You are on page 1of 12
Fig. IV.40 > Ciclo de ADP => ATP Assim, enquanto a hidrélise do ATP (reacgao exergénica) esta normalmente associada a reacgdes celulares endergonicas, a sua sin- tese, implicando fosforilagao do ADP em ATP. gasta energia proveniente da oxidacao de substratos energéticos (respiragao e fermentacao) ou da luz (fotossintese). 1 —Reacgio Engrolt endergonica 2—Reaccao ' exergénica gintese (1) ADP + Pi ATP Mharonse ‘Transporte activo Energia a utlizar no trabalho ooter{ Biossinteses Movimento Assim, 0 ciclo ADP => ATP surge como o principal processo utilizado pelos sistemas biolégicos para trocar energia. OATP 6 uma molécula movel e transporta a energia quimica ne- cessaria @ ocorréncia de reaccdes que requerem energia para serem termodinamicamente possiveis (reaccdes endergénicas). Na célula, Para cada reacgao endergénica ha a correspondente reaccao exergéni- Ca, pois é a energia libertada na reaccao exergénica que vai ser usada Na reacgao endergonica, sendo a molécula de ATP a substancia inter- mediaria entre estas duas reaccoes. Reacpéo Reacgao endergénica exergenica ASB a AB A+B Opes AB Reeacgao Reaccéo exergonica endergonica ATP ADP + Pi ATP ADP + Pi NADP+ — Transportador de electrées e de hidrogénios na célula. O NADP*+ (dinucleétido fosfatado de nicotinamida adenina) é uma coenzima derivada do acido nicotinico (vitamina do complexo B) que funciona como um transportador de electroes e de hidrogénios na fotossintese, Esta molécula intervém nas reaccoes de oxi-redugao, ficando alternadamente reduzida (ao receber electrées e hidrogénio) e oxidada (ao ceder electrées e hidrogénio), Fig. 1V.41 > Estrutura do NADPH @ respectivo grupo funcional. Nas reacgdes da fotossintese, aquando da decomposigao da * . 1 a molécula de agua (Hx0 —> 2 H+ + 2e + zr 0,), os electrées séo acompanhados pelos ides H+ e o NADP* (forma oxidada), ao receber 2e- e um H+, passa a forma reduzida NADPH, ficando o outro H+ no Id- men do tilacdide. 4 HOH H H SONH, dK CONH, & gt OH SS 2 jet os | +H nv am oe Woe | ‘cH Hea SS, a B y Redugao NADPY + 26° + 2H* — NADPH 4 Ht T° eo Forma oxidada Modelo molecular do fotossistema Il e desdobramento da molécula de agua: no desdobramento da molécula de agua e respectiva libertagao do Op esta envoivido um complexo formado por uma proteina extrinseca e quatro atomos de manganésio (Mn). Estes transterem os electroes provenientes da molécula de agua para um péptido Z que por sua vez os ‘conduz para 0 Peep Fig. IV.44> Fluxo de protées e sintese de ATR. reacgo sao libertados protdes (H+), electroes (e-) e oxigénio (Oz), como ilustra a equacao: H0—> 2Ht +26 +0 Fl even Membrana do Tilacdide me @ Proteina extrinseca O,+4H Em suma, so os electrées provenientes do desdobramento da molécula de Agua que garantem o fluxo electronico através dos dois fotos- sistemas, permitindo a redugao do NADP*+ a NADPH e a sintese de ATP. Sintese de ATP — modelo quimiosmdtico Tém sido propostos, ao longo dos anos, varios modelos para o mecanismo que conduz a sintese de ATP, sendo actualmente mais ge- neralizado o modelo quimiosmético. Segundo este modelo, a energia libertada pelos electrées ao percorrerem o sistema de transporte, des- de a plastoquinona (Q) até ao fotossistema | (Pz99), € utilizada para bombear protées (ides H*) resultantes da decomposicao da molécula de dgua para o espaco intratilacoidal; assim, gera-se uma diferenga de concentragao ou gradiente de protées, que se traduz por uma diferen- ca de pH entre o interior dos tilacdides (pH = 4) e 0 estroma (pH = 7). Cloroplasto ADP+P_,ATP pHe pH7 pHa Como a membrana do tilacdide é relativamente impermeavel aos ides H+, mantém-se 0 gradiente de protées, que apenas se pode dissipar quando os ides H+ passam do espaco intratilacoidal para o es- troma, através de moléculas de ATPase presentes na membrana dos tilacdides (Fig. IV.45). Fig. 1V.45 > Modelo esquematico da ATPase dos cloroplastos. Espaco intratilacoidal E esta energia potencial do gradiente de protées que é utilizada para fosforilar o ADP em ATP, segundo a reaccao: ADEs A Energia do gradiente de H*+ pH=8 Fotéo ane Fig. 1V.46 > Processo de sintese ADP+P, de ATP uu — modelo quimiosmético. pHs 0, Os protées (ides H*) resultantes da decomposigao da molécula de agua (nao bombeados para 0 espaco intratilacoidal) presentes na face estromatica da membrana do tilacdide sao responsaveis, junta- mente com os electrdes provenientes da cadeia de transportadores, pela redugéo do NADP* a NADPH: NADP+ + 2 e- + 2H*—= NADPH + H+ Assim, neste processo a fosforilacao do ADP em ATP (fotofosfori- lacao) resulta da energia proveniente de um fluxo electrénico unidirec- cional, da agua até ao NADP+, desencadeado pela energia luminosa, com a intervencao dos dois fotossistemas. Os electrées perdidos pelo P99 do fotassistema |e pelo Pego do fotossistema II nao regressam a estes, ocorrendo um fluxo nao ciclico de electrées; dai designar-se este processo por fotofosforilagao aciclica, que pode ser traduzido pela seguinte equagao global: Energia luminosa 2H20 + 2 NADP* + 2 ADP+ 2 Pi———"> Qo + 2 NADPH+ 2H+ + 2 ATP + 2H0 (formada (dador de electroes) Fig, IV.47 > Fluxo de electroes na fotofosforilacao cfclica. Sf aoe durante a sintese de ATP) Fotofosforilagao ciclica Pode acontecer que os electrdes foto-excitados do Pz99 do fotos- sistema | passem para a ferredoxina (Fd) e, em seguida, regressem no- vamente, através de uma cadeia transportadora de electrées, ao fotossistema | (Fig. IV.47). Neste caso, nao ha redugdo do NADP* a NADPH nem libertagao de O,, embora se gere um gradiente de protées que leva a formacao de ATP Assim, a sintese de ATP ocorre por foto- fosforilagao ciclica, Elevade Fa Energia ap Mee 2e" potencial CC e Cit PC Baixa Este fluxo ciclico de electrées predomina quando o NADP+ exis- tente é insuficiente e predomina também nos seres vivos que nao pos- suem fotossistema II, pelo que nao libertam O, durante a fotossintese (caso de algumas bactérias). O quadro que se segue estabelece a comparagao entre a foto- fosforilagao aciclica e ciclica. QUADRO XXIV Comparacao entre a fotofosforilagao aciclica e ciclica FOTOFOSFORILAGAO ACICLICA FOTOFOSFORILACAO CICLICA bE Fluxo de electrées Aciclico Ciclico Fonte de electrées (primeiro dador) none Fotossistema | (F790) Ultimo aceitador Z de electroes NADP Fotossistema | (P79) Produtos ATP, NADPH, O» ATP Fotoss ones Fotossistema le Il Fotossitismet envolvidos A energia do ATP e o poder redutor do NADPH, compostos pro- duzidos nas reacedes fotoquimicas da fotossintese, vao ser usados Para reduzir 0 diéxido de carbono a glicidos num conjunto de reacgdes quimicas que ocorrem a nivel do estroma do cloroplasto. A sequéncia destas reacgdes, que sao controladas por enzimas, foi determinada por um grupo de cientistas americanos (Melvin Calvin, Andrew Benson e James Basham), pelo que receberam o prémio Nobel em 1961. Por intermédio de um niimero diversificado de experiéncias, ut zando como material biolégico a alga unicelular Chlorella e isotopos radioactivos, estes cientistas conseguiram identificar e estabelecer a se- quéncia de compostos através dos quais o carbono é fixado e passa a fazer parte dos glicidos. Esta sequéncia ciclica de reaccdes metabdlicas tornou-se conhecida por ciclo de Calvin e esta evidenciada na figura da pagina seguinte. As reacgées do ciclo de Calvin sao de grande complexidade, ha- vendo a considerar varias etapas intermédias a que nao faremos refe- réncia por ultrapassarem o Ambito deste programa. Assim, de uma forma resumida podemos considerar fundamen- talmente duas etapas: Fixagao do didéxido de carbono. Formacao do gliceraldeido-3-fosfato e regeneracao do acei- tador do diéxido de carbono (ribulose-1 ,5-bisfosfato). ADP ATP H co oa aS Hh08 H Ribulose- 5 fosfato Frutose, glicose, sacarose, amido CICLO DE CALVIN 4 0, H-C-0-8 ee | H-C-OH - H-C-OH = 4 1-6-0-6 te-0-6 4 H-G-On ‘Compasto com . Ribulose 1,5 8 carbonos (muito "ore bistostato instavel) Acido fostoglicérico (PGA) 4 “ATR. H H-¢-0-8 neo@ 9-08 H-C-OH 0 ADP a y Wo geo @ Aldeido f Acido 1,3 fostogticgtico bisfostoglicérico (PGAL) NADPH + HY NADP Glicero! Acidos gordos Aminoseidos Fixagao do diéxido de carbono O didxido de carbono 6 aceite Por um agticar com cinco ato- mos de carbono (pentose) — ribulose-1,5-bisfosfato (RuBP) —, originando um composto intermédio de seis carbonos. Esta reacgao ¢ catalisada por uma enzima muito abundante no rei- no vegetal — a Rubisco se/oxigenase). (ribulose-t,5-bisfosfato carboxila- Fotao Clorofila H50 O composto com seis atomos de carbone é muito instavel sendo imediatamente hidrolizado em duas moléculas de trés carbonos — fosfoglicerato ou acido fosfoglicérico (PGA), As moléculas de Acido fosfoglicérico sao fosforiladas pelo ATP a Acido 1,3 bisfosfoglicérico; posteriormente sao reduzidas aldeido fosfoglicérico (PGAL) por acgdo do NADPH prove- niente das reacgGes fotoquimicas. Por cada doze moléculas de PGAL sintetizado, dez so utiliza- das para regenerar seis moléculas de ribulose-1,5-bisfosfato (receptor inicial do CO,) e duas sao usadas para a sintese de hidratos de carbono ou de outros compostos organicos. Uma das moléculas que se forma mais frequentemente é a fru- tose 1-6 fosfato, que pode ser convertida em glicose, sacaro- se ou em polissacaridos como o amido ou a celulose. As reacgdes do ciclo de Calvin podem ser globalmente traduzi- das pela seguinte equagao: 18ATP 18 ADP + 18P; 12 H20 + 6 CO2 + 6 RUBP CeH1206 + 6 RUBP (regenerada) 12NADPH + 12H+ 12NADP+ Note-se que os produtos das reacgGdes fotoquimicas (ATP e NADPH + H+) sao utilizados nas reacgdes do ciclo de Calvin, sendo regenerados o ADP + Pi e o NADP+ para serem de novo usados nas reacgdes fotoquimicas. ADP +P peace GoH120 mesoes i= eaccdes > CgH1206 eacgdes ATP | do ciclo de Stotoquimicas | NADP* [ ” eee, oo eo O2 COg Considerando os compostos intervenientes nas reacgdes foto- quimicas e no ciclo de Calvin, o processo fotossintético pode ser repre- sentado globalmente pela equagao: Clorofila 12H,0 + 6 Opa > Og Hip Og + 6 Op + 6 H,0 luminosa Para ficar com uma visao global e integrada do proceso fotos- sintético analise 0 esquema da Fig. IV.48, que relaciona as reacgdes fo- toquimicas com as reacgées do ciclo de Calvin, bem como a sua locali- zagao no cloroplasto. Fig. IV.48 7 Proceso global da fotossintese. ENERGIA LUMINOSA Decomposicao da agua Cadeia transportadora REACGOES FOTOQUIMICAS TILAGOIDE Ht do estroma ESTROMA Membrana do cloroplasto ccvovecawn [Baa REACCOES QuiMiCAS CITOPLASMA, Destinos do PGA e do PGAL Embora 0 aldeido fosfoglicérico (PGAL) seja considerado 0 pr duto final do ciclo de Calvin, ele é de facto imediatamente convertica em outros compostos organicos ricos em energia. Esta triose pode originar: Glicidos de cinco atomos de carbono, regenerando a ribulose -bisfosfato do ciclo de Calvin. Glicidos de seis atomos de carbono: frutose e glicose, precur- sores de moléculas com fungao de transporte (a sacarose cir- cula na seiva elaborada) ou de reserva (por exemplo, o amido). Glicerol, Também a partir do PGA 6 possivel obterem-se acidos gordos, importantes constituintes dos lipidos e aminoacidos. A formagao dos lipidos e prétidos ocorre mediante processos metabélicos complexos, em que sao utilizados compostos que intervém nas reaccdes da respiragao celular, assunto a abordar no tema seguinte. Fig. 1V.49 > C05 Esquema simplficado dos destinos do PGA edo PGAL. PGA QUADRO XxV ‘Sumério do processo fotossintético REACCOES FOTOQUIMICAS REACQOES QUIMICAS NN Seer, eore>— OO" Localizagao Membrana dos tilacéides Estroma no cloroplasto * Absorcéo de energia luminosa pelos | + Ciclo de reacodes metabdlicas pigmentos das antenas colectoras catalisadas por enzimas (ciclo de Calvin). Fenémenos que ‘ocorrem dos fotossistemas |e Il * Incorporagao no ciclo de Calvin do CO, + Excitacdo da clorofila a do centro pela ribulose-bisfostato (pentose); de reaccao (Proo © Peso). reacgao catalisada pela enzima rubisco. * Fluxo ciclico ou aciclico de electrdes | + Utilizagao do ATP e NADPH (produzidos com fosforilagéo do ADP + Pia ATP nas reacgdes fotoquimicas) para reduzir (fototostorilacao).. 0 CO, a glicidos. + Desdobramento da agua: + Formagéo do gliceraldeido-3-fosfato a agua ¢ desdobrada em —PGAL (aciicar com 3 carbonos). hidrogénio e oxigénio; © hidrogénio reduzo NADP* a ® Goriversa0 do FOALS da'PGs: em compostos organicos. NADPH + H+; 0 oxigénio liberta-se. + Regeneragao da ribulose-bisfosfato * Converséo de energia luminosa + Formagao de glicidos em energia quimica. ricos em energia. Resultado final i J +H+ Produgao de ATP e NADPH + H: + Formagdo de ADP e de NADP- a reutiizar * Libertagdio de oxigénio. nas reacgdes fotoquimicas. Equagées com el BNADPE ADR +2 Fi 6 CO, + 12H,0 + 18 ATP +12 NADPHt + ‘os compostos Ee (O,+2NADPH+2H+ + 2ATP +) +12H+—>CgH,205 + 18ADP +18 Pi + oervecteriee + 2H,O (lormage durante a sntese de ATP) + 12 NADP+ Equagao global 6CO, + 12 40> Cg Hyp Og + 6 0; + 6H0 fi Pesquisas relativamente recentes no ambito do processo fotossintético vie- ram mostrar que 0 ciclo de Calvin nao ¢ a Unica via para a fixagao do carbono em ‘compostos orgénicos. Hatch e Slack, em 1966, demonstraram que em determinadas plantas tropi- caais de alto valor econémico, como a cana-de-agticar e o milho, 0 didxido de carbo- no é incorporado pelo oxaloacetato, composto de quatro atomos de carbono, seguindo uma via diferente do ciclo de Calvin — via Hatch-Slack ou C4. Verificou-se que estas plantas, designadas por plantas C,, contém dois ti- pos de células fotossintéticas com diferente organizacdo bioquimica e estrutural, conseguindo sintetizar hidratos de carbono, por unidade de folha, de uma forma mais rapida que as plantas que utlizam 0 ciclo de Calvin (plantas C,). A alta prod vidade das plantas C, sugere que a via Hatch-Slack possa ser uma via biossintética mais eficaz,

You might also like