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Pode-se definir MÉTODO CIENTÍFICO conjunto de logicas aplicadas, protocolos e praticas que
são utilizadas pelas ciências para produzir conhecimento SISTEMÁTICO, VÁLIDO E
LEGITIMADO.
Conceitos
METODOLOGIA
Essas questões e problemas são construídos por SUJEITOS SOCIAIS que vivem e participam de
fenômenos e processos que os suscitam (a fazer os questionamentos). Portanto a presença no
cenário de ocorrência dos fatos, sensibilidade perceptiva, abertura a novas ideias, entusiasmo
na resolução de problemas SÃO qualidades dos PESQUISADORES que os capacitam como
PRODUTORES DE CONHECIMENTO.
Na concepção de Samaja (1994) a ciência constitui uma entidade de si mesma que se estrutura
como modo de produção realizado por seres concretos e singulares e o produto desse processo
é chamado de conhecimento cíentifico possui componentes teóricos e empíricos. O processo
de produção de conhecimento portanto tem varias fases articuladas na noção de cadeia do
conhecimento. Este processo peculiar começa pela OBSERVAÇÃO. As observações são portanto
transformadas em DADOS que processados produzem a INFORMAÇÃO e ao final do processo
produtivo se tornam CONHECIMENTO.
O termo observação quer dizer identificação, seleção, coleção e registro sistemático (célula do
corpo humano, população, doença, situação de saúde etc). Está pode ser produzida
DIRETAMENTE por meio do aparato sensorial (visão) articulado à rede neural ou
INDIRETAMENTE por algum instrumento/dispositivo capaz de ampliar ou substituir a percepção
humana. Essa observação pode ser gravada mecanicamente ou eletronicamente e
ainda registrada por escrito ou matematicamente.
Dados não estruturados são produto de estratégias de pesquisa que não se baseia em nenhum
tipo de codificação.
Os dados sozinhos não fazem sentido e para que tenham valor científico e possibilitem os
processos de tomada de decisão, devem ser transformados em INFORMAÇÃO. A passagem do
dado para informação é determinada por processo de transformação analítica.
A informação se produz a partir de dados analisados de modo adequado, no sentido que estes
devem ser processados com objetivo de resolver um determinado problema, responder uma
questão ou testar hipótese. A informação portanto refere-se sempre a variáveis (resultantes do
processamento de dados produzidos com as observações dos atributos ou propriedades de um
dado objeto. A transformação de informação em conhecimento científico é também regulada
por processos sisteticos. A síntese aqui citada descreve a interpretação da informação destinada
a colocar a informação em um nível supracontextual. Conhecimento, por conseguinte, implica
informação posta fora do seu próprio contexto e situada em um contexto mais geral, pronta
para auxiliar pesquisadores, profissionais técnicos e tomadores de decisão a compreender
outros contextos ou novas situações.
Problematização na pesquisa
As variáveis, quanto a sua natureza, podem ser categorizadas como qualitativas e quantitativas.
Variáveis qualitativas são as que implicam diferenças radicais ou essenciais. A variável sexo, por
exemplo, inclui as categorias masculino e feminino, as quais mantêm entre si diferenças não
apenas de nível, volume ou quantidades, mas também de natureza.
Em estudos epidemiológicos, as doenças específicas são conideradas ora como variáveis, ora
como constantes. Quando tomadas como variáveis, seus valores normalmente podem ser
ausência e presença. Em termos metodológicos, a mais importante e útil relação entre variáveis
é a que as categoriza como independentes e dependentes. Os termos "variável independente,
e "variável dependente, foram emprestados da matemática. As variáveis representadas no eixo
dos x, das abscissas, são as variáveis independentes, e aquelas representadas no eixo dos y, eixo
das ordenadas, são as dependentes. Formular uma relação entre variáveis significa assumir que
a variável dependente deve variar concomitantemente com as mudanças ocorridas na variável
independente. Esta é talvez a forma mais simples de se pensar os dois tipos de variáveis
colocadas em relação, por não implicar o uso de termos discutíveis ou hipotéticos, tais como
"causá' e "efeito''. Porém, quando se trabalha em um referencial de causalidade, a variável
independente será o fator causal, ou seja, a causa presumida da variável dependente, sendo
esta o efeito resultante da primeira. De todo modo, sempre se define variável independente
como antecedente e variável dependente como consequente. Em estudos experimentais, a
variável independente é aquela que tem seus valores escolhidos e determinados pelo
pesquisador. Quando, por exemplo, se testa um novo planorbicida, as concentrações da droga
a que serão expostos os caramujos são determinadas pelo experimentador - esta é a variável
independente da pesquisa. Neste exemplo, o número de caramujos mortos será a variável
dependente - aquela que, em estudos experimentais, escapa ao controle do investigador e cuja
variação se pretende mensurar. Na pesquisa não experimental, que corresponde à maioria das
investigações epidemiológicas, não é possível a manipulação de variáveis. Geralmente, a escolha
de qual será a variável dependente e de qual será a independente é determinada pela suposição
de que certa condição variável produz uma mudança no estado de saúde ou de doença; esta
condição variável será tomada como variável independente, e o efeito, doença ou não doença,
como variável dependente. É comum encontrar relações nas quais a variável independente foi
escolhida pelo fato de que os eventos a ela associados apresentam-se com anterioridade aos
eventos que a partir daí são tomados como dependentes. A variável dependente é normalmente
a condição cuja explicação está sendo tentada, ou seja, cujo conhecimento sobre sua
determinação está sendo construído. Em muitos manuais de metodologia epidemiológica, a
variável dependente tem sido chamada de "variável respostá', efeito presumido ou desenlace
(do inglês outcome). Seus valores dependem dos valores assumidos pela variável independente,
denominada na pesquisa epidemiológica de "variável preditorá'. Assim, para se explicar doença
ou não doença como variáveis dependentes, pode-se pensar em uma multiplicidade de fatores
corresponsáveis por sua determinação, ou seja, as variáveis preditoras.
Hipóteses epidemiológicas
Além da função que as define, que é a de adiantar respostas tentativas a problemas novos ou
revisitados, e como decorrência dessa mesma função, as hipóteses, de algum modo, orientam
e determinam a natureza dos dados a serem coletados e, portanto, a metodologia da pesquisa.
Dados são produzidos ou colhidos para satisfazer a um objetivo, qual seja avaliar a validade da
hipótese, buscando refutá-la.
A Epidemiologia estuda duas classes de seres: agregados humanos e indivíduos membros desses
agregados. Os agregados de que trata a pesquisa epidemiológica são quase sempre referidos
em base geográfica e temporal, constituindo, PORTANTO, populações em um sentido estrito.
Justifica-se, portanto, adotar como principal EIXO ESTRUTURANTE da arquitetura da pesquisa o
tipo de unidade de observação e de análise: agregado vs individuado. Após considerar este
critério, os estudos epidemiológicos podem então ser classificados de acordo com dois eixos
complementares: o primeiro se refere ao posicionamento do investigador e o segundo a
dimensão temporal do estudo.
Ativa/EXPERIMENTAL (INTERVENÇÃO)
Passivo: observar da forma mais metódica e acurada o processo de produção de doentes com o
MINÍMO DE INTERFERÊNCIA (não há interferência dos estudos na população). OBSERVAÇÃO
Serial
a) Analítico: um estudo analítico aborda, com mais profundidade, as relações entre o estado de
saúde e as outras variáveis
Modelo de estudo que tem como unidade CONJUNTO DE INDIVIDUOS AGREGADOS E QUE
GERALMENTE CORRESPONDEM A ÁREAS GEOGRÁFICAS ou (tempo, grupos etnicos,
trabalhadores de um determinado setor produtivo etc). Este tipo de estudo abordam áreas
geográficas ou blocos de população bem delimitados, analisando comparativamento variaveis
globais, quase sempre por meio da correlação entre indicadores de condições de vida e
indicadores de situação de saúde. Os indicadores de cada área ou bloco constituem-se em
MÉDIAS referentes à sua população total. É estudo agregados-observacionais-transversais.
*Outro estudo relevante foi o de John Snow, que usando a mesma tecnica dos estudos sanitários
organizou os dados de mortalidade por cólera por distrito.
Podem ser classificados em dois tipos: investigações de base territorial e estudos agregados
instituicionais
Investigações de base territorial utilizam uma referência geográfica para definição das suas
unidades de informação, em qualquer nível de abrangência (bairro, distrito, municipios, estados
etc.)
Quais as medidas?
Aqui as variáveis expressam propriedades de grupos, organizações ou áreas que podem ser
classificadas em:
a) medidas agregadas: derivada de observações obtidas dos individuos dentro de cada grupo,
calculada como médias ou proporção (proporção de maiores de 18; mortalidade infantil);
c) medida global ou integral: caracteristica que afetam todos ou virtualmente todos os membros
do grupo (modelo de organização do sistema de saúde, altitude etc)
* As informações sobre exposições e sobre desfechos investigados nos estudos ecológicos são
em geral obtidas em fontes secundárias que coletam estes dados rotineiramente.
Nível de análise
Nos estudos ecológicos a informação conjunta sobre o fator de exposição e o efeito no interior
de cada uma das unidades de análise não é conhecida. Ou seja, a variável independente é a
proporção de indivíduos expostos dentro de cada grupo (a+b/N) e a variável dependente é a
taxa (ou risco) de doença na população estudada (a +c/N), sem, entretanto, ser possível
caracterizar para cada indivíduo isoladamente as condições de caso/não caso versus
exposto/não exposto.
Níveis de inferência
Os estudos epidemiológicos têm como objetivo produzir inferências sobre efeitos de exposições
ou de intervenções nos riscos individuais de adoecer e morrer, ou sobre efeitos nas taxas de
morbidade ou mortalidade de grupos ou populações. Quando o nível de inferência não
corresponde ao nível de análise, o que é denominado de inferência de nível cruzado, o estudo é
particularmente vulnerável a bias devido, principalmente, à falácia ecológica e aos problemas
de controle de confundimento em diferentes níveis (individual e ecológico).
Os estudos ecológicos podem ser classificados segundo o método utilizado para formação dos
grupos em três tipos de desenho: estudos ecológicos de múltiplos grupos (frequentemente
identificados pelo lugar), estudos de tendências ou séries temporais (identificados pelo tempo)
e estudos ecológicos mistos (pela combinação de tempo e lugar). Podem ter cunho exploratório
(quando não é medida nenhuma associação com uma exposição ou intervenção) ou analítico
(quando o objetivo é fazer inferências sobre o efeito de uma exposição ou intervenção)
Caráter exploratório;
Objetivo descrever e comparar taxas de doenças ou outro agravo à saúde entre diversas áreas
geográficas ou outras formas de agregados (p. ex., instituições) em geral em um momento ou
período de tempo, de modo a subsidiar a formulação de hipóteses etiológicas, em especial as
de natureza ambiental.
Problemas:
1) Áreas com menor número de casos apresentam maior variabilidade na taxa estimada e,
assim, tendem a apresentar taxas extremas de morbidade e mortalidade.
2) Medidas ou taxas de áreas próximas geralmente tendem a ser mais similares do que entre
áreas mais distantes, ou seja, são mais correlacionadas. Essa dependência espacial entre os
dados, conhecida como correlação serial ou autocorrelação espacial. Os estudos ecológicos de
múltiplos grupos também podem ser realizados com o objetivo de investigar associações entre
o nível médio de exposição e as taxas de morbidade ou mortalidade entre as áreas geográficas
(ou grupos).
Os estudos ecológicos de tendência ou estudos de série temporais têm como objetivo comparar,
em uma população geograficamente definida, as taxas de morbidade e mortalidade ou outro
indicador de saúde através do tempo. Na área da Saúde Pública, em especial na Vigilância
Epidemiológica, longas séries de observações são comumente usadas no monitoramento de
eventos como as doenças de notificação compulsória, cujos dados são coletados em intervalos
regulares de meses, semanas ou até dias, para estabelecimento de níveis endêmicos e detecção
de epidemias.
Os estudos de séries temporais também têm como objetivo investigar associações ecológicas
entre mudanças no nível médio de exposição e nas taxas de morbidade e/ ou mortalidade ou
avaliar o impacto de ações, programas ou políticas de saúde comparando as tendências
temporais da ocorrência da doença antes e depois das intervenções (Morgenstern, 2008).
Nestes casos, a interpretação dos resultados desses estudos deve ser cuidadosa e exige o
conhecimento da evolução do evento mórbido na população e no tempo, pois algumas doenças
podem apresentar variações cíclicas (sazonais) ou flutuações casuais, cujo declínio poderia
coincidir com o início da intervenção ou do fator de exposição, embora na realidade seja
independente da mesma. Finalmente, o investigador deve atentar para dois outros tipos de
problemas.
Problemas:
1)A ocorrência de mudanças nos critérios de diagnóstico e classificação das doenças durante o
período de estudo, o que pode enviesar as tendências observadas. Neste caso o investigador
deve construir ou utilizar modelos de correspondência entre uma e outra classificação.
Além da falácia ecológica, outras fontes de erro são atribuídas aos estudos ecológicos como:
autocorrelação espacial (áreas geograficas adjacentes podem ter mesma taxa de adoecimento
e frequencia dos fatores de exposição), autocorrelação temporal etc.
Cuidados:
Vantagens e aplicações
c) Em geral são relativamente fáceis de conduzir, no que se refere à obtenção dos dados
d) e de baixo custo, devido à utilização de dados secundários.
Utilizam amostras representativas da população, pois seria complicado obter uma totalidade de
amostras.
E isso é garantido pela randomização ou aleatoriedade da amostra, feita por sorteio que
concede a cada membro a mesma chance de integrar a amostra. Além do rigor para
estabelecimento da amostra, qualquer investigação deste tipo deve definir os limites da
população pois deve possuir denominadores para o cálculo da prevalência (indicador de
escolha). É também chamada de estudo de prevalência. O termo transversal pretende dar ideia
de corte no f
luxo histórico da doença. Podemos definir como estudo no qual FATOR E EFEITO são observados
EM UM MESMO MOMENTO HISTÓRICO. Exemplos: estudo de grupos de tratamento, inquéritos
na atenção primária, inquéritos domiciliares etc.
Coleta de dados
A população é contactada para obter dados de cada individuo. Quando os dados são primários,
a coleta pode ser feita individuo a individuo durante o estudo. Ou a coleta pode ser documental
ou por autorrrelato que permite o registro de dados retrospectivos ao momento da entrevista.
A depender da informação o estudo pode se modificar para uma coorte história ou estudo caso
controle. uitos estudos transversais pretendem estimar dimensão, magnitude ou extensão de
uma ou mais enfermidades, ou outro estado ou situação de interesse no processo saúde/doença
em uma população, delineando um diagnóstico da situação de saúde de uma população. Neste
caso, quando o propósito é descritivo, os estudos transversais são o delineamento de escolha.
Isto porque proporcionam a iden tificação das doenças ou agravos mais comuns, ou mais graves,
permitindo o reconhecimento de subgrupos mais vulneráveis de acordo com a extensão ou
gravidade do problema de saúde, ou de acesso aos serviços, dentre outros aspectos. Vale notar
que não tratam apenas de doenças ou agravos, mas qualquer estado relacionado com o
processo saúde/ doença de interesse, como os estados imunológicos, consumo de
medicamentos, tabagismo.
Outro uso dos estudos transversais é testar relações causais entre uma variável considerada
preditora, de exposição, e variáveis respostas ou de desfecho. As medidas empregadas serão as
razões de prevalência, empregadas de modo semelhante às razões de incidência cumulativa, ou
risco relativo.
Fontes de dados
• Vantagens
As vantagens mais comumente mencionadas dos estudos transversais são rapidez, facilidade de
execução e análise, e baixo custo. Todavia alguns exemplos mostram que nem sempre isso é
verdadeiro. Outras vantagens citadas para os estudos de corte transversal são a possibilidade
de se estudar várias exposições, ou variáveis preditoras e doenças ou desfechos, com dados
coletados apenas uma vez.
Uma outra dificuldade comum é a coleta de muitos dados. Não apenas é operacionalmente
difícil coletar muitas informações de uma só vez, como isso pode aumentar a recusa de
participação da pesquisa
Uma outra dificuldade muito comum é a forma como a população de estudo deve ser
selecionada
Limitações
1. Não mede incidência, apesar de que em alguns estudos pode-se indiretamente estimar a
incidência; 2. Não é o mais apropriado para se estudar associações causais, mesmo que haja
certeza de que a exposição tenha ocorrido antes da doença. Ainda assim haverá dúvidas na
interpretação dos resultados, como no exemplo do estudo sobre BCG neonatal e asma; 3. Por
questões operacionais, os estudos de corte transversal não são apropriados para doenças de
baixa prevalência; 4. Como se trata de um "corte no tempo': os estudos de corte transversal não
são apropriados para situações em que a doença e/ou exposição mudam no tempo.
Não é apropriado para doenças de curta duração. Por exemplo, mesmo que uma doença seja
comum, atingindo, digamos, 20% da população ao longo de 1 ano, os indivíduos só
permanecerem doentes por alguns dias, a probabilidade de encontrar alguém doente no
momento de uma entrevista será muito pequena.
Erros e vieses
Assim como em qualquer outro estudo epidemiológico, também nos estudos de corte
transversal podem existir erros na escolha do desenho de estudo, na mensuração de variáveis,
na análise ou seleção da população a ser estudada. Os dois mais importantes determinantes de
vieses em estudos transversais são o viés de prevalência e causalidade reversa ou seja
Comentários finais
VIES PREVALÊNCIA: EXEMPLO VACINA BHC E ASMA : Notar que em um inquérito não se está
acompanhando as pessoas ao longo do tempo, e, dessa maneira, não se pode observar quando
elas se tornam doentes. Em um estudo transversal coletam-se dados em um momento no
tempo, portanto as pessoas já estão doentes ou não. O que se observa é "doentes,, e "não
doentes,,. Isto não é a mesma coisa que indivíduos que "se tornaram doentes,, ou "não se
tornaram doentes,,, como seria possível identificar em um estudo de desenho longitudinal. O
que aconteceu no exemplo acima é que a exposição (vacina) poderia diminuir a duração da
doença, e assim, menor número de pessoas vacinadas desenvolveu asma, porque estavam
protegidas da doença no momento do inquérito.
Estudos de coorte
Estudos de caso-controle
Estudos de casos controles constituem uma forma relativamente simples de investigar a causa
das doenças, particularmente doenças raras. Esse tipo de estudo inclui pessoas com a doença
(ou outra variável de desfecho) e um grupo controle (grupo de comparação ou referência)
composto de pessoas não afetadas pela doença ou variável de desfecho. A ocorrência de uma
possível causa é comparada entre casos e controles.
Avaliando a estrutura desses desenhos, podemos dizer que o estudo de caso-controle consiste
no inverso do estudo de coorte, porque, conquanto este último parte do fator de risco e
prospectivamente observa o aparecimento de doentes, o estudo e caso-controle baseia-se na
identificação dos doentes e investiga retrospectivamente os fatores de exposição.
Com o estabelecimento de um grupo controle formado por sujeitos comparáveis aos casos,
porém reconhecidamente não doentes, esse tipo de estudo implica uma investigação
retrospectiva e retroanalítica dos níveis diferenciais de exposição ao suposto fator de risco. Esta
"retroversão" chegou a justificar um curioso neologismo - trohoc (a palavra cohort ao contrário),
proposto por Feinstein (1973) para destacar as peculiaridades da arquitetura dos estudos de
caso-controle. Os estudos de caso-controle podem ser classificados de acordo com dois critérios:
• Quanto à defmição epidemiológica dos casos; • Quanto à seleção dos grupos de comparação.
Estudos de intervenção
Vigilância epidemiológica
William Far (1839-1879) foi um dos pioneiros da epidemiológica, instituindo uma estrutura de
coleta sistemática, analise e disseminação de MORBIDADE e MORTALIDADE, e nesta época o
resultado das técnicas empregadas por ele passaram a orientar as intervenções públicas. No
inicio do século XX as medidas estatais foram fortemente influcneciadas pelos avanços da era
bacteriológica mas também pela descoberta do CICLO EPIDEMÍOLOGICO DE ALGUMAS
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS. Houve criação de grandes campas sanitiárias
controlar doenças transmissíveis.
1990 avanço de modelos econômicos que fragilizaram o papel do Estado, inclusive no setor
saúde, com privilegiamento para soluções no setor privado. Isto levou a que organizações
internacionais adotassem medidas para preservar as Funções Essenciais de Saúde Pública
(FESP), entendidas como um conjunto mínimo de ações que por força de sua natureza deveriam
permanecer sob responsabilidade estatal, com vistas à consecução dos objetivos da Saúde
Pública, quais sejam: melhorar, promover, proteger e restaurar a saúde da população, mediante
intervenções coletivas. Por ter sido constituída em consonância com tais propósitos, a
vigilância epidemiológica (VE) foi incluída entre as nove funções definidas como essenciais
para a saúde pública
O Sistema Nacional de Vigilância Epidemiologica (SNVE) foi instituído no Brasil em 1975, por
meio de legislação específica (Lei 6.259 e Decreto 78.231/76) que tornou OBRIGATÓRIO
notificação de doenças transmissíveis selecionadas, agravos de saúde e situação de calamidade.
E desde então o país estruturou órgãos responsáveis em cada estado, capacitando-os
alimentar o sistema e desencadear ações para controle de problemas de saúde de sua
responsabilidade.
Para isso foram estabelecidas: forma das de coleta, processamento, análise, interpretação de
dados e medidas de controle. Esses dados passam a ser utilizados para subsidiar planejamento,
organização e operacionalização de serviço de saúde.
Tem o propósito de fornecer orientação técnica permanente aos profissionais de saúde que têm
a responsabilidade de decidir sobre execução de ações de prevenção e controle de doenças e
agravos, a vigilância epidemiológica pode ser definida como atividade de informação-decisão-
ação (informação para decisão/ ação). O serviço de vigilância é a instância das Secretarias de
Saúde que monitora o comportamento das doenças e agravos importantes para a Saúde Pública,
bem como dos fatores que as condicionam, em uma área geográfica ou população definida
(Teutsch, 1994; Waldman, 1991).As informações geradas no Sistema de Vigilância
Epidemiológica constituem importante instrumento para planejamento, organização e
operacionalização dos serviços de saúde, bem como normatização de atividades técnicas
correlatas. Para atender a esses propósitos, um ciclo de funções específicas e
intercomplementares são desenvolvidas, de modo contínuo, pelos serviços de vigilância
epidemiológica que possibilitam conhecer, a cada momento, o comportamento da doença ou
agravo selecionado como alvo das ações e indicar as medidas de controle pertinentes. Desse
modo, são funções da vigilância epidemiológica:
Para que a vigilância epidemiológica possa cumprir o seu propósito, é necessário que disponha
de informação. Esta é gerada a partir da coleta, tratamento e interpretação de dados. A
informação constitui-se em instrumento capaz de estabelecer um processo dinâmico para
desencadeamento de medidas de controle pertinentes, planejamento, avaliação, manutenção
e aprimoramento das intervenções públicas no âmbito da saúde. A coleta de dados ocorre em
todos os níveis de atuação do sistema de saúde, e sua finalidade é a disponibilização dos mesmos
para que sejam processados e analisados, de modo a tornálos úteis para o pleno
desenvolvimento das ações sanitárias. A força e o valor da informação dependem da precisão
com que o dado é gerado, da sua clareza, qualidade e fidedignidade, bem como de sua
disponibilidade em tempo hábil. Portanto, os responsáveis por esta atividade devem ser
preparados para aferir a qualidade do dado obtido. Tratando-se, por exemplo, da notificação de
doenças transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos (CDC, 1990;
Teixeira et al., 1998) e a realização de investigações epidemiológicas correspondentes. Outro
aspecto relevante refere-se à representatividade dos dados gerados nos serviços de vigilância
epidemiológica, em relação à magnitude do problema existente. Como princípio organizacional,
o sistema de vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, tendo-se o
cuidado para que seja assegurada a regularidade e a oportunidade da transmissão dos dados.
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA
É dever de todo cidadão notificar a ocorrência de qualquer caso suspeito de doença em compõe
relação de notificação obrigatória e é obrigação inerente aos profissionais da área de saúde.
Mas as vezes se observa que nem sempre essa notificação é realizada.
Os principais critérios que vêm sendo adotados para seleção das doenças transmissíveis de
notificação compulsória envolvem:
No processo de seleção das doenças de notificação compulsória, esses critérios devem ser
considerados em conjunto.
Os dados relativos à notificação compulsória são produzidos nos SERVIÇOS de saúde e incluídos
no SINAN. A entrada de dados no SINAN é feita por formulários padronizados:
b) FII (ficha individual de investigação) roteiro de investigação, diferente para cada agravo
que deve ser preenchida quando houver realização da investigação epidemiológica de casos ou
epidemias.
- Casos agregados das doenças que constam da lista de notificação compulsória, mas cujo
volume de notificações torne operacionalmente inviável o seu registro individualizado.
Alguns outros aspectos devem ser considerados, no que diz respeito à notificação:
• Deve ser notificada a simples suspeita da doença. Isto é imprescindível, pois a espera da
confirmação do caso para notificá-lo poderá resultar no atraso das ações pertinentes • A
notificação do caso não fere o código de ética médica nem quebra o sigilo profissional, uma vez
que o dado é informado a profissionais de saúde que atuam no Serviço de Vigilância
Epidemiológica • A notificação deve ter caráter sigiloso, embora podendo ser divulgada fora do
âmbito médico-sanitário, principalmente em situação de grande risco para a comunidade,
respeitando-se, contudo, o anonimato dos cidadãos.
Laboratórios
Por permitirem detectar casos que não foram conhecidos por meio da notificação compulsória,
os laboratórios de imunologia, bacteriologia, virologia, micologia, parasitologia, biologia
molecular e anatomopatológicos também são importantes fontes de informação.
As internações hospitalares são fonte de notificação> uma vez que o hospital é a porta de
entrada para os casos graves.
Investigação Epidemiológica
Atividade por meio da qual se obtêm informações complementares sobre um ou mais casos com
finalidade a estabelecer fontes e mecanismos de transmissão + medida de controle. Esta
complementa a informação de notificação no que diz respeito a FONTE DE INFECÇÃO, MODO
DE TRANSMISSÃO, OUTROS CASOS, GRUPO DE RISCO, CONFIRMAÇÃO DIAGNOSTICA etc.
Deve ser imediatamente comunicada aos servições de saúde para acompanhamento e adoção
de medidas de controle pertinentes.
Investigação especial
• Tomada de decisão/ação
A análise e intepretação dos dados fundamentam a tomada de decisões com vistas à aplicação
das medidas de prevenção e controle mais adequadas à situação. Assim, na medida em que esta
etapa é realizada no nível mais próximo da ocorrência dos problemas de saúde, mais oportuna
e eficazes serão as ações adotadas.
Retroalimentação do sistema
Um dos aspectos que não deve ser descuidado pelo SNVE é o compromisso de responder aos
informantes do sistema, de forma adequada e oportuna. Basicamente, essa resposta - ou
retroalimentação - consiste no retorno regular de informações às fontes produtoras,
demonstrando a sua contribuição no processo. O conteúdo da informação fornecida pode variar
desde a simples consolidação dos dados até análises epidemiológicas complexas
correlacionadas com o impacto das ações de controle. A credibilidade do sistema depende de
que os profissionais de saúde e as lideranças comunitárias se sintam participantes e
contribuintes. A retroalimentação do sistema materializa-se também na disseminação periódica
de informes epidemiológicos sobre a situação local, regional, estadual, macrorregional ou
nacional. Essa função deve ser estimulada em cada nível de gestão, valendo-se de meios e canais
apropriados.
Normatização
O monitoramento das doenças e agravos não transmissíveis (DANT) tem como objetivo reduzir
a incidência e a prevalência destes problemas de saúde, retardar o aparecimento de
complicações e incapacidades delas advindas, reduzir a gravidade e prolongar a vida com
qualidade (Doll, 1985). Uma importante estratégia para a prevenção das DANT se baseia na
mudança da sociedade no que se refere ao sentimento de inevitabilidade de sua ocorrência. A
redução dos fatores de risco que sabidamente estão associados à incidência e prevalência das
DANT é essencial não só para baixar os níveis desses indicadores, como também as
incapacidades decorrentes desse grupo de enfermidades (SilvaJúnior et al., 2003). Entende-se
que não é suficiente ter longa vida, é preciso ter qualidade de vida e, para tal, faz-se necessário
gozar de saúde e bem-estar.
• constituir risco de saúde pública para outro país por meio da propagação internacional de
doenças • requerer, potencialmente, resposta internacional coordenada.
Neste código, "evento,, é definido como "a manifestação de uma doença ou uma ocorrência que
cria um potencial para uma doençà', o que significa que esta concepção é bastante ampla na
medida em que, além de doenças manifestas, fatores de risco também são considerados. Os
países membros da OMS foram instados e assumiram o compromisso de implantar este novo
regulamento até 2009. O Brasil já adotou providências para cumprir este pacto, dando início a
um processo de avaliação das capacidades do seu SNVE e se estruturando para atender às
premissas e modificações previstas neste código.