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DAVID JJ. deizeitas =L=T oO DINAMICA DAVID J. GRIFFITAS =L=T2O DINAMICA 3* edicao Tradugao: Heloisa Coimbra de Souza Revistotéenica: Antonio Manoel Mansanares Instituto de Fisica Gleb Wataghin Universidade Estadual de Campinas, Unicamp So Paulo Brasil Argentina Colombia Costa Rica Chile Espanha Guatemala México Peru Porto Rico Venezuela (©2011 by Pearson Education do Brasil ©1999, 1989, 1981 by Prentice-Hall, Ine ‘Tradugdo autorizada a partir da edigdo original, em ingles, Introduction to Electrodynamics, 3 edition, publicada pela Pearson Education, Inc., sob o selo Prentice Hall ‘Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicagio poder ser reproduaida ‘ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrdnico ou mectnico, incluindo fotocépia, gravago ov qualquer outro tipo de sistema de armazenamento c transmissio de informagdo, sem prévia autorizagdo, por escrito, da Pearson Education do Brasil Diretor editorial: Roger Trimer Gerente editorial: Sabrina Cairo Supervisor de produgéo editorial: Marcelo Frangozo Eaditora plena: Thelma Babaoks Ecdtora de texto: Sabrina Levensteinas Revisdo: Geisa Oliveira Capa: Alexandre Mieda Composigdo e diagramagdo em WTEX: Figurativa Editorial Dados Internacionais de Catalogacio na Publicacio (CIP) (Cfmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Griffiths, David J Eletrodindmica / David J. Griffiths; tradugio Heloisa Coimbra {de Souza; revisio técnica Antonio Manoel Mansanares. -3. ed, - Sao Paulo: Pearson Addison Wesley, 2011 Titulo original: Introduction to electrodynamics. ISBN 978-85-7605-886-1 1. Eletrodinamica 1. Titulo, o-11464 cDD-530 1. Bletrodindmica : Fisica 2010 Direitos exclusivs para a lingua portuguesa cedidos & Pearson Education do Brasil Lida., ‘uma empresa do grupo Pearson Education Rua Nelson Francisco, 26 — Limo CEP: 02712-100 - So Paulo ~ SP, Brasit Tels (11) 2178-8686 Fax: (11) 2178-8688 e-mail: vendas@ pearson,com Sumario Prefiicio xi Mensagem 1 Anélise vetorial 1 1.1 Algebra vetorial . 1 1.11 OperagGes com vetores 1 1.1.2 Algebra vetorial: na forma de componentes : 3 1.1.3 Produtos triptos sees sees 5 14 Vetores posigdo, deslocamento e separagio 6 1.1.5 Como vetores transformam-se 8 1.2 Célculo diferencial sees sees a) 1.2.1 Derivadas ‘ordindrias’ . wees 9 1.22 Gradiente wees 10 1.23 OoperadorV... 0.0.05. wee 2 1.24 Odivergente cee wees n 1.25. O rotacional : : . B 1.2.6 Regras de produtos wees - : 4 1.2.7 Segundas derivadas . . wees . case 16 1.3 Caleuto integral cece . 7 13.1 Integrais de linha, superficie e volume vee : 0 1.3.2 Teorema fundamental do céleulo . eee 2 1.3.3. Teorema fundamental para gradientes . ae : 2 1.3.4 Teorema fundamental para divergentes wee - 3B 1.3.5. Teorema fundamental para rotacionais, sete 25 1.3.6 Integragdo por partes... . cece 2 1.4 Coordenadas curvilineas. . . sees sees - B 1.4.1 Coordenadas polaresesficas . - 28 1.4.2 Coordenadas cilindricas wees 32 15 A fungio delta de Dirac... . cece ee 33 1.5.1 O divergente de #/ . wee 33 15.2 A fungdo deta de Dirac unidimensional... os. . 34 1.5.3 A fungdo delta tridimensional : 36 1.6 A teoria dos campos vetoriais...... . . : : 38 1.6.1 Oteoremade Helmholtz . . : : : 38 1.6.2 Potenciais, : . - 8 2. Bletrostitiea 2 21 Ocampoelétrico . . . cece eens 2 2.1.1 Introdugio vee ees : ar) 212 Leide Coulomb .. . Te . 4B 2.1.3 Ocampo elétrico fete eee 8 2.14 Distribuigdes continuas de carga... “4 vi Eletrodinmica 22 23 24 25 Divergentee rotacional de campos eletrostaticos 22.1 Linhas de campo, fluxo e lei de Gauss 2.22 Odivergente de E 223° Aplicagdes da lei de Gauss 224 Orotacional de E . Potencial elétrico 2.3.1 Introdugdo ao pote ; 23.2 Comentérios sobre o potencial . 23.3 Equagiio de Poisson e equaglo de Laplace . 2.34 0 potential de uma distribuicdo de carga locatizada 2.35 _ Resumo: condigdes de contorno na eletrostética . Trabalho e energia na eletrostética : 24.1 O trabalho feito para movimentar uma carga 24.2 A energia de uma distribuigdo de cargas pontuais 243 Aenergiade uma distribuigdo de carga continua 244 Comentarios sobre a energia eletrosttica Condutores 2.5.1 Propriedades bésicas 25.2. Cargas induzidas : : - 25.3 Carga superficial e forga sobre um condutor . 254 Capacitores veces ‘Técnicas especiais 3 32 33 34 Equaciio de Laplace 3.11 Introdugio. . . . 3.1.2 Equaglio de Laplace em uma dimensio. 3.1.3 Equagdo de Laplace em duas dimensoes 3.14 Equagdo de Laplace em trés dimensdes : 3.1.5 Condigdes de contorno e teoremas de unicidade . 3.1.6 Condutores eo segundo teorema de unicidade O método das imagens re 3.2.10 problema clissico da carga imagem 3.2.2. Carga superficial induzida 3.23. Forgae energia on 3.24 Outros problemas de carga imagem Separagdo de varidveis : 3.3.1 Coordenadas cartesianas 3.3.2 Coordenadas esféricas Expansio multipolar wees 3.4.1 Potenciais aproximados para grandes distincias 3.4.2 Os termos de monopoloe de dipolo . 34.3 Origem das coordenadas nas expansoes multipolares 3.44 Ocampo elétrico de um dipolo Campos elétricos na matéria 4 42 43 Polarizagio 4.1.1 Dielétricos 4.1.2 Dipotos induzidos . 4.13 Alinhamento de moléculas polares . 4.14 Polarizagio oe © campo de um objeto polarizado 4.2.1 Cargas de polarizagao - 4.22 _Inerpretagio fisica das eargas de polarizagio 423 O campo intemo de um dielétrico O destocamento elétrico . - 43.1 Lei de Gauss na presenga de dielétricos 4.3.2 Um paralelo enganoso a7 a 30 34 55 58 7 59 39 2 64 64 65 67 68 68 69 1 B 8 8 8 19 9, 82 83 85 85 86 87 88 89 102 to2 105 106 108 113 113 113 113 Ns u7 17 117 - 19 122 123 » 123 125 44 Sumario 43.3 Condigoes de contorno Dielétricos lineares 44.1 Suscetibilidade, permissividade, constante dielétrica 442. Problemas de valor de contorno com dielétricos lineares 443. Energia em sistemas dielétricos, 444 Forgas em dielétricos Magnetostatiea Sl 52 33 $4 Lei de forga de Lorentz, S.L1 Campos magnéticos 5.1.2 Forgas magnéticas 5.13. Comentes Lei de Biot-Savart 5.2.1 Correntes estacionétias, 5.2.2 Ocampo magnético de uma corrente estacionria Divergente ¢ rotacional de B . 5.3.1 Correntes em linha reta 5.3.2 _Divergente erotacional de B 5.33 Aplicagdes da lei de Ampere 53.4 Comparagio entre magnetostéticae eletrosttica Potencial vetorial magnético 5.4.1 O potencial vetorial : 54.2 Resumo: condig&es de contomo na magnetostitica 5.4.3 Expansio multipolar do potencial vetorial ‘Campos magnéticos na matéria 61 62 63 64 Magnetizagio . 6.1.1 Diamagnetos, paramagnetos ferromagnetos 6.1.2 Torques e forgas nos dipolos magnéticos 6.1.3 _Efeito de um campo magnético nas érbitas atomicas 6.14 Magnetizagio : campo de um objeto magnetizado . 6.2.1 Correntes de magnetizagio 6.2.2 _Imterpretagiofsica de correntes de magnetizagio - 6.2.3 O campo magnético dentro da matéria . © campo auxiliar H 63.1 Lei de Ampére em materi magnetizados 63.2 Um paralelo enganoso 6.33. Condigées de contorno Meios lineares e nao lineares 64.1 Suscetibilidade e permeabilidade magnéticas 64.2 Ferromagnetismo Eletrodinémica 1 72 73 Forga eletromotriz TAL Lei de Ohm 71.2 Forga letromottiz 7.1.3 fem devida ao movimento Indugdo eletromagnéstica 7.2.1 Lei de Faraday 7.22 Ocampo elétrico induzido 7.23 Indutancia 7.24 Acnergiaem campos magnéticos Equagdes de Maxwell 73.1 Acletrodinamica antes de Maxwell 732 Como Maxwell corrigiu a lei de Ampére 73.3. Equagdes de Maxwell vii 125 126 126 131 134 136 11 14 141 142 145 150 150 150 154 154 155 156 162 163 163 167 169 7 7 7 m7 180 182 182 182 185 186 186 186 139 190 190 190 192 198 198 198 203 208 208 208, 21 215 20 23 23 224 226 viii Eletrodinamica 734 Carga magnética cee 7.35 Equagdes de Maxwell na matéria : . ses 2B 73.6 Condigdes de contorno . . . . : fences 230 8 Leis de conservagio 239 8.1 Carga e energia : 239 8.1.1 Equagdo de continuidade a cee 29 8.1.2 Teoremade Poynting . . : cee BO 8.2. Momento : 242 821 Tercera lei de Newton na eleuodinimica veces - 42 8.2.2 Tensor das tenses de Maxwell... 0... sees rereeee 243 8.23 Conservagio do momento viene cece 246 8.24 Momento angular : ce 048 9 Ondas eletromagnéticas 253 9.1 Ondas em uma dimensio cee wees 253 9.1 Aequagiode onda . . wees : bee e eee e ees 253 9.1.2 Ondas senoidais .. . : : 255 9.1.3 Condigdes de contorno: reflexdo e transmissio wees 257 9.14 Polarizagéo . wees wees 260 9.2 Ondas eletromagnéticas no vacuo : re 261 9.2.1 A equagdo de onda para Ee B 9.2.2 Ondas planas monocrométicas . : seen 2 9.2.3. Energia e momento em ondas letromagnéticas rn 265 261 93 266 Propagagdo em meio linear : : 266 9.3.2. Reflexio. transmissio para incidéneia normal. : cee 267 9.3.3. Reflexdoe transmissio para incidéncia obliqua . . : - 269 9.4 Absorgio e dispersio : : 23 9.4.1 Ondas eletromagnéticas em condutores .. . : cece 213 9.4.2 Reflexdo.em uma superficie condutora. . . wees sees 216 9.4.3 A dependéncia da permissividade com a frequéncia viene 277 9.5 Ondas guiadas a : : 282 95.1 Guias de ondas .... : : sees 282 915.2 Ondas TE em um guia de onda retangular - 284 9.5.3 A linha de transmissio coaxial wees 286 10 Potenciais e campos 290 10.1 A formulagao do potencial . : 290 10.1.1 Potenciais escalar e vetorial : . 290 10.1.2, Transformagies de calibre fens : 292 10.1.3. Calibre de Coulomb e calibre de Lorentz, : : 293 10.2 Distribuigdes continuas : 294 10.2.1 Potenciais retardados cee wees -. 294 10.2.2. Equagoes de Jefimenko cee 298 10.3 Cangas pontuai : wees 299 10.3.1. Potenciais de Liénard-Wiechert : . 299 10.3.2. Os campos de uma carga pontual em movimento wee +. 303 11 Radiagao 309 11.1 Radiagio dipolar : 309 I1.L.1 O queé radiagio? cee eee wes 309 11.1.2 Radiagdo de dipolo elétrica : . 310 11.1.3 Radiagdo de dipolo magnético : fees -. 3I4 11.14 Radiago de uma fonte arbitrévia wees . : 317 11.2 Cangas pontuais : =. 320 11.2.1 Poténcia radiada por uma carga pontual cece eee es =. 320 11.2.2 Reagdo de radiagdo 11.2.3. Fundamentos fisicos da reagio de radiagio 12 Eletrodindmica e relatividade 12.1 A teoria especial da relatividade 12.1.1 Postulados de Einstein 12.1.2 A geometria da relatividade 12.1.3 As transformagées de Lorentz 12.14 A estrutura do espago-tempo 12.2 Mecénica relativistica wees 12.2.1 Tempo proprio e velocidade propria 12.2.2. Energia e momento relativistico 12.23 Cinemitica relativistica 12.24 Dindmica relativistica 12.3 Eletrodindmica relativistica - 12.3.1 O magnetismo como fendmeno relativstico 12.3.2 Como os campos se transformam 12.3.3 Otensorde campo . . 12.34 Eletrodindmica em notagio tensorial 12.35 Potenciais relatvisticos . Apéndice A Célculo vetorial em coordenadas curvilineas A.l. Introdugso A2 Notacio AB Gradiente A4_Divengente AS. Rotacional AG Laplaciano ‘Apéndice B_O teorema de Helmholtz, Apéndice C Unidades indice remissivo Sumétio ix 324 327 333 333, 333 337 344 348, 353 353, 355 356 360 364 364 366 373 374 377 381 381 381 381 - 382 384 386 387 389 392 Prefacio Este € um livro texto sobre eletricidade e magnetismo, destinado aos alunos de peniiltimo e iltimo ano de faculdade. Ele Pode ser totalmente estudado com tranquilidade, em dois semestres, talver até com tempo de folga para tpicos especiais (cit- cuits de corrente alternada, métodos numéricos, fisica dos plasmas, linhas de transmissio, teoria das antenas etc.). Um curso de um semestre pode razoavelmente chegar até o Capitulo 7. Diferentemente da mecdnica quintica e da termodinamica (por «exemplo), existe um consenso bastante generalizado em relagZo ao ensino da eletrodindmica; os assuntos a serem incluidos, ¢ até mesmo sua ordem de apresentago, no so particularmente controversos,¢ os livros texto diferem entre si prineipalmente quanto a0 estilo € ao tom, Minha abordagem é,talvez, mais informal que a maria; acredito que isso torn ideias dificeis mais interessantes e acessiveis, Para a terceira edigao, fiz um grande mimero de pequenas mudancas a fim de tornaro texto mais claroe gracioso. Modi- fiquei, também, parte da notagao para evitar inconsisténcias e ambiguidades. Assim, os vetores unitarios cartesianos i, je & foram substituidos por %, ¥e 2, de forma que todos os vetores estdo em negrito e todos os vetores unitérios herdam a letra da coordenada correspondente, (Isso também libera k para ser 0 vetor de propagagio das ondas eletromagnéticas,) Sempre me incomodou usar a mesma letra r para coordenada esfética (Jistincia a origem) e coordenadaeilindrica (distincia ao eixo 2). Uma alternativa comum para a segunda & p, que, no entanto, tem funges mais importantes na eletrodinamica. Portanto, apés uma busca exaustiva, opte pela lera s, que € pouco utilizada. Espero que esse uso nio ortodoxo nio cause confusdo. Alguns letores me pediram que abandonasse a letra manuscrita (0 vetor de um ponto fonte F para o ponto do observagiio 1) em favor de r ~ r’, que é mais explicito, Mas isso torna muitas equagdes perturbadoramente enfadonhas, principalmente quando o vetor unitirio & esté envolvido. Sei, por minha prépria experigncia como professor, que alunos desatentos ficam tentados a Jer + como r — com certeza isso toma as integrais mais faceis! Acrescentei uma segdo ao Capitulo | explicando ssi notaglo e espero que ela ajude, Se vocé é aluno, por favor anote: 2 = r ~ 0 que nao é a mesma coisa que r. Se voce ¢ professor, por favor avise seus alunos para que prestem atengdo ao significado de, Acredito que é uma boa notagio, mas tem de ser manuseada com cuidado. ‘A maior mudanga estrutural é que retirei as leis de conservagio do Capitulo 7, criando dois novos capitulos curtos (8 € 10). Isso deve favorecer os cursos de um semestre e proporciona um enfoque mais compacto ao Capitulo 7. Acrescentei alguns problemas e exemplos (¢ retirei outros que nio cram eficazes), Incluf mais referéncias & literatura de facil acesso (particularmente o American Journal of Physics). Sei € claro, que a maioria dos leitores no ters tempo ou intengo de consultar esses recursos, mas creio que de qualquer forma vale a pena, nem que seja apenas para enfatizar que a cletrodindmica, apesar de sua idade venerdvel, esté bem viva, com descobertas novas e intrigantes acontecendo o tempo todo. Espero que, ocasionalmente, um dos problemas atice a sua curiosidade e que vocé fique inspirado a consultar a referencia — algumas detas so verdadeiras joias. ‘Como nas edigdes anteriores, fiz dstingao entre dois tipos de problemas. Alguns tém um objetivo especificamente peda- gégico e deve-se trabalhar neles imediatamente apés a leitura da sego & qual pertencem. Esses problemas foram colocados 105 pontos pertinentes a0 longo do capitulo, (Em alguns poucos casos, a solugdo de um problem ¢ utilizada mais tarde no texto, ¢ por isso eles esto identificados com um marcador (e) na margem esquerda.) Problemas mais longos, ou aqueles de natureza mais geral, serio encontrados ao final de cada capitulo. Quando ensino um assunto, passo alguns desses problemas como ligéo de casa e trabalho com outros na classe. Os problemas que sio extraordinariamente desafiadores estio marcados, com um ponto de exclamagio (1) na margem. Muitos letores pediram-me que as respostas dos problemas fossem colocadas no final do livro; infelizmente, outros tantos foram radicalmente contra isso, Fiz uma coneiliagdo fornecendo as respostas onde isso me pareceu particularmente adequado, A editora disponibiliza (para professores) um manual com as solugGes completas ui beneficiado pelos comentérios de vérios colegas — nio posso listar todos aqui. Mas gostaria de agradecer as seguin- tes pessoas pelas sugestdes que contribuiram, especificamente, para a terceira edigao: Burton Brody (Bard), Steven Grimes (Ohio), Mark Heald (Swarthmore), Jim McTavish (Liverpool), Matthew Moelter (Puget Sound), Paul Nachman (New Mexico State), Gigi Quartapelle (Milao), Carl A. Rotter (West Virginia), Daniel Schroeder (Weber State), Juri Silmberg (Ryerson xii Elevodindmica Polytechnic), Walther N. Spjeldvik (Weber State), Larry Tankersley (Naval Academy) e Dudley Towne (Amherst). Pratica- ‘mente tudo o que sei sobre eletrodinamica — com certeza tudo sobre o ensino da eletrodindmica — eu devo a Edward Purcell David J. Griffiths Site de apoio do livro No Companion Website deste lito (www. prenhall.comy/riffiths_br), professores podem acessaros seguin- (es materiaisadicionais 24 horas por dia: apresentagées em PowerPoint e manual de solugdes (em inglés) Companion Website Esse material é de uso exclusivo para professores e estd proteg ido por senha, Para ter acesso a ele, os professores que ‘adotam o livro devem entrar em contato com seu representante P Pearson ou enviar e-mail para universitarios@ pearson.com, Mensagem O que é eletrodinamica e como ela se encaixa no esquema geral da fisica? s quatro campos da mecinica 'No diagrama abaixo esbocei os quatro grandes campos da mecénica: Mecinica classica | ‘Mecanica quantica (Newton) (Bohr, Heisenberg, Schridinger eta.) Relatividade especial Teoria quintica de campo Einstein) Dirac, Pauli, Feynman, Schwinger etal.) t) _| (irae, Pauli, Feynman, Schwinger et al.) } ‘A mecfinica newtoniana foi considerada inadequada no inicio deste século — ela serve para 0 “dia a dia’, mas para objetos {que se movem com altas velocidades (préximos & velocidade da luz) ela € incorreta e deve set substituida pela relatividade special (introduzida por Einstein em 1905); para objetos extremamente pequenos aproximadamente do tamanko dos étomos) cla€falha por vérios motivos, sendo substituida pela mecdnica quintica (desenvolvida por Bohr, Schrédinger, Heisenberg ¢ ‘muitos outros, principalmente na década de 1920), Para objetos que so ambos, muito répidos e muito pequenos (como & comum na moderna fisica de particulas) requer-se uma mecénica que combine a relatividade e os principios quiinticos: essa ‘mecénica quantica relativistica conhecida como a teoria quantica de campo — ela foi elaborada nas décadas de 1930 ¢ 1940, mas até hoje nio se pode dizer que sea um sistema completamente satisfatGrio. Neste livr, exceto pelo cltimo capitulo, iremos trabalhar exclusivamente no dominio da mecénica cléssica, embora a eletrodinmica se estenda com simplicidade singular aos outros trés campos. (De fato, a teoriaé, na maioria dos aspectos, aulomaticamente consistente com a relatividade especial para a qual foi, historicamente, o principal estimulo.) Quatro tipos de forga ‘A mecinica nos diz como um sistema iré se comportar quando estiversujeito a uma determinada forga. Existem apenas «quatro forgas fundamentais conhecidas (atualmente) na fisica; vou listé-las pela ordem de intensidade decrescente 1. Forte 2. Bletromagnética. 3. Fraca 4. Gravitacional, A brevidade desta lista pode surpreendé-1o, Onde esté o atrito? Onde esté a forga ‘normal’ que nio nos deixa atravessar © chio? Onde estdo as forgas quimicas que mantém as moléculas unidas? Onde esté a forga de impacto entre duas bolas de bithar que colidem? A resposta é que sodas essas forgas sio eletromagneticas. De fato, nao € exagero dizer que vivemos em tum mundo eletromagnético — pois praticamente todas as forgas que sentimos no nosso dia a dia, com excecio da gravidade, tém origem eletromagnética. As forgas fortes, que mantém protons e néutrons unidos nos micleos at6micos, tém um alcance extremamente curto e, Portanto, nio as ‘sentimos',apesar do fato de serem cem vezes mais fortes do que as forgas elétricas, As forgas fracas, que respondem por certos tipos de decaimento radioativo, néo s6 tm curto alcance, como sio, antes de mais nada, muito mais fracas do que as eletromagnéticas. Quanto & gravidade, ela € to desprezivelmente fraca (em comparagdo com as outras) que € somente em virtude das grandes concentragses de massa (como a da Terra a do Sol) que podemos sequer percebé-la. A ‘epulsio elétrica entre dois elérons€ 10%? vezes maior que sua atragdo gravitacional, ese os dtomos fossem mantidos juntos Por forgas gravitacionais (em vez de elétricas) um Gnico stomo de hidrogénio seria muito maior do que o universo conhecido. xiv. Eletodinamica ‘Além de serem preponderantemente dominantes no dia a dia, as forgas eletromagnéticas sdo as tinicas totalmente com- preendidas, Existe, & claro, uma teoria cléssica para a gravidade (a lei da gravitaedo universal de Newton) ¢ outra que € rela- tivistica (a toria da relatividade geral de Einstein), mas nenhuma teoria de mectnica quantica satisfat6ria foi construida para a gravidade (embora muita gente estejatrabathando nisso). Atalmente existe uma teoria muito bem-sucedida (embora ex- cessivamente complicada) para as interagdes fracas ¢ uma candidata extraordinariamente atraente (chamada cromodinéimica) para as interagdes fortes. Todas essas teorias tiram sua inspiragao da eletrodindmica; nenhuma delas pode alegar verificago experimental conclusiva no estigio atual. Portanto, a eletrodindmica, uma teoria maravilhosamente completa e bem-sucedida, tomnou-se uma espécie de paradigma dos fisicos: um modelo ideal com o qual as outras teorias lutam para rivalizar AAs leis da eletrodinamica clissica foram descobertas aos fragmentos por Franklin, Coulomb, Ampére, Faraday e outros. Mas a pessoa que completou a tarefa e empacotou tudo na forma compacta e consistente que ela tem hoje foi James Clerk Maxwell. A teoria, atualmente, tem pouco mais de cem anos. A unificagio das teorias da fisica No infcio, eletricidade e magnetismo eram assuntos totalmente separados. A primeira lidava com hastes de vidro e pelo de gato, bolinhas de sabugueiro, baterias, correntes, eletrlise e relampagos; o outro, com barras magnéticas, limalha de ferro, agulhas de bissola e o Polo Norte. Mas em 1820, Oersted percebeu que uma corrente elétrica podia afetar a agulha ‘magnétiea de uma bissola. Pouco tempo depois, Ampere corretamente postulou que todos os fendmenos magnéticos sio decorrentes do movimento de cargas elétricas. E entdo, em 1831, Faraday descobriu que um magneto em movimento gera uma corrente elétrica, Quando Maxwell e Lorentz, detam os toques finais & teoria eletricidade e magnetismo jé estavam indissoluvelmente entrelagados. Nao poderiam mais ser considerados assuntos separados, mas sim, dois aspectos de um nico assunto: eletromagnetismo, Faraday havia especulado que a luz também é de natureza elétrica. A teoria de Maxwell forneceu uma justificativa espeta- cular pata essa hipétese, e logo a étiea — o estudo das lentes, espelhos, prismas, interferéncia edifragio — foi incorporada 20 clotromagnetismo. Hertz, que apresentou a confirmacao experimental decisiva da teoria de Maxwell em 1888, colocou desta, forma: ‘A ligagdo entre luz ¢ eletricidade esté agora estabelecida... Em cada chama, em cada particula luminosa, vernos um processo elétrico... Assim, os domfnios da eletricidade se estencem por toda a natureza. Ela inclusive nos afeta intimamente: Pereebemnos que temtos... um drgio elétrico — o oho.” Portanto, em 1900, tés grandes ramificagées da fisica(eletricidade, magnetismo e 6tica) haviam-se amalgamado em uma teoria unificada. (E logo ficou claro que a luz visivel representava ape- as uma mindscula ‘janela’ no vasto espectro da radiagdo eletromagnética, do rédio as micro-ondas, ondas infravermelhas € ultravioletas raios x e raios gama.) Einstein sonhava com uma unificagio ainda maior que combinaria gravidade e eletrodindmica, praticamente da mesma forma que a eletricidade ¢ o magnetismo haviam-se combinado um século antes. Sua teoria do campo unificado nio foi Particularmente bem-sucedida, mas na atualidade o mesmo impulso vem gerando uma hierarquia de esquemas de unificago cada vee mais ambiciosos (e especulativos). Comecou na década de 1960 com a teoria eletrofraca de Glashow, Weinberg e Salam (que une as forgas fraca e eletromagnética),e culminou na década de 1980 com a teoria das supercordas (que, segundo seus proponentes, incorpora as quatro forgas em uma tnica ‘teoria de tudo’). A cada passo, nessa hierarquia, as dificuldades matematicas crescem ¢ o hiato entre conjectura inspirada e testes experimentais aumenta, Mesmo assim, esté claro que a ‘niticagio de Forgas iniciada pela eletrodinmica fornou-se um dos grandes temas no avango da fisica, A formulagio de campo da eletrodinimica O problema fundamental que uma toria eletromagnética espera resolver éo seguinte: se eu segurar uma pore de cargas clétricas aqui (e talver. as chacoalhe um pouco) — 0 que vai acontecer com as outras cargas elétricas, que estio ali? A soluczo classica toma a forma de uma teoria de campo: dizemos que o espago em tomo de uma carga elétrica é permeado por campos elétricos e magnéticos (0 ‘odor’ eletromagnético, por assim dizer, da carga). Uma segunda carga, na presenga desses campos, sente uma forga; 0s campos, enti, transmitem a influéncia de uma carga para outra — eles intermedeiam a interacdo. Quando uma carga sofre aceleragdo, uma parte do campo, em um certo sentido, se ‘separa’ e parte & velocidade da luz, levando consigo energia, momento linear e momento angular. Isso & 0 que chamamos de radiagio eletromagnética, Sua cexisténcia nos convida (se nao nos obriga) a considerar os campos como entidades dindmicas e independentes, por si mesmas, tio ‘reais’ quanto 0s dtomos ou as bolas de beisebol. Consequentemente, nosso interesse se desloca do estudo das forgas entre as cargas para o da teoria dos proprios campos. Mas € preciso uma carga para produzir um campo eletromagnético e outra para detecté-lo. Portanto, é melhor comegarmos revendo as propriedades essenciais das cargas eléticas. Carga elétrica 1. As cargas existem em dois tipos, que chamamos de ‘positivas’ e ‘negativas’, porque seus efeitos tendlem a se cancelar (se vos tiver +4 ¢ ~q no mesmo ponto, eletricamente seré como se ali no houvesse carga nenhuma). Isso pode parecer Gbvio Mensagem xv demais para merecer um comentétio, mas quero encoraj-lo a contemplar outras possibilidades:e se houvesse 8 ou 10 tipos Aiferentes de cargas? (Na cromodinimica, de fato,existem trés quantidades anélogas 3 cargaclétrica, cada uma das quais pode Ser positiva ou negativ.) Ou entdo, € se os dos tpos nao tendessem a se cancelar? O fato extraordindrio & que essas careas positivas e negativas ocorrem em quantidades exatamente iguais, em um grau de preciso fantastico, na matéria condensada, de forma que seus efeitos se tomam praticamente neutralizados. Se nio fosse por isso estariamos sujeitos a forgas imensas ‘uma batata explodiia se esse cancelamento tivesse uma imperfeigdo tio minima quanto uma parte em 10°" 2. A carga é conservada: ela nio pode ser criada ou destruida — o que existe hoje sempre exit. (Uma carga positiva Pode ‘aniquilar’ uma carga negativa equivalente, mas uma carga positiva ndo pode, simplesinente, desaparecer por sis — alguma coisa deve dar conta dessa carga elética.) Portanto, a carga total do universo esta fixada para todo o sempre. Essa € a chamada conservago global de carga, Na realidade, posso fazer uma afirmagio de um peso ainda maior: a conservagio slobal permite que uma carga desapareca em Nova York e reaparega imediatamente em Sio Francisco (isso ni afetaia o otal), mas saberos que isso no acontece. Se a carga estivesse em Nova Yorke fosse a Sao Francisco, teria de ter atravessado algum trajeto continuo de um lugar a outro, Isso se cham conservagio local da carga, Mais tarde veremos como formula uma lei matemtica precisa que expressa a conservagio local de carga — chama-se equagio de continuidade 3. A carga é quantisada, Embora nada na eletrodinamica chissica exija que seja assim, 0 fato € que as cargas eléticas $6 vém em blocos discretos — miitiplos inteiros da unidade bisica de carga. Se chamarmos a carga do proton de +e, 0 elétron ter4 carga ~e, 0 néutron teré carga nula, os mésons +e, 0.e ~c, 0 micleo de earbono -+6e, ¢ assim por diante (nunca 7,392e, ou mesmo 1/2e).! Essa unidade fundamental de carga & extremamente pequena de forma que, para os objetivos Préticos, geralmente é melhor ignorar totalmente a quantizagio, A gua, também, consiste, ‘realmente’, de blocos discretos (moléculas); no entanto, se estivermos lidando com quantidades razoavelmente grandes de gua, podenios traté-Ia como um fluido continuo. Isso, de fato, se aproxima muito mais da visio do préprio Maxwell; ele nao sabia nada sobre eléirons ¢ rotons — deve ter imaginado a carga como uma espécie de “gelei’ que poderia ser dividida em porgdes de qualquer tamanho espalhada & vontade. Essas, portanto, sto as propriedades basicas das cargas. Antes de discutirmos as forgas entre as cargas,algumas ferramen- ‘as matemiticas so necessérias; vamos nos ocupar da sua introdugo no Capitulo | Unidades 0 t6pico da eletrodinimica é atormentado por sistemas de unidades concorrentes entre sie que As vezes tornam diffil para os fisicos comunicarem-se entre si. O problema é muito pior do que na mecénica, em que os Neandertais ainda falam em libras « pés: pols, pelo menos na mecinica todas as equagSes tém a mesma aparéncia, seja qual fora unidade usada na medigdo das srandezas, A segunda lei de Newton continua sendo F = ma, seja em pés-libras-segundos, quilogramas-metros-segundos ou © que for. Mas nao é assim no eletromagnetismo, onde a lei de Coulomb pode aparecer de formas variadas como 1 ga la S25 Gassino, oo MES sn, ov EM wy Dos sistemas normalmente usados, os mais populares so 0 Gaussiano (cgs)e o SI (mks). Tedricos das particulas elemen- tates sio favoréveis ¢ um terceiro sistema: Heaviside-Lorentz. Embora as unidades gaussianas oferecam nitdas vantagens ‘ebricas, a maioria dos professores de faculdade prefere o sistema SI, suponho que seja por ele incorporar as unidades conhe- idas do dia a dia (vols, ampéres e watts). Nest livro, potanto,usei as unidades SI. No apéndice C ha um ‘dicionério’ para « conversio dos principais resultados em unidades gaussianas. |. Nerealidade petons enuttons so composts deus quarks, qu caregam cara fracionérias (Je +4) No ett, qt ves aparetemente io existe na natureza ede qualquer forma iso no aller fato de ue a carga & quantizada; apenas rede o taanho decide Baan Capitulo 1 Anilise vetorial 1.1 Algebra vetorial 1.1.1 Operagdes com vetores Se voc8 caminhar 4 milhas para o norte e depois 3 milhas para o leste (Figura 1.1), terd percorrido um total de 7 milhas, mas ndo estaré a7 milhas de disténcia de onde saiu — apenas 5. Precisamos de uma aritmética para descrever quantidades como essa, que evidentemente nao se somam da forma usual. © motivo pelo qual elas ni se somam assim, portanto, é que os deslocamentos (segmentos de linha reta que vo de um ponto a outro) t&m direcdo, além de magnitude (comprimento), sendo necessério que ambas sejam levadas em considerago quando eles so combinados. Tais objetos so chamados de vetores: velocidade, aceleragio,forga e momento sZo outros exemplos. Em contraste, quantidades que tém magnitude, mas niio tém diregio, sio chamadas de esealares; alguns exemplos sio massa, carga, densidade e temperatura, Sera usado negeito (A, B € assim por diante) para os vetores ¢ o tipo comum para os escalares. A magnitude de um vetor A é escrita como |A\, ov, de forma mais simplificada, A. Nos diagramas, 0s vetores sto denotados pelas setas: 0 comprimento da seta € proporcional A magnitude do vetor € a ponta da seta indica sua ditegao e sentido. Menos A (—A) é um vetor com a mesma magnitude de A, mas em sentido oposto (Figura 1.2). Observe que os vetores tm magnitude, diregdo e sentido, mas ndo localizagéo: um deslocamento de 4 milhas para o norte, a partir de Washington, é representado pelo mesmo vetor que um deslocamento de 4 milhas a partir de Baltimore (negligenciando-se, € claro, a curvatura da Terra). Em um diagrama, portanto, pode-se movimentar a seta a vontade, desde que no se mude seu comprimento ou sua diregzo. Definimos quatro operacdes vetoriais: soma e ts tipos de multiplicagio. () Soma de dois vetores. Coloque a extremidade inicial de B na ponta de A; a soma de A + B € 0 vetor da extremidade inicial de A & ponta de B (Figura 1.3). (Esta regra generaliza o procedimento dbvio para combinar dois deslocamentos.) A soma é comutativa A+B=B+A; 3 mithas para o leste seguidas de 4 milhas pata o norte vai levé-lo a0 mesmo lugar que 4 milhas para o norte seguidas de 3 imilhas para o leste. A soma é também associativa (A+B) +C=A+(B+C) Para subtrair um vetor (Figura 1.4), some seu oposto: A-B=A+(-B). 3 7 A / a 4 say // mi mi (asm) / 3 Figura 1.1 Figura 1.2 Figura 1.3 2 Bletrodinamica (Gi) Multiplicago por um escalar. A multiplicago de um vetor por um escalar positive a multiplica a magnitude, mas deixa aditegao inalterada (Figura 1.5). (Se a for negativo, o sentido ¢ invertido.) A multiplicagao por um escalar€ distributiva: (A +B) =aA +B. (Gi) Produto interno ou produto escatar de dois vetores. O produto interno de dois vetores € definido por A.B = ABcos6, ad) onde 0 € 0 Angulo que eles formam quando colocados cauda a cauda (Figura 1.6). Note que A ~B é em si um escalar (dat 0 nome alternativo de produto escalar). O produto interno & comutativa, A-B=B-A, e distributive, A-(B+C)=A-B+A-C. (2 Geometrcamente, A - B € 0 produto de A veres a projegio de B 20 longo de A. (ou o produto de B veves a projegio de ‘A.ao longo de B). Se os dois vetores forem paralelos, entio A - B = AB. Em particular, para qualquer vetor A, (3) Se Ae B forem perpendiculares, entio A -B = 0 B Figura 14 Figura 15 Figura 1.6 Exemplo Lt CConsidere que C = A. ~ B (Figura 1.7) ecaleule o produto interno de C consigo mesmo. Solugior ©-C=(A-B)-(A-B)=A-A-A-B-B-A+B-B, ou CP = A 4 BY -2ABeoss, Esta a lel dos cossenos, B Figura 17 (iv) Produto externo, ou produto vetorial, de dois vetores. 0 produto externo de dois vetores € definido por AXxB=ABsendi, 4) Capitulo! Analise vetoral — 3 onde fi € um vetor unitério (vetor de comprimento 1) apontando perpendicularmente para o plano de Ae B. (O acento ircunflexo (”) serd usado para designar os vetores unitdrios.) E claro que hé duas direcdes perpendiculares a qualquer plano: “entrando no plano’ ¢ ‘saindo do plano’, A ambiguidade se resolve com a regra da mi direita: aponte seus dedos na diregio do primeiro vetore vire-os (pelo menor éngulo) em direcio ao segundo: seu polegar indicaré a diregao de fi, (Na Figura 1.8, A x B aponta para dentro da pagina; B x A aponta para fora da pgina.) Observe que A. x B é, em si, um vetor (dal o nome alternativo de produto vetorial). O produto vetoral € distributivo, Ax (B+C)=(AxB)+(AxC), (5) mas ndo comutativo, De fato, (Bx A) =-(A xB), (16) Geometricamente, |A. x B] € a érea do paralelogramo gerado por Ae B (Figura 1.8). Se dois vetores sio paralelos, seu produto vetorial ¢ 0, Em particular, AxA=0 para qualquer vetor A. Problema 1.1 Usando as definigdes nas equagdes 1.1 ¢ 1.4, bem como os diagramas apropriados, mostre que os prodiutos escalar € ‘etoral so distributivos, () quando os t8s vetores so coplanares: (b) no caso geral, Problema 1.2 0 produto vetorial é associative? (AxB)xC2Ax (Bx) Em caso afirmat prove; s¢ no, formeca um contraexemplo, 1.1.2 Algebra vetorial: na forma de componentes [Na segio anterior, foram definidas as quatro opetagdes vetoriais (soma, multiplicagao por um escalar, produto vetorial ¢ produto escalar) de forma ‘abstrata’, ou seja, sem referéncia a qualquer sistema particular de coordenadas. Na pritica, & frequentemente mais fécil montar coordenadas cartesianas xy, 7 e tabalhar com ‘componentes’ vetoriais, Considere que %, ¥ €& sto vetores unitérios paralelos aos eixos 2, y e 2, respectivamente (Figura 1.9(a)). Um vetor arbitrério A pode ser cexpandido em termos desses vetores de base (Figura 1.9(b)) A= AR+ AS + Ad. Os nimeros As, Ay € Az sio chamados componentes de A; geometricamente, eles sto as projegdes de A ao longo dos trés eixos de coordenadas. Podemos agora reformular cada uma das quatro operagées vetoriais como uma regra para a manipulagao dos componentes: A+B = (AR+ Ay + Ad) + (Bek + BY + B.A) = (Ae + Br)R+ (Ay + By)¥ + (As + Be a7) 4 Eletrodindmica Figura 1.9 (@ Regra: para somar vetores, some componentes semelhantes. aA = (aA,)% + (aAy)¥ + (aA, )2 (1.8) (Gi) Regra: para multiplicar por um escalar, multiplique cada componente Como &, $e & sio vetores unitérios mutuamente perpendiculares, RR=aVY RY gy ) Consequentemente, AB = (AR+ Ay¥+4.2)-(B.&+ Byy + BB) ApBz + AyBy + A.B 19) (ii) Regra: para calcular o produto escalar, multiplique componentes semethantes e some. Em particulat, A A=AD+AT+ AR, [AZ + AZ + A? ay (Esta é, por assim dizer, a generalizagdo tridimensional do teorema de Pitégoras.) Observe que o produto escalar de A. entdo A com qualquer vetor unitério € 0 componente de A ao longo daquela direglo (portanto, A-& = Az, A+ = Ay,€ A-2 = Ay) Da mesma forma,! RXR 0, RXG oxe ExR=-RxA = fF. (1.12) Portanto, AXB = (Ark + Ay¥ + A.2) x (Bo + By¥ + BB) = (AyBs ~ AzBy)& + (AzBy — AcB.)9 + (AeBy ~ AyBs)2. (1.13) Essa expressiio de manejo diffil pode ser escrita de forma mais elegante como o determinante de uma matri2: Ry 8 Ax A; Ay Az (ay B, By B. (iv) Regra: para calcular o produto vetorial, forme o determinante cuja primeira linha seja &, $, 2, cuja segunda linha seja A (na forma de componentes)e cujaterceira linha sefa B. 1 Bssessiaispertencem a um sistema de coordenadas destrégio (exo + para fora da pga, ino y para a drei, eixo 2 para cima, ov qualguee combinogo que mantém a sequénia), Em um sistema lewro (eo = para bao), os sinais seria inveridos: Xx # = —# e assim por dant, Usaremos exlusvamene sistemas destogiros, Capitulo 1 Analise vetoriat 5 Exemplo 1.2 Encontro Angulo entre as diagonais das faces de um cubo. Soluglo: ¢ preferivel usarmos um cubo de lado 1 e colocé-lo como mostra a Figura 1.10, com um dos vértices na origem. AS diagonais das faces A e B sio A=18+09+1% B=0K+19+12 Entio, na forma de eomponentes A-B=1-040-141-1 Por outro tado, na forma ‘abstrata’, A: B= ABeos§ = v2y2cos6 = 200s 4, Portanto, cos = 1/2, on 8 = 60", F claro que pode-se ober uma resposta com mis feilidadetragando uma diagonal no alto do cub e completand um teingulo ave ps % equiltero. Mas nos casos em que a geomet no € to simples, est recurso de comprar & forma astata eos componentes pra. 0 produto escalar pode ser um meio muito efciente para determinaringuls (0.0.1) x 0.1, a *A1,0,0) Figura 1.10 Problema 1.3 Encontreo dngulo entre as diagonais do corpo de um cubo. Problema 14 Use 0 produto vetorial para encontrar 0s componentes do vetor unitério A, perpendicular ao plano mostrado na Figura 1.11 Figura 1.11 Como 0 produto vetorial de dois vetores é, em si, um vetor, ele pode ser multiplicado através do produto escalar ou do produto vetorial com um terceiro vetor para formar um produto triplo. () Produto escalar A. (Bx C). Geometticamente, |A - (B x C)| € 0 volume do paralelepfpedo gerado por A, Be, jd que |B x C| 6 area da base ¢ |A cos] éa altura (Figura 1.12). Evidentemente, A-(BxC)=B-(Cx A)=C.(AxB), (15) 6 Eletroginamica Figura 1.12 {i que todos eles correspondem a mesma figura. Observe que a ordem ‘alfabética’ esté preservada — em vista da Equagao 1.6, (05 proddutos triplos ‘nao alfabéticos’, A.(CxB)=B-(AxC)=C-(Bx A) tém sinal oposto. Na forma de componentes, pS A, A A-(BxC)=| Be By Be (1.16) C, Ce Cy Observe que 0 produto escalar ¢ o produto vetorial sdo intercambiveis: A-(BxC)=(AxB)-C (isto € decorténcia imediata da Equagio 1.15); no entanto, a localizago dos parénteses é essencial: (A.B) x C é uma expresso sem significado — nao se pode fazer um produto vetorial a partir de um escalar e um vetor. (ii) Produto vetorial triplo: A x (B x C). 0 produto vetorial tiplo pode ser simplificado pela chamada regra BAC-CAB: Ax (Bx C) =B(A-C)~C(A-B), a7 Observe que (AxB)xC= Sx (A x B) = -A(B-C) + B(A-C) € um vetor completamente diferente, A propésito, todos os produtos vetoriais superiores podem ser reduzidos, da mesma forma, com frequéncia aplicando-se repetidamente @ Equacao 1.17. Assim, nunca é necessério que uma expresszo contenha mais do que um produto vetorial em qualquer dos termos. Por exemplo, (AxB)-(CxD) = (A-C\(B-D)~(A-D)(B-O); Ax(Bx(CxD)) = B(A-(CxD)}-(A-B)(C x D). (1.18) Problema 1.5 Demonsire a rezra BAC-CAB escrevendo ambos os lados na forma das componentes. Problema 1.6 Prove que |A x (Bx C)] + [B x (Cx A)] + [Cx (Ax B) (A xB) xO? Em que condigdes A x (B x C) 1.1.4. Vetores posigio, deslocamento e separacio A localizagao de um ponto em trés dimensdes pode ser descrita listando-se suas coordenadas cartesianas (2, y, 2). O vetor até esse ponto a partir da origem (Figura 1.13) & chamado de vetor posigao: ak+us+ (1.19) Neste livro a letra r€ reservada para esta finalidade, Sua magnitude, r= V8 FPrA (1.20) Capitulo 1 Analise torial 7 (x9) 6a distincia a partir da origem e (2) um vetor unitério que apontaradialmente para fora. O vetor deslocamento infinitesimal, de (x,y, 2) a (2+ de, y+ dy, 2+ dz), 6 = de& + dy + ded. (1.22) (Poderfamos chamé-lo de dr, j que é isto que 0 vetor infinitesimal , mas ¢ til reservar uma letra especial para desloca- ‘mentos infinitesimais.) Em eletrodinamica, frequentemente encontramos problemas que envolvem dois pontos — tipicamente um ponto fonte, ’, onde uma carga elétrica esté locatizada, e um ponto de observacao, r, no qual se esté calculando 0 campo elktrico ou magnético (Figura 1.14). Vale a pena adotar, desde o inicio, algum tipo de notagdo abreviada para o vetor separagio entre 0 onto fonte ¢ 0 ponto de observacio. Usaremos para esse fim a letra manuscrita +: (1.23) ‘Sua magnitude é a=le-rh, (1.24) ‘e um vetor unitério na diregdo de r’ ar é goto t® 1.25) eeettel r=" (1.25) Em coordenadas cartesianas, (e—2)R+(y—y)9 + (2-2, (1.26) (e-2P +y—vP+-2'P, (127) (r= 2+ (y- VF + (2 —2)% (128) =a UVF 2F (a partir do que vocé pode comegar a apreciar a vantagem da notagdo 2-manuscrito).. ponto fonte \ pnto de obserasdo Figura 1.14 Problema 1.7 Encontre o vetor separagiio 4, a partir do ponto fonte (2,8,7) até o ponto de observagio (4,6,8), Determine sua magnitude (2) ¢consra o vetor uniting 8 Eletrodinamica 1.1.5 Como vetores transformam-se AA definiglo de um vetor como ‘uma quantidade com magnitude, direcdo e sentido” nfo é totalmente satisfat6ria, O que, precisamente, significa ‘diregio e sentido’? A questo pode parecer pedante, mas em breve encontraremos uma espécie de derivada que se parece com um vetor e entio vamos querer saber com certeza se o €. Voc’ pode se sentir tentado a dizer que um vetor qualquer coisa com trés componentes que se combina adequadamente em uma soma, Bem, que tal isto: temos um barril de frutas que contém NV, peras, Ny mags e N, bananas. Seri N = Nj + Ny + N.& um vetor? Tem rs componentes ¢ quando vocé soma outro barril com M, peras, M,, mags eM, bananas, resultado é (N+ M,) peras, (Ny +M,) magis, (N+ M,) bananas, Portanto, soma-se como um vetor. No entanto, obviamente ndo é um vetor, no sentido que a fisica dé & palavra, porque na realidade néo tem uma direcdo, O que, exatamente, esté errado aqui? A resposta é que N ndo se transforma apropriadamente quando vocé troca de coordenadas. O sistema de coordenadas que "usamos para descrever as posigdes no espago ¢, portanto, totalmente arbitrério. Mas existe uma lei espectfica de transformagiio sgeométrica para converter as componentes de um vetor de um sistema para outro. Suponha, por exemplo, que sistema Z, 7,7 sofra uma rotagdo de um angulo 6, em relacdo a x,y, 2, em torno dos eixos comuns 2 = 7. A partir da Figura 1.1 Ay = AcosO, Az = Asen8, cenguanto = Acos# = Acos(0 — 4) = A(cas8cos¢ +sen0 sen) cos by + sen dA, A, = Asend = Asen(6 ~ §) = A(sen cos ¢ ~ cos 6 sen d) ~sengAy + cos pA,. Podemos expressar esse resultado em notago matricial: cosd eng) / Ay =send ous) (4) ee Em sentido mais amplo, para uma rotago em torno de um eixo arbitrdrio em trés dimensées, a lei de transformagao assume a forma ly 7 (1.30) Ae Ay | = AL ou, de forma mais compacta, a3) ‘onde 0 indice 1 representa x, 2 representa y € 3 representa 2, Para uma rotagio dada, os elementos da matriz R podem ser encontrados pelo mesmo tipo de argumentos geométricos que usamos para a rotagio em torno do eixo 7. Agora, os componentes de NV transformam-se assim? F claro que no. Nao importa quais as coordenadas usadas para representar as posigBes no espago, haverd 0 mesmo niimero de mags no barril, Nao se pode converter uma pera em uma banana escolhendo um conjunto diferente de eixos, mas pode-se, sim, transformar A, em Ay. Portanto, formalmente, wm vetor é qualquer conjunto de trés componentes que se transforma da mesma maneira que um deslocamento, quando se ‘mudam as coordenadas. Como sempre, 0 destocamento & 0 modelo para o comportamento de todos os vetores, Figura 1.15, 3. Esta seo pode ser pula sem peda de coninidade. Capitulo t Anaiise vetorial 9 Aligs, um tensor (de segunda ordem) é uma quantidade com nove componentes, Tey Trys Teas Ty «+ transforma com dois fatores de R Fez = Rac(ReaTex + ReyTey + RasTes) + Ray(RoxT ye + Reylyy + ResTys) + Rex(RaeTor + RoyTsy + RersTs:)s ‘ou, de forma mais compacta, aa W = DD Re RyTu (1.32) i= Em geral, um tensor de n-ésima ordem tem n indices e 3" componentes, ¢ se transforma com n fatores de FR. Nessa hierarquia, um vetor € um tensor de ordem 1, ¢ um escalar é um tensor de ordem zero, Problema 18 (a) Prove que a matiz de rotago biimensional (1.29) preserva prodtosescalaes. (Ou sia, moste que AyBy + ALB, = AyBy + AcB..) (b) Que restrigdes os elementos (FRi,) da matriz de rotagdo tridimensional (1.30) devem satisfazer a fim de preservar o comprimento de A (para todos os vetores A)? Problema 19 Enconte a matrix detransformagi I que desereve uma oko de 120° em torn de un exo ue passa pa origem pelo pono (1, 11), A rotagdo € no sentido horrio quando se olha a longo doeixo em dieso&orgem, Problema 1.10 (a) Com 0s componentes de um vetr se trnsformam sob va transagio de coordenadas (F = 2,7 = y ~ a, =, Figura 1160)? (6) Como os componente de um vetor se transformam sob urna inverso de coordenada (F = 1, =~. 2, Figura 1.160)? (€) Como o produto vetorial (1.13) de dois vetores se transforma sob inversio? [0 produto vetorial de dois vetores ¢ chamado de pseudovetor, devido a este comportamento ‘andmalo’). O produto vetorial de dois pseudovetores & um vetor ou um pseudovetor? [dentfigue duas grandezas pseudovetoriais na mecinica clissica (@) Como o produto scalar triplo de tr vetores se transforma sob inversGes? (Tal objeto & chamado de pseudoescalar.) Figura 1.16 1.2 Cailculo diferencial 1.2.1 Derivadas ‘ordindrias’ Pergunta: suponba que temos uma funglo de uma varidvel: f(x). Em que a derivada df fds nos auxilia? Resposta: ela nos diz com que rapidez a fungao f(2r) varia quando mudamos 0 argumento x por uma quantidade mintscula, dr: a-(Z) ae (1.33) Em palavras: se alterarmos 2 por uma quantidade dr, entdo f ser alterada pela quantidade df; a derivada € 0 fator de proporcionalidade. Por exemplo, na Figura 1.17(a), a fungao varia lentamente com x ¢ a derivada também € pequena. Na Figura 1.17(b), aumenta rapidamente com e a derivada € grande, & medida que nos afastamos de r= 0. Interpretagdo geométrica: a detivada df {dx a inclinagdo do grafico f versus a. 10 Eletrodinamica ®) Figura 1.17 1.2.2 Gradiente Agora suponha que temos uma fungi de més varidveis — digamos a temperatura T(2, y, 2) em uma sala, (Comece em tum canto e monte um sistema de eixos, Entdo, para cada ponto (ct,y,2) da sala, T’ forece a temperatura naquele local.) Queremos generalizara nogao de ‘derivada’ para fungées como T, que dependem nao de wna, mas de trés varidveis. A derivada deve nos dizer com que rapidez a fungo varia, se nos movermos em uma pequena distincia. Mas desta vez a situagio é mais complicada, porque depende em que dire¢do nos movemos. Se formos para cima, ao longo de uma reta, ento ‘temperatura provavelmente aumentard com rapidez. Mas se nos movermos horizontalmente, ela pode nio mudar quase nada, De fato, a pergunta ‘Com que rapidez.T’ varia?” tem um ndmero infinito de respostas, uma para cada diregio que decidirmos explorar. Felizmente, o problema nao € to ruim quanto parece. Um teorema de derivadas parciais diz que or or ar ar~ (FP) ar+ (2) dns (Fac (34) Isso nos diz 0 quanto T’ muda quando alteramos as t8s varidveis pelas quantidades infinitesimais dx, dy e dz. Observe que ndo precisamos de um niimero infinito de derivadas — trés sio suficientes: as derivadas parciais ao longo de cada uma das tés diregdes das coordenadas. ‘A Bquagdo 1.34 provém de um produto escalar (de& + dyy + de?) (1.35) onde (1.36) 6 ogradiente de T. VT é uma quantidade vetorial, com trés componentes: A Equagio 1.35 6 a versio tridimensional da Equagio 1.33. Interpretagdo geométrica do gradiente: como qualquer vetor, © gradiente tem magnitude, direcao e sentido. Para deter- tminar seu significado geomeétrico, vamos reescrever o produto escalar (1.35) na forma abstrata: é a derivada generalizada que estamos procurando. dT = VT-dl=|VT\|adl{cos6, (137) onde # €0 Angulo entre VT e dl. Agora, se fixarmos a magnitude [dll e buscarmos em vérias direcdes (ou seja, variando 8), a ‘mudanga maxima em T evidentemente ocorreré quando @ = 0 (uma vez que cos4 = 1). Ou seja, para uma distancia fixa [al AT seré 0 maior possivel quando eu me mover na mesma diregao que VT. Portanto: 0 gradiente VT aponta na directo do aumento meximo da fungio T Alem disso: A magnitude |WT | fornece a inclinagdo (taxa de aumento) ao longo dessa diregcio maximizadora. Imagine que voc® esté na encosta de um morro, Olhe & sua volta ¢ encontre a diregio da subida mais fngreme. Essa é a diregdo do gradiente, Agora meca a inclinacdo nessa diregdo (altura sobre distancia horizontal). Essa é a magnitude do gradiente. (Aqui, a fungio sobre a qual estamos falando € a altura do morro, e as coordenadas das quais ela depende so posigdes — digamos, latitude e longitude. Essa fungdo depende somente de das varidveis, ndo de trés, mas o significado geométrico do gradiente é mais fécil de assimilar em duas dimensdes.) Observe a partir da Equagao 1.37 que a diregio de descida méxima é oposta 2 diregdo de subida méxima, enquanto em angulos retos (9 = 90°) a inclinagdo € zero (0 gradiente é Capitulo! Analise vetoral 11 Perpendicular as curvas de nivel). Pode-se conceber superficies que nfo tém essas propriedades, mas elas sempre tém “dobra’ © correspondem a fungdes ndo diferencisveis. © que significaria se 0 gradiente se tomasse nulo? Se VT = Oem (2, y,),entio dI” = 0 para pequenos deslocamentos em tomo do ponto (x,y, 2). Esse é,entd0, um ponto eritico da fungao T(z, y, 2). Pode ser um maximo (um pieo), um minimo (um vale), um ponto de sela, ou um ‘ombro’. A situagio é ansloga a das fungdes com uma varidvel, onde uma derivada que se anulasinaliza um méximo, um ménimo ou uma inflexao. Em particular, se voc8 quer localizar o extremo de uma fungi de lués varidveis, faga o seu gradiente igual a zero. Exemplo 1.3 Encontre gradiente der = /2?-+ 4? + = (a magnitude do vetor posi), Solugi {sso faz sentido? Bem, o resultado diz.que a distancia & origem aumenta mais rapidamente na diregdo radial e que a sua taxa de ‘aumento nessa dirego¢ I. justamente o que sera dese espera Problema 1.11 Enconte os gradientes das seguintes fungies: @fey2=2 ty 42 (6) Sle. y,2) = 2°ybet © f(zyz) = * sen(y) In(2). Problema 1.12 4 altura de um certo morro (em pés)& dada por (x,y) = 10(2ry — 32* — dy? ~ 187 + 28y + 12), onde y 6a disténcia (em mithas) para o note e xa distincia para o Leste de South Hadley. (@) Onde ica © topo do morro? (©) Que altura tem o morro? (©) Qua fgreme€ a inctinago (em pés por milhaem wm pont I milha ao norte I mia lest de South Hadley? Em que diregao 4 inclinago € mais acentuada,nesse ponto? Problema 1.13 Considere que ej 0 veorseparaso de um pontofixo (x,y, 2’) até 0 ponto (2, y, 2) que s€ 0 seu comprimento, Mostre que V(t) = () V/A) = 6 (©) Qual a férmuta geal para Ve")? Problema 1.14 Suponha que f €uma fungdo de apenas dus varidveis(y e 2). Mostre que o gradente Vf = (3 /0y)9 + (0 /02)8 {ransforma-se como um vetor sob rotagdes, Equagio 1.29. [Dica: (Bf /0%9) = (Of /0y)(Bv/93) + (Bf /0:)(0z/0p) e a formula andloga para Of Oz. Saberns que T= yoos d+ zsen be = —ysen + zens; ‘esolva’ estas equages para ye + (as funybes de Fe 2) calcule as dervadas necessétias Oy /77, 0/05 ete 12 Etetrodinamica 1.2.3 O operador V O gradiente tem a aparéncia formal de um vetor V, ‘multiplicando’ um escalar 7: vr=(x2soc+ag)n (1.38) Ox YBy “Be (Para variar 0s vetores unitérios foram escrtos na esquerda, para que ninguém pense que isto significa 08/2 e assim por diante — o que seria zero, j4 que & & constante.) O termo entre parénteses chama-se ‘operador del’ (1.39) E claro que del ndo € um vetor, no sentido usual. De fato, ele nao tem qualquer significado antes que fornegamos a ele ‘uma fungio na qual atuar, Além disso, ele nao ‘multiplica’ 7; mais exatamente, ele é uma instrugdo para diferenciar o que se segue. Para sermos precisos, entdo, devemos dizer que V é um operador vetorial que age sobre 1’, ¢ nfo um vetor que ‘moliplica 7. ‘Com essa qualificagao, contudo, V imita 0 comportamento de um vetor ordinério, praticamente de todas as formas; quase tudo 0 que pode ser feito com outros vetores pode ser feito com V, bastando apenas traduzirmos ‘multiplicar’ por ‘agir sobre’ Portanto, leve, sem divida, a aparéncia de vetor de V a sério: ele um exemplo maravilhoso de simplificago de notagio, como vo’ poder ver se algum dia consultaro trabalho original de Maxwell sobre eletromagnetismo, escrito sem 0 recurso av Agora, um vetor comum A pode multiplicar de trés formas: 1, multiplicar um escalar a: Aa; 2. multiplicar outro vetor B, através do produto escalar: A - By 3, multiplicar outro vetor através do produto vetorial: A x B. Analogamente, 0 operador V pode atuar de trés maneiras: 1. em uma fungao escalar T: VT (0 gradiente); 2. em uma fungdo vetorial v, através do produto escalar: V - v (o divergente);, 3. em uma fungdo vetorial v, através do produto vetorial: V x v (0 rotacional) J6 discutimos o gradiente. Nas préximas segdes examinaremos as duas outras derivadas vetoriais: divergente e rotacional 12.4. O divergente ‘A partir da definigdo de V construimos 0 divergent: (1.40) Observe que o divergente de uma fungio vetorial v é, em si, um escalar V-v. (Nao se pode ter o divergente de um escalar isso ndo faria sentido.) Interpretagdo geométrica: o nome divergente é bem escolhido, pois V-v € a medida de quanto vetor v brota diverge) do onto em questo. Por exemplo, a fungao vetorial da Figura I.18a tem um grande divergente (positivo) (se as setas apontassem, para dentro, seria um grande divergente negativo), a fungio da Figura 1.18b tem divergente nulo e a fungo na Figura I.18¢ também tem divergente positivo. (Por favor, entenda que v, aqui, € uma fingdo — hé um vetor diferente associado a cada ponto no espago. Nos diagramas, portanto, 6 € possivel desenhar as setas em alguns poucos locais representativos.) Imagine que voce est & beira de um Iago. Jogue um pouco de serragem ou agulhas de pinheiro sobre a superficie, Se o material se espalhar, entéo vocé o jogou em um ponto de divergente positivo; se ele se juntar, voc8 o jogou em um ponto de divergente negativo. (A fungao vetorial v neste modelo éa velocidade da égua — este é um exemplo bidimensional, mas ajuda a dar uma nnogdo do que é o divergente. Um ponto de divergente positivo € uma fonte ou ‘torneira’; um ponto de divergente negativo & ‘uma pia ou ‘ralo’,) Me ON | QS UENY WANE @) Figura 1.18 Exemplo 1.4 Suponha que as fungGes na Figura 1,18 sejam va Solugio: UR+ YP +28, ve = he ve = 28, Caleule seus divergentes. Hor Sins deqtsitizs ‘Como prevsto, esta fungdo tem um divergente positive, Vive Vn Z0)+ F004 20) o4040 como se esperava ba Vives FO F422) =04041=1 Problema 1.15 Caleuleo divergente dss seguintesfungdes vera: (a) va = 2? R + B22 § — Dad, (ve = y+ 2y29 + S208 (Ove =P R+ (ay + 22)9 + 2928 Problema 1.16 Esboce a fungao vetorial cecalcule seu divergente. A resposta poderé surpreendé-lo.. Vocé pode expli-la? Problema 1.17 Mostre que, em duas dimensbes, o divergent se transforma como um escalar sob rotages. [Dica: use a Equag30 1,29 para detrminar 0, € D.,€ 0 método do Problema 114 par calcular as derivadas. Seu objetivo € mostrar que Oty /5 + 0.95 = Ou /Oy + O-/92.) 1.2.5 O rotacional A partir da definigdo de V, construfmos 0 otacional: x y a Vxv = | afr djdy a/az Ye you = 9 (2% _ Oe) 5g (Sue Bue). 5 (Bry _ due’ = 2(2 98) 05 (2) (Be 2) way Observe que o rotacional de uma fungdo vetorial v, como qualquer produto vetorial, & um vetor. (Nio se pode ter 0 rotacional de um escalar; isso nao faria sentido.) 14 Bletodinamica Interpretagdo geométrica: 0 nome rotacional também foi bem escolhido, pois V x v é uma medida de quanto 0 vetor v “gira em tomo’ do ponto em questo. Portanto, as trés fungdes da Figura 1.18 tm rotacional nulo (como vooé mesmo pode verificar), enquanto as fungGes da Figura 1.19 tém rotacionais consideraveis, apontando na ditegdo 2, como naturalmente sugere a regra da mao direita. Imagine, novamente, que vocé esté a beira de um lago. Coloque uma pequena roda de pas na superficie (pode ser uma rolha com palitos espetados radialmente) Se ela comegara girar,ento voc® a colocou em um ponto de rotacional nao nulo. Um redemoinho seria uma regido com um grande rotacional I— &) Figura 119 Exemplo 15 Suponha que a fungdo desenhada na Figura 1.19a seja va = —y& + 2, e que a da Figura 1.19 seja v, = 27. Caleule seus rotacionas, Solugio: x 5 2 Vxve=| aor afdy afae -y ot (0 Vxw R 9 4 afd Ajay d/ox ar) ‘Como esperado, esses rotacionais apontam na diregdo +z, (Alids, ambos tém divergentenulo, como voe8 pode deducir a partir das imagens: nada ess ‘brotando’, apenas ‘grando’) Problema 1.18 Calcule os rotacionais das funds vetorais do Problema 1.15. Problema 1.19 Construa uma fungdo yetorial que tenha divergente nulo rotacional nulo em todos os poatos. (Uma constant iré Founcionar,€ claro, mas faga algo um pouco mais interessante que isso!) 1.2.6 Regras de produtos O cileulo das derivadas ordindrias é facilitado por uma série de regras gerais,tais como a regra de soma: a a a gifta=Z+8, a regra para multiplicagdo por uma constant: a a ahaha a regra do produto: fg) = pS gt ae!) = Soe * ae Capitulo + Andlise vetoral 18 ‘ea regra do quociente: df dg af (f) _ fae ae di \9 e Existem relagdes semelhantes para as derivadas vetoriais, Assim, ViEtQ=Vl+Vn V-(A+B)=(V-A)+(¥-B), Vx(A4+B)=(V« A) +(V xB), VIRA)=kVS, -V-(RA)=A(V-A), Vx (RA) = KV x A), como vocé mesmo pode verificar. As regras de produtos no so assim to simples. Existem duas maneiras de construir um scalar como o produto de duas funcGes: fg (produto de duas fungdes escalares), A-B (produto escalar de duas fungdes vetoriais), ce duas maneiras de fazer um vetor: FA. (escalar vezes vetor), Ax B (produto vetorial de dois vetores). Da mesma forma, existem seis regras de produtos, duas para gradientes: a VUi9) = FV a+9VF, (ii) V(A-B)=Ax (Vx B)+Bx (Vx A)+(A-V)B+(B-V)A, (1,0,0) - (1, 1,0) - (4, 1,1) (©) (0,0,0) + (0,0,1) > (0,1,1) > (4,1,1); (6) A linha ret, direta (2) Qua € a itepral de linha em toro do caminho fechado que parte ao longo do camino (a € volta ao longo do caminho (b)? Problema 1.29 Calcule a integral de supericie da fungéo no Exemplo 1.7 para o fundo da cana. Porcoeréncia, ate ‘para cima’ ‘como sendo a drego postiva. A integral de superficie depende somente da linha limite para esta funco? Qual € 0 fluxo total sobre A superficie fechada da eaia (inclusive o undo) [Nota: pare a superficie fechada, a dies0 positiva para fra, portant, “pare baixo’ para a face inferior Problema 1.30 Calcule integral de volume da funglo T = 2 para otetraedo com cantos em (0.0.0), (1,00), (01,0) ¢ (0.0, 13.2 Teorema fundamental do cdleulo Suponha que f(«) € uma fungGo de uma variével, O teorema fundamental do eéleulo diz que 1.54) F(a) dz = f(b) — f(a), onde df/de = (x). 0 teorema fundamental diz como integrar F(2): voc® cri uma fungao f(x) cuja deriva sea igual a F. Imerpretagdo geomeéirica: segundo a Equagio 1.33, df = (df/dr)ite 6 a variago infinitesimal em f, quando se vai de (2) a (¢ + de). O teorema fundamental (1.54) diz que se voe€corta 0 intervalo de a a b (Figura | 25) em: muitos pedagos, Iminiseulos, de somar os incrementos df de cada pedacinho,o resultado ser (sem qualquet surpresa igual variagao total nF: £(0) ~ Fla), Em outas palavras, hi duas maneres de determinaravariagéo total da fungio: tomar a diferenga dos Falores nas extemidades oui passo a passo somando todos os inerementos minisculos a medida que e avanga, De qualquer forma, a resposta serd a mesma Observe o formato bésico do teorema fundamental: a integral de uma derivada sobre um intevalo & dada pelo valor da fungdo nos pontos extremos (contorios). Em célculo vetoralexistem tes tpos de deivadas (gradient dvergente ¢ Totacional, ¢ cada uma tem seu préprio ‘teorema fundamental, essenciatmente com o mesmo formato. Nao ha pretensao de Brovar esses feoremas aqui; em vez disso, ser explicado o seu significado e se tentaré tom-los plausveis. As provas sio dadas no Apéndice A, yo MB} ~— fla) ' Figura 1.25 22 letrodinamica 1.33. Teorema fundamental para gradientes Suponha que temos uma fungdo escalar com trés varidveis T'(.r,y, 2). Comegando no ponto a, nos movemos a uma pequena distincia dy (Figura 1.26). Segundo a Equagio 1.37, a fungao T'seréalterada por uma quantidade aD =(VT)-dh, ‘Agora avangamos um pouco mais, com um pequeno deslocamento adicional dla; o incremento em T’ seré (WT) + dla Dessa forma, avangando em passos infinitesimais, fazemos a jornada até 0 ponto b. A cada passo calculamos o gradiente de T (naquele ponto) fazemos a multiplicagdo escalar com o deslocamento dl... o que nos dé a variagdo de 7. Evidentemente, aalteragdo total de T no trajeto de a a b ao longo do caminko escothido & 7 ~ If (VT) dl =T(b) - T(a) é (1.55) Este € 0 chamado teorema fundamental para gradientes; como o teorema fundamental ‘ordindrio’, ele diz que a integral (no caso uma integral de linha) de uma derivada (no caso o gradiente) & dada pelo valor da fungao nos extremos (ae b). Interpretagdo geométrica: suponha que vocé queira determinar a altura da Torre Eiffel. Voc@ pode subir as escadas, usar ‘uma régua para medit a altura de cada degrau e somar tudo (esse é o lado esquerdo da Equagao 1.55), ou vocé pode colocar altimetros no topo e na base e fazer a diferenca das duas leituras (esse & 0 lado direito). A resposta, de uma maneira ou de outa, deve ser a mesma (esse ¢ 0 teorema fundamental) Alids, como constatamos no Exemplo 1.6, as integrais de linha geralmente dependem do caminho tomado de a a'b. Mas © lado direito da Equagao 1.55 nao faz qualquer referéncia ao caminho — somente aos pontos extremos. Evidentemente, os _gradientes tém a propriedade especial de que suas integrais de linha sio independentes do caminho: Corolirio 1: [°(V)- dlé independente do caminho tomado de a ab. Corolirio 2: $(VT)- dl = 0, j4 que os pontos de iniciale final sao idénticos, ©, portanto, T(b} — T(a) = 0. Figura 1.26 Exemplo 1.9" Séj Solugdo: embora a integral sejaindependente do caminho, precisamos escolher um determinado caminho para poder caleulé ‘Vamos partir ao longo do eixo x (passo (i) e depois subir (passo (i)) (Figura 1.27). Como sempre, dl = de® + dy + de UT = yk day§. : Wy =0; d= desk, VT dl = y? de = 0, portamo [vra (ii)a = 2; dl =dy¥, VT- dl = xy dy = 4y dy, portanto, [yra= = xy", tome o ponto a como aorigem (0, 0,0) e b como o ponto (2, 1,0). Verifique o teorema fundamental para gradientes

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