J.J. Camargo: “o doutor
Dagoberto
Cada semestre que terminava, sé fazia aumentar a ansiedade da Fabiola, que
ainda ndo tinha decidido que especialidade faria no futuro e, no fim de
terceiro ano, nao tinha avancado mais do que identificar umas trés ou quatro
daquelas do tipo "essas? Nem morta”.
Uma tarde, percorrendo a ala da enfermaria de medicina interna no hospital
jonante: seu Alcino, um
universitario, ela deparou com uma cena impres
velhinho enfisematoso grave, extremamente emagrecido e desorientado,
avangava tropego pelo corredor, quando simplesmente se estatelou no chao.
Um professor, que vinha no sentido oposto, acelerou 0 passo, colocon a pilha
de livros que carregava € 0 estetascépio junto ao rodapé, ajoelhou-se, pediu
calma ao seu Alcino. que gemia de dor, tomou-o no colo ¢ parti com sua
carga preciosa rumo a enfermaria.
snio. 0 velhinho s6 sossegou depois
‘oe reinstalado 0 oN
Recolocado no leit
ou as dores da queda. Quando
algésico que elimin
de uma dose de an
ainda continuava la, sentado na cama,
finalmente ressonou, 0 professor
alisando-Ihe os cabelos brancos.
srcundantes. a cena nfo parecia ter impressionado tanto, mas, para a
efinitiva. Depois que todos
Aos
Fabiola. tinha sido d
se afastaram, ela entrou ho
posto de enfermagem € perguntou:~ Quem € esse doutor?"
~ Que doutor?
~ Esse que carregou 0 paciente no colo?
— Ah. esse é 0 doutor Dagoberto!
~ O que ele faz?
~ Ele € professor de pneumologia.
Pronto, estava tudo resolvido. Uma especialidade na qual um médico fazia 0
que ela tinha visto e, com aquela naturalidade. 56 tinha uma explicagdo. Devia
ser uma maravilha!
E ela nunca mais teve ciividas: ia tentar ser como o doutor Dagoberto.