A LEI
DEUS LEGISLA E EXIGE OBEDIENCIA
Chamou Moisés a todo o Israel e disse-the:
“Ouvi, 6 Israel, os estatutos e juizos que
hoje vos falo aos ouvidos, para que os
aprendais ¢ cuideis em os cumprirdes.”
DEUTERONOMIO 5.1
O homem nfo foi criado auténomo, ou seja, livre para
servir de lei a si mesmo, mas tednomo, isto ێ, compelido
a guardar a lei de seu Feitor, Isto nao era sacrificio algum, por-
quanto Deus o havia construido de tal modo que a obediéncia
grata Ihe daria a maior felicidade; dever e deleite seriam
coincidentes, como o foram em Jesus (Jo 4.34; cf. Sl 112.1;
119.14,16,47,48,97-113,127,128,163-167). O coracéo humano
degradado nao aprecia a lei de Deus, tanto por ser lei como
por ser de Deus; aqueles, porém, que conhecem a Cristo
descobrem nao somente que amam a lei e desejam observé-la,
agradecidos pela graca (Rm 7.18-22; 12.1,2), mas também que
° Espirito Santo os leva a um grau de obediéncia, iniciando no
coracao, obediéncia esta que antes nao tinham (Rm 7.6; 8.4-6;
Hb 10.16).
A lei moral de Deus foi abundantemente anunciada na
Escritura — o Decdlogo (os Dez Mandamentos) —, outros
estatutos mosaicos, os sermoes dos profetas, o ensino de Jesus,
e as cartas do Novo Testamento. Ela reflete seu cardter santo
€ seus propositos para os seres humanos criados. Deus reco-
menda a conduta que Ele tem prazer de ver e proibe aquela
que o ofende. Jesus resume a lei moral em dois grandes
mandamentos: ame a seu Deus e ame a seu préximo (Mt
8622.37-40), dos quais dependem todas as instrucées morais do
Velho Testamento. O ensino moral de Cristo e de seus
apéstolos é a velha lei aprofundada e reaplicada a novas
circunstancias — vida no reino de Deus, onde reina o Salva-
dor, e na era pés-Pentecoste do Espirito, em que 0 povo de
Deus é conclamado a viver em seu meio a vida do céu, € a ser
a contracultura de Deus no mundo.
A lei biblica é de varios tipos. As leis morais determinam o
comportamento, que temos sempre o deyer de observar. As
leis politicas do Velho Testamento aplicam principios da lei
moral a situacdo nacional de Israel, quando o povo era uma
igreja-estado, o povo de Deus na terra. As leis do Velho Testa-
mento acerca dos cerimoniais de purificacao, dieta e sacrificio
eram decretos tempordrios para fins instrutivos, os quais o
Novo Testamento aboliu (Mt 15,20; Mc 7.15-19; 1 Tm 4.3-5;
Hb 10.1-14, 13.9,10), porque seu sentido simbélico tinha sido
preenchido. A justaposigéo da lei moral, judicial e ritual nos
livros mosaicos continha a mensagem de que a vida sob Deus
deve ser vista e vivida ndo compartimentalmente, mas como
uma unidade multifacetada, e também de que a autoridade de
Deus como legislador deu forca igual a todo o cédigo. Entre-
tanto, as leis eram de diferentes espécies, com diferentes
propésitos, e as leis politicas e cerimoniais eram de aplicacao
limitada, e isto parece claro tanto pelo contexto imediato
como pelo restante do ensino de Jesus, cuja afirmac4o de uma
forca universal imutavel da lei de Deus diz respeito 4 lei moral
como tal (Mt 5.17-19; cf. Le 16.16,17).
Deus requer a total obediéncia da pessoa total as totais implicacdes
de sua lei como foram dadas. Ela obriga “o homem todo... a uma
inteira obediéncia para sempre”; “é espiritual, e assim alcanca a
compreensao, vontade, afeicGes e todos os outros poderes da alma,
como também as palavras, obras e gestos” (em outras palavwras, 0
desejo deve ser justo, assim como as aces; € a exterioridade farisaica
nao € suficiente: (Mt 15.7,8; 23.25-28); e os corolarios da lei sao parte
de seu contetido — “onde um dever é prescrito, o pecado contrario é
proibido; e onde um pecado é proibido, o dever contrario é prescrito”
(Catecismo Maior de Westminster, P. 99).
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