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LOCAL DO CRIME: A PRESERVACAO E O ISOLAMENTO E SEUS REFLEXOS NA PERSECUCAO CRIMINAL CRIME LOCATION: THE PRESERVATION AND ISOLATION AND THE CONSEQUENCES IN CRIMINAL PROSECUTION Tiago Mikael Garcia! Jonathan Cardoso Régis? RESUMO. © presente estudo baseia-se na definigdo dos tépicos de maneira objtiva, A con- ceituasdo dos t6pices parte da premissa majoritaia da doutrina, A imporéncia e ne~ ‘cessidade do isolamento ea preservagio do local do crime, a clasiicagao dos cenatios do Toeal do crime, bem como os aspectos relacionados ao dimensionamento das agdes pelos agentes de seguranga publica, por dbvio, os profissionais que primeiro se depa- ram coma cena do local do crime, é 0 exemplo maior do estudo. 0 trabalho demonstra a essencialidade das agdes efieazes de isolamento e preservagio do local do crime e os respectivs reflexos, positives quando realizados de maneiraeficiente, trazendo condi- ‘ges acetaveis para que os peritos criminaisralizem seu levantamento ce dado, assim ‘como também negativas, quando da ocorréncia de falha nesse processo inicial, uma vez que caracteristicas importantes da cena do crime se perdem, dificultando a pericia criminal erefltindo em prejutzo na persecugao criminal como um todo. PALAVRAS-CHAVE: Local do crime, Preservasdo solamente, Persecu criminal pci Feria Cr los Free = Usa, pecs es Segui Pub «Caan Apex Dewars en ics canal Mee Ge de Fel bsnl apc Adis Ae Seana bse USC. acl em Deo Uns Pd Cans desea oma pene ABSTRACT: This suudy is based on the definition of the copies objectively. The concept of the topics of the majority premise of the doctrine. The importance and necessity of isolation and preservation of the crime scene, the classification of scenarios of the crime scene and as aspects related to the design of the actions by law enforcement officials, obviously, the professionals who frst encounter the scene the crime sce is the best example of the study The work demonstrates the essentiality of ellective actions of isolation and preservation of the crime scene and reflexes, positive when performed elficieatly, bringing acceptable conditions for forensic experts do their survey data, and negative when failure occurs in this intial process, as important crime scene characteristics are lost disrupting the coroner reflecting impairment it criminal prosecution as a whole kzvwonbs: Crime scene, Preservation Isolation. Criminal persecution. 1 INTRODUGAO © local do crime demonstra peculiaridades que, frequentemente, so- mente © profissional com olhos treinados consegue enxergar, por assim dizer. Assim sendo, a cena do crime pode ser vista de diferentes pontos, de modo que os que detém a expertise em observé-la conseguem interpretar © que ela diz. Diria o perito poeta, que a cena do crime fala com quem a compreende © cenario do local do crime deve ser explorado da melhor forma, trazendo elementos que contribuam cientificamente com o escopo de res- guardar a ordem juridica, objetivo do Estado, A jurisdigéo que se almeja €, por exceléncia, o desencadear de ages emanadas do Estado, com 0 propisito da aplicacao da lei ao caso concreto Inicialmente, dois termos sio fundamentais para a concretizagao de ages periciais de sucesso, sio eles: isolar e preservar. 0 isolamento ea pre- servacao do local do crime se mostram fundamentais para que o andamen- to das agbes seguintes, seja o inguérito policial ou a pristo em flagrante ¢ sua continuada forma judicial, se tome célere, legal e disponivel, Partindo da premissa conceitual consagrada pela doutrina brasileira, buscou-se definir as diferentes agées, a do isolamento e a da preservacs delimitando-se um paralelo que demonstrou diferentes situagdes da per- secugo criminal =240= 2 PERICIA CRIMINAL Com base no art, 158, do Cadigo de Processo Penal’ este nos ensina que: “Quando a infragao deixar vestigios, ser8 indispensavel o exame de corpo de delito, dreto ou indireto, nfo podendo supri-lo a confissio do acusado” Subentende-se, notadamente, que © mencionado dispositivo traz con- sigo a necessidade de aco técnica especializada no que tange o aconteci- mento factual, ora, seja indispensivel tal producio, logo, deverd ser provi- denciado pelo proprio ente estatal, oreferido procedimento ‘A pericia criminal é definida pela ANPCF* da seguinte forma: E uma atvidadetécnico-ientifca prevista no Cadigo de Proceso Penal, ‘ndispensivel para ehucidago de crimes quando houver vestigis. atv dade ¢ realizada por meio da cinciaforense,responsivel por auxiar na producto do exame pericial ena interpreta comeia de vestiges. Os peritos desenvolvem suas atibuigdes no atendimento das requ sigies de pertcias provenientes de delegados, procuradores e julzes Inerentes a inquéritos policiais ea processas pena A pericia criminal, ou criminalistica, ébaseada nas seguintes céncias forenses: quimiea, biologa, geologia, engenhari,fisica, medicina, tor xicologia, odontologia, documentascapia, entre outras, as quaisestio em constante evolu. Ao que se propée o presente artigo, considerando a perfcia criminal restritainicialmente ao local do crime, teremos a visualizacéo do ambiente de forma macro e no decorrer do tempo, de forma metédica e técnica, a expansio das ages de forma otimizada, sempre buscando o enfoque na obtengio de medidas que resultem na melhor forma de alicercar o conven- cimento do juiz ao final dos trabalhos. Esse interesse de subsidiar grande parte do convencimento do juiz é o objetivo principal da per‘cia criminal. 3 O LOCAL DO CRIME De imediato 0 art. 169, do Codigo de Processo Penal, nos ensina que Paraoefeito de exame do local onde houver sido praticada a infra, a autoridade providenciard imediatamente para gue nio se altere 9 estado das coisas atéa chegada dos peites, que poderio instru seus Tandos com fotografias, deserhos ou esquemas elucidativos. RAS. Dest" 486, ob de 141 Cede rei ea 04 Parigrfo unico, Os peritos registatéo, no laude, as aleragdes do estado das coisas e dscutird, no realdio, as consequencias dessas alteragdes na dinamica dos fatos. Neste sentido, se conclui abjetivamente haver necessidade de preser- vvacio e que o local do crime corresponde a uma regido de espago em que se deram os atos do delito e suas nuances. Segundo Carlos Kehdy*, o local do crime se diz como: “toda area onde tenha ocorrido qualquer fato que reclame as providéncias da policia’, Jé 0 professor processualista Edilson Mougenot Bontfim? no conceitua propriamente o local do crime, entre- tanto, ressalta que o objetivo primordial das acées “E que se preserve os elementos presentes no local do delito que possam servir como prova para a apuragio futura do fato”. A definigao consolidada sobre o local do crime € registrada pelo pro- fessor Eraldo Rabello’ da seguinte forma E a porgio do espaco compreendida num rio que, tendo por origem 6 ponto no qual &constatado o fata, se estenla de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessiia ou presumivelmente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou ctiminosos, of atos mate- riais, preliminares ou posteriores, & consumacio do delito, ¢ com este dietamenterelacionado, Logo, o local do crime nao pode ser mensurado, delimitando de forma getal um raio de espaco para que sejam concebidos os resultados que se objetivam da pericia, pois como se sabe, o local do crime é singular e pecu- liar, dispondo de diversas variaveis que nao permite, por exemplo, que seja delimitado um raio de espago fisico como descriminaria um procedimento operacional padrio. 3.1 Classificacao do local do crime ‘A doutrina majoritaria aponta para uma classificagao do local do crime conforme o ambiente da agio criminosa, podendo ser interna ou externa, sendo imediato ou mediato, locas relacionados, idéneos ou preservados, inidéneos ou violados, contudo, nao é unénime tal classificacéo ONIM, Ein Mauent, Cato de Process etl i Pal Sai, 208,927. =2n= 3.1.1 Internos Sio os locais fechados, normalmente por paredes ou outros meies, como interior de uma residéncia, apartamento, interior de um vetculo, dentro de um bar 3.1.1.1 Area Mediata Aberta Séo as vias de acesso ao ambiente onde ocorrer o [ato delituoso, como comredores, os ambientes a0 redor do cémodo, os jardins e demais area vizinhas, 3.1.1.2 Area Imediata Interna E 0 espago fisico onde ocorreu o fato delituoso, como um quarto 0 uma sala 3.1.2 Extemos Sao os locais abertos, como ruas, rodovias, pragas, estradas, matagal, beira de rios e outros, que também sio subdivididos. 3.1.2.1 Area Mediata Externa Sio as dreas de acesso que ocorreu o crime, como estradas, tilhas na mata e ainda suas imediagées 3.1.2.2 Area Imediata Externa £ o local propriamente dito, onde ocorrew o crime. 3.1.3 Locais Relacionados Sao aqueles locais que, apesar de diversos daqueles relacionados nos topicos anteriores, apresentam relagdes com o fato criminoso. Exemplo: © agente mata a vitima e 0 corpo € jogado num matagal. Este seria © local relacionado, 3.1.4 Idéneos ou Preservados Sio aqueles inalterados, mantidos originalmente pelo autor do ilcito, sem softer nenhum tipo de violagio, Neste caso os policiais trabalharam muito bem, facilitando o exame pericial =243= 3.1.5 Inidéneos ou Violados Sio aqueles que sofreram alguma alteragdo, antes mesmo da chegada dos peritos, geralmente modificados pela entrada de familiares, curiosos ou alé mesmo policiais, que na tentativa, por exemplo, de identificar a vitima, adentra ao local, tira 0 corpo da vitima da posicio final do crime, pisa em manchas de sangue, recalhe arma de fogo, anotagées, frascos de substancias, e outros objetos 4 PRESERVACAO E ISOLAMENTO DO LOCAL DO CRIME Prado* caracteriza a importéncia da preservacio do local do crime de ‘uma forma muito sucinta: ‘A preservagio do local onde ocorten um delto tem a fnaidade de satan a sua imegridade, assim, verificar com Extoos vestigios que apontario os primeitos elementos & investigagto, Logo, devers obe- dlecera uma preservago nigorsa para que seam respuardadas as ev dlencias, aa necestdade de profssionas alamente qulficados, para dessa mancira,conectat os conhecimentos e presuncbes Assim sendo, a preservacio do local do crime tem como escapo subsidiar 1 acdo dos peritos criminais na obtengio de respostas calcadas na ciéncia O isolamento do local do crime havers de set feito, primordialmente, pelos primeitos profissionais que se depararem com a cena do crime, Lo- gicamente que a preservacio da vida sempre sera o maior objetivo, logo em havendo vitima na cena do crime, a inobservancia de alguns aspectos ‘nfo ensejario responsabilizagao criminal, civel ou administrativa se o que se pretende & a manutencaa da vida Ensina o perito criminal do Distrito Federal, Rosa? que: © teolamento da cena do crime deve se realizado de forma efetiva para que o menor nomero de pessoas tenha acess ao lea, evtando- “se que evidéncias sejam modificadas de suas posigSes e até destruidas antes mesmo de seu reconhecimento. Complementando, o perito criminal Luiz Eduardo Dorea contextua- liza isolamento do local do crime como sendo ROSA, Ch Tyo Ad de Cini, Pocdimeto Meda, Bl, 208, 8 2442 ‘Aaa que sexi mantda por quanto tempo se mostrenecessio,fean dla Policia com a posse das chaves que lecham os meios de acesso Sempre que se julgue indispensive, esses meios de acesso (ports, jax elas, etc) sero lacrados. Impede-st dessa forma que dealhes que ne cessitem ser exarnnados mais acuradamente possam vir aser aleradas Assim sendo, vislumbra-se a necessidade de profissionais abnegados ¢ possuidores de conhecimento técnico para que atuem de forma a garantir condigdes ideais de preservacio ¢ isolamento do local do crime, tendo em vista o levantamento de informagées que a cena do crime revela para os perites criminais, Essa leitura da cena do crime deve ser a mais fiel possivel a momento dos fatos da ado criminosa, sendo crucial a honestidade de todos os elementos que compéem a diversidade da cena, quer seja, por cexemplo, pela posicéo da vitima, armas encontradas no local, manchas de sangue, impressbes datiloscépicas, etc ‘Ainda neste prisma a perita criminal Baracat!! reforga ‘A preservacio dos vestigios deixadas pelo fato, em tese delituosa, coige a conscentizagto dos proissionais da segurana publica e de toda socedade de que a aleragSo no estado das coisas sem a devida autorizagéo legal do responsivel pela coordenagéo das trabalhos no local pode prejudica a investigagio polcial e, consequentemente, a realizagao da justica, visto que os penitos criminaisanalisam ¢ inter ppretam os indicios materiais na forma como foram encontradas no local da ocoréncia Acrescentando e, reservando-se ao estudo do local de crimes violen- tos, cite-se: homicidios, artigo 121, latrocinio, artigo 157, § 3°, extorsio mediante sequestro com resultado morte, artigo 159, § 3°, todas do Cé- digo Penal, ou até mesmo em casos de suicidio, ha a necessidade de pro- fissionais gabaritados que formem um conjunto de conhecimentos dire- ionados em sintonia, pois o levantamento do local do crime é © ponto de partida das investigagdes. Como norma reitora, temos o artigo 6°, incisos I, {Ne Ill, do Cédigo de Processo Penal, que dispée: Art 6 Logo que ver eonhecimento da prtiea da infrag penal, autoridade policial devera: 1= dings ao local, providencando para que nio se aketem oes tado e conservaco das cosas, alé a chegada dos pets criminals, act, Cinder Apadronsaae de prcedimenta ald de snes impala aprender os objeto que tverem rlagdo com o fat, ap6slibera- dbos pelos petits criminas 1L—colher todas as provas que servirem para oesclarecimento do fato ¢ suas creunstanclas; Também cabe salientar, que o legislador demonstrou bastante preocu- pacdo com a possibilidade da deturpacio da cena do local do crime e suas nuances, posto ue figura como crime contra a administragao da justiga a fraude processual, consistente na conduta de inovar, mudar, ou alterar, ar tificiosamente, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, previsto no artigo 347 do Cédigo Penal, in verbis: ‘An. 347 — Inovar attificiosamente, na pendéncia de pracesso civil ow administatvo, o etado de lugar, de cosa ou de pessoa, com o fin de indurira erro ojuiz ou o peri: Pena — detencao, de 3 (trés) meses a 2 (dois) anos, e multa. Paigrafo unico ~Se a inovagto se destina a produzi feito em pro- cesso penal, ainda que no iniciado, as penasaplcamse em dobro Evidentemente, ha previsio legal no orcenamento juridico brasileiro para que a preservacao eo isolamento do local o crime sejam ages pado- nnizadas, imparciais e fidedignas, e nao apenas ages preconizadoras que visam a presungao do acontecimento delituoso 4.1 Indicios Sto os elementos de extrema importancia nos locais do acontecimento criminoso, pois desencadeiam a formacao logica do entendimento do que ocorreu naguele cenario encontrado pelo perito criminal. A preservacéo estes indicios é de extrema relevancia para o Processo Penal, como men- cionada anteriormente nos artigos 6°, inciso I, e 169 Os indicios podem ser dimensionados e sua variagio dependerd de das peculiaridades do caso concreto, geralmente serio sistematizados da seguinte forma, segundo Lucas Manzoli de Almeida” 2) o cadaver: quanto a este indica analsase sua stuacdo, posto, distanciaselaivas, aspect, condidesextmas, quer do conjnto do corpo, quer de cada segmento. A posigao da mao que talvez tena empanhado a rma do crime, a temperatura do compo, aigidez cada- ‘tia, 0 vores, 5 esbes seri RAL, Dest Le N*2 446, de eens de 1860 dg el IAEA, Lexan de Ena decal cine na Criminal Js Navid Teresa, 2004 =246= ») as vestes do cadaver: existentes ou nio, tipo, seu desalinho, a desordem, a queimadura nas roupas, as manchas, presenga de terra, constituem elementos tteis na orientacio da pericia médico-legal e das investigagoes em eral, )as armas: natureza, posicdoe distancia em relagio a0 cadaver, bern como a munigéo, se esta deflagrada oa intacta, A corda que enforco, estrangalou (importante incusive ressaltar que nao se deve eortar ou desfazer 0 n6, pos este pode ser indicatvo da profissSo do agressor); &) substéncias: restos de almentas ou bebidas, toxicos, medicamen- tos; vomitos; urna, tera area; «) sangue: no cadiver, nas roupas, na parede, nas toalhas, na arma, no chlo (quantidade, discrbuicio, estado isco, forma das manchas) ‘ manchas de outrasespécies, como as pesquisadas em todas a situ ag8es, por exemplo, de esperma, saliva, delete, de urina, de matéias fecais, de mecinio, de substancia nervosa; pelos de animais ou humanos, Ainda em que pese ser de mais interesse do ponto de vista geral do que em relagdo ao médico-legista importa dizer, também segundo Almeida'* 4) impresstes digas, palmares,planazes, dentrias, impresses pro- dluzdas pelos proteis nas paredes, no teto, nas poras, et 1) sinais de luca manifestados no ambiente, a disposigéo dos méveis, se estdo desarumados, caldes, quebrados, se ht a aparéncia de objets projetados, vidragas patdas }) papeis (ainda que queimados); cademos de notas, fotos; 1p vas de acess: ports, janelaseoutras aberturas; estado dos fechos, situago da chae,snais de arrombamento, de esalada Contribuindo, cita o artigo 239 do Cadigo de Processo Penal, que: ‘in- dicio € a circunstancia comhecida e provada, que, tendo relagao com o fato principal (a ser provado), autorize, por indugo, concluir-se a existencia de outra ou outras circunstancias’ Assim, os indicios sio considerados metos de prova e, ao menos em tese, equiparam-se a pericia, a confissio, aos testemunhos e aos documentos 4.2 Vestigios ‘Tem-se o entendimento comum que as expressdes vestigios e indicios sfo semelhantes, de fato sim, contudo, nao sindnimas no sentido juridico rem no contexto da criminalistica. Semanticamente existe uma diferencia- ‘glo consideravel A palavra vestigio (do latim vestigium), de acordo com o dicionatio da lingua portuguesa, possui as seguintes acepg6es: sinal deixado pela pisada ou passagem, tanto do homem como de qualquer outro animal; pegada; rastto, pista; pisada; pegada; indicacio; marca Na perfcia criminal, segundo Almeida" vestigio significa Todo e qualquer sial, marca, objeto, situagio fica ou ente concreto sensivel, potencialmente relacionado a uma pessoa ou.a um evento de relevincia penal, e/ou presente em am local de crime, sea este skima rmediato ou imediato, imterno ou extemo, diresa ou indivetamente re- Jacionade as fato deltuoso, E ainda nesta seara, também segundo Almeida [Nesta dindmica, pressupée-se que algo provacou uma modificagio no estado das coisas de forma a alterar a lacalizacao ¢ o posicionamento de um corpo no espago em relagao a uma ou vias referéncias fora e ao redor do dele E Capez'*, ensina que: Fvistem infragdes que no deixam vestgios (delita faci transeunts), como nos crimes contra a honra pratcades oralmente, no desacato et ‘Mas, por outro lado, existe as infragdes que deixam vstigios materiais (Gelita lati permanent), como o homicidio, o estupro a falsifieacho etc, Neste caso, énecessira a ealizagdo de um exame de corpo de de- Ito, ou sea, a comprovagio dos vestigios materia deixados. O exame de compo de delto um auto em que os pettos descrever suas observae Bese se destinaa comprovaraexisténcia do dlito (CR at. 13, Capa) 6 compo de deito &o proprio crime em sua tipicidade Portanto, conclui-se que, em sintese, vestigio € o produto de um agen- te ou de um evento provocader. 4.3 Evidencias ‘O termo evidencia pode ser compreendido como a qualidade daquilo que € evidente, que é incontestavel, que todos veem ou podem ver e ve- rificar; certeza manifesta; carater do que € evidente, como, por exemplo, a evidéncia de uma prova, logo, tal expressio deve ser entendida como o vestigio que apds andlises periciais e de cunho objetivo, se mostrou ine- quivocamente atrelado com o evento delituoso investigado. Evidencias sio ALM, Lus Noma de tte de de eu Criss Naga, Tees, 2016 CARED, endo Caro de races Penal 2. Ed Sia Pals: 2015, 3282 =248= elementos exclusivamente materiais e, portanto, possuem natureza mera mente abjetiva Neste prisma, Capez'” também nos ensina e podemos entender que A exidencia€o vesigio que, mediante pormenorizades exames, and ses imterpretagdes petinentes, se enquadra inequvoca ¢objetiva. ‘mente na ctcunscigdo do fato deltuoso. Ao mesmo temp, infere-se aque toda evidercta € um indicto, porém o cantraro nem sempre € verdadeino, pois o segundo incorpora, além do primeit, elementos avuttos de ordem subjetiva Portanto, nao ha de se falar em espécie de hierarquia entre indicio, vesti- gio evidencia, como ja mencionadlos, pois os termos diferem em sua defini- ‘Glo técnica. Utlizar os termos indicio e evidéncia como sinénimos equivoca- damente, podera trazer prejutzo para o andamento da persecugao criminal 5 PERSECUGAO CRIMINAL A persecucio criminal faz parte do processo penal e, assim sendo, cabe salientar sua distingéo, onde Nucci* define 0 processo penal como © corpo de nornas juridias cua fnalidade € regulat © modo, os imeias eos éngios encartegados de punir do Estado, ealizando-se por intermédio do Poder Judiciario, constitucionalmente incumbido de aplicar all ao caso conceto, 0 ilicito penal acarreta a disparidade existente ente o direito de lt- berdade do infrator e o poder punitivo estatal. Reunidos os elementos suficientes sobre a autoria e materialidade da ado criminosa, sera pro- vido o cabimento da acusagio e a combinagdo do legitimo exercicio de ‘uma pretensio punitiva. Percebe-se, entio, que é longo o caminho a ser percorrido pelo Estado quanto ao exercicio do direito ¢ dever de punir, logo, invariavelmente, teremos a exigEncia de subordinacao do interesse alheio ao interesse proprio que resulta a existéncia da mencionada pre- tensio, Ilustrando, ensina Mirabete'* que “da exigencia de subordinagao do interesse do autor da infragao penal ao interesse do Estado, resulta a pretensao punitiva”, CAPE, ean Cure dees Pena Si Pa Sa, 2015, [UCC Glee Seas Manual de pocave penal eee pena Soe etd Tas 208 Pos Notadamente, a persecucéo penal € congruente, contudo, dividi-se cem dias fases bastante diferentes, Num primeiro momento temos a atua- ‘Go da policia judiciaria, fase da investigacao que é presidida pelo delegado de policia, tor fundamental, pois fiscaliza todos os meandros e diteciona- mentos da investigagio, podendo destinar recursos, de quaisquer formas, ao modo que Ihe convir, desde que embasado em fatos circunstanciais, Vencida esta fase, a segunda fase € a processual, pois os elementos de au- toria ¢ materialidade atribuida ao fato criminoso foram demonstrados e, agora, élegitima a necessidade da aplicacdo da lei CONSIDERAGOES FINAIS (Os reflexos do isolamento e preservacio do local do crime sio signi- ficativos para a pericia criminal, tendo em vista que as ages preliminares quando da ocorréncia do fato que enseja a acio do referide tema, poderio resultar em diferentes possibilidades quanto a busca da verdade real dos acontecimentos Um eficiente isolamento e a devida preservacio do local do crime taro condigSes para que os peritos possam dimensionar a area de modo a explori-la buscando todas as varidveis que estejam ligadas ao aconteci- mento do fato. Essa exceléncia que se busca no inicio dos trabalhos tem por objetivo, facilitar todo e qualquer levantamento pericial que seja perti rente ao cas0, quer seja no diapasto dos abjetos wiilizados no crime, pes- soas envolvidas, marcas que foram deixadas pela vitima e/ou autor, enfim, tudo que tem ligagdo e podera ser ligado a cena do crime. De outro norte, as consequéncias negativas para a persecuco crimi- nal, quando ocorre falha neste processo inicial, o que empiricamente, se percebe e é piiblico, prejudica demasiadamente a visualizacdo da reali dade dos fatos. Rotineiramente ha relatos de policiais que, por exemplo, recalhem os estojos dos projéteis que vitimaram alguém, pisam em pocas de sangue, recolhem a arma do crime de maneira incorreta, franqueiam a entrada de familiares & cena do crime, ete. Muitas destas equivocadas agées prejudicam os trabalhos dos peritos que em sua grande parte se tornam meros expectadores, haja vista, encontrar um cenario totalmente despro- vido de condigées adequadas para uma pericia que busca fundamentar posicionamentos futuros quanto a materialidade e autoria do crime. =250= REFERENCIAS ALMEIDA, Lucas Manzoli de. Estude do local do crime na Criminalistica, Jus Navigandi, Teresina, 2014 Disponivel ex: ehttp:/ijus.com.br/artigos/32125>. Acesso ‘em: 30 out 2015, APCE -Associagao Nacional dos Peitos Criminals Federal ww w.apeforg br/Per%C3%A DeiaCriminalOque’ Acesso em 30 ou. 2015. Dispontvel em: BARACAT, Claudine de Campos. A padtonizacéo de procedimentos em local de crime € de sinistro: sua mportinciae narmatizagao, Disponivel en . Acesso: 30 out. 2015. BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 4, Fd. Sio Paulo: Saraiva, 2009, BRASIL. 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