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OPEV EO PVT EY cases ae “Este espléndido livro(...) talvez venha a se con- 48 verter no mais importante dentre os classicos so-—= Die oO aSSunte se Oh aac Sear ae S us “O fascismo foi a principal invengao politica do século XX e também a origem ECC OM ORCC mC Um E Mae ae] e seu horror? Seria ele uma filosofia, um movimento, uma experiéncia estéti- ca? O que faz com que Estados e Nagoes se tornem fascistas? 0 aclamado historiador Robert 0. Paxton demonstra que, para compreen- dermos o fascismo, temos que examina-lo em acao — levando em conta o que ele fez, e nao apenas o que ele dizia ser. Explora as falsidades e as caracteristicas em comum do fascismo; a base social e politica que permi- POR Os ae CR ECC OSCE CREE TC CoR TUFTS pelas quais se manifestou em diferentes paises — Franca, Gra-Bretanha, os Paises Baixos, o Leste Europeu e até mesmo na América Latina, como tam- bém na Italia e na Alemanha; de que forma os fascistas encararam o Holocausto e, por fim, se o fascismo ainda seria possivel nos dias de hoje. ES ORCRUE UEC MS ir Mme UC cr eC) Cm Ctr yg a esse tao hiper-explorado (e hiper-ilustrado) tema é o maior de seus méritos.” — The Economist “De facil e absorvente leitura”,. = = “Uma analise perspicaz e reveladora da mais si- nistra das invengoes politicas do século XX”. Se = — J. G. Ballard, New Statesman, Livros do Ano | : i | i i | ROBERT O. PAXTON A ANATOMIA DO FASCISMO Tradugéo: Patricia Zimbres e Paula Zimbres RobertO. Pron Projets pio dingramasios rego cleBea, Canlogatona fone Sindeato Nacional dos Bots de ios, Te Praon, Raber (Ror Om, 1932 ‘Asmat do fsisno Rater, Paton dt de Para ibe ies St lo Pose Tes, 207 “ead de The nate fs lec rata ISON STBESTISNOIES 1 so, 2 Fin = Broa Tal vam 00,0583 mame cet EDITORA PAZ ETERRAS/A ond Tn, 177 Santa gi, Sto Pal, SP CED 1212010 “ds (11) 33328899 mall eras pscerncon.br Home Pe poco br impress no Brasil / Pred in Bl Para Sarah CAPITULO 1 CAPITULO 2 CAPITULO 3 SumARIO Preficio Introdugio A inwengao do fascismo As imagens do fascismo Estratégias Para onde vamos a partir dagui? A criagZo dos movimentos fascistas, O contexto imediato Raizes intelectuais,culturais ¢ emocionais ‘As precondigées de longo prazo Precursores Recrutamento Entendendo o fascismo por meio Ae sane origens Enraizamento (0s fascismos que deram certo W B 13 23 37 45 st 37 79 83 or 7 101 101 A ANATOMIA DO FASCISMO CAPITULO 4 CAPITULO 5 (2) OVale do Pé, ledlia, 1920-1922 (2) Schleswig-Holstein, Alemanha, 1928-1933 Um fascsmo mologrado: Frange, 1924-1940 Outros fascismos fracascados Comparagées ¢ conclusies ‘A chegada ao poder Mussolini e a Marcha sobre Roma Hitler e a “conspivagio pela escada dos fundos” 0 que ndo aconteceu:eleigao, golpe de Estado ¢ triunfo solo A formagao de aliangas 0 que os fascistastinham a oferecer «ao establishment A crise pré-fascista Revolugdes apés a ascensio ao poder: Alemanha ¢ Iedlia Comparagées ¢elternativas O exercicio do poder A natureza do gorerno fasista:0 “Bstado dual” ¢ a informidade dindmica A queda-de-brago entre os facisas € os conservadores 106 11S 121 129 132 151 151 156 164 168 173 176 178 185 197 197 213 A queda-de-braco entre o Lider e 0 Partido 217 A queda-de-brago entre 0 Partido e 0 Estado 220 CAPITULO 6 CAPITULO 7 CAPITULO 8 ROBERT 0, PAXTON Acomodagao, entusiasmo ¢ terror 224 A“revolupio"fascista 234 0 longo prazo: radicalizagao ou entropia? 245 Qual é 0 motor da radicalizagio? 253 Uma tentativa de explcar 0 Holocausto 260 A radicalizagdo italiana: ordem interna, Etidpia e Salb 270 Reflexes finais 278 Outras épocas, outros lugares 283 0 fascimo ainda & posive? 283 A Europa Ocidental desde 1945 288 0 Leste Europeu pés-Sovisico 308 0 fascism fora da Esropo 312 © que é 0 fascismo? 335 Inverpreeagesconflitances 336 Fronteiras 353 0 que é fascismo? 358 Ensaio bibliogréfico 363 Indice onomastico 407 PREFACIO Durante muitos anos, ministre cursos universitarios sobre o fascismo, ds vezes como seminario de pds-graduasio, outras, de graduasio, Quanto ‘mais line discutia o tema com os alunos, mais perplexo eu ficava, Embora tum grande nimero de monografia brilhantes tratasse de forma esclarece- dora de aspectos especificos da Itslia de Mussolini, da Alemanha de Hitler ‘ede outros casos semelhantes, as obras sobre o fascismo como fenémeno _genérico, comparativamente, me pareciam abstratas, estereotipadas e ané- ( presente livro representa uma tentativa de trazer a literatura mo- nogrifica para meis perto das discusses sobre o fascismo em geral e de apresenté-lo de uma forma que leve em conta suas variagBes e sua comple xidade. Ele tenta descobrit como o fascismo funcionava. E por essa razio {que se centra mais nas ages dos fascistas que em suas palavras, 20 contriio da pritica comum. Além disso, um tempo maior que o normal & dedicado ‘seus aliados ciumplices, ¢ 4s maneiras pelas quals os regimes fascistas interagiam com as sociedades que cles pretendiam transforma Esta obra é um ensaio, no ume enciclopédia, Muitos leitores, prova- velunente, vero yeus temas favoritos screm tratados aqui com maior brevi dade do que gostariam. Espero que o que escrevi os induza a outras leitu- ras. Esse € 0 propSsito das notas ¢ do amplo ensaio bibliogréfico-crtico, ‘Tendo trabaltado nesse tema em diversas ocasibes, a0 longo de muitos anos, minhas dividas intelectuais e pessoais sio mais numerosas que 0 noF- |AANATOMIA DO FASCISMO imal A FundagZo Rockefeller me permitiu redigir o rascunho dos capitulos 1a Villa Serbelloni, &s margens do Lago Como, onde os pareians mataramn “Mussolini, em abril de 1945. A Ecole des Hautes Etudes en Sciences So- ciales de Paris, o Istituto Universitario Europeo de Florenga, ¢ algemas tuniversidades americanas permitiram-me testar algumas dessas idéias em suas salas de aula e auditérios. Toda uma geragao de alunos da Columbia University questionou minhas interpretagoes. Philippe Burrin, Paul Corner, Patrizia Dogliani e Henry Ashby Turner Jj. generosamente comentaram uma versio anterior deste trabalho. Carol Gluck, Herbert S, Klein e Ken Ruoff leram partes do manuserito, Todos ie salvaram de erros embaragosos, ¢ aceitei a maior parte de suas suges- ‘Bes. Caso eu tivesse acolhido todas, este liv provavelmente seria melhor. [Agradego também a ajuda de diversos tipos prestada por Drue Heinz, Stu- art G. Woolf, Stuart Proffit, Bruce Lawder, Carlo Moos, Fred Wakeman, {elfrey Bale, Joel Colton, Stanley Hoffmann, Juan Linz ¢ as equipes de re- feréncia das bibliotecas da Columbia University. Os erros que permanece- ram sio de minha exclusiva responsabilidade. , sobretudo, Sarah Plimpton foi firme em seu estimulo sibia e cri- teriosa em sua leitura critica. Robert. O. Paxton 1 INTRODUCAO A INVENGAO DO FAscISMO © fascismo foi a grande inovasio politica do século xx, ¢ também a “rigem de boa parte de seus sofrimentos. As demais grandes correntes da cultura politica d> Ocidente moderno ~ 0 conservadorismo, o liberalismo «0 socialismo ~ atingiram forma madura entre fins do século xvi e mea- dos do século x0x. Na década de 1890, contudo, o fascismo nao havia ainda sido imaginado. Friedrich Engels, no preficio de 1895 para a nova edigao de A luta de clases na Franga, de Karl Marx, deixa claro que acreditava que 2 ampliagao do cleitorado, fatalmente, traria mais votos para a esquerda, Se- _gundo a firme crenca de Engels, tanto 0 tempo quanto os niimeros estavamm do lado dos socialstas. “Se [a crescente votacSo socialistal contimuar assim, 420 final deste séealo fo século xnx), nds [os socialistas] teremos conquistado ‘maior parte dos estratos médios da sociedade, os pequenos burgueses e ‘0s camponeses, transformando-nos na forca decisiva do pais.”“Os conser- vadores”, escreven Engels,“ haviam percebido que a legalidade trabalhava contra eles, Ao contrério, “nés [os socialistas], sob essa legalidade, adquiri- ‘mos miisculos rijos, faces rosadas, ¢ a aparéncia de vida eterna. A eles fos cconservadores| nada resta a fazer senio encontrar, eles também, brechas essa Ieyelidlade”,' Eunbona Engels previsse que of inimigos da exquerda 1. Friedrich Engels, 1895, prficio @ Karl Marx, The Class Struggles in France (1848-1850), em The Mora-Engels Reade. ed. Robert C. Tucker, 2. ed, Nova York: W.W. Norton, 1978, p. S71 “ AANATOMIA DO FASCISMO acabarfam por langar um contra-ataque, ele, em 1895, no poderia esperar due esse ataque viria a conquistar o apoio das massas, Uma ditadura anties- querdista cercada de entusiasmo popular — essa foi 2 combinasio inespe- rada que os fascstas conseguiriam criar no curto espago de uma geragi. Os vislumbres premonitbrios foram poucos. Um deles partia de um jovem aristocrata francés de indole inquisitiva, Alexis de Tooqueville, Em- bora Tocqueville tenha encontrado muito © que admirar em sua vista 20s Estados Unidos, em 1831, preocupau-se com o fato de que, numa demo- cracia, a majoria detinha o poder de impor conformidade pela pressio 80. cial, na auséncia de uma elite social independente. © tipo de opress3o com © qual slo ameacados os povos democriticos rio se parecerd com nada antes visto no mundo; nossos contemporaneos no encontrariam em sua meméria imagem que a ele se assemelhasse. Eu idéia que ‘mesmo busco em vio uma expresso que reproduza com exsti Formo dele e que 0 contena. As velhaspalavras despotism e tirania nfo sio adequadas. A coisa 6 nova ¢, portanto, tenho que tentar defini-la, j que no sou capaz de nomeé-la,? Uma outra premonigo veio na undécima hora e parti de um enge- aheiro francés transformado em comentador social, Georges Sorel. Em 1908, Sorel criticou Marx por nio ter percebido que “uma revolucao al- cangada em tempos de decadéncia” poderia “tomar como ideal uma volta 20 passado, ou até mesmo a conservacao social”? ‘A palavra fascismo tem origem no fasco italiano, literalmente, urn feixe ‘ou mago, Em termos mais remotos, a palavra remetia a0 fases latino, um rmachado cercado por um feixe de varas que era levado diante dos magis- ‘trados, nas procissBes piblicas romanas, para significar a autoridade e a 2. Alenis de Tocqueville, Democracy in America traded. intro de Harvey C. Mans field ¢ Delba Winthrop. Chicago: University of Chicago Press, 2000, p. 662, vl, parte 4ap.6, 3. Georges Sorel, Rfletons on Folece. Cambridge: Cambridge University Pres, 1999, p.79-80, ROBERT O. PAXTON umidade do Estado, Antes de 1914, de modo geral, foi a esquerds que se apropriou do simbolismo do fasces romano, Marianne, 0 simbolo da Repi- blica Francesa, foi muitas vezes retratada, no século xm, portandlo 0 faces, para representar a forca da solidariedade republicana contra seus inimigos aristocratas e cleriais.* Faxes figuram com proeminéncia no Sheldonian ‘Theater da Universidade de Oxford, de autoria de Christopher Wren, ¢ também no Linc:In Memorial de Washington (1922), bem como na moeda norte-americana de um quarto de délar cunhada em 1932.* (Os revolucionsrios italianos usaram o termo fcio em fins do sécu- lo XIX, para evorar a solidariedade e © compromisso dos militantes. Os camponeses que se insurgiram contra os senhores de terra na Sicilia, em 1893-1894, denominavam a si mesmos de os Fasc Sicilioni. Quando, em fins de 1914, um grupo de nacionalistas de esquerda, aos quais logo veio a se juntar o paria socialista Benito Mussolini, tentou levar a Ilia a partici par da Primeira Guerra Mundial do lado dos Aliados, eles escolheram um rome cujo fim era comunicar tanto o fervor quanto a solidariedade de sua ‘campanha: © Fascio Rivoluzionario d’ Azione Interventista (A Liga Revo- lucionéria de Agio Intervencionista).” Ao fim da Primeira Guerra Mundial, ‘Mussolini cunou o termo fascismo para descrever o estado de Snimo do pequeno bando de ex-soldados nacionalistas e de revolucionsrios sindica- listas pré-guerrs* que vinha reunindo a seu redor. Mesmo entio, ele no 4. Ver Maurie Agulhon, Marianne av combat: Lingerie et la srmboliquerpublicine de 1789 & 1880, Pcs: Flammarion, 1979, p. 28-9, 108-9, e Marianne au pout. Paris: Seuil, 1989, p.77, 83 5. Simonetta Falssca-Zamponk, Fats Specacle:Thedssthaer of Por in Maas holy Berkeley: University of California Press 1997, p. 95-9. 6, Mussolini hava sida figura de destaque na ala revolucionra do Partido Socialist Italiano, hos a0 rformismo e desconfiads das conceses fits pela ala parlamentar do partido, Em 1912, com apenas 29 anos, ele se tornow editor do jornal do partido, Avant. Foi expulso do partido no outono de 1914 por sua maiora pacista, por defender ‘entrada da Tilia ma Primera Guerra Muna 17. Pierre Milz, Muslin, Paris: Fayard, 1999, p. 174, 176, 199. J em 1911, Mus soni chamava de ie o grupo socialists Iderado por ele. R, JB, Bosworth, Muslin Londres: Arnli, 2002, p52 8. O terma €explicado nas p, 17-18, 15 A ANATOMIA DO PASCISMO possufa 0 monopélio da palavra asco, que continuou sendo de uso geral entre grupos aivistas de diversos matizes politicos.” ‘Oficialmente, o fascismo nasceu em Milio, em um domingo, 23 de imargo de 1919, Naquela manhi, pouco mais de eem pessoas," entre elas veteranos de guerra, sindicalistas que haviam apoiado @ guerra ¢ intelec- tuais Futuristas," além de alguns repérteres © um certo niimero de me- 10s curiosos, encontraram-se na sala de reunides da Alianga Industrial ¢ Comercial de Mildo, cujas janelas se abriam para a Piazza San Sepolero, para “declarar guerra ao socialismo (..) em razdo de este ter-s© oposto 20 nacionalismo”.” Nessa ocastio, Mussolini chamou seu movimento de Fasci di Combattimento, 0 que significa, aproximadamente,“fraternidades de combate”. (© programa fascist divulgado meses mais tarde, era uma curiosa mis- tura de patriotismo de veteranos ¢ de experimento social radical, uma es- pécie de “nacional-socalismo”. Do lado nacionalista, ele conclamava pela tonsecusio dos objetivos expansionistas italianos nos Biles ¢ 20 redor do Mediterrineo, objetivos esses que aviam sido frustrados meses antes, na Conferéncia de Paz de Paris, Do lado radical, propunha o sufrégio ferinino 0 voto aos dezoito anos de idade, a aboligdo da cimara alta, a convocagio de uma asserabléia constituinte para redigir @ proposta de uma nova cons- tituigio para a Itiia (presumivelmente sem a monarquia), a jormada de trabalho de oito horas, a participasio dos trabalhadores na “administrasio 9, Depots da derrota dos exércitostlanos em Cxporetto, em novembro de 1917, tum grande grupo de deputadose senadoresliberis¢ conservadores frmou ur fscle pulamentre di dfsanarlonle, que buscava mbilzar a opinido piblica erm defers dos cesforgs de guerra. 10.A lista se expandiu mas tarde, com seréscimos oportunistas, uando pertencer so grupo dos fundadores ~ on sonepolerm — pasos a ser vanajoso, Renzo de Fells, ‘Mosait lrellonarin, 1883-1920. Tarim: Elna, 1968, p. 504 11, O termo &exphiado nap. 18 12, Unaa versio em inglés dos discursos proferidos por Mussolini naguele di fo publicada em Charles. Delzell, Mditeronean Fon, 1919-1945, Nova Yorks Harper & Row, 1970, p. 7-11. Os relatos mais completes sio De Felice, Manolini il rroluionaie, p. 504-9, € Mila, Moola, p. 236-40, renee ROBERT 0, PAXTON técnica das Ubrica, ¢ a “expropriagao parcial de todos os tipos de rique- 22”, por meio de uma tributagio pesada ¢ progressiva do capital, 0 confiseo de certos bens da Igreja e de 85 % dos lucros de guerra."* (© movimento de Mussolini nio se restringia a0 nacionalismo e 20s ata- ques & propriedade, mas fervilhava também de prontido para atos violen- 103, de antiintelectualismo, de rejeicio a solugdes de compromisso © de desprezo pela sociedade estabelecida, earacteristicas essas comuns aos trés [grupos que constitufam a massa de seus primeiros seguidores — veteranos de guerra desmobilizados, sindicalistas pré-guerra c intelectuais futuristas. ‘Mussolini ~ ele mesmo um ex-soldado que se gabava de seus quarenta ferimentos"* ~ esperava voltar & politica como lider-dos veterans. Um sblido niicleo central de seus seguidores provinha dos Arditi— unidades de ‘combatentes de elite, calejados por experiéncia de linha de frente, ¢ que se sentiam no direite de governar o pais que eles haviam salvo. Os sindicalists pro-guerra haviam sido os companheiros mais pr6xi- mos de Mussolini durante a Iuta para levar a Itélia & guerra, em maio de 1915. Na Europa anterior & Primeira Guerra Mundial, o sindicalismo era © principal rival da classe trabalhadora do socialismo parlamentar, Embo- 1a, por volta de 1914, a maioria dos sindicalistas estivesse organizada em partidos eleitorais que competiam por cadefras no parlamento, estes ainda ‘mantinham suas raizes sindicais, Os socialistas parlamentares trabalhavam por reformas pontuais, enquanto esperavam pelos desdobramentos histori- ‘cos que tornariam o capitalismo obsoleto, tal como profetizado pelos mar- xistas, 20 passo que 0s sindicalistas, desdenhando as concessies exigidas pela agio parlamentar, ¢ também o fato de a maforia dos socialistas estar comprometida com a evolugio gradual, acreditavam que poderiam derre bar o capitalism com a forga de sua vontade, Concentrando-se na meta 13, Texto de 6 de junho de 1919, em De Felice, Munola! I! rioluronario, p, 74 45. eraBesingless em Jeffrey T. Schnapp, ed, 4 Primer of halon Fscum. Lincoln, NE: University of Nebraska Press, 2000, p. 3-8, e Dolzll,p. 12-3. 14, Mussolini chegow a esse némero aito-engrandecedor contando cada um dos e- thagos, grandes epeqenos, que o feriram em fevereiro de 1917, durante um exerccio de treinamento com um langador de granada. a AANATOMIA DO FASCISMO_ revolucionéria final, mais que nas reivindicagées corviqueiras de cada sctor da clase trabalhadora, eles scriam capazes de formar “um grande sindicato” © provocar a queda do capitalismo de um sb golpe, numa greve geral de proporgées monumentais, Apos a derrocada do capitalismo, os trabalhado- res organizados internamente em seus proprios sindicatos permaneceriam como as ‘inieas unidades funcionais do sistema produtivo e do sistema de trocas, numa sociedade livre e coletivista."" Em maio de 1915, quando a totalidade dos socialistas parlamentares e a maioria dos sindicalistas talia- nos optnham-se veementemente a entrada da Itlia na Primeira Grande Guerra, uns poucos espiritos ardorosos, reunidos em torno de Mussolini, concluiram que a guerra levaria a Itdlia para mais perto da revolucio social do que aconteceria se o pals permanecesse neutro. Fes haviam-se tornado (0s “sindicalstas nacionais”.'® (0 tereeiro grupo ligado aos primeiros fascistas de Mussolini era com- posto de jovens intelectuais e estetas antiburgueses, como os futuristas, (Os futuristas eram uma associago livre de artistas ¢ escritores que apoia- ‘vam os “Manifestos Futuristas” de Filippo Tomaso Marinetti, 0 primeiro dos quais fora publicado em Paris, em 1909. Os seguidores de Marinetti repudiavam o legado cultural do passado reunido nos museus ¢ nas biblio- ‘tecas e exaltavam as qualidades libertérias¢ vitalizantes da velocidad e da violencia, “Um carto de corrida é mais belo que a Vitoria de Samotrécia2” 15, Una Gl introdusio a0 sindicalismo ¢ Jeremy Jennings, Sydealiam in France-A Stuy of leas Londres; Macmillan, 1990. © sindcalismo revolucionivio era mais trac. te para of trabalhadoresfragmentados e mal-organizados da Espa eda Iflis do que ‘pata os numerosos e bem organiza tabalhadores do norte da Europa, que obtiveram ‘gastos com 2 legisla reformistae com greves tticas em apoio @ reivindlcages expe ‘fica a local de trabalho. Na verdade, ele deve ter atrado mais ntelecusis do que tra bulhadores. Ver Peter N. Stearns, Reeluionary Syndicaiam and French Labor: Cause without Rebel, New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 1971 16, Zeer Sternbel tal. The Br of Rss Ideolgy. Princeton: Princeton University Press, 1994, p. 1 Off; David Roberts, The Syadealist Tadtion ond haion Fascism. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1979; Emilio Gentile, Le origin de'detoga festa. Bar: Laterea, 1975, p. 134-52. 17. Publicado no diirio parisiense Le Figaro em 15 de margo de 1909. Chad aqui partir de Adrian Lyttelton. etalon Fasson: From Pareto wo Gane, Nova ork: Harper “Torchbooks, 1973, p. 211 t ROBERT 0. PAXTON Em 1914, eles haviam ansiado pela aventura da guerra, e continuaram @ seguir Mussolini em 1919, ‘Uma outza corrente intelectual que fornecia recrutas a Mussolini con- sistia daqueles que criticavam as vergonhosas concessGes feitas pelo par- lamentarismo italiano, © que sonhavam com um “segundo Risorgimente.'* primeira Risogmento, a seu ver, havia deixado a Itilia nas mos de uma oligarquia estreita,cujos insensiveis jogos politicos no condiziam com o prestigio cultural da Itilia; nem com suas ambiges de Grande Poténcia Era hora de conchir a“revolugéo nacional” e de dar 4 Itdia um “novo Esta- do”, capaz de consocar lideres enérgicos, cidadios motivados e a comani- dade nacional unida que a Itlia merecia. Muitos desses defensores de um segundo Risorgimento” escreviam para a revista cultural florentina La Yoc, da qual o jovem Mussolini era assinante, e com cujo editor, Giusepe Pre- 2zolini, ele se correspondia. Apés a guerra, a aprovacio da revista conferiu respeitabilidade ao movimento fascista nascente e difundiu entre os nacio- nalistas de classe média a aceitagio de uma “revolugio nacional” radical.” Em,5 de abril de 1919, pouco depois da reunido inaugural do fascis- ‘mo, realizada na Piazza San Sepolero, um grupo de amigos de Mussolini, incluindo Marinettic 0 chefe dos Arditi, Ferruccio Vecchi, invadiram 0 es- ‘ritério do jornal socialista Anant, em Milo, do qual o proprio Mussolini havia sido editor, entre 1912 e 1914. Eles destruiram todo o equipamento. Quatro pessoas foram mortas, inclusive um soldado, e trinta e nove ficaram feridas.”* © fascismo italiano, desse modo, irrompeu na historia por meio de um ato de violencia contra no apenas 0 socialismo como também con- ‘tra a legalidade burguesa, em nome de um pretenso bem nacional maior. © fascismo meceben seu nome e deu seus primeiros passos na Itéia, Mussolini, entretanto, no era um aventureiro solitirio, Movimentos se- melhantes vinham surgindo na Europa do pés-guerra, independentes do 18. O primeiro Riuigimmno, ov renascimento, insprado pelo nacionalismo huma- nista de Giuseppe Muzzini,haviaunido a tia entre 1859 ¢ 1870. 19, Emilio Gentle, 1 mito dello za nova dal nugioltaamo al fsisno. Bari: Later 2a, 1982; Waler Adimson, Avant-garde Hlovece: From Moderisn t Fascsm. Cambridge, MA: Harvard Univesity Press, 1993, 20. De Felice, Mason i rivtuzionario,p. 521 9 20 AANATOMIA DO FASCISMO fascismo de Mussolini, mas expressando a mesma mistura de nacionalismo, anticapitalismo, voluntarismo ¢ violencia ativa contra seus inimigos, tanto Durgueses quanto socialistas, (Tratarei de maneira mais completa, no capi- ‘tulo 2, da longa lista dos primeiros fascismos). Pouco mais de trés anos apos a reunizo da Piazza San Sepolero, 0 Par- ‘ido Fascista de Mussolini ocupava o podler na Ilia, Onze anos mais tarde, tum outro partido fascista tomou o poder na Alemanha.”" No demorou ‘muito para que a Europa, ¢ até mesmo outras regides do mundo, fervilhas- sem com aspirantes a ditador ¢ marchas de esquadrées que acreditavam estar trithando 0 mesmo caminho para o poder que Mussolini ¢ Hitler. Em outros seis anos, Hitler havia jogado a Europa numa guerra que acabaria por tragar grande parte do mundo, Antes de ela chegar ao fim, a humanida- de havia solrido nao apenas as barbaridades costumeiras das guerras, desta vvea algadas a uma escala sem precedentes pela tecnologia e pela paixio, ‘mas também a tentativa de extinguir, por meio de um massacre em escala industrial, odo um povo, sua cultura e sua prépria meméria.. Ao ver Mustolini ~ ex-mestre-escola, boémio, escritor menor e, em. épocas anteriores, orador ¢ editor socialista ~e Hitler —ex-cabo do exérci- to € estudante de arte fracassado ~, cercados por seus rufides encamisados, _governar Grandes Potncias europétas, muitas pessoas educsdas e sensiveis supuseram, simplesmente, que “uma horda de bérbaros (...) armou suas 21. Hi um intenso debate sobre se o Partido Navsta era “fascists” ou se ele era algo cui generis. Mais adiante, expicaremos por que consieramos onazismo ura forma de fascsmo. Por ora, abservamos simplesmente que Hitler mantinka um monumental ‘basto do Duseem seu gabinete na sede do partido nazista, na Casa Marrom, em Munique ‘dan Kershaw, Hitler 1889-1936: Hubris. Nova Yorks Norton, 1989, p. 343). Mesmo no sauge do poder nares, quando a maior parte estes preferia no dar precedéncia iia 0 rorular a Alemanha de “fascist”, Hitler anda defini asl mesmo como “sincero ada ‘adore dscipul” dle Mussolini, Uma carta contend exes termiog, remetida a0 Duce em 21 de outubro de 1942, no vigésimo sniversirio da Marcha sobre Roma, foi publicads fem Mele Michaelis, T rapport fra fasciamo e naismo prima dell avvento di Hitler al po tere (1922-1933), Risa Stoica Ialana,v.85,n. 3, p. 545, 1973, A anise mais recente os lagoeexistentes entre Hitler e Muslin & de Welfgang Schieder,"The German Right snd Taian Facer", em Hans Momnmten, ed. The Thind Reich Bseneen Virion and Relig: Nov Parpcies on German Hisar. Oxford: Berg, 2001, p. 39-57 ROBERT O. PAXTON ‘tendas no interiorda nacio”.” O romancista Thomas Mann, em 27 de mar- «90 de 1933, dois meses apés Hitler ter se tornado Chanceler da Alemanha, anotou em seu diério que ele havia testemunhado uma revolugio jamais an- tes vista, uma revolucio “sem idéias que a embasassem, contrétia is idéias, contréria a tudo 0 que hi de mais nobre, de melhor, de mais decente, con- trivia 4 lberdade, a verdade e justia”. A “ralé comumn” havia tomado 6 poder, “cercada de grande jibilo por parte das massas”,”” Em seu exilic interno em Napoles, 0 eminente fildsofo-historiador liberal italiano, Benedetto Croce, observou desdenhosamente que Musso- lini havia acrescentado um quarto tipo de mau governo — a “onagrocracia”, ‘© governo dos asnos zurrantes — aos trés famosos tipos descritos por Aris- tételes: a tirana, 2 oligarquia e a democracia."* Croce, mais tarde, concluiu {que o fascismo fora apenas um “parénteses” na historia italiana, o resultado temporirio de um declinio moral agravado pelos deslocamentos da Pri- rneira Grande Guevra, Friedrich Meineke, historiador alemao de tendéncia Liberal, pensou de forma semelhante, apés Hitler ter levado a Alemanha 4 catistrofe, que nazismo havia surgido de uma degeneragio moral na qual técnicos ignarantes e superfciais, os Machemenschen, apoiados por urna sociedade de masias sedenta por excitagio, haviam triunfado sobre os hu- rmanistas equilibrados eracionais, 0s Kuleurmenschen.® A solugio, na opi de ambos os autores, era restaurar uma sociedade onde o governo estivesse nas mos dos “melhores” 22. Palavras do priprio Mussolini, zombando da incapaidade de seus inimigos de compreender*s nobre pando da juventide italiana", Discarso proferido em 3 de janeiro ‘de 1925, em Edvardee Dallio Susme, eds, pera Omnia d Bens Muslin. Floenga: La Fenice, 1956, x x0, 2381, 23, Thomas Maun, Dives 1912-1939, selogio e preficto de Herman Kosten, trad. do slemio por Richard e Clara Winston, Nova ork: H. N. Abrams, 1982, p. 136 e se- guintes. A repugnineia que Mann sentia pelo “barbarism” nazsta no impediu de ‘confessar, en 20 de cil de 1933, um “certo grau de compreensio da rebelifo contra 0 clementa judeu" (p53). 24, Cito em Alberto Aquarone © Maurizio Vernassa, ed, Il gin fascia. Bolo nha: Hl Mulino, 1974, p48. 25, Friedrich Msinecke, De deusche Katanrophe, Wiesbaden: Brockhaus, 1946, trad, cine The Geran Catatrope. Cambridge, MA Harvard University Press, 1950, a AANATOMIA DO FASCISMO- Outros observadores, desde o inicio, pereeberam que a questio era ‘mais profunda que a ascensio fortuita de meliantes, © mais precisa que a decadéncia da antiga ordem moral. Os marxistas, as primeiras vitimas do nazismo, estavam acostumados a pensar a histbria como o desdobramento _randioso de processos profundos, por meio do entrechoque de sistemas ‘econdmicos, Mesmo antes de Mussolini ter consolidado por completo seu poder, os marxistas jé tinbam pronta sua definicéo para o fascismo, “o ins- trumento da grande burguesia em sua Tuta contra o proletariado, sempre que os meios legais disponiveis 20 Estado mostram-se insuficientes para conté-lo".* No tempo de Stilin, essa definigio enrijeceu-se numa formula férrea, que se transformou na ortodoxia comunista vigente por meio séea- 1o:“O fascismo é a ditadura explicita e terrorista dos elementos mais rea- ‘A Alemanka do pés-guerra oferecia um solo particularmente fértl para movimentos anti-socalistas de base popular, que tinham como mets fo renascimento nacional. Os alemies haviam sido abalados até a medula pela derrota de 1918. O impacto emocional foi ainda mats severo porgue 23.Ner capital 2, p88. 4. Brigitte Hamann, Hides Viena Dictators Appremehip. Trad. do alemto por “Thomas Thornton. Nove York: Oxford University Press, 1999 (orig. pub. 1996), € abordagein mas detalhada, William A. Jenks, Venns ond the Young Mle: Nova York: Co- lumbia University Press, 1960, evoca o ambiente 5, A suistia,simbolo que toma como base o sol, que representava, entre outras ‘coiss, «ensign on a eteridade, era amplamenteutilizada nas antigas culturas cist, ‘indus, budists,snerindin e do Oriente Médio. raza para a Europa em fins do stculo ‘x por espiitualsase médiuns, come a celebrada Madame Blasts, por apéstolos ‘ks lige nérdica, como o ausriaco Guido von List ela fl usada pela priraelra vez em 1899, para expresaro nacionalismo alemo ¢ o anti-semitism da Ordem dos Novos ‘Templivies, de Jorg Lanz von Licbenfls (1874-1954), O artista grifico Steven Heller explora suas diverse tlizages emo The Snestib: Symbol Beyond Redempeion? Nova York: ‘Allworth, 2001, e seus ages com onazismo siotragados por Nicholas Goodrick-Clarke, Tha Ooze Rass of Navin Sce ayn Cals ond Ther Iftence on Nazi dele: The Arise hiss of sti and Germany. Nova York: Nova York University Press, 1996 ROBERT 0. PAXTON ‘os lideres alemies cantavam vitbria até semanas antes, Uma calamidade t30 inacreditavel era ficil de ser imputada a traidores. O vertiginoso colapso do destino alemao, que despencou da valente Grande Poténcia de 1914, para ‘oderrotado perplexo e faminto de 1918, destrogou o orgulho e a autocon- fianga nacionais, Wilhelm Spannaus, mais tarde, descreveu o que sentiu 30 voltar para sua cidade natal em 1921, apés lecionar por anos numa escola alemi na América do Sul: Foi pouco depois da insurreigio Spartacus ocorrida na Reninia: pratica- ‘mente todos os vidros das janelas do trem em que voltel para a Alemanha es- tavam quebrados, ¢ a inflacio atingia proporgées fantstica. Eu havia deixa- do a Alemanhano auge do poderio e da gloria do Reich Guilhermino. Volte} para encontrar a Pétria em rainas, transformada em repéblica socalista.* Spannaus viri a se tornar 0 primeiro cidadio respeitivel de sua cidade ase filiar ao Partido Narista e, como lider intelectual (ele era proprietario da livrari local), ele levou consigo muitos outros cidadios. Veteranos que nio tinham para aonde ir, suas unidades se desfazendo, sem conseguir encontrar trabalho e nem mesmo comida, eram presa ficil para o extremism, tanto de esquerda quanto de direita, Alguns se volta- ram para a Russia bolchevista em busca de inspiragio, como acontecew, por exemplo, na breve Repiblica Soviética de Munique, na primavera de 1919. Outros agarvaram-se a0 nacionalismo jé disseminado pelo movimento de propaganda dos tempos de guerra, a Frente Patriota. Alguns desses vetera~ nos nacionalistas juntaram-se as unidades mercenarias (0s Frekorps), cons- tituidas sob o comando de oficiais do exéreito, para lutar contra aquilo que cles viam como ¢s inimigos internos da Alernanha. Em janeiro de 1919, les assassinaram os lideres socialistas Rosa Luxemburg ¢ Karl Liebknecht na Berlim revolucionéria. Na primavera seguinte, derrubaram os regimes socialistas em Munique e em outras cidades da Alemanha. Outras unidades 6. William Sheridan Allen, The Naz Sezwe of Power The Esperene of a Single Tove, 1922-1945, Ed, rex. NovaYork: Franklin Watts, 1984, p. 32, Spannausj avia se tornado sdmirador do precursor do nazismo, Houston Stewart Chamberlain, quando moreva no AANATOMIA DO FASCISMO de Freikorps continuaram a lutar contra os exércitos soviético ¢ polonés a0 longo das ainda nio demarcadas terras do Baltico até bem depois do armis- ticio de novembro de 1918.7 0 cabo Adolf Hitler,’ de volta ao servigo ative no ww Comando dos Grupos do Exército, em Munique, apés se recuperar da cegueira histrica que 0 acometera a0 saber da derrota alem@, foi enviado pelo Servigo de Inteligéncia do Exército, em setembro de 1919, para investigar um dos ‘muitos movimentos nacionalistas que vinbam surgindo na desordem do pos-guerra, © Partido dos Trabalhadores Alemies (Deutsche Arbeiterpartet ~ pae) havia sido criado ao final da guerra por umm chaveiro patriota, Anton Drexler. Encontrando um punhado de artesios e jornalistas que sonhavam fem conquistar trabalhadores para a causa nacionalista, mas que no faziam {déia de por onde comesar, Hitler se juntou a eles, recebendo o cartio do partido nimero 555, Ele logo se tornou um dos oradores mais hibeis do ‘movimento e membro de seu comité diretor. Em inicios da década de 1920, Hitler foi colocado no comando da pro- paganda do ar, Com o auxilio de oficiais do exército simpatizantes, como 6 eapitdo Ennst Rah, e de alguns partidirios ricos de Munique,’ Hitler ampliou em muito a audiéncia do partido. Perante quase duas mil pessoas reunidas numa grande cervejaria de Munique, 0 Hofbriuhaus, em 24 de 7, Sobre os Freikorps, ver Robert G. L Wait, laguord of Narism. Cambridge, MA‘ Harvard University Press, 1954. 8. Adolf Hitler, cidadio anstrfaco, mudou-se para Munique em maio de 1913, af de esapar do servigo militar, Quando a Primeire Guerra Muna! eclodia, cle se aistou no exéreitoaleniéo como voluntilo, Para Hitler, preserva sua esaciaalems era sem- re mls importante que a lealdade a qualquer Estado partcular; ele sb se tornou cida- ‘Bio aleado em 1932 (ln Ketshavy, Hitler 1889-1936: Hubris, NovaYork: Norton, 1998, 1p 362) Hitler encontrou sia primeira realizario pessoal como sokdado, Ele enfrentou ‘erigos como mensagelr, fol promovid a cabo e condecorado por bravura com a Cruz ‘be Ferro, Segunda Classe e, mais tarde, Primelra Classe, a maior honrara que pode Ser confer sum sldado (p- 92, 96, 716) 9, Foi oficial de comando de Rahm, Freiherr Ritter von Epp, que, ma tarde, em fins de 1920, forngzeu metade do dineiro,origindvio das verbas secrets do extxito, ‘ado para comprde um jornal pars o partido, o VoiticherBeahacter, senda a outa me- tad coetada pelo joPnaitae bon rivanede Munigue, Detrich Eckhart. Kershaw, ler, wi p86. ROBERT 0. PAXTON fevereiro de 192C, Hitler deu ao movimento um novo nome ~o National- sodialistische Arbeiterpartei (WsaP, ou 0 partido “nazi, abreviando) ~ ¢ apresentou um programa de vinte e cinco pontos que misturava nacional ‘mo, anti-semitismo € ataques a lojas de departamentos ¢ ao capital inter- nacional. No 1° de abril que se seguiu, deixou o exéreito para se dedicar em tempo integral ao NsbaP. Cada vez mais, ele era reconhecido como seu lider, seu Fihrer." ‘A medida que se acalmava o tummulto do pés-guerra imediato, essas

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