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(VJ Estratégia CONCURSOS Aula 03 Direito Penal p/ DPU (Defensor Publico da Unido) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo eorii Aula 03 - Prof. AULA 03: TEORIA GERAL DO DELITO (PARTE II CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE). ERRO. SUMARIO 1 CULPABILIDADE 1.1 Conceito 1.2 Teorias... 124 Teoria psicolégica . 1.2.2 Teoria normativa ou psicolégico-normativa.. 1.2.3 Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura).sccsssusssssesesssssssseseserinnnssee 1.2.4 Teoria limitada da culpabilidade 1.3. Elementos 134 Imputabilidade penal .isssssseeesnsseee sesenni 13.44 Menor de 18 anos.. 13.1.2 Doenga mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardadosvssssseeees7 13.1.3 EmbriaQuez sovsssssessnsssnsseceesssnnvassecenenusansaseeeesnnnnsceeseesnnsnsscessnnsannsssereesS 1.3.2 Potencial consciéncia da ilicitude .. 1.3.3 Exigibilidade de conduta diversa ss... 2 ERRO 241 Errode 2.2 Erro de tipo acidental. 224 Erro sobre a pessoa (error in persona). 2.2.2 Erro sobre 0 nexo causal. 2.2.2.1 Erro sobre 0 nexo causal em sentido estrito ...sccsssssssseeseesunsessseesevanssnseee 23 2.2.2.2 Dolo geral ou aberratio causae 14 2.2.3 Erro na execugéo (aberratio ictus) 2.2.3.1 Erro sobre a execusao com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Unico) 15 2.2.3.2 Erro sobre a execucdo com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) 15 Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio is Com unidade simples ..ssssesssssssussesensssensnstesusssensseessasseesseessssseees 16 Com unidade complexa Erro sobre o objeto (error in objecto) Erro determinado por terceiro.. Erro de proibicio.. 3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 4 SUMULAS PERTINENTES 4.1 Simulas do $73. 5 JURISPRUDENCIA CORRELATA 6 _RESUMO. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ide az eorii Aula 03 - Prof. 7 EXERCICIOS DA AULA 8 EXERCICIOS COMENTADOS. 9 GABARITO Ol, meus amigos! Na ultima aula nés iniciamos o estudo do crime, seu conc elementos, estudando os dois primeiros deles: 0 fato tipico e a ilicitude. Hoje, a matéria ¢ hard. Vamos finalizar o estudo dos elementos do Crime, analisando a culpabilidade e o fenémeno do Erro no Direito Penal. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2de42 n Pu Aula 03 - Prof. 1 CULPABILIDADE 1.1 Conceito A culpabilidade nada mais é que o juizo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstancias pessoais.* Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato tipico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de estudo nao é o fato, mas o agente. Dai alguns doutrinadores entenderem que a culpabilidade no integra o crime (por nao estar relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos trabalha-la como elemento do crime. 1.2 Teorias Trés teorias existem acerca da culpabilidade: 1.2.1 Teoria psicolégica Para essa teoria a culpabilidade era analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e culpa). Esta teoria entende que o agente seria culpavel se era imputavel no momento do crime e se havia agido com dolo ou culpa. Vejam que essa teoria sé pode ser utilizada por quem adota a teoria causalista (naturalistica) da conduta (pois o dolo e culpa estado na culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Cédigo penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossivel, pois a teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no fato tipico. 1.2.2 Teoria normativa ou psicolégico-normativa Possui os mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a exigibilidade de conduta diversa, que é a “possibilidade de agir conforme o Direito” e a consciéncia da ilicitude (que no esta inserida dentro do dolo, na qualidade de elemento normativo). Para essa teoria, mais evoluida, ainda que o agente fosse imputavel e tivesse agido com dolo ou culpa, sé seria culpavel se no caso concreto Ihe pudesse ser exigido um outro comportamento que néo o comportamento criminoso. Trata-se, portanto, da incluséo de elementos normativos a culpabilidade, que deixa de ser a mera relacdo subjetiva do agente com © fato (dolo ou culpa). A culpabilidade seria, portanto, a conjugagSo do elemento subjetivo (dolo ou culpa) e do juizo de reprovagdo sobre o agente.2 ! BITENCOURT, Op. cit., p. 451/452 2 BITENCOURT, Op. cit., p. 447 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3de42 Aula 03 - Prof. 1.2.3 Teoria extremada da culpabilidade (normativa pura Essa jé muda de ares. Jé néo mais considera o dolo e culpa como elementos da culpabilidade, mas do fato tipico (seguindo a teoria finalista da conduta). Para esta teoria, os elementos da culpabilidade sao: a) imputabilidade; b) potencial consciéncia da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa. A potencial consciéncia da ilicitude seria a andlise concreta acerca das possibilidades que o agente tinha de conhecer o cardter ilicito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses elementos mais a frente. Além disso, 0 dolo e a culpa passam a integrar o fato tipico, como dito anteriormente. Porém, 0 dolo que vai para o fato tipico é o chamado “dolo natural”, ou seja, a mera vontade e consciéncia de praticar a conduta. O dolo “normativo” (consciéncia POTENCIAL da ilicitude) permanece na culpabilidade. 1.2.4 Teoria limitada da culpabilidade Para a maior parte da Doutrina, a teoria normativa pura se divide em: + Teoria extremada + Teoria limitada Mas 0 que dizem estas teorias? Basicamente, a mesma coisa. A grande diferenca entre elas reside no tratamento dispensado ao erro sobre as causas de justificagéio (ou de excluséio da antijuridicidade), também conhecidas como descriminantes putativas. A teoria extremada defende que todo erro que recaia sobrea uma causa de justificago seria equiparado ao erro de proibig&o. A teoria limitada, por sua vez, divide o erro sobre as causas de justificagao (descriminantes putativas) em: * Erro sobre pressuposto fatico da causa de justificagao (ou erro de fato) - Neste caso, aplicam-se as mesmas regras previstas para o erro de tipo (tem-se aqui o que se chama de ERRO DE TIPO PERMISSIVO).? + Erro sobre a existéncia ou limites juridicos de uma causa de justificacdo (erro sobre a ilicitude da conduta) - Neste caso, tal teoria defende que devam ser aplicadas as mesmas regras previstas para o erro de PROIBICAO, por se assemelhar a conduta daquele que age consciéncia da ilicitude. Em linhas gerais, portanto, a teoria extremada e a teoria limitada dizem a mesma coisa, divergindo apenas no que toca ao tratamento que deve ser dispensado as descriminantes putativas. > BITENCOURT, Op. ci Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4de4z Vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao final, estudaremos com mais detalhes o tratamento conferido ao ERRO. 1.3 Elementos 1.3.1 Imputabilidade penal. © Cédigo Penal nao define o que seria imputabilidade penal, apenas descreve as hipoteses em que ela ndo esté presente. A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade mental de entender o carter ilicito da conduta e de comportar-se conforme o Direito. Existem trés sistemas acerca da imputabilidade: > Biolégico - Basta a existéncia de uma doenca mental ou determinada idade para que o agente seja inimputavel. E adotado no Brasil com relagéo aos menores de 18 anos. Trata-se de critério meramente bioldgico: Se o agente tem menos de 18 anos, é inimputdvel. > Psicoléaico - Sé se pode aferir a imputabilidade (ou no), na andlise do caso concreto. > Biopsicolégico - Deve haver uma doenga mental (critério biolégico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso concreto se o agente era ou nado capaz de entender o carater ilicito da conduta e de se paokauae conforme o Direito (critério ain Bon |. CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do momento em que ocorreu o fato criminoso. Assim, se A (menor com 17 anos e 11 * BITENCOURT, Op. cit., p. 474. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5de42 Aula 03 - Prof. meses de idade) atira contra B, que fica em coma e so vem a falecer quando A ja tinha mais de 18 anos, A sera considerado INIMPUTAVEL, pois no momento do crime (momento da ag&o ou omiss&o, art. 4° do CP), era menor de 18 anos (critério puramente biolégico, adotado como EXCECAO no CP). Imaginem, agora, que Marcelo, com 17 anos, sequestra Juliana. O sequestro dura 06 meses e, ao final, Marcelo jé contava com 18 anos. Neste caso, Marcelo sera considerado IMPUTAVEL, pois no momento do crime Marcelo era imputavel (ainda que no fosse imputavel no comeco, a partir de um dado momento passou a ser imputavel, respondendo pelo delito). As causas de inimputabilidade esto previstas nos arts. 26, 27 e 28 do CP: Art. 26 - E isento de pena o agente que, por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da aco ou da omisséo, inteiramente incapaz de entender 0 carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redaco dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Reducéo de pena Paragrafo Unico - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se 0 agente, em virtude de perturbacao de satide mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado nao era inteiramente capaz de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos sé0 penalmente inimputaveis, ficando sujeitos 4s normas estabelecidas na legislacéo especial. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Emocio e paixéo Art. 28 - No excluem a imputabilidade penal: (Redac3o dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) I - a emocio ou a paixdo; (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez II - a embriaguez, voluntaria ou culposa, pelo alcool ou substéncia de efeitos andlogos.(Redacao dada pela Lei n? 7.209, de 11.7.1984) § 10 - Eisento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, ao tempo da acao ou da omissao, inteiramente incapaz de entender o caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 20 - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou forca maior, ndo possuia, a0 tempo da acao ou da omissao, a plena capacidade de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Os arts. 26 a 28 do CP trazem hipsteses em que a imputabilidade ficara afastada (inimputabilidade penal), bem como hipsteses nas quais ela ficaré apenas diminuida, mas no seré afastada (semi-imputabilidade). Além disso, Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 42 Aula 03 - Prof. trata de casos em que néo seré possivel afastar a imputabilidade ou reconhecer semi-imputabilidade (emogao e paixdo, por exemplo). Vamos ver, agora, este tema com mais detalhes. 1.3.1.1 Menor de 18 anos Esse é um critério meramente biolégico e taxativo: Se o agente é menor de 18 anos, responde perante o ECA nao se aplicando a ele o CP, nos termnos do art. 27 do CP. 1.3.1.2 Doenga mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era inteiramente incapaz de entender o carater ilicito da conduta ou se era parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, sera inimputavel, ou seja, isento de pena. No segundo caso, sera semi-imputavel, e sera aplicada pena, porém, reduzida de um a dois tergos. Lembrando que o art. 26 do CP exige, para fins de inimputabilidade por este motivo: = Que o agente possua a doenga (critério biolégico) * Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato QU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) Por isso se diz que este é um critério BIOPSICOLOGICO (pois mescla os dois critérios). Além dos doentes mentais, nesse grupo encontram-se ainda os silvicolas (indios), que podem ser: imputaveis (caso integrados a sociedade), semi- imputaveis (caso parcialmente integrados 4 sociedade), ou inimputdveis (caso n&o tenham se integrado de maneira nenhuma a sociedade, ou muito pouco). Nos dois casos acima, se o agente for inimputdvel, exclui-se a culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputavel, sera considerado culpavel (nao se exclui a culpabilidade), mas sua pena sera reduzida de um a dois tercos. No caso de o agente ser inimputavel, por ser menor de 18 anos, nao ha processo penal, respondendo perante o ECA. No caso de ser inimputavel em razdo de doenca mental ou desenvolvimento incompleto, sera isento de pena (absolvido), mas o Juiz aplicaré uma medida de seguranca (internac&o ou tratamento ambulatorial). Isso € o que se chama de sentenca absolutoria imprépria (Pois, apesar de conter uma absolvicéo, contém uma espécie de sangao penal). Seré condenado a uma pena, que serd reduzida. Entretanto, a lei permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de liberdade por uma medida de seguranga (internacao ou tratamento ambulatorial) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 74042 > Sondmbulo pode ser considerado doente mental? Embora no seja undnime, prevalece o entendimento de que a conduta praticada pelo sonambulo, durante 0 estado de sonambulismo, n&o configura crime por auséncia de conduta, j4 que nao ha dolo ou culpa. Afasta-se, portanto, o fato tipico, e néo a culpabilidade. 1.3.1.3. Embriaguez Segundo o CP, a embriaguez no é uma hipétese de inimputabilidade, BalV0 se decorrente de caso fortuito ou forga maior (E mesmo assim, deve ser completa e retirar totalmente a capacidade de discernimento do agente). EXEMPLO: Imaginem que Luciana é embriagada por Carlos (que coloca lcool em seus drinks). Sem saber, Luciana ingere as bebidas alcodlicas e comete crime. Nesse caso, Poliana poderé ser inimputdvel ou semi- imputavel, a depender de seu nivel de discernimento quando da pratica da conduta. Vejamos o seguinte esquema: Embriaguez: Voluntaria’ Nao excluem a Culposa imputabilidade COMPLETA - agente putavel Acidental (caso fortuito ou forca maior) —> PARCIAL - agente é semi-imputavel Importante destacar que o CP exige que EM RAZAO da embriaguez decorrente de caso fortuito ou forca maior o agente esteja INTEIRAMENTE INCAPAZ de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se conforme este entendimento. Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, nao seré possivel aplicagéio de medida de seguranca, pois essa visa ao tratamento do agente considerado doente, e que oferece risco a sociedade. No caso da embriaguez acidental, o agente é sadio, tendo ingerido alcool por caso fortuito ou forga maior. = Ea embriaguez patolégica? A embriaguez patolégica pode excluir a imputabilidade, desde que se configure como embriaguez verdadeiramente doentia (ndo apenas embriaguez habitual). Nesse caso, o agente seré tratado como doente mental. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ede 42 eorii Aula 03 — Prof. = Ea embriaguez preordenada? Nao afeta a imputabilidade do agente. Trata-se, ainda, de circunstancia agravante da pena. 1.3.2 Potencial consciéncia da ilicitude A potencial consciéncia da ilicitude € a possibilidade (dai o termo “potencial”) de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o carater ilicito do fato®. Nao se trata do parametro do homem médio, mas de uma andlise da pessoa do agente. Assim, aquele que é formado em Direito, em tese, tem maior potencial consciéncia da ilicitude que aquele que nunca saiu de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrugio. E claro que isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime, pois alguns so do conhecimento geral (homicidio, roubo), e outros nem todos conhecem (bigamia, por exemplo). Quando o agente age acreditando que sua conduta nao é penalmente ilicita, comete FFOIde pFoibiede (art. 21 do CP). 1.3.3 Exigibilidade de conduta diversa No basta que o agente seja imputavel, que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessario, ainda, que o agente pudesse agir de outro modo. EXEMPLO: imagine a situacio de uma mae que vé seu filho clamar por comida e, diante disso, rouba um cesto de pies. Nesse caso, a mae era maior de idade, sabia que a conduta era ilicita, mas ndo se podia exigir que, naquelas circunstancias, agisse de outro modo. Dessa forma, nesse caso, sua culpabilidade estaria excluida (isso sem comentar o principio da bagatela, que excluiria a prépria tipicidade, por auséncia de lesdo tutelavel. Mas isso dependeria da andlise de outros fatores do caso concreto). Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de excluséo da culpabilidade: >» Coacéo MORAL irresistivel - Ocorre quando uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaca de Ihe fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na cabega de Poliana e diz que se ela nao atirar em Romeu, matara seu filho, que esta sequestrado por seus comparsas. Nesse caso, ndo se pode exigir de Poliana que deixe de atirar em Romeu, pois esté sob ameaca de um mal gravissimo (morte do filho). > Obedién rarquica - Eo ato cometido por alguém em cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior ° BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpression. Bogota, 1996, p. 153 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de42 eorii Aula 03 - Prof. hierarquico. Cuidado! TLEGAL, Se aquele que cumpre 2 ordem sabe que esta cometendo uma ordem ilegal, responde pelo crime juntamente com aquele que deu a ordem. Se a ordem ndo é manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu estaré acobertado pela excludente de culpabilidade da inexigibilidade de conduta diversa. GUIDADO! Nesse caso, s6 se aplica aos funcionarios publicos, nao aos particulares! Com relaco a coacéo mora irresistivel, vocés podem perceber que eu coloquei a expresso “MORAL” em caixa alta. Foi para deixar BEM CLARO que somente a coacdo MORAL irresistivel é que exclui a culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa). A coag&o FISICA irresistivel NAO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coacao FISICA irresistivel EXCLUI O FATO TiPICO, pois 0 fato nao sera tipico por auséncia de CONDUTA, ja que n4o ha vontade. 2 ERRO 2.1 Erro de tipo essencial Sabemos que o crime, em seu conceito analitico, é formado basicamente por trés elementos: fato tipico (para alguns, tipicidade, mas a nomenclatura aqui é irrelevante), ilicitude e culpabilidade. Quando o agente comete um fato que se amolda perfeitamente a conduta descrita no tipo penal (direta ou indiretamente), temos um fato tipico e, como disse, estard presente, portanto, a tipicidade. Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato tipico por equivoco! Isso mesmo! O agente pratica um fato considerado tipico, mas o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. © effolde'tipo|s = Fepresentacao errénea da realidade, na qual o agente acredita nao se verificar a presenca de um dos elementos essenciais que compéem o tipo penal. EXEMPLO: Imaginemos o crime de desacato: Art. 331 - Desacatar funcionario publico no exercicio da fungdo ou em razio dela: Pena - detenco, de seis meses a dois anos, ou multa Imaginemos que 0 agente desconhecesse a condig&o de funcionério ptiblico da vitima. Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu em erro sobre elemento essencial do tipo penal. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 42 , pois o agente pode desconhecer sua condic&o de garantidor no caso concreto® (aquele que tem o dever de impedir 0 resultado) EXEMPLO: Imagine que uma mie presencie o estupro da prépria filha, mas nada faca, por no verificar tratar-se de sua filha. Nesse caso, a mae incidiu em erro de tipo, pois errou na representagio da realidade fatica acerca de elemento que constituia o tipo penal. Ou seja, nao identificou que a vitima era sua filha, elemento este que faria surgir seu dever de intervir. RBskintor ATENCGAO! Quando o erro incidir sobre elemento normativo do tipo’, hé divergéncia na Doutrina! Parte entende que continua se tratando de erro de tipo. Outra parte da Doutrina entende que ndo se trata de erro de tipo, mas de erro de proibigdo, pois o agente estaria errando acerca da licitude do fato®. Exemplo: O art. 154 do CP diz 0 seguinte: Art. 154 - Revelar alguém, a de que tem ciéncia em razo de funco, ministério, oficio ou profissao, e cuja revelacso possa produzir dano 2 outrem: Pena - detenc3o, de trés meses 2 um ano, ou multa. Nesse caso, 0 elemento “sem justa causa” é elemento normativo do tipo. Se o médico revela um segredo do paciente para um parente, acreditando que este poderé ajudé-lo, e faz isso apenas para o bem do paciente, acreditando haver justa causa, quando na verdade o parente é um tremendo fofoqueiro que so quer difamar o paciente, o médico incorreu em erro de tipo, pois acreditava estar agindo com justa causa, que nao havia. Porém, como disse a vocés, parte da doutrina entende que aqui se trata de erro de proibicdo. Mas a teoria que prevalece é a de que se trata mesmo de erro de tipo. O erro de tipo pode ser: + Escusdvel - Quando o agente nao poderia conhecer, de fato, a presenca do elemento do tipo. Exemplo: “A” entra numa loja e ao ° BITENCOURT, Op. cit., p. 512 ” Com relagdo a estes termos, CEZAR ROBERTO BITENCOURT os considera como “elementos normativos especiais da ilicitude”. Para o autor, elementos normativos seriam aqueles que demandam mero julzo de valor acerca de um objeto (saber que o documento falsificado é publico, por exemplo, no crime de falsificacao de documento publico). Termos como “indevidamente”, “sem justa causa”, etc., seriam antecipacdo da ilicitude do fato inseridas dentro do tipo penal (BITENCOURT, Op. cit., p. 350). Fica apenas 0 registro, j4 que a Doutrina majoritaria entende Que tais expressdes sao elementos normativos do tipo penal. Ver, por todos: GOMES, Luiz Flavio, BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 211. ® BITENCOURT, Op. cit., p. 514/515 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 42 eorii Aula 03 - Prof. air, Verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A encontra uma bolsa idéntica a sua, e a leva embora. Entretanto, “A” ndo sabia que essa bolsa era de “B”, que estava olhando revistas distraida, tendo sua bolsa sido levada por outra pessoa no momento em que saiu da loja pela primeira vez. Nesse caso, “A” n&o tinha como imaginar que alguém, em to pouco tempo, haveria roubado sua bolsa e que outra pessoa deixaria no mesmo lugar uma bolsa idéntica. Nesse caso, “A” incorreu em erro de tipo escusdvel, pois nao poderia, com um exercicio mental razoavel, saber que aquela nao era sua bolsa. + Inescusavel - Ocorre quando 0 agente incorre em erro sobre elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforco mental razodvel, néo ter agido desta forma. Exemplo: Imaginemos que Marcelo esteja numa repartico publica e acabe por desacatar funcionério publico que la estava. Marcelo nao sabia que se tratava de funciondrio publico, mas mediante esforgo mental minimo poderia ter chegado a esta conclusdo, analisando a postura da pessoa com quem falava e o que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro de tipo inescusavel, e responderia por crime culposo, caso houvesse previsdo de desacato culposo (nao ha). Assim, lembrem-se: Pode ser que se utilize o termo “Erro sobre elemento constitutivo do tipo penal”. Eu prefiro essa nomenclatura, mas ela nao é utilizada sempre. ATENGAO! Existe, ainda, o que se convencionou chamar de “erro de tipo permissivo”. O que é isso? O erro de “tipo permissivo” é 0 erro sobre os Pressupostos objetivos de uma causa de justificacéo (excludente de ilicitude). Assim, 0 erro de “tipo permissivo” seria, basicamente, uma descriminante putativa. Fala-se em “tipo permissivo” em razao da teoria dos elementos negativos do tipo, surgida na Alemanha no comeco do século passado. Para esta teoria, as causas de exclusdo da ilicitude seriam elementos NEGATIVOS do tipo. Ou seja, enquanto o “tipo incriminador” propriamente dito seria a descrig&o da conduta proibida, as excludentes de ilicitude corresponderiam a “ressalvas” a ilicitude da conduta. Desta forma, 0 que a Doutrina quis dizer foi que, basicamente, quando o art. 121 do CP diz que “matar alguém” é crime, ele na verdade Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 42 Aula 03 - Prof. quer dizer que “matar alguém é crime, exceto se houver alguma causa de justificago”. Esta é uma teoria que conta com alguns adeptos e, independentemente disso, 0 fato é que o termo “erro de tipo permissivo” é largamente utilizado e, portanto, digno de nota! 2.2 Erro de tipo acidental © erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execuc¢do do fato criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado’. Pode se apresentar de diversas formas: 2.2.1 Erro sobre a pessoa (error in persona Aqui 0 agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. Neste caso, o erro é irrelevante, pois 0 agente responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. Essa previsao esta no art. 20, §3° do CP. Aqui 0 sujeito executa perfeitamente a conduta, ou seja, nao existe falha na execucdo do delito. O erro esté em momento anterior (na representac&o mental da vitima). Ex.: Jodo quer matar seu pai, pois esta com raiva em razao da partilha dos bens de sua mae. Jodo fica na espreita e, quando vé uma pessoa chegar, acreditando ser seu pai, mira bem no cranio e lasca um balaco certeiro, fazendo com que a vitima caia desfalecida. Apés, verifica que a pessoa ndo era seu pai, mas seu irm&o. Neste caso 0 agente responder como se tivesse praticado 0 delito contra seu pai (pessoa visada) e nao pelo homicidio contra seu irmao. Trata-se da teoria da equivaléncia. 2.2.2 Erro sobre o nexo causal No erro sobre o nexo causal o agente alcanca o resultado efetivamente pretendido, mas em raz&o de um nexo causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies: 2.2.2.1 Erro sobre o nexo causal em sentido estrito Aqui o agente, com um sé ato, provoca o resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). ° GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 376 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 42 eorii Aula 03 - Prof. Ex.: José dispara dois tiros contra Maria, visando sua morte. Maria, em raz&o dos disparos, cai na piscina, e morre por afogamento. © agente responde pelo que efetivamente ocorreu (morte por afogamento).'° 2.2.2.2 Dolo geral ou aberratio causae Aqui temos 0 que se chama de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. E 0 engano no que se refere ao meio de execug&o do delito. Ocorre quando o agente, acreditando jé ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que este Ultimo foi o que provocou o resultado. Ex.: O agente atira contra a vitima, visando sua morte. Acreditando que a vitima ja morreu, atira 0 corpo num rio, visando sua ocultag’o. Mais tarde, descobre-se que esta tiltima conduta foi a que causou a morte da vitima, por afogamento, pois ainda estava viva. Embora, tenhamos dois crimes (um homicidio doloso tentado na primeira conduta e um homicidio culposo consumado na segunda conduta), a Doutrina majoritaéria entende que o agente responde por apenas um crime, pelo crime originalmente previsto (homicidio doloso consumado"’), tendo sido adotada a TEORIA UNITARIA (ou principio unitario).‘2 Mas qual 0 nexo causal que se deve considerar? O pretendido ou o efetivamente ocorrido? Embora nao haja unanimidade, prevalece o entendimento de que deve o agente responder pelo nexo causal efetivamente ocorrido (e nao pelo pretendido).' 2.2.3 Erro na execucao (aberratio ictus’ Aqui 0 agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, néo por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR O DELITO. Imagine que 0 agente, tentando acertar “A”, erre o tiro e acaba acertando “B". No erro sobre a pessoa 0 agente nao “erra o alvo", ele “acerta 0 alvo”, mas 0 alvo foi confundido. SAO COISAS DIFERENTES! A aberratio ictus pode decorrer de mero acidente durante a execugéo do delito (néo houve ma execucio pelo infrator, mas mero acidente). *° Por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380 ™ GRECO, Rogério, Curso de Direito Penal. Volume 1. Ed. Impetus. Niterdi-RJ, 2015, p. 360 *2 Doutrina minoritaria (mas muito importante) sustenta que o agente deva responder por dois crimes em concurso: homicidio doloso tentado (primeira conduta) + homicidio culposo consumado (segunda conduta). Trata-se da adocao da teoria do desdobramento. +3 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Curso de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 380/381 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 42 Aula 03 - Prof. Ex.: José deseja matar Maria. Sabendo que Maria usa seu carro todas as manhis para ir ao trabalho, coloca uma bomba no veiculo, que sera acionada assim que for dada a partida no carro. Maria, contudo, néo usa 0 carro naquele dia, e quem acaba ligando o veiculo é seu marido, que vem a falecer em razo da bomba. Vejam que, aqui, o agente néo errou na hora de executar o ato criminoso, mas acabou atingindo pessoa diversa em razo de acidente no curso da empreitada criminosa. Nesse caso, assim como no erro sobre a pessoa, o agente responde pelo crime originalmente pretendido. Esta é a previsdo do art. 73 do CP"*. No que tange as consequéncias, o erro na execugao pode ser de duas ordens: 2.2.3.1 Erro sobre a execugéo com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Unico) O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. Neste caso, responde como se tivesse atingido a pessoa visada (e no aquela efetivamente atingida), da mesma forma como ocorre no erro sobre a pessoa. 2.2.3.2 Erro sobre a execugo com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo) © agente atinge a vitima ndo visada, mas atinge também a vitima originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO FORMAL. 2.2.4 Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti_ou aberratio criminis’ Aqui o agente pretendia cometer um crime, mas, por acidente ou erro na execugao, acaba cometendo outro. Aqui hé uma relagdo de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Na aberratio ictus ha uma relacdo de pessoa x pessoa. Pode ser de duas espécies: Mart. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execuc4o, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado 2 crime contra aquela, atendendo-se 20 disposto no § 3° do art. 20 deste Cédigo. No caso de ser também atingida a pessoa que 0 agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Cédigo.(Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 42 eorii Aula 03 - Prof. 2.2.4.1 Com unidade simples © agente atinge apenas o resultado NAO PRETENDIDO. 0 agente responde apenas por um delito, da seguinte forma: + Pessoa visada, coisa atingida ~ Responde pelo dolo em relagdo a pessoa (tentativa de homicidio ou lesées corporais). Ex.: José atira contra Maria, querendo sua morte. Contudo, erra na execugao e acaba por atingir uma planta. Neste caso, José responde apenas pela tentativa de homicidio. + Coisa visada, pessoa atingida - Responde apenas pelo resultado ocorrido em relag&o a pessoa. Ex.: Imagine que alguém atire uma pedra num veiculo parado, com o dolo de danificd-lo (art. 163 do CP). Entretanto, o agente erra 0 alvo e atinge o dono, que estava perto (cometendo lesdes corporais, art. 129 do CP). Nesse caso, o agente acaba por cometer CRIME DIVERSO DO PRETENDIDO. Respondera apenas pelo crime praticado efetivamente (lesdo corporal culposa). 2.2.4.2 Com unidade complexa O agente atinge tanto 0 alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) n&o pretendida. Aplica-se, neste caso, a mesma regra do erro na execucdo: atingindo ambos os bens juridicos (0 pretendido e o nao pretendido) responderé por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP).!° CUIDADO! Se o agente visa atingir uma pessoa (lesées corporais, por exemplo) e, além de atingir a pessoa visada, acaba também quebrando uma vidraca, ele NAO responde por lesdes corporais dolosas + dano culposo, pois 2.2.5 Erro sobre o objeto (error in objecto) Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito. Ex.: O agente pretende subtrair uma valiosa obra de arte. Entra & noite na residéncia mas acaba furtando um quadro de pequeno valor, por confundir com a obra pretendida. CP no previu esta hipétese de erro, mas diante de sua possibilidade fatica, a Doutrina se debrucou sobre o tema. Uma vez ocorrendo erro sobre 0 objeto, *5 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 379 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 42 eorii Aula 03 - Prof. nao ha qualquer relevancia para fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como no se afasta a culpabilidade. O agente respondera pelo delito. Mas qual delito? Neste caso, ha divergéncia doutrinaria. A doutrina majoritaria, porém, sustenta que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). Assim, no exemplo anterior, o agente responderia pelo furto do quadro de pequeno valor (€ no pelo furto da obra de arte valiosa). 2.3 Erro determinado por terceiro No erro de tipo o agente comete o erro “sozinho”, ou seja, nao é induzido a erro por ninguém. No erro determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. Neste caso, sé responde pelo delito aquele que provoca o erro. Entende-se que hd, aqui, uma modalidade de autoria mediata, na qual o autor mediato (agente provocador) utiliza o autor imediato (agente provocado, aquele que comete o erro) como mero instrumento para seu intento criminoso. Ex.: Determinado médico, querendo a morte do paciente, entrega & enfermeira (dolosamente) uma dose de veneno, e a induz a ministra-lo ao paciente, alegando tratar-se de um sedativo. A enfermeira, sem saber do que se trata, confiando no médico, ministra o veneno. O paciente morre. Neste caso, somente 0 médico (aquele que provocou o erro) responde pelo homicidio (neste caso, doloso). A enfermeira, em regra, ndo responde por crime algum, salvo se ficar demonstrado que agiu de forma negligente (por exemplo, se tinha plenas condigdes de saber que se tratava de veneno, ou se podia desconfiar das intengdes do médico, etc.). 2.4 Erro de proibicao A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analitico de crime) é formada por alguns elementos, dentre eles, a POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE. A POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o caréter ilicito do fato. N&o se trata do parametro do homem médio, MAS DE UMA ANALISE DA PESSOA DO AGENTE. uando o agente age acreditando que sua conduta néo é ilicita, comete (art. 21 do CP). 0 erro de proibicao pode ser: > Escusavel - Nesse caso, era impossivel aquele agente, naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrdria ao Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é isento de pena. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 42 Aula 03 - Prof. > Inescus4vel - Nesse caso, o erro do agente quanto a proibigéo da conduta ndo é tao perdodvel, pois era possivel, mediante algum esforco, entender que se tratava de conduta ilicita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo crime, com pena diminuida de um sexto a um ter¢o (conforme o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude). EXEMPLO: Um cidadéo, lé do interior, encontra um bem (relégio de ouro, por exemplo) e fica com ele para si. Entretanto, mal sabe ele que essa conduta é crime, previsto no CP (apropriacéo de coisa achada). Vejamos: Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou forca da natureza: Pena - detengao, de um més a um ano, ou multa. Paragrafo Unico - Na mesma pena incorre: (...) Apropriacéo de coisa achada IT- quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitu-la ao dono ou legitimo possuidor ou de entrega-la a autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Percebam que até mesmo uma pessoa de razoavel intelecto ¢ capaz de no conhecer a ilicitude desta conduta!®. Assim, o agente, diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA PERFEITAMENTE A REALIDADE (Sabe que a coisa nao é sua, é uma coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A CONDUTA E LfcITA. Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relégio, na verdade, soubesse que no podia ficar com as coisas dos outros, mas acreditasse que o relégio era um relégio que ele tinha perdido horas antes (quando, na verdade, era o relégio de outra pessoa). Nesse caso, o agente sabia que n3o podia praticar a conduta de “se apropriar de coisa alheia perdida” (Nao ha portanto, erro de proibicdo), mas acreditou que a coisa néo era “alheia”, achando que fosse sua (erro de tipo). Ficou clara a diferenca? *© Nao se exige que o agente conheca EXATAMENTE a tipificagao penal de sua conduta, bastando que ele saiba que sua conduta é ilicita. Assim, se 0 agente pratica uma determinada conduta que sabe ser ilicita (embora néo salba a qual crime se refere), NAO HA ERRO DE PROIBICAO. Haveria, aqui, 0 que se chama de “erro de subsunca0”, que é irrelevante para fins de determinacao da responsabilidade penal do agente. Isso ocorre porque nao se exige do agente que saiba EXATAMENTE a que tipo penal corresponde sua conduta. Basta que se verifique ser possivel ao agente, de acordo com suas caracteristicas pessoas e sociais, saber que sua conduta ¢ ilicita (Isso é 0 que se chama de VALORACAO PARALELA NA ESFERA DO PROFANO, OU DO LEIGO). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 42 eorii Aula 03 - Prof. © erro de proibigéo pode ser direto (que é a hipétese mencionada) ou indireto. O erro de proibicéo indireto ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificacdo que o ampare. Contudo, no confundam o erro de proibic&io indireto com o erro de tipo permissivo. Ambos se referem a existéncia de uma causa de justificago (excludente de ilicitude), mas ha uma diferenga fundamental entre eles: + Erro de tipo permissivo - O agente atua acreditando que, no caso concreto, estéo presentes os requisitos faticos que caracterizam a causa de justificagdo e, portanto, sua conduta seria justa. Ex.: José atira contra seu filho, de madrugada, pois acreditava tratar-se de um ladrao (acreditava que as circunstancias faticas autorizariam agir em legitima defesa). + Erro de proibigo indireto - O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificacdo) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existéncia e/ou limites de uma causa de justificagéo em abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento juridico'’. Ex.: José encontra-se num barco que esta a naufragar. Como possui muitos pertences, precisa de dois botes, um para se salvar e outro para salvar seus bens. Contudo, Marcelo também esté no barco e precisa salvar sua vida. José, no entanto, agride Marcelo, impedindo-o de entrar no segundo bote, ja que tinha a intenc&o de utilizé-lo para proteger seus bens. Neste caso, José n&o representou erroneamente a realidade fatica (sabia exatamente o que estava se passando). José, conduta, errou quanto aos limites da causa de justificacao (estado de necessidade), que ndo autoriza o sacrificio de um bem maior (vida de Marcelo) para proteger um bem menor (pertences de José). ® cUIDADO! Nao confundam Descriminantes Putativas com delito putativo. As descriminantes putativas séo quaisquer situagées nas quais o agente incida em erro por acreditar que esta presente uma 7 BITENCOURT, Op. cit., p. 524/525 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 42 Aula 03 - Prof. situacdo que, se de fato existisse, tornaria sua acdo legitima (a doutrina majoritaria limita estes casos as excludentes de ilicitude). Imagine que 0 agente esta numa casa de festas e ouca gritos de “fogo”! Supondo haver um incéndio, corre atropelando pessoas, agredindo quem esté na frente, para poder se salvar. Na verdade, tudo nao passava de um trote. Nesse caso, 0 agente agrediu pessoas (moderadamente, é claro), para se salvar, supondo haver uma situacao que, se existisse (incéndio) justificaria a sua conduta (estado de necessidade). Dessa forma, hé uma descriminante putativa por estado de necessidade putativo (descriminante putativa). NOIDELITO/PUTATIVO acontece EXATAMENTEOIOPOSTO do que ocorre no erro de tipo, no erro de proibig&io e nas descriminantes putativas (seja de que natureza forem). O agente acredita que estd cometendo o crime, quando, na Verdade, esta cometendo um INDIFERENTE PENAL, EXEMPLO: Um cidaddo, sem querer, esbarra no carro de um terceiro, causando danos no veiculo. Com medo de ser preso, foge. Na verdade, ele acredita que esté cometendo crime de DANO CULPOSO, mas nao sabe que o CRIME DE DANO CULPOSO NAO EXISTE. Portanto, ha, aqui, DELITO PUTATIVO. DESCRIMINANTES PUTATIVAS Agente acredita nao estar cometendo crime algum, por incidir em erro. Contudo, esta praticando uma conduta tipica e ilicita. DELITO PUTATIVO Agente comete um INDIFERENTE PENAL, mas acredita estar praticando crime. ISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CODIGO PENAL % Arts. 26 a 28 do CP - Tratam da inimputabilidade penal: Inimputaveis Art. 26 - E isento de pena o agente que, por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da acao ou da omissao, inteiramente incapaz de entender o caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Reducao de pena Pardgrafo Unico - A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se 0 agente, em virtude de perturbacao de sauide mental ou por desenvolvimento mental incompleto Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 42, ou retardado no era inteiramente capaz de entender o carater ilicita do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacdo dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Menores de dezoito anos Art, 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos sao penalmente inimputaveis, ficando sujeitos as normas estabelecidas na legislac3o especial. (Redac30 dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Emogao e paixo Art. 28 - Nao excluem a imputabilidade pen: 11.7.1984) I- a emocao ou a paixao; (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Embriaguez |: (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de II - a embriaguez, voluntéria ou culposa, pelo alcool ou substancia de efeitos andlogos.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 10 - Eisento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, a0 tempo da ac3o ou da omissSo, inteiramente incapaz de entender 0 caréter ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11,7.1984) § 20- A pena pode ser reduzida de um a dois tercos, se o agente, por embriaguez, Proveniente de caso fortuito ou forca maior, nao possula, ao tempo da acéo ou da omissio, a plena capacidade de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Reda¢ao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984); ‘% Arts. 20 e 21 do CP - Tratam do erro (em suas mais variadas formas): Erro sobre elementos do tipo(Redacao dada pela Lei n° 7,209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutive do tipo legal de crime exclui 0 dolo, mas permite a punicao por crime culposo, se previsto em lei. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Descriminantes putativas(Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 1° - E isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstancias, Supée situacao de fato que, se existisse, tornaria a acao legitima. Nao ha isencao de pena quando 0 erro deriva de culpa e 0 fato é punivel como crime culposo.(Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro determinado por terceiro (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro, (Redacao dada pela Lei 10 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a pessoa(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 30 - O erro quanto 4 pessoa contra a qual o crime é praticado nao isenta de pena. Nao se consideram, neste caso, as condicdes ou qualidades da vitima, sendo as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro sobre a ilicitude do fato(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 21 - 0 desconhecimento da lei é inescusdvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitdvel, isenta de pena; se evitdvel, poderé diminui-la de um sexto a um tergo. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 42 eorii Aula 03 - Prof. Paragrafo Unico - Considera-se evitavel 0 erro se 0 agente atua ou se omite sem a consciéncia da ilicitude do fato, quando Ihe era possivel, nas circunstancias, ter ou atingir essa consciéncia. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Be Rea ae) 4.1 Sdmulas do STJ % Sdmula 74 do STJ - O STJ sumulou entendimento no sentido de que o reconhecimento da menoridade penal depende de prova por documento habil (certido de nascimento, carteira de identidade, etc.). Uma vez reconhecida a menoridade penal, 0 proceso deve ser anulado e 0 agente submetido ao regramento especial do ECA. | ‘Stimula 74 do STJ - PARA EFEITOS PENAIS, 0 RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU REQUER PROVA POR DOCUMENTO HABIL. 5 JURISPRUDENCIA CORRELATA % STJ - RESP 1544952 - 0 STJ decidiu no sentido de que a mera condigéio de indigena (ainda que n&o integrado a sociedade) nao configura, por si sé, hipétese de exclusao da culpabilidade por auséncia de potencial consciéncia da ilicitude, 0 que deve ser avaliado caso a caso: (...) 2. A isengio da pena, prevista no art. 21 do CP, depende da demonstragao de que, apesar de o autor saber 0 que faz, supde que a conduta seja permitida. dicdo de indigena nao pressupée tratar-se de hipétese de erro de ico, prescindindo de elementos que indiquem a falta de consciéncia da itude. Excludente no configurada na espécie. (STJ - RECURSO ESPECIAL NO 1.544.952 - PE (2015/0180332-0 ~ Pub. 30/09/2015). % STF - RHC 79788 - O STF possui alguns julgados no sentido de ser possivel © reconhecimento da ocorréncia de erro de tipo em relacdo ao crime de estupro de vulneravel, quando a vitima claramente aparenta ter bem mais que 14 anos: ) 0 erro quanto & idade da ofendida é 0 que a doutrina chama de erro de tipo, ou seja 0 erro quanto a um dos elementos integrantes do erro do tipo. A jurisprudéncia do tribunal reconhece a atipicidade do fato somente quando se demonstra que a ofendida aparenta ter idade superior a 14 (quatorze) anos. Precedentes. No caso, era do conhecimento do réu que a ofendida tinha 12 (doze) anos de idade. 3. Tratando-se de menor de 14 (quatorze) anos, a violéncia, como elemento do tipo, @ presumida. Eventual experiéncia anterior da ofendida nao tem forca para descaracterizar essa presuncao legal. Precedentes. Ademais, a demonstracéo de comportamento desregrado de uma menina de 12 (doze) anos implica em revolver 0 contexto probatério. Invidvel em Habeas. 4. O casamento da ofendida com terceiro, no curso da aco penal, é causa de extingSo da punibilidade (CP, art. 107, VIII). Por analogia, poder-se-ia admitir, também, 0 concubinato da ofendida com terceiro, Entretanto, tal alegacdo deve ser feita antes do transito em julgado da decisdo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 42, eorii Aula 03 - Prof. condenatéria. O recorrente 56 fez apds o transito em julgado. Negado provimento ao recurso. (RHC 79788, Relator(2): Min. NELSON JOBIM, Segunda Turma, julgado em 02/05/2000, DJ 17-08-2001 PP-00052 EMENT VOL-02039-01 PP-00142) CULPABILIDADE CONCEITO - Juizo de reprovabilidade acerca da conduta do agente, considerando-se suas circunstancias pessoais. TEORIAS PSICOLOGICA Imputabilidade (pressuposto) + dolo ou culpa PSICOLOGICO- Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + NORMATIVA culpa + dolo natural (consciéncia e vontade) + dolo normativo (consciéncia da ilicitude) EXTREMADA —Imputabilidade + exigibilidade de conduta diversa + dolo normative (POTENCIAL consciéncia da ilicitude)'® LIMITADA Mesmos elementos da _teoria, ADOTADA extremada + divergéncia quanto ao PELO CP tratamento das descriminantes putativas decorrentes de erro sobre pressupostos faticos (entende que devem ser tratadas como erro de tipo, e no erro de proibigdo). ELEMENTOS IMPUTABILIDADE - Capacidade mental de entender o carater ilicito da conduta e de comportar-se conforme o Direito. Critérios para aferic&o da imputabilidade: BIOLOGIO Basta a existéncia de uma caracteristica biolégica (doenca mental ou determinada idade) para que o agente seja inimputavel. *® O dolo natural (2 mera vontade e consciéncia de praticar a conduta definida como crime) migra, portanto, para o fato tipico, como elemento integrante da condut: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 42, eorii Aula 03 - Prof. Adotado pelo CP em relacdo a inimputabilidade por menoridade penal. PSICOLOGICO —_Sé se pode aferir a imputabilidade (ou no), na andlise do caso concreto (se o agente tinha discernimento). BIOPSICOLOGICO Conjuga a presenga de um elemento bioldgico (doenca mental ou idade) com a necessidade de se avaliar se o agente, no caso concreto, tinha discernimento. GBS Adotado pelo CP em relacéo a inimputabilidade por doenga mental e embriaguez decorrente de caso fortuito ou forga maior. OBS.: Em qualquer caso, a inimputabilidade é aferida no momento do fato criminoso. Causas de inimputabilidade penal (exclusdo da imputabilidade) Menoridade penal - Sao inimputdveis os menores de 18 anos (critério biolégico) Doenca mental e Desenvolvimento mental incompleto ou retardado - Requisitos: * Que o agente possua a doenga (critério biolégico) + Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o carater do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) (OBSH Se, em decorréncia da doenga, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NAO E ISENTO DE PENA (nao afasta a imputabilidade). Neste caso, ha reducéio de pena (um a dois tercos). Embriaguez - Requisitos: * Que o agente esteja completamente embriagado (critério biolégico) * Que se trate de embriagues decorrente de caso fortuito ou forga maior * Que o agente seja inteiramente incapaz de entender o cardter ilicito do fato OU inteiramente incapaz de determinar-se conforme este entendimento (critério psicolégico) (OBS Se, em decorréncia da embriaguez, o agente tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade), NAO E ISENTO DE PENA (nao afasta a imputabilidade). Neste caso, ha reducéio de pena (um a dois tercos). Esquemi Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 42 eorii Aula 03 - Prof. IMenones DE —onegaresoe — wnmpuravess sn POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE - Possibilidade de o agente, de acordo com suas caracteristicas, conhecer o cardter ilicito do fato. Quando o agente atua acreditando que sua conduta nao é penalmente ilicita, comete erro de proibigao. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Nao basta que o agente seja imputdvel e que tenha potencial conhecimento da ilicitude do fato, é necessario, ainda, que 0 agente pudesse agir de outro modo. Nao havendo tal elemento, afastada esta a culpabilidade. Exemplos: = Coagao MORAL irresistivel - Ocorre quando uma pessoa coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaca de Ihe fazer algum mal grave. A coac&o FISICA irresistivel NAO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coacio FISICA irresistivel EXCLUI O FATO TiPICO, por auséncia de vontade (auséncia de conduta). * Obediéncia hierarquica - E o ato cometido por alguém em cumprimento a uma ordem nao manifestamente ilegal proferida por um superior hierérquico. OBE prevalece que sé se aplica aos funcionérios ptiblicos. ERRO ERRO DE TIPO ESSENCIAL - 0 agente pratica um fato considerado tipico, mas. 0 faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. E a representacéo errénea da realidade. O erro de tipo pode ser: * Escusavel - Quando o agente nao poderia conhecer, de fato, a presenca do elemento do tipo. Qualquer pessoa, nas mesmas condigées, cometeria o mesmo erro. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 42, = Inescusavel - Ocorre quando o agente incorre em erro sobre elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforco mental razoavel, nao ter agido desta forma. BSE Erro de tipo permissivo - 0 erro de “tipo permissivo” é 0 erro sobre os pressupostos objetivos de uma causa de justificagdo (excludente de ilicitude). ERRO DE TIPO ACIDENTAL - 0 erro de tipo acidental nada mais é que um erro na execucao do fato criminoso ou um desvio no nexo causal da conduta com o resultado. Pode ser: Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui o agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, on ae ‘com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. Nao existe falha na execugdo, mas na escolha da vitima. CONSEQUENCIA - 0 agente responde como se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA (teoria da equivaléncia). Erro sobre o nexo causal - O agente alcanca o resultado efetivamente pretendido, mas em raz&o de um nexe causal diferente daquele que o agente planejou. Pode ser de duas espécies: = Erro sobre o nexo causal em sentido estrito - Com um sé ato, provoca © resultado pretendido (mas com nexo causal diferente). = Dolo geral ou aberratio causae - Também chamado de DOLO GERAL OU SUCESSIVO. Ocorre quando o agente, acreditando jé ter ocorrido o resultado pretendido, pratica outro ato, mas ao final verifica que este ultimo foi o que provocou o resultado. CONSEQUENCIA: Responde por apenas um crime (ha posigdes em contrério), pelo crime originalmente previsto (TEORIA UNITARIA ou principio unitario). Responde, ainda, de acordo com o nexo causal efetivamente ocorrido. Erro na execuc&o (aberratio ictus) - Aqui o agente atinge pessoa diversa daquela que fora visada, no por confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE EXECUTAR O DELITO. Pode ser de duas espécies: = Erro sobre a execuco com unidade simples (Aberratio ictus de resultado Gnico ou em sentido estrito) - O agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada. + Erro sobre a execucdo com unidade complexa (Aberratio ictus de resultado duplo ou em sentido amplo) - O agente atinge a vitima nao visada, mas atinge também a vit ma originalmente pretendida. Nesse caso, responde pelos dois crimes, em . Erro sobre o crime ou resultado diverso do pretendido (aberratio delicti ou aberratio criminis) - Aqui 0 agente pretendia cometer um crime, mas, por Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 42, eorii Aula 03 - Prof. acidente ou erro na execugiio, acaba cometendo outro. Aqui ha uma relag3o de pessoa x coisa (ou coisa x pessoa). Pode ser de duas espécies: * Com unidade simples - O agente atinge apenas o resultado NAO PRETENDIDO. O agente responde apenas por um delito, da seguinte forma: > Pessoa visada, coisa atingida - Responde pelo dolo em relacdo a pessoa (tentativa de homicidio ou lesdes corporais). » Coisa visada, pessoa atingida - Responde apenas pelo resultado ocorrido em relacdo a pessoa. = Com unidade complexa - O agente atinge tanto o alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) nao pretendida. Responderé por AMBOS OS CRIMES, em CONCURSO FORMAL. Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui o agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre o objeto material do delito. Prevalece que nao ha qualquer relevancia para fins de afastamento do do dolo ou da culpa, bem como néo se afasta a culpabilidade. CONSEQUENCIA: A doutrina majoritéria (ha divergéncia) sustenta que o agente deve responder pela conduta efetivamente praticada (independentemente da coisa visada). ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro determinado (ou provocado) por terceiro o agente erra porque alguém o induz a isso. S6 responde pelo delito aquele que provoca 0 erro (modalidade de autoria mediata). ERRO DE PROIBIGAO - Quando o agente age acreditando que sua conduta nao éilicita, comete ERRO DE PROIBICAO (art. 21 do CP). 0 erro de proibicdo pode ser: + Escusdvel - Qualquer pessoa, nas mesmas condicdes, cometeria 0 mesmo erro. Afasta a culpabilidade (agente fica isento de pena). + Inescusavel - 0 erro nao é tao perdoavel, pois era possivel, mediante algum esforco, entender que se tratava de conduta penalmente ilicita. Nao. afasta a culpabilidade, Ha diminuigso de pena de um sexto a/um terco. OBSi Erro de proibic&o indireto - ocorre quando o agente atua acreditando que existe uma causa de justificagéo que o ampare. Diferenca entre erro de proibicdo indireto e erro de tipo permissivo: « Erro de tipo permissivo - 0 agente atua acreditando que, no caso concreto, esto presentes os requisitos faticos que caracterizam a causa de justificagao e, portanto, sua conduta seria justa. = Erro de proibicdo indireto - O agente atua acreditando que existe, EM ABSTRATO, alguma descriminante (causa de justificag&o) que autorize sua conduta. Trata-se de erro sobre a existéncia e/ou limites de uma Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 42 causa de justificagdo em abstrato. Erro, portanto, sobre o ordenamento juridico (erro normativo). Bons estudos! Prof. Renan Araujo PSA CY.WA 01. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Em direito penal, conforme a teoria limitada da culpabilidade, as discriminantes putativas consistem em erro de tipo, ao passo que, de acordo com a teoria extremada da culpabilidade, elas consistem em erro de proibigdo. 02. (CESPE - 2014 - TJ-SE - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) E causa de excluséio da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coacio fisica irresistivel. 03. (CESPE - 2015 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Cléber, com trinta e quatro anos de idade, pretendia matar, durante uma festa, seu desafeto, Sérgio, atual namorado de sua ex-noiva. Sem coragem para realizar a conduta delituosa, Cléber bebeu grandes doses de vodca e, embriagado, desferiu varias facadas contra Sérgio, que faleceu em decorréncia dos ferimentos provocados pelas facadas. Nessa situac&o, configura-se embriaguez voluntéria dolosa, o que permite ao juiz reduzir a pena imputada a Cléber, uma vez que ele nao tinha plena capacidade de entender o carater ilicito de seus atos no momento em que esfaqueou Sérgio. 04, (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Julgue o item seguinte, a respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixac&o da pena. Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistivel, a praticar uma infracéo penal cometeré fato tipico e ilicito, porém nao culpavel. 05. (CESPE - 2015 - TIDFT - OFICIAL DE JUSTICA) A respeito do direito penal, julgue os itens a seguir. O erro de proibigo pode ser direto — o autor erra sobre a existéncia ou os limites da proposiggo permissiva —, indireto — 0 erro do agente recai sobre 0 contetido proibitivo de uma norma penal — e mandamental — quando incide sobre o mandamento referente aos crimes omissivos, préprios ou impréprios. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 42, 06. (CESPE - 2010 - DETRAN/ES - ADVOGADO) Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria limitada so derivagdes da teoria normativa pura e divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes putativas. 07. (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) As causas legais de excluséio da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa incluem a estrita obediéncia a ordem nao manifestamente ilegal de superior hierérquico. Caso o agente cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que Ihe foram determinados, a conduta é culpavel. 08. (CESPE - 2009 - DPE/AL - DEFENSOR PUBLICO) Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma, seja incidente sobre situagéo fatica pressuposto de uma causa de justificago, é sempre considerada erro de proibicao. 09. (CESPE - 2011 - TER/ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA) Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato. Nessa situacéio, embora tenha praticado fato penalmente tipico e ilicito, Abel ficard isento de pena. 10. (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIARIO — AREA JUDICIARIA) Na obediéncia hierérquica, para que se configure a causa de exclusdo de culpabilidade, 6 necessario que exista dependéncia funcional do executor da ordem dentro do servico puiblico, de forma que ndo hé que se falar, para fins de excluséo da culpabilidade, em relac&o hierarquica entre particulares. 11. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal. O erro de proibic&o escusavel exclui o dolo e a culpa; o inescusavel exclui o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. 12. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. O menor de dezoito anos de idade é isento de pena por inimputabilidade, mas é capaz de agir com dolo, ou seja, é capaz de praticar uma acéo tipica. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 42 13. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. As escusas absolutérias também so consideradas causas de exclusio da culpabilidade. 14. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. So causas de excluséo da culpabilidade, expressamente previstas no Cédigo Penal brasileiro, a coacdo moral irresistivel e a ordem no manifestamente ilegal de superior hierdrquico. 15. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagées, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. No quadro geral das teorias do delito, a consciéncia da ilicitude ora pertence & estrutura do dolo, ora, a estrutura da culpabilidade; no entanto, sua eventual auséncia, desde que inevitavel, conduz a isengdo de pena. 16. (CESPE - 2011 - TRE/ES - ANALISTA JUDICIARIO) No préximo item, & apresentada uma situacéo hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada no que se refere aos institutos de direito penal. Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o caréter ilicito do fato. Nessa situag&o, embora tenha praticado fato penalmente tipico e ilicito, Abel ficara isento de pena 17. (CESPE - 2012 - PC/AL - DELEGADO) A imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial consciéncia da ilicitude so elementos da culpabilidade. 18. (CESPE - 2012 - TJ/AL - AJAJ) A coacao moral irresistivel e a obediéncia a ordem nao manifestamente ilegal de superior hierérquico so causas de exclusdo da a) imputabilidade. b) tipicidade subjetiva. c) ilicitude. d) culpabilidade. €) tipicidade objetiva. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 42 eorii Aula 03 - Prof. 19. (CESPE - 2012 - TC/DF- AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagdes, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. No quadro geral das teorias do delito, a consciéncia da ilicitude ora pertence & estrutura do dolo, ora, & estrutura da culpabilidade; no entanto, sua eventual auséncia, desde que inevitavel, conduz a isengao de pena. 20. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os préximos itens. Por caracterizar inexigibilidade de conduta diversa, a coag&o moral ou fisica exclui a culpabilidade do crime. 21. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO DE POLICIA) De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os pressupostos faticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo permissivo. 22. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLicIA) Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por desconhecimento invencivel de algum elemento do tipo quanto a conduta do agente que age acreditando estar autorizado a fazé-lo ensejam como consequéncia a exclusdo do dolo e, por conseguinte, a do préprio crime. 23. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - OFICIAL DE JUSTICA AVALIADOR) De acordo com 0 Cédigo Penal, a incidéncia da exclusdo de culpabilidade na coacao irresistivel ocorre apenas nos casos de coacao fisica ou vis absoluta, uma vez que, na coacéio moral, ha apenas reducao do poder de escolha da vitima entre praticar ou omitir a conduta ou sofrer as consequéncias da coacéio. 24. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) A coacéio moral irresistivel é uma hipétese de autoria mediata, em que o autor da coacao detém o dominio do fato e comete o fato punivel por meio de outra pessoa. 25. (CESPE - 2013 - STF - AJAJ) Considerando o disposto no Cédigo Penal brasileiro, quanto a matéria do erro, € correto afirmar que, em regra, o erro de proibicdo recai sobre a consciéncia da ilicitude do fato, ao passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Bi de 42 kof PU. ‘Aula 03 ~ Prof. 8 EXERCICIOS COMENTADOS 01. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Em direito penal, conforme a teoria limitada da culpabilidade, as discriminantes putativas consistem em erro de tipo, ao passo que, de acordo com a teoria extremada da culpabilidade, elas consistem em erro de proibicao. COMENTARIOS: Item errado. A teoria limitada da culpabilidade faz distingao entre descriminantes putativas decorrentes de erro sobre a realidade fatica (que seriam erro de tipo) e as descriminantes putativas decorrentes de erro sobre o direito (que seriam erro de proibicao). A teoria extremada entende que as descriminantes putativas sero sempre erro de proibicSo. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 02. (CESPE - 2014 - TJ-SE — TITULAR NOTARIAL ~ ADAPTADA) E causa de exclusdo da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio de coacio fisica irresistivel. COMENTARIOS: Item errado. Trata-se de uma pegadinha cldssica. A coacéo MORAL irresistivel é que exclui a culpabilidade, em decorréncia de inexigibilidade de conduta diversa. A coago FISICA irresistivel (vis absoluta) exclui a VONTADE, que é elemento da conduta. Assim, excluido 0 elemento “conduta”, ausente o fato tipico. Logo, a coago fisica irresistivel atinge 0 préprio fato tipico, e nao a culpabilidade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 03. (CESPE - 2015 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Cléber, com trinta e quatro anos de idade, pretendia matar, durante uma festa, seu desafeto, Sérgio, atual namorado de sua ex-noiva. Sem coragem para realizar a conduta delituosa, Cléber bebeu grandes doses de vodca e, embriagado, desferiu varias facadas contra Sérgio, que faleceu em decorréncia dos ferimentos provocados pelas facadas. Nessa situacdo, configura-se embriaguez voluntéria dolosa, 0 que permite ao juiz reduzir a pena imputada a Cléber, uma vez que ele nao tinha plena capacidade de entender o cardter ilicito de seus atos no momento em que esfaqueou Sérgio. COMENTARIOS: Item errado, pois a embriaguez DOLOSA (aquela situacdo em que o agente voluntariamente se embriaga com o intuito de posteriormente cometer crimes) no é causa de exclusdo da imputabilidade nem de redug3o de pena, nos termos do art. 28, II do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 42 eorii Aula 03 - Prof. 04, (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Julgue o item seguinte, a respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixacdo da pena. Aquele que for fisicamente coagido, de forma irresistivel, a praticar uma infragdo penal cometeré fato tipico e ilicito, porém ndo culpavel. COMENTARIOS: Item errado. Cuidado! A coac&o FISICA irresistivel (citada pela questo) n&o é causa de exclusao da culpabilidade, e sim causa de exclusdo do FATO TIPICO, pois exclui a CONDUTA (elemento do fato tipico), j4 que nao existe vontade. Somente a coag&éo MORAL irresistivel exclui a culpabilidade. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 05. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTICA) A respeito do direito penal, julgue os itens a seguir. 0 erro de proibicao pode ser direto — o autor erra sobre a existéncia ou os limites da proposicao permissiva —, indireto — 0 erro do agente recai sobre 0 contetido proibitivo de uma norma penal — e mandamental — quando incide sobre o mandamento referente aos crimes omissivos, préprios ou impréprios. COMENTARIOS: Item errado, pois a questao inverte os conceitos de erro de proibic&o direto e indireto. O erro de proibicéio direto ocorre quando o agente incorre em erro sobre a existéncia ou limites de uma norma penal incriminadora. O erro de proibicdo indireto, por sua vez, ocorre quando o agente incorre em erro sobre a existéncia ou sobre os limites (normativos) de uma circunstancia que afastaria, em tese, a ilicitude de sua conduta. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 06. (CESPE - 2010 - DETRAN/ES - ADVOGADO) Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria limitada sao derivagées da teoria normativa pura e divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes putativas. CORRETA: Como disse a vocés antes, a teoria limitada, que é a adotada pelo CP, difere da teoria normativa pura com relacéo ao tratamento dado as descriminantes putativas. As descriminantes putativas sao tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do CP:§ 1° - E isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstancias, supée situagdo de fato que, se existisse, tornaria a aco legitima. No hé iseng&o de pena quando o erro deriva de culpa e 0 fato é punivel como crime culposo. (...) Art. 21 - 0 desconhecimento da lei é inescusdvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitavel, isenta de pena; se evitdvel, poderd diminui-la de um sexto a um terco. Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas seréo sempre erro de proibigdo. Ou seja, sempre que um agente supor que existe Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 42 uma situagao fatica que legitima sua ago, e esta nao existir, estara errando com relacao a licitude do fato, logo, comete erro de proibic&o, o que pode afastar a culpabilidade. Jé a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em de fato e de direito. Na primeira hipdtese, o agente age supondo haver uma situagdo fatica que legitime sua fungao. No segundo caso, o agente visualiza corretamente a situagéio fatica, mas acredita que a conduta, no entanto, nao é proibida. Assim, a afirmativa esta correta. 07. (CESPE - 2011 - STM - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) As causas legais de exclusdo da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa incluem a_ estrita obediéncia a ordem nao manifestamente ilegal de superior hierarquico. Caso o agente cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que Ihe foram determinados, a conduta é culpavel. CORRETA: De fato, 0 art. 22 do CP diz: Art. 22 - Se 0 fato é cometido sob coagéo irresistivel ou em estrita obediéncia a ordem, néo manifestamente ilegal, de superior hierérquico, s6 é punivel o autor da coago ou da ordem. (Redacao dada pela_Lei_n° 7.209, de 11.7.1984), Assim, se a ordem emanada nao é manifestamente ilegal, e 0 agente a cumpre, ndo comete crime, pois nao é culpavel. No entanto, se a ordem for manifestamente ilegal, ou se o agente extrapolar os limites da ordem recebida, respondera pelo crime. A questdo deveria, apenas, ter colocado o termo “manifestamente” no enunciado, pois a sua auséncia pode gerar no concursando a dtivida acerca de ser ou n’o uma pegadinha. Entretanto, a banca considerou a questo como correta. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 08. (CESPE - 2009 - DPE/AL - DEFENSOR PUBLICO) Para a teoria \da da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma, seja incidente sobre situagao fatica pressuposto de uma causa de justificacao, € sempre considerada erro de proibicao. ERRADA: A teoria limitada da culpabilidade, embora adota pelo nosso CP, ao contrario da teoria normativa pura, diferencia as hipéteses de descriminantes putativas, dividindo-as em de fato e de direito. Assim, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 09. (CESPE - 2011 - TER/ES - ANALISTA JUDICIARIO - AREA ADMINISTRATIVA) Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato. Nessa Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34.de 42 situagao, embora tenha praticado fato penalmente tipico e ilicito, Abel ficara isento de pena. CORRETA: A embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou forca maior, exclui a imputabilidade do agente, se ele era, ao tempo do fato, inteiramente incapaz de entender o cardter ilicito de sua conduta, nos termos do art. 28, § 1° do CP. Assim, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 10. (CESPE - 2008 - STJ - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Na obediéncia hierarquica, para que se configure a causa de exclusao de culpabilidade, € necessario que exista dependéncia funcional do executor da ordem dentro do servico ptblico, de forma que n&o ha que se falar, para fins de exclusao da culpabilidade, em relacgado hierarquica entre particulares. CORRETA: A Doutrina é pacifica em afirmar que para que seja caracterizada a excludente de culpabilidade em questo, é necessario que haja uma relacao de hierarquia funcional entre o autor do fato e o mandante. Assim, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 11. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal. O erro de proibicg&o escusavel exclui o dolo e a culpa; o inescusavel exclui 0 dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. COMENTARIO: A afirmativa esta errada, pois dé a definig&io das consequéncias do erro de tipo, nao do erro de proibigS0. O erro de proibigS0, ou erro sobre a ilicitude do fato, quando escusavel, isenta de pena (exclui a culpabilidade do agente, por auséncia de potencial consciéncia da ilicitude); Quando inescusdvel, reduz a pena de um sexto a um tergo. Vejamos o art. 21 do CP: Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusével. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitdvel, isenta de pena; se evitével, poderé diminui-la de um sexto a um terco. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984, Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 12. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. © menor de dezoito anos de idade é isento de pena por inimputabilidade, mas é capaz de agir com dolo, ou seja, € capaz de praticar uma acao tipica. COMENTARIO: A culpabilidade € 0 Juizo de reprovabilidade acerca do fato praticado pelo agente. Temos como elementos da culpabilidade: + IMPUTABILIDADE; Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 42 + POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE; + EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. ‘A menoridade, de fato, exclui a imputabilidade e, por consequéncia, a culpabilidade do agente. Vejamos: Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos s&o penalmente inimputédveis, ficando sujeitos as normas estabelecidas na legislagéo especial. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Assim, 0 menor de 18 anos pode cometer fato tipico e ilfcito, mas nao seré culpavel, por ser inimputavel. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 13. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. As escusas absolutérias também sao consideradas causas de exclusdo da culpabilidade. COMENTARIO: As escusas absolutérias sdo circunstancias de cardter pessoal, referente a lacos familiares ou afetivos entre os envolvides, que por razdes de politica criminal, levaram o legislador a afastar a punibilidade do agente nesses casos. Elas nao se relacionam com a culpabilidade, pois o crime ja esta perfeito e acabado (fato tipico, ilicito e culpavel). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 14, (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a seguir. Sao causas de exclusdo da culpabilidade, expressamente previstas no Cédigo Penal brasileiro, a coacéo moral irresistivel e a ordem nao manifestamente ilegal de superior hierarquico. COMENTARIO: 0 art. 22 do CP prevé duas causas LEGAIS de exclusdéo da culpabilidade, que so a coagéo moral irresistivel e a obediéncia hierdrquica a ordem nao manifestamente ilegal. Vejamos: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coagao irresistivel ou em estrita obediéncia a ordem, néo manifestamente ilegal, de superior hierdrquico, sé é punivel o autor da coa¢ao ou da ordem.(Redac3o dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 15. (CESPE - 2011 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 42 A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagées, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. No quadro geral das teorias do delito, a consciéncia da de ora pertence a estrutura do dolo, ora, 4 estrutura da culpabilidade; no entanto, sua eventual auséncia, desde que inevitavel, conduz a isencao de pena. COMENTARIO: A potencial consciéncia da ilicitude, modernamente, integra a culpabilidade, e esta relacionada a possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato praticado, podendo levar a isencéo de pena ou a sua reducéo, a depender das circunstancias, nos termos do art. 21 do CP. No entanto, a antiga teoria causalista, que via o dolo na culpabilidade, entendia que a potencial consciéncia da ilicitude estaria relacionada ao dolo em si, sendo este um elemento normativo, e néo apenas natural (dolo de praticar um delito, e nao apenas dolo de praticar a conduta, deixando a andlise 0 conhecimento da ilicitude para outra etapa). De toda forma, em ambos os casos, 0 resultado seria a isengao de pena caso inevitavel o erro sobre a ilicitude do fato. Vejamos o art. 21 do CP: Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusavel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitdvel, isenta de pena; se evitdvel, poderé diminuf-la de um sexto a um tergo. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984 Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 16. (CESPE - 2011 - TRE/ES - ANALISTA JUDICIARIO) No préximo item, é apresentada uma situacdo hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada no que se refere aos institutos de direito penal. Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato. Nessa situacdo, embora tenha praticado fato penalmente tipico e ilicito, Abel ficara isento de pena. COMENTARIO: A culpabilidade é 0 Juizo de reprovabilidade acerca do fato praticado pelo agente. Temos como elemento da culpabilidade: + IMPUTABILIDADE; + POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE; + EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. No caso em questo, Abel se encontrava inteiramente incapaz de entender o cardter ilicito do fato, em raz&o de se encontrar completamente embriagado, embriaguez essa proveniente de caso fortuito ou forca maior. Nesse caso, Abel é considerado INIMPUTAVEL. Vejamos 0 art. 28, § 19° do CP: Art. 28 - Nao excluem a imputabilidade penal: (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) (.-) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 42 § 1° - E isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou forga maior, era, ao tempo da agao ou da omissao, inteiramente incapaz de entender o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Assim, embora o fato praticado por Abel seja tipico e ilicito, 0 agente nao é culpavel, por ndo possuir imputabilidade, Portanto, a afirmativa esta CORRETA. 17. (CESPE - 2012 - PC/AL - DELEGADO) A imputabilidade, a exi idade de conduta diversa e a potencial consciéncia da ilicitude so elementos da culpabilidade. COMENTARIOS: 0 item esta correto. Segundo a teoria normativa pura, que é teoria predominante no que tange a culpabilidade, os trés elementos integrantes desta que é a terceira etapa na constituigéo do delito sdo a imputabilidade (aferig&io prévia da possibilidade, ou n&o, de submissao do agente a sangdo penal, mediante critérios bioldgicos, psicolégicos ou biopsicolégicos), a potencial consciéncia da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa (Se é INEXIGIVEL conduta diversa, n3o ha culpabilidade). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 18. (CESPE - 2012 - TJ/AL - AJAJ) A coacéo moral irresistivel e a obediéncia 4 ordem néo manifestamente ilegal de superior hierarquico sao causas de exclusdo da a) imputabilidade. b) tipicidade subjetiva. c) ilicitude. d) culpabilidade. e) tipicidade objetiva. COMENTARIOS: Tanto a coacéo MORAL irresistivel quanto a obediéncia hierarquica sao causas de excluséo da CULPABILIDADE, por INEXIGIBILIDADE de conduta diversa. Vejamos: Art. 22 - Se o fato 6 cometido sob coagao irresistivel ou em estrita obediéncia. a ordem, n&o manifestamente ilegal, de superior hierérquico, s6 é punivel o autor da coagéo ou da ordem.(Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 1 1984. Percebam que o art. 22 do CP néo faz disting&o entre coagdo MORAL e coagéio FISICA irresistivel. Contudo, apenas a primeira exclui a culpabilidade. A coacéo FISICA irresistivel 6 circunstancia que exclui a propria CONDUTA (por auséncia de vontade), de forma que afasta-se o fato tipico (ja que a conduta é um dos elementos deste). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 42 eorii Aula 03 - Prof. 19. (CESPE - 2012 - TC/DF- AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagées, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. No quadro geral das teorias do delito, a consciéncia da de ora pertence 4 estrutura do dolo, ora, a estrutura da culpabilidade; no entanto, sua eventual auséncia, desde que inevitavel, conduz a isengdo de pena. COMENTARIOS: A potencial consciéncia da ilicitude, modernamente, integra a culpabilidade, e esta relacionada 4 possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato praticado, podendo levar a isengo de pena ou a sua reducéo, a depender das circunstancias, nos termos do art. 21 do CP. No entanto, a antiga teoria causalista, que via o dolo na culpabilidade, entendia que a potencial consciéncia da ilicitude estaria relacionada ao dolo em si, sendo este um elemento normativo, e nao apenas natural (dolo de praticar um delito, e nao apenas dolo de praticar a conduta, deixando a andlise 0 conhecimento da ilicitude para outra etapa). De toda forma, em ambos os casos, 0 resultado seria a isencdo de pena caso inevitavel 0 erro sobre a ilicitude do fato. Vejamos o art. 21 do CP: Art, 21 - O desconhecimento da lei é inescusével. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitavel, isenta de pena; se evitdvel, poderd diminui-la de um sexto a um terco. (Redacéio dada pela Lei Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 20. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os préximos itens, Por caracte! idade de conduta diversa, a coacdéo moral ou fisica exclui a culpabilidade do crime. COMENTARIOS: Somente a coacdo MORAL irresistivel é causa de exclusdo da CULPABILIDADE, por INEXIGIBILIDADE de conduta diversa. Vejamos: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coagéo irresistivel ou em estrita obediéncia a ordem, néo manifestamente ilegal, de superior hierdrquico, 56 6 punivel o autor da coag&o ou da ordem.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Percebam que o art. 22 do CP nao faz disting3o entre coagdio MORAL e coagao FISICA irresistivel. Contudo, apenas a primeira exclui a culpabilidade. A coacéo FISICA irresistivel 6 circunstancia que exclui a propria CONDUTA (por auséncia de vontade), de forma que afasta-se o fato tipico (ja que a conduta é um dos elementos deste). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 42 ‘eori: Aula 03 - Prof. 21. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO DE POLICIA) De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os pressupostos faticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo permissivo. COMENTARIOS: 0 item esta errado. Para a teoria extremada da culpabilidade (que NAO é adotada pelo nosso CP), uma das vertentes da teoria normativa pura, toda e qualquer situag&o de ERRO, seja sobre circunstancias faticas, seja sobre circunstancias normativas, é considerado ERRO DE PROIBIGAO. Apenas a teoria limitada da culpabilidade (outra vertente da teoria normativa pura) é que difere erro de tipo e erro de proibicdo (0 primeiro é erro sobre um fato e o segundo é erro sobre a proibigo da conduta). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 22. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POL{CIA) Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por desconhecimento invencivel de algum elemento do tipo quanto a conduta do agente que age acreditando estar autorizado a fazé-lo ensejam como consequéncia a exclusdo do dolo e, por conseguinte, a do préprio crime. COMENTARIOS: 0 item esta errado. A conduta do agente, no primeiro caso (“que age imprudentemente, por desconhecimento invencivel de algum elemento do tipo”) configura ERRO DE TIPO invencivel, e, de fato, exclui o dolo, nos termos do art. 20 do CP. Contudo, no segundo caso ("a conduta do agente que age acreditando estar autorizado a fazé-lo”) esta configurado o ERRO DE PROIBIGAO, que pode ser invencivel (excluindo a culpabilidade) ou vencivel (autorizando redugao da pena). Percebam que, em nenhuma hipotese, o erro de proibicéo exclui o dolo, uma vez que 0 dolo nao se situa na culpabilidade, mas no fato tipico. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 23. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - OFICIAL DE JUSTICGA AVALIADOR) De acordo com o Cédigo Penal, a incidéncia da exclusio de culpabilidade na coaco irresistivel ocorre apenas nos casos de coacao fisica ou vis absoluta, uma vez que, na coacSo moral, ha apenas reducSo do poder de escolha da vitima entre praticar ou omitir a conduta ou sofrer as consequéncias da coacao. COMENTARIOS: Somente a coacdo MORAL irresistivel é causa de exclusdo da CULPABILIDADE, por INEXIGIBILIDADE de conduta diversa. Vejamos: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coagéo irresistivel ou em estrita obediéncia. a ordem, néo manifestamente ilegal, de superior hierérquico, s6 6 punivel 0 autor da coagéo ou da ordem.(Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 42, Percebam que 0 art, 22 do CP néo faz distingao entre coagéo MORAL e coagao FISICA irresistivel. Contudo, apenas a primeira exclui a culpabilidade. A coagao FISICA irresistivel é circunsténcia que exclui a prépria CONDUTA (por auséncia de vontade), de forma que afasta-se o fato tipico (j4 que a conduta é um dos elementos deste). Isso se dé porque na coagao FISICA irresistivel nao ha vontade, logo, néo hd conduta, estando afastado o fato tipico. Na coacéo MORAL irresistivel HA VONTADE, mas esta vontade néo é livre, ou seja, é uma vontade viciada pela coagao exercida contra a pessoa. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 24. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) A coacao moral irresistivel € uma hipétese de autoria mediata, em que o autor da coacéo detém o dominio do fato e comete o fato punivel por meio de outra pessoa. COMENTARIOS: 0 item esté correto. Na autoria mediata o autor (mediato) se vale de uma pessoa SEM CULPABILIDADE para a pratica do delito. Quem executa o delito é a pessoa sem culpabilidade, mas o verdadeiro autor do delito (autoria mediata) é aquele que exerce a coacdo MORAL irresistivel. Vejamos: Art. 22 - Se o fato é cometido sob coagéo irresistivel ou em estrita obediéncia. a ordem, n&o manifestamente ilegal, de superior hierérquico, s6 é punivel o autor da coag&o ou da ordem.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Percebam que somente o autor da coagio é punido. Isto porque NAO ha coautoria neste caso. Apenas quem exerce a coagiio é autor do fato, j4 que o executor néo possuia vontade legitima de praticar o delito, foi mero instrumento nas maos de quem exerceu a coaciio. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 25. (CESPE - 2013 - STF - AJAJ) Considerando o disposto no Cédigo Penal brasileiro, quanto 4 matéria do erro, é correto afirmar que, em regra, 0 erro de proibicdo recai sobre a consciéncia da ilicitude do fato, ao passo que o erro de tipo incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal do crime. COMENTARIOS: © item est correto. O CP brasileiro diferencia erro de tipo e erro de proibicéo. O erro de tipo é o erro acerca da existéncia de algum dos elementos constitutivos do tipo penal. Jé 0 erro de proibigéo é 0 antigo “erro de direito”, que consiste na representag3o equivocada da realidade NORMATIVA, ou seja, a representag3o0 equivocada acerca da proibigSo do fato. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4i de 42 Aula 03 - Prof. 9 GABARITO P abarito 1. ERRADA 2. ERRADA 3. ERRADA 4. ERRADA 5. ERRADA 6. CORRETA 7. CORRETA 8. ERRADA 9. CORRETA 10. CORRETA 11. ERRADA 12. CORRETA 13. ERRADA 14, CORRETA 15. CORRETA 16. CORRETA 17. CORRETA 18. ALTERNATIVA D 19. CORRETA 20. ERRADA 21. ERRADA 22. ERRADA 23. ERRADA 24, CORRETA 25. CORRETA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 42

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