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CEMS) CIENCIAS an MANUAL DO PROFESSOR BURITI MAIS Ensino Fundamental « Anos Iniciais Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida € produzida pela Editora Moderna. Editora responsavel: ‘Ana Carolina de Almeida Yamamoto pela Universidade de Sao Paulo. Bacharel em Comunicacio Social pela Universidade Anhembi Morumbi. Editora, ‘Componente curricular: CIENCIAS MANUAL DO PROFESSOR 1 edicéo S80 Paulo, 2017 @noverna borndres seals do Monel npresse iubeceeaeeee Sora ae ance ine pl Bete toes ew nes Bota la UNESP Ban Gc Uma 0 Ps Soha Epona a tpertogun Bel mene Bae pla Umer de S20 dS ao Nusoe er Crs oar rane et a ndeen pare Soh rnerepenes fete ine Steere aoradres seis do Matai ig {0c Epstein orc Unsere eS Pus acre on Caer Brion Ceness elas pb vertu ce [Sines or conser tgs pla Uva rises de Gree Pica “rol nt Corea legs pla erst fei fe SS0 Carne. 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O papel do professor no ensino de Ciencias ‘nos anos iniciais vil Orientacées quanto & oralidade, ao trabalho em grupo eas atividades de pesquisa K As avaliacdes . 4, Base Nacional Comum Curricular e 0 ensino de Ciéncias. x Competéncias, habilidades e objetos de conhecimento. xi 5. A proposta didatica desta colecao. xv Aestrutra d0s iMt05 nn smn XM © Ensino Fundamental e 0 dominio da inguagem xx A seleso de contetidos soe XI Unidades temstcas,objetos de conhecimento« habidades previstas para 0 5 ano XXIV Correspendéncia dos contaddos do 5° ano com 0 objetos de conhecimento e habilidedes xxv Progresséo dos abjetos de conhecimento e habilidades no 5# an0 XV 6. Sugestées de leitura oul 7. Bibliogratia Devil ® Orientacées especificas . XK Conheca a parte especifica deste Manual XXX Unidade 1 ~ Recursos naturaise meio ambiente 8 Unidade 2— A 89U3 eonnnsennnrnnvininiinannnnnnn seve Unidade 3 Funcionamento do corpo humana. a6 Unidade 4~ 0 céu 2 noite 125 @ Bibliografi 158, Polarteam ely 1, O que é Ciéncia? Ciencia é conhecimento. E 0 que é conhecimento? De que modo cada pessoa se apro- pria de determinado conhecimento? Como saber? Como conhecer? Essas perguntas fun- damentais perseguem o ser humano ha tempos. As respostas sdo variadas: dependem da cultura, do periodo hist6rico, do saber acumulado, da tecnologia etc © produto da nossa interacao com o mundo, ou seja, 0 saber acurnulado ao longo de diferentes geracoes que pode ser transmitido, fazendo parte da cultura humana, é 0 co- nhecimento. Cada nova descoberta abre caminho para diferentes perguntas e, consequen- ‘temente, estamos em permanente busca de novas respostas. © conhecimento cientifico historicamente acumulado nao é fruto de mentes brlhantes e de trabalhos individuais. Todo conhecimento cientifico é socialmente construldo. € preciso estar junto, dividir com 0 outro, dialogar, discutir as ideias, fazer perguntas, buscar informa- es € estabelecer conexdes entre elas. Dessa forma, 0 conhecimento nado se reduz a sim- ples informacées, ele desenvolve e exige habilidades importantes para a vida de qualquer pessoa que busque compreender 0 que acontece no mundo e em si mesma. £ de senso comum relacionar o termo "Ciéncia" apenas as Ciéncias da Natureza, que englobam a Biologia, a Fisica, a Quimica, a Geologia, a Astronomia, dentre outros corpos de conhecimentos trata-se de um conceito de Ciéncia iniciado no século XVII, com Ga- flew Galilei, e René Descartes, mas atualmente compreendem-se como Ciéncia também 2 Ciéncias Humanas e outras reas de Ciéncias Exatas, cada uma com suas especitici- dades. Desse modo, as Ciencias da Natureza possuer metodologias proprias e diferentes das Ciencias das areas sociais. Trata-se da busca pelo conhecimento acerca da vida e dos fend- menos da natureza, e esta seque um caminho orientado por uma metodologia da objeti- vidade, da coeréncia, da relacdo entre causa e efeito, da experimentacdo e da validacdo. A cineia moderna nao ¢ Unica explicaglo possivel da realidade e no hd sequer qualquer razio tifica para a eonsiderar melhor que as explicagGes altemativas da metafisica, da astrologia, da religito, da aris ou da poesia, A razo porque privilegiames hoje uma forma de conhecimento assente na previ- io e no controle dos fendmenos nada tem de cientifico. E um juizo de valor." Por motivos hist6ricos relacionados as disciplinas escolares, ¢ nao ao conceito contem- poraneo de Ciéncia, mantemos 0 uso recorrente de nominar a disciplina que abarca os contetidos os métodos das Ciencias da Natureza apenas por Ciencias. 2. O Ensino de Ciéncias da Natureza nos anos iniciais do Ensino Fundamental A alfabetizacao cientifica © uso do conhecimento das pessoas em seu contexto social, seja na perspectiva da line gua escrita e falada, seja nos conceitos cientificos, faz parte do processo de alfabetizacso ¢ letramento. 1 SANTOS, 8 Un dans sobre as Scie. So Paulo: Contes, 2003. IV E denominado alfabetizacao cientifica? o processo de aquisicao das competencias e habi- lidades para compreender os conceitos e os processos cientificos necessarios para a tomada de decisées pessoais e compreender, participar e interferir em assuntos sociais, politicos, econdmicos e culturais. Nessa perspectiva, Lorenzetti e Delizoicoy destacam que: 2 alfabetizacao cientitica pode e deve ser desenvolvida desde 0 inicio do proceso de eseolatizacao, ‘mesmo antes que a crianga saiba ler e escrever. Nesta perspectiva o ensino de eigneias pode se cons- tituir num potente aliado para o desenvolvimento da leitura e da escrita, uma vez que contribui para atribuir sends e significados is palavras ¢ aos discursos.” © Pacto Nacional pela Alfabetizacéo Cientifica, em suas orientacdes sobre o ensino de Ciencias da Natureza e o ciclo de alfabetizacao, menciona que [a] quando os professores alfabetizadores traballiam, desde os anos iniciais da escolntizagio, com {esse modo de pensar proprio da cigncia, possibilitam que as criangas elaborem ¢ se apropriem de eo thecimentos e desenvolvam capacidades que contribuem para sua alfabetizagio cientifiea. atividade cientifica possibilta as criangas aprimorarem seus penstmentos ¢ idcias na medida em que podem observar e eonjeeturar, assim como investigar as suas realidades, aperfeigoando suas explicagdes sobre 1s fendmenos observadas ¢ investigados.* © ensino de Ciéncias deve favorecer, portanto, o desenvohimento de competéncias im- portantes para a formacao cidada, propiciando o desenvolvimento da alfabetizacao cientl- fica, das competéncias e das habilidades. Esse processo deve ocorter por meio de metodo- logias e estrategias que permitirao aos alunos compreender e atuar sobre seu meio social, iniciando pelo seu entomo mais proximo até contemplar as questdes mais gerais. Por que ensinar Ciéncias da Natureza? Krasilchik e Marandino nos colocam as sequintes questées: Afinal, aprender Ciéacia para qué? Para ficar bem inforado? Para decidis sabre o que comer, sobre © dircito de identifiear a patemidade ou sobre levar a cabo uma gravidez de risco? Para ampliar sua vvisdo de nmundo? Para ascender cultural ¢ socialmente? Para refletir sobre as identidades eulturais que [possuimos c/ou assumimos nos grupos em que convivemos? Para eonlaccer tudo isso? Elas propdem que a educagao empenhada em uma "Ciencia para todos” deve selecionar t6picos que tenham significado para os cidadaos e possam servir de base e orientacdo para suas decisdes pessoais e sociais, principalmente as que envolvem questdes éticas. Dessa forma, 0 ensino de Ciencias inclui a compreensao do processo pelo qual o conhe- cimento cientifico € construldo. 0 ensino de Ciéncias deve favorecer, portanto, 0 desenvol- vimento de habilidades importantes para a formagao de pessoas capazes de empenhar um pensamento investigativo, critico, questionador e reflexivo. 2 Na Base Nacional Comum Curiuaaallabetizacio cena & watada come letramenta cinco, que ewolve a capaidade de compreender interpret tersformere murda, com base emapotestesics eprocessuas de cine sto &, dezeoher capacaiade de atus ne mands de maneita concn {3 LORENZETT L; DEUZOICOY, . Afabetzac centtica no context das sre ini Ensaio Pesquisa am Educacio om Gancias «3, 1, 51 lun, 2001, Deponivel em: Acessa er 0st. 2017 Vill Desse modo, compreende-se que 05 conceitos cientificos tornam-se mais com- plexos a medida em que o aluno se aprofunda em cada tema, aumentando suas interacoes com outros mediadores e volta a trabalhar sobre 0 mesmo conceito, A compreensao desse proceso de desenvolvimento e ressignificacao a longo prazo jus- tifica o ensino de Ciéncias da Natureza nos anos iniciais no Ensino Fundamental, mas nao 0 ensino pautado na definicao e transmissao de contetidos “simplificados”, € sim um ensino contextualizado, mediado e comprometido com a aprendizagem significa- tiva dos alunos. trabalho do professor como mediador pode ser extremamente desafiador, posto que este deve sair da posic3o daquele que ter conhecimentos e experiencias a comunicar para colaborar e trabalhar em equipe com o aluno. Orientacdes quanto a oralidade, ao trabalho em grupo es atividades de pesquisa ‘As atividades que fazem uso da oralidade, do trabalho em grupo e da pesquisa podem ser implementadas e ter seu uso ampliado durante as aulas de Ciencias, e fem especial no ensino por investigacao. O professor atua como facilitador no proces- 50 de mediagao quando as atividades sao devidamente planejadas e executadas para esse fim. ‘As discussdes propostas nas atividades orais tem enorme importancia no processo de ensino e aprendizagem. Para Vygotsky, 20 longo do desenvolvimento cognitive da pessoa, ha uma integracao entre fala e raciocinio pratico; a fala tem papel essencial na organizac3o das funcGes psicologicas superiores. “A fala da crianca ¢ tao importante quanto a aco para atingir um objetivo. As criancas nao ficam simplesmente falando o que elas esto fazendo; sua fala e aco fazem parte de uma mesma funcdo psicolsgica complexa, ditigida para a solugao do problema em questao.”* professor deve manter-se sempre alerta e abrir-se para uma escuta propositiva, A fala revela o conceito. Cada um expe suas ideias, com os conceitos que construiu em sua historia de vida. Conhecer esse proceso permite ao professor compreender como 0 conhecimento se constitui no pensamento de seu aluno e de si mesmo. 0s relatos orais so oportunidades de reestruturacdo do conhecimento e de socializacdo de ideias en um grupo. A troca de ideias entre colegas possibilta esclarecer conceitos & perceber aspectos que nao haviam sido notados anteriormente, Nos debates, as criancas apresentam seus pontos de vista, organizam as ideias ¢ elaborarn argumentos que serao fexpostos. Nas discusses, tem a oportunidad de experimentar um ambiente intelectual- mente estimulante 4 medida que empregam seus conhecimentos no entendimento de uma ‘questao, agregam informacdes novas ao seu repert6rio, entram em contato com pontos de vista distintos e podem reavaliar suas opinioes. Cabe ao professor favorecer a criacao de um ambiente estimulante a troca de idelas. Isso pode ser feito propondo questées desafiadoras a classe, trazendo dados que po- dem auxiliar 05 alunos a avancarem em seus conhecimentos, oferecendo condicoes para que todos possam se expressar, mostrando que as ideias do grupo serao respel- tadas. Também cabe 20 professor direcionar as discussdes para que elas frutifiquem na construcao de uma explicacao coletiva, uma sintese ou consenso a respeito do que 6 discutido. “EVYGOTSKY, LA frmagio soca da mente. Sso Paulo: Mats Fontes, 2007p. 13. © trabalho em grupo, em dupla ou com toda a classe ¢ fundamental para que 05 alunos compartilhem informacOes e pensem juntos, Nos trabalhos em grupo, os alunos entram em contato com outros pontos de vista, exercitam a argumentacao e aprendem a reconhecer as diferencas. E, se uma crianca nao capaz de realizar individual mente uma tarefa, ela se vale do apoio de um colega que se mostra mais apto naquela situa- 40, consequindo assim avancar no desenvolvimento de habilidades e na aquisicao de conhecimento. As interacdes que surgem dos trabalhos em grupo propiciam a ativacdo e a reorganiza- «20 dos conhecimentos que os alunos ja possuem e a ctiacao de novos significados, como afirmam Moran e Masetto sobre os trabalhos e din&micas realizadas em grupo: eexigem um envolvimento pessoal maior com as propria atividades, eom 0 estudo € a pesquisa indivi-

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