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BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A.

- DIFERENÇAS
SALARIAIS ISONOMIA ENTRE EMPREGADOS DAS
EMPRESAS PRESTADORA E TOMADORA DOS SERVIÇOS -
IMPOSSIBILIDADE. 1. Consoante a jurisprudência desta Corte
Superior, os empregados de empresa prestadora de serviços não
têm direito ao recebimento das vantagens salariais inerentes à
categoria dos empregados da empresa tomadora dos serviços, em
face do princípio da isonomia, quando nem sequer foi reconhecida
a existência de vínculo empregatício com a referida tomadora. 2.
Com efeito, é possível a responsabilização subsidiária da tomadora
dos serviços (Súmula 331 do TST), pelos direitos trabalhistas não
honrados pela prestadora dos serviços, mas sempre tendo por base
aqueles próprios da categoria à qual pertence a empresa
prestadora, sendo certo que os referidos empregados têm direito
apenas às mesmas condições ambientais de trabalho, por
laborarem no mesmo local.

Acórdão Inteiro Teor


NÚMERO ÚNICO PROC: RR - 732/2005-014-20-00
PUBLICAÇÃO: DJ - 16/05/2008
Andamento do Processo

A C Ó R D Ã O
7ª TURMA
IGM/ly/rf
BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A. - DIFERENÇAS SALARIAIS ISONOMIA
ENTRE
EMPREGADOS DAS EMPRESAS PRESTADORA E TOMADORA DOS SERVIÇOS -
IMPOSSIBILIDADE.
1. Consoante a jurisprudência desta Corte Superior, os empregados
de
empresa prestadora de serviços não têm direito ao recebimento das
vantagens salariais inerentes à categoria dos empregados da empresa
tomadora dos serviços, em face do princípio da isonomia, quando nem
sequer
foi reconhecida a existência de vínculo empregatício com a referida
tomadora.
2. Com efeito, é possível a responsabilização subsidiária da tomadora
dos
serviços (Súmula 331 do TST), pelos direitos trabalhistas não honrados
pela prestadora dos serviços, mas sempre tendo por base aqueles
próprios
da categoria à qual pertence a empresa prestadora, sendo certo que os
referidos empregados têm direito apenas às mesmas condições ambientais
de
trabalho, por laborarem no mesmo local.
Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista
TST-RR-732/2005-014-20-00.6, em que é Recorrente BANCO DO NORDESTE DO
BRASIL S.A. e Recorridos ESUTA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS LTDA. e ALLAN
AUGUSTO BATISTA SANTOS.
R E L A T Ó R I O
Contra a decisão do 20º Regional que negou provimento ao recurso
ordinário da Reclamada Esuta Prestação de Serviços Ltda. e deu
provimento parcial aos recursos ordinários e negou provimento aos
embargos de declaração do Reclamante e do Reclamado Banco do
Nordeste do
Brasil S.A. (fls. 1.323-1.336 e 1.368-1.373, o Reclamado Banco do
Nordeste do Brasil S.A. interpõe o presente recurso de revista,
argüindo
a preliminar de nulidade do julgado por negativa de prestação
jurisdicional e postulando a reforma do acórdão regional quanto às
diferenças salariais e reflexos e indenização do valor equivalente ao
auxílio cesta- alimentação e ao auxílio-refeição decorrentes da
equiparação salarial - isonomia, legalidade do contrato de prestação
de
serviços responsabilidade subsidiária, prova ilícita, litigância de
má-fé e justiça gratuita (fls. 1.375-1.401).
Admitido o apelo (fls. 1.405-1.407), não foram apresentadas
contra-razões, sendo dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do art. 83, § 2º, II, do RITST.
É o relatório.
V O T O
I) CONHECIMENTO
1) PRESSUPOSTOS GENÉRICOS
O recurso é tempestivo (cfr. fls. 1.374 e 1.375) e tem repr e
sentação
regular (fl. 446), encontrando-se devidamente preparado, com custas
recolhidas (fls. 1.226 e 1.403) e depósito recursal efetuado (fls.
1.227 e
1.402).
2) PRESSUPOSTOS ESPECÍFICOS
a) PRELIMINAR DE NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL
Tendo em vista que todos os aspectos listados no recurso quanto à
prefacial em epígrafe dizem respeito à questão das diferenças
salariais e
reflexos e indenização do valor equivalente ao auxílio cesta-
alimentação e
ao auxílio-refeição decorrentes da equiparação salarial isonomia,
aciono
o art. 249, § 2º, do CPC para, em homenagem à celeridade processual,
deixar de pronunciar a nulidade, considerando-se que, no mérito, o
apelo
logrará êxito.
b) DIFERENÇAS SALARIAIS E REFLEXOS E INDENIZAÇÃO DO VALOR EQUIVALENTE
AO
AUXÍLIO CESTA-ALIMENTAÇÃO E AO AUXÍLIO- REFEIÇÃO DECORRENTES DA
EQUIPARAÇÃO SALARIAL - ISONOMIA
Tese Regional: Apesar de o Reclamante ter sido contratado para a
função de digitação, executava, desde janeiro/01, atividades
tipicamente
de natureza ba n cária, sendo certo que a ausência de concurso
público
não é óbice à equiparação pretendida, pois o Reclamante apenas
pretende a
equiparação salarial com os funcionários do Reclamado Banco do
Nordeste
do Brasil S.A. e não o reconhecimento do vínculo empregatício com
este.
Ademais, por aplicação analógica da Lei 6.019/74 também é possível
deferir
a equiparação entre os empregados da empresa prestadora de serviços e
da
tomadora, decorrentes do exercício das mesmas atividades.
Assim, diante da comprovação de que o Reclamante laborava como
bancário,
reconhece-se o direito à isonomia salarial com o pessoal de
escritório
(fl. 1.328) do Reclamado, para receber as diferenças salariais entre
aquele recebido e o salário de ingresso do pessoal de escritório
( fl.
1.328) do Banco, no período de janeiro/01 a 04/07/04, os reflexos
decorrentes nas verbas rescisórias, nas horas extras e no repouso
semanal
remunerado sobre horas extras e no FGTS e 40%, bem como a indenização
equivalente ao auxílio-refeição e ao auxílio cesta-alimentação (fls.
1.325-1.328 e 1.332).
Antítese Recursal: Não é possível deferir a isonomia salarial
entre o Reclamante, empregado de empresa prestadora, e o Reclamado
Banco
do Nordeste do Brasil, sociedade de economia mista integrante da
administração indireta, uma vez que não houve aprovação em concurso
público, sendo o Autor apenas empregado terceirizado, a teor da
vedação
contida no art. 37, caput , II e § 2º, da CF , restando inaplicável
as
disposições da Lei 6.019/74 , pois trata da contratação temporária e
não
da terceirização de serviços.
Ademais, o Reclamado celebrou o contrato de prestação de serviços
com a
1ª Reclamada, após cumprimento de todos os procedimentos previstos na
Lei
8.666/93, inexistindo qualquer violação ao procedimento licitatório ou
a
legislação trabalhista a afastar a legalidade da contratação da
mão-de-obra por intermédio de empresa interposta. O recurso de revista
vem
amparados em violação dos arts. 25 da Lei 1.649/52, 71 da Lei
8.666/93,
10 do Decreto Lei 200/67, 61 Do Decreto Lei 2.300/86 e 37, II e § 2º,
da
CF e em divergência jurisprudencial (fls. 1.382-1.386).
Síntese Decisória: O aresto transcrito à fl. 1.397, oriundo da
SBDI-1
desta Corte, contém tese especificamente divergente daquela adotada
pelo
Regional, no sentido de que é inviável a equiparação do empregado
terceirizado com os bancários e o deferimento de parcelas devidas
unicamente a estes, diante da vedação contida no art. 37, II, da CF.
Assim sendo, CONHEÇO do recurso de revista, no particular, por
divergência jurisprudencial.
c) LEGALIDADE DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA
Tese Regional: O Reclamado, como tomador dos serviços do
Reclamante,
deve ser condenado subsidiariamente nas verbas deferidas na presente
ação,
em face das culpas in vigilando e in eligendo , consoante os termos
da
Súmula 331, IV, do TST, sendo certo que nenhuma cláusula contratual se
sobrepõe à lei (fls. 1.328-1.332).
Antítese Recursal : O Reclamado celebrou o contrato de
prestação
de serviços com a 1ª Reclamada, após cumprimento de todos os
procedimentos previstos na Lei 8.666/93, inexistindo qualquer violação
ao
procedimento licitatório ou a legislação trabalhista capaz de afastar
a
legalidade da contratação da mão-de-obra por intermédio de empresa
interposta. Ademais, incide na hipótese o disposto nos itens II e
III da
Súmula 331 do TST e não o seu item IV , como entendido pelo Regional,
pois
é incompatível com as disposições contidas no art. 5º, II e XXXV,
da CF
, já que no contrato celebrado entre os Reclamados inexiste cláusula
que
implique na responsabilidade solidária ou subsidiária do Banco. O
recurso
vem calcado em violação dos arts. 25 da Lei 1.649/52, 71, § 1º, da
Lei
8.666/93, 10 do Decreto Lei 200/67, e 5º, II e XXXV, e 37, caput , II
e §
2º, da CF (fls. 1.384-1.387).
Síntese Decisória: A decisão regional está em harmonia com o
entendimento pacificado do TST, nos lindes da Súmula 331, IV,
segundo o
qual o inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do
empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos
serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da
administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das
empresas
públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam
participado
da relação processual e constem também do título executivo judicial.
Ainda
que se trate de órgãos da Administração Pública Indireta, remanesce a
responsabilidade subsidiária do Reclamado por eventuais verbas
deferidas
na presente ação.
Ademais, não há de se falar em violação dos arts. 25 da Lei
1.649/52,
10 do Decreto Lei 200/67 e 37, caput , II e § 2º, da CF e em
contrariedade à Súmula 331, II e III, desta Corte, pois o Tribunal de
origem consignou expressamente que o Reclamante não pleiteou o
vínculo
empregatício com o Banco, mas apenas a equiparação salarial com os
empregados bancários.
Por fim, os incisos II e XXXV do art. 5º não poderiam dar azo ao
recurso de revista, em sede de processo de execução, já que pa s
síveis,
eventualmente, de vulneração reflexa ou indireta , na esteira da
jurisprudê n cia reiterada do Supremo Tribunal Federal , não
empolgando
recurso extr a ordinário para aquela Corte, consoante os precedentes
que
se s e guem:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO - INADMISSIBILIDADE - ALEGAÇÃO DE OFENSA
AO
ART. 5º, XXXV, LIV E LV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - OFENSA
CONSTITUCIONAL
INDIRETA - AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO . As alegações de
desrespeito
aos postulados da legalidade, do devido pr o cesso legal, da motivação
dos
atos decisórios, do contraditório, dos limites da coisa julgada e da
prestação jurisdicional se dependentes de reexame prévio de normas inf
e
riores, podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente
reflexa ao texto da Constituição (STF-AgR-AI-60.4993/SP, Rel. Min .
Cezar Peluso , 2ª Tu r ma, DJ de 06/11/06).
CONSTITUCIONAL - RECURSO EXTRAORDINÁRIO: ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS
ARTS.
5º, II, XXXV, XXXVI, LIV, LV, 7º, XXIX, E 93, IX. I - Alegação de
ofensa à Constituição que, se ocorrente, seria indireta, reflexa, o
que
não autoriza a admissão do recurso extraordinário. II - Ao Judiciário
cabe, no conflito de interesses, fazer valer a vontade concreta da
lei,
interpretando-a. Se, em tal operação, interpreta razoavelmente ou
desarrazoadamente a lei, a questão fica no campo da legalidade,
inocorrendo o co n tencioso constitucional. III - Agravo não provido
(
STF-AgR-RE-245.580/PR, Rel. Min. Carlos Velloso , 2ª Turma, DJ de
08/03/02 ).
RECURSO EXTRAORDINÁRIO - ALEGADA VIOLAÇÃO AOS PRECEITOS
CONSTITUCIONAIS INSCRITOS NOS ARTS. 5º, II, XXXV, XXXVI, LIV, LV, E
93,
IX - AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA À CONSTITUIÇÃO - CONTENCIOSO DE MERA
LEGALIDADE - RECURSO IMPROVIDO. A situação de ofensa meramente
reflexa ao
texto constitucional, quando ocorrente, não basta, só por si, para
viabilizar o acesso à via recursal extraordinária (
STF-AgR-AI-333.141/RS, Rel. Min. Celso de Mello , 2ª Turma, DJ de
19/12/01 ).
AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALEGADA VIOLAÇÃO AO PRECEITO INSCRITO NO
ART.
5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA À
CONSTITUIÇÃO - CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE - RECURSO IMPROVIDO. -
A
alegação de desrespeito ao postulado da coisa julgada, por depender de
e
xame prévio e necessário da legislação comum, pode configurar, quando
mu i
to, situação caracterizadora de ofensa meramente reflexa ao texto da
Constitu i ção, o que não basta, só por si, para viabilizar o acesso à
via
recursal extraord i nária. Precedentes. - A discussão em torno da
integridade da coisa julgada, por reclamar análise prévia e necessária
dos
requisitos legais, que, em nosso sist e ma jurídico, conformam o
fenômeno
processual da res judicata , torna incab í vel o recurso
extraordinário.
É que, em tal hipótese, a indagação em torno do que dispõe o art. 5º,
XXXVI, da Constituição - por supor o exame, in concr e to , dos
limites
subjetivos (CPC, art. 472) e/ou objetivos (CPC, arts. 468, 469, 470 e
474)
da coisa julgada - traduz matéria revestida de índole infraconstit u
cional, podendo caracterizar situação de eventual conflito indireto
com o
texto da Carta Política (RTJ 182/746), circunstância que pré-exclui a
possibilidade de adequada utilização do recurso extraordinário.
Precedentes (STF-AgR-AI-476.879/RS, Rel. Min. Celso de Mello , 2ª
Turma,
DJ de 10/08/06).
Logo, NÃO CONHEÇO da revista, no aspecto, em face do óbice da
Súmula
331, IV, do TST.
d) PROVA ILÍCITA
Tese Regional: Os documentos carreados aos autos pelo Reclamante
referem-se a cópias de correspondências eletrônicas que foram
enviadas
ao Obreiro, não se tratando de violação de correspondência ou
obtenção
de prova por meio ilegal (fl. 1.333). Ademais, se, como o próprio
Banco
alega, o Reclamante era apenas empregado de empresa terceirizada, os
documentos contendo dados sigilosos dos clientes do Reclamado não
deveriam ter sido levados a conhecimento do Obreiro mormente via
correspondência pessoal (fl. 1.333). Portanto, não há fundamento para
determinar o desentranhamento requerido pelo Banco (fls. 1.332-1.333).
Antítese Recursal: O Reclamante obteve provas, com o fim de
demonstrar o
direito a pretensa equiparação salarial, por meio ilícito, pois
durante
meses reuniu documentos que tratam de questões sigilosas, de
interesse
apenas do Banco/Recorrente e de seus clientes, ocasionando, pois, o
crime
de quebra de sigilo bancário (fl. 1.389). Assim, a prova em questão
é
inidônea, imprestável e destituída de qualquer eficácia jurídica,
razão
pela qual devem ser desentranhados, bem como oficiado ao Ministério
Público, para que sejam tomadas as providências cabíveis, diante da
prática da quebra de sigilo bancário pelo Reclamante. O apelo vem
calcado
em violação dos arts. 332 do CPC, 10 da Lei Complementar 105/01 e 5º,
X,
XI, XII e LVI, da CF (fls. 1.388-1.391).
Síntese Decisória: A Corte de origem, ao reputar como lícita a
prova,
adotou dois fundamentos , quais sejam, que não se trata de
violação de
correspondência ou prova obtida por meio ilegal , visto que os
documentos
trazidos aos autos são cópias de correspondências eletrônicas que
foram
enviadas para o próprio Obreiro, e de que se , como afirma o Banco,
o
Reclamante era apenas empregado de empresa terceirizada, não haveria
razão para que os documentos com dados sigilos fossem levados ao seu
conhecimento.
Assim, infirmar as conclusões do decisum revisando importaria em
revolvimento fático-probatório dos autos, o que é obstado nesta fase
recursal extraordinária, na forma da Súmula 126 de s te Tribunal .
Assim,
fica prejudicada a análise das violações constitucionais e legais
invocadas no apelo.
Ademais, ao interpor o recurso de revista , o Reclamado apenas
insiste
na tese da ilegalidade da prova , porque os documentos são
sigilosos,
de interesse do Banco e do cliente, e obtidos por meio ilícito, não
se
insurgindo contra os fundamentos do Regional (de que os documentos
juntados se referem a correspondências eletrônicas encaminhadas para
o
Reclamante, não se tratando da hipótese de violação de correspondência
ou
prova obtida por meio ilegal e que se eram documentos sigilosos, por
certo
que não deveriam sido encaminhados ao Obreiro, empregado de empresa
terceirizada) , emergindo como obstáculo à revisão pretendida a
orientação
fixada na Súmula 422 do TST, segundo a qual não se conhece de recurso
para o Tribunal Superior do Trabalho, pela ausência do requisito de
admissibilidade inscrito no art. 514, II, do CPC, quando as razões
do
recorrente não impugnam os fundamentos da decisão recorrida, nos
termos em que fora proposta.
Assim, NÃO CONHEÇO do apelo, no particular, por óbice das Súmulas
126
e 422 do TST.
e) LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Tese Regional: Não se constata que o Autor tenha praticado qualquer
dos
atos caracterizadores de má-fé, elencados no art. 17 do CPC (fl.
1.333).
Antítese Recursal: O Reclamante apresentou hipóteses jurídicas
absurdas e improváveis (fl. 1.391), enquadrando-se nas disposições
dos
arts. 14 e 17 do CPC, devendo ser considerado litigante de má-fé. A
revista lastreia-se em violação dos arts. 14, 17, II, e 18 do CPC
(fls.
10.391-1.392).
Síntese Decisória: Consoante o disposto no art. 17, II, do CPC,
reputa-se litigante de má-fé aquele que alterar a verdade dos fatos
em
qualquer incidente ou ato do processo.
Na hipótese vertente, o Regional, com base no conjunto fático-
probatório
dos autos, concluiu que o Reclamante não agiu de má-fé no presente
feito.
Nesse contexto, inviável o processamento do recurso de revista,
pois
decidir em sentido contrário implicaria o reexame de fatos e provas,
o
que é inadmissível nesta Instância Extraordinária, a teor da Súmula
126
do TST. Ademais, constata-se que o entendimento adotado no acórdão
recorrido resultou da interpretação razoável dos dispositivos de lei
incidentes à espécie, atraindo o óbice na Súmula 221, II, do TST.
Logo, NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no tópico, à luz das
Súmulas
126 e 221, II, desta Corte.
f) JUSTIÇA GRATUITA
Tese Regional: Para o deferimento da justiça gratuita na Justiça
do
Trabalho é necessário apenas o preenchimento dos requisitos previstos
na
Lei 1.060/50, sendo certo que, na hipótese, o Reclamante requereu os
benefícios da justiça gratuita, em conformidade com a o exigido na
referida lei (fls. 1.334-1.335).
Antítese Recursal: O pedido de assistência jud i ciária gratuita não
pode ser deferido, pois o Reclamante contratou advogado particular, o
que
depõe contra a alegada insuficiência econômica, nos termos do art. 14
da
Lei 5.584/70 (fls. 1.392-1.393).
Síntese Decisória: A decisão regional está em sintonia com a
jurisprudência cristalizada na Orientação Jurisprudencial 304 da
SBDI-1
do TST, segundo a qual basta a simples afirmação do declarante ou de
seu
advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua
situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova
redação à Lei nº 1.060/50) .
Logo, NÃO CONHEÇO do recurso de revista, no aspecto, diante da
diretriz
da Súmula 333 e da Orientação Jurisprudencial 304 da SBDI-1, ambas do
TST.
II) MÉRITO
DIFERENÇAS SALARIAIS E REFLEXOS E INDENIZAÇÃO DO VALOR EQUIVALENTE AO
AUXÍLIO CESTA-ALIMENTAÇÃO E AO AUXÍLIO-REFEIÇÃO DECORRENTES DA
EQUIPARAÇÃO
SALARIAL - ISONOMIA
Conforme registrado no acórdão regional, o Reclamante era empregado
da
primeira Reclamada Esuta Prestação de Serviços Ltda., e prestava
serviços
ao segundo Reclamado Banco do Nordeste do Brasil S.A. responsável
subsidiário pelo cumprimento do objeto de eventual condenação.
Todavia, ao contrário do entendimento adotado pela Turma Julgadora a
quo
, o simples fato de o Obreiro desempenhar tarefas similares àquelas
realizadas pelos demais empregados bancários não é suficiente para
conferir-lhe o direito ao recebimento das vantagens salariais e demais
benefícios inerentes à categoria dos bancários. Ainda mais na hipótese
ora
em exame, em que não foi reconhecido o vínculo de emprego com a
tomadora
dos serviços, até porque ausente o pedido inicial nesse sentido.
Assim, é possível a responsabilização subsidiária da Tomadora dos
serviços, pelos direitos trabalhistas não honrados pela Empresa
interposta, mas sempre tendo por base aqueles próprios da categoria à
qual pertence a Empresa prestadora dos serviços.
Nesse sentido, têm-se os seguintes precedentes:
RECURSO DE REVISTA - CONDENAÇÃO SUBSIDIÁRIA - BANESPA - DIREITOS
PRÓPRIOS DA CATEGORIA DE BANCÁRIOS - NÃO-CONHECIMENTO. O v. acórdão do
Regional, com base no item II, da Súmula 331, deste Tribunal, não
reconheceu o vínculo empregatício da recorrida diretamente com a
tomadora
de serviços, condenado a mesma apenas subsidiariamente. Assim, não
cabe
deferir ao recorrido o pagamento de parcelas restritas à categoria dos
bancários, uma vez que, sendo a tomadora de serviços , apenas
responsável
subsidiária, a obrigação da mesma se restringe apenas à condenação de
pedido decorrente do contrato de trabalho firmado entre o empregado e
a
empresa prestadora dos serviços (TST-RR-590.404/1999.1, Rel. Juiz
Convocado Caputo Bastos, 1ª Turma, DJ de 16/09/05).
RECURSO DE REVISTA - ISONOMIA DO EMPREGADO CONTRATADO PELA
INFOCOOP
SERVIÇOS COM OS EMPREG A DOS DA CEF. A concessão de equiparação do
Obreiro, com o deferimento de diferenças salariais e demais direitos
inerentes aos empregados bancários da Ré, afronta o princípio da
isonomia,
tendo em vista a ausência de prévia aprovação em concurso público,
prevista no art. 37, II, da Constituição Federal. Recurso de Revista
conhecido e provido (TST-RR-655/2005-012-03-40.9, Rel. Min.
Simpliciano
Fernandes, 2ª Turma, DJ de 23/03/07).
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIMENTO - ISONOMIA SALARIAL -
DIGITADOR
- EQUIPARAÇÃO AOS EMPREGADOS DA TOMADORA DE SERVIÇOS. O Recurso de
Revista
comporta processamento por aparente violação ao artigo 461 da CLT.
Agravo
de Instrumento a que se dá provimento para mandar processar o apelo
denegado. II - RECURSO DE REVISTA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA
EMPRESA
PÚBLICA. A Súmula nº 331 do TST, em seu item IV, autoriza que se
responsabilize subsidiariamente a tomadora dos serviços, inclusive
quanto
aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista.
III -
ISONOMIA SALARIAL - DIGITADOR - EQUIPARAÇÃO AOS EMPREGADOS DA TOMADORA
DE
SERVIÇOS. O artigo 461 da CLT assegura a equiparação salarial se
atendidos
conjuntamente os requisitos de idêntica função, trabalho de igual
valor,
prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade. Na espécie, não
houve
prestação de serviço ao mesmo empregador , já que a Caixa Econômica
Federal não é a empregadora, mas tão-só tomadora dos serviços. Não
houve
reconhecimento de vínculo empregatício com a CEF. Recurso de Revista
conhecido parcialmente e provido (TST-RR-1.187/2005-001-03-40.6, Rel.
Min. Maria Cristina Peduzzi, 3ª Turma, DJ de 02/02/07).
RECURSO DE REVISTA - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - TERCEIRIZAÇÃO -
ISONOMIA COM EMPREGADOS DA TOMADORA DE SERVIÇOS. I A tendência
jurisprudencial desta Corte, em reiteradas decisões, é de não serem
devidos aos empregados da empresa que presta serviços a bancos os
benefícios legais e convencionais próprios da categoria dos bancários.
II
- Isso porque o enquadramento na categoria profissional dos bancários
pressupõe a vinculação empregatícia com banco ou entidade financeira a
este equiparada. Na hipótese dos autos, há um outro obstáculo,
considerando que a reclamada integra a Administração Pública Indireta,
tal
equiparação implicaria afronta ao artigo 37, inciso II, da Carta
Magna,
uma vez que, sem o precedente do concurso público, o reclamante
estaria
sendo beneficiado com as mesmas vantagens de empregados que cumpriram
a
exigência constitucional. III - Recurso provido
(TST-RR-480/2005-008-03-00.6, Rel. Min. Barros Levenhagen, 4ª Turma,
DJ
de 07/12/07).
RECURSO DE REVISTA - CATEGORIA DOS SERVIDORES DA FEBEM - TOMADORA
DOS
SERVIÇOS - ISONOMIA SALARIAL. O princípio da isonomia é inaplicável à
espécie sub judice , uma vez que ele visa a igualar pessoas que se
encontrem nas mesmas condições, o que não ocorre entre o Reclamante,
empregado da empresa prestadora de serviços , a BANESPA S.A. e os
servidores da FEBEM, tomadora de serviços , sendo, pois, empregadores
distintos, ligados por contrato de prestação de serviços de natureza
civil. Precedentes do TST. Recurso de revista a que se nega provimento
(TST-RR-522.826/1998.4, Rel. Juiz Convocado Walmir Oliveira da Costa,

Turma, DJ de 13/05/05).
RECURSO DE REVISTA - ISONOMIA SALARIAL ENTRE E M PREGADO DE EMPRESA
TERCEIRIZADA E OS INTEGRANTES DA CATEGORIA PROFISSIONAL DA TOMADORA
DOS
SERVIÇOS. O pleito em questão, fundado no princípio da isonomia, art.
5º,
caput , não encontra amparo quando a condição do reclamante é distinta
daqueles empregados contratados diretamente pela segunda reclamada,
estes
integrantes da categoria dos bancários. Além disso, a contratação por
empresa interposta não autoriza a aplicação analógica do artigo 12 da
Lei
6.019/74, já que a empregada não exercia trabalho temporário, sendo
inaplicável o referido preceito legal. Recurso de revista conhecido e
provido (TST-RR-1.400/2005-023-03-00.2, Rel. Min. Aloysio Corrêa da
Veiga, 6ª Turma, DJ de 30/03/07).
RECURSO DE REVISTA DA ROSCH ADMINISTRADORA DE SERVIÇOS E
INFORMÁTICA
LTDA. - ISONOMIA ENTRE OS EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA E OS DA CEF
TOMADORA DOS SERVIÇOS. 1. Consoante a jurisprudência desta Corte
Superior,
os empregados de empresa prestadora de serviços não têm direito ao
recebimento das vantagens salariais e demais benefícios inerentes à
categoria dos empregados da empresa tomadora dos serviços, em face do
princípio da isonomia. Ainda mais quando nem sequer foi reconhecido o
vínculo de emprego com a tomadora. 2. Com efeito, o inadimplemento das
obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas
obrigações (Súmula 331, IV, do TST). Todavia, essa responsabilização
tem
por base o pagamento dos direitos trabalhistas próprios da categoria à
qual pertence a empresa prestadora. O pedido formulado na petição
inicial
de aplicação das convenções coletivas de trabalho da categoria dos
bancários não encontra suporte legal, até porque a real empregadora do
Reclamante não participou das respectivas negociações coletivas.
Recurso
de revista provido (TST-RR-475/2006-036-03-00.3, Rel. Min. Ives
Gandra,
7ª Turma, DJ de 23/11/07).
Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso de revista para,
reformando
o acórdão regional, no particular, excluir da condenação a
determinação de
pagamento das diferenças salariais e reflexos decorrentes da isonomia
salarial, dentre elas, o auxílio-refeição e o auxílio cesta-
alimentação.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Egrégia 7ª Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, por unanimidade, deixar de pronunciar a nulidade do julgado
por
negativa de prestação jurisdicional, nos termos do art. 249, § 2º, do
CPC,
conhecer do recurso de r e vista apenas quanto às diferenças salariais
e
reflexos e indenização do valor equivalente ao auxílio cesta-
alimentação e
ao auxílio-refeição decorrentes da equiparação salarial - isonomia ,
por
divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe provimento para,
reformando o acórdão regional, no particular, excluir da condenação a
determinação de pagamento das diferenças salariais e reflexos
decorrentes
da isonomia salarial, dentre elas, o auxílio-refeição e o auxílio
cesta-alimentação.
Brasília, 14 de maio de 2008.
___________________________
IVES GANDRA MARTINS FILHO
MINISTRO-RELATOR

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