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Nº 4 Mês: fevereiro Ano:2020 Pág.

Nota de abertura – Biblioteca Imaginária (II)

Biblioteca imaginária é aquilo que cada um é, o vivido e o sonhado, o


combatido e o criado. Tudo o que vivemos é feito de histórias.
Instantes criados, vividos e embalados em momentos, onde lugares,
geografias, atmosferas, objectos, pessoas se oferecem numa
composição de múltiplas faces. As histórias, como nós, são os
elementos multiplicados e recontados como se tratasse de uma
boneca russa, as matrioskas do que nos é possível contar, ou tão só Índice
imaginar.
As Histórias. São elas que nos compõem. Dão-nos pontos de Artigos de Interesse Especial
referência, alimentam-nos em geografias de impossível, ou em Nota de abertura____________1
desejos de mudança, em respostas para o ocasional. Nelas
Destaque do mês:
sobrevivemos ou nos perdemos a compor aquilo que o real devia ser.
São pois lugares, atmosferas, vivências do que amamos, das relações Cnl e a leitura ______________2
que conseguimos estabelecer. Sem elas não temos identidade, não Memória coletiva: M. Gandhi___3
temos um reconhecimento do mundo, pois elas são mais que o nosso Uma proposta de leitura:
nome, são as nossas propriedades no real. As Histórias podem nos
Na América, disse Jonathan____3
salvar e podem nos fazer naufragar. No fim as Histórias somos
simplesmente nós. Ideias do mês_______________4
Caminhamos na vida fazendo escolhas, recriando as possibilidades Escrita de palavras___________4
nascidas no azul e imaginamos essa velha ingenuidade de que criamos
uma História. A de que nós somos uma narrativa de gestos e espaços,
aventuras e falhanços. Às vezes, muitas vezes não é assim. As Destaques Individuais
Histórias são elas, as condutoras do que acabamos por fazer. Há
Autor do mês_______________3
Histórias, como vidas escritas que nos chegam e que nos influenciam,
nos fazem fazer escolhas, antes da própria escolha. A História que Um Poema_________________ 2
compomos é no fundo a escrita do que soubermos ouvir, da liberdade
concedida a cada experiência relatada na memória.
As Histórias podem ser a chave para nos fazer decidir as escolhas, o
registo de significado que podrá permitir múltiplas portas, de onde
sairemos para a nossa História, a que soubermos escrever. Se ela tiver
a capacidade de se escrever aumentando as que recebemos, ou
dando-lhe oportunidades possíveis. Assim, no fim, a nosss História
poderá ser mais um ponto, um divergente ponto, quase uma
formulação para outras múltiplas Histórias. Essas com que fazemos o
rascunho do possível, ou o modo como nos integrámos no mundo.
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Destaque mensal – Concurso Nacional de


Leitura

A participação dos alunos no concurso nacional de leitura


devolve-nos o valor e a importância do ler. O encontro do
homem com o livro é o resultado de uma acção que pretende
afinal estabelecer uma «conversação» que faça da vida um
caminho com significados. Uma longa conversação; é isso que
o livro e a leitura nos dão e que importa cultivar desde as mais
jovens idades.
Um poema – Raquel Chalfi (Excertos)

depois, depois
continuei a pensar na
solidão de Deus:
ele pinta com pincéis finos Memória coletiva: Martin Luther King
asas de borboletas
micróbios e mantos de peixes Gerações futuras mal poderão acreditar que um homem assim,
nos fundos mais fundos que toda a em carne e osso, tenha alguma vez andado por este Planeta.»
fundura (Albert Einstein)
e ele está mesmo A trinta de Janeiro de 1948, despedia-se deste mundo físico um
mais longe que toda a lonjura homem de uma imensa grandeza, que com simplicidade,
determinação e beleza soube congregar em si a dimensão única
mas também está perto da consciência da Humanidade. Fez da verdade e da justiça a sua
tão perto causa de vida, enfrentou o Império britânico com a força do
que eu quero espírito, com a sua Satyagraha, onde juntou a sua preocupação
segredar-lhe algo com os outros à ideia de não-violência. Mostrou-nos como as
grande mestre maior que todos os causas são um património de todos, maiorias e minorias e que a
artistas injustiça, mesmo de um só homem, é ainda uma injustiça. Com a
no sem-fim grande-grande-grande sua vida exemplificou a procura da identidade que há em cada ser
cientista humano e como a paz e a harmonia têm de ser uma ação não só
menino, menino tão inteligente de pessoas, mas também de nações. Criou um pensamento que
a quem ele faz lá assentava em dois princípios: a Satyagraha (a força da verdade e
labirintos complicados e planos do amor) e o Ahimsa (a não-violência). Todos os movimentos que
gigantescos de puzzles no século XX lutaram contra a opressão dos impérios coloniais, ou
espaciais contra a violência ou o racismo inspiraram-se nele. Todos os
homens que aspiraram no século XX a um mundo melhor, livre da
ele está só injustiça social, da guerra e da ditadura individual foram procurar
e ninguém brinca com ele. motivação nas suas palavras. De Martin Luther King a Nelson
Mandela muitos compreenderam que a força do seu exemplo e
Caravela portuguesa / Raquel Chalfi ;
a nobreza da sua causa permitiram fazer evoluir o Homem. Da
trad. Lúcia Liba Mucznik ; pref. António
guerra do Vietname à praça de Tianamen, o seu exemplo deu
Carlos Cortez. – 1ª ed. – Lisboa : Glaciar,
força à coragem de alguns para se construir uma Humanidade
2017.
mais fraterna. Raramente encontramos o Homem, a
Humanidade nessa individualidade capaz de enfrentar impérios
estabelecidos derrotando-os pela demonstração da injustiça.
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Autor do mês: Luís Sepúlveda

Luís Sepúlveda é um escritor chileno que tem feito da


sua experiência de vida um conhecimento que o faz
refletir sobre o mundo. Reflexão onde lemos as
palavras e os gestos de um testemunho de
solidariedade pelas vozes esquecidas das culturas e
povos da América do Sul.
Uma proposta de leitura: Na
América, disse Jonathan Luís Sepúlveda nasceu em 1949, em Ovalle, no Chile.
De estudante do Maio chileno de 69, a companheiro
A lei dura tempo de mais, disse Jonathan. Os antigos e guarda pessoal de Salvador Allende, a guerrilheiro
gregos teimosos, Sólon, o primeiro legislador, falava, o na Nicarágua, a preso político, a ativista da Amnistia
optimista (ou pessimista), em leis para cem anos, leis Internacional, o escritor tem tido uma vida cheia de
com resistência de um século. O que significaria que experiências, emoções e recordações. Memórias de
nada na relação entre homens, animais, objectos, um tempo histórico violento, mas rico em vivências.
espaço, movimentos, pensamentos e palavras A sua obra é um testemunho de uma estética que
mudaria. Mais claro que a introdução de um novo procura na vida real construir uma ética sobre os
elemento no mundo cria sempre a expectativa de uma valores humanos e sobre os sonhos de minorias.
outra lei.Um novo objecto, uma nova lei, disse
Com ele descobrimos a tradição da oralidade, o valor
Jonathan (…) . Um artesão, diz Jonathan, eis o que
das histórias contadas em múltiplas aldeias, uma
falta e sempre faltou no mundo, um artesão que fosse
respiração própria, na autenticidade que o centro
especialista em desatar nós; que andasse por aí a
globalizado muitas vezes desconhece e ignora. Com
resolver esses nós de corda complicadíssimos, nós que
ele descemos aos povoados solitários da Patagónia,
significam ligações de alta excitação, ligações quase
aos caminhos de vento, aos abetardos, ou às gaivotas
impossíveis de se quebrar.
de tom cinzento que se lançam nesse puro frio que já
E, sim, há muitos artesãos de objectos concretos e há
se anuncia nas proximidades do estreito de
peritos, quase científicos, em dar nós, a unir, porém, a
Magalhães.
arte de desunir é tão importante como a arte de unir.
É preciso um homem que tenha a inteligência para Os seus livros são a tradução de um imaginário, de
perceber que coisas ou pessoas do mundo devem ser uma memória e de uma cidadania, em defesa dos
separadas. As leis são nós, ligações, por vezes é mais fracos, dos ausentes; eles são a confirmação de
preciso desatá-los, defende Jonathan.Esse salvador que a literatura também é uma inspiração para a vida
que desata nós, disse Jonathan, que separa as coisas, e com ela. No blog estão disponíveis alguns textos e
onde está ele? Leis para um século, dizia Sólon. Mas destaques bibliográficos.
agora que a velocidade de tecnologia nos assusta,
devemos actualizar: uma velocidade de mudança de
leis semelhante à velocidade de mudança tecnológica.
Que leis para hoje, que mudanças?
A lei já não é algo sentado na poltrona.
A lei está em moviemnto, deve acompanhar o
velocista dos cem metros.
Uma lei para cada dia, disse Jonathan. Um Estado que
se actualiza na matéria e no juízo.
Na América, diz Jonathan / Gonçalo M. Tavares . –
Lisboa : Relógio d’Água, cop. 2018.
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BIBLIOTECAS ESCOLARES Ideias para o mês

Biblioteca Escolar| AEARS (sede) Destacamos como autor do Mês, na Biblioteca,


Avenida João Paulo II – Marinhas
Luís Sepúleda. Nos acontecimentos do mês,
Telefone: 253 960 210
importou destacar:
biblioteca@marinhas.org
- Dia 04: Dia internacional contra o cancro;
- Dia 13: Concurso nacional de leitura;
- Ao longo do Mês: leituras na Biblioteca.

Escrita de palavras: Nós e a escrita

Contrariando a opinião geral, nós gostamos de escrever, mas


Blogue reconhecemos que temos algumas
Biblioleitores (AEARS) dificuldades nessa forma de expressão e, por vezes, valorizamos
mais outras atividades.
Redes Digitais
Por um lado, adoramos passar para o papel as nossas ideias, os
Diigo (em construção)
nossos planos, as nossas emoções, os nossos sonhos, dando
Twitter
asas à imaginação, principalmente através das histórias que
Pinterest
criamos. Por outro, sabemos que é útil não só para melhorar a
Facebook
Instagram caligrafia e a construção correta das frases e do discurso como
também para aplicar o vocabulário novo que aprendemos nas
aulas e nas leituras que fazemos, diariamente, pois, infelizmente,
aplicamo-lo pouco, quando falamos. Apesar de reconhecermos
todas as vantagens do treino da escrita, às vezes, damos-lhe
pouca importância e só o fazemos nos momentos em que os
professores exigem que apresentemos esses trabalhos.
Obviamente, permitimos que os jogos e a televisão ocupem
grande parte do nosso tempo livre, o que tem vindo a preocupar
as famílias, os professores e a sociedade em geral. Assim,
consideramos urgente criar ou melhorar hábitos de escrita e,
caros leitores, só o trabalho diário
BIBLIOTECAS ESCOLARES
nos pode dar. Ah, não esqueçamos a leitura, que é igualmente
Agrupamento de Escolas António
importante! Em suma, a escrita é uma e excelente forma de nos
Rodrigues Sampaio | Esposende
expressarmos e as dificuldades podem ser vencidas,
através da prática contínua.
Os alunos|7º FA
AEARS |EB de Forjães| 2019/2020

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