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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –

fevereiro 2003
A água à luz do Espiritismo

"A água, no mundo, não somente carreia os resíduos dos


corpos mas também as expressões de nossa vida mental.
Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e,
quando em movimento, sua corrente não só espalhará
bênçãos de vida, mas constituirá igualmente um veículo da
Providência Divina, absorvendo amarguras, ódios e
ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e
purificando-lhes a atmosfera íntima."
André Luiz
(do livro Nosso Lar - Psicografia de Chico Xavier)

Água é vida. Uma verdade tão básica que é um lugar comum. Como pode um líquido incolor,
sem cheiro ou sabor, ser essencial à vida no plano físico e importantíssimo também no plano
espiritual? É o que buscaremos responder com o resultado de nossa singela pesquisa.
Inicialmente, salientamos que os conhecimentos apresentados são a compilação dos trabalhos
de alguns integrantes do nosso grupo de estudos, não cabendo ressaltar a autoria do resultado.
Agradecemos à Zita, à Marta, à Zezé (desculpe pelo carinhoso apelido, mas é para não confundir
com a outra Mª José) e à Rejane, pelos conhecimentos pesquisados e reunidos, que muito
facilitaram e auxiliaram no estabelecimento do esboço e na configuração final da tarefa que nos foi
confiada.
Começamos o nosso estudo percorrendo as primeiras linhas do Antigo Testamento, com a
descrição da criação do mundo narrada por Moisés, onde o profeta coloca seu entendimento a
respeito do aparecimento das águas.
Prosseguimos passando rapidamente pela Grécia pré-socrática, onde fomos buscar, com os
primeiros filósofos, a importância da água em seus pensamentos.
Não poderíamos deixar de considerar os preceitos da Codificação a respeito da gênese e das
transformações de nosso planeta e, conseqüentemente, das águas nele espalhadas, razão pela qual
incluímos, de forma sintetizada, o conteúdo dos 48 itens do capítulo VII – Esboço geológico da
Terra - de A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo.
Em seqüência, apresentamos a substância água, a sua utilização e a sua importância em nossas
vidas, informações que serão úteis ao melhor entendimento do trecho que se caracteriza como tema
de nosso trabalho.
No tópico final, objeto do nosso estudo, ressaltamos aspectos e a importância da água,
apreciados sob a ótica do Espiritismo, seguindo uma abordagem que estabelecemos em função dos

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conhecimentos consolidados nos demais trabalhos e do tempo disponível para a conclusão deste
despretensioso estudo.

No primeiro livro de Moisés, e também o primeiro da Bíblia, conhecido por Gênesis,


encontramos, nos versículos 1 a 10 do capítulo 1:

"No princípio criou Deus o céu e a terra.


A terra, porém, estava vazia e nua; e as trevas cobriam a face do abismo; e o
espírito de Deus era levado por cima das águas.
Disse Deus: faça-se a luz; e fez-se a luz.
E viu Deus que a luz era boa ; e dividiu a luz das trevas.
E chamou à luz dia; e às trevas noite; e da tarde e da manhã se fez o dia primeiro.
Disse também Deus: faça-se o firmamento no meio das águas, e separe umas águas
das outras águas, que estavam por baixo do firmamento, das que estavam por cima do
firmamento.
E chamou Deus ao firmamento céu; e da tarde e da manhã se fez o dia segundo.
Disse também Deus: as águas que estão debaixo do céu, ajuntem-se num mesmo
lugar; e o elemento árido apareça. E assim se fez.
E chamou Deus ao elemento árido terra, e ao agregado das águas mares. E viu
Deus que isto era bom."

Conforme constatamos na narração bíblica da criação, em momento algum é citado que Deus
cria a água. Tudo é narrado como se ela já existisse. Nada se pode deduzir com relação ao como e
ao quando tenha sido criada. O que verificamos, no trecho examinado, é a criação do céu, por
Deus, para separar umas águas das outras águas, ou seja, as águas superiores das águas inferiores.
Para os que se apegam unicamente à letra tudo é confuso e contraditório... Não percebem que
a Bíblia não é um compêndio de Ciências, que ela é fruto do conhecimento e da cultura da época
em que foi escrita.
Segundo uma crença antiga, a água era tida como o princípio primitivo, o elemento gerador,
pelo que Moisés não fala da criação das águas.
Pensavam os daquela época ser o céu uma abóbada real, cujos bordos inferiores repousavam
na Terra e lhe marcavam os confins; vasta cúpula cuja capacidade o ar enchia completamente.
Imaginavam que essa abóbada era constituída de matéria sólida. Daí a denominação de
firmamento que lhe foi dada e que sobreviveu à crença, significando firme, resistente, e que
supunham tivesse a função de separar as águas, já que nada sabiam a respeito da formação das
nuvens pela evaporação das águas da Terra. A ninguém podia ocorrer a idéia de que a chuva, que
cai do céu, tivesse origem na Terra, de onde ninguém a via subir. Desse primitivo entendimento

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vinha a crença na existência de águas superiores e de águas inferiores, de fontes celestes e de
fontes terrestres, de reservatórios colocados nas altas regiões, mais ou menos conforme os mares,
convicção que concordava perfeitamente com a idéia de uma abóbada sólida, capaz de os
sustentar. As águas superiores, escapando-se pelas frestas da abóbada, caíam em chuva e,
conforme fossem mais ou menos largas as frestas, a chuva era branda, torrencial ou diluviana.
Conforme nos lembra Allan Kardec, no capítulo IV de A Gênese, "o homem foi incapaz de
resolver o problema da criação até o momento em que a sua chave foi dada pela Ciência. Foi
preciso que a Astronomia lhe abrisse as portas do espaço infinito para que ele aí mergulhasse as
suas vistas... Que a Química lhe mostrasse as transformações da matéria e a Mineralogia os
minerais que formam a superfície do globo; que a Geologia o ensinasse a ler, nas camadas
terrestres, a formação desse globo que ora habitamos".
E conclui o Codificador: "já que é impossível conceber a Gênese sem os dados fornecidos
pela Ciência, pode-se dizer com toda a verdade que a Ciência é convocada a constituir a
verdadeira Gênese, segundo as leis da Natureza".

Grécia, séculos VII e VI antes de Cristo.


Saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se
transformar em árvores frondosas ou em flores multicoloridas instigava os pensadores gregos.
Os primeiros filósofos gregos são freqüentemente chamados de "filósofos da natureza",
porque se interessavam sobretudo pela natureza e pelos processos naturais.
Os filósofos viam com seus próprios olhos que havia constantes transformações na natureza.
Mas como eram elas possíveis? Como uma substância podia se transformar em algo
completamente diferente, numa forma de vida, por exemplo?
Os primeiros filósofos acreditavam que determinada substância básica estava por trás de
todas essas transformações da natureza, como uma causa oculta.
Eles queriam entender os fenômenos naturais, sem que, para isto, tivessem que recorrer aos
mitos. Interessava-lhes, sobretudo, tentar entender por si mesmos os processos naturais, por meio
da observação da natureza. E isto era algo completamente diferente da tentativa de explicar raios
e trovões, inverno e primavera por referência a acontecimentos no mundo dos deuses.
A maior parte de tudo o que os filósofos da natureza disseram e escreveram ficou perdida. E a
maior parte do pouco que sabemos está nos escritos de Aristóteles, que viveu duzentos anos
depois dos primeiros filósofos e apenas sintetiza os resultados a que tinham chegado os filósofos
que viveram antes dele. Isto significa que nem sempre é possível sabermos como eles chegaram
às suas conclusões. O que sabemos, porém, é suficiente para podermos afirmar que o projeto dos

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primeiros filósofos gregos englobava questões relacionadas à substância básica por detrás das
transformações ocorridas na natureza.
O primeiro filósofo de que temos notícia é Tales, da colônia grega de Mileto, na Ásia
Menor.
Assim como os demais filósofos da escola jônica, Tales intencionava
descobrir o elemento físico que fosse constante em todas as coisas; um
princípio unificador de todos os seres e, nesta busca, o "pai da filosofia" no
dizer de Aristóteles, colocou a água como princípio fundamental, do qual se
originam todas as coisas. Pertence-lhe, segundo Heródoto, a previsão do

eclipse solar que se presume ter ocorrido em 28 de maio de 585 a.C, ano em
Tales de Mileto
que o Oráculo de Delfos o proclamou como primeiro dos sete sábios da
antiguidade. Certa vez, em viagem ao Egito, ele calculou a altura de uma pirâmide medindo a
sombra dela no exato momento em que sua própria sombra tinha a mesma medida de sua altura.
Tales considerava a água a origem de todas as coisas. Segundo ele, a água, ao se resfriar,
torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam
como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar,
terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal.
Anaximandro e Anaxímenes foram os outros dois filósofos de Mileto ao tempo de Tales,
cujas concepções fogem ao escopo de nosso trabalho.
O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para a
cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do caos
surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às forças da natureza. Na
cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra
mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto fundamento de todas
as coisas.
E assim a filosofia se libertou da religião. Podemos dizer que os filósofos da natureza deram
os primeiros passos na direção de uma forma científica de pensar. E, com isto, deram o pontapé
inicial para todas as ciências naturais, surgidas posteriormente.

A Terra conserva em si os traços evidentes da sua formação; onde se notem os traços da água,
pode dizer-se que a água ali esteve. A história da formação da Terra está escrita nas suas
camadas geológicas, de maneira bem mais certa do que nos livros preconcebidos, porque é a
própria Natureza que fala, que se põe a nu, e não a imaginação dos homens a criar sistemas. Com

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a Geologia, ciência nascida no século XIX, pode o homem, diante dos fatos (e não de hipóteses),
desvendar a história de sua habitação.
Consoante com os períodos geológicos descritos no Capítulo VII de A Gênese, obra da
codificação com 1ª edição em 1868, apresentamos, a seguir, de forma substancialmente
resumida, os aspectos gerais relativos ao aparecimento da água e as mudanças a que esteve
sujeita nos primórdios da evolução de nosso planeta .
"No globo terrestre, após um estado primitivo inicial de massa incandescente e de
progressivo resfriamento, os elementos formaram novas combinações. O ar, enormemente
dilatado, decerto se estendia a uma distância imensa; toda a água, forçosamente transformada em
vapor, se encontrava misturada com o ar.
No período primário, o efeito seguinte do resfriamento foi a
liquefação de algumas matérias contidas no ar em estado de
vapor, as quais se precipitaram na superfície do solo. Vieram a
seguir as águas que, caindo sobre um solo ardente, se
vaporizavam de novo, recaíam em chuvas torrenciais e assim,
sucessivamente, até que a temperatura lhes facultou
permanecerem no solo em estado líquido.
Impossível se torna assinalar a duração determinada a esse período, do mesmo modo que aos
que se lhe seguiram. Mas, dado o tempo necessário para que uma bala de determinado volume,
aquecida até ao branco (com temperatura acima de 1250°), se resfrie na superfície, a ponto de
permitir que uma gota d'água possa sobre ela permanecer em estado líquido, calculou-se que, se
essa bala tivesse o tamanho da Terra, necessários seriam mais de um milhão de anos.
No período de transição, as águas, pouco profundas, cobriam quase toda a superfície do
globo, com exceção das partes soerguidas, que, formando terrenos baixos, acarretavam o
alagamento destes.
Os espessos vapores aquosos que se elevavam de todos os lados da imensa superfície líquida,
recaíam em chuvas copiosas e quentes, que obscureciam o ar. Entretanto, os raios do Sol
começavam a aparecer, através dessa atmosfera brumosa.
Por essa época, entraram a formarem-se as camadas de terrenos de sedimento, depositadas
pelas águas carregadas de limo e de matérias diversas, apropriadas à vida orgânica. Surgem aí os
primeiros seres vivos do reino vegetal e do reino animal. Os animais desse período, que
apareceram em seguida aos primeiros vegetais, eram exclusivamente marinhos. Em virtude das
condições ambientais propícias, multiplicava-se a vegetação pujante, incluindo as plantas
aquáticas no seio dos pântanos. Em conseqüência do deslocamento das águas, muitas gerações de

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vegetais foram aniquiladas e renovadas. O mesmo não se deu com os animais que, sendo todos
aquáticos, não estavam sujeitos a essas alterações.
O período secundário se caracteriza, sob o aspecto mineral, por numerosas e fortes
camadas que atestam uma formação lenta no seio das águas e marcam diferentes épocas bem
caracterizadas.
Ainda são aquáticos os animais, ou, quando nada, anfíbios; a vida vegetal progride pouco na
terra seca. Desenvolve-se no seio dos mares uma prodigiosa quantidade de animais de conchas,
devido à formação de matérias calcáreas. Nascem novos peixes, de organização mais
aperfeiçoada do que no período anterior. Aparecem os primeiros cetáceos. A vida animal tomou
enorme desenvolvimento no seio das águas. O mar se deslocou muitas vezes, mas sem abalos
violentos.
Com o período terciário nova ordem de coisas começa para a Terra. O estado de sua
superfície muda completamente de aspecto. Tendo a crosta sólida uma espessura que já não
permitia o fácil extravasamento das matérias em fusão do interior do globo, foi ela violentamente
quebrada num sem-número de pontos. A crosta sólida, levantada e deprimida, formou os picos,
as cadeias de montanhas e suas ramificações.
A superfície do solo tornou-se então muito desigual; as águas que, até aquele momento, a
cobriam de maneira quase uniforme na maior parte de sua extensão, foram impelidas para os
lugares mais baixos, deixando em seco vastos continentes, ou cumes isolados de montanhas,
formando ilhas.
Os levantamentos operados na massa sólida necessariamente deslocaram as águas, sendo
estas impelidas para as partes côncavas, que, ao mesmo tempo, se haviam tornado mais
profundas pela elevação dos terrenos emergidos e pela depressão de outros. Mas, esses terrenos
tornados baixos, levantados por sua vez ora num ponto, ora noutro, expulsaram as águas, que
refluíram para outros lugares e assim por diante, até que houvessem podido tomar um leito mais
estável.
O período diluviano teve a assinalá-lo um dos maiores cataclismas que revolveram o globo,
cuja superfície ele mudou mais uma vez de aspecto. As águas, violentamente arremessadas fora
dos respectivos leitos, invadiram os continentes, arrastando consigo as terras e os rochedos,
desnudando as montanhas, desarraigando as florestas seculares. Foi também por essa época que
os pólos começaram a cobrir-se de gelo e formaram as geleiras das montanhas, o que indica
notável mudança da temperatura da Terra.
Entremeando um pouco do capítulo IX, também de "A Gênese", destacamos que o dilúvio
bíblico, também conhecido pela denominação de "grande dilúvio asiático", é fato cuja realidade
não se pode contestar. Deve tê-lo ocasionado o levantamento de uma parte das montanhas

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daquela região. Corrobora esta opinião a existência de um mar interior, que ia outrora do Mar
Negro ao oceano Boreal, comprovada pelas observações geológicas. O mar de Azov, o mar
Cáspio, cujas águas são salgadas, embora nenhuma comunicação tenham com nenhum outro mar;
o lago Aral e inúmeros lagos espalhados pelas imensas planícies da Tartália e as estepes da
Rússia parecem restos daquele antigo mar.
A suposição mais generalizada a respeito das causas que devam ter produzido esse fenômeno
é a de que uma brusca mudança sofreu a posição do eixo e dos pólos da Terra; daí uma projeção
geral das águas sobre a superfície.

Supõe-se que uma mudança brusca da posição do eixo da Terra tenha causado o dilúvio.

No período pós-diluviano, uma vez restabelecido o equilíbrio na superfície do planeta,


prontamente a vida vegetal e animal retomou o seu curso. Consolidado, o solo assumiu uma
colocação mais estável; o ar, purificado, se tornara apropriado a órgãos mais delicados. O Sol,
brilhando em todo o seu esplendor através de uma atmosfera límpida, difundia, coma luz, um
calor menos sufocante e mais vivificador do que a fornalha interna. A Terra se povoava de
animais menos ferozes e mais sociáveis; mais suculentos, os vegetais proporcionavam
alimentação menos grosseira; tudo, enfim, se achava preparado no planeta para o novo hóspede
que o viria habitar – o homem - , último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali
em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio ".

São duas as hipóteses aceitas hoje para explicar a origem da água na terra.
A primeira hipótese se baseia no aprisionamento, pelo nosso planeta de um grande numero
de cometas, que seriam formados principalmente por gelo.
A segunda hipótese se baseia na própria formação do nosso planeta. A terra teria se
formado a partir de uma massa de poeira cósmica que constituía uma espécie de anel em torno do
Sol. Esses grãos de que eram constituídas as poeiras cósmicas eram formados de silicatos e
outros minerais hidratados, nos quais a molécula de água faz parte da forma química. Esses
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corpos liberaram suas moléculas de água sob forma de vapor,xnaxsuperfíciexdoxplaneta.

Realmente, ela é azul !

(Yuri Gagarin – 12 de abril de 1961)

aaaObservando o nosso orbe do espaço, somos levados a pensar a respeito do porquê lhe ter sido
atribuído o nome "Planeta Terra" em vez de "Planeta Água". Ao fundo das alvas nuvens que
sempre estão a envolvê-lo, observamos um azul vivo que nos reporta, imediatamente, à vastidão
das águas do astro em que vivemos. Vista do espaço, a Terra é azul pois bem mais do que a
metade de sua superfície é coberta de água, que espelha a luz do Sol refletida na atmosfera
(constituída principalmente de nitrogênio e oxigênio), detectada na cor azul. Chamá-la de Planeta
Água não seria nenhuma aberração; por certo, estaríamos bem mais próximos de nossa realidade.

Se toda a água do mundo fosse dividida


entre os habitantes da Terra, cada um teria
direito ao equivalente a 80 piscinas olímpicas.
Se fizéssemos uma divisão igual da terra, cada
habitante do planeta receberia pouco mais de 4
campos de futebol.
Os oceanos compõem cerca de 70% da
superfície da Terra, e os continentes e as ilhas o
restante. Quase 2/3 do planeta são cobertos de
água. Mas a maior parte desse montão de água é
imprópria para consumo. Do total, 97% é água do mar, muito salgada para beber e para ser usada
em processos industriais; 1,75% está congelada na Antártica, na região do pólo Norte e em outras

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geleiras; 1,243% fica escondido no interior da Terra. Sobram apenas 0,007% de água boa para
ser usada.

Na substância água existem unidades que se repetem por toda a sua


extensão. Tais unidades são chamadas de moléculas e em cada uma delas
são encontrados os elementos que se combinam para formar o composto que
tanto utilizamos.
A molécula de água é formada pelos elementos hidrogênio e
oxigênio, na proporção atômica de 2:1 e é representada pela fórmula H2 O.
Esses três átomos se dispõem de tal maneira no espaço que a
molécula de água apresenta uma fraca carga positiva de uma lado e
uma carga negativa correspondente na região oposta. Assim,
moléculas de água podem ser comparadas a pequenos ímãs, sendo
dotadas de um pólo positivo e um pólo negativo. Eles são, portanto,
moléculas polares (ou polarizadas)
A molécula de água é
polarizada: o átomo de A água é uma substância quimicamente simples mas fisicamente
oxigênio (O) tem carga
negativa parcial, complexa, constituindo-se em um dos líquidos mais difíceis de
simbolizada por δ(-), e os
átomos de hidrogênio têm compreender. De fato, possui algumas propriedades invulgares que o
carga positiva parcial,
simbolizada por ((+). distinguem de um qualquer outro
líquido , tal como apresentar maior
densidade na fase líquida do que na sólida. Por isso é que o gelo
flutua. Os icebergs, gigantescos blocos de gelo nos mares, são um
perigo para a navegação.
A água apresenta uma singularidade bastante rara: sua
dilatação é irregular, apresentando um mínimo de volume quando a temperatura é de 4° C.

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Quando no estado sólido, sob a forma de gelo, cada molécula fica estacionada, unida a
moléculas vizinhas, e a distância média entre elas é maior do que na água em estado líquido. Por
isso, o gelo é menos denso que a água líquida, na qual flutua.

O gelo flutua porque é menos


denso do que a água no estado
líquido.

Devido a este fato físico, em países onde o inverno é muito rigoroso, as águas dos rios e lagos
permanecem no estado líquido no fundo, embora a superfície fique recoberta por uma camada de
gelo, possibilitando condições de vida.
A água é má condutora de calor e necessita de muitas calorias para ser aquecida. Também
para ser fundida e para ser vaporizada retira grande quantidade de calor das fontes, fazendo com
que seja niveladora térmica do meio físico.
Uma das propriedades mais características da água é a de dissolver numerosas substâncias,
formando soluções, que possuem interesses inestimáveis, não somente ao que concerne aos
fenômenos vitais, mas também no que se refere aos processos industriais. A polaridade da água é
que materializa sua versatilidade como solvente. Suas moléculas podem se associar tanto a íons
positivos, através de sua parte negativa, quanto a íons negativos, através de sua parte positiva.
Muitas propriedades da água decorrem da polaridade de suas moléculas. Os hidrogênios
de uma molécula são atraídos pelos oxigênios das moléculas
vizinhas, estabelecendo-se entre elas um tipo de ligação
química chamada de ponte de hidrogênio.
No estado líquido, as pontes de hidrogênio mantêm a
coesão entre as moléculas de água, de modo que se forma um
espécie de rede fluida em contínuo rearranjo, com pontes
se formando e se rompendo a todo o momento.
O próprio mar é uma solução aquosa que contém

milhares de substâncias dissolvidas, constituindo íons


As regiões positivas de uma
metálicos e não metálicos, além de inúmeros complexos molécula de água atraem a região
negativa das outras, formando
minerais e de substâncias orgânicas. Como modernamente ligações denominadas pontes de
hidrogênio.
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aceito pela Ciência, nessa solução, há dois e meio bilhões de anos, desenvolveram-se os
primeiros organismos vivos – os seres unicelulares heterotróficos,
que nela encontraram os íons de que necessitavam para o crescimento e a evolução.

Segundo John Burdon Sanderson Haldane


(1892-1964), "os oceanos primitivos
atingiram a consistência de um caldo tépido
diluído".
O berço da vida As primeiras formas
em nosso planeta de vida da Terra
O ser vivo só conseguiu deixar o meio aquoso quando seu próprio organismo conseguiu
formar soluções aquosas sob a forma de tecido líquido, sangue, plasma e fluidos intercelulares,
contendo os íons e as moléculas necessárias.

Grande parte do corpo humano é constituída de água, assim como em todos os outros
seres vivos: é a substância em maior quantidade nas células, no sangue dos animais e na seiva
dos vegetais. Há seres que encerram até 95% de água, como as águas-vivas. No ser humano
adulto a água corresponde de 60 a 70% de seu peso.

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No mundo que habitamos, passamos na água os nove


primeiros meses de cada ligação a um novo corpo

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A água corresponde a quase 70% do peso do


corpo humano adulto e é importantíssima para
o bom desempenho de todas as suas funções.

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A fantástica propriedade da água se transformar em 3 estados físicos (sólido, líquido e


gasoso) é que possibilita que ela circule por diferentes ambientes realizando o que se denomina
de ciclo da água.
A água dos oceanos, lagos, rios, geleiras e mesmo a embebida no solo sofre a evaporação
pela ação do calor ambiental , e, juntamente com a da transpiração das plantas e animais, sobe
para a atmosfera formando as nuvens. Nas camadas mais altas da atmosfera, o vapor d'água
sofre condensação e a água volta à crosta terrestre na forma de chuva. O ciclo das chuvas, como
vimos no início de nosso estudo, foi um dos responsáveis pelo resfriamento relativamente rápido
da crosta terrestre, nos primórdios de nosso planeta. Hoje, o ciclo das chuvas contribui para
tornar o clima da Terra favorável à vida.
A água é também absorvida pelos seres vivos, sendo posteriormente devolvida para o
ambiente. Nos vegetais, a água participa do processo de fotossíntese, sendo devolvida à
atmosfera também pela transpiração. Os animais bebem água e a ingerem por meio dos
alimentos. Como na fotossíntese, nos vegetais, a água participa dos processos do metabolismo
animal. Os animais estão sempre perdendo água do corpo na transpiração ou pela excreção. Parte
da água que os vegetais e animais absorvem fica incorporada aos seus tecidos, sendo devolvida
ao ambiente apenas pela ação dos decompositores.
Por um raciocínio lógico, desde a formação do planeta, a quantidade de água não muda. A
água está sempre se transformando, indo de um lado para outro, para cima e para baixo,
infiltrando-se na terra e brotando em forma de nascentes de lagos e rios e desaguando nos
mares... Além disso, o vapor de H2O tem dificuldade em atravessar a "armadilha fria" na
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atmosfera, a cerca de 12km de altitude, onde a temperatura é de,
aproximadamente, -60ºC. Entretanto, de acordo com o físico americano
Louis Frank, da Universidade de Iowa, todos os dias a Terra é bombardeada
por milhares de pequenos cometas gelados. Ao penetrar na atmosfera, o gelo
desintegra-se, mistura-se às nuvens e chega ao solo em forma de chuva. A
própria origem da água na Terra pode estar nessa chuva de gelo, afirma
Frank. Essa tese ainda é vista com desconfiança, mas, como que para
reforçá-la, dois grandes blocos de gelo com dezenas de quilos despencaram
recentemente do céu em Campinas (as pedras estão guardadas em um
freezer, na Universidade de Campinas).

O consumo humano de água em coisas básicas como saciar a


sede, banhar-se, lavar a roupa e cozinhar é pequeno. Nestas
atividades, a maior quantidade é gasta no banheiro, 58%, em média,
do consumo de uma residência. Uma pessoa precisa de um mínimo
de 50 litros por dia. Com 200 litros, vive confortavelmente. É pouco,
comparado com os 1900 litros de água necessários para produzir 1 quilo de arroz ou 3500 litros
para garantir 1 quilo de frango. E é nada perto dos 100.000 que se gastam para produzir 1 quilo
de carne de boi. "Uma dieta saudável para uma única pessoa exige 1,2
milhão de litros por ano", calcula Philip Ball, autor de "H2 O, A Biography
of Water" (H2 O, Uma biografia da água).
O desperdício doméstico, vilão responsável pela perda diária de
aproximadamente 40% da água tratada distribuída, poderia ser facilmente
evitado para o bem de todos. Um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de água
limpa. Escovar os dentes com a torneira aberta gasta até 25 litros. Lavar as louças, as panelas e
os talheres com a torneira aberta o tempo todo acaba desperdiçando até 100 litros. Com a
mangueira alimentada todo o tempo, consome-se, em média, 600 litros de água na
lavagem de um carro médio. Uma torneira aberta gasta de 12 a 20 litros por
minuto; pingando, desperdiça 46 litros por dia.

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Mas nós, que somos pretendentes ao entendimento da Doutrina Espírita, não desperdiçamos
água em nossas casas, não é mesmo? É claro que todos nós escovamos os dentes com as torneiras
fechadas, não demoramos no banho, não lavamos a louça com a torneira aberta etc etc etc ...

A água pode constituir veículo de disseminação de doenças entre os seres vivos quando
está contaminada por agentes microbianos ou poluída por agentes químicos. Pode também
ser excelente criadouro de mosquitos transmissores de moléstias infecciosas. Agentes
microbianos presentes na água podem penetrar no organismo humano tanto por via oral como
através da pele, causando diversas moléstias.
A água é o principal veículo de transmissão da cólera, febre tifóide e febre paratifóide.
Embora não exclusivamente, transmite por via oral desinteria bacilar e desinteria amebiana. Por
essa mesma via ela também constitui veículo secundário na disseminação da hepatite
infecciosa, poliomielite e helmintose.
A água contaminada, em contato com a pele, pode transmitir esquistossomose e
leptospirose.
Entre as substâncias químicas que causam moléstias quando presentes na água, em
quantidade maior ou menor do que o limite tolerado pelo organismo, destacam-se o chumbo, o
mercúrio, o cádmio, o cromo e o flúor. Durante séculos, o homem utilizou os rios como
receptores dos esgotos das cidades e dos efluentes das indústrias, que reúnem grande volume de
produtos tóxicos e metais pesados, prática que resultou no grave comprometimento de
importantes cursos d'água. Além da poluição direta, por lançamento de esgotos, falta de sistemas
de tratamento de efluentes e saneamento, há a poluição difusa, que ocorre com o arrastamento do
lixo, resíduos e diversos tipos de materiais sólidos que são levados aos rios pelas enxurradas. Ao
"lavar a atmosfera", a chuva também traz poeira e gases aos corpos d'água. Nas zonas rurais, os
maiores vilões são os agrotóxicos (adubos e pesticidas), utilizados nas lavouras.
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Há, ainda, dentre vários outros tipos de acidentes, o rompimento de tubulações de petróleo,
que deixam cicatrizes difíceis de serem apagadas na natureza e, particularmente, nos rios.
Em algumas regiões, as fossas negras e os "lixões" contaminam os lençóis de água
subterrânea.
Os rios da Ásia apresentam, em média, 20 vezes mais chumbo do que os rios dos países
industrializados, e, em média, 50 vezes mais bactérias originárias de fezes do que a quantidade
permitida pelas normas da Organização Mundial de Saúde (OMS). Aproximadamente 500.000
asiáticos morrem por ano devido à água suja e ao saneamento inexistente ou inadequado.

Ainda hoje, morrem 10 milhões de pessoas por ano (metade com menos de 18 anos, sendo 5
milhões de crianças) por causa de doenças que não existiriam se a água fosse tratada. Dados
publicados pela Folha de São Paulo de 02 de julho de 1999 (Caderno especial "Ano 2000 água,
comida e energia" – página 5) dão conta de que a cada 8 segundos morre uma criança por doença
relacionada à água, como desinteria e cólera, e que 80% das enfermidades do mundo são
contraídas por causa da água poluída.

Até o ano 2000, relatórios do Banco Mundial apontavam que seria


necessário investir US$ 23 bilhões por ano para minimizar as
desigualdades sociais, incluindo o abastecimento de água, e enfrentar a
situação de falta de saneamento básico, como uma importante
ferramenta de saúde pública. Mas, infelizmente, só US$16 bilhões são
investidos.

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Antigamente o homem fazia a guerra


para conquistar terras...

Do jeito que a coisa vai, não demora muito


e os homens vão guerrear por um
pouquinho de água...

Um dos grandes desafios para este milênio que se inicia é a água. Este bem de vital
importância, e já tão escasso, poderá exercer um papel mais importante no século XXI do que foi
o próprio petróleo para o século XX. Algumas previsões como a realizada em 14 de agosto de
2000 em Estocolmo (Suécia), durante a abertura do simpósio anual da água indica que poderá
ocorrer instabilidade política e até guerra, principalmente em regiões da África, Ásia e Oriente
Médio, as quais já estão com suas reservas de água próximas ao esgotamento. Desde 1950 a
população mundial triplicou, enquanto o consumo de água aumentou seis vezes . O consumo
global de água dobra a cada vinte anos, mais do que o dobro da taxa de crescimento da população
humana. Enquanto a população se multiplica, a quantidade de água continua a mesma. O
crescimento populacional aumenta a atividade agrícola, que é responsável por 73% do consumo
de água. A indústria utiliza 21% e o uso doméstico consome 6%.

Atividade agrícola
A campeã de consumo
d'água no planeta. De cada
100 litros que consumimos
73 são gastos na produção
de alimentos.

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A populosa China (1,2 bilhão de habitantes) também já sofre com o problema. O grande
crescimento populacional e a demanda agroindustrial estão esgotando o suprimento de água.
Mais de 80 milhões de chineses andam mais de um quilômetro e meio por dia para conseguir
água.
Hoje, países como o Canadá exportam água potável, já tendo sido assinado um contrato
com a China para um período de 25 anos. O Canadá vende, também, bônus de água para o
Kuwait. O navio vem de lá com petróleo e volta com água. Outro país exportador de água
potável é a Turquia, que chegou a construir uma plataforma (semelhante às de petróleo) para
permitir que grandes navios atraquem e se abasteçam. Um barril de água chega a valer o
equivalente a três barris de petróleo no mercado internacional.
Na crônica intitulada "Planeta Água" , publicada em vários jornais em 22 de março de
1998, a propósito do "Dia mundial da água", o jornalista Joelmir Beting relata uma conversa que
teve com o prefeito de Bagdá, Mohamed Dib, no Iraque, em abril de 1981. Estavam observando
as águas sujas do rio Tigre, quando o prefeito disse: "- Com a poderosa tecnologia do petróleo, já
realizamos dezenas de perfurações aqui na área de Bagdá, em busca de águas
profundas. Mas, infelizmente, só estamos achando mais petróleo. Para nós, um barril
de petróleo vale US$35 e deixa um lucro de US$22... Mas estamos pagando US$110 a
cada barril de água mineral que estamos importando da Bulgária. Ou seja, estamos
perfurando para encontrar um recurso que nos custa US$110, mas continuamos a
encontrar um outro que representa US$22 para nós, na troca com a Bulgária. Então, cada barril
de água está nos custando o equivalente a cinco barris de petróleo!"
Atualmente, pelo menos 400 milhões de pessoas vivem em regiões onde ocorre grande
escassez de água. Cerca de 250 milhões de pessoas, distribuídas em 26 países, já enfrentam
escassez crônica de água. Em 30 anos, o número saltará para 3 bilhões em 52 países. Nesse
período, a quantidade disponível por pessoa em países do Oriente Médio e do norte da África
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estará reduzida em 80%. A projeção que se faz é que, nesse período, 8,3 bilhões de pessoas (2
bilhões no decorrer dos próximos 25 anos – 95% nos países em desenvolvimento) habitarão a
Terra, em sua maioria concentradas nas grandes cidades. Daí, será necessário produzir mais
comida (irrigação) e mais energia (água dos rios), aumentando o risco de guerras.

População sem acesso a água potável de fonte confiável (dados de 1998)

A idéia de viver sem água lembra filmes de ficção científica que prevêem um futuro
terrível: terra seca, fome, sede, conflitos para obter o recurso. No entanto, esse cenário já é uma
realidade em diversas partes do mundo. O exemplo mais visível das conseqüências do consumo
desordenado da água é o Mar de Aral, localizado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão.

Ele era o quarto maior corpo de água interno do mundo até que,
nos anos 60, a antiga União Soviética decidiu intensificar sua
produção de algodão para tornar-se auto-suficiente e exportadora. A
água de alguns rios que abastecem o mar foi desviada para a irrigação,
e o resultado foi desastroso. A massa d'água perdeu um terço de seu
volume e o porto de Muynak fica hoje a 50 quilômetros de sua
localização original.

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Os barcos estão abandonados na areia, sendo


corroídos pelo sal, e a seca trouxe à tona uma
poeira tóxica composta por herbicidas e
pesticidas antigamente confinados no mar.

Outros reservatórios de água têm sofrido danos semelhantes. O rio Colorado, nos Estados
Unidos, e o Yang Tsé, na China, tiveram seu volume drasticamente reduzido devido à drenagem
excessiva pelo homem. O Nilo, que atravessa o Egito, é uma fonte de conflito em potencial: 85%
de seu volume são originários da Etiópia que, depois de séculos sem dar muito valor ao recurso,
está preparando barragens para contê-lo. Enquanto isso, os egípcios, que consomem dois terços
de seu fluxo, preparam novos projetos de irrigação que tendem a aumentar a demanda. Não há
nenhum acordo diplomático envolvendo os dois países; a bomba está pronta para explodir. As
relações entre Botsuana e Namíbia ficaram estremecidas por causa dos planos da Namíbia de
construir um aquaduto para desviar águas do rio Okavango, comum aos dois países. Quem pensa
que o Brasil está livre de problemas como esse se engana. O represamento do rio Paraná, que
corre para a Argentina, vem gerando conflitos diplomáticos. Na cidade de São Paulo, que
"matou" sua principal fonte de água, o rio Tietê, três milhões de pessoas ficam sem água nos
períodos de estiagem. A cidade de Recife, conhecida como "a Veneza brasileira", submete
bairros da periferia a rodízios de água de até 48 horas.

O nosso planeta foi denominado de Terra porque esse termo vem de Tellus, deusa do
solo fértil no panteão romano, equivalente a Gaia, que para os gregos representava a
"Mãe Terra". Gaia também é chamada de Gæa ou Ge, ligada ao elemento "terra".

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Há 60 milhões de anos a Terra assumiu a atual conformação e posição dos


continentes. Atualmente, a África e a América do Sul se afastam 7 cm por ano,
ampliando a área ocupada pelo oceano Atlântico. O mar Vermelho está se
alargando. A África migra na direção da Europa. A região nordeste da África está se
partindo.

Área dos mares e oceanos: 360,63 milhões km² (70,69% da superfície da Terra) .
Volume total das águas do planeta : 1,59 bilhões km³

O homem pode passar até 28 dias sem comer, mas apenas 3 sem água.

Há 2.000 anos, a população mundial correspondia a 3% da população atual,


enquanto que a disponibilidade de água permanece a mesma.

Se a quantidade de água do mundo fosse comparada a um volume de 3,8 litros, o


total de água doce seria igual a 118 mililitros (0,118 litro) (3% de 3,8 litros), e o total
de água doce imediatamente acessível chegaria a 2 gotas.

Em média, uma pessoa bebe 60 mil litros de água durante a vida.

Para fazer 1 quilo de pão, gastam-se, da plantação de trigo à padaria, 1000 litros de
água.

Para cada copo de água ingerido, são necessários outros dois para lavá-lo.

Para cada 1.000 litros de água utilizada pelo homem resultam 10.000 litros
de água poluída. (ONU - 1993)

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Cerca de 60% dos 227 maiores rios da Terra são fragmentados por represas e canais.

O Brasil tem cerca de 17% das reservas de água doce do mundo e o


rio Amazonas é o rio com maior volume de água do planeta.

Logo ao amanhecer, na Amazônia, corta-se o cipó rico em água e se distribui o líquido


sagrado entre os membros da tribo, num ato de solidariedade. Certamente o líquido não contém
somente água e componentes da seiva da planta dissolvidos nela, existe um todo, explicável ou
não, que lhes garante a força necessária para a continuação do mistério de mais um dia de vida.

Na pia batismal, os católicos são batizados com água ungida pela ação do Espírito Santo; é
a permissão para que um novo ser encontre a Luz.

Da mesma forma em rios, lagos, cachoeiras e outras fontes de água consideradas sagradas,
pessoas de diferentes culturas e credos se banham ou ingerem destas águas, em rituais que em
certos casos já repetem há milhares de anos. E não se trata de povos primitivos; é o caso de
japoneses xintoístas, de orientais budistas, de hindus do Ganges, de beduínos do deserto, de
judeus e de cristãos no vale do Jordão.

A ligação da água ao sobrenatural provavelmente nasceu quando o homem reconheceu que


dela dependia para sobreviver. Precisava de água para saciar a sede, mas também para a
manufatura de utensílios, que lhe passaram a ser essenciais, dando-lhe conforto e qualidade de
vida. Por outro lado, deve ter sentido como era imprevisível a ausência ou a força da água e como
lhe causavam grandes danos as secas ou as inundações.

Por envolver-se em mistério, a água passou a merecer respeito. A água ocupou, assim, um
lugar de destaque nas mitologias e lendas, inspirando, ao longo do tempo, filósofos, poetas,
músicos e pintores. Em praticamente todas as religiões, nos textos, símbolos ou rituais, a água
está sempre presente de uma forma muito clara , ora explicando o nascimento dos seres e a
origem das coisas, ora sendo-lhe atribuídos poderes purificadores e sagrados.
Osíris, deusa do Nilo; Afrodite, nascida da espuma do mar; Netuno, deus

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Netuno
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romano dos oceanos; o batismo cristão; e os banhos no rio Ganges são apenas alguns exemplos.
O mar Egeu, que banha a Grécia, era para os seus habitantes uma dádiva de águas sagradas de
onde eles não só tiravam o seu sustento como também extraíam conhecimento.

A prosperidade do Egito nasce da ação conjunta do Nilo e do Sol, todos os dois elevados
pelos habitantes à categoria de deuses.

Como afirmou Heródoto, "O Egito é um dom do Nilo". Além de ser


um rio perene, durante as cheias o Nilo deposita nas margens um lodo
rico em matéria orgânica, que aduba a terra naturalmente, tornando-se
um oásis em meio a dois grandes desertos, como bem observado na foto
de um trecho do Vale dos Reis, à direita.

Os hindus acreditam que podem lavar seus pecados no rio Ganges, reduzindo assim o
número de reencarnações . Para tanto, eles têm de se banhar na confluência do Ganges com
outros dois rios sagrados (um deles invisível aos olhos dos encarnados), no abençoado tempo da
Kumbh Mela, que ocorre a cada 12 anos. Segundo o hinduísmo, quem tem a honra de ter suas
cinzas jogadas no rio está livre de outras reencarnações e atingiu a "libertação suprema".

Estas fotos, tiradas a partir do espaço, a 678 Km de altitude, pelo satélite Ikonos, mostram o
contraste causado pela maior reunião de pessoas da História. A primeira imagem (à esquerda),
feita em maio de 2000, revela a pouca habitada região de Allahabad, na Índia. Oito meses

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depois, mais de 70 milhões de pessoas ocupam a área em torno do rio Ganges, para o ritual
religioso hindu Mahab Kumbh Mela, que ocorre a cada 12 anos.

Algumas das várias pontes artificiais


construídas sobre o rio Ganges para o ritual
religioso Kumbh Mela, que aparecem
nitidamente na última foto da página anterior,
à direita

A água reúne à sua volta uma imensidão de símbolos. Ela é simples e neutra (nem ácida
nem básica); ela simboliza a pureza, a frescura; ela tem virtudes purificadoras. Talvez por isso
esteja constantemente presente nas mais diversas manifestações da nossa vida espiritual.

Milagres ou fenômenos?
Muitos prodígios e maravilhas são relatados no Velho e Novo Testamentos. Ante eles, o
povo israelita costumava expressar sua admiração.
Quando, por exemplo, Jesus curou o paralítico em Cafarnaum, as pessoas ao redor
exclamaram: "Hoje vimos prodígios" (S.Lucas 5:26). Se falassem em latim, teriam dito:
"miraculum", que vem de "mirare" e significa exatamente prodígio, maravilha, coisa admirável.
Passando para o português, "miraculum" resultou no vocábulo "milagre".
A palavra milagre, veio, porém, a mudar de sentido, por influência da teologia católica,
passando a significar uma derrogação das leis naturais, pela qual Deus estaria dando uma
demonstração de seu poder. Para ser considerado milagre, um fato teria de ser sobrenatural
(fora das leis da natureza) e, como conseqüência, inexplicável e insólito (fora do habitual, do
comum).
Antigamente a ignorância humana era muito grande; por isso, numerosos fatos eram tidos
como inexplicáveis e, em conseqüência, considerados como sobrenaturais, milagrosos. O
progresso do conhecimento humano vem contribuindo para esclarecer muitos desses pretensos
milagres. A ciência revelou novas leis que explicam fenômenos e, assim, foi destruindo lendas,
abolindo crendices e superstições. À medida que aumenta o rol dos fenômenos e leis
conhecidos, o círculo do maravilhoso vai ficando menor.
Contudo, ainda resta muito de "maravilhoso" no que diz respeito à ação dos espíritos sobre
a matéria, porque é campo pouco conhecido da ciência, por enquanto, mas o Espiritismo já nos
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instrui e orienta sobre esses fenômenos. À luz da Doutrina Espírita, sabemos que muitos dos
feitos admiráveis narrados na Bíblia são possíveis e verdadeiros e, ainda hoje, se podem dar,
aqui e ali; por mais extraordinários que nos pareçam, não são milagres, no sentido de
derrogação das leis naturais; explicam-se pela ação dos espíritos sobre os fluidos, com o seu
pensamento e vontade e através do seu perispírito; são, portanto, fenômenos que obedecem a
leis naturais, leis divinas e, como tal, sábias, perfeitas e imutáveis (nelas nada muda nem
precisa ser mudado, nunca).
Quanto mais se vier a conhecer a vida universal, menos se falará em sobrenatural ou
milagres. Em compensação, cada vez mais se confirmará a presença do elemento espiritual e os
efeitos de sua ação em nós e ao nosso redor. Nesses fenômenos admiráveis, cada vez mais
reconheceremos a grandeza de Deus, que se revela majestosa na sabedoria com que rege o
universo através de suas leis soberanas, a tudo prevendo e provendo, sem que nenhuma delas
precise ser complementada, corrigida ou anulada.
Acima de toda a nova compreensão que hoje temos, os "milagres" ainda nos encantam,
particularmente aqueles ocorridos pela influência do mestre Jesus. É fascinante ler e estudar
esses fenômenos, procurando descobrir suas causas, as leis que os regem. É fascinante
acompanhar o desenrolar dos milagres e procurar desvendar a beleza contida na intenção e nos
sentimentos que originam cada um, próprios de um ser evolutivamente muito acima de nós.
Dentre os 38 fenômenos relatados nos quatro evangelhos, ocorridos pela intervenção direta
ou indireta de Jesus, resolvemos comentar em nosso trabalho apenas quatro, dentre aqueles que
ocorreram com o envolvimento mais direto da substância água - objeto de nosso estudo.
Ressaltamos que qualquer narrativa a respeito de como eles foram produzidos tem uma
importância secundária, em face do que eles podem significar e ensinar sobre a natureza
espiritual do homem. Precisamos "ver" o que cada fato extraordinário está tentando nos dizer.
Isso é o que realmente importa.
Apenas como curiosidade, talvez corroborando a sua importância para os habitantes do
nosso planeta em épocas remotas, a palavra água ocorre 525 vezes no Antigo Testamento e 76
no Novo Testamento.

"E dali a três dias se celebraram umas bodas em Caná de Galiléia: e achava-se lá a
mãe de Jesus. E foi também convidado Jesus com seus discípulos para as núpcias. E faltando o
vinho, a mãe de Jesus lhe disse: eles não têm vinho. E Jesus respondeu: mulher, que importa
isso a vós? Ainda não é chegada a minha hora. Disse a mãe de Jesus aos que
serviam: fazei tudo o que ele vos disser.

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Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para servirem às purificações de que
usavam os judeus, levando cada uma dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: enchei de água
essas talhas. E encheram-nas até acima. Então lhes disse Jesus: tirai agora e levai ao
arquitriclino. E eles lha levaram. E o que governava a mesa, tanto que provou a água, que se
fizera vinho, como não sabia donde lhe viera, ainda que o sabiam os serventes, porque eram os
que tinham tirado a água: chamou ao noivo o tal arquitriclino e disse-lhe: todo o homem põe
primeiro o bom vinho: e quando já os convidados têm bebido bem, então lhes apresenta o
inferior. Tu ao contrário tiveste o bom vinho guardado até agora.
Por esse milagre deu Jesus princípio aos seus em Caná de Galiléia: e assim fez que se
conhecesse a sua glória, e seus discípulos creram nele ". (S. João, 2:6-11)
De "A Gênese", capítulo XV, item 47, extraímos: "Este milagre, referido unicamente
no Evangelho de S. João, é apresentado como o primeiro que Jesus operou e nessas condições,
devera ter sido um dos mais notados.
Entretanto, bem fraca impressão parece haver produzido, pois que nenhum outro
evangelista dele trata. Fato não extraordinário era para deixar espantados, no mais alto grau, os
convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que não o perceberam.
Considerado em si mesmo, pouca importância tem o fato, em comparação com os
que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas hajam
ocorrido, conforme foram narradas, e de notar-se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que
se tenha produzido.
Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente
materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, o teria nivelado a um
mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais
adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza.
Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica
que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudando as propriedades da água,
dando-lhe o sabor do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que,
em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua coloração, o
que não deixaria de ser notado. Mais racional é se reconheça aí uma daquelas parábolas tão
freqüentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim de bodas, do mau rico, da
figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos.
Provavelmente, durante o repasto, terá ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um
ensinamento.
Justificam esta opinião as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: "Toda gente
serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos
fino; tu, porém, guardas até agora o bom vinho."
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Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são tão
crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que
pretendam explicar tudo por meio dos fluidos."

"Na quarta vigília da noite foi Jesus ter com eles, andando sobre o
mar. Os discípulos, vendo-o andar sobre o mar, perturbaram-se e
exclamaram: É um fantasma! E de medo gritaram. Mas Jesus
imediatamente lhes falou: tende ânimo, sou eu: não temais. Disse
Pedro: se és tu, Senhor, ordena que eu vá por cima das águas até onde
estás. E ele disse: vem. E Pedro saindo da barca andou sobre as águas
e foi para Jesus. Quando, porém, sentiu o vento teve medo e,
começando a submergir-se, gritou: salva-me, Senhor! No mesmo
instante Jesus, estendendo sua mão, segurou-o e disse-lhe: por que
duvidaste, homem de pouca fé? E, entrando ambos na barca, adoraram-no dizendo:
verdadeiramente és Filho de Deus". (S.Mateus, 14: 25 a 33) (S.Marcos, 6:45 a 52) (S.João,
6:16 a 21)
A vida de Jesus e seus feitos são verdadeiramente maravilhosos. O seu poder
dominava todos os elementos; a sua sabedoria conhecia todos os mistérios; por isso a sua ação
era prodigiosa. Médium divino que resumiu todos os dons e conversava com todos os profetas do
além que o seguiam em sua missão e o auxiliavam, ele caminha por sobre o mar a pés enxutos,
de acordo com a lei de levitação dos corpos que o Espiritismo ensina e explica atualmente.
Seus discípulos, vendo-o caminhar sobre as águas, e como era noite, não o
conheceram distintamente, julgando tratar da aparição de algum Espírito, fato que, parece,
tinham já observado várias vezes, dado o temor que lhes sobreveio e sua exclamação: "é um
fantasma!"
Depois de o Mestre se haver dado a conhecer, foram tomados de confiança e Pedro
suplicou-lhe permissão para ir ao seu encontro "por cima das águas".
Acedendo Jesus, Pedro sai da barca envolto nos fluidos de seu Mestre, e também
auxiliado na levitação pelos Espíritos que acompanhavam a Jesus, até que, vacilando, isto é,
perdendo a fé, perdeu o auxílio superior e se foi submergindo.
Reconhecendo, cheio de temor, o desamparo divino, apela novamente para Jesus,
sendo por este amparado; ao contacto com o Nazareno, volta-lhe a fé, e foi transportado para a
barca em companhia do Mestre.

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Este fato maravilhou tanto aos que estavam na barca, que adoraram a Jesus, dizendo:
"verdadeiramente és Filho de Deus!"
Recorrendo novamente à Codificação, encontramos as seguintes observações no
capítulo XV, item 42 de "A Gênese": "exemplos análogos provam que este fenômeno nada tem
de impossível, nem de miraculoso, pois que se produz sob a ação das leis da Natureza. Pode-se
operar de duas maneiras.
Jesus, embora estivesse vivo (encarnado), pôde aparecer sobre a água, com uma
forma tangível, estando alhures o seu corpo. É a hipótese mais provável. Fácil é mesmo
descobrir-se na narrativa alguns sinais das narrações tangíveis (Cap. XIV, nº 35 a 37 – Aparições
- Transfigurações).
Por outro lado, também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e
neutralizada a gravidade pela mesma força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto
de apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos ". (fenômeno da
levitação – observação nossa)

"Depois disso era dia duma festa dos judeus, e Jesus subiu
a Jerusalém. Ora, em Jerusalém está piscina probática
(das ovelhas), que em hebreu se chama Betsaida, a qual
tem cinco alpendres. Nestes jazia uma grande multidão de
enfermos, de cegos, de coxos , dos que tinham os
membros ressecados, todos os quais esperavam que se
movesse a água. Porque um anjo do Senhor descia em
certo tempo ao tanque: e movia-se a água. E o primeiro
Jesus no tanque de Betesda
que entrava no tanque depois de se mover a água, ficava
curado de qualquer doença que tivesse. Estava também ali um homem, que havia trinta e oito
anos que se achava enfermo. Jesus, que o viu deitado, e que soube que tinha já muito tempo o
enfermo, disse-lhe: queres ficar são? O enfermo lhe respondeu: Senhor, não tenho homem que
me meta no tanque, quando a água for movida: porque enquanto eu vou, outro entra, primeiro do
que eu. Disse-lhe Jesus: levanta-te, toma a tua cama, e anda. E no mesmo instante ficou são
aquele homem: e tomou a sua cama e começou a andar.
E era aquele dia um dia de sábado. Pelo que diziam aos judeus ao que havia sido
curado: hoje é sábado, não te é lícito levar a tua cama. Respondeu-lhes ele: aquele que me curou,
esse mesmo me disse: toma a tua cama, e anda. Perguntaram-lhe então: quem é esse homem
que te disse: toma a tua cama e anda? Porém o que havia sido curado, não sabia quem ele era:

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porque Jesus se havia retirado do muito povo que estava naquele lugar. Depois o achou Jesus no
Templo, e disse-lhe: olha que já estás são: não peques mais, para que te não suceda alguma coisa
pior. Foi aquele homem declarar aos judeus que Jesus era o que o havia curado. Por esta causa
perseguiam os judeus a Jesus, por ele fazer estas coisas em dia de sábado. Mas Jesus lhes
respondeu: meu Pai até agora não cessa de obrar, e eu obro também incessantemente."(S.João, 5:
1 a 17)
A respeito desta passagem, encontramos algumas observações nos itens 22 e 23 do
capítulo XV de "A Gênese", que transcrevemos a seguir.
"Piscina" (da palavra latina piscis, peixe), entre os romanos, eram chamados os
reservatórios ou viveiros onde se criavam peixes. Mais tarde, o termo se tornou extensivo aos
tanques destinados a banhos em comum.
A piscina de Betesda, em Jerusalém, era uma cisterna, próxima ao Templo,
alimentada por uma fonte natural, cuja água parece ter tido propriedades curativas. Era, sem
dúvida, uma fonte intermitente que, em certas épocas, jorrava com força, agitando a água.
Segundo a crença vulgar, esse era o momento mais propício às curas. Talvez que, na realidade,
ao brotar da fonte a água, mais ativas fossem as suas propriedades, ou que a agitação que o jorro
produzia na água fizesse vir à tona a vasa salutar para algumas moléstias. Tais efeitos são muito
naturais e perfeitamente conhecidos hoje; mas, então, as ciências estavam pouco adiantadas e à
maioria dos fenômenos incompreendidos se atribuíam uma causa sobrenatural. Os judeus, pois,
tinham a agitação da água como devida à presença de um anjo e tanto mais fundadas lhes
pareciam essas crenças, quanto viam que, naquelas ocasiões, mais curativa se mostrava a água.
Depois de haver curado aquele paralítico, disse-lhe Jesus: "Para o futuro não tornes a
pecar, a fim de que não te aconteça coisa pior". Por essas palavras, deu-lhe a entender que a sua
doença era uma punição e que, se ele não se melhorasse, poderia vir a ser de novo punido e com
mais rigor, doutrina essa inteiramente conforme à do Espiritismo.
Jesus como que fazia questão de operar suas curas em dia de sábado, para ter ensejo
de protestar contra o rigorismo dos fariseus no tocante à guarda desse dia. Queria mostrar-lhes
que a verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das formalidades;
que a piedade está nos sentimentos do coração. Justificava-se, declarando: "Meu Pai não cessa de
obrar até ao presente e eu também obro incessantemente". Quer dizer: Deus não interrompe suas
obras, nem sua ação sobre as coisas da Natureza, em dia de sábado. Ele não deixa de fazer que se
produza tudo quanto é necessário à vossa alimentação e à vossa saúde; eu lhe sigo o exemplo."
Uma pergunta que naturalmente nos fazemos ao relembrarmos esta passagem é por
que só um enfermo mereceu a graça da cura sem a agitação das águas, enquanto outros
permaneceram esperando o momento azado para entrar no tanque?

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003
É que, sem dúvida, todos os que ali estavam, como acontece ainda hoje com a maioria
dos enfermos que buscam as curas espíritas, buscavam unicamente a cura do corpo, a cura dos
males físicos, enquanto que o paralítico, provavelmente, pelo tempo de aprendizado com o
sofrimento, desejava a liberdade do corpo como também do espírito. Pode ser ainda porque os
demais, em grande atraso espiritual e moral, rejeitaram as exortações do Mestre, pois não era
costume ir Jesus curando cegamente sem anunciar aos enfermos a Palavra da Vida.
E assim como a água do poço de Jacó não saciava e nunca saciou completamente a
sede da mulher samaritana, a água do tanque, a seu turno, não podia também curar
completamente os enfermos; era uma cura aparente, exterior, que deixava os enfermos sujeitos a
moléstias ainda mais graves, em virtude do atraso moral.
E assim é até hoje. A Humanidade não pára a sua marcha; e quando parece deter-se
por um instante, "as águas" (os cometimentos de nossas existências) se agitam ao influxo dos
anjos e os coxos (que somos todos nós!) continuam a caminhar em busca da perfeição!

"E aconteceu isto num daqueles dias, que entrou ele e os seus
discípulos em uma barca, e lhes disse: passemos à outra ribeira
do lago. E eles partiram. E enquanto eles iam navegando,
dormiu Jesus, e levantou-se uma tempestade de vento sobre o
lago, e se encheu de água, e perigavam. E chegando-se a ele o
despertaram, dizendo: Mestre, nós perecemos. E ele,
levantando-se, increpou ao vento, e a tempestade da água, e
Jesus acalma a tempestade
no Mar da Galiléia logo tudo cessou. E veio a bonança. Disse-lhes então Jesus:
onde está a vossa fé? Eles, cheios de temor, se admiraram,
dizendo uns para os outros: quem cuidas que é este, que assim manda aos ventos e ao mar, e eles
lhe obedecem?" (S.Lucas, 8:22 a 25) (S.Marcos 4:35 a 41) (S.Mateus 8:23 a 27)

Novamente, de "A Gênese", extraímos o item 46 do capítulo XV: "ainda não


conhecemos bastante os segredos da Natureza para dizer se há ou não inteligências ocultas
presidindo à ação dos elementos. Na hipótese de haver, o fenômeno em questão poderia ter
resultado de um ato de autoridade sobre essas inteligências e provaria um poder que a nenhum
homem é dado exercer.
Como quer que seja, o fato de estar Jesus a dormir tranqüilamente, durante a
tempestade, atesta de sua parte uma segurança que se pode explicar pela circunstância de que seu
Espírito "via" não haver perigo nenhum e que a tempestade ia amainar ".

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Ensina, também, esta passagem que, com fé em Jesus, podemos, se lhe rogarmos,
obter a calma necessária nas tempestades da vida.

Na obra "Nosso Lar", no capítulo 10 – No bosque das


águas -, André Luiz e Lísias relatam a visita a uma das mais
belas regiões da colônia espiritual Nosso Lar.
Indicando um edifício de enormes proporções, Lísias
esclarece ser ali o grande reservatório da colônia. Explica que
A colônia espiritual Nosso Lar todo o volume do rio Azul, que tinham em vista, é absorvido em

caixas imensas de distribuição. As águas que servem a todas


as atividades da colônia partem dali. Complementando as
elucidações, Lísias assinala que lá a água possui outra
densidade. Muito mais tênue, pura, quase fluídica.
Após esclarecer a André Luiz ser o serviço de
distribuição um dos raros serviços materiais do Ministério
da União Divina, Lísias complementa: "na Terra, quase O rio Azul

ninguém cogita seriamente de conhecer a importância da


água. Em Nosso Lar, contudo, outros são os conhecimentos. Nos círculos religiosos do
planeta, ensinam que o Senhor criou as águas. Ora, é lógico que todo serviço criado precisa
de energias e braços para ser convenientemente mantido. Nesta cidade espiritual, aprendemos
a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante dádiva. Conhecendo-a mais
intimamente, sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer
natureza. Aqui, ela é empregada, sobretudo, como alimento e remédio. Há repartições no
Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à manipulação de água pura, com certos
princípios suscetíveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual. Na
maioria das regiões da extensa colônia, o sistema de alimentação tem aí suas bases. Acontece,
porém, que só os Ministros da União Divina são detentores do maior padrão de
Espiritualidade Superior, entre nós, cabendo-lhes a magnetização geral das águas do rio Azul,
a fim de que sirvam a todos os habitantes de Nosso Lar, com a pureza imprescindível. Fazem
eles o serviço inicial de limpeza e os institutos realizam trabalhos específicos, no suprimento
de substâncias alimentares e curativas. Quando os fios da corrente se reúnem de novo, no
ponto longínquo, oposto a este bosque, ausenta-se o rio de nossa zona, conduzindo em seu
seio nossas qualidades espirituais."
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Complementa Lísias, comentando relativamente à nossa compreensão (de encarnados) a
respeito das águas de nosso planeta: "o homem é desatento, há muitos séculos; o mar
equilibra-lhe a moradia planetária, o elemento aquoso fornece-lhe o corpo físico, a chuva dá-
lhe o pão, o rio organiza-lhe a cidade, a presença da água oferece-lhe a bênção do lar e do
serviço; entretanto, ele sempre se julga o absoluto dominador do mundo, esquecendo que é
filho do Altíssimo, antes de qualquer consideração. Virá tempo, contudo, em que copiará
nossos serviços, encarecendo a importância dessa dádiva do Senhor. Compreenderá, então,
que a água, como fluido criador, absorve, em cada lar, as características mentais de seus
moradores. A água, no mundo, não somente carreia os resíduos dos corpos, mas também as
expressões de nossa vida mental. Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e,
quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênção de vida, mas constituirá
igualmente um veículo da Providência Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedades dos
homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima."
A respeito do assunto, questiona Vitor Ronaldo da Costa, no livro "O Visitador da
Saúde": "será que distúrbios e mal estares presentes em certos lares, muitas vezes, não
denunciam a água contaminada por maus fluidos? Eis verdadeiro alerta no sentido de se
substituir padrões vibratórios mentais inferiores por outros mais saudáveis, capazes de
impregnar o precioso líquido com um magnetismo salutar, reconfortante, harmônico e,
sobretudo, estimulante da bioenergia."
Ainda do livro "Nosso Lar", retiramos algumas informações interessantes a respeito da
importância da água na alimentação no plano espiritual.
No capítulo 3, após ter sido socorrido nas zonas inferiores e chegar à colônia Nosso Lar,
André Luiz relata que lhe serviram caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que lhe
pareceu portadora de fluidos divinos. Aquela reduzida porção de líquido o havia reanimado
inesperadamente.
Mais adiante, no capítulo 9, intitulado Problema de alimentação, encontramos o
registro de que a alimentação, na colônia, consta de inalação de princípios vitais da
atmosfera, através da respiração e água misturada a elementos solares, elétricos e magnéticos.
Lá, só existe maior suprimento de substâncias alimentícias que lembram a Terra nos
Ministérios da Regeneração e do Auxílio, onde há sempre grande número de necessitados.

Do capítulo XII de "O grande enigma", extraímos: "O mar, e assim a montanha,
agem sobre a nossa vida psíquica, os nossos sentimentos e pensamentos e, por essa comunhão

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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íntima, a dualidade da matéria e do espírito cessa um instante, para se fundir na grande unidade
que tudo gerou (...)
O mar é um grande regenerador. Sem ele, a terra seria estéril e infecunda; em seu seio
se elaboram as chuvas benéficas; todo o sistema de irrigação do globo a ele deve o seu
nascimento. Sua efusão de vida é sem limites. Esta grande força salutar, embora áspera e
selvagem, atenua nossas fraquezas físicas e morais (...) "
O mar é fonte de energia e vitalidade.
Por enquanto, o homem não tem sabido valorizar, devidamente, os benefícios
magnéticos do oceano. Laboratório de forças vitais, depositário de gloriosas e velhas
civilizações, santuário de milhões de espécies vivas, é um mundo inexplorado, a conquistar;
muito há escapado à observação dos pesquisadores no que concerne aos fluxos e refluxos das
marés com o seu potencial de energia pura que tantos benefícios produzem na organização fisio-
psíquica do animal e do homem.
No livro "Maria de Nazaré", no capítulo intitulado Ingressando na carne, encontramos
interessante passagem a respeito da importância do mar. Descreve o autor espiritual: "quem
estivesse próximo de onde se encontravam os Seareiros do Bem, observaria nitidamente os dois
grandes rios, como braços abertos da natureza, a protegerem o
império babilônico – o Tigre e o Eufrates – conduzindo,
certamente para o Golfo Pérsico, as imundícies psíquicas que
assimilavam ao passarem pela grande metrópole; ao se
estenderem no mar arábico, diluíam os fluidos pesados, pela
ação química das águas salgadas."
Do livro "Voltei" ditado pelo Espírito Irmão Jacob a Chico Xavier, recordamos
interessantes trechos, nos quais rememoramos a influência do ambiente marinho.
Ao final do capítulo 3, no curso do processo liberatório, em face de alguma dificuldade
no desligamento do espírito, com o laço ainda atado ao corpo com as vísceras em descontrole,
decide Bezerra de Menezes conduzir Irmão Jacob à praia, explicando que as virações marítimas
são portadoras de grande bem ao reajustamento geral.
No capítulo 6, Irmão Jacob e mais quinze "convalescentes da morte", amparados por
amigos espirituais e após sentida oração, em grupos de dois, três e quatro, unidos uns aos outros,
partindo de uma praia, à noite, começaram a flutuar, volitando, dando início à expedição para se
ausentarem dos círculos terrenos. Passamos ao relato integral do trecho final deste capítulo, a fim
de evitarmos a omissão de algum ensinamento.
..."Em breves minutos, tínhamos as águas sob os pés, elevando-nos vagarosamente, à
maneira de peixes humanos no mar aéreo".

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Observação estranha! Julguei que pudesse continuar vendo edifícios e arvoredo, rios e
oceano, embora o véu noturno, como se contemplasse o solo planetário da janela de um avião
comum; todavia, a sombra em baixo se fazia assustadoramente mais espessa.
Indaguei do Irmão Andrade sobre a origem do fenômeno, afirmando-me ele que a esfera
carnal permanece cercada por vasta condensação das energias inferiores diariamente libertadas,
pela maioria das inteligências encarnadas, assim como a aranha vive enredada na própria teia, e
que, de mais alto, com a visão de que já dispunha, poderia ver o material escuro a rodear a
moradia dos homens.
Quando perguntei se aconteceria o mesmo, caso partíssemos durante o dia, informou:
- Não. Qual acontece entre os homens, os animais e as árvores, há também "um movimento
de transpiração para o mundo". Durante o dia, o hemisfério iluminado absorve as energias
positivas e fecundantes do Sol, que bombardeia pacificamente as criações da Natureza e do
homem, afeiçoando-as ao abençoado trabalho evolutivo, mas, à noite, o hemisfério sombrio,
magnetizado pelo influxo absorvente da Lua, expele as vibrações psíquicas retidas no trabalho
diurno, envolvendo principalmente os círculos de manifestação da atividade humana. O quadro
de emissão dessa substância é, portanto, diferente sobre a cidade, sobre o campo ou sobre o mar.
Nos pólos do planeta permanece o gelo, simbolizando a negação desse movimento. Mais tarde,
observará você que as mesmas leis que controlam o fluxo e o refluxo do oceano influenciam
igualmente o psiquismo das criaturas." Interessante, não? Leiam o livro! Nele, o autor –
trabalhador de muitos anos nas lides da Doutrina Espírita – nos relata, detalhadamente, como se
opera a desencarnação e os acontecimentos subseqüentes, alertando-nos para que não
acreditemos que o fim das limitações corporais traz inalterável paz ao coração.
Na obra "Entre a Terra e o Céu", no capítulo V, intitulado Valiosos apontamentos,
Clarêncio e André Luiz, acompanhando Zulmira e Odília, que se dirigem à praia onde a vida do
filhinho de Odília, enteado de Zulmira, havia se extinguido. A estória é fascinante, não é? Mas
estamos, por ora, apenas interessados nas observações de André Luiz e Clarêncio, ao chegarem à
praia, antecedendo as duas. É o que passamos a relatar.
"Alcançáramos a orla do mar, em plena noite.
A movimentação da vida espiritual era aí muito intensa.
Desencarnados de várias procedências reencontravam amigos que se demoravam na Terra,
momentaneamente desligados do corpo pela anestesia do sono. Dentre esses, porém, salientava-
se grande número de enfermos.
Anciãos, mulheres e crianças, em muitos aspectos diferentes, compareciam ali, sustentados
pelos braços de entidades numerosas que os assistiam.
Conversações edificantes e lamentos doloridos chegavam até nós.

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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Serviços magnéticos de socorro urgente eram improvisados aqui e além... E o ar,
efetivamente, confrontado ao que respirávamos na área da cidade, era muito diverso.
Brisas refrescantes sopravam de longe, carreando princípios regeneradores e insuflando em
nós delicioso bem estar.
- O oceano é miraculoso reservatório de forças – elucidou Clarêncio,de maneira expressiva -;
até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda ligados ao corpo
da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso. Enfermeiros e amigos desencarnados
desvelam-se na reconstituição das energias de seus tutelados. Qual acontece na montanha
arborizada, a atmosfera marinha permanece impregnada por infinitos recursos de vitalidade da
Natureza. O oxigênio sem mácula, casado às emanações do planeta, converte-se em precioso
alimento de nossa organização espiritual, principalmente quando ainda nos achamos direta ou
indiretamente associados aos fluidos da matéria mais densa."
No livro "Além da morte", no relato do caso nº 1 – À beira-mar – encontramos a seguinte
descrição, a respeito da importância do mar no reerguimento das energias do perispírito:
..."Despertando-me das cogitações, a irmã Liebe convidou-me com ternura... falou-me da
necessidade de contato mais amplo com os fluidos da natureza, a fim de favorecer a minha
reabilitação. E como me encontrasse depauperada, o meu transporte até a praia próxima seria
feito sob ação de sono magnético...Despertei à beira-mar, num
encantador recanto do litoral. As ondas próximas despedaçavam-se
em brancas espumas que se desfaziam nas areias alvas... Multidões
de desencarnados nas cidades próximas são aqui trazidas para
necessário e inadiável refazimento. Cuidadosos benfeitores da
nossa esfera conduzem tutelados alquebrados e desfalecidos, para regiões semelhantes a esta, em
toda a costa marinha, a fim de que o ar puro restitua ao perispírito as funções temporariamente
traumatizadas pelo transe desencarnatório... Há 14 dias, segundo informava a irmã Liebe,
ocorrera a minha desencarnação. Após aquele repouso seria transportada à Colônia Redenção,
próxima à crosta terrestre, para tratamento e recuperação de energias, ingressando, assim, na
realidade do mundo espiritual, onde estava dando os primeiros passos, com vacilação."
No livro "De volta ao passado", encontramos o relato de uma equipe de
Espíritos que atuou no continente europeu, durante os combates na Bósnia-
Herzegovina, ajudando na retirada dos Espíritos recém-desencarnados, para que
não aumentassem as vibrações poderosas de ódio e desejo de vingança que ali
campeavam e para evitar que eles continuassem a lutar ao lado dos irmãos
encarnados, julgando-se ainda na carne, vivos. Eis um trecho da narrativa de
Paulo, um dos Espíritos integrantes da equipe: "... As cargas negativas eram

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O Mar Adriático
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fevereiro 2003
tão pesadas que as turmas que se revezavam no atendimento, a períodos regulares, procuravam a
orla marítima do Mar Adriático para se restabelecerem no ambiente puro e balsâmico da
natureza, limpo de miasmas mentais, e, com isso, terem condições de energizar os corpos
espirituais combalidos".

"E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra e que está no mar."
(Apocalipse, 5:13)

O livro "Aglon e os os Espíritos do Mar" relata a existência de espíritos no fundo do


mar, vivendo nele, sem saber que estão desencarnados. Lá, estão muitos Espíritos que perderam a
vida terrena no mar, alguns aprisionados, que ficam aguardando modificação e melhoria mental
para subirem novamente. A evolução se processa de forma inexorável, estejam onde estiverem.
Chega a hora em que os inferiores que se encontram sob a terra, no ar ou no fundo do mar,
obrigatoriamente, reiniciam e sentem o anseio de evoluir e alcançar posições que detinham
anteriormente e que, por invigilância, perderam.
No prédio da Administração, Netuno, o homem-peixe administrador geral, informa que
há prédios no fundo do mar. Lá, também, modelam o pensamento, e a idéia, tanto aqui como lá, é
força e poder espirituais.
São ainda governados pela justiça dos Dragões, mas já estão se libertando deles, porque
no mar se afogam muitos filhos do Cordeiro. No começo, os Espíritos mais antigos mantinham o
local como uma prisão. Os seres atuais que habitam estas regiões não são tão ferozes quanto os
que habitam a Terra, nem as criaturas que se afogam nas águas... Os que perdem o corpo físico
nos rios ou nos lagos obedecem as mesmas leis...
Embora sejam "filhos dos Dragões" e obedeçam às suas leis que, na realidade vêm do
"mais alto", os Espíritos que lá habitam dizem não serem maus. Declaram apenas zelar pela
tranqüilidade dos mares.
A água tem vibrações curativas e que dá a todos mais paz e serenidade. Os netunos
formam uma raça unida e anseiam por progredir e melhorar. A maioria já está aceitando que "lá
em cima" há seres mais adiantados. O fundo do mar é um estágio de quietude e de pouca
possibilidade de evolução.
Há também o relato a respeito da existência, em uma certa região marítima, de seres
transparentes aos olhos dos Espíritos que habitam as profundezas dos mares. São os Espíritos
diáfanos, espíritos muito purificados que vão se reabastecer de energias novas naquelas paragens.
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Dizem que, na realidade, eles são da superfície, a Terra. O mar emite energias de grande poder,
que são absorvidas por essas criaturas, assim como pelos habitantes das profunduras oceânicas. O
perispírito é semimaterial e assimila energias originais de forças materiais. Vão do mar, das
árvores, da terra, do ar, de toda a parte. Esses seres, conquanto pareçam infinitamente espirituais,
ainda são materiais. A evolução dá novas formas de beleza ao espírito.
Nos casos de desencarnação por afogamento, em geral, o corpo desce até uma certa
profundidade e, horas mais tarde, às vezes dias, sobe e flutua na superfície. É quando aparecem
os Netunos e os desligam dos corpos, conduzindo-os para o hospital Netuniano. Lá são prestados
grandes serviços à humanidade terrestre, recebendo aqueles que perecem pelo naufrágio ou
acidentes no mar.
O mar é imenso repositório, desconhecido, de conhecimentos. No mar vivem seres que
ainda não conquistaram o Amor, mas alcançaram a Justiça. Não conhecem Deus e, por isso, não
amam. Sabem que existe e cumprem fielmente suas leis de justiça e respeitam o seu Poder. Em
quase todas as zonas inferiores do Universo, os Espíritos que aí habitam temem ou respeitam o
poder de Deus. Estão em marcha para o amor que um dia alcançarão. A diferença é apenas o
meio ambiente. O resto é igual na "terra", água, ar e Terra, são coisas semelhantes. Tudo é
mundo mesmo! O espírito é sempre espírito em qualquer lugar; o veículo físico é que se
diferencia de acordo com as necessidades e o meio. Órgão diferentes para meios diferentes, para
que o espírito prossiga na jornada da evolução espiritual.
Do livro "Cidade no além", capítulo IV – Localização de Nosso Lar – Esferas
espirituais, verificamos que o trânsito entre as esferas se faz por maneiras diversas. Por "estradas
de luz", referidas pelos Espíritos como caminhos especiais, destinados a transporte mais
importante. Através dos chamados "campos de saída", que são pontos nos quais as duas esferas
próximas se tocam. Pelas águas, de se supor as águas que circundam os continentes.
Também, em "Nosso Lar", no capítulo 36 – O sonho -, André Luiz nos relata a maneira
pela qual, em sonho, passou para uma esfera superior, referindo-se a uma embarcação, com um
timoneiro sustendo o leme, e com movimento em ascensão, indo sair à frente de um porto, tudo
indicando que a passagem se deu através das águas do oceano.
Igualmente, no livro "Libertação", no capítulo III – Entendimento, há, na página 50 (21ª
edição) uma referência à expressão "campos de saída", explicitada em nota de rodapé (do autor
espiritual) como "lugares-limites, entre as esferas inferiores e superiores.
Ainda, no livro "Maria de Nazaré", no capítulo intitulado Ingressando na carne, temos a
seguinte passagem, que embora não se refira diretamente ao termo supramencionado, nos permite
uma paralelismo de idéias: ..."O grande cerco magnético, tecido por fios de forças sutis da
natureza, pairou nos ares de Jope e, de um momento para outro, desceu suavemente na praia, sob
o controle de Hilel. O instrutor espiritual estendeu a mão em direção à rede e esta, sob o influxo
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magnético do seu gesto, abriu-se em quatro partes, libertando todos os irmãos já renovados pela
fé e despertados para a luz. Assustados, não sabiam para onde deveriam ir. No mesmo momento,
surge um grande barco, que poderia acomodar todos eles e foram carinhosamente convidados a
embarcar, lembrados da fala afetuosa de Sophia. Alguns perguntaram acanhados:
- Para onde vamos?
Alguém respondeu com docilidade:
- Não tenhais medo; podeis acomodar-vos como quiserdes, que nós vamos com Deus, em
busca da nossa própria paz!
E partiram no seio do grande mar. "

Iniciamos este subitem de nosso trabalho com a transcrição de uma mensagem ditada
pelo Espírito Emmanuel e psicografada por Francisco Cândido Xavier, em sessão pública da
noite de 5 de junho de 1950, na cidade de Pedro Leopoldo, que, sozinha, seria suficiente
como conteúdo do tópico que iniciamos. Esta mensagem foi publicada no livro "Segue-me".

"E qualquer que tiver dado só que seja um copo d'água fria, por ser meu discípulo, em verdade vos
digo que, de modo algum, perderá o seu galardão."
Jesus (S.Mateus, 10:42)

Água fluida
" Meu amigo.
Quando Jesus se referia à bênção do copo
de água fria, em seu nome, não apenas se
reportava à compaixão rotineira que sacia a
sede comum. Detinha-se o Mestre no exame
de valores espirituais mais profundos.
A água é dos corpos mais simples e
receptivos da Terra. É como que a base pura
em que a medicação do Céu pode ser impressa
através de recursos substanciais de
assistência ao corpo e à alma, embora em
processo invisível aos olhos mortais.

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A prece intercessória e o pensamento da
bondade representam irradiações de nossas
melhores energias.
A criatura que ora ou medita exterioriza
poderes, emanações e fluidos que, por
enquanto, escapam à análise da inteligência
vulgar, e a linfa potável recebe-nos a
influenciação, de modo claro, condensando
linhas de força magnética e princípios
elétricos que aliviam e sustentam, ajudam e
curam.
A fonte que procede do coração da Terra e
a rogativa que flui do imo d'alma, quando se
unem na difusão do bem, operam milagres.
O espírito que se eleva na direção do Céu
é antena viva, captando potenciais de
natureza superior, podendo distribuí-los a
benefício de todos os que lhe seguem a
marcha.
Ninguém existe órfão de semelhante
amparo.
Para auxiliar a outrem e a si mesmo
bastam a boa-vontade e a confiança positiva.
Reconheçamos, pois, que o Mestre, quando
se referiu à água simples, doada em nome de
sua memória, reportava-se ao valor real da
providência a benefício da carne e do
espírito, sempre que estacione através de
zonas enfermiças.
Se desejas, portanto, o concurso de
Amigos espirituais, na solução de tuas
necessidades físico-psíquicas ou nos
problemas de saúde e equilíbrio dos
companheiros, coloca o teu recipiente de
água cristalina, à frente de tuas orações,
espera e confia. O orvalho do Plano Divino
magnetizará o líquido com raios de amor em
forma de bênçãos e estarás, então,
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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consagrando o sublime ensinamento do copo de
água pura, abençoado nos Céus.

Emmanuel

Os fluidos são o veículo do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto


desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da
Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão
impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera
fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.
Em "A Gênese" nos itens 31, 32 e 34 do capítulo XIV, eis o que Allan Kardec nos
coloca a respeito dos fluidos:
31- "Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e
do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse
fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito,
encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte
da substância do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma
molécula malsã por uma sã (...)"
32- "São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de
acordo com as circunstâncias (...) Há pessoas dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas
nalguns doentes, por meio da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato de vontade.
Entre os dois pólos extremos dessa faculdade, há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero
são variedades do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O princípio é
sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha
subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais."
34- "É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode
desenvolver-se por meio de exercício; mas a de curar pela imposição das mãos, essa é mais rara e
o seu grau máximo se deve considerar excepcional (...)"
Provém, esse agente terapêutico, do meio ambiente, da natureza, dos espíritos e dos
médiuns.
Com relação ao meio ambiente, sobre as causas da saturação de bons ou maus
fluidos em determinados ambientes, explica o Codificador em "A Gênese", capítulo 14, item 19:
"do mesmo modo que há radiações sonoras, harmoniosas ou dissonantes, também há
pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmonioso, agradável é a impressão;
penosa, se aquele é discordante. Ora, para isso, não se faz mister que o pensamento se exteriorize
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por palavras; quer ele se externe, quer não, a irradiação existe sempre. Tal a causa da satisfação
que se experimenta numa reunião simpática, animada de pensamentos bons e benévolos.
Envolve-a uma como salubre atmosfera moral, onde se respira à vontade; sai-se reconfortado
dali, porque impregnada de salutares eflúvios fluídicos."
Depreende-se, portanto, que somente sustentando pensamentos edificantes estaremos
colaborando com os espíritos benfeitores, encarregados da "manipulação" fluídica, para socorro
dos necessitados.
Com referência à natureza, no livro "Nosso Lar", capítulo 50, Narcisa, para ajudar
familiares de André Luiz, manipula substâncias com emanações do eucalipto e da mangueira
para fazer remédio. "Vamos à Natureza. Não só o homem pode receber fluidos e emiti-los. As
forças naturais fazem o mesmo, nos reinos diversos em que se subdividem" – disse ela.
Na obra "Ação e Reação", capítulo 13, Silas, sem qualquer outro recurso, conduz
Poliana a um bosque vizinho, onde "... energias imponderáveis da Natureza, associadas aos
fluidos de plantas medicinais, foram trazidas à nossa enferma, que as inalava em grandes
sorvos..."
Também, no livro "Entre a Terra e o Céu", capítulo 5, André Luiz narra o trabalho
dos Espíritos, em favor de criaturas encarnadas, parcialmente desligadas do corpo físico, pelo
sono, na orla do mar, utilizando a atmosfera marinha impregnada por infinitos recursos de
vitalidade da Natureza.
Com alusão aos fluidos provenientes dos espíritos e dos médiuns, relata-nos Allan
Kardec, em "Obras Póstumas": "O que tem mais fluido da-lo-ia ao que tem menos."
Verificamos na nota à pergunta de nº 70 de "O Livro dos Espíritos" o seguinte: "o
fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo
a um que tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se."
Em "A Gênese", item 33, capítulo XIV, encontramos: "a ação magnética pode
produzir-se pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo
para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-
espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que
ele carece."
No capítulo 20 do livro "No Invisível", Leon Denis nos aponta: "sabemos que o
fluido universal, ou fluido cósmico etéreo, representa o estado mais simples da matéria; sua
sutileza é tal que escapa a toda análise. E, entretanto, desse fluido procedem, mediante
condensações graduais, todos os corpos sólidos e pesados que constituem a base da matéria
terrestre."
No capítulo 15 do mesmo livro, temos ainda: "O mundo dos fluidos, mais que
qualquer outro, está submetido às leis da atração. Pela vontade, atraímos forças boas ou más, em
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harmonia com os nossos pensamentos e sentimentos. Conhecendo essas informações, podemos
assegurar que a vontade de aliviar, de curar, (...) comunica ao fluido magnético propriedades
curativas. O remédio para os nossos males está em nós. O magnetismo, considerado em seu
aspecto geral, é a utilização, sob o nome de fluido, da força psíquica por aqueles que
abundantemente a possuem."

Do "Dicionário de Filosofia Espírita" extraímos os conceitos a seguir


apresentados.
A água, como substância das mais simples, considerada solvente universal, além de
suas propriedades já conhecidas, apresenta a capacidade de receber fluidos do magnetismo
espiritual e animal e carreá-los. Assim, ela consegue veicular, não somente variados tipos de
fluidos absorvidos no ambiente, para favorecer ou desfavorecer o indivíduo quando ingerida,
como também retirar resíduos nascidos das expressões da vida mental, absorvendo os resultados
miasmáticos das amarguras, dos ódios e das ansiedades dos homens.
A água fluidificada é recurso fluido terapêutico muito utilizado pelos Espíritas,
principalmente quando se propõem a ajudar alguém com problemas de saúde física ou espiritual.
Próximo ao paciente, coloca-se um recipiente com água filtrada e límpida; em seguida realiza-se
uma prece, pedindo aos bons Espíritos que coloquem bons e salutares fluidos ali. O paciente
deve tomar essa água aos poucos, como um remédio. Recomenda-se que seja tomada à noite e
pela manhã; nos casos mais graves 3 a 4 vezes ao dia em pequenas doses. Praticamente todos os
agrupamentos espíritas estão aptos a fornecerem água fluidificada. Os frascos ou recipientes
podem estar abertos ou fechados, isso não importa, pois a matéria não constitui barreiras para os
Espíritos. A água deve estar límpida e fresca, não gelada, visto que temperaturas baixas
diminuem a energia cinética (movimento molecular), alterando-lhe as propriedades normais e
diminuindo sua capacidade de retenção dos fluidos, embora esse fator também não seja
obstáculo para a fluidificação da água.
Denomina-se água magnetizada àquela que recebeu a influência das mãos de um
magnetizador ou de um passista. À semelhança da água fluidificada, essa água fica carregada de
fluidos do magnetizador encarnado e, sabe-se, sempre com ajuda dos Espíritos que o secundam
em suas aplicações magnéticas.
Temos, ainda, o conceito de água transubstanciada , quando a água recebe substâncias
medicinais transportadas ou materializadas pelos Espíritos. Seu gosto, sua aparência e seu cheiro
são alterados. Trata-se de um fenômeno de efeito físico, conseguido, geralmente, com o concurso
de médiuns especiais. No Evangelho, na passagem das Bodas da Caná, há notícia de um provável
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fenômeno de transubstanciação da transformação da água em vinho. Hoje temos notícias de
águas que, durante a ação de um médium, mudaram de gosto ou de cor, acusando a presença de
medicamentos ali colocados pelos Espíritos. As moléculas de água, na verdade, não se
transmutaram, mas receberam outras moléculas diferentes por transporte ou materialização de
substâncias medicinais. Deve-se ter muito cuidado na observação desse fenômeno, pois que é de
muito fácil simulação por charlatães.
Durante a pesquisa que efetuamos, procurando por informações que viessem ao encontro
de nossas necessidades no trabalho e, ao mesmo tempo, respondessem a algumas dúvidas que
comumente verificamos em nossa caminhada na Doutrina Espírita, a respeito da água
fluidificada, encontramos no livro "O passe" , de Jacob Melo, os dados de que necessitávamos e
as respostas às dúvidas mencionadas. Resolvemos, pois, incluir as informações abordadas no
item 10 do capítulo VIII (As técnicas) do referido livro, que nos esclarecem a respeito do assunto
de forma cristalina. As referências mencionadas no texto não foram incluídas na bibliografia,
uma vez que estão citadas em "O passe".
"A água fluidificada é um dos mais notáveis coadjuvantes dos tratamentos fluidoterápicos
pois, ao contrário dos tratamentos por magnetizadores comuns, os passes recebidos na Casa
Espírita nem sempre são diários ou intercalados por um máximo de um, dois dias; o mais comum
é um ou dois passes por semana. Como a fluidificação do paciente por ocasião do passe está
sujeita a sofrer perdas devido ao seu comportamento psíquico (moral) e, até, orgânico, a absorção
de fluidos restauradores, de forma complementar, pela água fluidificada, equilibra e sustenta o
quadro fluídico renovado do paciente (em tese) até sua próxima sessão de passe. Além disso,
importa muitas vezes ao organismo a ingestão direta dos fluidos pelas vias orgânicas internas, e,
para isso, a água é não apenas formidável, mas, diríamos, incomparável.
Como bem conclui o Doutor Bezerra de Menezes, "A água, em face da constituição
molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. Quando
magnetizada e ingerida, produz efeitos orgânicos compatíveis com o fluido de que se faz
portadora" ("Loucura e obsessão" – Espírito Bezerra de Menezes – Divaldo Pereira Franco).
Diz George W. Meek, no livro "As curas paranormais": "A água é extremamente
sensível a muitas radiações", enquanto Michaelus, no livro "Magnetismo Espiritual", considera
que "de todos os corpos da natureza, a água é o que mais completamente recebe o fluido
magnético, e o recebe de maneira a chegar facilmente ao estado de saturação".
Continua, o mesmo autor, no mesmo livro: "A água, por si mesma, já é um elemento
primordial à vida. Sob a ação da nossa vontade e da nossa fé podemos impregná-la de um fluido
sutil, enchendo-lhe "os interstícios" até a saturação.

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"Por isso, como acessório de qualquer tratamento, os magnetizadores empregam a água
magnetizada com resultados surpreendentes. Assim, não se deve, na terapêutica magnética,
olvidar esse poderoso agente todo o tempo do tratamento de uma doença.
"(...) A água magnetizada tem a vantagem de não fazer mal e de ser ingerida facilmente
pelos doentes.
"(...) A água ingerida, desde o primeiro dia de magnetização, principalmente nas moléstias
agudas, de um modo ou de outro, sempre produz bons resultados"
Prossegue Michaelus: "Os efeitos produzidos pela água magnetizada são múltiplos, às
vezes mesmo até absolutamente opostos; alternativamente tônica ou laxativa, a água magnetizada
fecha ou abre as vias de eliminação, segundo as necessidades do organismo, pois toda
magnetização, direta ou indireta, tem por fim o equilíbrio das correntes e, conseguintemente, o
das funções(...)
"(...) Tomada em jejum e nas refeições, habitualmente, restabelece o equilíbrio das
funções, fazendo assim desaparecer as prisões de ventre(...) a purgação pela água não abala e
nem deprime; ao contrário, sente-se o doente animado e revigorado.
"(...) Além dos efeitos apontados, a água magnetizada favorece a transpiração e a
circulação do sangue".
E conclui: " Os Espíritas têm em grande apreço a água fluidificada, que mais não é senão
a água que recebe os eflúvios magnéticos dos planos espirituais através das nossas rogativas
fervorosas e sinceras".
Em uma página da Internet, com o título "Os fluidos e o passe", achamos importante
observação a respeito da generalização do uso da água fluidificada, vejam só: "a água fluidificada
é considerada magnetizada pelos Espíritos, contendo portanto alterações ocasionadas pelos
fluidos salutares ali colocados para o equilíbrio de alguma enfermidade física ou espiritual. Deve
ser usada como um medicamento. Manda o bom senso que não se usem remédios sem
necessidade, portanto só deve usar a água fluidificada quem estiver necessitando dela. O hábito
de levar para casa litros e litros de água fluidificada para ser usada por toda a família todos os
dias, não faz sentido, quando a prevenção energética ou reposição de fluidos do corpo espiritual
é feito através do passe regular."
Prosseguindo com o livro "O passe", relativamente à técnica de fluidificação da água,
temos: "dispensadas as opiniões dos magnetizadores, especialmente os clássicos, para
fluidificarmos a água, teremos que levar em consideração – como em qualquer caso de
fluidificação – a origem do fluido.
"Se de origem espiritual, os próprios Espíritos fluidificarão nossa água, quer atendendo
nossas orações, quer durante as reuniões de evangelização; quer nos vasilhames para esse fim
destinados nas reuniões do "Culto do Evangelho no lar", quer à cabeceira de nossas camas
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quando estamos em atendimento à distância. No caso, nossa participação se dá pela fé
perseverante que possuímos, pela vontade tal como já definida, e pela oração sincera.
"Se origem humana ou misto, teremos necessidade, como médiuns, de nos recolhermos
por meio da oração e, impondo as mãos (indiferentemente se uma ou as duas) sobre o(s)
recipiente(s) que contém(êm) a água, deixamos fluir nossas energias, nossos fluidos magnéticos,
direcionando-os por nossa vontade mas sujeitando-as (as energias), pela prece, à Vontade Maior.
"Quanto à questão dos vasilhames estarem abertos ou fechados, não faz a menor diferença
pois nenhuma matéria, até onde todas as pesquisas científicas e espíritas já chegaram, é capaz de
deter ou opor obstáculos à transmissão fluídica; prova-o os atendimentos à distância. A
recomendação de se conservar os vasilhames abertos deve-se à ausência de raciocínio ou a um
conservadorismo imaturo. Por isso mesmo, pensemos com tranqüilidade antes de sugerirmos
deixá-los abertos pois muitas vezes, a depender do local físico em que fiquem os recipientes,
melhor seria recomendar ficassem os mesmos bem fechados a fim de evitar contaminação por pó,
insetos etc.
"Um outro detalhe diz respeito ao material do vasilhame. Nada, neste sentido, importa à
fluidificação. Os recipientes podem ser de vidro, plástico, alumínio, cobre, latão, escuros, claros,
opacos, transparentes... Deve-se cuidar, todavia, para que os mesmos estejam limpos e isentos de
impurezas que possam vir a contaminar a água."
Muitas pessoas têm dúvida a respeito da temperatura da água que será fluidificada.
Vejamos o que nos diz Jacob Melo, ainda de "O passe" : "outra situação interessante, e que
muito se fala, diz respeito à temperatura da água: fria, morna, quente ou gelada? E, geralmente,
querendo se justificar esta ou aquela opinião, apresenta-se explicações bisonhas e, na maioria das
vezes, infundadas.
"Vejamos uma explicação de Gabriel Delanne, no livro "A alma é imortal" a respeito dos
fluidos perispirituais, a fim de compormos um raciocínio: "(...) Os Espíritos têm um corpo
fluídico, que nenhuma das formas de energia pode influenciar. Nem os frios intensos dos espaços
interplanetários que chegam a 273 graus centígrados abaixo de zero, nem a temperatura de
muitos milhares de graus dos sóis qualquer influência exerce sobre a matéria perispirítica. É que
esse invólucro da alma procede do fluido cósmico universal(...).
"Que conclusões podemos tirar da afirmativa de Delanne? Reconhecemos que os fluidos
magnéticos não são exclusivamente perispirituais mas sabemos que se lhes assemelham; por
provirem da mesma fonte cósmica e funcionarem na mesma direção, têm comportamento
semelhante. Por este raciocínio podemos concluir que as diferenças de temperatura não devem
influir substancialmente no comportamento fluídico da água. Em face dessa evidência, sugerimos
arquivem-se as informações em contrário pois, racionalmente, se assim não ocorresse, os povos
de cidades muito quentes ou muito frias estariam em sérias dificuldades para serem atendidos
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pela magnetização, o que, convenhamos, seria uma discriminação muito grande da parte do
Grande Doador."
Com relação à fluidificação da água especificamente para uma pessoa, perguntou Chico
Xavier a Emmanuel, na questão nº 103 de "O Consolador" : " No tratamento ministrado pelos
Espíritos amigos, a água fluidificada, para um doente, terá o mesmo efeito em outro enfermo?
Respondeu Emmanuel: "- A água pode ser fluidificada, de modo geral, em benefício de todos;
todavia, pode sê-lo em caráter particular para determinado enfermo, e, neste caso, é conveniente
que o uso seja pessoal e exclusivo."
Voltemos a "O passe" : "Quando se dá a fluidificação específica, o agente fluidificador
dará informações nesse sentido a fim de que o paciente s quem foi dirigida a fluidificação, e só
ele, a absorva. Não que haja prejuízo fluídico a outra pessoa que venha a ingerir aquela água
magnetizada, mas simplesmente não lhe fará efeito posto que lhe será inócua; o prejuízo maior
será a falta que fará ao paciente necessitado.
" Tomemos, agora, as elucidações do Espírito Áulus, constantes do livro "Nos domínios
da mediunidade":
"(...) A água potável destina-se a ser fluidificada. O líquido simples receberá recursos
magnéticos de subido valor para o equilíbrio psicofísico dos circunstantes.

"(...) Daí a instantes, de sua destra espalmada sobre o jarro, partículas


radiosas eram projetadas sobre o líquido cristalino que as absorvia de
maneira total.

"- Por intermédio da água fluidificada – continuou Áulus -, precioso esforço de medicação
pode ser levado a efeito. Há lesões e deficiências no veículo espiritual a se estamparem no corpo
físico, que somente a intervenção magnética consegue aliviar, até que os interessados se
disponham à própria cura.
"Clementino, findo o preparo da água medicamentosa, consagrou-lhes (aos médiuns)
maior carinho, aplicando-lhes passes na região frontal.
"Comentemos essas observações:

n " O líquido simples", a água portanto, deve ser "potável", "cristalina". O Espírito não
recomenda nada no sentido de fria, quente, gelada ou morna, já que a temperatura nada importa.
o Se bem o exemplo trate de fluidificação espiritual, observemos que o Espírito "opera"
os fluidos através de "imposição de mãos", tal como recomendamos aos médiuns fazerem.

p A ação da água fluidificada é efetiva, mas é preciso que "os interessados se


disponham à própria cura", ou seja, não devemos deixar de orientar nossos pacientes sobre seus
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próprios cuidados. Analogicamente falando, se a água propicia o surgimento da vida da planta, a
semente será nosso merecimento, revestida por nossa vontade e auxiliado por nossa fé.

q Por fim, o mesmo Espírito que magnetizou a água foi o que aplicou os passes; isto
desmistifica e esclarece, de uma vez por todas, aquela situação de que devam existir médiuns
"especializados" para cada tarefa no terreno da fluidificação. É equivocado se pense que os
passistas devam ter funções específicas nos tratamentos (ou só dispersam, ou só aplicam, ou só
magnetizam a água) pois, na realidade, o serviço é um só e o Senhor é o mesmo, sempre!
Em "O Livro dos Médiuns", encontramos, no capítulo VIII, item 131, informações a
respeito da mudança das propriedades da água, por obra da vontade. " O Espírito atuante é o do
magnetizador, quase sempre assistido por outro Espírito. Ele opera uma transmutação por meio
do fluido magnético que (...) é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica, ou
elemento universal. Ora, desde que ele pode operar uma modificação nas propriedades da água,
pode produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da
ação magnética, convenientemente dirigida."
Com essa referência à fluidificação da água pelo magnetismo animal, confirma o
Codificador suas propriedades e ratifica seu uso na prática Espírita, quando a assemelha ao
tratamento magnético. Temos aí uma instrução clara e direta a respeito da fluidoterapia pela
água, colocando em quarentena os argumentos que, precipitadamente, concluem seja a água
fluidificada um desvio sincrético, uma prática estranha.

A prática do Espiritismo tem uma componente científica. São os cientistas não espíritas
que o vêm comprovar.
Relataremos a seguir algumas experiências científicas que comprovam a eficácia da
fluidoterapia, que engloba o passe espírita (transmissão do magnetismo humano mais energias
espirituais para a pessoa necessitada) e a água magnetizada por essas mesmas energias.
A Drª Thelma Moss, Ph. D., Psicóloga, diretora de pesquisa no Center for the Health
Sciences, The Neuropsychiatric Institute, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles
(UCLA), fez inúmeras experiências, muitas delas relatadas no seu livro "O Corpo Elétrico".
Dentre elas, é interessante referenciar as experiências efetuadas com a médium curadora Olga
Worral.

A Drª Thelma Moss fez uma fotografia Kirlian (fotografia que capta o campo energético
que envolve o corpo humano), da mão da Srª Olga Worral, em estado normal e uma outra da

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mesma mão da Srª Worral, mas em estado de transe, enviando energias para uma pessoa
necessitada. Nessa fotografia aparece nitidamente algo saindo da ponta dos dedos de Olga
Worral, podendo evidenciar a emissão de energia. Thelma Moss fez ainda experiências com Uri
Geller (mundialmente conhecido por conseguir pôr a trabalhar relógios avariados, mesmo que à
distância) demonstrando igualmente a saída de uma energia dos seus dedos, quando em
concentração. (Moss, T. - O Corpo Elétrico, cap.10, 13, Tradução Sônia Regis, 9ª ed.; São Paulo:
Cultrix, 1993).

Vejamos outro caso.

O Dr. Hans Engel, Doutor em Medicina, médico paranormal, era um renomado médico do
corpo clínico da Escola de Medicina da UCLA e diretor dum famoso hospital e da Academia de
Clínica Familiar de Los Angeles. Um homem com referências impecáveis.

Apercebeu-se um dia, ao colocar a mão na testa da mulher (que tinha fortes dores de
cabeça), de intenso frio na mão, perguntando à esposa se era ali que doía. Quando o frio
desapareceu, a esposa informou que a dor desaparecera. Depois de muitos anos em que se
apercebia do mesmo, efetuou experiências científicas com a Dr.ª Thelma Moss, tratando de uma
grande variedade de pacientes que lhe eram enviados por médicos, geralmente como último
recurso, após remédios, cirurgia, e mesmo a acupuntura e a hipnose terem falhado. Os seus
maiores êxitos eram com doentes portadores de dores intoleráveis e persistentes. Do total, 15%
não reagiram de forma nenhuma; outros 15% tiveram completa remissão e recuperação; 70%
variaram entre melhoras leves ou acentuadas.

O Doutor Brame concluiu que a água destilada, submetida à influência do magnetizador


humano, apresenta mudanças moleculares. A duração dessas mudanças moleculares observadas
após a influência do médium curador é surpreendentemente longa: cerca de 120 dias, ou seja, 4
meses!

Quando impunha as mãos sentia um enorme frio nas mesmas e os pacientes sentiam um
calor por vezes incomodo. No entanto, eram frio e calor que não eram mensuráveis pelos
equipamentos.

Estas características e êxitos tornaram-no notícia, o que lhe valeu ter sido chamado a
depor perante comissões, na universidade, obrigado a pedir a demissão da UCLA, continuando
com as suas pesquisas e a exercer na sua clínica. (Moss, cap. 10, 1993)

Um outro pesquisador relata outros fatos interessantes.


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O engenheiro Hernani Guimarães Andrade, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisas
Psicobiofísicas (IBPP), cientista, escritor, conferencista, 8 monografias e 12 livros publicados,
relata casos muito interessantes no artigo "Água Fluida" publicado no jornal "Folha Espírita"
nº 233, de agosto de 1993, em São Paulo, Brasil.

Diz ele que "o Dr. Edward G. Brame, doutor em espectroscopia, da Dupont Corporation,
em Wilmington, Delaware, E.U.A., fez extensas pesquisas espectroscópicas com amostras de
água destilada submetida a "médiuns curadores", durante dois anos. Com a máxima cautela
científica, o Doutor Brame concluiu que a água destilada, submetida à influência do
magnetizador humano, apresenta mudanças moleculares. A duração dessas mudanças
moleculares observadas após a influência do médium curador é surpreendentemente longa: cerca
de 120 dias, ou seja, 4 meses!"

Diz-nos ainda que "O Doutor Brame... colocou frascos com água pura, no meio de um
grupo de pessoas que se dispuseram a se concentrar, visando a magnetizar a água neles contida.
Não foi feita imposição das mãos; nem os frascos e nem a água foram tocados pelas mãos das
pessoas componentes do grupo. Houve apenas a concentração, nada mais. Os resultados
mostraram-se os mesmos: houve alterações moleculares na água assim tratada." (Andrade, Folha
Espírita, agosto, 1993).

Estas últimas considerações levam-nos a entender a importância do passe espírita e da


água magnetizada, no auxílio aos enfermos da mente e do corpo, bem como da iniqüidade dos
movimentos que alguns passistas fazem em volta do corpo do doente, bastando pois e apenas o
direcionamento mental das energias, tal como nos ensina o Espiritismo.

Encontramos, durante a pesquisa, vários endereços na Internet que abordam de forma


científica (em alguns isto antecede a propaganda de um produto comercial – ver em
http://www.aguavidaesaude.hpg.ig.com.br/pagina1.htm) a questão da magnetização da água. A
NASA (Administração Norte Americana do Espaço e da Aeronáutica) tem feito vários testes
para avaliar os efeitos físicos, químicos, biológicos e médicos do tratamento magnético da água.

ANTES DEPOIS
O ângulo entre as ligações dos átomos de oxigênio e hidrogênio se alteram com a magnetização
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No endereço eletrônico http://www.milenio.com.br/codisa/parecer_medico.htm, o Dr.
Artênio Olívio Richter esclarece que fazendo a água passar através de campos magnéticos
possantes e alternados, modifica-se ao mesmo tempo o sentido e o deslocamento dos campos
magnéticos por adição das cargas elétricas. A água imantada leva ao organismo uma cota
suplementar de energia agilizando a circulação e levando com maior eficiência os nutrientes e o
oxigênio até as mais diversas células do corpo e, em contra partida, retira com maior eficiência as
toxinas e as gorduras impregnadas, facilitando dessa forma a drenagem profunda dos metabólicos
tóxicos e age com maior rapidez na regeneração celular. As pesquisas mostram sua eficiência,
superando às vezes os procedimentos medicinais normais.

Nos relata o médium Hercílio Mães, no livro "Mediunidade de cura", que o médium
José Arigó, depois de incorporado pelo espírito do Dr. Adolfo Fritz, desencarnado na 1ª Guerra
Mundial, em 1918, na Rússia, fazia operações com instrumentação primitiva, obsoleta e até
imprópria, sem anestesia ou cuidados de higiene.

Ele só operava os pacientes sobre os quais descia uma luzinha branca de autorização do
Alto. Arigó erguia a mão com um punhado de algodão e rogava a Jesus: "Senhor, água que
anestesia!" Imediatamente os espíritos técnicos do "outro lado" umedeciam esse algodão numa
retorta com um líquido esmeraldino, o qual depois se materializava, escorrendo pelo braço de
Arigó. Após operar o paciente, o médium novamente erguia outro punhado de algodão ao alto e
pedia: “Senhor, água que cicatriza!" Desta vez, os assistentes desencarnados envolviam o
algodão num líquido cor rosa-salmão, que depois também escorria pela mão do Arigó, às vezes
efervescendo como água oxigenada, em cor branca.

O Evangelho de S.João, capítulo 3, versículos de 1 a 15, nos relata a conversa de Jesus


com Nicodemos.
"E havia um homem de entre os fariseus, por nome Nicodemos, um dos chefes dos judeus.
2 Este uma noite veio buscar a Jesus, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo da parte de
Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres, que tu fazes, se Deus não estiver com ele. 3

Jesus respondeu, e lhe disse: na verdade, na verdade, te digo, que não pode ver o reino de Deus,
senão aquele que renascer de novo. 4 Nicodemos lhe disse: como pode um homem nascer, sendo
velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer outra vez? 5 Respondeu-
lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo, que quem não renascer da água, e do Espírito Santo,
não pode entrar no reino de Deus 6 O que é nascido da carne, é carne: e o que é nascido do
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espírito, é espírito. 7 Não te maravilhes de eu te dizer: importa-vos nascer outra vez. 8 O espírito
sopra onde quer: e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai; assim é
todo aquele que é nascido do espírito.
9 Perguntou Nicodemos, e disse-lhe: Como se pode isso fazer? 10 Respondeu Jesus, e
disse-lhe: tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas? 11 Em verdade, em verdade te digo,
que nós dizemos o que sabemos, e que damos testemunho do que vimos, e vós contudo isso não
recebeis o vosso testemunho. 12 Se quando eu vos tenho falado nas coisas terrenas, ainda assim
vós me não credes: como me crereis vós, se eu vos falar nas celestiais? 13 Também ninguém
subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do homem, que está no céu. 14 E
como Moisés no deserto levantou a serpente, assim importa que seja levantado o Filho do
homem: 15 para que todo o que crê nele, não pereça, mas tenha a vida eterna."

Do maravilhoso livro "Parábolas e ensinos de Jesus", retiramos, integralmente, os


comentários pertinentes a este subitem de nosso estudo. Poderíamos ter optado por analisar,
simplesmente, o trecho em que o Evangelista relata as palavras do Mestre Jesus a respeito do
renascimento a partir da água e do espírito. Entretanto, a beleza do texto e a quantidade de
ensinamentos que afloram dessa passagem nos induziram a colocá-lo todo, abrindo mão do
critério objetividade. Após sua atenta leitura, procurando "ler as linhas e as entrelinhas", como
costumava nos dizer a nossa querida evangelizadora D Zely, acreditamos que todos hão de
concordar conosco.
"Este Evangelho prega o encontro de Jesus com Nicodemos: ou por outra, a visita que
Nicodemos fez ao nazareno, à noite.
"Vamos estudá-lo em sua simplicidade edificante e procuremos compreendê-lo, porque do
seu conhecimento nos vem uma soma considerável de luzes e verdades.
"Diz o trecho que: "Havia um homem dentre os fariseus, chamado Nicodemos, principal
entre os judeus e este foi ter, à noite, com Jesus".
"Os fariseus eram um grupo muito grande de indivíduos, que formavam uma religião,
como atualmente é grande o número de pessoas que compõem a religião de Roma.
"Entretanto, quanto à pessoa deste chefe do farisaísmo, não era um homem mau, ao
contrário, dentre todos os sacerdotes dessa religião, dois – salienta o Evangelho – se mostravam
tolerantes para com a palavra de Jesus Cristo. Um era Gamaliel, que foi mestre de Paulo, antes
que este apóstolo se tornasse cristão; e o outro foi Nicodemos.
"Mas vós sabeis que o orgulho, o respeito humano e o preconceito constituem embaraços
muito grandes para a nossa espiritualização, para nos aproximarmos de Jesus.

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fevereiro 2003
"Nicodemos era, pois, um homem bom, e, por esse motivo, desejava imensamente
encontrar-se com Jesus, para conversar com o Mestre sobre assunto religioso, porque tivera
notícias das pregações do nazareno e das curas que ele fazia.
"Mas como era rico, principal entre os judeus, era "mestre da religião farisaica" e não
queria que o povo e os outros sacerdotes da sua seita soubessem dos seus desejos mais íntimos; e
para que tudo ficasse escondido, em reserva, resolveu procurar Jesus à noite, porque assim
ninguém ficaria sabendo da visita.
"Por isso diz o evangelista João: Nicodemos foi ter com Jesus à noite.
"Em chegando à casa onde o Mestre estava hospedado, na cidade de Jerusalém, por ocasião
de uma festa de Páscoa, que os judeus celebravam, o "principal fariseu" entabulou conversação
com Jesus dizendo-lhe: "Rabi, sabemos que és Mestre, vindo da parte de Deus, pois ninguém
pode fazer estes milagres que fazes, se Deus não estiver com ele".
"Por esta saudação, vós podeis perfeitamente compreender que Nicodemos não era um
descrente, ou inimigo de Jesus; ao contrário, era um crente nos milagres operados por Jesus, que
consistiam, quase que totalmente, em curas de enfermos diversos.
"Quanto, pois, a essa parte que se relaciona com os fatos produzidos pelo nazareno,
Nicodemos neles acreditava, portanto em desacordo com os demais sacerdotes da sua "religião";
enquanto estes diziam que Jesus agia sob a influência do diabo, Nicodemos cria piamente que a
influência que assistia o nazareno era divina; tanto assim que ele diz: ninguém pode fazer estes
milagres que tu fazes, se Deus não estiver com ele. O que faltava, pois, a Nicodemos, para se
tornar cristão, para seguir a Jesus? Desde que ele acreditava nos fatos, nos fenômenos, como
chamamos hoje; desde que achava que esses fatos eram autorizados por Deus, não os atribuindo à
origem diabólica, por que não se apresentou logo como um dos discípulos do nazareno?
"Isto quer dizer que não basta crer nos milagres, nos fatos, nas curas que assinalam, por
certa forma, o Cristianismo, para sermos cristãos.
"Precisamos também crer na palavra, na doutrina que Jesus pregava.
"Em nosso tempo, com vemos, a maioria do povo também crê nos fenômenos, nas curas, e
muitos são os que pedem remédios para a cura de suas enfermidades; são milhares os Nicodemos
que, às ocultas, desejam conversar sobre Espíritos, sobre as almas, e que procuram saber a razão
das causas que os determinam, mas, também como Nicodemos, continuam filiados às suas
"religiões", que amaldiçoam a legítima doutrina de Jesus, hoje, como os fariseus amaldiçoavam a
mesma doutrina, ontem. Não basta crer nos fatos; é preciso compreendê-los depois de os haver
estudado (grifo nosso).
"Não basta dizer que os fatos vêm de Deus, é preciso saber como eles vêm de Deus. E para
chegar ao conhecimento desses fatos, temos de estudar justamente o que Jesus fazia questão que
fosse estudado: a vida eterna.
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"O ponto principal das pregações de Jesus era a vida eterna.
"Em torno da vida eterna é que sempre giravam os maravilhosos conceitos da sua filosofia,
da sua doutrina de verdadeira fé, de amor puro e imaculado.
"Todas as sentenças de Jesus eram luzes, iluminando a vida eterna, a vida imortal.
"No Sermão do Monte, o Mestre, para consolar os sofredores, os humildes, os perseguidos,
os mansos de coração, nada lhes dá, presentemente, senão a certeza da felicidade na imortalidade,
e, por certa forma, se esforça para que todos esses famintos tivessem certeza absoluta da
imortalidade, dessa vida do além que é a vida eterna, na qual seriam todos fartos e providos de
tudo o que necessitassem se ouvissem e cressem na sua palavra.
"Nicodemos, como se vê no texto do Evangelho, embora não fosse mau homem, estava tão
impregnado dos ensinamentos da religião farisaica, consistentes quase que só em cultos e práticas
exteriores, que vacilava a respeito da outra vida, duvidava que o homem, depois de morto o
corpo, pudesse continuar a viver, e que houvesse, de fato, uma vida real além do túmulo.
"Jesus conhecia essa parte fraca de Nicodemos, e foi por isso que, logo após a saudação do
"primaz dos judeus", disse: Em verdade, em verdade te digo, que se alguém não nascer de novo,
não pode ver o Reino de Deus.
"Estas primeiras palavras, ditas assim de supetão ao sacerdote de uma religião que se dizia
a única verdadeira, tem profunda significação para aqueles que desejam estudar, conhecer e
seguir a religião de Jesus Cristo.
"Assim com a criança recém-nascida não tem religião alguma, não está presa a nenhuma
doutrina e nenhum conhecimento tem de coisa alguma, assim também devem colocar-se aqueles
que querem estudar a religião de Jesus Cristo, porque a alma, estando cheia de religião antiga,
que foi obrigada a receber por doação dos ascendentes, não pode receber a religião do Cristo,
assim como uma casa que está habitada por uma família não tem lugar para receber outra família
ou outros moradores.
"Jesus, dizendo a Nicodemos: Se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de
Deus, disse antecipadamente ao "primaz dos judeus" que, fosse quem fosse, não alcançaria a
graça do Reino de Deus se continuasse preso ao Reino do mundo, no qual prevalecem as
doutrinas dos sacerdotes, as religiões de invenção humana.
"Precisava, primeiro de tudo, sair desse reinado, deixar essa obediência, pôr de lado todos
esses dogmas, todos esses sacramentos, todos esses cultos, todos esses falsos ensinos, e tornar-se
ignorante como uma criança que nasce de novo.
"Assim como uma criança nasce para este mundo, tendo vindo de outro e nada se
lembrando desse outro mundo donde veio, assim também o homem deve deixar aquela religião
arcaica, na qual vive sem conhecer a verdade e sem ter consolação de espécie alguma, para
depois aprender o que o Cristo Jesus está ensinando.
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"Por outra palavras: pôr de lado o espírito preconcebido, todo orgulho de saber, todo
egoísmo de virtudes, toda presunção de estar de posse da verdade; porque o "camelo" assim
carregado não pode entrar no Reino do Céu.
"Acresce ainda outra circunstância: ninguém pode carregar dois pesos; embora a doutrina
de Jesus seja leve, o "camelo" sobrecarregado e quase sem poder andar com tanta carga, não a
suportará; assim como não se podem impor a quem quer que seja dois jugos. O boi, que tem um
jugo que já lhe molesta muito o pescoço, que sangra e caleja, não admitirá mais outro jugo,
embora seja suave como a palavra do Mestre, pois em última hipótese, ele não ficará sabendo
qual o jugo que lhe pesa; por isso, assim como o camelo precisa alijar uma carga para tomar a si
outro fardo; assim como o boi precisa libertar-se do jugo que o oprime, para atrelar-se a outro
jugo, assim também o homem precisa atirar para longe de si todas as crenças velhas que lhe
pesam na consciência e lhe oprimem a alma, para receber a religião amorosa de Jesus, que, como
disse o Mestre, não pesa, é suave e agradável de ser carregada.
"É este o primeiro nascimento que Jesus proclamou, como condição de salvação para todas
as criaturas humanas, e especialmente para os sacerdotes de todas as religiões humanas, mesmo
porque Jesus falava naquela ocasião a um religioso que era sacerdote e principal representante de
religiosos e sacerdotes dessas religiões.

"Pelo que se depreende da nova pergunta de Nicodemos a Jesus, já se pode concluir: ele,
não lhe convindo nascer de novo por esta forma – abandonar sua seita, seus dogmas, seus cultos,
suas honras, suas vaidades, seus preconceitos – fingiu não entender a palavra, a ordem expressa
do redentor do mundo.
"E então muito admirado por haver o Mestre proferido tal sentença, perguntou: "Como
pode o homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, entrar novamente no ventre materno e
renascer?"
"Ao que Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer
da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus; o que é nascido da carne é carne; o que
é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer: necessário vos é nascer de
novo ".
"Por este trecho vemos, bem claro, que as condições de salvação impostas por Jesus são
duas: "nascer da água e nascer do Espírito".
"Vamos analisar a primeira proposição:" nascer da água".
"Que pretende o Mestre dizer com isto:" nascer da água?"
"Não pode ser outra coisa senão: nascer neste mundo, com um corpo carnal; pois todos os
corpos orgânicos e inorgânicos são, em última análise, produtos da água.
"Sem água, em nosso mundo não haveria nascimento, crescimento e vida.
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"Tudo nasce da água, tudo vive na água; os peixes nos mares, nos lagos e nos rios, donde
vêm, senão da água?
"Os pássaros que perambulam na Terra e voam nos ares, não é da água que vêm?
"Até as ervas nascem da água!
"Plantai uma semente ou um galho, uma muda, deixai-os sem água e eles não nascerão.
Tirai os peixes das águas e eles morrerão. Os animais dos campos, das matas; os pássaros
rasteiros e dos ares; os homens das roças e das cidades, todos eles, sem água, não nasceriam, não
cresceriam, não viveriam porque a água é condição de vida para os corpos, e até nosso próprio
corpo contém três quartas partes de água, com a qual se alimenta, vive, cresce e se nutre.
"Água por dentro, água por fora; e até a própria criança no ventre materno não dispensa a
água que a envolve e lhe dá vida.
"É da água que vem tudo; portanto, "nascer da água" não quer dizer outra coisa, senão
nascer neste mundo com corpo da natureza que é peculiar ao gênero humano.
"Notai! O trecho do Evangelho é bem claro: "nascer da água".
"Explicação mais clara do que esta, nem mesmo a água, por mais límpida e cristalina que
seja.
"Não é preciso pedir emprestado o dogma do batismo das igrejas, para explicar uma coisa
que o próprio Evangelho, que é a palavra de Jesus, ensina e explica com toda a clareza.
"Aqueles que vêm a este mundo e ficam imbuídos dessas crenças irrisórias, crenças que
nada ensinam, que nada explicam, que, tendo empanados os olhos por esses cultos e sacramentos
sacerdotais chegam a um ponto de só crerem nesta vida; descrêem completamente da vida eterna,
da vida do Espírito, da vida no espaço, da imortalidade, como aconteceu com Nicodemos, que
não compreendia a palavra do Mestre; só poderão salvar-se e entrar no Reino de Deus morrendo,
para verem face a face a vida eterna, a imortalidade, e depois voltarem a este mundo, "nascendo
da água com um corpo de carne", fazendo-se crianças para, então, sem preconceitos, sem
vaidades, sem orgulho, estudarem a Doutrina de Jesus e receberem essa chave com a qual se abre
a porta do Reino do Céu.
"Passemos agora à segunda condição de salvamento: "nascer do Espírito".
"Como ficou explicado, segundo os dizeres de Jesus, há necessidade de nascer da água,
para entrar no Reino de Deus, isto é, é preciso entrar na vida material, na vida carnal, justamente
esta vida em que vivemos com um corpo de carne.
"Mas como esta vida não é bastante para efetuarmos a nossa ascensão para a felicidade,
mesmo neste mundo Deus nos facultou, como premissa da vida eterna, a vida Espiritual, a vida
moral, porque o homem não vive só do corpo, não vive só do pão.
"Esta vida espiritual não é uma coisa visível, pois afeta somente o nosso "Eu" íntimo, o
nosso Espírito que também é invisível.
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"É uma vida interior que sentimos, proclamada por todos os povos, por todos os códigos de
moral e esboçada maravilhosamente por Jesus Cristo no seu Evangelho.
"É nesta vida que se manifestam os prazeres e os sofrimentos, também invisíveis. De um
lado, as virtudes, a santidade, a paz de consciência, a alegria do coração; de outro lado as paixões
más, o remorso, a tristeza.
"Dizendo Jesus: "forçoso é nascer do Espírito", chamou a atenção de Nicodemos para esta
vida interior, a fim de que ele ficasse sabendo que, sendo ele, Jesus, portador de um Espírito
novo, que deve normalizar em todas as almas a vida do Espírito, todos os que quiserem entrar no
Reino de Deus precisam nascer desse Espírito, viver nesse Espírito; assim como os que entram
na vida carnal, nasce da água e vivem da água.
"O nascimento, tanto da água como do Espírito, é indispensável.
"Não é bastante nascer da água, não basta tomar um corpo de carne neste mundo e nascer
aqui, não basta nos encarnarmos aqui na Terra, precisamos, principalmente, "nascer do Espírito";
por isso o Mestre acrescentou o constante no versículo 6: O que é nascido da carne é carne; o que
é nascido do Espírito, é Espírito.
"Quando visitou o Mestre, Nicodemos já havia "nascido da água", mas não havia nascido
do Espírito; por isso Jesus lhe disse: "o que é nascido da carne é carne", quer dizer: "aquele que
só no mundo terreno vê meio de nascimento e de vida", é material, porque ainda não percebeu
que o homem não é somente carne; é também Espírito; e assim como o homem tem corpo
material e espiritual, existem também mundo material e mundo espiritual.
"Nicodemos permanecia boquiaberto e admirado diante de Jesus, pois não compreendia a
doutrina nova que o nazareno pregava; Jesus insiste, afirmando: Não te maravilhes de eu ter
dizer, necessário vos é nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes
donde ele vem, nem para onde vai: assim é todo aquele que é nascido do Espírito".
"Esta lição vem confirmar mais uma vez a primeira sentença pronunciada pelo Mestre, logo
que Nicodemos o saudou: Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus.
"Jesus insiste com Nicodemos pra que ele se torne como uma criança, que não sabe donde
veio, nem para onde vai; e fez uma comparação do conhecimento que temos sobre o vento:
"Sabemos que o vento existe porque ouvimos a sua voz, seu ruído, seu sussurro;mas não sabemos
donde ele vem, nem para onde vai".
"Nicodemos acreditava que o Espírito vinha de Adão e Eva e que de lá todos descendiam; e
que, ao sair deste mundo, iria para o seio de Abraão ou para Geena. Acreditava assim, porque
assim eram os artigos de fé da religião farisaica, da qual era sacerdote; mas Jesus afirmou não ser
verdadeira essa crença, quando disse: "O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes
donde ele vem, nem para onde vai": assim é aquele que é nascido, que acaba de nascer do
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Espírito; renuncia a essas crenças falsas, caducas, e fica crendo só no Espírito, embora não saibas
donde vem, nem para onde vai; porque depois, com vagar, aprenderás; o camelo estando
descarregado e o boi sem jugo, fácil lhes será receber o fardo leve e o jugo suave, prometido e
oferecido por Jesus a todos os que se acham prontos para o trabalho.
"Mas Nicodemos, por mais que Jesus explicasse, não encontrava meios de compreender; ou
então fingia não compreender; porque lhe era preciso abandonar as crenças velhas de sua
religião, que lhe tentavam dizer donde ele vinha e para onde ia, embora o próprio Nicodemos não
cresse nas afirmativas falsas da religião de que era sacerdote.
"E continuando a manifestar admiração, vira-se para Jesus e pergunta: "Como pode ser
isto?", ao que o Mestre lhe respondeu: "Tu és mestre em Israel e não entendes estas coisas? Se
vos falei de coisas terrestres e não crestes, como crereis se vos falar das celestiais?"
"Por sua vez, Jesus se mostra admirado por não compreender Nicodemos a sua palavra tão
clara. "Tu és mestre, tu ensinas aos outros e não entendes isto que te estou ensinando? Se eu
somente estou falando daquilo que podes ver com teus olhos e que todos podem observar todos
os dias. – Se eu mostro os Espíritos nascendo em corpos, e os corpos nascendo da água: falo-te
de coisas que qualquer pessoa pode saber, porque são coisas que se vêem sempre, bastando só
prestar atenção, e tu não entendes; como poderei falar-te das coisas celestiais, que ninguém pode
ver com os olhos da carne, e que se acham ocultas ao homem que só é nascido da carne?"
"Jesus prosseguiu: "Nós falamos o que sabemos e testificamos o que temos visto; assim
acontece com o que acabo de dizer-te, e não recebes o meu testemunho, esse próprio testemunho
está diante de tuas vistas; como poderei falar-te daquilo que não está ao alcance da tua vista?"
"Terminou Jesus lembrando a Nicodemos uma passagem das Escrituras, que diz haver
Moisés levantado uma serpente no deserto, por ocasião em que os israelitas atravessaram certa
região, depois da saída do Egito, onde proliferaram víboras peçonhentas, cujas picadas matavam
instantaneamente. Todos aqueles que olhavam a Serpente de Bronze não sofriam mal, embora
tivessem sido picados pelas víboras.
"É que a ele, Jesus, importava também sofrer todas as injustiças, todo o repúdio dos
homens, ser levantado, ser crucificado; porque assim a sua vida seria um exemplo luminoso da
doutrina que ele pregava, e todos aqueles que se tornassem crentes nas suas palavras, teriam a
vida eterna, ou seja, não ficariam limitados, como estão os demais homens, à vida terrena, como
o próprio Nicodemos estava."

Encontramos, na Internet, um longo texto de Paulo da Silva Neto Sobrinho, intitulado


"Estudos Bíblicos – Refutação", que aborda, dentre vários outros tópicos, uma detalhadíssima
contestação a respeito da reencarnação. Neste trecho, o autor referencia ao Dr. Severino
Celestino da Silva, autor do livro “Analisando as Traduções Bíblicas”, um conhecedor de
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hebraico, e que teve o cuidado de buscar nos originais disponíveis o real significado de muitas
passagens bíblicas submetendo-as à apreciação de um israelense.
Resolvemos incluir este trecho em nosso trabalho, para mostrar o nível de conhecimento de
certas pessoas, que foi adquirido, certamente, com muito esforço e muita dedicação, além de nos
fornecer valiosos subsídios para nossos estudos doutrinários, a fim de que possamos nos sentir
cada vez mais seguros quando houver a necessidade de apresentar argumentos relacionados a
este assunto, que é um dos pontos básicos de nossa doutrina. Que isto nos motive ainda mais

Diz o Dr. Severino no capítulo XVII – A Reencarnação no Novo Testamento, se referindo à


passagem de João 3, 1-12:
“Este é o texto que tem dado mais trabalho aos exegetas que querem negar a Reencarnação.
No entanto, é o mais claro e contundente de todos, por isso, existe um verdadeiro malabarismo
por parte destes, no sentido de obscurecer o verdadeiro e claro sentido desta passagem. Iniciamos
pelo vocábulo “anóten” que em grego pode significar “de novo” e “do alto”.
“Nesta passagem, esse vocábulo significa realmente “de novo”, porém a maioria dos
exegetas emprega o termo “do alto” para justificar a sua descrença na Reencarnação. Este
malabarismo envolve também a questão gramatical na tradução do texto, como veremos mais
adiante. Colocaremos, aqui, muitas observações e conceitos empregados, sobre este texto, feitos
por Torres Pastorino na sua obra “Sabedoria do Evangelho”, com relação ao texto grego.
Concordamos plenamente com todos os seus conceitos, razão por que o usaremos para reforçar
nossa exegese. A análise do texto hebraico é de autoria e responsabilidade nossa”.
“Muitos começam com a afirmação de que Jesus teria dito: “AQUELE QUE NÃO
NASCER “DO ALTO”. Observe, no entanto, que a pergunta feita por Nicodemos, em seguida,
denota que ele entendeu que Jesus falava realmente em nascer “de novo” e não “do alto”: Como
pode “o homem, depois de velho, entrar pela segunda vez (duteron) no ventre materno?”.

“Esta ambigüidade de entendimento só acontece na língua grega, porque no hebraico, que


foi realmente a língua em que Jesus dialogou com Nicodemos, este problema não existe. O texto
é bem claro e jamais pode significar “do alto”. Diz o seguinte: (“im lô iauled ish mimkôr ‘al
lô-iukal lirôt et-malkut haelohim”) im=se, lô=não, iualed=incompleto do grau qal[1] do verbo
“nolad”=nascer, ish=um homem, mimikôr=palavra composta, formada por mi=de +
makôr=fonte de água viva, origem. Existe a expressão hebraica “Mekôr chaim” que quer dizer
“fonte da vida”. Observe que não existe nada referente “ao alto”, no texto grego, como muitos
querem se fazer entender. Assim, o Cristo fala que aquele que não nascer em origem, no sentido
de se voltar à fonte original da vida, ou seja, nascer novamente, “não poderá” (lô-
iuchal=incompleto do verbo iachôl=poder) ver o reino de Deus (lirôt et-malkut haelohim)”.
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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"Assim, no diálogo, a palavra grega “anóten” tem o sentido e significado de “de novo”,
portanto, Jesus falava de retorno, ou seja, de Reencarnação mesmo, como foi visto no texto
hebraico”.

"Lembramos, ainda, que Nicodemos já era um cidadão de idade avançada e o Cristo lhe
fala da Reencarnação (Nascer de Novo), como uma esperança e reconforto para ele, mostrando-
lhe que a vida não termina com a morte, nem os velhos devem temer a morte, pois podem
renascer e começar tudo novamente”.

"Na seqüência, Cristo confirma que era isso mesmo que Ele queria dizer: “Quem não
nascer de água (materialmente, com o corpo denso, dado que o nascimento físico é feito
através da bolsa d’água do líquido aminiótico), veja o cap. VII deste livro, Salmo 23 e de
espírito (pneumatos), ou seja, que adquira nova personalidade no mundo terreno, em cada
nova existência, a fim de progredir). Se Nicodemos entendeu ao pé da letra as palavras de
Jesus, o Mestre as confirma ao pé da letra e reforça o seu ensino. Com efeito, o espírito, ao
reentrar na vida física, pode ser considerado o mesmo espírito que reinicia suas
experiências, esquecido de todo passado”.

"A questão gramatical: no texto em grego não há artigo diante das palavras “água” (ek
ydatos= de água) “e espírito” (kai pneumatos), portanto, o texto fala em nascer “de água e de
espírito”. Não é portanto, nascer da água do batismo, nem do espírito, mas de água (por meio da
água) e de espírito (pela Reencarnação do espírito).

“O primeiro versículo do Gênesis (1:1) fala que no princípio criou Deus os Céus e a terra.
A palavra “céus” em hebraico “Shamaim” ([2] )- significa: “Carrega água”, “Ali existe
água”; “fogo e água” que misturados um ao outro, formaram o Céus”.

“Como podemos observar, tudo começou com as águas. Água é vida e essa era a crença
geral naquela época. É lógico que o Cristo não falava de batismo e sim de retorno através da
água. Lembramos ainda que 99% da constituição das células reprodutoras são água”.

“Daí a explicação que segue: “o que nasce da carne (ek tês sarkos) com artigo (tês) em
grego, é carne”, isto é com corpo físico, com toda a hereditariedade física herdada do corpo
dos pais; “e o que nasce do espírito (ek tou pneumatos) é espírito”, ou seja, o espírito que
reencarna provém do espírito da última encarnação com toda a hereditariedade pessoal
(cármica) que traz do passado”.

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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E Jesus prossegue: “Por isso não te admires de eu te dizer: é-vos necessário nascer de
novo”. Observe a diferença de tratamento: “dizer-TE” no singular, e “é-VOS” no plural, porque
o renascimento é para todos, não apenas para Nicodemos. E mais: “o espírito sopra (isto é, age,
reencarna, se manifesta onde quer), e não sabes de onde veio (ou seja, sua última
encarnação), nem para onde vai (qual será a próxima)”.

“As palavras de Jesus foram de modo a embaraçar Nicodemos, que indaga: “como
pode ser isso”? E Jesus: “Tu que (entre nós dois) é Mestre de Israel, te perturbas com estas
coisas terrenas? Que te não acontecerá então, se te falar das coisas celestiais (espirituais)?”.

“Logicamente Jesus não podia esperar que Nicodemos entendesse as interpretações mais
profundas desse ensinamento, nem tão pouco estava querendo ensinar-lhe o batismo, nesta
passagem, como muitos querem justificar”.

“Se o Cristo falava realmente do batismo para Nicodemos, por que não o convidou a se
batizar? E por que o próprio Cristo não o batizou? Leia em João 4:2 que Cristo não batizava,
quem batizava eram os discípulos. E por que diante de tantas curas, milagres e encontros, como
no da “Adúltera”, com “Zaqueu”, com o “Centurião”, com a “Cananéia”, Cristo nunca falou
em batismo? Não seria uma oportunidade para este convite? No entanto, sua recomendação era
para a mudança interior: “vai e não peques mais para que coisa pior não te venha acontecer”.

“E Jesus conclui exemplificando:"como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim o


Filho do Homem será erguido da Terra". (Veja a história da serpente erguida no deserto no
Livro Números – 21:4 -9)”

"Aqui o Cristo prevê o que aconteceria a Ele, ou seja, a sua morte na cruz para que hoje
seja erguido na terra como filho de Deus e dirigente de toda a nação terrena".

"Paulo, em sua epístola a Tito 3:4-5, interpreta bem esta citação do Cristo:"Mas quando
apareceu a vontade de Deus, nosso salvador, e o seu amor para com os homens, não por
obras da justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia nos salvou pelo
lavatório da reencarnação, e pelo renascimento de um espírito santo".

“Aqui, Paulo deixa bem claro que Deus nos salvou não porque o tivéssemos merecido,
mas por Sua misericórdia, servindo-se da reencarnação a qual é um “lavatório” (de água) e um
“renascimento do espírito”. A palavra grega do texto a que se refere Paulo é ... (a palavra está
em grego que não temos condições de reproduzir) “Palingenesia” – isto é, “renascimento”,
“Novo Nascimento”, REENCARNAÇÃO”.
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003
A título de esclarecimento, todos os negritos e grifos são do texto original.

[1] Esclarece-nos o autor do livro, Dr. Severino que: O termo QAL ou qal é uma palavra hebraica que
significa "Fácil" que tem o sentido gramatical de "forma fácil" ou "simples" de conjugação do verbo na
língua hebraica. O verbo em hebraico possui sete graus de conjugação (Qal, nif'al, piel, pual, hif'iil, haf'al
e hitpa'el.) Nesse caso específico foi colocado com relação ao verbo nascer (nolad-em hebraico). O
incompleto que é o futuro do verbo na forma QAL que é a mais simples das conjugações.

[2] ) Neste ponto Dr. Severino coloca a palavra em grego, na fonte SIL EZRA, que não colocamos por
não a possuirmos.

"E disse-lhes Jesus: Ide; por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. O que
crer e for batizado será salvo; mas o que não crer será condenado".
(Marcos, XVI, 15-16.)

"Naqueles dias Jesus veio de Nazaré da Galiléia, e por João foi batizado no Jordão.
Logo ao sair da água, viu os Céus abrirem-se e o Espírito Santo, como pomba, descer sobre ele;
e ouviu-se uma voz dos Céus: tu és o meu filho dileto, em ti me agrado".
(Marcos, I, 9-1l.)

"Depois veio Jesus da Galiléia ao Jordão ter com João para ser batizado por ele. Mas João
objetava-lhe: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Respondeu-lhe Jesus: Deixa
por agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele anuiu. E batizado que foi
Jesus, saiu logo da água; e eis que se abriram os Céus e viu o Espírito de Deus descer como
pomba e vir sobre ele; e uma voz dos Céus disse: este é o meu filho dileto, em quem me agrado".
(Mateus, III, 13-17.)

"Quando todo o povo havia recebido o batismo, tendo sido Jesus também batizado e estando a
orar, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu como pomba sobre ele em forma corpórea, e veio
uma voz do Céu: tu és o meu filho dileto e em ti me agrado".
(Lucas, III, 21-22.)

"No dia seguinte viu João a Jesus que vinha para ele, e disse –"Eis o cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo! Este é o mesmo de quem eu disse: depois de mim há de vir um homem que
tem passado adiante de mim porque existia antes de mim. Eu não o conhecia, mas para que ele
fosse manifestado a Israel, é que eu vim batizar com água. E João deu testemunho dizendo: vi o
Espírito descer do Céu como pomba, e permaneceu sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me
enviou a batizar com água, disse-lhe: aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele,
esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu tenho visto e testificado que ele é Filho de Deus".
(João, I, 29-34.)

"Em verdade eu vos batizo com água para o arrependimento, mas aquele que vem após
mim, é mais poderoso do que eu. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo".
(João Batista - Mateus, Capítulo 3, versículo 11)

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Pelo que se depreende da leitura dos quatro Evangelhos, com referência ao batismo,
ficamos compreendendo que esta expressão - batismo - tem uma significação muito diferente
daquela que as igrejas lhe deram. O batismo tem sido um assunto tabu na vida das criaturas
humanas. A tradição religiosa fala que as pessoas que não são batizadas, após sua morte não
entram no Reino de Deus.
A maioria das idéias que hoje se tem do batismo foram criadas pelas religiões
tradicionais. O Espiritismo, que é uma doutrina investigativa, vem nos ajudar a melhor
compreender o batismo, situando-o no devido lugar e dando-lhe a importância devida.
Examinemos detidamente os quatro evangelistas. Marcos limita-se a dizer que Jesus foi
batizado por João no Rio Jordão e que dissera a seus discípulos que fossem por todo o mundo,
pregassem o Evangelho a toda criatura; o que cresse e fosse batizado seria salvo, mas o que não
cresse seria condenado.
João Batista foi um missionário que antecedeu a Jesus Cristo e que teve a tarefa de
preparar o terreno da crença, para que o Mestre pudesse anunciar seu Evangelho. Foi João quem
deu início ao batismo na água. Para fazer parte da seita fundada por ele, o adepto se deixava
mergulhar nas águas de um rio (rio Jordão), ato este que passou a ser conhecido como "batizado".
O povo menos esclarecido necessitava de algo que lhe impressionasse o sentido e, como a água
lava tudo poderia , eventualmente, também lavar o pecado. O profeta certamente , havia
assimilado a idéia do batismo da água dos costumes herdados de povos orientais, principalmente
dos indianos, que levavam em alta conta o batismo de água.
Mateus diz que Jesus fez questão de receber o batismo de João, e acrescenta que, ao sair
Jesus da água, o povo que estava presente ouviu uma voz que disse: "Este é o meu Filho dileto";
e que essa voz vinha dos Céus. Diz mais o trecho que "VIU os Céus abrirem-se e o Espírito,
como pomba, descer sobre ele".
Aquele OUVIU-SE, do texto, comparado como o VIU, indica bem claramente que
foram muitos os que ouviram, mas um só viu. O leitor verá mais adiante que a manifestação
visual atingiu unicamente a João Batista, ao passo que a auditiva, atingiu a todos que estavam por
essa ocasião no Jordão.
Este ponto é importante para a boa interpretação.
Lucas diz somente que: tendo o povo recebido o batismo de João, Jesus também o
recebeu.
João não diz que Jesus houvesse recebido o batismo de João, mas parece esclarecer bem
o fim do encontro que o Mestre teve com o Batista: "eu não o conhecia, mas para que ele fosse
manifestado a Israel, é que eu vim batizar com água. Eu não o conhecia, mas o que me enviou a
batizar com água, disse-me: aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele, esse é o
que batiza com o Espírito Santo. Eu tenho visto e testificado que esse é o Filho de Deus."
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O texto, por si só, é tão claro que dispensa qualquer interpretação. Até justifica
plenamente o motivo por que João fora batizar.
O evangelista nada diz sobre a recepção do batismo por Jesus, ou de Jesus ter sido
batizado por João. Será possível que este evangelista, que acompanhava todos os passos de seu
Mestre amado, silenciasse sobre o batismo, ponto que, ao ver das igrejas, é o mais importante, se
de fato Jesus tivesse sido batizado por João?
Em face dos Evangelhos, pode-se afirmar peremptoriamente que o Batista batizou a
Jesus?
Mas nós sabemos que esse ato se realizou, visto Mateus tê-lo afirmado; o motivo
principal, entretanto, não se prende ao batismo-sacramento, mas sim à pregação do Cristo, à
manifestação de Jesus, como veremos.
Jesus, diz Mateus, apresentou-se a João para receber o seu batismo.
Mas com que fim? Será que o Espírito mais puro que veio à Terra ter-se-ia maculado,
de modo a necessitar lavar-se dessas manchas? E julgava João ter o seu batismo virtude superior
à do Cordeiro de Deus, como ele o chamou?
Está claro que, sendo Jesus limpo e puro, não poderia pedir asseio nem pureza a uma
água como a do Jordão.
Os padres e ministros, afeitos ao batismo, dizem que Jesus assim procedeu para dar
exemplo. Mas exemplo de quê? No Evangelho nada consta dessa lição de exemplo. Exemplo
de submissão? Mas João Batista era o primeiro a dizer que seu batismo nenhum valor tinha, e
que o fim a que foi destinada essa "prática" não foi outro que o de ficar conhecendo a Jesus e
manifestá-lo, apresentá-lo às multidões.
Jesus não quis dar exemplo de espécie alguma, mas o seu fito foi dar-se a conhecer a
João, o seu precursor, para que ele se desempenhasse da missão de apresentá-lo como o
Messias que devia vir. E o Espírito testificou quando disse ao Batista: "Este é o meu filho dileto
em quem me comprazo".
No versículo 31 do capítulo 1 do evangelista João lê-se que "João Batista não conhecia
a Jesus mas tinha ciência da sua vinda", e, mais ainda, que o fim de João batizando o povo era
atrair grande multidão a ver se no meio desse povo poderia encontrar o Messias e reconhecê-lo,
como o Espírito o havia anunciado.
No versículo 33, João repete novamente não conhecer a Jesus, mas o que o enviou a
batizar com água, disse-lhe: "Aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele, esse é o
que batiza com o Espírito Santo; eu, tenho visto e testificado que ele é o Filho de Deus".
Jesus não podia dizer a João: "Eu sou o Messias", porque mesmo naquele tempo muitos
tratantes se diziam "messias" representantes de Deus.

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Ele tinha de revelar-se como o Messias e não se dizer Messias, e o Espírito precisava
testificar, como aconteceu.
Acresce ainda outra circunstância: João não exaltava o seu batismo. E tanto é assim
que aos que vinham a ele pedindo o batismo, o profeta do deserto dizia: "raça de víboras, quem
vos ensinou a fugir da ira futura? Dai, pois, frutos dignos de arrependimento e não digais dentro
de vós: temos Abraão por pai..." (Mateus, III, 7-9.)
O batismo de João, desvirtuado pelas seitas que dividiram o Cristianismo, não é mais
que o arrependimento, a mudança de vida, para a recepção da Doutrina de Jesus e o conseqüente
batismo do Espírito. E foi assim que Pedro e André, que eram discípulos de João Batista, se
fizeram discípulos de Jesus.
Todos sabem que as Igrejas Romanas e Protestante como também a Ortodoxa, têm cada
qual a sua espécie de batismo. Dentre todas, porém, a que mais se salienta pelos seus aparatos é
a Romana.
O "batismo de Roma" consiste em duas ou três palavras pronunciadas pelo padre, que
aplica água, azeite e sal, ao "catecúmeno". Diz a igreja que, com esse sacramento, o indivíduo
fica limpo do "pecado original" e, salvo de todas as penas, está apto para entrar no Céu.
No tempo de João não se batizavam crianças; só aplicava o seu batismo em adultos, isto
é, em pessoas no uso completo da razão que sabiam perfeitamente do que se tratava e da
responsabilidade que contraíam. O batismo de bebês foi criado pela Igreja Católica, por causa de
sua crença no pecado original que cada criatura traria consigo ao nascer.

Façamos uma análise profunda desse sacramento, com a seguinte comparação.


Tomemos duas crianças, ambas filhas de pais cristãos: uma morreu depois de receber o
batismo, a outra também morreu, mas antes de receber tal sacramento.
Segundo a Igreja, uma foi para o Céu, outra para o Limbo.
Mas, que mérito tem a criança que se batizou para ir ao Céu, e que demérito tem a que
não se batizou para ir ao Limbo, se tanto uma como a outra não influíram para tal fim?
A que recebeu o batismo, não o recebeu pelos seus esforços, por sua vontade; a que
deixou de receber tal "graça" também nada fez para que assim acontecesse; como pode o
Supremo Senhor, que é todo amor e justiça, galardoar uma e condenar outra?
Outra consideração também nos ocorre:
A Igreja, para justificar o "seu batismo", diz ser ele o antídoto do pecado original que,
de Adão e Eva, se transmitiu a todo o gênero humano.
Mas, que Deus é esse em quem a Igreja crê existirem sentimentos tão revoltantes de
ódio a ponto de castigar pecados antigos, de pessoas que nenhuma afinidade tinham conosco,
exercendo a sua vingança em toda a Humanidade!?
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Vamos escolher um casal, marido e mulher, que quando crianças foram batizados na
Igreja. Mais tarde apareceu na cidade onde residiam um bispo ou "missionário", e o batismo foi
confirmado com a "crisma".
Está claro que o pecado que assinalava esses dois entes desapareceu, se é que "o
batismo apaga o pecado original".
Logo depois eles têm um filho: essa criança não pode absolutamente ter vestígio algum
de pecado, visto seus pais já se haverem libertado desse sinal ignominioso!
Ou quererão os sacerdotes dizer que o Espírito é oriundo de Adão e Eva, e não de
Deus? Mas se assim é, o sacerdócio desconhece os Evangelhos e os princípios mais
rudimentares da religião!
A nosso ver, que está de pleno acordo com os textos evangélicos, o verdadeiro batismo
não ultrapassa os limites do Espírito.
Nunca, de forma alguma, pode ser um ato material.
Promover a educação da criança, ensiná-la a amar a Deus e ao próximo, a ser humilde,
boa, caritativa, indulgente, laboriosa e espiritual, eis o começo do preparo espírita para a
conseqüente recepção do batismo do Espírito Santo, cuja tarefa está confiada exclusivamente a
Jesus e àqueles designados por ele, como se depreende da leitura dos Evangelhos.
Acresce ainda outra circunstância, que melhor elucida a questão do batismo: este vem
depois de estabelecida a crença.
A crença deve, portanto, preceder sempre o batismo. "Ide por todo o mundo e pregai o
Evangelho a toda criatura. O que crer e for batizado será salvo; mas o que não crer, será
condenado". (Marcos, XVI, 15-16.)
Nesta passagem vê-se claramente que é condição imprescindível para a recepção do
batismo - o crer; a crença precede sempre a "graça" do batismo. Por esse motivo Jesus mandou
os seus discípulos pregarem o Evangelho a toda criatura. É de notar que Jesus não os enviou a
batizar, mas sim a pregar o Evangelho, para que o "batismo" viesse depois, pelo Espírito.
Assim o entendeu sabiamente Paulo, o doutor dos gentios, conforme se depara nos Atos
dos Apóstolos, XIX, 1-7: "Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo atravessado as
regiões mais altas, foi a Éfeso; achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes o
Espírito Santo quando crestes? Responderam eles: Não, nem sequer ouvimos falar que o
Espírito Santo é dado, ou que há Espírito Santo. Que batismo, pois, recebestes, perguntou ele.
Responderam-lhe eles: o batismo de João. Paulo, porém, disse: João batizou com o batismo do
arrependimento dizendo ao povo que cresse naquele que havia de vir depois dele, isto é, em
Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus. Havendo-lhes Paulo
imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em diversas línguas e profetizavam.
Eram ao todo cerca de doze homens".
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Esta interpretação está de pleno acordo com as palavras do Batista, no capítulo III, 7-12
do Evangelho segundo Mateus.
Conclui-se, pois, que o intuito de João Batista, indo ao Jordão
batizar com o batismo do arrependimento, em primeiro lugar foi
atrair as multidões para recomendar aos homens: "preparei o
caminho do Senhor; endireitai as suas veredas; arrependei-vos do
mal; praticai o bem; espiritualizai-vos". Em segundo lugar foi, como
disse o próprio João, "para que Jesus fosse manifestado a Israel" e ao
mesmo tempo para que ele, o Batista, ficasse conhecendo a Jesus, de
acordo com o sinal que lhe daria Aquele que o tinha enviado, ou
seja: "aquele sobre quem vires descer o Espírito e ficar sobre ele,
esse é o que batiza com o Espírito Santo". (João, 1, 33.)
A seu turno, Jesus não foi a João Batista com o fim de receber o batismo de espécie
alguma, mas sim para apresentar-se ao seu precursor como o Messias anunciado e fosse, por sua
vez, anunciado por João como o Enviado de Deus, revestido de todos os sinais do Céu, como se
verificou ao ouvir-se a voz: "tu és o meu filho dileto, em ti me agrado". (Marcos, 1, I I.)

Da última citação evangélica ao início do subitem (João Batista - Mateus, Capítulo 3,


versículo 11), compreendemos nas palavras de João Batista a existência de três tipos de batismo:
o da água, o do Espírito Santo e o do fogo. É ele próprio quem apresenta um completo
esclarecimento a respeito do assunto.

Convidando o povo para batizar na água, afirmava que a finalidade do ato era o
arrependimento. Ele diz ainda que, após ele, viria um outro, Jesus Cristo, maior que ele, que
batizaria com o Espírito Santo e com fogo. Compreendemos assim, a transitoriedade da missão
do Batista e mesmo de suas práticas. Não há, pois, motivos para crermos que o batizado seja um
ato indispensável à salvação da criatura humana ".

A questão do batismo tem preocupado grandes pensadores da Era Cristã.


Desde os apóstolos, uns eram de opinião que se devia efetuar o batismo da água por imersão,
ao passo que outros julgavam esta prática de nenhum valor.
No capítulo III, 22, do evangelista João, lê-se que Jesus foi com seus discípulos, para a
Judéia e "ali se demorava com eles, e batizava". Mas no mesmo Evangelho, talvez devido à
controvérsia já existente sobre o batismo, o mesmo evangelista, no capítulo IV, 2, diz claramente
que "Jesus mesmo não batizava, mas sim, seus discípulos".

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Em I Cort., I, 14-17, há um trecho em que se nota a dissensão que havia por causa do
batismo, onde Paulo diz: "Dou graças que a nenhum de vós batizei, senão a Cristo e a Gaio; para
que ninguém diga que fostes batizados no meu nome. E batizei também a família de Estéfanas;
além destes não sei se batizei algum outro. Pois não me enviou Cristo a batizar, mas a pregar o
Evangelho; não em sabedoria de palavras, para que não seja vã a cruz do Cristo".
Pedro diz em Atos dos Apóstolos, X, 47, ter ordenado batizar com água, em nome de
Jesus Cristo, uns gentios que tinham recebido o Espírito Santo, mas parece ter-se arrependido
daquele ato, quando, referindo-se ao batismo, diz na sua I Epístola Capítulo III, 21: "... através
das águas, a qual, figurando o batismo, agora vos salva, NÃO a purificação da imundice da
carne, mas a questão a respeito de uma boa consciência para com Deus".
Pelo que se observa, apesar de ser o batismo por imersão aplicado aos que já haviam
recebido a palavra e tinham crido, ainda assim era esse ato condenado por muitos seguidores de
Jesus.
No tempo de Tertuliano, muitos filósofos cristãos insurgiram-se contra a virtude do
batismo, por entenderem que uma simples ablução com água não pode ter o condão de lavar os
pecados e de abrir o caminho para o Céu.
Foi esse o modo de se expressar de ilustres homens do século II, que deu origem ao
Tratado do Batismo, de Tertuliano, obra que parece também condenar o batismo das crianças,
embora não participe da opinião dos seus contemporâneos, que condenavam o batismo tal como
era feito.
São inúmeras as seitas que, desde o começo, dividiram o Cristianismo, e não aceitavam
terminantemente o batismo, prática que serviu como pedra de escândalo na interpretação da
palavra clara, simples e humilde meigo Rabi da Galiléia.
Os mar-cosianos, os valentinianos, os quintilianos sustentavam que a graça, como dom
espiritual, não podia nascer de sinais visíveis e exteriores.
Os selencianos e os hermianos rejeitaram também a água, mas, interpretando
materialmente, à letra, os Evangelhos, substituíram aquela matéria pelo fogo!
Na Idade Média houve muitas agremiações religiosas oriundas do Cristianismo que
combatiam "o batismo da igreja", tais como os maniqueus, os albigenses e outros. Eles
declaravam peremptoriamente que, com o simples batismo pela água, era absolutamente
impossível comunicar ao neófito o Espírito Santo: para eles, o verdadeiro batismo espiritual
consistia na imposição das mãos, invocando sobre o neófito o Espírito Santo e salmeando a
oração dominical.
Os valdenses e outros rejeitavam como inútil o batismo das crianças, por não haver
ainda naquela idade a fé indispensável.

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Os anabatistas rejeitavam o batismo das crianças como inútil, porque exigiam para a
validade do sacramento a fé do neófito, a qual não julgavam substituível pela fé dos padrinhos.
Santo Tomás de Aquino sustentava que a eficácia do batismo dependia da própria fé do
neófito, que não podia ser substituída pela fé dos padrinhos.
Os armênios julgam o batismo mero símbolo e afirmam, no tocante ao batismo das
crianças, não verem nessas crianças culpa alguma para serem condenadas por não terem sido
batizadas.
Os quakers negam em absoluto a utilidade do batismo.
Finalmente, longe iríamos se passássemos para estas páginas a síntese do que se tem
escrito e discutido sobre o batismo.
Submetido ao crivo da razão, ao calor da discussão, ele não pode permanecer, porque
não é de Jesus Cristo; é palavra que passa, é "matéria" que seca e desaparece como a flor da erva;
é um culto, como tantos outros, oriundos da adoração ao "bezerro de ouro", que tem absorvido
judeus e gentios, desviando suas vistas dos preceitos preconizados pelo Filho de Deus, cujos
ensinos o Espiritismo vem restabelecer, convencendo os homens da justiça, da verdade e da lei.

Lágrima de
preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar;
"Vinde a mim, todos
pedi-lhe uma lágrima os que estais cansados e
oprimidos, e
para analisar. eu vos aliviarei"
Recolhi a lágrima J
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,


as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,


nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
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António Gedeão
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Recordando uma lenda. Quando o Criador concluiu a sua obra, dividiu-a em


departamentos e os confiou aos cuidados dos Anjos. Após algum tempo, o Todo Poderoso
resolveu fazer uma avaliação da sua criação e convocou os servidores para uma reunião.
O primeiro a falar foi o Anjo das luzes. Postou-se respeitosamente diante do Criador e
lhe falou com entusiasmo: Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam
refletindo as bênçãos da sua misericórdia. O Sol ilumina os dias terrenos com os esplendores
divinos, vitalizando todas as coisas da natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua
energia. Deus abençoou o Anjo das luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na
face do mundo.
Depois, foi a vez do Anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria: Senhor,
sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as criaturas;
todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as águas, que
parecem constituir o sangue bendito de sua obra terrena, circulam no seio imenso, cantando
as suas glórias. O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os
trabalhos.
Em seguida, falou, radiante, o Anjo das árvores e das flores.
Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com
sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as
criaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do
planeta.
Logo após, falou o Anjo dos animais, apresentando a Deus seu relato sincero.
Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as suas leis e acatar a sua vontade.
Todos têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As

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aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a
sabedoria do seu Criador.
Deus, jubiloso, abençoou seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.
Foi quando, então, chegou a vez do Anjo dos homens. Angustiado e cabisbaixo,
provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza: Senhor, ai de mim! Enquanto
meus companheiros falam da grandeza com que são executados Seus decretos na face da
Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens... Os seres humanos se perdem num labirinto
formado por eles mesmos. Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de
infelicidade. Inventaram a chamada propriedade sobre os bens que Lhe pertencem
inteiramente, e dão curso ao egoísmo e à ambição pelo domínio e pela posse. Esqueceram-se
totalmente do seu Criador e vivem se digladiando.
Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava
embargada, falou docemente: essa situação será remediada. Alçou as mãos generosas e fez
nascer, ali mesmo no céu, um curso de águas cristalinas. Enchendo um cântaro com essas
pérolas líquidas, entregou-o ao servidor, dizendo: volta à Terra e derrama no coração de meus
filhos este líquido celeste a que chamarás água das lágrimas... Seu gosto é amargo, mas tem
a propriedade de fazer os homens me recordarem, lembrando-se da minha misericórdia
paternal. Se eles sofrem e se desesperam pela posse passageira das coisas da Terra, é porque
me esqueceram, olvidando sua origem divina.
... E desde esse dia o Anjo dos homens derrama na alma atormentada e
aflita da Humanidade a água bendita das lágrimas remissoras.
Esta lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no
momento dos seus prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a
paternidade de Deus e as alvoradas divinas da vida espiritual.
O choro é a mais universal das manifestações emotivas e expressa, em boa parte dos
casos, os vários estados da alma. Por um aspecto, serve para extravasar os vários tipos de
emoções reprimidas: desagrado, revolta, indignação, medo ou alegria incontida, a exemplo
do que acontece em certas circunstâncias revestidas de forte colorido emotivo. Reprimir as
lágrimas é sempre uma atitude inconveniente e prejudicial, pois além de não denotar
fortaleza de espírito, como alguns falsamente avaliam, impede a drenagem espontânea de
energias em desequilíbrio, por parte de estruturas mais profundas de nossa complexidade
energética.
No caso das emoções descontroladas, as lágrimas são tidas na conta de verdadeiras
válvulas reguladoras do psiquismo, acionadas no sentido de colaborar na manutenção do
equilíbrio interno. Um choro indignado, convulso e incontrolável expressa a exteriorização

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das energias desarmônicas que se originam no perispírito e que, pelo adensamento
progressivo, materializam-se na zona física sob a forma de lágrimas copiosas.
Por um outro aspecto, as lágrimas extravasadas podem suceder estados de enlevo,
felicidade, alegria, prazer, emoção refinada ou êxtase místico. Em tais circunstâncias, as
lágrimas também são tidas na conta de "remédio depurador ", por se originarem de um
contentamento interno, não obstante, revelarem resquícios de emoção humana, embora de
uma forma positiva. Outros exemplos poderiam ser citados: o perdão mútuo, a alegria de um
encontro inesperado, uma cena comovente e, sobretudo, a elevação do padrão vibratório
mental no decorrer de uma prece sentida. Da mesma forma, as lágrimas podem derivar da
comunhão mental com as elevadas hierarquias espirituais colocadas a serviço do amor
universal, momento especial em que o indivíduo sente-se tomado de um verdadeiro
arrebatamento místico.
Ninguém como o Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo.
Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as
expressões de sofrimento.
O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando
assim, Jesus, que era (e ainda é!) o Mestre da confiança e do otimismo, chamava (e chama!)
ao seu coração todos os que estivessem (e estejam!) cansados e oprimidos sob o peso de
desenganos terrestres.
Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.
Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria
soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às
portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio...mas nenhum deles
derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do Senhor, sofreram e
anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram leais na confiança suprema.
O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias
levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação.
Caracterizam-se as lágrimas através das origens específicas. Quando nascem da dor
sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero,
são venenos mortais.

"Quando vivemos para enxugar as


lágrimas dos outros
não temos tempo para chorar as

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O impositivo das adaptações, acomodações e da estruturação das diversas camadas da


Terra, no seu trânsito de "mundo expiatório" para "regenerador", produzem, às vezes,
desesperadores eventos (ver capítulo VI de O Livro dos Espíritos – Da lei de destruição –
2. Flagelos destruidores), como os maremotos, que impõem ao homem invigilante a
necessidade da meditação e da submissão à vontade divina, do que resultam transformações
morais que o incitam à elevação.
As chuvas, até mesmo as intensas e de tempestades, aparentemente destruidoras,
limpam a natureza carregada de magnetismo inferior, plasmado na atmosfera pelo próprio
homem, que descuidou da higiene mental.
Os relâmpagos, nas tempestades, são desintegradores dos
miasmas – pensamentos negativos plasmados e que têm filiação
profunda nos sentimentos inferiores dos homens – que se
acumulam como nuvens na atmosfera terrestre.
Olhados sob o ponto de vista espiritual, esses flagelos
destruidores, como tantos outros, têm objetivos saneadores que
removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera,
que o homem elimina e aspira, em contínua intoxicação.
Indubitavelmente trazem muitas aflições pelos danos que se demoram após a extinção de
vidas arrebatadas coletivamente, deixando marcas de difícil remoção, que se gravam no
caráter, na mente e nos corpos das criaturas.
Pareceriam desnecessárias as aflições coletivas que arrebatam justos e injustos, bons e
maus, se olhados os saldos precipitadamente. Conveniente, todavia, refletir quanto à justeza
das leis divinas que recorrem a métodos purificadores e liberativos, de que os infratores e
defraudadores das Leis e da Ordem não se podem furtar ou evitar.
Não constituem castigos as catástrofes que chocam uns e arrebatam outros; antes,
significam justiça integral que se realiza.
Enquanto o egoísmo governe os grupos humanos e espalhe suas torpes sementes, em
forma de presunção, de ódio, de orgulho, de indiferença à aflição do próximo, a Humanidade
provará a ardência dos desesperos coletivos e das coletivas lágrimas, em chamamentos
severos à identificação com o bem e o amor, à caridade e ao sacrifício.
Como há podido, pela técnica, superar e remover vários fatores de calamidades, pelas
conquista morais conseguirá o homem, a pouco e pouco, suplantar as exigências transitórias
de tais injunções redentoras.

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Não bastassem as legítimas concessões do ajustamento espiritual, as calamidades fazem
com que os homens recordem o poder indômito de forças superiores que os levam a
ajustar-se à sua pequenez e a empenhar-se para o crescimento que lhes acena.
Tocados por dores gerais, partícipes das angústias que se abatem sobre os lares
vitimados pela fúria das catástrofes, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da
fraternidade santificante e, desde logo, estaremos construindo a coletividade harmônica que
atravessará o túmulo em paz e esperança, com os júbilos do viajor retornando ditoso à Pátria
de ventura.

Nos ensina Emmanuel, no Livro "Caminho, Verdade e Vida", que em todos os


recantos observamos criaturas queixosas e insatisfeitas.

Quase todas pedem socorro. Raras amam o esforço que lhes foi conferido. A maioria
revolta-se contra o gênero de seu trabalho.

Os que varrem as ruas querem ser comerciantes; os trabalhadores do campo preferem


a existência na cidade.

O problema, contudo, não é de gênero de tarefa, mas o de compreensão da oportunidade


recebida.

De modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça inconsciente. É o desejo
ingênito de conservar o que é inútil e ruinoso, das quedas no pretérito obscuro.

Mas Jesus veio arrancar-nos da "morte no erro". Trouxe-nos a bênção do trabalho, que é o
movimento incessante da vida.

Para que saibamos honrar nosso esforço, referiu-se ao Pai que não cessa de servir em sua
obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecível dedicação à
humanidade. Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando. Começamos
ontem nosso humilde labor e o Mestre, se esforça por nós desde quando?

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fevereiro 2003
Segundo Joanna de Ângelis, no seu Livro "Estudos Espíritas", pode ser definido
genericamente o vocábulo trabalho, como "a ocupação em alguma obra ou ministério; exercício
material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa."

Prossegue a autora espiritual ensinando que "o trabalho, porém é lei da Natureza mediante
a qual o homem forja (fabrica) o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio
ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio da satisfação
das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive."

Encontramos em "O Livro dos Espíritos", na Parte Terceira, no capítulo III, que trata
especificamente da Lei do Trabalho, dentro do subtítulo a "Necessidade do Trabalho", na questão
674, a indagação se é o trabalho lei da Natureza, a que a espiritualidade responde: "o trabalho é
lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a
trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos."

Rodolfo Calligaris, no seu livro "As Leis Morais", colaborando no sentido de melhor
detalhar esta resposta, ensina que o trabalho é uma lei da natureza a que ninguém se pode
esquivar, sem prejudicar-se pois é por meio dele que o homem desenvolve sua inteligência e
aperfeiçoa suas faculdades. Segundo o autor, o trabalho honesto proporciona três realizações que
todas as pessoas buscam: 1º - o trabalho fortalece o sentimento de dignidade pessoal; 2º - o
trabalho torna a pessoa respeitada na comunidade onde vive; e 3º - o trabalho, quando bem
realizado, contribui para a sensação de segurança.

Para que o homem tenha êxito no trabalho, e como tal deve entender-se não
necessariamente o ganho de muito dinheiro, mas uma constante satisfação íntima, faz-se mister
que cada qual se dedique a um tipo de atividade de acordo com suas aptidões e preferências, sem
se deixar influenciar pela vitória de outrem nesta ou naquela carreira, porquanto cada arte, ofício
ou profissão exige determinadas qualidades que nem todos possuem.

Quem não consiga uma ocupação condizente com o que desejaria, deve, para não ser
infeliz, adaptar-se ao trabalho que lhe tenha sido dado, esforçando-se por fazê-lo cada vez
melhor, mesmo que seja extremamente fácil. Isso ajudará a gostar dele. Quando se trate de algo
automatizado que não permita qualquer mudança, como acontece em muitas fábricas modernas, o
remédio é compenetrar-se de que sua função na empresa também é importante, assumindo a
atitude daquele modesto operário cujo serviço era quebrar pedras e que, interrogado sobre o que
fazia, respondeu com entusiasmo: "estou ajudando a construir uma catedral".

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fevereiro 2003
Importa, igualmente, se adquira a convicção de que embora apenas alguns poucos possam
ser professores, médicos, engenheiros, advogados ou administradores, todos, indistintamente,
desde que desenvolvam um trabalho prestativo, estão dando o melhor de si, concorrendo, assim,
para o progresso e o bem-estar social, como lhes compete.

De outro lado, pelo fato de ser uma lei natural, o trabalho deve ser assegurado a todos os
homens válidos que o solicitem, para que, em contrapartida, lhes seja exigido que provejam às
necessidades próprias e da família, sem precisar pedir nem aceitar esmolas.

O desemprego, e conseqüentemente a fome, o desabrigo, a enfermidade, a prostituição, o


crime etc, constituem provas de que a sociedade se acha mal organizada, carecendo de reformas
radicais que melhor atendam à justiça social.

Como acertadamente disse Constâncio C. Vigil, "constitui dolorosa anomalia deixar-se o


ser humano em situação de não poder defender-se da miséria, até delinqüir ou morrer. O
desempregado tem direito à vida. Por conseguinte, o Estado só pode castigá-lo pelo roubo se lhe
proporciona meios para assegurar a subsistência por intermédio do trabalho."

Por outro lado, os que supõem seja o trabalho apenas um "ganha pão" sem outra finalidade
que não a de facultar os meios necessários à existência, laboram em erro. Se o fosse, então todos
aqueles que possuíssem tais meios, em abundância, poderiam julgar-se desobrigados de trabalhar.

Em verdade, porém, a lei de trabalho não isenta ninguém da obrigação de ser útil. Ao
contrário. Quando Deus nos favorece, de maneira que possamos alimentar-nos sem verter o suor
do próprio rosto, evidentemente não é para que nos entreguemos ao hedonismo, mas para que
movimentemos, na prática do bem, os "talentos" que nos haja confiado.

Isso constitui uma forma de trabalho que engrandece e enobrece nossa alma, tornando-a
rica daqueles tesouros que "a ferrugem e a traça não corroem, nem os ladrões podem roubar"

Joanna de Ângelis, ainda em "Estudos Espíritas", traça um paralelo muito interessante


entre o trabalho remunerado e o que ela chama de "trabalho-abnegação":

"(...) Mediante o trabalho remunerado o homem modifica o meio, transforma o habitat


(lugar ou meio onde vive qualquer ser organizado), cria condições de conforto.

"Através do trabalho-abnegação, do qual não decorre troca nem permuta de remuneração,


ele se modifica a si mesmo, crescendo no sentido moral e espiritual.

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"Utilizando-se do primeiro recurso conquista simpatia e respeito, gratidão e amizade. Por
meio da autodoação consegue superar-se, revelando-se instrumento da Misericórdia Divina na
construção da felicidade para todos."

A espiritualidade maior confirma na questão 676 de "O Livro dos Espíritos" que o
trabalho é imposto ao homem, por ser uma conseqüência da sua natureza corpórea, e também um
meio de aperfeiçoamento de sua inteligência. Sem o trabalho o homem permaneceria sempre na
infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar
dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a
inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.

Vejam esta notícia que foi publicada na Gazeta do Povo em 27 de agosto de 2001, no Paraná.
A visão parece um sentido imprescindível para um mecânico. Mas não para o paranaense Carlos
Augusto Frangullys, que exerce a profissão há 29 anos e há 17 deixou de contar com os próprios
olhos depois de um acidente de carro. O especialista em regulagem de motores tem uma oficina
em São Mateus do Sul. Conta que a deficiência diminuiu um pouco o ritmo do trabalho, mas não
atrapalha a qualidade. Veículo por ele arrumado ganha dez mil quilômetros de garantia. Ele
reconhece as peças pelo tato diz que seus olhos foram parar na ponta dos dedos. Após o acidente
demorou dois anos para recomeçar. Frangullys conta somente com um ajudante. Este é um
exemplo de determinação no trabalho. É uma pessoa que acredita que o trabalho é a fonte da sua
disposição para a vida.

Desta forma, há o esclarecimento inequívoco de que toda ocupação útil é trabalho, seja
ela material, intelectual, espiritual, etc.

Mais uma vez o entendimento claro e preciso de Joanna de Ângelis vem ao nosso encontro
ao dizer-nos que: "O trabalho, no entanto, não se restringe apenas ao esforço de ordem material,
física, mas, também, intelectual pelo labor desenvolvido, objetivando as manifestações da
Cultura, do Conhecimento, da Arte, da Ciência."

A questão 678 de "O Livro dos Espíritos" é bastante esclarecedora com relação a este
aspecto. É indagado à espiritualidade: "Em os mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham
submetidos à mesma necessidade de trabalhar? Ao que eles respondem: A natureza do trabalho
está em relação com a natureza das necessidades. Quanto menos materiais são estas, menos
material é o trabalho. Mas, não deduzais daí que o homem se conserve inativo e inútil. A
ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício."

Complementando o entendimento, o "Evangelho Segundo o Espiritismo", no


capítulo III – Há muitas Moradas na Casa de meu Pai, elucida:
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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"Nos mundos primitivos os seus habitantes são mais rudimentares. (...)a força bruta é,
entre eles, a única lei. Carentes de indústrias e de invenções, passam a vida na conquista de
alimentos.

"Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são
muitíssimo diversas das da vida na Terra(...)

"Entretanto, os mundos felizes não são orbes (esferas, globos, planetas) privilegiados, visto
que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; (...) a todos são acessíveis as mais altas
categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa,
ou permanecer inativos por séculos de séculos no lodaçal na Humanidade."

Mais uma vez Joanna de Ângelis, agora no livro "Leis Morais da Vida", no capítulo "A
benção do trabalho" nos ensina que "o trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto
contra o mal, porquanto conquista valores incalculáveis com que o espírito corrige as
imperfeições e disciplina a vontade."

"O momento perigoso para o cristão decidido é o do ócio (desocupação, folga do trabalho),
não o do sofrimento nem o da luta áspera.

"Na ociosidade surge e cresce o mal. Na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a
chama da fé."

Recorrendo, ainda, ao livro "Leis Morais de Vida", encontramos as mensagens


incentivadoras da autora espiritual:

"Não te escuses à glória de trabalhar pelo progresso de todos, do que resultará a tua própria
evolução(...)

"O trabalho de boa procedência em qualquer direção produz felicidade e paz.

"Produz pela alegria de ser útil e ativo, içando (erguendo, levantando) o coração a Jesus,
que sem desfalecimento trabalha por todos nós, como o Pai Celeste que até hoje também
trabalha."

A questão 677 de "O Livro dos Espíritos" esclarece totalmente a questão. Pergunta de
Kardec – "Por que provê a Natureza, por si mesma, a todas as necessidades dos animais?
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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Resposta dos Espíritos - "Tudo em a Natureza trabalha. Como tu, trabalham os animais, mas o
trabalho deles, de acordo com a inteligência de que dispõem, se limita a cuidarem da própria
conservação. Daí vem que o do homem visa duplo fim: a conservação do corpo e o
desenvolvimento da faculdade de pensar, o que também é uma necessidade e o eleva acima de si
mesmo. Quando digo que o trabalho dos animais se cifra (se baseia) no cuidarem da própria
conservação, refiro-me ao objetivo com que trabalham. Entretanto, provendo às suas
necessidades materiais, eles se constituem, inconscientemente, executores dos desígnios do
Criador e, assim, o trabalho que executam também concorre para a realização do objetivo final da
Natureza, se bem quase nunca lhe descubrais o resultado imediato."

A Espiritualidade Superior vem insistindo, por meio de consecutivas mensagens, a respeito


da necessidade do estudo e do trabalho nas fileiras renovadoras do Espiritismo.

Amor e instrução têm sido, em verdade, a palavra de ordem dos Mensageiros do Cristo.

Os trabalhadores encarnados, identificando-se com o pensamento e a orientação dos que


acompanham, de Mais Alto, a surpreendente e irresistível marcha da Doutrina, sentem-se,
naturalmente, no dever de secundá-los na recomendação.

Aliás, não é de agora que os Espíritos exortam os homens ao estudo, à instrução, à


cultura – àquela cultura, no entanto, que não envaideça o homem, mas o torne humilde,
sinceramente humilde.

O amor é o trabalho, a ação, o serviço. A instrução é a leitura, o estudo, o conhecimento.

Amor e instrução constituem, por conseguinte, duas alavancas, duas ferramentas que
devem estar, noite e dia, nas mãos dos Espíritas.

Estudo sem amor constitui, quase sempre, experiência simplesmente intelectual, podendo
levar à presunção e à vaidade, ameaçando o aprendiz de queda ou fracasso.

Emmanuel, falando-nos ao coração, exorta, também: "Recorda que, em Doutrina Espírita, é


preciso estudar e aprender, entender e aplicar".

Trabalho e Instrução - a fim de que o equilíbrio seja uma constante na vida do aprendiz e
na expansão doutrinária.

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003
Devemos, por isso mesmo, também perguntar: que rumo tomaria o nosso abençoado
movimento, se, apenas estudando, olvidássemos os necessitados do caminho? Aonde iríamos
parar, apenas manuseando livros e devorando mensagens, se nos alheássemos da fome do
necessitado, da nudez do órfão, da dificuldade da viúva, da solidão do encarcerado, do desespero
do enfermo incurável?

Que seria do Espiritismo - Consolador prometido por Jesus - se, estimulando a cultura,
lastimavelmente esquecêssemos a sublime legenda adotada pelo insigne missionário lionês:
Trabalho, Solidariedade e Tolerância ?

Há, portanto, como se observa, uma dupla, inseparável e indissolúvel necessidade: Amor e
Instrução.

Não poderia, evidentemente, enganar-se o Espírito de Verdade:

"Venho, como outrora, aos transviados filhos de Israel , trazer a Verdade e dissipar as
trevas. Escutai-me" - ao preceitar, nos primórdios do Espiritismo, o imperativo do Amor e da
Sabedoria.

"Espíritas! Amai-vos; este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo."

Assim como o trabalho é imprescindível para o desenvolvimento da inteligência, para a


evolução das pessoas, da mesma forma também o é, o repouso. E, como nos ensina a questão 682
de "O Livro dos Espíritos", ele também está dentro das Leis da Natureza.

Questão 682 - Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é
também uma lei da Natureza?

Resposta - "Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é
necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da
matéria."

Na questão 683, indagou-se à espiritualidade: qual é o limite do trabalho? A resposta obtida


foi: "o limite do trabalho é o das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o
homem."

Sendo o trabalho uma lei natural, o repouso é conseqüente conquista a que o homem faz
jus, para num primeiro momento refazer as forças do corpo, e, na seqüência, para dar um pouco
mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. Enquanto o corpo
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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descansa, os laços que prendem o Espírito se afrouxam, e este, com mais liberdade devido à
emancipação, pode participar mais diretamente da vida espiritual.

Cabe neste momento a importantíssima observação de que, durante o tempo normal de


trabalho, devem ser observados os períodos justos do repouso, estejam estes compreendidos na
mesma jornada, ou entre uma e outra, ou por meio dos períodos anuais de férias.

Hoje, mais do que nunca, isto é importante, porque a vida urbana se caracteriza por uma
agitação contínua, sendo despendido um gasto excessivo de energias físicas e mentais.

Cuidemos pois de evitar a exaustão e a estafa, antes que esses males nos conduzam à
neurastenia ou ao esgotamento nervoso.

Por outro lado, ressalvadas as anteriores observações, quando a espiritualidade menciona


que o limite do trabalho é "o das forças", isto nos deixa claro que, sendo, como é, fonte de
equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos mantenhamos
válidos.

Abalizados psiquiatras e psicanalistas afirmam, com exato conhecimento de causa, que


"todos os seres humanos precisam encontrar alguma coisa que possam fazer", pois "ninguém
consegue ser feliz sem que se sinta útil ou necessário a alguém".

Frank C. Cáprio, em sua obra "Ajuda-te pela Psiquiatria", chega a dizer: "Tal como o
amor, o trabalho é medicinal. Alivia os males da alma".

Isto posto, se formos homens de negócios, ao invés de os interrompermos bruscamente,


convém que, ao atingirmos certa idade, diminuamos o ritmo de nossas preocupações ou o peso de
nossas responsabilidades, repartindo-as gradativamente com nossos auxiliares ou com aqueles
que devam suceder-nos, adquirindo, ao mesmo tempo, algum outro interesse que mantenha
ocupado o nosso intelecto.

Se assalariados, que encontremos, ao aposentar-nos, uma ocupação leve, porém


proveitosa, com que preencher saudavelmente nossa vida.

Jamais, em hipótese alguma, condenemo-nos à completa ociosidade, a pior coisa que pode
acontecer a alguém.

Benjamim Franklin tinha 81 anos quando foi chamado a colaborar na elaboração da Carta
Magna dos Estados Unidos.
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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Tomas Alva Edison, tendo começado a trabalhar quando era ainda uma criança, manteve-
se operoso durante cerca de 75 anos, sem nunca ter estado doente. Morreu aos 84, deixando
patenteadas mais de mil invenções.

Michelangelo (Michelangelo Buonarroti), escultor, pintor, arquiteto e poeta italiano


(1475 – 1564). Dentro de seu genial trabalho, podem ser destacadas as obras: o afresco Juízo
Final da Capela Sistina; a Pietá, magnífica escultura da catedral de Florença; a Pietá Rondanini
do Castelo Sforzesco de Milão; construiu a capela Médici, em que ergueu os túmulos de
Lourenço II e de Giuliano de Médici com quatro alegorias – A Noite e O dia, O crepúsculo e A
aurora. Aos 89 anos ainda continuava produzindo obras de arte.

O Marechal Cândido Rondon, notabilíssimo sertanista brasileiro e um dos grandes


benfeitores da Humanidade, falecido em 1958, aos 92 anos de idade, trabalhou intensamente até
a decrepitude, malgrado a rudeza do meio em que passou a quase totalidade de sua fecunda
existência.

Rockefeller, ao completar 90 anos, declarou: - "Sou o homem mais feliz do mundo. Parece-
me começar o viver agora. Sou feliz porque posso trabalhar. Os dias não são suficientemente
longos para que eu possa fazer tudo o que desejo. Indubitavelmente, o trabalho é o segredo da
felicidade."

Cora Coralina (Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas), escritora brasileira, nascida em
Goiás Velho em 1889, desencarnando em Goiânia em 1985, com 96 anos de idade. Tendo apenas
instrução primária e sendo doceira de profissão, notabilizou-se por sua poesia ingênua. Publicou:
Becos de Goiás (1977 – com 88 anos); e Vinténs de cobre: meias confissões de Aninha (l983 –
com 94 anos). Nesse ano, recebeu o Troféu Juca Pato, da união Brasileira de Escritores, que a
elegeu a Intelectual do Ano.

Nosso maior exemplo, no entanto, encontramos em Francisco Cândido Xavier, nascido em


Pedro Leopoldo, modesta cidade de Minas Gerais, em 2 de abril de 1910, tendo desencarnado,
em Uberaba, em 30 de junho de 2002, com 92 anos.

São dizeres de Chico Xavier: "(...) Deus nos permita a satisfação de continuar sempre
trabalhando na Grande Causa d'Ele, Nosso Senhor e Mestre."

A palavra de Chico Xavier ao completar 40 anos de mediunidade (1967)

"Estes quarenta anos de mediunidade passaram para o meu coração como se fossem um
sonho bom. Foram quarenta anos de muita alegria, em cujos caminhos, feitos de minutos e de
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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horas, de dias, só encontrei benefícios, felicidades, esperanças, otimismo, encorajamento da parte
de todos aqueles que o Senhor me concedeu, dos familiares, irmãos, amigos e companheiros.
Quarenta anos de felicidade que agradeço a Deus em vossos corações, porque sinto que Deus me
concedeu nos vossos corações, que representam outros muitos corações que estão ausentes de
nós. Agora, sinto que Deus me concedeu por vosso intermédio uma vida tocada de alegrias e
bênçãos, como eu não poderia receber em nenhum outro setor de trabalho na Humanidade.
Beijo-vos, assim, as mãos, os corações. Quanto ao livro, devo dizer que, certa feita, há muitos
anos, procurando o contato com o Espírito de nosso benfeitor Emmanuel, ao pé de uma velha
represa, na terra que me deu berço na presente encarnação, muitas vezes chegava ao sítio, pela
manhã, antes do amanhecer. E quando o dia vinha de novo, fosse com sol, fosse com chuva, lá
estava, não muito longe de mim, um pequeno charco. Esse charco, pouco a pouco se encheu de
flores, pela misericórdia de Deus, naturalmente. E muitas almas boas, corações queridos, que
passavam pelo mesmo caminho em que nós orávamos, colhiam essas flores, e as levavam
consigo com transporte de alegria e encantamento. Enquanto que o charco era sempre o mesmo
charco. Naturalmente, esperando também pela misericórdia de Deus, para se transformar em terra
proveitosa e mais útil. Creio que nesses momentos, em que ouço as palavras desses corações
maravilhosos, que usaram o verbo para comentar o aparecimento desses cem livros, agora cento e
dois livros, lembro este quadro que nunca me saiu da memória, para declarar-vos que me sinto na
condição do charco que, pela misericórdia de Deus, um dia recebeu essas flores que são os livros,
e que pertencem muito mais a vós outros do que a mim. Rogo, assim, a todos os companheiros,
que me ajudem através da oração, para que a luta natural da vida possa drenar a terra pantanosa
que ainda sou, na intimidade do meu coração, para que eu possa um dia servir a Deus, de
conformidade com os deveres que a Sua infinita misericórdia me traçou. E peço, então,
permissão, em sinal de agradecimento, já que não tenho palavras para exprimir a minha gratidão.
Peço-vos, a todos, licença para encerrar a minha palavra despretensiosa, com a oração que Nosso
Senhor Jesus Cristo nos legou."

Em 1997, Chico Xavier completou 70 anos de incessante atividade mediúnica, da maior


significação espiritual, em prol da Humanidade, abrangendo seus mais diversos segmentos. Até
essa data, outubro de 1997, Francisco Cândido Xavier havia psicografado mais de 400
(quatrocentas) obras mediúnicas, de centenas de autores espirituais, abarcando os mais diversos e
diferentes assuntos, entre poesias, romances, contos, crônicas, história geral e do Brasil, ciência,
religião, filosofia, literatura infantil, etc.

Problemas orgânicos acompanharam-lhe a mocidade e a madureza. Em seus abençoados 92


anos de sua vida corporal e quase 75 de atividades mediúnicas, as dificuldades físicas
continuavam trazendo-lhe problemas. Revelava observar que as doenças oculares a as
intervenções cirúrgicas jamais o impediram de cumprir, fiel e dignamente, sua missão de amparo
aos necessitados. Sua postura foi uma só, obedeceu a uma só diretriz: amor ao próximo,
desinteresse ante os bens materiais, preocupação exclusiva e constante com a felicidade do
próximo. Ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais
encontraram, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitavam para o reajuste
interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade. Francisco Cândido
Xavier foi um presente do Alto aos séculos XX e XXI, enriquecendo-lhes os valores com a sua
vida de exemplar cidadão, com milhares de mensagens psicográficas que, em jorros de paz e luz,
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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amor e esclarecimento, vêm fertilizando o solo planetário, sob a luminar supervisão do Espírito
Emmanuel.

Poderá parecer a alguém que o estudo, tendo ficado muito extenso, tornou-se de leitura
cansativa. Nossa intenção foi a de compilar as informações disponíveis sem qualquer
preocupação com a extensão dos textos, importando-nos, exclusivamente, com o conteúdo dos
mesmos.
O assunto, de início muito amplo, paulatinamente foi sendo enquadrado pelas orientações
recebidas e pelo conteúdo dos demais trabalhos que nos chegaram às mãos.
Por ser um tema fascinante, foi necessário muito cuidado para que não nos perdêssemos
na pesquisa, particularmente na imensidão da Internet.
Não pudemos nos furtar, em algumas oportunidades, em transcrever alguns trechos das
fontes referenciadas, por julgarmos que qualquer tentativa em resumir ou abreviar traria prejuízos
inevitáveis ao entendimento do assunto abordado. Mais ainda, não houve de nossa parte qualquer
preocupação com cópias, uma vez que citamos na bibliografia todas as fontes consultadas.
O assunto, sem dúvida, não foi esgotado. Esperamos que o resultado de nosso estudo
sirva como incentivo a outros irmãos de doutrina, também interessados em aprender um
pouquinho mais a respeito da água e o Espiritismo.
Encerramos o nosso estudo com duas poesias copiadas dos trabalhos da Zita e da Rejane,
a fim de que possamos, embalados por seus versos, prosseguir em nossas reflexões a respeito de
tão fascinante assunto.

A água
Espírito Benedito Rodrigues de Abreu

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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003
Recordemos as virtudes da santa água!... água que fecunda,
Água da chuva que fertiliza o solo, água que estende o progresso,
água do mar que gera a vida, água que corre, simples, como sangue do
água do rio que sustenta a cidade, Globo!...
água da fonte que mitiga a sede, Água que recolhe os eflúvios dos anjos
água do orvalho que consola a secura, em benefício das criaturas...
água da cachoeira que move a turbina, Se a dor vos bate à porta,
água do poço que alivia o deserto, se a aflição vos domina,
água do banho que garante o equilíbrio, trazei santa água ao vaso claro e limpo,
água do esgoto que assegura a higiene, orando junto dela...
água do lago que retrata as constelações, E o rocio do Alto,
água que veicula o medicamento, em glânulos sutis,
água que é carícia, leite, seiva e pão, descerá das estrelas
nutrindo o homem e a natureza, a exaltar-lhe, sublime,
Água
água santa,
do suor que bênção
alimentapura
o trabalho, Águae tranqüila
a beleza e bondosa
a humildade.
Das
água dasbênçãos
lágrimascelestiais,
que é purificação e Que acaricia
E, sorvida por nós,o sedento,
glória do espírito... santa água conosco,
Queágua
Santa o Senhor
és a tefilha
multimais
pliquedócil da seráLavas
saúde manchas,
e paz, lavas sombras,
matéria tangível,
Os doces mananciais. alegria
Desdee conforto,
o solo ao firmamento.
alongando os braços líquidos para afagar bálsamo milagroso
o mundo... de bondade e esperança,
Água
Águaque que
lava,lavas o corpo a impelir-nos
Aclaras aàimensidade,
frente,
na viagem divina,
De todas as criaturas, Na borrasca,
da Terra no escarcéu,
para o Céu...
És a fonte de bondade Circulas em toda a terra,
Que dimana das alturas. Depois de voltar do céu.

Sangue vivo do planeta, Água santa, irmã da paz,


Na forma que aperfeiçoa, Da abundância, da limpeza,
A Nos campos do mundo inteiro Garantes o dom da vida
Toda a terra te abençoa. Nas luzes da natureza.

á O teu impulso amoroso Doce bem da Divindade


É vida, perfume, essência, Que envolve os lares e os ninhos,
g És em todos os recantos, És a terna mensageira
Mãe das forças da existência. Do amor de Deus nos caminhos.

u
Por ti, há pomares fartos Em todo lugar do mundo,
Doçuras no lar que abriga, Haja paz, haja discórdia,
a Ventos frescos no deserto, És bênção paternal
Orvalho na noite amiga. Da Eterna Misericórdia.

Casimiro Cunha
85 (Espírito)
"Cartilha da natureza"
Psicografia de
CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003

A água à luz do Espiritismo – Maria José Morais da Nóbrega


A água à luz do Espiritismo – Marta Monteiro Martins

86
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fevereiro 2003
A água à luz do Espiritismo – Zita Balestê Marques
A água nossa de cada dia - http://www.uniagua.org.br/aguadia1.htm
A espiritualidade da água - José Aparecido Ribeiro da Costa - http://www.geomagna.com.br/news150.htm
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Edição FEB
A tragédia ecológica do Mar de Aral - http://resistir.info/asia/mar_de_aral.html
Ação e Reação - Espírito André Luiz - psicografia de Francisco Cândido Xavier– pág 169
Aglon e os Espíritos do mar - Espíritos André Luiz e Júlio Verne – psicografia de R.A. Raniere
Água – Carlos Eugênio Furtado Bezerra de Menezes http://www.cetrel.com.br/edu_31.asp
Água – Como viver sem? – http://www.rededasaguas.org.br/quest/quest_01.asp
Água – Marcelo Baglione - http://aventures-se.ig.com.br/materias/18/0001-0100/93/93_01.html
Água – O desafio do século XXI - http://www.tvcultura.com.br/aloescola/ciencias/agua-desafio/
Água - uma mercadoria ou um direito humano? - Henrique Rattner (Artigo)
Água e sua importância - http://www.iie.com.br/cartilha.htm
Água é vida – http://www.180graus.com/agua/7html
Água imantada - Água, vida e saúde - http://www.aguavidaesaude.hpg.ig.com.br/pagina1.htm
Além da morte – Espírito Otília Gonçalves – psicografia de Divaldo Pereira Franco
Após a tempestade... – Espírito Joanna de Angelis – Psicografia de Divaldo Pereira Franco – pág 13
As leis morais – Rodolfo Calligaris
As leis morais da vida - Espírito Joanna de Ângelis – psicografia de Divaldo Pereira Franco
Bíblia Sagrada – Edição Ecumênica – Tradução do Padre Antônio Pereira de Figueiredo
Biologia – http://www.h2oplanet.cjb.net/
Biologia das células – Amabis & Martho – pág 73 a 75
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Caminho, verdade e vida – Espírito Emmanuel – psicografia de Francisco Cândido Xavier – pág 23 e 359
Cidade no além – Espíritos André Luiz e Lucius – psicografia de Chico Xavier e Heigorina Cunha – pág 71
Contra a privatização da água - http://sulambiental.com.br/edicao_02/agua02b.htm
Crônicas de além-túmulo - Espírito Humberto de Campos – psicografia de Francisco Cândido Xavier
De volta ao passado – Célia Xavier Camargo e César Augusto Melero – pág 64 e 65
Dicionário de Filosofia Espírita – Lamartine Palhano Júnior
Entre a Terra e o Céu - Espírito André Luiz - psicografia de Chico Xavier– pág 29 a 34
Estudo teórico-prático da Doutrina Espírita – Sociedade Espírita Fraternidade – Unidade 28
Estudos bíblicos – Refutação – Paulo da Silva Neto Sobrinho - http://www.espirito.org.br/index.asp
Estudos Espíritas – Espírito Joanna de Ângelis – psicografia de Divaldo Pereira Franco – pág 91
Estudos espíritas do Evangelho - Therezinha Oliveira
Fluidoterapia: Evidências científicas - Associação Cultural Espírita de Portugal, 1998
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
fevereiro 2003
Iniciação - Viagem astral - Espírito Lancellin – psicografia de João Nunes Maia
Libertação - Espírito André Luiz - psicografia de Francisco Cândido Xavier– pág 50
Magnetismo Espiritual – Michaelus – capítulo XV
Maria de Nazaré – Espírito Miramez – psicografia de João Nunes Maia – pág 53 e pág 75
Nas fronteiras da Ciência – Celso Martins – pág 27 a 30
No invisível – León Denis – pág 280
Nos domínios da mediunidade –Espírito André Luiz - psicografia de Chico Xavier– pág 107 e 108
Nosso Lar – Espírito André Luiz – psicografia de Francisco Cândido Xavier – pág 57, 59 a 63
O Consolador – Espírito Emmanuel – psicografia de Francisco Cândido Xavier – pág 69, 70 e 175
O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec - FEB
O grande enigma - León Denis – pág 140 a 147
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – FEB
O Livro dos Médiuns ou Guia dos médiuns e dos evocadores – Allan Kardec – FEB
O mar vai virar deserto – Revista Veja - Edição 1 747 - 17 de abril de 2002
O mundo de Sofia – Jostein Gaarder – pág 43 a 46
O passe - Seu estudo, suas técnicas, sua prática – Jacob Melo – pág 258 a 265
O passe e a água fluidificada na reunião de assistência espiritual – USEERJ – pág 21 a 25
O que é a água? – http://www.mundodaagua.com/htmlad/a_agua.php
O visitador da saúde – Vitor Ronaldo da Costa – pág 29,30, 49 a 52
Os 38 "milagres" de Jesus na visão espírita - Ivan René Franzolin (artigo)
Os fluidos e o passe - http://novavoz.org.br/prg-003.htm
Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Schutel – pág 301 a 311 e 317 a 327
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Revista VEJA – Gelo espacial
Revista VEJA - O planeta tem sede
Sabesp - http://www.ecoambiental.com.br/mleft/agua.htm
Segue-me – Espírito Emmanuel – psicografia de Francisco Cândido Xavier – pág 131
Sobre as águas - Jorge Casimiro (artigo)
Suor bendito - http://www.cybermind.com.br/segrav/med2.htm
Trabalho sobre a água - Rejane Campos Araujo
Um espaço para os miosótis – Luiz Gozaga Pinheiro
Um mundo sem água - Renata Ramalho - Ciência Hoje/RJ- dezembro/2000
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CENTRO ESPÍRITA JOÃO BATISTA – Grupo de estudos doutrinários - A água à luz do Espiritismo –
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Voltei – Espírito Irmão Jacob – psicografia de Francisco Cândido Xavier – pág 69 a 71

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