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(VJ Estratégia CONCURSOS Aula 04 Direito Penal p/ DPU (Defensor Publico da Unido) - Com videoaulas Professor: Renan Araujo AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE CRIMES. SUMARIO 1 CONCURSO DE PESSOAS.. 1.1. Conceito, natureza e caracteristicas. 1.2 Requisitos 1.3 Modalidades. 13.1 CoaUtOTIa ssessesessssssessesessesssessssssnsess 1.3.2 Participacao ....... 1.4 Comunicabi 144 Espécies de elementares e de circunstancias. 14.2 Cooperacao dolosamente distinta . 2 CONCURSO DE CRIMES... 2.1 Conceito e natureza 2.2 Espécies 224 Concurso material (ou real) de crimes 2.2.2 Concurso formal de crimes. 2.2.3 Aplicago da pena no concurso formal. 2.24 Crime continuado 2.2.5 Requis ‘0s para a configuracio do crime continuado 2.2.6 Aplicag&o da pena no crime continuado.. 2.27 Crime continuado e conflito de leis penais no tempo 2.2.8 Crime continuado e prescricao 2.2.9 Aplicag&o da pena de multa no concurso de cr 3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 4 SUMULAS PERTINENTES 4.1 Siimulas do STF.. 4.2. Siimulas do STJ.. 5 JURISPRUDENCIA CORRELATA 6 RESUMO 7 _EXERCICIOS PARA PRATICAR. 8 _EXERCICIOS COMENTADOS.. 9 GABARITO Ola, meus amigos! Na aula de hoje vamos estudar dois temas muito importantes. O primeiro deles esta relacionado a prépria figura delituosa e sua caracterizacéo, que é 0 concurso de agentes. O segundo esta relacionado aos efeitos da pratica criminosa, mais especificamente, a aplicaco da pena, que é 0 concurso de crimes. Bons estudo: Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ide 53 eorii Aula 04 - Prof. 1 _CONCURSO DE PESSOAS 1.1 Conceito, natureza e caracteristicas O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboracdo de dois ou mais agentes para a pratica de um delito ou contravencdo penal. © concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 1° - Se a participacao for de menor importancia, a pena pode ser diminuida de um sexto a um terco, (Redacdo dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-& aplicada a pena deste; essa pena seré aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel o resultado mais grave. (Redac3o dade pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Circunstncias incomunicdveis Art. 30 - Nao se comunicam as circunsténcias e as condicées de cardter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redaco dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinaco ou instigacdo e o auxilio, salvo disposicéo expressa em contrério, ndo s30 puniveis, se o crime ndo chega, pelo menos, a ser tentado. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Mas como compreender a natureza juridico-penal de uma conduta criminosa praticada por diversas pessoas? Trés teorias surgiram: + Pluralista (ou pluralistica) - Para esta teoria cada pessoa responderia por um crime préprio, existindo tantos crimes quantos forem os participantes da conduta delituosa, j4 que a cada um corresponde uma conduta propria, um elemento psicolégico proprio e um resultado igualmente particular’, + Dualista (ou dualistica) - Segundo esta teoria, ha um crime para os autores, que realizam a conduta tipica emoldurada no ordenamento positive, e outro crime para os participes, que desenvolvem uma atividade secundaria. + Monista (ou monistica ou unitaria) - A codelinquéncia (concurso de agentes) deve ser entendida, para esta teoria, como CRIME UNICO, devendo todos responderem pelo mesmo crime. E a adotada pelo CP. Isso nao significa que todos que respondem pelo delito teréo a mesma pena. A pena de cada um irdé corresponder a valoragdo de cada uma das condutas (cada um responde “na medida de sua culpabilidade). Em razo desta diferenciacéo na pena de cada um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma espécie de teoria monista temperada (ou mitigada). 1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte Geral. Ed. Saraiva, Sao Paulo, 2015, p. 548 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2de53 O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espécies: 1.2 Req + EVENTUAL - Neste caso, o tipo penal nao exige que o fato seja praticado por mais de uma pessoa. Isso ndo impede, contudo, que eventual ele venha a ser praticado por mais de uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, homicidio). + NECESSARIO - Nesta hipétese 0 tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas & obteng3o da mesma finalidade criminosa (associagao criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, 0 resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa) Mas quais sao os requisitos para que se possa falar em concurso de pessoas? Cinco sao os requisitos para que seja caracterizado o concurso de + Pluralidade de agentes - Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessdrio que tenhamos mais de uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. E necessario que sejam agentes culpaveis? A doutrina se divide, mas prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem ter discernimento, de maneira que a auséncia de culpabilidade por doenca mental, por exemplo, afastaria o concurso de agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim, se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos (penalmente imputdvel) determina a um doente mental (sem qualquer discernimento) que realize um homicidio, ndo ha concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem vontade como concurso, pois un des agentes nic cra cules, ‘aqueles em que basta um agente para sua caracterizag’o aqueles em que Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que eventualmente ® WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, p. 106 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3de53 pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também nao é necessdrio que todos os agentes sejam culpaveis, bastando que apenas um o seja para que reste configurado o delito em sua forma qualificada, Nessas duas Uultimas hipéteses, no entanto, ndo ha propriamente concurso de pessoas, mas 0 que a Doutrina chama de concurso impréprio, ou concurso aparente de pessoas. Contudo, essa ressalva sé se aplica ao caso de concurso entre culpavel e “ndo culpavel que possui discernimento”. Assim, se o agente culpavel se vale de alguém sem culpabilidade como mero instrumento, sem que ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria mediata. No caso do concurso entre um agente culpavel e um menor de 17 anos, por exemplo (no culpavel por inimputabilidade), pode ser reconhecido o concurso de pessoas (concurso aparente), j4 que o menor possuia vontade e esta vontade convergia com a do imputavel, nao tendo sido utilizado como mero instrumento. Relevancia causal da colaboragao - A participacao do agente deve ser relevante para a producéo do resultado, de forma que a colaborag’io que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. Além disso, a colaboragéo deve ser prévia ou concomitante a execucio, ou seja, anterior 4 consumacao do delito. Se a colaborag&o for posterior & consumagao do delito, como © fato j4 ocorreu, nao ha concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, receptaco, etc.). Porém, se a colaboracao for posterior 4 consumacao, mas combinada previamente, ha concurso de pessoas. Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado para que ele esteja 4s 20h em ponto na porta de sua casa para Ihe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na fuga) é posterior & consumacéo, mas fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas. Diversa seria a hipotese, no entanto, se o namorado tivesse ido a casa da namorada sem saber que deveria Ihe ajudar na fuga. La chegando, a namorada conta 0 ocorrido e ele, a partir dai, concorda em auxilid-la na fuga. Nessa hipotese, o namorado comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! Vinculo subjetivo (ou me subjetivo) - Também é conhecido corno HORGDSEIEMRESUES. Ascr, pore cue haje concurse de pessoas, é necessdrio que a colaboracéio dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido adesdo de um a conduta do outro. Deste modo, a colaboraco meramente causal, sem que tenha havido combinac&o entre os agentes, no caracteriza © concurso de pessoas. Trata-se do principio da convergéncia. Caso haja colaboragdo dos agentes para a conduta criminosa, mas sem vinculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria colateral, € nao da coautoria. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4de53 + Unidade de crime (ou contravencgao) para todos os agentes (identidade de infragdo penal) - Nos termos do art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redacao dada pela Lei no 7.209, de 11,7.1984). Dai podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a pratica de um delito (homicidio, por exemplo), todas elas respondem pelo homicidio, independentemente da conduta que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu © veiculo da fuga, outro atraiu a vitima, etc.). As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitario’. + Existéncia de fato punivel - Trata-se do principio da exterioridade. Assim, é necessdrio que 0 fato praticado pelos agentes seja punivel, ‘© que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Para a caracterizagao do crime tentado, é necessrio que seja dado inicio 4 execugSo do crime. Se 0 fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogita¢ao, nao ha fato punivel, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP determina, ainda, de modo especifico para a hipétese de concurso de pessoas, que a colaboragao sé é punivel se o crime for, ao menos, tentado: Art, 31 - O ajuste, a determinacao ou instigacao e 0 auxilio, salvo disposicao expressa em contrario, néo so puniveis, se 0 crime néo chega, pelo menos, a ser tentado. (RedacS0 dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984). CR eno CUIDADO! Na autoria mediata, ndo basta que o executor seja um inimputavel, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do mandante, ou seja, ele no deve ter qualquer discernimento no caso concreto. Ex.: José e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de matar Maria. José arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a executa. Neste caso, Pedro € inimputavel por ser menor de 18 anos, mas possui discernimento, ndo se pode dizer que foi um mero “instrumento” de José. Assim, aqui néo teremos autoria mediata, mas concurso aparente de pessoas. Ex.2: José, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que ver a dbito. Neste caso ha autoria mediata, pois Mauro (0 inimputavel) foi mero instrumento nas maos de José. Mas esta é a Unica hipétese de autoria mediata? A resposta é negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em trés hipdteses, basicamente’: 1 - Autoria mediata por erro do executor - Neste caso, aquele que pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro de proibicao). Ex.: Médico que entrega a enfermeira_uma_injegéo_contendo_determinada 2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.__, p. 553 + BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.__, p. 560 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5de53 substancia téxica, e determina que esta aplique no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor®. A enfermeira, aqui, nao atua dolosamente (do ponto de vista “finalistico”), pois apesar de dar causa & morte do paciente (causalidade fisica, pois foi ela quem injetou a substancia), nao dirigiu sua conduta a este resultado. O dominio do fato pertencia ao médico, o real infrator. 2 - Autoria mediata por coacdo do executor - Aqui o infrator coage uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coagéo MORAL irresistivel, teremos um agente néo culpavel (a coag&o moral irresistivel afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz em situacdo de ndo culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o coator, nao sobre 0 coagido. Ex.: Médico que determina a enfermeira que aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O médico, porém, ndo esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contrario deixa isso bem claro. Porém, diz 4 enfermeira que se ela ndo fizer 0 que foi determinado, ird matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira sabe que est injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. 3 - Autoria mediata por inimputabilidade do agente - Nesta hipétese o infrator se vale de uma pessoa inimputavel para a pratica do delito. A inimputabilidade, aqui, pressup3e que o executor (inimputdvel) n3o tenha discernimento necessdrio®. Caso o executor, mesmo inimputdvel, possua discernimento, nao havera autoria mediata. Ex.: José, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletrénicos, e combina com Marcelo, de 17, a execucao do plano. Neste caso, nao ha autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal, tem discernimento para nao ser considerado como “objeto”. Por outro lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o reconhecimento do concurso de pessoas com José, que respondera como autor mediato do crime. E cabivel autoria mediata nos crimes préprios e de mao propria? Em relac’o aos crimes préprios se admite a autoria mediata, desde que o autor MEDIATO retina as condicées especiais exigidas pelo tipo penal. EXEMPLO: Paulo, servidor pUblico, coage moralmente Maria (coacéo irresistivel), obrigando-a a subtrair 10 notebooks da repartico em que ele, Paulo, exerce suas fungées. Paulo, para a execugao do delito, se valeu de sua fung&o para facilitar a subtraco. Neste caso, Paulo poder responder por peculato-furto na qualidade de autor mediato. 5 0 exemplo é de Hans Welzal. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit. ° WELZEL, Hans. Op. Cit. _, p. 107-108 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6de53 p- 108) Mas, e se Maria € quem fosse a servidora e Paulo fosse um particular? Poderia haver autoria mediata? Nao, neste caso néo poderiamos falar em autoria mediata. Contudo, se n&o ha autoria mediata e néo ha concurso de pessoas (pois n&o ha concurso de pessoas entre coator e coagido), Paulo ficara impune? No, a Doutrina desenvolveu, para tais casos, a figura da AUTORIA POR DETERMINAGCAO. Consiste, basicamente, em punir aquele que, embora ndo sendo autor nem participe, exerce sobre a conduta dominio EQUIPARADO a figura da autoria.” N&o se pode considerar o agente como autor por nao reunir os elementos necessarios para tanto. Também nao se pode considera-lo como participe, eis que a participacao pressupée o crime praticado por outro autor (e nao ha). Ele sera punido, portanto, por ser o autor da determinac4o para a conduta (ter sido o responsdvel por sua ocorréncia). Em relacgéo aos crimes de mao prépria, contudo, nao se admite a figura da autoria mediata, eis que o crime nao pode ser realizado por interposta pessoa (Ex.: A testemunha, no crime de falso testemunho, n&o pode coagir alguém a depor em seu lugar, prestando testemunho falso). Neste caso, porém, exemplificativamente, se a testemunha for coagida por terceira pessoa, esta terceira pessoa poderd ser considerada AUTOR por determinagdo, conforme explicado anteriormente. 1.3 Modalidades 1.3.1 Coautoria Para entendermos o fenémeno da coautoria, devemos, primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito. Varias teorias, ao longo do tempo, procuraram defi AUTOR. © conceito extensive de autor nao diferencia autor e participe, considerando que todos aqueles que concorrem para o crime sdo autores do delito. Esse conceito é baseado numa premissa “causal-naturalista” de que todo aquele que da causa ao delito (por qualquer forma), deve ser considerado autor do crime. Contudo, como pelo conceito extensive de autor no era possivel definir quem era autor e quem era participe, surgiu a teoria subjetiva da participacao, que considerava como autor aquele que pratica o fato como préprio, que quer o crime “como préprio”, como seu, e participe aquele que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acesséria ao “crime de outra pessoa”.* Isso era fundamental ir o conceito de 7 PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Rat. Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. S80 Paulo, 2008, p. 580/581 ® BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Ci p55 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 74053 para a fixacao da pena de cada um, jé que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas. Como 0 conceito extensivo apresentou mais problemas que solucées, surgiu o conceito restritivo de autor’. Para esta teoria restritiva’®, autor e participe n&o se confundem. Autor seré aquele que praticar a conduta descrita no nticleo do tipo penal (subtrair, matar, roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma forma prestarem colaboraco (material ou moral), serdo considerados participes. Esta foi a teoria adotada pelo CP. Agora que ja sabemos que o CP diferencia autor e participe, precisamos saber qual € o critério para se diferenciar um do outro. Trés teorias surgiram. A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista no nuicleo do tipo, sendo participes todos os outros que colaboraram para isso, mas nao realizaram a conduta descrita no nticleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicidio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a conduta de “matar” alguém. Todos os outros colaboradores seriam participes. 0 grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como participe, e no como autor. Mais que isso: Essa teoria nao explica o fenémeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um inimputavel para cometer um crime). A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é quem colabora com participagéo de maior importancia para o crime, e participe é quem colabora com participag&o reduzida, independentemente de quem pratica o nucleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa - matar, subtrair, etc.). Aterceira e ultima teoria, a teoria do dominio do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel*', e posteriormente desenvolvida por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que possui o dominio da conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no nucleo do tipo) ou néo!”, Para esta teoria, 0 autor seria aquele que decide o tramite do crime, sua pratica ou no, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem praticar o nucleo do tipo (“matar alguém”), possui o dominio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da pratica delituosa. Para esta teoria, o participe existe, e é aquele que contribui para a pratica do delito'’, embora nao tenha poder de direcdo sobre a conduta delituosa. O participe sé controla a prépria vontade, mas a n&o a conduta criminosa em si, pois esta nao Ihe pertence. ° PIERANGELI, José Henrique. ZAFFARONI, Eugenio Raul, Manual de Direito Penal Brasileiro. Ed. RT. S80 Paulo, 2008, p. 572. 19 Também chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva. 1B WELZEL, Hans. Op. Cit__, p. 105 mulioz CONDE, Francisco. Teorle general del deito. Ed, Temis Editorial. Bogots, 1999, p. 155-156 13 WELZEL, Hans. Op. Cit, p.117-119 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8de53 A teoria do dominio do fato tem por finalidade estabelecer uma diferenciagao entre autor e participe a partir da nogdo de “controle da situagéo”. Aquele que, mesmo no executando a conduta descrita no nticleo do tipo, possui todo © controle da situago, inclusive com a possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a conduta, deve ser considerado autor, e ndo participe. © controle (ou dominio) da situago pode se dar mediante": 1 - Dominio da agéo - 0 agente realiza diretamente a conduta prevista no tipo penal 2 - Dominio da vontade - 0 agente nao realiza a conduta diretamente, mas € 0 "senhor do crime", controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito (hipétese de autoria mediata). 3 - Dominio funcional do fato - 0 agente desempenha uma funcdo essencial e indispensavel ao sucesso da empreitada criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela significativa, essencial e imprescindivel. Em todos estes casos, o agente sera considerado autor do delito. A teoria do dominio do fato, porém, nao se aplica aos crimes culposos, pois neste nao ha dominio final do fato, pois o fato final (resultado) nao é buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado!. A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no nticleo do tipo, j4 que denota sua “vontade de autor” (animus auctoris), em contraposiggo a “vontade de colaborac&o” do participe (animus socii). Entretanto, considera-se adotada a teoria do dominio do fato para os crimes em que ha autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a complementar a teoria adotada. Esta é, portanto, a posigéo doutrinaria a respeito da posigao do CP sobre a diferenca entre autor e participe. Desta maneira, apés entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no nucleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta descrita BITENCOURT, Cezar Roberto, Op. Cit.__, p. 557-558 ” Idem, p. 558 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9de53 no nucleo do tipo do art. 157, § 2°, 1 e II do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violéncia ou grave ameaca...). Logo, todas sao coautoras do delito. No mesmo exemplo, 0 motorista que fica do lado de fora (0 “piloto de fuga”) 6 considerado participe, pois embora concorra para a pratica do delito, n&o pratica a conduta descrita no nticleo do tipo penal. Contudo, para a teoria do dominio do fato 0 motorista é autor, pois detém o controle funcional do fato (diviséo de tarefas). Por outro lado, José, que apenas emprestou 0 carro para o roubo, nao podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do delito (uma vez esgotada sua participacéio), 6 considerado participe. A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual a conduta dos agentes so diversas e se somam, de forma a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vitima para que Poliana a espanque, ambos séo coautores do crime de les&o corporal, mediante coautoria funcional. Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a hipdtese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vitima, ambos seriam coautores mediante coautoria material No quadroabaiss wou mst par vocés Sigumas hipsteses|polemicas |, desde que ambos os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles que nao a possuem, ao menos tenham ciéncia de que o outro agente age nessa qualidade. Nao se admite a coautoria nos crimes de m&o-prépria, pois so considerados de conduta infungivel, s6 podendo ser praticados pelo sujeito especificamente descrito pela lei. A Doutrina se divide quanto a possibilidade de coautoria em crimes omissivos, da seguinte forma: 1 ~ Parte entende que NAO HA POSSIBILIDADE DE COAUTORIA OU PARTICIPACAO (Concurso de agentes), pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NUCLEO DO TIPO, DE MANEIRA AUTONOMA; 2 - Outra parte da Doutrina entende poderia haver concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas é minoritario; 3 - A Doutrina ligeiramente majoritéria entende que é possivel PARTICIPACAO, mas NAO COAUTORIA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 53 > Na autoria mediata ndo ha concurso de pessoas entre autor mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execugio do delito. > Entretanto, é possivel coautoria e também participagéo na autoria mediata, desde ei haja SODEGES entre os ence mediatos. CUIDADO! Na coacio fisica irresistivel, ndo hd autoria mediata, mas autoria direta, pois o agente que realiza a agdo nao possui conduta, ja que nao ha vontade. Nesse caso, aquele que pratica a coacao fisica irresistivel é autor direto, ndo mediato; Admite-se a autoria mediata nos crimes préprios, mas no nos crimes de méo prépria (ha alguns doutrinadores que entendem ser possivel). 1.3.2 Participacéo Conforme_estudamos . Adotou-se, ainda, a teoria objetivo-formal, de forma que podemos definir a participaggo como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a pratica delituosa, mas nao pratica a conduta descrita no nticleo do tipo penal. A participacdo pode ser: * Moral - E aquela na qual o agente nao ajuda materialmente na pratica do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. A instigag&o ocorre quando o participe age no psicolégico do autor do crime, reforgando a ideia criminosa, que ja existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre quando o participe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que nao tinha pensado no delito; + Material - A participagao material é aquela na qual o participe presta auxilio ao autor, seja fornecendo objeto para a pratica do crime, seja fornecendo auxilio para a fuga, etc. E também chamada de cumplicidade. Este auxilio ndéo pode ser prestado apés a consumacao, salvo se o auxilio foi previamente ajustado. = J& que o participe n4o pratica a conduta descrita no nucleo do tipo penal, como puni-lo? A punibilidade do participe nao pode ser realizada diretamente pela descrig&o do fato tipico. De fato, aquele que empresta uma arma para que alguém mate outra pessoa, no poderia responder por homicidio, pois o art. 121 do CP diz: “matar alguém”. Aquele que empresta a arma nao esta “matando", por isso se diz que nao ha, aqui, adequacdo tipica imediata. Contudo, a punibilidade do participe é possivel porque ha normas de extenséo da adequagéio tipica (no caso, o art. 29 do CP), que permitem a Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br ii de 53 ‘extensao do raio de aplicagao do tipo penal para aqueles que, de alguma forma, tenham contribuido para o delito. Trata-se da chamada adequacdo tipica mediata. Como a conduta do participe é considerada acesséria em relagéo & conduta do autor (que é principal), participe € punido em razao da teoria da acessoriedade". Porém, existem quatro teorias da acessoriedade: + Teoria da acessoriedade minima - Entende que a conduta principal deva ser um fato tipico, no importando se é ou ndo um fato ilicito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e Jodo combinam de matar Paulo. Na data combinada para a execuco, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do lado de fora. Jodo se dirige até Paulo e, apés uma discusséo, Paulo comeca a agredir Jodo, que na verdade mata Paulo em legitima defesa. Jodo matou Paulo em legitima defesa e ndo em razao do ajuste com Marcio (nao tendo praticado fato ilicito, mas apenas tipico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia como participe do crime. Veja que Jodo, de fato, matou Paulo. Contudo, o fato nao ¢ ilicito, pois Jodo agiu em legitima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta de Jodo seja considerada apenas tipica, mas nao ilicita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste caso, Marcio, que nao praticou a conduta seria punido, mas Jodo seria absolvido pela legitima defesa. + Teoria da acessoriedade limitada - Exige que o fato praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta tipica e ilicita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do participe Marcio ndo € punivel, pois a conduta principal, apesar de tipica, nao é ilicita. Veja que, para esta corrente Doutrindria, se o fato praticado pelo autor NAO FOR ILICITO (Ainda que seja um fato tipico), em a defesa, etc., o participe nao deve ser punido. + Teoria da acessoriedade maxima - Para esta teoria, o participe s6 sera punido se o fato for tipico, ilicito e praticado por agente culpavel. Essa teoria faz exigéncia irrazodvel, pois a culpabilidade 6 uma questo pessoal do agente, ndo guardando relagaio com 0 fato. Assim, imagine que Carlos, maior de idade, seja participe de um roubo praticado por Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos néo poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade de participe), pois Lucas (0 autor principal) é inimputavel (nao tem culpabilidade), sendo o fato apenas tipico e ilicito, sem o complemento da culpabilidade. + Teoria da hiperacessoriedade - Exige que, além de o fato ser tipico e ilicito e 0 agente culpavel, o autor tenha sido efetivamente punido para que o participe responda pelo crime. E ainda mais 19.4 teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS de punibilidade do participe, que 6 a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSACAO), que diz que o patticipe deve ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado. Em contraposic&o a esta, havia a teoria da participacio na culpabilidade, que defendia que o participe deveria ser punido apenas por exercer “influéncia negativa” sobre © autor. Esta uitima foi abandonada pela Doutrina ha algumas década: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 53 irrazodvel que a Ultima. Imagine que José seja participe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo vem a falecer (0 que gera a extincdo da punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta corrente, como houve extincgio da punibilidade em relacéo a Marcelo (o autor do delito), o participe (José) nao podera mais ser punido. un mas com certeza nao adotou a teoria da acessoriedade minima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas). A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade limitada’’, exigindo que o fato seja somente tipico e ilicito para que o participe responda pelo crime. Questes interessantes acerca da participagao: PRESTE atencdo > Alei admite a redugdo da pena de 1/6 a 1/3 se a participagéio é de menor importancia (art. 29, § 1° do CP). Isto ndo se aplica as hipéteses de coautoria, mas apenas a participacdo; » A Doutrina admite a participagéo nos crimes comissivos por omissao, quando o participe devia e podia evitar o resultado (art. 13, § 2° do CP). > A participagao inécua nao se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxilid-lo a matar C, e B mata C usando seu revdlver, a participagdo de A foi absolutamente inédcua, pois em nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza a conduta porque ja estava determinado a isso, a instigagéo promovida por A no teve qualquer eficdcia, pois B j4 mataria C de qualquer forma. > Participagao em cadeia é possivel: Assim, se A empresta uma arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este ultimo mate D, tanto A quanto B sdo participes do crime, por prestarem auxilio material em cadeia. > A participago em acao alheia ocorre quando o participe, sem qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa para a pratica do delito. Assim, 0 funcionario ptiblico que nao tranca a porta da reparticSo ao final do expediente, e esta vem a ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por furto. Nao ha concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo entre ambos (coeréncia de vontades). 1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit: 565 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 53 1.4 Comunicabilidade das circunstancias O art. 30 do CP estabelece que: Art. 30 - Nao se comunicam as circunstdncias e as condicées de cardter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Antes de estudarmos a comunicabilidade ou néo das circunstdncias, devemos diferenciar a mera circunstancia da circunstancia elementar do crime. Assim, a circunstancia “alguém” no crime de homicidio, é uma elementar, pois se o fato for praticado contra um animal, por exemplo, no haveré homicidio. Por sua vez, a mera circunstancia ndo é indispensavel a caracterizag&o do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, aumenta ou diminui a pena. Assim, o “motivo torpe” é uma circunstancia ndo-elementar, ou mera circunsténcia, pois caso o fato seja praticado sem essa circunsténcia, continua a existir homicidio, no entanto, sem a qualificadora. 1.4.1 Espécies de elementares e de circunstancias Podem ser subjetivas (de carter pessoal), quando relativas 4 pessoa do agente. E 0 caso da condig&o de funcionario piblico, que € pessoal, pois se refere ao agente. Podem ser, ainda, objetivas (ou de cardter real), quando se referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, 0 emprego de violéncia, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar objetiva As condicées pessoais nao se confundem com as circunstancias ou elementares de carater pessoal. As primeiras sdo fatores pessoais do agente, que independem da prética da infraco penal. Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condic&o pessoal, e ndo uma circunstancia de carater pessoal, tampouco uma elementar. Com base nesses trés institutos (elementares, circunstancias e condigdes pessoais), ¥ As circunstancias e condicées de carater pessoal néo se comunicam - Se A contrata B, para que este mate C, em razdo deste Ultimo ter estuprado sua filha, A comete o crime de homicidio privilegiado, em razio do relevante valor moral (art. 121, § 1° do CP). Entretanto, B nao comete o crime de homicidio privilegiado, pois a circunstancia “relevante valor moral” é pessoal, néo se estendendo ao coautor; v As circunstancias de carater real, ou objetivas, se comunicam - Porém, € necessdrio que a circunstancia tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes. Imagine que A Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 53 contrata B para matar C. B informa a A que usaré de emboscada (portanto, homicidio qualificado, nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. Nesse caso, a circunstancia objetiva “emboscada” (relativa ao meio utilizado), se comunica, pois embora A no tenha usado de emboscada, concordou com esta pratica por B. Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstancia n&o se comunicaria, por no ter entrado na esfera de conhecimento de A; v As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas - No entanto, mais uma vez se exige que estas elementares tenham entrado no ambito de conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Julio, servidor publico, convida Marcelo a entrar na reparticao onde trabalham, valendo-se da condig&o de Julio, para subtrair alguns computadores. Caso Marcelo conheca a condig&o de funcionério publico de Julio, ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconhega essa circunstancia elementar, responde ele apenas pelo crime de furto, pois a auséncia dessa circunstancia faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas a conduta ainda é punivel como furto comum. N&o confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vinculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. |. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem que um saiba da existéncia do outro, escondem-se atrés de arvores esperando a passagem de C, a fim de mata-lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a dbito. Nesse caso, ndo houve coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, ai vai mais uma informagéio: Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na cabeca, levando-o a dbito. Nesse caso, o laudo ndo conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como no se pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicidio TENTADO, pois nao se pode atribuir a nenhum deles 0 homicidio consumado, jd que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este € 0 fenémeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com vinculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam por crime de homicidio CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que levou Ca ébito. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 53 1.4.2 Cooperagao dolosamente distinta A cooperacao dolosamente distinta, também chamada de “participac&o em crime menos grave” ou “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a execucdo, um deles decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11,7,1984) G+.) § 2° - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-Ihe- 4 aplicada a pena deste; essa pena seré aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel o resultado mais grave. (Redacdo dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto Herval adentra & residéncia. Entretanto, ao chegar a residéncia, Herval se depara com dois segurangas, e troca tiros com ambos, levando-os a obito (sinistro esse cara). Apos, entra na casa e subtrai diversos bens. Volta ao carro e ambos fogem. Camila no quis participar de um latrocinio (que foi o que efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a primeira parte do § 2° do art. 29 do CP, respondera somente pelo furto. Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o latrocinio era provavel (se soubesse, por exemplo, que Herval estava armado e que havia a possibilidade de ter segurangas na casa), a pena do crime de furto (nao a do latrocinio!!) sera aumentada até a metade. A lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode nao chegar a esse patamar. O aumento de pena ira variar conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila nao se predispés, mas era previsivel. DESPENCA na prova CUIDADO MASTER! Existe uma quest&o muito controvertida no que se refere S&o muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a Doutrina majoritéria da sequinte forma: COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO - E possivel, pois é possivel que duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um mével do 10° andar de um prédio, sem inteng&o de atingir ninguém, mas acabam lesionando uma pessoa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 53 PARTICIPAGAO EM CRIME CULPOSO - Depende. Podemos estar falando de participacéo DOLOSA ou participagao CULPOSA. DOLOSA - Nao cabe participagio dolosa em crime culposo, pois a Doutrina entende que no hé “unidade de vontades” entre os agentes (um quer 9 resultado a titulo de dolo, e o outro, executor, é apenas um descuidado). Assim, no ha “vinculo subjetivo” entre eles no que tange ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta. CULPOSA - E possivel, pois é possivel que alguém, por culpa, induza, instigue ou preste auxilio ao executor de uma conduta também culposa, e haveria “unidade de vontades”. CUIDADO: O STJ entende que NAO cabe nenhum tipo de participagdo em crime culposo. Parte da Doutrina também segue este entendimento. Por fim, 0 que é “multidao delinquente” ou “multidao criminosa”"? So considerados pela doutrina como aqueles atos em que intimeras (incontdveis, uma multid’o) pessoas praticam o mesmo delito, agindo em concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prévio, mas cada uma aderindo tacitamente 4 conduta da outra. Ex.: Linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a carretas tombadas, etc. A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, tém-se CONCURSO DE PESSOAS, pois ha vinculo subjetivo entre estas pessoas, ainda que tacito (nao explicito). © agente que praticar o delito nestas condicdes, porém, deverd ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, e do CP, ja que se trata de situacdo em que ha maior vulnerabilidade psicolégica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta criminosa. Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem a conduta criminosa tero suas penas agravadas (art. 62, I do CP). 2 CONCURSO DE CRIMES 2.1 Conceito e natureza Assim como é plenamente possivel que duas ou mais pessoas se unam para praticar determinado delito, é plenamente possivel que de uma mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam varios crimes. © concurso de crimes pode ser de §féSUeSpéeies: concurso formal, concurso material e crime continuado. A exata caracterizagéo de cada um dos institutos ¢ bastante importante, pois isso influenciard na adocio do sistema de aplicag’o da pena. Trés também s&o os sistemas de aplicacéo da pena: #0 termo "multidgo criminosa” é utiizado, dentre outros, por René Ariel Dotti (cf. DOTTI, René Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4° ed. S80 Paulo. 2012, p. 459) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 53 + Sistema do cimulo material - Aqui, ao agente é aplicada a pena correspondente ao somatorio das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso formal impréprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso de penas de multa (art. 72 do CP); + Sistema da exasperacdo - . Foi acolhido no que se refere ao concurso formal préprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP); + Sistema da absor¢do ~ Aplica-se somente a pena da infrag&o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente) em relagdo aos crimes falimentares. 2.2 Espécies 2.2.1 Concurso material (ou real) de crimes Estd regulado pelo art. 69 do CP: Art. 69 - Quando 0 agente, mediante mais de uma ago ou omisséo, pratica dois ou mais crimes, idénticos ou néo, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicacéo cumulativa de penas de recluséo e de detencio, executa-se primeiro aquela. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) § 10 - Na hipétese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, n3o suspensa, por um dos crimes, para os demais seré incabivel substituicao de que trata 0 art. 44 deste Cédigo. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) § 20 - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, 0 condenado cumpriré simultaneamente as que forem compativeis entre si e sucessivamente as demais. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Nesse fenémeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Pode ser homogéneo, quando todos os crimes praticados sao id€nticos, ou heterogéneo, quando os crimes sao diferentes. Esse climulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da sentenga, se os processes tiverem sido reunides por conexdio, ou pelo Juiz da execugao, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos (nos termos do art. 66, III, a da LEP). Se for imposta pena de recluséo a um dos crimes e de detencdo a outro, executa-se primeiramente a de recluséo, nos termos do art. 69, caput, segunda parte, do CP. Sé sera possivel a aplicacio de penas restritivas de direitos a um dos crimes se em relac&o aos outros foi aplicada pena também restritiva de direitos ou, em Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 53 caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade, esta foi suspensa (é 0 chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do CP. As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas simultaneamente, desde que compativeis. Assim, a pena de limitacdo de final de semana nao pode ser cumprida simultaneamente com outra restritiva de direitos idéntica (limitaco de final de semana), pois nesse caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possivel o cumprimento simultdneo de pena restritiva de direitos consistente em prestacéo de servigos 4 comunidade e outra consistente em prestag&o pecuniaria ($$), pois isso nao importa em prejuizo a ninguém (nem ao Estado nem ao infrator). Sé6 é possivel a suspensdo condicional do processo (art. 89 da Lei 9.09/95) se 0 somatério das penas minimas previstas para todos os crimes for inferior a um ano. Assim, se 0 acusado praticou dois crimes em concurso material, sendo a pena minima de ambos estipulada em 03 meses de detencio, é possivel a suspensao condicional do processo. 2.2.2 Concurso formal de crimes No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma Unica conduta, pratica dois ou mais crimes, idénticos ou néo. Nos termos do art. 70 do CP: Art. 70 - Quando 0 agente, mediante uma sé acéo ou omisséo, pratica dois ou mais crimes, idénticos ou no, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabiveis ou, se iquais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. AS penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se 2 aco ou omissao é dolosa e os crimes concorrentes resultam de designios auténomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Parégrafo Unico - Nao poderd a pena exceder a que seria cabivel pela regra do art. 69 deste Codigo. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Primeiramente, deve ser esclarecido a vocés que dewelhaver Unidade de . No entanto, a unidade de conduta nao significa unidade de atos, pois existem condutas que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabeca. Embora neste caso haja diversos atos, ha unidade de conduta. O concurso formal seré homogéneo se todos os crimes cometidos mediante a conduta nica forem idénticos, e seré heterogéneo se os crimes praticados forem diversos. © concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: + Concurso formal perfeito (préprio) - Aqui o agente pratica uma Gnica conduta e acaba por produzir dois resultados, embora ndo pretendesse realizar ambos, ou seja, ndo ha designios auténomos (inteng’o de, com uma nica’ conduta, praticar dolosamente mais de um crime). Esse tipo de concurso sé pode ocorrer, portanto, entre crimes culposos, ou entre um crime doloso e um ou varios crimes culposos. Exemplo: Imaginem que Camila, Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 53 dirigindo seu Bugatti pelas ruas de Sao Paulo, em altissima velocidade, atropela, sem querer, um pedestre, que vem a dbito, € causa lesdes graves em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes de homicidio culposo e lesdo corporal culposa em concurso formal, aplicando-se a ela a pena do homicidio culposo (mais grave) acrescida de 1/6 até a metade; + Concurso formal imperfeito (impréprio) - Aqui o agente se vale de uma tinica conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo anterior, Camila desejasse matar © pedestre, antigo desafeto, bem como lesionar 0 outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, com sua Unica conduta, Camila objetivou praticar ambos os crimes, respondendo por ambos em concurso formal imperfeito, e Ihe seré aplica a pena de ambos cumulativamente (sistema do ctimulo material), pois esse concurso formal é formal apenas no nome, ja que deriva de intengdes (designios) auténomas, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP. 2.2.3 Aplicacado da pena no concurso formal ee utilizando-se como base a pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do CP). © quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como base) seré definido mediante a andlise da quantidade de crimes praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se 0 aumento minimo; se praticados diversos crimes mediante a Unica conduta, aplica-se o aumento em seu montante maximo. Trata-se, portanto, de uma formula de aplicagio da pena que visa a beneficiar o réu, em razao do menor desvalor de sua conduta. Entretanto, se estivermos diante de concurso formal imperfeito (impréprio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70, segunda parte, do CP, ou seja, 0 sistema do ctimulo material, pois o agente se valeu de uma Unica conduta para praticar diversos crimes de maneira dolosa, agindo com intengdes auténomas (designios auténomos). Ha, ainda, a figura que se denominou de concurso material benéfico, que ocorre quando o sistema da exasperag3o se mostra prejudicial ao réu em relagéio ao sistema da cumulacao. EXEMPLO: Imaginem que 0 agente tenha cometido homicidio doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo © crime de lesées corporais culposas em concurso formal com o homicidio (art. 129, § 6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detengao). Nesse exemplo acima, o sistema da exasperac&o é muito prejudicial ao réu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de homicidio a 10 anos Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 53 de reclusao (crime mais grave). Nesse caso, pelo sistema da exasperacao, por ter havido concurso formal, essa pena deve ser aumentada de 1/6 até a metade. Logo, a pena dele variaré de 11 anos e 08 meses a 15 anos de reclusdo (pena base + 1/6 e pena base + metade). Pelo sistema do cumulo material, como a pena de lesdes culposas é bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois meses a 11 anos de reclusdo. Nesse caso, percebam, o sistema da exasperacao é prejudicial ao réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, ELE NAO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cimulo material, pois o sistema da exasperagao foi criado para beneficiar o réu e nao pode ser aplicado quando resultar em prejuizo a ele. Nos termos do § Unico do art. 70 do CP: Art. 70 (...) Pardgrafo Unico - Nao poderé a pena exceder a que seria cabivel pela regra do art. 69 deste Cédigo. (Redagdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 2.2.4 Crime continuado Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condicdes s&o considerados pela Lei (por uma ficgdo juridica) como crime tinico. Nos termos do art. 71 do CP: Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma aco ou omissdo, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condicées de tempo, lugar, maneira de execucdo e outras semelhantes, devem os subsegiientes ser havidos como continuacao do primeiro, aplica-se-Ihe a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois tercos. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Paragrafo unico - Nos crimes dolosos, contra vitimas diferentes, cometidos com violéncia ou grave ameaca & pessoa, poderd o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstancias, aumentar a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do paragrafo dnico do art. 70 € do art. 75 deste Cédigo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Duas teorias buscam explicar este instituto: + Teoria da ficcdo juridica - Para esta teoria)/a)eontinuidade delitiva @tuma fieedo, pois, na verdade, existe diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas um crime, para fins de aplicaco da pena. Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara; + Teoria da realidade, ou da unidade real - Para esta teoria, o crime continuado é, por sua propria natureza, um Unico delito, no havendo que se falar em ficgdo juridica. Oloss0/CP /adotoula teoria da ficeao juridiea, pois a consideragao dos diversos delitos como um Unico crime se da apenas para fins de aplicagéo da pena, tanto que, no que tange a prescricdo, eles sao considerados crimes auténomos, nos termos do art. 119 do CP: Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 53 Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extingao da punibilidade incidira sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) 2.2.5 Requisitos para a configuracéo do crime continuado A Doutrina entende serem trés os requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma espécie; e c) condigées semelhantes de tempo, lugar, modo de execucSo e outras semelhancas. Ha divergéncia doutrinaria quanto 4 necessidade de haver ou nao unidade de designio. A pluralidade de conduta decorre da redagao do art. 71, que fala em “mediante mais de uma acdo ou omissao”. A pluralidade de crimes causa polémica. O que seriam crimes da mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudéncia nao sao pacificas. Parte minoritaria entende que crimes da mesma espécie sio aqueles que tutelam o mesmo bem juridico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, apropriagao indébita, etc., seriam todos crimes da mesma espécie, pois seriam todos “crimes contra o patriménio”. No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie sdo aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo qualificado. Vejamos: GP urisorudencia (4) Nao ha continuidade delitiva porque os crimes de falsificagao de documento ptiblico e falsidade ideolégica ndo s3o da mesma espécie. ) (AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 7/05/2014, ) Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no mesmo dispositivo legal, devem tutelar 0 mesmo bem juridico. Assim, roubo simples (art. 157) e latrocinio (art. 157, § 3° do CP) nao seriam crimes da mesma espécie, pois o latrocinio tutela, ainda, o direito a vida, e ndo somente o patriménio. O ST] ja solidificou este entendimento: GB ourispruasncta Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 53, Ged 1. Os crimes de roubo e latrocinio, apesar de serem do mesmo género, néo so da mesma espécie. No crime de roubo, a conduta do agente ofende o patriménio. No delito de latrocinio, ocorre lesao ao patriménio e a vida da vitima, nao havendo homogeneidade de execugo na pratica dos dois delitos, razao pela qual tem aplicabilidade a regra do concurso material. Ge) ws 186. ms” Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe Por fim, a semelhanca entre os delitos deve obedecer a conexdo de quatro géneros: temporal, espacial, modal e ocasional. A conexdo temporal exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. Mesma época n&o implica mesmo momento. A jurisprudéncia tem entendido que os crimes néo podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos crimes contra a ordem tributdria, o STF ja entendeu que pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido cometidos em lapso temporal ndo superior a 03 anos. A conexdo espacial indica que, para que seja considerada continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A Jurisprudéncia entende que a conexéo espacial sé estara presente se os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no maximo, na mesma regido metropolitana. A conexdo modal se verifica quando 0 agente pratica o crime sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execugao, pela utilizagdo de comparsas, etc. A conex4o ocasional no possui previséo expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasi&o que gerou a pratica dos crimes subsequentes. Com relagao a unidade de designios, ou seja, a necessidade de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido partes de um Unico projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina, bem como a Jurisprudéncia, entendem ser necessdria essa unidade de designios, de forma que a mera reuniao dos demais requisitos nao configura a continuidade delitiva se os crimes foram praticados de maneira isolada, sem nenhum vinculo entre eles. Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudéncia adotam a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que ndo prevé a necessidade de unidade de designios. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 53, 2.2.6 Aplicacéo da pena no crime continuado Existem trés espécies de crime continuad s, qualificado expectce ern, fem todos os casos se aplica‘o sistema da No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares s&o as mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de delitos). No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados sao diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. Por fim, 0 crime continuado especifico esta previsto no § Unico do art. 71 do CI Art. 71 (...) Parégrafo Unico - Nos crimes dolosos, contra vitimas diferentes, cometidos com violéncia ou grave ameaca 4 pessoa, poderd 0 juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, 2 conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunsténcias, aumentar a pena de um sé dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do paragrafo Unico do art. 70 e do art. 75 deste Cédigo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Assim, nos crimes dolosos cometidos com violéncia ou grave ameaca a pessoa, sendo as vitimas diferentes, poderd o Juiz aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo. Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperagdo, entretanto, o § Unico previu um quantum maior a ser acrescido @ pena-base. A lei ndo estabelece a quantidade minima nesse caso, mas a Jurisprudéncia, inclusive o STF, entende que o minimo aqui também é de 1/6. Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o sistema da exasperacdo se mostrar mais gravoso, deverd ser aplicado o sistema do cimulo material. 2.2.7 Crime continuado e conflito de leis penais no tempo Se durante a execugao do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta ultima é aplicada, pois se considera que o crime continuado esta sendo praticado enquanto n&o cessa a continuidade delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova chegou a vigorar antes de sua consumacao, aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao tempo do crime. Este entendimento esté, inclusive, sumulado pelo STF: SUMULA NO 7144 A LET PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGENCIA E ANTERIOR A CESSACAO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANENCIA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 53 2.2.8 Crime continuado e prescricéo Nos crimes continuados, por haver mera ficg&o juridica de crime unico genes pare fins de zplcagse da pena, Entretanto, para o cdlculo da prescricéo RETROATIVA (a que leva em consideragao a pena “em concreto”), leva-se em conta a pena minima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo que seria aplicado em decorréncia da continuidade delitiva. EXEMPLO: Se ha dois furtos qualificados praticados em continuidade delitiva (penas minimas de dois anos), tendo a sentenga aplicado a pena minima, por exemplo (02 anos), acrescida de determinado percentual decorrente da continuidade delitiva (1/4), a prescrig&o é calculada tendo por base a pena aplicada, mas sem computar o acréscimo decorrente da continuidade delitiva (apenas 02 anos, e ndo 02 anos + '%, que seria 02 anos e 06 meses). Para termos uma ideia de como isso influencia a prescrigo, se utilizdssemos os “dois anos e seis meses” como base para o calculo da prescrigao retroativa, ela ocorreria em 08 anos, por forca do art. 109, Iv do CP. Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acréscimo (02 anos), a prescrig&0 retroativa teré o prazo de 04 anos, por forga do art. 109, V do CP. Esta previséo consta do verbete n° 497 da simula do STI SUMULA N° 497 QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRICAO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENCA, NAO SE COMPUTANDO O ACRESCIMO DECORRENTE DA CONTINUAGAO. 2.2.9 Aplicagéo da pena de multa no concurso de crimes Assim prevé 0 art. 72 do CP: Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa s&o aplicadas distinta e integralmente. (Redagao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Assim Essa aplicacao € inquestionavel no concurso material e no concurso formal. No entanto, no que se refere ao crime continuado, ha forte divergéncia. A primeira corrente (amplamente majoritaria na Doutrina) entende que esta regra também se aplica ao crime continuado, por nao ter a Lei feito qualquer distingao. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 53 A segunda corrente S73), entende que, nesse caso, ndo se aplica a regra do art. 72, por tera lei entendido que se trata de crime Gnico, mediante ficgdo juridica. 3 _DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CODIGO PENAL % Arts. 29 a 31 do CP - Regulamentam o concurso de agentes no Cédigo Penal: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) § 19 - Se a participacao for de menor importéncia, a pena pode ser diminuida de um sexto a um terco. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-Ihe-8 aplicada a pena deste; essa pena seré aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel 0 resultado mais grave, (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Circunstancias incomunicaveis Art, 30 - Ngo se comunicam as circunstdncias e as condicdes de cardter pessoal, salvo quando elementares do crime, (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Casos de impunibilidade Art, 31 - O ajuste, a determinacao ou instigacéo e 0 auxilio, salvo disposico expressa em contrario, nao sao puniveis, se o crime nao chega, pelo menos, a ser tentado. (Reda¢ao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) % Arts. 69 a 72 do CP - Regulamentam o concurso de crimes no Cédigo Penal: Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma acao ou omissao, pratica dois ou mais crimes, identicos ou nao, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicacdo cumulativa de penas de reclusio e de detencao, executa-se primeiro aquela. (RedacSo dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984) § 19 - Na hipétese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, n3o suspensa, por um dos crimes, para os demais serd incabivel substituicdo de que trata 0 art. 44 deste Cédigo. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) § 20 - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, 0 condenado cumpriré simultaneamente as que forem compativeis entre si e sucessivamente as demais. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma sé ago ou omissao, pratica dois ou mais crimes, idénticos ou néo, aplica-se-Ihe a mais grave das penas cabiveis ou, 52 iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a acdo ou omissao é dolosa e os crimes concorrentes resultam de designios auténomos, consoante 0 disposto no artigo anterior. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Parégrafo nico - Nao poderd a pena exceder a que seria cabivel pela regra do art. 69 deste Cédigo. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Crime continuado Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 53 Art. 71 - Quando 0 agente, mediante mais de uma acao ou omissao, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condicées de tempo, lugar, maneira de execucéo @ outras semelhantes, devem os subseqiientes ser havidos como continuacao do primeiro, aplica-se-Ihe a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois tercos, (Redacdo dada pela Lei n° 7,209, de 11,7.1984) Paragrafo Unico - Nos crimes dolosos, contra vitimas diferentes, cometidos com violéncia ou grave ameaga a pessoa, poderd o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstancias, aumentar a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do paragrafo Unico do art. 70 ¢ do art. 75 deste Cédigo.(Redagso dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Multas no concurso de crimes Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa séo aplicadas distinta e integralmente. (Redacao dada pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) % Art, 119 do CP - Trata da prescrig&o na hipétese de concurso de crimes: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extincdo da punibilidade incidird sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redacao dada pela Lei n® 7,209, de 11.7.1984) C) ULAS PERTINENTES 4.1 Simulas do STF Sumula 711 do STF - Trata da solugdo ao conflito aparente de leis penais no tempo, no que tange aos crimes continuados e permanentes: SUMULA N° 711 A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGENCIA E ANTERIOR A CESSAGAO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANENCIA. % SGmula 497 do STF - Trata do calculo do prazo prescricional relativamente ao crime continuado, desprezando-se o acréscimo de pena decorrente da continuidade delitiva: SUMULA N° 497 QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRICAO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENGA, NAO SE COMPUTANDO O ACRESCIMO DECORRENTE DA CONTINUACAO. % Samula 723 do STF - Trata da forma de cdlculo da pena minima para fins de cabimento da suspenso condicional do processo em relacéo ao crime continuado. Deve ser considerada a pena da infraco mais grave, acrescida do aumento 1/6 (aumento minimo decorrente da continuidade delitiva): Sdmula 723 “Nao se admite a suspenséo condicional do processo por crime continuado, se @ soma da pena minima da infracéo mais grave com o aumento minimo de um sexto for superior a um ano.” Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 53 4.2 Sumulas do STJ % SGmula 243 do STJ - Seguindo a mesma linha da simula 723 do STF, s6 que com uma abrangéncia maior, esta simula trata da forma de calculo da pena minima para fins de cabimento da suspensdo condicional do processo em relac&o ao concurso de crimes em geral (crime continuado, concurso formal € concurso material). Nao sera cabivel o beneficio da suspensao condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) quando a pena minima, jé com o acréscimo decorrente da majoracao (concurso formal ou crime continuado) ou do somatério (concurso material), ultrapassar um ano: Stmula 243 do STI “O beneficio da suspensio do proceso nao é aplicdvel em relacao as infragdes penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando pena minima cominada, seja pelo somatério, seja pela incidéncia da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano”. JURISPRUDENCIA CORREL. % STJ - RESP 1306731/RJ - O ST] firmou entendimento no sentido de que nao se pode condenar um dos comparsas por homicidio culposo e outro por homicidio doloso, quando reconhecida a ocorréncia de concurso de agentes. Isso porque o concurso de pessoas, dada a adogao da teoria monista, pressupde a unidade de infragées penais, objetiva e subjetivamente, ou seja, todos devem responder pelo mesmo delito, e sob o mesmo elemento subjetivo (dolo ou culpa): (...) 3. Tratando-se de crime praticado em concurso de pessoas, 0 nosso Codigo Penal, inspirado na legislacdo italiana, adotou, como regra, a Teoria Monista ou Unitaria, ou seja, havendo pluralidade de agentes, com diversidade de condutas, mas provocando um sé resultado, existe um sé delito. 4, Assim, denunciados em coautoria delitiva, e nao sendo as hipéteses de participacao de menor importancia ou cooperacéo dolosamente ta, ambos os réus teriam que receber rigorosamente a mesma condenacao, objetiva e subjetivamente, seja por crime doloso, seja por crime culposo, nao sendo possivel cindir 0 delito no tocante 4 homogeneidade do elemento subjetivo, requisito do concurso de pessoas, sob pena de violacao a teoria monista, razao pela qual mostra-se evidente o constrangimento ilegal perpetrado. 5. Diante da formaco da coisa julgada em relacgo 20 corréu e considerando 2 necessidade de aplicacdo da mesma solucdo juridica para o recorrente, em obediéncia & teoria monista, o principio da soberania dos veredictos deve, no caso concreto, ser aplicado justamente para preservar a decisdo do Tribunal do Juri ja transitada em julgado, no havendo, portanto, a necessidade de submissio do recorrente a novo julgamento. God (REsp 1306731/R3, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 04/11/2013) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 53, © STJ - HC 235.827/SP - 0 ST) firmou entendimento no sentido de é cabivel a coautoria em crimes culposos, embora néo seja cabivel a participaco: (...) 2. A doutrina majoritéria admite a coautoria em crime culposo. Para tanto, devem ser preenchidos os requisites do concurso de agentes: a) pluralidade de agentes, b) relevancia causal das varias condutas, c) liame subjetivo entre os agentes ed) identidade de infracao penal. In casu, a conduta do pai ndo teve relevancia causal direta para o homicidio culposo na diregao de veiculo automotor. Outrossim, no ficou demonstrado 0 liame subjetivo entre pai e filho no que concerne 3 imprudéncia na direco do automével, no podendo, por conseguinte, atribuir-se 2 pai e filho a mesma infracao penal praticada pelo filho. 3. No ha qualquer elemento nos autos que demonstre que o pai efetivamente autorizou o filho a pegar as chaves do carro na data dos fatos, ou seja, tem-se apenas ilagdes e presungées, destituidas de lastro fético e probatorio, Ademais, 0 crime culposo, ainda que praticado em coautoria, exige dos agentes a previ lade do resultado. Portanto, nao sendo possivel, de plano, atestar a conduta do pai de autorizar a saida do filho com o carro, muito menos se pode a ele atribuir a previsibilidade do acidente de transito causado. 4. Habeas corpus nao conhecido. Ordem concedida de oficio, ratificando-se em parte a liminar, apenas para restabelecer a sentenca absolutéria, no que concerne ao delito do art. 302, c/c 0 art. 298, inciso I, do Cédigo de Transito Brasileiro. (HC 235.827/SP, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 03/09/2013, DJe 18/09/2013) % STJ - RESP 1582601/DF - 0 STJ firmou entendimento quanto aos pardmetros para fixagéo do aumento decorrente da continuidade delitiva, devendo ser considerada a quantidade de infracées penais praticadas: 1. Relativamente a exasperacdo da reprimenda procedida em razdo do crime continuado, ¢ imperioso salientar que esta Corte Superior de Justiga possui o entendimento consolidado de que, cuidando-se aumento de pena referente continuidade delitiva, aplica-se a fracao de aumento de 1/6 pela pratica de 2 infracées; 1/5, para 3 infragoes; 1/4, para 4 infragées; 1/3, para 5 infragdes; 1/2, para 6 infragées e 2/3, para 7 ou mais infragées. God (REsp 1582601/DF, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 26/04/2016, DJe 02/05/2016) % STJ - RESP 1028062/RS - O ST] firmou entendimento no sentido de que, para a caracterizacéo da continuidade delitiva, nao bastam os elementos de natureza objetiva (conexdo espacial, temporal, etc.), sendo necessario também que esteja presente o requisito de ordem subjetiva, consistente na existéncia de vinculo subjetivo entre as condutas delituosas, ou seja, que o agente tenha praticado os crimes na consciéncia de que se tratava de uma Unica empreitada criminosa (ainda que desdobrada em vérios atos criminosos): (...) 7. © Superior Tribunal de Justia entende que, para a caracterizacio da continuidade delitiva (art. 71 do Cédigo Penal), necessario que estejam preenchidos, cumulativamente, os requisitos de ordem objetiva (pluralidade de acées, mesmas condigées de tempo, lugar e modo de execugao) e 0 de ordem subjetiva, assim entendido como a unidade de designios ou o vinculo subjetivo havido entre os eventos delituosos. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 53 (..) (REsp 1028062/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 23/02/2016) ‘% STJ - RESP 1287277/MT - 0 ST) firmou entendimento no sentido de que o fato de os delitos terem sido praticados contra vitimas diferentes nao afasta a Possibilidade de reconhecimento da continuidade delitiva: 2. 0 fato de os crimes terem sido praticados contra vitimas diversas ndo impede o reconhecimento do crime continuado, notadamente quando os atos tiverem sido praticados no mesmo contexto fatico (AgRg no REsp n. 1.359.778/MG). (...) (REsp 1287277/MT, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 20/04/2016) ‘% STJ - AGRG no RESP 1509655/SP - Embora nao haja unanimidade quanto ao lapso temporal dentro do qual se poderia falar em continuidade delitiva, o ST] possui alguns julgados, como este abaixo, no qual entendeu que nao é possivel reconhecer a continuidade delitiva quando ha lapso temporal superior a 30 dias entre as condutas: 1. Incabivel a incidéncia da regra da continuidade delitiva quando o espaco de tempo entre as condutas delituosas supera os 30 dias, periodo suficiente para caracterizar a autonomia entre os fatos delituosos. Precedentes do STJ. 2. Na espécie, em que houve a utilizaco de passaporte falso por quatro vezes, mas transcorrido aproximadamente 150 dias entre a segunda e a terceira condutas, deve ser afastada a incidéncia do art. 71 do CP quanto a estas acées. 3, Insurgéncia desprovida. (AgRg no REsp 1509655/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 19/11/2015) CONCURSO DE PESSOAS Conceito - Colaboracao de dois ou mais agentes para a pratica de uma infracéo penal. Teoria adotada pelo CP - Teoria monista temperada (ou mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Ha excegées 4 teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126 e 0 terceiro pelo crime do art. 124). Espécies: + EVENTUAL - 0 tipo penal ndo exige que o fato seja praticado por mais de uma pessoa. + NECESSARIO - 0 tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas & obtencao da Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 53 mesma finalidade criminosa (associagdo criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa) Requisitos * Pluralidade de agentes - £ necessdrio que tenhamos mais de uma pessoa a colaborar para 0 ato criminoso. * Relevancia causal da colaboracao - A participacdo do agente deve ser relevante para a produgio do resultado, de forma que a colaborag3o que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. * Vinculo subjetivo (ou liame subjetivo) - E necessario que a colaboragao dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido adesdo de um a conduta do outro. Trata-se do principio da convergéncia. » Unidade de crime (ou contravencdo) para todos os agentes (identidade de infragao penal) - As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitario. * Existéncia de fato punivel - Trata-se do principio da exterioridade. Assim, é necessdrio que 0 fato praticado pelos agentes seja punivel, o que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Modalidades Coautoria - Adogao do conceito restritivo de autor (teoria restritiva), por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a conduta descrita no nticleo do tipo penal. Todos os demais sao participes. BSE Autoria mediata: situacdo na qual alguém (autor mediato) se vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a pratica de um delito. Pode ocorrer quando: = O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro) * O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coag&o moral irresistivel) Tépicos importantes: * Pode haver autoria mediata nos crimes proprios - Desde que o autor MEDIATO retina as condicées especiais exigidas pelo tipo penal. «Nao hd possibilidade de autoria mediata nos crimes de mo prépria - Impossibilidade de se executar o delito por interposta pessoa + AUTORIA POR DETERMINACAO - Pune-se aquele que, embora nao sendo autor nem participe, exerce sobre a conduta dominio EQUIPARADO a figura da autoria. ‘sos.com.br Bi de 53 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconc Teoria do dominio do fato - Deve ser aplicada para as hipdteses de autoria mediata. Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de decisdo sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por: * Dominio da agio - 0 agente realiza diretamente a conduta prevista no tipo penal * Dominio da vontade - 0 agente nao realiza a conduta diretamente, mas é 0 "senhor do crime", controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito (hipotese de autoria mediata). * Dominio funcional do fato - O agente desempenha uma fung’o essencial e indispensavel ao sucesso da empreitada criminosa, que & dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela significativa, essencial e imprescindivel. Tépicos importantes + Nao se admite coautoria nos crimes de mao prépria = Doutrina ligeiramente majoritaria entende nao ser cabivel coautoria em crimes culposos « N&o existe coautoria entre autor mediato e autor imediato = Ha possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos PARTICIPACAO Espécies + Moral - O agente nao ajuda materialmente na pratica do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. + Material - A participacao material 6 aquela na qual o participe presta auxilio ao autor, seja fornecendo objeto para a pratica do crime, seja fornecendo auxilio para a fuga, etc. Punibilidade do participe - Adocdo da teoria da acessoriedade: Como a conduta do participe 6 considerada acesséria em relagao a conduta do autor (que é principal), o participe deve responder pela conduta principal (na medida de sua culpabilidade). (OBS! A Doutrina majoritdria defende que foi adotada a teoria da acessoriedade jimitada, exigindo-se que 0 fato seja tipico e ilicito para que o participe responda pelo crime. Participagao de menor importancia - reducéo da pena de 1/6 a 1/3 Participacao inécua - Nao é punivel Participacao em crime culposo - Controvertido. STJ entende que nao cabe participacdo em crime culposo. Doutrina se divide: parte entende que cabe participacdo culposa em crime culposo, outra parte entende que ndo cabe participacgéio nenhuma (nem culposa nem dolosa) em crime culposo. UNANIMIDADE: nao cabe participacdo dolosa em crime culposo. ‘sos.com.br 32 de 53 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconc COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTANCIAS * As circunstancias e condigdes de carater pessoal no se comunicam * As circunsténcias de carter real, ou objetivas, se comunicam + As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas COOPERACAO DOLOSAMENTE DISTINTA Também chamada de “participagéio em crime menos grave” ou “desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a execuga0, um deles decide praticar outro crime, mais grave. CONSEQUENCIA: agente responde pelo crime menos grave (que quis praticar). A pena, contudo, podera ser aumentada até a metade, caso tenha sido previsivel a ocorréncia do resultado mais grave. “Multidao delinquente” ou “multidaéo criminosa - Aqueles atos em que intimeras (incontaveis, uma multid#o) pessoas praticam 0 mesmo delito. CONCURSO DE CRIMES O concurso de crimes pode ser de trés espécies: concurso formal, concurso material e crime continuado. Ha, também, trés sistemas de aplicacao da pena: * Sistema do ctimulo material - E aplicada a pena correspondente ao somatério das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. + Sistema da exasperacao - Aplica-se ao agente somente a pena da infrag&o penal mais grave, acrescida de determinado percentual. + Sistema da absorco - Aplica-se somente a pena da infrac&o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. CONCURSO MATERIAL Conceito — Aqui o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Espécies: * Homogéneo - Quando todos os crimes praticados sao idénticos * Heterogéneo - Quando os crimes praticados sao diferentes Sistema de aplicacéo da pena Aplica-se o sistema do CUMULO MATERIAL. CONCURSO FORMAL Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 53 Conceito - Aqui o agente pratica uma sé conduta e produz dois ou mais resultados. Espécies: * Homogéneo - Quando todos os crimes praticados so idénticos Heterogéneo - Quando os crimes praticados sdo diferentes Perfeito (préprio) - Aqui o agente pratica uma Unica conduta e acaba por produzir dois resultados, embora nao pretendesse realizar ambos, ou seja, néo ha designios auténomos (intencéo de, com uma Unica conduta, praticar dolosamente mais de um crime) Imperfeito (impréprio) - Aqui o agente se vale de uma Unica conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime. Sistema de aplicacdo da pena REGRA - Sistema da exasperacao: pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade Como defi a quantidade de aumento? De acordo com a quantidade de crimes praticados EXCEGOES * Concurso formal improprio (imperfeito) - Neste caso, aplica-se o sistema do cimulo material * Cumulo material benéfico - Ocorre quando o sistema da exasperacdo se mostra prejudicial ao réu CRIME CONTINUADO Conceito - Hipétese na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condigdes s&o considerados pela Lei (por uma fiego juridica) como crime unico. OBSIi Em relacio a prescrig&o nao hé ficg&o juridica, de maneira que as condutas sero consideradas autonomamente (a prescrico incidiré sobre cada crime individualmente). Requisitos: * Pluralidade de condutas + Pluralidade de crimes da mesma espécie * Condicdes semelhantes de tempo, lugar, modo de execugio e outras semelhancas +O que seriam crimes da mesma espécie? A corrente que prevalece, inclusive no STJ, € a de que crimes da mesma espécie séo aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Além disso, devem tutelar o mesmo bem juridico. Conexao entre as condutas del Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 53 = Conexéo temporal - Exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. JURISPRUDENCIA: como regra, os crimes nao podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. + Conexd4o espacial - Os crimes devem ser cometidos no mesmo local. JURISPRUDENCIA: os crimes devem ter sido cometidos na mesma cidade, ou, no maximo, na mesma regido metropolitana. = Conexéo modal - Os crimes devem ter sido praticados da mesma maneira, com 0 mesmo modus operandi, seja pelo modo de execucao, pela utilizag3o de comparsas, etc. * Conexdo ocasional - Nao possui previsdo expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasiao que gerou a pratica dos crimes subsequentes. Espécies e sistemas de aplicagéo da pena Em todos se aplica o sistema da exasperacéo, da seguinte forma: = Crime continuado simples - Todos os crimes possuem a mesma pena. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 + Crime continuado qualificado - As penas dos delitos praticados sao diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3 « Crime continuado especifico - Ocorre nos crimes dolosos cometidos com violéncia ou grave ameaca a pessoa, sendo as vitimas diferentes. O Juiz poderé aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até 0 triplo. (OBS Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o sistema da exasperacSo se mostrar mais gravoso, deverd ser aplicado o sistema do cumulo material. CONCURSO Pluralidade de CUMULO MATERIAL condutas e de MATERIAL crimes (somatério das penas) CONCURSO — Unidade de Sistema da GBS Aplica-se o FORMAL —conduta e EXASPERACAO, sistema do cumulo PROPRIO pluralidade de de 1/6 até a material benéfico se a crimes metade exasperacao for mais prejudicial ao acusado. CONCURSO = Unidade de CUMULO FORMAL conduta e MATERIAL IMPROPRIO pluralidade de (somatério das. crimes - HA penas) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 53 B A DESIGNIOS AUTONOMOS CRIME 01. Pluralidade | Sistema da CONTINUADO de crimes da EXASPERACAO: SIMPLES — mesma espécie_ pena de um deles (e que protejam + acréscimo de 0 mesmo bem 1/6 a 2/3 juridico 02. Conexao entre os delitos 03. Penas séo as mesmas CRIME 04. Pluralidade Sistema da OBS Aplica-se o CONTINUADO de crimes da EXASPERACAO: sistema do ctimulo QUALIFICADO mesma espécie pena do mais material benéfico se a (e que protejam grave + exasperacéo for mais © mesmo bem acréscimo de 1/6 prejudicial ao acusado. juridico a 2/3 05. Conexdo entre os delitos 06. Penas dos delitos sao diversas CRIME 07. Pluralidade Sistema da GBSE Aplica-se o CONTINUADO de crimes da EXASPERACAO, sistema do ctmulo ESPEC{FICO mesma espécie de 1/6 até o material benéfico se a (e que protejam triplo exasperacdo for mais © mesmo bem prejudicial ao acusado. juridico 08. Conexao entre os delitos 09. Crimes necessariamente dolosos, praticados contra vitimas diferentes, mediante violéncia ou grave ameaga & pessoa Crime continuado e conflito de leis penais no tempo - Se durante a execugio do crime continuade sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta ultima Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 53 sera aplicada, pois se considera que o crime continuado esta sendo praticado enquanto néo cessa a continuidade delitiva (sGmula 711 do STF). Crime continuado e prescrigéio - Por haver mera ficg&o juridica apenas para fins de aplicagéo da pena, a prescrico € calculada em relagéo a cada crime isoladamente. Crime continuado e pena de multa ~ Divergéncia. Doutrina majoritaria entende que as penas de multa so aplicadas distinta e isoladamente (cumulativamente), conforme prevé o CP. Jurisprudéncia majoritaria (STI inclusive) e doutrina minoritéria sustentam que nao se aplica o cumulo material em relacdo a pena de multa. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 7_EXERCICIOS PARA PRATICAR rp Hore raticar! 01. (CESPE - 2014 - TJ-SE - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Caso dois agentes, previamente ajustados, tenham praticado crime de roubo, com 0 uso de arma de fogo, e, em consequéncia dos disparos feitos com a arma, a vitima faleca, o comparsa que no disparou os tiros somente responde pelos atos que efetivamente tiver praticado, nao devendo ser responsabilizado pelos disparos que resultaram no ébito da vitima. 02. (CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA) Supondo que Jtllio deseje agredir Camilo, mas, por erro de representacao, fira Reinaldo, seu préprio irm&o, incidiré, nessa hipétese, em relacéo ao crime praticado, a agravante de parentesco. 03. (CESPE - 2013 - PG-DF - PROCURADOR) Marcos, imbuido de animus necandi, disparou tiros de revélver em Ricardo por no ter recebido deste pagamento referente a fornecimento de maconha. Apesar de ferido gravemente, Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao local onde Ricardo se encontrava, foi conduzide em motocicleta por Rémulo, que sabia da inteng&o homicida do amigo, embora desconhecesse o motivo, e concordava em ajudé-lo. Ricardo foi atingido pelas costas enquanto caminhava em via publica, € Marcos e Rémulo, ao verem a vitima tombar, fugiram, supondo té-la matado. Com base nessa situacao hipotética, julgue os préximos itens. Rémulo agiu em coautoria e deve responder pelo mesmo crime cometido por Marcos, ndo se aplicando a ele, entretanto, a qualificadora baseada no motivo do Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 53 crime (torpeza), j4 que ignorava 0 motivo por que o seu comparsa queria a morte de Ricardo. 04. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) De acordo com a teoria da acessoriedade limitada, para a punibilidade da participacéio basta que a conduta principal constitua fato tipico. 05. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Considere que Carlos, Mércia e José, empregados de uma grande empresa em Natal, tenham oferecido bombons envenenados ao seu chefe, Mario, que morreu apés ingerir unicamente os bombons oferecidos por Mércia. Considere, ainda, que os trés tenham agido de forma independente, sem ter ciéncia da conduta dos demais. Nessa situacdo, de acordo com a teoria da causalidade material, resta configurada a autoria colateral, devendo Carlos, Mércia e José responder pela pratica de homicidio consumado. 06. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Considere que, em uma noite escura, Mel induza a prima Maria a disparar contra Pedro ao fazé-la acreditar que atirava em um animal feroz que rondava a casa de campo em que estavam. Nessa situagao, ficando comprovado que Maria matou Pedro em erro de tipo escusavel determinado pela prima, que sabia da realidade dos fatos, Mel responderd como autora mediata do crime de homicidio. 07. (CESPE - 2013 - BACEN - PROCURADOR - ADAPTADA) As hipéteses de coag&o moral irresistivel e obediéncia hierarquica so de autoria mediata, e, por suas naturezas e consequéncias, excluem a ilicitude da conduta. 08. (CESPE - 2013 - SEFAZ-ES - AUDITOR FISCAL - ADAPTADA) As elementares objetivas do tipo sempre se comunicam, ainda que o participe no tenha conhecimento delas. 09. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Julgue os itens seguintes, a respeito de concurso de pessoas, tipicidade, ilicitude, culpabilidade e fixacao da pena. Caso um individuo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-lhe ciéncia de sua intencdo de utilizd-la para matar outrem, o amigo que emprestar a arma serd considerado participe do homicidio se o referido individuo cometer o crime pretendido, ainda que este ndo utilize tal arma para fazé-lo e que 0 amigo no o estimule a pratica-lo. 10. (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTICA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 53 Idealizada por Welzel e Roxin e considerada objetivo-subjetiva, a teoria do dominio do fato diferencia autoria de participacéio em fungao da pratica dos atos executérios do delito. 11. (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, hé quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participagdo. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do participe, é preciso que o fato principal seja: I tipico. TI antijuridico. II culpavel. IV punivel A quantidade de itens certos é igual a A) 0. B) 1. c)2. D) 3. E) 4. 12. (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIARIO - DIREITO - AREA JUDICIARIA - ESPECIFICOS) Considere que os individuos Jodo e José — ambos com animus necani, mas um desconhecendo a conduta do outro — atirem contra Francisco, e que a pericia, na andlise dos atos, identifique que José seja o responsdvel pela morte de Francisco. Nessa situaciio hipotética, José responder por homicidio consumado e Jodo, por tentativa de homicidio. Certo ou Errado? 13. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) Em se tratando da chamada comunicabilidade de circunstancias, prevista no Cédigo Penal brasileiro, as condigdes e circunstancias pessoais que formam a elementar do injusto, tanto basico como qualificado, comunicam-se dos autores aos participes e, de igual modo, as condicdes e circunstancias pessoais dos participes comunicam-se aos autores. 14, (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTICA) Ocorre a coautoria sucessiva quando, apés iniciada a conduta tipica por um Unico agente, houver a adesaio de um segundo agente a empreitada criminosa, sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um critério de divisio de tarefas e unido de designios, devem ser capazes de interferir na consumacéio da infragao penal. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 53 15. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTICA) No tocante a participac&o, o CP adota o critério da hiperacessoriedade, razéo pela qual, para que o participe seja punivel, serd necessario se comprovar que ele concorreu para a pratica de fato tipico e ilicito. 16. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensfo do art. 29 do Cédigo Penal, que disp&e sobre o concurso de pessoas, sendo esta exemplo de norma de adequacao tipica mediata. 17. (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Valdir e Julio combinaram praticar um crime de furto, assim ficando definida a diviséo de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residéncia de seu ex-patréo Claudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazia; Julio aguardaria dentro do carro, dando cobertura & empreitada delitiva. No dia e local combinados, Valdir entrou desarmado na casa ¢ Julio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro da residéncia estava um agente de seguranca contratado por Cldudio. Ao se deparar com o seguranga, Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir entdo pegou a arma de fogo, anunciou o assalto e, em face da resisténcia do seguranca, findou por atirar em sua direcéo, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a residéncia. Nessa situacéio, deve-se aplicar a Julio a pena do crime de furto, uma vez que o resultado mais grave nao foi previsivel. 18. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os préximos itens. Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar de crime menos grave, a pena seré diminuida até a metade, na hipétese de o resultado mais grave ter sido previsivel, néo podendo, contudo, ser inferior ao minimo da pena cominada ao crime efetivamente praticado. 19. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POL{CIA) Considere que Joana, penalmente imputavel, tenha determinado a Francisco, também imputével, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questées pessoais, tenha matado Maria. Nessa situacéo, Francisco e Joana deveréo responder pela pratica do delito de homicidio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuicao de pena. 20. (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 53 Havendo concurso de pessoas para a pratica de crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave, serd aplicada a ele a pena relativa a esse crime, desde que nao seja previsivel resultado mais grave. 21. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Em 18/2/2011, as 21 horas, na cidade X, Jodo, que planejara detalhadamente toda a empreitada criminosa, Pedro, Jerénimo e Paulo, de forma livre e consciente, em unidade de designios com 0 adolescente José, que jé havia sido processado por atos infracionais, decidiram subtrair para 0 grupo uma geladeira, um fogaio, um botijéio de gas e um micro-ondas, pertencentes a Lticia, que nao estava em casa naquele momento. Enquanto Jodo e Pedro permaneceram na rua, dando cobertura & ag&o criminosa, Paulo, Jerénimo e José entraram na residéncia, tendo pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a porta da casa. Antes da subtracdo dos bens, Jerénimo, arrependido, evadiu-se do local e chamou a policia. Ainda assim, Paulo e José se apossaram de todos os bens referidos e fugiram antes da chegada da policia. Dias depois, 0 grupo foi preso, mas os bens néo foram encontrados. Na delegacia, verificou-se que Jo&o, Pedro e Paulo ja haviam sido condenados anteriormente pelo crime de estelionato, mas a sentenca no havia transitado em julgado e que Jerénimo tinha sido condenado, em sentenca transitada em julgado, por contravengéio penal. De acordo com a teoria objetivo-material, considera-se Paulo autor do crime de furto e Joao e Pedro, participes. 22. (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) Angelo, funcionério publico exercente do cargo de fiscal da Agéncia de Fiscalizacio do DF (AGEFIS), no exercicio de suas funcdes, exigiu vantagem indevida do comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento nao fosse autuado em razao de irreqularidades constatadas. Para a pratica do delito, Angelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista, que o conduziu em seu veiculo até o local da fiscalizacio, previamente acordado e consciente tanto da aco delituosa que seria empreendida quanto do fato de que Angelo era funciondrio publico. Antes que os valores fossem entregues, o comerciante, atemorizado, conseguiu informar policiais militares acerca dos fatos, tendo sido realizada a prisdo em flagrante de Angelo. A condig&o de funcionério publico comunica-se ao participe Rubens, que tinha prévia ciéncia do cargo ocupade por seu primo e acordou sua vontade com a dele para auxilid-lo na pratica do delito, de forma que os dois dever&o estar incursos no mesmo tipo penal. 23. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade ndo pode exceder a que seria cabivel pela regra do concurso material. Certo ou Errado? Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 53 24. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinco da punibilidade incidira sobre a pena de cada um deles, isoladamente. 25. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Em 15/10/2005, nas dependéncias do banco Y, Carlos, com o objetivo de prejudicar direitos da instituicao financeira, preencheu e assinou declaracao falsa na qual se autodenominava Mauricio. No mesmo dia, foi até outra agéncia do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre. Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a dentncia__ sido recebida em 24/5/2010. Apés o devido processo legal, em sentenga proferida em 23/8/2012, 0 acusado foi condenado a um ano e dois meses de recluséo, em regime inicialmente aberto, e ao pagamento de doze dias-multa, no valor unitério minimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituida por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP no apelou da sentenca condenatéria. Com relagao a situagao hipotética acima, julgue os itens seguintes. ‘As agdes de Carlos configuram crime continuado, visto que as condigées de tempo, lugar e modo de execugio foram as mesmas em ambos os casos, tendo a ag&o subsequente dado continuidade a primeira. EMS Ta CaN a we) 01. (CESPE - 2014 - TJ-SE - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) Caso dois agentes, previamente ajustados, tenham praticado crime de roubo, com 0 uso de arma de fogo, e, em consequéncia dos disparos feitos com a arma, a vitima faleca, o comparsa que no disparou os tiros somente responde pelos atos que efetivamente tiver praticado, nao devendo ser responsabilizado pelos disparos que resultaram no ébito da vitima. COMENTARIOS: Item errado. Estando ambos agindo em concurso de pessoas, ambos respondem pelo resultado advindo da conduta, ainda que os disparos tenham sido realizados apenas por um dos agentes: (...) 4. Por oportuno, registre-se, ao contrério do que sustenta a impetracao, mesmo que o paciente nao tenha sido o responsavel pela efetuacao dos disparos de arma de fogo que culminaram no ébito de uma das vitimas, deve responder como coautor pelo roubo seguido de morte. 5. Isso porque ficou bem demonstrada, na espécie, a existéncia de liame subjetivo e ajuste prévio do paciente com os demais agentes, assumindo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 53 ele também 0 risco, com a participacdo na empreitada delituosa, de que alguma vitima fosse morta em virtude de disparo de arma. (.) (HC 185.167/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 15/03/2011, DJe 08/02/2012) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 02. (CESPE - 2014 - TJ-DF - JUIZ - ADAPTADA) Supondo que Julio deseje agredir Camilo, mas, por erro de representacdo, fira Reinaldo, seu préprio irm4o, incidira, nessa hipétese, em relacdo ao crime praticado, a agravante de parentesco. COMENTARIOS: Neste caso teremos ERRO SOBRE A PESSOA (error in persona), de forma que o Julio responderé como se tivesse atingido a pessoa vida, no caso, Camilo, que n&o é seu irmao. Assim, nao teremos a aplicacSo da agravante decorrente do parentesco, nos termos do art. 20, §3° do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 03. (CESPE - 2013 - PG-DF - PROCURADOR) Marcos, imbuido de animus necandi, disparou tiros de revélver em Ricardo por nao ter recebido deste pagamento referente a fornecimento de maconha. Apesar de ferido gravemente, Ricardo sobreviveu. Marcos, para chegar ao local onde Ricardo se encontrava, foi conduzido em motocicleta por Rémulo, que sabia da intencdo homicida do amigo, embora desconhecesse o motivo, e concordava em ajuda-lo. Ricardo foi gido pelas costas enquanto caminhava em via publica, e Marcos e Rémulo, ao verem a vitima tombar, fugiram, supondo té-la matado. Com base nessa situacao hipotética, julgue os préximos itens. Rémulo agiu em coautoria e deve responder pelo mesmo crime cometido por Marcos, nio se aplicando a ele, entretanto, a qualificadora baseada no motivo do crime (torpeza), j4 que ignorava o motivo por que o seu comparsa queria a morte de Ricardo. COMENTARIOS: Item correto. Rémulo responder pelo mesmo delito de Marcos, na qualidade de coautor (coautoria funcional), embora haja quem defenda tratar- se de participacao. Seja como for, responder pelo delito. Contudo, a qualificadora do motivo torpe no seré imputada a Rémulo, pois se trata de circunstancia de cardter pessoal e que sequer entrou na esfera de conhecimento de Rémulo, de forma que eventual imputacSo da qualificadora a este comparsa seria odiosa manifestacdo de responsabilidade penal objetiva. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 04. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) De acordo com a teoria da acessoriedade limitada, para a punibilidade da participacao basta que a conduta principal constitua fato tipico. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 53 COMENTARIOS: Item errado. De acordo com tal teoria a punibilidade da participacdio depende de que a conduta principal seja tipica e ilicita. A teoria que exige apenas a tipicidade da conduta principal como requisito para a punibilidade da participacao é a teoria da acessoriedade minima. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 05. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Considere que Carlos, Mércia e José, empregados de uma grande empresa em Natal, tenham oferecido bombons envenenados ao seu chefe, M4rio, que morreu apés ingerir unicamente os bombons oferecidos por Mércia. Considere, ainda, que os trés tenham agido de forma independente, sem ter cién da conduta dos demais. Nessa situagdo, de acordo com a teoria da causalidade material, resta configurada a autoria colateral, devendo Carlos, Mércia e José responder pela pratica de homicidio consumado. COMENTARIOS: Neste caso, n&o ha concurso de agentes, apenas autoria colateral. Em casos tais, cada agente responde apenas por sua conduta, isoladamente. Assim, Mércia responderé por homicidio doloso consumado e os demais responderdo, apenas, por tentativa de homicidio. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 06. (CESPE - 2013 - TJ-RN - JUIZ - ADAPTADA) Considere que, em uma noite escura, Mel induza a prima Maria a disparar contra Pedro ao fazé-la acreditar que atirava em um animal feroz que rondava a casa de campo em que estavam. Nessa situacdo, ficando comprovado que Maria matou Pedro em erro de tipo escusavel determinado pela prima, que sabia da realidade dos fatos, Mel respondera como autora mediata do crime de homicidio. COMENTARIOS: Neste caso, Maria agiu em erro determinado por terceiro (Mel), de forma que somente o terceiro (Mel) é que respondera pelo delito, ja que se tratava de erro escusdvel. Vejamos: Erro sobre elementos do tipo(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punic&o por crime culposo, se previsto em lei. (Redag30 dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Descriminantes putativas(Incluido pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) § 1° - E isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstancias, supée situacdo de fato que, se existisse, tornaria a aco legitima. Nao hd isencéo de pena quando 0 erro deriva de culpa e 0 fato é punivel como crime culposo.(Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Erro determinado por terceiro (Incluido pela Lei n® 7.209, de 11.7.1984) § 20 - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redacdo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Neste caso, temos uma hipétese de autoria mediata, pois Maria agiu sem dolo, decorrente do erro de tipo permissivo escusdvel, determinado por terceiro. Assim, ‘sos.com.br 44 de 53 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconc PI 01 Al 04 - Prof. apenas © terceiro responderé pelo delito. Trata-se de utilizagao da teoria do dominio do fato, j4 que Maria, induzida a erro, foi utilizada como instrumento por Mel, sendo esta uma das hipéteses de autoria mediata. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 07. (CESPE - 2013 - BACEN - PROCURADOR - ADAPTADA) As hip6teses de coacéo moral irresistivel e obediéncia hierarquica sao de autoria mediata, e, por suas naturezas e consequéncias, excluem a ilicitude da conduta. COMENTARIOS: Item errado. Embora tais hipdteses sejam exemplos de autoria mediata (eis que somente o mandante ou coator respondera pelo delito), havera exclusao da culpabilidade, e no da ilicitude, nos termos do art. 22 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 08. (CESPE - 2013 - SEFAZ-ES - AUDITOR FISCAL - ADAPTADA) As elementares objetivas do tipo sempre se comunicam, ainda que o Pparticipe nao tenha conhecimento delas. COMENTARIOS: As elementares objetivas do tipo sempre se comunicam ao participe, mas é necessdrio que estas elementares objetivas tenham entrado na esfera de conhecimento do agente, sob pena de responsabilizacao objetiva. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 09. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Julgue os itens seguintes, a respeito de concurso de pessoas, tipi ilicitude, culpabilidade e fixacéo da pena. Caso um individuo obtenha de um amigo, por empréstimo, uma arma de fogo, dando-Ihe ciéncia de sua intengdo de utiliz4-la para matar outrem, © amigo que emprestar a arma sera considerado participe do homicidio se o referido individuo cometer o crime pretendido, ainda que este nao utilize tal arma para fazé-lo e que o amigo nao o estimule a pratica-lo. COMENTARIOS: Item errado. Isto porque para que alguém seja considerado participe de um delito é necessdrio prestar auxilio MATERIAL ou MORAL. No caso, nao haveria auxilio MATERIAL, pois a arma utilizada no foi a mesma emprestada pelo amigo. Também nao houve auxilio moral, pois a propria questao deixa claro que o amigo no estimulou o agente a praticar o crime. Assim, néo ha participacdo penalmente punivel. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. dade, 10, (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTICA) Idealizada por Welzel e Roxin e considerada objetivo-subjetiva, a teoria do dominio do fato diferencia autoria de participagéo em fungao da Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 53 pratica dos atos executérios do delito. COMENTARIOS: Item errado. A teria do dominio do fato diferencia autor e participe nao com base na pratica dos atos executorios (isso quem 0 faz é a teoria objetivo-formal). A teoria do dominio do fato diferencia autor e participe tendo com fundamento 0 dominio sobre o curso da empreitada criminosa. Todo aquele que possui o dominio do curso da conduta criminosa (seja pelo dominio da aco, da vontade ou pelo dominio funcional do fato) é considerado autor do delito. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 11. (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, ha quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participagéo. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do participe, € preciso que 0 fato principal seja I tipico. II antijuridico. II culpavel. IV punivel. A quantidade de itens certos é igual a A)O. B)1. c)2. D)3. E) 4, COMENTARIOS: Conforme estudamos, a teoria da hiperacessoriedade é a mais radical de todas as quatro, exigindo, para a punibilidade do participe, que a conduta principal deva ser tipica, ilicita, culpavel e punivel. ASSIM, A ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA E. 12. (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIARIO - DIREITO - AREA JUDICIARIA - ESPECIFICOS) Considere que os individuos Joao e José — ambos com animus necandi, mas um desconhecendo a conduta do outro — atirem contra Francisco, e que a pericia, na analise dos atos, identifique que José seja o responsavel pela morte de Francisco. Nessa situagéo hipotética, José respondera por homicidio consumado e Jodo, por tentativa de homicidio. Certo ou Errado? CORRETA: Como ambos nfo agiram com vinculo subjetivo, no ha coautoria, mas autoria colateral, afastando-se, desta forma, o concurso de pessoas, respondendo cada um apenas pela sua conduta. Assim, a afirmativa esta correta. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 53 eo! Aula 04 - Prof. 13. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) —m se tratando da chamada comunicabilidade de circunstancias, prevista no Cédigo Penal bra: 0, as condigées e circunstancias pessoais que formam a elementar do injusto, tanto basico como qualificado, comunicam-se dos autores aos participes e, de igual modo, as condicées e circunstancias pessoais dos participes comunicam-se aos autores. COMENTARIOS: As circunstancias de carater pessoal, em regra, nao se comunicam, salvo se elementares do crime. No entanto, mesmo quando elementares do delito, as circunstancias pessoais do participe nao se comunicam ao autor, por se tratar de participag&io acesséria na conduta principal. PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 14. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTICA) Ocorre a coautoria sucessiva quando, aps iniciada a conduta tipica por um Unico agente, houver a adesdo de um segundo agente a empreitada criminosa, sendo que as condutas praticadas por cada um, dentro de um isio de tarefas e unido de designios, devem ser capazes ir na consumagio da infragao penal. COMENTARIOS: A afirmativa esta perfeita. O concurso de agentes pode ser prévio, quando ambos se unem antes do inicio da execugao do delito e sucessiva, quando ambos se unem para a pratica do delito apés 0 inicio da execucao. PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 15. (CESPE - 2008 - MPE-RR - PROMOTOR DE JUSTICA) No tocante a participagao, o CP adota o critério da hiperacessoriedade, razao pela qual, para que o participe seja punivel, sera necessario se comprovar que ele concorreu para a pratica de fato tipico e ilicito. COMENTARIOS: De fato, para que o participe seja punivel, é necessdrio que ele tenha praticado fato tipico e ilicito. No entanto, essa teoria nado é a da hiperacessoriedade, mas a da acessoriedade limitada. PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 16. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR) Ao crime plurissubjetivo aplica-se a norma de extensdo do art. 29 do Cédigo Penal, que dispée sobre o concurso de pessoas, sendo esta exemplo de norma de adequacao tipica mediata. COMENTARIOS: A adequacao tipica imediata é a adequacéo perfeita da conduta do agente ao que prevé o tipo penal. Ex.: Matar alguém. Sé ha adequac&o tipica imediata na conduta daquele que efetivamente mata alguém. Entretanto, como punir aquele que dé a arma para o agente matar a vitima? Isso se da através de normas de extensdo, que geram a chamada Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 53 P' 20 A 04 - Prof. adequacéo tipica mediata. A norma do art. 29 é uma delas, pois permite punir pessoas que, a principio, ndo praticaram condutas previstas no tipo penal. Entretanto, nos crimes PLURISSUBJETIVOS, 0 concurso de agentes é NECESSARIO, e a conduta de cada um deles ja estd prevista diretamente no tipo penal, de forma que ndo é necessdria norma de extens&o para que se dé a adequacao tipica. PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 17. (CESPE - 2008 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Valdir e Julio combinaram praticar um crime de furto, assim ficando definida a diviséo de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residéncia de seu ex-patrao Claudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazi alio aguardaria dentro do carro, dando cobertura 4 empreitada del fa. No dia e local combinados, Valdir entrou desarmado na casa e Julio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro da residéncia estava um agente de seguranca contratado por Claudio. Ao se deparar com o seguranca, Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir entéo pegou a arma de fogo, anunciou 0 assalto e, em face da resisténcia do seguranca, findou por atirar em sua direcio, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a residéncia. Nessa situacdo, deve-se aplicar a Julio a pena do crime de furto, uma vez que o resultado mais grave ndo foi previsivel. COMENTARIOS: A questo procura deixar bem claro que Julio n&o tinha como saber que acabaria ocorrendo um roubo, eis que os donos da casa estavam viajando e seu comparsa entrou DESARMADO na casa. Assim, nao tendo sido previsivel o crime mais grave (roubo), aplica-se ao comparsa que no o cometeu, a pena do crime menos grave (furto), em raz&o do art. 29, §2° do CP: § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-d aplicada a pena deste; essa pena ser aumentada até metade, na hipétese de ter sido previsivel 0 resultado mais grave. (Redaco dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) PORTANTO, A AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 18. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os préximos itens. Tratando-se de concurso de agentes, quando comprovada a vontade de um dos autores do fato em participar de crime menos grave, a pena sera diminuida até a metade, na hipotese de o resultado mais grave ter sido previsivel, néo podendo, contudo, ser inferior ao minimo da pena cominada ao crime efetivamente praticado. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 53 COMENTARIOS: 0 item esta errado. Trata-se da chamada cooperacao dolosamente distinta. Na cooperacao dolosamente distinta um dos comparsas quis participar de crime menos grave do que aquele que fora efetivamente praticado. Neste caso, ele responde pelo crime que se dispés a praticar, e nao por aquele que fora efetivamente praticado, Contudo, caso o crime “mais grave” (e que foi praticado) tivesse sido previsivel, este agente tera a pena aumentada até a metade. Vejamos: Art. 29 ~ (...) § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-& aplicada a pena deste; essa pena seré aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel o resultado mais grave. (Redacéo dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 19. (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLiCIA) Considere que Joana, penalmente imputavel, tenha determinado a Francisco, também imputavel, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questées pessoais, tenha matado Maria. Nessa situagao, Francisco e Joana deverao responder pela pratica do delito de homicidio, podendo Joana beneficiar-se de causa de diminuicao de pena. COMENTARIOS: Aqui temos um caso de cooperacéo dolosamente distinta. Na cooperagao dolosamente distinta um dos comparsas quis participar de crime menos grave do que aquele que fora efetivamente praticado. Neste caso, ele responde pelo crime que se dispés a praticar, e néo por aquele que fora efetivamente praticado. Contudo, caso o crime “mais grave” (e que foi praticado) tivesse sido previsivel, este agente terd a pena aumentada até a metade. Vejamos: Art. 29 = (...) § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-4 aplicada a pena deste; essa pena sera aumentada até metade, na hipatese de ter sido previsivel 0 resultado mais grave. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Na hipétese, Joana somente se dispés a ser autora intelectual do delito de “lesdo corporal”, néo homicidio, devendo responder por lesdo corporal, e Francisco por homicidio. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 20. (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA) Havendo concurso de pessoas para a pratica de crime, caso um dos agentes participe apenas de crime menos grave, sera aplicada a ele a pena relativa a esse crime, desde que néo seja previsivel resultado mais grave. COMENTARIOS: Essa questo é polémica. O CESPE deu como correta, mas entendo estar errada. Temos aqui a cooperag&o dolosamente distinta. Na cooperagéo dolosamente distinta, 0 agente que quis praticar o crime menos grave SEMPRE responde pelo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 53 PI 01 A 04 - Prof. crime menos grave. O que pode acontecer é haver aumento de pena até a metade, no caso de o crime mais grave ser previsivel, mas ainda assim o agente respondera pela pena do crime menos grave, sé que majorada. Vejamos: Art. 29 ~ (...) § 20 - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-& aplicada a pena deste; essa pena seré aumentada até metade, na hipdtese de ter sido previsivel o resultado mais grave. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7,1984) Assim, entendo que a questéo esta errada, mas o CESPE entendeu como correta. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 21. (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Em 18/2/2011, as 21 horas, na cidade X, Jo&o, que planejara detalhadamente toda a empreitada criminosa, Pedro, Jerénimo e Paulo, de forma livre e consciente, em unidade de designios com o adolescente José, que ja havia sido processado por atos infracionais, decidiram subtrair para o grupo uma geladeira, um fogao, um botijio de gas e um micro-ondas, pertencentes a Lucia, que naéo estava em casa naquele momento. Enquanto Jodo e Pedro permaneceram na rua, dando cobertura 4 ac¢&o criminosa, Paulo, Jerénimo e José entraram na residéncia, tendo pulado um pequeno muro e utilizado grampos para abrir a porta da casa. Antes da subtragéo dos bens, Jerénimo, arrependido, evadiu-se do local e chamou a policia. Ainda assim, Paulo e José se apossaram de todos os bens referidos e fugiram antes da chegada da policia. Dias depois, 0 grupo foi preso, mas os bens nao foram encontrados. Na delegacia, verificou-se que Jodo, Pedro e Paulo ja haviam sido condenados anteriormente pelo crime de estelionato, mas a sentenca n&o havia transitado em julgado e que Jerénimo tinha sido condenado, em sentenga transitada em julgado, por contravengao penal. De acordo com a teoria objetivo-material, considera-se Paulo autor do crime de furto e Jodo e Pedro, participes. COMENTARIOS: Mais uma questéo polémica e da qual eu discordo do gabarito. A teoria objetivo-material distingue autor e participe da seguinte forma: autor é quem colabora com participagdo de maior importancia para o crime, e participe é quem colabora com participacéo de menor importancia, independentemente de quem pratica o nucleo do tipo. Assim, o item esta errado, pois de acordo com esta teoria Jodo e Pedro praticaram condutas altamente relevantes para o delito, sendo considerados autores do crime. Joo, inclusive, arquitetou toda a empreitada criminosa. Desta forma, eu entendo a questo como errada, embora o CESPE tenha dado a questo como correta. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 53 22, (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) Angelo, funcionario publico exercente do cargo de fiscal da Agéncia de Fiscalizagéo do DF (AGEFIS), no exercicio de suas fungées, exigiu vantagem indevida do comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento ndo fosse autuado em razéo de irregularidades constatadas. Para a pratica do delito, Angelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista, que o conduziu em seu veiculo até o local da fiscalizacao, previamente acordado e consciente tanto da acao delituosa que seria empreendida quanto do fato de que Angelo era funcionario Antes que os valores fossem entregues, o comerciante, ado, conseguiu informar policiais militares acerca dos fatos, lo realizada a priséo em flagrante de Angelo. A condicdo de funcionario publico comunica-se ao participe Rubens, que tinha prévia ciéncia do cargo ocupado por seu primo e acordou sua vontade com a dele para auxilia-lo na pratica do delito, de forma que os dois deverdo estar incursos no mesmo tipo penal. COMENTARIOS: 0 item esta correto. No caso de concurso de agentes para a pratica de crime PROPRIO (que exige do infrator alguma qualidade especial, como a de funciondrio ptblico), ainda que um dos comparsas néo possua esta qualidade, ela se estende a ele, por forca do art. 30 do CP, desde que tenha conhecimento de que seu comparsa possui esta qualidade. Vejamos: Art. 30 - Nao se comunicam as circunstancias e as condicées de cardter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redacao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Portanto, A AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 23. (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade nao pode exceder a que seria cabivel pela regra do concurso material. Certo ou Errado? CORRETA: Esta é a previsdo do art. 70, § tinico do CP, pois no concurso formal se adota, em regra, o sistema da exasperacdo na aplicagao da pena, como forma de beneficiar o réu em raz&o do menor desvalor de sua conduta. No entanto, se esse sistema se mostrar mais gravoso ao infrator, devera ser aplicado o sistema do cumulo material. Trata-se do chamado “cumulo material benéfico”. 24, (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extingdo da puni a pena de cada um deles, isoladamente. CORRETA: Esta é a previsao literal do art. 119 do CP: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, 2 extinggo da punibilidade incidird sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redacso dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984). Lembrando que pela simula n° 497 do STF, a prescrig&o com base na pena em concreto, nos crimes continuados, é calculada com base na pena-base aplicada, sem 0 quantum de exasperacio referente a continuidade delitiva. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Bi de 53 idade incidira sobre 25. CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Em 15/10/2005, nas dependéncias do banco Y, Carlos, com 0 objetivo de prejudicar direitos da instituicdo financeira, preencheu e a declaracdo falsa na qual se autodenominava Mauricio. No mesmo dia, foi até outra agéncia do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou falsamente chamar-se Alexandre. Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a dentncia sido recebida em 24/5/2010. Apés 0 devido processo legal, em sentenca proferida em 23/8/2012, 0 acusado foi condenado a um ano e dois meses de recluséo, em regime inicialmente aberto, e ao pagamento de doze s-multa, no valor unit4rio minimo legal. A pena privativa de liberdade foi substituida por uma pena restritiva de direitos e multa. O MP nao apelou da sentenca condenatoria. Com relag&o a situacado hipotética acima, julgue os itens seguintes. As agées de Carlos configuram crime continuado, visto que as condicées de tempo, lugar e modo de execucao foram as mesmas em ambos os casos, tendo a acéo subsequente dado continuidade a primeira. COMENTARIOS: 0 item esta correto, pois Carlos praticou crimes da mesma natureza em circunstancias tempo, lugar e modo de execucéo foram as mesmas em ambos os casos, tendo a acéio subsequente dado continuidade a primeira. Vejam que 0 modus operandi é 0 mesmo, ou seja, ele se apresenta com nome falso. Além disso, as duas condutas foram praticadas no mesmo dia (Os Tribunais entendem que devem ser praticadas num lapso maximo de 30 dias entre uma e outra). Vejamos: Crime continuado Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ago ou omissio, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condicées de tempo, lugar, maneira de execucéo_e outras semelhantes, devem os subseqientes ser havides como continuagao do primeiro, aplica-se-Ihe a pena de um s6 dos crimes, se idénticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois tergos. (Redagao dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 9 GABARI F Pabarito 1. ERRADA 2. ERRADA 3. CORRETA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 53 4. ERRADA 5. ERRADA 6. CORRETA 7. ERRADA 8. ERRADA 9. ERRADA 10. ERRADA 11. ALTERNATIVA E 12. CORRETA 13. ERRADA 14, CORRETA 15. ERRADA 16. ERRADA 17. CORRETA 18. ERRADA 19. ERRADA 20. CORRETA 21. CORRETA 22. CORRETA 23. CORRETA 24, CORRETA 25. CORRETA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 53

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