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AAA aay Any A Arte do Sopro Desvendando a técnica dos instrumentos de bocal por J. Angelino Bozzini Zeyhoart ANO 2.006 COPYRIGHT by J. Angelino Bozzini Todos os dirsitos reservados IMPRESSO NO BRASIL KEYBOARD EDITORA MUSICAL LTDA. CAIXA POSTAL 300 JUNDIAI-SP CEP 13201-970 Site: Keyboard.art.br Nenhura parte deste livro podera ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios: eletrOnico, fotogritico, gravaedo ou quaisquer outros sem a permissdo explicita por escrito do autor. J. Angelino Boz: Bozzini,J.A. A Arte do Sopro: Desvendando a técnica dos instrumentos de bocal. Jundiai, Séo Paulo: Keyboard Editora Musical Ltda, 2.006, p.41 Didética/Pedagdgico ISBN n°: 85-86981-26-5 Copyright © 2.006 by Keyboard Editora Musical Ltda.,_ Todos os direitos reservados _ R. Rangel Pestana 1044 - Jundiai - SP - SP CEP: 13201-000 Evmail: editkey@terra.com. br Editorag3o Heloisa Carolina Godoy Fagundes Marcelo Dantas Fagundes Capa Plano 1 Figuras J. Angelino Bozzini Editado e Impresso por Keyboard Editora Musical Ltda Registro na Fundagao BIBLIOTECA NACIONAL APRS MINISTERIO da CULTURA ». ESCRITORIOS de DIREITOS AUTORAIS N°: 85-86981-26-5 Autor: J, Angelino Bozzini Titulo da Obra: A Arte do Sopro: Desvendando a técnica dos instrumentos de bocal, Caro estudante de Masica: Este livro foi propositalmente encadernado com espiral visando seu manuseio em suportes especificos para o estudo da musica e/ou para os suportes existentes em instrumentos musicais como o piano ou 0 teclado, evitando assim, o inconveniente que os livros em brochura apresentam, como por exemple, o fechar de suas paginas durante 0 seu estudo. PNUIYME Bou KAAANYAAVAVAVAVAVALAIVLLERTELTETE HEH GAR RKKKQKaggag Sobre o Autor José Angelino Bozzini iniciou seus estudos de piano com a Prof, Maria Luiza Damico em 1970. Ingressou na Escola Municipal de Miisica em 1972 estudando violino com © Prof. George Salim e trompa com o Prof. Enzo Pedini Comegou 0 curso de Composigo na Universidade de Sao Paulo em 1975 transferindo-se para a Nordwestdeutsch Musikakademie Detmold , na Alemanha em 1976, onde coneluiu 0 curso de Licenciatura em misica ¢ bacharelou-se em trompa com 0 Prof. Michael Holtzel Integra desde 1982 a Orquestra Sinfonica Municipal de Sao Paulo. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais de musica Foi professor de téonicas de reparo de instrumentos musicais no projeto Pré- Bandas da FUNARTE. Foi professor do Festival de Miisica de Londrina e do Festival de Inverno de Saio Jotio Del Rey e Campos (RJ). Foi o primeiro colocado de trompa no concurso “Jovens Instrumentistas da Misica Brasileira” promovido pela Funarte em 1983 Participa de varios grupos de camera como o “Grupo Alamo” (sexteto de trompas), 0 Quinteto de Metais da OSM e a banda renascentista PARAPHERNALIA. Tem realizado intimeros recitais com piano e outras formagoes Foi regente de diversas orquestras infanto-juvenis, entre elas. da Escola Waldorf Rudolf Steiner de Sao Paulo, Executou intimeras primeiras audigdes de pegas originais para trompa de compositores brasileiros. ‘Vem trabalhando em parceria com a firma Weril no aperfeigoamento das trompas por ela produzidas. Paralelamente exerce uma intensa atividade pedagdgica e de articulista, sendo colaborador de Revista Weril ha mais de 20 anos. Caro estudante, ‘Novamente numa parceria bem sucedida entre a Keyboard Editora Musical ea Weril Instrumentos Musicais, langamos este maravilhoso livro “A Arte do Sopro: Desvendando a técnica dos instrumentos de bocal” com 0 mesmo sucesso da Colegdio DA CAPO; 12 livros para os Instrumentos de Banda, colegdo esta que dispensa apresentacdes e que mudou o cenério da Pedagogia Musical no Brasil. Hoje as principais escolas de misica do pais utilizam esta colegao brilhantemente escrita pelo maestro Joel Luis Barbosa. ‘No tenho dirvidas que este novo langamento, “A Arte do Sopro: Desvendando a técnica dos instrumentos de bocal”, escrito por J. Angelino Bozzini, também tera. o mesmo sucesso ‘Com uma linguagem dinamica e de facil compreengao, o autor Ihe apresentaré todas as dicas para executar seu instrumento de sopro com consciéncia, técnica, beleza e principalmente uma sonoridade propria e de destaque. Espero que este novo titulo o ajude a resolver aquelas pequenas dificuldades encontradas durante o aprendizado musical, lhe proporcionando uma leitura muito prazerosa Com certeza estaremos sempre buscando novos titulos que Ihe ajudardo a se tornar um mésico profissional com uma carreira brilhante. Visite sempre o site da Weril (www.weril.com.br)¢ também o site da Keyboard Editora Musical (www:keyboard.art.br), para conhecer as novidades do mundo da missica. Desejo-lhe uma excelente leitura. Maestro Marcelo Dantas Fagundes 0 editor Sumario Introdugio Qual o modo correto? Todos e nenhum! Existe uma formula magica? As partes do sistema O diafragma -a fonte de energia... Acoluna de ar - 0 condutor da energia Os labios - 0 corpo vibrante Bocal -um pré-amplificador O corpo do instrument - uma “corda de ar” vibrando por simpatia...... ‘Acampana ou pavilhao- a amplificagao final do som A tespitacio Respirago, fonte da vida. Devermos aprender uma coisa que jé fazemos? . Como funciona a respiragio Qual a melhor forma de respirar? Arrespiracio na execugao musical .... Oapoio Devemos ficar com a barriga sempre dura quando tocamos? Como aprender a usar corretamente a respirago e 0 apoio? A pratica da respiraggo. “Desaprender” para aprender. fortalecimento da musculatura. Perdendoa barriga Afinandoacintura Inspiragdo X expiragao Em quantos dias se faz. musico ... Enahorade tocar? O funcionamento da embocadura A embocadura - o gerador de som Como colocar 0s labios em vibragao? A técnica da presstio A técnica do sortiso Oque seria ideal? “12 12 m@ 12 13 13 won 14 14 14 14 15 15 16 16 SF aT 18 22 2 23 24 24 Como desenvolver os masculos da embocadure) .... A preparagio muscular Um espelho e maos A obra A primeira ViIbragEO nn Obocal entra na historia .... Descobrindo 0 instrumento_ Funcionamento e eee do uso correto da lingua Oque¢o mais importante? ae Para que servea lingua? ... Potencidmetro musical Lingua X garganta . Graves, médios e agudos -em um salto-falante Qual o porqué de tudo isso? Ea lingua nessa histéria? Oataque Exercicios praticos para o een e controle da Ifngua As fungoes da lingua .. Orelaxamento- como preparagaio a0 desenvolvimento a lingua A lingua como reguladora da pressio Controlando a pressto na pratica A lingua como controladora da passagem do ar Efeitos especiais na execucio ... ‘Técnica como expresso X técnica como malabarismo Eftitos X téeniea de base Ovibrato Be Como executar o vibrato? A respirago permanente A respiragdo continuana pritica Conhecimento nunca é demais Preparativos de viagem Por onde comegat? Atécnica bésica A individualidade de cada instrumento Completando a formagao . Sem desculpas Bibliografia 32 3S BD 33 ae 1 34 ~ 34 35 35 35 36 36 «aT a7 38 39 39 = 4} SCEREDLVLVLELELELVLEULDEELECLUCLUELELEREREREUEUG Introducjo Desde a idealizagdo dos primeiros instrumentos de sopro pelo homem pré- hist6rico até os dias de hoje a técnica de execucao evoluiu muito, Porém, as leis da fisica que possibilitam 0 fenémeno do som e @ quais o funcionamento do nosso corpo esta sujeito continuam as mesmas, O que mudou ¢ a nossa compreensdo sobre elas ¢ a forma de aplica~ las. Um instrumentista de sopro hoje tem ao seu dispor a consciéncia conquistada por incontaveis geragées de individuos que, apés descobrirem que era possivel produzir-se um som soprando-se num tubo de bambu, numa concha, num chifre ou numa folha entre os dedos, comegaram a construir a linguagem da Musica Podemos dizer que a origem da Musica acontece nos primeiros momentos da origem do homem como ser social e, hoje, é impossivel conceber-se a espécie humana sem a linguagem da Musica Da mesma forma que 0 aparelho fonador teve de evoluir ¢ adaptar-se aos requisitos fonéticos da linguagem humana que se forjava, assim também os instrumentos musicais ea forma de tocé-los teve de evoluir para atender & evolugao da linguagem da Masica, No caso dos instrumentos de sopro de bocal prevaleceu por muito tempo uma técnica baseada na forma mais intuitiva de se produzir um som: pressionar os labios contra o bocal e soprar com vigor através deles, Se dermos um instrumento de bocal aalguém que nunca tocou e pedirmos para que tente emitir um som com certeza essa vai ser a primeira forma experimentada. Anos de estudo podem melhorar a aparéncia de esforgo exagerado que esse tipo embocadura produz na face da pessoa que o emprega, mas ndio muda o prinefpio: a forga. E claro que para se produzir um som ¢ necessiria uma energia que vem do trabalho de nossa musculatura; a questdo é: quanta energia é necesséria? Vamos abordar a seguir os principios basicos da técnica dos instrumentos de sopro, principalmente os de bocal, segundo aescola chamada de “baixa presstio”! Ela no tem um criador tnico e é fruto da pesquisa de varios musicos, principalmente no pés-guerra, que buscavam uma forma de se obter um desempenho maior ‘em seus instrumentos (Solicitado pela linguagem do Jazz e pelas grandes orquestras que se consolidavam entio), mas com um esforgo reduzido, que nao colocasse em risco 0 fisico do instrumentista, e possibilitasse um controle maior sobre o instrumento, Na pritica, temos hoje em dia uma série de escolas diferentes coexistindo simultaneamente. Oassunto ¢ bem controvertido. Enquanto, por exemplo, adeptos de uma determinada escola postulam {que 0s misculos abdominais devem ser projetados para fora no momento da execugao, os de outra “escola” dizem que eles devem contrair-se para dentro, Enquanto uns dizem que os labios devem ser esticados como num sorriso, outros acham que eles devem ser arredondados como num beijo. Em inglés conbecida por ‘non pressure °, sem pressi, 0 que é um equivoco de nomenclatura, pois se nfo honvesse pressio alguna oar sairia pelas laterais dos lébios n A Arte do Sopro~ Desvendando atéenica dox instrumentos de Bocal Qual 0 modo correto? Todos e nenhum! Cada tipo de postura facilita a execugao do instrumento em alguns aspectos, ¢ dificulta em outros. A atitude mais adequada, portanto, é de se saber a fungdo exata de cada ‘uma das partes de nosso corpo e do instrumento implicadas no ato da execugio e quais efeitos clas produzem alterando-se a forma de empregéclas. Existe uma Formula Magica? Muitos instrumentistas de sopro passam a vida atrés de uma formula mégica que s faga dominar seu instrumento: um bocal “que vende nos Estados Unidos”, uma “pomada alema", um “método suigo”, um banho de 6leo no instrumento, etc., etc., etc. Uma série de esperanas seguidas por desilusdes que, freqiientemente, terminam em afirmagdes do tipo: “se eu tivesse os labios de fulano”, “ se minha arcada dentaria fosse de tal modo” ou, a pior de todas: “eu nfo nasci pra isso!” Mas alguns conseguem achar a formula; e ela é muito simples: conhecimento + trabalho. Sé isso! Um conhecimento profundo do nosso corpo e do nosso instrumento (que pode és vezes ser substituido pela intuigo) aliados a um trabalho constante ¢ diligente é a formula magica que tantos procuram e que podera fazer com que qualquer pessoa normal (e mesmo com alguns problemas — quem néio os tem?) domine seu instrumento, A base do conhecimento estard aqui, o trabalho fica por sua conta! As partes do Sistema Vamos, primeiramente, analisar como funciona um instrumento de bocal e comparé-lo.a outros sistemas sonoros. O Diafragma - A fonte de energia Para que exista som, é necessério que alguma forga coloque algum corpo em movimento. Este, por sua ver, transmite suas vibragdes para o ar, as vibragdes do ar fazem com queamembrana de nossos timpanos entre em vibraco, essa vibragdio ¢ transmitida pelo nervo auditivo para o nosso cérebro que decodifica e provessa esses sinais, Esse é, em poucas palavras, ‘© esquema de funcionamento de qualquer sistema sonoro, Essa forea inicial pode ter varias origens dependendo do sistema Num tambor ela vem da forga produzida pelos misculos do brago do instrumentista; num orgo eletrOnico ela vem da energia elétrica que aciona os geradores de som; num érgdo de tubos ela vem da energia produzida pelo compressor de ar e assim por diante, . n Angeline Bozzini PERATALGATTTL TEAC ALTTCERLEL REC CKEE KCL RELATE TRRAERAERCTLARTTS Nos instruments de sopro a energia que os fara soar origina-se num misculo em forma de ciipula situado entre 0 térax e 0 abdémen chamado diafragma, Esse misculo, auxiliado por uma série de outros envolvidos no processo respiratério, & o gerador de forga dos instrumentos de sopro. O bom funcionamento do diafragma e seus auxiliares ¢ o fundamento da técnica de qualquer instrumento de sopro. A coluna de ar - 0 condutor da energia Dificilmente a fonte geradora de energia atua diretamente sobre o corpo que iré vibrar. No caso do tambor, por exemplo, a forga do musculo do brago ¢ transmitida a “pele” do instrumento através da baqueta; no caso do drgao eletrénico a energia elétrica é transmitida pelos fios: num violino, pelo arco; ¢ etc. No caso dos instrumentos de sopro a energia produzida pelo diafragma e seus auxiliares, é transmitida até os labios por uma coluna de ar delimitada pelos canais do nosso sistema respiratério. Ou seja, o ar que estd em nosso corpo, entre a base dos pulmées e nossos labios, ao ser empurrado para fora passando entre nossos labios, funciona de maneira analoga ao arco de um violino passando pelas cordas. Os labios - O corpo vibrante Em qualquer sistema sonoro, existe um ou mais corpos fisicos que vibram. No tambor é a “pele”; no violino so as cordas; num érgao eletrOnico é 0 cone do alto-falante: numa clarineta é a palheta e assim por diante. Nos instrumentos de metal o que vibra sto os labios. Bocal - Um pré-amplificador Geralmente, na maior parte dos sistemas sonoros, os corpos que vibram néo tém poténeia suficiente para gerar um som forte o bastante para serem utilizados praticamente como instrumentos musicais necessitando, portanto, de uma amplificago. A maneira mais natural que existe de se amplificar um som ¢ a de fazé-lo ressoar dentro de um espago semi- fechado. Assim, temos nos tambores a caixa de ressondncia formada por suas laterais; num Violino, temos 0 corpo do instrumento funcionando como caixa de ressondincia para as cordas; num instrumento eletrénico temos a caixa-acistica funcionando como caixa de ressondncia para os alto-falantes, e etc. Num instrumento de metal a situagdo é um pouco mais complexa. Podemos dividir 0 ressoador em trés partes: a area interna do bocal, a rea interna do corpo do instramento e do pavilhio. Analisando-se o sistema como um todo podemos considerar ainda a cavidade formada pela boca e garganta como um quarto ressoador. © bocal funciona como uma espécie de “pré-ressoador”, ou pré-amplificador. (Osom produzido pela vibragdo dos labios coloca em vibragio primeiramente o ar contido na caixa de ressondneia formada pela taga do bocal que depois, passando pelo orificio interno do bocal, coloca em vibragao o ar interno do corpo do instrumento B A Arte de Sopro~ Desvendando atéenica das instruments de Bocal O corpo do Instrumento Uma “corda de ar” vibrando por simpatia A maneira mais ficil de compreender 0 que acontece dentro de um instrumento de metal ¢a de imaginar a coluna de ar em seu interior como sendo uma “corda de ar”. Alias, oSeu comportamento é muito semelhante ao de uma corda. Se vocé abrir a tampa de um piano ¢, abaixando o pedal da direita, cantar uma determinada nota dentro de sua caixa de ressonancia, poderd observar que a corda correspondente 4 nota que vocé cantou estar vibrando. Se vocé cantar uma nota bem grave poderd notar que além da nota que vocé cantou também estarao vibrando uma série de notas acima dela - é a chamada série harm6nica. A série harménica esta para o som, assim como 0 arco iris esta para a luz, é um fendmeno fisico, que se manifesta em todo corpo que vibra. Quando os seus labios vibram, acontece algo semelhante a quando vocé canta dentro do piano; a “corda de ar” existente dentro do instrumento vibra por simpatia a partir das vibragées de seus labios. A campana ou Pavilhgo - A amplificacio final do som A iiltima parte cénica do instrumento, que corresponde a 50% do comprimento de um trompete, 39% de um trombone, ¢ 28% de uma trompa € a prineipal responsavel pelo timbre do instrumento e pela amplificagao final do som que foi produzido pelos labios, Prova disso é que introduzindo-se uma surdina no pavilhdo de um instrumento altera~se drasticamente seu timbre e volume sonoro, praticamente sem interferir em sua afinagao, Juntando-se as pegas vocé pode ir se conscientizando do funcionamento desse complexo sistema que se inicia no seu diafragma, ¢ termina na saida do pavilhaio de seu instrumento (pode-se mesmo dizer que esse sistema termina nas paredes da sala onde vocé esta tocando). ‘Vamos agora analisar em detalhe cada uma das partes desse sistema, A Respiracdo Respiraciio, fonte da vida Oato de respirar é condig&o primeira para que haja vida de qualquer espécie. Em ‘muitas linguas as palavras que designam o ser humano ou sua esséncia esto diretamente ligadas a respiragao. Nannossa vida agitada de hoje em dia muitas vezes nos esquecemos da importancia doato de respirar, é muito comum até ouvirmos a frase “no tenho tempo nem para respirar!” Mas, quem quiser usar sua respiragdo para tocar um instrumento de sopro ter de ficar atento sua respiragdo, aprendendo a usé-la primeiramente para viver de forma saudavel e, eno, para tocar seu instrumento. “ J. Angeline Bocsini Ce e e e § Precisamos aprender algo que ja fazemos? ‘Todas as pessoas ¢ animais nascem sabendo respirar da melhor maneira posstvel. Infelizmente, todas as repreensdes, frustragdes, tenses e medos por que passamos € desenvolvemos durante 0 nosso crescimento agem diretamente sobre nossa respiragio de forma negativa, bloqueando o fluxo natural de nossa energia respiratéria Podemos ouvir um bebé chorando ou um cachorro latindo a uma distancia muito grande; ja para muitos instrumentistas ou cantores conseguirem se fazer ouvir por alguma pessoa sentada na iitima fila de um teatro parece nao ser uma tarefa to facil. A tnica solugo para recuperar aquelas habilidades que nés ja possuimos um dia e perdemos ser aprendermos novamente como respirar de uma forma mais natural ¢ efetiva Como funciona a respiracdo O principal musculo responsavel pela respiragdo é 0 diafragma. Esse musculo, em forma de abobada, esté localizado horizontalmente na parte inferior da caixa tordcica logo abaixo dos pulmdes, separando o térax do abd6men. Quando inspiramos, ele faz um movimento para baixo, umentando a drea dos pulm@es. Esse aumento da drea dos pulm@es provoca uma diminuigdo intema da pressto do ar, o que faz com que o ar que esté do lado de fora, com uma pressdo maior, entre nos pulmdes. Quando expiramos, ocorre o processo inverso; o diafragma comprime o ar que estd nos pulmées, provocando um aumento da pressdo interna que expulsa oar. A essa respiragdio, damos o nome de respiracao abdominal Figura‘ ~Localizagio do diafragma ‘Figura 2 ~ Lovalizagdio do diafragma em relagdo aos (1) pulmdes, (2) figado e (3) estémago Existem ainda duas outras formas de respiragao: a intercostal ea clavicular. Na intercostal, também chamada de toracica, provocamos o aumento da area interna dos pulmdes, afastando lateralmente as costelas. Na clavicular, também chamada de torécica superior, provocamos 0 aumento da rea interna dos pulmdes elevando-se a clavicula, o esterno e as costelas superiores. A Arte do Sopro- Desvendando a téenica dos instrumentos de Bocal Qual a melhor forma de respirar? Paira a execugdo dos instrumentos de sopro a forma mais indicada € a abdominal, porque através dela 1 — Conseguimos utilizar a maior parte da capacidade respiratéria do pulmtio (60% a 70%); 2— Conseguimos um maior controle na expiragao A forma intercostal é muito utilizada no canto e no teatro, porque aumentando- se a caixa toracica aumenta-se a area de ressondncia para voz. A forma clavicular éa mais anti-natural e a mais prejudicial. E ela que requer 0 maior esforgo fisico de todas, utiliza um minimo da capacidade do pulmao (10% a 15%) permite um controle minimo da expiragao. Além disso. a respiragdo clavicular provoca uma tensfio muito grande na regifio dos misculos do pescogo. Infelizmente, ¢ essa respiragdo que vemos muitas vezes ser ensinada em aulas de educagdo fisica e constatamos nos desfiles de bandas e fanfarras, Inspiragio Expiragio —Espinha Figura 3 ~ As fases da respiraga0 A respiracgo na execu¢§o musical O homem, pela sua evolugdo, est perfeitamente adaptado para andar ereto, o que nao impede que existam acrobatas. Podemos fazer uma analogia disso com a respiragao. Onosso sistema respiratério esta perfeitamente adaptado para a fonagao e para suprira démenda natural de ar do ser humano. Porém, se quisermos usé-lo para a execugdo de instrumentos musicais, deveremos submeté-lo a um treinamento adequado, caso contrério, correremos 0 risco de “quebrar a cara”, como alguém que quisesse fazer acrobacias sem um treinamento prévio. Para isso devemos trabalhar conscientemente cada aspecto envoivido no sistema respiratorio. 6 J. Angelino Boszini ETEK AAKARELAGADGE O apoio Para executarmos um instrumento musical necessitamos de uma energia muito maior do que aquela que utilizamos para falar ou respirar normalmente. Se quiséssemos que nosso diafragma fizesse todo o trabalho estariamos sobrecarregando-o, Precisamos ento dar um apoio a sua atuacdo. Sobre o apoio tem-se escrito coisas muito controvertidas, mas, se entendermos como ele funciona, no serd dificil aprender a usi-lo de maneira correta e eficaz. Quando tentamos empurrar um mével muito pesado, onde a forga dos nossos bragos nao € suficiente, geralmente procuramos apoio numa parede. Nesse momento, fazemos forga em dois sentidos opostos: =*-O— Esse é 0 principio da alavanca. Como a parede é fixa, deslocamos o armirio utilizando a forga de uma forma mais equilibrada, pois a forga aplicada contra a parede fixa “volta” no sentido do armario. (Lembram-se da frase daguele herdi mitologico que disse ser capaz de levantar o mundo com uma alavanca?), armario parede apoio do diafragma funciona da mesma maneira, s6 que a parede que usamos 6aparede abdominal, Enrijecendo os masculos da parede abdominal temos um apoio suficiente para o diafragma durante a expiragdo, Se observarmos a musculatura abdominal de um bom instrumentista de sopro, veremos que ela ¢ forte como uma “parede”. Ai reside o segredoe a base da execuciio dos instrumentos de sopro! ay ZN | wo | “| . Figura 4 ~ Para apoiar a coluna de ar, devemos inspirar pensando em enviar o ar na diregiio do umbigo e “sustenté-la” com a cintura muscular mais os misculos da regiio inguinal. Devemos ficar com a batriga sempre dura quando tocamos? ‘Tocar um instrumento de sopro é uma tarefa muito mais sutil do que empurrar armérios. Um armério tem um peso fixo que nao se altera enquanto o estamos empurrando. J, numa frase musical, cada nota, dependendo de sua altura ou intensidade, requer uma energia ” A Arte do Sopro-Desvendando atéenica dos instrumentos de Bocal diferente para a sua execucdo. Por esse motivo, a tensdo dos miisculos abdominais deve variar segundo 0 trecho executado, Em via geral, vale a seguinte regra: 0 apoio € proporcional A altura e intensidade de uma nota, ou seja, quanto mais forte ou mais aguda uma nota, maior © apoio que ela necessitara. Podemos representar isso graficamente, da seguinte forma: grave médio agudo O apoio ————— (+) pp mf ff No caso de uma nota grave no fortissimo ou de uma nota aguda no pianissimo prevalece o elemento que necessita de maior apoio, no caso o fortissimo ou 0 agudo; ambas necessitarfo, portanto, de um grande apoio Como aprender a usar corretamente 4 respiracdo e Oo apoio? primeiro, passo para isso é tomar consciéneia de como funciona todo o processo da respiragio ¢ do apoio. O segundo ¢ exercitar individualmente cada misculo implicado no processo. Vejamos agora uma série de exercicios para o desenvolvimento do diafragma e dos misculos abdominais e sua aplicagaio pratica na execucdo de trechos musicais A pratica da respiracdo Como desenvolvera musculatura implicada no processo da respiragaio. “Desaprender’ para aprender O primeiro passo do nosso treinamento seré o de tentarmos livrar nosso corpo das tensdes ¢ condicionamentos erréneos que impedem o correto funcionamento dos musculos. O exercicio mais simples para isso ¢ o de relaxamento por contraste 1. Deite no chao ou sobre uma superficie dura com a barriga para cima e os bragos ao longo do corpo. 2. Contraia com a maior forga possivel os dedos do pé direito por alguns segundos e depois relaxe-os completamente. 3. Faga o mesmo com os miisculos do pé, depois com a barriga da perna, a coxa e, assim, sucessivamente, trabalhando com cada grupo de misculos até chegar 4 nuca. 18 J. Angelino Boxzini OOOO OOOO SSS S SHS HSH SS HHF HF Hs Hd SHssEVIEIEIIIIA Normalmente é muito dificil termos consciéncia que estamos tensos, porém, Se contrairmos fortemente um musculo além de sua tensdo normal, ser facil sentirmos 0 contraste entre 0 estado de tensio e o de relaxamento. Nas primeiras vezes que vocé praticar 80 seré possivel trabalhar com blocos de misculos; com a pratica, vocé seré capaz de trabalhar com cada misculo individualmente. Esse é um exercicio basico de relaxamento; em livros especializados vocé poder encontrar outros ou até mesmo inventar seus proprios, No comego, Procure praticar num lugar calmo, de preferéncia ao acordar ou antes de dormir, com o tempo vooé poderd praticar o relaxamento a qualquer momento do dia, mesmo enquanto esta tendo outra atividade, O Fortalecimento da Musculatura Quando voce comegar a se sentir mais levee descontraido, esti na hora de por seus misculos a trabalhar. O primeiro misculo a ser fortalecido é o diafragma, Vejamos alguns exercicios: 1. Depois de uma sesso de relaxamento, deitado no ch&o coloque um livro grande e bem pesado sobre o abd6men e respire lenta e profundamente ~ Nao tente forgar a respiragdio, deixe que seus musculos movimentem-se por conta propria, Concentre-se somente na sensagdio do ar entrando e saindo de seus pulmées. 2. Sentado ou de pé, inspire profundamente. — Expire pronunciando um longo sssssssss, intenso e regular. — Tente ser o mais constante possivel 3. Coloque uma vela acesa a um metro de distancia — Inspire profundamente ~ Expire dirigindo 0 sopro para a chama da vela, tentando manté-la inclinada pelo maior ‘tempo possivel — Em cada nova tentativa tente afastar um pouco mais a vela 4. Inspire profundamente. ~ Expire pronunciando uma seqiléncia de sss sss sss sss sss, como se vocé estivesse imitando uma bomba de encher pneu de bicicleta. 5, Relaxe bem a musculatura abdominal. ~ Inspire e expire rapidamente pela boca como se vocé estivesse imitando um cachorro ofegante. — A respiragao deve ser répida e regular. Voce pode variar esses exercicios de varias formas, o importante é que vocé se concenire em duas coisas: na intensidade e na regularidade do movimento. » A Arte do Sopro~ Desvendandi atéenica dos nstrumentos de Bocal Perdendo a barriga Como dissemos na sesso anterior, a musculatura mais importante para o apoio ada parede abdominal. Exercitando esses misculos vocé melhoraré sua execugdo além de diminuir sensivelmente a flacidez de sua barriga (se esse. for o seu caso! ©) 1, Deitado de costas no cho, as miios cruzadas sob a nuca, erga lentamente o tronco sem levantar as pernas do cho até ficar sentado. — Volte lentamente 4 posiedo inicial 2. Na mesma posicao do exercicio anterior, erga as pernas lentamente até um Angulo de vinte ou trinta graus do solo. ~ Mantenha-se nessa posiedo por algum tempo e volte lentamente a posigio inicial. 3. De pé ou sentado, contraia a barriga para dentro com muita forga por uns seis segundos. ~ Relaxe. Afinando a cintura Outros misculos muito importantes para 0 apoio s4o os misculos laterais do abdomen 1. De pé, com os pés bem afastados, inspire levantando os bragos até a altura dos ombros. — Curve o tronco lateralmente para a direita até tocar o pé direito com a mao direita, — Apéie o brago esquerdo, sempre esticado, sobre a cabega — Volte lentamente o tronco e os bragos para a posigao inicial expirando — Repita do outro lado, 2. Fique em pé com o lado direito paralelo a uma parede, a uns 30 cm de distancia dela. ~ Levante o brago esquerdo por sobre a cabera e pressione energicamente a parede por alguns segundos — Relaxe. — Repita do outro lado. Inspiragdo versus Expiracgo Na respiragdo normal, a inspiragdo & um processo ative e a expirago um Processo passivo, Ou seja, realizamos um trabalho muscular para colocar o ar dentro dos pulmdes e relaxamos a musculatura abdominal e tordcica para que o ar saia.? £ importante lemibrar que nesse tipo de respirago sempre fica uma quantidade signticatva de ar “velbs" dentro dos pulses © que ¢ uma hibito muito saudével, conscientcmente, de empos em tempos, expel este resto de ar usedo deixando que o ar dos palmies se renove totalmente, 20 J Angelino Boszini = « « 2 « « e « e e - e e © e e <- e = - = = = = = ] e - = = = = = = = = = = = = = id = = a = = = = = = Sd =) = = = = = = = sd 2 2 = = ; Nos instrumentos de sopro a inspiracéo deve ocorrer somente com 0 trabalho do diafragma, mantendo-se toda musculatura abdominal relaxada! Isso é muito importante, pois ¢ esse relaxamento que vai garantir que nossa garganta ndo se contraia, atrapalhando o fluxo de ar, na expiragao. A expiragdo, ao se tocar um instrumento, é ativa, pois o diafragma deve contar como apoio de toda musculatura da parede abdominal e da cintura para manter a pressioea constncia do fluxo de ar. Se nés contrairmos essa musculatura de apoio ja na inspiragdo, além do stress desnecessirio, teremos como conseqtiéncia a contragao das cordas vocais (percebidas pornés como garganta), Essa contrago faz.com que a energia conduzida pela coluna de ar, em vez de chegar ao instrumento fica represada dentro do corpo do misico, causando uma queda geral de desempenho. Em quantos dias se faz um masico? Dizem alguns que Deus levou sete dias para fazer 0 mundo; outros que ele levou milhes de anos. Qualquer que sejao tempo exato o fato é que nada surgiu instantaneamente ‘Nemo mundo nem o misico. Nao tente aprender em um dia aquilo que vocé no soube (ou nao quis saber) por muitos anos! Esses exercicios atuam diretamente sobre as fungdes vitais do corpo humano; principalmente sobre o sistema circulatério. Por esse motivo, comece praticando levemente alguns exereicios por um curto periodo de tempo e va aumentando @ intensidade ¢ a quantidade aos poucos, conforme vocé for se sentindo mais fortalecido e seguro. E na hora de tocar? E muito simples ¢ interessante trabalhar todos esses misculos que esto implicados na respiragao individualmente. Porém, no momento da execugdo eles devem funcionar todos automaticamente € nossa atengdo deve estar voltada para o fraseado e a interpretagHo, Existem alguns exercicios simples que nos ajudam a aplicar a técnica da respiracdo corretamente na hora da execugao 1. Tocar uma nota por 10 segundos ou mais em piano. Deve-se manter a afinagdo e a intensidade constantes do comego ao fim da nota. 2. Atacar uma nota pianissimo c lentamente crescer até 0 fortissimo. o crescendo seja uniforme e que a nota termine no volume maximo. = muito importante que 3, Atacar uma nota sforzzatissimo, caindo para um pianissimo stibito e, em seguida, crescer até um fortissimo 4, Comegar a soprar suavemente no bocal aumentando a velocidade do ar até que umaa nota comece a soar em piannissimo. Crescer até um fortissimo e decrescer suavemente a até um piantssimo quase imperceptivel. Todos esses exercicios devem ser feitos o mais lentamente possivel, ‘comecando-se na regiao central e posteriormente ampliando-os para as regides grave e aguda * Essa quesiao ¢trabalhada exaustivamento ne obra do grande trompetistaalemo Malte Burba a A Arte do Sopro Desvendando a éenica dos instrumemios de Bocal Lembre-se sempre de inspirar relaxadamente ¢ assoprar com apoio, Apés se obter um bom controle no ataque e sustentagdio de notas, trabalha-se o apoio em escalas e arpeggios, seguindo- se 0 esquema dado no capitulo anterior: quanto mais aguda ou forte uma nota mais apoio ¢ vice-versa. Esses exercicios de respiragdo ¢ apoio devem fazer parte da rotina de aquecimento de todos os mitsicos, sejam eles principiantes ou profissionais. A pratica diaria desses exercicios proporciona uma base técnica muito sélida para a uma boa execugdo musical. O funcionamento da embocadura A embocadura ~ O getador de som Dentro do sistema total que comeca com os misculos de apoio do diafragma indo até a reverberagao no local de execucdio, a funcdo da embocadura é a de gerar o som Como j4 vimos nos capitulos anteriores a energia para se gerar esse som é produzida pelo diafragma e seus miisculos de apoio. Vamos agora analisar tecnicamente o funcionamento da embocadura, bem como as principais técnicas existentes. Y Figura 6 ~ Masculos da face Figura 5 - Mitsculos da face (Visio frontal): 1. Orbicular da boca; 2. Levantador dos fabio e das asas do nariz; 3, Levantador do lébio superior, 4. Levantador do Angulo da boca; 5. Zigomético menor; 6. Zigomatico maior: 7, Bucinador; 8a. Risério; 8b. Risdrio; 9. Abaixador do angulo da boca; 10, Abaixador do lébio inferior; 11. Mentual; 12. Orbicular da boca 2 (visio lateral): 1. Orbicular da boca; 2. Levantador dos labios e das asas do nariz; 3. Levantador do libio superior: 4, Levantador do Angulo da boca; 5. Zigomitico menor; 6, Zigomético maior; 7. Bucinador, 8a. Ris6rio; 8b. Risorio; 9. Abaixador do angulo da boca; 10, Abaixador do labio inferior, 11. Mentual; 12. Orbicularda boca, J. Angelino Bozzini e e e e e e e e€ © e e e e e e € e e ¢€ e }] e ] e e | Como colocar os labios em vibracdo? Para que haja vibragdo é necessério haver tensdo. Por exemplo: uma corda de violo ou uma pele de tambor precisam estar esticadas para produzir som; da mesma forma um sino derretido no produz som, é necessério que ele esteja rigido para poder vibrar. Se vocé parar e pensar um pouco ird observar que todos os sons que 0 rodeiam so produzidos ou por objetos rigides ou por objetos moles colocados sob tenstio como a pele do tambor. Dai se deduz que para que os labios vibrem & necessério que eles estejam tensionados Existem varias formas de se tensionar os labios, cada uma delas determina uma escola diferente de execucdo. Vamos agora analisar detalhadamente as trés principais técnicas existentes A Técnica da Pressjo Essa técnica ¢ considerada a mais antiga de todas. Acredita-se que tenha sido usada pelos primeiros tocadores de trompa de chifre nas épocas pré-hist6ricas. Hoje em dia ela ainda é muito usada por pessoas que aprenderam sozinhas a tocar seu instrumento ou que tiveram formagdo coletiva, em bandas e fanfarras, por exemplo, sem uma orientagao adequada. Ea mais simples de todas as técnicas, por ser originada da forma com que quase qualquer pessoa instintivamente tenta tirar som de um instrumento de bocal. Ao mesmo tempo em que a mais simples das técnicas, ¢ a mais prejudicial para os labios e a saiide do instrumentista Ela pode ser resumidana seguinte citagio: “Os sons so obtidos comprimindo- se fortemente o bocal de encontro aos ldbios, de forma que o lébio superior se oponha ‘mais acentuadamente ao bocal; em seguida comprimindo-se mais fortemente possivel sobre a dentadura, e expelindo o ar com mais vivacidade.” (N. B. Tisel) Para explicar o que ocorre, podemos imaginar que cada célula dos labios funciona como um balfio de ar semi-murcho. Se o pressionarmos entre as maos, fazendo com que oar que esta em seu interior ocupe um espago menor, a tenso do ar comprimido tensionard as paredes do baldo. O mesmo ocorre com nossos labios pressionados entre o bocal ¢ os dentes. Nessa técnica, quase todo o controle do som esta a cargo da pressdio do bocal contra os labios. Quanto mais aguda a nota a ser executada mais pressdio, quanto mais grave menos pressdo. Podemos consideré-la como uma técnica passiva, pois os misculos dos labios praticamente nfio atuam na produgao da tensdo que ¢ produzida pela forca dos musculos dos bragos forgando o instrumento contra os labios. Para compreendermos quéo perigosa essa técnica pode ser para a satide dos labios ¢ dos dentes podemos fazer um pequeno experimento: pegue um bife de filé mignon (que mesmo sendo tenro, ainda é muito mais resistente que nossos labios) que seja da espessura de seu lébio; coloque-o sobre uma superficie dura que fara o papel de seus dentes; usando a forga de seus dois bragos, como vocé usa normalmente para tocar, pressione o bocal contra 0 bife. Vocé poder observar que até uma determinada pressdo, ao se retirar o bocal, o bife volta a sua forma anterior, pois as células animais tem uma certa flexibilidade porém, se vocé passar de um determinado ponto as células romper-se-do e 0 nosso bifé no voltaré a sua forma antiga. Com o bife essa técnica nao vai atrapalhar seu almogo, mas com seus lébios ela poder comprometer seriamente sua vida profissional ¢ sua estrutura dentaria 2B A Arte do Sopro- Desvendando a éenica dos instrumentos de Bocal Voeé ja comegou a pensar com mais carinho em seus labios? Faga-o enquanto ainda ha tempo! E no se esquega também que, embora seus dentes sejam duros, o tecido que 95 une ao maxilar ndo é tio duro quanto eles e podem ser seriamente afetados pela pressio excessiva do bocal! A Técnica do Sorriso ‘Tentando-se liminar os problemas causados pela técnica anterior desenvolveu- se uma técnica na qual a tensio dos labios € obtida esticando-os pelas extremidades como se fossem uma corda de violdo, utilizando-se principalmente os misculos Risdrios Pocemos facilmente reconhecer as pessoas que utilizam essa técnica, pois elas parecem estar sorrindo quando estio tocando. Com essa técnica produz-se um timbre brithante e obtém-se uma certa facilidade na regidio aguda, Porém, as pessoas que a.utilizam normalmente tém pouca resisténcia e pouca flexibilidade na mudanga de registros do grave para o agudo e vice-versa. A baixa resisténcia ¢ devida ao fato de os labios ficarem muito delgados ao serem esticados pelas extremidades e a fina camada de carne que fica entre 0 bocal e os dentes ndo oferece proteedio suficiente aos nervos dos libios, Estes, sob a pressiio do bocal que, embora menor, ainda ¢ necessiria nessa técnica, se extenuam em pouco tempo. Essa técnica ainda & muito usada por musicos mais idosos que tiveram professores italianos, franceses ou russos, paises onde ela cra muito empregada. O que seria o ideal? Neste século, varios misicos ¢ cientistas em diversas partes do mundo empreenderam pesquisas tentando aperfeigoar uma técnica que ao mesmo tempo: % Comprometesse 0 menos possivel a saide do musico, 3 Permitisse um maximo de resisténcia possibilitando aos profissionais trabalharem durante varias horas diarias; % Possibilitasse um controle do timbre, do ataque e da flexibilidade em toda extensdo do instrumento; 4% Fosse simples o bastante para que o misico, durante a execugao, pudesse se concentrar na expressiio das idéias musicais e nao em como conseguir determinada nota. Essa técnica, com pequenas variagdes, éutilizada pelos principais instrumentistas da atualidade. Seu principio ¢ bem simples: produzir a tensdo necessaria A vibraciio dos Iibios, quase que exclusivamente através do uso dos misculos dos préprios labios seus circunvizinhos. Nessa técnica s6 € necesséria uma pequena pressio do bocal para niio permitir que escape ar pelos lados, s6 isso! Os labios sao esticados em diregdes opostas como a pele de um tambor, Podemos resumit 0 conjunto de musculos utilizados em trés grupos basicos: 1. O grupo encabegado pelos misculos Risérios que esticam os labios horizontalmente para fora. 2 J. Angeline Bosini TT ARAAAAAAALALRYUAVAAAKAAAVAAAAARARCARARAAAARAAANANAAAAASNS 2.) O grupo encabegado pelo Abaixador do lébio inferior que estica os labios verticalmente para baixo; 3.) Os Orbiculares da boca, (a parte vermelha do lébio) que, tencionam-se circularmente para dentro como num assobio, produzindo um movimento contrério a todos os outros miisculos, 20 mesmo tempo em que, pelo fato de estarem enrijecidos, formam como que uma almofada entre 0 bocal e os dentes aumentando muito a resisténcia, Figura 7 ~ Musculos da embocadura: 1. Orbitular da boca; 2. Levantador dos labios e das asas do nariz; 3. Levantador do lébio superior, 4. Levantador do angulo da boca; 5. Zigomatico menor, 6. Zigomético maior, 7. Bucinador; 8. Abaixador do angulo da boca; 9. Abaixador do canto da boca; 10. Abaixador do labio inferior: 11. Mentual; 12. Orbicular da boca, Essa técnica é mais trabalhosa para ser aprendida e leva mais tempo para apresentar resultados, mas, uma vez adquirida, proporciona muita seguranga e expressividade na execugaio. Como desenvolver os masculos da embocadura A Preparacgo. Muscular Para termos uma embocadura eficiente devemos ter os miisculos queacompdem bem treinados e sob controle. Para podermos adquirir controle sobre eles ¢ necessirio trabalhar cada misculo isoladamente. Normalmente, para uma pessoa adulta, é um tanto dificil controlar seus misculos isoladamente, pois, normalmente, utilizamo-los em “blocos”, sem ter consciéncia exata de quais misculos estamos empregando numa determinada postura. Os trés pares de musculos que formam a embocadura sio os do queixo, os dos cantos do labio, ¢ os que formam a parte vermelha do lébio, Esses misculos, para poderem criar a tensio necesséria nos labios para que vibrem, trabalham em sentidos opostos: # O queixo para baixo 3 Os eantos do lAbio para fora # O anel do labio circularmente para dentro. 2 A Arte de Sopro- Desvendando atéenica dos instrumentos de Boca Um espelho e maos 4 obra Com um pequeno espelho de bolso, muita paciéncia e dedicagtlo em pouco tempo ‘yoeé ter controle sobre seus misculos faciais. Primeiramente trabalhe 0 seu queixo — Com todos os misculos da face relaxados tente lentamente mover seu queixo para baixo e de volta a posigdo de repouso sem que nenhum outro masculo se contraia. Pense que os dois masculos que puxam o queixo para baixo funcionam como dois tirantes, como esses que sustentam as antenas. A sua funcdo é extremamente importante, pois sem eles tudo pode “desabar”! (Obs.: Nao confunda queixe com mand{bula: queixo ¢ a parte de carne que est na pontada mandibula, portanto ao mexer o queixo sua mandibula deve estar parada!). — Em seguida, trabalhe o musculo que forma o anel labial (a parte vermelha do labio). Embora esse seja o musculo mais importante da embocadura ele € muito pouco usado pela maioria das pessoas. ~Tente contrai-lo para o centro como se estivesse assobiando, mas sem projeté-lo para frente. Se colocarmos a ponta do nosso indicador sobre 0 labio poderemos sentir se ele esta se contraindo ou nao. — Una outra forma de treiné-lo 6 tentar abragar com ele fortemente alguma coisa redonda como um lipis, a parte posterior do bocal ou mesmo o nosso préprio dedo. — Quando esse miisculo esté bem treinado, ele no sé facilita muito a execugao do registro agudo como também aumenta a resisténcia da embocadura. —Por titimo treinaremos os mitsculos dos cantos do lébio. Enquanto contraimos nossos labios para o centro esses miisculos funcionam como dois tirantes laterais contraindo-se em sentido oposto ao dos labios. — Coma face relaxada contraia os musculos do canto da boca para fora como num sorriso de palhago. Pense que voce quer levar o canto de cada labio até a orelha correspondente. ~ Esses exercicios devem ser feitos com muita calma* Assim que se conseguir movimentar os miisculos para as posigdes corretas devemos sustenté-los por periodos cada vez mais Iongos nessas posic6es a fim de que eles adquiram forga e resistencia A primeira vibracjo O préximo passo ¢ colocar os labios em vibragio. Recordando o primeiro capitulo, a vibrago € produzida pela presto da coluna de ar que tenta forcar a passagem através dos labios. Estes, tentando resistir, cedem a uma determinada pressio abrindo-se. Ao se abrirem deixam passar uma quantidade maior de aro Durante meu tempo de estudante na Alemanha andei durante scis meses com um pequeno espelho no ols acada oportunidad ‘ecma2 um pouco # embocadura (usando o espelho para controlar} até os misculos irem automaticamente para a posigdo corrcta. A emibocadurs pode ser praticada em qualquer lugar > J. Angelino Bozzini ECAADAGLALULLLLLAVAVAVAVLATLULLAGEARUAALALALATALADLALAS gue faz cair a pressio. Como a pressio cai eles diminuem novamente a sua abertura o que faz ‘umentar a pressio da coluna de ar. Esse ciclo ao repetir-se produz a vibragao dos labios Comece a assoprar e v4 contraindo os musculos da embocadura na maneira indicada nos exercicios anteriores. Se vocé estiver com um bom apoio, e contraindo os miisculos corretamente seus labios comegardo a vibrar. Como nossos labios sto 0 “gerador de som” do nosso sistema, a qualidade do ‘nosso som no instrumento vai depender muito da qualidade dessa vibrago pura inicial. Depois que conseguir colocar seus labios em vibragao, devera exercitar um controle sobre essa vibragio. A fluxo de ar deve sair para frente e nao para baixo. Voeé pode checar isso colocando a palma da mao em frente sua boca. Os dois labios devem vibrar na mesma freqiéncia como se vocé estivesse cantando uma nota, Adquirindo um certo controle sobre a vibragdo de seus labios, voc’ pode educé-los estudando intervalos, escalas e arpeggios somente com a vibragao dos labios sem. bocal. Os métodos de solfejo cantado so, em geral, muito bons para praticar isso Vocé poder observar a importancia dessa pratica executando uma determinada passagem musical somente com os labios e, logo apés, no instrumento. Voeé notaré que a execuigdo ficard muito mais facil e segura. O Bocal entra na histdria Depois de praticar bastante s6 com os labios, chegou a hora de praticar com 0 bocal. Vocé deve lembrar-se sempre de uma coisa: quanto maior o controle que vocé tiver sobre os misculos de seus labios para fazé-los vibrar independentemente do bocal tanto menor seri a press4o que vocé necessitard exercer com 0 bocal contra os labios para poder tocar. Praticando com o boeal, vocé deve ter sempre consciéncia do seu espago interno; dele dependeri a porgdo de lébio que voos dever’ colocar em vibragao, Um trombonista usaré uma porgdo de libio muito maior que um trompetista Emuito facil de observar se vocé esta usando a poredo correta. Vibre seus labios em frente ao espelho ¢ observe: se a porgiio de labio que estiver efetivamente vibrando for maior que o didmetro interno do bocal vocé, com certeza, nao est contraindo suficientemente ‘omisculo que forma o anel labial e, certamente, também ird necessitar de muita presto para poder tocar no registro agudo Figura 8 - Corte lateral da embocadura de um trompetista. n A Arte lo Sopro~ Desvendando a técnica dos instrumentos de Bocal Descobrindo o instrumento ‘Ao tocarmos no instrumento, existe um novo fator em jogo: a resisténcia da coluna de ar existente dentro do proprio instrumento. Essa resisténcia faz com que vocé, a0 tocar no instrumento, necessite de um apoio maior do que aquele usado para fazer os labios vibrarem livres ou no bocal. Mas, ao mesmo tempo em que ela exige wma pressdo maior da coluna de ar para vencer aresisténcia, ela também funciona como um colchao dear, diminuindo ‘0 esforgo de seus labios. ‘A primeira coisa a fazer com o instrumento é “senti-lo”, da mesma forma que um pianista faz com as teclas ou um guitarrista com os trastes. As notas, em todos os instrumentos de metal, encontram-se em “lugares” determinados no instrumento como as teclas de um piano; a diferenca é que nos instrumentos de metal nbs nfo podemos ver onde as notas estiio localizadas s6 podemos sentir esses “lugares” com os nossos bios ¢ com & pressdo da coluna de ar necessaria para atingi—los. kEssas notas so determinadas pela série harménica (caracteristica fisica da materia ao vibrar, equivalente ao arco-iris para a luz). No bocal ¢ possivel tocar-se uma nota qualquer e, aumentando-se. tensto dos lébios, ir subindo sua frequéncia de mane continua domo numa sirena. J4 no instrumento se voeé tocar uma nota e, pouco a pouco, sumentar a tensto dos labios e a pressSo do ar notaré que a vibracdo saltaré para o préximo harménico, Vooé nao sera capaz de tocar as notas que ficam entre duas notas' da série harménica. E como se o instrumento se “recusasse” a tocar essas notas. ‘A partir dessa caracteristica fisica da série harmonica a “corda de ar” do instrumento pode vibrar em alaumas frequiéncias determinadas, sea vibragHo que voce produz ‘com seus lébios for equivalente a algum dos harménicos a coluna de ar interna do instrumento ccomecara.a vibrar por simpatia e essa vibragao seri amplificada pela eampana do instrumento $6 com o controle desses dois fatores: pressdo do ar e tensao dos labios voce poder percorrer toda a série harminica, Apés “sentir” onde estao.as notas da série harménica © proximo exercicio é 0 seguinte Vocé deverd ter notado que cada nota tem certa margem. de tolerdncia para cima e para baixona afinacao. Trabalhando bastante © com atengo voce encontrard para cada nota o ponto ideal onde ela esta mais afinada e com 0 som mais claro; dizemos que anota esta entrada. Essas posigdes devem ficar registradas em sua meméria muscular ¢, a0 “passear” pela série harmGnica, vocé deve tentar ir diretamente a esses pontos “ideais”. Esses so 0s prinefpios basicos do funcionamento da embocadura J. Angeline Bezzini lt ee POTEET ERT ae Funcionamento e a importancia do uso correto da lingua O que € o mais importante? Se fizermos uma pesquisa entre os instrumentistas de metal sobre o que seria o mais importante dentro de todo sistema da execugiio, a maioria, sem diivida nenhuma, responderd que éa embocadura, logo seguida pela respiragdo. A lingua s6 é mencionada quando se fala do ataque. Na realidade, podemos afirmar que, dentro da hierarquia do sistema, a lingua vem logo apés a respirago em escala de importncia e que muitos dos problemas que so normalmente atribuidos & embocadura, stio na realidade, causados por uma ma utilizagao da lingua Figura 9 ~ Corte lateral da face: 1. Stylogiossus; 2. Dorso; 3. Masculo Genioglosso; 4. Génio-hiedide: 5. Hioglosso; 6, Palato duro/Maxilar, 7. Mandibula; Osso hidide; 9. Capsula temporomandibular. 1a 5 masculos da lingua; 6 a 9 ossos onde esses miisculos tém inserga0 Figura 10 ~ Corte lateral da cabega’ 1. Osso frontal; 2. Seio frontal; 3. Osso esfendide; 4. Scio esfenoidal; 5, Vértebra cervical; 6. {timo orofaringeo; 7, Es6fago; 8. Traquéia; 9. Pregas vocais; 10. Pregas vestibulares; 11. Cartilagem cricdide; 12. Cartilagem tireoidal; 13. Osso hidide; 14, Bpiglote; 15, Miisculomilohidide; 16. Misculo ‘génio-hidide; 17. Mandibula; 18, Parte faringea, do dorso da lingua; 19, Palato mole; 20.Dorso da lingua; 21, Ponta da lingua, 22. Dente incisivo central inferior, 23. Dente incisivo central superior; 24. Palato duro; 25. Osso oceipital Para que serve a lingua? Na opiniio de mais de 90% dos instrumentistas, a fungao da lingua é somente a de produzir o “ataque” (emissdo) das notas. Porém, dentro do sistema, a sua fungdo é muito mais importante, pois ela que funciona como vilvula reguladora da pressdo do ar bem como da caixa de ressonancia formada pela cavidade bucal. Vamos agora analisar suas fungdes em detalhe. » A Arte do Sopro- Desvendanio atéenica dos instrumentos de Bocat Potencidmetro musical Podemos comparar o caminho da coluna de ar no momento da execuea0 com um circuito elétrico. O principal gerador da energia ¢ 0 diafragma e seus miisculos de apoio. O formecimento de energia depende dele, da mesma forma que dependemos da companhia de eletricidade. Dependendo da finalidade essa energia pode variar. Para tocar um trecho em “fortissimo precisamos de uma quantidade maior de energia que para tocarmos um trecho em ‘mezzo- forte, da mesma forma que, em nossas casas, 0 chuveiro elétrico ¢ outros: equipamentos que consomem muita energia precisam de uma instalagdo 4 parte. Se observarmos nosso liquidificador, por exemplo, veremos que ele pode trabalhar em diversas velocidades como iniimeros outros aparelhos; ¢ todos sto ligados & mesma fiagdo, Essas pequenas variagBes de energia empregadas em cada aparelho so conseguidas através de um componente chamado potencidmetro, Veja bem: nao variamos a corrente principal, mas somente & intensidade no interior de cada aparelho. As diferentes notas de um trecho musical, para serem executadas com perfei¢ao, necessitam de diferentes pressdes de ar. Essas diferengas siio pequenas e devem ocorrer com rapidez, duas coisas que seriam dificeis de controlar com o diafragma. Eis ai a primeira e mais importante funcao da lingua: ela funciona exatamente como 0 potenciémetro dos aparelhos clétricos, ou se preferirem, como o polegar na ponta de um esguicho. Conforme ela estreite ‘ou alargue a passagem do ar na boca, ela estaré aumentando ou diminuindo a sua pressao de saida. Assim, com o seu controle, poderemos obter a pressio ideal para cada nota. Lingua X Garganta Muitos masicos utilizam-se da garganta par executar essa tarefa, a do controle da presto da coluna de ar. O uso da garganta tem algumas desvantagens em relagdio ao uso da lingua. Em primeiro lugar, nés podemos controlar muito mais facilmente a lingua do que a garganta de maneira conscientee, em segundo lugar, o uso da garganta, se exagerado. estrangula a passagem do ar, produzindo um som espremido. Além disso, 0 uso da garganta gera uma tens%o muito grande na regitio do pescogo. Portanto, mantenha sua garganta aberta e relaxada deixando a regulagem da pressdo para a lingua. Inspiragao Expiragio oo profunda profunda Respiracio 5 normal Durante a fala Figura 11 - A Laringe: Funcionamento da laringe e pregas vocais em diferentes situagées: LL antendide. 6, Prega vestibular (falsas pregas vocais), 7. Cartilagem comiculada; 8. Certilagem cuneiforme. » J. Angelino Beczini gua: 2, Epiglote; 3. Pregas vocais (cordas vocais verdadeiras); 4. Rima glottidis; 5. Miisculo FC RRAALADGUATLLLALLULTLLVLACVLELTLELELTLEDLTLTULDERLAERALALADLGLGAGDGDGS | Pee ae Graves, médios e agudos - em um sé alto-falante Se voe’ abrir uma caixa acéstica de boa qualidade podera observar que ela tem geralmente trés alto-falantes: um para os graves (0 maior), um para os médios e um para os guudos (0 menor), Se voc’ comparar um violino com um violonceto ¢ com um contrabaixo vera que, embora todos tenham a mesma forma, cada um tem uma caixa de ressondncia de tamanho diferente, conforme atessitura do instrumento, Vocé poder observar também que se um violino tocar em sua regifio mais grave e 0 violoncelo tocar em unissono com ele, no violoncelo soaré tudo mais “cheio” e sonoro. Por outro lado, se o violonceto tocar em sua regio aguda em unissono com o violino, aqui seré o violino que soard melhor Qual o porqué de tudo isso? Como explicamos no inicio, utilizamos nos sistemas sonoros uma caixa de ressondincia que funciona como amplificador das vibragdes. Cada tamanho de caixa de ressondncia amplifica melhor os sons contidas numa determinada faixa de frequéncias. Por isso as eaixas acisticas, para poderem reproduzir com fidelidade os sons de uma orquestra, precisam de alto-falantes de tamanhos diferentes e, as de melhor qualidade, possuem compartimentos isolados de tamanhos diferentes dentro de si Ea lingua nessa histdria? ‘Ao mesmo tempo em que a lingua regulaa presto do ar ela modifica o tamanho da cavidade bocal, podendo regular o tamanho ideal para cada registro. E como se tivéssemos um alto-falante que esticasse e encolhesse conforme a altura dos sons que estivesse reproduzindo. O ataque ‘A outra fungao da lingua é a de produzir 0 “ataque”, ou a emissio, das notes. Muitas pessoas pensam que a lingua deve dar um golpe nos lébios no momento do ataque para que ele possa comegar a vibrar. Isso so faz sentido para pessoas que tocam com muita presso e que no conseguem controlar os misculos da embocadura para conseguir a tensio correta para cada nota. Se a embocadura estiver com a tensdo exata para produzir a nota que queremos executar, a simples passagem do ar com pressio adequada produzira a vibragio e, portanto, nao sera necessario que a lingua golpeie os labios. Nesse caso, para o ataque, a fungao da lingua ¢ simplesmente a de interromper 2 passagem do ar para separar cada nota. Nomomento em que 0 ar é solto ele produziréoataque ‘Omovimento da lingua nfo deve se parecer ao de um martelo quando bate um prego, mais sim a0 de nossos dedos quando queremos ver se um ferro de passar roupa ¢ esta quente Eum movimento que toca recuando e no empurrando. ‘Como quem na realidade produzo ataque € 0 ar, a fungiio da lingua seré entio a de regular as emissdes de ar. x “AArte do Sopro - Desvendando a técnica dos instrumentos de Bocal

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