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1.

INTRODUÇÃO

Salmos é um dos livros mais conhecidos da Bíblia Sagrada e que tem, talvez,
os textos mais conhecidos e belos. Por ser um livro de orações e hinos, os cristãos
não consideram que seja um livro a ser estudado e interpretado. Porém, é um livro
de difícil interpretação por conter palavras dirigidas a Deus e ao mesmo tempo
inspiradas por Ele. Entender isso é essencial para compreensão da essência de
cada texto.
Diversos Salmos na Bíblia não revelam seu significado em uma leitura rasa,
principalmente quando se tenta compará-lo dentro da realidade dos tempos atuais.
Tem-se uma dificuldade maior quando se leva em consideração a época em foi
escrito e sua destinação.
Uma das maneiras de entender o livro de salmos é entender sua natureza e
os vários tipos de salmos que existem, bem como suas formas e funções. Uma das
coisas mais importantes é o reconhecimento que os textos são poemas musicais,
poesias hebraicas com boa parte da linguagem intencionalmente emotiva. Por ser
uma poesia nem sempre o texto requer uma interpretação. Às vezes a intenção é
justamente glorificar a Deus e suas maravilhas.

2. SALMOS COMO POESIA

Um poema não deve ser lido como uma epístola ou uma narrativa, pois traz
em seu corpo emoções que aquelas não costumam levar ao leitor. A intenção dos
Salmos é apelar aos sentimentos e estimular o leitor a entrar em uma esfera de
adoração como se faz em orações e cânticos de louvor. Sua intenção não é trazer
um sistema doutrinário e é perigoso tentar encontrar isso nos textos do livro sagrado
em questão.
A utilização de hipérboles e diversas outras linguagens figuradas poderia levar
o leitor que tentasse interpretar de forma literal a caminhos completamente errôneos
sobre o real significado do texto ou ensinamentos que nunca foram pretendidos pelo
autor. Buscar a intenção de uma metáfora ou qualquer outra figura de linguagem é

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por vezes perigoso, pois cada pessoa que busca na leitura dos Salmos alguma
resposta para os problemas diários pode incorrer em erro e entender aquilo que o
texto não diz ou aconselha. Entender as metáforas e o simbolismo é um grande
passo para compreender o livro e “traduzir” para a realidade que está em foco.

3. SALMOS COMO LITERATURA

Salmos é uma coletânea de orações e hinos hebraico. Como o hino também


definido como poema musical, é uma forma de literatura a qual possui suas
peculiaridades nos tipos, formas, funções e padrões .
Existem vários tipos de Salmos por isso é de fundamental importância o
discernimento de qual tipo está sendo lido ,contribuindo assim para uma correta
leitura e perfeita interpretação. Os tipos de salmos era algo bastante familiar para o
povo de Israel eles já faziam parte de sua cultura o que favorecia o uso correto.
Os Salmos possuem além de tipos, formas que são diferenciadas por
características estruturais específicas. A compreensão de estrutura dar margem
ao entendimento do que está acontecendo dentro do Salmo possibilitando
reconhecimento das transições de assunto. Cada Salmo tem uma determinada
função na vida de Israel, Isso faz com que cada Salmo tenha seu propósito
deliberado. Como padronização os Salmos contêm arranjos ou repetições de
palavras e sons, bem como jogos estilísticos com palavras. Alguns Salmos são
acrósticos, isto é, as letras iniciais de cada linha ou verso acompanha o alfabeto
hebraico, exemplo Salmo 119. Através disso o Salmo ensina não apenas com seu
texto, mas também com sua estrutura.
O Salmo não deve ser lido como fragmentos e sim como uma obra completa,
não divididos em versos avulsos Isso faz com que cada verso seja interpretado
dentro da estrutura total do Salmo gerando profundidade e verdade na
interpretação O foco deve está em definir corretamente o significados das palavras
ditas nos versos para que seja entendida de acordo com intenção real , e não de
acordo com alguma intenção atribuída ao texto sem conhecer o contexto. Pode levar
a conclusões equivocadas. Quando um trecho de literatura é empregado

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erroneamente perde o objetivo, Se assim o fizermos em relação aos salmos, os
propósitos de Deus ao inspirá-los terão sido em vão.

4. USO NOS SALMOS NO ISRAEL ANTIGO

Os salmos eram para uso no culto dos Israelitas para estabelecer uma ligação
de adoração entre o homem e Deus no período que faziam sacrifícios ao templo de
Jerusalém.
Existe salmos produzidos para adoração individuais e outro de uso coletivos.
Os cantores adoravam cantando os salmos só no templo, com isso foram
eventualmente sendo expressado fora em circunstância em que viviam.
A aplicação dos salmos não se limita a tempos e épocas, não há registro de
data que foram escritos. Sabemos que desde a época pré exílica, passando pelo
cativeiro, até a pós exílico, sendo concluído somente no final do século III a.C. Os
salmos eram divididos em grupos chamados livros maiores e menores. Existem
salmos que não faziam parte dos originais considerados como inspirados, exemplos:
salmo 90 (Moisés) e Salmos 72 e 127 (Salomão).
Salmos tornou-se uma coletânea depois da volta dos Israelitas do exílio. A
conclusão do hinário do templo vai do salmo 1 ao 150. No NT os judeus, Jesus e os
discípulos conheciam bem os Salmos. Paulo sempre encorajava os cristãos
primitivos a fazerem uso dos salmos nos seus cultos (Ef 5.19)

5. TIPOS DE SALMOS

Os salmos podem ser classificados em várias categorias diferentes, dentre as


tais temos:

1. Lamentações:

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As lamentações representam o maior grupo de salmos, podendo ser
subdivididas em lamentações individuais e lamentações coletivas.

1.1. Lamentações Individuais: ​Ajudam as pessoas a expressar suas


lutas, seus sofrimentos ou decepções de forma individual. Podem-se
destacar os Salmos 3, 22, 31, 39, 42, 57, 71, 88, 120, 139 e 142). Ex.:
No Salmo 3, versículo 1, Davi fugia do seu filho Absalão e
lamentava-se dizendo:

Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! São


muitos os que se levantam contra mim. (Salmos 3:1)

1.2. Lamentações Coletivas: ​Ajudam as pessoas a expressar suas


lutas, seus sofrimentos ou decepções de forma coletiva, representando
por exemplo uma igreja, grupo ou até mesmo um povo. Podem-se
destacar os Salmos 12, 44, 80, 94 e 137). Ex.: O Salmo 137 ​expressa o
lamento do povo judeu em exílio após a conquista de Jerusalém. No
versículo 1 o autor diz:

Junto aos rios da Babilônia, ali nos assentamos e choramos,


quando nos lembramos de Sião. (Salmos 137:1)

2. Salmos de Ações de Graças:

As ações de graças são o oposto das lamentações. Estes salmos expressam


alegria e agradecimento ao Senhor.

2.1. Ações de Graças Coletivas: ​Ajudam as pessoas a expressar


agradecimentos de forma coletiva, representando por exemplo uma
igreja, grupo ou até mesmo um povo. Existem ao todo seis salmos
desta natureza, e são eles os Salmos 65, 67, 75, 107, 124 e 136). Ex.:
No Salmo 75, Asafe louva a Deus por sua justiça. No versículo 1 ele
diz:

4
A ti, ó Deus, glorificamos, a ti damos louvor, pois o teu nome
está perto, as tuas maravilhas o declaram. (Salmos 75:1)

2.2. Ações de Graças Individuais: ​Ajudam as pessoas a expressar


agradecimentos de forma individual. Existem ao todo dez salmos desta
natureza, e são eles os Salmos 18, 30, 32, 34, 40, 66, 92, 116, 118 e
138). Ex.: No Salmo 118 ​o salmista agradece a Deus por uma vitória
alcançada. No versículo 1 o autor diz:

Louvai ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua


benignidade dura para sempre. (Salmos 118:1)

3. Hinos de louvor:
Esses salmos centralizam-se no louvor a Deus por causa de quem Ele é, por
sua grandeza e também por sua bondade. Nestes Salmos, Deus pode ser
louvado como:

3.1. Criador do Universo: ​Esses hinos de louvor podem ser


encontrados, por exemplo, nos Salmos 8, 19, 104 e 148.

Ex.: No Salmo 147, o salmista louva a Deus pelo seu poder. Nos
versículos 4 e 5 ele diz:

Foi Ele quem resolveu quantas estrelas deveriam existir e


chama cada uma pelo seu nome. Deus o, Senhor nosso, é
grande e poderoso. (Salmos 147:4-5)

3.2. Protetor de Israel: ​Esses hinos de louvor podem ser encontrados,


por exemplo, nos Salmos 66, 100, 111, 114, e 149. Ex.: No Salmo 149,
versículo 2, o salmista louva a Deus dizendo:

5
Alegre-se, ó povo de Israel, por causa do seu Criador! Fique
contente, ó povo de Jerusalém, por causa do seu Rei! (Salmos
149:2)

3.3. Senhor da história: ​Esses hinos de louvor podem ser


encontrados, por exemplo, nos Salmos 33, 103, 113, 117 e 145. Ex.:
No Salmo 145, Davi louva a Deus por ser o Senhor da História. No
versículo 4 ele diz:

Ó Deus, cada geração anunciará à seguinte as coisas que tens


feito, e todos louvarão os teus atos poderosos. (Salmos 145:4)

4. Salmos da história da salvação:

Esses salmos fazem uma revisão das vezes em que Deus salvou o povo de
Israel (nação da qual veio Jesus Cristo), sobretudo, quando os libertou da
escravidão no Egito. Eles podem ser encontrados nos Salmos 78, 105, 106, 135 e
136. Ex.: No Salmo 78, versículos de 12 a 15, Asafe cita o cuidado de Deus durante
libertação do Povo de Israel da escravidão no Egito.

Maravilhas que ele fez à vista de seus pais na terra do Egito,


no campo de Zoã. Dividiu o mar, e os fez passar por ele; fez
com que as águas parassem como num montão. De dia os
guiou por uma nuvem, e toda a noite por uma luz de fogo.
Fendeu as penhas no deserto; e deu-lhes de beber como de
​ almos 78:12-15)​
grandes abismos. (S

6. SALMOS DE CELEBRAÇÃO E AFIRMAÇÃO ​(Hélio Penha)

7. SALMOS 3: UM SALMO DE LAMENTAÇÃO

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Salmo 3, consiste em um cântico, cujo sua característica é identificado como
um salmo de lamentação. Nessas características encontramos elementos virtuais
isolados nos textos que são: Destinatário, queixa, confiança, libertação, segurança,
louvor.

Em salmo 3 encontramos esses 6 elementos que foram identificados da


seguinte maneira:

1. Destinatário: Onde o salmista identifica a quem o salmo é proferido. O


clamor é direcionado ao “Senhor” ( v.1). A destinação não precisa ser longa
ou extravagante.

2. Queixa: Ele derrama, com honestidade e ênfase, uma queixa, identificando


o problema. No restante do v.1 e a totalidade do v.2, Davi descreve os
“inimigos” (que pode representar qualquer mágoa ou problema).

3. Confiança: Ele é imediatamente expressa sua confiança em Deus e a


resposta consiste na que ele considera certa e não na que nós gostaríamos.
Todo o trecho do v.3 expressa a confiança no Senhor, quem Deus é, e como
responde às orações.

4. Libertação: O salmista clama a Deus por libertação da situação descrita na


queixa. No v.7, a Davi expressa sua petição de socorro. O pedido de ajuda
vem depois da expressão de confiança. Essa ordem não exigida é a mais
comum.

5. Segurança: O salmista expressa a certeza de que Deus trará a libertação.


A segurança está em paralelo a expressão de confiança. O restante do v.7
constitui a declaração de confiança. Em uma linguagem metafórica representa
que a derrota daquilo que nos oprime está sendo contemplada. Essa parte do
salmo não promete que o povo ficara livre dos problemas, mas que no devido
tempo Ele solucionara conforme a vontade Dele.

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6. Louvor: Ele oferece louvor,dando graças a Deus e louvando pelas
bênçãos do passado, do presente e/ou do futuro. O v.8 ele é libertador. No
pedido pela benção está implícito que deus é aquele que abençoa.

No salmo 3 aprendemos que as orações devem ser equilibradas. Ele é uma


orientação para usarmos quando esgotarmos nossos recursos, quando estamos
desencorajados, com problemas e nos achamos derrotados. O salmo nos ajudará a
expressar nossos pensamentos e a confiar em Deus.

8. SALMOS 138: UM SALMO DE AÇÕES DE GRAÇAS

Neste tópico o autor, nos revela a importância dos salmos de ações de graças
dizendo-nos que este tipo de salmos é usado em situações de agradecimento a
Deus depois de algum acontecimento específico sendo um apelo ou libertação é
uma forma de testemunho que o salmista tinha a apresentar ao Senhor sua oração
de arrependimento e confissão em seu momento de aflição.

9. SALMOS IMPRECATÓRIOS

Os Salmos revelam emoções humanas: alegria, tristeza, angústia, esperança,


desespero, amargura, ira e ódio, com uma linguagem exagerada (hiperbólica). Os
Salmos imprecatórios são aqueles que revelam o desejo de vingança dos salmistas
contra seus adversários.
Pode-se pensar que seria pecado expressar a ira, como os Salmos
imprecatórios (Salmos 69, 109 e a137) fazem. No entanto, no próprio livro dos
Salmos, aparece a orientação divina:

Irai-vos e não pequeis; consultai com o vosso coração em


​ almos 4:4)​
vosso leito, e calai-vos. (S

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É necessário, então, compreender que os Salmos imprecatórios são lamentos
expressos diante de Deus, são pedidos de socorro e declarações a respeito do
poder e da soberania de Deus, mesmo diante de inimigos que parecem invencíveis.
Não se trata, portanto, de contradição em relação aos ensinos de amor aos
inimigos, mas sim de uma manifestação dos sentimentos humanos dos salmistas
diante das dificuldade, guerras e invasões que faziam parte do contexto da época.
Algumas observações finais: o autor não pretende apresentar uma análise
hermenêutica dos Salmos, uma vez que são expressões de sentimentos, poesias,
que são repetidos por outras pessoas, ao longo da História, e alcançam o coração
do Senhor.

10. TRÊS BENEFÍCIOS BÁSICOS DOS SALMOS

1. Orientação à adoração: O adorador pode utilizar os Salmos como um


meio formal de adoração a Deus, repetindo as palavras dos salmistas.

2. Demonstrar como ter um relacionamento honesto com Deus: Nos


Salmos, é possível identificar os sinceros sentimentos do coração humano,
como alegria e tristeza, raiva e gratidão, angústia e esperança. Os Salmos
estão repletos de sentimentos expressos de forma genuína e natural.

3. Refletir sobre as ações de Deus: Lendo os Salmos, é possível identificar


grandes feitos divinos e menções de gratidão e adoração em relação a eles.

11. UMA PRECAUÇÃO

Ao ler os Salmos, é possível que se pense numa falsa ideia de felicidade, na


promessa de uma vida livre de problemas. Na realidade, os Salmos revelam a
importância de adorar a Deus mesmo em meio às maiores dificuldades. Deus
merece ser adorado por sua grandeza e bondade, independente das circunstâncias.

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