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\ Fe yoOVAY GaN ? INGNG D/ BROW © ab _ CATIMBO JUTRAS OBRAS DO AUTOR PUBLICADAS POR ESTA EDITORA: Eu, Maria Padilha 0 Jogo de buzios A magia do candomblé Magico mundo dos orixds CIP-Brasil, CatalogapSo-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Ribeiro, José, 1930- R369c __ Catimbé: magia do Nordeste / José Ribeiro — * Rio de Janeiro: Pallas, 1992. 128 p. Conteddo parcial: Maravithas do Zé Pelintra. Anexes., 1, Catimbé (Cultos). 2. Cultos — Brasil, Nordes- te, 3, Deuses da Umbanda — Culto, |, Titulo, CODD 299.67 92-0152 COU 299.6 a José Ribeiro CATIMBO Magia do Nordeste ©) PALLAS Rio de Janeiro 1991 Copyright ©by José Ribeiro Editoria: Cristina Warth Ari Araujo Capa: Verardo Arte-Final: José Geraldo O. Lacerda Composicao: Cid Barros Editoragao: Hernani de Andrade Direitos desta edi¢ao reservados 4 PALLAS — Editora e Distribuidora Ltda. Rua Frederica de Albuquerque, 44 — Higiendpolis 21050 — Rio de Janeiro — RJ — Tel.: 270-0186 INDICE Em respeito vit As autoridades dos cultos vii Agradecimentos 1x Ags confrades e amigos x Em destaque x1 Em relevo xi Péstumas x11! Agraciamento xiv Post Mortem xw _ Apresentagdo xvii Prefécio xix Q Autor no catimbd xxt Catimbé 1 Catimbé nfo é macumba nem candombié 4 Pajelangae toré 6 Linhas 12 Os Caboclos 14 Etnias, cachimbo, instrumentoe achave 17 Envultamento 22 Mestres e Mestras 24 Mesa de catimbé; funcionamento e preparos 31 O transe no catimb6 35 Fechamento do corpo 38 A eficdcia da flora medicinal 40. Remédios tradicionais 45 As mais fortes e conhecidas oragSes 48 Louvagdes aos mestres e mestras 55 ANEXO: MARAVILHAS DO ZE PELINTRA 61 Intradugéo 65 Prece de Zé Pelintra 68 Remédios de Zé Pelintra 70 4 Oferendas 72 a Para 26 Pelintra abrir os caminhos 72 Para Zé Pelintra quebrar uma demanca 73 Oragées 74 Poderosa oracdo de N. Sra. Aparecida 74 Para as 18 horas de cada dia 75 Contra qualquer espécie de doenga 78 Contra acdlera 76 Contra hemorragias 76 Contra os maus espiritos 77 ' Para ter bons resultados nos negécios 77 Contra esp(ritos obsassores @ inimigos invis(veis 77 Para anular dificuldades e embaragos nos negécios 78 ‘Ao Anjo de Guarda 73 Diversos trabalhos 80 Para atrair a falicidade de uma pessoa 80 Para abrandar os inimigos 81 a Para se firmar na vida 81 Para afastar uma pessoa indesejével do sou convivio 82 j Para descarrego, protero e contra doencas 82 Para afastar espfrito que esteja encostada, pensando em ajudar, estando sempre prejudicando 83 Para aumentaro seu dinheiro 83 Para uma pessoa deixar 0 vicio da bebida 84 Para curar uma crianga de qualquer tipo de enfermidade 84 Para ocasidio de grande afliggo 85: Banhos 87 Banhos de firmezs 87 Banhos de descarga 88 Curiosidades 90 Por queo negro é preto 90 A influéncia do gato preto. 91 Mau-olhado e quebranto 92 Pontos cantados 94 Pontos riscados 101 Pretos Velhos 101 Caboclos 102 Sobre o Autor 104 EM RESPEITO A consagrada e venerdvel Catimbozeira Maria Mumbaba, for¢a viva e prestigiada nos Catimbés do nordeste, a meu mais profundo e afetuoso agradecimento por tudo quanto me orientau. AS AUTORIDADES DOS CULTOS Babalorixd e escritor José Paiva de Oliveira (Pai Paiva), Ba- balorixd Djalma de Lalu, Babalorixd Odifon de Oxdéssi, Baba- lorixé Edwiges B. da Silva, “Pai Edu” (Vice-Rei do Can- dombié no Brasil), Babalorixd Anedito Fernandes Santos (Principe do Candomblé no Brasil), Babalorixd José Benedito Maciel (Embaixador do Candombié no Brasil), Babalorixd Jorge de lemanjé (falecido), Babalorixa Josemar D’Ogum, la- lorixd Lourdes de lansé (Princesa do Candomblé no Brasil), lalorix4 Arlete Moita (Embaixatriz da Umbanda}, falorixé “Preta” da lansé, falorixé Belinha D’Oxéssi, lalorixd “Mae” Olga de Oxald, lalorixé Jubiladé da Oxum, lalorixé Mazza- Kessy da Oxum, lalorixd Oyacemy da lansa, falorixd Alaguina de Oxalé, lalorixé Katulemba de Obaluaié, Ebome Oyanegy da lans&, o meu abraco fraterno e firme amizade. A todos os Ministros-de-Xang6 e Cavaleiros da Ordem de Jans&, @ meu reconhecimento, e agradecido me faco pelos revelantes servicos prestados ao “Palacio de lanc3” vill eS TS TT AGRADECIMENTOS A saudosa @ inesquecivel lalaxé do “Paldcio de lans3”, Te- rezinha Cruz (Manangué), a gratidao afetuosa e repleta do re- conhecimento de todos que aqui ficaram pranteados. Obriga- do por tudo, “Néga Véia". Aos inesqueciveis amigos e colaboradores Ministros-de- Xang6 do “Palacio de fans”, Dr. César Lucio da Cruz e An- tonio Viturino de Aguiar (Veneno), a gratidao pefos favores recebidos. A pranteada e estimada Ekéde Luzia Medeiros, o profundo agradecimento do “Paldcio de lansa”, acompanhado de sau- dade eterna. A todos os irmaos e irmas Babalorixds e lalorixds, 0 nosso preito de saudade no descanso da Paz de Oxald, AOS CONFRADES E AMIGOS Jornalista Amada Ribeiro, jarnalista Celso Rosa (Decelso), jornalista José Beniste, jornalista José Dias Roxo, jornalista Edgard de Moura, jornalista Edgard de Souza, Dr. Jodo Xa- vier, Dr. Rossi Lopes da Fonte, Cel. Victor Candido Maia Cas- tro, Deputado LeGncia de Aguiar Vasconcellos, Deputado Vi- valdo Barbosa, Dr. Eurico Miranda, Editor Anténio Carlos Fernandes, Editor Franccesco Molinaro, Edjtor Ernesto Em- manuele Mandarino, o tributo da:minha firme amizade, res- peito e admiragao. A Dama de Honra de Dona tans Egun-Nité, Sra. Regina Figueiredo, o orgulho em té-la por digna acompanhante do Glorioso Orixa. EM DESTAQUE MESTRA MARIA RODRIGUES DA SILVA (Maria do Acai) Renomada catimbozeira, residia na !ocalidade denominada Alhandra (Lianda), na Parafba. O autor foi levado por seu ir- mao Chico do Jordao, ainda muito menino, tendo sido por Mestra Maria do Acai juremado, juntamente com sua sobri- nha Maria da Penha de Paula, filha de Chico do Jordéo, quan- do, respectivamente, receberam os titulos de Principe e Prin- cesa do Juremé. Mestra Maria do Acai era considerada como uma semi- deusa. Ali aportava gente de toda parte do Pats, para traba- lhos diversos. FRANCISCO ANTONIO DE SOUZA (Chico do Jordao) Renomado catimbozeiro no Recife e em Jodo Pessoa, pro- fundo conhecedor dos mistérios do Catimbd, irm&o do autor da presente obra. Trabalhava tanto na direita como na esquer- da. Iniciado por Mestra Maria do Acai, foi fundador e mestre- dirigente do Centro Espfrita Deus, Amor e Caridade, na Pa- rafba. Foi ele quem encaminhou o autor nos trabalhos de ma- gia, aos seus 9 anos de idade. Ganhou o chamamento de Chi- co do Jordao, em razdo de residir na localidade denominada Jordao. E cimentado e juremado na magia do Catimbé. xi EM RELEVO A minha Me lansan Equn-Nita, com a gratidao eterna, na certeza da sua protecao permanente. Ao meu Pai Oxdssi, no mais estreito preita de reconheci- mento, curvo-me agradecido, Ao “seu” Tranca-Ruas das Almas, a inabaldvel confian¢a e o reconhecimento pelos beneficios alcancados. Ao “seu” Chico-Diabo, amigo e camarada, aquele que ndo da “Varada_n’égua’, o pleno agradecimento pelos trabalhos realizados. Ao “seu” Boiadeiro Navizala, todo 0 meu respeito, orgulho e gratidéo em té-lo por Entidade, Ao “seu” Cachoeirinha, toda 2 extenséo do meu firme re- conhecimento, Aos Senhores Mestres da Jurema: Zé Pelintra, Mestre Car- los, Mestre Maiunguinho, Mestre Zezinho do Acai, Mestre Tertuliano, Mestra Maria do Acai, Mestra Luziana, Mestra Al- merinda Africana, o meu preito de reconhecimento eterno. xil POSTUMAS A meméria de minha inesquecivel Me carnal, Aquilina F. da Conceicao (Mae Kilu), meu preito de amor eterno, rogando a gloria da paz no Reino de Oxala. A minha Mae-de-Santo Délcia Maria do Nascimento (Mae Dalcia do Gantois/, que Oxald a tenhd em seu Reino. Ao meu Pai-de-Santo, Tata ti Inkice Olegdrio Luiz Medei- ros (Odé-Aualé, do Oxdssi), na saudade imorredoura, sou-lhe agradecido por tudo o que recebi. Ao saudoso irméo e Babalorixé Carlos Leal Rodrigues, 0 meu preito de saudade. Aos meus Filhos-de-Santo: Anténio Rogério Dias (Aunjé- Alé), Edmar Xavier de Oliveira (Oya-Becy), Maria da Silva Costa (Obakilegy/, Maria da Penha de Paula (Ormim-Taladé), Maria da Penha (Nazalaré), José Al Valentim (Oy4-Zumbalé), Maria Regina (Obatundé), como prémio merecido, o descanso da paz celestial. xi XIV AGRACIAMENTO Recentemente, por ocasido de sua altima estada em Roma, Itélia, o Prof. Jasé Ribeiro recebeu, entre autras im- portantes honrarias, uma que espe- thou-se em Vitrine de Distingaéo Espi- ritual, ao ser agraciado com oa conte- rimento de um Diploma de Béncao- Pessoal, presente de S. Santidade o Papa Jodo Paulo i, POST MORTEM Og4 CLAUDIO RIBEIRO DE SOUZA (Claudinho) * 13-03-68 ¢ 04-05-90 Nesta pagina de saudade, a vocé, meu filho, que 0 sossego e a tranquili- dade sublimes da Paz de Oxald, onde descansas no remanso Divino, sejam-te as permanentes companhias. Todo o amor que a ti dedicamos em vida, saibas, permanece preservado na tua auséncia material, subita e irrepa- rével. Teus pais, José Ribeiro e Licia, teus irmaos e amigos que fizestes e deixastes neste “Paldcio de fansa’’, permanecem pranteados e rezando em Saudade imorredoura. Por todos os méritos irrefutdveis, por tua saudosa e reclamada presenca material, amenizada pela certeza da tua permanéncia espiritual ao nosso lado, é que toda a imensa Corte do teu Palécio de lansd — nesta e em todas as demais obras — te eleva 4 merecida condic¢do de seu imortal Ministro de Xang6, com assento permanente loca- lizada 4 direita do Pai Oxalé. XV APRESENTAGAO Prezados leitores e irmaos-de-fé Mais uma vez comparégo ao convivio de vocés, trazendo- thes uma obra de estudos aprofundados e de pesquisas topi- cas sobre toda a magia do CATIMBO do Nordeste brasileiro. A priori, hd que esciarecer que reporto-me tao-somente as praticas dos primitives Catimbés, aa tempo distado de apro- ximadamente cingtienta anos, época em que a ele me filiei, conduzido que fui por meu saudose irmao e renomado Mes- tre, Chico do Jorddo, 4 presenga da pranteada semideusa do Catimbdé, a divina Mestra Maria do Acai, minha madrinha. Ista aconteceu aos meus nove anos de idade. Ao tempo acima mencionado era tarefa dificil ~ e mesmo temeréria — a realizacdo de u’a “mesa” de Catimbé em am- bientes fechados, A perseguicao policial era de imediatisma impressionante e repressiva. Para se fugir a ela, as SessGes eram sempre efetuadas em meio a matas diferentes, e sempre acontecidas mensalmente. Recordo-me bem que, na companhia da Mestra Maria do Acai, de minha finada mae Kilu, do Mestre Chico do Jordao, de Maria Mumbaba e de Adélia, minhas irmas, safamos a es- colha dos locais adequados. E, nao raras vezes, procurando impedir a implacdvel aproximagao policial, nos vimos malesta- xvil dos e impedidos das realizag5es programadas. Obvio se tor- nou que imprimissemos um interregno’ maior no espaco de tempo de uma para a outra Sessao. Felizmente, aos tempos atuais, nos terreiros existentes —por forca de legislacGes jé bem mais suaves e protetoras — as Ses- sGes realizam-se dentro de um clima da maior tranqijilidade, se- guinda, porém, um rito bem diverse, Rarissimos sao os que continuam conservando as origens da cult primitivo, ou seja,o Catimb6 de Cototoba (esteira, chao batido e ao ar livre), a exemplo do que realizamos mensalmente em nosso terreiro, todas as primeiras segundas-feiras de cada més, sempre com intcio 4s 22 horas. Claro esta, que estaremos esperando a pre- seng¢a dos queridos irmaos. Venham conhecer um pouco de tudo aquilo que esta obra, no seu contexto, pontifica. Nosso endereco é: Estrada Santa Efigénia, 152 — Taquara, Jacare- pagud, RJ — Tel.: 342-2176. Mantenham contato com os senhores Mestres e Mestras da Jurema, o simbolo sagrado do Catimbd, em especial com o grande Mestre Zé Pelintra. Sem mais, aproveitem bem e julguem a presente obra, Atenciosamente, Prof. José Ribeiro PREFACIO Desenhar através de palavras o extraordindrio perfil do lite- rato e j4 consagrado eseritor patricia, Prof. José Ribeiro, tor- na-se misséo naéo muito facil. Descrevé-io numa pretaciacéo de obras por ele escritas representa perigo iminente, faceauma | possivel auséncia de conceitua¢ado substanciosa para quem o fizer. Isto, porque suas fundamentacGes séo sempre dignas e rotuladas da maior acuidade. Entretanto, agraciado que me vi pelo renomado escritor para prefaciar este CATIMBO — Magia do Nordeste, aceitei 0 convite e compareco, modestamente, nas paginas deste volu- me. De uma entre outras coisas, estou certo: com a aparicao deste CATIMBO — Magia do Nordeste, na intefreza do con- texto, alias, jamais trazido 4 luz do conhecimento publico, ga- nham todos os aficcionados, adeptos, atuantes e professantes do espiritualismo, um compéndio ilustrativo e doutrinador sabre o especifico e complexe tema da obra. Nela, o autor volteia-se por diferentes meandros do Catim- bG, desde seus primérdios, quando as perseguicées policiais eram constantes e implacaveis, alcangando -o momento atual, e esclarecendo suas modificacées. Conta-nos passagens da sua introducao no Catimbé nardes- tino ao lado de seus familiares, busca em ages tépicas episé- dios os mais importantes para substanciar este seu trabalho, XIX além de doutrinar, orientar e esciarecer aos catimbozeiros de hoje o método correta e eficaz de como agiam os senhores Mestres Catimbozeiros de outrora, conservando na esséncia toda a raiz da qual provieram. Os mais respeitados Mestres e Mestras do Norte e Nordeste brasileiros sfo aqui evidenciados, com suas Linhas e caracte- risticas. _Sdo cap/tulos seguidas com os quais este modesto prefa- clador jamais esperava se deparar. Completa o trabalho um Anexo, sob o titulo Maravilhas de Zé Pelintra, este famoso Mestre do Catimb6, que os efeitos da migracao interna fizeram chegar ao “Sul Maravilha” na forma de um Exu, dos mais populares e queridos, Aconseiho té0 somente aos amigos leitores: manuseiem CATIMBO, Magia do Nordeste, estudem-no e déem seus jul- gamentos, Estejam de parabéns pelo que esperavam, mere- ciam e conseguiram. Aa estimado irmao autor, 4 PALLAS EDITORA, 0 meu maior agradecimento. Atenciosamente, RUBEM BRANDAO Jornalista XX O AUTOR NO CATIMBO Muito embora nunca tivesse sido minha especialidade dentro dos cultos Afro-brasileiros, j4 que sempre estive entre- gue & pratica do ritual Nagé, procurei e me interessei em ad- quirir conhecimentos sobre o Catimb6 ou Jurema. Fui residir no Recife com minha familia. La, me foi ofe- recida a oportunidade de travar conhecimento com inimeros e renomados catimbozeiros, cujos nomes desejo, por méritos, deixar aqui assinalados: A filha da Baiana do Pina, a velha Lydia; Manoel Maria- no, da Agua Fria; Lydia, também da Agua Fria; Maria Dalazi, que era filha de lemanja; Apolinario Gomes da Mota, de Casa Amarela; Leovegildo Guedes Alcoforado (Gildinho da Estrada dos Remédios); Benedito, da Estrada dos Remédios; José Ro- mao, filho do célebre Pai Adao; Maria Angola, na Mostardi- nha; Adélia e Maria, com quem trabalhei, juntamente com minha mae e meu irm%o Francisco; Elisa e Maria do Carmo Lira (Carminha); Jodo Marcelino e outros mais. Tempos depois, j4 bastante esclarecido e praticante do Catimbé, fui até a Paraiba, regido onde se pratica com inten- sidade o referido ritual. L4, fui levado a juntar-me a todos os respeitaveis catimbozeiros do Estado. Foi assim que me fiz amigo de Nezinho Pintor, em Jaguaribe, subirbio de Jodo Pessoa; Maria Coco, em Cruz do Peixe, Tambia; Severina Cas- . KXI siano (Bit), na Torrelandia; Maria Feitosa; Joana, da rua >.a. Julia; uma outra Joana, conhecida como “Joana Pé-de- Chita’, de Sta. Rita, interior da Paraiba — uma preta, catim- bozeira muito temida e respeitada por seus concorrentes, tal- vez a mais temida de todos. Ela tinha por habito dizer que o “seu cachimbo tinha que ser respeitado”, e era! Mendes, ou- tro renomado e respeitado catimbozeiro da Para(ba, que reali- zava curas maravilhosas com 0 emprego apenas de agua, resi- dia no Tambauzinho; meu irmao Francisco — que chefiavao Centro Deus, Amor e Caridade, na rua da Republica — mais tarde, transferiu-se para Recife, indo residir na localidade de- nominada Jordao, na Piedade. Ali, passou a ser conhecido com 0 apelido de “Chico do Jordao”, tendo realizado maravi- Ihosos trabalhos e importantes curas. Desejo, ao final, consignar em particular 0 nome de mi- nha falecida madrinha Maria Rodrigues da Silva, mais conhe- cida como “Maria do Acai”. Com ela, léem Alhanda ou Lianda, local onde morava, aprendi muito sobre as coisas e praticas do Catimb6. Hoje desenvolvo sessGes de Mesa do Catimbé em meu Terreiro, aqui no Rio de Janeiro, na Estrada Santa Efi- génia, 152 — Taquara — Jacarepagua — toda primeira segun- da-feira de cada més, com infcio as 22 horas. Nelas, entre outros “Mestres da Jurema”, incorpora-se a conceituada, querida e procurada Entidade que abordo na presente obra: Zé Pelintra. Tratando-se de Catimbo, o insupe- ravel mago da feiticaria é figura proeminente. CATIMBO E bastante diffcil definir a que sistema religioso pertence o Catimbé. Se ao politefsmo ou ao monotefsmo cristao. A verdade é que o Catimbé praticado no Nordeste difere grandemente do Candomblé, Xangé ou Macumba. Observe-se que ele nao possui, como nos cultos acima, uma hierarquia sacerdotal. Nao exige periodo de iniciagéo, nao ha- vendo preceitos especiais, rituais, cerimdnias, trajes, toques, etc., proprios desse culto. O Chefe do Catimbé é o Mestre, sendo o ritual que comu- mente pratica muito semelhante as praticas espfritas comuns. Entretanto, encontra-se nos catimbés a aparicgao de orixds africanos, caboclos (Indios), pretos-velhos. Baixam espiritos de Mestre falecidos, como Mestre Carlos, Indio Pinavarassu e Anabar, pretos-velhos como Pai Joaquim, etc. Estas entidades acostam-se durante a Sessio de Catimbd, receitando e aconselhando, consoiando e tratando de todos os filhos fidis. Os mestres de Catimbé, diferindo dos Babalori- xés e lalorixés dos cultos africanos, tém, entretanto, a mesma bondade e cuidado com os seus filhos. Suas praticas sdo mes- cladas de feiticarias africanas ¢ indigenas, rezas catdlicas e invacag6es espiritas. es Os mestres de Catimbé usam defumar seus filhos com 2 fu- maga dos cachimbos, a fim de livré-los dos maus fl. ios que 1

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