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60 Essioneconferencias qu €digno de ser questionado. Até que, no instante apropriad, le perca o cater de questo ese tome o simples dizer de uma palavra, ‘Traducto de Emmanuel Carneiro Lea ——A SUPERACAO DA METAFISICA — 0 que significa “superagao da metaica”? Na istria do Ser, 0 ‘pensamento usa essa expresso a titulo precio apenas paras fazer entender. Tratase de uma expresso que, a bem dizer, provoca muitos ‘maLentendides por nao permitir que a experiénciachegue ao fundo, -somente a partir do qual a histria do ser entreabre seu vigor essenc Al Este fundo ¢ 0 acontecimentoapropriador em que o prpro ser se ‘stent A superacio da metafsiea no significa, de forma alguma, 2 eliminagao de uma disciplina do ambito da “formacio” fllosstica, Como destino da verdade dos entes, ou sj, da entidade, i se pensaa ‘metafisica” como um darse e acontecer que se apropra, de mania ainda velada, mas decisiva, do esquecimento do ser. quanto se entende essa superacio como um feito da filoso- fia, a expressio mais adequada hai de ser: 0 passado da metafisica ‘Sem divida, esta tamhém haveria de provocar malentendidos. Pas- sad diz aqui: repassr e passar para o vigor de ter sido, Passando, ‘a metafisiea ¢ passado. 0 passado nio exclu, mas, ao contiio,in- lui que somente ayora a metafisica surge num dominio incondic- ‘onal da proprio ente e, como ta, na configuracio desprovida de verdade do real e das objtos. Experienciada, porém, na perspect- va da aurora do comeco, a metafisica€ passado também no sentido de estar em seu acabamento, acabamento dura mais do que ahis- ‘ria da metafsia transcorrida até aqui 0 A metaisca nose destaz como se desfaz uma opinldo. Nao se pode deixla para trés como se faz com uma doutrina em que no mais e acredita ou defende. e nsaoseconerncas como animal rationale ou, hoje em dia, como o se vivo traba- Thador, o homem deve errar pelo deserto da desolagio da terra Isto pode ser um sinal de que 2 metafsica acontece com proprieda ‘dea partir do ser ele mesmo ea superagio da metafsia acontece ‘como uma sustentacao do ser. Naordem metafsia de hoje, 0 tra- bulho!aleangou a objetvacio incondicional de todo vigente qu vi sora na vontade de querer. ‘Sendo assim, nfo devenos imagina, com base num pressentimer- to qualquer que podemas fica fora da metfsca,Depos da superacio, ‘ametafisica no desaparece, Retora transformada epermanece no po- ‘der eomo a diferenga ainda vigent entre sere ente CCrepisculo da verdade dos entes di: a abertura manifestativa dos entes esomente deles perde a exclusividade de sua reivindica ‘fo determinant 1 (0 crepssculo da verdade dos entes necessariamente acontece ‘com propriedade como acabamento da metafisica, (0 crepisculo se cumpre tanto pela derrocada do mundo cu: nhado pela metafisica como pela desolaio da terra proveniente da metafsica. Derrocada e desolagSo encontram um acabamento adequado no fato de o homem da metafsca, 0 antmat rationale, imporse ‘como animal trabalhador. 'Bssaimposigio confirma a extrema cegueira com respeto 20 esquecimento do ser. O homem quer asi mesmo enguanto 0 voluty tirio da vontade de querer, para o qual toda verdade tornase aque- Te erro deque necesita para poder dispor com seguranga da ilusio de que a vontade de querer nada mais quer do que o nada anulador contra o qual ele entio se afirma, sem nem mesmo poder saber de sua propria e completa nulidade 1G ONCE rt Der At, A superago da metaisea 8 Antes que possa acontecer propriamente em sua verdade inaur tural, o ser deve romper-se como vontade, 0 mundo deve conhecer a dertocada, a terra, a desolagio e o homem deve ser forgado 20 ‘ero trabalho, Somente apds todo esse crepisculo hi de aconte cer propriamente ¢, num espago longo de tempo, a demorarepenti- na do comego, No erepisculo, tudo, isto 6, o ente na totalidade da verdade da metaisica, encaminhase para o fim. 0 crepisculo jé acontecew propriamente. As consequéncias deste acontecimento apropriador sto os fatos da histiria mundial no séeulo XIX Sao apenas 0 transcurso do que acabou. A histria © técnica ordenam o seu curso no sentido do dltimo estgio da me- talisica. Esse ordenamento € a derradeirainstalagio do que acabou na aparéncia de wa realidade euja operatividade opera de forma ineesistivel, pois pretende prescindir de qualquer descobrimento do, vigor de sere isso de manera to decidida que jé nio carece pres- sentir nada de um tal descobrimento. AAverdade dose ainda encobertaesste 3 humanidade da meta fisica animal trabalhador abandona-se i vertigem de seus poderes, € feito a fim de se descarnar e aniquilarse no nada aniquilador. W Bm que medida a metafsca pertence & natureza do homem? A ‘metafsica representa, de inicio, o homem como um ente dente 08 emis, dotado de capacidades. A esséncia, qualificada desta ou da ‘quela maneira, a natureza,o ter (o qué) ea modalidade(o como) de seu ser, éem si mesma metafsca: anal (sensbilidae)e rationale {do sensive), Limitado, assim, a0 metafsco,o homem permanece lado 8 diferenca desapercebida entre sere ente. Em toda parte, 0 ‘modo cunhado pela metafsca de o homem representar em propos ‘es apenas encontra o mundo construido pela metafisica. A metaf- Sica pertence & natureza do homem. Mas 0 que é a natureza ela ‘mesma? O que éa metafsca ela mesma? Em meio a essa metafisca natural, quem € 0 homem ele mesmo? Seré apenas um eu que, nate ferencia a um tu, s6 faz consolidar sua egoidade confirmandose na relagio eutu? 6 sais econerencias Em todas as cogitationes,o ego cogito€ para Descartes 0 que Jise representa proposto e imposto, sendo o vigente, oinguestio- nado, oindubitvel,o que, cada ver, est no saber, o cero e sabi dom sentido proprio, o reviamente consolidado, oque pe tudo ‘etn referencia ase deste modo se contrapde a todo outro. [Ao objeto pertence tanto o teor de consisténca (o qui) do que se contrapde (essentia-possibilitas} como a posigao do que se opde (existenta) 0 objeto constitu a unidade de persistécia dessa con- ‘sstncia, Em sua insistncia, a consistenea referee exsencialmente {20 por da representagio como uma posse asseguradora que pie alg diante de s, que prope. O objeto origindro € a objetividade fem si mesma, A objetvidade origina 0 “eu penso”, no sentido do “eu pereebo", que jd se apresenta ej se apresentou, € subiectum. [Na ordem da génese transcendental do objeto, osujeto€oprimeiro ‘objeto da representacdo ontogica. Ego cogito & cogito: me cogiare v [A configuracio moderna da ontologia € a flosofia transcen- dental que aos poucos se torna teoria do conhecimento, Em que medida isso sunge da metafiica moderna? \ medida ‘que se pensa a entidade dos entes enquanto a vigencia para a Fepresentagio asseguradora, Entidade & agora objetvidade. A ‘questio da objeividade, da possbilidade de oposigio (a saber, do representar que ascegurae calcula) €a questao da possiblidade de conhecer Em sentido proprio, porém, no se entende essa questo como questao do mecanismo psio-sico do processo de conhecimento, mas ta possibildade da vigncia do objeto noe para o conhecimento, | *teoria do conhecimento” ¢ observacao, Oeup(a, & medida ‘que, pensado como objeto, oy & questionado no tocante objet vidade e & sua possbilitacio (f Sv). [Ein que medida, através do questionamento transcendental, Kant ime com seguranca o metafisico da metafisca moderna? A | superasio da metafica 5 ‘medida que a verdade se transforma em certezae, assim, a entida de (oda‘a) dos entes se torna a objetvidade da perceptioe da co- gitatio da conscitnca, do saber, empurrando o saber eo conhecer para o primeiro plano. AA “teoria do conhecimento” e 0 que assim se considera é, no fundo, metafsica e ontologa,fundadas sobre a verdade assumida como certeza pela representacao asseguradora Em contrapartda, interpretar a *teoria do conhecimento” como explicagdo do “conhecimento” e como “teoria® das ciéncas constitui um equivoco, embora esse negécio de asseguramento seja apenas uma consequéncia da conversio do ser em objetvids de e representacio pro-posiciona “Teoria do conhecimento” exprime aincapacidade fundamental « crescente da metafisca moderna de saber de seu proprio vigor © fundamento, Falar de uma “metaisica do conhecimento” incorre no ‘mesmo equivoco. ratase, na verdad, de uma metafisia do obeto, ‘ou seja dos entes enquanto objetos,objetos para um sujet [Na cescente importincia da logisica,anunciase apenas 0 ov tro lado da moedsa da incompreensio empiristae positvista da teo- ria do conhecimento. vl (© acabamento da metafsica tem inicio com a metafisicahegel ana do saber absoluto enquanto vontade do espirit. Por que essa metafisica & somente o inicio do acabamento & rio o préprio acabamento? A certezaincondicional nao chegou a ‘essa metaisca sob a forma de realidade absoluta? ‘Ser que aqui ainda existe uma possiildade de ultrapassa- sem? Certamente que no. A possiildade, porém, de passar in condicionalmente para dentro de si mesmo enquanto vontade de viver ainda no acabou. Tampouco a vontade enquanto vontade de querer ainda nao apareceu na realidade por ela mesma prepara- « nsaoseconerncas da. Porisso, a metatisica ainda no se acabou com a metafsica ab- soluta do espirito, [Nio obstante ofalatério superficial sobre o colapso da filso- fia hegeliana, mantémse aafirmagio de que, no século XIX essa fi Tosofia foi a tinca a determinara realiade, no na forma exterior de uma doutrina seguida, mas como metafisica, como predominio da entidade no sentido da certeza. Os movimentos contrérios a essa metatisica a ela pertencem. Desde a morte de Hegel (1831), tudo se reduz apenas a movimento contério,nio somente na Ale- rmanha mas também em toda a Europa, vu Em todo seu percursohistrico, écaracterstca da metafisica tratar a existéncia, quando muito, sempre de maneira apressada & ‘como algo evidente (ef. expicacdoindigente do postulado da ver- dade na Critica da razao pura de Kant). A inca excecio & Aristo- teles, que pensa com radicaidade a évépyeta, sem que contudo esse pensamento tenha podido tornarse, posterormente, essenci Alem sua originariedade. A transformacio de Evépyevaem actua- lias ¢ realidade entulhou tudo 0 que havia vindo & tona com a evépyeta. A conexdo entre évépyeta e obota se obscurece. So- mente Hegel reaprofundou © pensamento da existénci, mas na ‘sua Légica. Schelling a pensa na diferenga entre fundamento € cexisténcia,diferenga que se enraiza na subjetividade, Na redugio do ser & *natureza", mostrase um eco, tardio © confuso, do ser como $605. Raztoeliberdade contrapsem-se& natureza. A medida que na tureza é0 ent, aliberdade eo dever no sio pensados como ser. Ficase na eontraposiio entre ser edever, sere valor. To logo a ‘vontade alance set méximo de desvio, também o proprio ser tor nase ele mesmo um mero “valor. Pensa-se enti o valor como condigdo da vontade. A superac da metas sr var Em todas as suas formas e estos histéricos, a metafisica & ‘uma fatalidade inca mas talver necessiria ao Ocidentee o press: posto de sua dominacdo planetiria. A vontade subjacente a essa dominagio agora repercute no coragéo do Ocidente, onde uma vontade apenas se confronta com outra 0 desdobramento da dominagio incondicional da metafsca achase somente em seu inicio, Esse emerge quando, para afirmar se dene corepondent a mea ele thera econsold sin Em sentido estrto, 0 tnico aqui considerado, a metafsica é uma ftaidade porque, como trago fundamental da historia do Oct dente europeu, a humanidade vee fadada a assegurarse no ente. Ea nele segurarse som que, em momento algum, a metafiscafaga a experiéncia do ser dos entes como a dobra de ambos, podendo ‘entao questionlo e harmonizéo em sua verdade. [Bsa fatalidade a ser pensada na dimensio da historia do ser 6, contudo, necesséria porque o proprio ser apenas pode vr lus em ‘ua venlade, na dferencaresguardada entre sereente, isso quan doa diferenca ela mesma se de acontece com propriedade. Como isso, noentanto, pode se dar sem que antes o entendo se tena en- tregue ao mais agudo esquecimento do ser? Como isso pode se dar sem que tamibém o ser ndo tenha assumido sua dominagio incond ional e metafisicamente irreconhecivel como vontade de querer, ‘ual aleanca validade frente ao ser mediante a primazia exclusiva dos entes (da objetividade do reall? Assim odiferenciével da diferenca propdese num certo modo, mantendose, porém, encoberto numa estranha impossibildade de reconhecimento. Por isso, a propria diferenga fica encoberta Um sina disso é a reagdo metaiscae Uéeniea frente & dor, que prede- termina 2 interpretacio da esséncia da dor. Com o comeso do acabamento da metafsica, tem inicio a pre paragio irrconhecivele, para a metaisca, essencalmente inaces sive de um primeiro aparecimento do desdobramento de ser € 68 sais e conference cente, Nesseaparecimento, anda se encobre a primeira ressondncia dda verdade do ser, que recupera paras a primazia do ser, na pers: pectiva de seu vigor. 1x [A superagio da metafisica 6 pensada na dimensio da histéria do ser. Ela prenuncia a sustentacdoorigindria do esquecimento do ‘sex Mais antigo embora também mai escondido do que o prenin ‘Gio que nee seanuncia, Tratase do acontecimento do proprio. 0 ‘que, no modo de pensar da metafisca, aparece como prensinco de ‘uma outa cosa, chega e toca como o brilho derradero de wma cla: rera mais originéra, A superagSo permanece digna de ser pensada omente enquanto se pensa a sustentacio. Esse pensamentoinsis tente anda pensa a superacio. Tal pensamento faz 2 experiéncia do acontecimento singular da desapropriagao dos entes, em que sil: tninam a indigencia da verdade do sere a orginariedade da verdade, f também transluz.com desprendimento ovioressencial do huma- ro. A superagio éa transmissio da metafisca em sua verdade De inicio, a superagio pode apenas representarse a partir da prépria metafsica, no mado de uma superpotenciagio desi mesma por si mesma, Pode-se falar, nesse caso, de uma metafsica da meta Fisica. Foi o que se dscutiu no texto Kant e o problema da metaf- ‘ica onde se buscou interpreta, nesta perspectva, 0 pensamento antiano, surgido de uma mera critica da metafsicaracional. Na verdad, com isso atribuise ao pensamento de Kant mais do que ‘ele mesmo pode pensar nos limites de sua filosofa Felar de superagio da metfisica pode ainda também signif car que “metafsica” mantém-se como nome do platonismo que, no mundo moderno, se expde nas interpretagbes de Schopenhauer € Nietzsche. A revirada do platonismo,no sentido conferido por Nie tasche, de que osensivel passa aconsttuir o mundo verdadero € 0 ‘suprassensivel ono verdadeiro, permaneceteimosamente no inte Hor da metafisca, Essa espécie de superacio da metafisca, que Nietzsche tem em vista e bem no sentido do positivismo do sécu Jo XIX, nio obstante numa transformagao mais elevads, nfo passa Asuperacio da meta @ dde um envolvimento definitivo com a metafisica.Pareee, na verda- de, que aqui se marginaliza o “meta, a transcendéncia rumo 20 su prasensivel em favor de uma firme permanéncia no elementar da sensibildade. Enquanto isso, porém, ndo se faz outra coisa do que dda acabamento ao esquecimento do ser, iberando e ocupando 0 suprassensvel como vontade de poder. x ‘Sem poder ¢ nem tampouco tolerar saber a vontade de querer Jmpede o destino, aqui entendido como aeonsignagio de uma aberti- ‘ra manifstativa do ser dos entes. A vontade de querer tudo eniiece numa auséncia de destino. A consequéncia disso 0 nio histrio, ‘Seu trago caacteristio consste na dominagéo exercida pela ciénca historiogrtica,O seu desespero,ohistoricismo. Querendosejustapor a histiria do ser & representacio historiografica corrente, confi ‘mase, da maneira mais palpsvel, como predomina nessa abondagem equivocada 0 esquecimento do destino dose. ‘A era da metafsica acabada encontra-se em seu inicio Apenas para assegurar a si mesma, de modo continuo e incon ional, a vontade de querer obriga para si mesma o clculoe a inst- tucionlizagio de tudo como formas fundamentais de manifestagio PPode-se chamar, numa tinica palavra, de “técnica” a forma fue damental de manifstacao em que a vontade de querer se insttu- cionalizae calcula no mundo nao histrico da metafsia acabada, Esse nome engloba todos os setoes dos entes que equipam a total dade dos entes:naturezaobjetivada cultura atvada, politica prod ‘ida, superestrutura dos ideals. A “téenica” ndo significa aqui os setoresisolados da fabricagoe aparelhamento de maquinas. Estas Dossuem, sem diva, uma posiggo prvlegada, a se determinar mais de pert, fandada na primazia do material que se assume como fo pretenso elementar eo abjeto em sentido eminente Compreendese aqui o nome “técnica” de modo tao essencial ‘que em seu significado, ehega a coinetdr com a expresso ~ acaba ‘mento da metaisca, Esse nome guarda alembranca da rExn, que constitui uma condigéo fundamental do desdobramento essencial ” sis econerncas dda metafsica, Esse nome também possibilita pensar ocaréter pl netirio do acabamento da metafsica ede seu dominio, sem que se rnecessite considerar as derivagdes histricamente demonstvels nos povos e eontinentes. x [A metafisica de Nietasche faz aparecer, na vontade de poder. 0 peniltimo estigio do desdobramento da vontade de entidade dos fentes enquanto vontade de querer. 0 timo esto ndo aparece ‘em vrtude do dominio da “psiologia", no conceito de poder efor a, no entusiasmo da vida. Isso explica por que falta aesse pens mento tanto o rigor e o cuidado do conceito como a tranqulidade de uma meditagio histérica, Predomina a historiografiae, por isso, 1 apologia ea polémica, Por que a metafisica de Nietzsche desprezou o pensamento em nome da "vida"? Por no ter percebido, segundo a doutrina de Nietzsche, como é essencial para a “vida” tanto assegurar a com sisténcia da representagéo e planificagSo (apoderadoras) quanto 2 “intensiicagao” ea elevagio. Estas foram consideradas apenas (psicologicamente) sob o aspecto da embriaguez, na perspectiva decisiva de serem 0 que confere o impulso proprio e renovado para. o asseguramento da consisténcia das coisas e também 0 que justifca a intensficagio, Pertence assim A vontade de poder 0 predominio incondicional da razio caleuladora endo a poeira e 0 ‘aos de uma turva convulsio vital. culto desorientado de Wag ner envolveu o pensamento de Nietzsche e sua exposicio com luma “atmosfera de esteticiemo”. Este esteticismo, acrescido do escarnio da filosofia (isto, de Hegel e Schelling), cumprido por Schopenhauer e sua interpretacio superficial de Platio e de Kant, fez amadurecer nas iltimas décadas do século XIX um ent siasmo que usou e abusou da superficialidade e do embacamento 4a nao historicidade como critério do verdadeiro. Por tr de tudo isso encontrase, porém, uma nia incapack ade, qual sea, de se pensar a partir da vigéncia da metafisicaere- feonhecer a envergadura da transformacio da vigencia da verdade ose A superaco da metafisca n «0 sent histrico do crescente dominio da verdade como certe- 2a, Eainda a incapacidade de se reconduzit a partir dessereconhe- cimento, a metafisiea de Nietzsche aos simples encalcos da smetaflsica moderna, ao invés de fazer disso um fendmeno litersrio, visando mais a esquentar as cabegas do que a purificéas,surpre endélas ou, quem sabe, até espantélas. Por fim, também a paixio ‘que Nietzsche nutria pelos riadores trai a sua proveniéncia. Tra ‘Que le pensa madernamentea partir de uma idea de genio, do ge nial e, também, teenicamente a partir da nogio de desempenho & eficicia. No conceito de vontade de poder, ambos os “valores” constitutivs (a verdade e a arte) ndo passam de circunscrigbes da técnica", no sentido essencial de disponiilizacio planejadora e caleuladora para um desempenho capaz de trazer para a acio de ‘rar da criatividade", sempre além de cada vida em particular, um. novo estimulo do vivo e assim assegurar o émulo da cultura. ‘Tudo iso serve & vontade de poder. Mas tudo isso também im pede que seu vigor de essénciaapareca na luz clara de um saber ample essencal, que 6 pode originarse no pensamento voltado para a dimensio da histéria do ser. ‘A esséncia da vontade de poder apenas se deixa conceber a partir da vontade de querer. Esta, no entanto, apenas se deixa ex perienciar se a metafisica jé tiver passado para a ultrapassagem. XI Ametafsica da vontade de poder de Nietzsche prefigurase na frase: “o grego conheceu e fez a experiéncia dos espantos e erro- res da existincia; para poder sobreviver de algum modo, eve de par diante de si o sonho cintilante do Olimpo™. [Aparece aqui, de um lado, a oposicao entre “titinico”e “brba ro, “selagem” e “impulsivo"¢, de outro, o brilho da beleza edo sublime, 2 gow cprnge 3 Lenora to Netnde ode R nals e conferenclas Embora sem um pensamento car e dstnto € tampouco sem ‘uma visto de sa unidade fundamental, encontrese aqui prelines- do que a “vontade” precisa assegurar, ao mesmo fempo, a consistén- cia € a elevaglo, Permanece, no entanto, ainda encoberto que & ‘yotadeé vontade de poder. A doutrna da vontade de Schopenhauer Aomina, de ino, o pensamento de Nietzsche. O prefici desse texto foi escrito no “dia do aniversério de Schopenhauer. Com a metaisica de Nietasche, a filosofia acaba, Isso quer d- er: ela ji pereorreu todo o Ambito das possiblidades que Ihe fo- ram presignadas, © acabamento da metafisica, que constitui 0 fandamento do modo planetrio de pensar, fornece a armacio para ‘uma ordem da terra, provavelmente bastante duradoura. Esta oF dem jf nfo mais precisa da filsofia porque de hi muito a ela s+ ‘cumbia. Com o fim dafilosofia, prem, o pensamento nio esté no fim, mas na ultrapassagem para um outro comeco. xm 1Nos apontamentos reerentes IV parte de Assim falava Zara- tustra, Nietasche escreve (1866) “Estamos fazendo uma expe rigncia com a verdade! Talvez com cla a humanidade venha a sucumbit! Pouco importal” (WW XIl p. 307). Uma anotagéo do tempo de Aurora (1880/1881) diz 0 seguin- te: A novidade em nossa posigio aual face &filosofia € a convic ‘elo, estranha a toda outra época, de que ndo possuimos a berdade, Todos os homens anteriores ‘possufam’ a verdade, mesmo (0s eéticos” (WW XI, p. 268). que Nietesche quer dizer quando se refee, nesas duas pas- sagens, & “verdade"? Quer ele dizer o “verdadeiro”, pensando-o cto 0 ente teal ou como © que vale para todo julgamento, com portamento e vida? ae significa: fazer uma experiencia com a verdade? Signi «afazer predominar, no eterno retorno do mesmo, vontade de po- der como o ente verdadeiro? A superar da metaisca 3 Serd que esse pensamento chega alguma vez a se penguntar ‘em que repousa aessencia da verdade ea partir de onde acontece ‘com propriedade a verdade da esséncia? xiv ‘Como a objetividade adquiteo carter de constituraesséncia os entes coma tas? Costumase pensar “sex” como a objetividade, num esforgo de se apreender a partir dato “enteem si” eassim esquecer de se pet ‘untar e dizer 0 que se entende por “ente™e pelo “em si. 0 que *6" ser? Devemos perguntar ao “ser” o que ele & Ser fica fora de questio, autoevidente e, portanto, impensado. Man- témse numa verdade, deh muito esquecida einfundamentada xv Objet no sentido de contra-posigfo se di apenas onde 0 ho- ‘mem se torna sueito, onde o sueito se torna exo € o ego, cog. Dse onde esse cogitare é, em sua esséncia, concebido como “a ‘unidade originariamente sintética da apercepeio transcendental’, ‘onde se aleanga o ponto mais elevado da “lca” (a verdade como fa certeza do “eu penso”). Somente aqui descobrese a esséncia do ‘objeto em sua objetividade. Somente agut tornase, consequente- ‘mente, possvele inevitvel conceber a propria objtividade como “o novo e verdadeiro objeto” e penslo incondicionalmente. XVI Subjetivdade objeto ereflexdo pertencem entre si Somente quay do se faa experincia da refexo como tal, ou sea, como a referencia «que carrega para 0 ene, podese determinar ser como objetividade, Enguanto essa referencia, a experitncia da reflesdo traz, po- rém, a suposigio de que a referencia éexperienciada como reprae- sentatio: como reapresentacao, eVERDIOADE FEDERAL OO AR BBLIOTECA CENTRAL nssoeeconferencias Isso, no entanto, 6 se torna desinal quando fea se transfor- ‘ma em percepto, Esse tornarse repousa na transformagéo da ver dade entendida como adequagio em verdade entendida como ‘erteza, na qual mantém sempre a adequatio. Como autoassegura- mento (querer a si mesmo),a certeza¢fusitia €jusifcagio da re- feréncia ao ente e sua causa primeira e, assim, da copertinéncia 20 ente, Na acepcio conferida pela Reforma, a lusificatio eo coneei: tw nletzscheano de justiga como verdade so 0 mesmo. [Em sua esséncia, a repraesontato fundamenta-se na reflexio, Por isso, a essencia da objetvidade como tals se abre manifestati- vamente se reconhece a essenca e di um pensamnento como o “eu pensoaguma cosa’ XVII Kant encontrae a caminho de pensar a esséncia da reflexio em sentido transcendental, ou sea, ontol6gico Isso acontece na forma de uma observagéo marginale desapercebia, fita na Crit- cada razao pura, sob o titulo "Da anfibologia dos concitosrefle- xivos". Essa parte foi acrescentada ulteriormente. Apresenta, no ‘enfanto, uma compreensio essencial e uma discussio decisiva com Leibniz e, pr conseguinte, com toda a metafsica precedente, tal como esta sefazvsivel para préprio Kant, fundamentada em sua constituigao ontlégica na epoidade. XVI De fora, tomase a eqoldade pela generalizagio posterior © a abstragio do que constitu o eva partir dos “es singulaes do ho- mem. Sobretudo Deseartes pensa, manifestamente, 0 seu pr6prio “eu” como pessoa singular (res cogilans como substantia finita). 44 Kant pensa a *conscitncia em gral’. Somente Descartes, no en tanto, pensa também o seu proprio eu singular luz da egoidade ‘mesmo que ainda nao pro-posta de manelra propria. Essa egoidade jlaparece na configuracao do certum, da certeza, que nada mais € A superasfo da metaea % do que o assequramento do que se pde para a representagdo. 34 iimpera a eferéncia velada 3 egoidade assumida como certeza de si mesma e do propasto, Somente a partir dessa referéncia podese fazer a experincia do eu singular como tal. Enguanto o si mesmo singularizado e em apereigoamento o homem pode apenas querer asi mesmo & luz da referencia a esse eu da vontade de querer, ‘como tal ainda desconhecida, Nenhum eu se dé simplesmente “em si", mas, a0 contrrio, 6 é "em si" enquanto o que se manifesta “dentro de s", ou sea, como egoidade Por isso, esta também vigora onde o eu singular nunca chega @ se salientar, onde a0 invés se retrai no predomini do social e de ‘outras formas de agregacio. Aqui e justamente aqui se oferece a pura dominagéo do “egofsmo”, a ser pensado metafisicamente e Tonge da compreensio ingénua do “solipsismo". [No aperfeigoamento da metafsica, a filosofia é antropologia’ [Nao importa se a antropologia recehe ou ndo a qualificagdo de “i Toséfica’, No meio disso, a filosofia tornouse antropologia e,as- sim, uma presa dos derivados da melafisca, ou sea, da fsica no sentido mais amplo, que incl a isica da vida e do homem,abiolo- ‘a ea psicologia, Tornando-e antropologia, a propria filosofia su ‘cube na metafisica XIX ‘Avontade de querer supde como condigio de sua possbiida de tanto oassequramento da consisténcia(verdade) como a exacer- bagdo dos impulzos (arte). A vontade de querer institucionaliza ‘assim como ser o proprio ente. Somente na vontade de querer po- dem predominas a técnica (asseguramento da consistencia)e a at séncia incondicional de meditagio (vivencia") “Enquanto forma suprema da consciéncia racional, si insepa- rvs isto, soo mesmo tanto a técnica teenicamente interpreta dae auséncia de meditagi como a incapacidade institucionaliza 6 rae ¢conerncas da, para si mesma encoberta de estabelecer uma referéncia ao que 6 digno de ser questionado. Por que isso & assim e como isso chegou a ser assim, pressu- ese aqul somente como algo experienciado e conoebido ara acabar essa ponderacio, cabe dizer que a antropologia ni se esgota nainvestigacdo do homem e na vontade de tudo ex: plicar a parti do homem como a sua expresso. Mesmo onde no se investiga, mas, ao contivio, se ensaiam decisdes, acontece 0 se- {inte jogase uma humanidade contra outra, reconhecese a hue manidade como forca originaria, como se fosse a primeira e @ lima instneia em todos os entes, eos entese suas vias inter pretagées fossem simplesmente a consequéncia. BB assim que passa a predominar a nica uestio determinant: “A que configuragko pertence o homem?” Pensase configuragio ‘de maneira metafisicamente indeterminada, ou sej,platonicamen- te, como 0 que ¢ e somente entio determina toda transmissao € ‘evolugio, embora ela mesma independa tanto de uma como de ou ‘a, Esse reconhecimento prévio “do homem” faz com que se bus- fue o ser apenas e sobretudo no ambito do hiomem e que se considere o priprio homer, entendido como disponibilidade(con- sisténcia) humana, eomo yi bv para a i5éq. xX Aleangando seu asseguramento extremo, incondicional e tam: ‘bém tudo assegurando, a vontade de poder constitu o tno rest ladore, desta forma, o correto e exato. A exatidao da vontade de ‘querer 0 assequramento completo eincondicional de simesma. 0 ‘ue para ela é querer mostrase correto exato em ordem porque a prdpria vontade de querer permanece a cnica ordem. Nese auto- asseguramento da vontade de querer perdesea essénca origina da verdade. A coreta exatidio da vontade de querer € pura e sim- plesmente o nio verdadero, No ambito da vontade de querer, a exa- tidao do nio verdadeiro possui uma irresstiblidade propria {inica, Mas a corregio do no verdadero, ue como fal mantémese encoberto, 60 mesmo tempo o que hi de mais estranho na distor- A superaco da metaisca 7 co da esséncia da verdade, 0 correo e exato domina o verdadeiro € marginaliza a verdade. A vontade do asseguramento incondicio. nal faz aparecer a inseguranga em todos os niveis. XXI Na forma de uma ralizagio do que se ambiciona, a vontade jé em si mesma o acabamento da amido. Nessa forma, o que se ambiciona €colocado essencialmente no conceit, ou sea, como 0 {que se sabe conscientiza numa re-presentacio universal. A cons- inca pertence a vontade. A vontade de querer € a consciénca su prema ¢ incondicional do autoasseguramento calculador de todo cielo de si mesma’ Por isso, pertencedhe em todos os nveis a procura continua € incondicionada dos meios, dos fundamentos, dos obsticulos, dos ajustes de contas, do jogo de metas, da ilusio, das manobras, do in- ‘uistorial. A vontade de querer desconfia, portato, até de si mes: mma, feando sempre em estado de alert ede exclusiva concentr para assegurato seu préprio poder. ‘Afalta de meta essencial da vontade incondicional de querer constitu 0 acabamento da esséncia da vontade, jf pretudiada no tonceto Kantiano da raz pratica como vontade puta. A vontade pura quer a mesma e, como vontade, €0 ser. nose a partir de seu conteddo a vontade pura e sua lei sio formas. Enquanto for ‘ma, ela mesma €o tnico conteddo, xx Personificandose, por vezes, em alguns “homens de vontade", a ‘vontade de querer parece constitu irradiagdes dessa pessoas. Essa ‘opiniao nasce do pressuposto de que a vontade humana € a origem. ‘davontade de querer. Na verdade, €o homem quem € querido pela ‘onfade de querer, sem se dar conta da esséncia dessa vontade | ont de pdr 58 ® sais econferécas A medida que o homem é assim queridoe regulado no querer da vontade, a sua esséncia passa necessariamente a interpelar a “vontade” ea iberdla como instancia da verdade. Por toda parte, tornase questio seo individuo eos grupos provem dessa vontade, ‘ou se eles ainda podem negoiar comerciar com a vontade ou até contra ela, sem saber que ji foram por ela suplantados. A unicida- de do ser também se mostra na vontade de querer, s6 admitindo ‘uma direcio em que se pode querer Advém dai a uniformidade do ‘mundo da vontade de querer, tao distante da simplicdade do origi nnirio como édistante o desvio da va da essénca,ndo obstante am- ‘os se copertengam. XXII Avontade de querer precisa se legitimar duplamente. Primei 19, porque nega toda meta como ta, s6 admitindo as metas como ‘melo para o fim de fazer uma jogada com o préprio querer einst- tucionaizaro espago de jogo para essa jogada. Segundo, porque a vontade de querer também nao pode aparecer como anarauia das ‘atistrofes ao se institucionalizar no ambito dos entes. A vontade de querer assume ent o discurso da “tarefa". No se pensa.atare- fa na perspectiva do originario ede sua preservago, mas como a ‘meta atribuida do pont de vista do “destino, e que asim justifiea avontade de querer xxv Auta entre os que estio no poder e os que querem o poder é «de ambos os lads, luta pelo poder. Bm toda parte, o poder éo de terminante. Com essa luta pelo poder, a essencia do poder se des Joca, em ambos 0 lados, para aessénea de wma dominagio ineondl ional. Todavia, aqui se esconde uma inica cotsa: que toda uta esta servico do poder, sendo por ele queria. Antes de qualquer lta, © poder jé se apoderou de todas elas. $6 a vontade de po der conseque apoderar se dessas lutas poder, entretanto,apode ase de tal forma da humanidade que desapropria o homem da A superago da metaisea 79 possibilidade de dispor de um caminho para sair do esquecimento do set Esa lta &necessariamente planetriae, como tal esenc- almente refratitia a toda decisio. Nao hao que deci, pois ela permanece excluida de toda cisio e dstingio (de sere ente) € as sim de toda verdade, Pela sua prdpria frca, essa luta vse obriga- 4a 20 no destinal: vese obrigada a deixar o se. xxv [Ador que se deve sentir e suportar até o fim & a compenetra ‘glo eo saber de que a falta de indigencia constitui a indigéncia ‘mais velada e mais extrema, a indigéncia que s6incide a partir da distancia mais distant. A falta da indigencia consist justamente em achar que se tem na garra o real ea realidade, e que se sabe 0 que é 0 verdadeio, ‘sem que se necessite saber onde viora a essoncia da verdade. 1Na dimensio do ser, a esséncia do nilismo € dear 0 seri que ai sedi eacontece que o ser &dexado em favor dos apoderamentos. Esse dear arrastao homem para uma servidio incondicionada ‘Nao é, de modo algum, uma decadéncia e nem um “negatioum’, em ‘qualquer sentido possvel, Por isso, nem toda e qualquer humanidade pode realizar histo- ‘ricamenteo nilismo incondicionado. Por isso também € que se faz necesséria uma luta para decidir qual humanidade pode dar acaba mento ao nilismo. xXVI 0s indicios de como ultimamente se deixa 0 ser encontram-se nas proclamagies das “idelas" e dos “valores” no vai e vem com: piulsivo da celebracio do “agit” e da necessidade absoluta do “es tito’. Tudo isso jéestéimplantado no mecanismo de mobilizagéo dos processos de ordenamento e organizacto. Estes ja se determi- ‘nam em si mesttos pelo vazio propciado quando se dea o ser. ‘no melo dessevazio e abandono que o homen, vido de si mesmo, % sas econerncae cencontra como inca saida para salvara subjetvidade no superho- mem o consumo dos entes no fazer da técnica, a que também per tence a cultura, Sub-humanidade e superhumanidade sio 0 ‘mesmo, Pertencem uma 8 outra da mesma maneira que, no an ‘mal rationale da metafisica, 0 "sub" da animaldade e “super” da ratio estio insoluvelmente acoplados numa correspondéncia Devese pensar aqui sub e superhumanidade metafisicamente € rio como valores morals. Como tl e em decurso disso 0 consumo dos entes determina se pela mobilizagio em sentido metafisico, onde 0 homem se faz hor" do “elementar’. O consumo incu o uso regulamentado dos en- tes, que se tornam oportunidade e matéria para os desempenhos © sua intensfcago, Usise, por sua vez esse consumo para a utlidade ‘da moblizacéo. A mea, porém, que a mobilzagao 36 consegue che- sar na intensificagao incondconal eno autoassesuramento, tendo como tinea meta a falta de meta, o uso se tora abuso. AAs “querras mundiais” e sua “toalidade”jé so consequencia dese deixar ose. Eas forcam o asseguramento de uma forma com ‘inva e consistente de abuso. O homem também se acha incluido rnesse processo, nao podendo mais esconder seu carter de maté- rigprima mais importante. 0 homem é a “matéria-prima mais im: portante” porque permanece o sujito de todo e qualquer uso € abuso. Isso & de tal modo que, nesse processo, deixa sua vontade ‘emergir incondicionalmente, torandose, desse modo, o “objeto” dese deixar o ser. As guerras mundiaisconstituem a forma prepa ratéria da marginalzacao da diferenca entre guerra e paz; ess ‘marginalizagio & necesséra para que o “mundo” se torne um se- _memundo em consequencia de um deixar os entes por uma verdade do ser, Pois na dimensio da histéria do ser (cf. Sere tempo), 0 “mundo” significa a vigenca inobjetivavel da verdade do ser para 0 ‘homem, desde que o homem entregue de modo essencial o que Ihe proprio ao ser. Na era em que apenas o poder tem poder, isto &, na era da afluénciaincondicional dos entes ao abuso do consumo, ‘o mundo tornase semmundo na mesma medida em que o ser ain da vige, embora sem vigor proprio. O ente& real enquanto operat: vo, Bm toda parte, a operatividade, Em parte alguma, 0 farerse ‘mundo do mundo, Apesar disso, embora esquecido, o ser. Para A superar da metasica 81 além da guerra e da paz existe apenas a erncia do uso e abuso dos entes no autoasseguramento das ordens, oriunda do vazio pro- Piciado ao se deixar o ser. Alteradas em desi de esséncia, “uct: ta" e “paz” sio absorvidas pela errancia, esaparecendo no simples ‘curso do fazer potenciador das ativdades & medida que se tornam imeconheciveis em sua diferenca. A pergunta ~ quando haverd paz? ~ ndo pode ser respondida. Nao porque no se possa prever &

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