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WILHELM REICH PO TOyWaeN DO CANCER T Uma doenga restritiva causada pela privagiio sexual crdnica. O que € 0 cancer? Tradicionalmente, a ciéncia médica 0 classificou como um tumor intrusivo que surgia espontaneamente em um organismo, de resto, saudavel, Em contraste com essa definigao, Wilhelm Reich define o cancer no como um tumor — simples manifestagao tardia da doenga —, PErMee enn ems econ ems conte mene ICM rtniur (estos) Fonte SOTA On ote merit ONCE mete Pee tener cen Cone tT ence eae Te ene se reorient r NS ENatrorteen Glee maureen tet tery da asfixia crénica dos tecidos, Reich chegou a conclustio de que “o cAncer é a expressiio somatica mais significativa do efeito biofisioldgico da estase sexual”. Se for assim, hé uma perspectiva muito maior para a prevengio do céncer do que PCRS ee Tet oeten A biopatia do cancer é 0 segundo volume de A descoberta do DOO NTC RTO Ure reer Orch en BN 978 857827.124.4 OT | Oa “Prdugso portuguesa Copyright © 2009 by Mary Boy bliggins as Teslee of the iltelm Rice byfant Trt “Trahcato de Concer Bioathy de Willen Reick, Copyright © 1973 by Mary Boy? Higgs (as Truster ofthe Whelan Refit Trust Fur or Krebs, Volumes Tord I Copypight & 1971 by Mary Boyd Higgins os Trustoe of te Wile Reh Jufine Trust Fuad “Tradupd arighel publica com tua Une Discovery of the Orgone, Yoluane Too ‘Tue Cancer Bipatiy, Copyright © 1948 by the Orgone intite Press, ic. Al igh reserve Publ por acordo com Farar, Straws & Giroux, LLC, Noor York. Copyright © 2009, Lieraria Martins bonts Lite Lida, ‘Siu Pel, para a present wig edigie 2009 Teadusdo MAYA HANTOWER Revisile da traducdo Anibal Mai Revisio téenica Recardo Amara Rego Acompanhamento editorial Tunia Aporecide ds Sats Revisies graficas ‘Maria Reginn Rebeieo Macha Lemont Aporvicie Martins Cazaren ‘Sandra Garcit Cories Produséo gratica Geraldo Abies Pagiaasio ‘Monet Keun Matswsuki ‘Dads {nternacionais de Catatogacéo 2a Publicagio (CIP) (Clinara Brasileira do Livro, SE BrasiD Reich, Walhelm, 1897-1957. ‘A biopatia do cincer / Wilhelm leich ; tradugio Maya Hantower ;revisio da traducdo Anibal Mari: eevis40 téoni- ‘ca Ricardo Amaral Rego. ~ So Paulo: Bditora WME Martins Fontes, 2008. ‘tala oxiginal: The cancer biepathy ISBN 97-85-7872 1 Cicer 2. Baengas ~Causas etoria de eausalidade 3.Or- ‘gonoia I Rego, Ricasdo Amaral 11 Titule, ones. cop.eisase ndices para catslogo sisteritico: {engin ong’ Terapia | Cidncas micas 615856 ‘Todos 08 direitos desta eigio reservuutes @ Livraria Martins Fontes Editora Ltda. Ruw Conselhairo Rumalho, 339 01325-G00 Sao Paulo SP Brasit Tel, (1) 32413677 Fax (11) 3101,1082 e-mail: nfvBcompmacrtinsfontes.com.br tty. fheww winfriartinsfontes.com.br O amor, o trabalho e o conhecimento sao a fonte de nossa vida. Devem também governd-la. WILHELM REICH Sumario Prefitcio de Chester M. Raphael... Prefiicio do auior.... I. A fungao da tensfio e da carga IL. As vesiculas de energia orgone (bions) e a organiza- cdo natural dos protozoério: IML. A descoberta real da energia orgone.. IV. A demonstragao objetiva da radiacao de orgone V. A biopatia carcinomatosa de encolhimento..... VI. A célula cancerosa a VI. Natureza ¢ desenvolvimento dos experimentos de or. gonoterapia VIIL. Resultados da orgonoterapia experimental em huma_ nos com cancer ... IX. Anorgonia na biopatia carcinomatosa. ide -encolhimento X. A biopatia do cancer como um problema de socio!o- gia sexual... Prefacio A teoria de Reich segundo a qual o cancer nao é primariamen- ie um tumor surgido misteriosamente em um organismo, que é, com excegdo desta doenca, saudavel, e sim uma doenca sistémica, causada pela privacdo sexual crénica, iré surpreender a pessoa comum, que tende a ver um distirbio da sexualidade como algo aflitivo, mas nao patogénico. Ela também ird enraivecer muitos que, devido a um preconceito moral, julgam uma relacdo dessa ordem ofensiva e insustentavel. Wilhelm Reich, com um entendimento certeiro da conexao entre todos os fendmenos naturais, nao levou em conta esse preconceito e incluiu o orgasmo como sério tema de investigacao. Seus estudos conduziram por fim a um exame da natureza exata da energia expressa no orgasmo e sua demonstra- <0 nao s6 no organismo vivo, mas como o principio de funciona- mento comum de toda a natureza A trajetoria seguida por Reich ao longo da descoberta desta energia onipresente que ele denominou orgone foi descrita em A fungao do orgasmo. Aqui, em A biopatia do céncer, ele detalha a ver- dadeira descoberta da energia orgone revela sua importancia pré- tica para o problema do cancer. Faz assim uma contribuigdo de enorme significado para a compreensio da doenca mais grave mais desconcertante que aflige a humanidade nos dias de hoje. XK Publicada em 1948 pela primeira vez, A biopatia do cincer é uma obra praticamente desconhecida. Teve uma distribuigio extre- mamente limitada e sua impressio foi posteriormente proibida por uma determinagao legal que levou 2 apreensio ou destruigéo dos livros. de Reich por um departamento do governo dos Estados Unidos. Surge felizmente esta nova tradugao, em confluéncia com uma crescente abertura para abordagens inovadoras do cancer. Na base da teoria de Reich sobre o cincer encontra-se a ener- gia orgone, que pode ser utilizada no estudo de todos os fendme- nos naturais e na investigagao, tratamento e prevengdo da doenca. Poder-se-ia pensar que a prova teal da existéncia de uma energia césmica, objeto de especulagdo do homem no decorrer de toda a sua histéria, seria acothida calorosamente. No entanto, a incapaci- dade do ser humano comum para experimentar ou compreender suas prdprias sensagées corporais ~ manifestagées do movimento dessa energia — fez com que rejeitasse a realidade de uma forga especifica que governa o seu organismo. Por conseguinte, emergou a descoberta da energia orgone por Reich como uma idéia fantasti- ca ou uma fraude. ‘Um obstaculo central para a compreensio da teoria de Reich sobre o cAncer é a maneira convencional, mecanicista de com- preender as doengas. Até recentemente, na verdade menos de uma centena de anos atrds, atribufam-se as doencas aos efeitos da inte- ragdo de muitas varidveis do individuo e de seu ambiente. Entre- tanto, comegando pelas investigasdes de Pasteur e Koch, surgiu “a doutrina da etiologia especifica”. De acordo com ela, uma doenca tem por causa um fator especifico, p. ex., uma bactéria, um. virus ou uma deficiéncia hormonal, A medicina modema se assenta nesse ponte de vista mecanicista e é o que est4 sendo fortalecido atual- mente com yastas subvengSes federais na investigacao do cancer. O. entusiasmo com essa abordagem deriva do conhecimento de que um dnico fator isolado pode ser introduzido para produzir a doenga em um animal experimental, ou que um procedimento mecdnico ou ‘uma substéncia quimica, muitas vezes descobertos acidentalmente, podem ser efetivos no tratamento da doenga. H cientistas proemi- x nentes que discordam dessa abordagem e afirmam que é fétil buscar um fator causal especifico. Mesmo assim, a busca continua. Diversas “causas” isoladas do cincer esto sendo investigadas neste momento, entre elas a teoria viral, a psicossomatica e a bio- quimica. Assim, certos investigadores esto convencidos de que o cancer é uma doenga infecciosa de origem viral e acreditam que logo se desenvolver uma vacina contra ela. Outros voltaram sua atengao para a possibilidade de uma etiologia psicossomatica inte- rativa e fizeram especulagdes sobre a relacio entre depressao psf- quica, auséncia de agressividade etc. e 0 desenvolvimento de tumores malignos. Outros ainda sugerem que fatores psicolégicos desarran- jam 0 equilibrio hormonal do organismo ou deprimem os mecanis- mos imunolégicos, contribuindo dessa forma para a etiologia do cancer. Finalmente, na drea bioquimica, a descoberta de Otto Warburg, por muito tempo negligenciada, segundo a qual os processos nor- mais de oxidag&o sdéo danificados de modo irreversivel na célula cancerosa e stzbstituidos por processos anaerdbicos, estd sendo rea- valiada atualmente, em vista da observac’o de que a falta de oxigé- nio parece contribuir para o desenvolvimento do cAncer. A despeito do interesse despertado por essas diversas teorias, € evidente que muitas perguntas sobre a etiologia permanecem sem resposta e que ha muito de obscuro e confuso. Por exemplo, se hou- ver virus envolvidos, onde ¢ como se originam? Se houver algo mais fundamental do que virus em atividade, algo quimico, 0 que sera? Se na etiologia esto as emogdes, como produzem, de fato, 0 cancer? Que ha uma relagao entre cancer e virus, emogGes, falta de oxigénio e assim por diante, isso parece certo, mas o que é e como se efetua a transformagao maligna nos tecidos, nao se sabe. Na auséncia de uma etiologia conhecida, o tratamento do can- cer tem sido em grande parte sintomatico, seus resultados imprevi- siveis e, de modo geral, nada encorajadores. Na verdade, o sofri- mento do paciente de cancer se deve com freqiiéncia aos meios empregados para tratar os sintomas, bem como & prépria doenga. Como o tumor é 0 produto mais visivel da doenga e é considerado pela maioria dos pesquisadores como a doenga em si, o tratamento xi consiste na sua extirpag#o ou em uma tentativa de destrui-lo por meio de radiago ou de agentes quimicos. Reina a controvérsia quan- to ao valor dessas medidas. Por exemplo, hd um desacordo perma- nente sobre a quantidade de tecido que é preciso remover para se estar seguro de que nao restaram células cancerosas, que invadiréo e destruirao o tecido saudavel circundante. George Crile Jr, médico da clinica de Cleveland, descobriu que muitos procedimentos cirtir- gicos so excessivos e se queixou de que “na nossa pressa de elimi- nar o cancer através do uso indiscriminado de cirurgia, estamos esquecendo o paciente e até disseminando a doenga”. Todavia, a despeito das limitagées no tratamento da doenga através da remo- “Gao ow uesmitgav"ad runtor, a ptaiica nidirewpdafav consiucraque o tumor é virtualmente o tinico alvo da intervengao terapéutica, devido & premissa mecanicista de que ele surge por si sé em um organismo que, com excegae disso, é saudavel. Em A biopatia do cancer, Reich apresenta uma teoria funcional do cancer que explica a origem ¢ o desenvolvimento da doenca, oferece possibilidades para seu tratamento e, 0 mais importante, para sua prevencio. Isto é obtido sem excluir as especulagées exis- tentes sobre a relagdo entre a doenga e a infeccao, 0 distirbio emo- cional, os danos no metabolismo celular, o valor da simples extirpa- gao de grandes tumores e assim por diante. O “virus do cancer” tedrico estd sem dtivida relacionado aos bacilos T de Reich, que produziram tumores cancerosos em animais de laboratério, fortale- cendo dessa forma a teoria atual da infeccdo. No entanto, para se ajustar aos pontos de vista de Reich, a teoria da infecgio teria de incluir 0 fato de que o bacilo T se origina de maneira endégena a partir da desintegracao bionosa da substancia viva. (E claro que isto desacredita a teoria metafisica dos “germes aéteos”, a partir dos quais se presume que todas as bactérias se desenvoivem.) A de- pressiio psiguica ou falta de agressao, observada por especialistas em psicossomiatica, é a “resignagao caracteroldgica” de Reich. Mas, para ele, “resignacdo” nado é apenas uma descoberta interessante envolvida obscuramente na origem da doenga; é a primeira fase de um processo de encolhimento resultante de um distirbio na des- Xi ’ carga da energia biossexual. A teoria da deficiéncia de oxigénio no nivel celular ora em voga, originalmente observada por Warburg, nao é uma descoberta isolada sem explicacdo e sim, de acordo com Reich, a expresso bioquimica interna da deterioraco da respiracio externa, Em outras palavras, na teoria do céncer de Reich, esses e outros fatores nao sao heterogéneos e sem relac&o; so sintomas de uma doenga sistémica que tem sua origem na estagnaco prolon- gada da energia biolégica do organismo. Isto é, esses fatores tém uma origem comum e, depois, adquirem a capacidade de funcionar de maneira auténoma, dando desse modo a impressfio de ter um significado etiolégico primério. Cada aspecto do cancer é levado em conta na teoria de Reich, contrastando com as insuficiéncias de todas as outras explicaghes oferecidas até aqui. Ele ndo apenas realizou as mesmas observagies que esto sendo investigadas indivicualmente agora, como demons- trou uma relagio funcional entre elas que a metodologia mecanicis- ta foi incapaz de descobrir. A tragédia estd em que suas descobertas foram recebidas com escérnio, negligéncia e acima de tudo indife- renga, quando vieram a publico hé mais de um quarto de século, e que jamais houve uma tentativa de examind-las com imparcialida- de. Mesmo o interesse contemporaneo pelos primeiros escritos de Reich, que continuam adequados e oportunos no nosso atual con- texto social, nao se estende aos seus ultimos trabalhos relacionados a descoberta da energia orgone. No entanto, esse novo interesse talvez venha a estimular uma acolhida mais favoravel para sua teo- ria do orgone e torne possivel a utilizagio da energia orgone no estudo ¢ tratamento das doencas somiaticas, como o cancer. Espera-se que A biopatia do cancer no provoque entusiasmo mistico ¢ tampouco rejeicdio cega. Reich previu a possibilidade de haver reagdes irracionais 20 seu trabalho e advertiu que sua solugéo Go problema do cancer nao implica o descobrimento de sua cura. Ainda assim, a despeito de seus esforgos para esclarecer incom- preensdes ¢ desencorajar expectativas exageradas, ele foi ridiculari- zado e condenado por danes que ndo somente nao havia causado, como ainda predisse lhe seriam falsamente imputados. Ele afirmou Xl claramente, em seu prefacio, que estava consciente da inevitabilida- de das distorgdes e reacdes malévolas. Este deve ser lido com cuida- do para evitar quaisquer erros de concepsao relativos ao que de fato alega. Além disso, para desfazer qualquer diivida restante a esse respeito, chama-se a atengio do leitor também para o ultimo capi- tulo, em que Reich afirma enfaticamente que a solug4o definitiva para o problema do cancer esté na prevengdo da doenga, e nao em sua cura. Os meios para se chegar a essa solugdo devem ser busca- dos em primeiro lugar no campo social, pois é nossa ordem social repressora que cria a miséria sexual e a conseqiiente estagnagio da energia biolégica em que se origina o cancer. CuesTER M. RAPHAEL, médico. Forest Hills, N.Y. 1973 Prefacio Este livro é 0 segundo volume de A descoberta do orgone e é a continuagdo direta do primeiro volume, A fungiio do orgasmo. Ele se compée de uma série de artigos rclativos 4 descoberta da energia orgone césmica, publicados pela primeira vez entre 1942 ¢ 1945 no International Journal of Sex Economy and Orgone Research. Esses en- saios estio sendo apresentados de forma reunida para que a biofisi- ca orgone possa ser vista com mais clareza como o resultado légico de observagées, experimentos e hipétescs de trabalho relevantes. Com mais facilidade do que através de artigos isolados, 0 leitor des- titufdo de preconceitos poderd agora se convencer de que o desco- bridor da energia orgone foi muito mais um instramento da ldgica e da consisténcia cientifica do que um criador de “novas teorias”. A tiqueza de fatos e dedugdes registradas neste volume excede de lon- ge as capacidades inventivas da mente humana. Durante 0 processo de descoberta da energia orgone césmica, minha tarefa nao foi cons- truir teorias, porém simples e unicamente registrar minhas observa- Ges com cuidado, integridade e objetividade, verificd-las através de experimentos apropriados e construir as pontes l6gicas de pensa- mento entre uma dimensao de funcionamento e outra. Fiz um rearranjo parcial dos artigos publicados anteriormente com vistas a evitar repetig6es ¢ apresentar as contribuig6es em. XV ordem cronolégica, Também acrescentei uma exposicéo dos ertos inerentes 8 “teotia de germe aéteo". Para maior proveito do espe- cialista em pesquisa sobre o cancer, inchuiu-se uma discussio para estabelecer a relagio entre a pesquisa clissica sobre céncer e a orgo- némica. Na conclusao dos trechos sobre fisica orgdnica, hé wma bre- ve nata sobte a demonstragio da energia orgone atmosfécica através da utilizagdo do contador Geiger-Mier. Infelizmente, foi impossi- vel incluir uma exposigao abrangente deste fendmeno por motiva cronokigico, & que ele 56 foi descoberto no verdo de 1947, Espero c acredito que este volume serd acessivel ao leitor sem {ccmacio ciontifica que se femiliarizon com 0s prineiptos da pesqui- sa Gentifica em geral, ¢ com a orgonomia em particular. Os trechos demasiadamente técnicos podem ser ignorados por esses leitores sem prejatzo de sua compreensdo do todo. ‘0 presente volume abrange os resultados de um trabalho rea- lizado an longo de um periodo de cezessete anos, entre 1930 & 1947. Concentrei-me no essencial, uma vez que qualquer tentativa de incluir todos os detalhes teria tornado o Evra impossivel de sez lido. Havera oportunidades suficientes em outros contextos pata fornecer qualquer informagdo importante aqui omitida, E lamentével, porém compreensivel, que este volume nao pos- sa forecer uma exposicio completa. Ainda existem muitas lacunas na pesquisa do orgone, como sémpre acontece na ciénela natural objetiva. Ela ndo oferece um “sistoma de pensamento” nem tam- pouco uma nova “fllosofia da natureza”, apenas nows fatos e alg- ‘mas fovas conexdes entre fatos conheeidos, desde que jé tenharn. sido verificados. Biz as observagSes pertinentes nos casos em que peranecem incertezas. ‘A pesquisa do orgone na atualidade esté muito mais avangada do que este liv, Os resultades orgonométricos dos anos recentes dovern aguardar publicagdo posterior. De modo similar, deverd ser postergada para outra data a cxposigéo sistematica da técnica do pensaiento funcional, fundamental para todas as nossas observa- (es, experimentos ¢ conchisies. A omissio é lamentivel, mas née pode ser evita. No decorrer dos dltimas doze anos, tomnou-s¢ xvi Sbvio que a pesquisa sobre orgone ou é compreendida de maneira equivocada ou simplesmente nao é compreendida por bidlogos fisicos, porque eles ndo conseguem ver os novos fatos do panto de vista do funcionalismo energético; a0 contrario, procuremn compteen- dé-los com 0 ausilio dos métodos de pensamento tradicionais, mecanicistas, Isto é impossivel. O bacteriologista, por excplo, enxerga 0 estafilocoan como uma formagio estética, de formato esférico ou oval, com um tamanho de cerca de 9,8 micron, reagindo com uma coloragio azulada a tintura de Gram e disposto em cachos ou grumos, Bssas caractersticas so importantes para a bio- fisica orgone, mas ndo s80 essenciais. © nome por si 36 nada diz sobre a origem, funcdo e posi¢g&o do coco azul na natureza, O que 0 bacteriologista chama de “estatilococo” ¢, para a fisica orgOnica, ‘uma pequena vesicuia de energia em processo de degeneragio, A biofisiea orgone investiga a origem do estafilococo a pautir de outras formas de vida e sogue stas transformagies, Ha examina 0 estaflo~ coco relacionands-o com os processos da energia biolégica total do onganismo e o produx experimentalmente através de processos. degenerativos em bions, células, e assim por diante. Fomnego o exemplo meramente como uma indicagao, ¢ néo mais do que uma indicagdo, de pot que os fatos da orgonornia nao podem ser compreendidos se os métodos mecénicns e quimicos classicos forem utlizados, e por que uma exposicio sistemtica das téenicas e métodos de pensamento da orgonomia é tao importante para uina compreensao da energia orgone. Porétn devo me limitas © posso apenas esperar que os fatos e an fundies apresentados fala~ xdo por si mesmnos, ainda que devamn parecer novos ¢ estranhos aos bacteriologistas, bidlogos e especialistas médicos formados & ma~ noira cléssica Qs processos naturals aqul discutidos ndo serdo féceis de com- pteender sem o conhecimento da fiurdo biofisiea do orgasno, Exa~ tamente como o estudante de espécies animais deve ter um conhe~ cimento adequado de geotogia, o cientista que deseja investigar a energie orgone césmica deve possuit um conhecimento preciso sobre a funcio do orgasmo. O outta requisite do observader que XVI trabalha com cnergia orgone, de que suas sensagties de drgio este- jam relativamente desimpedidas, pode ser apenas afmado aqui é no furdamentado, Mas certamente esté claro que a estrutura emo- cional do cientista natural ira colonir as suas cbservacées € ponsa mentos e que, portanto, a sensacio de Srgdo é uma ferramenta do seu trabalho. Isto vale tanto para mim como pata qualquer outro que trabalhe com fancGes orgondticas naturais. B preciso realizar 0 experimento pare confirmar ou refutar as observagies ¢ as hipéte- ses de trabalho, clavo. Mas « mancira de conccbet ¢ executar os experimentos depende das sensacies de drgéo do pesquisador Neste caso, as percepeies sensonais e as sensagées de drgio so fatotes decisives. B-um engano acreditar que 6 08 experimentos podem fornecet esclarecimento. # sempre o organismo vivo, capaz de sents e pensar, que explora, experiments e tira suas conclusées, Este & 0 tema abrangente e dificil da técnica do pensamento funcional, uma érea de estudo abordada apenas de modo indireto neste livro, Nosso assunto é muito sério e tem implicagées decisivas para a ciéncia natural de modo goral, Tive plena consciéncia deste fate desde 0 principio, Tor esse motivo, sempre esperet passar varios anos antes de submeter uma nova observagao ou um experiment incomum ao eserutinio piblico, Transformel em regra ndo divwgar nenhum fato novo até que tivesse sido verificado por descobertas adicionais, Peyo ao leiter atencioso que acredite que ex no investi ‘em minha pesquisa meus ganhos pessoais desde 1933, mais de US$ 100.000, meramente em beneficio de alguma “iluséo", mera “idéia” ou por puro divertimento. Ao contrério, muitos reconhecem ‘que a pesquisa do orgone destotou diversas idéias antigas e incor- retas sobre a natuseza, Muttos jé compreendem que as eigidas fron- teias entre as ciéncias especializadas foram derrubadas pela orgo- nomia. Toda pessoa que trabalha com enetgia orgone césmica deve possuir um conhecimento adequado de medicina, biologia, sociolo- si, fisica e astronomia para compreender as tungSes do orgone nas suas diversas dimensSes. A natureza no conhece fronteiras enite funcSes especializadas, Originalmente, meu préprio ponto de par- XVI trabalha com energia orgone, de que suas sensacdes de dérgao este- jam relativamente desimpedidas, pode ser apenas afirmado aqui ¢ nao fundamentado. Mas certamente estd claro que a estrutura emo- cional do cientista natural ird colorir as suas observagées e pensa- mentos e que, portanto, a sensag&io de drgio é uma ferramenta do seu trabalho, Isto vale tanto para mim como para quaiquer outro que trabalhe com funcdes orgondticas naturais. B preciso realizar 0 experimento para confitmar ou refutar as observagdes € as hipdte- ses de trabalho, claro. Mas a maneira de conceber e executar os experimentos depende das sensagdes de érgio do pesquisador. Neste caso, as percepcdes sensoriais e as sensagées de drpio sio fatores decisivos. £ um engano acreditar que 96 os cxperimentos podem fornecer esclarecimento. f sempre 0 organismo vivo, capaz de sentir e pensar, que explora, experimenta e tira suas conclusdes. Este 6 0 tema abrangente e dificil da técnica do pensamento funcional, uma drea de estudo abordada apenas de modo indireto neste livro, Nosso assunto é¢ muito sério e tem implicacSes decisivas para a ciéncia natural de modo geral. Tive plena consciéncia deste fato desde o principio. Por esse motivo, sempre esperei passar varios anos antes de submeter uma nova observacdo ou um experimento incomum ao escrutinio piblico. Transformei em regra nio divulgar nenhum fato novo até que tivesse sido verificado por descobertas adicionais. Pego ao leitor atencioso que acredite que eu nao investi em minha pesquisa meus ganhos pessoais desde 1933, mais de US$ 100.000, meramente em beneficio de alguma “ilusio”, mera “idéia” ou por puro divertimento. Ao contrério, muitos reconhecem que a pesquisa do orgone derrotou diversas idéias antigas e incor- retas sobre a natureza. Muitos jf compreendem que as rigidas fron- teiras entre as ciéncias especializadas foram derrubadas pela orgo- nomia. Toda pessoa que trabalha com energia orgone césmica deve possuir um conhecimento adequado de medicina, biologia, sociolo- gia, fésica e astronomia para compreender as fungdes do orgone nas suas diversas dimensdes. A natureza ndo conhece fronteiras entre fungGes especializadas. Originalmente, meu préprio ponto de par- XVUT tida foi a biopsiquiatria. O conhecimento das emogdes humanas tem um grande papel na pesquisa do orgone, nao somente na com- preensdo das fungdes bdsicas da energia orgone, como principal- mente na compreensdo das reacdes humanas a existéncia de uma energia césmica universal que, na dimensdo da vida, funciona como “cnergia biolégica”, a energia das nossas emogées. Isso certa~ mente tem implicagdes muito sérias. Como minhas investigagdes das fungdes bioldgicas essenciais da energia orgone foram efetuadas em relagdo com a biopatia do cdncer, é de compreender que essa docnca é 0 eixo da tese orgond- mica aqui apresentada. Pode-se considerar um triunfo para o cam- po da biopsiguiatria ter cla aberto a via do entendimento da energia biolégica celular. Por sua vez, essa compreens&o conduziu & desco- berta da energia orgone atmosférica. Esse processo transparecera de maneira Iégica nos relatos que se seguem. E uma satisfagio a mais ter sido especificamente 0 ramo econdmico-sexual da biopsi~ quiatria o que conseguiu solucionar o enigma do cancer e gerou esperancas quanto a criagéo de um possivel método para a preven- Go da doenga. Ao fazer tais afirmagées, carrego uma responsabili- dade assustadora, porém no posso dela me esquivar se for para comunicar ao leitor o sentido de gravidade que atribuo A matéria que é tema deste livro, que por si sé exige uma avaliagdo refletida e critica de fatos e alegacSes. Fornecendo um breve resumo: O cancer, cujo mecanismo essencial consiste no encolhimento gradual do sistema nervoso auténomo, torna-se facil de compreen- der tio logo superada a resisténcia de entender os seguintes fatos como um todo unificado: 1. A teoria do germe aéreo deve ser abandonada, e reconheci- da a “infeccéo enddgena”. 2, © papel das emoges nas doengas organicas deve receber total consideragéo. 3, Deve-se reconhecer 0 desenvolvimento de uma substancia viva, que se move espontaneamente, a partir de outras subs- tancias vivas ou mesmo nao vivas, na verdade a partir da XIX energia orgone livre de massa, Em outras palavras, ao lidar com 0 cancer, nos confrontamos diretamente com o proble- ma da biogénese, 4. E imperativo colocatmos cm nosso trabalho com o cancer, no centro de nossos esforcos médicos, a patologia sexual, geralmente odiada e evitada. . Se for para entender 0 cancer de um modo simples, devemos finalmente reconhecer a existéncia de uma energia césmica basicamente nova, onipresente, que obedece a leis funcio- nais endo a Icis mecanicistas. Denominei essa energia orgone. ww Qualquer um desses cinco pontos é suficiente para despertar ceticismo no cientista natural sério num primeiro momento. Todavia, o leitor pode estar certo de que esperei muitos anos antes de ousar revelar aos outros esta grande quantidade de fatos novos descobertos e sua aplicagio. O dr. Walter Hope escreveu-me certa vez, com muita corregéo, que a maior dificuldade com relaco ao meu trabalho era que se descobriu demais. Na pesquisa cientifica realizada com seriedade, existe a obriga- cdo de reconhecer os fatos, mesmo que isso signifique arriscar 0 préprio pescoco. Nao me foi possivel nem era correto fugir desse dever para que cu fizesse justica aos fatos descobertos. Com o pas- sar do tempo, 0 enorme significado desses fates comecou a parecer menos aterrorizante, Acredito que o leitor de mente abesta tambéra ficaré menos assustado com minhas descobertas quando tomar em. consideragao 0 seguinte: 1. O trabalho na medicina e na pesquisa basica torna-se muito mais fécil quando se superam as fronteiras nitidamente estabeleci- das entre as especialidades nas ciéncias naturais. A despcito de sua infinita variedade, a natureza constitui-se, basicamente, em um todo unificado, A unidade e a simplicidade subjacentes & natureza se revelam quando trabalhamos com as fungdes do orgone. Acredito que a energia orgone é muito menos assustadora e complexa do que outras formas de energia que possibilitam a aniquilagéo de cidades inteiras. XX 2. Quanto mais familiarizados nos tornamos com as fungdes do orgone, mais nos sentimos “em casa” com elas. Por exemplo, a compreensdo oferecida por este livro alivia a presséo constante sentida quando se trabalha com pacientes de cancer sem conheci- mento da energia biolégica. Depois de alguns poucos anos empre- gando esse conhecimento de forma corriqueira, ndo se pode conce- ber como foi possivel, um dia, prosseguir sem ele. Os movimentos cdteiformes e os ataques epiléticos perdem seu mistério. Esses pro- cessos tornam-se simples e claros. 3. Aprende-se aos poucos como lidar com a irracionalidade humana de maneira mais facil, como melhor compreender o que acontece dentro das pessoas que se tornam vitimas do misticismo ou da praga emocional. 4, Além de tudo, um grande alivio que nao deve ser subestima- do é poder ter uma compreensio mais profunda e completa da pes soa religiosa, porque se sabe que existe uma energia cdsmica que a tudo permeia, presente em todo lugar (0 “éter” de Newton, o “Deus” de todas as épocas € todos os povos), que pode ser experi- mentada, vista e mensurada também através do termémetro, do eletroscépio e do contador Geiger-Miiller. 5. Finalmente, é um alivio ter a capacidade de atribuir ao termo médico “predisposigo” um significado concreto. E um alivio com- preender por que motivo uma pessoa sofre constantemente de res- friados, enquanto outra nao os sofre nunca; por que apenas determi- nados individuos sucumbem a uma cpidemia ¢ outros nao; por que uma pessoa morre de cancer ou hipertensdo arterial e outra nao; e o que distingue biologicamente uma crianga vivida de uma preguigosa. Em suma, 0 esclarecimento que deriva do conhecimento da energia orgone compensa com folga o medo experimentado quan- do os grandes mistérios da natureza se revelam. Eu gostaria de concluir com alguns comentarios dirigidos aos colegas que fizeram da pesquisa e da aplicacao pratica da energia orgone césmica o trabalho de suas vidas, O carater revoluciondrio do nosso trabalho necessita de deter- minadas atitudes novas com relagéo ao mundo que nos cerca, assim XXL como 0 abandono de algumas técnicas que se costuma utilizar para lidar com ele, de modo que cumpramos com nossa responsabilida~ de de pesquisadores do orgone. Nao é © intcresse pessoal, mas antes o interesse de obter o reconhecimento da energia orgone cés- mica em prol do bem comum que me impele a tecer os seguintes comentarios: Nos nossos relacionamentos com colegas protissionais ¢ lei- gos, deparamos com uma hostilidade evidente e mesmo ataques perigosos & nossa integridade pessoal e profissional. Por sermos psiquiatras, compreendemos a natureza irracional da hostilidade, dos ataques, ¢ reconhecemos suas verdadeiras origens, Eles nada tém a ver com o carter pessoal deste ou daquele pesquisador de orgone ou orgonoterapeuta e, em conseqtiéncia, sfo tratados de modo padxonizado, por mim e por outros que vivem e trabalham Jonge de meu laboratério. Em publico, nado podemos aplicar nosso conhecimento dos motives do comportamento irracional de modo pessoal, nem podemos dizer, a um fisico que repudia neurotica- mente as funcdes da energia orgone, o que de fato 0 motiva a exer- cer seus julgamentos. S6 podemos apontar esses motives de maneira geral; jamais podemos exercer julgamentos pessoais a res- peito de individuos especificos. A tinica coisa que podemos fazer, em sa consciéncia, é nos perguntar se determinado ataque € racio- nal ou irracional. Jamais se deve responder a ataques irracionais. Nossa retaliagdo assume a forma de reveiagao do irracionaiismo no comportamento humano, Na sua maioria, esses ataques passarao com o tempo, mesmo que parecam perigosos em certas ocasides. Temos toda a consciéncia de que, nos tempos de hoje, a pessoa comum teme acima de tudo 0 conhecimento de sua natureza biolé- gica; ao mesmo tempo, seu maior anseio é a satisfagao de sua natu- reza biolégica. O medo de saber e 0 anseio de se satisfazer, ambos nos confrontam simultaneamente. Logo, devemos sempre buscar 0 racional no irracional e tentar compreendé-lo e revela-lo sem ddio ou indignag3e. Com o tempo, o racional prevalecera. Todavia nao tenho, infelizmente, a capacidade de oferecer nenhum conselho quanto ao modo de se proteger do tipo de irracionalismo que ameaga a vida. AgGes judiciais, injiirias, nenhuma dessas medidas tem utili- dade nesse caso. Contudo, hé uma mancira que, comprovadamente, forga leigos e profissionais a nos responder racionalmente: ndo deleguem autori- dade em assuntos de pesquisa do orgone se o critico néio puder provar que se familiarizou detathadamente com nossas publicagdes e descobertas por um pertodo de tempo prolongado. Nossa ciéncia s6 pode ser julgada partindo de suas préprias premissas, métodos e técnicas de pensa- mento, e de nenhurna outra. Essa é uma regra estrita no intercdm- bio cientifico, sustentada sempre que se conduz uma pesquisa cien- tifica, Esperamos a critica ¢ damos a ela as boas-vindas, mas somente se for imanente. For conseguinte, se um psiquiatra forense sexualmente absté- mio, um especialista em cAncer “na fossa” ou mesmo um “escritor independente” se meter a condenar nosso trabalho, seja por naio entendé-lo, por toma-lo como um ataque pessoal, por despedacar sua visio de mundo ou ameagar seu partido politico, respondemos com o siléncio. Recusamos 0 envolvimento em qualquer discussao ou rixa irvacional. Eu gostaria de enfatizar esta regra; ela demons- trou ser muito util. Quando alguém faz uma descoberta, é de praxe buscar o endosso de determinadas “autoridades”, humilhar-se e fazer uso de todo tipo de estratagema e taticas sorrateiras para assegurar o seu reconhecimento, E costume também buscar obter publicidade nos jornais o quanto antes. Atividades como essas nao so apropriadas para aqueles de nés cujo trabalho é exiremamente sério, Se traba- Iharmos honesta e conscienciosamente, atendo-nos aos fatos e nio cedendo a tentagao de fazer concessdes nas questées essenciais, como a fungéo do orgasmo, ganharemos entdo a confianga do publico, mais cedo ou mais tarde. Ha poucas coisas que o mundo necessite com maior urgéncia do que o conhecimento das fungdes do orgone dentro e fora do organismo. Nao podemos conceder autoridade em questes concernentes & energia orgone quando nao existe autoridade comprovada. E, ain- da assim, temos que delegar responsabilidades. Um hospital que XXII trata de pessoas que sofrem de cancer tem indubitavelmente a res- ponsabilidade de trabalhar com a energia orgone. E da responsabi- lidade de todo médico que cbservou os efeitos terapéuticos da energia orgone defender esses fatos profissionalmente — ¢ ndo ignord-log ou esperar pela opinido das “autoridades”. £ da respon- sabilidade de toda pessoa que usufruiu os efeitos terapéuticos da energia orgone ajudar seus semelhantes sempre que for possivel. E indiscutivelmente da responsabilidade de um escritor nao dificultar a utilizacdo dos efeitos salvadores da energia orgone com artigos escandaloses, sensacionalistas. Ele deve ser levado a perceber que mata pessoas indiretamente quando faz agitagdio contra nds. Fi- nalmente, é da responsabilidade do governo de todos os paises dccidir se a energia orgone ficaré a disposigo do piiblico em geral, € com que rapidez. Cumprimos nosso dever de todas as maneiras e da melhor forma de que formos capazes. Trabalhamos duro duran- te décadas. Sacrificamos dinheiro e tempo de lazer. Procuramos ser decentes e honestos, da maneira mais completa. Damos a conhecer 08 resultados obtidos de modo responsdvel. Nao podemos fazer nada além disso. O restante fica por conta do ptiblico. Um pitiblico que tolera a publicacao de difamagGes, inverdades e distorgGes esta ferindo a si mesmo, e ndo a um ou outro orgonoterapeuta. Eu nao esperava ter de dizer essas coisas, mas é minha obrigacdo nao silen- ciar sobre elas. Ao mesmo tempo, precisamos compreender que o mundo da ciéncia natural séria necesita de muito tempo para se orentar em nosso campo, que abarca tantas coisas novas. O bem-estar humano € minado pelo fato de o ignorante e 0 incompetente poderem encontrar tio rapida e facilmente uma divulgacao dos artigos que escrevem; nosso proceso politico facilita muito mais a publicacao de um artigo inflamado do que a publicacdo de fatos de importan- cia vital, f verdade que fatos significativos se desenvolvem com maior eficdcia e nitidez quando estéo em conflito com as reagdes humanas irracionais. Porém nao deixa de ser lamentavel, em ter- mos sociais, que se leve tanto tempo para que o racional seja plena- mente aceito! XXIV Eu gostaria de agradecer a todos os amigos que me ajudaram, durante os anos dificeis, a construir o quadro de referéncia que este livro descreve. Eu poderia listar muitos nomes importantes, mas quem compartilhou nosso trabalho compreenderé por que nfo os cito aqui. Meus prdprios amigos e colegas mais préximos me acon- selharam a desistir da ptaxe nesse caso. Tomando muitas de minhas publicagdes como ponto de parti- da, deve parecer 6bvio que estou bem consciente de minha divida para com os grandes pionciros da ciéncia natural, cujos cuidadosos esforcos possibilitaram a descoberta da energia orgone césmica. Ressaltei intimeras vezes a continuidade e interdependéncia entre todos os ramos do trabalho cientifico de importdncia vital. Além disso, devo enfatizar que a riqueza do material recolhido pelos dili- gentes esforgos da pesquisa mecanicista do cancer foi indispensdvel para 0 meu novo entendimento da biopatia do cancer, a despeito de a teoria orgonémica do cancer diferir grandemente da teoria classi- ca ¢ até contradizé-la em muitos detalhes. Muitos especialistas do cAncer j estao conscientes de que 0 problema do cancer esté solu- cionado, ¢ que sua solugao teve como requisitos necessdrios a des- coberta da energia orgone e a elucidagao da biogénese. De outro lado, devem ser rejeitadas certas reivindicagdes injus- tificadas de prioridade apresentadas no campo da medicina psicos- somitica depois da publicago de A fungiio do orgasmo (1942). Como base para a compreensao dos distiirbios psicossomaticos, a teoria do orgasmo é muito mais antiga (1923) que qualquer um dos outros conceitos derivados da psicanilise. Se a fungao do orgasmo — 0 pro- blema central dos processos psicossomaticos — for ignorada de ma- neira tao completa naqueles conceitos, eles merecem pouca consi- deragio. $6 podemos ficar espantados com a consisténcia com que se evita o fator mais importante. O sofrimento maior recai, mais uma vez, sobre us numerosos doentes. Nao publico este livro sem uma séria preocupasio, basicamen- tea de que muitos leitores de nossa obra hao de supor que agora foi encontrada uma cura para o cancer. Nao é este 0 caso, de mado algum. & verdade que o enigma do cncer tornou-se totalmente XXV acessivel através da descoberta da energia orgone. Mas é incorreto acreditar que toda vitima do cancer pode agora ser salva. Sera pre- ciso muito trabalho drduo e cooperagao antes que saibamos o quanto a energia orgone pode ajudar em casos especificos de can- cer. Porém foi dado o primeiro passo, com toda certeza. ORGONON Setembro de 1947 WILHELM R&ICH A BIOPATIA DO CANCER Capitulo I A funcao da tensao e da carga 1.A FUNCAO DO ORGASMO As pessoas familiarizadas com 0 volume I de A descoberta do orgone conhecem © evento importante que marcou o momento decisivo no desenvolvimento de nossa pesquisa, em 1933: a desco- berta da fungio bioldgica de tensiio e carga. Eu gostaria de descrever brevemente a esséncia dessa descoberta. Partindo da investigagao cifnica, aprendemos que a fungio do orgasmo é a chave para o problema da fonte de energia na neutose. As neuroses resultam de uma estase da energia sexual. A causa des- sa estase € um disttrbio na descarga da alta excitagéio sexual no organismo, quer o ego o perceba, quer nao, Nao faz diferenca se 0 al 0 psiquico se engana ou n4o ao interpretar o processo neu- roticamente; também no importa se a pessoa passar a desenvolver nog6es falsas a tespeito da auséncia de harmonia no seu sistema energético e as glorificar com ideologias. A experiéncia acumutada na prética clinica dia apds dia no deixa dividas: a elininagto da estase sexual através da descarga orgdstica da excitacio bioldgica remove todo tipo de manifestagdo neurética, A dificuldade a ser superada é em. grande parte de natureza social. E preciso chamar a atengao para esses simples fatos incansavelmente. Sabe-se, hd muito tempo, na economia sexual que 0 orgasmo € um fendmeno biolégico fundamental; “fundamental”, porque a descarga orgéstica da energia ocorre na prépria raiz do funciona- mento biolégico. Essa descarga aparece na forma de uma convulsao involuntaria de todo o sistema plasmatico. Como a respiracéo, é uma fungao bdsica de todo sistema animal. Biofisicamente, nao é possivel fazer uma distingao entre a contracao total de uma ameba ea contracao orgdstica de um organismo multicelular. As caracte- risticas mais proeminentes sio uma intensa excitagio bioldgica, ex- panséo ¢ contracéo repetidas, ejaculagio de fluidos corporais e uma répida diminuigiio da excitagito bioldgica. Para compreender essas caracteris- ticas como fungées biolégicas, precisamos nos libertar das reagdes emocionais lascivas que qualquer considerac4o das fungdes sexuais —na verdade, das fungdes autondmicas em geral ~ despertam no homem. Essas reagGes emocionais so, por sua vez, expresses neu- réticas que constituem um problema no nosso trabalho psiquidtrico. Uma observagao mais detalhada indica que essas quatro fun- g6es ndo séo emparelhadas mas ocorrem como um padrao especi- fico, regrado, de quatro tempos. A tens&o crescente que ocorre na excitacao biolégica aparece como excitagéo sexual e produz uma carga na periferia do organismo. Esse fendmeno foi demonstrado claramente por medigGes dos potenciais nas zonas erégenas duran- te a excitacdo prazerosa. Depois que a tensao e a carga bioenergéti- ca atingem uma determinada intensidade, seguem-se convulsées, isto 6 contragdes de todo o sistema bioldégico. Ocorte liberagao da alta tensdo de energia na periferia do organismo. Isso se revela objetivamente como uma queda sibita do potencial bioelétrico da pele e é sentido subjetivamente como uma répida diminuigio da ex- citago. A mudanga brusca de alta carga para descarga se chama “climax”. Seguindo-se a descarga de energia bioldgica, ocorre um. relaxamento mecdnico dos tecidos, como resultado do refluxo dos fluidos corporais. Evidencia-se que houve uma descarga de energia jé que o organismo nao é capaz de renovar sua excitagao sexual imediatamente depois. Na linguagem da psicologia, este estado se chama “gratificagao”, A necessidade de gratificagao, ou, em termos 4 biofisicos, de descarga do excesso de energia por meio da fusio com outro organismo ocorre em intervalos mais ou menos regulares, variando segundo o individuo e segundo as espécies. Os intervalos em geral tornam-se mais curtos na primavera. Nos animais, existe o fendme- no do cio, em que a concentracao dessa necessidade biolégica ocor- re em determinadas épocas do ano, predominantemente na prima- vera. Esse fato revela uma estreita relacdo entre a funcao do orgasmo e uma fungdo energética de natureza césmica. Juntamente com os efeitos bem conhecidos do sol no organismo vivo, a fungSe do orgas mo é um dos fendmenos que nos levam a considerar o organismo vive como uma patte especial, funcionante da natureza nao viva. Assim, a fungao do orgasmo se revela como um ritmo de qua~ tro tempos: fens‘io mecénica + carga bioenergética > descarga bioener- gética > relaxamento mecinico, Nés a denominaremos fungao de tensao e carga ou, abreviando, fungéo TC. Investigacdes anteriores demonstraram que a fungao TC nao é apenas caracteristica do orgasmo, mas também se aplica_ a todas as fungées do sistema vital autonédmico. O coracio, os intestinos, a bexiga, os pulmées, tudo funciona de acordo com esse ritmo. Mes- mo a divisdo das células segue esse padrio de quatro tempos. O mesmo vale para os movimentos dos protozoatios e metazoarios de todos 0s tipos, As minhocas e as serpentes exibem claramente 0 funcionamento ritmico designado pela formula TC, tanto no movi- mento de partes especificas quanto em scu orgarismo como um todo. Parece existir sara lei basica que governa todo o organismo, além de governar seus érgaos auténomos. Com a nossa férmula biolégica basica, abarcamos a propria esséncia das fungées vitais. A (formula do orgasmo surge entio como a propria formula da vida. Isso corresponde exatamente & nossa formulagao anterior, de que 0 pro- cesso sexual € 0 proceso biolégico produtivo em si, na procriagio, no trabalho, na vida alegre, na produtividade intelectual, e assim por diante. A aceitagio ou refutagao da biofisica orgone depende do reconhecimento ou rejeicdio dessa formulagao. Pode-se compreender facilmente a tens&o mecanica dos ér- gaos através da intumescéncia: os tecidos absorvem fluidos do cor- 5 po e as particulas individuais no coldide biol6gico se separam. In- versamente, ocorre relaxamento mecdnico através da detumescén- cia: 0s fluidos s40 expetidos dos tecidos e, em razdo disso, ocorre um agrupamento miituo das particulas. A questdo da natureza da carga e descarga é mais dificil. O fato de podermos medir potenciais elétricos aumenta a tentagdo de liquidar um problema gigantesco rotulando o processo simplesmente como uma questo de “carga elétrica” e “descarga elétrica”. Afinal de contas, foram medidas as quantidades de energia elétrica produzidas, por exemplo, pela con- tragdo de miisculos e por enguias elétricas. E no progredimos a ponto de medir as ondas elétricas do cérebro? Nos relatérios dos meus experimentos bioelétricos (1934-1936), registrei as mudan- gas de potencial que ocorrem no prazer e na ansiedade em termos de milivolts. 2. O POSTULADO DE LUMA ENERGIA BIOLOGICA ESPECIFICA Acenergia biolégica especifica é idéntica tt eletricidade? O problema nao é tao simples como pode parecer. Seria certamente cOmodo se pudéssemos descrever o funcionamento do organismo em termos dos conceitos familiares de fisica. O organismo, ento, nada seria sendo uma “maquina elétrica particularmente complicada”. Seria cb- modo e muito facil reduzir a reagéo de pessoas reumdticas a mu- dancas climaticas explicando que sua “eletricidade corporal” é in- fluenciada pelas cargas “elétricas” no ar. Também se tentou aplicar as leis do magnetismo do ferro ao organismo vivo. Dizemos que uma pessoa amada tem uma atragdo “magnética”, ou que nos sen- timos “eletrizados” de excitagdo. Todavia, logo descobriremos que tais analogias so erréneas. Em publicagées anteriores, falei de “vioeletricidade” usando a terminologia de praxe. Sem duivida organismo contém eletricidade na forma de particulas de coldide e fons carregados eletricamente. Toda a quimica do coldide depende disso e a fisiologia neuromuscular também. As contragdes muscula- res podem ser induzidas pela aplicagéo de uma corrente elétrica. Pentear o cabelo pode produzir faiscas “elétricas”. Entretanto, hé uum certo niimero de fenémenos que niio corresponde de forma alguma a teoria da energia eletromagnética. ‘Antes de tudo, existem os efeitos do “magnetismo” corporal. Muitos médicos ¢ terapeutas leigos fazem uso pratico dessas forcas magnéticas. Ainda assim, nao estamos convencidos de que essas forcas, que emanam da substancia organica, coloidal, nao metallica, s&0 magnéticas ao ferro. Adiante ofereceremos prova experimental de que a energia no organismo vivo néo é idéntica ao magnetismo do ferro. Os efeitos elétricos de uma corrente galvanica sio experiencia- dos pelo corpo como estranhos, “inorg’nicos”. A cnergia elétrica, mesmo em quantidades diminutas, sempre causa distirbios em nosso funcionamento normal. Os misculos, por exemplo, con- traem-se de uma mancira nao natural, “despropositada’, biologica- mente inadequada. Nao ha evidéncia de que uma carga elétrica aplicada ao corpo produza um movimento organico que guarde a mais leve semelhanga com os movimentos normais de sisternas musculares inteiros ou grupos funcionais de mdsculos. A energia elétrica gera um movimento ao qual falta a caracteristica mais essencia! da energia biolégica, a saber, o movimento de um grupo de 6rgaos de forma coordenada, funcionalmente significativa. Em contrapartida, os disttirbios do funcionamento biolégico por uma corrente elétrica realmente t€m as caracteristicas da energia elétri- ca. Os movimentos gerados so répidos, espasmédicos e angulares, exatamente como as reagées oscilograficas produzidas pela fricgéo de um eletrodo no metal (ver A fungéo do orgasmo). Em uma preparagao com muisculo e nervo, o impulso elétrico nao se manifesta diretamente no movimento; caso contratio, o miusculo liso se contrairia exatamente com a mesma rapidez que 0 estriado. Na realidade, a contragio do miisculo liso segue 0 ritmo lento e ondulado caracteristico de seu funcionamento. Assim, “algo” desconhecido é simplesmente cstimulado pelo impulso elétrico, algo que se insere entre o impuiso elétrico e a agdo do misculo e se 7 manifesta como um movimento acompanhado de uma corrente de acao. Mas esse “algo”, em si, nao é cletricidade. As sensagiics de drgao nos indicarn claramente que as emogdes (manifestacdes indubitaveis de nossa energia biolégica) sio funda- mentalmente diferentes das sensagdes experimentadas com cho- ques elétricos, Nossos érg’os dos sentidos nao conseguem de modo nenhum registrar 0 efeito das ondas eletromagnéticas que cnchem a atmosfera. Nada sentimos ao nos aproximar de um transmissor de radio, Uim rédio reage quando o aproximamos de um fio de alta ten- 840; nés nao. Se nossa energia vital, que se expressa nas nossas sen- sagdes de Orgao, fosse eletricidade, seria incompreensivel que s6 percebéssemos os comprimentos de ondas da luz visivel, permane- cendo totalmente insensiveis aos demais. Nao percebemos os elé- trons de uma maquina de raios X nem a radiag&o do radio. A energia elétrica no carrega uma carga bioldgica. Até o momento, nao foi possive! determinar a poténcia de vitaminas com mediges elétricas, embora sem diivida contenham energia biolégica. Seria possivel continuar com os exemplos indefinidamente. Um outro problema é saber como nosso organismo evita sua propria destruicao através do mimero infinito de campos eletromagnéticos que o circundam., E verdade que voltimetros sensiveis reagem ao nosso toque, mas a magnitude dessa reago é tao diminuta, se comparada & quantidade de energia produzida pelo nosso organismo, que nao parece haver nenhum vinculo, Estas sao as principais contradigdes impossiveis de resolver dentro do quadro de referncia das formas de energia conhecidas. A biologia e a filosofia natural conheceram bem essas contradigcs durante um periodo de tempo prolongado. Buscando transpor a lacuna, algumas pessoas apresentaram conceitos com a inteng&o de tornar compreensivel a fung&o especifica da vida. A maioria desses conceitos foi proposta por oponentes do materialismo mecanicista, 0 vitalistas. Driesch sugeriu wma “enteléquia”, uma forga de vida inerente a toda matéria viva e que a governaria. Porém, como nio era mensurdvel nem tangivel, acabou sendo uma contribuigdo & metafisica. O élan vital de Bergson tentou levar em conta a incom- 8 patibilidade entre as formas conhecidas de energia e o funciona- mento da vida. Sua force oréatrice representa uma fungao explosiva da matéria, que se manifesta com maior clareza na maneira como a vida funciona. A hipétese de Bergson confrontava tanto o matcrialis- mo mecanicista como 0 finalismo teleolégico. Na teoria, ele captou corretamente 0 carter basicamente funcional do processo vital, mas Ihe faltava validacdo empitica. A forga em questo nao era passivel de medicao, tangivel ou controlavel. O famoso fisiologista alemio Pfliige: aventou a hipétese de uum vinculo entre a energia vita! e 0 fogo com base na fungao do cia~ neto. Sua afirmacio cra correta. Bidlogos proeminentes, entre eles 0 vienense Kammerer, estavam convencidos de que existe uma ener- gia bioldgica espectfica que néio possui relacéo imediata com a eletri- cidade, o magnetismo, e assim por diante. Se transgredisse as fronteiras do permissivel, eu deveria final- mente afirmar 0 que me parece o mais provavel - um credo cientifico que nao foi demonstrado e nao é passivel de demonstragdo no momento atual —, entiio tenho de dizer: a existéncia de uma forga vital especifica me parece altamente plausivel! Uma energia, que nio 6 calor nem eletricidade, magnetismo, energia cinética (incluindo-se a oscilagde e a radiagiic}, nem energia quimica, ¢ ndo é um amalgama de nenhuma ou todas elas, mas uma energia que pertence especifica e unicamente Aqueles processos naturais que chamamos “vida”. Isso néo implica que sua presenca se limite Aqueles corpos naturais que chamamos “seres vivos”, mas que est presente também no processo formativo de cristais, pelo menos. Para evitar ma!-entendidos, um melhor nome para ela poderia ser “energia formativa”, em vez de “energia vital”. Ela ndo possui propriedades suprafisicas, embora nada tenha em comum com as energias fisicas conhecidas. Nao & ‘uma misteriosa “enteléquia” (Aristételes, Driesch), e sim uma “ener- tig” natural, penuina. Contudo, essa “enersig formativa” esta ligada aos fenémenos vivos e 20 desenvolvimento ¢ mudanga de formas, exatamente como a energia elétrica estd vinculada aos fendmenos elétricos. Acima de tudo, ela estd sujeita a lei de conservacdo da ener- gia e é plenamente capaz de conversio em outras formas de energia, exatamente do mesmo modo como o calor, p. ex,, pode ser convertido em energia cinética e vice-versa. [Paul Kammerer: Allgemeine Biologie] 9 Kammerer deparou com o problema de uma “forca vital” for~ mativa no decorrer de experimentos planejados para demonstrar a hereditariedade de caracteristicas adquitidas em salamandras. As “substancias herdadas” e os “genes” postulados pelos tesricos da hereditariedade apenas obscureceram uma comprecnsio do pro- cesso vital e pareciam ter sido projetados para bloquear qualquer acesso a ela. Suas teorias poderiam ser mais bem descritas como uma piramide invertida, uma verdadeira massa de assergdes hipo- téticas precariamente equilibrada sobre um pequeno ntimero de fatos duvidosos. Exemplo tipico seria o das conclusdes moralizado- tas, nao cientificas e sem garantia tiradas do estudo notério da “familia Kallikak”. Ao ler as hipéteses sobre hereditariedade, tern- se a nitida impressio de que cle esté mais preocupado em falar de ética que de ciéncia. O processo vital é abafado sob um amontoado de hipdteses mecanicistas. Essas teorias acabaram degenerando na pemiciosa teoria das racas de Hitler. No trabalho dos vitalistas, a forca vital tornou-se um espectro evasivo, enquanto os mecanicistas a converteram em uma maquina sem vida. Os bacteriologistas postularam a existéncia de um germe especial “no ar” (que ainda resta ver) para cada organismo vivo. Durante a segunda metade do século XIX, Pouchet assumiu a tarefa cansativa de testar a preciso da tcoria do germe aéreo. Pasteur demonstrou experimentalmente que nao hd germes vivos em liqui- dos levados a determinadas temperaturas. Quando foram encon- trados organismos vives, ele atribuiu sua presenga & infecgdo do ar. Lange, no seu livro Geschichte des Materialismus, critica as conclu- s6es de Pasteur e cita os experimentos de Pouchet, que passou cen- tenas de metros ciibicos de ar pela 4gua, depois a examinou. Bic inventou um aparato que coletava particulas de poeira do ar e as depositava sobre pratos de vidro. Pouchet entao analisava a poeira. Ele conduziu esses experimentos em geleiras nos Pireneus, nas ca- tacumbas de Tebas, no deserto e no mar do Egito, e no topo da cate- dral de Rouen. Encontrou muitas coisas, porém s6 encontrou rata- mente o esporo de um fungo, e, mais raramente ainda, um infusério morto. A refutacdo por Pasteur das teorias anteriores de geragdo 10 espontanea foi basicamente mal compreendida. Era tabu formular perguntas sobre as origens dos primeiros germes da vida e, para nao hayer conflito com a doutrina da “criag&o divina”, recorria-se habi- tualmente a nogao de uma substancia plasmatica proveniente do espaco exterior que baixava sobre nosso planeta. Nenhuma dessas escolas de pensamento conseguiu abordar os problemas funcionais do processo vital, nem encontrou uma relacdo com a fisica experimental. O processo vital emergiu de suas teorias como um mistério, um territério reservado a “divina provi- déncia” escondida em algum lugar em meio ao vasto reino da cién- cia natural. Porém a germinacio de cada planta, o desenvolvimento de cada embrido, o movimento espontdneo dos misculos e a produti- vidade de cada organismo bioldgico demonstram a existéncia de energias incalculdveis governando o trabalho da substancia viva. Energia é a capacidade de trabaihar. Nenhuma energia conhecida pode competir com a capacidade de trabalho total dos organismos vivos no nosso planeta. A cnergia que realiza este trabalho deve ter sua origem em matéria ndo viva, Contudo, cla foi ignorada pela ciéncia durante milhares de anos. O que impediu urna compreensdo dessa energia? Era primeiro preciso entender as manifestagdes da vida sexual recalcada e in- consciente. A descoberta de Freud da fungo da repressao sexual produziu a primeira brecha no muro que havia bloqueado nossa compreensao do processo vital. O segundo passo foi uma corregio da teoria do inconsciente de Freud: o recalque da vida instintual humana nao ¢ um resultado natural, e sim patoldgico, da supressio dos instintos naturais e em particular da sexualidade genital. Um organismo que utiliza a maior parte de sua energia para manter aprisionado 0 processo natural da vida dentro de si nao pode abar- car a vida fora de si. A manifestacdo central da vida se expressa na fungo sexual genital, 4 qual a vida deve sua existéncia e continui- dade. Uma sociedade de seres humanos que excluiu as manifesta- gdes mais essenciais desta fungSo ¢ as tornou inconscientes nao é capaz de viver racionalmente; com efeito, tudo o que diz parece dis- abe torcido e pomografico. Somente os misticos, muito afastados da percepeio cientifica, preservaram o contato com o processo vital. Depois que esse processo tornou-se territério do mistico, a ciéncia natural séria esquivou-se de qualquer preocupacdo com relacéo a ele. A literatura das ciéncias bioldgicas ¢ fisioldgicas no contém nenhuma indicagao sequer de uma compreensao inicial do movi- mento autondmico, como o que pode ser observado no verme, por exemplo, Esse movimento traz demasiadamente 4 mem = © 0° %9 Qs 1.Vesiculas que nao se movem 2. Vesiculas mavendo-se para a frente e para trds, sem sair do lugar 3.Vesiculas mudando deum 4, Agmpamentos de vesiculas lugar para outro apresentando mobilidade ameboide, “psotozoaria” (ameba) Figura 2. Formas de movimento vistoeis em bions 23 Se acrescentarmos agora extrato de carvao vegetal finamente pulverizado, podemos acompanhar o desenvolvimento de bions de carvao altamente méveis. Testemunhamos o carvao absorvendo 0 fluido contendo clara de ovo. Os tubes de lecitina, anteriormente vazios, se enchem de vesiculas. Toda a cena é de “vida” pululando. Nés entao autoclavamos a mistura; os movimentos tornam-se até mais fortes. Agora, aparecem os bacilos T. A reag&o aos corantes bioldgicos (carbolfucsina, Giemsa ou Gram) torna-se positiva. Em janeiro de 1987, prestei contas desse experimento (N° 6) & Academia de Ciéncias em Paris. Em janeiro de 1938, recebi uma comunicagao do professor Lapique de que, depois de um ano, a preparacdo autoclavada ainda apresentava movimento semelhante ao vivo e continha formas contrateis. A noticia foi ainda mais sur- preendente, uma vez que a preparagao era estéril e com vedacdo & entrada de ar. Eis a correspondéncia do professor Lapique: Université de Paris Sorbonne, le 25 janvier 1938 Faculté des Sciences Laboratoire de Physiologie Générale 1, rue Vietor-Cousin (68 Arr.) Monsieut le Docteur, Chargé par I'Académie d’étudier votre communication du 8 Janvier de Yannée demiére, j/ai d’abord attendu le filme que vous annonciez. Puis, ne le recevant pas, j'ai examiné au microscope ies échantillons que vous aviez joints 4 votre premier envoi. J'ai constaté, en. effet, les mouvements d’apparence vilale que vous annonciez, Iy ala quelque chose de curieux, en raison du long délai depuis la préparation. Je suis disposé a proposer a I’Académie de publier briévement votre constatation en la faisant suivre d’une courte note de moi- méme confirmant le fait avec une interprétation physico-chémique nengageant que moi. Laissant de cdté votre théorie électrique qui n’a rien a faire avéc V’expérience, voulez-vous accepter que votre commu- nication soit insérée simplement sous forme de extrait ci-joint qui en réalité, est un résumé de la partie importante? II me semble qu’ainsi vous recevriez satisfaction pour votre désir de voir vos recherches prendre place dans nos Comptes-Rendus. 24 Veuillez agréer, Monsieur, Vassurance de ma considération distinguée. ‘Dr. Louis LAPIQUE Professeur honoraire a la Sorbonne Membre de l’Académie des Sciences ‘Traducao do texto precedente: Universidade de Paris, Sorbonne, 25 de janeiro de 1938 Faculdade de Ciéncias Laboratérios de Fisiologia Geral 1, rua Victor-Cousin (6° Arr) Prezado Doutot, A Academia solicitou-me que estudasse sua comunicagio de 8 de janeito do ano passado e esperei primeiro pela chegada do filme que o senhor ficou de enviar. Enido, j4 que no o recebi, examinei a0 mictoscdpio as amostras que o senhor ineluiu na sua comunicagao inicial. De fato, verifiquei os movimentos como que de vida que o senhor descreveu. O proprio fato em si 6 notavel, considerando 0 periodo de tempo prolongado que transcorreu desde que foram feitas as preparacSes. Bu gostaria de propor A Academia a publicagdo de seus resul- tados em breve, com uma nota curta de minha autoria confirmando o fato ¢ oferecendo uma interpretacdo fisico-quimica representando meu prépric ponto de vista pessoal. O senhor concordaria com a publicago de sua contribuigo no formuldric selecionado anexo, que & na verdade um resumo da parte importante, deixando de fora sua teoria elétrica, que nada tem a ver com o experimento? Parece-me que esse arranjo ficaria de acordo com o seu desejo de ter sua pesqui- sa vegistrada em nosso boletim. Receba, prezado senhor, meus protestos de elevada consideragao. Dr. Louis LAPIQUuE ‘Professor Honorario ‘Universidade de Paris Membro da Academia de Ciéncias Retire meu consentimento para a publicago no periédico da Academia Francesa de Ciéncias com base nas seguintes consi- deragdes: 1. A interpretacao fisico-quimica teria obscurecido o carater biolégico do experimento. 2. No decorrer de 1937, produzi culturas de bions que foram confirmadas experimentalmente pelo professor DuTeil, em Nice*. Este fato decisivamente importante nao seria publicado. © resumo proposto para publicagéio ndo representava de modo algum o relatério detalhado que submeti & Academia. Sua publicacao teria apenas conduzido a mal-entendidos eo resultado teria sido o de experimentos-controle malogrados. » Limalhas de ferro so a substdincia metdlica mais adequada para nosso experimento. Apenas poucos minutos depois de introduzir limalhas estércis na nossa solucdo padrao caldo-KCl, desenvolvem- se delicadas vesiculas provenientes das particulas de ferro. Pode-se acompanhar esse processo ao microscépio. Coloca-se uma unica particula de ferro sobre uma lamina, acrescentando-se uma pequena quantidade de cloreto de potéssio. Em pouco tempo ocorre a produ- do de bions, cuja mobilidade dura apenas 10 minutos, aproximada- mente. Como pequenos imas, eles se organizam ao longo de tinhas de fora magnética e se grudam uns aos outros (ver Figuras 27 e 28, no Apéndice). Uma solugao de bfons de ferro se transforma em coléide em poucos dias, As particulas consistem de vesiculas pesadas de energia, angulares, intensamente azuis, que vio sc tornando aos poucos “mais macias” e mais elasticas (ver Figura 3). As vesiculas azuis podem formar culturas, mas esse assunto seré discutido posteriormente. * O professor Roger DuTeil conduzit: experimentos-controle sobre os bfons na universidade em Nice. (N, do Bd, Amer] 26 1. Forma angular, apresentande no campo escuro uma estrutura vesicular fina com estriagdes S 2. Aparéncia de estriagdes bem definidas, com figuras retangulares e rombéides ipicas 3. Aparente amolecimento e inclinag&o da estrutura estriada am ep Sor 4. Estagio avancado de 5. Bions de limalha de ferro desenvolvimento em agrupamentos do tipo PA. Méveis, contrdteis, de bions. O conteido entre as com um reflexo azul. Passiveis estruturas exibe um reflexo azul de cultivo intenso. O agrupamento ja exibe mobilidade Figura 3, Mudangas na estrutura de limalhas de ferro em solugiio de caldo e cloreto de potissio, durante o processo de intumescimento 27 O hiimus se compée principalmente de vesiculas méveis, apre- sentando um reflexo azul intenso, A terra submetida a autoclave se desintegra completamente, transformando-se em vesiculas de energia. Pode-se observar ao microscdpio a desintegracao progres- siva a cada dia (ver Figura 29, no Apéndice). Esses experimentos sao dificeis e requerem uma grande pa- ciéncia ¢ persisténcia. Ndo se pode simplesmente jogar algumas substancias no caldo e esperar pelo desenvolvimento de bion’, como fez um bidlogo que conheci. Esses experimentos também nao podem ser realizados sem o conhecimento do processo subjacente. 2. A QUESTAO DO“MOVIMENTO BROWNIANO” E preciso esclarecer alguns problemas fundamentais antes que possamos tirar quaisquer conclusées de nossas observages. O con- ceito de “movimento browniano” tem sido invocado como objegio & alegaclo de que forcas bicenergéticas especificas so responsaveis pela mobilidade dos bions. Os fisicos sabem ha muito tempo que as menores particuias coloidais estao em movimento, isto é, que elas se deslocam no campo em varias diregées. Esses movimentos tém até sido calculados. A sua origem é atribuida a colisGes entre as moléculas na solugao e as particulas coloidais maiores. Essa interpretacdo ¢ puramente fisica e mecanicista. Nela nada ha de consistente com as manifestagdes de pulsacdo da enexgia biolégi- ca. Pode-se aplicar essa interpretagéo aos fenémenos observados nas vesiculas de energia bionosa? Uma interpretacao 86 é vaiida se torna compreensiveis fenmenos novos. Ela é invalida quando con- flita com as observacées. E torna~se intl quando contradiz direta- mente as observacGes e pode ser substituida por outra interpretagio, que oferece uma cxplicacdo mais satisfat6ria dos fendmenos. O movimento browniano mec&nico é defendido pelos fisicos como um dogma. Na medida em que se dirige contra interpretagdes misticas de fendmenos vivos, essa defesa se justifica. No cnianto, a experiéncia mostra exatamente com a mesma clareza que a prépria 28 interpretagao do “movimento molecular” no esta destituida de motivos irracionais. Caso contrario, o fisico que enxerga tudo a sua volta apenas como movimentos brownianos de natureza puramen- te fisica nao se recusaria com tamanha tcimosia a considerar alguns fatos que contradizem a sua interpretac&o no caso de determinados exemplos. Acredito que jamais conseguirei ser capaz de convencer esses fisicos, mas sei que o beco sem saida a que conduz o ponto de vista puramente mecanicista forgaré um dia a ciéncia a encarar novos fatos e argumentos. Sem ctivida, existem movimentos de particulas extremamente finas que permitem uma interpretacio mecdnica. Por exemplo, eu mesino acredito que o movimento das vesiculas (ver Figura 2) para frente e para trés no mesmo lugar nao ¢ de natureza biolégica. Se as moléculas estéo se movimentando para frente e para tras, isso eu nao sei, j4 que nunca observei moléculas, do mesmo modo que os defensores do movimento browniano puramente mec4nico. Agora, vamos esclarecer 0 que advoga a interpretagao fisico- mecanica. Como nem as particulas, nem as moléculas jamais desa- parecem na sohico, os impulsos moleculares deveriam, pela légica, continuar indefinidamente, assim como o movimento das particu- las. Além disso, todas as particulas aproximadamente na mesma faixa de grandeza teriam de estar em movimento. Finalmente, 0 \inico tipo de movimento possfvel sob estas circunstancias seria de um lugar para o outro. Acontragao e expansdo do contetido das particulas nao podem ser explicadas pela interpretagdo mecanica. Como poderia um impul- so de uma molécula fora da particula causar vibragio ou expansio inter- nas? Posteriormente nos familiarizaremos com outras propriedades dos bfons que néo poderiam ser explicadas em termos mecénicos de maneira concebjvel Essas observagdes s6 podem ser feitas com aumentos de pelo menos 2.000 vezes. Esse é o requisito minimo absoluto. Na verda- de, conclusées confidveis demandam um aumento de 3.000-4.000 vezes, Igualmente indispensével é 0 exame microscdpico de uma preparacio viva antes de sua destruigao pelo corante biolégico. O 29 bidlogo de Copenhague, A. Fisher, ficou muito contrariado e até hostil, de certo modo, quando nao conseguiu um aumento maior do que 1.500 vezes, como insisti que deveria para conseguir ver 0 que eu alegava como fato. A tintura de Giemsa dos bions feita em seu instituto em 1936 foi positiva. Sob condigdes adequadas, mani- festam-se os seguintes fendmenes, que nao podem ser interpreta~ dos de modo mecanicista: 1. O movimento estd ora presente, ora ausente. Ele ocorre, depois para. As vesiculas de bions aparecem nas margens das particulas de carvio ou musgo e exibem movimento quando hd um grau suficiente de tens&o e carga. Deter~ minadas preparagdes bionosas nao apresentam movimento algum. © que aconteceu aos impulsos moleculares em tais casos? As moléculas nao se foram, nem tampouco as parti culas! E a ciéncia mecanicista nao postula um terceito fator na origem dos movimentos. O movimento externo das vesiculas de energia deve portanto estar relacionado & sua carga interna. 2. A mobilidade interna de muitos bions, sua expansio, con- tracdo, vibragdo e reflexo, é um fato que nao pode ser atri- bufdo a impulsos externos, apenas a mudangas na cnergia interna, Assim, a mobilidade interna também deve estar ligada A carga interna. 3. A pesquisa sobre bfons compreende os glébulos vermelhos vivos do sangue como vesiculas orgonéticas. Examinados com um aumento acima de 2.000 vezes, cles sae azuis e pul- sam. Glébulos vermelhos mortos nao sao azuis, mas pretos. Fles ndo se deslocam e nao pulsam. A mobilidade dos glébulos vermelhos se origina apenas da carga interna, niic dos impulses externos. Com o desapareci- mento da cor azul, orgondtica, a mobilidade também cessa. A questio fundamental de toda a biologia diz respeito a origem dos impuisos internos no organismo vivo. Ninguém duvida que o vivo se ~ Gdstingue ad nao-wivo por mreriteurts aaongeintnner ices mpu- 30 sos motores, O impulso motor interno pode ser atribuido somente a uma energia ativa no interior do organismo. O experimento com bions responde 4 pergunta de onde se origina essa energia. Dentro do organismo, a energia biologicamente efetiva, que gera os impulsos, se origina da mesma matéria que o bion. Introduzi o termo “orgone” para designar a energia observa- vel na matéria bionosa mével, derivando-o das palavras “organis- mo” e “orgéstico”. Doravante, a expresso “orgondtico” abrange todos os fendmenos e processos energéticos que pertencem espe- cificamente 4 energia que governa a matéria viva. Cada organismo vivo é uma estrutura membranosa, gue contém nos fluidos de seu corpo uma quantidade de energia orgone: ele constitui um “siste- ma orgonético’. Além disso, a interpretagio puramente fisico-mecinica no consegue esclarecer uma s6 reaco biolégica especitica. Libertamo- nos de qualquer suspeita de estar lidando com uma forca vital sobrenatural que transcende a energia e a matéria. Com isso, reco- nhecemos uma conex4o entre as vesiculas de energia ¢ a teoria fun- cional de matéria ¢ energia de Einstein. Observamos alguns proces- sos fundamentais que indicam a maneira como 0 orgone se origina a partir da matéria, especificamente, os processos de desintegragéo da matéria c o intumescimento das particulas em desintegragao. A solugiio para o enigma de como a vida funciona encontra-se nesses pro- cessos, As funcdes objetivas essenciais da energia biolégica corres- pondem ds fungGes essenciais da matéria viva. As fungdes basicas dos organismos altamente desenvolvidos so as mesmas que aque~ las das mais diminutas partes do plasma contratil. Toda abordagem mecnica ou quimica malogra aqui por completo. Nao é uma ques- tao de substancia, mas das /ungées da energia biolégica. Desse pon- to de vista, estamos de acordo com muitos bidlogos. Uxkiill, por exemplo, escreve: A diologia animal hoje deve sua existéncia a introdugéio da expe- timentagdo fisiolégica no estudo de animais inferiores. Nesses experi- mentos, as expectativas de novos horizontes para a pesquisa por par- te dos fisiologistas nao foram satisfeitas... A tecomposigao de fend- 31 menos vivos em processos quimicos e fisicos ndo gerou progresso de modo algum... para todos os cientistas que véem o elemento essen- cial da biologia no proprio processo da vida, e no na sua redugdo a quimica, fisica ¢ matematica. [Unnelt und Innemoelt der Tiere (Mundo extemo e mundo interno dos animais), Berlim: Springer, 1921, p. 2] 3. OS BACILOST . No meu relato do experimento com os bjons de carvdo, men- cionei a descoberta de pequenos corpos moldados como lancas ao usar a tintura de Gram. A esses corpos foi atribuido o nome de “bacilos T”, isto 6, bacilos Todes*, dada sua ligagao dupla com o pro- cesso de morrer: a) Os bacilos T se desenvolvem a partir da degeneragito e desinte- gragio pitrida da protelna viva e nao viva. b) Injetados em fortes doses, os bacilos T siio capazes de matar ca- mundongos no prazo de vinte e quatro horas. Se deixarmos as culturas de estatilococos ou de bactérias de putrefacao (B-proteus, etc.) se desenvolver por um periodo de tem- po suficiente, formar-se-A uma margem esverdeada ao tedor da borda da cultura. Contra a luz, observa-se que cssa margem tem um reflexo azul, que tende a se espalhar. No inicio do cxperimento, estabelecemos que a cultura era pura nada continha além de esta- filococos, Depois de poucas semanas ou meses, pegamos uma amostra da margem verde-azulada e descobrimos que, embora haja agora muito poucos cocos, a cultura pulula com uma variedade de bacilos muito menores, movendo-se em vividos padrées de zigue- zague. Fles tém aproximadamente 0,2-0,5 micron de comprimento e, examinados com um aumento de 2.000 vezes pelo menos, pare- cem ter um formato levemente oval (ver Figura 4 ¢). Inoculados em * Morte, em aiemao. [N.do R.T.} 32 caldo, eles desenvolvem um fluido de cultura com um forte reflexo verde-azulado e um odor acre, de amoniaco. Quanto mais tempo se deixa em repouso a cultura no caldo, mais denso ele se torna e mais profunda a cor azul ou azul-esverdea- da. Depois de alguns dias, as culturas de bactérias de putrefago (B-proteus, B-subtilis ¢ estafilococos) (ver Figura 4 b) se aglutinam no fundo do tubo de ensaio, ou como uma membrana na superficie. A aglutinacdio dos bacilosT, por outro lado, nao ocorre durante meses. No caso de uma cultura mista, todos os outros bacilos se aglutinam muito rapidamente, enquanto os bacilosT permanecem vivos. 83 88 a) Bions azuis. Cerca de 2a 10 © & yf b) Estafilococos Estreptococos Bacilos Cerca de 1 de diametro Cerca de 4a 8p de comprimento a ©) BacilosT. Cerca de 0,2a 0.5 Figura 4. Formas caracteristicas de bfons azuis, cocos e bacilos pretos, e bacilos T 33 Os bacilos T podem ser obtidos a partir da degeneragéo de todo tipo de substdncia protéica. Até o presente momento, foram. cultivados bacilos T idénticos na forma e nas reagdes a partir de quinze fontes diferentes. Os bacilos T silo portanto produto de proces- sos degenerativos pritridos nos tecides. Abaixo, uma lista de algumas fontes de bacilos T: Sangue de pacientes com cincer: Os bacilosT podem ser cultivados a par- tir do sangue de pacientes com cancer avancado através da simples inoculagao em caldo de cultura. No nosso laboratério, esse proces- so tomou-se um dos nossos mais importantes testes para cancer. Tecido canceroso: Todo tipo de tecido canceroso, novo ou velho, exibe bacilos T ao exame microscépico e produz culturas de bacilosT em caldo de cultura e em dgar-4gar. Quando fervido, se desintegra qua- se que totalmente em corpos T com a reacao tipica vermelha da co- loragae de Gram. Células e tecidos pré-cancerosos: Esses tambérn praduzem bacilos T, isto 6, se desintegram em corpos ou ja os contém plenamente desen- volvidos. O epitétio da vagina, da lingua, da pele ou do esputo nor- malmente nao tem estratura. No estado pré-canceroso, ele exibe corpos T extremamente finos no exame em campo escuro. Sangue em degeneragio (experimento): Espalham-se 2.a 3 cc. de sangue sobre uma placa de Petri esterilizada e posta a secar durante vinte e quatro horas em uma incubadora. Pulveriza-se entdo 0 sangue seco com extrato de carvéo que foi aquecido até a incandescéncia. Depois de mais vinte ¢ quatro horas, acrescentam-se cloreto de potdssio e caldo de cultura o suficiente para cobrir a substancia. O exame microscépice e a reacio & tintura biolégica confirmam ime- diatamente a presenga de bacilosT. Os bacilosT de qualquer origem geram tumores cancerosos, des- irutivos e infiltantes em camundongos saudaveis. No entanto, eu gostaria de lidar com esse elemento do experimento com bons em separado c me restringir aqui as reagGes essenciais, biologicamente significativas que tém relagdo com o problema da energia orgone. As preparagées de bions produzem regularmente dois tipos de bions: os bions azuis PA descritos anteriormente e os pequenos 34 bacilosT pretos. Esses dois tipos sic antagénicos entre si no experi mento biolégico; os bions PA tém a capacidade de matar ou imobilizar os bacilos T pretos. Esse processo ocorre na gota sob 0 microscépio, assim como no camundongo vivo (ver Figura 4-2) Colocamos uma gota de solugo de bions terra e ferro ou carvao sobre uma lémina tipo gola pendente e acrescentamos uma pequena gota de uma cultura de bacilos T. Com aumento de 400 vezes no campo escuro, ou com mais clareza em aumento de 2.000 vezes ern luz comum, podemos ver que os bacilos T na vizinhanga dos bions azuis tornam-se agitados, girando sem parar, depois permanccem em um sé lugar, tremendo, e finalmente ficam iméveis. Com o tem- po, um ntimero cada vez maior de bacilos T se acumula ao redor dos bions azuis: eles se aglutinam. Os bacilos “mottos” parecem atrair e serem letais Aqueles que ainda vivem. Os experimentos de energia orgone com 0 cancer tm sua origem nesse fato significativo. Os bacilos subtilis ou proteus, que tém de cinco a oito vezes 0 tamanho dos bacilos'T, sdo afetados da mesma maneira. Nesses orga- nismos, pode-se observar a capacidade letal dos bions azuis com mui- to mais nitidez. Ao final, todo o campo est coberto de bacilos mortos. Entre janeiro de 1937 e janeiro de 1939, realizaram-se experi- mentos de injecao de bions PA e bacilos T em 178 camundongos saudaveis. A tabela abaixo apresenta os resultados: Niimero Morios Mortos Doentes — Sauddveis Injegdo de en em camundongos semana 15 meses ‘15 meses. 15 meses Bacilos T 84 30 30 4 0 Bions PA depois BacilosT 45 6 9 - 36 Bions PA 39 0 0 - 39 Bacilos T depois Bions PA 10 9 8 - 0 _ (@ sacrificados) 178 Dos 30 camundongos T que morreram no prazo de quinze meses apés a injecdo de bacilos T, 25 foram cuidadosamente exami- 35 nados em busca de tumores cancerosos. Sete camundongos apre- sentaram células cancerosas amebdides em diversos tecidos; treze revelaram tumores celulares infiltrantes, destrutivos, de natureza cancerosa. Os cinco camundongos restantes tiveram tumores infla- matérios crdnicos. Os tumores cancerosos estavam mais avancados nos camundongos que haviam sobrevivido as injegdes de bacilosT por mais tempo. A relagao entre os bacilos T ¢ o cancer é de importancia crucial ¢ serd discutida postcriormente. Para se ter uma avaliagao da energia orgone, os resultados dos experimentos tém o seguinte significado: 1, Te6rico: na base do processo vital, na fronteira entre o nao- vivo e 0 vivo, encontramos um modo de funcionar que é completa- mente abrangido pelo nosso esquema de funcionamento biol6gico, cuja validade é geral: todas as fungies vitais obedecem a lei natural de dissociago do unitdrio e da antitese funcional e unidade do dissociado. A partir da matéria nao viva A se desenvolvem bions méveis B contendo energia orgone. Esses bions se dividem em dois grupos: 0 grupo PA e o grupo T. Os dois grupos tém uma relagiio antitética, & medida que os bions PA paralisam os bions T. Hé apenas uma explica~ ao plausivel desse fato no contexto do nosso conhecimento das fungies fisicas da energia orgone: os bions PA sito unidades de orgone plenamente desenvolvidas ¢ altamente carregadas. Por outro lado, os bions T representam produtos de degeneragdo, que aparecem quando os tecidos, as células ou as bactérias comecam a perder sua carga de orgone. Eles contém apenas pequenas quantidades de orgone e, portanto, sao sistemas orgonéticos muito fracos. PA OT Matéria ‘bionosa (B) 36 Como o sistema orgonético mais forte sempre atrai o mais fra~ co ¢ drena para si sua carga', pode-se explicar facilmente a paralisia dos bionsT pelos bions PA: a conexo funcional biofisica entre PA e Té derivada de fungdes puramente fisicas da energia oxgone, 2. Pritico: OsT se originam quer por processos degenerativos, isto 6, através da perda de energia orgone em formas altamente desen- volvidas, quer por causa de uma quantidade insuficiente de orgone livre de massa dentro da vesicula de energia. Os bacilos T foram produzidos em meu laboratério a partir da degeneracdo dos seguintes tecidos e preparacdes de bions: sangue seco, fezes secas, tecido canceroso auutoclavado, gema de ovo auto- clavada que foi pulverizada com carvao incandescente e coberta com hidréxido de potdssio, epitélio da lingua danificado por ponte dentéria, células degeneradas do epitélio da vagina, espermatoz6i- des degenerados, bactérias de putrefagiio degeneradas, preparagdes de bions de carvao de todos os tipos e meio de cultura a base de ovo tratado com cianeto de potdssio, O contetido deficiente de orgone dos bacilosT se manifesta em um fenémeno estranho que eu gostaria de designar como “fome de orgone”. As observagées so as seguintes: Filtramos sangue que foi diluido cerca de 10 vezes com a solu- cdo habitual de cloreto de potdssio. (Um filtro Berkefelt com poros nao maiores do que 0,25 micron apanha quaisquer bacilos T que possam estar presentes.) exame microscopico com um aumento de 2.000-4.000 vezes revela apenas fluido, sem estrutura alguma. Acrescentamos ao soro uma pequena gota de cultura de bacilo T pura, sem bions PA. Em poucos minutos apresenta-se um espeta- culo extremamente excitante, que com toda a probabilidade contém 0 segredo dos “corpos imunes” no soro. No inicio, vemos apenas bacilos T se deslocando pelo campo. Porém nao tardam a aparecer vesiculas azuis aqui e ali, com um ntimero cada vez maior de bacilos T ao seu redor, exatamente como 1. Esse fendmeno, conhecide como potencial orgondmico invertido, é discuti- do athures de um ponto de vista puramente fisico 37 em uma mistura de PA eT. OT parece ter estimulado a formacao dos bions PA azuis; um soro de controle sem T nao exibe nenhum PA. Os bions PA, uma vez formados, exercem um efcito paralisante nos T, que comegam a se aglutinar. Comega entao um segundo processo, até mais surpreendente. © agrupamento dos T aglutinados é preto; nao ha evidéncia de azuis. Porém, em quinze a trinta minutos, esse agrupamento preto morto comega a adquirir uma coloragio azul intensa e formar vesiculas membranosas. Nada sio seno bions PA, Os T mortos extrairam orgone do soro e se transformaram em bions PA. Esses dois fenémenos ainda nao foram estudados detalhada- mente. Por um lado, esto relacionados com o fator de imunidade e, por outro, com a estruturagio vesicular ou a desintegragao vesi- cular de tecidos que entram em contato com os bacilosT. Poucos dias depois de um camundongo saudavel ter sido ino- culado com bacilosT por injego subcutnea, apareceu um inchago nao purulento na pele que, sob exame microscdpico, provou ser tecido em estado de desintegragao vesicular. Através do mesmo processo, a degeneracdo de células epiteliais em cancer € marcada pelo surgimento de bacilos T, em primeiro lugar; depois, por um grande ntimero de bions PA azuis nas cercanias. Neste ponto, eu gostaria de interromper 0 relato dessas obser- vagdes, que produziram tanta informagio sobre a energia orgone organismica, e esperar pelos resultados de outros experimentos antes de decidir que conclusdes tirar. Bntretanto, é certo gue os baci- os T estimulam a desintegragtio bionosa, e que as células cancerosas se organiza a partir de tecido desintegrado de forma bionosa, exatamen- te como as amebas © outros protozodrios se formam a partir de bions de musgo. O teste de sangue T © vigor biol6gico, isto é, 0 poder de funcionamento de uma célula, nfo é detcrminado nem pela sua estrutura, nem pela sua 38 composic&o quimica. A desintegrac4o da estrutura e a composicaéo quimica devem ser vistas antes como conseqiiéncias do que causas da degeneracéo biolégica. A estrutura, junto com o equilibrio bio- quimico da célula, é a expresso do vigor biolégico da célula, porém a propria fungao biolégica foi um mistério até aqui. A carga orgond- tica da célula nos oferece agora a possibilidade de determind-lo experimentalmente. Os glébulos vermelhos do sangue de duas pessoas podem ser semelhantes na estrutura e composic¢do quimica, embora difiram claramente na fungao biolégica. Sob o microscépio, os dois podem ter a mesma forma; a contagem dos gldbulos vermelhos e 0 conteti- do de hemoglobina podem bem ser normais e id@nticos para as duas pessoas. Exponhamos agora amostras de sangue de cada pessoa ao mesmo agente destrutivo. Autoclavamos algumas gotas de sangue de cada pessoa em caldo de cultura ¢ cloreto de potdssio durante trinta minutos a uma temperatura de 120°C, com press3o0 de vapor de 15 libras por polegada quadrada. O exame microscépico pode revelar agora dois resultados muito diferentes. O sangue autocla- vado de uma pessoa se desintegrou em grandes vesiculas azuis de bions. O sangue da outra pessoa ndo produz vesiculas azuis, somen- te bacilos T. A coloracao de Gram confirma essa diferenga: uma amostra de sangue produz vesiculas azuis, Gram-positivas (ver Fi- gura 31, no Apéndice), a outra, bacilos T Gram-negativos, verme- Ihos (ilustragdo de bacilos'T de um sarcoma na Figura 32 do Apén- dice). Pode-se tirar a seguinte conclusio: A primeira amostra de sangue apresenta uma forte carga orgo- Nética das células vermelhas. A carga se revela depois do proceso de autoclave, nos bions azuis (“reagdo B”). A segunda amostra de san- gue apresenta uma carga de orgone fraca ou minima das células ver- melhas. A falta de carga orgondtica se manifesta, depois do processo de autoclave, na auséncia de bions azuis e na presenga de bacilos T, que resultam da degenerago dos glébulos vermelhos (“reagéoT”). A reagio T é caracteristica dos casos de céncer em estado avangado nos quais o contetido de orgone do sangue foi totalmente consumi- 39 do na Juta do organismo contra a doenca sistémica (biopatia do cAncer) e o tumor local. Essa reacdo T encontra-se habitualmente presente antes de quaisquer sintomnas de anemia e, com freqiiéncia, tevela 0 processo canceroso muito tempo antes que um tumor per- ceptivel tenha se formado. Por outro lado, os glébulos vermeihos fracos em energia orgo- ne a absorvem vorazmente quando fornecida ao organism através do acumulador de orgone. Os testes subseqiicntes de autoclave indicam uma mudange da reacdoT para a reagao B; isto é, os glébu- los vermelhos de sangue se tornaram mais resistentes 4 autoclave; eles contém mais orgone. Os glébulos vermelhos podem ser carregados pela energia orgone atmosférica. (Os efeitos da radiacio solar se baseiam no mesmo principio.) Isto pode ser confirmado experimentalmente. Em uma lirnina de microscépio, misturamos biologicamente (isto é, orgono- ticamente) sangue fraco com bactérias de putrefago ou bacilosT. O sanguc, por estar energcticamente fraco, nao destréi nem aglutina as bactérias ou os bacilosT. No entanto, depois que o organismo foi carregado orgonoticamente (0 grau de carga pode ser averiguado através do teste de autoclave), o sangue possui um cfeito decidida- mente paralisante e aglutinador nos mesmos microorganismos pa- togénicos. Os protozoarios menores respondem do mestho modo; isto é, nao siio danificados pelo sangue orgonoticamente fraco, mas s&o paralisados pelo sangue orgonoticamente forte. 8 Oe Freco Forte Margem estreita de orgone Margem larga de orgone Cor azul fraca Cor azul intensa Membrana freqiientemente murcha (poiquilocitose) Figura 5. Corpisculos vermelhos do sangue apresentando carga orgonética fraca e forte (em espécime vivo a 4,500 vezes) 40 O glébulo vermelho é um sistema orgonstico em miniatura, conten- do uma pequena quantidade de energia orgone dentro de sua membrana. Com um aumento de 4.000 vezes, os glébulos vermelhos do sangue exibem um reflexo azul intenso e uma vibragéo animada de seu contetido. Eles se expandem e se contraem, por conseguinte nao sao rigidos, como se pensa habitualmente. Eles transportam ener- gia orgone atmosférica dos pulmées para os tecidos. $6 se pode fazer conjecturas a respeito da natureza da relagao entre 0 oxigénio atmostérico e a energia orgone neste momento. Nao se sabe se 0 orgone é idéntico as particulas quimicas do ar ou fundamentalmen- te diferente delas, A carga orgonética também se revela na forma e estrutura dos gldbulos vermelhos do sangue. As células com carga fraca so mais ou menos encolhidas e possuem uma margem azul estreita, que reflete debimente. Depois que o organismo esta carregado, as células vermelhas de sangue se incham, enquanto a margem azul se intensi- fica e amplia, chegando por vezes a abranger toda a célula. Nenhum microrganismo patogénico pode sobreviver na proximidade desses gidbulos vermethos do sangue com alta carga orgonética. O modo como esses fatos se relacionam a imunidade contra doengas infecciosas, resfriados, e outras é algo ainda obscuro; po- rém descobrir essa relagéio nao deve ser muito dificil. Provavel- mente, a carga orgonética dos tecidos e células sanguineas deter- mina o grau de susceptibilidade a infecgSes, a “disposicdo a doenga”. O fato de os eritrécitos perderem gradualmente sua coloracio azul durante o processo de destruigéo dos microorganismos pato- génicos, tornando-se enegrecidos e, por vezes, degenerarem em corposT, é uma demonstragao de que a carga de orgone dos glébu- Jos vermelhos do sangue realmente mata os protozodrios e as bac- térias. O exame do tecido de tumores em carmundongos tratados mostra que, quando 0s glébulos vermelhos do sangue carregados permeiam o tecido canceroso, este se desintegra em corpos T sem mobilidade. Nesse processo, 0s giébulos vermelnos do sangue de- saparecem e 36 se podem ver 0s cozposT. O tumor canceroso cxibe grandes cavidades cheias de corposT, visiveis sob exame em campo 41 escuro com aumento de 300-400 vezes. Macroscopicamente, o con- tetido das cavidades parece no inicio vermelho-sangue, mas vai se transformando gradualmente em marrom-enferrujado, devido a hemosiderose. O pigmento de ferro se separou dos gldbulos desin- tegrados, que perderam sua carga de energia biolégica. A anemia secundéria tfpica dos pacientes de cancer é a expresso da perda de energia biolégica do sangue na luta contra os bacilosT e as células cancerosas. Serao apresentados posteriormente mais detalhes sobre esse assunto, relacionados aos nossos experimentos com o cancer. O que importa aqui é aprender como a carga orgondtica das células sanguineas age sob diversas condicées. Para ser breve: eritrécitos com uma carga forte de orgone agem sobre as bactérias e protozodrios pequenos exatamente do mesmo modo que os bions oriundos da terra, do ferro, do carviio e outros. Como eles tém origem na medula éssea, deve-se presumir que esta possui a capacidade de gerar bions cons- tantemente. As vesiculas de energia sio fundamentais tanto no tecido animal quanto no tecido vegetal. Juntos, esses fatos formam a base dos experimentos de orgonoterapia nos pacientes de cancer. A introdugio da energia orgone proveniente do exterior alivia o organis- ‘mo do fardo de consumir orgone do préprio corpo na luta contra a doenga, Essa é mais uma prova da identidade da energia orgone atmosiérica ¢ organismica. O experimento revela o seguinte: 1. Uma infusao de grama nao desenvolve protozodtios, ou s6 desenvolve muito poucos, quando mantida desde o inicio no acumulador de orgone. Claramenite, a energia orgone carrega 0 tecido da grama ¢ evita sua desintegracao em protozoarios. 2, Protozodrios plenamente desenvolvidos nao so destruidos no acumulador de orgone. 3. Os bacilos T nao sao destruidos no acumulador de orgone mas, por outro lado, o sangue de um paciente com cancer pode ser impo de corpos'T em poucos dias, se ele for expos- to a irradiagao intensa de orgone. 42 4, LUMINANCIA E ATRACAO- E de conhecimento comum que o sangue animal irradia, um fato descoberto por Gurwitsch. JA que os eritrdcitos nada so sendo vesiculas dc energia orgone, do ponto de vista da biofisica orgone, é importante demonstrar a radiag4o microscopicamente. Uma das Buas caracteristicas mais relevantes, como descobrimos na fisica orgone pura, é a “atracdo orgondtica”, que ndo tem relagéo com o magnetismo do ferro. Foi possivel observar essa atragéio orgonética através dos experimentos descritos abaixo; todos eles consistern em agrupar bions de diversas origens no preparo habitual de caldo cloreto de potdssio e examind-los sob microscépio. Vistas bioenergeticamente, a destruigéo e a aglutinagio de bactérias por diversos tipos de bfons é apenas e simplesmente a atragdo e subseqitente retracao da energia orgone pelo sistema orgondtico mais forte, o bion PA. Ao misturar diferentes tipos de bions, descobri- mos outros efeitos importantes da energia orgone. Fagamos em primeiro lugar um experimento com uma mistura estéril de glébulos sanguineos vermelhos e bions de terra. Usamos uma gota de sangue dilufdo e outra de solucao de bions de tera suficientemente dilufda para permitir a facil observacio de cada bion. N&o se podem esperar resultados com aumentos menores do que 2.000 vezes (uma objetiva apocromitica de.boa qualidade com aumento de 80 vezes, combinada com uma ocular de 16 vezes em um microscépio com binocular inclinado servird a esse propésito). E vantajosa a utilizacfio de lente especial de imerséio na dgua, que possa simplesmente ser mergulhada na solugdo. Facilita-se e acele- ra-se o trabalho através de imersao direta na 4gua, o que resolve rapidamente as interferéncias mecanicas. Nao se deve temer um efeito do metal, uma vez que o fenémeno é 0 mesmo quando se usa lamfnula de vidro. Porém, nesse grau de aumento e com a utilizacao necessdria de laminas do tipo gota suspensa, as laminulas sao inc6- modas, j4 que quebram muito facilmente. Qualquer experimento de controle provard que a imersiio da objetiva na solugio nao afeta os resultados de modo algum. 43, A ponte radiante entre dois sistemas orgondticos No inicio, os bions de terra e glébulos sanguineos vermelhos se deslocam separadamente. Porém aos poucos comega 0 agrupamen- to, com diversos eritrécitos se juntando em toro de um dos bions de terra maiores, mais pesados, e se movendo cada vez mais perto, até se tocarem. Em cada ponto de contato surge uma forte irradia- ¢40. Nos pontos em que os corpos nao se tocam diretamente, mas estéo separados em cerca de 0,5 a 1 micron, forma-se uma ponte poderosamente radiante com forca entre o bion de terra e o eritrécito, que aparentemente os conecta, Essa ponte vibra com intensidade, tor- nando-se alternadamente mais larga e mais estreita. Finalmente, as membranas entre os corpos parecem tornar-se menos distintas. Observando-se 0 suficiente, é possivel ver claramente que os eritré- citos refratam a luz com mais forca, que sua cor azul vai se tomando cada vez mais intensa, e que eles se tornam maiores e mais retesa- dos e exibem uma vivida pulsag&o. Desta maneira, os eritrdcitos podem ser carregados orgonoticamente, de modo tao efetivo quan- to 0 corpo se carrega da irradiac&o de orgone do organismo. Quando EG Or ‘ EO OE 20 aro E oC OQ oe. 1. Mistara 2. Agrupamento So E B {> E 3. Formagdo de uma ponte 4. Dissolugdo das membranas radiante @ fusio orgondtica Figura 6. Fases na formagiio de uma ponte radiante e fustio orgondtica entre bions de terra (B) € eritrécitos (F) 44 slo utilizados os etitrécitos deformados e fracos do sangue de pacien- tes cancerosos para este experimento, sua expansdo e irradiagio sfio mais evidentes. Eritrécitos orgonoticamente fracos exercem pouca ou nenhuma inftuéncia nos bacilos e protozodrios pequenos, mas se tomam cficazes quando esto carregados de orgone. Os eritrécitos “bebem até se fartar” o orgone dos bions de terra. A injegao de bions de terra estéreis em camundongos cancero- os atingiu o mesmo efeito que a exposi¢ao a radiagdo de orgone no acumulador de orgone: inibigo do crescimento do tumor, substi- tuigdo do tecido tumoral por sangue com forte radiagao e destrui- gio dos bacilos T. O que ocorre realmente no organismo como resultado das injegdes de bions pode ser visto no estudo microscé- pico da mistura de bions, (A injecio de bions foi o método de apli- cagdo de orgone utilizado em meu laboratério antes da descoberta da energia orgone atmosférica, depois do que foi substituida pela irradiac3o no acumulador de orgone.) No hé fusao entre os bfons de tera e eritrécitos, s6 a forma- Go da ponte radiante. Isto também vale para bfons de ferro, bfons de carvao e assim por diante. Por outro lado, os bions de carvao e os bfons produzidos a partir de sangue autoclavado ou a partir de qualquer proteina de fato se interpenctram. Essa fusdo ¢ extrema- imente significativa para uma compreens&o da produg&o experimen- tal de tumores em camundongos através de alcatrao. 5. FUSAO E INTERPENETRACAO, A sexualidade tem em comum com a procriagao o fato de que dois sistemas vivos se fundem orgonoticamente. Em organismos unice- lulares, a penetragio miitua da substancia corporal se segue & fusdo que ocorre na copula. Fusao e interpenetragdo nio sao somente processos de energia, mas processos que também envolvem subs- tncias. No metazoério, todavia, esses processos sfio muito mais completos em termos de energia do que de substincia. No ato da exipula, 0 Srgiio do macho penetra a fémea. Os dois drgios formam 45 ent&o uma unidade em funcionamento. No caso de muitos molus- cos hermafroditas (caracéis, vermes), a penetrac&o é mtitua, mas se restringe aos genitais. Por outro lado, a unido de dois gametas para formar um zigoto é um exemplo perfeito de total interpenetracao e fusSo da substancia. Embora a fusao se restrinja aos érgaos genitais © as células reprodutivas nos animais multicehulares, a fungio orgo- nética é total; isto é, na copula, dois seres se fundem temporaria- mente em um sé sistema de energia orgonético. (No caso dos huma- nos, isto 86 vale se os dois parceiros forem potentes orgasticamente.) A luminancia costuma preceder a uso orgonética. A luminéncia orgonética da cétula, a excitagiie fisioldgica c a emogio sexual psiquica sio processos idénticos no plano funcional. A percepsao psiquica de um objeto sexual pode levar & excitacao fisioldgica (erecdo); inversamente, a excitacdo fisiolégica (caricia, fric¢do) pode evocar a emogao sexual Esse proceso psicossomitico conduz a lumindncia orgonética do organismo todo. De outro lado, uma forte luminancia orgondtica em um organismo tende a intensificar 0 desejo de fricc&o fisiolégica com a emogio psicossexual que o acompanha. Por conseguinte, nosso dia- grama de funcionamento bioldgico tem validade, mais uma vez: Emogac Exeitagio fisiol6gica psicossexual (somatica) Luminancia orgonética da eélula Deve ser levado a sério 0 conceito de que as manifestagdes de energia do organismo multicelular esto presentes em cada célula individual e dai se originam, estritamente falando. A luminancia de 46 orgone da célula individual é idéntica & “excitagdo celular” do fisio- logista e do bidlogo e a “libido de érgo” ou “libido celular” do psi- célogo profundo. Demos um passo importante para a compreensio desses processos, j4 que sabemos agora que esté em atividade nas células uma energia passivel de demonstragéo ¢ que é especifica~ mente biolégica. As principais fungdes da energia sio a formacao de uma ponte de radiacao (“contato sexual”), a luminancia, a fuséo € a interpenetragao. Nosso objetivo aqui é simplesmente observar os processos energéticos de fusao e interpenctragao do modo como se revelam nos bions. Justifica-se nossa sensac4o de triunfo quando: testemunhamos a fusdo de um bfon de carvao com um bion de terra; os conceitos hipotéticos de “excitagao celular” e “libido de érgao” tornaram-se realidades tangiveis. Depois que os bions de carvao sao atraidos pelas bions de terra mais pesados e, portanto, menos méveis, ¢ que se forma a ponte de tadiag&o, o processo energético continua correndo em paralelo com cada fase da cépula. Os bions “excitados", isto é, iluminantes, se apro- ximam cada vez mais uns dos outros. No ponto em que surgem as pontes de radiacdo, a substancia de carvao (na forma de bions) come- ga a penetrar gradualmente os bions de terra. Tem-se a impressio de que o bion de terra absorve o bion de carvdo. Com o tempo, os bions de carvao, menores, penetram completamente nos bions de terra. possivel distinguir nitidamente suas membranas pretas das membra- nas marrons dos bions de terra. Vista como um todo, a mistura de bions de terra e bions de carvao adquire um tom preto-amartonzado. Entao o preto desaparece gradualmente; dissolvem-se as membranas do bion de carvao. Os bions de terra assumem uma coloragao mais escura ¢ suas vesiculas azuis emitem uma radiag&o mais forte. Final- mente, desvanecem-se todos os rastros da substancia de carvao. ‘Um outro modo de descrever esse processo seria dizer que o bion de tera “come” o bion de carvao. Mas nao faria sentido subdividir a fusio em “alimentacao” ou “copulagdo”, uma vez que, nesse estagio biolégico dos mais primitivos, a energia biolgica funciona sem dife- renciag&o. Seria dificil estabelecer uma diferenga funcional entre copu- lagdo e a incorporagio de protozodtios menores pelos maiores. 47 Essa afirmacio vale igualmente para o anima! multicelular quan- do descrevemos os processos energéticos e evitamos a armadilha antropomérfica de atribuir um propésito. Uma crianga mamando esté satisfazendo um “propésito” completamente diferente de uma mulher que recebe 0 Grgdo masculino na sua vagina. O primeiro ato “serve” & “preservagao do individuo”, o segundo & “preservagio da espécie’. Porém essas distingdes finalistas s%io incorretas quando se trata do problema do funcionamento biolégico. Em termos de energia - e, bio- fisicamente, nenhum outro ponto de vista tem validade -, 0 processo gue ocorre entre o peito da mae e a boca do bebé é precisamente o imesmo que aqucle que se da entre o pénis creto e a vagina. Essa iden- tidade funcional se estende ao mais infimo detalhe fisiolégico. Nao se deveria permitir que a hipocrisia moralista obscurecesse a importancia desses assuntos, representando 0 “sagrado” processo de sugar como “assexual", nem que o “profanasse” identificando-o com 0 “ato sexual sujo, diabélico”, Nao é uma questio de sagrado ou profano, mas de funcionamento biolégico. Sé agora compreendemos biofisicamente a descoberta fundamental de Freud de que a boca da crianca de colo é um drgdo exatatnente to sexualmente excitado quanto o mamilo da mac” em excitagao. Essa percepeo siibita ajudard mais no diagnéstico da incapacidade que tém determinadas mulheres para amamentar seus fillhos do que todas as teorias médicas. Para nés é portanto indiferente se o bion de terra “comeu” o bion de carvao para “se fortalecer”, comportando-se assim de modo “moral” ou “racional’, ou se ele se fundiu “sexualmente” com o bion de carvao. Estamos preocupados, isto sim, com as funcdes de ener- gia, fundamentais no proprio processo e comuns a todas as fungdes biolégicas basicas, quer consideremos a ingestio, conjugacdo, cépu- la, formasao de zigotos ou o ato sexual do metazoario. Deve-se obscrvar que a “fome de orgone” dos bfons possui um ponto de saciedade. Se for introduzido um nimero limitado de bions de carvéo em uma solugdo de bfons de terra, ndo haverd mais bions de carvéo poucos dias depois. Mas se for acrescido um grande nimere de bions de carvéo, nem todos eles desaparecerao. Espécies diferentes de bions exibem graus variados de “fome de orgone”. 48 © comportamento de culturas de bions de areia com relagao a bions de carvio é “guioso”, por exemplo. Os bfons de ferro também se fundem facilmente com bions de carvao. Os bions formados a partir de substancias organicas cozidas, como o miisculo, sio bem menos vorazes em sua absorcao de bions de carvao. Isso indica que quanto menor a quantidade original de carbono contida por um bion, mais forte sua tendéncia para absorver carbono. Bfons SAPA, provenien- tes da arcia, nao contém carbono originalmente; bions de ferro sé. contém tragos de carbono. Os bions de muisculo, no entanto, se compéem de compostos de carbono. Sua fome de carbono é conse- gtientemente muito menor que a dos bions de arcia. Refrear-me-ei de esbocar conclusées de longo alcance sobre a origem do plasma ho nosso planeta e me aterei estritamente aos fatos. Os bions de carvao nao sao os tnicos a se fundir com outros. A fuséio também se dé entre os bions de terra e os bions de ferro, 0s bions de ferro e os bions de miisculo, ¢ assim por diante. Encontra- #¢ ai um amplo campo de frutiferas pesquisas. Resumindo: as vesiculas de energia orgone mostram as funcées bfsicas de uma substincia viva completamente desenvolvida: atracio, lumindncia, uma ponte radiante, fusio e penetracao. Essas fumgdes sao propriedades especificas das vesiculas de orgone; elas estéio ausen- tos nos bions que perderam sua carga de orgone. Essas fungGes sao portanto determinadas nao pela substancia, mas pela energia. Sao fungées especificas do orgone e nada tém a ver com magnetismo ou eletricidade. Estamos agora mais bem preparados para abordar as observa- gies oferecidas pela nossa investigagao da organizagzio dos proto- woarios e das células cancerosas. 6. A ORGANIZAGAO NATURAL DOS PROTOZOARIOS Eu gostaria de iniciar este tOpico com a excelente afirmagio do bidlogo Uxkiill, extrafda da introdugéo de seu livro Umwelt und Imenwelt der Tiere [Mundo externo e mundo interno dos animais]: 49 A palavra “ciéncia” tornou-se atualmente um ridiculo fetiche- Portanto parece apropriado assinalar que a ciéncia nada mais é do que a opinio conjunta dos cientistas vivos... Com o tempo, todas as opi- nides so esquecidas, rejeitadas ou alteradas. Por esse motivo, a per- gunta “O que constitui a verdade cientifica?” pode ser respondida sem exageros com a afirmagio “Um erro de hoje”... Aimentamos a esperanca de progredir de erros crassos a erros menores; porém saber realmente se estamos pelo menos na wrilha certa é algo que d4 maz- gem a diividas extremas quando 0 assunto é a biologia. No vero de 1938, publiquei em Die Bione [Os bions] algumas fotografias tiradas com técnicas de camera acelerada e longas expo- sigdes. Elas demonstravam inequivocamente que os organismos unicelulares nao evoluem a partir das bactérias do ar, que ninguém nunca viu, e sim de musgo ¢ grama se desintegrando de modo bio- noso. O mundo da biologia permaneceu calado, sustentando esse “erro de hoje” c, com poucas excecGes, nao teceu comentarios sobre as microfotos. Hoje os fatos falam por si (er Figuras 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41-a, b, c, 42, no Apéndice). O animal nao é uma soma mecanica de drgdos, assim como o 6rgao nao é uma soma mecAnica de células. O animal, em sua tota- lidade — cada érgao e cada célula, individual e coletivamente -, é um sistema orgondtico auto-suficiente e se caracteriza pelo padrao de quatro tempos: tensio — carga -» descarga — relaxamento; por conseguinte, constitui-se em uma unidade funcional. E proprie- dade do sistema vivo que cada uma de suas partes possa operar de acordo com a férmuta de tensao e carga, independentemente ou em conexo com o organismo na sua totalidade. Na literatura biolégica moderna, desde aproximadamente a Primeira Guerra Mundial, a abordagem funcional foi progredindo Jentamente contra o ponto de vista substantivo-mecanicista. Um dos problemas cruciais da biologia é que, enquanto as fungdes do protoplasma so tratadas como se fossem milagres, as fancies das estruturas (musculatura, nervos, glandulas, e outros) sao mecanica- mente compreensiveis. O protoplasma é fundamentalmente dife- rente de uma maquina pelo préprio fato de que “maquinas de fluido 50 xo inconcebiveis” (Oxkill). O protoplasma funciona com base em caracteristicas que as maquinas ndo possuem. Ble funciona sem estar eatruturado, Ele se preserva através de um equilibrio entre assimila- (do c desassimilago, o que equivale a dizer através da fungiio, e nao através da estrutura material. Quando cessa a fung3o, 0 estado material se esfacela. A estrutura substantiva é cla mesma dependente da fiungiio do plasma vivo. “© animal é um evento” Gennings). Esses fatos sao inacessiveis para a orientagdo mecanicista ¢ materialista da biologia. Entéo, que resposta fornece 0 conheci- mento das fungdes orgone a esse mistério? Uma coisa esta clara: qualquer conceito que deduza tudo a partir do “germ Anlagen’, aasumindo a existéncia eterna do plasma germinal sem investigar sua origem, nao pode nos esclarecer sobre o funcionamento plas- miatico. Tal conceito, que a tudo enxerga como se jd tivesse existén- cia material no germe, é semelhante a antiga nogao de “pré-forma- gd0” de todas as futuras gerages nas células germinais. Agoza, se a transformacio de matéria originalmenie ndo plasmdtica em plasma puder ser observada microscopicamente e em filme, serd possivel chegar a conclusées sobre o préprio desenvolvimento da fungo plasmética. Podemos sem hesitagées considerar « funcito plasmdtica idéntica i funcito de tenstio ¢ carga, pois todas as fancdes complexas podem ser rastreadas até a alternancia entre expansao e contragao na pulsagao biolégica. A substancia nao viva nao pulsa. A substin- cia viva pulsa. A solucéo do enigma da biogénese deve ser buscada pre- cisamente no ponto de transigéo entre a niio-mobilidade e a mobilidade pulsatoria, 8 possivel observar realmente este ponto de transi¢o, no microsc6pio ¢ nos registros em filmes. Q dano que a teoria metafisica do germe causou & pesquisa biolégica pode ser avaliado pelos seguintes fatos: nem um s6 livro de biologia de que eu tenha conhecimento contém uma descrigao do material das infusdes de protozodrios, Nada aprendemos sobre o que realmente est acontecendo na grama ou no musgo. Os protozoa- tios so representados como estando simplesmente presentes, como um “produto acabado”. O argumento de que nao existem protozod- rios no musgo aquecido, que se contrapSe tantas vezes ao conceito 51 de organizagao natural dos organismos unicelulares, ndo pode ser levado a sério. Suas inadequages foram assinaladas pelos bidlogos h4 muito tempo e a teimosa adesio a ele apenas trai um interesse que nao é cientifico, ¢ sim religioso. Podemos afirmar agora que se 0 musgo aquecido n&o contém protozodrios, ainda assim contém bions azuis*. No entanto, também se encontrarao tais bions em musgo no aquecido passando por um processo gradual de inchaco, Todo livro de biologia reconhecido contém a afirmacao — copiada cegamente de um autor para outro — de que os protozod- ios evoluem a partir de “gezmes encistados”: os protozoarios po- dem ganhar a forma esférica, observa-se. A observacio é correta, claro, mas sua interpretagao é errénea. Dois processos separados est&o sendo tratados como se fossem um. Um processo é a aquisi- cdo de uma forma esférica pelos protozodrios quando estao danifi- cados. O outro processo envolve a cvolugiio de formas esféricas em infusbes de grama que ndo tém conexio com os protozoérios esfé- ricos. Essas formas esféricas s&0 0 resultado de um desenwolvimen- to gradual de bions em agrupamento de vesfculas bionosas. O agrupamento esférico de bions representa um estdgio tipico na for- magao natural de organismos unicelulares. Os livros de biologia alegam que as infusdes esto cheias de “algas” que, por sua vez, teriam supostamente evoluido a partir de “germes”. B verdade que os protozodrios se alimentam dessas “algas”. Todavia, quem algum dia observou o germe dessas “algas”? E como acontece de essas assim chamadas algas poderem ser encontradas em grande ntimero, méveis, nos preparos que consis- tem unicamente de sangue ou tecido muscular autoclavados? As “algas” nada sao a no ser nossas vesiculas de bions, resultado da desintegracao de todo tipo de tecido organic quando incha. Nao hé “germes” de protozoarios no ar (Pouchet). As nogdes opostas que tém os bidlogos nos parecerao menos dignas de nota do que os fenémenos que nds mesmos estamos para observar. Pois enquanto os outros esto ocupados em susteniar que “germes” de 2, Bin 1944, obtiveram-se protozoarios a partit de gramna que foi esterilizada a 50, 60, 70 c até 80 graus centigrados. 52 protozodrios esto para ser descobertos no ar e que eles se “assen- tum” para iniciar seu processo evolutivo caso “encontrem” um meio de cultura “adequado”, nos daremos ao trabalho de observar \ma infusdo ao microscépio durante uma hora por dia desde o momento de seu preparo, com um aumento de 2.000 vezes. Preliminarmente, conduzimos um experimento simples para ver se néo é talvez possivel encontrar alguns desses “esporos do cosmos” que desceram e se assentaram sobre laminas de grama ou musgo. Pegando algumas laminas de graia com uma pinga, raspa- mos “germes” dentro de um vidro de dgua néo esterilizada. (A gra- ma foi examinada para verificar se jd nao estava em estado de desintegragdo vesicular, mas ainda mantendo sua estrutura celular habitual.) Nao importa como conduzimos 0 experimento, nao se encontrou um s6 protozodrio nem um sé cisto na dgua néo estéril em que mergulhamos as laminas de grama. EntSo, que processos est3o em attvidade na infusio? Durante dois ou trés dias, as laminas de grama passam por desintegracao vesicular, assim como acontece com as demais subs- Uincias que passa pelo processo de inchago (ver Figuras 34 ¢ 35, no Apéndice). Mesmo usando um aumento de 4.009 vezes, nfo hé tra~ 40 de bactérias, cistos ou protozodrios. No entanto, as laminas de grama se desintegram cada vez mais. Depois de mais dois a trés dios, mal se encontra uma lamina que ainda retenha sua estrutura celular estriada original, intacta. Protozodrios podem bem estar presentes individualmente, mas dirigimos nossa atengao para os bions. Aqui e ali, podem-se observar as vesiculas de bions se reu- nindo em grupos envoltos por membranas. Pode-se seguir cada etapa desse desenvolvimento, De vez em quando, no interior de tum agrupamento, vesiculas individuais de bions comesam a exibir delicados movimentos de rotagao ou vibragao. Elas se tornam cada vez mais retesadas e comecam a se assemelhar a cistos. Porém nao so protozodrios ressequidos, mas formas no processo de desenvolvi- mento a partir de agrupamentos de bions. Essas massas de bions ou tgrupamentos assumem diversos tamanhos c formas. Quanto mais retesadas, mais esféricas vao se tornando. Blas se encheram de fiuido 53, €, por isso, esto tensas mecanicamente. Completou-se o primeiro estagio da fungao tensdo-carga. Vale a pena sc dar ao trabalho de examinar uma formacio avulsa durante muitas horas sob um aumento de 2.000 vezes, reabastecendo 0 fiuido para manté-lo em foco. Podemos filmar essa formac&o avulsa em cdmera acelerada, 0 que facilita o trabalho, porém perdem-se muitos detalhes interes- santes. A transformacdo de um agrupamento de bions em um orga- nismo unicelular pulsante leva de um a dois dias. A vesicula germinal protozoéria (0 agrupamento de bions) permanece imével durante horas, mas, como mostra o filme em c4mera “rapida”, ela se torna mais retesada e se delineia com uma nitidez cada vez maior com relagao ao que a cerca. Gradualmente, um movimento de vesiculas de energia comeca a se instalar dentro do agrupamente de bions. 6 possivel distinguir os seguintes tipos de mobilidade: 1. Rolar: as vesiculas de energia dentro do agrupamento de bjons rolam ritmicamente, aproximando-se ¢ afastando-se uras das outras, criando a impressio ce atracZo mtitua e repulso. $6 é possivel supor as causas desse movimento de rolar. Inicialmente, as vesiculas da grama em desintegracao aderem com firmeza umas as outras. Sua carga de orgone é a mesma que a dos bions de grama que nie se tomam protozodrios. A medida que o agrupamento esférico de vesiculas incha e se torna mais retesado, mais orgone tem que se desenvolver dentro de cada vesicula, uma vez que o in- chago afina a membrana e intensifica a carga de orgone, como acon- tece com o bfon de carvao. Quando as vesiculas dentro do agrupa- mento de bions perdem sua aderéncia mecanica umas as outras, a carga de orgone pode comegar a se expressar em movimento, com o subseqiiente desenvolvimento da atragic orgonética entre as vesi- culas. © efeito de atragdo exercido pelas vesiculas mais remotas resulta em atragdo e repulsiio mituas. 2. Girar, em muitos agrupamentos de bions, todo o contesido das vesiculas comega a girar em uma diregdo. Este movimento pode durar horas a fio. Ele aumenta de intensidade até que, no fim, toda a massa, incluindo-se a membrana, esta girando. No decorrer desse processo, a membrana se separa do tecido de grama circundante. 54 3. Confluéncia das vestculas de energia: nem todos os agrupa mentos de bions retém a estrutura vesicular do seu plasma. im muitos tipos de amcbas, os limites entre as vesiculas individuais de cnergia desaparecem, e 0 plasma entdo forma uma massa homogé- nea com um reflexo azul. Em outros, a estrutura vesicular persiste durante todo o desenvolvimento. Isto também se aplica as células cancerosas, que se organizam a partir de tecido animal em desinte- gtagdo precisamente através do mesmo processo pelo qual se for- mam os protozodrios a partir da grama ou do musgo. As células can- cerosas nada sdo sendo protozodrios que se formam no organismo animal a partir de bions de tecido. A organizacdo natural de protozodrios em. infusdes de grama ou musgo é a chave para compreender a organi- zagSo de células cancerosas no tecido animal 4. Pulsaciio: sob aumento de cerca de 3.000 vezes, jA se podem ver movimentos extremamente sutis de expansao e contrag&o no agrupa- mento de bions. Aquelas formas em que as vesiculas de energia coa- Jescem sio aparentemente muito mais capazes de pulsar do que aquelas que retém o cardter vesicular do plasma, como, por exemplo, 0 “org-protozoario” (vorticella) (ver Figuras 39, 42, no Apéndice). Pode-se observar uma variante da confluéncia de bions nas vesiculas primitivas de muitos paramécios. Neste caso, os pequenos bions nao convergem em uma massa, mas antes formam vesiculas de tamanho médio e se agrupam no interior do corpo maior. As vesiculas iniciam entdo movimentos de rolar e girar umas ao redor das outras e em direcdo umas as outras, exatamente como os bions de que se originaram. Quanto mais bions fluem juntos, isto é quanto mais fluido o plasma, mais mével 0 organisnio total. Além de animais “acabados”, podem-se ver organismos e for- mas em evolugio em todos os estagios de desenvolvimento ~ prin- cipalmente nas margens do musgo ou da grama em desintegragio. Como nas amebas limax e B-proteus, os nticleos so formados atra- vés de uma concentracdo distinta de vesiculas de energia, que se revela em uma luminancia mais forte. E dificil para o observador seguir a transig’o de um estagio de desenvolvimento para outro, por causa da fadiga. O dispositivo 55 para fazer filmes em cAmera acelerada é de um auxilio inestimavel neste caso. Para filmar durante varios dias, deve-se colocar uma laminula sobre a lamina com a gota pendente, de tal maneira que uma porco de sua cavidade permaneca descoberta. Além disso, deve-se canalizar algum fluido sobre a borda da cavidade, forman- do um reservatério do lado de fora, que pode ser usado continua- mente para encher novamente o preparo, sem ter que perturbar 0 foco. & impossivel filmar com a lamfnula cobrindo a cavidade por inteiro, primeiro porque levaria 4 formacado de bolhas de ar, e segundo porque sufocaria os microrganismos. A filmagem da estrutura bionosa e da mobilidade plasmética em org-protozoérios foi até agora bem~sucedida sob aumento de 2.300 vezes. A téenica de cdmera acclerada possibilita visualizar em questo de minutos um processo que levou de dois a trés dias. Em todos os protozodrios, o desenvolvimento é idéntico, até o estégio em que se formam as vesicuias bionosas primitivas. Deste ponto em diante, os protozodrios se diferenciam de acordo com uma lei ainda nfo aparente. Depois de anos de observagao, nio posso presumir que as vesfculas primitivas iniciais pertengam a quaisquer formas especificamente individuais. Minha prépria su- posicao é que a diferenciagéo de formas se instala apenas em um determinado ponto da evolucéo comum (ver Figura 7). Aqui, uma observacao mais prolongada ser4 necesséria para ampliar c corrigir muitas coisas. Um dos maiores mistérios é saber por que determi- nadas formas, depois de se desenvolverem, se reproduzem dai em diante na mesma forma. Nessa conexio, 0 ponto de vista funcional tera que entrar em muitas batalhas com a teoria metafisica da here- ditariedade, que substitui a compreensio por “genes” prontos. As células primitivas que se inclinam para um movimento giratério e possuem uma grande estrutura vesicular habitualmente tornam-se paramécios. As células primitivas em descanso, em que 9 contetido dos bions se liquefaz, se tornam amebas fluidas (amoe- ba limax) (ver Figuras 36, 37, no Apéndice). O modo como es dois fipos se separam de sua matriz também é caracteristico: os paramé- cios se libertam rolando, enquanto as amebas simplesmente fluem para longe da massa de bions (ver Figura 38, no Apéndice). 56 Ameba nucleada com protopiasma desprovido de estratura Amoeba limax sem nvicleo; protoplasma com estrutura bionosa Paramécio Vorticela Org-protozoario Figura 7, Desenvotoimento de diversos protozodrios a partir do mesmo agrupamento membranoso (1-4 = os estdgios comuns de desenvolvimento; 5-7 = a diferenciagao) As vorticelas, que denominei “org-protozodrios” por causa de suas contragGes e expanses iguais ao orgasmo, aderem com fre- qiiéncia a lamina de grama até sen desenvolvimento completo (ver Figura 39, no Apéndice). Porém, em alguns casos, elas se despren- dem e nadam livremente ao redor, as vezes com uma pequenina parte de grarna bionosa que adere a elas. Quando se desenvolvem por inteiro, os protozodrios absorvem bions do fluido por atracao, A atragdo exercida pelos paramécios e colpideos sobre as vesiculas de energia 6 enorme, e nao pode ser atribuida ao movimento mecdnico dos cilios. Pois as vesfculas pre- sentes no fluido ndo se movem atrés do corpo com a corrente, como seria de esperar da ago dos cilios; ao contrézio, quando atingem uma determinada proximidade do paramécio, elas stio conduzidas a ele com uma grande forga. A impressao é inconfundivel. Depois de se contrair, 0 org-protozodrio se expande e se abre amplamente na extremidade da boca; os bions do fluido ento correm para dentro dele com uma grande forga. A boca se fecha, 0 protozodrio volta a se contrair no formato esférico e as vesiculas de energia no interior dao inicio a um movimento ritmico de trituracdo. A observacao com aumentos de 2.000 a 3.000 vezes revela uma informago interessante sobre a origem dos impulsos internos de movimento. Com absoluta regularidade, as vesiculas, que tm uma coloracao azul intensa, dao inicio a movimentos giratérios vigoro- 808 no ponto em que um pseuddpode estd para se formar. Entio 0 plasma comega a fluir para fora, em direcdo a periferia, isto é come- a a expansio. Muitas das vesiculas azuis so levadas de roldo no decorrer deste proceso, perdendo sua cor azul e se tornando pre- tas. Isto autoriza a seguinte explicagio: A protrusio do pseudépode é precedida por uma concentracdo rdpida e intensa de orgone, que é a fonte do imputso de expansao. Se o impulso se expressar no movimento, entao, claramente, a energia orgone esté sendo consumida; nao ha outra explicacao para o fato de que as vesiculas se tornem pretas. Eu prefiro nao generalizar essa correlagao, j4 que o fendmeno descrito nao se encontra em todos os protozoarios. Nao pode haver divida, todavia, de que a energia para o movimento, na forma de impulsos 58 de expansio, é fornecida pela carga de orgone dos bions no proto- zodrio. A interpretacdo mecanicista baseada no movimento brow- niano cai aqui completamente. Igualmente inadequado é 0 concei- to quimico do plasma como sendo meramente uma substancia 4 base de carbono altamente complexa. O protoplasma vivo é uma pro- tefna compiexa governada pelo orgone liore de massa. O corpo do protozoario exibe um campo de energia orgone que influencia seu entorno. Ele afeta os bions, as pequenas bactérias e outros pequenos protozoérios, atraindo-os ou paralisando-os no mhais das vezes. (Eritrécitos carregados parecem ser orgonoticamen- te mais fortes que paramécios ¢ amebas, uma vez que s&o capazes de limitar a mobilidade desses organismos.) Do ponto de vista da fisica orgone, entlo, o protozodrio consiste de um niicleo, uma perife- ria plasmdtica e um campo de energia orgone, formando todos um “siste- ma orgondtico”. Deve ser observado que a origem dos protozodtios a partir de tecido bionoso de planta ndo contradiz sua procriagao através da divisdo. O desenvolvimento através da organizagao natural e a procria~ gio através da divisiio ocorrem simultancamente, como se pode cons- tatar facilmente ao microscépio. Nao ha provavelmente nada mais adequado ao estudo das funcées de tensdo — carga — descarga — relaxamento do que os protozodrios. Seus movimentos, suas correntes plasmiticas, sua expansao e contragdo falam uma linguagem inteiramente inequivo- ca nos termos de nossa férmula da funcSo vital. Utilizando fracas correntes de eletricidade, é possivel mudar, acelerar e até destruir essas funcdes. No entanto, como mostra o desenvolvimento do. protozodrio, a energia envolvida nessas fungées emana dos bions que compéem as vesiculas primitivas do protazoério. As funcdes Jocomotoras da ameba devem ser atribufdas unicamente 4 energia orgone, em vista da auséncia de toda composigao estrutural. O apa- recimento e desaparecimento dos pseudépodes constitui uma ex- pressio das funcdes de expansdo e contracdo. As amebas nao for- mam um pseudépode “com o propésito de” atingir um objeto, isto & visando um “alvo” (falando de maneira finalista). Elas o fazem 59 funcionalmente, isto é, quando um objeto conveniente, através da atragao, provoca um impulso de expansio no plasma orgondtico. Nem que seja 56 para proteger as pesquisas futuras, é essencial manter o principio de que a matéria viva simplesmente funciona, sem “sentido” ou “propésito”. Ao recorrer a “propésitos”, tudo se explica facilmente. E muito mais dificil descobrir a natureza de fun- Ges desconhecidas. O “comportamento propositado” da ameba pode ser reduzido & fungao da energia orgone; por exemplo, ela incorpora uma vesicula de bion porque a carga de orgone mais for- te do protozoério atraiu o bion livre com carga mais fraca. Pode ser correto dizer que assim é realizado o “propésito” da nutrigéo, mas essa realizagao ¢ um efeito, no uma causa do ato de ingestio. O pro- toplasma nao funciona de acordo com princfpios finalistas mecani- cos ou metafisicos, mas com base nas funcies da energia orgondtica, Em prinefpio, todas as fungdes biolégicas podem ser reduzidas & pulsagdo, isto 6, 8 altemancia de expanso e contracdo. A prépria pulsac&o é uma expresso natural das duas fungdes antitéticas da energia orgone, a dissociacao e atrac3o de matéria organica carre- gada de orgone. Com base nos processos que ocorrem no plasma da ameba, devemos presumir que 0 estado imediato da matéria possui a seguinte influéncia na fungao da energia orgone: As vesiculas individuais, com seu contetido de energia orgone, podem se dispor em fileiras, como no musgo, e formar uma estrutu- ra de tecido estriado. Esse processo é um produto da fungdo organi- zadora da atracao, Com outros protozoarios, as vesiculas de energia convergem e formam uma massa homogénea. Toda concentragiio de matéria carregada de orgone, como conseqiiéncia da atragio, dispara automaticamente 0 impulso de dissociagio, efetuando desse modo wma separagiio das particulas. Se a ameba jé tiver assumido um formato esférico, ent&o, no ponto em que as vesiculas de energia estao mais densamente concentradas, surgiré um vivido movimento de rolar. Esse movimento evolui para uma expansao, isto é, uma separaggo das vesiculas. Por outro lado, a separagéo das vesiculas umas das outras dispara o impulso de reaproximagao através da atracdo. E assim que ocorre a contragéo. Enquanto o plasma esta suficiente- 60 mente carregado de energia orgone, cada contragao induz a uma expansio, cada expansao a uma contragio. Esse processo interno aparece exteramente como pulsacio biolégica, seja qual for seu ritmo, Uma vez que a expansio se faz acompanhar de inchago e a contragdo de detumescéncia, as fungdes mecdnicas e orgondticas se encontram no padrao de quatro tempos: incha¢o (tensao) — expan- so (carga) > contragao (descarga) + detumescéncia (relaxamen- to). Mas a pulsagao em si esta inseparavelmente ligada a alternancia da dissociagio com atragiio ¢ da atragio com dissociagio das particulas. Este processo pode ser visto com particular clareza nas expan- sdes e contragées das vorticelas (org-protozodrios): depois de cada contragao, tem inicio no corpo um movimento de trituragao ou fric- so das vesiculas, culminando em uma expansdo. Conectada a essa expansao estd a abertura da extremidade da boca, que causa uma atracao de vesiculas de energia do fluido (“comer”), isto é, um car- regar. A isso se segue uma contraco para o formato esférico, isto é, ‘uma reaproximacao das vesiculas internas. O processo é infindavel, Encontraremos esse funcionamento bioldgico repetidas vezes. A pulsagio biolégica (isto é, contragao e expansio), o fendmeno central da substiincia viva, se explica assim através de duas funcées fisicas basicas e antitéticns da energia bioldgica: a atraciio « a dissociagiio. Resumo _ 1. Quando a matéria é exposta a altas temperaturas e levada a inchar, ela passa por uma desintegra¢4o vesicular. 2. Embora as altas temperaturas, como o aquecimento até a incandescéncia (cerca de 1.500°C) ou a autoclave a 120°C, destruam a vida, elas produzem vesiculas de energia que podem entdo se desenvolver ¢ se tornarem organismos vivos. 3. A fungao da energia nos bions se origina da desintegracéo vesicular da matéria, ndo de uma fonte externa. 4. As vesiculas de energia so quantidades infinitesimais de matéria que contém um quantum de energia que se origina dessa matéria. 61 5. Os bions sio portadores de energia bioldgica. les represen- tam uma transigdo do n4o-vivo para 0 vivo. 6.A cor azul dos bions é uma manifestagao dessa energia. Com 0 desaparecimento dessa cor, cessa 0 carter biolégico fundamental do bion. 7. Os experimentos com bjons nao “criam” vida artificial. Eles apenas revelam 0 processo natural através do qual os organismos unicelulares e as células cancerosas derivam espontaneamente da desintegrac&o vesicular da matéria. EXPERIMENTO XX* Sobre a organizacio da matéria plasmitica a partir de energia orgone livre de massa Nas paginas que se seguem, eu gostaria de relatar um achado experimental que deve sua descoberta a um daqueles acidentes que ocorrem com freqiiéncia no decozrer de investigagSes experimen- tais sistemticas e que, quando vistos mais de perto, habitualmente demonstram ser conseqiiéncias completamente ligicas dos proces- sos de raciocinio e trabalho experimentais. A ocasiao deste caso es- necifico foi umn simples experimento (N° XX, 1944-1945), Passei varios anos observando preparagées de bions de terra, que eu mantinha vivos através do reabastecimento continuo de agua. Percebi depois de poucos meses - e, em outros casos, s6 depois de varios anos ~— 0 surgimento nessas preparagdes de formas pequenas, que se deslocavam rapidamente, com o formato semelhante a feijées ou cabegas de espermatozdides ¢ parecidos com organismes vivos. Consegui seguir claramente a evolucdo dessas formas partindo de bfons de forte radiacéo e que pulsavam lentamente. Como ja sabe- mos, tais formas viventes no se originam do ar. Em primeiro lugar, 3, Protocolo iniciado em 2 de janeiro de 1945, Autenticagéo do protucolo em & de margo de 1945. Conclusao do protocole em 26 de maio de 1945, 62 nao so encontradas na poeira de ar; em segundo, ndo podem ser cultivadas a partir de infeccHo por ar; e, terceiro, seu surgimento nas preparagées de bions de terra nfo estéreis s6 depois de meses ¢ anos confirma sua organizagdo a partir das prdprias preparacdes. Além disso, descobrimos que as preparagées autoclavadas mantidas esté- reis conduziram as mesmas formas vivas. Em dezembro de 1944, adquirimos um aparato projetado para a medic&o quantitativa da fluorescéncia de liquidos e também para colorimetria. A utilizacaio desse aparato tinha por base as seguintes consideracées: Os experimentos anteriores haviam demonstrado que a ener- gia orgone possui a propriedade de “luminancia”. Era de supor que 05 fluidos com uma poténcia orgonética mais alta, ou seja, aqueles gue continham mais energia orgone, apresentassem uma luminan- cia com mais forga do que os fiuidos com poténcia orgonética mais fraca. De acordo com isso, a intensidade da fluorescéncia nos flui- dos seria considerada como uma expressdo da luminancia. Como hipétese de trabalho, o grau de fluorescéncia foi tomado como medi- da de poténcia orgondtica. Essas pressuposicdes foram confirmadas subseqiientemente e conduziram a resultados experimentais prati- cos e passiveis de controle. A medic&o da intensidade fluorofotométrica, isto é, a poténcia orgondtica de fluidos que contiveram bions de terra durante meses, e As vezes anos, revelou imediatamente um valor flucrofotométrico muito mais alto do que o da gua comum. Querfamos agora determinar de que maneira a poténcia orgo- nética, que haviamos mensurado fluorofotometricamente, mudaria sob diversas condicdes. Depois de medir seu contetide fluorométri- co em primeiro lugar, deixamos varias ampolas seladas de 4gua de bions de terra no proprio laboratério, e colocamos outras em um pequeno acumulador de trés camadas, na sala de raios X, ao ar livre, e enterradas no chao. Nosso tinico propésito era o de medir os vaiores fluorométricos novamente ao final do tempo especificado. Depois de trés semanas, observamos que as ampolas deixadas ao ar livre e que tinham congelado continham flocos densos depois de descongela- 63 das, Estévamos para jogar fora cssas ampolas especificas como “contaminadas” quando me ocorreu othar para o8 flocos sob um microscépio. Essa decisao provou-se afortunada, Para minha gran- de surpresa, descobri que os flocos, que haviam se formado em um fluido cristalino, ou seja,em um fluide absolutamente livre de particu- Jas, eram particulas intensamente radiantes de matéria bionosa quan- do examinadas microscopicamente. Sob maior aumento (3.000 vezes), era possivel observar bions se contraindo e expandindo, processo com 0 quat jé estavamos familiarizados. Repetimos o experimento, filtrando e congelando 4gua de bions cristalina até eliminar qual- quer dtivida: haviamos descoberto um processo através do qual a ener- gia orgone que existe na dgua livremente, isto 6, que nito est contida na matéria bionosa, pode se organizar em substncia plasmdtica, viva, apre- sentando todos os critérios de vida. No relato que se segue, limitar-me-ei a reportar a técnica do Experimento XX e oferecer os fatos verificados. Por enquanto, dese- jo evitar a discuss4o dos dados experimentais em um contexto ted- rico mais amplo. Suas implicagGes sao de um significado extraordi- nario, mas 36 se pode compreendé-las quando consideradas dentro do contexto total da fungao orgone-fisica. Tentar-se-d fazer isso em outro lugar. Aqui, eu gostaria simmplesmente de assinalar 0 avango que esse experimento representa na preparagao de bions, isto é, de vesiculas de energia orgone vidveis, Para resumir: 1. De 1936 a 1945, os bions foram preparados exclusivamente a partir de matéria completamente organizada (htimus, grama, ferro, arcia, carbono, etc). © avango representado pelo Experimento XX consiste no fato de que agora também se podem odter vesiculas de energia orgone, possuindo todas as propriedades da matéria viva, a partir de energia orgone livre de massa. Podemos, portanto, dife- renciar entre a produgdo de bions a partir de matéria jd organizada (“formagéo secundaria de bions”) e a organizagao de vesiculas de energia orgone a partir de energia nao organizada (“formacao pri- méria de bions”). O significado dessa disting&io para a biogénese os.qmnblemas hianimicns.serAaryasentadaem. wut ligan. 64 2. O Experimento XX também representa um avango com rela~ 40 a experimentos feitos com bions no passado, na medida em que oferece uma prova nova, irrefutdvel da natureza da cnergia orgone, que € especifica dos sistemas vivos. A demonstragao fluorofotométrica de energia orgone em dgua de bfon de terra 1, O solo comum de jardim é peneirado para livré-lo de pedras e pedagos de argila. Examinada ao microscépio depois de acrescen- tar 4gua, a terra peneirada nao apresenta mobilidade 2, Agua destilada e Agua de fonte so examinadas fluorofotome- tricamente. Se o valor fluorofotométrico de agua destilada for fixado em 1, entdo a dgua que contém sais, isto é, a égua de fonte ou de tor- neira, possui um valor de 3 a 4, como foi medido em Forest Hills, Nova York. Tomamos o valor fluorofotométrico de um fluido como a expressdo de sua luminancia orgonstica, isto &, sua “poténcia orgo- nética”, O galvanémetro conectado ao fluorofot6metro possui uma escala de graduacdes egitidistantes de 1 a 100. A poténcia orgonética do (fluid mensurado pode ser vista. como um muiltiplo da poténcia orgondtica de dgua destilada. A tabela na pagina 66 apresenta uma lista dos valo- res de poténcia orgonética (OP) de uma série de fluidos. 3. Em seguida, o solo de jardim peneirado ¢ fervido em 4gua destilada ou 4gua comum de tomeira durante uma hora, ou auto- clavado durante meia hora em 120°C e 15 libras de pressio. 4. A Agua é filtrada a partir da terra fervida, cristalina. Charna- mos esse fluido de “Agua de bion”. Em contraste com a 4gua original sem coloracao, esse fluido é de um amarelo de intensidade varidvel. A medic&o fluorofotométrica da poténcia orgonética da agua de bion é feita imediatamente depois de ferver e filtrar. O valor obtido, isto 6 sua PO, varia habitualmente entre 30 e 60, numa média de cerca de 45. Em outras palavras, a luminancia orgonética de dgua de bion é, em média, quarenta ¢ cinco vezes mais forte do que era antes de ferver. Como o galvanémetro registra a reacao da célula fotoelé- 65 Fluido Agua destilada Agua de chuva ‘io de torneira ‘Agua do mar Areia em H,0, fltrada Limalhas de ferro em 1,0, filtrada P6 de carvao em H;O, filtrada Terra em HO, filtrada Bions de terza em HO, filtrada Grama em H,O (depois do desenvolvimento de bions ¢ protozodtios),filtrada Urina NaCl (solugio fisiolégica) KCI (9,1 normal) CaCl; (0,1 normal) HCI (0,1 normal) NaOH @,1 nonmal) Sotugio de Ringer HyCly (desinfetante) Ateool (95%) Caldo de cultura 50% de Caldo, 50% de KCL Agdcar branco (solucio saturada) “Agiicar mascavo (solugio saturada) Xarope de bordo (solugéo saturada) Dextromaltose (solugao saturada) Mel ‘Suco de laranja Leite (pasteurizado) Leite (no pasteurizado) Clara de ovo Cha “Ussque (blendado} (OP) Sesasen (onédia) pee dS oh sae n trica aos raios de luz fluorescente, o aumento do valor fluorofotomé- trico da 4gua depois de ferver o solo indica um contetido maior de energia no fluido. Isto pode ser estimado em micro-ampéres. E compreensivel, no entanto, que a leitura de micro-ampéres feita no galvanémetro nao seja a medida real de luminancia orgonética. E simplesmente a medida da excitagao da célula fotoelétrica transfor- mada em energia elétrica, Como demonstrei em outro contexto, as medigées elétricas registram apenas uma fragio extremamente pequena dos reais valores energéticos da energia orgone. 66 5. Que a 4gua de bion fervida atinja valores de energia préxi- mos aqueles de fluidos organicos como caldo, leite ou vitaminas é algo que parece surpreendente e incompreensivel de inicio. Mas uma considerac&o posterior mostra que esse resultado é perfeita- mente ldgico. © processo de fervura transforma a substancia do solo em matéria bionosa mével ¢ a cnergia é liberada da matéria, como foi demonstrado inequivocamente pela motilidade interna, pelas pul- sacdes ritmicas lentas e pela contratilidade das vesiculas de energia orgone (em contraste com a nao-motilidade das particulas do mes- mo solo antes do processo de fervura). Porém a transformagao das particulas de terra em bions e a liberagao da energia dentro das par- ticulas nao foram os tinicos efeitos. Além disso, essa energia penetrou a dgua (porque a dgua atrai orgone e vice-versa). A poténcia orgonéti- ca da Agua portanto se elevou de seu préprio valor basico até o nivel de fluidos bioquimicos de alta poténcia orgonética. 6. A experiéncia mostrou que a 4gua de bion fervida desenvolve bactérias de putrefaco, mesmo quando selada hermeticamente de imediato. Por essa azo, nos experimentos de bions mais recentes a gua foi autoclavada durante trinta minutos a 15 libras de pressao e 120°C. Esse procedimento no inicio fez com que a PO diminuisse de 5 a8 pontos, mas ela recuperou seu nivel inicial ao longo das vinte e quatro a quarenta e oito horas subseqiientes. A 4gua de bion auto- clavada foi entao refrigerada em ampolas seladas ou em frascos esterilizados fechados com tampées de algodiio estéril. A organizacao de matéria bionosa e plasmatica a partir de energia orgone em 4gua de bion Coloca-se agua de bion estéril, completamente livre de parti- culas, possuindo uma alta PO, em varios frascos ¢ tubos de ensaio dois dias depois de autoclavar ou ferver. Os frascos séo selados & ptova de ar e os tubos de ensaio fechados com rolhas de algoddo estéril. Dividimos os tubos em trés grupos: 0 Grupo A é colocado em um acumulador de orgone de trés camadas, de cerca de 27 litros; 0 67 T Sao eees KR sp 9 aquaurepeuimre opejeBucssap + + + +t us a opejauoo ‘opearpomy PI XX GAT perasep ene + + + + Ig wR operojoo‘ovas ‘opeaepommy BG XX TE wel + + + Pas # + 1g sep PopeaBucd‘oprarpomy ps XX Le uel + re + + @) + 09 sep ¢ ope[a8uos opeaxpomy PF XX ge ULL epelnsap sendy ura ope0[00 + + + + + + ‘sqeysup rewioj pe ov9g BE XK. OE Uf + + + + + +3 ZS SIP FopeaBuor‘operepomy PE XX —9z Ue + + + + + sep popepsucy =z XX ST URL opeyzay ayuarqure wo . + + + oF oppueut ‘open op = XE XX gue opeypay ayuarquie ura + + + + + t opaueu‘operepommy — 24 XX 9 Ue + + 4+ + + + +4 8 sep Tzopepsuoy 1 XX EL + + + + 9b Sep QZ JOpeMUMDE ou opHURW BIOL XX Sb ‘ZUeL soupoz ovfiayap sui onan yp uSUId word Eovdmsu opin =— 040g = OHO — STH) cna OP opsiauaspaood iN abo -osdey SALNASTYd OYOVZINVDEO sau” ° neq od s¥rQiod S¥aLNO. ad OdlL Od XX OLNENRGAXE ++ ++ +t pttt thee eee + 1 + + 8€ + + +O 09 * wo + “9 + 3+ 3g + p + + ~ + 87 + +34 w FoF oF + +o 4 a + zw + as + +> + we + + oF we + * _ --- ce + + + Seip ¢ opeyaBuco ‘opexepomy sep €L opepeSu02 ‘ozSejannd ap sepgpeq seumBpe ‘osomnqau ‘opeagpoiny SeIp § opejaGue> ‘opearpayny sep opepasuoo ‘souyozojoud a opSejaund ap seugpeg seonod eyuquosy Seip ¢ opeja8uo9 ‘epeaepoine ene ap saued » vied uo}g op ene oped 1 uojq ap ene uto opes0) SeIp ST operas) seip y opeja8uoe ‘openepomny seip § opeja8uoo ‘gayauoyseq ap ofayp ‘osoqnqany Seip ¢ ope[eBuorai ‘operauadep ‘sep 1, opejaButoy ‘sexp g opepaBro3) worq ap enSe usa opes0[oo ‘099s ‘opaarpoyny ‘uo}g ap ene uta opeaopoo ‘ooag SEIP PT Opej@Suos ‘openrepony: ‘SeIp FL opepazuo) man ap eile ge ee ee a 3p pp oFERSESS ope Ep T opepeduoe fopearpoyny: ’ uuoig ap end POZXX POLXX PRLXX JAE XX aup 29T XK BSE XX JEL XX PRLXX FELXX FEEXX FULXX B01 XX BOL XX POL XX JOLXX gray WA srw Len Len srw TRW TW TPN Te sod 07 89g eT sed Lae ela el aad Grupo B é deixado no laboratério; o Grupo C é colocado no congela- dor da geladcira. Como medida de controle, armazenamos reci- pientes similares de gua comum estéril com cada grupo. De dois a oito dias depois, retirou-se o Grupo C do congelador. Antes de comecar 0 descongelamento, ficamos impressionados com 0 fato de que 4 cor amarela da dgua de bion se concentrou no centro do gelo, formando um ponto marrom-amarelado, opaco. O gelo circundante esta compictamente claro e transhicido. Tao logo liquefeito o gelo, observaram-se flocos esbranquigados e amarronzados no fluido, anteriormente cristalino. Macroscopicamente, os flocos tém aproxi- madamente de 1 a5. mm de comprimento e cerca de 1 mm de largu- ra. O proprio fluido possui uma cor amarela homogénea. Os grupos A e B desenvolvem os mesmos flocos, mas com uma lentidao bem maior, levando de trés a oito semanas. Dos grupos de controle, nem o Grupo B (posto no laboratério) nem o Grupo C (con- gclado) desenvolveram flocos, No entanto, o Grupo de controle A (a Agua comum estéril guardada no acumulador de orgone) de fato desenvolveu flocos depois de um periodo de tempo extenso (diversos meses), mas eles eram bem menos densos e tinham uma formagig mais imperfeita do que os dos Grupos experimentais A, Be C. © exame microsc6pico dos flocos sempre mostra dois tipos basicos: formas suaves, plasmiticas, bem definidas, em que se es- palham granulos escuros e eventuais bions PA azuis em densidades variadas; ou agrupamentos bionosos de vesiculas ce energia orgo- ne com um reflexo azul intenso e uma margem nitida (ver Figuras 43 a 47, no Apéndice). As preparacGes, que foram mantidas estéreis, exibem depois de poucos dias — e, principalmente, depois de duas a trés semanas — um. aumento no niimero de ilocos. Microscopicamente, é possivel estabe- Jecer que os flocos crescem individualmente através de um acimulo de substncia e que eles também se dividem. Os flocos brilhantes, parecidos com filamentos retorcidos, se transformam no decorrer das semanas em agrupamentos bionosos que irradiam fortemente. Experimento de cultura: para obter uma compreensao mais clara e mais demonstrativa desse processo de crescimento ¢ multiplica- 70 0, foram colocados alguns fiocos em agua de bion estéril ¢ clara, sob condigées de esterilidade. Depois de uma ou duas semanas, pode-se observar claramente uma formacdo de cultura nas amos: tras. Os flocos se tornaram mais densos. De acordo com nossa experiéncia prévia, a PO do flurido de cultura permanece aproxima: damente no mesmo nivel, ou até aumenta. Se examinarmos as preparagdes sob 0 microscépio em interva~ os regulares (cerca de uma vez por semana durante varios meses), podemos ver alteragées biotisicas graduais nos flocos, Em alguns deles surgem bions esféricos medindo 2-3 micra de diémetro, com uma margem e um reflexo azul forte. Gradualmente, eles se alon- gam até que assumem finalmente 0 seguinie formato de feijéo: eae Sob condigdes favoraveis, isto é, quando nao houve desinte- gtacaoT prematura nas preparacdes, essas “formas de feijao” trans- formam-se em protozodrios contrateis que se movem de maneira rapida, espasmédica. Em sua maior parte, o plasma desses proto- zoarios possui uma estrutura granulada e estriada, embora em alguns casos seja lisa, sem estrutura, Também é possivel obter cul- turas puras de protozodrios inoculando o fiuido sobrenadante sem perturbar os flocos que se encontram na parte inferior. Os proto- zoarios se multiplicam na nova cultura e sem dificuldade passam de cultura para cultura. Observacies e testes para determinar a natureza bioldgica dos flocos de orgone 1.A preparagiio KX descongelada de dgua de bton flocosa represen- ta um coldide insolivel: se a Agua de bion amarela limpida, de alta poténcia argonética, se evapora, forma-se um revestimento liso, de um amarelo dourado, opaco, na parte inferior do vaso. Raspada, essa crosta produz um pé que consiste de pequenos cristais de cor amarelo-amarronzada, que nomeamos “orgontin”. Esses cristais 71 nao podem ser dissolvidos novamente, nem na 4gua comum, nem na Agua com alto contetido de orgone. Eles simplesmente incham xeagem precisamente como flocos obtidos pelo derretimento de bions de agua congelados. Eles também apresentam os fenémenos de crescimento, multiplicagao e formacao de protozodrios. 2. Observagao microscépica da organizagao: os flocos crescem em comprimento e largura; agrupamentos de bions acumulam mais bions provenientes do fluido. Flocos menores brotam dos maiores c 03 menores tomam-se maiores. Os bions se dispdem com freqiién- cia em grupos. A medida que os flocos crescem, tornam-se mais escuros, exibindo uma coloracdo entre marrom e preta. 3. Atragio orgonética e efeito esterilizante; Os flocos de orgone reagem como todas as outras matérias bionosas investigadas até o momento. Na proximidade das bactérias de putrefaco, as flocos ou matam as bactérias ou as paralisam, no minimo. 4. Degeneragiio T e putrefaciio: como toda substancia organica ou viva, 0s flocos de orgone se degeneram por putrefagio ¢ se desintegram, formando os corpos T que ja nos sao familiares. Os protozodrios se formam mais lentamente e com maior dificuldade em preparag6es fortemente degeneradas do que nas estéreis. As prepatagGes degencradas podem, no entanto, ser depuradas dos bacilos T e das bactérias de putrefaco através de repetidos conge- larnentos. Isso parece promover a capacidade de organizacao de protozodrios méveis. 5. Flocos secos e esmagados até formar pequenas particulas queimam em uma chama e transformam-se em uma substancia preta, semelhante ao carvdo, reagindo desse modo como o protoplas- ma vivo e os compostos de carbono organico néo vivo. Mesmo que 08 flocos nao scjam queimados, desenvolve-se a substancia idénti- ca ao carvao preto que demonsirou ser combustivel na chama, pro- vavelmente através de oxidag4o. 6. Contetido de agicar: A gua de bion com uma alta poténcia orgonética tem um sabor doce. Os flocos queimando exalam um odor parecido com o de caramelo. (Ainda nao foi possivel realizar uma andlise bioquimica exata, mas esté planejada.) 72 7. Todos os recipientes que tiveram contato durante um peri do de tempo consideravel com agua de bfon ou terra de bion dio a sensacio de gordurosos quando tocados. 8. A 4gua de bion reage a influéncias enfraquecedoras, como a autoclavagem, do mesmo modo que um organismo vivo reagiria, a saber, com wma queda de PO, que se recupera apenas gradualmente. 9. A capacidade contrdtil do orgone Itvre de massa na dgua de bion: 86 pode haver uma tinica explicagdo plausivel para o surgimento de ‘um ponto concentrado marrom-amarelado no centro do gelo cris- talino. A energia orgone livre de massa reage na dgua que estd congelan- do exatamente como a energia orgone em um organismo vivo a congelar: ela se contrat e se retira do ponto em que ocorre o congelamento. A ener- gia orgone livre de massa é portanto capaz de se contrair. No pro- cesso de contrac&o cria-se a matéria, evidentemente através da con- densagao. Esse processo precisa de estudos intensivos, 10. Os flocos de orgone se transformam em protozodrios mais rapi fe quando se acrescentarn bacilos T a preparagiio. Pode-se observar entao o surgimento de tipos plasméaticos fusiformes de estru- tura grosseira, semelhantes as formagGes de Ca III (ver Capitulo VI. Estagios no desenvolvimento de protozodrios em Agua de bion estéril, sem particulas 1. Depois que a solugdo de agua de bion descongela, surgem flo- cos plasmaticos granulados de formato caracteristicamente organico. 2. Muitos dos granulos individuais se expandem ¢ se transfor- mam em vesiculas esféricas de energia orgone com um refiexo azul intenso. A maioria desses grupos de bfons se funde em formases maiores através de associagéio ou confluéncia. 3, Hm questdo de semanas, os bions esféricos adquirem a for- ma de feijées, mas ainda nao tém motilidade. 4, Essas formagées com forma de feijdes adquirem entéo moti- lidade de duas formas diferentes: Com um aumento de 3.900 a 5.000 vezes, 0 contetido das vesiculas de energia revela movimen- 73 tos delicados de expansio e contragao; as formagées se aiongam cada vez mais, suas membranas se suavizam e elas comecam a sc mover de um lado para outro. As formas, que se tornaram marcada~ mente alongadas, desenvolvem movimentos sinuosos, como um saca-tolhas. Os esbocos abaixo foram desenhados ao vivo, tal como vistos com um aumento de 240 vezes, aproximadamente. RQ AF OQ —_— 5. Quando se inocula fluido de 4gua de bfon contendo proto- zodrios em Agua de bion estéril, os protozoarios se multiplicam e podem ser reinocuiados ad infinitum. Nomeei esses protozodrios orgonomia. Experimentos-controle 1. © congelamento de Agua de fonte ou agua destilada comum nao estéril nado produz flocos, nem protozoarios. A organi- zagdo da matétia plasmatica deve portanto ser atribufda exclusiva mente ao alto contetido de orgone, de acordo com a mensuragao do fluorofotémetro. 2. Quando se destila 4gua de bion com aproximadamente 40 a 50 de PO, pode-se observar um pequeno ntimero de flocos imedia- tamente apés 0 esfriamento e um grande numero depois do congela- mento. Isso é uma confirmacSo adicional da afirmagao precedente. 3. Como a 4gua do mar é extraordinariamente rica de orgone, nao surpreende que ela também produza flocos e crescimento de protozodrios depois de filtragem e autoclavagem. Entretanto, hd um pequeno mistério aqui. A Agua do mar extraida em Jones Beach, na costa atlantica de Long Island, Nova York, medida uma hora depois da extracao, s6 tinha aproximadamente de 8 a 10 de PO. A Agua de bion de terra com um contetido de PO tio baixo nao pro- duz crescimento bionoso ou, no melhor dos casos, produz um cres- 74 cimento bionoso deficiente e, portanto, é dificil explicar por que 0 baixo PO da 4gua do mar nao faz diferenca. O fendmeno 6 sein chivida importante; infelizmente, nao é possivel compreender tudo de uma vez. 4, A dgua da grama autoclavada também produz flocos depois do congelamento, que se multiplicam e crescem. Conclusies gerais 1, O humus contém enezgia orgone. A transformagio do hiimus na agua em bions de terra leva a um aumento na poténcia orgonética da dgua de 4 para algo entre 30 ¢ 70 (com a PO da agua destilada fixada como 1). 2. A energia orgone em alta concentracdo colore os liquidos de amarelo. 3. A encrgia orgone distribufda de forma homogénea em um fluido & temperatura ambiente se contrai quando resfriada ou con- gelada, formando um centro amarelo-amarronzado no gelo. 4, Flocos protoplasmaticos, isto é, matéria, se desenvolvem a partir de orgone livre de massa concentrado. 5. Um fluido com uma alta poténcia orgonstica da origem a Pprotozodrios por intermédio da formago de vesiculas de energia orgone. 6. A formagao de matéria plasmética a partir de energia orgone concentrada indica um processo geral através do qual se origina a matéria. Assim, devemos considerar que a energia orgone é a ener- gia césmica primordial. 7. Com base nas nossas descobertas no Experimento XX, 0 desenvolvimento do plasma vivo no nosso planeta precede a orga- nizacao da substancia do carvao e carboidratos. O carvao é produto da desintegraséo da matéria viva. As moléculas bioquimicas no existiam antes do desenvolvimento da substancia plasmatica, mas apareceram como um dos constituintes mecanicos no processo de organizagao plasmatica. 7 Capitulo MIL A descoberta real da energia orgone 1. ABSURDOS DA TEORIA DO GERME AEREO Até agora, tivemos que nos defender contra uma objegio, ou, mais precisamente, um slogan que diz que os bfons séo uma “infec- Go bastante comum proveniente do ar”. Tenho usado trés argu- mentos contra essa alegagao: 1. As estruturas de bion podem ser vistas se formando imediata- mente depois de feita a preparacio, enquanto no incubador sdo necessdrias varias horas para que a infeegdo proveniente do ar se desenvotva: 2. Os experimentos de cultura de bions sito bem-sucedidos sob con- digdes seladas, hermeticamente fechadas. Nas culturas de bions, encontran:-se determinadas formas que nao foram identificadas previamente, como por exemplo os bons SAPA. e Para discutir as uviltiplas perguntas levantadas pelo cultivo de bions, devemos em primeiro lugar refular a objegao de infecgdo vinda do ar e demonstrar 0 absurdo de tentar aplicar esse argumen- to hoje, quer experimental, quer teoricamente. Na luta pelo pro- 77 gtesso cientifico, os novos fatos se constituem em obstaculo menor do que os conceitos obsoletos. As formagies a que me refiro como bions (PA eT) e culturas de bfons no estio presentes nas culturas de germes aéreo, Essa alegacao pode ser consubstanciada facilmente através das seguintes séries de experimentos: a) Raspamos sujeira da palma da mao com uma espatula esté- til e a colocamos em caldo de cultura. Depois de vinte e quatro horas na incubadora, surge uma nebulosidade floculosa que, no en- tanto, desaparece no decorrer de poucos dias ou semanas. Ela é substitufda por uma fina membrana sobre a superficie e um preci- pitado grosso na parte inferior. Sob o microscépio, vemos diminu- tos cocos, de formato redondo ou oval, com um teflexo preto, e alguns bacilos com um movimento sinuoso, mas nao hé amebéides contrateis do tipo PA, nao hé formas de célula nucleada, e néo ha bacilosT (na preparagéo recente). ) Colocamos algumas poucas gotas de dgua de torneira co- mum em caldo. Com freqiéncia, levam-se varios dias para que a nebulosidade se desenvolva {as vezes, nado ocorre crescimento de cultura de modo algum). Microscopicamente, podem-se observar os mesmos tipos de pequenos cocos redondos e bacilos. c) Deixamos uma pequena vasilha de gua ficar por meia hora ao ar livre ao lado de uma via empoeirada e, depois, inoculamos uma amostra dela em caldo de cultura. Pode nao aparecer cresci- mento de cultura. Se aparecer, a turvagio dé lugar a uma membrana na superficie e um sedimento floculoso denso na parte inferior, pou- cos dias ou semanas depois, Esse crescimento de cultura que ocorrer poderé levar dois a trés dias para se desenvolver, surgindo como pequenos cocos e bactérias com formato de salsicha com um movi- mento sinuoso e lento. Nao hd formagées do tipo das nossas culturas (amebas amontoadas e bacilos T). d) Deixamos um tubo de ensaio aberto contendo caldo parado verticalmente em nosso laboratério durante meia hora, e depois 0 incubamos durante vinte e quatro horas. No final desse perfodo desenvolveu-se uma nebulosidade, s6 para se dissipar e ser substi- 7 tuida, finalmente. por uma membrana sobre a sunerficie.c sim sedis mento floculoso na parte inferior. Novamente, encontramos os diminutos cocos que j4 nos so familiares, além de fileiras de for- mas de estreptococos e eventuais estruturas em forma de clava. Também foram vistos 0s bacilos com formato de satsicha previa~ mente mencionados com um movimento sinuoso. Nido hd sinal dos nossos tipos de bions. e) Deixamos uma cultura estéril de 4gar-4gar aberta no nosso laboratério durante meia hora. Depois de vinte e quatro horas no incubador, desenvolve-se um crescimento que consiste de pequenos agrupamentos de vesiculas caracteristicos, ndo contréteis. Também hd bacilos, ocasionalmente. Mas nao ha nossos tipos de bions. Se a travessa de Agar-dgar for deixada aberta ndo mais que o necessario para a inoculagao, devemnos ficar convencidos de que é extraordina- riamente dificil provocar uma infecg&o que se origine do ar. f) Conduzimos uma variacdo do experimento-controle cole- tando poeira da superficie de um armério de cozinha ou de um fogao aberto com uma espatula e a colocamos na nossa solugao padrio de caldo de cultura e KC! 0,1n, expondo-a desse modo as mesmas condig6es daquelas da cultura de bion. As descobertas sao familiares, mais uma vez. Surge habitualmente um crescimento depois de vinte e quatro horas; as vezes, no entanto, s6 depois de quarenta ¢ cito ou setenta ¢ duas horas. Nao encontramos bions, s6 bactérias alongadas, filiformes, espirilos e formas semelhantes a espiroquetas, bem como pequenos cocos nao contrateis, movendo- se rapidamente. Inoculada no 4gar- Agas, a cultura produz, em geral, apenas formas bacilares com um movimento sinuoso. Como todas as outras culturas nao estéreis, essa cultura forma uma membrana e, depois de determinado tempo, produz flocos. Quando se utiliza ovo como meio, ocorre uma infecgio maciga a partir da poeira, habitualmente mofada. Esses experimentos-controle sobre o problema da infeccio vinda do ar podem ser realizados repetidamente, de varias maneiras. les conduzem inevitavelmente a dois fatos: 79 1. O ar contém apenas determinadas formas de bacilos maiores e cocos simples. 2. Os bions nao podem ser cultivados diretamente a partir do ar, seja qual for o meio de cultura — caldo, dgar-dgar ou a base de ovo. Os experimentos de controle zeforgam um terceiro fato: 0 caso do perigo de infeccao pelo ar foi intensamente exagerado por aqueles que © utilizam como argumento contra a idéia da organizagao bionosa da matéria nao viva. Estando duplamente seguros de que nossas culturas de bions nada t&m a ver com “germes aéreos”, gostariamos agora de em- preender uma investigacao critica do proprio conceito de “getmes aéreos”. Vamos resumir as conclusdes que decorrem da alegagao de que os organismos protozodrios ndo podem originar-se de nenhu- ma outra fonte que nao os germes presentes no ar: 1, Para cada e todo tipo de organismo protozodrio e bacteriano, hd um germe correspondenie especifico, Em outras palavras, ha tantos tipos de germes quantos de microrganismos, o que significa que ha milhGes de tipos. Essa afirmagao é negada pelo fato de que 0 cultivo de bactérias do ar sé produz uma fragdo minima das formas real- mente conhecidas pela patologia. 6 essa discrepncia suscita inti- meras perguntas que precisariam de respostas diretas dos propo- nentes da teoria do germe aéreo. Por exemplo, os vibrides do cdlera, 08 bacilos da peste ou os espiroquetas da sifilis j4 foram cultivados diretamente a partir do ar? A verdade é que até agora essas formas foram cultivadas apenas a partir de tecido animal e simplesmente alinhavou-se uma teoria de suas origens. Enquanto existirem formas de micrbios — e agora também de bions — que nao possarn ser cul- tivados diretamente a partir do ar, a hipdtese de infeccao pelo ar ndo 2. Refutagdo da teoria metafisica do germe aéreo: o experimento de bions, que foi filmado, estabeleceu 0 fato de que organismos unicelulares, tais como os protozodrios, desenvolvem-se por meio da organizago natural a partir da desintegragdo vesicular do mus- go. A teoria metafisica da esporogénese, por outro lado, afirma que 80 08 protozodrios se originam de germes onipresentes no ar, que se desenvolvem em lugares favordveis ao seu crescimento. Por en- quanto, nenhum de seus proponentes foi capaz de conferir credibi- lidade & tcoria desse germe e pode se demonstrar sua inexatiddo fundamental pelo seguinte experimento: Se 0s protozoarios se originam de germes fixados ao musgo ¢ ao feno e podem ser levados a se formar em infusées depois de poucos dias, o-procedimento que se segue deveria demonstrar esse fato. Lava-se feno seco nao estéril em Agua comum, passando-se a 4gua por um filtro contendo 0 feno ou mergulhando um pouco de feno na 4gua algumas vezes com pingas, evitando dessa forma que a menor particula fique na 4gua. Assim “contaminada”, a 4gua no apresenta crescimento de protozodrios nem indicios disso. Por outro lado, uma infuséo de feno ou musgo apresenta o inchago pro- gressivo do tecido ¢ todos os outros estdgios da evoluggo de proto- zoarios, desde a desintegracéo vesicular inicial, ocorrendo ao longo das margens, até as formagGes que crescem a partir do tecido e se desprendem como protozodrios completamente formados. Se os partidarios da teoria do germe aéreo insistem sobre sua veracidade, devem dar-se ao trabalho de demonstrar experimental- mente, em primeiro higar, que os esporos a partir dos quais os pro- tozodrios supostamente evoluem podem ser isolados, sendo retira- dos da matéria qual estariam supostamente ligados e, em segundo lugar, que so capazes de se transformar em protozodrios. Mas, mesmo que suponhamos por um momento que todas as formas conhecidas de micrébios, e as novas formas de bions, pu- dessem de fato ser encontradas no ar, a expresso “germes aéreos” representaria uma explicagio cientifica da origem dessas formas? Poderfamos muito bem replicar: é verdade, essas formas esto pre- sentes no ar, mas de onde provém? Se essa pergunta for analisada cuidadosamente, a falta de vali- dade cientifica da teoria do germe aéreo terd de ser admitida. Se esti- ver correta nossa alegacdo de que os microorganismos se formam a partir de material inorgdnico ¢ substincias orginicas em desintegra- g4o, teremos uma explicagiio valida da origem dos germes aéreos. Nao 81 pode haver mais nada no ar a no sex substncias inorganicas e orga- nicas mortas. Além disso, s6 foram encontrados no maximo esporos de alguns poucos organismos primitivos; ninguém jamais vi o ger- me ou esporo de uma ameba ou de um paramécio. Os lemas que substituem a experiéncia real de ver e so propostos como teses teo- Jégicas absolutas, como por exemplo omne vioum ex vivo e omnis cellu- (a ex cellula, nio podem ser vistos, no contexto dessas consideragées, como afirmagGes cientificas sérias; sao simplesmente protegdes emo- cionais contra fatos muito duros, Agora que demonstramos o absurdo da teoria do germe aéreo, na medida em que ela domina o pensamento médico atual, gostarfamos de mostrar quanto ela é prejudicial A compreensao de um grande niimero de fendmenos amplamente importantes na medicina, isto é, como a medicina, por sua rejeigae do conceito de organizagio natural, furta-se de toda possibilidade de observar fatos simples e dbvios, de investigd-los em detalhe e usd-los de maneira pratica. 1. E de conhecimento médico comum que organismos vivos se formam constantemente no organismo animal, por exemplo, 0s giébulos vermelhos e brancos na medula dssea e no sistema linfati- co, € as células do dvulo e do esperma no epitélio des génadas, A discrepancia entre esse fato reconhecido e a teoria do germe, estra- nhamente, até hoje no perturbou nem um pouco o mundo cienti- fico. Formam-se eritroblastos e, a partir deles, desenvolvem-se eri- trdcitos; os 6vulos da fémea se formam nos foliculos do ovario, as células de esperma provém da espermatogonia. As formas transi- cionais evoluem a partir do epitélio dos érgiios em questo. Lima forma ceiuiar se transforma em outra forma fundamentalmente diferen- te, Esse processo ocorre no cancer e é um dos fatores centrais de todo o problema do cAncer. A formacao de entidades biologicamen- te ndependentes a partir de organismos bioldgicos de tipo diferente ocorre continuamente dentro do corpo. Mas precisamente este pro- cesso permanecera necessariamente incompreensivel sem que se aceite a transformacSo de tecido organico em formasies indepen- dentes de protozoérios. 82 2. HA diversos tipos de microrganismos nas membranas ivi sas e orificios do corpo humano. As bactérias intestinais, por exeni plo, atingem presumivelmente o canal alimentar a partir de uma infecgo exterior ao corpo. Mas 0 motivo pelo qual as bactérias do célon sc cncontram somente no célon e nao, digamos, igualmente na membrana mucosa da garganta, é algo que petmanece um mis- tério. O motive pelo qual 0s pneumococos encontram seu caminko a partir do ar até os puimées, mas no no trato alimentar, também é misterioso. Além disso, se, na realidade, milnares de variedades de bac- térias mortiferas encontram-se presentes no ar e, conseqiientemente, nas membranas mucosas, 6 completamente ininteligtvel que a espécie huma- ta no se tenha extinguido hd muito iempo. A formula magica usada para responder esse mistério particular é a “disposigao” notdria, Porém 0 conceito de “disposiggo” revela precisamente 0 que a teo- ria do germe oculta. Por exemplo, é incompreensfvel que centenas de milhares de microrganismos passiveis de cultura fatais aos camundongos sejam encontrados no tecide canceroso extraido tecentemente da parte interna do osso, Como entraram no 0ss0? A informagio de que eles “entraram por via aérea e se aninharam nas membranas mucosas” e, depois, “viajaram na corrente sanguinea e de 14 para os ossos” dificilmente pode ser levada a sério, porque a pergunta a que nao se consegue responder é por que as bactérias do ar, nas suas complexas migracGes, escolhem se assentar precisa- mente no osso canceroso, € por que todos os tipos de doengas infecciosas nao forarn postos em movimento no decorrer dos traje- tos do corpo humano. O fato de que haja organismos patogénicos Na garganta que s6 so prejudiciais certas vezes e no caso de deter- minadas pessoas 6 um prodigio que ndo pode ser explicado ade quadamente pela “disposicao” ou “viruléncia latente”, porque essas explicacdes nao passam de palavras. A questdo importante é esta- belecer exatamente o que esti acontecendo dentro do organismo que possibilita aos microrganismos exercer seu efeito certas vezes, ¢ nao outras. 3. Na literatura sobre microrganismos, a repeticio freqiiente da afirmagao de que determinados organismos florescem apenas etn 83 certos meios de cultura é chocante. O fato é que é mistico, no mini- mo, supor que os germes das amebas - que, de acordo com a teoria, esto por toda parte no ar — buscam, entre todos os lugares, as pocas enlameadas de agua estagnada ¢ o lado inferior das folhas das plantas, ou, em outros casos, nao conseguem se desenvolver durante a primavera no musgo fresco, enquanto aparecem cm grandes niimeros no musgo outonal. £ dificil compreender como é possivel nao perceber a faita de légica, a inconsisténcia ¢ a impreci- so factual de um pensamento como esse. 4. No contexto destas consideracdes, podemos nos aventurar em um problema que provavelmente levantard todo tipo de paixéo. De acordo com a teoria do germe aéreo, o bacilo que causa o célera ow a peste bubénica est zunindo pelo ar o tempo todo, mas nao aparece sob condigdes normais em que se toma cuidado com a higiene. Ele entra, proveniente do ar, para causar epidemias — em que centenas de milhares de vidas humanas podem se perder ~ em tempo de guerra, ou naquelas areas densamente habitadas em que ha precariedade de cuidados e habitos de higiene. Mas seré que acreditamos realmente que, nessas epidemias, a condigio biolégica das pessoas expostas ao ambiente cronicamente precdrio do ponto de vista higiénico, ou aos horrores das prolongadas condigies de guerra, nao tem papel algum? Serd realmente possivel que toda a responsabilidade seja atribuida ao bacilo e nenhuma ao organismo vivo, no qual dé livre curso as suas devastac6es? Que razao ha para atribuir tanta importancia & bactéria e téo pouca ao organismo humano? Temo que o “germe aéreo” seja bem mais facil de comba- ter que as biopatias! Nao desejo oferecer aqui uma resposta para todas as perguntas levantadas, entretanto gostaria de ressaltar que a condigao biopatica das vitimas de célera e peste bubSnica metece muito mais atencdo do que a respectiva bactéria, de cujas origens no se tem clareza até hoje. Em suma: Nao sé a teoria de germe aéreo é falsa e incapaz de ofere- cer um esclarecimento sobre os fenmenos centrais da biologia e da pato- logia; ela, na verdade, dificulta uma compreensao factual dos mecanismos da doenga. Tornou-se unt dogma que, como todos os dogmas, esquiva-se 84 de pensar e inquirir. Podemos ver agora 0 quanto a teoria do bion ¢ 0 fatos em que se apdia contribuem para o esclarecimento daque les problemas nao explicados pela teoria do germe aéreo. Voltemos agora a nossa atencdo para urna cultura de bions especifica, em que ocorreu a descoberta real da energia orgone. 2,.AS CULTURAS DE BONS DE“PACOTES DE AREIA” ({SAPA) RADIANTES Com o propésito de refutar minuciosamente a teoria da infec- cdo pelo ar, comecei, jé em 1936, a autoclavar preparacées de bions durante meia hora a uma temperatura de 120°C. Com esse procedi- mento, a desintegragéo em vesiculas revelou ser mais completa do que nas ocasiées em que eu simplesmente usava o processo de inchago. Os bions azuis apareciam mais rapidamente e a reacdo biolégica 4 coloragdo (Gram, carbolfucsina) era mais intensa. Em. maio de 1937, comecei a aquecer carvao e cristais de terra até a incandescéncia no bico de Bunsen antes de introduzi-los no meio de cultura que induz ao inchago. Esse processo de aquecimento acelerou a formag3o de bions ainda mais. Agora, a desintegracio bionosa da matéria poderia ser levada adiante em apenas poucos minutos, com a certeza de esterilidade completa. Eu nao precisava Mais esperar durante dias e semanas pelo processo de inchago em temperatura ambiente para produzir bions. Para produzir o inchaco das substancias, eu usava soda cdustica e solugéo de cloreto de potdssio. Ao longo de dois anos (1937-1939), um experimento apés © outro confirmou a desintegrago vesicular da matéria inchada e a organizagao de bactérias e células a partir dos bions'. Em janeiro de 1939, uma de minhas assistentes estava de- monstrando 0 experimento de incandescéncia a um visitante no laboratério, em Oslo. Por engano, ela pegou o recipiente errado do esterilizador e, em vez de terra, ela aqueceu areia do oceano até a 1, Ver Die Bione |Os bions] (1938). 85 incandescéncia. Depois de dois dias, uma cultura comegou a se for- mar na soiucdo de caldo de cultura e cloreto de potassio que, inocu- Jada num meio de cultura contendo ovo e égar-dgar, produziu um crescimento amarelo. Sob 0 microscépio, esse novo tipo de cultura apareceu como grandes pacotes de vesiculas de energia pouco méveis, refletindo um azul intenso. A cultura era “pura”; isto 6, consistia de apenas um tipo de formagao. Sob um aumento de 400 vezes, suas formacGes se pareciam com os sarcinae que se encon- tram na 4gua vez ou outra, O exame com aumentos de 2.000 e 4.000 vezes mostrou formagGes com forte refragao, consistinda de pacotes de seis a dez vesiculas com um tamanho entre 10 e 15 micra. Repetimos o experimento oito vezes no decorrer de alguns meses, e obtivernas cinco vezes as mesmas formagdes (ver Figuras 48a eb, no Apéndice). Esses bions receberam a designacao SAPA (sand packet ~ paco- te de areia). Eles possuiam propriedades de extremo interesse. CO efeito dos bions SAPA em bactérias de putrefagao, protozod- tios e bacilos T foi muito mais poderoso do que o de outros bfons. Agrupados com células cancerosas, eles mataxam ou paralisaram as cétulas, mesmo a uma distancia de cerca de 10 micra. A essa curta distancia dos bions SAPA, as células cancerosas amebdides perma- neceram enraizadas em um ponto, como que paralisadas; entéo clas giraram frencticamente c, finalmente, perderam 0 movimento. Esse processo foi registrado em filme. Durante quatro semanas, examinei os bions SAPA a cada dia durante varias horas. Depois de alguns dias, meus olhos comega- yam a arder sempre que eu olhava no microsc6pio, pelo tempo que fosse. Para isolar a causa desse problema, comecei a usar uma lente monocular. Agora, era $6 0 olho que eu usava para olhar no micros- cépio que dof, Todavia, depois de um tempo, desenvoiveu-se uma violenta conjuntivite nos dois clhos; eles ficaram muito sensiveis a luz e fui obrigado a consultar um oftalmologista. Para ele, meu rela- to parecia “fantastico”. Eie me tratou, prescreveu dculos escuros e proibiu o trabalho ao microscépio por algumas semanas. Meus olhos melhoraram, mas a essa altura eu sabia que estava lidando 86 com um fenédmeno de radiagao. Varios meses antes desse evento, 0 fisico holandés Bon escrevera perguntando-me se eu havia em algum momento percebido qualquer radiacio nos bions. Respondi negati- vamente. Durante muitos anos, Bon estivera brigando com seus colegas por causa de sua insisténcia em afirmar que a vida é uma manifestacdo da radiagéo. Pui diretamente confrontade com esse fato e nao sabia como deveria abordé-lo, E claro, eu havia sido for- mado nos problemas tedricos basicos da fisica, mas nunea tivera nenhuma experiéncia prética com radiagéo. Isso criou uma grande dificuldade mas, ao mesmo tempo, apresentava suas vantagens. A radiacSo que eu havia descoberto revelou-se nova; ela possufa pro- priedades altamente singulares. Os métodos tradicionais de pes- quisa sobre a radiagao no produziram nenhum resultado. A radia- Go orgone requereu o desenvolvimento de métodos de pesquisa e procedimentos especiais, até ento desconhecidos, que puderam ser elaborados apenas gradualmente, passo a passo, com observa- Ges durante um longo periodo de tempo. Os métodos rotineiros e esqueméaticos falharam. Em primeiro lugar, tentei um método muito primitivo para tes- tar a radiagao nas culturas, colocando os tubos de ensaio contra a palma de minha mao esquerda. A cada vez, pensei ter sentido uma leve alfinetada, mas nao estava seguro da sensagao. Ent&o cologuei sobre a pele uma lamina de quarizo, sobre a qual dispusera uma pequena quantidade de cultura SAPA em solu- Gao de cloreto de potdssio, e deixei-a ali durante cerca de dez minu- tos. No lugar em que estava a cultura (separada da pele pela lamina de quartzo), desenvolveu-se um ponto anémico com uma margem hiperémica. Repeti esse experimento com todos os meus estudan- tes, cujas reagdes vegetativas eram bem conhecidas por mim. Os que eram vegetativamente muito vivos sempre davam um resulta- do positive. Aqueles mais fracos emocionalmente mostraram pouca ou nenhuma Teacao. Esses resultados indicavam algo, mas ainda estavam longe de ser claramente compreensiveis. Busquei a ajuda do fisico de radio do Hospital do Cancer em Oslo, dr. Moxnes. Ele testou um dos tubos de cultura com 0 eletros- 87 cépio de radio. Nao houve reagio. O fisico declarou que “nao havia radiagdo”. Como seu eletroscépio era equipado sé para ridio, obje- tei que a tinica conclusdo que se podia tirar honestamente a partir do teste era que ndo havia atividade de radio, nao que nao havia radiagao de nenhum tipo. Nao poderia haver diivida sobre a reagdo da pele, e eu estava intrigado quanto ao tipo de radiago com a qual estava lidando. A velocidade da reagdo da pele sugeria energias enormes. O raio X e a radiag4o do radio levam varios dias depois da exposigao para produzir rubor da pele, mas as culturas SAPA aver- melharam a pele em poucos minutos. Como se tornard evidente mais tarde, havia na verdade uma razio completamente légica para a reacdo negativa do eletroscépio. Os eventos que se seguem resolveram 0 mistério pouco a pouco: Depois de mais duas semanas, a palma da minha mao esquerda estava bastante inflarnada e muito dolorida. Nao poderia haver mais duvidas de que as culturas estavam exercendo um efeito bioldgico, Com o passar do tempo, me surpreendeu que o ar no aposen- to em que eram mantidas as culturas estivesse ficande “pesado” e causando dores de cabeca sempre que fechdvamos as janelas, nem que fosse por uma hora. ‘Um dia, no decorrer de um procedimento experimental, perce- bi que todos os objetos de metal, tais como tesouras, pingas, agu- Ihas e assim por diante, haviam se tornado altamente magnéticos. Esse fendmeno, tao dbvio hoje em dia, era incompreensivel para mim. Eu nunca 0 havia observado e nao estava preparado para ele. Mas, como 0 eletroscépio do fisico de Oslo nao apresentara reacdo, eu estava preparado para surpresas. Fiz experiéncias com chapas fotograiicas de diversas maneiras: em um quarto escuro, coloquei as preparagdes de culturas sobre cha- pas descobertas, sobre chapas em seus suportes, sobre chapas cober- tas total ou parcialmente de chumbo e, além disso, para controle, coloquei algumas chapas sem cultura no mesmo aposento. Para meu assombro, todas as chapas ficaram veladas. Em algumas, havia um escurecimento correspondente as ranhuras coladas nos prendedores de madeira; em outras, um escurecimento marcado nos lugares cm 88 gue a chapa ndo havia sido afetada diretamente pela cultura, um ein, que a cobertura de chumbo era permedvel. Para minha surpresia, 4 chapas de controle no mesmo aposenta também estavam veladas. Hau mio podia compreender isso. Era como se a energia estivesse ativa nie si em volta das bordas do prendedor de chapa € por entre seus cneai xes; a radiagiio parecia ser onipresente. No entanto, também cra pos: vel que tivesse ocorrido algum equivoco experimental. No decorrer de duas décadas de trabalho clinico e experimen- tal, cu aprendera a nao ignorar tais idéias aparentemente inciden- tais, como “a energia presente em todo lugar”. Valorizo esses lampe- jos de insight que, se acoplados com controles tigorosos e objetivos, conduzem ao objetivo final. Minha suposi¢éo revelou-se correta: a radiagio de orgone estd realmente presente em todo lugar. Porém, na &poca, essa idéia nao tinha significado concreto. Os experimentos corn as chapas fotograficas pareciam ter che- gado a um beco sem saida. Se o efeito era onipresente, os fenéme- nos ndo podiam ser isolados ¢ controlados. JA que todos os objetos erarn expostos a radiagao, nao poderia haver possibilidade de com- paracdo com algum objeto nao influenciado por ela’, ‘Transfer! as culturas para aposentos escuros no pordo e prosse- gui com minhas observacées ali. Para intensificar o efeito, preparei dezenas de culturas. As observagdes icitas no escuro tinham algo estranho, Depois que meus olhos se acostumavam com 0 escuro, 0 aposento parecia nao preto, mas azul acinzentado. Vi vapores como se fossem uma névoa, faixas de luz azul e pontos lampejando, Uma luz de um violeta profundo parecia vit das paredes e dos objetos que estavam no aposento. Observadas através de uma lente de aumento, essas impressdes de luz se intensificavam e as faixas iso- ladas ¢ os pontos ficavam maiores, Oculos escuros enfraqueciam as impressGes. Mas quando fechei os olhos, as impressées de luz azul continuaram. Isso era desconcertante. Eu nao sabia naquele mo- mento que a radiagdo de energia orgone irrita os nervos pticos de maneira especifica e gera pés-imagens. 2. Posteriormente, no uutono de 1940, finalmente consegui demonstrar a tadiagao SAPA em filme. 89 Meus olhos doiam e ficavam inflamados depois de uma ou duas horas no poro. Uma noite, no entanto, passei cinco horas consecutivas no aposento do pordo. Depois de duas horas, comecei a ver bem nitidamente uma radiacio que safa da palma da minha mio, da manga da minha camisa e (olhando ao espelho) dos cabe- los da minha cabeca, Gradualmente, o reflexo azul circundou meu corpo e os objetos no aposente como um vapor luminoso nebuloso, azul-acinzentado, movendo-se lentamente. Admito que fiquei as- sustado. Telefonei para o dr. Bon na Holanda aqueia noite e the relatei a experiéncia. Ele me advertiu que tomasse precaucées, Mas como a radiag&o parecia estar presente “em todo lugar” e penetrar todas as coisas, eu nao sabia como poderia me proteger. Fiz com que nosso amigo dr. Havrevold participasse das obser- vagSes no aposento escuro. Embora estivesse completamente desin- formado, ele confirmou a maioria de minhas observagGes. No decor- rer dos meses que se seguiram, submeti pessoas, uma apés a outra, ao teste cutdneo e & observacao no escuro. As descrigdes fornecidas pelos sujeitos eram io completamente concordes que nenhuma possfvel dtivida poderia restar quanto a existéncia da radiacio. A tarefa mais dificil era a de isolar os fen6menas objetivos no aposento das sensagies subjetivas no olho. A medida que se procedia as investiga des, no entanto, evoluiram variadas técnicas para fazer essa distin- cdo. Por exemple, fiz. com que 08 sujeitos buscassem pelos objetos luminosos no escuro ou determinassem onde estava meu brago em um determinado tempo. Fiz com que desviassem os olhos da im- presso luminosa até que sua pds-imagem tivesse desaparecido, e entdo tentassem encontrar a impressao luminosa novamente. A tadiac4o irritava muito o nervo 6ptico. Um homem de negicios que providenciou para mim uma peca do equipamento e que serviu cer- ta vez como sujeito comentou: “Sinto como sc tivesse olhado para sol durante um longo tempo.” Esse comentario de um leigo deu muito o que pensar. Parecia especialmente reievanie para a conjuntivite que muitos dos sujeitos desenvolveram. Um dia, a idéia “energia solar” me ocorreu de 90 Tepente, oferecendo uma solugao simples que soou absurda Homers te no inicio: os bions SAPA originaram-se da areia do ocean. Man a areia do oceano nada mais é do que energia solar solidificada. A ince descéncia e 0 inchaco da areia haviam liberado essa energia mais ute ‘vez a partir do seu estado material, Superei a relutancia emocional que senti em aceitar essa con - clusao. Se a radiago em questo estava diretamente ligada 4 ener~ gia solar, entéo poder-se-ia explicar muitos fendmenos facilmente; por exemplo, a ittitagao dos oihos, a conjuntivite, o avermelhamen~ to rdpido da pele e seu bronzeado subseqiiente. (Conduzi os expe- timentos durante o inverno e inicio da primavera de 1939, no fiquei exposto ao sol, ¢ todavia tinha um bronzeado profundo por todo meu corpo.) Sentia-me extremamente vigoroso, “forte como um urso” e vivo do ponto de vista vegetativo em todos os aspectos. Gradualmente, o medo dos efeitos perigosos da radiagio desapare- ceu e comecei a trabalhar com ela sem nenhuma preocupagao supiementar quanto a medidas de protegao. Nao havia diividas quanto a existéncia de uma energia que possuia uma atividade bioldgica extraordinariamente alta. $6 resta- va descobrir qual era sua natureza e como poderia ser mensurada. Um de meus colegas falou dos bions SAPA a um assistente do Instituto Bohr em Copenhague. Essa pessoa considerou a nogao da ptodugao de bions a partir da areia tdo “fantastica” que decidi nao expor minha nova descoberta da radiagéo ao perigo de uma inves- tigagao tendenciosa, preconceituosa desde o inicio por uma des- crenca fundamental. Além disso, nada havia que eu pudesse realmente oferecer como pontos de partida para a determinagao qualitativa e quantita- tiva da radiac4o, além dos efeitos biolégicos e das sensagées sub- jetivas. A reagdo negativa das culturas com o eletroscépio do fisico de Oslo era outra adverténcia para mim de que era recomendavel ter cuidado. Mais ainda, a recente campanha na imprensa dos pato- logistas de Oslo e dos psiquiatras contra minha pesquisa do orgas- mo e dos bions destruira qualquer possibilidade de cooperagdo 91 amistosa, Portanto, a principio, parecia nao haver possibilidade de uma investigacdo quantitativa. Era preciso deixar tudo para o desen- volvimento espontaneo dos fatos e para o acaso. Esse “acaso” logo apareceu, Eu havia comegado a reproduzir fendmenos eletroseépicos bem conhecidos, obtidos a partir da fricgao entre diversos materiais. Um dia, comecci a ajustar um experimento com eletroscépio envol- vendo alta voltagern. Para me isolar, calcei um par de luvas de borra- cha mantidas em um gabinete de vidro no meu laboratério. Quando aproximei as maos do eletroscépio, houve uma forte deflexdo da lamina. Ela ondulou para cima, mudou de diregito lateralmente em dire- ¢iio & parede de vidro do eletroscépio ¢ prendeu-se a ele, Bu sabia que os isolantes podem ser “carregados”, é claro. Realmente assombrosa era @ deflexio lateral da lamina e sua adesdo tenaz a parede de vidro, isto 6,0 fato de que alumtnio ndo magnético estivesse se prendendo ao vidro, que era um isolante e no havia sido submetido 4 friccio, Eu nao havia esfregado as iuvas isolantes. Entéo de onde provinha o efeito? Depois me dei conta de que as luvas haviam ficado perto de algumas culturas SAPA. Para confirmar essa possibilidade, coloquei uma luva de borrada em lugar sombreado ao ar livre e outra na cai- xa de metal que continha as culturas de bfons. Alternadamente as testei a intervalos variados. As iuvas de borracha que haviam sido expostas ao ar livre durante cerca de quinze minutos nao influencia- ram o eletroscépio; por outro lado, as luvas anteriormente neutras, colocadas durante meia hora com as culturas, de fato apresentaram. uma reacao eletroscépica forte. Obteve-se 0 mesmo xesultado em diversas noites consecutivas. Extensdes de borracha dura, Iuvas de borracha, papel, algoddo em rama, celulose e outros matetiais absorviam energia das cultu- ras e levavam a lamina do eletroscépio a se curvar sem que se apli- casse nenhuma fricgao. A umidade, a sombra combinada com uma brisa forte ou o toque das substancias com as maos durante varios minutos faziam com que o efeito desaparecesse. Assim, deu-se um passo inicial em direcfo 4 compreensao qualitativa da radiagio. Fra um fato incontestavel que as culturas 92 estavam carregando a borracha e outras substancias organicas; cu cra capaz de cazregé-las fazendo com que entrassem em contato com as cuituras e descarregé-las expondo-as ao ar fresco ou colo- cando-as na agua. A situacdg tornou-se mais complexa quando adauigi um novo par de luvas de borracha e descobri que também elas causavam uma reagao do eletroscépio, sem terem sido expostas as culturas, nem esfregadas anteriormente. Dai se concluia claramente que a energia nao estava somente nas culturas, mas encontrava-se pre- sente também “em outro lugar”! Essa descoberta manchava a natureza inequtvoca da reago da cultura, mas parecia importan- te. Novamente, tive o sentimento que tivera durante os experi- mentos sobre as chapas fotograficas: a radiagdo estd presente em todo lugar. Foi ento que me lembrei da afirmagio do meu sujeito expe- ximental: “Sinto como se tivesse olhado para o sol durante um longo tempo.” A radiagao deve estar relacionada com a energia solar. Se a radiagao estd presente em todo lugar, s6 pode vir do sol. Coloquei um. par de luvas sem carga sob a luz brilhante do sol. Depois de uma exposigao de cinco a quinze minutos ao sol, sem fricg&o pré- via, as luvas de borracha produziram uma forte reacao da lamina de aluminio do cletroseépio. Eu agora tinha uma dupla prova da origem solar da energia ~ primeiro, porque o experimento de aquecimento havia liberado energia solar da areia; segundo, por- que a radiac&o solar havia carregado os isolantes. A irradiacao pro- longada de isolantes com uma lampada ultravioleta produzia o mesmo efeito. Mas se os bions e o sol emitem a energia em questao, ent&o ela também deve estar presente no organismo vivo. Coloquei luvas de borrachas nao carregadas diretamente no abdémen de um paciente com vivacidade vegetativa, evitando cuidadosamente a fricgéo. O resultado foi positivo. De cinco a quinze minutos depois do contato com a pele abdominal, 0 eletroscépio registrou uma forte reagao as luvas. Repliquei esse experimento com varios estudantes e pacien- tes. © resultado sempre foi positivo. Com pessoas preguicosas do 93 ponto de vista vegetativo ou de exalacdo superficial, a reacdo era mais fraca. Os resultados melhoravam se houvesse aprofundamen- to da respiragao’. Agora cu podia comprecnder diversas fenémenos anterior- mente incompreensiveis. Obviamente, eu estava lidando com uma energia desconhecida, que possufa uma atividade biolégica especi- fica. Ela se originava de matéria aquecida até a incandescéncia e posta para inchar. E presumivelmente liberada por meio da decom- posicio ¢ desintegracio da matéria (como com os bions radiantes). Além disso, é irradiada na atmosfera pelo sol e est, portanto, pre- sente em todo lugar. Isto esclarecia a contradicao aparente do ele- troscdpio reagindo nao s6 & borracha carregada pelos bions SAPA, mas também as luvas de borracha que nao haviam ficado perto da cultura. A energia descoberta recentemente se encontra também no organismo vivo, que absorve a energia da atmosfera e do soi, diretamente. Era a mesma energia com a qua! meus bions azuis, provenien- tes de qualquer fonte, matavam os bacilos ¢ as células cancerosas. A unica diferenga era que, nos bions, a energia estava contida no inte- rior das pequenas vesiculas azuis. A energia foi denominada “orgone” em alusao a historia de sua descoberta através do estudo do orgasmo ¢ ao seu efeito biolégico de carregar substancias de origem organica. Agota consigo compreender os vapores azul-acinzentados que havia visto no escuro a volta da minha cabega, mos e avental bran- co: a matéria orgdnica absorve energia orgone e a retém. O eletroscdpio do fisico de Oslo nao reagiu as cuituras porque a energia orgone pode influenciar um eletroscépio apenas indireta~ mente, por meio de materiais tsolantes carregados. 3. Ver "Drei Versuche am statischen Biektroskop” [Irés ensaios no eletroscépic estatico] em Experimentelier und ktinischer Bericht [Relato Clinico e Experimental], n°. 7, 1939. 94 3. VISUALIZACAO DA ENERGIA ORGONE ATMOSFERICA Era necessario estudar a radiagao de bions SAPA por meios menos complicados. Com esse objetivo, fazia-se necessério cons- truir um espago fechado que conteria e isolaria a radiagao que ema- nava dos bions e impedir sua rdpida difusdo nas cercanias. A maté- ria organica nao podia ser usada, pois ela absorve a radiagdo. No entanto, com base nas minhas observacées, eu estava certo de que o metal refletiria a radiagdo e a manteria dentro do espaco fechado. Mas a radiacéio tambérn poderia penetrar 0 metal ¢ se dispersar para fora. Para impedir isso, o aparato tinha que ser entparedado com metal por dentro e com matéria orgénica do lado de fora. A xadiagio gerada pelas culturas no interior seria re‘letida pelas paredes inter- nas de metal, enquanto a superficie externa de matéria organica (lgodao e madeira) impediria — ou, pelo menos, reduzitia —a trans- missdo da radiacao pelo metal para fora. A parede frontal do aparato tinha que ter uma abertura provida de uma ocular para possibilitar a observacao da radiagao vista de fora. Construiu-se o aparato ¢ colocou-se cerca de uma diizia de preparos de culturas dentro dele. Para obter aumento, adaptci um dispositivo usado para visualizar filmes, supondo que 0s raios atin giriam o disco de celulose do visor ¢, assim, tormar-se-iam visiveis. O experimento foi bem-sucedido. Consegui observar distintamente vapores azuis se movendo, faixas brilhantes de um amarelo-esbran- quigado e pontos de luz. Os fenémenos foram confirmados por diversas pessoas que serviam como sujeitos em repetig6es do expe- rimento. Os resultados pareciam agora suficientemente conclusivos para publicagio. Mas exatamente nesse ponto, houve a intrusio de uma descoberta completamente incompreensivel. Minha expectati- va era de que, depois de ter sido esvaziado e ventilado por inteiro, aparato semelhante a uma caixa nao exibiria nenhum fendmeno Iuminoso, Caso contrario, minha argumentacdo de que raios visi- veis emanavam das culturas ficaria invalidada. Eu ndo duvidava nem por um momento sequer de que um experimento-controle confirmaria a minha suposigao. 95 Fiquei assombrado quando vi os mesmos raios, os vapores azuis e faixas brilhantes de luz na caixa vazia. Desmontei-a comple- tamente, mergulhei as chapas de metal na 4gua, substituf o algo- dao, ventilei durante varios dias e, depois, repeti o experimento. Ku. estava supondo que o material da cobertura tinha absorvido radia- ¢4o das culturas e estava agora produzindo efeitos tardios durante 0 experimento-controle. Porém, eu estava errado. Eu simplesmente nfo conseguia remover os fendmenos de radiacao da caixa vazia, e era inca~ paz de explicar por qué. Qual era a origem da radiacao na caixa, se ela nao continha culturas? Na verdade, os fendmenos luminosos no eram to intensos como quando as culturas estavam presentes, mas entretanto estavam presentes. Mandei construir outra caixa, com uma parede frontal de vidro e sem cobertura orgdnica. Tive 0 cuidado de afasté-la de aposentos em que havia culturas SAPA. Como essa caixa nao tinha cobertura de matéria organica, nao haveria mais nenhum questionamento quanto a um residuo de energia absorvida. Foi tudo em vao, A radiaco ainda estava 14. Depois de varios dias de completo desconcerto, lembrei-me de que um fendmeno sirnilar havia acontecido com minhas luvas de borracha e 0 eletros- c6pio. A borracha, exposta as culturas, carregara o eletroscdpio, depois a Agua e a ventilagio & sombra eliminaram o fendmeno. A reexposi¢ao da borracha as culturas a havia prontamente restaura- do, e de modo consistente. Porém mesmo as huvas de borracha que nunea estiveram perto das culturas produziram os fenémenos sem fricgito prévia. Naquela época, tive que concluir que a energia que as culturas emitiam era a que estava presente em todo lugar. Eu agora chegava A mesma conclusio a partir do fato de que a caixa, mesmo sem culturas, emitia claramente radiagSo. De onde provinha? Hoje, com a energia orgone mensurdvel e com utilizacao pratica no tratamento de pacientes cancerosos, minha perplexidade parece sem inteligéncia. Desde o principio, eu havia tido o sentimento de que a tadiagao estava presente em todo lugar, e certamente o incidente com as luvas de borracha carregadas que nunca haviam sido expostas a culturas deveriam ter me feito antccipar a presenga de radiagdo na 96 caixa vazia. E muito facil ser esperto depois do fato, mas durante os dois primeiros anos, duvidei de cada uma das minhas observagGes. A. idéia de que “a radiagao estd presente em todo lugar” e a impressio de “luvas carregadas espontancamente” ndo eram muito convincen- tes e, de fato, afastaram a minha atengao da radiagao em si. Além dis- 50, as dtividas, objegGes e descobertas negativas constantes dos fisicos e bacteriologistas me inibiram fortemente de levar minhas observa- ges to a sério quanto mereciam. Por causa da campanha de difama- Ao contra mim na imprensa norueguesa, que estava apenas esmae- cendo na época em que descobri a radiacdo, minha autocontianga nao era muito grande. Certamente nao era forte o suficiente para suportar a inundagio de percepgSes que jorravam dentro de mim, Minhas observagées estavam pondo em questo convicgdes aparentemente inabalaveis em biologia e bacteriologia: a teoria do germe aéreo, a “eletricidade do corpo”, a idéia de que o protoplasma é meramente ‘uma proteina altamente complexa, tanto a visdo de vida do mecani- cista como a do vitalista, e assim por diante. 86 0 desenvolvimento espontaneo e iégico dos meus experimentos me deu suporte. fi interessante e util rever esses tempos de incerteza, quando aquilo que depois se transformou em fatos do trabalho diario pare- cia ser 0 fenémeno mais estranho, Isso nos dé a coragem necessaria para prosseguir, a despeito das descobertas perturbadoras e apa- rentemente negativas nos experimentos-controle; nao invalidar fatos novos com controles superficiais; verificar sempre as descobertas negativas de controle pessoalmente; e, finalmente, nao ceder a tenta- c&o de dizer: “era sé uma ilusao”. A existéncia da radiagao foi indu- bitavelmente comprovada. Eu nao poderia esperar que tivesse a capacidade de explicar cada fenémeno individual de uma s6 vez. Por conseguinte, nao podia me permitir dar vazio as dtividas e con- vulsdes emocionais levantadas por tal confuséo de descobertas. Naturalmente, era insatisfatério dizer que a radiago na ausén- cia de culturas correspondia & reagdo do eletrosc6pio 4 borracha que nunca havia ficado perto das culturas. Essa explicacao era sim- plesmente uma ponte temporaria por cima de uma lacuna que eu ainda no era capaz de preencher. 97 Durante varias semanas, observei a radiacdo na caixa vazia. Ela permanecia inalterada; nao era afetada pelo sol ou pela chuva, pela névoa ou por um tempo limpo, alta ou baixa umidade, noite ou dia. Portanto, ndo podia ser o resultado da radiagdo direta do sol, como era a carga da borracha exposta ao sol. Provinha de “todo lugar”, mas ndo havia como determinar 0 que era “todo lugaz”. Durante 0 verao de 1940, tirei férias e viajei para o Maine. Uma noite, enquanto eu ainda lutava com esse mistério, observei o céu acima de um lago proximo. A lua estava baixa no horizonte do lado oeste. Do lado oposto, no céu que estava ao leste, havia estrelas tre- meluzindo com forca. Reparei que as estrelas no zénite tremeluziam: menos intensamente que aquelas perto do horizonte que estava ao leste. Se, como afirma a teoria, 0 tremeluzir das estrelas é resultado da difusao da luz, ento o tremeluzir teria de ser uniforme por todo © céu; se houvesse alguma diferenga, seria a de ser mais forte perto da luz da lua. Mas 0 que acontecia era exatamente o contrdrio. Comecei a olhar para as estrelas individualmente através de um tubo de madeira, a um certo momento, sem maiores intencdes, orientando o tubo na direcdo de um ponto azul profundo no céu entre as estrelas. Fiquei assombrado de ver um vivo tremeluzir seguido de lampejos de finos raios de luz no campo circular do tubo. O fenémeno se desvaneceu gradualmente 4 medida que eu desloquei 0 tubo na direg&o da lua, sendo mais intenso nas porgdes mais escuras do céu entre as estrelas. Era o mesmo suave tremeluzir ¢ lampejaz, com pontos e faixas de luz que eu observara tantas vezes na minha caixa. Inseri uma lente de aumento no tubo para aumentar os raios. De repente, minha caixa perdeu seu mistério. O fenémeno tornou-se bastante compreensivel: @ radiagio na minha caixa sem culturas se originava na atmosfera. A atmosfera contém uma energia da qual eu nao tinha conhecimento anterior. O que vi naquela noite nao podia ter sido “raios césmicos”. Ninguém jamais viu raios césmicos a olho nu. Além do mais, os fisicos alegam que os “raios cdsmicos” chegam 4 terra vindo do espago exterior; isto 6, eles ndo se originam em nosso planeta. 6 verdade que, recentemente, houve objegGes e desafios a essa hipé- 98 tese. Mas mesmo que 0s raios césmicos dos fisicos tivessem origem planetéria, eles seriam simplesmente idénticos aos raios de orgone. O assim-chamado grande poder de penetragao dos “raios césmi- cos” seria entio simplesmente explicado pelo fato de que a energia orgone estd presente em todo lugar’. Olhando para terra e pedra através do tubo, observei o mesmo fendmeno, as vezes mais forte e outras mais fraco. Ele também estava presente nas muvens, apenas neste caso era mais intenso. Agora eu compreendia: Durante meus experimentos-controle sobre a radiagiio SAPA, havia descoberto a energia orgone atmosférica. Tentarei agora descrever sistematicamente a energia orgone, de modo que qualquer um possa descobri-la por si mesmo, sem ter que percorrer a trajetoria sinuosa pela qual meus experimentos de bions me conduziram. Esta descrigdo, que revelard muitas proprie~ dades desconhecidas para nés em qualquer outra forma de energia, deve tornar clara a légica que conecta o “bion azul” e sua fungio de energia A energia atmosférica. A energia orgone atmosférica pode- ria sem diivida ter sido descoberta sem os bions SAPA. Todavia, por causa desse desvio complexo, por meio da radiagiio dos bions, tive- mos uma revelacio de profundo significado: A energia que governa tudo que esté vivo é necessariamente idéntica a energia atmosférica; caso contrério, nao haveria conduzido & descoberta da energia orgone atmostérica. 4, Afirma Rudolf W. Ladenburg, em “ihe Nature of Cosmic Rays and the Constitution of Matter” [A natureza dos raios cdsmicus ¢ a constituicao da matéria] (Scientific Monthly, maio de 1942): “... a otigem priméria dos raios cSsmicos ainda é um grande enigma. Nio sabemos quais siio os processos responsiiveis pela producio de Jats particulas imensamente energéticas. Algumas delas cattegam um mithao de vezes smais energia que as particulas mais energéticas que podemos producir attificialmen- te, E quanto & questo da constituigo da matéria, nossa resposta ainda é bastante incompleta. Sabemos que toda matéria consiste de étomos, que os dtomos consis- tem de diminutos nticleos circundados de elétrons e que os niiclevs consistem de protons e néutrons. Deve haver grandes forgis atuando enive os protons e os néutrons, conseroando os niicleos agrupados. Parém nao sabentas quais sao. Elas ndo sao de naturean elétriea, como vimos, ¢ tentou-se elaborar muitas teorias para compreender essas forgas. A descoberta do méson nos raios césmicos criou alguma esperanca de atingir ‘a meta, mas esse problema fundamental ainda esté longe de ser resolvido”, [Os ité- licos so de minha autoria - WR] 99 Capitulo IV A demonstracao objetiva da radiacao de orgone 1. EXISTEM IMPRESSOES SUBJETIVAS DE LUZ? Quando éramos criangas, os fendmenos luminosos que viamos. com os ofhos fechados eram uma constante fonte de fascinio, Pequenos pontos de coloracdo azul-violeta apareciam do nada, flu- tuando ientamente para tras e para a frente, mudando suas trajet- tias a cada movimento dos olhos. Eles flutuavam bem devagar em curvas suaves, dando volteios de tempos em tempos, que se trans- formavam em espirais com um trajeto algo semelhante a este: ons, ee 8 ay <, ss, an Mudar 0 formato e a trajetoria dos pontos de luz esfregando os. olhos com as palpebras fechadas era um jogo delicioso; podiamos : influenciar até a cor dos pontos, tornando o azul vermelho, verde ou amarelo. Parte da graca estava em abrir os olhos de repente, olhar para a luz brilhante de uma lampada e depois fechar os olhos de novo e ver as imagens consecutivas. Com um pouco de imagina- Gao, transformavamos aquelas formas em todo tipo de coisas: arco- fris, baldes, cabegas de animal, figuras humanas. 101 Porém tais prazeres infantis perderam seu interesse & medida que crescemos e estudamos fisica, maternatica e biologia. Tinhamos que aprender que tais fendmenos dpticos subjetivos eram “irreais”, algo que devia ser discriminado das manifestagdes fisicas objetiva- mente mensurdveis da luz e suas sete cores. Com 0 passar do tempo, nossa preocupacao pelo que podia ser medido e pesado realmente obliterou as fortes impressdes de nossos érgaos dos sentidos. Nao os levavamos mais a sério. O mundo pratico cotidiano exigia con- centracdo exclusiva nos detalhes concretos; a fantasia s6 interferia. Porém as impressdes subjetivas de luz permanecem e devem inca- modar muitas pessoas, que se perguntam se tais fendmenos, claros como as impressdes luminosas observadas com os alhos fechados, ndo representam a realidade, afinal. A natureza iluséria destas sen- sacGes 6pticas nao € tio ébvia como parece. Fomos educados a considerar coisas como essas impressdes luminosas algo “puramente subjetivo” e, portanto, “no real”. Elas no podiam ser objeto de pesquisa cientifica e eram relegadas & dimensao da “fantasia humana”. A vida de fantasia do homem est muito longe da realidade, claro, sendo inspirada pelos desejos subjetivos e, além do mais, é instavel - motivo pelo qual a pesqui- sa cientifica teve que desenvolver uma fundamentacao objetiva e realista por meio da experimentagéo. O experimento ideal exerce um julgamento independentemente das fantasias, ilusées e desejos subjetivos. Para ser sucinto, o homem nao tem confianca nas suas faculdades perceptivas. Ele prefere, com boas razées, se apoiar na chapa fotografica, no microscépio ou no eletroscépio quando exa- mina os fendmenos. Ainda assim, a despeito do progresso realizado ao mudar da experiéncia subjetiva para a observagao objetiva, perdeu-se uma importante qualidade da pesquisa. O que observamos objetiva- mente pode bem existir na realidade, mas esté morto. No interesse da objetividade cientifica, matamos 0 que esté vivo antes de fazer quaisquer afirmacées a respeito. O resultado é necessariamente ‘uma imagem mecanicista da vida, como uma maquina em que falta a qualidade mais essencial da vida, sua vivacidade especifica - uma 102 vivacidade que traz o desconforto de lembrar as intensas sensagbes de drgo experimentadas na infancia. Todo misticismo — a ioga, 0 “chamado do sanguc” fascista, a receptividade do médium espiri- tualista ou a divina epifania extatica do dervixe — se enraiza nessas sensagdes subjetivas de drgao. O misticismo alega a existéncia de forgas e processos que a ciéncia natural renega ou desdenha. Um momento de deliberagao incisiva nos diz que 0 homem nada pode sentir ou imaginar que ndo tenha existéncia real, objetiva, de uma forma ou outra, pois as percepcies humanas dos sentidos sao apenas funches dos processas objetivos naturnis dentro do organismo. Nao poderia set que, por trés das impressées kuminosas “subjetivas” de nossos olhos fechados, existisse uma realidade, afinal? Nao seria possivel que, através de nossas sensagdes oculares subjetivas, percebéssemos a energia biolégica do nosso préprio organismo? Esse pensamento parece estranho, provocativo. Entao vejamos! E incorreto desacreditar essas impressdes luminosas subjetivas afirmando que sao simples “fantasias”. A fantasia é uma proprieda- de ativa de um organismo governado por determinadas leis natu- rais e deve, portanto, ser “real”. Nao faz muito tempo, a medicina rejeitou todas as enfermidades funcionais e nervosas por serem irreais e imaginadas, dado que nao as compreendia. Mas dor de cabeca é dor de cabega e impressdo luminosa é impressao lumino- $a, quer as compreendamos ou nao. Naturalmente, rejeitamos as alegacdes misticas baseadas na interpretagio errénea das sensagées de érgao. Porém isto nao é negar a existéncia dessas sensagSes. Também devemos rejeitar uma ciéncia natural fragmentada de maneira mecanicista, porque ela separa as sensacdes de 6rga0 dos processos vitais dos drgfios. A autopercepgio & uma parte essencial do processo vital. Nao é um caso de os nervos estarem aqui, os miisculos ali e as sensagdes de drgio em outro lugar. Os processos no interior dos tecidos ¢ nossa percepgao deles formam uma unidade funcional indivisivel. Esta deve ser uma das diretrizes teGricas essenciais, experimentalmente documentadas, de nosso trabalho terapéutico. Prazer e angustia expressam um estado especifico de funcionamento do organismo total. Por conseguinte, 6 103 importante fazer uma distincdo clara entre o pensamento funcional 0 pensamento fragmentado de modo mecanicista, que nunca pode penetrar até a esséncia do processo vital. Estejamos atentos a quatro principios importantes de uma visio funcional da natureza: 1. Todo organismo vivo € uma unidade funcional autocontida — e nao simplesmente uma soma mecanica de érgdos. A fungao bioldgica fundamental controla o organismo total, exatamente como governa cada érgio. 2. Todo organismo vivo é uma parte da natureza circundante é funcionalmente idéntico a ela. 3. Toda percepgao est baseada na correspondéncia entre uma fung&o dentro do organismo e uma fungao no mundo exter- no, isto 6, na harmonia orgonética. 4, Toda autopercepgao é a expresso imediata de processos objetivos dentro do organismo (identidade psicofisica). Pouco se pode esperar de especulacées filosdficas sobre a rea- lidade de nossas sensagées se elas exchrirem o principio de que o ego observador, perceptivo (sujeito) e 0 objeto observado, percebido, formam, juntos, uma unidade funcional, A pesquisa mecanicista divide essa unidade em dualidade. Na sua rejei¢&o total da sensa- ¢do, 0 empiricismo mecanicista contemporaneo estd além da re- dengao. Toda descoberta importante se origina da sensaciio subjetioa ou da experiéncia de um fato objetivo, isto é em harmonia orgondtica. O que se pede é tornar objetiva a sensacdo subjetiva, separando-a de seu estimulo e abarcando a origem do estimulo. Como orgonotera~ peutas, fazemos isso a toda hora, todos os dias, quando procuramos compreender as expressées corporais do paciente nos identificando com ele e com suas funcées. Depois de acolhermos essas expres- sdes emocionalmente, deixamos nosso intelecto trabalhar e tornar objetivo o fendmeno. Agora, com essa compreensdo da harmonia orgonética, volie- ‘mos as nossas fantasias ¢ impressdes luminosas da infancia. Como podemos estabelecer objettoamente se essas impressdes “vistas” com os olhos fechados correspondem a processos reais? 104 2. O TREMELUZIR NO CEU TORNA-SE ALGO OBJETIVO (O ORGONOSCGPIO) Antes de tudo, tentamos determinar se fenémenos similares podem ser percebidos com os olhos abertos em plena luz do dia. Se observarmos cuidadosamente durante um periodo de tempo sufi- ciente, descobriremos que é possivel. Olhamos fixamente para uma tela, uma parede ou uma porta branca. Observamos um tremeluzir, A impressdo é a de sombras ou vapores nebulosos movendo-se com maior ou menor rapidez e ritmicamente sobre a superficie das coi- sas. Em vez de desconsiderar essa observacio, classificando-a de mera “impressdo ocular subjetiva”, resolvemos estabelecer objetioa- mente se esse tremeluziz esta ocorrendo apenas em nossos olhos ou em tudo a nossa volta. ‘Todavia nao é facil delinear um método de diferenciago. Co- megamos fechando os olhos. Em um instante, o tremeluzir parece se transformar em movimento de pequenos pontos, formas e cores. Abrimos e fechamos os olhos repetidamente, até ficarmos conven- cidos de que os fendmenos que percebemos com os olhos fechados sao diferentes dos que observamos enquanto olhamos para a parede a nossa frente. Olhamos para 0 céu azul, como que fixando 0 olhar a uma gran- de distancia. No inicio, nada vemos. Porém, se continuarmos obser- vando, descobriremos para nossa surpresa um tremeluzir ritmico, semelhante a uma onda, claramente perceptivel, por todo o céu azul. Esse tremeluzir s6 existe nos nossos olhos ou esti no céu? Continuamos observando os fendmenos durante varios dias, sob diversas condi- Ges climaticas e em diferentes horas do dia. E surpreendente que 0 tremeluzir no céu varie muito de tipo e intensidade. Depois, experi- ™mentamos 4 noite. Como nossas observagGes nao sao agora prejudi- cadas pela luz difusa do dia, o tremeluzir ondulante esta até mais niti- do, Aquie ali, acreditamos captar o lampejo de um raio de luz na forma de uma listra ou de pontos. Observam-se também 0 tremeluzir e os lampejos delicados em nuvens escuras, onde so mais intensos. A medida que observamos 0 céu no decorrer de semanas, notamos que 105 0 tremeluzir das estrelas varia de intensidade. Certas noites, as estre- Jas brilham clara e calmamente; outras, seu tremeluzir é abrandado; outras noites, ainda, ele é extraordinariamente vivido. Os astrénamos atribuem o tremeluzir das estrelas a luz difusa. Houve um tempo em que aceitévamos essa explicagao sem questiond-la. Agora, no en- tanto, que a existéncia real de um tremeluzir no céu tornou-se uma. quesiao crucial para nés, devemos nos perguntar se o tremeluzir das. estrelas pode estar relacionado ao tremeluzir no céu entre as estrelas. Se for assim, demos 0 primeiro passo para demonstrar a existéncia objetiva de algo desconhecido na atmosfera. O tremeluzir das estre- las nao é, com certeza, um fendmeno ocular subjetivo: os observaté- tios séo construidos em altas montanhas para elimind-lo. Este algo desconhecido que faz as estrelas tremeluzir deve conseqiientemente estar se movendo perto da superficie da terra, Mas no é certamen- tea luz difusa; caso contrario, o tremeluzir nao variaria em intensida- de como o faz. Teis “explicagSes” apenas obscurecem os fatos. Vamos adiararesnosta. = Quanto mais e com maior precis&o observa-se o tremeluzir ne céu e sobre a superficie dos objetos, mais imperativo se torna debi near um campo limitado. Construimos um tubo de metal com 30 2 60 cm de comprimento e 2,5 a 5 cm de diametro, com o interior preto fosco. Usamos esse tubo para olhar para as paredes durante c dia e para o céu A noite. O tubo isola um circulo que parece mai lutminoso que a drea ao seu redor. Mantendo os dois othos abertos ¢ othando pelo tubo com um olho, vemos um céu noturno azul-escu- ro dentro do qual hd um disco de um azul mais claro. No prépric disco, percebemos antes de tudo um movimento trémulo e, depois inequivocamente, delicados pontos ¢ listras de luz aparecendo ¢ desaparecendo. O fendmeno torna-se menos nitido na proximida- de imediata da lua; quanto mais escura a atmosfera ao fundo, mais claro o fenédmeno. Estaremos sendo vitimas de uma ilusao, desta vez? Para desco- buir, inserimos uma ocular plana-convexa com aumento de aproxi- madamente 5 vezes na extremidade em que se observa e olhamo: através dela. O campo circular huminoso esté agora mais amplo; os 106 pontos e listras de luz parece maiores e mais nitidos. E imposstvel aumentar impressdes subjetivas de luz; portanto, o fendmeno deve ser objetivo. Além do mais, o tremeluzir nao € perceptivel ao longo das paredes escuras internas do tubo; ele est4 confinado estritamente segdo huninosa do disco e, portanto, nao pode ser uma sensa¢éo “subjetiva”. Isolamos uma 4rea limitada e estamos agora em posi- do de examinar o fenémeno cuidadosamente, sob condicdes que eliminem a luz difusa da atmosfera como fator. Porém, em primeiro lugar, faremos algumas melhorias no orgonoscépio primitivo que improvisamos: TA: tela de arame, dos dois lados do disco C: disco de celulose, superticie extemna fosca ME: cilindro de metal, com cerca de 10 cm de comprimento ¢ 5 cm de fargura Li lente biconvexa, aumento de cerca de 10 vezes, focalizada no disco T; tubo telescépico, de 30 a 60 cm de comprimento, cerea de 5 em de largura EP: ocular, 5 vezes, para aumento adicional Figura 8. O orgonoscépio Apontamos o nosso tubo em direg’o ao céu escuro da noite em frente ao espelho de um bom microscépio, equipado com lentes 107 apocroméaticas. Usamos uma lente objetiva de 10 vezes e uma ocu- lar de 5 vezes de aumento. Nossos olhos precisam se acostumar com. © escuro durante vinte e cinco minutos, aproximadamente. O mi- crosc6pio reflete os fendmenos luminosos no céu com total clareza. Cada lampejo de luz é claramente discernivel. Removemos a ocular do tubo. Agora, 0 tremeluzir é visto em escala menor, mas é mais intenso; néo podemos mais distinguir lampejos isolados de luz. Os fenémenos podem ser atribuides 4 névoa na aimosfera? Tentemos observar o fendmeno em noites nebulosas ou enevoadas. Nao demora muito para ver que os fendmenos ou so muito fracos, ou desapareceram completamente. A neblina ou a névoa nito provoca 0 tremeluzir no campo circular. O movimento de particulas luminosas ne campo do microscépio nada tem aver com o movimento do nevoeiro. Por meio de observaciio cuidadosa, conseguimos estabelecer que os fenémenos luminosos e ondulatérios se estendem por todo 0 céu e se tornam mais fracos somente quando esto préximos das estrelas ou da hua, por causa da luz mais forte. Eles so mais inten- sos nas noites claras e quando a umidade esta relativamente baixa. Quando a umidade se eleva acima de 50 por cento, os fenémenos de radiacdo diminuem em intensidade. Em outras palavras, a umi- dade absorve a radiagic na atmosfera, exatamente como ela absorve a tadiagdo SAPA. A noite, orientamos 0 nosso tubo para diversos lugares — para 0 solo, o pavimento, terra solta, um gramado, paredes e assim por diante. Vemos os mesmos movimentos de particulas luminosas. Eles siio mais pronunciados na terra do que no asfalto, Apontamos © tubo para grossos arbustos a uma distancia de cerea de 10 cm, afastando 0 tubo lentamente da folhagem e, depois, voltamos para ela. Sem chivida, os fendmenos sao mais intensos nas folhas do que nas cercanias. Eles parecem provir das prdprias folhas. Olhamos para uma variedade de inflorescéncias. Os fendmenos de radiagao so mais intensos perto da flor do que na haste. ‘Terra, paredes, arbustos, grama, animais, a atmosfera, todos exibem os mesmos fendmenos. A concluséo de todas essas desco- bertas é inescapavel: os fenémenos de radiagio estiio presentes em todo 108 lugar, apenas com variagGes de densidade e intensidade da energia. Talvez tivéssemos descjado descobri-los em alguns lugares ¢ nao , em outros. Dai a descoberta nao teria sido tao esmagadora. Porém precisamos nos ater aos fatos, por mais estranhos que comecem a parecer agora. 3. CRIANDO UM ESPACO CIRCUNSCRITO PARA A RADIACAO ETORNANDO-A VISIVEL OBJETIVAMENTE A radiagao orgone estd em todo lugar. Este fato torna dificil plane- jar experimentos com ela. Para descrever o fenémeno com precisio, € necessério isolé-lo e determinar seu significado, comparando-o com um fenémeno diferente. Devemos criar um espace circunscri- to no qual a energia possa ser isolada. Desejamos averiguar se é possivel aprender algo novo em um aposento completamente escuro. Deixamos passar cerca de meia hora para que nossos olhos fiquem plenamente acostumados com a escuridao. Durante esse tempo, todas as impressdes luminosas sub- intone dovas"aesapaccend-e neater wands sertao prev, "quer alder, naga. Olhamos pelo nosso tubo na escuridio. Nada vemos! Este experi- mento apenas confirma 0 fato de que, na escuriddo absoluta, o ne- grume prevalece. A radiagéo desapareceu e estamos prestes a abrir mao de toda preocupagdo com esse “problema estipido”. Muitos ‘nao iriam mais adiante a partir deste ponto, mas isso nfo é pesqui- sa. Nao podemos simplesmente ignorar o fato de que estabelece- mos, para além de qualquer diwida, a existéncia de um fendmeno estranho ao ar livre. Ele nao pode ter parado de existir. Entretanto, convicgao e prova sao duas coisas diferentes. Como as propriedades de nossa radiagaio atmosférica nos siio desconhecidas, somos obrigados a trabalhar com aparatos usados em territdrios j conhecidos quanto as energias. Podemos usar uma gaiola de Faraday, um cercado que tem paredes feitas de tela de arame, de ferro ou cobre, cuja fungao é oferecer um espaco fechado que nao pode ser penetrado por ondas eletromagnéticas provenien- 109 tes do exterior. A propria gaiola esta livre de campos eletromagnéti- cos, porque todas as ondas eletromagnéticas que convergem sobre ela do exterior séio pegas pela malha de cobre e aterradas. (Se vocé dirigir sobre uma ponte com uma superestrutura de metal, 0 radio do seu carro ird parar de funcionar. O principio é o mesmo que 0 da gaiola de Faraday.) Experimentos delicados com 0 oscilégrafo podem ser realizados na gaiola sem risco de interferéncia. Agora construimos uma gaiola como essa em um canto do pordo. Revestimos as paredes de fio de cobre com placas de ferro no interior, para reduzir ao minimo 0 contato entre o ar interno e 0 ar externo. Deixamos somente poucas fendas ou orificios para que entre ar suficiente para respirar. Entdo nos sentamos em uma gaio- la que esté em completa escuridao e deixamos nossos olhos se acostumarem a escuridao. Em aproximadamente meia hora, o negrume dé lugar a um teflexo indefinivel. Estranhos fenémenos de luz irritam nossos olhos. A impressao é de vapores semelhantes a uma névoa, de cor cinza- azulada, flutuando lentamente pelo interior da gaiola. Quando fixa- mos os olhos em um sé ponto na parede, vemos fenémenos lumi- Nosos em movimento. Quanto mais ficamos na gaiola, mais nitidos os fendmenos luminosos. Dentro dos vapores cinza-azulados, obser- vamos pontos de luz de um azul-violeta profundo. Sao reminiscén- cias dos fendmenos visuais subjetivos familiares que acontecem imediatamente antes de se adormecer. Novamente surge o proble- Ima: os fendmenos se dao dentro ou fora de nossos olhos? Quando 0s fechamos, os pontos de cor violeta profunda nao desaparecem. Os nervos Spticos estarao irritados ou os fenémenos de luz nao sao reais? Teoricamente, os fenémenos deveriam desaparecer quando fechamos os olhos e reaparecer novamente quando os reabrimos. Certamente existem imagens consecutivas de natureza subjetiva, claro, mas a questo nao é tao simples assim. Como acontece de os nervos Gpticos ficarem irritados na escuridao completa e por que nao somos capazes de “livrar os olhos” dos fendmenos? Quanto mais prolongada a observacio, mais pronunciados os fenémenos. Por exemplo, em dias secos, ensolarados, lampejos como 110 raios podem ser vistos no cercado de metal, Para eliminar qualquer dtivida sobre a cxisténcia da energia orgone atmosfética, insto meus alunos a se inteirar minuciosamente desses fendmenos. Muitos sujeitos experimeniais desenvolveram uma leve con- juntivite quando ficaram na gaiola de Faraday durante uma hora ou mais. Como os olhos descansam na escuridio completa sob condi- Ges normais, deve haver algo na gaiola que irrite os olhos, excite os nervos épticos e faga com que as conjuntivas oculares se tornem. hiperémicas, Repetimos as observacgGes na gaiola escura até que encontramos algum meio de resolver estes problemas importantes. Por exemplo, podem os fendntenos de luz cinza-azulada e violeta profun- do ser ampliados com uma lente de aumento? Descobrimos que uma boa lente de aumento de fato amplia os pontos e os torna mais niti- dos. Fles se manifestam de duas formas: flutuam quer diretamente em nossa diregao, quer passando por nds. No primeiro caso, observa- mos a seguinte seqiiéncia de impressdes luminosas: Be Cada ponto luminoso parece se expandir e contrair alternada- mente, como que pulsando, Os pontos luminosos que passam por nos seguem uma trajetéria algo assim: oa ann, %, we * “~y Por causa do formate que seu trajeto assume, nés o chamamos de onda giratoria (Kreiselwelle). Sua importancia se tornard clara com o passar do tempo. Os ponios violeta-azulados parecem provir das paredes de metal, em intervalos ritmicos. Depois de duas ou trés horas na gaiola, notamos uma lumino- sidade azul-acinzentada ao redor de nossa jaqueta branca. Os con- tomos de outra pessoa podem ser vistos com dificuldade, borrados, 111 mas sao claramente visiveis. Nao nos desconcertemos com 0 caré- ter mistico e fantasmagérico desse fenémeno. Nada had de mistico nele. A radiac4o parece aderir ao pano e aos cabelos. Colocamos um bom material fluorescente, como 0 sulfeto de zinco, em uma mecha de 1a de algodao, e a prendemos 4 parede oposta a nds. Nao estévamos enganados. A érea da mecha de algodao parece mais luminosa que a drea que a cerca. Através da lente de aumento, vernos a radiagao nitidamente aumentada; pode-se observar 0 tre- meluzir ¢ 08 finos raios de luz que ja nos so familiares. Um disco de papel de sulfeto de zinco foi deixado na gaiola durante varios dias. Agora, ndés o curvamos lentamente. Ele emite uma forte radiagio. Para propésitos de controle, expomos um disco de sulfeto de zinco similar ao ar fresco ou 0 curvamos durante um periodo de tempo prolongado. Em ambos os casos, os fenémenos luminosos desaparecem. Agora, deixamos 0 disco de sulfeto de zin- co de controle na sala de orgone durante alguns dias, Quando o curvamos, novamente descobrimos que os fendmenos luminosos estavam presentes. O disco de papel embebido em sulfeto de zinco absorveu a energia orgone. O objetivo de nosso préximo experimento é tornar a energia orgone dentro da gaiola visivel para quem observa do lado de fora. Cortamos uma janela quadrada com cerca de 13 em de lado, na parede frontal do aparato. Na parede de metal interna, sobre a abertura, colocamos uma placa de vidro Suorescente do tipo usado pata tomar visiveis os raios X’. Na parede externa de madeira, fixa- mos um tubo de metal equipado com uma ocular contendo uma Iente biconvexa com capacidade de aumento de 5 a 10 vezes. O tubo e a lente sdo, ambos, removiveis, de modo que se possa obser- var 0 disco fluorescente com ou sem aumento. 1. fluorescéncia, diferente da lumineseéncia, designa a propriedade de uma substncia de produzir luz enquanto esta sendo afetada por particulas invisiveis de energia. No caso da uminescéncia, 0 efeito luminoso persiste durante perfodos mais curtos ou mais prolongados de tempo, mesmo depois que a substincia nao esta mais exposta ao efeito dos raios. O sulfeto de zinco é uma substincia fluorescente, 0 sulfeto de cdicio uma substancia luminescent. 112, Dentro da gaiola, montamos um bulbo de luz verde do tipo usado pata revelar chapas fotograticas altamente sensiveis. O bul- bo, controlado por um reostato, oferece uma constante luz bacga como pano de fundo para a radiagdo. Nesse arranjo experimental, estamos seguindo o padrao oferecido pela natureza: a tadiacao orgone é claramente visivei em contraste com a luz baga do céu notumo. Para reproduzir 0 tremeluzir das estrelas, furamos alguns orificios de cerca de 3 mm de diametro na parede. Entéo observa- mos 0 aparato do lado de fora em total escuridao. Através dos orificios podemos perceber uma tuz tremeluzindo fortemente, Sua cor é azul. HA bastante movimento observavel no disco fluorescente: é possivel distinguir claramente listras ¢ simples lampejos de luz mo- vendo-se rapidamente na forma de pontos e linhas. Pouco depois, ‘vemos vapores de um violeta profundo que parecem fluir das abertu- tas. A drea de radiag&o visivel é um quadrado nitidamente definido contra o preto da gaiola. O tremeluzir e os diversos fenémenos lumi- nosos s6 sio visiveis dentro do espaco delineado por esse quadrado. Coma lente de aumento os fenémenos de luz so muito mais distin- guiveis. Na verdade, é possivel distinguir os raios um a um. Em tem- po seco, claro, os fenédmenos sao mais nitidos ¢ intensos que nos dias uimidos, chuvosos. A observagSo da radiagaio na gaiola de Faraday melhora bastante com a utilizacdo do orgonoscépio. Como a energia entra na gaiola? A tela de arame deveria aterrar qualquer energia eletromagnética. O interior da gaiola deveria estar livre de quaisquer cargas elétricas; caso contrario, seria impossivel usd-la para realizar delicados experimentos elétricos sem interfe- réncia. Outro problema além desse nos confronta: Pode a energia na gaiola ser eletricidade? Temos agora duas tare- fas centrais 4 nossa frente: 1. Compreender as propriedades da energia radiante, “orgo- ne“, que se tomou visivel agora. 2, Investigar a relagdo entre energia orgone ¢ eletricidade. 113 4. O ACUMULADOR DE ORGONE Aqui devo interromper o rclato do rumo que tomaram os expe- rimentos de orgonoterapia para responder a uma pergunta que deve ter estado presente todo 6 tempo na cabe¢a do leitor atento. Ela diz respeito ao “acumulador de orgone”, discutido sem ter sido mencio- nado pelo seu nome e sem nenhuma explicagSo de como é causado o actimulo de energia orgone atmosférica ¢ como ela é medida. Esta pergunta néo pode ser respondida téo exaustivamente neste texto como realmente mereceria. A cnergia orgone é uma for- ma completamente nova de energia, fundamentalmente diferente da eletricidade e do magnetismo. A investigagao e a definigéo de suas ptopriedades é a tarefa da fisica orgone no terreno da natureza nao viva. Esta pesquisa ainda esta apenas nos seus primeirissimos estagios. O leitor formado conheceré os conceitos aplicaveis & ele- tricidade, mas eles nao podem ser aplicados 4 cnergia orgone. Os novos conceitos fisicos desenvoivides no decorrer de nossos experi- mentos de orgone precisam de uma apresentac3o detalhada, acom- panhada de uma série de experimentos definidos, puramente fisi- cos. No entanto, um relato desse porte excederia o escopo de wn relatério sobre orgonoterapia experimental, e deve portanto ser deixado para mais tarde. No atual contexto, a informagao de inte~ resse mais imediato para 0 leitor é a que concerne ao mecanismo de acumular e medir a energia orgone. Mesmo correndo o risco de ser mal compreendido e interpretado pelos eletrofisicos, eu gostaria de discutir as trés descobertas basicas que demonstram 0 acimulo de enetgia orgone no acumulador de orgone e tornam possivel sua mensuragao. O mecanismo de concentracao da energia orgone atmosférica O acumulador de orgone consiste de um invélucro de material organico: madeira ou, de preferéncia, Celotex, etc. A parede interna 114 estd revestida por uma fina camada de chapa de ferro’. Esse arranjo possibilita uma concentracao da energia orgone atmosférica muito maior que a concentragao atmosférica. OQ mecanismo dessa con- centragdo depende de dois fatos: 1. Material orginico de qualquer tipo atrai energia orgone ea absor- ve. Inversamiente, material contendo orgone atrai pequenas par- ticulas orgdnicas e as retém. 2. Material metdlico, especialmente o ferro, atrai energia orgone, mas depois a repele de nove rapidamente. Inversamente, 0 metal carregado de orgone repele particulas metdlicas. Esses dois fatos, fundamentais para a fisica orgone, podem ser demonstrados experimentalmente ¢ repetidos a bel-prazer da se- guinte maneira. Sob uma coifa de vidro, usada para proteger 0 arranjo das correntes de ar, coloca-se uma esfera de metal sobre ‘uma placa de cortiga ou borracha. Suspendemos um pedago peque- no de cortica de um lado do equador da esfera, a uma distancia de 2 a3mm, eum pedago pequeno de folha de estanho do outro lado, & mesma distancia. Nem a cortica nem a folha de estanho devem estar tocando a esfera de ferro; as duas devem pender livremente. A esfera esté ligada a um eletroscépio através de um fio. Entio carregamos uma vareta de poliestireno (uma vareta de borracha produz uma carga excessivamente fraca) passando-a pelo nosso cabelo uma ou duas vezes sem esfregar. Depois de carregé-la de energia orgone dessa maneira, aproxima-se a vareta da coifa de vidro da aparelhagem experimental ou, melhor ainda, do ponto de metal do eletrosedpio conectado a esfera. Se a carga de orgone for suficientemente forte e a umidade relativa nao exceder 50%, a cor- tiga se moverd na direcdo da esfera de metal e iré aderir a ela duran- te um certo tempo. Essa reagiio significa que a energia transferida do 2. Pode-se sumentar o niimero de camadas, cada qual consistinds de material rganico do lado de fora e de metal do lado de dentro. Assim, pode haver qualquer nuimero de camadas. Utilizaram-se até vinte camadas. [N. do 3. Amer.} 115 cabelo para a vareta possibilitou que a esfera de metal formasse um cam- po de energia em volta dela, em que hd atracio e retengiio de matéria orgitnica. Outros experimentos mostram que o inverso dessa afir- macio é igualmente verdadeiro: 2 matéria orginica atrai a energia orgone ¢ a absorve. ‘Uma vareta de poliestireno nao carregada nao infiuenciard um pedaco pequeno de folha de estanho. Por cutro lado, uma vareta car- regada de orgone atraird a folha de estanho e a reterd rapidamente. A partir daj, tiramos a conclusdo de que a energia orgone e as substéncias orgdnicas se airaem mutuamente; igualmente se atraem as subs- tancias orgdnicas carregadas de orgone e as substiincias metdlicas, Do outro lado da esfera, em que a folha de estanho foi suspen- sa, 0 efeito é diferente. Num primeiro momento, a folha de estanho é atratda peta esfera de metal, mas depois é imediatamente repelida e man- tida @ distancia. O efeito de uma substancia metdlica sobre outra, no campo de energia orgone, & 0 de repuisic. Outra concluséo é que 0 metal, principalmente o ferro, atrai energia orgone. No entanto, ele néio a absorve, mas a repele, (Os experimentos que descrevi s6 podem ser realizados com baixo nivel de umidade.) Estas descobertas séo fundamentalmente novas. Elas tém, realmente, uma relagdo com o conceito confuso de “eletricidade de fricgdo” e com a teoria igualmente confusa de “eletricidade estati- ca”. Tudo isso foi explicado detalhadamente em outro lugar. O sim- pies experimento que descrevi demonstra duas funcdes basicas da energia orgone: a atragiio de substancias organicas e a repulséio de substancias metdlicas no campo de energia orgone. A aplicacao e 0 significado dessas descobertas para o acumulador de orgone se evi- denciardo nos estudos experimentais que se seguem. Mensuragao téronica da energia orgone atmosférica (orgonometria térmica) As paredes de metal do nosso acumulador de orgone sao “frias”. Se mantivermos a palma de uma méo ou a lingua a uma 116 distancia de cerca de 10 cm da parede de metal por um tempo sufi- ciente, experimentaremos uma sensacao de calor e um formigamen- io suave. Além disso, detectamos um sabor salgado na lingua. Se colocarmos um termémetro no mesmo lugar ou, melhor ainda, na parte mais alta do acumulador, e um segundo termémetro fora do acumulador, notaremos, para nossa surpresa, uma diferenga de 0,2° a.0,5°C, se comparados com a temperatura do aposento. Nem a sensagao subjetiva de calor nem a diferenga de tempe- ratura medida objetivamente podem ser atribuidas ao “calor” irra- M ° ): material organice : material metdlico : campo de energia oxgone : esfera de ferro .2 atragao : faisca para a extremidade do eletroscépio repulsio : eletrosc6pio (orgondmetzo) atertado ou nao atertado : conexao de fio CO: carregador de orgone (vareta de poliestizeno) ++: dirego da deflexao Figura 9. Demonstraciio da atragéo orgondtica de material organico e repulsito de material metélico no campo de energia orgone de-uma esfera de metal 17 diado da parede, uma vez que a temperatura na parede de metal é mais baixa que a temperatura a uma distncia de até 10 om. Endo hé fontes de calor na parede ou atrés dela, debaixo do acumulador ou dentro dele. Somos portanto obrigados a atriscar uma hipdtese e ver aonde ela conduz. Sabemos que a radiagao consiste, em geral, de particulas de energia em movimento. Portanto, suponhamos por um momento que as paredes metélicas frias do acumulador irradiam ou refleter energia. Devemos supor o seguinte: se mantivermos a palma da ~ oe ondrutramn erndintizy’a ded aitunca‘ae’e # du cin aa pareue, bloquearemos o movimento das particulas de energia. Quando a ener- gia cinética das particulas esté bloqueada, ela se manifesta como uma sensaciio de calor ou como um aumento objetioo de temperatura, registra- do pelo termémetro. Esta hipétese est completamente de acordo com a fisica de toda radiagdo. O bloqueio de elétrons saindo do cétodo de um tubo de raios X para o anticdtodo gera calor e fend- menos luminosos. Construimos um pequeno acumulador de orgone. Seis chapas de ferro, de 900 cm? cada uma, so usadas para montar um cubo. Na parte externa da chapa de metal superior, montamos um reci- piente cilindrico, medindo cerca de 15 cm de comprimento, em que podemos inserir um termémetro. A temperatura dentro do acumu- lador pode ser lida através de um orificio no recipiente. Para isolar a parte interna do cilindto em relagdo 4 temperatura ambiente, nés envolvemos com algodao, madeira ou alguma outra substancia que ‘seja md condutora de calor. Além disso, protegemos o recipiente do termémetro do exterior com um abajur de vidro. Nenhuma subs- téncia orginica deve ser colocada entre o termémetro e a chapa de metal superior. A consideragao basica que guia nossa construgéo é a seguinte: as particulas de radiagao dentro da caixa esto sendo ricocheteadas de um Jado para outro entre as paredes de metal. Esto bloqueadas de todos os lados. Como o calor aumenta, o lugar mais favordvel para o registro da mudanga de temperatura é acima da placa de metal superior. Deve existir uma diferetica de temperatura entre 0 ar n8 contido no cilindro sobre 0 acumulador e 0 ar no recinto. Chamemos a temperatura do ar no recinto de Te a do ar dentro do cilindro de (0). Se nossa hipstese estiver correta, a diferenca de temperatura, expressa como T(o) —T, deve ser positiva e estar presente constante~ Te) . T Q +— Tio) -T=03' para 1'C —> Lente, focalizada Ferro + no disco de celulose Chumago de algodio Disco de cekulose Madeira. a Balbo verde T(o): Temperatura no cilindro; 1(): Temperatura dentro do acumulador; T: Controle (temperatura do ar no aposento) E: Eletroscépio =»: dirego da radiagdo Tamanho: 28/4 litros Figura 10, Projeto bisico de acumulador de orgone (parcial)* * Nos acumuladores projetados pata fins terapéuticos, a madeira costuma ser substitu(da por Celotex, © algodio por 1 de vidro e a placa de metal por palha de ago, com excesdo da folha de metal rigida usada para a camada mais interna. 119 mente. Nao sabemos ainda qual a sua magnitude. Medigées reali- zadas durante diversos dias indicam uma diferenga constante de temperatura, variando entre 0,2° e 1,8°C. A média aritmética das diferengas de temperatura, obtida a partir de medigGes realizadas varias vezes por dia durante um certo niimero de dias ou semanas, chega a 0,5°C, aproximadamente. Como nao introduzimos nenhuma fonte constante de calor dentro da caixa, a diferenga de temperatura deve ter origem no bloqueio das particulas de radiagao. Vamos agora resurnir 0 que pudemos aprender até agora sobre a energia orgone: 1. Substincias orgdnicas absorvem energia. 2. Substdincias metilicas a refletem. 3. O.blomyein de enervig cinética.ngt syalayer obsttcuda de metal... leva aum aumento da temperatura local. Neste ponto notamos uma deficiéncia em nossa construgdo. As paredes de metal descoberto, expostas tanto ao exterior quanto ao interior, iradiam a energia e o calor produzidos para fora e para dentro simultaneamente. Para melhor separar o ar dentro do acu- mulador do ar atmosférico ao seu redor, envolvemos a caixa de metal com um material organico, como chumaco de algodao. Para tornar a construgéo mais sdlida e melhorar a sua aparéncia, cons- trufmos uma segunda caixa ao redor dela com madeira compensa- da ou celotex. Tornamos acessivel a parte de dentro através de uma porta na parede frontal. . Assim, a parte externa do aparato consiste de material organico, a parte interna de material metdlico. Como o primeiro absorve a energia 0 tiltimo a reflete, daf resulta um actimulo de energia, O envoltério organico absorve a energia da atmosfera e a transmite para o metal no interior. O metal itradia a energia para fora, dentro do algodao, e para dentro, dentro do espaco aberto interno do acumulador. O mo- vimento da energia para dentro é desimpedido, enquanto aquele para fora é bloqueado. Por esse motivo, a energia pode oscifar livre- mente dentro, mas nfo fora. Além disso, uma parte da energia emi- tida pelo metai para fora é absorvida pelo chumago de algodio e 120 (0), suunzosadway ap suduasofip ap ovdtpayy TT manStq opingpaf ooo] wa E+ D.1 580 = L- OL ——_——> 121 retroalimentada ao meta!. Como a energia penetra o metal é algo que nao sabemos. $6 sabemos que o faz, uma vez que os fendme- nos subjetivos € objetivos séo significativamente mais intensos dentro do acumulador do que 0 s&o fora dele. Depois que 0 metal foi coberto, descobriu-se que a diferenca de temperatura T(o) - T é niais constante, e que, em média, ela é maior. Projetamos um acumulador que confina e concentra o orgone. Como controle desses resultados, realizamos medicGes dentro, fora e acima de uma caixa do mesmo tamanho, porém construida unicamente de madeira ou papel. Estabelecemos, para nossa com- pleta satisfagio, que em uma caixa dessas as temperaturas sio completamente igualadas: todas as temperaturas s4o as mesmas. As diferencas de temperatura ocorzem apenas quando recobrimos a parte interna da caixa com metal. Medigao do orgone ao ar livre Durante o verao de 1940, enterrei uma pequena caixa de orgo- ne na terra, no meu jardim, ¢ observei subseqiientemente uma dife- renga de temperatura constante. Porém foi 86 depois de fevereiro de 1941 que descobri o qzianto essa diferenca era maior do que aquela registrada em aposentos fechados. Em um dia ensolarado mas frio, com vento, 15 de fevereiro de 1941, enterrei um acumulador no chao a uma profundidade de dois tergos de sua altura, ¢ de tal maneira que o termémetro da caixa () ainda estava acima do nivel do chao. A caixa, junto com o recipiente do termémeiro no topo, foi colocada em uma segunda caixa de pape- lao. Preenchi 0 espaco entre as caixas com algodao e raspas de madeira, depois cobri toda a aparelhagem com um cobertor de Ja, (O espago em que se mede a temperatura deve ser bem protegido con- tra a baixa temperatura exterior para reter o calor produzido, é claro.) Coloquei um termémetro de controle (I) por um orificio em um vaso de vidro e enterrci 0 vaso a uma profundidade de cerca de 10 cm no chao, de modo que o bulbo do termémetro estivesse abaixo do nivel do chao. Coloquei um segundo termémetro de controle descoberto (iil) dentro da terra, a uma profundidade de 2,5 cm. Também utilizei 122 um segundo termémetro de controle (Ia) para medir a temperatura do ar acima do chao, a uma altura semelhante a altura da caixa do termémetro, as vezes com e As vezes sem cobertura protetora contra o vento. Os trés termémetzos foram constantemente intercambiados. (A Figura 12 ¢ a tabela que a acompanha nas paginas 124-5 ilustram o arranjo € os resultados desse experimento.) Neste arranjo, T(o) ~ T é muito maior do que num ambiente fechado, provavelmenie por causa da eliminacdo dos efeitos da radiagdo orgondética secundaria das paredes e da superficie da mesa, que reduziriam a diferenga. Ao ar livre ¢ sem sol, T(e) — T varia ent torno de + 2°C. Para ter certeza desses resultados, continuei o experimento no decorrer da noite e no dia seguinte, 16 de fevereiro, até 17 de feve- reiro de 1941. Deixei a aparelhagem exatamente como estava ao ar livre, mas tirei o cobertor de 1; isto 6, deixei a aparelhagem esfriar tanto quanto fosse possivel nas temperaturas congelantes da noite. As 9h30 da manha de 17 de fevereiro, a temperatura do ar era de ~1°C, a temperatura do solo era de 0°C. Embrulhei novamente a aparelhagem no cobertor de IA e inseri o termémetro, que havia tegistrado anteriormente a temperatura do ar em -1°C, dentro do cilindro, no topo. O merctirio comegou a subir e, depois de algum tempo, atingiu +2,3°C. A temperatura do ar ainda permaneceu cons- tante em -1°C, c a temperatura do solo em 0°C. O registro do ar dentro do vidro enterrado foi de +0,9°C. Esse experimento foi conduzide com o propésito de refutar uma objeciio especifica de um renomado fisico. Em janeiro de 1941, poucos meses depois da descoberta da notavel diferenca de tempe- ratura, Albert Einstein colocou um pequeno acumulador de orgone na sua casa, em Princeton, Nova Jérsei. Em ura carta subseqiiente, ele me confirmou a existéncia de uma diferenga de ternperatura no acumulador, porém descobriu, além disso, uma diferenga de tem- peratura entre a parte de baixo e a parte de cima da mesa em que o acumulador foi colocado. Essa descoberta naturalmente abalou a validade da leitura no acumulador. Um dos assistentes de Einstein, Leopold Infeld, concluiu que a diferenga de temperatura no acu- 123 souoqoy ia) 124 L-OL 80-1 osmaousy Str ste 2010 2 ceUut epeedanan OL we Ott 80 0 2 CONST epesad anon ST fo tte OO Vt cous epesedanax BL wt ct 20D DT COURT epesed aan ET ot stt 20 2 £0- L' COUET. epesadanax ZT wi sth LO Ost vpesad ana TT qupSesempy ep UP oPMqM ORs, ge TF OORT epesdaneN OL “peu ep ‘copa ou ay MEANY OpEDO|OD ef ap 30139907) onus osomgeu soyous oyue7P AMR Oe woud oeedy e+ TH LOH OL AMAL yEwePODM —g J ete 800 ap emgeiadivay, ‘opmowrar yap 72409 eeprdnomany soghpam e+ LTH FO AV ayourpur foumouemmop ‘oquause|au0> “onwaureafnas ap seanyeradusa) ap smyeradina, ap sopayg u@eUluede aqos Flap roe E+ a 0 60 OOULT | equioseuoRdy 4, onuataepu0> ‘oquoutejsSu00 9p semyezades3} ap emendoa, ap sovtayy um Seued e anges wap soneqe) = I+ KO O99 OIL PqMOSeNOWERdy — 9g eos opserper eporseumuga weRS YQ? 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No entanto, esse assistente deixou de verificar sua interpretagao da diferenca de temperatura anteriormente confirmada simplesmente realizando medig6es ao ar livre e dentro do solo, onde nao pode haver uma questao de “convecc&o do calor proveniente do teto para o topo da mesa”, Acredito que estas descobertas sio inequivocas: 1. O chao e a atmosfera contém uma energia mensurdvel como calor na nossa aparelhagern. 2. Essa fonte constante de energia-calor pode atingir valores térmi- cos altos somente com um determinado arranjo de materiais. Para efetuar uma elevagdo na diferenca de temperatura, deve haver material organico do lado de fora e material metdlico do lado de dentro. O experimento também demonstra a importancia do arranjo de material em relacao a radiac4o do solo e do sol. Na sombra, em que a influéncia da radiag&o solar sumiu, T(c) - T cai, em relac&o a todas as medicdes de controle, de cerca de +5°C para cerca de +2°C. O termémetro de controle inserido em um vaso de vidro e, portan- to, exposto apenas de maneira minima 4 radiagao da cnergia orgo- ne no solo registra uma diferenga de apenas 1°C, aproximadamen- te. O acumulador, por outro Jado, o aparato mais eficiente que jé foi construfdo para absorver e acumular a energia orgone, registra valores bem mais altos — maiores do que +2°C. A queda de temperatura ao ar livre sob condigées climaticas de rongglamante rata. @ farmémater da. aia, a despite, da isalas mento. Entretanto, a diferenca de temperatura permanece constan- te dentro de determinados limites inferiores e superiores, dado o fato de que as temperaturas T(0) e T caem de forma parniela. Os resultados de leituras experimentais por um perfodo de aproxima- damente trés horas foram os seguintes: 127 TO =11A4'l ry) T7268" T@s ihre 7368 TO = 95'ly1) rego Tar) = 33 Pe 60 T@= 65° 5 sh Te) -T=5,9" T (ar) Conclusées experimentais 1, Quando a aparelhagem é construida e montada de acordo com a descricito, sem uma fonte constante de calor de qualquer tipo conhecido, existe, sob todas as circunsténcias, uma diferenca de temperatura entre o termémetro da aparelhagem e o termémetro de controle. 2. A medi¢ao ao ar livre demonstra uma radiagdo do solo que se manifesta nas diferencas de temperatura, cujo grau varia de acordo com 0 arranjo dos materiais componentes. A diferenga de temperatura ao ar livre varia com acréscimos ¢ decréscimos na intensidade da radiagio solar, e também com o ho- rario do dia. Nos dias de vero, sob sol forte, diferengas de até 20°C nao sio incomuns. & claro que o termémetro org nunca é exposto diretamente aos raios do sol. A medicao termométrica da radiagio orgone proveniente do sol também pode ser realizada utilizando outros arranjos. O vinico ingrediente essencial de tais experimentos é uma definicdo tigorosa e clara da base comparativa das medigées. T(9) pode ser mensurado em contraposicao ao T do ar ou do solo. O To) do ar deve ser dife- tenciado do T(e) do sclo. Do mesmo modo, deve-se fazer uma dis- tingdo entre medigdes realizadas dentro de um cilindro de metal colocado verticalmente sobre uma chapa de metal ¢ as realizadas dentro de um cifindro de metal sem chapa de metal. Os diagramas que se seguem ilustraro alguns métodos principais de medigéo das temperaturas da energia orgone: 128 a b e a © ‘ ® Radiagéo cn Solo Soio Bolo termémetro de controle ne solo termémetro de controle no ar tubos de metal em diversas posigdes, com e sem bloqueio de radiago tubo colocado em uma inclinagao; bloqueio de radiagdo em h e k Figura 14. Diferentes métodos para medir T(o) —T no solo ¢ na atmosfera 129 Os resultados podem ser resumidas como se segue: o aumento de temperatura em um tubo de-metal é maior acima de uma chapa transversal de metal do que na auséncia desta. Em tempo chuvoso, as diferengas de temperatura ou séio mini- mas, ou desaparecem completamente. Com forte radiag’o solar, as diferencas de temperatura reapa- recem e atingem aitos vaiores. Para obter 0 efeito de radiagao orgone, deixamos os tubos aber- tos, Para produzit a diferenga de temperatura, fechamos os tubos com chapas de metal e fazemos as medigdes acima das chapas. O fisico tedrice experiente verd prontamente a diferenga cons- tante de temperatura orgondtica como uma descoberta que invali- daria a segunda lei da termodindmica, & verdade que hd um processo na natureza na direco de uma entropia crescente, 0 que equivale dizer que “o universo esta parando por falta de corda”. No entanto, hd outro processo de energia, um processo orgondtico, que funciona na direc&o oposia, em diego a uma restaurago da energia que foi perdida no processo que se direciona para a entropia crescente. Este problema teré de ser elaborado em um outro contexto. Demonstragie da atragio orgonética no campo de energia do acumulador de orgone Preparativos: Aproximamos uma boa agulha magnética de um acumulador de energia orgone com 28/4 litros de espago interior, da seguinte maneira: 1) em direg3o ao centro das quatro bordas supe- riores; 2) em direco ao centro das quatro bordas inferiores. Resultado: O pélo norte magnético se fixa consistentemente em direg3o ao meio das bordas superiores, enquanto o pélo sul magnético se fixa em diregdo ao meio das bordas inferiores. Conclusdo: A reacao do campo de energia do acumulador de orgone é de natureza orgondtica e ndo magnética. Prova: 1) a atragdo magnética emana somente de determina- das partes do ferro, a saber, das extremidades em vez do meio; 0 130 meio nio é magnético. 2) Os pélos de atragéo magnética (sul ow norte) no sao intercambidveis, a no ser que se magnetize nova mente um ima fraco através de um ima mais forte. Se o efeito de atragdo do acumulador de orgone tivesse uma natureza similar a0 magnetismo do ferro, a agulha magnética se moveria sempre na diregdo do centro das bordas, independentemente do modo como deslocamos ou viramos 0 acumulador. Porém a verdadeira reagio da agulha magnética é diferente. Nao importam quais as bordas colo- cadas no plano inferior, lateral ou superior, a agulha magnética sempre reage da maneira descrita, isto é, seu pélo norte se fixa consistente- mente em diregdo ao centro das quatro bordas superiores, seu pélo sul em diregdo ao centro das quatro bordas inferiores. A atrago que emana do acumulador de orgone, portanto, no se limita a partes especificas do material e, conseqiientemente, no pode ser de natu- reza magnética, A reagdo depende claramente da posicao do acu~ mulador de orgone no campo da atmosfera orgonética da terra. A conclusdo que deve ser tirada da avaliacdo cuidadosa de todos os fatos experimentais e tedricos é que o campo de energia da terra nao ¢ de natureza magnética e sim orgondtica, mantendo uma rela- go bem definida com os polos magnéticos sul e norte da terra. E provavel que o préprio magnetismo venha a ser comprovado como uma fungio particular da energia orgone césmica. Muitos cientistas j4 duvidam da natureza magnética do assim chamado magnetismo terrestre. Utilizagio do eletroscépio estatico para a demonstracio mensuragao de energia orgone: orgonometria cletroseépica As medigSes de diferenga de temperatura T(o) - T mostram que existe uma energia irradiando dentro do acumulador. Mas elas nada dizem sobre a natureza dessa energia. Além do mais, os fend- menos luminosos subjetivos produzem pouco conhecimento sobre a qualidade da radiagao, embora sejam extremamente impressio- nantes e convincentes. 131 No decorrer de meses, varias vezes por dia, medimos sistema- ticamente a descarga do eletroscépio, dentro do acumulador, em um aposento e ao ar livre. A seguinte premissa fundamenta 0 nos- so experimento com medigées eletroscépicas: eletroscépios de 1é- mina, carregados, descarregam mais rapidamente em at fortemente ionizado do que em ar que é pouco ou nada ionizado. (O termo “ar ionizado” significa ar contendo unidades eletronegativas, isto é, “elétzons") O ar de um aposento pode ser “ionizado” por raios X ou raios ultravioletas de uma l4mpada solar. O ar em grandes alti- tudes tem uma ionizacfio muito mais forte do que o ar nas plani- cies. O ar fortemente ionizado causa essa descarga répida porque atua como um condutor entre todas as partes do eletroscdpio, de modo que a carga das paredes de metal e ada lamina sao igualadas mais facilmente do que em ar néo ionizado, que é um mau condu- tor. As medigdes cletroscépicas no estudo dos raios césmicos se baseiam nesse principio. Pode-se esperar o seguinte resultado possivel da medigao de descargas eletroscépicas fora e dentro do acumulador de orgone: 1. O eletroscépio descarrega com igual velocidade dentro e fora do acumulador de orgone. Isto significaria que no hd diferenca entre a carga do ar dentro da aparelhagem e a carga fora dele. Assim, no ‘hé uma maior concentragao de energia orgone atmosférica dentro; nesse caso, o fendmeno da diferenca de temperatura permaneceria incompreensivel. 2. O eletroscépio descarrega com maior rapidez dentro do que fora do aeumulador de orgone. Isto significaria que o ar dentro do aparato é ionizado mais fortemente do que o ar fora; isto 6, ele contém mais car- gas elétricas negativas (elétrons). Nossa energia orgone seria entiio idén- fica @ eletricidade negativa. Isto também tomaria incompreensivel o fendmeno de absorso de energia orgone pelos materiais orginicos. 3. Ocletroscépio descarrega mais lentamente deniro do acurnulador de orgone do que fora dele. Isto implicaria que a energia orgone é algo diferente da eletricidade negativa, Seria portanto necessdrio explicar a descarga mais ienta do eletroscépio dentro do acumulador, de modo que se concluisse que o eletroscépio esta registrando uma concen- 132 tragiio de energia orgone. Apenas nesse terceiro caso, os fenénwenis subjetivos, a diferenca de temperatura c a velocidade de descaryr do eletroscépio teriam consisténcia uns com relagio aos outros ¢ se tornariam compreensiveis. Nossa teoria de orgone teria entéo um avango considerdvel, jé que diversas manifestagdes da energia deri- variam agora de um sinico principio. As medigGes registradas sistematicamente dentro ¢ fora do acumulador demonstram, de fato, que o eletroscépio descarrega mais lentamente dentro do que fora. Postergando por ora qualquer discusso do porqué e do como de nossa observacao, simplesmen- te o registramos como um fato, do qual concluimos: 1. A tensa de energia dentro do acumulador é diferente da que hé fora dele, Isto implica uma diferenca de potencial entre o interior ¢ 0 exterior. O que nao sabemos € se 0 potencial é mais alto dentro ou fora, ou se é 0 inverso. 2. A energia dentro do aparato nito pode se originar de uma ioniza- go mais forte do ar interno; caso contrario, 0 eletroscépio descarregatia dentro dele mais rapidamente, nao mais lenta- mente. Portanto, se a presenga de energia dentro do acumu- lador é inquestionavel, mas nao se deve a elétrons, o que 6? Poderia ser outra forma de energia. Seja qual for o caso, nao é ele- tricidade negativa. Embora uma descarga igual ou mais répida dentro do acumu- lador pudesse ser facilmente justificada dentro do quadro de refe- réncia das teorias conhecidas, é dificil explicar a descarga lenta que nao previmos. Neste ponto, somos auxiliados pelo fato de que carregamos o eletroscépio extraindo energia de mechas de algodao ou celulose. ‘Também podemos carreg-lo com nosso cabelo (gue deve estar seco) através da utilizagao de uma vareta de poliestireno ou de um. disco de cetutose, dado que ambos absorvem esta energia do cabe- Jo. A energia est presente no ar tanto dentro como fora do aparato, mas em concentragées diferentes, como demonstra a diferenga na velo- 133 cidade de descarga. O eletroscépio tem acesso ao at através do dis- co no topo e de outros orificios, e seu invélucro é aterrado. A ener- gia transmitida para ele através da radiagao solar ou do nosso corpo 4ditwerdurtiovamentte para a atmoétera circuniaarite no processo ae descarga. Sentimo-nos agora justificados para considerar a seguin- te hipotese: Quanto mais baixa a tensio da energia do ar, em comparagio com a carga do eletroscépia, mais rapidamente ele liberard a energia com a qual ‘foi carregado, Quanto mais alta a tensio de energia do ar circundante (isto €, quanto menor a diferenca entre a tensiio de energia do eletroscépio ea do ar circundante), mais lentamente o eletroscépio descarregard. Essa hipotese esté de acordo com as leis da energia em geral. A Agua flui tanto mais rapidamente entre dois recipientes posiciona- dos um sobre o outro quanto maior for a altura entre os dois. A velocidade do fluxo depende do grau de inclinagao da queda ou, em outras palavras, da extensdo da diferenca de energia posicional (po- tencial). A chapa metdlica do eletrosc6pio pode descarregar mais rapida- mente no ar de baixa tensio de energia do que no ar de alta tensiio. Aqui, estou deliberadamente tentando tornar compreensivel a diferenga de velocidade de descarga em termos da teoria tradicional da dife- renga de potencial. Demonstrou-se em texto anterior que outra interpretacdo, puramente biofisica, faz melhor justica aos fatos*. Essa caracteristica da nossa energia 6 nova. Ela nao se explica por ionizagao: o eletroscépio descarregaria mais rapidamente no ar com uma alta carga elétrica. O fato de essa energia no poder, por- tanto, ser eletricidade, é inescapavel, porém perturbador, porque uma energia que influencia um eletrosc6pio e ndo é energia eletromag- nética soa implausivel. Devemos considerar outra possivel objecio, a de que a descar- ga espontanea do eletrosc6pio é mais lenta dentro do que fora do acumulador porque a circulagao de ar dentro do aparato é mais Jen- ta do que fora. Por conseguinte, a troca de fons de ar acontece mais 3. Ver “Pulsacdo Orgondtica”, International Journal of Sex-economy ana Orgone Research, outubro de 1944. 134 Jentamente dentro do acumulador do que fora dele, causando assiis a descarga mais lenta. De acordo com esse ponto de vista, o fend meno poderia portanto ser explicado no contexto da teoria de fons, isto é, da cletricidade. Testa-se essa objecao facilmente. Medimos exatamente a velo- cidade de descarga de nosso eletroscdpio fora do acumulador. De- pois o carregamos mais uma vez até precisamente o mesmo nivel e aceleramos a circulac3o de ar em volta dele com o auxlio de um ventilador elétrico. Resultado: ¢ ventilador nao afeta a velocidade de descarga. A diferenca de velocidade de descarga niio pode ser atribuida a circulagao de ar. Nossa energia se comporta diferentemente da eletricida- de, A velocidade de descarga eletroscépica depende unicamente da tensio de energia atmosférica que, por sua vez, é determinada pela densidade ou concentracio de particutas de orgone por unidade citbica de ar. Como nossas observacGes mostraram, a energia no aparato esté mais concentrada do que ao ar livre. A designacao “acumulador de energia atmosférica” é, portanto, exata. Teoricamente, eletroscépios fechados nao deveriam perder sua carga. O fato é, no entanto, que eles na realidade se descarregam espontaneamente. Esse fendmeno é chamado por fisicos de “vaza- mento natural” e é atribufdo a umidade do ar. Assit, estamos medindo na realidade o fendmeno designade como“vazamento natural" do eletrosco- pio. Nao selamos hermeticamente o ar dentro do eletroescépio, mas permitimos intencionalmente o acesso ao ar exteno. Assim, determi- namos com preciséo 0 mesmo fenédmeno que 0 fisico, a0 medir o efeito de uma fonte de radiacao elétrica, procura excluir. Na medida em que nao tem sucesso ao fazer isso, ele subtrai o efeito dos fons dos resultados, porque até agora o “vazamento natural” ainda no foi compreendido. A descarga espontiinea do eletrascépio “sem motivo apa- rente” nada é seniio o efeito normal da energia orgone atmosférica. HA ainda outra objecao possivel: o cletroscépio descarega mais lentamente dentro do acumulador do que fora dele apenas Porque as paredes internas de metal isolam o interior do acumula- dor contra o efeito de substancias radioativas. Refuta-se essa obje- ho do seguinte modo: 135 1. Nao importa onde se posicione o acumulador, 0 fendmeno da descarga mais lenta no interior da eparelhagem sempre esta presente, como o é a diferenga de temperatura. Eim- provavel que “substéncias radioativas” estejam presentes por toda parte. . Se 0 efeito devesse ser atribuido a substincias radioativas fora do aparato, entéo a descarga teria de ser mais r4pida dentro de uma simples caixa de madeira do que em uma cai- xa de madeira protegida contra a radioatividade pelas chapas de metal no exterior. Na realidade, a descarga do eletroscé- pio é mais répida quando a caixa de madeira & cober'a por fora com chapas de metal. Esse fato refuta a objegio e é outra con- firmagao da exatiddo de nossa descoberta. v Determinacio quantitativa do orgone A energia orgone se manifesta em diferengas de temperatura e om variacécs da velocidade de descarga eletroscépica no acupmula~ dor de orgone. Esses fatos podem ser utilizados como a base de imedicées quantitativas de orgone, Em primeiro lugar, determina- mos que uma unidade de energia orgone serd conhecida como 1 org. Lim ong pode ser definido como a quantidade de energia orgome mus espaco de 28,4 litros, que corvesponde & manutenetio de uma diferentcn de temperatura T(o) ~T de 1°C por uma hora, de acordo cont a formula: torg= (To) -T)-t-? T(o) - T sendo a diferenca de temperatura em graus centigrados, to tempo em horas ¢ fo volume em pés ctibicos ‘A quantidade de energia orgone, isto é, ¢ nrimero de particulas de energia orgone por unidade de espaco (org), deve ser discrimi- nada da tertsdo de orgone (op). Definimos como 1 op aquela carga de orgone atmosférico que, no periode de tempo de uma hora (T, bor, * Um pé cibico equivale a aproximadamente 28,4 litros. [N. doR.T] 136 ¢ 3600"), diminui a carga de um eletroscépio estatico em uma uni dade (Eo — Er = 1). Se 1 op (atm) designa a unidade de tens&o orgone atmosférica, Eo a carga do eletroscépio, Er a carga do eletroscépio restante depois da leitura, (Eo - Er) a quantidade de descarga e to tempo em horas, entéo a seguinte formula representa a tensio de orgone atmostérico ao ar livre ft oP Eo- Er O op dentro do acumulador de orgone pode ser discriminado do op da atmosfera acrescentando a designagao “accu”. Op tam- bém pode ser expresso diretamente em hora-org, minuto-org ou segundo-org, conforme uma unidade de carga do eletroscdpio des- carregue em uma hora, um minuto, um segundo ou em fracdes ou mmiltiplos dessas unidades de tempo, como nesta tabela: Thora op = 60 minutos-org (6010) 0,73 op=45 minutos-org (45'0) 0,5 op=30 minutos-org (00) 0,25 op=15 minutos-org (15'0) 0,16 op= 40 minutos-org (10°) 0,1 — op= S$ minutos-org ( 6'0) 0,05 op= 3minutos-org ( 3'0) 0,015 op= 1minuto-org ( 1'0) 0,00025 op = 1 segundo-org (1"0) Suponha, por exemplo, que uma unidade de carga do eletros- cépio descarregue em trinta minutos. Portanto, o op sera 95) P= 4 (Eo — Er) =05 ow op = 30' org Se, por exemplo, a carga total do eletrosc6pio Eo = 5 org (equi- valente a 630 volts) é descarregada em vinte minutos, entaéo 137 33) 52013 Bp By OP ou op = 4' org (4 minutos-org) Acscolha de um método de célewo ou do outro é totalmente uma questao de conveniéncia A-catga de orgone do eletroscépio de lamina estatico também pode ser expressa cm unidades eletrostaticas. Uma “unidade ele- trostdtica” esta fixada internacionalmente em um valor de aproxi- madamente 300 voits, Carregamos um eletroscépio com enezgia do cabelo até que a lamina do eletroscdpio fique defletida a 45° ou 90°. Pode-se obter o mesmo efeito aplicando uma alta voltagem ao ele- troscopio. Lima unidade de carga-org corresponde, entio, 4 voltagem necessiria para produzir a mesma deflexdo de urna lamina de eletroscépic. Através deste método, descobrimos que sit so deslizamento suave no cabelo pode drenar quantidades de energia equivalentes a cen- tenas de volts O instrumento usado para fazer essas medigdes é um eletros- cépio estético com uma lamina de aluminio, A calibragemn da volta- gern desse eletroscépio no laboratério da Radio Corporation of Ame- rica apresentou 0s seguintes valores: Divisdes de esoata Volts 1 135 2 4180 | Aproximadamente 3 225 [ 45 volts por divistio 4 270 5 330 $ Aproximadamente 8 60 volts por divisio Padrdio: 1 org, ! 9 420 volts. 10 Aproxmadamente 100 volts por divisio 138 Utilizando o método de deslizar um disco de celulose sobre o cabelo, nés sempre carregamos 0 eletroscépio até a décima divisiv de escala, isto é, até uma carga de energia equivalente a aproxima- damente 630 volts, depois deixamos que descarregasse duas divi- sdes da escala, isto 6, 0 orgone equivalente a 120 volts, no ar cir- cundante. As divisées da escala (8-10) correspondem, portanto, a uma unidade de carga de 1 org, isto é, 120 volts, Se um eletroscépio que foi carregado até a décima divisdo da escala com energia orgone equi- valente a 630 volts descarrega em uma hora (sessenta minutos) 1 org (= 120 volts), entdo a tensdo de orgone {op) do ar circundan- te € 1 hora-op ou 60 minutos-op. Em outras palavras, 0 eletroscépio descarregou no ar a taxa de 2 volts por minuto. A unidade 1 org foi determinada pela diferenga constante de temperatura T(o) — T em uma hora em um acumulador de 28,4 litros. Eletroscopicamente, 1 org se define como 0 equivalente a 120 volts. Se cssas duas determinagdes da unidade 1 org sao equivalen- tes, isto é algo que ainda nao se sabe. O fato de que as curvas que representam T(0) —T e a tensao de orgone atmosférico (op atm) so paralelas pareceria indicar isso. No entanto, sera necessdria uma investigacao posterior para chegar a uma resposta definida. Eu gostaria de relatar agora os resultados de algumas poucas medigdes que revelam alguns fatos extremamente interessantes sobre a tensao de orgone na atmosfera ¢ a relagdo dessa tensdo com a tensdo no acumulador. Certamente, o que estou apresentando aqui sao apenas esbogos; é preciso um trabalho mais intensivo por um periodo de tempo extenso para preencher todos os detalhes. Mas os pontos essenciais estao claros. A Figura 15 apresenta os gra- ficos de trés curvas de tens&o orgone superpostas: op (atm) repre- senta a curva de variagées didrias na tensao orgone atmosférica, medida regularmente ao meio-dia; op (r) representa as variagGes didtias da tensdo orgone no aposento em que ficou o acumulador de orgone na época das mensuracées; op (accu), a terceira e mais clevada curva exibe as variacdes de tensio orgone dentro do acu- mulador, medidas entre meio-dia e 13 horas. A curva T(e) -T, dese- 139 25 ‘op (aca) op2 1s ‘op opi Os op Gder. Sdez, 6 dez. Pdor. Bez, Oder 10der iNdex. 12dez, 19% Neve Figura 15. Medigées de orgone atmosférico ao ar liore, no acumulador de orgone ¢ no aposenio de orgone. A linha pontilhada representa Tio) ~T. Op 1 corresponde a T(o) -T = 1°C nhada como uma linha pontilhada, apresenta as variagdes na dife- tenga de temperatura no acumulador, medida diariamente entre meio-dia e 13 horas de 29 de novembro a 22 de dezembro de 1940, em um acumulador de orgone de 28,4 litros, e, comecando em 24 de dezembro de 1940, em um acumulador de orgone de 710 litros (25 pés ctibicos) (61 cm x 76 cm x 152,5 cm), consiruido para seres humanos, (Ver também a Figura 16.) padrao global das curvas permite as seguintes observages: 1. A curva de tensio do recinto op (7) é mais alta do que a da atmosfera em termos de minuto-org; a curva de tensdo do acumutlador op (ace) é mais alta do que a do recinto e do que a da atmosfera op (atm); isto 6, a concentragdo de energia estfi no sev ponto maior no acumulador. 2, A curva de diferenca de temperatura T(o) -T corre com seus altos e baixos mais ou menos paralela & curva de tensito op (atm). 140 “ee mH L : at r ANN fave ca) pyaar | Le gro i Sak 2a ; : i amen i i 7 were iu Be eteygeaserey Supe ae ee] # as i *h ‘ = AM ba? ' aM oo aw me 1 area ane ra 3 ee : i qpansigivierese gyewepgaer Figura 16. Variagées didrias da tensio de orgone atmosférico entre 15 ¢ 25 de julho de 1941 3. A elevagito de tenséio no recinto e no acumulador habitualmente ocorre cerca de um dia depois da elevagio da tensiio atmosférica. 4. A curva de tensiio atmosférica é baixa em dias chuvosos e com neve, alta nos dias ensolarados. A tensiio atmosférica varia entre préximo de 0 e aproximadamente 1, A tensaio atmosférica cai mais ou menos abruptamente um ou dois dias antes de neve ou chuva. A curva da diferenga de temperatura também cai antes de ou durante um perfodo de precipitacao. Porianto, hé uma relagiio entre o grau de concentragio do orgone atmosférico e a formagio do clima, Naturalmente, é de grande impor- tancia o dominio minucioso dessa relagao para nés no trabalho com o acumulador na orgonoterapia. Resolvamos agora uma provavel objeco as curvas na Figura 15: a suposigéo de uma energia orgone especial ndo é necessatia para explicar a queda na curva op (aim), isto 6, a descarga mais répi- da do eletroscépio antes do inicio da precipitagdo. Esse fendmeno pode ser facilmente explicado dentro do contexto da teoria de “ele- tricidade no ar”; de modo bastante simples, a descarga acelerada do eletroscépio se deve ao fato de que o ar é fonizado com mais forca antes de uma chuva ou tempestade. De fato, eu também estava apteensivo, mas nao consegui contornar o fato da descarga mais lenta do eletroscépio dentro do acumulador. Uma refutagio total dessa objecdo especifica surgiu durante as medicdes experimentais concuzidas nos meses de julho e agosto de 1941_no. raen_labpratério.em Oayossor. no. Maine. Durante.aley- mas semanas, medi nao somente as variacbes didrias ao meio-dia, ‘mas também as variacGes na tensdo da energia aimosférica durante © dia, das 8h00 a aproximadamente meia-noite, a cada hora, em todos 0s tipos de clima. Essas medigées mostram inequivocamente que a descarga do eletroscdpio depende, nao de variagies na “eletricidade no ar”, mas de variagies da iensdo orgone atmosférica. A Figura 16 apresenta os grificos das variagbes didrias de ten- sdes atmosféricas a partir de medigées realizadas entre 15 e 25 de julho de 1941. Durante as primeiras horas da manhi, a descarga do eletroscépio 6, de longe, mais répida do que no periodo entre meio- 142 dia e 16h00; ela é mais lenia ao meio-dia. Isso se deve a iivtetina tadiag&o solar ao meio-dia. Assim, completamente de avotlo cons as nossas observacdes, cla se deve 4 mais alta concentragao de curtynd orgone nessa hora do dia, Nao seria sensato supor que o ar atinanle rico das primeiras horas da manhd e tarde da noite tem ume “ion! zagio” mais forte do que ao sol do meio-dia. O eletroscépio descar rega mais rapidamente no comego da manhi e tarde da noite do que ao meio-dia, Esperar-se-ia exatamente o oposto se as leis da “cle tricidade do ar” estivessem sendo seguidas. A concentragdo mais alta ocorre por volta das 16h00. Nos dias em que nfo ha nuvens desde o inicio da manhi até tarde da noite, a curva se eleva e cai em um padrdo mais ou menos regular. Mudangas do clima, por outro lado, causam flutuaces considerdveis nas curvas, como ocorreu, por exemplo, no dia 20 de julho, quando, entre 9h00 ¢ 2000, hou- ve clevacées e quedas repetidas na intensidade de concentracio, nao encontradas em dias de sol constante. Observamos também que ocorre uma mudanga répida de alta para baixa concentragio de energia atmosférica, regularmente, cerca de trés a dez horas antes de uma chuoa ou tempestade. O eletroscépio descarrega com muita rapidez ao ar livre e no acumulador de orgone (um pouco menos pronta- mente no acumulador do que no exterior), ¢ a diferenca de tempe- ratura T(0) - T torna-se muito pequena, ou desaparece por comple- to. Medicdes realizadas a intervalos regulares durante um perfodo de tempo extenso indicam que a curva dos padrées de descarga ele- troscépica equipara-se, quanto 3s ondulagoes, aquelas da curva de diferenca de temperatura. As 14h00 de 25 de juiho, houve trovoadas com chuva. Durante a manh, a tensao caiu entre 10h00 ¢ 11h00, de 12' org para 5' org. Uma queda similar foi registrada em 16 de julho, quando a tensao caiu de 14 minutos-org para 10" org entre 16100 e 1630 — no espa- co de trinta minutos. A meia-noite, houve um pesado aguaceiro. Registrou-se a mesma ocorréncia em 22 de julho, quando a tensdio caiu de 12’ org para 2' org entre 16h00 e 19h00, e por volta de 22h00 estava em apenas 30" org. As 3h00 de 23 de julho, comesou ‘uma chuva forte e uniforme. 143, Em 19 de julho, havia vento e muitas nuvens, e a tensdo no se elevou acima de 1 minuio-org. As 10h00, o eletroscépio no podia ser carregado e as 13h00 iniciou-se uma tempestade violenta, que durou até 15h00. Em contraste, pode-se contar que um dia ensola- rado se siga a dias que exibem uma curva de tensdo regular e niveis relativamente altos de concentragéo de orgone durante as horas notumas (13 minutos-org). As variagdes didrias sio muito impor- tantes para a orgonoterapia. Se expusermos pacientes & energia orgone em doses calculadas de acordo com a hora-op ou 0 minuto- org, ent&o a durac&o da exposigo tera de ser diferente nas horas inidais da manha do que ao meio-dia ou durante a noite avangada. Isso seré preciso enquanto formos incapazes de regular a tensao do orgone independente do clirna. MedigSes de controle realizadas a intervalos regulares desde o verdo de 1941 confirmaram as descobertas mais importantes: a tens&io de energia orgone varia com o hordrio do dia; ela cai ou desaparece completamente antes ou durante uma chuva ou neve; as reagdes ele- trosc6picas ocorrem em contradigéo direta & teoria de ionizaggo do ar. O leitor formado em fisica tera feito a indagagiio: que relagdo tem a energia orgone com a assim-chamada eletricidade estatica? Essa questo foi discutida em outro texto’. 5, DEMONSTRACAO DA PULSAGAO ORGONOTICA NO CAMPO DA MATERIA NAO VIVA As observacdes e os experimentos que se seguem foram reali- zados com 0 propésito de demonstrar a presenca da energia orgo- ne especificamente bioldgica no plano puramente fisico. Esse em- preendimento foi bem-sucedido, removendo desse modo qualquer possibilidade de um conceito mistico, extraterreno, filosdfico da energia biolégica especifica. As observagdes € os experimentos em questo sio muito simples e faceis de realizar. 4, Ver “Pulsasao orgonética’, op. cit 144 A oscilacao de um péndulo no campo de energia orgone pulsante de uma esfera de metal Experimento: coloca-se uma esfera metélica de ferro ou aco, de cerca de 4 a 6 cm de diémetro sobre uma superficie estével", como uma mesa sdlida, por exemplo, Suspende-se uma esfera bem me- Nor, de cerca de 1 cm de didmetro, na posigdo de péndulo, a cerca de 0,5 cm do equador da esfera maior. Por razées definidas, 0 com- primento da linha do péndulo deve ser de 16 cm, exatamente. Minha experiéncia é que se obtém os melhores resultados fazendo a esfera do péndulo a partir de uma mistura de terra e limaiha de ferro {isto é, uma combinagao de material organico e metilico) mol- dados juntos na égua, que é depois colocada dentro de uma esfera oca feita com um vidro extremamente fino. A esfera maior e a esfe- 1a-péndulo so ento cobertas com uma tampa de celulose para protegé-las contra correntes de ar. Observacio: em tempo seco, ensolarado, a esfera-péndulo oscila em direpiio ao centro da esfera de metal maior, espontaneamente, Quando a umidade relativa excede cerca de 70%, ou quando chove, os balan- gos do péndulo vao se tornando menores, até pararem de vez. Eles retomam seu movimento espontaneo com a volta do tempo bom. Os balancos do péndulo se tornardo maiores se 0 proprio organis- mo do observador tiver um campo de energia orgone forte e de lon- go alcance. As oscilacdes continuam sem parar, ndo importa onde se coloca 0 aparato. Elas so determinadas apenas pelas leis que governam qualquer péndulo, o nimero de oscilagdes variando por unidade de tempo, dependendo do comprimento do péndulo e sua altura acima do nivel do mar. Conclusdo: este experimento demonstra a existéncia de um campo de energia orgone pulsando ao redor de uma esfera de ferro comum, capaz de levar & oscilacio de um péndulo livremente suspenso. O campo de energia orgone natural pulsa no plano da matéria nao viva. 5, Essa disposigdo & vantajosa, porém niio indispensivel, Os movimento cle sum péndulo causados pela instabilidade da base em que se encontra sao facilmente distingu(vcis dos movimento pendulares orgondticos. 145 tt EM: esfera de metal P: péndulo EP: esfera-péndulo (metal e matéria organica) =X: diregao da oscilagdo Figura 17. Demonstracio de pulsagio orgondtica na atmosfera A pulsacao da energia orgone atmosférica Observagiio ¢ experimento: meu experimento foi montade do seguinte modo: um telescépio com abertura de corca de 9 om e com- primento de 122 cm, capaz de um aumento de 185 vezes (fornecido por E, Vion, Paris, Franca) foi posicionado de tal maneira na margem Ge um lago que a margem oposta, a cerca de 6,5 a 13 km, puidesse ser observada claramente. Foram feitas observagées na direcao de todos os quatro pontos cardeais. Blas foram realizadas durante dois meses, no decorrer do veréo de 1944, ¢ quatro semanas no verdo de 1945, 146 na minha cabana no lago Mooselookmeguntic, perto de Oquossoc, no Maine. Durante esses dois periodos, conduzi observagdes com intervalos de aproximadamente meia hora, todos os dias, do inicio da manhi até tarde da noite. Por razdes que serao avaliadas, foram realmente registradas somente a média didria e as mudancas. A observacao é a seguinte: quando o telescépio é apontado para o sul, é possivel observar contra o fundo da margem oposta do lago, com um aumento de apenas 60 vezes, um movimento ondulante, pul- sando, deslocando-se sempre do oeste para o leste, com poucas exce- des. O movimento oeste-leste é constante, quer o lago esteja cres- po ou liso, quer haja vento ou nao e quet 0 vento seja do oeste para oleste ou do sul para o norte, forte ou fraco. Quanto mais se orienta o telescépio em diregao ao oeste ou ao leste, mais dificil torma-se ver o movimento. Nao se pode mais vé-lo quando 0 telescdpio esta diri- gido completamente para oeste ot: leste. A velocidade do movimen- to ondulante varia muito em hordrios diferentes. E independente da temperatura do ar. O “algo” na atmosfera se move mais répido do que a terra; caso contrdrio, seu movimento ndo seria visto. Toda vez que se formou uma tempesiade a oeste, a diregdo do movimento ondulante se inverteu ou parou de vez. Nunca 0 vi mover-se do sul para o norte ou do norte para o sul. Essa observacdo telescOpica é apoiada por uma observacio que pode ser feita a olho nu, quando nio h4 absolutamente ne- num vento ou brisa e a superficie do Jago est4 completamente lisa: percebe-se uma pulsagao de um numero infinito de segdes separa- das sobre a agua, enquanto 0 “todo” se move em pulsages mais ou menos répidas do oeste para o leste. Essas observagées simples de fazer com um pouco de pratica e paciéncia estao de acordo com a confirmacio do campo de energia orgone pulsante ao redor da esfera de metal, c com o conceito basi- co da biofisica orgone da fungao pulsatdria fundamental da energia orgone. Além disso, a rotagao e a pulsacio da energia orgone atmos- férica do oeste para o leste esto em clara e inequivoca conformidade com determinadas observacbes astrondmicas conhecidas ha muito tempo. Tenho a inteng&o de discutir em outro texto, em detalhes, ax 147 implicagGes para a astronomia do fenémenc descrito acima. No entanto, a conclusdo preliminar é de que a terra é cercada nfic somen- te por uma atmosfera de ar de composisito quimica definida, mas também por um invdlucro de energia orgone, Esse “invélucro de orgone” gira do oeste para o leste, mais rapido do que a Terra. Ainda é preciso realizar uma pesquisa mais precisa sobre a relagao entre a inversdo dessa rotagio e a formagao do clima local. O invélucro de orgone girando nao tem nenhuma relagéo com ondas de névoa ou movi- mento do ar, sendo independente desses processos. Este relato deve ser considerado como uma descoberta prelimi- nar que serd confirmada ¢ refinada quando as circunstancias finan- ceiras e sociais o permitirem, No entanto, pode ser relevante relatar aqui que a pulsagdo na atmosfera foi registrada com sucesso pelo oscilégrafo. Eu gostaria de reservar a apresentagao deste fenémeno ¢ de outras pesquisas sobre esse assunto para um outro momento. 6. DEMONSTRACAO DA LUMINAGAO ORGONOTICA NO MEDIDOR DO CAMPO DE ENERGIA ORGONE Experimento: conecta-se 0 outro péto da bobina secundaria de uma aparelhagem de indugo (uma velha aparelhagem de diater- mia, por exemplo) com um fio elétrico comum a uma chapa de ferro de 6G cm de comprimento ¢ 30 cm de largura. A chapa de ferro esta isolada com madeira no seu lado inferior. Monta-se entao uma cha- pa de metal similar sobre a primeira e pareiela a ela, a uma disténcia de 15 a 30 cm e de tal maneira que ela possa deslizar para cima e para baixo. O lado superior da chapa de metal de cima é isolado com um pedaco de plastico celotex ou material assemelhado, do mes:no tamanho que a chapa e com espessura de 13 cm. O fio elétrico conecta as duas chapas de ferro a uma Jampada cilindrica simples de cerca de 40 watts colocada entre eles. A corrente primdria da apare- thagem de induc&o é mantida no nivel minimo necessério para fazer a limpada acender. O modo como se obiém essa luz dependeré da natureza da aparelhagem de indugao uiilizada, 6 claro. 148 Observagio: 1, Um tubo de gas argénio (tubo fluorescente) man: tido na m&o ¢ movido na direc&o da chapa de metal superior lumina. A distancia da chapa em que ele comega a reluzir depende da forca da corrente priméria. A luz se apaga quando colocamos 0 tubo de gas na chapa superior e tiramos a mao. A lumindncia retorna to logo aproximamos a mao novamente, e se toma particularmente forte se tocarmaos o vidro do tubo. A luminancia tem maior intensidade entre as duas chapas de metal, e diminui progressivamente 4 medida que aumenta a distancia da aparethagem. A luminancia é intermitente. Através desse método, podemos determinar exatamente o campo de energia do medidor do campo de energia orgone. 2. A lampada cilindrica entre as duas chapas de metal comeca a fuminar com mais intensidade quando abaixamos gradualmente as mos na direcdo da chapa superior. A luminancia torma-se especial- mente intensa se realmente colocarmos as mos na chapa superior. (Para evitar a possibilidade de choques elétricos, ndo deve haver metal na superficie da chapa.) Quanto mais superficie corporal apro- ximamos da chapa superior, mais forte a luminancia. Ajustando cuidadosamente a forga da corrente primaria, podemos até perce- ber pulsacGes cardiacas, na forma de leves flutuagdes na intensida- de da luminancia. 3. Uma lamina estatica de eletrosedpio nao exibe deflexdo quan- do nos aproximamos de sua chapa com a palma da m4o, Porém se colocarmos 0 eletroscépio no campo de energia da aparelhagem,na sua chapa superior, e entio movermos a palma da mo na diregdo da chapa do eletroscépio — sem tocé-lo, é claro -, a lamina do ele- trosc6pio seré influenciada. 4, Um ramo com muitas folhas, cortado hé pouco tempo, faz com que a lampada se lumine, embora a luminancia seja mais fraca do que aquela eliciada pela mao. Um peixe vivo ou morto recente- mente colocado sobre a chapa de metal superior produz o mesmo ¢feito. Observe que quanto maior 0 tempo decorrido desde a morte do peixe, mais fraca a luminéncia. Ela acaba desvanecendo-se com- pletamente. O mesmo decréscimo gradual em intensidade também vale para o ramo. 149 5. Nao ha Jumindncia quando aproximamos um velho pedago de madeira da chapa superior. (Certificamo-nos de que a madeira seja suficientemente comprida para que nosso préprio campo de energia orgone nfo entre em contato com o campo de energia orgone da apa- relhagem, claro.) No entanto, uma chapa de ferro mantida acima e paralela & chapa superior faz com que a impada cilindrica lumine. 6. O gas argénio nao pode ser levado a luminar no campo de energia de uma maquina de raios X de 60-80 kilovolts. Conclusées 1. Contrastando com a voltagem elétrica simples de alta ten- so, a bobina secundaria de uma aparelhagem de indugio desen- volve um campo de energia orgone que pode ser demonstrado pela luminancia de um gas inerte, tal como hélio, arg6nio ou néon, sem que seja necessario nenhum fio de contato direto. 2. A lumindncia orgonética é resultado do contato entre dois campos de energia orgone. 3. O efeito de luminancia pode ser obtido apenas pelo contato entre um campo de energia orgone e 0 campo de um organismo vive, no pelo contato com matéria orgdnica nao viva. Isso significa que 0 organismo vivo se distingue do organismo nao vivo na medi- da em que ele possui um campo de energia orgone. 4. Ao instalar um olho elétrico sensivel oposto A lampada cilfn- drica, a energia iluminadora pode ser transformada em energia elé- trica e medida em unidades elétricas por meio de um galvandme- tro. O medidior de campo orgone pode, assim, ser utilizado para a determinagio da intensidade e extensdo do campo de energia orgo- ne de um erganismo vivo. 7. UMA FORCA MOTORA NA ENERGIA ORGONE No verio de 1947, determinadas observacées foram realizadas e delas se tirou uma conciusao das mais significativas: 151 1. Ao utilizar diversos acumuladores ou um recinto de orgone construido especialmente, péde-se obter uma alta concentracao de energia orgone atmosférica. Isso é demonstrado pelos contadores Geiger-Milller registrando 40-80 impulsos por minuio, a um limiar de voltagem de 700-800 volts. 2. Os tubos do contador Geiger que absorveram energia orgo- ne por serem mantidos em uma atmosfera de orgone de alta con- centragao durante varias semanas podem produzir 25 a 100 impul- sos por segundo no contador de impulso, a urn “limiar de rotagao” de 900-1000 volts. Essa taxa de impulsos equivale a uma rotacdo uniforme do indicador no contador de impulso. Em outras palavras: 3..A energia orgone é capaz de desenvolver uma forca motora. Apés © término dos experimentos-conirole, os detalhes relevantes serdo publicados. Mas é evidente, neste ponto, que ha uma forga motora na energia orgone que oferece uma explicac&o para a locomoc&o de organismos vivos. 152 CapituloV A biopatia carcinomatosa de encolhimento 1. DEFINIGAO DAS BIOPATIAS © tumor canceroso é somente um sintoma visivel da doenca que chamamos “c&ncer”, O tratamento localizado do tumor cance- roso através de cirurgia ou radiac&o com radio ou raios X se consti- tui, portanto, apenas no tratamento de um sintoma, nao da doenca em si. Sob esse aspecto, a morte por cancer ndo é 0 resultado da ptesenca de um ou mais tumores. Ena verdade o resultado final da doenga biolégica sistémica “cancer”, que € causada por um proces- so de desintegragao no organismo total. A literatura médica nao fornece informagio sobre a natureza dessa doenga sistémica, A assim-chamada predisposigiio para 0 cancer indica apenas que pro- cessos mortiferos, nfo investigados até agora, esto trabalhando por trds do tumor canceroso. A tipica caquexia do cancer, o tltimo estagio da doenga, deve ser considerada somente como a fase ex- ttema, visivel do proceso sistémico desconhecido “cancer”. O termo “predisposig’o para o cancer” nao tem significado. Gostarfamos portanto de substitui-lo pelo termo biopatia carcino. matosa, ou biopatia do cancer. O propésito do capitulo que se segue & demonstrar 0 processo que estd na base da biopatia do cancer. 153 © termo biopatias se refere a todos os processos de doencas causadas por uma disfuncdo basica no aparelho vital autonémico. Depois de iniciada, essa disfungéo pode se manifestar em uma diversidade de padres sintométicos de doenga, A biopatia pode resultar em um carcinoma (biopatia carcinomatosa), mas pode, com a mesma facilidade, conduzir a uma angina do peito, asma, hiper- tensdo cardiovascular, epilepsia, catatonia ou esquizoirenia para- néica, neurose de angtistia, esclerose miiltipla, coréia, alcoolismo crénico e assim por diante. Ainda ignoramos os fatores que deter- minam a diregdo em que uma biopatia se desenvolvera. De primei- xa importancia para nés, no entanto, 6 o denominador comum de todas essas doengas: um distirbic na fungio natural de pulsagio no organismo como um todo. Fraturas, abscessos localizados, pneumo- nia, febre amarela, pericardite rewmdtica, envenenamento alcodlico agudo, peritonite infecciosa, sifilis, etc. mio so, conseqiientemente, biopatias, Eles nao se desenvolvem a partir de distiirbios na puisa- ¢4o autonémica do aparato vital total; eles esto circunscritos e podem de modo apenas secundério causar um distirbio da pulsa- cdo biologica. Os resultados recentes da pesquisa biofisica orgone, no entanto, Jevantaram questionamentos quanto a exclusao da pneu- monia e de algumas doengas cardiacas do campo das biopatias. Uma investigagao posterior provard ou invalidard minha hipdtese de que a predisposigéio para a pneumonia ou para doengas das vél- vulas cardfacas causadas pela “febre reumdtica” pode ser atribuida a uma extens3o crénica da estrutura dssea do peito, resultante da fixagdo inspiratéria caracteristica do peito. Por enquanto, no entan- to, usaremos 0 termo “biopatia” somente onde for incontestavel que o processo da doenga comeca com um distirbio da pulsacéo, nao importa que padro secundario de doenga daf resulte. Por con- seguinte, podemos distinguir uma biopatia esquizofrénica de uma biopatia cardiovascular, e estas de urna biopatia epilética ou carcino- matosa, e assim por diante. Esse acréscimo a terminologia médica se justifica pelo fato de que nfo podemos compreender nenhuma das muitas doengas especificas do aparelho autordmico vital, a menos que: 154 1. as discriminemos das doencas ci infecciosas tipicas; 2. procuremos e descubramos seu mecanismo comum, o dis- tiitbio da pulsagio bioldgica; 3. aprendamos a compreender suas diferenciagdes nos diver- 508 padrées de doenga. gicas traumaticas e das O cAncer é particularmenie adequado a um estudo dos meca- nismos fundamentais das biopatias, porque ele manifesta muitos dos distirbios tratados na pratica médica geral do dia-a-dia. Ele revela um crescimenio patoldgico de células; ele possui como uma de suas caracteristicas essenciais a intoxicacio e putrefagio bacte~ riana; ele se desenvolve a partir dos distirbios quimicos, assim como biveléiricos do organismo; ele est4 relacionado aos disttirbios emocionais ¢ sexuais; ele gera um certo niimero de processos se- cundérios, como a anemia, os quais se desenvalvem, sob outras condigdes, como doencas independentes; 6 uma doenga decisiva- mente influenciada pelo nosso modo de vida “civilizado”; é alvo de muita preocupacao tanto pata 0 nutricionista, como para o endocri- nologista ou 0 pesquisador de virus, As muitas manifestac6es do cancer, tal como a multiplicidade de neuroses ¢ psicoses, encobrem um tinico denominador comum: a estase sexual. Isto nos conduz diretamente a nossa tese: a estase sexual representa um distirbio fundamental da pulsacdo biolégica. A excitagdo sexual é uma fungio basica do sistema plasmatico vivo. A fungiio sexual é de maneira demonstravel, a fungio produtiva vital em st', Um distarbio crénico desta fungao deve necessariamente coinci- dir com uma biopatia. A estase da excitagao biossexual se manifesta principalmente de duas maneiras: indiretamente, como distirbio emocional do apa- tetho psiquico, isto é, como uma neurose ou psicose; ou diretamen- te, como um distirbio funcional dos drgaos, caso em que aparece como wma doenga organica. De acordo com nosso conhecimento atual, ela no pode realmente gerar doencas infecciosas. 1. Ver Wilhelm Reich, A fungi do orgasmo, 155 O mecanismo central de uma biopatia é um distirbio na descarga da excitagio biossexual, Esta afirmacSo requer uma comprovagao o mais detaihada possivel. Mas nao seria surpresa que ptocessos fisicos e quimicos bem como fatores emocionais atuassem nas biopatias. A harmonia psicossomatica do sistema bioldgico total é ainda mais clara e evidente na emogao biossexual. f apenas légico, portanto, que distirbios da descarga de energia biossexual, onde quer que aparecam, formem a base para distirbios do funcionamento biolé- gico, isto é, uma biopatia. 2. ENCOLHIMENTO BIOPATICO CO processo vital no homem é fundamentalmente 0 mesmo que o da amcba’, Sua principal caracteristica é a pulsagio bioldgica, a alternancia entre contracio e expansito. Esse processo pode ser observado nas contragées ritmicas dos vaciolos ou nas contragdes € movimentos sintiosos do plasma nes organismos unicelulares. Nos metazodrios, sua manifestacao mais ébvia encontra-se no sistema cardiovascular, em que a batida do pulso é uma clara evidéncia de pulsagéio. Sua manifestacdo no organismo como um todo varia de acordo com a estrutura dos érgiios individuais. Nos intestinos, por exemplo, a pulsagao aparece como “peristalse” — ondas de expansio € contragio altemadas. Na bexiga, a pulsagio bioldgica funciona eon reenpste co retina le sunpassamncinice. rausadanpla nies enchimento da bexiga com urina. O processo também se manifesta nas funcdes musculares, como contrac&o dos miisculos estriados e peristalse ondulante dos muiscutos lisos. Ele permeia todo 0 orga- nismo na convulsao orgastica (reflexo de orgasmo). Nem os movimentos pulsatérios dos érgéos do corpo nem. seus disttirbios, como bloqueios, encolhimentos e assim por diante, s0 compativeis com a nogao predominante de que os nervos agem. 2, Ver Wilhelm Reich, “Der Lrgegensatz des vegetativen Lebens” {A oposisao pri- maria da vida vegetativa] (1934). 156 meramente como condutores de impulsos, enquanto eles préprios permanccem rigidos e iméveis. Os movimentos autondmicos s6 podem ser compreendidos se 0 préprio sistema nervoso autonome tiver mobili- dade, Prova disso séo as observacées ditetas. Colocamos, por exem- plo, um verme da farinha, suficientemente transparente, sob um bom microscépio, posicionado de tal modo que focalize o ganglio e suas fibras. Como 0 verme se movimenta o tempo todo e reage cia- ramente ao estimulo de luz, a focalizaco exige repetida movimen- tagao dos controles de ajuste fino. Esse experimento oferecera evi- déncia convincente de que o sistema nerooso auténomo nio é rigido, mas que na verdade se contrai e expande. Os movimentos dos nervos sao sinuosos, lentamente ondulantes e, de vez em quando, espas- médicos. Eles antecedem de modo consistente os movimentos do organismo total que a eles correspondem em uma fracao de segun- do: primeiro 0 nervo e suas ramificagdes se contraem, depois se contrai a musculatura. A expanséo ocorre da mesma maneira. A medida que o verme moze, o sistema nervoso encothe gradua!- mente e ali ocorre um encurvamento do organismo. Esse processo gradual de encothimento é interrompido por contracSes ocasionais. Depois de um periodo de completa imobilidade, a contragao rigida (rigor mortis) diminui, o organismo vai afrouxando, assim como os nervos, e 0 movimento n&o pode mais voltar. O encolhimento biopdtico comeca com uma preponderiincia crénica da contragao ¢ uma inibigio da expansdo no sistema plasmitico. Isto se manifesta de maneira mais nitida nos distiirbios respiratérios de pacientes neurdticos e psicéticos, cm que hé uma restrigéo da pul- sagdo pulmonar e tordcica (alternancia de expansao e contragao) ¢ predomina a atitude inspiratéria. A contragao geral (simpaticoto- nia) n&o se limita aos érgéos individuais. Ela abrange todos os siste- mas de drgios, seus tecidos, o sistema sanguineo, o endécrino, bem como a estrutura de cardter. Ela se manifesta de diversas formas segundo sua localizagéo, como, por exempla, presséc sanguinea alta e taquicardia no sistema cardiovascular, encolhimento dos gl6- bulos vermelhos de sangue (formagao de bacilos T, poiquilocitose, anemia) no sistema sanguineo, bloqueio afetivo e encouracamento 157 de carter na esfera das emogdes, constipago espasméddica no canal alimentar, palidez da pele, impoténcia orgistica na fungao sexual e assim por diante, Aqui, o leitor atento levantaré uma objegio: pode-se falar de “encolhimento”, perguntard, quando 0 aparato autonémico vital esta simplesmente num estado de contragao crénica? Nao sera possivel que a contragao venha a ceder c a fung3o de pulsagao completa se restabelega? Nao se deveria fazer uma distingao entre “contragio cr6nica” e “encolhimento” do sistema nervoso autonémico? O en- colhimento nao poderia muito bem ser resultado da contracao cré- nica dos nervos autonémicos, isto é, umn definhamento gradual do aparato vital, uma morte gradual, prematura? A objeg&o estd correta, Na verdade, o encolhimento biopdtico no cancer é consegiiéncia de uma contragio crénica e gradual do aparato autondmico vital. 3, PREMISSAS ECONOMICO-SEXUAIS ‘Os seguintes fatos, familiares em fungao de nossa pritica clini- ca econémico-sexual, relacionam a fungo sexual ao cancer: ‘1. Respiragao externa empobrecida, 0 que resulta em um dis- tirbio na respiragdo interna nos tecidos. 2. Distiirbios nas fungGes orgondticas de carga ¢ descarga dos érgdos autonémicos, principalmente os sexuais. 3. Espasmos crénicos da musculatura. 4. Impoténcia orgéstica crénica. Arelacao entre distirbios na descarga de energia sexual e can- cer nao foi examinada cuidadosamente, todavia ginecologistas ex- perientes tém consciéncia dessa conexao. Os distirbios respiraté- tios e espasmos musculares so conseqiiéncias diretas de um medo adquirido da excitagao sexual (impoténcia orgéstica). Orgdos esp4s- ticos pouco carregados ou com respiracio insuficiente desenvolvem 158 uma fraqueza biolégica que os tora altamente vulneriveis 4 oko tipo de estimulos geradores de cancer. Os érgaos que funcionaun «de uma maneira biologicamente natural resistem aos mesmos estinit jos. Essa é uma afirmacao dbvia e necessiria. ‘As descobertas dinicamente estabelecidas sobre carga biol ca deficiente, espasmo muscular e respiragdo externa e interna red vida dio ao conceito de “predisposigao para o cancer” um contetids tangivel. Quero agora mostrar como as descobertas na pratica medo de fratura na coluna. Porém desta vez a inibigéo do movimento pelo medo de dor nao ocorreu tao rapidamente. O medo s6 apareceu quando o movimen- to requeria um grande esforgo. A relago entre seu medo de fratura na coluna e seu medo de se mover agora se tornava compreensfvel. No dia seguinte, a paciente estava respirando precariamente de novo, queixando-se, gemendo e apresentando a atitude de mor- rer. Ela era incapaz de dizer o que havia acontecido. Seus familiares me disseram que ela se sentira bem até tarde da noite, quando sua condigao se deteriorou rapidamente depois do seguinte episddio: seu filho estava no banheiro préximo ao quarto dela. Ela ouviu um barulho e ficou muito assustada. De repente, teve a idéia de que seu filho estava fechado em um espaco muito pequeno, nao podia res- pirar e ia sufocar. Durante a noite, ela dormiu muito pouco e sofreu com sonhos de angistia muito forte, alguns deles Jigados ao cair. Nada houve que eu pudesse fazer por ela nesse dia especifico, exce- to corrigir sua respirago mais uma vez, 0 que teve 0 efeito de redu- zit suas queixas sobre as “dares”. A paciente melhorou consideravelmente depois, Hla péde se deslocar em volta da cama sem dor e levantar as pernas. A fraqueza nos bracos desapareceu, o apetite eta bom e ela estava otimista. EntSo, durante uma de minhas visitas, um movimento que ela fez aconteceu de leva-la perto da borda da cama. Ela empalideceu, arfou e ento gritou. Estava com medo de cair da cama. Sua reacio foi inquestionavelmente excessiva endo correspondia A realidade da situacao. Ela entéo me disse espontaneamente que, enquanto estivera no hospital durante o verdo, pedira para que colocassern camas dos dois lados do Ieito dela por causa do seu medo de cair fora dele. Eu a Jevantei em direg&o 4 borda da cama. Mesmo segu- 191 tando-a com firmeza, ela ainda gritou de medo. Seu medo de cair, que estava na raiz do seu medo de se mover, cra agora Gbvio. No dia que se seguiu, cu a sentei na cama. Ela nao sentiu dores, mas tinha um medo mortal e suou aos borbotdes, com uma ctise histérica de choro. Ela tinha que morrer agora, proclamou. Ela havia sustentado a luta contra 4 morte por um longo tempo, mas agora eia certamente morreria. Ela gritou por seu filho. Pediu-me para lhe dar urna injecdo fatal para pér fim aos seus sofrimentos. “Bu no quero deixar esta cama, eu quero ficar deitada aqui.” Depois de algum tempo, ela se acalmou e percebeu, para sua sur- presa, que era capaz de se sentar sem fazer nenhum esforco. Gradualmente, no entanto, violentos espasmos clénicos surgiram. atravessando seu corpo todo; eles eram especialmente fortes nos ombros. Ela estava mortalmente amedrontada com esses espasmos €, portanto, no saiu da cama. A cada vez que era forcada a se sen- tay, sentia os clonismos surgindo. Seu medo de cair cedera, mas a conexdo era clara. As intensas convulsdes clénicas de sua muscula- tura formavam a base fisiolégica de seu medo neurdético de cair. Como mencionei, a paciente sofria regularmente de pesadelos: ela caia em profundidades cavernosas, objetos pesados rolavam sobre ela e homens a atacavam e queriam sufocd-la. Ela agora se lembra- va de ter sofrido exatamente do mesmo tipo de angtistia durante um periodo prolongado da adoiescéncia. Ela também lembrava uma fobia: sempre que estava andando por uma rua ¢ ouvia passos atrés dela, costumava correr de medo que “alguém a perseguisse”. Habi- tualmente, o seu medo era tao forte que “suas pernas bambeavam” e ela tinha o sentimento constante de que estava para sofrer um colapso. Ela agora reconhecia nisto a sensaciio fisica idéntica que a tomava sempre que tinha que se sentar na cama. Suas pernas bam- beariam e ela se sentiria 4 beira do colapso, Com isso, ela experi- mentava um espasmo do diafragma e ficava assustada com a possi- bitidade de estar para morrez, Fica claro, assim, que a fraqueza motora das pernas era causa- da pela fobia que a havia dominado desde a adolescéncia, muito antes de o cancer aparecer. A paresia que desenvolvia agora nada 192 era sendo a intensificagao da velha fraqueza nas pernas, que estava associada com sua fobia de cair. Por esta época, ela conseguia asso- ciar este medo de cair com a idéia de fraturar a coluna. No dia anterior, ela precisara ir ao banheiro repetidamente. Os movimentos de seus intestinos e bexiga eram “extraordinariamente vigorosos”. Aquela noite, ela nao teve repouso. Entao, no final da manhi, nfo conseguia urinar. Nao tinha sensagdes nas pemas. Examinei-a e descobri uma redugio da sensibilidade a agulhadas mais ou menos na altura do décimo segmento dorsal. Os reflexos patelar, de Aquiles e abdominal estavam normais, Pelo telefone, me disseram que ela ndo conseguia mover as pernas. Constatou-se, no entanto, que ela na verdade podia mexer as pemas, embora os movimentos estivessem restritos. A sensibilidade profunda nas jun- tas dos dedos dos pés estava reduzida. O quadro era de uma pare- sia funcional. Nao era possivel diagnosticar a partir dos sintomas uma paralisia espastica, nem tampouco flacida. Havia apenas uma base para conjectura de que a lesio na décima segunda vértebra estivesse tendo algum papel: o disttirbio sensério no abdémen supe- rior tinha uma linha superior relativamente nitida de demarcacéo. No dia seguinte, a paciente conseguiu urinar, porém trés dias depois, o esfincter anal enfraqueceu-se e ela nado podia mais con- trolar os intestinos. Seus reflexos estavam todos normais, mas ela novamente ficou com muito medo de sentar na cama. Mais uma vez, ela foi admitida cm um hospital para um exame geral. Os exames de raios X mostraram que a coluna, a pelve e a parte superior das coxas estavam livres de metdstases, porém novas metésta- ses haviam aparecido no cranio € no timero diteito. Os novos tu- mores tinham portanto aparecido a uma distancia consideravel das regides do corpo que exibiam evidéncia de paresia. A biopatia fun- cional e o tumor canceroso estavam separados um do outro; eles nada tinham a ver entre si. A paciente permaneceu: no hospital durante catorze dias. Nao foi feito exame neuroldgico. A paresia nas pernas era presumivel- mente entendida como uma conseqiiéncia légica das lesdes mecé- nicas nas vértebras. O cardter funcional da paralisia fugiu 4 atengio 193 dos médicos, que informaram aos familiares que a paciente tinha no maximo duas semanas de vida. Eles a levaram para casa novamente, jé que nada She estava sendo ministrado no hospital, exceto injegdes de morfina. Vi a paciente no dia er que voltou. De modo decididamente apreensi- vo, ela enfatizou que teria de ser especialmente cuidadosa em seus , movimentos, uma vez que os médicos no hospital a haviam con- vencido de que “sua coluna vertebral estava pressionando um ner- vo e poderia quebrar”, Esta adverténcia dos médicos do hospital confirmou e fortaleceu a fobia da paciente, é claro. Seus familiares queriam que eu levasse a cabo um novo experimento com radiagZo orgone para eliminar os tumores no cranio. Porém, naquele dia em especial, eu no consegui sentir nenhum inchago no cranio. Continue vendo a paciente na sua casa durante mais quatro semanas. Os reflexos de suas pernas estavam inteiramente normais e as fungées dos intestinos e bexiga estavam em ordem novamente. No entanto, a atrofia da musculatura e dos ossos progredia tapidamente. Além disso, ela desenvolveu uma escara ptitrida nas nddegas. As pernas se moviam em resposta a estimulos dolorosos, mas raramente havia movimentagdo espontanea nelas. Seus pesa- delos continuavam: homens se jogavam em ravinas profundas e quebravam os pescogos; um elefante corria na sua direcéo, enquan- to ela permanecia “como que paralisada”, incapaz de se mexer. Durante o dia, havia terror em seus olhos c ela sentia uma consttigio no peito. A dor havia desaparecido completamente, mas 0 medo de se mexer e de fraturar a coluna estava mais forte do que nunca. ‘Tinhamos construido um acumulador especial para a sua cama. O efeito do orgone se manifestava pelo rubor da pele e pela redu- cdo do pulso de 130 para uma freqiiéncia entre 90 e 84. Dentro do acumulador de orgone, ela tinha um sentimento de bem-estar, muilas vezes ficava com as faces rosadas, sem anguistia. Seu quadro sanguineo, que havia deteriorado ao longo dos tilti- mos meses (50% T na autoclave), melhorou a olhos vistas e os impulsos para mover as pernas aumentaram em freqiiéncia ¢ inten- sidade, Entio ocorreu uma catdstrofe imprevista, que selou 0 destino 194 da paciente. Uma noite, virando na cama, ela fraturou o fémur esquerdo. Precisou ser Jevada imediatamente ao hospital, onde os médicos se surpreenderam com a finura do fémur. A auséncia de um tumor na regiao da fratura e o desaparecimento do tumor no peito eram incompreensiveis para eles. A paciente recebeu morfina, seu estado deteriorou durante as quatro semanas seguintes ¢ cla final- mente morreu. A orgonoterapia prolongou a sua vida durante aproximada- mente dez meses, manteve-a livre de tumores ¢ dores durante meses ¢ restaurou sua fungdo sanguinea, normalizando-a. A inter- rupgao do tratamento de aplicagéo de orgone devido a paralisia biopatica climinou a possibilidade de um final favordvel no caso. No entanto, é certo que a causa da motte foi o encolhimento biopa- tico, endo os tumores locais. Este caso nos trouxe revelacdes importantes sobre a configura- cao vegetativa e emocional do cancer. A pergunta importante que nos confronta agora é: o que acontece nos tecidos e no sangue core con- seqiléncia do encolhimento biopdtico? Em outras palavras, de que forma 0 encolhimento geral do sistema auton6mica produz o tumor local? Bu me ayenturo a antecipar a resposta: a conseqiténcia geral do encolhi- mento biopdtico é a putrefagao dos tecidos e do sangue. O crescimento de tumores cancerosos € somente um de seus sintomas, Esta descoberta precisa de documentagao clinica e experimental detalhada, que sera fornecida em outro texto. 5, A NATUREZA DA DOENCA FUNCIONAL: RESUMO Agora, vamos revisar as nossas descobertas. O “transe de morte” da paciente no ataque biopatico n&o passou a mais leve impressio de histeria ou simulagao. O sistema autonémico reagiu de tal forma que a morte poderia facilmente ter se seguido, de fato: as faces cavadas, as narinas pingadas, os sons de estertores, a coloragio cia~ nética da pele, pulso fraco e acelerado, o espasmo da musculatu- ra da garganta, a limitac4o marcada no movimento ¢ a fraqueza fisi- ca geral eram realidades perigosas. 195 Eu arriscaria a opinio de que cada um desses ataques repre- sentava 0 inicio de uma parada real das funcGes vitais. O ato de morter, desencadeado pela intensificagao extrema do encolhimento do aparato vital, poderia ser interrompido vezes sem fim pela disso- lugdo dos espasmos e correg3o do bloqueio respiratério e diafrag- miatico. A expansao vagoténica se antepés vezes sem fim ao proces- so de morte. Essa coniraposigaio nao poderia ter sido uma questéo de sugestdo. A sugestio, no seu sentido habitual, nao poderia afetar o aparato biolégico em um nivel tao profundo como esse. Todavia, a liberagao dos impulsos de expansao biolégica em diversos sistemas corporais de fato interrompeu o processo de encolhimento repeti- damente, durante meses. O bom contato emocional com a pacien- te também foi uma parte indispensdvel do processo orgonotera- péutico, é claro; somente quanto a isso se pode dizer que a sugest&o tenha tide um papel. Vamos agora utilizar 0 nosso esquema familiar do funciona- mento psicossomético para esclarecer que parte do apareiho vital é afetada pela biopatia - contrastando com a neurose de anguistia ou ‘uma lesdo mecdnica ~ e pelo experimento orgonoterapéutico. PSIQUE SOMA Neurose by by Lesio mecdnica Psicoterapia Terapia quimico-fisica a BIOSSISTEMA Biopatia Orgonoterapia ‘Toda estase energética prolongada no sistema bioldgico plas- mitico (sistema autondmico, a) se mariifesta inevitavelmente atra- yés de sintomas somaticos, bem como psiquicos (b; e b). A psicote- 196 rapia se volta para os sintomas psiquicos, a terapia quimico-fisica para os sintomas sométicos. A orgonoterapia atua 2 partir do fato de que soma e psique esto, ambos, enraizados bioenergeticamente no sistema plasmatico pulsante (sangue e sistema nervoso auténomo). Assim, a orgonolerapia influencia ndo a funcao psicofisica em si, mas sim a raiz comum das funges psiquicas e somiaticas. Ela realiza isto liberando 0 bloqueio respiratério, a inibigo do reflexo orgastico ¢ outzas inibiges do funcionamento biolégico. A orgonoterapia, por- tanto, ndo é pstquica nem fisiolégica ou quimica, mas antes uma terapia bioldgica que lida com distirbios de pulsagao no sistema nervoso autinio- mo. Como essas perturbagées se revelam na camada superficial do aparato psicossomatico, como hipertensao e neurose cardiaca, por exemplo, na dimens&o somatica e como fobia na dimensao psiquica, a orgonoterapia afeta necessariamente os sintomas que surgem das camadas bioldgicas superficiais. Portanto, podemos sustentar que a orgonoterapia ¢ 0 método mais avangado de influéncia sobre os dis- tarbios biopaticos. No presente, ela permanece limitada as biopa- tias. Na biopatia carcinomatosa, 0 tratamento de distirbies respira- térios ¢ orgasticos é combinado com a orgonoterapia fisica, que dirigida contra anemias, bacilos T no sangue e tumores locais. Como ficara evidente mais tarde, no laboratério de nosso instituto estamos plenamente conscientes da complexidade e da natureza ainda pre- dominantemente experimental desta nova terapia do cancer. A visio prevalecente conhece apenas a aniitese das lesdes mec&nico-quimicas do sistema somatico e dos distirbios funcio- nais do sistema psiquico. A inwestigagio da biofisica orgone sobre a biopatia de encothimento carcinomatosa revela um terceiro fator, mais profundo: o distirbio da pulsacio plasmatica que opera na base biolégi- ca comum de soma e psique, OQ que é basicamente novo aqui € 0 fato, estabelecido experimentalmente, de que uma inibic@o da funciio se- xual autonémica pode induzir um encolhimento biopdtico do sistema nervoso auténomo, O que permanece problemitico ¢ a questio de se esta etiologia é valida para todas as formas de cancer. Ha uma tendéncia em aceitar a concepgdo crrénea de que o organismo esté dividido em duas partes independentes: o sistema somiatico, fisico-quimico, que é destruido por tumores cancerosos e 197 caquexia; e a psique, que produz fenédmenos histéricos (os assim chamados sintomas de conversao) e “quer” ou “teme” isto ou aqui- jo, mas nada tem a ver com o cancer. Esta clivagem artificial do organismo é enganosa. A nogéo de que o aparelho psiquico “faz uso de fendmenos soméaticos” é incorreta, e é igualmente incorreto pensar que o aparelho somiatico sd responde a reacdes quimicas e fisicas, mas ndo “quer” nem tampouco “teme”. Na realidade, as fiun- Ges de expansiio e contragio do sistema plasmético autonémico repre- sentam o aparelho unitdrio responsdvel por “desejos”e“medos" na psique e“vida"e “morte” no soma, Nossa paciente mostrou claramente a uni- dade funcional de resignagao psiquica e encolhimento biopdtico. O pro- cesso vital na paciente declinou gradualmente; a fungao de expan- sao fracassou. Expressos em termos psicolégicos, movimento, a¢ao, resolucao e luta foram destituidos de impulso. O aparelho vital ficou encarcerado numa reagio de angtistia que manifestava psi- quicamente a idéia fixa da paciente de que o movimento poderia quebrar algo em seu corpo. Movimento, ago, prazer e expansio pareciam entdo perigosos vida. A resignac&o caracterolégica pre- cedeu 0 encolhimento do aparelho vital A motilidade do sistema biolégico plasmdtico ¢ danificada em si pelo encolltimento biopdtico. A base real do medo de movimento deve ser enconirada precisamente no encoliimento vegetative. O sistema plas- mitico se contrai e o organismo perde sua estabilidade autondmica a auto-regulagao de sua fungao locomotora. O estagio final do processo é uma deterioracdo gradual da substincia corporal. A inibiggéo da motilidade plasmética através do processo de encolhimento explica satisfatoriamente todos os aspectos do qua- dro da doenca. Ela explica a angiistia neurética, assim como a para- lisia funcional, a angistia de cair, bem como a atrofia dos misculos, 0s espasmos, 0 disttirbio biolégico que vem a tona como “cancer” e termina em caquexia geral. Fui muitas vezes capaz de ajudar a paciente a desenvolver novos impulsos vitais corrigindo o espasmo diafragmético, que é central no distirbio biopdtico de motilidade, na defesa contra a sexualidade e, de fato, na defesa contra a fungao de expansao da vida. A respiracao da paciente era realmente preca- 198 tia; a ventilacio dos tecidas era, de fato, insuficiente; os impulsos Jocomotores plasmaticos nos membros cram, de fato, insuficientes pata gerar um movimento coordenado; seu medo de cair e do feri- mento que se seguiria tinha uma base real e ndo era uma simples fantasia neurdtica; com efeito, sua “fantasia” de um desastre causado pela queda tinha uma base muito real na restrigto da motilidade biolégi- ca. O carter histérico, funcional, da paralisia adquiriu uma base real, biopatolégica. Sé diferengas de grau separam a paralisia da motilidade e a paralisia causada por encolhimento biopatico. Nos circulos médicos, as paralisias funcionais tendem a ser vis- tas com um certo ceticismo. A visio predominante, mesmo nos dias de hoje, € que uma paralisia funcional deve ser mais ou menos “simulada”. Minha tese é que os distirbios funcionais da mobilidade atribuiveis a distirbios biopaticos da pulsago plasmatica sfio muito mais sérios e podem afetar areas mais amplas do que uma paralisia que resulta de uma lesio mec&nica segmentar. O funcionamento biolégico do organismo total nao é prejudicado por uma lesvio mecé- nica local. Porém uma paralisia funcional é uma manifestagdo de um dis- trirbio bioldgico total. A fungio da formagiio do imypulsa plasmndtica no cer- ne biolégico do organismo é, ela mesma, perturbada e pode causar uma perda extensa de substancia nos tecidos (atrofia muscular, caquexia geral, anemia, etc), Nao é relevante argumentar que um distirbio mecinico no pode ser influenciado por sugestéo, enquanto o disttit- bio funcional pode. A “sugesto” capaz de desencadear uma meiho- ra da paralisia funcional é, na realidade, um estimulo de prazer para o sisterna bioldgico plasmatico, impelindo-o para novas possibilidades de vida e funcionamento biolégico renovade. O distirbio fundamental no funcionamento do corpo plasma- tico, representado e causado por estase sexual crénica, rigidez de cardter, e resignacdo e simpaticotonia crdnica deveria ser levado muito mais a sério do que lesSes mecanicas locais. O ponto de vis- ta funcional deve em parte complementar e em parte superar os pontos de vista mecanicista e puramente materialista da medicina hoje. Foi esta perspectiva funcional que abriu uma brecha no muro que manteve o problema do cancer inacessivel. Na discussdo que se 199 segue, serd mostrado até onde isto, na realidade, ja pode ser coloca- do em pratica. Voltamos agora nossa atencdo para as mudancas no sangue e nos tecidos desencadeadas pelo encolhimento biopatico. 6. PRIVACAO SEXUAL DO ORGANISMO NA ABSTINENCIA CRONICA, ILUSTRADA POR UM CASO DE ENCOLHIMENTO CARCINOMATOSO SEM TUMORES ‘Tentei mostrar previamente que o tumor local nao é © cAncer em si, Por tras do tumor ocorte na realidade um encoihimento do sistema nervoso aut6énomo. Na paciente de cAncer cuja doenga des- crevi, os tumores cancerosos foram eliminados através da orgono- terapia, porém ela pereceu entéo por causa de um distirbio sexual profundamente assentado, que levou ao encolhimento continuo de aparelho vital. Por sorte, encontrei um segundo caso que confirmou ¢ ampliou as conclusdes que tirei a partir do primeiro caso. A exem~ plo do primeiro, este caso revela claramente os fundamentos sociais e sexuais da biopatia de encothimento. Ao mesmo tempo, demons- tra 0 potencial da orgonoierapia para o tratamento da biopatia do cancer. A responsabilidade que o economista sexual e 0 psiquiatra devem encarar na juta contra as biopatias sexuais 6 imensuravel. Nao hé modo de acumular percepcées da natureza das biopatias, a n&o ser aos poucos, através do estudo de muitos casos. Um caso levantara perguntas que o caso seguinte responderd, embora nao sem introduzir novas perguntas. Essas perguntas 6 sao evidentes para o psiquiatra cuja orientagdo for econémico-sexual. Para pato- logista mecanicisia, as perguntas continuam nao sendo formuladas. Um economisia sexual que era um colega ilustre no Instituto conseguiu, em poucos meses, efetuar uma mudanga notével na con- digao de uma mulher que sofria de uma neurosc de carater grave. Uma das conhecidas dessa muther percebeu a mudanga. Por sua vez, ela conhecia uma outra mulher de trinta anos que, durante dois anos, patecia ter sucumbido a uma doenga que médico aigum fora capaz de explicar. Foi assim que a paciente acabou vindo ao meu Jaboratério. 200 Minha impressio imediata, superficial da paciente foi que seu rosto lembrava uma mAscara mortudtia. A pele da face era pdlida e como que azulada. O rosto era encovado, de modo que os ossos do maxilar ficavam nitidamente protuberantes. Seus olhos pareciam cansados, velados, desesperangados. Sua boca era caida nos cantos, expressando resignacao e depressao profunda. O corpo era delga- do; costelas e vértebras ressaltavam de modo incomum. A muscula- tura de todo o corpo era tao fina que dificilmente se podia duvidar da existéncia de um processo de atrofia. Os movimentos eram le- targicos, como que arrastados. A paciente falava lentamente, como que com grande esforgo, sem mudangas na expressdo facial. Parecia que qualquer atividade era impedida e que havia uma energia insu- ficiente por tras dos impulsos. Os ossos pélvicos eram extrema- mente saltados. Pés e maos eram pegajosos, frios e palidos. Sua voz era fraca e monétona. A paciente parecia querer fazer contato comi- g0, mas nfo conseguia. Ela pesava cerca de 411 kg, tendo perdido 4,5 kg nas tiltimas qua- tro semanas. Dois anos antes, pesava 54 kg. A partir dos cinco anos, crescera rapidamente e tornara-se magra; desde ento, havia estado sempre abaixo do peso para sua idade. Quando crianga, tivera saram- po e coqueluche, Softia de resfriados freqiientemente e havia extrai- do as amigdalas. A menstruagao comegou na idade de catorze anos e ocorria regularmente a cada quatro semanas. No entanto, sempre durava urna semana ou mais ¢ era extremamente dolorosa. Cinco anos antes, ela havia consultado um psiquiatra, num esforgo para lidar com suas dificuldades sexuais. Desde a puberda- de, havia sido convencida de que nao estava em ordem sexualmente. Muitas vezes precisava afastar-se da escola para “firmar sua satide“, como dizia, Quando investigada mais de perto, ela admitiu que se sentira muitas vezes cansada e fraca e no conseguira dar conta dos deveres escolares. Mesmo as mais simples tarefas representavam esforgos excessivos para ela. A paciente sofria de depressdes graves e se sentia totalmente incapaz de enirentar a vida. Sua resignacdo transformou-se gradualmente em completa inatividade. 201 Sua mae havia passado por uma histerectomia total em fung3o de um cancer, mas morrcu posteriormente de metstase nos ossos. A paciente descreveu sua mae como uma pessoa muito silenciosa, devotada aos filhos. Morreu como viveu, sem se queixar. A educago da paciente em assuntos sexuais havia sido muito severa e ascética. Ela nunca havia experimentado uma relagao sexual. Raramente Ihe permitiram aceitar convites para dangar. Durante certo tempo, na puberdade, 0 desejo da companhia dos homens agitou-se dentro dela, mas suas tentativas falharam. Sua familia, rigorosamente religiosa, ndo tolerava situagdes que podeziam ter se tornado “perigosas”. Ela falnou miseravelmente nas suas tentativas de superar essas i jes externas e percebeu que havia se tornado interiormente incapaz de uma amizade fntima com um homem. Essa situagio havia se instalado nela durante o final da puberdade e per- sistira até aquele momento. Era um elemento central, que contri- buia para suas depressdes e seu modo de vida recluso. Era bonita, nao obstante os homens parcciam se afastar dela assustados. Diversas vezes comecara a desenvolver uma amizade. Mas esta nunca dava certo porque, diante do mero pensamento de intimidade fisica, sur- gia inevitavelmente um espasmo nos genitais. Com o passar do tem- po, desenvolveu-se o medo desses espasmos dolorosos e cla passou a evitar qualquer ocasiao que pudesse conduzir a um envolvimento sexual, Embora percebesse que seu comportamento era patoldgico, ela no sabia o que fazer a respeito. Tinha medo de pedir conselho aos médicos ou pedir a opinido das amigas sobre o seu problema. Em suma, ela desistiu. Nunca havia se masturbado, a despeito do softimento que a excitagSo sexual !he causava, mas tendia a segurar as méos sobre os genitais 4 noite. Em contraste com outros pacien- tes que softiam igualmente de abstinéncia sexual, ela tinha uma percepedo clara da natureza de seu distirbio. Nao fazia tentativas de disfarg4-lo com ideais ascéticos; conseqientemente, seu sofri- mento era ainda mais intenso. Durante nossas primeiras conversas, ela falou a respeito de seus problemas quase que sem inibigdo. Aqui, no entanto, eu gostaria de interromper a descriggo de sua abstinéncia e voltar a isto posteriormente. 202 A gravidade da condigao da paciente requeria um exame fisico completo. O resultado foi surpreendente. O médico que a exami- nou prescreveu uma dieta, mas nao descobriu disirbios fisicos. Seu relato foi redigido da seguinte forma: “Tem este o propdsito de cer- tificar que realizei na Srta. _____ um exame fisico completo, inchuin- do testes de sangue e urina, e encontrei-a em bom estado de sati- de.” Esta descoberta contradizia de forma tao nitida a impressdo que eu havia tido da paciente que, no comego, néo a compreendi. Como foi observado, ela havia perdido 4,5 kg recentemente. Du rante dois anos, havia sido incapaz de trabalhar e ficara recolhida & sua casa, se sentindo fraca e incapaz de fazer qualquer contato social. Nac surpreende que 0 médico nao tenha conseguido reco- nhecer uma biopatia causada por abstinéncia, mas a perda de peso deveria ter causado uma forte impressdo. A aparéncia geral da paciente também nao poderia ser facilmente desconsiderada. Pensei que 0 profissional médico seria treinado apenas para exames mecanicos e quimicos. Portanto, acontece com freqiiéncia de uma . postura biopética grave ser desconsiderada simplesmente porque 0 médico nao aprendeu a levar em consideracdo a expresso corporal do paciente e o cardter de sua vida sexual. A paciente tinha um pequeno tumor, aproximadamente do tamanho de um feijéo, na borda externa do seio direito. Perguntei se o médico que a examinou havia visto o tumor, Ela respondeu que sim. Porém como esse pequeno tumor ficava alternadamente maior € menor, 0 médico havia diagnosticado um inchago glandular ino- fensivo, aparentemente acreditando que um tumor maligno nao poderia ficar espontaneamente menor e cresceria cada vez mais. O pequeno tumor havia existido durante cerca de urn ano sem crescer. Por nao querer alarmar a paciente desnecessariamente, nao provi- denciei uma bidpsia. Como a paciente queria se submeter ao expe- rimento com orgonoterapia, eu podia esperar para verificar se 0 tumor desapareceria depois de algumas irradiagdes. O desapareci- mento rapido seria uma indicac&o de que o tumor havia sido malig- no; entretanto, caso ele Jevasse muitas semanas ou meses para desaparecer, ou ndo sumisse de modo algum, ou nao exibisse sinais 203 de crescimento, entao o diagnéstico de inchago glandular inofensi- vo poderia ser correto. Além disso, fizemos nossos testes de cancer para confirmar nossas descobertas. Os testes foram todos positivos; o diagndstico era seguramen- te o de cancer. O exame da taxa de desintegracdo dos eritrécitos na solugio fisiolégica salina apresentou desintegragao bionosa e for- magao de espiculas T em cerca de um minuto. As margens de orgone dos eritrécitos eram esireitas, apresentando uma coloracao de um azul nao mais que desbotado. O contetido de hemogiobina era normal em 80%. No teste de cultura, 0 caldo tomou-se hebulo- so depois de vinte e quatro horas. A inoculacdo no Agar-4gar exibiu © crescimento tipico de bacilos, o que foi confirmado pela colora- ¢ao de Gram. A autoclave do sangue em caldo de cultura e KCL levou a uma reacdoT forte dos glébulos vermelhos de sangue (cer- ca de 60%). Esses resultados, somados 4 condig&o biofisica da paciente, tomaram o diagnéstico de biopatia de encolhimento carcinomatosa avangada quase inevitavel, Nao era mais relevante se 0 pequeno tumor no seio diteito era, ele mesmo, um carcinoma. Tive a impres- sao de que a paciente nao tinha mais do que um ano de vida. Informei um parente préximo da paciente e fiz com que confir- masse pot escrito que eu havia diagnosticado cancer, mas nao havia oferecido promessa de cura. Adverti-o que se deveria esperar a morte da paciente em um periodo de tempo muito curto se o expe- rimento com a radiagéo orgone nao tivesse sucesso. Eu sabia que meédico algum poderia chegar a um diagnéstico de cancer com base no presente quadro da doenga. Além do mais, mesmo que outro médico tivesse suspeitado de c4ncer por causa da condicéo geral da paciente, ainda nao haveria outro tratamento alternative disponivel que nao a orgonoterapia, uma vez que nao havia tumores locais considerados cancerosos. A paciente comegou a fazer irradiag6es de orgone didrias em. meu !aboratério. Posteriormente, ela adquiriu um acumulador de otgone e tomou duas irradiagGes didrias na sua prépria casa, una de manha apés o banho e outra 4 noite, antes de ir para a cama, 204 durante meia hora cada vez. Nas primeiras doze semanas, este tra- tamento produziu os seguintes resultados: Peso: Depois de uma semana, ainda com cerca de 44 kg, nao se registrou aumento, mas também nado houve mais perdas de peso; depois de duas semanas, 41,4 kg; depois de trés sema- nas, 41,7 kg; depois de quatro semanas, 41,9 kg; depois de seis, semanas, 43,5 kg; depois de doze semanas, 45,5 kg, Portanto o processo de encolhimento nao 86 foi interrompido, como a paciente estava ganhando peso de mode acelerado. Crescimento de bacilos T em cultura de sangue: Depois de cinco semanas, 0 caldo de cultura, bem como a cultura de égar- gar, eram negativos, e assim permaneceram durante as se- manas que se seguiram. ‘Teste de autoclave: Depois de trés semanas, nao se registrou melhora; a reagio T era ainda de 60%, aproximadamente. A solug&o de bions sanguineos nao tinha o cardter de um co- Idide puro, mas apresentava uma descoloragao azul-esver- deada propria do cancer avangado. Tumor no seio: Depois de dez dias de tratamento de orgone, 0 pequeno tumor no seio direito nao era mais palpavel. Duas ‘ou trés semanas sao o tempo habitual necessdrio para a cli- minacdo de tumores no seio de tamanho médio através da orgonoterapia. Esses resultados foram da maior importancia para o experi- mento de orgonoterapia. Elas demonstraram que sintomas de um estado canceroso avancado podem existir no organismo sem mani- festaco local observavel. Isto confirmou minha visao anterior, de que o cancer consiste essencialmente em um encolhimento gera! do aparelho vital; o tumor local, portanto, é somente um dos sinto- mas da doenga, e nado a doenga em si. Essas descobertas também provaram que uma formacéo médica padrao nao capacita 0 médico clinico a diagnosticar o cfncer antes do aparecimento do fendmeno local observavel. Finalmente, provaram a utilidade dos testes biolé- 205 gicos de bions sanguineos de nosso laboratério nos casos em que métodos tradicionais nao podem verificar o diagnéstico de cancer. Mesmo que um cirurgiao tivesse suspeitado de que o pequeno tumor no seio era canceroso e o houvesse removido através de crurgia, a biopatia geral de encolhimento teria permanecido into- cada e a paciente teria morrido. E absolutamente inconcebivel que esse pequeno tumor, sem metastases nos ganglios axilares, fosse a causa das condigdes de satide precdrias da paciente. O tumor era um desdobramento muito posterior 8 condicio gerat de encolhi- mento. Assim, ha uma ampla justificativa para falar de uma “biopa- tia de encolhimento carcinomatosa, sem tumores”. E importante estabelecer com que freqiiéncia tais casos ocorrem. De qualquer modo, a disponibilidade da orgonoterapia reduz em grande parte 0 medo da doenca, mesmo que muitas perguntas permanegam sem resposta. Neste caso especifico, o experimento de orgonoterapia foi bem-sucedido, e este sucesso valida sua reivindicagao: a de ser tes- tado e desenvolvido em escala mais ampla. Abordarei este proble- ma em um capitulo posterior”. Antes de avancar para o principal tema desta discussio ~ a saber, os princfpios do experimento de orgonoterapia, o problema do desenvolvimento de células cancerosas e os processos nos teci- dos —, deve ser considerados alguns pontos mais sobre este caso. Quando da primeira publicagio do International Journal of Sex Economy and Orgone Research, um médico que simpatizava clara- mente com o nosso ponto de vista comentou que a economia sexual era seguramente importante e correta, porém, insistia: “O que tem ela a ver com 0 cincer?” Ble sentia que a discussao do can- cer e da pesquisa sobre 0 orgone teria como efeito dificultar a acei- tacgao da economia sexual. Assombro e incredulidade foram as rea- ges que obtive de muitos ouiros circulos, sempre que me referi ao cancer como uma biopatia sexual ou um flagelo de privacio sexual. Essas reagdes eram um sinal claro de que 0 ponto central de nosso trabalho nao havia sido compreendido, qual seja, que as doencas 11. Ver Capttuto x. 206 geradas pela estase sexual eram graves doencas biopdticas do organismo, A biopatia do cincer é uma das doengas em que os distirbios crénicos da economia sexual humana se manifestam. O citacer é uma biopatia sexual (doenca de pricacio sexual). A economia sexual e a pesquisa do cancer so, portanto, insepardveis. A andlise do carater, a vegetoterapia e a orgonoterapia podem parecer métodos diferentes de tratamento, mas basicamente elas s4o uma sé e a mesma bioterapia em funciona- mento em um organismo unitdrio. Uma complementa a outra e todas tém uma raiz comum no biossistema. Sua diferenciagio su- perficial corresponde A diferenciacio artificial do organismo total em fungées biofisicas, caracterolégicas e fisiolégicas. A paciente foi examinada ginecologicamente. O exame confir- mou plenamente meu diagndstico de encolhimento plasmatico. O corpo do titero cra muito pequeno com relagao ao colo e os ovarios nao podiam ser palpados pelo reto ~ uma indicagdo de que eram extraordinariamente subdesenvolvidos, na opiniao do ginecologista. © tecido dos seios parecia totalmente subdesenvolvido. Era dificil chegar a qualquer conclusao sobre se 0 caso era de atrofia ou inibigiio primdria do desenvolvimento dos érgios sexuais, obviamente. O ginecologista era de opiniao de que havia um subdesenvolvimento primario dos ovdrios, No entanto, presumir a existéncia de tal dis- tirbio ovariano primario isolado nao estaria de acordo com nossa posigio tedrica. Os ovarios ndo so drgiios que funcionam indepen- dentemente, mas so partes integrais do aparelho vital autonémico total, do qual dependem. Com base na histéria sexual da paciente, estou inclinado a ver o subdesenvolvimento de seus seios e érgdos genitais como uma atrofia de auséncia de uso do aparelho sexual. A pergunta: em que extensdo as glandulas endécrinas tém um papel principal e em que medida elas devem ser vistas como os 6rgaos exe- cutivos da fungao geral plasmética ndo pode ser respondida de modo conclusivo neste momento. Decidi tratar a paciente sem remuneragao, utilizando simulta- neamente a orgonoterapia fisica e a técnica da orgonoterapia psi- quidtrica. Nao tardou muito para que a paciente comegasse a fazer perpuntas: “A relagdo sexual d6i?” “Quando vocé vai me violen- 207 tar?” (Essa paciente, como muitas outras que sofrem de privacao sexual crénica, era perseguida por graves fantasias de violentagao. Ela realmente acreditava que uma mulher nao podia ficar sozinha em um aposento com um homem sem ser violentada.) “O homem precisa enfiar seu pénis na vagina? Isso realmente deve machucar!” “O que fazer'se tiver criancas demais?” (Ela nada sabia sobre con- tracepgio.) “A mulher precisa ceder ao homem se ele quiser se satisfazer? Isso me assusta.” A paciente tinha uma ignordncia total mesmo acerca das questées mais elementares da vida sexual. Quando crianga, ela havia pressionado a me com perguntas a res- peito disso, mas havia sido repelida e parara de fazer aquelas per- guntas as pessoas. Ela agora acreditava que no era pata se saber “aquelas coisas”. Havia desenvolvido um forte apego ao seu pai, um educador autoritario ¢ moralista rigoroso que havia reprimido des- de o inicio os primeiros impuisos piiberes da menina. Logo depois, ela comegara a sofrer de fantasias perversas, cujo contctido princi- pal era a violentagao brutal. Isso levou ao desenvolvimento de um sentimento de panico sempre que um menino se aproximava dela. Mesmo na puberdade, esse medo se fazia acompanhar de espas- mos no aparelho genital. Esses espasmos persistiram como queixa crdnica. Ela se esquivava cada vez mais do contato com homens ¢ tornou-se cada vez mais sozinha. Aos poucos, ela absorveu e se aferrou caracterologicamente as distorgdes tradicionais da sexualidade: sexo é maligno, demonfaco, um pecado monstruoso contra os mandamentos de Deus. A relagao sexual é uma atividade reservada ao casamento e, neste caso, s6 para gerar filhos. (Fido que ela observava ao seu redor contradizia completamente cssas idéias.) O homem é um animal sexual malig~ No, que viola meninas “para acalmar sua lascivia”. As mulheres nao tém sexualidade e somente geram as criangas. Blas sé tém relagées sexuais com um homem porque ele “precisa”. A masturba¢ao trans- forma vocé em aleijado ou idiota e “faz com que perea o sumo da vida que vem da medula”. (Como resultado dessas crengas, ela nunca tinha se masturbado de verdade, mas desde a infancia man- tinha as mdos nos genitais 4 noite, apertadas ¢ iméveis.) A diferenga 208 entre o homem e o animal é que o homem nio é sexual. O que é animal é desprezivel e deve ser combatido. Tudo que é sexual é ani- mal. O que se deve cultivar sao “valores ideais”, deve-se afastar da mente os “maus pensamentos”. Ela tinha “maus pensamentos”, & claro. Por conseguinte se sentia culpada, tornou-se ainda mais ten- sa e mesmo assim surgiam os “maus pensamentos”. Mesmo duran- te sua infancia, tinha fantasias brutais e sddicas que ela, com medo, reprimia. Sentid o impuiso de morder ou arrancar o pénis dos homens ao séu redor. Durante a puberdade, sempre que estava para dangar com um rapaz, surgia um impulso de sufocd-lo, acom- panhado de intensa excitacao sexual. Esse sentimenta fez com que se retraisse ainda mais. Seu pai a advertiu sobre doencas venéreas, dando-Ihe a impress&o de que a relago sexual levava a elas inevita~ velmente, Mas ele ndo contou a ela como se proteger contra tais infecgSes. E ento ela permaneceu desamparada, dilacerada entre 0 anseio pelo amar e o medo dele. Isso a impeliu a entrar em situa- g6es que realmente eram perigosas. A curiosidade a levou a abordar - homens completamente estranhos e entregar-se a diversas praticas sexuais s6 para fugir assustada, e ent&o se isolar completamente durante meses. Compreensivelmente, era aquele mesmo medo que a expunha a situages perigosas. Ela queria descobrir se o que lhe havia sido dito era realmente verdade. O medo era uma expresso de seu impeto vital em busca de gratificagao sexual. Isto confirmava 0 que a economia sexual sempre defendeu: a moralidade compulsiva eo ascetismo geram criminalidade e perverstio sexuais, 0 exato oposto do que pretende, A paciente era totalmente ignorante da anatomia de sua geni- tdlia. Todavia, como seus genitais lhe causavam tanto sofrimento, cla era obcecada pelo pensamento de que tinha realmente que ter conhecimento sobre eles. A curiosidade sexual se apoderava dela subitamente durante conversas inofensivas com conhecidos tanto do sexo masculino como feminino; sua reac&o instintiva era fugir e esquivar-se imediatamente. S6 uma vez, quando tinha vinte anos, sentiu que estava realmente apaixonada por um rapaz e tentou superar suas dificuldades. Em vez disso, ela recuou desamparada e 209 “ficou em pedacos”. A excitacéo sexual tornou-se tao intensa e 0 espasmo genital tio violento momentaneamente que ela queria cometer o suicidio. Era impossivel para ela conceber 0 ato sexua} como outra coisa sen3o uma violacao brutal. Mesmo durante a puberdade, sua capacidade de trabalho era dificultada devido 4 tremenda estase sexual. Pensamentos sexuais compulsivos se intrometiam sempre que surgia o interesse pelo tra- balho. Claramenie, o estimulo emocional oferecido pelo seu traba~ lho disparava simultaneamente a excitago sexual que ela temia tanto. A estase sexual é a causa mais importante de perturbagao no tra- balho durante a puberdade. Com o passar dos anos, a capacidade de trabalho da paciente declinou cada vez mais; ela se tornou obtusa, até finalmente atingir um estado de vazio emocional completo, assim permanecendo durante os tiltimos dois anos. Durante estes dois anos, 0 vazio emocional ¢ caracterolégico caminhow para 0 encolhimento soméatico. Nestas primeiras tentativas de tratar uma biopatia de encolhi- mento, principiei pelas seguintes suposigdes: a estase sexual, que produz “a neurose de estase”, estd na base tanto da biopatia carci- nomatosa como da cardiovascular. Porém deve haver uma diferen- ga essencial entre o cancer e as biopatias cardiovasculares. As viti- mas de cancer aptesentam predominantemente uma mansidio emocional e uma resignacdo caracterolégica. As pessoas que sofrem de hipertensio cardiovascular, isto ¢, de uma contragao vascular crOnica, s4o, contrastando com as que sofrem de cancex, em sua maior parte facilmente excitaveis, com “labilidade emocional”, per- sonalidades explosivas. Isto se expressa claramente nos ataques agudos de angtistia. Por outro lado, nunca vi pacientes de cancer com emogées vioientas, explosdes de raiva e assim por diante. Portanto é justo que concluamos pela existéncia de diferencas espe- cificas entre as duas formas de biopatia, a despeito de sua etiologia comum na estase sexual. O fator essencial é como 0 organismo reage a excitagdo sexual represada depois que ela aconteceu, Ao investigar novas conexées, somos compelidos um sem- niimero de vezes a fazer pressuposicSes sugeridas pelas configura- 210 ges da doenga, sem sermos capazes de afirmar com seguranga se essas pressuposicGes estéo corretas. Nao temos outra altcrnativa sendo deixar a confirmacdo ou refutag3o de nossas hipéteses a experiéncia futura. Em tais assuntos, nunca se pode ser flexivel, cui- dadoso ou autocritico o suficiente. Em suma, a comparagio clinica da biopatia do céncer com a hipertensio cardiovascular nos forgou a assumir uma visdo basicamente diferente da excitacdo sexual represada no biossistema. Na biopatia cardiovascular (neurose de angiistia como conseqiiéncia da abstinéncia), a excitagiio sexual per manece viva biologicamente, isto &, fisiolégica e emocionalmente. Em outras palavras, o cerne biolégico do organismo, o aparelho vital autonémico continua gerando energia em sua mais plena extensao. Quando se contrai, no entanto, 0 organismo reage com explosées de angustia ou raiva c com sintomas sométicos, como o hipertiroi- dismo, a diarréia e outros. Por outro lado, no cincer 0 cerne biolégico reduz sua produgio de energia. Com a diminuigSo da producdo de energia, as emogies e excitagdes tornam-se cada vez mais fracas, Desse modo, o metabolismo energético € profundamente muito mais perturbado do que nas desordens que produzem sintomas mais visiveis, como a histeria. Encarada do ponto de vista funcional, uma explosio de raiva ainda é uma descarga de energia, mesmo que patoiégica. A calma emocional crénica, por outro lado, deve coincidir com uma estagnagio bioenergética na cétula e no sistema plasmatico. Com certa hesitagdo, senti-me obrigado a falar aqui de “sufoca- 40 do sistema de energia celular”. Parece concebivel que a resigna- (Go caracterolégica seja a expressio de superficie de um processo interno de cessagdo gradual das fungées energéticas do aparelho vital, embora nao se possa ter a menor certeza quanto a essa afirma~ 40 no momento presente. Vamos ‘lustré-lo desta forma: © movimento continuo da 4gua purifica um riacho que fiui. A sujeita se dissolve com muita rapidez, por um processo que ainda nao foi bem compreendide, Contudo em um lago estagnado, no 86 os processos de putrefagéo nao sao eliminados, como mais ainda: so acclerados, As amebas e outros protozodrios crescem pouco ou nada em aguas que fluem, porém crescem em profusio na agua 211 estagnada. Ainda nado sabemos muitas coisas sobre esta “sufoca- Go” em dgua estagnada ou no sistema energético estagnado do organismo, mas temos todas as razGes para pressupor a exist8ncia de tal processo e condigdo, No pode ser mera coincidéncia 0 cén- cer se desenvolver to raramente em um organismo bioenergetica- mente vivo e tao facilmente em um organismo bioenergeticamente estagnado. Esta claro que a biopatia de encolhimento, diferente- mente de outras formas biopaticas, comega com uma calma anor- mal na vida sexual e emocional da pessoa. Os sintomas de angiistia de estase, muitas vezes numerosos na histéria prévia de pacientes de cAncer, sio raros depois que a doenga chega & maturidade. A impressdo é de uma redugio aguda no metabolismo biolégico de energia que, nas pessoas saudaveis, se reflete vividamente na fun- 40 do orgasmo. Acredito que esses suposigdes tenham um grande significado e espero que sejam minuciosamente investigadas. No se deve pressupor que as células do organismo se subme- tem a extingdo do sistema de energia sem luta. Quando ha uma redugdo no funcionamento da excitagao bioenergética (orgonética) do sistema total, a excitacZo orgonética ainda pode continuar in- tensamente nas células individuais ou sistemas celularcs, assim. como um organismo que est sendo sufocado resiste ao declinio final através de clonismos. Assim, as células individuais ainda po- dem mostrar uma forte excitacdo orgonética, mesmo quando o organismo como um todo jé perdeu a capacidade de excitagéo em seu metabolismo energético. Todavia, tais excitag5es isoladas, que ‘ocorrem sem conexdo com as excitacdes orgondticas do organismo inteiro, ndo podem mais ser normais fisiologicamente. Elas devem ter efeitos nocivos na estrutura da célula. Discuss6es mais aprofundadas sobre este assunto precisarao ser postergadas. A fisica orgone provera esclarecimentos importan- tes sobre a fungao afetiva das células do corpo e sua relacao com o metabolismo da energia orgone. (For exemplo, existe o fenémeno de luminancia orgonstica em bions, que revela conexdes importantes 212 . com a luminancia da célula e a excitagdo celular no organismo.) Mas agora voltemos & paciente. Seu comportamento emocional ¢ bicenergético se adequava completamente as suposigdes que acabamos de descrever. Ela fazia constantemente indagagdes sobre os processos scxuais, mas faltava as perguntas urgéncia e excitagao. Em contraste, a paciente com his- teria de angtistia teria feito as mesmas perguntas com uma excitagdo intensa, ou as teria reprimido e desenvolvido uma angistia grave. A significacéo emocional das perguntas teria vindo a tona imediata- mente. Coma nossa paciente, era diferente. Ela perguntou tudo com uma voz monstona, como se nao interessasse, embora estes assun- tos preenchessem sua vida. Suas fantasias eram medonhas, mas ela parecia intocada, interessada apenas superficialmente. Logo come- gou a se queixar do modo superficial e mortigo com que experimen- tava as coisas. Havia sofrido deste problema desde a puberdade. Isso proporcionava-lhe o sentimento de ser incapaz de estabelecer um contato préximo com qualquer coisa ou qualquer pessoa. A calma emocional da vitima de cancer contrasta nitidamente com a frieza e auséncia de contato do cardter compulsivo, bloqueado no afeto. No cardter compulsive, hd uma contengdo da energia dos impulsos poderosos no bloqueio; no cancer, falta energia. Uma observagiio cuidadosa do comportamento da paciente contradizia a suposigéio de que houvesse afetos reprimidos nas pro- fundezas bioldgicas. Nao havia afeto algum. O reflexo orgastico apareceu com surpreendente facilidade, porém quase sem forga afetiva. Os afetos so as manifestacdes da excitac3o celular bioener- gética. Se superarmos a inibico respiratria de um paciente que sofre de neurose de estase com ansiedade cardiaca, a conseqiiéncia imediata e inevitavel sera a manifestagao de fortes excitagdes. Po- rém, no caso de nossa paciente, isto nao aconteceu. A cortegiio de sua respiragiio ao longo de um perfodo de dois meses de fato trou- xe 4 tona agGes vegetativas espontancas, mas sem movimentos vividos. Como o reflexo orgistico era fraco, ela nao tinha medo dele, 0 que é diferente de uma pessoa com neurose de estase, que expe- rimenta uma angtistia severa relacionada ao orgasmo. Essa pobreza de afeto atingia portanto 0 sistema bioldgico até o fundo. 213 A pergunta que me confrontava era se os espasmos do apare- lho genital poderiam ser dissolvidos sem a presenca de fortes exci- tagdes. Estava claro que ela $6 se recuperaria se sua sexualidade comegasse a funcionar vigorosamente. Depois de duas semanas de tratamento, ela desenvolveu correntes vegetativas fracas nos geni- tais. A partir dai, houve alivio dos espasmos genitais e as dores desapareceram, 'Todavia, como as excitagSes eram fracas e nao se intensificavam, a paciente néo desenvolveu a angiistia habitual. Esta descoberta foi extraordindria e confirmou a suposigio de que, na biopatia de encolhimento, as fontes de excitagéo no sistema autondmico extinguem-se lentamente. Se as fungdes enezpéticas que desaparecem gradualmente podem ser plenamente revitaliza- das através da orgonoterapia, isto é algo que resta estabelecer. A resignagiio sem protesto aberto cu velado contra a negacao da alegria na vida deve ser considerada como uma das causas essenciais da biopatia de encolhimento. O encolhimento biopatico representa, portanto, uma continuagio da resignacio caracteroldgica cré- nica no campo do funcionamento celular. Visualizemos as funcdes biolégicas fundamentais (fisiolégica ¢ emocional) sob forma de diagrama. Imagine um amplo circulo com um centro (“cerne”). O encolhimento da periferia do circulo representaria 0 inicio da resignacao caracterolégica e emocional. O cerne, o centro do circulo, ainda nao esta afetado. O processo de encolhimento avanga na dires&o do centro, isto, do “cerne biolégi- co”, O cerne biolégico nada mais é do que a soma de todas as fun- des plasmaticas da célula. Depois que o processo de encolhimento tiver atingido esse cerne, o préprio plasma se contrai. Isto coincide com o processo de perda de peso. Mas, muito antes de prejudicar a fangao plasmatica diretamente, ha distirbio das fungées periféri- cas fisiol6gicas e caracterolégicas: a perda da capacidade de esta- belecer contato social, a perda da joie de vivre“, a perda da capaci- dade de trabalho e, finalmente, as perturbagdes da pulsacdo e da excitacdo vegetativa. * “Alegria de viver", em francés no original. [N.do 8.) 214 O aparelho vital envolve o cesme biolégico em camadas de pro- fundidade variada. O biossistema tem camadas mais supetticiais e outras gue sao mais profundas”. As perturbagdes do funcionamen- to corporal também sao superficiais ou profundas. Um distirbio agudo da respiracdo nao afetard o cerne do biossistema. Um distir- bio respiratorio crénico, devido a uma atitude inspiratéria crénica, ira gerar uma ansiedade crdnica, mas nao influenciara a fungao bio- légica do piasma celular enquanto as funcées bioenergéticas nas préprias células continuarem, isto é, enquanto o organismo conti- nuar produzindo impulsos vigorosos. A deterioragéo da produco de impulsos nas células é uma indicagao de que a resignagao carac- terolégica periférica atingiu o sistema plasmatico celular. Estamos entao lidando com a processo de encolhimento biopatico. Teremos que estudar este processo também nas esquizofrenias crénicas {principalmente na hebefrenia) Parece agora cerio que o encolhimento biopatico especifico do cancer. O processo rea! do cancer assemelha-se essencialmente + vida dos protozoarios em um lago, onde néo ha mais nenhum movimento de Agua, mas existe um crescimento florescente de pro- tozoérios. Infelizmente, estes processos que esto na base da bio- patia de encolhimento nao podem ser observados diretamente ao microsedpio; 86 sc pode deduzi-los. Permanece uma lacuna, no que diz respeito & observacao do processo completo, entre mansidéc afetiva cardctero-bioldgica e o que ocorre no plasma celular que, no processo canceroso, é visivel ao microscépie sob a forma de desin- tegragdo vesicular, bionosa, Agora queremos analisar estes disturbios de céluias e tecidos. Q que estd claro é que 0 cancer no pode se desenvolver através de ‘uma simples cicatriz, uma verruga, uma ferida ou uma irritagao cr- nica, a nao ser que ali ja exista um distirbio fundamental da funcéo vital, no cerne do sistema biolégico, que em Ultima andlise se apos- sa do dano local. A pergunta é: de que forma isto acontece? 12. Foi descoberta uma disposigio em camadas compardvel a esta no carter (ver Wilhelm Reich, Andlise do cardter, Martins Fontes, 1995). 215 Capitulo VI A célula cancerosa 1. O MISTERIO DA ORIGEM DA CELULA CANCEROSA O flagelo do cancer estd cercado por intimeras problemas nio solucionados, dentre os quais nenhum outro fascinou médicas e lei- g08 tanto quanto a questdo da origem da célula cancerosa. O tecido saudavel esté “em repouso”, isto é, as numerosas células individuais do organismo vivem umas com as outras em harmonia e desempe- nham mutuamente suas respectivas fungées de drgdo, como a absoredo de alimento, a excrecdo, a respiracao, a excitagao e gratifi- cago sexuais, e assim por diante. Em suma, clas se subordinam as fungGes do drgio, responsdveis pelas fungdes vitais do organismo como um todo. O tecido canceroso se desenvolve a partir de tecidos que pareciam saudaveis anteriormente. Segundo 0 ponto de vista tradicional, o cancer se caracteriza principalmente pelo fato de que as células “em repouso” tornaram-se “agitadas”, Essas células se dividem com rapidez, proliferam amplamente, se transformam em grandes agrupamentos e formam, ent&, 0 “tumor canceroso”. Di- ferentemente das células sauddveis, as células cancerosas possuem mobilidade. Através de um rapido processo de divisdo, elas crescem para dentro dos tecidos circundantes, penetrando ¢ destruindo incessantemente tudo que encontram pelo caminho. fi correto descrevé-las como sendo infiltrantes e desvitalizantes. 217 Concentremo-nos por um momento na pergunta mais essen- cial: como & posstvel que uma célula imével, vivendo e funcionando em unifio harmoniosa com outras células, se transforme em uma célula mdvel, “setoagem”, que emerge do tecido local ¢ destréi tudo no seu canii- nho? Bste fato é ainda mais estranho na medida em que a propria cétula cancerosa é uma estrutura extremamente fraca, que se desin- tegra facilmente. A subita transic&o de uma célula sauddvel para cancerosa ain- da nado foi compreendida até o presente momento. As propriedades de células saudaveis 580 bem conhecidas. A forma e muitas caracte- tisticas das células cancerosas sio moderadamente conhecidas. Mas nada se sabe em absoluto sobre o que acontece na transig¢go entre estes dois estados, isto 6, como uma se transforma em outta. Anos airs, a pesquisa sobre os bions foi bem-sucedida na pro- dugao de uma explicagdo satisfatéria deste mistério - embora tenha seguido um curso estranhamente sinuosc. Com a solucao deste problema crucial, abriram-se muitas portas para a compreensdo € 0 controle do cancer. Afirmarei de chofre a mais importante desco- berta: foi err6neo acreditar que a célula cancerosa se desenvolve diretamente das células sauddveis. Lima céiula imével, sauddvel, nao se transforma subitamente em uma célula agitada, mével, em prolifera- Ho, Ocorre uma série de mudangas patoldgicas no tecido e em seu entorno imediato muito antes do desenvolvimento da primeira cé- lula cancerosa. Essas mudangas locais emergem, elas mesmas, de uma doenga geral do aparelho vital. O crescimento de uma célula cancerosa em um lugar especifico é, na realidade, apenas wma fase no desenvolvimento da doenga geral chamada “c4ncer”. Designamos esta doenca sistémica de biopatia de encolhimento carcinomatosa. O tumor canceroso nao é sequer a parte mais importante da doenga, é apenas a mais aparente, e foi, até o presente momento, 0 dnico fator visivel e palpavel da biopatia do cincer. Portanto, descobrir que a biopatia de encothimento é a verdadeira doenca foi da maior im- portancia, pois dirigiu nossa atengao para os fatores essenciais. Se o elemento critico é a doenga sistémica e nao o tumor local, daf se segue logicamente que o tratamento do cancer deve ter um cardter 218 geral; ele nao pode mais se restringir ao pequeno ponto no corpo em que, subitamente, surge um tumor. A ignorAncia da docnea sis- témica “cancer”, em conjungio com a crenga tradicional de que o tumor local é a doenga real, tem sido responsavel pela falta de pro- gresso na luta contra o cancer. Voltemos agora 4 pergunta do que acontece no tecido antes do aparecimento da primeira célula cancerosa plenamente desenvolvi- da. Para responder a essa pergunta, devemos antes eliminar deter- minados procedimentos que impedem a pesquisa do cAncer: 1, Nao se deve examinar o tecido saudavel nem 0 tecide que se suspeita ser canceroso no seu estado morto, fixado e co- rado, como é de habitc. Devemos nos acostumar a pratica de cxamind-lo no seu estado vivo. A preparagao fixa, com tintura, pode ser usada como um controle, mas os preparos vivos produzem descoberias que no sio revcladas nos pre- Paros mortos. 2. Nao é possivel fazer observagdes microsc6picas confidveis usan- do um aumento inferior a 2.000 vezes. Com isso, nao se conse- gue acompanhar o desenvolvimento da célula cancerosa. 3. Devemos fazer repetidas observacdes com grande aumen- to de todas as células disponiveis no organismo: excregdes {esputo, fezes, urina), sangue vidvel, células da pele e das membranas mucosas, etc. Formas incomuns no tecido canceroso e o sangue de pacientes com cancer © sangue e os tecidos vivos saudaveis, examinados com um aumento de 2.000 vezes, apresentam células e formagdes que sio descritas em qualquer bom livro didatico de biologia ou fisiologia como constituintes do organismo. Observemos agora o sangue, as excregdes e os tecidos de um paciente que softa, digamos, de cancer nos pulmées. Descobrimos células formadas e estruturas informes 219 que nunca so encontradas em camundongos saudaveis ou em tecidos e excrecdes de seres humanos saudaveis.O que mais chama a atengdo é a presenga de estruiuras vesiculares estriadas de uma cor azul intensa, que ndo se parecem com células nem com bactérias. Algumas tém contornos irregulares, sem forma, enquanto outras possuem formas alongadas, claviformes ou caudadas, A presenca de amebas pulsantes, caudadas, movendo-se rapidamente no esputo pulmonar, é uma descoberta inesperada. Como chegam aos pulmées formacées semelhantes a amebas? Nao pode ser através de “infecc3o aétea’, pois nao ha amebas no ar. Elas deem, portanto, ter se desen- volvido nos préprios pulmées. A partir do qué? Certamente nao de germes que se extraviaram acidentalmente nos pulmées, Apren- demos que as amebas se desenvolvem em infuses de musgo desintegrado em vesiculas, musgo esse que passa por muitas fases intermediérias. Também aprendemos que nio ha “germes” no sen- tido da protozoologia tradicional. Sera possivel que as amebas e as outras formagdes na secrecdo dos puimdes tenham crescido a partir do tecido pulmonar em desintegragao, precisamente do mesmo modo como as amebas no esputo pulmonar tenham se desenvolvido a partir de tecido de musgo em desintegracao? Essa idéia repentina a4 muito que pensar, visto que explica numa tacada sé a origem de células cancerosas, Entretanto, tais idéias devem ser mantidas em. reserva somente traduzidas em afirmagtes categéticas depois de reunidas as provas objetivas necessdrias quanto a sua exatidao. Estamos de certo modo inseguros quanto ao nosso empreen- dimento. Afinal de contas, por que nunca passou pela cabega de ninguém que se podia simplesmente examinar 0 esputo de pacien- tes com suspeita ou diagnéstico confirmado de cancer para estabe- lecer a presenga de formagées incomuns? Nao ha dtividas de que teriam sido encontradas amebas nos pulmées. Se for simples assim, devemos ser dupiamente cuidadosos e tentar compreender primei- ro 0 motivo de tal negligéncia na pesquisa do cancer. Um exame da literatura sobre cancer revela que néio ha um 6 trabalho que sequer mmencione a forma, variedade ou até mesmo a existéncia de células cancerosas vivas e méveis em excregdes e tecidos vivos. Entretanto, 220 no podemos presumir automaticamente, sem maiores evidéncias, gue vérias geracdes de pesquisadores do cancer realmente tenham cometido um erro tdo sério. Ou nossa idéia é sem sentido, e as amebas na secrecao pulmonar nao tém nada a ver com o cancer, ou varias geracdes de pesquisadores do cancer realmente cometeram um erro tremendo. Nao queremos exultar diante disso, mas antes considerar seriamente todos os aspectos do problema. Para come- car, é dbvio que tais erros e omissdes de fato ocorrem na ciéncia. Mais ainda, eles sempre ocorrem imediatamente antes do nasci- mento de novos conhecimentos relevantes. Um numero incontavel de mulheres morreu de febre puerperal nos dias que antecederam Pasteur ¢ Lister, quando nada se sabia sobre infecgao e esteriliza- So. Todavia, teria sido muito simples refinar a antiga descoberta de Leeuwenhoek e olhar nos microscépios. Nada impedia os médicos do tempo de Pasteur de fazer uso do microscépio, a ndo ser um pre- conceito crénico, profundamente enraizado, e o prego foi um nu- mero incalculavel de vidas. Antes que Sigmund Freud descobrisse a atividade sexual infantil, bastante conhecida por qualquer médico e cducador hoje em dia, ela nao existia aos olhos da ciéncia. No en- tanto, é tio simples atualmente constatar que o primeiro interesse das criancas pequenas é sua prépria sexualidade. Comegamos, portanto, a ter mais confianga na crenga de que uum erro igualmente catastréfico tenha sido cometido pelos pesqui- sadores do cAncer. Porém devemos identificar 0 erro, compreender sua natureza e provar positivamente que nossa visao estd correta. Uma vez reconhecida a possibilidade de um ero gigantesco, nao ha caminho de volta. Se nosso conceito estiver errado, devemos admi- ti-lo, se a pesquisa tradicional do cancer partiu de falsas premissas ¢ estd agora ne caminho errado, devemos prova-lo. Porém deixe-me antecipar a minha concluséo: a pesquisa tradicional do cancer real- mente parte de premissas incorretas e esta de fato no caminho errado. Isto se deve sua negligéncia em nao examinar ao micros- c6pio 0 catarro dos pacientes de cance: nos pulmées. O estudo consistente de excregées e sangue de pacientes can- cerosos finalmenie nos forneceré métodos confidveis para fazer um 221 diagndstico precoce de cancer. Um dia, nao sera mais necessario esperar até que o tumor tenha se tornado tao grande que possa ser diagnosticado por raios X ow biépsia. Enfim conquistaremos uma posigdo segura em relagdo a origem do cAncer e o caminho para sua cura se abrira. ‘A demonstragao do erro bésico da pesquisa tradicional de can- cer acompanha a prova da preciso de nosso prdprio conceito quan- to A origem da célula cancerosa. Quando compreendermos como a céluja cancerosa se desenvolve a partir do tecido saudavel, também compreenderemos em que ponto a pesquisa tradicional do céncer se enganou, Em primeiro lugar, vamos sujeitar a secrecéio dos pulmées de nosso paciente canceroso a um exame até mais detalhado, intensi- ficando 0 aumento de 2 mil vezes para 3 mil e até 4 mil vezes. Descobrimos um ntimero profuso de corpos muito pequenos com formato de lanca, que foram ignorados em aumentos inferiores a 2 mil vezes. Seu formato e mobilidade so id&nticos aos dos bacilos T, que podemos cultivar a partir de tecido em degeneragao, sangue em desintegracdo ou protefna putrefata. S40 os mesmos corpos dimi- nutos que observamos nos preparos de bions de carvéo ¢ que podem ser obtidos a partir de qualquer tipo de tecido canceroso através da simples inoculagdo da cultura. Como os bacilos T resultam da degenerac&o tissular e desinte- gragao por putrefacao (ver Figura 32, no Apéndice), devemos con- cluir que estd ocorrendo um processo de desintegragao e putrefacao no tecido pulmonar. © gue ainda nao sabemos - mas devemos determinar — é se os bacilos T so resultado ou causa da desintegra- do do tecido. No entanto, é certo que os bacilos T nao entraram nos pulmées como infecg&o vinda do ar. Isto pode ser provado facil- mente. Nao foi possivel cultivar bacilosT diretamente a partir do ar, fossem quais fossem os meios de cultura utilizados (ver Figura 33, no Apéndice). BacilosT s6 podem ser obtidos quando ha degenera- co de bactérias do ar cultivadas (bactérias de putrefag’o, B-subtilis, estafilococos, e assim por diante). O crescimento de bacilos T na cultura pode ser reconhecido pela borda fina, verde-azulada e cinti- 222 lante que se forma ao redor de cada tipo de cultura em degenera~ do. Ela exala um odor forte, acre, parecido com aménia. Dessa bor- da podem crescer culturas puras de bacilos T. A pergunta de se os bacilos T precedem a formagio de cancer ou dela resultam (talvez as duas coisas) pode ser respondida expcrimentalmente. Falaremos mais a esse respeito depois. ‘Também encontramos no catarro de nosso paciente de cancer no pulmao formas azuis, contrateis, de diversos formatos, ausentes no tecido pulmonar saudavel. $é0 os bem conhecidos bons PA. Como nao os colocamos nos pulmées, eles devem ter se desenvolvi- do ali. A exemplo dos bacilos T, ndo podem ser cultivados direta- mente do ar, Sabemos que so bions PA porque exercem efeito para- lisante sobre os bacilos, id€ntico ao dos bions PA produzidos expe- rimentalmente com terra e carvao. Agora surge a pergunta: qual a telagfo entre esses grandes bions azuis e 0 cncer? O problema se complica cada vez mais & medida que prosseguimos nas nossas observagGes. Descobriremos, contudo, que sua solucao é simples. Auto-infeccao do organismo em virtude da desintegracao tissular As estruturas cncontradas na secreco dos pulmées no esto presentes no ar. Portanto, clas devem se originar dentro do organis- mo. Nossa tarefa é estabelecer como se desenvolvem. Conjetu- ramos que sao produtos de degeneraco tissular e agem como uma auto-infeccdo do organismo. Para confirmar, examinamos excregdes e secregdes de outros drgdos de pacientes de cancer: secrecdes do étero e da vagina, urina e fezes. Também examinamos o epitélio em casos de cancer de pele ou o tecido de tumores cancerosos esponta- neos em solucao fisioldgica. Quanto mais examinamos tecido can- ceroso de diversas origens, mais seguras nossas conclus6es: 1. A célula cancerosa plenamente desenvolvida & apenas o produto final de uma longa seqiiéncia de processos patolé- 223 gicos nos tecidos afetados. Esses processos nunca foram investigados, 2. Ha um certo namero de fases caracteristicas de desintegra- gao tissular e determinadas formas celulares que sao encon- tradas somente em tecido nao saudavel. 3. A primeira fase da degeneracéo do tecido canceroso é a per- da da estrutura normal através da formagao de vesiculas. © tecido em desintegracao vesicular produz dois tipos basi- cos de bfons: os bfons azuis PA c os bacilosT pequenos, pre- tos, com formato de langa. 5, As células cancerosas se organizam a partir dessas vestculas de energia bionosa, transformando-se, com um certo miimero de fases intermedidrias, em protozodrio amebdide mével. al Em cada tipo de tecido canceroso examinado, encontramos as mesmas formas iniciais e as de transigao (ver Figura 20, p. 266). O tecido muscular saudave! exibe uma estrutura regular, estriada, sem vesiculas (ver Figura 51, no Apéndice). O tecido mus- cular canceroso apresenta regularmente desintegragdo vesicular (ver Figura 52, no Apéndice). As células vivas sauddveis apresentam um. protopiasma azulado, com estrias finas ou sem estrutura. As mes- mas células no tecido canceroso exibem vesiculas bionosas de um. azul intenso ow corpos pretos extremamente pequenos. As células saudaveis (miisculo, epitélio da pele, epitélio da lingua, e assim por diante) se desintegram em grandes bions azuis quando fervidas em solugao de KCl. As células cancerosas, todavia, se desintegram em. corposT quando fervidas. Portanto, pode-se distinguir a célula can- cerosa totalmente desenvolvida da célula de tecido normal pelo fato de que a primeiza nao se desintegra em bions PA azuis, mas em bacilosT. O tipo de tecido canceroso (sarcoma, adenocarcinoma, epite- lioma) e sua localizagdo no corpo nao importam. O que caracteriza o cancer 6 a estrutura vesicular do tecido circundante e as diversas for- mag6es que ou evoluem para um cancer plenamente desenvolvido ou resultam de sua desintegrac4o. A primeira fase no desenvolvi- 224 mento de um tumor canceroso sempre é a desintegragao vesicular do tecido. Pode-se afirmar, portanto, que a proliferagio de céiulas cancerosas nas reas citcundantes deve ser atribuida nao sé ao avango do tecido canceroso jé formado, mas também — e talvez mais ainda - a desintegracdo do tecido circundante amolecido. O tecido circundante saudével deve passar cle mesmo por desintegza- go vesicular antes de permitir a infiltrago do tumor nas cercanias. E uma questo de agio reciproca entre 0 tecide canceroso formado € 0 tecido saudavel que o cerca. O primeiro grupo de células em desintegracdo vesicular se organiza como um tecido composto de células cancerosas. Esse tecido canceroso formado danifica 0 tecido saudavel que o circunda e desencadeia sua desintegragfo vesicular. Esse tecido circundante que esid se desintegrando agora no ofere- ce resisténcia a infiltragio, retrocede cada vez mais e se transforma progressivamente em células cancerosas. Desta maneira, podemos explicar o desenvolvimento caracteristico do tumor canceroso, que destréi e se infiltra. As microfotos de tecido canceroso vivo, sem tin- tura (ver Figura 53, no Apéndice), mostram que partes do tecido sc transformam gradualmente em formacdes cancerosas de cor escura. O formato das células cancerosas totalmente crescidas é o mesmo para todos os canceres, seja qual for sua localizagao (nos ossos, glandulas, musculos, etc.) (ver Figuras 49 e 54, no Apéndice). Para o olhar treinado, ele é instantaneamente reconhecivel por sua forma caudada. A célula assume esse formato muito antes de adqui- rir mobilidade. Portanto, se forem encontradas formacées vesicula- res (bionosas) alongadas, com a forma de um taco e com um brilho azul intenso em uma secregao vaginal, confirmar-se-4 um diagnds- tico de cincer incipiente. Todavia, ndo seria possivel predizer neste ponto a progresséo da doenca. Isto depende de varias outras cir- cunstancias, que sero discutidas resumidamente. As formas configuradas como tacos néo podem ser confundi- das com qualquer célula saudavel. Ha células cilindricas na mucosa géstrica que poderiam compreensivelmente ser confundidas com células cancerosas, mas o observador experiente nao se enganaré e reconhecera a diferenga. 225 Ao lado das formagées caracteristicas em taco, hé massas de grandes células redondas que tém um plasma liso, sem estrutura, ou contém bions de um azul-escuro intenso. (A questo de se esta estrutura tem algo a ver com a cromatdlise tipica e a cromatina nuclear — um problema muito bem conhecido do especialista em cancer que trabalha com tecido morto— é de interesse apenas para o especialista e por esse motivo serd discutida posteriormente no seu contexto especifico.) Os estagios caracteristicos no desenvolvimento de células can- cerosas em camundongos ¢ humanos s&o os seguintes: ‘1. Inchago e desintegragao vesicular do tecido. Essa desinte- gragdo tem origem em espasmos locais ¢ na estase crénica ¢ sistémica de energia. 2. Organizacao das vesiculas bionosas em agrupamentos de vesiculas de energia ou bions (“grupos de bions”). 3. Formagao de urna membrana em volta do agrupamento de bfons. 4, Dissolugao dos bons, que se transformam em plasma azul sem estrutura ou estriado. (Observe, todavia, que os bions as vezes retém sua forma original.) Formagio de corpos com forma de taco. 6. Aparéncia de motilidade nos corpos totalmente desenvolvi- des com forma de taco. Isto ndo pode ser observado em aumentos de menos de 3.000-4.000 vezes. Os movimentos sao lentos e espasmddicos, de um lugar para outro. 7. Liquefagéio do plasma e, com ela, desenvolvimento de pro- tozodrics amebdides méveis. Atinge-se raramente este es- tgio no cancer humano, uma vez que 0 organismo geral- mente sucumbe muito antes da desintegracao do tecido e do ptocesso de putrefacdo. (Posteriormente abordaremos o pro- cesso de putrefacdo.) Essas formacdes amebdides ocorrem com muito maior freqiiéncia em camundongos, principal- mente os que tiverem sido injetados com bacilos T e, por conseguinte, desenvolveram um cancer artificial. As células ow 226 cancerosas se deslocam por meio de contragées ritmicas ou fluindo de um lugar para outro, Muitas delas so caudadas ¢ se Movem como peixe na Agua (isto esta registrado em fil- me). Hé uma grande variedade de células cancerosas plena- mente desenvolvidas. Ha tanto formacées com pequenas células quanto com grandes células. Por razées que ainda nao foram compreendidas, as formagdes com pequenas célutas sfio muito mais malignas do que as de células gran- des, isto é, elas levam a morte mais rapidamente. A forma mais virulenta é o sarcoma com pequenas células nas pes- soas jovens. © desenvolvimento de um tumor canceroso simplesmente corresponde & autodesintegragio protozadria e auto-infecgio do orga- nismo, Ou, em outtas palavras, os tecidos individuais do organismo metazodrio se transformam em organismos unicelulares de tamanho ¢ ‘forma variados, Se este processo nao fosse interrompida pela morte, @ pessoa afetada ou o camundongo com cancer acabariam comple- tamente transformados em protozoarios. O fendmeno concomitan- te mais destrutivo desta transformagio é 0 caracteristico processo canceroso de putrefagdo. Para a pesquisa dos bfons, nao é relevante saber se as células cancerosas crescem a partir do tecido epitelial, do tecido glandular, do tecido conjuntivo ou do osso; 0 proceso basi- co & sempre 0 mesmo. A diferenciago tradicional entre diversas formas de cancer (epitelioma, adenocarcinoma, plioma, etc.) perde assim sua importancia. Para 0 paciente, o fator significativo nao é 0 tipo histoldgico de tumor, porém sua localizago. A fungio do orgasmo no metabolismo da energia orgone da célula: sufocagio nuclear na célula pré-cancerosa As conclusdes tiradas das observagées em orgonoterapia indi- cam que espasmios locais e distrirbios de carga do tecido so as causas basicas da formagao do tumor. Por outro lado, a inibigdo respiratoria 227 é a principal causa do encolhimento sistémico e, por conseguinte, também influencia a formac3o de tumores. Esses processos expli- cam os distirbios no organismo e no drgio, porém nao explicam o distiirbio das fungGes da célula nos 6rgaos afctados. Indiretamente, este problema conduz novamente as antigas perguntas: Qual é a fungito do orgasmo sexual no metabolismo energético da célula? Por que motivo desenvolveu-se essa fungao primordial e em que processos biofisi- cos celulares ela se baseia? Os cientistas tendem muitas vezes a for- mular perguntas que parecem supérfluas ou ingénuas para os lei- gos. No entanto, elas tém uma importancia crucial. Até agora nao se formulou resposta a essa pergunta, nem atra- vés da pesquisa sexolégica que precedeu a economia sexual, ner através da pesquisa econdmico-sexual. Também nao é posstvel re- cuar 2 confortavel posico do mistico, a de que o homem, em contras- te com o animal, pode existir sem a fungao orgdstica. Os danos causa- dos a espécie humana pela impoténcia orgastica foram por demais devastadores para continuar sendo negados. A importancia do orgas- mo para 0 equilibrio biocnergético do organismo foi aceita como fato na economia sexual, mas nao foi compreendida, Sabemos so- mente que o orgasmo regula a casa de forca da energia e que sua auséncia causa biopatias. O que nao sabiamos era de que modo 0 or- gasmo realiza sua fungao, 0 que causa a descarga orgastica (orgondtica) nas células. Inesperadamente, a pesquisa econ6mico-sexual do can- cer conduziu A solugao desta questao crucial da seguinte maneira: © tumor canceroso local se desenvolve em érgaos espasticos e pouco carregados, isto é, em érgaos que esto sufocando. Este pro- cesso afeta gravemente cada uma das células. Devemos presumir que o desenvolvimento de uma célula cancerosa a partir de uma célula normal em repouso corresponde a uma mudanga na fun- go celular “bioenergética” (fisico-orgonética). As investigacbes quimicas revelaram muitos fatores importantes, por exemplo, a produgao de dcido latico no tecido canceroso, ou 0 excesso de did- xido de carbono, que indica um metabolismo sufocante nas células, e assim por diante. A pesquisa dos bions acrescenta agora 0 ponto de vista da fisica orgonética, isto 6, acrescenta a0 ponto de vista 228 quimico o energético. Sustenta que uma estase de energia conduz A desintegracdo bionosa da substancia celular e que a célula cancero- sa se desenvolve a partir destes bons. Porém devemos aprender mais sobre isto: de que modo a estase de energia em um tecido conduc & desintegracdo bionosa das células? No organismo, cada célula, com o seu miclco, seu citoplasma e seu campo de energia orgone, forma um “sistema orgondtico” completo. Como toda célula contém energia orgone, sua estrutura deve estar relacionada 4 sua carga orgondtica. Nao é dificil adivi- nhar qual é essa conexéo: o mriclea 6 0 componente mais importan- te da célula e contém a maior parte da energia. Plasma celular sem nticleo nao tem vida; entretanto, as células podem muito bem viver s6 com um minimo de plasma celular, como as células de esperma, por exemplo. © nticleo deve, portanto, ser considerado o ’centro vegetativo” da célula, exatamente como o sistema nervoso auténo- mo forma o “cerne bioldgico” ou 0 “centro vegetativo” do organis- mo total. © nucleo celular e o sistema nervoso auténomo represen- tam os aparatos energéticos mais concentrados e substanciais nos seus respectivos sistemas orgondticos, a célula e o organismo total. O niideo é energeticamente mais forte do que o plasma celular. Todos os processos e fungées bioldgicas essenciais principiam no nicleo e, depois, alcangam o plasma. Por exemplo, a divisdo celular comeca com a divisdo do nticleo, que é seguida pela diviséo do plasma. As amebas, no processo de divisdo, vivem com freqiiéncia por varias horas com um nticleo dividido, isto 6, dois nucleos, antes que 0 corpo se divida em duas amebas. Grande crédito merece o bidlogo aleméo Richard Hertwig, por ter sido o primeiro cientista a investigar e formular a relacdo do nticleo com o plasma, em sua farnosa “relagdo nticleo-plasma”’. Soube-se por algum tempo que a maioria das células é de um determinado tamanho quando se dividem, variando apenas dentro de estreitos limites. Em seguida a divisao, a célula-filha alcanga o mesmo tamanho que a célula-mae tinha pouco antes de se dividir. 1. Ver Hartmann, Allgemeine Biologie [Biologia geral] (2 ed. Jena, 1933), pp. 364.55. 229 Considera-se a relagéo do nucleo com o plasma imediatamente apés a diviséo como a relac&o nticleo-plasma normal na biologia classica. De acordo com Popoff, uma jovem célula que acabou de ser produzida pela divis&o cresce a uma propor¢ao fixa, sendo que 0 micleo cresce mais lentamente que o plasma. E entio, de repente, imediatamente antes da divisdo, o crescimento do nticleo acelera rapidamente (“crescimento da divisdo”) até que, como o plasma, tenha quase alcangado o dobro do tamanho original. retardo na velocidade de crescimento do nucleo depois da diviséo de uma célula resulta cm uma mudanga na relagdo miicleo-plasma em favor do plasma: hd mais plasma do que micleo, Essa desproporcSo cria uma tensio na célula que leva 0 nticleo a crescer ¢ superar a lacuna criada pelo crescimento do plasma, restaurando assim a relagdo normal nticleo-plasma. Hertwig presumiu que essa tensdo na célu- la nao sé inicia 0 crescimento do miicleo, mas também estimula a divisdo celular, Com base em nossa formula do orgasmo, podemos afirmar, além disso, que imediatamente antes da divisto a célula esté sob uma tensio mecénica maior e esté mais carregada energeticamente do que imediatamente depois da divisito, quando é menor?. Antes da divisdo, a relagéo ndcleo-plasma muda a favor do ntcleo mais alta- mente carregado, porque o micleo é orgonoticamente mais forte do que o plasma. Como a relagdo entre a massa do nticleo e a massa do plasma permanece a mesma, a relacdo orgondtica nticleo-plasma deve mudar consideravelmente a favor do nticleo. A tens&o e carga relativamente altas do nticleo no pico de seu tamanho induz agora Adhisie Comasahamas anpiypiadivisio sce aformulade ton: so e carga ¢ conduz & descarga por meio da divisao e ao relaxamen- fo, na forma de céhalas-filhas. © que tern esse proceso a ver com 0 problema da célula cancerosa? Tem muito a ver. As células cancerosas so reconhecidas na preparagdo morta, com tintura, através das seguintes caracteristicas: agrupamento irregular dos micleos; numerosas divisdes desses micleos (mitoses); sao grandes, extraordinariamente ricas em cromatina e enfeixadas, 2. Ver Wilhelm Reich, Tke Function of Orgasm [A fungao do orgasmo], p. 251 230 como se a massa nuclear fosse maior que a massa de plasma. Fica- se impressionado com a nucleacio rica do tecido em degeneracao. Se introduzirmos agora esta descoberta na nossa descrigao fisica orgonstica do processc de formagao da céiula cancerosa, a proxima pergunta sera: a relacio niicleo-plasma de Hertwig pode ser expressa em termos da biofisica orgone? E possivel. O ntielco é 0 mais forte, isto é, 0 sisterna mais rico em corgone dentro da cétula. O plasma celular é o sistema orgonotica- mente mais fraco. Isto significa que hd uma diferenca entre a carga orgonética do nticleo e a do plasma, um fato que pode ser confixma- do ao microscépio. O niicleo apresenta todas as caracteristicas orgo- néticas com mais intensidade que o plasma. Ele irradia com mais for- ¢a que o plasma e possui uma cor azul intensa. Ao redor da célula encontra-se um campo de energia orgone, que pode ser designado como a parte mais fraca em orgone no sistema orgonético total da célu- Ja. B uma lei basica da fisica orgone (em contraste com a eletrofisica e amec&nica) que o sistema de orgone mais forte retira energia do sistema mais fraco ¢ a atrai, Esta descoberta é crucial; ela esclarece de vez per- guntas importantes que, até agora, nao haviam sido respondidas: 1. O que mantém a céluta unida? 2. Como € possivel que a relagio nicleo-plasma permanega sempre aproximadamenie a mesma (excecio feita ao periodo de divi- so), isto 6, que o micleo esteja sempre orgonoticamente mais forte que o plasma? Todo organismo irradia orgone continua~ mente e, assim, com o passat do tempo, deveria perder sua carga de orgone por completo. ‘A resposta é que o nticleo, do ponto de vista funcional, é 0 cen- tro de energia e a fonte de energia da célula, seu “sistema nervoso auténomo”, por assim dizer. O plasma celular é o deposito de comi- da e 0 6rgao exccutivo dos impulsos provenientes do nticleo, exata~ mente como os 6rgaos digestivos e locomotores do metazodrio so os Orgios executives do sistema autonémico. O micleo retira cons- tantemente energia orgone do plasma celular, que a assimilou através da 231 absoreio de nutrientes ¢ da respiragio. Deste modo, o niicleo mantém sua preponderancia de energia orgone em relacdo ao plasma. A relagdo nucleo-plasma precisa ser determinada nao apenas em ter- mos de material, isto é, de acorde com a massa, mas também ~ e mais importante — em termos de energia, de acordo com a diferen- a na carga de orgone. Quando o plasma ctesce no perfodo entre duas divisdes celulares, a energia orgone se acumula no plasma. Num determinado momento, o nucleo cresce rapidamente; isto 6 ele corrige a relacdo de carga orgondtica. Dai se segue que, durante a fase entre duas divisdes (duas convulsées orgondticas), 2 absorgdo de energia orgone para dentro da célula excede de longe a descarga de energia orgone nas cercanias. Isto explica o crescimento da célula total até o momento de sua divisdo (e nao os processos quimicos e mate- riais). A preponderancia do fluxo de energia de fora para dentro do nicleo conduz inevitavelmente a um excesso de energia organe e, com cle, & inversao do fluxo de energia de dentro do niicleo para fora dele. A descarga do excesso de energia bioldgica ocorre em todos os seres vivos — em plantas bem como em animais, em metazodrios bem como protozodrios — através da convulsio do plasma total ou, em outras pala- vras, através do orgasmo. Assim, nao é uma questao de especulacdo, e sim um fato fisico orgondtico, quando dizemos que o orgasmo, seja no ambito de uma tinica célula ou abrangendo uma massa de células (0 organismo), é uma “fungo celular” fundamental, 0 “re- gulador da casa de forca do organismo”. Os quatro tempos, fensiio > carga > descarga + relaxamento, caracterizam tanto 0 orgasmo sexual do metazodrio como a divisdo celular individual. A “formula do orgasmo” deve, por conseguinte, ser considerada idéntica a “fér- mula da vida", e a divisao celular, vista como um processo orgdstico no sentido estrito de equalizagio de energia bioldgica excessiva, O orgasmo n4o é uma caracteristica supérflua da vida, ndo 6 um ca- Ppricko da natureza, nao é a fungéo problematica que parece para aqueles individuos que sofrem de insatisfacao sexual e rigidez bio- logica (impoténcia orgéstica), e sim o regulador da casa de forga da energia bioldgica. O orgasmo descarrega o excedente de energia orgone que se acumula periodicamente nos niicleos celulares. 232 Portanto, nossa teoria do orgasmo é fortemente corroborada por este entendimento dos segredos da fungio celular e pode entao explicar as funcdes celulares néo compreendidas até agora: 0 orgas- mo (descarga de energia orgone através de convulsées) libera o acti- mulo excessivo de energia orgone que ocorre em todo processo de crescimento. Quando o processo de crescimento pdra ~ em outras palavras, quando a produgao de energia orgone em excesso no nicleo biolégico diminui gradualmente -, a funcio do orgasmo também comega a perder a sua importancia. Ocorre com menor freqiiéncia e, finalmente, cessa. Esta fase, isto é, a involucdo do organismo, é a caracteristica mais importante do envelhecimento normal. Com esta base, a vida na sua fase ascendente é sexualmente vigorosa; em sua fase descendente, torna-se pouco a pouco sexualmente enfraqueci- da, Este principio é verdadeiro para os individuos e para as geragdes de células igualmente. Ha periodos de florescimento c perfodos de morte em gerag6cs de células, como, por exemplo, a “morte de gera- G0” de protozodrios. HA muitas coisas ainda obscuras nessa area. Para esclarecer os fatos, voltaremos a nossa discuss4o sobre 0 pro- cesso energético de formacdo da célula cancerosa. Eu gostaria de apresentar uma analogia para ilustrar a sufoca- ao da célula pré-cancerosa. Imagine um grupo de pessoas traba- thando umas com as outras sob condicées favoraveis. Todas elas tem espaco suficiente para se mover; elas déo apoio umas as outras, estiio a vontade e funcionam de acordo com sua capacidade. Agora imagine o mesmo grupo apertado em um recinto pequeno. Ocorre um incéndio. A paz e a ordem desaparecem. Reina a desordem. As pessoas so atropeladas. Esta reago nada mais 6 do que uma revol- ta dos impulsos vitais contra o perigo ameagador. O medo nao s6 acabou com o funcionamento ordenado como, além disso, criou um novo tipo de funcionamento — panico, o que é mortal. A seqiiéncia é comparavel ao que se imagina acontecer quando cétuilas cancerosas selvagens se desenvolvem em tecido submetido & sufocacdo. A contragio cronica do organismo impede a respiracdo e a car- ga e descarga ordenadas de energia orgone no plasma da célula, que se contrai inicialmente e, depois, comega a encolher. Os pro- 233 cessos quimicos metabdlicos s4o perturbados. O excesso de didxido de carbono gera uma condicio semelhante 4 sufocacéo em animais, O sistema autondémico reage a sufocagao, isto é, & extingao temida, através de convulsées violentas, ou seja, hiperatividade completa- mente descontrolada. Pode-se logicamente tirar a conclusao de que os nticleos celula- res desenvolvem este excesso de excitagdo e atividade selvagem quan- do 0 funcionamento do plasma se reduz e ele comeca a encolher. Leis basicas especificas regem o organismo total, assim como a célula indi- vidual - um fato que deve ser enfatizado repetidamente. Aqui se con- firma o principio de unidade funcional e antitese. O nticleo e 0 plasma formam normalmente uma unidade funcional. Na sufocagao do plas- ma, no entanto, o nticleo reage ern clara oposigdo ao processo doentio no plasma. O niicico, como sistema orgonstico mais forte, ainda pode “se defender” quando o plasma, orgonoticamente mais fraco, comega a sucumbir. Em conseqiiéncia, a relagéo micleo-plasma de Hertwig muda rdpida e perigosamente a favor do micleo com relacgao as fun- ces energéticas. O excesso de energia no nticleo torna-se grande demais em relaco ao plasma, que sufoca. Em uma condigao de carga excessiva, o nticleo é capaz de funcionar de wma nica maneira, atra- vés de luminacio e diviséo. Enquanto a radiagao de orgone bioldgico diminui durante 0 processo de encolhimento dos sistemas plasmético e sanguineo, a radiagio mitogenética dos nucleos da célula em sufo- cago se intensifica em grande proporgao. Isto foi confirmado por Kenitzky, no caso de carcinoma do titero. Gurwitsch estabeleceu a presenca de radiag&o intensificada na massa do tumot. Os niicleos da célula afetada procuram compensar a falha do organismo total assumindo a fungio de descarga de energia orgone, que o organisme total nfo consegue mais levar a cabo devido & impoténcia orgéstica e & contra- gio do sistema plasmatico. No nivel bioligico mais profundo, a descarga de energia, na forma de iuminagio ¢ divistio dos ruicleos, substitut as con- ‘vulsées orgdsticas naturais do sistema plasmdtico total. Assim, é facil compreender a profusio de divisdes celutares (mitoses) no tecido canceroso. Como estas divises nao podem mais prosseguir de maneira normal, fisiolgica, os nticleos variam de 234 tamanho. E como o plasma est gravemente alterado, a formagio do mticleo também deve acabar sofrendo. Ele se desintegra, formando bfons individuais de intensa radiacio. Esta desintegracio bionosa afeta toda a célula e até se estende as células circunvizinhas, redu- zindo-as a uma massa informe de vesiculas bionosas que, na prepa- racéo morta em tintura, parece “ricamente nucleada’, “densa” e “cromofilica”. E a partir desta massa bionosa, estimulada pela ener~ gia orgone que ndo mais funciona de modo harmonioso no organis- mo, que os protozodrios chamados “céhulas cancerosas” crescem agora. O metazodric pra de funcionar, enquanto o protozoario flo~ resce, como na lagoa estagnada na qual nao ha mais metabolismo energético. A vida naufraga, recua e passa a funcionar no nfoel biolé- gico mais baixo, pois onde um metazoério nao pode mais scbreviver, um protozoério ¢ certamente um bion ainda podem funcionar. O tumor canceroso passa desse modo a ser meramente uma mani- {festaciio tardia, palpavel, de um distirbio severo do equilforio orgonstico e da fungiio unitdria do organismo. Ele é 0 resultado de uma rebeliéo dos micleos celulares afetados contra os processos de sufocagiio ¢ encolhimen- to no plasma. E essa rebelido que gera o“crescimento celular setvagem”. Este processo nos nticleos celulares corresponde ao distirbio no sistema autondmico quando de uma crise de angustia, como na neurose de angiistia, por exemplo. Seria perfeitamente apropriado falar de uma crise de angistia entre os niiclcos das células no tecido em sufocagio. Na neurose de angustia, a crise afeta tanto o cerne biold- gico como a periferia biol6gica; a crise de angiistia no cancer sé afe- ta os niicleos, enguanto a periferia do sistema orgonético ¢ suas células permanecem “emocionalmente” calmas, Na neurose de an- gustia, a angustia toma o organismo como um todo; na ormagSo de tumor local, a crise de angiistia fica confinada ac tecido e, mes- mo ali, s6 aos nticleos celulares, Na neurose de angistia, todo 0 organismo retém sua capacidade total de funcionamento; na for- magao de tumor local, o organismo inteiro esta no processo de morrer ¢ apenas os nticleos ainda sao fortes e capazes de desenvol- ver “angistia”. Portanto, em tltima andlise, o mecanismo de biopa- tias resultantes da estase sexual é um mecanismo celular patoldgico. 235 O processo local é concomitante e resulta da biopatia sistémi- ca de encolhimento do organismo. O préprio processo de encolhi- mento passa por trés fases caracteristicas: 1. Fase de contragdo: inicia-se por uma incapacidade crénica de expansio vagoténica ¢ se manifesta caracterologicamente péla resignacdo. Suas caracteristicas fisiolégicas sao: espas- mo muscular, palidez da pele, enfraquecimento da carga biologica dos tecidos, impoténcia orgdstica e anemia. Essa primeira fase ocorre em todas as biopatias e nao é especifica do cancer. . Fase de encolhimento: caracteriza-se por petda de substancia corporal, encolhimento dos eritrécitos, fraqueza fisica, perda da resisténcia biolégica em todo o organismo, perda de peso e, finalmente, uma caquexia geral. . Fase de putrefagao: caracteriza-se por perda de energia orgo- ne nas célutas dos tecidos, transformacao do material cance- roso em matéria puitrida, formagdo répida de bactérias de putrefagao (desintegrac&o ptitrida), desintegragdo das bac- térias de putrefacdo em bacilos , intoxicagio geral de baci- los, escaras de putrefagio, odor corporal piitrido e morte. N 2 ‘As manifestagdes da biopatia de encolhimento coincidem com 08 fendmenos de regresséo nos idosos, isto 6, com a morte natural e gradual do organismo (“involugdo”). No envelhecimento, 0 orga- nismo encothe lentamente ¢ apodrece depois da morte. Na biopatia do céincer, este processo geral de morte ocorre prematuramente e de forma acelerada. A morte por cancer é uma morte prematura, porém regular. O elemento patolégico nela inscrito esté na sua prematuridade e aceleragao, e também no fato de que a putrefacio ocorre enquanto 9 organismo ainda vive. Os processos de morte comegam em um Grgao que esteve em estado de contragio durante anos e apresenta respiragao precaria e funcionamento bioenergético (orgonético) de- ficiente: perda de energia orgone nos tecidos e suas células, desin- tegracio vesicular, formagao de bactérias de putrefacio e bacilos T. 236 Este disitirbio afeta principalmente o sistema sanguineo e, com ele, 0 organismo como um todo. Daf resulta que o aparelho autondmi- co encolhe gradualmente. Este proceso é conseqiiéncia de uma perturbag&o na economia sexual do organismo. A perturbacdo principia no organismo muito antes de se mani- festar por sintomas tangtveis, compreensiveis para a patologia meca- nicista. Portanto o diagnéstico de tumor local é invariavelmente feito tarde demais. Pelo mesmo motivo, o ttatamento local que se costuma aplicar no tumor através de cirurgia, raios X ou radioterapia ndo influencia a propria doenca. No importa o quo radical tenha sido a cirurgia de extirpacdo de um tumor canceroso no seio, 0 processo de putrefacdo nao ird se alterar. Esses fatos sio de importancia suprema para empreender a profilaxia do cancer pela utilizagao con- centrada de energia orgone. O termo “terapia do cncer” 56 ganha- r& legitimidade quando estivermos em condigo de combater 0 ptocesso sistémico de encolhimento ¢ putretagiio. Este prinefpio deriva dos experimentos de bions em camundongos cancerosos e orienta os experimentos de orgonoterapia em relagao ao cancer em. nosso Instituto. ¥ fato bem conhecido que, biologicamente, as células cancero- sas sao formagGes extraordinariamente fracas, que se desintegram faciimente. O tumor canceroso em si é inofensivo, desde que néo aparega em drgaos vitais (cérebro, figado, e assim por diante). E por esse motivo que os pacientes de cAncer com tumores pequenos, sdlidos, costumam muitas vezes levar a vida normalmente, sem se sentir doentes. Muitos idosos tém tumores cancerosos que nao cau- sam dificuldade e dos quais nem sequer se tem conhecimento, até que o revele o exame pés-morte. As dores caracteristicas do cancer e a fraqueza geral s6 se instalam depois que todo o organismo ienha sido extcnsivamente afctado. Ele entao declina rapidamente. O tecido do cancer em desintegracao esta sempre putrefato e tem cheiro de podre. © produto final dessa desintegragzo ¢ uma vasta quantidade de bacilos T. Como a intoxicac4oT se espalha pro- porcionalmente ao ndémero de células cancerosas em deterioracao, © maior perigo para o paciente é a fraqueza biolgica das células do 237 tumor canceroso. Este fato é uma grande vantagem na orgonotera- pia, em que o tumor pode ser destruido rapidamente. As dificulda- des da orgonoterapia hoje nao estao na destruicéo do tumor, mas antes na eliminagio dos produtos de desintegragéio do corpo. Para supe- rar este problema especifico, devemos compreender claramente a natureza destes produtos, Empreendemos um experimento que deve ajudar a esclarecer 0 assunto. Fervemos células cancerosas de um tumor remoyido por cirurgia e examinamos os resultados. Nao havia mais células cancerosas formadas; em vez delas, encontramos as massas de bacilos T que conhecemos téo bem (ver Figura 32, no Apéndice). Quando se ferve o tecido sauddvel, ele se desintegra e se transforma em bions azuis. O tecido canceroso se desintegra e se transfor- ma em bacilos T. Os bions azuis sao benéficos ao organismo, os baci- los T so prejudiciais. Portanto, a orgonoterapia aplicada ao cancer muda a énfase da destruigao do tumor para a neutralizagiio e eliminagho dos produtos da desintegragio, E claro que os préprios érgios no podem ser examinados diretamente para se obter evidéncia da putrefacdo do organismo. S86 se pode estabelecé-la e avalid-la através do exame do sangue e das excrecdes. Como o encolhimento e a desintegragdo bionosa sempre antecedem a putrefagio, é essencial observar a forma e fun- co dos eritrdcitos, em particular. Eritrécitos saudaveis so cheios e tigidos, podem ser vistos pulsando com uma lentc de aumento de 2000 vezes. Eritrécitos em processo de encolhimento sd0 menores, apresentam um formato freqtientemente nao oval, mas redondo, e sua pulsac4o é restrita ou j4 nem existe mais. Gldbulos sanguineos saudaveis possuem uma borda larga de orgone, com intenso reflexo azul. Em contraste, eritrécitos em processo de encolhimento pos- suem uma borda de orgone estreita, desbotada. Em vez de serem rigidos, eles muitas vezes apresentam ma membrana enrugada. Se © processo de encolhimento nio estiver suficientemente avangado para que se possam observar imediatamente as membranas enco- hidas (estruturas fusiformesT: “paiquilocitose”), observamos a rapi- dez com que se deterioram as células vermethas sanguinens, isto é, como encothem numa solugho salina fisioldgica, Britrdcitos saudaveis reiém 238 sua forma normal durante meia hora, e até mais. Os eritrécitos em processo de encolhimento ou com tendéncia para encolher muitas vezes se desintegram em segundos ou logo depois de alguns minu- tos, exibindo membranas dentadas, formando 0s assim chamados fusos T (ver Figura 19). Os fusos T séo uma indicagao de degenera- do cancerosa avangada. O termo “canceroso” é sindnimo de enco- Ihimento neste caso (a “simpaticotonia” dos eritrécitos). Eritrécitos saudaveis se desintegram em bions azuis — lentamente em solugéo salina, tapidamente em autoclave ~, enquanto eritrdcitos cancero- sos se desintegram quase complctamente em corposT (a “reagaoT” cancerosa, em contraste com a “reagdo B” normal). O sangue saudavel nao produz culturas de bactérias em caldo de cultura. Porém o sangue canceroso produz culturas de bactérias de putrefagio e bacilos T. As bactétias de putrefaco e os bacilos T tam- bém podem ser observados ao microsc6pio no sangue de pacientes de cancer (embora isso nao ocorra em aumentos inferiores a 2.000 vezes). Portanto o cxame do sangue é particularmente wt para a detecc’io precoce do cancer. Na verdade, cu me arriscaria a afirmar que o sangue é o primeizo sistema a ser afetado pela contragio sisté- mica e subseqiiente encothimento do organismo. Afinal ele é a “sei- va da vida”, que liga todos os orgaos em wn todo e thes prové nutri- cdo. Assim sendo, o sangue tem papel central na orgonoterapia do cdncer e sua fungao orgonética deve ser totalmente compreendida. ) Figura 19. Eritrécitos deformados, tal 0 modo como sito observados no sangue de pacientes com céncer avancado. Formagio de bion no centro, {formagio de fusos T na membrana ("simpaticotonia’ dos evitrécitos) 239 Neste ponto, eu gostaria de chamar a atengao para a teoria aceita sobre como se espalharn os tumores cancerosos. De acordo com essa teoria, as células cancerosas do tumor original entram na corrente sanguinea e séo ent&o carregadas até Grgios distantes, onde se assentam e crescem, transformando-se em novos tumores, a assim chamada “metastase”. Esse processo nunca foi observado diretamente porém, e fica a pergunta: esta hipdtese esta correta? Nossa interpretacdo sugere outra explicagio, mais plausivel: no é preciso presumir que as células cancerosas sio transportadas pelo sangue. Como 0s processos de encolhimento e putrefacio sio gernis, os tumores locais podem se formar aqui ou ali, mais cedo ou mais tarde, em qualquer lugar do organismo. O caso que descrevi ante- riormente, no Capitulo V, revelou o fato de que a localizagao da metéstase é determinada por espasmos locais e perturbagées do funcionamento biolégico. Um tumor canceroso pode surgir primei- ro no seio, resultante de umm espasmo crénico do muisculo peitoral, sendo seguido algum tempo depois por um segundo tumor nas costelas ou na coluna vertebral, como resultado de espasmos locais no diafragma. As contragdes dos mtisculos sao evidéncia de uma disfunco biopatica e representam a tendéncia geral do organismo pata contracaéo e encolhimento. Claro, a formacéo de metastases em partes do corpo ou orgios distantes do tumor original deve ser distinguida do crescimento do tumor nos tecidos circundantes, como no caso de um cancer do reto que se expande pela parede da bexiga, por exemplo. Poderfamos agora fazer uma afirmagao a respeito da natureza do cancer do sistema sanguineo chamado leucemia, embora seja preciso realizar mais observacées para confirmé-ia. Se 0 encolhi- mento e a desintegracao dos eritrécitos representam a fase inicial e geral na doenga do cancet, entéo a proliferacao excessiva de leucd~ citos fica facil de compreender. A fungdo das células brancas do sangue nao 6, como a dos eritrécitos, prover respiragao aos tecidos e suprimento de energia orgone. Ao contrario, elas defendem o organismo contra as bactérias ou outros “corpos estranhos”. Glé- bulos brancos do sangue, leucécitos, linfécitos e fagdcitos sempre 240 sc acumulam nos locais em que corpos estranhos (bactérias, sujeira, etc.) penetram na substéncia corporal. A formagiio de abscessos resulta de um acumulo de giébulos brancos deste tipo, como é a sectecao purulenta nas feridas. Quando os eritrécitos comegam a se desintegrar, sio transformados em substancias estranhas ao orga- nismo. O poder defensivo dos glébulos brancos precisa aumentar enormemente para lidar com os eritrécitos em desintegragéo. Em decorréncia, a leucemia — 0 sintoma mais proeminente do cancer sanguineo — nada mais é sendo uma rea¢So do organismo ao enco- Ihimento ¢ 4 desintegracao T dos eritrécitos. Portanto, também se pode encontrar leucocitose em outras doengas que envolvem 0 encolhimento do sistema sanguineo. Quando os glébulos brancos predominam sobre os glébulos vermelhos e 0 organismo se tornow fraco demais para fomecer glébulos vermelhos totalmente desen- volvidos, ocorre a morte, inevitavelmente. Assim, fica a pergunta quanto a orgonoterapia do cancer: é pos- stoel interromper ou impedir 0 processo de desintegragéo dos eritrécitos? Uma resposta positiva a esta pergunta e que fosse passivel de apli- cacao abriria as portas para a prevencdo do cancer. Em outro contexto, descobriremos que as préprias células de um tumor canceroso surgem nao como sintomas da doenga, mas como defesa contra processes patolégicos. Embora essa afirmacio possa soar muito revolucionaria, ela nio o é. Antes de discutir as fungdes curativas do sanguc, eu gostaria de responder a duas pergunias que devem estar martelando amen- te do leitor: 1. Como é possivel saber que a célula cancerosa se desenvolve do modo como descrevi aqui? Afinal de contas, nao se pode abrir © organismo humano repetidas vezes para seguir o desen- volvimento de células cancerosas a partir de um tecido que se desintegra em vesiculas! A pergunta se iustifica, é impor- tante e para ela existe uma resposta. (Ver discussio detalha- da a este respeito a pp. 264 ss.) 2. Qual é 0 erro fundamental da pesquisa tradicional de citncer? Como é possivel que os processos que descrevi tenham sido 244 tdo completamente desconsiderados? Esta pergunta tam- ‘bém se justifica. Um mesmo e tinico fato responde as duas perguntas: a propria omisso que constitui o erro bisico da pesquisa tradicional de cincer também 6 responsdvel pela desconsideragiio dos estdgios de desenvolvi- mento da célula cancerosa. Vamos nos voltar agora para esta questo. O desenvolvimento de protozoarios em infusdes de grama: a chave para a compreensao do cancer A ciéncia natural mecanicista, inclusive a biologia mecanicista, estd cheia de misticismo. Como ja disse muitas vezes antes, espera- se que o misticismo preencha as lactinas existentes na compreen- eAqanecanicista.do fundianemento tal, Ror evenaniq a siénciana: ‘tural mecanicista caiu na armadilha da nogao errada de que “célu- Jas s6 se originam de células” e “ovos s6 se originam de ovos”. A pergunta pertinente da origem da primeira célula e do primeiro ovo é eliminada a priori. Contudo, a exciusio desta pergunta basica da biologia simultaneamente impede a percepcao de determinados fates. qa mecanicista. Hla pasime. que qaracadanm. das hithaies, de diferentes formas de organismos unicelulares existe um germe “pronto para uso” “no ar”. Tais germes nunca foram vistos pot quem quer que seja. Ainda assim, atribuiu-se a eles a tarefa de a tudo explicar: tuberculose, sifitis, pneumonia, etc. Mas dai foram encon- tradas doencas que ndo exam cxplicadas com tanta simplicidade pelos “germes aéreos”, doencas que devem ser atribuidas a diminu- tas particulas invisfveis na fronteira entre a matéria viva e a ndo viva. A paralisia infantil (poliomielite), febre aftosa, etc. no sdo compreendidas nem mesmo hoje, pois ndo se pode cultivar virus a partir do ar. Nao se conhecia a origem de bactérias e protozodrios provenientes da desintegracao bionosa de matéria viva e morta. A presenga de organismos vivos em infusées de grama era simples- mente tida como ceria, assim como a presenga de células cancero- 242 sas no corpo. B claro que foram formuladas perguntas a respeito da origem das células cancerosas. Todavia, a despeito do fato de n&ic terem sido encontradas no ar e no haver chividas quanto a sua ori- gem no corpo, mesmo assim foi estritamente proibido supor que as células poderiam se organizar desenvolvendo-se a partit de tecidos em desintegragao. Em conseqiiéncia, negligenciaram-se cs scguin tes pasos: 1) exame cuidadoso de excrecées humanas no seu esta- do natural; 2) observacao cuidadosa das mudangas de tecidos de giama em infusdes. Aafirmacao de que hd uma infecgdo endégena ou mesmo uma organizagao de protozoarios no corpo soa absurda para todo pato- logista mecanicista, Ele nem sequer da ouvidos a uma coisa dessas. Entretanto os processos em funcionamento no desenvolvimento de bacté- rias e protozodrios a partir de musgo e graia em desintegracao siio a chave para a compreensiio do crescimento de células cancerosas e bacté- rias de putrefagiio a partir de tecidos animais em desintegragio. A pergunta de como é possivel descrever o desenvolvimento de cétulas cancerosas no organismo pode ser respondida agora. Na realidade, seguimos os muitos estagios de desenvolvimento de pro- tozodrios e bactérias no tecido de grama em desintegracéo. Nossa suposicaio é que as amebas na infusdo de grama nada sao sendo as “células cancerosas” da grama; se estiver correto, é possivel inferir entio processos corespondentes no tecido animal. Este procedi- mento ndo seria suficiente, em si, para justificar quaisquer conclu- sdes definitivas. Por este motivo, muitas outras observacGes de ex- cregées de pacientes aparentemente saudaveis e de pacientes com cancer diagnosticado sio de grande importéncia, por mais que essas observacées parecam esporddicas c sem conexdo & primeira vista, Se forem descobertas formas e processos no tecido canceroso ¢ em suas cercanias que sejam idénticos aqueles obseivados em grama ou musgo em desintegracdo, as observagdes e experimentos combi- nados serao corroborados. Eles se tornam fato estabelecide quando se produz cincer artificial em camundongos saudaveis e se reali- zam exames em série durante as diversas fases da doenga. O qua- dro simples e conclusivo abaixo decorre das observagées dos pro- 243 cessos de tecido de grama em desintegragio, nas excrecées de pa- cientes de cancer e no tecido de camundongos com cancer artificial: 1. As células cancerosas s40 0s protozodtios no tecido animal em desintegracdo bionosa. 2. As amebas e outros protozoirios nas infusGes de grama sio as células cancerosas da grama em desintegracao. 3. A origem de células canccrosas é idéntica a0 problema da biogénese. Estas trés conclusées so suficientes para causar hesitag3o. Elas parecem excessivamente simples. Porém os grandes fatos sio sempre muito simples. Depois de chegar a estas concluses, quase toda lacuna criada pela impossibilidade de observagao direta do cancer pode ser preenchida com as observacdes feitas sobre 0 desenvolvimento de protozodrios na grama em desintegracdo Enquanto eu preparava infusdes de 1936 a 1942 através do método simples de colocar grama ou musgo seco em 4gua em dife- rentes épocas do ano, observei que é impossivel ou muito dificil obter protozodrios a partir de infusGes de grama jresca e joven da primavera. Por outro lado, grama ou musgo outonais produziam todo tipo de protozodrio de maneira ficil e abundante. Tal descoberta no seria surpreendente para aqueles que acreditam na hipdtese dos germes no ar. Para nés, no entanto, foi de grande importancia, Ela confirma a identidade do protozodrio na infuséo de grama e a célu- la cancerosa no organismo, pois a célula cancerosa nunca se desenvol- ve em tecido fresco, jovem, e sim apenas em tecido animal danificado, envethecido, “outonal”. Eu gostaria de enfatizar que nunca sequer pensei em me voltar para o problema do cancer. Fui forcado a ‘sto, na condi¢do em que estava, quando descobri, durante experimentos com bfons, o de- senvolvimento — fotograficamente documentado — de protozodrios a partir de bions em infusdes de musgo. Além do tecido de grama normal e de protozodrios totalmente desenvolvidos, havia um nit- mero infinito de formas que, do ponto de vista da biologia mecani- 244 cista, eram indefiniveis; como, por exemplo, vesiculas azuis indivi- dualizadas que nao eram bactérias do at, agrupamentos imegulares Ge tais vesiculas, agrupamentos que apresentavam uma membrana em um sé lugar, outros agrupamentos que j4 mostravam uma for- ma rigida apenas parcialmente cercada por uma membrana. Além disso, uma vasta quantidade de formagies estruturadas nas mar- gens do tecido em desintegragao néo poderia ser definida nem como “musgo”, nem como “protozoarios” (ver Figuras 39, 40, 41-a, b,c, no Apéndice). Aqui, eu gostatia de relatar um evento pequeno, porém interes- sante. Em 1936, meu laboratério estava associado ao laboratério botanico da Universidade de Oslo. Eu precisava de uma cultura de amebas. O assistente do laboratério procurava em uma infusao e me mostrou as amebas. Foi nesse momento que a pergunta inocente escapou: “Vocé pode me dizer como estes protozodrios entraram nesta infiiséo?” Eu tinha esquecido que havia uma “teoria do germe”. Oassistente olhou aténito para mim e, depois de um momento, aca~ bou respondendo, a voz revelando um traco de desprezo pela minha ignorancia bioldgica: “Dos germes aéreos, é claro. Eles se fixam no musgo”. Posteriormente, preparei centenas de culturas de germe aéreo em uma grande variedade de meios de cultura sem jamais ter visto o germe de uma ameba ou uma ameba real. Com 0 tempo, sen- ti-me menos incomodado com minha ignorincia biolégica. Outra ocorréncia pode servir para convencer o leitor de que o organismo humano as vezes tem um conhecimento preciso, embo- ra as autoridades possam julgd-to um equivoco. Preparci a primeira publicacao sobre bions, desintegracao vesicular da materia e desen- volvimento de protozoarios durante o outono de 1937, cerca de um. ano e meio depois das primeiras observagdes conchisivas. Naquele tempo, eu ainda nao tinha o pressentimento dos dois tipos basicos de vesictilas de energia, os bions PA azuis e os bacilosT pretos, nem sabia que as vesiculas de energia azul que continham orgone mata- vam os bacilos T. Em outras palavras, cu realmente nao tinha idéia de que algum dia me enconiraria em condigdes de empreender experimentos de orgonoterapia sobre o cancer. 245 EntSo, no outono de 1937, os mecanicistas e misticos norue- gueses comegaram sua campanha de difamagio contra minha pes- quisa sobre bions, Malgrade meus apelos para que me deixassem trabalhar em paz, os jomais publicaram longos artigos afirmando “revelar os segredos de meu laboratério”. Fui acusado publicamente de alegar que eu “podia curar o cAncer”. A acusagao me deixou per- plexo; eu nunca havia feito tal afirmagao ¢ jamais havia sequer pen- sado nisso. Como poderia uma acusacao dessas ser dirigida a mim, se & que de fato pudesse portar o nome de acusagio? $6 a com- preendi muito mais tarde, depois da descoberta do efeito assassino dos bions PA azuis. Meus criticos hostis haviam obviamente perce- bido melhor do que eu que verificar a biogénese dos protozodrios teria escancarado a porta para um entendimento do cAncer. Depois de décadas de esforcos enormes, a pesquisa do cdncer ficou infclizmente presa em um beco sem sada, precisamente por causa do tabu que bloqueou a compreensio do desenvolvimento de protozodrios. Ninguém supunha que os protozoarios pudessem. se desenvolver a partir de musgo bionoso; eles tinham que crescer, por vontade de Deus, dos “germes” que ninguém jamais observou, mas que estavam simplesmente “ali”, “prontos para uso” desde @ inicio. Quando me dei conta do erro que havia sido cometide, reto- mei tateando minhas observages do tecido canceroso que 0 hospi- tal do cancer me mandara muitos meses antes. Por algum tempo, adquirira o habito de simplesmente deixar todos os meus preparos ali parados, aguardando para observer o que aconteceria com eles com o passar do tempo. Dentre minhas culturas, havia algumas velhas solugdes de caldo de cultura as quais acrescentei tecido can- ceroso estéril. Para minha surpresa, tedas essas culturas apresentaram uma coloragdo verde-azulada. Blas soltavam odores muito acres, pa- recidos com aménia e podres, A inoculagao em gar produziu um crescimento liso de um intenso verde-azul. Tirando material da borda, inoculei uma nova placa de agar e vi, pela primeira vez, 03 bacilosT, cuja descoberta ajudaria a desvendar o mistério que cerca 0 problema do cancer. 246 Peco ao leitor que compreenda o meu grande medo de prosse- guir nas novas areas de pesquisa. Esperei muitos anos para publicar estas descobertas. Nao era simplesmente uma questao de ter en- contrado um bacilo até entdo desconhecido. Esta descoberta levan- tou, de um sé golpe, perguntas espantosas que precisavam ser res- pondidas antes de prosseguirmos. Os bacilosT se originam da desintegrac&o do tecido. Isto quer dizer que nos confrontamos com a questao da biogénese, o otdena- mento social da energia bioldgica. A desintegragéo do tecido no otganismo vivo é resultado do enfraquecimento social crénico do funcionamento vital. Também nos defrontamos com a questo da disposigio da prépria vida no universo, uma vez que os bions reve- laram a existéncia de uma energia biolégica especifica. Parecia ine- vitdvel que a descoberta dos bacilos T fosse uma ameaga aos que se opunham a mim, colocando em discussio a nogao da descendéncia divina, bem como o destino divino do homem. Eu ja acumulava més experiéncias com médicos, cientistas e pessoas em geral; ainda havia a perspectiva da campanha difamatéria de Oslo. Fu ndo era cidadao do pais em que fiz minhas descobertas. Era um convidado em uma terra estrangeira, um “estranho”, um “intruso”. Pessoas de mé indole estavam mais interessadas na minha falta de nacionali- dade do que nas minhas descobertas. Entéo, numa bela manha de primavera, um pensamento simples eliminou todas as minhas an- guistias: sou um cidadao deste planeta, Como tal, passei a sentir orgu- lho por ter entrado em contato com um dos maiores problemas cientificos deste século — de todos os séculos, na verdade, O fato de a pesquisa dos bions haver deparado espontaneamente com 0 denominador comum de muitas perguntas até ento consideradas sem relagdo entre si me deu coragem. Nao era uma desonra; bem ao contrdrio, era um triunfo que estes problemas comecassem a se resolver, apesar de todos os tipos de dificuldades e mortificagdes Provenientes de colegas e burocracias, e apesar de ter sido obrigado a mudar de pais seis vezes. Quando, finalmente, em janeiro de 1939, a energia biolégica irradiou dos bions SAPA dentro da atmos- fera de meu laboratério, e quando, em 1940, comecei a concentrar 247 esta energia dentro do acumulador de orgone, minhas angiistias diminufram ¢ as indecéncias que sofi empalideceram diante de minhas descobertas. Daquele momento em diante, 86 senti a obri- gacdo de levar a cabo a responsabilidade que assumira, dando o melhor de mim. O problema do cancer parecia referir-se 4 natureza da vida e da morte. © problema no est solucionado, mas o caminho para sua solucéio esté aberto agora. JA descrevi os bacilos T e posse, portanto, me limitar aqui a um relato do desenvolvimento da pesquisa do cdncer. Esta descrigaio é essencial, pois a simples afirmacao de que “o cncer é fundamen- talmente uma putrefagao dos tecidos e da sangue, um lento mozrer no corpo vivo" sé se torna compreensivel através das descobertas inter-relacionadas ocorridas durante os experimentos e as observa- ges. Tornar-se-4 clara nesta apresentagdo a razio pela qual des- considerou-se até agora a natureza basicamente simples do cancer. Descobrir um torrio de outo nas montanhas do Colorado é uma meta muito simples e desejével, mas descobrir o caminho que leva ale é tortuoso e até perigoso. A descoberta da existéncia dos bacilos T em tecido velho de sarcoma levantou imediatamente diversas perguntas, cujas respos- tas exigiram muitos anos de intenso trabalho: 1. Os bacilos T injetados em camundongos sauddveis podem produ- cir cancer? 2. Que relagao tem o bacilo T com a céiula cancerosa? Ele é sua cau- sa ou produto de sua desintegragiio? 3. Se os bacilos T siio a causa do crescimento do céncer, como pene- tram no organismo saudével? Na época em que descobri os bacilos’T, eu naturaimente néo tinha idéia de que aqueles corpos diminutos seriam designados bacilosT ou que fossem resultado da desintegragéio de tecidos vivos putrefatos. Todavia, cada passo durante meus experimentos com os bacilos T levou a novos segredos do flagelo do cancer. A descrigéo 248 dessa trajetéria € portanto idéntica & descrigio da natureza do can- cer, do modo coma se revelou pelos dados obtidos até agora. Contudo, antes de prosseguir essa descrigdo eu gostaria de responder 4 pergunta concernente ao erro da pesquisa tradicional do cancer. Resumidamente, é 0 seguinte: 1, Nem as vesiculas azuis de energia a partir das quais se orga- nizam as células cancerosas, nem os bacilosT, bem menores, em que elas sc desintegrain 940 visiveis nas amostras de tecido com tintura. Elas s6 podem ser vistas no preparo vivo. Porém a pesquisa tradicio- nal do cancer trabalha quase exclusivamente com tecido morto. 2. Pela mesma razio, a pesquisa tradicional do cancer foi inca- paz de descobrir os estdgios intermediarios de desenvolvimento do cAncer. 3. Nao € possivel realizar observagées precisas com aumentos inferiores a 2.000 vezes. A pesquisa tradicional do cancer raramente utiliza aumentos superiores a cerca de 1.000 vezes. 4. O repiidio e a rejeico fundamentais em relagao 4 organizagio natural de protozoarios a partir de matérias nio viva e viva bloqueow completamente o acesso a uma compreensao da célula cancerosa. 5. O preconceito do “germe aéreo” desviou a atencao dos pes~ quisadores, levando-os a adotar uma diregao falsa. 6, O cancer € uma perturbacdo geral no funcionamento do biossistema e, por isso, 36 pode ser compreendido funcionalmente. A medicina e a biologia tém uma orientagdo fisico-quimica puramen- te mecanicista. Elas procuram causas em células isoladas, érgaos mortos isolados, substZncias quimicas isoladas. Assim, a fungéo total, que determina 0 caréter de toda fungio especifica, permanece des- petcebida (a compreensio clara da funcio sexual também sofreu desse tipo de orientag&o). © funcionamento de um radio nunca pode ser compreendido através de uma descriggo da composigao quimi- ca do vidro, do metal dos fios ou da descricao da disposigo meca- nica das partes. Do mesmo modo, a func&o biopatica do cancer nao pode ser compreendida pela descrigiio da forma e reago 4 tintura das células cancerosas ou de sua posigdo com relagao as células do tecido saudavel. Nem pode a composigdo quimica da proteina viva, 249 por mais sofisticada e complexa que seja, revelar jamais 0 que seja sobre a pulsacio vital. Sigamos agora a trajet6ria por onde nos conduziram os baciios T. 2, MORTE NO CORPO VIVO: PERDA DE ORGONE NOS TECIDOS E PUTREEACAO ANTERIOR A MORTE Devo resumir as descobertas amplamente divergentes apre~ sentadas até agora. Os bacilos T revelam um processo mortifero no organismo em vida, “morte no corpo vivo”. A letra T foi tirada da primeira Jetra da palavra alema Tod, que significa morte. Denomind- los hacilos T comunica dois fatos: os bacilos T resultam do processo de morte no tecido e, se forem injetados em grandes doses, podem tevar & morte de camundongos. Depois de obter a primeira cultura de bacilos T, injetei uma amosira em camundongos saudaveis. Muitos deles morreram pas- sados oito dias; outros ficaram doentes, melhoraram por algum tempo, mas morreram poucos meses depois. Durante dois anos (1937-1939) foram inocutadas varias centenas de camundongos brancos saudaveis, sempre em grupos de seis, no experimento com bacilos T. Dois de cada grupo, os camundongos-controle, s6 rece- beram injecdes de bions PA; dois outros camundongos do mesmo grupo receberam bacilos T (a quantidade da dose variou de grupo pata grupo). Os tiltimos dois camundongos foram inoculados com bacilos T e bfons PA azuis. (HA um resumo desse experimento com camundongos na segdo “A organizacdo natural dos protozoa- tios”, no Capitulo IL.) A injegao combinada de bions PA azuis e bacilos T resuliava logicamente de minha observagao microscépica de que os bions PA parelisavam os bacilos T ¢ produziam sua aghutinagéo. Como jé foi relatado, o resultado final, passados dois anos, foi que todos os camundongos injetados s6 com bions PA permaneceram saudaveis, todos os camundongos (inicialmente saudaveis) injetados sé com bacilos T morreram imediatamente ou desenvolveram, no decorrer 250 dos quinze meses seguintes, varias fases de desintegragao e prolife- racéo de células, isto é, cancer; finalmente, a maioria dos camun- dongos que receberam tanto bions PA como bacilos T permanece- ram saudaveis. Este efeito dos bfons PA azuis foi nosso ponto de partida para os experimenios de orgonoterapia do cancer, Naquele momento, eu poderia me ater aos resultados pura- mente empiricos e me satisfazer com os sucessos praticos obtidos até enido. Isso pouparia o leitor de ter de se preocupar com proces- sos complicados. Porém nao posso fazer isto, porque, embora tenha havido um avango significativo no problema do cancer, ainda ha um trabalho intensivo a frente para elimind-lo completamente. A conclusio que tirei de meus experimentos de orgonoterapia do cancer 6 que é muito mais ficil prevenir 0 ciincer do que curd-lo depois que ele se desenvotveu plenamente, pela simples raz4o de que o cftncer nada mais é do que uma morte gradual do organismo, prematura e acelerada, porém “normal”. Os pracessos no organismo que condu- zem 4 morte prematura por c4ncer sao precisamente os mcesmos que levam a morte natural. © problema do cancer é inseparavel de toda a questo da relagdo entre vida e morte. O leitor pode estar certo de que estou totalmente consciente das implicacdes dessas afirmagGes e que nao as fago com levianda- de. Nao principiei meus experimentos com o problema do cancer em mente, mas fui levado a ele através dos meus experimentos com 08 bons; & época, eu podia escolher entre enfrenté-lo entrando de cabega ou abandonar inteiramente minha pesquisa sobre os bions. A decisio que tomei de adiar a publicac3o dos resultados dos pri- meiros experimentos bem-sucedidos com os bfons em relag3o ao cancer e nao rejaté-los a nenhuma autoridade responsdvel estava baseada na constatagao de que o problema de cancer é idéntico ao pré- prio processo de vida e morte. Quando examinado mais de perto, este fato nao é tao surpreendente quanio possa parecer a primeira vista. Mesmo os primeirissimos experimentos com os bions e as observa- Ges da organizasao natural de protozodrios nos colocou frente a frente com a biogénese, sem, novamente, que houvesse a menor intengéo. Os experimentos com bfons entéo conduziram dircta~ 21 mente a doenga do cancer, através dos bions PA e bacilosT. Como a vida e a morte estao inextricaveimente entrelagadas, a pergunta sobre a origem dos protozodrios levou necessariamente a questo da morte por cfincer e, com ela, da morte em geral. Penso que, durante muito tempo, fiquei me preparando in- conscientemente para estas perguntas. Envolvi-me com certas con- sideragdes teéricas a tespeito da morte j4 em 1926, quando comecei a sefutar clinicamente a hipétese do instinto de morte de Freud e a afirmar a existéncia de um processo objetioo de morte, que se inicia muito antes que o coragao cesse de funcionar. Depois desta refuta- a0 bem-sucedida do instinio de morte’, meu interesse pelo processo objetivo do morrer ainda se manteve. Este era um processo indese- jado e temido pelo organismo vivo, embora a ele devesse sucumbir mais cedo ou mais tarde. Os bacilos T' sic a evidéncia tangtvel do pro- cesso de morte, Provarei isto agora. A bioffsica orgone reduz todas as manifestacGes vitais & fungio biofisica basica de pulsagdio. O processo vital consiste fandamental- mente em uma oscilagdo continua, no organismo como um todo e em cada um de seus drg3os individualmente, entre expansiio e con- tragio. A “satide" se distingue por uma regulac&o econémico-sexual de energia e pela completude destas pulsagdes em todos os drgaos. Quando a expansdo predomina constantemente sobre a contra¢ao, falamos de vagotonia crénica. Quando a contragéo predomina cons- tantemente sobre a expansio, falamos de uma simpaticotonia créni- ca. A comtragiio que se mantém cronicamente leva, como vimos, a espasmos musculares e a uma preponderancia crénica da atitude inspiratoria. Em conseqiiéncia, ha um excesso de diéxido de carbo- no nos tecidos (ver Warburg), um processo de encolhimento e a perda de substéncia corporal, culminando em caquexia. Assim, 0 processo vital se expressa como uma pulsagao cons- tante em cada érgdo, de acordo com o seu préprio ritmo e, no orga- nismo total, de acordo com um ritmo de prazer-angustia caracteris- tico de cada individuo. No orgasmo sexual, o excesso de energia é Mee 4 Guncfiarianongesna,. 252 periodicamente nivelado por pulsag6es extremas (convulsdes). Con- tudo, a expansiio e a contracdo também governam todo 0 espectro vital em uma pulsagio estendida. A expansao do sistema biolégico se estabelece com a fertilizaco do avo e continua (com predominan~ cia da expansdo sobre a contracao) até a meia-idade. O crescimento, a sexualidade, a felicidade na vida, a atividade expansiva, 0 desen~ votvimento intelectual ¢ assim por diante normalmente predomi- nam até bem além dos quarenta anos. Porém dai em diante, com o comeco do processo de “envelhecimento” — denominado involu- cao —, a contrag’o do sistema autonémico vai gradualmente assu- mindo as rédeas. O crescimento para e da lugar a um processo muito lento de encolhimento, que afeta todas as fungées vitais e final- mente culmina, durante a velhice, em uma involugio dos tecidos. A involucdo natural dos idosos se faz acompanhar de uma cessagao da funco sexual. O impeto para o prazer sexual, para a atividade e o desenvolvimento também diminuem. O caréter torna-se “con~ servador”, a necessidade de descanso predomina. Na velhice, esta contracdo natural do sistema autondmico pode conduzir 4 “morte fisiolégica por cancer”. O cancer é, de longe, menos perigoso na idade avangada do que na juventude. Ha muitos casos de morte na velhice em que se descobre um cancer acidental- mente durante a autopsia, sem ter a doenca produzido aparente- mente sintomas perceptiveis durante 0 tempo de vida da pessoa. A morte do organismo em si se faz acompanhar de uma contraco muscular intensa, chamada rigor mortis, que revela claramente a con- tragao do aparato vital. Finalmente, o corpo se decompée na putre- facdo. Em contraste com 0 tecido vivo, o tecido morto nao apresenta gradagées no potencial dioelétrico da pele. O tecido morrendo apresenta somente uma reacdo negativa. A fonte de energia biol6- gica se extinguiu. Por exemplo, um peixe morto apresenta um efei- to de radiago orgondtica no medidor de campo de energia orgone durante um curto perfodo de tempo depois da morte, mas é fraca e logo desaparece de vez. Galhos mortos, em contraste com os vivos, nao mostram acdo no campo de energia orgone. Isto significa que um organismo, morrendo, perde sua energia bioldgica. Primeiro, 0 253 campo de energia orgone em volta do organismo se encolhe, depois h4 uma perda de energia orgone nos tecidos. Portanto, a crenga popular de que “a alma deixa o corpo” na morte nao € desti- tuida de fundamento. Claro que, ao contrdrio da crenca mistica, a “alma” ndo deve ser compreendida aqui como uma forma estrutu- rada que, depois de deixar o corpo, paira no espago como um “espi- ito”, esperando pelo renascimento em um novo corpo. A carga de orgone do organismo forma a base das percepges vitais, e estas percepgGes tornam-se mais fracas 4 medida que a carga de orgone diminui. Este processo de morte nao acontece nas wltimas horas somente, porém se estende, sob circunstancias normais, durante décadas. A morte aguda, caracterizada pela parada do coragao, é apenas uma fase neste longo processo, embora seja obviamente a fase decisiva. Mas mesmo quando o coracao para de bater, nem tudo “morre” de repente; cada fungdo vital prossegue por um curto perfodo de tempo, cessando gradualmente pela falta de oxigénio. A morte sibita resultante de “choque” nada mais é que uma contra- 40 total r4pida do aparelho vital a um grau que exclui um renovar da expansio. A putretagao que se estabelece depois da morte resulta da desin- tegracio bionosa dos tecidos. £ totalmente desnecessario acreditar que “bactérias de putrefagao vindas do ar” invadem o organismo nes- se momento. As pessoas deveriam se perguntar a razao pela qual bac- térias de putrefacao presentes no ar ndo se instalam no organismo saudével em vida, levando-o a apodrecer, Essa pergunta é muito mais relevante do que possa parecer a primeira vista, porque demonstra a necessidade de uma defesa natural, mantida por um organismo sau- dével enquanto ele estiver vivo, uma defesa contra o processo de putrefacdo que acontece apds a morte. A pesquisa com os bions con- seguiu oferecer uma resposta conclusiva a essas perguntas. Nos estAgios mais primitivos da vida, a expansao, o metabolis~ mo de energia, etc. da substancia viva sao representados pelos bions PA azuis; a contrago e degeneracdo da substancia viva — sua desin- tegracgao e putrefagao — sao, por outro lado, representados pelos bacilos T. Isto também sc aplica no caso de organismnos altamente 254 desenvolvidos? Os bfons PA so portadores de encrgia orgone, “vesiculas de energia orgone”. Os bacilosT se caracterizam pela fal- ta de carga de orgone. As células do corpo s&o construfdas por vest- culas azuis de energia altamente carregadas de energia orgone. A assimilagao de alimento oferece uma fonte constante de energia orgone na forma de bions PA contidos no alimento. Os bions PA matam os bacilos T com sua carga de orgone mais forte, evitando a putrefagdo no organismo. A energia orgone na radiacio do sol mata bactérias de putrefago do mesmo modo. O funcionamento do pro- cesso vital pode, portanto, ser atribuido ao efeito constante de desinfecgao e carga do orgone do corpo, isto 6, a fungdo de expan- sao. Ele impede que a fungao de contracao tome a dianteira, o que resultaria na formagao de bacilosT e putrefagao. Se a fangdo orgonética de carga e expansao declinar, a funcao de contragéo predominaré e poderd conduzir aos processos de morte. Os bacilos T séo uma expressiio desses processos, como no caso da biopatia do cancer, por exemplo. A promogao de fungées vitais posi- tivas, como © prazez, o desenvolvimento, a atividade, etc., é decisiva na prevengdo de processos prematuros de morte. © aumento da expectativa média de vida em muitas culturas durante as tltimas décadas deve ser atribuido 4 emergéncia de funges sexuais naturais. Estas afirmacdes no 36 se justificam, mas sio inevitdveis para reduzir as diversas observagdes a um denominador comum. Esta é precisamente a tarefa da ciéncia natural. A biopatia carcinomatosa de encolhimento (que também poderia ser chamada de “doenga da privacdo sexual”) s6 pode ser comprcendida no contexto de proces- sos conctetos de vida e morte. Em 1937-1938, quando consegui produzir tumores canceroses pela primeira vez, em camundongos saudaveis através da injegio de bacilos T, pensei que tinha descoberto o “agente especifico do can- cer”. Os bacilosT foram cultivados a partir de tecido canceroso; inje~ tados em camundongos saudaveis, produziram cancer; as proprias células cancerosas se desintegraram ento e se transformaram em bacilos T, Estes fatos sdo facilmente demonstraveis e a pesquisa tra- dicional do cancer tem consciéneia deles. A pesquisa tradicional per- 255 seguiu o que chamo de baciloT durante muito tempo, mas seu pre- conceito com relagao a infecgo pelo ar c sua resisténcia & idéia de infeccdo endégena criaram um obstéculo insuperdvel ao progresso 3. MISTERIOS NA PESQUISA TRADICIONAL DO CANCER Agora eu gostaria de discutir brevemente aqueles mistérios na pesquisa tradicional do cancer que parccem, de algum modo, pres- sagiar a descoberta do bacileT. Neste resumo, estou em débito com © levantamento extraordinariamente ltcido do assunto por Blu- menthal’ e com a coletanea editada por Adam e Auler*. Houve um tempo em que eu conseguia estudar um bom ntimero de artigos sobre o assunto, mas, infelizmente, as condigSes no tempo de guer- ra me impossibilitaram 0 acesso a toda a literatura no original. Isso, no entanto, nao prejudicou o meu resumo, j4 que os levantamentos @ que me refiro eram excelentes. A pergunta basica da pesquisa tradicional do c4ncer, bem como da biofisica orgone, é a seguinte: O cancer se manifesta unica- mente pelo tumor e suas metdstases ou j4 estd presente no organismo antes do surgimento de um tumor? Se jd estiver presente, como acontece isso? No primeiro caso, a céhula cancerosa seria a doenca real; no segundo caso, haveria “algo” que nao é a célula cancerosa em si, mas que possui uma relacao definida com ela. © modo como se responde a essa pergunta é de importancia crucial, j4 que as deci- sdes relativas a cirurgias para remocdo do tumor dependem disso, assim como a questéo do diagnéstico precoce de cancer e, 0 mais importante, a possibilidade de cvitar ou destruir a causa da doenga. Os experimentos realizados para produzir tumores em animais através do transplante de tecido do tumor conduziram os pesquisa- dores do cancer 4 conclusio unanime de que quantidades muito 4, Exgebmisse der experimeniellen Krebsforschung und Krebstherapie [Resultados empiticos da pesquisa e terapia do cincer) (Leiden, 1934). 5. Neuere Ergebnisse auf dem Gebiete der Krebskrankheiten [Novas evidéncias no campo das doengas cancerigenas] (Leipzig, 1937) 256 substanciais do tecido tumoral tinham de ser transplantadas para se obterem resultados positivos. Os experimentos com substancias e liquidos centrifugados foram negativos. A busca do agente do tumor estd sempre relacionada ao residuo das substéncias centrifugadas. Em relago aos bacilos T, é muito importante uma hipétese de R. Kraus, baseada em experimentos conduzidos por Swarzoff, que observou © desenvolvimento de células tumorais a partir de particulas de tecidos e células parciais. Kraus chegou a conclusao de que “Omnis cellula ex granula” e nao, como havia sido a teoria até entio, “ex cel- lula”. A idéia de que as células cancerosas se desenvolvem a partir de dimninutos “granulos” corresponde esplendidamente ao conceito orgonético de que elas se desenvolvem a partir de bfons. Aqui a questo muda da célula cancerosa para o desenvolvi- mento dos bions no organismo, Vista dessa perspectiva, a oélula cancero- sa ndo seria tanto a causa da doenga, mas sim um sintoma dela. A doenga seria o resultado de algum terceivo fator mais geral, presente no organis- mo antes do tumor. Ernst Frankel descobriu que o agente do sarcoma de Rous na galinha estava relacionado aos eritrécitos e & globulina. Certos expe- rimentos produziram evidéncia da presenga de um prinefpio carci- nogénico no baco, tanto sob forma livre como nas células desse érgao. Experimentos conduzidos com animais indicam uma cone- x40 curiosa entre a fungao do bago e a func3o do tumor. Se for re- movido o baco de ratos saudiveis, eles desenvolverdio anemia grave (Lauda). Sc for removido o baco de ratos com tumor, a anemia nao se desenvolverd, exceto apds a eliminacc do tumor, Assim, o tumor pode assumir determinadas fungées do bago. Isto parece muito estra- nho, mas aponta novamente para o sangue e seus gidbulos. Sabe-se bem que o bago € 0 reservatério dos eritrécitos. Diz-se que 0 que acontece com os eritrécitos em desintegragio é completamente obscure. Sabe-se que eles tém alguma conex4o com o cancer, porém a natureza exa- ta da relagio permanece um mistério. Utilizando o sangue tirado de uma veia de tumor, Lindner, o assistente de laboratério de Blu- menthal, produziu tumores em animais da mesma espécie; c, com. uma excec&o, os tumotes eram sempre do mesmo tipo. Experi- 257 mentos similares com sangue proveniente do coracao e veia axilar *yankderm oonverarromesmio fesiitado, val neu oembnstaao que o agente de cancer esta conectado aos componentes sdlidos do sangue. Os experimentos foram particularmente bem-sucedidos com sangue coagulado e eritrécitos Javados. Na verdade o bacilo T se origina de eritrécitos em degeneragio. O sangue venoso demonstrou set signifi- cativamente mais eficiente que o sangue arterial. (O tecido cance- roso mostra evidéncia de um metabolismo de sufocacao, isto 6, excesso de CO,,) Laser certa vez produziu cdncer em uma galinha da seguinte maneira: ele injetou solugdo de alcatrao em uma gali- nha e depois, quando ela ainda no tha tumores, cultivou macrd- fagos a partir do sangue do animal. Esses macréfagos, inoculados numa segunda gaiinha, produziram um tumor. Esse experimento sugere a interpretag&o de que os macréfagos absorveram o agente que circulava no sangue e o transmitiram para a segunda galinha. Muitos pesquisadores conjeturaram que este agente é um compo- nente das células cancerosas que entra na circulagao somente quan- do as células cancerosas se desintegram. Leucécitos cultivados a partir do sangue de ratos com sarcoma causaram sarcoma em ratos sau- daveis depois que foram inoculados. Confundimo-nos no comeco pelo fato de que o “algo” insuspeitado que produz clincer estd presente no sangue antes da existéncia de células cancerosas ¢ também se desen- volve através da desintegragio das células cancerosas. Este “algo”, como se diz, pode cstar presente em um érgio sem formagdo de tumor. Diversos experimentos inventivos mostra- ram que as células de sangue esto estreitamente relacionadas as células malignas. “As células sanguineas normais”, escreve Blumenthal, devem conter substancias indispensdveis para a preservacdo da ativi- dade do principio eticlégico do cancer. As células sanguineas sio patticularmente ricas em albumina coagulével... Este fibrinogénio evidentemente se junta ao fator etioldgico da célula cancerosa e 0 transfere as células do oranismo.... transformando eélulas normais do organismo em células cancerosas... Ent todos... 0s casos, hd prova de que algo emana das células cancerosas que transforma células anterior- mente normais em células cancerosas. [Itélicos meus] 258 O “algo” que se busca esté ligado aos glébulos sanguineos, bem como As células cancerosas, e produz células cancerosas a par- tir de células normais. Estas conclusdes confrontam a patologia cléssica com muitas perguntas. A mais importante abrange o seguinte: Serd este “algo” carcinogénico uma substancia enzimética, isto é,ndo um organismo vivo? Enquanto nao houver prova de que esta substancia pode se multiplicar, ela nao podera ser comparada a um. organismo vivo. Serd este “algo” uma substancia quimica no corpo que estimu- Jaas células saudaveis do mesénquima do animal a produzir a mes- ma substncia e as transforma em células tumorais? Serd um veneno guimico? Uma substancia Iftica? Um autocatalisador? Sera celular? Se for, entio surge uma pergunta fundamental: pode algo ser celular ¢ infeccioso, porém nao “parasitica”, isto é, nao “estranho ao corpo”? Uma coisa que se deve ter em mente é que, no caso do estimulo carcinogénico, nio é uma questio de células cancerosas transfcridas, mas uma doenga de células previa- mente sauddveis. Assim, este “algo” notavel que tantas pessoas tentaram definir comega a assumir os seguintes contornos: Esta presente no organismo antes da célula cancerosa e esté conectado aos sdlidos do sangue. Todavia, ele se desenvolve tam- bém a partir da célula cancerosa. Comporta-se simultaneamente como um parasita e uma substancia quimica venenosa. £ “infeccio- so” sem que a prépria doenca 0 seja. Produz a célula cancerosa a partir de células de tecido sauddvel e deriva da célula cancerosa, Age como um parasita, porém ndo tem sua origem fora do corpo. Afirma acertadamente Blumenthal: “Estd claro que 0 problema do céincer existe no limite entre o vivo e 0 ndo-vivo, postulando a pergun- ta de se células animais podem producir algo que apresente propriedades parasitirias.”” ‘Nossos bacilos T sito a ponte entre os dois 6. Experimentellen Krebsforschung und Kretstherapie, p. 94 259 O experimento com bacilos T confirma um conceito que ga- nhou popularidade na pesquisa moderna do céncer e que Blumen- thal assim resume: No caso do sarcoma de Rous, provou-se que algo esté presente dentro e fora dos tumores, com o qual pode-se produzir tumores e que, em outras palavtas, o agente do tumor ou o princfpio do tumor n&o precisa ser uma célula tumoral. A diferenga essencial entre a célu- Ja tumoral e 0 agente do tumor com relagéo & formacio de cancer é que, enquanto a céJula tumoral s6 produz céhulas tumorais do mesmo ‘Epo, o agente de cancer no se multiplica ele mesmo, porém afeta células previamente saudaveis, de modo que elas se transformam em células cancerosas. Nossos bacilos T combinam exatamente com a descrigao de Blumenthal: 1. Eles esto presentes no sangue ¢ nos tecidos antes do tumor. Eles conduzem ao desenvolvimento de células cancerosas e so, simultaneamente, produtos da desintegragao da célula cancerosa. Eles sao produzidos pela desintegragdo de glébulos verme- thos do sangue. 4, Eles sao bacilos genuinos com propriedades parasitdrias, porém ao mesmo tempo o cancer nao ¢ infeccioso. Os bacilosT realmente formam uma ponte do nao-vivo para © vivo, pois surgem de bions de carvao através da degenera- do precoce e sao capazes de se propagar. Eles sio de fato os produtos de células animais que apresen- tam propricdades parasitérias. 7. Eles so de fato venenosos e possuem uma relag&o ainda obscura com 0 cianureto. Exercem efeito similar 4 sufocacio € paralisia respiratoria. n cad a a Se o bacilo T for o agente especifico de cancer que tem sido procurado, entao o experimento com animais deve produzir os se- guintes resultados: 260 1. A injego de bacilos T em camundongos saudaveis deve resultar na proliferagado de células destrutivas e com capaci- dade de se infiltrar. 2. Deve ser possivel recultivar os bacilosT. 3. Os tumores criados experimentalmente devem conter baci- losT. ‘Todas as trés condicdes sao satisfeitas nos experimentos com camundongos T, Experimento com bacilos T em camundongos saudaveis (1937-1939) Os experimentos com camundongos T foram realizados habi- tualmente com grupos de seis, Cada tipo de bions PA foi injetado nos quatro camundongos como controle de sua capacidade patogé- nica. Dois dias depois desta primeira injegéo de bions PA - e, as vezes, depois de uma segunda injecdo de bions PA — dois dos qua- tro camundongos foram inoculados com uma das diferentes varieda- des de bacilos T. Simultaneamente, um tercciro par recebeu somen- te bacilos T. A dosagem da injegao foi a seguinte: dissolveu-se um conjunto cheio de bions PA em 3 ml de solucie fisiolégica estéril de NaCl ou em uma solucao de cloreto de potdssio, Injetamos 0,5 ml dessa solugao subcutaneamente no dorso do animal. Para os bacilos ‘T, um conjunto foi dilufdo em 5 m1, e 0,5 m] ou 0,25 ml dessa solu- co foi injetada da forma descrita acima. Até o final de janeiro de 1939, 178 carmundongos, no total, foram inoculados em série desta forma. Desse total, 84 camundongos receberam unicamente bacilos T. Destes 84 camundongos inoculados com bacilos T, 30 morreram nos primeiros oito dias que se seguiram & injegéio ¢ 30 mais morre- yam nos quinze meses que se seguiram. Na época em que este pro- tocolo foi concluido, os camundongos sobreviventes estavam todos doentes. Dos 30 camundongos que morreram no decorrer de quin- ze meses, 25 foram examinados para verificar a existéncia de tumo- 261 res carcinomatosos. Sete dos camundongos examinados continhams células cancerosas com movimento amebdide no epitétio dos intestinos e do estémago, glandulas cervicais, genitais e assim por diante. Treze des- ses camundongos apresentaram as catacteristicas formagdes celu- lares alongadas com formato de haste ou taco e infiltragdes em diversos érgiios, predominantemente no peritanio, glandulas cervi- cais, genitais, estémago ¢ duodeno. Nao se encontrou algo claro nos 5 camundongos restantes. Dos 45 camundongos que foram inoculados primeiro com bons PA e, subsegilentemente, com bacilos T, 36 petmaneceram saudaveis e 9 morreram durante os quinze meses seguintes. Dentre os 39 carmundongos inoculados apenas com os bions PA, nenhum apre- sentou quaisquer sinais de doenga no mesmo periodo de tempo. De 10 camundongos que receberam primero bacilos T e, subse- qiientemente, os bions PA, 8 morreram no decorrer de quinze meses e 2 foram sacrificados por causa de abscessos. Independentemente de sua origem, os bacilos T levaram regu- Jarmente ao desenvolvimento de células caudadas ou com forma de taco em diversos érgéos. De modo semelhante, 0 efeito dos bions PA azuis foi o mesmo em todos 0s tipos. Em dois casos, um tipo PA (SAPA I), injetado depois da inoculacio de bacitos T, produziu tilce- ras secas, “limpas” nos camundongos, parecidas com “tlceras de raios X”, precisamente nos locais em que os bacilos T se infiltraram. no tecido depois da injegio. Para este experimento, os bacilos T foram obtidos das seguin- tes fontes: cultivados diretamente de tecidos sarcomatosos e carci- nomatosos (T 1), a partir do sangue de pacientes de céncer (T Ca 10), do sangue cardiaco de camundongos que morreram apés experi- mentos de aplicagio de aicatrao (T I 6), do sangue de humanos saudaveis cultivado por degenerac&o (T 10), do sangue de pessoas com suspeita de cdncer em que o exame cifnico habitual deu resul- tado negativo (T 10), de culturas de bions degenerados (6 dTT e 10e 417), de sangue cardiaco de camundongos que morreram de tumo- res de Bluke (Bluko-T) e, finalmente, de bacilos T zecultivados a par- tir do sangue cardfaco dos camundongos afetados (10 Ge Tr 10 Tr 262 6 dT Ty, etc.). Cada tipo de bacilosT produziu todas as fases de cres- cimentos carcinomatosos em camundangos brancos saudaveis. Resumo _ . Os bacilos T se comportam de modo parasitario, embora tenham sua origem na substancia corporal. . Eles se originam da degeneracio de tecidos e organismos. Eles se formam quande o carbono se transforma em bions. Bles apresentam uma relagdo com o cianureto. Eles efetuam a formagao de bions. Bles so sempre uma indicagéo de contracao simpaticoténi- cae encolhimento do organismo. aaron A sindrome tipica de intoxicagéo por bacilos T é a seguinte: poucas horas depois da inoculagao de bacilos T, os movimentos dos camundongos tormam-se preguicosos, seus corpos se curvam, eles atrastam as pernas e perdem o apetite. Surgem as vezes conjuntivi- te ¢ abscessos locais, mas nao sao caracteristicos. Se o camundongo T n&o perecer em cerca de oito dias, ele habitualmente dara a impressao de estar se recuperando. No entanto, depois de dois a cin- co meses, comecaré um novo processo de contragiio e encolhimento no orgarismo. Volta o padrao dos primeiros dias depois da inoculacéo de bacilos T, porém desta vez mais lentamente; 0 processo possui um cardter cr6nico. O organismo se encothe gradualmente até morrer. Em- bora eu ndo estivesse atento a isso na época, esses expetimentos com animais conduzidos entre 1937 e 1941 revelaram a “biopatia de encolhimento carcinomatosa" que, em 1941, descobri no cancer hu- mano. As autdpsias levadas a cabo em camundongosT mortos em virios estégios da doenga ou depois de sua morte espontanea apre- sentaram regularmente bacilos T em todos os drgios e no sangue (cultivaveis em caido de cultura), processos de atrofia e necrose no epitélio das membranas mucosas, especialmente do trato alimen- 263 tar, quadro sanguineo cancetoso, glébulos sanguineos anémicos, membranas encolhidas com fusos T, aumento do figado e atrofia das células, nticleos e ldbulos, actimulo de bacilos T nos glomérulos tenais, com atrofia das células epiteliais dos rins. Quanto mais vive um camundongo depois da inoculagio de bacilos T, mais aumerosas e mais desenvolvidas sao as formagdes celulares com forma de espiga e taco nos diversos érgdos. O diag- néstico de cancer totalmente desenvolvido se confirma pela pre- senga de células amebdides na glandula submaxilar, na bexiga ou no rim. A formacao de pélipos na membrana mucosa intestinal se faz. acompanhar por uma atrofia total da membrana mucosa adja- cente. Nos camundongos machos, foram encontradas numerosas formacées cancerosas nos testiculos, incluindo formas amebéides, A conclusao geral relativa ao aparelho vital autondmico é que a inundagao do organismo com bacilos T leon a uma contragio e encolhi- mento graduais dos tecidos, bem como das cétulas indioiduais. Seguem- se ent&o perda de peso, atrofia e degeneragiio das células, culmi- nando em degeneragio piitrida, isto €, putrefagdo. E exatamente o mesmo processo que ocorre no cancer humano. Nos camundongos T expetimentais, esse processo de encolhimento é geralmente causa- do pela inoculagao; no paciente de cAncer humano, o encolhimento biofisico em conseqiiéncia da resignacao caracterol6gica antecede a formacdo de bacilos T. A medida que os bacilos T se desenvolvem e proliferam, eles aceleram o processo geral de encolhimento e pro- vocam esforcos locais de defesa, isto 6, formacao de tumor. Obser- vagGes posteriores determinarao se o tumor local representa sem- pre uma reagao de defesa ou no e em quantos casos ele se forma a partir de dano no tecido iocai, que leva secundariamente ao enco- lhimento geral do aparelho vital. Estagios do desenvolvimento da célula cancerosa no experimento com camundongos e bacilos T (1937-1941) ObservacSes comparativas dos tecidos de camundongos que ow haviam mortido ou sido sacrificados ao longo de quatro anos 264 produziram o seguinte quadro do efeito T sobre os tecidos do orga- nismo. As observagées foram orientadas principalmente para o exame do grau de maturagio atingido pelas células com forma de espigdo ou taco nos tecidas, formas que nunca se encontram em ca- mundongos saudaveis ou com outras doengas, Examinadas sob um aumento de 3.000-4.000 vezes, essas formas sdo claramente tao caracteristicas que nao seria possivel confundi-las com um outro tipo de célula. A tinica excego pode ser a célula epitelial cilindrica do trato gastrintestinal que, sob pequeno aumento, pode ser con- fundida com uma célula cancerosa em maturagao. Contudo, a dis- tingéo entre as duas ¢ to clara para qualquer pessoa com familiari- dade com as formas que o risco de confundi-las é minimo Descreverei agora os achados oriundos de autépsias relatives aos diversos estagios do efeito dos bacilos T. Descobriu-se que 0 cAncer precisa de um tempo muito longo para amadurecer. As célu- las cancerosas amebdides representam seu estado mais maduro. Entretanto, era freqiiente que os camundongos morressem antes de chegar a esta condigio se houvesse infiltragdo acentuada nos teci- dos e destruigao do funcionamente fisiolégico dos érgaos (septice- mia, nefrite, atrofia do figado e assim por diante).. 1. Dano ao tecido através de inchaco e desintegraciio vesicular (Ca 1) O experimento com bacilos T-albumina mostraram que o dano se produz quer diretamente, através da ago dos bacilosT nos teci- dos, quer surgindo através de trauma quimico ou mecinico, como alcatrao ou uma pancada, que cria, de forma secundaria, um campo de ago para os bacilosT, que jé esto presentes. Nesse tiltimo caso, é preciso supor que o estimulo para o surgimento do cncer encon- tra-se na formagiio de bacilos T a partir de tecido em desintegragao, Isto poderia explicar a formaciio de cancer apés ferimentos decorrentes de cicatrizes, queimaduras e assemelhados. A tendéncia para desintegragao vesicular répida com inchaco e for- maciio de bacilos T é um dos sinais mais importantes do céincer nos seus estdgios iniciais. De fato, as defesas do organismo podem conseguir se opor a esta tendéncia enquanto suas fungoes totais estiverem 265

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