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4, PROCEDIMENTOS PARA O USO DE InsTRUMENTOS PsicoLdcicos ‘A padronizagdo de um teste englota também a aplicagdo. Alias, a validade de um teste passa, necessariamente, por uma splicaydo adequada. A redugfo de testes ado previstas pelos ma- nals, autlizapto de eSpias nko autorizadas ou de originais com baixe qualidade graticae snstrugoes diferemes das do mans) seo alguos dos fatores que comprometem a validade dos testes. APLICAGAO DOS INSTRUMENTOS PSICOLOGICOS Recomends-se que na aplicegfo de um instramento psico- logico sejam observadasrigorosamente as instrugdes do manual ‘Algumnas revomendagbes necessitam também serem feiss - Verifier se 0s examinandos apresentam algume difculds de ou impedimentos de sade (como a necessidade de sen- tar-se a frente em virade de problems de visio ou uso de medicamentos); = Estabelecer 0 rapport e eplicer os testes de forma objetiva, inspireado tangUilidade eevitendo o aumento desnecessi- rio da ansiedade simuacional; ‘Ater-s, rigorosamente, és iastrugbes do manual vem, eo tretanio, assum une posturaestereotipada ¢ rigid; 38 Joho Cagios ALcwren x Roweeta Mouaes Cauz + Evitar administrar as insirugdes de forme improvisada ou com base aa meméria; = Iniciar a aplicagio somente quando todos os examinandos tiverem entendido todas as instrugSes do que irdo fazer; - Evitar deter-se, apés o inicio da aplicagéo, no teste de um determinado examinando por muita tempo, no caso de apli- caso coletiva, pois poderd elevar a ansiedade e acanewr a desconfianga do mesmo; Nunca sair da sala durante a aplicapa0; + Procurar nao conversar durante 2 apiicaggo, @ fim de man- ter a atenco € a concentrargo necessérias, Individuos portadores de deficiéneias fisicas devem ser ave- liados de forma compativel com suas capacidaces; ‘Além das recomendagSes relativas # aplicago de testes necessério salientar a importascia do smbiemte x8 apli fo de um instrimemto psicologico. A uplicaco de tdeni- cas psicometricas esti intimamenie relacionadas com uma série de veriiveis que 0 examinador deve controlar a fin de gavantir uma testagem fidedigna. Marertat Utiizapo Como jé foi visto, o teste psicologico € padronizado, o que implica 0 uso adequado de seu instrumental, Padronizado também deve ser o material e ser-utilizedo na aplicagio do teste, por exemplo: - Teste — usar sempre testes originals; quando se wala: de materia! reutilizdvel verificer se permanecem em perfeito estado. - Lapis —user sempre o lépis recomendado, no tipo de grafite Amuagio Pacotoctea: Covctrro, MeTo90s & InsrRuMENTOS 39 € na cor. Deve estar sempre bem apontado € possuir, no mipimo, 12 cm. + Caneta — 2 caneta esferogrifica azul ou preta, poderi ser ‘utilizada sempre que o teste permita seu uso - Lapiseiras de grafite recarregdvel ~ ago é permitide o uso de qualquer tipo ou modelo, = ‘Mesas — recomenda-se 0 uso de mesas que facilitem @ pos- ture do candidato a aplicago do teste, em lugar das caz~ teiras tipo universitéries. CorrecAo & avantagio Ao comigir e avaliar um teste, 0 profissional deve seguir rigorosamente as normatizagDes apresentadas no manual. Alguas estes possuem padrovizagSes desatualizadas. Procure manter-se atualizado com relago as publicagbes cientificas e novas pesqui- sas, pois sera anavés delas que novas padronizacbes estario Gisponibilizedas Ao proceder & corerao e 4 avaliaczo de instrumentos psi- colégicos, seguir os indicadores € escalas epresentadas nos seus respectivos menuais. Os instruments psicomémicos estio basicamente funda- mentedos em valores estatisticos que indicam sua sensibilidade (ou adaptabilidade do teste 20 grupo examinedo), sua precistio (fidedignidade nos valores quanto & confiabilidade e estabilidade dos resultados) e validade (seguranga de que o teste mede a que se deseja medi) Verificar, ainda, as normas selativas a0 grupo referéacis 3 qual penencem os sujeitos avaliados. Qualquer nonne € resiite & populagdie da qual foi derivada, Elas no sio absolutas, universais 60 Jono Canios Aucune RoaraTo Morass Cnuz ou permanentes, Dependendo da populagio para o qual as nor- anas foram estabelecidas, elas podem ser vacionais, regionais, locais ou especializedas. Os resultados dos testes psicoldgicos so interpretados atra- vés de normes, ou seje, pelo conjunto de resultados obtidos em amostras de padronizagdo. A amostra de padronizacao ou normativa constitui-se em um grupo representative de pessoas és quais 0 teste foi eplicado, Ao se utilizar uma iabela que apresente indicadores de percentis, normas por idade ¢ escores padronizades, o psicdlogo fard uma comparagdo entre os resultados dos candidatos por ele testados e os resultados do grupo padrio, levando em conta, ain da, coracteristicas como sexo, escolaridade, profissao, deatre outros. LauDO PSICOLOGICO © laudo psicolégico é um dos principais instramectos de comunicagdo de resultudos de uma avaliagio psicolégica. Seu objetivo ¢ apresentar um resultado conclusivo de ecordo com os objetivos propustas, seguindo as normas de umn documento tée- nico, Por definieaa, todo documento técnico representa, mate- rialmente, 0 conhecimento pelo qual se utiliza para as finalidades de consulta, estude ou prova, Por representar formalmente o resultado de um procedimen- rode avaliugio, a elaboracio do laudo psicolégico est associado 2 fungao diagndstica das técnicas de exame psicoldgico. Seus li- mites e possibilidades técnicas, portanto, se asseatem no domi- nio teérico, ténico e operacional do psicélogo. Do posto de vista judicial, a palavra laudo se refere a um Apauacio Psicovosica: Concziro, Méropos & insTRUMENTOS 6 documento ou pega processual habilitada legalmente para servir de prova ou consulta esclarecedora acerca de um fato. A denomi- nego dé laudo pericial refere tatamenta juridico conferide a0 instrumento ¢, ainda que o laudo pericial encontre-se historica- mente assentedo entre os chamados documentos médico-legeis, a variedade de laudos periciais emitidos por especialistas de dife- rentes seguimentos profissionais (construgde civil, seguranca do trabalho, trdnsito etc) tem confirmado 0 uso valorativo do laudo como instrumento de ratificagdo do conhecimento cientifico. Do ponto de vista téenico, podemos dizer que 0 laudo psi- colégico é um instramento de registro dos dados colhidos ua ava~ liagdo psicoldgica e deverd ser arquivado junto aos protocolos dos instrumentos de exame wtilizados. O laudo psicolgico deve ser conclusive e se restringir as informagdes estrtamente neces- sirias A solicitagdo, com 0 objetivo de preservar a individualida- de do examinando, Para tanto, recomenda-se que, do ponto de vista da forma, o luudo pericial deve conter os seguintes elementos: - _dados de identificagdo do cliente e periodo de realizagao do exame; - motivo do encaminhamento ou objetivo da avaliacao; - técnicas utilizadas, com seus respectivos focos de exame; = sumério dos resultados quantitativos e qualitetivos (fatores de desempenho e dindmica da personalidade); = conelusdo (diagnéstico, se for 0 caso, utilizando o CLD-10 eo DSM-IV), - _ identificagile do profissional (registro no CRP). Do ponto de vista do conteitdo, a redagio técnica da laudo deve conter uma andlise descritiva dos eventos ou simaries sob sua investigagdo, Podemos considerar que, de acordo com eventos 2 Joko Cantos Aicruea! & Rowerto Mowass CRuz psicolégicos intra ou interpessoais aveliados, alguns elementos podem ser considerados: - tenses, alteragBes e/ou complicapdes de ordem cognitive e emocional; ~ ago, dimensio e/ou repercusstes scciais do comporamento estudado; = nexos entre « condutz € 0 desempeaho laboral; = estressores ou facilitadores associados aos relacionamentos interpessoais. De ums forma geral, coutudo, o mais importante € resguar- dar sua coeréncia intema, isto ¢, garantir que a escolha das técni- cas ¢ a comunicago dos resultados (forma e contetido) possuam correlagdes téenicas entre si e respondam objetivamente & solici- ‘ago do laude. examinando deve receber iodae qualquer informagao que desejar do psicdlogo preferenciaimente em enwevisia de devolu- $80, ocasido que © profissional apresentard os resultados e escla- recerd as diividas deste, 4.1 DRINCIPAIS ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS NA APLICACAO DE TESTES PSICOLOGICOS Estas recomendagdes tém um cardter de auxilio pritico para a aplicagao de testes psicologicos de una maneira geral; o leitor deve iiliza-las 180 somente como um complemento as instru- (Ses apresentadas em cada instrumento conforme estas se encon- trem descritas no manual Anuncie Psicordaica: Concuo, Méropos £ Lustaunentos: 6 ANTES DA APLICACAO. Certificarse dos objetives da eplicagio; Planejar @ aplicagao de testes levando em consideragdo 0 tempo e o horério de maneira conveniente; Conhecer 0 material utilizado bem como 0 manual ¢, se possivel, jd tendo se submetido anteriormente ao mesmo, poden- do assim oferecer respostas para as quesides levantadas pelos examinandos; ‘Verificar se os examinandos apresentam elguma dificulda- de de sade c/ou impedimentos relacionados ¢ se tem claro o motive da aplicaggo, nfo comprometendo assim sua motivectio ¢ imeresse; Praticer a leitura previamente das insirugSes; Assegurar-se que existam materiais (cadernos, folhas de respostas e lépis) em mimero suficiente € em condigdes de uso para todos; Cemtificar-se de que 0 local para e aplicagdo est em condi- 0es de uso, com Huminagto adequeda, sem ruidos excessivos & em um local arejado; Comunicer aos colegas que estard realizando uma avalia- 20 e providenciar para que nio ocorvam interrupgdes com um aviso na porta, se necessério; Acatar a responsabilidade para o uso competente dos teétes, Conlhecer os preceitos éticos quanto ao uso de testes; Nao faze: cépias de snererial protegido por Direitos Autorais; Evite casinar ou teiner os itens do teste, pois isso causa uma deturpao das hebilidades e competéncia das pessoss; Evitar eiudar ume pessoa para obter bons escores; 64 Joko Caaues Atcemen: © Renenro Mowass Cre Master os gabaritos ¢ grades de respostas, bem como os protocoles de testes em lugar seguro; Evite modificar instrugées da administracso do material para adaptar 8 uma situagdo em particular (por ex: ler os iteus dos ‘estes para ums pessoa, definir palavras especificas num item, ou encorajar uma pessoa a reconsiderar sua resposta); Aveliar criteriosamente os testes antes de ust-los a fim d= detectar materiais enganosos; Tercoubecimento dos objetivos e das limitag6es do uso dos testes; Em uma situagdo de ensino, deixer claro aos alunos as evi- éncias de pesquisa para outras interpretagdes do que sugeridas pelo manual, bem como sobre suas limitagoes; Evite usar avaliagdes com testes cujos objetivos nfo sejam os originais do istrumento, por exemplo: evaliagbes clfnicas fei- tas por um teste 220 clinico; ‘Compreender os niveis dos resultados e as diversas nomas empregadas; Conhecer os pressupostes da validade que norteeram a cons- truco dos instrumentos; Escolber instramentos em niimero suficiente pera avaliar comportamentos para um objetivo especifico (por exemplo; teste neuropsicolégico); Certificar-se com freqiéncia durante 1 spuragio dos resul jades pare evitar erros; Seguir fielmente as instrug6es dos instumentos para obter 9s resultados; Estabelecer rapport com os examiaandos para obter resul- tados exatos; Amuasio Pacorosica: Concerro, MeToDos # INSTRUMESTOS, 6 Seguir instrucées de tempo exatas especialmente para tes- tes curtos € ripidos; Evitar responder questées dos examinandos com maiores detalkes do cue os permitidos pelo manual; Nao aceitar pressGes quanto 20 emprego de determinados instrumentos a fim de reduzir custos da empresa ou escola em detrimento dx qualidade do wabalho; DURANTE A APLICACAO. ‘Caso aio estejam todos os examinandos presentes, e se for possivel, retardar alguns minutos a aplicaggo evitendo interrup- ges desnecessarias; Ater-se as instrugées do manual rigorosamente, sem, no ‘entuxio, essumir ume posture rigida € estercotipada; Nao weasmitir us instrucdes de memséria, ter consigo sem- pre um cartéo com a consigna; Aplicar os testes de maneira objetiva inspirando tanquili- dade, evitando com isto o aumento desnecessério da ansiedace dos examinandos; Iniciar @ aplicegdo somente se estd claro pare todos 05 exa- minandos a compreenséo do que irio fazer; Néo se deter, apés o inicio da aplicago, no tesie de um determinado examinando por muito tempo; Evitar sair da sala da aplicagao; Procurar ndo conversar durante a aplicaco; Andar pela sale silenciosamente, para se necessirio substi- tuir algum material e responder eiguma pergunta (desde que per- mitido no teste); No término da aplicacdo, recolher os materiais nfo 66 Joke Cantos Aucuea£ Ropero Monags Caz permitindo que os examinandos observer o material um do outro; ‘Revisar os testes para ver se os cabegalbos estdo todos pre- enchidos; Verificar que ceda exeminando segue as resultados dos tsstes scjam exatos. jens para que 05 APOS A APLICACAO ‘Anotar apés a aplicacdo qualquer feto que tenha the cha:na- do a atencéo; ‘Acondicionar material em pastus ou envelopes para a%o transitar com os protocolos; Guardar 0 material organizado por grupo com es informe- ges do nome do teste, do examinador, da data de aplicagiio ¢ de observagies pertinentes; ‘Verificar se slgum examinando que nfo péde comparecer a aplicaga ¢, se for possivel, rever novo horério; Reviser sempre com 0 auxilio de outro colega 8 corresdo do material; ‘Na transcrigdo dos resultados ¢ de somas, solicitar, a medi- ado possivel, uma nova revisto por outro colega; Evite que os clientes revejam testes que foram usados re- centernenie para alguma sele¢io; Basear as decisées quanto A selec#o, notas, ou indicegdes terapSuticas em informecdes mais amples que somente os resil- tado fornecidos unicamente através de testes; ‘Levar em consideragéo os erros de medida ao intespretar um resultado de teste; Conhecer s necessidade de multiples fontes de dados para apresentar um parecer de avaliag2o; ‘Aeuracho Psicoiterca: Concerto, Mévooos & INsTaubenros 67 Possuir habilidade em fazer uma bos relagdo da historia (anamnese) do sujeito para integrar com os resultados dos instr- mentos; ‘Compreender as nosmas utilizadas ns interpreteglo dos r=- sultados e suas limitagbes; Conhecer as implicac6es da validade dos instrumentos wti- lizados, ‘Aplicar os principios da teoria de teste e principios da inter- pretag&o de testes no entendimento dos resultados de avaliacio; ‘Conciliar os aspectos da pessoa com a ocupegio pleiteads, mais do que determiner diferengas 20 perfil da aptidae de um cliente; Reconhecer cum aspecto clinico, quando o estado de um ‘paciente tiver sido mal diagnosticado ou tena alterado e selecio- ‘nar as normas mais adequades; Considerar o uso dos pontos de “coote” em resultados be- seudas ra validade dos dados bem como dos perfis; ‘Manter registro de todas os dados/informagies das testes pare controle estabelecendo tendéucias ¢ compreendendo como 05 resultados se demonstram em diferentes situagdes € objetivos; Interpretar os resultados dos testes adequadameate com base ‘no grupo especifico a ser avaliado, tendo em mente 4s caracteris- ticas daquele grupo; Evitar interpretacbes generalizanies além dos limites do ins- trumento; ‘Corigir wn instumento com cuidado a fim de evitar eras em marcar os resultados e registrar; “Usar a mesma notagao para todos os testes na sua comreglo, por exemplo “certos” para os resultados corretos; oko Casos Acca! Rowurte Mowass Cxut Detectar ¢ rejeitar normas utilizadas em programas informetizados que nfo seja originel ao teste padronizado € comercializado; Abster-se de dar interpretzgdio ¢ econselhamento dos resul tados para os extminasdes em situsedo avaliagio; Desenvolver # habilidade de fornecer interpretago aconselhamento quanto aos resultados de ume avaliagéo; Interpretar € contextualizar os resultados de um teste para pais © professores sem simplesmente transmitir resultados que rotulam a crianca; Colocar somente descrigdes qualificadas e recomendactes, io o resultado dos testes em um arquivo na escola; sar 0 teste em um ciclo de formacio de hipéteses da ava- lingo; Evimer classificar pessoas com termos inadequados, com base em iguais resultados de testes que nfo sejam validos; Eviver apresentar resultados dos testes « pessoas ou a pro- fissionais que no conhecem a natureza especifica dos materiais psicolégicos e as implicagdes éticas derivadas, 5. Os InstrumenTos Psicoidcicos COMERCIALIZADOS NO BRASIL Os instrumentos psicoldgicos utilizades na aveliagao psi- colégica tém provocado diversos questionamentos, especificamen- te ne que diz respeito a sus qualidade, 20 manuseio por parte de psicélogos, bem como os resultados da avaliago obtidos pormeio do manuseio inadequado, Em um recente trabalho (Noronba, Primi & Aichieri, no prelo) os autores objetivaram idemtificar e caracie- rizar as principals informasbes psicomérricas presentes nos ma- uais dos testes psicolégicos, dos 146 instrumentos de avaliacao comercislizados no Brasil das onze editoras. Os resultados indi- caram que somente 28,8% destes instrumestos relatam a existén- cia, em seus manuals, de estodos sobre as condigdes téénicas € metodolégicas de precisto, validade e padronizacso. ‘© Conselho Federal de Psicologia criou uma comissio de avelingtio dos testes psicoldgicos 20 Brasil em 2001 e se pro- perm a indicar os instrumentos com melhores qualificagdes, 20 pesso que restringiré 0 uso das demais. Para os psicdlogos que gueizam verificar na integra as descri¢des operacionsis dos testes brasileiros sugere-se 2 recente publicagae sobre os testes psicold- gicos (Alchieri, Noronha & Primi, 2003) com a revisfo e avalie~ gko dos testes comercializados mantendo como foco as descri- Ges das qualidades psicométricas atuais: reiacnaan esis shes steals cant

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