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O PATRIMONIO CULTURAL EOIPHAN _ PERSPECTIVAS NO INICIO DO SECULO XXL Maria Cecilia Londres Fonseca D ‘o ponto de vista de sua eti- mologia, 0 termo “patrimé a ideia de heranca patemna, que adquire seu sentido mais corrente e Yad ORY Uk VO ANAL em linhas bastante gerais, disseminado nas civiliza er : que tém como uma d ar aeRO ORO ona ivito romano, Pe tate (ata mee Rca Porextensio, este tem sido.o termo Magma trig m ag Eee uilizado para designar patrimonios co- nos primeiros anos do século XXI. DEM ALY Ok CO meager asa Teg ac leer arene eens Cee *c preservagio den determinado me desculpo com os leitores. tipo de patriménio coletivo, selecionado ‘em fungi de seu valor cultural, tem sido, envolvem e afetam a vida das comuni- dades a que se referem na medida em que criam direitos e deveres tanto para © poder: péblico como para os cidadiios. S io de: junto & sociedade tem sido, ano xu 724 DaCultura portanto, uma meta a ser alcangada, sobretudo em sociedades democtaticas ¢, no Brasil, este é um dos aspectos mais relevantes dos artigos 215 © 216 da Constinaigio Federal de 1988, que deu destaque bem maior que as constituigdes brasileits anteriores ao capitulo relative cultura, Essa by lutas pelo vem a0 encontro da reconhecimento de direitos, por parte dos grupos: onganizados da sociedade, que tém como base a cada vez mais ampla reivindicacio pelo respeito i “diversidade culeural” da humanidade, principio que, em foros internacionais como a UNESCO, se propde como universal’, ¢ que viria se con- trapor as diferentes formas de hierarquiz: dos grupos humanos @ partir da consideragio, por parte das nagdes ocidentais modernas, da supremacia da civilizacio de origem europeia © cristi — visio que legitimava, no Ocidente, conquistas, discursos histéricos e mesmo teorias Cientificas'. Entre esses direitos destacam-se, no caso cm questio, 0 “dircito i meméria” ¢ a nogio de “cidadania cultural”. A Constitui¢io Federal de 1988, no caput de seu artigo 215, determina que: “Art. 215.0 Estado garantiré a todos 0 pleno exerciio dos direitos culturais © acesso as fontes da conltura nacional, © apoiard e incentivané a valorizagio & «aif das manifestagtes cultura.” No parigrafo 1°,a seguir, é feita clara mengio a uma diretriz. a ser seguida pelas politicas piblicas de preservacio do patriménio cultural no Brasil: “4. O Estado protegené as manifestagtes das oukturas populares, indigenas ¢ afro-brasileinas, © das de outros gripes partcipantes do proceso csiizatério No aaput do artigo 216, a que se segue enumeragio exemplificativa dos tipos de bens passiveis de integrar 0 reperiétio constituido pelo poder piiblico enquanto patriménio cul- tural da naco, éfeita, pela primeira vez em texto constitucional brasileiro, a men¢io a “hens de natureze materiale imaterial”. Inédita & também, DaCultara no xm /ne24 Jogo de Capoeira - BA. no parigrafo 1%, a mengio a “ewlaborapado da enmunidade” nas. ages voltadas para a protes ¢ Fromocao desse patriménio. Neste texto, tentaremos apresentar resumidamente algu- mas tendéncias da politica desenvolvida pela instituigao federal legalmente responsivel pela protecio do patriménio cultural brasileiro — 0 Instituto do Patriménio Histérico € Artistico Nacional — IPHAN — em seu periodo mais re- cente, voltadas para uma ampliacio ao universo de bens reconhecidos pelo poder pablico como patriménio cultural do Brasil, e para uma diver- dos meios para sua identificagio, pro- tecio legal, salvaguarda ¢ divulgacio, visando sempre sua valorizacio. ORIENTACOES PARA OS TOMBAMENTOS Ji nas tiltimas décadas do séeulo XX, 0 repertério dos bens tombados pelo IPHAN foi sendo diversificado, na medida em que outros ctitérios passaram a ter importincia, além dos de “valor excepcional” ¢ de “monumentalidade”, que predominaram nas primeiras décadas de ‘vigincia do decreto-lein®25, de 30 de novembro de 19375, Exemplar no sentido dessa nova orien- tacio foi o tombamento, em 1984, do Terteito da Casa Branca (BA) 0 mais antigo terreiro de candomblé de nagio ketu no Brasil, que foi ob- jeto de discussoes ¢ objecdes, no apenas quanto A atribuigio de valores, como pelas caracteristicas % sitio, que levantavam quesides ‘iodo instrumento do tombamento Com o objetivo de ampliar 0 leque de par- ‘ceizos na condugio das atividades do IPHAN e, particularmente na anilise das propostas de tom- bamento, 0 Conselho Consultivo da instituicio — instincia encarregada de avaliar as propostas de tombamento ~ teve sua composicio modificda, pasando a abrigar representagio de outros minis- térios, assim como de vicias instituigdes cultcrais da cociedade’. Uma ripida anilise do repertério de bens ‘que foram tombados pelo IPHAN a partir doano 200° aponta para algumas tendéncias,tais como: a) A evidente predominsncia de propostas de conjuntos de bens para tombamento: centros urhanos, conjuntos de iméveis, bens inseridos em seu entorno paisagistico, iméveis com fungio museolégica ¢ seus respectivos acecvos ete. b) A maioratengio para os diferentes mar cos histéricos do processo de ocupacio do ter ritétio, incluindo micleos urbanos, fortificacdes, bens ligados aos transportes (pontes, ferrovias, embarcagoes) ¢, particularmente, novos recortes, de cariter sistémico, que visam a designar formas especificas dessa ocupacio. ©) A maior diversidade de bens de cariter sageado, com nitida énfase aaqueles vinculados 08 cultos afro-brasileiro d) A crescente atengio no sentido de levar em conta as dimensdes materiale imaterial dos bens tombados nas propostas part tombamento, ©) Os tombamentos de iméveis isolados, que predominaram nas primeiras décadas de a do IPHAN, sio, atualmente, proporcionalmente unis exporddivus, FiLe au dane de Conjuntos dos tipos especificados anteriormente. A preocu- pacio com 0 fator “ambigneia” talvez influencie a inclinacio por esse tipo de recorte, que, por outro Jado, impde a0 IPHAN formas diferenciadas de atuagio ca necessidade de buscar parcerias para a protecio eficaz do bem tombado, Exemplo dessa postura é 0 encaminhamenro que foi dado, pelo IPHAN, ao processo de tombamento do Forte de Copacabana (RJL que [4 havia sido objeto de protegio por parte do Instituto Estadual do Patriménio Cultural INEPAC), em 1990. Como © tombamento estadual ji havia contemplado o entorno paisagistico do Forte, delimitado pelas Pontas de Copacabana ¢ do Arpoador, 0 tom- bamento federal, aprovado pelo Conselho Co: suldivts do IPILAN ext 2004, pie “0 valor histérico do bem, protegendo a edificae todos os seus componentes, inclusive 0 acervo do Museu Histérico do Exército Brasileiro, que all comegow a funcionar efetivamente em 1996, 1) Do ponto de vista da distribuigio ge- ogrifica dos bens tombados, o olhiar do IPHAN eur se voluudo uamlén para bens situadus ext estados tradicionalmente pouco “visitados” pelas nareativas sobre a ocupacio do tertitério. bra- avo xni/i24 DaCaltara sileiro, como € 0 caso, por exemplo, dos estados das regides Norte e Centro-Oeste, ¢ de alguns es- tados do Nordeste. Sio exemplos dessa tendéncia ‘o tombamento, no Acre, da Casa de Chico Mendes ede seu acervo;da Vila Nova do Navio, no Amapi; da cidade de Porto Nacional, no Tocantins; e, no Piaui, de sucessivuy (ouaanentoy de ciddaues yue constituem testemunhos da ocupagio do interior do Brasil durante o século XVITT- Pamaila, Ociras, Piracuruca, Nesse mesmo estado, foram tombadas as “Pazendas Nacionais”, que constituem formas de ocupagio do territério bastante particulares e de grande interesse, devido aos fatos que 8) O precedente aberto com o tombamento do ‘Terteito da Casa Branca (BA), mencionado {OFS ANO XI / WE 24 10 inicio deste texto, tem sido ratificado com a inscrigio, desde 0 ano 2000, de mais quatro tertciros, todos na Bahia, ¢ da Casa de Minas Jejé, em Sio Luis (MA), como reconhecimento tule compensagio pela quase auséacia de bens dda cultura afso-brasileiea nos Livros do Tombo”. 1) Finalme de valores por parte das comunidades a seus bens culturais, em suas dimensdes material ¢ imaterial, tem levado a proposicio de tombameatos em que se destacam, além das caracteristicas formais dos bers, também os aspectos mais marcunres de sua fancio e de seu sentido simbélico, enriquecendo- se.assim sua expressio como referéncins a “nodes de criarl fazer € viver” (act. 216 da Constituigio Federal de 1988). F. 0 caso, por exemplo, do tombamento de “Edificacées e Nuicleos Urbanos ¢ Rurais relacionados com a imigragio em Santa plo var paisagens e caracteristicas do modo de viver de geracdes de imigrantes europeus que oceparam largas porgées de terras no sul do Brasil. Eo caso também da igreja do Divino Pai Eterao (GO), em que a proposta de tombameato, indica que seja feito 0 registro da romatia dos car-eiros, que ocorte na festa anual em devocio a0 padroeiro do monumento. amaior atengio & atribui a Casa Das Minas Jejé NOVOS INSTRUMENTOS E. NOVAS ATRIBUICOES A edigio do decreto 3551, de 4 de agosto de 2000, que “institni © Registro de Bens Cultarais de Naturega Imaterial” e “eria © Programa Nacwnal do Patrininin bmaterial, foi um marco no sencido de ampliar as atribuicdes do TPHAN. Em conson; da UNESCO desde as tiltimas décadas do século XX e com base em espetiéncias desenvolvidas em imbito federal nasse mesmo perfodo, este decreto veio responder a uma lemanda jt antiga poruma maior representatividade do patriménio cultural reconhecido pelo poder publico, tendo em vista, por exemplo, a baixissima incidéncia de inscrigdes, nos Livros do Tombo, a com iniciativ: de bens representativos das culturas distintas Alaquelas Ue iaisie curupeia, partivula mente da do colonizador portugués, ¢ que, no entanto, tiveram presenga fundamental em nossa formacio, como nagio. Abriu-se, assim” uma nova frente nas politicas de patriménio, que veio sem diivida enriquecé-las, mas também apresentar novos, desafios. © Regisuw de aberes © Paseres, de Celebragdes, de Formas de Bs rede Tugares, todas manifestagies de carater pro- cessual ¢ dinimico — que niio podem, portanto, ser “engessadas” — e que dependem, para su continuidade, da competéncia ¢, sobretudo, da vontade de produtores ¢ detentores, impde owas peiticas para sua pzeservagio, tais como a condigao de anuéncia prévia desses atores, a revalidagio periddica do titulo outorgado pelo segistro eas formas mais flexiveis e participativas de salvaguarda. Até outubro de 2014, foram registrados 31 bens, entre eles manifesta irio de que atrai em outubeo mais de um milho de figis a Belém do Pari; 0 frevo, a ¢2- scomo 0: 6, celery ‘pociza eas matrizes do samba casioca; 0 oficio das rralgumas das mais conhecidas, nfo apenas no pais como no exterior. Mas foram reconhecidas também, por meio do registro, a pintuca coxporal do grupo indigena Waigpi (AP), que emete & sua cosmogonia, ou seja, 0 modo como explicam 0 mundo; o sistema agricola tradicional do Rio Negro (AM), centrado no cul: tivo da mandioca em suas variedades; o Tambor de Crioula (MA); 0 modo de fazer viola de cocho (MT e MS); as festividades de Sao S regio de Marajé (PA) pouco conhecidas, inclusive pelos brusileiros que vivem fora das regides onde ocorrem, mas que sfo bastante represeatativas de nossa diversidade cultural arte Austin de Uma frente aberta em decorténcia das aces voltadas para a salvaguarda do patriménio edo seconhecimento da diversidade linguistica bra- sileica. Nesse sentido, foi criado um instrumento conside: a finalidade: © do mais adequado ae Inveutiiy Nacivial da Diversidad Lins INDL, implementado conjuatamente por jo do IPHAN. E ar maior visibilidade € instituigdes, sob a coords linha de trabalho visa a a documentar as mais de 150 linguas indigenas existentes no Brasil (grande parte delas agrafas); s falares das comunidades afro-descendentes; as inguas de imiggrago de diferentes procedéacias;€ outros falares e cédigos, como a LIBRAS (Lingua Brasileira de Sinais) avoxi/¥e24 DaCaltara ‘Também no sentido de ampliagio da abordagem do patriménio cultural, especial aten- «fo vem sendo dada 3 relagio entre cultura e meio- ambiente", o que tem levado o PHAN aassumir novas atribuigdes. Desde a cdigio da lei 3.924, de 26 de julho de 1961, que “dispie sobre as mons mentas arquesligins ¢ prébitirins”, todos os bens dessa natureza porventura existentes em tertitdsio nacional passaram a ficar sob a guacda do poder puiblico - responsabilidade assumida pelo TPHAN. Em decorréncia da implantacio da politica de Avalagiio de Impacto Ambiental, o TPHAN deve ser ouvido na elabom¢io dos ELA-RIMA e nos processosde licenciamento ambiental, aio apenas relativamente 20 patriménio arqueoldpico, como ainda nas situacdes em que estiverem envolvidos beas tombados ou registrados. Igualmente na preservacio da biodiversidade, e, particularme te, da agro-biodiversidade, o IPHAN € parte in- teressada — participagio viabilizada com base no decreto 3.551/2000, jf citado na salvaguarda dos conhecimentos tradicionais associados aos recursos genéticos, como é o caso do manejo da flora nativa e das espécies cultivadas"”. Nesse mesmo sentido, novas figuras tém sido teabalhadas pelo IPHAN, visando a desenvolver formas de tratamento adequadas a diferentes recortes ¢ configuragtes de bens calturais a serem protegidos, buscando nao apenas a preservacio de bens em seu ambieate natural, habitado ou no, como uma gestio cor junta do poder piblico, organizacées da sociedade e comunidades que porventura habitem a grea em questo. Fo caso dos geoparques e das paisagens calturais, ambas figuras ja regulamentadas pela UNESCO, aplicadas a viitios sitios mundo atora, uo Drasi, escsitas 1a Canta da Seana da Budlu= quena, de 2007. No caso dos geoparques, figura voltada para arcas dotadas de importantes testemunhos: geoldgicos € paleontoldgicos da evolugio da Terta, 0 objetivo é, além de sua protecio, fo- mentar sua sustentabilidade por meio da inclusio econdmica e social de evennaais habitantes da firea, da educacio ambiental e do turismo. Esta situado no Brasil o primeiro geoparque nas Amé- DaCaltcrra pyo xm /w 24 Arie Kusiwa-Wajapl- AP sicas: 0 Geoparque Araripe, na regio do Carisi (CB), criado em 2006. Mas é a criagio da fignm de chancela de “Puisagem Cultural Brasileira” que evidencia com mais elareza a busea de um olhar no apenas mais, abrangente como também mais integrado de nosso patriménio, imprescindivel para a protecio de ers culturais com as casacteristicas especificadas adiante! “Paisagem Cultural Brasileira & wma poredo peculiar do territério nacional, repre-sentativa do ‘provesso de interagio do homem com o meio natural, A qual a vida e a ciéncia humana imprimiram mar- as on atribuiram valores.” (Pouunia dy PHAN n°127 /2009) A concessio desse titulo pressupde 0 estabelecimento pxévio de um pacto de gestio compartilhada entre o poder publico ¢ os cidadios. Essa concessio deve sex senovada a cada dez anos - mesmo caso do registro dos bers de narareza imarerial. primeica chancela foi concedida em 2011 2 municipios rusais, ‘que integeam 0 peojeto Roteicos Nacionais de 9 Pai Eterna ao fun Gok Geoparque do Ararpe, Imigracio, em Santa Catarina, Nessa acca, como observamos no item inie jf foram real referentes aos processos de imigtagio que pessoas oriundas de deste artigo, ados tombamentos de iméveis trouxeram para a regi aperfeigoado, nto pela complexidade do recorte do bem como de sua gestio enquanto ida “a patrim6nio cultural protegido, sem di chancela de Paisagem Caltural representa um avango conccitual na abordagem do patriméni, pots considera cantextos complexos onde nso postos apenas valores ateriais on imateriais, mas considera a soma desse dois clementos na compreensio do gue seja “pore pecaliar do terrtério nacional” (WEISSHEIMER, 2010)" 0 O DESAFIO DAS CIDADES: A PRESERVACAO DOS CENTROS HISTORICOS URBANOS A preservacio de centros histéricos urbanos é provavelmente, «a tarefa mais complexa para os agen- tes responsiveis pela preservacio do patsiménio cultural. As cidades nao vivem sem os seus habitantes, cnjos modos de criar e ocupar os espacos estio constante mutagio, Além isso, este tipo de bem nao é constituido por wma soma de imé ‘eis isolados, e sim pelo conjunto istico que pasticulisiza, As medi urbano-pal das de protecio s jo, portanto, necessariamente mais flexiveis que as aplicadas a iméveis isoladas, € terio como objetivo primordial preservar as refe cias que caracterizam estes conjuntos enquanto documentos histéricos, resguardando assim sua ambiéncia, Estudos apontam que varius obsticulos se interpdem ao alcance desse objetivo, tanto de ordem econémica, como em funcio de conflitos com interesses conteirios A preservacio™. P algum sucesso, é fundamental contar com a octanto, para que se tenha colaboragio, no apenas de todas as instincias do poder piiblico envolvidas, como dos mora- dores de eventuais visitantes/turistas, 0 que Casa Duwe-Indeial Ano xni/w24 DaCultara Pos Barcas ~ Parnalba -P| pressupde ampla divulgagio dos valores que justificam a protecia do bem Além de novos tombamentos de centros histéticos urbanos, tais como alguns dos no tem inicial deste testo, vém sendo reatizadas frequentes rerratificagdes de tombamentos de smenciona- centros urbanos tombados anteriormente, em geral com 0 objetivo de integear 20 conjunto out partir de novas leituras. Mls a iniciativa mais ampla e inovadora nesse sentido, elaborada no século XXT foi o PAC- CH Programa de Aceleragio do Crescimento das Cidades Histéricas, langado na cidade de Ouro Preto, em 2008, Trata-se de amplo plano de requal- iReagio uebaaa « itetSnicor ¢/ou pairagisticos — a ot oplicado inksialeante cm 32 Cidadles histéricas de 17 estados. As intervengdes ineluem, além das restaueagdes de monumentos, embutimento de fiacio elétrica, conten de en- costas, teadequacio de iméveis a novas fungdes, & utras ages que possam beneficias a qualidade de vida dos habitantes. Como em outeas experiéneias relatadas neste texto, PAC-CH envolve,além do Ministério da Cultura, os Ministérios das Cidades, da Educacio ¢ do Turismo, ¢ também agéncias como o BNDESea CEE, que pasticipam de Phanos de Agio pactiados com os ‘municipios. CONCLUSOES Este brevissimo relato de ver, algumas das tendéncias mais mar- cantes da politica federal de presesvagio do patsimdio cultural brasileiro nos titi- ‘mos anos eviddencia alguns aspectos Do ponto de vista conceitual tensifica-se © movimento — jd constatado nas dlhimas décadas do século XX ~ n0 sentido da diversificagio tanto dos tipos de bens, como da maneiea como sao construidos, enguanto propostas, visando 4 sua protegio. A preferéncia por perspe beangentes, que integsem imoveis e meio ambiente, produtos € process € que levem em considesacio a organicidade dos corjuntos, deve contsibuir para uma melhor sal- vaguarda das referencias que conferem a0 bem seuvalor histérico em nivel nacional Do ponto de vista operacional, a gestio compartilliada do processo de protecio evicencia- se como uma opgio necessiria para se alcangar maior eficiéncia. A proposta do IPHAN de im- plantar no pais o Sistema Nacional do Patriménio Cultural é uma tentativa de, sem ferir os principios da ferleracin, somae @ conelenar esfnegns em torno de um objetivo comum. Coneluindo, cresce, atualmente, a 6 sciéneia de que qualquer politica s6 tera sucesso se acompanhada de medidas voltadas para a mobilizagio da sociedade, por meio de ampla divalgaco do tema, sua inclusio nos processos fornais € informais de educagio, e, sobretudo, da criagio de espagos para a participagio ativa dos cidadios Agradego a todos os que me auxiliaram na elaboragao deste trabalho ¢, particularmente, a Mércia Sant Anna, por suas preciosas sugestoes, 4a Valéria Leite de Aquino, por sua inestimével colaboragao, DaCaltcrra pyo xm /w 24 4 DIBLIOGRATIA 1 Sobrea nose de patimbnio ver GONCALVES José Reginald. “0 patrimdnto como categoria de pensamento”. a: ABREU, Regina & CHAGAS. Mario (orgs). Meméria¢ patriminio ensaiosantropalgcos. Rio de Janeito: DP&A, 2003, . 21-29. 2- Para um acompanhamento da trajetéria das questo igadas 120 patrimnio cultural yer, entre outros: FONSECA, Maria Ce- cilia Londres. patriménio em process: tajetiria da politica federal de preservagio do patrimonio cultural no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UERY, 2009 (3. .}; GONCALVES,fosé Reginaldo. Retorica da perda. Rlo de Janeiro: Eaitora UFR)/ IBIIAN. 1996; CHUVA, Mirela. Os argitetos éa memoria: sociogtuese das pritcas de preservarao do patrimdnio cultural ‘no Bra (anos 1939-1940), Ri de laneto: Editora UFRI, 209: MOTTA, Lia, "Noras sobre oIPIHAN na década de 2000” In: ANDRADE, Rodrigo Meio Franco de, Brasil: Monumentos Hiktérient & Anquelagions. Rin de Jancia: IPHANIDAR! ‘COPEDOG, 2012, p. 317-328; SILVA TELLES, Antdnio Car los da. “Um depoimento sobre a trajetia institucional do [IPHAN (195272000)’. In: ANDRADE, R. M. F. de. Op. Cito [Rio de Janeiro: IPHAN/DAF/COPLDOC. 2012, p. 283 316. 3. Sobreo tema. a UNESCO produziu os seguintes documentos: Declaragao Universal sobre a Diversidade Cultural (2001) ‘Convengio sobre a Protegio ¢ Promogio da Diversidade das Expresses Culturas (2003) ‘4 Esta questo fot muito bem apresentaacm expos realzada ‘no Musée Da Qua Branly de Paris, em 2006, com titulo de “Dian regard Vautre’,e também fot ahordads em sua dimensto sais recente por TODOROV, Trveran. La peur des batares: ssdela dt choe des cisions. Pans: Robert Lafont, 2008. 50 decretodei a. 25, de 30 de novembro de 1937, € 9 in- Strumentojuridico que “organiza a protecdo do patrimdnio Ihietéricocartistico nacional’ {6-0 antropdlogo Gilberto Velho, entaoconselheito do PHAN, {oo relator do processo na reunito do Conselho Consuhive ‘em que foi avaliada a proposta de tombamento do Terezo da (Caea Branca, «fez um interesante relate de sua experiencia em VELHO, Gilbert, ‘Patrimdnia, megociagao e conf In: LIMA FILHO, Manuel Ferreirs: ECKERT, Cortés BELTRAO, Jane (orgs) Antropologia ePatriménio Cultural Dialogos Desafios Contemporéneos, Blumenau: Nova Letra, 2007, p, 249-261 2 Deal 208 Comselha Cansitiva ds PHAN tom 9 repee= ‘etantes institucional 13 representantes da sociedad cv 8 OIPHAN tem 1106 tombamentos honologados ae outubro ‘de 2014 19 Alem dos terecos ede bens eativos a quilombos,o IPHAN ‘everd tombar 0 sitio arqueoldgico recentementeaberto na ‘ego do antigo Cais do Valongo, na reido portuiria do Rio se Jancie, 10 Sobre nogio de"patriménio genético” ver ABREU, Regina. “A emergénciado potriméruo genética ea nova configuraso do campo da patrindnia” Inv ABREU. Repina & CHAGAS. Mario (org. Memériaepatrimonio: ensios antropolgicos. Rio de Janeleo: DP8A, 2003, p. 30-45, 11 Ver Rasolagde CONAMA 001, 73 de jira de 1986, 12-0 IPHAN tem assento no CGEN- Conselho de Gestio do Patriménio Genétco, que funciona junto a6 Minstéio do Meio Ambiente, 15 A figura de "Paisagem Cultural” fol criads pela UNESCO ‘2m 1992, man sd em 2012 fo aplicada pela primeira ver # ‘uma pasagem urbana, com a denominacio "Rio de Janeiro: polagenscariocas entre a montana eo mar” 14 WEISSHEIMER, Maria Regina. “A chancela da Paleagem Calturals wma estratégia para o futur”. Desafios do Desen- vel¥vimento, Instituto de Pesquisa Econdmiea Aplicada/IDEA Jushojllho, ano 7, "62. Brasilia, 2010, p25. 15 Ver ANDRADE, Rodrigo Meio Franco de. “Conterragio ‘de conjuntos urbanos In: Rodrigo e o SPHAN: coletinea de textos sobre o patriménio cultural. Rio de Janeiro: MinC! ENPM. 1987p. RT-ARMOTTA, Lia. "A apropriacie da patrimnie urbana: do etético-esiltico nacional ao con- sumo vieual global.” nz ARANTES, Antinio Augusto. O ‘espago da diferenca. Campinas, Papirus, 2000, p.256-267; SANT’ ANNA, Marca, “Patrimdnto evalorizagdo de dreas ‘centrale no Brasil dos anos 90° In: SANTOS, Afonso Carlos Marques dos: KESSEL, Carlos; GUIMARAES, Ceca, Muses & Cidedes Livro do Semindrio internacional. Rio de Janeiro: “Museu Historica Nacional, 2008, p 155-172 patriménio cultural, Maria Ceciiia Lonpres Fonseca Doutora em Sociologia pela UNB. Atualmente é membro do Conselho Consuitivo do Patrimeéinio Histrico e Cultural » do Instituto Histérico e Cengrificn Brasileiro E autora do livro “O Patrimonio em Processo” e de varios artigos sobre 0 tema do a avo xni/i24 DaCaltara

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