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LA MAKRON Capitulo 11 FLAMBAGEM DE COLUNAS 11.1. INTRODUGAO No capitulo anterior, nés tivemos duas preoeupagées principais: (1) a resisténcia da estrntnra, ou seja, & sua capacidade para suportar um certo carregamento, sem ocorrer tensées excessivas no material; (2) a eapacidade da estrutura para suportar um determinado carregamento, sem sofrer deformagées inaceitaveis. Neste capitulo, fremos nos preocupar com a estubilidude da vstiutura, ou seja, sua capacidade para suportar uma dada carga, sem sofrer uma brusca mudanga em sua configuracao. Nossa discussao estaré voltada principalmente para colunas, isto é, para a anélise e projeto de membros prismaticos verticais suportando cargas axiais. Antes de se cotudar a cctabilidade de colunas, iremos analisar, na See 11.2, aestabilidade de um modelo simplificado, consistindo de duas barras rigidas conec- tadas por um pino e uma mola, e suportando uma carga P. Nés iremos notar que, se seu equilibrio é perturbado, o sistema retornaré a sua posicao original de equilfbrio, desde que a carga P nao exceda a um certo valor P,,, denominado carga critica. No entanto, se P > P,,, 0 sistema ird se deslocar desde sua posigao original até uma nova posigao de equilibrio. No primeiro caso, o sistema é dito ser estdvel; no segundo, é dito ser instdvel. Na See. 11.3, iremos comecar nosso estudo de estabilidade de colunas eldsti- cas, considerando uma coluna bi articulada, submetida a uma carga axial centrada. ‘A formula de Euler para a carga critica de coluna seré desenvolvida e por este formula nds determinaremos a correspondente tensdo normal critica na coluna. Pela aplicacao de um coeficiente de seguranca a carga critica, estaremos aptos a determiner a carga admissivel que pode ser aplicada a uma coluna biarticulada. Cop. 11 Flambagem de colunas 1079 Na See. 11.4, estenderemos nosso estudo para a andlise da estabilidade de colunas com diferentes condigbes de extremidades. Iremos simplificar esta andlise aprendendo como determinar 0 comprimento efetivo de uma coluna, isto 6, 0 compri- mento de uma coluna bi-articulada tendo a mesma carga critica. Na See, 11.5, iremos considerar colunas suportando cargas axiais excéntricas; estas colunas tém deflexdes transversais para qualquer intensidade de carga. Der varemos uma expressao, para a maxima deflexdo devido a uma dada carga, que seré usada para determinar a maxima tensia normal na colina Winalmente, a farmula da secante, que relaciona as tensées maxima e média em uma coluna, seré desen- volvida. Nas principais segdes do capitulo, cada uma das cohinas 6 assumida ser inicialmente um prisma reto homogéneo. No final do capitulo. iremos considerar colunas reais que sao analisadas e projetadas usando formulas empiricas, de quatro associagdes que tratam do assunto. Na See. 11.6, sero apresentadas formulas para as Leusdes adutissiveis en culunas feilas de ayo, aluminiv vu madeira, & submetidas auma carga axial centrada. Na diltima segao do capitulo (Sec. 11.7), iremos considerar © projeto de colunas sujeitas a uma carga axial excéntrica. 11.2 ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS Vamos supor que temos de dimensionar a coluna AB de comprimento L que vai suporlar a forga dada P (Fig. 11.1). A coluna estara ligada em suas extremidades por meio de pinos, sendo entdo articulada nas extremidades, e a carga P é supostamente centrada. Podemos concluir que a coluna estara bem dimensionada se a area A da secdo transversal for escolhida de modo que o valor o = P/A da tensao em qualquer segdo transversal fique abaixo da tensio admissivel 0, do material usado, ¢ se a deformacao 6 = PL/AK se mantiver dentro de especrticagoes recomendadas. No entan- to, pode ocorrer 0 fendmeno da flambagem quando a fora P é aplicada; em vez de permanecer com seu eixo retilineo, a coluna se torna subitamente bastante encurvada (Fig. 11.2). B claro que uma coluna que flamba sob 0 carregamento especificado no célculo nao esta dimensionada corretamente. 1080 ——_Resisténcia dos Materiais Cap. 11 P A L | | — 8. Fig. 11.1 Fig. 11.2 Antes de iniciarmos a andlise propriamente dita da estabilidade das colunas elasticas, vamos tentar uma compreensdo maior do problema considerando um modelo simplificado que consiste em duas barras rigidas, AC e BC, ligadas em C por um pino e uma mola de torcao de constante K (Fig, 11.8). Fig. 11.3, Se as duas barras e as duas forgas P e P’' estao perfeitamente alinhadas, 0 sistema permanece em equilibrio enquanto nao ocorrerem perturbagées (Fig. 11.4a). Mas, suponhamos que movemos 0 ponto C ligeiramente para a direita, de forma que cada barra forme com a vertical um pequeno angulo A9, indicado na Fig. 11.4b. O sistema, nessas condigées, volta sua posigao de equilibrio, ou continua se movendo para fora dessa posigo? No primeiro caso, 0 sistema é chamado de estdvel, e, no segundo caso, é chamado de instdvel Cap. 11 Flambagem de colunas 1081 (a) oO Fig. 11.4 Para determinarmos se o sistema formado pelas duas barras ¢ estavel ou instavel, vamos considerar as forgas que agem na barra AC (Fig. 11.5). Os esforcos nessa barra se constituem de dois conjugados, o conjugado formado pelas forcas P e P’, de momento igual a P (L/2) sen A8, que tende a afastar a barra da vertical, o conjugado M exereido pela mola, que tende levar a barra de volta a sua posicao vertical. Como o Angulo do dofloxdo da mola é de 2A, 0 conjugado M tem momento de valor M=K(2A6). Se a intensidade do segundo conjugado é maior do que a intensidade do primeiro, o sistema tende a retornar & posigdo de equilibrio original; © sistema é estavel. Se a intensidade do primeiro conjugado for maior que a do segundo, o sistema tende a se afastar da posigao de equilibrio inicial; 0 sistema é instdvel. O valor da carga para o qual o¢ doic conjugados oe cquilibram é chamado de carga critica e 6 designado por P,.. Temos P,, (L/2) sen 49 = K (246) any ou, sendo sen A = A9, Py - AK/L aia) Fica claro quo o cietoma 6 estével para P< P.,, quer dizer, para valores do carregamento menores que 0 valor erftico, e instavel para P > P,,.. 1082 ‘Resistencia dos Materiais Cap. 11 Fig. 11.5, Vamos mmaginar que a torea F > F,, 101 aplicada as duas barras da Fig, 11.3 que 0 sistema sofreu alguma perturbacio. Como P>P,,, 0 sistema se afasta da vertival e, upds algumas uscilagdes, alinge uma nova pusigde de equilibriv (Fig. 11.6u). Considerando 0 equilibrio do corpo livre AC (Fig. 11.6b), vamos encontrar uma equacdo semelhante & Eq, 11.1, mas envolvendo um Angulo 8, que é P(L/2) sen = K (26) ou PL_ @ iz ° Ga a3) 0 valor de 0 correspondente a posigdo de equilibrio da Fig. 11.6 é obtido por tentativas, a partir da Eq. 11.3. Observamos, no entanto, que para qualquer valor positivo de 6, temos sen 0< 9, Assim, a Eq. 11.3 leva a uma solugao 9 diferente de zero somente quando o primeiro membro da equagdo € maior que um. Esse é exatamente ‘caso, uma vez que adotamos P > P.,. Mas, se tivéssemos adotado P < P.,, nao existiria a segunda posigdo de equilibrio indieada na Fig. 11.6, e a tinica posicao de equilibrio seria a posigdo correspondente a 6= 0. Verificamos entao que, para P< Pz, a posi¢ao 6 =06 estavel. Esta conclusao se aplica de modo geral as estruturas e a sistemas mecanicos, e sera aplicada na préxima secéo, onde discutiremos a estabilidade de colunas elasticas. Cap. 11 Flambagem de colunas 1083 @ o) Fig. 11.6 11.3 FORMULA DE EULER PARA COLUNAS COM EXTREMIDADES ARTICULADAS Voltando a estudar a coluna AB da segao anterior (Fig. 11.1), queremos determinar o valor critico da carga P, quer dizer, o valor P., para o qual a situagao indicada na Fig. 11.1 deixa de ser estavel. Se P > P.,, 0 menor desalinhamento ou perturbagao provoca a flambagem da coluna, que assume a configuracdo deformada da Fig. 11.2. rt A Fig. 11.1 (repetida) Fig. 11.2 (repetida) 1084 ——ResistOncia das Materiais. Cap. 11 o Fig. 14.7 Para isso, vamos determinar sob quais condicées a configuragao da Fig. 11.2 é possivel. Uma coluna pode ser considerada como uma viga colocada em posicao vertical e submetida a uma forea axial. Assim, procedendo como no Cap. 8, vamos chamar de x a distancia da extremidade A da coluna até um ponto @ de sua linha elastica, ¢ de y a deflexo dese ponto (Fig. 11.7a). Segue dai que o eixo x é vertical cum urientagao de cima para baixoe que 0 eixoy é horizontal ¢ orientado para a dircita. Considerando 0 equilibrio da parte AQ (Fig. 11.76), vemos que o momento fletor em QéM--P-y. Substituindo esse valor de M na Eq. 8.4 da Sec. 8.3, escrevemos dy M_ P oer BE Ei” (a4) ou, transpanda a siltima tarmo, dy P Sat yy? (1.5) Essa ¢ uma equagao diferencial de segunda ordem, homogénea, com coeficien- tes constantes. Fazendo P er (11.6) eserevemos a Eq, 11.5 na forma d2y Tat py no a7)

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