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AGOS-CARBONO E AGOS-LIGA 59 7M TRATAMENTOS ISOTERMICOS: AUSTEMPERA E MARTEMPERA Os tratamentos isotérmicos sGo tratamentos medernos, basea- dos no conhecimento das curvas em C. Compreendem a custém- pera e a martémpera. 1 — Austémpera — Consiste no aquecimento do ago até uma temperatura acima de zona critica, seguido de estfricmento répido num meio mantido a uma temperatura constante, dentro da faixa de formagdo da bainita (aproximadamente 250° a 400° C) durante o tempo necessdrio até se produzir a transformacéio, Em seguida o ago é esfriado rapidamente até a temperatura ambiente. A austémpera esté representada esquemdaticamente, em diagrama de transformagéio isotérmica, na fig. 40. As estruturas bainiticas obtidas na austémpera, sobretudo na parte mais baixa do dia- gréma TTT, caracterizam-se por elevada dutilidade, com durezas elevadas, da ordem de S50 Rockwell C, dutilidade essa bem su- perior & da martensita revenida normal que possua a mesma dureza. Em experiéncias realizadas em secgdes de 4 a 5mm verificou-se que as estruturas bainiticas obtidas, de alta dureza Curvas de esfriamento Jemperarura Ss Prod/o: Batra Tepe, €3¢. 10g. FIG. 40 — Diagrama esquemitico de transformagao para austémpera. 60 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA (em torno de 50 RC) mostravam 35 % de estricgdo no ensaio de tragdo e uma resiliéncia de 4,8 kgm, ao passo que a martensita revenida com mesma dureza apresentava estricgdo inferior a 1 % e sdmente 0,5 kgm de resiliéncié. Entretanto, é somente nessa zo- na de altas durezas que as estruturas bainiticas sdo vantajosas; de fato, na faixa de durezas de 40-45 Rockwell C, a estrutura sor- bitica é superior. Na faixa de durezas necesstuia para agos-ferramentu, isto 6, 60 a 65 Rockwell C, nGo é possivel obter estruturas baintticas, o que constitui uma limitagGo do processo. Outra limitagdo diz respeito ds dimensdes das pecas que devem ser de pequena espessura de modo 4, esfriando rapidamente, evitar a formagéio de perlita fina. A grande vantagem do processo é que, devido & estrutura bainitica se formar diretamente da austenita a uma temperatura bem mais alta do que a martensita, as tensées internas desenvol- vidas so muito menores; do mesmo modo, nao se verifica pra- ticamente distor¢Go ou empenamento, o que é particularmente importante em pegas de secgdes finas e formas complicadas. Uma recente modificagao da austémpera permite empregar © tratamento para pegas maiores. O ago, depois de aquecido acima da temperatura critica é¢ rapidamente esfriado, de modo FIG. 41 — Aspecto micrografico de aco austemperado: bainita. Ataque: Gcido nitrico 750 x. AGOS.CARBONO E ACOS-LIGA 6L « evitar 0 cotovelo da curva em C, a uma temperatura abaixo de M,, tendo-se assim transformagdo de pequena parte da auste- nit em martensita. A pega é, em seguida, imediatamente transfe- tida a um forno cuja temperatura permita transformagGo a estru- tura bainitica. . A figura 41 mostra bainita em ago austemperado, 2 — Martémpera — Essa operagtio, esquematizada na fig. 42, consiste no aquecimento a uma temperatura acima da critica seguido de esfriamento répido a uma temperatura logo acima de M,, onde a peca é mantida o tempo suficiente para se atingir uniformidade de temperatura através de toda a secgdo. Depois © ago é esfriado lentamente ao ar, através da faixa MyM, de modo a produzir martensita. Finalmente, logo a seguir, procede- se a um revenido para se ter a desejada dureza. O meio de estriamento usado neste processo é, em geral, um banho de sal. A grande vantagem do processo esté no seguinte : o esfriamento telativamente raépido — ao ar — de uma temperatura logo acima de M, (infcio de formagdo da martensita) n&o produz grande di- ferenga de temperatura entre a superficie e o centro da pega, de modo que a formagdo da martensita ocorre a uma velocidade uniforme através de toda a pega; eliminam-se, assim, préticamente todas as tensdes residuais, 0 empenamento e as fissuras de témpera. Froduro: Marrensite revetida Tempo, est. 10g. FIG. 42 — Diagrama esquemético de transformagdo para martémpera. 62 BOLETIM GEOLOGIA E METALURGIA Como na austémpera, o processo de martémpera é limitado a pegas de -pequena espessura, devido 4 baixa velocidade de esfriamento do banho de sal em que sdo esfriadas. Convém lembrar que austémpera e martémpera sdo trata- mentos isotérmicos que diferem fundamentalmente : — na austémpera visa-se produzir bainite — na martémpera, martensita.

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