You are on page 1of 8

Sonária Franskoviak

Direito da Família

VITÓRIA, 2010
A instituição Familiar

A instuição familar é uma ligação fundamental para sociedade, porque é com a


família que nos aprendemos a ter principios, ideais e objetivos, saber o verdadeiro
significado de amar e ser amado e o que é ser de verdade uma pessoa.

Podemos definir familia como “um conjunto invisível de exigências funcionais


que organiza a interação dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um
sistema, que opera através de padrões transacionais.”

Família é formada por um conjunto de indivíduos com condições e em posições,


socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente também ela,
socialmente aprovada. A família pode então, assumir uma estrutura nuclear ou
conjugal, que consiste num homem, numa mulher e nos seus filhos, biológicos ou
adotados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma
grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário.

Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental,


ampliada ou extensa, famílias alternativas sendo elas as familias comunitárias e as
famílias homossexuais.

Referente à relação pessoais que se aprensentam numa família, LÉVI-


STRAUSS, relata três tipos de relação:
- a aliança (casal);
- a de filiação (pais e filhos);
- e de cosanguinidade (irmãos);
- e afinidade.

É nesta relação de parentesco, de pessoas vinculadas formam e geram familia e


filhos.
O família assume funções de proteção e socialização dos seus componetes.
Sendo assim, a família tem dois objetivos, sendo um de nível interno, como a proteção
psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma
cultura e sua transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e
internas de modo a atender às novas circunstâncias e proporcionando sempre um
esquema de referência para os seus membros, logo, tendo uma dupla responsabilidade,
isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade.

A adoção

O instituto adoção surgiu já durante o período da Antiguidade (pré-romano),


descoberto em 1901 pela expedição francesa de J. de Morgam, do período de 1728 a
1686 a.C., já ditava as regras relativas à adoção na Babilônia.

Fato interessante que trazia o código de hammuranbi que, “enquanto o pai


adotivo não criou o adotado, este pode retornar à casa paterna; mas uma vez educado,
tendo o adotante dispendido dinheiro e zelo, o filho adotivo não pode sem mais deixá-lo
e voltar tranqüilamente à casa do pai de sangue. Tendo portanto, a adoção carater
contratual.

A adoção é tratada pelo código, é o de que, uma vez adotado de modo


irrevogável, tinha o filho adotivo os mesmos direitos hereditários do filho natural.
Podemos observar, mais uma vez, o forte senso de justiça que possuía o Código de
Hammurabi.

Havia relatos a respeito da existência da prática da adoção em atenas, espartas.

No direito romano, segundo a Lei das XII Tábuas, eram praticados dois tipos de
adoção: a ad-rogatio e a adoção propriamente dita ou em sentido estrito. Para adotar
através da ad-rogatio era necessário que o adotante tivesse mais de sessenta anos e ser,
pelo menos, dezoito anos mais velho que o adotado. Para a efetivação da ad-rogatio era
necessário, a concordância das partes interessadas, ou seja, do ad-rogante e do ad-
rogado. A adoção no sentido estrito ou propriamente dita do direito romano é a que mais
se assemelha à concepção moderna do instituto, para adotar no sentido estrito, em
relação à pessoa do adotante: deveria este último ser sui juiris (homem), ser mais velho
ao menos dezoito anos que o adotado, e não possuir filhos legítimos ou adotados.

Em Roma, havia duas espécies de adoptio: 1. A plena; e 2. a minus plena. A


primeira tinha a finalidade de conceder pátrio poder a quem não o tinha, porém somente
entre membros da mesma família natural ou de sangue. A adoptio minus plena, se
caracterizava por manter os laços de parentesco do adotivo com sua família natural,
ficando sob o pátrio poder de seu pai de sangue. Neste caso, na eventualidade de o
adotante falecer sem testamento (ab intestato), o filho adotivo concorria à sucessão.
Praticada entre pessoas estranhas, este tipo de adoção exigia a presença do magistrado
para se concretizar.

A Idade Média, com as invasões bárbaras e o início da Idade Média a adoção cai
em desuso. Tanto aos senhores feudais como à Igreja Católica o instituto em questão
não era adequada. Aos primeiros, pois contrariava seus direitos hereditários sobre seus
feudos, sendo somente admitido quando lhes interessava do ponto de vista sucessório. À
Igreja Católica por ser a adoção considerada contra os princípios que se formava de
família cristã e do sacramento do matrimônio, que tinha como finalidade única a
procriação.

O Direito Francês, O instituto da adoção passa por um processo de renascimento


com o início da Idade Moderna, o Código Civil francês previa quatro tipos principais de
adoção: “1. a ordinária, realizada através de contrato; 2. a remuneratória, concedida a
quem tivesse salvado a vida do adotante, caracterizando-se pela irrevogabilidade; 3. a
testamentária, feita através de declaração de última vontade, permitida ao tutor somente
após cinco anos de tutela; e 4. a tutela ofisiosa ou a adoção provisória, criada em
favorecimento a menores, regulando questões de tutela da criança”.

A adoção cai novamente em desuso durante o século XIX, voltando a ser


amplamente utilizada e difundida durante o século XX em vários países, sendo objeto
de estudo e regulamentação em diversos congressos, convenções, acordos e tratados
internacionais.

A Evolução Histórica da Adoção no Brasil a Partir do Código Civil de 1916


Com a introdução do Código Civil de 1916, nos termos dos artigos 368 a 378 do
estatuto legal, somente poderiam adotar os maiores de cinqüenta anos, e ao menos
dezoito anos mais velhos que o adotado, que não possuíssem prole legítima ou
legitimada.

Com isso, havia sérios obstáculos impostos àqueles que tivessem a intenção de
adotar. No entanto, é interessante observar a necessidade de o adotante não possuir
filhos. Este detalhe importante demonstra como a adoção possuía, à época, a função
primordial de dar a oportunidade àquele que não pôde ou não quis ter um filho, adotar
uma criança, mantendo-se a tradição que adoção já possuía..

Porém, a Lei nº 3.133 de 8 de maio de 1957 veio mudar os requisitos


indispensáveis para que a adoção fosse possível: diminuiu a idade mínima para trinta
anos, e a diferença de idade entre adotado e adotante para dezesseis anos. Deixou de
existir a necessidade do casal adotante não possuir filhos, passando-se apenas a exigir
comprovação de estabilidade conjugal por um período de no mínimo cinco anos de
matrimônio. Com isso podemos notar uma pequena evolução no que se refere ao caráter
da adoção, uma vez que menos entraves são impostos a quem queira adotar.

Está lei estabeleceu que o parentesco resultante da adoção tinha efeitos apenas
para o adotante e adotado. Com exceção do pátrio poder, que era transferido, os demais
direitos e deveres em relação ao parentesco natural não se extinguiam. Além disso, em
se tratando de sucessão hereditária, o adotante tinha direito a apenas metade do quinhão
a que tinham direito os filhos biológicos, segundo o artigo 1.605 do Código Civil, que
foi revogado pelo artigo 227, § 6º da Constituição Federal de 1988, que proíbe qualquer
distinção entre filhos legítimos ou legitimados.

O artigo 227, § 6º da Constituição Federal de 88 reza que “Os filhos, havidos ou


não na relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.

Direito de ser mãe e Pai


Estudos recentes do IPEA mostram que existem 80 mil crianças vivendo em
abrigos estando 10% destas aptas a adoção.

Adoção entre homossexuais, como não é previsto a adoção feita por


homossexuais, irá depender da decisão do juiz. Podemos ver casos em que a justiça no
lugar de visar o interesse dos menores acabam não autorizando a adoção dos menores
em razão dos adotantes serem do mesmo sexo, tendo como explicação que pode haver
algum dano às crianças se por exemplo as crianças forem adotadas por duas mulheres.

Diante disso, seguiu a luta até 27/04/2010, o STJ reconheceu por unanimidade a
adoção por um casal Homossexual. Com isso, os registros de duas crianças feitos pelo
casal Lésbicol, ficou mantidos. Abrindo um precedente histórico dando esperança
mesmo desfecho em ações parecidas.

Como podemos ver, a própria lei de adoção não faz restrições a orientação
sexual dos pais e permite até mesmo a adoção por solteiros. Logo, certificamos que as
decisões judiciais são simples discriminação e preconceito.

A Nova Lei da Adoção

No dia 03 de agosto de 2009, o Presidente Lula sancionou a nova lei de adoção.

- Foi criado o Cadastro Nacional de Adoção, o qual reúne os dados das pessoas que
querem adotar e das crianças e adolescentes aptos para a adoção, de modo a impedir a
“adoção direta” (em que o interessado já comparece no Juizado da Infância e Juventude
com a pessoa que quer adotar); também estabelece uma preparação psicológica, de
modo a esclarecer sobre o significado de uma adoção e promover a adoção de pessoas
que não são normalmente preferidas (mais velhas, com problemas de saúde, indígenas,
negras, pardas, e amarelas)

- Traz o conceito de família extensa (ou ampliada), pelo qual se deve esgotar as
tentativas de a criança ou adolescente ser adotado por parentes próximos com os quais o
mesmo convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. Assim, por exemplo, tios,
primos, e cunhados têm prioridade na adoção (não podem adotar os ascendentes e os
irmão do adotando).

- A família substituta é aquela que acolhe uma criança ou adolescente desprovido de


família natural (de laços de sangue), de modo que faça parte da mesma.

- Estabelece a idade mínima de 18 (dezoito) anos para adotar, independente do estado


civil (casado, solteiro, viúvo, etc). Contudo, em se tratando de adoção conjunta (por
casal) é necessário que ambos sejam casados ou mantenham união estável.

- A adoção dependerá de concordância, em audiência, do adotado se este possuir mais


de 12 (doze) anos.

- Irmãos não mais poderão ser separados, devem ser adotados pela mesma família.

- A adoção conjunta por união homoafetiva (entre pessoas do mesmo sexo) é vedada
pela lei. Não obstante, o Poder Judiciário já se decidiu em contrário, em caso de união
homoafetiva estável.

- A gestante que queira entregar seu filho (nascituro) à adoção terá assistência
psicológica e jurídica do Estado, devendo ser encaminhada à Justiça da Infância e
Juventude.

- A lei estabelece também como medida protetiva a figura do acolhimento familiar, a


qual a criança ou o adolescente é encaminhado para os cuidados de uma família
acolhedora, que cuidará daquele de forma provisória.

- A lei ainda determina que crianças e adolescentes que vivam em abrigos (espécies de
acolhimento institucional) terão sua situação reavaliada de 06 (seis) em 06 (seis) meses,
tendo como prazo de permanência máxima no abrigo de 02 (dois) anos, salvo exceções.

- Em se tratando de adoção internacional (aquela na qual a pessoa ou casal adotante é


residente ou domiciliado fora do Brasil), esta somente ocorrerá se não houver, em
primeiro lugar, alguém da chamada família extensa habilitado para adotar, ou, em
segundo, foram esgotadas as possibilidades de colocação em família substituta brasileira
(se adequado no caso sob análise a adoção por esta). Por fim, os brasileiros que vivem
no exterior ainda têm preferência aos estrangeiros.

Documentação necessária:

- RG e comprovante de residência;
- Cópia autenticada da certidão de casamento ou nascimento;
- Carteira de Identidade e CPF dos requerentes;
- Cópia do comprovante de renda mensal;
- Atestado de sanidade física e mental;
- Atestado de idoneidade moral assinado por duas testemunhas, com firma
reconhecida;
- Atestado de antecedentes criminais.

Concluímos, portanto que, A família é fundada principalmente sobre o matrimonio,


onde cria uma doação recíproca de si mesmo, criando um ambiente fundamental onde a
criança pode nascer e desenvolver seu potencial tornando-se consciente da sua
dignidade.

You might also like