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anovago, no seu entender, ndo é a exigibilidade do crédito, sendo a possib lidade de seu cumprimento, ¢ essa possibilidade existe na obrigaco natur Sendo a obrigacao natural valida como qualquer obrigago civil, b como vilido 0 seu pagamento, com carter satisfativo, embora nao exig Cimperfeita), nao ha, efetivamente, empeco justificavel a que seja substi da, por outra obrigat6ria, mediante livre acordo celebrado entre credo devedor, visto que, efetivamente, nao é a exigibilidade, mas a possibilid de cumprimento do crédito que justifica a novagao. A compensagdo de obrigacio natural com obrigagao civil, ou con outra obrigagdo natural, nao é admitida pela doutrina. Compensacio & de extingio de obrigages entre pessoas que so, ao mesmo tempo, c1 e devedor uma da outra. Acarreta a extingdo de duas obrigages cujos en dores so, simultaneamente, devedores um do outro (CC, art. 368). que impede a compensagiio € 0 fato de efetuar-se ela “entre divid liquidas, vencidas e de coisas fungiveis” (CC, art. 369), ou seja, entre di das exigiveis, sendo que as obrigagdes naturais caracterizam-se pela ineX gibilidade. Conforme a igo de KaRt. Larenz®, 0 crédito compensado parte que requer a compensagao ha de ser plenamente valido e exigivel. D ‘outro modo dita parte no estaria em situagdo de saldar o crédito adv Ademais, 0 que reclama a compensagao hé de estar pronto para exigir af almente a prestagio; portanto, seu crédito hd de estar vencido, ‘Também Si.vio Ropricvs esclarece que se faz mister que as divid a serem compensadas, sejam vencidas, isto &, possam ser exigiveis desd logo, pois, em rigor, enquanto nao chega o termo de vencimento, 0 dev tem direito ao prazo, ndo podendo ser compelido a dele abrir mao, motivo de compensagio. Assim, “no se compensam as dividas se delas ainda néo se venceu ou nio €, por qualquer razdo, exigivel™. ‘SeR10 Cantos Covet..0”, todavia, demonstra que somente a comp Gao legal nao pode ocorrer, envolvendo obrigacao natural. Nad: ‘entanto, que seja ela compensada por vontade das partes, porque nesta hi tese a inexigibilidade € irrelevante, uma vez que 0 préprio devedor faz 0 desconto. A compensacdo convencional & aquela que resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipéteses que nao se enquadram nas de compen ® Derecho de obligaciones, 1, p. 429. ™ Direto civil v. 2, p. 218 A obrigagdo, cit, p. 158. io legal. As partes, de comum acordo, passam a aceité-la, dispensando alguns de seus requisitos, como, por exemplo, a natureza diversa ou a liquide das dividas, Pela convengao celebrada, divida ilfquida ou nao vencida (inexi- givel) passa a compensar-se com divida Iiquida ou vencida. Sem ela, no haveria compensagdo pelo no preenchimento de todos 0s seus requisitos. A obrigagio natural ndo comporta fianca, pois esta é de natureza aces- S6ria e segue o destino da principal, no podendo existir sem uma obrigagio iae exigfvel. Do mesmo modo, no hi possibilidade de constituir penhor, ou outro direito real, para reforgo dessa modalidade de obrigagio. que a garantia pressupée possibilidade de exercitar-se execugio para cobranga de erédito (CPC, art. 585, III), possibilidade essa excluida no caso da obrigagao naturaP®, Registre-se, por fim, que a execuedo parcial de obrigagao natural no autoriza o credor a reclamar pagamento do restante. Desse modo, obrigago natural ndo se transforma em civil pelo fato de ter havido amortizagao parcial” civil v DAS OBRIGAGOES DE MEIO, DE RESULTADO E, DE GARANTIA ‘Sumério: 3. Obrigagio de meio e de resultado. 4. Obrigagio de ‘garantia, 3. Obrigagéto de meio e de resultado Quanto ao fim a que se destina, a obrigagio pode ser de meio, de re~ sultado ¢ de garantia, Diz-se que a obrigagio & de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtengo de determinado re~ sultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele. E 0 caso, por exemplo, dos advogados, que nao se obrigam a vencer a causa, mas a bem defender 1s interesses dos clientes; bem como o dos médicos, que nio se obrigam a © Washington de Barros Monteiro, Curso, cit, v. 4, p.227; Maria Helena Diniz, Curso, cit. \. 2, p: 66; Silvio Venosa, Direito civil, ct. v. Il, p. 57. © Washington de Barros Monteiro, Curso, cit, v. 4, p. 227. curar, mas a tratar bem os enfermos, fazendo uso de seus conhecim cientificos, Tendo em vista que 0 advogado nao se obriga a obter ganho de cat ara o seu constituinte, fard ele jus aos honorérios advocaticios, que sentam a contraprestaciio de um servico profissional, ainda que nao obt éxito, se agir corretamente, com diligéncia normal na condugdo da c Damesma forma terd direito a receber a remunerago devida pelos si prestados © médico que se mostrou diligente e que empregou os rect médicos ao seu alcance, na tentativa de obter a cura do doente, mesmo qt esta nfo tenha sido alcangada, Se a obrigaco assumida por esses profissionais fosse de result seriam eles responsabilizados civilmente se a causa nao fosse ganha ou © paciente viesse a falecer. Quando a obrigagio é de resultado, o devedor dela se exonera so te quando o fim prometido € alcangado. Nao 0 sendo, é considerado in plente, devendo responder pelos prejufzos decorrentes do insucesso. plo clissico de obrigagdo dessa natureza é a assumida pelo transpor que promete tacitamente, ao vender o bilhete, levar o passageiro so e sal ‘a seu destino. Costumam ser mencionadas também as obrigagées assumidas pel empreiteiro e pelo cirurgiio plastico, quando este realiza trabalho de né reza estética ou cosmetolégica, Ottraco distintivo entre essas duas modalidades de obrigagdo encont -se nos efeitos do inadimplemento, Na obrigagao de meio, em que o deve Se propde a desenvolver a sua atividade e as suas habilidades para atingir objetivo almejado pelo credor, e nao a obter o resultado, o inadimplement Somente acarreta a responsabilidade do profissional se restar cumpridamens te demonstrada a sua negligéncia ou impericia no emprego desses meios, Na de resultado, em que o objetivo final é da esséncia do ajuste, somente ‘mediante prova de algum fato inevitavel capaz de romper o nexo de causae lidade, equiparado a forga maior, ou de culpa exclusiva da vitima, pode o devedor exonerar-se caso nao tenha atingido o fim a que se propds™, ‘Como mencionado exemplificativamente, o transportador assume uma obrigagio de resultado: transportar 0 passageiro si e salvo, e a mercadoria sem avarias, ao seu destino. A nao obtencao desse resultado importa 0 ™ Carlos Alberto Bitar, Direito das obrigagdes, p. 8485. 100 inadimplemento das obrigagdes assumidas e a responsabilidade pelo dano ‘ocasionado. Nao se eximird da responsabilidade provando apenas auséncia de culpa. Incumbe-Ihe 0 énus de demonstrar que 0 evento danoso se veri- ficou por forga maior, causa estranha ao transporte ¢ equiparada ao fortuito, culpa exclusiva da vitima ou, ainda, fato exclusivo de terceiro, inclusive a do Superior Tribunal de Justiga, tem A jurisprudéncia, considerado causa estranha ao transporte, equiparavel ao fortuito, disparos efetuados por terceiros contra os trens, ou pedras que sao atiradas nas jane- las ferindo passageiros ou, ainda, disparos efetuados no interior de Gnibus, inclusive durante assaltos aos viajantes". Prescreve o art. 735 do Cédigo Civil que a “responsabilidade contra- tual do transportador por acidente com o passageiro ndo é elidida por culpa de terceiro, contra 0 qual tem acdo regressiva”. Esse dispositivo tem mesma redaco da Stimula 187 do Supremo Tribunal Federal. Ocorrendo uum acidente de transporte, nfo pode o transportador, assim, pretender eximir-se da obrigagio de resultado tacitamente assumida, atribuindo culpa 20 terceiro (ao motorista do caminhdo que colidiu com 0 dnibus, p. ex.). Deve, primeiramente, indenizar 0 passageiro para depois discutir a culpa pelo acidente, na agdo regressiva movida contra 0 terceiro. A obrigagaio assumida pelos cirurgides plésticos é, igualmente, como foi dito, de resultado. Os pacientes, na maioria dos casos de cirurgia plés- tica, nao se encontram doentes, mas pretendem corrigir um defeito, um problema estético. Interessa-lhes, precipuamente, o resultado. Se 0 cliente fica com aspecto pior, apés a cirurgia, nao se alcangando o resultado que constituia a propria razaio de ser do contrato, cabe-Ihe 0 direito & pretensio indenizat6ria, Da cirurgia malsucedida surge a obrigagao indenizatéria pelo resultado nao alcangado. O cirurgiao plistico assume obrigagio de resultado porque 0 seu tra- balho é, em geral, de natureza estética. No entanto, em alguns casos a obrigagdo continua sendo de meio, como no atendimento a vitimas defor- madas ou queimadas em acidentes, ou no tratamento de varizes e de lesdes congénitas ou adquiridas, em que ressalta a natureza corretiva do trabalho”, Diverso o entendimento de Ruy Rosano pe Auta JUNIOR, para quem o “acerto est, no entanto, com os que atribuem ao cirurgiio estético uma obri- ® RT, 4291260, 642/150: RSTI, 78/176; RTI, 96/1201 Carlos Roberto Goncalves, Responsabilidade civil, p. 966-367. gacio de meios"”, pois a dlea esté presente em toda intervengaio cintrgi imprevisiveis as reagbes de cada organismo & agressdo do ato cirirgico. Correta se nos afigura, porém, a assertiva de TERESA ANCONA quando afirma que, “na verdade, quando alguém, que esta muito bem satide, procura um médico somente para melhorar algum aspecto seu, qt considera desagradavel, quer exatamente esse resultado, nao apenas qi aquele profissional desempenhe seu trabalho com diligéncia e conhecit toccientifico, Caso contrério, ndo adiantaria arriscar-se a gastar dinheiro nada. Em outras palavras, ninguém se submete a uma operagio plastica nio for para obter um determinado resultado, isto é, a melhoria de uma tuagio que pode ser, até aquele momento, motivo de tristezas”™. 4. Obrigagao de garantia Obrigaco de garantia ¢ a que visa a eliminar um risco que pesa sot ‘o credor, ou as suas consequéncias. Embora este niio se verifique, o simpl fato do devedor assumi-lo representard o adimplemento da prestaco, ocorre porque 0 afastamento do risco que recai sobre o credor represet ‘um bem suscetivel de aferi¢o econdmica, como os prémios de seguro, as garantias bancérias que se obtém mediante desconto antecipado de ju Constituem exemplos dessa obrigagao a do segurador e a do fiador; do contratante, relativamente aos vicios redibit6rios, nos contratos com tativos (CC, arts. 441 ¢ s.); a do alienante, em relacdo & evicco, nos cor tratos onerosos que versam sobre transferéncia de propriedade ou (CC, arts. 447 e s.) etc”. Em regra a obrigagio de garantia se apresenta como subespécie obrigagdo de resultado, pois o vendedor, sem que haja culpa sua, es * Responsabilidade civil do médico, RT, 718/40. 0 dano estético, p91 Deciiu o Superior Tribunal de Justica: “O profissional que se prope a realizar cirurgay visando a melhorar a aparéncia fisica do paciente, assume o compromisso de que, no mini= ‘mo, nfo the resultardo danos estéticos, cabendo a0 cirurgido a avaliagio dos riscos. Respon- {der por tais danos, salvo culpa do paciente ou a intervengio de fatorimprevisvel, o que Ihe cabe provar” (RT, 718/270). Maria Helena Diniz, Curso, cit, v.2, p. 186; Fabio Konder Comparato, Obrigagses de meio, de resultado e de garantia, in Enciclopédia Saraiva do Direito v.55, p. 429. 104 Adstrito a indenizar o comprador evicto, por exemplo; a seguradora, ainda que, verbi gratia, 0 incéndio do bem segurado tenha sido provocado dolo- samente por terceito, deverd indenizar 0 segurado. O devedor nao se libera da prestagdo mesmo em caso de forga maior, uma vez. que 0 contetido da obrigacZo é a eliminago de um risco, que, por sua vez, é um acontecimen- to casual, alheio a vontade do obrigado®. Tribunal de Justica de So Paulo reconheceu a responsabilidade de estabelecimento bancério por roubo de valores guardados em cofres-fortes, considerando nao escrita cléusula excludente de responsabilidade, “por frustrar os objetivos da avenga, pois o banco vende seguranga. Caso contri rio, ninguém se valeria de seus servigos™'. Obrigacdo de garantia, portanto, € aquela que se destina a propiciar maior seguranga ao credor, ou eliminar risco existente em sua posigao, mesmo em hipéteses de fortuito ou forga maior, dada a sua natureza®. DAS OBRIGAQOES DE EXECUGAO INSTANTANEA, DIFERIDA E CONTINUADA Sumdrio: 5. Obrigagées de execuedo instantinea e de execugio diferida. 6. Obrigagdo de execugo continuada, 5. Obrigagdes de execugdo instantinea e de execugio diferida Quanto a0 momento em que devem ser cumpridas, as obrigagées classificam-se em: a) de execugdo instantdnea ou momentdnea, que se consuma num 6 ato, sendo cumprida imediatamente aps sua constituicao, ‘como na compra e venda a vista; b) de execucdo diferida, cujo cumprimen- to deve ser realizado também em um s6 ato, mas em momento futuro (en- trega, em determinada data posterior, do objeto alienado, p. ex.); c) de execucdo continuada, periddica ou de trato sucessivo, que se cumpre por meio de atos reiterados, como sucede na prestagao de servigos, na compra € venda a prazo ou em prestagdes periédicas ete. “ Fabio Konder Comparato, Obrigagées... in Enciclopédia, cit, p. 428-430. © RITISP, Lex, 1252216. © Carlos Alberto Bittar, Direito das obrigagdes, cit. p. 84.

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