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Tentdculos da violéncia Todo ato violento envolve um emissor um receptor que frequentemente alternam as posi¢5es A REALIDADE VIRTUAL GANHA ESPACO NO TRATAMENTO CLINICO Relagées modernas Nas novas configuracdes familiares, os perfis de mae e pai ndo seguem mais ‘apenas a convencdo de cuidadora e provedor 0.0 Wie: = CONGRESSO q ERAN to)i)= NOI PSIQUIATRIA DE eM DIRETRIZES PARA UM (24) (24) MODELO DE ASSISTENCIA yw PSIQUIATRICA NO BRASIL, ISSO E POSSIVEL? 17 A 20 OUTUBRO DE 2018 PUBLICO ALVO Psiquiatras eee Cee eet) eee ee ete ere ee es doe seis EL RC ng fOc Win O editorial Quest6es modernas _ em familia e na Sociedade 5 novas configuragées de familia trazem desafios de lidar com realidades distintas e multiplicidade de amores, Nas relagSes atuais € comum encontrarmos recasamentos, unides homoafetivas, paternidade Ciucia Viola editora ‘ou maternidade socioafetivas, meio-inmaos convivendo na mesma casa & até casais que optam por nao morar sob mesmo teto. O modelo familiar com aquele arranjo tradici nal formado por um pai, uma mae e seus respectivos filhos € cada vez mais raro nos lares liares que desafiam a flexibilidade e a eriatividade de seus integrantes. Base fenomeno divide especi digo da Psique, “para alguns estudiosos a familia atual esti mais s6lida do que mun profissional estavel,a familia se torou hoje o tinico referencial eo tinico lugar onde fear, repo apenas de reagées sintomaticas a uma crise profunda da familia moderna’ A que: assim como os cuidados ditos “matemnos” também passaram pelo mesmo processo € se misturaram com as fungSes paternas. Segundo a referéncia a teoria de Winnicott apresentada no artigo, “os homens (tanto heterossexuais como homossexuais) esto cada vez mais participantes dos primeiros contatos com o bebe, como coparticipan- im seu lugar surgem novas configuragties fami as. Como descreve 0 artigo sobre o tema nesta ser compreendido. Para outros, muito pelo contriio, trata-se si central do Dossié debate como familia na atualidade se reinventou, tes das atividades antes consideradas apenas atributos femininos. Na medida em que esse proceso se di, podemos falar de pais “suficientemente bons”. Nesse sentido, nilo ha mais papéis matemnos e paternos tio bem definidos. Ssse conceito de definiclo também é abordado em outro artigo desta edigio, mas de forma oposta. O foco neste texto € a intolerdncia pela falta de definiglo e a pres- so vivenciada por sempre ter que escolher uma posigao. E facil perceber como, no mundo modero, “ precisam optar por um la 1 cor preferida ne o autor. Esse censtio ¢ gerador de angristia exponencial, uma condig4o inerente ao ser humano. a morte, Porém, que de angiistia nao afete nosso equilfbrio emocional? O fato € que a incerteza que nos angu cada vez mais intensa a cobranga de uma atitude, ou seja, lo, o partido politico, a ideolo sntagio sexual e por ai v desde a sensagio de nascer até a consta medid 6 a mesma que nos impulsiona a viver. Uma provocagio a nossa liberdade para driblarmos e irmos mais além do que somos ¢ nos sentirmos parte integrante de uma familia e da sociedade. Boa leitural Giléucia Viola xxv com/ Perel spacdeSaber “Eseolher € exeluin” Henri Bergson Exigéncia das escolhas A angistia de ter de tomar partido como resposta a pressio da sociedade modema MATERIAS Contribuicdo muitua Nise da Silveira e Carl Jung usaram mandalas no trabalho terapéutico e buscaram respostas cientificas na arte Dois pesos, uma medida ENTREVISTA te 56 oft inci A humanidade sempre viveu Tipsy a guerras que resultaram em Tt vencedores e derrotados, apenas para os vencidos houve o registro da violencia do Amaral avalia a composigao da mente como influéncia do ambiente Formato em estudo SEGOES 06 EM CAMPO. 48 PSICOPOSITIVA 20 PSICOPEDAGOGIA 221N FOCO 32, COACHING 34 LIVROS 50 CIBERPSICOLOGIA 52 NEUROCIENCIA, 54 RECURSOS HUMANOS 64DIVA LITERARIO Com a realidade via internet ganhando cada vez mais espaco, torna-se necessério debater de forma critica a priitica do atendimento clinico on-line DOsSIE: NOVAS FACES DA MATERNAGEM 66 CINEMA 70 PERFIL, As fungées de mie e pai sofrem 80 EMCONTATO. grandes transformagées em seus perfis a partir das novas e diversas, configuragées familiares 82 PSIQUIATRIA FORE! giro escala IMMANUEL KANT E A MODERNIDADE REVISTA FILOSOFIA - EDICAO 137 “Kant e as bases para a Modernidade” 0 titulo de na edigio 137 da revista Filosofia. A analise parte de na obra do filosofo: considerar as ciéneias, como Mat modelos de conhecimento construir uma sélida eritica a razio por meio de suas obras. Essas, sem diivida, so importantes contribuigdes de Immanuel Kant para 1 consolidagio da Modernidade, Ao se buscar um entendimento desse proces 0, especialmente no que se refere & teoria do conhecimento, é fundamental uma bordagem da imensa contribuigao que o prussiano deixou para 2 humanidade Vale destacar que foi em Kant, por cujo questionamento I6gico-transcenden- tal, a teoria do conhecimento atingiu pela primeira vez consciéneia de si mesma. A obra kantiana € extremamente complexa. Ele discriminava trés faculdades da ‘mente humana: conheeer, julgar, querer, pois a sua preocupacio estava em com- preender todo o processo do conhecimento humano ¢ como este inlui no cotidi no. Nao é possivelsimplesmente dividir a obra kantiana para que se possa abordar tum aspecto que pareca relevante. Isso, certamente, firs sejalimitada, parcial e incorreta. O trabalho desse fl6sofo se d nessas trés verten- tes e sob elas é que deve ser interpretado. m dos artigos publicados 1m elemento importante tien e a Fisica, como com que a interpretacio INFLUENCIAS DA ENSINO ee arte. COLONIZACAO DO BRASIL Erm educa REVISTA ARTE-EDUCA - EDICAO 18 A revista Arte-Educa tem como caracteristica buscar informar e educar, sem- pre apresentando um viés lidico que, certamente, facilita atrai mais 0s jovens. A edigao 18 aborda, entre outros temas, a colonizacio brasileira pelos portugueses. A publicagfo fala sobre um video, produzido pela ‘TV Escola, com encenagdes € narrativas que remontam as mazelas e caracteristieas do Brasil colonial, inserindo © telespectador nesse contexto sociocultural de séculos atrés, criando elementos para uma anilise comparativa e eriticn de se No material ficam evidentes, entre outros aspectos, a origem da arquitetura brasileira, os costumes e movimentos que marcaram a producao artistica no pe riodo da colonizagdo do Brasil. A sinopse do video explica que as novas terras descobertas por Cabral, além de terem a dimensfo desconhecida, eram distantes € diffceis de manter. Portugal tentava povoar a regio antes que outros paises © fizessem, mas a maioria dos portugueses que moravam por aqui era de néufragos, des nem ordem, como na Europa. A revista aconselha a utilizar como apoio projetos ¢ atividades que envolvam o tema e, prineipalmente, como ausilio ao progrs promovido no Colégio Marista Arquidiocesano, de So Paulo. jempo, 10 existiam leis, ertores ¢ degredados, Os h iportalinsneridacom br Poe cnet 5 SONO E SAUDE CICLO TROCADO, RISCO AUMENTADO. Estudo com cerca de meio milhio de pessoas no Reino Unido mostrou que individuos noturnos (que se deitam tarde ¢, consequentemente, tém mais difi culdade em levantar de manha) tm um risco 14% maior de morte precoce do que os dinrnos. A descoberta é de cientistas da Northwestern Medicine © da Universidade de Suerey Os pesquisidores encontra taxas mai tas de diabetes, distirbios psico- logicos ¢ neurolégicos nos individuos noturnos ¢ também levantaram questées para serem dis ter ambos um peso importante no comportamento dessas pessoas, seria neces- sirio que empresas e institu tidas pela sociedade. Uma vez que genética e ambiente parecer fossem mais flexiveis em seus horirios para acolhé-las, Essas pessoas também precisariam de ausilio para se torn ‘mo possivel de um individuo matinal/diurno, garamtindo sua exposigio a luz de vite, sineronizando seu ritmo hiolégico com o sol, dizem 08 cientistas No que diz respeito & tendéncia inata para habitos noturnos desses in: 05, nfio se sabe ainda quais comportamentos seriam os grandes reforcadores de sa condigio (alimentacio inadequada e em horirios inadequados, atividade de- ais noite, exe) cos de mais ou de menos, uso de alcool e outras subs- tdncias). A exposiedo inadequada a luz artificial & noite, no entanto, é consenso centre especialistas, con! como fitor crucial de um ciclo atrasado de sono. Pana SABER MAIS: Kristen L. Knutson, Malcolm von Schantz. Associations between chronotype, morbidity and mortality in the UK Biobank cohort. Chrvarbiology hnternational, 2018; 1 DOK: 10.1080 /07420528.2018.1454458, 6 pig ici por Jussara Goyano AINDA 0 SONO Estudos anteriores verificaram que pessoas com diabetes tipo 2 ¢ hibitos noturnos sio mais propensas a cexperimentar os sintomas da depressio, de acordo com o divulgado em encontro anual da Endocrine Society (EUA), em 2017, Outro evento, desta vex da Associated Professional 8 “p Sucteties, divulgou achados relacionando propensio ao sedentarismo e ciclo de sono atrasado, FATOR PARA ALZHEIMER Um pequeno estado realizado recentemente com 20 individuos pelo National Institutes of Health, nos BUA, oN, por sual vez, que basta uma noite de sono perdida para aumentar © risco de Alzheimer, Apenas uma noite mal dormida levou partic! tes da pesquisa a um aumento imediato de proteina beta-amiloide no eérebro, material cujo actimulo em placas é associndo & doenga. womportalspreoabersombr ATIVIDADE LIMITADA O QUE ACON’ COM NOSSOS NEURONIOS QUANDO A MEMORIA OPERACIONAL FALHA. Por que precisamos de agenda € de foco dire- cionado para cada atividade? Porque o dia a dia nos ‘mostra que nem todas as informagées necessirias para o cumprimento de tarefis podem ser mantidas conscientemente em destaque,facilmente acessiveis cem nossa meméria. Nem 0 processamento de mit plas informagdes em uma atividade ¢ ilimitado. ‘Tais constatagdes sobre nossa “meméria operacional” sto evidentes tem nosso eotidiano, porém — OFF ON fa maneira como 0 cérebro a Tinvita ainda era uma inedgnita. Gientistas do MIT © da Universidade de Princeton, no entan- to, chegaram a conclusio de que (© que ocorre com nossas redes neurais € uma perda de sineronia de ondas cerebrais que impede a comuni- cagio entre regides- -chave do. processa- mento cognitive, como © cérlex — pré-frontal (PFO), os campos oculares frontais (FEF) © a area intraparietal lateral (PIL), (Os pesquisidores relacionam, contudo, apesar da Fimitagao intrinseca, o nivel de inteligéneia do individuo com certa variabilidade na capacidade de processamento conseiente de informagies. ‘Tal des- coberta mostra, ainda, a rizaio pela qual, na prese de certos distirbios psiquidtricos, 0 sujeito tem essa capacidade afetada, As reas envolvidas sofieriam os ‘mesmos efeitos notados nos casos em que a carga de ‘meméria operacional requisitada se torna excessiva Para SaneR Mats Dimitris A. Pinotsis, Timothy J. Buschman, Earl K, Miller. Working memory load modulates neuronal coupling. Cerebral Cortex, 2018; DOL 10.1093/cereor/bhy065 nportlpacodoabet com. GANHOS DURADOUROS EFEITOS DA MEDITACAO PERSISTEM ATE SETE ANOS DEPOIS DE PERIODO DE PRATICA INTENSIVA (Os ganhos na capacidade de manter a atengio obtidos por meio de treinamento intensive de meditagio sto mantidos até sete anos de- pois do periodo de treino, de acordo com um novo estndo publicado no Journal of Cognitce Enhancement. A pesquisa & ligad a0 Projeto 3s cognitivos, psicol6gicos e biologi- os da meditagio, na Universidade da Cairn, em Davis (EU). liados em trés meses de medi- de sessies de meditagio em grupo a individual por cerea de seis horas, diariamente. Imediatamente apés o periodo intensivo, mostra- ram ¢ relataram melhoris ni aten ena capacidade de lidar com o estresse Pesquisadores acompanharam os participantes aos 6 © aos 18 meses do treinamento, chegando na avaliaglo apds sete anos da experiéncias. Apenas 40 participantes fizeram parte dessa titima ava Tiago e todos relataram ter praticado meditagio por 1 hora/dia, em tagiio intensiva. El duas vezes ao dia e se dedicaras tar psicol6gico geral média, a0 longo dos iltimos sete anos, Pana saper waist Anthony P. Zanesco, Brandon G. King, Katherine A. Maclean, Clifford D. Savon. Cognitive aging and long-term maintenance of attentional improvements following meditation training. Jounal of Coxzitive Esthancement, 2018; DOK: 10.1007/s41465-018-0068-1 Lussara Goyano é jorasae coach ceticada pelo rsiuto de Psicologia Postiva (PPC) E-malt atencimentoajussaragoyano.com g Pig ctcinvila 7 ¥ VASCO MANUEL MARTINS DO AMARAL, DE RECOMPENSA Por Luc estudo do cérebro, ao longo dos anos, sempre foi conside- rado um desafio entre os es- pecialistas, ao mesmo tempo que desperta fascinio por suas virias pos sibilidades. Os intimeros ¢ inquestionaveis avangos, conquistados nos tiltimos anos, servem para que, cada vez mais, se conhega © 0 funcionamento dessa em profiundida maquina inerivel. © professor de Neurociéne uel Martins do Amaral revela que 0 reas em prontidio © apoio entre si, interagindo pel sidades ou solicitagdes externas ou inter nas. “As principais envolvem os sentidos, 08 sentimentos, a cogni da mente do sujeito, le sider: Vasco Ma cérebro mantém € a formagio ndo-se em con- ‘os neurotransmissores envol vidos no estado de vigflia e os sistemas de con; ncia, ou seja, dependendo da Lucas Vosques¢ jal 8 pig ici Para o professor de Neurociéncia Vasco Manuel Martins do Amaral, a interagao com os estimulos dos sentidos e as reagdes emocionais culturais irao compor a mente do sujeito ss Vasques, solicitagio, areas mais baisas como o bul: bo © a ponte, o sistema kimbico fingdes especializadas no neocértex se intercalam ou se conjugam”, explica O especialista faz um aler ‘No que se refere fis linhas de pesqu fica, é prudente manter a es nao definir como verdade eterna sa cienti eranga € ma descoberta, assim como em nao haver progressiio em determi. nada drea. A hist nos mostra que © tempo e as pessoas mudam e ampliam 8 conhecimentos”, co M uel Martins do Amaral é de Hu- professor de Neurociéncia Peda g6gica © Psicomotricidade e participou do livro Que esse que Chegou & Excola?, publicado pela Wak Editora. Ele aborda esses outros temas ri mestre ncia da Moti ma icionados ao cérebro em entrevista para a Psique. woman. Estup0 Do CéREBRO VEN CONQUISEAN- DO, AO LONGO DOS CLTIMOS ANOS, CADA VIZ, MAIS AVANCOS, ISPECIALME aeio pA Netoctxers. Hore, 0 ott AINDA & MISTERIO NO CEREKO, OU SEA, 0 (QUE PALA PARA SER CONHTECIDO E QUIS (08 PRINCIPAIS AVANCOS OFTIDOS? ‘Vasco Manvet. Marmins Do AMaat: Ak gumas relagSes entre dreas ainda passam por estudos para confirmacio ¢ aprofim- damentos, principalmente pelas intera- «Ges das reas associativas, os hemislérios € 0s nivets de plasticidade neuronal Tam- ‘bém as nenroglias, clulas importantes na protegio © alimentagio. dos neur6nios, segundo algumas pesquisas, podem atnar ‘ma comunicagio dos estimulos no sistema nervow central re FOR © eésebromantém suas Areas em prontidio e apoio entre si interigindo pe- las necessidades on solicitagées externas om internas. As principais envolvem os sentidos, 6s sentimentos, a cognigio e 2 formagio da mente do sujet, levando-se em con- sideragio 0s neurotransmissores envolvie dos no estado de vigiia ¢ os sistemas de consciéneia, ou seja, dependendo da soli- citagio, freas mais baixas como o builbo € 8 ponte, o sistema limbico ¢ fangs es- pecializadas no neoe6rtex se intercalam co se conjugam SEGUNDO A LITERATURA, UM DOS FRINGE PMS MISTIHIOS DA NATUREZA AINDA NA MENTE DAS PESSOAS, Como 0 CEREBRO HUMANO GERA A CONSCIENCIA E COMO ARTICULA A CONCERGAO DE MUNDO DE capa Pessoa? Iver QUE DIZ QUE NUNC: SAVER EXNTAMENTE COMO © CEREBRO HU- ‘IVE, TEM UMA LINHA VAI SE CONSEGUIR MANO GERA A CONSCIENCIA. COMO SE FO- SICIONA EM RELAGNO A 18807 Avianats No que se relere as linhas de pesquisa cientfica, € prudente manter 1 esperanga € no definir como verdade eterna uma descoberta, assim como no ser incisivo em no haver progressio em determinada frea, A histOria nos mostra que 0 tempo € as pessoas mudam e am- pliam os conhecimentos 10 igus No que se refere as linhas de pesquisa cientifica, é prudente néo definir como verdade eterna uma descoberta, assim como nd ser inctstvo em ndo haver progressdo em determinada Grea mo a0 que se refere A consci Qu cia © & mente, nos seres humanos, po- demos afirmar que 0 cérebro aprende fem reas diferentes com os estimnlos do ambiente, que aspectos culturais € bases _genéticas podem potencializar cou restringir habilidades. O e6rtex pré- -frontal, envolvido, principalmente, com a cognigiio social, meméria, julgamento € claboragies, recebe informagées dos sentidos, andigio, visio, tato, andigio, paladar ¢ olfato, diserimina, relaciona & ormaliza pelo sistema de éxito ¢ frustra- <0, conjugando-se assim com o sistema limbico, amigdala cerebral ¢ © lobo insula, Com isso, os eddigos de palavras do. sujeitopromovem as organizagies dos pensamentos, visto que © penst- mento € verbal. O mangjo da mente & ue difere entre os sujeitos, j% que uns Slo biologicamente mais dominantes, nos sistemas dos mamiferos. HX Mexos pe 30 Nos, 48 Netrociin- IAS NK ESTUDAVAM AS EMOQOES NEM eNcIA. Hoge, At TNICOS QUE ACREDITAM QUE NIO & POS VEL ESTUDAL A CONSCH rELO ViES DENSA CIENCIAT F, possivel. SABER COMO NASCE A MEN' HUMANA? A PARTIR DE QUE FATORES? Aaiveat: Mut coisas foram esclarecidas nas ditimas décadas, prineipalmente nas vitimas de guerra, acidentes automobili 00s, vik primates, Areas extirpadas on comprome- tidas por acidentes, dos mais diversos, ex- luiram ou limitaram fangSes, mas muitas cia urbana © em pesquisas com, foram revertidas com estimulos que possi- bilitaram a neuroplasticidade. Complementando as colocagies: na abordagem anterior, descendemos de tum sistema evolutivo filogenético erite- oso, no qual a selego dos mais eapavzes ‘manteve o melhor do eérebro de recom pens ou €xito, formado pelo neooditex ¢ especialmente pela capacidade de ver- halizagio, em que nosso complexo fin- guistico possibiliton as expresses sobre ‘o abstrato, Isso também esti refletido no desenvolvimento ontogenético, quando, principalmente, aps 0 naseimento, a (© cerebro manic suas cas em prontidso e apoio ene s.nteragindo plas necossdades ou sollctacées externas cuinleras mpi. comm interagio com os estimulos dos sentidos a8 reagies emocionais culturais irio compor a mente do st esti rehicionado. 90 ito, Isso também smperamento do individuo, Observando gémeos, percebe~ mos que © comportamento de cada um difere em vias mais dominantes on mais passivas, feigves e dlusive pereebido expresses facia, Experiments de John Watson com Debs, na linha behaviorista, mostraram mndangas de comportamento © pers0- nalidade induzidas por estimutos na mais tenra idade, Sajeitos de umm localidade ow ambien- te aspiragdes, vocabulirio, estruturas, fami Tiares, preferéncia musical, gistronomia € vestnirio, tipicos daquela regio, Essas rmentes foram formalizadas, porém nio podemos generalizar, visto que certos in- dlividuos nio si pelo set ambiente, principalmente se tive- rem acesso 2 outras cultura. ural tendem a apresentar gestos, influenciados totalmente AcREDITA QUE A FORMA COMO AS PES SOAS, ESPECIALMENTE AS CRIANGAS, LE DAM COM 4 INTERNET f SUAS FOSSIILE DADES PODE ALTERAR DE ALGUMA FORMA © CERERO HUMANO? EM CASO POSITIVO, DDE QUE MANEIRA? Ae: O eérebro modifica e forma uma nova referdncia sempre que ocore um. apren individuo apresenta novo comportamento, Com relagio & interne, # maneira como a crianga lida com o ambiente virtual depen- de principalmente das orientagies e refle- xo do seu grupo familiar € social. Vai depender se 2 familia on os pares, no convivio social, interagem nesse am Diente de maneira extremamente fitil ow se interagy comportamento da crianga, provav izado. Surgindo nova referéncia, © com aasauntos relevantes, O. te, refletins as influéncias Ao compararmos criangas de Epocas internet com as atuais veremos que anteriormente ocor ria mais contato social fisico, assim como atividades que envolviam agSes conere- tas, bringuedos que tinham que ser to- niportlsinneidacom br oe (Os conigos de pleas promovem orparizacio dos pensatrertos. visto que operzarento ¢ verbal Areas extirpadas ou comprometidas por acidentes, dos mats diversos, excluiram ou limitaram fungées, mas muttas foram revertidas com estimulos que possibilitaram a neuroplasticidade cados, empurrados, cuidados para iio quebrarem, E Tevantavam, mudavam de diregio, com- paravam, debatiam ¢ construjam muitas vezes 08 brinquedos. Iso niio desmerece as oportunidades a potencializagdo intelectual das criangas dda em da internet. Foi modificada a forma de interagir com o ambiente. Prasticipane [NEURONAL SAO A MESMA COIS\? Se POREM. DIFERENTES, QUMIS SAO_AS DIFERENGAS, 0 QUE SAO E COMO FUNCIONAM? AMARAL significado. As duas formas se referem NBURAL B PLASNIDADE Sim, compartilham mesmo roplasticidade, on seja, novas cone- x0es, ressignificaglo e reorganizacio de interagdes entre fre Grupos de neurdnios formam novs co nexies, alterando a estraturafisiea do c& rebro e do estado mental do sujeito ¢ con: sequentemente o seu comportamento, 0 QUE ENTENDE POR COGNICAO E-TAREFAS Ccocnmvas? Antti Cognigio, termo eitado ¢ origi nado nos documentos escritos por Patio © Arists comhecimento, envolvendo atengio, per- cepsiio, meméria, raciocinio, cleo, jul- gamento, juizo, imag les, rofere-se 20 processo do uico, pensamento vias do discurso. A fala © 08 movimentos vol atarios envolvem processos cognitivos que man- tém on desviam o curso das int © eérebro do Homo sapiens atingiw uma potencialidade de extrema comple- xidade, possbilitando & raga humana ele- var seu potencial de atividades laborais ¢ ivas nm nivel muito mais alto que qualquer ser no nosso planeta consegue. Somos exprazes de explorar além das fron- teiras da ‘Terra, Mesmo tendo essa gama de destre- itimas das degeneragies causadas pelo envelhecimento ou pelos fem nossa jornada as, somos limites dos estimulo durante a vida. As tarols cognitivas, conforme a de do individuo, devem apresentar io com as competéncins para atingirem seus objetivos, evi sistemas de frustragio. Quanto mais efi- cigncia, maior @ antoestima do. sujeito, ampliando os niveis de serotonina, ace- tilcolina e dopaminsa, mantendo 0 estado das claboragdes mais rapidamente ¢ agre- gando mais éxito. 8 08 40 anos, alteragSes nos con- um gradativa- ‘mente, levando a limitagies nas tarefas de indo, principalmente, juntos hormonais de monitoramento, compreensio © decisio, Jogos de racio cemvolvin lo. com lenupias octipacionais rediizem 0 decinio eognitiv. ser HUMANO TEM UMA CAM\CIDAE DE PLANEJAMENTO QUE 0 DIFERE DE TODOS 0 OUTROS. ANIMAS. QUAIS OS. COMPONEN- TES DO CEREBRO HUMANO QUE, ASSEGU- RAM ESSA PROPRIEDADE? pete ciecintvita 11 Avante O ebrtex préffontal 60 ambiew nejos cognitivos, 0 ambiente responsivel pela meméria, pelos recursos para julgamento © a esta sozinho nessa competéncia. Precisa receber informagies de éxito, advindas das ‘vis captadoras do ambiente externo, fizer Ccomparagées continnamente com os &xi- te dos sc, porsm ele no tos frustragies retidos pela memaéria No cértex limbico, 0 hipocampo pro- move a formalizagio da aprendizagem no Jobo prérontal © c&REDRO HUMANO & DIMDIDO EM DOS HeMMSF#R0S. COMO ANBOS S30 CONST TUIDOS F © QUE SE SABE DE NOVIDADE EM. AGAO A SUAS ATRIBUIGOE Avior als Nas dltimas décadas foram rea lizadas pesquisas sobre 0 comportamen- to € fangées dos hemisférios cercbrais, esquerdo e direito, sendo ambos ligados pelo corpo caloso e sus comissunas. Pes- quisadores descobriram que os hemisté- ios cerebrais processam a i prmagies de maneira diferente. O hemisfério es- querdo process, principalmente, ativi- dades racionais e analiticas. Nele estio envolvidas a elaboragio da linguagem, a > da escrta, as organizagies mat ticas, 0 raciocinio ligico, a proj da comunicagio digital ete, Voltado prin- © cortx pre-roll ewolvio com cogni il memoria. juigamentoe ea Descendemos de um sistema evolutivo Silogenético criterioso, em que a selegéo dos mats capazes manteve o melhor do cérebro de recompensa ou éxito formado pelo neocortex cipalmente pelo processumento da infor _magiio em sequéneas ou em série, seguin- do um padrio temporal © hemistério dircito esti rdacionado com a compreensio da linguagem, ativ- dades holistic intigo, intese, interpretagio musical, ges- tos inconseientes. B especializado ne tnt mento da informgio, Envolvendo peinct palmen nsoriis, emociomas, conjuntos para integrar partes do io para a maior parte das tures visuais,espacitis € de melodias rmusicais, Atnalmente, estudos continua fnvestigando outras fangBes em cada he- rmisrioe a interagdes entre ambos. todo, trata a inform ra Fformacdes dos sentidos. audio, visio, ato. auciczo, palace ofato 12 igus E TICIDADE. DO CEREBRO? QUAI SERIAME Avanals Existem diversas possibilidades de promogao da neurophisticidade, Essis ativagdes devem solictar reas © hemis- ferios conjugadumes oportunizando que a mais desenvolvida se envolva com a menos capaci ida, ou prejudicada, for- mando novas napses enlre os nett dessas Areas, como, por exemplo, wma atividade manual de p cultura, ouvindo perguntas sobre contas smatemticas. Andar sobre uma Kha rea sur OW es: pintada no chiio, tentando colocar em ordem, os seus respectivos naipes, um baralho de cartas embaralhadas. Ewa aL, Exist DE ESTIMULAGKO CEREBRAL QUE PODE FA- 28K REGREDIR. SINTOMAS DA. DOENCA DE Parkivson. Como e880 CIRURGIA? Avianats Nao somente em Portugal. O Brasil também apresenta esses mesmos recursos. A doenga de Parkinson & uma doenga degenerativa que acomete cerca SS CENTRO, Como Eat Post A PRATICA DE UMA CIRURGIA de 200 mil pessoas no Brasil. Os princi- pais sintomas do paciente com Parkinson so: tremores, movimentos lentos, rigi dez, muscular ¢ alteragSes no equilibro. A maior parte dos casos tem resposta favorivel as aplicagies medic principalmente com a dopamina, Com a progressio da doenga a eficicia das me- dicagSes tende a diminuir, ow os efeitos colaterais devide a0 uso intensive desses medicamentos podem alterar a qualidade de vida dos portadores. A cirurgia pro- porciona.a estimulagio cerebral profunda, [Nesses casos, téenicas de eirurgia para estimulagio cerebral profinda podem igerar uma altemativa segura e eficaz em casos especificos. © procedimento fixa dois eletrodos de um gerador de estimulos na estimulada, Um pequeno dispositivo tam- bam é implantado nia regio da claviculs sob a pele. Os impulsos elétricos seguem por um fio até a regito do eérebro, onde locorre a descarga elétriea pelos eletrodos, mentosas, fazendo 0 bloqueio dos impulsos nervo- woman. sos que causa os sintomas da docnga. O maior objetivo da eirurgia & methorar a «qualidade de vida do paciente, diminuindo aa gravidade dos sintomas motores ¢ redu- it a8 medicagSes. Apenas 10% de todos lores de doenga de Parkinson 05 port tém indicago para esse procedimento, Bs CIRURGIA PODE SER CHL, PARA OU TRAS DOENGAS? Um procedimento parecido & {eito em pessoas com epilepsia. Diversas estruturas cerebrais receberam uma esti ‘mulagio programada, independentemente de © paciente AMARAt bes. Hi evi de 15% 4 30% ma frequéincia das conv ses ps a est ilacio, durante wm a trés meses, Porém no hi evidéneias de que lagio produat um impacto significativo na exting%o das convulsBes. A. PSTIMULAGKO CEREBRAL PROFUNDA DE, POR EXEMPLO? Awaeat: Akgumas pesquisas com ratos posteriormente em humanos apresenta- ram quadros subjetivos de melbora, porém. m estudos a qualidade de vida do paciente, visto que custo-ber em rehigio ao bem-estar do individu, por cenquanto, no foi totalmente definido. ainda es EXERCIcIos MENTS FODEM PRODUZIR f= NeFoIOS HSICOS, INTE LAGAO A COMUNICAGAO INTRAPESSOAL. INTERPESSOAL? SCTUNS E EM Rt Aves Os exercieins mentas podem ser benéficos para a sate do individuo quan- do envolvem meditagio. © organizagio mental, Pessoas que praticam meditagio ou esto envolvidas com filosofias orien: tais, geralmente, conjugam atividades isi eas envolvendo equilibrio © controle dos movimentos, autopereepeio, ampliam 0 convivio social, eleva: Sass priticas desenvolvem a joestima ¢, consequentemente, beneficiam a interago intra e interpessoal © QUE SE PODE FAZER PARA PREVENIR DO- ENGAS NEUROLOGICAS? niportlsinneidacom br a recs ‘Ao chsarvarmos gémeos é possival perceher que.o compartamento de cada um difere em dominates ou mais pasivas, inclusive na felcbes eexpressbes faciais Anant: Aatividade ise moderads, geral- ‘mente, é muito indicada, Se aliada A prtica dla meditagiio e interages sociais com dane te misica, possibilita a elevagio dos niveis de serotonina e dopamina, principalmente Esses neurotransmissores sio primondiais para a sade do oérebro e da mente. EN SUA OFINIKO, 4 VIDA MODERNA FACT TA.0 SURGIMENTO DE. DOENCAS NEUIROLO- GICAS EXISTE UME INIMIGO PARA 0 HOM FUNCIONAMENTO DO CEREDRO? Ancarat: Na sa, individuos que vivem em ambientes inka percepaio © pescui- turbanos com altos niveis de Iriinsito cadtico ¢ deslocamentos longos para o trabalho spresentam niveis de es- iléncia, Grupos de neurénios Jormam novas conexoes, alterando a estrutura fistca do cérebro e do estado mental do sujetto e consequentemente 0 seu comportamento tresse clevadissimos, causando tnanstor- ‘nos no comportamento € no trato mental Com isso 08 niveis de seroton dopamina caem, formando tum qnadro de ansiedade e depressio que por sia vez v0 interferir na qualidade do sono do sujeit, Paraelo a isso, 0 cortisol, em mi dos e constantes, promove a queda do sis- tema imunolégico, potencializando 0 qua- dro ansiedade e depressio. A qualidade na alimentagio também d predominam os produtos industralizados, ricos em sido, elevando a pressio arte- vis eleva lescjar, pois rial, eriando um quadko clinieo de rotina de consult6rios e medicamentos Existe MUTTS EXPECTATIVA EM RELACAO AS INTERFACES DE MAQUINAS CEREBRAIS, ISS0 PROCEDE, OU SEA, f POSSIVEL. PENSAR QUE HAVERA UMA LIGAGHO DIRE REDRO EAS MAQUINAS? Anant: Ja existem préteses que respon- ENTRE 0 CE dem aos comandos das dreas pré-motoras ce motoras, assim como implantes que pro- piciam a audigio em individuos surdos, [BSS INTERFACE IDEAL DE MAQUINAS CERE DBRAIS SERA IWVASIVA? Algumas certamente, outras Slo capaves de re Amanat x informagées das ondas cerebr recursos mdimenta- Fes, por enquanto. eo Peipecincinvitn 13 b 3 HISTORIA SINCRONICIDADE ENTRE NISE EJUNG O trabalho da médica e do psiquiatra teve contribuicéo mutua como um importante passo para que novos pesquisadores buscassem respostas cientificas para as semelhancas, psiquicas e artisticas encontro da médi- ca psiquiatra bra- sileira dra, Nise da Silveira (1903- 1999) com o psi- coterapeuta suiso Carl Gustav Jung (1875-1961), certamente, é um dos maiores acontecimentos da histéria da Psicologia. As semelhancas per- cebidas entre os trabalhos realizados por seus pacientes, no campo das ar- tes, revelaram 20 mundo um exemplo do fendmeno, denominado por Jung, como sincronicidade, conforme ele apresentou em um de seus livros, que foi titulado com esse nome. Sobre- tudo esse caso ocorrido entre a dra, Nise eo dr. Jung, ou seja, entre esses dois grandes nomes da Psiquiatria, infere que, nos tempos atuais, no apenas a Psicologia, mas também ou- tras ciéneias, estude tal fenémeno. Por Daniel Lascani Muito antes de conhecer Carl G. Jung, Nise da Silveira ja era uma médica genial. Foi uma das primeiras mulheres médicas do Brasil. Todavia, destacou- se por suas metodologias inovadoras de trabalho, voltadas para o campo da arte, Em sua posigio, ignorou tratamentos com eletrochoques, lobotomias e outras formas violentas de tratamento pratica das naguela época, para cuidar de seus pacientes, de maneira alternativa, com 0 uso de desenhos, esculturas e pinturas. Dessa forma, inovou e quebrou para- digmas com uma nova pritica de terapia ocupacional que, além de ter mudado a vida de milhares de internos, revolucio- now a relagio entre paciente e médico. Nise da Silveira 'm pouco tempo, Nise transformou /o hospital psiquidtrico em que tra- balhavaem um verdadeiro atelié dearte, ariel Lascan 6 jonslsta,publatérin pés-greduado ern Psicologia Aralfica (PCI leader coach seit ‘coach do BC -Instuto Bras de Coaching: coauter do uro O mypacto co Caschingno Daa 14 igus trazendo-lhe uma energia inovadora nnunea vista antes. Sua linha de terapia revelou verdadeiros artistas, inclusive alguns deles reconhecidos i nalmente, tal como o pintor Fernando Diniz, que foi seu paciente, Sua facanha iniciou-se a partir de 1946, no Centro Psiquitrico Nacional Pedro 1, no bairro Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Ap6s alguns anos de muita resisténcia aos métodos vio- lentos, Nise conseguiu fundar, nessa mesma instituiga0, a Sessio de Tera- péutica Ocupacional, Posteriormente, ‘© mesmo trabalho revolucionario, com as mesmas priticas, também se repetiu na Casa das Palmeiras, em Botafogo, também no Rio. Dessa vez, com foco em reabilitagdo de antigos pacientes, através da mesma metodologia, visando © desenvolvimento da livre expressio artistica e da eriatividade. Esse trabalho de Nise da Silveira,an- tes mesmo de sua segunda fase, na Casa das Palmeiras, resultou na fundagéo, em 1952, do Museu de Imagens do Incons- woman. we HISTORIA Muto antes de conhecer Cal G, Jung. Nise d= Seva ja era uma médica genial Fo\ uma das Drimeras muberes medicas do Brasil ciente, no Rio de Janeiro, justamente no bairro Engenho de Dentro, onde tudo comesou. Atualmente, 0 muse apre- senta milhares de obras de arte que fo- ram produridas em todo o perfodo em que seus pacientes trabalbaram com pinturas e modelagens. A soma de todos esses trabalhos gerou um acervo nunca visto e imaginado anteriormente na his- t6ria da Psiquiatria, Muitas dessas obras si mandalas, em formatos variados. Fato este que levou Nise da Silveira a co- nhecer Carl Gustav Jung. Carl G. Jung D: forma aparente, Nise conheceu trabalho de Jung com mandalas desenhadas por seus pacientes, na Sui- ‘ca, muitos deles esquizofrénicos. E per- eben essa relagie de sincronicidade, em 1954, queria confirmar se os dese- nhos dos pacientes dele também eram ‘mandalas, assim como as que foram de- senhadas por seus pacientes no Brasil. 16 pique cine Nise inovou e quebrou paradigmas com uma nova pratica de terapia ocupacional, que, além de ter mudado a vida de milhares de internos, revolucionou a relagao entre paciente e médico Rapidamente Nise escreve uma carta ppara Jung, com algumas fotografias de ‘mandalas brasileias. E em pouco tem- po sua correspondéncia é respondida. ‘Vejamos a resposta da assistente de Jung. carta enviada por Nise: “O professor Jung pede-me para agradecer-the pelo envio das interessan- tes fotografias de mandalas desenhadas por esquizofrénicos. O professor Jung faz diversas perguntas. O que significa- ram esses desenhos para os doentes, do ponto de vista de seus sentimentos? O que eles quiseram exprimir por meio dessas mandalas? Sera que esses dese- thos tiveram alguma influéncia sobre eles? © professor Jung observou que os desenhos tém uma regularidade no- tével,rara na produgao dos esquizofie- nicos, © que demonstra forte tendéncia do inconsciente para formar uma com- pensagio para a situagio de caos do consciente. Ele também notou que 0 simero 4 (8, 12) prevalece, + Trabaho terapéutico * ‘A palavra mandala vem da India antiga e signtica un orcule, A mandi esteve presente em dversis cultura: e relies. bam come no hinsme eno busisme. O fermo manda = exeéneae ly = conteico pode ser repreenlade ou reproduido -geometricamente, em circulos. precisos feimprecst, A mandal €usads fart ro trabaho teraptutco de Nee da Shera come nos esludos de Cal Gung Suponho que as cores devem dar aos desenhos uma acentuagio muito forte. Ficarfamos reconhecidos se pu- déssemos ficar com as fotos. Talvez a senhora encontre possibilidade de res- ponder as perguntas do professor Jung, ‘oque interessaria muito ele. Seria tam- bbém interessante saber alguns dados biogrificos sobre os pintores. Queira receber a expressio de nossa alta consideragao. Ass. A. Jaffe” (Nise Silveira, Imagens do Inconsciente, Alhambra), Em 1957, Nise da Silveira apresen- tou os desenhos de seus pacientes no Il Congresso de Psiquiatria, realizado ‘em Paris, Franga. Foi um encontro im- portante para a histéria da Psicologia. A.sala do congresso onde Jung perma- neceu por mais tempo, durante todo 0 evento, foi a das mandalas brasileiras, levadas por Nise da Silveira para expo- sigdo. Jung percebeu que, quando com- paradas, tinham caracteristicas muitos semelhantes. ‘A presenga de mandalas, tanto no trabalho de Jung quanto no de Nise, & ‘uma demonstragio da teoria junguia- na. Principalmente do fenémeno da sincronicidade. Tal causalidade ocorri- da entre os dois remete, ainda, e natu- ralmente,a todos os outros fendmenos descritos na obra de Jung, tais como os conceitos de individuagto, arquétipos ede inconsciente coletivo, Nese contexto, levando-se em consideragio 0s principais conceitos j@ abordados por Jung em seus livros, podemos destacar que a aparente coin- cidéncia entre os pacientes de Jung eos de Nise demonstra o fendmeno causal da sincronicidade, de forma que 0 transcender psiquico da mente de cada paciente a um estado artistico woman. trata-se de um processo de individu- ago; e, ainda, as mandalas reveladas em pacientes, lugares, culturas ¢ em tempos diferentes sio manifestagoes/ representacées arquetipicas de um de- terminado arquétipo. Segundo Jung, © centro da mandala representa 0 arqué- tipo do Self, que & o mais forte na psi- que humana. Portanto, a mandala é 0 arquétipo, e arte sto manifestagdes-re- presentagoes arquetipicas. E, por fim, a dimensio psiquica de onde se emer- gem tais representagoes arquetipicas, em diferentes lugares, ¢, a0 mesmo tempo, para onde se inclina a individu- agio de cada mente, reconhecendo-se tais arquétipos, é 0 que Jung chamou de inconsciente coletivo. Divergéncia de ideias turante muitos anos as teorias de Jung foram consideradas misticas e alternativas. Tanto foi que 0 rompi- mento de sua parceria com Freud se eu pela divergéncia entre suas ideias, Os estudos de Jung transcendiam os de Freud sobre conceitos, tais como de um inconsciente individual a um inconsciente coletivo, e, também, de | De forma aparente Nise corheceu na Suica trabalho de tung. com mands cesenhads por ‘seus pacientes muitos deles escuizotenicos niportlsinneidacom br Segundo Jung, mandala repres do Self que ¢ 0 mais forte na pelque humana A Neurociéncia, por sua vez, ja reconhece o pensamento como uma onda eletromagnética que coexiste, como esfera psiquica, no mundo fisico complexos do ego a arquétipos do Sef. Entretanto, atualmente a Psicologia junguiana ¢ bastante estudada no cam- po académico ¢ cientifico, inclusive por fisicos, dentre outros cientistas, que visitam o Instituto Junguiano, em Zuri- que, Suiga, e conjugam suas teorias com aspectos da fisica moderna, bem como com os estudos da mecinica quantica e do eletromagnetismo. A Neurociéncia, ppor'sua ver, jd reconhece o pensamento como umaonda eletromagnética queco- existe, como esfera psiquica, no mundo fisico. De modo geral, nos ultimos anos cada vez mais novas pesquisas associam conceitos junguianos com os da ciéncia. Contudo, o trabalho de Nise da Silvei- ra foi de grande contribuigio para o de Jung, ¢ 0 dele, igualmente, para ela. O fenémeno da sincronicidade, que fora reconhecido em seus trabalhos, foi um importante passo para que novos pes- quisadores buscassem respostas cienti- ficas para essas semelhangas, psfquicas e artisticas, Sobretudo, contribuin para lum movimento cientifico de infinita cconjugacao, entre os estudos da Psico- logia e da fisica, através, por exemplo, de interligagSes entre os conceitos de sincronicidade e de eletromagnetismo; de campo eletromagnético ¢ de incons- iente coletivo e, naturalmente, a co- existéncia entre corpo e mente e entre ‘mente e matéria, Jung e Nise permaneceram ami- gosaté o final de suas vidas, e a ciéncia continua conjugando e buscando con- clusdes para tais fendmenos. Muitas dessas conjugacées das teorias de Car! G. Jung ja sio reconhecidas no cam- po cientifico por renomados autores € pesquisadores do mundo todo, Na atualidade, no Rio de Janeiro, o Museu de Imagens do Inconsciente esta aber- to ao piblico, diariamente, contendo legado de Nise da Silveira, 2 REFERENCIAS SILVERA. Nise Imagens do Inconsciente. Brasil Ahambra 126 JUNG, G.Cerl SicronicidadePetepols ‘Vozes, 2000, sigue ccinvila 17 3. psicopositiva por Lilian Graziano A sociedade do NA ERA DA COMUNICAGAO E DAS MIDIAS SOCIAIS, NUNCA FO! TAO FACIL CRIAR UMA IMAGEM POSITIVA. DIFICIL MESMO E PRATICAR O QUE OS DISCURSOS INFLAMADOS CONSEGUEM PROMOVER 18 pique incase womportalspreoabersombr nicialmente devo deixar claro que, apesar de usar a expresso cunhada por Guy Debord, nao pretendo, aqui, discutir 0 con ceito de sociedade do espeticulo como uma fase especifica da soc dade capitalista, Nio ob tratarei das rel: ante isso, ‘bes sociais media- das pela imagem. Mais do que isso, por imagens que, muito antes de re~ prem o papel de torné-los diveis" a um crescente (¢ alienado) iblico consumidor de tolices de velarem a verdade dos toda sorte. de show business inst no qual “parecer Vivemos uma espécie ionalizado © tornon mais vA partir dai, so varios os desmembramen- importante do que tos. Sou professora hi mais de 30 anos ¢, a julgar pelos questionarios por meio dos quais somos avaliados pelos alunos, talvez a expectativa das instit de que al tenimento do qu: Minal, © importante € que o aluno (cliente) “goste” de nds. J& quanto 16 seja muito mais a mos no ramo do entre no da educacio, prender, ow me ser capaz de translerir a aprendizagem para © contexto em que vive... bem, isso (0 € Lao importante assim, ‘Turbinado pelo poder das mi- dias. sociai parece desconhecer limites. Afinal, na medida em que vivemos na era do conhecimento, cada um de nés, mais do que mune: “produto” que precisa ser vendido a © poder da imagem se reduzin a um sumirem papéis ridi Jos nessas midias, a fim de con- seguirem “seguidores’. E, sim, eles sempre aparecem! Nunca foi tio facil ficar “famoyo"! F, nesse senti do, nem é preciso ter consisténcia tedrica no campo em que se atua fou mesmo ser competente, Basta apar bre a importdncia da consisténcia ido muitas vezes falando so- da competéneia. Nesse se nportlpacodoabet com. HA UM CRESCENTE (E ALIENADO) PUBLICO CONSUMIDOR DE TOLICES DE TODA SORTE. VIVEMOS UMA ESPECIE DE SHOW BUSINESS INSTITUCIONALIZADO NO QUAL “PARECER” SE TORNOU MAIS IMPORTANTE DO QUE “SER” penso que, enquanto sociedade do espetie que nunca de um verdadeiro show de horror o, estamos mais perto do As pessoas, anestesiadas que es- to pelas imagens, parecem estar cidade de refle- Dia desses estive em um con uma expe Estava assistindo a perdendo su xo, gresso. onde viv estarrecedora. uma palestra de uma jornalists que dominava perfeitamente a arte do entre muito bem, tinha presenga de pal- co, fazia piadas ensaindas num f- ming perleito. Quanto ao conteiido, > de ia de Facebook”, ow mento, De fato ela falava uma avalanche do que cha filosofia v seja, sobre a importaneia do resp to humano, da gentileza, da sho a0 préximo ete. ado estaria perfeito ¢ jamais eu me atrevei a classificar tais temas como “filosofia barata” se niio fos- se por um passava de um grande espeticulo que nio tinha o menor compromis- so com a autenticidade. Soube disso porque a tal palestrant da” com 0 fato de que no consegui- incomoda- ria completar sua fala no tempo que Dens, nao vai dar tempo de cu falar tndo. assim, cla foi habilmente conduzin- do © piiblico ineauto (e 0 pi sempre incauto!) até © momento em € tanta coisa importa: que seu tempo acabon. Voeg, Ieitor atento, ja deve ima- ginar o desfecho da minha historia De fato, a palestrante extourou em qnase 90% 0 tempo que Ihe foi de~ signado, prejudicando « palestrante seguinte que havia atravessado con- ntes para fazer a sua apresenta- io, Ou seja, discursar sobre respei- to humano parece ser muito. mais facil do que respeitar 0 profissional aque falaria em seguida, Mas isso nfo teria sido tema desta coluna nao fos- se 0 fato de que, ao término de seu tempo regu no auge de frase: “Ai, meu Deus, acabou o meu tempo. O que eu fago? Pergu qual © pablico, em unissono, res- ponden: *Continuaaaaal” Naquele momento percebi que, a0 longo dos si sempre © mesmo: aplaude no Co- Tiss os, 0 “piiblico” é atira pedras nos condenados em pragas piblicas na Idade Média eo sim. grita “es ontinua”, em 2018, para quem cria imagens de civilida- de enquanto, na pritica, desrespeita © seu colega, Bem-vindos socie~ dade do espeticulo! » LUsn Grazino ¢ pscologse doutera em Psicologia pa USP com curso deextensdo «em Vriuces e Fars Pessoas peo VIA nsiute on Cheracex. EUA E professora Universiti edreloradolrtituto de Pecologia Poitva e Compartment ‘onde ofereceakendeento cinco, canara epresarale cursos na saa. graxine@pscologapostivacembr papecineinivide 19 ©: psicopedagogia - @& Educacdo e A DEMASIADA TOL AZ, SE) CRIANCAS S SRANCIA F AMILIAR NA EDUC 'TIR NAO APENAS SOCIALME por Maria Irene Moluf AO DAS MAS DE MODO GERAL NA SUA FORMAGAO COMO PESSOA “Melhor pecar pelo exeesso do que pela falta’, (ditado popatas) squexasdosaduiltos sobre com- portamento infantil na escola © ‘cast no param de crescer A precocidade das eriangas em ultrapassar os limites comportamentais antes esperados nna adolescéncia, assim como at evidente desorientagio dos pais fem encontrar respostas a esst € outras aquestdes, vem criando uma gerago em 20° prio ctv {que as condutas infantis se transforma em infimeros casos ¢, devido ao excesso de tolerincia familar, em condutas social mente inadequadas. Ao mesmo tempo, condutas patoligicas ¢ sGrias muitas vezes se exoneem e desam de ser tratadas por profissionais, colocando vidas em perigo. Falsas teorias de que as criangas nao devem ser advertidas ow limitadas em seus comportamentos se misturam com 0 pressuposto ingénuio de que ser livre € ser {eliz, se preparar para a autonomia fntura E resultante do exercicio continuo de fizer indo 0 que se deseja, desde o bergo. H sem vivenciar consequéncias, sem respeitar os Timites, conhecer os direitos alliins, as re- gas sociais, as normas da escola ete A tolerancia familiar na educagio in- fiuencia a maneira como a crianga dirige desde cedo as suas obrigagies e se pre- para para assumir responsabilidades fi- turas. Interfere na sua qualidade de vide © no quanto poder’ ow nio atingir stas potencialidades. Determina sua saide womportalspreoabersombr bem-estar, sua tranquilidade, produtivi- dade ¢ felicidade. A negli © comportamento infantil inadequado pode até deixar passar p de doenga mental, que poderia ser tratada ce evitada. Afinal, se nem tudo & patologi- co, nem tudo & também apenas ev de temperamento forte, genio ele, ex- ‘rovers, distratibilidade, “ele & igual a0 avd” etc, AtE porque esses parentes po- dem ter soffido muito em suas vides com do adulto 20 observar cessas questGes comportamentais. Dow como exemplo trés condatas we so verdadeiras “armadilaas”e fazer com que 08 pais percebam que hi algo errado na condugio dos filhos, mas nao cconseguem apontar ¢ corrigir 0 erro de modo micional A primeira é a clissica reclamagio sobre a escola: “ fio gosto de estudar, _mnitas pessoas vencem na vida sem diplo- ‘mal Isso gera nos pais ideia de que es- tio sendo injustos e que suas expectativas esto abso itumente equivocadas no que diz respeito& educagao formal do filho. As criangas utilizam esses dois pressupostos pana nos fi ntir que estamos errados «clas assim se livram de suas responsabi- lidadles. Chegar na escola sem as tarefias, Durlar notas, altar em provas sio conse= quéncias imeditas desse pensamento, A segunda € « autovitimizagio: erian- ¢¢a8 so doutoras nisso! Ao dizerem aos pais que, por exemplo, @ professor nio A NEGLIGENCIA DO ADULTO AO OBSERVAR O COMPORTAMENTO INFANTIL INADEQUADO PODE ATE DEIXAR PASSAR PRENUNCIOS SERIOS DE DOENCA MENTAL, QUE PODERIA SER TRATADA E EVITADA nportlpacodoabet com. as valoriza, esto tirando de sia respon- subilidade por aprenderem, fazerem suas cobrigagdes, se empenhaarem para vencer dificuldades. Assim, “as ligbes so enor mes’, “nfo sobrt tempo pra brinear ow para ajudar em casa” ea culpa, segundo a ceviangada, é do professor q ge muito e valoriza pouco. Qual o chele que mio ser exigente com seu fimcions- io no fituro? terceiro exemplo fil de se en- 0 dia seguinte, “Voo8 mi rio me ajuda” em genal derruba qualquer pai ou mie, que corre para praticamente lize ws lgies, procunar os livros, arrumar a mala e assim evitar que o filho v4 se dita tarde... mas essas sto coisas que ele deveria ter feito ao ehegar da eseolt na sextacfeira! O pai se sente ot tho aprende a ligao da ma adiamento da responsabilidade Se isso parasse por a,j se to grave em termos educacionais, mas em consultérios: médicos. psiquiitricos infantis, sobre savide mental, advém de problemas relacionados & aprendizagem, Maiakene Mali ¢ especiast om Psicopedagogia,EducacSo Especial Neuroaprencizager. Foi presidente nacional da Associacdo Baslora de Pstcopedagogi ~ ABPp (gestdo 2005/07] € autora de artigos em publeacées racienase nilemaconis Coordena curso de expeciaizagdo em Newrozprendzagem renerraluf@uolcombr mental & assunto tio sério quanto at sade fsioa da erianga e do joven e 56 se desenvolve com exemplo, responsabi- Iidade, amorosidade e valores vivencin- dos em fami. ‘Alinha que separa o que se pode eha- mar em edueagio de normal patoligien € téne, mas importante para a compre- censio © condata ein virios momentos de desenvolvimento infantis grande birra aos? anos de sponta para ontras obedecer a professora no do, mas aos 5 anos, questdes. Des maternal & de sistematicamente desobedecer os adultos aos 10 anos. Uma rianga agitada ou extrovertida € diferente de outra com TDAZH, assim como al- _guém impaciente aos 4 anos deve chegar aos 12 sabendo aguardar a vez. Observar os filhos e estar atento a suas pequems artimanbas de pensa- mento © comportamento ~ que podem levaslos a nos con deisar que eles também sofram no faturo ~ devem ser atitudes rotineiras Enos na edncagio sto como os er- ros que cometemos uo fazer contas: $6 percebemos perto do final. pode se tomar Jiffel ¢ 0s prejn to mais complicada, 0s incalenliveis, papecineinivide 21 @) in foco por Michele Miller O que a espera de nos 4 BUSCA POR SENTIDO E UMA NECESSIDADE FUNDAMENTALMENTE HUMANA E PODE ESTAR RELACIONADA A MUITAS AFLICOES QUE HOJE LEMOS COMO TRANSTORNOS, uitos gostam de frequentar jue as ocupagies e preocupagsies weademias © enxergam van cergométr sempre vou prefers inhadas io recompensadas iros das plantas e de gramados recém-cortados, frutas colhidas do pé, cantos de passaro: e fotogénicos gatos que nos espiam, des- confiados, de alguns abrigos improvaveis = como a branquinba aninhada em uma casinha de cachorro, no terreno de uma casa desocupada, Quando me agachei para fazer a fot0, ndiala pela simpatin de um se- ta trazer comida pant ela, hor qus Foi entio que descobri que se tratava de toma fEmea, particukirmente arivea, que cle conseguin conquistar depois de muito tempo de convivéncia, Revelon que a pe quena morada de telhado azal, que havia comprado especialmente para a gutinha, pode ser pnsada para perto da grade por was que inventou, wa e dormindo em. renos desocupados, tiveram © privilégio woman. de serem adotados por esse meciinico de coragio grande, que divide casa com 11 eachorros tirados da rua, Os anima que estiio sob sua respon sabilidade Ihe dio trabalho e Ihe tazem preocupagio: a principal delas, confes- sou, & que na sua falta voltem a viver na correndo 0 riseo de serem maltra- tados on de passarem fome. Mas eles no sio 0s tinicos a se beneficiar dessa relagio: o homem precisa dos afagos da gatinha assim como ela precisa dele. A retribuigio oferecida pelos bichos pode parecer insignificante para muitos, mas para aq senhor & 0 propisito de saie de casa em um dia chuvoso, de deitar- -se ma calgada com a disposigio de uma crianga ¢ de voltar com a sensagio de missio cumprida, No € movido por ne- cessidade financeira, autocobrancas ou presses externas, mas por uma busca por sentido. Algo que, para o psicanalis- ta e filésofo alemao Erich Fromm, est no ffindamento da condigio humans, apesar de muitas vezes ser reprimido, a0 custo do que podemos chamar de men- te saudvel. Uma das formas de reprimir ess tendéneia é seguir compulsivamente que ele chama de “rotina da fuga’, Décadas depois de es obras, © consumo ¢ a produtividade continnam sendo algumas das prineipais rotas dessa figa, faclitada recentemente pelo sedator regamos nos bolsos. Em Madera Man's Pathology of Normaley (A patologia da normalidade do homem moderno"), es ereve: “Nos nido conseguimos suportar verso virtual que car viver apenas saciando a fome ¢ a sede sem dar um sentido a existéncia, Temos que encontrar alguma resposta 20 misté- rio da vida e essa resposta deve ser tanto te6rica como pritica. Refiro-me ao fato de precisarmos de uma estrutura referen- cial que nos dé orientagio, qe de algu ‘ma forma tome significativo 0 processo da vida € nossa posigiio dentro dele’ Para Fromm, esse propésito no é necessiriamente produto de um pline- Jjamento ou de justificativas intelectuais, ‘mas consiste em um objeto de devogio ~ niportlsinneidacom br “algo para o qual dedicamos nossas ener- sas, para além da finalidade de produzir ou de reproduzit” Langados em 1953, esses. ensatios trazem uma refiexdo incrivelmente atual sobre os parimetros que utilizamos para definir 0s estados ment s que estio cada vex mais estreitos, tragados por uma sociedade que parece estar per- dendo as referéncias de normalidade: que em explica 1a determinagio de encontrar simplificadas isola a biologia O PROPOSITO NAO E NECESSARIAMENTE PRODUTO DE UM PLANEJAMENTO OU DE JUSTIFICATIVAS INTELECTUAIS, MAS CONSISTE EM UM OBJETO DE DEVOCAO EM QUE “DEDICAMOS ENERGIA, PARA ALEM DA FINALIDADE DE PRODUZIR OU DE REPRODUZIR" dos outros ambitos que compéem 0 ser Innmano, como o social € 0 espiritual. se encontram a necessidade de vinculos ede servir a um propésito, de fiver parte de algo maior que n6s. Fromm nao foi o bre a busca por sentido e sua rekagio com ‘asadide mental. Para o psiquiatra aust 0 Vietor Frankl 6 isso qui no o prizer ou o poder, como se havia crido, Apés um period em eampos de concentnigio nazistas, concluin que é possivel encontrar propésito mesmo nos periodos mais dificeis, e qne a falta desse motivador pode levar a exeessos © com- pensagies ~ hoje associados a diversos tipos de transtomnos. Na obra Be Busca de Seatide (Editora Yores), ele conta que durante a guerra tinha que ensin: les sem esperanga “que nfo importava'© au que a vida esperava deles") A busea por sentido, portanto, 36 leva a algum higar quando nos damos conta de que que somos questionados pela vida ~ ¢ 's esperavam da vida, mas sim 0 no 0 contriro. Frankl cita Nietzsche ao lembrar que “agueles que ‘porque’ podem suportar praticamente qualquer ‘como”, Esse porqué, sugere o psigniatra, pode vir de diferentes fontes: Rlexibilidade diante de stages que no podemos mudar; autoexpressio criatividade; e amor, 20 interagirmos de forma significativa com outros e com 0 ambiente. Essa foi a fon- te de propésito do senhor que acolhe os tanimais e de todos os que se preocupam ccom a falta que, tim dl, fardio a algae, im uma Gpoca em que um dos pro dutos mais lucrativos do mercado edito- rial 6 um grosso manual de diagnésticos psiquifitricos, reflexes que abordam as necessidades humanas de forma abran- gente, © nfo as reduzem a biologia, fazem-se ainda mais urgentes. Confor- ime esses pensadores jt haviam deixado claro. mesmo antes da era das pilulas nem todas as respostas sio encontradas em laborat6rios e nem todas as solugbes esto nas farmécias, A cultura na qual vivemos, nossas eseolhas, as responsi- bilidades que abragamos, a forma como compomos nossos dias € como interagi- mos sio componentes basicos de quem somos € podem esconder a causa e a cura de muitas afligdes. ° Michele Miller ¢ jomaista, pesquisadora,especilsta em Neurociénces. Newropsiclogn Educacioale Ciencias da Educacse. Pesquisa e alia estrategaas para o desenvolvmento do Inguagers Seus projetose textos 130 reuridos no ste whvwsichelemulecembr ripe cincinvitn 23 a q a Q 5 s a Como lidar com a EXIGENCIA DAS ESCOLHAS? No mundo moderno, é cada vez mais intensa a cobranca de uma atitude, ou seja, todos precisam optar por um lado: o partido politico, a ideologia, a cor preferida, a orientacdo sexual e por af vai s iiltimos aconteci- mentos do pais tem gerado uma cobran- ga de uma atitude cidada em que todos precisam definir um lado da moeda, 0 partido politico, uma ideologia, a cor preferida, a orientagao sexual definida etc. Como isso influencia na perda do equilibrio emocional? Para comecar, uma pergunta: “Existe equilibrio emocional?”, “Ja vi- ‘mos algum bebé nascer sorrindo?”. A entrada no mundo para nés, seres hu- ‘manos, 6 porta de entrada para aan- gistia, Um afeto, ou o unico que nto engana, nao se explica, nao se nomeia, ino tem um objeto. £ 0 caos. Em sua etimologia, angistia tem sua origem do latim angustus, estreiteza, limite niportlsinneidacom br Por Cida Lopes de espago ou de tempo. Ansiedade ou afligdo intensa; ansia, agonia, Dai a expressao: “aperto no peito” Em seu livro O Conceito de Angtis- tia, Kierkegaard defende que a dife- renga entre o medo e a angiistia é que no medo existe um objeto definido, concreto, e ao identificarmos tal ob- jeto € possivel eviti-lo e controlar 0 medb. Ao contrario da angiistia, que nao temos clareza, certeza do objeto que a provoca, faz com que o estado de anguistia permaneca em nés. Dois lados da angustia ‘ai, podemos afirmar que a an- quéncia da nossa existéncia humana. Mas também o motor de nossos dese- jos de eterna busca da felicidade. Para sempre incompleta. A angistia nao é nossa condenagio, & nossa condigao de existic Imagina se existisse somente uma nica cor, um Gnico sabor, uma tinica forma de prazer, um iinico trabalho, ‘uma tinica mulher, um tinico homem, ‘que o fizesse se apaixonar por toda sua vida. Ou, mesmo existindo varias cores, varios sabores, virias formas de prazer, tudo que hé no mundo, vocé seria predeterminado, direcionado a somen- te uma entre todas as possibilidades. E nada mais chamaria sua atengao. O que vvocé perderia? E 0 que vocé ganharia? Talvez vocé esteja pensando: se- ria enfadonho, mondtono, previsivel demais. Mas convenhamos, por outro lado, muito reconfortante, Seria a quie- tude. Seria a auséncia da angiistia que nos marca como humanos. Mas por ‘que @ angistia nos caracteriza como seres humanos? Porque o homem sabe {que sabe, por isso se angustia, ¢ 0 ani- mal, por n3o saber que sabe, apenas ccumpre o que é da sua natureza, Luc Ferry aponta que o que difere ‘© homem dos animais & a liberdade. papecineinivide 25 xe ATUALIDADE Mesmo existindo varias cores, varios sabores, varias formas de prazer, e tudo que hé no mundo, vocé seria predeterminado, direcionado a somente uma entre todas as possibilidades. E nada mais chamaria sua atencao ‘O animal age por seu instinto natural, inato a toda espécie, “uma espécie de software do qual nunca pode desviar- -se". E, por isso, esta fadado 8 repeti 20, privado da liberdade de escolha. £ 0 que é, por natureza. “O homem, 40 contrério, vai se definir ao mesmo it Ryyy ey (0s acontecimentos recentes provocam cobranca de ums allude cidads em que todos precisam defini un tempo por sua liberdade, nao obedece ‘a programas definidos, nao é prede- terminado. Ferry cita 0 texto abaixo de Rousseau como exemplificagao magnifica dessa ideia: IDEIAS DE ROUSSEAU INFLUENCIARAM A REVOLUCAO FRANCESA ilésofo social, fe6rico politico e escritor sulgo, Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778) foi © mais conhecido dos filbsofos que participaram do lluminismo, movimento intelectual do século XVIll, Suas idetas influenciaram 2 Revolugao Francesa e em sua obra mais importante. O Contrato Social desenvolveu sua ‘concep¢io de que a soberanie reside no povo, Ele nasceu em Genebra e com 16 anos de idade foi para Savoia, Italia, No entanto. sem meios de se manter procurou uma instituicao catolica e manifestou o desejo de se converter, De volta a Genebra, retomou 20 protestantismo. Levava uma vide errante, foi re- lojoetro, pastor e gravador, sem sucesso. Demonstrava interesse pela leitura pels musica, Em 1742, mudou-se para Paris. onde manteve contatos com alguns fildsofos, entre eles Diderot. Nesses contatos, amadureceu suas ideias que se- riam publicadas em seus livos. Publicou Discurso sobre as Cienaas e a5 Artes (1748), que foi premiado com medalna de ouro pela Academia de Dijon. Em 1755 publica Discurso sobre ¢ Origem os Furdamentos dz Desigualdzde entre os omens. no qual aponta as bases sobre as quais se fitma 0 processo gerador das desigualdades sociais e morais entre os seres huranos, 26 pique citeiavit 3.0 partido. ideologia,orertacao sexval et. Em cada animal nao vejo senao uma maquina engenhosa, 4 qual a natureza ofereceu sentidos para re- compor-se por si mesma, e para de- fender-se, até certo ponto, de tudo 0 que tende a destrui-la ou estragé- Percebo exatamente as mesmas coi- sas na maquina humana, com a dife- renga de que a natureza faz tudo nas agoes do animal, enquanto o homem, concorre para as suas, na qualidade de agente livre. Um escolhe ou rejeita Por instinto, € © outro por um ato de liberdade: 0 que faz com que 0 animal no se afaste da regra que Ihe é pres- rita, mesmo quando Ihe fosse vanta- joso fazé-lo, e que 0 homem se afaste frequentemente dela, em seu prejui- 20. Assim é que o pombo morreria de fome perto de uma vasilha repleta das, melhores carnes, e um gato, diante de uma porgio de frutos ou de gréos, ‘embora tanto um quanto 0 outro pu- desse perfeitamente se nutrir com 0 alimento que desdenha, se ousasse cexperimenté-lo. assim que os ho- mens dissolutos se entregam a exces- sos que Ihes provocam febre e morte woman. porque © espirito deprava os senti- dos, ¢ a vontade fala ainda quando a natureza se cala.. Mas, mesmo que as dificuldades que cercam todas es- sas questdes permitissem a discussio sobre essa diferenga entre o homem 0 animal, hé outra qualidade muito especifica que os distingue, e sobre a qual no pode haver contestagio: € a faculdade de se aperfeigoar, faculdade que, com a ajuda de circunstancias, desenvolve sucessivamente todas as outras e reside em nés, tanto na es- pécie quanto no individuo. Enquanto tum animal é, ao fim de alguns meses, ‘© que seri durante toda a sua vida, € sua espécie, ao fim de mil anos, o que era no primeito desses mil anos. Por que o homem esta sujeito a ser imbe- cil? Nao é absolutamente porque re- torna assim a seu estado primitivo, e 0 animal, que nada adquiriu e nada tem a perder, permanece sempre com seu instinto, € o homem, perdendo com a velhice e outros acidentes tudo 0 que a perfectibilidade Ihe havia feito ad- quirir, torna a cair mais baixo do que © proprio animal? Bicho € bicho mparo Caridade diz: “Na passa- zem do animal ao homem é alin- guagem que faz a mediagao e elucida a caracter{stica humana do desejo de ser desejado. E a linguagem que possibili- tao antincio eo reconhecimento desse desejo pelo outro. Dizer desse desejo a0 outro e saber-se dele desejado ¢ 0 proprio gozo. Isso ¢ tarefa da lingua- gem. E porque somos animais falantes, pensantes, imaginativos, que transfor- mamos a linearidade do estabelecido”. Podemos entio caracterizar 0 ho- mem como 0 tinico animal: Que cria, que constréi histéria, que modifica a propria histéria, que tem liberdade, que escolhe, que tem angistia, que se arrepende, que, por nao poder voltar o tempo para refa- zer suas escolhas, rumina seu pas- sado, para na vida. Que tem medo niportlsinneidacom br Por que a angustia nos caracteriza como seres humanos? Porque o homem sabe que sabe, por isso se angustia, e o animal, por nao saber que sabe, apenas cumpre o que é da sua natureza do futuro, ansiedade por nao poder controlé-lo, Que arrisca prever seu futuro, que concretiza ou ultrapassa 'g 2 i + Causas e consequéncias * Flesofo dnamarues © pei do Bisencie- taro, una verene de Ficsoia que deci te propestos, cams e consequtncas dx ces huranas no ato di rediace linda. Soren Kieegaad (813-155) foo pemeiro que. de manera explicita, colocou _questdes existencialistas como principal foco_ do eae flosfico da via humae Para ee 2 Flosfa sreaume er omer corscenciae question as engencas abso Ornascimento, ou a chegada a do lati angustus, ii mundo, €a porta de enfrada para aangustia. qu de espaco ou de tempo que nao entende 0 que 0 outro fala, mesmo escutando e falando a mes- ‘ma lingua, Que é perfectivel, que se aperfeigoa, que inventa, que constréi «casas, que reforma casas, que guarda as suas primeiras invencdes em mu- seus. Tem censura, esconde 0 corpo, cria moda, compra varios sapatos para somente dois pés. Condena o sexo e faz sexo escondido, mas ven- de sexo explicito, Somente o homem fala dos outros pelas costas, inven- ta, conta mentia, sabe 0 que the faz bem e escolhe o que lhe faz mal. Sabe amar e também odiar, 0 tinico animal que planeja meticulosamente uma tortura, cria objetos para sua execu- ‘40 e escolhe quem torturar. E falan- te, nasce na Franga, fala francés, mas pode aprender mandarim. Nasce rico ¢ pode se tornar pobre. Nasce pobre e pode se tornar rico. Cria leis e ¢ jul- gado por seus atos. £ constituido por ea" fem sua origem Pique citncntoily 27 xe ATUALIDADE fs que o que cifere o homer info natural, do qual nn extremos: coragem e medo, fraqueza ¢ forga, prazer e dor... Nomeia as vir- tudes € os vicios. Nasce dependente € precisa ser cuidadoso para sobre- viver. Torna-se humano a partir das relagdes com 0 outro, através da edu- cacao, da linguagem, da cultura e do afeto. Pelas relagdes, torna-se um ser social, aparado pelo afeto. Pelas rela- ‘Ges, legitima a importancia do ou- tro na vida. Pelas relagdes, conhece 0s prazeres ¢ as dores. Entre 0 sofri- mento e a alegria, elege a felicidade como significado para sua existéncia. Ilusoriamente, acredita e procura a felicidade permanente. Buscamos a felicidade, principal- mente no amor, a realizagio do desejo de amar e sermos amados como a al ternativa de negarmos a nossa condi- ao de ser sé. Completude Oise Se Bae 0 Bare retrata a explicagio da eterna busca pela completude ainda tao al- mejada por todos nés. Aristéfanes relata que, no infcio, os seres eram 28 rie cma duplos e esféricos, tinham duas cabe- 625, quatro pernas e quatro bragos, os Srgios genitais eram trés: um possuia duas metades masculinas; 0 segundo, duas metades femininas, e 0 terceiro, andrégeno, metade masculina e fe- minina. Tinham como caractei bravura e forga excepcionais, que os levaram a escalar 0 céu com a inten. sao de desafiar os deuses, mas Zeus cortou-os a0 meio como punigao ¢ enfraquecimento de suas forgas. Aca- bava a completude, a unidade, a feli cidade. Esse mito explica o anseio do homem por uma totalidade do sera partir da busca incessante de sua ou- tra metade. O mito de Arist6fanes nos salvaria da solidao, nos resgatando a0 estado de inteireza, de totalidade atra. vés da unio perfeita, A vitoria de ser- mos felizes para sempre. Em O Banquete de Platao, Socrates, em contrapartida com o Mito de Aristéfanes através de Diotima, diz: que o amor nao é completude, mas incompletude, néo é fusao, mas busca Sponville, comentando esse mito: “A partir de entio cada um é obrigado a buscar a sua outra meta- de, como se diz, € & uma expressio que devemos tomar ao pé da letra: outrora, ‘formavamos um todo com- pleto (...), outrora éramos um eis-nos ‘separados de nés mesmos) nao parando de buscar aquele todo que éramos, Bssa busea, esse desejo & © que chamamos de amor, e, quando satisfeito, 6 a condigao da felicidade. De fato, somente 0 amor ‘recompoe a antiga natureza, ao se esforgar por fundir dois seres num 36 e curara na tureza humana” (p. 248). Ainda em O Banguete, de Platio, Sécrates, em contrapartida com o mito de Aristofanes através de Diotima, diz em rela &completude, mas incompletude, nio 6 fusao, mas busca. O amor é desejo @ desejo é falta. O que nao temos, 0 {que nao somos, 0 que nos falta, eis os objetos do desejo e do amor (p. 253), Ese sempre nos falta alguma coisa & porque somos incompletos. A partir dessa constatagio de sermos 86, po- demos considerar que a angtistia faz parte da existéncia humana. £ angustiante nascer e mais an- gustiante a constatagao da morte. Somos seres afetivos e mortais. E a 10 a0 amor: que © amor nao morte no tem uma I6gica, uma se- quéncia, uma “fila’, com ordem certa. A finitude é a Gnica garantia da vida. Como conciliar o desejo de vida, por 16s e por todos que amamos, diante da soberania da morte? Ao conhecer- mos 0 amor, 0 afeto, 0 desejo, auto- maticamente nos deparamos com 0 medo e com a angistia. Quanto mais amor, mais medo de perder. Somente por isso a felicidade perde a possibi- lidade de ser garantida. Mas também por isso a vida se revela como mis- tério. Uma aventura. A morte, que é tio temida, dé ainda mais sentido & vida. A incerteza que nos angustia é a mesma que nos impulsiona a viver Uma provocagio 4 nossa liberdade para driblarmos e irmos mais além do que somos. Fantasticamente, daquilo que sabemos que nunca va- mos encontrar movidos pela liber dade de ser. “Negar a angiistia € negar nossa Negar ‘© tempo ¢ querer parar seu impulso destruidor, parando também seu im- pulso criador. Isso € desejar a eterni- dade, mas a ‘eternidade do presente Um presente em que desaparece & perspectiva do ‘porvir’ € & meméria condigao de seres tempora omarion do que ‘somos’ no pasado de nos- sa histéria, Afinal, existir 6 coexistir com 0 passar do tempo, mesmo que isso signifique correr um riseo cons- tante, Ou coexistir com uma angiistia que nunca cessa” (Aradjo, 2000, p. 171). Diante da compreensio da an- giistia nao como uma patologia, mas inerente 4 nossa existéncia, é mera iusto buscar a felicidade negando essa verdade do existir humano. O exercicio da liberdade ¢ indi- vidual, escolher fazer da vida no um por acaso, mas um por querer. Esco- Ihas movidas pelo desejo de sairmos do banco de passageiro e assumir- mos o de motorista, tendo a angistia assentada ao lado, com companhia constante dessa viagem. Mas 0 que nos impede de viven- ciarmos a nossa liberdade? Somos seres livres, isso é fato. Mesmo com alguns determinismos: um corpo que ‘ocupa um espago ¢ esté sujeito a dete- rioragio, um tempo que o limita, uma cultura que impoe leis e costumes, somos livres para ultrapassarmos, su- perarmos e criarmos novas formas de viver. Escolher entre o sim ou o nio 6 sempre uma escolha. © nao escolher, © ceder, 0 desistir, o delegar ao outro a nossa vida também sao escothas. Se- gundo Sartre: “O homem é escravo da sua liberdade” E como definir, simplistamente, a liberdade: liberdade nao é poder fazer ‘o que deseja? Entio, o nosso ponto de partida nao é a liberdade em si, mas 0 nosso desejo. Porque uma escolha exi- ge um desejo. E 0 desejo, esse sim, exi- ge um saber que é individual. O que eu desejo? Como reconhecer 0 meu CO dialago do flésoto Plido, O Borquete, tala 2 ‘explicacto ds eterna busca pela completude ainds 120 sienejach por todos E angustiante nascer e mais angustiante aconstatacao da morte. Somos seres afetivos e mortais. E a morte nao tem uma légica, uma sequéncia, uma ‘fila’, com ordem certa. A finitude é a Unica garantia da vida desejo? Como assumir 0 meu desejo? Como identificar o meu desejo diante de tantas possibilidades? ‘Uma coisa puxa outra. O que esti intrinseco na nossa angiistia dian- te das nossas escolhas sao as perdas. Porque 0 desejo & escolha, mas as perdas sio consequencias. E isso nos remete & total falta de garantia, Aban- donar alternativas que poderiam ser talver melhores chances de felicidade. Escolher o que perder, no escuro, na incerteza, sem ter feito test drive, sem ter comhecido, experienciado, sempre coma divida se as melhores possibi- lidades ficaram para tris. Equilibrio emocional ditadura do prazer impoe feustra- es ou alternativas irreais para satisfazé-la, Nao podemos eleger a fe licidade permanente como sindnimo de saiide emocional, mas a diluigao das imimeras dimensoes que formam os dois lados da moeda do viver. Aale- gria ndo seria tao encantadora se fosse a experiéncia de tristeza, a vitoria nao seria tio saborosa se mio existissem os imimeros momentos de esforcos, a escolha nio seria tio sofrida se nao tivéssemos perdas. A vida como falta de garantia, viver & sempre a tentativa de se viver intranquilamente bem. E qual 0 nosso grande desatio, hoje, diante de um mundo de possi- bilidades? Como escolher, quando 0 nuito é possivel? Se antes a escolha de uma pro- fissa0 se restringia entre ciéneias biolégicas, exatas ou humanas, hoje temos especialidade da es- pecialidade da especialidade, Se contem conheciamos somente os meninos e as meninas da nossa Ao conhecermos o amor, 0 afeto, o desejo, automaticamente nos deparamos com o medo e com a angustia. Quanto mais amor, mais medo de perder. Somente por isso a felicidade perde a possibilidade de ser garantida catadas’, preservando seus “tesouros” para depois do casamento, deixavam de ser acessiveis, hoje todos ¢ todas ‘ou quase todos e todas sio possib dades reais. 30 pique incase Hoje, diante de tantas opgdes, como se tivéssemos um saquinho de pipoca, que vamos comendo, comen- do... sempre procurando pela mais doce. Porque a possibilidade de um prazer maior ainda esté por vit. Como conciliar a ditadura desse prazer permanente com perder por ter que escolhe de tantas possiblidades nos deparamos ‘com uma liberdade mais real do que nao estio mais restritas, tudo e: bandeja nas noss Album de fotos, que n po de viver a histéria. Fazemos parte s. Como um tivemos tem. da vida de todo mundo e todo mundo faz parte da nossa vida, Sera que temos mais possibilidades do que desejamos? 0 que os olhos nao veem 0 cora- ‘520 nao sente. O que os ouvidos nao 30 sente. O que os dedos nao teclam 0 coragao nao sente. © que a mente nao sabe, 0 coragao nao sente. Quais as consequéncias desse excesso de informagio em nossas vi- das? Se antes estavamos blindados pela limitagao dos recursos ¢ lentidio de ‘como chegavam as informagées, nos do da consciéncia sobre nossa cia, hoje & “esfregado em nossa cara” que estamos atrasados no tempo eno espaco. Cada minuto “desconecta- do” um mundo que passou e que ndo 7 parte da minha vida, Agora, fica constatada a minha ignorincia. Agora, estou consciente de que nao sei com a cobranca de que eu deveria saber 0 que “todo mundo” jé esta sabendo. Essa nova realidade mudou radi calmente a nossa forma de viver e estar no mundo: os nossos comportamentos, comunicacio, relacionamento, fidelida- de, edacagao, lazer, compras, trabalho, profissio, linguagem... Um outro mun- do, mudangas tao répidas que a maioria de nds nao teve tempo para se preparar Um sentimento de estranhamente, ina dequagio, peixe “fora digua’. Mais do {que nunca, quando as opgSes aumen multiplica, Perder pouco é mais ficil do que perder muito. A poesia de Cecilia Mireles, Ou Isto ou Aquilo, mais do que nunca esta atualizada: ‘Ouse tem chuvae nio se tem sol, ‘ou se tem sol e nao se tem chuva! ouvem 0 corag! woman. Negar a angustia é negar nossa condi¢ao de seres temporais. Negar 0 tempo € querer Parar seu impulso destruidor, parando também seu impulso criador. Isso é desejar a eternidade, mas a ‘eternidade do presente” Ousecalgaa hivaenaose poe oanel, ‘ou se poe o anel e nao se calga aluva! Quem sobe nos ares nao fica no chao, ‘quem fica no cho nao sobe nos ares. uma grande pena quenaose possa estar 20 mesmo tempo nos dois lugares! Ou guardo o dinheiro e nao com- pro 0 dace, ou compro o doce e gasto © dinheiro. Owisto ov aquilo: ow isto ouaqui- lo... ¢ vivo escolhendo o dia inteiro! Nioseisebrinco,nioseiseestudo, se saio correndo ou fico tranguilo, Mas nao consegui entender ainda qual é melhor: se € isto ou aquilo. Mas perder é sempre perder. An- tesa agonia era como conseguir andar em dois carrinhos ao mesmo tempo, hoje nem se fossemos centopeias terfamos pés para tantos carrinhos. Receitas magicas, novidades, in- veng6es, referencias, manuais de certo e de errado, tudo instantineo, provi- * Obra secular * © Banguete & um dos dsloges mais co- Ihecidos de Patdo (428-247 aC.) am- bientado durante um jantar oferecido pelo poeta Agatao, em Atenas, colocan- do em cena Socrates, Arstofenes @ ou ‘ros corwidados enftentando-se em uma ccompeticso: cada um deve fazer um dis- curso de elogio 3 figura de Eros. 0 deus do amor, niportlsinneidacom br sério, transitério, o que fazia mal vol- ta fazendo bem, o que era vilio volta como heréi, © que era desconhecido surge como essencial, o que era con- sagrado some como condenado e nds nem haviamos experimentado ainda, O sentimento de divida, de atraso faz parte do nosso dia a dia. Sempre te- remos um lugar que deveriamos jé ter visitado, uma comida que deveria ter sido saboreada, uma boca que deveria ter sido beijada, uma opiniéo que de- veria ter sido compartilhada. Cobran¢as rente a esse universo de possibili- dades ¢ nos cobrado e nos cobra- mos posicionar com conhecimento seguranga. Liberdade de escolha nao vem s6, Intima a responsabilidade do que sera escolhido e a angistia de abandonar 0 que foi perdido. ‘Quanto mais liberdade, mais esco- Ihas. Quanto mais escolhas, mais res- ponsabilidade. Quanto mais responsa- bilidade, mais medo, mais angtstia, Finalizando esse trabalho, entrei em uma cafeteria para dar a tiltima lida no texto. Pedi um café. A atenden- te prontamente me serviu: = Vocé deseja adogé-lo? Cai na besteira de dizer que sim. REFERENCIAS FERRE Eaitoa N KERESA SPONVLE Ancte Core Pequeno Tratado das Grandes Vides. So Pao: Mit NG Angista e Temporidade Sio PALO, RELES, Ceca Oulsto ou Aqui Soren © Conceito de Angustaisbox itor Pre FERRY Luc Aprendendo a Viver Reo de reo Ed CARIDADE. Amparo Senuaidade Corpo e etfora Si Fak = que vocé escolhe: Agiicar tradicional; Refinado; Mascavo; Organico; Adogante liquido; Em pé; Diet; Sucralose; Sacarina; Frutose; Aspartame; Sorbital; Estévia E eu que queria tomar somente um cafezinho! Ed Buizque de ler. Novo Aur Dien da Lingua Portuguesa Ri de Janet alehs Fontes. 1806 papecineinivide 31 -_ coaching por Eduardo Shinyashiki Como definir o MEU PROPOSITO? EM ALGUM MOMENTO DA VIDA NOS ENCONTRAMOS EM UM PONTO EM QUE VIVEMOS NO AUTOM# NA ROTINA, PRESOS A ESQUEMAS WV COMPORTAMENTOS REPETITIVOS, DESE]. tualmente, € normal nos de- paararmos com pessoas que se sentem perdidas em um dia a dia incessante, prisioneiras de 18 sade, a fami- se elas vives- sem com o pilot tandando pela vida com 0 fieio de mao ser Fg € motive. mitico acionado, 0 destnino © a bam tomando conta. Nesees momentos como nto perder os pr6prios objetivos de vista? Como i cal eB bl fer gquntar “qual o meu propésito de vida’ AciaGteles nos deicon uma grande dica SEM UM PROPOSITO CLARO, AS PESSOAS ATE ALCANCAM OS SEUS OBJETIVOS, MAS NAO SE SENTEM FELIZES. ELAS CONCLUEM UMA META E NAO FICAM SATISFEITAS 32 prio ciémcitvin em um dos seus pensamentos, que esti dirctamente relacionada a essa questio: “Onde meus talentos ¢ paixées encon- tmam as necessidades do mundo, li esta ea” diferentes momentos meu caminho, Todos nés, la vida, nos perguntamos qual & lo dela. Perguntas como “o fazendo faz sentido para mim?” € “estou vivendo © meu propo ccorriqueinas, principalmente deparamos com advers ‘g8es na vida pessoal e profis Para encontrar a respost definir © propésito de vidi srio exclarecer, em si propésito, Ele é 0 significado, o sentido a finalidade maior pelos quais faze- mos € realizamos objetivos © metas. ‘Trata-se da motivagao que nos move diariamente ¢ pela qual buscamos um objetivo e um resultado, © propésito € © combustivel das nossas agies, Descobrimos “quem é cle” quando conseguimos responder as per- guntas: “Por que estou fizendo isso7” Por que quero esse objetivo? “Por que estou disposto a dedicar tempo ¢ esforco pana atingir uma determinadss meta?” Se tivermos as respostas para essas davidas, certamente encontramos © n0s- so propésito, Para entender melhor, vou dar um exemplo, Por que me dedico ao \TAIS E DE NDO SAIR DELES trabalho? Muitas podem ser as motiva- «es para essa dedicagio: para propor- cionar conforto © seguranga a minha fami, para fiver a diferenga na minha comunidade, para gera a todos 0 envolvidos 0 para ser feliz ¢ realizado, 1m propBsito claro, as pessoas ingam os sens objetivos, mas nd se sentem felizes, Elas coneluem uma meta € ni ficam satisfeitas, cumprem seus planos, mas 1 estado de ple clas, falta 0 ¢ realizagio, Para jcado maior do seu aire fazer © sen propésito no é € nunca serd igual ao de outras pessoas. Ele 6 especial- mente nico. I essencial saber que, para atingé-lo, pereorrera por objetivos ¢ me~ tas, por isso f objetivos que vocé tem como privridade servem realmente para vos. E comum que as pessoas escolham objetivos que nio so para elas, que niio fazem parte da sua vide nem dos seus va- lores. Isso significa que € preciso avaliar 6 que é realmente vido para ter aquele centusinsmo real e verdadeiro que motiva ss comrer aris do propisito. Preste atengio também para saber se 1e necessirio suber se os seus objetivos no beiram 10 impossive, pois boa parte do éxito € ser realista, © aque evita um cireulo,vicioso de metas ‘ynportaespucosaecm br € fiacassos, de eslorgos ¢ decepgies, de tentativas € desisténcias, Para isso, esta- belega as metas, que sio etapas de curto prazo que nos levam i realizagio dos ob- jetivos ¢ propésitos. Lembrando que encontrar 0 proprio propésito nfo é uma cobranga, nem um mparagio. ow desvaloriza- 0, Cada um de nds tem nm eaminho pessoal, tem seu tempo, seus talentos e motivo de Lnicidade, Preeisamos olhar para 0 nosso interior € perceber © que amamos fazer, is 08 nossos valores © principios ¢ aquas as nossus hablidades Aa:vsene oo peewces pare Solow: car seu propisito ou de acreditar nele oni as pressies da vida desmotivam, cansam, frustram ¢ elas voltam a viver na superficialidade. nportlpacodoabet com. Mantenha cada vez mais 0 alinha- mento € a coeréncia entre seu sitos, objetivos © metas, mantenha © foco, avalic os resultados no decorrer do caminho ¢, se falhar em algum mo- mento ou desmotivar por um instante, reajuste a rota com determinagio ¢ compron propé: etimento. Estudos da Neurocigncia comprovam {que estar alinhado ¢ comprometido com a cognicio, e alguma ubstincias do eérebro tam cializam a sensicio de pra meta es poten- Eduardo Shnyschik & mestre em Neuropsicologia,Kderangs educsdora ‘e especiista em desenvoliment das compeléncias de Ideranca ‘organizaciona e pessoal. Com mais de 30 anos de experincia no Brasl era Europa, éreferénea em armel o crescimento ea autoleranca das pessoas. Mlém disso, a dra. Barbara Fredrick- son, referéncia em Psicologia Social pesquisadora de estudos sobre as emo- ies positivas, evidencion que estas sie © grande objetivo da evolugio humana, As emogies positivas ampliam os re- cursos intelectuais, fisicos € sociais das pessoas. Quando sentem, por exemplo, cemogiies de realizagio, satishagio e ale- gia de estarem cumprindo seu propSsi e tormam mais toleran- to ma vida, eb tes, criativas € abertas @ novas ideias © cexperiéncins e mais felizes. ° cy red ‘ww wedushincam.r ripe cincinvitn 33 x. Historia de otimismo e resiliéncia (inclusao no nucleo familiar) “Tabu para alguns, o autismo € 0 tema abordado em Laem Casa Ee Assim, Temas 0 Joaguint, listo publicado pela Sinopsys Fditora, que retrata a chegada de um menino com transtor- ‘no do espectro autista na familia. A obra de Cecilia Tonial da Silva e Erica Andrade trax cotimismo e resilgncia para 0 assunto, Indicado para eriangas abaixo de 10 anos, o livro narra o eotidiano de Bernardo ¢ a che~ sgada de Joaquim, seu irmio antista, De acordo com as autoras, a historia mostra q livros Da redagéo convivéneia com Joaquim causa grande impacto emocional na familia, sendo necessiria ‘mediagio dos pais entre 0s irmios. Com leveza e positividade, a obra fil da importis iicleo familiar. Os desafios do dia a dia sio mostrados na narrativa, sem deixar de lado a importaneia da harmonia e qualidade para uma methor relagio familiar. cia da incluso, mesmo dentro do, Laem Casa € Assim. Temes Joaquim! ‘Autoras: Cella Tonal da Siva. Eica Anckade Editors Snopsys Para todas as idades (aprendizagem cognitiva) ‘A segunda parte do livro Jogos Cognittoa: um Olhar Mutidiciplnar, organizado pelo especialista em Neuro cias € professor de Estimulagio Cognitiva e Motora Anderson Amaral e pela psicdlogs especialista em Psicopedagogia e em Psicogeriatra Juliana Oh, en jogos priticos para serem aplieados a diferentes tipos de pablicos e com fava etirins distintas, dese ina a criar ¢ conta com diversos a infincia& terceira ida. Na obra sao Jevantadas questdes da fsiologia cerebral, das fungdes cognitivas e da neuroplastici- dade, Ele também debate a aprendizagem sob o olhar da psicomotricidade, motricidade, aft dade € cognigio. “Temas priticos como jogos clndicidade, 0 que sio habilidades mentais,ambientes de estimalagio como bbrinquedoteca e gerontoteca sto discutidos teoricamente por profissionais das reas da side e educacto, Jogos Cognivos um Ober Muttscptnar (Organizadores: Anderson Amaral e Julians Ohy Eaitora: Wak Estudos neurocientificos (nova fronteira para educar, incluir e integrar) A Neurociéncia deixa de ser um assunto cientiico complexo no live Sab Comando do Cibo ~ Fie senda coma a Newrocitncia Estd no sew Dia a Dia. A obra oferece uma leitura neurocientifica simplificada sobre o cérebro maestro, organizador, seletivo. ¢ integrador dos sistemas bioligico, psicolégico e social que organizam nossos pensamentos, desejos, cemoges, movimentos por meio dos sentidos e pereepgses A mente possui uma infinidade de possibilidades que precisam ser potencializadas e desenvolvidas, 0 Fivro traz quest estudos que descobriram “novas" fungdes do cerebelo, possi um capitulo curioso sobre como a in- srstfo de gua ajuda a melhorar meméra, concentragio e atengio, além de mostrar como “aprender ensinat” relagSes cognitivase aetivas, e como concentragio, prizer e bom humor agem no eGrebro © no aprendizado ‘que facilitam 0 entendimento, ajudando nese processo. Fle revela também Sob 0 Comanco do Cerebro ~Entenda como 2 Neurocénci Est no seu Dia a Dia Autora: Marta Pres Relvas Editora: Wak 34 prio cmt porilgprodbeatsombr Diversidade familiar As novas configuracdes da familia moderna Impdem indmeras alteracdes comportamentais que transformam os perfis convencionais _ de pai e mae va) SS Um bebé e ALGUEM mais... A fungdo da maternagem, nas novas configuragdes familiares, apresenta uma série de alteracdes comportamentais que transformaram os perfis convencionais de pai e mae Por Miriam Burd hist6ria da fundagio de Rémulo e Remo sio entados) por uma loba ra uma vez ica mitica de dois bebés que, «il mamifero ndo huma- se tornam humanos, crescem e fun: tro ani dam Roma. Por mais que se respeite as lobas, nos diz Donald e mito nio se Winnicott, pediatra e psican: sustenta...Um bebe nao pode existr por si s6, mas é aga0 humana (1988). Para humano é necessério que um outro na melhor das possibilida parte essencial se ter um b ser humano cuide del des, exista uma mie e ela seja um membro de uma familia nuck s estudiosos a familia atual est mais sélida do que nunca. Com o nascimento do ano: nimato urbano e na auséncia de qualquer comuni 1, a familia se tornou hoje dade profissional est S EMANOELE FREITAS FUNDOU A ASSOCIACAO DE APOIO A PESSOA AUTISTA ee ean PO ce estimulacao adequada per im fil do dia nenhum do ajude para mim mesma iho auti pousar e ser compreendido, Para ou- tros, muito pelo contrario, trata- ai apenas de reagées sintomaticas a uma crise profunda da familia moderna: casais separados, familias monopa- rentais ou recompostas, a incompe- téncia crescente dos pais na educagao dos filhos, o declinio da imagem so. cial do pai, o celibato prolongado das mulheres ou a postergagao do nasci mento dos filhos por motivo profis- sional etc. (Burd, 2015). A familia na atualidade se rein- ventou, como os cuidados ditos ‘ma- ternos” também se reinventaram. S6 a mie biolégica pode maternar? Ou haveria outras pessoas que poderiam exercer essa funcio? Hi possibilidades de terceirizara maternagem? Essa é anossa questio de hoje: “Existe uma nova forma de mar- ternagem e quem atualmente desem- pena essa fungao?” ‘Vamos tentar responder essa per gunta porque hoje, como na época nae am fundend Roma uo e Rr Winnicott, pediatra e Psicanalista, depositava grande confianca na capacidade natural das maes para a maternagem. Sua Preocupacao era de que esse talento inato nao fosse prejudicado de Romulo e Remo, precisaremos de mais do que uma l “Um bebe e alguém mais. Estamos no transcurso do século XXI e a fungi de matemar nio se coloca especificamente na figura da mae biolégica, uma mulher que en- gravidou, gestou, deu Aluzo seu bebé e cuidou dele. Através do panorama da evolugio dos costumes e papéis sociais constata-se a caminhada das mulheres a0 mercado de trabalho @ dos homens aos cuidados com os filhos e a casa. As avés (¢ ja vemos também as bisavés) estio ajudando a criar seus netos (e bisnetos). Outras vezes, a mulher posterga a materni- dade para depois da universidade, da consolidagio no trabalho, da sua in- dependéncia financeira e, como o seu “relégio bioldgico” para engravidar vai se extinguindo, ela precisa recor- rer a reprodugio assistida, Por vezes no hi o desejo de engravidar, a mu- Iher (ou 0 casal) quer apenas adotar uma erianga ‘A colocagio das criangas nas ere- ches ¢ escolinhas desde muito cedo e por periodos de tempo muito longos & uma alternativa aos pais que traba- Iham fora em regime de tempo inte- gral. Outra possibilidade sio as babas que cuidam das criancas. E essa tercei- rizagio do cuidado das criangas pode seestenderao celular, ao tablet, 20 lap- top, com filmes e jogos eletrOnicos, da ccimara de video que monitoriza acasa ea deixa 4 mostra em tempo e hora, sem falar da TV que foi e ainda é uma “babs eletronica’ Estamos assistindo também & formagio de novas configuragdes fa- miliares. Casais homoafetives, tanto masculinos quanto femininos, estao se formando e desojam ter filhos, biolé- gicos ou adotados. Familias separadas estio se recompondo com outros par- ceiros e os filhos de um se unem aos do outro € os filhos de ambos se reti- ‘nem numa mesma casa formando uma familia recomposta e extensa. Uma grande contribuigao Wiss pediatra e psicanalis- ta, depositava grande confian- gana capacidade natural das mies para a maternagem. Sua preocupaga0 erade que esse talento inato nio fosse prejudicado. As expressoes winnicot- tianas “mae devotada comum’ e"mie suficientemente boa” criaram umam- portlspacedober com. ‘Uma das questées importantes para se fer um bbs & noces: ‘doe. que evista urna msc? rio que um oulro ser humano cude As expressdes winnicottianas ‘mae devotada comum’ e “mae suficientemente boa’ criaram um ambiente aberto no qual a mae passa a ter mais possibilidades de se sentir livre o suficiente para ser ela mesma biente aberto no qual a mie passa a ter mais possibilidades de se sentir livre o suficiente para ser ela mesma, Ele dizia que pasado o periodo da “preocupacio materno-primétia’, no qual o bebé é 0 centro de tudo para ela, comesa a existir um perfodo de desilusio gradativa, necesséria & construgio do self interior do bebé e do mundo objetal a sua volta, e que a mae, em contrapartida, tenha um es- ago proprio para buscar outras satis facdes e interesses que nao 0 bebé ou o ser exclusivamente mae, Isso quer dizer, em dltima andli- se, que a mie nao pode ser perfeita, pois corre 0 risco de nao favorecer 0 desenvolvimento _fisico-psicolégico do filho. A mae (ou quem a substi- tua) nao pode superproteger 0 bebé nem ser negligente, Isso. também quer dizer que o “bebé cria a mae’, ela comega a perceber que, apesar da importancia da maternagem, 0 co- nhecimento das suas imperfeigoes & parte do proceso do par cuidador e ‘que isso constitui um momento mais liberador do que opressivo. A mae winnicottiana & empitica, embora ainda preocupada consigo. Ela quer proporcionar cuidados, prazer e brincadeiras a seu filho, mas sabe que © mundo e a vida exigem limites, res trigdes, frustracdes ¢ desilusdes gra- duais. A mae dentro dessa ética é uma pessoa comum que faz coisas comuns: segurié-lo (dar 0 holding), ter um bom ‘manejo (0 handling) que dé acalento 20 filho, ¢ ter a sensibilidade necessi- ria para a “apresentagio do objeto” (0 ‘mundo) no momento ideal. O bebé winnicottiano é a erianga que descobre o mundo dessa forma se torna a tempo preparada para rece- berbemassurpresas que o mundo ofe- rece. Winnicott acreditava que, sendlo ‘uma mae zelosa, ela pode evitar que 0 ‘mundo (e ela propria) invada demais a ie ceive 39| }O|ODISq a fm) Q Q. is oO a Sr ° =) OQ 2) pr (oy, ry [os fo) 0 crianga “antes que ela o descubra’, Ele denomina a mie e o bebé como 0 “par cuidador’, e os pais devem desempe- har um papel fundamental na prote- Gao desse par contra as adversidades. O pai winnicottiano é necessirio pelos seus préprios direitos e nfo como uma réplica da mae, Winnicott sabia que “ha certos pais que efetivamente se~ riam melhores maes que sua esposa” e que “homens maternais podem ser muito diteis’. Quando nio hé o pai, & preciso que alguém tome a si o papel Protetor — que assuma a fungio pater- nna. © papel do pai é “abrir 0 mundo ppara.a crianga’, que o vé através de um novo parde olhos. A familia winnicottiana € 0 gru- po que normalmente proporciona & erianga seguranga e forga (um ‘am- biente sustentador” e um “grupo tran- sicional”) que facilitam a individua lizagio da crianga, sua separagio da familia eadaptagao A sociedade. ©am- biente humano, para Winnicott, deve ser “suficientemente bom’, € adapta- tivo da forma correta, apropriado, de acordo com as necessidades do bebe. Winnicoit diz em relagao aos gé- meos Romulo e Remo que alguém que era humano encontrou e cuidou dos bebes. “A principio éramos absolutamen- te dependentes, e por sorte fomos sa: tisfeitos pela devogio comum (1988)". Constelagao aniel Stern, outro psicanalista, fala da “constelagio da materni- dade” (1997) e enumera quatro temas que, na nossa cultura, surgem quando alguém que cuida de um bebé deve se perguntar: Serei capar de manter a vida e 0 crescimento do bebé? Serei capaz de ime envolver emocionalmente com 0 bebg, de maneira pessoalmente autén- tica,eserd que esse envolvimento pst: quico assegurari 0 desenvolvimento psiquico que se quer para 0 bebe? Sa- berei como criar e prover os sistemas de apoio necessirios 20 cumprimento dessas fungSes? Serei capaz de trans- formar a autoidentidade para permitir ¢ facilitar essas fungées? Acconstelagao da materidade nao 6 universal e inata, Em outras épocas, histéricase culturas, esses temas nio seriam tarefas da mae, seriam diferen- tes ou quase inexistentes. Os homens Psa algure ectuoscs, como rescmento do anenrmato urbano 2 famila se omouo unico ive civ onde care er carpreencido A mae nao pode ser Perfeita, pois corre o tisco de nao favorecer 0 desenvolvimento fisico-psicoldgico do filho. A mae (ou quem a substitua) nao pode superproteger 0 bebé nem ser negligente poderiam elaborar uma nova conste- lagio da maternidade quando as con- digdes se mostrassem propicias. Além das influéncias hormonais, ou melhor, psicobiolégicas, que preparam a mie para cuidar de seu bebé, as condigées socioculturais também parecem do- rmiinantes em como e se essas vio agit ‘Na nossa sociedade, nos diz Stern (1997), as condigdes culturais impor- tantes na moldagem da forma final da constelagao da maternidade conforme nds a conhecemos incluem os seguin- tes fatores: “A sociedade atribui um grande valor aos bebés, & sua sobrevivencia, bem-estar e desenvolvimento étimo; supde-se que 0 bebé seja desejado; a cultura atribui um grande valor ao papel maternal, e a mae (ou quem a substitua) é, em parte, avaliada como [pessoa por sua participagao e sucesso no papel maternal; a responsabilida- de basica pelos cuidados com o bebé € colocada na mie (ainda o é hoje), mesmo que ela delegue grande parte das tarefas a outras pessoas; & espera- do que a mae ame o bebé; € esperado que o pai e outros proporcionem um contexto apoiadorem quea mie possa desempenhar seu papel maternal por tum periodo inicial” Quanto aos pais, Stern distingue os “pais tradicionais” € 08 “novos pais”. Os primeiros nao vivem muito a constelacao da materni- dade, podem até dar o apoio pritico; os segundos podem participar de to- omiporalsprenbeberombe Es vch profissonal de pas 26s, ¢ hoje ja podem ser Nadas bisavcs. esta0 ajudanio at relos e berelo das as tarefas de cnidados e do apoio pritico. O “novo marido” é deixado com metade do trabalho e, se sentir gratificado no seu papel parental, deve apolar a mae. Cada pessoa que cuida do bebe (mae bioldgica ou quem a substitua) desenvolvers uma constelagaio de ma- ternidade propria. Daniel Stern (1997) se pergunta: “Ese opai for o cuidador primétio, seri que ele também vai desenvolver ‘uma constelagao da maternidade? Afi nal de contas, seu cuidador primario foi sua mae (com toda a probabilida- de), ou sua necessidade de se ide car como paivaialterar essa situacao2” Novas configuragoes ADOGAO Adotar significaacolher, pormeios legais e de livre e esponténea vontade, ‘uma crianga, como se filho fosse essa crianga, que estaria ora desampara- da pelos pais legitimos, dando-lhe © direito que um filho natural teria Quando alguém decide se tornar pai ‘ou mae, um desejo de adogio coloca- -se em ato. Esse at publica que diz sim & responsabilidade de sustentar um processo particular de filiagio/adocao. Na adogio, 0 cuidado necessério ima declaragao portlspacedober com. O bebé winnicottiano € 0 que se torna, a tempo, preparado para receber bem as surpresas do mundo. Winnicott acreditava que, sendo uma mae Zelosa, ela pode evitar que o mundo invada a crianca “antes que ela o descubra’ a uma crianga pode ser exercido por qualquer individuo que supra essas necessidades, nao sendo mais fungao exclusiva da mie bioldgica. A mater- nagem, nesse caso, 6 entendida como ‘uma vinculagio de qualidade, de al- ‘guém que tenha a fungio do cuidar € de uma crianga a ser acolhida. Tem base psicol6gica e & construida a0 lon- go do tempo através das relacdes esta- Belecidas com os objetos escolhidos. Para que uma adogao seja bem-su- cedida, 0 desejo de ser mie ou pai deve estar presente, sendo essencial que haja capacidade de compreensio, disponi- Dilidade e doagao para com o outro. ADOCAO POR CASAIS HETEROSSEXUAIS ara os pais adotantes, ter um fi Iho por meios nao naturais, ou seja, adotar, seria apenas um meio diferen- te, jdqui lade pela espera do fi- Iho, 0 sexo, satide, preooupagées coma educagao e comportamento, entre ou- ‘ros, so os mesmos que se teria com uum filho natural. Para Francoise Dolto (1998), a relagao mae-bebé vai além da heranga genética ¢ perpassa tam- 'bém pelo vinculo estabelecido entre eles, pois é na cultura e na linguagem que essa relagao se estrutura. Lagos consanguineos no garantem o amor entre pais e filhos, pois este & construt- doe conquistado, ADOGAO POR CASAIS HOMOAFETIVOS Conforme a legislagio, hha impedimento para que pessoa homosexual adote uma crianga. O Estatuto da Crianga e do Adolescente (ECA), no seu art. 42, menciona que a.adogio pode ser realizada tanto por em quanto por mulher, de forma nnjunta ou nao’ estando ausente a necessidade de enlace matrimonial, Winnicott * Donald Woods Winnicott desenvl- veu sua Psicandlse com base nas re~ lacdes familares entre a crianca eo ambiente. Todo ser humano, segundo © pediatra inglés, tem um potencial pata a evolucgo. Contudo, para formar esse potencial ago real. o ambiente se faz necessirio, ncialmente, esse ambiente é a mse ~ ou alguém que lexerga a fungdo materna ~ @ apoiada especialmente pelo pal. ie ceive 4 a fm) Q Q. is oO a Sr ° =) OQ a pr (oy, ry [os fo) 2 A educagao de criancas por pais homossexuais nio & novidade, em- bora a estabilidade do relaciona- mento entre pessoas do mesmo sexo € o desejo de terem filhos ainda des pertema curiosidade de muitos. Pes- quisas realizadas revelam que aque- les que foram adotados ¢ criados por pessoas homossexuais tiveram vida digna e feliz, da mesma forma que os filhos adotados por pessoas heteros- sexuais, Os interesses dos menores estarao mais bem protegidos se as familias homoafetivas forem vistas sem preconceitos, sem temores & sem mitos. ‘As mies lésbicas sio capazes de exercer perfeitamente o papel mater- no, Precisam se preocupar em cercar a crianga de figuras masculinas ade- quadas para a identificacio (irmios, tios, avé). Estudos realizados de- monstraram que criangas educadas por pais homossexuais desenvolvem identidade sexual apropriada e assu- mem atitudes heterossexuais, como aquelas criadas em lares de mies e pais heterossexuais. Reprodugao assistida PORCASAIS HETEROSSEXUAIS Em 1984 foi anunciado o nasci- mento do primeiro bebé de prove- ta brasileiro, seis anos depois de ter nascido o primeiro bebé de proveta do mundo, na Inglaterra. As novas tecnologias de reproducéo, no seu inicio, eram medicamente definidas como tratamentos da infertilidade e teriam sido desenvolvidas em funcao de uma demanda preexistente: 0 de- sejo de filhos, de continuidade pela reproducio, portanto uma demanda dirigida a “vida’. De fato, sem o dese- jo de filhos nao hé infertilidade. POR CASAIS HOMOAFETIVOS Cada vez mais, 0s casais ho- moafetivos tém procurado clinicas de reproducio assistida. As novas normas aprovadas pelo Conselho ive iva A tercetizacio do cuidado das ci filmes e jogos eletrnioos pode se estender a0 celular. a0 fable, 20 laptop. com A constelagao da maternidade nao é universal e inata. Em outras épocas, historicas e culturais, esses temas nao seriam tarefas da mae, seriam diferentes ou quase inexistentes Federal de Medicina (CFM) devem beneficiar um nimero maior de mulheres ¢ homens homossexuais que desejam ter filhos biol6gicos. A medida permite que a técnica seja + Ser pai e mae * Serpale sermae na cticapsicanalitica rio implica apenas patemidade biold- _gica, demanda, também, sentimentos atitudes de adogio que decorrem do desejo pelo fhe. O exercicio da fungao materna e 0 exercicio da fun ‘¢a0 paterna s3o considerados neces- sitios para a estruturacao e deservol~ ‘vimento do psiquismo da cranca. desenvolvida, _independentemente do estado civil ou orientagao sexual, ou seja, pessoas do mesmo sexo e/ou mulheres solteiras. No caso de mulheres homosse- xuais nio se pode utilizar o sémen de tum familiar (irmao) de uma das par- ceiras para fertilizar os Svulos da com- panheira dessa forma. O especialista esclarece que o doador nao pode ser tum irmio, familiar ou conhecido da paciente, pois os doadores nao devem conhecer a identidade dos recepto- res ¢ vice-versa, Obrigatoriamente, € mantido 0 anonimato. Nos casais de homens, 0 proces- so envolve mais pessoas, pois é ne- cessario 0 évulo de uma doadora des- conhecida e depois uma mulher da familia que possa gerar 0 bebé. Eles dependem dos évulos de doadora descomhecida e da gestacao do iitero, que a0 contririo dos évulos doados deve ser de parente préxima, rma ou mae (que nem sempre aceitam gerar omiporalsprenbeberombe uum bebé). © procedimento s6 € per mitido em uma mulher parente do casal homossexual ~ a chamada “bar- tiga solidaria’ Mudangas O: homens (tanto heterossexu- ais como homossexuais) esta cada vez mais participantes dos pi ‘meiros contatos com o bebé, como coparticipantes das atividades antes consideradas apenas atributos femi- ninos. Na medida em que esse pro- cess0 se di, podemos falar de pais “suficientemente bons”, Todas as estruturas familiares sio capazes de promover 0 desenvolvimento positi- vo da crianga, desde que 0 ambiente seja afetuoso, estimulante e livre de conflitos e estresse. O bebe humano nasce dependen- te de cuidados de maternagem e esses cuidados devem ser compartilhados pelas pessoas que cuidam dele: a mae que amamenta 20 seio, os homens que trocam fraldas e preparam a ali- -mentagio do bebé ete. Sio fungoes de cordem prética que possuem uma série de diferentes atributos, de acordo com a fase de desenvolvimento da crianga, © sao exercidas por adultos tutelares (mie e pai, biol6gico ou adotivo). Além das influéncias hormonais ou, melhor, psicobiolégicas, que Preparam as maes Para cuidarem de seus bebés, as condicées socioculturais também Parecem dominantes em COMO e se essas maes Vao agir ‘Adinamica por meio da qual atua- lizam-se as fungdes materna e paterna ‘se organiza a partir de um interjogo de fatores conscientes e inconscientes. Portanto, as funces materna e pater- na vao além dos papéis de pai e mae. Desde os primérdios da vida per- eebemos que essas fungdes se cons- tituem numa relagao dual ~ os pais formam os filhos/os filhos os tornam. pais. O fato de descobrire iraprenden- do ao viver a experiéncia nos remete & nogio de processo: tornarse mie e tornar-se pai Tradicionalmente, a fungao mater- na exercida principalmente pela mae Casals homaafetivos fanfo mascuinos quanto femininos, estao se formando e Gesoja ter fihos biologicos ou adotados portlspacedober com. Diolbgica, mas no necessariamente & ela quem a exerce, Em alguns casos, otras pessoas assumem 0 exercicio dessa fungao, Nas novas configuragoes familiares, ela € em geral, comparti- hada pelos membros préximos da familia e, eventualmente, por profis- sionais e funciondtios de instituigoes. Entretanto, a0 executar tais tarefas, os homens ainda sao comparados com a ae e frases como “esses pais que si0 verdadeiras ‘mies” e “novos pais com dedicagao de maes” sio usuais para definir os novos interesses masculinos. Isso ji est mudando. £ fundamental, no entanto, que exista uma pessoa que seja a principal cuidadora do bebé, que represente uma referéncia constante € segura. Essa pessoa deve, além de ser responsivel pelos cuidados basicos de saiide, higiene ¢ alimentagio do bebé, nele investir emocionalmente. Isso significa que deve haver vinculo afetivo entre essa pessoa ¢ 0 bebé de que ela cuida. Diza lenda que Roma foi fundada ‘no ano 753 a.C, por Romulo e Remo, filhos gémeos do deus Marte e da mortal Rea Silvia. Ao nascer, os dois, irmios foram abandonados junto 20 rio Tibre e salvos por uma loba, que os amamentou e protegeu Um pastor de ovelhas os recolheu elhes deu os nomes Romulo e Remo. Ele foi esse alguém mais na vida dos gémeos humanos. Enao foi uma mael... > REFERENCIAS BLIRD.M. Novas Configuracoes Families: Desafos e Solucdes para a Terapia de Pacientes Crenicos. Rio de Jenero: Wek. 2018, DOLTO F Destino de Crancas: Adocio, Familas de Acohimerto, Trabaho Social Traducao: Eduardo Brando, Sao Pai: Marrs Fontes. 1998, STERN D A Constelacao da Materidace Porto Alegre: Arkes Médicas, 197 YINNICOTT. D. Os Babes e suas Maes. S80 Pao: Mains Fontes, 1386 pipe civ }O|ODISq a fm) Q Q. is oO a Sr ° =) OQ 2) pr (oy, ry [os fo) (ro BIOPSICO Sele) a> a iz portlspacedober com. Ao longo dos anos ocorreu uma alteragdo na importancia dada a mde e nas formas de exercicio da fungdo materna, que estdo ligadas a transformacgées sdcio-histérico- -culturais e que afetaram a familia Por Marta Relvas origem ¢ 0 significado da palavra mae nunca ficaram totalmente definidos, muitos file sofos apontam que “mae” vem do antigo provencal maire, enquanto outros defendem que é de origem latina, Mae também pode ser de- rnominado como a pessoa que ado- ta, ctia e cuida de uma crianga gerada por outrem, Encontram-se com frequéncia casos em que uma mae desempenha o papel de mae e de pai simultaneamente, e outros casos em que o pai cumpre o papel de pai e de mae. Em certos casos ha criangas que procuram fazer © papel de mae na vida de outras criangas. Uma outra denominag3o que pode ser considerada éade g nitora ou progenitora Um levantamento histérico sobre a maternidade nos permite perceber que houve uma mudan- a na relevancia dada a mae e nas formas de exercicio da fungioma- terna que estao ligadas a transfor- magoes_ sécio-histérico-cult que afetaram a familia, além de contribuir para maior compreen: sio das vicissitudes atuais que a afetivos cercam e dos processo gue envolvem o relacionamento entre seus membros. Em perfodos como a Antigui- dade e a Idade Média predomina- va o poder paterno dentro da fa- em detrimento do materno, configurando um sistema fami apoiado ideologicamente pela teologia cristi e pelo absolutismo politico. Nao existia o”sentimento sendo a familia uma realidade moral e social mais do sentimental, cujas relagoes baseavam-se em fatores como idade, virtuosidade, dote, classe social, honra da linhagem, preser- vagio do nome e integridade do patriménio, A familia cumpria, assim, a fungdo de transmissao da vida, dos bens, dos costumes e do nome, nao havendo preocupacio com os lagos afetivos e nem com a educagao formal das criangas. Considerando 0 proceso orginico, tomar-se mae pode transformar 0 encéfalo logo apés © parto, isso porque ocorrem modificagées dentro do cérebro da mulher. Segundo estudos re- centemente publicados na revista Behavioral Neuroscience, da Ame- rican Psychological Association, gescem as Areas ligadas a motiva- 0 e20 comportamento. Um fato a ser considerado & como ocorre a relagao de empatia entre a mae ae cbc 45 Es fm) Q Q, is oO a Sr ° =) OQ a pr (oy, ry [os fo) 46 ea cria ca. Essa capacidade se di a Principio por fatores neurobiolégi- cos dos neurdnios do cértex, que por meio do potencial de acao (estimulos) provocam uma adaptagio importante do cérebro materno, que é a redugio dda massa cinzenta de varias areas do cérebro e o aumento da quantidade de conexdes neuroglias. © cérebro da mulher grivida muda, Literalmente, a massa cinzenta eduzida em éreas relacionadas com a cempatia. Essa diminuigio nas conexdes, neurais da mae favorece certas fungoes, tais como interpretar os estados men- tais do filho ow até mesmo antecipar situagdes ameagadoras do meio am biente, atuando como um mecanismo adaptative para promover a sobrevi- véncia da crianca, Pesquisa studos do Instituto Nacional de Sade Mental dos EUA vérn con- tribuindo por meio de uma equipe de investigadores, liderada pelo neuro- cientista Pilyoung Kim, que avalia de que modo as mudangas hormonais que ocorrem logo apés 0 nascimento ~ in- lindo © aumento dos niveis de ocito- cina, estrogénio e prolactina - podem ajudar a tomar 6 cérebro das mulheres, depois do parto, mais propenso 3 re- formulagio, como resposta ao fato de ive iva ter um bebé. A pesquisa ¢ baseada em exames de ressondncia magnética no ceérebro das maes e revela que, mesmo depois do parto, entre duas semanas e até quatro meses depois do nascimento do bebé a massa cinzenta cresce pouco, pporéim significativamente. As evidéncias demonstram que o cérebro diminui de tamanho durante a gravides e que se re ‘modela aos poucosapés o part, No cérebro das maes, as reas que apresentaram transformagées sio as ai: Be = Contexto social * Inserndo-se no contexto socal ‘constale-se um caminho comum & construcio das mies, composto por dues vertentes complementares ~ 2 Diclogica ea hstorica. A primeira esta relacionade 20 processo imperetivo biclogico da menstruac3o e fertida- de. a segunda & 0 contexto histerico dessa reprodusio biclégica, que se compoe de etapas bssicase vataves, de acordo com as condicoes sociais € econémicas de cade mulher Estudos norte- -americanos avaliam de que modo as ™mudancas hormonais que ocorrem logo apds o nascimento podem ajudar a tornar 0 cérebro das mulheres, depois do 0 parto, mais propenso a reformulacéo estruturas do hipotélamo (associado 4 motivagdo © a0 sentimento mater: no), a substincia negra e as amigdalas cerebrais (ligadas & recompensa a0 processamento da emogio), 0 lobo pa rietal (integracdo sensorial) eo cdrtex pré-frontal (raciocinio e julgamento) ‘A evidéncia cientifica aposta em uma conexao entre horménios, mudangas fisicas e alteragdes funcionais, pro- vavelmente relacionados & “cascata” de horménios que vém do feto, que mudam 0 corpo ¢ o cérebro da mie. As madangas no cérebro afetam areas associadas com fungdes necessarias para © gerenciamento dos “desafios dda maternidade” e, mesmo depois do nascimento, as alterages permane- cem modificadas, remodelando-se a0 longo do processo vital. ssa mudanga, apés o parto, altera a conduta eaumenta a sua motivacio, 0 aciocinio, as emosdes. Esses aspectos podem promover um “agugamento” do cérebro materno, preparando-o para 0 acolhimento € cuidado do bebé, Esse fendmeno acontece por meio da neu- roplasticidade ou formagio de novas conexées neuronais no cérebro da mae. Diante dessa possibilidade biolégica, a mie pode se tornar mais disponivel para as atividades maternais, como por exemplo: o alerta ea interpretacio do choro do bebe, dentre outras situacoes. omiporalsprenbeberombe ‘Mesmo sem saber e sem perceber, © corpo feminino cria estruturas para ‘encarar essa nova situacio totalmente diferente. Toda aquela forga que faz a mulher conseguir acordar de madru- gada, tendo dormido muito pouco ou olhar, inveja a potén por isso tendo a necessidade de s apropriar dess forga, forgi-la, castigi-la ou destr vem;portalspacosabeccombe O filme comega desenhando a clis. “4 questo. do racismo quando ele enfrentado na relagio inter-racial, questiio que ja foi inclusive punida pela lei norte-americana, como poder ser visto em filme baseado em fatos reais, 0 duro Loving (2016), de Jell Nichols, que ‘narra a historia de um casamento entre tum brane, Richard Lo gra, Mildred Jeter Lo Virginin, a Suprema Corte para conseguir reco- nhecimento de sew mat ng, © uma ne~ ng, no estado de mando enfrentaram em 1967 io, tendo antes os dois sido presos e sentenciados por um juiz local a que sua liberdade estivesse condicionada an nea regres- sarem ao seu estado natal pelo periodo de 25 anos. Bom filme, fica a di Veremos 0 recente namoro de Chris Washington (Daniel Kal Rose Armitage (Allison Williams), que se preparam para ir passar uns com a familia dela, Ele um tanto re sistente e tenso pergunta A namorada se seus pais sabiam que ele & negro. Ao que ela responde que seus pais nko sio desse tipo, racistas, que so liberais € de mente ab 0 easal, em pleno apaixonamento tipico de um inieio de namoro, parte para a visita, apesar de todos os avisos de cautela dados pelo amigo de Chris, 0 seguranga de aero: porto Rod Williams (Lil Rel Howery) © casal de namorados vai part a propriedade rural dos pais de Rose, durante a viagem atropelam um veado xlados por um policial ro- doviirio que trata Chris com evidente € so int racismo, pedindo-the documento, a0 que Rose se ope com firmeza. Ao che gurem pelos pais de Rose. O neurocirurgitio Jo recebidos atenciosamente Dean (Bradley Whitford) e a hipnote- rapeuta Missy (Catherine Keener) sio surpreendidos no jantar pela chegada do irmiio de Rose, Jeremy (Caleb Lan- dry Jones), que enehe Chris com per- guntas daquelas tipicas que sio assenta- das em esterestipos ligados 20 racismo sonsponalepacesoabexson.e ° atte 0 acsme como tems princps O FILME COMECA DESENHANDO A CLASSICA QUESTAO DO RACISMO QUANDO ELE £ ENFRENTADO NA RELACAO INTER- -RACIAL, QUESTAO QUE JA FOI INCLUSIVE PUNIDA PELA LEI NORTE-AMERICANA. € preconceitos arraigndos, Esse primei +0 jantar termina tenso, ¢ Chris desaba- mnigo Rod. Dai em diante toda a trama se tor- fa, pelo cel na surpreendente, bastante singular em um roteiro mais do que antoral Impossivel para 0 espectador supor indo que veri na sequéncia do filme, cabe nfo contar porque grande parte do magnifico dessa producio reside det para Jordan Peele e ator para Dane Kaluuya justamente no fato de apresentar o usitado para quem o assiste, Chris se verd frente a uma trama que nem em seus piores pesudelos poderia su- por. Parte do que vivers ser capturada por uma culpa que traz por ocasitio da morte de sua mie quando era erianga e “congelou” diante da demora dela em retornar pars casi; ela sangrou atrope- cia médica ada ¢ sem assist numa rua, Era o corpo negro jogado no eseu- ro da noite, 0 corpo negro cantaria Elza Soares, “a carne mais ba~ rata do mercado € a carne negra’, Logo a seguir ha uma festa na casa dos Armitage, onde a sociedade local, predominantemente branca, retine-se em uma suposts comemoracio, Chris € apresentado a cada um deles, que clogiam seu trabalho como fotdgralo. clima da festa & meio estranho, hi uuma grande curiosidade em torno de Chris, que cria 9 wra de suspense Interessante nessa parte do filme lidar com o deslile das insimeras maneiras Eur LS. Hoot ¢ psclgo pscaralista dtr em Sade a Cranca eda Muber Denise Deschamps ¢psicdloga e psicanalsta. Autres do ro Gnomes Efecerco Cones Parapa de paestas, cxrsose wo reps em empresas e uiversidades sobre esse ferra Coordenam o ste wwivcnemateapapscr re sient 67 sulis pelas quais © racismo se apre senta, slgumas delas, on muitas, até de ma ira aparentemente elogiosa. Vemos costumeiramente essa forma velada de marcagio da diferenga se mostrar socialmente, una forma bas- ante efieaz no modelo dé egregacio, ji que quem a sole jo consegue se quer nomear seu ineémodo que ser despotencializado pela apresentagio do argumento como um elogio e ataque. Podemos ver isso muito, por exemplo, na sexualizagao do corpo ne {gF0, utilizado em uma apresentagio de desejo investido socialmente. Como Ris tama, um jovern negro vi amnion. que parecia ami antilin dei ao negro apresentado como objeto de esejo problematizar esse modelo? esse lugar para dar énfise incia do racismo © combate da possivel & negra on Rec aniversitio da regulamentagio da Psi mente, por ocasiio do 55° cologia no rasil, 0 Conselho Federal de Psicologia homenageou uma parti: e ativa de seu inicio, um nome proeminente da Psicanilise no pais quue > participou de sua fin a psicanalista Virginia Leone Bi endo, negra ¢ neta de escrava allorria- 68__psgue encase pra o inlenice pata cor focra em um pesacelo| INTERESSANTE VER OROTEIRO DO FILME LIDAR COM O DESFILE DAS INUMERAS MANEIRAS SUTIS PELAS QUAIS O RACISMO SE APRESENTA, ALGUMAS DELAS, OU MUITY ATE DE MANEIRA APARENTEMENTE ELOGIOSAS a fazer anise da, foi pri tna América Latina. Lemos ¢ estudamos lantos outros nos es como pioneiros da Psicandlise brasileira, que resta in- trigante por que até tio reeentemente rio havin registros maiores sobre essa mulher, que tanto contribuiu no $6 part a chegada da Psicanilise por aqui como também pela propria findagio da Psicologia enquanto fissdo, foi membro ativo na composigao do Conselho Federal. Bla escreven primeira tese sobre as relagdes raciais no Brasil, assunto um tanto invisibiliza- do até hoje, apesar das nossas terriveis estatisticas no que cerea a parcela da populigio declaradamente negra. Ow tem sido trazido tro tema que agor a0 debate gira em torno da questo da psicoter em que a vivéncia do ri- cismo acaba sendo menosprezada em tilhamos a lenda de que no somos um Sabemos do eal mo pode trazer desde eedo. pais evidentemente peso em medo ansiedade que a vivén: Negar isso em nome de qualquer outro marcador tem sido talvez mais uma for- ma bastante perversa de manter como questio individual uma complexidade que © social se recusa a debater, colo- cando, em ainda maior risco psiquico, parte de sua populagiio, como ironia, visto no caso do filme os negros que sio capturados pelos Armitage. Mas volte filme, uma inveja no consciente que haveria ddesse os ao singu Gio to bem colocada de por parte daquela comunidade branca edere em relagio a capacidade fisic sisténcia vista nos corpos ¢ subjet dades dos negros. Com isso, o diretor € roteirista Jordan Peele devolve & su- posta supremacia branca uma questo inedmoda: vocés nos atacam © apri sionam por um impulso invejoso. Esta na nossa grande eapacidade, © ni qualqner suposta defi que o armanjo social tem ge ciéncia, 0 ddio ado por sé- culos, talvez, denuncie o filme, O senti: do de alerta que essa inveja destruido- ra abre para o atacado € um marco de profundo impulso de autopreservacit. vez por tudo isso o racismo em re- lago aos negros seja to sistematica- mente negado, Para vé-lo seria preciso, antes de tdo, olhar com honestidade para a hostilidade que se 6 sapaz de gerar a partir do bisico sentimento in- vejoso, que pode ter seu curso como alavanea pan nica ou quedar mortifero em um sen tido de agressio e destruigio. uma complexidade psi Como disse em entrevista uma vez-a cantora Nina Simone: “Liberdade é no ter medo” Essa liberdade que jamais foi pensada para a populagio negra em sposialgpresbsabercom qualquer parte desse planeta, que segue perseguida e empurrada para a margi nalidade por uma sociedade repleta de medos no devidamente reconhecidos Nao é comédia e acaba como filme de terror, toa que esse filme vem como © reconhecimento de algo ali que so- Imente negamos di um tom de iro- nia, mas também jogs angistia e no pavor do desconhecido (que sabemos) ébvio, como jf dizia Freud, pode ser a mais apavorante das revelagées. Chris demoraré a entender todos 8 sinais evidentes (depois de sabida a trama) do quanto aquela realidade é-lo to subjetividade. er ameagadora, no sentido de fa desaparecer eng eres absurd ¢ su uma ~~ Que genial mais essa sacada do fl ja que se pede a populagio alrodeseen. dente que abandon de orige de"; muito disso tem se visto até de seus marcadores ranguit maneira inconsciente a0 res tir em roupas, compassos © melodias, culi- nara ete, Ou ao contritio, quando a moda tenta assimilar como tendéneia estampas @ modelos, © que chamam de algo originério da moda africana. Se essa mistura poder ser uma forma de anulara diferenga que segrega ou se seri apenas mais uma forma de obri- gar a uma negritude domesticada pela J imos momantos de hur. que vdo co! branquitude, nao temos como saber ainda, porque obviamente, como toda © qualquer ou isso dependers do embate das forgas ¢ olvidas. Como deixou dito Vir do: para o intimo, o ps Eu fii buscar defesas eientitic qntico, para cons liar a pessoa de dentro com a de fora Fui procurar na Sociologia a explica- ho para questdes de status social, E, na Psicanilise, protegio para a expe tativa de rejeigio, Essa é a historia” (entrevista concedida em 1998) Chris ter que seguir 0 conselho: fijal Desconfie da suposta simetria nas relagdes que algumas comunidades oferecem, Mantenha-se alerta, como aconselhou Rod. Mé quando a ten Sio ironizada pelo filme permanecera constante nos vineulos socitis teremos que nos perguntar com profunda cora- gem e honestidade. Nesse ponto fiea a fala de Rod, que vir salvar Chris, de que ele 60 melhor dos investigadores, jf que estaria treinado a lidar com © terrorismo, esse que tenta pasar des 2 percebido nos atos do cotidiano, Sere Sizpen scion: EUA Duracac: een perfil Por Anderson Zenidarci Arte MUTILADA A VOZ ROUCA, SENSUAL E A FIGURA EXOTICA DE AMY WINEHOUSE MARCARAM A HISTORIA DA MUSICA COM SEU ENORM TALENTO E A REFERENCIA AOS PROCESSOS AUTODESTRUTIVOS DA CANTORA londrina Amy Jade Winehouse nasceu em 1983, filha de um taxista € uma farmacéutica, Ti- ‘nha um imo mais velho, de «quem nunca foi proxima. De fama judi, enquanto erianga foi obrigada pelos pais a frequentar uma escola judaica. Ni tava da rigidez, nfo se adaptava. Foi trodu iio gos- umbém pelos pais, apreciadores de clissicos do Jazz. Seus tios por parte de mak la no mundo da mi sicos do mesmo estilo. Ja na adolescéncia, Amy comegou a apresentar problemas e controvérsias: oi expulsa de uma escola de artes cEnicas por ‘empenhar” € colocar um piering no nariz, Nesse perfodo comegou a escre- vver misicas, Apés 0 colégio regular tam- ‘bem nto dar certo, ela abandonou os estu- dos e se dedicou a cantar em uma banda. AAos 16 anos, um amigo passou uma fita sua a uma gravadora, levando-a a assinar seu primeiro contrato. No inicio, assinou como cantora de jazz, mas com o passar do tempo ampliou 0 estilo e tomou-se um estilo mix de jazz, pop, soul e R&B. Em um ano, ela venceu cineo Grammy Areards ligados 20 alsa Back to Black e ganhou reconhecimento mundial por mé cas como Rehab e Lave bra Lasing Game. eu sua fama, aumen tou também a espectlacio da imprensa sobre o seu estilo de vida. O detalhe que ‘mats cham tengo era 0 seu peso, 0 que era justificado por Amy como sendo ceonsequencia do fim do uso de Gennabs Durante essa época, apés o langamento de seu primeico élbum, Fan, comegou a 10 ive itive Emumano, Any veceucio Garry Avardse gxtou ecoohecimentomundal Avid afetva ea cbusvae turbuenta Como mando viva oque aPocolaga chamade telaio perverse em que de nha prazer em vv cestuda criar sua imagem de garotainstavel ¢ bo- mia. Iniciou uma fase de bebedeiras, uso de drogas, dstrbios alimentares (anore- xia severa) e variagGes de humor bruscas (da depressio a agressividade), que 6 pioraram ao longo dos anos e do sucesso cerescente. O sucesso era insupo contradizia a autoimagem de fracasso € io merecedors dlisfancional na qual erescera Frequentemente aparecia completa- mente embriagada em suas performances, 4 ponto de nio conseguir terming Amy sempre teve problemas e dificulda- des de relacionamentos pessoais ¢ profis- sionais, inclusive com diversas gravadoras, ‘A cangio Rehab foi escrta apés a tenta- tiva filha de uma de suas gravadoras de internd-la em uma clinica de reabiltacto. ‘A cantora se envolveu em um relaciona- mento conturhado e violento com Blake Fielder-Civil, que admit ter introduzido ‘Amy nas drogas pesadas, como coeaina, hheroina, mescalina até 0 crack. Logo apés se ensarem, tiveram uma grande discussiio vel, pois jue tinha, fruto da familia cchas roxas pelo corpo, machucacios com sangue circularam pela midia, mas cla negou ter sido agredida pelo marid, afr mando serem marcas de automutilacio, {ato frequente em seu hist6rico, pois ela se contava de “forma de aliviar a dor” da angst inten- sa que sentia Sua vida afetiva sempre foi conturbada cesoffida, sendo um dos extalisadores para ‘um comportamento eritico, destrutivo ‘com uma postura de alienaco afetiva ein- idolescéncia, como uma womportalspreoabersombr diferenga em relagio 0 outro, As contro vérsias continuaram € 0 casal chegou a ser reso na Nomega por posse de Gunuabis Seu relacionamento com o marido era abusive e turbulento e girava muito mais «em tomno das drogas,dlcool ¢ abusos (mo- ral, social, fsico © emocional) do que de amor, companheirismo e cumplicidade. Ele cometeu todo tipo de agressio, tinha prazer em ¥ a destruida, ¢ ea por stia perversa. Ele a traiu e a eulpou pela propria solidando também um abuso psicol6gico profindo. Amy, por sinal, era extrema- ‘mente carente ¢, para se defender, mostra- vase arredia e agressiva no conta. vez fomentava essa re atitude, con- owniporalspacodosberom. econentes da. Em 2007 foi hos exaustio. Apés 0 cpl soffido uma overdose de diversas drogas, alegando ‘admitin ter entre elas: ketamina, ecstasy, cocaina, - cool ¢ heroina, No mesmo ano, Amy se afastou dos paleos, obrigada a descansar e tratar, visando seu bem-estar e desin Para isso, deu entrada em uma clinica de reabilitaglo, admitindo ter pro: blemas com depressio ¢ assumindo suas AMY REVELOU QUE COSTUMAVA SE CORTAR PARA SENTIR UMA DOR QUE SUPERASSE SUAS QUESTOES EMOCIONAIS. APESAR DO SUCESSO MUSICAL, ASAUDEEA VIDA PESSOAL SE DETERIORARAM RAPIDAMENTE cconstantes automutilagées. Revelou que sempre se cortou para sentir uma dor que superasse suas dores emocionais. Apesar do estrondoso sucesso musical, a sade € a vida pessoal comecaram rapicdamente a se deteriora, apesar de receber tratamen- to para enfisema pulmonar ¢ arvitmia car- rusadas pelo uso de crack, Em meio a0 sucesso, vi uum perio- cdo mareado por intimeras si Colapsos, recaidas e tentativas de inter- venciio de sua f agin com agressividade. Em julho de 2011, ambulkincias foram cenviadas 8 casa de niimero 30 da Cam- den Square, em Londres, atendendo a um telefonema a policia britinica no qual se «quais sempre re- comunicava uma morte, Pouco tempo depois, 28 autoridades confiemaram a im prensa que se tratava de Amy Winehouse. Ac cook agravada pelo fato d © compo bem debiltado e a da morte foi uma overdose de al- estar com nfraquecida pelo abuso de drogas durante anos. Amy, 27 anos, Sta morte trouxe um fim comoven- como outros astros do rock, morre te, quase esperado e trigico a uma enorme promessa do cendrio da misica. = ® ‘Anderson Zenidarci ¢ mest em Psicologa pels PUC-SP, supervisor w palestrante,Coordenadore professor do curso de especisizacéo em > Transtomos e Patologias Psiquicas ple Facis professor de pés-graduaczono ‘cso de Psicologia de Saude Hosptalar na PUC-SP Ata hi mas de 30 anos «em atendento cinco em dversos segments da Picologa, com especial deca a picossemalica ranslomos e patella palquees. pique cite TL RS INTERNET AVIVENCIA NO JAN ATENDIMENTO CLINICO ON-LINE nportlpacodoabet com. Diante dos novos e diversos formatos de atendimento, a realidade via internet ganha cada vez mais espaco. Essa experiéncia ndo pode ser deixada de lado Por Any Trajber Waisbich “A arte se di na iminéncia do abismo’, Jorge Luis Borges om todas as novas formas de aten dimento fica cada ver mais dificil deixar de admitir que essa reali- dade se nponha, Tema relevante de se discutir e pensar criticamen- te, j4 que o futuro esta ai, bem perto, nas novas geragées. Comego nio com uma vinheta clinica propriamente dita, mas um contexto onde se de- senrolam alguns atendimentos na minha clinica, Pano de fundo, privilegiado, na apreensio desse recorte sobre o que seria um atendimento virtual. Enfim, fazer as pontes entre pritica e teoria tio necessarias na Psicanélise encarnada, Atendo pessoas que habitam a muitos fusos horérios de Sao Paulo, portanto longe o suficien- te para inviabilizar qualquer locomogao. Penso, nesse momento, em dois pacientes. O primeiro, a0 me procurar, instigou-me a atendé-lo a distan. cia por ser essa a Gnica maneira de nos comuni- carmos e havia um pedido explicito, da parte dele, para que tal ocorresse, e percebi uma vontade mi- ha de que isso se viabilizasse, Um executivo que se locomove constantemente. Assim sendo, teria que langar mao de estratégias no intuito de ouvi- -lo prescindindo de sua presenga fisica na sala de anilise. Nossos primeiros contatos foram feitos via internet e por escrito, que levaram & marcagao ‘Any Trajber Waisbich ¢ psicanalsta de adolescentes @ ‘adultos. membro efetivo de SBPSP. coordenadora de ‘seminério sobre Psicandise de Grupo junto ae stitute cde Psicandse da SBPSP secreliria da Dretoria. e-mail be papecineinivide 73 see INTERNET de um horario conveniente para am- bos e que mudam frequentemente, dependendo do local onde o pacien- te se encontra. O Skype seria nosso possivel lugar de sessdes; 0 logos li- gado ao setting. A outra, uma jovem mulher que ‘mora hé alguns meses em um pais distante e que gostaria de discut suas questoes em portugués € com uma brasileira porque estava extrema- ‘mente dificil para ela viver fora da sua cidade natal. © choque era tamanho que, por vezes, a incapacitava de rea- lizar tarefas que seu cotidiano exigia © Skype € uma ferramenta de computador que permite conversas telefenicas com qualquer lugar do planeta usando a internet. A ferra- menta permite tanto conversas de audio, como num telefone, até 0 uso de imagens (como numa videocon- feréncia), e é gratuito. Através dele, a tela de nossos computadores, seguiriamos uma experiéneia diferente para analista e paciente. Do meu lado, seria con- versar analiticamente com alguém jamais visto pessoalmente. Da pa te deles, falarem © serem ouvi por uma psicanalista; processo ja mais experimentado anteriormente. Tudo novo. Questées se impoem, até porque, tanto 0 instramento usa- do dessa maneira como a forma de atendimento suscitam investigagio. Como seria esse setting? Qual se- ria o impacto especifico desse aten- dimento no “manejo do método” psicanalitico? Quais seriam as estra- los Com todas as novas formas de atendimento, fica cada vez mais dificil deixar de admitir que essa realidade se imponha. Tema relevante de se discutir e pensar criticamente, jé que o futuro esta ai, bem perto, nas novas geracdes 1 AEA ist HL (© Skype ¢ ume feramenta de computador cue permite conversastelefénicas com qualquer lugar do planeta usendo a intemet 7A igen tégias ligadas a técnica? O que seria possivel fazer com 0 sujeito nao pre- sencial no atendimento? Como falar com essa figura bidimensional? Per- de-se 0 qué? O gue se ganha? Como teorizar observagao analitiea num mundo 2.0, 0 mundo da internet? Como forma de responder a es. sas questées proponho, num primei ro momento, um pequeno recorte da teoria jd existente e consagrada, Em um segundo momento, retomo os atendimentos acima mencionados e verifico em que medida ele dialoga com as questaes propostas. A partir de 1910, Freud siste- matizou suas descobertas advindas da pritica de sua clinica e teorizou esses conhecimentos em seus ar tigos sobre a técnica. Esses temas estiveram em permanente transfor- magio, porém dentro de certos pa- rimetros. Freud preocupou-se com a transmissa0 desses conteiidos a0 longo de toda sua vida profissional, mantendo discussdes acaloradas em defesa do que acreditava ser 0 fun- damental nessa ciéncia inventada por ele, flutuante, inconsciente, sexualida- Conceitos como atengio de infantil perversa e polimorfa ea transferéncia_permanecem pontos fundamentais para seu método. Trata-se aqui de temas voltados a0 que seriam esséncia e contingén- cia da técnica e do método psica- nalitico. Por definigio, esséncia é: a mais importante caracteristica de uma ideia ou de algo que Ihe confe- re identidade; um carter distintivo. Sua etimologia vem do latim, ele- mento nuclear das coisas. Quanto 4 contingéncia, seria a possibilidade de que algo aconteca ou nao, Fato imprevisivel ou fortuito que escapa a0 controle, eventualidade. Circunstancial sem necessidade, pois poderia ter acontecido de maneira di- ferente, Sua etimologia vem do latim, em portugues no dicionrio, técnica vem do latim, fica acaso. Ainda womportalspreoabersombr 2 de sua clinica seus artgoe ‘brea leona um conjunto de procedimentos liga- dos a uma arte ou citncia, Conjunto de normas que organizam uma agao. A técnica psicanalitica éa moldu- 1a que possibilita © encontro, inclui 0s procedimentos perceptiveis e or- ganizadores aos abstratos e de dificil apreensio, Nos perceptiveis esto: a sala de anilise, o diva ou a poltrona A técnica passa pelos combinados de férias, os horarios das sessdes, sua duragao e os honoritios. Abstratos 4.08 mais abstratos sio: a livre as- sociagio do paciente, a atengio Tlutuante do analista e principal- mente a interpretagio, permane- cer naquilo que seria fundamental ao exercicio da fungao de analisar. Pode-se dedurir que essas fronteiras so tenues; local fisico nem sempre signi m por diante. Quando um setting se tor- na rigido inviabiliza 0 caminho da quatro paredes e ass nportlpacodoabet com. Comeg¢o nao com uma vinheta clinica dita, Mas um contexto onde se desenrolam alguns atendimentos na minha clinica. Pano de fundo, privilegiado, na apreensao desse recorte sobre o que seria um atendimento virtual andlise e provavelmente paciente desistiré dessa procura por si mes: ‘mo. Portanto, a técnica nao pode ser reduzida as condigdes concretas de um atendimento numa sala de andli- se tradicional Entende-se por método, do gre- go, processo organizado, légico e sistematico de pesquisa. Percurso investigativo da pritica. Especificamente para a Psicand- lise seria aquilo que a torna tinica; 0 que ilumina esse caminho seria a in- terpretagao do analista. A interpre- tagao & a esséncia do método para qualquer psicanalista. Tem-se aqui uma das intersecgoes buscadas. A interpretagao esta presente desde as origens da Psicandlise, embora nio abarque todo o conjunto das inter- vengdes do analista. A arte de interpretar distingue a Psicanilise de todas as outras psicologias, dando-Ihe sua iden- tidade e autenticidade. O ato de interpretar ressignifica 0 discurso do paciente e possibilita tracados originais para novos percursos, pri- meiras manifestacdes radicais da evidéncia do método. Pelo trabalho da transferéncia, aqui entendida da forma mais abran- gente possivel no intuito de abarcar todas as escolas, atualizam-se os dra- mas pessoais dos pacientes que pro: curam ajuda para suas dores. Inter- pretacao ¢ transferéncia atuam nesse uuniverso Gnico. O espaso transfe cial desenvolvido pela dupla analitica transforma a narrativa num movimen- to constante daquilo que nio tinha re- gistro; desconhecido sempre mutével Uma vex definidos os termos, tem-se a pontuar que a contingéncia nio altera a esséncia do método e da técnica. Ela apenas os relativiza. Alegoria ctave Mannoni, no texto O Diva de Procusto, langa mao de uma alegoria para discutir © risco da reeducagao e normalizagio dos pacientes em detrimento da escolha possivel de cada individuo. Diz a lenda grega que bandido Procusto oferecia hospitalidade aos viajantes, dando-Ihes uma cama para dormir. Porém, esses deveriam caber, per- feitamente, no seu comprimento. De outra forma, corriam o risco de mutilagio, O generoso anfiteiao in- yentou uma técnica, a de cortar um pedaco das pernas dos grandalhées, * ODiva de Procusto > fm que aintervencio enaltica compe com a teeducacéo © se separe de interrelacéo pre-fabricads? Como les0 permite opor © analsta 2 Procusto, 2 propria figura do malfeitor normalizedor? Essas pergun tas abrem a coletanea de textos clincos, acompanhacos de debates © Dis de Fro- custa, Joyce McDougal, Octave Mannon, Denis Vasse, Laura Dethivile contem his- forias nas quais cada um pode encontrar sua propia enarsta, seus momentos de soidie e de desespere, rig icivide see INTERNET ‘Atécrica pscenaliica & a moldura que possi oercontra. inclu os procedimentos perceptive que sio a sala de andise.o «v8.0u a patrons O primeiro paciente, ao me procurar, instigou-me a atendé-lo a distancia Por ser essa a Unica maneira de nos comunicarmos e havia um pedido explicito Para que tal ocorresse. Percebi uma vontade minha de que isso se viabilizasse ou esticar os baixinhos, alcangando assim seus objetivos. Uma caricatura desses anali- sandos que, supostamente, devem se encaixar naquilo que seria espe- rado deles no proceso, Analistas, enfim, preocupados com a repro- dugao de uma teoria ¢ de um mo- delo preexistente. Novos conceitos surgirio, inexoravelmente, j4 que a teoria nunca esgota seu objeto de estudo. Em outras palavras, essa Psicandlise interrogativa nunca se restringe a si mesma. ‘Atendimentos mediados por tecnologia evocam a tarefa instiga- dora da descoberta de caminhos. A contribuigao que © século XX propée a0 homem contemporaneo 6, justamente, promover um equi- Iibrio na comunicagao direta entre pessoas apartadas fisicamente, Di- 16 pie itive (© psicanalsta Octave Mannonilanca mao ‘de uma alegoria para dscute o isco da reeducacio dos pacientes em detriment da escola de ceda individu logo muitas vezes infrutifero por invasio de contetidos pelas redes e sem significado para um interlocu- tor. Por outro lado, produz encon- tros singulares pleno de significado para seus participantes. Nao se trata de um posiciona- mento normativo de elogio ou de- tragio do espago que a tecnologia ‘ocupa nas relagdes sociais contem- porineas. Inversamente, trata-se de um uso refletido sobre algo que me parece incontornavel. Nesse mundo globalizado, onde individuos estdo constantemente em movimento, surge um recurso cuja finalidade recai na comunica- 40 direta entre pessoas apartadas espacialmente. Se for verdade que © Skype, Facetime e outras teenolo- ggias que surgem com uma velocida- de inimaginavel ajudam a aproximar pessoas em seu cotidiano, é factivel, esses_mesmos instrumentos, unir temporalmente paciente analista numa conversa transformadora e rica de significado. Atendimento virtual Eis esas sure 3 contigs: cia de colocar duas pessoas em contato. A conversa a distancia, pa- radoxalmente, aproxima 0 humano. Onde havia exclusio passa a haver inclusio. Deve-se salientar que sem- pre existiu o “setting imperfeito”. O original seria as razdes pelas quais pessoas poderiam se beneficiar de formas diferentes de intervencio, além de continuar as indagagdes de como elas se relacionam com sua fa- milia, trabalho e cultura. O protago- nista continua sendo a sessio que se desenrola com outros parimetros, setting aqui, visto como con- tingéncia, o Skype se amplia e se transforma em facilitador do pro- cesso psicanalitico. O método exige uma constante indagagao sobre no- vas abordagens, bem como seu im- pacto na interpretagio. womportalspreoabersombr Nossos primeiros contatos foram feitos via internet por escrito, que levaram & marcacao de um hordrio conveniente para ambos e que mudam frequentemente, dependendo do local onde © paciente se encontra Particularizando, _percebo-me nesses atendimentos muito mais ati- ‘vas pergunto mais, falo mais, Trata- -se de uma estratégia no sentido de minimizar a lacuna espacial deixada pela propria utilizagao desse recur- so. Seria, melhor dizendo, a tentati va de minimizar a frieza percebida nportlpacodoabet com. MANNONI ESCREVEU UMA DAS BIOGRAFIAS MAIS COMPLETAS DE FREUD sicanalista francés Octave Mannoni escreveu, entre outras obras, Freud, Tafa strats do mais famoso psicanalista da historia. Utiizando uma linguagem clare, que traduz a sensibiidade de quem sabe aprender de uma historia suas facetas mais decisivas, Mannoni apresenta © drama vivido Por Freud durante 0 periodo inicial de criagao da Psicandlise: a elaboracao de seus principais casos clinicos e os ensinamentos que deles extraiu: a5 bases revolucionsrias de sua teoria da sexualidade e a interpretacso dos sonhos elementos centrais de sua descoberta do inconsciente, Ricamente ilstrado por iconografia que acompanha 0 texto, o leitor tern contato com os mais significativos episddios da vide e da obra do criador da Psicandlise. Freud & considerado por muitos psicanalistas uma das melhores intraducées & obra do mestre vienense. A profundidade do retrato da obra freudiana deve-se a0 fato cde Mannoni fundamentar sua abordagem no ensino de Jacques Lacan. de quem foi compa pela auséncia de contato real de um corpo faltante conereta do. Adaptagio sempre necesséria. Adaptagao e nao traigao numa Psi- candlise investigativa. Para_ um observador_privile: giado, 0 analista, esse instrumento pode explicitar algumas idiossin- crasias dos pacientes. Com alguns deles, num jogo de esconde-escon- de, evidenciam-se as dificuldades de uma intimidade nao alcangada. ente iro desde © inicio de sua grande aventura intel ctual Por veres, as imagens nao aparecem na tela, ouve-se somente a vor. Imagem bloqueada. A impressio € de que o discurso vigora. A tela, 0 computador, 0 horario, enfim a ses- sao se desenrola como numa ence- nagao de um lugar nunca possivel. Muitas vezes, esses atendimentos se dao em locais imprevisiveis, pa- cientes errantes. Podem ocorrer no jardim da casa, em bares, no hall de hotéis. Locais pouco provaveis para uma conversa reservada. Lugar es~ tranho, aberto, surpreendente do ponto de vista de uma escolha. E que pode ser investigado. Nem tao contingencial assim na medida em que se transpoe a esfera do visivel para a observagio desses sinais. Isso implica na escolha do lugar de intimidade dos pacientes, por vezes ainda no conquistados. Nesse formato de atendimento, 0 imprevisto se evidencia com um colorido maior. Como nao poderia deixar de ser, nas vezes em que esses pacient tornam ao Brasil, por curto periodo, surgem oportunidades de uma ses- sio presencial. A partir disso, revela- se uma proximidade de dois corpos we INTERNE’ -ncontram € se es Frequentemente acho-os diferentes daque. la imagem bidim da tela. Novas emogoes, os ntes expre neira, tinha experiéncia com pacientes que, eventual- mente, foram atendidos via Skype, por um determinado tempo quando fora do pais. Esses pacientes tinham um \cional © comentam as di histérico de anélise anterior 28, Muitos preferem permanecer no formato com que iniciaram © aten- dimento; fato que aponta algo a respeito do contato e da distancia necesséria em relacio a0 outro. Outros se adaptam as circunstancias e vém com curiosidade a es- comigo. Outros atendimen- tos ocorreram por motivo de doenga que os impossi- bilitava,temporariamente, de se k consultério. Quando a surpresa se faz presente, a analista pensa. O trabalho do analista é 0 de criar técnicas individuais e omoverem até meu ses encontros, Outros, ain da, reclamam da distancia a que estio submetidos. fazer teorias para cada aten dimento. Teorias passi cada momento. eis de Gostaria de salientar minha surpresa_concer- nente a essa aproximacio contes © essencial permanece sen- do a interpretagao da provi- vel metifora, nesse caso, de pac mais se esconder tanto. concreta, Nunca antes ha- via trabalhado dessa ma jentes que nao precisarao Aqui, a tecnologia promo- Uma jovem mulher que mora ha alguns ve atalhos quando esses paradigmas meses em um pais distante e que gostaria de ajuda eee (ealdade discutir suas questées em portugués e com de atendimento e a tela mutante nao uma brasileira porque estava extremamente siosencolbas aleatsrias, a0 conteteioy dificil para ela viver fora da sua cidade natal aeons fee dentine oe Al REVOLTANECESSARIA NASBANCAS Por definicao, esséncia a mais importante caracteristica de uma ideia ou de algo que lhe confere identidade: um caréter distintivo. Sua etimologia vem do latim, elemento nuclear das coisas Facilitador Awe pode ser pensada até 10 um facilitador do objetivo de se fazer andlise, Enfim, guardadas investigado e questionado e nio en. caixado, temos aqui uma nova cate- goria, por que nio? Sob essa ética prenuncia-se o fazer psicanalitico alcangando novos paradigmas sem que com isso perca sua esséncia Vale salientar essa caracteristica de uma ciéncia transgressora que se repensa, Abrir mio de um atendi mento em consult6rio tradicional ¢ tarefa rdua para analistas, nem so os diversos dispositivos interrogam sua atuagio, como a percepgio de que varias experiéncias vem sendo realizadas ao longo de toda a his- REFERENCIAS Dison Howsss Bela pesca oe. eu S.A herprelacdo dos Sonos i Feud Sern 543-660.Rode i ‘As Perspectives Fuuras de Teapeutca Pscanati braslera das Obs Corpletas de Sigmund Feud vcl Xp. ‘Sigmund Freud vo Vip Vip Tiebaho orignal toria da Psicanslise em mais de um século de sua existéncia, profissional, que passa a atuar de maneira singular, coloca em risco sua identidade. Mais ainda, incomo- da seus pares. As rupturas ideolégi- cas aparecem eo medo de mudanca, vista como catastréfica, emerge nes- sas situagdes. Abrir mio de um set- ting conhecido produz desconforto no psicanalista e questiona o méto. do, Abrit mao de um setting conheci- do exige uma liberdade por parte de seus profissionais ¢ promove cons- trucdes originais de conteiidos. ® 0 strc asia ds Obs Completa de 2g0. 1860. Tebaho org puskcadem 1300, ic Feud Sgrurc 185, Ro de enero Edo Sobre aPacansise IO Caso de Sctreber, Argos scbre Tecra ¢ Outros Tabalos neu rund Eiko strat braslora cs Obras Compitas de Sigmund Fou vo. XL 0 Falera magal880,Tcbaho cigs ce Rocomendaces 20s Mécicos que Evercem a Peicnde I © Cato Screba rigs sobre Tecnica © Out Tebahos Feu, Sigrvund Eetcso standt Lalor das Obras Conplets de Sgmund Freud vol Xs W9-I59 Ro de lanes Etlera rmago 1980. Taso eg de 1 conversa intima e sui generis com um aplnche Portas, 8, Vocabulsio de conde § interlocutor comprometide em ouvi- States Jo de uma maneira inusitada. L Peychoaralyss nthe Technaute rap. 47-6, Lond Concluindo, regulamentar 0 Manon\ ©.4t a, ODvade Pocusto,p 1/2 qué? O método esté ai para ser as devidas proporgdes e numa analo- gia, 0 Skype poderia ser visto como © novo diva. Livre escolha de um pa- ciente que verifica qual seria o lugar, conereto e subjetivo, para manter uma nies 191 nical ssues nanshses over the feephone an he rte. Chale 3.rtLerera re New Library of Pychosrals, Artes Meccas 1281 # JURIDIC ane cuneeyh Sa Zee) eas earn em contato INTOLERANCIA E CIDADANIA. “Muito atual tema abordado pela entrevistada da edigho 146 da Psique: intole te podemos observar manifestagées do mais chiro radicalism, sja em posigies relacionadas & politica religito, orientagio sexual e até mesmo time de futebol, por mais fit que possa parecer A psicdloge que, para mim, resume tudo: “A diversidade nido € 0 lugar do outro, mas o lugar de todos’, E bom que alguém aparega na midia para deixar claro que todos merecem respeito ¢ consideragio social, independentemente de suas posighes Isso & 0 mais pleno exercicio de cidadani. fis c educadora Mary Rangel cit spossivel falar em direitos sem imaginar que isso € prerrogativa de todos os seres humanos, além do que as diferencas sio proprias da natureza Ihumana e podem acrescentar muito a convivéncia e ds expresses e realizagies eultrais, con forme ela diz. Alexandre de Andrade, por esac! INTERNET: AMOR E ODIO Uma convivéncia conflituosa. E dessa forma que defino minha relagio com a internet. Por isso, me identifiquei com o artigo que saiu na edigio 146 da Psique, que fala sobre os benef bcm alert para o alastamento fisico das p ferramentas proporcia logia permitem uma infinidade de vanta- ntrapartida, no hi como os da web, mas no sentido de que contribu sons, As las pela teeno- gens, mas, em c antes ca das egur qu a aproximagio fi pessoas era maior € as relagies interpes- soais mais intensis. “As conversas e nego- ciagdes cram cara a cara, as brincadeiras centre as exian 1 eram na rua, as reeigdes ce viagens de caro eram recheadas de pa- ‘pos, miisicas e brincadeiras alé a chegada a0 destino final”, diz.o texto. No entanto, € inoggivel que as pessoas se escondem atris dos aparelbos digitais para se relacionar Jorge Gongalves de Souza, por email 80° prio cmv DEBATENDO © AUTISMO. S65 quem tem um parente ou conhece alguém do convivie intime para saber a realidade do que & 0 autismo, Na verda. de, nio €o Fantasma que tentara E dilici, nfo dé para negan. C ha um mundo fase tudo, le por tis desst doenga, pronto para ser desvendado, Fa- para esclarecer 0 tema, como fez.a Psique 145, melhor para acabar com os mitos que tio. A entrevista com 0 psicopedagogo Eugénio Cunha, especia- Tista no assunto, foi muito bacana. El envolvem a q deale o bisico, explicando que 6 autismo € “uma sindrome proveniente de cansas ainda desconhecidas, mas com grande contribuigio de fatores.genéticos", at mostrar estuclos que indicam a infuén cia de fitores ambientais ma formagio da doenga, Esse fato, para mim, é novidade. Fa vaeu 2 leitura. Obrigad Rita Maria de Castro, por emai! HONESTIDADE EM PAUTA Nos tempos atuais, nada mais pertinente do que debater a honestidade, Hoje, 30 observar que as instituigBes, que deveriam ser exemplos, estio sempre sob suspeigio quando 0 assunto é honestidade, veo. a in de se discutir isso at import mesmo sob o ponto de vista da Psicologia, con- forme fez. Psique, em sua edigiio 145. 0 texto, logo no in stdes bem interessantes ¢ dignas de reflexzo, como op pnva (ey oe Sata essa: “Honestidade est mais rekacionada com eater pessoal ou com a cultura de uma nagio? afirmar que essa caraeteristica tem a ver com ambus. E par entender tudo isso de forma mais clara, recomendo recorrer Neurocigneia, qu jouco tempo atiis sive mostrando as relagdes en- sgundo 0 autor, & possivel is, explica fo que ra inexpli- vel. tue eérebro.e mente, que muita gente acha aque 6a mesma coisa Gilda Bernardes, por e-mail ARTE E PSICOLOGIA Achei muito interessante a abordagem sobre @ interseegiio entre Arte © Pyicolo- gia na Psique, edicio 146, Fi caracteristicas, « subjetividade talvez seja ‘a que mais as aproxima, pois ambas si0 ‘¢ exporimentadas pelo ser humano, Bo se crindas, realizada nino, pelo menos tem minha opinio, pouco tem de objet vo € muito de subjetivo. O autor do texto cexplica: “A Psicologia estuda © comporta- ‘mento humano, suas emogies ¢ sentimen: tos frente as diversas situages a que so ce detrotas, alegrias e experiéncias, tudo 0 qi tem a ver com o ser huma- no € objeto de estudo para a Psicologi Outro aspecto fascinante foi a ligagio da Arte com a Psicologia, como método te- rapéutico, como o psicodranna, quando 0 yento, indica psicslogo, ao longo do leituras, filmes, miisicas. Excelente dica. Jane Cardoso, por e-mail womportalspreoabersombr LINHA DIRETA Em pleno séeulo XX, apesar das grandes transformagées comportamentas 2s quais a sextalidade ain dda pode ser considerada um tabs a sociedude atravessot ‘lar so imidade nem sempre & fel, _Mém dos recatos que rodeiam 0 assn to, I certs timides para ubordar 0 tems, -mesmo entre os casas, que deveriam, em tese, tratar a questio com naturulidade. Por essa 1azio, muitos casais convivem com dilemas por nio ter @ comgem de conversa abertamente sobre 0 assunto juntos, descobrir 6 caminho para uma prizerosa vida sexnal. O psicslogo norte- americano Kevin Leman abordow essas au ¢ Iutimidade wo Casamento. José de Asimaa- ‘Gia Lausindo Guarnieri, psicélogo elinice sties em seu livro, Diteto an Ponto, Sexo CANAL FACEBOOK ¢ psicoterapeuta, Loi o porta-voz do Livro no Brasil e fala sobre © assunto em entre- vista na edigdo 124. Confira no site eee. poiquecienciacvida. uel come A revista Psique traz muitas informagSes interessantes também nas redes sociais, Acesse a fanpage: www:lacebook.com/PortallspacodoSaber CONSELHO EDITORIAL Ae Feco¢ psig, mate e dower en token (is pls USP Prana no IEA ena cl Bion dle Matin eStie Pilg Sra, TA x4 Mani Fro ¢ deer cm Psicologia pla Unite eral do Rnd aco trade es cari ens pric de diversas rots erence endo rt de Pao emomenulgco Entec As Manu Sem CPD on cg erp ‘git pl nate of yi, Urea de Tones Detonator Crt ITO, stm i ar teat combo «penn Froidnt morn ex reel isda de APC. vane Fazio Hatin ilo mest detor tem Clana rs de Netra da Mea = Neng pel Universidade Si Pa, ‘onde tambien & feo cine de nine ‘sede Labutie de Cnc Coptgo 0 Trt de Bcc Cuvee Vi Lae, Paes, ber on Sade Metal pels Uncut om Side Meal pea Unneriale de Bachan, elem mucins de Paoli Unie Fool ‘dU Aor de Aire ads Sd Dios Taney grande Toga Peagein “Mesradoem Eagle dota i ogi Flr do Dencetindes Hate pla SP Fist peu de Paso Mo ¢ Bi Toe orceee: Dinas Gains Ravoséoerdomora do Progam Scene wes de Plog Anal, nportlpacodoabet com. ype Past, pian, Joutra pla PUCSP, rou sprinns clin anivertarine do CEP, tora do lo aS la Man Dit none Pioi «devious artigos poo Las Guziso él e door em Price USP, com un gad cn tera Coat. {Constraint edtort do Train de Paiclgis Poitoe Competent cmclinion conser. {Laas Livan Wasa, reso PAD, posed PLCS? Presidente dn Scie fi de alia Avalica Coudora da Asie Fairs Dns de ‘clog da Seren Carn Trane Moe Monga Views Pages doom Agia lanes of Sour mse Diao de Coming pls PUCSP. cue ‘ani Pawns ph de Peg Sa SP “Moses Gncos eset a Socal rade de eda Hoga in 200718, Espen cgay sng cla janis, pigs dota de Orepen © Tnurilgida HEFMUSP ‘ sajevzr tao Apinrument em Peg term Ont Pana Momo grata em Pig pla ire Pasa pict cons eit doproamade revs da PNAC membeo ‘srepondone do pag Mocban J Panis Je Sader (2) Prono Bossi él da Buti pigs gah yb Universal (Coo © ‘Tutor solo Sid pel USP tas por ‘Sundige Geta Vr ds ESPM, psique s10UC CIENCIA £ VION ¢ va i melon ER ‘Ano "Eaigho 147 GRANDES, MEDIAS E PEQUENAS AGENCIASEDIRETOS CERENTEDE NECOIOS Cuenca Glea “Fogo toate a witha comte ‘COMUNIEACAO, MARKETING E CIREULACKO (WES Pr anaes (ooynaasean states coor Vencitine eee, stay FALE CONOSCO DIRETO COM A REDAGAO, Pe tvsonah sas ece Ce 23000 SloPulo- > bss) 25500. onganbeesicomie PARA ANUNCIAR anunciaresealacombr Sho paviaessyisssone Spreaewuss55) 9 56024565 SP acd acter) 32671800 ness zer009S Ree o35)209 368 Preoss) cacao BRASTUA(o 6226228 stuess.a7soarsz3 ‘te maatpicaceteeaincamte [ASSINE NOSSAS REVISTAS ee EES SE Sees Sree cate ‘renonenro soLTo® See Teh sae eon issn mame Dinescatn PASS comers Persona DEI ENCONT delator € um colaborador da Justiga que pode estar totalmente arrependido ou niio se arrepender jamais, Quanto ao primeiro tipo, delats pois io suporta conviver com algo que © incomoda, Nesse caso, um dilema e a re~ velacio fimneiona como uma espécie de vilvula de escape para aliviar a culpa. Esse tipo psicalégico apres nse até inocentes. Por exemplo, os que entregam o vizi- ho ou o colega de trabalho © 0 fazem por sentir um incdmodo interior, uma vez. que, sabendo lando o que we eimplices Ha ontro tipo psicolégico de dela- tor, 0 que nao se arrepende nunc oq © mais comum, Recordemos que a gisla sileira conta coma delagio premiada, benelicio legal concedido a tum réu, em acto penal, que aceita co Iaborar na investiga tregar os ss comps No Brasil essa pritiea tem sido muito procurada nos ditos erimes de col: nho branco, crimes de corrup- sto. E entre essas personalidades. Por serem um denominador comum rio na infratores. Para se saber 0 quo comprometi- do esta o arcabougo moral desses ind- viduos, basta atentar ao madus sperandi do delito, considerando que a mor- 82 prio cmv « psiquiatria forense idade dos DELATORES ATAR SIGNIFICA DENUNCIAR A RESPONSABILIDADI DE ALGUEM POR CRIME RAM-SE OS V ENTRI fologia do crime revela, tal qual uma fotografia em cores, © comportamento do transgressor, € como quem manda ra conduta € 0 psiquismo, vendo-se a forma do crime teremos alguns dados mentais de quem o praticon. Nos crimes de corrupgio, obser vamos individuos que desviaram v dotados de un dadeiras fortn ganfncia income viver e sustentar nababescamente snas familias por infindiveis geragdes, continuaram a pillar a coisa all dest 1 dinheiro que seria aplicado em OS DEI ERDADEIRAMENTE E OS QUE NAO SE ARREPENDEM NU por Guido Arturo Palomba ATORES ? ARREPENDIDOS NCA Quando esses criminosos entram no programa de delagio premiad: mente © fazem em benelicio proprio, sem qualquer pudor ou arrependimen to pelos atos que fizeram, ¢ niko trepi dam em delatar até aqueles que eram amigos inseparaveis Em suma, so dois tipos bisicos de delatores. Aquele que se arrepende, nor malmente ligado a crimes menores. A dk ce de dor mor pritica de ato errado. A revelagio alivia a culpa, A agio & ‘déncia na ativie de regra, no ha rei dade defituosa, & um criminoso do tipo ocasional, tem bom prognéstico no que diz. respeito & recuperagio social Do outro lado, cpende e somente del ha vantagem nisso, vislumbr centrega a tudo € a todos. Nao dor moral on asrependimento, mas para lograr vantagem, Esse individuo sua indole € & incorrigivel. Como arcabougo de sentimen- tos superiores & raq ico, se tiver oportunidade, reincide. E um erimino so habitual. A maioria dos crimes de corrupgio & praticada por esse tipo, quando a ambigio, 0 desejo imode- rado pela riqueza so a marca de sua personalidade condutopitica ° Guido Artro Paombs | cours cn ‘de Séo Paulo. ‘ preodbabersomby aude na ponta das Agulhas pene] Acupuntura ero) Ou acesse www.escala.com.br EE} /editoraescalaoficial A acupuntura atua em pontos especificos do corpo para aliviar dores, prevenir e tratar doencas. Conhega a histéria e os fundamentos desse conhecimento milenar chinés, 0 passo a passo para aliviar sintomas em casa com técnicas de acupressao e reflexologia, além de dicas de alimentagao para equilibrar as energias Yin e Yang do seu organismo. r a | JANAS BANCAS | s E LIVRARIAS ! E EDITORA! escala Apolicia secreta de Hitler

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