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oa pee a Bia) avs se P=] co [= =) a a=] 3 oa (MAU Gurdrun Krokrel Burkhard é filha de alemes & hasceu em 14 de Dezembro de 1929, em Sao Paulo. Aos 1 medicina, curso para o qual fngressou na USP OTC MU Tce eles oP oot at) COV ARCUM CU Oe Ci (eR toe ew lel gett STE ee eMetrics trp ae il TSCM ECORI Me TOMT Teli tren MMT ene ets) holistica do ser humano. Este encontro se deu fa Suiga, em 1956, com a medicina antro- posdfica, Trouxe-a imediatamente para o Brasil, onde passou a dedicar-se intensa- UTS AOS ae Celiac toll et Mero ri 2s Schmidt, com quem teve (Ue ticc erat Telos Fundaram em Sdo Paulo, em 1969, a Clinica a 4 Associacdo Tobias. [i 1975, casou-se com Daniel STi fae (ogee COC TaC CMA OM Cit elt cman nee tee CUCM l Te Lileoraa eg kote tr pacientes See TTT STC tect eee (ele) celal Ret) UCC U RSE MIE ee meat ieteteccee tac pey erage do Centro de Desenvolvimento Huma- AEA Ey A busca de médicos terapeutas, feleitat a] Cole oot congultores @ pedagogos sociais por essa DT GT STEM tamer Torte afer Bs ET RCM ETC Mica Te} Teer UCT UE Ue iat Lae ans ee 1980, Desde a década de 90, Gudrun vem se CULE aec me om lec targeted ST RTC maces ames eect ty OTe Tne om IE CET EMM here) OTC CER TC MC orm acetate (el cea otc OTT eC a Ciena) stele BIOGRAFICOS estudos da biografia humana "Sim, tudo depende da perguntal Ominto mais profundamente perguntanos, ‘Kanto mais veemente serd a resposta; O genio nao fica a dever nenkuma. Mas temos receia de peeguntar, FP muito mais de ouvir a resposta, e de compreendé-la, Pois isto nos custa esforga ¢ dares, Sede outra forma, nada pademos aprender, De onde 0 titariamos? Quen perguita a Devs, a esse Ele responde com a Divino.” Retina Brewteno, traduzido por Herwig Hactinger Biogrificos ® Gudrun Burkhard, Sao Paulo. 2006 coordenagte adicorial Anténio Carlos Tonea Falseti coppeesk Marcia Roe projets gritien Mari Pini Athila Benides edltora; Burkhard, Gudrun | Biogratia, Antroposoia no Brasil; Sociedade Antroposéfica clo Brasil; Asso: 2" Edigio Revisada, io Tobias. ‘Todos os direitos reservados. E pevibida a reprodugie total ou parcial, de qualeuer firma ou por qualeyser meio, sem amtorizagao expressa do autor Gudrun Burkhard BIOGRAFICOS estudos da biografia humana gradego especialmente aos meus filhos Aglaia, Solway, Thomas, Tiago e ao pai deles, Pedra Schmidt. Agradeco ainda muito especialmente a meu marido Daniel Burkhard, fundadar da Adige Consultores. Juntos, bd 25 anos, iniciamos Cursos Biogrit- ficos que, quando consolidados, motivaram-nos a funder a Artemisia ~ Centro de Desenvolvimento Humana, local onde os cursos puderam ser ministrades e acompanhudus de um proceso de revilalizagae dietética, fisioterapica ¢ medicamentosa. Um locul envolto por mata atlantica, mergulhado na natureza e, por outro lada, colade a cidade de Sao Paulo. Além dos elassicas Cursos Biagraficos, foram desenvelvidos na Artemisia, em conjunto com a Adiga, intimeros cursos para empresarios tais como: Espirito Transformador, Lideranga para o Future, Como Evitar o Estresse, dentre outros, Hoje, acontece ali 0 Curso de Formagio em Aconselhamenta Biografico, que ¢ dirigido Agradecimentos pela Pacola Livre de Estudos Biograficos ¢ a Formagao de Consul- jones, dirigida pelo grupo de consultores da Adigo. A vertemte " [Mogedficos, acompanhada de um trabalho de revitalizacio. uelpal, porém, dirige-se diretamente a participantes de Cursos Agradego a meu destino ¢ 4 vida pela oportunidade de poder dedicar a este maravilhoso trabalho, com o que de mais preciovo hi no ser humana: a sua biogratia.. Agradego, ainda, a todos aqueles que deram contribuigoes vallosas para a publicagao deste lisra, Gudrun Burkhard 1 144 Agradecimentos Inttoduio PARTE I - A PREPARACAG PARA A VIDA A fase de 0a 2] anos Capitulo | - O primeire seténio, fase do nascimento até 7 anos Constiluigie fisica do individuo Capitulo Hl - © segundo seténio, fase de 7a 14 anos Adefinigdo do temperamenta Capitulo ILI - © terceiro seténia, fase de 14a 21 anos Aescalha da profissio. Os tipos planetirios PARTE I - TORNAR-SE HOMEM E TORNAR-SE MULHER Afase de 21442 anos Capitulo f - © quarto seténio: qualidades zodiacais Avcrise dos talentos Como trabalhar as crises da vida Capitulo IL - © quinto seténio, fase de 28 a 35 anos Integragiio entre masculino e feminino Capitulo II - © sexto seténio, fase de 35 a 42 anos A crise dos 42 anas 40 To Tc te aon owe ou ow a ae Sumarie PARTE I-A REALIZAGAO DA VIDA. A fase de 42 2 63 anos Capitulo | - © sétimo seténio, fase de 42 a 49 anos A nova visio Capitulo IL - © oitavo seténio, fase de 49 a 56 anos Fase inspirativa ou moral Capitulo I - O nano seténio, fase de 56 a 63 anos Fase mistica ou intuitiva PARTE IV - MOTIVAGAO PARA O FUTURO Capitulo [- A motivagie de vida que leva “uma visio do futuro Capitulo I~ metodologia de trabalha biografico ede visio do futuro Capliulo 1 - Espelbamenta animico-psicolégico — retomadas Conclusio Kipilogo A Artemisia e 0 trabalho biogrdfica Nibliografia idadania significa acesso a tado que a cidade olereee. E um deles, fundamental, chama-se leitur ao nosse passado, a nossa meméria coletiva, construida através de séculos, A isso chamamos cultura, Um povo que nao conhece a sua cultura nfo é cidadio e dificilmente terd comdicées de sair das Através dela, temas acesso silwagGes nas quais se encontra, Aqui estd o nosso projet “Amigo da Leitura", ‘ler acesso a leitura para encontrar sua Cultura e Cidacania. Mosso primeira liveo da série foi Do Ideal ao Real, C) autor Pedro Schmidt viven- ciou a fiiria nazista no inicio da Segunda Grande Guerra (1939- 1945} ¢ a sua fuga espetacular para o Brasil, onde construfu uma vida de mvilas experiéncias, cheia de criatividade na campo da economia, da sociedade e das idéias, © Segunde Livro da Série “Amigo da Leitura" chama-se Bisgrafias de Gudrum Burkhard, um livre que marea a historia da antroposofia aplicada no Brasil. Se no primeiro livro de Pedro 1 Schmidt, vimas os aspectos externas da obra realizadora norteada pela antroposofia; esse traz es aspectos internos e¢ reflexivos da translormacao do ser humano dentro de uma visdo holistica antroposdfica. Esse nove livro faz um marco no trabalho antroposdfico no Brasil uma nova ¢ atualivada construgio metodolégica da Antroposoli pois vem de um processo de pritica e amadurecimento de f uma leitura obrigatéria para quem conhece o trabalho realizado © para agueles que pretendem ler um aulo-conhecimente ¢ desca- brir a Antraposafia. Registre-se no Projeto Amigo da Leitura: wew.amigodaleitu- ta.com.br ¢ dé a sua contribuicéo para implantarmos essa idéia. Seja um solidario na rede. _Anténio Carlos Tonea Falseti toncabr@ gmail.com " Brogadricos ada vez mais aparecem biografias publicadas. Por qué? Por que ser tamanho o interesse por biografias? Seré que a identificagao com alguns elementos da biografia desperta em nés a curiosidade de como o autor conseguiu dar solucdes aos seus problemas ¢ assim, diretamente, buscamos solugées para nés mesmas? Para darmas solugo aos nossos problemas, porém, precisare- mos conhecer a nossa propria biografia, ou seja, o nosso caminha terreno do nascimento até a morte. Nem sempre o interesse pelas biografias foi tio grande. Se olharmos as obras de arte antigas ~ do Fgito antigo, da antiga Babilonia, da Grécia antiga — pereeberemas que elas no levam assinaturas. Nao se sabe da sua autoria, Mesmo os canticos aos herdis dos povos celtas nao cantam um herdi em especial, mas feitos daquele povo. O que valia, tanto ne poyo egipcio como no povo hebreu, era a linhagem de sangue. ree Somente na época grega mais moderna é que comegaram a s¢ destacar individualmente fildsofos, escritores, poetas. Com a vinda do Cristo para a Terra, 0 processo de individuacao, ou seja, o destaque da individualidade, comegou a ser cada vez mais consciente. Com isto também vieram as leis de desenvolvimento do ser humano. Foi 6 nin Grécia que se teve registros de biografias escritas, Ao longo do tempo, do desenvolvimento pés-cristio, da Tdade Média, e mais tarde na época moderna ¢ cada vez mais até os nossos dias o ser hu- mano foi se tornando alguém em si mesmo, com opinida prépria, independentemente do pavo, da familia, do grupo, da coletividade O ser humano perdeu ¢ perde, cada ver mais, a sua relago com # familia, com o seu pove, Ser patriota virou uma blasfémia, Morar na casa dos pais, quando adulto, s6 mesmo por uma necessidade finan- . A familia, mais na Europa que no Brasil, esta em tiltimo plano. O ser humano perdeu a relacio com a natureza e cam os seres da natureza também. Da natureza ele quer tirar o maximo para transtormar em lucro, explorando-a, destruindo-a. Raros sao os que cuicam dela, Aos poucos ela nado nos fornecera nem mais alimentos bisicos dos quais necessitamos para sobreviver, tampouco o pelréleo para as nossas potentes maquinas — os nesses carros. © ser humano perdeu a relagio com o mundo espiritual, al como seu proprio guia (9 anjo) ¢ muite mais, com toda a concepgiia do cosmos ¢ das forcas criadoras. A religi#o tornou-se, em muitos casos, UMA Casca Vazia, sem contedda, nao dando 0 alimento espiri- tual buscado —a religido tem que ser encontrada em si mesmo. Perdeu-se também a relago mais intima com as outras pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto no telacionamento afetivo e soa], As relagdes se tornaram cada vez mais superficiais, formais eo ser humano se sente incompreendido e solitario. 15 Biocraricns Religiosidade mundo espiritual Familia Nossas semelnantes pavo Aossos amigos eee ‘Anatureza Bigerel @ seus sores Tudo isso leva a uma solidfo cada vez maior, a uma incom- preensdo pelo préximo e de si mesmo, © ser humano tenta, muitas vezes, sair dessa situagio através do alcoolismo, das drogas, videos, TY, Internet, Passa a usar uma forma de coiunicagao ficticia com outras pessoas sem que s¢ telacione verdadeiramente com elas. Esta € a situagan da nessa época, na qual cada um tem que assumir, cada vex mais, a si mesmo; ser ele mesmo. [sto tem seus aspectos posilivos, mas por outro lado, pode fazer brotar wm egaismo ferrenho, que pode levar & destruicao. Rudolf Steiner, um dos maiores pensadores ¢ iniciados do sécu- lo XX, trouxe para a humanidade a cosmovisdo antroposéfica e uma visa holistica, glabal, do ser humane. Apontou um caminho de autadesenvolvimento e de harmania interior, adequado ao ser humano do século XX (e também para o ser humane de séeulos 168 Inrropugaa. vindouros), durante © qual o homem atingiu um estado de alma e um grau de consciéncia denominado por ele de alma da conseigneia, Em uma palestra proferida por ele em 12 de dezembro de 1918, chama a atengao para as forgas anti-sociais da nossa época. ‘Gomo nds as superamos? Despertando o interesse verdadeira pelos ‘outros! Ele dé dois exercicios basics, ambos empregades no trabal- ho biografico, Um trata da retrospectiva dos acontecimentos da vida © 0 outro da retrospecliva de todas as pessoas que encontrames na vida ¢ que exerceram alguma influéncia sobre nés A partir deste ponto, apoiadas por toda a visio que a Antropo- do ser humano, de suas leis de desenvolvimento, nés teulizamos 0 traballao biogréfico. A Antroposofia descreve a entidade humana como portadora de quatro entidades: corpo fisico, corpo etérico ou vital, corpo astral ou emocional e o Eu, Os corpas fisico e etérico formam uma uni- dace responsavel pela vida e biologia do corpo; o astral, emocional oti animico poderia ser denominado de alma ¢ € responsivel pela conseiéncia. B por meio do corpo astral ou emocional que se reve- lam as suas trés dimensoes da alma: @ pensar, 0 sentir ¢ © querer. A alma passa pelo proceso de amadurecimenta, desenvolvenda as entidades da alma denominadas no contexto da livro por alma da sensagao, alma racional ou do sentimente e alma da consciéncia, ao longo de sua evolugao biogrdfica, resultantes do trabalho do Eu sobre © corpo astral. © Eu de natuceza espiritual eleva o ser humano sobre os trés nos da natureza, animal, vegetal e mineral. Ele escreve a biografia individual e dé todas as caracteristicas individuais ao ser humana, de tal forma que ele € nico e de certa forma insubstituivel, Mais trés entidades espirituais superiores, resultamtes da espiritu- Ww Blocadacos alizacio e do trabalho sobre os trés corpos: ser espiritual, espfrite vida ¢ homem espirito (que os hindus denominaram de manas, buddi a alma), que evoluirdo de tal maneira a encontrar a sua unificacio cam 0 divino, meta da evolugia ¢ das varias encarnacbes do homem. Na cosmovis: » antroposéfica, de moda camo fai trazida par Steiner, também a nossa Terra passou por diversas fases evolutivas, que fugiria do nosso contexto se entréssemos em maiores detalhes, mas que para aprofundar, pode-se ler os livros Ciéneia Ocwlta ¢ A Crénica de Akashic, ambos de Rudolf Steiner. Este trabalho paderd ser feito individualmente, com um terapeuta ou em um grupo, como ¢ feito ma Artemisia, conforme a dade individual e do momento. A metodologia sera descrita na segunda parte deste livro, na qual o interessado poderd consultar dicas para trabalhar em sua biografia. Na biografia humana existem leis gerais de desenvolvimento para cada fase da vida e durante o trabalho biografico cada um iden- tifica elementos em sua vida, semelhantes aos de outras pessoas da mesma idade, além de peculiaridades que tém a ver com o destino de cada um. Saber cliscernir o que ¢ préprio da idade ¢ 0 que é 86 sen, bem individual, assim como as coisas que se repetem durante a vida sio fundamentais para o autoconhecimento. Os acontecimentos individuais, muitas vezes, tém que ser tra- balhados, digeridas, Nos acontecimentos comuns ou gerais temos situagOes passageiras, iguais as de muitas pessoas que sabemos que, passando aquela fase da vida, elas melhoram por si sé. Isto nos con- sola e nos faz sentir como participantes de uma mesma época ou de uma mesina geragao. ‘Muitas pessoas passam por psicanilise, na qual fases dificeis sao minuciosamente enfocadas ou trabalhadas. Mas se esquecem das 18 InTronupac fases boas, ou de lade bom de cada fase dificil. A visio global de toda gratia permite, por sua vez, ter uma visdo total ¢ nao sé dos a ladon de sombre. Por meio dela percebe-se quantos lados bons e de luv também se teve na vida. Conseguindo resgatar esses lados bons, aborando ¢ integrando, também, as sombras dos acontecimentos Hegativos, torna-se possivel comegar a perceber a vida como uma grande paisagem. Luz e sombra em conjunto formam as cores. A vida torna-se uma paisagem multicolorida ao invés de permanecer cinga e rotineira, como muitas vezes acontece nos dias de hoje. Somente amando a si mesmo e a seu destino vocé sera capaz de an os outros é, por conseqténcia, os ontros também the amaraae fespeltario, Muitas pessoas dizem: “nao quero me lembrar das coisas Hegativas, j4 se foram!” Mas, se nao forem digeridas, voltardo a tona is tarde e poderio trazer disttirbios até psicossomiiticos. A intengao do trabalho biografico nao é a de ficar presa ao pas- sudo, mas entendé-lo ¢ integré-lo para poder viver o presente, livre do pasado, ¢ nortear melhor o futuro. A medida que a pessoa amacurece se torna cada vez mais livre. Porém, para isso, & preciso, tor elaborado, integrado ¢ aceitado o seu passado. Caso contra passado algema e amarra. 50 Por meio de algumas biografias gentilmente postas A dis- posigho, tentarei dar elementes para a compreensdo melhor de si proprio. Para tanto esbogaremos as biografias segundo as leis gerais dos métodos que utilizamos. “Alegrias sao dadivas do destino Qu Sofrimento, porém, so Fontes de cognisiio, mostram o seu valor no momento presente. Cujo significado se mostram no futuro.” Rucdalf Steiner 19 BrocAricos Visa o Geral da Biografia JA na Grécia, S6lon {640-553 aC.) divi em seténios (perfodas de sete anos). Rudolf Steiner, com a sua visio inicitica retoma os seténios desenvolvendo as suas leis gerais ¢ cor- relacdes, dando um enfoque de suma importancia para a Pedagogia, a a biografia humana para a Medicina e para o autodesenvolvimento. Antes de entrarmos nos detalhes de cada seténio, pois ser baseads neles que dividiremos a biografia, gostaria de trarer uma visio biografica geral, primeiramente, por meio de algumas imagens e depois entraremos na parte conceitual. Muitas vezes falamos das fases da vida como se fossem as estagdes do ano. Assim, a primavera seria toda aquela fase na qual encor- Pamos, crescemos e amadurecemos fisicamente, que se estende até por volta dos 21 anos, © verao, quando as plantas se expandem e atingem o maximo de sua vitalidade e tamanho, corresponderia Aquela fase expansiva da vida: dos 21 aos 42 anos, aproximada- mente. Jd 0 outono, em que as cores se modificam (hd paises onde as folhas se colorem para depois cairem), a natureza se torna espe- cialmente colorida ¢ amadurecem os frutos seria aquela fase de nossa vida na qual abservamos também um leve declinio de nossas forgas fisicas, e que estd por volta das 42 aas 63 anos de idade. Fm seguida, entrarfamos no inverno quando, nos patses de estagoes marcadus, a maior parte das plantas perde as folhas, as sementes caem no chia, ¢ 14 esto, & espera de uma nova primavera. Ficam os esqueletos das drvores ou, poderiamos dizer, a sua esséncia, pois é muitas vezes, atcavés da forma das drvores desfolhadas que conseguimas identi- ficd-las ¢ as recanhecenvos até mais facilmente do que em plena copa folhada. Fsta fase esta apds os 63 anos. IxTRopucAG Observando as plantas, muito podemos aprender sobre o desenvolvimento humano. Por exemplo: pata colhermos os frutes made ¢ saborosos precisamos ter paciéncia, pois eles sé umadurecem na estagaéo certa. Se os colhermes antecipadamente, eles se tornardo indigestos. lim decorréncia da nossa ansiedade, propria da aceleragao de Hossa ¢poca, estamos sempre querendo colher frutos antes da epoca e, com isso, até prejudicamos a planta, Saber esperar até que alyumas habilidades desenvolvidas amadurecam é 0 grande segredo de viver as fases da vida, uma a uma, © conhecimento destas fases. permiteenos conhecer melhor os frutas de cada estagdo e, por anilogia, novamente a natureza nos mostra como algumas plantas florescem rapidamente, dando frutinhas saberosas que logo se desenvolvem (por exemplo, os moranguinhos) © ja podem ser tuboreadas enquanto outras levam trés quartos de ano até poderem ser colhidas, Cada ser humana pode ser um jardineiro de seu proprio pomar para saber quando & hora de plantar, adubar, fegar e depois colher os frutos. Os chineses tém seguinte provérbio que expressa as fases da vida: “Levamos vinte anos para aprender, vinte anes para lutar e vinte anos para nes tornar sdbios” So contrdrio dos animais, real- mente levamos muito tempo para nos tormarmos sibios. © bezerro, quande » J sai andando e sabe onde encontrar o seu alimento. Over humano, porém, leva quatorze anos para poder pér em pratica sua capacidade reprodutora ¢ vinte ¢ um anos para se tornar adulto ede “maior idade’, ou seja, totalmente responsavel pelos seus atos, Por que esta diferenga? Ao analisarmos 0 ser humano precisamios levar cm conta suas (ves instincias, conhecidas desde épocas biblicas, A fisico-biolégica, 21 Biocraricas que denominams corpo vivo; a instancia animica (ou alma} ea espiritual. Ou seia: corpo, alma e espirito A parte fisico-biologica engloba no sé a corpérea visivel, mas também a fisioldgica, isto ¢, a vida ¢ a fumgao dos Srgdos, os quais emancipam as substancias fisicas do corpo, das leis fisico-quimicas, dando-lhe forgas vit em “corpo vital” (ou etérico). Nas plantas este corpo vital faz com: Na Antroposofia fala-se em “corpo fisico” e que elas crescam em diregio oposta a gravidade. Sao forgas centrif- gas que atuam da periferia, forgas do cosmos. No homem clas for- mam um corpo iidividualizado, 0 corpo vital. A distingao entre alma e espirito nao é compreendida facil- mente por muitos. A alma humana, ou psiqne (da palavra grega psyché, que é mais abrangente que a palayza portuguesa pique) engloba naa sé a atividade pensante do ser humano, mas também a parte do sen- timento ¢ a parte do agir na mundo. Rudolf Steiner fala em pensar, sentir e querer. No organismo humano estas atividades tém seus Grgaos ou instrumentos fisicos correspondentes. No organismo neurossensorial com sede na cabeca, esté o pensar, © sentir esté no organismo ritmico, ou seja, no coracda e pulmdes, portanto, no térax. 0 querer, no sisterma metabdlico, locomotor (incluinds toda a parte metabilica, os drgaos reprodutores ¢ os Grgaos volitives). Portanto esta 14 onde existe agao, inconsciéncia, como nos érgdos metabdlicos ¢ nos membros com seus misculos (para aprofundar, leia o livro O Corpo come Instrumente da Alma, de Walter Biihler). A parte espiritnal do ser humano é aquela relacionada ao seu Eu. O Eu é 4 expressio de sua individualidade, que ¢ unica, ¢ se expressa por intermédio do que chamamos de destino, No mundo nao existem dois seres humanos ignais, mesma que se trate de 2 Lyrropugio ipfifios gémeos. Cada um tem uma individualidade diferente e um destino diferente. Como reconhecemios uma pessoa? Pelo seu modo de andar, pelos gestos, pela Gisionamia, pela mancira de falar, (gem vé-la, reconhecemo-a pela voz). A policia, por exemplo, eoonhece pela digital, que é tinica, pelo cédigo genético, DNA etc. (vias também a biografia dessa individualidade, desde o nascimento al a morte, é absolutamente tinica, Para mim, que jd ouvi mais de mil biografias, sempre € maravilhoso, com certeza, escutar o desen- rolur da biografia ao longe dos anog e todas séu tinicas, fascinantes, Como se inter-relacionam o espirito, a alma ¢ o corpo aa longo da vidaz Hodemos representé-los por meio de trés curvas ao longo dos anos da vida: Cieva espiritual Curva do desenvolvimento | ai area desenvolvimento biolégico Vigura 2 23 Brocraricas A individualidade, de natureza espiritual (Goethe denomina-a de a“eterna enteleckia”) vem do cosmos €, a partir da concep¢ao, vai se encarnanda gradativamente no corpo biolégico, atingindo, aos 21 anos, sua plena encarnagao. A cnearnagao processa-se do palo cefalico (cabega}, com o seu sistema neuro-sensorial, depois ne sis- tema-titmico e finalmente chega aos pés (sistema metabdlico-loco- motor). A individualidude permanece profundamente ligada & parte somatica também em toda a fase dos 21 aas 42 anos para depois, gradativamente, se desprender dos trés sistemas, o que acontece: em sentido inverso ao da encarnagao, ou seja, do metabélico-loco- a motor, do ritmico e do neuro-sensorial, voltando gradativamente as. suas origens césmicas. Podemos também denominar este processo de excarnatério. © desenvolvimento do corpo biologico se da em sentido ascen- dente desde a momenta da facundacao, quando comeca a multipli- @ » celular e a diferenciagio organica até a total maturaro dos Grgios, por volla dos 21 anos dle idad Neste momento comega uma fase em que, biologicamente, nao ha mais modificagdes, embora haja uma constante renovagdo de substancias. Anabolismo e catabolismo, regeneragao e desgaste. parecem estar em equilibria e a pessoa nem percebe o seu envelheci- mento. Em um determinado momento, porém, o desgaste sobre puja a regeneragao e o envelhecimento bioldgico se torna cada vez mais visivel, o que ocorre principalmente a partir dos 42 anos. Al, a curva biolégica, rapidamente, comea o seu daclinio ¢ vai descen- dente até o momento da morte. Sera que nesta fase hi apenas perdas? Nao. Na medida em que o desgaste biolégico ocorre, a consciéncia, gracas ao aspecto espiri- tual individual, tem a possibilidade de se ampliar (ao contrario do 4 Intronucko: animal, em quem este fato nao ocorre). Assim, entra-se naquela fase (ue é denominada fase do crescimento espiritual ou fase da sabedo- fi A ampliagio da consci vilile que slo metamorfoseadas, A frutificagao ver agora, do lado (Gamleo-espiritual. & muito individual o que ocorre cam cada pes- wou © é disso que dependera o deserrolyimento neste perfoda da cia ocorre gracas ao desgaste das forcas vida, Ha muitas formas de se buscar a espiritualidade e de encontrar © préprio guia, © anjo, ou o Eu superior, que é de natureza espiritual Vejumos, agora, 0 que acontece com a curva animica, Também. eli é ateendente e, na medida em que os trés sistemas amadurecem, (amber a alma vai desabrochando em suas qualidades do pensar, sentir © querer (ou agir). Aos 21 anos o Eu, agora ndo mais engajado na maturagao dos (rgitog, flea livre para a atividade mais consciente. A alma € porta- ilora no sé de sentimentos nobres, mas também de cobicas, jmiixGes edo seu lado mais instintive-animal. i ser trabalhada, jirificada, enobrecida, Este traballio se processa em trés grandes Seri por intermédio do Eu que cla pode elapas que vao dar origem ao que Rudolf Steiner denomina de alive da sensagio, alma racional e da indole (também denomina- tide intelecto ¢ indole, ou sentimento} e alma da consciéncia, Como veremos nos préximos capitulos, o desenvolvimento da ‘lia facional e da indole, e mais ainda, da alma da consciéncia, sé © possivel por meio de um trabalho do Eu. Esse empenho do Eu para © enobrecimento, cada vez maior, da alma ¢ 9 que chamamas de crecimento interior, amadurecimento psicoldgico ou animico. Tal ciwelmento nao se faz por si sé, mas por meio do trabalho cons- cliente do Eu, Dai em diante entende-se que, chegando aos 42 anos, (uando © maior declinio biolégico comega a se fazer sentir, existem 25 Biocraricos trés possibilidades para a curva do desenvolvimento an{mico ou psicolégico, conforme mostra a Figura 2, Uma primeira, que acompanha o declinio bialégico{c); a segunda, tentar manter o rendimento maximo dos anos anteriores (b) até que o organisma nao mais agiiente © surja o stress, crisc cardiaca ou uma outra crise mais grave que obrigue a uma parada forgada, A terceira possibilidade ¢ a de acompanhar, no desen- volvimento animico, a ascensao da curva espiritual (a) e deixar frutificar a parte mais espiritual da vida ampliando, cada vez mais, a consciéncia na medida em que o envelhecimento se da. Se observarmos a biografia conforme descrevemos anterior- mente, podemos compard-la a um dia de nossas vidas: de manha viemos desse mundo desconhecido da noite; durante a noite o nosso espiritual animico est4 mergulhado no cosmos, nas origens Encarnamos pela manha, levando algum tempo até estarmos totalmente presentes em nosso corpo inteiro. Para isso alguns pre- cisam de um bom café, on de um cigarro, Outros de uma ducha fria ou uma caminhada, Aas poucos vamos chegando ao nosso corpo e isso corresponde aquela fase da vida em que rendemos o maximo para depois, no final do dia, quando ja nos sentimos cansados, irmos “desligando” até que nos desprendemos comple- tamente e penetramas navamente no mundo do qual temos pouca consciéncia, o da noite. Assim podemos também falar do aman- hecer e do entardecer da vida. Na fase em que estamas entrando na vida, isto é a partir do nascimento, a educagao e o ambiente precisam contribuir para que © corpo se fortifique © se desenvolva sadiamente, E precisa que, gradativamente, sustentemos “os pés no chao’. O corpo saudiivel € a condigae para que, mais tarde, tenhamos uma vida animica e Inraopugio: Hweménica do ponte de vista espiritual, Na segunda metade da vida, especialmente apds os 42 anos, ¢ « mulor consciéncia espiritual que contribuird para a harmenia do ludo, mesmo que © corpo jé esteja afetado por doengas ow maze- lan da i cal para o bem estar fisico, Na fase intermediicia, correspondente ide, Um equilibrio animico e espiritual é condi¢ao essen ju desenvolvimento animico ou psicolégico, a mancira como nos relaclonamos com os outros ea nossa relagao com o mundo exter- fw @ findamental para o bem estar e para a harmonia. Assim existe op espiritual e até o final da vida poderemos aprender a partir de bilidade de um desabrochar continuo, fisico, animico e fopeas vivenclas e experiéncias, mesmo que estas sejam dolorosas. A seguinte biografia nos da uma visto geral do “caminho de vida" estendendo-se tal qual um panorama a nossa frent Mlografia I Ru nas huvia muito verde, muitas drvores ¢, nao muito longe, havia men- om Portugal, numa pequera aldeia perto de Coimbra. La lunhas, Era wm recanto bonito e calmo. Fu sow a terceira e tenho dois irnios mais velhos; am, irés anos mais velho e o outro, quatorze meses. A minha primeira lembranga estd por velta do mew segundo viniversdrlo, quanda nascew a minha irmdzinha, Lembro-me de ter mentado gritos da minka mae que, provavelmente, estava em tra- bulho de parto, Os irmaos estavam fora de casa ¢ eu me senti muito weinlia, Subi numa cadeira para olhar pela jancla as montanhas e on cavalos. Af vi no céu a Mae Maria com um vestido vermelho eum junio del, Ew me assuste® muito ¢ fugi (quando aos 68 anos voltei Aquela case vi exatamente aquela cadeira e aquela janela ¢ senti um arrepio, Consegui visualizar a trnagem dagnela época). a BiouRARES Apés trés anos nasceu mais uma irmé. Quando eu tinka trés iatos, thete pai perder todas os seus bens. Nos nos mudamns para a casa dos meus avds em Aveiro. Mew pai, no entanio, resolves partir para a Bahia, Salvadar. Na época, eu tinha quatro anes. Logo em seguida, minha mae, que estava novamente grdvida, ei é meus quatro irméos foros também para a Bahia. Una senrana depois, minkas irmas morreram de uma disenteria bacilar por terem fontado dgua contaminada, Una semana depois, ansceu outra innad- zinhe. Como esta estava cercada de todos os cuidados para compen- say a perdu das outras duus irmas, ew ficava com bastante eivine. Quando eu estava com 3 cinco anus, a farailia toda se mnundow para o Rio de Janeiro, ¢ id tudo eva dificil. Corno minha mde vivia adventada, ela resolve voltar para Aveito com seus quatro filhios, para a casa dos meus avis. Men pai permaneceu no Brasil, trabal handa em representagdes comercinis, Algumi tempo depois, ele se mtudou para Sao Paulo, Aveiro é uma cidade muito bonita 2 limpa, com muitas flores. Ela é atravessada pelo brace de wm rio, 0 que para nés cince era uma grande atragao, Passavara musilos barcos em vies enfeilades com desenhos. Fra wna vida muito colorida, Os meus irmios freqientavam o gindsio ¢ en ia a um colégia de freiras para @ curse primdriv, Apds quatre aus entrei pura uma outna escola de freiras na qual aprendi urn bom portugues e tra- balhos manuais. Cam 11 anos eu adeeci. Tive paratifo, Meu pai, neste interim, tinka aberta uma fabrice de cerémica. Mais tarde ele campror a fibrice Filtras Salus, que limpea # esteri- lizava dgue (nota: é interessante como ura experificia negaiiva de destino, a perda das duas fithas por causa de dgua poludda se rever- teu mum atividade profissional nova ¢ positiva). 28 Ierannigan tim Aveiro a minha vida era wn tanto iriste, pois minha mde Hewlava toda a suet atengie para. a minha irma e eu te sentia posta de lado, Hoje entendo que esta irnsd foi a salvagao de minha nite, ql havia perdido as otras duas fithas. Depois de seis anos voltamos para o Brasil, mas desta vez direta- mente para Sdo Paulo. Na epocaeu tinka quase 12 anos, mien pai pos- sul, entdo, a fabrica dos Fittros Salus. Aas 12 eu tive minha primeira Hienstruagde, Pui para uma escola de freiras, Sie José, para refazer a qimiri série, Deste tempo de escole niio guardei boas lenabremcas. Seutla mie rejettada, estranha e colocada de lado. O meu sotaque por- fuguits eva motive de chacota das colegas, Nas aulas de Histéria a pro- Jenonn sempre falava inal dos portugueses. Fut ficava muite aborreci- di @ Pecriminava meu pai por ter me tirado de Portugal. Secretumente Jusla planos de valtar pare Id. Nesta fase ew me volte’ muiio para den- fe de mim, me tornando itinida e fechada. Com [4 anos comecei um curso de secretariade, Queria me tormar seeretdvia, Minha mae trabalhava na Saius e eu camecci a thiballiay ds tardes na loja. De manhd ev estudava inglés ¢ piane. Pouce tempo depois ja era responstivel pelo caixa, pela contabilidade # secvetariado cla laja, Nesse tempo eu me sentia writ e muito feliz, dedtioando-ine totalmente ao trabalho. Tinha também a minha inde- pendénela financeira. Maik on menos aos 18 anos fiz com meus pais ¢ irmdos wma lone @ bonita viagen: para Portugal. Era uma grande alegria rever oa pareitics eos lugares da minha imféneia. Ao voltar, retomei o mex ihihalhe e meus estudos, Recebia mew saldriv, tinha uma sensacdo de independéncia, podendo comprar o que queria (geralmente imiportaitos). Sentia-me feliz e importanie, Ao mesmo lenipo sentia um grande vazio em minha vida, que me tornava tristonha, Ft Ey Riocnaricos algtem Ingar mie seria superficial, vazia e indtil. Bu gostava de cajir- dar e ier a sensagda de que alguén precisnva de mim. De vez em quando vidjava com meu pai pura a Rio de Janeiro, unde tinhartos uma filial, A vida familiar continuava. Cs meus irmdos se casaran e vieram as primeiros subrinkos. Sé aos 28 anos encontrei o homen que, mais tarde, tornow-se meu maride, dando unt nove sentido & minhe vide. Nite esrava apaixonada, thas sentia uma grande simpatia e admiraciio por ele dos paucos se desenvolvia wi arntar profunda, cansolidado e bonite, mas me casei cant ele somente com) 28 qiios. Justamente na dia do neu casamento, meu pai, yite estaves jando, teve nin derrame. Neste ano cle viajow mais uma vez para Portugal e morreu quando eu tinka 29 anos, na casa dos meus avis, enn Aveiro, onde foi enterrado. A minha vida dividia-se entre trabalho ¢ lar, Eu admirava e inteligéncia do mew marido, seu cardter, sua maneira de trabalhar, asua moral. Ele era muito hondoso, mas tambén muita cinmente Quando eu estava com 31 anos e meio, live uma infecgio intes- tinal ¢ tinha mais de 40°C de febre. Foi nesta épeca que tive o mesing soule que tinha durante as minhas doeneas infantis (sarampo ¢ paratifa). Sonkei que ew subia ¢ subia até chegar uo cfu. La wm velha de harba (Sto Pedro) vinha ao meu encontra e me abria as porta Tambétn Sante Antonio vittha ao meu eitcontro, Noi inesquectvel do céu. Tudo era maravilhosa. Tons de nudsica, Mares brance: muito belo, De repente alguém me dizia que eu ainda nie poderia Jicar ali, que ew precisava voltar. Gritava ¢ cain rapidamente, cade vez mais depressa, caia no arame farpade é ficava ensangiientoda (desde os 6 anas este soul aconiecia, sempre cori os mesmus detel- hes). Cada vex que acordava eu ficava apavorada e com medo. Inrnonugao Pastel, depois da doenga, algumas semanas na casa da minha file, até me recuperar. No mesmo ana, quanda eu estava com 32 08, Meu marido teve uma espécie de polinewrite e precisaw sub- Wier Ae a unta puncdo da medula. Demorou até que se fizesse 0 lagndstico certo, Trés anos depois, meu maride — ainda sem diag- Hifico = contegou a fregiientar sessdes espiritas ¢ experimnentar de tule, Os médicos pensavam que ele estava com reumatismo infec- clone, mag todos os exames davam negative para esta doenca. Nessa wile estava no Brasil a Dr. Alexandre Leroi (médico antropaséfi- oh Portiqnés, da Ha Wegnran Klinik) para dar palestras ¢ suspeitou de ue oe fowse esclerose mitltipla a doenca de meu maride, o que foi eouifirinmdo, Durante quitize anos mew marido sofreu desia doenga e, cam eli, surgi a tarefa que eu tanto desejei para mint, a de cuidar de algudin @ ser util. No mew 36° ano de vida, viajamos para a Suiga a fim de visitar oi tid Wegman Klinik, em Arlesheim, Encontrarios Id pessoas impor- Hitle# & CoMepaNIOS com a estudo da Antraposofia. Quando ev estava com 37 anos passamios, ainda, alguns meses fii casa dos meus avds, et Aveiro, ¢ sé depots é que retornamos a0 Hrell, Meu marido jd necessitava de cadeira de rodas. Em San Paula ole Continuou 0 tratamente antraposéfico, além das massagens e da ewritinia eurativa, Seu estade era varidvel, ora melhor, ora pivr. Enquanto eu cuidava dele sentia que ew tinha passada por pro- findas modificagoes. Butre nds estabeleceu-se um amor espiritual ie profundo que nunca terminaria, De manha eu cuidava de meu Wario, & tarde ev trabalhave. Nestes quinze anos foi ele o instru- mente de minha parificagde, de minha elevagao e crescimenio espiri- tual, [4 nao me sentia mais intuil, infeliz ow vazia. Interiormente 3 Brocraricos eshavd em harmonia, ¢ a forte relagio com meu marido ultrapassava 0 torte, protegendo-me ¢ guiando-me até hoje, Quando eu contava com 43 anos minha mae veio moray conosco, Um ano mais tarde ntew mario e eu estivemoas juntos numa fazenda de parentes. For quando ele passou mal ¢ néo mais safunios de cas. Uni ano mais tarde mew sobrinke de 19 anos morrets em wim act dente de carvo. Mew murido e ew fomos padrinhes de casamenta de ovtre sobrinho (um paretite substituiu meu tarido vo altar). Fu estava com 47 anos quande minha mie comegou a ter per turbagaes cardiacas. Além disso, a minka empregada, que jd estava hd anos conosco e que jd tinka iratado meu maride em stn infite cia, ficou com flebite, tendo que ser operada das varizes. Acabei, entdo, tendo que cuidar de trés doentes, A paralisia de men maride progredia e ele acabon folecende quando eu tinha 48 anos. Vinte e dois anos ficarios juntas, ele era meu melhor amigo. Apds a morte de meu maride, atirei-me ao trabalho. Montet vérias filiais que somaram quatre grandes lojas, as quais ew tinhe que adnsinistrar, Mas a partir dos 56 anos comece? a delegar a gerenciamenta das lojas ¢, finalmente, aprendi a dar mais autono- niia dos outros. Eu adoro o cantata com clientes. A noite ew ia pare casa, onde morava sozinha. Sentia-me unt tanto quanto preguigosa e bem estabelecida Jitanceiramenié, Néo queria me sentir instil ¢ queria encentrer uma tarefa. Havia nove anos que trabalhava sem férias, Gastarie ainda de vinjar para a Suiga e Portugal. O que, alids, s6 aconlecer aos 66 anos quando, depois de 30 anos, resolvi veltar a Suiga, @ climi- ca de Arlesheim, ¢ aproveitei para visiter o Goetheanum com a InTRODUGAN fumiom estdtua de Cristo em madeira (o representante do ser Nmmiio, segueido Rudolf Steiner), Desde @ primeira contate na Silja, a estvdave Antroposofia ¢, na época em que mew marido ohana vivo, freqientava a Comunidade Crista, Na velta, passei em Purlugal ¢ pernoiie’ ma casa da ntinha infétneia, Voliando ao Brasil decidi vender a tiltinta loja. Afinal, trabalhet jnliterruptamente de 1960 até 1988, portarto 28 anos. A loje foi eulregue a win dos sobrinhos, que acabow miontando ie filial em ‘do Jon’ dos Campos, mas que feckon depois de um ano, Py Sao Paulo vendi minha casa, a qual havie sido assaltada dius votes, @ ful viver num apartamenso, Quando ev estava com 68 vinoe panel a sofrer de pressao alta. Now anos anteriores, depois de fechar a lnja, ew respondia fiir i Jianivetras dos anos entre 1990 ¢ 1992 se tornaram cada vez maiores e Jjiiwyite por wins cego, 0 que me deixava bem feliz. As dificuidades vu vive retirada dentro do apariamento. Nos fins de semana, ineitas el passeava com minha irma numa fazenda do interior, (Com 74 aas a autora dessa biografia resolveu se mudar juni © limerior, onde vive com a sua irma, também vitiva. A falta ile contato com a Antroposofia e com a Comunidade Crista \atha bastante depressiva; isto acontece por The estar faltando alimento espiritual, A dltima noticia que recebi dela foi a de que eet com a doenga de Alsheimer. Visio geral resumida da Biogeafia T Janos Primeira lembranga (vivéncia espiritual) June Pai muda para o Brasil ‘Janos Bla mesma vem para o Brasil {Salvadoz}. Morte das duas irmas menores. Logo a seguir nasce outra irma. 33 Biogrartcos Sanos Volta para Portugal, Freqtienta escala de irciras, Mora na casa dos avés em Aveiros, ll anes Paratifo 12 anos Volta para o Brasil (Sao Paulo) Freqlenta escola de freiras, Timidez. I4anos Comeca formacio de secretdria A anos Comega a trabalhar na loja da mae. 18 unos Viagem para Portugal, Visita lugares da infineta 25 anos Conhece seu future marido 28 anes Casamento. Morte do pai. 3 anos Infecsiio intestinal, Febre alta. Vivéncia espiritual, 32 anos Marido adocce. 36 anos Conhece a clinica Ita Wegman (em Arleshelm, Sutca). Antroposofia, Anos de crescimento interior, 37 anos Viagem para Aveiro, Portugal. Volta para o Brasil A3 anos A mae vem morar em sua casa. 48 anes Morte do marida. Anos de cxpansao comercial. 56 anos Entrega as lojas gradativamente, permanecenilo apenas com usr: €3anos Continua trabalhando intensivamente na Loja (nunca tira férias}. 66 anos Viagem 4 Suiga, Arlesheim, a clinica, o Goetheznum. Resolve vender a loja. 67anos Vende a loja. Sobrinho abre uma loja Salus, em Sao José dos Campas (a qual fecha apés um ano), 68 anos Dificuldaces finaneeiras. Venda da casa Mudanga para apartamento, 74anos Mudanga para junto da irma em Sido José dos Campos Ao longo dos pré: mos capitulos, faremos alguns comentérios sobre essa biografia, mas principalmente na Parte IV. se de zero a 21 anos aa temperamentos snde fase é marcada por trés seténios: a primeira vai até ‘ile (dade, quando acorre a maturidade escolar. © segun- 4 puberdade, que comega por volta dos 14 anos, ¢ 0 Let ¢ a maioridade, por volta dos 21 anos. perlodos sio marcadas por grandes modificagdes © fisiologicas, bastante visiveis ¢ nitidas para os pais. A #qyin erlanga pode acompanhar o seu crescimento, mative de wij oryullho, M4 nas fases seguintes, de 21 a 42 anos ¢ de 42 até 63 hol, else crescimento é interior, portanto nfo é mais algo vel, Por isso, a primeira fase da vida é também denominada ) creseimento fisico Capitulo I O primeiro seténio, fase do nascimento até 7 anos A constituigio fisica do individuo © primeiro sclénio, temos a encontro entre a parte espiritual da individualidade, 0 Eu, ¢ a parte bioldgica, preparada apés a fecundagio no ventre materno. Muitas vezes a mae ou ambos os Pais sentem a aproximagao deste ser espiritual. Parece que uma crianga esta se aproximando, ou entdo, como expressou uma mae: “sinto que ainda esta faltando um na nossa familia” e este alguém nao tardou a aparecer. A entidade espiritual escolhe, bem antes do seu nascimento, os pais que paderao The fornecer a massa hereditiria adequada, que Ihe fornecera o corpo para a realizacdo do seu destino. Par isso as pessoas sensiveis poderao senlir a sua aproximagao antes da fecun dagao. Nesta tomada de passe do Eu sobre seu corpo bioldgico, que ocorre por volta da terceira semana de gravidez, a individualidade comega, entao, a moldar o corpo de tal maneira que, quando a a0 e “© PRUMEIRO SETENIG: FASE DO NASCIMENTO ATE? ANOS “ilu Hasee {4 apresenta caracterfsticas individuais (por exemp- ji) a linhe das plantas dos pés, usada para identificar os recém - Hiaweldden), ‘Toile este prim | feeetyuturagio das substancias e a individuagao somatica. O que iro seténio, porém, tem como pano de fundo hier diver isso? Que as proteinas, principalmente as do revéin - jieeldo, foram formadas pela mae e elas tém que ser eliminadas. © bebé primeiro perde peso para, depois, ganhar peso. Uma (anil parte dessas substancias herdadas serdo eliminadas pelo ‘pitino © assim novas substincias, oriundas da alimentagto do belt, sa aqui jd orientadas e estruturadas pela propria individu- allelade, Jane processo nao acorre sem crises € as grandes crises da eri- diiga Helle seténio sio de ordem somitica (fisica). S40 as doengas jilanila (tuis como sarampo, rubéola, varicela, caxumba, tosse Homjprida) que aceleram o processo da troca de substancias, Tanto © hl we quatro primciras doengas infantis citadas sao eruptivas ¢, w ullios vistos, observa-se pele e mucosas eliminande substancias en) ytande quantidade. Apés uma doenca infantil a crianga esta sonipletumente renovada e pode-se observar modificagées sutis na ot) ‘o), Movarnente se levanta a pergunta: qual sera 0 efeito das vacinas, joHomia, Ho seu comportamento e no seu equilibrio interi- jour melo das quais as criancas sda impedidas de ter as doengas infantis? Quero frisar que paralisia infantil nao é“doenga infantil’, fi) watido costumeiro da palavea, Sabe-se, estatisticamente, que doengus auto-imunes, alergias etc. aumentaram assustadora- fente, Numa doenga auto-imune o ser humano tenta destruir a subatineia de seu corpo, procurande fazer aquilo que deveria ter wide feito nw infincia com a ajuda das doengas infantis. At iogrificas A heredilariedade esté bem marcada nas eélulas do corpo au primeiro seténio. Ela é superada por intermedio desse processo de individuagdo somalica favorecendo, também, « prevengda de cer- (as doencas. As assim chamadas hereditarias. Par outro lado, é ne cons Liluicao fisica que se torna visivel, no primeiro seténia, a acto das forgas herdadas, deixanda a sua marca na fisionamia do corpo do individuo, Nao deixamos de ser parecidos fisicamente com 05 mosss ancestrais, E durante o primeiro seténioque se dé a estruturagao do sis- tema neuroscnsorial. Portanto, falames principalmente dos érgios da cabega, do sistema nervoso central ¢ dus érgaos dos sentidas, Uma lesao no sistema nervoso central, por parto, por encelalite, por meningite etc, pode causar deformagdes para o resto da vida. £ a partir do sistema nervoso (da cubega) que a crianga se estruturae dé forma ao seu organisma. A cabesa éa parle mais desenvolvida de uma crianga pequena c, geralmente, é a primeira que apomta para o exterior no parte ea primeira que far esfiorco paca se erguer da horizontal para a vertical, Ena caboga que, organicamente, somos mais maduros, mais “prontos” ¢ menos vilais. Os Srgaos dos sentidos sio janelas para o mundo, A crianca, por meio dos drgaos, vai gradalivamente se abrinde para o mundo. © cuidado com os drgdos dos sentidos ¢ fundamental, Fxistem ox qnatro sentidos corpéreos bdsicos: 9 tata, 0 vital, 9 do movimento € 0 do equilibrio, os quais preeisam ser especialinente cuidados. Podemos dizer que a crianga pequena é, principalmente, 0 proprio sentido do tate espalhado pelo corpo inteira e por meio do qual vivencia praser e desprazer. Cuidadus carinhosos de tato lais como ser segurade ao ser amamentado, usar roupinka adequada, ser massageado (quando a mae passa leo ne corpo de a2 © PRINETRO SETENIO: EASE NCS NASCIMIINTE: ATD 7 ANOS. hel) @, mais tarde, entrar em contato com agua, terra, areia set belnquedos, tudo isso the proporciona uma vivéncia pasitiva Las ile eapiennio em seu corpo, de entrega, sensagdes tao nec J) OH Contatos, mais tarde, na vida. Ao contrario, o tato por tais como belisedes, tapas ou surras, faz com que a s1/iiga se sinta retraida e, tornando-se, mais tarde, uma crianca Willd, assustada, medrosa e sem confianga no mundo. ‘Mas nilo é 56 0 tate que ¢ importante. © “sentido vital”, que jay indica © bem ou o mal-estar no nossa corpo, lem a ver com 9 ‘Supe etre ou vital (Segundo R_ Steiner, o corpo etérico au vilal $0 Corpo supersensivel responsavel pela regeneragao, cresci- Welle & hem estar do nosso corpo) que necessita, nesta época, (fH @ sua fortificagae, de ritmos bem distribuidos. Alimentacao wlequada, ritmo nas refeigdes (nde rigidos, mas perscrutados da jieprle erlanga), ritmo adequado de sono e vigilia, temperatura lequada de agua para o banho, & ves fefuperitura externa. Imagine como vocé reagiria se, num dia trio, fiveme que tomar banho gelado. A reacda seria de contragao, imenta adequada & efieolhimento. Ao contraério, numa banheira de agua adequada- iwerite aquecida a reacao é de expansao e relaxamento, Na primeira Hidagio de banho a conseqtiéncia é de um querer afastar-se do fide, encolher-se, nao tomar posse do corpo. Jé na segunda Hliiagio hi. o sentir-se bem e cxpandir-se, isto é, sentir-se cm casa fii pidiprio corpo e no mundo, O mau cuidado desse seatido vai (wrmar adultos nervosos, irrequietos e com dificuldade para a eonoentvagio, Estes aspectas nos mosiram que uma forma de nos spomarmos do nosso corpo é através dos érgios dos sentidos. Auli também acontece com a sentido do movimento ¢ 0 do ‘equilibrie que so importantes e devem ser desenvolvidos. Todo Biogrificas esforco de erguer-se, dar os primeiros Passos, ter espaca de movimento, ou s¢ja, ao invés de um ambiente confinado, ter um ambiente espacoso e¢ ventilado; mais tarde, poder trepar em troneas ou drvores, em gangorras ¢ em balancos. ‘Tudo isso exercita estes duis sentidos, os quais sio inteiramente ligados, Imagine novamente, pois voce jd deve ter presenciado, aquela situagsio da mae medrosa, que a cada pequena aventura do filho, sai correndo dizendo: “filhinho, vocé vai cair ¢ se machucar!*, Urando-lhe a oportunidade de exercitar a persisténcia, o cair ¢ levantar-se. Nesse seténio, a crianga precisa exercitar fisicamente 0 que mais tarde exercitara animicamente. Esse sentido nos permile ser participativos dos processos em conjunte as outras pessoas, Os sentidos do paladar, do olfato, da calor (ja mencionado), visdo € audi¢ao também necessitam ser bem cuidados. © que acar- fetard, mais tarde, no ser humano se ele cresceu num ambiente de furan! ? Ou se nao pode saborear as sopinhas? Ou ainda, se nao visualizou a natureza, por exemplo, nunca alhou “aquela figueira” nem ouviu os sons des passa hos, ¢ ao contrario, teve coma pano- tama edificios cinzas, de dentro de um apartamento iluminado arti- ficialmente, ofuscante, ¢ escutava apenas ruidos mecanicos de ence- radeiras, maquinas de lavar e avides passando por sobre sua cabeca? Nem vamos entrar aqui nos detalhes sobre TV, videogame ete. pois uma crianga pequena cujus, érgdos esto ainda em for- magao, tém uma influéncia que penetra até a estrutura somatica snais sutil, deixando a crianga estarrecida e sem movimento, Acrianga, nesta fase dos primeiros 7 anos, é aberta ao mundo, € toda drgios dos sentidos e as impress6es penetram no seu inte- rior sem nenhuma protecio, por todos os lados, Esquematicamente podemos representé-la desta maneirat © prinietge SETENIO: FASE DO NASCIMENTO ATE 7 ANOS De acorda com as impresses sensoriais, essa farmagio dos Orgaos é ativada de maneira positiva ou negativa sendo, muitas vezes, 4 origem de mas formagées organicas posleriores. ‘Tudo isso ocorre de maneira muito sulil, nao perceptivel, mas no delicado tecido vital deixa um imprint—uma impressao sutil que ‘val se manifestar mais tarde como distirbio fisiolégico de determi- nados drgaos, A personalidade dos pais, as tias das creches, as professoras de jardim de infancia sao influéncias muito grandes em yelacio as impressdes sensoriais que a crianga recebe de fora, Por meio destas relagées ela vai se ligar ao seu corpo e a0 mundo, yivenciando que “o mundo ¢ bom” ou ird se desligar deste mundo fuim ¢ agressive, dificultando o seu entrosamento na vida de adulto. Olhemes agora para os cuidados animicos com a crianga. Nesta fase ela precisa de aconchego, carinho, calor, alimento, limite e, acima de tudo, confianga, A crianga, por natureza, vern ao. mundo trazendo em si wma confianga bdsica. Ela, para aprender a Ringrificos andar, apoia-se na mio da mie ou do pai. Quando aprendeu a subir numa drvore, mas ainda nao aprendeu a descer, se joga nos bragos da mie ou do pai, sem restrigdo, Quando é que, na vida adulta, temos esta confianga ¢ entrega total, o que, para muitos relacionamentos, é fundamental? E quando esta confianga é rompida? Quando apesar da mae ter dado ordem ou proibido algo, a crianga insiste, al conseguir 0 que quer. Ou quando os pais saem a noite, ¢ a ceianga acurda assuslada, percebendo a auséncia. Em. grandes cidades, é ensinado para as erianeas que ao con- fiem nos adultos estranhos. Sem confianga, o amor ¢ a enlrega niio sdo possiveis, Quando todas desconfiam uns dos outros, a guerra de todos contra todos nao demora a acontecer, Calor, confianga, amor, Lsses sdo trés alimentos animicos imprescindiveis para a crianga. Quem cria esta almosfera para a crianga s4o us pais, Se um dos pais est ausente o csforcu do ontro terd que compensar. Nessa tenra idade, porém, a presenga da mae é fundamental, pois, até os 7 anos permanece o elo de ligagao com a mae através do corpo invisivel vital, que sé aos 7 anos se compe ¢ lorna a cram auténoma, A desarmonia do ambiente em torno da crlanga ¢, muitas vees, a causa de dores de barriga, diarréias ¢ inguietagao na crianca. Mesmo que tal desarmonia ni alinge a cri anga diretamente, se ela presencia muitas brigas ou a pratica de alos imorais, ela absorve tudo (nesme que nos parega invisivel para ela}, podendo, mais tarde, transformar-se em uma pessoa obsessiva, Nessa fase, o aprendizado da crianga se faz por imilacio. A crianga pequena, observando o adulto, deseja lavar louga = roupa, quer ajuday, quer fazer o mesmo que ele. Mas também maus costumes ¢ alé deficiéncias de adultos proximus sao imitadas. (O mentees SETENIG: EASE D0 NASCIMENTID tf 7 ANOS A crianca é, portanto, um espelho dos bons © maus atos jealizados perante ela. E pela imitacao que ela aprende, também, as Wits faculdades emincntemente humanas: o ergucr-sé ¢ andar, o {ular e © pensar. Erguendo-se eandando a erianga conquista o espago Lisico em sua volta. Com a fala conquista 0 espago social, a comunicagaa € vom o pensar conquista o espage spiritual, o infinito. Essas trés elapas do desenvolvimento © ser humano aprende antes de ter meméria. Quando o sistema nervoso ainda esta em formagio, num determinada momento, por volta des trés anos, devido & maturai pode usar este sistema como instrumento. A erianga percehe que o o da sistema nervosa e a miclinizagao, o Eu mundo e cla sda duas coisas diferentes. E a primeira fase do reconhecer-s¢ como individualidade, a primeira consciéacia do Bu. Agora nao sera mais “JoAozinho quer!” Sera “Lu quera!”. E segue-se aquela fase do nao, para tudo a primeira reago da erianga € dizer nao. Por outro lado, esse é 0 primeiro exercicio que the dara autoconfianca. Essag rds etapas — andar, falar e pensar - sio como que regidas por mfos de anjes, por seres espirituais (anjos, arcanjos, arqueus) que doam parte de suas forgas ao ser humane para que elas passam ser realizadas. S6 depois disso o ser humane terd a consciéncia do Fu. O ser humano deve, sempre, sentir gratidao quando seu andar, falar ¢ pensar funcionam sem obsticulos ¢ deve também tenlar yivenciar como seria a situacdo se, pelas circunstincias do destino, nde conseguisse andar, s¢ expressar ou pensar. Junto com a consciéneia do Eu desperta a primeira memoria. Na biografia do ser humano ¢ importante identificar qual foi a primeira memoria. Foi o nascimento do irmio? Foi uma surra que a7 Biogrificos recebeu? Ou sentiu-se sozinho na rua quando os pais jd cstavam longe? Ou relimpago e trovdo? Ou, como na biogralis I, a imagem de Maria com Jesus nos bragos? A primeira meméria esta, profundamente relecionada com toda a biografia de uma pessoa. E importante resgaté-la. Nao ¢ aquilo que os pais contam, mas aquilo que yocé, pelo seu proprio esforca, consegue resgatar, como sendo sua primeira meméria. Outras elementos importantes do Primeiro seténia sao os brinquedos da crianga. © brincar é extremamente importante, pois ele & que vai, mais tarde, incentivar a criatividade no trabalho, Quem aprendeu a brincar na primeira infincia teré, mais tarde, mais alegria e criatividade em seu trabalho. H& criangas que io extremamente fantasiosas e criativas em seus bringuedos. Outras que precisam ser estimuladas ¢, como estao na fase da imitagia, o adulio tem que aprender ser crianga quands tem filhos pequenos! Resgatar a crianga dentro de si faz bem para qualquer adult. Se nao sio os p: que 0 fazem, os avés poderao fazé-lo, Ter avd e av nessa época da vida é um privilégio. Coises proibidas em casa sao permitidas pelos avés, por isso eles so tio queridos pelos netos. A alegria deve fazer parte desse seténio A crian a Pequena tem, em volta de si, uma aura, uma Inz, pois ainda nao estd lotalmeate encarnuda. No idoso, esta aura esté inteclorizada e ele € luminoso por dentro desde que nao esteja esclerosado. Se estiver, a sua luz interior estar encoberta. Velho e crianga sao, pois, duas polaridades que se atraem. Um pela luz externa ¢ outro por sua Tuz interna. & uma pena o que deixam de vivenciar aquelas crianeas que, na hora de brincar ou de ouvir um conto de falas, sio colocadas na frente da TV, para que nao perturbem os pais porque esta exaustos pelo trabalho do dia e 4a © PRibriRO SeTEMIO: FASE DO Nascry 1G ATE 7 ANOS filo querem mais se preocupar com as criancas, Mal sabem esses fils © quao relaxante ¢, apds um dia intenso de trabalho, ler um onto e viajar no mundo imagindrio da infancia com seus filhos, Que pena, também, para aquelas criangas em cujos lares nao oxiste a religiosidade, a compreensio ¢ o encanto pela natureza ou Pequenos rituais, como o de acender uma vela ao deitar-se, com tima oracdo para dormir, ou um pequeng ¢antico ao acordar, uma hingao as refeigdes. As festas do ano como aniversdrios, Natal, Pascua, S40 Jodo, primavera ¢ outras também podem dar alegria e colorida para semanas rotineiras do ano, Haveria muito mais a ser contado sobre o primeiro seténio, de todo © modo a leitura indicada no final do livro poder ampliat 0 Conhecimento sobre a riqueza desse seténio, tio fundamental para Wsatide fisica de toda a nossa vida, A alfabetizaco precace rouba da crianca forcas vitais muito Necessdrias para o desenvolvimento da vontade, da agio, mais tarde em sua vida adulta, a tal ponta que pederaa, em tarno dos 56 aos 63 anos (época em que as forgas se liberam do ambito da cabera), Murgir fendmenos de desvitalizacaa precace ou mesmo esclerase se Isto nao for compensads de forma preventiva. Somente com a expulsda das células herdadas mais duras do Sotpo reptesentadas pelos dentes de leite, a reestruturacao otganica, Substancial, terd sido completada, O corpo se tornard o Instrumento adequado daquela individualidade. Quando isto seontecer, por volta do sétimo ano de vida (portanto entre Ge 7 anos), estas forgas serio metamorinseadas e jd Poderao ser usadas para o ptendizado escolar, $6 al ¢ que a crianga atinge maturidade escolar, o que delimita o final deste seténio, E coma se neste tempo a 49 Ringrifiens rites individualidade cons sua prépria casa, Para isso é neces quebrar paredes ¢ abrir janclas para que se sinta bern na propria casa. ae tempo, Quem j4 consiruiu sna Fase perioda nceessita de for propria casa sabe disco. Precisamos dar tempo & crianga para que isso ecuntesa de forma harminica. Ka Biografia 1, o primeizo setinio é marcada por mudancas de pais, em seguicla, por perda dag duas irmas. Uma somatécia de per- das: a perda do ambiente da infancia, a morte das isos e nova- mente o retarna a Portugal ¢ viver com a avé que pode se refle- tir, mais tarde, em uma alitude de alma introvertida que. no caso, vai desembocer em uma crise de depress&éo mais perto do final da vida. Quero ilustear com urna oragiv que os pais podem fazer com as criangas deste sebénio ¢ que cxpressa esse amor 2 essa confanga ia para desenvolver-se nesla ¢poca. que a crianga nee “Da eabaga ans pés Sou a imagem de Deus, Do coragda as aidios Sinto o hiilita de Dens, Quaarde Ds Emm todas as partes, No pif e via aie, Fin todas as pessoas queridas, enw aviste No animal ¢ ne flor Na drvere ¢ ha pedra, Nie sinto mede de nada Sé cmon A tndog gue estd ao meu tedoe” Radalf steiner 50 (O PRIMED SHTENID: “Ae DO MASCIM RSIS aT Fanos A constituicie fisica do individuo A constituicao tsica, que se apresenta esbovada j& no primeira felénio, é o resuilado do trabalho da individualidade ¢ das forgas f O nosso organisme fisico tem tres sistemas principal editérins, Fsicamente somas parecidos com os nossas ancestrats. o sistema Heurossensorial, cuja sede principal esté na caboga e a partic dela se futendende para o restante do Corpa ¢ se caracteriza por ser 6 pélo (tio de nosso organisme, 0 sistema ritmico, cula sede principal se Meontra na Caixa turdcica, se cxpressa por meio da respiragio {pulmbes} ¢ da cireulagae sangiinea {coracde ¢ cireulayio periférical, dai se espalhanda para todo o organism, Atua coma mediador entre a cabeca eo pélo melabslico, O sistema inetabdélico-locamotor, ile englaba toda a Arca reprodutora, esta situade prinetpalmente uhaixe do diafragsna. B regntador de Lodas as fangoes motahélicas, é Hesponsayel pela transtormacso dos alimentus, mag nao s6, tambeim pela transformacao do mundo externa por tocio da ago das maos, tlos membros, Eo palo qenie do nosso organism. Segundo Rudolf Sicimer, esses ures sislemas dio o stbstrato N.S).0 febtir (S.R.) ¢ o querer ou agir ($.M.L.}. No sistema ncurossensorial O ser humane esta totalmente acordudo, E por thei dele que & possivel tomar consciéncia de si mesmo ¢ do mundo, No sistema ritmo € (natémica para as faculdades animicas que sao 0 pensar ff, femiconscisate, semethante a um estado de sonho e nw sisterna Melabolice esta inconsciente, como em eslado de sono. Quando obscrvamos a constituigia fsica de uma pessoa, pode haver 0 dominio do sistema ‘eurossensavial, do pensar, bipa que lumbém chamade de neurasténicn ow asiénicn, Costumam ser | \ | Biogrificos pessoas mais esguias, longilineas, ¢ ter membros mais longos, Quando ha o dominio do sistema ritmico, a caixa toracica 6 que é mais desenvolvida ¢ 0 sentir predomina sobre o pensar e sobre o agir; é também chamado de lipo respiratério ou atlético, Quando « que predomina é 0 sistema metabdlico, geralmente os membros 80 amais curtos, os musculos § o mais fories ¢ a agdo predomina sobre © sentir ¢ © pensar, E um tipo chamada também de picnica, E por fim um quarto tipo, que seria resultado da uniao dos outros trés, no qual as forgas estariam em equilibrio. Desde os tempos antigos essas foreas tinham sua representagao simbolizada pela esfinge, que tem asas de Aguia, trax de leda, patas de toure ¢, sobre cles, s¢ eleva o ser humano, expressanda o equilibria entre as trés forgas. A constituicaa fisica do ser humano é basicamente © que nos foi dado pelos nossus pais e 0 que temos a nossa disposicao; faz parte de nossa personalidade ¢ temos que aceiti-la Questées para o primeiro seténio: 1 - Qual éa minha primeira lembranga? (Para responder a esta pergunta sobre a primeira lembranga, lembre-se de que a primeira lembranga deve ser resgatada pela prépria meméria e nio pelo que os outros contam sobre voce.) 2.- Quais foram as primeiras impressOes sensoriais? 3 - Como era a casa, o lar, o ambiente e as pessoas do lugar onde vocé morava nesla (paca? 4 - Qual era a sua relacio com pai, mae, irmaos, avds, Moravam todos na mesma casa que vou? 5 - Quais eram os seus brinquedos? 6 - Havia aconchega no seu lar? O-PRIMEIRO SEzEN0: GASH 0 NASCIMENTO ATE 7 ANOS “A estatura herdei-a de met pai Histo de encarar sério a vida, Esta aiegria, gue ent tada a alma me vai, Co's fantasia da mae foi recebidda. Un avé inen era das belas 0 teseura, © set fantasma acorda ern mii de ver em quenda. Uma ava minha amave o hixo € 0 auro, Ho seu sangue em minhas veias vai passanda s se nade deste variado material 10 todo consegue separar, No fii das contas, que hd de original No siijeitinho que em mim vos estais a falar” JW. Goethe, cm Poemas, Capitulo II O segundo seténio, fase de 7 a 14 anos A definicao do temperamento crianga passa do lar, do maternal ou jardim de infincia para aescola, Um grande momento: o primeiro dia de aulal Quando se | Ii tem irmao(s) mais velho(s), entdo, este dia é aguardado com muita expectativa, pais se quer ser igual a ele(s). Quanda se é 0 primeiro, ou filho tinico, esta passagem, as vezes, ¢ um pouco dolorosa, mas é algo que sempre poder ser abrandado por um bom professor ou professora, Do ambiente protegido passa-se para situagdes de confrontos ¢ i desafios. O prédio da escola, o percurso até a escola, os professares. que representam uma nova auloridade, os colegas. Enfim, 0 mundinho no qual se vivia é ampliado eo palco escolar acaba senclo ocentro, As vezes a separacao da mae é sentida como um verdadeiro parto, pois € agora, neste segundo seténio, que se da a individualiza- | cae do corpo vital. Aquele cordiéo umbilical invisivel que se man- ee i (O SEGUNDO SETENIO; FASE DE 7 A 14 ANOS durante 0 primeiro seténio é cortade, o que significa uma spendéncia maior da mae. ‘Nesta nova fase, a do segundo seténio, encarfnamos mais pro- mente, Os drgios do sistema ritmicg amadurecem; sig les Grgdos contidos na caixa tordcica, soragao e pulmo, Mmbos tém um ritmo. A pulsagdo cardiaca, durante a qual o Jo se contrai e se expande. Contraindo o coracdo absorve 0 periférico e, novamente, expandindo envia sangue para HS as partes do organismo para poder acontecer oxigenacio OF Grgdos até que a diltima célula do organismo seja nutrida € ada. Esse ritmo € a expresso de ritmos césmicos solares 1 maiores, A pulsacio média de 72 batimentos por minutos ssa. a vida média do ser humano; em 72 anos o movimente le tetrocessa do sol é de 1 grau. Se vivemos 72 anos ¢ o ano tein 160 dias, eatio teremos, na total, 25.920 dias, Respiramos 18 Por minuto, ou seja, 1.080 por hora, o que significa 25,920 por dia, 25.920 dias € 9 que denominamos um ano ténico. E o tempo que o sol leva em seu movimento de ‘Aligagao do homem, especialmente do seu sistema ritmico, com ismos € existencial. A respiragio do ar, através da inspiragda interiorizagiio é wida por expiragao ou expulsdéo do ar num movimento de Inspira-se nfo apenas o ar, mas na realidade todo 0 mundo é pirado. F nesta fase que o mundo externo chega ands e nés, a par- dentro, pademos nos manifestar e nos expandir no mundo. Esquematizando de forma grifica este movimento, temas forcas atrando ¢ forgas saindo, A caracteristica deste seténio éatroca, Biogrifices O mundo nos é transmitido ¢ apresentade por uma instancia superior: ofa) professor(a). Ele € quem chama a atencdo para 0 mundo, traz conceitos, faz vibrar os sentimentas e incentiva as acées da crianga. O professor (ou professora) passa a ser a figuea principal que acompanhard a crianga neste seténio, principal- mente em se tratando de uma escola Waldorf, na qual 0 professor de classe acompanha a crianga durante todo o segundo seténio, isto é, do primeiro ao oitavo ano escolar. Essa instincia 6 uma autoridade amada para a crianga, Sem amor, apenas com autoridade, a crianga nada aprende. Se tentar- | beremos que eram aquelas ministradas pelos professores de quem mos nos lembrar quais foram as nossas matérias preferidas, pere: mils gostavamos. Nesta época da vida incorporamos uma porsio de condi-- cionamentos. Para essa fase, a visio behaviorista de mundo {Skinner} tem a sua justificativa: o homem nasce como uma tabua rasa, na qual tudo pode ser condicionado! O SEGUNDO seTéNIG: FASE DE 7 4 14 anos ‘No aspecto conceitual, a crianga absorve os conceitos transmi- 8 pelo professor. E quao diferente é, para cada um, a imagem ser humano, Para uns @ homem é apenas um animal superior, outros cle é uma criagdo divina. Mais tarde o adulto se ebe preconceituoso ¢ no sabe identificar as origens de seus ieeitos tio arraigados em si mesmo. inativa. Grandes imagens, lendas, parabola ¢ contos devem 4 crianga as verdades universais. A fantasia, no sentido de Os Grgios ritmivos exigem ritmicidade para seu desenvolvi- to adequada. © ensino deve ser ritmico. Nas escolas Waldorf H matérias sao dadas em épacas, lo 6, sels semanas de oe de pensar com uma atividade mais Indica, artistica ou esportiva, iistema ritmico é a sede do nosso sentir. Os sentimentos podem #ultivando a veneragdo pelo belo ¢ leva-la a criacho do fundamento Biograficos Isto pode ser conseguido par intermédio de leilura de historias, de contos de fadas ou do estimulo & leitura de historias biblicas, lendas e biografias de homens santos bem como do cultivo da religiosidade em si e do amor pela propria natureza € por toda a criagio divina, Ha relatos de muitas biagratias vividas em escolas de freiras, padres ou outro sacerdécio nos quais percebe-se que prevaleceu na educagio desse seténia o autoritarismo de normas rigidas, e nao amor ¢ sentimento de veneracao. Feito isso, 0 contririo do deseja- do sera alcangado, sentimento se fechara. ‘Vejamos certas normas de comportamento que nesta fase sao implantadas: “Menino nao chora, Tem que ser valente’, “Menina nao deve lutar com meninos nem trepar em drvores”, “Falar sobre — sexo ¢ pecado”. Essas normas ficam téo profundamente arraigadas no ser humane que existem muitos homens incapazes de chorar ou de mostrar seus sentimentos, o que muitas vezes, impede uma relacio mais profunda com a parceira ou com os filhos Ha mulheres que, separadas dos maridos, tém filhos para eriar e por sua vez nao aprenderam a Iutar € a vencer os obstaculos, — ficanda totalmente perdidas diante de sua nova realidade. Quando recebe normas rigidas demais, a erianga fica ein que sufocada. E como inspirar constantemente sem expirar. al podera torné-la uma pessoa timida ou introvertida. | Por outro lado, quanda nao hé nenhuma autoridade que imponha limites é como 3¢, constantemente, expirusse sem com- seguir inspirar, Como conseqiiéncia tornar-se-4 um adulto extro- vertido demais, invadindo os limites do outro. Nesta época da vida, & necessirio construir um equilibrio | sadio entre estes dois extremes. Tem que haver espago para a inte. (O SEGUNDO SETENTO: FASE DE 7 A L4 ANOS \dade e espago para sair de si mesmo e ir para o mundo. Quem wendeu, nesta época, a inspirar e expirar sadiamente tera uma base para a convivencia social mais tarde na vida. Aprendeu a Jur consiga ¢ a estar com © outro nos momentos adequados. _ Além do mais, neste seténio a relagao Eu e Tu, ‘Lu ¢ Bu vai se libelecendo. Criam-se os primeiros lagos de amizade. Amar e faz parte desta época, bem como chorar e dar grandes adas. Agora, o senso de justi¢a é muito acurado. Do mesmo os outras é extremamente sensivel as injusticas comelidas con- si mesmo, Certas expressdes como “Vacé tem duas mos querdas” ou, como me dizia um professor, “Quem ¢ burro per jece burro, ndo adianta remédio nem compressa fria” ficam egnadas ¢ mais tarde, na vida, custara um bom preco até cobrir que nao se é tio burrv assim. Nestes casos, freqiientemente a crianca come¢a a senlir-se vez mais incapaz ¢ seus potenciais nao desabrocham. Além conceitos ¢ normas que se condicionam, também os costumes orpo da nossa memoria. Tudo o que acontece na vida fica como inscrito no nosso corpo vital e pode, com esforgo da ria, ser novamente af buscado. Muita coisa, porém, fica no onsciente, podendo aflorar ou mao a cansciéncia. © nosso corpo vital é responsdvel por nossa satide. Ele era, ajuda a sanear as doengas, da a sensagao de forga e bem | Uma vida ritmica nesta fase da boa vitalidade para o resto da Biogeificas vida. O sistema ritmico também é aquele que equilibra as forges excedentes da cabega— que sito forcas da consciéncia e do desgaste com as forgas metabdlicas, regeneradoras do sistema metabolico, as quais em excesso podem levar a desequilibriog também. Assim, podemus falar desta fase como a fase mais saudavel da vida. E, realinente, sie poucas as doengas que nela aparecem,a nao ser que a crlanga esteja estressada pelo excess de aulas e tenha Pouco tempo para esporte ¢ lazer ou ainda para poder brincar, Brincadeiras, jogos coletivos s40 muito importantes nesta época, pois ajudam no entrasamento social mais tarde. Do mesmo modo que em outros seténios, podemos distinguir, na fase que vai de 7 a 14 anas, trés subfases. Dos 7 aos 9 anos, ainda Persistem muitos elementos da fase anterior ea crianga continua aprendendo por imitagao; a fase do meio, compreende a perioda entre 05 9 © 12 anos, ¢ a terceira fase vai dos [2 aos 14 anas, jd da pré-puberdade. Acs nove anos, geralmente, a crianca passa por um “acordar de Eu” no plano do sentimento, Ou, expressando melhor, o senti- mento torna-se mais individual, Ea época na qual a erianga fica ensimesmada, comeca a perceber diferencas de tratamento dado a ela pelos pais em relagdo ao tratamento que as amigas recebem em casa; ela pereebe que a pai, ou o irmao, chuta o gato pela parta, enquanto ela, toda carinhosa, cuida do seu gatinho. Coisas deste tipo passam a chamar muite a sua atencio. Nessa época, muilas yezes, a crianca tem o primeiro amor platénico. Seja por aquela menininha de trangas loiras seja por aquele garoto que todo dia passa de bicicleta na frente de sua casa, mas com 0 qual ela nem ousa falar, A fase dos 9 aas 12 anos é a de maior religiosidade. A crianga 0 ‘0 SEGUNDO SETENIO® FASE DET A 14 ANOS ora ser anjo de prociss4o ou coroinha de missa. Aprecia os rituais. jos 12 anos € acometida de um novo impulso de crescimento arn a adolescénci _ Amenina tem a menarea (primeira menstruagao) ¢ se assusta a forma de seu corpo, Ou entan poe enchimento no sulia para cer Maiorzinha. 0 menino se confronta com a mudanga da voz c, geralmente, a sua primeira ejacula 0. _ Aos 12 anos, um novo impulsa da lndividualidade faz sonhar is concretamente com a profissdo que, mais tarde, exercera, ara alguns, © assunto, porém, fica per mais algum tempo para outros, ainda, isto s6 vai aparecer por volta dos 18 anos, _ Accrianga esté, agora e cada ver mais, apta para encarar a fisi- a quimica e a biologia de maneira mais clenlifica Podemos comparar os doze anos com aquele momento em que menino Jesus é levado ao templo ¢ comera a falar com sabedoria, Essa fase também é caracteristica da entrada de alguns no mundo drogas, nao importa se levacos pelos mais velhns, ou pela curiosi- cle, ou da necessidade que outros tém de trabalhar para o sustento familia (embora ainda tenham bem menos de 21 anos). Quando olhamos retrospectivamente para a nossa vida nessa fase, le 4 pena resgalar as mudaneas que ocorreram entre 9 e 12 anos. Dos 12 aos 14 anos, é muito importante que a crianca tenha ‘dade com os préprios pais, mas sim com amigos ou amigas ais velhos, E comum que até-mesmo pessoas mal informadas Biogriticas acabern "esclurecendo” as criangas sobre questdes sexuais, as quais mereceriam muito didlogo e atengdo. Desde os tempos antigos, o ritmo era conhecido como doadar de forga. Hoje, muitas pessoas adultas reclamam da falta de ritmo durante o dia, semana, més ou ano. Reclama-se de um cansago cronico e, cada ver mais, de perturbacéies do ritmo cardiaca, da ritmo digestivo, de asma, de insénia etc. Seri que estas pertur- bagdes ngo teriam sua origem no segundo seténio? Tente olhar para tras ¢ verifique como foi o seu. © segundo selénio ¢ fundamental para @ desenvolvimento psiquico posterior, principalmente entre 21 ¢ 42 anos, quande dependemos intensamente dos relacionamentos sociais. Na Biografia 1, podemos ver como foi marcante para a menina, aos 11 anos, uma mudanga radical, de Portugal para 0 Brasil, Devide ao sotaque portugués Ihe foi dificil se adaptar ao novo ambiente escolar. A rejeivdo das colegas transformou-a numa crianga bastante introvertida. Ela nao conseguiu vencer os desafios que vinham do mundo de fora naquele momento de sua vida. Esta tOnica mais introvertida s6 foi superada apés os 42 anos, pelas necessidades externas do trabalho. Assim, como no primeira settnio do ser humano se define a constituicao fisica, no segundo seténio se define o temperamenta. Os temperamentos De acordo com a composicao do corpo etérico ¢ predominan cia das forgas etéricas do fogo, do ar, da Agua ou da terra, surge no individuo o temperamento: colérico, sangiiineo, fleumatico ou melancélico, Na época escolar, a influéncia do professor ¢ do ensi- ee 0 SeGUNDO SETENTO: FASE DET 4 14 ANOS imbém os gregos ji os conheciam ¢ denominaram o tempera- nto mais fogoso de colérico (cole significa bile, liquido que or sempre sua vontade sabre as do outro. © calério inflama-se idéias, é entusiasmado para o fazer, enfrenta os obstaculos com wragem © é capaz de tomar decisdes rapidamente e executé-las. (luitas das suas ages sdo instintivas, impulsivas. Quando é impe- ido de atuar, muitas vezes se enfurece ¢ pode tomar atitudes ssivas ¢ destrutivas. Expressa-se com: facilidade ¢ tenta con- jeer © outro, embora tenha dificuldade para ouvi-lo, E mais ido ao futuro do que ao passado ou presente. Ao observarmos lérico, no rosto predomina a parte da mandibula, ligada ao bolismo. O pescoga é curto, tem o habito de jogar a cabega Hingnificos para tris com ar de orgulho, ou para frente, coma um touro que avan¢a. Sua constituigdo fisica é mais para o picnico. Seu andar é forte, batendo o calcanhar no chao. Parece pequeno marechal de guerra quando crianga, Geralmente a cabega é vermelha, muitas — wezes suada em funcao da atividade fisica a qual quase sempre se dedica, Para estar em equilfbrio necessita de tarefas diticeis, precisa enfrentar obstéculos, trabalhar fisicamente. Prefere mais é de tra- halhar sozinho que em grupo. Quando esti enfurecido on raivoso é melhor nem se aproximar dele. Depois que a tempestade passat, sera possivel conversar ¢ resolver tudo, O que se pode fazer de pior € enfrenté-lo na hora da ira, pois ele inevitavelmente ird para o ataquie, Por isso Ihe faz bem perceber que existe algudin mais capaz, mais forte que ele, alguém por quem possa sentir admiragac, O temperamento sangiiineo Melhor seria chami-lo de aéreo, pois é 0 ar o elemento que predomina nesse tipo. Ar, leveza, luz, tal qual borboleta, que toca superficialmente as coisas, Lirando o néctar, a essénela das flores, voando de flor em flor. E o verdadeiro elementa de nossa alma. Quando criangas temos um pouco destas caracteristicas. O sangilineo em dificuldade em se fixar nas coisas, capta com facil dade, mas dificilmente se aprofunda. Faz varias coisas ao mesmo tempo e freqlientemente nao sabe o que quer. Excita-se facilmente reagindo ao estimulo externo. Tem sempre a resposta na ponta da Tingua, sendo quase sempre atrevido, Esquece facil v tem a musica como seu elemento mais marcante, Vive o momento presente. Observando fisicamente o tipo sangiiineo, notamos que é quase serapre bonito, leve. vivax. A parte média do rasto, ligada a respitagao, ¢ a mais desenvolvida. ‘Tem constituigdo harmoniosa, et OC stmirsiao seTESIO: or 7a T4 anos bastante ¢ tem sempre resposta para tudo, interrompendo o W seus senlimentos, mutavel, charmaso, seu andar ¢ saltitante, endo que caminha sem tocar a terra, usando mais as pontas pés. ‘Para sua educacdo e auto-educacdo é importante ajudi-lo senvolyer amor, a fidelidade ¢ a ter mais compromissa na verdade, para desenvolver melhor sua personalidade ¢ eramento deve aprender a aplicd-la, por outro lado, no lugar Por cxempla, usando sua inata iplomacia nas relacdes is. Geralinente consegue 6 que quer, ite vegetative, Vive muito no presente e tem grande capaci- de observacao para tudo o que se passa ao seu redor. Mas nao. a reagit, E um ser ligado principalmente aos fenémenos da so de ordem, é pontual. Sente prazer e alegria, do-a de facil convivéncia. O flux dos liquidos do préprio ipo, do sangue, da linfa e das secregdes digestivas, é percebide por + com Un certo prazer; assim como sente prazer em comer, ¢ jus- inte por isso deve ter cuidado para nao engordar, Tem uma ta lentidao para compreender as coisas ¢ tambéa para agis, mas © observado € compreendido a pont de nao mais esquect- Portanto, ¢ dotado de boa meméria, Biograficos Nele domina o corpo vilul, expressio de vitalidade, como ja vimos. Tem um étimo humor e é de total confianga. Perseverante, des mos pessoa fleumdtica nolamos que seu rosta € quase sempre ato, principalmente em tarefas repetitivas. Quando abserva- redondo, com ar bondoso, de queixo arredandado para baixo e até duplo, Seu térax é mais lirgo, pode ter gordura acumulada no térax ena barriga e os membros podem ser até finas. Seu andar é vagaroso, pesado, indeciso; podemos vé-le parado a soleira da porta, no sabendo se deve entrar ou ficar fora. Irradia calma e bon dade, rindo da correria do outro, podendo dar gostosas gargalhadas Assim como a sangitinidade € propria da infincia, a fleuma se manifesta mais na velhice. Para sua educagdo ¢ auto-educagio deve ser estintulado pelo outro a participar, a ser ativo, a mostrar interesse pelo proximo, pelas atividades do outro. Sua atitude deve ser de imitacgao como forma de evitar a fleuma. Q temperamento melancélico No individuo de temperamento mclaneélico é dominante o peso do corpo fisico, da materia. Parece que esta o puxa, tal qual a forga da gravidade, para a terra farendo com que, muitas vezes, @ Eu e a alma nao consigam dominar totalmente seu corpo fisico. Nao que seja excessivamente pesado, pois sua constituicao fisica tende mais para o tipo longilineo. ‘lem o olhar voltado para baixo, tristonho. E introspectivo, preocupado consigo mesmo, possui certa lerdeza ¢ ¢ mais voltado para © passado que para o preseale ou futuro, Parece que tudo se torna miigoa do passado e as difi- culdades da vida se tornam sofrimente para ele, Se, por um lado, nao foge do sofrimento, por outro, tem-sea impressio de que o atrai eo carrega como carga pesada. Pode ser timido e ter dificuldade de 68 O steuNpo SeTeNiC? FASE Ds 74 14 ANOS ssar scus verdadeiros sentimentos @ muito que era para ser omunicads, ¢ dito sob forma de queixa, Aprofunda-se nas coisas, é ofrimento do préximo é maior que 0 seu. Em seus aspectas fisicos, 0 rosto é mais para 0 fino, alongado, ados para baixo. Tende mais 4 magreza, representa ter mi: le e as criangas, mulitas vezes, parecem precaces ¢ mais velhas © professor ¢ 0 médico que conhecem os tempcramentos yoderda, neste seténio, que é onde lhe aparece mais nitidamente, mulando os positives. Modificar o temperamento, porém, nao possivel ¢ tem-se que aceité-lo e conviver com seus lados bons « —— Biogrilicus Tuins durante # vida toda, mas sempre (entando corrigit as uni- lateralidades, Faz parte do autoconhecimento saber qual € 0 temperament que se tem, Todos temos os quatro temperamentos em nds, apare- cendo mais inlensamente um deles. Questdes do segundo seténio: 1. Com que idade vocé ingressou na escola? 2. Com que idade voce foi alfabetizado? 3, Lembra-se dos professores ¢ das matérias preferidas? 4. Quais foram as conceitos, nazmas e costumes que recebeu haquela época? 3, Como foi sua educagio religiosa (rituais, festas e outros acontecimentos de naturera religiosa)? 6. Quais eran as suas atividades artisticas (musica, pintura snodelagem, teatro, trabalhos manuais, marcenaria ete.) 7, ‘leve oportunidade de praticar algum esporte, fazer excursdes, ter contato com a natureza? 8. Como eram suas férias? 9. Aos 9 anos aconteceu alguin fate marcante? 10, E aos 12 anor 11. Naquela época teve algun vislumbre de pratigsio? 2. Quando entrou na puberdade, como Hidew coun as mudangas curpéreas? Diagnéstico Num livto publicade em 1662, 0 abade Damasceno, asirdluga italiano do século XVII, aconselhava os médicos sobre varias duaneiras de se certificar da justeza do diagnéstico. Uma dels, bas- O-SEGUNDO SETENIO: FASE Un 74 [4 anes: e original, era que o médico, depois de auscultar, apalpar, rogar o doente, fizesse cécegas nele, alé que comegasse a rir. Eo abade Damasceno explica por que isso: “Se o doente rir em ah, ah, & um fleumdtica. je rir em) elt, eh, & unt biliosa. 3 rir em ih, ih, & wen melancdlico. rir em ah, ob, € um sangiiineo”. ‘Extratdo de um exemplar antigo do jornal O Estado de Sao Paulo Capitulo HI 0 terceiro seténio, fase de 14 a 21 anos Aescolha da profissao. Os tipos planetarios passagem do 2¢ para o 3° seténio representa uma crise ainda maior. As modificages corperais da puberdade exigiram uma constante adaptagio. Os membros sio alongados, desajeitados, precisam ser coordenados (para isso as atividades esportivas ajudam bastante}. No menino, a madificacao da voz; na menina, o crescimento dos scios e dos quadris. A diferenciagda sexual entre o homem ea mulher, agora, se torna evidente. Podemos comparar a puberdade 4 imagem biblica da queda do paraiso: o ser humana sai do mundo mais paradisiaco-césmico da infaneia e entra para o mundo ter reno; ele se torna cidade terrestre, co-participante da cidadania de sua terra, da sociedade, do mundo. Uma dupla separa¢io acorre: a separacao do celeste, do divino, que remanesce como uma saudade indefinida, que gera uma constante busca do “paraiso perdido”, mas que também resullard na 70 © TERCEIRO SETENIO: Fast OF MA 21 anos onstante busca do “paraiso perdido” mas que também resultaré na isca dle si mesmo, na unio com o divino, no autodesenvolvimento. A segunda separagao ¢ a sexual na qual homem e mulher, jora bem diferentes, nao sé fisicamente, mas animicamente £ por meio da agdo que a humanidade cria ¢ transforma o undo externo, assim como internamente fazem os drgdos diges- g 3 a g z S ie a 2 2 = r f B 8 a Q 2 a 8 c z 4, A 6 A partir da adolescénneia, o jovem se torna responsavel pelo seu stino, toma a vida nas préprias mits, se revolta contra os pais € ier fazer as coisas por si mesmo. Se alé entdo, por exemple, foi ard no vestibular. A adolescéncia é como um tetceiro nascimento. £ quando o Bingrilicus corpo astral ou corpo das emogées, como o designa R. Steiner passard pelo proceso de individuagio. Se ainda tinha, no 2° seténio, uma dependéncia emocional ¢ afeliva muito grande do pai, da mae, da familia, agora esses lags se tornam mais frouxos. O jovem foi jogado no mundo, na sociedade, mmitas vezes ainda de forma mais protegida quando vai ao colégio e logo em seguida 4 universidade, mas muitos ja vao para uma escola técnica profissionalizante, ou mesmo j iniciam a sua vida de trabalho estando totalmente expostos ao ambiente cultural da sociedade. Com 0 nascimento do corpo astral ou das emogdes, que di o substrate para a nossa alma (como o préprio nome diz, astral, que Tem ¥ ver COM O8 Astros; e, de fato, as forgas que ali aiuam sao forgas imteriorizadas das sete poténcias planetarias: lua, mercirio, venus, sol, marte, jupiter e saturno) vem uma visio bem pura de um ideal humano a ser alcancado. Talvez nunca mais na nossa vida esta imagem ideal seja tio clara, tio pura como é na adolescencia, Por outro lado, 6 nosso corpo astral é também portador da consciéncia de nossas emocGes, instintos, paixdes, desejos, cobicas, curiosidades. Todos esses elementos que despertam intensamente na adolescéncia, Nesta época, forma-se uma tensio muita grande entre o ideal a ser alcangado e os instints, cobicas, desejus que cobram as suas necessidades. E o jovem esti sempre em canflito; quer realizar a imagem ideal de um lado, mas é puxado para o outro lado. Por exemplo, a Curiosidade de fumar cigarra, ou mesmo maconha, é grande. Por outro lado ele diz a si mesmo: “mas s¢ eu comego a fumar, depois vou ter que fazcr um brutal esforgo para parar, enlao é melhor nem comegar! Surge a percepyio de que as regras externas tm que ser substituidas, por meio da auta-educagdo, por © TERCEIRD SETENI ‘as que ele mesmo se coloca. Fssa busca do ideal o leva a projetar uma imagem do que ia de vir a ser; muitas vezes tem imagens de pessoas que lhe ecem ser aquel entemente idolos do esporte, da musica ou do cinema servem eal. Figuras da politica, da histéria, mais fre- see fim. © jovem passa facilmente, nesta fase, de uma ideologia para jutra aderinde aos mais diversos “ismos” Mas o que € que, no ssiomal ¢ sexual. Nao 6 facil para o jovem encontrar-se. A distingao da que € mente dele eo que é resultado da influéncia das pais precisa er feita, Por exemplo, “sera que eu quero ser mesma engenheiro, médico etc., ou esta foi uma idéia que veio dos meus pais? lvez seja um desejo que o pai nao conseguiu realizar e quer Jo realizado na seu filho” Ou “fui educado como catélico, seré Ligiosa”; o jovem procura religar-se a algo, esta é a busca do iso perdido. Fo na fase de 18 anos até 21 anos que cle madurece internamente para escolher a profissao, o que acontece B Biagraficos mais precisamente aos 18 anos e meio. ‘Aos 18 anos e meio o adolescente passa pelo que, astronémica ¢ astrologicamente, se chama de né lunar. E uma constelagao da relagdo lua/sal semelhante a do nascimento, Podemos dizer, nova- mente, que as portas do paraiso se abrem um pouco e se pode vis- lumbrar a missao terrena, Ocorrem, muitas vezes, percepgdes sutis e fugazes que podem passar despercebidas, mas muitas vezes, as circunsLincias externas da vida nes fazem olbar retrospectiva- mente para esta fase ¢ ai vamos descobrir que foi justamente nesta époea que decidimes fazer vestibular para determinada area, ov entramos na faculdade, ou tivemos um acidente etc, Esses 18 anos ¢ meio sio como que uma despedida do passado, da adoleseéncia, ¢ eniramos para a vida de aduito. Muiios até expressam isso dizendo nao querer assumir a responsabilidade do adulto, Querem se manter adolescentes, o que, com certeza, vai gerar uma crise. Outras vezes ver um sinal de fora, um acidente, uma perda etc. para que aconteca esta conscientizagée maior. Outros, ao contrério, percebem mais conscientemente a nova fase que esta chegando, as perspectivas para o futuro ¢, com alegria e hem estar, vao em frente. Na Biografia I, apresentada no comego do livro podemos referendar esse momento camo sendo o da viagem para Portugal de nossa narradora e a visitagio dos locais da infincia. Na fase da adolescéncia, a dinamica que surge é de dentro a fora, © sentimento do jovem é: “Fu estou aqui, com toda a minha potencialidade, e quero modificar 0 mundo”, Quando o jovem estd muito em si mesmo, tema sensacda de solidao, de nao ser compreendido. Mas € claro, este € um estado que ele ndo agtienla por muito tempo. Quer o contato com o mundo, com os 4 © TERCETRD SETENIC FASE DG Ld A ZL aos utros, Sua forma de contalar-se é dando Hechadas. Lunga criticas a tudo ¢ para todos, Quer fazer reformas dentro de casa, modi- ra alimentacae da familia, a religifio, a sociedade ete, Quando projetamos essa atitude de critica paraa vida de adul- (0, mais tarde sabemes que uma pessoa que esta sendo muito criti 4 com os outros poder estar passande por wma fase de isola- nento e de solidao. A critica nao ¢ a forma mais sadia de comuni- 40, mas para o adolescente, talver seja a tinica forma. ‘As meninas so mais coquetes, gostam de aparecer, de chamar | atengde, de provocar os professares enquanto os meninos sia mais timidos, muitas vezes tém vergonha. -Avergonha é algo natural desta idade. A adolescéncia é 0 momen- tocar um solo de violin ou flauta em ptiblica enquanto que, no qupo, na orquestra, tenho como apoio os outros membros e nao haverd problema. A busca de um grupo em que eu seja aceita me dé i Biogtaficos reforco naquilo que ainda nao tenho coragem de enfrentar sozinho” Se no 1* seténioa podemos usar a frase o mundo é bom, no 2+ seténio o mundo é belo, para o 3° seténio teriamos: o ntundo é verdadeiro. E esta busca pelo verdadeiro no nvundo que o joven almeja. Precisa cneontrar veracidade, autenticidade nos adultos que o cercam, Um professor de jovens que nao seja auténtico, que fale da boca para fora nao seré aceito. Também os pais no con- seguem, por exemplo, simular uma relagdo perfeita perante o jovem; em pouco tempo ele saberd da verdade e que foi enganado. Q adulto que admite os seus erros e fraquezas € mais aceito que aquele que simula perfeicio. Nessa fase a ciéncia & apontada como tinica verdade, mas nés sabemos que a estat(stica também pode ser usada para demonstrar coisas incorretas, Usar a ciéncia como totalmente verdadeira ¢, portanta, ter como base uma falsa verdade. Mas onde estaria a verdadeira ciéncia? Além da realidade fisica, cientifica, existe uma realidade animica e uma realidade espiritual. A matemitica é€ a realidade espiritual mais pura. Essa verdade o jovem também tem que conhecer. Nesse scténio se caloca o fundamento para uma vida espiritual que despertara mais larde, por meio do que ¢ verdadeiro. Q principio de educagao neste seténio n&o é mais a imitagio (do primeiro seténio) embora muitos jovens tentem imitar os colegas ou os seus idolos, nem a autoridade (do segundo seténio), mas sim o de liberdade. ‘Quando falamos de liberdade podemos falar de uma liberdade interna ¢ de uma liberdade externa. A liberdade externa é aquela por meio da qual conseguimos, na medida em que vamos amadurecendo, fazer cada vez mais coisas no mundo externo ¢, ao mesmo tempo, vamos assumindo a responsabilidade por tais atos. O TERCEIRO SETENICK FASE DE 14 A 21 ANOS A liberdade interior é slgo mais sutil. Bo respeito pela perso- lidade do outro. E a conscientizacio do adulto, de que agora numa individualidade diante de si, tal qual ele propria. Assim mo exigimos respeito para nds, precisamos respeitar o jovem. i. Steiner, na escola Waldorf, fazia questao de chamar os alunos “Sie", isto & “o senhor” ou “a senhora” em respeilo a esta ‘A liberdade acontece em trés niveis. O primeiro £ 0 do espago isico, © jovem necesita do seu proprio espaco; o seu proprio arto, ou pelo menos a sua propria cama. O scu canto privativo, desalojar alguém na casa para acomodar visitas, ou a irma que se parou do marido, nao é o quarto dele que deve ser buscado, © espaco animico também ¢ igualmente importante. Por mplo, scus telefonemas nfio devern ser interceptaclos, as cartas io, se por acase © esqueceu ma escrivaninha, nao pode ser lido ¢ assim por diante, O espaco espiritual se refer, agora, mais ao aspecto profissional, ‘Serd que ev sou apoiado nas minkas intengoes de vida?” Isto se ref Jé comentamos que essa questao profissional deve se tornar periodo, amadure- trabalho até encontrarem o seu ambiente, ou trocam freqien- . Avocagdo éuma vor mente de faculdade. lt precisa ter paciénci Biograficas interna que nos intui a profissao, ou Seja, a atividade externa que queremos realizar, Na fase dos 18 anos e meio aos 21anos, temos como que uma maturagao final do nosso cérebro (alias, fase esta que s¢ iniciou aos 14 anos), As células nervosas sia sensiveis un alcool, as dragas « aos Ldxicos. Por isso é uma fase em que pessoas sensiveis podem ler prejuizos para o resto da vida e o cérebro, instrumento do Eu, nao permite 0 desabrochar da personalidade em sua total pleni- tude. E, enta, uma época em que doengas psiquiitricas podem se tornar manifestas, ¢ & também propicia As seitas que praticam lavagers cerebral nos javens a fim de arregiment4-los para propési- tos préprios, Também é a época em que, na maiotia dos paises, esta instituido 0 trabalho militar. Por outro lado no aspecto do tra balho, muitos jovens jd estao coma aprendizes au eslagidrios dentro de wma proposta profissional e ainda ¢ importante que tenham lazer endo s6 trabalho e estudo, para o seu desabrochur animico. Para um trabalho com jovens tem-se que éstar especialmente atento a isto. Representarao gréfica da dinamica destes trés seténios: Ne el? oo PR IR OAR Dependineia fisiea Troca com oambiente —_Experineia adquirida Influénoias fortes externas fuew Quer modifiear a mundo Aciquirir experi@noia fisica —_‘Raspirar: inspirar e Inponho-me aos outros expirar o mundo Chegueil 0 TERCEIRO SETENID: HAS DE 14.421 ANOS: Aescolha da profissao Aqui no Brasil, essa escolha, muitas vezes, é feita bem antes ste perlode por causa das especializacses du ensino, Por emplo, para as ciéncias ow para as letras; acontece que o jovem a uma decisin foryada, faz cuirsinho, até passa no vestibular e, repente, se dé conla de que nado é nada daquilo. Se houvesse ja oportunidade de o joven poder estagiar em diversas profis- es para depois fazer a escolha nao estaria perdendo tempo, como de parecer, mas ganhando tempo para ter qualidade de vida e tisfagao interna maiores. Os adultos, porém, sic apressados, ustiados, querem sempre colher frutos ainda ndo maduros, incipalmente em relagao aos seus filhos. Para uma orientacao profissional ou educativa, vale a pena armos para os lipos planetirios (oriundos das sete poténcias lanetarias) que aparecem na adolescéncla, superpondo-se ao peramento, os quais jé vimos anteriormente, Vamos descrever jatiamente esses tipos, Forjando a armadura “Nega-nve a ine submeter ao medo Que me tira a alegria de minha liberdade Que nao me deixa arriscar nada, Que me torna peguena e mesquinlo, Que me amarra, Que nao me deixa ser direto ¢ franco, Que me persegue, Que ocupa negativamente minha imaginagéo, Que seinpre pinta visdes sombrigs, Biogeaficos No extanto ndo quero levaniar barricadas por mede de medo. Eu quero viver, e tio quero encarcerar-me. Nae quera ser amigdvel por fer meda de ser sincero. Quera pisar firme parque esiou seguro e née para encabrir weit redo. F, quando me calo, quero fazé-lo por anior ¢ nia par temer as conseqiléncias de ntinhas palavras, Niio quero acreditar em algo sé pelo medo de néo aereditar. Nido quero filosofar por medo que algo possa atingir-me de perto. Nao quero dobrar-me sé parque tenho medo de naa ser amdvel, Nao quere imper algo aos autres pelo mede de que possamt impor algo a mion; por medo de errar, nao quero tornar-me inativa. Néo quero fugir de volta para o velho, o inaceitdvel, por medo de na Mie sentir seguro novamtente. Nao quero fazer-me de importante porque tenho medo de que sendio poderia ser ignorado, Por conviccao ¢ antor quere fazer o que faco e deixar de fazer 0 que deixo de fazer. Do mede quero arrancar o dominio e dé-lo ao amor, E quera crer no reine que existe est mim.” Rudolf Steiner, traduzide por Ute Cremer (O Tencuiao suTinao: Fase DE 14 4 21 Nos Tipos Planetarios O tipo saturnino E um tipo autoconsciente, voltado para o interior, desenvol- endo uma atividade pensante intensa. Criticas e autocriticas sio Jaras © objetivas. Sua mancira de pensar é de ir fundo, penetrar a vséncia das coisas. E detalhista, analista, possui clevados ideais humanos. Entende o passado, a histéria, tem boa meméria ¢, ao hesmo tempo, vislumbra as metas do future. A sua maneira de ensar, de ir funde numa coisa, com persisténcia e sem desvios, Ihe dia possibilidade de ser um bom pesquisador — muitas vezes uni- literal e até bitolado. _ No dmbito do sentimento parece trio, nda demonstra as suas smogbes ¢ ¢ dificil entrar em contate com ele. Conseguide o con- F extrema- lato, se mostra extremamente fiel por meio das acées mente responsdyel pelo seu dever, persistente, um tanto lerdo ¢ rom pouca flexibilidade para improvisagdes, Tem pouco humor e ode se tornar egocéntrico e egoista, Como exemplos do tipo saturnino temos Friedrich Schiller (poeta alemio), Victor Hugo, Marie Curie, Esta ultima, mais conhecida entre nds, € um exemplo de abnegagéo e, em sua pesquisa, passa por muitas privagdes. Fez a pesquisa pela pesquisa , sem. pensar na sua aplicacgo pratica. Atemética da morte ¢ ressurrcigao ¢ uma constante na vida de um saturnino, Para entendé-lo temos que nos colocar com a mesma profundidade e seriedade que ele. Ele precisa aprender a fazer perguntas para os outros e a superar seu egoismo por meio compaixdo. Tem muita semelhanga com o temperamento Biografices melancélico, Como ptofissional, se colocade na area de pesquisa vai ter sucesso, assim como em Areas filoscificas ou que lidem com histévia, arqueologia e alins. Entre as mulheres encontramos o tipo saturnino mais voltada para 0 culto religioso, dedicando inteiramente sua vida & busca espi- ritual, come no caso de freiras, irmés de caridade, assim como po dem ser, também, pessoas voltadas para a hist6ria, para o passado. © tipo jupiteriano E um tipo em que a vida externa e a interna estao em eq Ubrio. Pessoa calma, inteligente, jovial e sengo de justica forte. O scu pensar & abrangente, global, visualizando a toda e nao o detaihe. Tem facilidade em chegar a uma imagem do todo, a uma sintese, a um conceito, No aspecto do sentimento é uma pessoa alerta, jovial, radi ante, Nao é a qualquer um que permite aproximagao. Relaciona-se facilmente e sua alma ¢ multicolorida, Aprecia cultos, e dispée- a fazer sacrificios quando eles levam a harmonia Na agao gosta de ordem, harmonia, tem uma capacidade inata para liderar, conhece as aptiddes dos outros ¢ sabe colacd-los no devido lugar. Sabe transformar a experiéncia da vida em sahedoria eaproveitar o momento, perigo ¢ de se tornar autoritdrio, impa ciente e orgulhoso. E importante que ele aprenda a ser humilde. Coma imagem desta humildade temos Jesus, que lava os pés dos seus discipulos na 54 feira santa. Exemplos tipicos sio W. J. Goethe e Aristételes. As dreas profissionais adequadas seriam de empresario, gerente, lider politico e estratégico, organizador, mas também pensadores ¢ OF TERCEING SETENIO: BASE TE 144 27 ANCE O tipo marciano Ele ¢ a expresso de forga acumulada que dirige para o exterior ‘para o futuro, Aqui na Terra ele tenta transformar os seus ideals m tealidades praticas tendo, portanto, todas as caracteristicas de n iniciador ~ de um pioneiro. Marte € o simbolo da forca mas- tulina (mas ha mulheres do tipo marte também), bern semelhante tipo colético. A vontade domina o sentimento ¢ 0 pensamento, lle tem que se sentir livre ¢ desimpedido, on a confrontacio com ile termina em briga, No pensar o lipo ¢ bem acurdado ¢ presente. Tem pensamentos sraticos ¢ direcionados a matéria (acerta com o martela no prego oI Os seus comentitios). Sua meméria € fraca, o passado ¢ quecido. £ bom ¢ convincente no discurso, na palavea, ‘No tocante a sentimentos é entusiasmado, apaixonado ¢ quente. Nao tolera ser colocado de lado ou nao ser percebido, Muitas vezes, porém, esconde seus sentimentos atrés de um escudo, Na acto é do tipo pioneiro,ativo, realtzando suas metas, F dificit s¢ desligar do seu trabalho. Sua forga ele coloca no esporte, no tra- lho. Precisa sentir-se livre para a movimento, Sente seguranea e ndependéncia. Nao tolera criticas. O excesso de forgas de marte do sobre ele poderio levi-lo & agressividade descontrolada, incipalmente s¢ ingere bebida alcodlica, £ importante que seu tlocutor consiga manter a calma. E pessoa de coragem, Como exemplos histéricos temos Biograticos Napoledo e Beethoven. Prefere todas as atividades praticas ; gosta de vencer desafios eabre frentes para algo poder acantecer. O tipe marciano tem que aprender a superar-se ¢ as dirigir as suas forgas para o canal certo. portale que execute Lrabulhos nos quais possa usar sua forga fisica, O tipo yenusiano sentimento predomina em relagdo ao pensar ¢ ao agir. Fo tipo feminine par exceléncia, mas que pode ocorrer também no homem, dando-lhe sensibilidade, F o tipo estética, que gosta de beleza e irradia amor, No aspecto do pensar, o sentimento participa tornando-o fantasioso, criativo ¢ cheio de imagens e percepgies do nao visivel. Pode apresentar uma certa vidéncia, que precisa ser ordenada pelo pensamento para que nao se torne alucinagdo. No sentir, 0 tipo venusiano é caloraso e movimentado. Ora est no céu, ora no precipicio. As simpatias ¢ antipatias sio dire- cionadas pela cstética, Deixa-se levar por fantasias ¢ ilusdes. Gosta de sentimentos religiosos. Na agao, é uma pessoa que gosta de cuidar dos outros e de tornar o ambiente agradavel. Da valor as aparéncias. A sua moti- vagiio € o amor, pelo qual até se sacrifica. Uma das suas alividades Principais € a arte, que pratica como hobby ou mesmo como profissao, Muitas atividades terapéuticas necessitam dessa qualidade venusiana. Entre os muisicos, Haydn tem uma qualidade verusiana assim como Madre Teresa ¢ S40 Francisco de Assis. £ importante que o ipo venusiano aprenda a objetivar pensa- a4 (CO TERCEIRO SETSNI0: TASE DE 14.4 21 anos Mentos ¢ sentimentos, que a parte do pensar logico seja alivada & jue aprenda a distinguir a fantasia da realidade. [ré sucumbir profissionalmente se Ihe forem dadas atividades pobres em cria- O tipo mercurial E pequeno, dgil, flexivel. Esta com todos e com ninguém, é um vive no presente. No pensar, lem uma faculdade de combinacao muita grands. Por exemplo, de muitos sintomas se deduz um diagndstico. odemos falar de um pensar associativo; percebe logo onde ha scassez ¢ vai buscar onde ha excesso. E como o tipo sangitineo, tem dificuldade de se concentrar e pula de uma coisa para outra, F 4vido de saber e curioso. £ inteligente, tem boa meméria também dos detalhes. Fala bastante, tem presenca de espirito. Em seu sentimento, é aberto, tem bom relacionamento com los, mas certa dificuldade de se relacionar mais profundamente om alguém. F como a marinheira, em cada porto tem uma mante, E menos ativo, mas reage ao mundo externo. Geralmente alegre e tem bom humor. Na agao ele € rapido, flexivel, ajeitada e se adapta facilmente as eircunstancias. Gasta de ser dtil, improvisa ¢ inventa, Pela sua apacidade associativa ser’ um bom comerciante, guia turisticn, também médico ou mediador de negécios on de conflito Ele precisa aprender a fazer escolhas entre as muitas coisas que sta de fazer e se ligar-se mais profundamente a uma delas, igual- Biogrificos mente no relacionamento. Deve aprender a escutar e através de perguntas se interessar mais profundamente pelo outro, Como exemplos do Upo mercurial temos Mozart, Albert Schweitzer. Pode ser bom guia turistico, mediador, comerciante, médico, mas também atuar em areas que possa fazer a ponte entre o exces 80 ¢ a escassez, O tipo lunar E um tipo mais para o arredondado, parecido com o ser de temperamento fleumatico, sempre aparentando ser mais jovem do que realmente &. Irradia calma ¢ é bem passivo; espelha, como a lua, o ambiente. O seu pensar tem uma caraeteristica de espelhamente, isto é, repete muita cuisa que o outro j4 falou. Tem meméria boa, uma memaria folografica e ordenada. & sonhador. No sentimento, nao é facil chegar a ele, pois, como espelha, ¢ preciso que se chegue atrds do espelho. Atua de acordo com seu instinto ¢ facil mente toma uma atitude paternal c maternal, prote- tora e nutriente. A relagao de igual para igual é dificil, Quanto a agao, tem uma forte relagdo com a natureza, do tipo que acorda cont o Sol e deita cam o Sal. Gusta de ritmo. A familia é importante; sem familia esta pouco realizado ou busca outras ativi- dades em lugares come jardins de infancia, creches, onde encontre doentes para cuidar, Gosta de manipular alimentos e de zelar pela alimentagio. Pode atuar em profiss6es tais como cozinheiro, dictista, nutricionista, agricultor, horticultor, pecuarit O lipo lunar gosta de colecionar coisas ¢ ordend-las; de pintar a. a natureza ou reproduzi-la em fotografias; arquivar ¢ preservar o 20) SETESIO: Fase 28 Md a 21 ANOS Ove sado para ser consultado no futuro. Como exemplo de tipos e lhe permitiu fazer uma enorme colecio de coisas da natureza da arte, cataloga-las e depois usa-las para suas pesquisas. O tipo nar deve ser ativado para sair de sua passividade, principalmente ir atividades artisticas. _ O tipo solar E um tipo em que, de certa forma, as outras seis forgas esto equilibrio; as forcas do coragio dominam; tem um coragio grandeza da alma, magnanimidade e altruisma. Embora seja oa Juminosa, necesita da uz externa, do sol, ¢ de bastante sante)}. No aspecta do sentimento € calorosa ¢ confiante, caracteristi- que favem com que confie demasiadamente nas outros. Na sua agdo € criativo. Das personalidades ja mencionadas, tanto Mozart quanto Ibert Schweitzer e Francisco de Assis tém esse elemento solar. $30 mo o dirigente, o maestro, aquele que consegue fazer com que Bicgréficas virios inslrumentos loquem uma sinfonia. Todos nés temos os sete tipos planetdrios dentro de nds, assim coma temos também as sete notas musicais. De acordo com a personalidade teremos uma tonalidade mais fertemente acentu- ada para certa nota on planeta, é isto aparece muito nitidamente na adolescéncia, quando a pessoa tem um tom dominante, que se destaca dos outros, £ possivel que se manifestem ainda dois ou trés tons com mais forga, numa mesma pessoa. Essas tonalidades devem ser respeitadas nos afazeres da vida, pois se nao puderem ser vividas, trario frustracbes, $40 como. que potencialidades nao usadas. Na segunda metade da vida, ou melhor, depois dos 42 anos de idade, é possivel que j4 tenhamos aprendi- do a lidar com os outros tons. Se ainda nio, devemos trabalhar para que isto ocorrta, Os desafios e necessidades nas forgam a desenvolver novas habilidades para as quais nao temos a devida potencialidade. Assim, an longo da vida, podemas nos tornar mestres em usar as sete tonal les, conforme o momento e a circunstancia. A vontade profissional comeca a se manifestar por volta dos 12 anos, ainda de forma sutil. Surge mais fortemente aos 18" anos, como uma inspiragao, atuando como um impulso que nesta fase da adolescéncia, quando comegamos a nos tornar cidadaos ter- renos, a individualidade comega a se manifestar mais fortemente, trazendo dentro de si uma recordacdo da intencio que ja havia bem antes de cncarnar-s¢ na ‘lerra, No decorrer do livro trate deste assunto mais detalhadamente. Dependera das circunstincias da vida sermas apoiadas ou impedidos de tomar a decisio entre uma escola profissionalizante ou curso universitario. Tamhém serao as circunstancias da vida (0 TRRCEIRG SETENIO: FASE DE 1 4 21 ANGE e permitiria o desabrochar dessas potencialidades. Quantos ens altamente dotados tém que sucumbir frente a exigéncias irmicas da vida, ou & falta de oportunidades. Esses tons que descrevemos também podem, ¢ deve, ser sa- os dentro de cada profissio, Tomemos como exempla um médi- empreender um negécio, talver um hospital, : Um outro caso que tenha a visdo global, do tado, é um 10 organizador e der. E neste campo que suas habilidades tém ser aproveitadas. Um terceiro é um verdadeire empreendedor, tem facili- ide de pr as idéias em prstica, facilmente poderia construir um spital, uma grande clinica, um centro de satide e recuperagdo J& wm quarto gosta mesmo é de cuidar de seus pacientes, ter tempo para dialogar com eles, de dedicar-se das mais variadas formas a seus doentes. © quinto é um verdadeire imevadar, traz idéias revolu- tiondrias, esté informado sobre novas tecnologias, novos métados e aparelhos. O sexto gosta mais de organizar, de arquivar as histérias clinicas, de fazer estatisticas, de publicar memorias ¢ fatos ete. © sétimo, na verdade, terd de tudo um pouce ¢ sube wsar qualidade certa no momento certo. Uma equipe bem montada pode, entdo, ter cada um o seu ugar, satisfeito em seu trabalho. Assim, adequadamente colocada Biv griticos em sua profissio, seus esforgos frutificardo para o bem geral Isso vale para qualquer profissao. Por outro Jado, as grandes modificagdes profissionais se fazer, geralmente aos 28 ¢ aos 42 anos de idade, pantos-chave de mutacio e também nos nés lunares, que ocorrem aos 18 anos meio, aos 37 ¢ us 56 anos de idade, quando ha abertura maior para o mundo espiritual, para aquila que fazemos na vida. Na Biografia I, o terceiro seténio foi marcado pela profissianalizagao da narradora que se formou secretdria aos 14 anos de idade passou a trabalhar na loja da mae. Aos 18 anos, que éa época na qual ocorre o primeiro né lunar, volta « Portugal, come uma nova busca das origens. £ interessante que no segundo né lunar, aos 37 anos, novamente ha essa necessidade. Sio processos do jnconsciente que samente com o trabalho biografico sia tornades conscientes para a propria pessoa, A essa allura, a narradora da Biagrafia I encontron sua missio de vida: 0 cuidade com o marido doente, No caso dessa pessoa, seu temperamento fleumatico € o tipo planetério lunar ¢ mercurial revelou se Gtimo para a pessoa aluar no comércic. “Fu nao san Et, Eu sou aquele Que caminka a meu lado, sem que eu o enxergue, Que eu visito freqiientemente E que fregidentemente eu esqueco. Aquele que ela ent siléncio quando eu fale, Que docilnente perdoa quande ex odeio, Que fica ent pé, quando et morro,” Juan Ramon Jimenez

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