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m. —= a Re CENTIFICO Adair Vieira Goncalves Marcos Licio de Sousa Géis (organizadores) volume 2 s MERCIDO® A LETRAS on eer re Dados Internacionais de Catalogacao na PublicacSo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Ciencias da linguagem : o fazer cientffico : volume 27 Adair Vieira Goncalves, Marcos Lacio de Sousa Géis (organizadores). - Campinas, SP : Mercado de Letras, 2014, ~ (Série Estudos da Linguagem) Varios autores. bibliografia. ISBN 976-85-7591-333-8 1. Lingufstica 2, Lingulstica ~ Filosofia !. Goncalves, Adair Vieira. ll. Géis, Marcos Lacio de Sousa. Il. Série. 14.11134 cbp-410.1 Indices para catdlogo sistemdtico: 1, Linguistica : Filosofia 410.1 capa e geréncia editorial: Vande Rotta Gomide preparacdo dos originais: Editora Mercado de Letras DIREITOS RESERVADOS PARA A LINGUA PORTUGUESA: © MERCADO DE LETRAS® V.R. GOMIDE ME Rua Joao da Cruz e Souza, 53 Telefax: (19) 3241-7514 — CEP 13070-116 Campinas SP Brasil www.mercado-de-tetras.com.br liveos@mercado-de-letras.com.br Vedigao OUTUBRO / 2014 IMPRESSAO DIGITAL IMPRESSO NO BRASIL Esta obra estd protegida pela Lei 9610/98. £ proibida sua reprodugto parcial ou total ‘sem a autorizacao prévia do Editor. O infrator estard sujeito as penalidades previstas na Lei. SUMARIO Prefacio © DISCURSO CIENTIFICO, SEUS DESDOBRAMENTOS E SEUS EMBUSTES Kanavillil Rajagopalan APRESENTACAO . SUBSTANTIVOS CONTAVEIS E INCONTAVEIS: UMA PORTA DE ENTRADA PARA A SEMANTICA . Heronides Moura A“DADIDADE” DOS DITOS DADOS NAIDA PRAGMATICA.... 0.600 e eee eee efeeteelete aa 67 Kanavillil Rajagopalan AANALISE DA CONVERSAGAO NO BRASIL: RUMOS E PERSPECTIVAS .... 0.0020 e eee eeeeeeeees 105 Marli Quadros Leite Gil Negreiros O TEXTO COMO OBJETO DE PESQUISA ....--- 60520005 137 Anna Christina Bentes A Renato Cabral Rezende ZILBERBERG, C. (2006). “Sintese da gramitica tensiva.” Significagio: Revista Brasileira de Semiética, n° 25. Sio Paulo: Annablume, pp. 163-204. . (2010). “Observagées sobre a base tensiva do ritmo.” Estudos semidticos, vol. 6, n° 2. Sao Paulo: Programa de Pés-graduacio em Semidtica e Linguistica Geral, Universidade de Sao Paulo. 248 we Raquel Meister Ko. Freitag Litcia Mendonga Gyranka Introdugéo Quando se pensa em Sociolinguistica, dois conceitos costumam ser evocados: a relacio entre lingua e sociedade e a metodologia que lhe é caracteristica. O temo “Sociolinguistica” sugere que suas duas bases lexicais confluam no campo de estudo das relacdes entre lingua e sociedade. Se num momento inicial de instituigéo deste campo do sabet, notadamente nos anos 1960, era sensivel uma gradacio do mais ao menos “social”, ou do mais ao menos “linguistico”, que ditecionou a consolidacao de subareas da Sociolingulstica, desde a Sociologia da Linguagem 4 Sociolinguistica Variacionista, na atualidade observamos a tendéncia de esvaziamento da polarizacgio entre o “social” e o “linguistico” da Sociolinguistica, com a convergéncia de abordagens para uma descti¢do mais ampla e integrada dos fendmenos linguisticos no contexto social. Quanto aos aspectos 249 andl O EDUCACIONAL: TENDENCIAS See tie a metodolégicos, a Sociolinguistica é caracterizada pela lida com o dado empitico, real, e cada uma das suas subareas aptesenta uma metodologia caracteristica pata a sua coleta. Seguindo a proposta programatica desta colecio, o objetivo deste capitulo é apresentat um panorama de duas vertentes da Sociolinguistica no Brasil — a Variacionista e a Educacional —, com o foco nas suas peculiaridades de coleta e constitui¢ao de banco de dados.' Apés o panorama metodolégico, apresentamos a proposta de Penelope Eckert (2012) © as trés ondas da Sociolinguistica, prospectando as tendéncias e encaminhamentos, com especial énfase 4 constituicao de corpus, compattilhamento e tratamento dos dados. A vertente variacionista ‘Trés linhas de trabalho dos estudos das relag6es entre lingua e sociedade tém se mostrado produtivas no Brasil -a Sociolinguistica Variacionista, a Sociolinguistica Interacional e a Sociolinguistica Educacional. Vejamos os aspectos metodolégicos que caracterizam cada uma das linhas, com atengio para a coleta de dados e constituigio de corpus. A Sociolinguistica Variacionista, ou Teoria da Variagao e Mudanga, é uma abordagem proposta por William Labov para explicar a covatiagao sistematica entre lingua e sociedade. De carater quantitativo desde seus estudos pioneiros, na década 1. Para um panorama histérico ¢ constitutivo da Sociolinguistica de mancira ampla, recomendamos a consulta a textos introdutérios em coletiness, como Ribeiro ¢ Garcez (1998), Camacho (2001), Alkmin (2001), Mendes (2002); a obras especificas que tratam do tema, como Mollica ¢ Braga (2004), Tarallo (1995), Guy e Zilles (2007); além dos textos fundantes, como Weinreich, Labov e Herzog (2006), Labov (2008), Boctoni-Ricardo (2004). 250 de 1960, com Mattha’s Vineyard e¢ a estratificagio social do inglés falado em Nova York (Labov 2008), até suas abordagens sistematizadas dos principios de mudanga linguistica na década de 1990-2010 (Labov 1994, 2001a, 2010), o modelo variacionista foi sendo aprimorado, com o desenvolvimento de um modelo matemiatico préprio pata a anilise da vatiacio e constitui- se numa ferramenta explanatéria para subsidiar andlises de fenémenos linguisticos em processo de vatiagao e mudanga. Embora rotulada como “teoria”, Labov consideta o modelo enquanto campo cientifico nao como “teoria de lingua”, mas como um “poderoso método de provas procedentes de estudos guantitativos” (Labov 1978, p. 1). Alimentada pela condigio continental e plurilingue, a Sociolinguistica Variacionista é, sem divida, a subarea da Sociolinguistica mais produtiva no Brasil. A implantacio do Programa de Estudos sobre o Uso da Lingua (PEUL), grupo liderado por Antony Nato na Universidade Fedetal do Rio de Janeiro, no inicio da décadade 1980, instituiu no Brasil um modelo de pesquisa sociolingufstica — com a constituicao de bancos de dados sociolinguisticos — que foi replicado postetiormente por outros projetos, como os grupos Vatiacio Linguistica Urbana na Regio Sul do Brasil (VARSUL), Vatiago Linguistica no Estado da Paraiba (VALPB), Dialetos Sociais Cearenses, entre outtos (Schetre e Roncarati 2008). As agdes destes grupos tém trazido subsidios para a descrigio do portugués brasileiro, 0 que € facilitado par conta da padronizaciio metodolégica que garante f acomparabilidade dos resultados. Coletas de dados direcionadas Pata captar fendmenos especificos, como os questionatios para a ptoduco de palavras com as vogais passiveis de centralizacio em Mattha’s Vineyard, ou a realizagio do /R/ em estilo casual € cuidado nas lojas de departamento de Nova York (Labov | 1978[2008]), sio produtivos para o levantamento de dados especificos, mas que nao tefletem a frequéncia real do fendmeno | na fala vernacular ¢ nem sempre podem set replicados nas 251 mesmas condicées, o que impede, por exemplo, a comparagio de resultados entre comunidades de fala. He / O protocolo de constitui¢ao de corpus na Pr tete att Variacionista segue uma metodologia adaptada do que bare 3 William Labov (1981) para a pesquisa de campo. A meto a te da Sociolinguistica Variacionista foca a oeune le fala, entendida nio como um grupo de falantes que faz uso dos mesmos tragos linguisticos, mas como um a que compartilha dos mesmos valores associados aos ea os © que pode ser observado pelos julgamentos de tires ape = ou negativo) conscientes aos usos linguisticos, em Fe a tempo e espaco. A partir da definicio da comunidade, me selecionados informantes que possam contribuir com in de sua fala. Nos bancos de dados sociolinguisticos bras leitos, os informantes costumam atender aos seguintes critérios, ae garantir a representatividade da comunidade: i) ser falante : portugués; i) ter nascido na comunidade 7 ser filho is ' is igualmente nascidos na comunidade; iii) niio ter morado oa da comunidade na fase da adolescéncia (periodo que, segun Laboy, o vernaculo é adquitido). a A fim de possibilitar 0 cotejamento entre o linguistico is o social, os informantes selecionados, pata compor a ee sociolinguistica da comunidade, sao estratificados i acot i com varidveis sociodemogtaficas amplas, aos moldes do que ° Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiatica (BGE) i , em suas amostragens, como o sexo, a faixa etatia, nit i escolatizagio, zona de residéncia etc. 7 cane varidveis sociodemograficas da origem as células sociais: este em uma situagio hipotética, o Casapaanaunasnta deuma ne * que prevé a estratificagio em dois sexos, trés faixas oe quatro faixas de escolarizacio da origem a 24 células so it (2x3x3). Embora a situagao ideal seja a de cinco ee bs célula social (Mollica e Braga 2004), dados i custos eavol 7 a os bancos de dados sociolinguisticos brasileiros sao consti 252 com dois informantes por célula (@ excego da amostra Censo do PEUL, que tem trés informantes por célula). Dimensionada a amostta e identificados os informantes, © procedimento seguinte no Ptocesso de constituicio do banco de dados é a realizaco da coleta. A estratégia adotada € a realizacio da entrevista sociolinguistica, um Protocolo desenvolvido e aptimorado com o objetivo de fazer com que © informante se desligue da situagio de interacio semiditigida diante de um gravador e monitore © minimo sua fala, numa tentativa de fazer com que o seu verniculo emetja (Labor 2008), minimizando os efeitos do “patadoxo do obsetvador”: © pesquisador precisa se inserir na comunidade para obsetvar © uso linguistico vernacular, mas sua insetcio nao interfere no uso linguistico vernacular que vai set observado. Pata tanto, o entrevistador — treinado Pata este fim — conduz a entrevista sociolinguistica a partir de um roteiro pré-estabelecido, que Parte de perguntas de checagem das informagoes sociais, como idade, escolaridade, filiacio, e vai adentrando em temiticas que forcem o envolvimento do informante, como situagdes de [| petigo de morte, doencas na familia etc. O toteito da entrevista sociolinguistica ¢ claborado a partit de uma pré-entrevista (entrevista de sondage), que é feita com o informante, a fim de elencat temas para a entrevista Propriamente; entretanto, Perguntas relacionadas a politica, economia, emprego, educacio y etc., pedidos de receita ou de instrugées, recordagio da infancia | ou ainda a avaliacio de aspectos linguisticos da comunidade, estio presentes, na medida em que estes temas desencadeiam fespostas em tipos de texto/sequéncias discursivas especificas, como a nattativa, explanativa/opinativa, procedural etc., cujo controle, mais recentemente, tem Possibilitado a exploracio da } dimensio estilistica da vatiacao pata além do cuidado/atengio com a fala (Labov 2001b, Freitag et al. 2009), ; Depois de grtavadas, as entrevistas sao transctitas, com base na audicio impressionistica. Isso quer dizer que o 253 pesquisador ouve a gravacio ea transcreve; 0 sistema notacional da transcrigio, no entanto, é variado de projeto a projeto. A transcticao fonética estrita tende a ser evitada, pois a audigio impressionistica nem sempre é precisa (por ser feita por humanos, tende a neutralizar as alofonias de dada variedade). Alguns bancos de dados adotam um sistema de transcrigao ortogrifica adaptada, em uma tinica linha, como o VALPB, marcando ortograficamente aspectos fonoldgicos (‘“‘néis feiz”, por exemplo); outros bancos de dados adotam um sistema de. transcticio de duas linhas: uma para a transctigao ortografica padto e outra para marcagées fonoldgicas, como o VARSUL. No entanto, para possibilitar a manipulagio dos dados em ptogramas computacionais concordanciadores, a transcrigao ortografica padrio & mais eficiente, marcagdes fonoldégicas costumam ser feitas apéds a selegio dos contextos pela transctig&o ortografica, € geralmente submetidas a tratamentos acisticos com softwares especificos, garantindo resultados mais acurados. Uma vez constituido, o banco de dados serve a multiplos estudos, em diferentes niveis de andlise; se mantida a padronizagio, possibilita a comparacio de resultados de um mesmo fendmeno entre comunidades de fala diferentes. Nesse sentido, as investigacbes da Sociolinguistica Variacionista no Brasil tém contribuido para a descricio das vatiedades dialetais do portugués, desde o nivel fonolégico, como nas pesquisas pioneiras de Labov, em que a vatiacio eo recorte de uma variavel linguistica é um fato mais facil de ser aceito dentro da nogio de equivaléncia de significado, até os niveis gramaticais mais altos, para os quais é necessatio estender a nogio de mesmo significado para a mesma fungio. (Freitag 2009) Finalizado o levantamento dos dados, passa-se pelo ptocesso de categorizagao, identificando tragos dos contextos linguisticos € extralinguisticos (as varidveis Tingufsticas ¢ extralinguisticas), ¢ preparagio dos dados pata a anilise estatistica. Este é outro ponto catactetistico da Sociolinguistics 254 Maneprsiaintiabaai9 de um modelo de regras variiveis pede eftos contexts que edo atten aoe llcenes an los aos diferent — meagan ae (Sankoff 1988). O rn ee oe z se € a repressao logistica com 0 cAlculo de plete pon terada, que, na Pratica, retorna frequéncias, sean , pesos relativos e niveis de significincia das vasléveis 7 fe es um software conhecido como VARRBUL — cuja ae srg a beheaeblena X (Sankoff, Tagliamonte e Sa aaee 7 ‘or! (1988) : taxativo ao afirmat que somente a as versGes) é capaz de analisar adequadamente set le rai! que opetam regras varidveis. Entretanto, pare Tet pelo programa é adotado em outtas areas en 'o, ¢ pode ser encontrado em vitios pacotes roptane i‘ como o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences, ae ate comercial da IBM Computet) e o R on wject Sor Statistical Computing, programa computacional icenga livre). Apesar da especificidade do método do | VARB: — desvi édi Ea ee frais da média ponderada — nio set o método ( modelos de regressio logistica (que adotam 0 método d a lo fator de referéncia), no ha alteragSes significativas nos | resultados (Oliveira 2009), See suma, a Sociolinguistica Vatiacionista tem on icra e tabalha com corpora constituidos por ‘stratificadas ¢ padronizadas, com dados coletados | pela an , Pela estratégia da entrevista sociolinguistica, possibilitando a tealizagao de estudos que captem tendéncias linguisti atplas e contribuigées para uma norma brasileira. Por un . t } uma metodologia sdlida, a Sociolinguistica Variacionista tem sae interfaces com abordagens formais (sociolinguistic aramétrica, gtamiticas em competicio) e com ee = cionais _ (sociofuncionalismo, gtamaticalizaca Naas ‘spaldo quantitativo, mo) ane | | | i . Se a Sociolinguistica Variacionista foca na quantidade de amostras e dados que compdem seus corpora, Sociolinguistica Interacional foca na qualidade (Johnstone 2000). Seguindo uma abordagem etnogrifica € observando como a lingua em uso afeta e é afetada pelo contexto social e cultural, a Sociolinguistica Intetacional, Etnografia da Comunicagio ou ‘Anilise do Discurso (da vertente norte-americana) tem como expoentes pioneiros Dell Hymes (1974), J. Gumperz (1982). O foco da abordagem da Sociolinguistica Interacional sao os padtdes de comportamento linguistico em microuniversos, em relagdes especificas, com énfase nos papéis desempenhados no jogo interacional. A anilise € qualitativa ¢ & baseada em bancos de dados interativos, coletados em outra dimensio social, a de comunidades de pratica, que sio agrupamentos de individuos engajados em torno de um objetivo comum, a sua pritica. Normalmente, as coletas de dados para as anilises da Sociolinguistica Interacional sao focadas em relagdes dialégicas, com papéis sociopessoais bem demarcados: a interagao entre médico e paciente, em audiéncias judiciais, a interagao entre professor e aluno na sala de aula etc. entre outros tantos contextos, buscando os enquadres entre falante, ouvinte € contexto (Goffman 1998). Enquanto na Sociolinguistica ha um protocolo de coleta a ser seguido pata a constituigio de corpora, com 2 realizagao de entrevistas sociolinguisticas e a padronizagio dos falantes em categorias sociodemograficas amplas, na Sociolinguistica Interacional nao ocorre esta padronizagio: 0 objetivo é captar a fala em interagao, sem monitoramento ¢ sem a intervengio de pesquisador de campo para direcionais a coleta. A andlise realizada procura esmiugar ao maximo as marcas linguisticas que constituem os papéis sociopessoais 0a situagao de interagio especifica daquela comunidade de pratica, como nas trocas de tutnos € enquadres. Muitos trabalhos de orientagio interacional também fazem uso das marcas 256 corporais, ampliando a amostra para além da gravacao de audio. A abordagem ic Sociolinguistica Interacional traz contribuigdes para a dinamica social na interacio, buscando respaldo com interfaces em outtas 4reas como a Etnolinguistica, Linguisti da Enunciacio, Psicologia, Psicanilise etc. i a Embora abrigadas sob o mesmo rétulo amplo de yo a polarizacio entre a Sociolinguistica fariacionista © a Sociolinguistica Interacional, ou mais especificamente, a polatizagao quanto aos seus fazeres metodolégicos, é bem evidenciada, inclusive no escopo da: publicacées (a Language, Variation and Change é uma ae cuj : foco hateeaammmaaia sio trabalhos de natureza fauna 5 Sociolinguistica Variacionista; enquanto a Language in Socies Privilegia trabalhos de abordagem qualitativa — panned Interacional). O quadro 1 permite uma visualizagio dos contrastes entre as abordagens de cunho variacionista interacional da Sociolinguistica. : Quadro 1: Sociolinguistica Variacionista vs. Sociotinguistica Interacional Sociolingutstica Variacionista _| Sociolinguistica Interacional Dimensio | Quantitativa Qualitativa Corpus Padronizado Singular Unidade | Comunidade de fala Comunidade de pratica 5, [Poder Generaliza , \¢o do explanatério | resultado es i fA vertente educacional belle Ba Sociolinguistica Educacional, rétulo assumido pot ae Maris Bortoni-Ricardo (2004), tem se constituido como § =m. campo de aplicagio da sociolinguistica aos programas de formacio de docentes pata o ensino de lingua materna, com a transformagio dos resultados dos estudos empiticistas em subsidios para o aprimoramento das competéncias sociocomunicativas, assim como para os ptogtamas de ensino de portugués como lingua estrangeira. Trata-se de uma linha de desenvolvimento de produtos educacionais com a aplicacio de resultados de estudos sociolinguisticos, seja em fungio da norma (Sociolinguistica Vatiacionista), seja em fungao dos papéis sociopessoais (Sociolinguistica Interacional). ‘Ambos os pontos de vista tém se mostrado muito produtivos no trabalho escolar de ampliagio de competéncias de alunos, tanto na modilidade oral quanto na escrita. Do ponto de vista variacionista, os aportes tedticos ja consolidados para a compteensio do cariter heterogéneo e mutivel de toda Iingua constituem atgumento indiscutivel pata a adogao de uma pedagogia da variacio linguistica (Faraco 2008), visando levat 0 aluno a situar-se como sujeito de sua cultuta, falante legitimo de uma vatiedade, ainda que diferente da considerada prestigiada. Nesse caso, a nogio de prestigio, estando ligada a fatores politico-ideolégicos, passa a set discutida e compreendida na sua real dimensio. Aqui o conceito adequado de norma é fundamental, isto é, norma vista como propde Faraco (2008, p. 37), retomando Coseriu (1952): “[.] determinado conjunto de fendmenos linguisticos (fonoldgicos, morfolégicos, sintaticos ¢ lexicais) que sio correntes, costumeitos, habituais numa dada comunidade de fala”. A sociolinguistica interacional, por outro lado, torna- se auxiliat impottantissimo dessa reflexao, fazendo emergit, conforme dito acima, a relagio entre as marcas linguisticas ¢ os papéis sociopessoais dos interlocutores, quando estio em jogo as rclacdes de poder, a imagem do sujeito, suas redes sociais @ortoni-Ricatdo 2011). ‘As investigagées em sociolinguistica educacional 10 Brasil sio recentes, mas tém se ampliado, gragas ao grande 258 intetesse suscitado no meio académico, especialmente nos cursos de pés-graduacio voltados para a area de lingua; e ensino. Contribuigio seminal, nessa linha da sociolinguieien, é a obra de Stella Maris Bortoni-Ricardo intitulada “Educagiio 7 lingua materna: a sociolinguistica na sala de aula”, de 2004, em que se encontra construida uma formulacio tedtica a partic da ;, qual tem se delineado estratégia metodologica para se abordar, } com o fututo professor, e este com seus alunos da escola bisica, 0 fendmeno da variagio linguistica. : a Referimo-nos 4 proposicio da autora (p. 51), de teés continuos Pata se entender a variagio do portugués brasileiro, evitando-se © tisco de se determinatem fronteiras sigidas entre as Variedades linguisticas: 0 continuo de utbanizacio, o de oralidade-letramento e o de monitoragio estilistica. ; O prime: 7 Ri itp 8) pode ser assim representado @ortoni- Continuo de urbanizagao — variedades ‘| eda rea urbana variedades urbanas } Turais isoladas padronizad: las : Esse continuo se destina especialmente 4 anélise dos atributos socioecolégicos dos falantes. Chico Bento, Personagem das histérias em quadrinho de Mauricio de Sousa, feria um representante do falante do polo rural dentro desse continuo, Sio comuns, nesse dialeto, os chamados tracos descontinuos, como as construgées ndis qué, néis percisa oe Muito estigmatizadas. : i Esses tragos vo se tornando menos comuns nos falantes que, se aproximam do polo utbano, a chamada zona rutbana, assim caracterizada pela autora (Bortoni-Ricardo 2004, p. 52): a co 259 No espago entre eles fica uma zona curbana. Os grupos turbanos sio formados pelos migsantes de origem rural que preservam muito de seus antecedentes cultura, prineipalmente no seu repertorio linguistco, e2s comunidades interioranas residentes em distritos ou nticleos semircurais, que esto submetidas a influéncia urbana, seja pela midia seja pela absorgio da tecnologia agropecuaria. A medida que os falantes se deslocam para 0 extremo direito desse continuo, vao se tornando mais frequentes os chamados tracos graduais, por se reconhecer neles uma gradacio, desde as construgées menos estigmatiza a ° objeto direto lexical (“Vi elena rua”), a oragao adjetiva cortadora (“O livro @ que gosto mais”) até as mais formais, presentes em situacdes de monitoracio dos chamados falantes cultos. ae realidade linguistica, extraiu a autora o segundo continuo, o de monitoracio estilistica, assim representado: > + monitoragao - monitoragéo O tetceiro continuo proposto por Bortoni-Ricardo é 0 de oralidade-letramento, conforme ilustrado a seguir: > eventos de letramento eventos de oralidade Esse continuo ilustra as diferentes situagdes em que recursos linguisticos préprios ora da fala, ora da escrita - utilizados marcando diferengas de estilo, de géneto textual, le modos de interagao determinantes de vatiagio linguistica, tanto no nivel fonético/fonolégico, quanto no motfossintatico en0 lexical. As construgdes linguisticas produzidas na intersegao desses trés continuos, no seu extremo direito, ilustram as 260 conhecidas vatiedades cultas do portugués brasileiro, alyo do esforgo da escola no seu trabalho de levar o aluno a desenvolver sua competéncia linguistica. Essa proposta tedrica tem se totnado recutso metodolégico muito produtivo para discussio em sala de aula sobre o fenémeno da vatiagio linguistica (Cyranka 2011). Adequadamente conduzidos, os alunos, pouco a pouco, vao se tornando capazes de reconhecer tragos fonético/| fonolégicos, morfossintiticos e mesmo lexicais de seu proprio repertério linguistico ¢/ou de seu grupo social. Para isso, é indispensével a adogio de uma pedagogia culturalmente sensivel Pproposta por Erickson (1987) — culturaly responsive pedagogy — e que Bortoni- Ricardo (2004, p. 128) explica: £ objetivo da pedagogia culturalmente sensivel criar em sala de aula ambientes de aprendizagem onde se desenvolvam padres de patticipacio social, modos de falar ¢ rotinas ‘comunicativas presentes na cultura dos alunos. Talajustamento nos processos interacionais é facilitador da transmissio do conhecimento, na medida em que se ativam, nos educandos, Processos cognitivos associados aos processos sociais que Ihes sio familiares, Essas consideragées apontam para a necessidade de uma metodologia de pesquisa que permita aimersio na salade aula, em H. contato direto com os sujeitos agentes do Processo, o professor € os alunos. B 0 que tem sido feito em trabalhos publicados nessa linha de sociolinguistica educacional. A pesquisa-acio | (Kemmis e McTaggart 1988) tem sido a metodologia principal, f Por permitir a participagio diteta do pesquisador interagindo F com os sujeitos Pesquisados na prdépria situagio que interessa investigar, sendo, portanto, colaborativa, ao mesmo tempo em R que propde mudangas. 261 ‘As gtavacées de audio, as filmagens, as anotacdes de campo, seguidas de transctigio, selegio ¢ anilise de dados sio recursos indispensaveis, para a construgao do banco de dados. Embora sendo de caréter eminentemente qualitativo, a pesquisa em sociolinguistica educacional langa mio, frequentemente, da quantificagao e do tratamento estatistico de dados, especialmente quando trata da avaliagao para sondagem sdbre o que pensam os alunos sobre a lingua portuguesa e suas vatiagdes, incluindo a que eles e sua comunidade utilizam. Nesse caso, os testes de atitudes e de ctencas so considerados importantes instrumentos de coleta de dados (Amaral 1989, Barbosa 2004; Barcelos ¢ Abrahio 2006). Importantes trabalhos na area de sociolinguistica educacional tém sido também tealizados por Wheeler (2004, 2005, 2008) nos Estados Unidos, com alunos negros falantes do AAVE (African American Vernacular English). Observando e respeitando as diferengas entre a cultura dos alunos e a da escola, a Sociolinguistica Educacional propde uma pesquisa- agiio, com a colaboracio da ptofessora de sala de aula, de modo a levar os alunos a observatem essas diferencas e ampliatem sua competéncia de uso linguistico, incorporando as novas estruturas para utiliza-las quando lhes convier. Em sua recente obta (2013), Bortoni-Ricardo oferece aos professores de lingua portuguesa importantes teflexdes sobre as dificuldades a serem enfrentadas em sala de aula — “os doze trabalhos de Hércules” — para cumprirem a grave tarcfa de tornarem seus alunos leitores ¢ esctitores competentes. Dentre elas, o papel da sociolinguistica educacional, instrumento de reflexio linguistica indispensavel na formagio do professor € do aluno. Com este breve panorama, mostramos o estado da arte da Sociolinguistica Educacional, ressaltando a relagao de interdependéncia comas vertentes Variacionista e Interacional da Sociolinguistica. Tal estado da arte se reflete na Sociolinguistica 262 Variacionista, como veremos a seguir, com estudos de terceita onda no espaco escolar. As tés ondas da sociolingutstica variacionista Como em todo campo de saber, avaliagdes e reavaliacdes do uaeaay operacional e do foco também acontecem na Sociolinguistica. Em artigo seminal apresentado em 2005 no Annual Meeting of the Linguistic Si ‘actely of America, em Oakland Estados Unidos, e publicado definitivamente em 2012, Penelope Eckert aptesenta uma proposta de tipologizacao da Sociolinguistica em ondas, entendidas como tendéncias de estudos, que nfo se suplantam, nem que sao sucessivas temporalmente, mas que mostram a gradacfo entre o social eo linguistico da Sociolinguistica. A 1" onda de estudos sociolinguisticos é caractetizada pelos estudos de mapeamento de tendéncias amplas em comunidades de fala, com evidéncias quantitativas que buscam um padrio regular de disttibuicio de variantes associado a um perfil sociodemogrifico especifico. Penelope Eckert ilustra como exemplo prototfpico desta abordagem o estudo da estratificagio do inglés na cidade de Nova York, realizado por . William Labov na década de 1960. Os estudos de 2° onda sio também de orientacio quantitativa e em comunidades de fala, mas adotam uma metodologia de base etnografica, com coletas de dados mais longas. Buscam também identificar um padrio regular de 1 distribui¢do das variantes, mas correlacionado a categorias sociodemograficas mais abstratas, como a questiio da identidade oe tegiao, gostar ou niio da cidade etc. Ilustrativos desta tendéncia sfo os estudos do inglés afto-americano realizados f Por William Labov em Nova York na década de 1960. As 1* 2° 263 ondas de estudos sociolinguisticos partem da premissa de a as vatiaveis linguisticas carregam status social dos seus falantes; assim, o foco do estudo é a descricao da estrutura. Os estudos de 3* onda, segundo Penelope Eckert, procuram investigar como os condicionamentos sociais impostos ¢ as telacdes de poder atuam sobre as estruturas, a fim de identificar 0 significado social da variacio, o estilo. i ° estilo nos estudos de 1* e 2" ondas estava telacionado 4 atengio dada a fala —e esta definicao decorre do recorte metodolégico pata seu controle, como na coleta de dados nas lojas de departamento de Nova York (Labov 2008), em que a repeticio da resposta configutava um estilo mais atencioso 4 fala do que a primeira resposta —, nos estudos de 3* onda, conforme a (2000), ° estilo esta telacionado ao “significado social” dado as ages dos falantes, que englobam a performance (0 que lhe Proporciona credibilidade ou desctédito no emprego de seus atos linguisticos) € a persona (a imagem social elaborada pelo falante, o modo como ele ptetende set compreendido pelos outros falantes, nas relagGes intra ¢ inter comunidade de praticas). Observamos, entao, nos estudos de 3* onda uma mudanga do foco: da estrutura para a pratica, com a fetomada do estilo. Estudos deste tipo so aqueles cujo foco reside na Pritica, aos valores associados 4 construgio da Persona, dos papéis sociopessoais do falante naquele contexto especifico, naquela comunidade de praticas. E esta é outra mudanga metodolégica requerida pela 3* onda de estudos sociolinguisticos: a unidade de andlise passa de comunidades de fala para comunidades de praticas. Conceito advindo do campo da Educagéo (Wengert 1998), uma comunidade de pratica é um agregado de pessoas que se juntam pata se engajar em algum empreendimento essa No nosso cotidiano, transitamos por diferentes. comunidades de praticas, as quais atuam na construcdo de nossas personas (Eckert e McConnel-Ginnet 2010). No diaa dia, vivemos uma multiplicidade de papéis sociais. Em diferentes momentos, em diferentes €spacos e em diferentes grupos, podemos assumir diferentes Papéis sociopessoais (as Personas), como o de mie, esposa, irma, profissional, es tudante, todos referentes 4 mesma Pessoa civil. Cada persona tem usos linguisticos diferenciados e caracteristicos. Uma andlise pautada €m uma metodologia que capte uma persona do falante e que este falante represente a comunidade de fala homogenciza os papéis sociais (estratos sociais). A adogio da metodologia de coleta de dados em comunidades de pratica possibilita captar a dimensio heterogénea do comportamento linguistico. Para dar conta dessa Petspectiva, os estudos de 3* onda valem-se da metodologia consolidada das 1° ¢ 2% ondas, com viés quantitativo, mas para dar conta das priticas, fazem- se necessarias coletas de dados de longo termo, nio sé com entrevistas sociolingufsticas (que captam apenas uma faceta de uma petsona em uma comunidade de Praticas), mas também a observacio participante e a coleta de interagdes. Com essas gstratégias de coleta, nio é possivel definie aprioristicamente as categorias de controle, que vio emergindo da observagio e sio sensiveis e vatidveis a cada comunidade de praticas. Entretanto, os estudos de 3* onda dependem de resultados identificados em anilises baseadas em categorias sociodemogriaficas amplas, decorrentes da metodologia de 1* onda, com bancos de dados sociolinguisticos, a fim de identificar os tacos linguisticos Proeminentes (marcadotes, esteredtipos) da comunidade. Como exemplo, Eckert cita seu Proprio estudo sobre o Papel das categotias joker e burnouts como atticulagdes de classe Socioeconémica em grupos adolescentes (Eckert 2000). Os estudos de 3* onda incorporam metodologia da Sociolinguistica Interacional, com a nogaéo de comunidade de priticas e 0 foco mais acurado nos Papéis sociopessoais, e { uma metodologia ainda quantitativa, mas que incorpota tragos qualitativos que nao estio pré-definidos. Este estreitamento 265 | Ht {| Pee brio da metodolégico possibilita a ampliacao do poder eee ae Sociolinguistica Variacionista, resgatando o lado soeat 7 ™ z em fungao dos rumos tomados pelos estudos das 1* e 2* ondas (interfaces tedricas, niveis gramaticais mais altos), ficara em segundo plano. Ramos da Sociolinguistica Como destacado por Penelope Eckert (2012), as “onde” da Sociolinguistica nao sao suplementares; os ere le * onda nao tornam os estudos da outras ondas ee ot desnecessatios. Muito pelo contritio, sio, do Ponto a metodolégico, complementates ¢ subsidiatios. Ha a ay i de se continuar a constituicio de amostras had bancos le ees sociolinguisticos, pata manter a série histdrica fey os estudos de tempo real, com novas Loca de da os em comunidades de fala ja mapeadas, e também para oop al comparabilidade entre amostras de diferentes comunic 7 ae fala. A abordagem sociolinguistica comamostras decomuni al de fala permite que se captem tendéncias amplas eae mudanga linguisticas, colaborando pata a descticao a ei linguisticas e pata a identificagaéo de contextos ReriDe . estudo da dimensio da pratica. Entretanto, assuminc a tendéncias de estudos de 3* onda, destacamos a oe i de incorporagio de novas categorias sociodemogra| en estratificagdes de bancos de dados sociolinguisticos : cae a tevisio das j4 existentes, tanto em termos de controle, qu: em termos de hipéteses. te Se a Sociolinguistica tem como Premissa, a ampla, o estudo da relacio entre lingua e socieda i fad considerar que a sociedade muda; se a a ae as explicagdes e a opetacionalizagio do modelo metodolégico deveriam, também, mudar Que homens ¢ mulheres tém comportamento linguistico difetenciado, a Biologia ja comprova, pelas prdprias caracteristicas do aparelho fonador de cada um. A Sociolinguistica, no entanto, lida com as diferencas linguisticas entre homens e mulheres como reflexos dos papéis sociais que cada um assume na sociedade, dai derivando a opgio Por estratificar os informantes nio quanto ao sexo, mas sim quanto a0 géneto (a adogio do rétulo sexo/género). Com base em resultados de diferentes estudos, Labov (1990, 2001) Propés princfpios que explicariam a detiva de variagio/mudanga linguistica em fungao do sexo/ géneto dos informantes. Estes Ptincipios, em linhas gerais, explicariam a preferéncia das mulheres Pot variantes linguisticas de maior prestigio, assim como a maior sensibilidade feminina ab prestigio social das formas linguisticas. Daf decorre que mulheres tendem a liderar Processos envolvendo variantes Prestigiadas, ¢ assumem uma atitude conservadora quando as B variantes sio socialmente desprestigiadas (homens tendem a f liderar a mudanga, nesse caso). Explicacdes para isso sio dadas F em funcio do Papel materno da mulher, que, como educadora dos filhos, assumiria formas de Prestigio. Ha, contudo, uma } tessalva de Labov: as explicagdes para as diferencas linguisticas f entre homens e mulheres devem ser relativizadas em fungio f do grupo social considerado, A telativizacao deve ser estendida E preciso lembrar também que nenhuma vatidvel social esta desvinculada de outta; a variavel sexo/género é, na vetdade, Bm r6tulo amplo que recobre diferentes nuangas sociais e ptilisticas, a exemplo do que ocotre com a faixa etéria (Freitag 005). A interacio entre variaveis é tio forte que a variavel tem 267 sido denominada de “sexo/géneto” pot conta de recobrit muito mais do que a dimensio bioldgica, mas também os papéis Sociais desempenhados por homens e mulheres. Apesar de reconhecer uma dimensio social, ° recorte sociolinguistico da comunidade de fala operacionaliza uma amostta de sociedade onde sé existem homens e aes tanto na perspectiva biolégica como na perspectiva social r je que adianta distinguir sexo de género, a a constituigao las amostras dos bancos de dados sociolinguisticos continua a se dar de modo binétio? Estudos como os de Podesva (2007) e de Mendes (2012) séo pioncitos em investigar o falar gay, baseadas em amosteas constituidas a parti de ee sociodemograficas amplas, na tendéncia dos ; estudos de e onda. Apesat de o censo de 2010 no Brasil incluir a — “companheiro do mesmo sexo” em seu questionatio le contagem da populagio, nao é possivel (e nem é © interesse) a partic desta informagio avaliar o género do individuo, na medida em que este é uma questao de identidade. Assim, mi bancos de dados sociolinguisticos, aos moldes dos estudos 1* onda, ou novas coletas de bancos ja constituidos, precisa acompanhar as mudangas da sociedade e ampliar o control le c sexo/géneto de modo mais amplo, controlando nao apenas 2 distincao biolégica, mas também os papéis sociais propsiaments (pot exemplo, mulheres que assumem papeis tradicionalmen' ts femininos, relacionados ao lar vs. mulheres que assumem papéis tradicionalmente masculinos, atuando como arrimo de lar e i metcado de trabalho; e vice-versa). Tal refinamento no eee permite que os resultados scjam interpretados de modo m: fealista as condicées da sociedade atual. : O controle da escolarizacao surgiu como uma alternativa indireta para o controle da classe social nas = sociolinguisticas brasileiras. Niveis de escolarizagio mais i: como o grau univetsitario, setiam, por hipétese, uma tea controle de pettencimento a classes sociais mais altas. 268 atualmente, com as politicas governamentais de incentivo & escolarizagio — que vio do programa Bolsa-Familia, obrigando os pais a manter seus filhos na escola para recebimento do beneficio, 4s agdes dos programas Reuni e Prouni, que ampliaram o niimero de vagas ¢ cursos na universidade publica (Reuni) e ofetecem bolsas parciais ou totais em instituigdes de ensino superior privadas (Prouni) —, o Brasil ruma a uma quase universalizaco da educagio basica e ctescimento exponencial na educacio superior. B tarefa dificil preencher determinadas células sociais de bancos de dados sociolinguisticos, como a de um jovem analfabeto, mesmo fora dos grandes centros. Em grandes centros, achar um informante jovem que cursou apenas o fundamental menor (8° ano) é também tarefa dificil. Para controlar efeitos de escolarizacio — e estudos de 3* onda no espaco escolar tém sido produtivos (Eckert 2000 e Moore 2010) —, aspectos relacionados ao status do curso superior, como a avaliagao do curso pelo informante sob sua perspectiva e sob a perspectiva da sociedade, so estratégias que mostram resultados. Hxiste uma escala de prestigio dentre os cursos superiores: virsos de universidade publica costumam ter mais prestigio do que cursos de universidade ptivada; cursos de Direito e Medicina costumam ter mais prestigio do que cursos de licenciatura. O que seta que tem mais prestigio: um curso de Medicina numa institui¢o privada ou um curso de licenciatura numa instituigio , Pliblica? E mais: o que faz com que os estudantes de Direito sejam teconhecidos pela comunidade como bons falantes da ‘ lingua (embora cometam os mesmos desvios que os demais falantes)? A dimensio qualitativa permite que se incorporem | aspectos mais subjetivos & anilise, entiquecendo-a. Ainda em relagio 4 coleta de dados e as dificuldades de Pteenchimento de determinadas células sociais, atender aos stitétios bdsicos de selecio de informantes (que remontam la Dialetologia) tem se tomado cada vez mais dificil, 269 esta hipdtese fosse valida nas décadas finais do século passado; especialmente em fungio dos fluxos migratorios ea mobilidade que caracterizam nossa época: tet nascido na comunidade e ser filho de pais igualmente nascidos na comunidade, sem nunca ter morado fora sio exigéncias muito dificeis de faa cumpridas atualmente (Freitag 2011). O estudo da variagao cm comunidades de pratica, por conta do controle qualitativo mais esmiucado, possibilita considerar os aspectos singulares de cada informante, inclusive quanto 4 mobilidade. O controle mais acurado dos aspectos discutidos sobre a representagio da sociedade na amostra sociolinguistica possibilita uma desctic¢io mais precisa da realidade, com resultados mais confiaveis e representativos. Métodos de coleta e banco de dados Agora vamos passat a reflexGes mais especificas sobre 0 método de coleta e constituigo de amostras dos bancos de dados sociolinguisticos e de que modo os estudos de 3* onda podem colaborar pata o seu aptimoramento, incorporando aspectos da Sociolinguistica Interacional. O foco da Sociolinguistica Variacionista é0 verniculo do falante: foram elabotadas e testadas metodologias de coleta focando o falante, como se fosse um ser asséptico e que falasse sozinho. Ocorre que a estratégia de coleta conhecida por “entrevista sociolinguistica” € uma situagao de interagao dialégica, com um falante — 0 entrevistado — um entrevistadort. Ainda que o entrevistador fosse apenas ouvinte, haveria, sob a dtica da Sociolinguistica Intetacional, alguma influéncia, na medida em que relagdes sociais se instauram na situagio de entrevista. Mas 0 entrevistador também falal E isso foi ignorado no processo de constituigéo dos bancos de dados sociolinguisticos; no encontramos muito mais do que © 270 nome, sem informagées sobre o grau de relacio/ familiaridade entre entrevistador ¢ entrevistado, ¢ muitas vezes o processo de transcticéo ignora as marcas linguisticas do entrevistador (em alguns bancos de dados, as marcagdes fonolégicas sio feitas apenas na fala do entrevistado). Bailey e Tillery (2004) destacam os efeitos do entrevistador na fala do entrevistado, que podem ser medidos quanto 4 sua experiéncia em pesquisa de campo (© que ficou conhecido como “efeito Rutledge”), ou quanto aos efeitos de polidez decorrentes das relagées de poder e de solidatiedade estabelecidas com os entrevistados em relacio ao sexo/género (ou origem étnica, como no estudo de Rickford e MacNair-Knox 1994, citado por Bailey e Tillery 2004). ; O “efeito Rutledge” é resultado do reexame do estudo de Montgomery (1998, citado por Bailey e Tillery 2004) sobre a distribuicio da construcio de duplo modal might could em dados do Linguistic Atlas of Gulf States (LAGS). Pata explicar o fato de que a construgio de duplo modal é duas vezes mais frequente som entrevistadoras do que com entrevistadores, Montgomery (1998, citado por Bailey ¢ Tillery 2004) argumenta que é uma tendéncia de informantes serem mais polidos com mulheres § do ‘que com homens. No entanto, ao revetem os resultados deste estudo, Bailey e Tillery observaram que a frequéncia de ocorréncia da construcio era muito maior nas entrevistas realizadas por uma pesquisadora do projeto LAGS chamada ' Barbara Rutledge, a mais produtiva da equipe, responsével por #200 das 1121 entrevistas que compde o projeto. Como a coleta ' de dados seguia os moldes da Dialetologia, com perguntas de f. um questionario objetivo, em certas ocasides o entrevistador , costuma fazer uso de mecanismos linguisticos especificos B para, elucidar a resposta; era o caso de Barbara Rutledge, que i frequentemente sugeria a resposta, com a forma migh could. } Quando as entrevistas tealizadas por Barbara Rutledge foram R tetiradas da anilise, a distribuigio da construgio migh could 271 perdia significincia quanto a0 sexo/género dos eae O “efeito Rutledge” aponta para a necessidade de um controle mais pormenotizado do entrevistador das anaes sociolinguisticas, a fim de desvelar os papéis sociopessoais da relacio entre entrevistador e entrevistado. Em relacio a entrevista sociolinguistica, para contemplar a questio do estilo, faz-se necessatio aaa no eer do controle de aspectos textuais-interativos da entrevis sociolinguistica, com énfase nas sequéncias ania textuais e no topico discursive. Embora os estudos de 3 a ptivilegiem outros tipos de coleta de dados, com a — patticipante e a gravacio de interagdes aaa a comunidade de praticas, a entrevista sociolihguistica ainda i configura como uma estratégia consolidada de coleta, i ae também set aplicada em comunidades de praticas, possibi ; itan i a comparabilidade com outras amostras. Para a além : incorporat premissas da Sociolinguistica Levcsinasii ne controle dos papéis sociopessoais na relagio entre entrevista 7 e entrevistado), é preciso também investir num control le mais acurado do que constitui lingisisticamente a entrevista sociolinguistica: os tipos/sequéncias discursivas e 0 topico discursivo discotrido. ; Quanto ao tépico discursivo, considerando que as entrevistas sociolinguisticas decorrem de um_ toteito previamente estabelecido, ¢ que mais ou menos ee tépicos discursivos amplos, como infancia, receitas, politica, educagio, vida na cidade, atitudes linguistica,é possivel eee © comportamento de uma variivel linguistica quanto ao topic discursivo discorrido, desde que este seja controlado quanto a0 grau de envolvimento do falante/ complexidade. Dessa forma, nuangas de estilo podem ser observadas dentro da wenden sociolinguistica, com 0 controle de aspectos mais sul ee como a telaco do falante com 0 tépico discursivo, definida 272 partir das experiéncias do falante, e assuntos mais complexos costumam ser relacionados a estilos mais monitorados. A entrevista sociolinguistica pode set considerada um génerd discutsivo da esfeta cientifica (da Sociolinguistica, mais precisamente), na medida em que funciona como um protocolo de coleta de dados replicdvel pela comunidade cientifica da area. Dentro da entrevista sociolinguistica, podemos encontrar blocos de tipos de sequéncias discursivas, como narrativas de experiéncia pessoal, narrativas recontadas, relato de opiniao, telatos procedurais, explanagées, nattativas de hibito etc. O mapeamento de tipos/sequéncias textuais tem trazido resultados interessantes para estudos de fendmenos de variacao e mudanca, especialmente fenémenos que ocortem para além do nivel da fonologia (Freitag ef a/, 2009). Quanto aos t6picos discottidos, © roteito da entrevista possibilita a ocorréncia de diversificados tipos/sequéncias textuais, pois no decorrer da entrevista, cdstuma-se pedir ao entrevistado informagdes sobre “como chegar em X”, teceitas culindtias, causos, piadas, histérias que aconteceram na comunidade, opiniio sobre assuntos politicos, educacionais ou econémicos etc, levando a emergéncia dos: tipos/sequéncias discursivas nas respostas. A comparacao dos resultados de fendmenos de variacio e mudanga linguisticas nos mésmos tipos/sequéncias discutsivas em diferentes entrevistas sociolinguisticas, assim como a comparagio dos resultados de fetiémenos de variagio e mudanga linguisticas em relacéo aos diferentes tipos/sequéncias discursivas na mesma entrevista sociolinguistica, podem contribuir para o desvclamento de aspectos estilisticos da vatiagio, tanto no nivel interindividual como intraindividual, colaborando Pata os estudos de 3* onda. Pata finalizar estes apontamentos de tendéncias da Sociolinguistica, é pertinente tecer consideragdes sobre sua | telagio com a Linguistica de Corpus. Apesar de haver um grande numero de aspectos convergentes entre as abordagens 273 — ambas quantitativas ¢ comparativas —, na medida em que lidam com grandes volumes de dados sistematizados de lingua em uso real, adotam procedimentos estatisticos para chegar a generalizagées, ha diferengas que impedem uma sobreposicao entre as 4reas, como o fato de a Sociolinguistica focar aspectos individuais, enquanto a Linguistica de Corpus buscar padrdes de distribuicio mais globais. Os corpora da Sociolinguistica que nio adotam a transcticio ortogrifica padrao dificultam o processamento das listas de frequéncia na Linguistica de Corpus, limitando sua aplicacio, assim como o fato da informagio social dos informantes nio ser processavel (McEnerye Hardie 2012; Reppen, Fitzmaurice e Biber 2002). Apesat disso, ha busca de aproximagées entre as dreas, com a padronizagio ortografica de corpora sociolinguisticos e 0 desenvolvimento de etiquetas XML para codificar a informagao social de modo a ser processavel por programas computacionais concordanceadores. A confluéncia entre as Areas, com a incorporacio dos aspectos metodoldégicos, permite a manipulagao automitica de amostras mais amplas, gerando resultados mais seguros ¢ generalizaveis. Os apontamentos aqui tecidos, em termos metodolégicos para lidar com os dados e sua coleta, vém referendar 0 ponto de vista de Bailey e Tillery (2004), para quem os resultados de uma investigacao sociolinguistica so muitas yezes muito mais a consequéncia de escolhas metodolégicas do que o comportamento dos informantes. As escolhas metodolégicas da Sociolinguistica YVariacionista hoje rumam para uma incorporagio dos aspectos qualitativos (subjacentes as abordagens Educacional ¢ Intetacional) 4 sua tradicional metodologia quantitativa, expandindo seu escopo. Tal interface, caracteristica da 3* onda, produz resultados mais completos, com uma desctigio mais ampla e integrada dos fenédmenos linguisticos no contexto social e que refletem de modo mais realista a sociedade. 274 Refertncias ALKMIN, “Socioli ; e (2001). “Sociolinguistica. Parte I”, im MUSSALIN, ‘ ¢ BENTES, A. C. (otgs.) Intradugi ali : ; 7 : wo Ga lingutstic Dominios ¢ fronteiras. Sao Paulo: Cortez, pp. cone ‘ AMA: . wen = M. . (1989). Reapier subjetinas de professores de ints ao dialto nio padria. Dissertagio de Mestrad Brasilia: Universidade de Brasilia. it BAILEY, i ag © TILLERY, J. (2004). “Some sources of divergent 7 i ; Sociolinguistics”, im FOUGHT, C. ( Se ociolinguistic Variation: critical reflections. 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