escopo, incluindo elementos representando espagos e de dominios especfficos, como elementos arquitet6nicos e de sistemas iais detalhados. Normalmente, cada prestador de servigo define 0 escopo ¢ o nivel de detalhe requeridos para seu trabalho. O proprietério pode estabelecer 0 escopo ¢ 0 nivel de detalhe requeridos para a utilizagao do modelo apés a construgo. Por exem- plo, na fase de estudo de viabilidade, massas e espagos so suficientes para su- portar a maioria aplicagoes BIM de estudo preliminar. Se o proprietério necessita de aplicagdes BIM mais integrativas, ento tanto o nfvel de integragéio do modelo (horizontal) como o nivel de detalhe (vertical) sfo aumentados no esforgo de produgao do modelo. A Tabela 4-5 traz uma lista parcial de alguns dos principais tipos de infor- magio de que o modelo do edificio precisa para suportar 0 uso pés-construgao. ‘Algumas dessas informag6es sao representadas no esquema IFC, como discutido no Capitulo 2, e hd um grupo de trabalho na IAI, o “Facility Management Do- main” (www.iai-na.org/technical/fmdomain_report.php) que enfoca cenérrios es- pecificos de facilidades, como gesto de mudangas, fluxos de ordem de servigos, custos, contas ¢ elementos financeiros no gerenciamento de facilidades. A IAI foca na representagao dessa informagao dentro do modelo do edificio. Tabela 4-5 Modelo do edificio para proprietérios Propésito Tipo de informagio do modelo Viobilizar a conformidade com o programa e 0 gerenciamento de faclidades. Em um processo de projeto tipico, a informagdo espacial é definida para atender a um programa e para dar suporte @ anilises de conformidade. Esses requisitos so criticos para a verificagdo de conformidade do programa e para o uso do BIM no gerenciamento de focilidades. Espagos e fungies ‘Suportar atividades de comissionamento, como especificagées de desempenhho Para andlises e rastreamento pés-construcéo, € como dados para previsées futuras Orcamentacéo e geracdo de cronogramas de manutencée Para informagées sobre custos de substituigGo, periodos de tempo e avaliacdo (ver 0 estudo de caso. do Planejamento de Facilidades para a Guarda Costeira) Especificagées de desempenho ventilagéo, aquecimento e condicionamento de are outros equipamentos de operagéo da instalagdo CCronogramo as-built informagées sobre os custos Informacéo de produtos manufaturados Dados de gestao de ativos financeiros Planejar e preparar evacuagées e outras crises emergenciais Para monitorar e rastrear o progresso do projeto, de construgéo ou atividades de manutengéo Informagdo sobre emergéncias Estado das atividades Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 133 Outros recursos para proprietérios entenderem e definirem os requisitos de modelos de edificios si * OSCRE (Open Standards Consortium for Real Estate, www.oscre.org). Esta organizacao sem fins lucrativos est definindo requisitos de informa- ces e normas para cendrios baseados em transagbes, incluindo avaliagao, troca de informagGes sobre propriedades comerciais ¢ ordens de servigos de gerenciamento de facilidades. ‘* Capital Facilities Information Handover Guide (Guia de Entrega de Informagées de Instalagdes de Infraestrutura) (NIST e FIATECH, 2006). Este documento define regras gerais para o fornecimento de infor- ‘mag6es para cada fase de entrega de instalagGes e para o ciclo de vida dos edificios. Muitas questdes relativas a informago discutidas nesta seco sdo apresentadas em maior detalhe neste documento. * OGC (Open Geospatial Consortium, www.opengeospatial.org). Esta or- ganizagao de padronizagao sem fins lucrativos est desenvolvendo normas para dados geoespaciais e tem um grupo de trabalho especffico buscando a integragao entre o SIG e os modelos de edificios. CONDUZINDO A IMPLEMENTACAO DO BIM EM UM PROJETO Proprietérios controlam a selegio dos prestadores de servigo do projeto, o tipo de contratagao e os processos de entrega, além das especificagées e requisitos gerais da instalagdo. Infelizmente, muitos proprietérios aceitam o status quo atual ¢ podem nao perceber sua capacidade para mudar ou controlar o modo como um edificio é desenvolvido. Eles podem inclusive nao ter consciéncia dos beneficios que podem ser obtidos de um processo BIM. Proprietérios mencionam desafios relacionados a mudangas em contratos padronizados de projeto ou construgéo produzidos por associagées encarregadas, como o Instituto Americano de Arquitetos (AIA) ou a Associagao de Empreiteiros (AGC). O governo norte-americano, por exemplo, enfrenta muitas barreiras para modificar contratos, jd que estes so regidos por agéncias e érgdos legisladores. Esses desafios sao reais e o AIA, a AGC e agéncias federais como a GSA ¢ o Cor- po de Engenheiros do Exército Americano estao trabalhando no sentido de insti- tuir os métodos de contratagio necessdrios para suportar modos de contratagéio mais integrados ¢ colaborativos (ver Capitulos 5 ¢ 6 para uma discussao desses esforcos). Ainda assim, os estudos de caso € os varios projetos citados neste livro demonstram uma variedade de formas pelas quais os proprietérios podem traba- Thar dentro dos arranjos contratuais atuais e superar as barreiras apresentadas na Segao 4.8. A lideranga ¢ 0 envolvimento dos proprietérios é um pré-requisito para (0 uso otimizado do BIM em um projeto. Proprietérios podem entregar o méximo valor para suas organizagées ao construir liderangas e conhecimento internos, ao sclecionar prestadores de servi- gos com experiéncia e know-how em projetos BIM, ao educar a rede de prestado- res de servigos ¢ ao modificar requisitos contratuais. 134 Manual de BIM 47.1 47.2 Construindo lideranga e conhecimento internos Os esforgos conduzidos pelos proprietérios mostrados no Capftulo 9 (Centro Mé- dico Camino, Torre Comercial One Island East e 0 Planejamento de Facilidades para a Guarda Costeira) compartilham dois processos chave: (1) 0 proprietério desenvolveu conhecimentos internos sobre tecnologias BIM e (2) o proprietario dedicou pessoal chave para liderar os esforgos. Por exemplo, no projeto do Cen- tro Médico Camino, o proprietario examinou processos internos e identificou as ferramentas e métodos enxutos pelos quais a instalagdo poderia ser desenvolvida de maneira mais eficiente. Nesses projetos, os proprietdrios nao desenvolveram © conhecimento pleno sobre como implementar varias aplicages BIM, mas c ram um ambiente para o projeto no qual os prestadores de servigo puderam apli- car o BIM apropriadamente. O estudo de caso da Torre Comercial One Island East mostra uma abor- dagem levemente diferente na construgéo desse conhecimento. O proprietério, Swire Properties Inc., fez uma extensa pesquisa para melhorar a habilidade da companhia em desenvolver e gerenciar suas instalagGes e propriedades. Eles iden- tificaram barreiras relacionadas ao gerenciamento da informagao 2D ¢ a larga variedade de informagao projetual. Quando foram apresentados aos conceitos do BIM, j4 possufam conhecimento interno para saber onde aplicar as tecnologias BIM disponiveis e como tirar mais proveito delas. A Guarda Costeira Americana est4 construindo seu conhecimento interno ¢ definindo um mapa do caminho para implementagéo do BIM, como discu- tido no estudo de caso do Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira (Brucker et al., 2006). Esse mapa é uma abordagem em fases para a imple- mentagao do BIM em toda a sua organizagao e em varios empreendimentos. O conhecimento necessdrio para construir tal mapa do caminho foi resultado de projetos piloto e de significativa investigacao e esforgo de pesquisa condu- zidos por vérios grupos dentro da Guarda Costeira Americana. O mapa inclui tanto marcos relacionados a aplicagées de tecnologias BIM especificas para gestiio da informagdo projetual e gestio de ativos de facilidades, quanto marcos para processos de contratagéo ¢ implementagao de instalagées utilizando varias aplicagées BIM. ‘Todos esses casos mostram proprietarios que desenvolveram conheci- mento por meio da exploragdo de seus préprios modelos de negécios e proces- sos de trabalho internos relacionados ao desenvolvimento e operagao de insta- lages. Eles entenderam as ineficiéncias inerentes a seus processos de trabalho atuais ¢ como elas afetavam o resultado final. Fazendo isso, membros chave na equipe receberam o conhecimento e habilidades para liderar o esforgo em diregdo ao BIM. Selecdo de prestadores de servicos Diferentemente das indéstrias de manufatura de Ambito global, como as de auto- méveis ou semicondutores, nao hé uma Ginica organizagao que domine o mercado da construg&o. Mesmo as maiores organizag6es de proprietarios, que geralmente sdo agéncias governamentais, representam apenas uma pequena frago dos mer- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 135 cados doméstico e global. Consequentemente, esforgos para padronizar proces- sos, tecnologias e normas da indistria sao muito mais desafiadores na industria AEC que naquelas que tém lideres de mercado claramente estabelecidos. Sem Ifderes de mercado, os proprietérios olham para que os seus competidores estfio fazendo, ou para organizages industriais como guias para melhores préticas ou para as tendéncias tecnoldgicas mais recentes. Além disso, muitos proprietarios constroem ou iniciam apenas um projeto, e lhes falta experiéncia para assumir uma posigao de lideranga. O que todos os proprietérios compartilham, porém, 60 controle sobre como eles selecionam prestadores de servigo e 0 formato das entregas de projeto. Proprietérios podem se valer de varios métodos para garantir que os pres- tadores de servigo trabalhando em seus projetos sejam familiarizados com BIM ¢ seus processos relacionados: ‘Modificando requisitos de experiéncia de trabalho para que incluam conhecimentos e experiéncia em BIM. Para contratagao interna, proprietérios podem exigir que candidatos a emprego tenham habilidades especificas, como 3D e conhecimento de BIM ou projeto baseado em componentes. Muitas organi- zagées esto contratando empregados com titulos especfficos, como Especialista BIM, Campeao BIM, Administrador BIM, Especialista 4D e Gerente de Projeto e Construgéo Virtuais. Proprietérios podem contratar empregados com esses tftu- los ou buscar prestadores de servigo com tftulos semelhantes. O quadro a seguir detalha algumas exigéncias para os candidados (J.E. Dunn, 2007). Incluindo critérios de pré-qualificagao especificos para BIM. Muitas li- citagées feitas pelos proprietdrios incluem um conjunto de critérios de pré-qua- lificago para os licitantes. Para projetos de obras piiblicas, esses requisitos so formulérios padronizados que todos os potenciais licitantes devem preencher. Proprietérios comerciais podem formular seus proprios critérios de pré-qualifi- cago. Um excelente exemplo so os requisitos de qualificagdo formulados pela Sutter Health, proprietéria do Centro Médico Camino, descritos no respectivo Exemplos de habilidades exigidas ‘+ Experiéncia minima de 3 a 4 anos no projeto e/ou construcdo de edificios comer- ciais ‘+ Formacdo superior em gerenciamento de construcdo, arquitetura ou engenharia * Conhecimento comprovado em Modelagem da Informagio da Construgdo ‘+ Proficiéncia comprovada em uma das principais aplicagées BIM e familiaridade com ferramentas de revisdo de projetos ‘* Conhecimento pritico e proficiéncia em uma das seguintes ferramentas: NavisWorks, SketchUp, Audodesk® Architectural Desktop ou Building Systems (ou 1Gdes BIM espectficas que sua organizacéo utiliza) ‘+ Sélida comprensdo dos processos de projeto, documentacdo e construcdo, ea habilidade de comunicagéo com o pessoal de canteiro. 136 Manual de BIM estudo de caso. Eles incluem requisitos explicitos de experiéncia e habilidade no uso de tecnologias de modelagem 3D. De modo semelhante, a GM e a equipe de projeto & construgio da Ghafari/Ideal (estudo de caso da fabrica da General Motors) selecionaram consultores e subempreiteiros com experiéncia em 3D vontade de participar no uso de modelos de edificios 3D no projeto. Entrevistando candidatos prestagdo de servigos. Proprietérios devem reservar tempo para conhecer projetistas pessoalmente durante o processo de pré-qualificago, j4 que qualquer prestador de servigos pode preencher um for- mulétio de qualificagéo e mencionar experiéncias com ferramentas especificas sem ter, no entanto, experiéncia de projeto. Um proprietério até prefere reunir-se no escritério do projetista, para ver o ambiente de trabalho ¢ os tipos de ferra~ mentas e processos dispontveis nele. A entrevista pode incluir os seguintes tipos de questao: © Quais teenologias BIM sua organizagio utiliza e como elas foram utilizadas em projetos anteriores? Talvez possa ser utilizada uma lista modificada de reas de aplicagao de BIM baseada na Tabela 4-1 como um guia. © Que organizagées colaboraram com voc’ na criagio, modificagio atualizagio do modelo do edificio? Se a questéo for dirigida a um arqui- teto, descubra se o engenheiro estrutural, empreiteiro ou pré-fabricante contribufram para o modelo e como suas organizagées trabalharam em conjunto. * Quais foram as ligées aprendidas ¢ as métricas verificadas nestes pro- jetos, com relagdo ao uso do modelo de edificio e ferramentas BIM? Como estas ligdes ¢ métricas foram incorporadas & sua organizagao? Essa questo ajuda a identificar evidéncias de aprendizado e mudanga dentro da organizagao. © Quantas pessoas estao familiarizadas com ferramentas BIM na sua organizagao, e como vocé treina e educa sua equipe? Sua organizagio tem cargos e fungées especificamente relacionados ao BIM (como 0s listados anteriormente)? Isso indica um compromisso claro e um reconhecimento do uso do BIM na organizagio. 4.7.3 Construindo e educando uma rede qualificada de prestadores de servicos BIM Um dos desafios para proprietérios é encontrar prestadores de servigo proficien- tes em tecnologias BIM dentro da sua rede de parcciros existente. Isso tem leva- do varios proprietérios a conduzirem iniciativas proativas para educar potenciais prestadores de servigo, internos e externos, por meio de oficinas, conferéncias, semindrios e guias. Aqui esto trés exemplos: Educagao formal. A United States General Services Administration esta- beleceu um programa nacional de fomento ao BIM 3D/4D (General Services Administration, 2006). Parte dessa iniciativa inclui educar o pdblico e potenciais prestadores de servigo, bem como modificar 0 modo como eles contratam servi- os (ver prxima sega). Essa iniciativa educacional inclui o trabalho com fabri- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios ¢ Gerentes de Instalagbes 137 474 cantes das ferramentas BIM, associagSes profissionais como o AIA ea AGC, bem como organizagées de normalizagao e universidades, por meio do patrocinio de seminérios e oficinas. Cada uma das dez regides da GSA designou um “campeao” BIM para incentivar a adogio e a aplicagdo da tecnologia aos projetos nas suas respectivas regides. Por exemplo, cada um dos autores deste livro foi convidado a apresentar conceitos BIM para varios grupos de proprietrios, tanto nos Estados Unidos como em outras partes do mundo. Diferentemente de algumas organi- zagoes de comerciais, a GSA nao enxerga sua experiéncia e conhecimento em BIM como uma propriedade, e reconhece que, para obter os beneficios potenciais da tecnologia, todos os participantes do projeto precisam ser familiarizados com BIM € 0s seus processos. Educagao informal. Os esforgos de educagao empreendidos pela Sutter Health sao centrados na implementagdo de processos enxutos e tecnologias BIM em seus projetos (Sutter Health et al., 2006). A empresa convidou pres- tadores de servigos para assistirem a oficinas informais com apresentagdes de conceitos lean, 3D e 4D. A Sutter também apoia equipes de projeto utilizando tecnologias BIM a conduzirem oficinas similares abertas a profissionais da in- dastria. Essas oficinas informais fornecem meios para profissionais comparti- Iharem experiéncias e aprenderem com os outros, resultando no aumento do numero de prestadores de servigo disponiveis para licitar nos futuros projetos da Sutter. Treinamentos. Uma parte critica da educagdo, além do ensino dos concei- tos ¢ aplicagées do BIM, é relacionada ao treinamento técnico em ferramentas BIM especfficas. Isso normalmente exige tanto a educagao técnica a respeito dos conceitos BIM e caracteristicas da transigao do 2D para a modelagem 3D por componentes paramétricos, como 0 treinamento para aprender recursos especi- ficos de software BIM. Para muitos prestadores de servico, essa transigao é cara, ¢ € dificil justificar os custos iniciais de treinamento. A Swire Properties (Torre Comercial One Island East) reconheceu isso como sendo uma barreira potencial e pagou pelo treinamento da equipe de projeto para usar ferramentas BIM espe- cificas no seu projeto. Mudangas de requisitos para as entregas: modificando contratos e a linguagem contratual Proprietérios podem controlar quais aplicagdes BIM sao implementadas nos seus projetos por meio do tipo de processo de entrega de projetos que eles selecionam com requisitos contratuais ou de licitagéio especificos para o BIM. Mudar o pro- cesso de entrega muitas vezes é mais dificil do que mudar os requisitos. Muitos proprietérios iniciam com mudangas nos requisitos contratuais e licitat6rios em trés areas: 1. Escopo e detalhe da informagao do modelo. Isso inclui definir 0 for- mato da documentagio projetual ¢ a mudanga de 2D em papel para um modelo 3D digital. Proprietérios podem abrir mao de requisitos especificos relacionados ao formato 3D e aos tipos de informagaio que os prestadores de servigo incluem no modelo (ver Figura 4-18 e Se- 138 Manual de BIM go 4.6); ou podem deserever esses requisitos detalhadamente (ver 0 estudo de caso do Centro Médico Camino). Conforme os proprieté- rios adquirem experiéncia, a natureza desses requisitos refletird melhor 08 tipos de aplicagdo BIM que cles desejam, e a informagao que sua equipe necesita no decorrer do desenvolvimento do empreendimento e durante a operagao da instalagdo. A Tabela 4-6 fornece uma referéncia para os tipos de informago que um proprietério deve considerar, em relago &s aplicagdes do BIM que pretenda implementar. 2. Usos da informagio do modelo. Isso inclui a especificagio de servigos realizados mais prontamente com ferramentas BIM, como coordena- ¢40 3D, revisdo do projeto em tempo real, engenharia de valor constan- te utilizando software de orgamentagio, ou anélise energética. Todos esses servigos podem ser executados com tecnologias tradicionais 2D ‘ou 3D, porém prestadores de servigo utilizando ferramentas BIM serao mais competitivos ¢ capazes de fornecer tais servigos. Por exemplo, a coordenagéo 3D é muito facilitada com o uso de ferramentas BIM. As Tabelas 4-1, 4-2 e 4-6 fornecem um resumo das aplicagdes BIM que proprietérios podem tomar como base para descrever servigos relevan- tes para os seus projetos especificos. 3. Organizagao da informagao do modelo. Isso inclui a estrutura ana- Iitica do projeto e é discutido na Segao 4.5.1. Muitos proprietérios desconsideram esse tipo de requisito. Atualmente, padrdes de cama- das para CAD ou campos de atividades do Primavera sao utilizados como referéncia pelos projetistas para organizar a documentag4o do projeto ¢ a informagao do edificio. Da mesma forma, proprietérios ou a equipe do projeto precisam estabelecer uma estrutura inicial de or- ganizagdo da informagéo. Esta estrutura pode ser baseada na geome- tria do local do projeto (Secg&o nordeste) ou a estrutura do edificio (Asa leste, Edificio X). Os estudos de caso da Torre Comercial One Island East ¢ do Centro Médico Camino discutem a estrutura analitica do projeto que a equipe empregou para facilitar a troca de informa- gdes do modelo do edificio ¢ a documentacao do projeto. Existem esforgos em diregao ao estabelecimento de normas para modelos de edificios, como o National Building Information Model Standard. O NBIMS deveré fornecer as tao necessdrias definigGes e recursos tteis para proprietérios definirem a estrutura analitica do projeto. A Guar- da Costeira dos Estados Unidos, por exemplo, faz referéncia a eles dentro de seus marcos. Esses requisitos, no entanto, sao dificeis de atingir sem algumas modifica- ges na estrutura de remuneragdo e relacionamentos entre os participantes do projeto ou sem o uso de planos de incentivo que definem o fluxo de trabalho e trocas digitais entre as disciplinas. Em geral, isso é mais dificil de definir em um Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalages 139 Tabela 4-6 Relacionamento entre as dreas de aplicacao BIM, 0 escopo e o nivel de detalhe requeridos no modelo do edificio Escopo BIM Tipos de propriedades dos ‘componentes Genérico Nivel de cconstrugéo ‘Area de aplicagéo BIM Arquiteténico Espagos Estrutural Terreno Massas Hidréulica/Elétrica/Ar-condicionado Ultilidades Componentes Pré-fabricados Componentes Custorizados Propriedades Geométricas Propriedades dos Materiais Construtibilidade (Método) Fabricante Funcionois sto Projeto/Construgao Anélise Pro Forma Exploragéo de Cenarios, Veriticagao do Programa Desernpenho da Edificagao Simulagao de Operagoes Veriticagio de Conformidade Custo Coordenagéo Cronegrama Pré-fabricagéo Pés-construgdo/Operacoes Configuragao Comissionamento Gerenciamento de Faclidades Gestdo de Ativos Financeiros Simulagao de Operagoes ‘Monitoramento de Performance Espago Construido Configuragao (requalificagéo) 140 Manual de BIM fluxo de trabalho centrado no modelo digital do que em um baseado em arquivos e documentos. Além disso, agéncias reguladoras continuam solicitando docu- mentagao projetual em 2D, assim como preconizam os contratos profissionais padronizados (como foi o caso do estudo de caso do estacionamento Penn Natio- nal). Como consequéncia, muitos proprietérios matitém as entregas tradicionais, baseadas em documentos ¢ arquivos (ver Figura 4-19) e inserem fluxos de traba- Iho e entregas 3D no mesmo processo. Isso significa que cada disciplina trabalha independentemente nos seus escopos ¢ aplicagdes BIM, ¢ elas trocam modelos digitais 3D em alguns momentos especificos. Processo de desenvolvimento € ciclo de vida de instalagées Entregas Tradici | Entregas com processos ora 0 Propretiio Demandas e « tecnologias BIM Necessidades do Mercado Escopo/Objetivos| | Escopo/Objetivos do Projeto do Projeto Viabi Planos (Cacia 5) elo Conceitual Coneeituais, t Edificio, Estimativa Projeto Preliminar| de Custo, Planta Projeto e Engenharia Desenhos ¢ (Capitulo 5) Especificacées + | Modelo do Edificio para Construcéo Construgéo (Copitulos 6 e 7) Modelo do Eclfcio Desenhos ‘como Construido As Built ¥ (as-built) Ocupacaorinicio das Atividades (Copitulo 4) ’ (Operagéo/Manutencto| (Copitulo 4) FIGURA 4.19 Entregas contratuais tipicas em funcao do mode tradicional de contratacdo projeto-concorréncia-construgéo, comparadas com os tipos de entregas que resultam de um processo colaborative baseado em BIM. Proprietérios precisardo mudar os contratos @ a linguagem ‘contratual para promover 0 uso do BIM. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalacées 141 Os estudos de caso do Capitulo 9 fornecem excelentes exemplos de como proprietérios modificaram seus processos de entregas para apoiar um fluxo de trabalho mais colaborativo em tempo real. Estas modificagGes incluem: Processo projeto & construgéo modificado. O projeto Fabrica da GM de- monstra um proceso colaborativo efetivado por meio de modificagdes no modo de contratagdo projeto & construgao. A GM contratou a equipe de projeto e construgdo e participou da selegiio dos subempreiteiros ¢ consulto- res de projeto adicionais. O objetivo foi formar a equipe o mais cedo posstvel ¢ obter seu engajamento desde o princi Contratos baseades em desempenho. Contratos ou aquisigio baseados em desempenho focam em resultados, normalmente tém valores fixados ¢ permitem que prestadores de servigos entreguem uma instalagdo ou seus servigos utilizando suas préprias melhores praticas (Department of Defen- se, 2000). Isso enfatiza o resultado, como definido pelo proprietério, em vez de marcos intermedidrios ou entregas de projeto. Muitas agéncias governa- mentais esto mudando para essa abordagem, encomendando 40% — 50% de seus novos trabalhos com ela (GSA, 2007). Esse tipo de contrato exige que o proprietario gaste mais tempo no infcio do projeto para definir os requisitos da instalagdo e estruturar 0 contrato para acomodar essa abor- dagem. Essa prtica pode parecer uma contradigdo em relagfo as recomen- dagées precedentes, porém prestadores de servigo que utilizam BIM sero mais competitivos, ¢ os requisitos também podem ser baseados em BIM. Planos de incentivos compartilhados. Contratos baseados em desempe- nho frequentemente sao implementados em conjunto com planos de incen- tivos compartilhados. Quando todos os membros colaboram na maior parte das fases da construg4o, nao hé divisao clara da contribuigao de cada orga- nizagio. O estudo de caso do Centro Médico Camino fornece um exemplo de um plano de incentivo compartilhado desenvolvido para distribuir as eco- nomias obtidas entre os participantes do projeto. Esse plano prevé incenti- vos financeiros baseados no desempenho geral do projeto, e nfo apenas no desempenho individual de cada organizagao. Normalmente, é dificil definir e implementar esses planos de incentivo, como demonstra o estudo de caso. ‘De qualquer forma, eles recompensam as equipes pelo desempenho colabo- rativo em vez da otimizagao local de desempenho de disciplinas especificas. (ERESOs BARREIRAS A IMPLEMENTAGAO DO BIM: RISCOS E MITOS COMUNS Hé riscos associados com qualquer mudanga em processos de trabalho. Barreiras reais e percebidas e as mudangas relacionadas A implementagdo de BIM nos pro- jetos nao sao excegao. As barreiras dividem-se em duas categorias: barreiras rela- 142 Manual de BIM 4.8.1 cionadas aos processos de negécios, incluindo questées legais ¢ organizacionais que impedem a implementagao do BIM; e barreiras tecnolégicas relacionadas & prontidao e implementago. Essas barreiras so resumidas a seguir: Barreiras no processo O mercado nio esté pronto — ainda est na fase do inovador. Muitos proprieté- rios acreditam que se mudarem os contratos para exigir novos tipos de entregas, especificamente modelos 3D ou modelos de edificios, eles ndo receberfio propos- tas competitivas, limitando 0 rol de licitantes e, em dltima instncia, aumentando © prego do empreendimento. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos pres- tadores de servigo nao esté utilizando ativamente tecnologias BIM nos seus pro- jetos. Essas mesmas pesquisas, entretanto, indicam indices crescentes de adogio e conscientizaco a respeito dos conceitos e aplicagdes BIM: # 75% dos arquitetos esto utilizando algum nivel de 5D, ¢ um tergo deles utiliza BIM como um recurso construtivo e outro tergo utiliza para “mo- delagem inteligente” (Gonchar, 2007). Esses usudrios preferiram BIM ao CAD 2D tradicional, em fungao da visualizaco e do valor para o cliente (proprietério), maior precis%io, coordenagio e eficiéncia. Isso indica su- cesso inicial e potencial para crescimento continuo. Essas empresas conti- nuam investindo e expandindo seu uso de BIM. * Prestadores de servigo utilizariam abordagens 3D e BIM mais frequente- mente, caso os proprietrios (clientes) solicitassem isso (Green Building Studio, 2004). Os estudos de caso ¢ muitas referéncias adicionais neste livro também in- dicam uma transiggo da fase dos inovadores para a fase dos pioneiros nas apli- cages BIM relacionadas ao projeto. Conforme o uso do BIM aumenta, proprie- trios encontraréo um niimero crescente de prestadores de servigo capazes de utilizé-lo. O empreendimento jé esté financiado ¢ 0 projeto jé esté completo. Nao € vantagem implementar BIM. Conforme o empreendimento se aproxima da fase de construcdo, proprietérios e a equipe de projetos perdem valiosas opor- tunidades que poderiam ser obtidas pelo uso de aplicagdes BIM, como esti- mativas de custo e verificago do programa arquitetnico. Porém, ainda resta tempo ¢ oportunidade amplos para implementar o BIM nos estégios finais de pfojeto e pelas fases iniciais da construgao. Por exemplo, no estudo de caso da torre comercial One East Island, a implementagao do BIM comegou apés 0 inicio da documentagao dos projetos construtivos. A implementagao do BIM no Letterman Digital Arts Center, conduzida pelo proprietério, comegou apés 0 desenvolvimento dos projetos e resultou em identificacdo significativa de dis- crepfincias nos projetos e em uma economia estimada em 10 milhées de délares (Boryslawski, 2006). A equipe, entretanto, reconheceu que, se estes esforgos tivessem sido iniciados mais cedo, ainda mais economias e beneficios teriam sido obtidos. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 143 Custos de treinamento e curva de aprendizado muito altos. Implementar novas tecnologias como BIM é custoso em termos de treinamento e modificagées nos processos ¢ fluxos de trabalho. O investimento financeiro em software e hard- ware frequentemente é excedido pelos custos de treinamento e baixa produtivida- de inicial. Isso pode ser visto no exemplo de fluxo de caixa para adogao do BIM mostrado no Capitulo 7. A maioria dos prestadores de servigos nao est disposta a fazer tais investimentos, a nao ser que percebam os beneficios em longo prazo para suas pr6prias organizages e/ou se o proprietério subsidie os custos de trei- namento. No estudo de caso da torre comercial One Island East, o proprietario entendeu que os ganhos potenciais de produtividade, qualidade e gestio de ativos superavam Os custos iniciais, e pagou pelo treinamento. Todos precisam estar envolvidos para que a iniciativa BIM seja vantajosa. £ dificil garantir que todos os participantes do projeto tenham o conhecimento e a disposigdo para participar na criagdo ou no uso do modelo do edificio. Muitos dos estudos de caso no Capitulo 9 demonstram os beneficios da implementacéio do BIM sem a participagao total dos envolvidos, mas também realgam os desa- fids de recriagéio da informagao oriunda de organizagdes que no participavam da modelagem. O Letterman Digital Arts Center (Boryslawski, 2006) demonstra ‘como um proprietério pode mitigar o risco da nao participagao. O proprietério ‘contratou uma firma terceirizada para gerenciar a iniciativa BIM ¢ recriar a infor- magio que fosse necessaria. Conforme o projeto progrediu, a terceirizada foi ca- paz de identificar organizages com habilidade de modelagem BIM e de inclui-las no proceso. O proprietério apoiot os esforgos, mas néo obrigou a participagio total no esforgo BIM. Hé muitas barrciras legais ¢ € muito trabalhoso superé-las. Mudangas legais e contratuais em varias frentes so necessdrias para facilitar 0 uso do BIM e criar equipes de projeto mais colaborativas. Mesmo que a troca digital de infor- magio seja dificil 4s vezes, e as equipes so forcadas a trocar informagdo apenas em papel e a confiar em contratos fora de moda. Instituigdes ptiblicas encaram mudangas ainda maiores, j4 que elas normalmente sdo regidas por leis que tomam tempo considerdvel para serem mudadas. Apesar disso, varias agéncias governa- mentais e companhias privadas superaram essas barreiras e esto trabalhando no sentido de produzir uma linguagem contratual que no apenas modifica o modo como a informagao é trocada entre a equipe de projeto, mas também as respon- sabilidades ¢ os riscos associados com iniciativas mais colaborativas. Os estudos de caso do Centro Médico Camino, da Fabrica da GM e do Tribunal Federal sao exemplos disso. O principal desafio é a atribuigéo de responsabilidades ¢ riscos. A imple- mentagao do BIM centraliza informagio que é “largamente acessivel”, depende de atualizagao constante, ¢ sujeita os projetistas a um potencial maior de res- ponsabilidade legal (Ashcraft, 2006). Advogados reconhecem essas barreiras e as mudangas necessérias na alocagéo de riscos. Essa é uma barreira real que vai persistir, e dependeré de associagées profissionais tais como a AIA e a AGC para revisar os contratos padrao ¢/ou os proprietarios revisarem seus préprios contratos. 144 Manual de BIM 4.8.2 Questées de propriedade ¢ gerenciamento do modelo exigirio muito dos recursos dos proprietérios. O BIM requer uma visio que perpassa miltiplas or- ganizag6es e aspectos do projeto. Tipicamente, um gerente de construgao (GC) exerce a supervisdo gerenciando a comunicagio ¢ revisando a documentagao do projeto. Esse gerente também observa se o processo esté alinhado com entregas marcos especificos. Com o BIM, a descoberta e a identificagéo de problemas ocorrem mais cedo e mais frequentemente, permitindo que as equipes os resol- vam mais cedo, Entretanto, isso requer decisdes do proprietario, que deveriam ser vistas como um beneficio, néo como uma desvantagem. As folgas no atual processo de implementagao do empreendimento sio significativamente reduzi- das, exigindo um envolvimento maior do proprietdrio. O processo torna-se mais fluido e interativo. Modificagées solicitadas pelo proprietério se tornarao menos transparentes € seus impactos demandarao participagao continua. Gerenciar esse processo e, consequentemente, o modelo ser critico para o projeto, Proprietérios precisam estabelecer papéis ¢ responsabilidades claros, além de métodos de co- municagdo com a equipe, ¢ se assegurar de que um representante do proprietério esteja disponfvel sempre que necessério. Barreiras e riscos tecnolégicos A tecnologia est4 pronta para projeto em disciplinas isoladas, mas nfo para © projeto integrado. Dois a cinco anos atrs, @ criago de um modelo integrado exigia um esforgo extensivo por parte da equipe de projeto e conhecimentos téc- nicos dedicados para dar suporte a essa integragao. Hoje, muitas das ferramentas de projeto BIM apresentadas no Capitulo 2 amadureceram e oferecem capaci- dade de integracao entre varias disciplinas no nivel de objetos genéricos (ver Fi- gura 4-18). Conforme o escopo do modelo ¢ o ntimero de tipos de componentes construtivos aumenta, porém, questées relacionadas ao desempenho também au- mentam. Assim, a maioria das equipes de projeto escolhe usar ferramentas de re- visdo de modelo para apoiar tarefas de integragéo, como coordenacio, simulagéo de cronograma e simulagao de operagdes. Os projetos Centro Médico Camino e Fabrica da GM, por exemplo, utilizaram a ferramenta de revisio de modelos NavisWorks para realizar detecgdo de interferéncias e coodenagao de projetos. Atualmente, ambientes de projeto BIM sao suficientes para integragdo de uma ou duas disciplinas. A integracéo em nivel de detalhe construtivo é mais dificil, e as ferramentas de reviséo de modelos sao as melhores solugGes para atingi-la. Uma barreira maior € a relacionada aos processos de trabalho ¢ & gestao do modelo. Integrar miltiplas disciplinas requer acesso multiusuério a informagéo do modelo do edificio. Isso exige conhecimento técnico, estabelecimento de pro- tocolos para gerenciar modificagSes e atualizagdes do modelo, e 0 estabelecimen- to de uma rede e um servidor para armazenar e fornecer acesso ao modelo. Isso também oferece um excelente contexto para novos usuérios aprenderem com os mais experientes. Proprietérios devem realizar estudos com suas equipes de projeto para de- terminar o tipo de integragao e as capacidades de andlise que so desejadas e esto disponiveis, priorizando-as de acordo com a situagio. A integragao com- Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 145 pleta 6 possivel, porém exige conhecimento, planejamento ¢ a selegao correta das ferramentas BIM. Padrées ainda nao foram definidos e nfo so largamente adotados — por- tanto, devemos esperar. O Capitulo 3 discute as virias iniciativas de padroniza- ao, como as IFCs ¢ o NBIMS (padrao nacional norte-americano sobre BIM), os quais melhorarao consideravelmente a interoperabilidade e a implantagao gene- ralizada do BIM. Na pratica, entretanto, esses formatos raramente sao utilizados, ea maioria das organizagées utiliza formatos proprietdrios para o intercdmbio dos modelos. Para muitos proprictérios, isso coloca um risco aos investimentos de curto ¢ longo prazo, em qualquer esforgo de modelagem da informagao da construgéo. Hi iniciativas de padronizagio dirigidas especificamente a proprieté- rios, relacionadas a transagGes imobilidrias e gestio de facilities, como discutido anteriormente. Entretanto, 0s estudos de caso neste livro, com excegao dos casos do Tribunal Federal e da Fabrica da GM em Flint, demonstram que diversas im- plementagées bem-sucedidas do BIM foram atingidas sem a dependéncia a esses padrées. A auséncia deles, portanto, ndo é uma barteira para a implementagao da tecnologia. (REED :«OORIENTACOES E QUESTOES A SEREM CONSIDERADAS POR PROPRIETARIOS AO ADOTAREM BIM Adotar o BIM isoladamente pode nao levar a projetos bem-sucedidos. O BIM é ‘um conjunto de tecnologias ¢ processos de trabalho em desenvolvimento que pre- cisa ser apoiado pela equipe, pela geréncia e por um proprietério colaborativo. O BIM nao substituiré um gerenciamento de qualidade, uma boa equipe de projeto ‘ou uma cultura respeitével de trabalho. Seguem aqui alguns fatores fundamentais que um proprietario deverd considerar quando adotar BIM. Realize um projeto piloto com um prazo curto, uma pequena equipe qua- lificada e um objetivo claro. Os esforgos iniciais devem empregar ou recursos internos ou prestadores de servigo de confianga com os quais a organizagao jé tenha trabalhado. Quanto mais conhecimento um proprietario constréi com rela- do & implementagao e aplicagéo do BIM, mais facilmente terd sucesso em inicia~ tivas futuras, porque passa a desenvolver competéncias para identificar ¢ escolher prestadores de servico qualificados formar equipes cooperativas. Faga um exercicio pratico. Durante o desenvolvimento de um projeto pilo- to, € sempre melhor fazer um exercicio pratico para garantir que as ferramentas € processos estejam bem ajustados. Isso pode significar simplesmente passar a0 projetista uma pequena tarefa de projeto que ilustra a aplicagio BIM desejada. Por exemplo, o proprietério pode pedir & equipe de projeto para desenvolver uma sala de conferéncia para vinte pessoas, com metas especfficas de orgamento ¢ consumo de energia. A entrega deverd incluir um modelo do edificio (ou modelos que reflitam duas ou trés opgdes) e as andllises de custo e consumo energético. Este € um exemplo de uma tarefa de projeto realizdvel em um ou dois dias. O arquiteto pode construir 0 modelo ¢ trabalhar com um engenheiro projetista de instalagdes e um orgamentista para produzir um conjunto de prot6tipos. Isso exi- ge que os participantes desatem os nés do processo, ¢ permite que o proprietario 146 Manual de BIM fornoga otientagdo sobre os tipos de informago e formatos de apresentagdo que oferecem respostas claras, valiosas e ageis. Mantenha 0 foco em objetivos de negécio especfficos. Apesar de este ca- pitulo citar muitos beneficios diferentes, nenhum projeto individual jé alcangou todos eles. Em muitos casos, o proprietério iniciou com um problema ou objeti- vo especifico e obteve sucesso. Na iniciativa de projetos piloto da GSA (Dakan, 2006), por exemplo, cada um envolveu um tipo de aplicagdo BIM para nove dife- rentes projetos. As éreas de aplicagdo inclufram anéllise energética, planejamento de espagos, escaneamento Lidar para coletar dados as-built precisos e simulagdo 4D. O sucesso atingido em objetivos bem focados e gerenciéveis levou ao uso ex- pandido, com méltiplas aplicagées BIM em projetos como o mostrado no estudo de caso do Tribunal Federal. Estabeleca formas de medir 0 progresso. Métricas so fundamentais para avaliar a implementagio de novos processos e tecnologias. Muitos dos estudos de caso inclufram métricas de projeto, como redugao de solicitagdes de modificagao e retrabalho, variagio do custo ou cronograma em relagao ao previsto, redugdo do custo tipico por metro quadrado. Ha varias excelentes fontes de métricas ou objetivos relevantes para organizagées de proprietérios ou projetos espeeificos, incluindo: * Construction Users Roundtable - CURT (Mesa Redonda dos Usuarios da Construgo). Essa organizacao de proprietérios promove oficinas conferéncias e langa varias publicagdes em seu site (www.curt.org) que permitem identificar métricas chave para o empreendimento ¢ o desem- penho, © CIFE Working Paper on Virtual Design and Construction (Kunz and Fischer, 2007). Esse artigo documenta tipos especificos de métricas e objetivos juntamente com exemplos de estudos de caso. Veja ainda a Segdo 5.4.1 para o desenvolvimento de métricas de avaliagio ligadas ao projeto. Participe da iniciativa BIM. A participagéo de um proprietério € um fator chave no sucesso do projeto, porque ele esté na melhor posigéo para liderar a equipe do empreendimento para colaborar de forma a extrair todos os benefi- cios do BIM. Em todos os estudos de caso nos quais os proprietérios assumiram papéis de lideranga — Fabrica da GM, Tribunal Federal, Centro Médico Camino, ‘Torre Comercial One Island East ¢ o Planejamento de Facilidades da Guarda Costeira — demonstraram a importancia da participacao do proprietdrio na con- dugdo proativa da implementagdo do BIM. Eles também destacaram os beneficios de seu envolvimento continuo naquele proceso. Aplicages BIM, como aquelas para revisio de projetos, permitem que proprietérios participem melhor e for- negam mais facilmente os retornos necessérios. A participagao ¢ a lideranga dos proprietérios é essencial para o sucesso de equipes de projeto colaborativas que exploram o BIM. Capitulo 4 _BIM para Proprietérios e Gerentes de Instalagbes 147 Questées para discussao do Capitulo 4 Ww 2 Liste trés tipos de métodos de contratagdo e como estes mé- todos suportam ou ndo o uso de tecnologias e processos BIM. Imagine que vocé é um proprietério embarcando em um novo empreedimento e que participou de vérias oficinas que discutiram os beneficios do BIM. Que pasos vocé tomaria para identificar se deveria apoiar e promover 0 uso do BIM no seu projeto? Se o proprietério decidiu adotar 0 BIM, que tipos de decisdes Go necessédrias para garantir que a equipe de projeto seja bem-sucedida no uso do BIM em cada fase do ciclo de vide do edificio? Com respeito & aplicagdo e aos beneficios das tecnologias ¢ processos BIM, quais sdo as diferencas chave entre um proprietario que constrdi e vende as instalacGes vs. outro que constréi e posteriormente opera a instalagdo? Imagine que vocé é um proprietério desenvolvendo um contrato para encomendar um projeto utilizando uma abor- dagem colaborativa por meio da aplicagéo do BIM. Quais se- riam algumas disposicdes que 0 contrato deveria incluir para que se promova a colaboragéo da equipe, o uso do BIM e 0 sucesso do projeto? Liste e discuta trés riscos associados com o uso do BIM e como eles podem ser mitigados. Liste dois ou trés fatores do processo ou do projeto que i fluenciam o sucesso da implementagdo do BIM. Imagine que vocé é um proprietéirio construindo seu primeiro projeto e que esté planejando manter e ocupar a instalagéo construida pelos préprios 15 a 20 anos. Vocé ndo planeja construir outra instalagGo e vai terceirizar o projeto e a cons- trugdo. Vocé deveria considerar 0 BIM? Se sim, liste duas ou {rs razdes pelas quais 0 BIM beneficiaria a sua organizagao, ¢ descreva quals passos voc deve tomar para obter os bene- ficios que citou. Se vocé acredita que o BIM néo beneficiaria © seu projeto, explique porqué. Liste trés tendéncias de mercado que estdo influenciando a adogdo e 0 uso do BIM e como ele permite que proprietérios tespondam a elas. CAPITULO 5 BIM para Arquitetos e Engenheiros MED sumArio ExeCcuTIVO A Modclagem da Informagao da Construgaéo (BIM — Building Information Mo- deling) pode ser considerada uma transigdo significativa na pratica de projeto. Diferentemente de CADD, cujo fim principal é a automagdo dos aspectos da produg&o do desenho tradicional, o BIM é uma mudanga de paradigma. Pela au- tomagao parcial do detalhamento de modelos de uma edificagio no nivel da cons- trugdo, o BIM redistribui a concentragio de esforgos, dando mais énfase A fase de concepgio do projeto, Outros beneficios diretos incluem métodos simples que garantam a consisténcia entre todos os desenhos ¢ relat6rios, a automatizagao da andlise de interferéncia espacial, o fornecimento de uma base poderosa para in- terface entre aplicagdes de andlise/simulago/custos, e os avangos na visualizagao em todas as escalas ¢ fases do empreendimento. Este capitulo examina o impacto do BIM no projeto a partir de quatro pon- tos de vista: # Anteprojeto, que normalmente inclui solugées de implantagio, orientagéo e volumetria do edificio, satisfagéo do programa de necessidades (incluin- do problemas de sustentabilidade e uso de energia), custos provaveis de operagao da edificagio e, as vezes, assuntos relacionados a inovagao tec- nolégica. O BIM dé suporte a integracao e ao feedback para a tomada de decisées na fase de concepgao do projeto. # Integragdo de servigos de engenharia, 0 BIM dé suporte a novos fluxos de informagao, integrando-os a ferramentas de simulagao e andlise existentes usadas por consultores. ¢ Modelagem ao ntvel da construgdo, que inclui detalhamento, especifica- Ges e estimativa de custos. Essa é a forga principal do BIM. Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 149 « Integragao projeto-construgao, focando 0 escopo da inovagao que pode ser alcangada por meio de um processo colaborativo projeto-construgao, como com 0 modelo projeto & construc: Diferentes empreendimentos prediais podem ser categorizados de acordo com o nivel de desenvolvimento da informacao requerido para sua realizaco, variando de edificios de franquias comerciais previsiveis as arquiteturas experi- mentais. O conceito de desenvolvimento da informagao facilita a distingao entre 0s variados processos ¢ ferramentas necess4rios para o projeto e a construgao de todo tipo de edificio. Este capitulo também trata de aspectos da adogao do BIM na prética, como 0 passos evolutivos para substituigao dos desenhos 2D por modelos digitais 3D; automagao da geragao de desenhos ¢ preparagéo da documentacdo; administra- 40 do nivel de detalhe nos modelos do edificio; desenvolvimento ¢ administragéo de bibliotecas de componentes e produtos; e novos mecanismos para integragio de especificagGes e estimativa de custos. O capitulo é concluido com uma revisfio das questdes préticas que as empresas de projeto encontram quando tentam im- plementar o BIM em suas atividades, incluindo a selegio ¢ avaliagéo de ferramen- tas BIM de autoria, treinamento, preparago do escritério, infcio um projeto BIM ¢ planejamento futuro para novos papéis ¢ servigos na dirego dos quais uma ‘empresa de projetos baseados em BIM deve evoluir. ‘A Modelagem da Informagao da Construgao proporcionam grandes desafios ¢ oportunidades para firmas de projeto. Enquanto ha claros beneficios econdmi- cos para fabricantes no emprego da modelagem paramétrica 3D e interoperabili- dade (para uso em automagio e outros beneficios relacionados & produtividade), 08 beneficios diretos nas etapas de projeto sao de dificil mensuragao. Entretanto, a integragao do BIM com anilise e simulagao e a melhora da qualidade do pro- jeto, especialmente nos estdgios iniciais de concepgao, proporcionam um valor agregado equivalente ou ainda maior que qualquer economia que se tenha nos custos da construgao; a qualidade do projeto é duradoura, trazendo beneficios por toda a vida util do edificio. O desenvolvimento dessas novas capacidades ¢ servigos e seu subsequente emprego para ganhar reconhecimento e servi como base para trabalhos novos ¢ repetitivos é um caminho recomendado a todas as firmas de projeto, grandes ou pequenas. O BIM aumenta o valor agregado que projetistas podem oferecer a clientes ¢ ao piblico. EG intropucdo Em 1452, o arquiteto renascentista Leon Battista Alberti fez a distingao entre Pprojeto arquitet6nico e construgao ao propor que a esséncia do projeto recai no proceso do pensamento associado ao tracado de linhas no papel. Seu objetivo era diferenciar a tarefa intelectual do projeto da fabricagio artesanal da constru- ao. Antes de Alberti, no primeiro século antes de Cristo, Vitruvius discutiu 0 va- lor inerente ao uso de plantas, elevagdes e perspectivas para transmitir a intengao do projeto, no que € considerado o primeiro tratado sobre arquitetura (Morgan, 150 Manual de BIM 1960; Alberti, 1987). Ao longo da histéria da arquitetura, os desenhos domina- ram a forma de representagao. Mesmo agora, autores contempordneos fazem ‘uma andlise critica de como diferentes arquitetos usam desenhos e croquiis para melhorar seu modo de pensar e seus processos criativos (Robbins, 1994). A di- mensdo dessa longa tradigéo é ainda mais evidente na adogao dos computadores como um auxilio para a automagdo de certos aspectos do proceso projeto-cons- trugdo, expresso no significado original do termo CADD — projeto ¢ desenho assistidos por computador. Em fungio dessa hist6ria, 0 que esté sendo chamado de Modelagem da Informagao da Construgao (BIM) pode ser considerado revolucionério, porque transforma a maneira de pensar do arquiteto, substituindo desenhos por uma nova fundagao para representagao de projetos e por auxiliar na comunicagio, na construgao € no arquivamento baseados em modelos digitais 3D. © BIM também pode ser entendido como o equivalente conceitual a prepa- rar modelos em escala de edificios dentro de um ambiente virtual computacional 3D. Diferentemente de modelos fisicos, modelos virtuais podem ser exatos em qualquer escala; eles so gravados e carregados na forma digital, podendo ser automaticamente detalhados e analisados de maneiras que no so possfveis com modelos fisicos em escala. Eles podem conter informages que nao podem ser expressas em modelos fisicos, como andlises estruturais e energéticas e cédigos de custo internos para interface com uma variedade de outras ferramentas com- putacionais. O BIM facilita interagdes de diferentes ferramentas de projeto, melhoran- do a disponibilidade da informagao para elas. Também permite realimentagao proveniente das andlises ¢ simulagdes para o proceso de desenvolvimento do projeto, Essas mudangas, por sua vez, afetarao o modo como projetistas pensam € 08 processos que eles desenvolverao. O BIM também proporciona a integragéo das ideias geradas na construgio ¢ fabricagéo dentro do modelo do edificio, in- centivando colaboragao além daquela envolvida nos desenhos. Como resultado, o BIM provavelmente redistribuird o tempo e os esforgos que projetistas gastam em diferentes fases do projeto. Este capitulo mostra como o BIM influencia toda a gama de atividades de projeto, desde os estdgios iniciais de desenvolvimento de um empreendimento, lidando com a viabilidade ¢ 0 projeto conceitual, até o desenvolvimento do projeto e detalhamento construtivo. Num sentido estrito, ele foca os servigos de projeto de edificagdes independentemente da maneira como esse papel seja realizado: conduzido por firmas auténomas de arquitetura ou engenharia; como parte de uma firma integrada de arquitetura e engenharia (AE) ou por meio de uma cor- poragiio com servigos internos de projeto. Dentro dessas variadas estruturas or- ganizacionais, uma grande variedade de arranjos contratuais ¢ organizacionais pode ser encontrada. Este capitulo também introduz alguns dos novos papéis que surgirdo com essa tecnologia ¢ considera as novas necessidades ¢ praticas para as quais 0 BIM dé suporte. Capitulo 5 BIM para Arquitetos e Engenheiros 1511 Definicéo dos servicos tradicionais da arquitetura Estudo preliminar Quantitativos néo espacials e especificagio textual do empreendimento, lidando principalmente com fluxos de caixa, funcdo ou geragiio de renda; associa éreas e equipamentos necessérios; inclui estimativa inicial de custos; pode sobrepor ou inte- ragir com a fase de anteprojeto; pode sobrepor e interagir com a fase de produgdo ou planejamento financeiro. Anteprojeto Fixa requisitos de espaco e funcionalidade, fases e possiveis necessidades de ex- pansdo; questées relativas co terreno e contexto; restricdes do cédigo de obras € zoneamento; também pode incluir atualizacéo da estimativa de custos baseada nas informagées adicionadas. Projeto Bésico (SD - Schematic Design) Projeto preliminar do empreendimento com plantas da edificagéo, mostrando como © programa do anteprojeto é materializado; modelo de massas da forma do edificio e renderizacées iniciais do conceito; determina alternativas de materiais e acabo- mentos; identifica todos os subsistemas do edificio por tipo de sistema. Projeto Executivo (DD - Design Development) Plantas baixas detalhadas incluindo todos os principals sistemas de construgdo (pa- redes, fachadas, pavimentos e todos os sistemas: estrutural, fundacdo, iluminagéo, mecéinico, elétrico, comunicagao, seguranga, aciistica, etc.) com detalhes gerais; materiais e seus acabamentos; drenagem do terreno, sistemas relativos ao terreno e paisagismo. Projeto para Produgao (CD — Construction Detailing) Planos detalhados para demolicdo, preparagéo do canteiro de obras, terraple- nagem, especificacdo de sistemas e matericis; dimensionamento de membros € componentes e especificagées para conexées de varios sistemas; testes e critérios de aceite para os sistemas principais; todos os componentes e conexdes requeridas para integragdo entre sistemas. Reviséo da construgéo. Coordenagao de detalhes, revisio ragdes requeridas quando as condi devido a erros de execugio. leiautes, selecdo e revisco de materiais; alte- eS na construgdo nao so como esperadas ou 152 Manual de BIM (EB EScoPo DOS SERVICOS DE PROJETO Esforco/Efeito O projeto é a atividade em que a maior parte da informagio sobre um empreen- dimento 6 inicialmente definida e em que a estrutura documental é organizada para a adic&o das informages em fases posteriores. Um resumo dos servigos fornecidos pelas fases tradicionais de projeto é mostrado na Figura 5-1. O con- trato tradicional de servigos de arquitetura sugere uma agenda de pagamentos (e, portanto, a distribuigéo de tarefas) correspondentes a 15% para projeto esque- matico, 30% para o desenvolvimento do projeto propriamente dito ¢ 55% para a documentagao da construgao (AIA 1994). Essa distribuigo mostra o peso reque- rido para a produgao de desenhos. Devido a sua habilidade de automatizar formas padronizadas de detalha- mento, o BIM reduz significativamente a quantidade de tempo requerido para a producao de documentos para a construgéo. A Figura 5-1 ilustra o relacionamen- to entre esforgo de projeto e tempo, indicando como o esforgo costuma ser dis- tribuido (linha 3) e como pode ser redistribuido como resultado da aplicagdo do Tempo — 1 — Habilidade de causar impacto nos custos € PD: Anteprojeto nos copacidades funcionals, SD: Projeto bésico 2. — Gusto de mudangos no projeto, DD: Projeto executivo — 3 — Proceso tradicional de elaboragao de projeto. CD: Projeto pare producto — 4 — Processo recomendado de elaboracéo de projeto PR: Aprovisionamento, Administragdo da constr OP: Operagéo FIGURA 5-1 Volor agregado e custo de mudangas e distribuigdo de compensagéo atual em servicos de projet to (Curt, 2007). Capitulo 5 BIM para Arquitetos e Engenheiros 153 5.2.1 BIM (linha 4). Essa alteragao aproxima o esforgo ao valor das decisdes tomadas durante o processo de projeto e construgo (linha 1) ¢ o crescimento no custo de alterag6es durante a vida dtil do empreendimento (linha 2). O diagrama enfatiza © impacto das decises iniciais de projeto sobre a funcionalidade geral, custos ¢ beneficios do empreendimento. A estrutura de honorérios em alguns empreendi- mentos jé est sendo alterada para refletir o valor de decises tomadas durante 0 projeto bésico e 0 esforgo necessério diminuido para a produgéo de documentos para a construgao. O conceito de desenvolvimento da informagéo Varios empreendimentos imobiliérios se iniciam em diferentes niveis de desenvol- vimento da informagao, incluindo a definigao da fungao do edificio, seu estilo ¢ método de construgao. No ponto mais baixo do espectro do desenvolvimento da informacdo esto os edificios comerciais, incluindo galpées e postos de gasolina, frequentemente chamados de “caixotées”, e outros edificios com propriedades funcionais bem definidas ¢ com caracteristicas de edificio fixas. Com esses, é requerido um desenvolvimento mfnimo da informagao, e o cliente costuma saber ‘com antecedéncia o que vai ser entregue. © conhecimento do resultado esperado é prescrito, incluindo o detalhamento de projeto, os métodos de construgio e as andlises de desempenho ambiental. No outro extremo do espectro — envolvendo o mais alto nfvel de desenvol- vimento da informagao — estao proprietarios interessados na criagao de edificios para novas fungGes sociais ou tentando repensar fungSes existentes, como combi- jar um acroporto com um porto, um hotel submarino ou um teatro para perfor- mances experimentais com multimfdia. Outros exemplos de alto desenvolvimento da informacao envolvem acordos entre o proprietério e o projetista para explorar a aplicagao de materiais nao padrao, sistemas estruturais ou controles ambien- tais. Dois dos estudos de caso do Capitulo 9 — 0 Centro Aquatico de Pequim e o Edificio Federal de San Francisco — sao exemplos de empreendimentos de alto desenvolvimento de informagao. Suas respectivas fungées levaram ao desenvolvi- mento de novos (¢ nunca antes testados) sistemas que foram gerados por anélise do primeiro principio. Por algum tempo, firmas de arquitetura e estudantes ex- Pressaram um interesse na fabricagao de edificios usando materiais ¢ formas nao convencionais, seguindo a inspiragao de Frank Gehry, Sir Norman Foster e ou- tros. Esses empreendimentos envolvem njveis mais elevados do desenvolvimento da informagao em um curto espago de tempo, até que tal cladding ou préticas construtivas tornaram-se parte do arsenal de padrées e préticas convencionais. Na pratica, a maioria dos edificios so uma composigao funcional e estética de fungées sociais bem assimiladas, com algumas variagGes na pratica de detalha- mento € procedimentos, estilos e imagem. No lado da construgéo, grande parte da arquitetura adapta-se a préticas construtivas bem assimiladas, com inovagies apenas ocasionais relativas a materiais, fabricagdo e montagem externa. ‘O escopo dos servigos de projeto, considerado a partir do nfvel do desenvol- vimento da informagao, pode ser simples ou elaborado, dependendo das neces- sidades e da intengo do cliente, bem como do nivel de sofisticagao da equipe de entrega do empreendimento, como mencionado anteriormente. O nivel de desen- 154 Manual de BIM 5.2.2 volvimento da informagao costuma ser coberto no escopo de contratos que defi- nem servigos arquiteténicos, como esbogado no quadro da pagina 151 (Definigo dos servigos tradicionais da arquitetura). Em empreendimentos com dados para fungao e construgao bem definidos, a fase inicial pode ser abreviada ou omitida, e 0 projeto executivo e o projeto para construco passam a ser as tarefas principais. Em outros exemplos, viabilidade, anteprojeto e projeto basico podem ser funda- mentais, quando maior custo e beneficios funcionais sfio determinados. Com tais empreendimentos, grandes estruturas de desembolso sao justificadas. Colaboragées técnicas Servigos de projeto envolvem uma grande quantidade de questées técnicas que dizem respeito a varios sistemas prediais e diferentes tipos de edificios, assim como os sistemas particulares requeridos por eles, como equipamentos para la- boratérios ou materiais artificiais usados nos campos de estddios. Uma amostra desses servigos tipicos é apresentada no quadro a seguir. Alguns desses servigos podem ser conduzidos pela firma principal de projeto, porém sao mais comu- ‘mente realizados por consultores externos, Por exemplo, um estudo sobre cola- boragdo nos servigos arquiteténicos (Eastman et al., 1998) com a empresa John Gama de servicos técnicos usados durante 0 projeto * Andlise financeira e fluxo de caixa * Andlise de fungées primarias incluindo servigos em hospitais, asilos, aeroportos, restaurantes, centros de convengao, edificios-garagem, complexos teatrais, etc. * Planejamento do canteiro de obras, incluindo estacionamento, drenagem e vias * Projeto e andlise/simulagio de todos os sistemas do edificio, incluindo: © estruture « sistemas mecénico e de condicionamento de ar © alarmes de emergéncia/sistemas de controle © fluminagao. © acustica © sistemas de contengao © conservagéio de energia e qualidade do or ° circulagdo vertical ® seguranga » Estimativa de custos * Avaliagdo de acessibilidade ® Paisagismo, fontes e plantagdes # Limpeza externa e manutengao do edificio * lluminacéo externa e sinalizagao Copitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 155, Portman e Associados em Atlanta mostra que um grande empreendimento em Xangai inclui mais de vinte e oito diferentes tipos de consultores. ‘A partir dessa viséo geral, podemos compreender o que é bem conhecido pela maioria das grandes empresas de arquitetura (mas menos entendido por muitos clientes, desenvolvedores e construtoras e ainda por firmas menores de projeto) — que projeto do edificio é um empreendimento grande e colaborati- vo, envolvendo uma grande variedade de aspectos que requerem detalhamento técnico e competéncia especifica. E nesse grande contexto que o BIM deve ser operado, pela melhoria da qualidade ¢ coordenagao. Também podemos ver (a partir da diversidade de colaboradores para este livro) que o desafio principal na adogio da tecnologia BIM reside na necessidade de todas as partes do proje- to de um empreendimento concordarem com novos métodos de trabalho, bem como sua documentago e comunicagao do seu trabalho. No final, todos devem adaptar-se &s préticas associadas com essa nova maneira de fazer negécios. Esse ponto é enfatizado — implicita e explicitamente — nos estudos de caso do Capitulo 9. Hoje, um conjunto adicional de colaboradores esté se envolvendo com mais frequéncia nos estgios iniciais de projeto. Sao construtores ¢ fabricantes candi- datos & execugao do empreendimento, formando as bases da execucao projeto- -construgao ou outro tipo de arranjo em equipe. Esses especialistas tratam de construtibilidade, aprovisionamento de materiais, programagio de obras e assun- tos similares. [EGED uso DO BIM NO PROCESSO DE ELABORACAO DE PROJETOS ‘As duas bases tecnolégicas da Modelagem da Informagéo da Construgao vistas nos Capitulos 2 e 3 — ferramentas de projeto paramétrico e interoperabilidade = oferecem muitas melhorias de processo e da qualidade da informaco no pro- cesso tradicional de projeto. Esses beneficios se distribuem por todas as fases do projeto. Algumas das potenciais utilizagdes e beneficios do BIM ainda sero encontradas, mas algumas rotas de desenvolvimento evoluiram o suficiente para demonstrat frutos significativos. Aqui, consideramos o papel e o processo de pro- jeto a partir de quatro pontos de vista que se aplicam em varios graus a diferentes empreendimentos, dependendo dos nfveis de desenvolvimento da informagao. O primeiro ponto de vista trata do projeto conceitual (ou anteprojeto), como € comumente concebido. Ele envolve a geragao do plano basico da edifi- cago, sta volumetria e aparéncia geral, a determinagdo do local de implantagéio do edificio ¢ sua orientagdo no terreno, sua estrutura, e como o empreendimento resolveré o programa basico da edificagdo. Esses sao os aspectos tipicos e tradi- cionais da maioria dos empreendimentos imobiliérios. O BIM pode provocar um grande impacto no fortalecimento da qualidade das tomadas de deciséo nessa fase, baseado em um rapido feedback. Essas decisGes iniciais podem ser muito mais bem embasadas no que diz respeito ao programa do edificio, a limitagdio de 156 Manual de BIM custos de construgiio ¢ de operagao e As (cada vez mais solicitadas) consideragdes ambientais. © segundo ponto de vista trata do uso do BIM para projeto e anélise dos sistemas prediais. Nesse caso, a anélise deve ser entendida como 0 conjun- to de operagées para medir as flutuagdes de parametros fisicos que podem ser esperados no edificio real. A andlise abrange muitos aspectos funcionais do de- sempenho de um edificio, como integridade estrutural, controle de temperatura, ventilagdo, iluminagao, circulacéo, actistica, distribuigdio e consumo de energia, abastecimento de gua e esgoto sanitério, tudo sob uso variado ou sob carga externa. Esse ponto de vista diz respeito & colaboragdo dos varios profissionais envolvidos por meio da integragéo dos softwares de andlise utilizados por eles. Por outro lado, tais profissionais produzem os desenhos de projeto que so usa- dos para planejar e coordenar os varios sistemas prediais. Em casos excepcionais envolvendo o desenvolvimento de informagao de alto nivel, os estégios iniciais de projeto podem implicar andlises experimentais de estruturas, controles ambien- tais, métodos de construg4o, uso de novos materiais ou sistemas, andlises deta- Ihadas de processos do usuario ou outros aspectos técnicos do empreendimento. Nao hé um conjunto de problemas que necessita de andlise. O iiltimo ponto de vista demanda colaboragdo intensa entre uma equipe de especialistas, requeren- do um conjunto de ferramentas configurdveis que, quando combinadas, formam a bancada de projeto. O terceiro ponto de vista € 0 uso do BIM convencional no desenvolvi- mento de informagio no nivel da construgao. Os softwares de modelagem de edificio incluem regras de colocagao ¢ composicao que podem acelerar a geragao da documentagao padrao ou predefinida da construgio. Eles fornecem a opgao de acelerar o proceso ¢ aumentar a qualidade. A modelagem da construgao é ‘uma forga bésica das ferramentas BIM implementadas. Hoje, o produto primério dessa fase é 0 conjunto de documentos da construgao. Mas isso esta mudando. No futuro, o modelo da construgdo propriamente dito servird como a base legal para a documentacio do edificio. O quarto e diltimo ponto de vista envolve integragdo de projeto e constru- gio. No nivel mais Sbvio, esse ponto se aplica a um processo projeto-construgéo bem integrado na construgao convencional, facilitando a construgao rapida e efi- ciente do edificio apés 0 projeto, ou ainda em paralelo ao seu desenvolvimento. Ele enfatiza o crescimento da utilizago de um modelo do edificio para uso direto na construgao, permitindo entrada de informagao para a modelagem no nfvel de produgio. Sendo mais ambicioso, esse aspecto envolve a solugao de procedimen- tos produtivos nao padronizados, trabalhando a partir de modelos cuidadosa- mente projetados e detalhados e dando suporte ao “projeto de produgio”. Nas segdes seguintes, esses pontos séo descritos em mais detalhes. Em vez dos marcos usados nos contratos de projeto tradicionais, consideramos essas quatro grandes areas conscientes da fluidez das mudangas inerente as sequéncias correntes de desenvolvimento de projeto. Também abordamos diversos assuntos praticos: desenhos baseados em modelo e preparago de documentos; desenvol- vimento ¢ administragao de bibliotecas; integragao de especificagoes, ¢ detalhes Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 157 5.3.1 para estimativa de custos. O capitulo inclui algumas questdes priticas do desen- volvimento de projeto: selecdo de uma ferramenta BIM, treinamento e introducao a empreendimentos ¢ questdes de mao de obra. Anteprojeto e andlises preliminares Como mostrado nas seg6es anteriores, a maioria das decisées relativas a valor, desempenho e custos de uma edificagio & tomada na fase de anteprojeto. Dessa forma, os beneficios que firmas de projeto podem oferecer a clientes estaro cada vez mais focados na diferenciagao de servigos que elas podem oferecer na fase de anteprojeto. Anteprojeto baseado nos feedbacks das primeiras anilises € especial- mente importante para empreendimentos envolvendo médios ou altos niveis de desenvolvimento da informagao. Esperamos que isso se torne uma 4rea cada vez mais importante na diferenciagao entre firmas de projeto. Hoje, um némero crescente de ferramentas de facil uso (concebidas no para produgéo pesada de projeto, mas como aplicativos leves ¢ intuitivos) esté disponfvel e se tornou um aspecto invisivel do proceso criativo do projetista. Cada uma oferece funcionalidades importantes para o projeto preliminar. Algu- mas ferramentas se concentram na répida modelagem 3D e geragéo de formas, como Google SketchUp® (Google 2007), ou para empreendimentos maiores € geometricamente mais complexos, como form.Z. Outros programas dao suporte a geragdo de plantas a partir do programa do edificio, como Facility Composer e Trelligence (Trelligen¢e 2007), ou plantas e interfaces simples para andlise de energia e iluminagao e outras formas de anélise que sdo relevantes para antepro- jetos, como o Ecotec (Square One Research 2007), IES e Green Building Studio. ‘Outra drea importante para o desenvolvimento de anteprojetos é a avaliagao de custos, que é oferecida pela Dprofiler (Beck Technology 2007) e outros. Infe- lizmente, nenhum desses programas fornece o amplo aspecto de funcionalidade necess4rio para o anteprojeto em geral, e a facil interoperabilidade entre esas ferramentas ainda nao é realidade. Na pratica, a maioria dos usuarios confia em um desses softwares. Desses, poucos sao capazes de interoperar facil ¢ eficien- temente com softwares BIM existentes. Segue uma rdpida revisdo dessas varias ferramentas secundarias. Ferramentas de modelagem répida 3D ‘As mais antigas ferramentas de anteprojeto disponiveis foram aquelas de mo- delagem répida 3D. form.Z pode ser considerado o avd dessa categoria, tendo servido como ferramenta de projeto 3D desde 1989. Ele possui poderosos meca~ nismos de modelagem de s6lidos e de superficie 3D capazes de representar qual- quer forma imagin4vel para arquitetos ¢ projetistas de produtos. No infcio, foi considerado o mais intuitivo modelador de sGlidos dispontvel, mas com o cresci- mento de funcionalidades e novos competidores, form.Z é um compromisso entre modelagem de superficies de forma livre poderosa e intuitividade. Um exemplo de um empreendimento desenvolvido usando o form.Z & uma estagio de trem de Pusan, Coreia (mostrado na Figura 5-2). Outros produtos com funcionalidades 158 Manual de BIM similares so Rhino e Maxon, os quais também enfatizam habilidades de modela- gem de forma livre. Outras aplicagdes mantém o foco na modelagem répida 3D de espagos e envelopes dos edificios. Produtos desse tipo so SketchUp” e o recém-difundido Architectural Studio®, da Autodesk. Essas ferramentas dio suporte A geragdo ré- pida de desenhos esquematicos e renderizagdo de modo a transmitir a esséncia do pu FIGURA 5-2 Competicéo de modelos usando form.Z. Cortesia de View by View, San Francisco Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 159 espago ¢ fachadas propostos. Exemplos de um empreendimento e miltiplas vistas geradas no SketchUp séo mostrados na Figura 5-3. Essas aplicagdes déo suporte a facil claboragao de croquis de formas geométricas usadas na arquitetura, mas em geral nao suportam tipos de objetos ou propriedades diferentes de cores de materiais e/ou transparéncia, os quais so apenas Gteis para renderizagdo. Como resultado, nao promovem boa interopera- ao com outras ferramentas de anteprojeto como aqueles descritos acima. Planejamento espacial As vezes as exigéncias de um edificio sao centralizadas em um conjunto de ne- cessidades espaciais, por meio de um programa que descreve o nimero ¢ os tipos de espago que o cliente deseja, suas respectivas areas, servigos ambientais que demandam, e, em alguns casos, os materiais e superficies desejadas. As relages essenciais entre esses espagos so mais detalhadas de acordo com praticas orga- nizacionais; por exemplo, acessos requeridos entre diferentes alas e unidades de tratamento em um hospital. Planejamento espacial envolve organizacdo das necessidades espaciais defi- nidas pelo cliente e sua expansio para incluir armazenamento, suporte, mecdnica € outros espagos complementares. Em geral, essas aplicagSes retratam o progra- ma espacial em duas formas: como uma série de itens em linha em uma planilha como um diagrama de blocos mostrando a planta baixa proposta. Os softwa- res que incorporam essa funcionalidade sao Visio Space Planner®, Vectorworks® Space Planning Tool, Trelligence®, e o Army Corps of Engineers’ Facility Com- poser. O intercimbio de Autodesk Revit® e ArchiCAD® com ‘Trelligence fornece recursos similares de planilha com essas ferramentas BIM de projeto. Uma com- posigao de trés imagens de tela do Facility Composer é mostrada na Figura 5-4, que ilustra a planilha de tipos de espago, indicando 0 que foi langado (real) ¢ 0 que ainda precisa ser langado (disponfvel) por edificio e por pavimento. A planta FIGURA 5-3 Estudo de volumetria realizado com o SketchUp. 160 Manual de BIM de um pavimento e o arranjo da volumetria do edificio (como um todo) também sdo mostrados na Figura 5-4. Essas aplicagées representam explicitamente os espagos em um edificio, com ou sem o desenvolvimento de seu fechamento. Uma planilha mostra a loca- Gao do leiaute corrente em relagdo as necessidades do programa espacial. Todos os programas de planejamento espacial atuais suportam volumetria baseados em ‘um pedago de papel em branco sem os limites do envelope; dessa forma, nenhum parece suportar a geragao de leiautes dentro da envoltéria de dado edificio, ou na forma que captura uma imagem-alvo. Essas ferramentas fornecem outro conjun- to de habilidades de projeto bdsico importantes, mas incompletas. Andlise ambiental O terceiro tipo de aplicagio e interface foca o uso da energia e os aspectos am- bientais de um projeto candidato. IES Virtual Building®, Ecotect® e Green Buil- ding Studio sdo trés produtos nessa area. Algumas imagens do Ecotect, com re- trospecto de desempenho ao modelo de um edificio, sAo mostradas na Figura 5-5. Esses produtos operam por meio de um misto do modelo simplificado do edificio = fbn enn ened sistemas de planejamento espacial, Facility Composer dé suporte ao desenvolvimento de diagramas volumétricos baseados em uma planilha de programa ‘e compara o leiaute corrente em relacdo a dado programa. Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 161 com tradutores diretos para aplicagées existentes de andlise/simulagdo. Ecotect e IES tém seus préprios modelos de edificio com habilidades para gerago e edigao de formas e algumas das funcionalidades das aplicages da modelagem répida 3D. ‘Com sistemas para desenho, a preparagao do conjunto de dados para a exe- cugdo de uma aplicagdo era tao lenta e complicada que, se aplicada ao todo, ela seria relegada aos estdgios posteriores do projeto. Com o BIM, as interfaces de aplicagSes podem ser automatizadas, permitindo retroalimentagao quase em tem- po real nas agdes de projeto. Essas aplicagGes de andlise ambiental incorporam interfaces para um conjunto de andlises de energia, iluminagio artificial e natural, saida de inc€ndio ¢ outras aplicagées de avaliagao, permitindo anélise répida de projetos basicos. gbXML fornece uma interface de ferramentas de projeto BIM existentes aos seus conjuntos de aplicagées de andlises. As diferentes interfaces suportadas por Ecotect, IES e gbXML sao mostradas na Tabela 5-1. Essas ferramentas de andlise ambiental oferecem uma visio dos comporta- mentos associados com um dado projeto ¢ fornecem uma avaliagéo antecipada da energia bruta e do uso da iluminagéio, bem como uma estimativa dos custos ope- racionais. Até agora, esses desempenhos eram apoiados principalmente na expe- riéncia do projetista e em boas préticas. Essas aplicagdes tm uma compatibilidade limitada com ferramentas de projeto BIM existentes (como visto no Capitulo 2). Nesse sentido, as interfaces para exportacao de dados em gbXML esto disponf- veis no ArchiCAD®, Bentley Architect ¢ Revit®. O Ecotect possui interface em IFC com ArchiCAD® e Digital Project. O IES tem uma interface direta com Revit®. (A) Andlise de insologéo. Ganho solar do solo ne ano (B) Anélise CFD de temperatura (C) Estudos de sombreomento, (D) Andlise acistica. Células 3D com visualizagéo em segéo de corte periodos distintos de reverberacéo FIGURA 5-5 Imagens do Ecotect mostrando A) ganho de aquecimento solar entre edificios, B) dinémica computacional de fluidos de fluxos termais em um edificio, C) radiagéo solar no interior de um edificio e D) andlise aciistica. 162 Manual de BIM Tabela 5-1 Andlises que sdo suportadas por aplicagdes do modelo do edificio Ecotect ~ modelo préprio do edificio mais entrada IFC DAYSIM simulador de iluminagéo Radiance simulador de iluminagéo clase conélise de energic Energy+ ondlise de energic candlise de radiacéo solar ‘onélise aciistica de tempo de reverberacdo NIST-FDS, Fluent e Winir4 interface geral para miitiplas endlises de dindmica computecional de fluidos IES - modelo proprio da edificagao mais conexao direta com Autodesk Revit™ ‘ApacheCale perda e ganho de aquecimento ‘ApacheLoads carregamentos para equecimentos e resfiamentos ‘ApacheSim simulagéo de din&mica termol ‘ApachelHVAC ulagio de sistemas de vertilogéo e ar condicionado SunCost sombreamento @ luz solar MacroFlo simulagéo da ventilagéo naturel e sistemas de modos fixos MicroFlo — 4 Outros mm 2 A > — « Outros Volumetria e croqui SketchUp oe or (Snare obj, Epix formZ eee act,ob, 8 8 8 6 © © act Epix, fib, w3d, Ant, stp, stl oj, rb, dime wad, sp, stl, 3dm Rhino coe . obj, stp, 8 8 8 8 8 6 3dm, stp, stl, 3m obj, xt, st xgl Maxon . ce diect3d, oe direct 34, stl, ect sti, oct Planejamento espacial MS Visio o wmf, xls als Vectorworks eee ee © + st epi Fasility Composer . IFC, stp . IFC, sto Teeligence ce gm, csv Anélise de ambiente les o gn, Revit? ‘gbXML, Revit® Ecotect . IFC oe GreenBuilding Studio . vt, don, : XML 164 Manual de BIM Outros assuntos sobre anteprojetos Para completar o que tem sido entendido como projeto bésico, dois outros as- pectos de um projeto também devem ser definidos: desenvolvimento do canteiro (incluindo condigées existentes) e identificagéo de tipologias de cada um dos sis- temas prediais. O desenvolvimento do canteiro envolve a implantagao do edificio, elevagéo, definicao de todos os contornos e melhorias do terreno e do solo, € 0 escopo geral do seu desenvolvimento. O uso do terreno 6 com frequéncia um as- pecto importante de um anteprojeto geral. Algumas ferramentas de projeto BIM dao suporte ao planejamento do uso do solo, como listado na Tabela 2-1, e algu- mas ferramentas de andlise ambiental suportam estudos do terreno, bem como da insolagéo ¢ do vento. Pelo nosso conhecimento, fungdes do espago externo podem ser tratadas como ferramentas de planejamento espacial usando espagos em blocos para criar alocagio de leiautes no terreno. Anteprojetos costumam envolver a identificagao do tipo de cada um dos sistemas prediais, incluindo estrutural, energia, ventilagao e ar condicionado, ilu- minagdo ¢ circulagao vertical. Essa informagao é necesséria para a geragao da estimativa inicial de custos no estdgio preliminar; a verificagdo de que o empre- endimento encontra-se em um intervalo economicamente vidvel e a satisfagéo do programa. A maioria das aplicagdes de andlise ambiental existentes identifica sistemas de ventilagdo e ar condicionado, mas ndo o sistema estrutural ou outros. Tradicionalmente, a estimativa de custos para pequenos empreendimentos (no estagio de concepgao) envolvia célculos rapidos baseados em uma Gnica ut dade de medida bruta, como metro quadrado ou némero de cémodos. A vali- dagao do anteprojeto proposto para grandes empreendimentos costuma impli- car uma estimativa de custos detalhada preparada por um consultor. Com uma configuragdo prépria, o BIM dé suporte a uma répida geragdo de estimativa de custos. Tornou-se praticdvel a obtengéio de uma estimativa de custos por meio da explorago de conceitos e do processo de desenvolvimento. Enquanto nesse nfvel do desenvolvimento de projeto apenas uma estimativa grosscira dos custos da construgio pode ser gerada, a informagéo dada pode antecipar preocupagées ao projetista, ou ainda oferecer a confianga de que o projeto proposto pode ser de- senvolyido dentro do orgamento do empreendimento. Essas questdes associadas com a geragao de estimativas de custo quase em tempo real sao vistas nas Segdes 53.2€6, O Gnico software disponivel para representagdo de todos os sistemas pre- diais e que dé suporte a estimativa de custos no nfvel da concepgao o Dprofi- ler. Ele permite uma répida composigao de um modelo de concepgdo e gerago de uma estimativa de custos; contudo, pode ser usado apenas para certos tipos de edificios predefinidos. Como ferramentas de concepgao relativas a energia, 0 modelo de edificio do Dprofiler é distinto e suporta exportagdo apenas por DXF/ DWG para outras aplicagées, como as ferramentas de anteprojeto listadas ante- riormente ou ferramentas de projeto BIM. Dprofiler é descrito com mais detalhes no estudo de caso do empreendimento Comercial Hillwood no Capitulo 9. Outro aspecto do entendimento do contexto da edificagéo reside na ob- tengo das condigées “como construfdas” (as-built). Essa é uma questio critica para reajuste de trabalho ¢ remodelagem. Novas tecnologias de levantamentos, Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 165 baseadas em leituras a laser com nuvem de pontos, oferecem uma nova e valiosa técnica para capturar as condigGes como construidas. Tais tecnologias so discu- tidas no Capitulo 8. Revisdo de anteprojeto Ferramentas de anteprojeto devem balancear a necessidade de dar suporte ao proceso intuitivo e criativo (quando 0 esquema de um projeto bésico est primei- ramente sendo definido ¢ explorado) com a habilidade de fornecer uma répida avaliago e retorno baseado em uma variedade de ferramentas de simulagdo e de andlise, permitindo um projeto mais “informado”. Infelizmente, cada uma dessas ferramentas desempenha apenas parte de toda a tarefa, o que requer tradugdes entre elas com as principais ferramentas BIM discutidas no Capitulo 2. Nenhuma das ferramentas dispontveis dé suporte ao escopo completo dos servigos de anteprojeto. Elas exigem que os usudrios desenvolvam ou mantenham habilidades em indmeros programas, cada um com interfaces diferentes, ou pre- encham os vazios por confiar em modos de avaliagéo manual baseados em papel (ou, mais comumente, na intuico). Troca de dados e fluxos de informagio entre esses aplicativos também so limitados, como mostra a Tabela 5-2. Em grandes firmas, as varias tarefas associadas a projeto basico (e suas aplicages de suporte) podem ser divididas entre diversas pessoas utilizando interfaces personalizadas baseadas em API. Pequenas empresas geralmente selecionam uma dessas ferra- mentas e esquecem os beneficios de usar miiltiplas devido ao custo de desenvol- vimento personalizado de fluxos de informagao entre clas. Rumo ao fim da fase de projeto basico, o resultado dessas aplicagdes deve ser transferido para uma ferramenta geral de projeto BIM. De maneira ideal, tal intercdmbio seria fécil e bidirecional, permitindo anélises simples ou geragdes de formas complexas para serem revisadas ¢ reavaliadas. No entanto, como observa- do anteriormente, mesmo na diregao principal essa transferéncia ainda nao é bem resolvida por ferramentas BIM existentes. Como essas diversas ferramentas de anteprojeto poderiam ser integradas? Hé pelo menos quatro maneiras de integrar as diferentes funcionalidades neces- sérias para projeto basico, como visto aqui: (1) uma nica aplicagao é desen- volvida para cobrir todas as funcionalidades; isso ainda nao aconteceu; (2) um grupo de aplicagdes integradas poderia ser desenvolvido, baseado em um plano de negécios que mutuamente titil a vérias companhias, usando um conjunto de tradutores diretos ou plug-ins; isso também nao aconteceu, mas alguns arranjos jé existem; (3) as aplicagdes suportam uma interface padrao, pGblica e neutra de intercdmbio (como IFC) e baseiam-se nela para promover integragdo; isso comegou a existir, como no caso do Ecotect; (4) as ferramentas interativas BIM expandem suas habilidades, como o Revit” ou o ArchiCAD®, para incluir as fun- cionalidades vistas aqui. Todos, menos o primeiro desses esforgos de integragdo, esto sendo aplicados em varios graus. Para resumir, enquanto servigos de vanguarda associados a anteprojeto es- tao se tornando cada vez mais importantes 4 medida que o BIM é adotado, a base tecnolégica ainda nao esté em condigées de dar suporte a tal mudanga. Ferra- mentas existentes de anteprojeto fornecem apenas solugdes muito limitadas. Por 166 Manual de BIM 5.3.2 outro lado, ferramentas de criag&o de modelos BIM geralmente sio complexas demais para serem usadas na elaboragao de croquis e geragao de formas. Papel © caneta permanecem como ferramentas dominantes em tais trabalhos. Em um futuro préximo, autores antecipam um progresso cvoluciondrio nessa drea, com sistemas de solugio de anteprojeto efetivos emergindo em pouco tempo. Projeto de sistemas prediais e andlise/simulagao Como 0 projeto continua apés 0 estdgio de concepgao, os sistemas requerem especificagdes detalhadas. Sistemas mecdnicos exigem dimensionamento, ¢ 0 sis- tema estrutural deve ser langado. Em geral essas tarefas sdo realizadas por meio da colaboragéo de engenheiros especialistas, dentro ow fora da organizagao do projeto. Como o anteprojeto, a colaboragao efetiva entre essas atividades aponta para uma Area de mercado diferenciada. Nesta segéio, examinamos questdes gerais assoviadas # Kitltoagsio de anilise ¢ a métodos de simulagao para o projeto. Primeiramente, focamos no uso de tais aplicagdes como parte do processo de avaliagio normal de desempenho durante 0 detalhamento dos sistemas prediais nos estégios posteriores de projeto. Em contraste com aplicagées anteriores, as aplicagdes nessa fase so complexas normalmente operadas por especialistas de dominio técnico. Consideramos éreas de aplicagdo e alternativas de software existentes: algumas das questées relativas a0 seu uso € a troca de informagées; ¢ métodos de integragdo e questdes gerais telativas A colaboragéio. Concluimos com o exame do uso especial de anélise e modelos de simulagéo que exploram aplicagdes inovadoras de novas tecnologias, materiais, controles ou outros sistemas para edificagdes. £ importante observar que tal arquitetura experimental geralmente requer ferramentas e configuragdes especializadas. Software de andlise/simulagao Conforme o projeto se desenvolve, os detalhes relativos aos varios sistemas do edificio devem ser determinados para validar estimativas anteriores e para especi- ficar os sistemas de tentativas, produgao ¢ instalagao. Esse detalhamento envolve uma grande variedade de informages técnicas. Todos os edificios devem satisfazer suas fungées estruturais, de condiciona- mento ambiental, distribuigao de Agua potével e coleta de esgoto sanitério, prote- go contra incéndio, distribuigéio de eletricidade e outras forgas, comunicagées, e demais fungGes basicas. Enquanto cada uma dessas habilidades e dos sistemas requeridos para suporté-las podem ter sido identificados anteriormente, suas es- pecificagées para conformidade com normas técnicas, certificagées ¢ objetivos do cliente requerem definigdes mais detalhadas. Além disso, os espagos em um e ficio também so sistemas de circulagao e acesso, sistemas de fungdes organiza- cionais suportadas pela configuraco espacial. Ferramentas para andlises desses sistemas também estdio comegando a ser usadas. Em empreendimentos simples, a necessidade de conhecimento especializa- do no que diz respeito a esses sistemas pode ser discutida pelos membros-lideres de uma equipe de projeto, mas, em edificios de maior complexidade, em geral Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 167 eles sio manipulados por especialistas da prépria firma ou terceirizados como consultores de um projeto especifico. Ao longo das duas dltimas décadas, um grande néimero de recursos de and- lises computadorizadas foi desenvolvido, muito antes do surgimento do BIM. Um grande conjunto desses recursos é baseado na fisica das construgdes. Com dese- nhos (cletrénicos ou manuais), um esforgo significativo foi requerido para prepa- rar um conjunto de dados necessdrios para executar tais andlises. Com interfaces automatizadas, um fluxo de trabalho mais colaborativo é possivel, permitindo a muitos especialistas de diferentes dominios trabalhar juntos para gerarem um projeto final. ‘Uma interface efetiva entre ferramentas BIM e uma aplicagao de andlise/ simulagio envolve pelo menos trés aspectos: 1. Aplicagao (¢ relagdes) de atributos especificos na ferramenta BIM con- sistente com aqueles requeridos para a andlise. 2. Métodos de compilago de um modelo de dados analitico que con- tém abstragoes apropriadas da geometria do edificio para que funcione como uma representagdo vélida e exata da edificago para o software espectfico de anélise. © modelo analitico que é abstraido do modelo fisico BIM ser diferente para cada tipo de andlise. 3. Um formato de intercAmbio de arquivos que seja mutuamente aceito, visando a transferéncia de dados. Tais transferéncias devem manter as- sociagées entre o modelo de anélise abstrato e o modelo fisico BIM € incluir informago de ID para dar suporte a atualizagdes incrementais, em ambos os lados do intercmbio. Esses aspectos so o centro da promessa fundamental do BIM de afas- tar a necessidade de miiltiplas entradas de dados para diferentes aplicagées de anélise, permitindo que o modelo seja organizado diretamente e em um curto perfodo de tempo. Quase todas as ferramentas de anélise de edificagées exigem processamento extensivo do modelo geométrico ¢ definigio de propriedades dos materiais e das cargas aplicadas. Nas ferramentas BIM que incorporam essas trés habilidades, a geometria pode ser derivada diretamente do modelo comum, as propriedades dos materiais podem ser atribufdas de maneira auto- mitica a cada anéllise, ¢ as condigées de carregamento podem ser armazenadas, editadas ¢ aplicadas, O modo pelo qual as anélises estruturais sfio manipuladas ilustra bem es- ses aspectos. Uma vez que as aplicagées para o projeto arquitetnico nao geram ou representam membros estruturais de maneira adequada para a execugao de andlises estruturais, algumas companhias de software oferecem versdes separa- das dos seus softwares BIM para a promogdo de suas potencialidades. Revit” Structures e Bentley Structures séio dois exemplos de softwares que fornecem objetos basicos e relagées utilizados por engenheiros estruturais — como colu- nas, vigas, paredes, lajes, etc. — de modo que séo completamente interoperdveis com 08 mesmos objetos nas suas aplicagées BIM irmas. £ importante obser- var, entretanto, que eles carregam uma representagao dupla, adicionando uma representagao idealizada do tipo nés e barras da estrutura. Eles também sao capazes de representar carregamentos estruturais e combinagao de cargas ¢ 0 168 Manual de BIM comportamento abstrato das conexdes (por exemplo, seus graus de liberdade), necessdrios para a aprovagdo do edificio de acordo com as normas técnicas. Essas potencialidades fornecem aos engenheiros interfaces diretas para a exe- cugio de aplicagées de andlise estrutural. A Figura 9.8-2, no estudo de caso do estacionamento Penn National (Capftulo 9), mostra o modelo de uma parede de cisalhamento em uma ferramenta BIM e os resultados da andlise quando um carregamento lateral é aplicado. A anidlise de energia tem suas préprias exigéncias especiais: um conjunto de dados para representagao da envoltéria externa para radiagao solar; um segundo conjunto para representagao de usos das zonas internas ¢ geragao de calor; e um terceiro conjunto para representagao da planta mecfnica do sistema de aqueci- ‘mento, ventilagao ¢ ar condicionado. A preparagao de dados adicionais por parte do usuério, em geral um especialista em energia, é necesséria. Normalmente, apenas 0 primeiro desses conjuntos é representado em uma ferramenta tipica de projeto BIM. Simulagao de luminotécnica, andlise actistica e simulagSes de fluxo de ar baseadas em dinémica computacional de fluidos (CFD) tém suas prdprias neces- sidades de dados particulares. Enquanto questées relativas A geraco de dados de entrada para a andlise estrutural sao bem entendidas, ¢ a maioria dos projetistas so experientes com simulagées de iluminagio (por meio do uso de pacotes de renderizago), as necessidades de entrada para permitir outros tipos de andlise so menos entendidas e requerem configuragao ¢ competéncia significativas. O fornecimento de interfaces para preparacao de tais conjuntos de dados especializados é uma contribuigdo essencial dos modelos de edificagSes para a anélise ambiental de propésito especial vista na Segao 5.3.1. E provavel que um conjunto de ferramentas de preparagao para a execugdo de andllises detalha- das emergiré embutido em futuras versdes de ferramentas primérias de projeto BIM. Essas interfaces embutidas facilitarao a verificagao e preparacio de dados para cada aplicacéo individual, como tem sido feito nos projetos preliminares. Um filtro de anélise apropriadamente implementada: (1) verificar4 se os dados minimos estéo geometricamente disponiveis no modelo BIM; (2) abstraira a geometria requerida do modelo; (3) atribuird o material necessArio ou os atri- butos de um objeto; e (4) solicitaré mudangas nos parmetros necess4rios para a anilise. As aplicagées de andlise/simulago usadas para projeto detalhado so mos- tradas na Tabela 5-3. Os formatos piblicos de intercmbio de dados ¢ as conexdes proprietdrias diretas com ferramentas de projeto BIM espectficas so listados. As conexées diretas sao construfdas usando interfaces padrao por meio de software ptiblico de mediag&io, como ODBC ou COM, ou interfaces proprietérias, como 0 GDL do ArchiCAD® ou o MDL da Bentley. Essas trocas deixam porgdes do modelo do edificio acessiveis para o desenvolvimento da aplicago. O CIS/2, que é 0 formato pablico de intercémbio de arquivos mais utili- zado, é 0 resultado de um esforgo de desenvolvimento intenso da indéstria de estruturas metélicas (veja o Capitulo 3 para detalhes). Ele fornece uma extensa cobertura de intercdmbio para aplicagées de andlise estrutural, mas apenas para Copitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 169 Tabela 5-3 Algumas das aplicagdes comuns de anélise/simulagao e seus recursos para intercémbio de dados Formatos de Formatos de importacéo exportacéo . . nuuZz now -u xa Suen Aplicagéo oe ow vu sa ‘Andlise estrutural SAP2O0,ETABS * + oo Structures STAAD-Pro . Teklo Structures, Bentley RISA . . Revit® Structures GTSTRUDL + . . RAM . . Revit” Structures Robobat oe Revit? Structures Andlise de energia DOE-2 EnergyPlus . oe Ecotect Apache . les ESPr . : Ecotect Equipamentos TRNSYS. mecdnicos saiulocs Carrier E20-I1 Andlise de Radiance . ‘ArchiCAD™ luminotéenica / Simulagéo Andlise acistica Ease . Odeon . Fluxo de arlCFD —_Flovent . Fluent MicroFlo les Anélise de fungao EDM Model . Checker Soli . 170 Manual de BIM estruturas de ago. Esforgos vém sendo aplicados para fazer do [FC uma estrutura vidvel para andlise estrutural, e, em um grau menor, para andlise energética. Tra~ balhos iniciais tém sido feitos para permitir que modelos IFC suportem ganhos de radiagao anual, mas nao simulagées de iluminagdo, acistica ou de fluxo de ar. Tal esforgo minucioso do modelo IFC pode ser esperado conforme a tecnologia BIM 6 mais amplamente adotada. Um formato uniforme de intercémbio direto que dé suporte a todos os tipos de andlise nao é comum, pois diferentes andlises requerem diferentes abstracdes do modelo fisico, com propriedades especificas de cada tipo de anélise. A maioria das andlises requere estruturagio cuidadosa dos dados de entrada por parte do projetista ou engenheiro que prepara o modelo. O contetido examinado anteriormente foca na andlise quantitativa do comportamento fisico das edificagoes. Critérios menos complexos, mas ainda complicados, devem ser avaliados, como seguranga contra incéndio ¢ aces- sibilidade do portador de necessidades especiais. Recentemente, com a dis- ponibilidade de formatos neutros (IFC), modelos de edificios facilitaram dois produtos que suportam conferéncia de modelos baseados em regras. Solibri € considerado uma ferramenta de escrita (incluindo gramatica) para modelos de edificios. EDM ModelChecker™ fornece uma plataforma para conferéncia da adequago diante de normas técnicas de um grande edificio e outras formas de avaliagdes de configuragdes complexas. EDM é a plataforma usada em CO- RENET (CORENET, 2007), uma iniciativa para confrontar um edificio com cédigos de obras de Cingapura. Uma iniciativa similar esté em andamento na Austrdlia (Ding et al., 2006). Solibri (Solibri, 2007) implementou a aplicag&o denominada Space Pro- gram Validation para GSA (GSA, 2006) ¢ est em processo de desenvolvimento e testes adicionais para entrada em circulagdo. Um aspecto do Space Program Validation para a derivagdo da érea de um espago & mostrado na Figura 5-6. A aplicagao compara areas do programa com as éreas do leiaute, bascada no méto- do de célculo de érea ANSI-BOMA, para avaliar a compatibilidade com o progra- ma espacial. Tais aplicagdes de avaliagdo que lidam com avaliages quantitativas € qualitativas se tornaréo mais amplamente usadas medida que representagdes padrdo se tornarem mais disponiveis. ‘Algumas ferramentas de projeto BIM fornecem recursos para a avaliagao da programagao espacial da edificagdo. Revit” possui recurso para avaliagao de pla- nejamento espacial, enquanto ArchiCAD? tem um plug-in (Trelligence Affinity™) que oferece recursos similares. Melhoria do desempenho organizacional em edificios Enquanto o desempenho da envoltéria de um edificio 6 dbvio e atrelado ao seu projeto e construgio, edificios também sao construfdos para hospedarem servi- gos de satide, negécios, transporte, educagao, entre outras funcdes. O espago construido pode contribuir para o funcionamento eficiente das operagdes a que 6 destinado, que sio Sbvias no caso de edificios industriais, nos quais o leiaute de operagées é bem compreendido para que haja eficiéncia no processo produtivo. Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 1711 SOR ORETLOROTARRAM @)5 =| Sst oma 3s Sean 3Scizcoman = FIGURA 5-6 Exemplo derivado da drea espacial do ANSI-BOMA para comparagio com a érea especificada do programa. Imager cedida pelo Escritério Chief Architect, Public Building Service, USS. General Services Administration A mesma ldgica tem sido aplicada aos hospitais, com base no reconhecimento de que médicos ¢ enfermeiros passam uma quantidade significativa de tempo por dia andando. Recentemente, questdes de desenvolvimento na distribuigao de espagos que podem suportar variados procedimentos emergenciais em unidades de trau- ma e de tratamento intensivo também vém sendo estudadas. O tempo de processamento em aeroportos € algo que todos nés enfrenta- mos e pode ser afetado pelo planejamento do aeroporto. A medida que a forga de trabalho se torna mais orientada & produgao criativa, os ambientes abertos ¢ amigaveis encontrados no Vale do Silicio se tornaréo comuns em todo lugar. A crescente percentagem do PIB dedicado a drea de satide indica que os beneficios que podem ser alcangados por meio de um projeto melhorado — associado a no- vos procedimentos — estdio em uma area de grande valor e de intensa anilise ¢ estudo. Se arquitetos adotarem tais recursos analiticos, a integragdo de projetos de edificagdes com modelos de processos organizacionais, comportamento de circulagéo humana e outros fenémenos relacionados se tornard claramente um aspecto importante da andlise de projeto. Em geral, essas questdes sao guiadas pelo reconhecimento das necessi- dades por parte do proprietério, e sfo discutidas na Seco 4.5.7. A motivacio para tais estudos tomados como servigos especializados de projeto é discutida na Segio 5.4.1. 172 Manual de BIM Estimativa de custos Enquanto programas para andlise ¢ simulagdo tentam prever varios tipos de com- portamento do edificio, a estimativa de custos envolve um tipo de andlise e pre- visdo diferente. Como as anélises prévias, ela precisa ser aplicdvel a diferentes niveis de desenvolvimento de projeto, tirando vantagem da informagao dispontvel ¢ assumindo pressupostos normativos relativos ao que esté faltando. Uma vez que a estimativa de custos lida com questées relevantes para o proprietério, a cons- trutora ¢ os fabricantes, cla também é discutida a partir dessas varias perspectivas nos Capitulos 4, 6 e 7, respectivamente. Até pouco tempo, as unidades de produto ou de materiais para um em- preendimento eram medidas e estimadas por meio de contagem manual e de célculo de dreas, acarretando, como todas as atividades humanas, erros e perda de tempo. Entretanto, modelos de informagao da construgao agora possuem objetos distintos que podem ser facilmente contados, e, com volumes e dreas de materiais, podem ser computadas quase instantaneamente de maneira auto- matica. Dados especificos extraidos de uma ferramenta de projeto BIM podem, portanto, fornecer uma contagem acurada das unidades de produtos e materiais de uma edificagao necessérias para a estimativa de custos. O estudo de caso do Tribunal Federal (Capitulo 9) dispde de tabelas indicando as variagSes gera- das por diferentes firmas que produzem manualmente o orgamento de materiais para fundagées de conereto, como um componente da estimativa geral de cus- tos, Uma revisio mais completa de sistemas de estimativa de custos é apresenta- da na Segao 6.6. A estimativa de custos integrada com uma ferramenta de projeto BIM per- ‘mite a projetistas executar engenharia de valor enquanto esto projetando, consi- derando alternativas, a medida que projetam, que fazem melhor uso dos recursos de seus clientes, Seguir praticas tradicionais ¢ remover itens de custo no final do empreendimento, quando a facilidade de fazer mudangas, em vez de mudangas mais eficazes, € 0 critério, leva a resultados fracos. Fazer engenharia de valor en- quanto o empreendimento esté sendo desenvolvido permite avaliagdes praticas ao longo da fase de projeto. Colaboragéo Durante a fase de projeto, o trabalho colaborativo 6 realizado entre as equipes de projeto, os consultores de engenharia e os especialistas técnicos. Esse trabalho consultivo envolve o fornecimento de informagGes apropriadas relativas ao pro- jeto do empreendimento, seu uso ¢ contexto para que tais especialistas procedam com a revisdo e o recebimento de feedback avisos/solicitagdes de alteragbes, etc. A colaboragao as vezes envolve solugao de problemas entre equipes, em que cada participante entende apenas parte do problema inteiro. Tradicionalmente, essas colaboragdes se baseiam em desenhos, fax, chamadas telefénicas e encontros pre- senciais. A mudanca atual para documentos e desenkos eletrénicos oferece novas opgées para a transferéncia eletrénica de arquivos, troca de e-mails e conferén- cias pela web com modelos e revisao de desenhos online. ‘A maioria dos grandes sistemas BIM inclui suporte para revisdes e anota- ges do modelo e dos desenhos. Novas ferramentas apresentam modelos 3D de Capitulo 5 _BIM para Arquitetos e Engenheiros 173 edificios ou desenhos 2D para revisfio, sem a complexidade da capacidade de geragéio de modelos completos. Essas aplicagdes (de visualizagao apenas) se ba- seiam em formatos similares a arquivos de referéncia externa usados em sistemas para desenhos, mas esto se tornando rapidamente mais poderosos. Um modelo de edificio compartilhado em um formato neutro, como VRML, IFC, DWG ou Adobe®3D, 6 gerado com facilidade, compactado para fécil transmissio, e per- mite marcagGes e revisGes e colaboragio por conferéncias via web. Alguns desses visualizadores de modelos incluem controles para administragao de quais objetos sio visfveis ¢ para visualizagdo de propriedades dos objetos. Em um futuro pré- ximo, clientes exigirao c6pias de modelos para revisdes e avaliagSes adicionais. E importante reconhecer, mesmo que apenas em retrospecto, a dificuldade inerente a leitura e compreenséio de segdes 2D e detalhes. Comparativamente, a maioria das pessoas é apta a ler ¢ entender um modelo 3D, o qual permite um planejamento e proceso de revisdo mais inclusivos e intuitivos. Isso é im- portante principalmente para clientes que ndo possuem a experiéncia necessdria para interpretar desenhos 2D. RevisGes regulares com todas as partes envolvidas em um projeto ou construgdo podem ser conduzidas usando modelos 3D BIM com ferramentas como Webex®, GoToMeeting’, ou Live Meeting® da Microsoft. Participantes de uma conferéncia podem estar distribuidos pelo mundo e estio limitados apenas a padrdes de trabalho/descanso e diferencas de fuso hordrio. Com ferramentas de compartilhamento de voz e imagens — juntamente com a ha- bilidade de compartilhar modelos de edificios —, muitas questes de coordenagao ¢ colaboragao podem ser resolvidas. A colaboragao acontece em dois niveis: primeiro com as partes envolvidas, usando encontros via web e monitores, como aqueles descritos anteriormente; 0 outro nivel envolve compartilhamento de informagées do empreendimento. Além disso, a oportunidade de colaboragao préxima entre projetistas requer a definigéio das estruturas de intercmbio de dados que sao aptas a dar suporte & colabora- 40 ¢ manter consisténcia entre modelos a medida que as revises de projeto s40 feitas. Para explicar a ideia, consideremos 0 caso de uma anilise estrutural, com base na descrig&o das ferramentas e dos formatos de intercmbio apresentados anteriormente. Esse exemplo pode ser estendido a outros tipos de informagées compartilhadas de projeto. ‘Uma vez que os sistemas do modelo do edificio esto prontos para andlise e um formato de intercdmbio de dados estd dispontvel, um interc4mbio de dados pode ser iniciado. Como visto no Capitulo 3, fluxos de trabalho podem ser arti- culados para intercimbio de um refinado conjunto de informagées e diélogos. No nivel basico, os formatos de intercdmbio podem ser reduzidos a dois tipos: 1. Como um fluxo de mio Gnica da ferramenta de projeto BIM para a aplicagao de andlise. A Figura 5-7 mostra um diagrama desse fluxo. O projetista passa o arranjo estrutural ¢ seus carregamentos (se conhe- cidos) e quaisquer impedimentos relativos as seg6es transversais para © projetista estrutural. Esse projetista adiciona suposigdes sobre cone- xGes, condigdes de carregamentos ¢ outros comportamentos estrutu- rais. Baseado nos resultados iniciais da andlise, o engenheiro estrutural pode tentar diferentes alternativas e propor alterages para o projetista. 174 Manual de BIM Ferramenta de projeto BIM| Pacote de andlise {projetista/engenheito) (engenheiro estrutural) ctuelizagdo manual Execugdo da andlise| Geometric obstraida cone Modelo do exificio emcee -_coregamento Propriedades do objeto ‘Comportarpentos Intercdmbio eletronico ————= Entradajintercdmbio de dados ‘manual de dados FIGURA 5-7 Fluxos de andlise de informagées baseada em um fluxo de uma via no pacote de anédlise. O retorno é feito externamente com desenhos e croquis, e todas as atualizagées propostas sio realizadas de forma manual pelo projetis- ta na ferramenta BIM. Essas alteragdes podem envolver mudancas na localizagéo, dimensdes de elementos, leiautes detalhados dos suportes e outros aspectos de projeto que nao foram inicialmente abordados. Como em geral essas alteragées sfio pormenorizadas e tediosas, elas podem facilmente nao ser entendidas. Atualizagées posteriores da es- ‘trntura so reanalisadas usando o mesmo proceso, com o engenheiro assumindo alguns pardmetros para a anélise a cada nova execugéo. 2. Como um fluxo bidirecional, em que a aplicagio de projeto suporta fluxo em ambas as diregdes: para a ferramenta de anélise e para retorno de resultados. Aqui, o fluxo para o engenheiro estrutural é o mesmo de antes. Apés a andlise e interagdes necess4rias, 0 analista passa as alteragées propostas para a aplicagao de projeto BIM na forma digital. O sistema as apresenta automaticamente como alteragdes do modelo, as quais 0 projetista pode aceitar ou rejeitar. Isso requer que a aplicagdo de projeto possa detectar os membros atualizados ¢ suas propriedades, comparé-los como o conjunto de dados iniciais e realizar as alteragGes pertinentes. Esse fluxo é mostrado na Figura 5-8. Futuras interagées de anélise retornam apenas as modificagSes ao engenheiro estrutural, exigindo alteracdes incrementais no conjunto de dados da anflise. As suposiges das anélises anteriores séo mantidas, enquanto as das conexdes e dos carregamentos tém de ser atualizadas somente para aqueles membros que foram modificados. fluxo de mio Gnica assemelha-se & forma corrente de prética em que o engenheiro estrutural rascunha notas propondo alteragdes no desenho, mas todas as atualizagées sao fisicamente implementadas pela equipe de projeto. O segundo

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