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JUS Jus Navigandi Gala http://jus.com. br Compra e venda de energia elétrica. Novas perspectivas a luz do atual modelo do setor elétrico brasileiro http:/jus.com. brirevista/texto/19455 Publicado em 07/2011 Daniel Netto Mai Apresentacdo E bem verdade que o setor elétrico do nosso pais tem uma estrutura bastante complexa, cuja analise merece trabalho extenso e aprofundado, Nao obstante isso, neste artigo, de forma resumida e sem a pretensdo de esgotar a matéria ou de expor todo o panorama do setor elétrico nacional, seréo apresentadas as linhas gerais desse sistema, com 0 enfoque na questéo da compra e venda de energia elétrica, Introdugao © setor elétrico brasileiro tem passado por grandes transformagées nos tltimos tempos. Varias modificages foram feitas com 0 intuito de garantir 0 suprimento da demanda energética do pais, promover a modicidade tarifaria e criar um marco regulatério estavel ALei n.° 10.848/04, que consolidou o marco regulatério no setor elétrico brasileiro, dispée, entre outras matérias, sobre a compra venda de energia elétrica no sistema patrio. Nessa Lei, assim como no Decreto que a regulamentou (Decreto n° 5.163/04), esta prevista a coexisténcia de dois ambientes de contratagao energia: um livre (Ambiente de Contratagao Livre - "ACL") e outro regulado (Ambiente de Contratagao Regulada — "ACR"). A citada Lei também trata da contratagao da denominada "energia de reserva", cuja sistematica de contratagao é bastante peculiar, © que pode nos levar a existéncia de um terceiro ambiente de contratagao de energia, além do ACL e do ACR. Nas linhas abaixo, de forma bastante sucinta, analisaremos (i) 0 Ambiente de Contratagao Livre - ACL; (ji) 0 Ambiente de Contratago Regulada - ACR; e (ii) a Contratagao de Energia de Reserva. Dessa forma, ao longo da exposicao, ser possivel analisar a questao da compra e venda de energia sob os seus varios angulos. Nesse propésito, no primeiro tépico abaixo, destinado ao Ambiente de Contratagao Livre - ACL, a compra e venda de energia sera ‘examinada no Ambito do consumidor livre frente ao agente gerador. No topico seguinte, destinado ao Ambiente de Contratagao Regulada — ACR, sera analisada a compra e venda de energia do consumidor cativo frente a distribuidora local, bem como das dist energia frente aos agentes geradores. Por fim, em outro topico, aborda-se a contratagao de energia de reserva uidoras de Ambiente de Contratagao Livre - ACL Qs consumidores que adquirem energia no Ambiente de Contratagdo Livre - ACL séo denominados de "consumidores livres". Segundo Anténio Ganim, consumidores livres "so aquelas empresas consumidoras que estdo legalmente autorizadas a escolher o seu fornecedor de energia elétrica, dentre aqueles que Ihes oferecerao melhores precos e condigdes" 'l, Para tanto, consoante se observa, tais consumidores devem preencher determinados requisitos legais. Desta feita, de acordo coma legisiagao vigente, podem ser enquadradas como consumidores livres: a) unidades consumidoras com carga maior ou igual a 3.000 KW, atendidas em tensdo maior ou igual a 69 kV, ou unidades consumidoras instaladas apés 07.07.1995 com demanda maior ou igual a 3.000 kW e atendidas em qualquer tensao, sendo que esses consumidores podem comprar energia de qualquer agente de geragao ou comercializagao de energia; b) unidades consumidoras com demanda maior que 500 kW, atendidas em qualquer tenséo, desde que o consumidor adquira energia elétrica proveniente das fontes referidas no §5°, do art. 26, da Lei 9.427/96, com a nova redagao dada pela Lei n° 11.943, de 2009 (pequenas centrais hidrelétricas — PCHs, os empreendimentos com poténcia igual ou inferior a 1.000 kW e aqueles com base em fontes solar, edlica, biomassa, cuja poténcia injetada nos sistemas de transmissdo ou distribuigdo seja menor ou igual a 50.000 kW). Esse tipo de consumidor é classificado pela Aneel como "consumidor especial” E importante registrar que todo consumidor “nasce" cativo. Ingressar no denominado mercado livre, portanto, é uma opgao colocada a disposigao dos consumidores que preenchem os requisitos legais acima apontados. Nessa linha, existem os consumidores que preenchem os requisitos estabelecidos por Lei para serem considerados "consumidores livre", que, no entanto, no fizeram a opgao de migrar para o ACL e permanecem no ACR. Séo os denominados consumidores potencialmente livres. Destarte, ao exercer a opgao de ingressar no ACL, 0 consumidor livre poderd firmar contratos de compra e venda de energia elétrica com as comercializadoras de energia autorizados pela Aneel e/ou com os produtores independentes de energia elétrica 2, negociando livremente a quantidade e o prego da energia elétrica. Esses acordos séo formalizados por intermédio dos denominados , citados no Artigo 1°, §2°, inciso Il do Decreto n° 5.163/04 (93, ‘Contratos Bilaterai Observe-se que os Contatos Bilaterais tratam da compra e venda de energia. Ou seja, eles formalizam a disponibilizagao da energia elétrica pelo Agente Gerador ao consumidor livre. No entanto, além de comprar a energia, o consumidor livre deve celebrar outros contratos essenciais para possibilitar a “entrega" jade de consumo. Essa “entrega" é feita por intermé« dessa energi do sistema de distribuigao/ transmissao da concessionaria local, operado pelo Agente de Distribuigao ou Transmissao, conforme 0 caso. na sua ul Assim, para que a seja assegurado o abastecimento de energia no ambito do ACL, 6 necessério que o consumidor livre, além do indigitado Contrato Bilateral (celebrado com um Agente de Geragéio), celebre os seguintes contratos com a concessionaria local de distribuigéo/ transmisséo (Agente de Distribuigao/ Transmissao): a) Contrato de Conexao as instalagdes de Distribuigao - CCD ou de Transmissdo — CCT, nos termos da regulamentagao especifica; b) Contrato de Uso do Sistema de Distribuigéo - CUSD ou de Transmissdo = CUST, nos termos da regulamentagao especifica Veja-se que a entrega da energia é realizada pelo Agente de Transmisso/ Distribuigao, ao passo que a venda ¢ tratada como ‘Agente Gerador ou, ainda, com o Agente Comercializador, o qual adquire energia perante o Agente Gerador para revenda ao consumidor. E valido um aparte para consignar que, da leitura do paragrafo anterior, 6 possivel depreender que o mercado de energia elétrica & movimentado por varios agentes com deveres distintos relacionados entre si (Agente de Distribuigao, Agente de Transmissao, Agente Gerador, Agente Comercializador e o Agente Consumidor) No ACL, as partes envolvidas na compra e venda de energia (geradores, consumidores, comercializadores) devem participar da Camara de Comercializagao de Energia Elétrica — CCEE ou serem representados por um agente, uma vez que a CCEE é a responsavel pela liquidagdo financeira das operagées de compra e venda de energia no mercado livre. Na realidade, todas as operagées de compra e venda de energia no ACL estéo sujeitas a liquidagdo financeira na CEE e tais operagées se esgotam no émbito daquela Cémara, Dessa forma, a compra e venda de energia no ACL no importa em entrega fisica da ‘energia do gerador para o consumidor. Em termos praticos, a compra e venda de energia no ACL materializa-se mediante 0 registro da energia negociada no Sistema de Liquidagao e Contabilizagéo da CCEE (SCL ou SINERCOM). Assim, de um lado, 0 vendedor registrara determinado montante de energia ‘em favor do comprador, e este, por sua vez, validard tal registro, Com o registro e sua validagao, a energia elétrica registrada na CCEE passaré a compor o lastro de energia da compradora no processo de liquidagéo daquela Camara Dessa forma, por exemplo, quando um consumidor livre estabelecido em Sao Paulo, adquire energia elétrica de um gerador, cuja usina esta situada no Estado de Mato Grosso, nao significa dizer que a energia daquela usina iré percorrer todo 0 trajeto da unidade geradora até a unidade consumidora para que a compra e venda de energia se concretize. Nesse caso, a energia que atendera a demanda do cliente sera proveniente do Sistema Interligado Nacional - SIN. © SIN congrega os sistemas de produgdo e transmissdo de energia elétrica do Pais e, via de consequéncia, permite a troca de energia entre as regiées (os denominados "submercados") Para melhor compreensao acerca do funcionamento do SIN, ha uma analogia corrente na disciplina de energia que torna mais facil a compreensdo do funcionamento desse sistema em um primeiro contato com o assunto: imagine-se uma enorme piscina de agua, na qual varias torneiras a abastece constantemente, sendo que as vazbes de cada uma dessas torneiras so controladas por um administrador (que nao permitiré que a piscina esvazie por completo ou transborde) e que, doutra banda, varias pessoas retiram agua desta piscina. Assim, em uma analogia demasiadamente simplista, a piscina seria SIN; a Agua a energia elétrica; as torneiras os Agentes Geradores; 0 administrador 0 Operador Nacional do Sistema - ONS; e os Agentes consumidores seriam aqueles que retiram a 4gua da piscina Por certo, a estrutura do SIN 6 bem mais complexa que a “piscina” referida no exemplo acima, porém, como dito, essa analogia deveras didatica. Esclarega-se que o SIN 6 formado pelas geradoras de energia localizadas nas regides Sul (http://pt wikipedia org/wiki/Su/oSul), Sudeste_(http://pt.wikipedia.ora/wiki/Sudeste/oSudeste), Centro-Oeste_(http://pt.wikipedia org/wiki/Centro-Oeste/oCentro-Oeste), Nordeste htip://ot wikipedia org/wiki/Nordeste/oNordeste) e parte da regio Norte (htip://pt. wikipedia. ora/wiki/Norte/oNorte). As regiGes nao atendias pelo SIN, as quais estao localizadas pricipalmente na regio amazénica, integram o sistema isolado ¢ nao realizam troca de energia com os submercados, dependendo exclusivamente de seus préprios recursos energéticos. Ambiente de Contratacdo Regulada - ACR No segundo ambiente de contratagao de energia, ou seja, no Ambiente de Contratagéo Regulada - ACR, a compra e venda de energia pode ser analisada sob as seguintes dticas: (i) do consumidor cativo frente a distribuidora local; e (i) das distribuidoras de energia junto aos agentes geradores. Esses dois processos se interrelacionam na medida em que a compra de energia pelas distribuidoras é feita para atender a demanda da energia que ela vende aos seus consumidores. Passemos, entéo, a comentar a compra e venda de energia pelo consumidor alocado no Ambiente de Contratagao Regulada, No ACR, o consumidor é denominado “cliente cativ Os clientes cativos sao todos aqueles que, a despeito de preencherem os requisitos legais, no optaram pela condigao de consumidor livre (consumidores potencialmente livres, mencionados no tépico anterior), ou aqueles que nao podem optar por tal condigdo. Em outras linhas, pode-se dizer que os consumidores cativos so os residenciais, as industrias e o comércio de pequeno porte, ou mesmo os grandes consumidores que ndo migraram para o mercado livre. Os clientes cativos adquirem, obrigatoriamente, energia elétrica da concessionéria de distribuigao de energia a cuja rede esteja conectado, sujeitando-se as tarifas regulamentadas pela Aneel. Por se tratar de contratagéo regulada, esse tipo de consumidor - 0 cativo - no pode escolher o agente gerador que Ihe disponibilizaré a energia, nem exerce a liberdade contratual (para fixagao de prego, por exemplo), tal como acontece nos Contratos Bilaterais celebrados no ambito do mercado livre No ACR, a relago do consumidor dé-se exclusivamente com a distribuidora local. Em razAo disso, o cliente cativo recebe apenas uma nica conta de energia elétrica, ao tempo em que o consumidor livre recebe a fatura de venda de energia emitida pelo agente i0/ transmissdo, emitida pela concessionaria, conforme vendedor (gerador ou comercializador) e a fatura pelo uso do sistema de distribu ja explicitado acima. No ACR observamos uma forte intervengao do Estado (exercida pelo érgao regulador, no caso a Aneel), a quem cabera a aprovagao das regras de contratagdo da energia e a fixagdo dos respectivos pregos, Em raz4o disso, ao consumidor cativo é dado apenas 0 direito de aderir ao contrato jé estabelecido pela concessionaria, o qual deve ser aprovado e regulado pela Aneel. Noutro giro, no que tange a compra de energia pela Distribuidora aos Agentes Geradores, ja antecipamos que a energia adquirida servird para atender a demanda dos clientes cativos. Essa energia 6 adquirida pelo conjunto das concessionarias de distribuigao de energia, por intermédio de licitagao. Nessa licitagao, 0s geradores vendem energia elétrica para as concessionarias de servigo puiblico de distribuigao de energia, as quais so responsaveis pela previsdo da respectiva demanda. E valido registrar que no antigo modelo (antes da superveniéncia do novel marco regulatério) nao existia a compra de energia por licitagao e as empresas concessionarias de distribuigao também atuavam no segmento de geracdo de energia. Tal fato prejudicava a concorréncia no processo de compra de energia pelas distribuidoras, trazendo reflexos nefastos para o valor da tarifa repassada ao consumidor. Porém, com a chegada do novo marco regulatério foi criada a denominada desverticalizagao do setor de energia (que, em apertada sintese, vetou 0 exercicio da atividade de geragdo pelas empresas concessionérias de distribuigao, ensejando que as atividades de geragao e distribuigao desenvolvidas pelo mesmo grupo fossem realizadas através de sociedades distintas, conforme §5°, do art. 4°, da Lei 9.074/1998, introduzido pela Lei n® 10.848/2004) e foi instituida a obrigatoriedade de licitagéo para a contratagao dessa energia. Marcos Juruena Villela Souto destaca que a compra de energia pelas distribuidoras "passou por grande ‘desregulamentagao’, evoluindo das compras obrigatorias de taipu (concessionérias do Sul, do Sudeste e do Centro-oeste), pasando pelos contratos iniciais de suprimentos, pelos contratos livre (Lei n° 9,648, de 27.05.1998), chegando @ criagdo do Mercado Atacadista de Energia - MAE (Lei n° 10.433, de 24.04.2002 — revogada pela Leo n° 10.848/2004), para atingir os sistemas de leilées pliblicos de compra de energia — Lei n° 10.848/2004 (ambiente de contratagdo regulada)". 94) Para a compra de energia pelas distribuidoras, a modalidade de licitag&o adotada é 0 leildo reverso, onde, consoante bem define Claudio Sales 5), os ofertantes sao os vendedores e o ganhador corresponde ao vendedor que ofertar o menor prego para um lote do produto. Destaque-se que essa sistematica constitui ferramenta para assegurar a modicidade tarifaria, o que constitul um dos objetivos do novo marco regulatério do setor elétrico nacional. E nesse espirito que a Lei n.° 10.848 de 15 de margo de 2004 reza, em seu artigo 2°, que “as concessionarias, as permissionarias eas autorizadas de servigo ptiblico de distribuigao de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional — SIN deverao garantir 0 atendimento A totalidade de seu mercado, mediante a contratagao regulada, por meio de licitagao (...)", Assim, em cumprimento a esse propésito, a Agéncia Nacional de Energia Elétrica, sob a delegagéo do Ministério de Minas e Energia, realiza os Leil6es de compra e venda de energia elétrica. Nesses certames, que sao realizados em plataforma operacional disponibilizada na Rede Mundial de Computadores — Internet, participam de um lado as empresas que esto vendendo energia e de outro as concessionarias de distribuigao de energia As contratagdes resultantes do referido proceso licitatério serviréo de lastro para as distribuidoras atenderem os seus clientes cativos, consoante ja dito, e s40 formalizadas por intermédio de Contratos de Comercializagéo de Energia no Ambiente Regulado — CCEAR, 08 quais sao firmados entre cada ofertante vencedora do certame e todas as distribuidoras do Sistema interligado Nacional ~ SIN. Tais contratos seguem o modelo pré-estabelecido pela Aneel, cuja minuta constitui documento anexo ao edital do leilo, no sendo facultado as partes discutir os termos e as condigdes desses instrumentos. Dessa forma, tal como acontece nos contratos dos consumidores cativos perante a distribuidora, ndo é dado as partes a liberdade contratual Esses contratos (CCEARs) também serdo registrados na CCEE, porém o registro no SINERCOM sera efetuado pela Superintendéncia daquela Camara, dispensando a validacao das Partes. Contratagao de Energia de Reserva-CER A contratagao da energia de reserva encontra fundamentagao legal no § 3° do art. 3° e no art. 3°-A da Lei n° 10.848, de 15 de margo de 2004, assim como no Decreto 6.353/2008. Objetivo desse mecanismo de contratagdo de energia é aumentar a seguranga no fornecimento de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Em razdo disso, somente sera objeto desse tipo de contratagao a energia proveniente de novos empreendimentos de geragao e de empreendimentos existentes que acrescentem garantia fisica ao SIN. Ou seja, empreendimentos que ja estéo em operacao nao podem negociar energia no mercado de energia de reserva, pois ndo representam novo acréscimo a matriz energética nacional. A legislagao vigente determina que toda a energia de reserva sera contabilizada e liquidada exclusivamente no Mercado de Curto Prazo da Camara de Comercializagao de Energia Elétrica - CCE. E no mercado de curto prazo que a CCEE contabiliza e ajusta as diferengas entre os montantes de energia contratados e montantes efetivamente consumidos pelo Agente Consumidor e produzidos pelo Agente Gerador. Vale registrar que as diferengas (positivas ou negativas) decotrentes do processo de liquidagéo no Mercado de Curto Prazo sao valoradas ao Prego de Liq submercado, tendo como base o custo marginal de operagao do sistema, este limitado por um prego minimo e por um prego maximo. jidagéo das Diferengas (PLD). O PLD é determinado semanalmente para cada patamar de carga e para cada Acontratagao da energia de reserva ¢ operada mediante leildo especifico realizados pela Aneel — Leilao de Energia de Reserva, Essa contratagao sera formalizada mediante Contrato de Energia de Reserva - CER celebrados entre os agentes geradores que comercializaram energia nos leilbes de energia de reserva e a CCEE, na qualidade de representante dos agentes de consumo. Esses contratos também seguem o modelo pré-estabelecido pela Aneel, cuja minuta constitu documento anexo ao edital do respectivo leiléo, no sendo facultado as partes discutir os termos e as condigdes desses instrumentos. O custo da contratagdo da energia de reserva sera rateado entre consumidores finais de energia elétrica conectados ao SIN, mediante encargo especifico (no caso, o Encargo de Energia de Reserva — EER) Conclusao Pelas breves consideragdes acima, pode-se depreender que a compra e venda de energia elétrica evoluiu de forma significativa Basta olhar para um passado bem recente e lembrar que o suprimento de energia elétrica (ou a compra de energia) era feito de forma bem diferente, quando todos eram clientes cativos e a prépria distribuidora, além de cuidar do sistema de distribuigéo, muitas vezes, atuava como geradora da energia que seria destinada aos seus clientes. Naturalmente, dado 0 elevado grau de transformagao, esse modelo ver passando por constantes adaptages, as quais so salutares e necessarias ao seu amadurecimento. De toda sorte, pode-se observar que o resultado das politicas estabelecidas no nove marco regulat6rio esta indo ao encontro dos seus objetivos, Notas 1. Antonio Ganim, Setor Elétrico brasileiro: Aspectos regulamentares e tributario, Rio de Janeiro: Canal energia, 2003, p. 61 2. Lei 9.074/95, Art, 11. Considera-se produtor independente de energia elétrica a pessoa juridica ou empresas reunidas em consércio que recebam concessdo ou autorizagao do poder concedente, para produzir energia elétrica destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua conta e risco. 3. Apropésito, & de se estranhar a denominagdo "Contrato Bilateral” citada no Decreto 5.163/04, haja vista que a bilateralidade é da esséncia de todo contrato com obrigagées reciprocas. Porém, ao que nos parece, ao reservar a utilizagao de tal expresso para os contratos celebrados no ACL, o Legislador pretende deixar claro que esses contratos privilegiam os acertos bilaterais mantidos entre © vendedor da energia e 0 consumidor, sem a participagao do Estado, na linha oposta dos contratos celebrados no ACR, onde a relagao existente entre a Distribuidora e 0 Consumidor tem forte interferéncia do Estado. 4, SOUTO, Marcos Juruena Villela, in Regulagao Juridica do Setor Elétrico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 239. 5. SALES, Claudio, in Regulacao Juridica do Setor Elétrico. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 323. Autor Danie! Netto Maia (http://jus.cot rirevista/autor/danie|-netto-maia) advogado em Recife (PE) Informagées sobre o texto Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT): MAIA, Daniel Netto. Compra e venda de energia elétrica. Novas perspectivas a luz do atual modelo do setor elétrico brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16 (/revista/edicoes/2011), n, 2921 (/revista/edicoes/2011/7/1), 4 (/revista/edicoes/2011/7/1) jul, (/revistaledicoes/2011/7) 2011 {evista/edicoes/2011) . Disponivel em: . Acesso em: 16 abr. 2013.

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