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Boaventura de Sousa Santos (org.) Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa ode co rege rach Jodo de Swat Late SoteaTo con Denese DELVROS RY ser The de ce ‘San an 2 le ga “ole ons ead, Pi eli, smseraenso ‘nied ps de Ese gq eo em a wets defo pn Porap eo d ao Poe eMizacko waka ‘ibfstinoxa RECORD DE sERVICDS DE MUPRENSA 5. esa pce, Re ay Bs 300 (Gra 2052 Ree on = 2022970, lege Sumétio snanonugho cea Acauegho 13 sotmusswosto topes 14 2 asmowglo os eens soem 18 2. atenwmglosachuncongoeoca, 22 se conesio 25 rrerhoocovoune 29 wrncouto Para amplia ocioone democritico 29 1. AconcioHubnce DAEEMECHCANASEGINOAMEHEEODSECUO A 43 2 sconces Wo-nnNGWENS DASTIECMCMESLGNOAMEREEDDSECUE 5D 2. oapenicunimemmaronnrostcxaxn $5 rs vonunanioubs AseooosnesoaMETEMNGIO. 58 f-acrovincuctscamamaingio «5 Mowers S008 ASRAGAD DEMECRATA #9 corn t “Micromovimentosnafndia: para uma nova politica de democracia particpaiva #5 rmoougo 67 Lovecono cacinicacio $1 ‘ ooncasa com os moos 9 ‘anouarodrensos owes 102 f mourzanpeiemownewro 103 S-romaataceuccacarcNk 110 2 avoiea roimacica mancednACos MOMENTS 112 sconeiso. 125 curren (O reinvenar da democraiapartcpativa na Africa do Sul 139 sarong 135 fa tngo oA anes OUDCEANEARAAMKA DOS DE 2 cRNA AMA EAS ONCS EAS ACASSEOREA 45 Damion macinas 16 2 wns HabeRANS 19 2.3. eoonbucn uronic carom eoxsONAS 150 2 e omndcxsuoca aenon 152 2.7 wowmnnes uncos hos 152 ae counsocuciclo 159 214 eaennes tons 0 auonnanD co searino 153 die oweooonniisho 154 {i counauciocosnreacraa MMANEiCtNOAPOSNOKAISNOEENECHTEO. 155 “ecu occ aon DURANTE ATO tA A SOCEEAD reanimen 158 ‘tromecionvmartangto orm sancrnen 165 {A politica do reconhecimento e da cdadania no Putumayo ena Baita Bota (Caana:o caso do movimento coclero de 1996 171 ‘covoSes HaKo MO OS MCN OCMC BE I7E {Lasrowgs man oreo conausta 177 PestnesMEND WIE PO RGUNO NA cHGANONO EAS NIE COCALENAS 18D | sss oe cA cinco eat ORANG GMMR AOR run nsrooa uatagio sta 18S ‘:antcocgho Ego aa conro}AN EATEN SAN ACOAMOMEAT 2A unona wou CoRacAgies 19 ‘Annan on RmesHDS BSED LENO MOWED COCAEROE A ‘mswarun no aorae wes 192 >. Amoci 8 cng cA ANS OA CONSTO OE UMA CASRN DD ‘ecco eaorwoencansmetsn 197 conic go subouatccnice 204 [Emancipaio social em um contexto de guerra prolongada 0 caso da ‘Comunidade de Paz de San Joxé de Apart, Colombia 217 socio 219 ‘ocowrowrosonencuenco/Autooenmucsosocnt 220, 2 sant x masta no conte ro Po sah—a TRO HO OE rere serine 25 tana oF anTan6—uMAnTRADE LDA NESHAEACoRCMNENGO SOCAL 230, 5 oman eco oxotcanapcecommcue kar 233 f+ netcanano coun carseouo 242 13 panera cas ox CURA ACOMINDAOL OLR 244 43. congannes eoso0mcro 248 44 aotceser acon voutbnuseriacas 247 45 novannaagho soon rauica oacouvDise 248 “Casas decentes para 0 poro": movimentos urbanoseemancipagio ey Portugal 255, mous 257 {os mtr. of onion EAmneHigh TEA. 259 2. Anouo roman De 2475 CO CONTE GAORTNGO SAM 262 2. acrenbrono aANOHTE AuarAnMergio rw ourERoDD cEACELKSO. 265 2 emayrunacoMomssio0 256 52 umncownatnca ceavonscoroniess 267 2. oucmoss aca oreanns sa 276 2 4 oma muro cts oc mancrigiosorn COLSeDCMCKICRNA 279 25 nomglosomectsosian 282 «Aa 4 F/O 0 ALNOATE UM ELRS BAARENANCAO OA ramemgior 284 InsTMUGDEs E ADORE Los. 295 ‘Tribunal Consituconal eemancpasio socal aa Coldmbia 297 tpi eure een swriopiclo 299 fora rnco 300 2 wsmsicroo mmo nocisstAzO aN 305 9.ewor 310 2 encwerro waco 310 2.2 owouneama sae 31 2.4 oTemuna Cos aon rTEhnos um 7 4 roe nancrmno onnRAcOnTTUCDANL 320 1 Aide 5 e565 SERSSTHS TREN 32D 1123 orators pa otesto wso ak esmatcn Hora 327 sconcstes 200 (0 teritro como expago de ago cole: paradoxos e posbilidades do “jogo estratgico de atores” no planejamento testrial em Portugal 41 rscougo 343 1 onntauenroe Asso uaa arnoot coun roo tsar BEANE 343 11 omern ces ruincaereronas 242 1-2 eascor wommoso: cuousomasoc comme 15 1 Acoumuto paso coud 246 1.4 onto to uma come nao emutoeD Be ATO” 247 1-5: ainosTos 0 roma AL BOK TENA OC AC omENTS" 4B 2. bso msreioa os rensnenccas. 3S 2.1. awomaouauneno ceReWnocag? 251 2. mamas startco uro0e MATOS IROGGEKS 354 224, nesta earner cooeT 35 222. ODS: RAMEAETO AAD MANO ETAT OA NO DELO cotta vob 356 2 osmnovos As roesaAGes DA ENGOSOCML 365 2. unennco vssuswacngho 366 2.2 oc ummoeenca oto atunoReNCA EPO 268 Empress e esponsabildade soil 0s enredamentos da cidadania no Brasil 373 ove 378 2 ASToFOMUGH SAMSON SOL 38S ramsoons mensiners 404 connos Poder politico e protagonismo feminino em Mogambique 419 ‘ence imoougio 21 2. testo 00 FOR: b0 munis CLE EA CONTRO SOCAL eres 404 4 acinar acorn ov conuDHco MAHMNCAO MILO FNC) 437 DEMOCRAOA PATCHAINA AGH 459 comnoe (Orgamento Participativoem Porto Alegre: para uma democracia redistibutva 455 swronuo 457 I avouncaimanocaconeroMDAeN 458 ot xcmceoesomDat 62 2 oxgauetoemeno tromo acne 465 2 ms oF engho 467 2 2 omc mameantno 471 2: nosing 0s ncUSs ce vestueMo-METOOLRIAE CAMEOS IAA 2: Aevum ox EAI SOO ANHENORAGE BASEIBCRICA amc 500 «ong pumeanrno MAA SEUBCREAKDSTREUINA. S12 4.4, mec, wtcocaca ensrcso. 512 {42 enantio nancene CAS PSDs 516 42 aonanaecoctso 526 4.5 famaosoi nso omaueno rsncinno EACIEA OE ERACONS $41 sconce emmrorssazo conan 545 Modelos de Deliberacio Democritica: una anise do oramento Participative no Brasil Sst rougto S63 {1 ADtuociTENOMMLEACAEMCGENGKDANOWGAO AD ve CASCERDAGE S69 2 nowglosocuLeAcHEctcno orGAUATORNMCIHS $72 > Seago mincmaNoritoMOMKEREE RIOHOREOTE 576 dronoauaae 576 24. MERA ORDA OEASNLAS GORA 577 4112 mowoanrewenusince Aas Oca 578 313. couscve es oKaMoe aR. 579 2.2 miovonzone $81 52 canna 4s onanoes S82 2a romsoemontsoe roots S82 4 corgsniao acon EAMUMUCRODASCRRAMAA NILE 583 S.mimcgta connuonee MoNronOW NO 582 6 mow sock £A5 ORS COMA EGEMONEASASTIBCCARNETESRIRA 592 © perfil politico «institucional da Democraca artipativs lgbes de Kerala, India 599 meg 601 2orunmsancewocaci ema nao 605 2 eeocucar unwvemossocae wea 69 {nena rora RUA BCCITPARAGiO DORAN 513 {+ moeane ASU DK RFOMS ALDACOMS 61S 42. onaMaurte cue mute Dewommenciosocm 616 {ensimoccnuzcio 621 s:romwugiocmmetanaco oc RANGA De ATCO. 622 4. musinos ssunanoror pean 625 4 enor oe rane bho se moses 25 4 5 poeumos coos oo RANEAMeNTS 627 $< moctonerosmmancenas 629 5.7 surgloses ins 630 mancunne caCORE SSE 6 2 Aromcho toseues 632 6 a mauris 6H 4 quamuneoxunInn 635 fs comando tnoorane 637 6 s mowngiopacouoase 638 comonrh cinal 647 Para outs democraias 649 2 oamsstnc assess. 655 2. saencanmemmnacseuearens 657 “cette 08 Minos 661 {psc rina arociuangio serouncn sc Fee it IntrdugSo Geral & Coleco reantura de Sousa Santos A globalieasiosekberal éhoje um ftr explicativo importante dos proces 05 econdmicos, sii, pics e culurais das soiedadesnacionai. Con- tudo apes dems importante ehegeménica, esta globakzagio nko € Unis. De par com el can grande met por reago a ea est emergindo una ‘out globaizasis consti plas dese sang ransfroneinga etre ‘morimentos, uss oganizagSes loess ou nacionase que nos diferentes cantor do lobo se mbit pars lute conta exclusio socal precariasio do trabalho, o dedi das politics pblicas, dstuigho do meio ambiente e da biodversiddo desemprego, ax volagdes dos dceitos humanos, at pandemias, os és interétnicos produrides dicta ou indiretamente pela lobalzago moberal 14, asin, an globalizag alterntivs,contachegemnica,orgaizada a base para otap das socedades. Fata globalizagio € apenas emergent, sas mais antgaqe a sua maifestaio mais consistent hoje, aealizz ‘80 do primer Fram Socal Mundialem foto Alegre em janeiro de 2001. © tema desoleio de livros € a globalizago alterativa, Apresets cmtelivososaultadosprinpais de um projeto de penis ntslado “Reinventar a Enncipago Socal: Para Novos Maifesos. Realzado em seis paises — Afra do Sol, Bra Colmbi, fia, Mocambique e Portogal ete projet wou anal inciatwss, onganizagBes movimento pro: gress em cno dominios soci: democraciapariciptva sistemas 2 ternaivs de prog; multiculturalism, justia cidadaniacleras; lata pelabiodversid entre conhecimentos vat; nova internacionalsme ope rio. Alm de eador de centsas soci ede ientirtas sine ita, foram recolidatevss com eres e atvsas de movimento 065, tum subprojeto ae fo dado o nome gerl de Vaer do mundo. Este projet foi dirigdo por mim com a claboracio de coordenaores de pesquisa em ada um dos seis pases: Sala Bulangu, na Africa do Sul, Maria Catia Pol, no Bras Mauricio Gaia Viegas, na Colaba Shain Randeria Achuyt Yagi, na India Teresa Crure Silva, em Mogambique e Jolo Ariscado Nunes, em Portugal Est projetoenvolveu 69 pesquisadores ‘foram anaisdae 60 inicaias, movimentos ou organizagdes. (Ospresupostos deste projet sto fundamentalmente dos um epistemelégico «um sociopoltco, © pressupstoepistemoligico € o de que a cigncia em sera eas cacassociais em especial atravessam hoje uma profunda crise de onfiangaepstemolégica As promessas que leitimaram oprivlégioepste- ‘moligico do conhecimento entific a parte do sfeuto XIX — a8 promes- ‘sda paz eda raconalidade,daliberdat eda igualdade, do progres eda para do progresto — no «6 no se realzaram sequerno centro do see ‘ma muna, como se transformaram, nos paises dapeiferiaedasemiperiferia =o que se convencionou chamar Terctito Mundo —, na idcologia legi- ‘imadora da sabordinaso ao imperialismo ocdental. Em nome da coca, ‘moderna destruram- muitos conhecimentoe e ciénis alternaiase hit rilharam-se oe gruporsoiis que neler eapovam para prosegui a 38 ‘vias propriate auténomas de desenvolvimento. Em rma, em nome da cién- ‘da cometen-se muito epstemicidie o poder imperial socorren-te dele para sadores, cents sci ¢ clentistaatvistas que tém se debatido, mutas ‘vezesslitariamente, com ot imites ds seus insrumentos analitcos,com a posvlinlidade do seu trabalho, quando no mesmo com a angtstia de por vezes ter de vender ote saber ainterestes hegeménicos que o cobigam € pagam bem por ee, ou de, pelo menos, para sobreviver, ter de asumir ‘ompromissos que traem of sus ideas de antonomia ou de slidariedade poltica com a Tuts soins dos oprimidos. Por outa lado rats decenistassociais que, na sua maior, hoo iniios de erabalham em pass semiperifrcos, Esta excolha no foi fit to acaso, Base em vio fatores- tou convencido de que as chamadas ‘ovas nterdependénciae criadae plo capitslinformacionalecomunicacionl, Tonge de terem ciminado as hirarguas do mundo, aprofundaram-nas. Os ‘nomes que usamos para definir esa bicrarguia 50 importantes — pases ‘esenvolvidose em desenvolvimento, pais do Primeizo Mundo e do Te- ‘to Mundo, Nore e Sul pies rico e pases pobres —, mas sio menos importantes do que reconhecer que essa hiearquia existe e ests sendo ‘aprofundada, A hierarguia no € Boje etre pates apenas € entre setores ‘econémicos, grupos sci, reyes, saberes, formas de organizaio social, calaraseidenidades. A ieraquia€ 0 efeito acumulado das desiguldades das elas ene a formas dominants eas formas dominadas de cla um doses campos. Penso que ea hierarquia se express hoje de das format: na dicotomia loballoal em que o lca é forma sabordinada da realidade ow entdade om capacidade para se autodesgnar como global ena triotomiacento, ‘semiperferaepeifera que se aplca especialmente, mas no exlsivamen- te ales Esta itima earguia fo determinate na concept deste pro- jeto. Dominam neste projet pts semiperifrcot ou, ese prefer, pales de desenvolvimento intermedi dis na Amécica Latina, Basle Coln- ‘ia; um na Asi, india wm na Africa, Afica do Sul eum na Europ, Portugal ‘Ahipétese de trabalho que presi a esta escolha foi ade que, por um ado, nestes paises que maisintensamentecolidem hoje as frgas da lobalizagio Inogemeanica ea foras da lobalizaio comta-hegemSnica por outro, qe ‘ses pats, apesar de estarem fora dos centros hegeménicos de produgio de cidncia, contain, a0 longo dos anos, fortes © or vezes mumerosas ‘comonidades cientficas, Estas comunidades centificstém enfrentado, mais do que quasquer ‘ures, uma duplsdisjangio: por um lad, a dacrepni © inadesuagio das teoris equadros analtics desenvolvidos na cic central para analsat ‘adequadamente as realdades dos seus passes por outro ado, a incapacidade passiva ou a hostldade awa da cincia cental em recoahecer 0 trabalho lento produzido nesses paises de manera avtinoma e sem obedincia servil 205 ciaones metodolégicose trios e as termes de referencia de> Sseavolvidos pelos centros hegeménicos de prodsso ientficae por eles exportados, quando io imposes, em lve! global ‘os ientstassciaisdasemipeteria apic-s mor do que aquasgaer outros o que o erica literrio cubano Roberto Retamar dea respeito do letor colonial: "No hi inguém que conbocs melhor a iteraara doe pies cztris qu 0 leitor colonia” Defao, os cients soca da semiperfria tendem aconhecer bem a cnca central ea coahect-la melhor que ot cenie- tas centri, porque conhecem os Sus limites e muta vezes buscar as alker- nativas para soperslos. F uma condigio mais compless quando comparada com a condiio dos cients sons dos pes centris com a condigio dos Cems soca dos pases perifrics. Os primeiro, cenit centa em ‘1a esmagadora maora nio conhecem ese coahcem, nfo valrzamy © co- ‘meimento cientfio prodaido na semiperfria ou a peril. Ete € con ‘siderado inferior m tudo 0 que for diferente ou alterativo, Por ies, € faclente canibalizad, converbdo en recuro oe mtn prima pela nda ‘eal: No plano orgarizacona,o resultado éa proetarizag descents petifrcos e emiperifrcos. Po ua ver, os eats socas dos pais pee fercos, lém de tabalharem nas condies mais precise sujet a todo 0 tipo de perseguiges, enteseisclados, no ¢onhecem nem apreciam 0 ta- balboa semipenfena e quando conseguem Yencer 0 ielamento prociram ‘compens-o com lealdades areas inca central A nclusio de Mogan- bique no projet teve por objetivo dusar a posibiidade de relagéesalterna- ‘iva entre aperifera¢ a smipefria do drtema mundial. ‘objetivo epstemoldgio dese projeto pois ode congrega um aime +o significative ou uma massa catia de pesquisadores majositariamente da Seapets, tabalhando em diferentes passe continents, 4, cm n> junto esem atutela da ciéncia central, sacar de reivindicar a possi plo, pode a emancipagio social sigaiicar omesmo em um contexto cultura, ‘ oriental, em que'o tempo € senor eindispanvel,e num context cl ‘also ocidetaly em que o tempo éexcravo‘ mercadoria? Em segundo lugar, tte projetonio ertabelece nenbma metodologasabre-se as diferentes tmetodologias plas quas optarem os pesquisadores. Em tercero Inga, 0 «isp de um conjunto de hipsteses de rabalhoe muito menos determos de referencia. Muito proportadamente, este projetoastume que o que édefini- dd previamente é apenas o que €ertamente necesito para incentiar os dentists socias a unirem esforgos em objetivos comune sufcentemente limportants para sere avamenteparhados. A teoria deste projto tem, pois de ser consruida coleivaments, de Baixo para cma. Os conestos bs ‘cor tim de ser tabalhados em conjanto. sta violas do cinone metodolgic no so cometdasimpunemente. Evolver orico do cao eds caofona. Paso, no entanto, que, neste mo- mento corer est rico & Gna alenatva Xt proltarizagio oa merc rinaio centile. Por iltimo, e ainda contr ortodoxaepstemoligica este projet assu- sme explisitamente a plaraidade dos couheciments iva alternativos € procura darthes vox, sobrenido no subprojeto das Vases do mo. Tam- ban a revelia do cinone, 0 que ete projet privilegia€a defini de um ‘asto campo analitico, muito pouco carregado de concitostericos on ‘pios, mas defnido segundo umn onentaso geal a identfcaso de ‘campos sociis nos quss © conflito entre aglobalizagto hegeménica © a _sloblizasocontrs-hegemOnica se prevé ser ou vir aser mais intenso; cam ‘os soci confiivos que sio também campos de confltos entre combed ‘entosrivais em que a prioridade anaitea€ dada Ss Iutat que resistem & slobalizagio hegemnicaepropdem alternatvasa cla. E pela prioridade dada | globlizasio conta-hegeménica que antevemos a possibldade de conti ‘aie para a einvengo da emancipag soa. Em oataspalavra, a ciéncia 4 para nés um exerico de cidadana de solidariedade asa qualidade € frida em ‘slima instincia pela qualidade da cidadaniae da solidriedade ‘que promove ou torna posiel. Agu reside o segundo cbetvo dese peoje- ‘to—areinvencio da emancipacio social — também ee ambicios, hetero- oxo, pouco cientifico luz do eandne epleno de dificuldadese mesmo de 3. ARENVENGAO DA EMANGPAGAO SOCAL Ete objetivo levanta tds dfculdadesprincpas que sto outros tanto des fios. A primeira dificuldade diz respit propria nog de globlizasso ‘contr hegeménica,O que faz com que um conjunto de inicativas onmovi ‘mentos sjaconsiderado uma forma de globalizasio? Muitas das inicatvas ‘¢movimentos que sio analisados nest pojeto so locas, oorrem em spar ‘or tempos mito creunseritos.Ecerto que em muita delas€ pose ident- ‘car aricalagesaiangas com outa iniatvas ou organizagies xtrangeias fu transnacionais,parecendo eno legtimo false de globalzacio. Mas suponkamos que inicaias diferentes, ainda que com algumas semelhangas, or exemplona cea da democracia participa ocorran no mesmo perodo ‘em diferentes partes do mundo, massem queseconhegam unas is ours ou tem que haja quisquer conatos entre elas. Esta ocoréncia simultinea & ficients para que portamos falar de globalizaio das incativa? ‘Acancepsio dominante da globalizasiocontarhegeménica tend a res- ‘wngila as movimentoseorganizages no governamentais ransaacionais 35 sus dramticsaparghes em Seatte, Montreal, Washington, Genebra, Davos, Praga e Porto Alegre. Sem divide que exte movimento democriico ‘wansnaconal, de atvismo sem roaeea,é ums forma de globalizago con- testhegeménica. Mas nio devemos equecer que este movimento 6 baseado fem iniitivas locas desinadas a mobiiarlutsloais, mesmo que par re- Snir a poderestransloeais,nacionis ou globais. Por outro lado, centrar ‘emasiadamente aanalse em agSesdeamsticas de ambito global — ou sj, fgces que tendem a ocorter em cidades dos paises centras que susctam a stengio dos meios de comunicagioglobais — pode fazer esquecer que are- sistencia A opresso € ama tarefaquotdina, protagonizada por gente and- rim, fora da atencio e que sm esa resisténcia 0 movimento democrtico transnacional nfo €auto-sustetivel, Seri que entamos em uma época em ‘qe 4 dsingio local/slobal deixou de fazer sentido? Se que mdo.0 que & Toca é global e vce versa? Havers locas, por assim diner, deslobalizados? ‘Mas se € dificil definir ot limites do ques coasidera global, ainda & mais ifcl defini o que se considera contr hegeménico.E demasiado fet ‘efinir como contrarhegembnica toda a iicativa que resist e eia alter ‘natives logca do capitalsma global Sabemos que a opressio ea domina- ‘io tém muitas faces que nem todas sio diretamente um efeito do ‘aptalino global, como a discriminagio sexual, a discriminagio én 08 ‘xenosbica e mesmo a arropiacaepstemolégic. Elis, posivel que al~ mas iniciativas que se apresentam como alterativas ao capitalism glo- bal sejam, cae prprias, tmibém uma forma de opressio. Por outro lado, ‘uma iniciativa que em um dado pais, uma dada comunidade, um dado ‘momento, évists como contachegeménica pode ser vista em outo pa ‘ou outro momento como hegemnia. Finalmente, iniciativas ou movimen- tos contrayhegemnics podem ser cooptados pla globalizagiohegem@nica sem que disso se dem conta os seus atvstas ou Vejam nisso um fracas, dem até ver isso uma vitria. ‘Asegunda grande dificuldad,e portant, o segundo grande desafio, 3 asiculago que pretendemos identifica ene a globalizagio contr-hege- ‘monica ea emancipagio social. O que & afinal, a emancipasio social? possvel ou legtimo definilaabsratamente? Se €verdade que no ha uma, nas vias globlizagGes nose iglmenteverdade que nso hi uma, mas ‘ras formas de emancipago socal? Tal como a cinca, nfo ser aemanci- paso socal de narureza multicultural, definielevaidvel apenas em cer fos contextor, Ingares e ccunstinias, uma vez que o que &emancipasio focal para umn grupo social on em tm dado momento hstérico pode er Comsierado egulago 09 mesmo opesso soda para outro grupo socal 8 ‘ern un momento histrioseguate ou anterior Toda asta contra apres so, guages que ra on esis e bjt so tas ela emancp- ‘osc Fa rade mancpsio ec & pose a maces soa fem a emancipai indi? Emanciao tocl pa cm © Pte conta qem eons gi? Quem oo ent a cman veal alge agente pesado? As ors sca intaconas hegemonic ‘oo, por exe 0 Estado pede sr cmpces ov elaboradore soe de ages de emancpaso socal? Para que ipa ges ecm qu conigba? Selaamor dere daemancpsin soa quero dequeue ons forma de crancpgio sts deca porque nanos? Como dete ‘aoa ert oe gran er eds Con el tir oseafacaso? Estaremot tnd por oven ened de emanpg ‘oval on pls velo onto pena apeetador segundo nove dis Cio promepidos pr nors proces Mais atcalments, falar deemanipao soil no flr a inguagem heseménie gue torn improninr a aspires de tates porn srupossoi angola tsa plaeconoiapelcacarectica? Corremos orzo de promoversepress sel endo a lingge da emancpaio socal? Como steratr podem si odes os noon bjctvor cient pit sem sro concto de emancest soc? ‘Aeris ificldaee ors denn no meu entender ais 1mnica de democracia, que foi a forma como a burocracia e sua indie pensabldade foi sendo tazida para o centro da toria de democracia, A ‘origem deste debate também remete ao priodo entre guerra ¢ 20 debate ‘entre iberaismo e teoria marnst. Mar Weber inaugurou essa linha de ‘questionamento da tora sia ds democracia so colocar no interior do Aebate democritic do inicio do sul a ineitabldade da perda de con troe sobre 0 process de decisio politica e econdmica pelos cdadose seu controle crescente pot format de organizasio burocrtiea. O motivo pring pal pelo qual aconcepsio de Rousseau de uma gestiopariipativa no pre- Yalece fia emergénca de formas complexas de administastoexatal que levaram a conoldasio de burocracis espciaizadat a maior part dae nas grids pelo Estado moderno. Para Weber, °aseparacio do tabalhador ‘dos meos materiais de produgo, destruiio,administagio, pesquisa aca- ‘retold polite ost propo formar epics de deco, Ssade nr caf ssbutado pide do conse, 806 por a gum mecanimo rao de storage "hcp forma de usc du questo depress mete a sua lle quo du caputade a oma de repent de prestaen duis dat opine ve soca ar Mil ‘embla cnt uma miata do claro eva ambi repre Stave caper de expres endécnJomiantes J trad, Tl ‘Eordagem levou«conrptohegenic de decries ear 9 neds stems eer a repreetagi doelctrao Lar 1984). ‘Ronee hegemie da democrat, 2 abordaro problems da epe- sn meinen loa en oa teprocmaglo ever pelo menos ts dine ada aon da ‘depade cada pesto de cots ima ntoduia no debate Amowcomutorecnemete) See verdad gue a storasio warp Saas fact exerci da democracs ema amplinds como =r mets Dal verdad taming presets ita slo das daw coves quote a presae de conten dacs de al Spl lentdad Apes io gras, plo metodo da tomada de Acs por maior, qe eats mint ter expe ade Guns no partment repeat ao dra presto de cont em Sin procene de capes do petentante nitro wm oso “Ere oem pte ngs es un oni a Spano gn mani nn a ‘sim pn nie pane od poi aaa ‘pesmayn melons prc rspc ape pt eine (DicGeaee iene uss rspgno com em wo gS de questi, também dificult a desapregacio do procsso de prestagio de contas(Atato, 2000; Paeworki tal, 1999; 32) Desse modo, chegamon a um terceiro limited tovia democrtica hegemnict: 4 diiculdade de re- presentar agendas identidads especifins.Voltaremos a esse ponto na pa te inal desta introdust. E pose, portato, perecber que ators hegemnica da democracs, ‘no momento em que €reabertoo debate democritico com fim da guerra fri aprofundamento do proceso dpglbalzago, et frente a um com junto de questes io resolidas que remetem a0 debate entre democracia representative democraci partiiatva Este questess colocam de modo mais agudo naqueles pases nos quai existe maior dversidade étnis; entre agueles grupos qu tem maior dfcaldede para ter os seus direitos recone ‘ido (Benabib, 1996; Young, 2000); nos paises noe quai a questi da d= veridade de interesses se choca com 0 particularismo de elites econémicas (Géron, 1994). Na eso segunte, procuraremos recuperataquilo que de- nominaremos uma "concepio nio-hegemdnica da democracia,tentando mostrar como os problemas apontados nessa seo podem se articlados partir de uma Sica diferente. 2. AS CONCEPGOES NKO-MEGEMONICAS DA DEMOCRACA NA SEGUNDA 1MerAve Do sEcuL0 xx 0 periodo pés-gucrra no asin apenas formacio e consoidasio do eliismo democritico. Ao largo da formacio de uma concepsio hege- ‘monica da democracia como pric resrta de legitimasSo de governor, ‘surgi também, no perodo pérguerra, um conjunto de concepgoesal- ‘ernativas que poderiamos denominar de cntra-hegem@nicas. A msioria Asi, os ato gui citadscolocam para pita democriticacontem- pordnea no x8 como €nconclsiv o debate entre representagioe partic pag da forma como sustentam as teoriashegemnicas da democraca, ma [neces de uma nova formlasio em relasSo&combinacio entre esas ‘iferenes formas de democracia. 6. concwwsho (0s estos ncaidos neste volume levantam mais questes do que dio es- posts. Niso permanecem fis ao objetivo central do projto A reinvengdo ‘deemancipag aca, no ambit do qual fram realizaos. Este projetovisow ‘eseahar novos horzontes de emancipasio social, on melhor, de emancipa- ‘hes socials a partir de prticas que ocortem em contexts especifins para dar respostaa problemas coneretos.Portanto, ao éposivel rar dela solu ‘hes univers vidas em qualquer coatexto. No maximo, tas pritca 10, Unimadas de apirages emancipatrasamplas is quas procuram da reali- ‘ago parcial elmitada. entre realizagio ea asprasso est aimaginasio do posve paaalém do ‘real existent Essa imaginago €composta das pergunta que constitu Aesenho dos horizontes emancipatrios. Nio se tat, pois, de quaisquer perguntas, mas sim de pergeatas que resuftan do exceso das aspiragbes em Felagio a relizagoes de pritica concretss. No caso espeifico do tema do projetoanlsado neste volume, ademocraia participative os horizontes io ts pergntas que interpelam a posibidade de ampliar 0 cinone democrsi- co, Através dessa posiel ampliago,o elnone hegemnico da democracia Iiberal écontestado na soa pretens de uiversalidade eexcusvidade,abrin- dose, asin, expago para dar crédito a concepéese pitas democriticas ‘conta hegemnicas. Mencionsmos seguir as questies eas respostas que € possivel dara algumas delas. 1. Aporda de demodiversidade comspacasio ene osestudos debates sobre «a democracia nos anos 60 ena ima década lva-nosfacilmente 3 concia- ‘io de queen nivel global se perdeu demodiversidade noses int anos, Tor demodiversidade entendemos a coeistéaciapacfica ou conflituosa de siferentes modelos epriteasdemoudticas. Nos anos 6, se, por um ldo, © ‘modelo hegemnico de democracia, a democracia iberal, parecia destinado {far confinado, como priica demoerdtca, a um pequeno recanto do ‘mundo, por outro Ido, fora da Europa cidentale da América do Nort xian on pes poli qe indica ate dma feta ar det ste cdo do gue ban Cra er neta, nei gue cs pas ola arnatan fem prea forge seid, oar tonto o mos de Sone tsar como et nico cena eantconepaofe ces {LeloBunce Mandal ce Pie Mentions stanton ter codigo plea prs cnet dene ta mest ‘Recut do modes Wer en mou fico erred mpc 4 oo ve un peda de demolneade A agatha dena peda ten di incre O print ep picid a democrcS, ono enon adeno tn urate ome ern tie db termes ewe ae ase pc tom nar ste Cowie Ee nvr em ume costlgo clade a oder 0 tate rvscontln por cout com ontrexiis minder tr revsins como ancl ao pad, sem arena ier ‘Sade do ee valores Saban hoje qin carina eer Nira que aunenan 2 dap com xs erent Coutetan 06 inport por for de crensasas each e {ono ts tansfornan en arin impel ta gio impel eto mas pete gosto & vie! sors svaaladora da flan neler ean qo, emsen nome, impem gob tens aio de danorc irl Ni fr et potas inc do aloe gue set + denowac ne ego oh aa fm ous clus que hes ops como fa Aarts Se (199) Ta ‘Sovegtncn nl pod sr poad ono peta depart Tem de anda o pono de choad dun ogo inca em qe Cate clrt pons presto Sago ge oop, cmd, Sires squo ue pope stnemaret Somor apr del digo cal errs que ele n- nccrdar pastes esque prtcipan Ae conegtain gue ream Gus sempre en os de bdo cura te de et come na frie dpe argument dart, Nog eee [pei asada nee volume vemos eid sored ter cde decode nd a aed prt, dum mato dob Trono entudos de no de Moguabigue, Bal Ae do Sle Calonbia Aged de donee nena prom epindo ogo bors stdnomo em lato a rar se aconad Tate da Aistngio entre democraca como ideale democraca como peta Esta dis ting € central ao modelo hegersénco de democraca eft introzida no ‘debate para justfiear abaixa intensidade democrstien dos egies polticos Jnsituios quando comparados com os deisdemocrtios revluciondsios do final do século XVII ede meas do século XIX. A imposigio universal ‘do modelo liberal leva a extemo esta distinglo © nela a demoeraca real mente existente eats freqUentemente tho dsinta do ideal democritico que to parece ser mais que uma cariatra del. Ali, esa dstncia por veres ho € menor nos pases cenris do que not pales perferios,apesar das tparéncia em conriio. esa dntnca que leva Wallerstein a esponder a ‘gest sce o que pens a respeito da democraia como relizagio com a ‘esposta que Gandhi des quando the perguntaram o que pensava da ciza- ‘i ocidental: “ceria uma boa ida” 2001: 10). "Neste volume fcam descrtaseaalisadas pitas e aspragSes democr- ticas que, nos diferente pase inegrados neste projeto,procuram levar a serio aasiragdo democrtics,recnando-s acta, como demoeritcas, rit ties que soa caricaara da democraiag sobretudo, ecusandoaceitar como fatldade a baie intensidade democriticaa que © modelo hegennic su- jeito a partpagio dos cidadoe na vida politica De maneira muito dint, fests pitas buscam intensficar €aprofundar a democraia, quer revi ticando a legtimidade da democracia participa, quer prssionando as insituigies da democracarepresenatvs no sentido de as tornar maisincla- sivas, quer anda, buscando formas de complementardade mais densa en- trea democraia prispatvs ea democraca representa 2, Olocal eo gloat Saliestaos notexto que omedeo hegemsnico de demo- ‘cracker do how parcipagio ata dos cidados na vida police, quan- ‘doatem acitado, sem coninado em nivel los Tatas daconhecida question ts scala, Mais adante nesta concasio vltarees 2 asunto, mostrando a resporta contra hegeménica ea gusto, com base na qual é pose cons ‘eur complementaridades dens ene democracia partcpasvae democraia representative, portant, ene escals loci esas nacional Nestemomento,qeemosflar sche sr poses artclages wansnaionais ‘eure diferentes cxpeiénit loess de democraia prtipatva ou entre ess, texpergncis locas movimento ov organizes tanmacionais interesados ‘na promogio da democradiaparicpatva. A slabaizacio conmahegeméaica psa, neste campo, por eva articulages, Sia ele que penite eat o local ‘ont geménic, 0 local que € 6 outro lado do global contr begeméaico. sas articulagies do crib foram pics locals el simples fato dea ransformarem em cls de dese movimentor mais amples e cm tale cpaciade tanaformadora or out ado tas richly tora por sivel a apendzagem recirocaecontina, 0 que em noso entender, um r= ‘uisto stencil para 0 éxito das priest democriticasanimadas pela posibilidade dademocracia de staincensdade. Como anos pio neste pro- eto ot analsarexperincis loss de aprofandament demexrstic, article so entreolocl eo global surgenestasconcuses como uma questo aque nto podemos por agora responder, masque sens afgua fundamental responder ‘no fatro. Mesmo asin, alguns ds eso anaisads do cont, plomenos a plictament, dessa aricilagso No cso da comunidad de par de San José de ‘Apartad, esa arculagio é expla. Ure mostra aimportnca da rede de solidaricae wansnacional no seatid de dar vsbilidade tanto nacional quan- to internacional, lta pela pa desta comunidade colombiana. Por uo lado, embora essen teahasidoonoso objetivo analito,sabemos ques experi «as do orgamentopartiipato tim srgido em vias eidades do Bra ede ‘utos pais da Amica Latina, que at expeiénis mais recente tim ano com experidaia das mais anrigase que hi mesmo rades de cidade, expel mente no dmbio das cdades do Mercos tom o objetivo de disci em co- ‘mum a cifeenes expriciae modelos de emocraca parca eu inites seas potencs. A forgadsglobalzagio conta-hegeménica no dominio da Ampiagio do aprofundamento da democraciadepende em boa medida da ampliagioeapofandamento de rede acionas egonas, continents ou glo- bas de priv loci. 3. Os perigos da pervert eda coop. Vis como a8 spas revo- Iucionris de paricipagdo democrtica no sfeulo XIX foram sendo redui- dos, no deoctr do séeulo XX, formas de democraca de baixaintesidade. Com isto, of cbetvor de incluso social ede econhecimento da ierengas foram sendo perveridos ¢contertidos no se contro. Ao perigo de per- versio e de desaraterizasionio esto, de modo neahum imunes is prét- as de democracapartiipativa.Tambm elas, que vsam ammpliar 0 clnone politico es om sso, ampla oespago pblico eos debates edemandas socias {que consttuem, podem ser cooptadas por interessese atoreshegemnicos para com bae nels, legiimaraexcasio socal ea repressio da difeenga. (Ostextor de Paoli e de Guera do conta deste perigo. -Mas aperversio pd ocorer po mits ontra vias pelaburocratiasio 4a paripacio, pela reintoducdo de cientlsmo sob novas forms, pala {nsrumentalizasio partidria, pela exlusio de interesses subordinados ara és do slencamento ou da maniulasio das insiuigSes partcipativas. Es tes perigor 86 podem ser evitados por intermédio da aprendizagem e da refleo constants para exer iacentivos para novos aprofandaments de- rmocriticos. No dominio da democracia participativa, mais do que em ‘qualquer ouxo, a democraia & um principio sem fim ea taefas de demo- ‘razagio #6 ve mstentam quando els propria so definidas por procesos ‘democrtcos cada ver mais exigent 4. Democracia participation edemocracia representation. Esta aver quer: tio aque os etudosreunidoe neste volume do mais exports, por iso, Ihe dedicames mais espago. A solusio dad pela tora hegembnica dade ‘mocracia para o problema da relacio entre democracia representativa¢de- ‘mocracia partcipativa—a solo das ecalas—nio éuma solugio adquada porgee dexaintocado o problema das gramiticssociss,eofrece uma rs- ost simples, exclsivamentegeogefics, 20 problema da combina en tre partiipago e representa. As experitnciasestudadas neste projeto oferecem uma resposta alterna tiva para o problema democrtico. Els mostram que a capcidade de dat ‘com a complexidade clara eadministativa nioaumenta com 0 aumento das eral. E mostra, sobretdo, que existe um process de pluraizasio carl e de reconhecimento de nova identidades que tem como conse- ‘cia profundasredefiniges da pitica democratic, edefnigbes sas que ‘tio além do proceso de agregasso proprio A democracia representaiva, ‘A nosso ver existem dus formas possiveis de combinacio entre demo- ‘raca patcpativa e democraca represetativa:coexisténca e comple ‘mentaridade, Coexstnca implica uma convivénca em ives diversos, das ‘iferentes formas de procedimentalismo, organizacio administaivaevaria~ ‘ode desenbo insiracional. A democracia epresentativa em nivel nacional (Gomisioexclasvo em nivel da consiigio de goveeos; a acitagio da for sa verical barocriica como forma exclusiva da administracio publica) ‘coexite com a democraciapariipatva em aie local, acentuando deter- [ Semncihttsagrtets reenter mae sminadascoractrisiaspariciptvas if existentes em algunas democraca os paises centras (Mansbridge, 1990) segunda forma de combinagio, aque chamamos complementaridade, implica uma articulagéo mais profunda entre democracia representativa © rode cerca de 30 mil grupos de micromovimentos em todo o pais (Kapoor, 2000), Para que se possam entender os termos em que ests grupos movimento concchem e express a ida de democracia patciatvs, importante onheoer 0 contexto em que surgiam e os desafios com que se cononta- am ma faseiniia da su forma. Una parcla bastante significative reson nar as suas carries profsionais. nteresiram-se por asuntos clentelas abandonados pelos partidos politico pelo sindcatos e ocoparam-se ta ‘bm dos que eam mal servidos pea administrago publica. A form organi ‘aativa para a qual evluiam no foi a de patdo politico ou de grupo de reso, mas ade associag de cdadios,conduzindo lutaspolitias relacio- nadas com as questes que les eram apresentadas plas pessous dirtamente aferadas por elas. O concit-chave com que trabalharam fi o da democrar tzagio do desenvolvimento através do aumento do poder das populagtes (Sethi, 1984). Important sublnar que politi dos movimentos de base surpa fora do contexto das insiigbespoicas da democraca representa tv enaiatersegio da sociedade com a politica, envolvendo diretamente as pessoas nae lita para alters as sas vidas soci polis 2 opiscuRso pa cioeanzacho [No inicio dos anos 90 ot moviments de base contestaram todo um novo, ‘conju de ers utifcativos da hegemonia da recente ordem mua ‘stabelcida ape a guerra fri. Antes disso, uma parea sigifcativa dos tmorimentos debate indian dediavam-ae protestar contra 0 modelo de ‘desenvolvimento eit exclusives conebido plas instiuigs de Breton ‘Woods —criada aps a Segunda Guerra —e pelos pases qu as ptrocina- ‘vam, que pretendism aplic-lo uiforme e univesalmente. Condo, esses protests cram largamenteexpresos no context do discurso desenvalvido eos novos movimentossociais do Ocidente, nde as ameagasnuceares © fmbienaie que a guere ria produiu para 0 mando inteiroeram seatidas ‘mais intensamente Foi por este proceso que cresceu, no Ociente, aida € ‘leampanha pelo “desenvolvimento alternativo".Apesar desta ida ha mie to ser propagada epraticada na India pelos atvistas do movimento inspta- dade esustentabilidade Na sua perspectiv, ose impacto tem sido, paras paises pobres, ode produzi formas novas e mais desumanas de exclusio€ de desiguldade — pores do que as que foram ciadas pelo modelo de De- senvolvimento da guera fra ates dele, plo domiaio colonial. No que ‘iz respit Ina, esto patcuarmente preocupados com o feito megati> ‘yo da globalizagio na democracia. E quando as dases pobresencontram ma ‘emocracia uma aposta a longo prazo ecomecam a conguistar a parte que Thes €devida no governo, que o poder do Estado (governos lets est sen- do, ele mesmo, enfraqueci eesvaziado pela estrutura global de poder em ‘colaboragio com a elites metropolitans do pas Posto de uma forma sin- ples or avistas de base véem a labalizagio como uma forca que enfraque- ‘ce, na verdade deseptims, as instiuigbes de governo democritias 20 ‘etabelecer a supremaca do mercado sobre a economia, a sciedade ea cal tara. E uma fora que, aa peespectva dels, procura desfzer a revolugio, democrtica indians. ‘5 ANOVA FOLICA DOs MOWMIENTOS ‘Como vimosacima, do ponto de vst dos movimento, 0 discurso da glo- balzalo, ao prvileiar «iia de gover em rclgio de transformasio ocak esvaziou o desenvolvimento do ea conteddo politico, ou sea, des- poliizou tanto 0 conceit quanto a priics do desenvolvimento. Em otro nivel a politic da globalizaio, a0 ublza 0 poder financeio e militar dos oucos paises poderosos do mundo, comegou a colocar as isting de foverno democritico e de soberania popular dos piss priféricos numa ‘elagio subordinada em relago & estutura de poder hegeménico global Baseador nesta avaagio do impacto neatvo da globalzacio, tanto para 0 desenvolvimento quanto para a democraca, os movimentos de base diigem, soa politica esas ativdades para ating dois resultados inter slaionaos: 1) repoltizar 0 desenvolvimento eb) reinvenat a democracia participa, 6, REPOUTIZAR © DESENVOLVIVENTO Arualmente, 0 principal esforgo dos movimentosconsiste em manter vivo o debate sobre o desenvolvimento, mas reformulando-o em termos que por ‘am nacional globalmente efetivamentecontarar as etruturas do poder Ibegemenico. Assn, continuam a enunciar a velba qustées do desenvolvi- mento em novos termos politicos, ainda que o seu objetivo permanesa 0 mesmo de sempre, especialmente, que os que esto na base da pide x: ‘contrem osu sto lugar como produtoes na economia e ciao na pli tiea Em conformidade com io, agora encaram o desenvolvimento como uma Iuta politica para a participacio das pessoas na dfinigio dos objeivos do desenvolvimento eno planeiamento dos meios para aingilos. A su vie #o do desenvolvimento 6 deste modo, um proceso pluralist, nlo-hege- ‘ménico, em euja artculagio utilizam conhecimentos a que ehegaram induivamentee eittros desenvolvidos por eles através dos seus prépios combate. Nesta operagio, cada vez mais relacionam os assunts debatidos tlobalment, como 0 feminsmo, 2 ecolegia eos direitos humanos, com a¢ ‘epecificidades econbimicas, soins eculturais da Indi, nas quas aqulas ‘quests esto inseridas. Em conseqiénca, a sua politica € sobe fazer do ‘as de “combate 3 seca", euliinando em uma bem-sucedidacampanha ‘nacional peo dteit nformagio. Um antigo e ainda ativo movimento dos ‘aos 80, © Narmada Bachao Andolan (um movimento para preservar modes ‘racia ndo-partdra (Narayan, 1959). Era eco da ida da epresetasio ‘por partidos politicos e defend uma forma mais participative brangente ‘de democracia, que constitu uma bate demoertes ampliads a partir. «ds qual o poder brotria e acendera para efulas que wtlizariam 0 poder ‘que Ibes fora atrbuido plas clus do nivel inferior, tad isto em cond- _6esderesponssbilzagio e ransparénca. A quantidade eo género do poder ‘ser aribuido ama odalacolocada em um nivel superioe seria mediante ‘a necessidade dessa cul Todavi,a tee de Narayan causou um impacto ‘muito pequeno fora dos ctcuos dos seguidores de Gandhi De fato, atria ‘citcasagudas dos tercos democrticos liberi, asim como dos polit ‘os dos partidos, que viam esta texe como um exerccio ingénuo de um ‘dealt inconsciente ds suas perigosasconseghéncias para a pedpria de ‘mocraca (Kothari, 1960). © documento fo pratiamente “retieado” do iscursopiblico, mas, no prato de dis aoe, Narayan surgi com um ma- nifesto policamente mais poderos eabrangente sobre a questio da de -mocraia participativa (Narayan, 1961) Nel, rebaia os argumentos dos seus crticoseelaborara aa texe isi afirmando teria ehistoriamente r a necesidade de uma democracasbrangente na India, onde o poder eco- ndmicoe politico owe ewencalmentemantido eexeredo dretamente pelo ppovo a parti da base da organizagio socal. Nao demorou muito para que ana visio da democracia encontease uma expressio politica poderosa [No inicio dos anos 70, langou um sélido movimento com o objetivo de, rwando asia expresso, restarar 0 poder do povo Gokshatki na demo. ‘rai (Narayan, 1975). Esta dia do poder do pove in‘lamow aimagina ‘ho de muitosjovens qu, alm de strafem a atencio do Governo em Delhi, ‘eram origem a um novo género de micromovimentos, celebrizado e cx racterzado pelos tericoratuis como “proceso politico nlo-partidrio”| (Kothari, 1984), Este género de grapormovimeanto, que emergix a partir do que se rornou conbecido como o “movimento JP", tem, desde entio, trabalhado nas bases, Articulam a democracia patciptiva em termos de umento de poder do povo através de combates quotidianos pelos seus dicitos, assim como através do aproveitamento dos seus esforgoscolet- ‘vos para desenvolver or recursos locas para proporciona 0 bem-estarco- Tetivo. ‘0 mais notivel, neste género, fi o movimento langado em 1978 por ‘Chhatrayuva Sangarsh Vabini, conhecido como o Movimento Bodh Gaya (ama organizacio juvenil para a tansformaséo sociale politica que in- ‘dui estudantes e nfo-estudantes). Desde entio tem servido de fonte de inspiraglo nacional para muitos grupos-movimento. Este movimento fot bem-sucedido na apropriagio de cerca de § mil hectares de terra que pertenciam a uma insituigio tligiosa de Bodhgaya, um dstrto do eta- Go de Bar, através da ago diretanio-violenta. Os campos foram lgal- ‘mente edistribuidoea familias de trabalhadorcsraras que a eles estavam Tigadas hava geracies, No decurso da redistibuico, os direitos legais de ‘posse da tera foram atibuidosigualmente a homens ¢ mulheres. Mais importante do que este resultado em forma de reisribuigo de errat foi processo de mudangs através do qual os objtivos mais amplose ot ‘aloes de ransormagio politica esol do movimento foram mantidos ‘vos, transmitidos e aitda que parcialment,isttucionlizads, tendo feta, naguela dre, a vida de cerca de tr il famiasparticipanes De fato,ogrupo-movimento assegurou que os dalits(exintocves), cua dirito3 terra levou to langamento deste movimento, peemanecessem na Tinha de frente, tendo as mulheres desempenhado papéis de lideranca tre 0s moviments; (2) em nivel labs, por um pequeno setor de ait dos movimentoe que no limos anos comesacam a participa de vsioe m0- iments ealhangae trasnacionais para a promogio de uma politica ani lbalizagio hegeménic, Nsto tudo ets impliitoo objetivo de longo prazo ‘dor movimentos de tazero ico envavente préximo (roc, econ mio, cultural eecolgico) em que as populases vem para dentro daesfera de asioe de controle desta ‘Contudo, eta politica dot movimento leva-os freqhentemente 4 con frontagio com o Estado, a administragopablica,amaquina legal polcal, as eartura do poder locale cada er mais, com as mulsinacioais que ‘adem os espagos rari ewiais.Algumas vzes, os micromovimeatos tax ‘bam enteam em confit cam os parties politics com os sindcatosinstiidos. ‘Todava o atvistas dos movimento encram estes confrontos como wna ‘expresso da uta mais ampls de longo prazo para transformasio politica ‘socal, ¢nio como um meio para compe com os partidos poliseos 20 Smbito da politica da democraca repeesntativs, para conqustar © poder ‘tata. Consideram, portant, a5 suas lutas qootdianas como um proceso tamene, dos procesce de decsfo Em sums, falar da utopia da democraia ariipativa ¢ falar da expanso da cidadania tent no sentid formal como fbetantiv,e geralmente, a dase tabalhadora, eouteos grupos marina lizado da soiedade, qu defend ets ids, vist ser aguela que mais raem tm sistema particpatvo. [No entanto, na histria da humanidad, foram poucas as atte revolu ‘esque resularam em experiéncas estves de democrcia particpativ,€ ‘esto aquelas que foram bem aces tiveram tm perfodo de vida curto De fato, mites voles dsladiram a grande msiria dagueles que mas se sacificaram eque esiveram na linha de frente da revolugio. Noentanto, ‘oExao-providécia eo regan do eegulamento socal que © acompanhon ercorreram ua loge cain na stenuagio do impacto da marginalzasSo dss clases subordinadase, como tal, judaram a manter um certo grav de ‘cediilidade do sistema econémico capitalists A subettigio do rine de regulamento socal do Estado-provdenca elo regulamento do mercado a pati do anos 70 resltou em exelusso socal e marginalizagio sem prece- dentes de milhdes de pesoas das clases subordinadas Esta exclusio © ‘marginalizasio €sindnimo da arual fase de globalizcio e da ideologia hgeméaica aca assoiada — mercados lives, intervensio esatal minima, rigor isa ecortsorgmneatasem todos os serigo fornecdos peo Estado Exetem nogice de democraca diferentes ¢opostas, todas elas girando ‘em tomo do modelo decidadaiaem anise. Paey e Moyser (1998) suge- ram dass categorise amplas ov nogSes de democracia, especialmente, a ‘concepsio “participa o radial” ea concepgio "realists" Segundo estes sutors, a eiolaparticipativa, encorsjandoa populago a tomar parte ai "3" no governo, procura expandir a partciagio civica para al da for ‘mas tradicional, tai como o voto ea aesinatra de ptigBes (1994: 45-46). [A gencalogia desta idiasremonta a modelos de cidadania apresentados ‘or tercos como Rousseau e J.S. Mil, mas deve acrescentarse que asia {nflugncia permeou as cortentes mais modernas da céncia socal radical. A ‘concepsio realist, por outro lado, defende uma nogio de partcipacio, muito mais conservadorae limitada que no vai muito além do voto em inteevalosregulazes. A teora ds democracia de Schumpeter (1987), que tem por bse a visio de que" eletorad €incapaz de outra ago que ao ‘© pitico em massa” (1987: 283), €um exemplo desta concepgzo conser- ‘dora de democracia, O modelo de cidadania em que esta moo de de- rmocracia est implicita € um modelo excludeate que serve spenar aos intereares das cites da sociedad, ‘Africa do Sul acabou de emerge de wm periodo de prolongado conti to em que maiois da populasiotavo Ita herdies conta injustice do gio do apartheid Esta lata representou ama tentatvs de lear ex: pansio da cidadania através da incluso de toda a populgio na vida socal, ‘econémicae politica do pas. De fato, a Freedom Charter, um document socildemocrataadotado em 1955 pelo multiracial Congres ofthe People’, ‘epresentou uma tentatva de inci todos ox cidados nos asantor do Pal, speando 20 seguinte +o dieito de todos os cdadiosverem garantidos os seus dieitosplitcos + ccs iguais para diferentes grupos soci; ‘anacionalizasfo de stores eatatégica da economis; tum programa radical de reforma arias a protegi dos direitos humanos de todos os ciadios; garantie trabalho esegrangs para todos, a garantia de educagio e habitaho para todos; «+ oreapeito ao dritore a scberania de todas as nage No contexto da Africa do Sul do apartheid, a Carta repesentou um projet ‘contr hegemnico que procirava ates as desiguldades ex exis socal do sistema. No coraio de documento esto git de ordem * poro gover far” inpirado em nogSes de parscipago eaatogoverno nos niveis mais bios da eautra social. A Carta fot ada por vis geragies de atvsas em diferentes reas, como a aio cic, a edcagio ea sade, servindo tan bem de guia de api em Its para a criagio de “érgios de poder popular". No entanto, a Carta da ibardade no fot ania orgem das noses de formas parigpatvas de democraca. Um movimento sindclatamente progressto [fees ae tem sido atuante deseo inicio doe anos 20, nos anos $0, ese movimento oss etrutura de representacic lderang elativament fortes democrat Eamente ceitas (Lambert, 1988). Quando o movimento fot esmagado ‘no aor 60, lvosalgum tempo para cemergit, mas quand 0 fe, n0 inicio dos anos 7, nutri, conscientement, uma adiso de democraca que com- binava clementos de particpao drt e reprs de epresentagio democrit> ‘anaes estrus. Este capitulo rela a emergénciae odesenvlvimento do dcuso da democraiapartcpativana Aftca do Sul durante e depos da Tata peta liberagio,parindo de exemplos das arenas cvcaesndcal dessa Tata. Procra sina identifiarewblinhar fatres eprocessossocas que tem shalado a democracaparicpatva dee oii dos anos 9, parialemen> teach o regime democritio qu fi naugurado em 1994, 1, ATIADIGKO DA PARTICAGEO DEMOCRATIC NA AFRICA DO SUL Ded inicio do século X%, ata pelaberdade tem pasado por fase qua Tiatvamenteiferentes, rods elas procurando expands dfiniio de berda- critica €aguela que tve inicio em prinipios dos anos 70, sensivelmente na ‘mesma época em que onove movisent sindcl emerga, Apesar desta fase ever sus orgens a inicio do perodo de mobiizaco de mass atvsmo, ‘formlagioflosficae a organzasio das suas ideas tem uma drivagio intelectual muito mais forte que a anterior. Nest sentido, o tabalho de Richard Turner, um over fil6rofo que estidow na Cidade do Cabo e em Pats, represent a mais desenvovida busca de ensancipago que fi alm de tradigde enogies de democraciaherdadas. sua obra embrionéria, The Eye ofthe Neale: Twards Participatory Democracy in South Africa’, foiispir {dapor agulo que denominou “enecsidade de pensamentoutépico”. Taner ‘elena a necesdade ca possibilidade do afastamento da nogio de que a ‘socedade ea nsttiges soca so “eatdades natura, parte da geografa do mando em que vivemos” (1980: 2). Se queremos fli sce nos valores ent, tems qu ver guns dos a pecorda nous sree que nesarameate team dosimperatvos da furtahuman eds crn ia dor so aspecor so made Depois tenor qieomarerpistororprincpi dealer nquaatos nono cemmpertameng tale eticlors ade cntoe aloes pou Atom ‘norcomcinca de quien valor qi ots forma toca poste nfopoleemes juga a sosedaeexsente (180: 3 ‘Tamer procedeu enti & discussio ds sua “socedade ideal posstl”, que rirava em torno ds nogio de democraca prtcipativa. Os dois princpas equisto dest tipo de sistema socal so: “ela permite que os individuos teaham o mtn controle sobre o seu ambiente social emateral, eencors- jis a interagitem de forma produiva com ox outros (1980: 34) [irs Sirti siem 1972. Tae fo mort por asin do ported [As das fases da Ina sul-aticana podem ser vistas como entigioe que scbrepem-seeconsolidan-se mutuament na evolusfo do pensmentouté pico na bus da emancipagio socal aa Africa do Sul. Durant a prima fase, aEnfase era colocada na definigio de democraca patiptiva como {deal ou meta. ser atingida no momento da ibertagso Oapela da Cate da Iberdade a0 estabelecimento de “Gepios democrsticos de autogorer” em ‘uma soiedade pé-apartheid faa parte deste discurso. Durante a segunda fase, a democracaparticipativa nio era apenas um objetivo a ating no fi ‘ros era vista também eomo pris no interior de organitagiee do mov ‘mento prévdemocraa. De certo mode, esta imtensifieasio do dcurso que scare a teadugio do ideal para una “utopia real” poderia ee observada sais claramente as lus sindicaise comunitrasevieas dos anos 70 em dante. ‘Uma ds tradigGes de que o movimento sada pés-1973 continvon a congue foi ada democracia edo controle por parte dos tabalhadores das estrturas ¢processos de decisi interno, Freund defende que isto era “um tipo aitido de democracia do povo", visto que “st decsbe quanto & assuntos ocganizacionlsfandamentaiseram tomas em um formato que acaretava um elevadogeau de envolvimentoe consentimento por parte dot ‘membros simples” (1999: 438). Esta tadilo remonta& frmasio dstes sindictos no inci dos anos 70. Em muitos dele, o principio do controle pels trabalhadores penetrou todos aspects da sua organizaioefuncions ‘mento, como por exemple: ‘+ adnfase nas esraturat de base da empress orentads por delopadossind- ‘as eletos democraticamente, «+ a cragio de estaturasreprsenatvas em que ot representantes dos trax ‘balhadores so majonitcioe, ‘a pritica de process mandatads de dectioe apresentasio regular de ‘elatrios de atvidades 20s membros; aanegociagio no nivel da fbrica que permitia aos trabalhadoresedelega- dos sndiais manterem controle sobre a agenda de negocasios «+ ssubordinagio dos funcionisis do tempo integral a0 controle por pate das esuururasdominadas pelos wabalhadores; + orenvolvimento dos trabalhadores, em todor os niveis, no desempenho dos foncionrios de tempo inegal. © principio do controle pelos trabalhadores foi inscito naconstitigio fundadora da Federation of South African Trade Unions (Festa), em 1979, ena do Congres of South African Trade Unions” (COSATU), esta beecido em 1985, De acordo com Baskin, 0 principio sepuido foi “impe- dir que 0 funcionérios dos sindicato controlassem as estruturas do CCositu” (1991: $7). Mas, mais importante, o controle por parte dos balhadores tina como objetivo asegurat a durablidade das estrururas indicts, 20 permitr que of tabalhadoresatsumissem total responsab lidade pelo fancionamento dos seus sndicatos. Into era necessrio dev do hostildade dos pats edo Estado que resultavaem uma implacivel perseguici e detenclo das liderancas.” ‘Os anos 80 asistram a nieis de militica e mobiizsio de mass sem precedetes en muitos municipios do pals, Estes processos foram acom- pantiadosplointens cresciment de organizagéscvcas qu visaram com ‘estar poder em um contexto em que as estrutura fantoche do regime apartheid tnham a seu cago a administraio civics. Mrwanele Mayekiso, ‘enti aivsta cvico em Alexandra, Joanesbargo,defende que 1986 cons- titia 0 ponto alto da mobilizagioe intevencio politica de masa no mi- tipi, (© nowo pid mais impetsow de ogainsio municipal ocr 08 rice meer de 1986, quando relnent podamos armar quel do ‘arts ees endo sina, ra pon plannss propia forma de togorerna. Fo uma experiencia ibenadora, enbora pouco duradura (4996: 67, ‘A forma de astogovern discatida por Mayekisotinha uma forte dimen: So partcpativa que gira em torno do extabelecimento de “6gios de poder popular, como comits de rua ede dra, “wibunais populares”, ‘tmabuto (anidades de autodefesaconstituidas por voluntirios)e assem bei representativas de extudantes As vetades desta formas de organ aso cram duplas. Primeio, astepuratam a partcpagio popular no aivel imaisbaio da ongonieagio socal, especialmente a rua. O comstédevua era, cy Bin 3 ere de 20 de fato, uma reuniso geal de todos os moradores de determinada ra, 0 que omentava a unidade eo envolvimento politico de todos em assuatos que {todos dziam respeito, Embor oss Freqientes or problemas e tenet to interior desta estrurrss, coino aqueesenteos membros mais novos © ‘os ais velhos das comunidades, ox commits de roa eram,rega era efca- e+ no que diz respeito a0 encorsjamento ds partiipagzo de masa non vel da virinbanga no municipio. Os comités de rua elegiam, entio, ‘representantes para oscomités de Sra, os quai, por su Yer, elegiam re- presentants para asociagées vias maores no municipio. A organizagio ‘rica era corpo coordenada de lta ¢eampana que sbrangia todo 0 ‘municipio. Era freqdentement estaeleida uma sre de outras estruturasparale- tas, como tribunais populares e unidades de autodefesa,partcolarmente fagueles musicpios em que os comits de ru eéreafuncionavam relati> ‘vamente bem. Os tibunais populares mais ficients era aguees que ‘ham sido estabelecidos com o apoio de comitts de rua edrea de modo a ssegurarem algumaobrigao de pedidoedejstificaio de contaspolti- ‘ext. No ato do municipio de Alevandra, Mayekso também chamaaaten- ‘Ho para o faro de a integridade dos conselhos depender sempre do mandate da comunidade” ede, uma ver que as estrutorasextavam fear _quecidase a liderancar absent por motivos de detengo, os consclhos Ccorrerem 0 rsco dese transformsr em tibunais sem citrios de jstiga (tongoro courts). Estes buns eram sbertor&partcpasio de todos ot ‘membros dara, A concepgio de tribunal poplar surgi como alterativa 0 injusto sistema judicial do apartheid. Baseava-se na enteega dos casos, por parte dor membros da comunidad, quele tribunal, em vez da entega ‘soe tibunais convenionst. O sistema inspicou-se, em boa parte, no siste- ‘maja africano em que a dofase era dada teabiltagio,em ver depo nigdo. Mayekiso (1996) descreve o exemplo de um tribunal popular bem-sucedido na Avenida 7, de Alexandeas Tres «pe pats etme gh i reer fae, ls ecm vn So wd ore te 0 rian oes De ini er eid plo jones, no entant oe mss ves foram, deol, chumadosa prs A pedi sla do ena era uma apercada chaps om- ‘ala com banco prs a pose we sentrem evma mea sobee a qu 3 secrets excel Tato or actos como or quioxos etarse ism em tres peer repetaar ma comnidae,O moderadr abi a diseusso sobee 0 sunt. O acsido eo guaos apresentaiam a 5 verses da Iwi A ae dleraria soe o anuea,Umnarepastia ade que ring seria menospteado ov amesado. Tipicament, no final, seria ‘leaads uma slope nigra para problems. Amba spares bea (pram (1996 52) ‘A discusso vra-s agora para invengo da radiciodemocrtica no interior but atéhaverconsenso. No sea liv Command or Consens Hamumond- ‘Tooke (1975) deserve o funcionamento de conslhos admiistativos leas (um bio eum kuna) em um ceri tradicional das aldciasruais Tocado grande fae no conser, dtl forma que tomas de dei era ‘prio de umaineragso eenciamerte “pla” eee or memos do ‘conto que eam pi ente sk Na extra roi «pogo ial Abolider tend acnier ete rigorso stem democrtca, pi ele € 550° 1 apoio pela Admiisagio (1975: 14). Hammond-Tookereferise a exis esruuras como “democracistiais” ‘onde a “autoridade' era rlativamente pouca¢ etava ligada a deegados politicos indigenas. Estes delgado podiam comandar, ma apenas depois tia. Jeremy Baskin defende que os sindicats do pés-1973 "Rizeram da necesidade uma verade™" A democraci,afirma,torou-se necesiia de- vido a0 ambiente host da resisténcia dos empregadorese &repressioesta- tale par citar vitimizaso de alguns individuos. Garania também que, no aso de os ders serem tings, aorganizasio coniouaria funciona, tma Yer que oF membros se tomaram responsiveis pela sobrevivndis do sindicat, ‘ contribuigb ds vivecia acm eublinhada tem sido posta um pouco de ado pelos intelectuais do movimento sindcalsul-africano, Uma das r2- bes desta omistio pode residir no ato de algumas desta expeiéncas a0 terem tido origem em meios de organizacio conhecidos por serem demo- cxitcos De fato, muitasiveram mesmo origem em ambientes nio demo- ‘xiticon. No entanto, toda elas sublinham a importncia das experiénciat de vida dos tabalhadores ato de formas asocativasranformadorss, todos de slidaiedade eidentidades coletivas aunca srem consruidat apenas com base em antecedentes pars, mas emergirem, sim, davidacomo 6 vida pelos que paricipam da constrio daguelas nova formas ass0- ciativas, de soidaredadeeidentidades, Esta abordagem os afasa das abor- dagens eltisas as quis atrbuem sempre as idias novas a um “stranho inttigente” ‘Apso que foi dt, notes anda que mts das oganiagSes arenas ex, que esas experiénis ham lugar frequeatementeeram conservadors e+ ‘Sonia. A experncias de vida conseradora x negativas também podam ser moblizads por dierntes motivo. Por exemple, as expeiéaiastraicio- ‘sis poham ser mbiizadas por prupos mio cj objeto eracalakera com (0 govero do apartheid. Da mesma forma, grupos conservadorespodiam ex- \f plea sestimenos tcp prs encorro event pin par (ears clara com oapoted.fasn, “expen devi ona fads ge, sno que gas elas poner maiz de orm ro sia c oman ces tees Dito dew importa da ea: sh dos tlc, uma ver gue tm um ppl na agresaso e mobi ‘ess expestacis vida para gues ener no poet uaormad. a zar e atomizar em vex de emanciar. Deste modo, hoje, face a0 crescente desaio por parte dos movimentos populares e dos atvsas,o ef habi- tual de muitos reprerentantes do governo é “o governo tem o dever de overnas”, Longe estio os elogans sabre “Grgios de poder do povo” ou os frtos de ordem dos dis impetwosos da lta democritica nos anos 80, tis como “O povo governari” Em 1991, o Sindicato Nacional de Mincros (NUM), © maior e mais in- fuente sndicat, filial do COSATU, adotow wma resclogo na alianca pli tieaentreo COSATU, o ANC ea SACR na qual se afrmava que “décadas de ilegaldade impaseram seas imitages 20 ANC" A resolugioafrmava en- to que os sndicator com experiénia de iderancatnham o dever de cons- tmuir ANC e que “a experénca scumulada de democracia participative, responsbilidade e mandatos do movimento sindical tem que permear at tctrtaras do ANG em todos ot nies” (citado em von Hold, 1991: 27). [No entanto estas boas intencGes aharam na materilizacio. Nao s6 08 ine dicatoreoutraeonganiagBee de masa flharam nainclusio da sa clara {de partipacio democritica no ANC, como também muitos dos préprios ‘sindicatos eorganizages da comsnidade foram perdendo aque cultura de particpagio eresponabiizasso da iderana e dos mandates. Uma das des- - ‘alps mais eficaresusada atalmente pr inimeroslideres de organizagbes {ade que aunts relacionados com #reesrurasio econmiea global si ‘complexos sob este pretexo, pequenos grapos de indvidaoe scab to mando todas a deises, 5. EM DIEGAO A UMA TRADIGAO DE PaRTICPARO DEMOCRATICA Apesar da alteracio das condigées nacionaise globus, hi lugar para a revitalizagio da tadigio de partiipasio democritca na Afica do Sul. De fato,aordem nacional democrstca realmente are expaco para a contests ‘so poltica ea mobilzago sem a ameaca de represio estat. Noentanto, para que taistemtativasderessuscitaratradigio de partcpasio democritica Sejam bem-sucedias, tm que exist determinadas condghes. Em prime’: ro logar, tem que aver uma cia consciente da ordem atuale uma con- testaglo da propria nog de democraci. Tas eticase discusses teria ‘como objetivo a reapropriacso dos ideais de democraca a injegio de um ‘onteddo emancipate no discurea ena prtica da democraca, Tamm, 6 preciso colocar no centro do novo discareo a democraia partcpatva, como um meio para atingir o fin, espeifcamente, justia socal eemanc- agio 'No contexto da Aca do Sul ede muitos outros pases em desenvoli- mento, a emancpagio socal deve ser entendida no contexto das reaidades que as lasses subordinadss tim que enfrentar especialmente, pobreza, ome, violéncia e rime, patrarcaismo, racism, marginalizasi social elegado do oonialismo sob a forma de dependéncia dos paises desenvolidos. Todss eta realidades, a exacerbarem a marginalizagio sociale a excusio dor grupos e clases subordinados,constimem cbsticulos incluso socal e 3 ‘emancipaco, Neste sentido, a democracia patcipativa€ um dos amines ‘ue garanteum sistema socal reformado,aincusio sociale politica daslases ‘marginalzadas e oprimdas. Isto implica que um projeto de emancipagio, social alm de procurar expandi arenas de participagio democrtia pope Tar, deve procurar ainda idenicareresusctaro pasado e preserva ae troturas exitetes que realcem a pariipacio na base da socedade. Nese sentid, os elementos de partipasio dos tradcionais modelos de gorerno sfricanos, discutdos antes neste capitulo, poderiam ser adaptados e comb ‘dos com formas de representa, A experiéaia de movimentossindicas ‘ onganizagesivica mostra que é pose ater isto sem que estas formas peteam antegrade, No entanto, ete renascimento ea preservagio de ce fas formas de govern e tomada de deisoteram que ser acompanhadot pelo reconiecimento de que partcpaso € uma dimensio crucial da eman- ‘Spasio social que permite que as dastessubordinadsariulem os seus in- tercises e afirmem o seu poder. lnclectuas de esquerda e intlecaais ‘orginicos desta clases teriam entio que contesar a nog de que a demo- ‘cia repreenatvaé nics forma de tomar decsSexegovernarnasoce- dades moderns. Teriam que mostrar que o refeo popular dvulgadopelas lites e seus intlectuais de que “a participago nas soiedadescontempoe- reas € imposivel, devido 3 complexidade das questéese 20 volume da populsio, aio é mais que uma justifiativa para aexclsio da maioria no ‘deseo do sea futuro, "No eatanto,afirmar as vrtades da democracisparicipativa nfo tarefa acl, partcularmente sb o anal paradigma hegeménico em que a tomada de deciso descentraizada & consideradaineficientee primi por ‘muitos, enguanto a repesentaio por represeatantesecoasultores eleitos 6 considerada eicente e moderna. Este cinismo e cltismo € encontrado, ‘quer no pasado, quer no presente, etre ativistas comunitirios e indicat lists. Um antigo sndicalistaargumenton que em um contexto em que a {iliagiosndial erescew a um ritmo muito aceerado e "uma vex que os pro- blemastornan-se mais complexor” ox sindicatoe tlm que aceitar que "a tomada substancial de decsSes tm que acsbar nas mdos de alguns indiv- duos em ver deem estutaas de qualquer tipo" (Shreiner, 1994: 47). Um projeto de emancipaczo socal tem que rvalizar com este elitism e cnis- ‘mo etiizar uma agumentasioconvincente que demonere por que par- “Spagio democriticaé um requsito mimo paraaemancipacio da cases sabordinadas, Em segundo lug, o que foi dita sugerenecessdade dei além da cca ‘comesar a explora “utopias reais” que permitam is comunidades locas © ‘struuras populares dar forma a agenda da emancipasio social. Este seria um grande paso em diresio redago da alienao asociada a0 que Rose (1967) chamou de“ soredade de mass” em que es individuos encontamn- ‘se socialmente iecldos uns dos outros. Mas, maisimportant,angirseiam, ‘orobjtvor qe Tame identificon como sendo da maximaimportneia pars ‘ prjeto de emancipasio social + £ dur aosinvidoso matin contol posi sbee 0 qu he ante «= portato, amiximalibetdae pus deckiem oe querem dep para aniem de modo alengaren-na. O chev iden oindidse quer do poder deo dos cats, uer do poder das fog ccs tents No ‘uma esol, mas ume sutra deer da qual 3 tora posse excaher (0380: 35, Em tereiro Inga, as tentativas de reinventar 2 democracia ea emancipasfo socal tém qe falar lingua das pessoas eis que tam com problemas resis ‘em todas as esferas da soviedade. Casos bem -sucedidos de mobilizagio e or ‘anizagio de comunidades ede tabalhadores na lta da Aica do Sul reve- lam que democracia partiipatva & mais bem-cedida quando a lasses subordinadas so capazes de speopriaretraduzi discursos ntletuas em ages vsando a melhoria das suas condigées. Isto implica que tis discuriog ‘jam sficentemententligives para tomar a forma de aplicacSes eexpe- rimentages prtiase signifcativas,Deste modo, tis discursos também. deve propor metas east eexequivis stem stings cumultivamen- 1, em dirego a mudangas mais fandamentai. Em quato lugar, € necesirio que novasredes leas, regions, naconst ‘eimernacioni fagam a igagio ene lutas Lease consruamnslidaredades ‘lobais que permitam a para de experincas o deszparecimento da Momizacio das clases subordinadas eso Its. No cstencial bjcvo ser alive ou voluntra toca de exprincias econhecimentos, emer dacriagio de estruuras burocritias. Isto implicaria uma uttizagiocitva dos dferen- tes mos de comunicagio sociale novas formas de comunicagio de modo a aszegurarem nora formas alrernatvasoncontsshgenvnicis de glbalizasio. Finalmente, todo isto implica uma necesidade de reinventar a propia esquerda de forma a englobar os desafios da construgio de lutas contra hegeménicas globais ede experienias de formas alternativas de organiza ‘Ho social. Também sigfiea que esquerda deve repentat 0 se papel oasderando as condigées em mudancadaglbalzago ncliberal. De modo Particular, o papel dos intclecruis de esquerda deve see avaiado, porque, tmbora etejam em uma posgio batante poderora para a caborsgio de dlscusos, hi sempre o pergo de alguns abuarem do poder eda utordade, pelo fato de confundirem oscu papel de itelecruais com ideranea politica, Isto importante na medida em que os intlectuais tm poder de dar leg timidade a certs discurto edeslgitimar outros. Asim, visto qe o centro da emancipasso socal e da revializasio da participagio ¢, simultaneamente, um projeto politico e intletua,requt, ‘oma tah contertagio em ambos os nive: Naera do neoliberal global, tal contests tem que ocorrer em todos os niveisincluindoa arena global. Entre outras coisas, tem que contesta a ivializago de tudo que locale ‘oporss 8 plorfcago da alamada aldeia global, cou esséncia est insta nos interes do capitalismo. ¥ Bibliografia Bishi J. (199, Sring Bucks A History of COSA Joaesurgo: Ran Davidon 8. (1981), The Ppl’ Canc: A itor of Gulla nA. Eten Langs Freund (1999), “The Wight of Hiner: The rsp for DemocraintioninSath "Ai" Hr (xp) fan Doma the Eso loalation.Jonebgo ‘Wawasan Univesity Pe. 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Durante 0s meses de jlo, agosto e setembyo de 1996, mais de 200 mil, ‘cocalrs(camponeses dedicadosaoplancio &colheita da coc) fieram uma ‘marcha em drego aoscentros urbanos As capitis dos darts de Guava, Purumayo, Caquetde Buia Bota Caucans, na Amazénia ocidental da Co- lémbia, para protestar contra a politica de fumigasSo das sae cultura de ‘coca por parte do Governa do presidente Samper, 'No Paturnayo, 0 movimento dos cocalras de 1996 So pode ser en- ‘tendido dslgado de outros movimentoscvicos anteriores que, com base ‘emuma perspectiva de longa duraco, consttuem manfertasSesconjun- turais de um movimento social cuo objetivo & o pedido de reconheci- ‘mento que os habitantes da regio fanem a0 Estado-nagio colombiano ‘tanto da sua cidadania quanta dos direitos adserits a esta, Tratarse, pos, "Wp id to do icy on como + ot Cac, eu ees Se 4479 anisole in Coy kro tid a 96 Seeing sanpi sana rons pre he ‘cs ego sor inne at ern geen er (Gepnteorunmupe doquecom oC o exerci da politica do reconhecimento (Tylor, 1995)’ eda politica dda cidadania través da eivindicagio “do dieico ater direitos” Dagrino, 1998) ‘Arealizaglo de groves lou movimento ios, eguidos pela instalasio de mesas de negociasio, nfo pode ser ida apenas como um pedido de me> Ihoria das candies de vida por parte dos povoadores desta regio amaxd- ia, al como se mosrars para o caso objeto de estado. Quando se produz ‘uma patalsago csc, est sendoreiteradae lembrade& case digente a ‘condo istrca do Putumayo de populagio & margem, “abandonada", ‘onde o "desenvolvimento" da repo central no cheps entre ouras aus, ‘quer por falta de vontade politica em ave cena, que pla sua construgio, ‘om repo “vara” receptora de populaci deslocada do interior do pas, {quer pea corrupeio administaiva em nivel loal os pela aplieagio de peo- ‘amas que desconhecem arealidade da Amavénia. "Nas palavras de tam lider politic da regio 20 rferrse is greves ou patlsagBescvices que desde a déada de 1970 se verficam no Putumayo: ‘tes fendmenoe de possi evens ¢ grime fundamentaimene pe ranteo ratio dos dgentes polio eadsionse que, verdade sea di, sponta mui para nei individ, prs bene do grup ou do ‘tides, soem alma ocsier excepconss, no tem exisido una Fepresentago noel da Asserbén da Replica, no vel do pedro govern od autrgit loa Iidres que campram et foo, que s- jam aéncos gesores do derenalimento do date. Conseqiertemen pert ee vaio © pent os nimcros problemas, as pessoas vi se ‘peseoando, vos organzando em movimentossociaiem movimenagtes ‘Svcs gu emia em paaligtes mito longa, peimcrament de ee "For (995: 29) dene ui lc reenter cons ‘tae "A ste anne et rns els pl sheet pl {Doc dv seep daoaecens oe roses see ‘tw oo form eee oom Pls a “ahesmenn dior pose oda un, pode tomar wma forma de pre peo {Pon spt er ta ema ear yma reani™ ‘Doone 998 sind oma nme on a en ol “eso a troche robo inca spn por roe prove ln co ae ‘ado custo para a repo em trmor de debilia, expesimensa nel co- mercial. fil economia de todos distr munis do dite tam- ‘amd ceva cut emvidarenaqese refer a gear ambiente de confit suede un tempo asa pare spareceram form find (entre de um Iter potic oa em Moos, 1999), ‘Aconstante convocacto de paralisagbescivcas responde a certas ages es tratgicas para "se tornarem vives, para “se fzerem seni” e para con- frontaremas perspectives que o Estado tem sobre esta regio. Neste contexto, 0 fato destescolonos da AmazSniarejitarem afumigagso das suns culuras rervengio de Oscar Reyes, port-vor das comunidades durate 2 mes de egos, Oro, 1996), Gamo apo be 200 us cam de Sn Jk de Apu Aml e ue ‘psc hewelns riders el eign ci odo tans. ‘ke aot guns cer Comet en ot Apr emo porno cn mn er ences open ee oe ‘2m blr es Comes Ea pera oP patie Em conseiéaca, or camponesesexigem do Governo ¢ do Estado verem reconhecidas enquantoatores soi ‘camponts ulador de cos que xe mbmeta 3 process de erating ‘ots ede sbi deve ser um ator social eum interlocutor ido pura procera de fis lags ale do um sje completamente dita fe porque ns ackams ue om pare do problema somos amb pare Aa procra de lugs (itervenio de um ier campoods pean a mesa ‘de negocisie, ago, 1996, (Osrepresentantes do govero, por se ado, antepem o problema juridco 0 problema social evondmico da regio: um pals como a Clb certs eis que devemos compri. iu bem ‘ao it, Teme lo eterado diferentes oases através de diveros fon ‘inion uando foi qustonadorbreo lance dat comisses, 0 Senor Minis ds Admini Inera fi muito lato, qe a pola da Co- lem fae sox problemas dar drops, face a0 wfco de exupefacietes io inser nooctada, Um deer elementos desta ola, mas expres- ‘mente Li 3, diz que quemealia coca est aincorter nim dit, isto Impede enabler uma radio [na sbi da clears porgue hi i pontos gue pealmosductr como pode ser, quase com 23, por xempla,o auto de gic peqienaculvalor veoh aserminelocuor ido ma posure de sluges integra, mas em que forma? O Dr. Dit ‘ites hs poo que in ea ttalente aceite, nS com um aoe Soci mas como um insrlocetor lio, porque oreconbecimento de ut tor socal no pode eto com base no ft de que ee ato social esth t eometer um dei (inervengo do facionsso do PLANTE durante a sea de negates ‘Ora bem, er apenas um inelocutr vido para pdr em marcha programas {lid pelos caponeses como una impossibilidade de agi de paricipar com ‘yor voro na definigio deses programas; é ido como ura coninsagso de no serem reconhecidos como grupo social econtinuarem como receprores de programas e politics para a erradicaio da coca que se fzem pari do ado smn serem conelfador, politics que marcou o raass dos projectos produsvoe anteriormente implementados na regio amazSnia. Alm dso, 0 epresentantes do Governe reiteram aimposskildade de serem negocados temas como a subsituigio gradual da coca eo econhect mento social das cultursilciasedesvirtwam de cera forma a posgio do Movimento Civico © movimento insite em qv © Gu interes no € nem o ema de poli agri itegzl nem as extadas emda, nen a sa, ema hab 1350, nem ot dro humanos nem a elcomuniig, neo dena meno terttoia, mas si mada legion colombuna sabe ilo de esopefcienes; ea Comiso lament a pora eemende que 0 gue O Movimemo eos seusorganzadoes ets elamaréum proce de eo smalgisava que coresponde Asc da Repables.. Gtervengio do viceminsro da Arcuura a mesa de negocios, Onto, 1996. Osdirigentes do Movimento espondem exarecendo que nio esto eign do uma negociagio dale, masim ques pronunciem eeconhegam um ro- ‘ema socal que ndo pode ser reslvdo com 2 fumigaga das cultaras de e0ea (El Tempo, 7 de agosto de 1996: 108). ‘Nalnterengio do representante do Govern destaca st aforma como pro- ‘cura oventar a discussio para asatsfaio de necesdadesbisicas ede ina ‘esrururasea sua recasa em entrar a fando na questo do problema exrural ‘ds economia amszdnica edo problemas do actor agrario no pas era isso 0 ‘qu oslideres do Movimento Cio esavam promovendo:solagies eit ris enoa nepocasio de uma lisa denecesidades de servigos, pono no qu ‘0s foncionirios pics queem centrar a mesa de negciages Para 05 ca poneseso problema nio ¢ apenas de erradicar ou no acoa, como susteata ‘a comisio do Governo; problema que eles colocam sobre s mess € 3 ia historia de violencia, press c fala de alternatives, isto 0 protest peran™ te 0 Faado contra a sua marginlzagio eexcusio, Face a ete desconecs ‘mento os lideres do Movimento Circo reramse da mesa durance um di. 6. AAMBIVALENCIA 005 FUNCIONARIOS DO ESTADO FACE AO MOVIMENTO ‘COCALERO EA ASSINATURA DO ACORDO ICAL (© movimento dos cacalers mostou deforma clara as préprissdvissesin- ternat dos funcionérios do Esado. Em primero lugar, tornowse evdente a mbivléncia dos fucionsrios locas regonai em telacdo 20s funcionsios {e nivel nacional. Idensficerse como funciodrio do Estado e, por conse {ine apoiar 0 Governo centtal ou identficar se coma problemstca social, conden e politica de uma repo e, por consepunte, apolar os cammpone” Ses cocales eou os drigentes do Movimento Civico eram a duas Gnas posgbes que podiam sr assumid, ‘Os funciondroe oficiais locas commprometem se com oscamponese pelo fato de se identifiarem com conidadios do Purumayo ainda, por al _guns dels aunrem como asesores dos ideres do Movimento Civico ma mesa ‘denegociagSes Por seu lado, os presdentes das Cimaras nfo se sentem com prometdos com os representantes do Govero cent, uma vez que no pro- eso de descentalizagio consideram que thes foram tansfridos mais problemas do que slugBes, desde o primeito momento, apoaram at exi= {encis dos eamponeses de negocarem apenas com “alos funcionicos” do foverno, na medida em ques eles € que tem 0 poder de decsio sobre os, Fundos nacionas e vbre as eansfréacias. Por dkimo, 0 govenador civil ‘come pega iolada que aderea uns ou a outros, dependendo do desenrolar da situasio ‘org, mas evidente era sind afore dvisso no interior do Governo ental. Deum lao exo 0 dlegado do Miniséro Pablico Geral da Na- {0% 0 direor do Plante e o comandante-chefe da Forgas Armada, stor do Governo qu identifica os amponesesealtvadore de coca como narco- traficanes. Conseqentemente, 0 delegado do Ministrio Piblico exerci presses sobre ominiato da Adminstacio Interna, por conseginte sobre ‘osseus representantes na mesa de negoclagbe, fim de no sere asinados acordos que fossem contra a politica de eradicasio e fumigagocotal ds ‘cultura de coca, na med em questo era equiparado subsctgfo de con ‘Enios com delingienes. sta pressio obedeca ao fato de naguela altura 0 GGoverno estar endo também ulgado pelos eu inclos como narcotrfio, fato no desmentido pelo Estados Unidos da Amica em janeiro de 1996 presonado pela possbildade de nor desmentdo de novo em 1997, como fealmente aconteced. De outo ldo situavase osetor do Governo representado pincpalmente pela Rede de Soliaredadee por ouros uncionssos ois comexperitnca Ge trabalho na regi, com asento na mesa das negocagSese que procure: “ss cl Gem de Ni. BL ‘vam chegar a um acordo,apesar das ameags de serem invesigados por ne- g0ciarem com narcotraficantes. Ese, por um ado, havia todo oineresse em assinaroacordo para nio aprofundar o desprestigio do Governo, por outa, procuravase aleangar um vacuo estrito com os camponeses para neutral 22 apoio da guervlha, Foi po esasrazbes que este Setorapoiou aida do ‘Movimento Civico de ssinar como acordo ini a elaborasso de um Plano de DeseavolvimentoIntgeal de Emergéncia ques intitlos “por um Putas ‘mayo sem coca e sutentado numa economia solidsria" insitindo sempre «qe fons acrescentado “sem coce” para fo entrar econo com 0 outro setor do Governo: Eno, eparabem qo acereado tems dem Patuyo sem cod fez aun pep representa Para tate de una coisa ine ta, msde sangaro plana plz aslanaenteorcamponesr not stds ra conseguir ma alan ene or emponeer do Pony € 8 suordades, peo menos a nacioni ou as que ns epetentvamas. Et thittos ulate extreme em ns allarmos sees, om mostarmes qe a pose a consusio de um Putumayo distin, baseado nama alana eure camponesese govern [J Para guerilla esa aang ea net, mss gs esvamos a apesar iso, em gunharmos os amponees. Ager Tha tenta manter o controle mite dares, aw inflsoia envi 30 preendendo que € a populism pejaicala,Solistamos do Governo| ‘ma mo amiga para superarmot or problemas que eamos iver. Caso contd, este Std agus pouco um cldo de clio para gue sam emesis ato ilctos contra aordem plca qu War conseqaenis rofindament nepatva laments eserengSo central do Movinen- 10 Civico o Forum Regional "Pz dicitos humans", Pero Ast, 7 de sso de 1997). Vesti camisa de cidados purumayenses¢dentificarse,conforme 0 350, ‘com lugar de nascimento ou de resienci tual; mas €sobrerado retabe- lecer 0 contato ou a felagSo com 0 Estado.” Tal como aponta Tilly (1996), a elago com o Estado €defindora de cdadania, relagto que pode er dil 0x forte, segundo as transagbes qu se relizem entre ele 28 psoas soba sua jursdgio™ ‘Ao se consideraem primeiro cidadiose depois purmayenses, esse a consruir uma cidadania, um sentido de pertenga que antes nio exis 0%, pelo menos, i tina sido econhecidoeexpictado, Implictamente isi te-se em que pertencem 8 reise, em contraposigi ao que sedi deles 20 ‘onsierslosmigrantes sem ries & procura de dnheir fi Ao solictar "ily 96 6 rc de so ei dean resin "an csp de ‘ise steconans enue pe ae dare Souqs eats en eon opie qe ple fr ana pao or mir rns) em ve) ie er anon ster Ex "xo ee de Un ano por Ramee O01, ees Jo mina pico ‘Ep elated xc Ppl eine on 1 Some permit srs © pg ai “ps hes dawn sa ‘eco or npn sar sacri opus snare pe ‘Sheen wea man vid hn cna de cl pa ‘sta pertenga, esse a exercer a “politics da cidadania”** Mas, sobretad, procurase alcangar representagio perante 0 Estado, enquanto grupo die ‘enciado com vor para defiir cnjuntamente com ele polities que ressltem ro seu bemestar como habitntes do Purumayo.E para sto € propor 0 ‘exericio da paricipaso cidad reglamentada pela Constiuigio, Através Ao exercicio da paricipagd dad, uscase debater ailegalidade das ‘magioe fazer com que os cidadios purumayensesatvem dentro da li, inclasivamentelevando-a 4 pritica, o que consist uma forma de ganhat poder, uma vez que se tena alangarreconhecimento e participa como tupo social dferenciad, com ries pertencendo&repso, , sobre, ‘com vor € voto para defender os vexs direitos como pequenoecamponeses caivadores de coca sti ltando pelo dicitoa panticipar na definisio de politica de um plano espeifico para a Amazéniae deste modo aleangar asia inclusio no Estadornagio, Tal como afirmam Hall Held (1989: 180), a intervengso do Estado € necesiria para assegurar um conceit apropiado de cidadania © € "deal (99: 176170, qd reo pli Sniaincomenpas, ‘ct edt Com ge de nas) mm temo pas oot Ips qar se eae em regs onan ieee or I enc ome mpm aun ss Pten cen forOo ‘Glens tenet nore Sept cae oma cao portent ec "her" tts een egal esr der ds ‘avateale eens pueden deve apres oe Sem omaroa jc lta (995 ed oom ee agen, guia domaine reir meee ea dr (28 pups eine em de cain hrc rod epee ‘coins led pe cin esa conte se at ‘bccons ton cm eis econ rind pe ‘oe 0985; led jan de conn vient as oa ‘mugen emanci o cnbeanserngs niind oe lo ‘elo ted emma sigue veneers sone (Sn deer rennet ome ge acs pica cat ‘Peper ai ren cai os en cme lt ee pesca ¢ ‘airmen tn Un der co Sem ccine datagrid Petey ae nemo ps qe plete de geo aco erg me rst anes ‘uous apeiron erp opus ur eam 39 tr ic tn op Os cn peo paralograrem esa intervengio que os drgentsdo Movimento Civico aruam, 2 ponto de ameagarem o Estado afirmando que se este nio thes extender & info, “cometerse oats ilcitose contra aordem pala". Durante a mest ddenegociagesafrmotrse que 60 Govern quem deve garantir a alternat- ‘as provasrenves face coca, Embora se tena falado de paccpagio ta tomada de decistes eno deseo de programas projtos,inssiu-se na ‘esponabilidade skima do Goveeno para 0 sucesso dos projets que sj Jmplementados £ por iso que o Governo era responsbilizado pela parali- sao, segundo se lia num cara: “A parlsaso € um fat que o governo nos obrign a levar cabo.” Para ot eamponeseso Estado colombiano & 0 responsive da propogasio ds estas lise, portanto, consideram que ‘omtnimo que pode fer € dares o tempo de onsoidarem uma economia tlkernativ, pelo que isstern em negocar que aeradicago da coca fag, fgradualmente, Cobrase ao Estado a sua ineapacidade histics de prover Servgos’ populagdoe € trazida mes de negocagdes uma reclamagio que ‘esa na membria deste poo, dentro de wna concepsio de Extado beneitor fem face do qual houve tendéncia a manter uma atiude passva espera de receber servigos. Os cartazesexprimemno deste modo: “Somos um povo pica espera de slugies” €“Anecesidade de servigos € que nos levaa fstarmos em greve™. “ein (1996) chara a atengio para 0 fato de que na Améfica Latina a telagio que os stores subordinadorextabelecem com o Estado exprimese tzralmente em termos de “clintelismo” ou de pateralismo, mais do que fem termos de cidadania, de dititose de obrigagbes. Fspera-se pasvamente {que ej o Estado a providenciarservigos, HouvevendEacia asim para achat atural uma posigio de subordinago ao Estado. Contudo,Jelin também Feconhece que nio € apenas a resistencia e a oposico & dominago o que tem vind a acentuarst, mas também a tomada de consiéncia de pose de dirctos soca «€ por iso que se Tua por eles. Esta ima suagio €a que ‘aracteriza os habtantes das zona da produsio de coca do Putumayo neste ‘momento. Reafimaremse como eidadioe puromayenses significa obter 0 Compromisso do Estado relativamente sun reivindiagBes. Consideram, pois, que no & sficiente para consegue a substnugio que o eultivador Ianifesteo seu interests em fal, pois € também necesirio um compro ‘miso por parte do Governo; a vontade de substtigio deve proceder do sade para que esta pons via er vivel Muito embora haa quem cont- ve espera que sea Estado a resolver os problemas, através do incenivo » @ A patisipago dads este produsindo uma madansa de attudes, de uma atitude paiva para uma outa atv, patcpativa, que cobra nio apenas di tos soins (edeasio sade, vas de comuniagio, crédito projetos para 2 subsiwigdo da ealtua da coca, mas também dieitos politicos ecivicos. Este pedido de compromisso do Estado esti em concordincia com 0 que Uprimny e Villegas (2001) refer sobee 0 modo como a Consus de 1991 fsvorece “a intervengo ativa do Estado na procura de usa social”, apesar de possbiltar também privatnagese politcasneliberais hoje pois, dominante na repo dicurso da participa ativa da id dana naconstugio de peojetose programas por parte tanto dos fncionrios piblces como dos camponeses. Contudo, também é dominante aida de tulparo Estado de toda astuasio e €oabandono do Estado que conduz a ue os eamponeses pejam para reccber sem fazer nada em toca. Esa tenslo enue trabalhar ativamente com os funcionérios pablicos ou simplesmente engi dels e esperar que satslagam as necesdades ent no flero da rela: ‘lo enue fancionris locas e comunidade. Estes dseursoscontaditros ‘io condcionarndo apenas a expecativaseperepgdes do Estado por pat te dos habitantes do Purumayo, mas também a esuatéias que se imple- rmentem para aleansaro seu reconhecimento. or outro lado, aconsrusio de uma cidadania implica conseguir que os ‘dads estjam protgidos de exeriis arbitiroe de poder por pare do Exado, como acontceu no momento em que a forgas militares t= reeri- ram falta de egtimidade do movimento cocaer ede outeos movimentos ivios anteriores no Putumayo, e como sucedeu com a persegugio dos {eres de diferentes morimentos. Osdieitor8 vida ea pa tornaramse dicts pelos quais se ut nesta regio. por sso que ns acordos ficou esabeleida 1uma Comisso de Direitos Humanos porque se previam fas ameacasa que ‘irl a estar expoitos os participants do movimento. Para eto, fo solisitado a0 Conselho Presidencl para os Dieitos Humanos ue eabele- ‘este uma linha aberea para os diigentes epartcipantes da parlisagio (Aa o Acordo, 1996). Num contexto de confto armado em que o eendeio € «ursio paramiiar iniia-se na regito no final dos anos 80, mat apenas no comego de 1996 logrars submeteromuncipio de Apartad ea ua feguesa de Sa José entevintas pesos, 1999). 3, SAN JOSE DE APARTADO — UMA HISTORIA DE REBELDIA,RESISTENGAE (ORGANIZAGAO SOCIAL San Jos de Apartadé foi wm dos ponte centrais onde se desenvoves um dos capitals mais sngrentos evilentos daguera pelo Urabi. A freguesia tinha uma histéria de resistencia e rebeldia que arornava sspita as olhos dos paramilares Apérachepads dos colonos stra nosanos 60 comes ‘a surge conte tensbes com os propritiiosausentes que eclamavar, om titles duvidosos, a propriedae da terra. Os colonosrecémchegados ‘apidamentese organiza em uma junta de alo comunal por intermédio (dr qual desenvolveram ages coletivas que os puseam em conato com a ‘Asociagio de Usuiror Camponese, onde foram ensnadosainvadir, rec mar direitos e garantr a propriedade da tera por ele dsbravada, "Ao mesmo tempo, e através dasa organinaio comuniira, os colonos ntaram em contato com at auoridades locas do municipio de Apartads © om os politicos dos partidos radicionais para solicitar ajuda oficial dstina- (da construgio da estrada que ligaria a fepuesia a Apartad6, jf que apenas texisia um camiaho este, intrasitivel no invernoe que exgia dos cam poness doe horas de viagem ou mas para colocar os seus produtosn0 flo ‘escente mercado municipal também pediram subsdiosestaaispara const ‘descola ea cas da junta de Freguesie para comprar do proprietri ausen= tec lote de terreno onde cra a ldein (Uribe, 1992: 116-117). ‘Perante a negatia do proprictrio em vende, procedeuse &invasio, have destlojamentos, piso paa os promotors participates ferdos © cspancados, mas grass aos bons offcios da Associagio de Ustios Campo- ‘exes oscolonar acabaram ganhando a disput legal e procederam 3 cons ‘tglo da aldeia. Reservaram ainda espago para uma capela para um outro ‘effi civil e destnaram uma pare pars a raga de onde salam as ras prin ‘pais, manera das antiga was das provacias de Antiogia e Caldas, de ‘onde vinha a maior parte dos primeirs colenos. ‘Acsta primeira invari segiuse uma outra para ajar aqules habitan- tes que careciam de um loteprépro; esta segunda invasio foi menos tau imitca qe a primeira porque o propietro decidiu chegaraacordo amigivel ttraves do Incora(nsiuto Calomblano da Reforma Agréra), que exava Tealzando ocenso de propieirios de terra ma reito ainda pela pressio, ‘gue sgificaa a peesena de organizagesguervliras na eas desea ma tera oi fndado Marian, primezo nome da povoacio (Parsons, sl: 224), 4 que mais tarde chamaram San José patrono dos agrcultores, pois todos ‘les tinham em comum a sua dedieago vous e 0 amor pel era Fi a ‘ebeldia sociale alta organizada que tornaram possvl a funda da a: ‘eines shertura das zonssvzinhas. ‘Dat para frente, of moradors desenvoleram um daplo proceso: com ‘0Fstadoecom o Contr- Estado. guerilhaorientava vidalocal era prin- pio de ordem do processo de eolonizagio e asentamento no titi, re- solvia confltos econtolava os pequenos dlingenes; porém, 20 mesmo tempo, os habitantes relacionavam-s com as autoridades municipal através agbes lianas estratégias eabelecdas com dverssatoresinternacionais ‘lo extasis qu, em din als, erama nia garana medianamente efi para. sobrevivéaca do projeto de combnidade de paz (Arenas, 1999). ‘As organzagbes ndo-governamentais que tém tid tna prerenga mais longs e continua na comnidade de paz so: a Comisso Intercongregacional de Justia Pa, entidade nacional que agrupaviras ONG de orentagio telsions (adic), ax Brigada Intrnacionais de Pa, co tabalho na Co- lees tem sido especifiamente ode proteger avid decoletividadese per seas vulnerivisecolocada em stagso de risco pela evlusio da guetta, “Ambas as eaidades tem acompanado o process desde o inci e mantém representantes vvendo na loalidade. A sas fungGes so maltiplase varia das: acompanham os moradores na sua estatéia de resstnca cv e dest= mada; deslocam-se com eles até 0s pontos e avoura oy nas ss eventos idasat€ a sede do municipio de Aparad6 ou a Boga outea egies cola ‘ram nas arefas de onganizasoe pedagégcas e servem de canal para pr ‘osmoradores em contato com representantes de governos estangeiose com ‘outta organiapesnfo-governamenai que se ocupam da protsso de bens éblios univers Porém, o sentido principal da ua presnga € manifesta as ators arma~ dos, inclusive 20s do Bsado, que ete colevo que optou pela paz e pela resistncia& guerra esti protegido pela lgreja Calica e pela comunidade Jnernaional e que qualquer agreso que sus habtanessofram srs forte= smente contestada pelos paises e organizagbes por eles representados. Este (Feria pn Desa.) sacompanhamento € as carts ¢ comnicados de slidariedade e apoio que permanentementereecbem or habitants de San José de Apartadé vndos de {ove as parte do mundo — em media ail arts mensais — & 0 que mais Valorzam os residents do povado porque, «segundo paaveas suas, a odaciodadefternaiona [.]€o ue permite qu ind se mane 8 {orga que temo do para supra todos ets sofimenos [J porge isto {dive tambem a0 Esta a comanidade nS ex soziaha 4, que io etmoe sg eto mate amigo em ours pares do mundo que se preocupar conosco [Areas 2000, ‘Apopulasi, rags & mediagio da Comissto de Jug e Paz das Brigadas Intenacionais de Pa, vem recebeado ajuda econbmica na forma de alimen tos sementes,wtenslios de lavoura e arosapcos logistics para reativar a prodgioe para gran asobssénca, A ACNUR. (a Asocasio das Nages ‘Unidas Pars oe Desloados) tem sido ura iterlocutora permanente dos habi- tants de San Joe, tendo-o acompanhado em alguns regresos, mesmo acon tece como Gabinete do Conseeiro das Nagées Unidas para a Protesio dos Diteits Humanos, sj membros ttm vistadoo local em diversas ocasies para eceber densncia sobre mores problemas nia as ges correspon- ‘entesOutas ONGs nteraacionai como a Pax Christ ea Anita lncernacio- ‘al vinclaranse em diferentes momentos a ext processo (Naranjo, 2000), "As Universidades de Yor, no Canad, ede Wisconsn-Madison, nos Es- tadoe Unidos da América, asim como a suas cidades-sede, declareramse cidade irmis de San Josée deram umn apoio de imenso valor pelo fto de ‘manterem com cles cominicagso permanente. Estas entidades contibuem para a divslgaio internacional desaexperinciadesarmada e para a coot- tenagio do recolhimentoe posterior envio de sudas de diversas formas para ‘of moradores. A Colombia Support € uma orgaizaczo nio-governamental horte-americana que ets apoiando a reativaio das ealturas de cacaue de banana enc, contibuindo paras comercializagio dese dkimo produto ‘com ov oos vltados para a exportagso (Arenas, 2000). 'A Uniio Européia, através da orgunzagio ndo-governamental Echo, 0 Parlamento da olanda, ePaze Tectiro Mundo da Espank, tm fornecido sud e econhecimento a eta experiencia de reconstrio social Em 1998, San José cbtere um reconheciment internacional importante quando rece bbe efer Peace Prize da FallowshipofReconclaton,queexaltouolocl como um exemplo para o mundo na busca da paz (Narano, 2000). Alguns | doshabiantes foram recehe o prémioesiveram oportnidade de explcar a sua suagio perante a opinito pli norteamercana , em 1999, foram ‘noramente as Estados Unidos da Amévcaevistaram, enire outros, con dado de Mason. Ness mesmo ano, representantes da comunidad de paz fineram uma viagem pea Europa com o apoio da Unio Bxropéivistaram ‘ets paises: Holand, Belgica e Aleman. A comnidadej receew a vista dde mais de dez embaixadores eurpeus, que se reunieam com eles, acolhe- ‘am denna € manifearem a sua preocupao perante o govern colon biano peas permanentesameaasaexte projet de pa (Arenas, 2000) (Oshabiantes de San José valorieam enormemente a soldaredade inter: nacional: 0 fio de etarmasdseaalvendo process prodaios, de oot filhos ésacem etudando— ss esohstishamsid fechas e datas 00 de dispormos de sevigsde sue, enbora minima, tal oo main rane, porque foi conseguido com ata eo tifa das nossa vidoe (Arenas, 2000), Estas aliangas estargias com stores internacionaisndo estas esto colo- ‘ando em cena o que podertamos chamas de mundiaizagio do local: wm pequeno grupo de camponeses que nunca tnham sido do se meio regio- nal evela sua stuago perane o mundo, rectbe embaiadoresefuncions- Flos esrangeiros, visa para outros coatnenes,convocaslidaredadee ajuda condmics de carter muito diveeoe, 0 que & o mais important, desi & ‘sbordnagiohieriquica 20 préprio Bsado, ignorando of atrbutossubs- tantvos da soberana paa entrar em conato diet e sem mediagiogover- rnamental com ators internacionais muito diferentes. £ como se 0 espago ‘exclidano dos Eseados naconsne da organiagio mundial quences se bi ‘cia tivesse dado lugar a um espago qulatico, que configura redes e ondas sem centro, cuj sent, no diaer de Bade (2000: 128), € 0 de conforma ‘rem comunidades de responsabilidad, feitas de fragmentagese inter- penetagGes, mas destinada a proteerem bens publicos univers como a ida, a paz 0s direitos humanos,anatureza ea Tua contra a pobreza (© equllvoinseve em que regusa vive darant oano de 1998 came {sou desmoronar no momento do segundo aniversivo da comunidade de pa. Eramargo de 1999, um grupo decixdres de gado, comerciances eindustas 4 Usab tomou pico um cominicado no qual manifesavam qu, em si ‘opinio avi una cee coinidencia ete as loclidades que reebiam ajuda {as oranizagbe no governarentasimerracionase acionaisea presenga da ‘vera (EI Colombian, 1999: 82). Tis acosagbes fram desmentdas por ‘organisms naconas de controle evglnca, como a Procuradora Geral da "Naslo a Dfersorta dl Pueblo, mas contibutram pars langar um mant de Avid no apenas sobre a neuraidade esutonemia das diversas comunidades de paz na regi, mas ambsm sobre o trabalho das organizagesnio-govern ‘ments que as acompanhavam. Com bse net rete, recomesaram os at ‘ques eto comunidades de pz, comesando para San José de Apartad6 um, ‘outro cil de azopelore assinatos que sind hoje no acabou. Enabril de 1999, a comunidad de paz fi vita de uma nova incursio paranilitar. Segundo via testemunhas, membros das Autodefess de Cér- data e Urabé invadiram 0 casio, intimidaram a populagéo, reuniram-na sab ameaga na Casa do Povo, scolheram seis pesoas que ji tinham sido Previamenteidentfcadase aesssinaram-nat na fente de todos os vzinhos ‘parents (E! Colombiana, 1998a: 72) A este masacreseguiramse volen= tas incursées da goertha Em 2000 jf eram contabilzadas 83 vitimas nos ‘scasostrés ans de vida da comunidad dep: com est banho desangue rompin-se o precio equilbrio conseguido no ano anterior e de novo al sen da guerra volavaa entrar em een Em julho de 2000, um navo masse abalou os aliceres da organizagio comunitiri, na ocasio, um gro parailita fz uma incurséo no povoa- {do La Uni, um doe grupos que tnha demonstado maior capacdade de ‘esistncia ecoragem cil como de outasvees, os habtanes foram euni- dos no mesmo lagare Tes foi perguntado quem eram os rigentes , peran= te a respons desconcertante sobre aresponsabidadecoletiva na condusio de todo o proceso, seis psoas foram escohidas ao acaso €imediaamente texecutadas (entevsts por telefone, 2000). ‘Apari dese momento a stagio de cerco ¢ ameagas piorou de modo signifcativo; em dezembro de 2000, « Comissio Incetcongregacional de Justia e Paz enviow ao altos poderes piblicos colombianos um comnicado ‘ho qual denanciava que havi sido reiniciado o bloqueo da estrada e que, ‘ato ali quanto ma sede mnicpal de Apatadé, osmoradores seus compa [Beam se ones naam ste sihantes eram sguidoseameagados por grupos paramilitaes que os revista ‘vam confiscavam a ajuda eo dinero reebido do exterior ou conseguido através da comercializagSo dos seus produto, eameagavam invadir as casas caso nio fess abandonadas em cuco espago de tempo. O communicado terminava denunciando as cumpliidades enee militares da Brigada XVI ¢ ‘os paramilitares da regio Justicia y Paz, 2000) "Em margo de 2001, sp6s qtr anos de existtcia da comunidade de az, ameaga qu palrava sobre ela foi comprida: um comande paraitar armado tomou pel orga o casaro,destruindoe incendiando pacialmente a sede da comunidade de paz, que servia, 0 mesmo tempo, de armazém para fuarda a ajuda enviada ede residencia para os religioaose outros membros das BrigadasInernaconais de Parque oe acompanham, Quinaehabitages ficaram redusidas a cinzas e foram proferidas ameagas peremprérias para abandonarem a aldes; caso contrério,regressriam para massicrar toda a populagto, a comesar “plas mulheres e criangs” Uosticia y Paz, 2001). ‘comunicado da Comisso de Justia e Paz denuneiando os fats ax autorida- des macionais a comunidade internacional ermina com estas plats: [1 Niochegam a recomended comnidde internacional xpress ras dossier dat Nogbes Unit 0 do sve ceioal da OEA [Or {unas dos Estados Americano) cepa a express do corp di Plomiico arediado na Colbmiin ao chegam a roles da Unio "Euopéa io chegar as expenses recente de dois congenstat os Ex os aids da Amica soe a stag da “Comunidad de a de San Jot ‘de Aparads" no cheg a wolidaricdade internacional eo poi moral mar ‘iflestado com oenvo de acorpanhates obtevadoreiternaioni 230 chegam otertemunkor feeds pla comunidad dep pecate «Uni dade de Diets Hamanes do Minidro Plc da Noo para warm ‘oscaminhos da verdade eda sa. Hoe, erate o anno do angie que ‘alcorrer de novo, experamos que et expres da ona constnia cen sea moral, debada nos pabinetes st ins, para que no exer doe dleveres conssaconas ete que sacs criminost do Extado possi ser deseoolidas por quem sabe de annie icy Ps, 2001) Enmboraosonho de pa dos residents de San José ivesse sido mais ma vee incerrompido,«decsio tonnada fia de resister, ade fear ade con- tinuarem na sua terrae voltarem a comesa, mantendo sempre aberto um hotizonte de possbilidade para a digidade,o respelto€ a autonomia dos moradores. 4 ACOMUNIDADE DE PAZ: UM PACTO FUNOADOR A declaraio de connunidade de paz foo resultado de um aederado proces: s0 de aprendizado politico colesva mediante o qual o habtanes de San Jos foram descartando, uma aris da outa, todstaquelaseseatgias de re- sista eeebeldia que no passdotnham contrbuido para escapa desc tages de crite: a densnca através de mobilagdes em mass ea ocupasio fuss especiiosigads aos stores de habitagS0e urbanismo e membros de ‘ongaizagdespolicas com atuagio neta Sea. 3, ABXPERIENCIA D0 SAAUNORTE: A LUTAPELAHABITAGAO EM UM FERIODO DEREVOLUGAO 3.1, Une rapture com o pasado ‘AOperagio SAAL consi, ob iris poatos de vista, um momento sing lara histéria das poticas de habtago em Portugal. As especificidades do -momentohistrico que se seguu ao gope militar de abil de 1974 abriram, tim expago de coaverglncia entre nova formas de intervengio esata eltas populates pelo dteta a habtacio, dando orgem a wma india experincia de patcipasio popular. ‘0 modelo de intervensio pblica nas politicas de habitartoseguido ae enti, e eapecialmente durante as quase cinco décadas de dtadura do Esta do Novo caracterizou-se, em um primeto momento, pela construgio de tidadesunifariiares. Eta opgto era justiicada pela conviegio, tanto de politicos quanto de *perits", de que as habitagBescoetva eram um terre- ‘bo ful para a germinasfo de movimentos “subversivos” ou revoluions- og, Emum segundo moment, a opyiopasioua ser aconsrugo de edificios ‘coletivos de alojamento social na perferias das cidade, obrgando asim as fanulas#afsaren dat dress urbanas cena, especialmente dos locals ‘onde anteriormenteresidim, mis pedximos dos loais de trabalho e mais bem sersidos por tansportes pablicos. Este segundo momento da poltica habitaconal do Estado Novo fi responsive pelo surgimenco de bats so- alnentesegregados, laclinadod nas periferiaswbanas. “Tanto em um cao como mo outro, a intervenges no campo da habita- «0 tveram como ponto de partida as concepces perfilhaas pelo Eado€ Delos corpos de especialias de técnicos que lidavam com os problemas Iuhanos, especialmente engeneito,arqitetos ow assentes soca Soba ‘apa de um preudoprovidencialismo pubic, os cbjtivos da politics har beacons do Extado Novo cenravan-e em fespostas minimalisas 38 mais tates situagder de carénciahabitacional. Procurava-se, deste modo, vi- tara emergéncia de posiveisfocs de oposgfo a0 governo eo regime, mio ‘exitindo, em contraparid, qualquer smal de reconhecimento ede promogso do dicta dos cidadios ao espago urbane e ao acesso a condigbesdecentes ‘de habitaio para todos. Nunca, como neste period, as politica de habits ‘so haviam sido usadas de modo tio expresivo como instruento decom trole sociale meio de dfuso dos valores autoritiios repress do regime. Por conseguince, esta concepeo das poltca urbanas ede habitagoexcula ‘qualquer tipo de preacupasso com as expecatvas © a8 represenagbes das populagdes em matéria de habitago, organiza do espago vicinal ov apro- Briagio do espago urbano:* Foi este o mundo com que a Revolusdo de Abril de 1974 procuroa om per, propiciando as condi para © surgimento e desenvolvimento de ‘movimentos populares mulifrmes erelatvamente espontincos. Estes mo- vimentos encontraram nests condigSes um terreno fri paraaaberrura do ‘espag pblico& expresso atva de reivindicais em diferentes campos da ‘vide social, inclsindo a habitagio,e 4 experimentagio de novas formas de partcipago ede intervengio poicae socal. Parslelamente, a Revol os Cravosviria rir as condighes para una trasformagso radical do fan clonamento eda organzagio das istiugbespoblias edo Esado,alimenan- do uma tendéncia para a democratizagio, quer dos process de formulagio de polca, quer das rlases entre “especaisas”eresponsiveis adminis: ‘watvos, por um lado, eos cidadios, por outro.™ 13.2. Uma convergincia de ators ede dntmicas E neste contexto que se desencadia 0 proceso SAL. A sua emergéncia decorre da convergéncia de um conjuno diversificado de condighese de «da que coma melhor da intengSes — para outros bros, normalmentes- ‘uados na priferia da cidade. O “dirito 20 gar” pode asim ser definido ‘como o drsito 8 melhora das condigies de habitagio —em termos da d- senso e qualidade do espago residencal, mas também de acesso agua ‘corrente,eneriaelérica ou saneamento bisico —, eigualmente como 0 direito de aces a diferentes tpos de equipamentosurbanos esos instar laos no local, de modo a que os residents de um baero pudessem vir rains” e deenvolve forms de socsbilidade ancoradas na xpropriasSo do, ‘pao local. Transportes pblicosadequados,infraesrutura (como aberts- ta de raat, espagos de lazer pars riangas, excolas,creches,ceatros de dia para idososcentros de sade, zonas verdes, espagos para a pitca de espor- tesou para later —eram, ecominuam a ser hoje, a5 reivindicagbes que dio forma a0 “disito ao lugar”. O dslocamento forgado — total ou patial — < populagoes, em toca do acesto a melhores condigbes de habitasio 080 era deste ponto de vista, consderado como uma opsio. Depois de 1976, contudo, este ipo de pala habitacional,associado a ecu do“drto 20 Iga” fo froqbentementewtilizado como meio para a edistrtbuigio de po- pulagdesem fangio das dinimics de especulao fundiria e dos negscios ‘Ho do eus mecansmos operatives. © SAAL, conrariamente a exa orient ‘0, opariaconsienteeexplictaente por ua concep de leglaio em process. Tatava-se, segundo Nuno Fors, de uma inilativa "al definida Para, como um ricoasumido enso como um defo” (Portas, 1986: 637) (Os aspects judicos ram gradualmente dfinidas econsagrados em fangio dx informasio do conhecmento obtidos através dae prépriasexperiénias de inervengo.” Gragas a eta ong, “os problemas eram tatados na a especfcidade loa, procurando asim aender ss caracteriicaswcioes pacias de cada operagio 20s modos de partcpasio das populagies bene cris. Ess peo, por aun ver, esavaligadapromogio de ma plasticidade ‘organiaacional, procurando experiment modes flexes de organiza comis- sBes ou associgées de moradores, de manera a permiir que as formas de insituionaliagio se adapasem Ss especifiidades Loa sta plasicidadee sadulsno na noematividade eregulamentagio do SAAL, coats, fot res Ponsivel, em dverss momentos, pelo défcc de legiimagtojuridica do pro- «ess, no tanto pela exratépiaem s mesma, massbretudo pela fraglidadee ‘mbigidade da conjantrapoicaento vivda. A necessidade delegisar€ legtimar procesos como a obengio de terreno, ocupagio de cass devoluas degrada, iranciamento das operagbesalteragio de panos ou a const fo dasasoiages de morsdores ene outos, ea austncia de repos cleres ‘Ou cabsis por parce do Estado travou ou desacelerou, em alguns cos como sucedeuem algunas stugées 0 &bito do SAAL/Nort,oavango ds oper es, comprometendo asim uma evoluo mais expelitaedeterminada das ropa intervenses 3.4. O SAAL enquanto process de emancpagdo social ede democraca participation ‘Uma ds mais fscinante extmulantesreflexses que a revostro hist rica do proceso SAAL sucita aque o v8 como expeiéncia de emancipagio, tocil ede demacraciaparcpativa. Neste sentido, um aspcto particular- ‘mente interessante €9 da diversidadeiterna das moivages, expecaivase prias dos wiros stores que protagonizaram o proceso Sobre que bases se mobilzaram os movimento de moradores, equais os seus graus de expectaiva de tanslormasso socal politica? Eram cles mo vidos saberudo pela reivndiasio da melhoria das condies de habitagio ‘ede respi fice &carécia habitacionsl, ou pela exigncia do reconeci- ‘mento da habitao como um direito consagrado nos documentos consti- ‘utivos do novo regime poco sido da Revolugio? De acoedo com Vitor “Matis Ferreira, que esrevia “em tempo rel”, os movimentossociasurba- nos poi er eateporizados segundo oalcance das suas motivases, endo postvl identificar ae seguints categorie: ) movimentorreivndiatvos, ‘com base em exigecias de carter imediato, stuadas no nel da propria tobrevivéncia material das populagéesenvolvidas; b) movimentos de pro- testo, que se dsigiam a um adeesirio poltico‘insttuciona,atescentan- do assim uma motvaco pola is exigéaciasmateriismaisimediatas €€) ‘movimento ois propriamente dios qi enunciavam um poet de ans formagio scl com impacts que ulrapasavam a resolugio de problemas ceapeciios que reformulavam as gins mas esrtamente funcionas da ‘glo politica (Matis Ferreia, 1975: 14-17) odemossugerir que as mobiizas6es dos moradoresem rorno do SAL. sevelam uma dindmica ambjgua que encontra expresso, por um lado, em ‘uma tansormasio no serio de uma dnimica mais emsancipatéia — que provavelmente teria ido bastante mais Jonge s 0 process mio ves tdo ‘um tempo de vida tio curto —c, por outro, na propensio reorrente dos ‘movimentos de moradores para dependéncia em eelagioa um Estado he- terogéneo e38forasarmadase, or vezes, a organizagéespolitias, a fim de ‘onseguien ela ae se apiraghes a uma habitagio decente ea ditcito a0 lugar. Em relacio ao primeiro ponto € interesante observa aseqiéncia 4c objetvosariculados pelos movimentos populares durante a rs fas do processo SAAL/Norte que foram citadas, desde arevogagio dos regula ‘mentor amarrios como expresio simbolica da exigencia de acabar com as poticas de habitaio definidss durante o Estado Novo, até sreivindica- bes de quaificago de sre residenciais ede solugdesjuridics para scur- bes degradames, como a da sublocago. Ao longo de todo o proceso, € ‘evido 3 crecente politzago deste — pra a qual ox partidos politicos con- tribufam de maneira subsancalsinda que com resultados discusves,como jt fo lembrado —, aexigincia mais ampla de dicito habtagio viria a ser ‘expressa de modo consstentee coerente. Or movimentos de moradores ‘ganharam, asim, eapacidade para aprender com a experiéncia © com as interagBes com outros stores, como o Estado e 28 bigadaséeicas. Conte do, com agama fejncia tdo sto era tadusido numa propensio para 3 plexose diferencados.Posco depois de tomada esa decisio, sistirseia a lume contengfo do investimentopblco no setorhabitacional, asim sein vertendo a tendéncia observada nos anos anteriores. O fim do SAAL, na perspectva do Estado, era o resultado da “indeinigio governameatal™ ob- fervada desde osu inci e que “no cesiou dese aceatuar até ruprura A resposta dos poderes plicos sup apenas onde, quando ena medida da pressio das populagBese das stuagBes de fato consumada com que foram vindicagbes de partcipaio poica para una expergncia de partcpasio aparentemente sem resrigGes, que nio cabia nas definigbes circunseritas da ti, dsiguais econtraditros e da insrgto de waetrisireversives no ‘desenvolvimento histric, pode resid em iniciativas de base ena busca de ‘nova formas de evar o Estado —ou setoresdo Estado —aconstiuralian- ‘2s emancipatérias e soldiras com iniitvas veas € movimentos socais, antos, 1995). ‘Algumasliges do proceso SAAL/Nore so relevantes para os objetivos deste exrudo de cas, sss gbes fram formuladas por alguns dos atores ‘mas reflexivos que parparam no proceso, eels convergem com s l= has geris do qu fi apresentado ao longo deste capitulo. ‘Uma das forgas do proceso SAAL/Nore fo a sua capacidade de mobi lzagio de um conjunt heterogéneo de tore em torn de objetivo espe fico vidveis “Ter uma cata decent” eo “direito a0 lugar” resumem de ‘modo sdeguado, como vimor, ess objetivos. Els permitram aabertua de ‘pags de democracn e de respeito peas dferensashasadas na classe, no sexo, na emi, na religo ena facto partidia A propria diversidade © heteogencidade dos movimentos enrizados ma uta plo direitos viver em lugares que os moradocespulessem reconhecer come seus, ea complemen ‘ara haitago com um conjnto de equipamentosurbanoe que peritsem uma apropriagio ava deses lugares no x6 como lugares para morar mas ‘como espags de vida ede construct deslidariedades de bse local, foram ma condo do seu sucess. Aligagto ao lugar € uma dimensfo cuca do proceso. O deslocamento forsado de moradares de um determinadobairo pura outs lgares, dispereando-o, em muitor caso, e sem as conde necessiris para fora soldariedadese um sentido de comunidade ques ode surgir de uma interagi fae a face prolongada mostou ser fatal para ‘amaior parte dos movimentos. Recordemos que a Iitas conta exes rane feréncias forgadas correspondem a uma ds caracteriics mas Gundvis das Jas populares urbanas, particularmente na cidade do Porte eere liga, ‘especialmente, a projets de reform urbanisica ede realojamento de po pulagdesno inicio do século XX. Seré fel, asim, compreender por que ‘so normativ (0 texto, os valores os dteits proclamados na Cara) ea ‘Constuigo rea (aelag entre a orgs poles) (Gomez, 1995). O en feaquecimento na Aesembléia dat foras politcas que tnham redigido a CConsinisso asenratzissneolberaisdedesenelvimento promovidas pelo _goverofizeram com que umn das poucssnsitigbescapanes de desenvolver conte da Carta de 1991 fs oTbunal Consticional Bese, ap as Primera setenan deci etm cm vigor eva fangio. Pct, neset tos decoroso Tribunal ends vagaroumente ait repesengio como executor dos valores de iberdae justia soil encarmadar na Conti 620, guelhepemitin guahar una inportnte legtimidade em certo stores ‘Eseiedade, Maserpe se moveno ada naval, qu exe progress também explica aera eones de outros tore, em geal ligador age os empresas ou 20 govern que atacam a jursprudénia do Tbunal Por considerlo popula eingéato. Alm dio, exe tre tém ead, $e agora sem ceo, meron refrmas para asa com o Tibia oo, to mismo liniarconsderavelmente asia competncin Asin cm coat ceases enquato alguns stores da Anembléa da Replica tetra re formas consttuconas para limita o poder do Tribunal ome ea objeto de poo pico por part de represetantese dees dealgus movinettos soci Anos hipstese para expla 0 atvio progress do Tribunal poser, pois, ser sineza dena forma: o projeor da tiga costiucon al colombia ea cultura jurdcatrmam posvelisiiionalmente um importante svismo do Tiina Acre de representa ea dbldade Jos tmovimentos soi favorecem 0 recurso a mecanismosjrdicos por parte 4 certos stores soci O text aprorado em 1991 tanblm enti ua ‘so progeanta pelo bua, gua devido a0 vio grado poeta ‘uccmento da fogs consuin, cnde averse como 0 pode 40 gal compete exceutaro valores conto na Const. Ese progres do “iba é por sn ee, pose dvido 8 debiidae das fogs que eso coma leeds tentatas de contr-eforma consttaconl induitivel quedo iso pera nd er aontecda A Coast de 1991 ea sua longa cara de dios poderan ero ma efi paramente rete legitmadra ds ondem dominate, como na ocordo os anoe 70 quando da proraio os paces de dros humanos que mone foram pleads ples jules clombianos. Mas alguns mapisrados do Tbual deci diramaproveiaro conto plo qu tenes esr aru inpulso 20 ‘ontedo emancipaor du Cara conepiran ato, 0 sino email juridio,enbora, como tenor io, com muito erg edad. {ue 0 durane todo ee proceso owe momentos gue etrowpecivamen: ‘moran que asco podem ro dierent. lg tos prseste conjuntras e eavusexreram influncia deta, Pr exer, gas decides pogresisase polemics do Tribunal foram decide por uae ‘rem arg de contr Una akerao minima na composo do Tibial cvidentemente tei eto trunfar as tse opstas. Ora, €sbido que alguns ‘ragisradoscosidrados progress ganharam a sua cegio na Cimara do ‘Senado por uma margem muito pequena fente a outros candidates de oien~ ‘sto pola ejuridicaconservadora. Tra bartado que um deses magia dos progressstas no fos leit para que slgamas Lnhasdejrisprodéncia td Tribunal no tivesemchepado exit Da mesma forma, em outros mo- ‘mentos gums tentatvas de sopresso de competncias muito importantes {d Taibunal quis eriunfaram Por, até agora © Tribunal tem conseguido reservar asus competénca © um avsmo progress. Edessa forma que Poncoapouc produr-se uma ese de alansa contrarhegemfnica ica entre ‘0 Tbunal Constcional —ou pelo menos ene alguns magstrados — eer tossetoressocnisexlidos ou atroplados para deseavolver os valores eman~ ‘ipatrios consagrados na Cara de 1991 (Cepeda, 1998: 76) 3. casos Podera eno o anterior contexte colombiano explcar ese certo ativsmo progreststa do Tibunal? Mas qual fio impact efetivo dessa jurisprudén- (Ga? Para avaliarmos este ponte, dcidmosanaliarquateo cass cua impor~ ‘ini intfassa nose deve apenas wanscendncia das decides do Tribunal ‘dos movimentossovaisenvavidos mas também propria diversdade dos ‘aso, 0 gue poderiapermitr uma reflexio comparada € contextual sobre 0 potencial emancipatrio da justia consttcional.” 2.1. O movimento indigna [Neshum outro movitieno socal na Coldbia durante os itimos tnt anos ‘tem paral como dasindigenas, pela combatvidade, orga econquisas® (Gro, 1993; 11). Além do mais ene of movimento indigenas da América Lain © Thai don sagem per dei mas Dapp go vane en oan fear plant 25 ener ores ‘Ean he guar a svat op come 9 ao don as Sr Nth den are cree eeritinens alban ftp 97, aa Tete {snd Cnt Rega Cara CRI) Paonia de web, erent tes colombiano 6, de long, © que mais beneios urtiose politicos conse (Gros, 1994: 118) to & mais surpreendene anda se vermos en conta que a opulagioindigena colombiana € muito redurida quando comparada com 3 percentagem deindignas em outs pases latino americans como Bolva,0 “Mézico ou o Equador, «gue alm dio, 6 uma popolaio muito pera pelo pate culralmente muito heteroginea Rappaport, 2000: 8). Come, entio, ‘explicamosesa forge ess conquistas? Tver se dear justamente 0 fao de ‘ser mito basa a percentagem de poplasoindigena na Colmbia€ 20 fo de _asconcesses fits pelo governo no repreenatem im prego inaevel face Alegiimidade poliscaconsepuda ito que expia que no wi ds ites do- ‘mates no aja opasio ao proces de reconhecimentoe protsio das cu ‘A expecifiidade da stuagio colombianaencontra-se no ttimo dos ee- rmentosapontades, ito é, na vontade plica do Estado, manifestada nial ‘mente pelo apoio do governa & causa indigena na Asembléia Nacional (Colombiana pstrionnent as decisis do Tbunal Constiuconal emidén- tico sentido. A este respeito,o Tibunal mou importantes decsSes. Ente ‘outrasdestacamos as seguints: 0 Taibunal vem protegendo o direto& aw tonomia cultural do povo U'Wa conta as pretensées da empresa multi- nacional Oxi e do governo colombiano de explorar petréleo em locas considerados pelo povo U'Wa parte do seu teriério, com fundamento ma ‘concepsio deste povo segundo a qual a tera, e com ela o subsolo eo pe- tele, ¢sagrada. O Tribunal tm limitadoo dreito iberdade de expres slo religioes de alguns indigens Aruaquesconvertidosa secs protestanes, ‘que pretendiam fazer prosltimo religiowo demo do teritérioindigena, ontrariament a0 disposo pels autoridadestradicionais. O Tribunal tem fespetado a dessio por parte das astoridades tradicionais do povo de impor tastgos fsicas come pena pela pritica de delits,contea 0 disposto pelo codigo penal colombiano. ‘cla pocorn srr de pops mobster coms mee de sion “mere no eran ap (on 198 1x do dope ea {nu ones appr, 09) Nn batsmen ee ep ‘Sulgne ues rc mem eae eal et ‘Biro enn ra ome pt can rr (sclementos mis carscterisicsefecundos das lutsrecentes ds ind _genas exo ligados ir decisds do Tribunal Consttucional. Fstes elementos So: Enfasenos direitos culturaissobre as considerages eeonémica; alianga ‘entre os denominados“intlectunsindigens" eo Tbunal Consiucional propciaa justamente por esa énfase (Rappaport, 2000: 31) einternacio- ‘naizagio da lua politica indigena, Em trmos geras, os ideres indigenas ‘ntevistdos extiveram de acordo ns hora de arma que ae conquista ob- 'idas durante este imo perfodo "ado teriam acontecido sem contar como spoie do Tribunal Consiucona, que nenhuma outa instuigio do Est do em sido to favordvl ao movimento indigena (LZ: 24; RB:2"),queboa parte ds decihesarispradencas sobre indigenas tem sido recbidas plas ‘comunidades como “trinfos poliicor” (EA: 26), que com freqiacia oT bbunal tem sido mais gencrosodo.queoexperado (RB: 4), 08 que, n0 mi ‘mo, “tem cumprido 0 prevsto na Constiuigio de 1991" (RB: 3) que a8 suas decsbes server para qu os indigenas“tomem consciénca dos seus ‘mente no patcipavam de protstossocias,Porém a tuagio chepou a al ‘avidade, que os devedores comesaram a evar associagBes de defsa para eopino 979 apne pesmi Mpa Londo, Gat Con, "Aco (2000 9 160), Yer tab gd ah 87 {Ceo al 99) ee Calan aie Ses 929 Tatar contra as insiuigbes finances, organizaram algumss marchas pac ‘ase formularam pedis a0 goveeno € 3 Assembléia Nacional para que Imodifcasem esse sistema de financiamentoe perdoassem os devedores- Alguns devedores também delincaram formas de "desobediéncia civil” ere~ casaramse a continuar a pagar a presagbes ea devoler as habiagbes 3 insisigbes finances. Muito rapidamente segundo alguns, devido &escasa recepividade do. governa eda Assembla, os devedorese a suas asociagBes recorreram m= ‘bam estratgi cal, eiterpuseram agBes perante © Tribunal Consita~ onal conta as normas gue eeglavam o sistema UPAC. Entre 1998 1999 fo Tribunal proferia visas sentengas sobre o sistema UPAC que, em gealy tendiam a protege os devedores A UPAC ficou vineulada 3 infasto, foi pribid a cpitalizgao de urs efi ordenada wna religuidasio dos crédi~ tos hipotecdros pars livia, asim, a suagso dos devedotes. Além disso, © “Tiibunal ordenou que no prazo de sete meses fose aborada nova legila~ so que regulate ofinanciamento para a compa da casa prépria, ‘Aatengio dos mas media eda opinifopablica sobre esas decises foi considerivel, Além dist, 0 Tribunal ficou 20 centro do furacio, porque, tembora or devedore alguns movimentes soci apolassem suas decsbes, ‘os gruposempresarns, lguns stores do governo enumerososanaistasata~ ‘aram duramente o Tbunl Consiucional,ericando- por exceder suas fungbesedesconhecer ofenconamento de uma economia de mercado, pelo {que propuseram que o Tribunal no pudesse pronunciarse acerca da consti- ‘uconalidade da lepslago econSrsca" [Nese contexto, a Asembleia Nacional dscutia e aprovou, no final de 1999, ma nova lei de financiamento de habitaso, que incorporava, entre rca fewer de 199,150 ft Cl ane mantra 2 Site der deers deo orm gcasuvanere pen [EXE fe foe e199 mee 1938, oe abn aa ‘Shade adn prep pra psn dav ie ‘ie pace tam dean comer SUPA "ios pli, ur "enact 0 as” pe tt ‘lint ne Sep oem opine ecaenecscel Se ‘ind dene tn Resi ania Cass fer le Jee cho de 90,0 ral wo a gia tn ‘Ful nn tn eel ot sou cede po ee ‘cht sont, tee Senta Falmoncy codec See es (el pcado Se eae de 200, ‘tras cota, perdio os devedoresno valor de doiskilkes de pesos cer de 1,2 bio de dole). evident que sem os ac6rdos do Tibunal Cons ‘ucional, suit provavelmente nfo teria havido uma modificagio imediata do stema UPAC, epesr da crt socal que exava desencadeando.® ‘As organizagSes de devedoreshipotecris nasceram como reacSo a uma crise de pagamentoe procuaramsobrerudo solugées para no perder assuas, habiages. Embora estes devedorestenham ocasionalmente feito mabiliza- shes dere outas formas de aso pola, fo a extatéia judicial, e,espe- ‘almente, a interposigo de recursos peranteo Tibunal 0 que acabou por ter dominante e define 0 perfil do movimento como uma espéie de deso- bediéncia cv relatv,judicaiaadae apolada em argumeatos constiacio- ‘ais. A transformagio desss quiaas individunis em debates consctionais perante 0 Tibunal permit que casa asscinges usufrfsem de um elai- vo sucesso e por isso visser a eescer muito rapidamente ‘Aavalissio do potecalemancipador deste movimento de devedores € da jriepradéncia do Tibunal no €arefa facil. Nio hi qualquer dvd de ‘que fram as sentengat do Tbunal que permitiram um certo alii financeie Toaum importante nimero de devedorer que talvexem comseqiénca dio, ‘io perdessem suas casas. igualmente certo que os devedores viram au ‘mentadas a possiblidades dese defender faces events ages de despejo. Finalmente, oligo consiicional permis uma maior articulago entze os, ‘estas expulioschegou em um momento de crise do sindcatoe de fata de ‘esperanga por parte dos afetads. ago de atl fo ncerposta em meio a tum cecismo quasegenralizalo e como ikimo recurso. A deciiofavori- ‘el do Trbunalalteow completamente o panorama a ponto da lta politica ‘eiquiiedimensio nacional avavés do asesoramento a outros sindicatos fem siuagdes similares. Nestas conden nfo parece exagerado dizer que para. osindicao das "Empresas Varias de Medellin” a estatégia jurdica fez eviver su forga polieac, coneqientemente,adguti, nos slimes dois ‘nos, um papel fundamental no contexco da uta politica do movimento. © ‘enfraquecimento da lua sndical wadcional eas enormesexpectatvas ra Gas pela ago da tutlaexplicam tal situagi, em dvidaexcepconal para ‘um sindicat,na qual a estat juriieaadguire uma imporiacaprimor- ial de tal manira que até parece ver quate wma estatéia de po consti- ‘tio, pelo menos para o petiodoanalisado, Sendo asim, o peso relativoe ‘aimportacia da etratgia juridcs do sindicato da Empresas Varia de Me dein azemelha-e a0 qe aconece com os movimento socas disperses ‘cominitirio. sono exclu uma advertncia que evoca algo do pensamen to rtcoe que et elacionads com os maioresricos da estate jurdica ta lua a longo praza dos movimentor soci clisios. ‘Algo parecido acontece no caso indgena. Nese, também aestratéga judi ea, em principio, conjunural. Ndo cbstante, mostramos como 25 Jura indigenasperane o Tibunal poduairam importantes pitcas eman~ ‘ipatérias para 0 movimento. E deve-sea que também aqui a estate jr ica durante a sitima década pasou a serum elemento esencial da lata politica, de tal mancir que as extatgiascléscas de cononto politic pas- ‘Sram para segundo plano, Aqui também é vida uma idénicaadverténcia tabce os sacar de que a referidaesvatégia desnaturalize ov simpesmente tui ojo terreno das politics pblicar— deseavalvimento loca, Ita contra A segrepacio ex exluso, promogio de identidade garantia de patrimOnios de idetidad ee, As atoridades locas ampiam o sea campo de aoe de- ‘eave novas iniiatvas nas Srea de rbanismo, orgatizasio urbana, politica soci, altars agfoecondmica etc Este aumento das responsabi- Tidaes losis 6 resultado que de trasferénciasinstircionais de competén- ‘as, quer sna dacifusio de novaspisca aonadas pelos novos problemas, procediments por vees experiments de inicio, mas progresivamente e- tublizadoe. Ess experiéacias tim em comm alguns procedimentos de paceia ©

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