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Soldar as planetárias não tem nada a ver com um bloqueio de discos (que

não tem nada de multiviscoso). É algo muito mais radical e que não deveria
ser usado em piso com aderência.
Com o soldado pode quebrar; pois vai ficar bloqueado, então algo tem que
ceder...
Se a aderência do pneu é menor que a resistência de alguma peça o pneu
derrapa.
Se a aderência do pneu é MAIOR que a resistência de alguma peça... a peça
quebra.

O bloqueio de discos é uma espécie do freio (ou embreagem), quando as


diferenças de forças entre os semi-eixos é maior que a capacidade deste
freio, o bloqueio não consegue mais frear e o bloqueio se torna ineficaz.
Na pratica este tipo de bloqueio só é eficaz em pisos muito escorregadios.
E erosões, por exemplo, com uma roda no ar e outra com todo o peso do
veiculo, este tipo de bloqueio não vai conseguir bloquear.

Um bloqueio de dentes (ou 100% como é conhecido) como o Ez-Locker não


vai ficar bloqueado como o soldado.

Ele funciona como um jogo de forças.


A maioria da seguinte forma: A força que chega pelo cardan atua num pino
circular que fica entre dois discos num alojamento oval. A força faz o pino
forçar os discos para fora. O lado de fora dos discos é todo dentado e se
encaixam em outros discos dentados que estão ligados aos semi-eixos.
Normalmente acelerando ambos os semi-eixos ficam conectados.
Então quando se faz uma curva não se deve acelerar, pois, ao receber
potência você esta forçando o “travamento” do blocante.
Quando não se acelera, a falta de força aplicada no pino permite que discos
internos se desloquem para o interior do diferencial desconectando os
dentes e liberando a ação do bloqueio. E normalmente somente um dos
lados fica desbloqueado pois não existe espaço para liberar os dois semi-
eixo (é feito assim de propósito).

O termo multivisco normalmente é usado para os chamados diferenciais


centrais de ação automática quanto à transferência de tração entre os
eixos. Normalmente é um conjunto de discos que ficam selados numa caixa
cheia de silicone (ou outro fluido viscoso).

Quando ocorre uma diferença de rotação entre os eixos, os discos giram em


velocidades diferentes gerando calor que vai esquentar o silicone, que por
sua vez dilata o que dificulta a diferença de rotação entre os eixos.
Eles não se prestam para o uso nos diferenciais dos eixos, pois vão começar
a “travar” assim que iniciar uma curva.
Segue abaixo parte de um texto de minha autoria que foi enviado há muito
tempo para a lista Jipenet:

No caso de eixos temos 3 opções:

- Eixo sem diferencial (ou sem ação diferencial); que é um eixo que não
permite que as rodas do mesmo eixo girem em velocidades diferentes
nunca. Isso pode ocorrer pela instalação de uma peça que trava a ação das
planetárias do diferencial (e para retirar a trava tem que desmontar o eixo)
ou pela simples eliminação do trabalho do conjunto planetário do diferencial
por soldagem do mesmo.
Dependendo de como é feita a soldagem o efeito de diferenciação é tão
limitado que considero na mesma categoria, já que quase instantaneamente
fica totalmente bloqueado. Foi o que fizeram o Bill e o Alex Sky nos seus
veículos.

- Eixo com diferencial; é o mais comum e quando em curva as planetárias


atuam e permitem a diferença de rotação das rodas.
Mas quando se fica sem atrito com o solo numa roda, esta roda acaba
recebendo toda a força do motor e a roda contraria não recebe nada, pois, a
ação normal do diferencial é enviar força para onde é mais fácil
(infelizmente).

- Eixo com diferencial blocante; é o desejo de todos, poder de alguma forma


evitar a atuação das planetárias quando em situações desfavoráveis no fora
de estrada, mas permitir sua ação para poder fazer curvas.

Quanto aos blocantes temos os seguintes:

Controle: ou a ação de bloquear ou não bloquear o diferencial é comandada


por algum comando (como o Air-Lock da ARB) ou o blocante tem sua ação
de bloquear ou não bloquear o diferencial feito de forma “automática". O
termo automático poderia ser substituído tranqüilamente pelo termo "sem
controle". Ou seja, o controle de bloquear ou não bloquear é feito
normalmente pelo conjunto de forças que atuam sob o próprio mecanismo
do bloqueio; para todos os efeitos não se tem o controle se o bloqueio vai
bloquear ou não bloquear o diferencial. Claro que o efeito de bloqueio ou
não bloqueio é normalmente bem previsível.

Ação: O bloqueio pode ser um bloqueio chamado de bloqueio 100% ou de


Deslizamento limitado. No 100% sua ação é normalmente 100% ou 0%, ou
seja, ou bloqueia totalmente a ação diferencial (então ambas as rodas
obrigatoriamente vão ter a mesma rotação) ou diferencia totalmente. Neste
caso, diferenciar totalmente significa o seguinte: uma roda vai receber toda
a força e a roda oposta não vai receber força nenhuma.
No bloqueio de deslizamento limitado a diferenciação pode variar de 100%
até 0% (no caso ideal),ou seja, pode existir um deslizamento (ou diferença
de rotação entre as rodas do mesmo eixo) sem obrigatoriamente se perder
toda a força em uma das rodas.

Assim nos bloqueio não comandados; não é a diferença de rotação que


comanda, mas, o jogos de forças no mecanismo do blocante.
Assim quando se inicia uma curva começa a existir uma força provocada
pela aderência do piso nos pneus que estão começando a percorrer
caminhos diferentes, a força é transmitida dos pneus para os semi-eixos e
destes para o mecanismo do blocante. Assim vão existir DIFERENTES
FORÇAS ENTRE OS DOIS LADOS DO BLOCANTE, em um determinado ponto
os blocantes de deslizamento limitado vão começar a deslizar permitindo
fazer a curva sem escorregamento dos pneus com o solo, mas continuaram
enviando força para ambas rodas até que a força seja de tal forma diferente
que o blocante perde sua ação por completo e envia toda a tração para uma
única roda.

O blocante 100% funciona de forma similar só que em vez de começar o


deslizamento, em certo ponto ele desconecta um dos semi-eixos do
conjunto blocante e envia toda a tração para a outra roda.

Numa poça de lama ou em um terreno sem aderência não vão existir forças
contrárias chegando no blocante pelo semi-eixos já que só a roda com
tração recebe uma força contraria ou nenhuma recebe força contraria,
assim não existe força para desbloquear o blocante 100% (lembrando que
não é a força contraria que faz o blocante 100% desbloquear, mas a
diferença de forças contrárias, não existindo ou sendo uma das forças
contrárias pequenas o blocante não desbloqueia).

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