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mm Hume per Giles DELEUZE ‘Stenupieagko no EsetRis0 ‘A tISTOREA DA FILOSOFLA mals ou menos absorveu, digerit © empiriama, ila o defini ‘numa velagio do inversio om 0 racionalismo: haverd ow nio nas tdsias algums folsa quo nfo esteja nos. sentidos ou no sensivel? Tia ‘fez do empiriamo ma erica do inatismo, doa prior. Maso emplrismo ‘sempre teve outros. segredos. I slo faves que Hume eleva 20 mals alto greu, que exibe em pena the, em sun obra extremamente dificll © Sutil. Por so, ue tem una pico muito particular. So ome plrigmo , antecipadamente, uma especie de universo de Fogo eientties, Como ‘a fiogho clentifies, mse a im Dressio de um mundo fleticio,estranho, estrangelro, visto Dor outras crlaturas; mas também 0 pressentimento de {Que eave mundo ja 6 o nosso o essis outras erlaturas, nds Droprios, Paralelamente, opera-se uma conversfo da clén: Gia ot da warla: a Teoria toma-se mguerito (a orlger ‘dessa onoepqio ests om Bacon; Kant dela so lemabrart, ‘muito embora -transforme e a raclonallze, quando con: ‘ocber @ teoria como tribunal). cléncia ott & teoria sf ‘um inquénto, isto é, uma pritica: pratiea do mundo fparenvemente fletcio que o empirismo desoreve, estudo fae condigies de legitimidade das praticas nesee mundo fempirico que ¢, de {ato, 0 nosso. Grande conversto da foria & pritica, Os manuals de historia da flosofia des fconnecent 0 que chamam de. "ass0olaclonismo" quando nolo véem ima teoria, no sentido ordindrio ca palavra, C'eomo que tm taclonalismo as avessas, Tume’prop6s @ 0 teens ‘quesides insiltas, que nos slo, porém, familiares: as. ‘ira, para se tomar proprietinio de uma cidade abando. nals, langar sett dard contra porta da. eidade, sera preciso tocar essa porta com 0 dedo? Até que ponio Sera possivel sor propriesario dos mares? Por que 0 S010, @ mals importante do que a superficie num sistema jure ‘ico, mas também a pintura, mais importante do que 4 tela? somente at que o Problema da, associagto das faéias eacontra 0 sou sentido. quo so dauomina teorls ‘Ga ascocingio encontra sia” destinacto e sin verdad ‘ume easuistica das selapdes, numa pritiea do alrelto, Ge polities, da economia, que muda intelramente & nal Seat da rellexio flosdftea, [A WaruREZA DA RELAGKO A originalidade de Hume, uma das originalidades de Hume, provem da forca com que atirma: as relagbes 3a0 xleriores aos seus fermos, Uma. semmeltanle tose, nto ode ser comprondida a no ser em oposigio. a. todo Sestoreo da flosofla enquanto racionalismo, que tentara Feduzir 0 paradoxo ‘das Telagdes' sola pein descoberta de um melo de tomar a relagio interior aos seus pro prios termos, sefa pela descoberta de um termo. mals Compreensive e mais profundo ao qual a prépria relagho {osse interior. Pedra é menor do que Paulo: como fazer dessa relacio algo do interior a Pedro ou Pato, 8 80 ‘Seu conceit, ou ao todo que forma ot & Tala da qual ppartleipam? ‘Como vencor a iredtivel extaioridads' da elagio? E, sem dvida, 0 empirismo havin sempre mill. tado em favor da exteriridade das telagoss, Mas, de certa orm, sun posieao a esto respelto permanecia oncoberta pelo problema ‘da orlgem dos canhocimentos ou dag Meas? tudo encontrava. sia origem no sensivel © is foperagoes do espirito sobre o sensivel. Hume opera ulna Inversio que ‘val elevar 0 empirismo a uma” poténcia superior: se ax idéias néo contém nenhuma outra coisa evnada mals do que o que se encontra nas impressbes ‘Sensvels, 6 precisamento porque as relacdes sto exterlo es e helerogéneas a seus termos, impresses ou. idélas 4 dlferenga no se encontra, pols, entre idélas e impres oes, mas entre duas espécies de impressbes. ou ideas fas impressGes ou idéine co termos © os impressGes 09 Hows a ldgias do reingSes, Assim, o verdadeiro mundo empirsta esdobra-se pela primetra vex em toda a sua extensio: ‘mundo de exterlordade, mundo em que o prdprio pens ‘mento esta numa relaglo fundamental com 0 Fora, mundo fonds ha termos que sto verdadeiros atomos, e relacbes (quo so vordadoiras passagens extemsas — mundo onde 4 fonjungdo “e" destrona a interioridade do verbo “6”, mun {do de Arlequim, mundo disparatado ¢ de fragmentos no {otalizaveis ondo nos comunicamos por meio de Telagdes exieriores. © pensamento de Hume se estabelece mum 10 regis? 0 atomiiemo, que mostra como as idsias ‘ou impressoes sensivets remote a minima punotunis que broduzem 0 espago e 0 tempo; 9 associacioniemo, aie ‘mostra como se estabelecem relacbes entre esses termos, sempre exteriores a esses termos e dependendo de outros prinoipios. De uma. parte, uma fisica do. espirito; de_ “Gua parte, uma logica das relagtes, # a Hume que per tence 6 mérito de tar rompido a forma coereitiva do {ut 420 de etribuigto, tornando possivel uma Ioglea autonoma fas relagdes, descobrindo um mundo conjuntivo de ato. mos @ de relagdes, cujo desenvolvimento se encontraré fem Russel © na logica moderna, Pols as relagbes 880 88 Dréprias conjungoes. 7 A. NATUMEZA BUDIANA © que ¢ uma selagio? 28 o que nos faz passar do uma impressio ou de uma idela'dadas a idéa de ‘alguma ‘coisa que nfo ¢ atualmenta dada. Por exemplo, penso em algo de "semethanto"... Ao vor o retrato de Pedro, penso fem Pedro, que ndo esi af im wo so buscaria no fermo dado a razio da passagem, A propria relagio é 0 efelto fe principios tos de associacko, eontiglldade, seme Thanga © eausslidade, quo constitudm precisamente uma noturesa humana. Natirera humana signtiea ue 0 que & universal ou constante no espirito humano ni é jamais fol ou qual idéia como termo, mas somente maneiras de Dssar de uma a outra idéia particular. Hume, nesse sen Hido, entregarsed i destruigso concertada das trés gran fos iddlas terminais da metatisca, 0 Ru, o Mundo e Devs, ‘Todavia, a tose de Hume parooe & principio multo deco. a © Kemnamaswo lonante: que vantagem haveré em explicar as relagdes Sor meio de. prineipios da naturess humana, peincipios Be associagio' quo parecem ser tosomente tim oltro yom para designar as relagbes? Se fleamos decepeiona- dos ¢ por compreendermos t20 mal 0 problema. 0 probie {inu.nio 6 0 das causas, mas o do fencionamento Gas 72. lngoes como efeitos. dessas causes das condigoes Dréti a8 dessa fUnclonarmento. Considesomos a esse respeito uma relagio muito os pec, a do entsalidade, Bla 6 especial porque nao nos fan apenas passar do tn tarmo dado & idéia de alguns toisa aie ako ¢ atualmente dada, A causalidade mo faz ‘passa de alguma coisa que me fol dada h tdéia do alge Toa coisa. que. jamais me fot dada, ou mesmo que nfo @ davel na exporigncia. Por exomplo, a partir dos sinels Insesltos umm livro, acredito que César venceu, Ao ver ovsol se levantar, digo que se lovantaré amanha; tendo visto a dgua ferver a 10, digo que cla ferve necossaria: Inente a 100s. Ors, locueées como “amanha”, “sempre”, “hecessariamente” expressam algo que nio se pode dar zn experiencia; amanha. ago ¢ dado nem so tornar ho}, em cossar da ser amaniia ¢ toda experiéncia é a de um particular contingente. Em outros lermos, a causalidade Stina relagao em conformidade com a qual ultrapasso 9 Sado, digo mais do que 6 dado ou davel, em sums, ifira Serdo, aguardo, conto om... Escancini ¢ essa primaire feslocamento operado por Hume, que pBe orenga na ase’ e no principlo do. conhocimento. Um tal funciona. Inento da reagao causal explica so assim: ¢ quo of casos Eemelnantes observados (Woda as vores em que Wa Seguir ou acompanhar b) se fundam na imaginagao, mt {ovemboru permaanegam distintos © separados suns dos outros no entendimenta, ssa propriedade de Mist na Smaginacto consti o habito (como. com...), ome mmo {impo que a distingia no entenaimenta ‘proporciona Peensy nd cdtulo: dos casos obsarvados” (probabil: fe come edleulo dos. gralis do erenga). O principio da habit, enquanto fusio dos casos somelhantes na imag ago, ¢ 0 principio da experiencia, enquanto observacto fos casos Ulstinfos no entendimento, combioamse por {tanto para proctsir 20 meso tempo’ a relagla, en inte. nota’ sogundo a relagto (erence), em conformidads com . fs quais funciona 2 causalidade, Howe 6 A Fiecko iecio e natures tém uma corta mansira de se distribuir no miundo empirista, Entregue asi préprio, 0 espirito ‘fo esta privado do poder de passar de uma a outra ‘dela, mas passe do uma a outra a0 acaso e segundo um delirio que pereorre o universo, formando dragdes de ‘ogo, cavalos alndos, gigantes monstruosos. Os principlos ‘dn natureza humana, ao contrdsio, impoem a esse del(sio egras constantes comd lels de passagem, de transicio, do’ inferéneia de acordo com a propria Natureza. Mas, a parlir dai, desenrola'se ‘uma estranha batalha. Pois, se 6 verdadé que os principlos de associagio fixam 0 fspirito a0 Tbe Impor uma natureza que diseiplina o de: lipio ou as flogbes da imaginagio, Inversamente a imagi- naclo servese desses principios para delxar passar suas ficeées, suas fantasias, para ihes conferir uma eaucto que ‘nao poderiam ter por si mestnas, Pertence, nesse sentido, 4 flogao fingir as propria relagdes, indusir relagoes ticks ‘las @ fazernos cver" em iouotiras. 180 pode ser Visto ‘io somente no dom qua tom a fantasia do duplicar toda Telagao presente por ottras relagoes que ‘Ao exister neste ou naquele Gago. Mas, sobretude mo.caso dao dade, a fantasia forja cadeias causals ficticias, ilogitimas, simulaoros de orenga, seja por confundis © ‘cidental com 0 essenclal, Sela por se servir das Droprie- ades da, nguagem (ullrapassar a experléncis) a fim eo substituir us repetiooes de casos semelhantes real: ‘mente observados ‘por uma. simples repetigho verbal que simula seu efelto. assim que o mentiroso ed em. ‘suas mentiras de tanto repettlas; ¢ assim que procedem igualmente a educacéo, a superstioao, a elogiiencia, @ poesia, Nao ultrapassamos mals a expériéncia em uma ‘via clentitien que sera contirmaca pela propria Natureza ©, por um cdleulo correspondente, ela ¢ ullrapassada Ein’ todas "as dinegses de um delitio ale Jorma uma contraNaturesa © assegura a fusio de qualquer cols ‘A fantasia servese dos principio do. associaco Dara torcer esses proprios princfpios ¢ les dar uma extensiio fiegitina, “Hume esta em vias de operar tm segundo grande cesiocamento na filosotta, que consiste em suibs- titulr 0 conceito tradicional de’ etro pelo eoneelto. do dolirio ou ilusio, segundo o qual ‘iio falsas, ‘mas Hlegitimas, éxercicios Hlegitimos das fun - oa © Trusso clonamentos ilegitimos das relagdes. Af também, Kant deverd a Hume alguma coisa de ossenclal. Nfo estamos ‘ameagados pelo erro, mas, 0 que’é muito pior, estamos imersos no delirio. ‘De qualquer maneira, isso ainda nada significa, na ‘medida em que as ficedes da tantasia torcem os princt ‘plos da ‘natiteza humana contra eles proprios, mas em, Condigdes que podem sempre ser corrigidas: é 0 que acontece com a! causalidade, onde um cdlculo severo da robabilidades” pode denuniclar ‘as ullrapassagens deli antes ou as relacGes fingidas. Mas a ilusao € singular mento mais grave quando ela propria faz parte da natw Fem humana, isto é, quando o exercicio ow a erenca fleet fima € incorrigivel, inseparavel Gas orencas logitimas, tn. Aispensavels f sua organizacto. Neste caso, o proprio uso Tantasista dos principios da natureza humana torna-se um prineipio. O dalirig ef flegho passam para 0 lado @a natureza humana. ® © que Hume mostrara em suas ‘nals sutis, mals dificeis enélises, concernentes &¢ idsias de eu, do'mundo e de Deus: como a posicio de uma fexistOnela dos corpos distinta e continua, como a posicho ee uma identidade do eu fazem intervir toda sorte de Tanclonamentos ‘leticlos das relagdes, ¢ principalmente da causalldade, em condigoes tals que nonhuma fiecdo ‘pode ser corrigida, mas nos precipita ao contrério em Gutras fleodes que’ fazem ‘parte, todas elas, da natuzeza humana. 1 numa obra péstuma que 6 talves sun obra- prima, Didlogas sobre d Rellgito Natural, Hume aplica S macmo metodo eritico nko somente & religifo revelada, mas Teligiag ita natural ¢ aos argumentos teleoloricos sobre of quis ela se funda. Jamals humor de Hume ating’ um tal ponto: crenas que fazem tanto mais parte @e nossa hatureza quanto mais completamente flegitimas ‘Slo do ponto de vista dos prinefplos da natureza humana. B, sem duvide, ¢ af que se pode compreender a nocio complena da eetielemo moderno tal como Fumo a ela- Ser" iterentemente do’ esticisma antigo, que repousa Sobre a variedado das sparéncias sensivets © os erros dos Sentidos. 0 eeticlamo moderno renousa sobre o estatuto nt rolnesog @ aun exterforidade, © vrimeiro ato do cett flamo modemo consistiu em desoobrir a crenca na hase do ronhecimento, isto 6, em naturalizar a crenca (posit Sinmno). Conseqttentementa, a sogindo ato. consist om Gantinciar as creneas Hogliimas como aquelas que niko How 6s Obedecem As rogras fetivamente produtoras de um. Conhecimento (probabilismo, ediculo Gas probabllidades) Mas, por meto de um ultimo refinamento, mum toreeiro ato, ae oreneas flegitimas no Mundo, no Su e om Deus mostram.se como © hovizonte de todas as ereneas legiti mas possivels, ou como o grau mals baixo de crenga. Bois, Be tudo é renga, até mesmo 0 conhoclmento, tudo Gvuma questio de graus de erenga, até mesmo o delirio, {99 no-conhecimento. O humor, virtude eética modema de Hume, contra a ironis, virtude dogmitica antiga de So ‘erates’ e de Platio. A Diracrwacio Mas se o inquérito sobre 0 conhecimento tem por prin- cipio ¢ Fesiliado 0 eetlelsmo, se ele termina na mistura Inexiziedvel da flcgso 0 da natureza humana, 6 talvez por hilo representar senfo uma parte do inquérito, que nii0, 6 sequer a sua parte principal. Os principios de associa ‘elo, com feito, 86 tama sentido com respeito as pal Hoes. No somente sho us circunstincias afetivas que ‘irigem as ascoclacbes de ldéias, mas as proprias relugdes ‘weemse atribuir um sentido, uma direcao, uma irreversi Dilidade, ume exclusividade ‘em funcao das palxbos. Em sama, 0 que constitul @ natureza humana, o que dé uma ahurerh oH constancia a0 eminito, no fo somente os principios de ssoeiacio, de onde decorrem as relaodes, mas os prinelplos de paisso, de onde decorrem os “pen: Gores". Cumpre considerar duas coisas a esse Tespelto: que as paixtes no fixam o espirito, nao The dio. uma nnaturera da mesma forma que os principios.de associa: Glo! —e, de outro lado, que 0 fundo do espirito, en {quanto delitio ou flecto, nfo reage ks paixdes da mesma forma pela qual reage As 7elacbes. "Visnos como of principios de assoclacio — @ espe clalmente a causalldade — determinavam o espirito. a ‘ultrapassar 0 dado, inspirandothe erencas ou ultrapassa: gens que nio eram todas ilegitimas. Mas as paixbes tém antes por efelto ® restricdo do aleance do espirito, sua fixagho em idéias © objetos privilegiados, Pois o fundo fia peixio nfo 0 egofsmo, mas, 0 que é ainda pior, fh parciatidade: ‘nds ‘nos apalxonamos inicialmente’ pot fhossds pals, nossos préximos e nossos semelhantes (cat 6 © Towmasito ssalidade, contighidade, semethanga restritas). E isso é ‘mais grave do que so fdssamos governadas pelo egofsm0. Os egbisimos exiztriam apenas que fossem Umitados para que a socledade fosso possivel: € nesse sentido que, do Séoulo XVI 20 XVIII, as odlebres teorias do’ contrato Colocaram o problema Social como devendo ser o da tuma limitagio dos direitos naturals, ou mesmo de wma rentin cla a esses direitos, donde naseeria a socledade contra. tual, Mas, quando Hume diz que o homem nfo 6 natural mente egoista, que ele é naturalmente parcial, TAO se deve ver nisso uma simples nuanea nas palavras, 6 pre- iso que ‘so voja ai uma mudanca radieal na posieao pralica do problema social. 0 problema nso é mals? como Uuitar 0$ egoismos © os direitos naturals corresponden ‘es?, mas sim: como ultrapassar as parcialidades, como ‘passer de uma “simpatia limitada” a uma "generosidade ‘ampliada, como estender as palxbes, darihes uma ex: ftensio que elas mio tam por si mosmas? A socledade ‘do ¢ mais absolufamente pensada como um sistema de limitaedes legais e contratuais, mas como uma invengao institucional: como fventar driifielos, como crlat insti tulodes que Zoream as pales a ultrapassar saa parcial! dade ¢ formem outros tantos ‘entimentos morals, ur! fleas, politicos. (por exemplo, © sentimento de stica) ‘eto.? Donde a oposieao que Hume estabelecs entre 0 con trato e-2 convencao ou'0 arlifisio. Hume é, sem david, © primeiro a romper com o modelo limitative do con frato eda lei que ainda domina.a Sociologia do séoulo XVII, para_a ele opor o modelo positive do artificlo da insiituleio. 12 ‘assim’ todo-o problema do homer Ose por sua vex deslocado: no se trata mals, como no Conhecimento, da relaeao complexa entre a ficelo e & nalurera humana, mas da relacto entre a atures hama- ae 0 arlificio (o homem enquanto espécle inventiva). As Parstins No conhecimento, eram os préprios prinefpios da na ‘uresa humana que instatravam. regras de extensio ou de ultrapassagem, de que a fantasia so servia por sua vex para dolxar passar simulacros.de erenea: a tal ponto ‘que Se precisaya constantemente de um ediculo para cor- gir, para solectonar o logitimo e o llesitimo. Na palxfo, Mune o 20 conirisio, © problema se coleea de outea mancira: SOmo se pode inventar a exteneio. artical “que ulna: fossa a parelauidade a nefuress humana? al que. @ Rintasia a fogao toram um novo sentido. Como di Hume, © espinto ou @ fantasia nio se comportan em relaga "as, peixdes & maneira de um instrumento de fopro, tush manera de um instrumento de per fumsfd, “onde, pds cada golpe, "as. vibragoes “sinda onservam um sm due mote gradi essensieiment- ‘Em suma, portanco & Imaginneto reflelir a paisio, 1 ager com que witrapasse 0s limitue de sua par- fio sua atu ‘como of fentimentos estéticos o os sentimentos morals Sto assim constiluldos: paixdes refietidas na imaginacso, ‘que se tomam paixbes da imayinagio, Ao refletir as Dalkoes, a imaginacdo bers, estiraas intinitamente, Projeteas para além de seus limites naturals. H, pelo mmmags num ponto, € preciso corrigir a metéfora da per- cussho, Pols, 20 Yessoar na imaginaclo, es palxOes no Se contentam em se tornar graduaimente menos vivas fe menos attais, elas mudam de cor Ou de som, umn ppotico como a tristeza de urna palxio representada na tragedia se transmuta no prazer de um jogo quase infi- hito da imaginaego; elas assumem ‘uma nova natureza e ‘S80 acompanhadas por um novo tipo de crenca. Assim a vontade "move-te fuclimente em todos os seutidos prodiiz ima imagem de si prdpria, até mesmo no lado fem que ela nao s0 fisn”, Grisso que constital © mundo do artificio ou da cultura, essa rescondnois, essa eflewio das paixdes na maginiglo, que faz da cultura ao mesmo tempo o que ha de mais frivolo ede mals serio. Mas como evitar Gols defeltos nesses formagoes culturals? Por um Indo, fue ss paix6es ampliadas. sejam monos vivas que as Daixdes atuais, se bom quo tenbam uma outra nati: Fez. 1, ‘por outro lado, que sejam inteiramente inde ferminadss, projetando suns imagens enfraquecidas em todas ‘os santidos independentemente de toda, regra. G'primelzo ponto encontra’stia solucao ‘nas insthncias {de ‘poder tovitl, nos aparalnos de sanefo, recompensas Gpunicdes, que’ conferem aoe gentimentos’amplindos ou fis paises’ refletidas um graa do vivacidade e de erenca Guplementar: 0 governo principalmente, mas. também Itiineles mais eublerraneas e implicitas como as do « © Thommswo costume e do gosto — a esse respeito também, Hume 6 um dos que Primeiro propos 0 problema do poder ¢ ‘do governo nio em termos de reprasentatividade, mas de ‘credibiidacle. ‘Quanto ao sogundo ponto, ele concemne igualmente ‘a maneira pela qual a Hlosofia de Hume forma um sis tema geral, Pols, se as paixGes se refletem na imaginacio ou na fantasia,’ nio é numa imaginacio mua, mas na imaginagio tal como é esta fixada ou naturalizada por esses outros prineipios que sip os prinefplos de asso Singao. A semelhanga, a contighidade, a eausalidade, om suma, todas as relagdes, tals como constituem o objeto fe tim conhecimento ow’ de um cileulo, forecem regras gerais para a determinacio dos sentimentos refletidos, para alem do uso Imediato © restrito que delas fazem fas paixdes nio-reflelidas, & assim que os sentimentos fesidtioos encontram nos prineipios de associagio verds- Geiras regras de gosto. E, sobretudo, Hume mostra mi- hticiosamente como, a0 Se refletir ‘na imaginacdo, as ypalx6es da posse encontram nos principlos de associacto (65 meios de uma determinacao de regras gerais que cons: ‘ituem os fatores da propriedade ou 0 mundo do direito. todo um estudo das varincies das relagbes, todo um feiloulo das relagbes, que permite responder em cada caso A questio: haverd entre lal pessoa ¢ tal objeto uma Telacto de natireza que nos faga erer (que faca com que a imaginagio oreia) uma apropriacio de um pelo outro? “um homem que houvesse perseguldo uma lebre até o ultimo grau da fadiga, consideraria como uma injustica que outro homem se previpitasse f sua frente © se apos- Sasso do sua presa, Mas 0 mesmo homem que avanca ‘para colher tuma mach que se acha ao seu alcance nfo Gerd nenhuma tasio de se quelzar, se outro, mais alerts, ‘passar A sua frente e dela se apoderar. Qual serd a razio Gossa diferenca senfo que a imobilidade, que nao é natu al A lebre, estabelece lima forte relaghd como cagador e due esen relacio estat ausente no outro caso?” Um dardo Janado contra a porta bastard para assogurar a proprie: dade de uma eldade abandonada, ou sera preciso tocéla om a mio, para estabeleoer uma relacio suficlente? Por que o solo predomina sobre a superficie, segundo a let Civil, mas a pintura eobre a tela, 20 asso que 0 pape! preiomina ‘sobre a eserita?” Os Brincipios de sssociacia Howe enoontram seu verdadeiro sentido em uma 0 fdas relagdes que determina o pormenor do mun Gaitura e do aiteito, Tal ¢ exatamente o verdadeiro a flosofia de Hume: as relagées como melos 40 tividade, de ina prética juridica, econdmiea ¢ poli [UMA FiosoriA Poruuan Cruairica Hume € um fildsofo parlicularmonte precoce: 6 por ¥ fos vinte ¢ elnoo anos quo redige seu grande livro, ado da Naturesa Humana (publicado em 1789-1740), hovo tom na filosofis, uma extraordindria. simplicid @ firmeza desprende-se de uma grande complexidade Srgutnentos, que fazem intervir ao mesmo tempo 0 ex bicio das flecbes, a cléncla da naturesa humana, a Pit fos artificios, Uma espécie de filosotia popular © fica, uma pop'tllosofia. F, por ideal, uma clareza det que ndo 6-2 das idéias, mas a das’ relagées e das OD (G6es, HE essa olaroza que ele tentard impor cada vez mk hos livros seguintes, mesmo correndo o risco de sa ar algo da complexidade © de renunciar ao que consi tava mais dificil no Tratado: Bnsalos Morais ¢ Politico (i712), Inquérito sobre o Entendimento (1748), Ing Hto sobre 0s Principios da Moral (1761), Diseursos B iiticos (752). Depois, voltase para a Historia da Ingld terra (17541762), Os admiravels Didlogos sobre a (ido Naturai, publicados apés n morte de Hume (1 foltam a eneontrar so mesmo tempo o mais co © 0 mits claro, talvez 0 Unico caso de verdadeiros di Jogos em filosofia: porque no i somente dols pers gens, mas trés, © que nao tém papéls univocos, eonciuem aliancas provisérlas, depois as rompem, Teconeiliam, .. ete. Demea, 0 defensor da seligiso re fia; Cleanto, 0 representante da religito natural: © eético, O humor de HumeFilon nao 6 somente modo de por todo o mundo de acordo em nome de feticismo ‘a distribuir “graus Tomper até mesmo com as correntes dominantes: culo XVIIT, de modo a prefigurar um pensamento futuro. RIRLIOGRAFIA —— = trod, teene. de Andsé Leroy, bie Tit Se Nata fare, Te 140 A Treatve of Human Now feet not A190 Treaties of Humau Na if \edasme foram eaduddon “da 1742 Koveys, Moral and Politeu, rate 0 stele Xe. publ cas pa editor Guiana. aie Sr Roe ae wie Babess AIBL An Boguiry Concoring oa frane. André, Toray, ‘rendugio. franco do, Andcé ‘Leroy, hsbier. ewer Oe ee as Ponelee ay Morate "| Shier "Bnqute nur fo rik Oia ts ta Moral Greet Britain: The Stuarts ie (Great rite: The Stuerte H Hao Tho History of Bralonds The Paco, E12 Tha History of Bealond rom th Tncasion of Julies Coe to'the ecmalou ef Hows Vil, 11 Bernt mare eTocs titre Mame ot of Dest Hume, written by Krwlf oF Seca, othe Teomortliy ofthe Sout 10 Disupes Comerine Nate ]ira tne, Hasine evi Pal ett icin, ‘Sepia Poorer ls A mais recente edigho das Cortas de Hume & 2 do Oxford CGreon'e Grove, d vol, 1064 Revue pilewphiqus, | aerate mice | sea, Larcor, “La Sept de nd hy of Dol Han, ie Milan, Andi Linor, David Hume, PUP, 1958 iit Desi npr, ef Sable, enat er to mare | aman Undertening, Suen ‘inthe Philonophy of Dovid Hume, | set are, mea © Tuxsausto ‘ypistey oa 1060" A edie” das ‘Obraw Pubeoicas & a de | ae

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