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I O ethos midiatizado Agui se vai procurar mostrar que a mifdia (“mei i implica uma nova qualificagao da vida, um bios virtual. Sua aetna em face das formas de vida tradicionais, consiste na criagao de uma lade (costume, conduta, cognigio, sensorialismo) estetizante e vicé- pine bapédia de “tereeira” antares. Acramactrado“anje!, menageizo n por simultfneo, instantineo e global exerco mum expagoeté- s da com tuem-se como “boca de Deus”: ntaxe universal que fetichiza a realidade e reduz a complexidade antigas diferengas ao unum do mercado. lizada, vertical e unidirecional (comunicagao de mass. 1 Edgar Morin num texto célebre como o “espirito do tem- ordinaria aceleragao da expansio do capital (0 “tur- se proceso tendencial de transnacionalizagao do ¢ de atualizacso do velho liberalismo de Adam eletocnolagia® ~ Blobalizngho é, iribuigho” Mundial de pes: {0,0 que o feu muito novo no fim deste milénio — neviriza mundo capitaneada pela vocagio imperial dos Estados U primeiramente uma base material caracterizada por verd tacao tecnol6gica, que decorre de macica concentracio de capital em ciéncias como engenharia microeletrénica (nanotecnologia), com- putagio, biotecnologia e fisica. Em seguida, esbatida contra este pano de fundo, a “informacao”, palavra de grande ambigilidade se- méntica, mas que vem designando modos operativos, baseados na transmissio de sinais, desde estruturas puramente mateméticas até as organizacionais ¢ cognitivas. No mercado, 0 termo informagio recobre uma variedade de for- mas (filmes, noticias, sons, imagens, digitos, etc.), definidas em tilti- ma andlise como “fontes de dados” e economicamente caracteriza- veis como produtos. Sobre este tiltimo tipo de informacio incide principalmente a mutacio, que favorece o intercimbio ampliado e acelerado entre nacées. Sobre os novos produtos nio paira mais o te- mor — tipico dos anos 1960 e 1970 ~ de destruigéo da “alta cultura” Por uma suposta homogeneizacao inapelavel da “cultura de massa”, uma vez que as fronteiras entre ambas se apagam diante da onda pla netarista da globalizacéo ou da chamada “sociedade da informacao”, indiferentea tudo que nao seja a velocidade de seu processo distribu. tivo de capitais e mensagens. Nao faltam os que exaltem o computador ea Internet como “a ver- dadeira revolugao do século”, compardvel A imprensa de tipos méveis de Gutenberg, que modificou a maneira de pensar ¢ aprender. E cor- rentea expressao “Revolucao da Informacao”, como um sucedaneo de “Revolugao Industrial”, para designar os impactos em curso. A palavra “revolugéo” pode revelar-se, aqui, enganosa. Ela sem- pre implicou o inesperado do acontecimento (portanto, o transe de uma ruptura) ¢ 0 vigor ético de um novo valor. Revolugiio nao € con- ecito que se reduza ao da mudanga pura e simples, uma vez que seu horizonte teleol6gico acena ético-politicamente com uma nova jus- tiga. As transformagoes tecnolégicas da informagio mostram-se fran- pos- is, sc cha- Mesimo do ponto de vista estritamente material, muiagao técnol6- a parece-nos expressio mais adequada do que “revolucéo”, jé que 0 se trata exatamente de descobertas lincarmente inovadoras, ¢ maturagao tecnolégica do avango cientifico, que resulta em existentes sob outras formas (telefonia, televisio, computagio) gum tempo. Hibridizam-se igualmente as velhas formagoes dis- ivas (texto, som, imagem), dando margem ao aparecimento do que se tem chamado de hipertexto ou hipermidia. Com a Revolucio Industrial ocorreu algo semelhante, como bem ssinala Drucker! A maquina a vapor (transformadora da relagio matéria/energia) foi, assim como o computador para a contempora- neidade, o(gatilho das transformacoes que levaram a mecanizacao da \dugao de-bens, Mas o impacto efetivamente revolucionario, no sentido da transformagao de economia, politica e vida social, deu-se a invengio da ferrovia - uma recombinacio de recursos técnicos cexistentes -, que unificou nacdes e mercados, modernizando pro- os e mentalidades. O “novo”, como se vé, consistiu propriamen- no aumento da velocidade de deslocamento ou “distribuigao” de pessoas ¢ bens no espaco. Af se nucleava propriamente o poder civilizat6rio do industria- lismo europeu. Isto fica sintomaticamente explicitado na declaracao deuma escritora inglesa, Mary Kingsley, ao retornar de uma visita & Africa, uma década depois da divisao daquele continente entre as poténcias imperialistas da Europa (1884): “[...] © queme deixa orgu- Ihosa de ser inglesa nao so as nossas maneiras ¢ costumes [...} € aquilo que esta corporificado nas ferrovias. [...] E a manifestagio da superioridade da minha raca”. No que diz respeito a Revolucao da Informagao, novo mesmo é 0 fenémeno da estocagem de grandes volumes de dados ea sua rapida transmissao, acelerando, em grau inédito na Histéria, isto que se tem revelado uma das grandes caracteristicas da Modernidade — a ce L.C£ Drucker, Peter. Of chegou. Revista Exame, de 22/03/2000, p. 113-126, 13 wno mundo, Sea Tndustnial cen» aeurse Tnformagho centriene na virtual “aulagdo do espaco pelo tempo, gerando novos eanais de distribu: Sto de bens ea ilusdo da ubiqiiidade humana, iq Reencontra-se af parcialmente o sentido grego de economia, que sx Mopriamente distribuicdo ordenada dos bens —o noms da pal aquikonomos deriva do verbo nemein, que significa propriamente Qiscentar, bem distribuir 0 rebanho no espaco, no ritmo adequadc alizmos da modernidade tardia caracteriza-se por velocidade e flui- ‘Z dos processos. ‘ Esta € a singularidade ou o espirito do tempo presente. Frente ma teéticos que buscam caracterizar a sociabilidade atual a partir da matifora explicativa da “rede” (onde as conexdes eas intersecdes to- «(aim 0 lugar do que seria antes pura linearidade, caracteristica do taglGerafo"), é preciso abandonar a ilusio de uma originalidade subs- yg lslista desta hip6tese ¢ trabalhd-la, sob o prisma da velocidade ¢ ho ot das conexdes. O diferencial € a aceleragao distributiva (0 oi- sen ittes intensificado) dos processos. Nao & portamto, a mera pre- gant maciga da tenia nos processos sociais, e sim a singular rela- intensificadora das neotecnologias com o fluxo temporal. , i Entram em questo as novas nuances da economia capitalista, Ae, Lendem a favorecer uma catalaxia, ou seja, um ordenamento Tsing tdol6gico do mundo, para além de qualquer desfgnio humano. sexe 8¢Fealiza historicamente por meio de politicas diferenciadas em gues dos de aplicacdo, mas com um denominador comum conti- pag Wel como um novo tipo de ideologia planetarista capaz de per- ‘Sar as instdncias econdmicas, politicas, sociais e culturais. fou termos piblicos, o fendmeno recebe 0 nome de globalizacio, tum» Doliticamente coincide com a ideologia do “neoliberalismo”, gov. Plataforma econémico-politico-social-cultural, empenhada em ngnetnezmiaimo, fandamentelismo demercado,individualismo eco- em ico, autoritarismo moral c outros. A exacerbagio desta ideologia che °vernos ou doutrinas, tas como os da inglesa Margaret That- con pou 10 norte-americano Ronald Reagan, pode eventualmente mind tce? tim recesso. Mas, de um modo geral, livre trnsito de com- Tore ies € a velocidade circulatéria dos capitais especulativos sao va- 8 excelsos do novo “oikonomos”. m Am De fato, na esters econdmico-financeire grandes massas de capitais. A ney 0 profissional, ensejando uma nova cultura ica, fortemente comprometida com 0 espirito do tempo em cres- 1c hegemonia, No fimbito dos“dbjetos técnicos, o “futuro” com- ce na forma de cada novo indutor de nomadismo e velocidade hum instrumento: & fluidez da telefonia celular ¢ da Inter- ‘centa-se, por exemplo, o hibrido “Internet mével”, ou seja, ( pelo celular para gente em transito. No campo da midia, a discurso social passa da televisao em circuito aberto para {elecomunicagdes por toda parte, avanga-se na dire¢io da monta- 4) dle infra-estruturas para as infovigs.ou para os servigos de infor- lo dealta yelocidade, “= A aceleragio do processo circulatério dos produtos informacio- {4 (culturais) tem-se chamado de comunicagdo, nome de velha cepa ie antes designava uma outra idéia: a vinculagio social ou 0 -em-comum, problematizado pela dialética platénica, pela koino- politiké aristotélica e, a0 longo dos tempos, pela palavra comunida- _ Daqui parte a comunicacao de que hoje se fala, mas vale precisar Jie nido se trata exatamente da mesma coisa — ela agora integra o pla- sistémico da estrutura de poder. Com efeito, j& é{lugar-comum|afirmar que 0 desenvolvimento » sistemas e das redes de comunicagao transforma radicalmente a «li do homem contemporaneo, tanto nas relagdes de trabalho como 5 de sociabilizacio e lazer/Mas nem sempre se enfatiza que esta imeiramente em jogo um novo tipo de exercicio de poder sobre o dlividuo (0 “infocontrole”, a “datavigilancia”). Os sistemas infor \icionais e as redes de telecomunicacées, originalmente concebi- oj no Ambito estratégico das méquinas bélicas e de controle da po- aco civil preconizadas pela Guerra Fria, ampliam-se continua- lente como gigantesco dispositivo de espionagem global, controla- ip principalmente pela rede de inteligéncia norte-americana, cen- wilizada na National Security Agency (NSA). = 2007 { Siio sintométicos os debates realizados no Parlamento europe, io final do milénio, sobre o chamado “Echelon”, sistema utilizado a pratica de espionagem econdmica ¢ industrial em pafses da RO GUPGPSay Wasim n menos do ano 2000, 80 se poe hoje a servico nao apenas do Estado, ma bém das grandes organizacdes civis (empresas multinaciona poragGes de servicos, etc.) que, pari passu com 0 aumento exponen- cial de dados sobre consumidores reais ¢ virtuais, consolidam pela Vigilancia continua 0 seu poder de identificacio ¢ imobilizacio dos antigos cidadaos politicos nas fungées atribufdas pelo mercado. Esta depois em jogo um novo tipo de formalizacéo da vida social, que implica uma outra dimensao da realidade, portanto formas no- vas de perceber, pensar e contabilizar o real. Impulsionadas pela mi- crocletrénica e pela computacao ou informatica, as neotecnologias da informacao introduzem os elementos do tempo real (comunicacao instantanea, simultanea e global) e do espaco virtual (criacdo por computador de ambientes artificiais ¢ interativos), tornando “com- possiveis” outros mundos, outros regimes de visibilidade publica. ‘Mas também intensificando os cenérios de antecipagio dos aconte- cimentos, o que de algum modo neutraliza a abertura para o futuro. Na realidade, toda e qualquer sociedade constréi (por pactos sc manticos ou semi6ticos), de maneira mais ostensiva ou mais secreta, regimes auto-representativos ou de visibilidade publica de si mesma Os processos ptiblicos de comunicacio, as instituigdes Itidicas, os es- acos urbanos para os encontros da cidadania integram tais regimes, No sistema moderno de comunicacao das sociedades ocidentais, seja baseado na transmissfo oral ou na escrita, as informacdes eram simplesmente representadas, isto 6, apresentadas ao receptor numa forma isenta de sua dinamica ou de seu fluxo original, o que implica como principais recursos de linguagem a palavra e 0 conceito. Nesta esfera movem-se o livro e a imprensa classica, caracterizada pela ideologia politica das liberdades civis e do discurso critico. Com as tecnologias do som e da imagem (radio, cinema, televi- so), constituiu-se o campo do audiovisual, e o receptor passoua aco- 2.Em La marca de la bestia ~ IdentifcaciOn, desigualdadese infoentretn contempordnea (Editorial Norma, 1999), Anibal Ford traga um, Ther o mundo em seu Muxo, oF seja, faton @ coisas reapresentados a p odalidade de representagio, que supde um ot Jo-representagio social e, por certo, um novo le ptiblica. Fala-se aqui, por conseguinte, de si- , quer dizer, da existéncia de coisa ou fato gerados por técni- 1 por compressao numérica) ¢, nos atuais termos tecnolégi- passamos da domindncia analégica a digital, embora os dois cam- » ostejam em continua interface. Daf decorre a conformagao atual (wenocultura, uma cultura da simulagio ou do fluxo, que faz da presentacdo apresentativa” uma nova forma de vida. Saber e sen- Ingressam num novo registro, que é 0 da possibilidade de sua ex- riorizacio objetivante, de sua delegacdo a méquinas. Atesta-se2 presenga, no atual regime de visibilidade, de um verda- paradigma anal6gico-digital, que introduz novas varidveis técni- ndmicas e politicas. Vejamos as sécnicas: a convergéncia digital Jez as barreiras materiais, permitindo a unificacao de telefonia, radio- \lifustio, computacio c imprensa escrita; além disso, registra-se em de- Jerminados paises uma tendéncia para a aproximagdo entre o campo snunicacional e toda e qualquer empresa que traballe com fluxo ou ile, exemplo de eletricidade, elewronica, transportes, etc. im seguida, as econémicas: do lado da producio, a tendéncia é de silo das inddstrias setoriais, gerando conglomerados poderosos (seis \«les empresas dominam hoje o mercado mundial) enquanto que {lp lado do consumo prevé-se maior ajuste entre a oferta e i demanda (uum exemplo € a televisio digital, de alta defini¢io, que permite a0 \sudrio “montar” o seu préprio programa), capaz de levar a redefini- lo da relagao produto/consumidor®. Mas é preciso observar que, a digital” -comércio eletnico eindstrias de tecnolo- nfrmagio— Hem str zane desir eescimenonos Estados Undone uma participagio ainda relativamente modesta de 1,7% do Produto Nacion partcipagio ainda relat cin agi do Maso stor tmmotsseespansvel por cect de um quarto de od ex reado de agdesnorte-mericano, o qos significa um papel central na di tanto do mercado de const quanto do investimento de capt Ww “ae aes eee PD en Que apesar dos discursos sobre 0 “acesso universal”, 0 consumo desses produtos € cada vez mais privatizado e socialmente diferenciado; e politicas: na medida em que as indtistrias da telefonia e da computa- ao avancam sobre o territ6rio tradicionalmente ocupado pela tadio- difusio em circuito aberto, abrem-se as vias para o redesenho do controle politico dos meios de comunicaséo; tais vias, entretanto, dentro do atual modelo neoliberal para a midia, favorecem quase ex- clusivamente apenas o setor privado das comunicagoes. Benormeo impacto da chamada “economia digital” sobre o mun- do do trabalho ¢ sobre a cultura: na inddstria, na pesquisa cientifica, na educacio, no entretenimento, as novas varidveis transformam ve~ lozmente a vida das pessoas. Um sistema produtivo pode fragmen- rar-se numa escala global, organizando a divisio do trabalho segundo suas conveniéncias regionais ou sindicais. O comércio‘mundial tende a confluir para a rede cibernética, abrindo possibilidades de novos empregos c atividades rendosas. Desenha-se a partir daf a possibilida- de de um novo tipo de empresa, a “empresa virtual”, definida como uma estrutura hibrida de atividades organizadas, mas sem a depen- déncia constante de decisdes hierrquicas ou de canais de controle. Ao mesmo tempo, 0 virtual representa no ambito da economia a possibilidade de se agir generalizadamente em fungao de expectati- vas difusas, indeterminadas. Marx jé falava de “capital ficticio”, uma outra dimensao da ratio econdmica, onde se especula com opgies re- ais para um futuro imaginério. As opgdes podem, estrategicamente, tornar-se mais importantes que os lucros especulativos imediatos/A exacerbada mobilidade contemporanea torna aguda a consciéncia de que é preciso acompanhar as mudancas, mesmo sem que se conheca exatamente a sua natureza. Por exemplo, no final do século XX, as ages das empresas que trabalhavam com a Internet (ditas “pontocom”) passaram a ter mui to valor, embora a maioria tivesse lucro inexpressivo ou até mesmo operasse no vermelho. O que importava era 0 potencial de lucro im- plicado na empresa, Evidentemente, isto nao poderia durar muito tempo, uma vez que existe o contrapeso concreto da economia: mui- tas das empresas ditas “virtuais” terminaram em faléncia, sendo ex- pulsas do mercado por aquelas que efetivamente dispunham de sus- tentagtio no mundo “eal-hist6rico”, 1-Octhos E largo, no entanto, o spectro das transformaées epocais. Muda, 1 exemplo, a natureza do espaco pitblico, tradicionalmente ani- mado pela politica e pela imprensa escrita//Agora, formas tradicio- ‘is de representaco da realidade e novissimas (0 virtual, 0 espago simulativo ou telerreal da hipermidia) interagem, expandindo a di- nso tecnocultural, onde se constituem e se movimentam novos sujeitos sociais. // A imprensa escrita, como apontam varios analistas de midia, sempre esteve no centro desse processo representativo. Numa pers- pectiva diacrOnica, pode-se formular para cla modelos diversos de municacdo, correspondentes a diferentes etapas hist6ricas nas so- ciedades liberais-democréticas, Midge’, por exemplo, distingue quatro modelos: 1) imprensa de opiniao — caracterizada pela producio artesanal, tiragens reduzidas, estilo polémico e manifestagao de idéias; foi o tipo de imprensa que {ntroduziu no espago piiblico a razio argumentativa cara & burgue- cendente; 2) imprensa comercial — organizada em bases in- \striais/mercantis, com prioridade para a publicidade ¢ a difusao mativa (noticia), politicamente ligada a democracia parlamen- ; 3) mfdia de massa — producio definitivamente dependente de in- Vostimentos publicitérios e técnicas de marketing, predominio das jecnologias audiovisuais e grande valorizacao do espetdculo; 4) co- Wunicacaéo generalizada ~ a reboque do Estado, das grandes organiza- ih fn comerciais ¢ industriais, dos partidos politicos, a informacao -se nas clissicas estruturas socioculturais e permeia as rela- ‘$00s intersubjetivas; trata-se aqui do que também se vem chamando tip realidade virtual. AL) BAD AS contemporaneidade, dé-se progressivamente primazia ao quar- jp modelo, em quea rede tecnolégica praticamente confunde-se com ‘© proceso comunicacional ¢ em que o resultado do processo, no am- ito da grande midia, é a imagem-mercadoria. Mas nao se recusam_ 0 modelos anteriores. Podem todos coexistir sincronicamente, ‘lim mesmo espago social, desde que se integrem num mesmo plano Jecnoldgico ¢ econdmico. Assim, a convergéncia do computador ACh Hernard. O tie Per dinner seh HOA vio, armplindo efgmentado, Zn News petty, Antropolégica do espelho coma televiséo pode ascender, mas no interior do modelo neoliberal para o setor da midia ¢ das telecomunicacoes. E isto mesmo a dita “sociedade da informagao”: um slogan tecnicista, manejado por in- dustriais e politicos. Nada ha aqui do que antes se chamaria de “revolucionério”. Hé 120-86 hibridizacio dos meios, acompanhada da reciclagem acelerada dos contetidos (sampling, no jargao da tecnocultura), com novos efei- tos sociais. Uma formula jé antiga, como o noticiario jornalistico, quando transmitida em tempo real, torna-se estratégica nos termos globalistas do mercado financeiro: um pequeno boato pode repercutir como terremoto em regides do planeta fisicamente distantes.Uma en- ciclopédia temporalmente acelerada torna-se “hipertexto”. Apoiadas no computador, as redes ¢ as neotecnologias do virtual deixam intacto, todavia, o conceito de medium, entendido como ca nalizaco - em vez de inerte “canal” ou “vefculo” ~ e ambiéncia es- truturados com cédigos préprios. E inadequada, por isto, a designa- co de “pds-midiaticas” — baseada na consideracao de que a nova mi- dia nao implica apenas uma extensio linear da tradicional — para as, novas tecnologias. Medium, entenda-se bem, nao ¢ 0 dispositivo técnico. Um exem- plo comparativo: o género musical conhecido como “rock’n roll” é, na verdade, o negro rythm’n blues, acoplado a entao novidade técnica do disco de vinil em 33 rotacées por minuto e socialmente produzi- do por rédio (disc-jockey) e mercado. Da mesma maneira, medium € 0 fluxo comunicacional, acoplado a um dispositivo técnico (@ base de tinta e papel, espectro hertziano, cabo, computacio, etc.) € social- mente produzido pelo mercado capitalista, em tal extensiio que 0 c6- digo produtivo pode tornar-se “ambiéncia” existencial. Assim, a Internet, nfo 0 computador, € medium. O medium televisive (com possibilidades de mutagio técnica, a exemplo das previs6es de especialistas sobre 0 “telecomputador”) permanece ainda hoje como fulcro da mfdia tradicional, enquanto. que o virtual ¢ as redes (Internet), até agora isentos do regime de concess6es estatais, apontam p i discerniveis, Indiscutivel 6 a evidéneia de virtual operam midiatioamente 6 redimens| péolo-temparal eldaatem, 1-O ethos midiatizado Um quarto bios ‘Tudo isto, associado a um tipo de poder designavel como “cibe- ia”, confirma a hipétese, j4 nao tao nova, de que a sociedade emporinea (dita “pés-industrial”) rege-se pela midiatizacao, iuer dizer, pela tendéncia & “virtualizaca0” ou telerrealizagio das re~ humanas, presente na articulagao do miltiplo funcionamento jilitucional e de determinadas pautas individuais de conduta com iecnologias da comunicagio. A estas se deve a multiplicagéo das nointeragdes setoriais. 1 preciso esclarecer 0 alcance do termo “midiatizacao”, devido a (Jiferenca com “mediacao” que, por sua vez, distingue-se sutilmente “interacio”, um dos niveis operativos do proceso mediador. Com cla e qualquer cultura implica mediacoes simbélicas, que so \yem, trabalho, leis, artes, etc. Est presente na palavra mediacao ado da agao de fazer ponte ou fazer comunicarem-se duas par- 1 que implica diferentes tipos de interacao), mas isto é na verdade wrncia de um poder originério de descriminar, de fazer distingées, junto de um lugar simbélico, fundador de todo o conhecimento. A m € por isto considerada mediacZo universal. se consubstanciam em instituigdes ou formas reguladoras / weionamento em sociedade. As variades formas da linguagem eas instituicdes mediadoras (familia, escola, sindicato, partido, etc.) m»se de valores (orientagGes praticas de conduta) mobilizadores do da comunicagéo entendida como processo informacional, ie de organizacdes empresariais e com énfase num tipo parti- espelli mas Wo ¢ farmats scuio queued i~iiws Antropolégica do espelho cultural historicamente emergente no momento em que o processo da No espelhamento de parte da midia tradicional ou “linear” (ci- comunicagao é técnica c industrialmente redefinido pela informacao, televisio), ainda se mostra ou se aponta com imagens “paraes- isto é por um regime posto quase que exclusivamente a servigo da lei Jares”, para um espaco externo (como na figura retorica da hi- estrutural do valor, 0 capital, e que constitui propriamente uma nova jpose), que se busca representar realisticamente. Ou seja, ainda tecnologia societal (c néo uma neutra “tecnologia da inteligéncia”) em- 41) representacao um efeito irradiado do referente externo, Jé nos penhada num outro tipo de hegemonia ético-politica. ubientes digitais da nova midia, porém, o usuario pode “eniray” e .¢, gfacas a interface grifica, trocando a representagio classi- AAastiicia das ideologias tecnicistas consiste geralmente na ten- ; : "jola vivéncia apresentativa. tativa de deixar visivel apenas o aspecto técnico do dispositivo mi- distico, da “prétese”, ocultando a sua dimensio societal compro- metida com uma forma especifica de hegemonia, onde a articula- cdo entre democracia e mercadoria é parte vital de estratégias cor- 0 “espelho” midistico nao é simples cépia, reprodugio ou refle- ‘porque implica uma forma nova de vida, com um novo espaco € slo de interpelagio coletiva dos individuos, portanto, outros pard- porativas. Essas ideologias costumam permear discursos e acoes de 5 para a€onstituigo das identidades pessoais [Dispoe, conse- conglomerados transnacionais ¢ de idedlogos dos novos forma- iemente, de um potencial de transformagio da realidade vivi- {ule nao se confunde com manipulagio de contetidos idcolégicos 10 se pode &s vezes descrever a comunicagéo em sua forma tradi- ). [i forma condicionante da experiéncia vivida, com caracte- 4 particulares de temporalidade e espacializacéo, mas certa- tinta do que Kant chamaria, a propdsito de tempo ¢ espa- forma a priori. tos de Estado. Aplicado a medium, o termo “protese” (do grego prosthenas, ex- tensio), entretanto, nao designa algo separado do sujeito, a maneira de um instrumento manipulével, e sim a forma tecnointeracional re- sultante de uma extensio especular ou espectral que se habita, como um novo mundo, com nova ambiéncia, cédigo proprio e sugestoes de condutas. Isto equivale a dizer que essa forma € que nfo se pode forma midistica condiciona apenas na medida em que sc abrea instrumentalizar por inteiro, isto é, objetivé-la socialmente como eabilizagoes ou permite hibridizagdes com outras formas vi- um dispositivo submetido a um sujeito, por ser uma entidade capaz, no real-histérico. Trata-se de fato da afetacdo de formas de de uma retroacio expropriativa de faculdades tradicionalmente ati- {nadicionais por uma qualificacio de natureza informacional — nentes a soberania do sujeito, como saberes e meméria. lecnologia societal, como jé frisamos — cuja inclinagao no senti- ‘configurar discursivamente o fancionamento social em fungio stores mercadoldgicos ¢ tecnoldgicos é caracterizada por uma dencia da forma (que alguns autores preferem chamar de “c6di- itros, de “meio”) sobre os contetidos semanticos. Ja existe, alias, algo de especular em toda e qualquer conduta, como bem viu Gocthe, ao dizer que “a conduta é 0 espelho em que todos exibem a sua imagem”. Mas.a canalizagio em que implica protese midiatica néo se confunde com a prétese cléssica de um es pelho, ainda que possa, a exemplo da imagem especular, ser chama fs aspectos de hipertrofia e de um certo vampirismo dessa da de “extensiva c intrusiva”, por nos permitir olhar onde 0 olho nao oilificante e tecnointeracional que suscitam as desconfiangas alcanga (0 rosto, as costas, etc.). A palavra deve ser agora tomada da cultura tardo-moderna (como Baudrillard), mas que como metéfora intelectiva, para um ordenamento cultural da socie ‘ulhhem as alvissaras de outros, a exemplo de McLuhan, para dade em.que as imagens deixam de ser reflexos ¢ mascaras de um a forma-meio esté a propria mensagem, isto ¢, 0 contetido. yealidade referencial para se tornarem simulaeros om primeiro plano o envolyimento sensorial, a pura jo-referentes, embora politico-economicamen mensagem”, ipo de gestio da vida social, i. a a Antropolégica do espelho Todo este processo é uma expansio do que Giddens chama de ‘reflexividade institucional” ~ um dos motores da modernidade -, ou seja, 0 uso sistemtico da informacdio ou do saber com vistas & re- producio de um sistema social*, Na modernidade classica, a reflexi- vidade hist6rica uma pletora de recursos racionais (filosofia, cién- cias sociais, publicismo, etc.) aplicada & vida caracterizava-se por uma competncia analftica voltada para a compreensio dos fenéme- nos humanos e sociais: a auto-reflexividade, cxaltada como uma de- monstragio da soberania do espirito. Hoje, o processo redunda numa “mediagio” social tecnologica- mente exacerbada, a midiatizacio, com espaco préprio ¢ relativa- ‘mente auténomo em face das formas interativas presentes nas me- diagoes tradicionais. A reflexividade institucional € agora o reflexo tornado real pelas tecnointeragées, 0 que implica um grau elevado de indiferenciacao entre o homem ea sua imagem ~ 0 individuo é so- licitado a viver, muito pouco auto-reflexivamente, no interior das tecnointeragdes, cujo horizonte comunicacional é a interatividade absoluta ou a conectividade permanente. Desde o imediato pés-guerra, esse processo vem alterando costu- mes, crengas, afetos, a propria estruturagao das percepgées ¢ agora se perfaz com a integragao entre os mecanismos classicos da represen- tacio ¢ os dispositivos do virtual. Mas o conceito de midiatizagao ~ a0 contrério do de mediagio—nao recobre a totalidade do campo so- cial, ¢ sim, como jé frisamos, o da articulagio hibridizante das mit plas instituicdes (formas relativamente estaveis de relagées sociais comprometidas com finalidades humanas globais) com as varias o ganizagdes de midia, isto com atividades regidas por estritas finali dades tecnolégicas e mercadolégicas, além de culturalmente afina das com uma forma ou um cédigo semidtico especifico. Implica a midiatizagio, por conseguinte, uma qualificagéo parti cular da vida, um novo modo de presenga do sujeito no mundo ou pensando-se na classificacao aristotélica das formas: de vida, um bie especifico. Logo nas primeiras paginas de sua rica a Nicémaco Moilemnité Av i ‘Michel Audet et Hanald T-Qethos midiatizado Mteles distingue, a exemplo do que ja fizera Platao no Filebo, ihneros de existéncia (bios) na Polis: bios theoretikos (vida con- lativa), bios politikos (vida politica) e bios apolaustikos (vida pra- do corpo. (li bios 6, assim, um género qualificativo, um Ambito onde se oli @ existéncia humana, determinado por Arist6teles a partir mi (Io agathon) e da felicidade (cudaimonia) aspirados pela co- ule, A “vida de negécios”, a que o fildsofo faz breve referéncia 4no texto, nao constitui nenhum bias especifico, por ser moti- ‘ilguma coisa mais” (entenda-se: mais do que o Bem ea fe- pontada como “algo violento” nilo-se da classificagio aristotélica, a midiatizacio ser pen- 10 (ecnologia de sociabilidade ou um novo bios, uma espécie ‘Umbito existencial, onde predomina (muito pouco aristote- iiesfera dos negécios, com uma qualificagao cultural pré- tpenocultura”). O que jé se fazia presente, por meio da midia © clo mercado, no ethos abrangente do consumo, consoli- com novas propriedades por meio da técnica digital. 110) 44 descrigdes correntes de ambientes interativos e imer- ilmente criados apontam para tragos andlogos as formas lurray, por exemplo, relaciona propriedades processuais, jem em programar e definir aptidoes para a execucao de Ipatdrias, ou seja, programam-se comportamentos € res- iit ou possibilidades de movimentar-se, de “navegar” iile e ericiclopédicas, devido A gigantesca capacidade de dados pelo computador’, Je um quarto bios ou uma nova forma de vida nio é ci, uma vez que ja seacha inscrita no imaginério ob forma cle ficgées escritas e cinematograficas. Tal 4 base narrativa do filme norte-americano O show de Antropolégica do espelho sem saber que todas as suas ages cotidianas, de trabalho, vizinhan- ga, amizade, amor, etc. s4o cenarizadas e transmitidas a um ptiblico mundial, em tempo real, por ubfquas camaras de televisao, controla- das por técnicos e um diretor de programagio. A cidade imaginaria de Truman € de fato uma metéfora do quarto bios, um arremedo da forma social mididtica. O mesmo princfpio imaginério, embora com diferentes hipéte- ses tecnolégicas, tem sido trabalhado em filmes como Matrix, O 12* andar, A cidade das sombras e outros. Nestes, nao se trata mais de um espeticulo para a inddstria cultural, nem de midia tradicional (a te- levisio), mas de “realidade virtual” produzida por computacio. Di- ferentemente de O show de Truman, aqui j4 se joga com a hesitagao coletiva na determinacao do que é original (substancia) ou simulado (inguagem, discurso, informacao numérica) em matéria de vida. ‘Na verdade, hd muito tempo se sabe que a linguagem no é ape- nas designativa, mas principalmente produtora de realidade. A midia é como a velha retérica, uma técnica politica de linguagem, apenas potencializada ao modo de uma antropotécnica politica —quer dizer, de uma técnica formadora ou interventora na consciéncia humana — para requalificar a vida social, desde costumes e atitudes até crengas religiosas, em fungao da tecnologia e do mercado. ‘A questo inicial éa de se saber como essa qualificagio — histori camente justificada pelo imperativo de redefinigao do espago ptibli co burgués em face das mudangas estruturais, que vém deslocando 0 Estado liberal classico e descstruturando a sociedade de classes tra dicional ~ atua em termos de influéncia ou poder na construcio da realidade social (moldagem de percepgées, afetos, significacdes, cos- tumes ¢ produgao de efeitos politicos) desde a midia tradicional até a novissima, baseada na interacdo em tempo real e na possibilidade de criagdo de espacos artificiais ou virtuais. Esta é, na verdade, a questo central de toda sociologia ou toda antropologia da comunicagao contemporinea. E a maior parte das, pesquisas até agora realizadas sobre influéncia e efeitos, especial- mente os politicos, tem levado & conviecao de que a midia ¢ estrutu- dora de percepgaes ¢ cognicées, funcionando do agenda coleti Ancora-se nessa conviccao a hipétese (académica) norte-ameri= da agenda-setting?, em especial no que diz respeito ao impresso. ‘jis que) devem ser feitas”. Agendar é organizar a pauta de assuntos ‘Hiacetiveis de serem levados em conta individual ou coletivamente. {io se trata de mera preocupacéo da Academia. A pergunta fre- 1c sobre as possibilidades de democracia participativa na midia sobre seus poderes de transformagio social exige um esclareci- » preliminar quanto a natureza do poder da informacio, quan- especificidade. Hvidente jé se fez que a democratizagio (ou qualquer ponto-de-fuga 1H 0 status quo monopolista) nao é nada que se obtenha pela multi- {clade técnica de canais, nem por uma legislagao liberal aplicada {elecomunicagdes, nem mesmo pela concentracao de espacos pro- Wida pelas redes cibernéticas, que faz os “grandes” equivalerem jualmente aos “pequenos”. B que a tecnocultura ~ essa constitufda por mercado e meios de snunicagao, a do quarto bios - implica uma transformagio das for- dicionais de sociabilizagao, além de uma nova tecnologia coptiva e mental. Implica, portanto, um novo tipo de relaciona- ‘n\0 do individuo com referéncias concretas ou com 0 que se tem yencionado designar como verdade, ou seja, uma outra condi- antropol6gica. Do ponto de vista da midia tradicional — televisto e entreteni- ;nlo, basicamente -, 0 poder da tecnocultura é homélogo (¢ a ho- Jogia nao se dé por acaso, passa pelo vetor globalizante do chama- “turbocapitalismo” e do mercado) & hegemonia norte-americana Ocidente, que reside em sua capacidade de formar a agenda poli- © noticiosa internacional, de produzir em seus laboratorios e in- i(rias a maior parte dos objetos da economia mididtica e de atrair conseiéncias para uma forma de vida sempre modernizadora, por » do liberalismo democratico ¢ do consumo. Na verdade, a légica dos processos de midia associa-se, desde fins séeulo XIX, i dindmica da vida norte-americana, assim cefinida M, & Shaw, Donald he AgendasSeming unction of M 46, Typ, PORT, Aantxopalsgica do espelho pelo presidente Calvin Coolidge: “O negécio dos Estados Unidos iirio ~ que a tevé cria por noticias convenientemente editadas, dr sio os negécios”. Mas sob o feitio neoliberal assumido pela globali- \\s, espetaculos, entrevistas, comentarios - na verdade, uma “agen- zagio no final do milénio, desde quando comegou a extraordinaria sub-repticia do que deve ser o politico ou do que deve fazer 0 ele- expansio da economia dos Estados Unidos, exacerbou-se a dimen- 1" para tornar-se compativel com a modernidade apregoada pela sdo imperial (em detrimento da dimensio republicana), do poder jonomia de mercado, que por sua vez sustenta a televisao. desse pafs sobre o mundo, sobrecarregando o agendamento midiéti- alguém pode votar num politico determinado simplesmen- co com as molduras neoliberais da homogencizacao. porque ele aparece, no modo quase-presente da imagem, ocupan- Por mais despolitizado que pretenda parecer, o bios mididtico im- ij)» espaco publicitério que lhe foi reservado pelas disposigées da le- plica de fato uma refiguragao do mundo pela ideologia norte-ameri- {slagio eleitoral. Ou seja, vota porque o outro simplesmente existe cana (portanto, uma espécie de narrativa politica), caucionada pelo espago valorizado (a midia), o que o torna legitimado pelo regi- fascinio da tecnologia e do mercado. Nele, esto presentes as marcas \ ile visibilidade publica hegeménico. O slogan da Internet ~ “o essenciais de uma “universalidade” americana. Se 0 Império Roma- est na Internet simplesmente nao existe” ~aplica-se igual- no dominou o mundo pela espada e pelos ritos, o Império America- le 1 midia tradicional. Daf, a disputa acirrada dos partidos ~ nos no controla pelo capital e pela agenda mididtica do democratismo cm que hé um horério eleitoral reservado gratuitamente a po- comercial (informacao, difusionismo cultural, entretenimento). Nao ps ~ por minutos a mais na televisio. hi nada de verdadciramente “libertirio” nos ritos do rock’n roll e do andlise de processos eleitorais concretos pode contribuir para consumo, hi tao-s6 coeréncia liberal. | : em 1989. Sabe-se que ele detinha o apoio de setores con- }. Efeitos politicos s da sociedade (desde as elites empresariais e financeiras ae ee ea 1m aumentar 2 flexibilidade econdmica com a manutencao Agenda néo significa, porém, doutrinacio ou inculcacdo de idéias sa em consciéncias dispostas como tabula rasa. Induz as vezes a esta tnédia)e da rece hegemOnica de televisto (Rede Globo), assus- crenca o tipo de critica dirigido A midia por militantes politicos ou tom a plataforma politica do Partido dos Trabalhadores. Res- entao autores como Noam Chomsky e Hans Magnus Enzensberger, onguistar a) a massa de eleitores flutuantes ou indecisos, em quando a caracterizam como “indtistria de manipulacao das cons- inais suscetiveis de serem influenciados nas diltimas horas ciéncias”. Embora seja ponderdvel o diagnéstico de que a mfdia res- BID ie cotmunicacio ou pelos resuitadon da simulagio deum tringe, ao invés de ampliar a liberdade de expresso, esses autores Pa) wromtontia", vos igucus sunattinets ieaenduienn a deixam pasar despercebida a dificuldade da categoria “manipula- ha massa de eleitores socialmente desarraigedos. cdo”, que implica pura linearidade ou instrumentalidade absoluta do medium e a hegemonia de uma consciéncia sobre a outra. Como. ja vimos, inexiste esse tipo de linearidade, e a propria midia, espe- cialmente em sua nova configuracao de plena realidade virtual, ja ¢ uma nova forma de consciéncia coletiva, com um modo especifico de produzir efeitos. viliagSes estritamente politicas do papel da televiso nesse ¢leitoral tendem a atribuir um grande peso ao viés da rede ie favorayel a Collor, assim como & manipulagio das ima- debate final entre os dois candidatos (mais tempo e melhores sos para Collors menos tempo e piores momentos para Lula, 0 ; ail " almente, 6 preciso redefinir a natureza desse Por exemplo, 0s efeitos politicos: ninguém yotw num politica {09 das imagens televisivas favordveis, houve um fato muito “televisivo” porque a teyé manda, 4 maneira manipulitiva do Gran- Hie da enpitalizacio de recursos e de influéncins, pelo conglos dle Irmio orwelliano, e sim porque for sua one uum co- js Globo, jussto a Liderangas dle empresas privacas e estatais,

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