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Serviço social

e processo de
trabalho
Serviço social e processo
do trabalho

Elaine Cristina Vaz Vaez Gomes


© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Gomes, Elaine Cristina Vaz Vaez


G633s Serviço social e processo de trabalho / Elaine Cristina
Vaz Vaez Gomes. – Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2017.
120 p.

ISBN 978-85-8482-872-2

1. Serviço social - Emprego. 2. Assistentes sociais –


Descrição ocupacional. I. Título.
CDD 361

2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Tema 1 | O Estado e as mudanças na organização do trabalho 5
Tema 2 | Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 21
Tema 3 | Políticas sociais, trabalho reflexão do SUAS e a
interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 41
Tema 4 | Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 63
Tema 5 | O mercado de trabalho do serviço social na
contemporaneidade 81
Tema 6 | Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes
curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social 103
Convite à leitura

Neste tema vamos estudar sobre o Estado e as mudanças


na organização do trabalho, para tanto é necessário termos a
clareza do significado de Estado, bem como das transformações
e modificações ocorridas na contemporaneidade, quando o
assistente social tem um papel fundamental em sua atividade
laborativa. Nesse sentido, devemos conhecer e compreender
as mudanças na realidade social, por meio de um senso crítico,
divulgando a informação e instigando a produção e a valorização
das potencialidades do usuário dos serviços ofertados pelo Estado.

Esse é um dos objetivos propostos a serem trabalhados neste


tema, sendo assim, é importante iniciarmos com a conceituação
de elementos que permeiam a complexidade do Estado, pois
esclarecer tais elementos possibilitará a compreensão das
mudanças na organização do trabalho do assistente social nesse
processo.

4 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


Tema 1

O Estado e as mudanças na
organização do trabalho
POR DENTRO DO TEMA

Nesse primeiro Quadro 1.1 | Concepções do Estado


momento, vamos Concepção Conceito
conceituar o que vem a
O Estado é independente
ser o Estado, que pode ser Organicista dos indivíduos e anterior
a eles.
entendido a partir de três
concepções: concepção Atomista ou O Estado é criação dos
contratualista indivíduos.
organicista, concepção
O Estado é uma formação
atomista ou contratualista Formalista jurídica.
e concepção formalista,
Fonte: adaptado de Abbagnamo (2014, p. 423).
como mostra o Quadro 1.1.

Bastos (1995, p. 10) menciona que o Estado é complexo e podemos


compreendê-lo da seguinte forma:

[...] O Estado é a organização política sob a qual vive o homem


moderno. Ela caracteriza-se por ser a resultante de um povo
vivendo sobre um território delimitado e governado por leis
que se fundam num poder não sobrepujado por nenhuma
externamente e supremo internamente.

De acordo com a citação acima, o Estado tem plenos poderes para


agir e decidir por todos e suas decisões devem ser cumpridas e não
questionadas. A Figura 1.2 retrata a estrutura da sociedade organizada, a
forma e o poder de um Estado eclesiástico e civil. 

Entender o significado do Estado perpassa pela organização da


sociedade, das regras, normas, territórios e, ainda, de suas funções, a
partir dos três poderes: Legislativo (aquele que estabelece normas de
forma geral e organiza o modo de reger a vida na sociedade), Executivo

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 5


(a organização e a tradução do ato Figura 1.1 | Leviatã (força e
ostentação do Estado)
do homem individual, ex.: tributos) e
Judiciário (administração de conflito,
quando a lei não é aplicada ou o
quando ocorrem polêmicas).

Observa-se que para compreensão


da temática é necessário esclarecer
alguns elementos. Para facilitar
a assimilação sobre o Estado,
vamos relembrar alguns conceitos
importantes e suas diferenças.

Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado#/
media/File:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.
jpg>. Acesso em: 11 jun. 2016.
Quadro 1.2 | Conceitos importantes
Elemento Conceito

Base geográfica do Estado. Toda parte sólida do globo terrestre é ocupada


Território por Estados, com exceção da Antártida. O território é o elemento material
do Estado.

Conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado. Assim, o povo é o


seu substrato. Não pode, obviamente, existir Estado sem povo. Por isso,
Povo elencamos o motivo da nacionalidade ser um vínculo jurídico, uma vez que
é o que leva alguém a fazer ou não parte do chamado Estado de direito.

Poder Consiste na faculdade do cidadão expressar suas vontades e desejos.

Fonte: adaptado de Bastos (1995).

Você pode até pensar que os conceitos descritos no Quadro 1.2


não têm relação com sua profissão. Digo que verá, ao longo de nossos
estudos, que cada vez mais é um engano pensar que a prática é mais
importante que a teoria. Perceberá também que sem a compreensão
de tais elementos é difícil entender a sociedade, tal embasamento nos
dará condições para realizarmos uma práxis profissional, e não uma
prática rasa, por isso, sempre é necessário em nossos estudos trazer
o significado de conceitos que contribuirão para a compreensão do
Estado de forma mais ampla.

Entender a concepção de Estado nos dará condições de assimilar


as relações sociais que permeiam a sociedade, pois o ser humano vive
em comunidade, a partir de regras e normas que estabelecem a forma
do homem viver em grupo.

6 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


Nesse sentido, sociedade “vem a ser toda forma de coordenação
das atividades humanas objetivando um determinado fim e regulada
por um conjunto de normas” (BASTOS, 1995, p. 1).

Na concepção do Serviço Social, ambas estão sempre intrinsicamente


relacionadas. Conforme Mota (2009), entender sobre sociedade civil
é compreender que ocorre uma inesperável relação entre sociedade
e Estado, a partir do entendimento da sociedade política, ambas
se separam apenas em seu conceito, pois a compreensão de sua
totalidade nos permite entender o conceito de amplitude de Estado.

Vamos buscar entender que nas relações sociais ocorrem a disputa


e o antagonismo entre capital e trabalho, e se configuram as diferenças
entre classes no cenário de nossa sociedade. Essas questões estão
impostas no cotidiano da vida social.

As relações e mudanças existentes no mundo do trabalho ocorrem


devido ao sistema imposto pelo capitalismo, que rege a organização
do mundo do trabalho, e entender esse arcabouço é complexo, então
vamos aprofundar a discussão a partir do conceito de trabalho.

O trabalho se origina do latim que significa labuta, que pode ser atividade
intelectual, ocupação ou esforço. Nesse sentido, Antunes (2011) menciona
que tripálio foi um instrumento que significava dor, pois era feito de três
paus e foi utilizado como instrumento de tortura na época da escravidão
(veja uma representação na Figura 1.2). No contexto de instrumento de
trabalho, foi utilizado por agricultores para bater o trigo.
Figura 1.2 | Tripalium

O termo trabalho é originário do latim tripalium, que designa


instrumento de tortura. Por extensão, significa aquilo que fatiga ou
provoca dor. Na etimologia da palavra tripalium (Tri = três, palum = pau)
é um instrumento romano de tortura formado por três estacas cravadas
no chão, no qual eram supliciados os escravos. Assim surge o verbo
tripaliare (ou trepaliare), que significa, inicialmente, torturar alguém no
tripalium.

Fonte: <https://goo.gl/JsquKb>. Acesso em: 11 jun. 2016.

A categoria trabalho, a partir da reflexão Marxista, é entendida por


meio da teoria econômica da obra O Capital, na qual encontramos que
o trabalho é indispensável na vida do ser humano, isto é, em qualquer

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 7


sociedade. Nesse contexto ocorre a disputa, a concorrência, a mais-
valia, o consumo e a mercadoria no processo de compra e venda.

Tais relações passam constantemente por mudanças ao longo da


história do homem em sociedade. Você com certeza já ouviu falar das
propostas oriundas dos modelos de produção no mundo do trabalho,
a partir do processo de industrialização.

O sistema de organização do trabalho consiste basicamente


nos modelos clássicos. Vemos de forma resumida, a partir das
contribuições de Behring e Boschetti (2008) e Antunes (2011), as
diferentes concepções sobre esses modelos:

- O modelo Fordista foi criado pelo norte-americano Henry Ford,


é um modelo de produção em massa de um produto, inicialmente
implantado na indústria automobilística. Também visa aumentar a
produção através do desenvolvimento da eficiência para baixar o preço
do produto, resultando no crescimento das vendas que, por sua vez,
permitiria manter baixo o preço do produto.

- O Taylorismo visa ao aumento da produtividade, nesse contexto,


aumentar o lucro das empresas é uma forma de gestão nas indústrias,
em que a dinâmica na atividade laborativa é alargar a produtividade.

- O Toyotismo visa à valorização do trabalho em equipe, da


qualidade no e do trabalho, da multifuncionalidade, da flexibilização e
da qualificação do trabalhador. Foi criado no Japão, após a Segunda
Guerra Mundial, e é voltado para a produção de mercadorias.

Curiosidade!

Você sabia que o tema acima tem sido cada vez mais utilizado no
ENEM e outras provas?

O Fordismo foi mencionado na questão 53 do Vestibular da UERJ,


que você pode observar na Figura 1.3, em que foi apresentada uma
imagem do trabalho repetitivo, uma das características do modelo
fordista de produção em uma forma de organização fabril, no início
do século XX.

A questão 53 do Vestibular da UERJ de 2011, do 1° Exame de


Qualificação, coloca em contexto a obra de Andy Warhol, o que ajuda

8 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


a explicar o consumo como um tema importante em seus trabalhos.
Figura 1.3 | Trabalho repetitivo

Andy Warhol (1928 - 1987) é um artista


conhecido por criações que abordam
valores da sociedade de consumo, em
especial, o uso e o abuso da repetição.
Esses traços estão presentes, por
exemplo, na obra que retrata as latas
de sopa Campbell’s, de 1962.

Fonte: adaptado de: <http://migre.me/wynUu>. Acesso em: 11 jun. 2016.

Observamos que o modelo fordista vislumbra a produção em série.


Assim, os modelos sempre visam normatizar a forma de gestão que
garante a sustentação do modelo capitalista.

O livro Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, de John


Maynard Keynes, destaca que esse modelo capitalista tem relação direta
com o Estado de que temos falado até agora. A Teoria Keynesiana, ou
Keynesianismo, é o modelo de gestão que mais defendeu a intervenção
do Estado na economia. O Estado passa a ser o agente indispensável
de controle da economia, visando também assegurar um sistema de
pleno emprego.

As teorias mencionadas oportunizaram o desdobramento e a


renovação de uma nova teoria, bem como a reformulação da política
de livre mercado.

Podemos observar que estão em curso mutações no mundo do


trabalho como expressão do processo de reorganização do capital
através da implantação dos modelos de produção já explanados.

Tais mudanças acontecem a partir da década de 1980, ocasião em


que surgem as tecnologias robóticas e microeletrônicas, que regem as
formas de operacionalização nas indústrias, por isso, nesse período o
homem é substituído pelas máquinas.

Antunes (2011, p. 23) esclarece que essas mudanças e transformações


“invadiram o universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas
relações de trabalho e de produção do capital”.

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 9


Acrescenta o autor que os modelos mencionados já não são
únicos, eles vão se mesclar com outros modelos produtivos, tais como
neofordismo, neotaylorismo pós-fordismo até o kamarianismo, todos
são modelos de gestão no mundo do trabalho, cuja evolução pode
verificar-se na Figura 1.4.
Figura 1.4 | Evolução da produtividade

Fonte: <http://www.pucsp.br/~diamantino/Ind.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016.

Conhecermos tais conceitos nos auxilia a compreender o processo


da reorganização da economia política introduzida pelo neoliberalismo,
o qual é ponto de discussão do nosso próximo tema.

No Livro-Texto da disciplina você verá, conforme aponta Almeida


(2007), que a reorganização do processo econômico na dinâmica do
capitalismo ocorre quando há queda do capitalismo e este precisa de
uma reestruturação para sua manutenção. Esclarece o autor que tal
queda dos capitalistas acontece quando os empresários não têm o
lucro esperado com a venda de mercadorias, isto é, com a diminuição
relevante na taxa de lucros. Para compreensão dessa dinâmica, vamos
conceituar alguns elementos essenciais desse processo.

Konder (1981), ao realizar uma análise econômica de Marx,


menciona que nas relações sociais existe o valor de uso e o valor de
troca. Para um objeto ter o valor de troca é preciso que tenha valor
de uso, isto é, que alguém o considere útil e esteja interessado em
comprá-lo. Podemos ver essa dinâmica em nosso cotidiano, na oferta
e procura, em que os preços são variados. Vemos o valor expresso
pela pecúnia, ou seja, o valor da moeda por meio do dinheiro, do lucro
expresso pela mais-valia, que é a forma cristalizada por meio do lucro,
juro, rendas, bem como do tempo de trabalho não pago.

Para Marx (2013), a fonte básica do valor não é a circulação do


dinheiro, e sim o trabalho humano. A estrutura econômica da sociedade

10 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


burguesa é a forma de mercadoria. “A mercadoria é, antes de mais
nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz
necessidades humanas” (MARX, 2013, p. 57).

Explanando sobre o trabalho humano, Konder (1981 p. 137)


esclarece que:

[...] O Trabalho humano, como criador de valores de uso,


é uma condição da existência em geral, uma necessidade
que está presente em todas as formas de organização da
sociedade: ele existia na sociedade primitiva, continuou
a existir nas sociedades escravistas ou feudais, existe nas
sociedades capitalistas ou socialistas e prosseguirá existindo
no comunismo. O trabalho, portanto é indispensável a vida
de qualquer sociedade humana.

Konder (1981) esclarece que o capitalismo foi e é o regime que


mercantilizou a vida humana, pois nesse sistema os burgueses, isto
é, os donos dos meios de produção, necessitavam do proletário
para produzir. O trabalhador, via de regra, não consegue vender aos
empresários o produto de seu trabalho, pois os proletariados não têm
os meios técnicos que permitem reconhecer-se no produto final.
Assim, quanto maior for a utilidade de determinada coisa ou objeto,
maior é o valor de uso, este valor de uso é constituído pelo consumo
e sua utilização.

Harvey (2013, p. 25) menciona que para entender o modelo


capitalista temos, a priori, que compreender que a mercadoria é o
ponto de partida, é “a riqueza das sociedades nas quais reina o modo
de produção capitalista, pois aparece como uma enorme coleção de
mercadorias”.

De acordo com Harvey (2013), a mercadoria está presente nas


relações sociais independentemente das classes sociais, das quais
fazemos parte. O autor acrescenta que:

[...] A forma mercadoria é uma presença universal no interior do


modo de produção capitalista. Marx escolheu o denominador
comum, algo familiar e comum a todos nós, sem distinção

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 11


de classe, raça, gênero, religião, nacionalidade, preferência
sexual ou que for. Tomamos conhecimento das mercadorias
de maneira cotidiana e, além disso, elas são essenciais a nossa
existência: de comprá-las para viver (HARVEY, 2013, p. 26).

Nesse contexto ocorre o antagonismo entre o binômio capital e


trabalho. Esclarecer tais elementos nos possibilita entender que nos
modelos mencionados, no processo da organização do trabalho,
sempre observamos que o objetivo se expressava no aumento da
produtividade, justamente pelo sistema inerente ao capitalismo, que
não prevê transformação social, empoderamento, e sim a ideologia
que garanta a manutenção do sistema capitalista, conforme você pode
verificar no Quadro 1.3.

Quadro 1.3 | Principais diferenças entre os modelos


FORDISMO TAYLORISMO

Você com certeza já ouviu falar do carro O que chamamos hoje de taylorismo é um
Ford. Este faz parte de uma empresa pioneira modelo de administração desenvolvido
em veículos, a Ford, criada no começo por um engenheiro norte-americano,
do século XIX. Henry Ford foi o inventor Frederick Taylor. Este é considerado o
do primeiro carro comercial e também pai da administração científica e um dos
o criador de um sistema de produção primeiros sistematizadores da disciplina
moderno chamado de produção em massa. científica no meio da administração de
empresas.

Na produção de Henry Ford cada pessoa O sistema do taylorismo tem como base a
devia fazer uma parte do produto. Uma execução de tarefas de forma a aumentar a
pessoa apenas colocava os botões, outra eficiência do resultado operacionalmente.
apenas colocava as calotas, outra apenas É encontrar formas de trabalhar melhor
as rodas, e assim por diante. Esse sistema para potencializar o resultado.
de produção é usado até hoje não apenas
na fabricação de carros, mas para todos os
outros itens fabricados no mundo.

Fonte: adaptado de Boschetti (2008) e Antunes (2011).

Tanto o taylorismo quanto o fordismo tinham como objetivos a


ampliação da produção em um menor espaço de tempo e dos lucros
dos detentores dos meios de produção, através da exploração da força
de trabalho dos operários. O sucesso desses dois modelos fez com
que várias empresas adotassem as técnicas desenvolvidas por Taylor
e Ford, sendo utilizadas até os dias atuais por algumas indústrias. Nas
Figuras 1.5 e 1.6 destaca-se a divisão do trabalho, conforme o Fordismo.

A Divisão do Trabalho é destacada na Figura 1.5, com alguns


exemplos do modelo de Henry Ford que ressaltam a forma de

12 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


reorganização da Figura 1.5 | Divisão do trabalho
indústria, isto é, da Uma pessoa, fazendo todas as cinco etapas requeridas na
manufatura de um carro produz apenas uma unidade.
fábrica. Cada função
foi dividida em partes
Cinco pessoas, cada uma especializada em uma das cinco
muito menores, para que etapas, podem fazer dez unidades ao mesmo tempo.
cada etapa da produção
pudesse ser padronizada
e acelerada.

Entender esses dois


modelos e as mudanças Fonte: <http://migre.me/wynZi>. Acesso em: 11 jun. 2016.

que ocorreram e ocorrem Figura 1.6 | Linha de montagem da Ford


na organização do mundo
do trabalho é o ponto
inicial para assimilarmos
a teoria do Estado de
Bem-Estar Social, bem
como as lutas de classes
e necessidades sociais
repercutidas nas políticas
sociais, que elucidaremos Fonte: <http://www.pucsp.br/~diamantino/Ind.pdf>. Acesso em: 11
em nosso próximo tema. jun. 2016.

Quadro 1.4 | Diferença entre Liberalismo e Neoliberalismo

LIBERALISMO NEOLIBERALISMO

O que é liberalismo? O que é neoliberalismo?


Durante muitos anos Igreja, Estado Neoliberalismo é a política de não participação do
e economia foram uma coisa só. Estado na economia. Hoje no sistema capitalista
O liberalismo é uma ideologia que muitos Estados participam abertamente do controle
incentiva as pessoas a terem seus da economia, principalmente nas economias mais
pensamentos, teorias e crenças fechadas, nas ditaduras. O neoliberalismo promove
próprias. Não mais seria o Estado uma participação mínima ou ausente do Estado na
a controlar as crenças de cada economia, tanto do Estado como um todo como
um, mas sim cada um que teria a nos investimentos individuais. Contudo, pode haver
liberdade de escolha sobre o que uma regulação de órgãos econômicos para manter
fazer com suas economias, o que a estabilidade da economia.
seguir e o que pensar.

Fonte: adaptado de Almeida e Alencar (2011).

O filme Tempos Modernos mostra a fase industrial do capitalismo


na qual a doutrina liberal começava a apresentar sinais de superação.

Ele apresenta uma visão da luta entre o sindicalismo democrático


e o neoliberalismo e foca a vida na sociedade industrial caracterizada

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 13


pela produção com base Figura 1.7 | Cena do filme Tempos Modernos
no sistema de linha de
montagem e especialização
do trabalho.  O filme ainda
trata das desigualdades entre
a vida dos pobres e das
camadas mais abastadas,
sem representar, contudo,
diferenças nas perspectivas
de vida de cada grupo. Mostra
Fonte: <http://migre.me/wyoaS>. Acesso em: 11 jun. 2016.
ainda que a mesma sociedade
capitalista que explora o
proletariado, alimenta todo o conforto e a diversão da burguesia. 

Almeida e Alencar (2011 ) trazem reflexões sobre as relações entre


trabalho e o serviço social. Nesse sentido é certo que o tema propiciará
elucidações que contribuirão em sua trajetória acadêmica, em sua
formação.

Para complementar sua leitura, confira o glossário que foi preparado


para tirar suas dúvidas e para ampliar seus conhecimentos, responda
aos exercícios propostos, consulte as páginas indicadas e, na sequência,
daremos continuidade aos estudos, por meio do tema intitulado:
Neoliberalismo, Políticas Públicas e as classes Sociais. Bons estudos!

ACOMPANHE NA WEB

Estado e Políticas (Públicas) Sociais

• Leia o texto Estado e Políticas (Públicas) Sociais, de Eloisa de


Mattos Höfling. Aprofunde seus conhecimentos sobre o Brasil e
as políticas públicas. Esse texto tem o objetivo de trazer elementos
que contribuam para a compreensão de Estado e política social e da
relação destes com diferentes visões de sociedade, citando autores
que se aproximam da abordagem marxista e da neoliberal. Disponível
em: <https://goo.gl/2LXDPj>. Acesso: em 13 maio 2016.

Uma análise das condições de vida da população brasileira

• Conheça os relatórios do PNAD, com números e análises sobre


a realidade socioeconômica brasileira. Atualize-se sobre os dados,

14 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


os indicadores que são fornecidos pelo IBGE acerca da realidade
brasileira. Esses indicadores seguem recomendações internacionais
e servem como parâmetros para conhecimento da situação brasileira,
contribuindo para as modificações nos perfis social, demográfico
e econômico da população, com dados relevantes a para nossa
sociedade. Disponível em: <https://goo.gl/SUDpKp>. Acesso em:
13 maio 2016.

Estado, Capitalismo, Classes e Políticas Sociais

• Assista ao vídeo com trechos da palestra do Prof. Márcio


Pochmann, doutor em Economia, ao Centro Celso Furtado, em 2014.
Aqui, ele faz uma rápida análise sobre o redescobrimento das classes
sociais e das novas estruturas sociais dos ‘centros’ e ‘periferias’ do
capitalismo globalizado. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=WGLG7ZDqI4k>. Acesso em: 13 maio. 2016. Tempo: 12:52
min.

José Paulo Netto: “Crise do capital e suas consequências


societárias”

• Assista ao vídeo da palestra de José Paulo Netto, realizada no


5º Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora.
Nesse vídeo, ele faz uma análise da recente crise da economia
capitalista, como o prefácio de uma crise da ordem do capital.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v= ZRlfA5QyIk>.
Acesso em: 14 maio. 2016

Tempos Modernos (Modern Times). Charles Chaplin. EUA, 1936

• Assista ao filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, e


faça uma reflexão sobre o conceito da teoria científica, objetivando
compreender o contexto e a realidade da época.

Sinopse retirada do site Adoro Cinema: Charles Chaplin é o


diretor e a estrela principal do filme, ele é um operário de uma linha
de montagem, que testou uma “máquina revolucionária” para evitar
a hora do almoço, é levado à loucura pela “monotonia frenética” do
seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado
de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para
começar sua nova vida, mas encontra uma crise generalizada

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 15


e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que
liderava uma marcha de operários em protesto. Simultaneamente
uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda
são bem garotas. Elas não têm mãe e o pai delas está desempregado,
mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei
vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem
consegue escapar. Ano de produção: 1936. Disponível em: <http://
www.adorocinema.com/filmes/filme-1832/trailer-19541259/>. Acesso
em: 11 jun. 2016. Tempo do trailer: 1:58 min.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo
pedido.

1. Entende-se por Nação um grupo de indivíduos que possuem vínculo


socioeconômico e político, dentro de um território, pessoas que possuem
uma identidade comum. O que mais esse conceito abrange.

2. O ser humano, vive em comunidade, a partir de regras e normas que


estabelecem a forma do homem viver em grupo. Nesse sentido, o que
vem a ser Sociedade?

3. Konder (1981 p. 137) esclarece sobre o trabalho humano, como


criador de valores de uso, é uma condição da existência em geral, uma
necessidade que está presente em todas as formas de organização da
sociedade. Desde quando o trabalho humano existe?

4. O trabalho se origina do latim que significa labuta, que pode ser


atividade intelectual, ocupação ou esforço. Nesse sentido, Antunes (2011)
menciona que tripálio foi um instrumento que significava __________.
Complete a lacuna conforme as alternativas a seguir.
a) Diferenças de classes e organização do trabalho.
b) Ação social, capital e trabalho em Marx.
c) Luta de classe e estratificação social em Marx.
d) Organização do trabalho e prazer em Marx.
e) Tortura, um tripé de três pontas utilizado para castigar.

5. (ENADE, 2010 – adaptado) Os estudos de Antunes (2001) acerca da

16 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


centralidade das transformações no mundo do trabalho esclarecem
aspectos fundamentais da influencia toyotista e do processo de
mundialização no setor produtivo.
a) A utilização do trabalho de imigrantes, negros e crianças.
b) A articulação do trabalho industrial com o setor de serviços.
c) O aumento progressivo do trabalho feminino no interior da classe
trabalhadora.
d) A incorporação de trabalhadores de diversas partes do mundo no
processo de produção e de serviços.
e) A ampliação das empresas multinacionais nos países “pobres” como
estratégia de exploração de mão de obra barata.

FINALIZANDO

Observamos que é necessário entender a organização do


sistema capitalista quando consideramos a concepção de Estado.
Observa-se que tal funcionamento é independente de nossa
profissão, o sistema organiza o Estado, que organiza a política
pública e o homem em sociedade, por meio das legislações,
vivendo sobre um território delimitado e governado por tais leis,
que regem todo o povo, independentemente de suas diferenças.
As expressões da questão social se apresentam por meio do
antagonismo entre capital e trabalho, lutas de classes, mais-valia
pobreza, dentre outros. É necessário que o profissional do serviço
social entenda o tema proposto, o qual nos dá condições de
conhecer o desafio de propiciar e instigar a transformação social,
isto é, permitir ao cidadão condições de ter sua autonomia e
empoderamento em tal contexto.

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Editora Wmf Martins Fontes,
2014.

ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho. Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade


no mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2011.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. 3. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 1995.

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: Fundamentos e história.


5. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2008. v. 2.

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 17


BENEDETTI, Cláudia Regina. Estado, neoliberalismo e políticas públicas. Valinhos:
Anhanguera Educacional, 2014. p. 1-61. Disponível em: <http://anhanguera.com>.
Acesso em: 3 mar. 2014.

BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa. Edição Atualizada. São Paulo:


FTD, 1996.

DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:


<http://www.priberam.pt/dlpo/>. Acesso em: 15 abr. 2016.

HARVEY, David. Para entender o Capital. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.

HÖFLING. Eloisa de Mattos. Estado e Políticas (Públicas) Sociais. Cadernos Cedes,


ano XXI, n. 55, novembro/200. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/
v21n55/5539.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2016.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Uma análise das condições de vida
da população brasileira 2013. 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2013/>.
Acesso em: 13 mar. 2016.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA.


ENADE: Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Brasil. Provas e Gabaritos
2010. 2010. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/enade/provas-e-
gabaritos-2010>. Acesso em: 13 mar. 2016.

______. Provas e Gabaritos 2007. 2007. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/


guest/enade/provas-e-gabaritos-2007>. Acesso em: 13 mar. 2016.

KONDER, Leandro. Marx. Vida e obra. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

MARX, Karl. O capital - Livro 1 - O processo de produção do capital. 33. ed. Rio de
Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2013. v. 1.

MOTA, Ana Elizabete (Org.). O mito da assistência social ensaios sobre estado política
e sociedade. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Cortez, 2009.

NETTO, José Paulo. Crise do capital e suas consequências societárias. Palestra


realizada no 5º Seminário Anual de Serviço Social, organizado pela Cortez Editora em
14 de maio de 2012 no Teatro Tuca/SP. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=9ZRlfA5QyIk>. Acesso em: 10 mar. 2016. 27:24min.

POCHMANN, Márcio. Estado, Capitalismo, Classes e Políticas Sociais. Palestra do Prof.


Márcio Pochmann, doutor em Economia, ao Centro Celso Furtado em 2014. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=WGLG7ZDqI4k>. Acesso em: 14 fev. 2015.
12:52min.

18 T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho


GLOSSÁRIO

Antagonismo: Oposição de ideias ou de sistemas, rivalidades, incompatibilidade,


luta, relutância, inimizade.

Capital: Dinheiro que constitui o fundo de uma indústria ou de um rendimento;


valores, dinheiro, numerário; aquilo que constitui fundo ou valor, suscetível de
produzir lucros ou vantagens; fortuna.

Empoderamento: Dar ou adquirir poder ou mais poder.

Marxista: Relativo ao marxismo, que é o sistema das teorias filosóficas, econômicas


e políticas de Karl Marx.

Proposta: Proposição, determinação.

Tripálio: É um instrumento romano de tortura, um tripé formado por três pontas


enterradas no solo em forma de uma pirâmide, utilizadas para castigar os escravos.

T1 - O Estado e as mudanças na organização do trabalho 19


Convite à leitura

Neste tema vamos explicitar sobre: neoliberalismo, políticas


públicas e as classes sociais, assim conceituaremos o termo
neoliberalismo, deste modo o tema dará subsídios para a
compreensão da diferença elementar de políticas públicas e
políticas sociais, conforme a especificidade e o direcionamento
do modelo de gestão e as legislações da política social trabalhada,
bem como, as diretrizes as quais embasam e fundamentam a
prática profissional do assistente social.

Você também verá o conceito de liberalismo que permeia esse


cenário e compreendendo tais elementos e concepções o tema
proporcionará o aprofundamento e o entendimento mais amplo
do antagonismo existente entre as classes sociais.

Assim convidamos você a ficar por dentro do assunto que


trataremos a seguir.

Boa Leitura!

20 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


Tema 2

Neoliberalismo políticas
públicas e as classes sociais
POR DENTRO DO TEMA

Você iniciará a leitura a partir do conceito de Neoliberalismo que


segundo Abramides e Cabral (2003) para compreender a concepção
neoliberal na modernidade é necessário entender que tal conceito
é inerente ao sistema capitalista que prevê acumulação do capital, e
esta impacta nas relações sociais. Sendo Assim, o neoliberalismo é a
política de não participação do Estado na economia. Ele promove uma
participação mínima ou ausente do Estado no sistema econômico
como um todo e nos investimentos. Assim, conta com a participação
da sociedade civil nos investimentos sociais.

As mesmas autoras Abramides e Cabral (2003) ainda esclarecem


que para entender o neoliberalismo é necessário compreender que
as reformas neoliberais têm transferido e/ou dividido suas ações para
o chamado terceiro setor, instituindo a este a função de dar respostas
às diversas expressões da questão social. Isto é, a sociedade civil,
também corrobora para que o Estado não seja o responsável pelas
políticas públicas e sociais e passe ter o interesse no campo do capital,
para manutenção da ideologia do sistema capitalista.

Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado


a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem
na sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um
vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas
organizações: de Primeiro setor - (Público, Estado); Segundo setor
(Privado, Mercado) e o Terceiro Setor (Sociedade Civil).
Primeiro setor
Segundo setor
Terceiro setor

???

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 21


Então, você pode estar pensando o que é liberalismo e qual sua
relação com o neoliberalismo e o terceiro setor? Para compreendermos
a temática vamos trazer alguns esclarecimentos a partir de Faleiros
(2009, p. 118):

[...] Adam Smith, o pai do liberalismo econômico,


concebia o êxito social como um assunto puramente
individual, dependendo da inteligência e das habilidades
do indivíduo. Dizia que as duas circunstâncias que
trazem consigo a riqueza são: a habilidade, a destreza e
a inteligência que se põe na aplicação de um trabalho, e
a proporção que encontramos entre aqueles que estão
ocupados em um trabalho útil e os que não estão. Um
pouco mais adiante afirmava “Se um operário é sóbrio e
trabalhador, pode gozar de um certo bem-estar na vida”.

As afirmações de Smith apresentam uma proposta de interesse


da classe dominante representada pela burguesia. A essência da
vertente é de uma ideologia que incentiva as pessoas a entenderem
que o direcionamento de sua vida, teorias e crenças próprias, não tem
relação com a conjuntura e cenário social em que vivemos, isto é,
não mais seria o Estado a controlar as crenças de cada um, como
acontecia nos primórdios e sim cada um que teria a liberdade de
escolha sobre o que fazer com suas economias, religião etc.

Entretanto, o pano de fundo da proposta é ajustar o homem


à sociedade, isto é, a manutenção do sistema capitalista a partir do
princípio que o indivíduo está desajustado ao sistema e o “problema”
não é do sistema e sim do indivíduo. Veja a seguir o esclarecimento de
Faleiros (2009 p. 119):

[...] A prática liberal filantrópica considera-se problema


o desajustamento à sociedade estabelecida. As
interferências para interpretá-lo deveriam encontrar na
história pessoal de cada indivíduo, em suas relações com
outros membros de sua família, ou com as instituições
da comunidade.

Assim, no contexto liberal surgem as práticas filantrópicas por meio


do neoliberalismo e a participação da sociedade civil.

22 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


Lembrando!

• O liberalismo setorializou a sociedade e propiciou instituições


populares de governo e representação democrática, promovendo
a exclusão social, seja porque sua principal característica consiste
na separação entre a atividade política governamental e as ações
localizadas na sociedade, seja porque vem acompanhado de um
liberalismo econômico descomprometido com o bem-estar social,
em decorrência de sua crença na autorregularão do mercado
(GABARDO, 2003).

• O neoliberalismo tenta substituir essa sociedade por outro tipo,


que estimule a eficiência, a competitividade e o individualismo. Ela
valorizaria tudo o que é privado, alcançado à custa da esfera pública.
O interesse público desaparece ou fica gravemente enfraquecido
(SUNKEL, 1999).

Existem várias definições encontradas sobre o terceiro setor, mas


Salamon e Anheier (1992) propõe a definição estrutural/operacional,
composta por cinco atributos estruturais ou operacionais que
distinguem as organizações do terceiro setor de outros tipos de
instituições sociais (Figura 2.1), que é amplamente utilizada como
referência, inclusive por organizações multilaterais e governos.
Figura 2.1 | Atributos estruturais ou operacionais
Alguma forma de institucionalização, legal ou não, com
1. Formalmente um nível de formalização de regras e procedimentos, para
constituídas assegurar a sua permanência por um período mínimo de
tempo.

2. Estrutura básica não São privadas, ou seja, não são ligadas institucionalmente a
governamental governos.

Realiza sua própria gestão, não sendo controladas


3. Gestão própria externamente.

A geração de lucros ou excedentes financeiros deve ser


4. Sem fins lucrativos reinvestida integralmente na organização. Estas entidades não
podem distribuir dividendos de lucros aos seus dirigentes.

Possui algum grau de mão de obra voluntária, ou seja, não


5. Trabalho voluntário remunerada ou o uso voluntário de equipamentos, como a
computação voluntária.

Fonte: adaptado de Salamon e Anheier (1992).

Evidencia-se o quadro acima que o terceiro setor infere-se, na


análise, que a sociedade articula em diferentes setores, visando atender
direitos sociais básicos e combater a exclusão social.

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 23


A composição do terceiro setor é realizada por meio de
organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela participação
voluntária, de natureza privada, não submetida ao controle direto do
Estado, podendo ter práticas tradicionais da caridade, da filantropia,
trabalhando para realizar objetivos sociais ou públicos, proporcionando
à sociedade a melhoria na qualidade de vida por meio de projetos e
programas que visam o atendimento na área da saúde, da cultura,
esporte, campanhas educacionais, entre tantas outras atividades de
caráter social existentes nas políticas sociais.

Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão


vinculadas, mas se revestem de caráter público na medida em que
se dedicam a causas e problemas sociais, que apesar de serem
sociedades civis privadas, não têm como objetivo o lucro, e sim o
atendimento das necessidades da sociedade.

Na Figura 2.2 observamos que Figura 2.2 | Os três grandes setores da


o terceiro setor não é público sociedade
nem privado, mas sim uma
Primeiro setor
junção (podemos ver no ponto Estado
de intersecção dos círculos) do
setor estatal e do setor privado
para uma finalidade maior, de Terceiro setor Segundo
suprir a ausência do Estado, que Sociedade setor
civil Mercado
tem responsabilidade propor
por meio das políticas públicas e
Fonte: elaborado pela autora.
ações sociais, em uma relação de
parceria com a sociedade civil organizada.

A estrutura da sociedade demonstrada na Figura 2.2 indica o


Estado (primeiro setor), o Mercado (segundo setor) e Organizações
da Sociedade Civil que atuam sem finalidade de lucro com atuações
de interesse público (terceiro setor). Sendo assim, o Estado atua na
esfera pública estatal, o Mercado na esfera privada e o Terceiro Setor
na esfera pública não estatal.

Na Figura 2.3 apresentamos um exemplo da representação da


Sociedade Civil, chamado de Terceiro Setor, que pode ser considerada
como vimos anteriormente, um conjunto de agentes privados com
fins públicos, pois atende área pública, cujos programas, projetos e

24 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


ações têm como objetivo atender direitos sociais básicos e combater
a exclusão social nas diversas áreas das políticas sociais seja saúde,
assistência social, habitação, meio ambiente, criança e adolescente,
mulheres, idosos, dentre outros segmentos das políticas sociais.

Deste modo, é necessário entender que as políticas públicas


são macro, abrangentes, isto é, todas as políticas sociais fazem
parte das políticas públicas. Já as politicas sociais são caracterizadas
por segmento, por exemplo, políticas do idoso e suas legislações,
da criança e adolescente sua legislação o Estatuto da Criança e do
Adolescente, por exemplo etc. Ressalta-se que a sociedade civil pode
atuar nas políticas sociais por meio do chamado terceiro setor.

Figura 2.3 | Organizações que compõem o Terceiro Setor da sociedade

Terceiro setor

OSCIP Organizações sem fins


ONGs
Entidade filantrópicas, OSCIP lucrativos e outras formas
(Organizações não
(Organização da sociedade civil de de associações civis sem fins
governamentais
interesse público) lucrativos
Fonte: elaborado pela autora.

O terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e


não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter
público. São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo
doações às entidades beneficentes.

Fiori (1997, p. 14 apud CARINHADO, 2008, p. 39) destaca que o


neoliberalismo iniciou-se no Brasil no governo Collor (1990-1992):

[...] O Brasil, objeto de nosso interesse maior, foi


apresentado às políticas neoliberais a partir do governo
Collor, mas somente com eleição de Fernando Henrique
Cardoso e o Plano Real – constituído na administração
Itamar Franco – que o aplicou seus ditames no Estado
Brasileiro. Segundo Fiori, FHC é que foi concebido para
viabilizar no Brasil a coalizão de poder capaz de dar
sustentação e permanência ao programa de estabilização
do FMI, e viabilidade política ao que falta ser feito das
reformas preconizadas pelo Banco Mundial.

No início de 1990, o Brasil passava por desafios e contradições centradas

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 25


num regime de altíssima inflação e incertezas quanto à condução política
que seria tomada para uma nova tentativa de redução desse fenômeno
econômico. Nessa definição, buscou-se uma forma que equalizasse e
acrescentasse a economia e, simultaneamente, abrisse espaço para um
novo caminho para a acumulação de capital para o país.

Assim, o neoliberalismo incentiva a participação da sociedade


através da denominada responsabilidade social, assumindo o
atendimento a questões voltadas à urgências e necessidades sociais,
que se expressam por meio do objeto de estudo do Serviço Social, ou
seja, a questão social e suas variadas formas de expressão, a violência,
pobreza, fome, miséria, a exclusão social dentre outras, nas diferentes
áreas das políticas públicas. Então nesse contexto temos as políticas
sociais no âmbito das políticas públicas.

Quando pensamos em política pública podem surgir equívocos


entre alguns elementos: a Assistência Social, um termo muito usado
na área social, o Serviço Social e o Assistencialismo. O que acontece
algumas vezes é a confusão entre eles. A Figura 2.4 a seguir, apresenta
a diferença entre estes três termos.
Figura 2.4 | Diferença entre serviço social, assistência social e assistencialismo

Serviço Social Assistência Social Assistencialismo

É uma profissão É uma Política Pública, É uma forma de atuação,


reconhecida por Lei. A Lei conforme Constituição Federal em que o enfoque não
Nº 8662 de 7 de Junho de 1988 em seu Artigo de é a transformação social
de 1993 que regulamenta número 194 ao lado da saúde no sentido de propiciar a
a profissão do assistente e da previdência social é o autonomia do cidadão e
social. Dessa forma, o tripé da Seguridade Social. A sim o paternalismo, atuar
Serviço Social é uma referida Constituição reservou com foco na caridade, na
profissão que requer um Artigo para descrever a benemerência, no amor
formação superior e respeito dessa política pública, ao próximo como foi nos
que tem como áreas de como a saúde, a previdência primórdios da profissão, em
atuação a assistência, social e a educação. Assim, meados nos anos 1930 com a
a saúde, a educação, o Artigo 203 da Constituição influência da igreja. Lembre
habitação, dentre outros, federal trata especificamente que o assistente social pode
podendo ser em órgãos da Assistência Social, atuar em diversas áreas do
públicos ou privados. especificando que ela Serviço Social, desde que
será prestada a quem dela tenha formação superior.
necessitar, independente de Quando não tem formação
contribuição à seguridade superior, a pessoa estará
social e tem por objetivos, realizando o assistencialismo.
proteger, amparar, promover,
habilitar e reabilitar, além de
garantir o pleno exercício da
cidadania.

Fonte: elaborado pela autora.

Percebeu o quanto é importante entender a diferença da Assistência,


Assistencialismo e do Serviço Social, no âmbito das políticas sociais?

26 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


Então vamos continuar!

Origem do Serviço Social Breve Histórico

A origem histórica do Serviço Social é marcada por benemerência,


paternalismo, filantropia o que proporcionou o rótulo de que esta é
uma profissão para atender aos pobres. É uma profissão que nasce nos
anos 1930 no século XX, sob a influência do Serviço Social europeu
(GOMES, 2006).

Mestriner (2001) afirma que, no Brasil, filantropia e benemerência


são tratadas como sinônimos e escondem de fato a relação
estado-sociedade. É responsabilidade de o Estado garantir políticas
públicas que intervenham nas relações de desigualdade social que
caracterizam o país, tornando-as responsabilidade de todos, por meio
de organizações sem fins lucrativos.

Nos primórdios do Serviço Social, o principal instrumento de


trabalho era a visita domiciliar realizada pelos agentes. Seu principal
objetivo era verificar as condições de habitação, saúde e fortalecer o
modo de pensar da classe trabalhadora (MARTINELLI, 1993).

A mesma autora coloca que, em 1869, em Londres foi criada a


Sociedade de Organização da Caridade, e que ocorreram várias
manifestações, quanto ao uso do instrumento de trabalho estabelecido
com o fim de repressão e coerção.

Assim observamos que o Serviço Social nasce por meio da igreja


católica onde as práticas eram caracterizadas pela solidariedade,
“bondade”, que se concretiza na ajuda ao próximo. Portanto, nesse
contexto, é que o Serviço Social nasce e vem lutando para romper
paradigmas e se fortalecer como uma profissão, que tem como
objetivo desenvolver a assistência social e não o assistencialismo, que
imperou ao longo dos anos, desde os primórdios da profissão, e que
procurava mascarar e garantir a perpetuação da classe dominante,
manipulando os trabalhadores (GOMES, 2015).

Nesse contexto, vimos que a influência oriunda da prática


profissional na década de 1930, onde a profissão nasceu, surgiu por
meio da classe dominante, em que aqueles que tinham maiores e
melhores condições econômicas “ajudavam” aos necessitados.

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 27


Para que a profissão se tornasse voltada à prática da assistência
social e não assistencialista, passou-se por uma caminhada longa
na história onde ocorreu um movimento na categoria profissional
objetivando oportunizar, por meio de muita luta, mudanças na ação
do Assistente Social. O chamado movimento de Reconceituação
ocorreu no âmbito do Serviço Social latino-americano, a partir da
década de 1970 e mudou os rumos da prática profissional.

Faleiros (2009) menciona que o Movimento de Reconceituação


oportunizou mudanças na área da política social para propiciar a
garantia dos direitos sociais.

Assim, observamos que a ação social passa a ter outro


direcionamento e não somente nas práticas assistencialistas, mas sim
buscando ações na área das políticas públicas. Os assistentes sociais se
posicionavam fortemente em relação à “formulação das políticas sociais
enquanto intervenção estatal” (CAMPOS, 1988, p. 13), isto é o Estado é o
responsável para propor ações na área social não mais a igreja.

Então nesse contexto podemos ver que o assistencialismo é a


benemerência, a caridade que é prestar favor à sociedade “sem” o
compromisso de orientar e sensibilizar o cidadão e propiciar-lhe
uma leitura crítica de seus direitos e deveres. Ambos promovem uma
relação de dependência e não têm finalidade de garantir a autonomia
e o empoderamento para uma transformação social.

Sposati et al. (1986, p. 29) explicitam que “[...] a introdução de políticas


sociais calcadas no modelo assistencial consagra formas populistas”,
destacando-se a benevolência enquanto forma de atendimento às
necessidades daqueles em situação de miséria.

A Assistência Social é política pública que faz parte da “Seguridade


Social” e está prevista no artigo 194 da Constituição Federal do Brasil
de 1988. Esse artigo refere, in verbis, que “[...] a Seguridade Social
compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social” (GOMES, 2015, p. XX).

A Seguridade Social é regulamentada na Lei Orgânica da Assistência


Social (LOAS), 07 de dezembro de 1993, sancionada pelo presidente
Itamar Franco e definida no artigo 1°, que refere in verbis:

28 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


[...] a assistência social, é direito do cidadão e dever do
Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que
provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas.

A assistência social, enquanto política pública que compõe o tripé


da seguridade social, e considerando as características da população
atendida por ela, deve fundamentalmente inserir-se na articulação
intersetorial com outras políticas sociais, particularmente, as públicas
de saúde, educação, cultura, esporte, emprego, habitação, entre
outras, para que as ações não sejam fragmentadas e se mantenha o
acesso e a qualidade dos serviços para todas as famílias e indivíduos.

Barroco (2001, p. 171) assinala que:

O Serviço Social é uma prática profissional que tem


uma função social via trabalho político-ideológico que,
historicamente, tem se vinculado fundamentalmente ao
projeto da classe dominante, no entanto, nos dias atuais,
começa a buscar uma reorientação social dessa prática.

Neste contexto, o Serviço Social é uma categoria profissional que


trabalha em meio às múltiplas expressões que a questão social apresenta,
e as políticas públicas são o campo de atuação profissional na atualidade
contemporânea. O trabalho é realizado em meio às desigualdades sociais,
diferenças entre classes e se estabelece a partir do antagonismo entre os
dois elementos representados na Figura 2.5 abaixo:
Figura 2.5 | Relação de capital x trabalho

Capital Trabalho

Fonte: elaborado pela autora.

Sendo assim, a representatividade de tal antagonismo na


realidade social é caracterizada por meio de lutas necessidades
sociais. Em virtude desta realidade é necessário pensar em
programas que possam atender essa parcela da população que
sofre com esse processo oriundo do sistema econômico a partir
da ideologia capitalista que já vimos em tema anterior.

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 29


Devido a esse cenário, o profissional não pode estar alheio às
mudanças no tocante à economia, pois a tendência do projeto
neoliberal tem sua repercussão no exercício profissional do
assistente social. É necessário conhecermos as mudanças que
ocorrem no contexto da condução das políticas sociais, assim,
percebemos que é inegável que os aspectos teórico metodológico,
ético-político e técnico operativo são dimensões que devem estar
claras para que o profissional assistente social possa consolidar
por meio de sua prática, a efetivação do projeto ético-político,
contribuindo para emancipação e empoderamento do cidadão.

Para que ocorram mudanças com relação à prática profissional,


primeiro é preciso que seja feita uma leitura ampla da realidade
social. Por esse motivo, trouxemos um breve histórico da profissão
para que você perceba a importância das políticas públicas, bem
como, a necessidade de uma leitura critica desse cenário, que está
em movimento e em constante transformação.

Nesse sentido, é importante entender a proposta de utilizar-se de


uma vertente marxista para a prática profissional, que teve seu início
justamente nos anos de 1980. Por meio da proposta de uma teoria
que facilita a análise dessas relações sociais, utilizando a categoria de
mediação a partir da análise marxista fundamentada em Marx.

A leitura crítica da realidade social por meio da instrumentalidade


profissional do Serviço Social na atuação frente às políticas públicas
aos poucos vai se modificando com o desenvolvimento do debate
e da produção intelectual do serviço social brasileiro. A partir desse
debate temos como resultado o desdobramento e a explicitação das
seguintes vertentes de análise que emergiram no bojo do movimento
de reconceituação conforme podemos observar na Figura 2.6 a seguir.
Figura 2.6 | Perspectivas propostas no movimento de reconceituação
Perspectiva Perspectiva de renovação do Perspectiva de intenção de
modernizadora conservadorismo ruptura
Fundamentada na Fundamentada na proposta Fundamentada mais
vertente positivista, da vertente fenomenológica. precisamente por meio
abordagem Também é conhecida como das propostas e discussões
influenciada pela igreja forma de reatualização do do Método BH que traz a
católica. conservadorismo. proposta marxista para o
Serviço Social.

Fonte: elaborado pela autora.

30 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


Nesse sentido, vale ressaltar que tais perspectivas são estudadas por
Netto (1999), no âmbito das discussões dos desafios para o profissional
assistente social. É necessário conhecer tais vertentes para entender
que a conquista de uma instrumentalidade sólida que proporcionasse
mudança social, foi um processo na história do serviço social no
cenário das políticas públicas sociais.

Percebemos assim, que um dos desafios para o profissional é o


entendimento de tal instrumentalidade e de suas dimensões, sejam
elas: política, ética ou teórica para compreender o antagonismo
existente na realidade social já demostrado na Figura 2.5 e, também
se percebe o comprometimento que o profissional tem com a classe
trabalhadora por meio do projeto ético-político do profissional.

As lutas de classes são representadas a partir da relação antagônica da


classe dominante e a classe dos trabalhadores, veja abaixo na Figura 2.7
Figura 2.7 | As lutas de classes

Burguesia Proletariado

Fonte: elaborado pela autora.

Trata-se de compreender o movimento existente da contradição e


antagonismo entre capital e trabalho nas relações sociais, uma vez que
o projeto inerente ao sistema capitalista tem sua roupagem por meio
das propostas neoliberais.

Nesse sentido, propiciar o empoderamento e a transformação


social por meio das políticas públicas seria o mesmo de ir à contra
mão das propostas neoliberais, as quais propõe o mínimo social, isto
é, o Estado não sendo mais o único responsável de prover políticas
sociais, possibilitando o mínimo necessário para os cidadãos, uma vez
que divide com a sociedade civil, a responsabilidade no tocante às
políticas públicas.

Neste sentido, Abreu (2011, p. 211 apud faleiros, 1999) explica que
o empowerment “coloca-se em contraposição ao novo contrato
social, imposto pelo processo de globalização, que consiste em tornar
o indivíduo menos seguro, menos protegido, mais competitivo no
mercado, com menos garantia ou nenhuma garantia de direitos”.

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 31


Conforme afirma Vazques (1977, p. 185) “toda práxis é atividade, mas
nem toda atividade é práxis”, sendo assim, entendemos que a práxis
pode ser explicitada como uma atividade profissional desenvolvida
por meio da categoria mediação, possibilitando mudança na realidade
social, fomentando a consciência critica de si mesmo e do cidadão.

A prática por si só não é práxis, pois a prática sem o questionamento do


imediato, sem o desenvolvimento da tríade singularidade, particularidade e
universalidade na atividade profissional, não pode ser considerada práxis,
pois esta é mais complexa e ampla em seu alcance.

Agora convido você aprofundar seu conhecimento no glossário


proposto, exercícios e visitar as webs indicadas e na sequência daremos
continuidade aos estudos por meio do tema três a seguir. Bons estudos!

ACOMPANHE NA WEB

Ilha das Flores

• Assista ao filme Ilha das Flores, sobre a sociedade do consumo


e o estado organizado para acumulação. Sinopse retirada do Porta
Curtas: Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de
consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a
plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração
de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho.
Disponível em: <http://portacurtas.org.br/filme/?name=ilha_das_
flores>. Acesso em: 3 abr. 2016. Tempo: 13:00.

Memória TVT: Exclusão Social - Um erro histórico e contínuo

• Primeira parte do documentário: Memória TVT: Exclusão


Social - Um erro histórico e contínuo. Sem pátrias, sem famílias, sem
identidades, sem bússolas. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=CcVr1DM_9ec>. Vídeo exibido em 3 jul. 2014. Acesso
em: 6 abr. 2016. Tempo: 7:55.

Vídeo Popular – 30 anos depois: Exclusão Social 2/2

• Assista a continuação do documentário 30 anos depois:


Exclusão Social 2/2. A trajetória de três personagens: uma idosa, um
morador de rua, e uma mulher negra, representando os excluídos

32 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


da sociedade é a base deste vídeo, que através de entrevistas e
depoimentos tentar mostrar o que leva à exclusão social e os
caminhos para sua superação. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=5J4bVY0VT6Q>. 14 out. 2015. Acesso em: 6 abr. 2016.
Tempo: 14:31.

A súbita guinada neoliberal do Brasil

• Palestra de Franklin Serrano - Professor do Instituto de Economia


da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pesquisador Associado
Sênior do Center for Economic and Policy Research. A súbita guinada
neoliberal do Brasil. Disponível em: <http://www.excedente.org/wp-
content/uploads/2015/11/A-subita-guinada-neoliberal-do-Brasil.pdf>.
Acesso em: 3 abr. 2017.

O Serviço Social e as Lutas Sociais no Campo: Pensando nos


Movimentos Sociais a partir das Relações de Gênero e da conquista
de Direitos

• Veja sobre os movimentos populares e direitos sociais,


movimentos sindicais, populares e sociais, movimento dos
Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Para saber mais sobre essa
perspectiva, leia o artigo de Mailiz Garibotti Lusa: “O Serviço Social e
as Lutas Sociais no Campo: Pensando nos Movimentos Sociais a partir
das Relações de Gênero e da conquista de Direitos”. Disponível em:
<http://www.cibs.cbciss.org/arquivos/O%20SERVICO%20SOCIAL%20
E%20AS%20LUTAS%20SOCIAIS%20NO%20CAMPO.pdf>. Acesso em:
10 abr. 2016.

Terceiro Setor Online

• Para obter mais conhecimentos acerca do Terceiro Setor


comentado no tema dois, veja o link de acesso no qual poderá
visualizar legislações, conceitos, pesquisas, estatísticas dentre outras
informações relacionadas à ONG e OSCIP. Disponível em: <http://
www.portalterceirosetor.org.br>. Acesso em: 10 abr. 2016.

O Exercício profissional do Serviço Social no capitalismo


contemporâneo: desafios e possibilidades para a efetivação do
Projeto Ético-Político

• Para ampliar seus conhecimentos frente às demandas postas

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 33


pelo capital na atualidade. Leia o artigo de Josy Amador: “O Exercício
profissional do Serviço Social no capitalismo contemporâneo: desafios
e possibilidades para a efetivação do Projeto Ético-Político”. Disponível
em: <https://goo.gl/Gm6a54>. Acesso em: 10 abr. 2016.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

1. Neoliberalismo é a política de não participação do Estado na economia. O


que o neoliberalismo promove?

2. Em Política Pública pode surgir equívoco entre alguns elementos:


Assistência Social, um termo muito usado na área social, o Serviço Social e
o Assistencialismo. O que acontece algumas vezes é a confusão entre eles.
Qual a diferença entre estes três termos?

3. Segundo Marilda Vilela Iamamoto, em seu livro A Questão Social do


Capitalismo, desde 1980, a análise do significado social da profissão está
centrada no processo de reprodução das relações sociais, sustentando que a
questão social é indissociável das relações sociais capitalistas, nos marcos da
expansão monopolista e de seu enfrentamento pelo Estado. O processo de
renovação crítica do Serviço Social é vivenciado internamente na categoria
profissional, exigindo dos profissionais o entendimento da sua posição na
divisão sociotécnica do trabalho. Conclui-se que o Serviço Social?

4. (ADAPTADA-ENADE/2013). A discussão nacional sobre a resolução


das complexas questões sociais brasileiras e sobre o desenvolvimento em
bases sustentáveis tem destacado a noção de corresponsabilidade e a
de complementaridade entre as ações dos diversos setores e atores que
atuam no campo social. A interação entre esses agentes propicia a troca de
conhecimento das distintas experiências, proporciona mais racionalidade,
qualidade e eficácia às ações desenvolvidas e evita superposições de recursos
e competências. De uma forma geral, esses desafios moldam hoje o quadro
de atuação das organizações da sociedade civil do terceiro setor.
De acordo com o texto, o terceiro setor:
a) É responsável pelas ações governamentais na área social e ambiental.
b) Promove o desenvolvimento social e contribui para aumentar o capital
social.

34 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


c) Gerencia o desenvolvimento da esfera estatal, com especial ênfase na
responsabilidade social.
d) Controla as demandas governamentais por serviços, de modo a garantir a
participação do setor privado.
e) É responsável pelo desenvolvimento social das empresas e pela
dinamização do mercado de trabalho.

5. (ADAPTADA-ENADE/2013). O assistente social tem sido demandado para


atuar na gestão de políticas públicas, abrindo possibilidades para seu ingresso
no campo da formulação, gestão e avaliação. Tal atuação requer competência
teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. Como seu objeto
de trabalho é a questão social, a pesquisa da realidade social é reconhecida
como parte constitutiva desse trabalho, porque:
a) As informações sobre a realidade social, produzidas pelos institutos oficiais
de pesquisa, não são disponibilizadas para a sociedade.
b) O assistente social, no seu processo de formação profissional, dispõe de
referencial teórico que lhe possibilita apreender a questão social na realidade
fragmentada.
c) Ao assistente social, como membro de equipe, cabe a tarefa da pesquisa,
enquanto, aos outros profissionais, cabe a sistematização e elaboração da
política.
d) O campo da gestão de políticas requer acúmulo de informações sobre
a totalidade social, que envolve dados referentes às várias formas de
manifestação das contradições e sua vivência pelos sujeitos sociais.
e) A pesquisa da realidade social é uma atribuição privativa do assistente
social.

FINALIZANDO

Observamos que o neoliberalismo nasce nos anos de 1990, que


incentiva a participação da sociedade na responsabilidade social,
para atendimento a questão social, seja a violência, pobreza, fome,
miséria, a exclusão social por meio das políticas sociais no âmbito
das políticas públicas.

Percebemos a importância de resgatar as vertentes utilizadas na


prática profissional, pois no âmbito das políticas públicas o desafio é
entender a proposta dialética para propiciar uma transformação social,
isto é, uma práxis profissional nas políticas públicas sociais. Sendo assim,
faz-se então necessário que o profissional assistente social, conheça
os elementos discutidos para realizar uma prática em consonância

T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais 35


com a instrumentalidade inerente ao serviço social vislumbrando
um agir profissional, superando os desafios colocados para o Serviço
Social que nada mais são que atuar em meio aos direitos e deveres
garantidos pelas políticas públicas na assistência social e não um agir
fragmentado paternalista de benemerência.

REFERÊNCIAS

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de 1988: o ordenamento jurídico dos direitos sociais e das políticas públicas. 7. ed. Rio de
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GLOSSÁRIO

Âmbito: Campo de Ação. Circuito, recinto, espaço cerrado ou que se considera cerrado.
In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2008-2013. Disponível em: <http://www.
priberam.pt/dlpo/%C3%82mbito>. Acesso em: 12 abr. 2016.

Responsabilidade social: É a forma de gestão que se define pela relação ética e


transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e
pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades
sociais. In Glossário-Indicadores-Ethos-V2013-09-022.pdf. Disponível em: <http://
www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/Gloss%C3%A1rio-Indicadores-
Ethos-V2013-09-022.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2016.

Miséria: Estado ou qualidade de miserável. Pobreza. In Dicionário Priberam da Língua


Portuguesa. 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/mis%C3%A9ria>.
Acesso em: 12 abr. 2016.

Exclusão social: Processo sócio-histórico caracterizado pelo recalcamento de grupos


sociais ou pessoas, em todas as instâncias da vida social. Gerando profundo impacto
na pessoa humana, e em sua individualidade. In Revista Âmbito Jurídico. Disponível
em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=11816>. Acesso em: 10 abr. 2016.

Projetos: Aquilo que alguém .planeja ou pretende fazer. Esboço de trabalho que se
pretende realizar. In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. 2008-2013, 2008-
2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/Projetos>. Acesso em: 12 abr. 2016.

38 T2 - Neoliberalismo políticas públicas e as classes sociais


Convite à leitura

Neste tema vamos explicitar as Políticas Sociais, Trabalho


reflexão do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e a
interdisciplinaridade/multidisciplinaridade profissional. Um
dos elementos e também um dos objetivos desta temática é
discorrermos sobre as diferentes concepções, isto é, os diferentes
conceitos dos termos interdisciplinaridade, multidisciplinaridade,
na direção da compreensão dos mesmos, pois embora os termos
sejam diferentes entre si, relacionam-se e se complementam a partir
do entendimento de que tais elementos fazem parte do mesmo
universo e que se constituem no cenário das relações sociais,
assim entendemos o homem de forma biopsicossociocultural.

Ao refletir e estudar sobre o tema proposto, você entenderá


como se dá o trabalho interdisciplinar e compreenderá as
possibilidades de interface entre as áreas do conhecimento.

Assim convidamos você a ficar por dentro do tema fazendo a


leitura detalhada do tema proposto a seguir.

Boa leitura!

40 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


Tema 3

Políticas sociais, trabalho


reflexão do SUAS e a
interdisplinaridade/
multidisciplinaridade
profissional
POR DENTRO DO TEMA

Para início de conversa, como vimos no tema anterior, Política


Social é um conceito amplo que definimos a partir dos segmentos
das diversas propostas e legislações das políticas sociais no âmbito
das políticas públicas. Assim, podemos dizer que a política social é
entendida como modalidade de política pública (VIANNA, 2002).

A profissão do Serviço Social trabalha em meio às múltiplas


expressões da questão social, nesse sentido, no cenário das políticas
sociais.

É válido ressaltar que a profissão nasce na década de 1930 e de lá


para cá muita coisa mudou, e muitas conquistas se efetivaram a partir
dos movimentos sociais e da conquista da Constituição Federal de
1988. Podemos dizer que a profissão no Brasil a respeito da política
social aparece com mais força e robustez ao longo das duas décadas
passadas e se consolida no século XXI, a partir do ano de 2005, com a
conquista do Sistema Único da Assistência Social SUAS.

Assim, podemos dizer que ocorreram mudanças no sistema


de proteção social brasileiro, com relação às suas normativas de
organização e diretrizes com base na Política Nacional de Assistencial
Social PNAS.

Veja no Quadro 3.1 a Trajetória da Assistência Social no âmbito das


políticas sociais a partir da Constituição Federal de 1988.

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 41


Quadro 3.1 | Trajetória da Assistência Social
Ano Evento
05 de outubro de 1988 Solenidade de Promulgação da Constituição Federal de 1988.

07 de outubro de 1993 Promulgada a Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS

16 de dezembro de 1988 Aprovada a Política Nacional de Assistência Social-PNAS

Aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social a


Política Nacional de Assistência Social, onde estabelece as
15 de outubro de 2004 novas diretrizes e princípios para a PNAS com a implantação
do Sistema Único da Assistência Social.

Aprovada a Norma Operacional da Assistência Social NOB/


15 de junho de 2005 SUAS, por intermédio da Resolução de nº 130.
Aprovada a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais
11 de novembro de 2009 pela Resolução nº 109.

Fonte: elaborado pela autora.

Ressaltamos que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) trata


da regulação, do funcionamento e da oferta de serviços de assistência
social em todo o território, da seguinte forma:

• De hierarquia;

• Dos vínculos; e

• Das responsabilidades do sistema cidadão de serviços.

O SUAS contribui para a organização das políticas sociais do


Sistema de Proteção Social garantidas na Constituição Federal de
1988, no tópico Da Ordem Social, no Artigo 193, no qual ressalta-se
que “A ordem Social tem como base o primado do trabalho, e como
objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.

Assim, o SUAS é um sistema articulador e provedor de ações para


propiciar esse bem-estar e justiça social à população por meio da
proteção social básica e especial junto a municípios e estados. Esse
sistema regula e orienta a forma do trabalho da assistência social nas
três esferas de governo: Federal, Estadual, Municipal.

Já os serviços socioassistenciais no SUAS são organizados por meio


da proteção social básica e especial, conforme regulamentação da
Resolução nº 109, referente à Tipificação dos Serviços Socioassistenciais,
que estabelece que estes devem estar em conformidade com a citada
resolução, pois ela define, regulariza os procedimentos, normas e
critérios, estabelecendo as diretrizes referentes às Políticas Públicas

42 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


de Assistência Social, seus serviços e ações organizadas por meio dos
atendimentos específicos de Proteção Social Básica e Especial.

Conforme descreve a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais,


observa-se no Art. 1º: “Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços
Socioassistenciais, organizados por níveis de complexidade do SUAS:
Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta
Complexidade”.

Vamos ver, no Quadro 3.2 abaixo, de forma resumida, como se dá


a organização do SUAS?
Quadro 3.2 | Organização dos Serviços do SUAS
SERVIÇOS DE SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SERVIÇOS DE PROTEÇÃO
PROTEÇÃO SOCIAL SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA SOCIAL ESPECIAL DE ALTA
BÁSICA COMPLEXIDADE COMPLEXIDADE

Serviço de Proteção e Serviço de Proteção e Serviço de Acolhimento


Atendimento Integral à Atendimento Especializado a Institucional, nas seguintes
Família – PAIF; Famílias e Indivíduos (PAEFI); modalidades:
Serviço de Convivência Serviço Especializado em Abrigo institucional;
e Fortalecimento de Abordagem Social; Casa-Lar;
Vínculos; Serviço de Proteção Casa de Passagem;
Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Residência Inclusiva;
Social Básica no Cumprimento de Medida Serviço de Acolhimento em
domicílio para pessoas Socioeducativa de República;
com deficiência e Liberdade Assistida (LA), e Serviço de Acolhimento em
idosas. de Prestação de Serviços à Família Acolhedora;
Comunidade (PSC); Serviço de Proteção em
Serviço de Proteção Social Situações de Calamidades
Especial para Pessoas com Públicas e de Emergências.
Deficiência, Idosas e suas
Famílias;
Serviço Especializado para
Pessoas em Situação de Rua.

Fonte: adaptado de Brasil (2009).

Assim, a Assistência Social, conforme a Constituição Federal de


1988, ao lado da saúde e previdência social, passa a ser política pública
por meio da oferta de diversas políticas sociais, conforme o tripé da
seguridade social. Veja a Figura 3.1 abaixo.
Figura 3.1 | Tripé da seguridade social

Seguridade social

Previdência Assistência social Saúde

Contributiva Não contributiva Não contributiva

Fonte: adaptado de <https://goo.gl/gG0fRl>. Acesso em: 26 mar. 2017.

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 43


A Seguridade Social é regulamentada na Lei Orgânica da Assistência
Social (LOAS), de 7 de dezembro de 1993, sancionada pelo presidente
Itamar Franco, definida no artigo 1°, que refere in verbis:

[...] a assistência social, é direito do cidadão e dever do


Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que
provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas.

Conforme a Constituição Federal de 1988, “A seguridade social


compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Vale ressaltar que
a seguridade social é organizada a partir dos seguintes objetivos:

• Universalidade da cobertura e do atendimento;

• Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às


populações urbanas e rurais; seletividade e distributividade na prestação
dos benefícios e serviços;

• Irredutibilidade do valor dos benefícios;

• Equidade na forma de participação no custeio;

• Diversidade da base de financiamento;

• Caráter democrático e descentralizado da administração,


mediante gestão quadripartite com a participação dos trabalhadores,
dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos
colegiados.

É interessante ressaltar que a Seguridade Social se estruturou tendo


como referência dois modelos, sendo o modelo Bismarkiano, que
predominou na Áustria, conhecido como sistema de seguros sociais,
predominando também na França, Alemanha e Itália.

Já o modelo Beveridge, na Inglaterra, é conhecido como o modelo


em que predominam amplos serviços não contributivos, identificados
como sistema beveridgiano ou de seguridade social, com base no plano
Beveridge, conforme apontam as autoras Behring e Boschetti (2008).

44 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


Trata-se da incorporação de um “conceito ampliado de Seguridade
Social com o Plano Beveridge na Inglaterra, que provocou mudanças
significativas no âmbito dos seguros sociais” (BEHRING; BOSCHETTI,
2008 , p. 93).

Podemos dizer, a partir do exposto, que no Brasil não temos um


único modelo, as políticas sociais estão organizadas a partir dos dois
sistemas. Seja com menor ou maior influência, no Brasil são utilizados
os dois modelos, sendo um mais na organização do Sistema Único
de Saúde SUS a partir das políticas da saúde, e o outro na Assistência
Social organizada a partir do Sistema Único de Saúde.

Assim, podemos observar que na previdência social brasileira


predominam princípios do modelo bismarckiano, percebido no
chamado tripé da seguridade brasileira, e o modelo beveridgiano
organiza e orienta o atual sistema público de saúde (com exceção
do auxílio doença, tido como seguro saúde e regido pelas regras da
previdência) e de assistência social, o que faz com que a seguridade
social brasileira se situe entre o seguro e a assistência social, pois
a previdência é contributiva e a saúde e a assistência não são
(BOSCHETTI, 2006).

Essa explicação esclarece porque o sistema de seguridade social


brasileiro tem sua organização a partir da lógica do seguro social, sendo
a lógica que organiza e estrutura os direitos oriundos da previdência
social brasileira. Salientamos que tal organização é vista em quase
todos os países que são organizados a partir do sistema capitalista.

No Brasil, podemos ver que essa organização de seguro estrutura


e estabelece os critérios de acesso da previdência social e da saúde
desde a década de 1923, se consolidando por meio da promulgação da
Constituição Federal de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã.

Assim, observamos que no Brasil é a partir da Constituição Federal


de 1988 que se organizam as políticas sociais no âmbito das políticas
públicas por meio da Assistência Social, que passa a assegurar o direito
de todo cidadão brasileiro que se encontra excluído do trabalho,
da saúde, da previdência social, da educação, da possibilidade de
alimentação etc.

É importante ressaltar que falamos até o momento da organização

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 45


da Assistência Social, e agora vamos ver o trabalho do assistente social
neste contexto.

Na concepção do SUAS, a porta de entrada para os serviços


inerentes à assistência social é o (CRAS Centro de Referência de
Assistência Social), onde o assistente social realiza sua atividade
laborativa por meio das equipes multidisciplinares, contando com:

• Assistente social;

• Psicólogo;

• Pedagogo, dentre outros.

Agora vamos conceituar os termos relacionados a esse contexto


no trabalho em equipe conforme a concepção do SUAS?

Primeiramente vamos conceituar o termo interdisciplinaridade, que


significa a interação de diversas disciplinas, isto é, mais de uma disciplina.

Nesse sentido, Bueno (1996, p. 215) menciona que disciplina “é a


ordem, respeito, obediência às leis, matéria de estudo, instrumento de
penitência”.

Abbagnano (2014, p. 339) coloca que disciplina “é uma ciência,


como objeto de aprendizado ou de ensino”.

Neste tema entendemos disciplina como matéria de estudo.

A metadisciplinaridade é a integração entre as disciplinas a partir do


comando de uma disciplina e do coordenador das diversas categorias
de uma equipe, sendo assim, dos diferentes campos do conhecimento
referentes ao profissional daquela equipe de trabalho.

Os diferentes profissionais, com seu “saber”, se unem para contribuir


na melhoria e transformação social, não mais apenas multidisciplinar,
isto é, quando temos mais de uma categoria profissional e sim
interdisciplinar (JUNGES; ZOBOLI, 2012).

A Interdisciplinaridade, para Severino (1989), ainda é complexa


e difícil para conceituar, uma vez que sua definição abrange
aspectos relacionados à vinculação, reciprocidade, interação e a
complementariedade das diversas disciplinas.

46 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


Nesse sentido, podemos dizer que a interdisciplinaridade pode
representar o esforço entre as categorias profissionais para um
trabalho interdisciplinar. Assim, entendemos que a interdisciplinaridade
é quando duas ou mais profissões se unem no sentido de contribuir
com as disciplinas inerentes às formações e pautas para aprofundar
um conhecimento, ampliando assim a forma de atendimento e
compreensão do fato.

Esse é o ponto balizador da diferença primária entre interdisciplinar


e multidisciplinar. A multidisciplinaridade é um conjunto de várias
profissões, isto é, de várias disciplinas, mas sem a necessidade
de estarem relacionadas entre si, sem a necessidade de estarem
trabalhando de forma interdisciplinar. Existem várias disciplinas, mas
que não fazem a correlação entre as diversas disciplinas, o que faz
com que o trabalho seja fragmentado. Quando tentamos estabelecer
a relação entre as disciplinas, pois cada uma tem sua importância
e subsidia o domínio do conhecimento específico daquela área,
ampliando a compreensão do fenômeno com a leitura de diversas
disciplinas, então temos a interdisciplinaridade.

Para fixação dos conceitos de forma resumida, veja abaixo, no


Quadro 3.3, a diferença elementar entre os termos estudados:
Quadro 3.3 | Conceitos de metadisciplinaridade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade
Disciplina Metadisciplinaridade Interdisciplinaridade Transdisciplinaridade

Matéria Conexão entre as Atrelamento, Integração, relação,


de disciplinas. conexão entre as coerência das
estudo. distintas disciplinas, disciplinas, uma teoria
entre os diferentes baseada de forma em
profissionais. conjunto para ter forma
mais consistente e com
propriedade das diversas
áreas.

Fonte: elaborada pela autora.

Para concluirmos esses conceitos, traremos o significado da


transdisciplinaridade, que é utilizar a sabedoria das diversas ciências,
seja sociologia, biologia, botânica, geografia, dentre outras tantas, de
forma integrada para entendermos um assunto. Como exemplo,
suponha que para ampliar a compreensão da ecologia utilizando-se
das diversas ciências do conhecimento, ou seja, das disciplinas, realiza-
se assim uma leitura de forma a permitir a unidade do conhecimento,

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 47


o respeito às diferenças entre as áreas do saber, cultura, valores, isso
é utilizar o conhecimento, pois o homem é biopsiciossociocultural,
levando em consideração o aspecto religioso, pois o homem deve
ser observado, compreendido a partir das muitas facetas, isto é, das
diversas características, possibilitando a interdisciplinaridade de forma
multifacetada.

Então, você pode estar pensando que é complexo entender esse


assunto e qual sua relação com o trabalho do assistente social. Para
compreendermos a temática, vamos trazer alguns esclarecimentos a
partir de Junges e Zoboli (2012, p. 1055).

A constatação da fragilidade da racionalidade da ciência


moderna provocou a busca de conexões entre as diferentes
disciplinas científicas, resultando a multidisciplinaridade,
a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade. Assim, a transdisciplinaridade, a
integração às disciplinas exige formação de uma axiomática
geral compartilhada e implica a criação de um novo
campo de conhecimento para fundamentação teórica e
metodológica das disciplinas integradas. São exemplos: a
ecologia e a saúde mental.

Nesse sentido, entendemos que para trabalhar em equipe é


necessário trabalhar em rede, utilizando as diferentes áreas do saber
e das diversas profissões, bem como os serviços ofertados na região/
território onde está localizada a porta de entrada dos serviços na
assistência social.

O trabalho com famílias é realizado a partir dos serviços


conforme descritos na tipificação dos serviços socioassistenciais.
O referenciamento dos serviços da proteção social básica ao CRAS
possibilita a organização e hierarquização da rede socioassistencial
no território, cumprindo a diretriz de descentralização da política de
assistência social.

Conforme a descrição da Tipificação no tópico referente ao serviço


da proteção social básica, consta que a articulação dos serviços
socioassistenciais do território com o PAIF garante o desenvolvimento
do trabalho social com as famílias dos usuários desses serviços,
permitindo identificar suas necessidades e potencialidades dentro da

48 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


perspectiva familiar, rompendo com o atendimento segmentado e
descontextualizado das situações de vulnerabilidade social vivenciadas.
Nesse sentido, no trabalho em rede também é previsto o âmbito da
organização dos serviços nas políticas públicas.

Você já ouviu falar sobre o trabalho em rede? Você sabia que para
ocorrer a intersetorialidade é necessário conhecer o território? Veja
alguns conceitos importantes no Quadro 3.4.
Quadro 3.4 | Conceitos importantes
Rede Diagnóstico Social Mapeamento Intersetorialidade
socioassistencial

Representa um É uma ferramenta Serve para É uma ferramenta


conjunto de de trabalho que conhecer a que instrumentaliza
participantes organiza os rede de apoio o trabalho a
e organizações, serviços, a partir do por meio do fim de otimizar,
unindo ideias e conhecimento dos diagnóstico oportunizar
recursos serviços ofertados social, tendo e ampliar os
em torno de valores, no território, em vista o saberes. É uma
de objetivos e bem como, do institucional para forma de trabalho
interesses conhecimento da conhecimento da articulada entre os
compartilhados, realidade social rede, bem como diversos setores da
capazes de das necessidades para estreitar as sociedade
assegurar condições e vulnerabilidades parcerias. e setores sociais. 
para o atendimento apresentadas.
integral dos usuários
das atenções da
assistência social.

Fonte: elaborada pela autora.

O quadro acima nos auxilia a entender os conceitos inerentes ao


trabalho do assistente no CRAS onde é realizado o mapeamento da
forma explicitada para um trabalho em rede.

Cássio Martinho (2011) coloca que rede é uma forma de disposição


onde a organização é formada por meio da população, isto de um
conjunto de elementos autônomos, os quais estão interligados de
maneira horizontal onde cooperam entre si (MARTINHO, 2011).
O autor acrescenta que o trabalho nas políticas sociais de forma
intersetorial contribui no âmbito da implantação e implementação do
SUAS, que propicia:

• Implementar ações conjuntas;

• Ampliar a cobertura e a completude das ações socioassistenciais


voltadas às coletividades, famílias e pessoas em vulnerabilidade social;

• Promover articulações institucionais e políticas;

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 49


• Ampliar competências e promover mudanças;

• Expandir e aprimorar a qualidade do atendimento integral;

• Produzir e circular bens materiais e imateriais;

• Identificar e encaminhar adequadamente os usuários;

• Desenvolver estratégias efetivas de prevenção;

• Construir novos compromissos em torno de interesses


comuns e fortalecer os atores sociais na defesa de suas causas, na
implementação de seus projetos e na promoção de seus territórios.

Viu que interessante?

É fácil, agora vamos a outro assunto importante para dar continuidade


ao nosso tema, que é o conceito de Rede Social. Reconhecida
através da Resolução do Conselho de Ministros nº 197/97, de 18 de
novembro, é um programa que promove o desenvolvimento social
local e que pretende constituir redes de apoio social, envolvendo
toda a comunidade de forma a resolver, eficaz e eficientemente, os
problemas sociais de cada localidade, com o intuito de criar parcerias
efetivas entre várias entidades, que atendem as famílias no território,
poderíamos dizer naquela determinada região.

É importante ressaltar também o Decreto de nº 115/2006,


no qual estão estabelecidos os parâmetros para o trabalho de
forma intersetorial, onde a rede dos serviços deve produzir quatro
instrumentos, sendo eles:

• Diagnóstico Social;

• Plano de Desenvolvimento Social;

• Sistema de Informação;

• Plano de Ação Anual.

Então é necessário conhecer o território onde será realizado o


trabalho no âmbito das políticas sociais. A partir da proposta do SUAS,
o trabalho em rede propicia:

• Conexão aos grupos de um mesmo movimento social;

50 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


• Vários atendimentos podem estar sendo realizados para o
mesmo usuário do serviço nas políticas públicas, pois as Redes têm
vários significados no interior da própria área;

• Conhecer os serviços das políticas sociais, seja por meio de


ONGs, Movimentos Sociais, clube de mães, dentre outros;

• Auxilia na organização do serviço, no trabalho em equipe, no


conhecimento do território, no diagnóstico social e na proposta de
um trabalho mais amplo;

• Conhecer as diferentes redes de apoio, como igrejas,


associações, rede de movimento feminino, dentre outros segmentos
das políticas sociais.

Você percebeu que pensar nas Políticas Sociais e no Trabalho


do serviço social é pensar também no processo de mudança
desencadeado no mundo do trabalho, sob a influência do sistema
capitalista? Pense nas mudanças nas expressões da questão social e
também nas mudanças no processo de formação e considerações
sobre o agir profissional. As metamorfoses iniciam sua reflexão no
campo do trabalho das políticas sociais, na contemporaneidade, a partir
da contribuição do Sistema Único de Assistência Social, motivo pelo
qual o tema traz a conceituação dos elementos da interdisplinaridade/
multidisciplinaridade profissional.

Nesse sentido, o trabalho na assistência social passa a ter interface


com outras políticas públicas, seja a educação, habitação, saúde, para o
enfrentamento da miséria, exclusão social, formas com que a pobreza
se apresenta no cenário social. A proposta da interface potencializa,
bem como possibilita a articulação a partir da unidade das ações nas
políticas sociais públicas.

Antunes (2008, p. 86) refere que “as metamorfoses ocorridas no


trabalho não só eliminaram a “alienação” do trabalho, como levaram
a uma intensificação do estranhamento, um estranhamento tanto no
processo de produção, como na esfera do consumo”.

Pensar em tais transformações e mudanças desencadeadas na


sociedade é também pensar nas mudanças das políticas sociais.
Sendo assim, refletir sobre a existência e contribuição do SUAS neste

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 51


processo - pois esse entendimento contribui para a compreensão
dos desafios de tais profissões em realizar um trabalho em equipe
pensando no agir profissional compromissado com o projeto ético-
político da profissão - é um aspecto que merece atenção durante a
formação profissional.

Salientamos que o próximo tema proporciona uma maior


compreensão da questão social e trabalho do assistente social na
atualidade.

Agora convido você a aprofundar seu conhecimento no glossário


proposto e realizar os exercícios e visitar as webs indicadas.

Bons estudos!

ACOMPANHE NA WEB

Atuação Interdisciplinar no SUAS

• Assista ao bate-papo online realizado pela Comissão


Nacional de Psicologia na Assistência Social do Conselho Federal
de Psicologia (CONPAS-CFP) abordando a “Atuação Interdisciplinar
no SUAS”. Presentes os profissionais de Psicologia, Antropologia,
Musicoterapia, Pedagogia, Serviço Social, Sociologia e Terapia
Ocupacional com o objetivo de dialogarem e interagirem
visando um projeto de atuação comum para a política de
assistência social. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=UIcacCFVcqg>. Transmitido ao vivo em: 18 set. 2015.
Acesso em: 18 abr. 2016. Tempo: 2:58:23

Assistência social: direito social ou benesse?

• Leia o artigo da assistente social Doutora em Serviço Social


Berenice Rojas Couto. Assistência social: direito social ou benesse?
Texto referenciado pela palestra proferida no 8º Seminário Anual
de Serviço Social da Cortez Editora em 11/5/2015, São Paulo,
cujo tema central foi: (Neo)Conservadorismo, lutas sociais e
Serviço Social: expressões e desafios ao projeto ético-político na
atualidade. O artigo aponta o debate contemporâneo sobre o papel
da política de assistência social e Serviço Social e sua relação com
o pensamento conservador. Disponível em: <http://www.scielo.br/

52 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


pdf/sssoc/n124/0101-6628-sssoc-124-0665.pdf>. Serviço Social e
Sociedade, São Paulo, n. 124, p. 665-677, out./dez. 2015. Acesso
em: 18 abr. 2016.

Os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) na


Política de Assistência Social Brasileira

• Leia o artigo da psicóloga Joviane A. Moura, formada pela


Universidade Estadual do Piauí. O Conselho Nacional de Assistência
Social, através da Resolução nº 109, de dezembro de 2009,
aprovou a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais
organizados por níveis de complexidade do SUAS. A autora discorre
sobre o assunto: Os Centros de Referência da Assistência Social
(CRAS) na Política de Assistência Social Brasileira. Disponível em:
<http://artigos.psicologado.com/atuacao/psicologia-comunitaria/
os-centros-de-referencia-daassistencia-social-cras-na-politica-de-
assistencia-social-brasileira>. Acesso em: 18 de abril de 2016.

Orientação e o acompanhamento de indivíduos

• Acesse o link com a apresentação da assistente social


PhD Regina Célia Tamaso Mioto. O texto trata: Primeiro situam-
se a orientação e o acompanhamento de indivíduos, grupos e
famílias, vinculados ao caráter educativo da profissão. Em seguida
assumem-se a orientação e acompanhamento de indivíduos,
grupos e famílias como ações socioeducativas articuladas no
âmbito dos processos socioassistenciais. Disponível em: <https://
goo.gl/AUTTes/>. Acesso em: 18 abr. 2016.

Política Nacional da Assistência Social-2004 (PNAS)

• Leia a Política Nacional da Assistência Social-2004 (PNAS).


Cartilha com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS),
aprovada em 2004, apresenta as diretrizes para efetivação da
assistência social como direito de cidadania e responsabilidade do
Estado. Já a Norma Operacional Básica, aprovada em 2005 pelo
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), apresenta os eixos
estruturantes necessários para a implementação e consolidação do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no Brasil. Disponível em:
<http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/Normativas/PNAS2004.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 53


Código de Ética do Assistente Social

• Leia o Código de Ética do Assistente Social. Contém a


Lei 8.662/93, que regulamenta a profissão e seus princípios.
Contempla os direitos e e deveres do assistente social, suas relações
profissionais com os: usuários; instituições empregadoras; com
outros profissionais. Do sigilo profissional e dá outras providências.
Disponível em: <www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1993.pdf>.
Acesso em: 18 abr. 2016.

Norma Operacional Básica-Sistema Único da Assistência


Social-SUAS

Leia a Norma Operacional Básica-Sistema Único da Assistência


Social SUAS. A presente Norma Operacional consagra os eixos
estruturantes para a realização do pacto a ser efetivado entre os
três entes federados e as instâncias de articulação, pactuação e
deliberação, visando a implementação e consolidação do SUAS
no Brasil. Disponível em: <www.mds.gov.br/cnas/noticias/politica-
e-nobs/nob-suas.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.

Resolução de número 109, de 11 de novembro de 2009

• Leia a Resolução de número 109, de 11 de novembro de 2009, que


coloca a aprovação da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais.
Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, conforme
anexos, organizados por níveis de complexidade do SUAS: Proteção Social
Básica e Proteção Social Especial. Disponível em: <https://goo.gl/vcUnrO>.
Acesso em: 18 abr. 2016.

Benefício de Prestação Continuada

• Nesse tema você viu apontamentos sobre a previdência


social e é mencionado o Benefício de Prestação Continuada. Por
ser um dos grandes campos de atuação do assistente social, é
importante você se familiarizar com esse benefício, bem como
os instrumentais utilizados nesse processo. Acesse a perguntas e
respostas sobre o BPC. Disponível em: <https://goo.gl/i07BMM>.
Acesso em: 18 abr. 2016.

Os desafios ao processo de implementação do sistema único da


assistência social

54 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


• Você pode ler também o artigo da professora doutora do
Departamento de Serviço Social da Universidade de Taubaté/SP,
Maria Regina de Ávila Moreira. Onde ela discorre sobre Os Desafios
ao Processo de Implementação do Sistema Único da Assistência
Social. Disponível em: <http://periodicos.unitau.br/ojs-2.2/index.
php/humanas/article/view/457/416>. Acesso em: 18 abr. 2016.

Sistema Único da Assistência Social em perspectiva

• Também temos como dica de leitura o artigo das


assistentes sociais Valéria Cabral Carvalho e Luiza Maria Lorenzini
Gerber sobre o SUAS – Sistema Único da Assistência Social em
perspectiva. Disponível em: <http://www.amavi.org.br/sistemas/
pagina/setores/associal/arquivos/ArtigoOSuasEmPerspectiva.pdf>.
Acesso em: 18 abr. 2016.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

1. Qual é o tripé da Seguridade Social?

2. (ADAPTADA-ENADE/2013) O assistente social que atua nos diferentes


espaços sócio-ocupacionais enfrenta situações desafiadoras, que envolvem
a cultura política conservadora. Esse tipo de situação interfere direta ou
indiretamente em seu cotidiano profissional. Os fenômenos que facilitam o
acesso aos direitos sociais são:

3. A partir da reflexão do objeto de estudo do Serviço Social, complete a


lacuna abaixo:
Segundo Vianna (2002), podemos dizer que a política social é entendida
como modalidade de política pública. A profissão Serviço Social trabalha em
meio às múltiplas expressões da ___________________, nesse sentido, no
cenário das políticas sociais.

4. (ADAPTADA-ENADE/2013). A partir da Constituição Federal de 1988, os


direitos sociais superaram a visão assistencialista e a Política da Assistência
Social tornou-se uma política no tripé da seguridade social. Os serviços são

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 55


hierarquizados em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, sendo o
atendimento concretizado por meio de equipamentos sociais.
De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Assistenciais, publicada
em 11 de novembro de 2009, os serviços de Proteção Social Especial de
Média Complexidade são:
a) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos
(PAEFI) e Serviço de Proteção em situações de calamidades públicas e de
emergências.
b) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e Serviço
Especializado em Abordagem Social.
c) Serviço de Proteção Social a adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC) e Serviço de Proteção em situações de calamidades
públicas e de emergências.
d) Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua e Serviço
Especializado em Abordagem Social.
e) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e
suas Famílias e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

5. (ADAPTADA-ENADE/2007). O Sistema Único da Assistência Social (SUAS)


requer, no campo da gestão, uma atividade permanente de monitoramento
e avaliação.
O assistente social, também no exercício da gestão, deve garantir os princípios
fundamentais do seu Código de Ética − dentre os quais o compromisso com
a qualidade dos serviços prestados à população. Em cada um dos cinco
itens abaixo estão indicadas condições que pretendem corresponder a este
princípio.
I − Garantia da atuação de equipes interdisciplinares nos espaços profissionais.
II − Informações orçamentárias socializadas entre gestores, técnicos e
usuários.
III − Elaboração de relatórios sistemáticos de avaliação dos serviços,
programas e projetos sociais.
IV − Construção de indicadores capazes de expressar as desigualdades de
classes.
V − Articulação da rede socioassistencial, ampliando a cobertura dos serviços.
Correspondem ao princípio referido as condições:
a) II e V, apenas.
b) III e V, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III, IV e V.

56 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


FINALIZANDO

Neste tema estudamos sobre Políticas Sociais, Trabalho reflexão


do SUAS e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional.

Observamos como se dá o trabalho do assistente social, além


de entender a importância de trabalhar em equipe de forma
interdisciplinar e não apenas multidisciplinar. Você percebeu
a relevância de compreender sobre algumas legislações que
respaldam o trabalho do assistente social nas políticas sociais da
Assistência Social e também pôde observar a relevância do Sistema
Único de Assistência Social-SUAS neste processo no âmbito das
políticas públicas. Esse tema salienta a relevância de se preparar,
aprimorar, estudar, se empenhar, bem como ampliar as leituras
para aprimorar seu conhecimento na sua formação para uma
melhor práxis profissional. Então, não deixem de verificar os textos
e consultar os sites, essas buscas irão subsidiar na ampliação do
conhecimento de vocês, OK?!

Salientamos que o assunto em pauta é matéria de concurso,


motivo pelo qual foram selecionados alguns sites para aprimorar e
ampliar seu conhecimento.

REFERÊNCIAS

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controle social. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/
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_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Cartilha


O papel do conselheiro de assistência social na sociedade, o processo de
organização e descentralização do SUAS. Disponível em: <http://www.mds.

T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 57


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gestao_descentralizada.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.

_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Legislação.


Disponível em: <http://www.mds.gov.br/legislacao>. Acesso em: 21 abr. 2016.

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www.mds.gov.br/relcrys/bpc/perguntas_respostas.htm#9Acesso>. Acesso em: 21
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_______. Cartilha: Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos(as)


na política de assistência social. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/
CartilhaFinalCFESSCFPset2007.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016.

_______. Cartilha: Trabalhar na assistência social em defesa dos direitos da


seguridade social. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/cartilhaSUAS_
FINAL.pdf>. Acesso em: Acesso em: 21 abr. 2016.

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seguridade social. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/cartilhaSUAS_
FINAL.pdf>. Acesso em: Acesso em: 21 abr. 2016.

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MOURA, Joviane A. Os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) na


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PORTUGAL. Resolução do Conselho de Ministros nº 197/97. In: Diário da República


I série – B. Portugal, 1997. 6253p.

SÁ, Jeanete L. Martins de (Org.); SEVERINO, Antonio Joaquim et al. Serviço Social
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ensino, pesquisa e extensão. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2010. 95 p.

TRATADO INTERNACIONAL BRASIL E PORTUGAL. Decreto 115, de 14 de junho de


2006. Regulamenta a rede social, definindo o funcionamento e as competências
dos seus órgãos, bem como os princípios e regras subjacentes aos instrumentos
de planejamento que lhe estão associados, em desenvolvimento do regime jurídico
de transferência de competências para as autarquias locais. Disponível em: <http://
www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=1667&tabela=leis>. Acesso
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WWF-BRASIL. Redes - uma introdução às dinâmicas da conectividade e da


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T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional 59


GLOSSÁRIO

Integração: Adaptação, incorporação de um indivíduo ou grupo externo


numa comunidade, num meio. “Integração”, in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/
Integra%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Vinculação: Ato ou efeito de vincular ou de se vincular. Ligar, prender com vínculos.


“Vinculação”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013.
Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/vincula%C3%A7%C3%A3o>. Acesso
em: 19 abr. 2016.

Reciprocidade: Que se dá ou faz em recompensa de coisa equivalente. “Recíproco”,


in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/rec%C3%ADproco>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Interação: Influência recíproca de dois ou mais elementos; Fenômeno que permite


a certo número de indivíduos constituir-se em grupo, e que consiste no fato de que
o comportamento de cada indivíduo se torna estímulo para outro. “Interação”, in
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:
<http://www.priberam.pt/dlpo/intera%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Metamorfose: Transformação, mudança. “metamorfose”, in Dicionário Priberam da


Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/
dlpo/metamorfose>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Balizador: Sinal ou objeto que marca uma meta ou um limite; Valor de referência
que não deve ser ultrapassado; Regra moral. “Baliza”, in Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.
pt/dlpo/baliza>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Axiomática: Conjunto de noções primárias (axiomas) admitidas sem demonstração


e que constituem a base de um ramo das matemáticas, deduzindo-se o conteúdo
deste ramo do conjunto pelo raciocínio; Incontestável. “Axiomática”, in Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://
www.priberam.pt/dlpo/Axiom%C3%A1tica>. Acesso em: 19 abr. 2016.

Rede: Conjunto de relações e intercâmbios entre indivíduos, grupos ou


organizações que partilham interesses. “Rede”, in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/
rede>. Acesso em: 19 abr. 2016.

60 T3 - Políticas sociais, trabalho reflexão do suas e a interdisplinaridade/multidisciplinaridade profissional


Convite à leitura

Neste tema vamos estudar sobre Questão Social e o trabalho


do assistente social na atualidade. É preciso que tenhamos a
clareza de que o assistente social tem um papel fundamental em
sua prática profissional, pois devemos propiciar ao usuário dos
Serviços Sociais o acesso aos direitos sociais com dignidade e
respeito, e possibilitar sua autonomia.

O assistente social em seu trabalho precisa compreender de


forma crítica a análise da realidade social de forma abrangente e,
com esse senso crítico, valorizar as potencialidades e experiências
desse usuário, possibilitando sua emancipação e Transformação
da realidade existente. Esse é um dos papéis a serem trabalhados
na atividade laborativa do assistente social. Para tanto, é importante
e necessário o conhecimento do objeto de estudo do Serviço
Social, que possibilitará a compreensão do trabalho do assistente
social nesse processo.

62 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


Tema 4

Questão social e o trabalho do


assistente social na atualidade
POR DENTRO DO TEMA

Para iniciarmos a discussão, é importante resgatar um pouco da


história do Serviço Social no Brasil antes de nos aprofundarmos no tema
ora proposto, no qual teremos a oportunidade de elucidar o que vem a ser
o objeto de estudo e o trabalho do profissional assistente social.

Inicialmente podemos afirmar que o Serviço Social tem seu primórdio


no Brasil nos anos de 1930, período em que inicia a profissão, com o
declínio da economia cafeeira, devido à crise do sistema capitalista.

O capitalismo é o sistema socioeconômico em que os meios de


produção são propriedades privadas e os proprietários dos meios de
produção são uma minoria da sociedade, chamados de burgueses ou
capitalistas. Os não proprietários dos meios de produção são a maioria
da sociedade – são os proletários ou trabalhadores, que vivem dos
salários recebidos pelo seu trabalho. Essa relação entre capitalistas e
trabalhadores gera a desigualdade social.

Nessa crise o sistema capitalista muda de forma e teve início o


processo de industrialização. Figura 4.1 | Queima do estoque de café
Com isso, surgiu também a
intensa  exploração  da força de
trabalho, pois o objetivo principal
da sociedade capitalista era a
obtenção de lucros.

Devido à exploração da mão


de obra, salários extremamente
baixos, dentre outros problemas
inerentes ao sistema capitalista, Fonte: <http://migre.me/wyt8A>. Acesso em: 3 abr.
2017.
os trabalhadores iniciaram um

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 63


processo de mobilização da classe operária. Na busca de melhorias
nas condições de trabalho surgiram a partir daí os movimentos de
trabalhadores organizados.

Neste contexto é que ocorre a união entre Estado e Igreja para


minimizar a força e a organização da classe trabalhadora, pois temiam
a organização sindical e toda a mobilização do movimento da classe
operária. Porém, o operariado continuou se organizando para lutar por
melhores condições de trabalho, de salário, pois crianças e mulheres
trabalhavam obrigadas e recebiam o menor salário.

Além de salários baixos, de condições precárias de trabalho


e insalubres, nesse período, pelos motivos elencados, a classe
trabalhadora luta por “direitos” como férias, tratamento de saúde,
carga horária, salário, dentre outros benefícios. Todavia, lembramos
que no período inerente à ditatura os movimentos de trabalhadores
organizados foram impedidos e vigiados pela classe dominante de
forma coercitiva, repressiva e punitiva.

Martineli (2009, p. 122) menciona Figura 4.2 | Capitalismo


que surge a preocupação de criar
estratégias para minimizar a tensão
entre os trabalhadores e a burguesia,
salientando que “os antagonismos
que marcavam as relações sociais do
sistema capitalista e que penalizavam
o trabalhador e sua família já não
admitiam mais recuos”. Fonte: <http://migre.me/wyt6h>. Acesso em: 3 abr.
2017.

Observamos que toda essa


realidade mencionada e vivida pela classe trabalhadora são expressões
da questão social, objeto de estudo do Serviço Social, e são inerentes
ao sistema capitalista.

As empresas capitalistas não se preocupavam com as necessidades


da sociedade; seu único fim era aumentar os lucros do empresário
e, por isso, pagavam o mínimo possível aos trabalhadores. Veja a
representação do homem sendo torcido na figura acima. Observamos
que o significado é o de sugar ao máximo, ou seja, utilizar toda a
energia e força para manutenção do sistema, representando assim a
questão social, a exploração da classe trabalhadora.

64 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


A classe dominante representada pela burguesia precisava intervir
nesta realidade social, então neste contexto, em 1932, em São Paulo,
através da Igreja e do Estado, foi criado o Centro de Estudo e Ação
Social, instituição essa que será o meio para fazer ações interventivas
para minimizar as expressões da pobreza.

Nesse período de luta se destaca o Figura 4.3 | Getúlio Vargas


governo de Vargas, que foi direcionado pelo
sistema ditatorial, entretanto, o governo se
organiza para atender algumas solicitações
da classe trabalhadora. Temos a partir disso
algumas conquistas relevantes na trajetória
do Serviço Social, destacando a Constituição
de 1934, devido à organização da classe Fonte: <http://migre.me/wyt54>.
proletária e sua mobilização na sociedade. Acesso em: 3 abr. 2017.

A figura mostra Vargas, conhecido também pelo fato de ser o “pai dos
pobres”, na época ele representava o Estado e se tornou popular, pois os
direitos dos trabalhadores passaram a ser atendidos frente às necessidades
inerentes trabalhistas. Behring e Boschetti (2008, p. 105) explicitam
que “Vargas esteve à frente de uma ampla coalizão de forças em 1930,
caracterizada como um Estado de compromisso, que impulsionou
profundas mudanças no Estado e na sociedade brasileiras”.

Martinelli (2009) salienta algumas conquistas nesse período,


destacando o Ministério do Trabalho, para administrar conflitos entre
capital e trabalho. Além da Indústria e do Comércio, como forma de
conquistar direitos sociais, bem como, a já citada Constituição de 1934.

A autora também esclarece que o Centro de Estudo e Ação


Social de São Paulo - CEAS desempenhou um importante papel no
Serviço Social no Brasil. Por meio dele oportunizou-se a qualificação/
capacitação profissional daqueles que desempenhavam o trabalho
social para realização de ação social, isto é, a prática social. Foi através
desse Centro de Estudo e Ação Social que o Serviço Social no Brasil
começou seu trabalho no cenário das múltiplas expressões da miséria,
pobreza e outras formas de exclusão da classe operária.

Assim, o profissional realiza seu trabalho de forma capacitada e


qualificada, distanciando do assistencialismo. Observamos que na
trajetória da profissão se concretiza nesse processo a capacitação por

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 65


meio da escolarização e formação profissional (MARTINELLI, 2009).

Sobre isso, a autora Yazbek (1980, p. 40) menciona que na


década de 1970, mais precisamente no ano de 1972, a Universidade
Católica de São Paulo criou o Curso de Serviço Social, reforçando a
profissionalização da categoria. E conforme salienta Castro (2010, p.
103), “o Centro de Estudo e Ação Social-CEAS foi considerado como
vestíbulo da profissionalização do Serviço Social no Brasil”, isto é, a porta
principal para sua profissionalização, capacitação, reconhecimento e
distanciamento das práticas assistencialistas presentes nos primórdios
da profissão.

Yazbek (1980), representada Figura 4.4 | Maria Carmelita Yazbek


na figura a seguir, ressalta que o
trabalho do assistente social está
profundamente condicionado
pela trama de relações vigentes
na sociedade e, sem dúvida, o
atual cenário do desenvolvimento
capitalista coloca para o Serviço Fonte: <http://migre.me/wyt3B>. Acesso em: 3 abr.
Social contemporâneo novas 2017.
demandas e competências. Castro
(2010, p. 104) menciona em seus estudos que, “em 1936, criava-se a
Escola de Serviço Social de São Paulo, diretamente inspirada pela Ação
Católica e pela Ação Social”.

Diante deste cenário, estamos falando sobre o início do trabalho


do assistente social naquela época e estamos vendo as primeiras
expressões da questão social, que são o objeto de estudo do assistente
social. Entretanto, não podemos perder de vista que tal prática do
Serviço Social continuava sob a influência da Igreja e posteriormente do
Estado, porém norteada por um projeto social conservador de cunho
tradicional, com o intuito de agir a favor da burguesia, controlando e
dificultando as lutas sociais da classe trabalhadora na época.

O trabalho do assistente social na época era o de favorecer o


crescimento do capitalismo, sendo que as conquistas relatadas acima,
a exemplo a Constituição de 1934 e Ministério do Trabalho, eram
estratégias para atender a reivindicação e a mobilização da classe
proletária, entretanto, a classe operária era vigiada de forma severa por

66 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


meio de ostensivo policiamento, cujo objetivo era manter a ordem
social, devido ao sistema vigente na época, bem como, os interesses
da classe burguesa, isto é, da classe dominante.

Assim, o trabalho profissional na área social foi crescendo, por meio


de práticas assistencialistas e filantrópicas, muitas delas a serviço da fé,
através de práticas caritativas, motivadas pela caridade e solidariedade
religiosa, para intervir em situações de vulnerabilidade, fome e da carência
expressiva, pois havia um grande número de pessoas excluídas.

Surgem assim os espaços de trabalho para os assistentes


sociais realizarem as ações na área social, que nessa década eram
basicamente:

• Instituto de Pensões;

• Caixas de Previdência;

• CEAS, dentre outros.

Devido à realidade social em meio às expressões da pobreza e


exclusão, eram necessários profissionais para exercer o trabalho social
de forma qualificada.

Dessa forma, o Serviço Social vai deixando de ser um trabalho


desenvolvido apenas pela Igreja e o Estado e vai se responsabilizando
por esse papel. Sabemos, porém, que o Serviço Social no Brasil iniciou
seu trabalho com ações voltadas para a prática de atuação de caráter
cristianizadora do capitalismo. Assim, observamos que a autocracia
burguesa sustentava esse modelo naquele momento, conforme
explicitado por Martinelli (2009, p. 127), uma vez que tinha o objetivo
de “promover a aceitação ampla do regime capitalista”.

Naquela época o trabalho do assistente social se restringia a uma ação


momentânea, através de abordagens de interesse da classe dominante,
com o intuito de manter a estrutura imposta pela classe dominante.

O trabalho do assistente social era realizado por meio de ações


influenciadas de uma identidade advinda da Igreja e posteriormente
pelo capitalismo, de uma parceria entre Estado e Igreja representada
pela classe dominante, isto é, pela burguesia em direção ao seu
processo de profissionalização e institucionalização.

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 67


A Figura 4.5 representa a Figura 4.5 | A crise de 1929
grande crise financeira de 1929,
que se instalava na Europa e
nos Estados Unidos, quando
surgiu o capitalismo financeiro
monopolista, trazendo grandes
consequências. Assim, poderíamos
falar que, devido à crise, surgem as
múltiplas expressões da questão Fonte: <http://migre.me/wyt1F>.
social, objeto de estudo do Serviço Acesso em: 3 abr. 2017.
Social, destacando-se nesse
contexto a expressão da pobreza e da miséria tendo como repercussão
o desemprego, que tomou conta de grande parte da sociedade
na época. Isto representava formas de expressão da questão social
atrelada ao trabalho do assistente social.

Este cenário foi marcado pela Figura 4.6 | Capital X Trabalho


influência norte-americana, pois
havia uma forte representação
deste país, seu processo de
industrialização ganhava força
e hegemonia representada pela
classe dominante. O surgimento
do Serviço Social no Brasil
também tem influência da grande
crise, bem como, do processo de Fonte: <http://migre.me/wyt0l>. Acesso em: 11 abr.
2017.
industrialização.

Inicia-se assim o antagonismo entre capital e trabalho, bem como


a luta entre classes, por meio da sociedade capitalista representada
pela burguesia e pela classe operária representada pelo proletariado,
isto é, pelos trabalhadores. Tal luta ocorre devido às desigualdades
sociais, motivo pelo qual era necessário fazer uma intervenção, pois
já havia várias manifestações das múltiplas formas de expressões da
miséria, exclusão, então, a necessidade do trabalho social na época.

O trabalho dos assistentes sociais daquele período foi voltado


à abordagem conservadora, entendia-se naquele momento que
as desigualdades eram um desajuste social. Então, seria necessário
ajustar, e para tal intervenção era preciso uma abordagem individual

68 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


e focalizada, pois tais desajustes eram considerados como problemas
individuais, os quais poderiam ser resolvidos e controlados na prática
social reformadora de caráter, pois as dificuldades eram manifestações
individuais.

Neste contexto destacam-se as encíclicas papais Rerum Novarum e


Quadragesimo Anno. Para falarmos um pouco mais sobre tal assunto,
citaremos Castro (2006, p. 52), o qual coloca que a Igreja Católica
lança as referidas encíclicas como forma de intervenção no cenário
social. Veja a diferença entre tais encíclicas no Quadro 4.1 abaixo.
Quadro 4.1 | A diferença das encíclicas papais
Rerum Novarum Quadragesimo Anno

Tinha a vertente de dizer “não à Aparece 40 anos depois, abrindo espaço para
exploração com os trabalhadores”, não o assistencialismo profissional e, devido ao
tratá-los como escravos. trabalho dos intelectuais da época, propiciou
a criação dos Centros de Formação Superior.

Fonte: adaptado de Castro (2006).

Esclarecemos a forma de Figura 4.7 | Rerum Novarum


abordagem do trabalho do
assistente social na época em
meio à realidade social sob a
influência da Igreja Católica.
Observa-se que é notória nesta
caminhada sua influência, que
é reforçada ainda mais após a
inauguração da primeira Escola Fonte: <http://migre.me/wysYt>. Acesso em: 3 abr. 2017.
de Serviço Social em Paris, no ano
de 1911, denominada Escola Católica de Serviço Social. Logo após
sua fundação, o pensamento católico invadiu a ação do trabalho nas
práticas sociais.

A partir da inauguração da primeira escola, começaram a se


formar pequenos grupos de moças católicas e assistentes sociais que
estudavam a realidade social, embora a reflexão naquele momento
era da vertente católica em suas abordagens. Esses pequenos grupos
foram denominados de núcleos, é sabido que sua expansão foi
relevante, com repercussão na França e também na Europa.

Em virtude de tal crescimento, surgem as Sociedades de

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 69


Organização da Caridade, agora também na Igreja Evangélica.
O crescimento não parou, continuou, alcançando a Itália, Milão,
fortalecendo o processo de profissionalização do Serviço Social.

Estevão (1992, p. 12) salienta que as Conferências São Vicente de


Paulo, em 1833, organizaram seu trabalho para atendimentos em
pequenos bairros, mais tarde a assistência se expande e conquista a
cidade toda.

Neste sentido, Martinelli Figura 4.8 | María Lucia Martinelli


(2009, p. 117) ressalta que,
conforme pronunciamento
colocado pelas lideranças da
Sociedade de Organização da
Caridade, as práticas assistenciais
tinham a influência de São
Vicente de Paulo, cujo referencial Fonte: <http://migre.me/wysXS>. Acesso em: 3 abr. 2017.
era baseado em práticas da
doutrina da Igreja, voltadas para objetivo da ordem social.

Sabemos que, a respeito da história do Serviço Social, a autora María


Lucia Martinelli é referência, autora de livros e artigos publicados em
revistas acadêmico-científicas nacionais e internacionais. Ela menciona
que o Serviço Social é uma das poucas profissões que trata da questão
humana, no seu sentido mais intrínseco possível, buscando suprir as
necessidades humanas, sem oferecer esmolas, mas necessariamente
inclinando os necessitados para a evolução humana e social.

Observamos que os aspectos históricos que permeavam a prática


do Serviço Social naquele momento eram baseados em ações
reformadoras de caráter no intuito de estabelecer ordem social, ação
social, com o objetivo de ajustamento social.

Yazbek (1986, p. 56) menciona que a “ação assistencial ao nível do


senso comum é compreendida pelas suas circunstâncias imediatas”.

É importante que você saiba que em meados do século XX o quadro


das necessidades sociais começa a surgir. Destaca-se nesse cenário
“A Grande Depressão”, que favorece a expansão do capitalismo,
o surgimento da indústria ferroviária e, em seguida, os reflexos da I
Guerra Mundial e a Revolução de 1917 na Rússia, no cenário social.

70 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


Como vimos, neste cenário insere-se a relação entre o binômio
capital e trabalho, em que aparecem as lutas de classes, além do
aumento do desemprego e do empobrecimento dos trabalhadores,
demandas entendidas como objeto de estudo do Serviço Social na
contemporaneidade.

Como observamos, em virtude de tal situação inicia-se o


movimento proletário que, através do seu processo de organização,
deixava a classe dominante preocupada e angustiada. Sendo assim, a
realidade social estava no centro do campo histórico, em toda a sua
perfeição (MARTINELLI, 2009).

O trabalho do assistente social por meio da ação e organização da


Igreja Católica ampliou seu alcance devido ao trabalho de caridade e da
justiça social. Neste contexto, percebemos a influência de Santo Tomás de
Aquino, que estabeleceu a caridade como um dos pilares da fé.

O Serviço Social teve suas origens dentro da Igreja Católica, baseado


em ações marcadas pelo assistencialismo de caráter fortemente religioso.
O trabalho do assistente social começa a crescer em número e ganhar
força como profissão a partir da criação das escolas de Serviço Social.

Na figura a seguir, vemos uma das precussoras Figura 4.9 | Mary


na história do Serviço Social, Mary Richmond, Richmond
da Sociedade de Organização da Caridade de
Baltimore. Foi com base em sua tese que a ação
social filantrópica e o Serviço Social caminharam
em seu processo de institucionalização tanto no
ensino como na profissionalização.

Mary Richmond é relevante nesse processo,


pois foi após a organização e a existência dos
cursos de Filantropia Aplicada que o trabalho do
Fonte: <https://goo.gl/sBwoYV>.
Serviço Social inicia o processo de capacitação Acesso em: 3 abr. 2017.
por meio de formação de agentes sociais.

Esse movimento resultou na criação da Sociedade de Organização


da Caridade, em que o trabalho na área social tinha um caráter mais
voltado à doação pessoal. É válido analisar que foi por meio desse
movimento que o Serviço Social teve sua representação e expansão
na sociedade.

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 71


Na contemporaneidade, sabemos que o trabalho do assistente
social foi ampliado após a promulgação da Constituição Federal de
1988, com o estabelecimento do tripé da Seguridade Social, saúde,
assistência social e previdência social, como também as exigências e
demandas sociais.

Significa então que a atividade laborativa do assistente social tem a


proposta de fomentar, e estimular, o empoderamento da classe subalterna.

Vamos entender o que vem a ser o conceito de empoderamento,


como o fortalecimento do poder da força do dominado.

Faleiros (2013, p. 18) salienta que a “perspectiva do empoderamento,


isto é, do empowerment, do fortalecimento do poder, da força do
dominado, vem tendo ampla repercussão na prática profissional”.

Acrescenta Faleiros (2013, p. 158) que “a reconceituação, de linha


marxiana foi situada como oposto ao Serviço Social tradicional, com
o questionamento crítico na busca de uma fundamentação teórica
no marxismo”. Podemos acrescentar as palavras do autor: “a isso se
agrega uma profunda crítica ao positivismo”.

Percebemos que o Serviço Social vem lutando para conquistar


seu trabalho de forma crítica articulado ao projeto ético-político com
base em uma proposta marxista de análise das relações de poder, e na
análise das relações constituídas com base na ideologia da hegemonia
da classe dominante.

Abreu (2011, p. 171) explicita que “o referencial teórico gramsciano


é buscado, inicialmente, como possibilidade para pensar a atuação
do assistente social enquanto intelectual orgânico marcado pelo
compromisso com as classes subalternas”.

Para ampliar mais o conceito de questão social nesse contexto,


Machado (1999, p. 42-43) nos coloca que:

[...] é um conjunto que anuncia a incoerência fundamental


do sistema capitalista de produção. Incoerência
constituída na produção e apropriação da riqueza gerada
socialmente: os trabalhadores produzem a riqueza, os
capitalistas se apropriam dela. É assim que o trabalhador

72 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


não usufrui das riquezas por ele produzidas. O objeto de
estudo do Serviço Social representa uma perspectiva de
análise da sociedade.

Segundo Martinelli (2011, p. 54), “O capitalismo gera o mundo da cisão,


da ruptura, da exploração da maioria pela minoria, o mundo em que a
luta de classes se transforma em luta pela vida, na luta pela superação
da sociedade burguesa”. E assim ela apresenta as reais características do
capitalismo e das lutas que se encontram no seu interior.

Neste contexto é possível observar, segundo Martinelli (2011, p. 94),


que se apresentam duas questões:

1ª) a “questão social” estava posta no centro do palco


histórico, em toda a sua plenitude; 2ª) no confronto
entre suas grandes personagens, o domínio de cena já
não é mais do capital.

Nesse sentido, fica claro que o assistente social deve estar atento
ao processo relacionado ao sistema de produção desencadeado pelo
sistema capitalista, o qual tem relação direta com as repercussões e
representações da pobreza e formas de exclusão, isto é, as múltiplas
formas de expressões da questão social, objeto de estudo do Serviço
Social, no trabalho do assistente social.

Entretanto, o profissional nos dias atuais tem o desafio de


desenvolver sua atividade com base na proposta de problematizar e
analisar de forma crítica as relações sociais incorporando o marxismo.

Na Figura 4.10 vemos Antonio Gramsci, o qual tem sua relevância,


devido à teoria gramsciana, que tem Figura 4.10 | Antonio Gramsci
seu compromisso com as classes
subalternas. De acordo com Abreu
(2011, p. 171), “Gramsci passa a ser
um marco teórico significativo nas
elaborações do Serviço Social”.
Fonte: <http://migre.me/wysUM>. Acesso
Bons estudos! em: 3 abr. 2017.

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 73


ACOMPANHE NA WEB
Serviço Social e Assistência Social no Brasil

• Leia a dissertação de mestrado de Cristiane de Barros Pereira,


apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social do Departamento
de Serviço Social do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio. Neste
capítulo apresentamos as origens do Serviço Social, assim como das
instituições de assistência, tomando com referência a década de 1930.
Disponível em: <https://goo.gl/PX1v1l>. Acesso em: 3 abr. 2017.

A profissionalização do serviço social: debate internacional

• Leia o material sobre “A profissionalização do serviço social:


debate internacional”, e saiba mais sobre fatores religiosos dentro da
profissão do Serviço Social, leia o artigo do Professor Doutor Pedro
Simões. Disponível: <https://goo.gl/EVuZBw>. . Acesso em: 3 abr. 2017.

Dialético

• Entre no site Dialético. Encontre no link “História” uma variedade


de imagens e textos que falam sobre vários momentos da história
universal e do Brasil, especificamente no texto “As lutas de classes na
Europa no século XIX”. Você encontrará informações sobre quais eram
as principais características deste momento estudado aqui neste tema.
O que poderá contribuir muito. Disponível em: <www.dialetico.com>.
Acesso em: 4 maio 2016.

O capitalismo e a questão social

• Nele você poderá encontrar imagens que podem ajudá-lo a


pensar a respeito da pauperização da classe trabalhadora em diversos
momentos da História, além de promover uma retomada imagética
das questões que trazem à tona as diferenças sociais. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=HWzJoN6gLWI>. Acesso em: 2
maio 2016. Duração: 4:34

Videoaula – A Crise de 1929

• Neste vídeo você verá um material interessante criado por


alunos e que falará de forma compreensível sobre o contexto da crise

74 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


de 1929, suas causas e suas consequências. Com linguagem fácil e de
compreensão também facilitada, o vídeo o ajudará a compreender os
aspectos deste momento histórico e importante no estudo deste tema.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=jgtu2nbWfK8>.
Acesso em: 2 maio 2016. Duração: 7:41

1929 – A Grande Depressão

• Com narração de um professor de Portugal, o filme dará a você


importante contribuição para o estudo das questões relacionadas ao
contexto histórico estudado neste tema. Apesar de narrado com o
sotaque português de Portugal, é de fácil compreensão e importante
na sua formação. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=sXyKhYQPp1w>. Acesso em: 1 maio 2016. Duração: 58:31

Profissionalização e Serviço Social: impressões a partir da história


e de resultados empíricos
Figura 4.11 | Octavia Hill
• Leia o artigo de Werner Thole
sobre a Profissionalização e Serviço
Social: impressões a partir da história e
de resultados empíricos. O artigo fala
um pouco do Serviço Social Anglo-
Americano, da organização filantrópica
no trabalho social, onde cita Octavia
Hill e sua contribuição neste processo.
Disponível em: <https://goo.gl/bXHUVC>. Fonte: <https://it.wikipedia.org/wiki/
Acesso em: 1 maio 2016. Octavia_Hill>. Acesso em: 4 abr. 2017.

Questão Social e Intervenção Profissional dos Assistentes Sociais

• Leia também Questão Social e Intervenção Profissional dos


Assistentes Sociais, de José Wesley Ferreira. O artigo é fruto de
sua dissertação de mestrado realizada na cidade de Porto Alegre
e apresenta uma síntese dos resultados de pesquisa realizada com
seis assistentes sociais que atuam em diferentes espaços sócio-
ocupacionais. Disponível em: <https://goo.gl/bXHUVC>. Acesso em:
4 maio 2016.

Relações Sociais e questão social na trajetória histórica do Serviço


Social brasileiro

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 75


• Leia o texto de Leonia Capaverde Bulla, que trata das Relações
Sociais e questão social na trajetória histórica do Serviço Social
brasileiro. Aborda temas que favorecem a compreensão das relações
sociais ligadas à questão social do sistema capitalista. Disponível em:
<https://goo.gl/j8wGm4>. Acesso em: 4 maio 2016.

Profissão e Mutação

• Leia o artigo da PUC-RIO-Certificação – Profissão e Mutação.


Aborda sobre o Serviço Social e a construção de uma prática.
Disponível em: <https://goo.gl/SX1IHL>. Acesso em: 8 maio 2016.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

1. Qual o papel fundamental do assistente social em sua prática profissional?

2. Em virtude da grande crise financeira que se instalava na Europa e nos


Estados Unidos, surge o capitalismo financeiro monopolista, trazendo
grandes consequências. Devido à crise, surgem as múltiplas expressões da
questão social, destacando-se:

3. O trabalho dos assistentes sociais daquele período foi voltado à


abordagem _______________. Pois entendia-se, naquele momento, que
as _________________ eram um desajuste social. Então, seria necessário
________, para tal intervenção era preciso uma abordagem ____________ e
_________, pois tais desajustes eram considerados como ______________, os
quais poderiam ser resolvidos e controlados na ______________ reformadora
de caráter, pois as dificuldades eram manifestações ___________ .

4. (Adaptada ENADE-2013) O reconhecimento de que o assistente social atua


nas expressões da questão social é fruto do amadurecimento profissional ao
longo da história.
Acerca da questão social, avalie as seguinte afirmações:
I. A questão social é fruto da ordem capitalista e possui expressões que estão
sujeitas a modificações e intensificações.
II. A questão social colide com a sociedade capitalista e suas expressões são
problemas inerentes aos sujeitos sociais.

76 T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade


III. As expressões da questão social são resultantes do processo de
consolidação e amadurecimento da sociedade capitalista.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

5. (Adaptada ENADE-2010) As primeiras formulações teóricas do Serviço


Social no Brasil seguem os princípios propostos pela Igreja Católica,
determinados basicamente nas encíclicas Rerum Novarum e Quadragesimo
Anno, documentos que propunham o envolvimento dos católicos com os
problemas sociais. Essa perspectiva de formação teórica visa subsidiar a
prática profissional dos assistentes sociais sob uma visão teórica.
a) Fenomenológica.
b) Neopositivista.
c) Materialista.
d) Racionalista.
e) Neotomista.

FINALIZANDO

Nesse tema você pôde perceber como ocorreu a influência do


capitalismo no trabalho do assistente social, devido às expressões da
questão social, a exemplo da pobreza que se instalava na sociedade. A
Igreja atua no cenário social, com o objetivo de minimizar o sofrimento
e a miséria, através de práticas assistencialistas de caridade, voltadas à
atividade reformadora de caráter, por meio das encíclicas papais, pois
a burguesia não poderia perder sua hegemonia.

Você viu também que, devido ao surgimento das indústrias,


iniciam-se os conflitos da classe trabalhadora e da burguesia, pois o
proletariado, para conquistar melhores condições de vida, de salário,
realiza seus movimentos, por meio de manifestações de luta por
direitos. E os trabalhadores viram que foram perseguidos devido ao
conservadorismo da época.

Na atualidade, o trabalho do Serviço Social, independentemente


da área nas políticas sociais, seja saúde, assistência, habitação dentre
outras, deve superar tais práticas conservadores, assistencialistas.

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 77


O assistente social em sua atividade laborativa deve ter sua práxis
em consonância com o projeto ético-político, bem como, lei de
regulação da profissão e o código de ética profissional, pois trata-se da
assistência enquanto política pública. O maior desafio do trabalho do
assistente social na contemporaneidade é ressignificar a assistência no
âmbito das políticas públicas sociais.

REFERÊNCIAS

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estudos/article/view/412>. Acesso em: 1 maio 2013.

GLOSSÁRIO

Profissionalização: Ato ou efeito de profissionalizar ou de se profissionalizar.


Multiplicação das atividades profissionais nitidamente distintas umas das outras.

Empowerment:  é um conceito de  Administração  de Empresas que significa


“descentralização de poderes”, ou seja, sugere uma maior participação dos
trabalhadores nas atividades da empresa ao lhes ser dada maior autonomia de
decisão e responsabilidades.

Filantropia: Amor à humanidade.

Inerentes: Intimamente unido. Que é atributo ou propriedade de algo ou alguém.

T4 - Questão social e o trabalho do assistente social na atualidade 79


Convite à leitura

Neste tema vamos estudar sobre o mercado de trabalho do


assistente social na contemporaneidade e abordar de forma sucinta
a instrumentalidade no campo das dimensões técnico-operativa,
teórico-metodológica e ético-política, em que destacaremos o
instrumento técnico-operativo utilizado no campo de trabalho do
Serviço Social. Assim, você observará a relevância de conhecer essa
dimensão no campo da instrumentalidade utilizada pelo assistente
social em sua atividade laborativa, bem como identificará quais
são os instrumentos mais utilizados no espaço de ocupação do
serviço social, seja no âmbito privado, público ou do terceiro setor.
Para elucidar sobre o tema, traremos alguns conceitos sobre os
instrumentos de atuação e os significados de tais elementos de
trabalho, elencando alguns deles.

Bons estudos!

80 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


Tema 5

O mercado de trabalho
do serviço social na
contemporaneidade
POR DENTRO DO TEMA

Você observou que vamos falar nesse tema sobre o mercado


de trabalho do assistente social na contemporaneidade. Para tanto,
falaremos sobre a instrumentalidade da categoria profissional na
atualidade, bem como, compreenderemos que tal instrumentalidade
faz parte da política pública, além de identificar os significados dos
elementos inerentes a esta prática. Assim, falaremos um pouco
da atividade laborativa do serviço social e sua instrumentalidade,
explicitando a dimensão técnico-operativa do serviço social.

Conforme Guerra (2009), a instrumentalidade é entendida a


partir das três dimensões: teórico-metodológica, ético-política e
técnico-operativa. Essas três dimensões não se separam, elas estão
concomitantemente correlacionadas na prática profissional. Assim, a
instrumentalidade não se limita às ações de instrumentos do exercício
de atividades imediatas. Salientamos que a instrumentalidade está
prevista no projeto ético-político profissional, uma vez que o assistente
social não deve ser apenas executivo, mas um profissional competente,
de forma teórica, técnica e politicamente. Isto é, entendendo das três
dimensões inerentes à instrumentalidade (teórico-metodológica,
ético-política e técnico-operativa).

Explicitamos que o projeto ético-político prevê um compromisso


ético-político com a classe trabalhadora e a negação de base filosófica
tradicional, além de um perfil técnico competente, de forma teórica,
técnica e política. A partir de uma visão crítica e fundamentada
teoricamente na vertente marxista, considerando o código de ética
profissional e a lei de regulamentação da profissão.

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 81


Vale ressaltar a instrumentalidade entendida como as dimensões
ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa utilizadas pelo
profissional do serviço social, seja na instância privada quanto na pública.

O trabalho desse profissional está norteado mediante um sistema


que prevê o trabalho em rede e que para tal é necessário mobilização
e utilização de visita institucional, diagnóstico, conhecimento do
território, contatos telefônicos, além do trabalho de visita domiciliar e
realização de relatório, bem conhecido como atividade do assistente
social. Destaca-se também na contemporaneidade o trabalho em
equipe, interdisciplinar no mercado de trabalho na atualidade, é esse o
desafio no processo de trabalho do serviço social.

Sendo assim, traremos, no Quadro 5.1, alguns dos significados


e conceitos de determinados elementos utilizados no trabalho do
Serviço Social.
Quadro 5.1 | Elementos e conceitos do Serviço Social
Elementos Conceito
A NOB/SUAS (2005, p. 94) menciona que são “atividades continuadas,
definidas no art. 23 da LOAS, que visam a melhoria da vida da população
Serviços e cujas ações estejam voltadas para as necessidades básicas da
população, observando os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas
nessa lei.
Refere-se ao recorte territorial que define o público a ser atendido
Abrangência pelos serviços socioassistenciais, definidos de acordo com as seguintes
Territorial abrangências: local, regional e municipal.
Serviços que atendem ao público de uma determinada comunidade ou
Local unidade territorial de intervenção.
Regional Serviços que atendem ao público da região administrativa onde o serviço
está implantado.
Municipal Serviços que atendem ao público de todo município.

Fonte: adaptado da NOB/SUAS (2005).

Sabemos que a profissão corresponde à abrangência das Ciências


Sociais, e o serviço social no mercado de trabalho contemporâneo
trabalha diretamente com as múltiplas expressões das questões
sociais, as quais são vastas, podendo ser representadas pela violência,
fome, pobreza, dentre outras.

Como foi mencionado em temas anteriores, é importante conhecer


as legislações que respaldam a prática profissional. Explicitamos que
temos o respaldo para tal atuação nas seguintes legislações:

• Constituição Federal de 1988

82 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


• Política Nacional de Assistência Social-PNAS

• Norma Operacional Básica-NOB

• Sistema Único de Assistência Social-SUAS

• Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS

A proposta desse tema é esclarecer como é realizado o trabalho


do Serviço Social no mercado de trabalho na contemporaneidade, o
objetivo é contribuir com tais esclarecimentos, pois essas legislações
permeiam o trabalho do profissional assistente social, seja nos
processos de atenção social no plano público e privado.

De acordo com o art. 1º da Lei Orgânica da Assistencial Social, “a


assistência social é direito do cidadão e dever do Estado, é Política
de Seguridade Social, não contributiva, que provê os mínimos sociais,
realizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”.

Nesse contexto, é sabido da importância do profissional conhecer


e reafirmar o compromisso ético-político defendido pelo serviço
social, bem como sua instrumentalidade. É nesse sentido que é
necessário entender alguns elementos importantes nesse contexto,
assim traremos abaixo, no Quadro 5.2, alguns conceitos.
Quadro 5.2 | Elementos ético-políticos
Elemento Conceito

Instrumento dinâmico que permite uma compreensão da realidade


Diagnóstico social, incluindo a identificação das necessidades e a detecção dos
Social problemas prioritários e respectivas causalidades, bem como dos
recursos e potencialidades locais, que constituem reais oportunidades de
desenvolvimento.

É um instrumento de registro de informação destinado a receber, transmitir


e armazenar informes, através de disposição gráfica racional, que pode se
apresentar nas formas plano, contínuo ou eletrônico. O formulário tem
Formulário por objetivo transformar dados em informações para inúmeras finalidades,
destacando-se como principais: fonte de consultas para o processo de
tomada de decisão; arquivo de informações gerenciais e gerais, fonte para
agrupamento de dados e informações, gerador e disseminador de dados
e informações; coletânea, agrupamento e reagrupamento, interpretação
com análise e síntese e outros.

Parceria Modelo que propicia o ingresso de recursos do setor privado na


Público- consecução de serviços públicos, mediante o compartilhamento de
privado riscos. Sua regulamentação foi publicada no Diário Oficial da União de 31
de dezembro de 2004.

Fonte: adaptado da NOB/SUAS (2005).

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 83


Nesse sentido, percebemos a abrangência do tema proposto ao
observar que, seja no âmbito público, privado ou nas organizações
do terceiro setor, os processos de atenção social no plano público
e privado têm normativa. Você observa que é imprescindível para o
profissional nos processos de trabalho distinguir as diferenças entre os
termos elencados?

Assim, a Política Nacional de Assistência Social coloca sobre a


esfera pública, mencionando que a “administração pública deverá
desenvolver habilidades específicas, com destaque para a formação
de redes” (PNAS, 2004, p. 47).

É nesse sentido que dizemos que a percepção e a visão de rede


têm se incorporado ao discurso da política social no âmbito privado
(empresas), por meio das parcerias e reconhecimento do território.

Nesse sentido, Mota (2006, p. 116) menciona que um dos papéis


do Serviço Social na empresa “parece ser a do intermediador das
relações conflitivas ou de inadaptação dos trabalhadores às normas e
exigências da organização”.

Então, mais uma vez observamos que é desafio no mercado de


trabalho contemporâneo para este profissional conhecer as legislações
inerentes à profissão e as exigências e normas da instituição na qual
executa sua atividade laborativa, tanto na esfera pública quanto privada,
para realizar seu trabalho e perceber a existência e a importância das
parcerias e reconhecendo a terceirização no mercado de trabalho
contemporâneo.

Neste cenário, falaremos de forma sucinta sobre alguns


instrumentos utilizados pelo profissional assistente social, é válido
ressaltar que independente do campo. É em virtude de tal relevância
que traremos algumas das formas de registrar a ação profissional.

Existem várias formas e meios para documentar atividades


inerentes a uma atuação profissional. Bervian e Cervo (1996, p. 68)
mencionam que a “documentação é toda base de conhecimento
fixado materialmente e suscetível de ser utilizada para consulta, estudo
ou prova”.

Neste sentido, Severino (1996, p. 36) ressalta que “a documentação

84 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


visa coletar elementos relevantes para o estudo em geral ou para
realização de um trabalho em particular, sempre dentro de determinada
área”.

Para Ferreira (1988, p. 103), documentação “é o conjunto de


documentos destinados a esclarecer ou provar determinado assunto
ou fato”, ou seja, compreende-se que a documentação pode ser
tratada como uma memória, algo que colabora para que nem com o
passar do tempo seja esquecido o que foi registrado.

Observamos que os registros são necessários e fazem parte da


atividade laborativa no mercado de trabalho contemporâneo realizado
pelo assistente social, o qual tem o objetivo de documentar a prática
profissional, assim é importante no dia a dia registrar tudo o que se
relaciona com seu trabalho, seja reuniões, visitas domiciliares ou
institucionais, orientações, entrevistas, dentre outros atendimentos no
mercado de trabalho.

É válido ressaltar que o registro das ações oportuniza condições


de externar ideias, juízo, através do parecer, que propicia a leitura da
realidade social observada por meio de um relatório socioeconômico,
por exemplo, ou de um estudo social, bastante utilizado no Poder
Judiciário para concessões de Beneficio de Prestação Continuada
BPC (idoso e deficiente), pois para a concessão dos mesmos é comum
que se realize a visita domiciliar do assistente social.

Nesse sentido, observa-se que a escuta qualificada, o


acompanhamento da visita, bem como o trabalho que realizou
cooperam para que a situação social do usuário seja transformada e
acompanhada pelo próprio assistente social, bem como por equipe
interdisciplinar para transformação da realidade social. Na atualidade
esse trabalho multidisciplinar já é comum no mercado de trabalho.

No mercado de trabalho na atualidade, o assistente social exerce


sua atividade laborativa em diversas áreas por meio de diferentes
funções. Seguem algumas delas:

• Chefia

• Direção

• Assessoria consultoria

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 85


• Pesquisa

• Docência

• Prestação de serviços

• Gestão em órgãos públicos ou privados

• Liderança em setores da assistência

• Planejamento

• Elaboração de planos, programas e projetos

As atividades relacionadas podem ser realizadas tanto no setor


público como no privado ou do terceiro setor, dentre outros.

Elencaremos abaixo, na Figura 5.3, os diferentes tipos de


documentação:
Quadro 5.3 | Diferentes tipos de documentação

Tipo Conceito

É a descrição ou o relato do que foi possível conhecer por meio do


Relatório estudo”, isto é, do estudo social.
Selma (2011, p. 60) conceitua laudo como sendo “o documento escrito
Laudo que contém parecer ou opinião conclusiva do que foi estudado e
observado sobre determinado assunto”.
O estudo “se refere à análise sobre algo que se quer conhecer, por
meio da observação e do exame detalhado, ou seja, é a pesquisa sobre
Estudo determinado assunto.
Social Estudo social ”é um processo metodológico específico do Serviço Social,
que tem por finalidade conhecer com profundidade, e de forma crítica,
uma determinada situação ou expressão da questão social”.

Parecer social integra o estudo social, onde o profissional, à luz do


Parecer referencial teórico, realiza a sua análise tomando por base os dados
coletados ao longo do estudo social, onde sua opinião é exposta com o
Social objetivo de apontar como possivelmente a questão social apresentada
poderá ser solucionada, de acordo com Mioto (2001, p. 155).

Cfess.org (2003, p. 43), ”a perícia social, no âmbito judiciário, diz respeito


Perícia a uma avaliação, exame ou vistoria, solicitada ou determinada sempre
Social que a situação exigir um parecer técnico científico de uma determinada
área do conhecimento”.
Entrevista “é um instrumento técnico muito conhecido, a qual norteia o
Entrevista trabalho dos profissionais em diversas instituições, mesmo nas chamadas
atividades de plantão ou de triagem”.
Fonte: adaptada de Selma (2011).
Salientamos que ao falarmos dos termos elencados, você está
conhecendo alguns dos instrumentais técnico-operativos utilizados
pelo profissional assistente social, destacamos:

86 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


• Estudo Social

• Laudo Social

• Perícia Social

• Parecer Social

• Relatórios

• Triagem

• Encaminhamento

• Documentação

• Entrevista

• Planos de trabalho

• Cronogramas

• Diário de Campo

Os relatórios podem ser de: atendimentos, avaliação, supervisão,


visitas, relatórios de visita domiciliar, relatório de acompanhamento e
relatório de inspeção.

De acordo com Mioto (2001), a visita domiciliar:

Tem como objetivo conhecer as condições (residência,


bairro) em que vivem tais sujeitos e apreender aspectos do
cotidiano das suas relações, aspectos esses que geralmente
escapam às entrevistas de gabinete (MIOTO, 2001, p. 148).

Selma (2011) explicita a diferença entre o relatório de


acompanhamento e o relatório de inspeção:

Relatório de acompanhamento pode trazer informações,


mas envolve a intervenção direta e o contato mais regular
e assíduo com o usuário. O Relatório de inspeção deve
contar em seus registros com a exposição e a descrição
daquilo que foi observado no decorrer da visita, seja ela
domiciliar ou institucional (SELMA, 2011, p. 64-65).

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 87


Na atualidade é importante observarmos que no mercado de
trabalho contemporâneo precisamos compreender esses termos, os
quais fundamentam a atuação do assistente social.

Art. 1º a elaboração, emissão e/ou subscrição de opinião


técnica sobre matéria de Serviço Social por meio de
pareceres, laudos, perícias e manifestações é atribuição
privativa do assistente social, devidamente inscrito no
Conselho Regional de Serviço Social de sua área de atuação,
nos termos do parágrafo único do artigo 1º da Lei 8.662/93
e pressupõem a devida e necessária competência técnica,
teórico-metodológica, autonomia e compromisso ético.
Art. 2º o assistente social, ao emitir laudos, pareceres, perícias
e qualquer manifestação técnica sobre a matéria de Serviço
Social, deve atuar com ampla autonomia, respeitadas
as normas legais, técnicas e éticas de sua profissão, não
sendo obrigado a prestar serviços incompatíveis com suas
competências e atribuições previstas pela Lei 8.662/93.

Selma (2011, p. 60 apud GUIMARAES, 2000, p. 95) explicita que


do ponto de vista da área judiciária, seja o relatório, ou estudo, ambos
não têm “significado específico, e laudo seria, conforme o Código
de Processo Civil, a exposição, feita por escrito, pelos peritos, das
conclusões obtidas em relação ao que foram consultados”.

CFESS (2003, p. 43) explicita que o laudo “é utilizado no meio


judiciário como mais um elemento de “prova”, com a finalidade de
dar suporte à decisão judicial, a partir de uma determinada área do
conhecimento, no caso o Serviço Social”.

Para Selma (2011, p. 48), as representações, significados e valores


presentes no contexto sociocultural em que o usuário desenvolve
relações de convivência e sociais também devem ser levados em
consideração ao avaliar os aspectos constitutivos do parecer. Para que
a avaliação tenha eficácia, o profissional deve recorrer a pesquisas,
trabalhos interdisciplinares e legislações sobre a temática em questão.

É interessante ressaltar que com relação à atuação dos assistentes


sociais, é diversa na saúde por exemplo. Bravo e Matos (2007) colocam
que a ação profissional na área da saúde ocorre em 1930 a 1964, tanto
o surgimento quanto seu desenvolvimento.

88 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


Os estudos de Vasconcelos et al. (2007) apontam que o Conselho
Nacional da Saúde reconheceu 13 profissões da área da saúde, dentre
elas o Serviço Social, ao lado das seguintes profissões:

• Biólogo

• Educação física

• Enfermeiros

• Farmacêuticos

• Fisioterapeutas

• Fonoaudiólogos

• Médicos

• Médicos veterinários

• Nutricionistas

• Odontólogos

• Psicólogos

• Terapeutas ocupacionais

Assim, Bravo e Matos (2007, p. 28) fazem menção a respeito da


expansão do Serviço Social no país, ressaltando que acontece “a partir
de 1945, relacionada às exigências e necessidades de aprofundamento
do capitalismo no Brasil e às mudanças que ocorreram no panorama
internacional, em função do término da Segunda Guerra Mundial”.

Os autores destacam também que a ampliação profissional nesse


sentido se deu em virtude do novo conceito de saúde, conforme
a Organização Mundial da Saúde (OMS), esclarecendo que em
1948 a OMS leva em consideração os aspectos biopsicossociais,
determinando a requisição de outros profissionais para atuar no setor,
dentre eles o assistente social.

Conforme a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, na seção dos


Serviços e subseção I do Serviço Social, em seu Artigo 88 coloca que
compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 89


direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente
com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da
sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da
instituição como na dinâmica da sociedade.

O assistente social também tem no conjunto CFESS/CRESS


um espaço para a sua atuação, que deve ser ocupado com
responsabilidade e compromisso, pois ao participar desse espaço
estará não só colocando em prática seu aprendizado teórico-prático,
mas também trabalhando para defender os interesses da categoria.
Em consulta ao site CFESS encontra-se as seguintes comissões que os
assistentes sociais devem ocupar:

• Comissão de Orientação e Fiscalização Profissional - COFI

• Comissão de Formação Profissional e Relações Internacionais

• Comissão de Ética e Direitos Humanos

• Comissão de Seguridade Social

• Comissão de Comunicação

• Comissão Administrativo-financeira 

• Grupos de trabalho

Lewgoy (2009, p. 20) afirma que “a atual demanda para o assistente


social é de um trabalho na esfera executiva, na formação de políticas
públicas e na gestão de políticas sociais”.

Nessa direção a autora aponta que isso requer, pois, um processo


de formação voltado para o “desenvolvimento de competências
que busquem captar as distintas formas de expressão e de requisitos
da realidade social: saber criticar, propor, criar, atualizar-se, saber
transmitir e ter sensibilidade para escutar e trabalhar com o outro”
(LEWGOY, 2009, p. 20).

Já sobre o mercado de trabalho na atualidade, explicita que a reflexão


sobre o trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais no campo hoje
denominado sociojurídico exige um recuo na história que remonta às
origens da profissão e dos movimentos que a ela deram origem. A autora
coloca que no Brasil o primeiro Juizado de Menores foi fundado em 1923,

90 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


no Rio de Janeiro, destinado a crianças e adolescentes.

Como sabemos, o assistente social atua frente às expressões da


questão social. Ressaltamos que a questão social é objeto de estudo do
Serviço Social, conforme coloca Iamamoto (2009, p. 27): “Questão social
é compreendida como o conjunto das expressões das desigualdades
da sociedade capitalista. Ressaltando ainda que o Serviço Social tem na
questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho”.

Nesse sentido, Barison (2007, p. 5) afirma que no Poder Judiciário


observa-se um crescimento das ações judiciais as quais tramitam
geralmente nas seguintes Varas:

• Vara da Família

• Vara da Infância

• Vara da Juventude

• Vara do Idoso

Agora, com relação aos conteúdos das ações nas referidas Varas, a
autora coloca que geralmente são as seguintes:

• Separação litigiosa;

• Separação consensual;

• Guarda e responsabilidade;

• Alimentação;

• Reconhecimento ou negatória de paternidade;

• Interdição.

Assim, observamos que a instrumentalidade  no exercício


profissional não é apenas tratada nas questões técnico-operativas e
sim na articulação de saberes específicos, compostos essencialmente
pelo desenvolvimento das três dimensões (ético-política, teórico-
metodológica e técnico-operativa), nas quais a instrumentalização
da práxis se dá a partir da categoria mediação (singularidadade,
particularidade e totalidade) guiada pela vertente dialética.

Bons estudos!

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 91


ACOMPANHE NA WEB

Como fazer ata

• Veja como fazer uma ata, e perceba como é utilizada na


prática profissional do assistente social. Disponível em: <http://
escreverdireitooab.blogspot.com.br/2013/06/como-fazer-ata.html>.
Acesso em: 5 fev. 2016.

O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente


às violações de seus direitos. Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282011000300003>.
Acesso em: 5 fev. 2016.

Contemporaneidade e Serviço Social: Contribuição para


Interpretação das Metamorfoses Societárias. Disponível em: <http://
www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v2n1_contemp.htm>. Acesso em: 5
fev. 2016.

Modelos de Ofício como Fazer

• Veja como fazer ofícios e sua importância na prática profissional.


Disponível em: <http://guiadicas.net/modelos-de-oficio-como-
fazer/>.Acesso em: 5 fev. 2016.

Redação Técnica

• Veja o que é redação técnica, memorando, relatório, dentre


outros. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/
redacao-tecnica.htm>. Acesso em: 5 fev. 2016.

Saiba Mais!

• A carga-horária de 30 horas semanais para assistentes


sociais foi fixada pela Lei 12.317/2010. Os CRESS desenvolvem
um papel de fiscalização junto aos empregadores. A
intensificação das campanhas é resultado da resistência
de diversas instituições no cumprimento da legislação.
O CFESS lançou ainda a Nota sobre as 30 horas, na qual enfatiza a
necessidade de uma grande mobilização em defesa da lei, além de
definir um calendário de atividades, envolvendo ação jurídica e ações
políticas. Os assistentes sociais podem encontrar, no portal dos CRESS

92 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


e do CFESS, informações importantes sobre as ações e iniciativas para
fortalecer o debate político e institucional pela implementação da
carga horária de 30 horas.

Legislação

• Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do


Adolescente, in: Assistente Social: ética e direitos; coletânea de Leis e
Resoluções. 3. ed. CRESS 7º Região-RJ, 2001.

• Lei 8.662, de 7 de junho de 1993 - Lei de Regulamentação da


Profissão de 1993, in: Assistente Social: ética e direitos; coletânea de
Leis e Resoluções. 3. ed. CRESS 7º Região-RJ, 2001.

• Código de Ética Profissional de 1993. In: Assistente Social: ética


e direitos; coletânea de Leis e Resoluções. 3. ed. CRESS 7º Região-RJ,
2001.

• Decreto nº 8.213, de 24 de julho de 1991 - referente ao Plano de


custeio da Previdência Social e Plano de Benefício da Previdência Social.

• Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, que foi alterado pela


Lei nº 3.265, de 29 de novembro de 1999, referente ao Regulamento da
Previdência Social.

Legislações Sociais

• No site do Conselho Federal de Serviço Social você poderá


encontrar várias legislações sociais. Disponível em: <www.cfess.org.
br/legislacao_sociais>. Acesso em: 5 fev. 2016.

Planos de Benefícios da Previdência Social

• Lei nº 8.213/91 dispõe sobre o Plano de Benefício da Previdência Social.

Disponível em: <https://goo.gl/XrhjDv>. Acesso em: 5 fev. 2016.

• Lei Orgânica da Previdência Social.

• Lei nº 3.807/1960 trata da Lei Orgânica da Previdência Social.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
L3807.htm>.Acesso em: 5 fev. 2016.

Sistema Único de Saúde (SUS)

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 93


• Saúde e cidadania. Legislação Básica. Sistema Único de Saúde
(SUS). Disponível em: <http://www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_
leitura/saude_e_cidadania/ed_10/09.html>. Acesso em: 5 fev. 2016.

Portal da Saúde

• Portal da Saúde. Profissional e Gestor. Legislação. Disponível


em: <http://portalsaude.saude.gov.br/>. Acesso em: 5 fev. 2016.

• Parâmetros para atuação de assistentes sociais na Política de


Saúde.

• Série: Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais.


Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_
para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Saude.pdf>. Acesso em:
5 fev. 2016.

AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo
pedido.

1. O que é necessário para que o assistente social exerça seu trabalho


em rede?

2. Conhecido como atividade do ________________, destaca-


se também na _____________________ o trabalho em ________,
___________ no mercado de trabalho na _______________ é esse o
_______________ no processo de trabalho do serviço social.

3. Conceitue Relatório e Estudo Social:

4. (ADAPTADA-ENADE/2013). Em 2001 foi criado o Programa Nacional


de Humanização da Assistência Hospitalar, cujo objetivo é promover a
cultura do atendimento humanizado na área da saúde. Constituem ações
de articulação dos assistentes sociais na equipe de saúde:
I- Esclarecer suas atribuições e competências para os demais profissionais
da equipe de saúde.
II- Elaborar propostas de trabalho que delimitem as ações dos diversos

94 T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade


profissionais.
III- Construir e implementar, junto com a equipe de saúde, propostas de
treinamento e capacitação do pessoal técnico-administrativo.
IV- Identificar e trabalhar os determinantes sociais da situação apresentada
pelos usuários e garantir a participação deles no processo de reabilitação.
É correto apenas o que se afirma em:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III, IV.
e) II, III, IV.

5. (ADAPTADA-ENADE/2013). O aumento da demanda e a escassez


de verbas levam os profissionais a desempenhar a tarefa de selecionar
aqueles que terão acesso ao serviço, através do levantamento de
informações sobre a vida do usuário. Assim coloca-se uma contradição:
ainda que os profissionais procurem socializar as informações na
perspectiva da universalidade dos serviços sociais, na hora de repassar
o recurso material, sua ação se pauta num processo de seletividade dos
serviços. Isso mostra que o direcionamento do discurso profissional não
é suficiente para romper a lógica fragmentária dos serviços assistenciais.
A perspectiva do direito social, ainda que seja enfatizada no discurso do
profissional que repassa o recurso, é atropelada pela seletividade imposta
pela instituição.
É no cotidiano da prática do assistente social que as dimensões da
profissão se confrontam, se entrecruzam e se complementam.
Com base nas reflexões apresentadas, as duas dimensões evidenciadas
são:
a) Técnico-operativa e teórico-metodológica.
b) Teórico-metodológica e a intersetorialidade.
c) Teórico-metodológica e ético-política.
d) Ético-política e técnico-operativa.
e) Ético-política e a intersetorialidade.

FINALIZANDO

Observamos que o desafio do assistente social na


contemporaneidade é entender a complexidade da instrumentalidade
com rigor necessário, conforme projeto ético-político da profissão,
que norteia o agir profissional a partir da categoria de mediação de

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 95


Marx (singularidade, particularidade e universalidade), vislumbrando a
transformação do homem na sociedade a partir de uma práxis. Vimos
que o trabalho do Serviço Social pode ser realizado de diversas formas,
tais como plantão ou composição das equipes multiprofissionais,
entrevista como instrumento de trabalho e da reunião com trabalho
em grupos. Entretanto, a entrevista se destaca, principalmente devido
à utilização da mesma para preenchimento de ficha, relatório, visitas,
dentre outros instrumentos já mencionados em nosso tema 5
(VASCONCELOS, 2001).

A visão do profissional do serviço social precisa ser ampliada, para


que se posicione fora dos campos tradicionais de trabalho, buscando
assim novos desafios em sua prática profissional, na medida em que
contribui para a transformação da realidade social.

Neste tema você teve a oportunidade de observar que existem


diversas formas para realizar uma intervenção profissional através de
um conhecimento crítico, e não apenas sobre o seu agir, mas também
nas mudanças ocorridas no mercado de trabalho.

Busque sempre a qualificação e a atualização de seus


conhecimentos pessoais e profissionais, para que você não fique
parado no tempo e seja de fato um profissional preparado para atuar
com as demandas impostas na contemporaneidade.

REFERÊNCIAS

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medicina. 1. ed. São Paulo: UNESP, 2004.

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assistentes sociais. In: SANTOS, C. M. et al. (orgs). A dimensão técnico-operativa no
Serviço Social. 2012, p. 75 (adaptado).

GLOSSÁRIO

Violência: Estado daquilo que é violento. Ato violento.

Fome: Grande  vontade  de  comer;  urgência  de  alimento. Falta  de  nutrição,
carência alimentar, subalimentação, subnutrição.

Pobreza: Falta do necessário à vida; escassez, indigência, penúria.

Triagem: Escolha ou separação em três classes ou ramos. Seleção.

Encaminhamento: Ato de encaminhar, guiar, dar bons conselhos.

T5 - O mercado de trabalho do serviço social na contemporaneidade 101


Convite à leitura

Neste tema vamos estudar sobre o Projeto Ético-Político


do Serviço Social, as novas Diretrizes Curriculares para o Curso
de Serviço Social e o espaço ocupacional do assistente social.
Neste sentido, você irá observar as mudanças ocorridas na
contemporaneidade, uma delas é o fenômeno da educação a
distância, reconhecida e regulamentada pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação-LDB, que é um espaço ocupacional para a
categoria, uma vez que a docência é campo de trabalho para o
assistente social. Assim, convido você a refletir sobre a importância
do projeto ético-político da profissão, posteriormente a história da
educação superior no contexto do Serviço Social e as mudanças
na atualidade.

Você vai perceber em nossos estudos que traremos a palavra


metamorfose, no contexto do trabalho do assistente social,
podendo significar mudanças, bem como novas oportunidades na
realidade ocupacional desta categoria.

Bons estudos!

102 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
Tema 6

Projeto ético-político do
serviço social, as novas
diretrizes curriculares para
o curso de serviço social e
o espaço ocupacional do
assistente social
POR DENTRO DO TEMA

Para discorrer sobre o tema Projeto Ético-Político do Serviço Social,


as novas Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social e o
espaço ocupacional do assistente social, vamos conceituar a palavra
metamorfose.

Segundo o Dicionário Bueno (1996, p. 428), a palavra significa


“transformação, mudança de forma ou de estrutura que ocorre na
vida de certos animais, como insetos e os batráquios”. Já o termo
metamorfosear significa “transformar, trocar a forma, alterar, modificar,
mudar o caráter”. Neste tema adotaremos a palavra metamorfose
entendendo o seu significado como o de transformação, mudanças,
bem como novas oportunidades para o profissional. Podemos observar
que no contexto do Serviço Social muitas mudanças ocorreram
na trajetória histórica da profissão, neste sentido, temos abaixo, no
Quadro 6.1, algumas legislações importantes da categoria profissional.
Quadro 6.1 | Trajetória Histórica da evolução do Serviço Social no Brasil
Ano Evento

1947 Código de Ética Profissional do Assistente Social.

O ensino de Serviço Social foi reconhecido por meio da Lei no 1.889, de 13


de junho de 1953. Dispõe sobre os objetivos do ensino do Serviço Social, sua
1953 estruturação e ainda as prerrogativas dos portadores de diplomas de assistentes
sociais e agentes sociais.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 103
assistente social
1957 A profissão foi regulamentada com a Lei nº 3.252.

1965 Código de Ética Profissional do Assistente Social.

1975 Código de Ética Profissional do Assistente Social.

1982 Currículo Mínimo para o curso de Serviço Social.

1986 Código de Ética Profissional do Assistente Social.

1993 Código de Ética Profissional do Assistente Social.

1993 Lei nº 8.662 - Regulamentação da Profissão.

1994 Resolução nº 290 sobre o Código de Ética Profissional.

1994 Resolução nº 293 sobre o Código de Ética Profissional.

Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social, baseadas no Currículo Mínimo,


1996 aprovado em Assembleia Geral Extraordinária em 08/11.

1996 Resolução nº 333 sobre o Código de Ética Profissional.

Padrões de Qualidade para autorização e Reconhecimento de cursos de


1997 graduação em Serviço Social.

1999 Diretrizes Curriculares ABEPSS.

CNE/492 - Parecer sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de


2001 Serviço Social.

CNE/1363 - Retifica o Parecer CNE/492 que aprova as Diretrizes Curriculares


2001 Nacionais do Curso de Serviço Social.

2002 Resolução CNE/ CES nº15 a respeito das Diretrizes.

Resolução CNE/ CES nº 02 - Dispõe sobre a carga horária mínima e


2007 procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação
bacharelados na modalidade presencial.

Resolução CFESS nº 512 reformula as normas gerais para o exercício da


2007 fiscalização profissional e atualiza a Política Nacional de Fiscalização.

Lei nº 12.317 - Dispõe sobre alteração referente à Lei de Regulamentação da


2010 Profissão.

2010 Política de Estágio em Serviço Social da ABEPSS.

2011 Resolução nº 594 sobre o Código de Ética Profissional.

Fonte: adaptado de Brasil e ABEPSS.

Você pode observar que o projeto ético-político do Serviço Social


nasce a partir dos anos de 1970 até 1980, aproximadamente, com
o debate do movimento de conceituação, o qual passa por três
perspectivas (modernizadora, reconceituação do conservadorismo e
intenção de ruptura). A partir desse movimento ocorrem mudanças no

104 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
perfil do assistente social, representadas pela mudança de estrutura, de
modelo, de forma de prática de atuação deste profissional assistente
social.

Assim, uma das primeiras mudanças nesse processo de


metamorfosear o desenvolvimento do trabalho do assistente social foi
o de romper com as práticas conservadoras, que de forma hegemônica
foram construídas historicamente na profissão do Serviço Social.

Nesse sentido, percebemos a importância de entender o projeto


ético-político do Serviço Social, o qual propõe a transformação social
na prática profissional, adotando um referencial teórico com base na
teoria crítica-dialética marxiana, para sustentar e direcionar a práxis
profissional. A mediação na atuação profissional está relacionada com
a prática do assistente social.

Você deve estar pensando: onde entra o projeto ético-político


do Serviço Social? Vamos dar um exemplo na prática. Você pode
perceber que a possibilidade para uma prática profissional pode ser
realizada a partir de dois caminhos:

• Um conforme o interesse da burguesia, isto é, ao interesse da


hegemonia da ordem estabelecida pelo sistema capitalista.

• E o outro no campo das lutas da classe subalterna, representada


pela classe trabalhadora, a qual se organiza pela efetivação e conquista
dos direitos sociais, os quais hoje são garantidos e integrados, isto é,
incorporados na Constituição Federal de 1988.

O assistente social passa a ser o porta-voz dessa classe trabalhadora,


uma vez que tem o compromisso com o projeto ético-político da profissão,
ao defender os direitos sociais das pessoas e da sociedade. Tal proposta
está sustentada nas seguintes legislações: a Lei de Regulamentação
da Profissão, o Código de Ética Profissional dos assistentes sociais e as
Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social.

O projeto ético-político no exercício profissional contribui para o


entendimento de três componentes importantes no agir profissional.
Mota (2011) destaca: Produção do conhecimento de Serviço Social -
representada pelos trabalhos de conclusão de curso, artigos científicos,
dissertações, teses, livros, grupos de discussão e pesquisa etc.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 105
assistente social
Instâncias político-organizativas da profissão – constituídas pelas
organizações profissionais, organizações sindicais e estudantis.

Dimensão jurídico-política – onde encontram leis, resoluções,


documentos políticos e normativos aprovados e recomendados
para aplicação, sejam estes exclusivos da profissão, a exemplo da Lei
de Regulamentação Profissional (Lei 8.742/1993) e Código de Ética
Profissional – 1996) ou ainda as legislações gerais que subsidiam
sobremaneira a intervenção profissional: Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei Orgânica da Assistência Social, Lei Orgânica da Saúde,
Estatuto do Idoso, dentre outras.

O projeto ético-político se refere à metamorfose do Serviço Social.


Netto (2008, p. 116) coloca que:

O rompimento com o conservadorismo engendrou


uma cultura profissional muito diferenciada, prenhe de
diversidades, mas que acabou, ao longo da década de 1980
e na entrada dos anos 1990, por gestar e formular uma
direção social estratégica que colide com a hegemonia
política que o grande capital pretende construir (e que
vem ganhando corpo desde a última eleição presidencial),
direção suficientemente explicitada no Código de Ética
Profissional em vigência desde março de 1993, direção
que, pondo como valor central a liberdade, fundada numa
ontologia do ser social assentada no trabalho, toma como
princípios fundamentais a democracia e o pluralismo e,
posicionando-se em valor da equidade e da justiça social,
opta por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária, sem dominação-
exploração de classe, etnia e gênero”.

Observamos que a categoria conquistou grande avanço ao firmar


suas bases teóricas com a adoção do referencial marxista, privilegiando
as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa
no intuito de propor um novo agir profissional e também uma
mudança na formação profissional.

Como já estudamos em temas anteriores, é importante conhecer


as legislações que respaldam a prática profissional, tais como:

106 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
• Constituição Federal de 1988

• Política Nacional de Assistência Social-PNAS

• Norma Operacional Básica-NOB

• Sistema Único de Assistência Social-SUAS

• Lei Orgânica da Assistência Social –LOAS

• Fundamentação na Teoria Crítica inspirada na vertente marxista


para a formação no Serviço Social

Conforme previsto no projeto ético-político profissional, em que


a profissão após 1980 incorpora a teoria crítica de Marx, “traçando
um histórico do projeto profissional, que desde a década de 1970 e,
sobretudo na de 1980, incorporou a teoria crítica de Marx” (CEFSS,
2012, p. 8).

Percebemos, assim, que um dos desafios para o profissional é o


entendimento de que a intervenção profissional do assistente social
se constitui de diferentes dimensões, quais sejam, a política, ética e
teórica, e que é necessário compreender o antagonismo existente
na realidade social e também perceber o comprometimento que o
profissional tem com a classe trabalhadora por meio do projeto ético-
político do profissional.

Dessa forma, o profissional tem o desafio de entender as mudanças


no cenário do Serviço Social, dentre elas: as mudanças ocorridas no
sistema de proteção social, destacando a Seguridade Social.

De fato, o projeto ético-político profissional do Serviço Social é


uma conquista relevante para o profissional, uma vez que ele direciona
o Código de Ética da profissão, com princípios fundamentais, sendo
um deles o posicionamento, conforme afirma Netto (2008, p. 155),
“a favor da equidade e justiça social, além do reconhecimento da
liberdade como valor ético central, na perspectiva da universalização
do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas
sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente
postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes
trabalhadoras”.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 107
assistente social
Justifica-se, então, o porquê de o profissional estar antenado com
as mudanças ocorridas no cenário brasileiro, saber que a conquista da
Seguridade Social é efetivada por meio da Constituição Federal de 1988, a
qual garante os direitos sociais, destacando a responsabilidade do Estado
na efetivação e garantia de tais direitos por meio das políticas públicas.

Em virtude de tal conjuntura, percebemos, de acordo com Abreu


(2011), que o profissional assistente social desenvolve sua atividade
profissional em meio a este cenário de lutas e desigualdades, onde tem
o desafio de contribuir para o empoderamento, isto é, a autonomia e
emancipação do cidadão.

Cabe assinalar que para compreender tais mudanças faz-se


necessária a clareza da existência da proposta de uma vertente marxista
para a prática profissional. Tal vertente passa a ter força e presença
na formação profissional do assistente social por meio da conquista e
mudanças que estão presentes e orientadas no projeto da profissão.

Diante do contexto que apresentamos até aqui, é importante


discorrermos um pouco sobre o Serviço Social na educação superior,
uma vez que o Serviço Social é uma profissão reconhecida pela Lei de
regulamentação n. 8662/93 e a sua formação tem como norteadores
a Lei de Diretrizes e Bases de Educação-LDB, que tem consonância
com as Diretrizes Curriculares de 1996.

Ao falar do Serviço Social na educação superior, traremos um breve


resumo da história da educação no Brasil, no Quadro 6.2 você terá
oportunidade de ver a evolução da história do ensino da educação
no Brasil.

Quadro 6.2 | História do ensino da educação no Brasil


Período Evento

Colonial Jesuítas 1500-1759 | Pombalina 1759-1822

Monárquico Império 1822-18889

Primeira República 1889-1930


Era Vargas 1930-1945
Republicano Nacional-Desenvolvimentismo 1946-1984
Militar 1964-1989
Transição Democrática 1984-Hoje

Fonte: adaptado de Histedbr (2014).

108 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
Salientamos, ainda, que na história da educação no Brasil destaca-
se a década de 1930, pois em 1931 ocorreu um importante evento,
que é a criação do Ministério de Educação, junto da Saúde e, em
1932, outro evento de grande relevância, denominado Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova.

Com relação a tal documento, Saviani (2004, p. 34) afirma que:

O manifesto apresenta-se, pois, como um instrumento


político [...]. Expressa a posição do grupo de educadores
que se aglutinou na década de 1920 e que vislumbrou
na Revolução de 1930 a oportunidade de vir a exercer
o controle da educação no país. O ensejo para isso se
manifestou por ocasião da IV Conferência Nacional
de Educação realizada em dezembro de 1931, quando
Getúlio Vargas, chefe do governo provisório, presente
na abertura dos trabalhos ao lado de Francisco Campos,
que se encontrava à testa do recém-criado Ministério da
Educação e Saúde Pública, solicitou aos presentes que
colaborassem a definição da política educacional do
novo governo.

Na história da educação no Brasil, outro evento importante são as


Leis Orgânicas, as quais foram instauradas em 1942 e 1946, trata-se
de um conjunto de reformas promulgadas por Gustavo Capanema,
Ministro da Educação do Estado Novo.

E, por fim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, que não é


uma lei qualquer, ela é uma legislação que vai desde o estabelecimento
de grandes diretrizes, que apontam as finalidades, valores e aspectos
da organização pedagógica (BRASIL, 1996). O Quadro 6.3 abaixo
apresenta, de forma breve, algumas legislações importantes na história
da educação no Brasil.
Quadro 6.3 | Legislações da educação no Brasil.
Elaboração do Anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
1947 - LDB.

1961 Promulgação da primeira LDB Lei 4.024.

Lei nº 5.540 - Fixa as normas de organização e funcionamento do Ensino


1968 Superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 109
assistente social
Entra em vigor a Lei nº 5.540 da reforma universitária, regulamentada pelo
1969 Decreto nº 464.

Lei nº 5.692 - Fixa as Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá


1971 outras providências.

1980 Realização da I Conferência Brasileira de Educação (CBE).

1982 Lei nº 7.044 - Altera os dispositivos da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971.

1991 Realização da sexta e última CBE.

Realização do I Congresso Nacional de Educação CONED e promulgação da


1996 segunda LDB, Lei nº 9.394.

Fonte: adaptado de Saviani (2007, p. 16-17).

Com relação à educação superior, o artigo 43 da LDB estabelece


sua finalidade:

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do


espírito científico e do pensamento reflexivo;
II- formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,
aptos para a inserção em setores profissionais e para
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e
colaborar na sua formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica,
visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o
entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicações ou de outras formas de comunicação;
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
cultural e profissional e possibilitar a correspondente
concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar
serviços especializados à comunidade e estabelecer com
esta uma relação de reciprocidade;
VII - promover a extensão, aberta à participação da
população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e
tecnológica geradas na instituição.

110 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
Assim, observamos que a educação superior no Brasil é
disponibilizada por meio de universidades, centros universitários,
faculdades, institutos superiores e centros de educação tecnológica.
O cidadão pode optar por três tipos de graduação: bacharelado,
licenciatura e formação tecnológica. Os cursos de pós-graduação
são divididos entre lato sensu (especializações e MBAs) e strictu sensu
(mestrados e doutorados) (BRASIL, 2014).

No Brasil, a educação superior na modalidade à distância é


preconizada a partir da LDB/1996 por meio do artigo 80:

O poder público incentivará o desenvolvimento e a


veiculação de programas de ensino a distância, em
todos os níveis e modalidades de ensino e de educação
continuada.
§1º - A educação a distância, organizada com a abertura
e regimes especiais, será oferecida por instituições
especialmente credenciadas pela União.
§2º - A União regulamentará os requisitos para a
realização de exames e registro de diplomas relativos a
cursos de educação a distância.
§3º - As normas para produção, controle e avaliação de
programas de educação a distância e a autorização para
sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de
ensino, podendo haver cooperação e integração entre os
diferentes sistemas.

A educação a distância inicia-se no Brasil a partir do Decreto nº 2.494,


de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB/1996 mencionado acima.

O marco da EAD ocorre em 2005/2006, destacando-se o Decreto


nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece a caracterização
da educação a distância como modalidade educacional, organizada
segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, e a criação do
Sistema Universidade Aberta do Brasil, instituído pelo Decreto nº 5.800, de
8 de junho de 2006, para “o desenvolvimento da modalidade de educação
a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e
programas de educação superior no país” (BRASIL, 2006).

O Quadro 6.4 abaixo demonstra, de forma breve, o processo de


implantação da educação superior a distância no Brasil, a partir das
legislações que a regulamentam.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 111
assistente social
Quadro 6.4 | Legislações da Educação Superior na educação a distância no Brasil
1986 Criada a Comissão de especialistas do Ministério da Educação e Cultura - MEC.

Criado o Conselho Federal de Educação para discutir a proposta de uma


1986 Universidade aberta.

1992 Criada a Coordenadoria Nacional de Educação a distância na estrutura do MEC.

1993 Convênio entre MEC e universidades públicas brasileiras.

1994 Criado o Sistema Nacional de Educação a distância - SNEAD.

1996 Lei nº 9.394, de 20/12 - LDB.

Decreto nº 1.917, de 27/05 - Criação da Secretaria de Educação a distância –


1996 SEED.

Criação oficial do Programa de Informática na Educação, sendo vinculado à


1997 SEED/MEC.

1998 Decreto nº 2.494 que regulamenta o artigo 80 da LDB.

Decreto nº 2561 - altera a redação dos arts. 11 e 12 do Decreto nº 2494/1998 que


1998 regulamenta o disposto no art. 80 da Lei nº 9.394/1996.

Portaria nº 301/1998 - trata da normatização dos procedimentos para


1998 credenciamento de instituições para oferta de cursos na modalidade EAD.

Decreto nº 5.622 - caracterização da educação a distância como modalidade


2005
educacional.

2006 Decreto nº 5.800 - é instituída a Universidade Aberta do Brasil – UAB.

Decreto nº 5773 - Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão


2006 e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de
graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.

Decreto nº 6303 - Dispõe sobre o exercício das funções de regulação,


2007 supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores
de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.

Fonte: adaptado de Costa (2012).

O Serviço Social e a Educação Superior

De acordo com Castro (2010), a institucionalização e


profissionalização do Serviço Social na Educação Superior iniciam-se
por meio das escolas onde esses profissionais são capacitados para
realizarem seu trabalho. Sendo assim, surgem no Brasil as primeiras
escolas de Serviço Social, nos anos de 1936 em São Paulo, no Rio de
Janeiro em 1937 e Minas Gerais em 1946.

Sá (1995, p. 77), em Ata da Reunião de Encerramento da III


Convenção de 1953, coloca que “é de toda a conveniência que a

112 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
lei classifique o ensino de Serviço Social em nível superior e único.
Superior, porque os estudos são de nível superior, e único porque o
Serviço Social é um todo orgânico”. Ressalta que no dia 13 de junho
de 1953 é aprovada a Lei nº 1.889, a qual dispõe sobre os objetivos
do ensino do Serviço Social, sua estruturação e ainda as prerrogativas
dos portadores de diplomas de assistentes sociais e agentes sociais, a
referida Lei regulamenta o ensino do Serviço Social, em nível superior,
com duração inicial de três anos.

Conforme site da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em


Serviço Social (ABEPSS), diante da necessidade de revisão do Currículo
Mínimo do Curso de Serviço Social, vigente desde 1982, conforme
parecer CFE nº 412, de 4 de agosto de 1982 e Resolução nº 6 de 23
de setembro de 1982, foram necessárias várias discussões e debates.

Tais discussões foram iniciadas em 1994 e tiveram seu


desdobramento em 1996, após a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação - LDB/1996, oportunizando esse processo de
discussão para normatização e definição das Diretrizes Gerais para o
Curso de Serviço Social, sintonizado com a referida legislação. Sendo
assim, no dia 8 de novembro de 1996 é aprovado em Assembleia Geral
Extraordinária o Currículo Mínimo para o Curso de Serviço Social.

Assim, em 2001 são aprovadas as Diretrizes Nacionais do Curso de


Serviço Social, e no dia 13/03/2002, a Resolução do CNE/CES nº 15
estabelece as Diretrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social.

Através da aprovação das novas diretrizes curriculares do curso, a


formação em Serviço Social no Brasil tem alguns avanços importantes,
que contribuíram para “o amadurecimento da compreensão do
significado social da profissão, a tradição teórica que permite a leitura
da realidade em uma perspectiva sócio-histórica, as respostas da
profissão à conjuntura, e apontam para a consolidação de um projeto
de profissão vinculado às demandas da classe trabalhadora” (ABEPSS,
2016).

Observamos que o crescimento do Serviço Social oportuniza


diversas possibilidades de empregabilidade para este profissional.

Vimos que a profissão teve, durante muitos anos, sua ação voltada a
aspectos paliativos, curativos, preventivos e promocionais em relação

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 113
assistente social
ao social, sendo a profissão caracterizada por práticas que buscavam
amenizar os sofrimentos dos mais necessitados com a integração do
homem na sociedade.

Devido a tal realidade, a profissão do assistente social carrega


uma imagem muito forte, como sendo o profissional que assiste aos
pobres, doentes, idosos, oprimidos, enfermos, enfim, os que estão às
margens da sociedade.

O Serviço Social seria um serviço prestado à sociedade


e se desenvolveu a partir de duas fontes ambivalentes:
de um lado, a caridade, e de outro a noção de que os
problemas sociais eram uma espécie de doença, advindo
daí a denominação de seus agentes, ‘assistentes sociais’
que tem o significado de ‘colocar-se à disposição’
(VIEIRA, 1978, p. 57).

Entretanto, após diversas lutas, conquistas e reestruturação através


da re- conceituação da profissão, observamos na contemporaneidade
que se trata de uma profissão reconhecida por lei e com grande
crescimento por meio da educação superior.

Bons estudos!

ACOMPANHE NA WEB

A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social

• A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social,


de José Paulo Netto. Apresenta o debate sobre o Projeto Ético-
político do Serviço Social. Disponível em: <http://welbergontran.
com.br/cliente/uploads/4c5aafa072bcd8f7ef14160d299f3dde29a
66d6e.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2016.

Análise das diretrizes curriculares para o Serviço Social a partir


da resolução CNE/CES 15/2002

• Para saber mais sobre as Diretrizes Gerais para o Curso de


Serviço Social, leia o artigo “Análise das diretrizes curriculares para
o Serviço Social a partir da resolução CNE/CES 15/2002”.

114 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
• Disponível em: <http://www.isapg.com.br/2011/ciepg/
download.php?id=184>. Acesso em: 24 jun. 2016.

O Ensino Superior Brasileiro nos Anos 1990

• O artigo de Carlos Benedito Martins aborda o Ensino


Superior brasileiro nos anos 1990. Este artigo procura apresentar
e discutir determinados aspectos morfológicos que constituem o
Ensino Superior brasileiro em sua fase contemporânea e salientar
que nos últimos 30 anos formou-se no país um complexo campo
acadêmico. O artigo procura evidenciar um dos desafios centrais
para o Ensino Superior brasileiro nos dias atuais: a formulação
de uma política voltada para a totalidade do sistema, capaz de
dialogar com os diferentes formatos e vocações acadêmicas das
instituições que o integram. Disponível em: <http://www.scielo.br/
pdf/spp/v14n1/9801.pdf>. Acesso em: 3 maio 2016.

Marcos Masetto. Inovação na Educação Superior

• Este artigo discute o conceito de “inovação” frequentemente


encontrado referindo-se a mudanças na Educação Superior,
explorando algumas características de um processo de
inovação: compromisso, parceria, descentralização. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1414-32832004000100018>. Acesso em: 3 maio 2016.

Andragogia: arte e ciência na aprendizagem do adulto

• Leia o artigo “Andragogia: arte e ciência na aprendizagem


do adulto”, de José Chotguis. Disponível em: <http://www.
logisticareversa.net.br/uploads/1/6/3/0/1630201/andragogia.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2016.

Sobre a Investigação em Serviço Social

• Neste artigo você poderá compreender o respaldo teórico


que envolve a investigação em Serviço Social. TOMÉ, Maria Rosa.
Disponível em: <www.cpihts.com/PDF/Rosa%20Tome.pdf>.
Acesso em: 3 maio 2016.

Desafios à pesquisa no Serviço Social: da formação acadêmica


à prática profissional

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 115
assistente social
• Este artigo contribui para o entendimento sobre a
pesquisa nos diferentes contextos de atuação na área do Serviço
Social, apesar dos desafios e dificuldades apresentados à sua
realização profissional. SETUBAL, Aglair Alencar. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1414-49802007000300007>. Acesso em: 24 maio 2016.

A dimensão técnico-operativa do Serviço Social em foco:


sistematização de um processo investigativo

• MIOTO, Regina Célia Tamaso; LIMA, Telma Cristiane


Sasso. Dimensões técnico-operativas do Serviço Social em foco:
sistematização de um processo investigativo. Texto & Contextos
(Online), v. 8, p. 22-48, 2009. Este artigo problematiza a dimensão
técnico-operativa do exercício profissional dos assistentes sociais
no contexto do projeto da profissão, articulando-a às dimensões
teórico-metodológica e ético-política. Disponível em: <http://
revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/view/5673>.
Acesso em: 24 jun. 2016.

Organização profissional do Serviço Social

• Este vídeo apresenta a atitude investigativa no trabalho do


assistente social, seus componentes, dando visibilidade às suas
competências e especificidades. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=MDXSwuYotR4>. Acesso em: 24 jun.
2016. Tempo: 1:56

Última Entrevista a Paulo Freire

• Assista à última entrevista do educador Paulo Freire, nela ele


aponta alguns aspectos muito importantes da educação como um
todo. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Ul90he
SRYfE&feature=related>. Acesso em: 3 mar. 2016. Tempo: 6:59

José Paulo Netto - 80 anos de Serviço Social

• Assista ao vídeo de José Paulo Netto. Depoimento sobre os


80 anos de Serviço Social no Brasil. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=Gm1Y0JzWFhw>. Acesso em: 3 mar. 2016.
Tempo: 1:51

116 T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do
assistente social
AGORA É A SUA VEZ

Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você
encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia
cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo
pedido.

1. A práxis tende a converter-se em manipu­latória. Quando a práxis é


considerada ma­nipulatória?

2. A partir de sua compreensão sobre as discussões propostas neste tema,


bem como de sua leitura do artigo de José Paulo Netto, “A Construção
do Projeto Ético-Político do Serviço Social” (NETTO, 2017).
Aponte algumas contribuições do Projeto Ético-Político para o Serviço
Social:

3. Complete os espaços em branco correta­mente:


Ao esclarecer os objetivos, as possibi­lidades e as forças sociais atuantes, a
__________ pode imprimir rumos à ação, __________, também, para a
compreen­são das finalidades e possível afastamen­to dos obstáculos que
venham a surgir no processo de __________, por oferecer __________
para uma análise crítica des­ses obstáculos.
a) Execução – contribuindo – teoria – elementos.
b) Prática – contribuindo – execução – elementos.
c) Teoria – contribuindo – elementos – execução.
d) Prática – teoria – execução – concretude.
e) Teoria – contribuindo – execução – elementos.

4. Com base no projeto ético-político do Serviço Social, qual é o princípio


fundamental do reconhecimento do valor ético central?
a) De visão política.
b) De oportunidade.
c) De cerceamento.
d) De senso comum.
e) De liberdade.

5. O tema da violência atravessa o cotidiano do trabalho do assistente


social em suas diversas manifestações, por exemplo, violência contra
crianças e mulheres, homofobia, violência urbana e outras, revelando a
violação de direitos humanos fundamentais.

T6 - Projeto ético-político do serviço social, as novas diretrizes curriculares para o curso de serviço social e o espaço ocupacional do 117
assistente social
Considerando o projeto ético-político do Serviço Social, o profissional,
ao se deparar com essa situação, deve buscar apreendê-la:
a) Como um fenômeno pontual e localizado, produzido e reproduzido
no âmbito das relações interpessoais.
b) A partir das relações singulares entre os sujeitos envolvidos, sem
considerar a relação entre o singular e o universal.
c) No circuito restrito das relações domésticas, as quais estão dissociadas
das relações sociais no âmbito macrossocial.
d) Por meio do movimento que a produz e reproduz em uma
dada sociedade a partir de condições sócio-históricas específicas,
ultrapassando a imediaticidade e a sua naturalização.
e) No movimento que reproduz direta e mecanicamente as relações
macrossocietárias.

FINALIZANDO

Observamos que o assistente social precisa participar


ativamente das mudanças propostas, além de conhecer e
materializar o projeto profissional de sua categoria. Uma das mais
relevantes mudanças e conquistas é a proposição do projeto
ético-político, motivo pelo qual utilizamos o termo metamorfose
no Serviço Social. É importante que não percamos de vista que tal
proposta entra em contradição com o sistema capitalista, pois a
manutenção desse sistema requer a existência da exploração da
classe trabalhadora, em virtude dos aspectos econômicos sob o
termo “capital”. Na direção contrária, através da materialização do
projeto ético-político, o assistente social se posiciona de forma
crítica, realizando questionamentos para que sejam ampliadas suas
ideias ao lado da classe trabalhadora.

Este tema mostrou também que é importante entender os


desafios impostos para a prática profissional do assistente social,
pois na atualidade tem-se aumentado os espaços ocupacionais e
na contemporaneidade a educação superior é um desses campos
de atuação, sendo de suma importância nos prepararmos para
uma docência comprometida com o projeto ético, além de outras
diversas áreas de atuação, por exemplo, a consultoria, nas quais
percebemos que o desafio é ter uma atividade profissional voltada
para a práxis. Atender ao projeto ético-político por meio de uma
práxis que contribua para romper com a alienação, proporcionando

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assistente social
um fazer profissional que vá ao encontro dos interesses da classe
trabalhadora, para então construir uma nova realidade, minando
assim a hegemonia da cultura dominante e transformando a
realidade social.

REFERÊNCIAS

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da Resolução CNE/CES 15/2002. Disponível em: <http://www.isapg.com.br/2011/
ciepg/download.php?id=184>. Acesso em: 3 mai. 2016.

GLOSSÁRIO

Engendrou: Conceituando a palavra: engendrar (latim ingenero, -are, gerar,


procriar, fazer nascer, criar, inspirar); Dar origem a. = CRIAR, GERAR, ORIGINAR;
Criar mentalmente. = ARQUITETAR, ENGENHAR, INVENTAR.

Colide: Conceituando a palavra: co·li·dir (latim collido, -ere); Fazer ir de encontro;


Quebrar (uma coisa), batendo-a contra outra; Embater; Quebrar-se (uma coisa na
outra); [Figurado] Estar em oposição, contradizer-se.

Manifesto: Exposição (geralmente escrita) em que se manifesta o que é preciso, ou


o que se deseja que se saiba.

Institucionalização: Ato ou efeito de institucionalizar ou de se institucionalizar.

Vertente: Sentido figurado, aspecto de qualquer coisa que apresenta duas faces
opostas ou simplesmente diferentes: A vertente social da ação governamental.

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assistente social

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