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I. Vetores:
𝑛
É comum pensarmos em vetores como „setas‟ no espaço , mas, na verdade, vetor é um
elemento de um conjunto vetorial, podendo ser também polinômio, matriz, etc.
Falamos em entradas dos vetores como cada valor que usamos para caracterizá-lo, por
exemplo: Sendo o vetor 𝑣 = (2,1,3), os valores 2, 1 𝑒 3 são as entradas desse vetor. Outro
exemplo: Sendo o vetor 𝑃 = 2 + 3𝑥 + 0. 𝑥² − 𝑥³, os coeficientes 2, 3, 0 𝑒 − 1 são as entradas
0 1
desse vetor. Outro exemplo: Sendo o vetor 𝑚 = , os valores 0, 1, 3 𝑒 0 são as entradas
3 0
desse vetor.
A definição de Espaço Vetorial é: entidade formada pelo conjunto dos números reais, um
conjunto de vetores e uma operação entre esses conjuntos.
De uma forma mais simples, Espaço Vetorial é um conjunto vetorial que obedece a 8
axiomas, sendo 4 aditivos e 4 multiplicativos:
Axiomas:
Aditivos:
Multiplicativos:
Obs.: Em questões não será pedido que prove que um conjunto é um Espaço Vetorial. Ao invés
disso, pede-se para provar se um conjunto é um Subespaço Vetorial.
1 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
Subespaços Vetoriais (de algum outro Espaço ou Subespaço Vetorial) são subconjuntos
vetoriais que obedecem aos 8 axiomas apresentados anteriormente. Mas o fato de serem
subconjuntos nos permite apenas verificar 4 propriedades para que possamos provar (ou
negar) que são Subespaços Vetoriais.
1) 0𝑉 ∈ 𝑊;
2) 𝑊 ⊂ 𝑉;
3) ∀𝑤, 𝑣 ∈ 𝑊, (𝑤 + 𝑣) ∈ 𝑊;
4) ∀𝑤 ∈ 𝑊 e ∀∝ ∈ , ∝. 𝑤 ∈ 𝑊;
Obs.: Quando falamos do conjunto , estamos nos referindo à reta dos números reais, portanto
2
representamos um ponto (ou um vetor) por uma única coordenada na forma (𝑥). Para ,
estamos falando do plano 𝑂𝑥𝑦 e representamos um ponto (ou um vetor) por duas coordenadas na
𝑛 3
forma (𝑥, 𝑦). E assim por diante até chegarmos em (a noção geométrica vai apenas até )
quando representamos um ponto (ou um vetor) por 𝑛 coordenadas na forma (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , … , 𝑥𝑛 ).
3
Ex.: Seja 𝑉 = espaço vetorial e 𝑊 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∈ 𝑉 / (𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0)}, diga se 𝑊 é subespaço
vetorial de 𝑉.
Para resolver essa questão, basta conferir se as 4 condições de subespaço vetorial são
obedecidas:
1) Para fazer esta verificação, olhamos para a condição imposta (𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0), e verificamos
se o vetor nulo satisfaz a condição. Neste caso satisfaz, pois 0,0,0 → 0 + 0 − 0 = 0;
2) Para esta verificação, é olhar na definição de 𝑊 que ele é formado por vetores que
pertencem a 𝑉;
3) Para esta verificação, temos que pegar dois vetores de 𝑊 na sua forma mais geral, somar
e ver se o vetor obtido ainda obedece à condição imposta (𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0):
Escolhemos os vetores (𝑣 = (𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 ) e 𝑤 = (𝑏1 , 𝑏2 , 𝑏3 )) ∈ 𝑊.
Sabemos que 𝑎1 + 𝑎2 − 𝑎3 = 0 e que 𝑏1 + 𝑏2 − 𝑏3 = 0. Então fazemos:
𝑣 + 𝑤 = 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 + 𝑏1 , 𝑏2 , 𝑏3 = 𝑎1 + 𝑏1 , 𝑎2 + 𝑏2 , 𝑎3 + 𝑏3 , agora verificamos a condição:
𝑎1 + 𝑏1 + 𝑎2 + 𝑏2 − 𝑎3 + 𝑏3 = 𝑎1 + 𝑎2 − 𝑎3 + (𝑏1 + 𝑏2 − 𝑏3 ) = 0 + 0 = 0.
Então a condição é respeitada e, por tanto, (𝑤 + 𝑣) ∈ 𝑊;
4) Semelhante à condição anterior, temos que escolher um vetor de 𝑊 em sua forma mas
geral, multiplicarpor um escalar qualquer e ver se o vetor obtido ainda obedece à condição
imposta (𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0):
Escolhemos o vetor 𝑣 = (𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 ) ∈ 𝑊 e ∝ ∈ .
Sabemos que 𝑎1 + 𝑎2 − 𝑎3 = 0. Então Fazemos:
∝. 𝑣 =∝ 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 = ∝. 𝑎1 , ∝. 𝑎2 , ∝. 𝑎3 , agora verificamos a condição:
∝. 𝑎1 + ∝. 𝑎2 − ∝. 𝑎3 =∝. 𝑎1 + 𝑎2 − 𝑎3 = ∝ .0 = 0.
Então a condição é respeitada e, por tanto, ∝. 𝑣 ∈ 𝑊.
2 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
3
Obs.: Se repararem, geometricamente temos, 𝑉 = é o espaço tridimensional e 𝑊 =
{(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∈ 𝑉 / (𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0)} é o plano 𝜋: 𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 0 (que passa pela origem e, por isso, 𝑊
contém o vetor nulo).
Ex².: Seja 𝑉 = 𝑃3 o espaço vetorial dos polinômios de grau menor ou igual a 2 e 𝑊 = {𝑎1 + 𝑎2 𝑥 +
𝑎3 𝑥 2 ∈ 𝑉 / 𝑎1 − 2𝑎2 + 𝑎3 = 0 𝑒 (𝑎1 − 𝑎3 = 0)}, diga se 𝑊 é subespaço vetorial de 𝑉.
Para resolver essa questão, basta conferir se as 4 condições de subespaço vetorial são
obedecidas:
Obs.: Você pode escrever o vetor na forma mais geral substituindo as entradas por equivalentes.
Exemplo: Se 𝑊 = {𝑎1 + 𝑎2 𝑥 + 𝑎3 𝑥 2 ∈ 𝑉 / (𝑎1 − 𝑎3 = 0), pela condição:
IV. Bases:
Base é um conjunto de vetores LI (a combinação linear deles dando o vetor nulo tem
como única solução todos os coeficientes iguais a zero (conhecida como solução trivial)) que,
através de uma combinação linear, conseguimos obter qualquer vetor do espaço.
3 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
Para achar uma base basta seguir um „passo-a-passo‟ bem simples. Após saber o espaço
em questão:
𝑎 𝑏
Ex.: Seja 𝑊 = { ∈ 𝑀2𝑥2 / 𝑎 + 𝑑 = 0 𝑒 𝑐 + 𝑏 = 0}, determine uma base de 𝑊.
𝑐 𝑑
1) Condição:
𝑎 + 𝑑 = 0 𝑑 = −𝑎;
𝑐 + 𝑏 = 0 𝑐 = −𝑏;
𝑎 𝑏
Ficamos com a condição simplificada: 𝑊 = { ∈ 𝑀2𝑥2 / 𝑑 = −𝑎 𝑒 𝑐 = −𝑏};
𝑐 𝑑
2) Forma mais geral:
Escolhemos um vetor 𝑣 ∈ 𝑊, substituindo a condição simplificada na forma geral
𝑎 𝑏
apresentada, ficamos com 𝑣 = ;
−𝑏 −𝑎
3) “Separando” as variáveis:
𝑎 𝑏 𝑎 0 0 𝑏
𝑣= = + ;
−𝑏 −𝑎 0 −𝑎 −𝑏 0
4) Colocar em evidência:
𝑎 𝑏 𝑎 0 0 𝑏 1 0 0 1
𝑣= = + = 𝑎. + 𝑏. .
−𝑏 −𝑎 0 −𝑎 −𝑏 0 0 −1 −1 0
1 0 0 1
Achamos os vetores: e ;
0 −1 −1 0
5) Conjunto LI:
Fazemos uma combinação linear dos vetores obtidos resultando no vetor nulo, se a única
solução for a trivial, então eles formam a base do espaço:
0 0 1 0 0 1
= 𝐴. + 𝐵.
0 0 0 −1 −1 0
Fazendo o sistema:
0 = 1. 𝐴 + 0. 𝐵
0 = 0. 𝐴 + 1. 𝐵
Resolvendo o sistema, a única solução é 𝐴 = 𝐵 = 0.
0 = 0. 𝐴 − 1. 𝐵
0 = −1. 𝐴 + 0. 𝐵
1 0 0 1
Portanto, os vetores e são LI e temos:
0 −1 −1 0
1 0 0 1
𝛼={ , } é uma base de 𝑊.
0 −1 −1 0
V. Geradores:
4 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
precisam ser LI. Portanto, uma base é sempre um grupo de geradores. Podemos caracterizar
um espaço vetorial pelo seu conjunto de geradores.
Temos daí que os vetores 1,0,1,0 , 0,1,0,0 e (1,1,1,0) são geradores de 𝐽 já que, com uma
combinação linear deles, podemos obter qualquer outro vetor.
(Repare que o conjunto não é uma base, pois seus vetores não são LI).
Obs.: Muito cuidado para não trocar as formas de representação de uma base e de um
conjunto gerador. São coisas muito diferentes.
VI. Dimensão:
𝑎 𝑏
Ex.: Seja 𝑊 = { ∈ 𝑀2𝑥2 / 𝑎 + 𝑑 = 0 𝑒 𝑐 + 𝑏 = 0}, determine uma base e diga a dimensão de
𝑐 𝑑
𝑊.
1 0 0 1
Esse exemplo já foi feito (IV. Bases). A resposta foi 𝛼 = { , } é uma base de 𝑊. A
0 −1 −1 0
dimensão é, por definição, o número de vetores de uma base, portanto dim 𝑊 = 2.
VII. Coordenadas:
As coordenadas são um conjunto de valores que, dada uma base, caracterizam um vetor.
O número de coordenadas de um vetor é o número de entradas do mesmo. Correspondem aos
coeficientes de cada vetor da base na combinação linear.
Para achar as coordenadas de um vetor em relação a uma determinada base, basta você:
1) Achar a base;
2) Escrever o vetor que você quer como combinação linear dos vetores da base;
3) Resolver o sistema e as coordenadas serão os coeficientes.
5 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
Imagine agora que você tem duas bases de um mesmo espaço e é pedido que você diga
as coordenadas de alguns vetores em ambas as bases. Levaria muito tempo para resolver
fazendo do jeito tradicional para cada vetor em cada uma das bases. Um jeito mais fácil seria
usando a relação:
𝑣 𝛽 = 𝐼 𝛼𝛽 . 𝑣 𝛼
Onde:
𝑣 𝛽 ≡ Coordenadas do vetor 𝑣 em relação à base 𝛽;
𝑣 𝛼 ≡ Coordenadas do vetor 𝑣 em relação à base 𝛼;
𝐼 𝛼𝛽 ≡ Matriz de mudança de base de 𝛼 (de cima) para 𝛽 (de baixo).
𝛼
𝐼 𝛽 = 𝑣1 𝛽 𝑣2 𝛽 … 𝑣𝑛 𝛽
6 Thiago Carreiro
Resumo de Álgebra Linear I unidade
1) Achar as bases;
2) Achar as coordenadas de cada um dos vetores da base “de cima” em relação à base
“de baixo”;
3) Montar a matriz;
4) CASO peça a matriz de mudança de base “inversa”, você pode refazer o passo-a-passo
𝛽 𝛼 −1
ou achar a matriz inversa da já achada ( 𝐼 𝛼 = 𝐼 𝛽 );
𝛼 2
Ex.: Calcule 𝐼 𝑒 onde 𝛼 = 1,2 , −2,1 é base de e 𝑒 = { 1,0 , 0,1 } é a base canônica de
2
. Depois calcule 𝐼 𝛼𝑒 .
𝛼 𝛼 1 −2
𝐼 𝑒 = 𝑣1 𝑒 𝑣2 𝑒 𝐼 𝑒 = ;
2 1
7 Thiago Carreiro