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depois, depois
continuei a pensar na
solidão de Deus:
ele pinta com pincéis finos Memória coletiva: Martin Luther King
asas de borboletas
micróbios e mantos de peixes Gerações futuras mal poderão acreditar que um homem assim,
nos fundos mais fundos que toda a em carne e osso, tenha alguma vez andado por este Planeta.»
fundura (Albert Einstein)
e ele está mesmo A trinta de Janeiro de 1948, despedia-se deste mundo físico um
mais longe que toda a lonjura homem de uma imensa grandeza, que com simplicidade,
determinação e beleza soube congregar em si a dimensão única
mas também está perto da consciência da Humanidade. Fez da verdade e da justiça a sua
tão perto causa de vida, enfrentou o Império britânico com a força do
que eu quero espírito, com a sua Satyagraha, onde juntou a sua preocupação
segredar-lhe algo com os outros à ideia de não-violência. Mostrou-nos como as
grande mestre maior que todos os causas são um património de todos, maiorias e minorias e que a
artistas injustiça, mesmo de um só homem, é ainda uma injustiça. Com a
no sem-fim grande-grande-grande sua vida exemplificou a procura da identidade que há em cada ser
cientista humano e como a paz e a harmonia têm de ser uma ação não só
menino, menino tão inteligente de pessoas, mas também de nações. Criou um pensamento que
a quem ele faz lá assentava em dois princípios: a Satyagraha (a força da verdade e
labirintos complicados e planos do amor) e o Ahimsa (a não-violência). Todos os movimentos que
gigantescos de puzzles no século XX lutaram contra a opressão dos impérios coloniais, ou
espaciais contra a violência ou o racismo inspiraram-se nele. Todos os
homens que aspiraram no século XX a um mundo melhor, livre da
ele está só injustiça social, da guerra e da ditadura individual foram procurar
e ninguém brinca com ele. motivação nas suas palavras. De Martin Luther King a Nelson
Mandela muitos compreenderam que a força do seu exemplo e
Caravela portuguesa / Raquel Chalfi ;
a nobreza da sua causa permitiram fazer evoluir o Homem. Da
trad. Lúcia Liba Mucznik ; pref. António
guerra do Vietname à praça de Tianamen, o seu exemplo deu
Carlos Cortez. – 1ª ed. – Lisboa : Glaciar,
força à coragem de alguns para se construir uma Humanidade
2017.
mais fraterna. Raramente encontramos o Homem, a
Humanidade nessa individualidade capaz de enfrentar impérios
estabelecidos derrotando-os pela demonstração da injustiça.
Nº 4 Mês: fevereiro Ano: 2020 Pág. 3